510: Diálogos da arte com a saúde
Debatedor: Lucyla Oliveira Paes Landim
Data: 31/10/2020    Local: Sala 14 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
5819 BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A SAÚDE DO BEBÊ: UMA REVISÃO QUALITATIVA
DOUGLAS OLIVEIRA VIEIRA

BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A SAÚDE DO BEBÊ: UMA REVISÃO QUALITATIVA

Autores: DOUGLAS OLIVEIRA VIEIRA

Apresentação: O aleitamento materno exclusivo é considerado por diversos organismos nacionais e internacionais em saúde como estratégia de suma importância para a redução dos índices de mortalidade de neonatos. O colostro é a primeira imunização do recém nascido, contendo imunoglobulinas, grande quantidade de proteínas e vitamina A, o que garante ao bebê, logo nas primeiras horas, aporte adequado de macro e micronutrientes e fatores de defesa. Objetivo: Buscar os benefícios que a amamentação proporciona à saúde do bebê e a percepção das mães quanto à seriedade desse processo. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica, de cunho descritivo, tendo como base a literatura disponível. O levantamento bibliográfico foi realizado no mês de outubro do ano de 2016, a partir das bases de dados eletrônicas disponíveis, junto à biblioteca virtual em Saúde (BVS). A busca foi realizada, por meio da combinação das palavras-chave, indexadas nos descritores de ciências da saúde (DeCS), sendo: benefícios da amamentação, aleitamento materno e leite humano, e seus correspondentes em espanhol e inglês. Resultado: É claro na literatura à importância do colostro frente aos fatores imunológicos, sensoriais, tróficos e neurológicos da criança, maximizados quando se trata de neonatos nascidos antes do período gestacional típico. Todavia, o desconhecimento dos fatores benéficos por parte das mães foram relatados em diversos estudos. Considerações finais: Além das vantagens ao lactente, o ato de amamentar forma vínculos de afetividade entre mãe e filho, diminui os riscos de doenças nutricionais, ajuda no ganho do peso, torna o período entre as gestações mais longo, dentre outros. Para muitas nutrizes, todavia, a amamentação ainda é uma incógnita e políticas públicas são necessárias para sensibilizar a sociedade quanto à essencialidade do aleitamento materno.  

6067 INTERSEÇÃO ENTRE ARTE E SAÚDE MENTAL EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Ana Carolina Peixoto, Lauriane dos Santos

INTERSEÇÃO ENTRE ARTE E SAÚDE MENTAL EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Autores: Ana Carolina Peixoto, Lauriane dos Santos

Apresentação: Esse trabalho é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia da autora. O presente estudo buscou cartografar como a arte se constituiu como dispositivo terapêutico com usuários do CAPS AD III de Palmas, Tocantins. Realizou-se uma pesquisa exploratória a fim de mapear um território em construção, que é a confluência entre arte e saúde mental; e ainda se utilizou como delineamento metodológico a pesquisa-ação, através da consecução da oficina de expressão artística no CAPS em questão. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, pois buscou compreender a posição da arte na criação de novas linhas de cuidado. Utilizou-se a observação direta para registrar em material cartográfico as relações estabelecidas com e entre os participantes da oficina de expressão artística. A oficina contou com uma média de 6 (seis) participantes por encontro, somando profissionais e familiares presentes, e a experiência foi realizada no período de agosto a outubro de 2015. A partir desse delineamento, foi possível observar os significados que a arte assume nas vivências destes participantes, de que forma potencializa a criatividade e o estabelecimento de vínculos e como ela atua como produtora de afetos, conforme os pressupostos da Reforma Psiquiátrica. Por outro lado, nota-se a necessidade de potencializar as experiências nessa zona de intercessão entre arte e saúde mental para desmistificar o papel que a arte vem ocupando neste espaço e possibilitar territórios existenciais como fonte de produção de subjetividades autônomas e protagonistas.

6284 SPA COM AS GESTANTES: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA DO CENTRO DE SAÚDE ANTÔNIO GUANARÉ
Ilka Kassandra Pereira Belfort, Victor Catarino Costa, Roseana Costa Teixeira Cunha, Renata Martins Gomes, Dália Júnia Teixeira

SPA COM AS GESTANTES: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA DO CENTRO DE SAÚDE ANTÔNIO GUANARÉ

Autores: Ilka Kassandra Pereira Belfort, Victor Catarino Costa, Roseana Costa Teixeira Cunha, Renata Martins Gomes, Dália Júnia Teixeira

Apresentação: A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de produção de saúde, por meio da criação de vínculos,  responsabilidade compartilhada e da participação coletiva nos processos de trabalho, buscando a mudança na cultura da atenção aos pacientes. Dessa forma, as equipes da UBS Dr. Antonio Guanaré articularam atividades diferenciadas para grupo de gestantes atendidas na referida unidade de saúde. Objetivo: Solidificar vínculos entre gestantes e profissionais de saúde da Estratégia de saúde da família de São Luis (MA). Método: No primeiro momento iniciou-se o planejamento das atividades. Foi agendado reunião com as gestantes de forma a explicar a ação, assim verificar a opinião das mesmas e sugestões para o dia do SPA. O segundo momento foi a escolha do local e das atividades que seriam desenvolvidas. Sendo assim, foi decidido que seriam realizadas fotos, lanche e os temas abordados na roda seriam mães de hoje, alimentação e participação no autocuidado. O local escolhido foi o Parque Estadual do Sítio Rangedor. O Parque do rangedor é um local recém inaugurado pelo Governo do Estado, é uma grande área (cerca de 120 hectares) com verde preservado. Os espaços para atividades foram feitos em áreas que já estavam degradadas. Após trâmites burocráticos buscou-se parceiras para concretização da ação. Resultado: Participaram do dia “D” 8 gestantes. Foi realizada uma roda de conversa ao ar livre incluindo técnicas de respiração, fotos para um book e lanche coletivo. Seguindo esse contexto participaram da atividade de roda de conversa, enfermeiros, técnico de enfermagem, profissional de educação física, assistente social, terapeuta ocupacional, agente comunitário de saúde e gestantes Considerações finais: Ao final da atividade observamos os rostos emocionados das gestantes em fazerem fotos, conhecerem o local e trocarem experiências com outras gestantes, além de despertar a busca pelo pré-natal de qualidade.  

