91: Interprofissionalidade como trabalho colaborativo em saúde
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 01 Sala 01 - Abacaba    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
2398 As dimensões ético-política e pedagógica do trabalho da Assistente Social em uma Unidade Básica de Saúde em Parintins/AM
Eledice Duque Guerreiro

As dimensões ético-política e pedagógica do trabalho da Assistente Social em uma Unidade Básica de Saúde em Parintins/AM

Autores: Eledice Duque Guerreiro

Apresentação: Discutir o trabalho do Assistente Social na saúde, especificamente na realidade de Parintins/AM, é imprescindível e pioneiro, uma vez que o conceito aplicado de saúde demanda que o Assistente Social atue sobre as distintas nuances da questão social que se convertem no processo saúde-doença. Apontar a participação do Serviço Social na dimensão pedagógica é ter em vista a responsabilidade que este profissional tem mediante ao trabalho desenvolvido na sociedade, no uso do conhecimento adquirido através do projeto ético-político, na utilização de sua instrumentalidade e, sobretudo no seu comprometimento em reorganizar um setor importante das políticas públicas, que é a atenção básica. Desenvolvimento do trabalho: O presente Trabalho de Conclusão de Curso - TCC tem como objetivo geral analisar como se expressam as dimensões ético-política e pedagógica em uma Unidade Básica de Saúde em Parintins. De modo que traz como objetivos específicos: a) Identificar demandas apresentadas ao trabalho da Assistente Social na Unidade Básica de Saúde; b) levantar quais os instrumentais utilizados pela Assistente Social para responder as demandas apresentadas no seu cotidiano de trabalho; c) desvelar como se expressam as dimensões ético-politico e pedagógica no cotidiano do trabalho da Assistente Social. Para o alcance de tais objetivos a metodologia adotada foi a pesquisa qualitativa, e para a coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada, obedecendo a fases interligadas, sendo a primeira a luz da teoria com pesquisas bibliográficas, e a segunda a campo com questões inerentes aos objetivos propostos. Sendo assim, por ser a pesquisa um estudo de caso, participou da mesma, uma assistente social, a qual assinou um termo de consentimento livre e esclarecido. A partir do estudo constatou-se a maneira de como é materializada as dimensões ético-político e pedagógica no trabalho profissional da Assistente Social na Atenção Básica de Saúde em Parintins/Am. Resultado e considerações finais: A pesquisa realizada propôs analisar as dimensões ético-política e pedagógica no trabalho do assistente social com base na materialização destas dimensões no exercício de seu trabalho. Nessa perspectiva investigou uma assistente social, questão norteadora desta pesquisa. Esta entrevista levou ao encontro de análise dos dados que acabaram por desvelar como se dá o trabalho da assistente social na realidade atual. Com a descrição e análise dos dados mostrou-se que as entrevistas realizadas com a assistente social nos possibilitaram estabelecer algumas questões mediante as dimensões ético-política e pedagógica no trabalho do assistente social na atenção básica.

3751 CONSULTA MOTIVACIONAL DA ENFERMAGEM COM OBESOS: INTERAGIR E OLHAR PARA AS FORÇAS PROTAGONISTAS E TRANSFORMATIVAS DO SER
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira, Ana Flávia Lima Silva, Francisca Lara Ruth de Oliveira Lima

CONSULTA MOTIVACIONAL DA ENFERMAGEM COM OBESOS: INTERAGIR E OLHAR PARA AS FORÇAS PROTAGONISTAS E TRANSFORMATIVAS DO SER

Autores: Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira, Ana Flávia Lima Silva, Francisca Lara Ruth de Oliveira Lima

Apresentação. Objetiva-se identificar em uma perspectiva humanista as ambivalências presentes no portador de obesidade, focando na compreensão de sua força para mudanças positivas. Diante da problemática da obesidade, a equipe multiprofissional na atenção primária em saúde tem um papel importantíssimo nas orientações preventivas, e essas abordagens incluem as orientações não apenas a reeducação alimentar e atividade física, mas ressaltando que a obesidade é uma epidemia e que o excesso de peso já aponta como um fator de risco para doenças como o diabetes mellitus, dislipidemias, hipertensão arterial, coronariopatias, insuficiência cardíaca, refluxo esofágico, colelitíase, gota, infertilidade, amenorreia, dismenorreia, maior risco de câncer de mama, reto, cólon, próstata, síndrome de ovário policístico, entre outros. Descrição da Experiência. Esta experiência tem como referência a disciplina de Enfermagem em Saúde do Adulto e do Idoso II, do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Vale do Jaguaribe, localizada no município de Aracati, estado do Ceará. No âmbito da Disciplina, foi incentivado aos alunos, em estágio na Atenção Básica, em um Posto de Saúde, a escolha de um usuário portador de uma doença crônica não transmissível. A partir dessa escolha, a etapa subsequente foi conhecer o histórico individual, histórico familiar, fatores de risco, e a realização do exame físico, identificando também os diagnósticos de enfermagem de acordo com a SAE – Sistematização de assistência de Enfermagem, sendo que a principal intervenção seria a escuta e o foco em ascender a motivação subjetiva. A experiência de realização da consulta motivacional ocorreu no mês outubro de 2017, constituindo-se de quatro encontros com cerca de 40 min cada, sendo que o primeiro e o último momento seriam divididos em exame físico e pergunta norteadora. E o segundo e terceiro momento conduzido apenas pela pergunta e escuta ativa. Resultados. Primeira consulta: momento iniciado com histórico da paciente, abordando o quadro clínico geral. Escutamos a história da usuária em relação à presença da obesidade em sua vida, desde a infância., identificando em sua fala, os fatores que estavam direta e indiretamente conectados ao seu processo de adoecimento devido á obesidade. Ao finalizarmos a coleta das informações da usuária, dos dados físico, sinais vitais, seguimos com a pergunta norteadora a qual se constitui em saber “Como a pessoa de quem cuidamos se sente diante do diagnóstico de obesidade”. Sentimos, nesse momento, o quanto esse diagnóstico assusta quando junto com ele a pessoa recebe uma série de informações sobre os riscos para sua saúde, trazendo a pressão externa para que emagreça, afetando a interação familiar e social de um modo geral. Abordamos sobre a importância da atividade física e ela afirmou que tinha dificuldades, mas que tentaria buscar algo que estivesse dentro de suas possibilidades, tendo como escolha a caminhada. Na nossa Segunda consulta, já iniciamos com a pergunta norteadora: “Como está sendo a experiência com a atividade física de sua escolha?”. Ela relatou que na primeira semana se sentiu incomodada e cansada, reduzindo a frequência para três dias da semana, mas que ainda sim havia percebido que a noite não sentiu desconforto para dormir e que na segunda semana já estava mais adaptada ao ritmo. A conversa abriu espaço para que a paciente falasse tudo o que sentisse necessário, foi como relatou que sentia vergonha porque achava que as pessoas a ficavam olhando de forma preconceituosa. Aproveitamos, essa abertura, e direcionamos a conversa para a autoestima apreendendo sobre a percepção que a mesma fazia de si mesma, o que nos levou a saber que a paciente já havia desistido de tentar emagrecer. Redarguimos então com a pergunta: “A sua busca está validada no que os outros podem pensar ou no que você acredita que consegue alcançar?” Com esta recondução, seu discurso mudou. Entendemos que foi o ponto chave de nossa interação. Com esta sinalização, iniciamos a modificação do processo, tornando possível identificar as ambivalências e as causas de seu comportamento de risco. Ressaltamos que a consulta motivacional não tem um papel prescritivo, mas sim evocativo, ou seja, através da fala, o próprio paciente irá se ouvir e se dispor ao caminho da mudança. Na Terceira consulta, partimos da seguinte pergunta: “O que te move interiormente?”. Ouvimos que acredita que um dia poderá emagrecer e melhorar sua convivência social. Redirecionamos novamente afirmando que sua percepção de si mesma pode ser muito maior do que a percepção do outro e que sua força interior tem alto valor. Com a Quarta e última consulta: realizamos, enfim o exame físico final. Solicitamos da paciente que compartilhasse sobre como ela estava se sentindo, o que ela acreditava ter mudado desde o primeiro encontro e qual o pensamento dela dali em diante. Ela relatou se sentir melhor, e verbalizou que não imaginava em uma consulta de enfermagem no posto pudesse receber ajuda nesse processo de mudança dos hábitos de vida. Vimos que se sentiu acolhida, afirmando que, às vezes, o que basta é um bom ouvido e alguém disposto a ajudar. Afirmou que seguiria em frente com todos os planos acordados durantes as consultas as quais focaram a atividade física, o equilíbrio alimentar, a busca por outros profissionais como um nutricionista e um psicólogo e que pudessem ajudá-la a permanecer roda da vida, girando – a de forma promissora para o alcance de seus reais objetivos para o peso ideal, restabelecendo seu quadro de saúde. Considerações Finais. Identificamos o quanto a obesidade tem se tornado um sério problema de saúde pública e diante disso foi observada a relevância e necessidade da capacitação e das boas práticas em saúde, de modo que venha a contribuir para uma assistência não apenas sistematizada, mas humanizada, levando em consideração as declarações do paciente como um instrumento evocativo de mudança. A consulta motivacional mostra-se como uma ferramenta eficaz que possibilita uma escuta ampliada capaz de identificar sentimentos e percepções que possam causar ambivalências e ao mesmo tempo destituí-las promovendo um aumento da motivação intrínseca do paciente ao invés de uma prescrição ou imposição de um tratamento. Este método permite reconhecer os aspectos chaves das falas norteadoras do paciente, eliciar e fortalecer as mudanças, lidar com as resistências, negociar um plano de ação e consolidar o compromisso de avanços. O que nos permite visualizar o ser em seu campo holístico, ou seja, compreender que cada pessoa é constituída de sentimentos, emoções, cultura e ambivalências. Deste modo, consideramos que a consulta motivacional aliada à consulta de enfermagem pode alcançar resultados positivos, visto que com esta abordagem se aplica uma qualidade de energia, de informações sutis com quem se está interagindo, com as quais forças salutares interiores são movidas no sujeito, ativando e mobilizando-o assumir, assim, seu papel protagonista na transformação de seu próprio estado de saúde, da imagem de si mesmo e de sua teia de relações sociais, ocupando o lugar que deseja de forma consciente e coerente com um propósito.

