490: Vivências de Ensino-Aprendizagem para a Formação do Profissional de Saúde do Século XXI
Debatedor: Jefferson Thomaz da Silveira Júnior
Data: 31/10/2020    Local: Sala 04 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
7538 INOVAÇÃO DO ENSINO NA DISCIPLINA SAÚDE COLETIVA III À FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS MÉDICOS
Marcus Vinícius Souza e Silva, Bahiyyeh Ahmadpour Furtado, Eva Rita Ribeiro Medeiro Maia, Marcos Vinicius Alves de Souza, Felipe Thiago Dias de Lima, Sara Cavalcante Queiroz, Jonathan Nascimento Priantti, Elyson Enrique Campos de Moraes

INOVAÇÃO DO ENSINO NA DISCIPLINA SAÚDE COLETIVA III À FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS MÉDICOS

Autores: Marcus Vinícius Souza e Silva, Bahiyyeh Ahmadpour Furtado, Eva Rita Ribeiro Medeiro Maia, Marcos Vinicius Alves de Souza, Felipe Thiago Dias de Lima, Sara Cavalcante Queiroz, Jonathan Nascimento Priantti, Elyson Enrique Campos de Moraes

Apresentação: A disciplina Saúde Coletiva III do curso de graduação de medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) abrangeu: o próprio Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Primária à Saúde e a Estratégia Saúde da Família (ESF); seus princípios, suas organizações e seus funcionamentos na realidade prática de uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Como consequência, alcançou-se uma visão quanto à formação de profissionais médicos que difere daquela com uma visão hospitalocêntrica de atenção aos usuários do SUS. Uma das atividades que contribuiu para um comportamento humanitário dos estudantes em questão foi a redação de um diário cartográfico, foco do presente relato de experiência, visando a ampliação do pertencimento desses aos seus locais de visita. Desenvolvimento: A imersão do aluno no processo de trabalho das equipes da ESF foi bastante importante ao reconhecimento desse quanto ao território de atuação da UBS, enquanto primeiro contato de acolhimento e de integração do usuário ao sistema. Para isso, cada acadêmico confeccionou um diário cartográfico com o aspecto físico e visual de seu interesse, com a exigência única de fugir do padrão existente, para que a criatividade fosse exercida. Dessa forma, foram elaboradas anotações com os mais variados formatos, temáticas e alusões, o que contribuiu para aumentar o interesse dos alunos tanto à atividade proposta e o seu conteúdo, quanto à feitura inusitada desse. Como a escrita contribui à intensificação da cognição, já que dá visibilidade e enunciação a pontos estratégicos de aprendizagem, pôde-se utilizá-la como ferramenta de narrativa para diversos detalhes das aulas em campo e da unidade frequentada. Resultado: As práticas de visita a UBS se mostraram mais eficazes na medida em que foi proposta a atividade mencionada, visto que as experiências adquiridas passaram a compor o diário com as vivências de cada dia no local, com a pressuposição de dar liberdade de observação ao acadêmico de pontos positivos e negativos quanto ao funcionamento da unidade de forma descontraída. Assim, somado as conversas feitas com a orientadora e os outros acadêmicos aos finais de cada prática, além da interação direta com os usuários, pôde-se desenvolver um olhar crítico aos efeitos gerados de acordo com a forma de tratamento e com a interação da equipe multidisciplinar com esses e entre si. Considerações finais: Os conhecimentos em Saúde Coletiva inseridos no processo de atenção ao usuário devem ser vistos com o maior interesse possível, principalmente pelos profissionais de saúde. Para que isso ocorra, é importante que, durante a formação desses, haja a construção de um olhar humanizado e voltado à realidade cultural e econômica da comunidade, assim como à estrutura da UBS local. Dessa forma, as inovações de ensino que prezam uma aproximação desses acadêmicos a todo esse contexto de atuação do ambiente sobre o bem-estar do usuário mostram-se extremamente necessárias. Por fim, o diário cartográfico mostrou-se um método plausível à contribuição dos objetivos da disciplina Saúde Coletiva, enquanto ciência social e da saúde.

7578 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM UM CURRÍCULO MODULAR INTEGRADO DE ODONTOLOGIA
MAURICIO FERNANDO NUNES TEIXEIRA, Andreas Rucks Varvaki Rados, Eduarda Renata Ariotti, Marcus Cristian Muniz Conde

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM UM CURRÍCULO MODULAR INTEGRADO DE ODONTOLOGIA

Autores: MAURICIO FERNANDO NUNES TEIXEIRA, Andreas Rucks Varvaki Rados, Eduarda Renata Ariotti, Marcus Cristian Muniz Conde

Apresentação: Historicamente a formação odontológica tem se pautado por um direcionamento para a técnica e dentro de um paradigma biomédico, onde o viés da clínica privada e o trabalho individual sempre dominaram os currículos e as metodologias dos cursos. Desde 2002, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de Odontologia apontam para a necessidade da formação de um egresso humanista e generalista capaz de atuar nos diversos níveis de atenção à saúde, com ética e espírito crítico. Neste contexto, a integralidade deve ser considerada na formação dos profissionais de saúde que se ocupam de seus dispositivos (acolhimento, vínculo, responsabilização), ao trabalho em equipe e à necessidade dos diferentes níveis de assistência. O objetivo deste texto é apresentar a concepção de integralidade à saúde presente na construção da matriz curricular do curso de Odontologia da Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, através da inclusão das Práticas Integrativas e Complementares na parte clínica do curso. Desenvolvimento: Os conteúdos previstos no curso estão dispostos dentro de uma matriz curricular organizada de forma integrada e que foram divididos por proximidade em quatro eixos, a saber: Saúde, Sociedade, Cidadania e Direitos Humanos; Organização do Processo de Trabalho em Saúde; Integralidade da Atenção à Saúde e Educação Permanente. As abordagens e o desenvolvimento dos conteúdos do eixo de Integralidade da Atenção à Saúde tomam por base a proposta que situa o exercício da Odontologia como um ponto de confluência de múltiplas ciências, componentes curriculares, teorias e técnicas. A partir da adoção dessa proposta, todas as atividades didático-pedagógicas desenvolvidas nesse eixo, do primeiro ao último módulo do curso, estão organizadas nos subgrupos das ciências biológicas e da saúde, que contemplam conteúdos teóricos e práticos aplicados às situações decorrentes do processo saúde-doença e à identificação das necessidades em saúde, em que se incluem a propedêutica clínica e as práticas de cuidado relacionadas à clínica odontológica em todos os ciclos de vida. Esse eixo concentra seus esforços no apoio às atividades acadêmicas relacionadas com a aquisição de habilidades e de competências específicas da clínica odontológica, por meio da transversalidade com outros componentes curriculares e no contexto da integralidade da atenção à saúde. Do quinto ao oitavo módulo, concomitante ao início das atividades na Clínica Odontológica Ampliada (COAm), os estudantes têm contato com as práticas integrativas e complementares procurando respeitar a taxonomia de Bloom: no quinto módulo o objetivo é de conhecer as práticas como um todo e entender, apoiar, incorporar e implementar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos municípios que os estudantes fazem estágio, entre as quais destacam-se aquelas no âmbito da Medicina Tradicional Chinesa - Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia, Reiki, Auriculoterapia, Hipnose e Ventosa terapia. Através do estudo das portarias que regulamentam as práticas integrativas no SUS, os estudantes escolhem uma dentre as 29 autorizadas e aprofundam seus estudos, socializando com o restante da turma através de apresentações. Ainda convidam profissionais que utilizam algumas destas práticas e começam a perceber a possibilidade de uma atuação nestas áreas quando forem egressos. Neste módulo é enfatizado o reconhecimento da importância da integração dos conteúdos das diversas áreas para as práticas tradicionais, integrativas e complementares em saúde. No sexto módulo, buscando o reconhecimento das diferentes práticas integrativas e complementares, os estudos se aprofundam na homeopatia, abordando conceitos do vitalismo e o conhecimento de termos relacionados à filosofia homeopática. Através de um glossário, as bases da terapêutica Hanemaniana são conhecidas e discutidas, reforçando a importância do entendimento do vocabulário específico da Homeopatia para o entendimento da filosofia homeopática e para a prática que se sucederá. No sétimo módulo os estudantes começam a aplicação de práticas integrativas e complementares, mais especificamente a homeopatia; é selecionado um usuário da clínica odontológica e realizada uma consulta homeopática com o estudante que atende o caso, seguida da repertorização dos sintomas e a prescrição do medicamento conforme a filosofia homeopática Com o retorno do usuário, os estudantes percebem o efeito da terapêutica e discutem a ampliação da clínica e as possíveis abordagens alternativas para o caso. No oitavo módulo, com o objetivo de entendimento do uso das práticas integrativas e complementares, sobretudo a homeopatia, além de seguir algumas consultas homeopáticas aprofunda-se o estudo da validade científica das práticas integrativas e complementares, assim como a discussão sobre a ciência e sua relação com a Odontologia. Através de um júri simulado, os estudantes problematizam a eficácia da homeopatia e os efeitos que ela apresentou nos casos selecionados aprofundando o entendimento sobre o vitalismo. Resultado: São poucos os cursos de Odontologia que abordam as Práticas Integrativas e Complementares como conteúdo incorporadas à sua matriz curricular. No curso de Odontologia da UNIVATES esta abordagem tem auxiliado no entendimento sobre a Clínica Ampliada, visto que a Homeopatia valoriza os sintomas referidos espontaneamente o que desenvolve nos estudantes a escuta qualificada. Além disso, é importante respeitar as próprias palavras do usuário, tentando interpretar seu discurso, o que ajuda a desenvolver um senso ético e preocupado com o sofrimento do outro, desenvolvendo a empatia. A escuta em homeopatia é uma observação atenta e acolhedora das singularidades dos sujeitos. Se os estudantes em sua formação conhecerem minimamente as Práticas Integrativas e Complementares, estamos nos aproximando mais do que Barros (2000) chama de um profissional híbrido: capaz de colocar o projeto terapêutico do paciente em primeiro plano e ponderar junto com ele riscos e benefícios, escolhendo assim o melhor caminho terapêutico em cada momento. Trata-se de uma postura muito diferente do especialista, que por princípio contratual vai atender somente os que aceitarem o seu referencial teórico e sua proposta terapêutica. Desde o começo do curso foi possível apresentar os princípios vitalistas presentes nas PICs e ampliar o entendimento dos estudantes sobre o desenvolvimento do processo saúde-doença. Os usuários atendidos demonstraram melhoras nos seus quadros patológicos e aderiram aos tratamentos de forma significativa. Os estudantes que fizeram os atendimentos criaram vínculos importantes com os usuários e suas histórias de vida, proporcionando vivências que desenvolvem habilidades para além do conhecimento técnico. Outro importante resultado apresentado pelo estudo das PICs diz respeito ao olhar diferenciado para os sofrimentos dos sujeitos, os estudantes ao ampliar a percepção para além do que o olhar biomédico representa desenvolvem o espírito crítico a partir do entendimento de seus próprios sentimentos. Considerações finais Ao buscar um perfil de egresso humanista, generalista, ético e com espírito crítico, o curso de Odontologia da UNIVATES tem trabalhado na perspectiva da integralidade da atenção à saúde. Estudar as PICs na graduação proporciona aos estudantes conhecimentos, atitudes e práticas capazes de ampliar o olhar biomédico e desenvolver o cuidado de forma a respeitar as subjetividades presentes nos atores deste processo. Estas Práticas Integrativas e Complementares, apesar de serem utilizadas largamente pela população, têm sido atacadas e sua sobrevivência e desenvolvimento dependem de mais estudos.

7589 ANÁLISE DOS TRABALHOS DE INTRODUÇÃO AO CURSO DA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO 2018.1
Jessica Andrade Limeira, Francisca Regilene Sousa Barros, Halene Armada, Maria Regina Bernardo

ANÁLISE DOS TRABALHOS DE INTRODUÇÃO AO CURSO DA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO 2018.1

Autores: Jessica Andrade Limeira, Francisca Regilene Sousa Barros, Halene Armada, Maria Regina Bernardo

Apresentação: O conselho nacional de desenvolvimento cientifico e tecnológico (CNPq), tem a prerrogativa de conceder aspectos que  encorajam os pesquisadores no Brasil, tendo como principais objetivos criar estratégias e agir no financiamento de pesquisas, o que de certa forma entusiasma os discentes que entram ano após ano neste ramo. As instituições de ensino superior (IES) possibilitam a todo estudante uma forma de ingressar neste mundo de pesquisas.É de suma importância que haja uma coadunação entre o discente e o campo de pesquisa, pois a mesma tem a prerrogativa de gerar perfis de estudantes com a visão mais ampla sobre o assunto pesquisado. O trabalho em questão tem como principal objetivo identificar os erros relevantes entrados na elaboração dos Trabalho de conclusão de curso, e decifrar-los facilitando assim o processo de construção. Alavancando  o nível intelectual do discente introduzindo-o no universo de pesquisa cientifica, centrada na busca do conhecimento e aprimoramento quanto ao patamar cientifico do profissional na área de saúde desmistificando a definição de atuação empírica até então imposta a profissão.Identificar possíveis necessidades futuras de pesquisa é um passo crucial para o acadêmico, bem como revelar questões que aborde áreas de foco, marcos conceituais e até mesmo teóricos. A pesquisa surge como arte de produção, resultante de um fruto facultativo. As pesquisas dentro do campo da saúde, em especial a Enfermagem ao qual se dirige esse artigo, são de extrema relevância para a construção do conhecimento quanto discente e profissional, considerando que os níveis de conhecimento são diferentes quanto pesquisa e quanto ao ensino. Este conhecimento ganho ao longo da graduação estabelece uma bela base científica que garante ao novo profissional do mercado de trabalho uma credibilidade e  autoconfiança capaz de superar os estigmas sociais.

