7: A gestão do cuidado na atenção básica: a voz das experiências locais
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: Bloco U - Sala 09    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
4988 A LONGITUDINALIDADE DO CUIDADO A PARTIR DO PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ-AB)
Juliana Gagno Lima, Ligia Giovanella, Márcia Cristina Rodrigues Fausto

A LONGITUDINALIDADE DO CUIDADO A PARTIR DO PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ-AB)

Autores: Juliana Gagno Lima, Ligia Giovanella, Márcia Cristina Rodrigues Fausto

Apresentação: A qualidade da Atenção Básica (AB) pode ser avaliada por meio do exame da efetivação dos atributos de uma Atenção Primária à Saúde (APS) robusta, conforme definição de Starfield: primeiro contato, longitudinalidade, abrangência/integralidade, coordenação, orientação para a comunidade, centralidade na família e competência cultural. O recorte deste trabalho foi o atributo da “longitudinalidade”, que se refere à responsabilidade da equipe pelo usuário ao longo da vida, através da qual a APS cumpre sua função de fonte regular de cuidados por meio da organização do serviço e do fortalecimento da relação entre profissional e paciente (Starfield, 2002; Macincko et al., 2003). Tal atributo se relaciona diretamente com o vínculo, elemento fundamental para a garantia do cuidado contínuo e integral. Para analisar o atributo longitudinalidade utilizou-se dos dados secundários do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), ciclo 1, realizado em 2012. Para tal, considerou-se os seguintes componentes: “continuidade da relação profissional-paciente” (oferta de cuidado nos diferentes ciclos de vida e organização do serviço que permita acompanhamento ao longo do tempo) e “qualidade da relação profissional-paciente (vínculo estabelecido na relação entre profissional-paciente)”. O estudo teve por objetivo principal analisar a efetivação do atributo da APS “longitudinalidade” na prática das equipes de Atenção Básica segundo Tipos de Regiões de Saúde. Desenvolvimento do trabalho: O PMAQ-AB foi estruturado para induzir a qualidade da AB, conforme as diretrizes propostas na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Portanto, constitui-se em importante fonte de pesquisa em avaliação (Pinto, Sousa, & Ferla, 2014), cujos dados são utilizados neste estudo, com o objetivo de avaliar a longitudinalidade. O estudo consistiu em um estudo descritivo transversal baseado em dados secundários de acesso público do ciclo 1 (2012) do PMAQ-AB, considerando-se um total de 13.749 Unidades Básicas de Saúde, 16.541 Equipes de Atenção Básica e 65.391 usuários. Tal análise foi desenvolvida em dissertação de mestrado em saúde pública da ENSP/FIOCRUZ, defendida no ano de 2016. Foram selecionadas variáveis, a partir da revisão de literatura e do exame dos instrumentos do PMAQ-AB: observação na UBS (modulo I), coordenador da equipe (módulo II) e usuários (módulo III), com auxílio da equipe de pesquisadores Regiões e Redes – Dimensão APS. Ainda que a Atenção Básica no Sistema Único de Saúde (SUS) seja de jurisdição municipal, para que se constitua na base de uma rede de atenção orientada pela APS, não pode estar isolada da perspectiva regional com suas heterogeneidades. Logo, a efetivação dos atributos foi analisada segundo grupos de regiões de saúde, de acordo com Tipologia previamente desenvolvida pela pesquisa Regiões e Redes: Região tipo 1 – baixo desenvolvimento socioeconômico e baixa oferta de serviços; Região tipo 2 – médio/alto desenvolvimento socioeconômico e baixa oferta de serviços; Região tipo 3 – médio desenvolvimento socioeconômico e média oferta de serviços; Região tipo 4 – alto desenvolvimento socioeconômico e média oferta de serviços; e Região tipo 5 – alto desenvolvimento socioeconômico e alta oferta de serviços. Resultados e/ou impactos: Qualificar a organização da assistência na AB por meio do atributo longitudinalidade significa desenvolver ações como: manter os registros atualizados e completos, identificar e priorizar os casos mais graves e grupos de risco, planejar condutas diferenciadas no caso de intercorrências, realizar acompanhamento de todo o conjunto de ciclos de vida, além de utilizar instrumentos com foco na comunicação e participação do usuário. De acordo com os resultados do estudo, pode-se observar que os  indicadores da continuidade relação profissional-paciente revelaram dificuldades na organização do serviço como rotatividade de profissionais (somente 43,4% dos profissionais atuam 3 anos ou mais na equipe) e baixo resgate do histórico de atendimento ou busca ativa dos usuários (48,1% dos profissionais lembram-se do que aconteceu nas últimas consultas; e 42,9% dos profissionais afirmam que quando os usuários interrompem o tratamento por algum motivo ou não comparecem à consulta na UBS, os profissionais os procuram para saber o que aconteceu e retomar o atendimento). Resultados mais satisfatórios foram observados nos marcadores de hipertensão e puericultura (87,8% dos profissionais afirmam que nas visitas domiciliares, os ACS realizam a busca ativa de hipertensos faltosos; e 64,2% relatam que a equipe fez uma visita à criança com até sete dias de vida). Os resultados sobre qualidade da relação profissional-paciente (vínculo) mostraram que usuários não podem escolher sua equipe de atendimento (somente 24,1% dos usuários respondeu positivamente à possibilidade de escolha). Eles se mostraram satisfeitos quanto ao tempo para falar sobre suas preocupações. Porém, quando perguntados sobre acesso o profissional após a consulta e sobre sentir-se a vontade para falar sobre suas questões, os percentuais são menores (62,6% dos usuários sempre têm facilidade de tirar dúvidas). Melhorias de comunicação durante a consulta favoreceriam a qualidade da relação profissional-paciente. Apesar das limitações encontradas em todos os grupos de saúde, os melhores resultados foram observados nas equipes Região 1, um comportamento incomum em relação aos demais atributos. Isso nos sugere que vínculo e continuidade do cuidado estariam sendo mais bem trabalhados nas regiões menos desenvolvidas.Considerações finais: Os resultados da continuidade da relação profissional-paciente e qualidade da relação profissional-paciente foram inadequados. Em geral, os resultados foram satisfatórios apenas quanto ao tempo das consultas (médico e enfermeiro) para o usuário falar sobre suas preocupações e quanto à busca ativa dos usuários com hipertensão. Melhorias são necessárias para a efetivação da longitudinalidade, que variam desde fatores da organização do serviço (como qualidade dos registros e visita de puericultura); outros dependem de questões mais abrangentes e muitas vezes, tripartite, como a fixação de profissionais e melhores condições de trabalho; e outros são influenciados pela construção da relação profissional-paciente, como acessibilidade ao profissional após a consulta. Em resumo, os indicadores com padrão bom concentraram-se no tempo suficiente da consulta e busca ativa de hipertensos faltosos pelos ACS e dentre os piores indicadores destacaram-se as questões de escolha da equipe e de continuidade do cuidado (alta rotatividade dos profissionais, profissionais não lembram o que aconteceu em consultas anteriores e escassa busca ativa). No âmbito da relação profissional-usuário, percebeu-se resultados por vezes mais positivos nas regiões menos desenvolvidas, e no que depende de ações mais sistêmicas e estruturais os resultados foram superiores nas regiões mais desenvolvidas. 

2879 A PNPIC NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Marcelina Ribeiro da Silva, Fernanda Carmo dos Santos, Wanne Thaynara Vaz Gurjão, Aurenice Monteiro Pinto Gualdez, Andrea Portal do Espirito Santo, Nelyana Alessandra Alves de Lima, Shirley Aviz de Miranda

A PNPIC NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Autores: Marcelina Ribeiro da Silva, Fernanda Carmo dos Santos, Wanne Thaynara Vaz Gurjão, Aurenice Monteiro Pinto Gualdez, Andrea Portal do Espirito Santo, Nelyana Alessandra Alves de Lima, Shirley Aviz de Miranda

