Anais

Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida
Revista Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020) – Editora Rede Unida
ISSN 2446-4813 DOI 10.18310/2446-48132020
http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/issue/view/65
 

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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7554
Título do Trabalho: PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO, PRÁTICA E FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE-SP
Autores: Maria Lúcia Garcia Mira, Cristina Sayuri Asano, Rosângela Soares Chriguer, Naysa Cardoso Silva dos Santos, Daniela Crescente Arantes Araújo Marques, Fabiana Siqueira da Silva, Bruna Karina Santiago, Gabriel Cavalcante da Silva

Apresentação: A busca pela melhoria da qualidade da atenção, em reposta às complexas necessidades de saúde é uma questão presente tanto no trabalho quanto na formação profissional. A Educação Interprofissional (EIP) em Saúde tem sido uma estratégia na superação de práticas isoladas e de formação voltada para áreas específicas, com dificuldades de interação e trabalho colaborativo. Este resumo resulta de uma experiência de formação interprofissional para a saúde, realizada na Região Metropolitana da Baixada Santista, no Estado de São Paulo, que procurou aproximar-se de tais dificuldades. Trata-se de um trabalho decorrente do Programa de Educação pelo Trabalho – PET-Saúde Interprofissionalidade, em vigência desde o primeiro semestre de 2019, com duração de dois anos. Participam desta experiência, estudantes e professores dos cursos de Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Educação Física e Serviço Social do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e do curso de Medicina do Centro Universitário Lusíada (UNILUS). Participam também, trabalhadores dos serviços de saúde do município de São Vicente. Os relatos aqui apresentados estão sendo desenvolvidos na Unidade Básica de Saúde Catiapoã/Estratégia de Saúde da Família Sá Catarina a partir da articulação entre PET e o Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) pela participação da Secretaria de Saúde do município. Tem como objetivos a integração ensino-serviço-comunidade; o desenvolvimento de metodologias participativas de ensino-aprendizagem; a melhora da qualidade da atenção através da colaboração e do trabalho em equipe; a formação e a capacitação continuada interprofissional em saúde para uma prática centrada nas necessidades dos usuários. Pensar o campo da integração ensino-serviço-comunidade inscreve-se como fundante no âmbito do PET-Saúde Interprofissionalidade: não se trata, de estruturar arranjos disciplinares mais ‘coletivos’, mas antes, de ter como projeto uma formação que possibilite a aprendizagem do cuidado em saúde a partir do território, da escuta atenta e implicada das pessoas e grupos e de seus modos de pensar a vida, de estar na vida, de andar a vida, como definido no projeto do PET. Nessa perspectiva, o PET desenvolve-se em São Vicente. Desenvolvimento: São Vicente é um dos mais antigos municípios do Brasil, com história da chegada de portugueses desde 1501. Situado no litoral sul do Estado de São Paulo, possui forte potencial turístico, tanto pelos sítios históricos, pelo esporte de asa delta e pelas suas áreas litorâneas. Desenvolve o comércio popular na região. Tem hoje uma população estimada em 365.798 habitantes distribuídos entre a área insular e o continente, sendo que 33,6% da população vive com até ½ salário mínimo e 54,9 da arrecadação do município é proveniente de fontes externas. Apresenta em 2019 uma taxa de mortalidade infantil de 14,7 óbitos por mil nascidos vivos. A população que vive nas áreas periféricas convive com dificuldade de acesso às políticas públicas. O bairro Catiapoã situa-se, porém, próximo à região central do município, mas tem sérios problemas com alagamentos, com a vulnerabilidade social de seus habitantes e com a atuação do tráfico de drogas. Possui uma UBS e uma ESF. A atenção básica de saúde do território, pela Estratégia de Saúde da Família detectou duas situações que demandaram ações de maior complexidade, considerando as condições sociais, físicas e da rede de atenção necessária. Dada a necessidade de atenção integral, o NASF foi acionado para a discussão e planejamento das ações. O NASF foi uma evolução do Programa de Saúde da Família para a atenção integral às necessidades de saúde das populações dos municípios brasileiros que considerou para o trabalho, a interprofissionalidade, a intersetorialidade, e o estabelecimento de redes de atenção. A equipe do NASF que se responsabiliza pelo Catiapoã conta com profissionais de diferentes áreas (nutricionistas, fonoaudiólogas, psicóloga, assistente social, médica e dentista, além da enfermeira, médica, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários da equipe básica) e envolveu também os preceptores, tutores e estudantes do PET. Dos casos em que o PET participou nos planos terapêuticos singulares (PTS), foram escolhidos dois para este relato. No primeiro, o usuário em atenção era um homem de 62 anos, aposentado como técnico em radiologia, mas atuante no território e exercendo as funções de maestro na igreja que frequentava. Vivia com a esposa e uma sobrinha em um sobrado com escadaria íngreme e de difícil acesso. Teve um acidente vascular encefálico em abril de 2019 com consequências na fala e na deambulação, com uso de cadeira de rodas. Esteve hospitalizado no hospital municipal e tinha atendimento em um serviço de desospitalização, com o Melhor em Casa. Apresentava muita dificuldade emocional e física, pela perda de autonomia e para aceitar seu atual estado. A esposa cuidava dele e também sentia dificuldades com suas novas funções. O PTS envolveu a ESF, o NASF, com a psicóloga, a nutricionista e a fonoaudióloga, o PET, o Melhor em Casa e o Reabilitar (serviço de saúde do município para a reabilitação). Na atenção que foi posta a partir de maio, a escuta e as referências que se estabeleceram para o atendimento de suas necessidades, foram permitindo a construção de segurança na atenção e a sua reabilitação. O segundo caso era de uma jovem de 21 anos, com diagnóstico de diabetes tipo 1 que não aderia ao tratamento, mostrando-se pouco participativa. A escuta qualificada que envolveu trabalhadores, preceptores, estudantes e professores em diferentes momentos revelou uma pessoa com papéis de cuidado intenso com a família. Sua atenção voltava-se para o cuidado dos pais, em especial da mãe também diabética, ao ponto de  esquecer-se de si, com pouco tempo e disposição para o auto cuidado. As discussões em grupo puderam elaborar estratégias de atenção que buscavam a construção de vínculos da jovem e sua família com a equipe de saúde, a valorização e o sentido para seguir a vida. Foi possível observar a adesão ao tratamento, o auto cuidado, o desenvolvimento da autoestima e o encontro de cuidados com a família. Resultado: A aproximação dos estudantes nos territórios, com a participação de trabalhadores de saúde nas experiências com o PET Interprofissionalidade vem construindo saberes e fazeres que diferem de outras inserções. Observa-se a preocupação do trabalho centrada no usuário, e com ele, o exercício da escuta qualificada e a construção de vínculos; a colaboração dos diferentes saberes objetivando um mesmo resultado; o trabalho articulado em rede e em diferentes esferas de decisão; as trocas horizontais entre trabalhadores, estudantes e professores que permite formação, capacitação continuada e a construção de estratégias pedagógicas; enfim, a prática que expõe a concepção de saúde como resultante de condições de vida e a necessidade de empenho da construção do Sistema Único de Saúde. Considerações finais: A formação disciplinar na saúde que objetivou o perfil do especialista tem mostrado os limites para o trabalho em equipe, imprescindível para as respostas ao caráter multifacetado que as necessidades de saúde apresentam contemporaneamente. Essa realidade baliza o imperativo encontro com o outro no processo de formação inicial e continuada, aprendendo “com”, “sobre” e “entre si”, como preconiza a OMS, sem que se perca a qualificação de conhecimento específico. Experiências como o PET-Interprofissionalidade ou como o Projeto Político Pedagógico do Instituto Saúde e Sociedade do Campus Baixada Santista da UNIFESP que permite a formação entrelaçada entre eixos comuns e específicos, promovem práticas colaborativas na área da saúde, desde o processo inicial de formação.