6388 O PROGRAMA MÃE CORUJA PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO INFANTIL COM ATIVIDADES DE CULTURA E LAZER: BRINCANDO NA MINHA CIDADE
Ana Elisabeth Andrade, Lília Simões, Virginia Holanda, Márcia Branco, Iramarai Vilela, Luiziaba Almeida, Gustavo Burkhardt

O PROGRAMA MÃE CORUJA PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO INFANTIL COM ATIVIDADES DE CULTURA E LAZER: BRINCANDO NA MINHA CIDADE

Autores: Ana Elisabeth Andrade, Lília Simões, Virginia Holanda, Márcia Branco, Iramarai Vilela, Luiziaba Almeida, Gustavo Burkhardt

Apresentação: Os espaços públicos como as praças e os parques infantis, além do papel de socialização, mostram-se importantes para o desenvolvimento infantil por oportunizar habilidades físicas (força, agilidade, motricidade ampla), cognitivas (concentração, atenção, noção espacial), sociais (interação, socialização, diversidade) e psicológicas (regular emoções, criatividade, autonomia), através da atividade do brincar (Souza & Vieira, 2004). O Brincando na Minha Cidade é uma iniciativa do Programa Mãe Coruja Pernambucana (PMCP) com a participação da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e das Secretarias de Cultura, Turismo e Lazer do Governo de Pernambuco. Essa ação busca promover, com atividades lúdicas e culturais, a interação coletiva e afirmação das identidades locais entre as crianças, mulheres cadastradas no programa e suas famílias, estimulando os vínculos afetivos e comunitários. Partindo dessa premissa, é feito um mapeamento dos municípios, uma convocação dos agentes sociais para sensibilização sobre a importância do brincar, a utilização do espaço urbano e participação comunitária. Posteriormente é realizado um mapeamento nestes municípios de locais como praças e parques infantis. A ação foi desenvolvida em 4 municípios do Estado de Pernambuco: Lagos doa gatos, Cumaru, Betânia e Araçoiaba, tendo sido observados o envolvimento dos diversos setores do município em cada atividade principalmente da comunidade junto com expressiva adesão do público infantil, todos envolvidos nesta brincadeira baseada no resgate identitário. Desde o Desenho do espaço da amarelinha, das cordas para cabo de guerra, espaços para queimado, pescarias onde o brinde são livros, a troca de brinquedos onde a criança exercita o desapego, a apresentação de grupos de dança regional, o teatro, a cotação de história, o museu da cidade sendo visitado e a arquitetura sendo relembrada. Como efeitos percebidos decorrentes da experiência vizualizamos a socialização, integração com os espaços comunitários, o estímulo do brincar, conscientização de sua importância para o desenvolvimento infantil, tudo isso envolvendo no resgate cultural. Finalmente consideramos que a promoção do desenvolvimento na primeira infância tem sido importante para a qualidade de vida individual e da sociedade. Entre os fatores considerados relevantes para atingir esse objetivo destaca-se a necessidade da presença de espaços de convivência nas cidades. No entanto, as políticas públicas que devem proporcionar a criação dos espaços adequados ao desenvolvimento na primeira infância encontram dificuldades em decorrência do modelo de desenvolvimento econômico e social vigente, que tem levado ao crescimento de violência urbana e pouco investimento em infraestrutura, produzindo redução nos espaços urbanos dedicados à cultura, esporte e lazer. Portanto é relevante explicitar a importância de ações que promovam o desenvolvimento infantil saudável, tais como o Brincando na Minha Cidade.

6389 CULTURA NO CANTO DO PROGRAMA MÃE CORUJA PERNAMBUCANA
Ana Elisabeth Lima, Virginia Holanda, Lília Simões, Iramaraí vilela, Marcia Branco, Luiziana Almeida, Gustavo Burkhardt

CULTURA NO CANTO DO PROGRAMA MÃE CORUJA PERNAMBUCANA

Autores: Ana Elisabeth Lima, Virginia Holanda, Lília Simões, Iramaraí vilela, Marcia Branco, Luiziana Almeida, Gustavo Burkhardt

Apresentação: O Programa Mãe Coruja Pernambucana trabalha em redes sociais intersetoriais e integradas construindo a melhoria da situação de vulnerabilidade de gestantes, crianças e suas famílias pela indução de políticas em 103 municípios pernambucanos. A ação denominada “Cultura no Canto” foi iniciada em 2017, pensada para o fomento cultural junto com a Secretaria de Cultura, seguindo o Plano de Desenvolvimento Infantil implementado no âmbito do Programa desde 2015, com o objetivo de realizar ações que estimulem uma infância saudável e feliz, propiciar o desenvolvimento infantil e o resgate da identidade cultural das mulheres, crianças e famílias atendidas pelo Programa, além de fortalecer vínculos afetivos entre crianças, famílias e sociedade, utilizar o brincar como ferramenta para o desenvolvimento social, ambiental e cultural, estimular os pais a participarem do desenvolvimento infantil, efetivando o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. Ciente e imbuído desse compromisso com a infância e com o futuro dos/as pequenos/as pernambucanos/as na consolidação de uma sociedade mais justa, equânime e solidária, o Programa fomenta o seu Plano de Desenvolvimento Infantil (PDI), que se fundamenta nos fatores biológicos, no ambiente e na forma como a criança recebe estímulos e estabelece seus laços afetivos, centrado na importância do brincar, pautando, ao lado da sociedade, das organizações sociais e dos governos municipais, um conjunto de ações nos eixos de Saúde, Educação e Cultura, Desenvolvimento Social, Esporte e Lazer que visam essencialmente promover o direito das crianças de crescerem e se desenvolverem, fazendo o que toda criança mais gosta de fazer: BRINCAR. O Canto Mãe Coruja, célula de acolhimento e atendimento de gestantes, crianças e famílias pernambucanas nos municípios, atua desenvolvendo, entre outras atividades, ações de fortalecimento dos vínculos afetivos para potencializar a aprendizagem cerebral, nas seis dimensões: moral, afetiva, cognitiva, motora, sensorial e emocional. Sendo assim, o Canto tem como foco o trabalho com as famílias, em especial, mães, cuidadores e crianças de 0 a 5 anos. Dentro da perspectiva social do envolvimento da família nesse processo, o programa criou ações como: Cultura no canto; Brincando, aprendendo e desenvolvendo e Brincando na minha cidade. Ações essas que resgatam o vínculo, a cultura das regiões e a responsabilidade da sociedade civil, dos gestores municipais e família no desenvolvimento da criança. São utilizados os seguintes instrumentos como material pedagógico: Álbum do Bebê do PMCP, Primeira Infância Nota 10, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Guia Kit de Desenvolvimento da Primeira Infância - UNICEF, Caderneta de Saúde da Criança – Passaporte da Cidadania - Ministério da Saúde. A “Cultura no Canto”, realiza reuniões de sensibilização e alinhamento nos municípios, com a presença de profissionais dos Cantos Mãe Coruja, professores dos Círculos de Educação e Cultura e demais profissionais dos municípios. Para o andamento das atividades, são, inicialmente, identificadas as habilidades de cada profissional nas áreas de: cotação de história, teatro, mamulengo, confecção de brinquedos infantis ou uma atividade dentro do universo cultural do município que ajude no desenvolvimento infantil.