4215 INTEGRA E EDUCAÇÃO PARA O SUS: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO COLABORATIVA E INTEGRADORA
Larissa Polejack

INTEGRA E EDUCAÇÃO PARA O SUS: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO COLABORATIVA E INTEGRADORA

Autores: Larissa Polejack

Este trabalho pretende descrever a experiência de construção e implantação do “INTEGRA: Grupo de Estudos, Intervenção e Educação em Psicologia, Cronicidades e Políticas Públicas na Saúde”. Seu início foi em 2014, a partir da reflexão sobre a fragilidade na formação de psicólogos para atuarem no Sistema Único de Saúde (SUS) e da necessidade de construção de um processo formativo mais colaborativo e seguro para o desenvolvimento e a reflexão sobre o papel profissional coerente com os princípios do SUS. O objetivo principal do Grupo é operar como espaço de reflexão e intervenção na Psicologia, de forma articulada com a Saúde Coletiva, incentivando a integração entre graduação e pós-graduação, buscando estratégias de fortalecimento do SUS por meio de pesquisas e ofertas de processos formativos para estudantes e profissionais da rede de saúde no Distrito Federal (DF). Como fundamentos teórico-epistemológicos e metodológicos as ações do Grupo se sustentam na Pedagogia Problematizadora, no Psicodrama e nos pressupostos da Educação Permanente em Saúde. Diversas atividades são desenvolvidas, dentre elas, reuniões quinzenais para discussão de textos e compartilhamento de experiências e vivências nos cenários de pesquisa e prática. Durante o compartilhamento das pesquisas individuais, o grupo se concentra em apoiar o pesquisador com reflexões, ideias e sugestões. Participam desses encontros uma docente, estudantes de graduação e pós-graduação e profissionais da rede de saúde (eventualmente). Outra atividade desenvolvida é a realização de Sociodramas e ofertas de processos formativos para profissionais de saúde. Como principais resultados destacam-se: ampliação do interesse de estudantes de psicologia na atuação para o SUS; inserção da disciplina “Psicologia e Saúde Pública” no currículo do Curso de Graduação em Psicologia; organização da I Jornada de Psicologia e Políticas Públicas em Saúde, com a participação aproximada de 60 participantes; atuação em cursos de educação continuada para profissionais da rede e realização de pesquisa sobre a atuação dos psicólogos nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) do DF, além de outras pesquisas em andamento. Como produto da I Jornada, organizou-se um livro intitulado “Psicologia e políticas públicas na saúde: experiências, reflexões, interfaces e desafios”, publicado pela Editora Rede Unida. Trata-se de uma obra construída coletivamente entre docentes, discentes e trabalhadores da saúde, organizada em três eixos que contemplam 22 capítulos, integrado por 41 autores de variadas formações e experiência no SUS. Ao longo do processo de desenvolvimento do INTEGRA, algumas lições têm sido aprendidas e outras inquietações permanecem. Como lições, destaca-se que essa proposta de atuação coletiva e integrada ajuda a construir um espaço de pesquisa e de acolhimento de forma a apoiar o desenvolvimento do papel de pesquisador/trabalhador do SUS com mais leveza e menos solidão. A relação com os participantes no Integra tem proporcionado experiências de co-gestão e desenvolvimento da autonomia.Como desafios permanecem as cobranças por produtividade e a graduação voltada para formar especialistas, com poucos espaços para interação com outras áreas. Sugere-se que núcleos dessa natureza sejam incentivados nas graduações em saúde como espaços privilegiados de aprendizado e desenvolvimento sobre o papel profissional comprometido com o SUS.

4283 A INTERDISCIPLINARIDADE COMO INCENTIVO A PRÁTICA DA PESQUISA NO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
Ângela Maria de Lima Monteiro, Taynara Cristina Mouzinho Amaral, Patrícia Reyes de Campos Ferreira

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO INCENTIVO A PRÁTICA DA PESQUISA NO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

Autores: Ângela Maria de Lima Monteiro, Taynara Cristina Mouzinho Amaral, Patrícia Reyes de Campos Ferreira

Apresentação: As metodologias de ensino nas universidades variam bastante, principalmente quando se fala da formação de docentes a metodologia utilizada pelo curso que deve instigar ainda mais a busca autônoma para a construção do conhecimento. No curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado o Pará (UEPA) - campus XII no município de Santarém, no primeiro semestre do ano de 2016, foi implantado o Seminário Interdisciplinar, que tem como foco envolver as disciplinas do semestre de cada turma, sendo assim, a turma recebe um tema geral e os grupos de alunos ficam responsáveis por desenvolver um subtema relacionado ao tema central. O objetivo deste estudo é relatar a importância da interdisciplinaridade e da prática de pesquisa na formação acadêmica, trazendo como exemplo um seminário interdisciplinar do curso de Educação Física. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência. No semestre de estreia do seminário foi dado a nossa turma o tema: “Espaços de lazer na cidade”, em que foi sorteado 5 localidades que possivelmente ocorriam atividades de lazer. O local que o nosso grupo foi responsável por pesquisar foram nas ciclovias de Santarém. Coube a nós e aos demais grupos e seus locais de pesquisa, investigar as atividades de lazer que ocorriam no local, a população que frequentava o local e os órgãos públicos competentes. Cada grupo orientado pelos professores das disciplinas do semestre, no caso a disciplina de Estudos e Métodos do Lazer, Fundamentos Sociológicos na Educação Física, Pesquisa e Prática Pedagógicas II e fundamentos e Métodos do Esporte, procurou o melhor caminho para alcançar os objetivos propostos. Para aprofundar os conhecimentos acerca das ciclovias de Santarém buscamos entrar em contato com as secretaria de lazer, secretaria de mobilidade e trânsito e secretaria de infraestrutura do município e também entrevistamos os usuários das ciclovias. Relacionamos as entrevistas e formatamos a pesquisa em modelo de artigo científico o qual foi apresentado no auditório da universidade frente à todos os professores da turma e demais discentes da universidade. Assim, o seminário dá a oportunidade ao aluno de se deparar com todas as etapas de uma pesquisa científica, desde a elaboração de objetivos, a busca por alcança-los, a análise dos dados e apresentação dos mesmos para a sociedade acadêmica.  Resultados: O seminário interdisciplinar traz como um dos seus pilares a importância do universitário ir além dos muros da universidade e está em contato com a comunidade, para assim ter noção da realidade em que se encontra e do seu papel como profissional.  Considerações Finais: O seminário interdisciplinar além de proporcionar uma nova visão para os acadêmicos como pesquisadores, traça essa importante relação entre a pesquisa acadêmica e comunidade.

4470 O ACOLHIMENTO À FAMÍLIA DO USUÁRIO DA UTI: visão do familiar e equipe multiprofissional
Martha Nunes Freitas, Ellen Caroline Santos Navarro, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Antônia Regiane Pereira Duarte, Jefferson Guerreiro Da Costa, Márcia Jeane Do Rego Dias

O ACOLHIMENTO À FAMÍLIA DO USUÁRIO DA UTI: visão do familiar e equipe multiprofissional

Autores: Martha Nunes Freitas, Ellen Caroline Santos Navarro, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Antônia Regiane Pereira Duarte, Jefferson Guerreiro Da Costa, Márcia Jeane Do Rego Dias