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Trabalho nº 7244
Título do Trabalho: O PERCURSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO PET INTERPROFISSIONALIDADE NO CENTRO DE REABILITAÇÃO ESPECIALIZADA
Autores: Alice Mota Iassia, Andrea Perosa Saigh Jurdi, Lia de Castro Santos, Cinthia Bianca dos A.P.R. Feio, Daniele Emmerich de Barros Araújo, Rosângela Soares Chriguer, Rosa Maria de Moura Silva, Maria de Fátima Ferreira Queiróz

Apresentação: No campo da saúde, a orientação à integralidade do cuidado e a articulação intersetorial nas redes de atenção no Sistema Único de Saúde (SUS), vêm requerendo a formação de profissionais com capacidade para uma atuação colaborativa em equipes interdisciplinares. Compreendendo que todos os espaços onde se produz saúde são ambientes favoráveis de aprendizagem, o SUS se configura como cenário privilegiado de ensino e formação em saúde. Nesse sentido, a formação não pode tomar como referência apenas as evidências de diagnóstico, tratamento, prognóstico e etiologia, mas deve buscar romper com a perspectiva biomédica, médico centrado e a concepção de saúde como ausência de doença. A Educação Interprofissional em Saúde pauta-se na formação de profissionais da área da saúde preparados para trabalho em equipe interprofissional, enfatizando a integralidade no cuidado ao paciente (usuário do serviço), com qualidade humanística e técnico-científica nas áreas para possibilitar uma colaboração eficaz. Isso ocorre quando profissionais e estudantes de duas ou mais profissões aprendem juntos, sobre os outros e com os outros e entre si para possibilitar a colaboração eficaz e melhorar o resultado na saúde. A Educação Interprofissional como direcionadora da formação, é prevista no Projeto Pedagógico do Campus Baixada Santista/UNIFESP, assumindo como proposta curricular a interdisciplinaridade e interprofissionalidade em Saúde. No percurso formativo dos estudantes a inserção do Campus Baixada Santista nas Políticas Indutoras da Reorientação da Formação em Saúde, tal como o PET Saúde Interprofissionalidade, fortalece o aprimoramento curricular dos cursos de graduação, bem como contribui para ampliar nossa identidade com os serviços de saúde em municípios integrantes da Região Metropolitana da Baixada Santista. O Núcleo CER. II (Centro de Reabilitação Especializada), componente do PET Interprofissionalidade, tem como cenário de aprendizado e prática a pessoa com deficiência e o processo de reabilitação. Tendo em vista a histórica invisibilidade das pessoas com deficiência em nossa sociedade e a escassez da oferta de serviços de saúde, educação, cultura e lazer que atendam integralmente suas necessidades de cuidado, apesar do avanço nas políticas públicas, tal campo de conhecimento ainda provoca tensões e conflitos entre as necessidades dos profissionais de reabilitação e das pessoas com deficiência, além da disparidade de poder entre profissionais e usuários do serviço na decisão clínica. A invisibilização da deficiência na formação profissional agrava as tensões desse campo e estabelece, ainda, uma concepção biomédica da deficiência e das pessoas com deficiência, excluindo-se do panorama da reabilitação os contextos de vida, a inserção social e a participação das pessoas com deficiência nos processos de saúde e reabilitação. Assim, o objetivo desse trabalho é relatar a experiência formativa de um grupo de estudantes, preceptores e tutores integrantes do PET Saúde Interprofissionalidade e inseridos no CER. II do município de Santos (SP). Desenvolvimento: Participam desse Grupo PET seis estudantes dos cursos de graduação (Educação Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Serviço Social) do Instituto Saúde e Sociedade do Campus Baixada Santista e um estudante de Medicina do Centro Universitário Lusíadas; quatro preceptoras, três delas de serviços externos ao CER. II, sendo estes Núcleo Ampliado da Saúde da Família(NASF), Seção Centro de Referência à Saúde Auditiva (SECRESA), Centro de Atenção Psicossocial infanto juvenil (CAPSi ZNO) e duas tutoras docentes dos cursos degradação do Instituto Saúde e Sociedade. O cenário de prática CER.-II atende pessoas com deficiência física e intelectual de todas as idades e pertence à Secretaria Municipal de Saúde de Santos (SMS). Está localizado na Zona Noroeste de Santos e caracteriza-se como serviço de média complexidade voltado às ações de promoção, prevenção de agravos, diagnóstico precoce ou diferencial e assistência reabilitacional de pessoas com deficiência física e/ ou intelectual. Atua como unidade articuladora com as demais unidades e serviços da SMS de Santos, atendendo pessoas com deficiência encaminhadas pelos serviços de atenção básica e demais níveis de todo o município. As ações desse Grupo PET Saúde Interprofissionalidade no CER. II tiveram início no mês de abril de 2019 com atividades in locu, utilizando as estratégias iniciais de reconhecimento do território, observação participante e posterior planejamento e intervenções com o apoio dos profissionais integrantes do CER., visando o mapeamento do território, da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência (RCPCD) e do fluxo de referência e contra referência, além da organização do trabalho do próprio CER. II. Foram abordadas as políticas nacionais que norteiam o atendimento oferecido pelo serviço, enfatizando a perspectiva interprofissional e a organização da demanda atendida pelas equipes. Em paralelo, os estudantes, em duplas de diferentes profissões, começaram a participar das atividades de atendimento desenvolvidas pela equipe de profissionais: atividades em grupo, reconhecimento do território, triagens e atendimentos individuais. No processo formativo dos estudantes, além das atividades práticas desenvolvidas às quintas-feiras, as reuniões de supervisão com os preceptores e tutores permitiram aos estudantes discutirem temas e situações que surgiram durante a prática profissional. A experiência vem sendo registrada pelos estudantes em diários de campo mensais. Resultado: O campo da prática profissional provoca encontros com diversos atores no cenário da reabilitação e possibilita aos estudantes vivenciarem a produção de diferentes metodologias educativas/integrativas e avaliativas para o cuidado interprofissional em saúde e no campo das deficiências. No encontro com os usuários do serviço, a escuta sensível e o olhar interprofissional oferecem a possibilidade de estabelecer ações colaborativas no sentido de minimizar problemas e/ou construir redes de apoio, assim como a compreensão de que o processo de reabilitação deve ultrapassar os muros do serviço e requer ações intersetoriais e comunitárias. No encontro com os profissionais, o exercício de conhecer as práticas específicas e de propor ações colaborativas, possibilitam entrar em contato com os desafios do trabalho interprofissional e os conflitos que se estabelecem no cotidiano do serviço e dos processos de reabilitação. Considerações finais: O percurso formativo no PET Interprofissionalidade apresenta aspectos fundamentais que provocam mudanças na formação integral dos estudantes: a percepção do cuidado, o conceito e os modos de promoção de saúde e o conhecimento das políticas públicas vigentes. A dinâmica do trabalho em grupo prevê que os estudantes, preceptores e tutores atuem juntos no cenário de prática, rompendo com a ideia da educação verticalizada. Ao possibilitar ao estudantes a produção do conhecimento, de forma dialógica e crítica, o processo formativo propicia autonomia e situações interativas de ensino-aprendizagem. Adicionalmente, o cenário do PET Saúde Interprofissionalidade acentua o Processo de Educação Permanente no serviço, nos espaços de discussão de casos e nas reuniões de equipe. Apesar dos desafios que a interprofissionalidade nos aponta em uma unidade de saúde da atenção terciária do município de Santos-SP, o grupo de forma ativa, propõe pensamentos e novas percepções de cuidado, com vistas à integralidade do usuário, da família e da comunidade. A formação interprofissional prevê uma mudança de paradigma: da assistência às doenças para o cuidado humano e a atenção centrada na pessoa, possibilitando a autonomia do individuo em relação ao seu próprio cuidado.


