Anais

Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida
Revista Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020) – Editora Rede Unida
ISSN 2446-4813 DOI 10.18310/2446-48132020
http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/issue/view/65
 

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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 12289
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE MÍDIAS COMO MEIO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: A TUBERCULOSE ENQUANTO DOENÇA NEGLIGENCIADA
Autores: Vitória; Rosana; Mercedes; Axt; Azevedo; Neto;

Apresentação: A tuberculose é uma doença negligenciada que tem alta prevalência na sociedade. Caracterizada como uma doença infecciosa e transmissível, que afeta os pulmões e outros órgãos. Está classificada com alto índice de mortalidade, superando as mortes causadas pelo HIV e pela malária. Segundo a OMS, as principais causas de tuberculose hoje são: desigualdade social, surgimento da AIDS, envelhecimento da população e grandes movimentos migratórios. A associação entre pobreza e tuberculose é evidente de tal modo que os 30 países com a maior incidência são também aqueles com os maiores índices de desigualdade social. O objetivo desse trabalho é divulgar por mídias impressas e digitais sobre a Tuberculose como meio de difusão informação em saúde. Foram elaborados vídeos na temática da tuberculose, sua incidência na população brasileira e a importância da BCG e de outras medidas de prevenção, como: manter ambientes bem ventilados e com acesso a luz solar. Cartazes foram distribuídos como forma de exposição em uma universidade pública do Rio de Janeiro para conscientização dos alunos de enfermagem e profissionais atuantes no local. Ao desenvolver ações de educação em saúde por meio de representações culturais com exposições imagéticas sobre a história da tuberculose no Brasil, promove interação com os discentes, docentes e funcionários. Ainda, a atividade extensionista permitiu que, além dos discentes, docentes e funcionários, todos os transeuntes tivessem rápido acesso a história da tuberculose, informando e alertando sobre essa doença que foi olvidada, mas que ainda causa excessivo dano a sociedade. A utilização deste método foi relevante e trouxe benefícios, mas é necessário utilizar outros métodos em conjunto para que as pessoas saibam das informações relevantes que se encontram na universidade, e em como essas informações podem ajudar a diminuir a negligência da tuberculose, e consequentemente diminuir sua incidência.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8706
Título do Trabalho: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE JOGO EDUCATIVO COMO FERRAMENTA PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE CARDIOVASCULAR EM CRIANÇAS
Autores: Poliana Hilário Magalhães, Francisca Bertilia Chaves Costa, Ana Maria Fontenelle Catrib, July Grassiely de Oliveira Branco, Célida Juliana de Oliveira, Zélia Maria Sousa Araújo Santos, Rosendo Freita de Amorim, Carlos Antonio Bruno da Silva

Apresentação:. A promoção da saúde cardiovascular infantil vem ganhando destaque a cada dia, em decorrência do crescimento do número de crianças com sobrepeso. A estimativa é que que 43 milhões de crianças (35 milhões nos países em desenvolvimento) apresentem excesso de peso e 92 milhões estejam em risco de sobrepeso. No Brasil, dados demonstram que, no ano de 2008, 20% de meninos e meninas, entre cinco e nove anos, encontravam-se com sobrepeso. Diante desse panorama, estratégias de atuação ainda na infância são necessárias, mesmo diante do não acometimento das doenças cardiovasculares na fase infantil, para que as crianças possam crescer em ambiente saudável e que não proporcione condições para o desenvolvimento destas ou respectivas complicações. Ressalta-se ainda que a aterosclerose, umas das causas das doenças cardiovasculares, inicia-se na mais tenra idade, constituindo-se fator de risco passível de modificação. Dessa forma, compreende-se que as ações de promoção da saúde iniciadas de forma precoce, possuem a finalidade de evitar intervenções curativas, centradas na doença, para assim poder proporcionar um envelhecimento saudável, ancorado em hábitos individuais e coletivos, geradores de ambientes saudáveis. Em consequência da promoção da saúde cardiovascular infantil, a criança poderá apresentar um estilo de vida saudável na fase adulta, livre de doenças cardiovasculares. Dentro desse panorama identificou-se o jogo educativo como uma ferramenta capaz de promover a participação do indivíduo na identificação e análise crítica dos próprios problemas, por possibilitarem educar de forma diferente, ao associar o caráter lúdico com a captação de informações e, consequentemente, ampliação de conhecimentos. Dessa forma, objetivou-se descrever o processo de construção e desenvolvimento de um jogo educativo como ferramenta para promoção da saúde cardiovascular em crianças. Desenvolvimento: Estudo do tipo descritivo desenvolvido em três etapas: Inicialmente, para a elaboração desse jogo, foram identificados os termos e elementos essenciais para o seu desenvolvimento, mediante uma revisão sistemática sobre tecnologias efetivas que de forma direta ou indireta, contribuíram para prevenção de doenças cardiovasculares. Como segunda etapa houve a realização de uma pesquisa em documentos oficiais de diferentes sociedades nacionais e internacionais que voltam algumas de suas ações para os cuidados em relação aos fatores de risco infantis para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. E por último, de posse dessas referências, iniciou-se a construção e desenvolvimento do material educativo, a partir da adaptação do conteúdo a ser utilizado; elaboração dos elementos do jogo; e diagramação de seu formato. Sendo esse constituído de Espuma Vinílica Acetinada (E.V. A.), em formato de trilha, sendo as crianças participantes do jogo as protagonistas. O tamanho da trilha permite que os participantes do jogo possam se movimentar sobre ele. Essa movimentação ocorre a partir de um dado arremessado pelas crianças em jogo, para que seja determinada a quantidade de casas que avançarão. Resultado:. A revisão integrativa possibilitou encontrar oito artigos que foram utilizados para construção do jogo, bem como 10 documentos oficiais. O jogo foi estruturado com 18 casas a serem percorridas pelos participantes do jogo de forma individual ou em dupla. Para quantificar as casas a serem avançadas, utiliza-se de um dado construído de E.V. A., sendo as casas separadas por temáticas: (I) Coração saudável, (II) Fatores de risco para as doenças do coração, (III) Desafio, (IV) Alimentação saudável e (V) Atividade física, finalizando-se o jogo na casa Chegando a um coração saudável. Cada temática é representada por uma a cinco cartas que podem ser escolhidas pelos participantes, nessas cartas estão dispostas informações, atividades a serem executadas e questionamentos relacionados à promoção da saúde cardiovascular infantil. Assim, os materiais utilizados no jogo são: tapetes de E.V. A. com as ilustrações referenciadas, um dado, também de E.V. A, com dimensões 30cm x 30cm, 25 cartas confeccionadas em papel, uma ampulheta, para marcar o tempo de resolução dos questionamentos/regras/instruções e algumas atividades, sempre que necessário, uma venda, frutas e balões a serem utilizadas em alguns momentos do jogo. O jogo inicia-se quando os participantes se encontram dispostos na linha de “partida” por ordem de jogada, iniciando o jogo mediante o arremesso. Por fim, encontra-se a casa “Chegando a um coração saudável” representando o momento no qual os participantes irão relatar, mediante os conhecimentos absorvidos durante o jogo, como fazer para prevenir as doenças cardiovasculares. A partir da síntese retratada pelo participante, esse e demais colegas que atingirem essa casa ganharão medalha de honra ao mérito. Além disso, a cada atividade realizada com sucesso, além da criança avançar uma casa, ganha um adesivo de coração colocado na roupa, como símbolo de conquista. Após a chegada de todos ao final, a pessoa responsável por moderar o jogo entrega a cada participante uma fruta, para que possam fazer o brinde da vitória. O jogo elaborado, intitulado, inicialmente, de “Jogo Educativo para Promoção da Saúde Cardiovascular em Crianças”, apresenta como objetivo incentivar crianças acerca de hábitos de vida saudáveis para promoção da saúde cardiovascular, além de estimular a prática de hábitos alimentares saudáveis e a atividade física. Assim, infere-se que a construção de jogos educativos pode auxiliar na promoção da saúde cardiovascular e, sensibilizar acerca da ocorrência de fatores de risco cardiovasculares modificáveis ainda na infância, podendo esse risco ser diminuído se desde cedo a criança vivenciar hábitos saudáveis. É importante frisar que, como diferencial, esta tecnologia traz conteúdos referentes à saúde cardiovascular, proporcionando o aporte teórico necessário para promoção da saúde, utilizando linguagem acessível, interação com alimentos saudáveis e movimentação, por meio do cumprimento de tarefas pautadas que vão além da incorporação de valências físicas. Considerações finais: Os jogos educativos cada vez mais merecem atenção, diante do poder lúdico para se trabalhar com o público infantil, por contribuírem para formação do conhecimento de crianças, por meio do brincar. O jogo educativo desenvolvido representa uma ferramenta lúdica de educação em saúde que permite contribuir com a redução dos fatores de risco cardiovasculares modificáveis em crianças e, assim, tornar a criança um agente ativo diante da promoção da saúde cardiovascular, resgatando o protagonismo infantil diante de uma temática silenciosa para essa população. A construção dessa produção tecnológica educativa mostra-se como uma ferramenta potencial para a promoção da saúde cardiovascular em crianças, auxiliando o profissional, seja da saúde ou educação, a proporcionar a criança momentos de prazer, ao se transmitir conhecimento. Além disso, pode ser utilizada na Estratégia Saúde da Família, contemplando um dos pilares do Programa Saúde na Escola (PSE). Ademais, ressalta-se a importância da realização de estudos de validação desse jogo com o público-alvo, bem como pais e profissionais da saúde e educação, no intuito de avaliar e garantir a eficácia de jogos como este, diante dos ajustes necessários.


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Trabalho nº 7683
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE APLICATIVOS PARA DISPOSITIVO MÓVEL: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Autores: Ângelo Antônio Paulino Martins Zanetti, Cassiana M. B. Fontes, Ana Silva S. B. S. Ferreira, Janaína C. Celestino Santos, Flávia Mendes de Sá

Apresentação: No Brasil a utilização de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) pela população vem aumentando nas últimas décadas, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo esse órgão os avanços da TIC vem se conformando no mundo diferentemente devido aos diversificados níveis de educação, desenvolvimento político e social e  de conhecimento das sociedades. O acesso às informações devem ser considerados para subsidiar e estimular o planejamento e o avanço do país nas políticas públicas. O IBGE demonstra que a partir de 2013, mais da metade dos domicílios passaram a acessar internet por meio de tablets e telefone celular móvel. Em 2015 identificou-se que 39,3milhões de domicílios, 63,9% na área urbana e 21,2% na área rural possuíam acesso a internet. Porém esse acesso pelo telefone celular móvel e tablet vem  aumentando nas grandes regiões, como o Norte do Brasil. O uso de dispositivos como o telefone celular móvel  é uma realidade  estabelecida na sociedade  atual. Além da função de comunicação, é intensa e frequente a busca de informações por meio de vídeos, livros eletrônicos, acesso a mapas, navegação em redes sociais. Aliado a versatilidade do aparelho móvel, à colaboração e à interatividade  das ferramentas da web 2.0, surgiram os aplicativos (apps) desenvolvidos especialmente para esses aparelhos. Atualmente discute-se por educadores e pedagogos a utilização de dispositivos móveis como ferramentas na área de Educação como conceito de Aprendizagem Móvel. Essa discussão objetiva ampliar, modernizar, dinamizar, ampliar e enriquecer as experiências pedagógicas de todos os envolvidos. A criação de aplicativos para dispositivos móveis são alternativas que podem colaborar com os profissionais da saúde para promover assistência de qualidade e com segurança, independente do local do cuidado. Na área da saúde, a Linha de Cuidados do Acidente Vascular Cerebral (AVC)  foi instituída pela Portaria do Ministério da Saúde/GM nº 665, de 12 de abril de 2012 e integrou a Rede de Atenção às Urgências e Emergências, com intuito de atender necessidades específicas e o contexto sóciodemográfico, além de apresentar-se como Política Pública do grande desafio do Sistema Único de Saúde (SUS) devido ao aumento da expectativa de vida, o envelhecimento populacional  e dos fatores de risco para o acidente vascular cerebral. Destacam-se as articulações entre todos os níveis de assistência, desde a Rede Básica, SAMU-192, Unidades de Urgência  e Emergência, Unidades Hospitalares de Referência, para o atendimento do paciente com acidente vascular cerebral, para garantir cuidado seguro e especializado na otimização do tempo de atendimento para minimizar os efeitos deletérios do acometimento cerebral em questão. Dessa maneira é  imprescindível que os profissionais de saúde conheçam todos os aspectos relacionados à assistência e que possam, em tempo real, acessar dispositivos móveis com conteúdos inerentes. Assim o estudo tem como finalidade elaborar aplicativos para dispositivos móveis com conteúdo sobre os principais cuidados a pacientes acometidos por acidente vascular cerebral. Objetivo: construir dois aplicativos para dispositivo móvel celular e/ou tablet a serem utilizados por enfermeiros e profissionais de saúde que cuidam de pessoas com acidente vascular cerebral; e para cuidadores de familiares acometidos por acidente vascular cerebral. Método: Estudo de desenvolvimento tecnológico de aplicativos para dispositivos móvel celular e/ou tablet; a equipe de pesquisa é composta por uma equipe multiprofissional da área da saúde e da tecnologia de informação. Os aplicativos móveis foram construídos de acordo com as seguintes etapas: 1-Análise de necessidades e desenvolvimento de metas e objetivos; 2- Determinação de necessidade e desenvolvimento de metas e objetivos; 3- Avaliação de outros aplicativos preexistentes; 4- Garantia de compromissos de todos os participantes e identificação de potenciais barreiras à implementação; 5- Desenvolvimento de conteúdo em estreita coordenação com o design do site; 6- Planejamento de incentivo de uso de aplicativo. Os conteúdos inseridos fundamentam-se em evidências científicas de resultados de duas pesquisas realizadas, à nível de mestrado e doutorado, na mesma instituição de ensino. Os resultados advindos de uma pesquisa qualitativa desenvolvida à nível de mestrado, contribuíram para compreender a percepção de enfermeiros que efetuam a regulação de vagas do acidente vascular cerebral de um hospital público, de ensino e referência no interior do Estado de São Paulo. Assim o conteúdo do aplicativo 1 possui essas evidências em seu conteúdo. Os resultados de pesquisa qualitativa e quantitativa de doutoramento, que identificou e investigou a experiência de cuidadores formais e informais de pacientes acometidos pelo acidente vascular cerebral, contribuíram para os conteúdos utilizados na elaboração do aplicativos 2. Os aplicativos foram  desenvolvidos no software online fábrica de aplicativos, disponível em [http://www.fabricadeaplicativos.com.br] e poderão ser disponibilizados para dispositivos Android e IOS. Resultado: Os aplicativos 1 e 2 possuem, respectivamente, os seguintes conteúdos: Aplicativo 1- conhecimento, experiência da organização e sistematização da regulação de vagas do acidente vascular cerebral pelo enfermeiro em interface com a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo (CROSS); sistematização da atividade reguladora e o relacionamento com outros serviços da rede cuidado do acidente vascular cerebral. Aplicativo 2- sinais e sintomas do acidente vascular cerebral, como reconhecer?; o que fazer?; para onde ir?; quais os aspectos socioeconômicos que podem afetar o cuidado em casa; como cuidar do paciente no domicílio?; quais os apoios da rede de cuidado ao paciente e familiares; como se configura a dependência do paciente em relação aos cuidados a serem dispensados pelos cuidadores formal ou informal.  Considerações finais: Acredita-se que a utilização em dispositivos móveis, como tablets e telefone celular móvel, dos conteúdos elaborados nos aplicativos possam contribuir para otimizar, dinamizar e auxiliar o cuidado profissional ao paciente acometido pelo acidente vascular cerebral, assim como oferecer apoio com informações rápidas e objetivas aos familiares e cuidadores de pacientes com AVC, sejam eles formais ou informais. A minimização das consequências e sequelas cerebrais são importantes porque “Tempo é Cérebro”. Ademais os aplicativos podem ser usados pelo público em geral com dispositivo móvel à mão, em qualquer lugar do mundo, podendo auxiliar de forma ágil a busca por informações sobre acidente vascular cerebral. Os conteúdos inseridos provêm de evidências científicas de resultados de estudos primários com população específica, o que determina a qualidade das informações.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7174
Título do Trabalho: A DANÇA SÊNIOR COMO SEMENTE PARA A CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS E O FLORESCER HUMANO NA PERIFERIA DO RIO DE JANEIRO
Autores: Mauren Lopes de Carvalho, Lilian Lima da Silva, Matheus da Silva Ferreira, Tatiana Santos e Silva Ramos, Gabriela Esteves Preuss, Aline de Melo Massimo Ferreira, Bruno Costa Poltronieri

Apresentação: Dançando com o Corpo, a Mente e a Cultura é um projeto de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia/Campus Realengo, que reúne docentes e estudantes dos cursos de graduação em Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Farmácia e curso técnico de Agentes Comunitários de Saúde em uma proposta de promoção da saúde através da arte e do brincar. O projeto oferece, desde agosto de 2018, encontros semanais com duração de 1 hora, para a prática da Dança Sênior para idosos do bairro de Realengo e territórios adjacentes. O grupo é aberto e atualmente conta com cerca de 30 idosos frequentando regularmente. O objetivo deste trabalho é apresentar de que modo esta proposta inicialmente tão simples vem contribuindo para o florescer humano e o despertar de habilidades e interesses artísticos. Desenvolvimento: A Dança Sênior é uma atividade sócio-físico-mental, de baixo impacto, que não exige esforços físicos intensos e apresenta benefícios de ordem motora, cognitiva e afetiva aos seus praticantes. As coreografias são realizadas em roda com os participantes sentados em cadeiras ou em pé, o que permite a participação inclusive de pessoas com limitações motoras. Nas danças em pé eventualmente são formadas duplas, as quais se modificam a cada unidade coreográfica, proporcionando uma dinâmica de troca e relacionamento entre todos os participantes, sem que nenhum fique de fora. Para além da proposta da dança, foram identificados também outros interesses e habilidades artísticas e culturais entre os participantes. A partir disso, aqueles que desejaram compartilhar suas habilidades ou experienciar mais uma possibilidade de expressão artística, foram tendo essa oportunidade através da participação do grupo em eventos científicos e de extensão promovidos pelo IFRJ. Nas diversas iniciativas, procurou-se estimular que os participantes assumissem as oficinas ou atividades artísticas propostas, no intuito de promover o protagonismo dos mesmos. Resultado: Neste sentido, surgiram, além das rodas de dança, oficinas de pintura, exposição de artesanato, excursão ao cinema e um coral natalino. Os participantes foram pouco a pouco criando vínculos e se abrindo para vivências artísticas cada vez mais ousadas. Sentiram-se a vontade para apresentar as coreografias ensaiadas nos eventos do campus, debater a respeito do filme visto no cinema que abordou o racismo como tema, pegar em um pincel, tintas e tela pela primeira vez e finalmente cantar as canções de natal no fim do ano durante a inauguração do espaço de convivência dos estudantes do IFRJ/Realengo. Considerações finais: Desta forma, o projeto se apresenta como ponte entre os idosos participantes e suas diversas bagagens culturais por viabilizar e fomentar experiências que atravessam e ultrapassam o campo da assistência e que por consequência despertam o florescer humano para muitos idosos que se sentem sozinhos ou que se achavam incapazes de participar e realizar atividades artísticas e culturais.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11786
Título do Trabalho: CONSTRUINDO CAMINHOS E SABERES A PARTIR DO APOIO MATRICIAL DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Autores: Karen da Silva Santos, Fabiana Carla Pontim Catani, Cinira Magali Fortuna

Apresentação: A Vigilância Epidemiológica (VE) é responsável por auxiliar serviços, gestores e equipes de saúde e também por desencadear ações que têm o objetivo de controlar e prevenir doenças e agravos. Realiza coleta, processamento, análise e interpretação dos dados, divulga informações e investiga casos e surtos de doenças. É também responsável por elaborar recomendações e promoção de medidas indicadas. A partir dos anos 90, com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), vem sendo implantada a Vigilância à Saúde no Brasil, principalmente pela necessidade de se olhar para o adoecer de uma forma mais ampla considerando o modo como as pessoas vivem. Nessa perspectiva, a VE atua no apoiar técnico as equipes frente às normas e aos protocolos na condução de casos e agravos. Enquanto que a Atenção Primária à Saúde, sendo o primeiro e essencial nível de atenção, tem por objetivo desenvolver em seu coletivo espaços de cuidados que impactem na saúde da população. Com a proposta do Apoio Matricial, ou também chamado de matriciamento, não se pretende dar respostas prontas às dúvidas das equipes de saúde, mas promover espaços de reflexão e compartilhamento de saberes específicos interdisciplinares a fim de se construírem novas formas “do fazer” junto, com vistas à integralidade e a resolubilidade da atenção. Objetivo: Apresentar uma reflexão frente à utilização do Apoio Matricial pela VE como uma ferramenta importante na promoção de espaços de problematização com os profissionais de uma Equipe de Saúde da Família. Desenvolvimento: Realizou-se encontros semanais durante um mês, encontros de apoio matricial, entre a equipe de VE e as equipes de saúde de uma Estratégia de Saúde da Família (ESF), em uma cidade do interior paulista. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética, Parecer nº 3.124.194. Nos encontros foram utilizadas duas estratégias: a discussão de casos reais e relevantes com o levantamento de propostas de intervenção para os problemas elencados e a oferta de conceitos teóricos referente ao tema abordado. Desta forma, o Apoio Matricial propõe uma formação que valoriza os processos e ferramentas e conceitos que possibilitem, a partir das experiências do dia a dia, produzir aprendizado e conhecimento. Nos embasamos na compreensão de que o conhecimento não se transmite, mas se constrói a partir de questionamentos e dúvidas que surgem no cotidiano das equipes, por meio de um repensar coletivo e não somente cuidados e práticas isoladas. Resultado: Nos encontros se buscou a promoção de espaços coletivos entre os profissionais e que oportunizaram a troca de conhecimentos, dúvidas e a construção de novos saberes. Através das falas identificamos que este espaço de diálogo permitiu aos profissionais expressarem sua forma de pensar sobre os modelos de organização da atenção básica e a valorizarem a estratégia de saúde da família onde atuam: O programa da saúde família é muito mais sensibilizado que uma unidade básica de saúde, eu acho que você vai ter muito. encontrar mais obstáculo para avançar esse projeto numa unidade básica do que em uma unidade de saúde da família que a gente já trabalha em equipe. Já tem vínculo com o paciente (P1- Equipe A – Encontro 3). Quando é UBS né que não tem esse acompanhamento de perto, acho que a gente tem essa facilidade por conta do vínculo com o paciente e que tal é interessante isso que vocês fizeram, sobre fluxo, eu tenho a minha parte, mas não sabia o que a enfermagem faz, ou tinha uma ideia e não é tudo aquilo, que não quando o doutor veio e acrescentou algumas coisas, acho que seria interessante a UBS, ver isso, se está fazendo isso se está fazendo certo, certificar que outras unidades tenham isso (P2- Equipe A– Encontro 3). Percebe-se a potencialidade dos momentos ofertados na modalidade do Apoio Matricial junto a equipe de ESF que normalmente já possui uma agenda de reuniões e momentos de discussões. Mas também se faz necessário pensar estratégias para trabalhar com equipes que possuem uma outra lógica de organização, como as Unidades Básicas de Saúde tradicionais, hospitais, dentre outros. As equipes da atenção primária detêm pontos de vista diferentes das equipes que estão em um outro tipo de serviço, no caso da VE. A diferença nessas perspectivas/ângulos de visão é extremamente importante, sendo que a equipe de atenção básica é a que detêm o ângulo privilegiado, pois conhece a realidade concreta das famílias, do território, da comunidade ao longo do tempo. Quando esses temas ou casos são discutidos na reunião de equipe podem estimular os profissionais a orientarem as famílias em suas visitas quanto à importância da realização de sorologias em suas consultas de rotina na unidade (P1- Equipe C – Encontro 1). Atuar segundo o princípio da integralidade na atenção primária também foi um tema trazido pela equipe na discussão dos casos, pois possibilita ampliação do olhar em relação ao contexto social e sua interface coloca novas dificuldades e desafios a serem enfrentados pelas equipes. A integralidade sob a perspectiva da democracia valoriza o coletivo e este coletivo potencializa a complexidade da vida e do modo de viver das pessoas. Desta forma nos encontros procurou-se criar espaços de compartilhamento de saberes, de vivências e experiências, onde puderam refletir frente à subjetividade do sujeito e considerar suas repercussões nos processos de trabalho. Considerações finais: A troca de saberes, o compartilhar experiências, entre os profissionais de saúde refletindo frente ao lugar que ocupa e como está inserido nos níveis de atenção, favorece uma maior articulação e qualificação da rede de serviços que compõem o sistema de saúde. A potencialidade do encontro é uma característica central do Apoio Matricial. A mudança do olhar da vigilância para além da doença e protocolos ao identificar pela fala das equipes quem eram essas pessoas e qual era o contexto promoveu uma desterritorialização dos saberes. O trabalho contribuiu para que a equipe pudesse refletir sobre sua prática, acionando a potência do trabalho interdisciplinar, a partir da valorização dos espaços de troca e de cogestão, o que pode refletir na transformação das práticas. Dessa forma, pretende-se manter espaços como este nesta equipe de saúde e em outras a partir das vivências apontadas nesse trabalho.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10261
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE UMA BRINQUEDOTECA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: Ana Paula Tavares dos Reis, Kamilla Araujo Martins Morais, Ester Campos da Silva, Fabricia de Jesus Silva Ferraz

Apresentação: Ambientes da área da saúde, como Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais, trazem intrínsecos uma série de regras e comportamentos que transmitem uma sensação de seriedade e rigidez às pessoas, em especial em crianças. A utilização de espaços lúdicos possibilita o desenvolvimento dos indivíduos de forma harmonizada e equilibrada através da criatividade, descobertas e estimulação. Neste contexto, este trabalho objetivou relatar a experiência da criação de uma brinquedoteca como estratégia de promoção do cuidado e do bem-estar da criança e de sua família, bem como, incentivar a humanização do atendimento na Atenção Primária à Saúde (APS). Desenvolvimento: O projeto foi feito pelos acadêmicos do primeiro período do curso de Medicina da Universidade Federal do Tocantins no segundo semestre de 2019, em que, por meio da aplicação da metodologia do Arco de Maguerez na UBS Lago Azul em Araguaína-TO, fizeram visitas na área de abrangência, assim como, em conversas com profissionais e os usuários, questionando-os em quais aspectos o serviço de saúde poderia melhor atendê-los, percebendo assim a necessidade de implantar uma brinquedoteca. Com doações de brinquedos, livros e materiais lúdicos em geral e após a projeção do espaço, foi possível construir a brinquedoteca. Foram feitas orientações acerca de promoção da saúde e dos cuidados para a preservação do espaço e uma confraternização com café da manhã para a comunidade no dia na inauguração. Resultado: A construção da brinquedoteca proporcionou um ambiente de harmonização, fomentando as relações interpessoais, haja vista que possibilitou maior interação entre crianças-pais, crianças-crianças e pais-pais. Aliado a isso, a implantação deste espaço infantil na UBS Lago Azul teve boa aceitação pela população e pelos profissionais da unidade. Auxiliou no preenchimento do tempo de espera, bem como mitigou a ansiedade dos pacientes pelo atendimento. A intervenção contribuiu, ainda, para que as crianças se sentissem pertencentes deste serviço de saúde, tendo uma visão positiva acerca do ambiente, valorizando os usuários e contribuindo para sua saúde física, emocional e psíquica, assegurando o que preconiza a Política Nacional de Humanização sobre os modos de gerir e cuidar. Considerações finais: Esse projeto permitiu aos estudantes perceber que o trabalho de um médico no cuidado da saúde da população não está restrito à um consultório, mas sim, abrange todos os aspectos da vida de seus pacientes, e que ações muitas vezes consideradas simples - como o ato de brincar - têm um impacto grandioso tanto no desenvolvimento da criança, quanto no adulto que ele virá a se tornar. Além do já observado, esta ação visa transformar a percepção das crianças sobre a unidade de saúde, em detrimento a aversão construída historicamente pela sociedade de que os serviços de saúde são puramente curativos. Fortalecendo os vínculos entre profissionais de saúde e a comunidade, e consequentemente, aumentando a adesão e garantindo a integralidade do cuidado.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9753
Título do Trabalho: CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA CRIANÇAS EM REABILITAÇÃO FÍSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO
Autores: Melissa Barbosa Martins, Viviane Albuquerque Farias, Elielson Paiva Sousa, Lena Claudia dos Santos Pinheiro de Brito, Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira

Apresentação: O processo de enfermagem é um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da prática profissional. Este instrumento recebe a denominação de consulta de Enfermagem quando realizado em alguns tipos de instituições, como em serviços ambulatoriais de reabilitação. Nos centros especializados em reabilitação habilitados pelo Sistema Único de Saúde que atendam a modalidade física é obrigatório a inserção do enfermeiro na equipe mínima, no entanto, para esses serviços não há instrumento padronizado para a consulta de Enfermagem voltada a pessoa com deficiência física.  Este trabalho teve por objetivo relatar a experiência de construção do processo de enfermagem pediátrico em reabilitação física. Descrição da Experiência: A experiência foi vivenciada por graduandos do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Pará no período de setembro e outubro de 2019 durante as atividades do projeto extensão "Gestão de serviços na rede de atenção a pessoa com deficiência: práticas integradas de ensino e extensão" realizado em um Hospital Universitário habilitado nas modalidades física e intelectual. A necessidade de um instrumento que uniformiza-se a consulta de enfermagem para reabilitação física deu-se a partir do acompanhamento dos atendimentos realizados durantes as atividades do projeto. A partir de então, os discentes passaram a acompanhar os atendimentos realizados, além de realizar levantamento da literatura para elaboração do instrumento a ser utilizado. A construção do processo de enfermagem para a criança com deficiência física considerou todas as necessidades desse ciclo de vida e da deficiência motora, no qual o enfermeiro possa estar intervindo com seus cuidados. Desta forma, como parte do histórico de enfermagem foi incluído os dados pessoais, socioemográficos, dados antropométricos, exame físico, escala de Humpty-Dumpty, escala de Braden. Inicialmente, foram identificados 15 diagnósticos de enfermagem, cada um com seu resultado esperado, intervenções de enfermagem e avaliação específicas. Os diagnósticos e condutas foram modelados a partir da nomenclatura padronizada do livro de diagnósticos e intervenções da Classificação das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC®). Assim, o protocolo além de facilitar as consultas de enfermagem, será um instrumento capaz de atender as necessidades dos usuários. Resultado: A consulta de enfermagem no CER foi implementado recentemente visando um plano de cuidado individualizado. As consultas realizadas pelos extensionistas do projeto aos pacientes, permitiu identificar os principais problemas reais e potenciais neste público- alvo e este levantamento foi essencial na construção deste protocolo. Espera-se que este protocolo facilite as consultas de enfermagem e atenda às necessidades não somente dos usuários, mas também das enfermeiras na busca de um atendimento mais integral. Considerações finais: Percebeu-se a necessidade do desenvolvimento deste protocolo para melhor assistência das crianças com deficiência física em nível ambulatorial, pois através dos dados colhidos a equipe de enfermagem poderá definir os diagnósticos de enfermagem, os resultados esperados e as intervenções de enfermagem, em conjunto as orientações para a melhora no estado de saúde. Logo, passando a uniformizar as condutas aos usuários e assim ter evidências objetivas baseados nos mesmos parâmetros para avaliar a qualidade e resolutividade da assistência de enfermagem.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9391
Título do Trabalho: CONSTRUINDO PONTES: FORMANDO PROFISSIONAIS PESQUISADORES (RELATO DE EXPERIÊNCIA)
Autores: Uliana Pontes Vieira, Cristiano Salles Rodrigues, Luciara Leiros Dos Santos Lima Vasconcelos, Rodrigo Lousada, Paula Ingrid Alves da Silva

Apresentação: Visando incentivar a formação de mestres e doutores na região de Macaé, entre profissionais da Saúde, o projeto de extensão Construindo Pontes, no âmbito da Universidade Federal do Rio de Janeiro – campus Macaé, lançou em 2019 um braço independente: série de eventos extensionistas, com o objetivo de estimular a produção científica e o interesse pelas carreiras docente e de pesquisa, entre profissionais do SUS. Desenvolvimento: Ao longo de 10 anos de atuação na cidade, foi percebida a necessidade de estimular a formação continuada e a cultura da pesquisa em saúde entre os profissionais da rede SUS da região, de maneira a fortalecer a integração ensino-serviço-pesquisa e a ampliação do corpo docente valorizando a participação de pessoas que já trabalham e conhecem a região e suas características epidemiológicas, sociais e culturais. Percebeu-se também que muitos profissionais, com relevante atuação na clínica e na gestão, careciam de informações e incentivos para participar e desenvolver projetos de pesquisa ou ingressar em cursos de pós-graduação, principalmente, stricto sensu. Ações isoladas sobre temas como Pesquisa em Saúde e uso de evidências científicas obtinham interesse e atenção deste público. O Construindo Pontes já buscava aproximar a universidade da gestão e do cuidado em saúde, por meio de ações diversas sobre informação, mídia, cultura e saúde e decidiu-se criar, em 2019, um projeto específico para profissionais de saúde do SUS para a oferta de eventos de atualização e formação continuada, no formato de seminários e mesas redondas sobre o tema "pesquisa em saúde", abordando aspectos como elaboração de projeto de pesquisa, programas de pós graduação, currículo Lattes, Comitê de Ética em Pesquisa. No mesmo ano, o Programa de Residência Médica da Prefeitura de Macaé interessou-se pelas atividades, que passaram a integrar o cronograma de aulas dos residentes. Estas aulas são abertas ao público e dão ênfase às questões referentes a elaboração dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos residentes, que também colaboram com a proposta de temas que colaboram para a construção de uma cultura de pesquisa em saúde e divulgação científica na região. Resultado: Os eventos são presenciais, gratuitos e abertos ao público em geral, sendo direcionado a profissionais de saúde do SUS. Utiliza-se o formato de seminário, com cerca de 2 horas de duração. Ao longo de 2019 foram realizados quatro encontros, sendo dois no âmbito da parceria com o Programa de Residência Médica da Prefeitura de Macaé, totalizando mais de 100 participantes. A divulgação é realizada por meio de folderes digitais, disponibilizados nas redes sociais do projeto e de profissionais da região. Para 2020, já estão previstos três eventos, sobre os temas: elaboração de projeto de pesquisa, relato de caso clínico e informação e cuidado em saúde na era digital. Considerações finais: Espera-se consolidar uma cultura de produção e divulgação científica em saúde, que virá a fortalecer a rede SUS e também o ensino e a pesquisa, em especial das Instituições Federais de Ensino, na cidade de Macaé e região.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9756
Título do Trabalho: A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO CUIDADO EM UMA COMUNIDADE VIRTUAL DE OSTOMIZADO INTESTINAIS
Autores: MAYARA CASSIMIRA SOUZA, JAQUELINE TERESINHA FERREIRA, MARINA FAGUNDES GUEIROS

Apresentação: O ambiente digital é um campo de produção de sentidos e difusão de conhecimentos, cujas fronteiras encontra-se em contínua expansão. Esse espaço de diálogos online também promove o encontro de pessoas que vivenciam condições de saúde semelhantes e se proporcionam apoio mútuo na construção do cuidado. O objetivo da pesquisa foi identificar se a comunidade virtual “Ostomia em foco” da mídia social Facebook contribui para o desenvolvimento da autonomia diante da necessidade de cuidado diário do estoma e da bolsa coletora. Desenvolvimento: Pesquisa qualitativa com o método da netnografia. A pesquisa desenvolvida apresenta a análise de interações e narrativas dos membros da comunidade “Ostomia em foco” da mídia social Facebook, ocorridas durante um ano (agosto de 2017 a agosto de 2018). A coleta de dados foi realizada através da captura de tela das mensagens publicada pelo administrador e os diálogos decorrentes disso. Assim sendo, foram analisadas 56 postagens publicadas pelo administrador da página e 682 comentários direcionados a essas postagens. Foram identificados 338 seguidores autores de comentários feitos em resposta às 56 postagens do administrador. Posteriormente, foram feitas análises por categorias. A página da referida comunidade é aberta e, portanto, o acesso ao conteúdo publicado é livre. Resultado: As interações entre os integrantes movimentam um número significativo de informações que, à medida que são assimiladas, providenciam a gestão autônoma do cuidado. Foi observado que, o administrador da comunidade compartilha informações sobre o manejo da bolsa coletora durante situações de lazer, no ambiente de trabalho e durante a prática de esportes. Além disto, suas publicações estimularam discussões sobre as preferências de materiais, situações com vazamento da bolsa e possíveis soluções. Além disso, são relatados diversos episódios de constrangimento diante o cheiro, manuseio e barulho da bolsa, favorecendo o apoio mútuo e diálogo em prol do cuidado para consigo, seu equipamento e no trato com o social. Considerações finais:  Concluiu-se que as interações observadas na comunidade virtual, seja com o administrador ou com os demais integrantes, contribuem para o desenvolvimento da autonomia no cuidado do estoma, do dispositivo coletor e dos materiais adjuvantes. Ademais, são estabelecidos vínculos afetivos que proporcionam o acolhimento mútuo diante do desafio de lidar com as mudanças do corpo (estéticas e funcionais) e com a necessidade de restabelecer o convívio social.


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Trabalho nº 8222
Título do Trabalho: VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE USO DE METODOLOGIAS ATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DA MUDANÇA NESTE CENÁRIO
Autores: Juliana Candido Pinto, Samuel Gonçalves Pinto, Rebecca Barbosa de Decco Monteiro Marinho, Adriane das Neves Silva, Erida Aparecida José da Silva, Angélica Barra Mariano, Gabriel Gama de Souza, Elisa Beatriz Braga dell’Orto van Eyken

Apresentação: Violência Obstétrica está associada a ações, condutas e formas de se relacionar que não permitem o bem estar da pessoa gestante durante todo o ciclo gravídico puerperal, se configurando como violentas e violadoras. Sendo assim, é necessário o fortalecimento da compreensão de saúde de modo integral, com o objetivo de robustecer as redes de suporte e de resistir a todas as formas de violência. Objetivo: Refletir sobre a relação entre Violência Obstétrica, no que se refere à humanização do cuidado em situações de abortamento no Brasil, através de metodologias ativas de ensino. Desenvolvimento: A reflexão se deu através do processamento do relato de prática, interligado às propostas da Ativação no Ensino, no curso de Especialização em Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde ENSP/FIOCRUZ-Polo Itaperuna, em dezembro de 2019. A partir da prática de cada um dos alunos, ocorre a construção de um relato sobre a aldeia destes, que aborde os eixos de ensino-serviço-gestão. Em seguida, no ambiente virtual de aprendizagem é realizado um chat online para a escolha do relato, da coordenação e relatoria. Após essas escolhas, é aberto um fórum no ambiente virtual para a chuva de ideias a respeito dos nós críticos observados no relato, onde é elaborada coletivamente a questão de aprendizagem. Com a questão construída, cada aluno se debruça sobre o referencial teórico para sua síntese individual, postando no fórum para trocas entre todos, gerando um extenso debate sobre os questionamentos e soluções para mudança apresentados nas sínteses. Encerrando esse processo, é construída uma síntese coletiva dialogada, conduzida pela coordenação e relatoria. A síntese coletiva é postada para contribuições de todos e visa responder coletivamente, a partir das experiências e referenciais teóricos, a proposta de mudança indicada para a questão de aprendizagem. Resultado: A questão de aprendizagem fez com que o coletivo de alunos/ativadores refletisse sobre o cenário obstétrico e descriminalização do aborto. Isso causou um importante deslocamento do coletivo e um mergulho sobre a assistência obstétrica no Brasil, desde suas fragilidades até suas boas práticas. Mobilizando estratégias de mudanças para ensino-serviço-gestão em todas as aldeias. Considerações finais: A Violência Obstétrica se dá, entre outras coisas, pela apropriação do corpo da mulher pelos profissionais de saúde, determinando de forma desumanizada a perda da autonomia. Essa decorre das relações sociais marcadas pelo descaso com os aspectos humanos do cuidado, da rigidez hierárquica nas relações dos profissionais de saúde com os pacientes, das falhas no processo de comunicação, da mecanização do cuidado, do uso inadequado da tecnologia e do não compromisso dos profissionais com o processo de cuidar. É necessário destacar o protagonismo da gestante sobre o seu corpo, conferindo a esta confiança e segurança na hora do parto, disseminando também conhecimento acerca dos seus direitos, permitindo a identificação de violações e conduzindo a mudança do cenário.


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Trabalho nº 10276
Título do Trabalho: BRINCANDO DE FAZER FERRAMENTAS: CONSTRUINDO A MALA DE ARTISTA
Autores: Stela Mari dos Santos, Valéria Mendonça Barreiros, Silas Oda, Reginaldo Moreira, Rossana Staevie Baduy, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Melchior, Celia Maria da Rocha Marandola, Thalita da Rocha Marandola

Apresentação: Quando nos colocamos a pensar o fazer pesquisa nos deparamos com diversas maneiras de trilhar e construir a forma de pesquisar, o ser pesquisador, a relação entre pesquisador e pesquisado. Algumas dessas formas pressupõem a necessidade de uma separação total entre pesquisador e objeto da pesquisa, destacando a importância da neutralidade e imparcialidade no fazer pesquisa e dessa forma acredita-se produzir uma verdade/conhecimento limpa, sem interferência daquele que realizou a pesquisa. Mas, também existem outras formas de construir o percurso da pesquisa, formas que não compreendem a necessidade do total distanciamento entre pesquisador e pesquisado e convocam o pesquisador a mergulhar no mundo pesquisado, implicando-se com o campo e com os encontros: encontros nos quais pesquisador e campo se misturam, e produzem intervenções um no outro. E assim, nesse movimento de pesquisa-interferência, o pesquisador dispõe-se aos mais diversos encontros, e, a partir o referencial teórico utilizado, carrega consigo uma caixa de ferramentas que abarca ferramentas de tecnologias distintas: tecnologias duras que compreendem o campo dos recursos materiais; tecnologias leve-duras, que são os conhecimentos relacionados às teorias, mas não isolados, conectados ao momento singular de encontro com o outro, e portanto, as tecnologias leve-duras demonstram a mediação feita pelo pesquisador entre as tecnologias duras e a leveza exigida pelo encontro; e tecnologias leves, que consistem na produção da relação singular durante o encontro, a partir da escuta, construção de vínculo, do estar sensível e implicado. Entretanto, nesse momento, e no contexto que vivenciamos, o conceito de caixa de ferramentas não nos é suficiente, parecendo um pouco distante do que queremos expressar, assim, escolhemos o conceito de Mala da Artista, pois, a mala, por sua vez, é confeccionada de forma mais afetuosa, com tecidos, linhas, texturas, formas e cores do nosso desejo, pressupondo que os tecidos que a compõem podem transmutar-se em infinitas possibilidades do campo da invenção a partir das multiplicidades de encontros que possamos ter. Desenvolvimento: A proposta desse trabalho é compartilhar narrativas dos percursos e momentos da confecção das nossas malas de artistas. Nosso grupo de artistas encontra-se semanalmente, num ensaio de possibilidades e invenções de estratégias, processando o vivido dentro e fora do campo. Na perspectiva de montar nossa mala, pensamos na possibilidade de vivenciar o Sarau enquanto estratégia para trabalhar grupalidade no nosso coletivo de pesquisa, buscando mobilizar afetos e aflorar a inventividade que nos habita. Resultado: Inventar, encenar, contracenar no confeccionar da mala - narrativas de um sarau brincante: Nem havíamos desfeito a mala dos encontros anteriores da pesquisa lá vamos nós de novo!!! Ao abrir o zíper as fotografias pulam, ainda bem, não precisamos arrancá-las à força...agora recheamos a mala de ferramentas (a caixa era pequena pra nós). Sabe, carregar ferramentas numa mala foi coisa que o fazer atriz e a militância com teatro de Rua ensinou. Lá a gente sempre carrega muita coisa, figurinos improvisados misturados com fios e objetos cênicos, borboletas no estômago, tambores e uma alegria nervosa pelos encontros na/da rua. Bom, agora entra na mala a Poesia!!! Poesia marginal, periférica, vinda dos Saraus na periferia de São Paulo, um encontro que tem afetado deliciosamente nosso corpo. Entra também um Maiakovski, um Leminski, esses são encontros antigos, que caminham conosco há décadas… fiéis escudeiros das trilhas pelo mundo. Ah sim, panos, panos vermelhos, panos arco-íris que escancaram nossos agires militantes. Estamos prontas. Coração disparado...será que el@s vão gostar de viver um Sarau? Chegamos na universidade, mais um lugar-multidão e nos deparamos com mais um lugar sem graça. É sem graça mesmo, sabe daquela que nos desenha um leve sorriso nos lábios provocado pelos olhos que acendem com a beleza. Então, a universidade também é feia, cinza, cheia de concreto, placas, todas iguais no formato e nas cores. E nos perguntamos, mais uma vez, por que o belo fica fora desses lugares/construção. Mas logo essa sensação se dissipa… encontramos gentes, ahhh gentes bonitas, diversas, esquisitas, gentes e mais gentes. Quando surgiu a proposta de construirmos um Sarau em nosso encontro da pesquisa, foi na aposta de um encontro onde pudéssemos nos despir um pouco desse sujeito epistêmico e deixar fluir o sujeito poético/sensível/implicado que com certeza em nós habita. E com borboletas dançando em nossas barrigas, entramos. A sala estava viva, um zum zum zum bonito de se vê!!! Pessoas amarrando tecidos coloridos nas janelas, testando o som, ajustando o microfone, outras arrumando a mesa de partilha de comidinhas, alguns olhares um tanto nervosos, mas alegres com a possibilidade do novo. Alguns chegavam e diziam: num sei se vou ter coragem, mas eu trouxe um livro, ou eu trouxe um poema, ou se me der coragem pego algo na internet. Tapetes coloridos, livros espalhados, gentes se olhando, conversando, se sentindo, se ouvindo… Logo aquela sala de concreto cinza se metamorfoseou num outro lugar, lugar/belo de encontros de gentes! Já estava acontecendo.Foi lindo nosso Sarau! Teve de Plínio Marcos a Taiguara, poema trazido de casa num papel amassado, poema autoral, diálogos dramáticos...pés descalços pela sala, lágrimas de emoção, cantigas de Orixas, Simone de Beauvoir. enfim. Corpos afetados, trabalho vivo em ato, a pesquisadora alegre em nós, saúda a pesquisadora(or) alegre em você. Considerações finais: O movimento do sarau constituiu-se, nesse momento, como um espaço de possibilidade de vazar o instituído academicamente, proporcionando o aflorar de espontaniedades, afetos, desejos, sensibilidades, e assim, (re)conhecer o grupo de artistas/pesquisadoras nesse movimento proporciona a construção da grupalidade através das ferramentas/tecidos leves que promovem conexões outras, do lugar do sensível, permitindo a elaboração e construção das próximas cenas de uma forma mais brincante e mais leve, pois, no contracenar nossos corpos vão tocando-se, apoiando-se, impulsionando-se, marcando-se. E, dessa forma entendemos também a pesquisa, nos movimentos, brincadeiras, invenções e jogos, vamos experienciando encontros e intervindo de formas diversas, colorindo e recolorindo umas às outras. No fazer pesquisa cartográfica, cada um busca em si a ferramenta que faz sentido com seu percurso, assim, a transmutação da caixa de ferramentas em mala da artista está fazendo parte da construção do grupo pesquisador/artista no seu processo de cartografar, confeccionando-a com tecidos, cores, memórias e afetos costurados e entrelaçados nas trajetórias do vivido de cada pesquisadora/artista.


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Trabalho nº 11816
Título do Trabalho: EMPODERAMENTO DO IDOSO COM CONDIÇÃO CRÔNICA A PARTIR DE CONSTRUÇÕES COLETIVAS NO PROCESSO DE AUTOCUIDADO
Autores: Daniele Keuly Martins da Silva, Juliana Freitas Marques, Arisa Nara Saldanha de Almeida

Apresentação: Mediante o envelhecimento rápido da população e suas implicações para a saúde e qualidade de vida, é fundamental o uso estratégias lúdicas de cuidado que valorize o idoso com condição crônica no que se refere à sua autonomia no processo de manutenção da saúde. Parte do cotidiano dos usuários dos serviços de saúde no nível primário de atenção a saúde pode estar ou não relacionadas à condição de cronicidade da doença. O viver da pessoa com hipertensão arterial ou diabetes mellitus, envolve diferentes demandas de apoio, que acontece nos diversos cenários de interação e com fontes de apoio social como: os familiares; a unidade de saúde e os profissionais de saúde. Objetivo: Objetiva-se relatar a experiência na construção coletiva de um receituário lúdico na consulta de enfermagem, a fim de promover autonomia ao idoso com condições crônicas no processo de autocuidado. Método: Estudo do tipo relato de experiência com abordagem descritiva acerca da prática de enfermagem, desenvolvida por acadêmicos durante o internato em saúde coletiva em uma Unidade de Atenção Primaria a Saúde, do município de Fortaleza- CE. Mediante a observação ás consultas de hipertensos e diabéticos, percebeu-se controle ineficaz do esquema terapêutico medicamentoso pelos idosos acompanhados. Criou-se o receituário lúdico por meio de desenhos autoexplicativos dos horários das tomadas das medicações de forma participativa do usuário, onde os mesmos definiam os desenhos referentes a uma lembrança ou hábito diário do mesmo correspondente ao horário de tomada da medicação. Resultado: A criação do receituário lúdico proporcionou a escuta, a retirada de dúvidas e um momento mais descontraído durante a consulta, à medida que os desenhos eram construídos nos receituários. Além disso, a construção do receituário possibilitou a participação de forma ativa e protagonista dos idosos nas consultas, fortalecendo a autonomia de suas ações, criatividade e proatividade frente às intervenções planejadas de forma coletiva entre profissional e usuário. O receituário lúdico proporcionou ainda, a desconstrução de conceitos trazidos pela literatura de que o envelhecimento é um processo que desabilita o idoso de decidir e atuar no seu autocuidado e que são fortalecidos de forma inconsciente e corriqueira na prática dos profissionais. De modo que, este instrumento traz uma nova perspectiva para a adesão do tratamento medicamentoso, podendo facilitar a vida do usuário hipertenso e diabético, aprimorando o acompanhamento do profissional de enfermagem dentro da sua atuação. Considerações finais: A experiência foi tida como exitosa, uma vez que constitui-se de estratégia criativa e de fácil aplicabilidade que pode ser propagada na consulta de enfermagem e valoriza a participação ativa do usuário no seu processo de autocuidado, fomentando um processo de empoderamento na manutenção da saúde de idosos com condições crônicas. Além disso, essa estratégia demonstrou os benefícios das construções coletivas que envolvem os idosos e profissionais de saúde no planejamento de ações terapêuticas de forma que o mesmo assuma o protagonismo deste processo, ainda essa estratégia favorece a adoção de ações de baixo custo, objetivas e lúdicas favorecendo a promoção da saúde, adotando novos cenários do cuidado dentro do Sistema Único de Saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6702
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE INJEÇÃO INTRAVÍTRA PARA RETARDO DA DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA IDADE
Autores: Lourena Silva Bahia dos Anjos, Mayara Carvalho Larrat Cristino, Ana Carla Cavalcante Ferreira, Amanda Gabrielly Miguel da Rocha, Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira

Apresentação: O atual Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Degeneração Macular Relacionada com a Idade dispõe sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologias em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, no qual está incluída a injeção intravítrea. A Degeneração Macular Relacionada a Idade é uma lesão progressiva e degenerativa que afeta a área central da retina, especificamente a macula acometendo a perda gradual da visão. A mudança terapêutica também alterou a linha de cuidado ao idoso dentro da rede de atenção a pessoa com a doença crônica, surgindo a necessidade da reorganização do serviço de saúde para garantia do cuidado integral e humanizado aos usuários. Logo, o gestor de saúde e profissionais de saúde devem conhecer as novas mudanças do tratamento dentro da linha de cuidado ao idoso, devido a isso, o uso de ferramentas eficazes como fluxogramas pode ser utilizada para representar a sequência e interação das atividades do processo por meio de símbolos gráficos, os quais proporcionam uma melhor visualização do funcionamento do processo, ajudando no seu entendimento e tornando a descrição do processo mais visual e intuitiva, contribuindo uma gestão de qualidade. Com base nessa realidade, o estudo objetiva descrever a elaboração de um fluxograma do processo de administração da injeção intravítrea voltada ao retardo da degeneração macular relacionada idade realizado em um Hospital Universitário de Belém. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência realizado no mês de outubro de 2019, por discentes do quinto semestre do curso de graduação em Enfermagem, a partir vivência prática da disciplina Gestão no serviço de Saúde, associado ao projeto de extensão "Gestão de serviços na rede de atenção a pessoa com deficiência: práticas integradas de ensino e extensão" da Universidade Federal do Pará. A produção se estabeleceu em duas etapas: 1) a partir das entrevistas com os profissionais que fazem parte do processo buscou-se conhecer todo o fluxo de atendimento do usuário, desde os critérios de regulação da assistência até a aplicação da injeção. 2) a partir do estabelecido no protocolo e diretrizes clínicas e o coletado nas entrevistas foi construído o fluxograma do processo de administração da injeção intravítrea voltada ao retardo da degeneração macular relacionada idade. Resultado: O fluxo se inicia a partir dos critérios de admissão do usuário para uma primeira consulta, com acesso via sistema de regulação, em seguida é realizado uma triagem por um médico oftalmologista e residentes, posteriormente é encaminhado ao médico retinólogo, sendo este o profissional que irá verificar se o paciente se enquadra nos critérios de inclusão: apresentando a angiografia floresceínica com formação neovascular clássica ou oculta e a tomografia de coerência óptica apresentando lesão de tipo neovascular, dessa forma estando apto para o tratamento com a injeção intravítrea. Em seguida é direcionado à consulta de enfermagem, onde ocorre a orientação quanto ao procedimento, entrega das cartas de orientação para cirurgia e para a injeção intravitrea, assinatura do termo de consentimento, avalição de enfermagem e o preenchimento do “Laudo para Solicitação de Procedimento Ambulatorial”, logo após o laudo é enviado para a regulação do hospital para marcação das datas do procedimento. Um dia antes a regulação envia para a farmácia a quantidade de procedimentos que serão realizados no dia seguinte, para que a mesma tenha controle sobre a liberação do medicamento. Já no dia do procedimento cirúrgico o paciente deve passar primeiramente na farmácia, para que a farmacêutica realize a dispensação do medicamento junto ao Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica (Sistema Hórus), levando uma série de documentos padronizados pelo hospital e entregues pela enfermeira, que contém a quantidade de doses que serão aplicadas, visto que o tratamento é composto por três doses em cada olho e que dependem da gravidade do estágio da doença. Após a dispensação realizada, o paciente é encaminhado para a Unidade Ambulatorial Cirúrgica, para realização de triagem com residentes do Hospital, sendo esta uma forma de garantir a estabilidade do paciente para a realização do procedimento. Em caso de estabilidade, a aplicação da injeção é realizada e o paciente retorna no dia seguinte para avaliação e após as três aplicações necessárias, caso haja necessidade dar continuidade ao tratamento, o mesmo retorna ao retinólogo. Além disso, o fluxograma apresenta alguns anexos importantes para o desenvolvimento do mesmo, sendo eles: a Classificação Estatística Internacional de doenças, de 2010 (CID-10) e condições de saúde, diagnósticos clínicos, diagnóstico complementar, critérios de inclusão, critérios de exclusão todos baseados no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Degeneração Macular Relacionada com a Idade e o laudo do retinólogo; assim como os apêndices disponibilizado pelo hospital. Ademais, o fluxograma ficará acessível aos profissionais, contribuindo para a equipe multiprofissional possa ter acesso rápido e objetivo para o desenvolvimento de uma assistência integral ao usuário do serviço, espera-se que com a integração do mencionado suceda uma melhora no processo de trabalho, haja visto que, não apresentaram nenhum documento padronizado que auxilie este fluxo interno. Considerações finais: Ao realizar a intervenção no serviço de saúde foi possível constatar a importância do aprimoramento e desenvolvimento dos conhecimentos de gestão na graduação do ensino de enfermagem visto que gerir serviços de saúde é uma das competências do trabalho do enfermeiro, assim como, conhecer e desenvolver habilidade e competência do serviço de gestão dentro do serviço de saúde e como o enfermeiro gestor pode corroborar quando o mesmo conhece os fluxos dentro da rede de atenção, colaborando com os profissionais envolvidos e organizado os processos dentro do ambiente de trabalho, contribuindo principalmente aos usuários. Ademais, o desenvolvimento e o compartilhamento do fluxograma ratificaram a importância do uso de ferramentas de qualidade para a organização do serviço, pois auxilia os profissionais na compreensão da rede de atenção ao usuário e, por fim, também contribui como fonte de informação aos próprios usuários do serviço ao fornecer dados de localização dentro da Rede de Atenção do SUS. Ademais, ressaltamos a importância da atividade em corroborar com o aprendizado das discentes, colaboração e a disponibilidade da equipe multiprofissional em participarem da estruturação deste produto. 


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9263
Título do Trabalho: ACOLHIMENTO DA POPULAÇÃO MASCULINA SOB A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: DESCONSTRUÇÃO DA INVISIBILIDADE
Autores: Fabiana Cristina Silva da Rocha

Apresentação: O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para realizá-lo e faz parte de todos os encontros no serviço de saúde. É visível a dificuldade de se expressar da população masculina quanto a sua saúde, portanto o acolhimento a essa população deve compreender questões com enfoque no gênero, considerando as representações sociais de masculinidade em nossa sociedade. Compreendendo, ainda, que cada indivíduo tem uma perspectiva individual sobre essas questões, baseada em sua própria realidade e na realidade em que atua. Por outro lado, essa situação nos remete a questões culturais, pelas quais o homem não tem hábito de se cuidar, por isso a sua presença em serviços de saúde é pouco visível, até os dias atuais. O comportamento vulnerável do homem está ligado ao fato de o mesmo se perceber imune e invulnerável acerca da maioria das situações. Isso se inicia na infância, na qual o mesmo é ensinado a não demonstrar fraquezas e ter um comportamento contrário ao feminino, levando, muitas vezes, a tomadas de decisões impulsivas e impensadas, que podem levar à exposição a doenças e até mesmo ao risco de morte. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2016, a mortalidade masculina estava concentrada no grupo com faixa etária entre 15 e 29 anos, destacando-se que um homem adulto entre 20 e 24 anos tinha 4,5 vezes menos chances de não completar o próximo ano de vida quando comparado a mulheres da mesma faixa etária. É de extrema importância que o homem seja visualizado por completo, de forma singular, observando suas particularidades, especificidades, anseios e necessidades. Essa visão holística, inicialmente, deve ser realizada através dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família, a partir do acolhimento. Objetivo:Compreender a percepção dos profissionais de enfermagem sobre o acolhimento da população masculina na estratégia de saúde da família e, como objetivos específicos, descrever a percepção dos profissionais de enfermagem sobre o acolhimento à população masculina na Estratégia de Saúde da Família; identificar as estratégias de acolhimento à população masculina adotadas na Estratégia de Saúde da Família e discutir o impacto do acolhimento da população masculina, com enfoque na saúde, na Estratégia de Saúde da Família. Método/ Desenvolvimento: Descritivo e abordagem qualitativa, com 17 profissionais de enfermagem (entre eles nove enfermeiros e oito técnicos de enfermagem), que desenvolvem atividades em uma unidade de saúde tipo b, ou seja, Centro Municipal de Saúde (CMS) e Clínica da Família (CF) – Estratégia de Saúde da Família (ESF) no município do Rio de Janeiro. Aspectos éticos e as determinações contidas na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, foram respeitados, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa: 06243319.2.0000.5282. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada e, para análise dos dados, foi aplicada a técnica de análise de conteúdo. Resultado: Evidenciam a (não) compreensão sobre o acolhimento ao homem pelos profissionais de enfermagem, demonstrando fragilidade em lidar com a população masculina. O vínculo é um dos princípios norteadores do trabalho na atenção básica, com a construção de relações de afetividade e confiança entre o usuário e o profissional. A análise apontou que essa dificuldade está relacionada à ausência do homem na unidade básica e à dificuldade do profissional em lidar com a perspectiva relacional de gênero masculino. Tal situação traduz-se na invisibilidade dessa população na unidade básica de saúde, que também pode estar associada ao déficit na capacitação dos profissionais em saúde do homem e de conhecimento sobre a política nacional de atenção integral à saúde do homem. Percebe-se que os profissionais de enfermagem, na estratégia de saúde da família, permanecem com olhar indiferente para a população masculina, sendo necessária a compreensão de integralidade em saúde e dos homens sob a perspectiva relacional do gênero, da vulnerabilidade masculina, entre outras questões, para que o acolhimento atenda às necessidades dessa população. Quando o acolhimento envolve a população masculina, percebe-se que existe uma dificuldade em adotar a perspectiva de gênero, ou seja, compreender o acolhimento no contexto da saúde do homem. Há muitos avanços a serem alcançados para, efetivamente, a referida política seja implementada no cotidiano dos profissionais da Atenção Básica, porta de entrada do usuário. Faz-se necessária a compreensão da integralidade em saúde dos homens na perspectiva relacional de gênero, da vulnerabilidade masculina, entre outras questões, para que o acolhimento atenda às necessidades dessa população. Acolhimento é a integralidade do atendimento, gestão do cuidado, ser a porta de entrada desses homens para os serviços de saúde, desfazer estigmas, atentar, compreender o que ele busca e ofertar o que temos disponíveis para coordenar esse cuidado com pacientes que são tão vulneráveis quanto os “o grupo de risco”. É nítido o despreparo do profissional, quando relata não saber o que fazer com a população masculina. Como se não soubesse ofertar serviços, planejamento familiar, atividades recreativas e de lazer, realizar consulta de enfermagem, perguntar aos homens quais são suas dúvidas, necessidades, o que levou até ao serviço de saúde e oportunizar o atendimento para que o homem se sinta satisfeito pelo acolhimento e, a partir daí, retorne, constatando a criação do vínculo. As falas deixam clara a invisibilidade do homem para o profissional de enfermagem, sendo percebida através das dificuldades em compreender a população masculina. Esse fato leva ao distanciamento no acolhimento, como também na identificação das suas necessidades. Considerações finais: A área de saúde muito tem a fazer em relação à saúde do homem. Buscou-se desenvolver uma pesquisa que pudesse contribuir com a saúde do homem ao trazer a percepção sobre o acolhimento à população masculina por profissionais de enfermagem na estratégia de saúde da família. A (não) compreensão sobre o acolhimento ao homem pelos profissionais de enfermagem fica evidente, pois dizem  compreender o que é acolhimento, porém trazem o acolher como ouvir e conversar com o cliente. O acolhimento é um instrumento potente para o vínculo e a aproximação da população masculina e para promoção da atenção intregal à saúde. No acolhimento, pode-se, efetivamente, promover a integralidade, equidade, tendo a resolutividade como essencial no trato com a população masculina. Quando se procura atendimento/informações, deseja-se muito mais que ser ouvido, e sim uma compreensão e uma visão holística do ser, fundamentada em suas necessidades. Existem, ainda, lacunas que devem ser melhor exploradas, como as questões sobre gestão, serviços e ações de saúde destinadas à população masculina na Unidade Básica de Saúde, a sensibilização, o preparo e conhecimento do profissional de enfermagem envolvendo a perspectiva de gênero. Palavras-chave: Saúde do Homem. Acolhimento. Estratégia de Saúde da Família. Enfermagem.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8242
Título do Trabalho: ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO REGIONAL INTEGRADO DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL: DESAFIOS E POTENCIALIDADES
Autores: Rosane Machado Rollo, Rossana Rangel Dutra, Marina Amaral Schenkel, Camila Guaranha, Adriana Roese Ramos, Carla Garcia Bottega

Apresentação: Planejar auxilia na condução da gestão pública, na medida em que facilita a definição de objetivos, a organização das ações, o acompanhamento, a fiscalização, o controle dos gastos e a avaliação dos resultados obtidos colaborando, por consequência, em um melhor aproveitamento de oportunidades e na superação de desafios na implementação de políticas de saúde. Este estudo está vinculado ao projeto denominado “Análise do Planejamento Regional Integrado da Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul”. O projeto vincula-se ao Grupo de Pesquisa: Estudos, Pesquisa e Intervenções em Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), do Curso de Administração: Sistemas e Serviços de Saúde e foi construído em parceria com a Assessoria Técnica e de Planejamento (Assteplan) da Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (SES (RS)) e a Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A proposta tem como objetivo analisar o Planejamento Regional Integrado (PRI) conduzido pela Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (SES (RS)), identificando potencialidades e fragilidades na construção de uma proposta metodológica ascendente (do nível local até o federal), no período de 2019 a 2020. Desenvolvimento: O Planejamento Regional Integrado (PRI), conforme Art. 2º da Resolução CIT nº 37 de 22/03/2018, deve ser instituído e coordenado pelas Secretarias Estaduais de Saúde em articulação com os municípios e participação da União, a partir das definições realizadas na Comissão Intergestores Bipartite (CIB). O PRI deve expressar as responsabilidades dos gestores de saúde em relação à população do território quanto à integração da organização sistêmica do SUS, evidenciando o conjunto de diretrizes, objetivos, metas, ações e serviços para a garantia do acesso e da resolubilidade da atenção por meio da organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS), considerando como premissas fundamentais a análise dos planos de saúde, a organização das RAS, a definição dos territórios e os mecanismos de governança regional. O processo do Planejamento Regional Integrado, no Estado do Rio Grande do Sul, iniciou com a definição das Macrorregiões de saúde e do cronograma de sua implantação. (CIB-RS nº 240/2018 e 032/2019) dividido nas cinco etapas a seguir: Diagnóstico e análise da situação de saúde; Definição das prioridades sanitárias: diretrizes, objetivos, metas, indicadores; Organização dos pontos de atenção da RAS; Programação geral das ações e serviços de saúde e, Definição do investimento necessário. Do processo PRI, resultará o Plano Macrorregional de Saúde, que será parte integrante do Plano Estadual de Saúde 2020-2023. De metodologia exploratória-descritiva e abordagem qualitativa, a pesquisa será composta de diferentes estratégias de coleta de dados (observação participante, entrevistas e análise documental). Para analisar os dados coletados, será realizada uma categorização temática com análise de conteúdo. A identificação das categorias será realizada por meio da utilização do software NVIVO9. O projeto original - “Análise do Planejamento Regional Integrado da Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul” -,  que deu origem a este estudo, foi apreciado e já está aprovado, tanto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UERGS, quanto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública (ESP (RS)), em consonância com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), tendo o parecer número CAAE 05377019.7.0000.8091,  de 29/01/2019 e  CAAE 05377019.7.3001.5312 de 28/02/2019, respectivamente. Serão respeitados os preceitos éticos contidos nas Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Os pesquisadores manterão em seu poder, por cinco anos, apenas um banco de dados em CD-ROM com as informações coletadas. O material produzido terá garantia de sigilo e as informações serão utilizadas exclusivamente com a finalidade científica expressa neste projeto. Resultado: No decorrer do ano de 2019, foram realizadas reuniões de trabalho com os integrantes da pesquisa, onde se teve a oportunidade de participar também de reuniões do grupo de trabalho do (GT) PRI, da Secretaria de Planejamento, e presenciar in loco a construção da metodologia. Neste período as 30 regiões de saúde realizaram seus planejamentos regionais para a composição dos Planos Macrorregionais. Simultaneamente a este processo está em elaboração o plano estadual para o próximo período. Com o desenvolvimento do projeto proposto, visa-se que o Planejamento Regional Integrado seja acompanhado e apoiado pela Universidade, através de análises críticas e possíveis remodelações/sugestões da proposta ao longo do percurso, congregando saberes e olhares dos diferentes parceiros: a gestão estadual do SUS (Assteplan/SES (RS)) e a universidade (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Ao mesmo tempo, espera-se propiciar aos participantes envolvidos, a inserção, a partir de uma perspectiva crítica, nas práticas da gestão e do planejamento em saúde. Também almeja –se a organização de acervo com documentos sobre a temática, bem como a produção de artigos, para apresentação em eventos e publicação em periódicos. Uma vez que o processo de construção do PRI esteja em franco desenvolvimento, não tendo ainda sido finalizado, considera-se importante relatar o caminho percorrido até aqui, refletindo-se sobre as principais escolhas realizadas para criação desta metodologia. Assim, acredita-se que a temática escolhida, a partir da busca e da sistematização dos registros encontrados ajude no compartilhamento desta experiência, contribuindo para que outras secretarias estaduais de saúde também possam refletir sobre a forma de condução do PRI em seus territórios, agregando novas tecnologias e saberes, de forma colaborativa, às diferentes propostas já constituídas. Considerações finais: Através do planejamento e do arranjo adequado dos serviços em saúde, a regionalização e a construção de redes de atenção à saúde possibilitam impacto positivo no acesso à saúde. No entanto, o arcabouço jurídico do SUS, tenha buscado a garantia da descentralização e da regionalização, tem sido insuficiente para a instituição efetiva de tais estratégias no Brasil. Neste sentido, almeja-se que ao final da pesquisa, que as etapas previstas para o PRI estejam totalmente descritas e analisadas, o que poderá contribuir com o registro histórico do SUS no estado do RS. A partir do apontamento das fragilidades e potencialidades advindas da pesquisa, há também a expectativa de que se possa aprimorar o planejamento da saúde no âmbito estadual e, na continuidade do processo, realizar devolutiva da pesquisa a todas as regiões de saúde envolvidas no PRI.


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Trabalho nº 7219
Título do Trabalho: NARRATIVAS E CORPOREIDADE: CONSTRUINDO UM CORPO CARTÓGRAFO
Autores: Fernando Pena Miguel Martinez, Flávia Liberman, Alexandre De Oliveira Henz

Apresentação: Este trabalho é um desdobramento da pesquisa de mestrado e do curta-metragem “Uma vida Z: construção de um corpo cartógrafo”, baseado nos encontros com a psicóloga clínica, interventora institucional e esquizoanalista Maria Zeneide Monteiro (1954 – 2018) e seu trabalho com a corporeidade, a sensibilidade e as políticas de subjetivação. O pano de fundo inicial desta pesquisa visou cartografar a complexidade e intensidade envolvidas nas trajetórias de formação clínica, e teve como premissa visibilizar a seguinte problemática: como um corpo produz mundos, e, como certos mundos produzem corpos? Através de um dispositivo narrativo procuramos acessar a experiência em sua forma e suas forças, no qual seguimos os processos de criação de si e do mundo, as escolhas e os combates efetuados numa trajetória formativa, de modo a captar na história o que nos ajuda a criar ferramentas para intervir em nossa atualidade e capazes de reposicionar o corpo em sua potência ético-estético-política. Desenvolvimento: Tivemos por escolha de método a cartografia, por seu interesse em acompanhar as políticas de desejo em curso nessa história: a experiência de um corpo em seu tempo – como escutou, o que intuiu, que rumos tomou, que escolhas foram sendo feitas, que combates foram sendo selecionados. Aqui, o encontro com o outro é uma guia, um estar ao lado do caminho a ser traçado sem com isso determinar o percurso, e a construção de um corpo de cartógrafo tem por limite um plano de intensidade. Como não obturar os poros da sensibilidade? Como se relacionar de modo a cultivar a diferenciação, sem despotencializar ou impedir a receptividade àquilo que o atravessa? No limite, é poder nomear os verbos com o qual se faz esta pesquisa: olhar, examinar, deslocar, conversar, escutar, escrever, operar, sentir, transcrever, imaginar, analisar, criar, registrar. Conectar. É também identificar nos processos formativos onde a estratificação da experiência bloqueia a passagem de uma criação. Como parte metodológica, buscamos trazer a inteligência ao nível dos processos somáticos: a respiração, a pulsação, a cinestesia e a sensibilidade. Sob toda palavra há um modo de dizer, um timbre, uma entonação. Um corpo que se conta. Como usar-se da linguagem para dar passagem ao acontecimento, não a reduzindo a sua função explicativa? Mais ao modo de conhecimentos parciais, localizáveis, um modo em que conhecer é fazer conexão. Essa experiência é, segundo a filósofa Regina Favre, a construção de um estado de presença, onde o corpo apreende o mundo em sua ecologia relacional, onde as ações criam presença e constroem a forma de maneira conectiva. Dito de outro modo, não se toma o corpo como o objeto de um discurso informativo, mas que ele é o ponto de partida da experiência, isto é, pelos sentidos do corpo é que se constrói uma relação com o mundo, um modo que permita ele perseverar em seu ser. A construção de narrativas históricas nos permite analisar como o corpo subjetivo se apresenta em nossas práticas, rearranjando suas linhas constitutivas e as políticas de desejo nelas imbricadas. Nas reverberações dessas conexões, nestas narrativas fabricadas na tensão do ato de ouvir e contar-se, acompanhamos a potência e as variações de um corpo: no como as narrativas moldam nossa percepção cotidiana, e em como estas narrativas podem estruturar o modo como experienciamos o mundo. É uma tarefa permanente analisar a atualidade a que pertencemos, deixar o ouvido atento à pergunta foucaultiana: “o que somos, e o que temos de ser para ser parte desta atualidade?” A trajetória de Maria Zeneide Monteiro nos permite acompanhar um modo de trabalho com a presença do corpo que não o reduz à condição de substância ou de objeto, mas como parte de um processo histórico e organizado em um campo sociopolítico. Contar-se é uma experiência afetiva de um corpo em seu tempo, onde perscrutamos os modos pelo qual o desejo fabricou nossa realidade social. E o que escutamos em uma narrativa? São formas e representações dadas aos acontecimentos históricos, pessoas, objetos, instituições, mas também atitudes, ações, percepções, reflexões. Vidas se fazendo nesse ambiente. Essa partilha de uma história configura uma cartografia onde a relação contar-escutar faz variar estados de corpo, estabelecendo distâncias e diferenças. Essa perspectiva em que o encontro de corpos é também um encontro de culturas, de modos de viver situados na história, gera um impasse e requer um exercício mútuo de criatividade, de invenção de uma língua que comunique essas diferenças. Compreendemos os modos de vida de alguém por meio de uma experiência com ele, pelo envolvimento com essa vida e com os efeitos e deslocamentos vividos em nós diante de sua presença. O que de presença daquele corpo nos chama, o que ressoa a partir do encontro? Como nós nos abrimos à poética daquele corpo? São questões que nos orientam a pensar a formação da sensibilidade do profissional de saúde. A narrativa também carrega o clima de uma época, nos mostra tensões implícitas e a complexidade do acontecimento, nos ajuda a reconstituir sensibilidades e mundos – não para encontrar nesse passado um refúgio, um sentimento de nostalgia por aquele mundo que se foi, mas para atualizar o presente e reavivar forças que estavam soterradas: para colocar em crise o presente e construir futuros. Crise nesse sentido: produzir uma abertura na qual a vida possa circular. Desdobramentos: A institucionalização tenciona o modo como um terapeuta traça seu caminho formativo, como se reconhece e é reconhecido por seu pares, e esta institucionalização contracena, sem se sobrepor, a aposta em outros modos de fazer a clínica e de se mover na vida, com base nas sensações e na vivência – uma busca por um grau maior de liberdade com nossos corpos. Um corpo dissociado de sua capacidade de pensar não é um corpo livre, tampouco um corpo livre de tensões. Na pesquisa, na vida e na clínica a potência de pensar nunca está dada, este corpo que nos afeta carrega a história de uma cultura que, familiar e estranha, nos convoca a sentir e a elaborar este encontro, e por meio destas histórias fabricamos ferramentas que buscam intervir nessa atualidade, onde notamos processos que interrompem a produção de intensidade e de diferença. Considerações finais: Há tensões vitais para a subjetivação, enfrentamentos necessários para persistir na criação e invenção de modos de vida. A clínica vem a ser compreendida como uma prática indissociavelmente ética, estética e política, um lugar de resistência à serialização dos corpos e da domesticação do desejo promovida pela subjetividade capitalística. As práticas somáticas são práticas da cultura, e como cultura são modos de subjetivação, de exercer uma relação consigo. O que se mantém e persiste nas experiências não seriam práticas e exercícios corporais, tomados como prescrições do comportamento, mas que os usos do corpo sejam uma experiência de aprendizagem e experimentação de liberdade. Acreditamos em um solo comum de práticas onde há um exercício de construir uma vida, uma visão de mundo onde nossa corporeidade tenha sentido e siga produzindo conexões vitais.