Apresentação: No Brasil, foi instituído a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) para abrir novas vertentes terapêuticas aos usuários junto ao Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a Política Nacional de Plantas Medicinais os quais visam disponibilizar à população o acesso seguro a esses recursos (BRASIL, 2006) fortalecendo os princípios do SUS para atuar na promoção da saúde da população. Ao cultivar esse patrimônio prestigiaremos a cultura popular, respeitando as diferenças e valores éticos/comportamental, prezando a vida, o conhecimento em todos os níveis e o respeito. O Conselho Federal de Enfermagem aborda terapias alternativas como especialidade e/ou qualificação, para tal o Ministério da Saúde divulgou a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus) (BRASIL, 2009). Entretanto, percebe-se a dificuldade dos profissionais em lidar com a associação entre os métodos formais e os populares. Objetivo: Identificar as evidências na literatura sobre a implantação da PNPIC com ênfase em plantas medicinais na Atenção Básica no período de 2007 à 2017. Desenvolvimento do Trabalho: Pesquisa qualitativa explorativa do tipo revisão bibliográfica, com levantamento de artigos nas bases de dados Biblioteca virtual em Saúde (BDENF) e Scientific Library Online(SCIELO). Utilizamos os seguintes descritores: “Plantas Medicinais” e “Enfermagem”, no período de 2007 à 2017. Resultados: Observamos duas categorias: Dificuldades da implantação da PNPIC com ênfase em plantas medicinais, devido a falta ou fragilidade do conhecimento científico, o preconceito por parte dos profissionais e a falta de interesse e credibilidade dos gestores em implantar tais recursos. Benefícios da PNPIC com enfoque em plantas medicinais, entre eles está o estímulo que a aplicação da política gerará na pesquisa de novas espécies a serem catalogadas, a aproximação entre o conhecimento empírico e o científico, possibilita ao profissional ter um olhar holístico e principalmente o fato das plantas serem de baixo custo e de fácil acesso. Considerações finais: As plantas medicinais são de grande relevância na prevenção, tratamento e recuperação da saúde. Sua utilização provém do acúmulo de conhecimento empírico que despertou interesse de estudos no ramo científico.Por isso, é de suma importância que os profissionais sejam conhecedores da PNPIC, com ênfase em plantas medicinais, pois saberão quais são os benefícios para repassarem aos usuários, prescrevendo cuidados alternativos, avaliando o paciente centrado no modelo biopsicossocial, agregando conhecimentos da população e qualificando o cuidado aos pacientes

3846 ACESSO AO EXAME PREVENTIVO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: PERCEPÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM TRÊS MUNICÍPIOS DA BAHIA
NOEMIA FERNANDA SANTOS FERNANDES, JAMILLE AMORIM CARVALHO, ADRIANO MAIA DOS SANTOS

ACESSO AO EXAME PREVENTIVO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: PERCEPÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM TRÊS MUNICÍPIOS DA BAHIA

Autores: NOEMIA FERNANDA SANTOS FERNANDES, JAMILLE AMORIM CARVALHO, ADRIANO MAIA DOS SANTOS

Apresentação: O Câncer do Colo do Útero (CCU) é a terceira neoplasia que mais provoca óbitos às mulheres no país. A organização do fluxo de serviços no controle ao CCU é essencial para que haja diagnóstico de alterações/lesões precoces e tratamento em tempo oportuno, por meio da rede pública de atenção à saúde. O objetivo deste estudo foi discutir o acesso ao “exame preventivo do CCU” em Unidades de Saúde da Família (USF) em três municípios do interior da Bahia. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de estudo qualitativo, realizado em três municípios de pequeno porte da região de Saúde de Vitória da Conquista, Bahia. Foram selecionados três municípios, atendendo aos seguintes critérios: 1) menor município da região de saúde com, aproximadamente, 5.000 habitantes; 2) município em gestão estadual dos serviços com, aproximadamente, 49.000 habitantes; 3) município em “comando único”/ gestão municipal dos serviços com, aproximadamente, 35.000 habitantes; 4) 100% de cobertura da ESF. Realizou-se, em cada município, “grupo focal” com Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da zona urbana e rural. Resultados: Nos três municípios, a coleta do exame preventivo era realizada, exclusivamente, por enfermeiros; a coleta do exame preventivo era realizada até duas vezes ao mês (média de trinta atendimentos mensais). A marcação poderia ser feita pela própria usuária (forma direta ou por telefone) ou pelo ACS (quando havia resistência das usuárias em buscar o serviço ou quando as mesmas residiam distante da USF). Não havia dificuldades no acesso ao exame preventivo nas USF, nem filas de espera, nos três municípios. No entanto, os ACS apontaram algumas resistências das mulheres-usuárias que se transformavam em barreiras de acesso: quando o enfermeiro era jovem ou do gênero masculino; quando o profissional residia na comunidade; por vergonha/timidez em expor o corpo; não confiança no profissional; por pensarem que, na rede privada, o exame seria de melhor qualidade; pela dificuldade no acesso aos exames complementares; por impedimento do cônjuge; por questões culturais/mitos (mulheres virgens, mulheres sem relações sexuais ou idosas não necessitariam realizar o preventivo). Além disso, muitas mulheres com deficiência, sobretudo mental, não tinham acesso, por resistência da própria usuária ou de familiares que as segregavam. Para superação das barreiras de acesso: as equipes realizavam ações educativas com as mulheres; nas visitas domiciliares, buscavam fortalecer o vínculo do ACS com as usuárias resistentes; tentavam atrelar a realização do preventivo ao recebimento do benefício do Programa Bolsa Família; obtinham transporte ofertado pela secretária de saúde, para deslocamento das equipes, em dias específicos, para as áreas rurais distantes. Considerações finais: Mesmo havendo cobertura formal da ESF para todas as usuárias, os profissionais devem ficar atentos às condições socioeconômicas especiais para minimizar as barreiras de acesso, sobretudo às mulheres mais vulneráveis. A busca-ativa de faltosas ou com exames preventivos em atraso e a vigilância/continuidade no acompanhamento das mulheres que tiveram alguma alteração nos resultados devem fazer parte do processo de trabalho da equipe, envolvendo, também, médicos e, quando necessário, os demais integrantes da equipe.

975 DIAGNOSTICO DAS CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM ANGRA DOS REIS E PARATY (RJ).
Flavio Astolpho Vieira Souto Rezende, Marcia Fernandes Soares

DIAGNOSTICO DAS CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM ANGRA DOS REIS E PARATY (RJ).

Autores: Flavio Astolpho Vieira Souto Rezende, Marcia Fernandes Soares

Introdução: As Condições Sensíveis à Atenção Primária em Saúde - CSAP são agravos à saúde cuja morbidade e mortalidade podem ser reduzidas através de uma atenção primária oportuna e eficaz. O conjunto desses problemas de saúde são estudados a partir de uma lista de Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP) que representa eventos que poderiam ser evitados, em sua totalidade ou em parte, pela presença de serviços efetivos de saúde. Objetivo: Avaliar as internações por CSAP em Angra dos Reis e Paraty. Método: Foram utilizados os bancos de dados dos Sistemas de Informações sobre Mortalidade e de Informações Hospitalares do SUS no período de 2008-2014. Resultado: Foram analisadas 59.191 internações no período do estudo. Destas, 8.577 internações foram referentes as doenças consideradas sensíveis à atenção primária. Comparando os municípios, Paraty apresentou a maior razão entre o número de internações por condições sensíveis e o total de internações. Quanto a distribuição etária, verifica-se uma maior freqüência de internação por condições sensíveis nos dois extremos, em indivíduos com menos de 4 anos e com 60 anos ou mais. Os principais motivos de internação por condições sensíveis se referem à infecção da pele e tecido subcutâneo, insuficiência cardíaca, infecção no rim e trato urinário. Observa-se também que a taxa de mortalidade foi maior nas internações por condições sensíveis em comparação com as internações na sua totalidade. Finalizando, estas 8.577 internações por condições sensíveis tiveram resarcimento pelo SUS no valor de R$ 6.050.656,90, que poderia estar sendo utilizados na Atenção Básica.Conclusão: O Estudo demonstrou que a utilização das “internações por condições sensíveis à atenção primária” como um indicador na avaliação do desempenho da atenção primária e do modelo de sistema de saúde, pode sinalizar a acessibilidade, qualidade, resolutividade dos serviços de saúde, podendo ser considerada, uma excelente ferramenta para a gestão, reordenamento do modelo de atenção do sistema de saúde.

