59: Participação social em políticas específicas: movimentos e tensões nos territórios
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: Bloco U - Sala 09    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
772 O saneamento ambiental nos assentamentos rurais, um relato de vivências e experiências.
Adriana uchoa, Fabiolla de cassia soares cardoso, Cintia evelyn pessoa dos santos, landara furtado de brito, Marcos Valerio Santos da silva

O saneamento ambiental nos assentamentos rurais, um relato de vivências e experiências.

Autores: Adriana uchoa, Fabiolla de cassia soares cardoso, Cintia evelyn pessoa dos santos, landara furtado de brito, Marcos Valerio Santos da silva

APRESENTAÇÃO: Diante da experiência vivida após o VI Estagio Interdisciplinar de Vivência (EIV), que ocorreu no estado do Pará e tem por objetivo integrar os discentes, de diversas áreas de conhecimento, com as problemáticas referentes às questões do acesso a terra e da reforma agrária, além de contribuir, para a formação política e profissional destes. O trabalho visa relatar a precariedade do saneamento básico e do acesso a agua de qualidade nos assentamentos rurais, ocupados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Além de, mostra a importância de se estabelecer uma melhor relação entre a ocupação territorial, saneamento básico e a saúde humana. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Considerando a metodologia da problematização o VI EIV-PA foi dividido em três etapas: a formação foi constituída por um momento de construção politica, através de debates em plenárias; a vivência, onde os discentes foram encaminhados a assentamentos do nordeste e sul do Pará, para conviver com as famílias nas comunidades; e a retomada, quando os mesmo retornaram e se reuniram para compartilharam toda a experiência de vivencia e as necessidades de cada comunidade. RESULTADOS E IMPACTOS: Estudos mostraram que das 805 mil famílias, apenas 1,14% tem rede de esgoto e 11,60% apresenta fossa séptica, portanto, mais de 70% não possui nem um tipo de saneamento ou possui fossas simples que trazem grandes riscos de contaminação de mananciais e poços. Dessas famílias, 49% não possuíam água potável, sendo provenientes de poços semi-artesanais ou olhos d’água. Na maioria dos casos, essa água usada para consumo e afazeres domésticos, não passa por nem um tipo de tratamento para utilização, como pode ser observado no período de vivência. Pesquisas mostram que 80% das doenças que ocorrem são oriundas de contaminação da água por falta de tratamento de esgoto. Considerando o acesso precário a saúde, que atinge essas comunidades; é de extrema importância salientar o tratamento das águas que serão consumidas. Além de alertar, a importância do uso de fossas sépticas, que trazem mais segurança a saúde e qualidade de vida a essas famílias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O VI EIV-PA ajudou na formação de futuros profissionais com uma visão mais critica e construtiva, baseado nas mazelas sociais, tornando os mais humanizados. Além disso, esse período de vivencia e os dados encontrados mostraram a importância de termos um equilíbrio entre a comunidade e o meio ambiente, visto que o saneamento básico e a qualidade da água são determinantes da saúde de qualquer comunidade humana, constituindo-se assim fatores de fundamental importância para a garantia da qualidade de vida das pessoas.

2295 ORGANIZAÇÃO POLITICA ESTUDANTIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM.
Joanna Angélica Azevedo de Oliveira, Yasmin Brabo de Lima, Glenda Keyla China Quemel

ORGANIZAÇÃO POLITICA ESTUDANTIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM.

Autores: Joanna Angélica Azevedo de Oliveira, Yasmin Brabo de Lima, Glenda Keyla China Quemel

Apresentação: No Brasil, a gênese do movimento estudantil deu-se no início do século XX a partir do momento em que os estudantes começaram a se organizar politicamente, ganhando visibilidade social intensa na década de 1960 questionando a reforma universitária e compondo os movimentos sociais contra a ditadura militar. Tornou-se peça fundamental de reinvindicação pelo Estado Democrático de Direito, organizando-se através da UNE (União Nacional dos Estudantes) sendo oposição ao regime militar e também participando de pautas como o Movimento de Reforma Sanitária que lutava pela implantação de um sistema de saúde gratuito e universal. Em 1988 há a implantação da nova Constituição Federal, dando fim ao Regime Militar e abrindo caminhos para a redemocratização do país, neste contexto, o movimento estudantil foi fundamental para a queda da Ditadura Militar. Entretanto, ao longo dos anos vemos um apagamento do movimento estudantil, sendo observado um distanciamento dos estudantes das entidades estudantis apresentando como características o desgaste da UNE e consequentemente o esvaziamento de alguns espaços instituídos por essas entidades. No âmbito do ensino em saúde pública, vivemos mudanças na academia e nos serviços de saúde que procedem das transformações sociais, vinculadas à estrutura demográfica e epidemiológica da população, que influenciam nas necessidades e demandas de saúde e os profissionais de saúde devem estar preparados para enfrentar essas demandas entendendo o seu papel na luta permanente pela consolidação do Sistema Único de Saúde que foi conquistado através do Movimento da Reforma Sanitária que pautava a luta pelo acesso universal aos serviços de saúde e a assistência integral da população equiparada às necessidades de cada indivíduo. Assim, é importante que a Instituição de Ensino Superior forme um profissional qualificado no que se refere ao aspecto técnico-cientifico, porém principalmente formar um profissional crítico, reflexivo e comprometido com o desenvolvimento da sociedade e na construção da cidadania, sendo assim o exercício do seu papel politico importante para o fortalecimento nos serviços de saúde, pois contribui para o olhar biopsicossocial da humanidade e atua na busca de um sistema de saúde que seja resolutivo e eficaz na realidade social. Neste contexto, a participação dos acadêmicos de graduações da área da saúde no movimento estudantil contribui para a sua formação política e social. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é relatar a experiência de acadêmicos na participação em entidades estudantis e como esta proporciona o contato com o debate político e olhar social, agindo nas lacunas que o projeto pedagógico da graduação deixa na formação de um profissional critico-reflexivo quanto aos desafios da sociedade. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo Relato de Experiência, das vivências de acadêmicos de Enfermagem da Universidade Federal do Pará no movimento estudantil através do Centro Acadêmico de Enfermagem, vivenciadas no período do mês de janeiro de 2017 a novembro de 2017 que tem por objetivo relatar como essas experiências influenciaram na sua formação profissional e entendimento do papel social na luta pela consolidação do Sistema Único de Saúde. Resultados e impactos: A partir da entrada dos acadêmicos de Enfermagem no Centro Acadêmico de sua faculdade, puderam presenciar momentos de (des)construção em assuntos relevantes a sua graduação e de incentivo à participação ativa no movimento estudantil, como por exemplo: debates sobre a atual situação econômica do país; contra os desmontes do SUS; saúde LGBTQI; feminismo; racismo institucional e, principalmente, agregando conhecimento através de debates e rodas de conversas sobre conjuntura política e de entendimento do Sistema Único de Saúde como política pública caracterizada pela participação da população como parte do controle social e do ato de exercer cidadania. Quando nos conscientizamos, temos capacidade para sermos anunciadores e denunciadores através do compromisso que assumimos em revelar a realidade, procurando desmascarar sua mitificação alcançando a plena realização do trabalho humano com ações de transformação da realidade para a libertação das pessoas. Desta forma, atuar no movimento estudantil proporciona a conscientização do seu papel enquanto militante sendo agente transformador da atual realidade desigual do país. No debate dentro da saúde, o principal é entender o protagonismo dos acadêmicos dos cursos da saúde na luta pela consolidação do SUS e na conscientização da população sobre os seus direitos no acesso aos serviços de saúde. O Sistema Único de Saúde atualmente vem sofrendo diversos ataques pela política capitalista neoliberal, a qual trata saúde como mercadoria de venda e tenta tirar da população o seu direito de assistência em saúde gratuita, sendo necessário que o estudante atue no enfrentamento destes ataques e fazer com que a população seja a sua principal aliada. Desta forma, participar do Centro Acadêmico proporcionou aos acadêmicos de Enfermagem experiências no movimento estudantil que os tornaram pessoas conscientizadas sobre o seu papel na sociedade, sendo capazes de criticar as desigualdades sociais do país e atuarem na luta pela diminuição da injustiça social. Considerações finais: Participar do movimento estudantil não é uma tarefa fácil, principalmente quando se é acadêmico de um curso o qual não fornece debate político e incentivo à busca por esse ambiente, não fornece formação crítico-reflexiva resultando em futuros profissionais de saúde acomodados com a sua realidade e pouco interessados na reinvindicação dos seus direitos. Destaca-se a importância de profissionais politizados para o Sistema Único de Saúde na sua concretização como política de saúde, que possa responder pelos anseios da sociedade que fica à margem desse debate. Para combater os ataques ao SUS, necessitamos de profissionais atuantes e críticos para que possam também empoderar os usuários quanto aos seus direitos e que conjuntamente atuem na luta. É importante a disseminação do conhecimento sobre o SUS através da troca de saberes, e, além disso, o movimento estudantil torna-se necessário para o preenchimento da lacuna deixada pelo ensino na graduação e traz o debate social para os discentes e contribui para um ensino crítico-reflexivo que proporcione o pensamento problematizador e resolutivo, abrangendo o contexto social ao qual o futuro profissional de saúde está inserido. Contudo, atuar no movimento estudantil através do Centro Acadêmico de Enfermagem proporcionou um olhar ampliado do mundo ao qual vivemos, o qual baseia-se no capitalismo neoliberal que sobrevive a partir das desigualdades social e da meritocracia para se firmar. Portanto, a luta social deve ser fortalecida e incentivada a fim de que mais pessoas estejam se engajando e se unificando para combater as problemáticas da sociedade.