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um setor hospitalar de monitoramento intensivo dos pacientes internados em estado grave nos hospitais. Consiste numa área especial onde ficam os pacientes com instabilidade clínica que necessitam de monitorização continua e cuidados da equipe multiprofissional. Por esta razão, os familiares apresentam sentimentos de desespero, angustia e medo de perder seu ente querido, e para lidar com todos esses sentimentos a equipe multiprofissional deste setor deve estar preparada para acolher esses familiares que necessitam de cuidados tanto quanto o paciente. As Políticas de Saúde, em especial a Política Nacional de Humanização (PNH), enfatizam a necessidade de que o cuidado oferecido ao usuário realmente vá além do cuidado técnico, dos procedimentos, e do conhecimento científico. Assim, um acolhimento realizado de maneira adequada ou mais próxima de suprir as necessidades humanas básicas dos familiares, auxiliaria na construção de um serviço de saúde hospitalar com qualidade e humanização. Diante disso, surgiu a necessidade de pesquisar o relato dos usuários e da equipe multiprofissional de um hospital quanto à percepção da importância do acolhimento dispensado aos familiares dos pacientes internados na UTI.  Neste trabalho propõe-se descrever a importância da prática do acolhimento à família do paciente internado na UTI, para garantir a implementação da humanização de qualidade realizado pela equipe multiprofissional da unidade de terapia intensiva. Assim, acredita-se que será possível produzir um conhecimento para ajudar em mudanças neste setor hospitalar partindo do ponto de vista de que o tema ainda é pouco explorado. Tem por objetivo conhecer qual a percepção dos familiares e equipe multiprofissional em relação ao acolhimento na unidade de terapia intensiva visando apontar o grau de satisfação dos familiares em relação ao atendimento recebido; demonstrar a partir dos relatos de familiares e colaboradores as metodologias de acolhimento utilizadas na UTI e apresentar as sugestões dos colaboradores e familiares para um acolhimento humanizado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com utilização da técnica de entrevista, realizada em um hospital público de Santarém, que é referência no atendimento de alta e média complexidade. Participaram do estudo profissionais de saúde que atuam na unidade e familiares de pacientes internados na UTI adulto do HRBA. O processo de amostragem foi por conveniência, sendo entrevistados cinco profissionais e cinco familiares, afim de abranger ao máximo o problema a ser investigado. Os critérios de inclusão foram: possuir idade superior a 18 anos; ser da equipe da UTI adulto do HRBA; ser familiar de paciente internado na UTI do referido hospital e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos sujeitos que não se enquadravam nos critérios da pesquisa. A coleta de dados foi feita por meio de entrevista individual com os profissionais de saúde e familiares de pacientes, através de um roteiro semiestruturado, com questões referentes a importância do acolhimento dispensado pela equipe multiprofissional à família dos pacientes internados na UTI adulto do HRBA. Os participantes da pesquisa foram abordados individualmente em um local específico do setor, os mesmos foram identificados pela letra “E” acompanhada de um número de ordem, preservando a identidade dos sujeitos. Entre os participantes do estudo constatou-se que 60% dos colaboradores pertenciam ao gênero masculino, com idade entre 26 e 39 anos. Em relação aos colaboradores do setor estudado, 03 entre os participantes possuíam nível superior (enfermeiro, médico e fisioterapeuta) e 02 tinham o ensino médio (técnicos de enfermagem). Em relação a carga horária varia muito de categoria, constatou que os enfermeiros trabalham em um regime de 12 horas trabalhadas por 36 horas de descanso, já os técnicos de enfermagem trabalham 6 horas/dia com direito a uma folga semanal, assim como os profissionais de fisioterapia, em contrapartida os profissionais médicos cumprem uma escala de plantão conforme pedidos pré-estabelecidos conforme sua disponibilidade. Em relação a satisfação no trabalho todos os profissionais mostraram-se satisfeitos. O estudo mostrou que o sexo feminino é o que mais se mostra disponível em realizar visita ao familiar internado (80%), entre os visitantes a faixa etária mais predominante foi entre 22 a 44 anos (80%). Em relação ao grau de parentesco constatou-se que os filhos e netos são os que mais buscam visitar seus entes (80%). Dentre os participantes da pesquisa, observa-se que 100% dos familiares entrevistados na pesquisa, referiram que o nível de estresse dos familiares é baixo. Quanto aos colaboradores do setor avaliado 60% relataram ter um nível de estresse baixo. Em relação ao nível de estresse médio e alto verificou-se um percentual de 40%. Entre relatos obtidos emergiram quatro categorias temáticas como: O acolhimento na visão dos familiares e equipe multiprofissional, Percepção da equipe multiprofissional e dos familiares referente a importância do acolhimento humanizado, Comunicação entre equipe multiprofissional e família e a Percepção da família e equipe multiprofissional em relação aos resultados do acolhimento prestado pela equipe e suas sugestões atribuídas para melhorar o acolhimento dispensado na UTI. Para a categoria “O acolhimento na visão dos familiares e equipe multiprofissional” os entrevistados foram questionados sobre como é visto o processo do acolhimento, sobre essa temática, avaliou-se que tanto os profissionais quanto os familiares têm bom entendimento sobre o que é acolhimento. Quanto a categoria “Percepção da equipe multiprofissional e dos familiares referente a importância do acolhimento humanizado”, todos os participantes da pesquisa consideram que o acolhimento humanizado na UTI é de fundamental importância para a recepção dos usuários. Na categoria “Comunicação entre equipe multiprofissional e família”, foi possível analisar nessa temática que os familiares estão satisfeitos com relação ao acolhimento prestado pela equipe durante o horário de visita, observa-se algumas estratégias de acolhimento adotadas pela equipe na recepção dos familiares no horário de visita como a apresentação dos colaboradores aos familiares, orientações da rotina da UTI destacando o tempo de visita e o preparo do familiar para adentrar no setor. Na categoria “Percepção da família e equipe multiprofissional em relação aos resultados do acolhimento prestado pela equipe e suas sugestões atribuídas para melhorar o acolhimento dispensado na UTI”, evidenciou-se que os entrevistados estão satisfeitos com o processo de acolhimento na unidade. Os familiares demonstraram-se satisfeitos com o processo de acolhimento na hora da visita e como melhoria, eles colocaram como sugestão um horário de visita mais flexível, além de permitir a entrada de pelo menos mais um familiar, assim, como maior tempo de contato com seu ente querido. O estudo sobre o acolhimento à família do usuário da UTI: visão do familiar e equipe multiprofissional, possibilitou alcançar os objetivos propostos e permitiu ainda confirmar as hipóteses levantadas. Com base nos resultados obtidos, observa-se que todos os entrevistados mostravam-se satisfeitos com o acolhimento recebido e ofertado, porém não os furtou de apresentarem sugestões para melhorias no setor de Unidade de Terapia Intensiva. Diante dos fatos conclui-se que tanto os colaboradores, quanto usuários mostram-se empenhados em minimizar o estresse/sofrimento dos futuros ocupantes do setor em estudo, uma vez que estes mesmos vivenciando tal experiência preocuparam-se em contribuir para um melhor direcionamento â uma assistência mais humanizada.

5038 Workshop Interdisciplinar em Saúde: uma forma de articulação dos saberes na formação dos profissionais de saúde
Annelyse Rosenthal Figueiredo, Juliana Gagno Lima, Rui Massato Harayama, Wilson Sabino, Hernane Guimarães Santos Júnior, Teogenes Luiz Silva da Costa, Heloisa Nascimento de Moura Meneses

Workshop Interdisciplinar em Saúde: uma forma de articulação dos saberes na formação dos profissionais de saúde

Autores: Annelyse Rosenthal Figueiredo, Juliana Gagno Lima, Rui Massato Harayama, Wilson Sabino, Hernane Guimarães Santos Júnior, Teogenes Luiz Silva da Costa, Heloisa Nascimento de Moura Meneses

Os cursos de Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS) e de Farmácia pertencentes ao Instituto de Saúde Coletiva (ISCO) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) possuem em sua base uma formação interdisciplinar que busca formar profissionais críticos dotados de uma compreensão holística da problemática da saúde na Amazônia. Neste sentido, os dois primeiros semestres foram totalmente organizados de forma a possibilitar o contato dos discentes com diferentes contextos e buscar capacitá-los na aplicação dos conhecimentos adquiridos para a elaboração de políticas públicas em saúde voltadas para a região. Dos componentes curriculares oferecidos em toda a matriz, o componente de Seminários Integradores (SINT) é desenvolvido ao longo de quatro semestres, reúne alunos dos cursos de BIS e Farmácia, busca articular e consolidar os saberes construídos pelos demais componentes curriculares do semestre e será o objeto deste relato. O objetivo é apresentar a metodologia utilizada para desenvolver o componente de SINT nos anos de 2016 e 2017. Nestes anos, os alunos dos primeiro e terceiro semestres foram estimulados a organizar um evento que agregasse conhecimento aos conteúdos trabalhados em sala de aula em disciplinas como Estudos Integrativos da Amazônia, Politicas Pública de Saúde a Populações Vulneráveis, dentre outras. Para tal, os alunos foram divididos em grupos conforme o número de componentes do semestre. Cada grupo ficou responsável por um componente e juntamente com o professor do mesmo, selecionaram um tema para debate. Além disso, os professores indicaram possíveis palestrantes e os alunos realizaram as articulações para convite dos mesmos. Além da programação, os alunos foram os responsáveis pela inscrição, logística, patrocínio, ornamentação, cerimonial e divulgação do evento. Até o momento dois eventos foram organizados sob a forma de workshop e a maior dificuldade observada foi a articulação interna entre os próprios acadêmicos. Já a articulação externa com os diversos atores demonstrou a relevância da metodologia proposta que foi capaz de integrar os saberes e práticas dos gestores da saúde e os conceitos trabalhados em sala. O I Workshop de Interdisciplinaridades em Saúde teve como tema: “Saúde: o conhecimento como ferramenta de gestão” e contou com a participação de 24 palestrantes e cerca de 150 ouvintes. A segunda edição teve como tema “O SUS é nosso! Avanços, Desafios e Perspectivas” e contou com a participação de 32 palestrantes e cerca de 200 ouvintes. O público-alvo foram os próprios alunos dos cursos do ISCO, entretanto alunos de cursos como serviço social e psicologia de outras instituições também participaram. Dentre os palestrantes, foram contatados diferentes profissionais e atores sociais, incluindo docentes, coordenadores de residências multiprofissionais, conselheiras de saúde, representantes de movimentos sociais indígena, quilombola e ribeirinho, gestores de órgãos do governo como secretarias de meio ambiente e saúde, CAPS, CASAI, Ministério da Saúde dentre vários outros que discutiram por três dias assuntos diversos relacionados à saúde.  A interação entre os gestores e demais palestrantes e os acadêmicos indica que a metodologia é uma boa estratégia para a formação prática dos futuros profissionais de saúde e que possibilita a integração entre os diferentes profissionais. 