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Trabalho nº 7822
Título do Trabalho: CUIDADO À GESTANTES DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO GUARUJÁ (SP): EXPERIÊNCIAS DO PET SAÚDE – INTERPROFISSIONALIDADE
Autores: Carla Cilene Baptista da Silva, Maria Teresa Pace Amaral, Maria Aparecida Silva Diniz Santos, Silvia Helena A. Pinto, Jorge Alexandre S. Gottzent, Isabele Reis Rodrigues, Luana Souza Castro, Rosangela Soares Chriguer

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde) é uma política indutora instituída pelos Ministérios da Saúde e da Educação que preconiza, entre outras questões, a reorientação na formação em saúde. Visando atender o chamado da Organização Pan Americana da Saúde, conjuntamente com a Organização Mundial da Saúde para implementação e fortalecimento da Educação Interprofissional (EIP) na região das Américas, o Ministério da Saúde lançou o PET-Saúde/Interprofissionalidade. Essa estratégia contribui para a integração universidade-serviço na formação de estudantes comprometidos com o Sistema Único de Saúde (SUS) e para favorecer a educação permanente dos profissionais de saúde tendo como foco a EIP em Saúde e as Práticas Colaborativas. Este trabalho tem por objetivo relatar a vivência de uma Equipe Interprofissional constituída a partir do PET-Saúde, cujas ações foram centradas em gestantes acompanhadas por uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município do Guarujá, litoral de São Paulo. As ações realizadas são respaldadas pela formação interprofissional e práticas colaborativas entre estudantes, preceptores e tutores. Descrição da Experiência As atividades do PET-Saúde Interprofissionalidade aqui descritas, ocorreram no período entre abril e novembro de 2019 na UBS Pae Cará,  município do Guarujá (SP). A escolha da unidade se deu a partir de diálogos entre a Secretaria Municipal de Saúde, com apoio do Setor de Educação Permanente e a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Campus Baixada Santista. A Equipe PET é constituída por seis estudantes de graduação dos seguintes cursos: educação física, fisioterapia, serviço social e terapia ocupacional da UNIFESP, e medicina do Centro Universitário Lusíada (UNILUS); quatro preceptores, profissionais da rede municipal, sendo um psicólogo, uma fisioterapeuta e duas enfermeiras; e duas tutoras, docentes dos cursos de fisioterapia e terapia ocupacional da UNIFESP. Inicialmente, realizaram-se oficinas e rodas de conversas entre os integrantes da equipe PET com vistas ao alinhamento conceitual sobre interprofissionalidade, práticas colaborativas, integralidade do cuidado, inclusão e participação social. Além disso, realizou-se um mapeamento da região a fim de conhecer o território e discutir as potencialidades e fragilidades encontradas no cuidado às gestantes. Esse mapeamento foi possível a partir de visitas da equipe PET aos equipamentos que compõem a rede municipal de atenção à saúde da gestante e bebê de alto risco. Na sequência, deu-se início às discussões específicas envolvendo o cuidado à gestante, principalmente acerca da adesão ao pré-natal e à importância do vínculo materno-infantil. A busca por estratégias de fortalecimento do pré-natal na UBS também foi amplamente abordada pela equipe. Após esse período de mapeamento do território, discussões e planejamento das ações, iniciaram-se os Grupos semanais de Cuidado Interprofissional à Gestante, centrados em temas como, alterações posturais específicas da gestação; sinais de trabalho de parto e o período expulsivo; plano de parto; aspectos emocionais característicos da gestação; e amamentação. Cada grupo semanal tem início com uma dinâmica de acolhimento visando favorecer o vínculo gestante-equipe, seguida da abordagem de um tema central e finaliza com uma prática corporal. Todas as atividades realizadas nos grupos são discutidas e planejadas pela equipe PET. Entretanto, busca-se favorecer e incentivar o protagonismo dos estudantes no planejamento e condução das atividades desenvolvidas. Em relação às estratégias para o fortalecimento do cuidado pré-natal, algumas ações foram realizadas, a saber: a) reuniões com a equipe da UBS com os objetivos de apresentar o projeto PET, os conceitos básicos da interprofissionalidade em saúde e de envolver todos os profissionais na discussão da necessidade do trabalho em equipe e das práticas colaborativas; b) divulgação do Grupo de Cuidado Interprofissional à Gestante no Facebook da unidade; c) através de cartazes afixados na própria UBS; e d) convite impresso entregue pelo médico às gestantes, durante as consultas. Os registros das atividades conduzidas pela equipe PET foram realizados através de fotos, diários de campo, relatórios e planos de atividades. Impacto do Trabalho Ao longo do trabalho foram observadas barreiras e potencialidades para a realização do Grupo de Cuidado Interprofissional à Gestantes e o exercício da interprofissionalidade. A falta de adesão das gestantes às consultas médicas foi considerada pela equipe PET como a principal barreira. Na tentativa de compreender as ausências nas consultas, foram realizadas visitas domiciliares pelos estudantes e preceptores a fim de promover melhor vínculo. Outra barreira diz respeito a não participação das gestantes no grupo de cuidado, ainda que estivessem presentes na unidade para a consulta médica. As justificativas se basearam em compromissos agendados previamente e necessidade de cuidar de outros filhos. A falta de envolvimento da equipe da UBS também se mostrou como uma barreira frente às atividades propostas pela equipe PET. Entretanto, as reuniões ampliadas – entre as equipes PET e UBS – assim como a participação dos estudantes e preceptores nas consultas realizadas pelos obstetras, pediatras e enfermeiros no acompanhamento pré-natal e materno-infantil, foram estratégias que fortaleceram o envolvimento e o vínculo entre a equipe PET e os profissionais da unidade. Tais estratégias também contribuíram de maneira significativa, tanto para o reconhecimento do Grupo de Cuidado Interprofissional à Gestantes entre os profissionais da unidade, quanto para a melhora na adesão e participação das gestantes nos grupos, tendo em vista que em novembro foram realizadas atividades todas as semanas, com participação inclusive de acompanhantes. Como potencialidades iniciais deste PET ressaltam-se a inserção dos preceptores em funções estratégicas na rede de atenção do município do Guarujá e a formação interprofissional em saúde que configura o Plano Pedagógico do Campus Baixada Santista implantado em 2006. Os impactos observados ao longo de 8 meses da execução do PET na UBS foram: o reconhecimento e o debate da importância de práticas colaborativas e do trabalho em equipe na perspectiva interprofissional e interdisciplinar, tanto na formação quanto no exercício e atuação do profissional de saúde comprometido com a consolidação dos princípios basilares do SUS e demais políticas sociais; a implementação das ações assistenciais junto às gestantes, por meio da prática interprofissional e colaborativa em saúde; a identificação, sob o olhar dos estudantes, preceptores e tutores, das lacunas de formação na graduação para o trabalho interprofissional; a contribuição futura para processos de educação permanente de professores e preceptores no campo da Educação Interprofissional em Saúde e Práticas Colaborativas. Considerações finais Esta experiência demonstra que a inserção rotineira de estudantes no cenário do SUS facilita a integração entre teoria e prática, favorece a vivência do trabalho em equipe, fortalece a formação voltada aos preceitos do SUS e possibilita a prática profissional específica a partir da interprofissionalidade. Para os profissionais de saúde, a reflexão sobre a prática diária se torna constante e pode favorecer cada vez mais, a integração entre as diferentes especialidades com melhores resultados do trabalho em uma  perspectiva  interprofissional, intersetorial e interdisciplinar na formação e na educação permanente em saúde. Há ainda muitos desafios a serem superados junto às gestantes como ampliação e manutenção do Grupo de Cuidado Interprofissional e junto aos profissionais da unidade para a ruptura de práticas convencionais e implementação de ações de cuidado com enfoque na interprofissionalidade que favorecem o trabalho em equipe e a realização de práticas colaborativas. Palavras-Chave: Atenção Primária à Saúde; Educação Continuada; Gestantes; Educação Interprofissional; PET-Saúde.


