502: Ações promotoras do cuidado integral com foco na Saúde Mental
Debatedor: Edna Gurgel Casanova
Data: 30/10/2020    Local: Sala 06 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
6592 SUICÍDIOS DE ESTUDANTES: APOIO AO LEVANTAMENTO DE RISCOS PSICOSSOCIAIS
Suiane Tavares, Sandra Morioka, Ivan bolis, carlos pimentel, paulo souza

SUICÍDIOS DE ESTUDANTES: APOIO AO LEVANTAMENTO DE RISCOS PSICOSSOCIAIS

Autores: Suiane Tavares, Sandra Morioka, Ivan bolis, carlos pimentel, paulo souza

Apresentação: Os dados divulgados pela OMS sobre o número de suicídios na sociedade têm despertado o interesse dos pesquisadores da área da engenharia e da psicologia em estudar esse fenômeno no centro de tecnologia da UFPB. Considerado um problema de saúde pública, o suicídio é extremamente complexo, dependendo da subjetividade e do meio social no qual cada pessoa está envolvida. Segundo os dados da OMS, cada ano morrem 800 mil pessoas por suicídio. Além disso, o Ministério da Saúde aponta o suicídio como a quarta causa de morte entre as pessoas de 15 a 35 anos, atrás somente aos acidentes de trânsito, homicídios e doenças graves. Estudos apontam que o ambiente educacional e/ou a organização das instituições de ensino podem potencializar os riscos psicossociais, sendo o suicídio o principal sintoma desse mal-estar. Teve-se como objetivo levantar os riscos psicossociais e os constrangimentos que as organizações de ensino possam estar gerando nos alunos. Justifica-se a investigação, pelo fato de nos últimos dois anos, ter acontecido quatro casos de suicídio entre os estudantes do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba. Além de que suicídios podem ser evitáveis tanto nos níveis individuais, comunitários e nacionais. Teve-se como base a ergonomia e a psicodinâmica do trabalho. A primeira visa criar bases para que o estudante possa alcançar desempenhos melhores, criando condições para que ele saia da Universidade com condições de melhorar seu bem-estar. A segunda visa ampliar a visão do estudante, já que considera que o trabalho não é neutro, mas pode ser um potencializador de doenças. No sistema de educação, tanto o estudante pode se desenvolver enquanto profissional e cidadão, ou adoecer por estar em um ambiente não favorável à sua subjetividade. objetivou buscar na literatura os riscos psicossociais e suicídio na população de estudantes, para a tarefa foi buscado em livros, artigos e na internet. Foi feito um levantamento das atividades realizadas na UFPB que visam dar o suporte aos estudantes universitários, quando se encontram em situações que colocam em risco sua saúde mental. Essa tarefa foi feita com um núcleo de saúde mental do curso de psicologia da UFPB. Finalmente, o projeto incluiu busca por uma medida para mensurar as causas organizacionais que poderiam estar levando os estudantes a comprometerem sua qualidade e saúde mental. O estudo mostrou que, dentro da Universidade Federal da Paraíba, já há alguns serviços de emergências em saúde mental, além de práticas integrativas que atendem a esse tipo demandas. Para mensurar os riscos psicossociais foi escolhida e adaptada para o contexto brasileiro a ferramenta de apoio aos riscos psicossociais Copenhagen Psychosocial Questionnaire -COPSOQ, que permitirá identificar possíveis causas organizacionais do suicídio no contexto de instituições de ensino. Assim considerando a síntese dos nossos achados, há a necessidade de implementar novos processos que possam focar nas possíveis fontes de riscos psicossociais.

8365 FILHOS DO VENTO – A TRAJETÓRIA CIGANA DA INVISIBILIDADE AOS CAMINHOS DO SUS NO SUL DA BAHIA
Dayse Batista Santos

FILHOS DO VENTO – A TRAJETÓRIA CIGANA DA INVISIBILIDADE AOS CAMINHOS DO SUS NO SUL DA BAHIA

Autores: Dayse Batista Santos

Apresentação: Não se sabe ao certo a origem do povo cigano. Estima-se que chegaram ao Brasil no ano de 1572, degredados pelo rei de Portugal. No entanto, ainda hoje, não existem dados oficiais que demonstrem quantos ciganos existem no Brasil. Todavia, embora muito pouco ou quase nada se saiba sobre o povo cigano, os ciganos existem e são, “não ciganos vivendo no Brasil, mas brasileiros da etnia cigana”. Considerando a saúde como um direito de todos e um dever do Estado e tendo o Sistema Único de Saúde - SUS a responsabilidade social de assegurar, a partir dos princípios doutrinários e organizativos que o embasam, a garantia de tais direitos para todos os brasileiros, é sua responsabilidade fomentar políticas e programas voltados para o conhecimento das realidades e atenção às necessidades também da etnia cigana. Seja por meio de ações de educação permanente, pelo estímulo à formação continuada, por ações de educação popular em saúde e ou por meio da inclusão direta nas graduações e ensino profissionalizante, os serviços de saúde precisam se organizar para atender a comunidade cigana, respeitando as suas singularidades e elaborando planos de ação e cuidados que atendam as suas necessidades. O perfil, os habitus étnicos, as características, crenças e valores da etnia cigana precisam ser reconhecidos ou corre-se o risco de negar a este grupo o direito universal de acesso aos serviços de saúde e a efetivação da equidade enquanto princípio essencial das ações do SUS e da redução da iniquidade. Tal trabalho trata-se de um relato de experiência vivenciada no sul da Bahia,  e tem como objetivo sensibilizar atores (gestores – trabalhadores- comunidade - ensino) a respeito da necessidade de repensar a atenção à saúde atualmente direcionada à etnia cigana. Desenvolvimento: Enfermeira e bailarina, o primeiro contato da proponente com a comunidade cigana foi durante o espetáculo de dança Filhos do Vento, no qual, contrariando o estigma de que as ciganas e os ciganos não frequentam os mesmos espaços sociais que gadjés (não ciganos), a comunidade cigana de Itabuna/BA compareceu espontaneamente. Estreitados os laços e considerando a afinidade com o tema, a proponente iniciou pesquisa a respeito do povo cigano em um curso de especialização em Gestão Cultural na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), dando seguimento e aprofundamento no curso de mestrado em Ensino e Relações Étnicas da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Sendo este um mestrado profissional, além da escrita final cabe aos docentes propor/implantar um projeto de intervenção. Assim, embora o pensamento inicial tenha sido realizar uma cartografia definindo os locais de residência dos ciganos na cidade de Itabuna e elaborar uma cartilha direcionada às equipes de saúde da família dos locais onde residiam os ciganos, o dialogo constante com a comunidade, a compreensão de que não se podia falar pelo povo cigano, mas com o povo cigano e a constatação da invisibilidade e esquecimento dos poderes públicos para com a comunidade cigana, redimensionou a proposta. Dessa forma, após apresentação de sugestão de projeto de lei ao legislativo municipal, seguidos todos os trâmites do legislativo e do executivo, foi instituído no município de Itabuna o Dia Municipal da Etnia cigana – 24 de maio. A implantação de tal lei, ao dar visibilidade à comunidade, demonstrou também a pouca disponibilidade dos profissionais para conhecer e trabalhar com o povo cigano. Especificamente no setor saúde pode-se verificar o total desconhecimento e interesse das equipes de trabalho e de gestão a respeito do tema. Mesmo as instituições de saúde pouco ou nenhum conhecimento tem e ou buscam ter a respeito. Nos municípios de Itabuna e Ilhéus (Bahia), por exemplo, embora tenham comunidades ciganas, nenhuma citação referente ao grupo foi encontrada nos seus instrumentos de gestão. Enquanto reflexo do movimento disparado pela implantação do Dia Municipal da Etnia cigana na cidade de Itabuna, o município de Ilhéus vem incluindo de forma gradual as discussões acerca da saúde do povo cigano nos espaços de gestão e formação, através de ações de educação permanente e da formação continuada.  A educação popular em saúde através do EdpopSUS tem sido um caminho facilitador para alcance de tal objetivo. A realização de oficinas para trabalhadores da educação municipal também tem sido uma estratégia significativas. Resultado: Até o momento muito insipiente tem sido os resultados alcançados. No entanto, o fato de se propor pensar a etnia cigana enquanto cidadãos brasileiros com plenos direitos a um serviço de saúde universal e integral, já é um resultado significativo. E diga-se, a desconstrução de mitos e estigmas, geradores de preconceitos referentes ao grupo, tem sido um resultado deveras relevante. Os ciganos não podem continuar invisibilizados e ou vistos como membros dos povos de campos e florestas. Neste sentido, a cartilha Subsídios para o Cuidado à Saúde do Povo Cigano, publicada pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Associação Internacional Maylê Sara Kalí,, no ano de 2016, é um claro exemplo da disposição do SUS para compreender o povo cigano a partir das suas singularidades, com pleno respeito às suas crenças, valores, habitus e condutas e este tem sido um instrumento apresentado e discutido nos encontros locais ora relatados. Na região sul da Bahia a comunidade cigana tem aos poucos saído do lugar de esquecimento e construído uma história de resiliência e resistência. Neste contexto, não podem os servidores do SUS negar-se a assumir a responsabilidade de tratar de forma desigual os desiguais, garantindo a todos o pleno direito à saúde. A implantação do Dia Municipal da Etnia Cigana na cidade de Itabuna/BA foi uma iniciativa muito importante, com reflexos locais e regionais que, tendo partido de uma profissional da saúde, demonstra a força e importância da interculturalidade no SUS. Ao tirar a etnia cigana da invisibilidade, a Lei 2.422/2019 deu inicio à trajetória cigana nos caminhos do SUS no sul da Bahia. No município de Ilhéus, a programação anual de saúde 2020 contempla ações direcionadas especificamente aos grupos étnicos, incluso cigano. Atualmente a pesquisa segue no curso de doutorado Estado e Sociedade da UFSB. Além de Ilhéus e Itabuna, as cidades de Porto Seguro e Teixeira de Freitas têm trabalhado pelo fortalecimento do reconhecimento e respeito à comunidade cigana. Considerações finais: É fato que muita caminhada se tem pela frente, sobretudo em um momento onde o retrocesso parece dominar. Todavia, como diriam os ciganos “ a mais bela fogueira começa com pequenos ramos”. O SUS é sem dúvida a mais bela e forte política pública brasileira, pois, que seja primeiramente esta a política que, ao pensar no social que compõe a brasilidade, pense na etnia cigana e em todas as suas contribuições, ancestralidades e singularidades. Espera-se que este escrito possa servir para sensibilizar atores e estimular novas proposições em favor e com o povo cigano e em prol da efetivação de práticas inovadoras no e para a formação e o serviço no SUS.

9435 PARA ALÉM DOS MUROS...POSSIBILIDADES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Cristiana Marina Barros de Souza

PARA ALÉM DOS MUROS...POSSIBILIDADES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Cristiana Marina Barros de Souza