1605 AÇÕES EM SAÚDE MENTAL: VIVENCIANDO A INTERDISCIPLINARIDADE
NAIRAN MORAIS CALDAS, DÁVILA Monique Serra Ascendino, CATILA LUIZA DA SILVA BARBOSA, ARETUSA OlLIVEIRA MARTINS BITENCOURT, ANA MARIA DOURADO LAVINSKY FONTES

AÇÕES EM SAÚDE MENTAL: VIVENCIANDO A INTERDISCIPLINARIDADE

Autores: NAIRAN MORAIS CALDAS, DÁVILA Monique Serra Ascendino, CATILA LUIZA DA SILVA BARBOSA, ARETUSA OlLIVEIRA MARTINS BITENCOURT, ANA MARIA DOURADO LAVINSKY FONTES

4058 Relato de experiência: Estágio Interprofissional de uma Universidade Pública visando Promoção da Saúde e Prevenção às Violências na Escola e Comunidade
Sara da Silva Meneses, Andreia Simplício, Anna Caroline Ribeiro, Raquel Turci, Isabella Kahn, Ana Carolina Boquadi, Sheila Murta, Dais Rocha, Dayde Mendonça, Marlete Batista do Nascimento

Relato de experiência: Estágio Interprofissional de uma Universidade Pública visando Promoção da Saúde e Prevenção às Violências na Escola e Comunidade

Autores: Sara da Silva Meneses, Andreia Simplício, Anna Caroline Ribeiro, Raquel Turci, Isabella Kahn, Ana Carolina Boquadi, Sheila Murta, Dais Rocha, Dayde Mendonça, Marlete Batista do Nascimento

O seguinte relato compõe a experiência de um estágio interprofissional realizado na região administrativa do Paranoá (DF), na Rede de Atenção à Violência (RAV), uma das várias Redes de Atenção existentes no Sistema Único de Saúde (SUS). A RAV consiste em uma rede temática, que exige ações articuladas inter-setorial e intrasetorialmente. A partir do levantamento de dados da situação local, realizado em estágio de graduandos da Universidade de Brasília (UnB), identificou-se que adolescentes em situação de violência indicavam a escola como um local privilegiado para integrar a rede de proteção e atenção à saúde. Assim, uma Escola de Ensino Fundamental e Médio do Paranoá-DF se tornou o local de prática deste Estágio, buscou-se potencializar este local como um mecanismo de proteção, articulando-o com a rede de proteção da região. O estágio Interprofissional para Promoção da Saúde e Prevenção às Violências em Escolas e Comunidade da UnB visou articular o tripé formativo ensino-serviço-comunidade nos campos acadêmico e social. Ele abarcou diferentes saberes e ressaltou o aspecto interprofissional (houve a participação no processo de construção das oficinas dos estudantes de graduação, pós-graduação, docentes e profissionais que compunham o Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência – PAV, serviço pertencente a RAV) e também a perspectiva integrativa de ciclos de formação no contexto do PET – Saúde (GraduaSUS), através da articulação de encontros entre atores e serviços da rede de cuidado local e regional. A interprofissionalidade pode ser descrita como a capacidade de atuação em equipe de saúde de forma articulada, reflexiva e dialógica, voltada para a resolução de problemas e negociação de processos decisórios entre os vários saberes, a partir da construção coletiva do conhecimento, esta que só se dá com respeito a cada saber que compõe o serviço/equipe. A equipe obteve a contribuição de estagiárias e estagiários da UnB, das áreas de Saúde Coletiva, Serviço Social, Psicologia e Farmácia. As preceptoras do estágio são profissionais do Programa Girassol do PAV, uma Assistente Social e uma Psicóloga- estas que atuam na Região Leste de Saúde do DF. As supervisões pela instituição de ensino ficaram sob a responsabilidade das Professoras e uma estudante do programa de pós graduação (doutorado) das áreas de Saúde Coletiva, Farmácia e Psicologia. Deste modo, o estágio teve como objetivo desenvolver habilidades interprofissionais e competências nas ações de educação e promoção da saúde e prevenção às violências, a partir da parceria ensino-serviço-comunidade. O relato a seguir se deu durante o período de março a dezembro de 2017. Foram realizadas oficinas com 20 professores e 95 alunos no ano de 2017, com enfoque na educação permanente para a promoção da Cultura de Paz e Prevenção de Violências. A pesquisa-ação foi assumida como referencial teórico de compreensão e avaliação da experiência, visando o reconhecimento dos determinantes sociais da violência para contribuição com as transformações da realidade social envolvida. A pesquisa-ação produz conhecimento enquanto intervém na realidade, assim o sujeito estagiário-pesquisador também foi ator, assim como os sujeitos professores-pesquisados foram produtores de conhecimento, voltando as oficinas para o exercício de reflexão, autonomia e pensamento crítico. A metodologia adotada para a intervenção na escola se deu a partir do Arco de Maguerez, que de forma problematizadora e dialógica, visou a inclusão das necessidades locais e dos diferentes sujeitos de forma colaborativa na construção da intervenção para prevenção às violências. O Arco de Maguerez possui como etapas: - a observação da realidade, pontos chaves, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade. Considerou-se em todas as etapas a gestão participativa de todos os envolvidos na tomada de decisões, enfatizando a autonomia do sujeito como agente de sua própria transformação social. Neste relato de experiência será enfatizada a intervenção com os Professores da Escola, que se caracterizou como educação permanente, advinda da necessidade de se trabalhar com esses profissionais a capacidade de promover cotidianamente o enfrentamento das violências no ambiente escolar e para além desta, a capacidade de responder de forma não-violenta às demandas diárias dos educandos. Assim em um ano de intervenção com as e os 20 Professores, realizou-se oficinas, com estratégias interativas e reflexivas diversificadas (contação de histórias, Dinâmicas, Desenho, caixa lúdica, Linha do tempo, Mapeamento da Rede de Serviços, etc.) favorecendo a vivência de metodologias ativas de aprendizagem, com as seguintes temáticas: ●   Oficina 1 – Violência nas escolas; ●   Oficina 2 – Violência de gênero e raça; ●   Oficina 3 –Violências na Escola: tipologias; ●   Oficina 4 –Discussão de caso e fluxo de cuidado em rede; ●   Oficina 5 – Redes de proteção social local:  Ecomapa; ●   Oficina 6- Prevenção e enfrentamento a Auto-mutilação (cutting) e suicídio; ●   Oficina 7– Sensibilização e Criatividade; ●   Oficina 8 – Temas Transversais da Educação e a interface com a Violência; ●   Oficina 9 - Prevenção a Violência no Namoro; ●   Oficina 10-  Avaliação do percurso e encerramento anual. Para a preparação das atividades na escola as estagiárias desenvolveram uma rotina de Educação continuada a partir das reuniões de planejamento com discussões teóricas e supervisão interprofissional sobre as temáticas que emergiram das práticas. A partir do arcabouço teórico da Pesquisa-Ação as estagiárias produziram Diários de Itinerários sobre todas as ações realizadas, a partir dos quais foi possível avaliar qualitativamente os resultados alcançados pelo Estágio. Dentre os principais resultados obtidos destacam-se que os encontros na escola serviram como espaço de fala e escuta tendo um potencial terapêutico para os professores; as oficinas ofereceram espaço de educação permanente dos professores para abordagem dos diferentes tipos de violência de forma transversal, curricular e afetiva; além do fortalecimento entre professores e estudantes na perspectiva da educação problematizadora; o fortalecimento de vínculos (UnB – PAV Girassol – Escola) e reconhecimento da Rede de Proteção/Responsabilização em situação de violência. Para as estagiárias destacam-se a construção de habilidades cognitivas e atitudinais, o desenvolvimento do trabalho em equipe, comunicação em saúde, capacidade de análise institucional e de contexto dos determinantes sociais de saúde, liderança e a incorporação de metodologias interativas no cotidiano dos setores da saúde e da educação. Configurando dessa forma a vivência da interprofissionalidade no trabalho em promoção e prevenção em saúde. Considera-se que as e os professores têm conseguido transversalizar a temática da violência e assim inseri-la no currículo escolar tornando-a parte não só das queixas cotidianas, mas problematizando-a e refletindo sobre formas de preveni-la e promover uma cultura de paz. Um exemplo disto, foi a escolha feita pelos professores da temática ‘Violência’ ser trabalhada na Avaliação Interdisciplinar de todas as turmas da Escola. Assim como, a interprofissionalidade tem sido alcançada a partir de uma prática reflexiva e adequada às necessidades locais promovida pela ação conjunta dos atores. A ferramenta Arco de Maguerez se mostrou efetiva na sensibilização e reconhecimento das violências por parte das e dos Professores da Escola. Aponta-se a necessidade de articulação em rede entre a Escola e o serviço PAV-Girassol, assim como maior instrumentalização da Escola sobre a atuação preventiva e interventiva em situações de violências. Para o Estágio aponta-se a necessidade de ampliação de estagiárias e estagiários de outras áreas da saúde.

4299 Vivências interdisciplinares no PETGRADUA-SUS em uma Unidade Básica de Saúde da Família em Manaus – Amazonas
janaina ruiz dos santos, Salyme El Kadi, Ivanildo sousa azevedo, Wilderi Sidney Gonçalves Guimarães

Vivências interdisciplinares no PETGRADUA-SUS em uma Unidade Básica de Saúde da Família em Manaus – Amazonas

Autores: janaina ruiz dos santos, Salyme El Kadi, Ivanildo sousa azevedo, Wilderi Sidney Gonçalves Guimarães

ApresentaçãoUma parceria entre o Ministério da Educação e Cultura e o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde na Atenção Básica, a fim de fomentar grupos de aprendizagem tutorial, em áreas estratégicas no Sistema Único de Saúde, ainda durante a graduação. A Atenção Básica é a porta de entrada preferencial da população no sistema de saúde, onde ocorrem ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde propiciando vínculo, afetividade e confiança entre comunidade e equipe de saúde. Neste trabalho relata-se as experiências iniciais de concretização do programa, desenvolvido por acadêmicos, sob supervisão indireta de dois tutores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e supervisão direta de seis preceptores de uma UBSF da cidade Manaus.Desenvolvimento do trabalhoTrata-se de relato de experiência de estudantes de medicina(2), de enfermagem(1), de educação física (1) e fisioterapia (1) ,por meio do PETGRADUA-SUS, ocorrido no período de maio de 2016 a dezembro de 2017, na Unidade Básica de Saúde Josephina de Melo, localizada na zona leste de Manaus.A unidade possui um Núcleo de Apoio e três equipes de Estratégia Saúde da Família. As atividades acadêmicas semanais se iniciaram por meio de observações dos ambientes físicos da unidade, da rotina dos profissionais e do território. Em paralelo a isso, os acadêmicos atualizaram o diagnóstico situacional da unidade. Para conhecer melhor o perfil epidemiológico da população e auxiliar na formulação de estratégias direcionadas às necessidades locais. O segundo momento foi marcado pela criação e implementação do plano de ação, objetivando qualificar o cuidado a partir de ações voltadas à integração ensino-serviço-comunidade. Isto propiciou momentos de diálogo entre os estudantes, preceptores e tutores, com os servidores e com a comunidade, permitindo a apresentação do diagnóstico situacional, rodas de conversa sobre saúde ocupacional, a implementação da educação permanente, entre outras.ResultadosA partir da integração ensino-serviço-comunidade e da Multidisciplinaridade, foi possível perceber a riqueza da experiência, tanto para os estudantes ainda em processo de formação, quanto para os profissionais que atuam no serviço. Os primeiros puderam se preparar, com antecedência, para o mercado de trabalho da saúde pública, ao se depararem com a realidade social e de trabalho na Atenção Básica, buscando colocar em prática o aprendizado trazido da universidade. Por outro lado, os profissionais de saúde tiveram uma oportunidade única para aprimorar seus conhecimentos e práticas, tendo em vista a necessidade de mostrar atendimentos adequados aos acadêmicos e também por consequência da implementação da educação permanente na unidade.Considerações finaisO programa disponibilizou e desvelou aos acadêmicos, situações do cotidiano dos usuários da saúde pública, que não podem ser ,e não foram, reproduzidas dentro da universidade. Permitiu, ainda, a possibilidade de aprender dentro de um campo de práticas e saberes amplos, o que oportunizou a intervenção e o desenvolvimento de uma série de habilidades, além de uma postura mais respeitosa e empática aos valores pessoais e culturais de cada usuário, proporcionada pela integração ensino-serviço-comunidade associado à multidisciplinaridade.  