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Trabalho nº 7856
Título do Trabalho: ARTICULAÇÃO ENSINO-SERVIÇO: RELATO DE EXPERIÊNCIA SER ATIVO, PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE E PREFEITURA MUNICIPAL DE ITANHAÉM
Autores: Rafaela Barroso de Souza Costa Garbus, Rosangela Soares Chriguer, Brenda Isabelly Ribeiro, Júlia do Prado Souza, Marina Diniz Tavares, Isabela Aguiar, Rian Fonseca Szokatz, Danielle Arisa Caranti

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde) Interprofissionalidade tem como proposta principal a Educação Interprofissional (EIP), uma intervenção na qual os membros de mais de uma profissão de saúde aprendem juntos, interativamente, com o propósito explícito de melhorar a colaboração interprofissional ou a saúde / bem-estar de pacientes / usuários, ou ambos. Adicionalmente, tem como objetivo articular o tripé do ensino, pesquisa e extensão além de trabalhar o cuidado interprofissional em saúde, possibilitando o encontro, a escuta e o olhar ampliado perpassando nos conceitos de integralidade e autocuidado. A parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e o Centro Universitário Lusíadas juntamente com o Ministério da Saúde nos possibilitou a formação de grupos de cuidado, sendo um deles no município de Itanhaém, local este que construímos nossa proposta coletiva. O grupo foi criado por alunos dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Medicina, Serviço Social, professoras da UNIFESP e preceptoras do município de Itanhaém. O PET reforça a importância da interprofissionalidade na área da saúde, do profissional saber transitar no espaço da diferença, sendo que uma realidade pode gerar diferentes formas de abordagem. Com isso, a interprofissionalidade pode proporcionar uma parceria e mediação de conhecimentos para que o cuidado em saúde seja realizado de forma integral. O grupo consistiu-se por uma temática de promoção de saúde e de assuntos relacionadas ao envelhecimento e o enfrentamento de doenças crônicas. Semanalmente visitas foram realizadas, todas às quintas-feiras, tanto em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), quanto em outros setores da rede do município de Itanhaém. Concomitante as visitas, o conhecimento propagado pelos profissionais de cada espaço, às experiências pessoais e o acesso aos dados da cidade, determinou o que seria nossa proposta de intervenção. O qual consiste em um projeto-piloto voltado para o enfrentamento às doenças crônicas, fator preponderante na cidade que apresenta hoje 17,09% da população com mais de 60 anos. É reconhecido que SUS enfrenta desafios na atualidade, o que é causado por motivos além da falta de verba, que dificulta o cuidado mais humanizado e a integralidade. Os acolhimentos medicocêntricos que visam apenas remediar os problemas de saúde apresentados pelos usuários, não conseguem suprir a grande demanda de atendimento, o que mostra cada vez mais a necessidade de serviços interprofissionais que visam à prevenção de doenças e promoção de saúde. A importante demanda por atendimentos interprofissionais realizados por grupos que visem a promoção de saúde foi valorizada pela equipe, porém há diversos fatores que impossibilitam todas as Unidades de Saúde da Família (USF) de adesão a nossa proposta neste momento, mas estivemos em constante diálogo para que isso seja implementado no município em curto espaço de tempo. Desenvolvimento: O PET Saúde Interprofissionalidade criou o Projeto SER Ativo junto aos profissionais de saúde da USF escolhida para construirmos a intervenção, com o objetivo de oferecer exercícios físicos em grupos que trabalhem a convivência, o fortalecimento de vínculos, práticas integrativas e que qualificam o cuidado a partir da prevenção das doenças crônicas e promoção de saúde com um grupo interprofissional. A intervenção teve duração de 16 semanas, na qual os encontros em grupo eram feitos duas vezes na semana no período da manhã em um salão fornecido voluntariamente pela prefeitura. A divulgação do projeto foi realizada em maior proporção pelos agentes de saúde, o que facilitou o conhecimento dos usuários da USF, e também por meio de mídias sociais, a divulgação da proposta do Projeto SER Ativo e a adesão crescente a cada encontro. As intervenções propostas pelo projeto continham a participação de todos do grupo, que era composto pelo PET, os profissionais da USF - psicóloga, enfermeira, agentes de saúde, nutricionista-, alguns profissionais de áreas especializadas como médica endocrinologista e nutricionista do Centro de Diabetes e os próprios usuários da USF. É importante ressaltar a importância dos Agentes Comunitários de Saúde para a execução deste projeto, com a divulgação para os usuários do SUS, o empenho em trazer as pessoas e também para manter o grupo ativo, executando de maneira exemplar o seu trabalho, como é descrito pelo Ministério da Saúde (2006) em algumas das atribuições do Agente Comunitário de Saúde: “estar em contato permanente com as famílias desenvolvendo ações educativas, visando à promoção da saúde e a prevenção das doenças; desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e de agravos, por meio de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade”. O planejamento das intervenções era construído após o encontro junto aos usuários, o PET junto aos profissionais da USF dialogavam sobre como foi o encontro, discutiam as demandas dos usuários e o próximo plano de ação. Cada intervenção era dividida normalmente em quatro momentos: o primeiro era destinado a alongamento e aquecimento com duração de 10 a 15 minutos; o segundo era designado a exercícios físicos como jogos, danças, práticas corporais ou alguma prática integrativa com duração de 30 a 40 minutos; o terceiro era destinado a rodas de conversas sobre temas relacionados à saúde demandados pelos usuários com duração bem variável de 40 a 60 minutos; o quarto e último momento era atribuído a dinâmicas de relaxamento e meditação com duração de 5 a 10 minutos. Os encontros eram baseados em -propostas dos usuários além das atividades relacionadas a um tema de interesse comum, como por exemplo, autoestima, ou algum objetivo importante para a consolidação e fortificação do grupo, como a criação de vínculos entre os participantes. Resultado: Ao início do programa foram aplicados anamneses para obtenções de informações. O objetivo era fazer um comparativo do benefício às intervenções proporcionadas pelo PET. Além de dados pessoais dos 17 participantes, as anamneses continham questões de hábitos de vida diários, alimentação, comportamento, acompanhamento com outros profissionais da saúde. Dentre os dados coletados, alguns foram mais relevantes levando em consideração as propostas do projeto. A média de idade dentre os participantes foi de 61,5 anos. Em relação às doenças crônicas, 83,3% dos pacientes relataram ter hipertensão arterial. Além disso, quando perguntados sobre quais atividades gostariam de realizar, a dança se sobressaiu com 66,7% das respostas, fato que foi muito importante para construção do projeto, junto a expertise da equipe do PET para traçar os planejamentos das atividades a serem realizadas ao longo do projeto. Com o SER Ativo, foi possível analisar a potência de um grupo interprofissional e como a prevenção e promoção de saúde podem ser feitas em corresponsabilização dos usuários para o conceito ampliado de saúde. Empoderamento, autoconhecimento, sociabilização, para além de exercícios físicos, são imprescindíveis para uma vida saudável e fisicamente ativa. Considerações finais: O Projeto SER Ativo conseguiu atender a demanda de serviço em corroboração ao conceito da EIP qual vem se destacando no cenário brasileiro a partir do reconhecimento da capacidade que esta abordagem melhora a qualidade da atenção à saúde no SUS, ao contribuir para a qualificação dos profissionais de saúde e a formação de estudantes das mais diversas graduações