Apresentação: A partir da década de 1980, desenvolveram-se amplas discussões sobre o modelo assistencial ao portador de sofrimento mental, fato que culminou na flexibilização da relação da loucura com a sociedade, o que ocorre, principalmente, com a quebra do paradigma de periculosidade e incapacidade, introduzindo a possibilidade de tratamento fora do hospital psiquiátrico. No desenvolvimento da Política Pública Brasileira da Saúde Mental Infantil e Juvenil, com foco nos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil e na rede intersetorial de atenção à saúde mental infantil e juvenil, percebe-se uma defasagem entre a necessidade de atenção em saúde mental para crianças e adolescentes e a oferta de uma rede de serviços capaz de responder por ela. De modo geral, as políticas de saúde mental existentes estão relacionadas aos problemas da população adulta. Na população de crianças e adolescentes, os tipos de transtorno, principais fatores de risco e de proteção, estratégias de intervenção e organização do sistema de serviços têm especificidades que não podem ser contempladas pela simples extensão das estratégias de cuidado da população adulta à população infantil e juvenil. Tais especificidades tendem a permanecer invisíveis na agenda mais geral das políticas de saúde mental. Historicamente, as ações relacionadas à Saúde Mental da infância e adolescência foram, no país, delegadas aos setores educacionais e de assistência social, em instituições filantrópicas e privadas, com forte componente tutelar tais como educandários, abrigos, escolas especiais, institutos para deficientes mentais e clínicas para autistas. É a partir de 2002, no entanto, que o Ministério da Saúde passa a orientar a construção coletiva e intersetorial das diretrizes de uma rede de assistência de base comunitária e em acordo com as diretrizes da Reforma Psiquiátrica. Duas ações principais estão em curso nos últimos anos: a implantação, pelo SUS, de novos serviços de saúde mental para crianças e adolescentes, os Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi) e a construção de estratégias para articulação intersetorial da saúde mental com setores historicamente envolvidos na assistência à infância e à adolescência (saúde, educação, assistência social, justiça) com vistas à integralidade do cuidado, com bases territoriais. Com o objetivo de superar a defasagem entre a necessidade de atenção em saúde mental para crianças e adolescentes e a oferta de uma rede de serviços capaz de responder por ela, a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte abriu um novo CERSAMI NE em cinco de dezembro de 2016, responsável por três distritos: Nordeste, Norte e Venda Nova. Esse território é composto por 58 centros de saúde e 208 ESFs. O CERSAMI NE é um serviço substitutivo ao hospital psiquiátrico que preconiza o cuidado em liberdade por meio de serviços abertos, territorializados, com financiamento público. Busca responder à crise, mas, também, é um serviço psicossocial. Trata-se de pensar, a partir de cada caso e de cada sujeito, saídas para o sofrimento que acomete crianças e adolescentes. Desde o primeiro dia, o CERSAMI NE acolhe casos graves de crianças em primeiro surto, crianças e adolescentes em uso abusivo de álcool e outras drogas, mas acolhem-se, igualmente, as amarguras de uma infância roubada. Crianças abusadas, maltratadas, mal “falada”, com todos os direitos violados: violências físicas, violências sexuais, abusos, fome, falta de teto, falta de carinho, falta de lazer, falta de educação, falta de possibilidades. Faz-se necessário ir além da sintomatologia! Trabalhar com crianças e adolescentes é uma linha tênue entre proteção e tutela. Essa é a conversa diária no intento de garantir a proteção e de reduzir os danos da vulnerabilidade vivenciadas por essa clientela singular por se tratar de seres humanos em desenvolvimento. São vários os atores nessa caminhada. Conselho Tutelar, Vara da Infância e Adolescência, Abrigos, Assistência Social, Escola, Arte da Saúde, Atenção Básica, as equipes complementares, as medidas Sócio educativas, Ministério Público, Promotoria, e vários outros, formando um contínuo de resposta para a efetividade do cuidado das crianças e dos adolescentes. No desafio sempre constante de prestar uma assistência antimanicomial, faz-se necessário o questionamento das ações praticadas para não correr o risco de se configurar como uma sutileza do manicômio. Cabe aos profissionais, em suas práxis, interrogar e estar atentos se o que se tem feito em relação à reforma da assistência tem contribuído para um novo arranjo das ideias em torno da imagem do sofrimento mental. Os muros que cercam a loucura não implicam apenas nos muros do hospital psiquiátrico. Os muros, por vezes, podem ser erguidos a partir do olhar que se lança sobre o sofrimento mental, seja da família, da comunidade em que vive, seja de uma unidade de atendimento de saúde, seja dos profissionais. O olhar do profissional tange à reflexão da práxis perpassando a prática diária. O trabalho cotidiano é dar nome e ressignificar em qual ponto somos tocados e afetados pelos casos que chegam a um serviço de urgência psiquiátrico infantojuvenil. Ademais, reflete como trabalhamos e transmitimos o nosso fazer clínico para uma política de saúde mental que se atém a estar imersa em uma rede e na lógica antimanicomial. Certamente, o fazer do trabalhador da clínica da saúde mental da criança e do adolescente é tecida de maneira diferente da clínica da saúde mental do adulto à medida que demanda invenção e delicadeza. Em vista disso, requer desse profissional versatilidade a fim de inventar e reinventar estratégias e soluções para o tratamento desses sujeitos em desenvolvimento. Esta clínica específica empreende movimento e audácia em seu cotidiano para acolher e tratar o que, por vezes, não tem tratamento. Além disso, o trabalhador lida, também, com vulnerabilidades e violações de direitos, logo, precisam atuar na clínica concomitantemente com a rede de cuidados e proteção. Desta feita, pensar o caso consiste em identificar a sintomatologia e compreender o sintoma imerso no tecido social. Lógica tal preconizada nos serviços substitutivos de saúde mental encapsulados em princípios muito claros e robustos que vão para além da oferta de acolhimento, atendimento, acompanhamento, tratamento e produção de cuidado, contemplando também a oferta de cidadania e de liberdade, pontos que aprendemos na nossa prática diária com os usuários e a clínica singular do um a um. Produzir cuidado requer sutileza, mas também resistência, além de estar em um serviço que segue o modelo substitutivo de saúde mental e nos leva enquanto profissionais a estar sempre refletindo. Indubitavelmente, somos afetados pelo o que a clínica da escuta nos ensina e nos move, com o intuito de construir soluções sensíveis aos desfechos que cada caso merece. É nesta ótica de produzir um cuidado singular - mesmo diante dos retrocessos políticos - que nós trabalhadores da luta antimanicomial e do SUS seguimos resistindo e acreditando numa política pública que siga os princípios do cuidado em liberdade e busque pelo protagonismo e pela cidadania dos sujeitos, assim como preconizado no SUS e na luta antimanicomial.  

10035 TENDA HOLÍSTICA ITINERANTE: UM ESPAÇO DE AFETO E BEM VIVER
Gabriela Santos

TENDA HOLÍSTICA ITINERANTE: UM ESPAÇO DE AFETO E BEM VIVER

Autores: Gabriela Santos

Apresentação: Trabalhando para a implantação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no município de Manaus, um cenário de muitas adversidades, me desafiava a encontrar estratégias para seguir em direção ao objetivo. A Educação Popular em Saúde traz que os movimentos de construção devem ser democráticos e compartilhados para ganhar força e atender as necessidades da coletividade. Assim e objetivando disponibilizar as PICS em todo o município e com a finalidade de atender a demanda da sociedade, criei o Projeto Tenda Holística Itinerante: um espaço de afeto e bem viver. O projeto nasceu para incluir os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), atendidos pelas Unidades de Saúde de Manaus, no processo de implantação das PICS, unindo forças para sua efetivação atendendo as necessidades e anseios da nossa comunidade. A proposta foi visitar uma unidade de saúde em cada distrito sanitário do município, levando atendimentos e vivências em algumas das PICS, propiciando a experimentação e abrindo espaço para as contribuições da comunidade. Foi criado um grupo de trabalho com profissionais, onde aprimoramos o projeto, votamos as unidades a visitar, elegemos as práticas possíveis para ofertar e as dividimos para ter uma oferta proporcional nas visitas. Em cada unidade eleita havia um profissional de referência responsável por reunir, esclarecer e convidar a comunidade. Diretamente envolvidos, tivemos 18 profissionais, entretanto contamos com apoio de vários parceiros: EMBRAPA, SEMSA, Disa Rural, Setor de Nutrição, Departamento de Comunicação e da Gerência de Promoção da Saúde. As visitas tinham duração de quatro horas e ofertamos as seguintes práticas: Auriculoterapia, Reiki, Roda de conversa sobre Ayurveda e Plantas Medicinais, Distribuição de Mudas (Justicia Pectoralis e açafrão) e rizomas de açafrão - Oferta de Chá, Yoga, Barras de Access, Terapia Comunitária Integrativa e Aromaterapia, totalizando 596 atendimentos e mais de 150 comunitários. A dinâmica das visitas era aperfeiçoada a cada encontro para atender a necessidade da comunidade, mas iniciava com roda de conversa sobre as PICS conceito e benefícios, seguido da apresentação das práticas a ofertar, abrindo espaço, criando oportunidade e solicitando a participação da comunidade nesse movimento de ampliação da oferta de serviço e fortalecimento do SUS, trazendo a reflexão da importância da participação social para que o SUS seja verdadeiramente único e universal. Um município, muitas realidades, diferentes necessidades e expectativas, todas convergindo na urgência do fortalecimento da participação social no SUS e no empoderamento do individuo. Foram encontros preciosos, ricos e prósperos, pois agregamos parceiros, estreitamos laços e abrimos um canal de comunicação, apoio e afeto com a comunidade promovendo o bem viver. Após as visitas, muitos gestores solicitaram capacitação dos profissionais de suas unidades de modo a atender as solicitações da comunidade, com isso ganhamos o apoio de gestores de unidades de saúde e da subsecretaria de gestão da saúde para a efetiva implantação. Com o início de um novo ano, com o fortalecimento das alianças realizadas, as esperanças e as forças se renovam para promovermos saúde, democracia, bem viver e autonomia sobrevivendo e superando as adversidades no caminhar.

9713 CIENCIARTE E INOVAÇÃO: UMA OFICINA 5D NO SIMPÓSIO DE CIENCIA, ARTE E CIDADANIA
Rita de Cássia Machado da Rocha, Marcelo de Oliveira Mendes, Fábio Heleno, Felipe Martins, Fernanda Serpa, Valéria Trajano, Roberto Rodrigues Ferreira, Tania Cremonini de Araújo-Jorge

CIENCIARTE E INOVAÇÃO: UMA OFICINA 5D NO SIMPÓSIO DE CIENCIA, ARTE E CIDADANIA

Autores: Rita de Cássia Machado da Rocha, Marcelo de Oliveira Mendes, Fábio Heleno, Felipe Martins, Fernanda Serpa, Valéria Trajano, Roberto Rodrigues Ferreira, Tania Cremonini de Araújo-Jorge

Apresentação: Relatamos aqui a experiência de uma oficina que ocorreu no Colégio Salesiano Santa Rosa, Niterói, 13 de junho de 2018, em um evento do Simpósio de Ciência, Arte e Cidadania de 2018. O simpósio acontece bianual, desde 2002 e reúne profissionais e interessados em ciência e arte. A edição de 2018 foi comemorativa aos 20 anos do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos e aconteceu pela primeira vez ao longo do ano com atividades mensais e temáticas diversas com ciência e arte. Sobre a oficina, o Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos (Liteb/IOC/Fiocruz) realiza essa atividade desde 2015 na disciplina de Ciência e Arte. São colocados à disposição dos participantes materiais variados e deixamos que escolham suas ferramentas e materiais de acordo com a criatividade. Os materiais utilizados foram: placa de isopor para base, cola bastão, papéis coloridos, fitas coloridas, tesouras, bolas e cones de isopor de diferentes formatos, revistas, jornais, tinta, pinceis, lápis de cor, massa de modelar, canetinhas, papel machê, linha de crochê, papel celofane. Importante destacar que quanto mais materiais melhor para deixar disponível ao grupo e assim potencializar a criatividade. Utilizamos uma base de isopor para a construção de uma escultura, uma instalação, que deve responder à uma pergunta norteadora. Utilizamos a modelagem 5D com metaformação uma proposta de Todd Siler que combina instrumentos artísticos e científicos sob a forma de modelos em 5 dimensões (5D):  altura, largura, profundidade, tempo/movimento e simbolismo. É uma metodologia estabelecida no âmbito teórico e prático com CienciArte. As etapas do método ArtScience de Siler perpassam pelos mesmos pontos do método científico tais como: o conectar ao problema que é quando definimos um problema, o descobrir, quando pesquisamos; o inventar, quando formulamos a hipótese para experimentá-la; o aplicar é quando experimentamos, observamos os dados, analisamos e tiramos a conclusão. Sendo assim, tudo começa a partir de uma pergunta mobilizadora, que é o tópico conectar. O mediador divide a turma em grupos, tendo como fio condutor o questionamento. O objetivo é fazer com que os participantes passem pelas etapas do método ArtScience de Siler que são: conectar com a dimensão do problema criando hipóteses, descobrir métodos que ajudem a compreender problema, inventar novas possibilidades e aplicar no mundo real; ao final é importante sintetizar  a ideia desenvolvida com os materiais e  debater com os demais grupos.  Na oficina que relatamos, a pergunta norteadora foi:  Qual a escola dos meus sonhos? Os participantes foram divididos em 5 grupos e cada um discutiu e modelou a solução para aquele questionamento utilizando a abordagem ArtScience de Siler. Lembrando que muitos dos participaram eram docentes e discentes do Colégio. As obras foram nominadas pelos participantes tais como: Grupo 1: Aula ao avesso: Os participantes desconstruíram a lógica da escola rígida, onde o professor passa o conhecimento e não escuta aluno em sua arte, colocando os alunos altos e o professor embaixo, de onde decorreu o nome:  ao avesso. Grupo 2: A Escola dos Sonhos: para sair do padrão rígido para um padrão mais fluído, os proponentes pensaram na ideia de olhar a escola antiga por um retrovisor, a nova escola de frente e a antiga na estrada e no caminho. Uma escultura em massa de modelar  simboliza uma nave em que a pessoa se encontra  nesse processo olhando a antiga escola pelo retrovisor. Também foi usado papel alumínio dobrado para simbolizar as faíscas de ideias brilhantes. Grupo 3: Ao Infinito e Além: A escultura expõe uma estrada regular, representada por papel alumínio, fazendo analogia ao modelo tradicional de aprendizagem e por um barbante, simbolizando o início da nova caminhada e os diferentes conhecimentos. As cores, metade branca e metade colorida, simbolizam a transição, o infinito da educação, a melhoria contínua. Grupo 4: Novos Olhares: os participantes se propuseram a pensar em uma inovação para trabalho do conhecimento. A escultura simbolizou o conhecimento, e suas vertentes foram apresentadas como um pêndulo. Segundo relato dos integrantes, o pêndulo representou o alcance ao conhecimento. No centro posicionaram um olho como representação máxima de percepção, e utilizaram cores básicas que olho percebe:  verde (a vida), azul e vermelho.  O grupo propôs que a percepção do conhecimento levará à uma transformação, dando uma coloração ao mundo através dessa nova percepção. Os integrantes buscaram mais percepção para que o conhecimento seja mais trabalhado para poder modificar o mundo. Grupo 5: A célula: Uma célula que tenta cumprir a missão da vida, formada por um retalho de cores que, de acordo com a exposição dos autores, podem ser ideias, novos aprendizados, conhecimentos. O modelo é bastante colorido, com uma integração da linhas que simbolizaram a união. A agregação de valores deu o tom ideal da célula. Ao final da oficina cada grupo comentou sobre sua obra e o simbolismo de cada material utilizado contemplando as dimensões da oficina 5D. Observamos que durante o processo de criação, os participantes correlacionavam reflexões e discutiam de que forma poderiam sintetizar suas ideias. Uma dificuldade observada foi o sintetizar as discussões e conclusões dos grupos em uma escultura artística, com cores, figuras, movimentos, dentre as diversas possibilidades apresentadas. Foi assim que surgiram as cinco estruturas e os problemas detectados no questionamento sobre a escola dos sonhos foram uma crítica ao modelo tradicional de ensino e a busca por uma nova forma de aprendizagem com mais fluidez, menos rigidez, mais criatividade e inovação. Visto isso, podemos observar que a modelagem 5D de Siller possibilitou a conexão com a problemática, a descoberta de como solucionar, a invenção de novas possibilidades e a aplicação no cotidiano, este item foi bem discutido na finalização das atividades com docentes e discentes, pensando no contexto da escola, onde aconteceu a dinâmica e a qual alguns alunos eram participantes desta. O relato desta atividade está no canal do Youtube do Simpósio de Ciência, Arte e Cidadania, nossa rede online onde registramos atividades dos simpósios em ciência e arte realizados pelo laboratório. Com relação aos termos de autorização, os participantes assinaram termos quando se cadastraram online para participar do Simpósio.