6506 A EXPERIÊNCIA DA REGIÃO NORTE DO RS: APRENDER E CUIDAR DA PRIMEIRA INFÂNCIA NO SUS
MARLA BORGES DE CASTRO

A EXPERIÊNCIA DA REGIÃO NORTE DO RS: APRENDER E CUIDAR DA PRIMEIRA INFÂNCIA NO SUS

Autores: MARLA BORGES DE CASTRO

Apresentação: A Mostra Cultural SaudavelMENTE do município de Palmas: Não Quero Choque Nem Grade Quero Cuidado em Liberdade fez parte da Programação em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial - 18 de maio. Foi uma iniciativa do Coletivo Antimanicomial de Palmas (COLAPA) em parceria com os dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituições de categoria profissional (psicologia, enfermagem e assistência social) e outras organizações apoiadoras. A Mostra propôs acesso à arte e à cultura a populações que se encontram tradicionalmente marginalizadas e um novo olhar sobre a saúde mental a partir dos produtos artísticos produzidos por cidadão com sofrimento psíquico vinculado a RAPS, em especial aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da Secretaria Municipal de Saúde de Palmas. Propor diálogo com a sociedade sobre a Reforma Psiquiátrica Brasileira, a atual Política Nacional de Saúde Mental, as diversas formas de tratamento em liberdade, as possibilidades de inclusão social e sobre o lugar da arte e sua intercessão com a loucura. O evento aconteceu no dia 28 de maio de 2019, das 08:00 às 21:30, no Espaço Cultural da Fundação Cultural de Palmas. Foram realizadas: 05 Oficinas (percussão com material reciclado, teatro do oprimido, danças circulares, hip hop, mandalas artísticas); Ateliers Abertos com exposição espontânea do ato de criar; Roda de Conversa com temática de redução de danos e inclusão social; 02 sessões de Cineclube e debate com filmes nacional que abordavam a temática arte, terapia e inclusão social; 02 Cortejos musicais com participação de Bloco Carnavalesco e de Percussão/ Maracatu; Feira de Trocas e Mercado Maluco com base na economia solidária com exposição e vendas das produções dos usuários e parceiros e um Palco aberto com apresentações de Poesia, Shows Musicais, Dança, Teatro, Artes Circences. Passaram pelo evento aproximadamente 300 pessoas sendo usuários, familiares, trabalhadores e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), militantes de direitos humanos e sanitaristas, estudantes universitários e ensino técnico, artistas do cenário local, representantes de diversas instituições, além da população do território interessadas pelas atividades. Esta iniciativa promoveu espaços de encontros e de formação provocando reflexões a cerca dos retrocessos das políticas públicas brasileira no campo da saúde mental, equidade e cidadania. A Mostra Cultural Saudavelmente assume uma característica pioneira no Estado do Tocantins propondo expor amplamente a potência e beleza do cuidado em liberdade, as diversas abordagens terapêuticas e as possibilidades de desinstitucionalização e inclusão social das pessoas com transtornos mentais, trabalhando com produção artística, geração de renda e intervenção urbana. A 1ª Mostra Cultural desenvolveu importantes ações com vista à autonomia dos usuários, empoderamento, fortalecimento do controle social e teve seu reconhecimento através de diversas reportagens e publicidade nos meios de comunicação e redes sociais. Novos caminhos e novas estruturas já vêm sendo desenhadas para 2ª Mostra Cultural que acontecerá em maio de 2020.

6681 ARTE E LOUCURA: O TEATRO COMO AFIRMAÇÃO DA LUTA ANTIMANICOMIAL
Franciele Tailene Marco, Maria de Fátima Bueno Fischer

ARTE E LOUCURA: O TEATRO COMO AFIRMAÇÃO DA LUTA ANTIMANICOMIAL

Autores: Franciele Tailene Marco, Maria de Fátima Bueno Fischer

Apresentação: Este estudo faz uma articulação entre a arte e a loucura no paradigma da Luta Antimanicomial, trazendo relatos de experiências de uma aprendiz de psicóloga-artista. Objetivou-se cartografar as “andanças” pela cidade junto a usuárias e usuários da saúde mental, assim como os processos artísticos que foram se construindo, em especial, no fazer teatral junto a Nau da Liberdade. A Nau da Liberdade é um grupo de teatro, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, composto por usuárias e usuários da saúde mental, profissionais, estudantes e residentes. Surgiu em 2013, após experiência artística com a Companhia Teatral Italiana Academia Della Follia. No teatro, a dureza dos cargos e do estigma da loucura caem por terra, somos todos atores, ocupamos um outro lugar que nos possibilita criar e ocupar um outro lugar. As experiências relatadas neste estudo falam desde as experimentações artísticas que se davam entre as usuárias, os usuários e a agente de oficinas terapêuticas de um CAPS II, a interação destes com o território e com a cidade, como também o processo de iniciação e o percurso junto ao grupo de teatro Nau da Liberdade. Como metodologia de pesquisa, utilizou-se a cartografia e a autoetnografia. Foi possível observar que a transversalidade da arte em relação à loucura, resultou em movimentos importantes no que diz respeito à busca pela autonomia, na produção de subjetividade e potencialização da vida das usuárias e usuários que a ela tiveram acesso. Pode-se salientar que os atores desejavam uma vida emaranhada em meio a arte e que este desejo fez com que eles se movimentassem. Hoje, eles são atores dos palcos e da vida. Seguem a teatrar, mostrando que é possível fazer arte nos palcos, ocupando o microfone e o lugar legítimo de fala, ocupam a cidade, usam o transporte público, expandiram suas relações, entre eles e com o mundo, estão a conquistar o seu espaço. Se afirmam como atores dos próprios desejos e em ato, dão corpo e voz a Luta Antimanicomial, eles são protagonistas da sua própria história. O processo de cada uma e de cada um, afirma o despertar do teatro como facilitador do que hoje estão vivendo, pois se antes precisavam de alguém que os acompanhassem, hoje não necessitam mais. Na arte de teatrar foi onde encontramos alento, nos descobrimos como atores, encontramos o nosso coletivo, com pessoas tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes de nós. Aqui, todas e todos têm lugar, afinal a desinstitucionalização acontece em meio a alteridade. O teatro nos permitiu cruzar os muros de um lugar duro e instituído para ocupar a cidade, correndo todos os riscos de viver a alegria de sermos livres. Colocamos em cena o que éramos, na mesma medida em que um ambiente acolhedor e cuidadoso nos subjetivava e facilitava a promoção da autonomia e da inclusão social, é a vida que pulsa e pede passagem, em ato e em cena.