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Trabalho nº 7506
Título do Trabalho: PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE UNIFESP: EXPERIÊNCIAS DO GRUPO GUARUJÁ, SP
Autores: Carla Cilene Baptista da Silva, Maria Teresa Pace Amaral, Vera Lidia Berreta, Rafael Garcia Morcillo Jr, Lidia Stalberg Machado, Luany Oliveira Costa, Juliana P. R. G. Silva, Rosangela Soares Chriguer

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para saúde é uma política indutora dos Ministérios da Saúde e Educação que preconiza, entre outras questões, a reorientação na formação em saúde. O edital 2019-2020 PET-Saúde, com financiamento da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), tem como proposta a Interprofissionalidade como estratégia que contribui para a integração universidade-serviço para a formação de estudantes comprometidos com o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, favorece a educação permanente dos profissionais da rede, tendo como foco a Educação Interprofissional em Saúde (EPI) e as Práticas Colaborativas. Este trabalho tem por objetivo relatar as experiências realizadas no município do Guarujá, litoral de São Paulo, por uma equipe interprofissional constituída a partir do PET. As experiências aqui apresentadas referem-se aos primeiros 8 meses de execução do projeto, relativas ao período de abril a novembro de 2019. Descrição da Experiência O Projeto PET-Saúde Interprofissionalidade realizado pela Universidade Federal de São Paulo – campus Baixada Santista (UNIFESP/BS) e Centro Universitário Lusíada (UNILUS) é constituído por essas duas Instituições de Ensino Superior e quatro municípios do litoral paulista: Guarujá, Itanhaém, Santos e São Vicente. É composto por 5 Grupos que realizam atividades de acordo com as parcerias estabelecidas entre os territórios e as equipes executoras, sendo dois grupos em Santos e um grupo nos demais municípios. Cada Grupo é composto por seis estudantes de graduação dos seguintes cursos: Educação Física, Fisioterapia, Serviço Social e Terapia Ocupacional da UNIFESP e Medicina da UNILUS; quatro preceptores de diferentes serviços e dois docentes/tutores. Tendo em vista os objetivos gerais estabelecidos no projeto, o Grupo PET do Guarujá preocupou-se, inicialmente, em conhecer o local escolhido para as práticas do grupo, que é a Unidade Básica de Saúde (UBS) Pae Cará e mapear seu território. A unidade está localizada no Distrito Administrativo de Vicente de Carvalho, em Guarujá (SP), um dos nove municípios da Baixada Santista, com uma população estimada de 318.000 habitantes, sendo o distrito de Vicente de Carvalho a região mais populosa da cidade. Na micro região da UBS Pae Cará reside uma população estimada em 36.000 habitantes com prevalência de 25% de atendimentos aos idosos e pacientes crônicos e 75% de atendimento materno infantil. Por ser um equipamento que não conta com territorialização, tem aproximadamente 30% da população assistida proveniente de outras áreas do município. O território tem como principal característica de vulnerabilidade a pobreza associada às condições sanitárias precárias. Com relação aos dois objetivos específicos definidos no projeto para o período: a) aprofundar e ampliar a vivência interprofissional em saúde, dos estudantes e da equipe de saúde e b) promover articulação com os demais níveis de atenção à saúde da gestante, pode-se afirmar que ambos estão sendo alcançados à medida em que o trabalho vai sendo realizado. No período entre abril e novembro de 2019 foram desenvolvidas as seguintes atividades: Reconhecimento da Equipe PET Guarujá: inicialmente foram realizadas reuniões para que o grupo de estudantes, preceptores e docentes pudessem se conhecer, se aproximar e se interar das diferentes profissões e atuações dos participantes do grupo; Reuniões da Equipe PET Guarujá para estudo e discussões sobre EPI, sobre as características do município e do território da UBS e discussão sobre as demandas, a população e o território; Definição da temática a ser trabalhada na UBS e elaboração de práticas colaborativas a serem realizadas pelo Grupo PET Guarujá; Reconhecimento e Aproximação com a Rede de Serviços do Município que atende a população materno-infantil; Realização do Grupo de Cuidado Interprofissional às Gestantes que consistiu em encontros com propostas de atividades para estabelecimento e fortalecimento de vínculos, dinâmicas corporais e grupais para fomentar discussões sobre gestação, aleitamento e parto (sinais de trabalho de parto e discussão do plano de parto), bem como sobre expectativas, anseios e planos pós gestação;Visitas aos equipamentos de saúde do município;Visitas domiciliares; Acompanhamento de consultas das especialidades: Enfermagem, Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria; Reuniões com a equipe da UBS; Reunião com a Equipe Gestora da Secretaria de Saúde do Município; Reuniões mensais com todos os Grupos que compõem o PET Saúde Interprofissionalidade UNIFESP/UNILUS. Há alguns fatores facilitadores para a execução das atividades descritas acima que são: ter no Grupo PET do Guarujá preceptores em funções estratégicas que atuam em diferentes serviços da rede, inclusive na coordenação da UBS Pae Cará. Outro fator facilitador é o fato do campus da UNIFESP Baixada Santista ser referência para formação interprofissional na graduação em saúde e de possuir experiências anteriores em políticas indutoras na região. Por fim, pelo interesse e engajamento da coordenação de Educação Permanente do município em avançar nas parcerias com as instituições de ensino superior da região. As barreiras encontradas até o momento dizem respeito à adesão das gestantes ao Grupo de Cuidado. Impacto do Trabalho Atualmente, a Equipe PET Guarujá prioriza 3 frentes de ação, que ocorrem todas as quintas-feiras pela manhã, sendo: 1) Grupo de Cuidado Interprofissional às Gestantes; 2) Espaço Lúdico na sala de Espera e 3) Visitas Domiciliares às gestantes que não comparecem nas consultas de pré-natal. Essas ações ocorrem. A Equipe é dividida em três pequenos grupos e conta com a participação de mais duas profissionais da unidade (uma psicóloga e uma assessora de saúde), além dos preceptores e tutores. Há um rodízio a cada semana para que toda a equipe possa participar de todas as frentes de trabalho. Ao final da manhã ocorre uma reunião com todos para a troca de experiências, saberes e discussões sobre as práticas realizadas. Além desse momento na UBS, o grupo se reúne também em outro período da semana para estudos teóricos, discussões e planejamento de ações futuras e realização de outras demandas que forem necessárias. A partir dos registros dos estudantes em diários de campo foi possível observar que essa dinâmica de trabalho permitiu a vivência de demandas do território que ainda necessitam de maior atenção, como a ampliação do diálogo intersetorial entre saúde e educação para o incentivo à continuidade do estudo nos períodos gestacional e puerperal no caso de adolescentes e jovens adultas. Também foi reconhecida pelos estudantes as especificidades de determinados profissionais no cuidado à gestante, como o papel do assistente social e psicólogo na rede de atenção à saúde. Considerações finais Ao longo desses primeiros 8 meses de vigência do projeto os objetivos propostos estão sendo alcançados, trazendo oportunidades aos estudantes para um melhor entendimento das relações estabelecidas no cotidiano dos serviços, permitindo um maior contato entre os usuários, profissionais e estudantes, o que fortalece a formação interprofissional. Entretanto, ainda existem desafios para avançar em sua execução, como potencializar o envolvimento de outros membros da equipe da UBS em ações interprofissionais; melhorar a adesão das gestantes nas atividades do Grupo, bem como ao pré-natal; compreender melhor as demandas relativas à primeiríssima infância; ampliar as ações do PET junto à equipe na atenção ao bebê e a criança para a promoção de saúde, do desenvolvimento infantil e do brincar; e intensificar as discussões junto a equipe da UBS sobre possibilidades de ações interprofissionais e práticas colaborativas na unidade. Palavras-Chave: Atenção Primária à Saúde; Educação Continuada; Formação Permanente; Educação Interprofissional; PET-Saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7891
Título do Trabalho: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO NA SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE E O PLANO DE PARTO NA UBS/ESF SAMBAIATUBA - SÃO VICENTE (SP)
Autores: Rosangela Soares Chriguer, Cristina Sayuri Asano, Letícia Candido Lopes, Aline Santos Monteiro, Giovana Morenti Bellucci, Isabella Ferreira Custódio, Luciana Schiavetti Oliveira, Maria Lúcia Garcia Mira

