495: Produção de conhecimento na prática profissional: experiências inovadoras
Debatedor: Deison de Alencar Lucietto
Data: 30/10/2020    Local: Sala 05 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
9197 CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS E REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Herbert Tadeu Pereira de Matos Junior

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS E REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Herbert Tadeu Pereira de Matos Junior

O Departamento de Planejamento em Saúde - Universidade Federal Fluminense (UFF) em uma cooperação interinstitucional com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Seção brasileira da Associazione Italiana Amici di Raoul Follereau (BRASA), desenvolvem conjuntamente uma proposta de projeto de pesquisa/extensão inovadora na produção de novas tecnologias de cuidado em saúde pública e formação continuada de profissionais/serviços em cuidados intermediários em saúde. A proposta visa promover o aperfeiçoamento e fortalecimento dos processos de trabalho nas redes de saúde pública locais. Um de seus segmentos trata-se de um Curso de Aperfeiçoamento em Cuidados Intermediários e Redes de Atenção à Saúde. O objetivo do curso é oferecer qualificação aos profissionais de saúde de Niterói, com foco na gestão, agentes comunitários de saúde e membros do conselho de saúde municipal. O projeto debateu os temas da micropolítica do cuidado em saúde, cuidados intermediários e redes de atenção à saúde, em sua relação aos aspectos das ferramentas de trabalho da micropolítica, da formação das redes, de produção de subjetividade e da clínica do cuidado em saúde. O curso teve frequência semanal e duração total de 180 horas. Os resultados organizam-se por meio do intercâmbio e transferência de tecnologias de gestão de serviços de saúde com foco nos cuidados intermediários e redes de atenção à saúde, e na organização de um seminário internacional sobre o tema cuidados intermediários e redes de saúde ocorrido ao final dos cursos. Entenden-se este funcionamento do curso como ferramenta de agenciamento das redes de cuidado em saúde locais, aproximando o entre da Atenção Básica e Assistência Especializada/Hospitalar. Além de artigos e publicações acadêmicas, relatórios de acompanhamento e pesquisa, foram obtidos também, projetos de intervenções diversos e formas de difusão de conhecimento como vídeos e plataformas digitais. É importante destacar que o projeto foi um projeto de extensão coordenado pela UFF, em cooperação com a UNIRIO e a UFRJ, além da parceria internacional com a BRASA/AIFO, compreendido como de alto potencial inovador em tecnologias de cuidado em saúde e como principal intervenção busca atuar por meio do curso de aperfeiçoamento para a transferência/compartilhamento de tecnologias de gestão em cuidados intermediários e redes de atenção à saúde junto à Atenção Básica, Especializada e Hospitalar, italiana e brasileira, do Rio de Janeiro, e sobretudo, de Niterói.

9795 FOMENTO AO CUIDADO E HUMANIZAÇÃO EM ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DE SAÚDE BUCAL NO PROJETO “PENSA, IMAGINA, INVENTA!”
Marcos Antônio Albuquerque de Senna, Deison Alencar Lucietto, Aleksander de Oliveira Sena Melo, Anna Júlia Tavares Ferreira, Fernanda Alves Bosco, Gabriela de Oliveira Grave, Larissa Goulart de Carvalho, Letícia Cardoso da Silva

FOMENTO AO CUIDADO E HUMANIZAÇÃO EM ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DE SAÚDE BUCAL NO PROJETO “PENSA, IMAGINA, INVENTA!”

Autores: Marcos Antônio Albuquerque de Senna, Deison Alencar Lucietto, Aleksander de Oliveira Sena Melo, Anna Júlia Tavares Ferreira, Fernanda Alves Bosco, Gabriela de Oliveira Grave, Larissa Goulart de Carvalho, Letícia Cardoso da Silva

Apresentação: A formação em Odontologia deve ser um processo capaz de promover o desenvolvimento de competências técnicas, humanísticas e sociais de modo que os futuros cirurgiões-dentistas possam atuar, crítica e reflexivamente, na promoção de saúde bucal e na transformação da realidade social. Para tanto, segundo as atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Odontologia (DCN, 2002), é importante que sejam oferecidas experiências em atenção à saúde bucal de populações em cenários diversificados, fora dos muros da universidade e que considerem as necessidades sociais de saúde bucal da comunidade local. Tal aspecto se torna ainda mais sensível quando a universidade tem, em seu espaço de atuação, territórios caracterizados por grandes desigualdades sociais. A realização de atividades curriculares e/ou complementares ao longo da formação odontológica, com grupos populacionais caracterizados por acúmulo de desvantagens sociais, econômicas e ambientais, possibilita que saberes e técnicas sejam repensados a partir da situação encontrada em cada realidade, levando à proposição de intervenções que possam contribuir com a melhoria de condições de saúde bucal e que sejam geradoras de cuidado e humanização. Considerando o exposto, este trabalho relata a experiência do uso de fantasias e de técnicas do manejo do medo na realização de levantamento de necessidades de saúde bucal com crianças em situação de vulnerabilidade social no Projeto de Extensão “Pensa, imagina, inventa! Cocriação e compartilhamento de saberes e tecnologias sustentáveis em promoção da saúde” (PII!) com estudantes de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), campus Niterói. Desenvolvimento: O Projeto PII! tem sido oferecido como atividade complementar para estudantes de diferentes cursos de graduação da UFF, incluindo os da Faculdade de Odontologia (FOUFF). Trata-se de um projeto multimetodológico, estruturado em cinco eixos sequenciais e de complexidade crescente, que visa promover saúde para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e, também, contribuir para a formação de profissionais de saúde criativos, críticos, reflexivos e socialmente responsáveis. As atividades práticas são desenvolvidas no Solar Meninos de Luz, instituição filantrópica que atua há 28 anos na educação integral de mais de 400 crianças e adolescentes das comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, de elevada vulnerabilidade social, na zona sul do município do Rio de Janeiro (RJ). A identificação da inexistência de dados atualizados sobre as condições de saúde bucal dos escolares, desencadeou, junto aos estudantes da FOUFF, o planejamento de um levantamento de necessidades de saúde bucal. Visualizou-se, nessa limitação, a justificativa para serem geradas informações que subsidiassem a realização de ações de promoção de saúde bucal no âmbito do Projeto, bem como o encaminhamento das crianças para atendimento odontológico. Para tanto, inicialmente foi realizada uma oficina de treinamento com os estudantes da FOUFF para o levantamento das necessidades de saúde bucal, onde foram abordados conceitos sobre doenças bucais, índices bucais e forma de operacionalização dos exames. Também foi elaborado e compartilhado com os estudantes um material instrucional, de fácil acesso e visualização, para dúvidas e esclarecimentos durante as práticas. Na sequência, foram realizadas visitas guiadas no Solar Meninos de Luz para que os estudantes de Odontologia pudessem conhecer sua estrutura, funcionamento e a realidade da comunidade local. De posse dessas informações, a partir de maio de 2019, procedeu-se ao levantamento das condições de saúde bucal dos escolares, iniciando pelas turmas da educação infantil. Os exames bucais foram realizados na própria sala ou no pátio (sob iluminação natural), com o auxílio de espátulas de madeira, ficha clínica e equipamentos de proteção individual. Previamente aos exames, entrava-se na sala de aula, fazia-se aapresentação e convidava-se, de forma lúdica, as crianças para a participação. Entretanto, por ocasião das primeiras práticas, os próprios estudantes de Odontologia identificaram que muitos escolares demonstravam sinais de ansiedade e medo frente à sua presença e ao convite. Ao discutir em grupo sobre a problemática e formas de manejá-la, houve a ideia de substituir as vestimentas tradicionais por fantasias e adereços, sendo esse um meio para se aproximar do universo infantil e motivar as crianças para participarem do levantamento. Também, diante de tal constatação, os docentes do Projeto optaram pela utilização de diferentes técnicas não farmacológicas de manejo do medo e ansiedade em Odontologia, tais como comunicação verbal, comunicação não verbal, dizer-mostrar-fazer, controle de voz, reforço positivo, distração e o modelo. Entretanto, decidiu-se não fazer uma formação tradicional sobre essa temática, mas aplicá-las “na prática”, orientando, caso necessário, os estudantes em função de cada situação experenciada. As informações clínicas foram preenchidas nas fichas odontológicas e deram origem a um banco de dados para subsidiar a próximas ações do Projeto. As crianças com necessidades de saúde bucal foram encaminhadas para tratamento odontológico. Ao término de cada dia de atividades, realizava-se uma roda de conversa com os estudantes participantes, de modo a avaliar os alcances das modificações propostas. Foram realizadas fotografias das interações produzidas através do uso de técnicas de manejo e uso de fantasias para documentar as atividades. Resultado: Participaram da primeira etapa do levantamento de saúde bucal 209 crianças de 11 turmas da Educação Infantil (dos 10 meses até os 13 anos). Houve grande desigualdade em relação às condições bucais dos escolares. A realização desses exames viabilizou o encaminhamento e o tratamento odontológico de 50 crianças, identificadas como prioritárias em função da sua pior condição bucal. Em relação ao manejo da ansiedade e do medo, observou-se que a adoção das técnicas de comunicação verbal, comunicação não verbal, dizer-mostrar-fazer, controle de voz, reforço positivo, distração e modelo apresentaram resultados bastante satisfatórios. A adoção da estratégia de fazer a formação sobre o uso de cada técnica de manejo “in loco”, diante da evidenciação de necessidade e oportunidade, foi um grande diferencial, uma vez que possibilitou aos estudantes de Odontologia aprendessem “na prática”, muitas vezes sendo esclarecido que haviam utilizado uma técnica específica de manejo no final da atividade. O uso de fantasias e adereços foi importante para transformar um exame essencialmente técnico em uma atividade lúdica e prazerosa para as crianças. Embora o uso de fantasias não seja algo novo nas práticas odontológicas, o aspecto a ser ressaltado é que a ideia de utilizá-las adveio justamente da observação realizada pelos estudantes, o que só foi possível por estarem inseridos em uma realidade nova, distinta da que até então estavam habituados. Por fim, percebeu-se que a utilização de fantasias e de técnicas de manejo da ansiedade e do medo facilitaram o acolhimento, a escuta e a circulação de afetos entre os estudantes de Odontologia e as crianças. Em vários momentos foram observados (e registrados em imagens) abraços, mãos dadas, brincadeiras, sorrisos, trocas de olhares e zelo, aspectos que denotaram cuidado e humanização nas atividades realizadas. Considerações finais: O oferecimento de atividades complementares na formação odontológica é de grande valia para o desenvolvimento das competências e habilidades técnicas, humanísticas e sociais, conforme preconizado pelas atuais DCN em Odontologia. Nesse sentido, a realização do levantamento de necessidades de saúde bucal com escolares em situação de vulnerabilidade social no âmbito do “Projeto PII!” demonstrou que uma atividade essencialmente técnica possibilitou desdobramentos positivos para a formação dos estudantes da FOUFF e para a promoção do cuidado à  saúde das crianças. A utilização de diferentes técnicas de manejo do medo e da ansiedade frente ao atendimento odontológico, bem como o uso de fantasias foi importante para garantir que todas as crianças convidadas participassem dos exames bucais, diminuir a tensão frente ao desconhecido e tornar as atividades alegres e descontraídas. Destaca-se que a proposição dessas intervenções só foi possível porque os estudantes tiveram a oportunidade de vivenciar experiências em cenários de aprendizagem diversificados. O fato de estar em contato com uma realidade social complexa facultou o exercitar-se como “ser humano”, atuar em equipe e perceber a multiplicidade de determinantes que interferem na saúde bucal, promovendo o “aprender a aprender” a partir do cotidiano. Por fim, destaca-se que a interação entre os estudantes de Odontologia e os escolares fomentou empatia, acolhimento, escuta, circulação de afetos e cuidado, denotando humanização nas atividades realizadas.