7717 VIVÊNCIAS NA MONITORIA ACADÊMICA DA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA III NO CURSO DE MEDICINA
VICENTE MENDES DA SILVA JUNIOR, JULIANA VIEIRA SARAIVA, RAYANE THAISE NERI DE SOUZA, GABRIEL SILVA DA ROCHA, LUÍS ALEXANDRE LIRA DE CASTRO, BAHIYYEH AHMADPOUR

VIVÊNCIAS NA MONITORIA ACADÊMICA DA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA III NO CURSO DE MEDICINA

Autores: VICENTE MENDES DA SILVA JUNIOR, JULIANA VIEIRA SARAIVA, RAYANE THAISE NERI DE SOUZA, GABRIEL SILVA DA ROCHA, LUÍS ALEXANDRE LIRA DE CASTRO, BAHIYYEH AHMADPOUR

Apresentação: A educação superior brasileira é estruturada através do tripé ensino-pesquisa-extensão com o intuito de proporcionar formação holística nos diversos campos de saberes. Quando se trata de ensino a percepção vai além da sala de aula e abarca um conjunto de práticas que buscam inserir o discente nas atividades realizadas no magistério, sendo um dos principais meios a monitoria acadêmica. O programa de monitoria acadêmica tem por objetivo iniciar os discentes dos cursos de graduação nas diversas tarefas que compõem a docência de nível superior, como orientação acadêmica, elaboração, aplicação e correção de exercícios escolares, acompanhamento em atividades práticas, entre outras. Dessa forma, o aluno-monitor atua como um elo entre o professor orientador e os alunos de determinada disciplina, apoiando o professor no exercício de suas funções. Além disso, há o ganho individual do aluno que tem a oportunidade de aprimorar habilidades interpessoais e aperfeiçoar sua formação, sendo inegável os benefícios que essa prática traz para todos os envolvidos. Dentro dessa perspectiva, este trabalho busca relatar a experiência de acadêmicos de medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) durante a monitoria de Saúde Coletiva III (FSC 305)  realizada no semestre 2019/Desenvolvimento: é notório que durante o exercício da monitoria temos a oportunidade de se aprofundar nos conteúdos ministrados em sala e investigar possíveis metodologias que possam contribuir para o fortalecimento do processo ensino aprendizagem dos alunos. Em virtude disso, é de extrema importância a manutenção do vínculo interpessoal para o troca de conhecimento, tanto pelo grupo docente, como de monitores e alunos, para assim, facilitar a troca de aprendizado teórico e prático da disciplina estudada. A disciplina de Saúde Coletiva III possui carga horária de 60 horas semestrais, com aulas teóricas e práticas ministradas por docentes com formação nas áreas de enfermagem, fisioterapia e farmácia. As aulas práticas foram desenvolvidas em  três Unidades Básicas de Saúde (UBS) na cidade de Manaus – UBS Morro da Liberdade, UBS Arthur Virgílio e UBS Luiz Montenegro e compõem o currículo de competências preconizado pela disciplina, que busca inserir os acadêmicos nos diversos ambientes de um UBS (recepção, triagem, farmácia, salas de procedimento, consultórios de atendimento, vacinação etc.), além dos serviços extra-muro como a visita domiciliar. Também há forte atuação no segmento de educação em saúde onde são realizadas atividades que buscaram conscientizar os usuários a respeito de temas como câncer de mama, câncer de próstata e importância da vacinação. No que tange às atividades nas UBS, os monitores atuaram auxiliando os docentes e alunos nos campos de prática por meio de orientações e ajuda nas avaliações de desempenho de prática. Além disso, outros métodos de avaliação foram desenvolvidos para instigar o conhecimento dos acadêmicos, os quais incluem a Avaliação em Educação a Distância (EAD), discussão de casos clínicos e trabalhos de publicação em mídias sociais, com assuntos convenientes à disciplina. A partir disso, seguindo as competências determinadas ao monitor da matéria, as atividades de monitoria foram baseadas em escrever casos clínicos com levantamento de algumas questões acerca do tema, além de acompanhamento de aulas teórico-práticas para retirar possíveis dúvidas do grupo discente. Paralelo a isso, vale acrescentar também o acompanhamento das discussões na plataforma EAD, no qual era possível avaliar a interação dos acadêmicos sobre o assunto abordado pelo menos uma vez por semana. Ademais, pode-se ressaltar a verificação no desenvolvimento de seminários divididos por grupos e temas, cujos trabalhos foram expostos em painéis abertos ao público. Resultado: uma das justificativas para um processo seletivo para um programa de monitoria acadêmica é o fato de a mesma ter relevância para o currículo dos futuros profissionais. Por esta perspectiva, entende-se a importância, dedicação e a responsabilidade que monitores precisam oferecer para estarem aptos às atividades de monitoria. Considerando a formação do profissional médico como fator diretamente ligado à qualidade em saúde e a preocupação sobre a desarticulação curricular das universidades com as necessidades do SUS, a discussão sobre as diretrizes de ensino nos cursos de Medicina ganha destaque em diversas instituições, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entre outras. As disciplinas de Saúde Coletiva oferecem oportunidades de os discentes escaparem do modelo hospitalocêntrico, dando chance de os mesmos desenvolverem habilidades humanizadas, que são muito valorizadas em um médico, mas que nem sempre são foco em outras disciplinas. Além disso, o conteúdo programático é voltado ao conhecimento das leis, diretrizes e estruturação do SUS e como ele é articulado no contexto nacional e da região amazônica, aumentando ainda mais a importância de uma base firme em neste conteúdo. As atividades determinadas aos monitores foram: acompanhar as aulas teóricas e práticas, auxiliando em dúvidas dos discentes sobre o conteúdo e atividades nas salas de aulas ou em campos de prática; criar em conjunto ao corpo docente da disciplina os critérios de avaliação das aulas práticas na UBS; corrigir e acompanhar os trabalhos criados em mídias sociais; ajudar no direcionamento de estudo, servindo como elo entre os alunos e as professoras da disciplina; elaborar discussões semanais para a plataforma eletrônica (EAD); avaliar os alunos em atividades da plataforma eletrônica (EAD) e nas apresentações de trabalhos no fim do período, sobre as experiências dos alunos nos campos de prática. Com base no exposto, o aprendizado como monitores e o estudo constante sobre os conteúdos da disciplina foram essenciais para exercer as atividades de monitoria e para contribuir com uma aproximação efetiva e pedagógica entre alunos e professoras. Resultado: ao final desse processo, nota-se que os resultados obtidos foram positivos, experiências inestimáveis puderam ser adquiridas ao longo das atividades de monitoria, o auxílio aos alunos acerca do conteúdo programático e das atividades abordadas pela disciplina nada mais foi do que uma excelente oportunidade de aperfeiçoar e adquirir mais conhecimento teórico acerca de temas importantes relacionados à saúde. Aulas práticas com vivências em unidades básicas de saúde inseriram tanto os acadêmicos quanto monitores no universo da atenção primária em saúde, alcançando o objetivo de desenvolver conhecimentos sobre responsabilidade social, conceitos de multidisciplinaridade, além de criação de vínculos com a comunidade e  organização do processo de trabalho a partir da territorialização e da estratégia de saúde de família e comunidade. Dessa forma ressalta-se que os objetivos traçados para tal atividade foram exitosamente alcançados, tornando-se notório o crescimento acadêmico de seus participantes.  

7742 CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO DE DIÁLOGO NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA: PERSPECTIVAS ATIVAS
Rebecca Barbosa de Decco Monteiro Marinho, Adriane das Neves Silva, Maria Alice Junqueira Caldas

CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO DE DIÁLOGO NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA: PERSPECTIVAS ATIVAS

Autores: Rebecca Barbosa de Decco Monteiro Marinho, Adriane das Neves Silva, Maria Alice Junqueira Caldas

Apresentação: O setor saúde apresenta características específicas que desde a graduação precisam ser trabalhadas: habilidades e competências que preparem os alunos para atuar em todos os níveis de atenção. Especificamente na Fisioterapia, as demandas determinadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais destacam o contexto social brasileiro, que requerem o domínio de novas habilidades nos quais os conteúdos relacionados com o processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade, integrado a realidade epidemiológica e profissional, conduzem para práticas integrais no fazer fisioterapêutico. Em alguns momentos, percebemos uma dificuldade por parte dos alunos em resolver problemas, mediar situações conflitantes que exigem maturidade articulada de tal forma que haja uma resolubilidade mais adequada possível. Nesta perspectiva, atividades que proponham a crítica e a reflexão dos cenários de atuação do fisioterapeuta podem contribuir para o amadurecimento dos docentes e discentes no que diz respeito à construção do conhecimento, capacidade de questionamento, tomada de decisão, favorecendo a autonomia profissional futura. O objetivo deste trabalho é elaborar um caderno de situações-problemas para ser utilizado em um curso de fisioterapia de uma universidade pública de Minas Gerais, um produto inovador para o curso. Desenvolvimento: Esta experiência será apresentada com projeto de intervenção para o curso de Especialização em Ativação em Processos de Mudança na Formação Superior em Saúde em março de 2020. A construção do caderno será desenvolvida em dois momentos, o primeiro em fevereiro e o outro em março de 2020, com agendamento prévio pela direção da faculdade, inseridos no IV Encontro de Planejamento, realizado anualmente. Este encontro possibilita a discussão da integração ensino-serviço-gestão na faculdade de fisioterapia entre docentes e representantes discentes. Os docentes serão divididos em dois grupos segundo as áreas de atuação da fisioterapia e baseadas no currículo do curso. No primeiro encontro, o grupo Ativadores A irá participar de uma oficina preparatória para a construção de situações-problemas, com uma abordagem ativa e contextualizada do projeto. Enquanto isso, o grupo Ativadores B receberá por e-mail artigos e publicações que irão direcionar a construção. Resultado: no segundo encontro, os dois grupos terão oportunidade de dialogar para dar início à construção, criando a socialização de seus produtos. Inicialmente faremos um debate e explanação dos objetivos do projeto. Em seguida, faremos a oficina para construção das situações-problema, que serão avaliadas por um comitê de especialistas cegados em relação à metodologia prévia utilizada, e identificar qual metodologia utilizada favoreceu mais positivamente a construção de uma situação-problema. Os especialistas receberão uma carta-convite e terão um prazo acordado previamente para enviar o parecer final. Considerações finais: A coconstrução de espaços de diálogos visa à satisfação por novas formas de construção dos saberes potencializando transformações na prática profissional. Sendo assim, as propostas de mudanças na formação em fisioterapia com a incorporação do caderno de situações-problemas nas atividades como estratégia pedagógica contribui para formação crítico-reflexiva do cotidiano de trabalho a partir dos casos reais, e fortalece através da perspectiva das metodologias ativas a formação deste profissional, na medida que eles aprendem a lidar com situações diversas encontradas no seu ambiente de trabalho.

7775 PESQUISA DOCUMENTAL DOS CURSOS DE ENFERMAGEM, MEDICINA, PSICOLOGIA E ASSISTENTES SOCIAIS SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER
Lidyane Parente Arruda, Francisca Allany Rocha Aguiar, Raimunda Magalhães da Silva, Ludmila Fontenele Cavalcanti, Francisco Lidier Prado Arruda Filho

PESQUISA DOCUMENTAL DOS CURSOS DE ENFERMAGEM, MEDICINA, PSICOLOGIA E ASSISTENTES SOCIAIS SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER

Autores: Lidyane Parente Arruda, Francisca Allany Rocha Aguiar, Raimunda Magalhães da Silva, Ludmila Fontenele Cavalcanti, Francisco Lidier Prado Arruda Filho

Apresentação: A violência sexual contra a mulher requer um espaço de discussão em Instituições de Ensino Superior por ser considerada um problema de saúde pública mundial. Aponta-se a conveniência em ampliar o debate para a seara acadêmica, pois serão enfermeiros, médicos, psicólogos e assistentes sociais  que estarão ocupando cargos em serviços de saúde e ao deparar-se com casos de violência deverão sentir-se motivados a contribuir com a solução. Desta forma, objetiva-se analisar o ensino sobre violência sexual contra a mulher através de documentos norteadores da formação superior dos cursos de Enfermagem, Psicologia, Medicina e Serviço Social, em duas Instituições de Ensino Superior, no Estado do Ceará. Desenvolvimento: Trata-se de uma investigação qualitativa, documental, cujo universo corresponde aos projetos políticos pedagógicos dos cursos de Medicina, Psicologia de uma instituição pública e, os cursos de Enfermagem e Serviço Social, de uma instituição privada, situadas na zona Norte do Estado do Ceará. A coleta de dados seguiu orientação de Cellard (2012), que coleta as seguintes informações: contexto, autor, autenticidade,  natureza do texto e conceitos-chave. A análise das informações buscou estabelecer uma compreensão do material empírico, apontando convergências e diferenciações na abordagem às violências sexuais contra a mulher nas formações. A tese está em conformidade com o previsto na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Resultado: revela-se que em nenhum dos documentos analisados há exaltação do termo violência sexual contra à mulher. Verifica-se que os projetos políticos pedagógicos dos cursos buscam contemplar em um contexto generalista o estudo teórico e prático de conteúdos que correspondem ao núcleo de formação de cada profissão e associam temas emergentes da sociedade. De forma específica, encontram-se nos projetos dos cursos uma valorização de direitos sociais e humanos, o que de certo contribui para uma maior aproximação dos profissionais com casos de violência sexual contra a mulher, principalmente nos cursos de psicologia e serviço social, os quais estabelecem em disciplinas obrigatórias o conteúdo de direitos humanos e sociais, além de contemplá-lo nas demais, de forma transversal. Quanto aos cursos de enfermagem e medicina, a leitura dos projetos político-pedagógicos permite uma abstração sobre a aproximação com a violência sexual em disciplinas que tratam da assistência básica à saúde e desenvolvimento pessoal, pois ao longo da leitura, o destaque é para uma formação preparada a enfrentar os principais desafios do Sistema Único de Saúde. Considerações finais: ressalta-se a evidência na análise documental da ausência da violência sexual contra a mulher enquanto conteúdo programático, formalmente incluído no plano de ensino das disciplinas.