3258 Sentimento de pertença e sua relação com a participação social em lutas comunitárias em um assentamento indígena citadino.
KÁSSIA PEREIRA LOPES, MARCELO GUSTAVO AGUILAR CALEGARE, MARCELO GUSTAVO AGUILAR CALEGARE, MAYARA DOS SANTOS FERREIRA, MAYARA DOS SANTOS FERREIRA

Sentimento de pertença e sua relação com a participação social em lutas comunitárias em um assentamento indígena citadino.

Autores: KÁSSIA PEREIRA LOPES, MARCELO GUSTAVO AGUILAR CALEGARE, MARCELO GUSTAVO AGUILAR CALEGARE, MAYARA DOS SANTOS FERREIRA, MAYARA DOS SANTOS FERREIRA

Em reação aos diversos processos de opressão sofridos por grupos étnico-raciais, profissionais se organizaram em prol de atuações que atendessem esta camada populacional. Neste cenário, surge a Psicologia Social Comunitária, passando a considerar condições socioeconômicas e culturais das populações latino-americanas, sendo esta a abordagem utilizada para ponderar as reflexões deste estudo. O Amazonas é reconhecido pela presença significativa de populações indígenas, em áreas ribeirinhas e também citadinas, este último intensificado pelos movimentos migratórios, que acontecem em sua maioria, pela busca de melhorias nas condições socioeconômicas, de saúde e educação. O sentimento de pertença, termo aqui proposto, refere-se à criação de vínculos afetivos entre pessoa-espaço, contemplando relações de convivência. Considera-se, importante pensar este termo associado as realidades comunitárias de indígenas em ambiente de cidade, pois quando presente, tal pertencimento desencadeia no individuo, processos internos de identificação, personificação e cultivação, importantes para a constituição da participação comunitária. Deste modo, este trabalho visa refletir a realidade interativa da comunidade indígena citadina “Assentamento Indígena Sol Nascente”, localizada em uma área de ocupação em um bairro na cidade de Manaus. A experiência parte do projeto de iniciação cientifica e de extensão realizado nesta comunidade, que é composta por famílias indígenas de 12 etnias e também não-indígenas. A pesquisa foi realizada através de visitas semanais, utilizando como instrumentos de coleta de dados questionários semi-estruturados, conversas informais, e reuniões com comunitários e liderança. Buscando uma compreensão da participação popular e sua relação com o sentimento de pertença, refletiremos sobre estas, objetivando explanar estas relações. Este estudo nos permitiu perceber que no discurso comunitário a aproximação com o lugar do morador da comunidade se destaca através da busca de melhorias, e pelo intuito de auxiliar ou ser protagonista no processo de regularização desse território. Os relatos dos moradores quanto a regularização da comunidade, apresentam certa divergência, verificando-se que o protagonismo atuante da liderança em prol da regularização territorial, produz uma linha tênue. Alguns acreditam que a partir da regularização, serão proprietários de seus terrenos. Enquanto outros, sobretudo, aqueles que não pertencem ao mesmo grupo étnico ou não se reconhecem como indígena, a incerteza da regularização como território indígena, gera dúvida quanto ao futuro. Outros desconhecem inclusive a possibilidade de interferência da liderança em prol da continuidade de moradia deste comunitário. Percebendo isto, compreendemos que os modos de repasse das informações não está alcançando seu objetivo, aparentando falhas no processo comunicacional. Dentre os fatores associados a isto está a escassa participação de comunitários na associação. Isto tem gerado a sensação do não-compartilhamento de objetivos, uma das dimensões importante para a constituição do sentimento de pertença. Pessoas indígenas e não-indígenas demonstram laços que indicam pertencimento, principalmente através de sua participação em atividades da comunidade. No entanto, outros demonstram certo distanciamento, principalmente por precisarem lidar com a possibilidade de perda de moradia. Portanto, percebemos que o sentimento de pertença nesta comunidade é uma dimensão complexa e aparentemente dispersa, que, uma vez não desenvolvida, tem promovido dificuldades de coesão grupal em prol de suas reivindicações e lutas por direitos.

4424 Política Nacional de Educação Popular em Saúde - Cordel
Gidelson Gabriel Gomes, Margarete Pereira Cavalcante

Política Nacional de Educação Popular em Saúde - Cordel

Autores: Gidelson Gabriel Gomes, Margarete Pereira Cavalcante

O presente cordel foi produzido no decurso da disciplina de Políticas públicas do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas – FAMED-UFAL e tinha como objetivo apresentar de forma lúdica a Política Nacional de Educação Popular em Saúde, considerando todos os seus princípios e eixos  bem como a sua importância no contexto no contexto da formação em saúde. A proposta foi desenvolvida ao final da apresentação de seminário com o mesmo tema como forma de fechamento da atividade e considerando a temática abordada.  Segue alguns estrofes para apreciação da banca examinadora do evento: Instituída pela Portaria 2761 de 2013 É notória a sua importância E devidamente legal Ela veio reduzir as iniquidades em saúde Através de uma política de inclusão social Refirma o compromisso Com os princípios do SUS Propõe uma prática político-pedagógica Na qual o saber popular reluz Perpassa as ações de proteção e recuperação da saúde Propondo um diálogo entre as diversidades dos saberes Em sua magnitude Valoriza a ancestralidade A produção individual e coletiva de conhecimento É a educação popular em saúde Fazendo transcender um novo momento ... O cordel enquanto instrumento didático, propiciou um aclaramento sobre a política no ambiente do mestrado, bem como configura uma ferramenta importante de divulgação da mesma junto a população o que favorece o conhecimento e sua importância no contexto da assistência em saúde.

5109 Os Nós Entre Nós: o processo de construção do IV Encontro Cearense de Residências em Saúde
Georgia Silva Romcy, Ana Paula Silveira de Morais Vasconcelos, Pedro Alves Araújo Filho, Dannielle Arruda, Shalana Holanda Varela, Barbara Braz Moreira, Barbara Xavier Andrade, Esequiel Pagnussat

Os Nós Entre Nós: o processo de construção do IV Encontro Cearense de Residências em Saúde

Autores: Georgia Silva Romcy, Ana Paula Silveira de Morais Vasconcelos, Pedro Alves Araújo Filho, Dannielle Arruda, Shalana Holanda Varela, Barbara Braz Moreira, Barbara Xavier Andrade, Esequiel Pagnussat