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Trabalho nº 11017
Título do Trabalho: ATENÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE VÍTIMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE: CONSTRUINDO LINHAS DE CUIDADO
Autores: JESSICA PINHEIRO CARNAÚBA, ANA KAREN PEREIRA DE SOUZA, HIPÁCIA FAYAME CLARES ALVES, LUCENIR MENDES FURTADO MEDEIROS, MAGNA GEANE PEREIRA DE SOUSA, JORDANNA CORREIA DE ARAÚJO, ANTÔNIA NORMA TECLANE MARQUES LIMA, MIRLLA UCHÔA LEAL, KÁTIA RANGELLY ALVES DE OLIVEIRA

Apresentação: Entender e mensurar as consequências da exploração sexual a crianças e adolescentes constitui-se em uma tarefa complexa, tendo em vista que conhecimento desse tipo de violência se baseia, em grande parte, em relatos de usuários de forma isolada que procura assistência profissional. Além disso, os programas de graduação e educação permanente exibem lacunas diante das demandas e necessidades relacionadas ao enfrentamento da exploração sexual e seu manejo. Apesar de ser reconhecida a necessidade de capacitação de profissionais e gestores em relação à condução dos casos de violências sexuais contra crianças e adolescentes, esse processo não exibe continuidade, havendo a necessidade dda construção de planos de capacitação profissional. A gestão do cuidado integral objetiva assegurar o princípio da integralidade através da gestão de Redes de Atenção à Saúde. Dessa forma, a coordenação pela APS requer definição do itinerário do usuário ao longo da RAS com base na avaliação da equipe de saúde da família, fluxos instituídos e a interrelação entre os níveis de atenção, possibilitando a construção de planos de cuidado pelas equipes. No contexto da Atenção Primária a Saúde e da diversidade de famílias e pessoas vivendo as mais diversas situações, surgem casos de difícil manejo por parte da equipe, que muitas vezes, requer conhecimento ampliado e trabalho cooperativo por vários pontos da Rede de Atenção a Saúde. Nesse sentido, o presente estudo busca relatar a construção de uma linha de cuidado/ itinerário terapêutico construído a partir da necessidade de capacitar a equipe para o manejo de casos de exploração sexual a criança e ao adolescente em uma Unidade Básica de Saúde da Zona Rural de Mombaça no Ceará, a partir das dificuldades percebidas pela equipe em relação as condutas intersetoriais a serem estabelecidas. Desenvolvimento: O estudo realizado durante os meses de maio e junho de 2018. A linha de cuidado para o problema sugerido consiste na atenção integral à criança e adolescente vítima de exploração sexual, a partir da rede de assistência à saúde dialogando com a rede intersetorial. Nesse sentido, a linha de cuidado construída pautou-se nas principais literaturas do Ministério da Saúde relacionadas a temática, bem como, a partir de um diagnostico situacional local, em que foram identificados os principais equipamentos que constroem as redes de assistência do município de Mombaça. Para a construção dessa linha de cuidado, houve a participação da equipe para sua construção e aperfeiçoamento. Resultado: A linha de cuidado construída apresenta o fluxo assistencial para os casos de exploração sexual a criança e adolescente. Partindo do acolhimento como primeiro passo com escuta ativa, sem julgamentos, censuras ou acusações, visando estabelecer uma relação de confiança entre os profissionais e toda a família. Faz-se necessário uma postura empática, na tentativa de desenvolver uma compreensão do contexto da situação de violência que atinge a família, bem como as possíveis consequências físicas e emocionais para seus integrantes. É relevante valorizar o relato da família e das adolescentes. Vale ressaltar a importância da equipe multidisciplinar para auxílio do caso.  Outro fator importante consiste na capacitação da equipe para atender esse tipo de caso, mostrando uma postura acolhedora e fortalecedora de vínculos, com porta de entrada aberta e facilitação dos atendimentos em caso de qualquer necessidade. São consensos fundamentais a serem estabelecidos: “ética, privacidade, confidencialidade e sigilo, especialmente quando da confirmação da violência sexual”. O segundo passo consiste no atendimento, onde é importante a detecção precoce e tratamento de qualquer doença instalada, além da prevenção e profilaxia de Infecções Sexualmente Transmissíveis e outras alterações, inclusive as psicológicas e relacionadas ao sofrimento mental. O profissional nunca deve agir sozinho, devendo ocorrer o acionamento da rede de cuidado e de proteção social no território. É necessário também, estabelecer um plano de atenção, com o correto preenchimento de um prontuário único pelos diferentes profissionais envolvidos no atendimento. Desde o início é importante a participação de um suporte psicológico para entender a gravidade da situação. Entre os principais fatores para avaliar a gravidade da suspeita ou confirmação de um caso de violência sexual estão: características da agressão, estado geral, perfil dos autores da violência e perfil familiar. No atendimento clínico é importante realizar anamnese e exame físico, em uma conduta singularizada, respeitando a autonomia dos indivíduos, solicitar exames laboratoriais, além de realizar testes-rápidos, bem como, checar a situação vacinal, realizando em caso de necessidade e profilaxias. Agir também com condutas de promoção da saúde e prevenção de agravos. Oferecer a realização do exame ginecológico para detecção de IST, sinais de violência e outras alterações, além do envolvimento da rede de atenção social. O terceiro passo da linha de cuidado consiste na notificação, com o preenchimento da ficha de notificação e encaminhamento ao Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes. O caso deve também ser comunicado ao Conselho Tutelar, de forma mais ágil possível, ficando uma cópia da ficha de notificação anexada ao prontuário da usuária, além do acesso a outros canais de comunicação sobre violência como o Disque 100 Disque Denúncia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, através do e-mail disquedenuncia@sedh.gov.br e o Disque 180 (Centro de Atendimento à Mulher). Cabe salientar que a notificação aos órgãos competentes é dever profissional, em caso de suspeita de violência sexual, amparado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Quando a suspeita ou o caso de violência contra a criança ou adolescente é confirmado, a notificação é obrigatória, devendo ser realizada em três vias, sem prejuízo de outras providências legais, segundo. Como último passo descrito na linha de cuidados, dá-se seguimento na rede de cuidados e proteção social. Nesse momento são estabelecidos fluxos internos de atendimento, os encaminhamentos necessários, agendamentos e realização de interconsultas, estabelecendo uma frequência para retornos. Ainda são importantes, o agendamento de visitas domiciliares, realização e avaliação dos resultados de exames complementares, reuniões intersetoriais e da equipe de saúde com a finalidade de avaliar a evolução e o prognóstico clínico e social do caso, seguimento às consultas psicológicas com acompanhamento constante, para que se possa garantir eficácia nas ações de proteção, de cuidados e de prevenção. Nesse sentido, é importante o seguimento das usuárias em ações de proteção social básica que devem ser desenvolvidas nos CRAS. Os CREAS devem prestar serviços continuados às famílias onde há violação de direitos, devendo promover a integração, recursos e outros meios necessários. O Conselho Tutelar deve zelar para que os serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e emprego, cumpram suas funções para cumprimento efetivo dos direitos de crianças e adolescentes. E a comunidade escolar também deve participar desse processo, almejando a proteção das adolescentes. Considerações finais: Pode-se concluir que para a APS exercer seu papel de organizadora da Rede de Atenção a saúde é necessário o conhecimento por parte dos profissionais sobre os cuidados, fluxos e rotinas a serem realizados junto as famílias de cada território e, então intervir de maneira a contemplar as vulnerabilidades existentes. Nesse sentido, a construção da linha de cuidado possibilitou a compreensão da equipe sobre as condutas e fluxos a serem realizados nos casos de exploração sexual a criança e adolescente.   


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Trabalho nº 6713
Título do Trabalho: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A CONSTRUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS LÚDICOS COM ALUNOS DE ENFERMAGEM PARA O ENSINO DE BIOQUÍMICA EM TEMÁTICAS DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL
Autores: Priscila Leite Loiola Ribeiro, Roberta Pires Corrêa, Tatiane Militão de Sá, Paula Alvarez Abreu, Helena Carla Castro

Apresentação: A Bioquímica é uma disciplina que faz parte da grade curricular de cursos de graduação em enfermagem, responsável por estudar os processos químicos de organismos vivos agregando conhecimentos interdisciplinares da biologia, física e química. O aprendizado de tal disciplina é fundamental para a formação dos alunos de enfermagem, em contrapartida observa-se certo grau de dificuldade na assimilação do conhecimento na mesma por parte dos discentes. Objetivo: Estimular e proporcionar ao discentes o conhecimento de bioquímica de forma lúdica e dinâmica, por meio da elaboração de recursos didáticos abordando temas em saúde materno-infantil. Método: Tratou-se de um relato de experiência de cunho descritivo, de natureza quantiqualitativa, desenvolvido com discentes do segundo período do Curso de Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, realizado no segundo semestre de 2018. A atividade transcorreu durante as aulas da disciplina de Bioquímica, sendo proposto aos alunos a criação de recursos didáticos abordando conteúdos de bioquímica voltados aos temas de saúde materno-infantil. A atividade buscou facilitar o aprendizado de temas em saúde que fazem parte da grade curricular da disciplina de bioquímica, por meio da utilização de estratégias lúdicas e criativas a fim de contribuir para uma aprendizagem mais dinâmica e atrativa para os alunos de enfermagem. Resultado: e Discussões: Como resultado, obtivemos a produção de quatorze recursos didáticos abordando os seguintes temas: “Mamas: desenvolvimento e lactação”; “Desenvolvimento Hormonal Placentário na Gestação”; “A evolução através da placenta: transporte de oxigênio”; “A ação e a importância do surfactante na formação pulmonar no período embrionário”; “Problemas de fertilidade”; “Puberdade feminina”; “Parto induzido”; “Gravidez ectópica”; “Partos alternativos”; “Infecções sexualmente transmissíveis e gravidez”; “Transcrição celular e DNA”; “Gravidez humana e evolução da gestação”; “Ciclo reprodutivo feminino”; “Amamentação e resguardo”; “Aborto involuntário”; “Desenvolvimento do sistema cardiovascular” e “Formação do cérebro”. Considerações finais: Todos os recursos foram explorados por meio de maquetes lúdicas, táteis e tridimensionais, sendo observado a contribuição positiva no processo de aprendizagem dos alunos de enfermagem sobre temas tão importantes em saúde, antes consideradas pelos participantes como algo complexo e de difícil entendimento.


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Trabalho nº 10810
Título do Trabalho: MODELO DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO: CONSTRUINDO O MAPA ESTRATÉGICO DO HOSPITAL METROPOLITANO DR. CÉLIO DE CASTRO (HMDCCC)
Autores: Stephanie Marques Moura Franco Belga, Maria do Carmo, Andréia Augusta Diniz Torres, Cintia Silva

Apresentação: Os hospitais são pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde, consomem volume significativo de recursos devido à alta concentração de tecnologias, e são organizações complexas também devido às relações de poder que nele existem. Alinhar a produção do cuidado às diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde, garantindo a integralidade e a integração à rede de serviços de saúde, são desafios colocados para os hospitais. O processo de trabalho hospitalar é complexo, pela natureza do seu objeto de intervenção, e necessita de modelos gerenciais cada vez mais adequados às suas especificidades. Implementar propostas participativas de mudança nos modos de gerir os hospitais são alternativas potentes para fomentar a análise sistêmica das potencialidades e limitações, bem como intervir no modus operandi de suasrelações intrínsecas de poder. Neste sentido, para contribuir neste debate objetivou-se descrever a experiência de planejamento do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCCC) em 2019, como estratégia de gestão participativa, e a experiência metodológica para construção do Mapa Estratégico, considerando as inovações presentes nesse processo. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência sobre o modelo de planejamento participativo no HMDCC, com ênfase na construção do Mapa Estratégico. Para isto, foi levantado o percurso de construção do modelo de gestão compartilhada e participativa que vem sendo desenvolvido no hospital desde 2017 e que tem se fortalecido nos dispositivos de participação implantados. O HMDCC surge em 2015, a partir da constatação de demanda reprimida de leitos hospitalares em Belo Horizonte e região metropolitana. Foi construído e equipado por meio de uma Parceria Público-Privada entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a Sociedade de Propósito Específico Novo Metropolitano S. A., na qual o parceiro privado presta serviços de apoio. Os serviços assistenciais são prestados pelo Serviço Social Autônomo Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro/SSA HMDCC, vinculado à Prefeitura de Belo Horizonte. O hospital foi inaugurado com 40 leitos, tendo funcionado assim até setembro de 2016, quando passou a contar com 90 leitos. Em 2017, foram ativados mais 370 leitos, passando o hospital a contar com 460 leitos. Resultado: O HMDCC vem incorporando processos para uma gestão participativa, e entre 2017 e 2019 houvevários momentos que reforçaram essaintenção expressa em seus valores. O primeiro movimento realizado foi o I Seminário de Planejamento do HMDCC, com o tema “Gestão Compartilhada e Gestão da Clínica Ampliada”. Foi realizado em abril de 2018, com o objetivo de compreender as premissas, conceitos e dispositivos relacionados ao tema, e definir as diretrizes de implantação do modelo de gestão compartilhada no HMDCC. Além disso, foram revisitadas e redefinidas a missão, visão e valores do hospital além de conteúdos de oficina de trabalho realizada em 2017. Neste período, também foram criadas as 11 Unidades Gestoras (UG) e a organizados os colegiados gestores tendo como foco os colegiados das UG e das diretorias. O segundo movimento foi a realização do II Seminário de Planejamento do HMDCC, em maio de 2019, foi utilizada a Matriz SWOT identificando as potencialidades, fraquezas, ameaças e oportunidades de melhoria. Através das fraquezas identificadas, ao longo do ano de 2019, foram levantados os nós críticos gerais e de cada UG com a construção e implementação de planos de ação. Esses planos de ação tiveram ciclos de monitoramento e avaliação realizados nos colegiados de cada UG, setores e diretoria. Os espaços de colegiados tem sido uma experiência inovadora e alternativa ao “modelo gerencial hegemônico”. Os 15 colegiados existentes no HMDCC possuem características singulares, alguns mais participativos e representativos do que outros. Nota-se que os colegiados são reconhecidos pelos trabalhadores como espaço efetivo de participação e decisão dentro de sua governabilidade. Destaca-se há transversalidade de democratização no arranjo organizacional e operacionalização de modelos de gestão inovadores. O processo de planejamento de 2019 envolveu cerca de 300 pessoas de um universo de 1.450 trabalhadores do SSA HMDCC. O movimento mais recente, foi a oficina de construção do Mapa Estratégico, que contou com a participação de aproximadamente 60 pessoas, entre gerentes, coordenadores, referências técnicas, assessores e diretores. O Mapa Estratégico é ancorado na Teoria do Balanced Scorecard e contribuirá para direcionar os esforços e orientar a estratégia da organização, traduzindo a missão, a visão e os valores do HMDCC em objetivos, medidas (ou indicadores), metas, e iniciativas sob a ótica de quatro perspectivas distintas: Sociedade, Processos, Gestão e Sustentabilidade. O instrumento, por meio de uma representação gráfica das conexões entre os eixos e os objetivos estratégicos, pretende ser integrador de todos os envolvidos ao foco da organização e aos esforços a serem enfatizados. A proposta metodológica utilizada, considerou como diretriz a construção coletiva com discussão em grupos, assim desenvolvida: 1)Cada participante, ao chegar na oficina, recebeu um material indicando na capa, em qual grupo ele faria parte. A escolha dos participantes por grupo seguiu a ordem aleatória, mantendo a representação homogênea de participantes vinculados ao: administrativo, assistência, apoio e gestão. 2) Os participantes foram divididos em quatro grupos para discussão de cada perspectiva. Foram discutidos os objetivos estratégicos que compreendiam os eixos de cada perspectiva. 3) Cada perspectiva teve um moderador e um relator fixo para conduzir e consolidar as discussões. 4) Os grupos de participantes se deslocaram até a outra sala ao final de cada momento (1º momento: 30 minutos; 2º momento: 20 minutos; 3º momento: 20 minutos; 4º momento: 20 minutos). Todas as pessoas passaram por todas as dimensões. 5) Ao final, foi compartilhada a sistematização do Mapa Estratégico em plenária para validação e demais contribuições. Analisou-se que no processo de construção do Mapa, na passagem de cada grupo pelas perspectivas e eixos estratégicos, houve uma experiência dinamizadora. A partir da questão norteadora: “o que no ponto de vista de cada participante é importante a ser incorporado no mapa?”, o grupo foi implicado a experienciar o exercício de apreender com e no mundo do trabalho. Os encontros, em cada rodada de discussão, potencializaram um diálogo construtivo, que passou pela troca de olhares, pela construção e produção de conhecimento, entre outros. O que operou no ato do encontro, nas conexões, caminhou na direção de “um escutar” incluindo o que o outro têm a acrescentar. Ao final, o Mapa Estratégico foi organizado em quatro perspectivas, 17 eixos e 28 objetivos estratégicos, que reforçam a missão de ofertar cuidado com qualidade, segurança e eficiência ao usuário do SUS de forma referenciada e ordenada nas linhas de cuidado do adulto cirúrgico, clínico e crítico, e a visão de ser reconhecido pela excelência no cuidado, na gestão e no ensino. Considerações finais: As opções metodológicas utilizadas, conduziram a uma robustez do processo de planejamento estratégico alinhado às premissas do hospital. A metodologia potencializou o envolvimento da equipe, e ao mesmo tempo, a sensação de pertencimento como sujeito que faz e acompanha o crescimento do hospital desde seu início. Além, de promover o envolvimento de novos atores, engajamento técnico e conceitual com a efetividade do resultado. Toda a discussão em torno das perspectivas e dos objetivos estratégicos, trouxe à tona a reflexão entre os pares de como, o que, quando é preciso para otimizar os processos como um todo no hospital. Embora, em alguns momentos, alguns indivíduos tenham reforçado seus interesses em prol de que os efeitos das decisões internas lhes fossem favoráveis. De todo modo, isto foi enriquecedor ao processo, uma vez que gerou reflexão sobre as prioridades e novas práticas. A democratização do debate e o surgimento de conflitos e divergências nos colegiados, mostraram-sepujantes e reconhecidos, ou seja, o conflito passa a ser visto positivamente, inclusive como potencial para contribuir no progresso organizacional. Esse modelo tem transformado um modo operacional em um modo de cooperação, subvertendo até mesmo as relações de poder existentes no hospital. CARAPINHEIRO, G. Saberes e poderes no hospital: uma sociologia dos serviços hospitalares. 3. ed. Porto: Afrontamento, 1998. 


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Trabalho nº 9277
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO COLETIVA DE UM MODELO TEÓRICO PARA POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL E DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: Beatriz Oliveira Blackman Machado, Anelise Rizzolo de Oliveira, Bruna dos Santos Nunes

Apresentação: A Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) e o Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável (DHAAS) tornaram-se uma questão política no Brasil a partir de 2003, com a instituição do Programa Fome Zero e, até 2016, essas temáticas estiveram presentes de forma intensa na agenda pública federal. Contudo, a manutenção de direitos humanos e sociais não estava concluída e hoje, considerando as drásticas transformações políticas, econômicas e sociais vivenciadas, encontra-se politicamente ameaçada, demandando conscientização e mobilização de segmentos da sociedade civil para a compreensão crítica da realidade e a retomada da construção de caminhos possíveis para a exigibilidade do DHAAS e, consequentemente, a promoção da SSAN pelo Estado. Na Universidade de Brasília (UnB), em 2018, instituiu-se um Programa de Extensão e Ação Continuada intitulado “MultiplicaSAN - promovendo cultura de direitos” que, dentre as suas diversas atividades, desenvolve um curso de formação para fomentar a reflexão crítica acerca dos conhecimentos relacionados aos conceitos e aplicações da SSAN e DHAAS, tendo como referência a pedagogia freireana e os princípios da educação popular. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de um dos encontros temáticos realizados neste curso, no qual houve a construção coletiva de um modelo teórico para políticas públicas com foco na garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável e na promoção da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, realizada como prática de educação popular em um curso de extensão da Universidade de Brasília - MultiplicaSAN. Desenvolvimento: O curso ocorreu entre abril e julho de 2019 com a participação de 13 educandas e educandos de diferentes Instituições de Ensino Superior do Distrito Federal, dos cursos de graduação em nutrição, serviço social e saúde coletiva, em um total de oito encontros, com duração de 8 horas cada, realizados na Universidade de Brasília. Neles foram abordados os seguintes temas: Comida e Sistema Alimentar; Circuitos alimentares e Soberania alimentar; Cultura alimentar; Direitos Humanos e Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável; História da Segurança Alimentar e Nutricional, Intersetorialidade e Políticas públicas; Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, Cidadania e democracia e Conflito de interesses. No encontro 6, com o tema ‘Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, Cidadania e democracia e Conflito de interesses’, foi proposta a construção coletiva da Árvore de Políticas Públicas, a partir de uma dinâmica descrita no “Caderno metodológico para formação de multiplicadores em SAN/DHAAS”, material pedagógico utilizado como referencial básico para o planejamento dos encontros do curso. Anteriormente a realização da dinâmica, as facilitadoras conduziram momentos de construção de conceitos e ideias do grupo sobre ações afirmativas de direitos, participação social e intersetorialidade, e posteriormente uma roda de conversa sobre cidadania e democracia a partir de perguntas orientadoras, como “é possível exercer a cidadania plena sem democracia?”. Com todas/os partindo da mesma base de entendimento sobre esse temas seguiu-se a dinâmica da Árvore de Políticas Públicas. Nesta atividade, a árvore representa uma abstração (ou um modelo didático) para o entendimento da interconexão dos temas abordados. No decorrer da dinâmica, estudantes discutiram, em duplas, os temas-chave do encontro e, em seguida, foram convidadas e convidados a fixar diferentes tarjetas, contendo as descrições “SAN”, “Soberania Alimentar”, “DHAAS”, “Programas e ações” e “Políticas públicas” na árvore de papel afixada na parede da sala, destacando se estas ocupariam o espaço da raiz, tronco ou copa desta. Além disso, de forma livre, a árvore foi decorada com desenhos de insetos, frutas, flores e representação de indígenas. Ao final, após discussão conduzida pelas facilitadoras do encontro, educadoras, educandas e educandos concluíram que “SAN”, “Soberania alimentar” e “DHAAS” são partes constituintes da raiz, uma vez que esses conceitos são a base estruturante das demandas sociais e que “Políticas públicas”, então, se localizam no tronco, pois estruturam os conceitos para a ação, trazendo a reflexão de que o que ancora a árvore ao solo são as raízes que, por sua vez, possibilitam estabilidade para que o tronco se desenvolva, sem perder a ligação com seus conceitos que o sustentam. Assim, “Programas e ações” estão na copa da árvore, representando os "frutos", que significam a entrega das políticas públicas para a sociedade. Resultado: O diálogo a partir da construção coletiva da árvore trouxe a percepção da complexidade que envolve a implementação de políticas e programas voltados para a promoção da SSAN e a garantia do DHAAS e, frente a isso, constatou-se a necessidade de ampliar essa perspectiva e desenvolver algo a mais - um ecossistema no qual a árvore deveria estar inserida, como parte (e não como todo). Assim, foi criado um modelo teórico como base para a compreensão do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional que revelou a importância da abordagem da educação popular para a formação crítica, criativa e reflexiva em SSAN e DHAAS. Houve, portanto, a inclusão de outros elementos ao desenho inicial - pássaros, representando as ações difusas da sociedade civil; sementes, que correspondem ao resultado da mobilização social, carregadas de significados e fundamentos conceituais de SSAN e DHAAS; nuvens, retratando o papel da educação, por meio da qual compreende-se a noção da totalidade do sistema e seus processos, de forma dialética com a árvore, uma vez que as folhas transpiram e a água evapora, auxiliando a formação de nuvens; chuva, que simbolizava as/os profissionais de saúde com sua práxis que dissemina conhecimento e fortalece o sistema ao retornarem para o solo, melhorando-o, nutrindo a árvore e dando condições para que as sementes espalhadas se desenvolvam e tenham frutos mais saborosos. Considerações finais: A experiência foi bastante rica e mostrou que o uso desse modelo foi capaz de apoiar o entendimento das educandas e dos educandos de diferentes áreas da saúde sobre um sistema tão complexo como o SISAN. Foi possível, então, compreender que este e outros sistemas que busquem a garantia de direitos só podem se concretizar em um ecossistema favorável e/ou saudável (democrático), no qual os atores (Estado e sociedade) conheçam seus papéis e deveres no que tange à garantia e ao acesso aos Direitos Humanos. Além disso, a dinâmica se mostrou versátil e pode ser usada como modelo para outros sistemas, com o objetivo de promover conscientização e evidenciar a importância e o papel de cada integrante na construção, manutenção e aprimoramento de políticas públicas.


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Trabalho nº 9141
Título do Trabalho: SIGO CONSTRUINDO O SUS QUE ME CONSTRÓI
Autores: Andresa Barbosa Candido

Apresentação: Este trabalho consiste em um relato de experiência e visa retratar minha vivência em diversos momentos e funções dentro do Sistema Único de Saúde. Começamos em 2009, o ano divisor de águas da minha vida profissional, momento no qual tive meu primeiro contato direto com o Sistema Único de Saúde, por meio do Programa de Saúde da Família na função de Agente Comunitário de Saúde em uma unidade mista ou tipo B, ou seja, de um lado o serviço seguia um modelo ambulatorial, onde atuavam os servidores públicos municipais. Do outro, médicos generalistas, enfermeiros e agentes comunitários traziam um novo modelo de atenção à saúde, com olhar ampliado ao indivíduo, família e território. Enquanto Agente Comunitário, vivenciei a execução do SUS na ponta, e por inúmeras vezes me questionava sobre os mais diversos fatos, inclusive sobre o modo como o qual essas políticas eram idealizadas. Percebi que em um mesmo bairro, é possível que uma parte da população tenha acesso a saneamento básico e boa alimentação, enquanto ao atravessar a rua a realidade se apresentava completamente diferente. Nesse sentido, palavras como território, área, microárea, família, equipe referência e vulnerabilidade, passaram a fazer sentido no âmbito da saúde, aguçando ainda mais minha curiosidade para entender tamanha influência destas questões no processo saúde-doença e na elaboração de estratégias de cuidado que fossem de encontro as necessidades reais daquele território. Tomada pelo desejo de fazer um SUS “acontecer de verdade”, atendendo ao máximo possível as expectativas do território, as demandas da comunidade e direitos dos usuários, busquei incentivar dentro da unidade a participação de trabalhadores e usuários na construção do serviço, idealização de grupos e atividades. Nessa época, fui eleita para participar do Colegiado Gestor da unidade, e sempre convocava para que pudéssemos trazer a comunidade para dentro da unidade, mas na maioria das vezes não obtinha boas respostas. Ao mesmo tempo, busquei junto aos meus colegas de categoria, elaborar formas para que pudéssemos fortalecer nossa existência em um ambiente dividido, que por vezes parecia competitivo. E mais uma vez, não obtive bom resultado. Mas a vontade de transformar continuava pulsando tão forte e novos caminhos me levaram a cursar a Graduação de Enfermagem. Na prática da Saúde da Família, observava o profissional enfermeiro como um daqueles que executava as políticas e que de alguma forma poderia adequá-las ao indivíduo, além de que o olhar ampliado, que era o pilar do programa, abrangia também a autonomia do usuário no seu autocuidado e no seu ambiente familiar, o que remete a participação popular. Na faculdade, durante os estágios, meu olhar não se desenvolveu somente de forma técnica, hoje, posso dizer que tenho “Olhos de ver”. Olhos que me permitem enxergar o que o paciente não fala, o que seu corpo me diz, seu olhar me mostra, o que sua casa pode me dizer. Coisas que só quem já foi Agente Comunitário, sabe a sensação. Ali, percebi que o SUS vai muito além de somente saúde, ele está contido na alimentação, cuidado a saúde do trabalhador,  ciência e pesquisa, dentre outras coisas e que cada vez mais a participação do povo na sua construção, seria importante para garantir que este continue sendo um dos melhores sistemas de saúde do mundo, mesmo que ainda com alguns pontos a melhorar. Sempre sonhei atuar como enfermeira na Atenção Básica, e após a graduação via essa possibilidade cada vez mais perto, porém, com as constantes mudanças políticas no Estado do Rio de Janeiro, em 2016, quando me formei, não consegui me inserir no mercado devido a exigência de experiência. E quem disse que eu desisti? Não, não, não. Continuei estudando, até que exatos 10 anos depois, fui aprovada dentre outras, para a Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Escola Nacional de Saúde Pública, ENSP/Fiocruz no Rio de Janeiro. Iniciamos agora uma nova caminhada, mas com um olhar diferenciado, afinal, estou dentro de uma instituição fortemente ligada a Saúde Pública. Mais uma vez observo, que algumas questões trazidas diariamente nas aulas não são surpresa pra mim, como entender o que é a saúde da família, como é feita, quem são os atores, seus princípios e diretrizes. Só que desta vez, com um olhar um tanto diferenciado. Assim como o SUS, eu sou superação, ninguém disse que isso seria fácil, mas também não falaram que seria impossível. Aqui me sinto incentivada a crescer. Quem diria que aquela ACS um dia estaria dentro de uma das melhores instituições de saúde pública do país. Hoje percebo a importância do Agente Comunitário na dinâmica da Atenção Básica, afinal, ele é o elo entre a clínica e a comunidade, percebo ainda o quanto minha atuação nessa função, me tornou uma profissional diferenciada. Cabe ressaltar aqui, que o agente comunitário é morador do território e por vezes, tem a atenção a sua saúde negligenciada por alguns profissionais. Por já ter passado por isso na pele, na minha prática busco atender as suas demandas e incentivá-los a crescer e ocupar novos espaços no SUS. Quanto aquela curiosidade que tinha em saber como era formuladas as politicas e de que forma se dava a participação popular na construção do Sistema, em 2019 pude vivenciar isso bem de perto atuando como pesquisadora voluntária na Conferência Nacional de Saúde. Eis aí a origem da frase que nomeia este trabalho, afinal, minha trajetória me permitiu vivenciar esse sistema sob os mais diversos olhares e em vários níveis profissionais. Depois de todas essas vivências, atualmente, minha atuação enquanto enfermeira e residente ampliou ainda mais o olhar para aquele individuo, que se senta a minha frente, fragilizado e triste, e por meio de seu relato posso viajar a sua casa, entender sua dinâmica familiar, compreender os fatores que influenciam no seu processo saúde-doença e construir junto com ele, um plano terapêutico singular que remeta as suas necessidades, incentivar sua autonomia, fortalecer seu vínculo com o serviço e incluir sua família nesse cuidado. E assim, sigo construindo o SUS que me construiu e ainda me constrói.  


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Trabalho nº 7744
Título do Trabalho: DA REDEMOCRATIZAÇÃO ÀS RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS: POR UMA PSICOLOGIA COMO PRÁTICA DO ENCONTRO E CONSTRUÇÃO DO COMUM
Autores: Gabriela Di Paula Dias Ribeiro, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Márcio Mariath Belloc

Apresentação: A entrada da psicologia na saúde foi influenciada por diversos fatores entre eles a reforma psiquiátrica; fruto do movimento dos trabalhadores da saúde mental e do movimento da luta antimanicomial. Em 1985, o país vivia uma intensa mobilização popular, demandas políticas movimentadas pela redemocratização do Brasil somada à iminência da elaboração de uma nova constituição, com avanços sociais relevantes e algumas marcas conservadoras. Era um momento de luta e “esperança” para uma parte da sociedade brasileira que buscava a prevalência de direitos humanos, de cidadania, seguridade social, educação e saúde. Ademais das questões sociopolíticas o país estava imerso em uma crise econômica com o avanço neoliberal. Outro ponto relevante nesse período foi o rearranjo social que obtinha novos ares e retomava a sua organização, a citar uma maior ação política do Sindicato de Psicologia e do Conselho Federal, bem como do Conselho Regional de São Paulo. Tais mudanças em conjunto com o crescimento dos campos de atuação trouxeram um olhar sob a psicóloga para além do profissional autônomo, mas sim como um trabalhador constituído de atitude política, com uma intervenção sindical entre outras formas de organização do seu fazer e novas discussões acerca da profissão e da implicação psi nas discussões daquele período, como a sua inserção nas políticas públicas, a citar a área da saúde. É nessa conjuntura que a psicóloga adentra a saúde, a inclusão desse profissional nas políticas públicas é consequência de constantes transformações provocadas pelas práticas e demandas da população e não necessariamente em decorrência de um arcabouço teórico e metodológico, mas sim por meio de uma urgência da assistência. No Brasil, a psicologia insere-se no campo da saúde coletiva principalmente via SUS; seus princípios e diretrizes solicitam uma reinvenção da intervenção psicológica para além da atuação clínica individual, privativa e ambulatorial. Exige uma compreensão do processo saúde-adoecimento-atenção, uma intervenção contextualizada conforme a região do usuário, a sua história, condições econômica, social e cultural. Outrossim, a psicóloga tem a oportunidade de se reinventar a partir do acesso às demandas reais da população, de ações preventivas, educativas e de reabilitação para além do modo clínico individual; em contato com outros saberes – inclusive o saber do usuário. Inserida em equipes multiprofissionais, ao realizar grupos terapêuticos, ações que promovam autonomia, cidadania, bem-estar, protagonismo e a redução do sofrimento psíquico do usuário. O contexto da saúde convida a psicologia para posicionar-se a respeito da sua contribuição com as condições de vida da população brasileira em prol de uma assistência integral. Percebe-se, assim, que a psicologia ao longo dos anos ganhou espaço no campo da saúde, expandiu a sua área de atuação e a sua capacidade teórica/técnica para intervir. Um dos espaços que a psicologia adentrou foram os programas de residência multiprofissional em saúde. A primeira residência multiprofissional em saúde no Estado do Pará foi desenvolvida em 2010 no Hospital Universitário João de Barros Barreto em parceria com o Hospital Público Ophir Loyola, o Hospital Universitário Betina Ferro de Sousa e Unidades Básicas de Saúde vinculado à Universidade Federal do Pará, ofertou 20 vagas, 10 para a área de concentração em Oncologia envolvendo as seguintes categorias profissionais: Psicologia, Biomedicina, Nutrição, Farmácia, Enfermagem e Odontologia, e 10 para o programa Saúde do Idoso que abrangia Psicologia, Farmácia, Enfermagem e Fisioterapia. Uma formação coletiva inserida no cotidiano do serviço em saúde requer uma atenção integral, envolve saberes que se intercruzam a fim de dar conta da complexidade da pessoa que busca assistência e exige disponibilidade interna dos diversos profissionais que compõem o cuidado em saúde. Busca-se com este trabalho refletir acerca de como o fazer da psicologia dialogar com os diversos saberes que compõem a equipe de saúde a fim de construir uma assistência de modo coletivo a partir da sua inserção em programas de residência multiprofissional em saúde? Tal questão faz parte de uma pesquisa de mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará, apresentada em junho de 2019. Utilizou-se a metodologia clínico-qualitativa, foram entrevistadas sete psicólogas residentes egressas selecionadas, por meio da amostragem não probabilística “bola de neve”. Os resultados obtidos apontam que os espaços construídos para uma assistência à saúde a partir de uma perspectiva multidisciplinar, transdisciplinar e interdisciplinar são alcançados de modo mais efetivo e consistente entre os próprios residentes. Considerando que sentem que possuem em comum o ser residente que os vincula e traz um caráter de identificação entre elas, que as aproxima e facilita a troca de saberes e vivências. Assim como propicia disponibilidade interna para a psicóloga residente sair de um lugar de saber e transitar no não saber a fim de aprender com o outro a respeito de distintas áreas de conhecimento em prol do cuidado ao usuário e do serviço de saúde. Contudo, observou-se em alguns momentos a não compreensão acerca do lugar das residente multiprofissional, com impacto na integração das mesmas com a equipe de saúde, promovendo nos profissionais dos serviços atitudes que excluem as residentes da equipe. Uma incompreensão que passa obviamente pela organização do programa de residência, mas que é fruto de uma prática atravessada pelo discurso biomédico hegemônico e o modelo flexneriano centrado na especialidade, que toma ainda mais fôlego em um contexto de expansão do capitalismo neoliberal sobre as práticas e políticas de saúde. Esta situação merece atenção, visto que uma das ferramentas principais nos ambientes de saúde são as tecnologias leves, tratadas como menores no modelo em expansão, interferindo diretamente nas práticas de cuidado ofertadas aos usuários. Uma forma de trabalho que dificulta a necessária relação dialógica entre todos os atores que fazem parte das redes de atenção à saúde. É a partir do vínculo construído, das relações interpessoais entre os diversos profissionais de saúde que compõem o serviço que o cuidado em saúde acontece. São atos vivos em saúde que chegam até o usuário, a sua família, ou seja, é a partir da micropolítica que o diálogo entre os múltiplos saberes pode transitar e abrir frestas para uma assistência coletiva e inclusivo; considerando o saber do usuário. Um trabalho vivo acontece no tecido celular das relações que se permitem o não saber como uma ferramenta potente para a costura de um fazer saúde integral. Tecido por diversas mãos com um fim em comum. A residência multiprofissional ao facilitar práticas multiprofissionais, transdisciplinares e interdisciplinares, a despeito de ocorrerem de forma mais fluída entre os próprios residentes e com dificuldade entre os outros membros da equipe, tenciona práticas instituídas, movimenta e transforma os espaços de saúde, viabiliza a inserção de diversas categorias profissionais que com a sua presença sensibilizam e contribuem com a assistência e exigem da equipe do serviço competências e habilidades na dimensão subjetiva e relacional. Defendemos, assim, a formação e a prática de uma psicologia, que retoma os princípios da luta antimanicomial, que se funda na produção de vida e cidadania da redemocratização brasileira, no caráter multi-inter-trans das residências, na construção inventiva e contra-hegemônica de um comum que seja garantia da dimensão mais subjetiva. Uma prática do encontro, crítica e reflexiva, para uma construção coletiva de saúde, na qual, todos são parte do processo e precisam estar implicados com essa construção. 


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Trabalho nº 10817
Título do Trabalho: CAMINHOS PARA A GESTÃO PARTICIPATIVA: CONSTRUÇÃO DAS PRÉ CONFERÊNCIAS DE SAÚDE PARA O FORTALECIMENTO DA CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE
Autores: Deborah Melo, Renata Martins Domingos, Alana Venceslau Franco, Maria José Da Silva Pedro

Apresentação: A participação popular em saúde é um dos elementos mais importantes para a garantia da gestão participativa no Sistema Único de Saúde (SUS), espaço legítimo de diálogo e debate com a comunidade para a construção de uma saúde pública que dialogue com as demandas da população. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Conde em parceria com o Conselho Municipal de Saúde (CMS), mediante o compromisso com o SUS, constatou a importância de  fortalecer a participação popular, na qualificação do tempo de discussão na conferência municipal e na potencialização do vínculo com a comunidade, assim foram pensados estratégias de consolidação da participação popular por meio das atividades preparatórias da conferência municipal de saúde. Nesta perspectiva, deliberou pela realização das Pré Conferências de Saúde, caracterizada sendo um espaços de diálogos e discussões preparatórias para as conferências de saúde, os quais podem ter ênfase nas temáticas propostas pelo conselho nacional e/ou também, discutir sobre as demandas locais de saúde. Desenvolvimento: Neste contexto, o objetivo do presente trabalho é a sistematização da experiência de construção das Pré Conferências no Município de Conde. Para a construção desta atividade, foram necessárias reuniões preparatórias entre o conselho e a gestão, que acordou na realização das pré conferências em todas as regiões administrativas do município. O chamamento para as atividades preparatórias, ocorreu por meio da Comissão de Mobilização Social da Conferência Municipal, os quais foram considerados os aspectos específicos do município, que possui uma população estimada de 25 mil habitantes, divididos em quatro regiões administrativas dentre estas encontram-se áreas rurais, urbanas, territórios quilombolas e indígenas. Os convites foram realizados de forma presencial, por telefone, nas redes sociais e escrito direcionado aos líderes comunitários, associações, movimentos sociais, e trabalhadores da saúde das regiões. Os locais priorizados para o evento eram nas associações de moradores de cada região, para que seja de fácil acesso e que garanta a participação livre. Para a condução das atividades, seguiu-se a metodologia na perspectiva da educação popular em saúde com ênfase na horizontalidade, problematização e diálogo. Formação do círculo de diálogo, as atividades foram divididas em 5 momentos, eram iniciadas através de uma “rodada de apresentação”,  falado o nome, seguimento e local onde residia; em seguida, da explanação do que era uma conferência de saúde, a importância da participação popular, a data da conferência municipal de saúde e o objetivo da atividade preparatória. Posteriormente, ocorreria a facilitação teorica do espaço, em  20 minutos, ênfase sugerida aos facilitadores é que procurassem estimular a participação das falas dos sujeitos, na perspectiva de relatarem as demandas de saúde vivenciadas por cada região; e por isso, a escolha dos facilitadores foi criteriosa, pela necessidade de ter habilidade em diálogo, em desencadear o debate, e a proximidade com a região. Dentre os quatros facilitadores, dois foram agentes comunitários de saúde das regiões, seguido do médico da UBS da localidade e o da última atividade, foi a secretaria de saúde, todos os facilitadores tinha atuação direta nas regiões. Depois da facilitação, era iniciado a etapa das discussões, para apoio da mesma, estava posto uma mandala no meio da roda com inúmeros desafios a serem enfrentados na região, relatados previamente pelo conselho de saúde: “hipertensão”, “diabetes”, “anemia falciforme”, “alimentação saudável”, “poluição do ar”. Nesse sentido, os participantes, usuários e trabalhadores começaram a relatar suas demandas, queixas e elogios à saúde do município. Na primeira pré conferência, um dos assuntos que chamou atenção foi a relação prejudicial dos moradores com os agrotóxicos, nas demais atividades preparatórias, foram relatados dificuldades no acesso nos serviços da saúde, solicitação de atendimento em outro turno, pavimentação das ruas, solicitação de maternidade, poluição do ar causada por indústrias perto das cidades, entre outros. Depois da discussão, foi realizado o momento dos encaminhamentos, baseado nos pontos elencados na etapa de discussão, as propostas eram construídas coletivamente pelos participantes, aprovadas e direcionadas para a conferência de saúde. Para finalizar a atividade preparatória, foi realizado uma mística ressaltando a importância de espaços construídos coletivamente e uma avaliação do espaço da pré conferência, a qual foi avaliada positivamente por todos presentes. Resultado: ou impactos: Dessa forma, os encaminhamentos das pré conferência foram separados entre os três eixos temáticos da Conferência Municipal de Saúde, os quais posteriormente, se somaram aos encaminhamentos realizados no período da conferência municipal de saúde, e praticamente todas as propostas das atividades preparatórias foram absolvidos para o relatório final da conferência. Também, para substancializar o debate sobre temas transversais com outras áreas, foram realizadas parcerias com projeto Sisan universidades da Universidade Federal da Paraíba, Associação de produtores agroecológicos do Município, Conde Orgânico, e as Secretarias do Meio Ambiente e Agricultura  sobre a temática do agrotóxico e saúde, os quais organizaram no período da conferência uma “tenda agroecológica” com atividades nos intervalos dos horários oficiais da conferência apontando consequências e alternativas para o uso dos agrotóxicos. Na conferência municipal, surgiram moções de repúdio sobre a facilitação da liberação dos registros de agrotóxicos, a extinção da secretaria de saúde indígena, a Emenda Constitucional 95 e a Desvinculação das Receitas da União (DRU) e uma moção de denúncia sobre o adoecimento da população causada pelo uso do agrotóxico. Parte dos encaminhamentos aprovados, foram direcionados para o âmbito estadual. Na etapa estadual da conferência, o encaminhamento sobre efeitos do agrotóxico na saúde da população, foi aprovado e levado para a última fase, Conferência Nacional. Os apontamentos realizados, fizeram parte do redirecionamento do Plano Municipal de Saúde, que readequou as metas e objetivos para os encaminhamentos propostos nas pré conferências e na conferência municipal. Considerações finais: As pré conferências, resultaram em diversos aprendizados para a gestão e o conselho municipal de saúde,  a articulação e deslocamento das entidades para as regiões na busca de diálogo com a comunidade, propiciou a qualificação do tempo de discussão e o aprofundamento de pautas na saúde, a abertura para a compreensão de pautas transversais e estabelecimento de parcerias intersetoriais e acadêmicas. A inserção da educação popular em saúde na metodologia potencializou o pensamento crítico e a sistematização dos anseios da população para o redirecionamento do Plano Municipal de Saúde. Assim, a atividade representou um avanço na garantia de espaços horizontais no município e no fortalecimento da participação social.


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Trabalho nº 11334
Título do Trabalho: SEGUNDA SEMAFISIO (SEMANA DA FISIOTERAPIA): CONSTRUINDO A FISIOTERAPIA POPULAR- FISIOTERAPIA UNIVERSAL E IGUALITÁRIA
Autores: Ariane De Jesus Pereira Lima, Tamildes Oliveira Mendes de Souza

Apresentação: O caminho para a formulação de uma educação em Saúde que seja próxima a população e que de fato seja Universal e Igualitária, se baseia no pressuposto que a mesma é construída por pessoas que compreendam as necessidades da Comunidade, e que se enxergue como agente transformador. O academicismo que permeia as relações universitárias promove o distanciamento  dos estudantes da realidade dos usuários. A construção da Semana de fisioterapia possui como finalidade ampliar o olhar dos estudantes sobre a importância dos saberes populares na construção de Saúde mais ampla. Possui como objetivo instigar por meio de palestras, mesas redondas, apresentações artísticas, debates  o tipo de fisioterapia que está sendo construída, sobretudo para quem e por quem está sendo realizada essa construção. A semana de fisioterapia foi idealizada e organizada pelo Diretório Acadêmico de Fisioterapia da Universidade Federal da Bahia, composto por estudantes de diversos semestres, ocorreu nos dias 05 a 08 de novembro de 2018. Se deu através do entendimento de que o aprendizado ultrapassa as barreiras físicas das salas de aula e das relações interpessoais entre professor e alunos. A metodologia dos espaços promovia discussões com compartilhamento de ideias, conhecimentos, proporcionando aos participantes um maior entendimento sobre que tipo de fisioterapia e que saúde estamos construindo durante a graduação. Este espaço, principalmente em momentos de ataques a saúde pública, promove a reflexão sobre a saúde popular instigando os graduandos a buscar alternativas para diversificar suas práticas para aproxima-las de uma saúde verdadeiramente  para todos. Entendendo a necessidade de se debater as diversas especificidades de cada grupo que compõe a nossa sociedade, durante a semana foram debatidos temas como: Saúde da população Negra, População Ribeirinha, Capacitismo, Saúde da População LGBT. Após a realização da Semana,  obtivemos como saldo o entendimento da importância da construção do movimento estudantil que se preocupe com a desmistificação de como é feita a saúde popular, sobretudo em um ambiente extremamente tecnicista como o que se encontram inseridos os profissionais da fisioterapia. Para além deste ponto, entendemos que a saúde enquanto popular se faz nas intercessões da vida do sujeito, que precisa ser ouvido. Os estudantes saíram da semana com um olhar diferenciado sobre o caminho para desenvolver uma saudade mais universal, Igualitária e que de fato se faça presente na vida  das pessoas.


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Trabalho nº 11848
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE MATERIAL EDUCATIVO COM ABORDAGEM AO ACOLHIMENTO DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL
Autores: Daniele Keuly Martins da Silva, Juliana Freitas Marques, Arisa Nara Saaldanha de Almeida, Dayane Peixoto Macedo, Leiliane Silva Alencar, Ana Ciléia Pinto Teixeira Henriques

Apresentação: A violência sexual é um problema atual de saúde pública, cada vez mais presente nas unidades de atenção primária de saúde. Deste modo, destaca-se a atenção primária em saúde (APS) como espaço de acolhimento quando se trata de ações referentes à violência contra a mulher. Objetivo: Objetiva-se  construir uma cartilha educativa voltada para o atendimento do profissional de enfermagem na APS, às mulheres vítimas de violência sexual. Método: Trata-se de um estudo metodológico, por enfocar o desenvolvimento, avaliação e aperfeiçoamento de um instrumento ou com o intuito de implementar estratégias tecnológicas por meio do uso sistemático dos conhecimentos. Dessa forma, este foi desenvolvido em dois momentos: organização do conteúdo/levantamento bibliográfico e construção da cartilha propriamente dita. A cartilha foi construída abordando acolhimento, recursos básicos de atendimento, dados a serem coletados durante o acolhimento, anticoncepção de emergência, solicitação de exames, notificação de casos, fluxograma de atendimento integral à mulher, as redes intersetoriais de apoio. Resultado: A sessão acolhimento destaca pontos importantes como: ética, privacidade, confidencialidade e sigilo neste, apresenta técnicas que facilitarão a escuta e abordagem de forma que a vítima consiga relatar a situação. Na coleta de dados durante o acolhimento, são apresentados todos os dados a ser colhidos, orientações iniciais para as vítimas, solicitação de exames e notificação do caso, bem como encaminhamentos multidisciplinares para atendimento integral. Na sessão de anticoncepção de emergência está descrito o esquema terapêutico, indicando a posologia e os cuidados após a administração, ainda apresenta os exames essenciais a ser solicitados. O preenchimento da ficha de notificação de violências é uma sessão conseguinte e confere-a como essencial para análise epidemiológica, operacional e da violência sexual na construção do perfil do caso, esta foi criada por sua relevância e pela necessidade de orientar as mulheres em relação à diferença entre notificação e denúncia. Posteriormente, a cartilha apresenta um fluxograma de atendimento integral á mulher vítima de violência sexual sistematizado em uma sessão, neste o profissional encontrará o passo a passo de peregrinação da vítima dentro dos serviços necessários, a fim de subsidiar uma orientação correta e eficiente. Para o fluxograma foram destacados o atendimento após a violência, exames laboratoriais, notificação compulsória, orientações e encaminhamentos da denúncia policial, atendimento psicológico, consulta de retorno, possível diagnóstico de gravidez e IST/AIDS, tratamentos, interrupção ou não da gravidez, encaminhamento para pré-natal ou adoção e acompanhamentos. Ainda, são apresentadas as redes intersetoriais de apoio nas quais a vítima pode ser direcionada, telefones úteis, delegacias, núcleos de apoio, centros de referências. Considerações finais: Com a incidência de mulheres vítimas de violência sexual observou-se a necessidade dos profissionais de enfermagem tenham conhecimentos e habilidades para uma assistência humanizada, integral e resolutiva. Destaca-se, a necessidade de materiais educativos que favoreçam o desenvolvimento dessas habilidades pelo enfermeiro. Assim, a construção dessa tecnologia em forma de cartilha educativa, é de grande relevância, podendo ser utilizada pelos profissionais de saúde nos processos de assistência às mulheres que são vítimas de violência sexual, orientando, encaminhando e oferecendo um cuidado de forma integral.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6229
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA DE ITAGUAÍ (RJ): UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Autores: Leila Claudia Monteiro de Castro dos Santos Braga, Maura Vanessa Silva Sobreira

Apresentação: Este trabalho é resultado de um projeto de intervenção, construído coletivamente pelo Programa Saúde na Escola (PSE) do município de Itaguaí (RJ), como requisito à obtenção de título da especialização “Educação Permanente - Saúde e Educação em uma perspectiva integradora”, promovida pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ). O presente projeto teve como objetivo o fortalecimento da intersetorialidade do Programa Saúde na Escola (PSE) do município de Itaguaí (RJ). A principal motivação para a elaboração deste projeto de intervenção parte do desejo de tornar a atuação do Programa Saúde na Escola (PSE) mais efetiva no município de Itaguaí. Para a elaboração do projeto de intervenção, foram realizadas três microintervenções com a participação da equipe do PSE e de alguns educadores da rede municipal de educação, fazendo uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem que privilegiassem o protagonismo dos sujeitos na análise crítica da realidade na qual se encontram inseridos. Realizou-se a delimitação dos problemas existentes no cotidiano do programa, chegando-se a seus três nós - críticos: a dificuldade de sensibilização dos educadores da rede municipal de ensino ao Programa Saúde na Escola, a pouca aproximação da equipe de Saúde junto aos educadores e a dificuldade em se incorporar temas da Saúde no cotidiano das escolas. Como resultado, estabeleceram-se quatro propostas a serem implementadas no ano de 2020: a inclusão de um docente de cada unidade escolar na reunião inaugural, usualmente realizada apenas com a participação de diretores; reunião com os docentes no primeiro dia de visitação da equipe do PSE na unidade escolar, reforçando as orientações dadas na reunião inaugural aos representantes presentes; a realização de uma Semana da Saúde na Escola, visando a aproximação entre o cotidiano dos alunos e a temática da saúde; e a realização de dois encontros anuais entre os profissionais do PSE e os educadores das escolas pactuadas pelo PSE, objetivando a melhoria da parceria entre os atores envolvidos. Espera-se que as ações propostas, elaboradas nesta construção coletiva, contribuam para o fortalecimento da intersetorialidade e do Programa Saúde na Escola (PSE) no município de Itaguaí.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9302
Título do Trabalho: RELATO DE EXPERIÊNCIA: FAZENDA ERMITAGE, DOS ESCOMBROS À RECONSTRUÇÃO DO SONHO EM CONJUNTO COM O PET-SAÚDE
Autores: Benísia Maria Barbosa Cordeiro Adell, Alice Damasceno Abreu, Erika Luci Pires de Vasconcelos, Carla Maia Sampaio Azevedo, Carolina Titoneli Gonçalves, Lidiane Pimentel Monteiro, Larissa Correa de Almeida, Lissa Avila Barbosa Carnauba, Luiza Aiglê Francisco Castilho Freitas

Apresentação: A cidade de Teresópolis, no dia 11 de janeiro de 2011 foi despertada por raios cortando os céus. Caia uma forte chuva desde às 19 horas daquele dia  que ficou marcado como a maior tragédia que acometeu a região serrana fluminense, e vários bairros de nossa cidade. A dor psicológica e física foram os primeiros problemas apresentados pelos moradores, também veio falta de água potável, energia elétrica, casas destruídas e famílias inteiras separadas, tornaram-se indigentes, sem documentos, roupas, pertences ou suas casas. O Ginásio PoliesportivoPedro Jaharaem Teresópolis foi o primeiro local a acolher as vítimas, com auxilio da gestão local, voluntários  e a  Cruz Vermelha que trabalhou para receber donativos e distribuir à população. Independente do ocorrido, a tragédia aproximou as pessoas, fazendo com que despertasse uma percepção de caridade, respeito e amor ao próximo. Surgiu após um período em que as famílias obtiveram do governo um aluguel social. O projeto da Fazenda Ermitage, processo esse que deveria ser rápido para reconstrução de vidas, estendeu-se por alguns anos. A proposta de escrever sobre a Fazenda Ermitage surgiu do grupo do Programa de Educação pelo Trabalho o PET- Saúde Interprofissionalidadedo Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO) composto por estudantes, tutores e preceptores do serviço de assistência a saúde do município de Teresópolis, revendo a necessidade de exprimir o ocorrido com a população  de 2011 dos bairros atingidos pelas fortes chuvas e quereceberam, em vista da tragédia, seus apartamentos na Fazenda Ermitage. Trata-se de um ensaio crítico-reflexivo, com um olhar sobre o território onde vive atualmente um grande numero de famílias acometidas pela tragédia de 2011. É necessárioolhar essas pessoas como um grupo heterogêneo agrupados pela necessidade, onde o território deve ser compartilhado e adaptado a todos os modos e estilos de vida, criado para posse e uso da natureza, da sociedade, para produzirem suas histórias, garantido suas subsistências e importante para despertar a capacidade epistemológica da história. Dessa forma, reagrupar essas pessoas e fazerem com que elas deem sequência as suas vidas, foi trabalhado junto a eles na construção de saberes. No dia a dia em busca de demandas e deficiências que atendam às suas especificidades de territorialização, também surge o interesse devido à ausência de estudos referentes ao conjunto habitacional, sobretudo a atual condição e localização das vítimas no espaço geográfico. Objetivo: Conhecer o território vivo, identificar seus personagens principais, observar e, quando possível, atender suas reais necessidades; sensibilizar a população daFazenda Ermitage quanto a direitos políticos e deveres; promover inclusão social destes moradores; atentar aos cuidados de saúde, promovendo a humanização do cuidado pela interprofissionalidade. Método: O estudo tratou-se de uma pesquisa qualitativa, com informações contidas no Atlas Brasileiro dos Desastres Naturais 1991-2010 e diretamente na Secretária Nacional de Defesa Civil (SNDC).Também foram revisadosartigos com os descritores “cuidados”, “tragédia”, “vida”, “território”. A base de dados foi Scielo e literatura brasileira. Desenvolvimento: O desastre natural ocorrido provocou enchentes e deslizamentos em sete municípios, foi considerado a maior catástrofe climática e geotécnica do país. Segundo a ONU, foi o 8º maior deslizamento ocorrido no mundo nos últimos 100 anos, sendo comparado a outras grandes catástrofes a provocada pelo furacão Katrina, nos Estados Unidos, em 2005. Relato dos especialistas as chuvas intensas, com duração de 32 horas, provocaram enchentes dos rios, arrastando pedras e casas. A tragédia causou não só um impacto social, como também alterações geográficas: rios, córregos e canais mudaram seus cursos; estradas, pontes e ruas desapareceram. A região sempre se caracterizou por uma grande vulnerabilidade natural, pela localização na Serra do Mar, formada por rochas com camada fina de terra e coberta por Mata Atlântica, com alta declividade e regime de chuvas intensas no verão, gerando um solos instáveis. Durante anos, encostas e margens dos rios foram focos de desmatamentos e ocupações irregulares, agravando ainda mais a vulnerabilidade da área. O Conselho Regional de Engenharia do Rio (Crea-RJ) divulgou entre 2008 e 2009, que cerca de 42 mil moradores viviam em 230 áreas vulneráveis na região serrana, onde foram construídas 10 mil casas. O Ministério do Meio Ambiente em março de 2011, afirmou em estudo que o descumprimento do código florestal estava diretamente ligado a mais de 900 mortes na região, pois casas destruídas estavam em áreas de preservação ou dentro da faixa de 30 metros de distância da margem do rio que deveria tersua vegetação nativa preservada. Instaurada pela Câmara Legislativa do Estado do Rio de Janeiro uma Comissão Parlamentar de Inquérito, após a tragédia. O governo admitiu limitações na sua capacidade de monitorar e divulgar dados sobre a vulnerabilidade do território e reconhecendo falta de planejamento da ocupação e da utilização do espaço geográfico e deficiência de fiscalização local. O governo federalrepassou R$ 100 milhões ao Governo do Rio de Janeiro e municípios, autorizou saque nas contas do FGTS e antecipou o  Bolsa-Família para cerca de 31.000 famílias cadastradas. Criando também aluguel social para os desabrigados. Em seguida, a então presidente anunciou a construção de 6 mil casas para famílias afetadas, subsidiadas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida e pelo governo estadual. A Defesa Civil do município de Teresópolisidentificou 21 bairros afetados pelo evento. O Conjunto habitacional construído está localizado em uma área onde só existem os próprios condomínios e um posto da Policia Militar. O Conjunto Habitacional contém 72 prédios divididos em 8 condomínios, abrigando 1600 famílias. Em 2019 o UNIFESO, como parte das estratégias de trabalhos interdisciplinares e multidisciplinares, reconhecendo que muitos destes esforços ainda careciam de uma proposta diferenciada, passa a contar com o PET-Saúde, realizando um processo de trabalho com práticas colaborativas, desconstruindo visões isoladas, decorridas da tradicional formação disciplinar. Assim, nosso trabalho é tecido com fatos e fotos, uma grande “exposição”, um mosaico de relatos, um varal de experiências que irá nos ensinar aos poucos como “caminharmos juntos em busca de uma prática interprofissional na área da saúde”. O trabalho do PET- Saúde Interprofissionalidadebusca fazer o registroda história de superação de cada um dos moradores da Fazenda Ermitage, valorizando trajetórias de vida que se apresentam da mesma forma que as nossas práticas e ganham também novos sentidos. Considerações finais: A partir da necessidade de superação deste paradigma disciplinar, o Centro Educacional Serra Dos Órgãos foi selecionado para fazer parte do programaPET- Saúde Interprofissionalidade, que tem como principal objetivo a Educação Interprofissional em Saúde com práticas colaborativas, com a oportunidade de romper a atuação isolada dos diferentes profissionais, colaborar para mudanças na formação e nas práticas dos serviços. Como trabalhar com o PET- Saúde em território com cerca de 8.000 moradores que, em comum, têm marcas da tragédia de 2011? Faz-se necessário entenderelementos que antecederam a construção da Fazenda Ermitage. Os desastres naturais são poucos pesquisados no âmbito da Saúde Coletiva no país. Deve-se analisar a inter-relação entre esses eventos e seus impactos sobre a saúde, explorando os dados afetados, de morbidade, mortalidade e expostos, demonstrando tipos de impactos. Ao final propõe-se uma participação mais ativa do setor de saúde na agenda política global, com foco no desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e reabilitação para reduzir o impacto dos desastres sobre a saúde.


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Trabalho nº 7259
Título do Trabalho: A MONITORIA COMO FERRAMENTA DE DISCUSSÃO PARA A REFORMULAÇÃO CURRICULAR – CONSTRUÇÕES COLETIVAS
Autores: Izabel de Aguiar Alves Peixoto, Mary Ann Menezes Freire, Annanda da Silva Pereira Mattos, Izabela Da Silva Pinheiro, Sara Soares Ferreira da Silva, Lucas Fernandes Gonçalves

Apresentação: A indagação e a exploração das experiências de ensino e aprendizagem ao longo dos últimos semestres serviu de fio condutor para construção de novas formas de fazer e pensar a Epidemiologia junto aos alunos do curso de Graduação em Enfermagem. Nesse sentido, um dos fios condutores da disciplina durante o ano de 2019 tem sido o estudo e a compreensão do desenvolvimento da mesma junto aos alunos e no contexto de discussão do novo currículo, baseado nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais, em processo de discussão. Dessa forma, buscou-se apreender as expectativas e aproveitamento dos discentes durante a disciplina, além de sua inserção curricular. Desenvolvimento: Para tal, foi aplicado um questionário semiestruturado aos alunos que cursaram a disciplina em 2019.1 e outros que já haviam cursado. Com o produto, foram criadas nuvens de palavras, caracterizando expectativas e aprendizados. Uma nuvem de palavras é uma representação visual da frequência e do valor das palavras. É usada para destacar com que frequência um termo ou categoria específica aparece em uma fonte de dados. Já para as perguntas abertas, as respostas foram tabuladas em arquivo de Excel. Resultado: As nuvens de palavras trouxeram ‘conhecimento’, ‘muito trabalho’, ‘medo’, ‘muito conteúdo’, traduzindo expectativas dos discentes. Pode-se perceber que, para os alunos que estavam iniciando a disciplina em 2019.1, a inserção da disciplina de Epidemiologia e Enfermagem em períodos diferentes no currículo, não faz muita diferença, alguns acreditam que seria benéfico cursar junto com Bioestatística, outros discordam. Já para quem já cursou as disciplinas de Bioestatística e Epidemiologia e Enfermagem, grande parte afirmou ser melhor mantê-las em períodos distintos. Dando uma ideia de continuidade e melhor aproveitamento cursando primeiro Bioestatística e depois Epidemiologia e Enfermagem. Considerações finais: O elemento fundamental dessa proposta é o fato de tomar como ponto de partida, para o processo de inovação do saber-fazer, a experiência do processo pedagógico vivido não apenas no curso de uma disciplina, mas também para protagonizar as transformações da realidade de ensino como base da argumentação para a construção de novas discussões no processo de elaboração de um novo currículo. A monitoria deve ser compreendida também como mais que uma forma de intervenção, que envolve tanto alunos quanto professores, mas sim uma forma de modificar, inovar e/ou ressignificar o sentido do trabalho educativo.


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Trabalho nº 5732
Título do Trabalho: PERFIL DOS ATENDIMENTOS DO SAMU EM SÃO LEOPOLDO DE 2012 A 2016 E A CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA OS SOCORRISTAS
Autores: LAERCIO Ari KERBER

Apresentação: O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) da cidade de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, desempenha um papel importante na rede de atenção às urgências e emergências, não somente naquela cidade, como também em cidades vizinhas que acabam recebendo atendimento daquela unidade. A capacitação dos socorristas é realizada pelo Núcleo de Educação Permanente (NEP), que mantém um importante trabalho de capacitação e qualificação de seu quadro funcional e de socorristas de outras cidades, que enviam seus servidores para estagiar naquela unidade. Como acontece em todas unidades de atendimento pré-hospitalar, comumente as equipes precisam atender vítimas de violência interpessoal, pacientes de doenças crônicas em condições agudas, mulheres em trabalho de parto, crianças com as mais diversas situações de agravos. O atendimento a essas situações exige um conhecimento e um preparo diferenciado das pessoas envolvidas. O socorrista diante da situação de urgência precisa saber agir corretamente, para não agravar a situação de seu paciente e para não colocar em risco a sua segurança pessoal. Diante dessa complexidade de situações, considerando a imprevisibilidade das urgências, o NEP tem dificuldade para definir treinamentos que atendam a necessidade de seus profissionais. Neste estudo foram analisados os atendimentos do SAMU São Leopoldo, de forma a identificar o perfil dos atendimentos. De posse destes dados, foi apresentado ao NEP de São Leopoldo uma sugestão de capacitação, baseada nas situações mais frequentes do cotidiano dos atendimentos, de forma a contribuir para a construção de práticas educativas voltadas à formação técnica profissional dos socorristas.


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Trabalho nº 8296
Título do Trabalho: ENTRE IDAS E VINDAS: CONSTRUINDO FLUXOS E FORTALECENDO REDES DE CUIDADO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL REI
Autores: Tatiana Teixeira de Miranda, Ana Paula da Silva Santos, Korian Leite Carvalho, Bárbara Diniz Viana, Bianca de Araújo Liboreiro, Ana Luiza Morais, Lorena Eduarda Mendes Santos, Sofia Rezende Paes

Apresentação: O presente relato trata-se  da experiência do primeiro ano de um programa de extensão da Universidade Federal de São João Del Rei. O programa tem como objetivo promover o fortalecimento e maior articulação da rede de enfrentamento à violência contra a mulher do município de São João del Rei. Em sua primeira etapa, propôs o mapeamento da rede de acolhimento de mulheres em situação de violência no município de São João del Rei, identificando os dispositivos jurídico-políticos, policiais, assistenciais e da saúde que se articulam com o acolhimento dessa população. Essa etapa teve como foco a identificação dos pontos de acesso das mulheres em situação de violência à rede, bem como os encaminhamentos realizados junto a essas mulheres pelos profissionais envolvidos e as possibilidades de articulação entre os elementos da rede. Em seguida, foi proposto a elaboração e divulgação de material informativo acerca da rede de acolhimento à mulher em situação de violência, nos pontos de acolhimento. Espera-se que o material gráfico informativo auxilie na divulgação da rede de enfrentamento e na difusão de informações adequadas sobre a violência contra a mulher.  A segunda etapa do programa, que será realizada no segundo ano do programa,  consiste na realização de capacitação dos (as) trabalhadores (as) de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de São João Del Rei, com vistas a capacitar as Equipes de Saúde da Família sobre os tipos de violência contra a mulher, formas de identificá-los e abordá-los, além de promover esta Unidade Básica de Saúde como ponto de referência para o acolhimento de mulheres em situação de violência na atenção básica no município.


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Trabalho nº 10857
Título do Trabalho: TERRITÓRIO SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: ESTUDO DE CASO DE UMA OFICINA PARA A CONSTRUÇÃO DE PLATAFORMA PARA GEORREFERENCIAMENTO DAS OFERTAS PARA A PSR
Autores: Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Márcia Helena Leal, Rosana Ballestero Rodrigues, Stella Gomes Alves dos Santos, Carina Maria Batista Machado, Guilherme Augusto Pires Gomes

Apresentação: Este trabalho apresenta um estudo descritivo e exploratório sobre a elucidação dos problemas da fase de pré-protótipo de um sistema que visa a promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis para pessoas em situação de rua (PSR) e para a qualificação dos processos de trabalho de equipes e serviços que trabalhem junto à essa população, por meio do mapeamento das ofertas e integração de ações, serviços e políticas que possam colaborar para a consolidação e sustentabilidade das ofertas para a PSR, com ênfase para as equipes de Consultório na Rua, em âmbito nacional através do desenvolvimento de sistema de georrefenciamento colaborativo online que identifique ofertas de atendimento às pessoas em situação de rua para uso por profissionais. Tendo em vista o compromisso com a Agenda 2030, a Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ vem trabalhando desde 2016 em favor da jornada coletiva para o alcance dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável - ODS. Nesta perspectiva, o trabalho se insere no âmbito do posicionamento estratégico da Fundação a partir do foco na construção de territórios saudáveis e sustentáveis para PSR. Por meio de uma estratégia institucional bem delimitada, que incorpora o documento da ONU a seu desenvolvimento estratégico, a FIOCRUZ destaca a importância de se considerar a determinação social da saúde e parte do entendimento de que esta última tem um forte potencial de integrar direitos humanos, políticas sociais, respeito ao meio-ambiente, inovação e base produtiva. Partindo do entendimento de que os territórios geram transformações e são transformados por processos de desenvolvimento local, regional e global, a escolha pela construção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis - TSS se deu a partir do foco na proposição e no desenvolvimento de ações territorializadas e contextualizadas. A partir deste conceito e de que a saúde se constitui como componente essencial do desenvolvimento sustentável, propõe-se o foco em ações intersetoriais. Neste contexto, destaca-se que, em face de suas especificidades, o atendimento às PSR acaba por se constituir, de uma forma geral, como um grande desafio para as políticas públicas, exigindo ações articuladas para a conquista de seus objetivos. A proposta de inovação em saúde parte dos princípios da integralidade, da universalidade e da equidade o SUS prevê como sua principal porta de entrada a Atenção Básica – AB, definida como um conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas. Esta, é desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e de gestão qualificada, sendo ofertada integralmente e gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e com as demandas do território, considerando os determinantes e condicionantes de saúde. Diante disto, a definição de diretrizes e de responsabilidades para que gestores e trabalhadores possam atuar em favor da Atenção Básica é descrita na Política Nacional de Atenção Básica – PNAB. Dentre as diretrizes descritas, destaca-se com maior ênfase na proposta do presente trabalho a territorialização, a resolutividade e a coordenação do cuidado. Desenvolvimento: A construção da plataforma está dividida em quatro fases, seguindo o método proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o monitoramento e avaliação de intervenções de saúde digital, quais sejam: (1) Pré-protótipo, (2) Protótipo, (3) Piloto e (4) Demonstração. Cada fase segue o método proposto por Johnston et al, o qual consiste em ciclos de três etapas: (a) elucidação dos problemas, (b) design do sistema e (c) avaliação. O estudo utilizou-se de revisão bibliográfica, realização de oficinas, observação participante e análise documental para a identificação, descrição e exploração de como atores diversos relacionados à promoção de direitos à PSR colaboraram com a elucidação de problemas, ampliação do escopo e desvio de rota de uma proposta de intervenção digital, a fim de atender a real necessidade dos profissionais e atores envolvidos. A pesquisa consta com parecer de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Fiocruz Brasília cujo número do parecer é: 3.774.966. A fim de validar a proposta de construção de uma ferramenta online colaborativa de georreferenciamento para a oferta dos serviços para as pessoas em situação de rua no Distrito Federal, foi pensada uma oficina com trabalhadores e gestores, afim de reunir trabalhadores e gestores dos serviços de saúde, assistência social, educação, garantia de direitos, ONGs, serviços e equipes do 3º setor, entre outros atores dos territórios do Distrito Federal, que de algum modo se relacionam com a PSR. A metodologia de trabalho desenvolvida na oficina consistiu em 3 etapas: painel de abertura, discussão em grupos e plenária final. No Painel de abertura realizou-se a apresentação de diferentes perspectivas sobre o tema do trabalho em rede e o uso da tecnologia. Para a discussão em grupos foram apresentadas questões norteadoras. Neste momento, o painelista e demais convidados se dividiram em 5 grupos e conversaram sobre as questões apresentadas. Os conteúdos discutidos pelos participantes foram anotados em cada grupo por um relator, escolhido entre eles. Para a plenária final foram apresentados e debatidos o resultado das discussões. Pesquisadores do grupo de trabalho se organizaram para fazer anotações sobre o que estava sendo discutido, assim como a sistematização da observação participante. Resultado: A partir dos achados da revisão bibliográfica, análise documental e observação participante da oficina, a proposta da plataforma de georreferenciamento foi ampliada para o desenvolvimento de um Portal Pop Rua Fiocruz Brasília - portal on-line - para a comunicação interprofissional e divulgação de experiências voltadas para a promoção de TSS para PSR, que abarque a plataforma de georreferenciamento e a prospecção e análise de boas práticas implementadas quanto à organização do processo de trabalho das eCR com foco na ampliação do acesso à saúde para a PSR (incluindo saúde bucal) e o desenvolvimento validação e implementação de comunicação interprofissional com foco na organização de processo de trabalho, fomento e qualificação do uso do e-SUS AB e ampliação do acesso à saúde (incluindo a saúde bucal). Considerações finais: Observou-se como fundamental a participação ativa e as considerações dos atores envolvidos na oficina para a reformulação da proposta de inovação web para o SUS. Importante ressaltar que a iniciativa busca romper com a indefinição da agenda clínico operacional (processo de trabalho) das eCR (objetivos, ofertas clínicas, indicadores e estratégias de monitoramento e avaliação). Esta se dá pelo esvaziamento da dimensão política do trabalho, não ocupação da agenda da Atenção Básica e do SUS, em prol da agenda exclusiva dos direitos, por vezes na categoria acesso deslocada da agenda clínico operacional. Essa posição não legitima a clínica como uma agenda política, não relaciona e valida a universidade e a formação como agenda estatal central para o SUS; além de não contribuir para a ocupação da agenda do território e suas estratégias de circulação para a PSR (TSS).