7785 POTENCIALIDADES DAS OFICINAS EM PESQUISA-INTERVENÇÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA EQUIDADE RACIAL EM CURSOS DE GRADUAÇÃO DA ÁREA DA SAÚDE
DYANA HELENA SOUZA, DAIS GONÇALVES ROCHA

POTENCIALIDADES DAS OFICINAS EM PESQUISA-INTERVENÇÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA EQUIDADE RACIAL EM CURSOS DE GRADUAÇÃO DA ÁREA DA SAÚDE

Autores: DYANA HELENA SOUZA, DAIS GONÇALVES ROCHA

Apresentação: Este estudo integra uma pesquisa de mestrado acadêmico em Saúde Coletiva, com objetivo de: produzir evidências sobre a implementação da equidade racial na formação dos profissionais da saúde nos cursos de graduação de Saúde Coletiva, Enfermagem e Medicina da Universidade de Brasília (UnB) com foco na construção participativa de um plano de ação que possibilite a sua efetivação. Adota-se o conceito de equidade racial a partir da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que a define considerando o reconhecimento do racismo e das desigualdades étnico-raciais que geram expressivas iniquidades em saúde da população negra e indígena. O movimento negro brasileiro, enquanto sujeito social e político, contribuiu para que a equidade racial fosse pautada nas políticas públicas. Na área da educação, algumas conquistas referem à implementação de políticas de ações afirmativas nas universidades públicas, que contribuíram para que a população negra e indígena tivesse acesso a esses espaços. Considerando o contexto de reorientação da formação em saúde, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de Saúde Coletiva e Medicina já reconhecem no marco legal a inserção da educação para as relações étnico-raciais na formação de profissionais da saúde, e essa proposição  foi identificada nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPC) desses dois cursos e do curso de enfermagem da UnB. Porém, há evidências do distanciamento entre o que está no marco legal e o que acontece no cotidiano das instituições de ensino, sugerindo estudos que possam compreender tal realidade. No ensino da equidade racial, com foco na população negra, é preciso entender como o Racismo Institucional é reproduzido, o que influencia diretamente a formação dos estudantes, pois, a estrutura das universidades ainda está pautada em um modelo tradicional e eurocêntrico de ensino, que hierarquiza e fragmenta o conhecimento. Portanto, este resumo visa sinalizar como a utilização de oficinas pode contribuir para realização de pesquisa-intervenção na implementação da equidade racial em cursos de graduação na área da saúde. Desenvolvimento: A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética parecer n. 3.387.638 do CEP/FS em 2019.  É um estudo de método misto do tipo explanatório sequencial, no qual na primeira etapa, os dados quantitativos advêm da identificação de disciplinas nos PPCs e nos programas das disciplinas, que incluem a equidade racial. A segunda etapa, de natureza qualitativa, realizada mediante oficinas para investigar a visão sobre a implementação da equidade racial dos professores que compõem os Núcleos Docentes Estruturantes (NDE) dos cursos selecionados. Neste resumo, priorizou-se analisar e descrever a metodologia e as potencialidades dos resultados destas oficinas. As oficinas constituem estratégia de pesquisa por meio de articulações teórico-metodológicas, aplicações ético-políticas, e de sensibilização dos seus participantes, propondo produtos que tenham significado a partir das observações, demandas e conflitos. Esta abordagem metodológica é do tipo pesquisa-intervenção, priorizando um processo de pesquisa transformador, de caráter participativo e assumindo um compromisso social e político com a realidade com a qual trabalha. Foi uma questão ético-política assumir uma postura antirracista à luz das contribuições dos estudos da de colonialidade, que dialogam com a pesquisa-intervenção. As oficinas aconteceram em três momentos. No aquecimento cada participante compartilhou o que considerava ser equidade racial. Na primeira parte deste, o grupo fez uma reflexão sobre como a temática estava inserida nos cursos. O segundo momento foi composto pela apresentação da matriz de análise das disciplinas que de acordo com os PPCs e do programa das disciplinas, incluem a equidade racial.  É importante destacar que também foi utilizada uma técnica projetiva de imagens, baseada na intervenção de um ensaio fotográfico chamado “Ah branco, dá um tempo”.  O último momento foi a avaliação da oficina e pactuação para os próximos passos. Resultado: No aquecimento, a atividade possibilitou identificar a visão de equidade racial dos NDEs, evidenciando que ela está relacionada à justiça social; à uma dívida histórica que existe no Brasil; ao acesso e utilização dos serviços de saúde; às intencionalidades das políticas públicas, e ao entendimento da determinação social da saúde da população negra. Foi possível perceber que ainda há o entendimento que equidade racial é “dar mais a quem precisa mais”; que ela existe quando não há diferença entre as pessoas, e que é tratar todos iguais. Este primeiro passo foi necessário para a partir da experiência dos professores, valorizar o conhecimento e contribuições, que enquanto membros do NDE têm feito no acompanhamento, concepção e consolidação dos PPCs. Os grupos fizeram uma reflexão sobre como a equidade racial estava inserida no curso em que atuam, identificando a situação de implementação nos cursos. No NDE do curso de Saúde Coletiva há uma descontextualização da forma como ela está inserida, e o seu estágio de implementação foi considerado incipiente. No NDE do curso de Medicina, a forma que ela aparece é sem foco específico para a população negra, e que o seu estágio está iniciado, mas não completo. No NDE de Enfermagem, ela está inserida de forma implícita nas disciplinas que abordam as políticas de saúde. Para alguns professores, a oficina foi importante para que eles pudessem visualizar  a inserção da temática nos cursos enfatizando os fatores que facilitam e dificultam, destacando por exemplo, como a padronização tradicional dos currículos dificulta transversalizar o tema na formação; como a própria oficina estava sendo um exercício para trazer a discussão grupal dos docentes, e de que seria necessário ouvir os estudantes para que a voz deles também fosse considerada nessa análise. Foi emergente o debate sobre as cotas raciais, que não estava prevista no início da pesquisa. Um grupo de professores se posicionou considerando que uma das formas de atingir equidade racial é por meio de políticas de ações afirmativas como forma de reparação histórica à população negra e indígena. Porém, também houve posicionamentos que questionaram a sua real efetividade, sinalizando que ainda há dificuldades sobre como as políticas de ações afirmativas funcionam. Outra potência, foi que um professor autodeclarado negro, compartilhou sua vivência que desde a formação até a atuação profissional tem percebido e vivenciado a presença do racismo. Reconheceu que estudantes negros têm ocupado os espaços universitários e que essa tem sido uma importante mudança. Considerações finais: Uma das aprendizagens a partir da realização das oficinas foi “como pesquisar de forma participativa com quem pesquisa”? A relação pesquisador-participante tem sido construída continuamente, considerando o diálogo como central em todo o processo da pesquisa e coprodução dos dados, por isso, a escolha das oficinas como estratégia metodológica, tendo em vista que elas potencializam relações não hierárquicas e participativas, valorizando os diferentes saberes e vivências. Por se tratar de uma pesquisa que envolve discussões sobre as relações raciais no Brasil, consideramos que essas relações estão pautadas na construção de um mito da democracia racial que mascara as dimensões do racismo e dificultam sua discussão na sociedade, por isso, a utilização de oficinas possibilita produzir sentidos e potenciais transformações nas práticas discursivas e profissionais, além da sua pertinência para problematização e validação dos resultados. É necessário destacar o atual cenário social e político do Brasil, no qual os direitos sociais têm sido fortemente atacados, colocando em ameaça a implementação das Políticas de Equidade em Saúde e a autonomia das universidades públicas.  Por isso, ressaltamos a importância dessa agenda ser pautada pelos NDEs com o apoio de metodologias que favoreçam essa sensibilização na perspectiva de intervenção.

7794 APRENDENDO A APRENDER: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A APRENDIZAGEM CENTRADA NO ALUNO PELA ÓTICA DA MONITORIA EM ACP I
DANIEL CASTRO SILVA, ANA BEATRIZ PANTOJA ROSA DE MORAES, PATRICIA DO SOCORRO MAGALHÃES FRANCO DO ESPIRITO SANTO

APRENDENDO A APRENDER: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A APRENDIZAGEM CENTRADA NO ALUNO PELA ÓTICA DA MONITORIA EM ACP I

Autores: DANIEL CASTRO SILVA, ANA BEATRIZ PANTOJA ROSA DE MORAES, PATRICIA DO SOCORRO MAGALHÃES FRANCO DO ESPIRITO SANTO

Apresentação: A Tendência Atualizante concerne a uma predisposição inerente a todos para desenvolver suas potencialidades favorecendo sua conservação e seu crescimento. Este conceito, aliado a outros caros à Abordagem Centrada na Pessoa como Consideração Positiva Incondicional, Autenticidade e Compreensão Empática, permitiram que a ACP se desdobrasse sobre a educação, surgindo então o conceito  Aprendizagem Centrada no Aluno, que se dá por meio da aprendizagem significativa, ocorrendo quando o aluno reconhece como relevante para si determinado conteúdo, tornando-se então possível a construção de uma aprendizagem que gera conhecimento potencialmente transformador, indo além do acúmulo de informações. Neste decurso, o papel dos educadores não é ensinar, mas facilitar o aprendizado através de atitudes favoráveis à potencialidade natural do indivíduo. Sob essa perspectiva, a monitoria acadêmica proporciona terreno fértil para que os discentes-monitores aprendam de maneira significativa e também se formem como bons facilitadores. Nesse sentido, este trabalho relata a experiência dos monitores da disciplina Abordagem Centrada na Pessoa I como facilitadores do aprendizado de estudantes de Psicologia da UFPA do segundo semestre do curso, enfatizando a metodologia centrada no aluno e nos efeitos positivos da mesma na formação de futuros profissionais da saúde. A monitoria foi realizada de agosto a novembro de 2019, ministrada mediante aulas teóricas, práticas e vivenciais. A parcela teórica da disciplina foi estruturada a partir de sugestões de leituras prévias e aulas expositivas dialogadas, nas quais os alunos foram apresentados de forma introdutória ao estudo da ACP. No decorrer das aulas, os discentes-monitores tornaram-se cada vez mais integrados à sinergia da turma e próximos dos alunos em seus processos de aprendizagem. Neste andamento, houve o início das aulas com dinâmicas, que prezavam pela experienciação dos conceitos anteriormente explanados em teoria. Dentre as vivências, destacaram-se a Mímica das Sentimentos, o Jogo dos Rótulos e o Jogo do Chacal, nos quais foram trabalhadas questões de escuta empática, autenticidade, condições facilitadoras, comunicação não violenta, entre outras. A partir das vivências, os monitores notaram evolução no engajamento e envolvimento da turma com a disciplina, o que foi corroborado pela devolutiva dada pelos alunos através dos dois portfólios realizados durante os meses, em que os discentes relataram como se sentiram durante as aulas e o desenvolvimento dos conteúdos, o que aprenderam das unidades que havia sido significativo para sua formação profissional e se esperavam ter aprendido algo que não aprenderam. Foram comuns relatos de alunos que não se identificavam com a ACP, mas que a haviam conhecido melhor, aprendido o conteúdo ministrado e que, como boa parte da turma, sentiram-se tocados pelo o que foi vivenciado em sala. Assim, através da perspectiva dos monitores, percebeu-se como a aprendizagem significativa se dá de fato pela busca ativa dos discentes – alunos e monitores – e como a relação desenvolvida na experiência foi importante para o desenvolvimento como atores políticos de todos envolvidos ao facilitarem e viverem a autonomia e o autogerenciamento em prol do direito à saúde mental, da vida e do respeito por todos os indivíduos.