Enquanto processo formativo, as Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) envolvem um Projeto Político Pedagógico (PPP) que produz identidades aos atores que a compõe, sejam estes residentes, preceptores, tutores e/ou coordenadores de programas. Essa identidade, não generalizada, mas muitas vezes ativada pelos diversos programas hoje implementados nacionalmente, se configura pela militância, em defesa do SUS e de seus princípios, em defesa da educação pública, em defesa da vida. Assim, propomos realizar um relato de experiência sobre o processo de construção do IV Encontro Cearense de Residências em Saúde (IV ECRS), realizado entre os dias 10 e 12 de agosto de 2015, na cidade de Fortaleza. Esse encontro se constrói, principalmente, a partir dos agenciamentos produzidos nos atores que estiveram presentes no IV Encontro Nacional de Residência em Saúde (IV ENRS), realizado em dezembro de 2014, em Recife. Importante falar desse evento, pois um de seus encaminhamentos envolvia a ativação de coletivos nos diversos Estados, que, principalmente, topassem realizar de encontros estaduais e regionais que antecedessem o V Encontro Nacional de Residência em Saúde e, ao tão esperado naquele momento, V Seminário Nacional sobre Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde. Assim, a partir das mobilizações produzidas, em 08 de maio de 2015, foi realizada a primeira reunião para reativação do Fórum Cearense de Residências em Saúde (FCRS) e articulação do Encontro Cearense de Residências. Estavam presentes residentes, preceptores, tutores e coordenadores dos programas de residência multiprofissional em saúde existentes no Estado até então (Residência Multiprofissional em Saúde da Família - RMSF/EFSFVS/Sobral; Residência Multiprofissional em Saúde Mental - RMSM/EFSFVS/Sobral; Residência em Enfermagem Obstétrica - MEAC/UFC; Residência Integrada Multiprofissional Em Atenção Hospitalar À Saúde - MEAC/HUWC/UFC; Residência Integrada em Saúde - RIS-ESP/CE), a exceção dos Programas de Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência (Santa Casa/INTA/Sobral) e de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (HUWC/UFC). Realizou-se um resgate histórico sobre o FCRS, que em outros períodos se manteve ativo, bem como sobre os Encontros Estaduais de Residências Multiprofissionais em Saúde até então. Os atores que estavam nessa reunião expuseram as principais questões existentes em seus programas, dentre as quais se destacaram: o desfinanciamento das residências multiprofissionais; ausência de corpo docente (tutores e preceptores); privatização e precarização do SUS; falta de conhecimento sobre o papel do residente pelas entidades executoras; inexistência de política de absorção dos egressos de residência multiprofissionais pelo SUS. Ainda nessa reunião, foi discutido que o objetivo do Encontro seria discutir a sustentabilidade, a qualidade e o fortalecimento das residências multiprofissionais em saúde do Ceará, sendo este posteriormente, o tema do IV ECRS. Além disso, foram propostos os temas a serem discutidos (financiamento; regulamentação das residências; privatização e desafios do SUS; política de educação permanente/residências; terceirização do sus; qualidade (sus/residências); sustentabilidade das residências multiprofissionais em saúde; tutoria e preceptoria), os eixos norteadores (1. Luta contra privatização do SUS; 2. Luta contra precarização do SUS; 3. Luta pelo fortalecimento da Educação Permanente; 4. Fortalecimento político das Residências Multiprofissionais em Saúde) e divididas as comissões de organização (comunicação, financeiro, programação, estrutura, cultural, inscrições e coordenação geral), cada um com suas atribuições delimitadas, o que não impedia que quem estivesse em uma comissão pudesse contribuir em outra. Um dos marcos delimitado desde o inicio de construção deste processo estava no fato de que este era um evento político, sem cunho científico, no sentido acadêmico/de apresentação de trabalho, mas que nele, a grande potência seria de discutirmos, debatermos e fortalecermos as questões que estavam atravessando os programas de residência multiprofissional do Estado do Ceará. Após essa reunião, mais nove reuniões foram realizadas para a organização do IV Encontro Nacional de Residências em Saúde. Ao longo dos meses, várias pessoas compuseram o coletivo, algumas permaneceram até o final, outras foram deixando o projeto, também, não era fácil, conciliar a organização de um evento que estava sendo construído do zero e com poucos apoios às atividades demandas pelas residências e seus cenários de práticas, fossem para os residentes, tutores, preceptores ou coordenadores. As 60 horas semanais e todas as responsabilidades que cada um tinha em suas vidas precisaram ser conciliadas às demandas que iam sendo produzidas em cada uma das comissões, que tinha autonomia para tomarem decisões, sem que, obrigatoriamente, precisassem passar pelo coletivo ampliado. Se o desfinanciamento dos programas de residência multi era uma das pautas de discussão, ele também se fez presente na construção no IV ECRS, que contou somente com o apoio de algumas entidades (sindicatos e conselhos) das categorias profissionais. Se a privatização e a precarização do SUS atravessam o cotidiano do trabalhador, ela também se fez presente na disponibilidade (ou a falta dela) de muitas vezes preceptores, tutores e coordenadores poderem estar participando mais ativamente do processo de construção do evento. Se a falta de conhecimento sobre o papel do residente pelas entidades executoras era uma demanda cotidianamente vivenciada pelos residentes, ela também atravessou, por vezes, a possibilidade de participação de mais residentes no processo de construção do IV ECRS, já que esses eram impedidos, muitas vezes de participarem das reuniões. Entretanto, apesar de todos os contratempos e desafios existentes, foi possível realizar o IV Encontro Cearense de Residências em Saúde, que contou com, aproximadamente, 300 participantes, durante os três dias de evento, que contou com: uma mesa de abertura, com a temática “As residências em Área Profissional da Saúde no atual contexto do SUS”; uma mesa redonda, com o tema “Como fortalecer a estratégia de Educação Permanente no Estado do Ceará?”; cinco Grupos de Trabalho (GTs), com as temáticas “Tutoria e Preceptoria, As residências multiprofissionais no contexto da privatização do SUS, Residências multiprofissionais enquanto estratégia de educação permanente, Fortalecimento político do SUS e das residências multiprofissionais e Inserção no SUS: para que somos formados?”; a Reunião dos Fóruns (Coordenadores; Tutores e Preceptores; e Residentes); as Atividades Culturais, que além de um espaço de mobilização, também cumpria um papel de cuidado; e a Plenária Final, que teve como produto a Carta do Itaperi, um documento produzido coletivamente com todas as potencias, demandas e desafios existentes naquele momento. A Carta do Itaperi ressaltou uma demanda estadual urgente de reconhecimento das Residências em Saúde e da necessidade de inserção de todos os programas do Estado na Política de Educação Permanente Estadual e nos Programas Municipais de Educação Permanente e reafirmou diversos pontos elencados na Carta de Recife, produto do IV ENRS, dentre os quais a regulamentação, reconhecimento e certificação das residências, a necessária não precarização do trabalho do corpo docente-assistencial, dentre outras questões. Assim, relatar a construção do IV Encontro Cearense de Residências em Saúde é contar sobre um processo com desafios e entraves, mas também uma experiência rica e potente, em que o coletivo foi soberano, sem imposições de hierarquias, mas com muito diálogo e respeito. Além da Carta, um dos produtos que esse encontro possibilitou foi a efetiva reativação do Fórum Cearense de Residências em Saúde.  

5119 Desconstruindo Preconceitos no SUS
Andrey Roosewelt Chagas Lemos

Desconstruindo Preconceitos no SUS

Autores: Andrey Roosewelt Chagas Lemos

Nessa aula apresentamos uma reflexão sobre a formação da sociedade brasileira, a influência do patriarcado, do escravagismo e da igreja na nossa formação ocidental e como esses processos históricos influenciaram nas relações sociais, políticas, econômicas e culturais e os reflexos na nossa sociedade. A luta do povo negro, das mulheres contra a discriminação, pela igualdade de direitos e oportunidades e pelo direito a saúde. O conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde sobre o bem estar físico e mental (1960); O movimento pela reforma sanitária, a criação do SUS com seus princípios e diretrizes e a participação dos movimentos sociais;  Os machismos, racismos e lgbtfobiais como determinantes sociais na saúde e a importância do enfrentamento ao preconceito para reduzir as vulnerabilidades desses seguimentos e promover o acesso com equidade e o desafio da integralidade do cuidado na saúde da juventude negra e LGBT;A construção e a relevância das políticas de equidade no SUS para a consolidação de uma agenda transversal com a prevenção colaborando para refletir sobre caminhos possíveis para o enfrentamento do racismo e da lgbtfobia no SUS; Essa aula tem como objetivo refletir sobre a necessidade de fortalecer a mobilização e participação social na saúde e contribuir com a partilha  de conhecimentos no campo da saúde pública com foco no reconhecimento dos processos históricos de discriminação de raça, etnia, gênero e orientação sexual legitimados pelo patriarcado e escravagismo fortemente enraizados na cultura e na sociedade brasileira como determinantes sociais em saúde, como esses aspectos incidem nos processos saúde-doença-reabilitação. E ainda buscar refletir a partir das experiências de participação e controle social como dialogar com a gestão do cuidado reconhecendo os marcos legais que podemos utilizar no enfrentamento às iniquidades reduzindo vulnerabilidades e colaborando efetivamente com a gestão na promoção do acesso dessas populações aos serviços de saúde. Entende-se que a participação de usuários na gestão do SUS através do controle social, principalmente com foco na qualificação do atendimento dessa rede de serviços, é importante com vistas a garantir a integralidade do cuidado para essas populações, produzindo  saúde como bem estar físico e mental e fortalecendo o protagonismo do SUS no enfrentamento ao machismos, racismos e lgbtfobias. Precisamos também considerar a participação, a mobilização e o controle social para a efetividade de uma saúde equânime, universal e integral corroborando para um processo civilizatório que reduza as desigualdades no acesso e alcance melhores indicadores na prevenção das infecções sexualmente transmissíveis, do HIV, Aids e Hepatites Virais. Dessa forma desejamos que esse módulo deve contribuir com a incidência política de jovens no enfrentamento e no controle da epidemia das IST, HIV, Aids e Hepatites Virais considerando suas vulnerabilidades ampliadas por conta dos machismos, racismos e lgbtfobias.   