9848 O ENCONTRO COM A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: A PESQUISA COMO CAMINHO, O CUIDADO COMO FIM
Beatriz Malheiros Brito, Paula Land Curi, Camilla Bonelli Marra

O ENCONTRO COM A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: A PESQUISA COMO CAMINHO, O CUIDADO COMO FIM

Autores: Beatriz Malheiros Brito, Paula Land Curi, Camilla Bonelli Marra

Apresentação: O presente trabalho pretende narrar como a experiência na pesquisa durante a graduação se fez instrumento precioso para produção não apenas de conhecimento, mas também de cuidado. O PIBIC, o Programa de Iniciação Científica, tem o foco de incentivar pesquisas científicas em todas as áreas de conhecimento nos momentos iniciais da vida acadêmica. O programa é apoiado pelo CNPq com a possibilidade de concessão de bolsas e para participar do mesmo, sendo a instituição de graduação do aluno participante do programa, basta que o aluno procure um professor que será seu orientador acerca da temática a ser apresentada no encontro de ambos. Seguindo devidamente os editais com o projeto submetido e posteriormente aprovado, pode-se dar início a pesquisa de interesse. O que parece simples não o é. Por vários motivos que vão desde o encontro com um professor ou mesmo um tema propriamente delimitado até a concepção de um plano de trabalho o interesse de muitos se esvai pelo caminho e pelo tempo curto de um curso de carga-horária integral. Contudo o trabalho em questão se deu em um caminho um pouco diferente. O ambiente em questão é o Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) no contexto de estágio específico supervisionado obrigatório da graduação de Psicologia. A vivência proporcionava às alunas a atuação em espaços do hospital que predominante se via em cena a temática da Saúde da Mulher, temática esta que era explorada fortemente nas supervisões e leituras recomendadas. Durante as supervisões era a maternidade que ocupava grande parte das nossas discussões e reflexões. O espaço em questão se mostrava intrigante pela natureza do que ali era realizado. Diferente do resto do hospital, mesmo de atenção quaternária – sendo comum assim, mulheres que pariam com certo grau de risco e uma série de comorbidades –, a maternidade não se apresentava enquanto um local de cura, tratamento de doenças. O ato de parir, mesmo aparentemente tão distinto, era observado a cada encontro que tínhamos como um cenário de forte controle, de grande gerenciamento médico e anulação de protagonismos das mulheres. As observações eram feitas constantemente por terem grandes impactos nas histórias tratadas pelas mulheres que atendíamos nesse espaço e também pela naturalidade com que certas situações de teor de bastante violento eram tratados como corriqueiros, como que parte presente na realidade de parir aprendida através das mulheres de seus convívios.Tínhamos então, a partir de nossa presença e escuta, o relato de práticas violentas, incluindo omissão e/ou negligência, exercidas pelos profissionais de saúde, em sua maioria médicos. Essas práticas em sua grande parte não eram nem mesmo questionadas, marcando passividade e o caráter dessas práticas enquanto gerenciamento desses corpos femininos, sendo não aceitar essas condições podendo significar até estar fora da possibilidade de cuidado. Foi nesse contexto que nos aproximamos da discussão em voga da violência obstétrica. O tema em questão era conhecido pelo menos por nome por ser mencionado crescentemente nos meios em que circulávamos, onde falávamos de saúde, direito da mulher e humanização. Tal tema despertou a curiosidade não apenas para que pudéssemos entendê-lo melhor e esmiúça-lo, mas para investigá-lo a luz do recorte de gênero tendo em vista a captura de uma prática do parto e cuidados a mulher gestante e puérpera que antes se circunscrevia em um campo exclusivamente feminino, tornara-se um ato médico, hospitalar, dos chamados “homens da ciência” onde a mulher passava a ser um objeto a ser esquadrinhado para o sucesso do procedimento. A investigação tema desta escrita teve início em 2017 e inicia-se indagando sobre como essa violência, percebida como de gênero e manifestada sob forma de violência obstétrica, afetava a assistência prestada às mulheres daquele espaço, um hospital universitário eminentemente técnico, onde o discurso da ciência é elevado à sua máxima potência. Neste contexto fortemente medicalizado, as mulheres são tomadas prioritariamente como objetos da medicina. Na etapa de levantamento bibliográfico foi um importante analisador o reduzido número de resultados para o termo “violência obstétrica”. A escassez se agravava principalmente ao realizarmos cruzamentos com outros termos nas plataformas de busca que havíamos proposto para delimitar nossa investigação. O que percebemos foi justamente a falta de contorno, uma vez que a discussão dessas práticas violentas contra a mulher na hora do parto, no acompanhamento da gravidez e puerpério se deu em vários artigos encontrados, contudo, certa imprecisão acerca da abordagem da temática e um resultante mapeamento de suas origens, definições e impactos sobre a saúde materna foi um atravessamento que teve muito impacto no rumo desta pesquisa. Foi a partir desse aparente silêncio que coletamos a pequena literatura encontrada, demos um passo atrás e nos voltamos para o entendimento da medicalização do corpo feminino e para as nossas práticas. Nos fizemos presentes em eventos, reuniões e atividades voltadas à discutir a questão da violência contra a mulher, incluindo a violência obstétrica, assim como em outros voltados a pensar as relações de gênero. Estivemos em discussão acerca das políticas para as mulheres, os direitos sexuais e reprodutivos com o intuito de nos aproximarmos do que era denunciado e era discutido sobre os modos de cuidar e assistir pelos profissionais de saúde e usuárias. A partir da observação de diversas conceituações e narrativas acerca da violência obstétrica, fomos capazes de identificar o papel dos discursos medicalizantes na perpetuação de práxis violentas. Descobrimos que a imprecisão se traduz enquanto disputa do uso do termo que pode ser potencialmente ofensivo para os profissionais envolvidos ou mesmo o acusado como responsável de causar rupturas no continuum gestação-parto-puerpério – e não o ato violento em si. O acontecimento é retratado sob muitos outros nomes como forma de não alterar o delicado controle em que se envolve a prática médica.Todo o movimento conduzido pelo compromisso com a investigação e que se deu no caminho da pesquisa nos moldes de uma iniciação científica transbordou para a formação de modo a articular-se como espaço de possibilidades e construção participativa de práticas renovadas às necessidades que se apresentam. A pesquisa apresentou-se nesse percurso enquanto espaço capaz de ampliar e abrir diálogo com questões que não apresentam espaços estabelecidos na formação de psicologia ou mesmo enquanto profissional de saúde. A discussão de gênero, classe e raça fazem parte de nossas práticas e passam a ser de vital importância para abarcar as vidas reais que atendemos todos os dias. Com o passar do tempo vimos os estudos multiplicarem e as vozes a guiá-los também, as discussões enriqueceram-se ao tomaram outras dimensões para além da hipótese de fenômenos isolados de agentes estressados ou de má índole. A pesquisa segue e se renova em outros questionamentos no âmbito da maternidade com questões sobre a mulher, violência e cuidado. Ela toma outros formatos alcançando atualmente até o mestrado de uma de suas alunas-pesquisadoras e o mais importante segue presente nas práticas diárias e decisiva na produção de cuidado de todos que se envolveram com mesma.

9922 AS LIGAS ACADÊMICAS NA ÁREA DA SAÚDE E SEU PAPEL NO INCENTIVO A PRODUÇÃO CIENTIFICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ana Carla Vilhena Barbosa, Georgia Helena de Oliveira Sotirakis, Ewellyn Natália Assunção Ferreira, Nillana da Conceição de Castro Rodrigues, Ana Júlia da Costa Monteiro, Daniele Ferreira Bezerra, Bruna Larissa Pinto Rodrigues, Dione Seabra de Carvalho

AS LIGAS ACADÊMICAS NA ÁREA DA SAÚDE E SEU PAPEL NO INCENTIVO A PRODUÇÃO CIENTIFICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Ana Carla Vilhena Barbosa, Georgia Helena de Oliveira Sotirakis, Ewellyn Natália Assunção Ferreira, Nillana da Conceição de Castro Rodrigues, Ana Júlia da Costa Monteiro, Daniele Ferreira Bezerra, Bruna Larissa Pinto Rodrigues, Dione Seabra de Carvalho

Apresentação: Com base no tripé universitário composto pelo ensino, pesquisa e extensão, as Ligas Acadêmicas têm a possibilidade de proporcionar a formação ativa em saúde, antecipar a inserção de seus participantes nos campos de atuação e incentivar à produção cientifica na graduação. O objetivo deste trabalho é destacar o papel das ligas acadêmicas no incentivo à produção científica a fim de ressaltar sua importância para a formação acadêmica. Desenvolvimento: trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, do qual baseia-se na vivência de discentes integrantes da Liga Acadêmica Paraense de Enfermagem em Saúde da Mulher e Obstetrícia (LAPESMO), acerca da “I mostra cientifica da LAPESMO” que contou com a participação de 32 ligantes e 2 avaliadores. Esse evento foi proposto e idealizado pela LAPESMO a fim de incentivar a produção cientifica, através de vivências nas atividades propostas pela liga, a mostra contou com a apresentação de 7 trabalhos desenvolvidos a partir de atividades de ensino e extensão. Resultado: Os trabalhos desenvolvidos tiveram temas como: atuação do enfermeiro junto a mulher, parceiro e família no acompanhamento do pré-natal; a assistência de enfermagem para gestante com pré-eclâmpsia tardia; fatores associados a escolha da cesariana pela mulher; cuidados em saúde ás gestantes em cárcere; violência contra a mulher e a enfermagem: importância do debate sobre o tema na graduação; integralidade da assistência à saúde da mulher: impacto político-social e o papel da enfermagem e ação educativa sobre o câncer de colo de útero e mama.  Dessa forma, é possível perceber o vasto conhecimento difundido nas atividades da liga e seu importante papel na formação e incentivo à produção cientifica. Ademais, os trabalhos tiveram avaliações positivas dos avaliadores. Considerações finais: As ligas acadêmicas permitem o desenvolvimento do discente tanto no âmbito da busca do conhecimento, quanto na transmissão dele. Ademais, as publicações científicas objetivam divulgar a pesquisa para a sociedade, de forma a possibilitar que outros possam fazer uso e analisá-la sob outros olhares, permitindo também, mostrar o papel de uma liga acadêmica para os discentes, comunidade e acervo bibliográfico.

9977 PENSANDO POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO EM UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Adriane Erbs de Abreu, Bruna Caroline Machado Gomes, Daviane Rodrigues Ribeiro

PENSANDO POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO EM UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Adriane Erbs de Abreu, Bruna Caroline Machado Gomes, Daviane Rodrigues Ribeiro

Apresentação: Este resumo compreende o relato das experiências vivenciadas por estudantes do curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, durante as atividades da disciplina de Estágio Básico II, realizadas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Jamil Sebba, em Catalão. Sendo um estágio de formação, seus objetivos foram desenvolver observação sobre a dinâmica de funcionamento dos serviços prestados pela UPA, à luz das políticas públicas e dos pressupostos ético-políticos da Psicologia, bem como a elaboração de uma proposta de intervenção. Além disso, a proposta da disciplina contemplava a possibilidade de inserção do estudante em contexto de saúde, no convívio junto aos profissionais da unidade e à população atendida, que na condição de observadores, pudessem refletir sobre os desafios e possibilidades existentes no contexto observado. Desenvolvimento: Desse modo, foram realizadas discussões de textos teóricos e de estudos de caso referentes à atuação do profissional em Psicologia; supervisões dialogadas em grupo e, quando necessário, individuais, que se intercalavam entre as práticas em campo; realização de uma breve pesquisa sobre o mapeamento da rede de saúde pública da cidade de Catalão, para melhor entender a realidade dos serviços prestados pelo município. O método de investigação utilizado durante as práticas foi a observação participante, que para além de uma observação cotidiana busca a clarificação de informações sobre a realidade a qual estávamos inseridas. Resultado: Considerando que entre os objetivos da disciplina constava a elaboração de uma proposta de intervenção pensada a partir das observações realizadas, constatou-se a possibilidade de refletir e construir a intervenção voltada para o grupo de profissionais específicos que atuavam na unidade de saúde em questão. Trata-se dos funcionários que ocupam cargos de recepção, segurança, atendente de farmácia, limpeza e jovens aprendizes. Em todas essas funções, o nível de escolaridade exigido para a consolidação do contrato de trabalho – modalidade predominante utilizada pela UPA para a contratação até o período em que as observações ocorreram – é o ensino médio. Os dados e relatos colhidos ao longo do período de observação realizada na UPA, demonstraram que esse grupo de profissionais não recebiam quaisquer tipos de formação complementar ou instruções básicas para o contexto de saúde. Assim, esse grupo encontrava-se desprovido de noções de biossegurança, primeiros-socorros entre outros protocolos comuns, rotineiros e indispensáveis para segurança no ambiente laboral, comunidade atendida e dos próprios profissionais que ali trabalham. Uma vez que os profissionais da área da saúde são capacitados em sua formação para compreender seu ambiente de trabalho, incluindo os riscos relacionados à segurança, levantamos o questionamento a partir da precariedade de conhecimentos por parte dos demais funcionários, que também estão inseridos no mesmo contexto laboral. A não formação global para equipe, pode aumentar riscos e ocasionar um ambiente de trabalho desgastante do ponto de vista psíquico e biológico, destoando da proposta básica das práticas de humanização em saúde prevista pela Política Nacional de Humanização (PNH) – que visa efetivar os princípios do SUS e qualificar a saúde pública do Brasil através da interação entre a gestão, os trabalhadores e os usuários. Assim, com a humanização busca-se a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de promoção de saúde, permitindo uma maior autonomia para que os sujeitos ampliem sua capacidade de transformar a realidade em que vivem/atuam. Pensando nos princípios do SUS, que incluem a universalidade, equidade e integralidade do cuidado, bem como o direto à informação, consideramos relevante pensar em uma perspectiva de aperfeiçoamento que dialogue com a doutrina que constitui o sistema, visando a melhoria dos serviços prestados. Portanto, nossa proposta inicial foi a elaboração e distribuição de uma cartilha, permitindo que esses funcionários adquiram noções básicas, visando melhorias no ambiente de trabalho e na propagação de recursos voltados para prevenção e promoção à saúde – que não devem se restringir aos profissionais especializados. No entanto, cursos de capacitação que visam instruir os profissionais da saúde são ofertados gratuitamente nas plataformas virtuais do Ministério da Saúde, tais como o Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS (AVASUS) e Universidade Aberta do SUS (UNASUS). Desse modo, seria interessante a divulgação dos referentes cursos e a organização de momentos de capacitação orientados por profissionais da saúde, que possibilitem aos funcionários navegar pelas plataformas – que incluem um curso em específico sobre “Apresentação: à Segurança e Saúde do Trabalho”, facilitando a capacitação referente a temática, de acordo com a Norma Regulamentadora nº 32 do Ministério do Trabalho e Emprego – NR-32. Além disso, ressaltamos a importância de abordagens mais horizontalizadas de ensino, tal como a realização de rodas de conversa entre os funcionários, permitindo a esses profissionais novas formas de compartilhar os conhecimentos adquiridos, em um diálogo com os demais profissionais que possuem esse tipo de instrução em sua formação. Essa proposta atende, portanto, a perspectiva de capacitação para ações imediatas – pensando no grupo de profissionais em questão – e formação continuada, em que toda a equipe mantém um contínuo processo de aquisição, compartilhamento e produção de conhecimento através de uma perspectiva colaborativa. Considerações finais: Para concluir, reconhecemos que as práticas realizadas contribuíram enormemente para a nossa formação enquanto profissionais da área da saúde, visto que tivemos a oportunidade de contato com a rede de saúde pública local, permitindo que conhecêssemos melhor suas formas de funcionamento, potencialidades e os desafios práticos presentes na instituição, bem como as possibilidades de reflexão acerca da realidade a qual estávamos inseridas. Na disciplina de estágio, todos os alunos participantes entregaram à unidade diferentes propostas de intervenção, que perpassaram desde a perspectiva de capacitação e formação dos funcionários, até maneiras mais simplificadas – tal como a aplicação de imagens e orientações didáticas para os usuários, que com frequência inclui pessoas não alfabetizadas. Também vale ressaltar, que apesar de o referido grupo não exercer função diretamente relacionada com os tratamentos aplicados pelos profissionais de saúde que atuam na UPA, eles colaboram na construção do espaço de cuidado que é disposto à comunidade, justificando a relevância da inscrição de novas possibilidades de fortalecimento da atuação dos profissionais da rede. Por fim, destacamos ainda a importância da interação entre ensino, serviço e comunidade para a formação do estudante, apesar de tal relação enfrentar limitações – como no nosso caso, visto que a intervenção elaborada não foi posta em prática pelos estudantes –, mas que mesmo assim, colabora para a construção de reflexões e aprendizados durante a nossa trajetória acadêmica.