7047 PALCO ABERTO: AÇÃO CULTURAL EM UM CAPS GERAL
Daniele Tavares Alves, Magda Ferreira Mendes, Bruno dos Santos Leonardo

PALCO ABERTO: AÇÃO CULTURAL EM UM CAPS GERAL

Autores: Daniele Tavares Alves, Magda Ferreira Mendes, Bruno dos Santos Leonardo

Apresentação: Este trabalho apresenta a experiência da Ação Cultural Palco Aberto, que tem como objetivo: proporcionar no pátio do serviço, um ambiente de acolhimento e cuidado em saúde mental, através de apresentações de arte realizadas por usuários do serviço, seus familiares e trabalhadores a partir de diferentes linguagens artísticas (música, canto, dança, poesia, leituras dramáticas, dramatizações, performance). O cenário desta ação, é um CAPS Geral de Fortaleza, Ceará, que tem dezenove anos de funcionamento. Desenvolvimento: As ações culturais são eventos artísticos que objetivam a inserção dos usuários na vida da cidade produzindo afetos e vida a partir dos encontros vivenciados nos territórios.  No Palco Aberto, consideramos o pátio do serviço como território afetivo, que precisa ser habitado, a partir do transbordamento das experiências de criação que ocorrem nos grupos terapêuticos deste serviço. Este pátio, à época do surgimento do Palco Aberto, estava apresentando uma atmosfera subjetiva entorpecida, motivada pela espera de atendimentos médicos e do recebimento de medicações. Essa atmosfera, não se observava nos ambientes dos grupos terapêuticos realizados na unidade, cheio de produção de vida. Era preciso transbordar. Rizomaticamente, ao torpor do pátio, o contexto político, vivenciado no país, atravessado por retrocessos, tentativas de silenciamentos, discursos de ódio, atualizavam alguns fantasmas que assustavam o campo da saúde mental e assustaram aos usuários e profissionais deste serviço CAPS, como por exemplo: a possibilidade de retorno de um projeto manicomial e hospitalocêntrico, de cerceamento dos direitos e de mortificação da subjetividade. Que “brechas”, “linhas de fugas” e “fendas” poderiam se abrir como respiro frente a tal contexto, como dispositivo de cuidado, em um serviço de Atenção psicossocial¿ Nasceu então a Ação Cultural Palco Aberto, com frequência mensal, desde abril de 2019, nas manhãs das quartas-feiras, durante duas horas. Utiliza como recursos: microfone, uma caixa de som e o mote: “se a sua vida fosse um palco, como você tem se apresentado¿ Entre uma apresentação e outra, a expressão Palco Aberto é falada ao microfone, significando o convite para o próximo artista se apresentar. Resultado: No decorrer dos meses, o transbordamento foi ocorrendo e os usuários foram se apropriando da ação, participando desde a organização da logística as apresentações. Novas ideias foram sendo incorporadas pelos usuários: enquanto acontecem as apresentações, um mural de papel madeira fica exposto com canetas e tintas disponíveis e quem tem interesse, vai expressando ideias, pensamentos e desenhos no mural. Aos poucos, foi surgindo um bazar e usuários que produzem artesanato foram trazendo para vender no dia da ação. O Palco Aberto foi provocando deslocamentos na atmosfera subjetiva deste Caps. Crises foram acolhidas e ressignificadas pela música, canto e dança. No pátio, à céu aberto, o Palco vai testemunhando pedidos de desculpa que são compartilhados ao microfone, términos de relacionamento, sentimentos de gratidão, ao serviço, de uma mãe pela alegria proporcionada a filha usuária. Considerações finais: A ação Palco Aberto potencializou a capacidade de criação, os bons encontros, a produção de subjetividade desejante, a produção de vida e saúde apesar das experiências de adoecimentos dos usuários deste CAPS.  

7183 DANÇA E LITERATURA: REFLEXÕES A PARTIR DA VIDA E OBRA DE CLARICE LISPECTOR
Alba Pedreira VIEIRA, Samuel Gonçalves Pinto, Figueiredo Fillype Nunes Caio

DANÇA E LITERATURA: REFLEXÕES A PARTIR DA VIDA E OBRA DE CLARICE LISPECTOR

Autores: Alba Pedreira VIEIRA, Samuel Gonçalves Pinto, Figueiredo Fillype Nunes Caio

Apresentação: Esse estudo sobre relações entre questões existenciais (cuidado de si e do outro), filosofia, literatura de Clarice Lispector e arte/dança contemporânea. Orienta-se pela abordagem qualitativa e pela Prática como pesquisa, e se iniciou em março de 2019 na Universidade Federal de Viçosa (MG) (apoio IC/CNPq/UFV). A partir de laboratórios de criação de dança, estudos sobre a vida e obra de Lispector (que faria 100 anos em 2020), foi criado um espetáculo de Dança Contemporânea, “Horas Perigosas”(vide teaser da obra em https://youtu.be/DGdlgUotT54). Esse espetáculo, por meio do gesto e do movimento, aborda questões existenciais tão presentes na obra da renomada escritora naturalizada brasileira, tais como: epifanias a partir de cenas do cotidiano que nos trazem inquietações sobre o que estamos preferindo enxergar ou não em nossas vidas; escolhas pessoais que nutrem ou suprimem nossas vontades e desejos; confrontos com a realidade crua quando nos permitimos entrar em crises pessoais em que nos questionamos e ainda o meio social que nos circunda. A obra também discute, a partir dos estudos da especialista em Lispector, Noemi Jaffe, a necessidade de praticarmos com mais intensidade o “estranhamento”, pois somos comumente educados para aceitarmos e nos confortarmos com a vida como nós é ofertada. Como lidar com a vida que insiste em pulsar no corpo, mas que muitas vezes tentamos aquietar, silenciar, suprimir? Quais caminhos percorremos em vida que busca ser autêntica no sentido de lidar com o inesperado, o caótico, as surpresas boas e ruins, com a beleza e feiura, com alegria e sofrimento, com o doce e o amargo? O espetáculo estreou em 22 de agosto na Pinacoteca da UFV, e já foi reapresentado por diversas vezes em Viçosa, e também no Teatro Cacilda Becker no Rio de Janeiro em temporada em dezembro de 2019. Apresentamos os resultados por meio de dados coletados via observação participante e a partir de falas informais e voluntárias do público após assistirem ao espetáculo. Dialogamos os resultados com o conceito de vontade de potência do filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche. Consideramos que essa pesquisa exemplifica como podemos estimular o público por meio de uma obra de arte que não se reduz a mero entretenimento, mas pelo contrário, busca provocar no espectador uma posição ativa de construção de significados e interpretações da obra. O público torna-se assim um agente ativo e coautor do espetáculo artístico.