3027 ENTRAVES NA PROMOÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO-RJ
MARCELO GUSTAVO ROCHA MOREIRA FRANCO, LUIZ CARLOS HUBNER MOREIRA, GILSON SAIPPA DE OLIVEIRA

ENTRAVES NA PROMOÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO-RJ

Autores: MARCELO GUSTAVO ROCHA MOREIRA FRANCO, LUIZ CARLOS HUBNER MOREIRA, GILSON SAIPPA DE OLIVEIRA

APRESENTAÇÃO: Pretende-se demonstrar, os percalços encontrados na busca de um modelo usuário centrado num Município do interior fluminense com população estimada de 185.381 mil habitantes e 32,7% de população ocupada (IBGE) na busca de melhorias na qualidade dos serviços públicos em saúde, num cenário de baixa cobertura de atenção básica, 45% em dezembro/2016 (Nota Técnica DAB), altíssimos gastos com atenção hospitalar com resultados insatisfatórios, além do desabastecimento de insumos e medicamentos em razão da morosidade dos processos licitatórios. DESENVOLVIMENTO: A narrativa se desenvolve através de uma observação participante (VELHO, 1999), proporcionada pela imersão ao longo de doze meses trabalhando no nível central da gestão da saúde no município. RESULTADOS: A melhora da qualidade do Sistema Único de Saúde em Nova Friburgo RJ passa pela necessidade em distribuir recursos financeiros do município de forma mais equânime, visto que em 2015 gastou se 89,93% com assistência hospitalar e ambulatorial frente a 7,66% na atenção básica e 2,4% na vigilância em saúde. Servidores pouco abertos a inovação e processos centralizados têm dificultado os esforços de se propor melhorias na oferta e qualidade dos serviços. Tal situação é motivada pela desconfiança dos trabalhadores em novos gestores, principalmente quando oriundos de outras cidades bem como em decorrência da memória do trabalhador com situações de corrupção no Município. Quanto a oferta de serviços, equipes de saúde da família incompletas e serviços credenciados e não implantados, somadas a falta de formação profissional induzem a uma assistência hospitalar dispendiosa e sobrecarregada, demandando cada vez mais de recursos financeiros na média e alta complexidade, sendo o Hospital Geral a primeira referência de cuidados de atenção básica para parte da população. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Dificuldades na tramitação de processos administrativos têm sido contornadas pela busca de decisões compartilhadas, sempre buscando o consenso como mecanismo de tomada de decisão. A exemplo, um processo seletivo para compor equipes tramitou em seis meses, sendo elogiado pela celeridade e transparência. Os primeiros esforços para melhoria da qualidade dos serviços foram compor equipes credenciadas, aumentar o repasse financeiro via Fundo Nacional de Saúde para o bloco da atenção básica, bem como responder a demandas judiciais relacionadas a reposição de servidores. Nos próximos anos, faz-se necessário pensar mecanismos de racionalização dos recursos financeiros entre assistência hospitalar e atenção básica, aumentando a oferta de serviços em vazios sanitários. Pensando na superação destes entraves, um convênio com a Universidade Federal Fluminense garantiu a oferta de dois cursos, sendo um de atualização para gerentes de unidades básicas e outro de especialização para trabalhadores da gestão. A adesão dos servidores vem sendo estimulada. Os próximos esforços serão na capacitação de todos os servidores das estratégias de saúde da família e rede de saúde mental e a realização de oficinas visando a discutir os processos de trabalho a partir do dia a dia dos trabalhadores.

746 Grupos de Tabagismo na Estratégia Saúde da Família: uma experiência exitosa e desafiante em Fortaleza-CE.
Luiza de Paula Sousa, Marina dos Santos Garruti de Medeiros, Aline Luiza de Paulo Evangelista, Ana Amélia Lima Pequeno, Lorena Andrade Gomes Gadelha, Ana Geyse Gomes da Silva, Maria Clarice Tavares Evangelista, Ivamara Morais Silva

Grupos de Tabagismo na Estratégia Saúde da Família: uma experiência exitosa e desafiante em Fortaleza-CE.

Autores: Luiza de Paula Sousa, Marina dos Santos Garruti de Medeiros, Aline Luiza de Paulo Evangelista, Ana Amélia Lima Pequeno, Lorena Andrade Gomes Gadelha, Ana Geyse Gomes da Silva, Maria Clarice Tavares Evangelista, Ivamara Morais Silva

Apresentação: O “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, 2011-2022”, lançado pelo Ministério da Saúde em 2011, objetiva enfrentar e deter o crescimento das doenças crônicas não transmissíveis, abordando as quatro principais, a saber: doenças circulatórias, respiratórias crônicas, diabetes e o câncer, bem como os seus fatores de risco em comum: tabagismo, álcool, inatividade física, excesso de peso e alimentação não saudável. Dessa forma, o plano visa à redução da morbimortalidade decorrente destas doenças, através de ações de promoção de saúde e prevenção, aliadas à detecção precoce, ao tratamento adequado e à reorganização dos serviços de saúde, prioritariamente, com o fortalecimento da Atenção Básica. O tabagismo se apresenta como um fator de risco das referidas doenças e, além de causar prejuízos à qualidade de vida da população, é fator de incapacidade precoce, onerando os sistemas públicos de saúde e a previdência social. Estimativas da Organização Mundial da Saúde sugerem que as despesas com saúde e perda de produtividade em decorrência das doenças do tabaco superam US$ 1 trilhão para os cofres públicos no mundo todo, ou seja, trata-se de uma problemática de saúde mundial. Desde 2004, o Ministério da Saúde desenvolve um programa denominado Programa Nacional de Controle do Tabagismo, preconizando que qualquer equipamento do Sistema Único de Saúde, ambulatorial ou hospitalar, pode estar habilitado a executar ações voltadas para a abordagem aos usuários de tabaco, através da capacitação profissional e do cadastro no referido programa, oferecendo meios para a cessação deste hábito. O manual do participante “Deixando de fumar sem mistérios” é o material de apoio utilizado durante as sessões de abordagem cognitivo-comportamental, no tratamento individual ou em grupo, fornecendo informações e estratégias necessárias para apoiar o indivíduo, bem como a prevenção de recaídas. A anamnese com a detecção do grau de dependência e os exames complementares se fazem necessários, além do encaminhamento, aos serviços de referências, de pacientes com comprometimento psicossocial e/ou com comorbidades. O programa conta, ainda, com o apoio farmacológico de medicamentos do componente estratégico da Assistência Farmacêutica. No município de Fortaleza-CE, a implementação de Grupos de Tabagismo, mais especificamente nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) da Coordenadoria Regional de Saúde 2 (CORES 2), iniciou em outubro de 2013, estando em fase de expansão para a melhoria da assistência à saúde dos tabagistas, além da realização de ações de prevenção ao tabagismo. Diante do exposto, o presente trabalho objetiva descrever a implementação dos Grupos de Tabagismo nas UAPS da CORES 2 do município de Fortaleza-CE. Desenvolvimento:Trata-se de um relato de experiência sobre a implementação dos Grupos de Tabagismo nas UAPS da CORES 2 em Fortaleza-CE. O período da experiência descrita é de outubro de 2013 a outubro de 2017. Os grupos são realizados em 12 encontros semanais, iniciando com a aplicação do Teste de Fargeströn (instrumento que identifica o grau de dependência do indivíduo), sendo este, aplicado nas áreas de abrangência, pelos agentes comunitários de saúde, e nas próprias UAPS, pelos demais profissionais. Os encontros se caracterizam pela adoção das rodas de conversa, oficinas e resgates de experiência, questionamentos e anseios dos participantes, mediante apoio e acompanhamento de, pelo menos, dois profissionais de saúde, que abordam vários temas relativos à cessação do tabagismo, tais como nutrição, saúde bucal, comprometimento cardiorrespiratório, autoestima, qualidade de vida, prevenção de recaídas e como lidar com o estresse. As ações acontecem valorizando os benefícios (individuais e coletivos) de parar de fumar, mas respeitando a particularidade de cada usuário, tendo em vista a autonomia dos mesmos dentro desse processo. Um ponto importante desta abordagem é o fato de cada usuário definir a data para abandonar o uso do tabaco. Os usuários são acompanhados por várias categorias profissionais, sendo necessária a presença do profissional de Medicina, pela necessidade de avaliação e prescrição medicamentosa, a depender do caso, haja vista que segundo o Ministério da Saúde, 75% dos usuários que procuram a unidade de saúde para pararem de fumar, necessitam de apoio medicamentoso. Os medicamentos disponibilizados são: adesivo transdérmico de nicotina (21,14 e 7 mg), goma de mascar de nicotina (2 mg), pastilha de nicotina (4 mg) e cloridrato de bupropiona (150 mg). Os usuários que já cessaram o hábito de fumar passam a ser acompanhados mensalmente, trimestralmente, semestralmente, e somente recebem a alta definitiva do acompanhamento um ano após a cessação completa. Estes usuários, frequentemente, são convidados a darem seus depoimentos para os que ainda enfrentam tal desafio. Além disso, os grupos já em funcionamento servem de referência para os profissionais das demais unidades em fase de implementação, onde estes podem participar como observadores da dinâmica aplicada, norteando as ações dos grupos a serem implantados nas demais unidades de saúde. Resultados: Desde outubro de 2013, foram capacitados cerca de 80 profissionais, entre médicos, enfermeiros, dentistas, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de saúde bucal e agentes comunitários de saúde, integrantes da Estratégia Saúde da Família, Núcleos de Apoio à Saúde da Família, Residências Integradas em Saúde e Residência de Medicina de Família e Comunidade. De 2013 a 2016 foi possível a implantação de grupos de tabagismo em duas das 12 UAPS, permanecendo em funcionamento apenas um deles. A partir de julho 2017, após a intensificação e o fomento à capacitação, bem como uma intensa sensibilização junto aos profissionais, conseguiu-se a implantação de Grupos de Tabagismo em mais três UAPS, estando duas unidades em fase final de implantação, visando alcançar até o final de 2017, 50% das UAPS. Considerando o período relatado de quatro anos, 154 pacientes ingressaram no programa de abordagem e tratamento ao usuário de tabaco na CORES 2. De acordo com os registros da área técnica responsável, cerca de 40% conseguiram a cessação completa do hábito de fumar, enquanto 30% conseguiram reduzir o uso de cigarro de um a dois maços/dia para 3 a 4 unidades/dia, o que demonstra uma acentuada redução dos danos causados pela nicotina. Infelizmente, as subjetividades implicadas nas razões de cada indivíduo, mostram que 30% destes pacientes não lograram êxito na cessação do tabagismo, sendo que a literatura aponta índices de cessação entre 30% e 60%. Em uma unidade de saúde, que oferece o tratamento desde 2013, a dinâmica foi diferenciada, onde o grupo permanece aberto ao ingresso de novos usuários, de maneira que o acesso a esse serviço acontece de forma ininterrupta. Considerações finais: A implementação dos Grupos de Tabagismo nas UAPS da CORES 2 demonstra com êxito a possibilidade de redução dos malefícios individuais e coletivos gerados pelo tabagismo. Vale salientar que o frágil vínculo de trabalho e a rotatividade dos profissionais de saúde geram descontinuidade nas ações programadas, ampliando o desafio no trabalho em saúde no âmbito da promoção. A atuação de equipes multiprofissionais, com fortes vínculos empregatícios, com intervenções e estratégias direcionadas às necessidades de saúde da população, desestimulando o tabagismo, aliadas ao estímulo à alimentação saudável e à atividade física, certamente será eficaz no intuito de efetivar a promoção de saúde dentro do contexto da Atenção Primária à Saúde, como bem demonstra o trabalho aqui apresentado.