10180 “QUEM SETE VEZES CAI LEVANTA OITO”: MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA FRENTE À CRISE DO FINANCIAMENTO DA RAPS E A POLÍTICA ATUAL DE SAÚDE MENTAL NA PRÁTICA
Paula Isabella Marujo Nunes da Fonseca, Juliana Ramos Gomes, Cynthia Haddad Pessanha Souza, Conrado Bandeira de Albrecht Tapajós

“QUEM SETE VEZES CAI LEVANTA OITO”: MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA FRENTE À CRISE DO FINANCIAMENTO DA RAPS E A POLÍTICA ATUAL DE SAÚDE MENTAL NA PRÁTICA

Autores: Paula Isabella Marujo Nunes da Fonseca, Juliana Ramos Gomes, Cynthia Haddad Pessanha Souza, Conrado Bandeira de Albrecht Tapajós

Apresentação: Após a instalação do estado de exceção pelo qual o país passa no momento, o SUS e a RP passaram a ser alvo de mudanças radicais e de retrocessos. Um deles se traduziu no corte de quase R$78 milhões feito pelo Ministério da Saúde no final de 2018, na RAPS. Com isso, os equipamentos sofreram desde cortes de profissionais à falta de pagamentos, fazendo com que entrassem por vezes, em greve ou estágio de greve, o que atinge a rotina de atividades, afetando usuários e familiares, como ocorreu nos meses de outubro à dezembro/2018, em um CAPS III localizado no Rio de Janeiro, cenário de estágio da disciplina de Psiquiatria e Saúde Mental de alunos de graduação de enfermagem da EEAN/UFRJ. O objeto da experiência é a estratégia de resistência que estudantes encontraram para divulgar a relevância do CAPS para a população frente a crise. Objetivo: construir material que possibilite a conscientização da população acerca do trabalho realizado no CAPS III. Método: 8 estudantes sob orientação de 2 docentes idealizaram a construção de um vídeo em que profissionais, usuários e familiares da unidade, responderam a 3 perguntas sobre o CAPS. Os participantes assinaram TCLE e TCDI para participarem. Após edição do vídeo, que contou com reportagens falando dos cortes na RAPS, o mesmo foi apresentado para a equipe, usuários e seus familiares. Foram solicitadas pela equipe pequenas alterações no vídeo que foram realizadas. Resultado: Foi criado um vídeo em que profissionais do CAPS, familiares e usuários falam do que é o CAPS para eles, qual sua importância e o que eles pensam para o futuro do dispositivo. Após as mudanças solicitadas pela equipe, o vídeo foi enviado para a instância municipal do Rio de Janeiro na área de saúde mental buscando aprovação para ampla divulgação. O retorno obtido foi a sugestão de sequentes edições em diversas partes do material, o que descaracterizaria a mensagem a ser passada para a população; também foi utilizado como argumento reflexivo anterior a possível divulgação do material, que houve a demissão de gestores por motivos de divulgação da realidade do ambiente laboral. Tais fatos traduzem a prática da atual política de saúde mental que busca o enfraquecimento dos Centros de Atenção Psicossocial, desqualificando seus serviços sem dar uma explicação coerente e legítima a população sobre o que de fato está acontecendo. Deste modo, fica a mensagem que mesmo que não aceitas algumas formas, ainda que legítimas de se mostrar o que está acontecendo nas unidades de atenção a saúde, neste caso representada por um CAPSIII, as formas de resistência precisam ser tentadas e divulgadas para que a população entenda o desmonte que está acontecendo no SUS. Como nova estratégia de divulgação, alunos de graduação irão para as praças públicas divulgar e orientar a população o que é o serviço do CAPS, como ele funciona etc. Conclui-se que mesmo em períodos de crise é possível resistir, se unir para que lutemos pela manutenção dos princípios da Reforma Psiquiátrica no SUS.

10581 A SAÚDE MENTAL DE PROFESSORES E ALUNOS: VAMOS AO CIRCO?
Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Francilene Sodre da Silva, Samela Stefane Correa Galvao

A SAÚDE MENTAL DE PROFESSORES E ALUNOS: VAMOS AO CIRCO?

Autores: Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Francilene Sodre da Silva, Samela Stefane Correa Galvao

Apresentação: Historicamente, o homem tem se mostrado mais frágil frente à racionalidade tecnológica e administrativa do que há alguns anos atrás perante as instituições tradicionais. Os instrumentos têm importância fundamental na atividade humana, pois pelo trabalho que a ação transformadora do homem sobre a natureza, cria a cultura e a história humana. Os professores passam a viver constantemente na dualidade de serem responsáveis pela reprodução de uma cultura dominante individualista e também por personificarem as esperanças de mobilidade social de diferentes camadas populares. Teoricamente, a escola tem o papel de formar indivíduos para serem seres humanos autônomos, críticos e capazes de atuar na sociedade para torná-la melhor, para, desta maneira, também melhorar sua qualidade de vida. A ludicidade é elemento fundante na constituição do Eu, e a experimentação lúdica, quando direciona a determinados objetivos, se constitui em um dos aspectos mais importantes, não só no desenvolvimento da criança como também no progresso da ciência Objetivo: proporcionar uma vivência lúdica aos professores e alunos da Educação Infantil da Rede Municipal de Educação de Benevides, Pará, Brasil com apreciação de espetáculo circense. Desenvolvimento: A atividade foi realizada em dezembro de 2019, na cidade de Benevides, Pará, especificamente, com professores e alunos da Educação Infantil da Rede Municipal de Benevides, Pará. Professores, professoras, alunas e alunos foram ao espetáculo de circo, para desenvolver de forma lúdica o processo de aprendizagem, assim como, cuidar de forma salutar da saúde mental de ambos os participes desse processo. O projeto foi voltado para favorecer o enfoque que queremos dar que o trabalho, em educação, seja não só uma prática técnica, com conhecimentos estruturados, mas como prática de relações, ou seja, um trabalho que vai se construindo num processo dinâmico, de interação entre pessoas e as condições do meio em que se inserem, configurando uma realidade cheia de dores e sofrimentos, alegrias, sonhos e desejos, encontros e desencontros, instituições, tecnologias, saberes e crenças. Foi um momento que ficou eternizado para professoras, professores, alunos e alunas, que renovou o caminhar do processo educativo da Rede, assim como trouxe depoimento de professores que relataram ser fundamental a ludicidade na vida da escola, do docente e discentes. Trata-se de tornar salutar a saúde mental deste público. Resultado: Atualmente, 95% dos professores possuem distúrbios neurológicos, alterações de saúde física e mental. Diante do tema proposto, acreditamos que a promoção da saúde do professor necessita acontecer na própria escola, entre seus pares, e passa necessariamente por novos modelos de organização. É uma questão que não pode ser analisada apenas no nível da individualidade (a qual, não exime a responsabilidade das políticas públicas em viabilizar tal atividade). Considerações finais: Fazer educação com competência, alegria e sucesso exige formação, cuidados e valorização dos profissionais que prestam um serviço da maior relevância para a sociedade. É necessário construir um tijolinho de compromisso, de pertencimento, de envolvimento e de entendimento que a escola é espaço de cada um.

10551 UM OLHAR PARA AS POPULAÇÕES DO CAMPO, FLORESTA E ÁGUAS POR MEIO DE FÓRUNS ITINERANTES: Um relato de experiência
Silvia Leticia Gato Costa, Marcos Roberto Galvão Castro, Silvio Almeida Ferreira, Leida Caldeira Marinho, Patricia Colares dos Santos, Barbara Luanna Alves Lira, Isabela Coimbra Guimarães, Wilson Sabino

UM OLHAR PARA AS POPULAÇÕES DO CAMPO, FLORESTA E ÁGUAS POR MEIO DE FÓRUNS ITINERANTES: Um relato de experiência

Autores: Silvia Leticia Gato Costa, Marcos Roberto Galvão Castro, Silvio Almeida Ferreira, Leida Caldeira Marinho, Patricia Colares dos Santos, Barbara Luanna Alves Lira, Isabela Coimbra Guimarães, Wilson Sabino