7193 FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE SALA DE VACINA: uma experiência na atenção básica
Ilka Kassandra Pereira Belfort, Eduardo Pistelli Junior, Thamires Messias Figueiredo

FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE SALA DE VACINA: uma experiência na atenção básica

Autores: Ilka Kassandra Pereira Belfort, Eduardo Pistelli Junior, Thamires Messias Figueiredo

Apresentação: A imunização é de suma importância para efetivar a ação de estratégia da Atenção Primária à Saúde. Assim, o bom funcionamento das salas de vacina na atenção primaria é uma das estratégias mais importantes na prevenção e controle de doenças do Sistema Único do SUS (SUS), nesse sentido, conhecer a organização, execução e estrutura relacionadas a implicar efetividade das imunizações, a constatação de planejamentos exitosos ou não e formulações de políticas públicas mais adequadas. Objetivo: Construir um fluxograma de atendimento de sala de vacina em uma Unidade Básica de Saúde. Método: A ferramenta  foi construída e aplicada em uma Unidade Básica de Saúde de São Luis (MA). A criação deu-se a partir da vivência em sala de vacina e de leituras do Manual de Imunização do Ministério da Saúde. Dessa forma, foi  construído um fluxograma de etapas do processo do caminho a ser percorrido pelo usuário.  Após a criação do  passo a passo iniciou-se o processo de capacitação dos profissionais da sala de vacina para entendimento do processo de trabalho. Resultado: A ferramenta permitiu uma comparação entre a prática e a teoria, como os processos são efetivados e como eles deveriam ser, ou seja, evidenciou os pontos em que as regras não estão sendo claras para os profissionais de saúde. Considerações finais: A implantação da ferramenta auxiliou na assistência identificando as possíveis barreiras locais, as peculiaridades do serviço e o número de adstrição possibilitando a melhoria do  acolhimento dos usuários na salas de vacina. Além disso, contribuiu no planejamento e avaliação dos resultados da assistência prestada nas salas de vacina da Unidade Básica de Saúde.  

7223 PORTFÓLIO: RELAÇÕES INTER E INTRAPESSOAIS EM UM ESPETÁCULO DE DANÇA CONTEMPORÂNEA
Alba Pedreira VIEIRA, Caio Fillype Nunes Figueiredo, Samuel Gonçalves Pinto

PORTFÓLIO: RELAÇÕES INTER E INTRAPESSOAIS EM UM ESPETÁCULO DE DANÇA CONTEMPORÂNEA

Autores: Alba Pedreira VIEIRA, Caio Fillype Nunes Figueiredo, Samuel Gonçalves Pinto

Apresentação: O espetáculo Portfólio foi criado pelos intérpretes-criadores da Cia Mosaico de Dança Contemporânea e aborda corporalmente relações inter e intrapessoais. A saúde é tratada de forma abstrata, pois somos saudáveis à medida que estabelecemos conexões saudáveis conosco mesmos e com os outros. A obra é fruto de uma pesquisa (apoio CNPq e FAPEMIG) que se desenvolveu na Universidade Federal de Viçosa/UFV (Minas Gerais) por meio de laboratórios de criação de 2018 a 2019. A estreia foi no Espaço Cultural Olha da Rua no Rio de Janeiro em março de 2019; ano passado o espetáculo circulou por diversas vezes em Viçosa (MG) (vide o vídeo de uma das apresentações em https://youtu.be/wMP0o_b-DrA), Ponte Nova (Faculdade Presidente Antônio Carlos) e no Rio de Janeiro em novembro e dezembro de 2019 no Teatro Cacilda Becker. Propomos apresentar esse espetáculo no Congresso  da Associação Brasileira Rede Unida como uma intervenção cultural. Estimularemos o público, por meio da apresentação, a refletir sobre como cada corpo traz a singularidade de conexões inter e intrapessoais a partir de suas experiências vividas, e também como a forma com a qual nos relacionamos com tais experiências é um constante devir, ou seja, está em eterna mudança. Após a apresentação, propomos realizar um debate com o público, para discutir o processo de criação, ouvir comentários e responder perguntas. Acreditamos que essa apresentação seguida de um debate com a plateia fomenta o envolvimento ativo do espectador de modo a minimizar possíveis distanciamentos entre plateia e obra. A obra de arte pode produzir desequilíbrios e estranhezas, algo rico para a experiência, mas o diálogo entre artistas e plateia amplia as possibilidades de conexão e pertencimento, pois espectadores se inserem no ambiente da dança contemporânea de forma a provocar o agenciamento. Plateia também se torna artista, pois produz significados para a obra por meio da reflexão.

7229 GERENCIAMENTO DE RESÍDUO DE SERVIÇO DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: EXPERIÊNCIA INOVADORA COM JOGO LÚDICO
Ilka Kassandra Pereira Belfort, Ester de J. S. Diniz, Thalita Adelice Pereira Miranda

GERENCIAMENTO DE RESÍDUO DE SERVIÇO DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: EXPERIÊNCIA INOVADORA COM JOGO LÚDICO

Autores: Ilka Kassandra Pereira Belfort, Ester de J. S. Diniz, Thalita Adelice Pereira Miranda

Apresentação: Os resíduos sólidos são um grande problema enfrentado pela sociedade. Infelizmente, a maioria, ainda, é descartada de maneira incorreta em locais sem licença ambiental colocando em risco os trabalhadores, a comunidade e os recursos naturais. Os resíduos sólidos são um grande problema enfrentado pela sociedade. Infelizmente, a maioria, ainda, é descartada de maneira incorreta em locais sem licença ambiental colocando em risco os trabalhadores, a comunidade e os recursos naturais. Sendo assim, a educação permanente ou educação em saúde possibilita uma transformação nas práticas profissionais, principalmente nos processos de manejo. Objetivo: propor uma inovação na capacitação dos profissionais de saúde através de um jogo de tabuleiro lúdico em uma Unidade Básica de Saúde de São Luis (MA). Método: Para a elaboração do jogo lúdico foi levado em consideração informações sobre os tipos de RSS gerados numa Unidade Básica de Saúde. E a partir disso, foi elaborado afirmações e questões referentes a segregação e ao acondicionamento dos mesmos. Foi confeccionado 1 tabuleiro; 11 cartas RESPONDA amarelas, 06 cartas AVANCE (formas corretas de descarte) e 05 cartas VOLTE (com formas incorretas do descarte); 11 cartas SUPRESA, na cor verde e 04 pinos de cores diferentes e um dado. Resultado: Através do jogo, capacitou-se 10 profissionais da Unidade Básica, foi abordado sobre resíduos sólidos e situações comuns na etapa de segregação e acondicionamento vivenciadas  de maneira lúdica, colocando em prática o conhecimento adquirido e sensibilizando os profissionais quanto aos acidentes de trabalho, infecções, contaminações dos recursos naturais e outros problemas advindos do manejo incorreto. Considerações finais: O jogo lúdico contribuiu para a disseminação do conhecimento do gerenciamento dos RSS, posto que abordou situações sobre a etapa da segregação e acondicionamento do lixo. Nessa mesma medida estimulou e dinamizou o processo de ensino-aprendizagem de forma criativa e motivadora  