7810 EQUIDADE RACIAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA SAÚDE: ANÁLISE DA SUA INSERÇÃO NOS PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS E PROGRAMAS DAS DISCIPLINAS
MARINA GONÇALVES MOREIRA, DYANA HELENA SOUZA, BIANCA REGINA ARAGÃO NEGREIROS, DAIS GONÇALVES ROCHA

EQUIDADE RACIAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA SAÚDE: ANÁLISE DA SUA INSERÇÃO NOS PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS E PROGRAMAS DAS DISCIPLINAS

Autores: MARINA GONÇALVES MOREIRA, DYANA HELENA SOUZA, BIANCA REGINA ARAGÃO NEGREIROS, DAIS GONÇALVES ROCHA

Apresentação: Este trabalho faz parte de um Projeto de Iniciação Científica, integrante de uma pesquisa de mestrado acadêmico em Saúde Coletiva, que tem como objetivo produzir evidências sobre a implementação da lente da equidade racial na formação dos profissionais da saúde no cotidiano dos cursos de graduação de Saúde Coletiva, Enfermagem e Medicina da Universidade de Brasília. Este resumo irá apresentar os resultados da primeira fase da pesquisa, que mapeou e caracterizou as disciplinas que incluem essa lente nas matrizes curriculares vigentes. O racismo, enquanto sistema de opressão estruturante  e histórico da sociedade brasileira, promove por meio do epistemicídio um apagamento da cultura, dos conhecimentos e contribuições da população negra e indígena. Inserido na estrutura das universidades, direciona a reprodução de currículos enraizados pela colonialidade. Ademais, o Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, reconhece o racismo enquanto determinante de saúde, podendo, inclusive, ser não somente institucional, mas também interpessoal e reproduzido pelos profissionais de saúde. A população negra é maioria dentre os usuários do Sistema Único de Saúde e apresenta piores indicadores de saúde a partir dos quais se evidenciam as iniquidades raciais. Dessa forma, é absolutamente necessária a intervenção na formação profissional em saúde para a promoção da equidade racial no setor. O Ministério da Educação incluiu, nas Diretrizes Curriculares dos Cursos (DCN), o ensino das relações étnico-raciais e a equidade racial enquanto tema transversal dos cursos de graduação na área de saúde. Assim sendo, a Universidade de Brasília reformulou os Programas Políticos Pedagógicos (PPC) para essa adequação nos cursos de Saúde Coletiva, Enfermagem e Medicina. Contudo, o contexto de reorientação curricular na saúde é um processo complexo e em andamento, sendo encabeçado pelos membros do Núcleo Docente Estruturante (NDE) de cada curso e evidências apontam que a mera inclusão da equidade nas DCN e PPC pode não resultar de forma imediata mudanças concretas na formação profissional. Desenvolvimento: O estudo foi baseado no método misto do tipo explanatório-sequencial, no qual a primeira parte, objeto deste resumo, constituiu uma análise documental, onde os dados quantitativos foram oriundos da identificação e caracterização de disciplinas que de acordo com os PPCs e dos programas de aprendizagem dos cursos de Saúde Coletiva, Medicina e Enfermagem, incluem a lente da equidade racial. São descritos: o número de disciplinas, distribuição de disciplinas por semestre, conteúdos abordados, metodologias e cenários de práticas. Inicialmente, foi feita leitura dos PPCs identificando possíveis disciplinas que poderiam abordar a temática. Após esse momento, foram analisados como critério de inclusão os programas das disciplinas que explicitamente mencionaram termos como: equidade, racismo, raça, cor, minoria, etnia, étnica, étnico-racial e população negra. Resultado: No curso de medicina, que tem duração de 12 semestres, o PPC apresentava duas disciplinas obrigatórias do primeiro semestre, totalizando 6 créditos. Contudo, a análise dos programas possibilitou ver um quadro de maior implementação atual da lente da equidade racial, sendo 2 disciplinas no primeiro semestre: Saúde, ambiente  e sociedade e Psicologia Médica 1; uma no terceiro, Atenção Primária à Saúde; uma no quarto, Saúde de Família e Comunidade 1;  uma no sexto, Saúde de Família e Comunidade 3; e uma no sétimo,  Psicologia Médica 7, totalizando 20 créditos. Entretanto, o curso referido apresenta uma quantidade total de 528 créditos, sendo que todas as disciplinas que incluem a equidade racial somadas responsáveis por apenas 3,78% desses créditos. Ademais, nenhuma disciplina optativa que efetivamente possa ser cursada pelos graduandos e seja oferecida pelas Faculdades de Saúde e Medicina foi identificada. Apesar de pequena, a maior inserção desse tema nos currículos atuais demonstra um interesse do corpo docente e discente, porém a inserção da equidade somente nos programas das respectivas disciplinas pode comprometer a longitudinalidade da inserção do tema, já que não é um tema previsto originalmente no PPC. Ficaria, assim, com a inclusão da abordagem submetida ao interesse pessoal ou iniciativa voluntária do professor. No curso de saúde coletiva, foram identificadas 5 disciplinas obrigatórias em todo o curso, totalizando 14 créditos, são elas: Ciências sociais em saúde;Apresentação: à bioética e políticas de saúde, no primeiro semestre; Gestão estratégica, participação e controle social, no quarto semestre; e, Gestão de sistemas e serviços de saúde, no quinto. Esse número significa 14,6%, do total de 128 disciplinas obrigatórias que devem ser cursadas pelos alunos, além de estarem concentradas no primeiro semestre. Com relação às disciplinas optativas, foram analisadas apenas aquelas ofertadas pelas Faculdades de Saúde e Medicina. Foram identificadas 3 disciplinas: Ambiente saúde e trabalho; Bioética e saúde pública e Saúde indígena,  significando 22,64% do total de 53 disciplinas optativas. Porém, considerando os 215 créditos que devem cursados, essas disciplinas representam um percentual de apenas 13,95%. O curso de enfermagem apresentou uma especificidade: apesar de o PPC sinalizar  que a equidade racial deve ser trabalhada nos programas de aprendizagem, não foram identificadas disciplinas obrigatórias que explicitamente fizessem a sua abordagem. Das disciplinas optativas apenas uma disciplina de dois créditos foi identificada,Apresentação: à Bioética, representando um percentual de  0,74% do total 268 créditos que devem ser cursados em todo o curso. Considerações finais: A parte quantitativa do estudo foi uma aproximação inicial para verificar como está a inserção da equidade racial nos três cursos. Destaca-se que por se tratar de um estudo do tipo pesquisa-intervenção, esse diagnóstico inicial foi discutido coletivamente com os professores, servidores e alunos que compõem o NDE dos três cursos, pois entende-se que apenas a análise das disciplinas não é suficiente para compreender a realidade dos cursos, mas um ponto de partida que sinalizou pressupostos a serem aprofundados na fase qualitativa. Ficou evidente que o produto gerado a partir da primeira fase sinalizou a concentração da temática no início dos cursos, sendo um dos desafios a sua transversalização ao longo da formação. Esse estudo apontou um cenário diverso, porém limitado, da inclusão da equidade racial nos currículos dos três cursos da área de saúde. Recomenda-se um maior aprofundamento e expansão do tema nos currículos de cursos de graduação em saúde no processo de reorientação curricular. A articulação da sociedade civil, movimento negro e governo é importante para que a implementação do previsto no marco legal atinja o cotidiano das instituições de ensino superior.

7812 LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL: A EXPERIÊNCIA DE SE EDUCAR INTERPROFISSIONALMENTE
Raiane Silva Sousa, Carolina Serrati Moreno

LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL: A EXPERIÊNCIA DE SE EDUCAR INTERPROFISSIONALMENTE

Autores: Raiane Silva Sousa, Carolina Serrati Moreno

Apresentação: No trabalho em saúde, a interprofissionalidade tem sido alocada como central para a consolidação da integralidade no atendimento aos usuários dos serviços, contemplando os fatores biopsicossociais. Para isso, a formação interprofissional se mostra como fundamental, auxiliando no surgimento de profissionais voltados para o trabalho em equipe, como demanda o Sistema Único de Saúde (SUS). As Ligas Acadêmicas por meio do tripé de ensino, extensão e pesquisa, proporcionam diferentes atuações profissionais, além de serem solo fértil para a interprofissionalidade e protagonismo estudantil. Objetiva-se primordialmente, com este trabalho, compartilhar a experiência de uma Liga Acadêmica de Saúde Mental interprofissional protagonizada por alunos visando, secundariamente, inspirar estudantes de saúde para serem protagonistas de seus processos de aprendizagem em atividades extracurriculares. Desenvolvimento: A Liga Acadêmica de Saúde Mental (LASM) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus São Carlos, existia sendo vinculada ao Departamento de Medicina da mesma universidade, e tendo sua gestão feito por graduandos do referido curso. Alunos de outras graduações podiam compô-la na modalidade exclusiva de ligantes. Com a necessidade de outros espaços formativos para o aprender e fazer em saúde, graduandos de Psicologia se uniram para fundar uma liga que os contemplassem em suas necessidades. Visto que inicialmente havia uma Liga Acadêmica de Saúde Mental na UFSCar, foi sugerido por docentes que os alunos interessados usassem do projeto anterior, retomando as suas atividades, com uma visão da interdisciplinaridade da atuação na Saúde Mental.Tendo em vista a diversidade presente no campus da UFSCar-São Carlos, os alunos desejavam orientação de quatro núcleos da saúde, para contemplar a especificidade de cada formação (Psicologia, Medicina, Terapia Ocupacional e Enfermagem). O papel do orientador na LASM restringe-se à orientação no sentido mais fundamental da palavra. Considerando a importância da autonomia na formação, entende-se que ser ativo na busca de conteúdo acadêmico, repertório profissional e formação de parcerias podem colaborar na constituição da nossa identidade profissional, por isso, cabe à orientação, efetivamente, orientar, isto é, indicar caminhos. A gestão 2019 foi formada por nove alunos, sendo sete da Psicologia, um da Medicina e um da Terapia Ocupacional, divididos em cinco diretorias. Foram realizadas discussões entre os estudantes e com os orientadores para alinhar as expectativas das atividades que seriam realizadas durante o semestre e traçar um planejamento para a Liga. Deve-se apontar que os alunos podem participar da LASM de duas formas: como gestão ou como ligantes. Na primeira qualidade, ele recebe atribuições para colaborar com o funcionamento da Liga, e na segunda, ele pode participar das atividades propostas, tendo, também, deveres. Resultado: A dificuldade apresentada na reorganização foi da necessidade de pensar em temáticas de estudo organizando os interesses de todos membros, visto que os cursos de Enfermagem, Terapia Ocupacional e Medicina pertencem ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, e Psicologia, ao Centro de Educação e Ciências Humanas, portanto, seu currículo não é constituído para o trabalho em saúde. Para isso, foram levantados os interesses pessoais de cada aluno durante o primeiro encontro da LASM. Outra dificuldade foi a de realização de parcerias para que as atividades começassem a ser realizadas no mesmo semestre, tanto teóricas quanto práticas, dado que era preciso que elas acontecessem no mesmo semestre. Os membros, no entanto, demonstraram proatividade e esforço, conseguindo exceder as expectativas que tinham. Desta forma, foram realizadas quatro parcerias para a realização das atividades, sendo três delas ligadas a diretoria de extensão, nas quais os alunos puderam atuar de forma prática, com supervisão, realizando palestras, apoio a estudantes ou acolhimento de clientes na Unidade Serviço-Escola da UFSCar; e atuação com função de divulgação de informações, com a realização de uma palestra com a Empresa Júnior de Psicologia da UFSCar, em tema convergente aos dois grupos. A experiência do primeiro semestre de atividades foram positivas para os participantes segundo seus relatos, com as atividades proporcionando a discussão entre estudantes dos diferentes cursos, partindo da visão nuclear para a interprofissional. Além disso, as atividades práticas proporcionaram aos estudantes a visão da abrangência, e a sua importância, no trabalho em saúde mental. Ressalta-se a importância singular da direção do coletivo ser feita por diversos cursos da saúde, para que fosse possível contemplar as especificidades de cada núcleo, levando em consideração as grades curriculares que diferenciam-se entre si, bem como alcançar um espaço de formação interprofissional, de modo a consonar com o sistema de saúde público que dispomos no Brasil. Além disso, é no processo de protagonismo da formação que encontramos desenvolvemos habilidades necessárias para a formação em saúde e em saúde mental, tais como gestão democrática, assertividade, alteridade direcionados aos ligantes, aos orientadores e as pessoas atendidas.Um ponto importante notado, no entanto, foi a centralidade da Psicologia nas discussões de Saúde Mental, bem como seus pontos de vista e possibilidade de intervenção, o que gerou o questionamento de isso ocorrer pelo fato de, atualmente, o trabalho em Saúde Mental ser realmente centralizado na psicologia, sendo seus profissionais os principais atuantes, ou então o fato de a maior parte dos membros da Liga Acadêmica neste semestre serem alunos de psicologia, e que traziam os focos da discussão para eles próprios. Considerações finais: Com a importância da interprofissionalidade no trabalho em saúde, o desenvolvimento de ações desde a graduação que unam as diversas áreas em trabalhos e discussões em comum é muito importante, e uma das possibilidades de se realizar isso são com Ligas Acadêmicas. Em nossa experiência, os ganhos gerados pela Liga, ainda que em pouco tempo, foram tão significativos que nos coube compartilhar por meio deste relato, dado que entendemos que a experiência tem sido de grande contribuição para a nossa formação. Cabe apontar que ser ativo no processo de funcionamento e gestão da Liga nos proporcionou oportunidades que, junto às responsabilidades, nos permitiram desenvolver um compromisso social pautado em ética e cogestão com professores, ligantes e todos os envolvidos. Para que possamos nos graduar em saúde para o trabalho compartilhado, é preciso que, ainda em processo formativo, efetivamente estejamos nos envolvendo em atividades que requerem e propiciam o desenvolvimento de modo também compartilhado. Desta forma, é possível notar a importância da reorganização da Liga Acadêmica de Saúde Mental da UFSCar, com o foco específico na interprofissionalidade na Saúde Mental, que mesmo com apenas um semestre de atuação realizou atividades teóricas e práticas que trouxeram benefícios para os participantes, com a amplificação da visão de como deve ser a real atuação de um profissional da saúde, sendo, principalmente, formados para a atuação no Sistema Único de Saúde.

