523: Processos de Cuidado e Saúde da População Negra
Debatedor: Eduardo Augusto de Carvalho Lira
Data: 31/10/2020    Local: Sala 26 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
6223 A INFLUÊNCIA DO RACISMO INSTITUCIONAL NA TOMADA DE DECISÃO CLÍNICA DO CIRURGIÃO DENTISTA: UMA VISÃO INSTIGADA PELO CHALLENGE BASED LEARNING (CBL)
Juliana Bianchini, Suiane Souza da Silva, Maurício Fernando Nunes Teixeira

A INFLUÊNCIA DO RACISMO INSTITUCIONAL NA TOMADA DE DECISÃO CLÍNICA DO CIRURGIÃO DENTISTA: UMA VISÃO INSTIGADA PELO CHALLENGE BASED LEARNING (CBL)

Autores: Juliana Bianchini, Suiane Souza da Silva, Maurício Fernando Nunes Teixeira

Apresentação: O curso de Odontologia da Uni vate (RS), através do eixo de Organização do Processo de Trabalho em Saúde IV, aplicou um método de abordagem interdisciplinar que incentiva os estudantes a pensarem sobre problemas globais que afetam a população do planeta, bem como instituir o uso de tecnologias que estão disponíveis em nosso dia a dia para contribuir com uma solução local às adversidades relatadas. Chamado de Challenge Based Learning (CBL), a ferramenta estimula nos acadêmicos a aprendizagem e capacidade de construção do planejamento, tendo em vista a contribuição para o desenvolvimento do pensamento crítico do estudante. O objetivo do trabalho é apresentar os resultados que um grupo de três estudantes de Odontologia obtiveram ao escolher o tema presença do racismo institucional no atendimento odontológico e sua influência na tomada de decisão clínica do profissional. Desenvolvimento: A fim de efetivar o desafio proposto, as estudantes optaram por discutir e trabalhar a presença do racismo institucional no consultório odontológico bem como seu influxo para com a tomada de decisão clínica, nesse sentido, analisando se há diferença na escolha de tratamento entre pacientes negros e brancos. A temática foi escolhida a partir de debates promovidos em sala de aula que dispararam o assunto em pauta e através de um artigo que sensibilizou os acadêmicos trazendo a questão à tona. O trabalho foi apresentado em um evento do curso. Resultado: Em todas as pesquisas realizadas referentes ao tema, verificou-se que a discriminação, mesmo que inconsciente, está inserida no meio odontológico por parte dos profissionais de saúde e cirurgiões-dentistas, influenciando os profissionais a escolher planos de tratamento mais simples e baratos para pessoas negras por presumir que elas não têm condições de pagar procedimentos mais caros. Contudo, indicam procedimentos mais dispendiosos de tempo e custo à usuários de pele branca. Estudos feitos em faculdades de odontologia indicam que os universitários também tendem a optar por intervenções odontológicas menos favoráveis para pessoas de pele escura. Incentivadas pelo propósito de conscientizar os estudantes de odontologia acerca do assunto e a fim de concluir o desafio proposto pelo grupo e aplicado em sala de aula como a solução, o grupo de estudantes apresentou um banner na II Mostra de Trabalhos Acadêmicos do Curso de Odontologia, obtendo visibilidade para o tema e comovendo os colegas e professores. Como resultado, obtivemos o prêmio de trabalho destaque do evento, bem como uma menção honrosa pelo estudo realizado.  Considerações finais: A conscientização dos estudantes sobre temas que estão institucionalizados é muito importante para dotar os futuros profissionais de saúde das habilidades necessárias ao século XXI. A formação ocorre durante toda a vida, e se inserirmos estas questões durante a graduação, certamente veremos profissionais mais humanos e que terão suas decisões clínicas baseadas nas necessidades e almejando o melhor para cada usuário, deixando de lado preconceitos institucionalizados na sociedade. Além de tudo, obtivemos um aprendizado muito grande com a conclusão do Challenge, contribuindo assim com a nossa mudança de percepção e dos estudantes perante o assunto.

6362 PRETAGONISMO, RACISMO E SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO ACADÊMICA
Fabiana Albino Fraga, Rogerio Luiz Ferreira da silva, Larissa Oliveira Nascimento, Nadyra Moraes Irineu, Andressa Ferreira De Oliveira

PRETAGONISMO, RACISMO E SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO ACADÊMICA

Autores: Fabiana Albino Fraga, Rogerio Luiz Ferreira da silva, Larissa Oliveira Nascimento, Nadyra Moraes Irineu, Andressa Ferreira De Oliveira

Apresentação: O racismo se dá através das várias práticas de inferiorização de grupos humanos, a partir do etnocentrismo calcado na ideia que existem raças superiores a outras. As iniquidades provenientes dessas práticas perpassam questões sociais, políticas e de saúde e encontram legitimidade nas supostas inferioridades raciais (Faro & Pereira, 2011). Não há fundamentação biológica que defenda a distinção entre grupos humanos e os postulados do racismo científico e da eugenia, em voga no século passado, foram comprovadamente superados, a pesar de não terem sido totalmente erradicados das nossas práticas sociais. O termo raça ainda é utilizado histórico e socialmente para definir grupos hierarquicamente posicionados. Isto deve-se ao fato de que a raça humana está dividida socialmente em grupos com maior ou menor acesso, menor o maior oportunidade, maior ou menor fragilização. Isso também se dá nas condições de acesso à saúde, educação, trabalho e justiça. A população negra, no Brasil, é o maior contingente populacional, sofre com formas específicas de adoecimento e está exposta aos inúmeros tipos de iniquidades advindas dos racismos presentes na sociedade (interpessoal, institucional e estrutural) e no que diz respeito ao tema racismo e saúde, ainda há poucas pesquisas sobre o assunto. Segundo Werneck (2016), não há como apresentar as razões para um número ainda baixo de publicações que tratem sobre o tema, porém indica fatores como: desinteresse ou desestímulo aos pesquisadores e restrições institucionais explícitas para pesquisa. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra completou, em outubro de 2019, dez anos, porém a população negra ainda sofre com negligência, indiferença e discriminação ao buscar os serviços de saúde, tendo os seus direitos relativizados e até mesmo, negados. O racismo institucional presente nos serviços públicos de saúde resulta em menor acesso e atendimento de baixa qualidade quando se compara à população branca (Werneck, 2016). Esse relato de experiência tem como objetivo destacar a importância de disciplinas que abordem o racismo, suas dimensões e expressões em saúde, e como estas repercutem no processo saúde-doença. Desenvolvimento: Trata-se de uma disciplina ministrada numa instituição de ensino e Saúde Pública do Rio de Janeiro, no segundo semestre de 2019. A disciplina utilizou variadas estratégias pedagógicas como aulas expositivas, mesas redondas e visitas guiadas. As estratégias estimularam o debate e trouxeram experiências de diversos profissionais da área da saúde e das ciências humanas. Os alunos eram estimulados a cada aula apresentarem autoras negras, autores negros, pesquisas sobre as populações negras além de falarem sobre as obras, como uma forma destacar a importância das mesmas no processo de combate às estruturas do racismo. Um ponto de destaque e de grande importância é que a maior parte da bibliografia era composta por livros e artigos de autores negros e autoras negas. Resultado: A disciplina foi dividida em quinze sessões, sendo que cada sessão continha temas e estratégias pedagógicas diferentes. O início de cada aula começava com alguma obra de artísticas de pessoas negras: música, poesia, quadros de pintura, dentre outros. Notei que muitos dos autores e das autoras, não eram conhecidos por grande parte de quem estava assistindo a aula ainda que a maioria dos alunos não teve em sua formação, ou educação continuada a abordagem sobre a história da população negra nem o tema racismo e suas implicações em saúde, mesmo a lei 10639/03 ter completado quase duas décadas e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra já passar dos dez anos. Notei ainda algumas falas essencialmente racistas, naturalizadas como corriqueiras e normais: “nego não que nada”, “neguin pensa que é quem?” “a coisa tá preta” dentre outros. Logo, a discussão sobre racismo em todos os espaços e suas implicações sociais e em saúde, necessitam ser ampliadas e estimuladas a fim de destacar que falar no combate ao racismo é falar num saúde pública de boa qualidade e que todos os profissionais precisam estar preparados para uma abordagem adequada. Considerações finais: As aulas trouxeram reflexões sobre os contingentes negros, no Brasil, socialmente inferiorizados, marcados pelo racismo advindos do colonialismo mercantilista, expostos a silenciamentos e apagamentos históricos. Poder revistar autores clássicos e produções contemporâneas contribuiu para reflexões acadêmicas junto a produção dos movimentos sociais e demais sujeitos comprometidos com a luta antirracista, que destaca que o racismo não é um problema da população negra e sim da branquitude, mas que afeta sobremaneira essa população, mas não somente. Como as aulas eram participativas, discentes e docentes mostraram disposição para contribuir e aprofundar os temas abordados em cada eixo. Observei um número pequeno de pessoas não negras nas aulas, e dou destaque a esse ponto, pois como disse acima o racismo não é um problema das pessoas negras, mas é um problema que afeta diretamente essas. Profissionais, negros ou não, precisam entender as especificidades e o alcance do racismo para atender corretamente tais demandas, além de compor a luta antirracista. É importante destacar que a disciplina era aberta a todos e não somente à população negra. Os encontros trouxeram aprofundamento das dimensões do racismo como as sustentadas por narrativas como por exemplo, o mito da democracia racial, que até hoje repercutem negativamente nas condições de vida e saúde da população não branca, de uma maneira geral. A disciplina tenta construir um arcabouço teórico para aplicação prática nos aspectos que envolvem expressões do racismo em saúde, trazendo à baila questões históricas e rotineiras, onde o racismo se apresenta, formando uma barreira que impede um bom atendimento nos espaços profissionais de saúde, mas não somente. O desenrolar das aulas evidenciou que a luta antirracista deve ser travada a partir dos pensamentos que inferiorizam os contingentes negros no Brasil, pensamentos esses que se expressam em falas, gestos, textos e também na pouca produção acadêmica desse tema (racismo e saúde). Esse relato da minha experiência na disciplina em lide, para além do objetivo já descrito, visa demonstrar de modo não assertivo, as apreensões possíveis que estão disponíveis num convívio relativamente curto, porém intenso, entre pessoas que buscam compreender a extensão do efeito do racismo na saúde da população negra brasileira.

6840 SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DE DEBATE NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO
Caroline Moraes Soares Motta Carvalho, Roberta Georgia Sousa dos Santos, Laís Macedo Angelo, Marlon Alves de Oliveira

SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DE DEBATE NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO

Autores: Caroline Moraes Soares Motta Carvalho, Roberta Georgia Sousa dos Santos, Laís Macedo Angelo, Marlon Alves de Oliveira

Apresentação: Pesquisas recentes, apontam que 80% da população negra é usuária do Sistema Único de Saúde. Em 2009 a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, foi instituída no país e tem como direcionamento garantir a equidade e a efetivação do direito à saúde de negras e negros. A política inclui ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e prevenção de doenças, bem como gestão participativa, participação popular e controle social, produção de conhecimento, formação e educação permanente para trabalhadoras e trabalhadores da saúde, visando à promoção da equidade em saúde da população negra. Objetivo: Relatar experiência vivenciada por quatro enfermeiros na construção do I Seminário sobre a saúde da população negra em uma Instituição de Ensino Superior Privada. Método – O cenário de estudo foi nas dependências de um dos Campi da Instituição de Ensino Superior, na Baixada Fluminense (RJ). Resultado: – Durante a atividade, os professores conseguiram entender e perceber, a necessidade da ampliação e permanência do debate sobre a temática dentro do ambiente acadêmico, que comumente foca nas questões biológicas. Assim, a oportunidade de preparar futuros profissionais de saúde que estarão mais preparados para lidarem, de forma humana, e não puramente técnica, com estas questões em seu ambiente de trabalho. Considerações finais: Embora a ampliação das coberturas das políticas sociais tenha provocado impactos importantes na redução das desigualdades raciais, o I Seminário sobre a Saúde da População Negra mostrou, que as reflexões acadêmicas são uma excelente oportunidade, para construção e fortalecimento da diminuição do racismo e os impactos negativos na população negra nos serviços de saúde.