5122 VÍDEO EDUCATIVO FORTALECE AS PICS
SIMONE MARIA LEITE BATISTA, THIAGO LEITE BATISTA, MARCUS VINICIUS LEITE BATISTA

VÍDEO EDUCATIVO FORTALECE AS PICS

Autores: SIMONE MARIA LEITE BATISTA, THIAGO LEITE BATISTA, MARCUS VINICIUS LEITE BATISTA

Introdução: Este trabalho pretende apresentar as trajetórias de formação em práticas integrativas e complementares de Saúde conduzidas pelo Movimento Popular de Saúde (MOPS) e Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde (ANEPS/SERGIPE), em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), utilizando o vídeo, um material de comunicação, como uma estratégia de educação. Ressalta-se que o vídeo é um documentário institucional, que apresenta as atividades das instituições relacionadas com o tema das práticas integrativas e complementares de saúde e a educação popular em saúde. A proposta dessas experiências formativas está alinhada à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC's) e tem como perspectiva metodológica os princípios da Política Nacional em Educação Popular em Saúde (PNEPS/SUS). Nesse sentido, tal trajetória tem promovido outros modos de pensar e fazer saúde, pautados na educação popular, integralidade e valorização dos saberes tradicionais. Para tanto, enquanto recurso metodológico o vídeo contém um documentário produzido a partir de experiências que relatam as trajetórias de cuidado. Objetivos: Produzir problematizações frente à formação, utilizando o vídeo (recurso audiovisual) como ferramenta mobilizadora de debates e reflexão a partir do registro da nossa história. Metodologia: O vídeo se apresenta como um documentário produzido a partir de experiências que relatam as trajetórias de cursos realizados em parceria com a Universidade Federal de Sergipe, Movimento Popular de Saúde do Estado de Sergipe e a ANEPS (Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde). O vídeo tem 23 minutos, havendo depoimentos e registro de cursos. Os depoimentos são de pessoas ligadas ao MOPS-SE e a ANEPS, são elas: Palmira Lopes, Simone Leite, Josefa da Guia, Vera Dantas, Souza Kayam, Edvan Florêncio, Angélica Oliveira. A utilização do material é realizada em eventos tais como seminários, encontros, rodas de conversas, após a apresentação do vídeo promove-se o debate e a discussão pautados na educação popular, integralidade e valorização dos saberes tradicionais. Resultado: O vídeo foi utilizado em cursos de extensão, oficinas e workshops em fitot;erapia, reiki, acupuntura auricular, massoterapia, dentre outros. Já são oito anos de cursos, em média de duzentos alunos anualmente. E são vários municípios que já vem desenvolvendo essas práticas nas unidades de saúde. Considerações finais : O material de comunicação contribui sobremaneira com a disseminação e implementação das Práticas Integrativas e Complementares, gerando motivação e expectativas que se transformam em ação para implantação dessas práticas nos serviços de saúde. Referências Bibliográficas: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria Nº 2.761, de 19 de Novembro de 2013 Institui a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no Âmbito do Sistema Único de Saúde (Pneps-SUS). http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.html MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução n° 11, de 17 de janeiro de 2017 que estabelece o Plano Operativo (PO) PNEPS-SUS. http://portalsaude.saude.gov.br/index. Php/o-ministerio/principal/secretarias/sgep/sgep-noticias/27370-politica-nacional-de educacaopopular-em-saude-tem-plano-operativo-aprovado  

5389 Organização e resistência nas residências: relato do Coletivo Baiano de Residentes em Saúde
Daniele Pereira de Souza, Dhara Santana Teixeira, Carolyne Cosme de Souza, Mariane Ferreira de Lima Souza, Juliete Sales Martins, Ana Caroline de Sousa Almeida, ARTHUR IGOR Cruz Lima, HELENA Benes Matos da Silva

Organização e resistência nas residências: relato do Coletivo Baiano de Residentes em Saúde

Autores: Daniele Pereira de Souza, Dhara Santana Teixeira, Carolyne Cosme de Souza, Mariane Ferreira de Lima Souza, Juliete Sales Martins, Ana Caroline de Sousa Almeida, ARTHUR IGOR Cruz Lima, HELENA Benes Matos da Silva

Apresentação:O resumo apresenta a organização do Coletivo, suas bandeiras de lutas e as estratégias utilizadas para o seu desenvolvimento, tendo como objetivo apresentar a configuração deste espaço político organizativo dos residentes na Bahia. O Coletivo Baiano de residentes configura-se como um movimento social, suprapartidário, plural, dinâmico e autogestionado, que busca ser uma organização política das/os residentes em saúde na Bahia.  A organização surge em meados de 2007, tendo realizado três Encontros Baianos de Residentes. Atualmente as/os membras/os se encontram em reuniões quinzenais e momentos de formação, entretanto, esses métodos não são o suficiente para agregar pessoas na organização. Desenvolvimento do trabalho: Para desenvolvimento do resumo foi realizada uma revisão documental e análise de mídias sociais do Coletivo. Historicamente como pautas e bandeiras de luta dentro do movimento de residentes se destacam: a defesa de um projeto de residência que seja comprometido com os princípios e necessidades do SUS; a redução da carga horária de 60 horas semanais; o não assédio moral nos cenários de práticas e pedagógicos; apoio aos docentes e supervisão que aderem aos distintos programas. Resultados e/ou impactos: Na última década ocorreu incentivo para os programas de residências multiprofissionais, especialmente na médica e com isso a quantidade de residentes  aumentou no estado.  Dessa forma as/os membras/os do Coletivo, em sua maioria dos programas de residências multiprofissionais, tem articulado com os diversos programas, a fim de mobilizar esses profissionais em formação para a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). Visando compartilhar e refletir sobre os distintos papéis de cada categoria ocupacional e profissional na manutenção do SUS no século 21. Considerações finais: Entende-se que o Coletivo é um espaço importante de organização e defesa dos residentes em saúde. Foram realizadas avaliações dos encontros inciados no mês de julho/2017 e seus desdobramentos.  Porém, consideramos que algumas atividades importantes estão sendo e foram realizadas, como: o III Encontro Baiano de Residentes em Saúde; o I Ciclo Formativo sobre Assédio Moral; a I Oficina Baiana de Residências em Saúde que teve o apoio da Escola Estadual de Saúde Pública EESP, demonstra que o grupo vai ganhando maturidade, atualmente o desafio maior é dar seguimento agregando residentes de novas turmas a cada ano.