Apresentação: O PET-Saúde/Interprofissionalidade, como política de formação em saúde está prevista no  edital n o 10 de 23 de julho de 2018, lançado pelo Ministério da Saúde. Visa atender o chamado da Organização Pan Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde para implementação e fortalecimento da Educação Interprofissional na região das Américas. A participação do PET-Saúde Interprofissionalidade em atividades realizadas por unidades de Estratégia da Saúde da Família (ESF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) justifica-se pelo eixo paradigmático que alinha e organiza a política de educação em saúde, ou seja, integração ensino-serviço com a rede do Serviço Único de Saúde (SUS). No território, os alunos tornam-se potencialmente conhecedores e modificadores da realidade na qual estão inseridos, bem como colaboradores na construção do atendimento humanizado e interprofissional. Neste modelo, os profissionais da rede de serviços de saúde também se beneficiam quando se aproximam da universidade e de práticas pedagógicas, possibilitando a inovação e a transformação dos processos de ambos os lados, ou seja, o Ensino Interprofissional na Saúde e a Educação Permanente em Saúde. O plano de parto é um documento assinado pela gestante, de caráter legal, que expressa desejos pessoais e expectativas sobre o momento da parturição. Está embasado, no âmbito estadual (São Paulo), pela lei 15.759/2015. Em âmbito federal, ainda em tramitação, citamos o projeto de lei PL 7.867/2017. A elaboração do plano de parto é recomendada pela Organização Mundial da Saúde e, no Brasil, as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal do Ministério da Saúde preconizam que mulheres em trabalho de parto devam ser tratadas com respeito, ter acesso às informações baseadas em evidências e participar na tomada das decisões. Além disso, a elaboração do plano de parto resgata o pré-parto e parto como eventos fisiológicos e afetivos, contrapondo à atual medicalização excessiva do procedimento, a qual contribui para a alta prevalência de mulheres que foram submetidas a partos via cesariana. É fundamental que a gestante seja esclarecida sobre a fisiologia do processo de parturição antes da elaboração do plano de parto, visando a tomada de decisões conscientes sobre a via do parto (vaginal ou cesárea), e escolhas relacionadas aos métodos de analgesia farmacológicos e não farmacológicos, conhecimento dos riscos das intervenções, o direito à presença de acompanhantes durante o pré-parto e parto, ingestão de líquidos e alimentos leves,  a posição corporal que deseja parir, quem corta o cordão umbilical do recém nascido, quem autoriza intervenções médicas quando ocorrem as complicações. A apropriação das informações sobre esses direitos promove o protagonismo e autonomia das parturientes, resultando em um impacto positivo na experiência do parto. Os objetivos gerais do trabalho são proporcionar cenários de prática interprofissional para os alunos PET-Saúde Interprofissionalidade e por meio de oficinas, intervenções e outras atividades e disponibilizar às gestantes acesso às informações necessárias para viabilizar a elaboração do plano de parto individual. Para tanto, empregamos a Educação Baseada na Comunidade, uma estratégia didática da Educação Interprofissional. Desenvolvimento: Na Baixada Santista, as atividades iniciaram-se no mês de julho de 2019, quando a Diretoria Regional da Saúde (DRS) IV organizou um encontro com representantes das Secretarias de Saúde para discutir a elaboração e implementação do Plano de Parto nas UBS/ESF dos nove municípios sob esta direção. Neste encontro, o município de São Vicente foi representado pelo NASF e o grupo de alunos, tutores e preceptores do PET-Saúde Interprofissionalidade. A UBS/ESF Sambaiatuba foi escolhida como a unidade piloto para a implementação do Plano de Parto por apresentar vínculo já existente com as gestantes através do LACC – Laboratório de Atenção às Condições Crônicas, uma ferramenta de gestão de cuidado. A unidade encontra-se no município de São Vicente (SP), no bairro do Jockey Club, próxima ao Parque Ambiental Sambaiatuba. Por mais de 30 anos, no mesmo local do parque, existiu o Vazadouro do Sambaiatuba - depósito municipal de resíduos sólidos - que ocupava uma área de 4,7 hectares, perímetro de 1.125 metros e 17 metros de altura. Além do impacto ambiental, por ocupar área de manguezal, havia a questão da insalubridade na qual viviam os catadores de lixo e suas famílias. O programa de desativação incluiu um programa social denominado “Caminhos para a Cidadania” que teve como meta integrar os antigos catadores na coleta seletiva do município, que também envolvia a triagem e enfardamento de materiais recicláveis, numa cooperativa de trabalho chamada de “Coopercial”. As crianças, desde o início do processo de desativação, foram encaminhadas para creches, escolas e centros de convivência. O território ainda é caracterizado pela população de alta vulnerabilidade social e prevalência de gestantes adolescentes, multíparas e com baixa adesão aos cuidados pré-natais. Resultado: Durante o planejamento das reuniões mensais, delineamos metas a serem atingidas, descritas a seguir: o plano de parto deverá ser apresentado e explicado item a item, de modo informativo e com esclarecimento das dúvidas. Preferencialmente deverá ser apresentado o mais precocemente possível a fim de que a gestante tenha a oportunidade de se apropriar do conteúdo e fazer escolhas de forma autônoma e segura. Simultaneamente, informações qualificadas sobre a fisiologia do trabalho de parto e parto via cesárea e via vaginal,  métodos de analgesia, drenagens manuais para edemas nos membros inferiores, controle das náuseas por meio de alimentos e padrões de alimentação, questões psicológicas no período puerperal e a violência obstétrica serão os temas abordados em metodologias ativas: maquetes para as vias de parto e episiotomia, práticas de do-in, massagens, posturas de yoga, exercícios de controle de respiração, práticas das posturas corporais durante o processo de parturição, rodas de conversa sobre a importância da alimentação, procedimentos médicos e violência obstétrica. A discussão dos itens do plano de parto deverá ocorrer em mais de um encontro e com a presença do acompanhante, para que os últimos estejam cientes dos desejos e receios da parturiente e que tenham participado ativamente das reflexões e tomadas de decisões quando da elaboração do plano de parto. Em algumas situações, o acompanhante garante o cumprimento das requisições da gestante durante o processo de parturição, principalmente quando ocorrem eventos imprevistos e complicações. Quando as intervenções envolverem atividades físicas, serão realizadas em salas exclusivas para as gestantes. Considerações finais: A participação do PET-Saúde Interprofissionalidade na implementação deste projeto proporcionou o mapeamento de um território e suas questões socioculturais, oportunidade de construir o olhar humanizado e o cuidado interprofissional em harmonia com a equipe integradora do NASF e UBS/ESF Sambaiatuba. Vivências como essas são peças importantes para a formação de profissionais de saúde reflexivos, críticos e pró-ativos e que objetivam o fortalecimento do SUS, pela perspectiva interprofissional, intersetorial e interdisciplinar na formação e na educação permanente em saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8475
Título do Trabalho: INTERPROFISSIONALIDADE E O PROJETO SER ATIVO: INTEGRAÇÃO DO ENSINO-SERVIÇO DO PROGRAMA PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE DO MUNICÍPIO DE ITANHAÉM
Autores: ROSANGELA Soares Chriguer, Danielle Arisa Caranti, GUACIRA NOBREGA BARBI, LUCIANA NAKAI, FERNANDA LUPPINO MICCAS, Márcia Renata de Oliveira Veloso, Rafaela Garbus