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8298
Título do Trabalho: REFLEXÕES SOBRE A CONSTRUÇÃO DOS CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES: POSSÍVEIS IMPACTOS NO CUIDADO AOS HOMENS
Autores: Carolina Oliveira Coutinho, Cristiane Marques Seixas

Apresentação: Os transtornos alimentares (TAs) possuem relevância não somente no plano clínico-individual, mas também constituem uma realidade emergente como questão de Saúde Coletiva. Apesar das primeiras descrições médicas sobre os TAs já incluírem o relato de meninos com sintomas característicos, a atenção sobre a ocorrência de distúrbios do comportamento alimentar na população masculina permaneceu marginalizada na medicina, sendo justificada pelo reduzido número de casos identificados. Entretanto, considerando-se o modo como as concepções de homem são formuladas culturalmente e o papel e lugar de poder ocupado pela biomedicina na produção de saberes e na reprodução de valores característicos de um contexto cultural, argumenta-se que as diferenças nas taxas de prevalência de TAs podem refletir um viés de gênero das atuais conceituações e critérios diagnósticos por meio de uma distinção nosológica que pode, por si mesma, ser tendenciosa na detecção dos quadros em mulheres. Ainda, levando-se em conta que o exercício profissional traduz valores e crenças de determinada sociedade em um contexto histórico específico, é possível que a medicalização e o modelo hegemônico de masculinidade desqualifiquem e sejam negadores de determinados carecimentos e necessidades de saúde aos homens, como aqueles inerentes aos quadros de TAs. Assim, este trabalho tem como objetivo refletir sobre a construção dos critérios diagnósticos de TAs e as possíveis implicações na detecção e cuidado dos homens. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa em que se realizou levantamento bibliográfico nas bases de dados Medline, Lilacs e Portal de Periódicos Capes utilizando os descritores “transtornos alimentares”, “DSM” e “critérios diagnósticos” em português e inglês e em combinação, com o intuito de aprofundar a compreensão sobre o tema. Além disso, realizou-se leitura crítica das versões do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria, principal ferramenta utilizada no Brasil para diagnóstico de transtornos mentais. A partir da análise realizada, reforça-se a suposição de que os TAs como são atualmente conceituados podem ser considerados construtos ligados ao gênero. Um claro exemplo disto é o fato de que a amenorreia permaneceu como um critério diagnóstico para anorexia nervosa até o lançamento do DSM-5, em 2013, sem que fosse apontado um critério análogo para homens. Ainda, estudos demonstram que a descrição dos critérios necessários para diagnóstico de compulsão alimentar, sintoma que pode estar presente em todas as principais categorias diagnósticas de TAs, podem não expressar experiências masculinas. Desta forma, existe uma possibilidade amplamente inexplorada de que os homens possam experienciar e expressar sintomas de transtornos alimentares de maneiras diferentes das mulheres possivelmente como resultado de seu papel social de gênero. O reconhecimento destas variantes nos permite repensar os limites das análises realizadas no campo dos TAs e faz-se fundamental para se ampliar não só as possibilidades de investigação acadêmica dessa temática, como também o exercício da clínica.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11884
Título do Trabalho: USO DO BRAINSTORM COMO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO COLETIVA DE NOVOS CAMINHOS PARA A MELHORIA DO INDICADOR DA COLETA DE PREVENTIVO
Autores: LUCIA MARQUES DE FREITAS, JOCILANE LIMA DE ALMEIDA VASCONCELOS

Apresentação: O câncer de colo do útero é uma doença que pode ser detectada precocemente é considerado o terceiro em incidência entre as neoplasias femininas no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer – INCA estima que para cada ano do triênio 2020/2022 sejam diagnosticados 16.590 novos casos de câncer de colo do útero no país. Apesar do empenho da área da saúde em informação da população, ampliação e disponibilização do exame em rede pública, tem se mostrado uma doença que ainda apresenta altas taxas de morbimortalidade. Em  Manaus, no ano de 2019, foram coletados 87.549 preventivos, na faixa etária de prioritária  de 25 a 64 anos. Em novembro  de 2019, através da Portaria Nº 2979, o Ministério da Saúde - MS, instituiu no âmbito do SUS o Previne Brasil  que estabelece um novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, tendo como um dos seus eixos a atenção a Saúde da Mulher priorizando o indicador cobertura de exame Citopatológico, visando monitorar a capacidade da equipe em realizar a captação das mulheres da sua área abrangência que se enquadram no perfil de risco para desenvolvimento de câncer do colo do útero facilitar o acesso ao exame supracitado. (Brasil, 2019). A intervenção em tempo oportuno das situações de risco, através da detecção precoce e do rastreio das lesões precursoras aliados a um sistema um sistema ágil de referência assegura a mulher o diagnóstico seguro do câncer de colo do útero antes que ele se desenvolva. Desenvolvimento: A oferta da coleta de preventivo tem contribuído para a melhoria da qualidade da assistência a saúde da mulher. As unidades de atenção primária devem realizar o rastreio na faixa etária de 25 a 64 anos, priorizando aa busca ativa das mulheres além da  livre demanda no atendimento, articulando-se com os serviços de apoio diagnóstico de modo a assegurar um desfecho e encaminhamentos seguros para as possíveis variáveis de resultados que se apresentarão. A Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA tem sob sua responsabilidade 227 Unidades Básicas de Saúde e 240 Unidades da Estratégia Saúde da Família, divididas entre cinco distritos de saúde, a saber norte, sul, leste, oeste e rural. Em conformidade com o preconizado pelo Instituto Nacional do Câncer - MS a área técnica da Saúde da Mulher desenvolve um trabalho de educação permanente, monitoramento, acompanhamento e planejamento das ações voltadas para prevenção do câncer de colo do útero. Na sede da SEMSA, está o Núcleo de Saúde da Mulher que conta com um grupo de profissionais, que realizam atividades de suporte aos distritos de saúde, no que concerne ao desenvolvimento da política do referido programa. Cada distrito de saúde também possui uma referência técnica da área saúde da mulher que desenvolve suas atividades em consonância com a sede, está mais próxima das unidades de saúde, podendo assim acompanhar mais diretamente os processos de trabalho. As unidades de saúde são orientadas a desenvolver a captação das mulheres   através do rastreio organizado quando são realizadas busca ativa e agendado o exame e do rastreio oportunístico aproveitando a presença da mulher na unidade, e se ela estiver preparada, será oferecido o exame. Após a publicação da Portaria 2979, foi realizada uma ampla reunião com os técnicos de saúde distritais tendo como foco o levantamento individual das unidades que estavam com os resultados baixos estes dados foram apresentados a todos que iniciaram uma tempestade de ideias, brainstorm com sugestão de melhorias. As unidades que com menor desempenho foram chamadas e ouvidas sobre seus desafios e problemas para alcance das metas dentre os fatores apontados foram relatados: medo, desinteresse da mulher em realizar o exame preventivo, agendas fechadas em um dia (manhã ou tarde) para realização do exame, desconhecimento sobre o registro dos códigos corretos no prontuário eletrônico do cidadão – PEC, que implica também em perda de produção, não atualização do cartão SUS da usuária, o que faz com que alguns procedimentos possam ser anulados. Foram realizados alinhamentos, pactuações e a partir daí elencadas as seguintes sugestões: Revisão do passo a passo do rastreio organizado; Implantação do livro eletrônico para registro da coleta do preventivo, foi fornecido as unidades no dia da reunião; Orientação in loco acerca dos códigos corretos a serem utilizados no registro da coleta do preventivo no PEC e para o registro da coleta do preventivo; Construção de uma agenda de reuniões mensais e visitas in loco, com a finalidade de esclarecer dúvidas, reforçar orientações acerca do indicador, compartilhamento de estratégias exitosas; Realização de atividades educativas voltadas para as mulheres a fim de ouvi-las esclarecer as dúvidas e medos das mesmas sobre o exame e as possíveis consequências da não realização do mesmo; Resultado: Esta intervenção com vistas a melhorar os processos de trabalho tem possibilitado as equipes de saúde um olhar diferenciado às mulheres que estão sobre sua responsabilidade, ampliando a possibilidade de identificação das mulheres que por medo, desconhecimento ou outros motivos, deixam de realizar o exame preventivo, tal mudança favorece a promoção e a continuidade do cuidado e o desenvolvimento de ações de prevenção. As equipes de saúde têm estado mais atentas as mulheres que deixam de comparecer ao exame agendado, realizando busca ativa das mesmas. Se elas estão na unidade de saúde aproveitam o momento do comparecimento e fazem a oferta do exame. Como resultado desse processo, observa-se uma melhora ainda tímida, porém ascendente desse indicador, esta é uma experiência que tem sido bem aceita e que tem encorajado os profissionais a refletirem sobre a necessidade das mudanças e revisão dos processos de trabalho. As ações e intervenções que foram definidas por ocasião da reunião com esses profissionais, estão sendo acompanhadas por meio de visitas as unidades e compartilhamento de informações, com isso pretende se melhorar os indicadores de saúde da mulher além de promover a motivação e adesão para o alcance das metas pactuadas. Considerações finais: Apesar da ampliação da cobertura da atenção básica do município de Manaus, a qualidade da assistência e o acesso aos serviços ainda são uma grande preocupação para a saúde pública. O comparecimento da mulher na Unidade de Saúde é um momento de suma importância no qual as equipes podem avaliar as condições de saúde da mesma, oferecendo assistência de forma integral, apoiando e orientando no que concerne as principais dúvidas relativas ao exame coleta de preventivo sem esquecer do contexto social no qual essa mulher se encontra inserida.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10354
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DE SABERES COM PACIENTES CHAGÁSICO: DISCUSSÕES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Autores: Antônia Suellen Fernandes Dantas, Rita de Cássia da Silva Medeiros, Bianka Andressa de Oliveira Medeiros, Camila Mesquita Soares, Maria Bianca Brasil Freire, Fernanda Mariany de Almeida Menezes Freire, Ellany Gurgel Cosme do Nascimento, Cléber de Mesquita Andrade

Apresentação: A Organização Mundial de Saúde reconhece a Doença de Chagas (DC) como uma das 17 doenças tropicais negligenciadas e entre as doenças infecciosas e parasitárias, a de quarto maior impacto social. No Estado do Rio Grande do Norte, a estimativa de soroprevalência é de 6,5% na mesorregião Oeste, tendo apresentado aumento progressivo com a idade até 50 anos, predominantemente de área rural, em casas propícias ao abrigo de triatomíneo (taipa). Nesse contexto a educação popular entra como proponente de uma nova forma de construir conhecimento; ela é compreendida como perspectiva teórica orientada para a prática educativa e o trabalho social, voltada de forma intencional à promoção da autonomia das pessoas, à formação da consciência crítica, à cidadania participativa e à superação das desigualdades sociais. As demandas de ações de prevenção e promoção à saúde visam sobretudo capacitar as pessoas a realizar completamente seu potencial de saúde e de vida. É nesse contexto, que se insere a sala de espera, pois possibilita a abordagem dos usuários nesse espaço que estão aguardando atendimento, possibilitando o acesso ao conhecimento necessário para a busca e/ou a manutenção de melhor qualidade de vida, garantindo um cuidado humanizado considerando as necessidades dos usuários. Diante do que foi exposto, objetivou-se descrever as ações de educação em saúde implementadas pela equipe multiprofissional composta por nutricionista, enfermeira, assistente social, biólogo, farmacêutico e médicos, num ambulatório especializado em atendimento de pacientes com Doenças de Chagas, na Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, no período de março a dezembro de 2019, no município de Mossoró/RN. As atividades educativas ocorreram às quartas-feiras no turno matutino com duração média de 1 hora. Participaram das atividades os usuários e seus acompanhantes que aguardavam atendimento clínico e realização de exames. A metodologia empregada foram rodas de conversas e metodologias ativas. Nos encontros foram abordadas diversas temáticas, como: Trabalhando as emoções e estimulando o autocuidado; orientações nutricionais específicas para paciente chagásico, mitos e verdades sobre a doença, transmissão e tratamento. Os facilitadores prezaram pelo uso de uma linguagem simples e acessível para que o grupo ficasse à vontade para contribuir com informações, dúvidas e relatos de experiências pessoais. Foi atingindo um público médio de 10 a 15 pessoas em cada encontro, de faixas etárias variadas. Percebemos que os pacientes tinham uma carência de informações sobre a doença e ansiedade quanto à evolução da mesma, o que possibilitou a equipe sanar algumas dúvidas e transformá-los em potenciais multiplicadores de informações. Percebeu-se que as ações de educação em saúde foram de suma relevância para todos os envolvidos, gerando aproximação e fortalecimento dos vínculos entre profissionais de saúde e usuários, propiciando uma escuta qualificada, integração e troca de saberes, percebendo-se as diversas nuances e responsabilidades que cada respectiva área da saúde possui a respeito da doença, fortalecendo a importância do trabalho multiprofissional. A sala de espera visa à melhoria da adesão ao tratamento, o cuidado continuado e os impactos positivos na qualidade de vida desses pacientes.


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Trabalho nº 8824
Título do Trabalho: PRÁTICA DE CAMPO E UBS FLUVIAL: CONSTRUINDO UM NOVO OLHAR PARA FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS NO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA.
Autores: Melissa Bruna Vieira Dos Santos, Jaynne De Souza Dantas, Alexandre Paes De Oliveira, Denise Souza Da Silva, Carlos Eduardo Bezerra Monteiro, Patrícia Dos Santos Guimarães

Apresentação: Trabalho do tipo relato de experiência, que visa descrever  experiências de um Estágio Rural realizado em Comunidades ribeirinhas, durante a disciplina Saúde das Populações Amazônicas, ofertada no primeiro semestre de 2019 para turma do 8° Período  do curso de Enfermagem, no Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas (ISB-UFAM) no município de Coari-Am. Objetivo: Relatar, a partir do ponto de vista do graduando, o impacto positivo gerado pela experiência de acompanhar uma Ubs Fluvial em atendimento pelas comunidades Ribeirinhas no interior de Coari-Am. Desenvolvimento: Durante dois dias, 32 alunos e um preceptor do curso de Enfermagem da UFAM puderam acompanhar e contribuir com as ações de uma Unidade Básica de Saúde Fluvial, que atende de acordo com um cronograma interno, durante 15 dias ininterruptos, algumas das 208 comunidades Ribeirinhas que se distribuem ao longo de rios e lagos da região. O transporte fluvial dos acadêmicos se deu através de uma embarcação cedida por meio de uma parceria da Insituicao de ensino com a Secretaria de Saúde do município. Durante dois dias a Ubs fluvial atendeu em duas comunidades mais de 150  pessoas  no consultório médico e de enfermagem, várias  coletas de exames preventivos, vacinação e outros atendimentos como exames laboratoriais, aplicação de medicações  e curativos. Nos atendimentos, os problemas mais comuns eram: Parasitose, escabiose, diabéticos e hipertensos descompensados, curativos em mordeduras de animais, viroses e doenças diarreicas. A estação era de cheia ou enchente, então, as visitas domiciliares foram realizadas em canoas, durante as quais  também foram inseridas ações  de educação em saúde para as famílias. Resultado: O acadêmico e futuro profissional de saúde se depara constantemente com situações que necessitam de um aprendizado mais realista, que foge à sala de aula e o liga diretamente com o meio no qual está inserido. A experiência de ir ao encontro do cliente ribeirinho e sua família através de uma Ubs Fluvial é inovadora e evidencia de forma surpreendente a necessidade de mais práticas como essa, que inserem o estagiário em uma situação peculiar e real, com pessoas reais que só desfrutam de atendimento de saúde poucas vezes em vários meses e possuem fatores de risco elevados para muitas doenças. Tais comunidades têm demandas extensas e poucos recursos para o tratamento de enfermidades, dependendo totalmente dos recursos físicos e humanos ofertados pela Ubs, podendo levar horas e até dias para ter acesso à atendimento médico-hospitalar. Conhecer e saber atuar em tal realidade requer conhecimento e adaptações de tais conhecimentos para que a assistência seja funcional e assertiva à longo prazo. Considerações finais: O Impacto desse recurso na aprendizagem gerou muitas discussões e questionamentos por parte dos universitários à  cerca das atividades práticas, pois demonstrou de fato, a necessidade de expandir e criar novas ferramentas e oportunidades para práticas de  campo em parceria com recursos já fornecidos pelo Sistema unico de Saúde (SUS), tornando a graduação um canteiro com mais  experiências práticas reais e enriquecedoras.


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Trabalho nº 6277
Título do Trabalho: HIV/AIDS NA (RE)CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE: UM DIÁLOGO ENTRE SUS E ACADEMIA
Autores: Liney Maria Araujo, Roberto Kazan, Joseph Rodrigues de Rosa, Kamylla Cavalcante Taques dos Reis, Marcelo Picinin Bernuci, Rejane de Sousa Barros Campos, Stefânia Pinto Mota, Tania Maria Gomes da Silva

Apresentação: Ao se expressar sobre o cuidado de prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento das Pessoa Vivendo com HIV/AIDS (PVHA) todos os discursos, obrigatoriamente, perpassam a questão puramente fisiopatológica da pessoa adoecida. Em breve retrospecto, houve o surgimento de uma doença que levava a pessoa ao óbito mesmo antes de ter seu diagnóstico. Não tardou e a misteriosa doença foi classificada como Síndrome da Doença Adquirida (AIDS). A sigla, a partir daí, virou sinônimo de um constructo equivocado de gênero e sexualidade, época em que esses conceitos, quando relacionados à AIDS, se resumiam à homossexualidade masculina nos seus mais rasos codinomes. Das justificativas para tal atitude, se posta esta, que no início da epidemia, princípio dos anos 80, a sociedade leiga, homofóbica e científica, com a contribuição da mídia, categorizou um grupo de cinco eleitos como responsável pela disseminação da doença e, dentre esses escolhidos, aos homossexuais masculinos coube quase que a total exclusividade dessa responsabilidade, traduzida em “culpa”. Esse valor de julgo teve tamanha contundência que essa “culpabilidade” perdura até os dias atuais. O que é explícito nos acolhimentos das pessoas com esses agravos, onde se vê que toda a sua história de adoecimento psico/emocional muito antes do físico, está intimamente ligada à sua sexualidade e sua transversalidade, como por exemplo: o gênero e a orientação sexual. Foi com zelo nessas pautas e também para a distribuição dos antirretrovirais que o Brasil, em 1996, idealizou e implantou em algumas capitais do país, o Serviço de Assistência Especializada em IST/HIV/AIDS (SAE). E, uma das condições para o funcionamento desse serviço era possuir uma equipe multiprofissional cuidadosamente capacitada, não somente no fator fisiopatológico do HIV/AIDS, mas também na temática sexualidade. Em Cuiabá, o SAE foi inaugurado em 1998 e atualmente conta com quase cinco mil usuários PVHA cadastrados. Todas as ações desenvolvidas nesse ambulatório são totalmente subsidiadas pelas políticas públicas do Ministério da Saúde e em consonância com os movimentos sociais. Pela própria característica dos agravos ali assistidos, os usuários trazem suas demandas focadas essencialmente na questão da sexualidade, gênero e orientação sexual. Para além da questão do adoecimento da PVHA, a aplicabilidade teórico/prática dos conceitos de sexualidade, gênero e orientação sexual é tido como um diferencial no aprendizado dos acadêmicos e residentes de saúde da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que buscam o SAE como campo de aprendizado. Principalmente porque tais conceitos não compõe a estrutura curricular das universidades, necessitando ser interpretados e formulados com um ensino que vai do ideal para o real e, que transponha o imaginário desses acadêmicos e residentes, para que assim possa gerar um aprendizado concreto. Ante a esse contexto justifica-se apresentar este trabalho pois, com a academia dentro do serviço, o aprendizado in lócus se torna vivência. Desenvolvimento: Ter o SAE/Cuiabá como lugar de fala faculta privilégios ímpares como, por exemplo, poder historicizar o movimento científico/social/político do HIV/AIDS. É inegável que o advento da epidemia do HIV/AIDS, trouxe a sexualidade para ser debatida no mundo inteiro, tornando-a um objeto “privilegiado” no olhar de cientistas, religiosos, psiquiatras, antropólogos, educadores, passando a se constituir, efetivamente, numa questão de suma importância. Apesar da homossexualidade e o sujeito homossexual não serem invenções do século XIX, o consciente ou inconsciente individual induz aos piores pontos de vista da sociedade ao se pronunciar sobre esse tipo de orientação sexual, suscitando preconceitos e resultando em opiniões coletivas negativas. É exatamente para a inversão desse equivoco coletivo que o SAE/Cuiabá se propõe como um espaço de viva atuação da trilogia Academia/Serviço/Usuário, onde o ensino/aprendizado favorece a reformulação do intelecto, antes baseado apenas em convicções biológicas. Veja, há aplicabilidade de conceitos antes “periféricos” como sexo, que biologicamente seria fixo - macho/fêmea, agora sob uma nova perspectiva que aborda também o gênero – feminino/masculino, um constructo sociocultural. Já o desejo, esse sim está direcionado a sexualidade humana. Para quem “endereçar” esse desejo é que está ligado a algumas definições como: gay, lésbicas, bissexuais, pansexuais, heterossexuais etc., tida como a orientação sexual. Antes do advento do HIV/AIDS, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fundamentou o conceito de sexualidade, como sendo uma corporatura do ser humano ao longo sua vida, fazendo parte da personalidade de cada um. É algo que influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações, compreendendo o sexo, as identidades e os papéis de gênero, orientação sexual, intimidade e reprodução. Tal qual a saúde física e mental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito básico e fundamental do ser humano. E reitera-se, a sexualidade não é sinônimo de coito e não se limita à ocorrência ou não de penetração, perpassando assim a banalidade a ela atribuída. No tocante a gênero, em uma definição simplificada, seria um produto das relações sociais que é assimilado, representado e institucionalizado, repassado de uma geração para outra, baseado nas diferenças anatômicas percebidas entre os sexos, que configura o primeiro campo no qual as relações de poder se articulam. O movimento de ensino torna essas temáticas obrigatórias para um novo aprendizado, favorecendo uma mudança no (re)pensar da construção ou desconstrução das representações coletivas de gênero e sexualidade. A partir daqui os envolvidos tem uma percepção individual, coletiva e do desenvolvimento social diante de um histórico real de vida do usuário. Resultado: Os profissionais do SAE diariamente reforçam, para os acadêmicos e residentes da saúde, que não há papéis biologicamente inscritos na natureza humana, caso contrário, o próprio serviço seguiria obstinado na reprodução de protótipos biomédicos de patologia e com arranjo rígido que favoreça a tecnicidade e o mecanicismo, em detrimento de um olhar sobre a saúde em sua ampla complexidade do físico e psicológico. O serviço faz questão de inserir no contexto desses “aprendizes” as políticas públicas direcionadas ao HIV/AIDS, onde se sequencia um discurso mais sistemático e argucioso, mesmo que de tenros significados, principiando por palavras elementares como sexo, gênero, desejo e sexualidade. O principal intuito vem sendo alcançado, aguçar nos envolvidos uma consciência assistencial que enxergue as PVHA ali assistidas de maneira não fragmentada ao expor o seu significativo “roteiro de vida”, pautando as condutas dos futuros profissionais de saúde de maneira holística e humanizada, independentemente do gênero ou sexualidade. Resulta-se, assim, em elaboração de ações educativas e resolutivas, com um único propósito, atingir o consciente e o inconsciente de todos do coletivo para o revés da penosa situação social vigente, que ainda teima em enxergar a sexualidade do indivíduo com HIV/AIDS antes mesmo de vê-lo enquanto pessoa livre para direcionar seus desejos sexuais. Considerações finais: A luta pela equidade “sexual” ultrapassou décadas e se fortaleceu a partir da chegada do HIV/AIDS. Esta prática política/social ainda está restrita a um seguimento populacional excluído, enquanto outras categorias permanecem no anonimato, incluindo-se aqui as PVHA que por vezes pertencem as duas categorias citadas. Portanto, auxiliar a academia de saúde a colocar em prática uma teorização mais profunda de gênero e sexualidade, certamente subsidiará a eliminação das fragilidades visíveis entre esses usuários e a sociedade em geral. São parcerias de suma importância para eliminar ideias fixadas em um entendimento apenas biológico e invariável. Por fim, há de se entender que essa engessada percepção traz sofrimento ao psicológico e ao físico de todos os envolvidos na relação serviço-sociedade-usuários.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11910
Título do Trabalho: A CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DE UM DISPOSITIVO DE CUIDADO ÀS PESSOAS COM DOENÇAS CRÔNICAS
Autores: DANIELY QUINTÃO FAGUNDES, TULIO BATISTA FRANCO, MIRIAN RIBEIRO CONCEIÇÃO, STEFANO SIMONI

Apresentação: Há em curso um projeto de cooperação internacional entre a Região da Emilia Romagna na Itália e o Sistema Único de Saúde para a implantação de uma Unidade de Cuidados Intermediários dedicada à prevenção da exacerbação das condições crônicas e garantia da continuidade do cuidado dos pacientes que recebem alta hospitalar, em especial, idosos, que ainda necessitam de um processo de reabilitação, a fim de se garantir autonomia, e condições para o retorno ao domicilio de modo assistido. Para o desenvolvimento pleno do cuidado às condições crônicas de saúde dentro de uma linha de cuidados integral, este deve se inserir em dialogos constantes com a rede formal e informal na qual está inserido, promovendo processos participativos que garantam o protagonismo de seus trabalhadores e usuários. O objetivo desse trabalho é debater a construção compartilhada de propostas para o funcionameno da unidade de cuidados intermediários junto à lideranças comunitárias e Agentes Comunitários de Saúde. Trata-se de um estudo qualitativo caracterizado como pesquisa emancipatória. Para a realização da pesquisa, o grupo acadêmico de pesquisadores se reuniu inicialmente com oito lideranças comunitárias, além da coordenadora dos agentes comunitários de saúde de Niterói para programar um curso de formação em pesquisa emancipatória que envolvesse tais pessoas, por serem reconhecidamente as que estão mais próximas das realidades das comunidades. Foram então selecionados, a partir do critério da intencionalidade, 17 agentes e 13 conselheiros de saúde, que num encontro subsequente compareceram após convite para um primeiro dia de curso. Nesse dia, foi proposto para o grupo um processo educativo dialógico em que eles seriam protagonistas. Problemas vivenciados por eles em suas comunidades foram levantados sob a forma de temas geradores, que seriam o impulso para as atividades a serem realizadas em campo: conversar com pessoas relacionadas aos problemas em seus locais de trabalho. O grupo deveria então trazer em outros encontros suas reflexões para juntos montarem uma árvore de problemas e discutirem soluções inserindo a unidade de cuidados intermediários neste escopo. Deste modo, foram contratualizados entre os participantes a realização de seis encontros que culminaram na elaboração de propostas que foram acatadas pela equipe de implantação da unidade de cuidados intermediários. A construção compartilhada de propostas em saúde pública é uma opção que permite mais do que a oferta de serviços alinhados a necessidade dos seus usuários, mas é um instrumento potente que permite aos seus envolvidos se empoderarem de problemas que exigem engajamento e elaboração de soluções-respostas, tornando-se um exercício pedagógico de libertação e desenvolvimento social fundamental à saúde e à democracia.


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Trabalho nº 10392
Título do Trabalho: A CONSTRUÇÃO DO VÍNCULO NO CUIDADO À SAÚDE DE MULHERES LÉSBICAS
Autores: Amanda Gomes Pereira, Mariana Arantes Nasser, Ademar Arthur Chioro dos Reis

Apresentação: A população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) enfrenta iniquidades no tocante ao acesso integral à saúde, visto que há dificuldades para o reconhecimento de suas necessidades específicas de saúde, além da discriminação e preconceito, ainda muito presentes na sociedade. O estabelecimento de vínculo com algum profissional ou equipe de saúde, embora um tema pouco explorado, é essencial para que outras necessidades sejam atendidas e haja um bom cuidado. Este estudo buscou enfocar especificamente na saúde de mulheres lésbicas, que enfrentam a dupla opressão da homofobia e do machismo. Seu objetivo é compreender os modos de construção de vínculo na produção do cuidado à saúde de mulheres lésbicas, que utilizam rotineiramente serviços públicos e/ou privados para cuidados em saúde. Foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP e aprovado sob o CAAE 17221919.0.0000.5505. Adotou-se metodologia qualitativa, utilizando-se o método biográfico, a partir da abordagem de histórias de vida. A população estudada é formada por mulheres lésbicas residentes no município de São Paulo (SP), maiores de 18 anos, que aceitaram participar da pesquisa e preencheram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para possibilitar a análise de como a pertença a movimentos sociais afeta a produção de vínculos foram formados dois grupos: um com representantes de movimento sociais lésbicos e outro composto por mulheres lésbicas que não atuam em movimentos sociais. A entrevista é realizada no domicílio ou local indicado por cada entrevistada. Para a produção das narrativas, seguiu-se um modelo que sistematiza e enfoca os seguintes aspectos: retrato social da entrevistada, a experiência em relação à sexualidade, a experiência em relação ao processo saúde-doença e elementos analíticos presentes na história biográfica. A pesquisa está em andamento, no processo de realização das entrevistas e produção das narrativas, contudo, parte de algumas premissas, que serão colocadas em discussão: a existência de modos de produção de cuidado à saúde e de construção de vínculo com profissionais ou equipes de saúde bastante diversos e complexos; a tentativa das mulheres lésbicas de invisibilizar sua sexualidade nos serviços de saúde, com objetivo de evitar a discriminação e o preconceito; a discriminação e preconceito sofridos nos serviços de saúde, com destaque para a área de ginecologia e principalmente mulheres que são lidas socialmente como masculinizadas, o que dificulta a construção de vínculos e impacta no cuidado à saúde; lésbicas que militam em movimentos sociais têm acesso a mais conhecimentos sobre seus direitos, políticas e funcionamentos dos serviços, o que favorece sua autonomia e facilita a construção de vínculos no cuidado à saúde. Para além dos pressupostos, a análise buscará reconhecer o protagonismo e o valor das histórias narradas para a produção do conhecimento. Espera-se que tais achados contribuam na identificação dos caminhos, estratégias e dispositivos que funcionam como facilitador ou dificultador no processo de construção de vínculo, impactando no cuidado em saúde de mulheres lésbicas.


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Trabalho nº 10909
Título do Trabalho: CAIXA DE PANDORA :UMA METODOLOGIA DE DESCONSTRUÇÃO DE CONVICÇÕES ACERCA DA SAÚDE DO ADOLESCENTE
Autores: Iane Rocha de Souza, David Andrade da Silva, Marina dos Santos Silva, Matheus Magnos dos Santos Fim, Savana Carletti Viela Santos, Elma Heitmann Mares Azevedo, Raquel Baroni de Carvalho, Margareth Attianezi

Apresentação: A concepção sobre Adolescência é uma construção social e cultural, o que implica que essa categoria possui singularidade e aspectos biológicos, psicológicos, identitários, socioculturais e socioeconômicos, formas diferentes de ser e estar no mundo. Estas pluralidades irão dizer dos deveres e direitos, das demandas, das práticas de cuidado e de proteção, para com essa população. A Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são exemplos de marcos legais que afirmam o lugar desses indivíduos como cidadãos de direitos com condições específicas relacionadas a seu desenvolvimento. Pelas multiplicidades e constantes transformações existentes neste grupo social, além da persistência das relações verticais entre os profissionais de saúde e os usuários, a atenção integral à saúde dos adolescentes e jovens brasileiros é considerada um desafio. A organização dos serviços, da acolhida e do cuidado deve compreender e respeitar as diversas dimensões, seja econômica, social e/ou cultural, as singularidade e necessidades específicas do sujeito e território, visando fortalecer autonomia e participação social, além da garantia de seus direitos. Através do entendimento de que a atenção à saúde não se restringe as ações nas unidades básica de saúde, e considerando os diversos vetores que atravessam a vida dos sujeitos adolescentes, o Ministério da Saúde orienta para uma atenção de forma intersetorial e conjunta que articule diferentes equipamentos existentes no território, desta forma, apresentando novas possibilidades de intervenções que irão impactar no acesso e participação de todos nos serviços oferecidos. O ambiente escolar se constitui como um espaço potente para a realização dessas intervenções, práticas de promoção de saúde e de prevenção de agravos, uma vez que é local de destaque no cotidiano de grande parte desse grupo social, além de proporcionar encontros, trocas, fortalecimento e/ou construção de redes sociais, formação e informação. Portanto, a partir das discussões sobre atenção integral à saúde de adolescentes, protagonismo juvenil e a proposta da educação em saúde como prática, o grupo de PET Saúde Interprofissionalidade São Cristóvão elaborou uma proposta de promoção à saúde do adolescente através do estímulo ao protagonismo juvenil e autoconhecimento. O Pet Saúde Interprofissionalidade é uma parceria ensino-serviço da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) com a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória, ES (SEMUS Vitória), financiada pelo Ministério da Saúde/Ministério da Educação. O projeto é composto por representantes de nove cursos: Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Medicina, Odontologia, Psicologia e Terapia Ocupacional e cinco 5 unidades básicas de saúde de Vitória ES. As ações se dão em cinco unidades de saúde e são desenvolvidas em dois grandes eixos: mudança curricular na UFES e fortalecimento da lógica matricial no campo de prática, através da promoção da integração ensino-serviço-comunidade a partir dos elementos teóricos e metodológicos da EIP e do matriciamento. O grupo PET Saúde Interprofissionalidade São Cristóvão é formado por três professoras tutoras: duas do curso de Fonoaudiologia e uma de Odontologia, três preceptoras: duas enfermeiras e uma dentista e oito estudantes (2 Fonoaudiologia, 1 Psicologia, 1 Odontologia, 1 Terapia Ocupacional, 1 Enfermagem,  1 Fisioterapia e 1 Farmácia). Objetivo: Estimular o protagonismo juvenil proporcionando um espaço potencializador de diálogos e liberdade de expressão, além de questionamentos e reflexões acerca das vivências singulares de sua adolescência. Método: Após o contato com a gestão da Escola Municipal de Ensino Fundamental Eunice Pereira da Silveira foi agendada a participação do nosso grupo na reunião semana de líderes de turma. Essa reunião se baseia na proposta da Secretaria Municipal de Educação de Vitória de desenvolvimento de protagonismo de crianças e adolescentes em fase escolar, através do entendimento de que o exercício de cidadania se dará ao se assegurar a participação efetiva dos escolares na gestão. A partir desse encontro foi criada um material onde os alunos teriam a liberdade de expressar dúvidas, sentimentos, demandas e sugestões, A Caixa de Pandora. A escolha do nome, que remete à mitologia grega, se deu a partir da sugestão de um adolescente que relacionou a ideia com o mistério de seu conteúdo.  A Caixa de Pandora ficou na escola por um período de duas semanas, por sugestão dos alunos e em local por eles escolhido. A abertura da caixa foi feita durante uma das reuniões onde também foi discutido a proposta de nossa participação da retomada das atividades da rádio escolar, estímulo à criação de um grêmio estudantil e encontros sistemáticos. Resultado: Foram contabilizados 85 itens entre questionamentos, sugestões e manifestações. Foi realizada análise de conteúdo do material, o que permitiu a organização em seis categorias: Fisiologia humana (29); Comportamento (15); Vida afetiva (8); Saúde mental (7); Sexualidade (16) e Conflito geracional e Estética (10). Em fisiologia humana destacam-se as dúvidas referentes a menstruação, indicando a importância de discussão sobre crescimento e desenvolvimento. No item comportamento, destacou-se a violência (bullying, machismo e drogas). Para vida afetiva, o namoro emerge como ponto de conflito. Na categoria saúde mental, baixa autoestima, depressão e anorexia são pontos de destaque. Em relação à sexualidade revelaram-se de forma significativa questões com referência ao desejo sexual e uma animação pornográfica japonesa (Hentai). Finalmente, a categoria conflito geracional e estética foi criada pelo agrupamento de questionamentos quanto à faixa etária e do local de fala dos facilitadores, além de cuidados com aparência física. A partir dessa análise está sendo elaborado um planejamento de ações para o ano 2020, composto por oficinas sistemáticas quinzenais, produção de programas na rádio escolar através da criação de vinhetas, avisos institucionais, notícias, dicas, entrevistas, músicas etc., e fomento a criação do grêmio estudantil. Salienta-se a participação efetiva dos estudantes e da gestão no planejamento e execução de todas as atividades. Considerações finais: É essencial que adolescentes  e  jovens sejam reconhecidos como participantes ativos do processo de cuidado e de suas trajetórias, deve-se buscar promover uma relação horizontal entre profissionais e usuário, oferecendo todas as informações e recursos necessários, realizando uma escuta eficaz, procurando possibilitar que este adolescente e jovem exerça seu direito de escolha, tenha autonomia, apoio na construção de projetos de vida e de sua identidade, desenvolva habilidades e autoconhecimento, disponha de oportunidades de acesso e responsabilidade sobre seus projetos, entre outros.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11934
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DO MANUAL FORMATIVO PARA APLICAÇÃO DA CADERNETA DE SAÚDE DO ADOLESCENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E NA UNIDADE ESCOLAR
Autores: Cláudia Patrícia da Silva Ribeiro Menezes, Débora Pena Batista e Silva, Ilvana Lima Verde Gomes, Débora Silveira Silveira de Lima

Apresentação: O período da adolescência é compreendido pela faixa etária entre 10 e 19 anos, e juventude entre 15 e 25 anos. É importante destacarmos que a população brasileira corresponde a 190.732.694 habitantes, cerca de 30% dessa população representa adolescentes e jovens. O Estado do Ceará possui uma população de 8.452.381 habitantes onde 20% são de adolescentes. Nesse sentido, o cuidado com a saúde do adolescente deve ocorrer de forma holística, intersetorial e participativa. Logo, faz - se necessárias políticas de saúde e programas direcionados à qualidade de vida do adolescente e a prevenção de doenças e agravos nesse período. Esta pesquisa é relevante em virtude da escassez dos recursos didático-pedagógicos brasileiros para promover a saúde do público-alvo, o adolescente. A caderneta do adolescente é para ser utilizada como um recurso didático – pedagógico. Entretanto, não existem estudos que abordem estratégias pedagógicas para a utilização da caderneta de saúde do adolescente. Objetivou-se construir um manual formativo com instruções pedagógicas para aplicação da Caderneta de Saúde do Adolescente pelos profissionais da saúde e da educação. Desenvolvimento: Foi desenvolvido um estudo de validação de uma tecnologia de ensino em que se utilizou como metodologia de pesquisa: o estudo metodológico. O processo de construção e validação do manual formativo foi realizado em cinco momentos: Fase 1: Diagnóstico Situacional; Fase 2: Revisão de literatura; Fase 3: Elaboração das ilustrações, layout, design e textos; Fase 4: Validação do conteúdo por juízes; Fase 5: Teste Piloto.  Resultado: Neste sentido a pesquisa teve como sujeitos: seis professores e seis enfermeiros que responderam a um questionário semiestruturado assim fomentando o processo de elaboração da tecnologia e 11 juízes que validaram a tecnologia educativa. Quanto à análise das falas dos professores e enfermeiros utilizou-se os critérios de Minayo. Para a validação dos juízes utilizou-se a escala de Likert. O teste piloto foi realizado em uma escola municipal, com adolescentes de 13 e 14 anos, matriculados no oitavo ano. Neste contexto, os itens de clareza da linguagem, pertinência prática e relevância teórica atingiram os critérios do estudo metodológico. O Índice de Validade do Conteúdo (IVC) apresentou uma variação de 0,8 a 1,0 tendo como IVC global 0,91 revelando-se satisfatório, tornando o manual validado. Acredita-se que o manual formativo contribuirá para o crescimento profissional do enfermeiro e educadores viabilizando assim a assistência a saúde do adolescente. Considerações finais: As orientações didático-pedagógicas para a aplicação da caderneta de saúde correspondem a um conjunto de estratégias destinadas à promoção da qualidade de saúde do adolescente. Com isso, pôde-se perceber a  importância da Caderneta de Saúde do Adolescente ser inserida na rotina de trabalho dos profissionais bem como a melhoria da qualidade de vida do adolescente.


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Trabalho nº 10911
Título do Trabalho: EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DA VALORIZAÇÃO DOS SABERES DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL
Autores: Elisa Shizuê Kitamura, Maria Emilia Teixeira de Moraes, Lucia Helena Fernandes da Gama

Apresentação: A maioria dos profissionais de Odontologia que compõem os serviços públicos de saúde prossegue perpetuando uma prática tradicional em que o modelo privado de atenção é transferido acriticamente para a prática pública. A reformulação do processo de trabalho exige um novo perfil profissional, no qual haja a capacidade de inserir-se em uma equipe multiprofissional, revisar atitudes, vincular-se às famílias/comunidades, desenvolver estratégias para disseminação de conhecimentos e agir conhecendo-se a realidade sócio-sanitária da localidade e os determinantes sociais que nela incidem. Em 2014, instituiu-se a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) que propõe que o aprender e o ensinar sejam incorporados ao trabalho na possibilidade de transformar as práticas profissionais, a partir da problematização do processo de trabalho, pautado pela necessidade de saúde das pessoas e coletividades. Diante da necessidade de Educação Permanente em Saúde (EPS) manifestada nas reuniões mensais de trabalho realizadas pela gestão com os dentistas da Atenção Primária em Saúde de Leopoldina/MG, surgiu a ideia da promoção dos encontros de Educação Permanente para as Equipes de Saúde Bucal. Num contexto de reflexão sobre o que está acontecendo no serviço e o que precisa ser transformado, os encontros são momentos que visam transformar o processo de trabalho, melhorar a qualidade dos serviços, alinhar protocolos, consolidar a Rede de Atenção à Saúde (RAS) e ampliar o acesso aos serviços de saúde. Entretanto, tais encontros vão além das expectativas e são estratégicos para o fortalecimento do serviço e da própria Equipe de Saúde Bucal. Desenvolvimento: O público alvo são todos os integrantes das Equipes de Saúde Bucal da Prefeitura Municipal de Leopoldina/MG, entre cirurgiões-dentistas (CD), técnica em saúde bucal (TSB) e auxiliares de saúde bucal (ASB). Entendendo-se a importância do trabalho em equipe e com a finalidade de valorização da equipe auxiliar, nos encontros com temáticas abrangentes, nos quais não são discutidas apenas técnicas operatórias, a presença das ASB mostra-se essencial e rica na construção do conhecimento. Os facilitadores das atividades são escolhidos entre os próprios CD do corpo de funcionários da Prefeitura Municipal de Leopoldina, ora da Estratégia de Saúde da Família, Atenção Básica, ora do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). A coordenação de Saúde Bucal realiza reuniões de trabalho mensais e nesse momento são discutidos pontos frágeis do serviço, que merecem atenção e que seriam temáticas importantes a serem trabalhadas. A partir dessa necessidade sentida e manifestada pela ESB na reunião mensal, a coordenação convida o profissional com perfil que melhor se adéqua para o atendimento dessa demanda. A atividade de educação permanente ocorre com periodicidade mensal e cerca de quatro horas de duração em cada encontro. Os encontros mensais de educação permanente iniciaram-se em novembro de 2018 e permanecem ocorrendo desde então. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da atividade é a problematização com base no referencial teórico de Paulo Freire, fundamentada na relação dialógica entre educando e educador, com aprendizagem conjunta a partir da vivência de experiências significativas. Os encontros são disponibilizados para participação de toda a Equipe de Saúde Bucal, profissionais da atenção primária e secundária e gestão, possibilitando espaço de discussão ampla, busca de melhorias e construção de conhecimento. Resultado: A participação dos próprios CD do município como facilitadores do processo de educação permanente além do fato de se convidar também a equipe auxiliar para os encontros, possibilitou a valorização dos profissionais e contribuiu na construção de uma aprendizagem significativa. A experiência pessoal é considerada e a profissional, destacada, ocorrendo uma participação construtiva onde não se apresenta protocolos pré-estabelecidos e sim se constrói práticas a partir de demandas percebidas. A discussão dos processos de trabalho e construção coletiva dos protocolos fez com que ocorressem melhorias dentro da equipe e também na RAS como um todo. A experiência dos encontros de educação permanente é vista como exitosa por 100% dos participantes conforme avaliação ocorrida no quinto encontro. Considerações finais: O objetivo da realização dos encontros de educação permanente para as ESB foi atingido visto que houve ampla discussão sobre os diversos temas abordados sempre os relacionando com os processos de trabalho tornando a atividade satisfatória. A utilização da metodologia problematizadora e o fato dos facilitadores serem profissionais da rede de saúde torna a aprendizagem significativa. Além disso, a participação da equipe auxiliar nos encontros traz uma valorização para toda a ESB. As ações de educação permanente devem ser constantes nos serviços de saúde buscando-se qualificar os profissionais de maneira contínua para o exercício de suas funções no Sistema Único de Saúde.


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Trabalho nº 6816
Título do Trabalho: EXPERIMENTANDO SABORES E CONSTRUINDO SABERES COM ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO: A OFICINA CULINÁRIA COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO POPULAR PARA A PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Autores: Jessica Roque Souza da Silva, Giovana Fonseca Machado, Nathalia Soares Argemil, Vanessa Schottz Rodrigues, Jorge Luis R. Santos

Apresentação: A disciplina de Educação Alimentar e Nutricional II (EAN II),  ministrada no curso de Nutrição da  UFRJ Macaé, adota a Educação Popular (EP) como  referencial teórico-metodológico. A construção coletiva do conhecimento a partir da interação horizontal entre educandos e educadores e o desenvolvimento de metodologias ativas que contribuam para formar indivíduos e coletivos críticos e autônomos são alguns princípios da EP que orientam as práticas educativas desenvolvidas pelos discentes de EAN II junto a grupos populares. Durante o 1º semestre de 2019, o Colégio Estadual Jacintho Xavier Martins (município de Rio das Ostras) foi um dos campos práticos da disciplina. O objetivo deste trabalho é apresentar as atividades de EAN desenvolvidas por graduandos/as de nutrição com adolescentes de Ensino Médio, buscando refletir sobre a oficina culinária como ferramenta educativa de promoção da alimentação saudável, a partir do incentivo ao autocuidado e ampliação da autonomia. Desenvolvimento: A elaboração e realização das atividades educativas foram guiados pelo arco de magoeis, que compreende cinco etapas: i)  observação da realidade: foi servido um café da manhã e realizada a dinâmica da “batata quente” como formas de aproximação da realidade e de criar empatia. ii) identificação dos pontos-chave: a falta de autonomia foi a principal problemática destacada pelos adolescentes; iii) teorização: foi realizada uma roda de conversa para apresentar o Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) e refletir, a partir da problematização, sobre os dez passos para uma alimentação saudável; iv) hipótese de solução: em diálogo com os adolescentes foi planejada a realização de uma oficina culinária v) aplicação à realidade: realização da  oficina culinária. Resultado: A oficina teve como objetivo central estimular os adolescentes a desenvolverem habilidades culinárias como estratégia de incentivo ao autocuidado e exercício de autonomia. Buscou-se também, estimular o hábito de cozinhar coletivamente e o contato sensorial com alimentos saudáveis que estavam na safra, bem como criar receitas que pudessem ser facilmente reproduzidas em casa e criar uma vivência subjetiva, tornando a comida como forma de trazer valores, sentimentos e experiências. Foram elaboradas as seguintes preparações: suco de acerola, sorbet de morango com banana e açaí batido com banana, sendo todos esses itens acessíveis já que um processo educativo deve ser construído a partir da realidade de um grupo. Considerações finais: Com isso, todas as preparações foram realizadas com sucesso, sendo os alunos os principais protagonistas na atividade e, com isso, estimulando a autonomia de cada um. O uso do arco de magoeis e a adoção de metodologias ativas possibilitaram a realização de práticas educativas mais próximas da realidade dos adolescentes capazes de produzir reflexão crítica sobre alimentação saudável e autonomia e de despertar interesse pela culinária como forma de autocuidado.  


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Trabalho nº 10402
Título do Trabalho: DAR VOZ E CORES AOS PROFESSORES: CONSTRUÇÃO DO MEMORIAL DA CARREIRA DOCENTE DE FORMA ARTÍSTICA
Autores: LETYCIA SARDINHA PEIXOTO MANHÃES, CLÁUDIA MARA DE MELO TAVARES

Apresentação: A possibilidade de produção de um novo conhecimento a partir dos professores, ao tentar compreendê-los como pessoa e profissionais é um desafio intelectual. Abordagens biográficas podem ser utilizadas no sentido de transformação da profissão docente. Dar voz aos professores é proporcionar dotá-los de autonomia para mudança do desenvolvimento profissional a partir de sua própria reflexão, sendo que investigações do tipo “história de vida” podem complicar-se devido à heterogeneidade dos modos de trabalho. Esse estudo teve por objetivo elucidar o uso de técnicas artísticas para produção de memoriais em pesquisa biográfica na área da educação e saúde. Estudo analítico de abordagem qualitativa, com delineamento na pesquisa de campo nos moldes da Sociopoética. Esse resumo é um recorte da produção de dados de uma tese de doutorado em andamento. O cenário foi a Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, e os participantes foram divididos em um grupo de professores dos programas de pós-graduação stricto sensu do cenário proposto e um grupo de egressos dos respectivos programas. A Sociopoética consiste numa abordagem do conhecimento que considera o corpo, a criatividade e a espiritualidade, possibilita um novo olhar na pesquisa qualitativa, e é fundamentada em quatro princípios: o grupo pesquisador como dispositivo; a importância do corpo como fonte de conhecimento; o papel da criatividade de tipo artística no aprender, no conhecer e no pesquisar e a ênfase no sentido ético no processo de construção dos saberes. São propostas experimentações estéticas a partir de oficinas vivenciais, precedidas por um relaxamento, condição fundamental para que os membros do grupo-pesquisador consigam reduzir seu nível de consciência. A fase da produção de dados se tornou um momento dialógico, onde se aceita a “pluralidade de vozes”, obtendo dados individuais e coletivos produzidos a partir da interação entre o pesquisador e o grupo pesquisado. Ressalta-se o papel do pesquisador nessa etapa, humildade, respeito, alegria, solidariedade e ética fazem parte desse trajeto. Foi proposto que cada copesquisador construísse seu memorial acadêmico-profissional, enfatizando os aspectos de sua carreira docente e os fatores que contribuíram para essa trajetória, porém de maneira artística  e expressiva, a etapa foi chamada de  “Varal Acadêmico-Profissional”, idealizando uma construção de um “varal-memorial” com objetivo de relacionar sua trajetória de vida à construção identitária docente e formação para docência. A análise de dados a partir dos pressupostos da sociopoética declinou para o estudo viril/classificatório. O projeto foi submetido ao comitê de ética e pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro, tendo parecer de aprovação de número 2.589.970. O grupo 1 de egressos teve 08 copesquisadores e o grupo 2 de docentes teve 06 copesquisadores. A oficina seguiu os seguintes passos: dinâmica de apresentação – relaxamento – aquecimento com uso de música – produção do memorial através dos meios artísticos disponibilizados como desenho, pintura, colagem, modelagem e bricolagem e contra-análise dos dados produzidos em coletivo. No grupo 1 a predominância foi pelo gênero feminino, fato ainda comum na profissão, com idades variantes de 28 a 63 anos, somente 01 copesquisador está afastado da docência no momento da pesquisa, 3 dos 7 copesquisadores não se lembram da disciplina da pós-graduação que abordou a docência e um não respondeu essa pergunta, porém muitos desses que não se lembram qual disciplina abordou tal assunto fez o curso acadêmico. Interessante chamar atenção que todos citaram um professor que marcou sua vida de alguma forma e lembraram o nome e período da formação que o acompanhou, 4 deles citaram não ter outro tipo de formação pedagógica para atuar na docência. Já no grupo 2, conforme esperado, eram de idade mínima acima dos 40 anos, todos tinham pelo menos 15 anos de docência e atuam na pós-graduação stricto sensu, um professor não teve estágio docente e o seu mestrado/doutorado não teve disciplina que abordasse docência. E também todos se lembram de um professor que marcou a vida deles de alguma forma. No início da produção foi apresentado tema gerador, mas não houve negociação, apenas foi aceito. Os memoriais em maioria foram produzidos através de cartaz e a principal técnica foi a bricolagem, porém teve produção de memorial em formato de bolsa de viagem, produção de vinho, varal de livros, Alto Mar, Corrida, Baguá e Rizoma. Os grupos como foram formados por pessoas conhecidas, trouxe a necessidade de melhorar a técnica de relaxamento e aquecimento para próximas experimentações. Quase ninguém utilizou tinta ou massa de modelar, evidenciou-se “medo de sujeira ou dificuldade para limpar posteriormente”, então seria bom melhorar a oferta desses materiais e do ambiente para não deixarem de usar por tais motivos que acabam por racionalizar a imaginação. Também como limitação para bricolagem foi o fato de que precisava ter mais revistas de diversos assuntos, não tinham algumas figuras solicitadas e os copesquisadores foram obrigados a “improvisar”, isso mexeu na imaginação mas também  incitou a criação. Houve resistência no início das atividades, alguns não demonstrando muito interesse, e acreditamos que isso pode ser sanado explicando melhor o método da sociopoética no início, no contrato de convivência e melhorando o relaxamento. Ao longo da produção de dados foi necessário lembrá-los do diário de campo disponível, muitos copesquisadores paralisaram no início da produção e diziam ter mais facilidade “para escrever”, pois não tinham criatividade, mas se mantiveram empenhados. A maioria dos copesquisadores questionaram o tempo, reclamaram que foi pouco, porém todos conseguiram finalizar as tarefas com minutos de acréscimo no tempo estabelecido. Ao longo da oficina, fidelizando o método e a experimentação proposta, percebeu-se que todos foram se mostrando bem interessados e motivados na produção dos dados, e concentrados no que estavam construindo. No momento da experimentação, vimos que cada um construiu seu varal de uma forma e ali se viu o processo de criação livre, permitindo a cada um imaginar e construir o que seria o seu varal, por isso não caberia colocar regras de formato/modelo, isso iria contra o método proposto. Então não caberia ao pesquisador principal podar essa criação que está correlacionada ao tema gerador e com a carreira deles. Por isso 14 carreiras docentes diferentes, 14 histórias de vida diferentes, 14 memoriais completamente diferentes, 14 discursos diferentes e percepção da formação docente nas suas vidas de forma diferente. Na segunda oficina foram realizados alguns ajustes tendo em vista a experiência com a primeira oficina realizada seguindo devidamente todas as etapas propostas. Em primeiro momento acreditou-se que 08 pesquisadores seria o número mínimo para realizar a experimentação. Com a grande adesão, aceitação e participação do grupo 1, viu-se que mais de 8 pessoas poderia extenuar o tempo da oficina e acabar se tornando cansativa, além do espaço físico necessário para estar disponível para produção dos dados. No geral os grupos foram participantes, houve compreensão do tema gerador, e como em todo processo de grupo, uns se apresentaram mais concentrados que outros, mesmo assim nada que interferisse negativamente no desenvolvimento da experimentação e durante a produção de dados eles trocavam materiais entre si e pareciam bem engajados com o uso da criatividade e empenhados no processo imaginário. Através da proposta puderam emergir diferentes criações a partir de histórias resgatadas, concluindo então que utilizar o viés artístico para produções autobiográficas é um caminho para uma produção autêntica, capaz de mobilizar dados velados do próprio copesquisador, desafiando métodos tradicionais de produção de dados em pesquisas na educação em saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10915
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DE MOVIMENTOS E CAMINHOS NAS CARTAS FINAIS DOS ENCONTROS NACIONAIS DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE
Autores: Lorrany Santos Rodrigues, Thaís Barbosa de Oliveira, Sara da Silva Meneses, Kleverson Gomes de Miranda, Gabriel Franke Viégas, Maurício Yukio Hirata, Nayara da Silva Lisboa

Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com vários níveis de formação em serviço, dentre eles, as residências em saúde, que surgiram mediante a necessidade da qualificação de trabalhadores para esse sistema. Um dos pilares desta modalidade é uma formação que associa a complexidade e diversidade das demandas de saúde à prática qualificada e subsidiada por um processo contínuo de educação permanente, visando a integração ensino-serviço-comunidade. Os eventos científicos em saúde, tais como encontros, congressos e seminários, constituem-se espaços de diálogo e estímulo para a produção e divulgação de conhecimento, bem como para o reconhecimento de problemas relacionados aos cenários de atuação dos participantes e o debate qualificado sobre os mesmos. Nesse contexto, inserem-se os Encontros Nacionais de Residências em Saúde (ENRS) como movimento político das residências. Diante disso, objetivou-se, neste estudo, analisar o conteúdo relativo às cartas finais dos ENRS, dos anos de 2012 a 2019. Método: Realizou-se um estudo qualitativo e descritivo com base nas referidas cartas, estudadas por meio da Análise de Conteúdo (AC). Trata-se de um método que facilita a leitura e interpretação de documentos, contando obrigatoriamente com três fases: pré-análise e estabelecimento de unidade de análise; exploração do material com determinação de categorias; e resultados por meio da seleção de conteúdo para compor as categorias. Neste estudo, as categorias foram definidas a posteriori, ou seja, após a finalização da leitura das cartas. Logo, após uma leitura exaustiva dos documentos, identificou-se os temas mais frequentes para comporem as categorias e selecionou-se seus conteúdos. Os resultados foram discutidos em acordo com a literatura científica. Resultado: Encontrou-se oito cartas que foram publicadas nos anos de 2012 a 2019,  a carta do II ENRS não encontrava-se disponível. A AC permitiu a identificação de seis categorias: Participação e Representação Social (n=111), Estruturação das Residências (n=84), Residências e o SUS (n=57),  Parceiros de Formação (n=18), Direitos dos residentes (n=16) e Avaliação dos programas (n=13). Existem vários espaços de participação social no âmbito das residências em saúde. Uma vertente refere-se a movimentos políticos como o próprio ENRS e à organização em fóruns de segmentos. Outra vertente refere-se à Comissão Nacional de Residências Multiprofissional em Saúde (CNRMS), instância que normatiza a estrutura e o funcionamento das residências. Identificou-se 111 conteúdos referentes à categoria “Participação Social”, com maior frequência (36,93%, n=41) na IX carta, em 2019. A construção dos espaços de participação social das residências se deu a partir dos fóruns de segmentos (residentes, tutores, preceptores e coordenadores). Em 2006 formou-se o Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS) e o Fórum Nacional de Tutores e Preceptores (FNTP). Durante o II Seminário Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde a partir do movimento de residentes  se propôs o texto da CNRMS. A participação social é um dos eixos transversais desde o início da construção dos movimentos de residências, refletindo na alta apresentação nas cartas. Dois pontos assumiram grande relevância: a solicitação da realização do V Seminário de Residências em Saúde e a criação de Comissões Estaduais de Residências em Saúde, o primeiro visando a formulação da política nacional das residências e, o segundo, apostando na descentralização da normatização e regulação dos programas. A categoria “Estruturação das Residências” dialoga intensamente com reivindicações da realização do V Seminário Nacional de Residências em Saúde e da manutenção e efetivação da CNRMS. Esta categoria aparece nas cartas 84 vezes, com preponderância na IX carta (35,7% n=30), 2019. Esta categoria relaciona-se com as temáticas de: qualificação dos Projetos Políticos Pedagógicos dos programas de residência, alinhados com uma normativa nacional; redução e requalificação da carga horária semanal dos profissionais de saúde residentes (PSR); valorização do PSR egresso por meio de titulação diferenciada de outras modalidade de pós graduação; valorização das funções de preceptoria, tutoria, docência e coordenação dos programas; e da participação social na formação de residentes, envolvendo desde instâncias deliberativas do SUS - conselhos e conferências - até participação em movimentos sociais. Acerca da categoria ‘Residências e o SUS’’, identificou-se 57 conteúdos, com predominância na IX carta (28%, n=16), 2019. O cenário político e seus desdobramentos afetam a lógica de trabalho e organização do SUS, tal como  dos programas de residência. Isso torna evidente a necessidade de defesa de ambos frente aos desmontes e retrocessos, igualmente, na consolidação de seus princípios. As residências em saúde assumem papel estratégico e intercessor na disseminação da educação permanente nos serviços, mas é fundamental a institucionalização dessa prática independente das residências. Os conteúdos apontam a necessidade de fortalecer a dimensão política e a defesa do SUS como eixo estruturante do trabalho e da formação em saúde, contemplados tanto no fazer diário, como nos espaços educativos formais da residência, além da absorção dos PSR egressos, considerando a competência prática e teórica para atuação no SUS. Considerando o desenvolvimento e implementação de diversos programas de residências em saúde, identificou-se a categoria “Parceiros de Formação”, que remete a todo o processo formativo do PSR inserido no âmbito do SUS. Identificou-se 18 conteúdos nas cartas, com predominância na carta do IX ENRS (55,% n=10), 2019. Observa-se que, apesar de ser um tema emergente, ainda é um desafio para os próximos encontros e, consequentemente, para a implementação nos programas de residência, sendo a interdisciplinaridade e a formação em rede um objetivo ainda a ser alcançado. As cartas trazem queixas de negligência de direitos nos serviços e cenários de inserção das residências. A categoria “Direitos dos Residentes”, apresentou 16 conteúdos, com maior frequência na IX carta (56% n= 9), 2019. Assédio e precarização do trabalho estão historicamente relacionados à prática das residências em saúde, associado ao entendimento ou falta dele do papel do PSR. Em consequência disso, as cartas, em sua maioria, sugerem a criação de uma Política Nacional de Residências, para alinhamento e construção de espaços de acolhimento e uma legislação que proteja o PSR, supere o processo de adoecimento gerado pelos processos de trabalho e consolide respostas para os grandes desafios levantados nas mais diversas realidades brasileiras. Um dos eixos que corroboram com essa lógica é o de ‘‘Avaliação dos Programas’’, com 13 conteúdos, dentre os quais houve predominância também na IX carta (38%, n=5), 2019. As encíclicas desta categoria demandaram a efetivação do processo de avaliação dos programas como uma promoção do controle social, transparência e manutenção da qualidade da formação em saúde. Por meio da autoavaliação e da avaliação externa, torna-se possível propagar uma cultura avaliativa democratizada e ética para a transformação e reestruturação dos programas de residência multiprofissional em saúde, em acordo com a realidade de seus cenários. Considerações finais: A participação social aparece expressivamente nas cartas, o que condiz com o objetivo dos ENRS. O ano de 2019 apresentou a maior quantidade de conteúdos na maioria das categorias levantadas por este estudo. Esse achado pode ser explicado pelo momento de insegurança política no Brasil, igualmente, das necessidades apontadas pelos residentes, em anos anteriores, ainda não atendidas. Considerando a importância dos ENRS como movimento político e espaço de compartilhamento e construção de saberes, é de extrema relevância a análise dessas cartas, que pode tornar-se um norteador para futuros encontros, assim como dos caminhos já percorridos e dos que ainda necessitam de continuidade.


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Trabalho nº 11942
Título do Trabalho: CAMINHOS PARA CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA E PARTICIPATIVA EM UMA LIGA DE SAÚDE MENTAL
Autores: DANIELY QUINTÃO FAGUNDES, LARISSA HELENA MARINELI PEREIRA, MATHEUS LEMOS RODRIGUES DE SOUZA, OZIANE GUIMARAES BRAGA, ANA LUÍSA DE OLIVEIRA LIMA, CARLA GRAZIELA PAES LADEIRA

Apresentação: A ideia de multidisciplinaridade é proposta pelo SUS como arqué norteadora das ações de equipe, no intuito de assistir a complexidade dos elementos físicos, psíquicos e subjetivos que constituem saúde. Para executar tais ações são necessários esforços conjuntos de todos os profissionais, visando a construção de ambiente colaborativo e agregador do cuidado. Entretanto, a formação dos profissionais de saúde ainda é pautada na uniprofissionalidade, caracterizando uma realidade na qual há pouco diálogo entre equipes, dificultando o cuidado integrador. Tornando-se necessária na graduação, a discussão e implementação de ferramentas que possibilitem a melhoria e aperfeiçoamento da prática colaborativa e interprofissional. Nessa perspectiva, a Liga Acadêmica Multiprofissional de Saúde Mental e Psiquiatria da UFF (LiPsi) é um projeto de extensão criado com a finalidade de mobilizar estudantes universitários em prol do desenvolvimento, promoção e difusão dos estudos em Saúde Mental, e tem como desafios a formação multidisciplinar, interprofissional, horizontalizada e participativa de alunos de variados cursos de graduação, como enfermagem, medicina, direito, farmácia e psicologia. O objetivo do presente trabalho é descrever a construção de um projeto educacional compartilhado e participativo em saúde mental. Trata-se de um relato de experiência acerca da utilização, como ferramenta, de um formulário eletrônico em que os alunos integrantes da liga foram convidados voluntariamente a responder, e por meio dele foi possível avaliar atividades anteriores e dar sugestões de formatos de aula, além de sugerir temas que deveriam ser abordados ao longo do semestre. A aplicação do formulário se deu em julho de 2019, após decorridos 4 meses de atividades. Os ligantes conferiram às aulas do primeiro semestre a média de nota de 4,43, numa escala de 0 a 5, mas mostraram que as aulas longas e em formato de slides são preteridas, deixando sugestões por aulas com menor tempo de duração e com participação ativa. Os principais temas sugeridos foram esquizofrenia, transtorno obsessivo compulsivo e bipolaridade e, além disso, arte e saúde mental, atividades físicas e espiritualidade também foram mencionados. Os apontamentos dos ligantes nessa consulta transitam justamente nos diferentes universos de formação que a liga alcança ao assumir uma proposta multiprofissional. Aqueles temas relacionados a entidades clínicas da psiquiatria identificam a ligação dos estudantes com a compreensão da saúde mental baseada na evolução e designações médicas, ao passo que outras propostas podem representar o interesse em práticas distintas do roteiro de cuidado e orientadas para outras racionalidades. Todas essas proposições serviram de base para os encontros que se seguiram ao longo do semestre, e se observou que nas aulas dos temas sugeridos os alunos tiveram ampla participação e presença, contribuindo em todos os encontros com debates e reflexões acerca da saúde mental, o que demonstrou que a opção por uma proposição educativa dialógica permite ao estudante ultrapassar a posição de expectador e assumir uma postura crítico-reflexivo e transformadora da realidade. Portanto, romper com as estruturas de ensino verticalizadas é uma alternativa que pode não apenas formar profissionais multidisciplinares e formadores de redes, mas também cidadãos mais engajados e democráticos.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11804
Título do Trabalho: OFICINA DE PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO ESTRATÉGICO: UM METODOLOGIA DE (RE)CONSTRUÇÃO DO FAZER EM SAÚDE
Autores: Lucas Sarmento Ribas, Susiane Freitag, Vitória D'Ávila Pedroso

Apresentação: Este trabalho pretende apresentar ações de planejamento e gestão estratégica utilizados na reorganização de uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (APS) de Porto Alegre. Uma das principais necessidades identificadas como prioritárias pela gestão local e distrital foi a realização de uma oficina de planejamento com a equipe de saúde, com intuito de qualificação da assistência e uniformização dos processos de trabalho.Tendo em vista a necessidade de elaborar um diagnóstico situacional que permitisse a obtenção de subsídios para a tomada de decisões, optou-se pela realização de diversas etapas que precederam à oficina de planejamento estratégico. Iniciando o processo, foi aplicado um diagnóstico de demanda, a fim de compreender as necessidades em saúde, com recorte de território, equipe de referência e principais queixas apresentadas. A sistematização dos resultados permitiu identificar especificidades sobre acesso à unidade e vínculo com o serviço. Além disso, foi aplicado uma série de matrizes de análise situacional que embasassem a oficina realizada posteriormente. Uma das matrizes aplicadas foi a por núcleo profissional que problematizava as competências das diferentes categorias profissionais que atuam na APS. Os dados gerados na aplicação dessa matriz foram sistematizados, com a eleição dos pontos críticos a serem discutidos posteriormente com a aplicação da matriz SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats), uma ferramenta clássica de administração estratégica. A análise SWOT permite medir forças/oportunidades e fraquezas/ameaças a partir de avaliação de ambiente interno e externo dos serviços, considerando fatores que estão sobre a governabilidade da equipe. Em relação aos dados categorizados em ambiente externo, estes foram apresentados para a gestão distrital e central, a fim de pleitear melhorias na unidade. Os dados categorizados como ambiente interno foram classificados em verde, amarelo ou vermelho, conforme grau de priorização para sua resolução. Entre os problemas prioritários, estavam o desconhecimento da equipe de saúde sobre as competências de cada categoria profissional e a falta de uniformização no processo de trabalho. Após a realização destas etapas, deu-se a oficina de planejamento estratégico que contou com a participação de toda equipe de saúde e com a presença de representantes da gestão distrital e central da APS. A gestão central apresentou para a equipe dados de produtividade da US evidenciando para a equipe uma ampliação significativa do acesso dos usuários desde a junção das unidades. A coordenação da US, junto com os residentes de Saúde Coletiva, apresentaram ao grupo os resultados do diagnóstico de demanda e demais análises realizadas previamente, gerando um debate coletivo. Ainda durante a reunião de planejamento, foi discutido e apresentado as diferentes atribuições de cada categoria profissional. As demandas trazidas pelas matrizes e o envolvimento da equipe em identificar os “nós críticos” estabelecidos trouxeram avanços profundos na união das equipes. O material levantado foi usado como pauta de educação permanente em diversas outras reuniões para alinhamentos contínuos dos fluxos de trabalho. Os esforços empregados para consolidação da união das equipes não só trouxeram resultados para os processos de trabalho, como também no sentido de vincular a nova equipe com seus usuários.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9386
Título do Trabalho: ASSOCIAÇÃO ENTRE AMBIENTE CONSTRUÍDO E OBESIDADE ABDOMINAL EM ADOLESCENTES
Autores: Veronica Fonseca, Luciane Daniele Cardoso, Heberth De Paula

Apresentação: A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um importante problema de saúde pública, afetando crianças, adolescentes, adultos e idosos. Os fatores genéticos parecem ter um importante papel na determinação da susceptibilidade individual para a obesidade, mas não explicam, por si só, o aumento da prevalência de obesidade observadas nas últimas décadas. A influência do ambiente construído no desenvolvimento da obesidade é suportada principalmente pelo aumento da sua prevalência nos países industrializados, associado às alterações do estilo de vida e dos hábitos alimentares ocorridos nas últimas décadas. As causas da obesidade não são apenas individuais, mas também ambientais e sociais. Muito se tem questionado sobre a ênfase dada aos aspectos individuais em relação à obesidade, em detrimento da complexa influência dos contextos sociais e ambientais nos quais os indivíduos tomam suas decisões comportamentais. Tal crítica indica um novo foco sobre as exposições ambientais que incentivam práticas alimentares inadequadas, caracterizadas pelo elevado consumo energético, de açúcares, aditivos e gordura saturada e baixo consumo de fibras e desencorajam a prática de atividade física bem a relação dessa exposição com o ganho de peso. Considerando que a ingestão de Alimentos Ultra Processados (AUP), pela população brasileira aumentou expressivamente nas últimas décadas, é necessário avaliar o acesso a alimentação e os determinantes das escolhas alimentares o mais precocemente possível. Dessa forma, o espaço urbano no entorno das escolas através da disponibilização de alimentos pode ser determinante das escolhas alimentares dos adolescentes. A distribuição dos locais de comercialização de alimentos, o tipo de alimento comercializado e a proximidade da escola, facilitando ou dificultando a aquisição de alimentos, podem influenciar nos hábitos alimentares dos adolescentes impactando sobre seu estado e saúde. A compreensão do papel do ambiente construído já recebeatenção na promoção da saúde. Embora o ato de comer e a prática de atividade física sejam comportamentos individuais, evidências crescentes sugerem que o problema do sobrepeso e obesidade seja fortemente influenciado pelo ambiente construído que as pessoas habitam. Sabendo-se que as características do ambiente podem afetar a saúde dos indivíduos. Dessa forma, o entendimento e a mudança do ambiente construído são essenciais na promoção de comportamentos saudáveis e na redução da prevalência da obesidade na população. As investigações sobre a associação entre obesidade e o ambiente construído podem contribuir consideravelmente na proposição de políticas públicas voltadas à redução da obesidade. Este trabalho teve por objetivo avaliar a associação entre aspectos do ambiente construído no entorno das escolas e a obesidade abdominal em adolescentes. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, de caráter descritivo e analítico, cuja unidade amostral são adolescentes de escolas públicas e privadas de ensino fundamental e médio do município de Alegre, Espírito Santo. A amostra foi obtida a partir de um universo constituído por 1.208 adolescentes entre 11 e 15 anos de idade, matriculados nas 5 escolas (03 públicas e 02 particulares) localizadas na zona urbana do município de Alegre (ES) que oferecem o ensino fundamental II e médio. O tamanho amostral foi definido com base na estimativa da proporção populacional, considerando uma estimativa de excesso de peso de 20,4%, precisão de estimativa de 5% e erro alfa de 3%, acrescido de uma estimativa de perda amostral de 20%, resultando numa amostra final constituída por 530 adolescentes, os dados foram coletados através de questionário, e os participantes apresentaram o Termo de Consentimento Livre (TCLE). O processo amostral se deu por amostragem probabilística, com plano de amostragem aleatória simples (AAS), sem reposição, no qual os adolescentes participantes do estudo foram aleatoriamente sorteados a partir de uma lista de referência fornecida pelas escolas, respeitando-se a proporcionalidade de alunos por escola, sexo e idade. Nesse trabalho, no entanto para efeito de associação com asvariáveis ambientais foram utilizadas as medidas da circunferência da cintura obtida no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca ea estatura, as quais foram utilizadas para o cálculo da relação cintura estatura (RCE). A RCE, por sua vez, foi utilizada como critério diagnóstico de obesidade abdominal. Adolescentes que apresentaram valores de RCE ≥ 0,5 foram considerados como portadores de obesidade abdominal. Para avaliar as características do ambiente alimentar no entono das escolas, utilizou-se como unidade contextual para espacialização dos dados buffers de 900m no entorno das escolas e, a partir daí cada estabelecimento de comercialização de alimentos foi identificado/espacializado com base nas coordenadas geográficas obtidas através das ferramentas do Google Maps (GM), Google Earth (GE) e Google Street View. Este estudo teve como desfecho a variável obesidade abdominal, diagnosticada através da relação cintura estatura. A técnica de regressão logistíca bivariada foi utilizada na investigação dos fatores individuais e ambientais associados a obesidade abdominal, utilizando os valores da Odds Ratio e respectivos intervalos de confiança de 95% Todas as análises estatísticas foram feitas o pacote estatístico Stata 14.0. Resultado:SUm total de 511adolescentes com idade entre 11 e 15 anos de idade foram avaliados, maioria da população estudada é do sexo feminino (53%), não branca (72%), proveniente de escola pública (81%) e são filhos de mulheres com escolaridade inferior a 8 anos de estudo (87%). A prevalência de obesidade abdominal encontrada foi de 12%.Quanto as variáveis do ambiente construído, foram localizados geograficamente 28 estabelecimentos de comercialização de alimentos no entorno das 5 escolas de ensino fundamental e médio avaliadas no município de Alegre-ES. O presente estudo sugere que o ambiente alimentar no entorno das escolas avaliadas apresenta características associadas a obesidade abdominal entre adolescentes. A prevalência de obesidade abdominal foi expressiva e observou-se associação entre obesidade abdominal e a disponibilidade de locais de comercialização de AUP no entorno da escola. As escolhas alimentares refletem um comportamento complexo influenciado por diversos fatores, dentre eles os fatores ambientais, os quais vem recebendo cada vez mais destaque nas últimas décadas. O ambiente alimentar no qual o adolescente seinsere influencia, facilitando ou dificultando, a adoção de práticas de vida que podem favorecer a instalação ou a manutenção da obesidade. Considerações finais: A presente pesquisa pode acrescentar informações relevantes para o estudo da relação entre o ambiente construído e obesidade em adolescentes na medida em que evidência que o ambiente alimentar no entorno das escolas pode apresentar características que representam potenciais determinantes da obesidade abdominal entre adolescentes. A influência das características ambientais na determinação da obesidade abdominal demonstrada nesse estudo reforça a necessidade de inclusão das questões do ambiente construído no âmbito das intervenções em saúde coletiva e no estabelecimento de políticas públicas como estratégia de incentivo a escolhas alimentares saudáveis e combate ao excesso de peso e a obesidadeDessa forma, conclui-se que os desafios relacionados à compreensão da obesidade, especificamente em adolescentes que frequentam o ambiente escolar, dependem da incorporação do estudo da vizinhança das escolas, que poderia contribuir para a melhor execução da Promoção e Assistência à Saúde. 


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Trabalho nº 8363
Título do Trabalho: RODAS DE CONVERSA COM ADOLESCENTES: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS E INSERÇÃO DE ESPAÇOS DE DISCUSSÃO
Autores: Sabrina Vieira Ricardo da Silva, Aline Macêdo de Queiroz, Roselene de Souza Portela

Apresentação: A adolescência é considerada um período marcado por inúmeras transformações, sejam elas físicas, sociais ou emocionais.          No que se refere a assistência à saúde, existe uma baixa procura dos adolescentes pelos serviços de saúde para ações de prevenção e acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento; geralmente quando os mesmos buscam pelos serviços é devido a uma situação de agravo a saúde já instalada. Dessa forma, é de extrema relevância a atuação eficaz e o olhar crítico dos profissionais de saúde nas questões que envolvem a saúde do adolescente, em conformidade com as ações preconizadas pelo programa de atenção à saúde do adolescente. Nesse contexto, é fundamental identificar a realidade social em que os adolescentes estão inseridos, e quais as suas necessidades de atenção à saúde. Dentre as principais estratégias a serem adotadas pelos profissionais para o conhecimento destas necessidades dos adolescentes, destaca-se o estabelecimento de diálogo e comunicação efetiva com o mesmo. Este processo comunicativo permite que os próprios adolescentes possam compartilhar sobre quais as suas necessidades de informação, de conhecimentos e de atenção à saúde. Diante deste cenário, o trabalho aborda sobre o planejamento e realização de roda de conversa com adolescentes de uma escola da rede pública de ensino do município de Belém sobre abordagens relacionados a saúde sexual e reprodutiva. Esta atividade foi desenvolvidas pelo Projeto de Capacitação em Atenção em Atenção à Saúde do Adolescente (Projeto CASA), que é um projeto de extensão universitária em andamento vinculado ao Programa de Apoio à Reforma Urbana (PARU), que, por meio do Ensino, Pesquisa e Extensão, aproxima a Universidade Federal do Pará (docente, técnico e discente) à sociedade. Sua existência originou-se após o convênio firmado entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Ministério da Saúde/Fundo Nacional de Saúde. Desde a sua implementação o projeto CASA vem trabalhando no fortalecimento das políticas públicas voltadas à saúde do/a adolescente em Belém. O projeto tem como principais finalidades auxiliar os profissionais e estudantes da área da saúde, em especial saúde do adolescente, envolvendo os temas das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e saúde sexual e reprodutiva; aprimorar as estratégias que contribuam para a redução das ISTs e gravidez não planejada em conjunto com as equipes de atenção primárias e atenção à saúde do jovem em Belém; e envolver usuários da rede de saúde, assistência social e educação, nas ações de enfrentamento e prevenção às ISTs, da gravidez não planejada. Dessa forma, o trabalho tem como objetivo relatar a experiência da implementação de rodas de conversas com adolescentes. Desenvolvimento: Trata-se de um trabalho descritivo, do tipo relato de experiência, sobre a organização e realização de roda de conversa com alunos do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino do município de Belém do Pará, desenvolvida por técnicos, bolsistas e voluntários do Projeto CASA. Para a realização da roda de conversa com os adolescentes, a equipe do projeto percebeu a necessidade e a relevância de conhecer anteriormente as reais necessidades dos adolescentes da escola em relação aos assuntos a serem abordados e quais as suas principais dúvidas. Por este motivo, inicialmente houve um momento de vivência com os adolescentes, período em que a equipe foi a escola durante alguns dias com o intuito de estabelecer um maior contato com os adolescentes, apresentar sobre a atuação e os objetivos do projeto, questionar sobre quais os temas, relacionados a saúde do adolescente, eles julgavam como mais relevante para ser abordado em um segundo momento numa roda de conversa, e quais as suas principais dúvidas sobre a saúde do adolescente. Neste primeiro momento a equipe pode conhecer melhor os adolescentes, visto que foi possível estabelecer um espaço de interação. Para a coleta destas informações foi utilizada uma urna, confeccionada pela equipe, em um local de fácil acesso na escola, em que os adolescentes depositaram suas dúvidas e sugestões, que serviram de subsídio para a construção e realização da roda de conversa, que por sua vez teve como abordagem principal a saúde sexual e reprodutiva. Em um segundo momento, após o processo de planejamento, foi realizada a roda de conversa que ocorreu em dois dias, no primeiro foi direcionada a duas turmas do terceiro ano, e no segundo ao primeiro e segundo ano do ensino médio, ambas com a mesma abordagem e metodologia. Inicialmente, ela foi composta por um momento de dinâmica com perguntas e respostas, envolvendo mitos, curiosidades e questionamentos sobre saúde sexual e reprodutiva, todas elaboradas com base nas informações coletadas na urna anteriormente. Os alunos foram divididos em grupos, e a cada questionamento eram instigados a responder e discutir sobre o assunto abordado, e posteriormente após cada pergunta a equipe realizava um comentário e promovia um momento de discussão com os adolescentes. No final da roda de conversa a equipe entregou um formulário de avaliação da atividade e distribuiu brindes para os participantes. Resultado: Através deste processo de planejamento e realização da roda de conversa foi possível evidenciar a grande relevância da vivência inicial com os adolescentes, pois foi fundamental para promover diálogo e possibilitar a criação de vínculo com os mesmos. Além disso, a identificação dos temas indicados pelos adolescentes foi essencial para a criação de uma roda de conversa baseada na problematização, e que conseguiu esclarecer as principais dúvidas dos adolescentes relacionadas a saúde sexual e reprodutiva. A estratégia de inserir um momento dinâmico na roda de conversa, por meio da atividade de perguntas e respostas foi muito válido, visto que foi permitiu uma maior participação e interação dos alunos com a equipe. A maioria dos alunos avaliaram que a atividade foi positiva e apresentou resultados satisfatórios, informações estas obtidas por meio do formulário de avaliação, ademais vários alunos solicitaram que a equipe retornasse a escola para desenvolver mais atividades semelhantes a esta. Considerações finais: O desenvolvimento de espaços de discussões relacionadas a saúde do adolescente é de fundamental importância para a promoção da saúde, além de aumentar a proximidade profissional-adolescentes e facilitar o processo de comunicação e compartilhamento de conhecimentos. Introduzir os adolescentes nos espaços de discussão possibilita aprendizados, estimula a busca pelo conhecimento e os instiga a se reconhecer enquanto sujeitos responsáveis pela sua própria saúde.