4381 O ESTUDANTE DE ODONTOLOGIA NO CONTEXTO DA INTERDISCIPLINARIDADE ACADÊMICA: ATUAÇÃO DA EQUIPE DE
Jessica Miranda da Silva, Liliane Silva Do Nascimento, Kelly Lene Lopes Calderaro Elclides, Glória Beatriz Dos Santos Larêdo

O ESTUDANTE DE ODONTOLOGIA NO CONTEXTO DA INTERDISCIPLINARIDADE ACADÊMICA: ATUAÇÃO DA EQUIPE DE

Autores: Jessica Miranda da Silva, Liliane Silva Do Nascimento, Kelly Lene Lopes Calderaro Elclides, Glória Beatriz Dos Santos Larêdo

Apresentação: A violência apresenta-se como problema de grande relevância para a saúde pública, de aspecto multifatorial e complexo. Presente em todos os países, atinge homens e mulheres de diferentes faixas etárias e todas as classes sociais. A violência doméstica que acontece com a mulher, por ser de maior incidência de casos, é o foco do atendimento do referido projeto. Atualmente a violência doméstica contra mulher é considerada um problema social e de saúde pública. A mulher que passa por um episódio de trauma de ordem tanto física quanto psicológica, tem direito ao acolhimento humanizado e diferenciado, para que haja uma diminuição dos danos e possíveis sequelas causadas à saúde. A Clínica de Atenção a Violência (CAV) é um projeto interdisciplinar iniciado em junho de 2016, que está vinculado à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA) e tem como sede de funcionamento o Núcleo de Prática Jurídica da mesma universidade. Desenvolvimento: O projeto da CAV trabalha em parceria com outras frentes de trabalho atuantes na área de extensão e pesquisa que estão vinculados principalmente com a temática da violência. Um tema abrangente e de abordagem complexa como a violência mostra a necessidade de uma atuação multiprofissional na análise a atendimento adequado aos usuários. Dessa forma, foram incluídos no projeto alunos de diversos cursos da universidade como odontologia, psicologia, enfermagem pedagogia, ciências sociais, serviço social e direito O atendimento às pessoas em situação de violência que buscam apoio jurídico e social, é prestado pela equipe formada por alunos dos cursos de direito, serviço social, pedagogia e ciências sociais. Os cuidados relacionados à saúde são prestados pelos alunos de psicologia, serviço social, enfermagem e odontologia. Se configura em uma oportunidade prática de ensino e extensão. O papel da extensão universitária é possibilitar ao aluno a realização de atividades de integração do meio acadêmico junto à comunidade onde está inserida; onde por meio das atividades, vários setores da sociedade mantêm vínculo com a academia firmando ações conjuntas com o objetivo de transformar a sociedade que anseia por melhores condições de vida. A complexa relação entre universidade e sociedade revela-se na integração das diferentes áreas do saber ofertadas pela mesma; considerando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão torna-se possível uma prática interdisciplinar a partir da extensão universitária. Resultados e /ou Impactos: A experiência vivenciada na Clínica e a atuação da equipe de saúde no atendimento interdisciplinar a vítimas de violência, sob o ponto de vista de estudantes de odontologia vem se mostrando bastante enriquecedora e possibilita uma prática multidisciplinar ainda na faculdade capacitando o aluno para atuação no mercado de trabalho. São realizados atendimentos com escuta qualificada, acolhimento inicial pela equipe de saúde, onde a equipe de enfermagem realiza exames de aferição de pressão arterial e faz perguntas relacionadas a doenças preexistentes. A equipe de odontologia realiza exame intra -oral com aferição do índice CPO-D e outros agravos bucais. As atividades do projeto em questão são desenvolvidas na Clínica de Atendimento a Violência (CAV) com horário de funcionamento de 8 às 12 horas somente às sextas feiras. A CAV se configura em um espaço interdisciplinar que visa o enfrentamento de diversas formas de violência que se manifestam na Amazônia, envolvendo os alunos em uma modalidade prática de ensino. A CAV realiza ações diversas como realização de palestras e seminários com a temática da violência, atendimento jurídico e atendimento em saúde. É realizado acolhimento, por meio da escuta ativa e qualificada, orientações de enfermagem e encaminhamento quando necessário. São utilizados impressos elaborados pela equipe de saúde, onde destacamos a situações de saúde, histórico de Enfermagem, exame físico e a situação da violência ocorrida. A Odontologia tem importante papel nesse contexto, pois a visibilidade da violência, bem como o aumento da demanda de casos desta natureza nos serviços de saúde, exige, de forma crescente, conhecimento e preparo dos profis­sionais. Para os acadêmicos de odontologia a experiência vem se mostrando muito importante pois a violência manifesta-se causando agravos a saúde bucal e geral que requerem maior atenção e assistência. Estima-se que vítimas de violência têm mais problemas de saúde e mais sintomas físicos e psicológicos do que pessoas que nunca sofreram violência. Desta forma, os profissionais de saúde são geralmente os primeiros a entrarem em contato com essas vítimas. Muitas vezes, a materialização da violência pode ser observada através da análise da cavidade bucal, mediante a formação de corpos de prova do delito. Atualmente então em atendimento 74assistidos, sendo apenas dois homens, e 72 mulheres. A maioria em situação de violência doméstica. Dentre os agravos bucais, 80% apresentam queixas relacionadas a DTM (Disfunção Temporomandibular) e DOF (Dor Orofacial), possivelmente decorrentes dos traumas e estresses causados pela situação de violência. Devido à violência, vítimas tendem a desenvolver baixa estima, baixo autocuidado e com isso, a cavidade bucal é atingida imediatamente. É possível identificar altos índices de placa, tártaro e sangramento, bem como vítimas de violência tendem a esconder o rosto e não sorrir, o que é superestimado na percepção de sinais visíveis de baixo nível de higiene, halitose entre outros agravos bucais.  Este projeto propõe promover além de atendimento jurídico, proporcionar condições favoráveis de saúde a pessoas em situação de violência e assim promover uma qualidade de saúde bucal e promovendo o cuidado integral.  Na percepção das mulheres em situação de violência com relação ao atendimento dos serviços de saúde, os estudos apontaram que a maioria delas não procura algum serviço de saúde por entender que não podem resolver estes casos, ou que a violência que passam não é um problema de saúde, ou ainda por não se sentirem acolhidas nestes serviços. Considerações Finais: Diante do exposto temos a importância da atuação da equipe de saúde na clínica que formará profissionais com olhar crítico, reflexivo e holístico em atenção a vítima para trabalhar com as situações de violência encontradas em sua prática diária. Necessita-se, portanto, de um olhar por parte dos profissionais de saúde especialmente dos futuros odontólogos, de modo a identificar a violência enquanto agravo, o que requer transformação no modelo de formação, incorporando a violência como objeto da saúde.

4383 Interdisciplinaridade e Formação em Enfermagem
Gidelson Gabriel Gomes, Maria de Lourdes Fonseca Vieira, Maria Viviane Lisboa De Vasconcelos

Interdisciplinaridade e Formação em Enfermagem

Autores: Gidelson Gabriel Gomes, Maria de Lourdes Fonseca Vieira, Maria Viviane Lisboa De Vasconcelos

Este resumo retrata um recorte do Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso- TACC do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas - FAMED- UFAL que teve como objetivo principal compreender o exercício da interdisciplinaridade em um curso de graduação em enfermagem sob a ótica dos docentes. Para tanto, realizou-se um estudo exploratório, com abordagem qualitativa, tendo como cenário um centro universitário do agreste pernambucano. Participaram 15 docentes do curso de graduação em enfermagem dos módulos teóricos e/ou práticos, sendo os dados coletados mediante a técnica de grupo focal. Como ferramenta de tratamento dos dados, após a transcrição na íntegra, procedeu-se com a técnica de análise de conteúdo, a partir da qual, emergiram cinco categorias temáticas: concepções sobre interdisciplinaridade; a interdisciplinaridade como componente da prática; dificuldades ao exercício da interdisciplinaridade; fatores facilitadores ao exercício da interdisciplinaridade e desafios à interdisciplinaridade Os resultados do estudo, possibilitaram uma aproximação com a temática interdisciplinaridade na perspectiva do docente, vislumbrando acepções, caraterísticas do exercício interdisciplinar, bem com fatores que influenciam e os desafios para tal prática. Percebe-se que, para a interdisciplinaridade se estabelecer como práxis de maior intensidade, é preciso repensar e/ou (re)significar: as questões de natureza organizacionais e administrativas que ainda dificultam tal prática, as limitações pedagógicas da formação docente, a matriz curricular e o perfil de formação discente, tendo em vista o mudo do trabalho e o preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem – DCNENF.