9996 ENSINAGEM EM PESQUISA COMO INVENTAR NOVAS FORMAS DE FAZER PESQUISA, ESTANDO COM O OUTRO NO “CAMPO DE PESQUISA”
Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Luiz Gustavo Duarte, Stela Mari dos santos, Lorena Fernandez, Camila da Silva Luz, Mayara S. Ramiro Kuwahara, Graziella Alves Ruivo, Alberto Durán González

ENSINAGEM EM PESQUISA COMO INVENTAR NOVAS FORMAS DE FAZER PESQUISA, ESTANDO COM O OUTRO NO “CAMPO DE PESQUISA”

Autores: Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Luiz Gustavo Duarte, Stela Mari dos santos, Lorena Fernandez, Camila da Silva Luz, Mayara S. Ramiro Kuwahara, Graziella Alves Ruivo, Alberto Durán González

Apresentação: Quando se pensa em pesquisa logo somos lançados aos formatos mais tradicionais e consolidados de fazê-lo. Ou seja pelos caminhos de influência das escolhas metodológicas positivistas, nas quais majoritariamente busca-se  testar uma hipótese por caminhos e métodos que afaste o pesquisador do que se pretende pesquisar de uma forma que valora a expertise na construção das estratégias de coleta e análise dos dados. Para alguns pesquisadores existe o desejo de buscar outros caminhos de fazer pesquisa, com referenciais diferentes os quais aqui vamos denominar de filosóficos contemporâneos. Referências essas que partem de escolhas metodológicas bem distintas das anteriormente citadas, ou seja, não existe o afastamento do campo mais sim o reconhecimento dele e sua potência, bem como do posicionamento do pesquisador em relação ao campo. Posição essa que muitas vezes se mistura com o campo de pesquisa e as pessoas desse território. Desenvolvimento; Nesse relato buscaremos trazer o percurso de um grupo de pessoas, formalmente nominados como grupo de pesquisa que se lançam cotidianamente a um modo diferente de fazer pesquisa. Vamos nos focar no caminho cartográfico. O referencial de abordagem metodológica cartográfica rompe com a suposta neutralidade científica, tem como pressuposto que os pesquisadores mergulhem e se “imundizem” no mundo pesquisado. Nessa trajetória os pesquisadores e os pesquisados, juntos, vão vivendo intensidades e afecções produzidas no encontro com outro. Vão sendo traçadas linhas e vai se dando visibilidade as intensidades encontradas. Esse grupo de pesquisa tem hoje em andamento uma pesquisa: “Análise dos novos movimentos sociais e a produção da saúde na periferia da região metropolitana de Londrina (PR)” que faz parte de um grupo de pesquisa do CNPQ o Observatório Microvetorial de Políticas Públicas em Saúde e Educação em Saúde da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Resultado: Com isso na cartografia o processo de investigação nos faz mergulhar na vida, aos nos fazer acompanhar essas linhas de intensidades que se atualizam nos espaços vividos. Nesse modo de pesquisar a constituição de um grupo é muito importante no processamento das intensidades vividas. Pois analisamos e somos analisados ao mesmo tempo, nessa caminhada as vezes nos descontruímos e o grupo cuidadoso nos apoia e assim conseguimos apoiar os outros. Considerações finais: Temos apreendido nessa caminhada desafiadora, que o campo da produção do conhecimento valora as formas mais tradicionais de fazer pesquisa, mas no cotidiano com os alunos e as pessoas que nos misturamos nas pesquisas cartográficas fica a marca de que outras formas de pesquisar e se compor como grupo de pesquisa nos muda cotidianamente, aumentando nossa potência em diferentes dimensões, como aluno, como professor, como mãe, como criança, como a multidão que nos habita.

10046 MEMORIAL DE FORMAÇÃO COMO TRABALHO DE INTRODUÇÃO AO CURSO: POSSIBILIDADES DO FAZER
Eluá Benemérita Vilela Nascimento, Thiago Santos Souza, Luiza Monteiro Barros

MEMORIAL DE FORMAÇÃO COMO TRABALHO DE INTRODUÇÃO AO CURSO: POSSIBILIDADES DO FAZER

Autores: Eluá Benemérita Vilela Nascimento, Thiago Santos Souza, Luiza Monteiro Barros

Apresentação: O memorial se configura como uma forma de escrita que visa descrever a trajetória da pessoa que o constrói, buscando no percurso dessa escrita que se reflita sobre os aspectos ali descritos, relacionando com o crescimento profissional e/ou pessoal de quem o descreve. Em um curso de pós-graduação em modalidade residência em saúde da família, desde o ano 2019 vêm sendo proposta a utilização do memorial como modelo de escrita do trabalho de conclusão de curso (TCC). Por entender que esse modelo é capaz de levar o residente a reflexão do seu processo de aprendizado ao longo dos dois anos da formação. Nesse sentido esse trabalho pretende explorar os potenciais do uso do memorial enquanto TCC e dialogar sobre os caminhos da orientação para essa construção. Desenvolvimento: O processo de construção do memorial se inicia ainda no início da residência com a construção de portfólio e incentivo a realização de escrita livre a ser postada e acompanhada no ambiente virtual de aprendizagem do programa de residência, essa escrita é lida, acompanhada e guiada/(orientada) pelo corpo pedagógico do programa de residência, preceptores (as) e  tutores (as)/apoiadores (as) pedagógicos (as) que recebem  um capacitação/treinamento para qualificar este acompanhamento, e. Ccom base nesse material que contém as vivências refletidas  reflete as vivências do residente durante o percurso é construído o memorial de formação. Resultado: O processo de orientação de escrita do memorial de formação se desenvolve ao longo dos dois anos, e se intensifica nos seis meses finais do período de residência. Existe uma formatação a ser seguida, por se tratar de um TCC, porém existe incentivo a liberdade criativa do residente que é estimulado pelo corpo pedagógico a desenvolver as reflexões a respeito do seu processo de desenvolvimento dentro da residência. Resulta em trabalhos finais sempre inusitados, diferentes entre si, e que refletem o residente responsável pela escrita; o material consegue demonstrar o percurso desse ator, bem como proporcionar ao residente a apropriação e compreensão do seu crescimento diante do processo da pós - graduação. Considerações finais: Desenvolver o processo de orientação de um memorial de formação se configura em um processo desafiador, por não haver um modelo predefinido a ser seguido. Porém é muito estimulante e interessante conduzir o processo de reflexão do residente diante de suas vivências e constatar como esse processo se reverbera nas práticas em serviço.

10173 EDUCAÇÃO MEDICA: DIÁLOGO COM A BIOÉTICA.
JAINA BASTOS DE OLIVEIRA, LILIAN KOIFMAN koifman

EDUCAÇÃO MEDICA: DIÁLOGO COM A BIOÉTICA.

Autores: JAINA BASTOS DE OLIVEIRA, LILIAN KOIFMAN koifman

Apresentação: O presente estudo está baseado em uma pesquisa de doutorado em andamento que investiga a Inserção da Bioética na Educação Médica em duas Universidades brasileiras, uma localizada no nordeste e a outra no sudeste. Essa inserção está vinculada ao contexto de transformações sociais, econômicas, tecnologias e políticas, com impacto na saúde. Além de responder às Diretrizes Curriculares Nacionais de 2014 para graduação de medicina, que define os seguintes parâmetros: formação generalista, crítica, reflexiva e ética. Buscando responder as DCN e as mudanças com impactos na saúde, as Universidades realizam mudanças curriculares. A investigação tem como objetivo analisar a inserção da Bioética na Educação Médica dessas Universidades. Para isso, a metodologia utilizada foi o estudo de caso. Segundo Gil (2009) o estudo de caso permite analisar de forma profunda o fenômeno estudado. Também foi utilizada a análise documental e entrevistas com professores. Destaca-se que na Universidade do nordeste, a inserção da Bioética ocorreu através da estruturação do Eixo Ético-Humanístico (FORMIGLI et al, 2010). Fruto da reforma curricular de 2007. Esse Eixo é transversal ao curso médico, gerando um currículo integrado. Temas da bioética são trabalhados ao longo da formação. No primeiro período a Bioética é discutida de forma generalizada, os aspectos léxicos são abordados, é realizada a discussão do que é ética, bioética, correntes da Bioética como o Principialismo e alguns aspectos filosóficos são abordados. No segundo período, são abordados fatores relacionados ao início da vida, Direitos Humanos, Código de Ética Profissional e outros. O foco do terceiro período é o corpo. Corpo físico, imaginário e simbólico, além dos aspectos relacionados ao processo de adoecimento. Durante o quarto período o tema central está vinculado à morte, processo de luto e demais aspectos vinculados a temática. Do quinto período ao décimo são abordados temas vinculados a relação médico-paciente. Por fim, o internato, tem particularidades, os estudantes não estão em sala de aula, como nos anos iniciais, estão divididos entre: clinica médica; ginecologia e obstetrícia; pediatria; cirurgia e medicina social. Além de estarem preocupados com os concursos que irão realizar, como as provas de residências médicas, âmbitos que dificultam ter um disciplina de bioética nos anos finais da formação médica. Dessa forma, a estratégia utilizada foi dialogar com os professores dos internatos e criar um espaço de interação com os alunos. Um desses espaços é uma plataforma online, no qual os alunos escrevem suas dúvidas sobre conflitos éticos, dilemas e demais situações que envolvem a bioética, que eles vivenciaram no internato e em encontros presenciais essas dúvidas são esclarecidas com a turma. Na Universidade do Sudeste a inserção da Bioética é realizada através de uma disciplina optativa, para turma do segundo período. Nessa disciplina são abordados aspectos como: Principialismo; Utilitarismo; Ética do Cuidar; Ética das Virtudes e Bioética de Proteção. Nas duas Universidades há uma preocupação com o processo de ensino-aprendizagem. Os professores relataram que se preocupam em sensibilizar os alunos para a discussão ética. Dessa forma, usam recursos literários, filmes, discussão de casos, estimulando a discussão/reflexão em sala de aula. Os professores acreditam que a discussão/reflexão tem potencial para estimular os alunos para as questões éticas/bioéticas. Consideram que uma aula tradicional não sensibiliza os alunos para questões importantes que irão enfrentar na prática profissional. Rego (2004) indica que o ensino deontológico, prescritivo dos aspectos éticos, não são suficientes para dar conta da realidade que os alunos vão enfrentar no exercício profissional. O Código de Ética é importante para guiar a prática profissional, mas não suficiente. Destaca-se que a corrente Principialista fundamenta os Códigos de Ética. Segundo Beuchamp e Childress (2002), os princípios são essenciais para fundamentar uma ação, que pode ser considerada eticamente correta quando é orientada pelos seguintes princípios: Beneficência, Não maleficência, respeito à Autonomia e Justiça. Esses aspectos são abordados pelo professores entrevistados. Na área da saúde o respeito à autonomia está relacionado ao fato do paciente compreender o que se passa com ele e poder tomar decisões. Para isso o médico deve explicar de forma clara, com linguagem adequada, respeitando a autonomia do seu paciente, entendendo que ele pode fazer escolhas que sejam divergentes das suas. O princípio da Beneficência implica em fazer o bem e o da Não Maleficência, implica na obrigação de não causar danos. Já o princípio da Justiça, normalmente está relacionado à distribuição de riscos e benefícios, muito utilizado em pesquisa, mas que também está associada à distribuição de recursos na área da saúde. A formação médica deve contemplar o complexo cenário de saúde do Brasil, que envolve a escassez de recursos, a restrição no acesso ao cuidado em saúde, dentre outros aspectos. A Inserção da Bioética na Educação Médica busca sensibilizar os alunos para as questões anteriormente citadas, além de oferecer ferramentas para que o futuro médico tome decisões de maneira mais embasada. Rego (2004) aponta que o fato de médicos terem uma formação técnica necessariamente não significa que a tomada de decisão será ética. Essa discussão também está presente na DCN de 2014. Os aspectos técnicos não são suficientes para fundamentar uma decisão, por isso a discussão ética/bioética se torna essencial durante a formação, viabilizando escolhas com respaldo técnico e ético. A Universidade do Nordeste busca responder a essas questões que envolvem o princípio da justiça, considerando o cenário de escassez de recursos, através do Eixo Ético-Humanistico, trasnversalizado durante a formação médica. Não significa que os futuros médicos sozinhos irão resolver questões estruturais, mas que estarão sensíveis para essas questões. Na Universidade do Sudeste, os professores entrevistados apontaram que a presença de apenas uma disciplina optativa no início do curso não é suficiente para gerar impacto na formação. Eles indicaram que a disciplina deveria ser obrigatória, a discussão de Bioética deveria estar inserida nas demais disciplinas do curso, em diferentes momentos da formação. No inicio para sensibilizar os alunos, no meio para interligar com os conhecimentos adquiridos e no fim para realizar conexões com a prática do internato, dialogando com as demais disciplinas distribuídas da graduação. A inserção da Bioética na Educação Médica, em diversas Universidades não é entendida como importante para formação médica. Dessa forma, muitas Universidades não contemplam Bioética na grade curricular, nem como disciplina obrigatória e nem como optativa. Normalmente a discussão dos aspectos éticos da profissão é realizada no momento da apresentação e discussão do Código de Ética Profissional. Nesse aspecto, o código é apresentado de forma deontológica e a punição é um aspecto evidenciado, criando um imaginário social de que a ética está relacionada à punição e não a educação e o diálogo. É desafiador a Inserção da Bioética na Educação médica, mas fundamental para formação profissional. 