2191 A OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA E O MST NO SUDESTE DO PARÁ
Christian Souza Souza de Araújo

A OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA E O MST NO SUDESTE DO PARÁ

Autores: Christian Souza Souza de Araújo

Este resumo apresenta resultado de pesquisa apresentado na disciplina de Políticas Públicas e de Saúde com o objetivo de refletir sobre as perspectivas de futuro para a Amazônia, a partir do Movimento Sem Terra (MST) no sudeste do Pará. A pesquisa foi de caráter bibliográfico e documental, com a realização de entrevista com um pesquisador do MST. O recorte temporal se baseou em enfatizar passagens históricas determinantes que ajudam a compreender como as políticas públicas foram pensadas para essa região. Inicia-se, portanto, a partir da pesquisa, por considerar que a Amazônia sempre foi fonte de progresso e riqueza, essa “propaganda” desperta não só o interesse dos movimentos camponeses, como dos grandes empresários. A partir da década de 1970, o governo estava com a proposta de levar o camponês do sul e sudeste do país para a Amazônia, e posteriormente os grandes projetos empresariais. A proposta era que se dessem somente as terras, esse camponês não teria como desenvolver “o progresso do país”, ele precisava de algo para impulsionar o desenvolvimento, então os grandes empreendimentos direcionados a Amazônia brasileira seriam fundamentais nesse processo, pois empregariam boa parte desses trabalhadores, abafando as ideias de lutas libertarias do campesinato. O progresso econômico da região resolveria, diante o exposto, os conflitos da luta pela terra e problemas de abastecimento de alimentos do país. No entanto, a década de 1970 foi marcada por inúmeros conflitos, com a chegada de novos camponeses, fazendeiros e grandes empreendimentos empresariais na região, houve um acirramento na disputa por terras. Na região sudeste do Pará, a exemplo, já se tinham vários posseiros instalados nessas terras antes mesmo da integração pelo governo militar, e se viram acuados ao verem que os grandes proprietários de terras chegavam e iam grilando as suas terras, com falsos documentos de que eram donos daquelas terras. E isso gerou ainda mais conflitos já que os fazendeiros queriam o que lhes era prometido, e os posseiros o que tinham conquistado. A Amazônia virou palco dos conflitos entre latifundiários, posseiros e indígenas. As lutas, as ocupações, não são imediatas, levam tempo, gera trabalho e dispêndio, pois a partir dessas ocupações inicia-se as batalhas campais e judiciais até conseguirem a desapropriação da terra almejada, e em muitos casos há as reintegrações de posse. Todo o período de ocupação, essa espera filtra as pessoas que realmente querem lutar pela terra, pois essa lida em ocupar, desocupar, gera uniões e separações, quem fica e decide lutar por aquele terreno, e os que não veem chance no local e se retiram do acampamento, e partem para outros locais, juntando-se não só a outros movimentos, como também formando associações independentes. A luta pela terra que desde 1500 perdura até os dias atuais. A reforma agrária há de vir por completo, para solucionar as falhas políticas voltadas a esse segmento. A luta não acabou, só assumiu novos contextos, essa é a estratégia das lutas, saber se adaptar as conjunturas de época, e resistir.

3221 A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NO SUS E SUA ARTICULAÇÃO NOS PLANOS MUNICIPAIS DE SAÚDE: ENTRE O PRESCRITO E A REALIDADE
Alisson Maurício Monteiro, Cristian Alex Dala Vechia, Maria Elisabeth Kleba, Letícia de Lima Trindade

A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NO SUS E SUA ARTICULAÇÃO NOS PLANOS MUNICIPAIS DE SAÚDE: ENTRE O PRESCRITO E A REALIDADE

Autores: Alisson Maurício Monteiro, Cristian Alex Dala Vechia, Maria Elisabeth Kleba, Letícia de Lima Trindade

ApresentaçãoEntendemos que a formulação dos instrumentos e mecanismos de planejamento e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) devem, impreterivelmente, considerar as construções já estabelecidas no campo da saúde, os subsídios conceituais e organizativos presentes nas políticas públicas que orientam o sistema. Isso não implica em desconsiderar as singularidades das necessidades de saúde locais, muito menos em situar o campo do planejamento e gestão como restrito a especialistas, mas sim, mobilizar os recursos disponíveis para qualificar as ações em saúde. Destaca-se o plano municipal de saúde como instrumento fundamental para implementação das políticas públicas de saúde na práxis do SUS, uma vez que insere as pautas de cada política na agenda dos serviços, tornando-as viáveis. Neste trabalho, realizado no componente curricular “Planejamento e Gestão em Saúde” do Mestrado em Ciências da Saúde da Unochapecó, nos propomos analisar a inclusão da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão em Saúde no SUS (PNH) em planos municipais de saúde, com o objetivo de desvelar congruências e lacunas entre o que está prescrito na política e o que consta nos planos municipais. Desenvolvimento do trabalhoNeste estudo, recorreu-se a uma abordagem descritiva/comparativa, utilizando-se de etapas de análise sistemática dos planos municipais de saúde, numa trajetória da apreensão da realidade e do fenômeno de interesse: a inclusão da PNH na formulação do plano. Nesse sentido, buscando identificar intenções dos planejadores da saúde quanto à humanização do SUS, foram analisados os planos de saúde de dois municípios do Oeste de Santa Catarina: Chapecó e Saltinho. Ambos os municípios tem uma realidade distinta, sendo o primeiro um município de grande porte, com mais de 200 mil habitantes, e o segundo um município de pequeno porte, com população de aproximadamente 4 mil habitantes. A escolha dos municípios foi intencional, com o intuito de comparar as realidades e avaliar as possíveis diferenças na complexidade dos planos.ResultadosA partir da análise comparativa dos planos municipais, constatamos que o termo “humanização” não consta como ação transversal às ações em saúde, mas sim, como um conceito generalista posto na demarcação teórica do plano. Chapecó aponta que o “Plano Municipal de Saúde tem como objetivo a busca pelo cuidado integral e humanizado aos usuários do SUS”, e tem três ações que se aproximam do preconizado na PNH: Implantação do Grupo de Desenvolvimento Humano (GDH); Ampliação e qualificação do acesso humanizado e integral aos usuários em situação de urgência/emergência; e o Programa de Atenção Domiciliar (Melhor em Casa). Já Saltinho cita a humanização como um dos princípios que orientam a Atenção Básica, apontando uma diretriz condizente com a PNH: “Qualificação e humanização das Equipes de Atenção Básica”, cuja ação visa “Promover a qualificação da Gestão do SUS no âmbito municipal, desprecarizando os vínculos de trabalho no Sistema Único de Saúde”. Contudo, nas ações programáticas, ambos os planos desconsideram ações específicas voltadas a esses aspectos. No que se refere às diretrizes da política, a análise evidenciou que: O Acolhimento é abordado no plano de saúde do município de Saltinho de forma vaga, na medida em que se aponta para o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento deve ser acolhida e cita que as ações da AB devem observar critérios de risco, sem especificar ações nesse sentido. Já o plano de saúde do município de Chapecó, aponta para o acolhimento com classificação de risco, segundo os protocolos ministeriais e a proposta de criação de uma ouvidoria, assim como a proposta de acolher a história do usuário, suas condições de vida e suas necessidades de saúde, no campo das ações em saúde. A diretriz Clínica Ampliada, não é citada no PMS de Saltinho, tanto em nível de marco teórico, quando no escopo das ações. No PMS de Chapecó, fala-se em promover a criação de novos espaços de produção de saberes e ampliação da clínica, apontando o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) como responsável por essa “ampliação da clínica” no contexto da atenção básica.Ambos os planos municipais abordam a diretriz Gestão Participativa, mas sem apontar para a possibilidade de Co-gestão no escopo das ações previstas. O PMS de Saltinho cita como objetivo fortalecer a gestão democrática do SUS, garantindo a participação dos trabalhadores do sistema na gestão dos serviços e assegurando condições ao pleno exercício do controle social. No PMS de Chapecó consta o objetivo de fortalecer a gestão e as políticas públicas de saúde, aprimorando a participação social. Ambos os planos enfocam a necessidade de fortalecer os conselhos e conferências municipais, mas sem propor formas de gerar a participação social mais ativa.A diretriz da Ambiência está, em ambos os planos, implícita nas propostas de melhorias na infraestrutura dos serviços de saúde e, no PMS de Chapecó, faz-se referência a um ambiente “tranquilo e acolhedor” para gestantes em trabalho de parto. Não se fala da ambiência como uma forma de, em todos os serviços, oferecer espaços que acolham os usuários em suas características singulares e atendam às peculiaridades do território.Com relação à diretriz Valorização do trabalho e saúde do trabalhador, Saltinho apresenta em seu plano de saúde o objetivo de promover Atenção Integral à Segurança e Saúde do Trabalhador, através de melhorias das condições de vida e da atenção à saúde, através de promoção e prevenção. Chapecó, cita no PMS a implantação do Serviço de Atenção à Saúde do Trabalhador (SAST), com o enfoque na promoção, proteção e de reabilitação, a oferta de Práticas Integrativas Complementares, em horário noturno, e a  implementação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), com o objetivo de vigilância e prevenção do ambiente de trabalho, formação de recursos humanos na área de saúde do trabalhador e prevenção de acidentes de trabalhos. Em ambos os planos a diretriz Direitos e deveres dos usuários foi citada em pontos referentes a garantia de direitos (direito à informação, acompanhante, acesso, etc.). De uma forma geral, os planos apresentam apontamentos muitas vezes superficiais acerca da PNH, constantes apenas como conceitos adscritos ao marco teórico e descolados das ações propostas no plano. Há também ações que abarcam sentidos voltados à humanização em saúde, muitas vezes descoladas de um aparato teórico que sustente a sua prática.Considerações finaisPor fim ponderamos que nos planos analisados, a PNH é empregada apenas como uma formalidade, sendo que o termo humanização e as diretrizes da política constam como conceito teórico, desconectadas das ações previstas no plano. A PNH tem aparecimento singelo dentro dos planos municipais, pois é vislumbrada apenas com caráter filosófico ou romancista, sem apresentar uma aplicação prática. Desta forma suas diretrizes acabam por se perdendo, devido ao descrédito apresentado para a mesma. Essa abordagem descompromissada da política vai de encontro com sua real potencialidade, pois  a correta utilização desta importante ferramenta, pode promover saltos da atenção à saúde individual para uma atenção singular aos sujeitos, da separação à conexão entre as ofertas clínicas e dos modos de gestão, da saúde enquanto ausência de sintoma para uma construção social coletiva, sendo, portanto, agregadora de diferenças e reorientadora da atenção em saúde.