Apresentação: A Educação Interprofissional em Saúde (EIP), consiste em ocasiões nas quais membros de duas ou mais profissões aprendam juntos, de forma interativa, com o propósito explicito de avançar na perspectiva da colaboração, como prerrogativa para a melhoria na qualidade da atenção à saúde. A EIP  é de extrema relevância científica e de debate em todo o mundo, sua implantação perpassa por ampliar as potencialidades na formação de profissionais mais aptos ao efetivo trabalho em equipe, compreender os desafios da formação uniprofissional e disciplinar, fortemente dominados pelo individualismo disciplinar especializado e pelo biotecnicismo. A colaboração, estabelecida quando dois ou mais profissionais de saúde atuam de forma interativa, reconhecendo o papel e a importância do outro na complementaridade das ações em saúde implica, necessariamente, em redinamizar os usuários e suas necessidades de saúde na centralidade do processo. Para tanto é primordial estabelecer formação igualmente colaborativa, uma educação interprofissional. Essa estratégia busca oferecer oportunidades de aprendizado em conjunto com outras categorias profissionais para desenvolver atributos e habilidades necessárias ao trabalho coletivo em equipe, repercutindo em uma atenção às necessidades de saúde eficaz e integral.  O contexto atual clama pela estruturação do trabalho das equipes de Atenção Básica (AB), cujos processos de trabalho devem responder às muito prevalentes e complexas doenças crônicas, que não “curam” como as doenças agudas, mas permanecem ao longo da vida dos indivíduos. As evidências de que a Atenção Primária à Saúde é o melhor modelo de organização dos sistemas e serviços de Saúde são inúmeras e inequívocas. Da mesma forma, não há dúvidas sobre a complexidade do trabalho nas Unidades de AB, onde o trabalho é difícil e exige que equipes multidisciplinares bem preparadas utilizem metodologias e ferramentas de comprovada eficiência para organizar os processos de trabalho. Há ainda o desafio da busca à integralidade da atenção: a integralidade possui várias dimensões e depende de um conceito amplo de saúde. Integralidade compreende a promoção e a recuperação da saúde, bem como a prevenção e o tratamento de doenças. Desenvolvimento: No Brasil mudanças provocadas pela transição demográfica e epidemiológica demonstram um novo panorama para o enfrentamento das doenças crônicas, sobretudo em idosos. Atualmente 17 % da população do município de Itanhaém é idosa, percentual este superior ao da Região Metropolitana da Baixada Santista e do Estado de São Paulo (15 % e 14 %, respectivamente). Considerando esse público alvo, a intervenção foi realizada na Estratégia de Saúde da Família Mosteiro, localizada no centro do município, onde atuam duas equipes de saúde da família. No Projeto Ser Ativo (PSA) foram discutidos justamente estes aspectos e a importância do conhecimento deste território “vivo” para o desenvolvimento de atividades que fizessem sentido para o coletivo. As atividades propostas para o grupo foram práticas corporais supervisionadas, relaxamento, alongamento, dinâmicas, atividades físicas dirigidas, jogos e as rodas de conversas com temas do estilo de vida. As atividades propostas e desenvolvidas para o grupo foram selecionadas com base no levantamento de demandas dos usuários e dados de anamneses clínica. O eixo transversal de todas as atividades desenvolvidas pelo grupo foi a conjuntura da promoção de saúde e com o autocuidado dos usuários objetivando resgatar o protagonismo na condução de seus projetos terapêuticos. Resultado: Discutimos as crenças relacionadas ao processo saúde-doença, os tabus, as atitudes, a confiança e a motivação diante das mudanças, a importância dada à condição e a presença e a força das redes de suporte. Entre os assuntos mais abordados estavam os conceitos abrangentes de saúde e doença, os direitos adquiridos pela população idosa e deficiente, os hábitos alimentares, climatério, auto estima e as atitudes promotoras de saúde. Estas ações de promoção de saúde contribuem na prevenção do sobrepeso, da obesidade, do diabetes mellitus e outras doenças, a prevenção de quedas e de lesões provenientes de hábitos cotidianos, o cuidado com a saúde mental e a prevenção do suicídio, infecções sexualmente transmissíveis e a depressão. Ao orientar mudanças, com vistas à alimentação saudável, ao abandono de vícios e a melhores padrões de pensamento, tivemos o desafio de transcender os nossos valores e preferências pessoais e de respeitar a singularidade e as preferências de cada indivíduo, sem fazer juízo de valor. A prática de atividade física (AF) regular foi o fator de maior influência na adesão dos usuários, onde as danças tiveram papel fundamental, as quais foram propostas e desenvolvidas para o grupo AF escolhidas pelos integrantes e não uma “receita” de um conjunto de exercícios. O olhar limitado apenas à necessidade de ampliar o nível de AF desconsidera o sujeito em sua subjetividade, o que diminui a “adesão” do usuário em promover mudanças de estilo de vida e a adotar hábitos mais saudáveis. No início do PSA, foi discutida a necessidade de levantar histórico de AF/práticas corporais realizadas pelos usuários, identificando suas possíveis motivações e dificuldades, e com isso, proporcionar ao grupo espaços que estimulem estes hábitos. No decorrer dos encontros, identificamos e acionamos “redes” de apoio da própria comunidade, como associações, grupos culturais, grupos de convivência, e, dessa forma, objetivamos promover maior alcance das atividades educativas para difundir em maior escala a adoção de hábitos alimentares saudáveis, a cessação do tabagismo e o combate à depressão e o suicídio, por exemplo. Considerações finais: O objetivo do trabalho foi relatar as experiências do grupo PSA – constituído como principal ponto de articulação interprofissional e colaborativo do Programa PET Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) Interprofissionalidade  uma parceria entre do Ministério da Saúde, o Instituto de Saúde e Sociedade da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Centro Universitário Lusíadas (UNILUS) e a Prefeitura Municipal de Itanhaém, sob o olhar dos trabalhadores da saúde e do ensino-serviço. O PSA alcançou êxito ao implantar uma estratégia para o fortalecimento das redes de cuidado intersetoriais, na medida em que se estabeleceram espaços permanentes e periódicos de encontros e discussões de diversos, o que resultou em um trabalho de Equipe Interprofissional. Desta forma, possibilitou-se a compreensão e especificidade de cada profissional a fim de proporcionar trocas de impressões e metodologias que contribuem para o fortalecimento das redes sociais e dos planos de ações integrados entre Equipes de Saúde e Comunidade. “Aprender com e aprender sobre o outro", que são propostos da Interprofissionalidade,  propõe entender juntos, criar estratégias e possibilidades de interações. Assim, ao compartilhar diversos olhares e saberes, diante dos sujeitos que se apresentaram com suas demandas e necessidades, pôde-se fortalecer uma rede de suporte social para o aumento de resolutividade, do fomento de Atenção Integral e melhorando a qualidade do cuidado.