7296 A EXPERIÊNCIA DE COORDENADORES LOCAIS DURANTE A IV ASSEMBLEIA REGIONAL NORTE 1 DA IFMSA BRASIL
André Luís e Silva Evangelista, Juliana Vieira Saraiva, Neyde Alegre de Souza Cavalcante, Jonathan Nascimento Priantti, Pedro Thiago de Cristo Rojas Cabral, Vicente Mendes da Silva Júnior, Erick Vinícius Fernandes Pacheco, Ana Francisca Ferreira da Silva

A EXPERIÊNCIA DE COORDENADORES LOCAIS DURANTE A IV ASSEMBLEIA REGIONAL NORTE 1 DA IFMSA BRASIL

Autores: André Luís e Silva Evangelista, Juliana Vieira Saraiva, Neyde Alegre de Souza Cavalcante, Jonathan Nascimento Priantti, Pedro Thiago de Cristo Rojas Cabral, Vicente Mendes da Silva Júnior, Erick Vinícius Fernandes Pacheco, Ana Francisca Ferreira da Silva

Apresentação: As Assembleias Regionais (AR) são eventos promovidos anualmente por cada Regional da IFMSA Brasil, cujo objetivo é reunir seus Comitês Locais (LC), capacitá-los e promover integração entre os membros da Federação, além de realizar discussão de pautas pertinentes à realidade local. Dessa forma, cria-se um espaço de discussão, respeitando as particularidades e fortalecendo as atividades realizadas pelos LC. Atualmente, a IFMSA Brazil é dividida em oito regionais: Norte 1, Norte 2, Nordeste 1, Nordeste 2, Leste, Oeste, Paulista e Sul. A Regional Norte 1 é composta por nove comitês presentes nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima. Este relato de experiência objetiva descrever a vivência de acadêmicos de Medicina do comitê UFAM na IV Assembleia Regional Norte 1 realizada entre os dias 06 e 08 de setembro de 2019 em Manaus. Desenvolvimento: a programação do evento iniciou-se com o momento científico, no qual tivemos  a oportunidade de apresentar nossos relatos de experiência em atividades realizadas e também mostrar projetos de pesquisa. Por conseguinte, houve o momento dos treinamentos que incluíam temáticas relacionadas à realidade da Regional, destacando-se as de “Comunicação não violenta”, “Assistência em contexto de interculturalidade”, “Gestão de Tempo” e “Pensamento Criativo”. Também se realizou uma sessão com convidados especiais que debateram acerca da importância da IFMSA Brazil para a sua formação médica, dando ênfase nas experiências adquiridas e como isso é um fator positivo em suas carreiras profissionais. As outras atividades consistiram na realização de sessões temáticas, voltadas a cada um dos comitês de atividades e intercâmbios, que trabalharam temáticas relacionadas aos direitos humanos, saúde sexual e reprodutiva, saúde pública e educação médica, destacando-se “Como fazer meu comitê ficar e se manter bem estruturado”, “Desenvolvendo pesquisa no comitê”, “Planejamento financeiro no comitê” e “Saúde mental na população imigrante””, “Semiologia Sexual” entre outras. Além disso, tivemos a plenária para discussão de assuntos pertinentes à realidade regional e a Feira dos Comitês, realizando um intercâmbio de ideias entre os LC. Resultado: Os coordenadores locais tiveram a oportunidade de conhecer e confraternizar com os membros de outros comitês, o que proporcionou uma experiência incrível de troca de experiências, reflexões sobre o papel da IFMSA Brasil em nossas vidas e do compartilhamento de expectativas e motivações pessoais. Além disso, por meio das sessões e treinamentos foi possível adquirir conhecimentos a acerca de áreas pouco trabalhadas na universidade, como, a saúde mental dos imigrantes e o racismo como determinante de saúde; organização administrativa da Federação; habilidades de comunicação e  organização e motivação dentro dos comitês locais. Resultado: O evento mostrou-se, portanto, significante aos membros do comitê UFAM envolvidos, visto que oportunizou a submissão e apresentação de trabalhos científicos, contribuindo para o currículo profissional destes. Igualmente, evidenciou-se valores sociais importantes, uma vez que a interação com acadêmicos de diferentes estados, os “social programs” e as diversas práticas ocorridas proporcionaram a construção de laços memoráveis entre os comitês. Vale ressaltar a importância dos temas e atividades propostos pelas sessões, as quais puderam proporcionar experiências imprescindíveis para a vida pessoal e acadêmica dos filiados.  

7317 ELABORAÇÃO DE CARTILHA EDUCATIVA SOBRE ORIENTAÇÕES NA DOENÇA FALCIFORME PARA FAMILIARES DOS PACIENTES ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO HEMOPA, ESTADO DO PARÁ
Matheus Caetano Epifane de Assunção, Aylla Núbia Martins Lima da Silva, Maria do Socorro de Oliveira Cardoso, Saide Maria Sarmento Trindade, João Farias Guerreiro, Greice de Lemos Cardoso Costa

ELABORAÇÃO DE CARTILHA EDUCATIVA SOBRE ORIENTAÇÕES NA DOENÇA FALCIFORME PARA FAMILIARES DOS PACIENTES ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO HEMOPA, ESTADO DO PARÁ

Autores: Matheus Caetano Epifane de Assunção, Aylla Núbia Martins Lima da Silva, Maria do Socorro de Oliveira Cardoso, Saide Maria Sarmento Trindade, João Farias Guerreiro, Greice de Lemos Cardoso Costa

Apresentação: A doença falciforme consiste em uma doença hemolítica crônica de caráter hereditário, ocasionada por uma mutação no gene da globina beta. Em sua forma selvagem, o gene é responsável pela síntese de cadeias βA, que posteriormente constituirão a molécula de Hemoglobina A, saudável ao organismo dos humanos. Em contrapartida, a forma alterada do gene resulta na expressão de uma cadeia estruturalmente distinta (βS), e consequentemente, a formação de uma hemoglobina variante, denominada hemoglobina S, que gera todas as complicações clínicas características da doença. Foi trazida ao Brasil por meio do intenso tráfico de escravos a partir do século XVII, com ampla distribuição em todas as regiões do país, destacando-se elevada prevalência em regiões que o tráfico de escravos foi mais intenso, como regiões Norte e Nordeste. Devido hemólise crônica, a doença acarreta uma série de manifestações clínicas decorrentes desse evento, sendo as intensas crises vasoclusivas precursoras de eventos como hipóxia, trombose e necrose dos diferentes órgãos e tecidos do corpo, responsáveis assim pela gravidade da doença falciforme. Justifica-se então a educação, alerta e informação em saúde para o conhecimento e prevenção dos agravos clínicos, onde os familiares desses pacientes podem tornar-se fundamentais a melhora na qualidade de vida desses indivíduos. Para isso, o objetivo deste trabalho foi a criação de um documento no formato de cartilha, contendo informações e orientações para esse público alvo, a fim de que estes indivíduos adquiram conhecimentos básicos sobre características e principais manifestações clínicas da doença, bem como a forma adequada de manejo de cada uma destas. Trata-se de um estudo metodológico descritivo, realizado de março a novembro de 2019. A elaboração da cartilha foi baseada em estudos prévios acerca das principais dúvidas dos familiares, partindo de observações de demanda da equipe de saúde da Fundação HEMOPA, que realiza o acompanhamento desses pacientes na sala de espera do hemocentro. Os tópicos escolhidos para serem tratados nesse material foram: (i) características gerais da doença, (ii) forma de transmissão, (iii) principais manifestações clínicas observadas no estado do Pará e (iv) estratégias preventivas para a diminuição dos agravos da doença. Futuramente, o esboço da cartilha será validado, para servir de fato, como instrumento facilitador da relação médico-paciente-família, por meio de uma atuação mais lúcida acerca da prevenção de agravos clínicos e manejo correto da diversidade de sinais e sintomas que podem ser apresentados pelos pacientes.

8377 AS FILHAS DE CRIOLA: ANÁLISE DE NOVAS TECNOLOGIAS DE EDUCAÇÃO INTERSECCIONAL DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEXUALIDADE EM SAÚDE
Thamires Gonçalves Pinto, Tamiris Pereira Rizzo

AS FILHAS DE CRIOLA: ANÁLISE DE NOVAS TECNOLOGIAS DE EDUCAÇÃO INTERSECCIONAL DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEXUALIDADE EM SAÚDE

Autores: Thamires Gonçalves Pinto, Tamiris Pereira Rizzo

Apresentação: A compreensão da invisibilidade, ou inexistência, de mulheres negras nos espectros identitário e político são fruto de uma aglutinação de heterogeneidades, geradas por carências históricas, políticas, culturais, de enfrentamento das adversidades estabelecidas pela hegemonia absolutista ocidental eurocêntrica ao longo dos séculos de escravidão, espoliação colonial e de nossa contemporaneidade racializada e racista. O projeto de pesquisa Rede Aya: A educação para relações étnico-raciais na formação superior em saúde vem organizando encontros de formação teórica precedidos de discussões que subsidiem o campo prático da pesquisa. Este resumo objetiva relatar a experiência de leitura e análise dos materiais educativos de Criola - uma organização não governamental (ONG) com 27 anos de trajetória em defesa e promoção dos direitos de mulheres negras - e suas contribuições antirracistas para o campo da saúde. Desenvolvimento: Foram selecionados, discutidos e analisados à luz da abordagem qualitativa os seguintes materiais: O podcast intitulado Criola POD! e a obra "O livro da saúde das mulheres negras: nossos passos vêm de longe". O Criola POD! consiste em um podcast disponível de forma gratuita no site institucional e na plataforma Spotify. Resultado: Atualmente conta com 4 episódios de curta duração sobre as temáticas de mortalidade materna, assédio sexual e direitos sexuais de lésbicas e bissexuais, com fins informativos e de instrumentalização. Como publicação literária, "O livro da saúde das mulheres negras: nossos passos vêm de longe" divide-se em três capítulos: "Falando de nós", "Dores dessa vida", "Volta por cima", respectivamente, e alinha seus escritos às questões de saúde e demandas de mulheres negras e de classes populares, além de propor de temáticas como a gravidez  na adolescência, o aborto, a violência doméstica e sexual, climatério, saúde mental, e suas relações com a ancestralidade, a espiritualidade e o movimento de amar-se. Considerações finais: O direcionamento de criação e aplicação de novas tecnologias junto a produção de conhecimento qualificado com estes sujeitos a partir do recorte interseccional, resulta em materiais acessíveis e norteadores a práxis com enfoque em mulheres, subsidiando a Educação para Relações Étnico-Raciais e sua interface com a saúde da população negra.