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Trabalho nº 9900
Título do Trabalho: CUIDADOS PALIATIVOS NO RIO DE JANEIRO, UMA REALIDADE EM CONSTRUÇÃO A PARTIR DE AÇÕES INTERSETORIAIS
Autores: Laurenice de Jesus Alves Pires, Ernani Costa Mendes, Ana Paula Menezes Bragança dos Santos, Débora de Wilson Mattos, Érica Tavares Quintans

Apresentação: Cuidados Paliativos(CP) são cuidados que devem ser oferecidos para todas as pessoas, que possuem doença aguda ou crônica que ameace a vida. As recomendações globais para o tema foram ratificadas no Brasil, em outubro de 2018 com a Diretriz Nacional para organização dos cuidados paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde. Esse cuidado objetiva dar alívio ao sofrimento, em todas as suas dimensões: física, psíquica, social e espiritual, contribuindo para a qualidade de vida e ajudando na superação em todas as fases do tratamento. Os CP devem ser iniciados na sequência do diagnóstico, e devem ser ofertados em todos os pontos de atenção: Atenção Básica, Atenção Domiciliar, Atenção Ambulatorial, Urgência e Emergência e Atenção Hospitalar. No entanto, sabe-se que: i) ainda é pequeno o número de trabalhadores do SUS com formação para a oferta de cuidados paliativos, ii) ainda é o muito incipiente a oferta de cursos oferecidos por instituições públicas; e, iii) o foco do cuidado ainda está muito centrado no cuidado hospitalar - segundo a Associação Nacional de Cuidados Paliativos, 74% dos serviços são ofertados em hospitais  e somente 10% dos hospitais oferecem esse cuidado. Entre as recomendações da Organização Mundial de Saúde sobre o que os países podem fazer para implementar esses cuidados está a integração dos cuidados paliativos nas políticas de saúde nacionais, considerando que o aumento das doenças crônicas e o envelhecimento da população aumentarão a demanda por cuidados paliativos, em especial nos países de baixa e média renda. No Rio de Janeiro, é possível observar um movimento de trabalhadores do SUS; de Organizações Não Governamentais; parlamentares; militantes do tema e academia que atuam em prol da formação dos profissionais e se articulam para pressionar o Governo a implantar ações de cuidados paliativos constantes nas políticas e programas nacionais ou estaduais, visando à garantia de acesso dos usuários do SUS aos cuidados paliativos como um direito humano, além de um direito de saúde. Objetivo: Objetivo desse trabalho é dar visibilidade ao movimento de controle social formado em torno dos CP, que aproximou trabalhadores do SUS, representantes de Organizações Não Governamentais, parlamentares, academia e militantes do tema para a exigência do direito ao acesso aos Cuidados Paliativos no Rio de Janeiro, em tempos de desmonte da Saúde Pública e da Atenção Primária. Desenvolvimento: descrição da experiência ou método do estudo O grupo de autores trabalhou ao longo dos últimos anos nas experiências citadas no trabalho, com a expectativa e o comprometimento de lutar por resultados melhores na implementação desse trabalho, isso nos fez refletir sobre as possibilidades, os resultados e os impactos dessas ações para a Saúde Pública. Ao longo de alguns anos várias iniciativas foram desenvolvidas no âmbito do Estado do Rio de Janeiro visando à construção de uma rede em cuidados paliativos. A articulação entre diversas instâncias da sociedade permitiu que fossem desenvolvidas atividades como palestras, cursos, oficinas, congressos, bem como, a aprovação de uma Lei estadual, dentre outras ações, em prol da disseminação e desmistificação da temática dos cuidados paliativos na sociedade. Resultado: Os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa; Políticas Públicas: Cuidados paliativos estão presentes no: Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022; Plano de Ações Estratégicas de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis do Estado do Rio de Janeiro, 2013-2022; no Plano Estadual de Atenção Oncologia – maio, 2017; Portaria nº 140 de 27 de fevereiro de 2014 - Redefine os critérios e parâmetros para organização, planejamento, monitoramento, controle e avaliação dos estabelecimentos de saúde habilitados na atenção especializada em oncologia e define as condições estruturais, de funcionamento e de recursos humanos para a habilitação destes estabelecimentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Câmara Técnica de Cuidados Paliativos/MS/DGH: Em 2019 o Ministério da Saúde, retomou as reuniões da Câmara Técnica de Cuidados Paliativos no Rio de Janeiro. Segundo portaria de 2015, a Câmara Técnica Assistencial é instancia colegiada de natureza consultiva vinculada a Coordenação Geral de Assistência do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde. Tem por objetivo debater, examinar, elaborar e formação opinião técnica sobre a matéria, assunto ou processos indicados pelo DGH. As reuniões são mensais e durante o ano de 2019 ocorreram cerca de oito reuniões. Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP): A reativação da Câmara Técnica de Cuidados Paliativos e a criação de uma política nacional eram demandas da ANCP junto ao Ministério da Saúde, que foram parcialmente atendidas, à medida que a diretriz não vincula uma fonte de recursos para a sua implantação. Em 2019, com nova diretoria eleita, foi criada a regional Sudeste da ANCP, com forte representação do Rio de Janeiro, envolvidas nas demais atividades/ações citadas. Política Estadual de Cuidados Paliativos: Em julho de 2019, foi publicada a Lei 8425/19, que institui o Programa Estadual de Cuidados Paliativos no âmbito da saúde pública do Estado do Rio de Janeiro. Em novembro do mesmo ano foi realizada uma audiência pública provocada pela pressão pública e convocada pela Comissão de Representação para Acompanhar o Cumprimento das Leis (Cumpra-se), da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Estavam presentes cerca de 150 pessoas entre representantes de ONGs, Academia, trabalhadores do SUS, pacientes e interessados no tema. Formação Profissional: ENSP: Implementação do primeiro o Curso de Especialização em Cuidados Paliativos com Ênfase na Atenção Primária da Escola Nacional de Saúde Pública (FIOCRUZ). Objetivando capacitar profissionais da área de Atenção Primeira em Saúde para a assistência em CP, em uma perspectiva interdisciplinar. Curso gratuito. Foram ofertadas 30 vagas e houveram 300 inscritos. Essa ação mostra o interesse dos profissionais pelo tema e a busca pela formação gratuita e de qualidade. INCA: Capacita INCA. Cursos presenciais realizados em hospitais com oncologia pediátrica e pediatria para formação em cuidados paliativos pediátricos. Curso gratuito. Realizados no INCA e nos hospitais, sob demanda, o curso tem representado a oportunidade de formação dos profissionais de saúde para o tema. Cuidados paliativos é uma ação específica que requer conhecimentos específicos, tornando ainda mais relevante à formação específica para esse grupo. No último ano foram realizados 3 cursos capacitando  300 trabalhadores. Câmara Técnica de Oncologia: A Resolução SES, 1908 de setembro de 2019 institui a Câmara Técnica de Oncologia do Estado do Rio de Janeiro, destinada a discutir a atenção integral em Oncologia no âmbito do Sistema Único de Saúde, que contará com representação de organizações não governamentais. Considerações finais: Considerando o arcabouço jurídico os CP estão assegurados tanto em políticas nacionais quanto estadual, no caso do Rio de Janeiro. No entanto, é necessário que haja vontade política e investimento público para que os usuários do SUS tenham acesso ao seu direito. Em um cenário de desmonte da saúde pública, o fortalecimento do espaço de controle social e o advocacy para o tema pode ser o diferencial para a priorização da agenda, assim a articulação entre trabalhadores sociais, ONGs, movimentos sociais e academia pode ser uma estratégia relevante. É o que tem sugerido a experiência com os cuidados paliativos.


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Trabalho nº 7341
Título do Trabalho: CONSTRUINDO OUTROS CAMINHOS A PARTIR DA ECONOMIA SOLIDÁRIA
Autores: Camila Vieira; Anna Karolina Lacer; João Bizarro

Apresentação: Como fruto da reunião  tal que ocorreu em janeiro de 2020, diversos profissionais de diferentes setores, alguns estudantes e usuários dos equipamentos de saúde e assistência, encontram-se para construir um coletivo empenhado em discutir práticas e intervenções comprometidas com uma leitura crítica das questões sociais na cidade de Maricá. Apostando em uma prática desinstitucionalizante, apoiada nas mais diversas experiências interventoras cujo intuito é REDEScobrir, analisar e interrogar "que práticas são essas?"; "para quem são essas práticas?" e "é acessível para todos de fato?". O grupo conta com a participação de seis pessoas, sendo três estudantes de psicologia e três usuários do Serviço de Atendimento Psicossocial Álcool e outras drogas (SAPAD), essa divisão foi pensada diante do fato desses três usuários transformarem filtros de motores de ônibus em bancos acolchoados e forrados. Toda essa produção nasce dentro de uma comunidade terapêutica e começa a ser escoada para além dos muros asilares e os valores levantados com as vendas serão repartidos proporcionalmente e os montantes excedentes reinvestidos em prol do projeto. Em contrapartida, os estudantes de psicologia fazem parte da construção de um projeto piloto em economia solidária dentro de uma instituição religiosa com intuito de trocar densas experiências acerca da geração de renda. As ações têm sido dirigidas ao mapeamento dos caminhos da população em situação de vulnerabilidade e a procura de alento, em especial os assistidos pela caridade das organizações religiosas e ou solidárias que são tidas por terceiro setor, ou sociedade civil organizada. Temos o intuito de conhecer este excedente humano que sequer acessa a assistência social formal e os fluxos de solidariedade e resistência, incidindo sobre estas redes. Diante de tal contexto, lançamo-nos em uma apropriação da temática que fundamenta a economia solidária, concebendo-a como estratégia, que já apresenta frutos na prática desinstitucionalizante em saúde mental, diferentemente da assistência social. A economia solidária é uma modalidade de geração de renda que transborda a relação capitalística que se tem com o trabalho, o desafio põe-nos frente aos atravessamentos e potencialidades que se apresentam ao experimentar a implementação desta prática revolucionária, expandindo, principalmente, o conceito acerca do trabalho, conectando-nos à um instrumento produtor com grande potencial, responsável  por viabilizar novos vínculos afetivos, promovendo autocuidado e o  outro, possibilitando uma reinserção na sociedade. Neste sentido, nos apoiamos no método cartográfico apostando na pesquisa-intervenção, na medida em que não há um modo disposto por normativas a serem seguidas em nossa prática, sendo então necessário intervir para conhecer, ao passo que afirmamos e agimos rompendo com qualquer pseudoneutralidade, portanto, ao subverter a lógica tradicional da pesquisa. É a partir do mapeamento dos fluxos, fluxos marginais, e das redes formais sobre as quais atuamos, na tentativa de acompanharmos alguns processos que se fazem presentes no território, para que assim possamos construir conjuntamente com essas pessoas estratégias de intervenção.  


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10927
Título do Trabalho: CONSTRUINDO UMA REDE DE PROFISSIONAIS E INSTITUIÇÕES PARA O CUIDADO À LESÕES DE PELE NA ATENÇÃO BÁSICA: CONCRETIZAÇÃO DE AÇÕES DE EDUCAÇÃO PERMANENTE, PESQUISA, E INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇOS
Autores: Carmen Lucia Mottin Duro, Erica Rosalba Mallmann Duarte, Dagmar Elaine Kaiser, Celita Rosa Bonatto, Bruna Santos da Rosa, Guilherme Pontes Miranda

Apresentação: As lesões de pele interferem no cotidiano dos usuários, pois podem gerar sofrimento, dor, infecções graves, comorbidades, isolamento social, depressão, comprometimento da saúde mental, perda da mobilidade, aumento de custos, podem levar a amputação do membro afetado e até mesmo o óbito. Se a assistência e o tratamento forem inadequados estas lesões chegam à cronificação e a graves complicações, elevando o investimento financeiro para os usuários e para os serviços. Por meio da vivência dos profissionais de saúde e dos docentes à rede de atenção básica dos Serviços de Atenção Básica de Porto Alegre identificou-se que os profissionais de enfermagem atendem uma expressiva parcela de usuários com lesões de pele, e na maioria das situações apresentam desconhecimento em relação às possibilidades  terapêuticas que já existem na atualidade para o tratamento das lesões. Objetivo: Com a finalidade de colaborar na qualificação dos profissionais foi desenvolvida ação de extensão cuja proposta foi promover a educação permanente dos profissionais de enfermagem atuantes nos serviços de atenção básica de saúde do município de Porto Alegre sobre a prevenção e tratamentos curativos nas lesões de pele. Trata-se, então, de relato de experiência sobre as atividades de extensão  desenvolvidas por professores, acadêmicos, residentes e enfermeiros da EEUFRGS e SMS-POA. Desenvolvimento: O projeto de extensão iniciou em 2016, a partir do TCC de uma aluna em Curso de Especialização do Cuidado Integral com à Pele no Âmbito da Atenção Básica, o qual teve como resultado a elaboração de “Cartilha educativa de orientação a usuários sobre cuidado de úlceras venosas”. A ação extensionista validou a cartilha elaborada no TCC com usuários portadores de úlceras venosas e com enfermeiras atuantes em serviços especializados do município de Porto Alegre e realizou a entrega aos usuários dos Serviços Especializados em Curativos Especiais municipais. Essa cartilha abordou em linguagem acessível aos usuários, o conceito, sinais e sintomas da lesão e aspectos do autocuidado que favorecem o processo de cicatrização da mesma. Em 2017, seguindo a linha de projeto de Pesquisa intitulado ‘Pesquisas integradas sobre organização do trabalho e integralidade nos serviços: novas tecnologias no cuidado ao usuário com lesão de pele na rede de atenção à saúde no Estado do Rio Grande do Sul’, CAAE 56382316.2.3001.5338, foi elaborado levantamento das dificuldades em termos de conhecimento das lesões e terapêuticas utilizadas nos curativos dos profissionais de enfermagem dos Distritos Glória-Cruzeiro-Cristal e Centro de Porto Alegre por TCC de graduanda do Curso de Enfermagem UFRGS. Os resultados do estudo acusaram a necessidade de investimento em educação permanente em saúde da pele com os profissionais de enfermagem da atenção básica, visando qualificar e trazer segurança ao cuidado de pessoas com lesões de pele. Assim, em nova edição de extensão foi elaborada outra cartilha, voltada para a equipe de enfermagem da rede básica denominada “Orientações para profissionais de enfermagem sobre cuidados com lesões de pele”. Essa cartilha reúne informações importantes sobre atuais tendências e avanços tecnológicos e terapêuticos no cuidado de pessoas com lesões de pele, orientadas para uma atuação coletiva no âmbito da atenção básica e especializada da SMS-POA, sendo apresentadas as informações mais incidentes nos questionários: lesões crônicas de pele (úlceras venosas, arteriais e mistas, pé diabético, lesões por pressão) e lesões agudas de pele (queimaduras e lesões por tungíase). Além disso, foi elaborado um quadro e, que constavam os materiais terapêuticos (coberturas) disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde, descrevendo composição, indicações, contraindicações e o tempo de troca de cobertura dos curativos. A cartilha está disponibilizada on-line por meio do biblioteca virtual da UFRGS. As atividades de elaboração, edição e impressão, além da entrega das cartilhas aos usuários e após as equipe de enfermagem, nos anos de 2017, 2018 e 2019 foram através de atividades de extensão (nº 33750, nº 36014 e 39315). Resultado: e Resultado: Para realizar a entrega da cartilha às equipes enfermagem foi prevista oficinas educativas inseridas e pactuadas com as gerentes distritais no Programa de Educação Permanente da Secretaria Municipal de Saúde. Esta atividade foi realizada em quatro  Distritos Sanitários de Porto Alegre (gerências  Norte /Eixo Baltazar; Partenon /Lomba do Pinheiro; Glória/Cruzeiro/Cristal e Centro) com contatos e reuniões de formalização e organização das ações educativas. A equipe extensionista contou com três professores, dois alunos bolsistas de extensão, uma enfermeira da residência em saúde coletiva, todos da Escola de Enfermagem da UFRGS e  2 enfermeiras estomaterapeuta e especialista em lesão de pele, funcionárias da SMS-POA. No Distrito Glória Cruzeiro Cristal  foram realizados 2 oficinas com 84 participantes, no Distrito Centro tivemos 1 oficina com  15 participantes,  no Distrito Norte Baltazar foram realizadas 4 oficinas qualificando 108  e no Distrito Partenon/Lomba do Pinheiro foram realizadas 2 oficinas contemplando 63 participantes. Todos eram técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e enfermeiros. Estão previstos novos contatos com as outras quatro Gerências não contempladas. A promoção de educação permanente dos profissionais da saúde resultou então em oficinas, 270 participantes e 17 pessoas envolvidas na organização. Esta rede desenvolvida já realizou três pesquisas, que aguardam e que envolveram 11 pesquisadores. À atividade junto aos usuários contou com vários encontros das pesquisadoras e dois encontros com os usuários sendo a primeira para ver os assuntos que gostariam que incluíssem na cartilha e o segundo para aprovarem a cartilha. A atividade junto às equipes de enfermagem foi realizada em quatro das oito gerências distritais de Porto Alegre. Considerações finais: Por meio de diferentes abordagens o grupo percebeu que ainda persistem lacunas na formação dos profissionais de enfermagem relativas ao conhecimento no cuidado de pessoas com lesões de pele na atenção básica. O grupo tem buscado o planejamento de estratégias e ações de educação permanente voltadas à adoção de medidas preventivas e terapêuticas pelo enfermeiro e equipe nas singularidades das situações de trabalho e exigências do cotidiano, coerentes com o processo de cuidar sistematizado e focado no usuário com lesões e suas peculiaridades. Concomitantemente, pautado no projeto de Pesquisa, busca-se aprofundar conhecimento, com repercussões para a produção do cuidado sobre lesões de pele, suscitando possibilidades de novas investigações. Assim, por meio das atividades de Educação Permanente e das pesquisas com publicações, tivemos a ampliação do conhecimento sobre lesões, o qual foi estimulado e construído nas oficinas de Educação Permanente em Saúde, por meio da reflexão de todos sobre educação para saúde. Cabe destacar a participação ativa da gestão dos serviços no planejamento e execução da atividade, a contribuição dos formandos que certamente ampliaram sua formação acadêmica, e o que se mais espera na Saúde produziu o encontro efetivo da integração entre o Ensino e os Serviços para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde brasileiro.


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Trabalho nº 10419
Título do Trabalho: O CONSULTÓRIO DE RUA: LUGAR ESTRATÉGICO PARA CONSTRUÇÃO DE CAMINHOS DESINSTITUCIONALIZANTES NA SAÚDE PÚBLICA
Autores: Breno Lincoln Pereira de Souza Diniz, Priscilla Victória, Ártemis Garrido, Mariana Aparecida de Oliveira Fonseca

Apresentação: O presente trabalho tem como objetivo descrever o equipamento do Consultório de Rua (CdeR) no município de Belo Horizonte como um lugar estratégico para a construção de caminhos desinstitucionalizantes no Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, discutiremos acerca de sua composição e atuação no município junto à população em situação de rua, destacando o papel da arte-educação na ampliação do vínculo dos usuários com a cidade como um todo e na promoção de uma transformação na maneira com que os sujeitos vivenciam a arte e a cidade. O CdeR é um dispositivo que compõe a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Belo Horizonte desde 2011, com o objetivo de produzir cuidado às pessoas em situação de rua e que fazem uso prejudicial ou não de substâncias psicoativas. O serviço atua por meio de equipes multiprofissionais que circulam pela cidade em uma van, percorrendo as cenas públicas de uso de álcool e outras drogas nos territórios, buscando construir o cuidado a partir do diálogo entre os diversos saberes e com os demais serviços da RAPS e atuando a partir do entendimento da Redução de Danos enquanto ética do cuidado. As equipes são compostas por 7 profissionais: 1 arte-educador, 1 redutor de danos, 2 assistentes sociais, 1 psicólogo, 1 enfermeiro e 1 motorista. Por vezes, durante os atendimentos, a van se apresenta enquanto um consultório onde o cuidado às pessoas em situação de rua acontece; outras vezes, enquanto um ateliê de arte, um instrumento que possibilita ao usuário circular pela cidade, conhecer os espaços públicos de saúde, arte e lazer. Em outros momentos, a van é o lugar que propicia a privacidade necessária para o acolhimento e uma escuta sensível e sigilosa que precisa acontecer naquele momento. Por meio de diários de campo, reuniões semanais de equipe, supervisões de casos e discussões em rede para além da saúde, construímos o cuidado, compreendendo historicamente o acesso negado dos direitos primários a essa população. Neste sentido, o direito à saúde não é diferente! As barreiras institucionais são postas diariamente aos sujeitos que vivem em situação de rua, seja na recusa de um toque para aferir a pressão, seja na negativa de um atendimento devido a falta de um documento de identidade ou na hostilização por sua apresentação pessoal. O CdeR atua tentando transpor essas barreiras, intervindo tanto com os usuários quanto com os serviços, no sentido de auxiliar na promoção do vínculo entre a população em situação de rua e os equipamentos socioassistenciais e facilitando o acesso dos sujeitos a seus direitos fundamentais. No CdeR as intervenções são estruturadas a partir do cuidado em liberdade e de construções com cada sujeito, ou seja, orientamo-nos pela ferramenta do usuário-guia. As equipes do CdeR buscam colocar em xeque seus núcleos de saberes e seguem arquitetando práticas de cuidado que sejam coerentes com a realidade da vida das pessoas em situação de rua, realizando a construção em saúde a partir dos apontamentos dos sujeitos. Neste sentido, não se está interessado apenas na técnica, mas principalmente na capacidade de acolher/escutar/intervir sensivelmente para posteriormente (a partir do núcleo de saber de cada uma) direcionar terapêuticas. A arte, peça fundamental no CdeR, se dá em três eixos: a construção individual, coletiva e a do espaço. Entende-se enquanto construção individual a atividade que se dá com um usuário, construção coletiva quando há um grupo e a do espaço quando é a cidade o assunto a ser trabalhado. A metodologia se dá de forma espontânea ou programada: o arte-educador pode propor uma atividade para a semana e convidar previamente os usuários, ou o usuário pode propor algo para aquele momento. Um desenho enquanto se espera atendimento, uma mesa com lápis, canetas, tesouras e papéis em meio à cena de uso pública ou um “rolê” em um equipamento cultural da cidade são modos de perceber a arte, a subjetividade, memória e bagagem cultural de cada usuário. Com isso,  a equipe possibilita modos de vinculação não só com a rede de saúde e assistência, mas com a cidade como um todo, garantindo assim direitos, autonomia e o acesso a equipamentos historicamente negados a esse público. O lugar do arte-educador dentro de um serviço que lida a todo momento com o efêmero o faz propor atividades de um minuto, uma hora ou um ano, a depender do tempo de atendimento daquele sujeito e não de um cronograma de oficinas com tempo pré-estabelecido. O espaço da arte-educação ser, em suma, a rua, faz com que o usuário e a equipe como um todo experienciem  a arte para além do seu espaço formal: ela acontece onde o sujeito está, não necessariamente em um espaço legitimado enquanto “espaço de arte”. A arte-educação é urbana e envolve todas as práticas artísticas e todos os cenários possíveis. Nesse contexto, a linguagem da performance é uma das mais utilizadas, pensando o conceito de performance enquanto “a execução de uma ação” e entendendo que estar em campo já é ressignificar a cena de uso, uma vez que a presença da equipe na cena já modifica o espaço e a relação com o  outro. Na contramão de práticas excludentes e alinhado com os princípios estruturantes do SUS da equidade, universalidade e integralidade, o CdeR busca apreender a delicadeza do tempo/espaço dessa população, priorizando a construção de vínculos a partir do acolhimento e entendendo a aposta cotidiana como necessária, buscando se tornar ponte destes usuários no acesso aos serviços públicos da rede socioassistencial. Neste contexto, a arte surge como uma metodologia do  nosso trabalho que desperta o sensível de cada um de nós, entendendo a possibilidade infinita de expressão da vida; não nos deixando endurecer diante dos contextos adversos em que atuamos e fazendo criar saídas para o que a vida pode mais. Entendemos que a luta antimanicomial precisa permanecer como paradigma orientador das reformas sanitária e psiquiátrica, nos ensinando acerca da necessidade cada vez mais urgente de não esquecermos a aliança trabalhador(a), familiares e usuários para construção do SUS que queremos, promovendo cidadania, garantia de direitos e inclusão social. Além do mais, colocar em cena temáticas historicamente negligenciadas, como racismo, feminismo, ‘guerra às drogas’, desigualdade social,  encarceramento da população preta e pobre, entre outras pautas que perpassam a vida dos sujeitos torna-se cada dia mais necessário. Afinal, como já nos lembra Caetano Veloso: “Gente quer comer/Gente que ser feliz/Gente quer respirar ar pelo nariz/Gente pobre arrancando a vida/Com a mão/Gente é pra brilhar/Não pra morrer de fome”.


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Trabalho nº 6840
Título do Trabalho: SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DE DEBATE NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO
Autores: Caroline Moraes Soares Motta Carvalho, Roberta Georgia Sousa dos Santos, Laís Macedo Angelo, Marlon Alves de Oliveira

Apresentação: Pesquisas recentes, apontam que 80% da população negra é usuária do Sistema Único de Saúde. Em 2009 a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, foi instituída no país e tem como direcionamento garantir a equidade e a efetivação do direito à saúde de negras e negros. A política inclui ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e prevenção de doenças, bem como gestão participativa, participação popular e controle social, produção de conhecimento, formação e educação permanente para trabalhadoras e trabalhadores da saúde, visando à promoção da equidade em saúde da população negra. Objetivo: Relatar experiência vivenciada por quatro enfermeiros na construção do I Seminário sobre a saúde da população negra em uma Instituição de Ensino Superior Privada. Método – O cenário de estudo foi nas dependências de um dos Campi da Instituição de Ensino Superior, na Baixada Fluminense (RJ). Resultado: – Durante a atividade, os professores conseguiram entender e perceber, a necessidade da ampliação e permanência do debate sobre a temática dentro do ambiente acadêmico, que comumente foca nas questões biológicas. Assim, a oportunidade de preparar futuros profissionais de saúde que estarão mais preparados para lidarem, de forma humana, e não puramente técnica, com estas questões em seu ambiente de trabalho. Considerações finais: Embora a ampliação das coberturas das políticas sociais tenha provocado impactos importantes na redução das desigualdades raciais, o I Seminário sobre a Saúde da População Negra mostrou, que as reflexões acadêmicas são uma excelente oportunidade, para construção e fortalecimento da diminuição do racismo e os impactos negativos na população negra nos serviços de saúde.


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Trabalho nº 8378
Título do Trabalho: REFLEXÕES SOBRE ÉTICA, VALORES E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL COM O USO DO FILME DE ANIMAÇÃO ERNEST E CELESTINE
Autores: Letícia do Nascimento Rodrigues, Samantha Moreira Felonta, Elaine da Rocha Souza, Roseane Vargas Rohr

Apresentação: Relato de experiência sobre o uso do filme de animação como tecnologia educativa para sensibilizar estudantes do primeiro período do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo sobre a construção da identidade profissional a partir de valores e da ética profissional. Os filmes representam uma tecnologia educativa potente evidenciado por diversos resultados de pesquisas e experiências, esse trabalho tem como objetivo descrever a experiência sobre o uso do cinema de animação como tecnologia educativa para promover reflexão sobre ética e valores na construção da identidade profissional. Desenvolvimento: A animação utilizada foi Ernest e Celestine, escrita por Daniel Pennac e dirigida por Stéphane Aubier e Vincent Patar. A tecnologia educativa foi implementada na disciplina Exercício de Enfermagem do 1° período do curso de graduação em Enfermagem da Ufes, essa atividade foi desenvolvida durante o período de 2013 a 2019 atingindo um total de 310 alunos. Previamente ao momento de aula, ocorria a preparação do material impresso, que consistia em uma folha com características similares a um documento de identidade, na qual continha espaço para que os alunos pudessem preencher seus dados e também pudessem descrever sucintamente a identidade profissional que ele gostaria e pretendia construir ao longo de sua formação. Durante o primeiro momento ainda em sala, a animação foi exibida integralmente aos alunos e ao término a professora dirigiu um debate sobre os pontos principais abordados no longa-metragem dando espaço para manifestações de opiniões ao mesmo tempo em que o raciocínio crítico e a autoavaliação eram estimulados. Ao fim do momento de discussão de ideias, a proposta de construção de uma identidade profissional foi apresentada aos alunos juntamente com a entrega do material elaborado onde os discentes ficaram com a tarefa de construírem, de forma pessoal, a sua identidade profissional em conjunto com uma resenha crítica sobre o filme exibido em sala. Resultado: O longa-metragem conta a história de uma amizade acima de todas as adversidades entre um urso e uma ratinha, que apesar de viverem em mundos completamente diferentes, aprendem a viver em comunhão, estabelecendo uma relação de cuidado que respeita as diferenças individuais e culturais de ambos. Após o debate em sala e a entrega dos trabalhos sobre identidade e a resenha crítica, por parte dos alunos, foi possível constatar a eficácia da tecnologia educativa descrita como mecanismo disparador do pensamento crítico e da autoanálise em alunos ingressantes no curso de Enfermagem da Ufes. Ao assistir à animação, os alunos conseguiram enxergar nos personagens comportamentos presentes na sociedade e no seu próprio convívio, e conseguiram identificar e estabelecer valores necessários para uma boa formação profissional baseada na ética e em boas práticas pessoais. Considerações finais: Foram observados pelos alunos no longa-metragem assuntos como, construção de valores, imposição da sociedade e da família sobre o agir de um indivíduo, valores sociais, preconceito, alienação, desmerecimento de profissões, ética entre outros. Além disso, a abordagem da temática do respeito às diferenças culturais destaca aos alunos um comportamento necessário para uma boa prática do cuidado em Enfermagem.


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Trabalho nº 10940
Título do Trabalho: SAÚDE MENTAL PARA A ATENÇÃO BÁSICA: CONSTRUÇÃO DE UM PORTFÓLIO DE PRÁTICAS INSPIRADORAS
Autores: Nina Soalheiro, Elaine Rabelo, Elaine Rabelo, Amanda Linhares, Amanda Linhares, Augusto César Rosito, Augusto César Rosito, Heloisa Passos Martins, Heloisa Passos Martins, Karina Caetano, Karina Caetano, Raquel Tavares, Raquel Tavares, Danúbiah Mendes Pereira, Danúbiah Mendes Pereira

Apresentação: O presente trabalho relata o desenvolvimento de um dos produtos da pesquisa “Desafios para a saúde mental na atenção básica: construindo estratégias colaborativas, redes de cuidado e abordagens psicossociais na ESF (RJ)”. A pesquisa trabalha na perspectiva do diálogo e defesa da função estratégica de ambas as políticas, partindo dos seus princípios convergentes: integralidade e territorialização do cuidado. Apresentamos aqui um recorte do tema, um Portfólio de Práticas potencialmente inspiradoras, que tem como objetivo fortalecer a atuação de trabalhadores do SUS e estimular a qualificação de práticas e ações de saúde na Atenção Básica. A saúde mental, para além de uma especialidade que demandaria ações específicas à equipe básica, seria aquela que vai contribuir para o reconhecimento e acolhimento do sofrimento psíquico em sua relação com o território social, existencial e biográfico dos pacientes. Uma compreensão do processo saúde-doença-cuidado, onde o sofrimento mental é uma manifestação particularizada, mas indissociável do contexto social. A dimensão do território se incorpora definitivamente na compreensão dos processos de adoecimento, como determinante das condições de vida e saúde, em meio a relações de poder, leia-se forças antagônicas. O desafio é avançar na perspectiva de entendimento desses processos, na sua complexidade. Sendo indispensáveis, portanto, abordagens psicossociais que conectem diferentes saberes e práticas interdisciplinares. Num contexto de reafirmação do território como lócus das ações de saúde, pretendemos dar visibilidade às práticas já constituídas na ESF, nas quais identificamos potência e características de abordagens integrais, territoriais e interdisciplinares. O nosso objetivo é sistematizar e disponibilizar práticas exemplares que possam ser identificadas como abordagens psicossociais que superem diretrizes biomédicas, especialismos iatrogênicos e características medicalizantes. No formato de um portfólio de práticas estamos construindo um instrumento de pesquisa acessível aos trabalhadores da ESF e pensado como uma mídia que permita conectar práticas e saberes. Os pesquisadores envolvidos, originários de diferentes campos, trabalham na seleção e organização dessas práticas identificadas como abordagens potentes para a Atenção Psicossocial. Para além dos relatos descritivos, o portfólio inclui contextualização teórica e análises das práticas e ações coletivas escolhidas pelos especialistas como exemplares: práticas grupais, rodas comunitárias, iniciativas culturais, ações educativas e de participação política. A construção do Portfolio de Práticas permite constatar um cenário de grande vitalidade e criatividade das experiências na atenção básicaESF, apesar da conjuntura política adversa. Há um campo fértil a ser explorado pela pesquisa com evidente fortalecimento do uso de saberes não biomédicos, apesar da hegemonia deste no campo da saúde em geral. O foco do conjunto do nosso estudo é construir coletivamente e de forma colaborativa com os trabalhadores do SUS produtos voltados para o campo da atenção e construir subsídios para difusão científica e renovação das práticas em saúde. Objetivo: Objetivo Geral Contribuir para o debate e o desenvolvimento de ações e práticas coletivas para a articulação entre Saúde Mental e Atenção Básica na ESF Objetivos Específicos -       Investigar os desafios para a articulação entre saúde mental e atenção básica na ESF. -       Identificar os conceitos fundamentais que sustentam o diálogo entre os dois campos -     Identificar práticas de cuidado integrais, territoriais e interdisciplinares que possam ser reconhecidas e potencializadas como abordagens psicossociais orientadas para a perspectiva da desinstitucionalização em saúde mental. - Construir e disponibilizar uma mídia interativa no formato de portfólio para disponibilizar aos trabalhadores da ESF um conjunto de práticas exemplares, originárias de vários campos de saber (educação profissional, processos formativos; educação popular, praticas integrativas, experiências comunitárias) e com diferentes metodologias (práticas corporais, grupais, terapêuticas naturais, e  tradicionais) Metodologia a - Revisão da litçeratura brasileira sobre o tema daõess ações de saúde mental na Atenção Básica, com ênfase em artigos no formato de relatos de experiências e estudos de caso nas principais bases de dados em saúde: BIREME, LILACS, COCHRANE, SciELO , PEPSIC, CAPES E PUMED. - Investigação documental nos anais dos principais congressos brasileiros de Saúde e Saúde Mental. Após uma fase exploratória foram escolhidos como fonte o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (ABRASCO) e o 6º Congresso Brasileiro de Saúde Mental (ABRASME), ambos realizados em 2018. A seleção também conta com a inclusão de práticas convidadas, cujos autores são referência no seu campo de atuação e dialogam intensamente com a proposta do portfólio, entendendo a importância política da articulação e da construção de um processo não engessado. Como recurso complementar à revisão foi feita uma busca em mostras nacionais em Saúde da Família (mostras de governo, comunidade de práticas, relatos premiados) e plataformas virtuais de compartilhamento dessas práticas. - Após a seleção, esta sendo realizado o contato com os autores via e-mail, ou telefone, para parabenizar, comunicar o convite e quando necessário complementar informações, como local de oriogem; realização; profissionais envolvidos; público-alvo; descrição; resultados; observações. - Através do preenchimento de um formulário (carta convite enviada por e-mail), desenvolvido por profissionais com grande experiência em coleta de dados, sistematização e comunicação, são salvos os registros das práticas, e posteriormente organizados para a equipe de desenvolvimento mídia digital. - Resultado: Durante o desenvolvimento da pesquisa pudemos constatar a vitalidade das experiências em curso na ESF em âmbito nacional, apesar de uma conjuntura política já adversa e de desmonte das políticas públicas e do SUS. Estamos ainda em fase de coleta e análise dos dados que incluem atividades coletivas e práticas terapêuticas de diversas origens e campos temáticos. Os pesquisadores indicam e analisam suas características e potenciais terapêuticos para serem replicadas e apropriadas como abordagens psicossociais voltadas aos usuários com sofrimento psíquico. No momento está sendo feita a discussão e planejamento sobre a mídia a ser utilizada para esses trabalhadores, considerando toda a sua estrutura, de tal maneira que seja facilmente acessível, estimulante e representativa para esta classe. Realizou-se um encontro com especialistas para apresentação e validação do portfólio através do método Sprint. O Portfólio será organizado por links de acesso aos eixos temáticos: práticas corporais, práticas grupais, terapias naturais e tradicionais, experiências de processos formativos, experiências comunitárias, e outros ainda em construção. As práticas também serão organizadas pela indicação aos diversos grupos vulneráveis: pessoas com histórico de psiquiatrização, vítimas de violência, dependentes de psicofármicos, usuários de álcool e drogas, idosos em situação de abandono, crianças e adolescentes em sofrimento psíquico, potenciais suicidas e pessoas em intenso sofrimento psíquico. - Conclusões/considerações finais. A pesquisa trabalha com a perspectiva de um cuidado integral, territorial e promotor de saúde e autonomia. O Portfólio de Práticas tem como objetivo oferecer instrumentos para enfrentar o desafio de construir abordagens alternativas ao modelo biomédico para as pessoas com sofrimento psíquico intenso advindo de condições sociais e subjetivas adversas. Nesse sentido reconhecemos na atenção básicaESF um espaço privilegiado para ações promotoras de saúde e autonomia, pensadas a partir do reconhecimento e incorporação dos determinantes subjetivos e sociais, advindos das condições de vida nos territórios. O nosso estudo pretende se somar a outros que buscam o reconhecimento da potência do seu próprio trabalho pelos profissionais da ESF; o estímulo à valorização de práticas e saberes locais, e o desenvolvimento nos indivíduos e comunidade do interesse pela coletivização do sofrimento, acolhimento solidário e comportamentos saudáveis.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10437
Título do Trabalho: PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: CONSTRUÇÃO, Desenvolvimento: E AVALIAÇÃO
Autores: Maria del Carmen Bisi Molina, Ana Maria Abreu Oliveira, Haysla Xavier Martins, Guilherme Augusto Loiola Passos, Jessica Ploteher Morello, Ana Paula Ribeiro Ferreira, Letícia Batista Azevedo, Lilian Claudia Nascimento

Apresentação: A promoção da alimentação saudável deve envolver os sujeitos para a tomada de decisões, tendo em vista que é um processo dialógico que visa à autonomia e o autocuidado. Assim, são requisitos fundamentais as práticas referenciadas na realidade local e problematizadoras, considerando os contrastes e as desigualdades sociais que impactam no direito universal à alimentação em quantidade e qualidade adequadas. Este trabalho tem por objetivo desenvolver estratégias de informação, educação, comunicação e mobilização para a promoção da alimentação saudável de pessoas, famílias e comunidade. Temos como meta executar ações de educação alimentar para redução do consumo de sal e açúcar e aumento de alimentos saudáveis, atuando junto à comunidade local, aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e aos pacientes do Programa de Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário da UFES. Desenvolvimento: São utilizadas abordagens que privilegiam processos ativos para construção de conhecimento. A partir de práticas contextualizadas nas realidades dos participantes, são desenvolvidas e executadas ações a fim de possibilitar a integração entre teoria e prática, ensino e pesquisa. O cenário é o Laboratório de Nutrição Dietética da UFES e os atores são estudantes de graduação e pós-graduação, técnicos, comunidade interna e externa, ACS que atuam nas 25 unidades de saúde de Vitória e os pacientes do Programa de Cirurgia Bariátrica do HUCAM. Os estudantes pesquisam receitas e testam no laboratório de dietética e, em seguida, selecionamos preparações para cada grupo específico e executamos as oficinas culinárias. Foram desenvolvidos materiais escritos com receitas, rendimento e custo médio das preparações, questionário sobre hábitos alimentares e uma página web do projeto (1) informando sobre alimentação saudável, datas e horários das oficinas, receitas e contatos. Além desses, foram produzidos vídeos e material educativo que são enviados por mídia eletrônica. Resultado: Já foram executadas 16 oficinas para os ACS, 12 para pacientes do Programa de Cirurgia Bariátrica e 15 para a comunidade em geral, perfazendo um total de 450 pessoas atingidas pelo projeto. Nas oficinas culinárias foram desenvolvidas receitas de pão integral, bolo de banana, maçã com canela, biscoito de aveia, sal de ervas, caldo de legumes, preparações salgadas, sopas, sorvete natural de frutas, legumes assados, dentre outras. Os participantes foram desafiados a preparar alimentos sem açúcar, com pouco sal e sem produtos alimentícios ultraprocessados. Considerações finais: As vivências no laboratório de nutrição são estratégias importantes para compartilhar saberes entre os atores envolvidos ao construir oportunidades de manejo da alimentação de forma mais consciente e saudável. Assim, foram produzidas preparações utilizando técnicas dietéticas adequadas para obtenção de uma alimentação mais saudável e de menor custo, além de desenvolver habilidades para produção e comercialização de produtos com as características mencionadas. (1) https://maisaudeufes.wixsite.com/projetomaisaude>


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6343
Título do Trabalho: O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE CUIDADO DA ATENÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE MESQUITA, RJ.
Autores: Caroline Maria da Costa Morgado, Virginia da Silva Santa Rosa, Josiany Nunes de Souza do Nascimento, Letícia da Silva Alves, Thaysa Pereira Marinho

Apresentação: Diante do cenário de ampliação da atenção básica no município de Mesquita, com a implantação das Clínicas da Família, priorizando a Saúde da Família como estratégia prioritária para consolidação e ampliação da atenção básica, tal como determinado na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), surgiu a necessidade de mapeamento e direcionamento dos trabalhadores na saúde no reconhecimento da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e sistematização de fluxos e processos de trabalho. Fez-se premente a organização em Linhas de Cuidado, que se entende como um conjunto de saberes, tecnologias e recursos necessários ao enfrentamento dos riscos, agravos ou condições específicas do ciclo de vida, a ser ofertado de forma articulada pelo sistema de saúde. Os potenciais utilizadores são os profissionais de saúde, gestores de saúde, educadores em saúde e agentes comunitários de saúde da rede de atenção da Secretaria Municipal de Saúde. Considerando o caráter dinâmico das redes de atenção, foi proposta a revisão anual dos documentos. O objetivo deste trabalho é apresentar o processo de construção das linhas de cuidado no município de Mesquita. Desenvolvimento: A Coordenação de Atenção Básica (CAB) convocou os coordenadores de Programas de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do município para a construção coletiva das linhas de cuidados. Os trabalhos do grupo de trabalho (GT) Linhas de Cuidados começaram em outubro de 2018, com a proposta inicial de construção de linhas por programas de saúde. Após alguns encontros do grupo, a CAB entendeu que era necessário definir linhas de cuidado prioritárias, pois, devido à intersetorialidade entre os programas, a ideia era promover sua integração, já que historicamente observamos a implantação de protocolos desconectados. A partir da análise dos indicadores do SISPACTO e os resultados alcançados no ano anterior, a CAB organizou os GT por Ciclos de Vida (Saúde da Criança, Saúde da Mulher, Saúde do Adulto, Saúde do Idoso) e Saúde Mental (por especificidades nos fluxos e cuidados), tendo convocado as coordenações de programas relacionadas a cada Ciclo para construção da Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência), cujo objetivo foi realizar a seleção e escalonamento das linhas a serem elaboradas. Assim, foram definidas como linhas de cuidado prioritárias: Criança (Puericultura, Sífilis Congênita, Diarreias), Mulher (Pré-Natal - incluindo Sífilis Gestacional e situações de violência, Câncer de Mama e Câncer de Colo de Útero), Adulto/Idoso (Pessoas vivendo com HIV, Tuberculose, Hanseníase, Hipertensão, Diabetes, Cuidados com os Pacientes Acamados), Saúde Bucal e Saúde Mental. Em janeiro de 2019 foram iniciadas reuniões gerais para construção e apresentação das primeiras linhas agregando os saberes distintos do grupo técnico e reconhecimento de potenciais e fragilidades da RAS local. A ideia era que o grupo de coordenadores de programas envolvidos em cada linha se reunisse e levasse para as reuniões gerais os produtos esperados. Como bases estruturantes para a sistematização dos processos o grupo utilizou os cadernos de Atenção Básica e Manuais do Ministério da Saúde, Portarias de políticas de saúde e recomendações provenientes de diretrizes clínicas similares em âmbito nacional e internacional. A organização das linhas se dá por um fluxograma com formas geométricas padronizando o seu conteúdo (círculo se refere à unidade de saúde; losango se refere à tomada de decisão; e retângulo se refere a ações a serem realizadas) e quadros sínteses com: as ações apontadas no fluxograma, o detalhamento das atividades a serem desenvolvidas, os serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e os recursos necessários. Resultado: Foram realizadas reuniões gerais com os coordenadores dos programas de saúde de janeiro a junho de 2019. Como primeira avaliação, destacamos as dificuldades observadas pela equipe da CAB que os coordenadores e técnicos de alguns programas tiveram para desenvolver o produto esperado, gerando muitas “idas e vindas” e retrabalho da equipe técnica. Dessa forma, a equipe da CAB teve que iniciar um trabalho mais próximo desses atores – reuniões individualizadas, com o intuito de garantir que o processo não paralisasse, e utilizando esses espaços para educação permanente desses gestores. As linhas de cuidado trabalhadas no período de janeiro a outubro de 2019 foram: Puericultura, Sífilis Congênita, Diarreias, Pré-Natal – incluindo a Sífilis Gestacional e as situações de violência, Saúde Mental, Pessoa vivendo com HIV, Hanseníase, Saúde Bucal, Hipertensão, Diabetes, Pacientes Acamados e Saúde Mental. Nem todas as linhas de cuidado trabalhadas foram concluídas. Após um ano do trabalho iniciado, em novembro de 2019 foram apresentadas aos enfermeiros e gerentes das Unidades de Saúde da Atenção Básica as primeiras Linhas de Cuidado: Criança (Puericultura, Sífilis Congênita, Vigilância da mortalidade infantil e fetal), Diarreias, Mulher (Pré-Natal, Sífilis gestacional, HIV e Hepatites Virais na gestação, Saúde Bucal das gestantes, Pré-Natal de alto risco, Puerpério), Saúde Mental e Cuidado da Pessoa Vivendo com HIV. O material foi divulgado em meio magnético e impresso para todas as unidades de saúde da Atenção Básica e Média Complexidade existentes no município. O documento foi construído em blocos por Ciclos de Vida e Saúde Mental de forma a permitir a substituição dos fluxos e quadros síntese de acordo com necessidades de mudanças na RAS local. Considerações finais: O processo de elaboração requereu muita persistência e planejamento por parte da equipe técnica da CAB, pois o contexto municipal não favorecia a construção desses materiais de apoio à organização dos fluxos de acordo com a RAS local, sendo um contraditório ao cenário de expansão da atenção primária à saúde. De uma maneira geral, uma hipótese pensada pela equipe de elaboração técnica, além das dificuldades técnicas identificadas, seria que as linhas não foram percebidas pelos programas de saúde como potentes ordenadores do cuidado, de forma padronizada e sintetizada, o que gerou a morosidade ou o abandono do processo. A pauta foi identificada como importante, mas não entrou no rol das prioritárias da gestão municipal. Acreditamos que essa falta de maior suporte dos gestores municipais influenciou para que a meta de construção de todas as linhas definidas como prioritárias não fosse alcançada. No final de 2019, a equipe técnica da CAB saiu do setor. Em janeiro de 2020 vimos a primeira linha de cuidados do Ministério da Saúde ser lançada. Para nós, só confirmou que estávamos no caminho certo. Esperamos que o trabalho desenvolvido possa ter seguimento, pois foi todo pautado no contexto municipal.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6858
Título do Trabalho: CONSTRUINDO O AUTOCUIDADO ATRAVÉS DO SABER POPULAR: A EDUCAÇÃO POPULAR COMO ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DE DANOS.
Autores: Dassayeve Távora Lima, Camilla Araújo Lopes Vieira, Bianca Waylla Ribeiro Dionisio

Apresentação: O cuidado em saúde mental na atenção básica se apresenta como uma das principais estratégias de superação do modelo manicomial outrora vigente. Isto se deve à concepção de que a atenção a pessoas em sofrimento psíquico deve ser realizada o mais próximo possível de seu contexto familiar, comunitário e social. Em suma, um paradigma de assistência que vise a superação dos modelos epistêmicos de cunho asilar, deve se pautar na construção de redes de cuidado que atuem sob a lógica do território, construindo com o usuário e seus familiares, estratégias de cuidado que dialoguem com a realidade em que estão inseridos e que explore a rede de relações que o usuário dispõe. Buscando alinhar-se a este horizonte ético-político, este relato diz de uma experiência em educação popular e sua articulação com a estratégia de redução de danos, realizada em um Centro de Saúde da Família do município de Sobral/CE, como parte de uma ação alusiva ao Novembro Azul. Tal ação foi pensada com vistas ao reconhecimento de um número significativo de homens, no contexto do território adscrito, que demandam de cuidados em saúde por questões decorrentes do uso problemático de álcool. Sendo assim, consideramos significativo trabalhar com estratégias de redução de danos para uso de álcool na ação em alusão ao Novembro Azul, compreendendo que esta era uma demanda de saúde da população masculina assistida pela unidade. Optamos ainda pela estratégia de redução de danos por entender que, além de ser a abordagem de cuidado em saúde preconizada pelo Ministério da Saúde, instituída pela Política Nacional de Cuidado Integral aos Usuários de Álcool e Outras Drogas, é também a estratégia de cuidado que enfatiza questões como autonomia, dialogicidade, escuta e humanização. A abordagem do redutor de danos, enquanto profissional de saúde, não é o de impor a abstinência ao usuário de drogas, mas sim, construir com ele estratégias de cuidado que se adequem ao seu contexto de vida, levando em consideração a autonomia dos sujeitos, compreendendo que este é sempre o principal responsável pelo seu autocuidado. É preciso ter ciência da postura livre de moralismos que o redutor de danos deve adotar, afinal, não cabe ao profissional da saúde ditar o que é melhor ou não para o usuário, mas sim, partindo do vínculo construído na relação, criar com o mesmo, meios de fazer um uso menos nocivo da substância e facilitar as estratégias de cuidado que o próprio usuário já adota no seu cotidiano, podendo ou não desemborcar num projeto terapêutico de abstenção. Em última análise, consiste numa abordagem dialógica que parte da realidade das pessoas e busca construir com estas, soluções factíveis para os seus problemas, o que aproxima tal estratégia dos pilares da educação popular, em especial, no âmbito da saúde. Desenvolvimento: Para a realização da atividade, foram pensadas duas etapas principais. Num primeiro momento fez-se a aplicação do teste AUDIT, que identifica o padrão de consumo do usuário e o classifica em categorias de uso que vai desde a abstenção até o uso abusivo e problemático do álcool. Este instrumento é indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) pela sua praticidade, de modo que qualquer profissional da saúde pode fazê-lo, bem como por trazer junto ao resultado, possibilidades de intervenção e orientações para a pessoa que faz uso de álcool. Nesse sentido, utilizamos a sala de reuniões do CSF para a realização da atividade. Informamos a todos os profissionais do serviço do que se tratava o momento e pedimos que orientassem os usuários que tivessem interesse. Além disso, realizamos um informe na sala de espera. Na porta da sala de reuniões, fixamos um cartaz com os dizeres: “Você pensa que cachaça é água? Faça o teste de como está o seu uso!”. O objetivo do cartaz era ser chamativo e leve, trazendo um ar de descontração para este momento. A aplicação dos testes foi realizada por uma assistente social e um psicólogo, adequando as questões de modo que a linguagem pudesse se dar de forma acessível. Sanou-se dúvidas gerais e orientou-se sobre o momento da roda de conversa. Neste momento, não foi dado o resultado dos testes, pois estes seriam o disparador da roda de conversa a ser realizada. Cerca de vinte pessoas participaram deste momento com a faixa etária das mais diversas idades. Resultado: Ao retornar, explicamos como se dava a pontuação de cada um e o que significava cada escore, de modo que apenas o usuário soubesse do seu resultado particular. Iniciamos a roda de conversa falando sobre o que eles entendiam sobre o resultado que acabaram de receber, de modo que, no geral, a grande maioria se identificou com o resultado. Conversamos ainda sobre a representação do álcool na nossa cultura, os motivos do ato de beber se tornar atrativo, quais os principais problemas que isso acarreta e suas vantagens. Esta última, no discurso do grupo, se dava principalmente pela ausência de alternativas de lazer no território, bem como para lidar com o cansaço da rotina de trabalho. A conversa se deu de forma leve e informal, e tentamos trazer da realidade destes, suas principais estratégias de autocuidado, negociando saberes, no intuito de construção de novas sínteses. A partir das experiências que os usuários traziam, buscamos associar os comportamentos de risco com as consequências que foram relatadas, tentando construir estratégias de uso menos nocivas. Muitos relataram surpresa por participarem de uma atividade como essa “no posto de saúde”, pois, segundo eles, a abordagem dos profissionais de saúde ainda é bastante controladora e se baseia, quase que exclusivamente, no amendrontamento e culpabilização do usuário, o que os afasta ainda mais dos serviços de saúde. A discussão sobre machismo e uso abusivo também se fez presente, pois, ainda é comum a associação entre virilidade e consumo excessivo de álcool. Muitos reafirmaram a pertinência disso, discutindo principalmente a compreensão de que é sinal de “fraqueza” um homem precisar de ajuda, o que corrobora com a constatação geral de que é muito difícil aproximar a população masculina dos serviços de saúde. Ao final da atividade, muitos deles afirmaram que seriam multiplicadores das discussões levantadas na roda de conversa, e que se atentariam mais às questões que foram trazidas. Por fim, distribuímos panfletos informativos sobre noções básicas de redução de danos e serviços que compõem a rede de atenção psicossocial. Considerações finais: Entendemos que ações como esta são fundamentais para o cuidado das pessoas que demandam cuidados em saúde por conta do uso de álcool e outras drogas, pois, parte do desejo e da realidade delas para construir novas formas de autocuidado. Importante frisar que não é pela enxurrada de informações que se consegue transformar uma realidade, seja individual ou coletiva. É preciso partir do ponto em que o usuário está para que este se enxergue e se implique no processo. Importante ainda levar em consideração a realidade concreta em que estes sujeitos se encontram, pois é a partir desta que suas ideias e representações subjetivas são formadas, o que implica diretamente no modo de ser e estar no mundo, problematizando o geral e construindo o individual.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8397
Título do Trabalho: DISCURSOS SOBRE IMPULSO SEXUAL MASCULINO: A NATURALIZAÇÃO DE UMA CONSTRUÇÃO MORAL E SOCIALMENTE ACEITA
Autores: Laura Rego da Silva, Rosane Machado Rollo, Liliane Spencer Brocier, Délisson Pereira da Luz, Norma Berenice Almeida Barros, Tainá Suppi Pinto, Rosa da Rosa Minho dos Santos, Cristianne Famer Rocha

Apresentação: O comportamento sexual masculino é geralmente aceito como decorrência de um conjunto de prerrogativas morais vigentes no senso comum e, portanto, simples reflexo direto das características pertencentes ao sexo masculino. Com o passar do tempo, a existência de uma sexualidade masculina impulsiva e incontrolável foi sendo normalizada como padrão biológico, o que provoca nos indivíduos o sentimento de inimputabilidade sobre seus próprios atos, já que estariam socialmente amparados em uma condição natural de seus corpos e desejos. Percebe-se, diante de inúmeras atrocidades relatadas pela mídia, que sempre que um ato torpe é praticado, o agressor acessa outro tipo de julgamento. É comum, por exemplo, diante da prática do crime de estupro, nomear o executor da ação como “monstro” ou “doente”. O fato é que quando se nomeia o agressor dessa forma, a gravidade da ação perde força, pois além do corriqueiro ato de desconfiar da legitimidade do relato da vítima ou ainda buscar um motivo “plausível” para a agressão, a responsabilidade acaba sendo considerada como de cunho patológico e clínico ou é anulada, tornando a dimensão do ato inevitável, podendo tirar a seriedade e credibilidade do acontecimento. Ainda sobre a discussão da “culpabilidade/inculpabilidade” do agressor, também é comum se naturalizar o fato com as usuais perguntas, durante o relato das vítimas, sobre suas vestes no momento do crime ou outras questões relacionadas à aquela que sofreu a violência, insinuando que talvez suas roupas inapropriadas pudessem ter sido a verdadeira causa do ato, já que a exposição excessiva do corpo pode provocar no homem o desencadeamento desse irrefreável impulso carnal e, portanto, a culpa não é somente dele. Através de uma pesquisa qualitativa em notícias publicadas na imprensa a respeito de agressões de cunho sexual, buscou-se entender de que forma se constroem narrativas a respeito do impulso sexual masculino e, no limite, o quanto tais discursos produzem verdades socialmente aceitas e inquestionáveis.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10450
Título do Trabalho: O USUÁRIO DO SUS COMO AGENTE PARTICIPATIVO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS VOLTADOS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Autores: PATRICIA AFONSO MAIA, GEILA CERQUEIRA FELIPE, CLAUDIA ROBERTA BOCCA SANTOS, HUGO BRAZ MARQUES, MARIA CECILIA QUIBEN FRUTADO MACIEL, KARINA LEAL, DEBORA TAVARES CARVALHO

Apresentação: De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (2017) a educação em saúde se insere como uma atribuição comum a todos os membros das equipes que atuam na assistência primária à saúde. No entanto, promover saúde no âmbito da atenção básica requer a participação tanto dos profissionais de saúde quanto do próprio usuário. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (2012) aborda a educação alimentar e nutricional como um processo de diálogo entre profissionais de saúde e a população, fortalecendo o reconhecimento do protagonismo do usuário nos espaços de debate e reflexão, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia, da emancipação e do compromisso com o cuidado com a sua saúde, de sua família e de sua comunidade. Assim sendo, na promoção da saúde é fundamental a interlocução entre gestão, profissionais e usuários de saúde. A integralidade de saberes rompe com a tradição autoritária dominante e conduz o processo educativo vinculado e próximo dos sujeitos sociais. Inicialmente a Área Técnica de Nutrição do Município do Rio de Janeiro, o Instituto de Nutrição Annes Dias (INAD), em parceria com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) por meio de um projeto de extensão com a Escola de Nutrição - Departamento de Nutrição em Saúde Pública, e com os profissionais de saúde da atenção primária esboçaram cinco materiais educativos, baseados nos princípios do Guia Alimentar para a População Brasileira, voltados para a promoção da saúde nas temáticas: alimentação saudável, diabetes, dislipidemias, hipertensão e rótulos nutricionais, para posteriormente serem apresentados e avaliados pelos usuários do SUS. Objetivo: Promover a construção conjunta de materiais voltados para promoção da saúde e da alimentação saudável com a participação dos usuários do SUS, a fim de torná-los contíguos à realidade social, econômica e cultural. Método: Para a construção de forma coletiva do material foram realizadas oficinas com diversos atores. Em seguida, foram selecionadas vinte Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município do Rio de Janeiro, utilizando-se o critério da realização de atividades em grupo como uma estratégia para educação em saúde. A fim de padronizar o processo de avaliação dos materiais nas UBS, participantes e equipe responsável pelo projeto desenvolveram um instrutivo e um roteiro para discussão. O roteiro abordou tópicos como: layout, linguagem, conteúdo e informação dos materiais. Seguindo o instrutivo, os nutricionistas das UBS participantes formaram grupos com no mínimo cinco e no máximo dez usuários. Período de realização: Para que os cinco materiais fossem testados de modo não maçante sugeriu-se pelo menos quatro encontros com os usuários. A testagem dos materiais teve início no mês de maio de 2019 e continuou até julho de 2019. Resultado: Considerando que oito UBS concluíram o processo, com participação de 41 usuários, apresentaremos aqui os resultados parciais. Dos usuários que avaliaram o material 85 e 100% gostaram e o consideraram visualmente atraente (considerando formato, ilustrações e texto), respectivamente. Cerca de 95% qualificaram a linguagem do material como apropriada e 98% concordaram que o material ajudou a entender a diferença entre processados, minimamente processados e ultraprocessados, e as informações contidas nele poderiam contribuir para melhorar sua saúde. Apesar disso, alguns profissionais afirmam não serem capazes de reproduzir tais informações nos seus espaços de convívio. Além disso, aproximadamente 40% dos usuários contribuíram com críticas e/ou sugestões, dentre elas destacam-se: “menos coisas escritas e mais imagens”, “no sal de ervas acrescentar o termo desidratado”, “muita informação para pouco espaço”, “acrescentar atividade física”, “letras pequenas e brancas no fundo colorido podem dificultar a leitura, principalmente dos idosos”, “esquematizar através de figuras as explicações dos textos”, “falar também sobre o benefício da ingestão do carboidrato” e “colocar um prato equilibrado”. Ressalta-se que uma das críticas mais recorrentes ao material foi a necessidade da sua divulgação em maior escala dentro e fora das redes para que atinja o maior número possível de usuários. Considerações finais: A metodologia participativa é uma importante ferramenta de aprendizagem. Essa experiência está sendo uma oportunidade singular de vivenciar a proposta de ter o usuário inserido no processo de construção de materiais educativos, possibilitando uma relação conscienciosa entre conhecimento técnico-científico e entendimento da realidade e o saber popular. A maneira dialogada, considerando diferentes percepções, necessita de maior tempo para construção e conclusão do material para que o mesmo se torne um instrumento atraente e de fácil entendimento para os usuários. No entanto, essa iniciativa destaca a importância do usuário como peça fundamental a ser reconhecida nas decisões sobre a rede de atenção à saúde e seus dispositivos. A efetividade de toda e qualquer ação da rede de atenção à saúde, se torna mais efetiva e próxima da realidade local, uma vez que oportuniza a participação de seus principais beneficiados. 


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6883
Título do Trabalho: A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE COM A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA ATIVA: IDENTIFICANDO NÓS CRÍTICOS VISANDO A CONSTRUÇÃO COLETIVA DE SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS QUE INTERFEREM NO CONTROLE DA MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AMAZONAS
Autores: Silvana Cavalcante, Francisca Rodrigues dos Santos, Maria Adriana Moreira

Apresentação: O Programa de Controle da Malária tem como principal objetivo reduzir a morbimortalidade pela doença. O programa utiliza várias estratégias para atingir seus objetivos, sendo uma das mais importantes o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno de casos, além de medidas específicas para o controle do mosquito transmissor. Objetivo: Desenvolver estratégias visando a capacitação dos profissionais na identificação de fatores desfavoráveis ao controle da malária assim como a construção, organização e desenvolvimento de soluções para as causas/problemas com foco no fortalecimento do processo de trabalho, buscando viabilizar a transformação de um olhar estratégico e resolutivo dos profissionais da rede de diagnóstico/tratamento em seus territórios de atuação. Método: Os encontros de educação permanente em saúde com os profissionais microscopistas objetivando a troca de experiências e saberes e construção coletiva das soluções das causa/problemas. A educação permanente dos profissionais responsáveis pelo diagnóstico e tratamento possui grande relevância para obtenção de bons resultados. Segundo o Ministério da Saúde, a política da Educação Permanente indica que a educação no serviço é o “mais apropriado tipo de formação para se produzir as transformações nas práticas e nos contextos de trabalho, pois fortalecem a reflexão na ação, o trabalho em equipes e a capacidade de gestão sobre os próprios processos locais”. Nesta perspectiva, apresenta-se a importância da aplicação de metodologias ativas, como a metodologia da problematização, que a partir das situações do cotidiano, da problematização. em grupo, traz a possibilidade de uma reflexão crítica e aprendizagem coletiva, da equipe de trabalho, pensando nas soluções dos seus problemas reais do cotidiano. Almeja-se também redução e controle dos casos; diagnóstico e tratamento oportuno; redução e prevenção de recaídas, qualidades nos serviços da rede de diagnóstico, melhoria nas condições de trabalho. Resultado: Visamos o comparativo de janeiro a 30 de setembro/2019 registrou 2.167 casos, no mesmo período de 2018 notificou 3.269 casos, o que representa uma redução de 34% quando comparado com o mesmo período do ano anterior ocupando o 7º lugar no Ranking do ESTADO em 2019. Considerações finais: Foi observado que a implementação das estratégias, os profissionais compreendem que sua atuação é parte importante no serviço e que as fragilidades precisam ser detectadas e as intervenções realizadas estrategicamente e oportunamente.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10108
Título do Trabalho: REGULAÇÃO DE ACESSO AOS CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS NO MUNICÍPIO DE NITERÓI – RIO DE JANEIRO – BRASIL: POR UMA CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA
Autores: Mariana Janssen, Maria José Soares Pereira, Jaime Everardo Platner Cezario, Ana Carolina Soares Leitão Reis, Marli Rodrigues Tavares, Vandira Maria dos Santos Pinheiro, Isabel do Vale Pereira Silva Carvalho, Évelin Veiga de Mendonça Bastos

Apresentação: Muitos são os desafios a serem superados no sentido de atender aos princípios e diretrizes do SUS. Desta forma, aponta-se para a necessidade de uma organização de ações e serviços que contemple a integralidade dos saberes com o fortalecimento do apoio matricial, considere as vulnerabilidades de grupos ou populações e suas necessidades, e tenha por base o processo de territorialização e incorporação processual da regionalização como diretriz do SUS que tem por função a organização das Redes de Atenção nas regiões de Saúde. Para esta organização, a Fundação Municipal de Saúde vem trabalhando na implantação/implementação gradual das Redes de Atenção em Saúde (RAS) como coordenadora do cuidado e ordenadora da rede, se apresentando como um mecanismo de superação da fragmentação sistêmica. Com base no exposto acima propõe-se diretrizes orientadoras e respectivas estratégias para o processo de implementação da RAS. Neste contexto, a Unidade de Cuidados Intermediários é um dispositivo que possui características que a situa de forma híbrida na RAS, por incorporar elementos constitutivo da Atenção Primária e da Atenção Hospitalar. Em Niterói, a estruturação da assistência voltada para os Cuidados Intermediários se constitui em objeto de um Projeto de Implantação da Unidade de Cuidados Prolongados da RAS no Município. Neste sentido, a Fundação Municipal de Saúde de Niterói através da Vice-Presidência de Atenção Hospitalar e de Emergência-VIPAHE, em parceria com a Universidade Federal Fluminense, Ministério da Saúde e Agência Sanitária e Social da Região Emilia Romagna - ITÁLIA visam a implantação de uma Unidade de Internação em Cuidados Prolongados (UCP), equivalente aos Cuidados Intermediários entre Atenção Básica e Hospitalar, no município de Niterói. Constitui-se de uma unidade intermediária entre os cuidados hospitalares de caráter agudo e crônico reagudizado e a atenção básicae/ou domiciliar. Tem por finalidade: Diminuir a ocupação desnecessária de leitos hospitalares; Reduzir as internações recorrentes ocasionadas por agravamento de quadro clínico dos usuários em regime de atenção domiciliar; Aumentar a rotatividade dos leitos de retaguarda clínica para quadros agudos e crônicos reagudizados. A Unidade de Internação em Cuidados Prolongados (UCP) tem como objetivo a recuperação clínica e funcional, a avaliação, a reabilitação integral e intensiva da pessoa com perda transitória ou permanente de autonomia, potencialmente recuperável; de forma parcial ou total e que não necessite de cuidados hospitalares em estágio agudo. A referida unidade é destinada a usuários em situação clínica estável, necessitando de reabilitação e/ou adaptação a sequelas decorrentes de um processo clínico, cirúrgico ou traumatológico, mas ainda necessitam continuar internados por mais algum tempo. Neste contexto, este trabalho tem por objetivo a construção do sistema de Regulação de Acesso aos Cuidados Intermediários no Município de Niterói – Rio de Janeiro – Brasil de maneira compartilhada, entendendo-se compartilhamento como troca de saberes e experiências, unindo pesquisa, extensão e a práxis cotidiana do serviço de saúde no contexto da organização territorial do município de Niterói, além de estimular a rápida recuperação do paciente, em ambiente humanizado. (PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA UCP/HMCT – FMS –NITERÓI (RJ)-2019). Desenvolvimento: A proposta de implantação da regulação do acesso a Unidade de Cuidados Intermediários floresce no contexto do Curso de Aperfeiçoamento em Gestão em Saúde, Cuidados Intermediários e Atenção, a partir da discussão da implantação do referido dispositivo no município de Niterói, em diálogo com a academia e a Rede de Atenção à Saúde a ser apresentada pelos alunos do Curso à Gestão da Fundação Municipal de Saúde e aos Técnicos responsáveis pela implantação do Projeto. Neste sentido, a motivação para construção da proposta tem por base o debate sobre a Regulação do acesso à Unidade de Cuidados Intermediários na perspectiva da micropolítica e dos processos microrregulatórios centrados nas necessidades da população e do cuidado compartilhado, da rede de comunicação, sobretudo na superação da racionalidade burocrática da regulação tradicional. Entendendo a complexidade que o sistema de saúde vive no momento com relação à demanda por leitos hospitalares e, ao mesmo tempo, a inexistência no Município de Niterói de leitos que atendam aos casos de internações prolongadas, uma grande preocupação com a qualificação da Regulação dos leitos de Cuidados Intermediários balizou toda a construção de um projeto que possibilitasse agilidade no atendimento da demanda como também coerência com a proposta. Nesta perspectiva, a proposta de implantação da referida regulação contempla a necessidade de elaboração de um plano de ação que considere ações estruturantes e a observação de aspectos como critérios de elegibilidade dos pacientes de acordo com a Portaria nº 3, de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde (MS) que discorre sobre a Consolidação das normas sobre as redes do sistema único de saúde; estar hemodinamicamente estável, em recuperação de processo agudo ou crônico agudizado, ou sob evento agudo de manejo possível na proposta do dispositivo, ou com necessidades de reabilitação ou adaptação a sequelas secundárias ao evento clínico, cirúrgico ou traumático; a internação nos Cuidados Intermediários não deve ser superior a 6 semanas, e deve apresentar prognóstico de melhoria com a proposta terapêutica. Inicialmente serão oferecidos 15 leitos, que correspondem a cerca de um terço da necessidade calculada para o Município. A alta do serviço também exige critérios que garantam a continuidade do cuidado. Resultado: Este estudo traz contribuição tanto para a prática profissional como para os serviços de saúde pois mediante a complexidade da temática faz-se importante ressaltar a inevitável necessidade de ampliar conhecimentos que análisem as questões aqui colocadas fundamentando os resultados e suas possíveis correções. Muitas barreiras ainda existem e precisam ser transpostas no que tange ao processo de construção da Regulação de Acesso e aos Cuidados Intermediários e outros processos em saúde. Contudo, acreditamos que a proposta apresentada instituiu mudança no pensamento do grupo que participou da mesma. Faz-se importante ressaltar que a busca da aproximação entre a prática clínica multiprofissional e as necessidades do usuário tem sido uma constante nos diversos campos de trabalho em saúde. Em meio aos altos e baixos podem ser observadas atividades que indicam viabilidade na Integração entre a oferta e a procura, onde a Fundação Municipal de Saúde de Niterói demonstra, nesta iniciativa, abertura para manutenção de um processo mais promissor. Ainda é urgente a necessidade de maior articulação institucional entre os diversos níveis de complexidade, tendo em vista a construção coletiva do papel da Regulação em seus cenários cotidianos onde se desenvolve o processo Saúde/Doença; Considerações finais: Este produto proporcionou experiência e crescimento profissional e despertou para o fato de que o principal papel das instituições na relação entre usuário e serviço deve ser o de reconhecer e capacitar - a partir de uma experiência coletiva de criação dos espaços - o profissional inserido na atividade de Acolhimento, Referência e Regulação para que ele desempenhe com segurança e competência técnica, científica e ética suas atribuições no vasto campo da assistência em saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 5867
Título do Trabalho: REFLETINDO SOBRE A VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA A CONSTRUÇÃO DO TRABALHO COLETIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Autores: luiz henrique dos santos ribeiro, reynaldo de jesus oliveira junior, felipe dos santos costa, jorge luiz lima da silva, ana lucia naves alves, laisa marcato sousa da silva, gustavo nunes mesquita, julia oliveira gonçalves

Apresentação: O processo de trabalho em saúde, sobretudo em saúde coletiva, envolve variados atores e depende da constante realização dos processos de avaliação e envolvimentodinamismo da equipe de saúde. A educação permanente tem constituído importante estratégia para subsidiar as ações e atividades dos profissionais e consolida a reflexão acerca da produção do cuidado, além de levantar aspectos importantes como fazer refletir sobre a importância do trabalho da coletividade, à escuta qualificada e o empoderamento por meio da informação. Este estudo tem por objetivo refletir sobre aspectos da educação permanente em saúde, nos espaços da atenção primária, como peça fundamental para produção do cuidado. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado durante uma microintervenção, em equipes de saúde da família de um município do interior Paulista no ano de 2019, no período de julho a dezembro. Resultado: Reflete-se, por meio de perguntas abertas, sobre a importância do diálogo em equipe e a valorização do outro, dentro das suas atribuições, para o entendimento do processo de trabalho. Foi elencado pelos presentes aspectos como a dificuldade que possuem em realizar reuniões de equipe, por causa da demanda e a reflexão de que precisam avançar, nesse sentido. Destacou-se que a educação permanente tem papel na mediação entre os membros da equipe e no modo de realizaçãoprodução do cuidado. Infere-se aqui, o quanto o potencial do coletivo possui potencial transformador da realidade dos sujeitos. A valorização de alternativas para o desenvolvimento do trabalho, para além das rotinas diárias, burocratizadas e engrenadas em processo de trabalho muitas vezes mecanizado, nesse sentido, poderia ser valorada. Considerações finais: O encontro permitiu o diálogo eflexão dos participantes acerca da importância da valorização dos momentos de convivência e construção coletivas, em meio as constantes demandas dos usuários dos serviços de saúde, as definições de estratégias de trabalho e a articulação necessária para resolução de problemas pontuais e específicos.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10991
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DO MODELO LÓGICO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM SAÚDE PÚBLICA DA ESCOLA DE GOVERNO EM SAÚDE PÚBLICA DE PERNAMBUCO: ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO PARA FORTALECIMENTO DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
Autores: Dara Andrade Felipe, Célia Maria Borges da Silva Santana, Emmanuelly Correia de Lemos, Neuza Buarque de Macêdo, Leila Monteiro Navarro Marques de Olivei, Taís de Jesus Queiroz, Maria Beatriz Alcântara Teixeira Leite, Domitila Almeida Andrade, Bruno Costa Costa de Macedo

Apresentação: O presente resumo compreende relato da experiência d a construção do Modelo Lógico do Curso de Especialização Lato Sensu em Saúde Pública, ofertado pela Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE) em parceria com a Rede Brasileira de Escolas e Centro Formadores em Saúde Pública (RedEscola). O Curso de Especialização Lato Sensu em Saúde Pública é uma das ações previstas no Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde (2019-2022), t em como objetivo a formação de sanitaristas comprometidos(as) ética e politicamente com a transformação das condições de saúde a partir da formação em serviço no SUS, de forma regionalizada e interdisciplinar. Traz dentre suas diretrizes político -pedagógicas a Educação Permanente em Saúde e a Interprofissionalidade. Ao “formar com o trabalho”, desenvolve estratégias pedagógicas que visa articular e responder às necessidades sociais locais, orientadas pela lógica do Sistema Único de Saúde, articulada às redes de atenção à saúde, aos processos de trabalho e à participação popular. A interprofissionalidade referencia o desenvolvimento do curso, fomentando o trabalho integrado, realizado em equipe e que considera os diferentes saberes envolvidos, reforçando a necessidade de uma ação colaborativa entre os profissionais envolvidos. A oferta atual do Curso de Especialização ocorre de maneira regionalizada e descentralizada, por meio de três turmas no Estado de Pernambuco, contemplando 135 discentes (profissionais que atuam na gestão estadual ou municipal do SUS PE) das 12 Regiões de Saúde. Teve início em agosto de 2019 e conclusão prevista para agosto de 2020. O Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde prevê o desenvolvimento de avaliação das ações, sendo reconhecidas como essencial para a tomada de decisão no sentido de manutenção ou alteração das estratégias adotadas. Diante dessas compreensões, foi formado um Grupo de Estudos na ESPPE com o objetivo de propor e desenvolver avaliação dos processos formativos desenvolvidos pela instituição, tendo início com a Avaliação do Curso de Especialização Lato Sensu em Saúde Pública. Avaliar pode ser compreendido como a emissão de um juízo de valor sobre uma intervenção, capaz de fornecer informações cientificamente válidas e socialmente legítimas. Nas últimas décadas, emerge no campo da avaliação em saúde formulações que destacam o caráter inclusivo e participativo dos processos avaliativos. A experiência construção do Modelo Lógico do Curso de Especialização pode ser organizada em três momentos: a) Criação de Grupo de Estudos, leituras iniciais para introdução ao campo da avaliação em saúde e, particularmente, da avaliação de processos formativos no SUS; b) Momento Exploratório: sistematização do Modelo Lógico; c)Apresentação: e Validação do Modelo Lógico junto aos sujeitos envolvidos no curso de especialização. No primeiro momento foram debatidas produções científicas que tratam do campo da avaliação em saúde, bem como produções que visam sistematizar experiências de avaliação de processos formativos no S US. Dentre esses últimos destacam-se as experiências do AvaliaCaminhos e da Acreditação Pedagógica de cursos lato sensu em Saúde Pública. Na sequência, foi realizado o planejamento do momento exploratório da pesquisa avaliativa, etapa que antecede a avaliação propriamente dita. A opção foi a construção do Modelo Lógico do Curso de Especialização. O Modelo Lógico compreende uma representação gráfica que expõe o funcionamento d a intervenção e fornece uma base objetiva a respeito da relação causal entre os seus elementos, ou seja, como eles se articulam para responder ao problema que deu origem à intervenção. A construção partiu das respostas coletivas às seguintes perguntas disparadoras: Qual problema ou situação problemática gerou a necessidade da criação/implantação dessa formação? Qual o objetivo geral do curso? Qual o público alvo? Quais os objetivos específicos? Que metas o curso pretende alcançar? Quais os componentes do curso? Que atividades são realizadas no curso? De que estrutura o curso precisa para funcionar? Que produtos espera-se obter com a realização das atividades? Que resultados o curso pretende alcançar? Que fatores podem influenciar no alcance destes resultados, que não apenas os relacionados ao curso? Para responder a essas perguntas o grupo recorreu aos documentos normativos do Curso de Especialização (Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde e Plano do Curso de Especialização) e instrumentos de registro de atividades além do acúmulo dos sujeitos envolvidos, já que a maioria atua diretamente no desenvolvimento do Curso. A partir desse exercício, o Grupo de Estudos pode construir o Modelo Lógico do Curso de Especialização, sendo esse posteriormente apresentado em Conselho de Classe com participação dos discentes e docentes que puderam indicar possíveis focos para construção da matriz avaliativa e validar o modelo lógico constituído. Primeiramente, na constituição do Grupo de Estudos e proposição de Pesquisa Avaliativa destaca-se o ganho institucional para a Escola de Governo em Saúde Pública. Apresenta-se como um dos objetivos do Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde Qualificar as ações de ensino e pesquisa na rede de saúde sendo prevista a estruturação de um Núcleo de ensino e pesquisa na ESPPE. Nos debates que emergiram das leituras realizadas fortaleceu-se uma compreensão de avaliação em saúde de caráter formativo, comprometida com o fortalecimento do Projeto da Reforma Sanitária, que em seu desenvolvimento articula atores, produz análises e fornece elementos para a disputa da política pública. E que, na medida em que possibilita a construção de novos saberes, integrando diferentes atores e sujeitos, qualifica a intervenção ao longo de seu desenvolvimento ampliando a capitalização da ação. Foram definidas algumas diretrizes iniciais para o desenvolvimento da Pesquisa Avaliativa, a saber: desenvolvimento ao longo da oferta do curso como forma de possibilitar ajustes nas estratégias utilizadas; integrar os sujeitos diretamente envolvidos no curso de especializa (discentes e docentes), mas também aqueles indiretamente envolvidos, nos quais se espera que o curso possa ressoar, por exemplo, os gestores regionais e instâncias de Educação Permanente como Comissões de Integração Ensino Serviço; desenvolver estratégias de comunicação e divulgação da avaliação. O momento exploratório permitiu a sistematização dos diferentes elementos que integram o Curso de Especialização em Saúde Pública, favorecendo o compartilhamento dos olhares entre sujeitos envolvidos no curso, auxiliando, inclusive, no balizamento das compreensões que sustentam o curso. No Modelo Lógico foram sistematizados a situação problemática que gerou a necessidade da criação/implantação do curso; objetivo geral; o público alvo; a estrutura necessária para realização do curso e os fatores podem influenciar o alcance dos resultados. Também compreendeu a definição dos componentes, objetivos específicos, atividades, metas, produtos, resultados intermediários, resultado final/impacto. Foram sistematizados sete componentes que agrupam os objetivos e específicos e atividades do Curso de Especialização Lato Sensu em Saúde Pública, a saber: Governança; Gestão político-pedagógica; Gestão Escolar; Administrativo- financeira; Projetos de Intervenção; Comunicação e Disseminação do Conhecimento; Ainda são escassos os estudos voltados para a avaliação de processos formativos desenvolvidos no Sistema Único de Saúde, sendo a experiência aqui relatada uma contribuição para esse campo. Assim, a criação do Grupo de Estudos e a proposição de uma Pesquisa Avaliativa apresenta-se como uma estratégia para o fortalecimento de um órgão do SUS Pernambuco como produtor de conhecimento científico socialmente relevante, particularmente, na área de Educação na Saúde. A partir da avaliação do Curso de Especialização em Saúde Pública pretende-se fomentar uma prática de avaliação de outras modalidades de formação da ESPPE, desde cursos de curta duração até das outras pós-graduações, bem como da própria Política Estadual de Educação Permanente de Pernambuco.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7720
Título do Trabalho: PET-SAÚDE E A ESCOLA: INTERFACE NA CONSTRUÇÃO COLETIVA COM CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Autores: Jennifer Ester de Sousa Bastos, Janaina Cassiano Silva

Apresentação: O homem é um ser social e sua construção se dá mediante um processo ativo e dialético com o meio, deste modo, a escola configura-se como instituição de importância na vida do sujeito, à medida que em grande parte se responsabiliza pela transmissão da cultura e contribui para a apropriação de conhecimentos sistemáticos. Nesta perspectiva neste trabalho apresentamos um relato de experiência das atividades realizadas com alunos do ensino fundamental, período matutino do Programa Mais Educação de uma escola pública de um município do sudeste goiano, realizado por participantes do Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (Pet-Saúde) nos meses de setembro e dezembro de 2019. Trabalhamos em conjunto com as crianças aspectos relacionados a sexualidade infantil e vivências emocionais. Desenvolvimento Na construção desse relato contamos com a contribuição de uma estudante e uma docente do curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão (UFG – RC) participantes do grupo tutorial 4 do PET-Saúde denominado Atenção à Saúde da Mulher e da Criança e Adolescente. O grupo 4 teve dentre seus objetivos orientar mulheres sobre mitos e tabus relacionados à saúde da mulher, planejamento familiar, uso de métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis, depressão e demais assuntos pertinentes; realizar grupos de apoio, rodas de conversa envolvendo questões psicológicas da saúde da mulher; realizar diagnóstico inicial através da avaliação da saúde das crianças e implementar práticas integrativas complementares, ambos na creche; realizar avaliação de saúde e oficinas com os adolescentes que frequentam o Centro de Convivência do Pequeno Aprendiz e iniciar um grupo de acompanhamento das crianças que participam do projeto Mais Educação da Escola de Ensino Fundamental através de vivências, objetivo do qual se trata o presente texto. Inicialmente foi realizado o contato com a escola municipal para compreensão da demanda da mesma, desse modo definiu-se como público alvo as crianças do projeto Mais Educação. Além disso, a direção da escola sugeriu que fosse trabalhado aspectos relacionados à sexualidade. A equipe foi dividida em dois grupos, um para atuar com crianças do período matutino e outro para o período vespertino. Em relação a turma do período matutino os encontros foram realizados semanalmente às terças-feiras com crianças entre 07 e 10 anos de idade e tiveram duração média de 2 horas. O objetivo inicial era possibilitar um ambiente de escuta e reflexão sobre o conhecimento do próprio corpo e a identidade na infância de modo a desmistificar mitos e tabus sobre a sexualidade e gênero, além de proporcionar orientação referente à violência e abuso sexual. Posteriormente, ao observar a demanda trazida pelas crianças passou-se a trabalhar com as emoções. Para execução das atividades foram realizadas rodas de conversa e atividades em grupo com a confecção de cartazes, desenhos e caixas, além da utilização de músicas, filmes, imagens e brincadeiras. Resultado: e impactos No que tange o grupo matutino foram realizados nove encontros entre os meses de setembro e dezembro de 2019. O primeiro encontro teve como objetivo possibilitar a interação entre a equipe e a turma de modo a contribuir para a formação de vínculo. Inicialmente ocorreu a apresentação através da dinâmica da teia com a utilização de barbante, em seguida as crianças juntamente com a equipe confeccionaram crachás de identificação utilizando cartolina e canetas hidrográficas coloridas. Também foi construída uma caixa de dúvidas para nos orientar sobre os questionamentos que as crianças apresentavam sobre o tema, além disso ocorreu a escolha do nome do grupo definido como “Pantera Cor de Rosa”. Nos demais encontros sobre a temática utilizamos papel pardo para desenhar o esboço do corpo de uma menina e um menino, separadamente. Foi pedido as crianças que preenchessem os desenhos com características que eles entendiam como típicas de cada um (vestuário, acessórios, profissão, aspectos biológicos e etc.). Também foi debatido gênero a partir da apresentação de imagens de homens e mulheres que contrapunham os estereótipos presentes nos cartazes, de modo a provocar reflexão sobre as definições até então recorrentes do feminino e masculino. Buscamos também trabalhar a diferença das partes íntimas de cada corpo, o conhecimento do próprio corpo e questões relacionadas à identidade e à violência sexual através de momentos de conversa e troca de experiências. Ao longo dos encontros surgiu uma nova demanda por parte das crianças em relação às emoções e sua expressão, o que ficava nítido na fala e também nos comportamentos presentes nas vivências. Desse modo decidimos reorganizar o planejamento para contemplar a temática. Iniciamos com a exibição do filme Divertidamente que evidencia as emoções de alegria, tristeza, nojo, medo e raiva que segundo o enredo são personagens que compõem a “sala de controle” do cérebro de uma garotinha de 11 anos de idade. No encontro seguinte levamos os personagens e buscamos juntamente aos alunos definir o significado de cada emoção e as possíveis expressões das mesmas. Os sentimentos que mais se destacaram foram a raiva e a tristeza definidas como foco da atuação. Nos encontros seguintes realizamos a confecção da caixa da raiva e da tristeza. As crianças se dividiram em dois grupos, um ficou responsável por decorar a caixa da raiva com a utilização de imagens de revistas e desenhos que representassem a emoção e outro a caixa da tristeza seguindo as mesmas orientações. Ao final cada um tinha que colocar na caixa da tristeza e da raiva uma frase ou desenho que lhe despertasse tais sentimentos, as crianças ficaram livres para falar sobre o que haviam produzido. Em relação a expressão das emoções foi possível perceber que muitas vezes se dava de modo violento devido à dificuldade de assimilação dos próprios sentimentos, desenvolvemos um jogo de tabuleiro que tinha como objetivo contribuir para o trabalho em equipe e também para formas de se expressar frente a situações baseadas nas vivências relatadas pelos próprios alunos, através de questionamentos sobre como cada um se sentiria e como agiria. Por fim, encerramos a atividade com a realização de um lanche coletivo que ocorreu em sala de aula, no qual contamos com o feedback das crianças e do grupo. Considerações finais: Falar em educação na saúde é ir além do modelo assistencial de modo a possibilitar a participação ativa do usuário. Com as atividades realizadas foi possível observar a importância de proporcionar um espaço de escuta para as crianças, de modo a levar em consideração suas vivências e demandas. Sentimentos como a raiva e a tristeza puderam ser melhor assimilados, o que possibilitou mudanças significativas em suas manifestações. Além disso, em relação a sexualidade ocorreram desmistificações sobre o corpo e também reflexões sobre estereótipos até então cristalizados. Vale destacar a importância das atividades para o grupo do Pet-Saúde visto que por se tratar de uma construção de via dupla possibilitou aprendizagem em relação aos temas trabalhados, a troca de experiências e ao trabalho em equipe.