4223 Integralidade na atenção à gestação: papel da Atenção Primária e dos modelos organizacionais
Patricia Rodrigues Sanine, Fernanda Luz Gonzaga da Silva, Sonia Isoyama Venancio, Nathan Aratani, Maria Lucia Garcia Moita, Oswaldo Yoshimi Tanaka

Integralidade na atenção à gestação: papel da Atenção Primária e dos modelos organizacionais

Autores: Patricia Rodrigues Sanine, Fernanda Luz Gonzaga da Silva, Sonia Isoyama Venancio, Nathan Aratani, Maria Lucia Garcia Moita, Oswaldo Yoshimi Tanaka

Apresentação: A magnitude do município de São Paulo (MSP), capital do Estado, pode ser representada pelo número de habitantes da Rede Regional de Atenção à Saúde (RRAS-6) na qual encontra-se localizado (11.253.503 habitantes), que representa 57,0% da população da Região Metropolitana de São Paulo. Em 2015, o MSP apresentava aproximadamente 40% da população coberta por Estratégia Saúde da Família (ESF) e uma porcentagem de 55,6% da população sem plano de saúde e/ou convênio médico. A atenção à saúde materno-infantil no MSP é uma das áreas mais antigas e bem estruturadas nos serviços de Atenção Primária (APS). No entanto, apesar do aumento do acompanhamento adequado do pré-natal (com 7 ou mais consultas) entre os anos de 2012 e 2016 (74,8% e 78,3%, respectivamente), persiste a necessidade de melhorar sua prática nos serviços, expressa pela incompatibilidade entre os constantes investimentos na área e a permanência de indicadores indesejáveis de saúde, como as taxas de mortalidade (neonatal precoce – 5,3 e fetal – 8,3, nos anos de 2015 e 2013, respectivamente) e o progressivo aumento na incidência de casos de sífilis congênita (3,7 para 7,0 por 1.000 nascidos vivos) e da mortalidade materna (36,4 para 55,0 por 100.000 nascidos vivos), entre os anos de 2011 e 2016. As diretrizes nacionais estabelecem a atenção integral, e integrada, como estratégia capaz de melhorar tais indicadores, tendo os serviços de APS como principais responsáveis pela integração deste cuidado. São muitas as evidências de que os serviços de APS organizados segundo o modelo Saúde da Família (USF) possuem maior capacidade de responder às necessidades de saúde da população. No entanto, especialmente no MSP, que apresenta uma ampla rede de serviços com grande heterogeneidade de modelos operados, torna-se imperativo compreender como estes distintos modelos interferem na atenção à gestação e quais investimentos podem favorecer a melhoria da qualidade. Diante deste contexto e da importância em se avaliar os serviços de APS buscando compreender as formas de funcionamento da linha de cuidado na atenção às gestantes, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a integralidade da atenção à gestação no MSP. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa avaliativa, de corte transversal, realizada com amostra representativa de gestantes atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) encaminhadas da Atenção Primária à Saúde (APS) para Atenção Especializada (AE), no ano de 2016. O inquérito foi realizado por meio de questionário padronizado, contendo 49 questões fechadas orientadas pelos documentos oficiais da área. Selecionou-se dezessete variáveis para analisar sua influência sobre o desfecho “Integralidade do cuidado” e adotou-se como proxy o indicador “Atendimento compartilhado entre APS e AE”, uma vez que o retorno da gestante aos serviços de APS representa a completude da atenção integral ao cuidado, sintetizando atributos como vínculo e responsabilização pelo cuidado. Reconhecendo os diferentes modelos operados nos serviços de APS, considerou-se o tipo de serviço de APS de origem como variável independente principal. Os diferentes modelos foram classificados em: Unidade Básica de Saúde “tradicional” (UBS), caracterizada por equipes compostas por clínico geral e especialistas (incluindo ginecologista-obstetra e pediatra), além de enfermeiro; Unidade Básica de Saúde “mista”, ou seja, mantém o modelo “tradicional” associado à Estratégia Saúde da Família (UBS mista), caracterizada por integrar equipes de saúde da família ou Programa de Agente Comunitário de Saúde (PACS) junto à UBS “tradicional”; e Unidade Saúde da Família “exclusiva” (USF), caracterizada por equipes compostas por médico generalista, enfermeiro e ACS. A associação entre as variáveis independentes e o desfecho foi analisada pelos testes qui-quadrado e modelo de regressão logística múltipla (forward selection) com a introdução da variável de interesse principal (tipo de serviços de APS) e covariáveis em ordem de significância estatística (selecionadas a partir dos valores de p<0,20 na análise bivariada), sendo apresentadas no modelo final as variáveis que apresentaram p<0,05.   Resultados e/ou impactos: Destaca-se entre as 689 gestantes que compuseram a casuística a existência de gestantes que iniciaram seu acompanhamento na APS no terceiro trimestre (2,5%), apesar da maioria ter relatado início no primeiro trimestre (81,3%). Na análise bivariada, mostrou-se como características favoráveis à manutenção do atendimento compartilhado entre os serviços de APS e AE, ou seja, que favorece a integralidade do cuidado: ter idade entre 19 e 34 anos (57,5%), ter cor da pele branca (76,4%), pegar medicamentos na APS (88,4%), além de não ter utilizado plano de saúde e/ou convênio médico para o pagamento dos exames (91,3%), pagando-os particular (63,8%). Em relação aos serviços de APS, as variáveis que apresentaram associação com a integralidade foram: ser acompanhado por USF (48,3%), ter sido encaminhado por médico não especialista (44,4%), conhecer o ACS (63,5%) e receber visita domiciliar durante o período gestacional (50,5%). Estas variáveis quando analisadas no modelo final, evidenciaram que pertencer a serviços organizados segundo o modelo USF influenciou de forma positiva a integralidade do cuidado, sendo que as UBS Mista apresentaram duas vezes a chance deste compartilhamento não ocorrer (p=0.003). Independentemente do modelo operado no serviço, a ausência de visitas domiciliares apresentou significância estatística, aumentando em 2,4 vezes a chance das gestantes não receberem cuidado compartilhado entre os serviços de APS e AE (p<0,001).   Considerações finais: Este trabalho permitiu aprofundar os conhecimentos sobre a organização dos serviços de APS e compreender o funcionamento da linha de cuidado às gestantes, favorecendo a identificação de fatores que dificultam a concretização da integralidade do cuidado na atenção à gestação. Seus resultados reforçam os achados de outros estudos, salientando os serviços organizados segundo o modelo USF como aqueles que apresentam maiores chances de ofertar uma atenção compartilhada entre a APS e AE. Porém, diante da crise financeira e política que envolve o SUS decorrente das alterações da PNAB, que reduz o número de ACS por serviço, flexibiliza a equipe e restringe sua atuação às áreas de maior vulnerabilidade, preocupa o número de gestantes que referem não ter recebido visita domiciliar durante o período gestacional, evidenciando um risco ainda maior, tanto de não ocorrer a integração entre os serviços de saúde, quanto de limitar as ações de vigilância, refletindo assim na manutenção dos agravos à saúde materna e infantil. Desta forma, as evidências apresentadas no presente trabalho contribuem para investimentos bem aplicados e direcionados a ações de maior impacto nos indicadores de saúde.