Apresentação: As políticas públicas de saúde são criadas para firmar o compromisso com a promoção da equidade em saúde, assegurando uma ação concreta com o objetivo de buscar soluções para os problemas relacionados à vida, principalmente quando se trata de populações afastadas dos grandes centros como as do campo, da floresta e das águas. A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta, contextualiza que para a realidade dos povos tradicionais é de suma importância entender e valorizar seu território. Com isso, é necessário compreender as peculiaridades pertencentes a essa população, além de identificar os determinantes de saúde que os afeta, para como isso garantir a construção de ações que deem respostas efetivas as políticas públicas existentes, para a melhoria das condições de saúde, através do planejamento que tenha a participação ativa da comunidade no processo. O objetivo desse trabalho é relatar a experiência da realização de Fóruns Itinerantes de Atenção Básica no Oeste do Pará voltados às populações do campo, da floresta e das águas. Desenvolvimento do Trabalho Trata-se de um relato de experiência de abordagem descritiva sobre a realização de Fóruns Itinerantes de Atenção Básica do Oeste do Pará, realizados nos municípios de Juruti, Oriximiná e Óbidos. Os fóruns foram realizados no âmbito do curso de Especialização em Saúde da Família e Comunidade (ESFC). A ESFC está vinculada ao Instituto de Saúde Coletiva (Isco) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e foi financiado pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), e contou com a parceria para a realização da Cáritas de Óbidos e do Ministério Público do Estado do Pará. A execução do fórum foi dividida em dois momentos, sendo o primeiro caracterizado por visitas em comunidades rurais de cada município para levantamento de informações e discussão sobre as principais demandas e necessidades locais. As reuniões nas comunidades contaram com a participação de cerca de 40 pessoas em cada encontro, entre moradores e lideranças, que compartilharam a história da comunidade, aspectos culturais e questões relacionadas à saúde e seus determinantes. Além disso, discutiu-se sobre a execução do diagnóstico participativo realizado pelos comunitários e os alunos da especialização. O diagnóstico esteve dentro do planejamento da especialização e teve como objetivo elencar conjuntamente com os comunitários, os problemas diagnosticados na comunidade e após apontar os prioritários,  buscar meios para saná-los sendo estes apresentados como trabalhos de conclusão de curso pelos alunos da ESFC. O segundo momento, consistiu-se na realização de cada um dos fóruns, realizados na área urbana dos municípios. Os fóruns foram compostos pelos momentos de discussão acerca dos problemas elencados nas comunidades, bem como a exposição dos diagnósticos participativos desenvolvidos pelos alunos da ESFC. Os eventos também contaram com a participação de gestores municipais, comunitários, lideranças religiosas e universidade. Resultado: Os fóruns possibilitaram a articulação entre agentes públicos e as comunidades, tendo como propósito, discussões das demandas locais que estariam impactando negativamente na saúde das populações do campo, das florestas e das águas. E para melhor compreensão, as problemáticas foram agrupadas e caracterizadas de acordo com os determinantes e/ou condicionantes da saúde como: alimentação, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, educação, a atividade física, o lazer, o transporte e o acesso aos bens e serviços essenciais. Dentre os problemas identificados nas comunidades, destacou-se: a) Sobre o saneamento básico - a Insuficiência do microssistema de água para atender as comunidades; e inexistência de coleta de resíduos. b) Relativo ao Meio Ambiente - o assoreamento dos igarapés devido desmatamento de matas ciliares. c) Referente à educação - a falta da oferta do ensino médio. d) Na dimensão da assistência à saúde - a quantidade insuficiente de insumos para os atendimentos básicos nas Unidades de Saúde; o desabastecimento de medicamentos; a falta de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), a falta de acesso e deficiência dos serviços de saúde; e e) Sobre o acesso aos bens e serviços essenciais e transporte - a insuficiência de energia elétrica e a deficiência de transporte público. Foram identificados também, a venda e consumo de drogas ilícitas, que segundo os comunitários, provocam conflito nas comunidades. Diante dessas problematicas evidenciadas que impactam diretamente na saúde das populações realizou-se alguns encaminhamentos na ocasião dos fóruns: Incentivo e orientação, pela universidade para formulação de uma relação municipal de medicamentos essenciais e fitoterápicos que atenda as demandas do local; levantamento de dados referente a doenças como a sífilis e doença de chagas; criação de grupo de trabalho para acompanhamento e avaliação dos problemas elencados; estudo sobre a possibilidade da prática de esporte e lazer nas comunidades; elaboração de projeto, visando a execução de práticas de educação e prevenção em saúde; elaboração de projeto para canalização e distribuição de água purificada nas comunidades ribeirinhas; realização de cadastramento das comunidades na Companhia de Energia Elétrica do Pará (Celpa) para viabilizar a participação no Programa Luz para Todos; fortalecer a realização de ações básicas de saúde nas comunidades; garantia do funcionamento das unidades de saúde nas comunidades; capacitação e instrumentalização dos ACSs para o desenvolvimento de suas atividades; elaboração de projeto para a coleta e destinação adequada do lixo; e instituição de projeto de lei para inclusão do profissional Bacharel em Saúde Coletiva em concursos públicos; entre outros. Entende-se que os determinantes ora evidenciados interferem diretamnete na saúde das populações e que as interverções sobre eles são de responsabilidade de setores, que não necessariamente estão diretamente ligados somente ao setor saúde. A compreensão de ações intersetoriais é de fundamental importânica para que se possa envolver cada um dos atores que exercem influência direta na busca de solução para os reais problemas das comunidades.   Considerações finais A realização dos fóruns possibilitaram o debate crítico dos problemas evidenciados e diagnosticados, ressaltando-se que, apesar da existência de políticas públicas direcionadas a população do campo, da floresta e das águas, estas não são efetivadas ou apresentam baixa efetividade para esse grupo populacional. Os problemas observados nas discussões desse evento fazem parte de um elenco de  determinantes e condicionantes de saúde que afetam esse coletivo e quando não percebido e direcionado ações para sua solução, podem ser desencadeadores de processos de adoencimento na população exposta. Além de que, essa percepção dentro do contexto da formação em saúde promove ressignificações e mudanças na atuação profissional, possibilitanto gerar melhorias na atenção, promoção e assitência à saúde.  

10753 PALHAÇOS PETIANOS: O CUIDADO E A HUMANIZAÇÃO EM DIALOGIA NA PALHAÇARIA
David Andrade da Silva, Iane Rocha de Souza, Matheus Magno dos Santos Fim, Maria de Fátima Portilho dos Santos, Flávia Fonseca Venâncio, Mayla Campos de Brito, Raquel Baroni de Carvalho, Margareth Attianezi

PALHAÇOS PETIANOS: O CUIDADO E A HUMANIZAÇÃO EM DIALOGIA NA PALHAÇARIA

Autores: David Andrade da Silva, Iane Rocha de Souza, Matheus Magno dos Santos Fim, Maria de Fátima Portilho dos Santos, Flávia Fonseca Venâncio, Mayla Campos de Brito, Raquel Baroni de Carvalho, Margareth Attianezi

Apresentação: A Educação Interprofissional em Saúde (EIP) ocorre quando duas ou mais profissões aprendem entre si, com e sobre as outras, para melhorar a colaboração e qualidade do cuidado. Nesse sentido, o diálogo é fundamental por ser uma ferramenta aberta e direta de comunicação, possibilitando melhorias das ações em saúde e melhor atendimento às necessidades em saúde da população. A construção do trabalho interprofissional envolve o compartilhamento de saberes, embasados nos conhecimentos pertencentes aos cursos da área da saúde, respeitando as particularidades e singularidades de cada prática profissional. Nesta perspectiva, o PET Interprofissionalidade da Universidade Federal do Espírito Santo, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Vitória (ES), envolve tutores (docentes), preceptores (trabalhadores) e estudantes de nove cursos, em projetos que atuam na integração ensino-serviço-comunidade em cinco unidades de saúde do município de Vitória e financiamento do Ministério da Saúde/Ministério da Educação. Seu objetivo maior é a implementação de uma formação com foco na EIP no projeto pedagógico de cada curso da universidade e a colaboração na melhoria do acesso, acolhimento e educação em saúde da atenção básica do município. A contribuição do grupo da Unidade de Saúde da Família (USF) de São Cristóvão se dá na expertise em Comunicação em Saúde, além da colaboração em ações que auxiliem na humanização do cuidado em saúde. O grupo é composto por oito alunos dos cursos de Fonoaudiologia, Odontologia, Terapia Ocupacional, Farmácia, Psicologia, Fisioterapia e Enfermagem. A tutoria é feita por duas docentes do curso de Fonoaudiologia e a coordenação por uma docente da Odontologia. A comunicação é uma competência social que acompanha todas as histórias das civilizações e esta resulta da interação entre os comunicantes, podendo ser expressada por diversos meios, como a fala verbal ou pela escrita, e também como aspectos não verbais, como o comportamento e os gestos. A forma de comunicação e a qualidade da informação transmitida ao interlocutor nos serviços de saúde torna-se uma ferramenta crítica, estratégica e fundamental na compreensão dos processos de saúde-doença, no acolhimento e no atendimento desses usuários. Essas estratégias impactam na percepção qualitativa dos serviços de saúde prestados à população. Previato e Baldissera (2018) ao analisarem a comunicação enquanto domínio da prática interprofissional colaborativa em saúde no processo de trabalho das equipes da Atenção Primária à Saúde observaram que a comunicação dialógica é um princípio fundamental que possibilita uma reversão ao modelo de saúde hegemônico, aumentando a resolutividade do trabalho em equipe. As autoras apontam ainda fragilidades e potencialidades nos processos de trabalho das equipes, ressaltando que a comunicação, enquanto domínio da prática interprofissional colaborativa em saúde, torna-se oportunidade dialógica à (re)construção dos saberes e dos fazeres que emanam do cotidiano do trabalho na Atenção Primária à Saúde. Segundo Matraca et al., 2010, o diálogo e o riso são agentes de promoção de encontros, sendo o universo lúdico um instrumento educativo fundamental no processo de aprendizagem em saúde e na relação da pessoa com seu meio. Estudos relatam que o humor e o riso têm papel primordial no enfrentamento de situações adversas da vida cotidiana das pessoas, sendo observado que o uso da técnica de palhaçaria em atividades nos diversos níveis de atenção à saúde resultam na reflexão sobre suas próprias condições de vida e no enfrentamento de seus problemas através do riso. Com intuito de fortalecer novas práticas em saúde, o grupo PET São Cristóvão optou pelo uso do humor e do riso como potente forma de expressão, que possibilita reações fisiológicas benéficas ao organismo humano, como a redução de estresse, a liberação de hormônios que atenuam dores e a diminuição da pressão arterial. Desta forma, o uso da arte da palhaçaria passou a ser uma característica das atividades desenvolvidas pelo grupo. Objetivo: Descrever o uso da técnica da palhaçaria na EIP e a prática colaborativa na formação e na humanização do cuidado em saúde na atenção básica. Método: Trata-se de um relato de experiência sobre o uso da palhaçaria na educação interprofissional com um grupo de bolsistas e voluntários do PET Interprofissionalidade UFES/SEMUS Vitória (ES) e a utilização da técnica em atividades de formação, acolhimento e educação em saúde. Os discentes são formados a partir de oficinas de experimentação, leitura dialogada de materiais teóricos e vivência da técnica em atividades práticas. Os locais de atuação são a USF São Cristóvão e uma escola de ensino fundamental do território. Após as ações, os estudantes relatam suas impressões, sentimentos e emoções em um diário de campo. Resultado: Na formação os estudantes puderam experimentar o lugar incomum do palhaço no serviço de saúde, que se distancia da posição de “aprendizes técnicos”, trajados de jaleco, como ocorre nos estágios curriculares. Esse lugar do palhaço não é menos importante que o lugar do estagiário ou do profissional, pois ele trabalha diretamente a interprofissionalidade e a comunicação, seja ao se colocar em contato direto com todos que habitam o espaço da unidade de saúde, seja ao não estar identificado com a sua profissão "de origem", mas como um sujeito em comum entre todos as categorias profissionais ali presentes. O lugar do palhaço também expande a possibilidade de habilidades que podem ser exercitadas pelo graduando, pois vai além da formação técnica de cada curso. No acolhimento da USF optou-se por utilizar um evento divulgado nas redes sociais “22 de Maio - O Dia do Abraço”. Os estudantes e uma tutora se caracterizaram e percorreram a unidade de saúde distribuindo abraços aos usuários e outros profissionais. Percebeu-se que o abraço traz benefícios para a saúde física e mental, aproximando usuários e funcionários técnicos, colaboradores da segurança, da limpeza e demais usuários que compartilhava daquele espaço. A movimentação do grupo de palhaços chamou muita atenção e as brincadeiras surgiram espontaneamente, gerando diferentes expressões e respostas. Alguns demonstravam estranheza, outros sorriam e participaram da brincadeira de forma a alterar o ambiente da unidade, do lugar do silêncio e introspecção, para o lugar de risos, gargalhadas e conversas. Considerações finais: As pessoas que experienciaram as intervenções demonstraram reconhecimento e ficaram alegres com o gesto compartilhando. A figura do palhaço, os abraços e a alegria dos momentos modificaram de alguma forma o dia daqueles que entraram em contato com essa técnica, ou seja, foi possível transformar simples momentos em sensações únicas. A ação foi muito importante para que houvesse um estreitamento dos laços humanos e afetivos entre os envolvidos, além de quebrar com a frieza da rotina e dos protocolos que permeiam o serviço de saúde. As experiências vividas mostraram a importância do trabalho interprofissional, da Educação Popular e da arte, além da necessidade de ampliação de metodologias que agreguem a alegria nas práticas, no processo de horizontalização das relações e na promoção da saúde, visando a constituição de serviços de saúde mais participativos e dialógicos que ampliem o vínculo com a população.  

10838 ESTRATÉGIAS INTERVENTIVAS SOBRE ANSIEDADE COM PACIENTES NA FILA DE ESPERA DE UMA POLICLÍNICA.
João Paulo dos Santos Leite, Júnnia Maria Moreira, Emiliane Silva Santana, Ademilson da Silva Junior, Jermyson Guimarães de Souza, Mazda Andressa Marins Torres

ESTRATÉGIAS INTERVENTIVAS SOBRE ANSIEDADE COM PACIENTES NA FILA DE ESPERA DE UMA POLICLÍNICA.