7828 PROCESSO CIRCULAR COMO FERRAMENTA DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: A CULTURA DE PAZ TEM ESPAÇO NA GRADUAÇÃO?
MÔNICA VILLELA GOUVÊA, NATHALIA Trindade Pimentel Simões ALCANTARA, ELISETE CASOTTI

PROCESSO CIRCULAR COMO FERRAMENTA DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: A CULTURA DE PAZ TEM ESPAÇO NA GRADUAÇÃO?

Autores: MÔNICA VILLELA GOUVÊA, NATHALIA Trindade Pimentel Simões ALCANTARA, ELISETE CASOTTI

Apresentação: O presente estudo tem como objeto práticas restaurativas desenvolvidas em cursos de graduação em saúde, em especial a ferramenta Processo Circular. A pesquisa tem como referencial teórico a Justiça Restaurativa, que  propõe abordagem inclusiva e colaborativa baseada nos valores de inclusão, pertença, solidariedade e escuta ativa e prevê a participação diversificada no enfrentamento de situações de conflitos visando a restauração das relações sociais. O estudo justifica-se na compreensão da complexidade da vida e do processo educacional de um estudante da área de saúde que não pode ser restrito à transmissão de conteúdos clínicos e especializados. As iniciativas voltadas para a educação para a paz e justiça restaurativa incorporam valores essenciais para a cultura democrática como participação, diálogo, igualdade, justiça social, respeito à diversidade e aos direitos humanos, indo ao encontro do projeto ético-político da formação em saúde. Assim, na medida em que se pretende estudar a implementação de práticas restaurativas em instituições de nível superior, espera-se adaptar e aperfeiçoar a proposta para esta realidade, tornando-o, então, mais efetivo. Dessa forma, o objetivo é avaliar com participantes de círculos, a potência formativa de práticas restaurativas desenvolvidas com alunos do curso de Odontologia da Universidade Federal Fluminense. Trata-se de pesquisa na perspectiva exploratória e descritiva de abordagem qualitativa. Em uma primeira etapa foi realizada pesquisa bibliográfica para a composição de um mapa situacional. Na segunda etapa, foram  realizadas entrevistas de aprofundamento com o objetivo de compreender a percepção de conflitos durante o processo de formação em odontologia e analisar o papel das práticas restaurativas na construção da cultura de paz em instituições de nível superior. Durante todo o processo de pesquisa foram  desenvolvidos mecanismos de busca, incentivo e apoio à coletivização de iniciativas criativas, autônomas e responsáveis ligadas às práticas restaurativas.

7849 O PAPEL DO EDUCADOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ (UNIFESSPA)
HELEN BRITO COSTA, ISABELLA PIASSI GÓDOI

O PAPEL DO EDUCADOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ (UNIFESSPA)

Autores: HELEN BRITO COSTA, ISABELLA PIASSI GÓDOI

Apresentação: O processo de ensino aprendizagem é marcado por diversas abordagens pedagógicas com o intuito de melhor contribuir para o alcance dos melhores resultados direcionados ao ensino. O ambiente acadêmico é marcado pela diversidade seja pelo perfil socioeconômico quanto às fragilidades educacionais e aos anseios dos futuros profissionais (graduandos), tornando um desafio à escolha frente à estratégia pedagógica a ser utilizada em sala de aula pelos docentes. Poucos ainda são os estudos conduzidos no intuito de avaliar a percepção do processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva dos alunos no ensino superior, sendo estes o público alvo das ações a serem realizadas. Desenvolvimento: Mediante a relevância desta temática, o presente trabalho tem como objetivos demonstrar o papel do educador no processo de ensino e aprendizagem, na percepção de alunos do curso de Ciências Biológicas, da UNIFESSPA. Realizou-se uma pesquisa descritiva com alunos do 2° ao último período do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas do Instituto de Estudos em Saúde e Biológicas (IESB/UNIFESSPA), com a utilização de entrevistas, mediante questionário previamente elaborado (20 questões), sendo estas conduzidas por uma discente do curso em novembro de 2019. O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Pará (UEPA) (CAAE: 12943619.5.0000.8607). Resultado: A partir da coleta de dados de, aproximadamente, 69% do público alvo foram entrevistados, nos quais demonstraram preferência pelas abordagens pedagógicas humanistas (52,2%) e socioeducativas (39,1%), reforçando a postura do professor a partir de um papel assistencial (63,7%) e de coordenador (23,1%). Com a preferência de aulas externas em (76,8%) para (2,9%) da aula pautada na problematização. Considerações finais: Mediante as particularidades e características da região sul e sudeste do Pará, localização da UNIFESSPA, pode-se observar que muitos são os aspectos socioeconômicos, culturais e educacionais, que podem impactar para o perfil dos graduandos em ciências biológicas, da UNIFESSPA, em suas preferências e demandas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. A partir das percepções e anseios dos alunos, obtidos com o presente estudo, têm-se melhores condições para promover juntamente com todo o corpo docente deste curso, a discussão e reflexão sobre as estratégias pedagógicas atualmente adotadas, a fim de melhor contribuir para maiores avanços frente aos resultados a serem alcançados pelos discentes.

7850 GESTÃO COMUNITÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE EMPODERAMENTO POPULAR DENTRO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Johnny David Simões Madeira, Hiago Daniel Herédia Luz, Yara Mendes Sündermann, Adriana Diniz de Deus

GESTÃO COMUNITÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE EMPODERAMENTO POPULAR DENTRO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Autores: Johnny David Simões Madeira, Hiago Daniel Herédia Luz, Yara Mendes Sündermann, Adriana Diniz de Deus

Apresentação: O Brasil é um país com grande extensão territorial e com diferenças regionais, sendo que as necessidades de saúde se diferem entre estados, municípios e nas comunidades, sejam elas ribeirinhas, quilombolas, dentre outras. Sabe-se que o direito à saúde está interligado a outros direitos, como: cultura, lazer, saneamento básico, segurança, e outros; e que esses direitos exercem influência direta sobre os determinantes e condicionantes de saúde.Apresentação: Este trabalho pretende relatar a experiência de estudantes dos cursos de graduação da área da saúde da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), na execução de um projeto de gestão comunitária, para a comunidade Morro Queimado, em Santa Maria de Itabira (MG). As ações fizeram parte do projeto de extensão “Saúde em Santa Maria de Itabira” e aconteceram nos meses de dezembro de 2018 e junho de 2019. O projeto supracitado foi composto por alunos e professores dos cursos de fisioterapia, medicina, enfermagem, psicologia, biomedicina e medicina veterinária e teve por objetivo, desenvolver ações de assistência, promoção, prevenção e gestão em saúde para comunidades do município de Santa Maria de Itabira. Desenvolvimento: As atividades de gestão comunitária do ano de 2018, aconteceram em duas etapas: na primeira houve o levantamento dos problemas da comunidade, através da metodologia da problematização; e na segunda houve uma reunião com os representantes da comunidade e de organizações do município, para definição das estratégias a serem adotadas para a resolução do principal problema levantado. A princípio, apresentou-se o projeto de extensão “Saúde em Santa Maria de Itabira” e os objetivos para com a comunidade. Posteriormente, explicou-se o funcionamento de uma das interfaces dessa extensão universitária, o Projeto de Gestão Comunitária, que teve como principal objetivo auxiliar as comunidades do Morro Queimado e do Barro Preto, situadas em Santa Maria de Itabira. Foram distribuídas sete tiras de folhas brancas para cada morador presente, em que deveria ser escrito um problema relacionado a cada grande tema elencado e exposto. Os grandes temas escolhidos foram: Saneamento Básico, Educação, Violência, Alimentação, Trabalho, Moradia/Infraestrutura e Saúde. Após escreverem os problemas, os moradores entregaram as tarjetas aos extensionistas, sem que houvesse identificação de quem as escreveu, e esses papéis foram colocados dentro de um recipiente. Cada tira foi retirada e lida em voz alta para todos, de forma que pudessem ouvir e opinar a respeito. Os problemas levantados foram posicionados em formato de tabela num mural, correspondendo a cada grande tema, descartando-se os repetidos. A segunda etapa foi realizada na Fundação São Francisco de Assis e consistiu em selecionar, dentre os problemas enumerados, a prioridade a ser trabalhada. Os moradores da comunidade do Morro Queimado foram convidados para participar dessa reunião, e nela escolheram o problema prioritário. A partir disso, estabeleceu-se objetivos e metas para a resolução dessa adversidade primordial. O principal contratempo escolhido foi a questão da água que, conforme levantamento feito na primeira etapa, estava em péssimas condições de consumo. Um dos membros da Fundação São Francisco de Assis, que estava presente na reunião, comunicou-se com funcionários da prefeitura na tentativa de aumentar a resolubilidade do problema levantado. Antes do término da reunião, conseguiu-se estabelecer contato com um funcionário da prefeitura que, de prontidão, deixou firmado o compromisso de orçar uma obra para resolver a situação. Dois servidores da prefeitura visitaram o local para avaliar a condição da água e viabilizar soluções para o problema, acompanhados pela equipe do projeto e moradores da vizinhança. A água utilizada pela população era proveniente de uma nascente que se originava dentro de uma fazenda próxima da região, e percorria uma grande extensão das imediações do terreno antes de adentrar na comunidade. Na fazenda, essa água era armazenada em duas caixas d água, que já estavam em situação precária, e em seguida, através de tubulações improvisadas, era destinada ao Morro Queimado. Nas torneiras das casas, a água saía com coloração amarelada e tinha aspecto turvo. Ademais, a maioria dos consumidores finais não ferviam a água antes do consumo, apenas passava-a em filtros comuns. A prefeitura se responsabilizou pela construção de um poço artesiano, a fim de solucionar o problema da água. Diante disso, no ano de 2019, realizou-se uma nova fase do Projeto de Gestão Comunitária para a comunidade do Morro Queimado, em que foram apresentados aos moradores e representantes da prefeitura a análise feita sobre as condições da água, pelo departamento de biomedicina da PUC Minas. Na ocasião, as lideranças locais foram convidadas a se reunirem com os moradores. Contudo, apenas um representante da paróquia da cidade compareceu. Os resultados foram enviados à prefeitura, que novamente se responsabilizou pela construção do poço, firmando um compromisso com a comunidade. Ainda, deu-se continuidade ao Projeto de Gestão Comunitária. Reuniu-se a comunidade para discutir o prognóstico dos problemas levantados em 2018. Assim, tarjetas com os sete grandes temas foram expostas em um mural, centralizadas de maneira a deixar um espaço acima e abaixo delas. Tal local foi preenchido com tiras de papéis brancos, que descreviam os problemas ainda persistentes, ou novas adversidades, elencadas acima de cada grande tema. Por sua vez, na parte de baixo agruparam-se tarjetas com possíveis soluções propostas verbalmente pelos moradores da comunidade que estavam presentes na reunião. A dinâmica funcionou da seguinte forma: dois extensionistas iam, alternadamente, incentivando a comunidade a lembrar quais foram os problemas levantados de cada grande tema, de forma que seguiam confirmando o que era lembrado e acrescentando detalhes colhidos no ano anterior. Na sequência, os  moradores eram questionados quanto ao que podiam fazer para resolver a situação e incentivados a pensar em soluções coletivas. Fez-se uma conclusão persuadindo que todos os problemas existentes poderiam ser mitigados ou solucionados mais facilmente com a união da população, ações solidárias e comunitárias. Nesse sentido, salientou-se a importância da fundação de uma associação comunitária, até mesmo para terem um representante oficial para fazer contatos com a prefeitura da cidade. Resultado: Houve uma ótima aceitação da ideia por parte dos presentes, e inclusive uma moradora, já tida como referência de liderança para a comunidade, se prontificou a liderar a associação a ser criada. Ressalta-se que, os moradores aderiram prontamente à ideia de empoderamento, e se conscientizaram muito bem da dinâmica de grupo. De forma que,  já no dia seguinte, na ocasião da despedida da equipe de extensionistas, convidada para almoçar na comunidade, fizeram uma dinâmica equivalente à dos universitários, elencando os pontos positivos da capacitação para a população do local, o que foi muito comovente e gratificante para os extensionistas. Considerações finais: Conclui-se que, as iniciativas de gestão, são mecanismos necessários na promoção da saúde e contribuem com o empoderamento de comunidades que muitas vezes não conhecem seus direitos. É importante a participação social no âmbito das políticas sociais e de saúde, para que essas populações desassistidas, ganhem espaço e representação pública. Avaliamos as ações como efetivas, porque conseguimos mobilizar os moradores da comunidade e o poder público para solucionar os problemas enfrentados pela população. Faz-se necessária a criação de uma associação de moradores atuante, que consiga se articular de maneira efetiva e dialogar com o poder público para obter os direitos que são garantidos por lei.