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Trabalho nº 8947
Título do Trabalho: A REPARAÇÃO HISTÓRICA DAS PROTAGONISTAS TRAVESTIS DO NORTE PIONEIRO DO PARANÁ: O DOCUMENTÁRIO COMO DISPOSITIVO DE CONSTRUÇÃO DE NOVAS NARRATIVAS NA CIDADE DE LONDRINA
Autores: REGINALDO MOREIRA

Apresentação: O norte do Paraná prima pelo pioneirismo na construção da cidade de Londrina e uma reparação histórica se fazia necessária para contribuir com a diversidade destas narrativas. As travestis pioneiras da cidade, na construção do ativismo e do movimento social, tiveram suas memórias registradas por meio o projeto “Meu amor, Londrina é trans e travesti”, formado por cinco vídeos individuais e um documentário coletivo. idealizados por umas das protagonistas do Coletivo ElityTrans, Christiane Lemes. O Brasil é o país que mais mata a população T no mundo, cuja expectativa de vida ainda está na casa dos 35 anos. Além disso, o país ainda acumula o ranking de ser o que mais mata a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis), além de ser um dos países que mais mata ativistas sociais. Os filmes são resultado de três anos de produção participativa e democrática junto ao Elitytrans, a partir do projeto Plataformas Digitais, do Observatório de Políticas Públicas e Educação em Saúde de Londrina, em que participaram estudantes da graduação e especialização em Comunicação Popular e Comunitária, nas oficinas e práticas laboratoriais da Universidade Estadual de Londrina (UEL).


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Trabalho nº 10486
Título do Trabalho: GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO ENQUANTO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO DE AUTONOMIA E CUIDADO EM SAÚDE MENTAL COM USUÁRIOS DE UMA CLÍNICA DA FAMÍLIA NA ZONA NORTE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Autores: Marina Ribeiro dos Santos, Sofia Camargo Collet, Sophia Rosa Benedito, Viviane Liria Costa De Souza

Apresentação: O presente relato tem o objetivo de compartilhar a experiência de implementação e os impactos do dispositivo de grupo de Gestão Autônoma da Medicação (GAM) nos usuários com transtornos mentais, numa clínica da família na comunidade do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, por uma equipe de residentes multiprofissionais do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz). A equipe é composta por assistente social, cirurgiã-dentista, educadora física, enfermeira, farmacêutica, nutricionista e psicóloga. Destas, apenas a enfermeira, farmacêutica, nutricionista e psicóloga fizeram parte do manejo do dispositivo do grupo diretamente. A partir dos movimentos de Reforma Psiquiátrica, mudou-se a orientação de atenção à saúde dos usuários que possuíam transtornos mentais, com a desinstitucionalização e maior integração dos serviços e dos usuários, numa perspectiva de valorização de sua vivência nas comunidade e territórios. Ainda assim, percebeu-se que as condutas de muitos profissionais não se alteraram, sendo altamente prescritivas, baseando-se em tratamentos farmacológicos. Desse modo, a GAM surge como estratégia de cuidado para abordar o uso de medicamentos, seus efeitos, indicações e de que forma eles influenciam ou não a vida de quem os usa. Enquanto ferramenta, utiliza -se um guia, criado em 1999 no Canadá, construído coletivamente por usuários com transtornos mentais graves. De fácil linguagem e utilização, é dividido em 5 passos, que trazem desde perguntas amplas sobre a vida, as experiências e os significados de se utilizar medicamentos e de se reconhecer enquanto indivíduos; a informações técnicas sobre os fármacos. Os grandes pilares do dispositivo são o compartilhamento de experiências, a abordagem à autonomia e o manejo cogestivo. Partindo do princípio de que cada usuário possui sua experiência com o uso dos medicamentos, faz-se importante construir um espaço de informação e valorização da autonomia dos usuários, a fim de que tenham maior poder de negociação perante ao profissional prescritor, na intenção de que juntos, possa ser avaliado se o tratamento induz à qualidade de vida e a reduzir o sofrimento que os sintomas da doença causam; ou se de alguma forma, intensificam este sofrimento com efeitos não desejados. O manejo cogestivo é um modo de operar o dispositivo, onde é possível o compartilhamento da experiência da gestão da medicação psiquiátrica e a construção de uma reflexão coletiva dessa temática. Importante destaque se deve ao fato deste dispositivo ter se iniciado dentro dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil. A experiência na Atenção Primária à Saúde (APS) é relativamente nova, trazendo relevância a este modo de prática em saúde mental. A experiência se inicia a partir da participação das residentes envolvidas em um espaço de supervisão cogestionado, a partir de 2018, composto por residentes e pesquisadores envolvidos com a proposta do dispositivo de grupo GAM na APS do município do Rio de Janeiro. A partir da compreensão do que era a GAM e da possibilidade desta se fazer enquanto uma nova prática, a partir das experiências dos usuários, complementar à atenção em Saúde Mental dentro da APS, iniciamos o planejamento para o começo do grupo na Clínica da Família na qual estamos alocadas. O primeiro passo foi a articulação com as profissionais das sete equipes de saúde da família (eSF) da clínica, a fim de entender suas compreensões sobre a atenção em saúde mental no território onde estamos e se os mesmos entendiam a estratégia como mais uma opção de cuidado. Concomitante a isso, realizamos um diagnóstico situacional participativo, com apoio de trabalhadoras das equipes e da equipe de farmácia para o levantamento dos usuários, a partir dos seguintes critérios: fazer uso de mais de 2 medicamentos psicotrópicos, por longo período e ter condições de trocar experiências, independente de terem um transtorno mental leve ou grave. Após apresentação da listagem às equipes, veio a articulação junto à elas, principalmente agentes comunitárias, para verificar se os usuários levantados tinham perfil para o grupo e quando sim, fazíamos convites a partir de visitas domiciliares. A equipe de residentes se dividiu entre as eSF para realizar matriciamento das demandas que por ventura fossem levantadas durante o grupo. O processo descrito ocorreu a partir de fevereiro de 2019 e o grupo se iniciou em maio, sendo aberto à novos participantes e com periodicidade semanal. Os usuários eram avisados dos encontros semanalmente via telefone. Os encontros eram planejados no mesmo dia de sua ocorrência, com propostas de dinâmica de apresentação e de finalização, junto às leituras do guia, conforme a proposta da GAM. O grupo obteve participação de cerca de 11 usuários. Os encontros ocorreram de maio a dezembro de 2019 e não conseguimos completar a leitura total do guia. Da discussão e aprofundamento das questões, percebemos que a maioria dos usuários possuíam expectativa de que o grupo fosse um intercessor entre eles e a clínica da família para obtenção de consultas. Além do guia, realizamos atividades que estimulassem a criatividade, como desenhos e pintura e também, oficina de chás, como um recurso não farmacológico para ansiedade e insônia. Durante o final dos encontros, referiram-se ao grupo como um espaço que os fazia bem, local para desabafar, distrair a mente, aprender coisas novas e para socializar. Mesmo morando na comunidade por muitos anos – alguns até em ruas próximas –, os participantes não se conheciam e isso, pode ser analisado pelo fato da maioria deles terem fobia social e síndrome do pânico e, por isso, ficarem restritos em domicílio. Raramente eram participantes de outros espaços da clínica, seja por não se interessarem, seja pelo desconhecimento dos outros grupos e espaços coletivos ofertados, seja pelas dificuldades que transpassavam o cotidiano de suas vidas individuais e da comunidade. A ida ao grupo por si só, já era um grande passo e um momento de construção de vínculos importantes. Do decorrer da experiência, pudemos observar uma melhora significativa na comunicação e disponibilidade de troca dos usuários, que se tornaram mais abertos nas discussões entre si e também, com sua equipe de referência. Cumprindo parte do objetivo proposto, alguns usuários argumentaram sobre seus tratamentos com os prescritores que o atenderam e estiveram a par sobre os agendamentos em serviços especializados, estando mais próximos da construção dos seus projetos terapêuticos. Percebemos que muitos usuários tinham vínculos familiares e o quanto suas relações entraram em choque, a partir do desenvolvimento das individualidades dos usuários no grupo, o que pode ser um analisador positivo da construção da autonomia e do fortalecimento da realização das escolhas, de forma livre e esclarecida. Para além dos benefícios que o grupo oferecia, a concepção de cuidado dos usuários era diferente, atrelada a possibilidade de ter medicações em dia e consultas com o psiquiatra de forma periódica. Assim, ainda que os usuários tivessem avaliação positiva do espaço, não reconheciam o grupo como um espaço de cuidado complementar, além do cuidado biomédico que recebiam na clínica, ambulatórios e/ou CAPS. A partir da experiência, foi possível compreender que utilizar a GAM como prática de cuidado, que leva em consideração a experiência dos usuários, foi importante para reposicionar o cuidado em saúde mental na APS, aproximando os usuários dos seus projetos terapêuticos singulares e fortalecendo sua autonomia, com vistas a um cuidado em saúde mental integral e longitudinal, de bases territoriais, tendo a APS como coordenadora do cuidado na rede.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6903
Título do Trabalho: A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NOS TERRITÓRIOS SUL-AMERICANOS: CONSTRUINDO REDES ENTRE PERNAMBUCO - BR E MONTEVIDEO – UY.
Autores: Flaviano Palmeira

Apresentação: Esse estudo tem como objetivo analisar minha vivência enquanto residente brasileiro no sistema de saúde publica do Uruguai e, assim, contribuir para a reflexão da área no sentido do fortalecimento de sua produção, e, ainda, estimular outros profissionais em processo de formação a realizarem intercâmbio na América Latina. Trata-se de um estudo qualitativo de inspiração cartográfica, com uso de mapa analítico. O cenário do estudo foram os processos formativos em saúde, durante as experiências no programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da Prefeitura da Cidade do Recife e no intercâmbio vivenciado no Sistema de Saúde Publica na Cidade de Montevideo-Uruguai. A elaboração desse artigo seguiu em três etapas, a saber: a) revisitar os diários de campo contendo elementos das atividades e experiências vivenciadas, b) problematização dos conteúdos que foram mais significativos, que apontavam para vivências significativas; que culminaram na  construção de mapa analítico, contendo três planos ou platôs  - momento de preparação, chegada ao território e trocas-, e d) a análise de inspiração cartográfica do mapa, com escolha dos conceitos-ferramenta com a e produção do texto. Para o desenvolvimento e reflexão dos escritos, utilizo alguns conceitos que fui me aproximando durante minhas caminhadas formativas, são eles: Formação e Educação Permanente em Saúde articulados à Micropolítica e gestão do cuidado em saúde, com destaque para conceitos de afecção e desterritorialização. Experiências como essa reforça a importância da aproximação e integração de estudantes e trabalhadores a estarem vivenciando outros processos formativos de produções de cuidado, principalmente no cenário latino-americano, garantindo a ampliação das trocas de saberes e produzindo novos olhares. São nesses encontros, com o outro e outras, que podemos convocar em nós a possibilidade de aprender e produzir coisas novas. Palavras-chaves: Educação permanente na saúde, Micropolítica, afecção e desterritorialização.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 12025
Título do Trabalho: PERFIL DOS INGRESSANTES NO CURSO DE EXTENSÃO - “CONSTRUINDO COLETIVAMENTE A PERSPECTIVA DA INTERPROFISSIONALIDADE NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DE MACAÉ: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: KARLA SANTA CRUZ COELHO, Eduarda Guimarães dos Santos de Santana, Andressa Ambrosino Pinto, Ingrid Schmidt de Souza, Rafaela Abreu dos Santos

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) - Interprofissionalidade na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Campus Macaé, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Macaé (RJ), constitui uma iniciativa do Ministério da Saúde (MS) para qualificação dos profissionais da saúde, em conjunto com a formação de estudantes de graduação da área da saúde, em ações de práticas de iniciação ao trabalho. Considerando que, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) atribui ao MS à função de articular junto ao Ministério da Educação (MEC), estratégias de indução a mudanças curriculares nos cursos de graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais com perfil adequado à Atenção Básica, se faz importante a inserção do alunado em projetos, como o PET-Saúde- Interprofissionalidade, com foco na Educação Interprofissional (EIP) e nas práticas colaborativas. Objetivo: Apresentar o perfil dos participantes do Curso de Extensão, promovido pelo PET – Saúde Interprofissionalidade e Observatório de Macaé, em 2019. Resultado: e/ou impacto: No Curso de Extensão, realizado, a partir da parceria entre integrantes do PET – Saúde Interprofissionalidade (alunos, docentes, tutores e preceptores) e docentes do Observatório de Macaé, intitulado: “Construindo Coletivamente a Perspectiva da Interprofissionalidade na Rede de Atenção à Saúde de Macaé”, os ingressantes puderam por meio de dinâmicas compartilhar seus saberes, afetos e práticas colaborativas, a partir dos olhares e vivências interprofissionais a cada encontro no dado Curso de Extensão. Denotou-se o seguinte perfil dos ingressantes do Curso de Extensão: faixa etária 20 – 50 anos, sexo predomínio feminino (35) e 05 homens, alunos de diferentes cursos (enfermagem, farmácia, nutrição e medicina), profissionais de saúde também de diferentes áreas, que atua Rede de Saúde de Macaé (psicólogas, assistentes sociais, enfermeiras e etc.). Quanto ao interesse no curso: a maioria revelou que almejava aprender novos métodos, outras formas de se pesquisar, e de para trabalhar em equipe. Com as ferramentas propostas no curso, essas expectativas foram contempladas (diário de campo, usuário-guia e etc.). Considerações finais: Desse modo, o Curso de Extensão, possibilitou a elaboração de estratégias para o fortalecimento da formação de profissionais na área da saúde, voltadas para a interprofissionalidade, assim como foi importante o leque de aprendizados e trocas para os graduandos. Destarte, todos os ingressantes, puderam aprender, apreender e multiplicar novas abordagens, diferentes metodologias, e ferramentas para o trabalho e para a pesquisa no campo da saúde, tendo como eixo estruturante e transversal a interprofissionalidade. 


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Trabalho nº 6395
Título do Trabalho: ESTIMATIVA RÁPIDA PARTICIPATIVA: UMA FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO COLETIVA DO DIAGNÓSTICO DE SAÚDE DE UMA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Autores: Fernanda Quintão, Clara Gouveia, Gisela Morandini

Apresentação: A Estimativa Rápida Participativa (ERP), é um método de aplicabilidade simples e que traz informações específicas definidas, que busca elaborar, junto com a população, um plano de ação para enfrentamento de questões prioritárias, que sejam relevantes para aquela comunidade, e que a equipe de saúde da família (EqSF) tenha capacidade de realizar otimizando recursos com ações eficazes. O objetivo deste trabalho é realizar o diagnóstico situacional de uma EqSF no bairro da Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro. A possibilidade de incluir as questões de um território definido com a participação de toda a equipe de saúde  e da população torna o instrumento potente por alcançar necessidades de saúde concretas e atuais, buscando o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Desenvolvimento: O diagnóstico situacional será realizado em uma EqSF da Clínica da Família Dona Zica, localizada no Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro. A equipe Buraco Quente, tem atualmente 4674 pessoas cadastradas e é caracterizada por uma grande vulnerabilidade social. Seguindo as etapas da ERP, a fase de preparação, envolveu a organização técnica e metodológica do trabalho, com a coleta de dados, criação e organização da aplicação dos questionários, sistematização do trabalho de campo e elaboração de um cronograma de ações. Na fase de execução das ações, foram aplicados 30 questionários, em informantes chave previamente elencados, no mês de abril de 2019. As entrevistas foram realizadas em domicílio e durante a realização de uma ação educativa na comunidade. Após a etapa de análise dos dados, o resultado foi apresentado à EqSF para realizar uma fase de levantamento de problemas que, dentro do conceito de governabilidade, seria um disparador para determinar um nó crítico para concentrar seus esforços. A partir desse momento, foi realizado um plano de ação com a definição das tarefas pelos membros da equipe, o prazo para realização das ações, a data de início e atividades de monitoramento da execução do plano. Considerando que o território adscrito conta com equipamentos estruturados e com parceiros que compreendem a importância do trabalho da EqSF, foram propostas ações utilizando os recursos do próprio território. Resultado: O plano de ação foi apresentado durante uma das reuniões do Conselho Gestor Local e a proposta foi bem recebida pelos participantes. As ações propostas no plano tiveram início imediato, e nas avaliações realizadas, foram detectadas melhoria no processo de trabalho e na satisfação dos usuários. Considerações finais: A ERP se mostrou um instrumento adequado para o reconhecimento da realidade e dos problemas da comunidade, possibilitou um espaço de troca de saberes entre equipe e população, trazendo diferentes olhares sobre o diagnóstico de saúde. O diagnóstico de saúde mobilizou todos os membros da equipe, suscitou desafios e revelou potencialidades no processo de trabalho, possibilitando atingir a integralidade e a construção de ações coletivas junto à comunidade.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8444
Título do Trabalho: ADOLESCENTE E CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA: PESQUISA AÇÃO NA PARCERIA SAÚDE-ESCOLA
Autores: Maria Aparecida Bonelli, Gabriele Petruccelli, Jônatas Sneideris, Ana Izaura Basso de Oliveira, Bárbara de Souza Coelho Legnaro, Larissa Fernandes Franco, Maria Izabel Sartori Claus, Monika Wernet

Apresentação: A população brasileira ultrapassa 207 milhões de pessoas, e os adolescentes representam mais de 17% deste todo. Os apontamentos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens são de investimento no fortalecimento da identidade destes indivíduos, com vistas a autonomia e empoderamento para questões da saúde e vida. Isto se deve de ocorrerem, ao longo da adolescência, transformações biológicas, sociais e psicológicas que dão suporte e são essenciais ao desenvolvimento da identidade. As relações e vínculos vivenciados em família, em pequenos grupos e sociedade integram e são determinantes do processo de desenvolvimento da identidade pessoal e social, influenciadas por questões sociais, econômicas e culturais do contexto de vida.  Ainda, a construção da identidade tem íntima relação com o desenvolvimento da autonomia, a qual influi na liberdade de ação e de pensamento. Neste cenário, é imprescindível a valorização da escola enquanto espaço social de contribuição à vida e saúde de adolescentes, com valorização e exploração da parceria do setor saúde com o da educação. A inclusão e inserção do adolescente em ações de caráter preventivo, educativo e/ou de promoção da vida e saúde são de suporte para este processo. O empoderamento social está refletido na construção da identidade pessoal e social, bem como no aprimoramento da autonomia, questões pouco exploradas nas pesquisas cientificas nessa população, apesar dos apontamentos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens, justificando assim a importância do estudo aqui relatado. Objetivo: Analisar o processo vivenciado por adolescentes integrantes de atividade de intervenção para o constructo da identidade pessoal e social, desenvolvido em espaço escolar. Método: Trata-se de um estudo qualitativo pautado na Pesquisa-ação e apoiado no referencial da Teoria da Identidade Social. Desenvolvido em uma escola estadual de ensino localizada em distrito rural de município do interior paulista, no período de agosto à dezembro de 2019, com adolescentes do oitavo ano do ensino fundamental, os quais têm idade de treze à quatorze anos. As atividades foram realizadas quinzenalmente, com duração média de 90 minutos. Para o desenvolvimento destas, os adolescentes foram divididos em dois grupos, cada qual coordenado por uma facilitadora com formação em enfermagem, com média de 8 participantes, de acordo com a escolha deles, visando intensificar as relações, e, dessa forma, potencializando a comunicação grupal.  A coleta dos dados deu-se por meio da transcrição do verbalizado em grupo, da observação participante e do diário de campo. Resultado: A intervenção contemplou as três fases propostas pela pesquisa-ação: exploratória e de planejamento; execução e avaliação. Na fase exploratória buscou-se conhecer a realidade a ser pesquisada, aproximando-se dos educadores e adolescentes, coma tenção aos significados da atividade e das relações sociais, visto a importância dessas para a atividade proposta. A fase de execução, compreendeu cinco oficinas, adotando como estratégia para seu desenvolvimento o Círculo de Cultura de Paulo Freire, composto pelas fases de vocabulários; dinâmica de sensibilização; problematização; fundamentação teórica; reflexão crítica e elaboração coletiva de respostas; síntese e avaliação. O trabalho com estes círculos permite o diálogo, a partilha de experiências e saberes em que o participante é ativo. As experiências de vida são participativas e contextualizadas, provocando reflexões individuais e coletivas, que geram consciência crítica e posturas ativas por meio do compartilhamento de vivências, percepções e opiniões. A fase da avaliação permitiu apreender a construção coletiva das atividades para assim nortear a próximo encontro, resgatando o conhecimento produzido no decorrer de cada oficina e delas como um todo. Identificou-se a relevância das relações de amizade, em especial o quesito confiança e apoio nos enfrentamentos de vida. As relações em família também foram tomadas em discussão à luz da confiança e suporte a enfrentamentos, mas obtiveram uma relevância menor ao compará-las com as de amizade. No bojo das discussões os adolescentes debateram relações abusivas e violentas vivenciadas no contexto das amizades e família, quando os determinantes uso abusivo de substâncias psicoativas, violências de gênero e sexuais estiveram tematizadas. Foi possível identificar que trazem sofrimentos e são responsáveis por projeções negativas em relação à adultez.  Considerações finais: A inserção dos círculos de cultura mediado por enfermeiro no cenário escolar é potente, permite diálogos acerca da vida de adolescentes e seus projetos, empodera os mesmos para suas escolhas e no desenvolvimento da autonomia, assim como revela determinantes que afetam o processo de construção da identidade pessoal e social. No cenário da escola deparou-se, inicialmente com uma falta de receptividade da atividade por parte de alguns educadores, os quais detinham a crença de que educação em saúde à adolescentes no contexto da escola está voltada sobretudo a conversas relacionadas com sexo, sexualidade e drogas. Destaca-se, ainda, que alguns educadores não depositaram credo na potencialidade dessa parceria, e atuaram com pouco incentivo. A maioria dos adolescentes convidados e seus pais aceitaram a participação no estudo e nas atividades, as recusas estiveram relacionadas às mesmas crenças dos educadores. As atividades propostas efetivaram o diálogo em grupo, estiveram ancoradas no respeito à diversidade de concepções de modos de vida e de ser adolescente. A vinculação entre os adolescentes e as facilitadoras ocorreu em um crescente, com pactuação de novo ciclo de atividade para o ano de 2020. A experiência permite recomendar atividades pautadas no círculo de cultura para a parceria entre saúde e educação e, nesta direção, as formações de profissionais da saúde e educação,  tanto acadêmica quanto permanente, carecem de apostas na pessoa do adolescente e no diálogo igualitário, além tematização da parceria intersetorial escola-saúde para que adolescentes tenham maiores oportunidades de efetivarem autonomia na construção de sua identidade pessoal e social. Como limite, apontamos o fato da atividade ter sido desenvolvida em um único cenário, apesar disto, a literatura referenda as revelações obtidas, as quais foram a partir de um ativo e longitudinal, derivando apontamentos e reflexões passíveis de serem tomados na qualificação da parceria saúde e educação. Sugere-se que estudos futuros explorem a percepção negativa do adolescente acerca da vida na adultez, aspecto relevante às discussões de empoderamento e suporte ao adolescente e jovem.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11520
Título do Trabalho: SUS E DEMOCRACIA: A CONSTRUÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA A PARTIR DOS CORPOS ADOECIDOS
Autores: Janaína Rabelo Monteiro da Silva

Apresentação: Para além de um grande sistema que garante o direito à saúde de milhões de brasileiros, o SUS é o meio pelo qual nós vivenciamos uma experiência, essencialmente, democrática, haja vista que, além de os serviços ofertados serem  baseados nos princípios da Universalidade, Integralidade e Equidade, o contexto político e social no qual ele foi criado encaminhou uma luta de resistência em defesa do sistema público de saúde que perdura até os dias atuais em busca da consolidação dos direitos de cidadania que uma democracia pode possibilitar. Nesse sentido, é difícil separar o adoecimento psíquico e físico da sociedade contemporânea do processo de luta pela democratização efetiva do Estado brasileiro, tendo em vista que a luta pela saúde e a igualdade de bem estar social foi alavancada pela comunidade de corpos adoecidos e esquecidos pelos representantes políticos que deixavam às margens os que não se encaixavam dentro dos padrões estabelecidos para o perfil de cidadão brasileiro. Portanto, o SUS é um dispositivo que deve ser compreendido a partir das relações sociais dentro da conjuntura coletiva que é construída pelos profissionais envolvidos e os usuários, pois esse processo contribui com a formação e construção histórica de nosso país. Desse modo, o presente trabalho objetiva apresentar um breve histórico sobre a construção do SUS ressaltando aspectos importantes como o aumento do acesso à saúde em um momento em que o sistema vinha sendo progressivamente privatizado e como a atuação da sociedade civil na reforma sanitária brasileira foi essencial para que as políticas públicas no Brasil fossem elaboradas e alçadas. Ademais, far-se-á esse trabalho acerca das experiências democráticas proporcionadas pelo SUS tendo como base o que conceituamos como “democracia” e os princípios e as diretrizes do sistema de saúde. Apesar de não se ter cessado as batalhas em favor da manutenção, ampliações e aperfeiçoamentos do Sistema Único de Saúde no Brasil, o conhecimento acerca dos serviços prestados e os avanços significativos já vividos devem ser ressaltados para a comunidade que fica aquém das discussões sobre o funcionamento do sistema para que compreendamos que a saúde é uma questão social e política que não se limita apenas aos aspectos biológicos e  assistencialistas.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6917
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE UMA TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE A ADESÃO DA VACINAÇÃO CONTRA O SARAMPO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Autores: Emily Manuelli Mendonça Sena, Amanda Lorena Gomes Bentes, Eduardo Martins Oliveira, Iara Samily Balestero Mendes, Jaqueline Pinheiro Moraes, Jonas Glória de Oliveira, Yury Gomes, Margarete Feio Boulhosa

Apresentação: Tendo em vista os princípios, que foram instituídos no Sistema Único de Saúde (SUS), proporcionando o acesso universal, integral e equânime a todos os brasileiros, voltados a promoção a saúde e prevenção de agravos, onde os cuidados visam as dimensões assistenciais, culturais, econômicas e educacionais destaca-se o Programa Nacional de Imunizações (PNI), formulado em 1973, visando o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis. O PNI organiza a política nacional de vacinação da população brasileira e é um modelo de intervenção em saúde pública reconhecido mundialmente. Contudo, atualmente, com a importação de casos e a baixa cobertura vacinal observa-se o retorno de doenças imunopreveniveis anteriormente erradicas e ou eliminadas no território brasileiro. Em 2019 o Brasil apresentou um aumento do número de casos de Sarampo, o que culminou na perda do certificado de eliminação da doença concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). O Sarampo continua a ser uma das principais causas de morbimortalidade em crianças na faixa etária de zero a menores de cinco anos de idade em todo o mundo. Considerando que, a educação em saúde está ancorada no conceito de promoção da saúde e que a enfermagem exerce um importante papel na comunidade ao executar ações nessa modalidade, seja em âmbito individual ou coletivo, o presente trabalho visa relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem, os quais, na condição de agentes de mudança, construíram uma tecnologia educacional para uma ação em educação em saúde sobre a prevenção do Sarampo, utilizando como metodologia de abordagem da realidade o Arco de Maguerez, com intuito de contribuir para a procura de vacinas nos serviços de saúde e adesão da população, visando a melhoria da cobertura vacinal do Sarampo no município de Belém do Pará. Desenvolvimento: A primeira etapa do trabalho se deu a partir da observação da realidade presenciada pelos discentes de enfermagem, na sala de espera da área de vacinação em um Centro Escola Saúde (CES) localizado em um bairro de  Belém (PA), durante as aulas práticas do componente curricular de Gestão e Gerenciamento dos Serviços de Saúde e Enfermagem em Saúde Pública, no período de agosto a setembro de 2019. Após a realização da observação, os acadêmicos identificaram possíveis problemáticas no local, permitindo a definição de pontos chaves, os quais direcionaram para a elaboração do tema gerador deste trabalho. Em seguida, realizou-se a busca na literatura de artigos relacionados à temática nas bases de dados, utilizando “Sistema Único de Saúde”, “programa nacional de imunização”, “enfermagem”, “educação em saúde”, “sarampo” como palavras-chaves. Além da pesquisa, foi realizada uma visita técnica na Secretaria Municipal de Saúde (SESMA), e foi realizada uma entrevista a respeito da cobertura vacinal e os registros do numero de casos da doença distribuídos em nosso Estado com as coordenadoras dos setores de Vigilância Epidemiológica e Imunização, possibilitando a coleta de dados complementares para o desenvolvimento do estudo. Diante disso, como hipótese de solução, definiu-se a elaboração de uma tecnologia educacional em formato de cartaz para auxilio visual e orientação dos usuários durante a ação de educação em saúde e a realização de uma dinâmica de avaliação de fixação. No retorno à realidade houve a abordagem de 24 usuários presentes na sala  de espera e em trânsito para a entrada na sala de vacinação do CES,  sendo realizada uma exposição dialogada do Cartaz sobre o Sarampo e em seguida a avaliação de fixação, que consistia em 5 perguntas relacionadas às informações repassadas pelos acadêmicos sobre a temática, onde as pessoas respondiam “certo” ou “errado” por meio de placas de papel nas cores verde (certo) e vermelho (errado) para as questões levantadas. As 5 perguntas sobre o tema repassadas aos usuários foram respectivamente: “1 – Apenas as crianças podem ser infectadas pelo sarampo?”; “2 – Se aparecer um caso suspeito de sarampo, levar essa pessoa imediatamente ao posto de saúde?”; “3 - Grávidas podem tomar a vacina contra o sarampo?”; “4 – Caso a pessoa tome uma dose adicional da vacina contra o sarampo, há risco para a saúde?”; “5 – Só pego sarampo se encostar-se a alguém com a doença?”. Resultado: Os acadêmicos elaboraram uma tecnologia levedura, do tipo material educativo impresso em uma folha A3 sobre o Sarampo, com as informações contidas na folha informativa sobre o Sarampo disponibilizada pela OPAS do ano de 2019. Também foram agregadas as informações obtidas durante a visita técnica na SESMA e o conhecimento repassado pela equipe de vacinação do CSE para os acadêmicos. Assim, o cartaz abordou os seguintes tópicos: O que é a doença, forma de prevenção (Como se transmite?), sinais e sintomas (Como identificar?) e a forma de prevenção (Como prevenir?), além de informações sobre o calendário vacinal e o manejo de indivíduos com caso suspeito de Sarampo. Desse modo, os discentes enfatizaram informações claras e objetivas, a fim proporcionar a fácil compreensão do leitor/ouvinte sem causar-lhe exaustão durante a leitura e explanação do conteúdo.  Quanto os resultados obtidos na ação de educação em saúde acerca da vacinação contra o sarampo, por meio da dinâmica de avaliação, no que se refere as perguntas feitas aos usuários, constatou-se que: 91,6% responderam corretamente se “Apenas as crianças podem ser infectadas pelo sarampo?”; 33,3% acertaram a alternativa  “Se aparecer um caso suspeito de sarampo, levar essa pessoa imediatamente ao posto de saúde?”; 58,3% acertaram a terceira pergunta sobre “Grávidas podem tomar a vacina contra o sarampo?”; 75% responderam corretamente à quarta pergunta, “Caso a pessoa tome uma dose adicional da vacina contra o sarampo, há risco para a saúde?” e 95,8%, responderam de forma correta a quinta e última pergunta, “Só pego sarampo se encontrar em alguém com a doença?”. Tais dados evidenciaram que houve grande adesão das informações repassadas pelos acadêmicos aos participantes. Contudo, percebeu-se que ainda há bastante desinformação sobre o que se fazer com um caso suspeito de Sarampo. Considerações finais: Este trabalho buscou mostrar a importância da educação em saúde e o desenvolvimento de uma tecnologia educacional sobre a vacinação contra o sarampo. A elaboração de tecnologias educacionais é pertinente em ações de educação em saúde, pois é compreendida como uma estratégia facilitadora do aprendizado. Observa-se a adesão dos usuários às informações repassadas, evidenciada por meio da participação ao fazerem perguntas sobre o assunto e dialogar com os acadêmicos acerca da temática em questão. Sendo assim, nota-se que a utilização de estratégias de educação em saúde como esta proporciona mudanças de atitude e enriquecimento de informações do público-alvo. A experiência de acadêmicos de enfermagem em práticas educativas em saúde sobre imunização para usuários do Sistema Único de Saúde, em um contexto de extensão universitária, mostrou-se importante para formação acadêmica. Além da aquisição de habilidades em ações educativas de promoção da saúde, a experiência propiciou a ampliação e adesão completa das informações sobre prevenção contra o sarampo aos usuários do Sistema Único de Saúde.


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Trabalho nº 7945
Título do Trabalho: A EXPERIÊNCIA DE CONSTRUÇÃO DO GUIA PRÁTICO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA E SAÚDE MENTAL: DÁ PARA FAZER!
Autores: Angela Pereira Figueiredo, Ariadna Patricia Estevez Alvarez, Neli Castro Almeida

Apresentação: A experiência se trata da construção do Guia prático de economia solidária e saúde mental, um instrumento de intervenção em saúde coletiva, desenvolvido no período de setembro a dezembro do ano de 2017. Como objetivos, busca-se apresentar a experiência de construção do guia e as questões acerca do processo de elaboração dessa ferramenta, que tem como meta principal contribuir para novas formas inventivas de trabalho, baseadas na Economia Solidária, subsidiando avanços às práticas na rede de atenção psicossocial. A metodologia de construção do guia baseou-se no oferecimento de conceitos e orientações fundamentais para os diferentes atores - usuários(as), familiares, trabalhadores(as), estudantes, militantes - que participam da implementação dos empreendimentos de geração de trabalho e renda nos serviços. Também foram incluídas questões para serem discutidas pelos leitores em seus diferentes espaços de atuação, tendo por objetivo final a escrita coletiva de seus próprios projetos de geração de renda. Como resultado obtivemos uma publicação que está organizada em quatro seções: a primeira trata das interfaces entre a economia solidária e a saúde mental; a segunda discute as diretrizes e os conceitos fundamentais norteadores das práticas solidárias; a terceira volta-se à instrumentalização da escrita e ao desenvolvimento de projetos de geração de trabalho e renda; a quarta apresenta um conjunto de experiências exitosas no eixo Rio-São Paulo, no intuito de demonstrar que sim, Dá para fazer!O trabalho solidário pode possibilitar ampliação de direitos e construção da cidadania de pessoas em processo de vulnerabilidade social, incluindo-as nas trocas sociais, materiais e afetivas. Apesar do aumento de experiências de geração de trabalho e renda na rede de atenção psicossocial, elas ainda apresentam dificuldades de formalização e são frágeis do ponto de vista financeiro, tanto para a manutenção do empreendimento, quanto na geração de renda significativa para subsistência dos artesãos. Os projetos de geração de trabalho e renda precisam se articular com outras redes sociais e comunitárias para tornarem-se potentes. É necessária também a ampliação de políticas públicas efetivas e permanentes para a inclusão social pelo trabalho. O guia pretende colocar essas questões em pauta e instrumentalizar os grupos para ajudar a diminuir as barreiras e dificuldades na escrita e na implantação de projetos de geração de trabalho e renda.


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Trabalho nº 7437
Título do Trabalho: EDUCAÇÃO EM SAÚDE: IMPORTÂNCIA VITAL DA AMAMENTAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE UMA SAÚDE COM BASE SÓLIDA
Autores: Viviane de Souza Bezerra, Izabele Grazielle da Silva Pojo, Dheise Ellen Correa Pedroso, Sarah Bianca Trindade, Marcia Eduarda Dias Conceição, Rafael de Jesus Brito Mendes, Nely Dayse Santos da Mata, Luzilena de Sousa Prudêncio Rohde

Apresentação: O aleitamento materno (AM) é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e é a estratégia que mais contribui para a prevenção de mortes infantis, além de ser econômica. Os profissionais de saúde exercem um papel importante de educador e incentivador da amamentação, e para realizar educação em saúde sobre a temática ele precisa entender que tipo de apoio, informação e interação as mães desejam, precisam ou esperam dele. Portanto é necessário que os profissionais de saúde disponham de estratégias efetivas e acessíveis a população, e que despertem o interesse das gestantes sobre a importância de adotar uma prática saudável de aleitamento materno. O trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem sobre a importância vital da amamentação como base sólida à saúde, com adolescentes grávidas e seus acompanhantes. Desenvolvimento: A experiência teve como cenário o Parque do Forte que é um complexo turístico histórico, localizado na chamada frente da cidade que envolve a área externa da Fortaleza de São José e ocorreu no dia 17 de agosto de 2019 durante a tarde, por ser o mês dedicado à intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno foi abordado a temática chamando a atenção para importância vital da amamentação na construção de uma saúde com base sólida. A estratégia utilizada para a promoção da saúde foi uma roda de conversa abordando os benefícios a longo e médio prazo da amamentação, os riscos do desmame precoce, os tipos de amamentação, a posição e pega correta de amamentar, que foram demonstradas por uma acadêmica com o auxílio de uma prótese e um boneco. Participaram da roda de conversa doze acadêmicos de enfermagem, duas residentes de saúde coletiva, duas discentes enfermeiras obstetras, uma educadora física, cinco gestantes e dois acompanhantes. Resultado: Mesmo todas as gestantes presentes estarem sendo acompanhadas no pré-natal, as informações básicas sobre a importância do aleitamento materno eram escassas, comprovando a falta de qualidade de algumas consultas de pré-natal. Então percebeu-se a importância e a vantagem da participação em grupos de apoio que realizam esses tipos de atividades, como as rodas de conversas que são benéficas principalmente por causar  interação dos participantes e de reforçar o vínculo entre discentes, docentes e gestantes, pois as mesmas conversavam não só com o pesquisador mas também entre elas. Além de proporcionar às gestantes um momento de aprendizagem, observou-se que as mesmas se sentiram à vontade, uma vez que a maioria relatou diversas dúvidas em relação ao tema, suas dúvidas foram completamente sanadas pelos acadêmicos presentes, com auxílio das professoras. As principais dúvidas eram sobre a posição correta de amamentar tanto da mãe quanto do bebê. Considerações finais: O objetivo de se relatar a importância da amamentação foi bem esclarecido. Atividades como essas são de extrema necessidade, pois traz benefícios para o binômio mãe-bebê e acompanhante, por fornecer conhecimentos que contribuirão para o sucesso da amamentação e para saúde da puérpera e recém nascido.


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Trabalho nº 10000
Título do Trabalho: PLANO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE DE PERNAMBUCO 2019-2022: DA CONSTRUÇÃO AO MONITORAMENTO
Autores: Juliana Siqueira Santos, Célia Maria Borges da Silva Santana, Emmanuelly Correia de Lemos, Gustavo Rego Muller de Campos Dantas, Luisa Macedo Cavalcante, Luciana Camêlo de Albuquerque, Neuza Buarque de Macêdo, Bruno Costa de Macedo

Apresentação: A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco tem desenvolvido diversas estratégias para implementar a Política de Educação Permanente em Saúde desde a sua criação pelo Ministério da Saúde. Mas foi a partir da Portaria GM/MS nº 1996/2007 que a política estadual se estruturou por meio da implantação de doze Comissões de Integração Ensino Serviço (Cies) regionais e uma Cies estadual, regulamentada por meio da portaria SES-PE nº 541/2014. Entre 2008 e 2017 foram elaborados Planos de Ação Regionais (PAREPS) e cinco Planos Estaduais de Educação Permanente em Saúde. Um dos grandes avanços da PNEPS, além de afirmar o lugar estratégico da educação permanente como política de estado, foi a previsão de financiamento específico e regular. No entanto, a partir de 2012, o financiamento, que, de alguma forma auxiliava na indução da implementação da política nos estados e municípios, é interrompido. No período mais recente é importante destacar a tentativa de retomada da Política Nacional por meio do Programa de Fortalecimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde – PRO EPS-SUS (Portaria GM/MS nº 3.164/2017), que apesar de não definir novos repasses regulares, incentivou a construção dos Planos Estaduais de Educação Permanente em saúde nos estados. O objetivo deste relato foi descrever a experiência de construção e monitoramento do plano de educação permanente em saúde em Pernambuco – PEEPS 2019-202Desenvolvimento: A construção do PEEPS iniciou em 2018 com a realização do IV Seminário Estadual de Educação Permanente em Saúde. O encontro debateu o histórico, a conjuntura e as perspectivas da PNEPS, em torno do tema principal O SUS e a Política de Gestão da Educação na Saúde: conjuntura e estratégias de SUStentabilidade. As etapas da construção do plano foram: I- Seminário Estadual de Educação Permanente em Saúde; II- Oficina Estadual de Elaboração do Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde; III- Pactuação na CIB (Resolução CIB/PE nº 5036/2018) e no Conselho Estadual de Saúde (Resolução CES/PE nº 772/2018); IV- Oficinas Regionais para consolidação dos Planos Regionais de Educação Permanente em Saúde; V - Oficina de consolidação do Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde. Esse processo foi coordenador pela Diretoria Geral de Educação na Saúde e Escola de saúde Pública de Pernambuco (ESPPE) junto à grupo de trabalho estruturado a partir da Cies estadual, e realizado de forma descentralizada e regionalizada. O monitoramento foi realizado nos meses de novembro e dezembro de 2019 por meio de duas oficinas regionais (I e II; III e IV macrorregião de saúde). Participaram das referidas etapas gestores municipais e estaduais, trabalhadores da saúde, controle social, Instituições de Ensino, áreas técnicas da SES, movimentos sociais e atores estratégicos da política de educação permanente no âmbito estadual e nacional. Para cada etapa de construção do Plano foi produzido um relatório com os debates realizados e encaminhamentos pactuados entre os atores participantes, o que posteriormente seria utilizado para orientar a implantação de ações estratégicas e para o monitoramento das mesmas de acordo com cada especificidade regional. Para execução/desenvolvimento do PEPS-PE, foram realizadas as seguintes ações estratégicas: I- mobilização dos atores nas regionais de saúde para realização de oficinas por região de saúde com o objetivo de capilarizar as vivências da construção do Plano com os municípios. II- realização de oficinas por região de saúde para implantação das ações do Plano; III- realização de oficina macrorregional para monitoramento das ações realizadas e debate sobre as ações planejadas pelas regionais de saúde e municípios, por meio da Cies Regional. O PEPS-PE foi organizado em seis eixos: 1) governança da política estadual de educação permanente em saúde em Pernambuco; 2) desenvolvimento da gestão e do controle social no SUS; 3) desenvolvimento e disseminação de capacidade pedagógica no SUS; 4) SUS Escola; 5) Desenvolvimento da atenção - Redes integradas e linhas de cuidado 6) Comunicação e gestão do conhecimento aplicado ao SUS.  Resultado: Foram realizados 1 seminário estadual (91 participantes), 3 oficinas com as equipes técnicas das áreas e políticas estratégicas da Secretaria Estadual de Saúde, 2 reuniões do grupo de trabalho, 2 Oficinas Estaduais (Cies estadual ampliada), 5 oficinas regionais (548 participantes), 2 encontros de monitoramento e planejamento das ações regionais e municipais (95 participantes). Todo o processo foi planejado, monitorado e avaliado nas reuniões ordinárias da Cies estadual. Os produtos foram 8 relatórios, 1 plano estadual quadrienal de educação permanente em saúde (EPS), 12 planejamentos regionais. Os Planos de Ação regionais tiveram sua construção iniciada nas oficinas de planejamento que ocorreram no final de 2019, para acompanhamento e apoio da Secretaria Estadual de Saúde ao longo de 2020. Foram definidas as seguintes ações estratégicas para o ano de 2020: reestruturação das Cies regionais, realização de oficinas para implantação de núcleo de EPS municipal e regional; Qualificação dos Núcleos hospitalares de educação permanente em saúde; qualificação da integração ensino serviço regionais. Resultado: para gestão: qualificação do trabalho colaborativo com as áreas técnicas da SES; promoção de formação em EPS de forma transversal para os evolvidos; maior aproximação/reconhecimento das necessidades/demandas de acordo com as realidades regionais. Inclusão da EPS como pauta transversal nas ações/colegiados/instancias gestoras no nível central da Secretaria Estadual de saúde, nas regiões de saúde e municípios.  Considerações finais: O PEPS de Pernambuco foi construído de forma colaborativa por meio de espaços técnicos e pedagógicos com diferentes sujeitos/atores da educação na saúde, entendendo que a educação permanente em saúde deve ser a estratégia ordenadora da formação e desenvolvimento de trabalhadores e das interações ensino-atenção-gestão-participação. Seguiu-se da mesma forma para a realização do monitoramento, incluindo já nesse processo o assessoramento e a EPS aos trabalhadores e gestores das áreas técnicas da SES. Esse movimento possibilitou ainda a discussão sobre o papel e importância das Cies regionais e os desafios para sua consolidação. Sobre o financiamento, destaca-se que o Plano de Educação Permanente em Saúde apresentado demanda recursos federais, estaduais e municipais para o seu desenvolvimento. Trata-se de uma política pública estratégica para o desenvolvimento dos trabalhadores da saúde, tendo como foco a necessidade de saúde da população e o fortalecimento do SUS. Dessa forma, incluiu-se no PEPS –PE  a previsão  de captação de recursos federais para complementar o financiamento estadual, como uma responsabilidade tripartite.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 12334
Título do Trabalho: MAPEAMENTO DE CASAS, TERREIROS E ROÇAS DE MATRIZ AFRICANA: PROMOÇÃO DA CIDADANIA E CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Autores: Danilo Martins

Apresentação: Essas comunidades, conhecidas popularmente como terreiros, roças ou casas de matriz africana, se constituem em espaços próprios de resistência e sobrevivência, que possibilitam a preservação e recriação de valores civilizatórios, de conhecimentos e da cosmovisão trazidas pelos africanos quando transplantados para o Brasil. Caracterizando-se pelo respeito à tradição e aos bens naturais; o uso do espaço para reprodução social, cultural e espiritual da comunidade; e a aplicação de saberes tradicionais transmitidos através da oralidade desempenha um papel extremamente importante na promoção da igualdade racial, combate ao racismo, segurança alimentar e nutricional das comunidades em que vivem e atuam. Nesses espaços, marcados pela solidariedade social, é prática comum à distribuição de alimentos, a valorização dos alimentos saudáveis, diversificados e culturalmente adequados, entre outras atividades. As ações de mapeamento socioeconômico e cultural partem do imperativo da necessidade de coleta e sistematização de dados e indicadores que orientem a elaboração, redimensionamento, implementação, monitoramento e avaliação de polıt́icas públicas para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, no que concerne a: combate ao racismo; segurança alimentar e nutricional; acesso a serviços públicos de saúde, educação e assistência social; saneamento básico e regularização fundiária; salvaguarda de patrimônio cultural material e cultural; acesso a benefıć ios sociais; e o direito ao meio ambiente equilibrado. O objetivo do mapeamento é conhecer a realidade dos terreiros de todo o território do município de Jaboatão dos Guararapes: quem são, onde estão localizados, suas principais atividades comunitárias, infraestrutura, acesso aos serviços de saúde, entre outros aspectos socioculturais e demográficos. Busca-se, dessa forma, construir um banco de dados que norteará a construção de políticas públicas intra e intersetoriais junto às comunidades tradicionais de matriz africana, com ênfase na promoção da saúde da população negra. O mapeamento se iniciou no segundo semestre do ano de 2018, sendo este realizado pelo Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial (CMPIR) em conjunto com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SMDH) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A identificação desses espaços se deu, inicialmente, através das demandas do controle social em reuniões do CMPIR. O instrumento de coleta de dados se deu a partir da adaptação de um questionário objetivo disponível pelo Guia orientador para mapeamentos junto aos povos e comunidades tradicionais de matriz africana do Ministério da Justiça e Cidadania, publicado no ano de 2016. O formulário traz seis tópicos com perguntas de fácil resposta, que são: PARTE I - Localização da Casa Tradicional de Matriz Africana; PARTE II - Informações da Liderança Tradicional de Matriz Africana; PARTE III - Identificação e Caracterização da Casa Tradicional; PARTE IV - Informações sobre o Entorno/Comunidade; PARTE V - Avaliação de Políticas Públicas para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana; PARTE VI - Levantamento de demandas e outras informações. A coleta das informações aconteciam presencialmente, a partir de uma visita dos membros que compõe o CMRP nas roças, frequentemente recebidos pelas lideranças religiosas. As secretarias municipais se responsabilizavam em disponibilizar transporte para a realização das visitas pelos membros do conselho. Considerando o grau de invisibilização das comunidades tradicionais de matriz africana e o histórico de violência e negação de direitos que sobre elas sempre incidiu e a partir da necessidade de aproximação dessas casas no território de cobertura das Equipes de Saúde da Família (eSF), o Núcleo de Saúde Integral da População Negra enquanto representante da SMS, elaborou uma nota técnica versando sobre a importância do mapeamento na construção de políticas públicas voltadas para saúde da população negra e comunidades tradicionais de matriz africana no sentido de sensibilizar os profissionais. Na escrita deste documento, também, foi enfatizada a necessidade de uma maior aproximação das equipes no reconhecimento destes locais enquanto espaços de acolhimento e promoção de saúde. Posteriormente, os profissionais da eSF passaram a contribuir com o mapeamento durante a realização de visitas domiciliares nos espaços de suas áreas adstritas, realizando o preenchimento do questionário objetivo disponibilizado pela área técnica. Atualmente, o município de Jaboatão dos Guararapes conta com aproximadamente 72 terreiros, casas e roças de matriz africana mapeadas. A participação da Estratégia de Saúde da Família nesse processo oportunizou a discussão sobre racismo institucional, a desconstrução de preconceitos e estigmas, além de promover a construção do vínculo e possibilitar o aumento do número de casas mapeadas no município. O mapeamento vem sendo construído com o protagonismo e a participação dos representantes das comunidades tradicionais de matriz africana e será parte integrante da estratégia do município para a efetivação das políticas afirmativas, de respeito e fortalecimento da diversidade étnico-racial e de promoção da saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11546
Título do Trabalho: TÍTULO: DETERMINAÇÃO E PERSISTÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU.
Autores: Fátima Moustafa Issa, José Elias Aiex Neto

Apresentação: A partir da reforma psiquiátrica, aprovada na terceira Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada em Brasília no ano de 2001 e regulamentada pela lei 10216, de 06 de abril daquele ano, os municípios brasileiros estão tentando construir a rede de atenção psicossocial, substitutiva do modelo manicomial, de acordo com a portaria 336, de 19 de fevereiro de 2002. A realidade de Foz do Iguaçu - PR é o que estamos apresentando neste trabalho. Objetivo: Relatar a luta de trabalhadores e usuários do SUS - Sistema Único de Saúde, objetivando estruturar tal rede, mesmo sem contar com o empenho das autoridades de saúde municipais. Desenvolvimento: Contando com o empenho de profissionais de saúde—médicos, psicólogos, dentistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiros e terapeutas ocupacionais—engajados na luta antimanicomial, o Movimento Popular pela Saúde de Foz do Iguaçu, constituído por lideranças sindicais, comunitárias e políticas da cidade, cerrou fileiras no sentido de lutar pela estruturação da rede de atenção psicossocial, preconizada pela legislação apresentada acima. Tais conquistas foram paulatinas, e contaram com o empenho do COMUS - Conselho Municipal de Saúde local. O primeiro equipamento a ser  credenciado foi um Hospital Dia. Na sequência foram criados os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) – AD (Álcool e Drogas), II e Infanto Juvenil. A unidade psiquiátrica em hospital geral demandou uma luta de cerca de 20 anos, principalmente devido à resistência preconceituosa de muitos profissionais de saúde que atuavam nos mesmos. Resultado: A rede de atenção psicossocial de Foz do Iguaçu hoje encontra-se estruturada de maneira incompleta, pois há uma crônica falta de pessoal especializado para trabalhar nela. Além disso, alguns equipamentos estão subdimensionados ou sucateados,  como o CAPS AD  e a Unidade Psiquiátrica do Hospital Municipal Padre Germano Lauck. Existe uma construção destinada ao CAPS AD III, o qual está previsto para funcionar 24 horas por dia. A mesma encontra-se finalizada, porém não é colocada para funcionar por falta de psiquiatras que queiram trabalhar para o município, mesmo porque a prefeitura local não oferece compensações financeiras que os atraiam. Hoje há uma forte demanda pelos serviços de tais profissionais, que preferem montar consultórios privados, nos quais conseguem auferir ganhos maiores do que os ofertados pelo serviço público. Considerações finais: O preconceito que sempre caracterizou a visão da sociedade em relação aos pacientes com doença mental ainda persiste nos dias atuais. Não tanto como o relatado por Michel Foucault em “A História da Loucura”, nem com a virulência com que os mesmos eram tratados dentro dos manicômios. Apesar do alto índice de sofrimento psíquico existente na sociedade atual, inclusive entre os próprios trabalhadores da área, ainda convivemos com muita resistência deles e dos gestores municipais no sentido de completar e aprimorar os equipamentos previstos pela legislação que regulamenta o assunto.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9500
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DO PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NO CUIDADO À SAÚDE DA CRIANÇA NO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA
Autores: Cássio de Oliveira, Léia Cristiane Loeblein Fernandes Muniz, Suzete Marchetto Claus, Adriana Winter Holz Peglow, Daiane de Oliveira Pereira Vergani, Eliane Lipreri, Quézia Lidiane Steinmetz Oss, Rita de Cássia Rocha Mota

Apresentação: No Brasil, a Atenção Básica apresenta um crescimento significativo e uma importante trajetória de ampla expansão e desenvolvimento. O trabalho da enfermagem neste âmbito de atenção é histórico e fundamental para consolidação de práticas de cuidado, o que vem a exigir constante qualificação dos profissionais, bem como a utilização de tecnologias e instrumentos que as subsidiem. Neste sentido, a construção e  implantação de um protocolo de enfermagem na atenção à saúde da criança no município de Caxias do Sul (RS) é considerada um importante marco histórico no ordenamento e  qualificação do processo de trabalho do enfermeiro e da equipe  de atenção básica municipal. Objetivo: relatar a experiência de construção e implantação de um protocolo de atenção à saúde da criança no município de Caxias do Sul. Desenvolvimento: Nos anos de 2018 e 2019 foi constituída uma equipe de profissionais enfermeiros e equipes técnicas da Secretaria Municipal de Saúde do município, em conjunto com docentes da Universidade de Caxias do Sul (UCS) que se reunia periodicamente para elaboração e posteriormente  para implantação do protocolo. O grupo utilizou como referência o Protocolo de Atenção à Saúde da Criança do município de Caxias do Sul (2018), além de condutas e cuidados privativos do enfermeiro. A construção do protocolo teve como critérios os problemas mais prevalentes identificados na atenção básica do município, levando em consideração as últimas evidências científicas e protocolos de enfermagem validados e institucionalizados. Sua estrutura  se constituiu de uma abordagem da situação epidemiológica do município, da sistematização da assistência de enfermagem, com destaque para a consulta de enfermagem á criança, da organização da rede de atenção à saúde da criança, procedimentos e avaliações relacionadas, cuidados básicos, intercorrências mais comuns e programas implantados permitindo operacionalizar e especificar o que e como se faz. Posteriormente, foi  avaliado e homologado pelo Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul. Após sua homologação, coube  ao Responsável Técnico pelo Serviço de Enfermagem a implantação no município, mediante capacitação dos profissionais de enfermagem. O protocolo foi implantado no município em 2019 por meio de Portaria e  será revisado e avaliado a cada 2 anos, de acordo com as necessidades identificadas no cuidado à saúde da criança. Resultado: A utilização do protocolo no município tem permitido identificar algumas evidências como oaumento da autonomia do enfermeiro; fortalecimento de  ações interprofissionais, através de uma atuação colaborativa em relação ao atendimento médico e outros profissionais; permitiu ao enfermeiro acompanhar as situações e discutir os casos  em equipe, resultando em um atendimento integral, humanizado e mais resolutivo; ampliou o acesso e aumentou a satisfação da população; possibilitou os profissionais  atuarem com maior segurança e contribuiu para um melhor reordenamento dos processos de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde. Considerações finais: Os protocolos permitem que o enfermeiro seja mais resolutivo no atendimento prestado, aumentando o acesso e  oferecendo uma atenção oportuna, eficaz, segura e ética. Ainda desenvolvem maior segurança nos atendimentos, cooperação entre a equipe multiprofissional, incorporação de novas tecnologias, maior transparência e controle de custos.


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Trabalho nº 9505
Título do Trabalho: DA RIS-GHC BROTOU UMA PLANTINHA: A CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE UFFS/MARAU
Autores: Fabiana Schneider, Vanderleia Laodete Pulga, Fernanda Carlise Mattioni, Eliana Brentano

Apresentação: O processo de descentralização da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) em Marau (RS) é um exemplo da cooperação que se firmou entre o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a Secretaria Municipal de Saúde do município de Marau (RS) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), provando que as parcerias entre instituições de saúde e educação podem dar certo quando são pautadas no diálogo, no respeito às diferenças e na busca de um mesmo objetivo. O presente trabalho apresenta o percurso histórico da experiência construída a partir do processo de descentralização da RMS coordenado pelo GHC. A Residência Integrada em Saúde (RIS) do GHC foi constituída em 2004, com o objetivo de especializar profissionais de diferentes áreas que se relacionam com a saúde, através da formação em serviço. Passados dez anos, adquirida maturidade e experiência nessa modalidade de ensino, surgiu a proposta de descentralização da residência, no ano de 2012, indo ao encontro das políticas nacionais de desconcentração da formação e da fixação de profissionais fora dos grandes centros, expandindo para outros territórios do interior do estado a responsabilidade com a formação engajada com um modelo de saúde comprometido com os princípios do SUS. Tal movimento evidenciou a necessidade de inaugurar novos campos de formação em cenários do interior. Assim, o processo de descentralização iniciou atrelado à oferta pública, pela Escola GHC, do Curso de Especialização em Saúde da Família e Comunidade - Gestão, Atenção e Processos Educacionais, com o objetivo de subsidiar o desenvolvimento de funções de preceptoria, tutoria, supervisão e orientação da formação em serviço na APS. Para a escolha dos municípios-campo foram observados critérios como: rede minimamente estruturada de APS; boa cobertura de ESF ou movimento de incremento da cobertura por parte da gestão municipal; infraestrutura adequada; rede de cuidados em nível secundário e terciário disponível na região; capacidade de preceptoria (profissionais com perfil para o ensino e com vínculo trabalhista local estável). Nesse processo, o município de Marau foi selecionado e duas de suas equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) acolheram residentes dos núcleos profissionais de enfermagem, farmácia e psicologia, vinculados à RIS/GHC, se constituindo como campo de formação em serviço. No decorrer de três anos, ingressaram três turmas de residência e a RIS/GHC tornou-se uma potente oferta de formação em serviço com capacidade de impactar na qualidade do cuidado. De acordo com a pactuação inicial firmada entre GHC e SMS-Marau-RS, no início do ano de 2015, avaliou-se que seria o momento de se estruturar um programa próprio de Residência Multiprofissional em Saúde, no sentido de sedimentar a proposta de descentralização do GHC e disseminar a capacidade pedagógica nos serviços de saúde envolvendo trabalhadores, gestores, formadores e o controle social. Nesta ação vislumbra-se a construção do SUS verdadeiramente como uma rede-escola, com toda a potência para intervir na produção do cuidado à saúde. Ainda, a proposta alinhava-se a política do Ministério da Saúde que busca a qualificação e fixação de trabalhadores do SUS nos municípios do interior. Buscou-se então a parceria da UFFS para a construção do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde (PRMS) tendo como área de concentração: Atenção Básica, Saúde da Família e Comunidade/Saúde Coletiva, pois a proposta pedagógica da Universidade alinhava-se a proposta de desenvolvimento local e fortalecimento das relações ensino e serviço, por meio da oferta de formação de acordo com as necessidades da região, bem como sua proximidade geográfica de Marau. Constituiu-se um grupo de trabalho, com a participação de representantes de todos os segmentos (residentes, preceptores e docentes) e instituições (SMS-Marau, GHC e UFFS) para a construção do projeto de PRMS. Nesse mesmo período foi constituída a COREMU-UFFS. Em seguida o projeto foi submetido ao Ministério da Educação (MEC) e a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional. Após a aprovação do PRMS - UFFS/Marau seguiram-se os trabalhos para estruturar as condições necessárias à execução do Programa, visando à qualidade da formação. A partir de março de 2016, a Secretaria Municipal de Saúde recebeu em dois campos de prática – Estratégia Saúde da Família Santa Rita e São José Operário, residentes das áreas da enfermagem, farmácia e psicologia vinculados a UFFS, dando continuidade a formação iniciada com a parceria do GHC, que por meio de seus apoiadores pedagógicos ainda auxiliaram na condução do primeiro ano do programa. Desde então, a construção do Projeto Político Pedagógico vem sendo elaborada em conjunto, abrindo espaço para que os diferentes atores contribuam para qualificar as ações do programa. Destaca-se nesse sentido os momentos de assembleia das residentes, fórum de preceptores e tutores que são realizados mensalmente e culminam no Colegiado onde todos participam e  são tomadas a maioria das decisões. Da mesma forma a COREMU constitui-se por representação das residentes, preceptoras, tutoras, gestão municipal e estadual, controle social e, junto à coordenação do programa, as decisões são tomadas buscando um consenso. Os resultados deste trabalho encontram-se na consolidação do programa da UFFS que obteve reconhecimento do MEC e aprovação para ampliação devido às condições apresentadas. Formaram-se neste percurso de 07 anos, 21 residentes que em sua maioria encontram-se trabalhando no SUS e multiplicando as experiências que vivenciaram na realidade da saúde em Marau. Os principais desafios encontram-se na dificuldade em manter a parceria firme, o que necessita ser constantemente estimulado. A interferência da política de sucateamento das universidades federais, gerada pelas medidas de austeridade fiscal adotadas nos últimos anos, inviabilizou a ampliação do programa. Também observamos dificuldades no perfil de residentes que chegam ao serviço com grandes fragilidades advindas da graduação, principalmente no que se refere à saúde coletiva e os princípios do SUS. Esses desafios exigem processos de educação permanente de tutores e preceptores para que possam construir linhas de ação comuns e efetivas de atuação. Pode-se afirmar então, que o processo de descentralização dos programas de RMS tem capacidade de induzir a qualificação dos serviços que os acolhem; de aproximar a formação de trabalhadores com a realidade das redes de saúde instituídas no interior; e estimular a fixação destes trabalhadores nestes cenários. Essa experiência demonstra a potência que existe na descentralização da formação em serviço e na possibilidade de integração entre instituições de ensino e serviços do SUS. Isso foi possível pela característica do processo, democrático e participativo, no qual todos os saberes compuseram a construção da proposta.


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Trabalho nº 10904
Título do Trabalho: A ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA FORMAÇÃO EM SERVIÇO NO DEPARTAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE: UMA CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA COM MÚLTIPLOS OLHARES
Autores: Maisa Beltrame Pedroso, Rebel Zambrano Machado, Rebel Zambrano Machado, Poalla Vettorato, Poalla Vettorato

Apresentação: Os preceitos básicos do Sistema Único de Saúde (SUS), além da universalidade e equidade no acesso à atenção em saúde, estabelecem um modelo assistencial que exige novas formas de organização, planejamento e gestão do sistema de saúde, enfatizando a integralidade das ações e a qualificação da clínica. Assim, é importante o papel indutor da Secretaria de Saúde (SES (RS)), em suas várias instâncias, possibilitando um direcionamento na formação profissional que se aproxime de uma atenção à saúde mais efetiva, equânime e de qualidade. Para tanto, é necessário que a gestão esteja alinhada com a amplitude das diretrizes das políticas públicas de saúde, acompanhando e promovendo processos inovadores em direção à modernização, racionalização de recursos, efetividade e humanização desses processos. Nesse sentido, a qualificação profissional em serviço deve integrar os campos técnicos e político-administrativos como base para a formação integral. O Departamento de Ações em Saúde (DAS/SES (RS)) atua no planejamento e monitoramento das ações desenvolvidas por meio das políticas públicas de saúde que são operacionalizadas em todos os níveis de atenção à saúde, estando organizado nas seguintes áreas técnicas: Coordenação Estadual de Atenção Básica; IST/HIV/AIDS; Monitoramento e Avaliação; Política de Alimentação e Nutrição; Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas; Primeira Infância Melhor; Saúde Bucal; Saúde da Criança e Adolescente; Saúde da Mulher; Saúde da População Indígena; Saúde da População LGBT; Saúde da População Negra; Saúde da População Prisional; Saúde do Homem; Saúde da Pessoa Idosa e Saúde Mental, estruturadas em quatro eixos: atenção primária, ciclos vitais, transversais e equidades. Objetivo: Construir coletivamente as diretrizes e um projeto pedagógico para a institucionalização de um espaço gestor dos processos de ensino aprendizagem (a formação em serviço) no DAS. A constituição do espaço O trabalho das áreas técnicas transversaliza os diferentes níveis de atenção à saúde (Atenção Primária em Saúde – APS, média e alta complexidade), porém, o enfoque do Departamento reside no fortalecimento da APS como principal porta de entrada e centro articulador do acesso dos usuários do SUS à Rede de Atenção Integral. Dentro deste contexto, propomos ao DAS à institucionalização de um espaço gestor dos processos de ensino aprendizagem a fim de facilitar a condução das atividades formativas acolhidas neste Departamento. A participação dos servidores da SES (RS) na Especialização em Preceptoria para o SUS, executado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês, com financiamento do Programa de Desenvolvimento de Apoio Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), acabou instigando, a partir de suas reflexões, para a necessidade de organizar o espaço de formação em serviço no DAS. A partir do processo desencadeado e dos trabalhos finais apresentados como requisitos para a conclusão do curso, o colegiado do DAS, grupo técnico formado por representação das 17 áreas técnicas e responsável pelas decisões e encaminhamentos necessários no departamento, − decidiu por repensar todo o processo de formação em serviço de forma articulada no escopo de suas políticas. Nesse sentido, inicia-se essa caminhada com a organização do campo de prática para os profissionais da Residência Multiprofissional da SES (RS), R3 com a concepção do projeto pedagógico, problematizando as questões que emergiam no contexto, analisando o espaço da gestão e as novas configurações que assume o trabalho e as demandas sociais. O processo de avaliação ensino aprendizagem, em uma perspectiva participativa, envolveu todos os sujeitos no processo. Nesse sentido, é importante demarcar o espaço ocupado pelos preceptores mediante as suas singularidades, o que implica considerar o significados do fazer profissional que cada um carrega, articulados em torno do projeto em disputa no espaço institucional onde se busca implementar. Considerando que o DAS conta com servidores que possuem diferentes competências e trajetórias de formação, é fundamental que dialoguem e pactuem processos de trabalho e preceptoria mais uniformes, utilizando-se da potência destas características, também, para o diálogo e na troca de experiências, para a construção de novas práticas e saberes no cotidiano da organização. AÇÕES PROPOSTAS – Identificar as instituições de ensino conveniadas à SES que tem o DAS como campo de práticas; – Levantar a capacidade instalada do DAS para atender às demandas formativas; – Discutir e pactuar as demandas das áreas técnicas para as quais as instituições de ensino possam contribuir com projetos ou produtos a serem desenvolvidos pelos estudantes ou profissionais em formação; – Construir o Projeto Pedagógico do DAS; – Organizar o acolhimento de estudantes e profissionais em formação no DAS; – Construir um acervo bibliográfico para apoio às atividades dos servidores; – Construir um banco de dados com informações referentes aos estudantes e profissionais em formação, além dos projetos ou produtos desenvolvidos; – Elencar as necessidades de apoio logístico para a gestão adequada dos processos formativos; – Institucionalizar a função de supervisor de estágio no DAS; –  Fomentar a formação de preceptores e supervisores de estágio no DAS; – Institucionalizar a preceptoria no DAS; – Inclusão no plano de carreira da atividade de preceptor, supervisor e tutor. Efeitos percebidos decorrentes da experiência O processo de organização do espaço de formação, coordenado por um grupo gestor vem sendo melhorado a cada semestre, tanto a lógica de construção mais orgânica de projetos prioritários seu cerne principal, tanto para as políticas quanto no sentido de qualificar, potencializando a prática dos profissionais. O processo contempla a participação da ESP, residentes e servidores preceptores. A avaliação feita pelos profissionais em relação à experiência vivenciada tem sido muito positiva, soma-se ainda a isso a entrega de produtos mais efetivos para o conjunto de trabalhadores e das políticas. Por outro lado, serviu como mais uma estratégia para avançar na integração entre os eixos técnicos do DAS, ou seja, Atenção Primária em Saúde, Políticas dos Ciclos Vitais, Políticas Transversais e Políticas para Equidades em Saúde. Além de qualificar o processo de preceptoria, considerando que os comportamentos dos preceptores no DAS estavam condicionados por fatores pessoais e contextuais. Nem todos os servidores apresentavam os recursos e ferramentas necessárias para desenvolver processos reflexivos e mais dinâmicos para acompanhar e avaliar o desenvolvimento articulado do trabalho e da educação na saúde; desenvolver ações educacionais e facilitar processos de ensino-aprendizagem; acompanhar e avaliar ações e processos educacionais e apoiar a produção de novos conhecimentos. Considerações finais: Trata, portanto, de uma experiência singular para a formação de preceptores e profissionais da saúde, nos cenários de prática, que deve privilegiar o compartilhamento solidário de experiências, utilizando uma postura aberta à diversidade de valores, desejos e perspectivas, de modo a atuar segundo os princípios da ética profissional e da humanização na identificação de necessidades de aprendizagem, respeitando os diferentes tempos de aprendizagem de cada um. Institucionalizar um espaço gestor para os processos de ensino aprendizagem no DAS implicará em aumentar a capacidade da integração ensino, serviço e gestão do Sistema Único de Saúde, qualificando a relação da SES (RS) com as instituições de ensino conveniadas e/ou parceiras e seus sujeitos em formação.