Autores: João Paulo dos Santos Leite, Júnnia Maria Moreira, Emiliane Silva Santana, Ademilson da Silva Junior, Jermyson Guimarães de Souza, Mazda Andressa Marins Torres

Apresentação: O presente resumo deriva de uma experiência prática da disciplina “Processos Grupais”, pertencente ao colegiado de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), que tinha por objetivo ofertar ações que reduzissem a ansiedade dos pacientes que se encontravam na fila de espera da Policlínica - HU. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5, a ansiedade é entendida como uma resposta fisiológica e comportamental para ameaças futuras: ao prever uma possível ameaça, o corpo mobiliza recursos físicos e psicológicos para a resolução do problema, agindo como uma forma de motivação. Porém, os transtornos de ansiedade ocorrem quando a mesma deixa de possuir valor adaptativo e quando as respostas fisiológicas e psicológicas se tornam desproporcionais à situação problema, com duração e intensidade muito acima do esperado. Dito isto, entende-se que períodos ociosos de espera podem ser fatores favoráveis para a manifestação de comportamentos de ansiedade, devido à falta de estímulos que possam guiar e ocupar a atenção, sendo assim, salas de espera, como a da Policlínica - HU, podem se tornar locais propiciadores para respostas de ansiedade. Portanto, esses espaços devem ser aproveitados para a realização de atividades educativas em saúde, como a psicoeducação familiar, no sentido de propagar informações em nível de prevenção e promoção de saúde mental, visando o desenvolvimento do cuidado integral e práticas de autocuidado para o público da instituição. Outra estratégia realizada com os pacientes e acompanhantes foi convidá-los a participarem de uma prática meditativa, com o objetivo de reduzir seus níveis de ansiedade e estresse oriundos do longo tempo de espera. A meditação é um processo auto regulatório que se utiliza de inúmeras técnicas que visam guiar conscientemente e intencionalmente o foco de atenção do indivíduo, trazendo-o para o momento presente, diminuindo o fluxo de pensamentos automáticos que contribuem para a intensificação de sintomas ansiosos. Por fim, foram distribuídas cartilhas informativas sobre os temas abordados: ansiedade, estresse, práticas de autocuidado e o contato de serviços disponíveis para queixas que por ventura demandassem acompanhamento profissional. As ações interventivo ocorreram nos dias 05,06 e 12/08 de 2019 e contou ao todo com 50 participantes das salas de espera da Policlínica (HU-UNIVASF), sendo 15 que participaram das meditações e 35 que foram contemplados com as rodas de conversa psicoeducativas. Os participantes se mostraram diversos quanto à idade, ao sexo, à raça, escolaridade e à condição socioeconômica. Os resultados advindos dos usuários que participaram das rodas de conversa psicoeducativas foram: Trinta e uma classificações como ótimas, três classificações como boas e uma classificação como regular. Por sua vez, as meditações receberam cinco classificações como ótimas, sete classificações como boas e três classificações regulares. Dessa forma, percebe-se a necessidade de disciplinas curriculares que propiciem a integração prática com serviços de saúde pública, pois as mesmas podem ser entendidas como importantes estratégias de educação em saúde e integração da academia com a comunidade externa.

10899 DESERÇÃO PATETRNA SOCIOAFETIVA: UM OLHAR MATERNO
Heloísa Maria Palmeira, Juliana Luporini do Nascimento

DESERÇÃO PATETRNA SOCIOAFETIVA: UM OLHAR MATERNO

Autores: Heloísa Maria Palmeira, Juliana Luporini do Nascimento

Apresentação: Dentro da abordagem da parentalidade como construção social, é possível o reconhecimento de estereótipos e lógicas anteriores que, hoje, podem ser deixadas para trás e analisadas à luz de um cenário sociológico envolvendo políticas públicas, cidadania e o estabelecimento das relações sociais, com destaque à deserção paterna socioafetiva. Para as mulheres envolvidas em um processo socioafetivo de deserção paterna, o exercício da maternidade se interpõe à dominação histórica legitimada pelo gênero masculino no contexto de deserção, uma vez que, em suas diversas atuações, podem acabar sendo vítimas dessas construções e delimitações dos papeis de gênero, ainda que assumam protagonismo pessoal no cuidado de si e dos filhos. Neste ínterim, busca-se a compreensão dos processos de mudanças e das experiências ocorridas ao longo da vida das participantes em função da deserção paterna socioafetiva, considerando-se os aspectos emocionais, motivacionais, sociais, culturais e ocupacionais relacionados e esse contexto. Objetivo: Conhecer as percepções de mulheres que residam na cidade de Campinas e região acerca do processo de deserção paterna socioafetiva cosanguínea em suas vidas. Método: Trata-se de um estudo de qualitativo de caráter exploratório, narrativo e cartográfico que evidencia as relações estabelecidas com mulheres, mães, com 25 anos ou mais, atuantes no mercado de trabalho e escolaridade superior, que experenciaram a deserção paterna socioafetiva em suas vidas. Considera-se neste projeto a deserção paterna socioafetiva nos casos em que as mães possuam um maior repertório de experiências relacionadas a esse processo, sendo o componente principal e faltante das relações, no âmbito familiar e psicossocial, o amor. Será utilizada a Técnica da História de Vida nas participantes e o recrutamento das mesmas dar-se-á a partir da rede de contato da pesquisadora, com o apoio da técnica da “bola de neve”. Para a organização e realização das análises de dados, será utilizado o método cartográfico, conforme o número de encontros necessários e com vistas a cartografar, em tais encontros, as formas de viver, ver e sentir o mundo nas trajetórias de vida das participantes. Resultado: Procura-se compreender as repercussões que a deserção paterna socioafetiva cosanguínea teve na vida das mulheres até o momento. A ausência paterna socioafetiva remete a um leque de questões demarcadas pelas construções de gênero, delimitações sexuais do trabalho na esfera familiar, peculiaridades da luta pelos direitos reprodutivos no Brasil e políticas intervencionistas e a favor da saúde da mulher. A mulher contemporânea deixou de ser a responsável pelo desenvolvimento reprodutivo da sociedade e em situações de deserção paterna socioafetiva seu papel não se configura apenas enquanto corpo e gênero feminino, mas enquanto atuante em um espaço social e político. O caráter político transformador é resgatado quando nos referimos à maternidade como processo de escolha, mas quando todo o processo de concretização das relações é movimentado por relações de poder, tal espaço se transforma em um território afetivo que deve ser pensado visando a sua desconstrução e superação.

11352 DOENÇAS CARDIOVASCULARES CAUSADAS POR ESTRESSE NO CONTEXTO DO TRABALHO: EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Marcelly Martins Alves, Daniel da Silva Granadeiro, Alciléia Barbosa de Andrade Sora, Helena Portes Sava de Farias, Natália Loureiro Loureiro, Thayana de Oliveira Vieira, Gabrielle Souza Santos

DOENÇAS CARDIOVASCULARES CAUSADAS POR ESTRESSE NO CONTEXTO DO TRABALHO: EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Autores: Marcelly Martins Alves, Daniel da Silva Granadeiro, Alciléia Barbosa de Andrade Sora, Helena Portes Sava de Farias, Natália Loureiro Loureiro, Thayana de Oliveira Vieira, Gabrielle Souza Santos

Apresentação: O excesso de trabalho na área da saúde e os fatores relacionados ao cotidiano da vida do ser humano, podem vir acarretar situações potencializadores do estresse, levando ao desenvolvimento de algumas doenças cardiovasculares, tendo em vista as situações que esse profissional de saúde está sujeito dentro da prática de trabalho. Objetivo: Identificar situações que provoquem o estresse no âmbito do trabalho, podendo levar ao um comprometimento cardiovascular. Método: O presente trabalho trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura (RI), de abordagem qualitativa, do tipo descritivo. Por meio da busca de publicações nos periódicos indexados em plataformas como BVS e CAPES, compreendendo as bases de dados como LILACS, BDENF e MEDLINE, utilizando-se do boleando AND para o cruzamento dos descritores “Doenças Cardiovasculares AND Riscos” e “Doenças Cardiovasculares AND Estresse”. Foram utilizados como critérios de inclusão os artigos publicados nos últimos cinco (5) anos, em português que abordassem a temática proposta, envolvendo uma equipe multidisciplinar, e exclusão os artigos que não abordasse a temática proposta, resumos de trabalhos, TCC e textos incompletos. Resultado: O estudo retomou cinco (5) artigos. Após a leitura na íntegra, foram selecionados para a discussão três (3) desses artigos. As atribuições dos profissionais de saúde, são marcadas pelo enfrentamento de situações relacionadas com a potencialização do estresse, tais como: a linha tênue entre vida e morte, condições de trabalho desfavoráveis, salários atrasados, e Cobranças excessivas. Discussão: Na elaboração da discussão foi possível perceber que o sistema cardiovascular possui participação ativa nas adaptações ao estresse desenvolvido no âmbito de trabalho, estando sujeito às influências neuro-humorais. As respostas cardiovasculares resultam principalmente em um aumento da frequência cardíaca, do débito cardíaco e da pressão arterial. Além de observar que a preocupação por está com a vida de outro ser em suas mãos, o excesso de trabalho devido ao baixo reconhecimento salarial e a cobrança excessiva dos que o rodeiam, causam alterações nos seus níveis de estresse levando-os aos extremos. Considerações finais: Conclui-se que a saúde e segurança nos locais de trabalho possui uma extrema importância básica quando o intuito é preservar a vida humana, principalmente de nossos trabalhadores. Portanto é  necessário que a empresa crie um ambiente saudável e tranquilo para os profissionais, sempre alerta para a necessidade de cada; tratar cada profissional como se fosse único; promover estratégias educativas, e trabalhar as questões relativas à prática cotidiana do trabalho, visando reduzir a sobrecarga do estresse, e colaborando para a prevenção de doenças cardiovasculares.

11789 SAÚDE MENTAL: QUEM CUIDA DA MENTE, CUIDA DA VIDA
karla Thainá Sousa de Oliveira, josé Augusto dos Santos Souza, Islane Elias do Nascimento, Simone Ferreira de Araújo

SAÚDE MENTAL: QUEM CUIDA DA MENTE, CUIDA DA VIDA

Autores: karla Thainá Sousa de Oliveira, josé Augusto dos Santos Souza, Islane Elias do Nascimento, Simone Ferreira de Araújo