7855 SAÚDE DA CRIANÇA PARAENSE NA ATENÇÃO BÁSICA: ARTICULAÇÃO ENTRE ENSINO, PESQUISA SERVIÇO E GESTÃO
Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Marcio Mariath Belloc, Karol Veiga Cabral, Leandro Passarinho Reis Júnior

SAÚDE DA CRIANÇA PARAENSE NA ATENÇÃO BÁSICA: ARTICULAÇÃO ENTRE ENSINO, PESQUISA SERVIÇO E GESTÃO

Autores: Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Marcio Mariath Belloc, Karol Veiga Cabral, Leandro Passarinho Reis Júnior

Apresentação: O presente trabalho apresenta a estruturação e resultados preliminares de uma pesquisa sobre o Programa MultiCampi Saúde da Universidade Federal do Pará. Tal Programa propõe uma integração entre ensino e serviço para qualificar a formação profissional dos discentes e profissionais da atenção básica, em consonância com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança no Sistema Único de Saúde. Participam de Programa graduandos dos cursos da área da saúde: medicina, enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, farmácia, nutrição, biomedicina, psicologia e serviço social, envolvendo os respectivos Institutos. Os discentes realizam vivências em saúde da criança nas seguintes cidades: Belém, Abaetetuba, Bragança, Cametá, Castanhal e Soure. São acompanhados por supervisores e preceptores da universidade e preceptores das unidades de saúde dos municípios. As cidades foram escolhidas levando em conta a extensão territorial, diversidade regional e intrarregional, demanda populacional e organização dos campi da universidade nesses territórios. Nesta perspectiva, são desenvolvidas ações de ensino, prevenção e atendimento nas diversas áreas que abrangem a saúde da criança de acordo com as necessidades observadas nos territórios e nos serviços. A concepção que guia tal projeto parte do princípio de que a educação permanente e a discussão dos processos de trabalho em saúde, com foco na saúde da criança, são de extrema importância para a qualificação da atenção e das condições de saúde da população e, sendo assim, é desenvolvido a partir de uma articulação ensino-serviço. Uma articulação que precisa da constituição de um processo formal de levantamento de dados, reflexão e produção de conhecimento, suficientemente potente para qualificar a atenção à saúde da criança no âmbito do Sistema Único de Saúde, em especial, no Estado do Pará. Em uma revisão da literatura sobre internação hospitalar de crianças brasileiras, doenças do aparelho respiratório, infecções parasitárias e afecções perinatais foram as causas de internações mais frequentes. Entre os estudos que analisaram as situações sensíveis à atenção básica, pneumonias, gastroenterites e asmas brônquicas foram as causas mais apontadas. Somam-se a essa realidade outros dados relevantes a partir do pacto de metas que envolvem o governo federal, estados e municípios (2015). Tais dados demonstram que a cobertura da atenção primária no Pará está entre as menores da região Norte, 58,03%, enquanto o Tocantins alcança patamares acima da média nacional, 91,29%. Em relação às internações sensíveis à atenção básica, o Pará apresenta o maior percentual de 41,07%, enquanto Amapá apresentada 21,43%. Quanto à mortalidade infantil, o estado do Pará apresenta uma taxa de 15,40 óbitos por mil nascidos vivos. E mais, se analisamos a mortalidade infantil por município no estado, verificamos uma enorme variação e assimetria. De municípios como Cachoeira do Arari e Ourém, respectivamente com taxas de mortalidade infantil de 3,03 e 3,33, até Soure e Trairão com taxas de 36,65 e 45,25. Com a maioria dos municípios com taxa acima do preconizado pela OMS, a capital, Belém, apresenta a mortalidade infantil de 13,55. Acompanham essas alarmantes taxas de mortalidade infantil o cenário em que vários municípios paraenses encontrarem-se com baixo IDH. Um importante âmbito de atuação da atenção básica é a saúde integral da criança e, sendo assim, a formação e o envolvimento permanente dos profissionais de saúde dos municípios, torna-se estratégico para a superação destas assimetrias e desigualdades regionais. A atenção integral à saúde da criança entende de forma ampla a inserção na prática do acompanhamento e vigilância do desenvolvimento infantil; a utilização da caderneta de saúde da criança com práticas de puericultura e aleitamento materno e atenção integrada às doenças prevalentes na Infância (AIDPI). Por tratar-se de questão relevante para a saúde coletiva, as vivências, experiências e formação dos alunos dos cursos da área da saúde nesta temática, são de suma importância. Nessa perspectiva o Programa MultiCampi Saúde da UFPA tem como objetivo oportunizar aos alunos participantes dos cursos elencados vivenciar práticas na rede de serviços de saúde, em especial da atenção básica, nos municípios selecionadas e aos profissionais da atenção básica a oportunidade da ação-reflexão das ações no cotidiano dos serviços. As temáticas estão em consonância com a Política de Atenção da Criança e a realidade do território. Esta relação ensino-serviço possibilita a transformação do aprendizado na formação dos alunos, qualificação da prática dos profissionais nos serviços, possibilitando a mudança de práticas inadequadas e impacto na realidade dos usuários, incorporando tecnologias do serviço para o ensino e vice-versa. Para que tal objetivo seja alcançado, faz-se necessário um processo de reflexão que integre as práticas de cuidado desenvolvidas, as estratégias de educação na saúde, a formação acadêmica para atuação nesse contexto, bem como a educação permanente dos atores envolvidos. Práticas que estabeleçam uma modalidade de pesquisa que articule as dimensões acima apresentadas, configurando-se como um dispositivo para alcançar as metas estabelecidas pelo Programa e, como efeito do mesmo, a melhoria do cuidado ofertado à população diretamente relacionada à produção de conhecimento que retorna à sociedade paraense. Trata-se de uma pesquisa-intervenção que se presentifica nas próprias ações de atenção à saúde da criança e de educação permanente neste âmbito desenvolvidas no Programa MultiCampi Saúde. Os procedimentos da pesquisa são baseados em técnicas metodológicas que envolvem: l levantamento bibliográfico; diário de campo; relatórios produzidos por discentes e preceptores; rodas de conversa; entrevistas semiestruturadas – os preceptores e discentes serão entrevistados no que se refere à prática do acompanhamento à Política Integral de Saúde da Criança nos municípios, preferencialmente realizadas nas unidades de saúde que participaram os discentes e preceptores que foram selecionadas. Como técnica de análise do material das entrevistas, será utilizada a Análise de Núcleo de Sentido. Sendo assim, o objetivo geral é analisar as contribuições do Programa MultiCampi Saúde para a qualificação da formação dos discentes e da atenção integral à saúde da criança, tendo como objetivos específicos: descrever os efeitos do Programa MultiCampi Saúde na formação dos discentes e na educação permanente dos docentes envolvidos; conhecer os efeitos do Programa MultiCampi Saúde na atuação dos profissionais e nos territórios onde é desenvolvido; produzir conhecimento sobre as soluções regionais e locais às questões da gestão, atenção e participação da comunidade no âmbito da saúde da criança; produzir conhecimento sobre estratégias de educação permanente a partir da articulação ensino e serviço O presente trabalha apresentará e debaterá sobre as questões que envolvem a construção e execução dessa pesquisa, bem como seus resultados preliminares. 

7863 PROGRAMA DE TUTORIA EM SAÚDE COLETIVA PARA CALOUROS DO CURSO DE ODONTOLOGIA
MÔNICA VILLELA GOUVÊA, LUANA CLEMENTINO CORDEIRO, Elisete Casotti

PROGRAMA DE TUTORIA EM SAÚDE COLETIVA PARA CALOUROS DO CURSO DE ODONTOLOGIA

Autores: MÔNICA VILLELA GOUVÊA, LUANA CLEMENTINO CORDEIRO, Elisete Casotti

Apresentação: A formação em odontologia no país ainda tem amplo caráter cirúrgico-restaurador. Na tentativa de ampliar o foco da graduação, formando profissionais generalistas e conscientes de sua responsabilidade social, atendendo as necessidades da saúde pública como preconizadas pela Constituição de 1988, o curso de Odontologia da Universidade Federal Fluminense implantou em 2013 um novo currículo que prioriza a integração entre conhecimentos “básicos” e “profissionais”, individuais clínicos e de saúde coletiva. Nesse contexto a Coordenação do curso de Odontologia e o Instituto de Saúde Coletiva vêm aprimorando suas relações e desenvolvendo estratégias pedagógicas na expectativa de despertar desde os períodos iniciais, para a atuação no sistema de saúde brasileiro. Nesse contexto atua o Programa de Tutoria que visa atender e orientar alunos ingressantes nos cursos de graduação da UFF nos seus períodos iniciais da vida universitária.Tal orientação é feita por alunos regularmente inscritos em cursos de pós-graduação strictu sensu da própria Universidade, sob a coordenação de professores. A partir da tutoria os alunos são convidados a conhecer territórios de saúde pública em que o profissional de odontologia atua, bem como debater com os tutores a respeito do SUS. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliara atuação do projeto de tutoria nos últimos anos. Os alunos que foram convidados a participar forneceram seu e-mail pessoal para envio das perguntas, o período em que participaram, a frequência de participação e o nome de seus tutores. Questionários foram enviados para 90 pessoas envolvidas no projeto (78 alunos matriculados a entre 2014.1 e 2018.1, 7 tutores e 4 professores) pela plataforma do “Google forms”. Destes, 38 responderam a questionários específicos para cada forma de atuação no projeto. Com respostas avaliadas qualitativamente, foi possível concluir que, na opinião dos participantes, as vivencias possibilitadas pelo Programa de Tutoria em saúde Coletiva têm  gerado qualidade na formação em odontologia na UFF, oportunizando precocemente ao aluno de graduação: maior conhecimento de seu curso e universidade; espaços para o exercício de atividades de cunho reflexivo e crítico; conhecimento do campo da saúde coletiva, percebendo-o como importante área de atuação em saúde; aproximação com discussões transversais fundamentais para a formação em saúde, destacando-se a ética aplicada, em especial na abordagem de conflitos nas relações interpessoais. O Programa desmistifica a representação usual de que a odontologia é restrita ao ambiente privado e clínico, e amplia a percepção dos espaços de atuação dos dentistas. Também contribui para diminuir a insatisfação e evasão, uma vez que alunos que estavam na dúvida sobre a escolha de curso acabaram se identificando com alguma das áreas de atuação apresentadas pelo Programa e optaram por permanecer na graduação. Por fim, trata-se de importante estratégia que converge com a implementação do novo currículo da Faculdade de Odontologia da UFF e com as Diretrizes Curriculares Nacionais, sendo capaz de revelar cidadãos críticos, reflexivos e diferenciados no conjunto de estudantes de odontologia, evidenciando para os alunos o seu lugar e função no cuidado da saúde da saciedade além do consultório.

7869 CONCEITO DE DIALOGICIDADE NA PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM INICIANTES
Thaina Ramos Freire, Maria Regina Araujo Reicherte Pimentel, Milena Ramos Ribeiro Silva

CONCEITO DE DIALOGICIDADE NA PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM INICIANTES

Autores: Thaina Ramos Freire, Maria Regina Araujo Reicherte Pimentel, Milena Ramos Ribeiro Silva