5162 Participação na construção de política de saúde: o caso da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
Ana Paula Hemmi, Mônica de Rezende, Tatiana Wargas de Faria Baptista

Participação na construção de política de saúde: o caso da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem

Autores: Ana Paula Hemmi, Mônica de Rezende, Tatiana Wargas de Faria Baptista

APRESENTAÇÃO: O presente estudo teve como objetivo analisar a experiência de participação no processo de construção da Política Nacional de Saúde do Homem e, mais especificamente, do documento Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). Em sua “metodologia de construção”, tal documento afirma ter havido a participação de entidades médicas e da sociedade civil, assim como de acadêmicos, pesquisadores e representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde. Afirma ainda que a PNAISH é fruto de consensos obtidos nos eventos em que esses agentes sociais participaram. A pesquisa partiu, então, do estranhamento do dito consenso obtido, a partir de ideias democraticamente debatidas, tendo como pressuposto a crença de que as diferenças de conhecimento sobre saúde entre os participantes produzem a aceitação do saber legítimo de uns, que ocupam uma posição de poder, frente aos demais, com consequentes silenciamentos de necessidades e expectativas. Dessa forma, problematizar a participação ocorrida se mostrou importante para compreendermos como diferentes atores compartilham das decisões no processo de construção das políticas de saúde. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Para o desenvolvimento do estudo, recorremos aos ex-gestores da Área Técnica de Saúde do Homem que estiveram à frente do processo de construção do documento, assim como aqueles que foram convidados para participar desse processo. Realizamos entrevistas com diversos agentes sociais envolvidos, além de termos consultado documentos que se mostraram pertinentes. RESULTADOS: Pela análise das entrevistas realizadas e dos documentos, foi possível identificar que houve a discussão da Política em diferentes eventos que ocorreram ao longo do ano de 2008 para os quais foram convidados médicos de diversas Sociedades Brasileiras, tais como de Urologia, Cardiologia, de Medicina de Família e Comunidade e de Pneumologia e Tisiologia, assim como da Associação Brasileira de Psiquiatria e Federação Brasileira de Gastroenterologia. Foram convidados, também, para que pudessem expor seus diferentes conhecimentos sobre saúde do homem, acadêmicos e pesquisadores de Instituição de Pesquisa e de Ensino Superior; de Organizações Não-Governamentais, como Instituto Papai e Promundo; e ativistas da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. A partir das exposições feitas, os gestores da Área Técnica esboçaram, em consenso entre os eles próprios, o documento intitulado Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, que foi à consulta pública sendo, posteriormente, aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde, em 2009. Este documento foi oficialmente lançado em agosto deste mesmo ano pelo Ministério da Saúde, na gestão do Ministro José Gomes Temporão. Isso nos leva a crer que a participação ocorrida na construção da PNAISH não se tratou de envolvimento de movimentos sociais ou de uma participação social em conselhos ou conferências municipais, estaduais ou federal de saúde. Tratou-se de um tipo de participação denominada “transferência de conhecimento”, em que diversos participantes foram convidados por gestores da Área Técnica de Saúde do Homem do Ministério da Saúde para elaborar o documento. Por transferência de conhecimento, entende-se que há aqueles que decidem sobre o processo e aqueles que participam como convidados, havendo uma distinção entre quem governa e quem é governado. A transferência de conhecimento acontece pela consulta a um público ou a especialistas como forma de se conhecer as necessidades, preferências e valores das pessoas, obtendo, assim, maior efetividade nas tomadas de decisão. Não se trata de um direito a participação, mas sim de uma possibilidade de melhorar resultados. Dessa forma, o foco não está na participação em si, mas nos possíveis resultados positivos, advindos da participação, para uma política em questão. Foi possível perceber que, a despeito da participação ter ocorrido de forma separada e de maneira delimitada entre os diversos participantes, ocorreram outras formas de participação tanto por parte dos médicos, principalmente, da urologia quanto de acadêmicos e da sociedade civil. Os urologistas, desde o início dos anos 2000, já vinham realizando campanhas relacionadas à prevenção de doenças urológicas que acometiam os homens. Além disso, antes mesmo da Área Técnica de Saúde do Homem ter sido criada no Ministério da Saúde e, apesar de José Gomes Temporão, em seu discurso de posse afirmar que a Política de Saúde do Homem era uma de suas metas como ministro de Estado da saúde, os médicos urologistas já estavam debatendo a necessidade de uma política, assim como de uma coordenação de saúde do homem junto a deputados e ao Ministério da Defesa. A parceria estabelecida entre Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e deputados culminou na realização de Fóruns sobre políticas públicas e saúde e doenças do homem que passaram a ocorrer anualmente na Câmara dos Deputados. Ou seja, se o início desses fóruns, o debate se restringiu a um Simpósio realizado no Hospital das Forças Armadas em 2004, a partir de 2005 a Comissão de Seguridade Social e Família, assim como a Frente Parlamentar de Saúde da Câmara dos Deputados passaram a organizar os mesmos junto com a SBU. Isso significa que, de alguma forma, os urologistas estavam se mobilizando para que a saúde do homem ganhasse uma certa visibilidade pelo governo e que pudessem, consequentemente, tornarem-se médicos de referência na atenção à saúde do homem. Paralelamente a esse movimento da urologia, alguns acadêmicos situados no campo da Saúde Coletiva, também debatiam o tema saúde do homem desde o início dos anos 2000, culminando com a publicação do número temático da Revista Ciência e Saúde Coletiva em 2005. Essa publicação teve como ênfase o debate de gênero para se pensar a saúde do homem. Além disso, as Organizações Não-Governamentais, como o Instituto Papai e Promundo, também vinham fazendo um debate sobre homens e paternidade e homens e violência, respectivamente, desde o final da década de 1990. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pudemos perceber que a participação anunciada como transferência de conhecimento no documento PNAISH se extrapola e outros movimentos, a partir de uma análise minuciosa, começam a ser vistos como parte do processo de construção da política de saúde do homem. Isso nos mostra que pensar em participação na construção de políticas de saúde implica em extrapolarmos os espaços institucionais e passarmos a olhar que outras estratégias que implicam em ações e discursos que podem fazer parte da construção dessas políticas.