7258 EPIFANIAS
ALBA PEDREIRA VIEIRA, Monica Rodrigues Klemz

EPIFANIAS

Autores: ALBA PEDREIRA VIEIRA, Monica Rodrigues Klemz

Apresentação: Propomos a apresentação da Performance “Epifanias” que estabelece um íntimo diálogo entre dança contemporânea e literatura. Essa obra foi criada a partir da vida e textos de Clarice Lispector, que celebraria 100 anos de existência em 2020. A performance foi elaborada por meio de jornadas artístico-investigativas que priorizaram, durante o processo de criação, várias poéticas    de ‘desnudamento’ do imprevisível. Essa escolha foi feita porque Lispector em vários de seus textos aborda como situações inesperadas do cotidiano podem gerar epifanias que levam a mudanças de ações e pensamentos, gerando novas perspectivas de vida. Esse aspecto da epifania foi selecionado a fim de estimular a reflexão no público. A conjunção de leituras de poemas e trechos de contos e de livros de Lispector, enquanto há performance de dança e projeção audiovisual caracteriza o trabalho como híbrido. Buscamos, nessa nossa tentativa performática, colocar no corpo as palavras escritas por Lispector, bem como sentimentos e emoções que foram experienciados corporalmente pelas performers durante a criação. A performance “Epifanias” é eminentemente uma obra fruto de uma construção social de forças que interagiram  e geraram mais força, mais vontade de criar e fazer arte complexificando questões diversas tais como as existenciais, políticas, artísticas, sociais, históricas e filosóficas, dentre outras. Percebemos que esse trabalho exaustivo de registrar nas cenas repletas de gestos e movimentos corporais as palavras de Lispector, nos levaram a refletir as questões que a escritora propõe. Usamos linguagens poéticas que se constituíram  a partir de um  processo cheio de curvas, fendas, atalhos e desvios. Portanto, nosso intuito é compartilhar nessa performance intensas experiências com textos de Lispector que nós artistas tivemos, e que envolveram escolhas e elaborações de imagens, movimentos, figurino, elementos cênicos. Haverá bastante interatividade com o público ao longo da performance, o que, esperamos, promoverá ainda mais o deslocamento de pensamentos por meio da dança contemporânea. Uma dança que gera mais perguntas que respostas, a fim de gerar novas ‘danças de pensamentos’ que estimulem futuras  possibilidade de se fruir danças e performances que são fruto de arte e pesquisa politizadas.

7469 APROXIMAÇÕES ENTRE A ARTE E O COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA MULHER - O PROJETO TEIAS DE SENTIDOS
Monica Rodrigues Klemz, Samuel Gonçalves Pinto, ALBA PEDREIRA VIEIRA

APROXIMAÇÕES ENTRE A ARTE E O COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA MULHER - O PROJETO TEIAS DE SENTIDOS

Autores: Monica Rodrigues Klemz, Samuel Gonçalves Pinto, ALBA PEDREIRA VIEIRA

Apresentação: A violência é dispositivo de controle aberto e contínuo. A relação social caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção impede o reconhecimento do outro, pessoa, classe, gênero ou etnia, mediante o uso da repressão, provocando danos, configurando o oposto das possibilidades da sociedade democrática contemporânea. A violência contra a mulher acontece, principalmente, por condições socioculturais menores dela frente ao homem. Supõem-se papéis assimétricos. A mulher na história ocidental é colocada como submissa e não provedora que sustenta a casa e independente. A construção história desse fenômeno foi influenciada pelo patriarcado, e mostra a figura do homem como o que sustenta a família e paga as contas. Fora isso, há também características intrinsecamente atreladas à imagem do homem, como a demonstração de força, e de ser uma pessoa incisiva, determinada e corajosa. Já a mulher é vista como sensível, neutra, delicada, passiva; tudo o que reforça uma ideia de fraqueza. Essa imagem social, concebida pela maioria das pessoas como algo verdadeiro, reforça a ideia de superioridade do homem sobre a mulher. A ideia da submissão feminina é, pois, um dos motivos pelos quais as mulheres são tratadas com desprezo, discriminação e preconceito. Buscamos deslocar essa forma de pensamento tendo a arte como norteadora de diferentes formas de se relacionar consigo, com o outro, com a vida. A arte nesse projeto tem a dança contemporânea, a performance e a improvisação de movimento e gestos como norte para ampliar possibilidades de  ressignificação, pelas participantes, de memórias e experiências corporais nutridas por algum tipo de violência. Se a violência sofrida pode ter, em algum momento, incapacitado a vivência plena de bens artísticos e culturais em sua riqueza de conteúdos, propostas e situações, a arte agora, via esse projeto, descortina perspectivas de expressar códigos de violências que são ressignificados pelo corpo em movimento. Um exemplo de como isso foi feito na história da arte são os trabalhos da artista mexicana Frida Kahlo, que expressou criativamente angústias e conflitos internos, opressões e violências externas, por meio de suas pinturas feitas de forma visceral. Assim como Kahlo, buscamos desconstruir estereótipos de gênero que sustentam a manutenção de relações assimétricas, baseadas em dinâmicas de poder e controle de um dos membros sobre o outro, tendo a manifestação artística como mecanismo de expressão de sentidos. Valemo-nos da prática como pesquisa para desenvolver  oficinas de dança contemporânea, improvisação, performance, rodas de conversa, produções textuais (diários de bordo feito pelas participantes e pelos pesquisadores) e palestras a serem realizadas com mulheres vítimas de violência doméstica em Viçosa/MG. Discutimos resultados do trabalho com textos feministas de Djamila  Santos e Márcia Tiburi, e conceitos de corporeidade do filósofo Merleau Ponti. Consideramos que o trabalho artístico gerou possibilidades das participantes desenvolverem reflexões urgentes em suas vidas.  Cada mulher dançante ressignificou o “ser mulher” incorporado e passou a perceber devires de suas existências. Sugerimos que as artes do corpo possam cada vez mais tensionar e promover mudanças na forma como enxergamos e interpretamos experiências vividas sobre violências de gênero.

8181 EDUCAÇÃO EM SAÚDE: APRESENTAÇÕES TEATRAIS PARA USUÁRIOS DAS COMUNIDADES RURAIS E RIBEIRINHAS EM ITACOATIARA (AM).
Francileny Rodrigues, Tamires Amaral Negreiros, Ivan Antonildo Müller, Keyt Anne Passos, Suzi Moraes Dos Santos

EDUCAÇÃO EM SAÚDE: APRESENTAÇÕES TEATRAIS PARA USUÁRIOS DAS COMUNIDADES RURAIS E RIBEIRINHAS EM ITACOATIARA (AM).