8393 ATIVISMO DIGITAL, NEGRO, E PELA FORMAÇÃO EM SAÚDE: LOCALIZANDO COLETIVOS ESTUDANTIS NEGROS DA UFRJ NA REde
Thamires Gonçalves Pinto, Tamiris Pereira Rizzo, Alexandre Freitas da Silva, Isabel Cristina Lopes Barbosa, Luciene da Silva Lacerda, Patrícia Cardoso de Jesus

ATIVISMO DIGITAL, NEGRO, E PELA FORMAÇÃO EM SAÚDE: LOCALIZANDO COLETIVOS ESTUDANTIS NEGROS DA UFRJ NA REde

Autores: Thamires Gonçalves Pinto, Tamiris Pereira Rizzo, Alexandre Freitas da Silva, Isabel Cristina Lopes Barbosa, Luciene da Silva Lacerda, Patrícia Cardoso de Jesus

Apresentação: A herança escravocrata e racista assumiu na história brasileira diferentes feições, seja por meio dos valores ideológicos eugenistas, das políticas de embranqueci mento, da mestiçagem como emblema da nação até a conformação do mito da democracia racial, gerando impactos específicos na saúde. Esta herança segue desafiando o direito pleno da população negra a universalidade, integralidade e equidade previstos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também o próprio processo de formação de profissionais que atuam na área. A nova composição étnico-racial e social da universidade pública brasileira com advento das ações afirmativas têm aberto a possibilidade da produção de questionamentos e da reflexão sobre a urgência de outras perspectivas e narrativas para o ensino superior da saúde. Assim, desvendar de que forma corpos negros no espaço acadêmico buscam a construção de outras narrativas e comunicam demandas para superação do racismo pode contribuir com a identificação de perspectivas e estratégias que auxiliem na implementação da ERER nesses cursos. Como eixo ordenador da investigação, assume-se que o movimento negro tem sido um ator fundamental, verdadeiro produtor de saberes emancipatórios e um sistematizador de conhecimentos sobre a questão racial no Brasil. Saberes transformados em reivindicações, das quais várias se tornaram políticas de Estado nas primeiras décadas do século XXI. O objetivo deste estudo é identificar e analisar de que forma os Coletivos Estudantis Negros (CEN) têm comunicado demandas e se articulado para enfrentar o racismo e engendrar espaços e práticas de formação para ERER nesses cursos. Desenvolvimento: Este estudo combinou duas estratégias metodológicas, a pesquisa de campo, a partir da seleção de informantes-chave e momentos de encontros presenciais com estes atores e atrizes e por meio do mapeamento digital, recorrendo-se a dois aplicativos distintos. O aplicativo foi acionado para atuar no rastreamento das redes, através da localização de páginas disponíveis em mídias sociais, especificamente o Facebook. A segunda ferramenta digital empregada foi o CmapTools, um software que possibilita a construção de mapas conceituais. Para a busca, utilizou-se como critério localizar os CEN a partir dos cursos de graduação da área da saúde na UFRJ, a saber Nutrição, Serviço Social, Medicina, Biologia, Enfermagem, Psicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Farmácia, Fonoaudiologia, Ciências Biológicas, Saúde Coletiva, Odontologia e Educação Física, cuja práxis universitária estivesse diretamente ligada à temática étnico-racial. A pesquisa foi realizada entre os meses de Abril a Maio de 2019. Resultado: Foram identificados 5 Coletivos Estudantis Negros, sendo eles o Coletivo NegreX (Medicina), Coletivo Preto Virgínia Bicudo (CPVLB-Psicologia); Coletivo Negro Mary Seacole (Enfermagem), Coletivo de Negras e Negros do Serviço Social UFRJ-Dona Ivone Lara (CNNDIL-Serviço Social) e Coletivo de Negros e Negras da Biologia (CNNB-Biologia) com datas de fundação entre 2015 e 2018. A análise colhida por meio do item do Netvizz localizou estatísticas das páginas e de suas redes digitais. O relato dos informantes chaves revela que as interações e engajamento nas redes, podem não refletir a totalidade das ações e parcerias desenvolvidas pelos mesmos. A página do Coletivo NegreX foi fundada em 14 de março de 2015, sendo a mais antiga e com maior engajamento, com 6223 likes, 681 posts, 26417 reações e 1340 comentários. Seguida da página do CPVLB, fundada em 07 de dezembro de 2017, com 717 likes, 32 posts, 1146 reações e 54 comentários. A página do CNNB foi fundada em 07 de julho de 2016, com 557 likes, 59 posts, 640 reações e 44 comentários. Enquanto as páginas dos coletivos CNNDIL e Mary Seacole foram criadas em 17 de março de 2018 e 10 de outubro de 2017, respectivamente, e obtiveram 261 likes, 28 posts, 297 reações e 39 comentários. Nota-se a articulação digital e presencial entre CEN da saúde e o LABERTE, mas também digitais com diferentes níveis de profundidade presencial entre os CEN fora da área. O LABERTE destaca-se como importante articulador junto aos CENs, pois atua na Comissão de Direitos Humanos e Combate às Violências na UFRJ, na Comissão de Direitos Humanos da Faculdade de Medicina. Estão presentes na Câmara de Políticas Raciais da UFRJ (PR4); Comitês de Saúde da População Negra do município e do Estado do Rio de Janeiro e no grupo de trabalho de Relações Raciais da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia. Também oferecem a disciplina de Direitos Humanos para a Faculdade de Medicina. Em uma rápida navegação observamos o surgimento desses coletivos atrelados a situações de racismo vivenciadas no interior dos cursos que representam, bem como seus nomes resgatam e homenageiam as práticas e o legado de personalidades negras, como: Mary Jane Seacole (1805-1881) enfermeira Jamaicana, que mesmo tendo sido negada pela equipe de Florence Nightingale para cuidar dos soldados feridos na Guerra da Criméia, foi voluntariamente para frente de batalha; Dona Ivone Lara (1922-2018), rainha do samba, enfermeira, assistente social e especialista em terapia ocupacional com larga trajetória em hospitais psiquiátricos e, Virgínia Leone Bicudo (1915-2003) professora, socióloga e a primeira psicanalista não médica, sendo responsável institucionalização da psicanálise no Brasil e por reforçar o estudo da raça como categoria social. Segundo consta no blog nacional do Coletivo NegreX, a organização atua com o objetivo de formar politicamente seus membros sobre a pauta racial dentro e fora do campo da saúde, sendo um espaço de discussão teórica e de organização da ação prática. Na UFRJ estão organizando e protagonizando uma abordagem longitudinal através do Seminário de Saúde da População Negra,  junto a alunos do 6º período desde 2017.1, no 3º período (2019.1) e alunos no internato integrado de Medicina de Família e Comunidade e Saúde Mental desde 2018.1. Ademais, o grupo estadual no RJ envolveu-se na produção do documentário Anamnese, que traz a trajetória dos estudantes negrexs nos cursos de Medicina, e em nível nacional, produziu a cartilha intitulada "Cuidar para Afrocentrar: Saúde do Povo Negro". Vislumbramos a realização de uma série de atividades pelo CNNDIL pautando a questão racial dentro da Escola de Serviço Social, como um seminário de combate às opressões, e por meio dos relatos com informante chave, o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos por parte de integrantes do coletivo refletindo às relações raciais na profissão, como as políticas sociais e a formação profissional. O CPVLV surge como estratégia de acolhimento aos estudantes negrxs e meio de organizar a resposta às práticas eugênicas e discriminatórias no Instituto de Psicologia em 2016. Além das passagens em sala e atividades de denúncia ao racismo, passam a organizar em 2018 uma disciplina optativa, intitulada "Estudos Decoloniais em Psicologia", que pretende ser oferecida novamente em 2019 e conta com apoio de estudantes da pós graduação do instituto que integram o coletivo. Considerações finais: A articulação dos CENs nos cursos de saúde da UFRJ comunica o anseio por espaços de solidariedade e redes de apoio social entre estudantes negrxs, organiza a denúncia dos casos de racismo e vêm trabalhando desde os nomes que carregam até as atividades, trabalho acadêmicos, cartilhas e disciplinas que realizam a necessidade outras narrativas para aprender e ensinar a cuidar da saúde das pessoas negras rumo a uma pedagogia da diversidade.

8873 O RACISMO INSTITUCIONAL NO SUS E A POPULAÇÃO NEGRA NO CENÁRIO DA SAÚDE: REFLEXÕES E APONTAMENTOS
Erida Aparecida José da silva, Adriane das Neves Silva, Samuel Gonçalves Pinto

O RACISMO INSTITUCIONAL NO SUS E A POPULAÇÃO NEGRA NO CENÁRIO DA SAÚDE: REFLEXÕES E APONTAMENTOS

Autores: Erida Aparecida José da silva, Adriane das Neves Silva, Samuel Gonçalves Pinto

Apresentação: O presente texto traz reflexões sobre a saúde da população negra. Tem como objetivo principal promover a reflexão sobre racismo institucional e saúde da população negra e ampliar o debate sobre a temática no processo de formação profissional. Este tema perpassa o nosso cotidiano de trabalho e nos estimula a desenvolvermos ações que promovam acesso da População Negra a Saúde, a partir do reconhecimento das suas singularidades. Nesta perspectiva abordar as desigualdades raciais na saúde em decorrência do racismo institucional, amplia a discussão do acesso universal universal e igualitário, onde apesar do reconhecimento do racismo como fator que contribui para iniquidades de saúde na população negra, conquistado no plano político com a promulgação da Política Nacional de Atenção à Saúde da População Negra, ainda não foi o suficiente para combate do racismo nas ações de saúde. A forma institucional das práticas discriminatórias, onde o racismo institucional é praticado através de práticas de discriminação e preconceito racial, que se reproduz no cuidado fragmentado pelos profissionais de saúde, tem forte relação com a ignorância, falta de conhecimento, apagamento e invisibilidade das demandas e especificidades de saúde da população negra, além da influência direta da heteronorma. 

8875 AS OFICINAS OPERATIVAS E O COMBATE À CEGUEIRA INSTITUCIONAL - REFLEXOS NA ASSISTÊNCIA E CUIDADO DANA SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA
Diego Marcos Aguilar, Samuel Gonçalves Pinto, Erida Aparecida José da Silva, Adriane Neves da Silva

AS OFICINAS OPERATIVAS E O COMBATE À CEGUEIRA INSTITUCIONAL - REFLEXOS NA ASSISTÊNCIA E CUIDADO DANA SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA

Autores: Diego Marcos Aguilar, Samuel Gonçalves Pinto, Erida Aparecida José da Silva, Adriane Neves da Silva

Apresentação: Nas oficinas operativas o objetivo é apresentar o racismo estrutural e a iniquidade no acesso da População Negra ao sistema de saúde com ênfase no preenchimento do quesito raça e cor nos documentos institucionais, o que desdobrou para desenvolvimento  de algumas questões norteadoras: A partir da integração dos saberes no campo de atuação das equipes multiprofissionais, estes sujeitos que estão inseridos num campo comum de compartilhamento e da socialização de práticas. Têm saberes  que são constituídos por acúmulo de conhecimentos teórico-práticos sobre saúde coletiva, em face da contemporaneidade das demandas apresentadas pela historicidade, dos usuários e dos trabalhadores coletivos envolvidos no projeto de Reforma Sanitária construído no Brasil nas últimas décadas, que sofrem com todo o processo de contrarreforma dos direitos sociais e coletivos tendo em vista a crise estrutural do capital. Diante destes pressupostos, pode-se indagar quais são as principais contribuições, tensões e contradições da intervenção profissional perante necessidade do reconhecimento do potencial, do fortalecimento das ações para garantia da Política de Saúde da População Negra. Desenvolvimento: São realizadas oficinas considerando os trabalhadores da Saúde, como sujeitos históricos que tem, em seu processo de atuação, o desenvolvimento de um percurso repleto de meandros na organização de seu processo de trabalho. As demandas apresentadas, pelos usuários do SUS, não só ultrapassam os recursos oferecidos, dentre tantas necessidades, como também em relação ao racismo. Diante das iniquidades apresentadas pelo racismo estrutural que reforça o não acesso as Saúde de forma integral população negra, se faz necessária a ativação de processos de mudanças para os sujeitos envolvidos, através da formulação de metodologias ativas, capazes de reconhecer o território com a garantia e dos atores que atuam nestes espaço, como a construção da identidade e do pertencimento.  Considerações finais: Portanto tem-se como resultado na formação dos trabalhadores da saúde o apontamento do direcionamento profissional, para que atue nas expressões da questão social, ora manifestada no racismo estrutural, com habilidades para desenvolverem ações que estimulem a aplicação dos saberes, conteúdos e técnicas para a intervenção nas realidades profissional e social, na resolução de problemas e nos encaminhamentos criativos demandados por fatores específicos e recursos oferecidos, como o apoio da Atenção Primária, dentre outros. São profissionais que atuam numa estrutura de uma sociedade que acumula riqueza e miséria devido à exploração capitalista, com o não reconhecimento da identidade de uma etnia, com suas singularidades e necessidades inerentes. Ao serem reconhecidos como sujeitos, estes conseguem desenvolver o senso crítico acerca da estrutura social direcionado para o desvelamento da questão social de forma comprometida e competente para a realização do seu processo de trabalho, em face da intervenção profissional diante do racismo estrutural. Sem deixar de reconhecer a construção da formação em saúde com a emancipação baseada na perspectiva materialista histórica dialética.  