Apresentação: Este estudo tem como objeto a percepção  dos acadêmicos de enfermagem sobre o conceito de dialogicidade. Uma das estratégias de avaliação na subárea educação em enfermagem é a sistematização de conceitos, que complementam os conteúdos teórico-práticos abordados em sala de aula. Três dos quatro textos, são os três primeiros capítulos do livro Pedagogia do oprimido, que não são apresentados em sequência. No trabalho  referente ao terceiro capítulo, discute-se a dialogicidade como essência da educação, buscando-se também a identificação de estratégias para implementar o método problematizador. A construção da Subárea Fundamental-Educação em enfermagem pressupõe que, ao conhecerem as metodologias de ensino-aprendizagem mais comumente utilizadas na saúde, os estudantes de enfermagem saberão escolher a que se aplica em uma proposta de saúde coletiva que preza pela autonomia do indivíduo, família e comunidade, como princípio de educação e saúde. A compreensão da dialogicidade como estratégia de ação de educação e saúde junto à população desde o primeiro período faz com que o acadêmico de enfermagem aplique-a em sua formação a cada contato no aprimoramento técnico-científico humanizado, o que torna relevante este estudo. Após o desenvolvimento das atividades, surgiu o seguinte questionamento: Qual a percepção  que os estudantes apresentaram sobre o conceito de dialogicidade? O objetivo deste trabalho é analisar a percepção dos estudantes sobre o conceito de dialogicidade expressos nos trabalhos apresentados no primeiro período na subárea educação em enfermagem. O propósito da subárea Educação em enfermagem é que o acadêmico de enfermagem compreenda a educação como prática social determinada, expressa nos processos de ensino-aprendizagem aplicados em ações educativas concretas, integrante da dimensão educativa do perfil profissional do Enfermeiro. A metodologia pedagógica implementada visa a elaboração, por partes dos estudantes, de ações educativas de promoção da saúde, considerando a particularidade  dos grupos sociais e dos distintos processos de vida, saúde, trabalho e adoecimento, com referencial da problematização, fundamentado na dialogicidade entre educador e educando. Um dos pressupostos da problematização é que o educando seja sujeito ativo do processo ensino-aprendizagem, em que a dialogicidade é eixo central, permitindo a intermediação de saberes e práticas vivenciadas por profissionais e população. Método: Pesquisa de natureza exploratória, descritiva, de abordagem qualitativa, do tipo documental. Utilizou-se como fonte 24 trabalhos de sistematização de conteúdo sobre o capítulo três do livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire. A coleta de dados foi realizada em dezembro de 2018, a partir de instrumento de coleta de dados, em que se buscou levantar as perspectivas em torno do conceito de dialogicidade percebidas pelos estudantes. Após a análise temática dos documentos, identificou-se três categorias: o diálogo e seus elementos, o diálogo como ampliação do olhar do estudante sobre determinada realidade e o diálogo e suas consequências. Resultado: O diálogo como espaço de ação e reflexão no processo educativo foi identificado por 17 estudantes, enquanto dois identificaram apenas como um espaço para reflexão. Ao estabelecer uma ação educativa por meio do diálogo, é possível refletir sobre a realidade com base em teorias que a fundamentam, pensando em novas formas de atuar sobre ela, deixando de ter uma visão restrita para uma visão de totalidade, o que permite transformar o mundo. Na primeira categoria analisada, identificou-se humildade, amor e respeito como elementos essenciais para desenvolver diálogo no processo educativo. Também foram citadas a fé, esperança e confiança no outro, no entanto com menor frequência. Na segunda categoria, os estudantes compreenderam que a educação dialógica possibilita uma troca de saberes entre os indivíduos participantes que constroem um conhecimento de forma conjunta, estabelecendo uma relação horizontal. Por fim, na terceira categoria, os estudantes constataram que a libertação do oprimido é consequência da prática dialógica, pois esta permite o desenvolvimento da consciência crítica e noção de totalidade que consiste em visualizar situações de maneira totalizante. Quando o cuidado de enfermagem está baseado nesta concepção freireana, o ato de cuidar-educar acontece em uma relação horizontal, dialógica, recíproca e verdadeiramente humana, produzindo impactos positivos na qualidade da assistência. Isso significa que cuidar é um construtivo diálogo. No Brasil, o modelo assistencial adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), indica a necessidade da atuação  do enfermeiro em caráter crítico e reflexivo, na busca de soluções aos problemas relacionados à condição de vida e saúde dos indivíduos. A Diretriz Curricular Nacional do curso de graduação em enfermagem institui que a formação do enfermeiro deve ter ênfase no SUS, atendendo as necessidades sociais de saúde e assegurando a integralidade da atenção e qualidade do atendimento e humanização do atendimento. O cuidado humanizado percebe o ser humano como um ser único e insubstituível, completo e complexo, o que inclui o respeito, o acolhimento, a empatia, a escuta, o diálogo, circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, além da valorização dos significados que são atribuídos às experiências de adoecimento, prevalecendo a comunicação dialógica. Nesse sentido, percebe-se que os problemas da realidade social da população demandam uma discussão que pode ser realizada por meio da problematização de Paulo Freire. Na ENF/UERJ o currículo é estruturado de maneira integrada, permitindo que os estudantes façam essa discussão de humanização a partir do primeiro inicial. Na subárea Assistencial I - Saúde, Trabalho e Meio Ambiente I, são feitas as primeiras aproximações com a comunidade, vivenciando um olhar sobre a determinação da saúde. Ao final desta subárea, os graduandos desenvolvem ações educativas fundamentadas na problematização, com valorização para a dialogicidade. Concomitantemente, em Assistencial II - Promovendo e Recuperando a Saúde Mental I, há discussão de empatia, observação e acolhimento. Assim os conteúdos ministrados nas áreas Assistencial e Fundamental são articulados, visando formar profissionais que respeitem o ser humano no seu direito à liberdade e dignidade, e portanto aptos a oferecer cuidados no contexto cultural e social. Considerações finais: Os estudantes compreenderam o conceito de dialogicidade como um espaço de ação e reflexão, sendo necessário amor, humildade, respeito, fé e confiança no outro para ser capaz de dialogar. Realizar uma ação educativa, problematizadora, permite que todos exponham seu ponto de vista, pois o diálogo favorece a escuta sensível e permite interação entre profissionais e usuários, sendo portanto indispensável no exercício profissional do enfermeiro. Consequentemente, há desenvolvimento do pensamento crítico que leva a liberdade do sujeito e da capacidade de ver situações com noção de totalidade.

7886 BORDANDO EXPRESSIVIDADES CRIATIVAS NA FORMAÇÃO NA SAÚDE
Carla Pontes de Albuquerque, Giane Moliari Amaral Serra, Thaís Salema Nogueira de Souza

BORDANDO EXPRESSIVIDADES CRIATIVAS NA FORMAÇÃO NA SAÚDE

Autores: Carla Pontes de Albuquerque, Giane Moliari Amaral Serra, Thaís Salema Nogueira de Souza

Apresentações: Ainda que a racionalidade biomédica seja hegemônica na tessitura do campo da saúde, porosidades acontecem no cotidiano dos territórios formativos. Como renda de labirinto, este relato conta vivências que buscam desfiar mecanicidades e durezas, tramando tessituras e narrativas sensíveis que tragam singularidades, pluralidades e possibilidades de experienciar e produzir cuidado. Há muitas tensões relacionais nas graduações da saúde, a prevalência de sofrimento mental e outras adversidades nas comunidades universitárias é significativa. Tecnologias e ferramentas metodológicas educacionais são evocadas, na maioria das vezes reproduzindo fragmentações entre objetividades e subjetividades, prevalecendo a perspectiva instrumental da razão moderna. O Biopoder engendra uma cultura baseada no controle de corpos e na pretensão da certeza através do domínio pela ciências, no entanto tal regime de verdade se mostra reducionista para compreensão da complexidade da vida contemporânea. Uma assistência baseada exclusivamente em protocolos tende à ser insatisfatória e distanciada do cuidar. Linhas fugidias surgem aos bordar os desenhos pré concebidos no tecido aderido ao bastidor. Há quem borde ousando experimentar outros pontos, meandros e cores. Não se trata do simples enfeitar mas do ato poético e político de criar. Mais potente ainda, é a criação compartilhada em processos coletivos que requerem encontro na confecção do patchwork, no qual ainda que haja sentidos consensuais previamente, emergem novos fluxos e desenhos na rede que vai se tecendo. A urdidura da tecelagem se faz numa permanente interlocução entre macro e micropolíticas que engendram forças ora instituintes ora instituídas. Dispositivos visando práticas na saúde mais interativas e inclusivas como a Política Nacional de Humanização / Humaniza SUS (2003), a Política Nacional de Educação Popular em Saúde (2013) e a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (2014) foram construídas a partir de ativismos de coletivos acadêmicos, profissionais de saúde, usuários e movimentos sociais. Mesmo que tais portarias signifiquem perspectivas mais progressistas, a capilaridade destas no cotidiano dos serviços de saúde e da academia não se efetiva de forma imediata, tendo em vista desconhecimentos e resistências desempenhadas na roupagem da Biomedicina. O eixo da Saúde Coletiva nas graduações da saúde em universidades tradicionais opera frequentemente agenciamentos que visam trazer porosidades à argamassa biomédica. Na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), as disciplinas Prática em Saúde 1 (Territórios de Vida) no primeiro período de Medicina e Educação Alimentar e Nutricional no sétimo período de Nutrição, não obstante os diferentes campis e momentos na grade curricular, nos últimos seis anos têm tecido interessantes aproximações tendo como mote – Cartografias dos Territórios de vida dos estudantes e da cidade. A palheta de matizes vai se constituindo a partir das diversidades culturais e populacionais encontradas, a detecção de redes vivas de cuidado ativadas cotidianamente envolvendo pessoas, grupos e movimentos na efetivação de políticas públicas inclusivas e a escuta da percepção dos profissionais de saúde que lá atuam em relação a estas questões. As cadencias da educação popular e da educação permanente na saúde vão penetrando neste patchwork em processo - problematizando as vivências no trabalho de campo (territórios de vida) desenvolvido coletivamente (grupos de 5 a 10 estudantes) em cada disciplina. Nos registros das vivências (portfólio) e na produção conceitual decorrente são estimuladas expressividades criativas e lúdicas, poéticas, como dramatização/expressão corporal, produção de murais nas dependências das escolas (com colagens, desenhos, assemblagem), realização de curta documentário, dentre outras. A cada semestre, ocorrem também rodas de conversas com professores, ativistas, trabalhadores e pesquisadores nos temas tratados nas disciplinas. Nas tramas em tessitura, além dos tópicos elencados nas ementas das disciplinas, emergiram temáticas como Decolonialidade (na problematização de matrizes econômicas e teóricas), do Bem Viver (na busca de outras epistemologias para pensar a saúde ambiental para além do antropocentrismo e o capitalismo) e da Segurança Alimentar (evidenciando a violência rural e urbana dos grandes grupos econômicos na produção de danos ambientais e sociais, de morbidade e mortalidade de forma mais contundentes em grupos vulneráveis mas também  significativo prejuízo à saúde da população como um todo). Interessante perceber que a cada semestre acadêmico, as disciplinas vão ganhando novos pespontos e desdobrando novos desenhos a serem bordados. A qualificação permanente docente acontece nas teias do bordamento – na riqueza da borda, da qual a agulha fura os muros acadêmicos, alcançando territórios de vida. Há quatro anos, compõe também este patchwork, o projeto de extensão “Produção de sentidos e diversidades expressivas na formação interativa e interdisciplinar na saúde”. Integram este ateliê/oficina itinerante, docentes e estudantes das graduações de saúde da UNIRIO, profissionais de saúde da rede municipal de saúde, escolares e professores da rede pública de educação, artistas plásticos, ativistas sociais, dentre outros. Conhecidas como Cartografias Expressivas, as oficinas têm acontecido em diversos territórios como Colégio Pedro II (campus Engenho Novo), Encontro Estadual dos Sem Terrinha (crianças do MST), Núcleo de Educação e Saúde da Escola de Nutrição, Comissão Estadual de Direitos Indígenas do Rio de Janeiro, Semana de Integração Acadêmica da UNIRIO, unidades básicas da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Hospital Universitário Gaffrée Guinle, dentre outros. Neste último ano, tem sido bordado com carinho agenda com docentes da Escola de Teatro, Escola de Música e Escola de Educação da UNIRIO – trata se da composição do Estandarte Encontro de Saberes - coletivo que reúne em cortejo almejado docentes, estudantes, pesquisadores e mestres populares de várias universidades brasileiras (no Rio de Janeiro: UNIRIO, UFRJ, UERJ e UFF) na constituição de espaços formativos que incluam cultura, práticas e saberes populares. Trazer ao campo formativo e investigativo acadêmico existente nas universidades brasileiras - que em geral têm sua genealogia epistêmica relacionada exclusivamente às tradições europeias e norte americanas, outras epistemologias (as chamadas do Sul) - cosmovisões que não estão capturadas pelo antropocentrismo e também não se restringem à produção de conhecimento à ótica competitiva do mercado, pode ser uma possibilidade de bordar novos sentidos. Entre os grandes desafios para a tessitura de uma formação na saúde para o cuidado, que  dialogue mais com as diversidades populacionais na superação da desigualdades existentes, sublinha se a dificuldade da integração curricular em cada curso (dos eixos das Ciências Experimentais, do Clínico, da Saúde Coletiva e das Humanidades na Saúde),  o diálogo com movimentos sociais e a oportunização de vivências interprofissionais entre as graduações das diferentes categorias na saúde e também destas com graduações de outas áreas de conhecimento (Humanas, Artes, Jurídicas e Políticas, dentre outras). Cuidar requer cuidar de quem cuida, esta consigna não é nova, contudo cabe dizer da vivência nos encontros/ateliês/oficinas de patchwork, que entre silêncios e falas, emergem frequentemente narrativas pessoais de afecções tristes, os quais são escutados pelos que estão a bordar. A proposta dos encontros não é especificamente terapêutica, mas é percebida a potência do acolhimento nos processos dos respectivos coletivos. As artes expressas nos bordados, tessituras, narrativas e poesias têm se apresentado como dispositivos desterritorializantes em relação aos encarceramentos da racionalidade biomédica. No entanto, faz se necessário o cuidado com as capturas instrumentais no que tange a interface entre arte e saúde (seja de uma ou de outra), ..., este patchwork está ainda sendo bordado.