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Trabalho nº 8540
Título do Trabalho: PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE NA ARTICULAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE - RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO NO CENTRO DE REABILITAÇÃO ESPECIALIZADA – SANTOS (SP)
Autores: Alice Mota Iassia, Andrea Perosa Saigh Jurdi, Maria de Fátima Ferreira Queiróz, Rosângela Soares Chriguer, Jeniffer Macedo Sarmento, Naiara Alves de Barros, Amanda Cardoso Pinheiro

Apresentação: Com a constituição do Sistema Único de Saúde (SUS), uma política direcionada àadequação da formação para o trabalho em saúde delegou às universidades a necessidade de repensar a formação de profissionais de saúde em seus cursos de graduação. Desde 2001, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação da sa úde afirmaram que a formação do profissional deveria contemplar o sistema de saúde vigente no país, a atenção integral em saúde e o trabalho em equipe. A partir desses parâmetros, colocou-se a necessidade de que as Instituições de Ensino revissem suas posições pedagógicas e seus currículos de formação. Nessa nova formação que trata de mudanças nas concepções sobre o que seja saúde e assistência às doenças, é preciso que o profissional conheça as pessoas que requerem sua assistência, considerando que o processo saúde-doença é um fenômeno complexo e não se restringe ao campo biológico, exigindo ser tratado de maneira integral. Nesse sentido, a formação de profissionais de saúde hoje, precisa prever o conhecimento dos diversos cenários da prática de saúde, colocar-se no lugar do outro (em alteridade) para melhor compreendê-lo. No percurso formativo dos estudantes os cursos de graduação do Insituto Saúde e Sociedade do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo(UNIFESP), a Educação Interprofissional é direcionadora da formação e está prevista no Projeto Pedagógico, assumindo como proposta curricular a interdisciplinaridade e interprofissionalidade. Optar por esse modelo de educação na formação de profissionais de saúde implica pensar a inserção dos estudantes, desde o início do curso, em cenários da prática profissional, com a realização de atividades educacionais, criando situações reais de aprendizado. Desenvolvimento: O PET Saúde Interprofissionalidade como política indutora de formação em saúde propicia aos estudantes a experiência de estar no serviço, entrar em contato com o cotidiano do trabalho em equipe e conhecer o usuário e suas necessidades. No caso específico do Núcleo CER II (Centro de Reabilitação Especializada), componente do PET Interprofissionalidade, tem como cenário de aprendizado e prática a pessoa com deficiência e o processo de reabilitação. O CER-II atende pessoas com deficiência físicae intelectual de todas as idades e pertence à Secretaria Municipal de Saúde de Santos(SMS). Está localizado na Zona Noroeste de Santos e caracteriza-se como serviço de média complexidade voltado às ações de promoção, prevenção de agravos, diagnóstico precoce ou diferencial e assistência reabilitacional de pessoas com deficiência física e/ou intelectual. Atua como unidade articuladora com as demais unidades e serviços da SMS de Santos, atendendo pessoas com deficiência encaminhadas pelos serviços de atenção básica e demais níveis de atenção de todo o município. Esse trabalho tem por objetivo relatar as experiências de estudantes do PET Interprofissionalidade no Grupo de Equilíbrio. O Grupo de Equilíbrio é coordenado por uma fisioterapeuta do serviço e por duas estudantes do PET, sendo uma estudante de graduação do curso de educação física e uma estudante do curso de fisioterapia. Os usuários são em torno de seis adultos acometidos por problemas ortopédicos e/ou ao Acidente Vascular Encefálico (AVE) advindos de causas diversas, tais como: acidente de trânsito, acidente de trabalho e sequelas de cirurgias, os quais dificultam sua mobilidade, equilíbrio e participação nas atividades cotidianas e laborais. Todos os usuários são moradores de regiões periféricas da cidade e com dificuldades em acessibilidade aos serviços de saúde e de lazer no território em que moram. O grupo é realizado uma vez por semana pelas duas estudantes e pela fisioterapeuta responsável. Para que a participação das estudantes fosse possível, se fez necessário um trabalho colaborativo de coordenação que permitiu a composição dos diversos saberes. Em reuniões semanais são discutidas as atividades possíveis para o processo de tratamento a partir das habilidades e competências das estudantes. Foram realizados trinta e quatro atendimentos do grupo, no período de 25/04/2019 à 05/12/2019. As atividades realizadas foram: questionário para compreender as demandas de cada integrante do grupo, dança circular, alongamentos, circuitos com obstáculos, estações temporizadas, caminhadas externa à unidade, massagem terapêutica, treinamento de marcha, roda de conversa no início e ao final de cada atendimento. Resultado: A inserção do Grupo de Equilíbrio no CER II junto à continuidade no tratamento individual dos pacientes trouxe a possibilidade de um cuidado ampliado. O sentido que os usuários traziam de seus corpos era único e exclusivamente com o objetivo de tratar sua demanda o mais rápido possível para assim voltar ao seu cotidiano. O contato do Grupo com os pacientes promoveu o surgimento de outras concepções de como tratar e cuidar do próprio corpo, como cuidar da saúde mental e não apenas da saúde física de seus membros acometidos. Essas percepções proporcionam outro sentido e ações para o cuidado de si mesmo o que desconstrói a concepção de saúde como ausência de doença. Foi preciso propor a relação corpo e mente, com o território e com as convivências como um caminho do processo de reabilitação para os usuários do serviço. A periodicidade dos encontros semanais com o Grupo foi extremamente importante para criar vínculo com os pacientes, estudantes, com os profissionais e com o serviço. O contato e o acompanhamento possibilitou conhecer os usuários em sua integralidade, na qual proporcionou confiança e respeito entre ambos com as propostas, contribuindo para a formação dos discentes. No início do Grupo, a fisioterapeuta responsável realizou em sua maioria os atendimentos com as estudantes somente em observação. No decorrer dos atendimentos, as alunas introduziram-se na dinâmica do grupo e com isso, houve uma troca de planejamentos e comandos para as semanas seguintes. A autonomia das estudantes foi construída de maneira que essas capacidades se entrelaçavam a partir do empenho e apoio dos profissionais e da Unidade como um todo. Durante todo o processo foi visível os benefícios dos atendimentos em grupo, para uma relação de reabilitação mais funcional para os pacientes. Considerações finais: A articulação ensino-serviço-comunidade e interprofissionalidade traduz a necessidade do cuidado mais eficiente por uma relação sujeito-sujeito, qualificando os processos de forma a fortalecer a articulação com o SUS. A interprofissionalidade propõe aprender juntos, criar estratégias e possibilidades de interações, aprender com e aprender sobre o outro, assim como compreender a realidade que integra os aspectos culturais, sociais, econômicos, ambientais e físicos. O processo colocou desafios ao trabalho interprofissional, tal como a influência do cotidiano institucional que, muitas vezes, coloca obstáculos para que a colaboração e a garantia do cuidado integral aconteçam.Outro desafio refere-se à integralidade que supõe a inclusão das pessoas numa rede assistencial, onde o foco das ações em saúde passa a ser o usuário, e não a fragmentação do cuidado pelo tratamento focal das doenças, numa lógica de horizontalização dos saberes e compartilhamento do poder de maneira equilibrada. Conhecer os usuários e suas necessidades resulta com urgência na necessidade de pensar no processo de reabilitação mais amplo e a construção de redes de apoio e ações intersetoriais como outros serviços do município.