9678 RACISMO SE COMBATE COM CINEMA
Fernanda Martins

RACISMO SE COMBATE COM CINEMA

Autores: Fernanda Martins

Apresentação: O presente trabalho é fruto das reflexões desenvolvidas durante pesquisa de Mestrado em Educação Profissional em Saúde, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio e da experiência como docente no Curso Técnico de Agentes Comunitário de Saúde (CTACS), da mesma instituição. Que teve como objetivo analisar as inserções das linguagens da arte na construção curricular, promovendo o diálogo entre a arte, a cultura e a educação, no intuito do proporcionam um debate sobre racismo e a sociedade, em uma perspectiva emancipatória de formação humana desses trabalhadores. A sociedade brasileira tem seu passado colonial e escravista reverberando na atualidade. Uma colônia portuguesa, de exploração, que teve a apropriação do seu território a base do genocídio da população indígena e do sequestro da população negra africana que foi escravizada e mantida em terras da América. Um dos últimos países a abolir o trabalho escravo negro, temos imbricado em nossa estrutura política, social, econômica e cultural a discriminação racial e o racismo. Após a assinatura da Lei Áurea, em 1888, os negros continuaram a margem da sociedade e assim a estrutura capitalista os manteve até a contemporaneidade. A população negra, que representa 53% da sociedade brasileira, porém esse número não é refletido no acesso a bens básicos de sobrevivência. Locam aos piores postos de trabalho, recebem os menores salários, tem seu acesso a educação precarizado e limitado, não ocupam posições de destaques dentro das instituições, residem em zonas periféricas, sofrem diversos tipos de violências em seus corpos, fisicamente e mentalmente. O Racismo faz parte da manutenção estrutura de poder em nossa sociedade (não somente a brasileira, mas sim globalmente), toda estrutura de poder não se mantém intocável, passiva e sem transformações. Ao longo dos anos, a população negra resiste e luta para sobreviver, das mais diversas formas, incluindo pelas vias das instituições. Trazer o debate racial para o ambiente do Curso, a partir de uma escolha das próprias alunas, uma turma majoritariamente de mulheres, negras, com faixa etária entre 40 e 60 anos, de regiões periféricas, foi também um movimento de resistência e do direito de se reconectar e partilhar desta história negada. O audiovisual se configurou como a linguagem de destaque para debater a temática selecionada. Partindo do princípio que vivemos em uma sociedade imagética, no qual os filmes, séries, novelas tem um papel fundamental para pautar a construção de nossa identidade, utilizar dessa metodologia para problematizar, criticar de forma potente e na contramão do que a indústria de massa pauta se fez uma escolha necessária. Em uma das aulas foi transmitido o documentário Nosso Sagrado (2017), produzido pela Quiprocó Filmes, com direção de Fernando Sousa, Gabriel Barbosa e Jorge Santana sobre racismo religioso, O documentário aborda como as comunidades religiosas de matriz africanas foram perseguidas e criminalizadas durante a Primeira República a Era Vargas, tendo seus objetos apreendidos pela polícia e destinados ao acervo no Museu da Polícia Civil, visando trazer para atualidade o debate a respeito dessas perseguições, demonstrando o cunho racista instituído nos discursos dos órgãos de segurança, além da denúncia e pressão pública para a liberação desse acervo, tão caro às comunidades tradicionais. Exibir o Nosso Sagrado em uma turma de discentes de maioria negra, com docentes que conduziam o debate, todos negros, foi uma experiência de fruição e troca muito intensa. Após a exibição foi formada uma roda em sala de aula para que todos pudessem dialogar sobre as suas impressões a respeito do filme, ouvir as contribuições de um dos diretores e roteirista, que também é professor de História. O debate iniciou-se com a fala do convidado, detalhando todo o processo de construção do filme, as pessoas que foram entrevistadas, que associações estavam apoiando a divulgação, assim como a luta pela liberação do acervo. Outros alunos se mostraram surpresos com a denominação do “Racismo Religioso”, pois embora ao longo de todo processo formativo esta temática estivesse em constante ebulição em diferentes eixos, analisar o racismo pela perspectiva das religiões suscitou um caloroso debate. A partir desse estranhamento foi realizada a seguinte pergunta: · Quantos de vocês já ouviram falar em racismo religioso? Ninguém havia escutado a respeito desse termo, porém todos configuravam o ataque a tal prática religiosa como intolerância. Dialogar sobre como a perseguição às religiões de matrizes africanas está ligado diretamente a nossa formação escravocrata e que reflete diretamente a sociedade racista em que vivenciamos, e como este difere-se da habitual utilização da concepção “intolerância religiosa”, evidenciou a criminalização e o olhar preconceituoso a essa manifestação. Um paralelo histórico foi resgatado, trazendo o debate para a atualidade. Se no século passado o Estado configurava-se com repressor, perseguindo e desmontando as casas religiosas, contemporaneamente, vemos outras instituições promoverem a mesma violência, tais como o tráfico de drogas e as milícias no Rio de Janeiro. Diversas alunas explanaram exemplos oriundos de suas localidades de residência, de como os terreiros são invadidos violentamente, seus objetos sagrados são quebrados e as pessoas residentes são obrigadas a abandonar suas casas. Porém não somente relatos deste cunho vieram. Fatos pessoais, sensíveis, com uma enorme bagagem histórica e sentimental. A percepção de como a política, a cultura, a religião, ainda violentam os corpos negros, que apesar inúmeras mudanças e avanços ao longo dos anos, ainda continuamos a margem, invisíveis e seguimos sendo silenciados. Os diálogos extrapolaram a questão religiosa. Durante aproximadamente quatro horas, aquelas mulheres compartilharam suas experiências, suas angústias e temores com uma doçura e empolgação por debater algo que refletem a elas. A construção desses diálogos durante esse processo formativo só foi possível mediante a uma construção curricular que olhasse para a educação como ação integrativa de diversas esferas da sociedade. Objetivando o aluno como ator potente de diálogo e de troca do conhecimento, levando em consideração sua vivência, sua construção social, seus aspectos políticos, sociais e culturais. Ao se estruturar uma disciplina voltada para debater os aspectos culturais da nossa sociedade, dentro de um curso de formação para trabalhadores do SUS - trabalhadores esses, que lutam para terem sua profissão reconhecida e respeitada dignamente como os ACS; e utilizando-se da arte e suas linguagens como e o audiovisual enquanto metodologia neste processo foi possível estabelecer um diálogo contra hegemônico dentro do sistema educacional. Constitui-se enquanto uma resistência em uma sociedade fragmentada, antidiálogo e racista. Além de propiciar reflexões sobre si mesmos, esses profissionais passam a pensar e fazer saúde de uma forma mais crítica, seus diálogos no território e as experiências no dia a dia passando por outra ressignificação.

10050 O DIREITO E EMPODERAMENTO DOS NEGROS: EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO.
Thais Priscila Machado Baptista de Souza, Luzia da Conceição Araújo, Caroline Dos Santos Brasil, Magali Carla Cordeiro, Maria Lelita Xavier, Laila De Araújo Marques Batista

O DIREITO E EMPODERAMENTO DOS NEGROS: EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO.

Autores: Thais Priscila Machado Baptista de Souza, Luzia da Conceição Araújo, Caroline Dos Santos Brasil, Magali Carla Cordeiro, Maria Lelita Xavier, Laila De Araújo Marques Batista

Apresentação: A Declaração de Direitos Humanos enfatiza que as pessoas nascem livres e iguais, em dignidade e direitos; sem distinção ou discriminação de qualquer espécie. Garante o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. A Constituição da República Federativa do Brasil institui um estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais econômicos, sociais e culturais. Vários movimentos têm contribuído para a garantia dos direitos descritos na Declaração dos Direitos Humanos e na Constituição. Entre eles, encontram-se as ações afirmativas como políticas realizadas pelo governo ou pela iniciativa privada com o intuito de corrigir desigualdades raciais presentes na sociedade, acumuladas ao longo de anos promovidas. Tendo isto em vista, e o currículo de graduação da Faculdade de enfermagem UERJ, faz se necessário a introdução do aspecto saúde da população negra, bem como os profissionais negros que nela se inserem. Com este objetivo, a temática foi introduzida na subárea Ética social, como forma de problematizar as questões relacionadas aos direitos humanos da população negra. A partir deste momento, é criado o projeto de extensão “O negro no mundo contemporâneo: Empoderamento e Direitos”, com a intenção de ampliar a discussão sobre direitos, bioética, justiça social. Objetivo: Apresentar as estratégias utilizadas no projeto de extensão, para inserir as temáticas Direitos sociais e humanos e desigualdades sociais no currículo da Enfermagem UERJ. Desenvolvimento: No intento de atingir toda a comunidade acadêmica, o projeto é realizado na Faculdade de enfermagem UERJ. Para tanto, neste trabalho, foram observadas as atividades realizadas inicialmente em 2015 com o levantamento nas bases de dados, até a criação do projeto em 2017 e a continuidade das mesmas até 2019. A partir da observação das atividades, organizamos e analisamos o que foi realizado neste período, com a intenção de facilitar o diálogo e a ação-reflexão no que diz respeito ao negro nos dias atuais, seus direitos e empoderamento. Resultado: Com a intenção de ampliar o espaço de discussões, foi criado no ano de 2017 o projeto de extensão “O negro no mundo contemporâneo: Empoderamento e direitos”. Este projeto visa enriquecer ainda mais as discussões ocorridas dentro e fora da sala de aula, integrando e utilizando de cultura e ciência para empoderar a sociedade. As estratégias utilizadas foram a realização de rodas de conversa na disciplina “ética social” que é oferecida pela Faculdade de Enfermagem da UERJ, além divulgação do projeto, participação em cursos de extensão que versam sobre a abordagem aos direitos humanos e em eventos acadêmicos. Os participantes produziram folders, discussões em grupo, planos de abordagem nos direitos humanos, trabalhos acadêmicos apresentados em congressos e feiras. Considerações: Falar sobre o negro na atualidade, sobre as politicas sociais é trazer à tona discussões sobre os diretos e deveres de toda uma nação. É preciso capacitar, educar e atingir as esferas mais altas para que sejam tomadas medidas que melhorem o cuidado, empatia e tornem a sociedade mais equitativa.