3907 INTERSETORIALIDADE NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PARÁ
Tania Suely Azevedo Brasileiro, Aldine Cecília Lima Coelho

INTERSETORIALIDADE NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PARÁ

Autores: Tania Suely Azevedo Brasileiro, Aldine Cecília Lima Coelho

Esta pesquisa busca compreender como se dá o processo de intersetorialidade no Programa Saúde na Escola no município de Santarém, Pará, percebendo de que forma são planejadas e realizadas as ações para a melhoria da qualidade de vida dos alunos inseridos neste programa. A intersetorialidade como política de gestão deste programa interministerial surge como temática desta dissertação de mestrado interdisciplinar na área Sociedade, Ambiente e Qualidade de Vida, assumindo como problemática: Como se estabelece o processo de intersetorialidade no âmbito do PSE levando em consideração as ações promovidas no município de Santarém-Pará? Enquanto objetivo geral assume-se analisar o processo da intersetorialidade no Programa Saúde na Escola (PSE) no Município de Santarém/Pará afim de verificar sua eficácia. Os específicos são: diagnosticar a percepção das equipes de saúde e da educação sobre o Programa Saúde na Escola; traçar o entendimento que fazem os componentes das equipes de saúde e da educação quanto à intersetorialidade; identificar os impactos da intersetorialidade nas escolas envolvidas no PSE e relacioná-los com a práticas das equipes da saúde e da educação implicadas; definir os critérios de eficácia deste programa tomando por base seus princípios e finalidades. Este estudo possui uma abordagem qualitativa, caracterizando-se como estudo de caso. O locús da pesquisa empírica é o munícipio de Santarém e seu público alvo abrange os componentes das equipes de saúde (enfermeiros (as) e agentes comunitários (as) de saúde) das 18 unidades que foram pactuadas em 2011, as quais são responsáveis pela assistência nas escolas vinculadas a elas, além da equipe destas escolas (professores (as), coordenadores (as) pedagógicos (as) e o coordenador (a) do PSE no município). Na produção dos dados empíricos adota-se o questionário semiestruturado, construído no Google Forms e aplicado com as equipes da saúde e da educação, e a entrevista semiestruturada com o coordenador (a) do PSE no município. Os dados da caracterização sociodemográfica dos participantes serão inicialmente tratados mediante estatística descritiva, utilizando-se de programas estatísticos Excel e software Biostat 5.0. As informações serão organizadas, tabuladas, categorizadas e elucidadas através da técnica análise de conteúdo de Bardin (2011), sendo dispostas em quadros, tabelas e mapas conceituais, com a finalidade de facilitar sua interpretação e propiciar a análise destes dados por meio da técnica de triangulação. Espera-se com este estudo verificar se as ações de intersetorialidade estão sendo efetivadas, a partir da percepção dos componentes das equipes de saúde e de educação, assim como da coordenação do PSE no município de Santarém/Pará, com vistas a avaliar sua efetividade.

1461 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE IDOSOS DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE COARI, AMAZONAS
Maxwell Arouca da Silva, Deyvylan Araujo Reis, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque, Hyana Kamila Ferreira de Oliveria, Brenner Kássio Ferreira de Oliveira, Thaíssa Lís Brito Seixas, Thainã Alencar de Lima, Rosimary Lima da Silva

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE IDOSOS DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE COARI, AMAZONAS

Autores: Maxwell Arouca da Silva, Deyvylan Araujo Reis, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque, Hyana Kamila Ferreira de Oliveria, Brenner Kássio Ferreira de Oliveira, Thaíssa Lís Brito Seixas, Thainã Alencar de Lima, Rosimary Lima da Silva

APRESENTAÇÃO: O envelhecimento populacional é uma conquista social, além de representar uma contribuição para a família e a sociedade, significa o desenvolvimento econômico. Além disso, os idosos constituem o grupo de pessoas que mais cresce na população brasileira, estudos realizados entre o final da década de 90 e o início do século 21, mostra que a população idosa aumentou duas vezes e meia mais (35%) do que o resto da população do país (14%). Desta forma, este estudo tem como objetivo conhecer o perfil epidemiológico de idosos do município de Coari-Amazonas. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um estudo descritivo e transversal com abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 340 idosos cadastrados na rede de atenção básica do município. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foi um formulário para caracterização sociodemográficas. A coleta de dados foi realizada no período de janeiro a junho de 2015. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob CAAE: 35573614.3.000.5020. RESULTADOS: Os resultados mostraram que a faixa etária dos idosos foi de 60 a 106 anos, destes, na sua maioria, são mulheres idosas jovens (28%), da raça parda (44%), casada (29%), com baixo nível de escolaridade (51%), aposentada (46%), com renda familiar mensal de 2 a 3 salários mínimos (33%). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Assim, conhecer o perfil de idosos, nos possibilitou constatar o processo de feminização da velhice, ou seja, quanto mais a população envelhece, mais feminina ela se torna, representando uma maior expectativa de vida das mulheres a mais que os homens.

779 A IMPLEMENTAÇÃO DA PNaPs NA APS
Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Janie Maria Araujo Gonçalves Almeida, Fabricio Moraes Pereira, Andréa Cristina Marassi Lucas, Liliane Silva do Nascimento

A IMPLEMENTAÇÃO DA PNaPs NA APS

Autores: Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Janie Maria Araujo Gonçalves Almeida, Fabricio Moraes Pereira, Andréa Cristina Marassi Lucas, Liliane Silva do Nascimento

Apresentação: A Atenção Primária em Saúde (APS) se desenvolve no processo de gestão participativo, com atividades democráticas, trabalho em equipe, ativo em suas comunidades, assumindo a responsabilidade sanitária, em um processo dinâmico dentro das populações em que atuam. A APS caracteriza-se como forma de organização dos serviços de saúde que responde a um modelo assistencial com valores, princípios, e elementos próprios, buscando integrar todos os aspectos desses serviços, com perspectiva às necessidades de saúde da população. Em sua forma mais desenvolvida, a atenção primária é o primeiro contato com o sistema de saúde e o local responsável pela organização do cuidado à saúde da população que a cerca. A APS busca equilíbrio entre as duas metas do sistema nacional de saúde: melhorar à saúde da população e proporcionar equidade na distribuição de recursos. Valoriza o que as pessoas consideram formas desejáveis de viver e o que esperam das suas sociedades, isto é, aquilo que às pessoas valorizam, constituem parâmetros importantes para o processo de gestão no setor da saúde. Vemos que sua base está na Política Nacional de Promoção em Saúde (PNaPs), que traz a sua renovação, para ir além dos objetivos da cura e prevenção. A APS visa buscar a promoção da saúde, sem esperar que a doença ou males acometam os indivíduos, almejando alcançar seu objetivo, que é estabelecer estratégias que promovam o bem estar individual e da população que cerca a unidade de saúde. Assim, a avaliação de quanto a PNaPs é conhecida por profissionais de unidades de saúde, que atuam na atenção primária, é fundamental em seu processo de execução, visto que este deve ocorrer de maneira difusa e descentralizada, com envolvimento da equipe, multiprofissionalismo, e sobretudo, protagonismo de todos os envolvidos no processo. Neste contexto, este estudo tem como objetivos avaliar se a PNaPs realmente está sendo implementada; se esta traz participação social, empoderamento, autonomia de todos os atores envolvidos no processo, iniciando sua apropriação pelos funcionários das unidades de saúde. Desenvolvimento: A pesquisa foi realizada na cidade de Benevides – PA/Brasil, região metropolitana de Belém, capital do estado do Pará. Benevides conta com aproximadamente 58.000 habitantes. Possui 15 unidades básicas de saúde, 01 unidade de urgência e emergência, 01 academia de saúde. A coleta de dados foi consolidada através de entrevistas à profissionais da unidade de saúde Santos Dumont, no bairro Santos Dumont, em dezembro de 2016. Esta unidade conta com duas Estratégias Saúde da Família (ESF) e os serviços preconizados pelo Ministério da Saúde. Os critérios de inclusão para participação na pesquisa foram: profissionais que atuavam na unidade a mais de um ano, que estivessem na assistência direta a população e que aceitaram participar da pesquisa, com assinatura de TCLE. A pesquisa foi realizada de acordo com Resolução CNS 466/12 com parecer 2.283.867 do CEP. Resultados: O conhecimento da PNaPs, por gestores e funcionários das unidades, é fundamental para que a implementação desta política aconteça, visto que o processo de gestão está diretamente ligado ao gerenciamento dos serviços de saúde, e por consequência à implementação desta política. É vital na APS que a PNaPs seja vista, por seus profissionais, como um compromisso com seus usuários, visto que promover à saúde é a base de uma APS eficaz, que está comprometida com sua comunidade. Trata-se do primeiro acolhimento aos usuários de uma APS, pois esta é a porta de entrada dos mesmos. A PNaPs propõe a participação e protagonismo de todos os envolvidos no processo, sendo este um dos princípios da referida política. As particularidades da promoção em saúde devem estar claras aos funcionários da unidade, não podendo ser confundida com prevenção ou assistencialismo, como foi relatado por uma funcionária da unidade ao responder a pergunta se ela conhecia a PNaPs. A mesma respondeu que a promoção significa melhoria na qualidade de vida da população atendida na unidade. Vê-se que a apropriação da política não é clara e/ou não se tem. Contudo quando foi perguntado qual a aplicabilidade da política na rotina da unidade a funcionária relatou que funciona como uma proposta de reorganização dos serviços de saúde - que é pertinente - e completou que é uma necessidade de melhoria da qualidade de vida da população. A funcionária vê a política de promoção de saúde como uma proposta em reduzir a vulnerabilidade e riscos da população, e aumento de resolutividade ainda na primeira instância do serviço. Outro questionamento a ser considerado é que a aplicabilidade da PNaPs, pode ser interpretada de outras maneiras, fugindo à sua essência. É o que foi visto na resposta do gestor, quando submetido ao questionário. Ele se refere a PNaPs como uma política de desenvolvimento, e que a unidade sobrevive da política. Aqui se vê, por parte do gestor, um grande desconhecimento do conteúdo da política, demonstrando um olhar administrativo na gestão da unidade, fugindo ao que se propõe o setor saúde em sua essência. Este fato fica bem evidente quando associa a aplicação da PNaPs com a “satisfação do cliente”. Diante deste cenário, fica evidente que conhecer a PNaPs deve estar intrínseco à realidade da equipe da unidade, para que a eficaz e eficiente implementação de sua política na APS conduza à mudanças de conduta no tratamento dos pacientes, com ações que vão além da cura de doenças, mas que tendem a alcançar à saúde completa do indivíduo, considerando os determinantes de saúde que compõe este universo. Considerações finais: Destacamos que a promoção da saúde deve ser retomada no SUS como estratégia de mudança de modelo de atenção. É imprescindível o conhecimento dos conceitos e objetivos da PNaPs. Os seus objetivos e diretrizes devem ser construídos observando o setor saúde como um todo. Às suas potencialidades devem ser conhecidas e aplicadas para que sua efetivação seja concreta, realizando de forma plena o escopo para qual foi criada. Para que isto aconteça à equipe da APS deve, primeiramente, ter conhecimento da existência da política; seu conteúdo deve ser absorvido pelos funcionários da unidade para que ocorra real compreensão. Vale ressaltar que a política de promoção da saúde deve contemplar como contexto a determinação exercida por vários elementos e estruturas, entre eles os políticos, os sociais, os econômicos, os culturais, os subjetivos e os objetivos na produção social da saúde. A real implementação da PNaPs concretiza o seu principal objetivo que é uma nova concepção, um novo modelo de atenção à saúde. Uma estratégia de produzir saúde, com ações que venham alcançar o tão esperado conceito ampliado de saúde. Seu objetivo é buscar estratégias para a execução de políticas públicas, o que traz a melhoria nas condições de saúde e consequentemente, melhoria de vida da população. E a APS é a principal executora deste processo em sua comunidade.  