10189 A UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTÁRIO ENQUANTO RECURSO DIDÁTICO NA DISCIPLINA DE POLÍTICAS DE SAÚDE – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Amanda Anne de Abreu Vieira, Hugo Barcelos de Matos, Rodolfo Gonçalves de Melo, Ana Carolina Pereira Garajau, Millena Mayra Ferreira, Sara Ferreira Oliveira Ramos, Ariadne Barbosa do Nascimento Einloft

A UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTÁRIO ENQUANTO RECURSO DIDÁTICO NA DISCIPLINA DE POLÍTICAS DE SAÚDE – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Amanda Anne de Abreu Vieira, Hugo Barcelos de Matos, Rodolfo Gonçalves de Melo, Ana Carolina Pereira Garajau, Millena Mayra Ferreira, Sara Ferreira Oliveira Ramos, Ariadne Barbosa do Nascimento Einloft

Apresentação: A incessante produção de conhecimento aliada às orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para formação de profissionais que conjuguem domínio de conteúdo técnico e pensamento crítico-reflexivo tem exigido novos formatos de ensino-aprendizagem onde os conhecimentos sejam interconectados. Contudo, no processo de ensino-aprendizagem é comum a dificuldade dos alunos em compreender e assimilar um determinado conteúdo, resultado da persistência de utilização de métodos baseados em alunos ouvintes, focados em abordagens apenas teóricas e desarticuladas da realidade. Como alternativa a esse modelo fragmentado de produção de conhecimento, as metodologias ativas têm sido utilizadas por serem mais eficazes. As metodologias ativas têm como preceito a autonomia do discente no seu processo de ensino-aprendizagem, ou seja, os educadores fornecem os meios necessários para o conhecimento do tema pelos alunos, e estes são responsáveis por criar sua opinião crítica a despeito do assunto. Este trabalho tem por objetivo descrever a experiência de discentes de enfermagem da Universidade Federal de Viçosa na utilização de um documentário como parte da estratégia do processo ensino-aprendizagem sobre conteúdos de políticas de saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência sobre a atividade desenvolvida em sala de aula que trouxe aos alunos a oportunidade de conhecer o documentário SICKO, dirigido por Michael Moore nos Estados Unidos em 2007. Nesta produção, Moore compara o sistema de saúde norte-americano com os sistemas sanitários universais do Canadá, França, Inglaterra e Cuba, com o intuito de criticar os problemas decorrentes da influência de empresas privadas no direcionamento de ações e políticas de saúde nos EUA. Para isso, ele expõe a realidade de pessoas que sofreram e sofrem com as seguradoras privadas do país, que lucram substancialmente, mas não promovem a saúde de forma efetiva e nem mesmo dão o suporte necessário em caso de enfermidades. O objetivo da atividade foi levar os alunos a refletirem sobre a importância de um sistema de saúde alicerçado no desenho universal-redistributivo, como o Sistema Único de Saúde (SUS), do Brasil. A atividade teve duração de duas horas, contou com a presença de discentes de enfermagem e três docentes da matéria de Políticas de Saúde. Após assistirem ao documentário, os alunos foram instigados à reflexão respondendo um questionário. Num segundo encontro, foi promovido um debate acerca da experiência, mediado pela professora responsável pela disciplina. Resultado: O filme SICKO foi de suma importância para formação de enfermeiros como profissionais e cidadãos brasileiros, pois o documentário expõe, indiretamente, a relevância de um sistema de saúde universal, público e garantido pelo governo, como o SUS, que atua em diversos âmbitos da saúde, como vigilância sanitária, hemodiálise, transplante de órgãos, vacinas, distribuição gratuita de medicamentos de baixo e alto custo, entre outros, não operando somente no atendimento médico- curativista. Considerações finais: Percebe-se como grande parte da população brasileira tem uma visão errônea e negativa do SUS, vangloriando planos de saúde em detrimento do sistema público de saúde. Dessa forma, é imprescindível a disseminação de informações que defendam o SUS e mostrem a realidade de um país que não dispõe de um atendimento público universal.

10441 CARTOGRAFIA E NARRATIVAS-DENSAS COMO FERRAMENTAS DO PESQUISAR EM SAÚDE
JANAINNY MAGALHÃES FERNANDES, Letícia Stanczyk, Vinicius Santos Sanches, Laura Camargo Macruz Feuerwerker, Mara Lisiane de Moraes dos Santos, Alcindo Antônio Ferla

CARTOGRAFIA E NARRATIVAS-DENSAS COMO FERRAMENTAS DO PESQUISAR EM SAÚDE

Autores: JANAINNY MAGALHÃES FERNANDES, Letícia Stanczyk, Vinicius Santos Sanches, Laura Camargo Macruz Feuerwerker, Mara Lisiane de Moraes dos Santos, Alcindo Antônio Ferla

Apresentação: Partindo da questão sobre o lugar do cuidado da pessoa em restrição domiciliar na Atenção Básica (AB), que buscava identificar quais (des)encontros e afetos acontecem no cuidado destes usuários, é que a cartografia se tornou modo de pesquisar, em que o acontecimento no ato do encontro foi fonte narrativa do corpo vibrátil do(s) pesquisador(es). Entendemos que pesquisa cartográfica é, sobretudo, implicação, e necessita da vivência, afetos e experiências do cotidiano para levar à reflexão acerca das interrelações existentes no ato de pesquisar. Logo, as narrativas-densas trazem às cenas vividas o aparato das relações, forças, tensões e afecções dos envolvidos. A construção narrativa permite uma análise profunda de subjetividades despercebidas nos métodos de pesquisa convencionais. Ela coloca como igual todos os atores, sejam eles pesquisadores, profissionais ou usuários. Métodos A pesquisa cartográfica aconteceu em um município do ABC paulista, mas trouxe implicações que poderiam acontecer em qualquer localidade, porque as narrativas-densas apresentaram um olhar para as disputas, interesses e forças que atravessavam as relações no processo do cuidado em saúde realizado no contexto domiciliar da AB. Resultado: No processo cartográfico, descrever e fabricar as narrativas-densas diante das cenas vivenciadas transformou a mera pesquisadora em uma pesquisadora-cartógrafa-narradora, pois narrar implica colocar em análise também as relações de poder. As cenas narradas apontaram a importância do olhar para o território existencial dos usuários, valorizando os modos de gerir a vida destes para além da prescrição. Tal afirmação só é possível quando analisamos a inventividade dos usuários para seu autocuidado em modo de andar a vida, através das experiências. Experiências estas que poderiam não ser compartilhadas se não houvesse uma relação horizontal, com vínculo e afetos. Experiências que nos mostraram despertar um olhar para outra dimensão do corpo dos usuários, que foram capazes de produzir novas conexões entre a dimensão biológica e a potência da vida. Para a construção das narrativas dos usuários foi necessária a vinculação e o uso das tecnologias-leves, em que, neste processo, se tornaram ferramentas potentes no processo de pesquisar e de produzir cuidado. Considerações Levamos a sério o uso das narrativas-densas como meio de produção cartográfica, no intuito de trazer seu caráter horizontal no modo de produzir conhecimento através do vivido. As narrativas-densas incitam reflexões dos modos de pesquisar que identificam segmentalidades que se atravessam e colocam em discussão os processos micro e macropolíticos das experiências vividas e narradas. A narrativa é ferramenta educativa no processo de pesquisar contra-hegemônico, que produz racionalidades outras no analisar, pesquisar, aprender e cuidar em saúde. A narrativa-densa apresenta, de forma sutil, as marcas nos corpos plurais que compuseram a pesquisa para além da escrita, a partir de uma estética da existência perante modos de vida autopoiéticos para além das regras normativas da academia e da captura do corpo pela anatomia ou pela medicina. E para o cartógrafo possibilita um constante exercício de despir e remendar-se, corporeificarndo os sentidos e significados de autonomia, de potência e de corpo. Esse é um importante poder que a narrativa constrói perante as relações-potência em defesa da vida.

10570 PRODUZINDO E TROCANDO SABERES EM PESQUISA-AÇÃO PARTICIPATIVA EM SAÚDE: SOCIALIZANDO A EXPERIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM CURSO COM USO DO WORLD CAFÉ
DONIZETE VAGO DAHER, EMILIA GALLINDO CURSINO, ANDRESSA AMBROSINO PINTO, Fabiana Koopman, MICHELLE VAGO DAHER

PRODUZINDO E TROCANDO SABERES EM PESQUISA-AÇÃO PARTICIPATIVA EM SAÚDE: SOCIALIZANDO A EXPERIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM CURSO COM USO DO WORLD CAFÉ

Autores: DONIZETE VAGO DAHER, EMILIA GALLINDO CURSINO, ANDRESSA AMBROSINO PINTO, Fabiana Koopman, MICHELLE VAGO DAHER

Apresentação: A Abordagem da Pesquisa Ação Participativa em Saúde(PaPs) vem se configurando como uma interessante possibilidade de produção de pesquisas e de intervenção em vários contextos da saúde, tanto na Europa como no Brasil. Validada pelo ICPHR, a PaPs tem se tornado relevante por ter como princípio o envolvimento e coresponsabilização de todos os participantes em todas as fases da pesquisa, além de trabalhar de forma contextualizada, com ênfase no nível local de conhecimento e na experiência vivida, e promover reflexividade crítica sobre os problemas da saúde pública. Objetivo: Relatar a experiência da implemetação de um curso sobre a Abordagem da Pesquisa-Ação Participativa em Saúde. Desenvolvimento: A experiência do Curso aconteceu durante um grande evento acadêmico na Universidade Federal Fluminense em 2019, foi demandado por um grupo de alunos profissionais e alunos que conheciam superficialmente a proposta PaPs. Contou com a participação de profissionais de saúde, alunos de graduação e de Pós Graduação. Com duração de três horas, contou, inicialmente, com exposição em projeções do conteúdo sobre conceitos, princípios e diretrizes que norteiam esta Abordagem, seguido da dinâmica do World Cafe, esta com propósito de diagnosticar e possibilitar efetivas trocas de conhecimentos. Foi o mesmo coordenado pelas professoras Donizete Vago Daher, Emília Gallindo Cursino e doutoranda Andressa Ambrosino Pinto, todas da UFF.  Resultado: A oferta deste Curso sensibilizou para o uso de PaPs por meio da socialização de experiências já implementadas e derivadas de pesquisa institucionais e subsidiou os participantes para a produção de projetos que gerarão intervenções inovadoras que respondam a problemas locais demandados dos serviços e unidades de saúde. O ponto alto foi a implementação do World Cafe que mobilizou todos num grande movimento reflexivo-colaborativo sobre como se apropriar e eleger objetos de pesquisa de modo coletivo. A aprendizagem sobre a PaPs foi considerada significativa por todos os participantes pois ao conhecimento trazido foi agregado novos e relevantes conteúdos. Considerações finais: A relevância de se empreender cursos para a disseminação da PaPs no campo da saúde, ancora-se no fato de ser a mesma uma Abordagem inovadora e possuir forte potencial de exequibilidade e de resolutividade de problemas locais de saúde, onde todos os agentes são envolvidos.