Apresentação: O consumo excessivo de álcool e drogas, com foco nas aldeias mais próximas aos municípios de abrangência do DSEI Parintins, os quais sofrem demasiado efeito do consumo alcoólico por estarem mais próximos aos centros comerciais facilitando a compra sem sofrerem qualquer dificuldade na obtenção, mesmo tratando-se de vendas para menores de 18 anos. Foi isso que nos motivou a desenvolver essa ação com a temática  “Saúde Mental: quem cuida da mente cuida da vida” na prevenção e na promoção da saúde implementados aos povos indígenas das etnias Sateré e Hiskaryana, tendo como sujeitos da ação a população aldeada de todos os polos base cadastrados no DSEI Parintins. O Distrito Sanitário Especial indígena de Parintins – DSEI/PIN está localizado na Rua Silva Campos 14,33 Centro na cidade de Parintins (AM), possui uma extensão territorial de 1.838.048 hectares situados na abrangência dos municípios de Parintins, Barreirinha, Maués, Nhamundá e Boa Vista do Ramos, localizados na região leste do Estado do Amazonas com uma População de 17.200 indígenas, sendo referenciado por 12 Polos Base, 127 aldeias, 4.241famílias 2.064 acompanhadas por  24 equipes  multidisciplinares de saúde indígena (um Médico, um Enfermeiro, um Técnico de Enfermagem, um Agente Indígena de Saúde – AIS e um Agente Indígena de Saneamento – AISAN). Disponibiliza aos usuários serviços profissionais de odontologia, psicologia, assistência social, endemias e laboratório que realizam atendimento itinerantes a cada 15 dias. O DSEI Parintins tem como missão proporcionar aos povos indígenas ações de atendimento à saúde, oferecendo assistência médico hospitalar, psicossocial e odontológica por meio de ações continuas e conjuntas de atenção básica, que possibilitem melhor qualidade de vida aos nossos irmãos indígenas. Consideramos a necessidade de ações estratégicas que desperte interesse, auxilie na construção do conhecimento e que trabalhem com o desenvolvimento de ações de atenção integral à saúde mental dos povos indígenas abordando temas principais a o uso prejudicial do álcool e outras drogas, violências e bem viver indígena. Sua importância está voltada para a realização de ações regulares e notificações diversas com o monitoramento das demandas de cuidados. Objetivo: Promover ações de prevenção e promoção da saúde que valorizem a qualidade de vida dos povos indígenas em toda a sua diversidade cultural e na construção de soluções para os problemas de saúde de sua comunidade. Método: Para alcançar o objetivo, primeiramente foi realizada nos meses de janeiro e fevereiro de 2019 junto a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena - EMSI duas capacitações para esclarecer e ampliar conhecimentos voltados para a Saúde Mental com grande aproveitamento de todos os assuntos para implantação das melhores ações em Área Indígena. Ainda em janeiro foi trabalhado nas CASAI’s (Casa de Saúde Indígena) de Parintins, Nhamundá e Maués e em todos os polos base a ação "Janeiro Branco – Saúde Mental: Quem cuida da mente, cuida da vida", com confecção de faixas, cartazes e camisas para levar maior entendimento das questões relevantes à saúde mental e prevenção de doenças psíquicas. Todos os meses realizam-se acolhimentos com as EMSI para suporte técnico e pedagógico assim como acompanhamento das ações que estão sendo realizadas e o repasse das informações de atendimentos e acompanhamentos dos usuários que possuem notificações de uso abusivo de álcool e outras drogas, violências tais como homicídios, violências não letais, tentativa de suicídio, óbito por suicídio e ainda acompanhamento dos usuários de psicotrópicos. Suporte técnico pedagógico é ofertado para todas as 127 aldeias apostilas com as seguintes temáticas: "Bem viver indígena": trabalhando valores e princípios; relações familiares; empatia e acolhimento; higiene mental como forma de combate a ociosidade; direitos; deveres e fortalecimento da comunidade; "Violências": trabalhando violência física; violência psicológica, violência sexual; pedofilia; exploração sexual de crianças e adolescentes; incesto; negligência e o que fazer em caso de violência; "Uso prejudicial de álcool e outras drogas": trabalhando o que são as drogas; alcoolismo; sintomas físicos e psicológicos do uso abusivo do álcool e outras drogas; vivências presentes no alcoolismo; sintomas do abuso do álcool na família e comunidade; "Valorização da vida": trabalhando a prevenção ao suicídio mostrando os principais fatores, relatando o sofrimento psíquico, elencando propostas de estratégias para auxiliar o indivíduo e família para a valorização da vida. Resultado: O programa Saúde Mental do DSEI-Parintins no ano de 2019 apresentou como proposta o modelo de Atenção à Saúde Mental com foco no território, dessa forma atingimos 100% dos 12 polos e 127 aldeias visitadas a cada entrada pela EMSI que realiza em sua rotina trabalhos de saúde mental para a manutenção do trabalho colocando em prática as orientações repassadas nos acolhimentos realizados na sede e em território indígena. A presença das profissionais Psicólogas foi efetiva nos 12 polos e nas aldeias de Boa Vista do Ramos com apoio matricial, visitas domiciliares, atendimento psicológico individual e familiar, ações de Educação em saúde. Poucos casos de usuários de álcool e drogas procuram por atendimento, quando esses ocorrem é devido à insistência da família ou mesmo pelos profissionais. Esse é um dos desafios, ou seja, sensibilizar as pessoas que estão em uso prejudicial de álcool a aceitarem e aderir ao tratamento. Totalizamos 05 notificações de uso abusivo de álcool e outras drogas não sendo essa a realidade da utilização de forma abusiva nas aldeias.  Assim como também existe grande resistência para as notificações diversas de violências totalizando apenas 13 notificações de violências não letais. Existem estratégias de fortalecimento junto a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e RAPS (Rede de Apoio Psicossocial) para que efetivamente os indígenas dos municípios de abrangência do DSEI Parintins tenham órgãos competentes auxiliando para casos graves sofrimento psíquico e uso prejudicial de álcool de forma intensiva, porém encontramos grandes entraves devido à falta de recursos e logística adequada por parte das instituições parceiras para alcance  mais efetivo dessa população, assim como encontramos dificuldades com  todos os atores da rede intersetorial em executarem suas atribuições. O programa saúde mental através dos núcleos 2 e 4 do DSEI Parintins tem em seu planejamento para o ano de 2020 atingir 100% dos polos base com ações de prevenção e promoção da saúde implementados, tendo como temas principais o uso prejudicial do álcool e outras drogas, violências e bem viver indígena realizando ações regulares e notificações diversas com o monitoramento das demandas de cuidados. Considerações finais: A ação desenvolvida nos Polos Bases e aldeias pertencentes ao DSEI Parintins pretende desenvolver uma maior conscientização aos pacientes e familiares na adesão ao tratamento, bem como hábitos e estilos de vida saudáveis, a fim de elevar a qualidade de vida da população indígena. Diante a execução dessa ação sabemos que teremos que vencer muitos desafios, pois vivenciamos in loco as dificuldades para a sua aplicabilidade. Um dos nossos maiores desafios é, sensibilizar as pessoas que estão em uso prejudicial de álcool e drogas a aceitarem e aderir ao tratamento. Segundo, as barreiras culturais de cada etnia e terceiro, porém encontramos grandes entraves devido à falta de recursos e logística adequada por parte das instituições parceiras para alcance mais efetivo dessa população, assim como encontramos dificuldades com todos os atores da rede intersetorial em executarem suas atribuições. Acreditamos que nossos objetivos foram atingidos e estamos satisfeitos com os resultados alcançados através das atividades coletivas, orientações individuais e familiares, visitas domiciliares e palestras.

12148 PREVENÇÃO AO SUICÍDIO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO SETEMBRO AMARELO
Luiz Fernando Leite da Silva Neto, Gabriel da Sá Sastre, Rodrigo Alex de Souza Galdino, Leticia Lima Branco, Vinícius de Paula Ueoka dos Anjos Barros, Débora Filgueira Machado, Luanna Moreira da Silva

PREVENÇÃO AO SUICÍDIO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO SETEMBRO AMARELO

Autores: Luiz Fernando Leite da Silva Neto, Gabriel da Sá Sastre, Rodrigo Alex de Souza Galdino, Leticia Lima Branco, Vinícius de Paula Ueoka dos Anjos Barros, Débora Filgueira Machado, Luanna Moreira da Silva

Apresentação: O suicídio é considerado o comportamento autolesivo que envolve desde a ideação suicida até a autoagressão fatal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, fato que evidencia um grave problema de saúde pública. Diante disso, houve a iniciativa de realizar uma ação educativa acerca da prevenção ao suicídio. Desenvolvimento: A ação, intitulada “Sinal amarelo! Atenção à vida”, foi realizada no dia 26 de setembro na Praça Batista Campos na cidade de Belém, no estado do Pará. Os participantes foram divididos em 4 grupos e houve um circuito com estações. Na primeira, houve uma dinâmica sobre mitos e verdades, contendo 8 afirmativas para verificar o conhecimento prévio do público-alvo sobre os temas: fatores de risco para o desenvolvimento do suicídio; sinais de tentativa de suicídio; canais de ajuda; o ato do suicídio. Para a execução, foram disponibilizados papéis-cartão amarelos (correspondendo à opção “verdadeiro”) e brancos (correspondendo à opção “mito”). Enquanto isso, um participante anotava as respostas do público e restante do grupo respondia a resposta de cada assertiva, seguindo de uma breve explicação. Já na segunda estação ocorria o preenchimento do questionário contendo 8 perguntas sobre os temas da dinâmica anterior para realizar a avaliação de impacto. Outrossim, os participantes informavam sobre características do comportamento suicida, fatores de proteção, manejo e encaminhamento de pessoas que fizeram ou irão ter a tentativa de suicídio. Em seguida, entregava-se um panfleto no qual se informava sobre locais onde há atendimentos psicoterapêuticos gratuitos na cidade de Belém. Além disso, os outros grupos participaram da panfletagem pela praça, no qual continha informações sobre o setembro amarelo. Resultado: A campanha foi efetiva no sentido de aumentar o conhecimento dos transeuntes acercada importância de alertar-se quanto aos sinais de risco de suicídio, tendo uma boaadesão e participação ativa das pessoas abordadas. A maior parte dos resultados doquestionário se revelou favorável e, no entanto, foi possível realizar um aprofundamentosobre o assunto, o que se mostrou esclarecedor e conscientizador, segundo algumasdas próprias pessoas, que participaram da discussão citando experiências pessoaisacerca do tema, por exemplo. Os meios de prevenção e o que fazer frente a individuos com sinais de tentativa de suicídio foram destacados, bem como a divulgação de contatos de apoio e arelevância de buscar-se ajuda profissional. Dessa forma, a atividade foi proveitosa e degrande valia para os próprios coordenadores, que puderam aumentar seusconhecimentos acerca do assunto. Considerações finais: Observou-se uma boa adesão do público presente, e uma participação ativa desse, o qual teve a oportunidade de compartilhar experiências pessoais e esclarecer dúvidas sobre o assunto abordado. Além disso, a campanha possibilitou uma maior compreensão e conscientização da população acerca do tema, e destacou os meios de prevenção e posicionamento dos indivíduos frente aos sinais de depressão que foram destacados. Vale ressaltar ainda, a experiência positiva dos coordenadores da campanha, os quais tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos acerca do assunto.

11152 NÃO FAZER A CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL NÃO A TORNA MENOS MULHER
BIANKA ANDRESSA DE OLIVEIRA MEDEIROS, PRISCILA XAVIER PINHEIRO, LUAN MENDONÇA OLIVEIRA, PATRÍCIA FLOR, ADRIELLE KELLYCY DO NASCIMENTO, ANTÔNIA NATHÁLIA DUARTE MORAES

NÃO FAZER A CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL NÃO A TORNA MENOS MULHER

Autores: BIANKA ANDRESSA DE OLIVEIRA MEDEIROS, PRISCILA XAVIER PINHEIRO, LUAN MENDONÇA OLIVEIRA, PATRÍCIA FLOR, ADRIELLE KELLYCY DO NASCIMENTO, ANTÔNIA NATHÁLIA DUARTE MORAES

Apresentação: O Presente trabalho trata-se de um estudo realizado com estudantes de graduação em psicologia na cidade de Natal RN, afim de saber qual a percepção dos discentes em relação a atuação do profissional de psicologia no que diz respeito as mudanças ocorridas com a população transexual. Essa pesquisa foi realizada em formato de entrevista aberta, utilizando como pergunta disparadora: o que você sabe a respeito dos procedimentos que algumas pessoas transexuais fazem? Foram entrevistados 11 estudantes no qual 6 foram da universidade privada e 5 da pública. Após a análise temática das respostas se chegou a duas categorias de discussão, sendo denominadas de: corporal e subjetiva, uma que via o sujeito transexual a partir de uma visão biológica na qual os procedimentos cirúrgicos eram citados primordialmente, e outra com uma visão mais subjetiva, na qual apenas um entrevistado trouxe a autonomia do sujeito em querer ou não as modificações físicas. Pôde se perceber que estes entendem que esses procedimentos giram em torno de cirurgias de redesignação sexual; mastectomia; uso de hormônios; avaliações, e laudos. O foco das transformações seria em relação ao corpo, ao qual será modificado, com o uso de hormônios e cirurgias. Observa-se que as mudanças que os estudantes conhecem são em relação a genitália e a mama, e em alguns relatos aparecem outras características para essa mudança, como o acompanhamento psicológico obrigatório para se conseguir o diagnóstico, e análise sobre o custo e risco da cirurgia. Diante do que foi posto, cabe ressaltar que o conhecimento dos graduandos em relação aos procedimentos se estabelece em torno das cirurgias e uso de hormônios, não compreendendo direito o papel que o psicólogo ocupa na equipe de referência para esses procedimentos ocorrerem. Os graduandos possuem conhecimento básico sobre o item questionado, no qual sabiam que é preciso um diagnóstico para a cirurgia e que este é realizado no período de dois anos, concomitante ao uso de hormônio. Os mesmos não apresentaram nenhum posicionamento crítico a esse fazer do psicólogo que tem como função na equipe de referência delimitar se a pessoa é ou não transexual. A outra categoria de análise foi a subjetiva, ainda com um viés forte da necessidade da cirurgia de retirada das mamas, uso de hormônios e redesignação sexual, mas outros pontos são inseridos, como o próprio posicionamento da pessoa transexual em não querer fazer a cirurgia. Um dos entrevistados sobre os procedimentos realizados por transexuais apesar de trazer ainda uma visão de mudanças corporais, como a intervenção cirúrgica e hormonal, também relata o direito da escolha pelo sujeito transexual. Com isso, percebe-se que o olhar de estudantes do curso de psicologia ainda permanece em âmbito biológico no qual prevalece a mudança física do corpo sem considerar o sujeito em sua totalidade, sem o conhecimento mais aprofundado na temática e sem uma percepção crítica de sua profissão.

11655 ASSISTENTES SOCIAIS EM CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAIS: DE QUAL EDUCAÇÃO EM SAÚDE ESTAMOS FALANDO PARA O CUIDADO DAS FAMÍLIAS DE USUÁRIOS/AS?
FABIANE FERRAZ, Priscila Schacht Cardozo, Silvio Yasui, Jacks Soratto, Patrícia Pilatti, Rafaela Maciel Vicente, Thales Macarini Sasso, Charles Dalcanale Tesser

ASSISTENTES SOCIAIS EM CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAIS: DE QUAL EDUCAÇÃO EM SAÚDE ESTAMOS FALANDO PARA O CUIDADO DAS FAMÍLIAS DE USUÁRIOS/AS?