5284 HUMANIZAÇÃO NA FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL
Lucilene Ortiz Medeiros, Lucilene Ortiz Medeiros, Sylvia Helena Batista

HUMANIZAÇÃO NA FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL

Autores: Lucilene Ortiz Medeiros, Lucilene Ortiz Medeiros, Sylvia Helena Batista

APRESENTAÇÃO: A pesquisa desenvolvida aqui inscreve-se no marco do Sistema Único de Saúde (SUS), implementado pela Constituição de 1988 e instituído pela lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990, a Lei Orgânica da Saúde (Brasil, 1990). Souza e Moreira (2008) consideram o princípio da integralidade da atenção à saúde fundamental para se pensar a graduação em saúde e em mudanças que deveriam ser assumidas na interface entre educação e saúde, garantindo a humanização na formação em saúde centrada na interprofissionalidade e na interdisciplinaridade. Os conceitos de humanização e interdisciplinaridade deveriam ser princípios norteadores “das necessárias transformações nas graduações em saúde, orientando-as para as necessidades do SUS e da população” conforme propostos por Souza e Moreira (2008), o que contribuiria para direcionar os profissionais para o trabalho em equipes multiprofissionais e interdisciplinares. A Educação Interprofissional é uma estratégia importante para a formação de profissionais de saúde na perspectiva do trabalho em equipe e da humanização, conforme preconizado na Politica Nacional de Humanização, e por meio dela efetivar as mudanças nos currículos dos cursos de saúde.  Compreender os diferentes sentidos e significados sobre humanização amplia as possibilidades de contribuir para que os processos formativos nas graduações em saúde estejam comprometidos com itinerários de aprendizagem ancorados na integralidade do cuidado e no trabalho em equipe socialmente referenciado, marcos conceituais da EIP. Neste âmbito, o objetivo deste trabalho é discutir as concepções de humanização presentes nos Projetos Político-Pedagógicos do Campus Baixada Santista/Unifesp, buscando analisar a humanização na formação interprofissional em saúde. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A metodologia de pesquisa abrangeu duas fases de análise documental: a primeira abrange os textos dos PPPs dos cursos da saúde do Campus Baixada Santista /Unifesp e a segunda refere-se à literatura. Na primeira análise documental foram privilegiados os seguintes documentos: PPP do Campus Baixada Santista da Unifesp e os PPCs dos cursos de Psicologia, Nutrição, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Educação Física e Serviço Social. As propostas contidas nos PPCs apresentam como princípio a Educação Interprofissional, onde são privilegiadas a “Integralidade” e a “Interdisciplinaridade” consonantes com o preconizado na Política Nacional de Humanização e nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Graduação em Saúde. Foi feito um protocolo de Análise Documental, para categorização dos dados obtidos. Na análise da literatura os descritores utilizados foram Humanização, Humanismo e Humanização na Formação. Selecionamos 23 artigos e a análise dos dados abrangeu caracterização das publicações e discussão das concepções de humanização presentes nos documentos analisados. Após a produção da análise documental, procederam-se a organização e análise dos dados. Optou-se por utilizar a análise temática, conforme descrito por Minayo (2004), buscando os núcleos de sentido presentes no material analisado.   RESULTADOS: I. . AS VOZES DOS PPCs: Procedeu-se à apreensão das concepções de humanização nos PPCs em duas etapas: a primeira, a partir das palavras Humanismo, Formação Humanística, Política Nacional de Humanização e Prática;Humanizada/Humanística; a segunda, a partir das expressões: ética, cuidar/cuidado, integralidade, comunicação, relação com o paciente, relação pessoal/relacionamento interpessoal. Os conceitos de humanização mais presentes nos PPPs são os que se referem à Formação humanística citadas nos PPP do Campus Baixada Santista (2) e nos PPCs de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, seguidas das expressões Humanismo e Prática Humanizada/Humanística nos PPCs de Serviço Social e Terapia Ocupacional, respectivamente. A expressão Política Nacional de Humanização não foi citada em nenhum dos PPPs. Na segunda análise, encontramos as expressões Ética, Cuidar/Cuidado, Comunicação, Integralidade referidas. Há um silêncio quanto às as expressões Relação com o Paciente e Relação Pessoal/ Relacionamento Interpessoal não foram localizadas. II. AS VOZES DA LITERATURA 2.1 CONCEPÇÕES DE HUMANIZAÇÃO: as concepções de humanização abrangem múltiplas facetas: apontam para a ética nos relacionamentos, na garantia da comunicação com o outro, no cuidar do outro, no bom convívio social; outros consideraram fundamental investir na reflexão do tema enquanto um conceito que orienta práticas, para que não se perdesse seu potencial transformador, acabando como mera repetição de uma palavra de ordem vazia e sem sentido. Por outro lado, encontramos considerações importantes sobre a não preocupação com definições sobre o tema, e, sim, o que a humanização produz. 2.2. HUMANIZAÇÃO NA FORMAÇÃO E NO TRABALHO: com referência ao processo de formação, os sentidos da humanização apontam a importância da relação professor-aluno como relevantes para a formação em saúde. Pode-se apreender também, das pesquisas realizadas que a relação do profissional de saúde e os pacientes é imprescindível para que a humanização esteja presente nos atendimentos. As relações humanas são o princípio de toda prática humanizadora, na qual o conhecimento técnico deve estar aliado à sensibilidade, à afetividade e ao comportamento ético-profissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As concepções de humanização encontradas nos PPPs do Campus e seus cursos apresentam ênfases diferenciadas: Ética, Cuidar/Cuidado, Integralidade e Comunicação. Essas dimensões emergiram dos princípios e conduta ética, da integralidade do cuidado, do olhar de cuidado, da produção e modos de cuidar, da integralidade na atenção e do cuidado em saúde, da comunicação verbal e não verbal, enfim, da comunicação humana. Aprendeu-se que os significados encontrados na expressão Cuidar/Cuidado explicitam o compromisso com a Educação Interprofissional na Formação em Saúde e a competência para a integralidade do cuidado. A literatura investigada apresenta uma polissemia em relação à humanização: a ética nos relacionamentos, o cuidar/comunicar com o outro, pensar sobre o tema enquanto um conceito que orienta práticas, e o que considero muito importante, refletir sobre o que a humanização produz. O termo humanização nos remete, também, a Atitude, a um modo de Entender, de Fazer, de Ser e Conviver com as pessoas. É como o profissional se implica com as questões de saúde e as formas de resolubilidade das demandas. Com relação a formação se faz necessário a utilização de diferentes estratégias pedagógicas e diferentes cenários de aprendizagem significativa, superando a mera transmissão de conteúdo. No trabalho espera-se do profissional afetividade, sensibilidade, escuta qualificada para o acolhimento do usuário, pautando sua atuação em uma ética nas relações de trabalho. Entendemos que assim como os significados encontrados na expressão Cuidar/Cuidado explicitam o compromisso com a educação interprofissional na formação em saúde com foco na integralidade no cuidado. É necessário investigar os “silêncios” encontrados buscando desvelar seus sentidos no campo da formação humanizada em um contexto de currículo interprofissional em saúde. A humanização revela-se como um processo complexo e amplo que envolve condições institucionais e pessoais, acolhimento, sensibilidade, valorização e interesse pela história do outro.Nesse sentido, a EIP constitui-se em uma proposta formativa que ancora a aprendizagem do cuidado humanizado, privilegiando o saber ouvir, comunicar-se com o outro, encontrar sentido no cuidar de si e do outro, diálogo e trocas.

5061 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL: Relato de Experiência na Formação Interdisciplinar em Saúde Coletiva
SILVIO ALMEIDA ALMEIDA FERREIRA, SILVIA LETÍCIA GATO COSTA, EVELYN MAYARA SILVA DOS SANTOS, MÁRCIA CHAVES NINA, TATIANE MARA MOTA FREITAS, ZONILCE BRITO VIEIRA, Rui Massato Harayama, WILSON SABINO

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL: Relato de Experiência na Formação Interdisciplinar em Saúde Coletiva

Autores: SILVIO ALMEIDA ALMEIDA FERREIRA, SILVIA LETÍCIA GATO COSTA, EVELYN MAYARA SILVA DOS SANTOS, MÁRCIA CHAVES NINA, TATIANE MARA MOTA FREITAS, ZONILCE BRITO VIEIRA, Rui Massato Harayama, WILSON SABINO