1735 DE ALMA ATA À REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: uma experiência de participação social em Belo Horizonte
KARINA CRISTINA ANDRADE SOUZA, MARCELI DE FÁTIMA PEREIRA, JOÃO HENRIQUE LARA DO AMARAL, SIMONE DUTRA LUCAS

DE ALMA ATA À REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: uma experiência de participação social em Belo Horizonte

Autores: KARINA CRISTINA ANDRADE SOUZA, MARCELI DE FÁTIMA PEREIRA, JOÃO HENRIQUE LARA DO AMARAL, SIMONE DUTRA LUCAS

A política de saúde brasileira foi, até o fim dos anos setenta, inteiramente voltada para o setor privado. Durante o governo militar, surgiram movimentos sociais que se contrapunham à política econômica e social que levava à recessão e a desigualdades. Entre eles, havia movimentos de sindicalistas, de estudantes, de trabalhadores rurais, e de alguns setores da Igreja. Profissionais que praticavam a Medicina Comunitária aderiram aos movimentos sociais pela saúde. Por meio da Pastoral da Saúde, grupo de apostolado leigo da Igreja Católica, a comunidade do bairro Jardim Montanhês começou a realizar ações em benefício de sua população. Este estudo tem como objetivo compreender a construção do Centro de Saúde Jardim Montanhês, na cidade de Belo Horizonte, considerando a mobilização da comunidade no contexto dos movimentos sociais na década de oitenta. Para resgatar a memória da mobilização da comunidade no período de estudo optou-se pela pesquisa qualitativa utilizando-se a metodologia do Estudo de Caso. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com nove atores sociais que participaram da história do Centro de Saúde. Na análise de conteúdo utilizou-se a análise temática. Os resultados indicaram que o Centro de Saúde Jardim Montanhês foi dirigido por um conselho formado por líderes comunitários do bairro e a direção era democrática e participativa. A primeira gerente, designada pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, administrava o Centro de Saúde em parceria com a comunidade. Após as conquistas democráticas da Reforma Sanitária, a criação do Sistema Único de Saúde e a municipalização da saúde, o Centro de Saúde Jardim Montanhês passou a ser administrado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e o conselho de saúde continuou atuante, exercendo o controle social. Os resultados indicaram que houve uma consonância entre os acontecimentos no Brasil e na comunidade do bairro Jardim Montanhês, no período da construção de seu centro de saúde. No País crescia a participação em movimentos pelo fortalecimento da Atenção Primária, pela Reforma Sanitária e pela organização do sistema de saúde. Em Belo Horizonte, uma comunidade construía e dirigia de forma democrática um centro de saúde, contando com a colaboração da Integração Docente Assistencial.

2361 GESTÃO ESTRATÉGICA COM A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO NA ENFERMARIA GINECOLÓGICA/OBSTÉTRICA DE UM HOSPITAL PUBLICO EM BELÉM-PA
Joanna Angélica Azevedo de Oliveira, Yasmin Brabo de Lima, Willame Oliveira Ribeiro Junior, Glenda Keyla China Quemel

GESTÃO ESTRATÉGICA COM A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO NA ENFERMARIA GINECOLÓGICA/OBSTÉTRICA DE UM HOSPITAL PUBLICO EM BELÉM-PA

Autores: Joanna Angélica Azevedo de Oliveira, Yasmin Brabo de Lima, Willame Oliveira Ribeiro Junior, Glenda Keyla China Quemel

APRESENTAÇÃO: Com as constantes transformações e avanços da enfermagem moderna, percebe-se a introdução da Metodologia da Problematização nos componentes curriculares de ensino em enfermagem, a qual consiste em um tipo de metodologia que encoraja a participação ativa dos autores envolvidos na realidade, buscando maior interação entre prática e conhecimento científico, além de que acredita-se que agrega informação e influencia no sucesso da gestão, relacionado à capacidade avaliativa crítica e concisa, a qual inicia-se com o processo avaliativo e programação baseado na capacidade de observar problemas e suas repercussões no sistema. Tal ferramenta avaliativa busca ensinar e formar cidadãos críticos e reflexivos para que sejam capazes de conviver em sociedade colaborando para a sua melhoria, esta baseia-se em cinco etapas: Observação da realidade; pontos chaves; teorização; hipótese de soluções e aplicação à realidade. Na etapa de observação da realidade, os autores buscaram carências e pontos fracos a assistência de enfermagem no contexto da ginecologia e obstetrícia, procurando eleger um problema crucial e passível de mudança na atuação dos enfermeiros do setor. Na fase relacionada aos pontos chaves, os autores buscaram entender o problema crucial como um fator de ordem multideterminada, elaborando pontos essenciais e suas implicações para o cuidado na atenção ginecológica. Na fase relacionada à teorização, os autores buscaram realizar uma pesquisa propriamente dita sobre o problema elegido, consultando banco de dados como LILACS, PUBMED e CINAHL; e bibliotecas da universidade. Na fase de levantamento de hipótese de soluções, os autores chegaram a conclusões em comum, fornecendo soluções críticas e criativas para resolução do problema em questão. E, por fim, a fase de aplicação à realidade, onde os autores reforçam o compromisso social com a profissão de enfermagem e melhoria da qualidade do serviço. Neste contexto, com o objetivo de desvelar possíveis problemas em uma enfermaria ginecológica/obstétrica de um hospital de ensino em Belém-Pa durante a disciplina “processo de trabalho em saúde/ indicadores gerenciais/gestão e gerenciamento” realizou-se visitas técnicas, reuniões e um levantamento de tudo o que foi observado no local, e quais dos problemas poderiam ser solucionados, a partir da utilização do Arco de Maguerez. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo Relato de Experiência, das vivências de acadêmicos de Enfermagem da Universidade Estadual do Pará que ocorreu durante as aulas práticas da disciplina “processo de trabalho em saúde/ indicadores gerenciais/gestão e gerenciamento” na enfermaria ginecológica/obstétrica de um hospital de ensino em Belém-Pa. A partir da Metodologia da Problematização abordada em conjunto com as teorias administrativas em enfermagem, foi apontado na etapa de observação da realidade: ausência de diagnóstico de enfermagem; a partir disso, os pontos chaves levantados foram: as implicações visíveis à qualidade do serviço de enfermagem tornando a assistência ineficaz, por conta de ser uma etapa crucial da sistematização da assistência de Enfermagem (SAE). Para a etapa de teorização entendeu-se que a SAE é um método de prestação de cuidados científicos satisfatórios, unificando a linguagem e baseando a intervenção do enfermeiro em decisões críticas e pertinentes, não meramente em “achismos”; sendo o diagnóstico de enfermagem uma etapa crucial, o mesmo irá orientar a prescrição correta de enfermagem por unir o “pensar” e o “agir”, e sua falta acarreta em prejuízo na autonomia da enfermagem e diversos prejuízos ao paciente. Cabe ressaltar que a Sistematização da Assistência de Enfermagem é baseada no Processo de Enfermagem (PE), funda-se nas fases de identificação do problema de saúde, delineamento do diagnóstico de enfermagem, instituição de planos de cuidado implementação de ações planejadas e avaliação. Na etapa de levantamento de hipóteses e soluções, os autores discutiram a necessidade do reforço excessivo da SAE na formação acadêmica; promoção de encontros científicos dentro dos hospitais que abordem e estimulem o tema; necessidade de mais fiscalização da gerência de enfermagem; distribuição de informativos com as etapas da SAE para fácil acesso; estimulo da gerencia que os profissionais se capacitem mais. E, na fase de aplicação da realidade: elaborou-se um relatório gerencial de prática enviado à gerência de enfermagem. RESULTADOS: a partir da análise gerencial e do relatório de pratica enviado à supervisão de enfermagem do hospital estudado, a gerência com a ajuda dos autores buscou realizar eventos a partir da ferramenta gerencial “planejamento”, que consiste no englobamento de ferramentas para execução de projeções a curto e longo prazo a fim de trazer mais cientificidade ao cuidado existente no hospital e estimulo a especialização dos enfermeiros do setor, trazendo resultado positivo para assistência que melhorou com tais medidas; além disso, ainda buscou incentivar mais capacitação dos enfermeiros  para controle de qualidade da assistência nos eixos de saúde da mulher no contexto amazônico; políticas de saúde da mulher; pré-natal; cuidados ginecológicos em geral; uso de contraceptivos; planejamento familiar; estimulo ao parto humanizado; conhecimentos a cercas das intervenções obstétricas em síndromes hipertensivas da gravidez e hemorragias pós-parto. Contudo, esta metodologia mostrou-se eficaz para o conhecimento da realidade e para o levantamento de situações insatisfatórias para o cuidado de enfermagem, tornando possível a análise sobre a situação-problema e pontuar medidas que possam solucionar as lacunas existentes neste processo, a fim de trazer melhorias ao serviço. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Acredita-se que a experiência na disciplina em questão foi de extremo benefício por ensaiar a prática de gestão em enfermagem, ampliando o conhecimento dos acadêmicos ao que se refere a necessidade de uma visão ampla, tomada de decisão correta, avaliação crítica, conhecimento científico e do local de trabalho; delegação de responsabilidades; comunicação e incentivo a colaborações dos enfermeiros do setor; controle ético e legal; para que futuramente a gestão em enfermagem possa ser desenvolvida com maestria, sabedoria, discernimento e autoridade adequada com gestão estratégica e participativa. O profissional de enfermagem deve estar preparado para problematizar a realidade a qual está inserido e, assim, identificar as situações-problemas que surgirão no seu cotidiano, para que possa combate-las de forma realmente eficaz, para isso, a inserção da Teoria da Problematização desde a sua formação acadêmica torna-se necessária para construir profissionais que possam lidar com as adversidades e transformá-las de forma a beneficiar o seu ambiente de trabalho e a sua assistência à população. Formar profissionais ativos no seu ambiente de trabalho resulta em melhorias na qualidade dos serviços, especialmente profissionais atuantes na área da saúde, pois acarreta em melhorias no atendimento ao usuário, caminhando cada vez mais para uma assistência com excelência, e serviços de saúde muito mais qualificados. Desta forma, é importante estimular estudos profundos dentro do processo gerencial para qualificar e clarificar os serviços de saúde e ressalta-se que muito ainda deve ser feito na instituição em questão a fim de chegar em níveis ainda melhores de assistência.