10671 PESQUISA CIENTÍFICA NA GRADUAÇÃO
Bruna Moura Oliveira dos Santos, Thaysa Cristina Moreira, Andréa de Sant'Ana Oliveira, Ingrid Zuvanov Khal Costa, Marcos Vinicius Mendes Macena, Thatiana Arruda Ferreira Campos, Sarah Goes Barreto da Silva Moreira, Fernando Porto

PESQUISA CIENTÍFICA NA GRADUAÇÃO

Autores: Bruna Moura Oliveira dos Santos, Thaysa Cristina Moreira, Andréa de Sant'Ana Oliveira, Ingrid Zuvanov Khal Costa, Marcos Vinicius Mendes Macena, Thatiana Arruda Ferreira Campos, Sarah Goes Barreto da Silva Moreira, Fernando Porto

Apresentação: Ao ingressarem na vida universitária, os estudantes se deparam com a falta de recursos para permanecerem ativamente no espaço acadêmico e recorrem às bolsas de incentivo acadêmico possibilitando, assim, o seu primeiro contato com o mundo da pesquisa através de grupos ou laboratórios. Muitos procuram esses grupos por afinidades com a temática de pesquisa dos mesmos ou o estímulo pode ser a oportunidade de inserção em algum projeto ligado a concessão de tais bolsas. Participar desde o início da graduação de um grupo de pesquisa, traz alguns benefícios para o desenvolvimento do aluno, como, por exemplo, desenvolver um perfil de pesquisador que lhe renderá interesse pela continuação da vida acadêmica na pós graduação. Importante ressaltar que a linha de pesquisa e o perfil do orientador contribuem muito para esse desenvolvimento. Existem algumas regras para que estas bolsas sejam concedidas pelas agências de fomento, porque cada bolsa tem as suas especificidades e objetivos. Neste sentido, o aluno passa a frequentar eventos da área temática de pesquisa ou de temáticas gerais onde possa mostrar parte ou a totalidade da sua pesquisa através de apresentação de trabalhos acadêmicos realizados em semanas de Iniciação Científica ou em projetos de pesquisa vinculados aos programas de permanência universitária. Esses eventos, que muitas vezes são externos, podem ser colóquios, encontros, simpósios, mostras científicas, apresentações na própria universidade ou em outros grupos de pesquisa. Alguns eventos oferecem como incentivo premiações que dão ao vencedor, além do destaque ao próprio aluno e ao seu grupo de pesquisa, uma pontuação no Currículo Lattes que lhe confere vantagens em vários processos seletivos extra muros da Universidade e posteriormente na vida profissional. Desenvolvimento: Estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado a partir das vivências de estudantes que integram o grupo de pesquisa do Laboratório de História do Cuidado e Imagem em Enfermagem (Lacuiden), que cursam a graduação em enfermagem em uma Instituição pública federal do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados durante as reuniões do grupo Lacuiden da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Unirio, realizadas na sala 502 da Rua Dr Xavier Sigaud nº 290, Urca (RJ) em dezembro de 2019 e mediadas por um enfermeiro líder do grupo de pesquisa, Prof. Dr Fernando Porto. Os dados foram coletados por meio de apresentações e discussões do grupo de pesquisa, realizadas às sextas-feiras, quando se dava a ativação da discussão pelos integrantes do grupo e participantes convidados. Os dados foram gravados em formato áudio visual e algumas reuniões contaram com a participação de Laboratório de Estudos em História da Enfermagem (LAESHE - USP), sendo transmitidos ao vivo pelo sítio  eletrônico do grupo Lacuiden, por meio de página própria  na rede social Facebook e posteriormente transcritos, organizados, analisados e discutidos. Resultado: As estudantes relatam que as experiências de graduação em enfermagem nas instituições públicas, como bolsistas do grupo de pesquisa LACUIDEN, são experiências que vem proporcionando aquisição de conhecimento com o universo da pesquisa, além de contribuir para a viabilização da permanência dos bolsistas na Universidade. Ademais, relatam que a felicidade de conquistar o ingresso no ensino superior é acompanhada pelo medo de não conseguir permanecer no mesmo, mas que com as oportunidades e iniciativas, como o programa de bolsas e o acesso aos grupos de pesquisa, os desafios do cotidiano acadêmico são vencidos. Estudantes que aumentaram o convívio nos espaços acadêmicos, através da inserção na pesquisa vão vencendo barreiras sociais, muitas vezes em razão do desconhecimento da existência de tais grupos e de suas finalidades. Com isso, superam a falta de entrosamento com o universo elitizado dos grupos de pesquisa e adquirem mais expertise no processo de formação e podem vivenciar mais facilmente a rotina acadêmica, estando mais susceptíveis a seguirem a carreira da docência. Em instituições de ensino públicas, desde o primeiro período de graduação em enfermagem se apresentam ao estudante diferentes possibilidades, tais como: Projetos de Extensão, Monitorias, Grupos de Pesquisa, Iniciação Científica, Estágios Extra Curriculares, dentre outros e esse investimento dos docentes em estimular à prática da pesquisa científica, propiciam novas possibilidades de convivência e de formação pós graduação. À medida em que os estudantes avançam em seus estudos, vão conhecendo novas possibilidades dentro da formação em enfermagem, as demandas acadêmicas passam a exigir mais dedicação, havendo concomitantemente uma constante preocupação com a aquisição de competências cognitivas e técnicas, no desenvolvimento de atividades práticas, em diferentes cenários. No entanto, a aproximação da colação de grau e o ingresso no mercado de trabalho também geram preocupação nos estudantes de graduação em enfermagem e veem a entrada na pós graduação Stricto Senso como possibilidade de um novo recomeço, pela aproximação estabelecida com a pesquisa durante a graduação. Acerca da carga horária dos cursos, os estudantes de enfermagem relatam que a carga horária é extensa, exigindo um tempo de permanência maior dos estudantes no cenário universitário, o que muitas vezes interfere no desenvolvimento de atividades da vida diária, tais como: alimentação, higiene, atividade física, sono, repouso, dentre outras, já que muitos estudantes não moram próximos ao campus onde estudam e enfrentam um sistema de transporte precário e com pouca viabilidade. Outro fator que conflitam e preocupam os estudantes de graduação são as demandas de muitos trabalhos acadêmicos, artigos, pesquisas, leituras e ainda lidar com a participação em atividades como os centros acadêmicos, ligas, atléticas e representações institucionais dentro e fora da Universidade. Na ótica dos estudantes, o conflito entre tais atividades, pode desencadear uma série de incômodos, que exigem adaptações nem sempre satisfatórias de suas rotinas, que refletem diretamente na avaliação  de suas atividades acadêmicas  e na sua própria saúde física e mental. Ainda que o processo de formação do estudante de graduação em enfermagem seja permeado pela convivência desde os primeiros períodos no mundo da pesquisa, alguns docentes do curso dão ênfase ao desempenho academicista e do campo prático em detrimento das dimensões emocional e social. Por fim, os estudantes registram que o espaço acadêmico proporciona novas formas no modo de viver, de pensar, de refletir e de agir, proporcionando-lhes momentos também de satisfação, fortalecimento em grupos de afinidades que se tornam grupos de apoio no enfrentamento dos desafios da graduação. Considerações finais: Conclui-se que as experiências de inserção e vivência no mundo acadêmico geram mudanças significativas no cotidiano dos estudantes de enfermagem, permeadas por diferentes expectativas, objetivos e preocupações, desencadeadas pelo enfrentamento de uma nova realidade social com inúmeras demandas, que lhes exigirá novas posturas e mudanças de comportamento. Ainda que todos os estudantes do curso de graduação em enfermagem tenham acesso a inserção em um grupo de pesquisa, constata-se que nem todos desenvolverão habilidades ou preferência por este segmento acadêmico. Há ainda o pensamento de se valorizar atividades que proporcionem o desenvolvimento da empatia dos estudantes de graduação em enfermagem, pois estes necessitam de cuidado para que possam, efetivamente, em um futuro muito próximo, cuidar de outras pessoas. Por fim, destaca-se um investimento de políticas públicas nos cursos de nível superior, em estimular os estudantes a ingressarem nas pesquisas durante o processo de formação e, assim, ampliar conhecimentos e fortalecer o processo de aprendizagem.

11441 O USO DO “WORLD CAFE” COMO METODOLOGIA ATIVA DE ENSINO DA PESQUISA QUALITATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Eunice Ferreira da Silva, Edilaine Lopes de Freitas, Vanessa de Souza Amaral, Alvino de Souza Amaral, Rayla Amaral Lemos, Deíse Moura de Oliveira

O USO DO “WORLD CAFE” COMO METODOLOGIA ATIVA DE ENSINO DA PESQUISA QUALITATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Eunice Ferreira da Silva, Edilaine Lopes de Freitas, Vanessa de Souza Amaral, Alvino de Souza Amaral, Rayla Amaral Lemos, Deíse Moura de Oliveira

Apresentação: O World Cafe é uma técnica de coleta de dados e também uma possibilidade de metodologia ativa de ensino com um formato flexível e adaptável a diversas circunstâncias. Consiste em criar, pautado em um objetivo e tema a serem investigados, um ambiente acolhedor, dinâmico e dialógico entre os participantes, de modo que sintam-se livres e confortáveis para exporem seus pensamentos, convidando-os à criatividade e à livre expressão. Para tanto é norteado por perguntas a serem respondidas pelos participantes. As questões são desenvolvidas para apoiar a progressão lógica de descobertas em rodadas sucessivas de conversações, facilitando a busca e a descoberta de soluções. Os participantes são distribuídos aleatoriamente em mesas de café. Nestas devem estar dispostas toalhas de papel, com a finalidade de sintetizar os diálogos de cada mesa frente a questão pautada na discussão. A técnica permite aos participantes passear pelas mesas, conhecer pessoas, contribuir com descobertas e ideias e compartilhar perspectivas, enriquecendo a possibilidade de novos insights nos diversos círculos de pensamentos, em ampliação constante. Um anfitrião deve se manter na mesa em todas as rodadas, para conectar as ideias já sintetizadas por cada grupo que passa pela mesa. Diante disso, pretende-se relatar a experiência da aplicação do Word Café como metodologia ativa de ensino para discutir o tema Pesquisa Qualitativa em um Programa de Pós-Graduação de uma Universidade Pública de Minas Gerais. Desenvolvimento: No presente trabalho, relata-se a experiência da aplicação do Word Café na disciplina  Metodologia Científica em Saúde do Mestrado Profissional em Ciências da Saúde do Departamento de Medicina e Enfermagem (DEM) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), realizada em novembro de 2019 em uma sala do referido departamento. Esta foi decorada de modo a permitir que os estudantes se sentissem em um ambiente de café. A turma, composta por 18 estudantes, foi dividida em quatro grupos, com a finalidade de trabalhar o tema da aula: “Pesquisa qualitativa na saúde”, sendo este momento denominado “Café Qualitativo”. Para as toalhas das mesas foram utilizadas folhas brancas de flipchart e disponibilizados pincéis atômicos coloridos para anotações. Os participantes foram recepcionados pela professora da disciplina, que atuou como moderadora da atividade e explicitou ao grupo o objetivo do encontro, as diretrizes e a logística do Café. Uma pessoa de cada mesa foi voluntária para permanecer no papel do anfitrião. A atividade foi realizada em quatro rodadas de conversa com uma questão a ser discutida em cada etapa. As perguntas foram impressas em folhas de papel A4 e disponibilizadas sobre as mesas do café, a saber: o que você sabe sobre a pesquisa qualitativa? Quais aspectos limitam e potencializam a pesquisa qualitativa? Conte sobre as experiências que teve com a pesquisa qualitativa (como pesquisador ou leitor) e Para quê ter um módulo de pesquisa qualitativa em um curso de mestrado profissional em Ciências da Saúde? As pessoas foram incentivadas a participar e a anotar, rabiscar e desenhar as ideias-chave sobre a “toalha da mesa”. Foram ainda informadas quanto ao momento de mudar de mesa, para uma nova rodada de conversa. A síntese final de cada pergunta, construída pelos participantes foi apresentada pelo anfitrião que se manteve na mesa referente à respectiva pergunta sintetizada. A professora, de posse da síntese, fez uma análise descritiva dos discursos dos participantes, para apresentação na aula subsequente. Somente ao final da atividade a docente verbalizou ser esta uma técnica de dados qualitativa que os estudantes poderiam utilizar em seus estudos.  Resultado: A análise das respostas das questões levantadas permitiram evidenciar que os estudantes concebem a pesquisa qualitativa como aquela que trata da subjetividade e que possibilita a ampliação da ótica do observador/pesquisador. Afirmam nesta perspectiva que tal pesquisa tem como objetivo trazer significados do ser e dos fatos, figurando como um percurso que pode ser repleto de surpresas. Neste sentido, ressaltam aspectos tangíveis à pesquisa qualitativa, como permitir ao pesquisador mudanças ao caminhar, considerando que o mesmo atua na realidade social e que, por este motivo, não pode assumir uma estrutura rígida no processo de investigação científica. Os estudantes ressaltam também que a pesquisa qualitativa permite o aprofundamento do conhecimento sobre as experiências humanas, obtido por meio de narrativas de vida em consonância com pressupostos teóricos que orientam o delineamento e a execução do estudo. Demarcam ainda que trata-se de uma pesquisa cuja relação entre pesquisador e participante é acolhedora e próxima, porém há que se pesar a necessidade da neutralidade científica, uma vez que a subjetividade do pesquisador pode interferir nos achados e na análise dos mesmos. Nesta perspectiva, enfatizam os aspectos que limitam a pesquisa qualitativa, dentre as quais situa-se o próprio pesquisador. Concebem que a inexperiência deste pode ser uma limitação no momento da coleta e análise dos dados, ao priorizar a sua subjetividade em detrimento do rigor metodológico que o permitirá ir ao encontro da subjetividade do participante. Neste sentido, depreendem como aspecto limitador a inexperiência do pesquisador com relação ao manejo dos procedimentos e técnicas utilizados na pesquisa qualitativa. Questões burocráticas – envolvendo o acesso ao cenário da pesquisa – bem como de natureza ética – envolvendo os participantes – configuram também possíveis limitações referentes ao método. Quanto aos aspectos que potencializam a pesquisa qualitativa os estudantes destacam o olhar do pesquisador (visão de mundo) e sua capacidade de aprofundar/mergulhar nos fenômenos estudados. Dar voz aos sujeitos da pesquisa e desvelar as experiências por eles vivenciadas potencializa, na perspectiva dos estudantes, a produção de evidências científicas inovadoras. Evidencia-se, no entanto, que a experiência destes com a pesquisa qualitativa ainda é escassa, sendo o contato com o método oriundo comumente da leitura de estudos que o pautam. Ao ocuparem mais expressivamente o “lugar” de leitores de estudos qualitativos os estudantes os definem como um processo de investigação que permite ir ao encontro dos sujeitos. Vislumbram a subjetividade como algo positivo e também negativo da pesquisa qualitativa, sendo este último fundamentado em dificuldades presumidas no que tange ao processo de análise dos dados qualitativos. Apesar de a maioria dos estudantes não ter protagonizado como investigador a pesquisa qualitativa, compreendem a relevância que ela possui no contexto do Mestrado Profissional em Ciências da Saúde, uma vez que, como profissionais da área, trabalham com pessoas e, portanto, com subjetividades. Neste sentido, ressaltam a importância de interpretar a verdade do outro, traduzida pela bagagem que o outro traz, diz e, principalmente, é. Consideram que a pesquisa qualitativa produz evidências que lhes permitem situar as pessoas que cuidam em um dado contexto, que precisa ser conhecido pelo profissional, ampliando perspectivas para o cuidado em saúde. Sob este prisma relacionam a pesquisa qualitativa ao conceito ampliado de saúde, pelo fato de a mesma permitir emergir a integralidade do sujeito, circunstanciado ao contexto social onde vive. Considerações finais: O World Cafe permitiu que todos os estudantes participassem ativamente da construção do conhecimento sobre pesquisa qualitativa, implicando-os também  como possíveis participantes de uma pesquisa, permitindo experimentações diversas e tornando mais significativo o aprendizado do tema em pauta.