10076 CONHECIMENTO DE IDOSOS QUILOMBOLAS SOBRE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACADÊMICA NA REALIDADE PARAENSE
Dandara de Fátima Ribeiro Bendelaque, Erlon Gabriel Rego de Andrade, Dayara de Nazaré Rosa de Carvalho, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro, Jéssica Maria Lins da Silva

CONHECIMENTO DE IDOSOS QUILOMBOLAS SOBRE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACADÊMICA NA REALIDADE PARAENSE

Autores: Dandara de Fátima Ribeiro Bendelaque, Erlon Gabriel Rego de Andrade, Dayara de Nazaré Rosa de Carvalho, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro, Jéssica Maria Lins da Silva

Apresentação: O presente relato de experiência tem por objetivo descrever uma ação de educação em saúde conduzida por acadêmicos de Enfermagem, direcionada à orientação e conscientização de idosos quilombolas sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Pretende-se, também, destacar a importância de ações dessa natureza para a formação acadêmica e o papel da extensão universitária como ferramenta de promoção, produção e compartilhamento de informações à comunidade. Dessa forma, este estudo foi organizado na perspectiva de discorrer, inicialmente, a execução da atividade, a qual se deu por meio de explanação da temática, seguida por roda de conversa, e, posteriormente, os resultados obtidos, a fim de apresentar as percepções do público quanto às DCNT e os impactos verificados em seu cotidiano, por ocasião do adoecimento. No tocante a essa discussão, cabe explanar o relevante papel do estudante/acadêmico como agente de transformação social, por meio do diálogo e compartilhamento de informações sobre saúde e promoção da qualidade de vida. Desenvolvimento: A ação foi realizada no dia 10 de novembro de 2018, em uma comunidade quilombola do município de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, estado do Pará, Brasil, e contou com um grupo de 25 idosos, residentes da comunidade. Empregando linguagem acessível, os acadêmicos procederam abordagem acerca das DCNT, panorama atual, fatores de risco, possíveis complicações e estratégias de prevenção. Em seguida, realizou-se uma roda de conversa para averiguar o entendimento do público quanto à temática, bem como promover espaço para o relato/compartilhamento de experiências e esclarecimento de dúvidas, no intuito de fortalecer as orientações e, por conseguinte, os resultados da intervenção. Nas últimas décadas, destacam-se as mudanças no panorama mundial, com declínio das doenças infecciosas e parasitárias e elevação do quantitativo de casos de DCNT, que são caracterizadas pela presença de longos períodos de latência e poucos sintomas iniciais, podendo ser frequentemente negligenciadas. É crescente o número de idosos que apresentam uma ou mais DCNT, devido ao processo de definhamento funcional e hábitos de vida inadequados, tais como: alimentação desregrada, uso abusivo de álcool, tabagismo, sedentarismo e obesidade. As desigualdades sociais, baixa qualidade de vida, baixa escolaridade, falta ou déficit de acesso à informação e o fato de pertencer a grupos vulneráveis são condições que também devem ser consideradas na abordagem às DCNT. No contexto da vulnerabilidade social, as comunidades quilombolas destacam-se como grupos que, historicamente, sofreram em virtude do processo de exclusão, especialmente em relação aos cuidados de saúde. Nessas comunidades, a presença de idosos é cada vez mais expressiva, juntamente com os fatores de risco para as DCNT, como o baixo nível socioeconômico associado ao isolamento geográfico, baixas condições de vida e moradia. Tendo em vista que o conhecimento desses aspectos pode auxiliar no processo de cuidado e restauração da equidade aos povos quilombolas, tornam-se necessárias a abordagem e discussão acerca das DCNT, a fim de proporcionar o compartilhamento de informações relevantes, que os auxiliem na manutenção/restauração de sua saúde e promoção de hábitos para melhor qualidade de vida. Resultado: Notou-se que mais da metade dos idosos relatou conviver com pelo menos uma DCNT, destacando-se a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus, sendo que alguns apresentavam ambas. Tal realidade mostrou-se com maior prevalência na população masculina, a qual destacou não praticar o autocuidado com efetividade, em virtude de sua rotina diária. Outros relataram ocorrência de neoplasias e cardiopatias na família, além de casos de morte por diferentes complicações. Quando abordados sobre os fatores de risco, demonstraram conhecer temas como alimentação e hábitos de vida, porém, acreditavam que estes não guardam influência significativa na ocorrência dos agravos aqui destacados. A maioria referiu possuir hábitos alimentares inadequados, além de tabagismo pregresso e/ou atual, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, sedentarismo e excesso de peso. Relataram ciência de que as DCNT apresentam alto risco para complicações, contudo, não conheciam suas potenciais repercussões multilaterais ou não valorizavam tais complicações, até as mesmas se desenvolverem e serem, então, diagnosticadas em dado momento da trajetória clínica. A conduta tardia no cuidado de si ainda se faz presente, ocasionando a procura por atendimento apenas em casos de agravamento, dado que reflete a baixa aderência às estratégias profiláticas. Ao serem questionados sobre a adesão ao tratamento, informaram realizar uso de medicamentos e preparações do curandeirismo local, não atentando à necessidade de mudança nos hábitos de vida, especialmente relacionados à alimentação e à prática supervisionada de exercícios físicos. Acredita-se que este fato guarda íntima relação com o baixo recurso financeiro para a substituição de alimentos e agregação de novas opções alimentares, e com a carência de estrutura socioeconômica e organizacional/operacional necessária à exercitação física sob supervisão contínua, tendo em vista que, além da dedicação cotidiana às atividades laborais, a população não dispõe de profissionais especializados nesta vertente do cuidado. Percebe-se o imaginário prevalente de que a terapêutica medicamentosa e a prática curandeira são suficientes, sendo as demais condutas pouco valorizadas. No tocante à procura por atendimento, os relatos destacaram a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, tendo em vista as distâncias e os condicionantes regionais, influenciando significativamente a qualidade do tratamento e das condutas preventivas. Expuseram, também, que as atividades de prevenção ocorriam basicamente em ações pontuais na comunidade, como em campanhas, ou quando constatado importante número de casos de dada patologia. Este cenário revela-se como desmotivador da adesão ao tratamento e reduz o acesso a informações relevantes na promoção à saúde. Os idosos demonstraram singular interesse acerca da temática e enfatizaram a continuidade de ações dessa natureza para a difusão de informações sobre saúde, haja vista os desafios do acesso aos serviços públicos e da atuação de profissionais no contexto do idoso quilombola. Assim, a educação em saúde emerge como importante ferramenta do trabalho em saúde, potencializando o senso problematizador e transformador do indivíduo frente à realidade social. Para os acadêmicos, a atividade proporcionou momento de ensino-aprendizagem, no qual estes figuram como elementos-chave perante os desafios do processo educacional, viabilizando o esclarecimento de dúvidas e a desconstrução de tabus que permeiam grande parte da população idosa, ainda resistente à adesão de diferentes aspectos do cuidado, sendo o acesso ao conhecimento sobre saúde estratégia para reverter este cenário. Nesta perspectiva, os acadêmicos, sob orientação/supervisão docente, assumem o protagonismo e planejamento das ações, praticam o trabalho em equipe e mantém contato direto com a comunidade, potencializando o senso crítico-reflexivo e a formação acadêmico-profissional humanizada, que valoriza o trinômio indivíduo-família-sociedade em suas especificidades, fortalezas e vulnerabilidades. Considerações finais: Percebe-se que o conhecimento de idosos quilombolas sobre DCNT se revela ainda deficiente, a despeito da suscetibilidade dessa população ao acometimento e agravamento clínico por tais patologias. Este fato corrobora a importância de ações educacionais conjugadas à melhor cobertura dos serviços de saúde, a fim de que as estratégias, sejam elas terapêuticas ou profiláticas, configurem-se efetivas no contexto das comunidades quilombolas. Desse modo, faz-se premente a ampliação do acesso a esses serviços, prezando pela continuidade da assistência ofertada à pessoa idosa. Para tanto, os profissionais que neles atuam precisam reconhecer os entraves prevalentes no território quilombola e viabilizar o atendimento qualificado às demandas de saúde, propiciando melhores condições e qualidade de vida aos idosos.

10106 FORMAÇÃO PARA O SUS: VIVÊNCIAS EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS ATRAVÉS NO ESTÁGIO NACIONAL DE EXTENSÃO EM COMUNIDADE NO INTERIOR DA BAHIA
Karen Garcia de Godoy, Diana Ramos de Oliveira Santos, Raiane Silva Sousa

FORMAÇÃO PARA O SUS: VIVÊNCIAS EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS ATRAVÉS NO ESTÁGIO NACIONAL DE EXTENSÃO EM COMUNIDADE NO INTERIOR DA BAHIA

Autores: Karen Garcia de Godoy, Diana Ramos de Oliveira Santos, Raiane Silva Sousa

Apresentação: O Estágio Nacional de Extensão em Comunidades (ENEC) nasceu na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e se configura como uma estratégia para implantação de programas e projetos de extensão, que visa a integração entre os estudantes universitários e a comunidade, sob a perspectiva da extensão popular, que possibilita a execução do compromisso social da universidade. Volta-se para uma vivência estudantil pautada na perspectiva popular e comunitária, que assume a centralidade em detrimento da visão acadêmica. Para este trabalho, serão abordadas as vivências realizadas pelas autoras em comunidades quilombolas durante a primeira edição do ENEC promovida pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), campus Vitória da Conquista. Tratam-se de comunidades tradicionais constituídas pela população remanescente dos processos de resistência à escravização dos povos negros, demarcadas por sua relação com a ancestralidade e o território, que, por ser uma população historicamente marginalizada, têm suas especificidades excluídas no cuidado em saúde. Ressalta-se que entre as comunidades existem diferenças, como religiosas, políticas, identitárias, as do próprio processo histórico de sua formação, entre outras. A ausência da consideração destas especificidades no processo formativo pode estar relacionada com uma centralidade de modelos hegemônicos no campo da saúde, de forma que, por vezes, não se aborda este conteúdo de maneira transversal nos currículos, colocando como conhecimento específico a ser buscado individualmente, o que contraria a ideia de uma formação para a atenção universal e equitativa em saúde. O ENEC possibilita uma experiência que pode instrumentalizar os sujeitos, enquanto estudantes da graduação, considerando que é de grande importância o conhecimento adquirido a partir de vivências em comunidades tradicionais para o questionamento de modelos de assistência que não os tem contemplado. A vivência busca provocar reflexões e inquietações, bem como promover cidadania, fortalecimento de movimentos sociais populares e do elo entre academia e comunidade. Este trabalho traz aprofundamentos das experiências das autoras, objetivando expor os impactos dessas em nossos processos formativos e práticas de cuidado. Além disso, objetiva-se compartilhar a interação ensino/serviço/comunidade a partir da extensão. Desenvolvimento: A experiência aconteceu no período de 02 a 15 de dezembro de 2017, quando todas estávamos cursando graduação, distribuídas nos cursos de Terapia Ocupacional, Psicologia, e Enfermagem. O projeto abrangeu ao todo cinco comunidades quilombolas de Vitória da Conquista e Anagé, cidades do interior da Bahia, dentre as quais três foram vivenciadas pelas autoras. Inicialmente, houve um momento de imersão, preparação, discussões, estudos e dinâmicas na UFBA, campus Vitória da Conquista, universidade promotora dessa experiência. Nesses momentos, os temas pautados diziam respeito a educação e extensão popular, a metodologia utilizada no ENEC, além da história da saúde no Brasil. A inserção nas comunidades ocorreu durante 12 dias, período curto para um aprofundamento na cultura local, porém suficiente para entender os aspectos fundamentais das mesmas, como hábitos, economia, saúde, educação, organização política, dentre outros elementos. Em duplas, viventes foram alocados e alocadas nas casas de pessoas da própria comunidade que se dispuseram à recepção. Buscaram se aproximar de lideranças comunitárias, acompanhar atividades cotidianas junto à população, conhecer a história da comunidade e contribuir com seus saberes e descobertas, dentro dos princípios da educação popular. Ao final, viventes e a equipe organizadora voltaram a se reunir para um momento de finalização, com compartilhamento de suas percepções, observações, aprendizados e discussão. Os e as viventes produziram relatórios a partir de suas experiências, individualmente ou em dupla, entregues à organização. Resultado: A partir da vivência em comunidades quilombolas, nos vimos provocadas a repensar o que havíamos aprendido no processo de formação tradicional até então. Pensar de que forma poderíamos contribuir com as comunidades quilombolas a partir de nossa prática profissional exigiu um reconhecimento de que nossa formação não nos dava total subsídio para o cuidado de maneira universal. Ressalta-se, nesse sentido, a essencialidade da aproximação com a comunidade para o processo formativo (especialmente para o SUS), sendo ela detentora do maior potencial de ensinar sobre sua cultura, apresentar suas demandas e indicar caminhos para o desenvolvimento de práticas de cuidado que considerem suas especificidades. Participar desta vivência também foi fundamental para construção de novos saberes e novas possibilidades de desenvolvimento de habilidades para o cuidado, compreendendo que a partir do saber popular e das vivências em comunidade é possível construir novas concepções do que é saúde e de como podemos ressignificar nossa formação e atuação profissional. Nos possibilitou qualificação do raciocínio clínico, à medida que, com o deslocamento para um contexto de especificidades por nós desconhecidas, demandou que pudéssemos reconhecer as demandas apresentadas, recursos disponíveis, pensar intervenções possíveis e como viabilizá-las. Desse modo, a vivência permitiu que fôssemos afetadas e pudéssemos afetar, a partir das trocas coletivas e da vivência in loco de uma comunidade com suas especificidades, mas que estão no coletivo que deve acolher e cuidar, de maneira integral, destas. As comunidades diferenciam-se entre si por diversos elementos culturais e históricos. Reconhecer isso é de grande importância para entender que o caminho para o SUS (Sistema Único de Saúde) necessariamente é de atenção e cuidado às diversidades. No contexto da vivência, a não homogeneidade tornou cada experiência única, proporcionando, durante o compartilhamento final na UFBA, novas percepções contribuintes às formações. Considerações finais: A vivência evidenciou a necessidade de uma abertura para perceber, receber e aprender com as diferenças culturais ao se propor a um encontro com uma comunidade tradicional. Para tanto, torna-se necessária a suspensão de algumas concepções aprendidas em formações tradicionalmente pautadas na cultura hegemônica, como a própria concepção de saúde e seus processos. Com isso, radicaliza-se a substancialidade da ética para além daquilo que se trata no meio acadêmico e campos de práticas habituais. Isso por nos levar à necessidade de rever concepções básicas e permitir acolher novas, as quais podiam beirar o estranhamento devido ao nosso deslocamento, para a prevalência de uma prática respeitosa. Foi pelo impacto do contato com outras concepções de saúde-doença e outros contextos geradores de diferentes condições de saúde que o repensar da prática se deu e continua a nos gerar provocações. Para que esse repensar se mantenha, é preciso que os profissionais e suas identidades, sejam em formação ou já constituídas, se voltem às demandas de populações até então desassistidas pelas instituições de saúde, garantindo o direito à cidadania. Com isso, pode-se afirmar um compromisso ético e respeitoso, garantindo um sistema de saúde efetivamente integral, universal e equitativo.