Autores: FABIANE FERRAZ, Priscila Schacht Cardozo, Silvio Yasui, Jacks Soratto, Patrícia Pilatti, Rafaela Maciel Vicente, Thales Macarini Sasso, Charles Dalcanale Tesser

Apresentação: anterior à Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB), o Serviço Social esteve presente nos manicômios, e até hoje está, na perspectiva assistencialista e caritativa. A partir dos preceitos da RPB e da promulgação da Lei 10.216/01, que instituiu um novo modelo de atenção à saúde mental, o Serviço Social ganha lugar de destaque, pois, o cuidado em liberdade solicita intervenções mais complexas, amplas e transformadoras. Diferente do manicômio, trabalhar na perspectiva psicossocial é abordar as questões sociais e familiares com maior ênfase, no/a usuário/a dos serviços de saúde mental acessa uma infinidade de forma de cuidar, ampliando para o cuidado com a família, o mundo do trabalho e a geração de renda, a arte e a cultura, dentre outros. Historicamente a intervenção da assistente social é burocrática, e torna as famílias meros coletivos executores dos encaminhamentos fornecidos pela assistente social, onde não há diálogo, há discurso e obrigatoriedade em cumprir as regras, sob a penalidade de ser culpabilizada por suas fragilidades. A partir da compreensão da atenção à saúde mental em liberdade constrói-se um espaço sócio ocupacional desafiador para o Serviço Social, mantendo o foco na questão social em um cenário que se construiu biomédico e excludente requer habilidade de negociação, de sedução às equipes multiprofissionais, muita educação permanente em saúde e de muita estratégia política. A educação em saúde, enquanto categoria analítica deste estudo, está alicerçada no pressuposto da educação emancipadora de Paulo Freire. Uma educação crítica que no campo da saúde seja capaz de produzir afetos, cuidado e fortalecimento dos vínculos, oportunizando a integralidade no cuidado em saúde mental, preceitos fundamentais para a materialização da Reforma Psiquiátrica Brasileira. O estudo tem por objetivo analisar como ocorre os movimentos de educação em saúde de Assistentes Sociais com familiares no processo de trabalho desenvolvido em Centros de Atenção Psicossociais (CAPS). Desenvolvimento: estudo qualitativo, do tipo exploratório-descritivo ancorado nos ideais de Habermas (agir comunicativo), e de Paulo Freire (agir educativo). Participaram do estudo seis Assistentes Sociais que atuam em CAPS de municípios da Região Carbonífera, do Estado de Santa Catarina/Brasil. A coleta de dados ocorreu de out-dez/2017, por meio de entrevista semiestruturada e observação participante. A análise temática de conteúdo, pautada em três fases: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados e interpretação estruturaram o processo de análise. Resultado: apresentados em duas categorias: 1) Educação quando compreendida como “bancária”, suscita a culpabilização das famílias, não oportuniza protagonismo familiar para o cuidado e fragiliza os vínculos. Nessa categoria os participantes reconhecem a educação, assim como o cuidado, como de extrema importância ao processo de trabalho das assistentes sociais e favorecem a continuidade da reabilitação psicossocial. Contudo, destacam que são categorias de difícil desenvolvimento no processo de trabalho. Ocorre a proximidade dos conceitos de educação como orientação. A educação sob esta óptica, limita o potencial de alcance do processo educativo dialógico, compreendido como aprender e ensinar, pois, como é de conhecimento, a educação bancária baseia-se no depósito de conteúdo. Nesta relação aproximamos a figura do “professor” à da assistente social, que do seu lugar de protagonista profissional “professa” normas para o exercício da atenção em saúde mental. As famílias, aqui na condição de “alunas”, pacientemente, memorizam as informações e como não há transformação na produção do cuidado, são consideradas incapazes, “desobedientes”, “fazendo tudo errado”. Durante a observação participante de um grupo com familiares, identificamos que não existia o sentimento de pertença ao grupo, não existiam trocas, solidariedade, horizontalidade. A ausência de escuta fez com que não fosse possível perceber o que o grupo gostaria de comunicar, o modelo da educação bancária ali expressa não oportunizou a troca, construiu um momento meramente informativo. Desta forma, a tentativa de educar por meio dos erros é uma tentativa que reforça a educação bancária como conceito de educação em saúde materializado no processo de trabalho, reforçando ainda uma lógica manicomial, hierarquizada e opressora no atendimento às famílias. A categoria 2) Assistentes sociais realizam ações informativas buscando romper com o estigma da loucura e buscam fortalecer os vínculos familiares e comunitários. Embora a maioria das participantes apresentem o conceito de educação enquanto concepção bancária, percebemos um movimento importante para a realização de atividades informativas com o objetivo de divulgar o CAPS. Contudo, as ações consideradas como educação em saúde na verdade limitam-se a ações informativas, que também são de grande valia, embora não se sustentam no referencial para a emancipação dos sujeitos. Utilizam datas comemorativas e ocupam espaços já consolidados como o Programa Saúde na Escola, fomentando o diálogo intersetorial tão importante para a saúde mental e para a luta antimanicomial. No entanto, estas ações não têm caráter continuado. As pessoas entrevistadas reiteram que dentre as dificuldades ainda é latente o estigma da loucura por parte dos familiares e isso influencia negativamente no vínculo familiar e na relação que o usuário e usuária estruturam com a sociedade. O objetivo destas ações informativas tem sido romper com o imaginário da loucura, e neste cenário, o estigma da loucura abordado pela participante Rosa também está manifestado nas famílias, pois este grupo social compõe a sociedade da qual as/o entrevistadas/o citam, e o medo ainda é parte deste processo. Desta forma, a representação do louco enquanto personagem vinculado ao risco e a periculosidade reforça a necessidade da institucionalização da loucura. Pensar o processo de desinstitucionalização da loucura é fundamentalmente para a retomada dos vínculos familiares e comunitários. Embora haja um desejo de promover a perspectiva dos direitos humanos, da concepção de família enquanto núcleo plural, buscando romper com a discriminação e o imaginário preconceituoso acerca da loucura, percebemos que ainda assim o pensamento da responsabilidade, do certo e do errado, da moralidade diante das famílias está presente. São influências conservadoras e valores morais que negam a possibilidade de dialogar com a real promoção de direitos. Considerações finais: pensar a educação como, exclusivamente, orientação é instituir protagonismo no processo de trabalho para a “educação bancária”. Construindo discrepância na construção da educação que se quer para o Serviço Social na atuação junto aos familiares de usuárias e usuários dos CAPS, conforme o projeto ético-político da profissão. Pois, o que se almeja é o caminho para a emancipação, para a capacidade de promover cuidado, para o fortalecimento dos vínculos e a autonomia da usuária e do usuário. É preciso que as Assistentes Sociais promovam espaços de diálogo para o efetivo estabelecimento de parcerias, assim em conjunto com as famílias, o cuidado será construído em liberdade com as usuárias e os usuários.

12198 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE INSTITUCIONALIZADO EM UMA ILPI COM DIAGNÓSTICO DE RISCO DE SOLIDÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Maryanna Santos Bezerra, Nayara Lourenço Rocha, Lucas da Silva Alves, Lídia Jamille da Costa Silva, Mayenne Myrcea Quintino Pereira Valente

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE INSTITUCIONALIZADO EM UMA ILPI COM DIAGNÓSTICO DE RISCO DE SOLIDÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Maryanna Santos Bezerra, Nayara Lourenço Rocha, Lucas da Silva Alves, Lídia Jamille da Costa Silva, Mayenne Myrcea Quintino Pereira Valente

Apresentação: Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) é oferecida para pessoas com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, com diferentes necessidades e graus de dependência, que não dispõem de condições para permanecer na família. O acesso ao serviço também é garantido para idosos que se encontram com vínculos familiares fragilizados ou rompidos, em situações de negligência familiar ou institucional, sofrendo abusos, maus tratos e outras formas de violência, ou com a perda da capacidade de auto cuidado. Em relação à solidão, é observado que esta faz parte das principais queixas de idosos institucionalizados, tendo em vista que muitos destes não recebem atenção e não possuem vínculos afetivos fortes com suas famílias e amigos. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência realizado em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), no município de Fortaleza, Ceará. O estudo desenvolveu-se durante o mês de dezembro de 2019. Resultado: Com a realização da anamnese e exame físico foi encontrado diagnóstico importante como Risco de solidão relacionado com isolamento social e privação emotiva e logo se foi aplicada a sistematização de enfermagem, juntamente com algumas intervenções de enfermagem com o objetivo de melhorar seu estado de saúde geral. Considerações finais: Concluímos que a SAE é um instrumento muito importante para a assistência adequada do paciente e a melhora da sua saúde. Este estudo foi fundamental para a avaliação do estado de saúde de um paciente propício a sofrer solidão. Com essa sistematização, conseguimos criar intervenções que puderam diminuir os riscos de sofrimento para o paciente.

12211 O USO DA LUDOTERAPIA NO COMBATE À IATROFOBIA INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Luiz Fernando Leite da Silva Neto, Gabriel de Sá Sastre, Daniel Oliveira da Costa, Rodrigo Alex de Souza Galdino, Davi Gabriel Barbosa, Maria Eduarda Silveira Buhrnheim, Nilo César Raiol de Lima, Luanna Moreira da Silva

O USO DA LUDOTERAPIA NO COMBATE À IATROFOBIA INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Luiz Fernando Leite da Silva Neto, Gabriel de Sá Sastre, Daniel Oliveira da Costa, Rodrigo Alex de Souza Galdino, Davi Gabriel Barbosa, Maria Eduarda Silveira Buhrnheim, Nilo César Raiol de Lima, Luanna Moreira da Silva

Apresentação: Um componente fundamental para a concretização da integralidade, princípio do Sistema Único de Saúde, é uma boa relação médico-paciente. Entretanto, há casos nos quais essa relação é dificultada, a exemplo da angústia e ansiedade frequentemente vivenciadas por crianças diante de profissionais da área da saúde, fenômeno de origem multifatorial que envolve desde atribuições feitas pelo meio familiar até experiências prévias ruins. Tendo isso em vista, o profissional deve ter a sensibilidade para manejar pacientes que sofram com o medo de participar do atendimento. Assim, realizou-se a prática baseada na ludoterapia, que visa reduzir sentimentos ruins associados ao contexto médico por meio de brincadeiras e a construção de boas memórias relacionadas ao atendimento médico. Nesse contexto, os estudantes desenvolvem no decorrer da atividade formas de interação que possibilitem uma relação de confiança com a criança, treinando, ainda que inconscientemente, habilidades de comunicação essenciais para a anamnese, esforçando-se para conseguir a atenção da criança e adaptando a linguagem de forma a ser compreensível por ela. Desenvolvimento: A presente ação ocorreu durante a Semana do Calouro da Universidade do Estado do Pará, um evento que ocorre durante cinco dias úteis e conta com uma programação que tem como intuito a recepção dos calouros. A divulgação se deu pelas redes sociais e teve como objetivo arrecadar brinquedos para doação a serem utilizados durante a atividade. Inicialmente, houve uma capacitação com os veteranos na Universidade do Estado do Pará no dia 12/02/2020 às 15:00h em que temas como iatrofobia (medo de médicos e dos espaços hospitalares), maneiras de conversar com a criança e a metodologia da ação foram explanados. Essa campanha foi realizada no dia 13/02/2020 às 08:30 na Eeef Casa da Criança Santa Inês com o uso de um circuito composto por seis estações que representavam um ambiente hospitalar. Vale citar que cada grupo de crianças estava acompanhado de dois guias responsáveis por orientar o sentido das etapas e de explicar a função de cada ambiente. Para isso, cada indivíduo infantil recebia um brinquedo da doação que seria considerado como paciente e os médicos seriam os calouros que estavam recebendo auxílio dos veteranos. A primeira estação corresponde à sala de recepção e à sala de espera, caracterizadas pela explicação da ação e pela coleta de dados do brinquedo, como seu nome e o motivo da procura pelo hospital. A estação seguinte é o consultório, em que foi realizada a consulta do paciente por meio da anamnese e do exame físico geral, utilizando estetoscópio e termômetro de brinquedo para a diminuição do medo das crianças desses instrumentos médicos. A próxima estação é a farmácia, em que há distribuição de medicamentos para o brinquedo, nomeados com: amor, carinho e atenção. Também, houve a explicação sobre higienização e a conscientização do uso de medicamentos fornecidos pelos responsáveis e com autorização médica. A quarta estação corresponde à sala de exames, em que ocorre a simulação da realização de exames de imagem, como e Tomografia, assim como também a explicação da importância desse ambiente para receber o cuidado médico. A penúltima estação é a sala de curativos e de procedimentos, onde as crianças realizarão os curativos em seus brinquedos, utilizando pomada, fitas e outros instrumentos. E, por fim, há a sala de cirurgia, onde ocorre a sua simulação em um urso de pelúcia e a paramentação das crianças com vestimenta cirúrgica lúdica, além de debater sobre a importância dessa ferramenta médica. Resultado: A partir da realização da atividade observou-se que houve uma mudança em relação ao comportamento das crianças no decorrer da dinâmica. De acordo com o que foi observado, notou-se que parte das crianças que apresentavam medo quanto ao ambiente hospitalar no início da atividade mostraram-se, posteriormente, entusiasmadas e satisfeitas com a experiência vivenciada. Ainda convém lembrar que, no momento de escolha da queixa de saúde a ser atrelada ao brinquedo, alguns menores transmitiam seus próprios sentimentos ou angústias, o que pode ser explicado pela qualidade das experiências de vida e/ou de suas relações socioafetivas, seja em casa, na escola ou em qualquer outro ambiente. Vale ressaltar que o contato com os novos acadêmicos de medicina proporcionou uma relação de confiança entre ambas as partes, aumentando assim a adesão por parte das crianças à simulação apresentada e promovendo aos estudantes um primeiro momento com o público infantil dentro da universidade. Ademais, tal prática foi de suma importância para os veteranos presentes, uma vez que por meio do auxílio às funções desempenhadas pelos calouros, puderam pôr em prática o conhecimento adquirido em sala de aula, além de aprimorarem suas habilidades quanto ao atendimento pediátrico. Considerações finais: Evidencia-se, portanto, a prática humanitária, em específico a descrita em nossa experiência, como um fator notavelmente importante no contexto da relação médico-paciente, onde requerem-se inovações de ações como meio de enfrentamento para situações específicas que dificultam a interação e a criação de confiança entre médico e paciente, a exemplo da síndrome do jaleco branco sofrida, majoritariamente, por crianças. Não obstante, essa construção oportuniza uma qualidade de assistência eficiente, que contempla princípios do SUS, efetivando a saúde pública e possibilitando a promoção à saúde do público alvo. Dessa forma, a partir da interação entre os participantes da atividade, foi possível gerar também uma relação de confiança entre os acadêmicos de medicina e as crianças da escola, havendo assim maior adesão às dinâmicas pelo público-alvo e, consequentemente, a redução da ansiedade intrínseca aos agentes e às diversas situações de saúde. Além disso, notou-se que a atividade foi satisfatória aos estudantes, desenvolvendo neles habilidades que, além do aspecto ligado à relação médico-paciente, fomentam seu papel enquanto acadêmicos. Destacou-se também a possibilidade de os agentes de saúde aprimorarem suas habilidades de comunicação com o público infantil, contribuindo assim, para uma abordagem integral de cuidados específicos, a exemplo da pediatria. Sendo assim, é válido ressaltar que a campanha Teddy Bear Hospital beneficia ambas todos os envolvidos no projeto, posto que tanto os estudantes recém inseridos no curso de medicina quanto as crianças da primeira infância têm a oportunidade de desenvolvimento pessoal durante a realização da campanha.