11594 A FRAGMENTAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E SEUS IMPACTOS FRENTE À FORMAÇÃO ACADÊMICA E À ATUAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DA SAÚDE: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
Débora Filgueira Machado, Davi Gabriel Barbosa, Luan Cardoso e Cardoso, Bruna Angélica Soares Lopes, Ana Clara Schreder Santos, Aline Oliveira de Castro, Anna Carla Alves Lopes, Luanna Moreira da Silva

A FRAGMENTAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E SEUS IMPACTOS FRENTE À FORMAÇÃO ACADÊMICA E À ATUAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DA SAÚDE: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA

Autores: Débora Filgueira Machado, Davi Gabriel Barbosa, Luan Cardoso e Cardoso, Bruna Angélica Soares Lopes, Ana Clara Schreder Santos, Aline Oliveira de Castro, Anna Carla Alves Lopes, Luanna Moreira da Silva

Apresentação: A disciplinariedade constitui-se como um conceito pautado na abordagem de um objeto de estudo por intermédio de uma visão individualista, assumindo suas perspectivas e conceitos independentes da influências de áreas afins, o qual diverge das propostas de inter, multi e pluridisciplinaridade, que por sua vez abordam um mesmo objeto de estudo de forma complementar, apesar de seus diferentes aspectos e ideologias. Não obstante, destaca-se a pluridisciplinaridade como um conceito pautado nas diretrizes do Sistema Único de Saúde, contemplando a integralidade como pilar de educação. No que diz respeito à construção de conhecimentos no processo ensino-aprendizagem de estudantes, tem-se a fragmentação como um fator presente desde o início do processo de educação nas séries primárias até o ensino superior, sendo esse um exemplo de disciplinaridade. Não obstante, essa fragmentação constitui-se como uma das características que define a educação focada em aspectos específicos, onde segregam-se os saberes e estimulam-se práticas fragmentadas. Tendo em vista o reconhecimento da negatividade dessa fragmentação, sobretudo quando se trata desse processo relacionado à aprendizagem na área da saúde, é relevante destacar a importância da integração do ensino como um fator indispensável durante a vida acadêmica, uma vez que tal integração possibilita aos estudantes o aperfeiçoamento de uma visão holística e integral dos assuntos abordados, associando, desse modo, diversas matérias como bioquímica, fisiologia, anatomia e psicologia médica, e melhorando, também, a forma como elas relacionam-se com o assunto a ser estudado. Esse fator contribui para formação de um profissional mais preparado posteriormente em integrar os assuntos aprendidos na universidade para resolução dos problemas de saúde dos indivíduos, bem como para a realização de um trabalho mais humanizado visualizando o paciente no seu todo. Diante disso, tem-se como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de medicina da Universidade de Brasília durante a realização de uma atividade que teve como finalidade a integração das matérias aprendidas no semestre e sua importância para formação profissional. Desenvolvimento: O presente estudo é um relato de experiência o qual baseou-se na vivência de acadêmicos de medicina frente à realização de uma atividade com uma turma composta por 55 alunos dividida em grupos de 5 alunos a qual objetivou-se propiciar a integração entre as matérias do primeiro semestre do curso de medicina. A princípio, cada grupo ficou responsável pela visita domiciliar de uma família contemplada pela Unidade Básica de Saúde a qual compõe o campo prático do curso. A partir disso, foi explicado aos acadêmicos que seriam realizadas duas visitas, a primeira visando a identificação de uma problemática relacionada ao estado de saúde presente na família, que seria selecionada como caso clínico para, posteriormente, realizar uma levantamento dos principais achados observados. Por sua vez, a segunda visita teve como objetivo levantar informações que poderiam complementar a situação problema escolhida, bem como estabelecer uma maior relação com a família. Após o levamento de informações, os acadêmicos foram orientados a selecionar um tema relacionado com o problema identificado, e posteriormente, com base no tema escolhido, identificar de que maneira as matérias de anatomia, histologia, embriologia, bioquímica, psicologia médica, genética e saúde ambiente e sociedade se relacionavam com o problema e integravam-se, tendo sempre a situação problema como ponto principal, contando também com a participação de professores discentes da universidade frente à orientação e ao desenvolvimento das discussões e reflexões propostas pela atividade. Resultado: Dentre os achados, observou-se o relato da maioria dos alunos quanto à importância do contato com pacientes desde o primeiro semestre do curso, haja vista que essa comunicação possibilita contribuir para o aperfeiçoamento da compreensão pragmática dos estudantes quanto a associação desses assuntos estudados na teoria e sua aplicabilidade na prática. Além disso, evidenciou-se como fator relevante compreender os assuntos estudados e a sua devida associação com a futura prática médica. Outrossim, destaca-se a importância de compreender os assuntos estudados de forma integrada durante o decorrer do processo de formação, uma vez que a ausência de integração nesse processo ocasiona uma lacuna no desenvolvimento da visão holística e integral. Nesse ínterim, essa lacuna reflete diretamente na futura atuação profissional, tendo em vista que esse processo de atuação é pautado nas metodologias do processo ensino-aprendizagem no decorrer da formação acadêmica. No entanto, com o decorrer da realização do atividade, foi possível observar uma crescente dificuldade dos acadêmicos em relacionar as matérias diversas entre si. Isso se deve, principalmente, à forma como os assuntos são abordados nas universidades atualmente, ainda de maneira separada, dificultando para os acadêmicos a visualização de como as matérias se relacionam. Além disso, notou-se também uma dificuldade por parte dos professores, que por vezes apresentavam-se desacostumados em orientar os alunos de forma que pudessem integrar os assuntos, enfatizando majoritariamente o conteúdo de sua aula em detrimento da aula de outros professores. Vale ressaltar ainda, a dificuldade dos alunos na apresentação do trabalho, que muitas vezes não conseguiam agregar os assuntos, realizando uma apresentação mais fragmentada, separando o conteúdo por matéria, em vez de integrar o conteúdo como proposto inicialmente. Considerações finais: Diante disso, torna-se notório os desafios referentes à proposta de integrar os conteúdos trabalhados por diferentes professores na universidade, e a importância de dar continuidade a atividades que trabalhem essa forma de aprendizagem com os acadêmicos, assim como novas maneiras de auxiliar os professores a relacionar os conteúdos durante as aulas. Nesse sentido, os acadêmicos devem ser incentivados a estudar os conteúdos de forma integrada, visando à formação de profissionais qualificados na identificação e na resolução de problemas apresentados pelos pacientes, que podem envolver as diversas áreas aprendidas durante a faculdade, além de contribuir para formação de médicos menos especialistas em uma só área, e mais humanizados que visualizem o paciente como um todo. Não obstante, evidencia-se a necessidade de reflexão acerca da fragmentação supracitada e seus impactos na saúde pública, assim como a identificação dos desafios e possíveis enfrentamentos que visem à superação e à modificação da realidade, oportunizando efetivar o acesso à saúde e viabilizar a concretização da política do Sistema Único de Saúde, com destaque para seus princípios e diretrizes como bases norteadoras no processo ensino-aprendizagem, oportunizando, assim, viabilizar uma mudança efetiva no panorama atual que complemente com os prefixos inter, multi e pluri o conceito de disciplinaridade.

11992 CLUBE DE REVISTAS - UMA NOVA ESTRATÉGIA DE ENSINO-APRENDIZADO
Juliana Suave Mayrink, Carla Venância Aguilar Santos, Kayan Magnago Barboza, Raphael Paiva Cock Ferreira, Lucas Ferri Baltazar, Pedro Montebeller, Luilson Geraldo Coelho Junior, Ana Paula Ribeiro Perini

CLUBE DE REVISTAS - UMA NOVA ESTRATÉGIA DE ENSINO-APRENDIZADO

Autores: Juliana Suave Mayrink, Carla Venância Aguilar Santos, Kayan Magnago Barboza, Raphael Paiva Cock Ferreira, Lucas Ferri Baltazar, Pedro Montebeller, Luilson Geraldo Coelho Junior, Ana Paula Ribeiro Perini

Apresentação: O Clube de Revista é uma metodologia ativa de ensino e de aprendizagem onde estudantes se reúnem com o objetivo de discutir artigos científicos. Trata-se de um recurso interessante a ser usado na educação médica, pois proporciona habilidades de avaliação crítica, conhecimento sobre métodos de pesquisa e informações atualizadas para os acadêmicos. Com base nisso, a Liga Acadêmica de Cirurgia e Atendimento ao Trauma do Espírito Santo - LACATES, marca reuniões mensais com seus membros para discutir artigos selecionados pelo presidente da Liga. Desenvolvimento: Mensalmente, os membros da LACATES se reúnem, juntamente com um médico ou residente no papel de tutor, para que um grupo de alunos apresente para o restante um artigo científico. Para comprovar a eficácia do Clube de Revista como estratégia de ensino-aprendizado, é aplicado um pré e um pós- teste sobre o tema abordado. Após a apresentação, o tutor pontua o que achou de importante no artigo selecionado e comenta sobre como o assunto se relaciona com o dia a dia da profissão. Para finalizar, os alunos comentam e tiram dúvidas entre si sobre o assunto. Resultado: A estratégia do Clube de Revista permite maior interação entre os alunos, além de permitir o desenvolvimento de habilidades necessárias ao se apresentar um artigo, prática que ajuda os alunos ao submeter seus próprios trabalhos em Congressos, por exemplo. Ademais, é importante que profissionais da saúde mantenham-se atualizados, sendo esta uma maneira interessante de inserir os alunos nesse hábito. Considerações finais: Esta atividade se mostrou satisfatória no desenvolvimento de diversas habilidades por parte dos estudantes, sendo de extrema importância na construção do senso crítico em leitura e na construção de um projeto de pesquisa.