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Trabalho nº 7474
Título do Trabalho: : CONSTRUÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA SOBRE SEGURANÇA DO PACIENTE PARA O Desenvolvimento: DA EDUCAÇÃO CONTINUADA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE.
Autores: Amanda Gabrielly Miguel Rocha, Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira, Bianca Alessandra Gomes do Carmo, Juliana Sousa de Abreu, Nayla Rayssa Pereira Quadros, Christine Bemerguy Elizabeth Lobato

Apresentação: A Resolução nº 36 de 2013 aborda o Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde que entre outras ações, inclui diversos protocolos, como identificação do paciente, higiene das mãos e segurança cirúrgica. Além disso, dispõe que é de competência dos Núcleos de Segurança do Paciente dos serviços de saúde desenvolver, implantar e acompanhar os programas de capacitação em segurança do paciente e verificar a qualidade de suas ações; analisar e avaliar os dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação dos serviços e notificar ao Sistema Nacional de Vigilância os eventos adversos decorrentes da assistência efetuada. Apesar da legislação vigente, ainda se verifica diversos paradigmas envolvendo o tema, dentre estes podemos citar o medo do profissional de saúde em ser punido após a realização da notificação; profissionais que não sabem a importância da notificação ou não possuem conhecimento da forma correta de realizá-la, à preferência do uso da comunicação verbal ao preenchimento da ficha, e a falta de tempo no serviço para realizar esta ação. Ressalta-se, dessa maneira, a importância de mudanças na formação de novos profissionais na área da saúde, buscando a criação de uma cultura permanente sobre a segurança dos pacientes. Desse modo, por ser uma temática muito relevante e existir a necessidade da diminuição da problemática dos eventos adversos, os quais podem trazer graves consequências ao usuário, além do profissional e instituição, o estudo teve como objetivo geral, elaborar uma tecnologia educativa a fim de orientar os profissionais acerca da importância da notificação dos eventos adversos e queixas técnicas, voltadas à segurança do paciente e, como objetivos específicos, garantir a qualificação e autonomia dos profissionais da instituição por intermédio da tecnologia. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência vivenciado por acadêmicas de Enfermagem do quinto semestre da Universidade Federal do Pará, no período do primeiro semestre de 2019, durante a atividade curricular Gestão em Serviço de Saúde, a respeito da construção de uma tecnologia do tipo cartilha para educação profissional acerca da importância da notificação e adesão a sinalização dos eventos adversos em um Hospital Universitário de referência no Pará. A partir do diagnóstico da realidade mediante a visita das discentes ao referido hospital percebeu-se a falta das fichas de notificação de eventos adversos em vários setores, salvo o bloco cirúrgico. Ademais, ao abordar a enfermeira responsável pela gerência de qualidade foi identificada a necessidade de conhecimento das razões da não adesão a notificação pelos profissionais. Desse modo, foi construído um instrumento de coleta de dados para a delimitação da problemática quanto à não adesão de profissionais à notificação de eventos adversos. Durante todo o processo de desenvolvimento da intervenção educativa foi utilizado o instrumento organizacional 5WH2. Mediante os resultados levantados no diagnóstico de realidade por meio de entrevistas aos profissionais de saúde e gestor do serviço de segurança do paciente, foi desenvolvida a cartilha, durante sua construção e validação foi realizada a adequação da linguagem, das ilustrações e as informações, para atender a praticidade e as necessidades do público alvo. Resultado: Na sua versão final, a cartilha possuía 08 páginas com capa, o conteúdo e contracapa com apresentação da equipe realizadora, colaboradores e referências. Em seu conteúdo, aborda os temas: segurança do paciente, queixas técnicas, importância da notificação pelos profissionais, quem pode notificar, onde encontram-se as fichas de notificação e os principais eventos adversos em ambientes hospitalares. O cartaz foi impresso em folha A4, papel fotográfico, constituído de uma página com informações mais sucintas sobre a notificação de eventos adversos, com os seguintes tópicos: O que são eventos adversos; Qual a importância das notificações; Quem pode notificar; Quais eventos adversos devem ser relatados. Todas as orientações fornecidas na cartilha e cartaz foram baseadas na literatura científica após pesquisa em bases de dados na área da saúde. Após o processo de construção, houve a validação dos materiais pela docente orientadora e a coorientadora do trabalho, além da enfermeira responsável pelo setor de qualidade do hospital. A aplicação do instrumento educativo no ambiente hospitalar ocorreu por meio de uma abordagem individualizada com os profissionais disponíveis de cada setor do hospital, ressaltando o conteúdo da cartilha para estimular a adesão a notificação de eventos adversos e realizando a fixação do cartaz nos quadros de aviso de cada seção, com a finalidade de estabelecer uma informação visual de fácil acesso para atingir o maior número de profissionais. Durante a realização do processo de intervenção, alguns entraves foram destacados, tais como o horário destinado à aplicação das cartilhas nos setores, pois a maioria dos profissionais estavam em período de intervalo, dificultando a abordagem das discentes com os demais integrantes da equipe, além do mais a primeira abordagem não foi suficiente para abranger todos os setores do hospital. A cartilha educativa permanecerá sendo utilizada na atividade curricular gestão dos serviços de saúde pelos discentes da faculdade de enfermagem (Universidade Federal do Pará), visando incentivar de modo contínuo a adesão às notificações de eventos adversos e queixas técnicas pela equipe multiprofissional do hospital universitário. Considerações finais: O material educativo desenvolvido contribui positivamente para melhoria do conhecimento, a satisfação e a aderência ao processo de notificação pela equipe multiprofissional, viabilizando maior preparação para a efetivação do cuidado de qualidade aos usuários do serviço de saúde. Destaca-se, o impresso em forma de cartilha e cartaz foi uma boa ferramenta de intervenção aos profissionais, pois garante a objetividade do assunto tratado e uma boa visualização de mapas mentais o que auxiliou as alunas durante o reforço das orientações verbalizadas. Ademais, a intervenção buscou modificar a concepção de que apenas o profissional enfermeiro é o responsável pelas notificações dentro dos serviços de saúde, desenvolvendo a auto responsabilização e incentivando a notificação por todos os profissionais. Diante disso, foi possível ratificar a importância da educação continuada dentro do ambiente de trabalho para sanar os déficits da equipe no processo de desenvolvimento do cuidado.


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Trabalho nº 12084
Título do Trabalho: IDAS E VINDAS FORMATIVAS DO ALUNO DE ENFERMAGEM DE UM POLO UNIVERSITÁRIO: CONSTRUINDO VÍNCULO COM O ORIENTADOR ACADÊMICO
Autores: Davidson Eduardo de Carvalho, Andressa Ambrosino Pinto, Gabriela D'almada Borduam, Donizete Vago Daher, Débora Borges de Souza

Apresentação: Na vida acadêmica os desafios e as perspectivas são inerentes a todo alunado, logo, se ter um orientador acadêmico, é algo de extrema relevância e potência dentro das Instituições de Ensino Superior (IES). Algumas universidades, adotam esse sistema proporcionando ao aluno,  suporte necessário de auxílio nos processos administrativos, de adaptação e na compreensão do funcionamento da universidade, a partir do ensino - pesquisa - extensão. Destarte, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Campus Macaé - RJ, adere a essa proposta como prática que apoia e acompanha o aluno; ação coordenada pela Comissão de Orientação e Acompanhamento Acadêmico (COAA). Apreende-se que essa estratégia de acompanhamento pedagógico, permite a aproximação entre o docente orientador e alunos, estreitando o vínculo entre eles. Logo, a díade  orientador – aluno, passa a trilhar o caminho acadêmico de forma partilhada e colaborativa, permitindo um melhor aproveitamento do período acadêmico. Objetivo: Relatar as percepções dos alunos de enfermagem, sobre seu caminho formativo, e qual a influência do orientador acadêmico neste caminho. Desenvolvimento: Relato de experiência, em que se apreendeu as percepções do alunado de enfermagem, em um acolhimento inicial realizado pela COAA, em 2019. O registro dos relatos foi feito, a partir de três questões disparadoras: 1) Me apresentando; 2) Como eu me sinto hoje, em relação ao meu desenvolvimento no curso de enfermagem?; 3) O que você sugere para melhorar a sua caminhada? Resultado: Em relação, a primeira questão: “[...] tenho 20 anos, estou no 3º período de enfermagem. Sou de Bambuí - MG. Sou bem feliz em enfermagem e pretendo continuar”, “[...] tenho 19 anos e moro em Cabo Frio. Meu objetivo era cursar medicina, mas vim cursar enfermagem e me apaixonei”, “[...] vim da cidade de Mendes - RJ, para cursar enfermagem em Macaé, tenho 21 anos”, “[...] tenho 20 anos, sou de São Paulo. Curso enfermagem e estou muito feliz”. Na segunda questão, apontam: “Me sinto bem. Enfrento as dificuldades propostas pela carreira acadêmica’’, “O curso tem me mostrado outras vertentes da enfermagem, além da técnica”, “No curso tenho uma nova descoberta a cada dia”, “Estou me desenvolvendo bem, a cada dia amo mais meu curso”. E, na terceira questão, assinalam: “Faltam momentos mais leves. A dinâmica de ensino, não deve se restringir ao modelo tradicional”,“Preciso organizar meu tempo, para não ficar sobrecarregada”, “Tenho que ter mais foco, para alcançar meus objetivos”, “Sinto falta de momentos de descontração”. Sob este viés podemos considerar a importância do apoio pedagógico disposto pela COOA, ao propor um acolhimento, que busca estreitar e vincular o aluno ao seu orientador acadêmico, com vistas a minimizar conflitos e possíveis intercorrências comuns a trajetória acadêmica. Considerações finais: Seguindo linearmente as ideias de dialogicidade, a educação dentro das IES é mais eficiente quando compartilhada. Ter um “mentor”, é uma estratégia que constrói uma nova possibilidade para o aluno, sendo que o progresso deste dentro da IES deve ser intrínseco a essa estratégia. Dessa forma, a díade aluno–orientador, ganha mais credibilidade, potência.


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Trabalho nº 10122
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE MÍDIAS PARA INFORMAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO DO SARAMPO
Autores: Vitória¹; Rosana¹; Mercedes²; Axt; Azevedo; Neto

Apresentação: Durante muitos anos o sarampo foi uma das principais causas de morbimortalidade na infância. No entanto, com o advento da vacina e quando, em 1986, ocorreu a maior epidemia da década, com notificação de 129.942 casos, o Brasil definiua extinção da doença como prioridade da sua política de saúde, implantando em 1992 o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo. Como resultado das ações de imunização, em 2016, o país recebeu o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampopela OMS, declarando a região das Américas livre da doença e nenhum caso de sarampo foi registrado desde então. No entanto, em 2018, o país teve 10.326 casos confirmados da doença, e, somente no mês de fevereiro de 2019, registrou 28 casos. Estes casos levaram o país e perder este certificado e entrar com medidas sanitárias para prevenção deste agravo. O objetivo deste resumo é relatar a experiência extensionista na construção de mídias para prevenção do sarampo. Foram elaborados vídeos na temática dosarampo e sua reemergência, cartazes que contém frases e cores que despertam a curiosidade dos expectadores, com uma figura em QR-code que direciona o expectador direto às redes sociais do projeto, nas quais além dos vídeos e imagens da temática encontra-se outros assuntos relevantes. Os cartazes foram espalhados nos corredores, elevadores e quadros de aviso da faculdade e da universidade, onde foi observada a participação de pessoas que transitavam por esses espaços, interagindo com os cartazese tirando dúvidas. Ao desenvolver ações de educação em saúde por meio de representações culturais com expressões imagéticas e midiáticas nas situações de surtos, epidemias e ações de imunoprevenção, promove interação com um público mais jovem que possui interfaces tecnológicas. Além disso, a atividade extensionista permitiu que houvesse acesso rápido de informações sobre o sarampo pelos alunos, professores, funcionários e transeuntes durante o surto que o país estava vivenciando. A utilização deste método foi relevante e trouxe benefícios, mas é necessário utilizar outros métodos em conjunto para que pessoas que possam ter dificuldades com as redes sociais, ou que não tem acesso a internet, consigam chegar até as informações que previnem os riscos contra o sarampo.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6463
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO TEÓRICA DO OBJETO DE PESQUISA SOBRE A CARTOGRAFIA DAS PRÁTICAS DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
Autores: Olga Maria de Alencar, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Apresentação: O presente trabalho é um recorte teórico do projeto de pesquisa de tese sobre a cartografia dos agenciamentos produzidos pelo Agentes Comunitário de Saúde (ACS) no contexto da micropolítica do trabalho enquanto prática social. Nosso objetivo é apresentar os construtos teóricos produzidos na elaboração do projeto de pesquisa com título provisório - “Cartografia da profissão agente comunitário de saúde: politicidade, corporeidade e historicidade no devir profissional”. desenvolvimento: os ACS se constituem como força de trabalho potente na produção de saúde no contexto da Atenção Primária á Saúde (APS). Apesar de sua origem se pautar em concepções neoliberais de trabalho para suprir a necessidades do Estado, ao longo de sua construção vem passando por processo de desterritorialização e reterritorialização. Neste percurso se configura um emaranhado de fazeres e saberes que compõem a profissão do ACS, que são encarnado no corpo-ACS. Aqui entendemos corpo a partir da concepção de Artaud: “O corpo é uma multidão excitada” de fenômenos, desejos e afecções,   que sempre foi adestrado, educado, formado para produzir, adaptar-se a alguma condição social. Com efeito surge a questão-guia o que pode o corpo ACS? Resultado: durante a feitura do projeto esboçou-se inquietações e dúvidas que se materializaram numa matriz teórica para o desenvolvimento da pesquisa, onde pretendemos construir com os ACS o conceito DEVIR-ACS, atravessado pelo corpo-força, corpo-territorialidades, corpo-desejo e corpo-comunidade, que compõe a micropolítica do trabalho do ACS. Para compor o plano de forcas e afetos realizamos encontros com o coletivo ACS de um dos cenários onde a pesquisa ocorrerá para apresentação e validação do desenho da pesquisa. Considerações: O processo de elaboração do projeto tem provocados rupturas no modo cartesiano de fazer pesquisa, e tem nos mostrado que produzir uma pesquisa-intervenção de cunho participativo é um desafio permanente. Para a real efetivação da pesquisa com ênfase na cartografia é preciso está atenta as pistas que o campo nos mostra. E está aberto ao imprevisível e inesperado é   considerar as complexidades inerentes aos contextos onde os agentes da pesquisa produzem a vida.


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Trabalho nº 9536
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE UMA SITUAÇÃO-PROBLEMA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO EM SAÚDE
Autores: Andressa Bruno Noruega, Igor Henrique Gomes dos Santos, Pedro Henrique Cardoso Paulo, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa

Apresentação: As situações-problema são propulsoras de gatilhos de aprendizagem que estimulam a busca ativa por aspectos explicativos e solucionadores de situações vivenciadas ou que possam ser vivenciadas por discentes nos Cursos de Graduação na área da Saúde. A sistematização das situações-problema promove a construção de conhecimento coletivo; e estimula o diálogo entre discentes e docentes. Assim, este relato tem como objetivo: Descrever a experiência de construção de uma situação-problema vivenciada no campo da Atenção Primária em Saúde (APS) por discentes do 4º período do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Federal. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, baseado no relato de experiência de graduandos do 4º período do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Federal, elaborado a partir do modelo metodológico de situação-problema, através dos seguintes passos: 1ºApresentação: da situação-problema: ausência de esquema vacinal completo, em paciente de 26 meses, em decorrência da recusa de familiares por cumprir as recomendações do Ministério da Saúde. 2º Articulação com literatura científica e contextualização: reflexão em grupo e articulação do cotidiano ao “Movimento anti-vacina”, através da pesquisa bibliográfica e reportagens em diferentes meios de comunicação. 3ºApresentação: do contexto da situação problema e apresentação das estratégias. Resultado: Através da construção da situação problema foi possível identificar as evidências científicas sobre o tema (através da busca por artigos científicos), compreender situação-problema como recorrente em outros locais (reportagens em diferentes meios de comunicação) e estimular a curiosidade em explorar o assunto (conhecer o “Movimento anti-vacina”). Destaca-se, a compreensão quanto à relevância da educação em saúde; e a comunicação entre profissionais de saúde e população, a qual ultrapassa a informação, em um processo de construção individual e coletiva sobre promoção da saúde; e o entendimento da situação-problema, a partir do cotidiano de cada usuário do serviço de saúde. Desta maneira, a sistematização da situação-problema possibilitou desenvolver a percepção dos discentes envolvidos e ampliar a capacidade de reflexão crítica para pensar em estratégias de comunicação em saúde. Assim, foi possível pensar em estratégias de sensibilização da população quanto à importância da imunização; acolhimento das dúvidas quanto ao “Movimento anti-vacina” e não criar “barreiras de comunicação/cuidados” diante das situações-problema; e a manutenção do vínculo para a continuidade do cuidado integral. Considerações finais: O desenvolvimento da construção de uma situação-problema ampliou a visão dos discentes quanto às diferentes perspectivas de vida da população e as possibilidades de estratégias para abordagem da situação. Assim, entende-se a situação-problema como estratégia de pensar a formação em saúde e proporcionar aos discentes preparo às diversas situações de campo que poderão presenciar durante o exercício da profissão, construindo um encontro de qualidade, seguro e humanizado com a população.


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Trabalho nº 9537
Título do Trabalho: ESPIRAL CONSTRUTIVISTA: METODOLOGIA ATIVA EM CURSO INICIAL DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Autores: Wellington Bruno Araujo Duarte, Roberta Rayssa Magalhães da Silva, Jaslene Carlos da Silva, Juliana Menezes Teixeira de Carvalho, Uêdja Nascimento de Oliveira, Priscila Tamar Alves Nogueira

Apresentação: Sendo um conjunto de ações e serviços de saúde prestado por órgãos e instituições públicas das três esferas governamentais, o SUS baseia-se em princípios organizativos e diretrizes doutrinárias que visam garantir o atendimento universal, igualitário e integral à saúde da população. A nova concepção de saúde trazida com a criação do SUS mudou também a forma com que a APS era vista no Brasil, passando a ser adotada pelo nome Atenção Básica à Saúde. As primeiras iniciativas do Ministério da Saúde dedicadas à alteração na organização da atenção à saúde com ênfase na atenção primária surgiram no momento em que foram estabelecidos o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), em 1991, e o Programa Saúde da Família (PSF), em 1994. Essas estratégias foram inovadoras no Brasil contando com a participação de agentes comunitários de saúde (ACS). A partir dessas experiências, percebeu-se a importância dos Agentes nos serviços básicos de saúde e começou-se a enfocar a família como unidade de ação programática de saúde. Apesar dos trabalhos realizados anteriormente, a categoria profissional de ACS foi reconhecida por lei apenas em 2002. O ACS é um cidadão que trabalha exclusivamente no SUS e emerge das próprias comunidades e se integra às equipes de saúde, sendo capacitado para o trabalho pela instituição executora das políticas públicas de saúde.Já é reconhecida a importância da profissão e definido o perfil de competências desses profissionais. Além disso, para o exercício das atividades de Agente Comunitário de Saúde, um dos critérios obrigatórios é ter concluído, com aproveitamento, curso de introdutório, com carga horária mínima de quarenta horas. Segundo o Art. 2º da Portaria Nº 243/ 2015, são conteúdos obrigatórios ao curso Políticas Públicas de Saúde e Organização do SUS; Legislação específica aos cargos; Formas de comunicação e sua aplicabilidade no trabalho; Técnicas de Entrevista; Competências e atribuições;Ética no Trabalho; Cadastramento e visita domiciliar; Promoção e prevenção em saúde; e Território, mapeamento e dinâmicas da organização social. Para a qualificação desses agentes, é fundamental a implementação da Política Nacional de Educação Permanente, já que esta é parte essencial de um sistema de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a qualificação do SUS, devendo contemplar diferentes metodologias e técnicas inovadoras de ensino-aprendizagem. Com base na articulação de diferentes políticas e normativas que sustentam a operacionalização do SUS, impõe-se a consideração do importante papel dos ACS nas equipes de saúde e o reconhecimento de necessidades específicas de educação permanente desses profissionais. A EPS não é só um processo didático-pedagógico; é um processo político-pedagógico que trata de mudar o cotidiano do trabalho na saúde e de colocar o cotidiano profissional em invenção viva, em equipe e com os usuários. Ela se apoia no conceito de ensino problematizador e de aprendizagem significativa, isto é, ensino-aprendizagem embasado na produção de conhecimentos que respondam a perguntas que pertencem ao universo de experiências e vivências de quem aprende e que gerem novas perguntas sobre o ser e o atuar no mundo. As metodologias ativas, por fazerem parte de um processo de aprendizagem interacionista, possibilitam a construção do conhecimento apartir do conhecimento prévio e da interação entre os sujeitos e objetos de aprendizagem. Estudos revelam que as pessoas elaboram o novo conhecimento e entendimento baseado no que já sabem e no que acreditam. Sabe-se que a aprendizagem significativa é caracterizada pela interação entre o novo conhecimento e o conhecimento prévio, sendo que o novo conhecimento adquire significado para o aprendiz, e o conhecimento prévio deste fica mais enriquecido, ou é ressignificado. O conhecimento prévio é isoladamente a variável que mais influencia a aprendizagem, ou seja, só se aprende a partir daquilo que já se conhece. Objetivo:Relatar a experiência da capacitação de Agentes Comunitários de Saúde para atuação no cuidado em saúde na Estratégia Saúde da Família, visando à formação inicial desses profissionais baseando-se no perfil de competências dos mesmos no município de Jaboatão dos Guararapes-PE. MetodologiaO curso foi dividido em 6 encontros, entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020. Os agentes comunitários de saúde foram divididos em 5 turmas, cada grupo com uma facilitadora. A metodologia ativa utilizada foi a Espiral Construtivista (EC). Diferentemente da Aprendizagem baseada em Problemas e da problematização, a EC utiliza a concepção de problema como sendo uma realidade insatisfatória, ou um desafio que gera inquietude, curiosidade ou desconforto e que pode ser transformada em uma realidade mais favorável. Considerando as diversas formas que as pessoas aprendem foram usadas diversas ações educacionais como Processamento de Situação Problema utilizando a EC; Oficinas de trabalho; Viagem educacional através de filmes e outros dispositivos que mobilizem as emoções e criatividade; Portfólio reflexivo e Reflexão da prática. O processo avaliativo foi realizado a cada ação educacional e por encontro, além da avaliação somativa baseada no Percentual de presença de 90% nas atividades presenciais; Conceito satisfatório nas atividades de dispersão; e Conceito satisfatório no Portfólio. Os conteúdos obrigatórios foram abordados nas açoes educacionais. Resultado: Foram capacitados 84 agentes comunitários de saúde. A medida que o curso acontecia aumentavam os vínculos entre eles e entre eles e os facilitadores, isto foi significativo no processo de ensino aprendizagem. Foram construidos planos de ação baseados nas dificuldades dos agentes comunitários de saúde em seus processos de trabalho, tendo um momento de apresentação e contribuição das áreas técnicas da secretaria municipal de saúde. Os temas dos planos de ação versaram sobre dificuldades para lidar com casos de pessoas com doenças infecto contagiosas, como hanseníase e tuberculose; dificuldade no cuidado a pessoas com transtornos mentais; dificuldade de trabalho em equipe; falta de compreensão sobre o esquema vacinal nos ciclos de vida, entre outras. Ao final do processo, o curso foi considerado de grande importância para a formação dos agentes comunitários de saúde, contribuindo para o cuidado dos usuários na rede. Considerações finaisÉ comprovada a importância das metodologias ativas, em especial a Espiral Construtivista, nos processos de ensino aprendizagem. Essa metodologia contribuiu para a efetividade do curso, a resolução de problemas antes presentes no processo de trabalho, ampliação do conhecimento sobre as competências profissionais e garantiu aumento de vínculos entre os agentes e entre estes e a rede de atenção à saúde e a gestão.


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Trabalho nº 9539
Título do Trabalho: A REDE DE CIÊNCIA, ARTE E CIDADANIA: UMA CONSTRUÇÃO A PARTIR DOS SIMPÓSIOS DE CIÊNCIA, ARTE E CIDADANIA
Autores: Rita de Cássia Machado da Rocha, João Silveira, Marcos VC Matraca, Luciana R Garzoni, Marcelo De Oliveira Mendes, Marcos André Vannier dos Santos, Fernanda Serpa, Roberto Rodrigues Ferreira, Tania Cremonini de Araújo-Jorge

Apresentação: O que nos vem à mente quando falamos em rede? Associações? Conexões? Agrupamentos sociais que tem algo em comum? Com esses questionamentos pensamos na Rede de Ciência, Arte e Cidadania, construída a partir da 10ª edição do Simpósio de mesmo nome, realizado em 2018. O Simpósio agrupou temas diversificados mensalmente e evidenciou atores da rede desde sua primeira edição em 2002. O 10º Simpósio esteve associado à LASER Talks Rio (Leonardo Art Science Evening Rendez-vous), uma rede de eventos internacionais de ArtScience estruturada a partir da revista Leonardo. Foram realizadas atividades descentralizadas a cada mês ao longo do ano de 2018  com uma culminância em dezembro de 2018. O Simpósio de Ciência, Arte e Cidadania em 2018 comemorou os 20 anos de atividade da linha de pesquisa transdisciplinar de CienciArte do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos (Liteb/IOC/Fiocruz). Essa linha de pesquisa teve inicio com a defesa da a primeira tese de Doutorado no IOC/Fiocruz em 1998 que utilizou a abordagem CienciArte para educação científica. Por sua vez, esse trabalho foi fruto do movimento iniciado em 1982 no Espaço Ciência Viva: trabalho coletivo de mobilização de cientistas, estudantes e artistas para levar temas de ciência e arte diretamente à observação e ao diálogo com a população, em praças do Rio de Janeiro. Foi o início de um movimento que se desdobrou em muitos centros e museus de ciência e em algumas experiências de ensino e pesquisa com ciência e arte, especialmente na Fiocruz e na UFRJ, parceiros do Espaço Ciência Viva desde o início. O objetivo do Simpósio Ciência, Arte e Cidadania 2018 foi de fortalecer os laços academia-escolas, levando temas interdisciplinares abordados com ciência e arte para serem trabalhados com educadores em oficinas e debates, além de consolidar a rede de parceiros em CienciArte. O Simpósio esteve geograficamente na sede de cada membro da rede no Rio de Janeiro, em Niterói, Duque de Caxias e Nilópolis e no Sul da Bahia em um evento satélite organizado via parceria com a UFSB. Utilizamos ao longo do ano como base metodológica a abordagem quali-quantitativa, no que se refere a criação de um banco de dados das edições do Simpósio já realizadas e o levantamento dos participantes da rede, palestrantes e pesquisadores envolvidos. Utilizamos também a observação participante, pois a autora esteve imersa na produção e organização da edição de 2018 do Simpósio, registrando e fazendo um diário de campo de cada atividade realizada, como observadora e participante inscrita. (Buscamos visualizar a formação da rede na pesquisa de doutorado em andamento e suas potenciais interações e construções coletivas. A experiência de observação em rede se baseou no referencial teórico relativo ao estudo de redes e interações complexas e ao estudo do campo CienciArte/Arteciencia/ ArtScience. Iniciamos o simpósio em abril falando sobre a Doença de Chagas com a Associação Rio Chagas, em maio tivemos duas temáticas ciência e arte na escola e uma exposição de ciência, arte e saúde na Fiocruz, em junho abordamos CienciArte e Inovação no Colégio Salesiano com palestra e atividade de modelagem 5D. Levamos o nosso ônibus de Ciência na estrada  para o CIEP 449 Brasil França. Em julho o Simpósio resgatou a temática da Casa de Portinarti, que foi uma causa acolhida e levada como luta e demarcação artística durante todo o ano. Com relação à consolidação de parcerias, o Projeto Portinari, entrou em nossa programação nos meses  de julho e agosto. Em julho, o Simpósio fez parte do Curso Internacional: Inovação na intersecção entre CienciArte e Transdisciplinaridade, com a temática: Casa de Portinari: Um Centro de Cultura de Paz. Neste dia, tivemos uma intervenção artística abordando no corpo obras de Portinari e após uma palestra ministrada por João Cândido, filho de Portinari, que explanou a história da casa e as lutas que tem por vir. No mês de agosto, a temática foi Portinari, CienciArte e Você e aconteceu no Pombal da Fiocruz. Ocorreram várias oficinas ministradas pelos alunos  e apresentações artísticas de escolas públicas das comunidades no entorno da Fiocruz envolvendo a temática de Portinari. Em setembro abordamos educação inclusiva, em outubro foi encontro  foi sobre o tema  águas. Em novembro  o tema foi  empatia,  no IFRJ e palhaçaria na UFSB. Em dezembro o foco foi a temática Inovação, Cultura e Qualidade de Vida, com debates transdiciplinares no campo de ciência e arte. Também ocorreram apresentações de trabalhos de alunos que realizaram atividades com ciencia e arte em seus cotidianos. Durante todo o ano foi trabalhada a questão da visibilidade da rede por meios digitais e interativos, tais como a construção de canais no Youtube, Fanpage e Blog como diários de campo e interação com público envolvido. A visibilidade dessa rede é um meio de fortalecimento e reconhecimento do campo transdisciplinar emergente que temos chamado como CienciArte e dos atores que nele atuam. A rede pesquisada tem conexão com várias redes internacionais do campo cultura-arte-ciencia-tecnologia-educação-saúde-cidadania. Além das publicações acadêmicas geradas no trabalho, está sendo possível a construção de redes de divulgação do campo CienciArte através de plataformas como canal no YouTube, Fanpage no facebook, um blog específico da rede Ciência, Arte e Cidadania com o histórico de cada Simpósio e acesso a seus produtos, debates conceituais, experimentações diversas e relações no campo da educação e do ensino em ciências e saúde.


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Trabalho nº 11079
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE AUTONOMIA PARA O MUNDO DO TRABALHO E RENDA JUNTO À REVISTA TRAÇOS PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
Autores: Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Guilherme Augusto Pires Gomes, Marcia Helena Leal, Hellen Cris de Carvalho Vaz, Carina Maria Batista Machado, Marcia Landini Totugui, Stella Gomes Alves dos Santos

Apresentação: O trabalho visa apresentar a construção, por meio da PesquisAção, de um instrumento de avaliação de autonomia para o mundo do trabalho e Renda para os Porta Vozes da Cultura, pessoas em situação de rua ou com trajetória de rua que trabalham no projeto vendendo a Revista Traços e promovendo cultura em Brasília - DF. Desenvolvimento: O estudo utilizou no percurso metodológico revisão bibliográfica sobre autonomia, promoção à saúde, promoção de direitos humanos, direito à cidade, população em situação de rua e trabalho e renda. Além disto, análise documental sobre o objeto estudado e observação participante entre 2017 e 2019 no processo de PesquisAção, respeitando uma construção de saberes sem hierarquias e respeitando o protagonismo dos sujeitos. Discussões sobre a autonomia para o mundo do trabalho e renda foram iniciadas e foi apresentada a demanda pela revista de um apoio da Fiocruz para a construção de um instrumento de avaliação de autonomia para o mundo do trabalho e renda junto à Revista Traços, tendo em vista a necessidade da Traços em acompanhar a trajetória do PVC no projeto podendo identificar quais estariam mais ou menos autônomos e como mensurar isto para o campo do trabalho e renda. A lógica metodológica do estudo demandado pela Revista Traços à FIOCRUZ considera como elemento orientador do processo de trabalho desses trabalhadores (PSR) e seus supervisores o conceito de autonomia, conquistada por meio da ampliação de habilidades para lidar com a vida. A partir, de algumas reuniões de pactuação, optou-se realizar oficina com cinco encontros presenciais, nos quais os pesquisadores, supervisores de venda e gestores da revista para a construção do instrumento. Resultado: Estima-se que atualmente estejam em situação de rua no DF aproximadamente 3.000 pessoas em situação de rua (PSR), segundo a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres e Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH) do Governo do Distrito Feral (GDF). Segundo a Secretaria, há ações voltadas para a saída dessas pessoas das ruas, pela oferta de moradia social, alimentação e cuidados básicos, como porta de entrada para a aplicação da política de assistência social. Na tentativa de reinserir esse segmento populacional no trabalho, e aumentar a possibilidade do acesso à moradia, o GDF publicou a Lei 6.128/2018, que reserva um percentual mínimo de vagas de trabalho em serviços e obras públicas para pessoas em situação de rua. Pode ser constatado que, além das ações públicas consideradas ainda insuficientes, ações de natureza mais concretas e céleres são pautas de entidades e organizações da sociedade civil, algumas delas em parceria na execução de serviços e programas do SUAS voltados para a PSR do DF. Algumas ações se organizam em função da conquista da moradia, outras em função da geração de renda, outras pela educação. Neste contexto, surge no DF em 2015, a Associação Traços de Comunicação e Cultura, também conhecida como Revista Traços. Esta associação se constitui como uma organização da sociedade civil voltada para a garantia de direitos e exercício da cidadania pela via do trabalho, geração de renda e conquista da autonomia. Seu foco de atuação é junto a pessoas em situação de rua. Sua ação é feita a partir de um projeto pioneiro que visa, além da inserção social, também a valorização do cenário cultural da cidade de Brasília. A Revista tem como meta aliar dois objetivos: oferecer jornalismo de qualidade, com espaço para poesia, literatura, artistas gráficos e fotógrafos, entre outros e criar condições para que pessoas em situação de rua possam melhorar de vida. A estratégia principal é que a publicação seja comercializada por pessoas em situação de rua, pois utilizam pontos estratégicos de venda. Os vendedores da Revista são chamados de Porta-Vozes da Cultura, são identificados com coletes e bonés em bares, restaurantes, pontos comerciais e eventos culturais, muitos destes estabelecimentos comerciais funcionam como pontos de venda fixo do projeto. Pautada por agendas voltadas para a geração de trabalho e renda pela via da cultural, a Revista Traços traz importantes experiências de inserção de pessoas em situação de rua no mundo do trabalho e renda. Estas experiências são consideradas exitosas, mas carecem de avaliação sistematizada. Segundo demanda da própria Revista, há a necessidade de se pensar em sistematização metodológica e cientificidade na avaliação do grau de autonomia alcançado por seus trabalhadores, chamados “porta-vozes da cultura”. No intuito de construir um projeto sustentável de independência financeira para pessoas em situação de rua, o projeto nasceu inspirado pela iniciativa da “International Network of Street Papers” (Rede Internacional de Publicações de Rua). Com intuito de contribuir para o trabalho e renda destas pessoas, a iniciativa foi de comercializar a venda de revistas por um valor de 5 reais, onde cada Porta Voz da Cultura (PVC) comprava a revista por 1 real e obtinha um lucro de 4 reais na revenda. Assim o PVC utilizaria 1 real da venda para comprar nova revista. Com o passar dos anos o valor da revista foi reajustado, hoje custa o valor de capa passou a ser 10 reais, sendo destes 7 reais para o PVC e 3 reais para aquisição de nova revista e assim criar um ciclo de geração de renda, conquista de autonomia e reconhecimento do trabalho. O trabalho da Revista Traços busca resgatar a autonomia via demanda de geração de renda. O papel do supervisor de vendas é realizar o acompanhamento, buscando consolidar as pessoas nos pontos de trabalho, orientando de forma aumentar o ganho de autonomia para seu cuidado em geral, buscando auxiliar na transição do Porta Voz da Cultura para um trabalho formal. A ideia é que cada vendedor possa construir uma rede de clientes em seu ponto de venda. De acordo com dados apresentados pela própria Revista Traços, mais de 229 Porta Vozes da Cultura passaram pelo projeto e receberam treinamento entre os anos de 2015 a 2018, destes 150 conquistaram moradia por meio da Revista, 24 conseguiram emprego formal e deixaram a Traços e 97 permanecem em moradia fixa. Como produto da oficina, ficou estabelecido como dimensões ou graus de autonomia do mais básico para o mais complexo, sendo o mais básico as possibilidades de autonomia mais simples e menos difíceis para os PVC e as mais complexas as que demandariam maior capacidade de autonomia para o mundo do trabalho e renda. Assim, as seis dimensões estabelecidas do menor para o maior grau de autonomia para a construção do instrumento foram: mantém formas de autocuidado; mantém uma rotina de vendas tem acesso à moradia; dedicação e assiduidade no campo da educação, condições de ir e vir aos locais indicados; busca trabalho em outros pontos da rede. O instrumento com diversos pontos de acompanhamento em cada dimensão está sendo implementado pela Revista Traços desde o primeiro semestre de 2019 e novas rodadas de discussão ocorrerão para avaliação de todo o processo. Considerações finais: Embora a Revista Traços seja uma empresa privada, entende-se que a produção do conhecimento sistematizado acerca de suas ações e efeitos de suas diferentes estratégias possa ser avaliado e replicado em outros espaços, sobretudo junto às políticas públicas e aos serviços que trabalham junto à população em situação de rua.  


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9548
Título do Trabalho: I OFICINA REGIONAL DE SENSIBILIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE DA REGIÃO METROPOLITANA II: FORTALECENDO O GRUPO DE TRABALHO A PARTIR DA CONSTRUÇÃO COLETIVA
Autores: PAOLLA AMORIM MALHEIROS DULFE, ALUÍSIO GOMES DA SILVA JÚNIOR, REGINA FERNANDES FLAUZINO, Thatiana Vieira Mattos, Gilson Luiz de Andrade, Denise Erbas, JOÃO VITOR BARBOSA DA COSTA, Rosangela Martins Gomes

Apresentação: A Comissão de Integração Ensino-Serviço da Região Metropolitana II (CIES Metro II) é um órgão de instância colegiada intersetorial e interinstitucional, não paritária, de natureza permanente, cujas decisões são tomadas por consenso, embasando-se nas Políticas de Educação Permanente em Saúde (EPS) e no Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde do Rio de Janeiro. Constitui-se como espaço de planejamento, monitoramento e avaliação da EPS na Região Metropolitana II. Objetivo: compartilhar a experiência de realização da I Oficina Regional de Sensibilização em EPS da Região Metropolitana II. Descrição da Experiência/ métodos: trata-se de um relato de experiência acerca da realização da I Oficina Regional de Sensibilização em EPS da Região Metropolitana II, em 27 de Fevereiro de 2019, no Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói (RJ). Sua idealização deu-se a partir da reunião ordinária da CIES Metro II, no mês de Dezembro de 2018, onde o grupo reunido constatou o esvaziamento de algumas reuniões anteriores e um movimento de transição das representações participantes. A Oficina teve duração de 8 horas, entre exposição dialogada, roda de conversa, debate com convidado, atividade prática de sensibilização em EPS e reunião ordinária da CIES da Região Metropolitana II.  Participaram 21 pessoas, sendo 10 delas de Municípios da Região Metropolitana II, 2 da Região Médio Paraíba, 3 da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e 6 do ISC/UFF. Dentre as participantes da SES estavam a Superintendente de Educação Permanente, a Apoiadora Regional da Região Metropolitana II e a Assessora de Gabinete da Subsecretaria de Pós-graduação, Ensino e Pesquisa em Saúde. No grupo condutor, integraram 06 professores e 01apoiadora técnica do ISC/UFF. Resultado: A Oficina provocou diálogos e reflexões acerca da EPS, englobando ensino, atenção, gestão e controle social. Foram discutidos os aspectos políticos e de práticas educativas, no contexto da EPS, a partir das quais abordou-se o fortalecimento do coletivo. Os participantes dos municípios de Maricá, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Silva Jardim, e da UFF compartilharam suas experiências regionais em EPS, culminando em um produtivo debate mediado por Professor do ISC/UFF, onde foi possível identificar fortalezas, fraquezas, especificidades e interseções existentes na Região, corroborando a importância do trabalho integrado e em rede. Por fim, utilizou-se uma atividade de sensibilização em EPS, onde os participantes foram convidados a “re”construir um objeto quebrado, sendo necessário interação, planejamento, e operacionalização das ações lidando com tempo e recursos limitados, provocando o fortalecimento do grupo de trabalho a partir da construção coletiva. Considerações finais: Diante dos desafios enfrentados, a I Oficina Regional de Sensibilização em EPS da Região Metropolitana II mostrou-se valiosa estratégia para promoção de diálogos e reflexões em EPS, fortalecendo o grupo e promovendo alinhamento nos processos de trabalho, além de coesão, comprometimento e participação com legitimidade, embasando-se nas Políticas de EPS. Desta forma, corrobora-se a relevância da CIES como espaço potente de planejamento, monitoramento e avaliação da EPS na Região Metropolitana II.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8077
Título do Trabalho: A CONSTRUÇÃO DO MOVIMENTO NACIONAL DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE: UMA POTÊNCIA POLÍTICA NA FORMAÇÃO DE TRABALHADORES DO SUS PARA O SUS
Autores: Sophia Rosa Benedito, Rafael Fernandes Tritany

Apresentação: O Movimento Nacional de Residências em Saúde (MNRS) é um movimento social nacional com o objetivo de construir lutas em prol das residências em saúde enquanto uma modalidade de formação do Sistema Único de Saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS). Esta articulação política de amplitude nacional e local, é constituída por sujeitos envolvidos direta ou indiretamente com as residências uni e multiprofissionais em saúde. Por muito tempo, foi construída, sobretudo, pelos chamados segmentos: Fórum Nacional de Residentes em Saúde; Fórum Nacional de Coordenadores de Residências em Saúde e Fórum Nacional de Tutores e Preceptores de Residências em Saúde. Atualmente, congrega também representantes de entidades e de outros movimentos sociais, no sentido de ampliar seu escopo de atuação e capacidade de organização. Suas pautas atuais, comunicadas por cartas de elaboração anual, envolvem a defesa de um SUS público, gratuito, universal, equânime e de qualidade; o combate a todas as formas de privatização, terceirização e desmonte do SUS; a luta pela superação do modelo fragmentado de atuação, buscando aproximação com a formação e processo de trabalho interprofissional, bem como a construção de uma Política Nacional de Residências em Saúde. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo discutir sobre a importância do movimento de residências na formação de trabalhadores para o SUS, a partir da ótica de residentes. As experiências de auto-organização nas residências, no âmbito local e nacional, têm sido consideradas relevantes ao processo de ensino-aprendizagem. Tal modo de organização oferece um ganho de autonomia e empoderamento ao residente, contribuindo inclusive, para sua participação efetiva nas instâncias decisórias e debates acerca do processo formativo. Além disso, a articulação nacional com programas das diversas modalidade e realidades do país proporciona uma visão panorâmica e ampliada do trabalho em saúde. Ainda nessa seara, e não menos importante, os Encontros Nacionais de Residências em Saúde têm como potencia a criação de laços e afetos entre seus participantes que vão muito além do network do mundo corporativo. Dentre os desafios para construção do MNRS, a dualidade de ser, ao mesmo tempo, estudante e trabalhador é, constantemente, fonte de sofrimento. Se por um lado há uma pressão para utilização do residente enquanto substituto de um trabalhador do serviço, por outro há também a desvalorização dos saberes e restrição da autonomia do residente, formas de subjugação hierárquica características das instituições educacionais. Além disso, a extensa carga horária (60 horas semanais), sem devida requalificação, absorve os atores das residências com atividades acadêmicas e assistenciais, deixando de lado, muitas vezes, a participação nas diversas formas de controle social e participação política, inclusive no MNRS. Dessa forma, é mister que a participação social conste nas competências desse profissional em formação. Tendo em vista as diversas realidades e desafios na saúde pública brasileira, o contato com os movimentos sociais está no gérmen de uma formação de trabalhadores comprometidos e implicados técnico-politicamente com o SUS; para a transformação, crítica e reflexiva, em aproximação com um SUS socialmente referenciado, e não para a reprodução de processos de trabalho já colocados.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11600
Título do Trabalho: PROGRAMA TELEDIABETES PARA PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO INTERIOR DO AMAZONAS: PROJETO DE INTERVENÇÃO EM CONSTRUÇÃO-VALIDAÇÃO
Autores: Lucely Paiva Rodrigues da Silva, Elizabeth Teixeira

Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) foi desenvolvido para proporcionar atenção integral à saúde, com ênfase na promoção da saúde e prevenção de doenças. Assim, preparar profissionais aptos a trabalharem de acordo com o que é proposto pelo SUS e em concordância com a realidade da saúde vista no interior do Estado, não é tarefa fácil, tornando-se necessário desenvolver atividades que permitam o processo de Educação Permanente. Estudos mostram que a Educação Permanente em Saúde propõe que a educação dos trabalhadores e estudantes se desenvolva a partir da vivência das práticas de saúde. Como o diabetes requer tratamento a longo prazo, e por vivermos um crescente aumento da doença, principalmente do DM2, nos últimos 20 anos a responsabilidade pelo cuidado das pessoas afetadas por esta condição mudou de centros especializados para configurações de cuidados primários. O atendimento ideal de pessoas com diabetes por clínicos gerais, médicos de família e outros profissionais da saúde é complexo, requer múltiplas competências e atualização constante. Este é um desafio chave pouco reconhecido nos sistemas de saúde. Em alguns casos, as iniciativas locais de desenvolvimento profissional contínuo visam esses desafios, no entanto, há poucas iniciativas para locais mais isolados, nos quais os profissionais apresentam dificuldade para Educação Permanente. Nesse sentido, a internet possibilitou a convergência entre texto, áudio e vídeo em uma única plataforma de comunicação, e pode ser vista como um importante recurso facilitador do ensino a distância, principalmente em áreas remotas, como é a realidade do interior do Estado do Amazonas. Assim, é possível considerar videoaulas como meio de ensino-aprendizagem nesse território de assimetrias e dificuldade de acesso. Além disso, esse recurso pode servir como um mediador entre a ciência e o conhecimento comum, já que a linguagem utilizada pelo audiovisual está muito próxima da oralidade, um fato importante para facilitar a compreensão de assuntos complexos e que, por isso, poderia promover o acesso à formação de novos conhecimentos. Contribuindo com isso, o Polo de Telemedicina do Amazonas é uma realidade que beneficia, através da tecnologia, milhares de pacientes no interior do Amazonas. Por meio de teleconsultas e videoaulas profissionais de saúde da atenção primária e pacientes do interior do Estado compartilham informações com especialistas da capital. Objetivo: Descrever aspectos metodológicos de um projeto de intervenção em construção-validação – Programa Telediabetes para profissionais da atenção primária do interior do Amazonas. Desenvolvimento: Para o delineamento do projeto de intervenção – Programa Telediabetes, a atuação profissional da autora como docente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e como médica teleconsultora em Endocrinologia do Polo de Telessaúde do Amazonas foi o ponto de partida. Tal atuação possibilitou identificar as dificuldades vivenciadas por profissionais da atenção primária do interior do Estado. Nos últimos dois anos (de janeiro/18 a janeiro/20), entre as solicitações de teleconsultoria do interior do Amazonas, metade foram referentes ao diabetes. Na maioria das vezes as solicitações vieram de médicos clínicos da atenção primária, mas em algumas situações vieram de enfermeiros. As principais dificuldades foram: baixa aderência terapêutica; orientação em relação à alimentação; associação de medicamentos orais e efeitos adversos; insulinização e prevenção de complicações crônicas, principalmente do pé diabético. Enfermeiros e ACS são responsáveis pelo atendimento de pessoas que vivem com diabetes na linha de frente da atenção primária, no entanto, relatam uma educação formal limitada nesse cenário. Emergiu como situação-problema as dificuldades compartilhadas pelos profissionais via Telessaúde e a distância entre os municípios e a capital do Estado, muitos ligados somente por rios, fato que dificulta a educação permanente dos profissionais de saúde. Como agravante, há o fato de muitos pacientes, a despeito do conhecimento existente sobre a doença e medicações disponíveis para tratamento, ainda evoluírem com complicações incapacitantes (cegueira, diálise, amputações e eventos trombóticos) e desfecho fatal. Com base no que foi exposto delineou-se a proposta de intervenção – Programa Telediabetes, que será organizado por meio de videoaulas sobre diabetes para que sejam disponibilizadas pelo Telessaúde no formato de projeto de extensão da UEA e direcionado à educação permanente de profissionais da atenção primária (ACS, enfermeiros e médicos). As videoaulas serão desenvolvidas com base em material publicado em livros, manuais, consensos, diretrizes e artigos contidos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e SciELO , bem como artigos encontrados nas bases de dados LILACS, MEDLINE, BDENF e Cochrane. As videoaulas terão: ementa, público-alvo, carga horária total, sequência didática e serão numeradas (Videoaula I, Videoaula II etc.). Cada videoaula será descrita considerando: objetivo, tema e subtemas, métodos e técnicas de exposição, estratégia de avaliação, referências. Serão oito videoaulas abordando as principais dificuldades expostas pelos profissionais da atenção primária nos últimos dois anos. O desenvolvimento e a transmissão das videoaulas contarão com os recursos materiais e infraestrutura existentes na UEA e no Polo de Telessaúde do Amazonas, situado nas dependências da Escola de Saúde da UEA (ESA – UEA). Após a construção do roteiro das oito videoaulas, far-se-á a validação de conteúdo por meio de uma pesquisa metodológica. Participarão da validação juízes-especialistas. Cada juiz-especialista é escolhido segundo critérios de “expertise”. Num primeiro momento será utilizada a Plataforma Lattes do CNPq, num segundo momento o banco de docentes da UEA e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Na literatura temos encontrado grupos de juízes-especialistas de 9 a 20 integrantes. Também se recomenda que, além dos especialistas em diabetes, haja um pedagogo no grupo de avaliadores, um design gráfico e um comunicador social (se for possível), bem como especialistas em videoaulas e Telessaúde. Assim, poderão ser dois tipos de juízes-especialistas: técnico e acadêmico. Após a identificação e seleção dos juízes, a pesquisadora encaminha o convite para participar da pesquisa, explicando os objetivos e procedimentos; os que concordarem em participar, receberão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após a devolução do TCLE, cada juiz-especialista recebe então um “Kit”: uma via do roteiro do programa (a tecnologia educacional - TE) e um instrumento para ser preenchido. Para o juiz da área da saúde, utilizar-se-á um instrumento validado com Escala Likert de 4 tópicos: totalmente adequado, adequado, parcialmente adequado, inadequado. Para os juízes de outras áreas, utilizar-se-á um instrumento validado conhecido como SAM (Suitability Assessment of Materials), com 3 tópicos: adequado, parcialmente adequado, inadequado. Neste ato, será solicitado que também façam anotações na própria TE, o que é muito proveitoso e positivo. Resultado: Tem-se como resultados esperados que o Programa Telediabetes possibilite: melhoria da qualidade da assistência às pessoas que convivem com diabetes; aumento da resolubilidade no nível primário de atenção à saúde; diminuição da demanda para a assistência secundária; diminuição de custos; prevenção e redução das complicações crônicas do diabetes e maior conforto a todos os envolvidos. Além disso, como será ofertado como projeto de extensão, poderá favorecer a formação dos alunos de graduação em Enfermagem e Medicina, pois as aulas poderão ser assistidas por estes. Considerações finais: O tratamento do paciente com diabetes não deve ser restrito aos especialistas, mas extensivo aos profissionais da atenção primária, que têm necessidade de permanente atualização. Uma via potencial para atender a essa necessidade é o Telessaúde, uma ferramenta poderosa para encurtar distâncias no âmbito da Amazônia.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6494
Título do Trabalho: OFICINA “FALANDO DE RESIDÊNCIA”: UM PROCESSO COLETIVO DE CONSTRUÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DOS PROGRAMAS DE RESIDÊNCIAS MÉDICAS E MULTIPROFISSIONAIS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RJ
Autores: Marcia Fernanda da Costa Carvalho, Aline Mello da Silva, Ana Carolina Tavares Vieira, Silvana Ferreira de Lima, Anna Tereza Miranda Soares de Moura, Tereza Cristina da Fonseca Guimarães

Apresentação: Este trabalho é um relato de experiência sobre a oficina “Falando de Residência”, de caráter permanente, com frequência bimestral, realizada pela Coordenação de Ensino da Secretaria de Estado de Saúde do RJ (SES-RJ) com os coordenadores e preceptores de programas de residências médicas e multiprofissionais da SES-RJ e presidentes de COREME e COREMU. Esta oficina nasceu a partir do diagnóstico da necessidade de maior aproximação entre a Coordenação de Ensino/SES-RJ, coordenadores e preceptores dos programas de residência para compartilhamento de experiências e reflexão sobre as práticas clínicas. Objetivo: Buscar estratégias para melhorar os programas de residência, o ambiente e os processos de trabalho visando à melhoria dos cenários e espaços de aprendizagem; Facilitar e fortalecer a discussão democrática / participativa entre coordenadores e preceptores dentro de cada serviço e institucionalmente; Construir processos avaliativos que valorizem competências e pensando no perfil de aprendizado do residente que se pretende formar, assim como avaliar continuamente os programas oferecidos. Desenvolvimento: A primeira oficina foi realizada na SES-RJ, com presença dos coordenadores e preceptores das 9 unidades hospitalares que são campos de práticas para as residências. O encontro ocorreu em dezembro de 2019, com duração de 4 horas. A primeira etapa do encontro foi uma dinâmica intitulada “Pode não parecer, mas...” na qual os participantes, anonimamente, dividiram curiosidades com o grupo, possibilitando uma interação descontraída entre os participantes. Posteriormente, foi aplicado o questionário de Honey e Mumford para conhecimento do perfil de aprendizagem de cada participante, pois ao pensar na diversidade de formas de aprendizagem, possibilita-se o desenvolvimento de tecnologias educativas que contemplem as individualidades. Foi aplicado também questionários para coletar dados sobre as potencialidades, fragilidades e desafios de cada um dos programas de residência. Resultado: A sistematização e avaliações dos dados dos questionários ocorreram de forma síncrona à reunião e os resultados foram apresentados aos participantes, possibilitando a discussão sobre as principais fragilidades: deficiências na infraestrutura e escassez de recursos hospitalares; potencialidades; qualidade dos projetos pedagógicos dos programas e dos preceptores; e desafios com os residentes: deficiência na formação e imaturidade emocional.  Considerações finais: A formação da força de trabalho para o SUS nem sempre ocorre de forma articulada com as necessidades dos serviços de saúde e dos seus colaboradores, sendo esse um dos principais desafios dos gestores de saúde na formação e qualificação dos recursos humanos. Portanto, a Oficina “Falando de Residência” constitui-se em um importante espaço de troca de experiências e compartilhamento de reflexões, possibilitando o aperfeiçoamento dos programas de residência.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10595
Título do Trabalho: ENTRE A CONSTRUÇÃO DE VÍNCULO E A MINIMIZAÇÃO DA DOR: UMA EXPERIÊNCIA ENTRE ALUNOS DA GRADUAÇÃO E PESSOAS INTERNADAS.
Autores: Carla Moura Cazelli, Mayara Bastos Souza

Apresentação: Esse trabalho foi construído a partir da experiência vivenciada no projeto de extensão HLV+ (Human Love Virus) da Faculdade de Ciências Médicas-UERJ-Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), que dentro dos seus objetivos tem a construção de vínculo e identificação de fatores pessoais que impactam significativamente no quadro clínico das pessoas internadas. A dor possui um aspecto emocional. Em algumas situações sua intensidade e duração não mantêm uma relação proporcional com o estímulo concreto. O estresse psicológico torna a dor mais intensa, observando então a subjetividade como caráter importante no processo. A dor, além de induzir anormalidades físicas, altera o equilíbrio psicológico do indivíduo. Desenvolvimento: Paciente masculino, 40 anos, negro, residente baixada do Rio de Janeiro, internado na enfermaria da neurologia do HUPE. Ele sofreu queda de muro, de aproximadamente 1,20m de altura. Foi levado à UPA, onde recebeu diagnóstico de traumatismo raquimedular parcial e ficou por 4 meses; posteriormente foi transferido ao HUPE, onde permaneceu por mais 4 meses. Durante a internação além de cirurgias, realizou acompanhamento de fisioterapia para recuperação dos movimentos. Apresentava queixa importante de dor que não cedia com tratamento convencional. Os alunos do HLV+ o acompanharam, com visitas semanais, durante os 2 últimos meses. Através da construção de vínculo e da confiança adquirida, o paciente pôde revelar questões pessoais sobre como se sentia sozinho, já que apenas um familiar o visitava; a saudade que sentia de casa, e a insatisfação por não poder ouvir música gospel, que costumava auxiliar em seu estado emocional. Resultado: A dor é o primeiro indicador de qualquer lesão tecidual, mas também apresenta aspectos sensoriais/afetivos/autonômicos e comportamentais, por isso é considerada uma sensação subjetiva e pessoal. Diante disso, a atuação do projeto se baseou na tentativa de minimizar os fatores estressores que favoreciam o estado de dor psicossomática apresentado pelo paciente. Através da construção de vínculo e da escuta ativa, o paciente se sentiu confortável para expor problemas da vida pessoal; além disso foi disponibilizado um rádio para que ele voltasse a escutar as músicas que o confortavam. Após esses eventos o paciente relatou espontaneamente melhora significativa das dores apresentadas, revelando a relação do acesso à música de sua religião como indutor de resiliência para superar o componente emocional da dor vivenciada. Considerações finais: Inúmeros benefícios podem ser citados. Ambos participantes desse processo são beneficiados: os estudantes e os pacientes. Os últimos relatam o sentimento de acolhimento, sensação de importância e por vezes companhia para a solidão da internação, visto que alguns deles ficam internados por longos períodos e não recebem visitas frequentes dos familiares. Para os alunos, o projeto auxilia a desenvolver a empatia e a solidariedade entre os estudantes de medicina. Desenvolver as habilidades de comunicação na relação médico-paciente. Desenvolver as competências relativas à da medicina centrada na pessoa. É capaz de contribuir para a diminuição do sofrimento dos estudantes, principalmente no início do ciclo clínico do curso de graduação.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 5990
Título do Trabalho: VIVENCIAS DO USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA CONSTRUÇÃO DO PERFIL DE PRECEPTORIA NO SUS
Autores: ADRIANE DAS SILVA, CYNTHIA DAS NEVES SILVA, SOLANGE DAS NEVES SILVA

Apresentação: O tema abordado é o uso das metodologias ativas de ensino no exercício da preceptoria no SUS, com a proposta de reflexão do processo de trabalho, reestruturação do processo de ensino-aprendizagem e de vida. Objetivo: relatar as experiências vivenciadas da preceptoria, apresentando a contribuição das metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Desenvolvimento da experiência: as atividades propostas no curso mostraram a importância de desenvolvermos estratégias que problematizem a realidade vivenciada no nosso cotidiano, para a construção de soluções possíveis e construtivas. O uso das metodologias ativas na formação de preceptores para o SUS, possibilitou a (des) construção de conceitos que estavam enraizados desde nosso processo de formação inicial, a partir da troca de saberes e vivencias no exercício da preceptoria. Resultado: As metodologias ativas surgem no cotidiano de desenvolvimento das ações de preceptoria como proposta de mudanças na sua maneira de ensinar e aprender, para transformação de nossa prática profissional, pois auxilia na educação dos preceptores, para o planejamento, análise, implementação e avaliação na perspectiva do aluno. Cabe ressaltar, que as mudanças na prática educativa proporcionaram a transformação do aluno da consciência ingênua, para a aprendizagem ativa, possibilitando autonomia aos estudantes, a partir da reflexão e intervenção no cenário de prática. Considerações finais: ao introduzir as metodologias ativas de ensino-aprendizagem na prática da preceptoria, proporcionando a problematização do cotidiano das unidades de saúde do SUS, vivenciamos a reflexão, o diálogo, o desenvolvimento de competências que nos permitem o planejamento educacional em cenários de aprendizagens significativas e intervenção nos problemas que estão presentes no ambiente de aprendizagem, além de contribuir nos processos de gestão.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7019
Título do Trabalho: PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO LOCAL EM SAÚDE: ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA DE INTERVENÇÕES SOBRE OS PROBLEMAS DE SAÚDE NO TERRITÓRIO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE
Autores: Gabriela Garcia de Carvalho Laguna, Elise Santos Vieira, Lorena Sousa de Carvalho, Eliana Amorim de Souza

Apresentação: O Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS), no contexto da Atenção Primária a Saúde (APS), é uma estratégia de suma importância, não só para a racionalização de atividades e recursos, mas, principalmente, para proporcionar um espaço de reconhecimento do território e elaboração conjunta e participativa dos direcionamentos sobre as ações de saúde, ampliando suas potencialidades de valorização e efetividade.  Nesse sentido, o Projeto Político Pedagógico do curso de medicina do Instituto Multidisciplinar em Saúde / Universidade Federal da Bahia (UFBA), observando a gestão em saúde como um dos pilares verticais estipulados pelas novas Diretrizes Curriculares Nacionais, propõe para o segundo semestre da graduação em medicina a discussão sobre participação e controle social. A construção de saberes desse conteúdo é associada também ao componente curricular Oficina de Produção em Saúde, que instiga os discentes a promoverem espaços que sirvam para transformar o conhecimento teórico em intervenções na comunidade.  Sendo assim, este trabalho visa relatar a experiência de um dos grupos de discentes na realização de sua Oficina, baseada nos princípios do PPLS, com foco na oficina de priorização de problemas – desenvolvida em outubro de 2019, com o objetivo maior de, a partir do conhecimento das necessidades de saúde da comunidade, priorizar um problema de saúde e construir um plano de intervenção a ser desenvolvido no semestre seguinte. Desenvolvimento: (Método: E Desenvolvimento: ): Em um primeiro momento, os estudantes acompanharam Agentes Comunitários de Saúde (ACS) para a realização da territorialização e levantamento de possíveis problemas enfrentados pelo território adscrito à Unidade de Saúde da Família Lagoa das Flores I. Posteriormente, toda a comunidade – profissionais do serviço de saúde e usuários - foi convidada a participar da oficina planejada antecipadamente pelos discentes. Apesar dos esforços para a divulgação, não houve grande adesão do público à reunião, que contou com a participação de 5 profissionais da equipe, sendo 4 ACS, além de 3 usuários do serviço. A oficina consistiu em 4 etapas: (1) “chuva” de problemas, em que os participantes relataram os problemas de saúde enfrentados, dando foco a problemas de saúde, e não de serviço - conforme conceituação prévia; (2) priorização de problemas: em que foram, primeiramente, dispensados os problemas de serviço e, em seguida, por votação dos locais em duas fases, escolhido o problema mais relevante; e (3) construção da árvore do problema, em que foram estabelecidas possíveis causas e consequências da problemática. Na primeira votação para a priorização inicial de problemas, os participantes receberam cartões vermelhos e amarelos para votarem nos problemas compreendidos como “muito importantes” ou “importantes”, respectivamente. Os 3 problemas destacados inicialmente foram: lixo, sofrimento mental e violência contra mulheres e crianças.  Estes fizeram parte da priorização secundária, na qual pontuamos alguns critérios, a fim de ajudá-los na escolha do problema principal: magnitude (“tamanho” do problema, baseado no número de casos), valorização (o quanto a comunidade reconhece esse problema como grave e impactante), tecnologia disponível e custo para enfrentá-lo. Para cada um desses critérios os participantes votaram com cartões vermelho (alta magnitude, alta valorização e baixo recurso) valendo 3 pontos, amarelo (valores médios) valendo 2 pontos ou verde (baixa magnitude, baixa valorização e alto recurso) valendo 1 ponto. RESULTADO/IMPACTO: Ao final da priorização secundária de problemas, foi definida em conjunto a situação de maior preocupação entre a comunidade, segundo a proposta da oficina. A priori, a definição do problema a receber intervenção deveria ser feita apenas pela soma dos pontos da votação, entretanto, uma vez que as pontuações de sofrimento mental e violência contra mulheres e crianças foram próximas e a comunidade considerou que mais pessoas seriam beneficiadas com a escolha do segundo problema mais votado, sofrimento mental foi priorizado.  Assim, na construção da árvore do problema, a partir da problemática (no tronco), a saber “elevado número de casos de sofrimento mental entre adultos da comunidade”, foram elaboradas, a partir das observações dos participantes, suas raízes e ramos - isto é, possíveis causas e consequências intrínsecas a esse processo, desde fatores socioculturais até elementos associados à dificuldade de diagnóstico, estigma e fragilidades na atenção aos pacientes e seus cuidadores. Tais levantamentos serviram, desse modo, para a elaboração do rascunho de um projeto de extensão, norteado pela proposta de estratégias de percepção e intervenção sobre o paradigma da comunidade concernente ao tema, processo de trabalho, sobretudo, dos ACS da unidade, e, consequentemente, sobre a situação de saúde mental na comunidade. Considerações finais: A execução deste trabalho proporcionou aos estudantes, trabalhadores da saúde e comunidade um espaço rico de compartilhamento de saberes e experiências, além de reforçar o espaço democrático de participação social na elaboração de rumos para as ações de saúde na APS a baixa adesão pública, inclusive dos próprios membros da equipe, o que reflete um perfil, infelizmente, generalizado entre muitos dos espaços “políticos” no Brasil. Investigar e atuar sobre a mobilização popular nesses cenários certamente é uma necessidade latente.  Apesar disso, consideramos que o encontro atingiu objetivos significativos e servirá como ponto de partida importante para a continuidade do projeto e sua futura execução, visando o benefício da comunidade e a ampliação do cuidado sobre parcelas carentes da população. Ademais, a culminância do PPLS foi de grande relevância para o processo da formação médica dos estudantes, tendo em vista que nos estimulou a analisar de forma crítica e reflexiva as demandas de uma localidade, não apenas para identificá-las, mas para atuarmos como agentes de mudança. A inserção no território de uma unidade de saúde torna os conceitos teóricos mais significativos, uma vez que somos desafiados a lidar com a dinamicidade e dificuldades reais, buscando estratégias de enfrentamento aos problemas identificados. Em suma, a construção de vínculos com a comunidade e os profissionais de saúde nos dá a égide para uma perspectiva de concepção ampla de saúde. Certamente, esse evento e a implementação do projeto interventivo no território deixarão contribuição significativa na formação dos discentes, sobretudo, considerando a relevância de se promover uma prática médica que considere a perspectiva social nos processos de saúde-doença, assim como seja capaz de gerir projetos e a comunicação entre os serviços da rede de atenção integral à saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9789
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UMA TECNOLOGIA EDUCATIVA SOBRE PRIMEIROS SOCORROS
Autores: Magda Milleyde de Sousa Lima, Priscila Martiniano dos Santos, Rafaella Beatriz de Aguiar, Rafaela Farrapo Carneiro, Dariane Veríssimo de Araújo, Joselany Áfio Caetano, Lívia Moreira Barros

Apresentação: No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta muitos desafios devido as altas taxas de morbidade e mortalidade relacionadas com situações de urgência e emergência. Neste contexto, capacitar o público leigo sobre primeiros socorros é uma maneira efetiva na redução do índice de mortes no âmbito pré-hospitalar. Entre as metodologias de ensino-aprendizado, destaca-se o jogo educativo, caracterizado como uma tecnologia que favorece a memorização das informações por meio do envolvimento do participante. Com isso, o presente estudo objetiva construir e validar um jogo de tabuleiro para o ensino de primeiros socorros. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo metodológico desenvolvidos seguindo as etapas: 1) elaboração do projeto; 2) revisão integrativa de literatura; 3) realização de grupo focal com 11 leigos; 4) construção do tabuleiro; 5) validação de aparência com 10 leigos. A coleta de dados foi realizada na região noroeste do Estado do Ceará, no período de 2018 a 2019. Na etapa de validação de aparência foi utilizado um questionário com informações sobre o material com escala de Likert. Os dados foram tabulados no Excel e analisados no SPSS Statistics versão 24. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa com CAAE 07908619.3.0000.505Resultado: Foi construído um jogo com 20 “casas” tendo o início (representado pela palavra ―saída), sequência de números de 1 a 20 e o fim (representado pela palavra ―chegada) com temas sobre parada cardiorrespiratória, desmaio, queimadura, intoxicação exógena, engasgo e choque elétrico. O jogo terminou quando um dos participantes atingiu a chegada. Entre as fichas dos temas do jogo estavam também as seguintes ações: jogue novamente, avance duas casas e volte duas casas – tudo isso, para trazer mais emoção. Por sua vez, no processo de validação, houve uma aprovação do material estatisticamente significante, com uma proporção de entre os participantes de maior que 90% e um Índice de Validação de Conteúdo (IVC) maior que 0,90 em todos os itens. Considerações finais: O jogo educativo foi construído e teve validade de aparência entre o público alvo, sendo considerado uma tecnologia educativa utilizada para a aquisição de conhecimento do público leigo sobre primeiros socorros.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8056
Título do Trabalho: O CUIDADO PARA O PROTAGONISMO DO USUÁRIO NO CAPS III: UM ESTUDO DO CONSTRUCIONISMO SOCIAL
Autores: Hércules Rigoni Bossato, Rosane Mara Pontes De Oliveira

Apresentação: O presente estudo aborda as ações produzidas pela equipe de Enfermagem em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para promover o protagonismo do usuário a luz do Construcionismo Social. A pesquisa problematiza que mesmo a Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB), as ações de Enfermagem em saúde mental ainda necessitam efetivar uma terapêutica e uma abordagem para uma atenção psicossocial no cuidado centrado no usuário e não apenas em planos e procedimentos prescritivos que desvalorizam a autonomia da pessoa que necessita do serviço de saúde mental. Para tanto, o trabalho tem como objetivo descrever as ações da equipe de Enfermagem que promovem o protagonismo do usuário no CAPS III. Método: Estudo de abordagem qualitativa com a técnica da observação participante e da entrevista não estruturada com os enfermeiros e técnicos de enfermagem do Centro de Reabilitação Psicossocial (CAPS) tipo III. Totalizando 16 participantes em dois CAPS III. Os dados foram analisados pelo conteúdo temático por intermédio do mapa de associações de ideias e produção de sentidos a luz do construcionismo social. Resultado: A equipe de Enfermagem produz ações em seu cotidiano de trabalho para promover o protagonismo do usuário do CAPS III por meio da comunicação criativa, trabalho em rede e disponibilidade para o cuidado protagonizador em saúde mental. Considerações finais: A equipe de enfermagem produz sentidos para o protagonismo do usuário traçados por três mecanismos: singularidade do cuidado, a possibilidade de dar voz do usuário no CAPS e a valorização da subjetividade do usuário para o cuidado protagonizador.  