Autores: Francileny Rodrigues, Tamires Amaral Negreiros, Ivan Antonildo Müller, Keyt Anne Passos, Suzi Moraes Dos Santos

Apresentação: A equipe multiprofissional composta pelas equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Equipe de Saúde da Família atuantes na Unidade Básica de Saúde Maria da Paz Rocha Litaiff situado na Avenida Sete de Setembro, s/nº, Centro – Itacoatiara, Amazonas, vem através de peças teatrais, transmitir, informações que chamem atenção dos nossos usuários, que são comunitários das zonas rurais do município que frequentam a unidade. As apresentações teatrais já ocorrem há dois anos e dez meses são considerados importantes para a melhor dinâmica do trabalho, principalmente quando são repassadas informações sobre assuntos pertinentes na educação permanente que precisam de atenção, como, saúde mental, saúde bucal, amamentação, saúde sexual e reprodutiva, alimentação saudável, agravos negligenciados e entre outros assuntos de promoção a saúde. Com objetivo de promover educação em saúde através de peças teatrais. Na realização do projeto ocorreram reuniões mensais entre os profissionais do Nasf-AB e ESFs para a escolha do tema a ser abordado aos usuários. O público alvo são os usuários da unidade que são das comunidades rurais do município de Itacoatiara, AM. Para as peças teatrais ocorrerem foram utilizados: roupas adequadas conforme o tema, fantoches, casa dos fantoches, roteiro dinâmico, equipamentos técnicos e aparelho de som. As peças ocorrem conforme calendário da saúde, na recepção da unidade, nas comunidades e nas escolas municipais. O quantitativo de pessoas que já assistiram às peças, são cerca de 2000 pessoas. Já foram criadas 20 peças teatrais com temas diferenciados para o público eminente. Após implantação do projeto, conforme questionário de assimilação, entregue para os usuários. Esses sinalizaram: 90% dos comunitários compreenderam o tema abordado, 10% tiveram dúvidas, 80% gostaram das apresentações e cerca de 70% dos usuários procuraram mais acesso a informação com as ESFs e com o Nasf-AB. As apresentações proporcionaram o acolhimento dos usuários o que demonstra há necessidade da continuidade das apresentações lúdicas para transmitir temas importantes sobre a saúde. Concluindo as peças de teatro possibilitam uma nova forma de acesso à informação e promoção da saúde aos usuários da zona rural que frequentam a unidade. Através de temas relevantes são realizadas peças com roteiro simples e criativo com intuito de dinamizar assuntos e possibilitar a garantia de direitos. A equipe multiprofissional procurou enfatizar temáticas sobre os direitos, saúde bucal, gravidez na adolescência, amamentação, hepatites virais e hanseníase. Temas que são repassados de forma simples para melhor deter atenção e compreensão do usuário.

9125 A PRÁTICA DO PRINCÍPIO DE IGUALDADE NA ATENÇÃO À SAÚDE DE UMA TRIBO INDÍGENA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PROJETO VER-SUS (AL)
Gian Carlos Nascimento, Jessyka Ferro Vilela, Alicia Freitas Alves, Danieli Ferreira Torquato, Murilo Augusto França

A PRÁTICA DO PRINCÍPIO DE IGUALDADE NA ATENÇÃO À SAÚDE DE UMA TRIBO INDÍGENA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PROJETO VER-SUS (AL)

Autores: Gian Carlos Nascimento, Jessyka Ferro Vilela, Alicia Freitas Alves, Danieli Ferreira Torquato, Murilo Augusto França

Apresentação: Pela Constituição brasileira, todo e qualquer cidadão tem o direito à saúde de forma integral, universal e equânime. Populações em vulnerabilidade histórico-social, como a população indígena, têm direito à saúde de forma específica, respeitando os limites culturais e identitários. Logo, existem medidas na educação dos profissionais de saúde para diminuir os problemas no que tange o atendimento dessa população. O presente estudo tem como objetivo relatar a experiência e a reflexão feita através da vivência no Projeto VER-SUS, na aldeia indígena da tribo Wassu Cocal, localizada no município de Joaquim Gomes - Alagoas, partindo da observação da existência ou ausência da implementação das ferramentas criadas para uma prática de saúde mais respeitosa. A importância desse estudo dá-se baseado no reconhecimento de que medidas de saúde que são preconizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurados por lei, em caso de atenção integral à saúde da população indígena, não estão presentes de forma efetiva nas grades curriculares, com lacunas que refletem na prática de atenção à saúde de maneira falha e que não conseguem abarcar as demandas das comunidades tradicionais. A análise foi feita a partir da observação e diálogos mantidos com uma profissional da aldeia e o cacique. A partir dessa vivência foi possível, para os viventes, criarem maior senso crítico quanto às medidas de humanização da saúde, entenderem a forma como a tribo entende o conceito de saúde e buscarem alternativas para uma melhoria na aplicabilidade da Política Nacional de Saúde dos Povos Indígenas, como preconizado pela Portaria GM/MS  nº 254/2002.

9126 DESAFIO DE TRANSEXUAIS E TRAVESTIS EM SITUAÇÃO DE RUA E OS PERCALÇOS NO ACESSO À SAÚDE
Gian Carlos Nascimento, Jessyka Vilela, Alicia Alves, Danieli Torquato, Murilo França

DESAFIO DE TRANSEXUAIS E TRAVESTIS EM SITUAÇÃO DE RUA E OS PERCALÇOS NO ACESSO À SAÚDE

Autores: Gian Carlos Nascimento, Jessyka Vilela, Alicia Alves, Danieli Torquato, Murilo França

Apresentação: A Constituição Federal Brasileira traz no artigo 5º a afirmativa de que “todos somos iguais perante a lei”. Na contra hegemonia desse pensamento, destaca-se a repugnação de corpos que divergem dos padrões impostos pela sociedade. A invisibilidade se torna evidente quando pensamos que, somente, em 2009 instituiu-se a Política Nacional para População em Situação de Rua e que o Movimento Nacional da População em Situação de Rua só surgiu no início do século XXI. Diante do exposto, considera-se essa revisão como subsídio para intervir no estreitamento da relação entre o sistema único de saúde e a população de travestis em vulnerabilidade. O presente trabalho tem como objetivo analisar as relações e implicações que permeiam o serviço de saúde no caminho de encontro a população travesti em situação de rua. Além disso, tentar estimular a inquietação, a partir da academia, para a discussão acerca da temática tão invisibilizada. Trata-se de uma revisão de literatura, realizada por meio das bases de dados BVS, Lilacs e Scielo, cujos descritores foram “Saúde” e “travesti” e “Pessoas em situação de rua”, coletando artigos em português entre 2008 e 2018. As mulheres transexuais, chamadas pejorativamente de travestis, em situação de rua sofrem de modo ainda mais profundo, principalmente com a negação da cidadania e as violações que vulnerabilizam suas vidas diante da deslegitimação reiterada da travestilidade presente na sociedade contemporânea. Foi detectado, também, o desconhecimento por parte dos profissionais de saúde em lidar com o contexto histórico/vivencial dos grupos, levando ao afastamento do indivíduo ao sistema único de saúde. Os resultados apontam para uma necessidade de saúde que precisa ser identificada e abordada ainda durante a formação do estudante de enfermagem, pensando-se em intervenções com esta população no âmbito do ensino com reflexos na atuação profissional do mesmo.