1943 GERÊNCIA DO CUIDADO EM FAMÍLIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Gabriela Campos de Freitas Ferreira, Nathália Karym Araújo Martins, Suzayne Naiara Leal, Victória Malcher Silva, Ricky Falcão Trindade, Jacira Nunes Carvalho

GERÊNCIA DO CUIDADO EM FAMÍLIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

Autores: Gabriela Campos de Freitas Ferreira, Nathália Karym Araújo Martins, Suzayne Naiara Leal, Victória Malcher Silva, Ricky Falcão Trindade, Jacira Nunes Carvalho

APRESENTAÇÃO: O termo gerência do cuidado refere-se à articulação entre a dimensão gerencial e assistencial do trabalho do enfermeiro, de tal forma que a gerência é considerada uma atividade que cria e implementa as condições para que o cuidado se realize. Gerir o cuidado nos serviços de saúde é uma atividade complexa e envolve a administração de micro e macro ambientes, como hospitais, ambulatórios, unidades de pronto atendimento, unidades de saúde da família, entre outros, principalmente considerando as etapas de planejamento estratégico do cuidado ao cliente em suas diferentes dimensões. Na enfermagem, identificam-se oito ações da gerência do cuidado realizadas no cotidiano do trabalho em saúde: 1- Dimensionamento da equipe de enfermagem; 2- Exercício da liderança no ambiente de trabalho; 3- Planejamento da assistência de enfermagem; 4- Capacitação de equipe; 5- Gerenciamento de recursos materiais; 6- Coordenação do cuidado; 7- Realização de procedimentos mais complexos; 8- Avaliação das ações de enfermagem. Nos diferentes níveis de atenção à saúde, a gerência do cuidado tem se mostrado um desafio, pois é visualizada pelos profissionais como uma atividade burocrática, desvinculada da produção do cuidado. Em contrapartida, estudos evidenciam que, quando a gerência  do cuidado é compreendida e desenvolvida por equipes multiprofissionais, apresentam maiores resultados na produção do cuidado e acesso aos serviços de saúde por parte dos usuários. Apesar das evidências mais recentes sobre os diferentes mecanismos de gerir o cuidado, os esforços para identificar estratégias mais eficientes de gerência do cuidado apresentam limitações, devido à falta de marcos conceituais para orientar a avaliação do cuidado e intervenções de gestão, bem como pela incerteza quanto à melhor forma de medi-la. Essas limitações também referem-se ao processo formativo dos profissionais de saúde, na maioria, sem vivências de cunho gerencial durante a formação, além da necessidade de ações inovadoras para capacitação dos profissionais que já atuam no serviço, e incorporação de novos conhecimentos e habilidades na formação profissional (competência relacional, ética, política e humanista). Nesse sentido, entende-se que a gerência  do cuidado é uma questão de caráter individual e coletivo e, ao mesmo tempo, deve ser continuamente repensada, analisada e, caso necessário, modificada. Para tanto, há necessidade de se produzir conhecimentos e socializar, especialmente sobre como os profissionais de saúde compreendem a gerência  do cuidado, principalmente da atenção primária onde existe carência de investigações a respeito da temática. Dessa forma questiona-se como a gerência  do cuidado é compreendida pela equipe de saúde na atenção primária? Para responder tais questionamentos, realizou-se este estudo com o objetivo de analisar a partir da produção científica nacional e internacional, como a gerência  do cuidado é compreendida na atenção primária pela equipe de saúde. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. O estudo teve como percurso metodológico: elaboração da pergunta norteadora: como a gestão do cuidado é compreendida pela equipe de saúde na atenção primária?; Busca ou amostragem na literatura; coleta de dados; análise crítica dos estudos incluídos; discussão dos resultados; apresentação da revisão integrativa. A seleção foi feita segundo produções nacionais e internacionais nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online). Os descritores utilizados foram os Descritores em Ciências da Saúde (DECS): “Family” (Família), “Attention Primary” (Atenção Primária), “Care Management” (Gestão do Cuidado) e “Nursing” (enfermagem), os quais foram combinados em cada base de dados utilizando-se o operador boleano AND. A busca ocorreu em agosto de 2017. Durante o processo de busca, com a utilização dos três descritores, e aplicação dos critérios de inclusão previamente estabelecidos resultou-se em uma amostra de 89 produções (sendo 66 na base de dados MEDLINE, 4 na SCIELO e 19 na LILACS). Os estudos encontrados foram armazenados no software Endnote. Por meio da leitura do resumo de todos os textos provenientes da captação, foram excluídas 73 publicações, pois não abordavam aspectos que demostrassem contribuições da Gerência do Cuidado em família, restando um quantitativo de 16 trabalhos selecionados. Após leitura na íntegra dos materiais triados, mais um texto foi excluído, pois tratava-se de uma dissertação. Do total de textos filtrados, resgatamos na íntegra, 15 produções que constituem a amostra desta revisão. A partir da leitura na íntegra emergiram duas categorias temáticas: I- Gerência  do cuidado na atenção primária e II- Gerência do Cuidado versus Modelo Médico Hegemônico. RESULTADOS: A maioria dos estudos captados foi da base de dados Lilacs, sendo 10 artigos de pesquisa de um total de 15. Observa-se também que o primeiro ano de publicação acerca da temática foi há 44 anos, em 1973, Ontário do centro-sul, Canadá e o último ano de publicação 2016, apresentando uma tendência crescente de publicação sobre a temática. O Brasil foi o País que mais realizou estudos sobre gerenciamento e atenção primaria, e na área da saúde, pode-se dizer que os enfermeiros contribuem para a relevância do assunto. Não se verifica uma linha de publicação em revista específica, o que se pode dizer é que das 15 revistas, 10 são brasileiras. O método da maioria dos estudos captados é qualitativo. Categoria I: Gerência  do cuidado na atenção primária: Os autores afirmam que atualmente, a gestão em saúde deve ser exercida por profissionais que estejam aptos a incorporar estratégias e inovações. No âmbito do Sistema único de Saúde (SUS), a atividade de gestão engloba as funções gerenciais, bem como, de cogestão do sistema, permitindo o crescimento da participação e importância dos profissionais que exercem a função gerencial, e abrindo espaço para novos atores. Dentre estes, o enfermeiro tem grande destaque, ocupando cada vez mais cargos de gerência e gestão no SUS, afinal se exige como competências do enfermeiro atividades de cunho educativo, assistencial, gerencial e político. Categoria II – Gerência do cuidado versus modelo médico hegemônico: O modelo médico hegemônico se configura em um cuidado centrado especificamente na doença em si, desconsiderando as particularidades de cada paciente, tais como relações familiares, questões socioeconômicas e ambientais, dentre outras. Como trata de modelo que visa apenas a doença, o médico acaba se tornando o principal elo deste cuidado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Com base na literatura consultada, pode-se concluir que a gerência do cuidado se refere à articulação entre a dimensão gerencial e assistencial do trabalho do enfermeiro no âmbito do planejamento de todos os recursos e instrumentos necessários para dar condições à uma assistência qualificada e humanizada para os pacientes/usuários. O estudo compilou em uma ampliação da percepção quanto à importância do profissional enfermeiro no contexto da gerência  do cuidado na atenção primária  pois durante a formação deste profissional as exigências de conhecimento sobre aspectos administrativos, o levam naturalmente a atuação gerencial do setor saúde. Logo trabalhar a ge do cuidado na academia é de suma importância para formar enfermeiros qualificados e competentes, conscientes diante de seu papel tanto assistencial quanto administrativo. Percebeu-se uma crescente tendência de publicações com essa temática, e que o Brasil é o país que mais publica estudos. No entanto ainda são necessários mais trabalhos práticos para um maior fortalecimento dessa área de estudo. Nessa perspectiva espera-se que esse trabalho possa vir a contribuir para a construção de novas pesquisas práticas, também servir como base para estudos comparativos e ainda auxiliar no desenvolvimento de novas ferramentas, tecnologias e métodos de Gestão da Qualidade. 