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8060
Título do Trabalho: CONSTRUINDO ESTRATÉGIAS DE CUIDADO E PROMOÇÃO DE SAÚDE NA AMAZÔNIA COM ESTUDANTES INDÍGENAS E QUILOMBOLAS
Autores: Maria Eunice Figueiredo Guedes

Apresentação: É necessário fazer a reflexão sobre a intervenção relacionadas à saúde com comunidades. Em roda de conversa lideranças indígenas e comunidades quilombolas paraenses reafirmam a perda nas aldeias das práticas e cuidados tradicionais como a extinção da parteira e pajé e diversas situações que ocorrem como o crescimento de número de indígenas usando álcool e drogas; de situações envolvendo Suicídios e assassinatos; da medicalização com uso de alto índice de psicotrópicos. Burin afirma que “los factores sociales influyen de modo determinante em el equilíbrio psíquico, em el bienestar personal y em la participación del individuo em los objetivos comunitários”, que são segundo esta autora os fatores que “constituyen la esencia de la salud mental” (1). Devemos então pensar em intervenções éticas que garantam a diversidade, os conhecimentos tradicionais não hegemônicos para pensar na construção de diálogo (s) que respeitem também os saberes. A política de inclusão abriu as portas da universidade para estas populações que ao longo da história veem recebendo os impactos negativos de uma sociedade extremamente racista, porém, somente abrir as portas das universidades ainda não é o suficiente, mas é o primeiro passo em busca de igualdade, ainda assim há um longo caminho a ser percorrido. Ao sair de sua comunidade o indígena e o quilombola trazem sua cultura e deixa a vivencia diária com sua comunidade e é inserido em um novo ambiente, o da universidade, onde se depara com exigências acadêmicas que estão muitas vezes aquém do seu conhecimento. Adaptar-se a essa nova realidade estando distante de sua família, dos rituais culturais do seu povo e diante das dificuldades financeiras, é um desafio, que compromete sua permanência na instituição, e que acabam acarretando problemas psicológicos, emocionais e de baixa autoestima, que muitas vezes encaminham para a desistência do curso de graduação por parte desse estudante. Diante dos desafios e dificuldades enfrentados por discentes indígenas e quilombolas na universidade federal do Pará, surgiu a necessidade de criar uma rede de apoio psicossocial que dê suporte para esses estudantes. Agregamos ao nosso trabalho já realizado com povos tradicionais e indígenas também um espaço de escuta que vem possibilitando aos discentes da UFPA (indígenas e quilombolas)  trocas de  experiência com os demais, ressignificação de vivencias e apropriação desse espaço institucional (UFPA). Assim vem se  criando estratégias que estimulam a auto estima e autonomia dos discentes. psicológicos, emocionais e de baixa autoestima, que muitas vezes encaminham para a desistência do curso de graduação por parte desse estudante. Diante dos desafios e dificuldades enfrentados por discentes indígenas e quilombolas na universidade federal do Pará, surgiu a necessidade de criar uma rede de apoio psicossocial que dê suporte para esses estudantes. É diante de tal demanda que vamos agregar ao nosso trabalho já realizado com povos tradicionais e indígenas também  proporcionar um espaço de escuta que possibilite os discentes da UFPA (indígenas e quilombolas)  trocas de  experiência com os demais, para a ressignificação de sua vivencia e apropriação desse espaço, como também criando estratégias que estimule a autonomia dos discentes. (1) Burin, 1987:33


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10634
Título do Trabalho: RAÍZES DA CURA: RECONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA E DOS SABERES DA FITOTERAPIA POPULAR
Autores: Airton Guerreiro Vidal Filho, Karina Alves Medeiros, Emille Sampaio Cordeiro, João Nathanael Sales Rodrigues, Ana Bárbara Xavier Luciano Lucena

Apresentação: Esse relato de experiência tem por finalidade apresentar o projeto de cultura “Raízes da cura – resgate da memória das meizinheiras do Cariri cearense”, vinculado à Pró-Reitoria de Cultura da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e realizado na Região Metropolitana do Cariri (RMC), e publicizar suas atividades durante seus dois anos de existência até o momento, considerando as vivências proporcionadas aos discentes do curso de medicina da UFCA. Desenvolvimento: O projeto foi implementado no ano de 2018, com o objetivo de proporcionar o contato com as meizinheiras da região do Cariri cearense - mulheres do campo que possuem conhecimento em plantas medicinais para a produção de remédios caseiros - e a reconstrução da memória e oralidade das mesmas, assim como expandir a relação dos acadêmicos com outros setores da universidade e da sociedade. Adotou-se a técnica freiriana de Círculo de Cultura como forma de estabelecer o contato inicial com as mulheres sujeitas do projeto. Nessa abordagem, as questões geradoras “O que é saúde?” e “Qual a importância das plantas medicinais para o cuidado em saúde?” eram realizadas no intuito de despertar reflexões sobre a relação com a fitoterapia popular, o que proporcionou respostas coletivas, partilhadas e dialógicas a respeito do assunto. Após cada Círculo de Cultura, era aplicado questionário semiestruturado em entrevistas individuais para resgate e registro das vivências únicas de cada mulher, abordando os tópicos “Ela”, “O Trabalho” e “O Território”. Para consolidar as informações coletadas, planejou-se inicialmente adotar a estratégia de georreferenciamento dos locais de atuação das meizinheiras, o que se mostrou inviável no final do primeiro ano de projeto, haja vista a dificuldade de sistematização dessas informações no programa disponibilizado, sendo necessário ajustes de cronograma e planejamento por parte da equipe de trabalho. Em 2019, houve um enfoque nas parcerias articuladas durante o ano anterior com retorno as comunidades inicialmente visitadas, além da implementação dos Círculos de Cultura em novos locais. Com o intuito de proporcionar maior visibilidade das práticas populares de cuidados em saúde no processo de formação acadêmica, foram pensadas e executadas oficinas abertas ao público dentro da própria universidade. O “Raízes da Cura” participou da ação de extensão “UFCA Itinerante”, na cidade de Mauriti-CE, por meio de oficinas de chás e de lambedores, contando com a participação de cerca de 30 (trinta) pessoas, momento importante para compartilhar os conhecimentos obtidos e divulgá-los para a comunidade da cidade em questão. O projeto também esteve atuante como parceiro da Pró-Reitoria de Planejamento da Universidade (PROPLAN) na troca de garrafas PET por mudas de plantas, utilizando de tal ação para difundir saberes da fitoterapia popular através da confecção de cards que continham o nome popular, nome científico e principais usos de cada planta disponibilizada. Durante o I Colóquio de Cultura da UFCA, foram apresentadas à comunidade acadêmica as plantas medicinais de uso mais prevalente na região, através de exposição montada em armação de quadros com exemplares das plantas vivas. Junto às molduras, estrofes de texto em literatura de cordel, produzida por um estudante de medicina da instituição. Além disso, houve a participação do projeto em atividades conjuntas de outras ações de cultura e de extensão na universidade, como saraus e o ciclo de debates “Café com saúde”, este último idealizado pela Liga de Saúde Comunitária do Cariri (LISAC). No Campus de Medicina, localizado em Barbalha-CE, o projeto fez-se presente através de atividades como a criação de um horto com as principais plantas medicinais da região, construído em parceria com discentes da graduação em engenharia agronômica da UFCA, que auxiliaram na seleção das melhores plantas para o solo da faculdade, assim como no processo do plantio, partilhando conhecimento sobre o cultivo nos momentos de integração. Resultado: As vivências proporcionadas pelas atividades do projeto contribuem para uma formação do profissional médico generalista, humanista crítico e reflexivo, conforme orientado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de medicina (DCNs) de 2014, ao estimular uma abordagem que reconhece os indivíduos como agentes ativos no processo do cuidado e, portanto, compreende a necessidade de considerar o contexto cultural, ambiental e socioeconômico da população, entre outros aspectos subjetivos. Através dos círculos de Cultura, foi possível a todos os envolvidos identificarem como o conhecimento das plantas e seus principais usos foram passados de geração em geração por intermédio da oralidade; e como a vulnerabilidade social enfrentada pela população camponesa, em especial as mulheres, as fizeram procurar na natureza o tratamento para as enfermidades não somente para as suas famílias, mas também para a comunidade. As rodas de conversas e os momentos individuais iam além de compartilhar conhecimento, sendo um local de fala para essas mulheres manifestarem suas demandas enquanto grupo social. A ligação de cada meizinheira com o seu território e a relação quase sagrada que elas desenvolvem com a natureza reforçam a necessidade de luta destas mulheres pela valorização do uso das plantas medicinais no processo saúde-doença, assim como pela propagação da memória e dessa herança de conhecimento para as próximas gerações. Além disso, o fato de tal grupo não se reconhecer enquanto detentor exclusivo dos saberes da fitoterapia popular se contrapõe diretamente com a cultura muitas vezes implementada no ambiente acadêmico. Sob essa ótica, os membros do projeto planejam a produção de uma cartilha para compilar as informações partilhadas durante os encontros e entrevistas individuais, objetivando preservar o conhecimento compartilhado e estimular a disseminação desse saber popular. Com relação às atividades no âmbito acadêmico, a ação durante a “UFCA Itinerante” foi importante para conhecer e interagir, por meio da troca de informações, com outros projetos da universidade, o que se mostrou considerável para firmar novas parcerias e campos de atuação em anos vindouros. As atividades realizadas na unidade acadêmica cumpriram a função de estimular a harmonização da relação entre a medicina científica ocidental e o conhecimento popular na universidade, além de buscar promover uma reflexão acerca dos agentes do processo saúde-doença-cuidado e sobre os recursos terapêuticos disponíveis. Considerações finais: Conhecer as meizinheiras da região possibilita a população caririense esmiuçar as raízes culturais da medicina popular, bem como suas histórias e suas lutas e as reconhecerem enquanto agentes importantes no processo de cuidado em saúde de uma região. Ademais, visto que as Práticas integrativas e Complementares (PICs) estão em crescente legitimação pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é essencial que esse conhecimento seja trabalhado no meio acadêmico, a fim de facilitar a incorporação desses serviços na rede de atenção à saúde e a valorização dessas práticas pelos profissionais de saúde. O projeto permanecerá com o compromisso de exercer o papel de preservação e disseminação dessa memória imaterial da promoção da saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11135
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA SOBRE PRIMEIROS SOCORROS PARA POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DO AMAZONAS
Autores: Rodrigo Silva Marcelino, Abel Santiago Muri Gama

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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11138
Título do Trabalho: A PARTICIPAÇÃO DE RESIDENTES EM SAÚDE COLETIVA NA CONSTRUÇÃO DAS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: Andréa Reis Andrade, Ana Maria de Araujo Loiola, Dayane da Rocha Pimentel, Tamires Brandão de Siqueira e Sousa, Weinar Maria de Araujo, Yasmim Talita de Moraes Ramos

Apresentação: A criação do Sistema Único de Saúde foi o marco mais importante da história da Saúde Pública no Brasil. Suas premissas e diretrizes nasceram a partir de uma ampla discussão entre diversos setores da sociedade civil. Um dos grandes fatos que marcam este acontecimento foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que teve seu relatório final servindo como texto base do que viria a se tornar o Capítulo da Saúde na Constituição Federal de 1988. Com as leis orgânicas da saúde, 8.080/1990 e 8.142/1990, o SUS foi institucionalizado. Dentre as mudanças que o SUS trouxe, foi estabelecida a participação social através das Conferências e Conselhos de Saúde. Entende-se por conferência de saúde um espaço ampliado de discussão e avaliação a respeito das condições de saúde que deve propor diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis descentralizados, como Distritos Sanitários, Regiões, Municípios e Estados. As Conferências se constituem, além do mencionado, como um espaço importante para participação de diversos segmentos da sociedade, dentre eles estudantes e residentes. As Residências Multiprofissionais em Saúde no Brasil foram regulamentadas a partir de 2005 com a promulgação da Lei Nº 11.129. A partir disso, foram criados diversos programas de residências vinculados a universidades, instituições de saúde e secretarias de saúde. A residência proporciona aos profissionais experiências de integração dos conceitos teóricos na prática cotidiana nos espaços e de vivências que facilitam a compreensão da importância de participação social, como na Conferência em Saúde. O trabalho tem como objetivo relatar a experiência da participação de residentes de Saúde Coletiva do Instituto Aggeu Magalhães nas Conferências de Saúde municipais e estadual em Pernambuco. Desenvolvimento: Os participantes da experiência foram os residentes do programa. Os residentes que tinham como campo de estágio municípios (a exemplo de Jaboatão dos Guararapes e Olinda) participaram da construção das etapas que antecederam a etapa municipal da conferencia nos respectivos locais. Foi possível através das reuniões preparatórias nos Conselhos de Saúde, realizar debates acerca dos documentos norteadores, como regimentos e o texto base e conhecer todo processo de planejamento e construção das conferências municipais. A participação das conferências municipais permitiu visualizar o debate da construção e avaliação das ações de saúde a nível municipal. Foi possível também participar da equipe de relatoria e do processo de organização do debate das propostas que foram levadas dos municípios nas etapas macrorregionais (que em Pernambuco antecedem a etapa estadual) e na etapa estadual. Resultado: A participação nas conferências de saúde proporciona aos residentes uma reflexão crítica acerca de temas e de situações específicas de cada território e desperta ainda mais a importância de ocupar espaços de discussão e de participação social. Considerações finais: A experiência proporcionou aos residentes acompanhar como se dá todo o processo de construção e realização das Conferências de Saúde, reforçando a importância e relevância desse espaço na construção de uma política de saúde mais integral, igualitária e equânime.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8067
Título do Trabalho: DIÁLOGOS: MULHERES INDÍGENAS E DIREITOS HUMANOS – CONSTRUINDO ARTICULAÇÕES
Autores: Maria eUNICE Figueiredo Guedes, Eliene Rodrigues Putira Sacuena, Virginia Braga Fonseca

Apresentação: Desde a década de 1970 os movimentos sociais vêm sendo formas organizativas dos diferentes sujeitos sociais expressarem suas reivindicações e projetos coletivos, em contraposição ao modo de sociabilidade patriarcal e capitalista. Tais organizações atuam tanto na busca de uma ampliação da democracia e da garantia de direitos, quanto pelo propósito de transformar as bases de repressão e exploração que dão sustentação as diversas formas de desigualdade e opressão vivenciada pelos diferentes sujeitos, entre estes, nós mulheres. O movimento de mulheres, assim como os outros movimentos sociais, possuem um projeto coletivo, identidade e uma estrutura organizativa. Como movimento social congrega muitas experiências de auto-organização das mulheres: grupos de bairros, grupos setoriais de mulheres de partidos, secretarias de mulheres de centrais sindicais e sindicatos, centros de estudos e pesquisas, núcleos de educação e formação feminista, ongs, fóruns, redes, articulações e movimentos. Ou seja, são parte da movimentação das mulheres todas as formas organizativas criadas pelas mulheres para serem instrumentos de luta contra a dominação, exploração e opressão das mulheres. É um movimento plural, dentro do qual convivem em conflito, e muitas vezes em aliança, diferentes 'expressões': mulheres negras; lésbicas; do movimento sindical; indígenas; integrantes de movimentos populares e acadêmicas, entre outras. Algumas destas expressões se constituem como um modo de pensar a atuação das mulheres e outras configura apenas um espaço de atuação. Essa roda com a denominação de DIÁLOGOS: MULHERES INDÍGENAS E DIREITOS HUMANOS – Construindo articulações... Vêm contribuir nesse chamado com a reflexão com as mulheres indígenas da Amazônia no sentido de: Fortalecer a Agenda Amazônica com a participação plena e efetiva das Mulheres Indígenas, gerando espaços para a tomada de decisões e, contribuir através desse debate com as ações propostas pelas mulheres indígenas na agenda  de lutas e assim fortalecer a participação na perspectiva do feminismo, direitos humanos e de gênero.  É dentro dessa moção e na reflexão sobre o papel da psicologia na diversidade na Amazônia de Psicólogos/as e profissionais de saúde na sua formação e práxis que estamos propondo essa roda de conversa DIÁLOGOS: MULHERES INDÍGENAS E DIREITOS HUMANOS – Construindo articulações. Para que possamos refletir sobre a prática da psicologia e da UFPA na relação com os movimentos de mulheres indígenas da região


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9281
Título do Trabalho: O TRABALHO COM LESÕES AUTOPROVOCADAS NO ESPAÇO ESCOLAR: DA CONSTRUÇÃO DO TRABALHO AOS BONS ENCONTROS
Autores: Bruno Helio Ferreira de Rezende

Apresentação: Entrar no espaço escolar para construção de práticas em saúde se constitui como um dos moldes de atuação do Programa Saúde na escola (PSE), uma agenda já estabelecida no cotidiano de trabalho das Equipes de Saúde da Família. O seguimento deste busca o acompanhamento da população escolar e atuar sob os eixos da promoção e da prevenção em saúde. A construção do trabalho encontra como concentrador o diagnóstico local, a identificação dos problemas e necessidades da população, estes em comunhão com da agenda anual estabelecida pela secretaria municipal de saúde. Desse modo, o trabalho articulado ocorrido no âmbito escolar, visa atuar no enfrentamento das vulnerabilidades existentes no território. Este relato visa construir a narrativa do trabalho desenvolvido em uma escola, estabelecendo como recorte situações limite relacionadas a “lesões autoprovocadas” em adolescentes. A experiência aqui relatada se correlaciona ao processo de acompanhamento desenvolvido dentro do cenário escolar e dos desdobramentos promovidos ao longo do processo. O trabalho se estabelece na experiência do atuar de sob o atuar da equipe de saúde da família e ora da  equipe NASF no cenário escolar. O objetivo se destaca na vertente de apresenta como proposta de trabalho a experiência vivida e contribuir com o debate da saúde do adolescente e da atuação em território. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência. O trabalho se iniciou com a aproximação da escola em questão, que se encontra no Município do Rio de Janeiro, no bairro da Pavuna. A escola e a unidade de saúde se encontram dentro de um território de imensa vulnerabilidade econômica e social. A imersão do trabalho se encontra desde a entrada na escola, que ocorre com a chegada de diversos casos  de “lesões autoprovocadas” noticiados pelos docentes da escola. Nesse momento se estabeleceu um circuito de conversa entre os docentes, a coordenação escolar e as equipes de saúde, no estabelecer de um cenário de construção conjunta do atuar sob esta demanda. Como resultado dessas conversas se instaurou como agenda a realização de um grupo mensal como estratégias de aproximação das histórias e as narrativas dos adolescentes. Não existia tema anterior ou uma agenda a ser cumprida, apenas acordamos de permitir um espaço de fala e de partilha aos que aceitassem o convite. A atividade inicial nestes encontros acolher, escutar, objetivando como resultante ao debate se fundou um cenário de trabalho dentro do espaço escolar. Nesse intento, com a participação do psicólogo e da assistente social do NASF e de duas professoras, foi criada a roda de conversa “as adolescências”, desde seu princípio voltada a discutir os diversos anseios e desafios que os adolescentes trouxessem a este espaço. Os efeitos trazidos por esse cenário coletivo possibilitou  para cada dos estudantes um lugar de diálogo permeado pelos desafios, anseios, angústias expressas em cada história. As narrativas permitiram a aproximação e partilha das experiências das adolescências ali expressas. A responsabilidade da participação da equipe neste trabalho repousava sob dois eixos de trabalho: a possibilidade de fomentar no grupo/em grupo um espaço que permitissem aos adolescentes e estabelecer um efeito de costura entre os temas abordados e as ferramentas profissionais que atuassem na construção de uma rede de cuidado. O processo de gestar do próprio grupo estabeleceu uma relação intensa tanto aos profissionais como aos alunos. Esse partilhar transpunha as cenas ali narradas, se constituía  novas histórias, feitas pela costura existente pela participação de todos em cada uma das reuniões. O grupo passou a atuar de forma a estabelecer sobre temas que trazidos pelos adolescentes advindos de sua experiência de vida e dos fluxos dos assuntos tratados no grupo e dos efeitos destes fora, quando os adolescentes participantes interagiam com outros alunos da escola, ou com pessoas de outros espaços. Sendo assim, o grupo se estabelecia como um grande teia relacional que se expandia a cada encontro e trazia sempre novos temas e novos sujeitos. Resultado: Foi percebido a diminuição de casos de lesões autoprovocadas por parte dos adolescentes da escola. Ocorreu a construção de um espaço integrador que se estabeleceu como lugar de expressão e de conexão entre os alunos. Além disso foi percebido uma mudança na participação de parte do grupo em atividades dentro da escola. O grupo de adolescentes permitiu um novo formato de integração e de reconhecimento do espaço da escola pelos alunos, convocando uma nova perspectivas como sujeitos ativos na construção de suas vidas. Considerações finais: A atuação em território e no espaço escolar auxiliam na produção de outra agenda de trabalho com a chegada da solicitação da escola se criou a necessidade de arvorar outros manejos e aproximações para com o público escolar. A criação do grupo permitiu a superação de um atuar focado sobre as determinações da questão epidemiológica e a tratássemos como parte de um cenário articulado e vivo que atravessava todos os estudantes. A dinâmica estabelecida pelo grupo de alunos e profissionais, permitiu que as  discussões que não se limitassem às questões das lesões autoprovocadas e permitiram aos adolescentes expressar os anseios que estavam vivem e ainda estimular a entrada de outros colegas de suas turmas que entendiam que a participação nesse espaço poderia auxiliar. O grupo deixou de assumir um caráter específico de lidar com anseios e angústias e se estabeleceu como um espaço coletivo de cuidado. A demanda da escola ao longo do período apresentou uma drástica redução após a entrada do grupo, a participação foi sendo aumentada ao longo do período por convites a novos integrantes vindo dos próprios alunos que sinalizam novas questões que iam sendo ativadas nas disucussões em grupo. A missão do grupo que inicialmente tinha como proposta acolher a demanda de “lesões autoprovocadas”, se tornou ao longo do processo um lugar de apoio aos alunos em geral. Essa proposta aberta possibilitou a equipe reconhecer a população discente por outros olhares e pensar seus trabalho na escola com outras ferramentas que não se inscrevem nos programas de palestras ou apresentações. A experiência de trabalhar na escola dentro do grupo de adolescentes possibilitou a produção de novas práticas de atuar na construção do cuidado em saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7560
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE FLUXOGRAMA PARA TRATAMENTO DE PESSOAS COM DISTONIA E ESPASMO HEMIFACIAL
Autores: Emily Karolyne Aleixo da Silva, Lourena Silva Bahia dos Anjos, Sammy Adrielly Guimarães, Sammy Adrielly Guimarães, Flavine Evangelista Gonçalves, Flavine Evangelista Gonçalves, Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira, Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira

Apresentação: A gestão em saúde abrange três dimensões complexas: espaços dos cuidados singulares e multiprofissionais; instituições de saúde; formação e operação de redes de serviços de saúde para uma assistência universal e eficiente. Todavia, construir novas formas de gestão nesta área, comedidas pela participação, práticas cooperativas, interdisciplinares e atuação de sujeitos ativos (sobretudo usuários destes serviços), possui contrariedades significativas. Neste sentido, se faz necessário conhecer e analisar o desenvolvimento do processo organizacional em saúde, bem como suas etapas, isto é, compreender a extensão de cada, sua relevância para construção do processo e de que modo acontece, a exemplo de protocolos e fluxogramas, que consistem em ferramentas medulares para se conhecer a totalidade deste sistema. Logo, permitem a equipe de saúde identificar incongruências que transpõem esta estrutura, nos mais diferentes serviços de saúde, a fim de sana-las e assegurar o acesso universal à saúde. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por acadêmica de enfermagem durante a elaboração de um fluxograma referente a aplicação de toxina botulínica do tipo A (TBA) para um hospital universitário no Pará. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, sobre a construção de um instrumento de auxílio organizacional – o fluxograma – para a operacionalização do fluxo interno para manejo do usuário classificado ao tratamento referente à aplicação da TBA, relacionada ao diagnóstico de distonias e espasmo hemifacial. Tal prática foi desenvolvida a partir da leitura do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Distonias e Espasmo Hemifacial, instituído pelo Ministério de Saúde (MS) e sua adequação prática, visual e acessível no fluxograma, mediante a atividade curricular de Gestão em serviços de saúde e a identificação da ausência de instrumento prático que facilitasse o acesso dos profissionais de saúde ao que dispõe o MS quanto ao tratamento em questão³. Resultado: Desenvolveu-se um fluxograma prático a fim de definir e facilitar o manejo do usuário para o tratamento com TBA-1 e TBA-2 e anexo dispondo em tabelas com checklist: os critérios de avaliação para as Distonias e Espasmo hemifacial, baseadas na Classificação Estatística Internacional de doenças, de 2010 (CID-10) e condições de saúde, os diagnósticos para escolha terapêutica pela CID-10 e suas respectivas vias de aplicação medicamentosa, os critérios de inclusão dos pacientes no tratamento, os critérios para interrupção do tratamento, a monitorização do paciente quanto aos efeitos adversos e desenvolvimento de anticorpos, e apresentação do fármaco e respectivas doses recomendadas para cada CID-10. Considerações finais: Fomenta-se a relevância da construção desta ferramenta para as acadêmicas de enfermagem, pela compreensão e aplicação das dimensões que compõe as práticas de gestão em saúde, assim contribuindo para o aprimoramento da assistência à saúde universal, equitativa e integral, se valendo da enfermagem como ciência capaz de transformar a realidade social. No que concerne ao serviço de saúde e aos usuários, ratifica a articulação entre os atores envolvidos, em prol do êxito do SUS, a fim de que as políticas públicas constituam trâmites para propiciar e assegurar qualidade aos cidadãos.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8585
Título do Trabalho: ARTE DE CONSTRUIR VÍNCULOS: ROMPENDO AS BARREIRAS DO ISOLAMENTO EM SISTEMA SOCIOEDUCATIVO
Autores: ADRIANA DE SOUZA MEDEIROS BATISTA, Janaína Bastos dos Santos, Cordovil Neves de Souza, Inhana Olga Costa Souza, Michele de Souza Tavares, Edilson E. A. Lopes, Lauriza Maria Nunes Pinto, Elza Machado de Melo

Apresentação: O presente trabalho traz um relato de experiência de atuação da universidade em um Centro Socioeducativo na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, com vistas a compartilhar as metodologias de abordagem dos adolescentes sob o regime de internação. Trata-se de um estudo do sujeito e sua relação com a lei, com a sociedade e consigo enquanto identidade e cidadania. Por outro lado, as implicações para saúde física e mental de um sistema de confinamento, que, embora esteja em regime socioeducativo, guarda semelhanças com o sistema penitenciário. Como ação de extensão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o projeto pretende criar vínculos com os adolescentes para promoção de conhecimento entre as partes, possibilitando uma atuação posterior por parte da universidade em diversos âmbitos da vida dos adolescentes em confinamento, procurando promover saúde física, mental e o fortalecimento dos mesmos para o enfrentamento do encarceramento e, depois, da sua reinserção à sociedade. Como estratégica de fortalecimento da confiança entre as partes a metodologia escolhida foi o caminho da arte, atividades de colagem com posterior contação de história, compartilhamento de estilos de dança e letra de músicas. Os efeitos advindos das visitas e atividades foram percebidos através de observação participante, onde o entrosamento crescente, por adesão por parte dos adolescentes, tem encorajado a continuidade do processo. Atualmente em marcha, percebe-se melhora da aceitação dos adolescentes nas atividades propostas, embora o comportamento dos mesmos frente à internação não tenha ainda sofrido mudanças perceptíveis, no que se refere, por exemplo, expressões de agressividade frente ao confinamento.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11146
Título do Trabalho: MAPA DA SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL-RS: CONSTRUÇÃO DE FERRAMENTA NA INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO
Autores: Maíra Boeno da Maia, Suzete Marchetto Claus, Cassio de Oliveira, Clanir Leoncio Verdi, Marcos Aurélio Raimann, Leia Cristiane Loeblein Fernandes Muniz, Sulamita Souza Brandão Silva

Apresentação: O desenvolvimento de ferramentas de informação em saúde que permitam por meio de dados qualitativos e quantitativos a realização de uma análise visual e consistente das variáveis relacionadas ao processo saúde/doença/cuidado das regiões de um local é muito importante, já que este conhecimento é capaz de subsidiar intervenções como ações de docentes e discentes direcionadas na comunidade e a tomada de decisão de gestores sobre a alocação de recursos com vistas a ampliação da oferta em saúde. O objetivo deste relato é descrever a elaboração de uma ferramenta de informação em saúde na lógica da integração ensino-serviço entre os docentes e discentes da Universidade de Caxias do Sul-UCS e os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, que permitisse apresentar cartograficamente a situação de saúde do município, visando a qualificação do ensino, ações educativas e de gestão. Desenvolvimento: A partir do Programa PET Saúde UCS foi constituído um grupo de trabalho composto por docentes, discentes e profissionais da SMS que se reuniram periodicamente de 2015 a 2018 para estruturação do mapa da saúde. Nesses encontros foram definidos os dados necessários para a reconstrução cartográfica e as unidades de agregação. Na criação dos mapas foi utilizado o software ArcGis (versão 10.0) e técnicas de georreferenciamento e de geocodificação, utilizando mapas coropléticos, em escala de trabalho de 1:290.000 que totaliza o município. Resultado: Foi estruturado um mapa em versão física e e-book denominado Mapa da Saúde do Município de Caxias do Sul, dividido em dez partes, com representações gráficas de indicadores relativos a duas dimensões relacionadas à dinâmica do processo saúde/doença em âmbito municipal. A primeira dimensão diz respeito às características da população em caso de doença ou outro agravo; e a segunda trata de elementos fundamentais para a caracterização da estrutura e produção dos serviços de saúde do município. Considerações finais: O processo de construção do mapa possibilitou o fortalecimento do diálogo e aproximação da academia e serviço de saúde, evidenciou a potência na produção de resultados a partir de trabalho realizado de forma conjunta e interprofissional e se constituiu em um processo de descobertas e de aprendizagem dos participantes. Cabe o desafio de utilização desta ferramenta que poderá auxiliar na definição das prioridades de atenção em saúde, na qualificação do ensino no campo da saúde e no aprimoramento de intervenções direcionadas a comunidade.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7563
Título do Trabalho: TECENDO REDES DE EDUCAÇÃO CONSTRUTIVISTA EM DEONTOLOGIA FARMACÊUTICA: FORMAÇÃO E DISPOSITIVOS ATIVOS NA PRÁTICA DE ENSINAR
Autores: Mússio Pirajá Mattos, Hudson Manoel Nogueira Campos, Elmo José dos Santos, Bruna de Figueredo Queiroz, Raisa da Silva Barreto Cunha, Daiene Rosa Gomes

Apresentação: A formação construtivista propõe que o conhecimento é construído de forma natural por cada educando onde ele próprio constrói sua aprendizagem, sendo assim o professor facilita esse processo. Nessa direção, as metodologias ativas apoiadas em abordagens construtivistas de educação são importantes ferramentas que permitem tecer redes de formação individual e coletiva. A metodologia ativa problematizadora fundamenta-se no referencial teórico de Paulo Freire, cuja concepção é baseada em uma educação libertadora, dialógica, reflexiva, conscientizadora, transformadora e crítica. Nesse contexto, na metodologia da problematização, destacam-se a confecção de portfólios críticos-reflexivos construído pelos educandos a partir de suas vivências em facilitação com o educador. Nessa perspectiva, a utilização dos blogs como o webfólio, representa uma grande estratégia na ampliação das informações no mundo atual, e de maneira geral, esse instrumento facilita no contato com o ambiente virtual, tendo em vista que, atualmente, apresenta um maior público de leitores e por isso a propagação do conhecimento nesse meio torna-se mais acessível pelas pessoas, ampliando a rede de (in)formação. Dessa forma, foi assumido o webfólio como um importante dispositivo de reorientação da formação e de uma necessidade pessoal de propor mudanças educativas na aprendizagem dos educandos do curso de Farmácia em Deontologia e Introdução à Farmácia. Assim, esse artigo refere-se ao relato de experiência, tendo como objetivo relatar a vivência do uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e do webfólio como ferramentas de formação construtivista em saúde, visando contribuir com um dispositivo educativo em redes para o ensino da Deontologia Farmacêutica. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência entre educador e educandos do curso de farmácia de uma Universidade pública no oeste da Bahia no período de março a junho de 2018 e 2019. Sendo assim, serão explanadas as principais iniciativas que compuseram a construção desse ambiente de aprendizagem: internetfólios: Construindo a aprendizagem através do ambiente virtual - A elaboração do internetfólio seguiu um plano em que o educando, virtualmente, reflete e explica como é construída sua aprendizagem, vencendo as barreiras da sala de aula. Dessa forma, foi elaborado um plano de trabalho onde foram destacados os marcos regulatórios sanitários e profissionais discutidos em sala a partir do uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem; Acolhimento: O Colar Diversidade – Nesse processo, decidiu-se iniciar o diálogo com os educandos, a partir do processo de acolhimento a fim de que houvesse uma aproximação e consequentemente a criação de um vínculo, sendo um aspecto extremamente importante para pactuação do processo educacional. Nessa perspectiva, os educados deveriam escrever em tarjetas coloridas: nome, cidade natal, passatempo e uma área que gostaria de atuar na profissão farmacêutica e, em seguida, houve a exposição dessas informações em forma de um “colar”. Posteriormente, os educandos deveriam se movimentar em sala de aula, ao som de uma música, em busca de formar grupos com características diferentes; Deontocinéfilos: Viagem educacional e a formação construtivista - Os educandos chamados carinhosamente de Deontocinéfilos, foram sensibilizados, inicialmente, com a viagem educacional (VE), realizada em grande grupo, com a exposição do filme Amor & outras drogas (2011), onde a sinopse gira em torno de um representante comercial que tem a função de abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para os pacientes; Compartilhamento dos significados percebidos: Quero olhar pelo seu olhar - Para haver o compartilhamento dos significados percebidos, eles foram convidados a jogar as bexigas para o alto, onde conquistaram outra bexiga, sendo desafiados a associar as suas percepções com o olhar do outro. Ou seja, olhar com o olhar do seu colega e com o seu próprio; Plenária Ética Simulada: Construindo a ética profissional farmacêutica - os educandos foram desafiados a construir a Plenária Ética Simulada (PES) e utilizar personagens com a dramatização necessária para atingir os objetivos propostos. Para trabalhar o desenvolvimento de equipes, optou-se por utilizar a técnica do psicodrama; Uso de mapas conceituais como dispositivo de aprendizagem - Com objetivo de estimular os educandos a aprender e a pensar de uma maneira mais plena, interligando o pensamento analítico e racional ao imaginativo e holístico, estimulando a criatividade e tomada de decisão foi utilizado mapas conceituais. Resultado: O ensino tradicional, que ao mesmo tempo forma e deforma, tem norteado há tempos os processos educativos dos profissionais de saúde. O que se observa é que o ensino “bancário” referido por Freire tenta convencer de que a realidade é reta e imutável e não passível de transformação, por isso tem, no treinamento, a saída para sobreviver a essa realidade e, no conformismo, o meio de adaptação. Além disso, destaca-se a liberdade na construção do webfólio no registro das imagens, reflexões e interações no ambiente virtual. Dessa forma, essa prática permitiu maior clareza e absorção dos conteúdos teóricos, pois, a proximidade educador-educandos contribuiu para o reconhecimento das fragilidades e potencialidades nesse processo. Assim, o webfólio “Alma do Farmacêutico” foi construído de forma que o leitor não encontrasse só textos, mas sim imagens que complementavam os conteúdos abordados em sala de aula. Ainda mais, houve a adição de links que direcionavam os internautas/público/participantes para os decretos, resoluções, leis e tirinhas que foram utilizadas. A VE permitiu atribuir alguns significados referentes à imoralidade e desonestidade, quando algumas indicações de medicamentos não eram comprovadas. A partir da construção desse conhecimento em consonância com o webfólio e de mãos dadas com Rubem Alves, a palavra surge novamente com seu poder mágico, onde é determinante para a metamorfose do corpo e mente, corroborando para a formação da nossa educação. A PES contribuiu para o desenvolvimento de equipes onde precisaram unir esforços para realizar o trabalho em comum e resolver conflitos. Ou seja, foi gerado um espaço de estímulo ao desenvolvimento e ao crescimento profissional e pessoal. Assim, através do psicodrama as equipes apresentaram a situação-problema com a dramatização necessária a partir de um processo ético disciplinar. É importante que nesse caminho de desafios por uma formação construtivista o facilitador desempenhe a tarefa da educação de ensinar a ver. Os saberes ensinam e os sabores que despertam, ainda assim, não é obrigatório que os educandos gostem do que veem. Mas é importante que seus horizontes se alarguem. Diante disso, identificamos, em sala de aula, a partir da construção do mural de competências pelos dos educandos, as potencialidades em que as ferramentas educacionais trouxeram em consonância com o uso do webfólio no desenvolvimento de uma rede de formação construtivista em deontologia farmacêutica. As competências adquiridas foram: liderança, interdisciplinaridade, planejamento, tomada de decisões, resolução de problemas, criticidade, reflexão, proatividade, utilização de tecnologias, humanização, apropriação de conhecimento, trabalho em equipe, criatividade, responsabilidade, uso de ambiente virtual inclusão digital, comunicação interativa, expressividade, empatia, olhar ampliado, interação audiovisual, dinamicidade, ética profissional, formação profissional, autoconhecimento, autogestão, autoavaliação, compromisso e motivação. Considerações finais: Ao tecer redes de educação construtivista para desenvolvimento do conhecimento em acordo com uma formação libertadora, a autonomia ganhou espaço em uma disciplina que poderia ser regida na perspectiva de marcos regulatórios endurecidos. Diante disso, a utilização de metodologias ativas e do webfólio como ferramenta educacional que possibilitou acompanhar a construção dos saberes, representou um método com grande potencial do desenvolvimento da aprendizagem.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11149
Título do Trabalho: FANZINES E A CONSTRUÇÃO DE SABERES PROPRIOS DOS ADOLESCENTES: NÓS TEMOS VOZ!
Autores: Paula Martins Sirelli, Nilda Martins Sirelli, Hayda Josiane Alves, Daniel Francisco de Sousa Santos, Victoria de Palma Neno Rosa, Catarina de Barros Kohl de Oliveira, Ana Carolina Acorsa de Andrade, Kamylle Ribeiro Crespo dos Santos

Apresentação: O Projeto de Extensão “(Des)Embarazo – Extensão Popular em Saúde e Prevenção da Gravidez na Adolescência” tem trabalhado com adolescentes desde 2017, em uma instituição pública de ensino, o Colégio Municipal Profesora América Abdalla, localizado no município de Rio das Ostras - Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Através de oficinas com temáticas que pautam os elementos que atravessam a adolescência, como transformações no corpo, sexualidade, gênero, violências, auto mutilação e etc., a equipe da Universidade Federal Fluminense - UFF dos cursos de Serviço Social, Psicologia e Enfermagem busca dialogar e trocar conhecimentos com os adolescentes sobre determinada fase da vida, marcada especificamente pelas transformações biopsicossociais vivenciadas pelos sujeitos, com o intuito de prevenir riscos e agravos em sua saúde, fomentar o protagonismo dos adolescentes e contribuir através de experiências e pesquisas que envolvem a temática com novas abordagens e perspectivas para o trabalho com adolescentes. Verificamos, portanto, que uma das formas de potencializar determinados objetivos se dá pelo fortalecimento da autonomia dos alunos, ao criarmos formas de alimentar reflexões e produções próprias, partindo de suas vivências e percepções sobre o mundo a sua volta. Os fanzines – “revista para fãs”, como instrumento de educação popular em saúde, é um veículo relevante para fomentar o trabalho e diálogo com jovens, por ser  um instrumento de livre expressão artística e de fácil compartilhamento de ideias. Desenvolvimento: É de extrema importância que os adolescentes possam se expressar de forma livre, que externalizem suas vivências, sentimentos, pensamentos e potencialidades. Quando pensamos na juventude, enfatizamos um segmento populacional inteiramente diversificado, caracterizado por diferentes marcadores sociais, como gênero, raça/etnia, orientação sexual, classe social e etc. Portanto, diversas vozes, que diante das relações de opressão e exploração seguem silenciadas, negadas ou excluídas diante das perspectivas adultocêntricas e conservadoras que imperam na sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, diante desse processo de “abafamento”, violento e desigual - gerado por uma tendência antidemocrática, a juventude produz suas próprias formas de se expressar, de representar seu cotidiano, suas necessidades sociais, sentimentos e desejos. Destaca-se, portanto, a importância da construção de conhecimentos junto aos jovens que sejam pautados na emancipação humana. Uma forma de comunicação de livre expressão artística que possibilita determinados objetivos é a produção de fanzines, sob o princípio: “faça você mesmo”, a “revista para fãs” é um veículo independente de compartilhamento de ideias, de caráter popular e acessível. Sua origem vem do gênero dos quadrinhos, tratando-se de uma produção de baixíssimo custo e com maior flexibilidade para realizar tiragens. Atualmente são produzidos por diversos grupos com finalidades e gêneros também diversificados, podendo ser construídos individual ou coletivamente sob variadas formas e temáticas. Ou seja, um instrumento relevante no que se refere ao processo de externalização e compartilhamento de ideias a públicos específicos. Para tanto, buscamos saber mais sobre determinado veículo de comunicação e expressão artística, dando ênfase a sua potência em meio a construção de conhecimentos e junto ao público juvenil. Através de uma parceria com a Fanzinoteca do Instituto Federal Fluminense – IFF, campus Macaé e com Beralto (Alberto de Souza) cartunista, designer gráfico, e programador Visual do IFF, aprendemos a trabalhar com os fanzines sob a finalidade de articulá-los a temática da adolescência. Deste modo, incorporamos os fanzines em nossas atividades no ano de 2019, mais precisamente como forma de avaliação coletiva dos assuntos que discutimos durante o ano.  Realizando, assim, uma oficina de fechamento que dividia os alunos em pequenos grupos – para melhor organização, sob o intuito de construirmos um único fanzine que representaria a percepção dos alunos e também da equipe sobre a abordagem do projeto e as temáticas trabalhadas nas oficinas. Receberam, então, perguntas norteadoras e cada grupo recebeu folhas em branco, canetinhas, revistas, tesouras, colas e etc. podendo utilizá-los de forma livre, sem restrições,  e elaborar os fanzines sobre a temática e conteúdo que considerar interessante ou pertinente. Resultado: Os fanzines possibilitaram que os alunos pudessem expressar, através de desenhos, colagens, frases ou palavras, seus sentimentos, ideias e opiniões acerca da temática da adolescência e das transformações que ocorrem em determinada fase da vida. A partir das oficinas sobre sexualidade, papéis sociais de gênero, transformações no corpo, violências e etc. realizadas pela equipe com uma perspectiva não punitiva e livre de moralismos, os adolescentes puderam expressar de forma lúdica os conhecimentos sobre a fase da vida que vivenciam, destacando os desafios e as respostas encontradas por eles durante as oficinas. Assim como mencionaram os desafios e as características da adolescência para eles, através frases como “tensão” “não paro quieta” “dificuldades em me expressar”, reafirmaram através do fanzine, que dentre as formas de lidar com a fase da adolescência, seria importante “adotar novas perspectivas” com base na autenticidade e na identidade própria, mais precisamente, de acordo com um grupo “entender a uma nova realidade sobre os desafios (...)”. Verifica-se a afirmação de novos valores relacionados as maneiras de enxergar o mundo a sua volta. Destaca-se também o fortalecimento do protagonismo dos adolescentes através da mobilização política e democrática. O fanzine produzido pelos alunos reafirma a importância de determinados movimentos sociais, como os de mulheres e o LGBT, assim como explícita uma posição contra as violências. Após a construção dos fanzines, fizemos algumas cópias e retornamos com o material para a turma, destacando os elementos que os adolescentes destacaram abordando também o processo de elaboração dos fanzines. Considerações finais: Pensar abordagens que potencializam a autonomia e a participação de adolescentes e jovens sob uma perspectiva crítica e ético-política, tem sido um dos grandes desafios postos ao trabalho com adolescentes, principalmente quando diversos moralismos e abordagens biologizantes imperam diante das ações voltadas para determinado segmento populacional. Deste modo, seguindo os princípios da Pesquisa Ação Participativa em Saúde – PAPS, uma abordagem coletiva que parte da horizontalidade dos saberes, o projeto de extensão (Des)Embarazo busca construir meios de intervir e aprender com os alunos, reafirmando a defesa por uma perspectiva livre de tabus e conservadorismos ao fomentar novas formas de interação, diálogo e percepções acerca da adolescência. Conclui-se, deste modo, que para produzir saúde, é preciso que esta esteja articulada com outras áreas como a educação, a cultura e a arte, que a juventude possa ser, produzir e compartilhar suas próprias informações e conhecimentos. Destaca-se que em uma sociedade baseada nas relações de opressão e exploração, as vozes dos jovens precisam ser fortalecidas através de uma perspectiva democrática e livre de moralismos – e a arte tem papel central neste fortalecimento. Observamos que durante os encontros, os adolescentes reproduzem falas dos familiares e outros adultos, e se encontram confusos quando questionados sobre sua própria percepção. Através dos fanzines, como metodologia de educação popular em saúde, pudemos construir uma expressão artística que possibilitou a construção de saberes próprios dos adolescentes. Avaliamos que tal estratégia possibilitou a criação de estratégias autônomas, de formas de lidar com o mal estar próprio da adolescência – mas de forma inventiva, capaz de superar o sofrimento e a construção de conhecimentos emancipadores em coletividade. Destacamos uma página do fanzine em que um grupo disparou: “o Abdalla tem voz!” e “não nos calarão!”. Para nós, estas falas reafirmam a arte como possibilidade rica e complexa de pensar políticas públicas como estratégia de saúde coletiva.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8591
Título do Trabalho: O SISTEMA DE SAÚDE INDÍGENA: A CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA DE ESPECIALIZAÇÃO
Autores: Maria do Socorro Litaiff Rodrigues Dantas, ELIANE MARA VIANA HENRIQUES, ANDREA CAPRARA, MARIA DO SOCORRO BRÍGIDO PINTO, MEIRE DE SOUZA SOARES FONTES

Apresentação: O Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará tendo como desafio a formação de profissionais de saúde para atuação em contexto intercultural e estímulo profissional, procurou parceria com instituições formadoras com a finalidade de elaboração de um projeto de especialização em saúde indígena. A proposta de projeto para o Curso de Especialização na Atenção Primária em Saúde Indígena tem como objetivo atender ao anseio de profissionais de saúde que trabalham com a população indígena cearense em sua formação para atuar em contexto culturalmente diferenciado, conforme as Diretrizes da Política Nacional de Atenção a Saúde dos Povos Indígenas e do Subsistema de Saúde Indígena no Sistema Único de Saúde; de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura, especialmente os indígenas do Nordeste. Teve como referência o Curso de Especialização em Saúde Indígena e Vigilância Alimentar oferecido pela Fundação Osvaldo Cruz, sob encomenda da Fundação Nacional de Saúde. O curso está dimensionado em três capítulos. O primeiro se refere a contextualização da população indígena contemporânea. Aborda a historicidade das diversas sociedades indígenas habitantes no Brasil, sua relação com o meio ambiente e modo de vida, sua relação com a terra, línguas, cosmologia, cosmogonia, organização social; conceituação de “índio”, “indígena” e “povo indígena”; tratará das origens dessas sociedades, as transformações demográficas pelas quais passaram em virtude do processo de colonização e da diversidade sociocultural passando desde em territórios de recente contato em locais remotos até os territórios de maior tempo de contato como os indígenas do Nordeste. O segundo discorre quanto ao processo saúde-doença, perfil epidemiológico e seus determinantes sócio-econômicos. Mediante embasamento histórico, antropológico e de saúde coletiva busca subsidiar a compreensão do processo de adoecimento e cura dos diversos povos indígenas no Brasil, na perspectiva de que para entender o presente deve-se conhecer seu passado, sua cultura e seus valores. Relaciona a complexidade e a dinâmica da sociodiversidade dos povos indígenas no Basil  aos processos históricos de mudanças sociais, econômicas e ambientais, nas diversas regiões do país, ocasionando graves epidemias; quer seja pela usurpação de territórios, dificultando ou inviabilizando a subsistência, e/ou pela perseguição e morte de indivíduos ou mesmo de comunidades inteiras. No presente, emergem outros desafios à saúde dos povos indígenas, que incluem as doenças crônicas não transmissíveis, a contaminação ambiental e a dificuldades de sustentabilidade alimentar. Destaca principalmente que a cultura desses povos, sua riqueza e seus conhecimentos, assim como para as formas de interação com a sociedade nacional, de modo a entendermos como os povos indígenas respondem às doenças em seu cotidiano. O último capítulo trata da Política de Atenção a Saúde dos Povos Indígenas, sua construção no Sistema Único de Saúde no campo da Atenção Primária e atualidades. Considera a construção das políticas de saúde voltadas para os indígenas no Brasil na atualidade. A propsota foi discutida em equipe e apresentada a Universidade Estadual do Ceará. 


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6808
Título do Trabalho: BOAS PRÁTICAS EM SALA DE VACINA: UMA PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO DE SABERES E PRÁTICAS SIGNIFICATIVAS NO SUS
Autores: Helloise Barbosa Nery, Lia Wladia da Silva Sousa, Luiza Vera de Matos Braga

Apresentação: As boas práticas em sala de vacina são um conjunto de orientações e diretrizes a serem adotadas a fim de garantir qualidade de vacinação. Para tal, os processos de formação dos profissionais no contexto da imunização é um fator determinante para garantir a efetividade da política de imunização. A educação permanente em saúde propõe um processo de aprendizagem no cotidiano de trabalho, possibilitando uma construção de saberes significativa e potente para a transformação das práticas de trabalho. Nesse contexto, a dinamicidade dos processos de trabalho no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS) aliada a realidade dos serviços e atores do SUS nos conduzem a caminhos de formação contínua com teor apoiado no ensino problematizador, articulando formação com conhecimento na perspectiva de mudanças no exercício profissional. A partir deste ensejo, a necessidade de fortalecimento e qualificação das ações de imunização passa pela dimensão formativa, uma vez que as atualizações de aspectos científicos e técnico operacionais são constantes e faz-se primordial a capacitação dos trabalhadores de sala de vacina para a execução qualificada da política de imunização. Objetivo: Logo, esta experiência teve como objetivo promover atualização dos processos de trabalho em sala de vacina com os trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Tejuçuoca (CE), a partir de uma proposta de metodologia ativa de construção de saberes coletivos. Desenvolvimento: O curso aconteceu em agosto de 2019 no município de Tejuçuoca (CE) com carga horária de 40 horas, dividida em dois momentos:  presencial (16 horas iniciais com os enfermeiros e técnicos de enfermagem das salas de vacina do município e os médicos, os odontólogos e a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família juntaram-se ao grupo para as 4 horas finais) e à distância, no qual as equipes reuniram-se para realizar um diagnóstico situacional e elaboração de soluções para fortalecimento da política de imunização em seus territórios. Este momento teórico-metodológico contou com a participação de 43 profissionais. Os assuntos abordados foram: Organização e estrutura da sala de vacina, Situações de emergência em sala de vacina/Imunobiológicos sob suspeita, Gerenciamento de Resíduos de Sala de Vacina, Coberturas vacinais e indicadores, Calendário de Vacinação, Atendimento Antirrábico e Eventos adversos pós-vacinação. As vivências temáticas foram elaboradas a partir de metodologias ativas de ensino-aprendizagem utilizando-se de trabalhos em grupos, círculo de cultura com disparo de palavras geradoras e construção de painel de percepções quanto a dinâmica de sala de vacinação (estrutura, conceitos de imunologia, processos de trabalho, gestão da estratégia, insumos, sistemas de informação, dentre outros), problematização, estudo de casos, exposições dialogadas e avaliação do encontro. Resultado: Na etapa presencial, devido a metodologia empregada, obtivemos participação e representatividade significativa na construção das atividades propostas, uma vez que se procurou miscigenar os atores na perspectiva de formação heterogênea dos grupos de trabalho. Nas temáticas envolvendo os processos de trabalho em sala de vacina, observou-se um desalinhamento conceitual quanto às normativas do Programa Nacional de Imunização, principalmente na estruturação da sala de vacina e no gerenciamento dos resíduos produtos de vacinação. Vale ressaltar que em relação às situações de emergência em sala de vacina, os profissionais estavam bem orientados quanto ao plano de contingência e ao fluxo operacional. Com relação a coberturas vacinais e indicadores, tivemos um excelente momento de trocas e alinhamento quanto à gestão dos indicadores de sala de vacina. A discussão de calendário de vacinação, atendimento antirrábico e eventos adversos pós-vacinação a partir de estudo de casos teve a adição dos demais profissionais da ESF nas quatro horas finais da capacitação, o que fora de grande relevância ao integrarmos os demais profissionais além da enfermagem com o contexto da imunização. Foi unânime o reconhecimento da incorporação destes atores para o fortalecimento das ações de vacinação, ultrapassando os limites físicos da sala de vacinação e promovendo a perspectiva de universalização da política. Em relação às atividades à distância, foram utilizados 3 instrumentos: um “checklist” dos itens correspondentes à estrutura da sala de vacinas, uma matriz SWOT/FOFA (a qual os profissionais puderam apontar as fortalezas, as oportunidades, as fraquezas e as ameaças ao funcionamento do serviço) e uma matriz de plano de intervenção (a qual as equipes propuseram a partir dos instrumentos anteriores soluções para melhor qualificação e fortalecimento da estratégia de vacinação no município). Em relação ao instrumento que trazia o levantamento da estrutura física e insumos de sala de vacina obtivemos: 9 salas de vacina com apenas 01 climatizada e refrigerador adequado (câmara refrigerada), as demais permanecem em temperatura ambiente e acondicionam os imunobiológicos em refrigeradores domésticos; todas as salas possuem equipe de vacinação, bem como as vacinas do calendário vacinal nacional e os insumos são fornecidos em quantidade de acordo com a necessidade de cada território, exceto pela vacina pentavalente que está em situação de desabastecimento no país há alguns meses; as especificações de estrutura física apresentam alguns desacordos com o preconizado pelo Ministério da Saúde, tais como área física, revestimento de teto, piso e paredes, mobiliário, dentre outros. Quanto à matriz FOFA,  relatou-se mais veementemente como fortalezas: os processos formativos oportunos, bem como apoio institucional; as oportunidades a serem aproveitadas seriam os encontros entre os profissionais e gestão para dialogar sobre os processos de trabalho, bem como as necessidades, como também, se vê na busca ativa e envolvimento de todos os profissionais uma oportunidade potente para ofertar vacina aos usuários, a utilização do ESUS como sistema de informação de vacinação; as fraquezas apontadas foram a situação de desabastecimento de algumas vacinas, principalmente a pentavalente, a falta de manuais fornecidos pelo MS, não haver um plano de gerenciamento de resíduos de sala de vacina, o Sistema de Informação do PNI não estar em funcionamento; as ameaças apontadas pelas equipes, em especial as que atuam em zona rural, foi o deslocamento para os territórios com vacinas acondicionadas em caixas térmicas sem termômetro, bem como a rede elétrica ser instável e equipamentos não adequados ao acondicionamento dos imunobiológicos. Considerações finais: Estas vivências de partilha e vivências possibilitam o fortalecimento dos processos de trabalho e o  empoderamento do trabalho em equipe. Assim, o caminho da construção dos saberes considerando as experiências e o cotidiano de trabalho dos profissionais possibilita transformações das práticas, uma vez que agrega sentido, tornando os grupos de trabalho organizados e qualificados no fortalecimento das ações de vigilância das doenças imunopreveníveis e da Política Nacional de Imunização.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8083
Título do Trabalho: TECENDO OUTROS ÂNGULOS NA SAÚDE: CONSTRUINDO UM AMBIENTE LÚDICO EM UMA UROLOGIA MASCULINA
Autores: Rogerio Thales Santana de Almeida

Apresentação: O seguinte projeto discute sobre os parâmetros de acesso à saúde pela população masculina cis, e os impactos da falta de um cuidado em saúde do homem, como a não efetivação da Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem, as colisões de gêneros construídos socialmente e outras questões que o levaram a ficar internado em um Hospital de alta complexidade no setor de urologia. Pretende se levar a ebulição essas questões, a partir da criação de um grupo socioeducativo que usará jogos para germinar discussões sobre PNAISH e problematizações de expressões da questão social, estabelecendo se como um projeto de intervenção. A grande maioria dos pacientes internados na urologia masculina estão no hospital, principalmente por não cuidado com o próprio corpo, levando a situações críticas como até o amputamento do pênis e o câncer de próstata. Ebulindo para a debate, que se o homem cis tem acesso à saúde, por que não há esse cuidado com o próprio corpo ? Concatenando com inúmeras respostas, como a construção social da masculinidade que afeta os usuários para o cuidado em sua saúde, refletindo na própria recusa de realizar o exame do toque e outros procedimentos; o estereótipo que o homem é sempre forte e não precisa cuidar de seu corpo, entre outras ponderações.


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Trabalho nº 8093
Título do Trabalho: DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE UMA ENTIDADE DE REPRESENTATIVIDADE ESTUDANTIL EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PRIVADA DE MANAUS (AM) – RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Autores: Tarcizio Nascimento Situba, Adriana Duarte de Sousa

Apresentação: Descrever a experiência de um acadêmico do Curso de Graduação em Enfermagem sobre uma vivência em um Centro Universitário, junto a docentes e discentes, no processo de criação do primeiro Centro Acadêmico de Enfermagem e a censura impostas pela instituição na organização do movimento estudantil. Desenvolvimento: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência das ações e dificuldades de consolidar um centro acadêmico sobre o olhar da coordenação do curso diante das políticas estudantis. O acadêmico reuniu informações da importância do movimento estudantil na Universidade, regulamentado pela lei federal nº 7.395 de 31 de outubro de 1985 e orientado pela União Nacional dos Estudantes – UNE no 9º Congresso da UEE Amazonas e mobilizou os estudantes do curso de enfermagem do Centro Universitário do Norte para uma Assembleia Extraordinária, que ocorreu no segundo semestre de 2019 e teve como pauta as problemáticas que o curso enfrentava e a necessidade de ter uma representatividade estudantil no Colegiado da Coordenação da Escola de Saúde da instituição, onde nesta mesma assembleia o acadêmico foi eleito Presidente do centro acadêmico de Enfermagem. O curso possui aproximadamente 2.500 alunos matriculados e na coleta de dados sobre a satisfação com a metodologia de ensino, foram evidenciadas o não cumprimento do plano de ensino, a deficiência na grade curricular, iniciação científica e incentivo à pesquisa-extensão, o aumento de disciplinas EaD, o aumento abusivo na cobrança de mensalidades, a falta de aulas práticas em ambiente clínico-hospitalar impedindo que os estudantes tenham contato com o campo de estágio e visitas técnicas limitando o conhecimento e a formação desses estudantes. Em oposição a organização dos estudantes, a coordenação do curso confessou não ter conhecimento a respeito das organizações estudantis e intimidada impediu que os estudantes entrassem em sala de aula, realizassem reuniões e qualquer atividade dentro da instituição em nome do centro acadêmico democraticamente eleito e com as documentações devidamente regularizadas, alegando que o regulamento institucional não prevê a criação de diretório acadêmico. Resultado: Insatisfeitos com a decisão da coordenação da instituição e em solidariedade, o centro acadêmico recebeu apoio direto do Conselho Regional de Enfermagem-Am, do Comitê Estudantil da ABEn – Seção Amazonas e de todos os centros acadêmicos de enfermagem das outras instituições de Ensino Superior do Amazonas que fizeram atos públicos e notas solicitando que a Intuição corrija-se e retrate-se. A Reitoria do Centro Universitário reformulou seu regulamento institucional e acrescentou a importância do CA, DA e DCE na instituição, o reconhecimento demorou 7 meses para acontecer. Considerações finais: Reiterando que tal vivência enriqueceu a construção política-estudantil do relator e envolvidos, incentivando a defender a Educação de qualidade pensando nos futuros profissionais, lutando por um ambiente universitário livre de intolerância, discriminação e qualquer tipo de preconceito tornando-se um estudante mais politizado e consciente de seus direitos e deveres.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10655
Título do Trabalho: CONSTRUINDO SABERES POR MEIO DAS PLANTAS MEDICINAIS E TEMPEROS NATURAIS: A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO POPULAR E DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA APS
Autores: CLEBER DE OLIVEIRA LIMA, CLEBER DE OLIVEIRA LIMA, Vivien Midori Morikawa, Sacha Testoni Lange, Maria Eliza Bernieri, Tissiane Paula Zem Igeski

Apresentação: O presente trabalho trata de uma experiência de um grupo da horta realizado naUnidade Básica de Saúde (UBS) James Ribas Martins, no município de Piraquara -PR. O grupo é gerido por uma Agente Comunitária de Saúde e conta com o apoio deresidentes do Programa de Residência Multiprofissional de Saúde da Família daUniversidade Federal do Paraná, que estão inseridos em um dos NASF-AB domunicípio. Dentre os profissionais residentes estão médicos veterinários, farmacêuticos e terapeutas ocupacionais. O grupo conta com a participação deaproximadamente 10 usuários da comunidade que, com auxílio da SecretariaMunicipal de Saúde e de alguns profissionais de saúde da UBS, criaram a horta emum espaço da unidade através de doações de materiais e insumos como terra, tijolos, enxadas, mudas, adubos e pás de jardinagem. O objetivo do grupo é proporcionarsaúde, bem-estar e socialização com a comunidade, além de criar um maior vínculocom esses usuários atendidos pela unidade de saúde. A horta possui, além dehortaliças, plantas medicinais e plantas alimentícias não convencionais. Os usuáriosrealizam atividades semanalmente através do manejo das plantas, rodas deconversas, produção de receitas culinárias com os produtos originários do espaço, além de trocas de experiências constantes relacionadas ao uso de hortaliças e plantasmedicinais no dia a dia. A troca de saberes com os usuários é muito rica, visto que setrata de uma comunidade que faz muito uso de chás e o consumo de hortaliças. Ogrupo da horta estimula o trabalho em equipe bem como o aumento do consumo dealimentos nutritivos e saudáveis, além de fornecer conhecimentos para os usuáriossobre o uso racional de plantas medicinais e do uso de hortaliças. Para além disso, ogrupo também proporciona um efeito terapêutico por meio da interação entre o grupo, alívio do estresse do dia a dia por meio da realização de atividades práticas dehorticultura e também através do uso da fitoterapia, uma alternativa de tratamento quefaz parte de um conjunto de procedimentos da Política Nacional de PráticasIntegrativas e Complementares, que foi implementada no Brasil através da Portaria Nº971 de 03 de maio de 2006, cujo objetivo é implementar tratamentos alternativos àmedicina baseada em evidências na rede de saúde pública do Brasil, através doSistema Único de Saúde. Os usuários relatam experiências gratificantes por podereminteragir uns com os outros e por terem maior contato com os profissionais da UBS, gerando assim o aumento do vínculo entre estes. O projeto é uma experiência que temdado certo e se pretende que estenda para outras unidades que contam com o apoiode equipes multiprofissionais de saúde.


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Trabalho nº 7584
Título do Trabalho: PARTICIPAÇÃO E ENVOLVIMENTO: CONSTRUÇÃO DA ESTRATÉGIA PARA ENFRETAMENTO DA HANSENÍASE 2019-2022 EM MUNICÍPIO DO SUDOESTE BAIANO
Autores: Monique Dutra Fonseca Grijó, Hebert Luan Pereira Campos dos Santos, Fernanda Couto Gomes, Amanda Maria Gomes de Brito Lima

Apresentação: Apesar da queda da prevalência da hanseníase no mundo, ela permanece como problema de saúde pública no Brasil. Mais de 200 mil novos casos são detectados por ano em todo o mundo e o Brasil ocupa a 2a posição na detecção de casos e abrigando 92% do total de casos das Américas. Diversas campanhas, políticas e planos de ação foram construídos ao longo dos anos buscando unir esforços para enfrentar a doença. Em 2019, o Ministério da Saúde (MS) lançou a “Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase: 2019- 2022”, baseada na “Estratégia Global para a Hanseníase 2016-2020”, que deu autonomia para os municípios construírem o seu plano operativo de acordo com cada realidade locorregional. Assim, o objetivo deste estudo é relatar a experiência da construção da Estratégia Municipal para Enfrentamento da Hanseníase em um município de alta endemicidade para o agravo no Sudoeste Baiano. Desenvolvimento: Relato de experiência para formulação da Estratégia Municipal para Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022, construído a partir de reunião entre MS, Estados e municípios da macrorregional Nordeste no ano de 2019. O município de Vitória da Conquista é considerado referência em saúde para uma área de mais de 70 municípios, possui 46% de cobertura de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e as ações relativas à doença são centralizadas no Centro Municipal de Pneumologia e Dermatologia Sanitária (CMPDS). Fato importante deste desenho pois contribuirá para a superação das barreiras e valorização das potencialidades disponíveis neste contexto. Para tanto, reuniões entre atores-chave que compõem a Rede de Atenção à Saúde (RAS) foram realizadas com formulação de grupos de estudos de acordo com os pilares a saber: 1) fortalecer a gestão do programa; 2) enfrentamento da hanseníase e suas complicações; 3) combater a discriminação e promover a inclusão. Participaram gestores da saúde, educação, coordenação de serviços especializados, atenção hospitalar, central de marcação de exames, profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS), profissionais do CMPDS, Conselho Municipal de Saúde (CMS), Movimento de Reintegração de Pessoas Acometidas pela Hanseníase (MORHAN), discentes e docentes de Universidades e do PET-Interprofissionalidades, entre outros. Após, a Estratégia municipal foi submetida à apreciação e aprovação do CMS, o qual contribuiu grandemente para ampliação de propostas elencadas. Resultado: A construção da Estratégia Municipal para Enfretamento da Hanseníase 2019-2022 favoreceu o desenvolvimento de metas para os próximos 4 anos. A colaboração do CMS, especialmente, contribuiu para que a hanseníase ganhasse destaque em espaços inatingíveis por uma Doença Tropical Negligenciada (DTN). O envolvimento de diversos atores contribuiu para a engrenagem da proposta de descentralização das ações de vigilância da hanseníase para unidades de saúde pilotos e o desenvolvimento da proposta de matriciamento para a APS com corresponsabilização de todos os envolvidos. Considerações finais: A integração das ações da hanseníase na APS é a melhor estratégia para alcançar o controle da doença, em áreas endêmicas, uma vez que esse processo está ancorado nos princípios da equidade e da acessibilidade. E o envolvimento da RAS garante integralidade ao usuário e sua rede de convívio.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 12194
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE QR CODE E SITE RELACIONADOS À PREVENÇÃO DE INFECÇÕES HOSPITALARES
Autores: Rebeca de Araujo Duarte, Danielle Galdino de Paula, Gabriel Carvalho e Silva Gabriel de Paiva, Juliana Lourenço de Lima, Ana Beatriz Maciel Pereira, José Cardoso Jordão Neto, Yan Barros Rigo

Apresentação: O método mais barato e eficaz para a prevenção e o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) é a higiene das mãos. A atenção aos cuidados de precaução sinalizados pela equipe de saúde também deve ser observada para se evitar a transmissão de doenças e agentes no ambiente hospitalar. Como paciente, além de higienizar as mãos, deve-se estabelecer uma boa comunicação com a equipe de saúde para entender com clareza os cuidados direcionados e contribuir ativamente com a recuperação e prevenção de riscos. Neste sentido, as orientações devem ser socializadas também por meios alternativos, já que podem acontecer dificuldades na efetividade da comunicação entre profissionais e pacientes. Para que os procedimentos básicos sejam realizados é necessário investir em medidas de conscientização e educação dos profissionais, pacientes e familiares com o objetivo de prevenir ou atenuar as complicações, assim como manter uma educação continuada sobre as rotinas de internação e medidas de precaução. Portanto, observou-se a necessidade de meio alternativos como a internet, a fim de tornar esta educação mais eficaz, efetiva e acessível, que se viabilizou como um dos mais importantes veículos de transmissão de informações. O emprego de smartphones e computadores encontra-se disseminado em todas as áreas da atividade humana, e a área da saúde vem se destacando pela intensa utilização das tecnologias computacionais, sobretudo no âmbito educacional. Com eles, o universo da aprendizagem torna-se amplo, à medida que cada vez mais e mais pessoas utilizam a internet para a educação, em razão da facilidade de acesso nas escolas, no trabalho e em locais públicos, tornando-os cada vez mais acessíveis a todas as classes sociais. A internet é um importante recurso de informação em saúde para os consumidores; muitos e muitos pacientes utilizam-se da internet para aprender sobre diagnósticos, revisão de possíveis tratamentos, checar os medicamentos e encontrar outros tipos de informações de saúde tanto para eles mesmos como para seus familiares. O ensino pela internet não veio acabar com a presença de um educador e sim, trabalhar em paralelo com ele, quebrando assim a resistência das pessoas a este tipo de aplicação, e criando uma cultura de uso deste tipo de ferramenta que tem como vantagens a flexibilidade em termos de horário, o desenvolvimento de habilidades críticas no mundo globalizado, autonomia e aprendizagem solo em termos de estudo, pesquisa e coleta de informações. Diante dos aspectos apresentados, a proposta deste trabalho foi descrever o processo de criação de um web site educacional tendo como meio de divulgação o QR Code, para a equipe multidisciplinar, pacientes e acompanhantes que disponibilize informações sobre medidas de prevenção e controle de IRAS a fim de prestar assistência e enfatizar a quinta meta internacional de segurança do paciente. O QR Code armazena informações pré-estabelecidas como textos, páginas da internet e pode ser lido por meio de aplicativos instalados em celulares. Uma das vantagens é a praticidade de direcionamento para blocos de informações. A partir disso, objetivou-se Desenvolver uma plataforma digital para maior acessibilidade pelos profissionais de saúde acerca das IRAS e enfatizar a quinta meta internacional de segurança do paciente. Desenvolvimento: Este trabalho constituiu-se no levantamento inserido na Área de Concentração de Saúde do Adulto e Idoso e no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). Inicialmente foi realizado um diagnóstico situacional no período de outubro a novembro de 2018, o que oportunizou a construção de um internetsite com divulgação via QR CODE. Teve por referencial teórico o modelo de desenvolvimento de internetsites com fases de coleta de dados, modelagem conceitual, de desenvolvimento, de implementação e de divulgação. A primeira fase foi a de coleta de dados. Nessa etapa, buscou-se selecionar os diagnósticos prioritários atribuídos ao setores e que serviriam de base para os assuntos abordados na página da internet. A segunda fase foi a de modelagem conceitual. Antes da construção das páginas da internet, fez-se a seleção dos conteúdos que determinariam a informação a ser disponibilizada no internetsite. As fontes primárias de informação constituíram-se de livros-texto, artigos de periódicos e informações publicadas na internet, desde que oriundas de fontes confiáveis. O portal da Anvisa e PROQUALIS serviram como modelos para a organização do conteúdo e veracidade da informação. A terceira fase foi a de desenvolvimento. Texto, imagens e animações que fizeram parte do conteúdo, foram previamente preparadas com o uso de editor de texto, digitalizador e editor de imagens. Para a construção das páginas, foi utilizada uma plataforma online de criação e edição de sites que permite aos usuários criar páginas da internet em HTML5 e sites Mobile, evitando-se maior gasto de tempo com a escrita integral por códigos na linguagem HTML. Através dessa plataforma é possível monitorar tanto o alcance da página como a quantidade de acessos. A quarta fase foi a de implementação. Nessa fase, o conteúdo do internet site foi hospedado em um servidor comercial. Essa opção foi escolhida devido a flexibilidade para atualização do material. A quinta fase foi a de divulgação. No intuito de gerar uma ferramenta de baixo custo, fácil acesso ao internetsite e linguagem simples, fez-se o uso de QR Code impresso em folha de papel A4 com o objetivo de ser posicionado em ambientes de grande movimentação. Para auxiliar na criação do código, foi utilizado um Software de desenvolvimento visual onde também se pode acompanhar as estatísticas da verificação. Resultado: Para completar o processo de implementação e divulgação, o Site foi cadastrado nas principais bases de dados das ferramentas de busca nacionais liberando a sua utilização no processo de educação permanente em saúde. O site dispõe de área de contato para responder dúvidas visto que durante a coleta de dados houveram dúvidas, pela equipe de saúde, sobre procedimentos e rotinas hospitalares, principalmente sobre a conduta de higienização das mãos. O ensino pela internet não veio acabar com a orientação da enfermaria e sim, trabalhar em paralelo com ela. Entretanto, das dificuldades evidenciou-se a sobrecarga de trabalho da equipe em dispor de tempo sobre informações inerentes a protocolos, deixando espaço para o risco iminente de infecção no ambiente intra-hospitalar. Logo, caracterizou-se como desafio levar de forma acessível no site a maior quantidade possível desse tipo de informação. Considerações finais: Enfatizar a importância da quinta meta contribuiu para esclarecer uma medida simples de prevenção e controle que consequentemente reduz graves complicações, custos de internação e número de óbitos durante hospitalização. Através da atuação da equipe como multiplicadores de informações acerca das IRAS e a implementação do internetsite como alternativa flexível de horários e ilimitada de recursos, pode-se estabelecer como ferramenta eficaz. Por fim, a proposta com conteúdos indicados no Protocolo de Segurança do Paciente poderão ser adotados pelos Núcleos de Segurança do Paciente dos serviços de saúde como parte dos programas de segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde, uma vez que, permitirá o acesso a diferentes informações e possui baixo custo o que viabiliza sua utilização em serviços públicos e/ou privados.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9127
Título do Trabalho: RODAS DE GESTANTES E CASAIS GRÁVIDOS COMO FORMA DE CONSTRUÇÃO COLETIVA DO CUIDADO
Autores: MARCELA LUZ SACRAMENTO, ALIANE GUIMARAES CUNHA, LAIS TEIXEIRA DA SILVA ALMEIDA, ANA PAULA ASSUNÇÃO MOREIRA

Apresentação: O Águas de Parto é uma equipe de acompanhamento de casais grávidos que desejam ter seus partos com amor e respeito seja no hospital ou em casa, formado por três enfermeiras obstetras/parteiras urbanas, uma doula e uma psicóloga, tendo sua sede em parceria com um espaço de terapias holísticas em Salvador (BA). Nosso trabalho busca ter uma visão holística da gestação, trabalho de parto, parto e pós parto. É através de um cuidado respeitoso e amoroso que acreditamos que os bebês devem chegar ao mundo. Desenvolvimento: Realizamos rodas de gestantes e casais grávidos mensalmente, com temas abertos ou previamente estabelecidos, atendendo às curiosidades e questionamentos do público. O presente trabalho visa relatar a experiência da roda “Parto normal e cesárea: mitos e verdades”. Utilizou-se uma metodologia participativa, possibilitando aos presentes discussão, reflexão, troca de saberes e construção coletiva. Escrevemos em papéis situações que poderiam indicar ou não a cesárea. Cada participante lia uma afirmação em voz alta e dizia para a roda se achava que era ou não uma indicação de cesárea, explanando seu ponto de vista. Após abrir a discussão para reflexão da(o)s participantes, esclarecíamos com base em evidências científicas qual via de parto era indicada. Resultado: Foi possível perceber que as gestantes e seus companheiros apresentam muitas dúvidas quanto a via de parto correta para as situações apresentadas, e que por vezes estavam cercadas (os) por diversos mitos que permeiam o imaginário coletivo. Considerações finais: A avaliação final da atividade deixa claro a constante necessidade de se investir em educação em saúde, para que gestantes e casais grávidos estejam empoderados na escolha da via de parto desejada, não sendo levados erroneamente a um tipo de parto sob falso pretextos, participando ativamente do processo de tomada de decisão.