7897 A CONTRIBUIÇÃO DO ESTÁGIO DOCENTE PARA A FORMAÇÃO DO EDUCADOR E REFLEXÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA
Raquel Medeiros Angelim, Mônica De Rezende

A CONTRIBUIÇÃO DO ESTÁGIO DOCENTE PARA A FORMAÇÃO DO EDUCADOR E REFLEXÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA

Autores: Raquel Medeiros Angelim, Mônica De Rezende

Apresentação: Este relato discorre sobre uma vivência de estágio docente, ocorrida durante o segundo semestre de 2019, na disciplina Trabalho de Campo Supervisionado 1B (TCS1B), de 2o período, obrigatória para graduandos do curso de medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói-RJ. O estágio faz parte do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da UFF (mestrado acadêmico) e tem como um de seus objetivos incentivar a formação de professores para o nível superior. A disciplina tem como tema central a produção do cuidado em saúde, na perspectiva da integralidade e da equidade. Para viabilizar o trabalho de campo com os alunos, a turma foi dividida em seis grupos de quinze alunos. Cada grupo possui um recorte específico para abordar a produção do cuidado em saúde: (1) uso de álcool e outras drogas; (2) HIV/AIDS; (3) populações vulnerabilizadas; (4) promoção da saúde e qualidade de vida; (5) cidadania; e (6) saúde mental. A experiência desse relato refere-se ao trabalho realizado com o grupo de populações vulnerabilizadas, que buscou aproximar os estudantes de questões relacionadas a esses grupos populacionais com as quais, provavelmente, eles terão que lidar em algum momento futuro da atuação profissional. Uma etapa importante do trabalho nessa disciplina é o planejamento. Como ela é uma continuação do Trabalho de Campo Supervisionado 1A (TCS1A), obrigatória para o 1º semestre da graduação em Medicina, toda a sua organização e estruturação é pensada e trabalhada coletivamente, por todos os docentes envolvidos nos TCS1 A e B. O TCS1A tem como tema central ‘Saúde e Cultura’, na perspectiva da diversidade e do direito à saúde. É, também, dividida em pequenos grupos, a saber: (1) infâncias; (2) adolescências; (3) mulheres; (4) parentalidade; (5) envelhecimento; (6) espiritualidades; (7) identidade profissional; e (8) pessoas com deficiência. O primeiro momento do planejamento coletivo das disciplinas visa garantir a continuidade, na passagem dos alunos entre elas. Em seguida, são pactuados os temas transversais e as atividades integradoras, a serem desenvolvidas com os grupos conjuntamente, tanto do 1A quanto do 1B. Com essa agenda articulada, cada professor se reúne com seu grupo para definir campos a serem visitados e textos a serem lidos e discutidos. As atividades do grupo de Produção do Cuidado à Saúde de Populações Vulnerabilizadas, no qual o estágio docente a ser relatado foi desenvolvido, foram divididas em momentos de campo, levando os estudantes ao encontro das populações vulnerabilizadas ou a espaços em que fosse possível observar, refletir e discutir sobre os aspectos e singularidades da saúde de determinados grupos populacionais, e em momentos de debate e reflexão em sala de aula. Em sala, o diálogo era sempre valorizado e as provocações para reflexão aconteciam por meio de leituras de textos ou por situações hipotéticas, de modo que, mesmo os alunos estando em sala, fosse possível inseri-los em situações que se assemelhassem a algumas realidades, estimulando-os a pensar sobre possíveis atuações que pudessem abarcar as demandas de saúde apresentadas, visando atendê-las em sua integralidade. Para aprofundar o entendimento de vulnerabilidade e integralidade em saúde, foram utilizados os textos 'A integralidade na prática (ou sobre a prática da integralidade)', de Ruben Mattos (2004), e 'O conceito de Vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios' de José Ricardo Ayres e colaboradores (2003). Neste último, o conceito de vulnerabilidade em saúde é apresentado a partir de um deslocamento conceitual da noção de risco, com três qualidades importantes: é multidimensional (não binária), gradativa (não unitária) e instável. Ou seja, em uma mesma situação estamos vulneráveis a alguns agravos e não a outros, estamos sempre vulneráveis em diferentes graus – a vulnerabilidade não responde ao modelo ‘sim’ ou ‘não’ – e as dimensões e graus de vulnerabilidade mudam ao longo do tempo e em diferentes contextos. A partir desta perspectiva de que as pessoas não ‘são’ vulneráveis, mas ‘estão’ vulneráveis a algo, em algum grau e forma, e num certo ponto do tempo e espaço, foi possível compreender o caráter relacional de qualquer situação de vulnerabilidade, associada a um determinado contexto e, consequentemente, sua relevância para trabalhar o cuidado em saúde numa abordagem interdisciplinar. Outra importante referência, lida e discutida em sala de aula, foi o texto “O que é lugar de fala” da Djamila Ribeiro. Embora a autora faça a discussão teórica a partir das questões do feminismo negro, buscamos extrapolar a reflexão, por entender ser importante aprofundar os dois conceitos apresentados no livro: ‘lugar de fala’ e ‘representatividade’. Tais conceitos se mostraram importantes para trabalhar a escuta dos futuros profissionais médicos no processo de cuidado das pessoas que compõem os grupos populacionais vulnerabilizados, entendendo a escuta, no momento do encontro profissional-usuário, como uma potente ferramenta da tecnologia relacional para a prática de atenção à saúde. Desta forma, o campo caracterizava-se pelo contato direto e diálogo com representantes de populações vulnerabilizadas. Neste semestre foi possível dialogar com indígenas, negros quilombolas, transexuais e usuários da rede de saúde mental. Foi possível observar um leque de possibilidades e demandas de cuidado em saúde que caminham junto com esses sujeitos e seus espaços de representatividade coletiva. Em todos os momentos dos encontros realizados durante o estágio, foi experimentado, pela estagiária, o papel de aprendiz da docência, permitindo: observar e projetar situações desafiadoras para o professor que acredita numa formação emancipadora e crítica; compreender e valorizar o importante papel docente na formação de futuros profissionais de saúde comprometidos com o SUS, utilizando o questionamento da saúde coletiva para problematizar as práticas assistenciais curativas desprovidas de contextualização e acolhimento de demandas. O estágio docência realizado na disciplina de Trabalho de Campo Supervisionado contribuiu, principalmente, para que a docência seja percebida e compreendida como um trabalho em que teoria e prática se afetam mutuamente, pois ambas são portadoras e produtoras de práticas e saberes, o que necessariamente implica em envolver os diferentes sujeitos abrangidos nesse processo. Essa experiência fez refletir para além do que pretendia ou pensava ser suficiente para a atuação no campo da docência. Fez refletir sobre as implicações políticas do docente que busca ampliar e aproximar futuros profissionais de diferentes realidades de atuação, uma visão necessária para formar profissionais que se enxerguem, também, dentro de atuações políticas capazes de contribuir para a justiça social na atenção e cuidado dentro da saúde pública. Também fez repensar a própria formação e atuação da estagiária enquanto profissional de saúde que vivenciou o cotidiano do Sistema Único de Saúde, fazendo entender que o percurso profissional, daqui para frente, construído na e pela docência, necessita ser norteado pelo compromisso com a atuação profissional para o cuidado em saúde e para o fortalecimento do SUS.

7905 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO ESTRATÉGIA FUNDAMENTAL NA FORMAÇÃO MÉDICA
Daniel Bastos Alves Lima, Luiz Henrique Pitanga Evangelista dos Santos, Alcione de Almeida Silva, Clavdia Nicolaevna Kochergin

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO ESTRATÉGIA FUNDAMENTAL NA FORMAÇÃO MÉDICA

Autores: Daniel Bastos Alves Lima, Luiz Henrique Pitanga Evangelista dos Santos, Alcione de Almeida Silva, Clavdia Nicolaevna Kochergin

Apresentação: Desde 2014, com as novas diretrizes curriculares nacionais (DCNs), a formação médica passa por mudanças curriculares, visando suprir a demanda de médicos que sejam engajados e atentos às questões sociais e preparados de forma mais abrangente para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, as articulações entre teoria e prática, necessitam perpassar por conhecimentos e aprendizagens que possibilitem ao estudante uma formação médica com imersão no sistema de saúde e seu cotidiano, no que tange as reais condições de saúde da população brasileira. Esta articulação pode ser consolidada por meio de um dos tripés da Universidade - a extensão universitária. Assim, diante desse cenário, o resumo visa demonstrar a importância da extensão universitária para a formação dos estudantes de medicina da Universidade Federal da Bahia – campus Anísio Teixeira, a partir da atuação em um projeto de extensão, no município de Vitória da Conquista – BA. Sabe-se que a Universidade pública deve garantir acesso dos estudantes ao tripé ensino, pesquisa e extensão, garantindo formação completa do sujeito para a sociedade. Ao que tange à extensão, cabe descrever a experiência no projeto, que é financiado pelo ministério da saúde e pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Apresentando como objetivo o rastreio, controle e prevenção da hipertensão arterial e diabetes mellitus em unidades de atenção à saúde, de alguns municípios. O foco a essas duas doenças, justifica-se por serem patologias que representam grande prevalência no contexto mundial, além de caracterizar-se como um problema de saúde pública no Brasil. Dessa forma, o projeto realiza “feiras de saúde” como forma de rastreio das pessoas que podem possuir, ou não, a doença. Elas são realizadas aos fins de semana, nos mais diversos bairros do município de Vitória da Conquista, com o objetivo de alcançar o máximo de usuários possível. São oferecidos nas feiras: práticas de atividade física, atividades relacionadas à educação em saúde, aferição de pressão arterial, verificação de glicemia e medidas antropométricas. No projeto, utilizamos a plataforma digital (KOBO) que permite ao bolsista inserir dados para que estes possam ser devidamente analisados. Os dados são coletados por meio do prontuário eletrônico do cidadão (PEC), implantada no município também pelo projeto; além do prontuário físico. Essas informações acabam mostrando o estado de saúde da população, constituindo-se como uma forma de controle. Então, é possível coletar informações importantes sobre todo o itinerário terapêutico do usuário e se este está indo com certa periodicidade as consultas. A plataforma auxilia, também, na avaliação quantitativa da efetividade do projeto. Ao mesmo tempo que a coleta é feita, os bolsistas conseguem se aproximar cada vez mais da atenção básica à saúde, desenvolvendo vínculo com os profissionais. Basicamente, temos contato com recepcionistas, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, odontólogos, agentes de saúde bucal, segurança patrimonial e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS); possibilitando assim, a familiarização com os processos de trabalho desenvolvidos na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e com o território de atuação da unidade. O vínculo com os profissionais e conhecendo melhor esta ação, o bolsista consegue promover – junto à unidade - atividades de prevenção e promoção da saúde, além de estratégias de acompanhamento dos pacientes. Logo a atuação deste estudante, para além dos muros da Universidade se concretiza também por meio da realização de visitas domiciliares com as ACS, salas de espera e planejamento, participação nos “grupos de usuários hipertensos e/ou diabéticos”. Viabilizando, desta maneira a continuidade da linha de cuidado dos pacientes atendidos na Unidade de Saúde da Família (USF). Na atuação deste projeto de extensão, tornou-se necessário desenvolver uma escuta qualificada para compreender as necessidades dos usuários e dos próprios profissionais das unidades. E com esta extensão, foi notável a possibilidade de aprimorar conhecimentos basilares que tangem a formação médica. Pois, a sensibilidade ao cuidado com o outro é de fundamental importância na formação médica atual, bem como na futura atuação profissional. Ao mesmo tempo, foi perceptível, que a prática na atenção básica promove ao estudante correlacionar outros saberes desenvolvidos na universidade. Logo se torna prático, que os conhecimentos teóricos da farmacologia, semiologia, fisiologia e de outras áreas, acabem sendo aplicados na extensão, consolidando o saber e garantindo uma formação mais integral. Podemos colocar em prática algumas técnicas semiológicas, como também correlacionar e associar os conteúdos de farmacologia e fisiologia analisando o itinerário terapêutico do paciente ou até mesmo fazendo a leitura de um receituário. Ademais, a interdisciplinaridade é muito observada no projeto, tanto entre os estudantes bolsistas, orientadores, na equipe da USF e em todos os ramos da rede de atenção primária. Dado que, no projeto possuem bolsistas de todos os cursos da área da saúde, permitindo ao estudante de medicina interagir com estudantes de todos os cursos da área, conhecendo o papel e importância de cada profissional. Sendo assim, está foi uma experiência que possibilita ainda na formação uma ideia do que deve ser um trabalho em equipe. A extensão é um eixo do tripé que a universidade pública oferece, com o objetivo de formar um sujeito mais completo para a atuação às necessidades da sociedade. É um elo importante para a formação médica atual, no momento em que quebra o modelo tradicional de ensino e consolida um modelo que permite o estudante estar em contato com a população, compreendendo as iniquidades existentes e desenvolvendo práticas que possibilitem a melhoria do estado geral de saúde da sociedade. Hoje, há uma linha de pensamento muito forte em relação a humanização do sujeito e do cuidado. Está claro que a formação médica tecnicista não dá conta de atender as necessidades da população brasileira, ao mesmo tempo que diminui a relação médico-paciente. Dessa forma, busca-se humanizar as práticas de cuidado, dando-lhe ao acadêmico subsídios para que cada vez mais ele possa compreender os pacientes de maneira integral, valorizando a escuta e a relação médico-paciente. E isso pode ser concretizado, por meio do elo extensionista. Destarte, projetos de extensão fazem com que o estudante não se prenda apenas ao conteúdo dado em sala de aula, mas que valorizem o quão importante é a experiência prática. E especificamente a participação neste projeto, possibilita a ampliação dos horizontes a respeito das práticas de rastreio, controle e prevenção de doenças crônicas. Sendo assim, esta proposta se configura como uma prática de extensão que possibilita ao estudante de medicina uma formação completa, ao mesmo tempo que insere o discente no SUS em geral e na atenção primária.