1264 SATISFAÇÃO DOS IDOSOS SOBRE A GESTÃO DO CUIDADO E SERVIÇOS NA ATENÇÃO BÁSICA
Juleimar Soares Coelho de Amorim, Luciana Barcellos Teixeira, Alcindo Antônio Ferla

SATISFAÇÃO DOS IDOSOS SOBRE A GESTÃO DO CUIDADO E SERVIÇOS NA ATENÇÃO BÁSICA

Autores: Juleimar Soares Coelho de Amorim, Luciana Barcellos Teixeira, Alcindo Antônio Ferla

APRESENTAÇÃO O crescente contingente de idosos acarreta uma modificação no perfil de saúde da sociedade nos quais condições agudas são substituídas por condições crônicas, múltiplas, não transmissíveis próprias do envelhecimento e problemas associados, aumentando a procura por serviços em todos os níveis de complexidade, especialmente na atenção básica. Embora as intervenções na atenção básica para idosos com diferentes demandas de cuidados em saúde sejam capazes de melhorar sua qualidade de vida e diminuir a necessidade futura de formas de tratamento mais dispendiosas e traumáticas (2), no Brasil ainda são escassas e recentes as evidências que analisam os aspectos da oferta de serviços relacionados à organização do trabalho ou do cuidado prestado associados à satisfação. A prática de avaliar a qualidade dos serviços de saúde por meio da satisfação dos usuários difundiu-se em toda America Latina, inicialmente com foco na adesão ao tratamento, principalmente como parte importante dos processos de planejamento e avaliação (3,4). Diante dos aspectos que compõem a avaliação dos serviços, vislumbram-se possibilidades para transformar a prática da assistência aos idosos a partir da reorganização do processo de trabalho. Isso inclui tecnologias leves, relativas às relações entre usuários e profissionais e serviços, como mediadoras dos encontros dos profissionais de saúde entre si e com a população usuária. Desta forma, o presente estudo visa avaliar a satisfação de usuários idosos com os serviços da atenção básica e identificar preditores da organização do cuidado e dos serviços em municípios brasileiros. DESENVOLVIMENTO Foi realizado um estudo baseado em dados secundários do 1º ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica no Brasil (PMAQ-AB), o qual tem delineamento transversal, exploratório, de natureza avaliativa, teve abrangência nacional e foi executado de forma multicêntrica e integrada. A presente pesquisa possui como base o projeto de pesquisa guarda-chuva intitulado “Avaliação da atenção básica no Brasil: estudos multicêntricos integrados sobre acesso, qualidade e satisfação dos usuários”, aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 21904). O presente estudo caracteriza as variáveis em níveis individual, de organização do cuidado e do serviço, pelos quais inclui questões referentes às características sociodemográficas e satisfação, por meio de inquérito elaborado e validado por estudos anteriores, categorizando a percepção em satisfeito e insatisfeito. Considerou-se como variáveis independentes as informações respondidas no Módulo III (entrevista com usuário) sobre os preditores relacionados à 1) organização do cuidado: busca ativa dos idosos pelos profissionais, interesse dos profissionais em resolver os problemas no próprio serviço, realização de exame físico (se necessário) e satisfação com o tempo de consulta; e, 2) organização com os serviços: facilidade de acesso ao serviço, funcionamento em horário integral, visita domiciliar por Agente Comunitário de Saúde, disponibilidade do medicamento prescrito e facilidade na marcação de consulta por telefone. Todas as variáveis consideradas neste trabalho foram incluídas, uma a uma, nos modelos logísticos iniciais; aquelas que permaneceram associadas com a variável dependente em nível inferior a 0,05 foram mantidas no modelo final, ajustadas por idade, sexo, escolaridade, cor autodelclarada e região geográfica de moradia do participante. A regressão logística binária e a correção pelo efeito de delineamento do estudo foram utilizadas para estimar odds ratio (OR) bruta e ajustada nas análises univariadas e multivariada de associações da variável dependente com as variáveis explicativas e os intervalos de 95% de confiança (IC95%) com correção pelo efeito de desenho. O teste de Hosmer-Lemeshow foi utilizado para verificar a adequação do modelo final. As análises foram realizadas utilizando-se os procedimentos do programa Stata versão 13.0 para inquéritos populacionais. RESULTADOS Completaram os dados de inclusão um total de 18.671 idosos participantes do inquérito de saúde do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) e que haviam procurado o serviço de saúde nos 12 meses precedentes. Entre os serviços de saúde participantes do PMAQ-AB, 63,7% enquadram-se na modalidade de Centro de Saúde/Unidade de Saúde, 26,9% como Posto de Saúde e 9,3% como Postos Avançados/Outros. A média da idade dos participantes foi de 68,5 anos (±6,45), com usuários de 60 a 104 anos de idade e predomínio de mulheres (64,0%), brancos (45,3%) e baixa escolaridade (78,6% possuíam até o ensino primário). Em relação à satisfação percebida com cuidado: 87,3% (IC95%:86,5-87,4) usuários classificaram-na como satisfeito e 12,7% (IC95%:12,6-13,5) insatisfeito. Quando o acesso ao serviço foi razoável (OR:1,83; IC95%:1,62-2,06) ou muito difícil (OR:2,13; IC95%:1,88-2,42), assim como quando havia disponibilidade de medicamento na maioria das vezes (OR:1,73; IC95%1,50-1,98), quase nunca (OR: 4,42; IC95%:3,83-5,09) ou nunca (OR: 4,52; IC95%:3,80-5,37) estiveram associados à maior chance de perceber insatisfação na atenção básica. Quando o horário de funcionamento do serviço não era em tempo integral (manhã e tarde) houve 30% a mais chance de obter uma avaliação ruim. Disponibilidade de marcação de consulta por telefone reduziu as chances de obter insatisfação (OR:0,72;IC95%:0,59-0,88). A análise da satisfação é uma medida estabelecida pelo próprio usuário, e estudos já apresentaram que quando satisfeitos são mais propensos a utilizar o serviço, aderir à proposta terapêutica e manter o vínculo com o prestador do atendimento. A alta prevalência de satisfação entre usuários do SUS supera as possíveis deficiências de infraestrutura ainda existentes no sistema de saúde que poderiam, influenciar negativamente a avaliação dos serviços pelos usuários. Possível melhora no acesso aos serviços e na sua qualidade, em função das políticas de saúde para idosos implementadas no país nos últimos anos, pode ter gerado um sentimento de satisfação com os serviços aos quais estão vinculados. As características da organização do cuidado também foram analisadas na perspectiva da satisfação. A associação com a prática de busca ativa (p<0,000), resolução do problema na própria unidade (p<0,000), prática de exame físico (p<0,000) e satisfação com o tempo da consulta (p<0,000), tanto na análise bruta quanto ajustada. Observou-se que as variáveis escolhidas no modelo teórico de facilidade de acesso, busca ativa, visita domiciliar, disponibilidade de medicamento, resolução de problema no próprio serviço, exame físico e tempo da consulta permaneceram associadas à satisfação com a organização dos cuidados e dos serviços. A partir dos dados relativos à probabilidade de satisfação, em função do número das características de organização do serviço e organização do cuidado, observou-se que as probabilidades de insatisfação reduzem conforme o aumento das práticas de sucesso. Na dimensão da organização do serviço, percebe-se que o aumento de uma, duas, três ou quatro características diminuem, respectivamente em 32,0% (IC95%:0,29-0,35), 20,4% (IC95%:0,19-0,22), 11,1% (IC95%:0,10-0,12) e 5,2% (IC95%:0,04-0,06). Para as características da dimensão de organização do cuidado, observou-se que uma característica (21,8%; IC95%:0,42-0,47), duas (10,8%; IC95%:0,10-0,12), três (4,7%; IC95%:0,04-0,05) ou quatro (3,3%; IC95%:0,02-0,04). O número de característica em cada dimensão foi, no modelo logístico, estatisticamente associado com o desfecho de satisfação.   CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados sobre os preditores da organização dos serviços e do cuidado na atenção básica no Sistema Único de Saúde associados à satisfação dos idosos são importantes para a compreensão da assistência à saúde dos idosos, para organização dos serviços de saúde e na colaboração para o direcionamento de políticas que visam a melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica.