10788 RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE UM PROJETO DE EXTENSÃO NA COMUNIDADE EM UMA ILHA FLUVIAL
Caio Vitor Cardoso Vasconcelos, João Batista Cavalcante Filho, Flávia Ellen Passos Linhares, Monique Lordelo da Silva de Santana

RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE UM PROJETO DE EXTENSÃO NA COMUNIDADE EM UMA ILHA FLUVIAL

Autores: Caio Vitor Cardoso Vasconcelos, João Batista Cavalcante Filho, Flávia Ellen Passos Linhares, Monique Lordelo da Silva de Santana

Apresentação: A extensão universitária faz parte do tripé acadêmico, cumprindo o papel de estabelecer uma relação transformadora entre a instituição e a sociedade, através de um processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e pesquisa. Este trabalho objetivou relatar a experiência de graduandos de medicina em um projeto de extensão com enfoque assistencialista e acadêmico, trabalhando principalmente o tema do acesso aos serviços de saúde, numa comunidade residente de uma ilha fluvial. O projeto se desenvolveu através de visitas semanais, juntamente com o professor orientador. Foram realizadas atividades de atendimento ambulatorial, demanda trazida pelo conjunto de moradores devido à falta de serviço com atendimento médico na comunidade. Vale ressaltar que, para ter acesso à unidade básica de referência, a comunidade da Ilha Mem de Sá, município de Itaporanga D’Ajuda-SE, precisa de travessia fluvial e mais 23 quilômetros em rodovia estadual. Foram realizadas também atividades em domicílio, com diálogos e escutas, focando principalmente nos temas do cuidado integral e do acesso aos serviços de saúde para a comunidade em questão. Nas atividades de assistência houve grande receptividade da população, com altas demandas semanais e uma participação ativa no processo. A experiência proporcionada aos acadêmicos foi de conhecer um pouco das demandas de saúde de uma comunidade de baixo nível socioeconômico, além das específicas da realidade ribeirinha, como as relacionadas ao trabalho da pesca. Além disso, a troca de saberes em relação aos cuidados com a saúde, entrelaçando conhecimento acadêmicos e populares, proporcionou uma experiência única no que diz respeito ao autocuidado. Durante as atividades, houve também um importante processo de diálogo com os indivíduos da comunidade acerca de temas específicos. Através da aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas, foram construídos dois trabalhos de conclusão de curso apresentados e aprovados em banca na universidade. Ainda, foi proporcionado um grande aprendizado através da reflexão crítica sobre os diálogos e a permuta de valores sociais e culturais. Por exemplo, no tema do acesso aos serviços de saúde, notou-se uma visão positivista da comunidade, com uma boa satisfação dos indivíduos entrevistados em relação ao acesso, apesar da pouca disponibilidade de serviços de atendimento, liberação de medicamentos e exames complementares. A experiência vivenciada durante o projeto trouxe aos acadêmicos não só o conhecimento de diferentes concepções acerta de temas específicos, mas ensinou, através da integração entre teoria e prática, uma visão ampliada no que diz respeito ao cuidado integral. Proporcionou, portanto, uma formação para além de técnica, mas ética e de compromisso social. Ressalta-se, assim, a importância da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão, resultando numa formação de profissionais críticos e comprometidos com a contribuição à sociedade.

11308 O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO NO FORMATO DE PROJETO DE INTERVENÇÃO – ESTRATÉGIA PARA FORTALECIMENTO DA FORMAÇÃO EM SAÚDE
BRUNO MACEDO

O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO NO FORMATO DE PROJETO DE INTERVENÇÃO – ESTRATÉGIA PARA FORTALECIMENTO DA FORMAÇÃO EM SAÚDE

Autores: BRUNO MACEDO

Apresentação: Considerando a missão do curso DE Espacialização em saúde Pública da ESPPE de provocar  transformações e o aprimoramento da gestão do SUS no âmbito dos municípios e do estado embasado na Educação Permanente em Saúde, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) consistiu na construção e defesa de um Projeto de Intervenção (PI), voltado ao local de atuação dos discentes. Desenvolvimento: Os PI contribuiu para a formação proposta pelo curso é que ele deve ser compreendido e desenvolvido como ação conjunta, partilhada entre atores do contexto. Logo, não se trata da elaboração solitária de um projeto para, posteriormente, outros executarem. Trata-se, ao contrário, de um projeto que, desde sua proposição, ocorre no e com o coletivo. Fundamenta-se nos pressupostos da pesquisa-ação, que envolve a presença efetiva das pessoas ou grupos implicados no problema proposto como alvo de intervenção. Os pesquisadores desempenham um papel ativo na resolução dos problemas identificados, no acompanhamento e na avaliação das intervenções desenvolvidas. Desenvolver um PI é sempre difícil por se tratar de um processo imbricado com os trabalhadores e suas rotinas nos serviços, que busca trazer mudanças institucionais de gestão e no processo de trabalho. Dessa forma, vai sempre encontrar pontos de resistência. Entretanto, por maior que tenham sido as dificuldades na construção do TCC como PI, foi possível verificar que os discentes alcançaram os objetivos de aprendizagem previstos no curso, ao mesmo tempo que conectaram todas as etapas dessa construção com a rotina de sua atuação nos serviços de saúde. Os discentes constataram que o aprendizado vivenciado e construído nesta formação serviu não apenas para chegar até a conclusão do curso com o produto final, mas que a teoria científica não se limita ao âmbito acadêmico, que cabe também na rotina de atuação deles no SUS. Entre esses aprendizados: a construção e utilização de árvore de problemas; definição de métodos coerentes com o objetivo da intervenção e público-alvo almejado; estabelecimento dos instrumentos de monitoramento e avaliação da intervenção; planejar intervenções para serem mais contínuas e profundas; e realizar e sistematizar os registros das intervenções de forma sistemática. Resultado: Analisando o processo, tem-se a certeza do dever cumprido e objetivos alcançados. Porém, vale citar algumas das barreiras enfrentadas: as experiências anteriores frustrantes dos discentes quanto ao sentido e significado da produção de um TCC; a dificuldade de olhar para “si/serviço” e propor caminhos de melhorias, acreditando que a mudança é possível; a limitada rotina de produção e divulgação sobre o que se desenvolve nos serviços de saúde; o descompasso entre tempo de trabalho e tempo de estudo; poucos orientadores conscientes em relação à proposta do TCC da ESPPE e o tempo de desenvolvimento do próprio curso, que não conseguiu atender aos planejamentos de todas as ações dos PI. 

7989 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA E PESQUISA-AÇÃO PARTICIPATIVA: SISTEMATIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Irma Silva Brito, Renata Alessandra Evangelista, Agostinha Esteves Melo Corte

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA E PESQUISA-AÇÃO PARTICIPATIVA: SISTEMATIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Autores: Irma Silva Brito, Renata Alessandra Evangelista, Agostinha Esteves Melo Corte

Apresentação: O Workshop “Estratégias de intervenção comunitária: desafios da pesquisa-ação participativa” está alinhado com o Contrato-programa do SNS 2017-2019, uma vez que ao envolver profissionais das Unidades de Cuidados na Comunidade (UCCs) pretende “contribuir para o reforço do diagnóstico das necessidades em saúde da população e disseminação das boas práticas assistenciais e organizacionais que assegurem elevados níveis de acesso, qualidade e eficiência no SNS”. Este estudo teve como objetivo sistematizar a experiência do workshop “Estratégias de intervenção comunitária: desafios da pesquisa-ação participativa”. Para sistematizar o Workshop PaPS seguimos a proposta metodológica de cinco tempos Holliday (2006): A. O ponto de partida: viver a experiência; B. As perguntas iniciais; C. A recuperação do processo vivido; D. As reflexões de fundo: “Porque é que aconteceu da forma que aconteceu?”; E. Os pontos de chegada. É o relato de uma experiência de formação em pesquisa-ação participativa em saúde (PaPS) para profissionais de saúde que fazem intervenção em contexto comunitário. As autoras foram coordenadoras da formação e, por isso, as fontes de informação do relato resultam da observação participativa e da análise de conteúdo dos relatórios de execução, dos projetos apresentados e de outros produtos criados no âmbito do workshop. Desenvolvimento: As UCCs são estruturas inovadoras nos Cuidados de Saúde Primários em Portugal, coordenadas por enfermeiros especialistas em Enfermagem Comunitária. Oferecem uma gama de intervenções dirigidas a grupos vulneráveis, de risco ou com dependência num determinado território. Ao considerar a importância de capacitar profissionais de saúde para disseminação de boas práticas, estabeleceu-se uma parceria entre ESEnfC e ESS-IPG que viabilizou o trabalho em equipe, com oportunidades de reflexão crítica, aprendizagem mútua e coconstrução de conhecimento. Foi ofertado no período de fevereiro a março de 2019, o workshop “Estratégias de intervenção comunitária: desafios da pesquisa-ação participativa” na Escola Superior de Saúde da Guarda, Instituto Politécnico da Guarda em Portugal, com temas referentes as estratégias de intervenção comunitária e pesquisa-ação participativa em contexto comunitário. Resultado: O ponto de partida: Neste workshop os participantes foram convidados a refletir sobre o processo de trabalho do enfermeiro e apresentar ao término do workshop pelo menos um projeto de intervenção comunitária, com o foco de cuidado nas famílias, grupos ou comunidades, utilizando a pesquisa-ação participativa. Estiveram presentes 17 profissionais de saúde, atuantes na saúde comunitária e instituições hospitalares. As perguntas iniciais. As propostas deveriam partir de reflexões acerca do impacto de ser enfermeiro de saúde comunitária, processo de trabalho e as atividades na saúde das comunidades, nomeadamente ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem, assim como, os desafios, potencialidades e vulnerabilidades. A recuperação do processo vivido. Os participantes elaboraram e apresentaram 06 projetos de PaPS com temas diversos: P1. Reduzir o risco de queda nos idosos; P2. Reduzir a incidência de infecções nosocomiais; P3. Reduzir o consumo de tabaco numa escola profissional; P4. Reduzir a incidência de gravidez na adolescência; P5. Melhorar a transição das crianças do pré-escolar para o escolar; P6. Reduzir o consumo de álcool em jovens universitários. Todos propunham intervenções grupais para: melhoria das práticas dos enfermeiros (P1 e 2); melhorar a literacia e as competências pessoais/sociais (P3, 4 e 6); promover ambientes/contextos salutogénicos (P5). A maioria incluía ações para reduzir determinantes sociais do problema. Todos identificaram aspectos que facilitariam a implementação do projeto assim como os parceiros e sua função. Também descreveram o processo de recolha dados sobre efetividade da intervenção: indicadores de processo e de resultado gerado pela pesquisa. As reflexões de fundo. O Workshop decorreu com muita participação e entusiasmo derivado do fato que os participantes trabalharam sobre problemáticas que vivenciam e para as quais estão habituados a fazer apenas Educação para a Saúde. Com a proposta de PaPS, foi possível delinear propostas onde as pessoas que estudam, vivem e trabalham colaboram na criação de ambientes mais salutogênicos ou na produção de cuidados mais seguros e mais inclusivos. Os pontos de chegada. O que justificou a criação de cada projeto incentivou os participantes para uma reflexão profunda sobre pesquisa e intervenção. Estabelecer a relevância da pesquisa, contexto e objetivos permitiu constatar que há expansão do papel dos enfermeiros para além do que é tradicional fazer. Este foi um passo para criar uma comunidade dialógica para discussão de propostas de intervenção prol da saúde comunitária. Considerações finais: O desenvolvimento deste workshop permitiu constatar que há um crescente interesse na aplicação da pesquisa-ação participativa (PaPS) pois esta abordagem de pesquisa não só permite a cocriação de conhecimento com os sujeitos-alvo da pesquisa, como pode gerar dados para a resolução de problemas de saúde e para a mudança social. O conhecimento adquirido nesta experiência impulsiona as pesquisadoras a prosseguirem neste caminho e a enfrentarem novos desafios, em plano de avaliação da proposta de intervenção. Referências Brito, Irma. (2018) Participatory Health Research in the education of Health and Social professionals. In Michael T. Wright and Krystyna Kongats (Coord): Participatory Health Research, Voices from Around the World. Chapther 4. ISBN 978-3-319-92176-1, 429187_1_En, (4), Public Health, New York: Springer. Holliday, O. J. (2006). Para sistematizar experiências. Brasília: MMA, 2.