11532 A MÚSICA COMO ESTRATÉGIA PARA ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA.
Liliane Silva do Nascimento, Mariana Jessica Mafra Pires, Camila de Cassia da Silva de Franca, Flavia Sirotheau Pontes, Adalberdo Lirio de Nazare Lopes

A MÚSICA COMO ESTRATÉGIA PARA ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA.

Autores: Liliane Silva do Nascimento, Mariana Jessica Mafra Pires, Camila de Cassia da Silva de Franca, Flavia Sirotheau Pontes, Adalberdo Lirio de Nazare Lopes

Apresentação: A violência doméstica contra a mulher, caracterizada como qualquer ação ou omissão que cause dano físico, sexual, psicológico, moral ou patrimonial, pode ocorrer no âmbito da unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de afeto que exista ou tenha existido entre agressor e vítima. Entre os jovens, relacionamentos caracterizados por maus-tratos têm sido identificados como um problema de saúde relevante em diferentes países, configurando-se a violência no namoro, como precursora da violência intrafamiliar. Além de estar associada a outros danos à saúde mental, como abuso de drogas, depressão e transtorno de estresse pós-traumático . Neste sentido, o Programa Saúde na Escola (PSE), do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação, instituído em 2007, vem contribuir para o fortalecimento de ações que visem o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens brasileiros. Proporcionando à comunidade escolar a participação em programas e projetos para o enfrentamento das vulnerabilidades e melhora da qualidade de vida (BRASIL 2011). Nas atividades de prevenção em saúde, os profissionais buscam intervir precocemente por meio da troca de informações com a comunidade, a fim de despertar a motivação e a conscientização para que eles próprios sejam propagadores do conhecimento adquirido. Diversos métodos pedagógicos facilitam o entendimento e a transmissão do conhecimento. Atividades lúdicas, recursos áudio visuais, exposição de cartazes, teatro e música melhoram o compartilhamento do saber e proporcionam interatividade entre os grupos favorecendo a construção do conhecimento e a motivação. A música facilita o desenvolvimento de habilidades de aprendizagem, padrões e processos de pensamento, nível de conhecimento, atitudes e estilo cognitivo de crenças, o que aponta sua importância tanto como recurso tecnológico em ações educativas junto à população. Neste sentido, o presente trabalho relata a realização de atividade educativa com vistas à prevenção da violência doméstica contra a mulher. A ação foi realizada em uma escola pública do município de Ananindeua, utilizando a música como estratégia para abordagem da temática com os adolescentes. A atividade faz parte de um projeto desenvolvido para o Programa de Residência Multiprofissional em Estratégia Saúde da Família da Universidade do Estado do Pará, como trabalho de conclusão de residênciaDesenvolvimento: A atividade faz parte de um projeto desenvolvido para abordar a violência doméstica contra a mulher com adolescentes. Foram realizadas na escola Erotildes Frota Aguiar oficinas, roda de conversa, peças teatrais e outras apresentações artísticas. Após terem participado de algumas oficinas para compartilhar e enriquecer o conhecimento sobre a temática da violência doméstica contra a mulher, os alunos contribuíram na realização da atividade para os colegas das outras turmas. A música “Era uma vez” da cantora Kell Smith foi interpretada por dois alunos em voz e violão e depois outra aluna conduziu a reflexão explicando através de trechos da música questões relacionadas à ocorrência de violência doméstica e fatores importantes para o enfrentamento.“Era uma vez o dia em que todo dia era bomDelicioso gosto e o bom gosto das nuvens serem feitas de algodãoDava pra ser herói no mesmo dia em que escolhia ser vilãoE acabava tudo em lanche, um banho quente e talvez um arranhãoDava pra ver a ingenuidade, a inocência cantando no tomMilhões de mundos e universos tão reais quanto a nossa imaginaçãoBastava um colo, um carinho e o remédio era beijo e proteçãoTudo voltava a ser novo no outro dia sem muita preocupaçãoÉ que a gente quer crescerE, quando cresce, quer voltar do inícioPorque um joelho raladoDói bem menos que um coração partidoDá pra viver mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mauÉ só não permitir que a maldade do mundo te pareça normalPra não perder a magia de acreditar na felicidade realE entender que ela mora no caminho e não no final.”Resultado: e Resultado: Com base em alguns trechos da canção interpretada pelos colegas, os adolescentes puderam fazer diversas reflexões acerca da violência doméstica. “Era uma vez o dia em que todo dia era bom...”O título e a letra da música no geral remetem a uma situação de vida idealizada. Ao ser estabelecida uma relação com a violência doméstica, estudos apontam que a forma como algumas mulheres são socializadas a alcançar a sua realização no casamento idealizado as condicionam a estarem sujeitas ao homem e à violência. Como cita Zancan, o medo de ficar sozinha pode ser um coadjuvante ao aprisionamento da mulher. “Bastava um colo, um carinho e o remédio era beijo e proteção / Tudo voltava a ser novo no outro dia sem muita preocupação...” Este trecho foi utilizado juntamente com um cartaz confeccionado pelos adolescentes para a explicação do ciclo da violência doméstica. O qual é representado por fases que se repetem ritualisticamente. A primeira fase constitui-se de desentendimentos, humilhação, intimidação, ameaças, entre outros, finalizando o conflito em agressão física. Após a agressão física, ocorrem momentos de promessas de mudanças que, em geral, resultam na reconciliação do casal, fase denominada de “lua de mel”. “É só não permitir que a maldade do mundo te pareça normal...”Por fim os alunos apontaram e enfatizaram, a partir do trecho acima, o combate à naturalização da violência. De acordo com a literatura, o comportamento violento é transmitido entre gerações. Homens que crescem em lares violentos possuem maior propensão a serem agressivos e cometerem violência doméstica. Já as mulheres são mais propensas a serem vitimadas e aceitarem a violência. Considerações finais: A atividade realizada destacou-se como importante estratégia no combate e prevenção da violência doméstica. O envolvimento dos adolescentes na condução da reflexão favoreceu a interação com os outros alunos e o aprendizado dos próprios adolescentes a medida que precisaram adquirir o conhecimento para repassá-lo aos colegas. A utilização da música como estratégia de abordagem contribuiu de maneira positiva, modificando o ambiente e propiciando aos estudantes uma profunda reflexão sobre esta temática difícil mas que é extremamente necessária ser discutida com os adolescentes. A experiência mostrou também a contribuição inovadora da Residência em Estratégia Saúde da Família para o reordenamento de ações na Atenção Primária, direcionadas à  transformação da realidade, promoção da saúde do indivíduo, famílias e comunidade.