778 GRÁVIDAS NA COZINHA PROMOVENDO SAÚDE
Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, ELLEN COSTA GOMES MENDONÇA, ANDRÉA CRISTINA MARASSI LUCAS, LILIANE SILVA DO NASCIMENTO

GRÁVIDAS NA COZINHA PROMOVENDO SAÚDE

Autores: Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, ELLEN COSTA GOMES MENDONÇA, ANDRÉA CRISTINA MARASSI LUCAS, LILIANE SILVA DO NASCIMENTO

Apresentação: A promoção em saúde é uma realidade que vem se consolidando a cada dia dentro do setor saúde. Seu desenvolvimento se fortaleceu ao longo das últimas duas décadas, representando ações e atividades que tendem a buscar o enfrentamento das iniquidades na saúde e trazer inovações no dia a dia dos serviços de saúde. A promoção em saúde vai além do conceito de saúde, superando o bem estar físico, para um círculo completo e mais abrangente, envolvendo aspectos gerais e totais de vida, que venham garantir o direito à saúde, de forma equível e integral. A eficaz e eficiente implementação de sua política na atenção primária conduz à mudanças de conduta no acolhimento dos pacientes, com ações que vão além do tratamento de doenças, mas que tendem a alcançar a saúde completa do indivíduo, considerando os determinantes de saúde que o norteiam. Com este novo olhar em saúde um ponto importante e imprescindível é a humanização, que não deve partir somente do setor saúde, mas que deve ser de responsabilidade de todos os envolvidos no processo, pois não se trata de uma hegemonia dos profissionais desta área. Tudo que venha à contribuir para realizar à promoção em saúde, seja por parte do setor saúde ou da comunidade envolvida, é fator preponderante a reduzir os riscos à saúde. Vê-se que experiências inovadoras podem trazer ações originais, que vêm renovar os profissionais de saúde e à visão da comunidade em relação a estes, promovendo a almejada assistência à saúde. É um processo de construção coletiva, onde todos os conhecimentos contribuem para a conquista da saúde, com compartilhamento de experiências, absorção de pontos positivos e negativos das contribuições, gerando assim um novo processo de educação em saúde. Um dos temas transversais da Política Nacional de Promoção em Saúde (PNaPS) visa o cuidado, especificamente o cuidado humanizado, de acordo com a realidade e necessidade local, com empoderamento comunitário, promovendo o diálogo da APS com seus usuários. À assistência à saúde vem justamente buscando a troca de conhecimentos e significa, também, vincular o tema a uma concepção de saúde ampliada, considerando o papel e a organização dos diferentes setores e atores que, de forma integrada e articulada, por meio de objetivos comuns, atuem na promoção da saúde. Assim os projetos e ações que se desenvolvem na atenção primária promovem protagonismo e resultam em sucesso de promoção em saúde da comunidade, até mesmo em ambientes comuns, e ao mesmo tempo inusitados, como o caso da cozinha da unidade. Desta forma, esta experiência têm como objetivos conscientizar a população de gestantes de uma unidade de saúde acerca de alimentação saudável no período gestacional; promover o empoderamento da comunidade; concretizar ações de promoção de saúde com envolvimento da unidade básica e comunidade. Desenvolvimento do trabalho: A experiência foi realizada na unidade básica de saúde Sara Martins, no bairro Apeú, na cidade de Castanhal – PA/Brasil, com início em abril de 2017. O projeto nasceu quando a equipe da unidade observou a necessidade entre as gestantes, que ali faziam o pré-natal, de manter uma alimentação saudável e uma gestação tranquila, sem intercorrências ou patologias que pudessem ser adquiridas devido à má alimentação. A problemática foi observada durante as consultas com a enfermeira, onde 95% das gestantes relataram a dificuldade em cozinhar comidas saudáveis e nutritivas para o período gestacional. Diante desta realidade foi lançado na unidade o “Projeto Culinária Saudável para Gestante”. A ESF da unidade foi a responsável em desenvolver o projeto, mas o envolvimento ocorreu por parte de todos os servidores da equipe da unidade. Os encontros realizam-se quinzenalmente. A cada encontro faz-se a triagem das grávidas com verificação de peso, altura, IMC, que possibilitam o acompanhamento da evolução da gestação, indicando assim o peso ideal para cada semana gestacional. A unidade recebeu doação de fogão e botijão para que as “aulas” ocorressem ali mesmo. O projeto começou com a participação de 15 grávidas. Às atividades iniciaram com a lição básica de como cozinhar alimentos saudáveis, seguidas de orientações da importância dos vegetais; como cozinhar legumes mantendo o valor nutricional; como combinar alimentos para que seus nutrientes fossem adquiridos de forma correta. A interatividade foi estabelecida imediatamente. No terceiro encontro elas já trouxeram receitas que pesquisaram nas redes sociais para tirar dúvidas, fato este que enriquecia muito aquele momento, visto que as dúvidas contribuíam para todas as gestantes. Foi distribuído caderno e canetas para anotações, que acabou se transformando em caderno de receitas. Resultados: Trata-se de uma experiência inovadora na unidade, que permanece até os dias atuais. Vê-se que o envolvimento da equipe da unidade, das gestantes e da comunidade foi completo e resultou em um impacto positivo no que diz respeito à proposta de uma assistência renovada na atenção primária. As gestantes comparecem à todos os encontros.  Na triagem, a partir do segundo encontro observou-se uma controle de peso em 80% das gestantes. Ocorreu uma mudança de hábitos alimentares, visto que havia uma preocupação da equipe em adequar à alimentação à realidade econômica e social das gestantes, o que possibilitou essa mudança. O projeto contagia, pois às gestantes que iniciam o pré-natal, na unidade, imediatamente aderem aos encontros, gerando uma corrente na comunidade. Essa é uma experiência de renovação de ações em saúde, um novo olhar que sai da unidade de saúde para a comunidade, representando sua responsabilidade para com esta, e o empoderamento da comunidade que entra na unidade percebendo que esta é sua. Considerações Finais: Às experiências vivenciadas nas unidades básicas de saúde são de uma riqueza imensa para a comunidade que está em seu entorno, com protagonismo de todos que devem estar envolvidos neste processo:  setor saúde, comunidade, secretaria municipal de saúde (mesmo que de forma indireta). É assim que se constrói a promoção em saúde. É este o escopo da PnaPs, integrar ações que levem a atingir o conceito ampliado de saúde, estabelecendo qualidade de vida, dignidade, empoderamento de todos os envolvidos. Com projetos se constrói o relacionamento com a comunidade, criando laços de confiabilidade que são fundamentais na promoção de saúde de uma população. Especificamente com o “Projeto Culinária Saudável para Gestante” conclui-se que é importante se apropriar das indicações da política de promoção em saúde, que quando colocada em prática, alcança resultados positivos e que geram melhoria na vida da comunidade.  Trata-se de uma corresponsabilidade, onde todos são responsáveis em promover saúde, de forma coletiva, onde o todo vê o um e o um vê o todo.