9206 O PROJETO DE EXTENSÃO ABRASUS COMO FERRAMENTA PARA ESTABELECER VÍNCULOS ENTRE OS DISCENTES DE MEDICINA E UMA COMUNIDADE DE SALVADOR
Ana Beatriz Cazé Cerón, Eduardo Reis

O PROJETO DE EXTENSÃO ABRASUS COMO FERRAMENTA PARA ESTABELECER VÍNCULOS ENTRE OS DISCENTES DE MEDICINA E UMA COMUNIDADE DE SALVADOR

Autores: Ana Beatriz Cazé Cerón, Eduardo Reis

Apresentação: O projeto de extensão é uma ferramenta que impulsiona o estudante a utilizar seus conhecimentos acadêmicos para beneficiar a população local. Nessa perspectiva, o projeto AbraSUS – nomenclatura que remete a abraçar o SUS – foi desenvolvido por discentes de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Essa iniciativa visa a imersão dos alunos na realidade dos moradores da comunidade do Alto das Pombas, localizada em Salvador. Para isso, são elaboradas atividades, em parceria com os equipamentos comunitários, que abarquem as demandas dos residentes dessa região. Entre as práticas realizadas, destaca-se a ação desenvolvida durante o Outubro Rosa em uma escola certificadora da Educação para Jovens e Adultos (EJA). Essa atividade foi concebida em conjunto com o componente curricular Educação em Saúde na Comunidade do Alto das Pombas que discorre sobre o uso de plantas medicinais. Primeiramente, os alunos de ambos os grupos pesquisaram acerca do tema saúde da mulher. Depois, elaboraram uma apresentação que abordou tanto as concepções biomédicas do corpo feminino quanto as noções de ervas medicinais. Posteriormente, os discentes, acompanhados pelos professores responsáveis, foram à instituição de ensino onde realizaram duas rodas de conversa, uma versando sobre ressecamento vaginal e libido e a outra, sobre corrimento e cólica. A partir dessa experiência, foi possível, por meio de um discurso acessível, trabalhar com a comunidade o conhecimento aprendido na Academia, além de debater a utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico. Pode-se, assim, fomentar um vínculo entre o meio acadêmico e a população. Evidencia-se, desse modo, a relevância da realização de projetos de extensão durante a graduação, a fim de formar profissionais capacitados e que possuam laços com a comunidade local.

12257 PROJETO DE EXTENSÃO: PROPEDÊUTICA, INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Thaís da Silva Marques, Paulo Rocha Neto, Icaro Andrade Souza, Paula Peixoto Messsias Barreto

PROJETO DE EXTENSÃO: PROPEDÊUTICA, INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Autores: Thaís da Silva Marques, Paulo Rocha Neto, Icaro Andrade Souza, Paula Peixoto Messsias Barreto

Apresentação: O “Projeto de Extensão: Propedêutica, Inovação e Educação em Saúde” foi elaborado à luz do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BI-Saúde) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que é o curso de graduação do primeiro ciclo de formação na área da saúde da Universidade, cujo objetivo é formar egressos com habilidades, competências e autonomia para o ensino e a aprendizagem interprofissional, no campo da saúde, de maneira abrangente e multidimensional. O referido projeto tem sua gênese especialmente ao observar a interface do Bloco Temático da Propedêutica dos Problemas de Saúde do PPC do curso com os Componentes Curriculares (CCs) que tratam da temática da Educação em Saúde. Sendo assim, por considerar que a presente ação de extensão apresenta uma abordagem inovadora no campo da semiologia/propedêutica, o objetivo do presente texto é relatar a metodologia utilizada pelo Projeto de Extensão Propedêutica, Inovação e Educação em Saúde do BI-Saúde da UFSB, Campus Sosígenes Costa (CSC) em Porto Seguro-BA. Desenvolvimento: O “Projeto de Extensão: Propedêutica, Inovação e Educação em Saúde” ocorreu durante os três quadrimestres letivos do ano de 2019, no Campus Sosígenes Costa (CSC) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro-BA. O mesmo foi elaborado à luz do bloco temático de Propedêutica dos Problemas de Saúde do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BI-Saúde) da UFSB e está alicerçado em três pilares: a propedêutica clínica, a inovação na educação e a educação em saúde. Fizeram parte do projeto três orientadores, sendo dois docentes e o médico do campus. Quanto aos estudantes, o projeto contou com a participação de uma estudante bolsista e nove estudantes voluntários. O foco dado aos acadêmicos do BI-Saúde diz respeito ao estímulo à construção de conhecimentos, habilidades e competências no campo da semiologia/propedêutica, na sua interface com a educação em saúde e habilidades comunicacionais, recorrendo a inovação no campo da educação na saúde. O objetivo geral da extensão aqui apresentada foi desenvolver um conjunto de ações processuais e contínuas que abordam estudos de temas da saúde à luz da propedêutica clínica, somados a ações de educação em saúde no contexto universitário.  Seus objetivos específicos foram: aprimorar conhecimentos em propedêutica clínica por parte dos estudantes; fomentar processos de educação inovadora pelo uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e educação interativa mediada por tecnologia; aperfeiçoar habilidades comunicacionais entre os estudantes por meio do planejamento e implementação de ações de educação em saúde; colaborar para o processo de educação e promoção da saúde no contexto universitário por meio de rodas de conversa e divulgação de temas da saúde. Com vistas a aprimorar conhecimentos em propedêutica clínica por parte dos extensionistas, no início de cada quadrimestre letivo deu-se o estudo de um tema da saúde com base nos conhecimentos científicos oriundos da epidemiologia, anatomia, fisiologia, fisiopatologia e da propedêutica clínica. As principais temáticas estudadas em 2019 foram: 2019.1 doenças crônicas não transmissíveis com foco na hipertensão arterial, 2019.2 saúde da mulher com foco no câncer de mama, 2019.3 saúde do universitário com foco nas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A escolha das temáticas da saúde que foram abordadas pelo projeto a cada quadrimestre levou em conta o cenário epidemiológico local, as temáticas prioritárias do Ministério da Saúde para o público-alvo, o Calendário Anual da Saúde e as necessidades de conhecimentos das temáticas de saúde pelo público-alvo mediante consulta / pesquisa de opinião. Buscando fomentar processos de educação inovadora pelo uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, foi estimulado o estudo dos temas da saúde com predomínio de metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Foi o caso da elaboração de mapas conceituais e mapas mentais, estudo de caso, Aprendizagem Baseada em Equipes (ABE) do inglês Team-Based Learning (TBL), estratégias educacionais baseadas em simulação, e, pontualmente oficinas que simulam a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) do inglês Problem Based Learning (PBL). Tendo em vista a necessidade de estar em contato com a inovação na educação na saúde buscou-se, dentre outros, fazer uso de vídeos e objetos de aprendizagem interativa do Projeto Homem Virtual da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), uma ferramenta educacional que integra computação gráfica e realidade virtual para aprendizado de anatomia, fisiologia e fisiopatologia por meio do uso de objetos de aprendizagem interativos a partir da utilização de recursos tecnológicos. O aperfeiçoamento das habilidades comunicacionais e interpessoais dos estudantes foi trabalhado a partir do processo de planejamento e implementação das ações de educação em saúde voltadas aos acadêmicos, professores, técnicos administrativos e colaboradores terceirizados que desenvolvem suas atividades laborais na Universidade. Tais ações colaboraram ainda com o processo de educação e promoção da saúde no contexto universitário utilizando o espaço das rodas de conversa para problematizar os temas em saúde abordados pelo projeto e também disponibilizadas informações em saúde considerando as evidências científicas com foco na prevenção, detecção precoce, autocuidado e promoção da saúde. Resultado: O projeto de extensão mostrou-se viável e alcançou em grande parte os objetivos propostos. Assim, verifica-se que a metodologia adotada aprimorou os conhecimentos dos estudantes quanto a propedêutica clínica, fomentou processos de educação inovadora pelo uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e educação interativa mediada por tecnologia, aperfeiçoou as habilidades comunicacionais dos estudantes, ao passo que contribuiu com os processo de educação em saúde no contexto universitário. Nesse aspecto cabe ressaltar a ampliação das habilidades comunicacionais e atitudinais dos estudantes tão necessários para o desenvolvimento e desempenho de uma futura prática clínica de qualidade. Defende-se ainda que a abordagem metodológica seguida pelo projeto colabora para a  superação do modelo pedagógico conteudista centrado em procedimentos, que sustenta, ainda hoje, o modelo de saúde curativista no qual, muitas vezes, o processo ensino-aprendizagem da propedêutica clínica está centrado. Acredita-se também que movimentos de mudança e iniciativas que colaborem com a reorientação dos perfis profissionais e práticas de saúde, devem englobar áreas historicamente dominadas pelo paradigma biomédico, como é, em partes, o caso da semiologia/propedêutica. Nesse ponto, conjugar semiologia/propedêutica a processos de educação em saúde pode ser uma iniciativa exitosa rumo à operacionalização de mudanças contrahegemônicas vislumbradas. Considerações finais: A vivência dos estudantes no projeto de extensão colocou-os frente às situações complexas que propiciaram experiências ampliadas e oportunidade para o desenvolvimento habilidades comunicacionais e atitudinais, que são ferramentas fundamentalmente necessárias ao pleno exercício do método clínico, o estabelecimento de uma boa relação interpessoal e acolhimento. Acrescenta-se ainda que o projeto desenvolvido trouxe benefícios para a comunidade acadêmica local, ao estimular e qualificar suas práticas de autocuidado à saúde. Por fim, aponta-se que a metodologia do projeto de extensão apresentado não pretende ser a mais adequada e/ou assertiva, mas, no entanto, espera-se que a partir dessa experiência que se defende inovadora, possamos refletir e buscar por novas possibilidades e maneiras de ensinar e aprender propedêutica atrelando-a a educação em saúde.

11875 RODA DE CONVERSA SOBRE IMPACTO DO DERRAMAMENTO DE ÓLEO BRUTO NAS PRAIAS NORDESTE DO BRASIL: UMA VIVÊNCIA DA PESQUISA ORIENTADA PPGSAT/UFBA, COMO ESPAÇO POLÍTICO E DE FORMAÇÂO.
Luiza Monteiro Barros, Marta Cristiane Santos Santos, Rita de Cássia Lopes Gomes, Patrícia Giselle de Araújo e Silva Santos, Mônica Angelim Gomes de Lima, Paulo Gilvane Lopes Pena, Kionna Oliveira Bernardes Santos, Rita de Cássia Franco Rêgo

RODA DE CONVERSA SOBRE IMPACTO DO DERRAMAMENTO DE ÓLEO BRUTO NAS PRAIAS NORDESTE DO BRASIL: UMA VIVÊNCIA DA PESQUISA ORIENTADA PPGSAT/UFBA, COMO ESPAÇO POLÍTICO E DE FORMAÇÂO.

Autores: Luiza Monteiro Barros, Marta Cristiane Santos Santos, Rita de Cássia Lopes Gomes, Patrícia Giselle de Araújo e Silva Santos, Mônica Angelim Gomes de Lima, Paulo Gilvane Lopes Pena, Kionna Oliveira Bernardes Santos, Rita de Cássia Franco Rêgo

Apresentação: Este trabalho apresenta o relato de uma vivência no processo de formação acadêmica que nasce da iniciativa de mestrandos e docentes em fazer da Pesquisa Orientada (PO) um espaço inovador, aberto às metodologias ativas e possível de transversalizar temas emergentes como a necessidade de se pensar estratégias de enfretamento diante de uma situação de Emergência em Saúde Pública. A PO é uma disciplina obrigatória do Programa de Pós Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho (PPGSAT/UFBA). Suas atividades são compostas de seminários, apresentação de pesquisas realizadas, compartilhamento de experiências relevantes para a formação globalizada de mestres e à sociedade. Como espaço pedagógico de práticas crítico-reflexivas e interdisciplinar, procura estimular aprendizagens que agreguem docentes, discentes e comunidade na pesquisa engajada. A realização da PO trouxe a discussão sobre o desastre/crime ambiental causado pelo derramamento do óleo no litoral de  9 cidades do Nordeste e 2 do Sudeste em 2019, afetando 980 localidades, sendo o Estado da Bahia o mais comprometido e  atingindo 16.000  trabalhadores, representando um desafio para o SUS. Objetivo: Este resumo objetiva compartilhar a experiência ocorrida na disciplina Pesquisa Orientada como ato político e de formação. Desenvolvimento: A roda de conversa foi a proposta pedagógica que possibilitou um processo dialógico, dinâmico e transformador dos aprendizados significativos, valendo-se do espaço democrático do PPGSAT como lugar de falas, debates e reflexões sobre possíveis soluções. Tendo como tema: “Emergência em Saúde Pública desastre/crime de contaminação por óleo bruto nas praias do nordeste do Brasil”, a metodologia incluiu momentos de acolhimento com música e poesia, compartilhamento das diferentes experiências de enfrentamento e proposição dos participantes para o enfrentamento da Emergência em Saúde Pública. Resultado: Estiveram presentes 45 participantes, dentre eles pesquisadores, docentes, discentes, movimentos sociais, pescadores, marisqueiras, profissionais de saúde, ambientalistas e voluntários, onde expressaram e elencaram pontos centrais a orientarem as ações do Estado no controle e minimização dos impactos decorrentes desse desastre/crime ambiental e focalizar as consequências para as comunidades de pescadoras e pescadores com impactos ambientais e sociais. Uma agenda de compromissos e atividades foi pactuada entre os participantes. Esta agenda se traduziu em diversas ações entre instituições, academia e movimentos sociais até o final de 2019 e segue 2020 produzindo ações institucionais importantes. Considerações finais: A ação coletiva entre discentes, docentes, trabalhadores e sociedade civil dentro de um espaço acadêmico foi uma experiência de grande valia ao exercício democrático em busca de soluções emergentes para um problema urgente. O uso de procedimentos metodológicos num viés pedagógico mais flexível revelou ser um caminho plausível para a abertura de discussões relevantes e politizadas. A participação de mestrandos nesta ação foi de fundamental importância na confirmação de que um Programa interdisciplinar como o do PPGSAT proporciona a busca do amadurecimento de futuros educadores que caminham a favor de uma sociedade mais justa e igualitária.