10850 AS PROBLEMÁTICAS ÉTNICO-RACIAIS NA FORMAÇÃO EM NUTRIÇÃO: UM PROCESSO DE DESCOLONIZAÇÃO
Rute Costa, Vanessa Schottz, Celia Patriarca Lisbôa, Jorge Luís Dos Santos

AS PROBLEMÁTICAS ÉTNICO-RACIAIS NA FORMAÇÃO EM NUTRIÇÃO: UM PROCESSO DE DESCOLONIZAÇÃO

Autores: Rute Costa, Vanessa Schottz, Celia Patriarca Lisbôa, Jorge Luís Dos Santos

Apresentação: O processo de educação, segundo a Constituição Federal de 1988, tem como finalidade principal o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania”, como também “sua qualificação para o trabalho”. Sendo assim, tanto o currículo quanto às ações acadêmicas devem superar a noção hegemônica de acúmulo de conteúdos cuja pretensão é o desenvolvimento de habilidades e competências que preparam o estudante para o mercado de trabalho. Porém, devem fomentar o encontro dialógico de sujeitos e diversidades epistemológicas, de modo a elucidar, em profundidade, a realidade sociocultural, histórias, políticas, aspectos econômicas e de identidades, para, a partir destas, propor um novo projeto de sociedade, com justiça e em comunhão com os/as cidadãos/ãs. Nessa perspectiva, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, regulamentadas pelo parecer CNE/CP 03/2004 e pela resolução CNE/CP 01/2004, estabelecem que as Instituições de Ensino Superior (IES) devam incluir nos conteúdos das disciplinas e atividades curriculares o tratamento de questões e temáticas que promovam a divulgação e a produção de conhecimentos e de valores que garantam equidade, respeito aos direitos legais e a valorização da pluralidade étnico-racial. Considerando que as estruturas sociais contemporâneas se constroem a partir das desigualdades e da racialização de uma parcela da população, tecidas pela colonialidade do ser, do saber e do poder, negligenciar as questões e temas relacionados à população negra é uma das formas de operar o racismo institucional no âmbito do ensino superior. Portanto, no contexto da formação de nutricionistas, é preciso refletir sobre as relações étnico raciais e suas interseccionalidades com a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e a educação em saúde. Tendo como base esse compromisso ético-político, desde 2016, docentes do curso de graduação Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Campus Macaé  que integram o  Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena da cidade universitária de Macaé (NEABI Macaé) tem se dedicado à inserção das discussões sobre desigualdades raciais em algumas disciplinas obrigatórias e eletiva oferecida pelo eixo de saúde coletiva. O objetivo deste trabalho é apresentar algumas reflexões a respeito dessa experiência de formação de nutricionistas, no que tange à problemática das desigualdades raciais no campo da educação em saúde e da SAN. O caminho metodológico do presente trabalho trata da análise dos planos de ensino das disciplinas obrigatórias de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) I, II e III e de Políticas e Programas de Saúde e Nutrição (PPSN) e da disciplina eletiva Tópicos Especiais em Relações Étnico-Raciais oferecidas pelo Curso de Nutrição da UFRJ, Campus Macaé; o levantamento e análise da produção científica docente e discente sobre o tema. Observa-se que as referidas disciplinas têm abordado as seguintes temáticas “conceitos políticos básicos das questões raciais”, “evolução das teorias racistas no Brasil”, “racismo como determinante de saúde”, “saúde integral da população negra”, “a comida como espaço de reflexão e ação sobre desigualdades sociais, raciais e de gênero”, “racismo institucional e as violações ao Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA)”. Ao adotar a Educação Popular (EP), como referencial teórico-metodológico, tais disciplinas têm priorizado práticas educativas que se caracterizam pela problematização, amorosidade crítica, dialogicidade, pela troca e valorização de saberes e pela construção coletiva do conhecimento a partir da realidade concreta com vistas a promover um processo de aprendizagem criativa, conscientização e transformação da realidade. Por serem de natureza extensionista, as disciplinas de EAN também promovem espaços de vivência entre/as os graduandos/as e grupos populares, majoritariamente constituídos por populações negras, nos quais são desenvolvidas, a partir do diálogo de saberes, práticas educativas contextualizadas e críticas. Em relação aos trabalhos produzidos nas EAN, pelos  graduandos/as, os relatos de experiências, portfólios crítico-reflexivos, as escrevivências, as narrativas e as atividades educativas e culturais apontam para uma tomada de consciência crítica acerca de questões como: i) a relação entre o racismo e a desumanização dos sujeitos; ii) a compreensão da branquitude como espaço de privilégios e mecanismo de opressão e a adoção de práticas antirracistas no exercício da profissão; iii) o entendimento do papel da ean no enfrentamento do racismo; iv) os modos como as instituições operam o racismo institucional. Também é possível observar a incorporação da questão étnico-racial nos Trabalhos de Conclusão de Curso. Até então inexistentes, entre 2017 e 2019, foram produzidas, no âmbito do curso de Nutrição da UFRJ Macaé, três monografias que versam sobre as seguintes temáticas: a percepção de graduandos/as de nutrição sobre a realização do DHAA de adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (CRIAAD); narrativas de mulheres negras sobre comidas macaenses de matriz africana; oficinas de educação popular sobre a realização do DHAA e promoção da SAN no contexto das desigualdades sociais e raciais voltado para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Foram elaborados, ainda, dezenas de textos acadêmicos e materiais educativos que dialogam sobre SAN, saúde, cultura, desigualdades raciais e de gênero. No segundo semestre dos anos de 2018 e 2019, foi oferecida a disciplina eletiva “Tópicos em Relações étnico raciais”, integrada entre a UFRJ e a Universidade Federal Fluminense (UFF), que atendeu a 90 e 80 estudantes, respectivamente. A culminância de tais cursos ocorreu com a realização do V e o VI Colóquio da Consciência Negra, um evento destinado a um debate profundo sobre o tema da disciplina, assim como a exposição dos trabalhos finais dos estudantes. O Colóquio é aberto às comunidades interna e externa às IES, pois compreendemos a importância de democratização do conhecimento produzido pela academia. Em 2019, tivemos a satisfação de organizar um Dossiê Temático em parceria com uma revista científica da região, com os textos produzidos pelos docentes e discentes. Concluímos que, mesmo diante das estruturas de poder que operam no campo do conhecimento acadêmico, as quais silenciam, historicamente, outras epistemologias e cosmovisões, observamos, na trajetória do Curso de Nutrição, a realização de propostas criativas de diálogo sobre as relações étnico-raciais no ensino, pesquisa e extensão. Além disso, a escolha da EP como referencial teórico-metodológico propiciou maior aproximação entre os/as graduandas, docentes e grupos populares, resultando em rico processo de fortalecimento de vínculos e espaços de aprendizagem mútua, bem como fomentou a capacidade de reflexão crítica sobre as condições de desigualdades raciais que permeiam as práticas alimentares da população brasileira.

11219 CONCEITO AMPLIADO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA AÇÃO NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA DE HELVÉCIA, NOVA VIÇOSA, BAHIA, BRASIL
Iulas De Souza Ramos, Tamylles Ramos Bastos, Cleidiane Conceição Anunciação, Andréa Lizabeth Costa Gomes

CONCEITO AMPLIADO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA AÇÃO NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA DE HELVÉCIA, NOVA VIÇOSA, BAHIA, BRASIL

Autores: Iulas De Souza Ramos, Tamylles Ramos Bastos, Cleidiane Conceição Anunciação, Andréa Lizabeth Costa Gomes

Apresentação: No Brasil, o conceito ampliado de saúde foi formulado na 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, estabelecido no artigo 196° da Constituição Federal de 1988 e na legislação que dispõe sobre o Sistema Único de Saúde no artigo 3° da Lei 8.080 de 1990 que define os determinantes e condicionantes da saúde, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. Este estudo tem como objetivo apresentar um relato de experiência de uma ação de territorialização visando conhecer diferentes atores e perspectivas sobre o conceito ampliado de saúde no distrito de Helvécia município de Nova Viçosa – BA. A atividade de campo para coleta de dados foi realizada durante o componente curricular “Campo da Saúde: Saberes e Práticas” (quadrimestre 2019.2) da Universidade Federal do Sul da Bahia, na qual os discentes aplicaram um questionário semiestruturado entre moradores e integrantes das equipes locais de saúde e de educação, sendo acompanhados pela docente. Foram entrevistados 22 moradores com perfil: 86% formado por mulheres, média de idade de 37 anos, 95% declaram ser negras/pardas, com ensino médio 27% e superior 36%. Ao ser apresentada a lista de determinantes e condicionantes e perguntados quais poderiam ser selecionados e relacionados com a saúde obteve-se:  100% afirmaram a importância da alimentação, 68% moradia, 59% saneamento básico, 27% meio ambiente, educação 73%, atividade física 73%, transporte 55%, lazer 50% e trabalho 55%. Por fim, vale destacar que o conceito ampliado de saúde reflete vários fatores, seja na conjuntura social, econômica, política e cultural. Isso revela que, saúde não representa um conceito único, e isto, fica evidente por meio da ação realizada no território.