11444 CALÇADA AMIGA: ENCONTROS TERAPÊUTICOS NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE
jamayana Lima de souza amaral, LÍCIA MARIANNE FARIAS VINAGRE, NOELY MENEZES TARGINO, MARÍLIA LOURENCIO DOS SANTOS, ROSEMARY FERREIRA DE MELO, DAYSE CATÃO RAMALHO, ARALINDA NOGUEIRA PINTO DE SÁ, LUCINEIDE ALVES VIEIRA BRAGA

CALÇADA AMIGA: ENCONTROS TERAPÊUTICOS NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE

Autores: jamayana Lima de souza amaral, LÍCIA MARIANNE FARIAS VINAGRE, NOELY MENEZES TARGINO, MARÍLIA LOURENCIO DOS SANTOS, ROSEMARY FERREIRA DE MELO, DAYSE CATÃO RAMALHO, ARALINDA NOGUEIRA PINTO DE SÁ, LUCINEIDE ALVES VIEIRA BRAGA

Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado por meio de muitas lutas, as quais culminaram na reforma sanitária. Esse movimento de grande participação popular influenciou a constituição federal de 1988, onde o SUS foi instituído, sendo posteriormente reafirmado através das leis 8.080 e 8.142. Dessa maneira, a saúde se tornou um direito da cidadania garantindo a participação efetiva da população na produção de uma saúde universal, integral, equânime e descentralizada.1,2 Uma das principais ações citadas na PNAB é o desenvolvimento de ações educativas que possam intervir no processo de saúde-doença da população, no desenvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por qualidade de vida pelos usuários. Nesse sentido, a educação popular pode facilitar e sistematizar as atividades educativas e sanitárias com intuito de estabelecer um diálogo com o serviço e, assim, envolver a comunidade para corresponsabilização no seu processo saúde/doença. 3 A educação popular surge como práxis político-pedagógica com objetivo de orientar a construção de processos educativos e de trabalho, direcionada à promoção da autonomia das pessoas, à horizontalidade entre os saberes populares e técnico-científicos, à formação da consciência crítica, à cidadania participativa, ao respeito às diversas formas de vida, à superação das desigualdades sociais e de todas as formas de discriminação, violência e opressão.6 Destarte, a Atenção Básica se coloca como espaço estratégico para desenvolvimentos da Educação Popular em Saúde devido à proximidade com a população e seu modo de viver. Além disso, o vínculo, fortemente presente entre a equipe de saúde e os usuários, oportuniza encontros terapêuticos embasados por uma relação de amorosidade e respeito à horizontalidade e construção do saber na coletividade. Diante disto, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência das rodas de conversas, produzidas através do projeto intitulado Calçada amiga, que promove o diálogo e a troca de práticas e saberes populares nas calçadas de usuários da área de abrangência de uma determinada Unidade Básica de Saúde (UBS), do município de João Pessoa (PB). Desenvolvimento: O presente estudo é um relato de experiência fundamentado em uma abordagem de natureza qualitativa, que parte da vivência no projeto “Calçada amiga”, constituído por um conjunto de ações que objetivou realizar educação em saúde, construindo um diálogo com a população e trocando experiências e práticas populares. Foi idealizado por uma residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade da Faculdade de Ciências Médica da Paraíba (FCM)-PB, na área de abrangência de uma UBS no município de João Pessoa, juntamente com a equipe de Saúde da Família no período de outubro a dezembro de 2017. Inicialmente foi planejado um cronograma de atividades, no qual se definiram: as respectivas microáreas contempladas, as datas, os horários, alguns dos temas a serem abordados em cada dia de encontro e qual metodologia seria aplicadas nas atividades educativas. A técnica escolhida foi a roda de conversa para desenvolver os encontros de promoção à saúde e prevenção dos riscos e agravos mais comuns na comunidade em microáreas determinadas escolhidas pelos ACS identificadas através das particularidades de cada usuário. O nome “Calçada Amiga” também é uma referência ao modo antigo e saudável de falar sobre os problemas da vida, no sentido de “jogar conversa fora” com amigos e vizinhos. Um momento que pode ser interpretado no âmbito da saúde como um encontro terapêutico, já que falar sobre os problemas que as afligem, as pessoas acabam por prevenir adoecimento mental, bem como trocando expertises e saberes populares para evitar e tratar patologias. No sentido de tornar a conversa mais acolhedora foi ofertado do chá e biscoito pelos profissionais. Dessa maneira, o projeto foi adaptado com a maneira de levar para as rodas de conversas alguns assuntos, de interesse comum, para uma construção compartilhada de saberes, popular e científico. Resultado: A calçada amiga permitiu a aproximação e fortalecimento do vínculo de confiança entre a equipe e a população mediante o compartilhamento dos saberes através de uma relação de igualdade/horizontal. O projeto aconteceu em calçadas de residências do território adscrito pela UBS, onde um usuário disponibilizava sua casa como espaço estratégico para o encontro. A pactuação do local era feita antecipadamente com morador e após, os ACSs convidavam cada vizinho para participar da atividade educativa. Em todos os encontros terapêuticos, inicialmente, foi feita uma breve explicação sobre o objetivo e propósito do projeto. Sendo possível observar o interesse e motivação dos usuários pelo fato de ter os profissionais da UBS mais próximos; dispostos a discutir temas específicos de saúde e compartilhar suas experiências. Durante as conversas, os participantes explanaram sobre seus entendimentos prévios, medos, dúvidas, e experiências de aproximação com a doença. Um momento de grande emoção diante dos relatos de vida e sofrimento, os quais despertaram sentimentos de compaixão e angústia com a dor o outro. Esse encontro observou-se com maior destaque, a concretude de dois dos princípios da Política nacional de Educação Popular em Saúde, o diálogo e construção compartilhada do conhecimento, perceptíveis na escuta sensível e atenciosa que oportunizou a construção do diálogo crítico e amorosidade com base na realidade dos participantes. Para direcionar as conversas, foi utilizada uma metodologia da problematização com base nos ensinamentos de Paulo Freire. Esta que rompe com esse aspecto que menospreza o saber do povo e modos de vida. Duas pessoas acometidas pela mesma patologia se comportam fisiologicamente diferente e podem atribuir significados à doença de forma antagônica. Esses encontros promoveram aproximação da própria vizinhança. As rodas de conversa nas calçadas conseguiu resgatar o hábito de sentar e conversar com vizinhos na calçada. Em alguns momentos, observou-se que os participantes sentiam falta desse hábito, e ao terminar as rodas eles ainda permaneciam na calçada, mesmo após a oferta do chá e do biscoito levados pelos profissionais. Considerações finais: O propósito desse projeto de realizar as atividades educativas no formato da “Calçada Amiga” foi de tornar terapêutica uma “conversa informal e entre amigos”, realizadas em um ambiente agradável e cômodo para os participantes que se deliciavam com chá e biscoitos, e um falatório interessante para a vida, para a saúde, família e a vizinhança. Uma maneira que valoriza saberes diversos, constrói e fortalece vínculos de afetividade e confiança entre profissionais e usuários, que produzem saúde e fomentam a produção de sujeitos. A Calçada Amiga se mostrou um projeto de grande relevância, visto que ao sentarem-se na calçada para compartilhar saberes e experiências de vida com a população, os profissionais de saúde puderam se aproximar da comunidade e identificar suas reais necessidades e demandas, rompendo as relações hierarquizadas. Desse modo, o projeto evidenciou a necessidade da maior efetividade e presença dos profissionais da equipe, principalmente nas áreas de risco e em situação de vulnerabilidade.

10950 EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM OS JOVENS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Graciely Carmo, Jacqueline Moreira Silva

EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM OS JOVENS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Graciely Carmo, Jacqueline Moreira Silva

Apresentação: Diante da proposta do projeto ”Tecnologias Sociais de Prevenção da Tuberculose em Comunidades Tradicionais Afro-Brasileiras”, realizada por um grupo de pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com parceria da UNIJORGE, foram  produzidas na Associação Emília Machado (AEMBa) localizada no bairro Marechal Rondon - BA, oficinas de saúde abordando formas dos sinais e sintomas, prevenção, diagnóstico, tratamento, estigma social e promoção da saúde sobre temas relevantes no âmbito da saúde pública. O objetivo das atividades é disseminar informações da saúde e formar jovens multiplicadores do conhecimento acerca das temáticas. Desenvolvimento: Todas as atividades tiveram um caráter dinâmico acompanhado de palestras por profissionais de saúde, roda de conversas, apresentações em jogral, oficinas e gincanas, com auxílio de materiais impressos de prevenção e educação em saúde sobre os respectivos assuntos. Resultado: A priori, sob perspectiva individual do projeto, as atividades realizadas seriam baseadas na Tuberculose, doença infecciosa de elevada magnitude, reconhecida como problema de saúde pública mundial. Tendo em vista que se trata de uma doença sujeita a um conjunto de determinantes sociais, como renda, cor da pele, condições de moradia, entre outros, características cabíveis a comunidade de Marechal Rondon, a mesma foi escolhida para execução do projeto. No entanto, ao fazer análise das necessidades do referido grupo populacional, além das demandas trazidas pela própria AEMBa, outras temáticas foram inseridas no projeto ocasionando num conjunto de atividades. A primeira atividade contou com a apresentação do Sistema Único de Saúde, transparecendo o conhecimento sobre seus serviços, apresentando de maneira lúdica seus princípios doutrinários, organizativos e diretrizes. Após abordar o tema norteador para promoção da saúde, foram apresentados também conteúdos sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), desvendando os “porquês?” e “como?” questionados pelos adolescentes; Hanseníase, apostando no entendimento da necessidade do diagnóstico precoce, tratamento adequado e desmistificação da doença; Tuberculose, focando nas medidas preventivas e de tratamento; Saúde da População Negra, em busca do entendimento das políticas de saúde à população específica, além do empoderamento negro; e Arboviroses, restringindo as enfermidades da febre amarela, dengue, zica-vírus, e chikungunya. Considerações finais: A partir das oficinas realizadas, foi possível observar que tais ações estariam qualificando os jovens como potenciais educadores e multiplicadores em saúde na comunidade de Marechal Rondon. Sendo assim, toda e qualquer informação/conhecimento compartilhado possibilitou-se para o empoderamento sobre seus os direitos e deveres na saúde pública, bem como o conhecimento acerca da rede de atenção primária à saúde na vida dos mesmos.