O Planejamento Estratégico Situacional (PES), visa a participação e valorização em todo o processo, dos diferentes atores que estão interligados diretos ou indiretamente com o território, dispondo em sua composição de diversos passos realizados de maneira participativa. Vem sendo considerada uma ferramenta fundamental em ações voltadas a área da saúde, com destaque para atenção básica. O PES é uma das estratégias educacionais adotadas que integra os conteúdos trabalhados no curso de Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), no componente curricular de Interação na Base Real (IBR), dividido em quatro semestres, com aulas teóricas e práticas, com discentes e docentes, que incluem visitas para levantamento de informações, coleta de dados e interações com as comunidades. O objetivo deste trabalho é relatar as atividades desenvolvidas na formação superior, do planejamento em saúde, para atuação profissional no âmbito da saúde coletiva. Trata-se de um relato de experiência das atividades realizadas dentro do programa da disciplina de IBR. As atividades de campo desenvolveram-se na Comunidade de Irurama, localizada às margens da rodovia Everaldo Martins (PA 457), no trecho Alter do Chão/Santarém/Pará, na Região do Eixo Forte. Contou com a participação, nas etapas do PES, de lideranças da comunidade, de moradores e de Agentes Comunitários de Saúdes (ACS). O processo do PES deu-se em três etapas: a) (Re)Conhecendo a realidade (IBR I e II, calendário acadêmico de 2016): onde realizou-se por meio de visitas a comunidade, um diagnóstico situacional, considerando os aspectos demográficos, epidemiológicos, ambientais, sociais, culturais/tecnológicos, organização política e econômicos. Foi identificado os principais problemas na percepção dos comunitários; b) Priorizando o(s) problema(s) do território (IBR III, calendário acadêmico de 2017): nesta etapa, após debates e discussões entre os comunitários com livre participação, foram elencados os problemas levantados. Para a priorização dos problemas, foram utilizados os critérios: magnitude (afeta a quem?), transcendência (interessa a quem?), vulnerabilidade (tendo recursos, é fácil de resolver?), urgência (se não intervir no problema, há agravamento da situação?) e factibilidade (existem recursos disponíveis pra isso?), com isto, estabeleceu-se valores pontuais para a priorização dos problemas, onde os comunitários utilizaram a “Matriz de Priorização” para pontuar os problemas que posteriormente foram somados, obtendo-se a relação de priorização por ordem decrescente de pontuação, tendo como suporte orientações dos acadêmicos do BIS; c) Explicando o problema: depois de priorizado o problema, partiu-se para a explicação que foi realizada por meio do Diagrama de Ishikawa (Causa e Efeito). Com base no Problema Priorizado, delimitou-se: a Imagem Objetivo, que consiste em onde se quer chegar com a intervenção direta nas causas do problema; os Descritores, que são as evidências do problema na comunidade; as Causas, que diz respeito ao porquê de ocorrer as evidências; e as Consequências, que são o que gera cada descritor dentro da comunidade. E assim, para o conjunto das Consequências, como para o conjunto das Causas, definiu-se ao final, a Causa Convergente e a Consequência Convergente, respectivamente. Mediante os relatos e discussões, foram elencados 12 problemas pelos participantes: Crianças com problemas pulmonares por consequência da poeira; Excesso de velocidade dos veículos na via de acesso à comunidade, causando poeira; Ausência de iluminação pública e falta de manutenção da rede elétrica; Resíduos sólidos nos igarapés e nas vias de acesso da comunidade; Consumo de álcool e outras drogas; Ausência de policiamento; Poluição sonora; Grande demanda para atendimento médico (há um médico que atende 17 comunidades); Ausência de locais para atividades de integração social e cultural para as crianças de 0 a 5 anos; Falta de transporte disponível para as Agentes Comunitários Saúde (ACSs) realizarem as visitas mais distantes dentro da comunidade; Ausência de capacitação para os ACSs da área rural; e Falta de continuidade no ensino para jovens e adultos. Com o resultado da priorização dos problemas foram elencados os dois principais: Insuficiência de Iluminação Pública e Ausência de Capacitação para ACS da Área Rural, respectivamente, para o trabalho com as etapas seguintes. Para o primeiro problema, “Insuficiência de Iluminação Pública”, destacou-se como Descritores: Aglomeração dos jovens para Consumo de Drogas Lícitas e Ilícitas, Insegurança Noturna e Falta de Manutenção da Rede Elétrica; como Imagem Objetivo: Fornecimento de Iluminação Pública de Qualidade, que é aonde se quer chegar ao intervir nas causas do problema e nos descritores, a fim de minimizar os impactos causados pelo problema; para cada um dos descritores elencou-se as possíveis Causas, obteve-se como a Causa Convergente: Ausência de Políticas Públicas Voltadas as Comunidades Rurais – observou-se que há iniquidades relacionadas a efetivação de políticas direcionadas às comunidades rurais, o que interfere em melhorias em diversas áreas que são necessidades básicas; Além das causas, para cada descritor se destacou as Consequências, ou seja, o que gera todas essas problemáticas, se obtendo uma Consequência Convergente: Desconfiguração Sociocultural – observou-se mudanças que vem causando impacto na rotina dos comunitários e nas atividades realizadas, consequentemente alterando a configuração social construída, como por exemplo, muitas atividades noturnas não são mais realizadas, principalmente, por medo de assaltos. Para o segundo problema priorizado “a Falta de Capacitação para os ACS’s da Área Rural” obteve-se como Descritores: falta de formação continuada, ausência de orientação sobre agravos específicos da área rural e inexistência de alinhamento no planejamento das ações para a área rural – evidenciando a carência de ações voltadas a formação continuada desses ACS’s nos agravos e doenças peculiares a realidade rural; como Imagem Objetivo: promover formação para os ACS’s da área rural; com base nestes Descritores e nas suas causas apontadas, obteve-se a Causa Convergente: Planejamento das Políticas de Trabalho das ACS’s inadequados à realidade rural; e para cada descritor, também, foram encontradas as possíveis consequências, chegando assim, a Consequência Convergente: Precarização do Trabalho das ACS`s. Conclui-se que o trabalho realizado jundo aos comunitários, isto sendo, com a participação dos atores envolvidos, é fundamental na execução de um planejamento em saúde, que implica em um processo de despertar o empoderamento de um olhar de organização coletiva em que o PES constitui-se como uma ferramenta poderosa para ser utilizada, pois possibilita um processo de construção na realidade vivenciada e em conjunto com os seus atores, ampliando as possibilidades de realização e sucesso das ações. Percebeu-se, após a participação nestes processos, que é possível executar projetos, compondo novos arranjos organizacionais e institucionais, cooperativos, que privilegiam a interdisciplinaridade na análise de problemas com a participação ativa da comunidade.

5216 CAMINHOS E DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE NUM CENTRO DE REABILITAÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO BRASIL
José Gutembergue de Vasconcelos Bezerra, Cristina Camelo de Azevedo, Josineide Francisco Sampaio

CAMINHOS E DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE NUM CENTRO DE REABILITAÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO BRASIL

Autores: José Gutembergue de Vasconcelos Bezerra, Cristina Camelo de Azevedo, Josineide Francisco Sampaio

APRESENTAÇÃO O trabalho interprofissional vem se configurando como alternativa viável para a reaproximação das múltiplas profissões da área da saúde que historicamente vêm se distanciando ao adotarem modelos de intervenção isolacionistas e pouco dialogados. A formação desses profissionais tende a seguir a lógica de privilegiar o conhecimento e a técnica e negligenciar o diálogo dos saberes das diferentes profissões. Assim, o contexto da reabilitação física vem enfrentando o desafio de aproximar seus diversos atores na busca por oferecer serviços de saúde mais eficazes e humanizados A partir da pesquisa de mestrado intitulada: “DESAFIOS DA FORMAÇÃO PARA O TRABALHO INTERPROFISSIONAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO” desenvolvida no Centro Especializado em Reabilitação da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – CER UNCISAL, identificou-se que existe um hiato entre as determinações dos projetos pedagógicos dos cursos de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional para a formação interprofissional e as rotinas de atendimento instituídas no referido Centro, que funciona como campo de estágio supervisionado. Portanto, a realização de uma oficina de sensibilização sobre a interprofissionalidade no CER é uma estratégia que favorece a adesão dos gestores, professores e preceptores ao trabalho e educação interprofissional por se reconhecerem como atores e coautores desse projeto, no momento em que são chamados à discussão da temática e oportunizando-lhes uma reflexão coletiva sobre os caminhos a se percorrer e os problemas a se enfrentar. Foram OBJETIVOS da oficina: · Sensibilizar os preceptores para a adoção do trabalho interprofissional e práticas colaborativas na rotina do serviço; · Mobilizar a gestão do CER e as coordenações de estágios supervisionados obrigatórios desenvolvidos no centro para a articulação de ações voltadas à formação para o trabalho interprofissional. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO A definição de realizar uma oficina de sensibilização para o trabalho interprofissional foi fruto da reflexão sobre como colaborar com a implantação de rotinas de trabalho e formação interprofissionais no CER da UNCISAL a partir das ações dos próprios componentes do serviço, considerando suas diferentes atuações: gestão institucional, assistência, ensino e coordenação acadêmica dos cursos. O formato desta oficina se desenhou a partir da observância dos seguintes critérios norteadores: 1) Estimular o debate destes preceptores sobre a interprofissionalidade incentivando-os a fornecer alternativas de práticas colaborativas adequadas à sua realidade e ao seu contexto de trabalho; 2) Servir de subsídio para a elaboração de um relatório sobre as propostas de trabalho e educação interprofissionais no contexto da reabilitação a partir dos conteúdos produzidos. Para tanto, o encontro foi composto por dois momentos-chave, em que o primeiro compreendeu a apresentação da temática da interprofissionalidade, e no segundo momento foi desenvolvida uma roda de conversa oportunizando as discussões suscitadas pela atividade anterior. Foram convidados 40 profissionais, todos preceptores dos cursos de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, que exercem suas atividades de preceptoria no CER UNCISAL, dentre os quais a gerente do centro e os coordenadores dos estágios supervisionados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total de 40 preceptores convidados, 07 compareceram ao encontro. Destes, 04 do curso de terapia ocupacional e 03 do curso de fisioterapia. Não houve participação de preceptores do curso de fonoaudiologia. É importante destacar que dos 7 componentes, 5 exerciam algum tipo de função de gestão, seja acadêmica ou institucional: - Gerente do CER UNCISAL - Gestora docente assistencial do CER UNCISAL - Coordenadora dos estágios supervisionados do curso de terapia ocupacional - Coordenadora dos estágios supervisionados do curso de fisioterapia - Coordenador do curso de fisioterapia A relevância do interesse de atores vinculados à gestão se justifica porque deles podem partir as ações promotoras da interprofissionalidade, porém além disso aponta a necessária sensibilização desses personagens a esta prática de trabalho, incentivadoras ao mesmo tempo de educação interprofissional. Dentre as diversas falas registradas, destaca-se a fala da gerente do Centro sobre a inclusão da pauta da interprofissionalidade nas discussões para elaboração do Regimento do CER UNCISAL: “[...] a proposta é de discutirmos com a equipe a inclusão da interprofissionalidade no regimento do CER que está em fase de elaboração e pensar em práticas mais conjuntas, avaliações de equipe que a gente não tem, ver protocolos, triagem, reuniões de equipe. O compromisso da gestão deve ser entendido como fator indispensável para a efetivação da prática da interprofissionalidade, sobretudo quando aproxima a equipe do âmbito das decisões regimentais norteadoras desse projeto. Possibilidades de ações interprofissionais foram sugeridas pelo grupo como forma de iniciar rotinas de trabalho voltadas às práticas colaborativas, dentre as quais: “Poderíamos juntar no final de cada estágio as apresentações de estudos de casos clínicos pelo menos para os alunos se ouvirem, não falarem para seus iguais e sim para os colegas de outras áreas. Eu vejo que isso já poderia ajudar a sensibilizá-los.”( Coordenadora de estágio supervisionado) Deve-se considerar que a inserção dos estudantes na discussão da interprofissionalidade, além de promover o enriquecimento das propostas e permitir a oportunidade de vivenciarem a mudança desse paradigma da formação tradicional, também incentiva o envolvimento dos próprios preceptores com as práticas interprofissionais. Também são feitas considerações quanto à nova matriz curricular - em fase intermediária de implantação - identificando-se as dificuldades de modificar a tendência ao isolamento das profissões ainda nos primeiros anos de formação. “Temos uma dívida histórica da interprofissionalidade... lá atrás, na formação. A proposta pedagógica já contempla há tempo, então essa conta é antiga! ” Decerto, há de se reconhecer que o trabalho interprofissional em saúde é mais exigente, requer mais discussão e diálogo, o que sugere maiores chances de conflitos e situações de exposição, ainda mais se, concomitantemente, também existirem as vivências de educação interprofissional em saúde, em que os estudantes vão transitar e compartilhar desse ambiente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através das reflexões coletivas sobre os benefícios da interprofissionalidade para a equipe de reabilitação e os desafios inerentes a serem enfrentados, pode-se concluir que as estratégias para o desenvolvimento da formação interprofissional em saúde, necessitam muito além da reelaboração de rotinas de trabalho ou projetos institucionais. Destaca-se a participação das gestões acadêmicas dos cursos e da gerência do CER UNCISAL, sensíveis à proposta da interprofissionalidade, não apenas no plano das ações, mas sobretudo na sua oficialização no regimento do Centro, a partir de decisões coletivas, dialogadas e democráticas, tal qual a filosofia do trabalho interprofissional e práticas colaborativas. A identificação da dificuldade de integração entre os estudantes de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional após a recente adoção das novas matrizes curriculares oportunizou reflexões sobre os ajustes necessários ainda durante a implementação das mesmas, o que do ponto de vista prático é mais viável porque comportamentos ou rotinas destoantes da proposta ainda não estão sedimentados.