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Trabalho nº 9128
Título do Trabalho: ATIVIDADE LÚDICA PARA RECONHECIMENTO DA INFLUÊNCIA FAMILIAR NA CONSTRUÇÃO DO “EU”
Autores: MARCELA LUZ SACRAMENTO, Jemima Raquel Lopes Santos, Milena Arão da Silva OLIVEIRA, Fernanda Matheus Estrela, Nadirlene Pereira Gomes, Júlia Renata Fernandes de Magalhães, Fabricia Damaceno Ferreira, Jaqueline Alves Pires

Apresentação: As dinâmicas de grupo, para adultos, são ferramentas úteis para amenizar a ansiedade frente ao coletivo, além de promover a desinibição e favorecer o respeito. Objetivo: Descrever dinâmica que busca compreender a estrutura familiar dos participantes. Método do estudo: Trata-se de um relato de experiência de uma dinâmica denominada “Laços que não são nós: estreitando relações familiares”, a qual é parte de uma oficina reflexiva que é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, através do Edital PPSUS. Esta, é realizada em parceria com a Operação Ronda Maria da Penha, e foi construída e operacionalizada pelo grupo de estudos Violência, Saúde e Qualidade de Vida- VID@, tendo como participantes homens policiais militares. Os materiais necessários para a execução da atividade foram: Genograma impresso; Peças do genograma em cartolina; Árvore grande em EVA (contendo raiz, caule, copa e frutos); e, Fita adesiva. Resultado: A dinâmica é iniciada pedindo aos participantes que preencham os nomes dos familiares no genograma impresso, o mesmo contém campos abrangendo uma geração anterior e uma posterior do partícipe. Após isso, o mesmo deve apresentar seus entes queridos e escolher três deles para escrever nas peças avulsas do genograma que estão em cartolina. Decorrido isso, é solicitado para que os mesmos colem essas peças em qualquer parte da árvore em EVA, que deve estar afixada em parede central. Em seguida, é perguntado o porquê deles haverem colado o nome daquelas pessoas naquela parte da árvore e através disso é incitada uma discussão baseada em analogias referentes a que a raiz é para fixação e absorção de nutrientes, o caule tem função de sustentação e conduzir água e nutrientes a toda a planta, as folhas permite que a planta transpire, realize trocas gasosas, captação de luz para realizar fotossíntese e os frutos são para proteger a semente para o seu desenvolvimento e futura continuação do ciclo. Considerações finais: Através da dinâmica em questão é possível conhecer algumas histórias de vida dos participantes, e apreender os valores que os mesmos atribuem para alguns membros da sua família. O que é de grande importância para conhecer a cultura familiar, e incitar nos participantes reflexão a respeito de reproduções de atitudes e comportamentos. Promovendo assim a possibilidade de identificação, pelos partícipes, dos papeis e das influências que algumas pessoas de sua família tiveram ou tem na construção do indivíduo que ele é hoje.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 12205
Título do Trabalho: AS INSTALAÇÕES ARTÍSTICAS-PEDAGÓGICAS NA CONSTRUÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO GRUPO DE PRÁTICAS E PESQUISAS EM SAÚDE COLETIVA - GRUPPESC
Autores: Alvino de Souza Amaral, Vanessa de Souza Amaral, Eunice Ferreira da Silva, Clayver Viktor Moreira de Azevedo, Milleny Tosatti Aleixo, Laura Elisa Silva, Deíse Moura de Oliveira

Apresentação: A Saúde Coletiva busca consolidar há 50 anos práticas profissionais que direcionem o olhar sobre o sujeito como potência  política transformadora, que são capazes de modificar suas realidades em seu contexto social  e de saúde. Nesta perspectiva, surge o Grupo de Práticas e Pesquisas em Saúde Coletiva (GRUPPESC), sendo criado em uma proposta dialógica e integrando duas Universidades Públicas, a Universidade Federal de Viçosa e a Universidade Federal de Juízas de Fora, ambas localizadas no Estado de Minas Gerais. O Grupo atua desde agosto de 2016 e formalizou- se, no mesmo ano junto ao Diretório dos Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atualmente, o grupo é composto por vinte e seis integrantes de formações multidisciplinares, ampliando o olhar para os processos que permeiam as necessidades em saúde. Possui como pressuposto, desenvolver e propiciar espaços que visam contribuir para a troca de experiências e vivências em saúde coletiva. A agenda do grupo é desenvolvida de forma autogestionária, onde professores, graduandos, mestrandos e profissionais contribuem de acordo com suas habilidades, conhecimentos e formação com as atividades desenvolvidas ao longo de sua atuação acadêmica, de pesquisa e de extensão e o processo de trabalho como um todo. Entre as diversas atividades desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa e sustentadas pela tríade ensino-pesquisa-extensão, uma das principais ações é a elaboração de um seminário que acontece de forma semestral, com alternância de instituição e que leva o nome do Grupo. Traz como abordagens centrais temas emergentes da Saúde Coletiva. Neste sentido, o trabalho tem por objeto descrever a experiência na construção dos seminários, a partir da metodologia intitulada “Instalações Artístico-pedagógicas” que busca aproximar e resinificar o conhecimento científico e prático, assim como contribuir para a elaboração de espaços que tenha nas interações coletivas de ensino/aprendizagem um campo de conhecimento mais dinâmico, participativo e inspirador. Desenvolvimento: o seminário é construído com base nas experiências das Instalações Artístico-pedagógicas. Aqui, é importante ressaltar que essa metodologia visa criar espaços metodológicos, criativos e dinamizadores de diálogos e socializações e que provoquem os sentidos para determinado tema e que serão o ponto de partida para a discussão de sentires e saberes dos envolvidos no processo e no evento de uma forma geral. Desenvolvida a partir das vivências na construção de espaços de ensino aprendizagem a metodologia tem se mostrando eficiente para o desenvolvimento de ambientes para formação e reflexão nas mais diversas temáticas. Trata-se de criar um liame, uma linha criadora que ligará todas as micro-ações desenvolvidas para o espaço, fazendo com que cada atividade, cada cartaz, cada momento, seja parte de um processo orgânico, onde os detalhes fazem sentido são essenciais ao todo. A construção do seminário dá-se a partir de três fases: a concepção, a pesquisa, o desenvolvimento e a execução. A concepção traz a tona a linha central de debates e exposições que serão abordadas no seminário, quais os anseios, as necessidades e as aspirações que emergem a partir da escolha temática. Também de forma autogestionária e sistematizada, os integrantes do grupo buscam no pensamento livre: inspiração, conhecimentos individuais, vivências reflexivas relacionadas à temática. Busca-se a partir de uma chuva ideias trazer à tona a força motriz da construção coletiva, sendo a partir dessa definição que a próxima etapa se firmará. A fase da pesquisa possibilita reunir, de forma detalhada, elementos que fazem parte do contexto teórico/científico, metodológico e prático que será abordado. Nessa fase são escolhidas as cores, as representações e toda a concepção estética do seminário, atribuindo-lhe uma identidade. Assim, imagens, objetos, livros, entre outros, serão utilizados para compor um ambiente que trará o participante para uma imersão no tema a ser tratado e debatido. Objetiva-se criar uma ambiência que proporcione percepções para além das auditivas, sendo os participantes convidados a interagir com o cenário criado, em sua totalidade, com todos os seus sentidos, de forma ampla e contextualizada. Na fase do desenvolvimento, todo o processo criativo será colocado em prática. Preferencialmente, são utilizados objetos feitos e desenvolvidos de forma manual, coletiva e artesanal, trazendo significados para cada artefato a ser utilizado. É relevante destacar que o grupo não possui incentivo financeiro, sendo todos os custos de forma colaborativa divido entre os integrantes. Dessa forma, cada integrante assume o lugar de fomentador, construtor, ator e propulsor dos ideais que alicerçam o grupo. E por fim, a execução é o momento onde se coloca em prática tudo aquilo que foi idealizado e previamente desenvolvido, formando um cenário que servirá de base para imersão na temática abordada. O espaço é aberto a toda a sociedade, que de fato vivencia todos os entraves e necessidades acerca dos temas abordados, sendo, portanto uma luz na construção coletiva de possíveis soluções. Resultado: desde a criação do Seminário já foram realizadas edições com as seguintes abordagens: a educação em saúde como prática transformadora; a informação social por meio da pesquisa; os impactos na pesquisa e estratégias para o re(existir) da ciência no Brasil, entre outros. Citamos também a criação artística de elementos transformadores, que se materializaram em poesias, canções, textos, interpretações e ilustrações, que estimularam todas as facetas dos integrantes como possibilidade para a transformação de sentidos e contribuindo assim, para uma maior proximidade com a sociedade. Como resultados objetivos, citamos também a crescente participação nos espaços, com público diverso que caracteriza o movimento da saúde coletiva. Em avaliações ao final de cada espaço, os participantes relatam que a imersão lhes proporcionou maior fixação das temáticas, bem como tornaram o espaço aconchegante e propicio a integração e entretenimento dos participantes, se torando um importante instigador na construção social, coletiva e humana. Considerações finais: neste sentido, os espaços construídos a partir da metodologia contribuem para a vivência/aprendizagem dos envolvidos no processo de elaboração, mas também permitem que participantes sejam imersos na temática, proporcionando maior aprofundamento, uma vez que, o espaço também fala. Assim, reconhecemos que a metodologia colabora profundamente para a construção de espaços de discussão científica, tornando-se importante ferramenta, na edificação e o fomento da saúde coletiva, da ciência, e na construção de profissionais mais humanos e sensíveis a demandas da sociedade com o um todo.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9646
Título do Trabalho: PERDA DENTÁRIA PRECOCE EM CRIANÇAS: SINGULARIDADES DE UM CORPO MARCADO NA CONSTRUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE
Autores: Fernando Valentim Bitencourt, Jonas de Almeida Rodrigues, Gabriel Brazil, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi

Apresentação: Temas voltados à integralidade do cuidado, humanização e singularidade e concepções do sujeito na construção do cuidado em saúde vem ganhando cada vez mais atenção nas discussões no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e das Instituições de Ensino Superior. Neste contexto, estudar experiências de perda dentária em diferentes populações e faixas etárias justifica-se por ser um fenômeno que pode afetar a qualidade de vida das pessoas, trazendo um contexto de vulnerabilidades e desigualdades. Em crianças, a perda dentária caracteriza-se como um problema quando esta perda acontece antes do processo de esfoliação natural do dente. As experiências de perda dentária precoce são expressas tanto por impactos físicos (perda precoce de um dente decíduo como a má-oclusão, retardo ou aceleração da erupção do dente permanente tendo relação com a fonética e função mastigatória) quanto psicossociais e emocionais, podendo afetar a vida de crianças e famílias. Apesar da relevância científica e clínica do tema, a perda dentária precoce, em crianças, tem sido pouco abordada na literatura. Os estudos que abordam esse tema, em sua maioria, voltam-se à análise deste fenômeno em adultos e idosos. Entendendo a necessidade do fortalecimento de evidências que possam estabelecer a relação entre perda dentária precoce durante a infância e qualidade de vida, esta pesquisa teve o objetivo de analisar o significado da experiência da perda precoce de dentes decíduos na vida de crianças e suas famílias, a partir da percepção de seus cuidadores. Tal compreensão pode orientar os profissionais da saúde bucal no manejo de crianças e suas famílias, ao entenderem melhor sua condição e adaptação. A metodologia utilizada buscou fundamentos nos preceitos da pesquisa qualitativa, caracterizando-se como um estudo de caso. A perspectiva teórico-metodológica seguiu o enfoque da fenomenologia, centrada na experiência vivenciada da perda dentária decídua precoce enquanto expressão histórico-cultural de um grupo social. Os participantes foram cuidadores de crianças atendidas nas Clínicas Infanto-Juvenil e de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (mãe, pai ou cuidador responsável que estava acompanhando a criança no momento da consulta odontológica). As crianças deveriam ter até 12 anos e apresentarem perda precoce de pelo menos um dente decíduo. A perda dentária foi identificada por meio da análise dos prontuários odontológicos (critérios de análise: registro da ausência dentária e o exame radiográfico). A perda precoce de dentes decíduos se caracterizou pela ausência de um elemento dentário decíduo antes do seu processo de esfoliação natural. Tal ausência ocorreu por duas razões principais – a cárie que levou à extração e o traumatismo dental. Foram excluídos os prontuários de crianças cuja idade foi superior a 12 anos ou os prontuários que apresentaram informações inconsistentes, de difícil compreensão, bem como aqueles em que o exame clínico odontológico não estava completo. A consulta aos prontuários foi realizada pelo autor principal desta pesquisa e aconteceu na própria Universidade. As informações coletadas nos prontuários tiveram a garantia do sigilo que assegurou a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa, o que inclui sua identidade. A partir dessa identificação, entrevistas individuais foram realizadas com o cuidador principal das crianças, seguindo um roteiro semiestruturado, construído a partir do referencial da perspectiva teórica da fenomenologia, buscando os significados atribuídos à experiência da perda dentária, na perspectiva dos cuidadores. As entrevistas foram realizadas por um único pesquisador, com experiência em pesquisa qualitativa, gravadas em equipamento de áudio e posteriormente transcritas. O tempo de duração de cada entrevista foi de cerca de 40 minutos. A amostra foi intencional seguindo critérios de inclusão e exclusão. O encerramento das entrevistas foi determinado pelo critério da saturação e pela densidade do material textual produzido. Este material textual foi interpretado por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin (gerando temas e categorias emergentes), sendo apoiada pelo software ATLAS.ti (Visual Qualitative Data Analysis). O estudo teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade participante da pesquisa (Parecer 1.652.310). Participaram das entrevistas 55 cuidadores de crianças que acessaram o serviço odontológico na Universidade em estudo e que estavam em tratamento odontológico. A maior parte dos cuidadores eram mulheres (81,8%), mães (69,1%), adultas (65,5%), cujas crianças tiveram experiências de perda dentária precoce de pelo menos um elemento dentário (56,4%), com idade entre 5 a 10 anos (87,2%), do sexo masculino (65,5%). A perda esteve relacionada principalmente com cárie dentária (80%). As categorias emergentes da análise do material textual produzido a partir das entrevistas trataram do significado da perda dentária precoce para a vida das crianças; das marcas de uma experiência que extrapola um corpo e afeta famílias; do desafio da integralidade do cuidado à saúde bucal em um corpo marcado pela perda de dentes. Os resultados mostraram que nesse grupo social as experiências da perda dentária precoce foram marcadas por vulnerabilidades expressas em limitações na mastigação, fala, aparência e convívio social com outras crianças. Tais problemas não apareceram de modo isolado, mas sim associados, afetando a vida das crianças e de suas famílias. O fato da criança não ter dentes trouxe ao seu corpo uma marca possível de gerar situações estigmatizantes para essa criança. Quando a perda dentária foi associada a dentes cariados que provocavam dor e sofrimento, os cuidadores a perceberam como um evento ‘normal’, já que os dentes permanentes ocupariam o espaço dos ‘dentes de leite’ perdidos, que trouxe alívio para a vida das crianças e suas famílias. Os cuidadores destacam o desafio da integralidade do cuidado em saúde bucal pelo SUS e a necessidade de buscar por tratamentos em serviços universitários e/ou em serviços privados. O fenômeno da perda dentária estudado em crianças, a partir de uma perspectiva qualitativa, pode orientar os profissionais da saúde no manejo de crianças e suas famílias, permitindo, a partir da perspectiva dos cuidadores a análise e compreensão do significado da boca e da perda de dentes na qualidade de vida das crianças. São pesquisas com potencial para qualificar tanto as práticas de cuidado quanto as de ensino na saúde. A rede de cuidados em saúde bucal no SUS, para crianças, precisa ser ampliada, integrada e resolutiva.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9649
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO COLETIVA DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM GRUPOS DE GRÁVIDAS NA ATENÇÃO BÁSICA
Autores: Luana Caroline Nunes Fernandes, Kathellen Cristine Soares Pereira, Celsa da Silva Moura Souza

Apresentação: A construção coletiva possui relevância no desenvolvimento de competências colaborativas como pilares para o efetivo trabalho em equipe e para a formação de futuros profissionais, além da produção dos serviços de saúde e promoção do cuidado. Por isso, o objetivo era desenvolver práticas educativas abordando temas relacionados a saúde da gestante com enfoque de educação em saúde nas Unidades Básicas de Saúde. Desenvolvimento: As técnicas de ensinagem mais utilizadas nas atividades foram mapas conceituais, tempestades de ideias e rodas de conversas. Durante o período de agosto de 2018 a agosto de 2019 para fortalecer o pré-natal com o grupo de grávidas em duas (2) Unidades Básicas de Saúde.  As práticas iniciavam após um “quebra-gelo”, em que a grávida ou acompanhante respondia uma pergunta acerca do tema que seria abordado, conforme suas experiências pessoais ou de conhecidos. Em todas as atividades as participantes mostravam ter em comum dúvidas e expectativas quanto à maternidade. Outro fato relevante foi a grande participação de familiares no papel de acompanhantes durante a realização das atividades na UBS. No andamento das práticas outros temas e questionamentos eram abordados. Foi satisfatório perceber o impacto resultante das ações promovidas, além do interesse de todos os envolvidos nas atividades e a importância das ações interprofissional no atendimento à comunidade. Resultado: Durante as práticas educativas foi possível observar a importância das atividades de extensão para a comunidade acadêmica, as participantes das ações e o alinhamento dos profissionais das unidades de saúde, uma vez que suas ações geram contribuições para a promoção de saúde. Um fato que os discentes evidenciaram como positivo foi a maior adesão do pré-natal e período de puerpério das participantes, além de estimular a formação de futuros profissionais mais implicados com as transformações necessárias à sociedade. Considerações finais: As ferramentas de educação em saúde são essenciais na promoção do bem-estar da comunidade. Diante disso, projetos que realizem interações entre os profissionais das unidades, graduandos e a comunidade podem gerar impactos positivos de acordo com a necessidade da formação acadêmica e da sociedade.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7603
Título do Trabalho: A EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE UM COMITÊ INTERSETORIAL ESTADUAL PARA O ENFRENTAMENTO A SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA E STORCH
Autores: jose carlos benfica dos santos junior, Crislene Faustino Alambert, thais Severino da Silva, Dayanne Silva de Lucena, Ana Caroline Medina e Silva de Almeida

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência que tem por objetivo apresentar a formação do Comitê Gestor Estadual do Rio de Janeiro para a Síndrome Congênita do Zika e Storch. Descrição: Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde decreta Estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) devido ao aumento do numero de casso de microcefalia no país, por meio da Portaria GM nº 1.813, de 11 de novembro de 2015, o que leva o Estado do Rio de Janeiro a implantar o seu Comitê Operativo de Emergência em cooperação ao MS com três principais eixos de atuação: Eixo 1, controle do vetor; Eixo 2, da assistência às crianças e famílias; Eixo 3, o eixo do ensino e pesquisa. O Comitê que é objeto de estudo desse trabalho se debruçou sobre o eixo 2, com a discussão da assistência à saúde às crianças e famílias capitaneada pela Superintendência de Atenção Primária à Saúde da SES (RJ) juntamente com a Área Técnica de Saúde da Mulher e da Criança e Aleitamento Materno da SES (RJ), Conselho de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS RJ), Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos - SEASDH (RJ) e com a Coordenação Geral de Saúde da Criança do Ministério da Saúde, por meio do consultor de saúde da criança da CGSCAM/MS e apoiadores descentralizados do MS. A ação exigiu articulação interfederativa com os gestores e equipes dos vários setores envolvidos. A Portaria Ministerial 3502 de 19 de dezembro de 2017 institui o Comitê Gestor Estadual, responsável por coordenar a Estratégia de fortalecimento das ações de cuidado das crianças suspeitas ou confirmadas para Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika (SCZ) e outras síndromes causadas por sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes vírus Storch A então Sala de Situação para o Eixo 2 passa, então, a compor o Comitê Gestor supracitado, caracterizando-se como um espaço de forte dialogo e discussão intersetorial entre saúde, educação e assistência social visando a elaboração e viabilização de estratégias que atendam a população em sua integralidade. As reuniões do comitê gestor acontecem mensalmente com a presença dos representantes da saúde, educação, assistência social, instituições com trajetória reconhecida no fazer saúde (Instituto Fernandes Figueira – IFF; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, FIOCRUZ, CREFITO) e a ONG Movimento Zika. A pauta da reunião é previamente elaborada em conjunto na reunião anterior, sendo composta por pontos que o grupo considera importante a ser discutido. Além disso, nesse espaço realiza-se a prestação de contas das ações dispostas no plano de enfrentamento a SZC e STORCH que o grupo vem desenvolvendo. Resultado: O Comitê Gestor propiciou a construção de uma articulação potente com diversos setores, inclusive da sociedade civil, que permitem a realização de ações que sejam factíveis, que permitam modificações em processos de trabalho e visões sobre as patologias e as alterações que essas provocam e qualificação da assistência às crianças. Houve um esforço maior na construção de Oficinas de atualização e qualificação de profissionais da ponta uma vez que o Comitê entendeu ser essa frente de trabalho prioritária e indutora de mudanças, pois os profissionais na Atenção Primária à Saúde relatavam insegurança no manejo às crianças acometidas pelo SCZ. Os cursos oferecidos foram: Atenção Integral a Doenças Prevalentes na Infância, Estimulação Precoce e Estimulação Precoce metodologia - Caixa e bacia. As ações intersetoriais desenvolvidas em conjunto com a Educação e Assistência Social potencializaram e impulsionaram para resultados mais concretos, visto que como instancia estadual ao formular e induzir a política nem sempre se consegue medir os efeitos nas pontas, no entanto essas ações possibilitaram. As ações com a Educação foram à elaboração de protocolos de atenção às crianças com alterações neurológicas e outras alterações por síndromes e do curso de capacitação voltados aos professores da Educação Especial dos municípios fluminense para subsidiar no uso do presente protocolo. Têm-se também as ações da Assistência Social Estadual, cuja temática que tange a viabilização de Benefícios social, por exemplo, e o fomento a implantação do comitê gestor municipal principalmente nos 10 municípios prioritários (aqueles que tiveram maior número de casos) com caráter intersetorial. Espaço mais ampliados de discussão, como Fóruns e seminários também são realizados pelo Comitê Gestor, proporcionando um grande encontro intersetorial entre diversos atores do municípios que estão envolvidos com a temática SCZ e Storch. Considerações finais: Lidar com uma situação de crise, não vivenciada antes, foi e é um grande desafio para todos que compõe o Comitê Gestor, sendo necessário avançar em muitas questões ainda, como a identificação no território de crianças que por algum motivo não tenham sido captadas pelas equipes de saúde. A estruturação da rede de atenção à saúde também é um grande desafio e que é pauta constante das estratégias de ações do grupo. Destaca-se as relações intersetoriais que são construídas no Comitê Gestor Estadual como o ponto mais forte do trabalho desenvolvido, que proporciona atingir algo mais próximo do cuidado integral ao cidadão.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8350
Título do Trabalho: PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE EGRESSOS DE UM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENFERMAGEM: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E SEUS DESAFIOS
Autores: Germana Maria da Silveira, Gislanny Rodrigues Oliveira, Isabelly Costa Lima de Oliveira, Leidy Dayane Paiva de Abreu, Renata Késsia de Andrade Bezerra Coimbra, Samia Freitas Aire, Maria Lúcia Duarte Pereira

Apresentação: O Programa de Pós-Graduação Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde - PPCCLIS, da Universidade Estadual do Ceará-UECE, responde à necessidade de formação de pesquisadores e aprofundamento de investigações na área dos cuidados clínicos em enfermagem. O programa estuda as práticas de cuidados clínicos em enfermagem e saúde, com base em concepções teórico-filosóficas metodológicas, políticas e gerenciais do cuidado clínico de enfermagem e saúde dirigidas ao ser humano, nas perspectivas individuais e coletivas, e do seu ciclo vital, compreendendo a enfermagem como uma profissão de prática social, científica, que produz tecnologia e inovação. Assim, o objetivo deste estudo foi identificar a produção científica dos egressos da 7ª turma do curso de mestrado acadêmico do PPCCLIS da UECE, que auxiliaram na construção do conhecimento na área. Desenvolvimento: foi realizado um estudo descritivo, documental e retrospectivo. A amostra foi constituída pelos dados contidos nos arquivos da Secretaria Acadêmica e na Plataforma Lattes de 23 enfermeiros egressos da 7ª turma do mestrado do PPCCLIS, stricto sensu, da UECE. A coleta de dados foi realizada durante o mês de abril a maio de 2017, por meio de um instrumento elaborado pelas pesquisadoras, abrangendo as seguintes informações referentes aos egressos: sexo, atuação profissional atual e produção bibliográfica. Na análise exploratória, foram calculadas as frequências e porcentagens para caracterização mais da população em estudo. Resultado: após análise dos dados descrevemos um perfil dos egressos. Observou-se que dos 23 enfermeiros egressos da 7° turma do PPCCLIS, 18 (78%) eram do sexo feminino. As temáticas das dissertações dessa turma tiveram predominância na área de Enfermagem Clínico-Cirúrgica (30,1%), seguidos pela Saúde Mental (17,2%) e Saúde da Criança e do Adolescente (17,2%). Em relação ao ano de defesa da dissertação da turma constatamos que 13 discentes defenderam no ano de 2012 (56,524%) e 8 discentes defenderam no ano 2013 (34,78%). Durante o mestrado 13 (56,5%) discentes tiveram vinculação a bolsas de estudos através das agências de fomento, e a maioria que obtiveram bolsas foram da CAPES 11 (47,8%). Destacamos que 08 (34,78%) discentes cursaram ou estão cursando o doutorado, onde quatro concluíram o doutorado no ano de 2016. Em análise da atuação profissional dos egressos, verificou-se que 13(43,47%) exerciam a docência; 13 (53,52%) trabalhavam como enfermeiros assistenciais. Verificamos ainda que 5 (19,23%) exerciam a docência e o trabalho assistencial, simultaneamente. Nos egressos atuantes na docência em instituições públicas apenas 3 estavam em uma universidade estadual (2) ou federal (1) do Ceará, os demais exerciam a docência em universidades estaduais ou federais de outros estados do Nordeste. Analisando a produção bibliográfica dos egressos, verificou-se que 80,7% possuíam artigos completos publicados em periódicos nos últimos 3 anos, totalizando 46 artigos. Dos artigos publicados, 8 discentes publicaram artigos com os orientadores, e 3 apresentaram artigos provenientes da dissertação.  Constata-se que ainda há uma predominância do sexo feminino na enfermagem que historicamente foi uma profissão desempenhada por mulheres. No entanto, cabe refletir que esse é um resultado que reforça a inserção da mulher na universidade e em programas de pós-graduação, espaço ocupado historicamente por homens. A Enfermagem representa, aproximadamente, 60% dos profissionais da área da saúde, no Sistema Único de Saúde do país, quase 1,3 milhões de trabalhadores da enfermagem, mostrando-se resolutiva e contributiva na atenção à saúde da população, mediante a construção de conhecimentos que contribuem para promover o ser/viver melhor e com melhor saúde no fenômeno do cuidado humano. A formação de mestres e doutores no Brasil é fortificada através da constituição e consolidação de Programas de Pós-Graduação e Grupos de Pesquisa, que refletem na produção do conhecimento científico, tecnológicos e inovadores das publicações em periódicos de impacto e em maior número de recursos humanos qualificados. Mesmo com os avanços alcançados, destacamos no estudo apenas 08 (34,78%) discentes cursaram ou estão cursando o doutorado, onde quatro concluíram o doutorado no ano de 2016. Apesar da maior oferta de cursos de doutorado no Brasil nos últimos anos, pôde-se observar no estudo que 15 egressos em questão não optaram pelo doutoramento logo após o mestrado. Observou-se também que a maioria seguiu carreira na assistência ou na docência, prevalecendo às práticas assistenciais com 11(47,8%), o que conduz à reflexão sobre a necessidade de integração entre o ensino e a atuação em serviço. Não se pode realizar uma prática criativa sem retorno constante à teoria, bem como não é possível fecundar a teoria sem seu confronto com a prática. A segunda área dos egressos foi a atuação na docência, confirmando assim um dos objetivos do Programa descrito pela CAPES, que estabelece como norma do seu funcionamento a formação, competência e o desempenho de docentes na produção científica e tecnológica, em termos de qualidade e produtividade. Vem crescendo em número de Programas e expansão de Cursos, assim como na qualidade da produção de conhecimentos científicos ou tecnológicos avançados, publicados em periódicos de impacto, e na formação de recursos humanos qualificados. São Programas estruturados com áreas de concentração, linhas de pesquisa, projetos de pesquisa e estrutura curricular pertinentes, relevantes, contributivas, de abrangência e profundidade, centradas na disciplina da enfermagem consolidada na sua unidade e especificidade de campo de conhecimento. Atualmente, conta com 41 Programas de Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem, credenciados pela CAPES, tendo 38 Cursos de Mestrado Acadêmico, 21 Cursos de Doutorado e 3 na modalidade de Mestrado Profissional. Através desta articulação haverá oportunidade de fortalecimento e reelaboração do cenário ensino-aprendizagem e que, por meio de sua produção intelectual, o pós-graduando contribuirá para alavancar o reconhecimento da enfermagem como ciência e profissão. Os egressos da 7ª turma do PPCCLIS apresentam suas produções científicas para a sociedade e a plataforma Lattes proporciona esta visibilidade, com 46 (80,7%) artigos completos publicados em periódicos nos últimos 3 anos. O incentivo à publicação configura-se como prioridade no contexto dos docentes da pós-graduação stricto sensu. Considerações finais: O relatório possibilitou conhecer o perfil dos alunos egressos da 7ª turma do mestrado do PPCLIS.  A análise proporcionou uma breve discussão que aponta a importância do desenvolvimento de estratégias necessárias para o fortalecimento e consolidação dos programas de pós-graduação. Os achados evidenciaram que a formação de recursos humanos capazes de atender às demandas da população por meio do ensino, pesquisa e extensão, se faz necessário. Frente a esta realidade, sugere-se uma maior participação dos enfermeiros em políticas públicas e institucionais que influenciam o ensino e a assistência em programas de pós-graduação. Alguns dos entraves observados durante a coleta de dados foram a falta de atualização curricular na base de dados da Plataforma Lattes, a dificuldade de encontrar contatos ou ainda quando conseguido estabelecer o contato, a falta de retorno dos egressos da turma. Algumas variáveis do estudo podem estar sendo subestimada, devido ausência dessas informações. De modo geral consideramos satisfatório o aproveitamento da 7º turma de mestrado, e que suas contribuições referentes á publicações tem fortalecido e propiciado o crescimento do PPCLIS.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7095
Título do Trabalho: CRIAÇÃO E ATUAÇÃO DO COMITÊ ESTUDANTIL DA ABEN-RJ NA CONSTRUÇÃO DO PAPEL POLÍTICO-SOCIAL DO ESTUDANTE DE ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: Karine Melo Lucas, Kainan Carlos Machado Silva, Carolina de Souza Silva, Larissa Souza Silva, Andréa de Sant’Ana Oliveira, Maria Manuela Vila Nova Cardoso, Sônia Maria Alves, Raphael Gabriel Costa do Nascimento

Apresentação: Durante muito tempo, a história dos movimentos estudantis brasileiros foi tratada pela historiografia como secundária no cenário dos movimentos sociais. Contudo, com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE), como entidade em 1937, as formas de envolvimento estudantil em debates e decisões passaram a ser consideradas parte dos movimentos sociais. No Brasil, a trajetória do Movimento Estudantil remonta-se a grandes momentos históricos, bem como, aos principais fóruns e debates acerca da educação e dos modelos de Universidade. No movimento estudantil de enfermagem tem-se a Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem (ENEEnf) como entidade máxima de representação dos estudantes da categoria. Sua criação se deu em 1976, durante o XXVIII Congresso Brasileiro de Enfermagem, no Rio de Janeiro, promovido pela Associação Brasileira de Enfermagem Nacional e Seção Regional RJ. Este evento motivou a organização e realização do I Encontro Nacional dos Estudantes de Enfermagem (ENEEn) em 5 a 9 de julho de 1977, na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Conforme registros documentais, a ABEn sempre teve ligação direta com o corpo estudantil de enfermagem e sempre promoveu aproximação com os estudantes por meio da inserção e participação dos mesmos em seus eventos e espaços. Como entidade criada para fortalecer e lutar pela profissão, atuando não só de forma política, mas pautando a educação em enfermagem, primando sempre pela qualidade da formação, a ABEn traz para seus espaços os estudantes de Enfermagem sempre lhe dando voz e os inserindo nas discussões. Em 2013, na reformulação de seu estatuto foi aprovada a criação dos Comitês Estudantis nas seções estaduais da entidade, o que fortaleceria a parceria com a ENEEnf e seria um grupo agregador na militância estudantil somando forças nas reivindicações das pautas estudantis. Este estudo objetiva relatar a experiência da criação e atuação do Comitê Estudantil da Associação Brasileira de Enfermagem - Seção Rio de Janeiro (ABEn-RJ). Desenvolvimento: Estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado a partir de experiências de estudantes que integram o Comitê Estudantil da ABEn-RJ, de enfermeiros que integraram o mesmo Comitê e de membros da Diretoria da ABEn-RJ, gestão 2016 a 2019. Os dados foram coletados durante três reuniões entre o Comitê Estudantil e Diretoria da ABEn-RJ, realizadas na sede da entidade, no segundo semestre de 2019, por meio de Rodas de Conversa, onde se dava a ativação da discussão utilizando-se a Metodologia da Problematização de Neusi Aparecida Navas Berbel. As reuniões foram mediadas pela Diretoria de Educação da ABEn RJ, sendo abordadas seguintes temáticas: criação do Comitê Estudantil do Rio de Janeiro, organização de atividades, metas alcançadas, ações estratégicas adotadas e alcance das Escolas de enfermagem, tanto de nível médio quanto de graduação em enfermagem. Os dados foram gravados em mídia MP-4, transcritos, organizados, analisados e discutidos. Resultado: O Comitê Estudantil da ABEn RJ (COEST RJ) foi criado em 15 de novembro de 2016 durante a Assembleia da Plenária Final do I Encontro Regional dos Estudantes de Enfermagem (EREEn), realizado na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Desde a sua criação o COEST RJ se articula à Diretora de Educação da ABEn-RJ de forma a contribuir com a elaboração de cronograma de planejamento estratégico anual, a fim de integrar a ABEn às Instituições de Ensino Superior e de Ensino Técnico. Sua composição integra cinco estudantes de universidades públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro. Ao longo de sua criação, além da participação e representação em atividades da agenda anual da ABEn-RJ, o COEST RJ propôs e promoveu diferentes atividades com os objetivos de: difundir a produção de conhecimento na formação em enfermagem; congregar Estudantes de Enfermagem, outros estudantes da área da saúde e a sociedade para debater temas como “As Implicações da Cientificidade do Saber na Prática Profissional”, “Exame de Suficiência”, “O movimento estudantil: suas conquistas e avanços”; propiciar o intercâmbio técnico, científico, político e cultural entre os estudantes de Enfermagem e da área da Saúde; constituir-se em um espaço de expressão social e política dos estudantes de Enfermagem do Rio de Janeiro; refletir sobre as tendências, desafios, tecnologias e inovações do exercício da enfermagem face ao mundo globalizado; e estimular a reflexão sobre a inserção da Enfermagem na sociedade. Dentre tais atividades destacam-se a I Mostra Científica Estudantil da ABEnRJ – MCEABEn, Fórum dos Estudantes de Enfermagem, Rodas de Conversa e/ou Reuniões em Eventos Científicos, na sede estadual e em Escolas de Enfermagem das Universidades públicas e privadas, minicursos sobre temas escolhido pelos estudantes em eventos da ABEn-RJ ou na sede estadual e I Simpósio do Comitê Estudantil da ABEn. Os impactos de tais atividades refletem-se na inserção e participação de estudantes junto a uma entidade representativa da categoria profissional, promovendo experiências e aprendizado na realização de atividades traçadas por meio do planejamento estratégico, resultando em crescimento político e contribuindo para a formação em saúde, tendo em vista que proporciona inúmeras trocas de saberes. Os estudantes passaram a ter voz ativa e contribuição significativa no processo de avanço do ensino, da pesquisa, da saúde e da profissão. A criação em nível estadual do Comitê Estudantil, com representatividade de instituições públicas e privadas, propiciou ainda a integração de todas as representações estudantis e a criação de Centros e Diretórios Acadêmicos, facilitando o intercâmbio das pautas e ações com as atividades políticas, educativas e profissionais. Por fim, a atuação junto ao COEST RJ, desempenhando atividades de cunho político relativas à profissão durante o desenvolvimento da graduação em enfermagem permitiu ainda ativação e incentivo dos estudantes a lutarem prol da enfermagem, melhoria da difusão tecnológica de informações em torno das programações e atividades, potencialização da aprendizagem de habilidades, com apoio às Ligas Acadêmicas, e inserção do jovem profissional no mercado de trabalho com o olhar mais crítico e reflexivo. O COEST do Rio de Janeiro vem se destacando ainda pela proposição, organização e realização de atividades que aproximam estudantes em torno de pautas e lutas do movimento estudantil, sendo as mesmas propagadas por meios digitais, servindo de incentivo para que estudantes associados de outros estados se organizassem e criassem outros comitês em sete estados do Brasil. Considerações finais: A atuação do COEST RJ, por meio da construção de espaços de debate e consolidação de saberes, contribuiu para aproximar estudantes associados e não associados no debate sobre a formação dos futuros profissionais, instigando reflexões sobre o comprometimento com as pautas da enfermagem, da sociedade e da prática profissional. A atuação como membros do COEST RJ proporcionou ainda aos discentes a realização de palestras e círculos de debates em vários espaços em eventos científicos por todo o território nacional, permitiu a troca de experiências, conceitos e práticas entre os sujeitos e a disseminação das atividades da ABEn-RJ, bem como as suas finalidades, incentivando assim, a adesão de novos estudantes associados, empoderando o Movimento Estudantil e a própria Associação.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10143
Título do Trabalho: A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA ATIVA FRENTE À CONSTRUÇÃO DE RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE NO SETOR DE ISTS PEDIÁTRICO.
Autores: Ana Carolina Drehmer Santos, Gabriella Monteiro Marques, Brendha Zancanela Santos

Apresentação: O conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde formou-se em 1948 através de nova perspectiva que busca a integralidade dos sujeitos incluindo as dimensões sociais, políticas e culturais. A educação em saúde brasileira, no entanto, está centrada ainda na dicotomia saúde-doença da prática "biomedicalizadora". Em contraposição com a perspectiva de formação dominante, o curso de Medicina da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, surge pelo Programa “Mais Médicos” com a proposta de saber inovador via metodologia ativa com enfoque em saúde pública. Nesse contexto, uma aluna do sétimo semestre propôs desenvolvimento de relação médico paciente e interdisciplinaridade na pediatria do setor IST/AIDS do Sistema Único de Saúde (SUS), possibilitando às crianças do relato garantia do acesso à saúde mediante cura das agudizações por imunodeficiência e manejo das cronicidades. Objetivo: Demonstrar a importância de uma nova perspectiva crítica e ativa na formação em saúde para garantir presente e futuro digno às crianças usuárias do serviço de saúde brasileiro. Desenvolvimento: A. L, 8 anos e I. L., 4 anos, crianças HIV positivas com alta carga viral por transmissão vertical, última consulta há mais de 3 meses. Acompanhadas da mãe, em um primeiro momento se mostrou muito receosa e escusa com o serviço, negando atendimento com estudantes. Após conversa com preceptores sobre a importância da consulta, ela permaneceu. As meninas apresentavam quadro de pneumonia, e respectivamente furúnculo e conjuntivite bacteriana. De acordo com as consultas com a aluna em que as dimensões psico-sociais foram trabalhadas contando com apoio de serviço social, foi identificada falta de recursos para chegar à Unidade, além de conhecimento sobre a importância do uso de terapia antirretroviral. Através de consultas semanais e integração do Conselho Tutelar e serviços de psicologia, iniciou-se o controle da imunodeficiência que ameaçava gravemente a vida das crianças. Resultado: Na pediatria, a integralidade e o sistema de referência e contrarreferência assumem papel fundamental na garantia de uma infância saudável. Deve-se ressaltar que em crianças HIV positiva esse controle é ainda mais rígido devido ao risco de morte e complicações da imunodeficiência, além da vulnerabilidade social. A construção de vínculo com os responsáveis é, portanto, ferramenta determinante no processo. No serviço da cidade, observou-se esfera sociocultural olvidada e princípio da Integralidade desrespeitado. A inserção dos alunos com práticas inovadoras, conscientes do novo conceito em saúde, dos princípios do SUS e do Estatuto da Criança e do Adolescente possibilitou a identificação das razões do panorama encontrado. A resolução dos quadros agudos e crônicos foi baseada na construção da relação médico paciente, interdisciplinaridade e valorização das dimensões além de saúde-doença. Considerações finais: A metodologia ativa retira os alunos do conforto da passividade e os coloca como protagonistas do próprio conhecimento. A proposta de uma visão crítica dos contextos vividos como futuros profissionais da saúde acompanha, ainda, a busca por transformar a realidade e propor alternativas para os obstáculos vivenciados. Dessa forma, busca-se o direito à saúde e a promoção de uma infância de qualidade.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7615
Título do Trabalho: CONSTRUINDO UM PORTFÓLIO COMO ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO E ENSINO-APRENDIZAGEM EM UM ESTÁGIO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: A EXPERIÊNCIA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA PUC MINAS BETIM
Autores: Hiago Daniel Herédia Luz, Jacqueline do Carmo Reis, Luiza Catarina Campos Andrade, Márcia Colamarco Ferreira Resende, Letícia Mitalle Soares da Silva Cunha, Sabrina Oliveira Viana Balbi

Apresentação: O processo de ensino e aprendizagem nas instituições de ensino superior, ainda hoje, são embasados em modelos verticais e hierarquizados no que diz respeito à transmissão do conhecimento. Nesses modelos o professor é o agente ativo no processo e detém o saber, sendo responsável por transmitir o conhecimento aos alunos, que por sua vez deverão internalizá-lo e reproduzi-lo nas avaliações. Esse modelo de ensino vigente forma profissionais capacitados para atuarem com diversos tipos de tecnologia, no entanto pouco desperta o profissional para o saber cultural, o uso da criatividade e do senso crítico, além de promoverem uma relação pouco humanizada, essa tão necessária no trabalho com pessoas. Esse perfil de profissional, que ainda é formado na maioria das instituições de ensino superior, confronta diretamente o modelo de organização da rede de saúde pública do Brasil, que prevê a humanização do cuidado em todos os seus níveis de atenção. Nesse cenário, o uso de metodologias ativas torna-se cada vez mais importante, pois permite aos estudantes a reflexão de ideias e ainda desenvolve a capacidade de usá-las. Uma abordagem pautada nessas metodologias de ensino, desenvolve nos participantes alguns de seus princípios como: a autonomia, a reflexão e a problematização da reflexão, trabalho em equipe, inovação, o professor como mediador, facilitador ou ativador, o aluno como centro do ensino e da aprendizagem. A partir disso, o conhecimento construído por parte dos alunos pode ser exposto de diversas formas e linguagens, sendo através da escrita, da fala, poesia, fotografias e outras. Essas formas de expressões perpassam o que foi construído em sala de aula e trazem a tona todo um complexo de vivências e experiências. Mas, qual instrumento poderia auxiliar na avaliação do conhecimento construído pelos alunos, no decorrer da  graduação e da vida? Pensando nisso, as professoras responsáveis pelo estágio supervisionado de Fisioterapia na Atenção Primária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Betim, propuseram a construção de um portfólio como forma de avaliação problematizadora do processo de aprendizagem, que abordasse a experiência do estágio de Saúde Coletiva, durante o segundo semestre de 2019. O presente trabalho pretende relatar a experiência da construção desse portfólio, na percepção dos alunos e das professoras envolvidas. O processo de construção do trabalho se iniciava nos primeiros dias de estágio com uma pergunta norteadora sobre alguma vivência do aluno na Atenção Primária. A partir dessa pergunta ou questão de aprendizagem, os alunos eram convidados a fazer uma reflexão teórica-científica e pessoal acerca da vivência escolhida. Com a situação alvo e a pergunta norteadora definida, o portfólio deveria ser iniciado com uma autobiografia e este deveria ser elaborado de maneira criativa, não se limitando ao formato técnico-científico. Os alunos foram instigados a experimentarem uma imersão no projeto durante a escrita e construção do portfólio, que poderia conter: poesias, letras de músicas, fotografias, frases, dentre outras manifestações, mas que tivessem relação com a experiência a ser descrita ao longo de todo o semestre. Além disso, deveriam refletir e descrever sobre o ambiente onde estavam introduzidos durante o estágio e as sensações vivenciadas, antes de contextualizar a situação-objeto de desenvolvimento do portfólio. O portfólio deveria basear-se em uma das experiências vividas durante o estágio de saúde coletiva, que poderia ser: visitas domiciliares, atividades de educação em saúde, reuniões de matriciamento, atividades com grupos, atendimentos individuais, dentre outros. Para o referencial teórico os alunos deveriam utilizar no mínimo três bibliografias. A partir dessas orientações cada aluno definiu a maneira que construiria seus respectivos portfólios,  considerando a vivência no estágio como um todo, abordando todos os aspectos da experiência, ou através de atuações pontuais nas diferentes ações do fisioterapeuta na APS. Foram produzidos diferentes tipos de portfólios, com diversos tipos de perguntas norteadoras, sendo o livreto mais predominante. Os alunos utilizaram diversas expressões artísticas para a construção do trabalho, fizeram colagem de fotos, inseriram letras de músicas, poemas, políticas de saúde direcionadas aos grupos em que eles se identificavam como por exemplo a Política Nacional de Saúde Integral a Lésbicas, Gays e Transexuais e a Política Nacional de Saúde da População Negra, dentre outros. Ao final do estágio, os portfólios foram entregues para avaliação das professoras e foi agendada uma data para a apresentação e discussão dos mesmos, no formato de roda de conversa. A roda iniciou com as professoras responsáveis pelo estágio de saúde coletiva fazendo uma dinâmica onde cada uma apresentava dez fatos sobre suas próprias vidas e entre esses dez fatos havia um que era mentira. Os alunos participantes deveriam julgar quais das afirmações eram verdadeiras e qual era falsa. Dessa forma objetivaram horizontalizar a conversa e criar um ambiente favorável ao diálogo, visto que os portfólios traziam muitos relatos pessoais dos alunos. Em sequência, cada aluno falou sobre o seu respectivo portfólio, relatando também um pouco sobre sua autobiografia. Segundo os relatos, a experiência de construção do portfólio foi extremamente transformadora, visto que, durante a escrita da autobiografia o olhar para si mesmo e o relato de fatos que ocorreram em suas vidas permitiu resgatar e ressignificar experiências passadas em um processo interativo. Alguns alunos trouxeram relatos de problemas familiares complexos como alcoolismo e violência doméstica, outros fizeram relatos pessoais de racismo, homofobia, assédio sexual, e ainda houveram relatos sobre a graduação e o enfrentamento das angústias e desafios enfrentados durante esse período. Ao falarem sobre as experiências vivenciadas, os alunos destacaram o quanto suas histórias pessoais e suas individualidades influenciaram na maneira de ver o outro e de produzir saúde por meio da interação entre a formação técnica científica e a formação humana ao longo do estágio de saúde coletiva. A pontuação do trabalho representou 20% do total distribuído no semestre e as professoras utilizaram como critério de avaliação os seguintes tópicos: organização geral, bibliografia utilizada, criatividade, redação e sequência lógica/cronológica do texto, apresentação do trabalho e elaboração da pergunta e capacidade de resposta. Conclui-se que a experiência de construção do portfólio de saúde coletiva foi extremamente importante na formação desses alunos, uma vez que essa permitiu uma reflexão crítica sobre “quem sou eu” enquanto pessoa e enquanto profissional da saúde. Mostrou também, que existem diversas formas de produzir e mostrar o conhecimento, sendo o método de construção do portfólio uma ferramenta eficaz no desenvolvimento do senso crítico, da autopercepção e da criatividade. Cabe ressaltar também, que a elaboração de um portfólio permite que seus autores consigam perceber as suas mudanças no decorrer do tempo e permite aos avaliadores entender esse aluno de maneira holística e acompanhar seu desenvolvimento profissional e pessoal. O portfólio mostrou-se também uma ferramenta eficaz no processo de ensino-aprendizagem do estágio em saúde coletiva e permitiu ao aluno, agente do processo, produzir novos significados em um contínuo processo de interação de novas ideias com conceitos e proposições já existentes.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10690
Título do Trabalho: MATERNIDADE REVELADA: A CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Autores: Beatriz Fileme, Ana Karine Brum, Lorrany Viana de Souza, Amanda Cristina Oliveira da Silva, Lorena Teixeira dos Santos, Yasmin Barbosa de Carvalho Rocha, Natalia de Oliveira Gurjão, Rebeca Barros Holanda Cavalcanti

Apresentação: O presente trabalho trata do processo de construção de conhecimento através da comunicação efetiva e metodologias ativas realizadas no desenvolvimento de um projeto elaborado por estudantes de enfermagem do quinto período da Universidade Federal Fluminense. Este integra o sistema avaliativo da disciplina de Educação Aplicada ao Campo da Saúde, cuja finalidade é oportunizar a reflexão sobre o impacto das orientações prestadas de acordo com a abordagem utilizada, seu público alvo e o aprendizado e busca por recursos alternativos e eficazes ao objetivo a ser alcançado, uma vez que para promover saúde, é necessária a comunicação efetiva entre o profissional e o indivíduo assistido. O enfermeiro, entre as diversas funções e responsabilidades que lhe são conferidas, exerce o fundamental papel de educador em saúde. Para que essa função seja realizada de forma eficiente, durante a sua formação, o acadêmico de enfermagem, além dos conhecimentos técnico-científicos inerentes à profissão, faz-se imprescindível a aproximação em assuntos que favoreçam a comunicação eficaz. Dessa forma, esse futuro profissional é capaz de assumir uma postura dialética no trato com o indivíduo assistido, atuando então como um promotor de saúde. Objetivo principal: Relatar as experiências vividas na construção e aplicação de um projeto educativo pelas acadêmicas de enfermagem através da disciplina Educação Aplicada ao Campo da Saúde. Objetivo: secundários: Propiciar acesso aos discentes a conhecimentos sobre educação com ênfase em situações de orientações em saúde, além do incentivo às práticas de metodologias  ativas e inovadoras. Aproximar do acadêmico com situações práticas do serviço e contribuir na sua formação; Provocar o discente a identificar um problema de saúde no campo prático e elaborar um projeto pedagógico-educativo com a finalidade de utilizar o parâmetro mais relevante segundo o público alvo; Produzir conhecimentos capazes de otimizar a oferta de cuidado por parte dos futuros profissionais enfermeiros; Desenvolvimento: O planejamento do projeto pedagógico-educativo possuiu como proposta central a resolução de problemas observados em campo prático. Com o decorrer da disciplina, a turma foi dividida em quatro grupos, denominados como times. Cada time deveria delinear uma atividade educativa baseada na situação-problema identificada durante os campos práticos e apropriar-se dos novos conceitos metodológicos que seriam apresentados durante a disciplina. Dentre os problemas detectados, o eleito para iniciar o planejamento foi a prevalência do desconhecimento de grande parte da população sobre os direitos relacionados à leis protetivas à mulher no plano de parto, observada durante uma visita técnica a uma maternidade municipal. Nessa perspectiva, foram desenvolvidos assuntos como a caracterização da violência obstétrica, a elucidação sobre direitos sexuais e reprodutivos e, também, em que consiste a humanização no pré-parto, parto e puerpério como parte do planejamento da estratégia de educação em saúde. Dessa forma, a escolha por essa temática contribuiu para que o mesmo fosse nomeado como Maternidade Revelada – Conhecendo os Direitos da Mulher no Plano de Parto. A prática do projeto educativo aconteceu durante a aula da disciplina de Educação Aplicada ao Campo da Saúde, na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, com o total de 26 participantes, em que os acadêmicos participantes foram submetidos a uma experiência de imersão guiada, representando a porção da população que não possuía tais conhecimentos. O projeto baseou-se no estímulo sensorial e participativo de aprendizagem através da aplicação  de dois recursos ativos associados: o vídeo educativo e o debate, a fim de obter a resolução do problema apresentado. A atividade foi dividida em etapas, na qual a primeira foi caracterizada pela exibição do vídeo contendo experiências diversas sobre o pré-natal, parto, puerpério e violências sofridas durante algum desses momentos. Já a segunda etapa foi composta pela execução do debate, onde os participantes foram então segmentados em dois grupos. Para a aplicação das metodologias, a sala foi organizada de modo a favorecer a visualização e o diálogo entre os participantes, onde realizou-se a divisão dos grupos. Esses, foram separados em A e B, uma vez que a existência de dois lados tem como principal motivação a alternância das falas entre os grupos integrantes, e também a busca por pontos e contrapontos na discussão do tópico. Em seguimento desta, cada lado pôde fazer uma pergunta direcionada para o outro ou para especialistas no assunto, havendo a presença dos mesmos. Posteriormente, cada grupo apresentou suas percepções sobre as respostas do lado oposto, destacando os pontos positivos e os pontos negativos das narrativas, como também eventuais aspectos que deveriam ter sido considerados e que não foram. Por fim, o debate foi concluído com os dois lados, A e B, apresentando suas percepções finais. Todas as etapas foram cronometradas. Assim, a fase pós-debate consistiu na investigação, observação e registro dos resultados do debate, para posterior questionamento dos participantes sobre suas percepções acerca da atividade. Como parte da aplicação do projeto, foi elaborado um formulário, pela plataforma Google Forms, para auxiliar na análise desses resultados. Resultado: Com base nas metodologias ativas propostas, após a conclusão da atividade, foi disponibilizado um questionário online através da plataforma Google Forms para  avaliação da dinâmica em um ambiente neutro, anônimo e de livre expressão, a fim de captar a percepção dos participantes através de perguntas direcionadas sobre a dinâmica realizada. Sendo, “As metodologias de ensino selecionadas estavam adequadas para o tema?”; “A apresentação obteve organização, clareza e assertividade?”; “Após a apresentação houve mudanças em sua perspectiva sobre o assunto?”; “Sugestões para o projeto”. A pesquisa obteve um total de 18 participantes. Os resultados analisados indicaram a predominância de opiniões positivas quanto à importância da temática e a escolha das metodologias utilizadas, havendo poucas divergências nas respostas quanto à organização do trabalho e mudança de pensamento após a apresentação. Ainda, houveram sugestões quanto ao tempo de aplicação e gestão de conflitos, interação entre os participantes e um pós debate com maiores esclarecimentos por parte dos profissionais especialistas com relação às dúvidas que surgiram sobre a temática no decorrer da dinâmica. Desta forma, considera-se que a dialética na qual o plano de parto está inserido, é de real relevância e o diálogo por meio de debates, necessário e eficaz. Essa substancialidade, tanto para o meio acadêmico e profissional quanto para a população em geral, deve ser levada em consideração a fim de que ocorra a disseminação de ideias e modificação de concepções pré-estabelecidas. Considerações finais: Após a observação e reflexão acerca dos resultados, torna-se possível constatar que o projeto apresentou relevância satisfatória, devido ao uso das duas metodologias que permitiram a integração dos participantes e que, portanto, contribuiu com uma maior participação dos mesmos no processo. Nesse sentido, as escolhas corretas acerca das metodologias ativas de ensino foram de suma importância para a realização das atividades de educação em saúde e sua eficácia. Desta forma, há uma interação entre profissionais e o público alvo sem que haja uma relação de soberania unilateral e a perda de autonomia do cliente, visto que ambos fazem parte em conjunto do processo de educação e promoção da saúde. O projeto de ensino descrito, enfatiza a importância da qualificação em educação na formação profissional de futuros enfermeiros, visto que para desempenhar o papel de educadores em saúde, é necessário utilizar abordagens eficazes durante a prática profissional através de metodologias ativas que permitam alcançar o publico alvo e construir conhecimentos junto à comunidade.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11205
Título do Trabalho: CONSTRUÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA O AUTOCUIDADO DE GESTANTES COM O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
Autores: Ruhan da Conceição Sacramento, Jeane Rodrigues Miranda Serrão, Ivonete Vieira Pereira Peixoto, Beatriz Duarte de Oliveira, Stephany Siqueira Braga

Apresentação: O autocuidado pode ser entendido como a prática de atividades exercidas pelo indivíduo visando o seu benefício em busca da manutenção da vida, da saúde e do bem-estar. No cuidado à gestante com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), podem surgir diversos conflitos por conta do risco de contaminação mãe/bebê; pelo despreparo em lidar com esse público; como se dará o estabelecimento do respeito ao direito reprodutivo dessas mulheres, bem como a convivência com as demais, referente à condição sorológica da gestante com HIV. Neste contexto, observa-se a importância da elaboração de Tecnologias Educacionais que são entendidas como dispositivos para a intermediação de processos de ensinar e aprender que são usadas entre educadores e educandos, nos mais variados processos de educação. Estas tecnologias podem ser apresentadas em diversas modalidades, tais como: táteis e auditivas, expositivas e dialogais, impressas e audiovisuais. É notório como essas ferramentas educacionais são capazes de promover resultados expressivos para os participantes das atividades educativas. A contribuição desses materiais para a promoção da saúde depende dos princípios e das formas de comunicação envolvidos nos processos de elaboração. Assim, o objetivo do estudo foi construir uma tecnologia educacional para gestantes soropositivas para HIV. Desenvolvimento: Estudo descritivo, de natureza qualitativa, do tipo pesquisa participante. Participaram do grupo focal 10 gestantes com HIV. Após a dinâmica do grupo focal, foram analisados os depoimentos das mesmas e construído uma tecnologia educacional contendo os principais questionamentos das participantes e respostas com referências de estudos realizados pelo ministério da saúde. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, sob nº do parecer: 3.401.472. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e o sigilo de suas identidades foi assegurado. Resultado: Com a metodologia realizada, foi possível construir como produto final um vídeo educativo. Intitulou-se o vídeo de “A gravidez em mulheres com HIV: vamos falar sobre?”, sendo expresso em 4  minutos e 42 segundos, em forma de perguntas e respostas por meio de frases objetivas e imagens coloridas para ser mais atrativo para as leitoras. Sobre os questionamentos, foi possível destacar que as gestantes não sabiam como realizar o autocuidado de forma correta e que apresentam medo perante o estigma contido na doença. Considerações finais: A elaboração de ferramentas educacionais se apresenta como forma de sanear dúvidas e apresenta-se como forma de aumento de vínculo entre o profissional e a usuária.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8136
Título do Trabalho: EFEITOS DA CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO DE CONTROLE SOCIAL EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL (CAPSI) - RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: Gabriela Ferreira Pereira, Catherina Isdra Moszkowic, Déborah Redel Batista, Rossana Almeida

Apresentação: A participação social é um dos princípios estruturantes do Sistema Único de Saúde - SUS. Os espaços de controle social são fundamentais para a qualificação do cuidado em Saúde, e para o protagonismo dos usuários na elaboração de suas demandas e de suas necessidades. Pretende-se compartilhar o relato da construção coletiva de um espaço de Assembleia dentro de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil - CAPSij -, no município de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. A assembleia acontece uma vez por mês no CAPSij, e conta com a representação de crianças e adolescentes, de familiares, e de trabalhadores. É um espaço que busca fortalecer a corresponsabilização entre os seus atores, de forma a produzir coletivamente o cuidado em saúde mental. Todos podem trazer pautas, que são discutidas e deliberadas no coletivo. No primeiro encontro, foi realizada uma conversa a respeito do que é o controle social com a coordenadora do serviço, seguida de uma atividade em que se elencaram pontos positivos e pontos a melhorar no processo de trabalho e no ambiente do CAPSij. Nos encontros seguintes, jovens, familiares e trabalhadores começaram a construir uma Biblioteca na sala de espera, e um brechó como geração de renda para oficinas e festas dentro e fora do CAPSij - demandas que surgiram em Assembleia. Nessa experiência, verifica-se que a proposição de um espaço de controle social na forma de Assembleia disparou também diversos dispositivos autogestionados pelos usuários na produção de seu cuidado, seja este singular ou coletivo. Nesse sentido, nota-se que a Assembleia, além de fomentar o princípio da participação da comunidade na construção permanente do SUS, pode ser também um dispositivo que possibilita meios para a produção de subjetividade e de autonomia entre os seus atores. No campo da Saúde Mental, portanto, pode-se considerar a Assembleia como uma ferramenta de produção de cuidado humanizado com os usuários em sofrimento psíquico e com seus familiares, dentro dos princípios da Reforma Psiquiátrica brasileira.


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Trabalho nº 12108
Título do Trabalho: PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA CONSTRUÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE SAÚDE PARA OS DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE ENCONTRADOS NO TERRITÓRIO
Autores: Ana Beatriz de Oliveira Fernandes

Apresentação: Esse é um relato de experiência da construção do processo de territorialização por discente e docente do curso de enfermagem da Faculdade Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN, que estavam cursando o quarto período do referido curso e matriculados no componente curricular Atenção Integral de Enfermagem em Saúde Coletiva I. O objetivo dessa atividade foi fazer com que os discentes conhecessem uma microárea do território de uma Unidade Básica de Saúde do município, através da visita à área e microárea, e pudessem construir a territorialização, bem como estratégias de saúde para os Determinantes Sociais de Saúde encontrados no território, ou seja, agir enquanto discentes e futuros enfermeiros frente às fragilidades e potencialidades encontradas. Esse momento aconteceu por meio de uma visita técnica, parte do componente prático da disciplina supracitada, onde os discentes acompanhados da docente da disciplina e de uma Agente Comunitária de Saúde da área pudessem caminhar, conhecer o território, e descobrir quais desafios aqueles moradores e usuários da Unidade enfrentam no seu cotidiano. Após a realização da visita, conversa com alguns profissionais da Unidade, entre ele: enfermeiro, ACS e residentes multiprofissionais, os discentes retornaram a Instituição e sob orientação da docente construíram materiais que pudessem descrever a realidade da microárea visitada, além de identificarem pontos para possíveis intervenções e/ou estratégias de enfrentamento. Divididos em grupos, os discentes produziram um maquete com a caracterização da microárea e também a apresentação em sala de aula sobre os pontos frágeis identificados, como foi o caso do aumento dos casos de sífilis na gestação e da “população flutuante” (visto que o bairro é prioritariamente habitado por residenciais de aluguel). Com isso, foi possível perceber que a partir da prática e da vivência, os alunos puderam perceber a grande importância do processo de territorialização para a Atenção Primária, bem como mantê-lo atualizado frente as constantes mudanças do modo de viver e levar a vida da população.


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Trabalho nº 10703
Título do Trabalho: A CONSTRUÇÃO DO CUIDADO NA EFETIVAÇÃO DA REDE DE APOIO A PRÁTICAS CORPORAIS DE PACIENTES EM PÓS OPERÁTORIO DE DOENÇA CARDÍACA
Autores: MAYARA CASSIMIRA SOUZA, JAQUELINE TERESINHA FERREIRA, CAMILA MIRANDA OLIVEIRA, SEBASTIÃO LOBO SILVA

Apresentação:  O contexto das doenças cardíacas impõe mudanças na rotina do paciente e de sua família, trazendo impactos em seus valores e estruturais sociais. Conforme esses enfrentam a doença, é preciso reformular os papéis sociais e funcionais, tanto do paciente quanto dos membros cuidadores, para que as estratégias de cuidado possam ir ao encontro das recomendações médicas. A rede de apoio social deriva das relações interpessoais desenvolvidas ao longo da vida do indivíduo. Todos precisam de algum apoio, e a família e a comunidade são locais naturais de proteção e inserção social. Com o acometimento da doença, os locais de convívio podem se tornarem ambientes de ajuda mútua, pois o paciente encontra na família, na convivência com os vizinhos e amigos, suporte para o enfrentamento de dificuldades que encontra em seu cotidiano. A área da saúde utiliza esse termo para compreender como determinadas relações e contextos sociais favorecem a construção de um aparato para o paciente e seu tratamento. Assim, esta rede de apoio também depende do momento vivido pelos atores sociais, seus papéis de gênero, o status conjugal, os membros familiares envolvidos ou ausentes (filhos, netos, pais etc.), as questões culturais, educacionais e políticas e a forma como estes cenários se dinamizam e se estabelecem. Os fatores positivos proporcionados por uma rede de apoio social contribuem para o ajustamento e gerenciamento do cotidiano dos pacientes diante das novas recomendações médicas. A convivência dos pacientes a partir destas recomendações visa a melhoria de seu quadro clínico. A adesão à terapêutica, a adoção de novos hábitos diários e a prevenção de novos agravos para uma boa jornada de recuperação, no que tange a estes gerenciamentos e ajustamentos. Desenvolvimento: O procedimento metodológico fundamentou-se na pesquisa qualitativa de método etnográfico, utilizando como técnicas a observação participante e a entrevista etnográfica. A pesquisa foi realizada em um hospital federal de cardiologia, na cidade do Rio de Janeiro, no período de setembro de 2015 a fevereiro de 2016. Os critérios de seleção dos sujeitos da pesquisa foram: pacientes com doenças cardíacas, adultos, de ambos os sexos, que se encontravam internados no período pós-operatório, com exceção dos pacientes em estado grave de recuperação. As entrevistas se deram somente com os pacientes que aceitaram participar do estudo e que concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para além do direcionamento de suas vivências hospitalares e domésticas, as perguntas se direcionaram às trajetórias individuais dos pacientes perante sua recuperação. Desta maneira, foram entrevistados 20 pacientes adultos e idosos (10 mulheres e 10 homens), que se encontravam no período pós-operatório mediato ou em reinternações ocasionadas por complicações após esse período. O projeto seguiu os preceitos éticos da Resolução CNS no 466/2012, sendo submetido e aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob parecer número 1.863.965. As observações foram diárias e se direcionaram para a rotina dos pacientes. Os locais para a observação foram: os quartos com os leitos, os corredores onde os pacientes deambulavam, o hall de entrada dos corredores que dão acesso aos quartos, que funcionava como ambiente de convívio e as dinâmicas das salas de jogos. Os critérios observados foram: a construção do cuidado mediante suas práticas corporais nesses espaços, o apoio de seus familiares e amigos e demais relações estabelecidas entre pacientes e a assistência prestada pelos profissionais de saúde em seu dia a dia. Resultado: Os pacientes cardiopatas, antes e após a cirurgia, têm grandes limitações corporais: o cansaço, as dores, o desconforto torácico e a falta de ar são recorrentes e restringem a locomoção e o manuseio do próprio corpo.  Os pacientes ficam dependentes de apoio para atividades cotidianas (andar, sentar, se alimentar, pentear, tomar banho). Esse cenário repercute em desafios sobre o cuidado, pois é preciso estabelecer novos hábitos e se adequar a uma nova demanda corporal. Diante disso, notou-se que o apoio da família nesse momento favorece uma proteção, reduz o isolamento social do paciente e auxilia nas decisões e estratégias de cuidado. O núcleo familiar tornasse a base da convivência, cooperação, divisão de responsabilidades. Os vínculos não sanguíneos também são uma fonte de cuidado e proteção, semelhantes aos de parentescos. Portanto, familiares, amigos e profissionais compõem a rede de apoio a esses pacientes. Os pacientes valorizam esta assistência prestada por familiares, parentes e amigos. No entanto, as recomendações dos profissionais de saúde, sejam elas sobre medicamentos, técnicas corporais ou dinâmicas alimentares, sempre demandam novas organizações diárias durante a internação hospitalar e no cotidiano da família. Isso repercute em toda rede de apoio social, pois após a cirurgia aumenta a dependência do paciente, por conseguinte, uma maior demanda por cuidados. Com isso, é preciso novas configurações do apoio social para que se possa proporcionar o atendimento de necessidades essenciais. Há famílias e amigos que conseguem superar as dificuldades da internação e organizam uma estrutura para acompanhar o paciente. Mas, a falta de vínculos e cuidados familiares ou conflitos pode desfavorecer essa rede, fazendo com que o paciente se adeque sozinho as estratégias de cuidado. Devido a falta de suporte social os pacientes podem ter tempo de internação prolongado e reinternações recorrentes. Outro ponto, é que a família pode tanto respaldar as prescrições médicas, legitimando-as totalmente, quanto rejeitar essa prescrição, ao contrapor as orientações médicas. Considerações finais:  A rede de apoio direciona a movimentação do paciente e suas possibilidades de vivências corporais no enfrentamento da doença. Ela é fundamental para as novas rotinas, que incluem adaptações corporais e decisões sobre o tratamento das possíveis práticas a serem adotadas ou não. As redes se constituem de forma ampla e singular, portanto, a construção do cuidado é diversa – se adequa a cada contexto social, econômico e cultural. As possibilidades de configurações na rede de apoio contribuem para o ajustamento e gerenciamento do cotidiano dos pacientes diante das novas recomendações médicas. Ademais, após cirurgia, o desenvolvimento do cuidado é crucial para manutenção e recuperação da doença, sendo um meio para efetivação da rede de apoio ao paciente cardíaco. 


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Trabalho nº 10192
Título do Trabalho: NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM”: OPORTUNIDADE DE MELHORIA IDENTIFICADA EM UM CAPS III E O DESENVOLVIMENTO DE FOLDER INFORMATIVO POR GRADUANDAS DE ENFERMAGEM; TRATA-SE DE UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DAS ALUNAS DO 7º PERÍODO DA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM SOBRE VIVÊNCIA EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO, NO PERÍODO DE FINAL DE MARÇO A INÍCIO DE MAIO/2019, EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL III (CAPS) – SERVIÇO DE BASE TERRITORIAL, QUE ATENDE AS DIRETRIZES PROPOSTAS PELA REFORMA PSIQUIÁTRICA - NO RIO DE JANEIRO. COMO DEMANDA ACADÊMICA CURRICULAR PERTINENTE AO PERÍODO, FOI REALIZADO UM DIAGNÓSTICO SIMPLIFICADO DE SAÚDE (DSS) DA UNIDADE, QUE TEM COMO OBJETIVO IDENTIFICAR OPORTUNIDADES DE MELHORIA NOS CENÁRIOS DA PRÁTICA, DEVOLVENDO AO CAMPO POSSÍVEIS SOLUÇÕES E/OU REFLEXÕES CRÍTICAS SOBRE O DIAGNÓSTICO REALIZADO. COM ISSO, O ESTUDO SEGUIU A SEGUINTE METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO: 1) REALIZOU-SE AMBIÊNCIA E EXPLORAÇÃO DOS SERVIÇOS REALIZADOS NA UNIDADE
Autores: Paula Isabella Marujo Nunes da Fonseca, Isabela Ferreira da Silva, Bianca Rosa Fuly, Leticia Ignacio de Gouvea, Karina Xavier da Silva Correia

Apresentação: Apontou-se oportunidade de melhoria em uma  atividade oferecida no CAPS.


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Trabalho nº 11226
Título do Trabalho: TRAÇANDO NOVOS CAMINHOS DE CONSTRUÇÃO DE PROCESSO DE TRABALHO: GESTÃO E TRABALHADORES CONSTRUINDO JUNTOS ESTRATÉGIAS DE MELHORIAS BASEADAS NO PREVINE BRASIL TOS
Autores: Katia Regina de Souza ventura, Jocilane Lima de Almeida Vasconcelos

Apresentação: Esse relato de experiência, conta uma estratégia de gestão participativa, que teve como objetivo consolidar a qualidade do atendimento na Atenção Primária, capacitando todos os profissionais  da Rede de Atendimento aos Usuários do SUS, quanto a mudança no financiamento, atualização de cadastros, e implantação do Programa Saúde na Hora (Previne Brasil), no município de Manaus,Amazonas. Esse processo de trabalho, iniciou-se no dia 16 de janeiro de 2020, com visitas técnicas da gestão da GESF, nas unidades de saúdee seus respectivos distritos, apresentando o Novo modelo de Financiamento, a implementação da Norma Técnica 001/2018,Atualização de cadastros, monitoramento das ações da APS e diagnóstico situacional das unidades. Com tudo, essas visitas em loco, nos trouxe como resultado, o fortalecimento do vínculo gestão e profissionais e relatos de experiências e dificuldades, além de depoimentos exitosos. Fazendo também com que a produtividade e alcance dos indicadores fossse rapidamente elevados. Sendo assim, todo esse cronograma de visitas, embasou-se no desejo de ofertar um atendimento resolutivo e de qualidade aos nossos usuários, fazendo com que cada profissional avaliasse o seu trabalho e sentisse o protagonista no novo contexto da saúde pública.


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Trabalho nº 9696
Título do Trabalho: DESATANDO NÓS E TECENDO REDES: A CONSTRUÇÃO DE UM MATRICIAMENTO POSSÍVEL NA ATENÇÃO BÁSICA COM A SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DE PIRAÍ (RJ)
Autores: Flavia Helena M.A. Freire, Giovana Cardoso Citeli Jordão, Carolina Oliveira Forastieri, Fátima Regina da Silva Souza, Ana Paula Souza Lima de Campos Fernandes

Apresentação: Este trabalho é um relato de experiência do projeto de extensão desenvolvido pelo Departamento de Psicologia da UFF de Volta Redonda com a Secretaria Municipal de Saúde de Piraí (RJ), atuando diretamente no Programa de Saúde Mental com a equipe do CAPS Reviver. O projeto prevê uma análise da micropolítica do trabalho, convidando os trabalhadores e gestores da RAPS a reflexão sobre suas práticas de trabalho no cuidado integral com o usuário e na criação de estratégias para o trabalho em rede. Tem como objetivo mapear as percepções das equipes de Saúde Mental e da Atenção Básica, no que diz respeito à concepção de matriciamento. Para tanto, metodologicamente, sistematizamos os relatos oriundos da “Oficina de Matriciamento”, realizada no CAPS, perante a necessidade de avaliação do processo de Apoio Matricial em Saúde Mental desenvolvido em 2019. A oficina foi composta por representantes do CAPS, NASF e UBSF. A oficina estruturou-se em dois momentos: (1) apresentação de perguntas previamente definidas sobre o processo de Apoio Matricial - elaboradas pela coordenação da Atenção Básica e Saúde Mental e, (2) discussão das perguntas disparadoras. A metodologia resultou na utilização de dinâmica feita com novelo de lã, que passava pelas mãos de cada trabalhador(a), onde deveria puxar o “fio da meada”. Com o passar do “fio da meada” uma rede foi sendo tecida, os nós iam sendo formados, e as tensões se estabelecendo. Foram quatro perguntas direcionadas as duas equipes: (1) “O que entendo por Matriciamento em Saúde Mental?” (2) Qual meu papel no Matriciamento em Saúde Mental? (3) O que espero do Matriciamento em Saúde Mental? (4) Quais são os problemas que identifico como mais relevantes no Matriciamento? As respostas revelaram a forma como cada equipe se posiciona na rede de saúde e como compreende a estratégia de Apoio Matricial, como facilitadora do cuidado integral em saúde mental. O ponto crucial delimitador de diferenças, refere-se às expectativas sobre o Apoio Matricial. A equipe do CAPS espera construir um cuidado com o usuário a partir do vínculo no território, juntamente com as equipes da UBSF, na perspectiva do cuidado compartilhado. Por outro lado, a equipe de Atenção Básica verbaliza que está disponível para o cuidado com estes usuários, no entanto sentem-se confusas e sem preparação teórica-prática para lidar com usuários com psicopatologias tão complexas. A esse respeito, a atenção básica solicita a equipe do CAPS “ministrar aulas”, palestras e cursos sobre o tema do cuidado na saúde mental. Percebe-se a demanda por uma dimensão didática no processo de matriciamento. Encontrar formas para mediar à comunicação entre as equipes do CAPS e da Atenção Básica tornou-se fator primordial para os próximos encontros, unindo-os a partir do cuidado com o usuário em seus espaços distintos, o da imprevisibilidade do campo da Atenção Psicossocial e o do caráter procedimental e protocolar do campo da Atenção Básica. Trata-se de um trabalho ainda em curso, com muitas potências a serem exploradas, e para o próximo desafio fica a pergunta: Como desatar os nós, tecer essa rede e construir um matriciamento possível?


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Trabalho nº 7652
Título do Trabalho: A CONSTRUÇÃO DE UM GRUPO DE MULHERES EM UM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: Jessica do Nascimento Rezende, Geilsa Soraia Cavalcante Valente, Beatriz de lima Bessa Ballesteros, Elida Gabriela Serra Valença Abrantes, Vanessa Teles Luz Stephan Galvão, Gabryella Vencionex Barbosa Rodrigues, Elaine Antunes Cortez, Mayra Pereira de Jesus

Apresentação: Este trabalho trata-se de um relato experiência sobre a criação e manutenção de um grupo de mulheres que é composto por pacientes de um centro de atenção psicossocial II do município do Rio de Janeiro e mediado por uma enfermeira e uma terapeuta ocupacional do serviço. Este estudo tem como objetivo principal relatar a construção de um espaço de discussão permanente entre mulheres que frequentam o mesmo serviço de saúde. Método: Trata-se de uma pesquisa empírica, de natureza descritiva - interpretativa e qualitativa realizada a partir de um grupo de mulheres que tem como perspectiva o empoderamento e autonomia desses sujeitos. O relato descrito ocorreu no ano de 2019, a proposta do grupo surgiu a partir do encontro das profissionais com as pacientes que reivindicavam um espaço de discussão composto apenas por mulheres, principalmente para que fosse possível discutir a interface entre ser mulher e frequentar um serviço de saúde mental regularmente. Os encontros aconteciam em uma sala da unidade e as pautas das discussões eram propostos a cada dia; jornais, revistas e outros meios de comunicação eram utilizados para encontrarmos temas atuais que traziam o papel da mulher na sociedade. Por vezes, o encontro era utilizado para troca de receitas e outras para dicas sobre o perigo de estar na rua sozinha a noite. Considerações finais: A experiência de um grupo onde mulheres consigam compartilhar as experiências do dia a dia possibilitou um espaço de leveza e desafogo que até então era inexistente nesse serviço de saúde.


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Trabalho nº 11249
Título do Trabalho: A INSERÇÃO DO PET-SAÚDE NA CLÍNICA DA FAMÍLIA WILMA COSTA: CONSTRUÇÃO, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Autores: Analaura Ribeiro Pereira, Anderson Martins da Rocha, Renata da Silva Rodrigues

Apresentação: Trata-se do relato da inserção do PET-Saúde na Clínica da Família Wilma Costa no contexto vivenciado da crise na Atenção Primária à Saúde no município do Rio de Janeiro. O foco do PET-Saúde nesta unidade de Atenção Primária à Saúde é voltado para o cuidado da população LGBT. Desenvolvimento: A inserção será descrita a partir de uma linha do tempo tendo como pano de fundo a contextualização e o cuidado da população LGBT na Atenção Primária à Saúde no Município do Rio de Janeiro. O município do Rio de Janeiro no ano de 2019 teve uma diminuição da cobertura de Atenção Primária à Saúde, anunciando um desmonte. Em Dezembro de 2017, tinha 1294 Equipes de Saúde da Família (ESF), estando o município com uma cobertura de Estratégia de Saúde da Família de 70,36% e de Equipes de Saúde Bucal (ESB) de 446 equipes. Em Janeiro de 2020, com a redução das equipes devido para 1086 equipes de ESF com cobertura de 50,11% e de ESB 345 equipes. Ou seja, 70% da população estava coberta com a Estratégia de Saúde da Família que significa 4,4 milhões de pessoas cadastradas e assistidas pela Atenção Primária à Saúde, pelo SUS. Como cortaram as equipes da Atenção Primária à Saúde, a cobertura 3,1 milhões de pessoas, considerando a população do município do Rio de Janeiro 6.320.446. A Clínica da Família Wilma Costa perdeu duas equipes de profissionais da Estratégia de Saúde da Família e duas equipes de Saúde Bucal, mantendo o seu território de cobertura, ou seja, ampliando o número de cadastrados pelas seis equipes que restaram. Em 2019, os profissionais estiveram em greve durante oito meses no ano, o que dificulta muito processos de cuidado na Atenção Primária à Saúde. Resultado: A proposta é descrever como está sendo feita a construção, desafio e possibilidades do PET-Saúde na unidade de Atenção Primária à Saúde no Município do Rio de Janeiro. Desde do levantamento do banco de dados, entrevistas, oficinas e seminários. Trata-se de dar visibilidade de como está assistida a população LGBT na Atenção Primária à Saúde, trazendo a reflexão da necessidade de investimento em educação permanente sobre o tema LGBT e utilização de espaços e ferramentas que melhore o cuidado da população LGBT na Atenção Primária à Saúde. Considerações finais: O PET-Saúde agrega ensino-serviço traz a possibilidade da construção do cuidado, agregando valores aos profissionais, alunos, professores e usuários. Proporcionando ampliar os olhares e práticas de cuidado às populações mais vulneráveis na Atenção Primária à Saúde.


Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9212
Título do Trabalho: PROGRAMA DE INCENTIVO EDUCACIONAL E AO PROTAGONISMO DO JOVEM: A CONSTRUÇÃO EM NITERÓI
Autores: Ana Maria Machado Vieira, Ana Cristina Costa dos Santos, Maria Inez Bernardes do Amaral, Marilia Sorrini Perez Ortiz, Rubia Cristina Costa Bonfim Secundino, Vilde Dorian da Silva Castro

Apresentação: O presente trabalho tem por objetivo apresentar a experiência de implementação do Programa Poupança Escola (PPE), que integra o Eixo Prevenção do Pacto Niterói contra a Violência, desenvolvida durante o ano de 2019 na cidade de Niterói. Criado pela Lei Municipal nº 3363/18, o programa tem como finalidade incentivar o jovem, integrante de família beneficiária do Programa Bolsa Família, morador de Niterói (no mínimo um ano), e que esteja matriculado e cursando o 9º ano do ensino fundamental ou em qualquer ano do ensino médio ou profissionalizante integrado, a concluir o ensino fundamental e ensino médio na rede pública no município. O aluno elegível fará jus a um incentivo financeiro por cada ano concluído, com aprovação, definido conforme critérios que variam com alcance das metas de escolaridade, podendo receber de R$ 800,00 a R$1.200,00. Além de um benefício adicional, concedido ao aluno que tenha completado o Ensino Médio e alcançado 50% da pontuação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Além da aprovação anual sem dependência, frequência anual de no mínimo 75% e cumprimento do Regimento Escolar, o aluno deverá participar de atividades extracurriculares obrigatórias, ofertadas pelo Município de Niterói, tais como cursos e/ou oficinas sobre educação financeira, empreendedorismo, preparação para o mercado de trabalho, educação em saúde, serviços ofertados nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), atividades de caráter cultural e esportivo e outros temas relevantes para o público do Programa. Para acompanhar o desempenho do Programa foi instituída a Comissão de Fiscalização e Gestão do Poupança Escola (CFGPE) com as seguintes atribuições: i) Promover, gerir e fiscalizar a execução do Programa; ii) selecionar e recomendar atividades previstas na lei para os beneficiários; iii) julgar os casos de desligamento e exclusão do programa, observados os princípios do contraditório e da ampla defesa; e iv) propor regras para aperfeiçoamento do regulamento do Programa. A CFGPE é presidida pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH) e conta em sua composição intersetorial, com representantes das Secretarias: da Educação, Saúde, Planejamento, Fazenda, Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, Conselho Municipal de Assistência Social e Conselho Municipal de Educação. Além da meta de aumentar o índice de conclusão do ensino médio, o Programa possui os seguintes objetivos; i) melhorar o desempenho e rendimento escolar dos estudantes; ii) estimular a frequência regular para um melhor processo de ensino-aprendizagem e redução do abandono escolar; iii) reduzir a evasão escolar e os efeitos intergeracionais na reprodução da pobreza; iv) aumentar os fatores de proteção e reduzir os fatores de risco que influenciam os índices de criminalidade na juventude; e v) incentivar a autonomia do jovem na tomada de decisões. Desenvolvimento: descrição da experiência O processo de elaboração das normativas e demais componentes da implementação foi fruto de uma construção coletiva, da qual participaram as secretarias que integram o programa, a coordenação geral do Pacto Niterói contra a Violência e, especialmente, os membros indicados para a composição da CFGPE, de modo a estimular o compromisso, a pactuação e a gestão compartilhada. No processo de implantação do programa foram realizadas parcerias com a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, assim como tratativas para acordos de Cooperação Técnica (ACT), sem repasse de recursos financeiros, com as três escolas vinculadas à esfera federal e com sede no município de Niterói – Colégio Universitário Geraldo Reis/COLUNI-UFF, Colégio Pedro II e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro/IFRJ, as quais já participam do Programa em 2019, juntamente com as doze escolas do ensino fundamental da rede municipal de educação. Prosseguem as tratativas com Secretaria Estadual de Educação, Colégio Técnico e Fundamental Henrique Lage da FAETEC e Colégio da Polícia Militar com vistas à participação dos alunos dessas escolas a partir de 2020. Em paralelo foi estabelecida parceria com o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (PRODERJ) para o desenvolvimento do sistema de gestão do programa, cujo site foi disponibilizado no endereço www.poupancaescola.niteroi.rj.gov.br em 01/11/19. Para a operacionalização do pagamento dos benefícios do Programa, incluindo a abertura de conta poupança em nome do aluno e emissão de cartão personalizado, a prefeitura designou a Caixa Econômica Federal - CAIXA, instituição pública com longa experiência na operacionalização de Programas Sociais, especialmente o Programa Bolsa Família. Resultado: efeitos percebidos decorrentes da experiência Do universo de 281 alunos elegíveis, 231 (82,21%) realizaram a sua pré-inscrição no endereço eletrônico do programa e deste total 167 alunos (72,29%) abriram a conta poupança na CAIXA. Após a apuração, o recebimento das informações de acompanhamento das 12 escolas da rede municipal e identificação dos alunos que cumpriram todos os requisitos definidos nas normativas, em dez/2019, foi efetivado o primeiro fluxo de pagamento dos incentivos financeiros para 115 alunos, totalizando o montante de R$ 41.400,00. A partir de maio de 2020, está prevista a efetivação do 2º fluxo de pagamento dos incentivos para os alunos das três escolas da rede federal e para os remanescentes da rede municipal. Para a obtenção desses resultados foi necessário um intenso trabalho de articulação intramunicipal e estabelecimento de parcerias: com o Observatório de Segurança Pública de Niterói para a apuração inicial dos alunos elegíveis; com o Projeto Escola para a Vida da Secretaria Municipal de Educação, pela qual os professores dinamizadores atuaram como ponto focal e facilitadores para as ações do Programa - sensibilização, divulgação, entre outras – junto aos alunos das 12 escolas da rede municipal; assim como a realização de reuniões nas escolas e contatos telefônicos com alunos e responsáveis para esclarecimentos sobre o programa e sobre os procedimentos de adesão. Vale destacar a percepção de alguns dos alunos participantes reconhecendo a importância do programa, como forma de estímulo e contribuição para um futuro melhor para o jovem. Para o ano de 2020, conforme previsto nos Decretos nº 13.267/19 e nº 13.428/19, será realizado até o dia 30 de junho novo processo de adesão para os alunos regularmente matriculados em qualquer dos anos do Ensino Médio ou no nono ano do Ensino Fundamental nas escolas da rede pública em Niterói. Dessa forma, estima-se o ingresso de cerca de 2.200 alunos oriundos da rede estadual.