11229 CORPOS FEMININOS COM A COR NEGRA: ELEMENTOS PARA A REFLEXÃO DA FORMAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NO BRASIL A PARTIR DAS DIMENSÕES ÉTNICO-RACIAL E DE GÊNERO
Francinete Conceição Amorim do Carmo

CORPOS FEMININOS COM A COR NEGRA: ELEMENTOS PARA A REFLEXÃO DA FORMAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NO BRASIL A PARTIR DAS DIMENSÕES ÉTNICO-RACIAL E DE GÊNERO

Autores: Francinete Conceição Amorim do Carmo

Apresentação: As questões relacionadas às temáticas étnico-raciais e de gênero vêm sendo discutidas vastamente no Brasil e no mundo em detrimento de alguns mitos. Todavia, os recortes dados a essas temáticas, as circunscrevem, muitas vezes, de forma dicotômica, não as associando quanto algo inerente as questões das classes sociais. Vencer o abismo instituído pelo processo de escravidão durante os 400 anos que ele perdurou, faz parte de um processo ampliado no qual nos exige a pensar e refletir as práticas instituídas e, acima de tudo, a compreensão que o racismo se trata de um processo hegemônico de caráter dominante de uma classe social composta por homens brancos detentores dos meios de produção e do capital. Destaca-se nesse processo escravocrata, a questão do corpo feminino, pois, mesmo reconhecendo que a vivência desse processo foi cruel para todos os gêneros, a mulher, em específico, tinha e tem até hoje um papel secundário na sociedade. Sendo mulher e negra, seu corpo sofre percalços de sofrimentos ainda maiores, considerando o modelo de sociedade patriarcal em que vivemos, no qual, se organiza através da exploração do trabalho doméstico não remunerado das mulheres, subsidiando a venda da força de trabalho dos homens, e, para além, compõe o mercado de trabalho remunerado, com salários mais baixos, mesmo, muitas vezes, tendo maior qualificação escolar e técnica. A ação de pensar o corpo feminino na cor negra em nossa sociedade e como ele se circunscreve na divisão sociotécnica do trabalho exige a conjugação de múltiplos fatores postos como verdades absolutas, valores invioláveis e construções morais, que se encontram alicerçados sob um modelo de sociedade constituída por meio da exploração do trabalho humano, no qual as determinações de gênero e raça adensam as vulnerabilidades sociais, demarcando a classe social que vive da venda da sua força de trabalho sob um aspecto ainda mais profundo de desigualdade. Saviani (2007) refere o trabalho e a educação como atividades especificamente humanas e, a partir deste ponto de partida, ousamos caminhar na discussão sobre a trajetória da formação do assistente social no Brasil, tentando desvelar elementos para a reflexão desta formação a partir das dimensões étnico-racial e de gênero. A pretensão é que, ao situar a categoria serviço social na discussão sobre seu processo formativo, pautado nos aspectos elencados, seja possível construir elementos reflexivos para o desenvolvimento de uma prática que não somente veja a organização da sociedade pelo prisma da divisão de classes, mas que essa, assim como o racismo e a questão de gênero são fatores que estruturam e determinam socialmente as condições de vida dos sujeitos, provocando e adensando as expressões da questão social, como o desemprego, mortes precoces e evitáveis, ausência de condições para a sobrevivência, dentre outras que se encontram nas camadas subalternizadas da nossa sociedade. No bojo de uma sociedade desigual, como a nossa sociedade brasileira, pautar a interseccionalidade entre raça, gênero e classes sociais, a partir de uma formação profissional, é um constructo que precisa valer-se das bases epistemológicas, às quais constituem os movimentos sociais, os campos de trabalho, organizações sociais, ideologias e permitam interpretar as contradições vivenciadas no cotidiano dos sujeitos. Assim, é preciso considerar as relações raciais, para além da questão de gênero, como elementos que fundamentam as interações sociais e, portanto, expressam a questão social, sendo esta a materialização do objeto de trabalho dos assistentes sociais. Faz-se necessário destacar em qual contexto essa interseccionalidade se realiza e conjuga-se à formação do profissional de serviço social, pois, até aqui, foram apontados aspectos importantes, porém, é preciso circunscrevê-los no âmbito da figura do Estado papel de mediador dos interesses das classes sociais. No movimento de compreensão da realidade dos sujeitos, o profissional de Serviço Social precisa lançar mão de um aprendizado teórico-metodológico que coadune com essa realidade e respalde sua intervenção técnica, que possui sua concepção a partir de uma ideologia de mundo contida no código de ética profissional, onde se expressa o projeto ético e político do Serviço Social (Lei 8662/93). A responsabilidade técnica-operativa do assistente social deve conter formas de promover estratégias que materializem os princípios contidos no código de ética da profissão, como a defesa e aprofundamento e consolidação da cidadania e da democracia (socialização da riqueza socialmente produzida e da participação política). Uma tarefa complexa que se realiza no coletivo dos trabalhadores, constituída por uma apreensão da realidade conjugada às determinações históricas e ao processo teórico, visando possibilitar sua compreensão, a fim de devolver aos sujeitos meios que contribuam para o enfrentamento da realidade posta e superação das suas fragilidades. Neste contexto científico de busca por respostas, surge à necessidade de entender como a formação profissional dos assistentes sociais no Brasil se realiza a partir das dimensões étnico-racial e de gênero interseccionalmente ligadas à questão de classes sociais, na qual se expressam as muitas vulnerabilidades que atingem, sobretudo, às mulheres negras. A busca pela elaboração de um caminhar que busque desvelar como se dá essa formação profissional, possui como objetivo a construção de subsídios que possam provocar a incorporação desta interseccionalidade entre raça, gênero e classes sociais. Este percurso se faz necessário traçar, a fim de romper com uma visão fragmentada de sociedade, possibilitando promover novos olhares e ampliar o escopo de atuação profissional. É preciso lembrar que, o corpo feminino com a cor negra e seu processo de demarcação histórica em nossa sociedade, se contextualiza em um processo determinado pela construção de um modelo de sociedade baseado no patriarcado, de forma heterogênea sobre a supremacia da branquitude. Tal mescla de fatores conjuga a mulher negra a um lugar ainda mais periférico e, até mesmo excludente, do que a mulher branca na sociedade e, sobretudo na venda da força de trabalho. Essa pesquisa se propõe a buscar através da historicidade do serviço social, o aspecto da formação deste profissional, buscando identificar na literatura específica da sua formação elementos que subsidiem a discussão teórica e tratem a interseccionalidade raça, gênero e classes sociais, como elementos que propiciem avançar na construção de um novo olhar sobre as expressões da questão social, visando ações interventivas que garantam direitos dessas pessoas e provoquem transformações sociais. E, não por acaso escolhemos falar em corpos femininos categorizando a sua cor. Essa escolha se deu em virtude de entendermos o ser não como algo objetificado, mas delineado por conjunturas que se compõem nas esferas social, econômica, familiar e cultural, que o delimitam e os banem para além dos olhares que possam problematizar a sua existência. Assim, categorizar a cor que esses corpos possuem é tentar expressar elementos que possam configurar suas especificidades e ampliar o escopo das ações que lhes assegurem equidade em uma sociedade que pulsa por civilidade, mas engendra massacres e a invisibilidade dos sujeitos.

11454 O PERFIL DE ALUNOS DO PRIMEIRO CURSO DA UNA-SUS SOBRE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA NO BRASIL NO PERÍODO 2014 A 2018
Andrey Lemos, Denise Oliveira e Silva, Erica Ell

O PERFIL DE ALUNOS DO PRIMEIRO CURSO DA UNA-SUS SOBRE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA NO BRASIL NO PERÍODO 2014 A 2018

Autores: Andrey Lemos, Denise Oliveira e Silva, Erica Ell

Apresentação: O artigo analisa o perfil dos discentes matriculados no primeiro curso da UNA-SUS sobre Saúde Integral da População Negra brasileira, no período 2014 a 2018, ofertado para apoiar e fortalecer a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). A implementação da PNSIPN é uma estratégia de ação afirmativa, que reconhece a necessidade de tratar diferente os desiguais, reconhecendo o racismo como um determinante social em saúde. Nesse sentido, busca reduzir as iniquidades em saúde da população negra promovendo ações estratégicas e articuladas, pactuadas nas instâncias intergestoras e de controle social. Foi um estudo com base em fontes de informações e de dados disponibilizadas pela UNA-SUS, sendo a população de estudo constituída por todos os matriculados no Curso de Saúde da População Negra ofertado pela UNA-SUS, entre 2014 e 2018, que totalizaram 55.154 matriculados, em sete ofertas do curso online ao longo do período considerado. O tratamento estatístico dos dados foi realizado utilizando o software SPSS for Windows– Statistical Package for Social Sciences – versão 20. Os dados foram analisados e sumarizados por meio de análises univariadas, bivariadas e multivariadas. Os achados apontam um percentual de concluintes de 9,28%, não sendo observado diferença significativa entre as ofertas. A idade média foi de 32,37 anos (DP= 9,88) e mediana de 30 anos. A maioria dos matriculados eram de nível superior (87,4%), enfermeiros (23,8%), agente comunitário e assistente social com 4,6% para cada classe profissional, psicólogo (4,0%) e médico (3,4), além de 31,8% de estudantes. Quanto ao quesito raça/cor 34,4% se autorreferiram brancos, 37,4% pardos, 24,3% pretos, 1,6% amarelos, 0,4% indígenas e 1,9% não mencionaram. Observou-se mais chance de ser não concluinte do que de ser concluinte nos municípios de 100 a 500 mil habitantes, sendo esta chance de 1,710 vezes maior do que em municípios de até 10 mil habitantes. Na raça preta/parda há maior prevalência de não concluintes, e nas demais raças há maior prevalência de concluintes, sendo que para a raça indígena não há relação significativa, segundo o p-value de 0,77. A experiência do curso da UNA-SUS revela a necessidade de reflexões sobre as ações afirmativas no âmbito da saúde para assegurar a população negra que seus direitos e suas especificidades possam ser atendidas na rede de serviços do SUS.  

11468 AUTOAVALIAÇÃO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA AÇÃO NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA DE HELVÉCIA, NOVA VIÇOSA, BAHIA, BRASIL
Cleidiane Conceição Anunciação, Iulas de Souza Ramos, Tamylles Ramos Bastos, Andrea Lizabeth Costa Gomes

AUTOAVALIAÇÃO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA AÇÃO NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA DE HELVÉCIA, NOVA VIÇOSA, BAHIA, BRASIL

Autores: Cleidiane Conceição Anunciação, Iulas de Souza Ramos, Tamylles Ramos Bastos, Andrea Lizabeth Costa Gomes

Apresentação: Considerando a autoavaliação da saúde como um indicador complexo do estado de saúde do indivíduo e que possui capacidade de uma avaliação global, uma vez que traz consigo a apreensão tanto de aspectos objetivos quanto subjetivos da saúde foi realizado este estudo com objetivo de apresentar um relato de experiência de uma ação de territorialização visando conhecer diferentes atores e perspectivas sobre autoavaliação de saúde (5 opções de respostas), no distrito de Helvécia, município de Nova Viçosa – BA. O perfil dos entrevistados compreendeu: 86,37% formado por mulheres, 13,63% homens; negros 77,27%, pardos 18,18%, brancos 4,55%; fundamental (completo e incompleto) 36,36%, médio 27,27% e superior 36,36%. Foi disposto aos informantes uma autoavaliação sobre o seu estado de saúde, sendo obtidos os seguintes Resultado: muito bom 18%, bom 55%, regular 22%, ruim 5% e muito ruim 0%. Informantes que declararam sobre seu estado de saúde como ”regular ou ruim”, compreendeu 27,27 % dos entrevistados (6 indivíduos). O perfil formado por este grupo encontra-se acima dos 43 e 56 anos de idade, pertencem ao sexo feminino e se autodeclararam da raça negra ou parda. Quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados, este abrangeu desde o nível fundamental até pós-graduação. O grupo que declarou apresentar estado de saúde com sendo “muito bom”, compôs 18,18% (4 indivíduos) do estudo. O perfil encontrado é composto por uma maioria que possui ensino fundamental completo e incompleto contra apenas um indivíduo de grau de escolaridade nível superior. Em relação à faixa etária do grupo este variou bastante, o que não permitiu uma definição neste quesito. Aqueles informaram ter um “bom” estado de saúde 54,54 (12 indivíduos), possui integrantes de idades entre 17 e 50 anos. É o grupo com maior número de indivíduos que apresentaram grau de escolaridade o nível superior, porém há pouca diferença em relação àqueles que apresentaram apenas nível fundamental incompleto. Podemos concluir que o conceito de saúde de cada indivíduo parte da percepção dos elementos  que traduzem o: bem-estar, além disso dos componentes que refletem aspectos culturais, sociais e econômicos.