4382 INCIDÊNCIA DE CURETAGEM UTERINA EM PACIENTES DE 20 A 29 ANOS EM UM HOSPITAL MUNICIPAL DE SANTARÉM NO PERÍODO ENTRE 2013 À 2015.
Martha Nunes Freitas, Lane Souza Da silva, Ellen Caroline Santos Navarro, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Antonia Regiane Pereira Duarte

INCIDÊNCIA DE CURETAGEM UTERINA EM PACIENTES DE 20 A 29 ANOS EM UM HOSPITAL MUNICIPAL DE SANTARÉM NO PERÍODO ENTRE 2013 À 2015.

Autores: Martha Nunes Freitas, Lane Souza Da silva, Ellen Caroline Santos Navarro, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Antonia Regiane Pereira Duarte

A curetagem uterina é um dos procedimentos cirúrgicos mais frequentes em obstetrícia, este consiste em retirar os restos do concepto, produto do aborto. O aborto caracteriza-se pela interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação, com concepto pesando menos de 500 gramas. Ele pode ser precoce quando ocorre até a 13ª semana e tardio, quando entre 13ª e 22ª semanas, em que o produto eliminado é de chamado aborto. Por vezes o tratamento é necessário, quando existem complicações após o abortamento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no mundo, aproximadamente 500 mil mulheres morrem a cada ano de causas relacionadas à gestação. No Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), em 2011, foram registrados 77 óbitos por aborto, o que corresponde a 4,8% do total de óbitos maternos em decorrência de aborto por cem mil nascimentos vivos. Os perfis sociodemográficos de mulheres podem se relacionar à tomada de decisão pela prática abortiva entre mulheres de diferentes classes sociais, níveis econômicos, cultura e faixas etárias. A falta de acesso a contraceptivos ou falha destes; preocupações socioeconômicas, como situação de pobreza, baixa escolaridade e desemprego; necessidade de planejar o tamanho da família, como o espaçamento entre filho; falta de apoio do parceiro são algumas das razões para a interrupção da gravidez. Diante desta problemática, questiona-se a incidência de curetagem uterina em pacientes entre 20 a 29 anos em um hospital público no município de Santarém no período de 2013 à 2015. E tem como objetivo identificar a incidência de curetagem uterina realizadas no Hospital Municipal de Santarém, demonstrar as principais causas do aborto, conhecer as principais complicações da curetagem uterina. Trata-se de um estudo de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados por meio da análise dos prontuários das pacientes na faixa etária em estudo submetidas à curetagem uterina, no período de 2013 à 2015, em que se utilizou como instrumento de pesquisa um questionário contendo 11 perguntas fechadas para alcance dos objetivos do estudo. A amostragem utilizada nesta pesquisa foi o total de 574 prontuários de pacientes de 20 à 29 anos submetidas à curetagem uterina. A análise dos dados ocorreu através de recursos estatísticos por meio de números absolutos e porcentagens e, posteriormente, transformados em gráficos e tabelas estruturados a partir do programa Microsoft Excel 2010. O estudo foi executado conforme os preceitos éticos da Resolução 466/2012 (Brasil, 2012), que trata de pesquisa e testes em seres humanos.  Em relação aos resultados encontrados, a pesquisa evidenciou que a incidência de curetagem uterina no Hospital Municipal de Santarém na faixa etária de 20 à 29 anos é 574 (46%) pacientes. No que diz respeito à definição de cor/raça 555 (97%) das pacientes informaram ser pardas. Os abortos são mais comuns no 1º trimestre de gestação com 329 (57%), ou seja, nas primeiras semanas (1 à 12º semana). Em relação ao histórico de aborto, a pesquisa revela que 271 (47%) das pacientes nunca abortaram, 78 (13%) abortaram de 1 à 2 vezes, 2 (1%) de 3 à 4 abortamentos, porém, 223 (39%) não informaram sobre a ocorrência de abortos. Já nas patologias nas pacientes submetidas ao procedimento, 524 (87%) das pacientes não informaram sobre quaisquer patologias, porém, cerca de 27 (5%) apresentaram gestação anembrionária como causa do aborto, seguida de mola hidatiforme 12 (2%). Nos sintomas do aborto em pacientes submetidas ao procedimento de curetagem uterina verificou-se que 551 (96%) tiveram metrorragia, 432 (72%) das pacientes apresentaram dor pélvica como principal sintoma do aborto, seguido de colo aberto com 92 (15%), restos ovulares 36 (6%) e febre 30 (5%).  O tipo de aborto das pacientes submetidas ao procedimento mais frequente é o retido com 242 (42%), posteriormente, espontâneo/incompleto com 189 (33%) e outros com 41 (7%). No que concerne as complicações pós procedimento, 554 (97%) das pacientes submetidas à curetagem uterina não apresentaram complicações, 10 (2%) cursaram com hemorragia, 3 (1%). No tocante ao tempo de internação das pacientes submetidas ao procedimento, 252 (42%) das pacientes permaneceram 1 dia internadas no hospital após o procedimento cirúrgico, seguido de 2 dias com 179 (29%), 3 dias 68 (12%) e posteriormente os demais dias. Após apreciação multivariada conclui-se que a incidência de curetagem uterina é relativamente expressiva no município de Santarém, que o aborto é comum na população parda, sendo que, a gravidez prévia concentra-se em pacientes que não tiveram filhos anteriormente, que na maioria das vezes o abortamento ocorreu no primeiro trimestre de gestação, em mulheres que nunca abortaram, cujo, sinais e sintomas apresentados foram dor pélvica e metrorragia. A grande maioria não informou ter feito uso de abortivo, o tipo de aborto predominante, foi o retido, seguido de espontâneo e incompleto, as complicações identificadas são hemorragia e infecção, o tempo máximo de internação é de 1 dia. Diante dos dados supracitados, esse estudo evidencia a necessidade de análise de outras variáveis que não estavam disponíveis nos prontuários das pacientes, como: renda familiar, escolaridade, condições de moradia, tais eixos contribuiriam significativamente para identificar os possíveis fatores de risco e caracterização do perfil da população que sofre aborto no Município. O aborto causa na mulher sensações variadas de dor física e psicológica, o medo da morte faz-se presente, e a enfermagem ao acolher as pacientes com suspeita ou confirmação de aborto, deve dispor de cuidados necessários para amenizar este sofrimento. O planejamento familiar é de fundamental importância na prevenção de possíveis gravidezes e que portanto, diminuem o número de aborto provocado, o uso de métodos contraceptivos também possui papel na manutenção da fecundidade. Inúmeros fatores estão interligados a prática do abortamento, porém estudos relacionados ao tema ainda são escassos. Seria determinante para a redução dos casos de aborto se houvessem significativas medidas para prevenção de gravidez indesejadas. O munícipio de Santarém em conjunto com profissionais de saúde devem sensibilizar a população quanto a necessidade de planejamento familiar. Sabe-se que é importante também a conscientização das mulheres quanto a assistência hospitalar imediata para prevenir qualquer complicação após o aborto, diminuindo o risco de possíveis infecções, portanto a equipe multiprofissional, onde o enfermeiro está inserido, deve ser capacitada para executar uma assistência de qualidade contribuindo para maior sobrevida da paciente.