3427 LUTA POR JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL: REFLEXÕES A PARTIR DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NA COMUNIDADE DE BOLSO, EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE/CE
Iara Vanessa Fraga de Santana, Wanessa Maria Costa Cavalcante Brandão

LUTA POR JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL: REFLEXÕES A PARTIR DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NA COMUNIDADE DE BOLSO, EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE/CE

Autores: Iara Vanessa Fraga de Santana, Wanessa Maria Costa Cavalcante Brandão

As reflexões que propomos buscam evidenciar o conflito socioambiental causado pela expansão do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) à comunidade do Bolso, a partir da vivência junto à Estratégia Saúde da Família. O CIPP está situado no município de São Gonçalo do Amarante, litoral oeste cearense e começou a ser desenvolvimento pelo governo do Estado em 1996 com a construção do Porto do Pecém. A partir dos anos 2000, mais precisamente em 2007, diversas indústrias primário-exportadoras e mais recentemente uma termelétrica que funciona a carvão mineral e uma siderúrgica, também passaram a compor o complexo. O CIPP é responsável pelas principais exportações de pescado e fruticultura irrigada advindas do agronegócio estadual. Os impactos causados pelo complexo se apresentaram durante o processo de territorialização proposto pela Escola de Saúde Pública do Ceará como parte inicial da atuação na Residência Integrada em Saúde, e, especialmente pela inserção no serviço como Assistente Social Residente na UBS de Acende Candeia, a qual tem um Ponto de Apoio[1] na localidade de Bolso. As atividades no Bolso evidenciaram contradições e conflitos entre o CIPP e o modo de vida comunitário. Dentre eles destacamos a falta de acesso a serviços de água e esgoto regular, exposição das pessoas a metais pesados, poluição sonora (explosões de pedreiras), advindos da termelétrica; desapropriações e a instalação de variadas empresas de beneficiamento de materiais diversos. A comunidade de Bolso e tantas outras comunidades camponesas viviam outrora do trabalho com/na terra, principalmente. Os impactos causados pelo CIPP ás comunidades tem expulsado e/ou ameaçado a continuidade do seu modo de vida. Esse conflito vem exigindo da Estratégia de Saúde da Família ações refletidas na busca pela garantia da Integralidade, a Universalidade e Equidade do serviço dentro desse contexto adverso e multifacetado. O distrito de Bolso teve sua rotina modificada, saltando nas últimas décadas de uma comunidade de artesãs, pescadores, marisqueiras e especialmente agricultores (as) e remanescente indígenas, para ser cenário da implantação de diversas indústrias. A poluição ambiental marca o cotidiano das comunidades residentes e adjacentes. Várias desapropriações foram realizadas para a construção dos empreendimentos, e, a especulação imobiliária segregou as populações nativas. Apesar disso, a memória da população indígena Anacé se manifesta nas diversas relações sociais, mesmo diante do etnocídio. As comunidades Amarantinas outrora Anacetabas também resistem lutando pelos seus territórios. Os subsídios do processo de Territorialização e a revisão de literatura mostraram diversas resistências populacionais ameaçadas pela nova dinâmica social e econômica. Desejamos aqui problematizar a expansão do Complexo Industrial e Portuário do Pecém como vetor de mudanças e impactos à dinâmica da comunidade, sobretudo pelas relações de produção levadas a cabo pelo empresariado transnacional com o amparo do Estado cearense. Segundo Bezerra (2010) desde 2007 as desapropriações impactam as populações tradicionais do Bolso advindas da instalação e ampliação do CIPP (BEZERRA, 2010). Os conflitos socioambientais impactam a saúde e os modos de vida da população em questão. O acesso às políticas públicas como transporte, cultura, lazer, habitação, saúde e trabalho são estritamente limitados. As famílias ali residentes contam com o acesso dos serviços de saúde no Ponto de Apoio no Bolso apenas dois dias na semana. Reforçamos que a Estratégia Saúde da Família se organiza no Sistema Único de Saúde a partir dos territórios, levando em consideração os determinantes em saúde ancorados nos princípios da Reforma Sanitária, nos quais a Soberania Alimentar e a Reforma Agrária foram pautas exigidas pelo povo brasileiro. A relação entre saúde e território se articulará neste trabalho na tentativa de compreender os processos de resistências e luta socioterritorial, ancorando-se no debate sobre produção de saúde e “questão ambiental”, percebendo a indissociabilidade entre essas categorias e as intervenções junto a ESF. Acreditamos que esse estudo subsidiou reflexões aos profissionais Residentes, no que se refere à assistência, prevenção e promoção de saúde junto à população adscrita na comunidade de Bolso. Durante o levantamento bibliográfico, percebemos uma vasta produção acadêmica sobre o CIPP ao longo do seu processo de expansão, porém, na atualidade, diante do modelo de exceção imposto a nação desde 2016, torna-se urgente discutir as condições de vida dessa população frente à “questão ambiental”. A luta pela terra e por território está diretamente associada ao que compreendemos aqui como questão Urbana, Agrária e Ambiental, uma tríade indissociável. A partir das pesquisas desenvolvidas no Grupo de Temático de Pesquisa da ABEPSS – Questão Agrária, Urbana, Ambiental e Serviço Social – o Serviço Social busca através da instrumentalização teórica e metodológica sobre esta temática, apreender as contradições dessas categorias de forma dialética, ou seja, apreendendo as mediações que perpassam a totalidade social como parte de uma intervenção profissional ancorada na realidade macrossocial, nacional e regional. Para o GTP existem quatro determinações históricas e estruturais que engendram a questão agrária, urbana e ambiental. Desse modo, pautamos que os “territórios” são considerados locais de disputas, onde os conflitos entre as classes sociais se expressam de forma mais evidente dependendo da correlação de força entre a população e o Estado/Mercado de determinada área real delimitada e caracterizada por suas particularidades de produção e cultural. O conceito “território” merece algumas problematizações, por sua relação categorial envolver muitos elementos que são reificados, fato que garante a naturalização das relações de exploração e expropriação de terras, perpetuando a criminalização dos movimentos sociais populares que disputam por territórios no Brasil, desconsiderando as bases da problemática, e as mobilizações em busca de direitos sociais e políticos. Essa disputa começa pela terra (casa), pelo trabalho (seja na terra ou fora), no acesso a serviços de saúde, educação, etc. Levando em consideração esses elementos, buscaremos realizar uma pesquisa participante de cunho qualitativo, através da revisão de literatura, observação participante e entrevista semiestruturada, especificamente com os/as moradores/as que ainda residem na comunidade de Bolso. Além de denunciar e evidenciar as contradições e impactos causados pelo CIPP, esse trabalho também mostrará o modo de vida da comunidade Bolso, suas resistências, derrotas e vitórias frente ao complexo, expressão do capital internacional e de um Estado que cumpre com as suas exigências.