12071 DESAFIOS PARA A EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE ACERCA DA POLÍTICA INTEGRAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA NO BRASIL
José Carlos da Silva, Vilde Gomes Menezes, Maria da Conceição Reis, Rosimery Costa dos Santos, Barbara Bernardino dos Santos, Wellington Lins de Souza, Harineide Madeira Macedo, Erika Rodrigues de Almeida, José Henrique Henrique

DESAFIOS PARA A EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE ACERCA DA POLÍTICA INTEGRAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA NO BRASIL

Autores: José Carlos da Silva, Vilde Gomes Menezes, Maria da Conceição Reis, Rosimery Costa dos Santos, Barbara Bernardino dos Santos, Wellington Lins de Souza, Harineide Madeira Macedo, Erika Rodrigues de Almeida, José Henrique Henrique

Apresentação: Este resumo trata sobre um projeto de pesquisa que se concentra na análise dos desafios para a efetividade da Educação Permanente em Saúde (EPS) com vistas à implementação da Política Nacional de Saúde da População Negra no Brasil. A referida pesquisa busca analisar se os objetivos traçados e as metas planejadas sobre EPS lograram êxito, observando se os desafios a serem enfrentados para garantia de tal efetividade estão evidentes para os sujeitos envolvidos no desenvolvimento das ações de EPS. Objetivo: elencar e analisar os desafios para a efetividade das ações da Política de Educação Permanente em Saúde sobre a Política Integral de Atenção à Saúde da População Negra no Sistema Único de Saúde – SUS. Método: Trata – se de pesquisa no campo da educação e concentra seus esforços na pesquisa qualitativa, exploratória e com dados empíricos acerca da educação permanente em saúde sobre saúde da população negra no SUS. Apoia – se ainda na análise de discurso, desenvolvido na perspectiva materialista de dialética, tendo como referenciais Pêcheux, Althusser e Orlandi. Resultado/discussão: Uma das possibilidades de compreendermos a política de educação permanente em saúde e sua relação com a política de saúde da população negra é considerar as desigualdades sociais, econômicas sociais e politicas deste grupo populacional (negros) e o seu perfil de saúde. Também devem– se considerar as situações-limite e os problemas a serem resolvidas nos processos educativos, compreendendo quais os desafios no campo da formação, buscando desmitificar questões como o racismo na saúde coletiva, além das bases teóricas e metodológicas que sustentam os processos de educação permanente em saúde no que tange à política de atenção integral de saúde da população negra. É importante ainda considerar as contribuições das teorias afrocêntricas nos processos educativos em saúde com o povo negro, sendo fundamental fazer referência ao paradigma civilizatório negro-africano. A pesquisa está em sua fase inicial, e temos a consciência de que não podemos falar de resultados alcançados ou dados importantes. Se por um lado temos essa limitação, acreditamos que é significativo falarmos de resultados almejados. Almejamos produzir uma análise acerca dos desafios para a efetividade das ações educação permanente em saúde sobre a saúde da população negra, bem como, a produção de uma tese que possa colaborar com o desenvolvimento de politicas de educação permanente para a saúde da população negra. Considerações finais: Entende–se que é salutar analisar os desafios para a efetividade das ações de educação permanente em saúde da população negra, cabendo a nós, também, apontar a sua potencialidade, afirmando uma perspectiva singular de desenvolver educação permanente para a saúde da população negra dando ênfase aos saberes do povo negro. Cientes da carência de estudos acerca da educação permanente em saúde numa perspectiva afrocentrada como nos revela a revisão integrativa realizada, acredita-se que ainda que tal pesquisa, poderá auxiliar na identificação de alternativa teórica Afrocentrada no tocante aos processos de  educação permanente sobre  saúde da população negra  desenvolvida  no SUS.  

9967 AUTOCUIDADO E O ENVELHECIMENTO: PROMOÇÃO DA SAÚDE PARA PESSOAS IDOSAS EM UMA INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Tatiana Mota Lote, Alessandro Silva Pontes, Erine Aragão Cavalcante, Thiago Penaforte de O. Queiroz, Bruno Schesquine Heringer da Silva, Antônio Jose De Souza Neto, Antônia Evilânnia Cavalcante Maciel

AUTOCUIDADO E O ENVELHECIMENTO: PROMOÇÃO DA SAÚDE PARA PESSOAS IDOSAS EM UMA INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Tatiana Mota Lote, Alessandro Silva Pontes, Erine Aragão Cavalcante, Thiago Penaforte de O. Queiroz, Bruno Schesquine Heringer da Silva, Antônio Jose De Souza Neto, Antônia Evilânnia Cavalcante Maciel

Apresentação: O presente estudo é um relato de uma experiência vivenciada na organização e execução de uma oficina em saúde com os idosos de uma instituição filantrópica na cidade de Manaus (AM), onde foi abordados temas como: Sensibilizando idosos quanto à importância do autocuidado e higiene corporal. Utilizando de metodologias que visem à sensibilização por meio da educação em saúde. As atividades realizadas e materiais utilizados foram planejados, confeccionados e implementados pelos acadêmicos internos de medicina da Universidade Nilton Lins.  Objetivo: Relatar a dinâmica da oficina enfatizando a importância da sensibilização dos idosos quanto o autocuidado. Desenvolvimento: As atividades em formato de oficina com duração de uma hora e meia, tendo os idosos como grupo alvo. Em formato roda de conversa os acadêmicos de medicina se apresentaram e expuseram a temática da e o objetivo a ser abordado, e logo em seguida conduziram uma breve apresentação entre os idosos. No segundo momento realizou-se a dinâmica “Para quem você tira o chapéu?”  que teve como objetivo estimular a autoestima dos idosos, para realização da mesma foi utilizado os seguintes materiais: um chapéu e um espelho. Da realização da dinâmica:  o líder da dinâmica entregou o chapéu para um dos participantes e perguntou “se ele tira o chapéu?” para a pessoa que está no fundo do objeto e “por que ele tira o chapéu?”. Esta é uma dinâmica de verdadeira importância, pois ela estimula o idoso a se valorizando, analisando tudo pelo o que passou, todas as conquistas que obteve e continua obtendo ao longo da vida, além de reconhecer suas principais habilidades e características físicas e pessoais, que fazem com que ele seja e tenha se transformado no indivíduo que é hoje. No terceiro momento foi abordado de forma clara e objetiva sobre a importância da higiene corporal, utilizando uma abordagem participativa por meio de matérias lúdicos e audiovisual, após a exposição e discussão em roda de conversa foi realizado um o bingo de higiene corporal adotado como atividade final pelos acadêmicos. Resultado: Os idosos interagiram positivamente com as atividades propostas e tiveram uma boa aceitação das metodologias utilizadas durante a oficina. Os idosos se posicionaram quanto à percepção da necessidade de adotar hábitos de autocuidado e higiene corporal e se comprometeram em adotar tais hábitos saldáveis expostos na oficina, levando em consideração suas limitações e a importância do apoio dos cuidadores e técnicos de enfermagem nesse processo de promoção de saúde. A utilização de metodologias ativas e educação popular em saúde foram cruciais para o alcance do objetivo proposto na oficina, do qual enfatizou a importância da promoção de saúde utilizando métodos que não fujam da realidade da população participante, além da valorização da medicina preventiva, como educação em saúde na formação ensino-aprendizagem de acadêmicos do curso de medicina.

10531 ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTQI+ NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS): CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA SAÚDE (PET-SAÚDE) A PARTIR DA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE (EIP)
Juliana Theberge dos Santos de Oliveira, Adriana de Araújo Pinho, Ane Martins da Silva Santana, Carlos José Pessanha Pequeno Junior, Erick da Silva Vieira, Natalye Pinto Ferreira, Maria Eduarda França de Lannes Pereira, Anderson Martins da Rocha

ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTQI+ NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS): CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA SAÚDE (PET-SAÚDE) A PARTIR DA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE (EIP)

Autores: Juliana Theberge dos Santos de Oliveira, Adriana de Araújo Pinho, Ane Martins da Silva Santana, Carlos José Pessanha Pequeno Junior, Erick da Silva Vieira, Natalye Pinto Ferreira, Maria Eduarda França de Lannes Pereira, Anderson Martins da Rocha

Apresentação: O PET-Saúde/Interprofissionalidade é uma estratégia do Ministério daSaúde que tem por objetivo promover as práticas colaborativas em Saúde e o exercício daEIP como fonte de melhorias na qualidade da formação e atenção em saúde na APS. NaUFRJ, no município do Rio de Janeiro (MRJ), o PET – Saúde/Interprofissionalidade écomposto por docentes e graduandos de cinco cursos da área da saúde (Medicina,Enfermagem, Odontologia, Psicologia e Saúde Coletiva) além de preceptores oriundos detrês três Clínicas da Família do MRJ. Em consonância com a Política Nacional de SaúdeIntegral de LGBTQI+, o programa PET desenvolvido em uma das clínicas tem comoobjetivo analisar as condições de vida e acesso à saúde desta população adscrita aoterritório da clínica e conduzir ações de educação permanente interprofissional com asequipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Desenvolvimento: A partirde uma abordagem quanti-qualitativa, estão sendo conduzidas entrevistas com aplicação dequestionários estruturados e análise da rede social de usuários/as LGBTQI+ para avaliarsuas condições de vida e o acesso (ou não) que têm à Clínica da Família. Paralelamente, eem parceira com um coletivo LGBTQI+ do território, são conduzidas oficinas desensibilização das equipes da ESF relacionadas à temática. Os estudantes, juntamente aospreceptores e docentes tutores, participam de forma integrada de todas as ações do projetovisando uma formação colaborativa, além de acompanharem os atendimentos das equipesda ESF. Resultado: esperados/impactos: Ter um diagnóstico da situação de saúde, dograu de apoio das redes sociais dos/as usuários/s e o acesso ao cuidado em saúde queesta população LGBTQI+ tem no território, visando o planejamento e a organização daslinhas de cuidado e ações de vigilância, prevenção e promoção à saúde desta população;capacitar as equipes da ESF para uma assistência integral à saúde de LGBTQI+; fomentara participação social dos estudantes nas questões de saúde do território; mapear osequipamentos sociais voltados para LGBTQI+; analisar e aperfeiçoar o registro deinformações em saúde da população em geral cadastrada na Clínica, bem como qualificaras informações sobre gênero e orientação sexual no sistema de informação e-SUS; eplanejar e conduzir oficinas permanentes com usuários/as da Clínica relacionadas àtemática de gênero, sexualidade e direito/acesso à saúde a partir dos resultados obtidos noprojeto. Considerações finais: Espera-se com o Programa PET-Saúde/Interprofissionalidade qualificar os processos de integração ensino-serviço-comunidade, possibilitando o exercício da Educação Interprofissional (EIP) e de práticascolaborativas em saúde em prol da melhoria da assistência integral à saúde da populaçãoLGBTQI+.