482: Mulheres: tecendo vozes, saberes e redes.
Debatedor: Adicéa de Souza Ferreira
Data: 31/10/2020    Local: Sala 08 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
7203 SUBJETIVAÇÃO DE MULHERES EM MOVIMENTOS SOCIAIS: PRODUÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE E DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Ana Renata Moura Rabelo, Kênia Lara Silva

SUBJETIVAÇÃO DE MULHERES EM MOVIMENTOS SOCIAIS: PRODUÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE E DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Autores: Ana Renata Moura Rabelo, Kênia Lara Silva

Apresentação: Trata-se de um recorte de tese de doutorado sobre o envolvimento de enfermeiras em movimentos sociais de mulheres e suas implicações para a prática de cuidado. Adota-se o referencial teórico de Michel Foucault sobre processos de subjetivação, compreendidos como resultantes de uma postura na qual o indivíduo tem a possibilidade de constituir sua própria identidade pela consciência de si, ao trabalhar e pensar sobre si mesmo. Parte-se do pressuposto de que as desigualdades de gênero são ainda realidades sociais com impactos na saúde. O cuidado em saúde é uma possibilidade de visibilizar perspectivas subjetivas negligenciadas, oprimidas ou desconhecidas. Neste sentido, os movimentos sociais são espaços de potência das manifestações macro e micropolíticas. O objetivo deste trabalho é analisar a participação da Enfermagem em movimentos sociais, identificando publicações sobre subjetivação destas mulheres. Desenvolvimento: Trata-se revisão integrativa, conduzida nas bases Scopus e internet os Science, além dos bancos BVS, (sem sugestões)/Medline e Scielo, orientada pela questão norteadora: “A participação em movimentos sociais ou ativismos feministas se conforma enquanto dispositivo de subjetivação de mulheres? Como?”. O recorte temporal realizado foi de 2009 a 2018. Como resultante dos processos de elegibilidade foram encontrados 18 artigos nas línguas português, inglês e espanhol. Resultado: Os artigos incluídos se vinculam especialmente às Ciências Sociais, em diversas áreas do conhecimento, tais como: Antropologia, Sociologia, Psicologia e Filosofia. Há escassez de publicações que se ocupam com processos saúde-doença, tendo sido encontrado apenas um estudo vinculado às Ciências da Saúde que se centra nos impactos de um golpe de Estado sobre enfermeiras e profissionais, adotando a prática em saúde de um modo político e social. Apesar de ser largamente utilizado nas Ciências Sociais, o referencial de Subjetivação é ainda pouco presente nos estudos das Ciências da Saúde. Ademais, os movimentos sociais de mulheres parecem ser objetos de estudo ainda pouco explorados pela área. Diante dos achados permanecem algumas indagações provocativas: Como transladar para a prática em saúde e em enfermagem os indicativos do potencial de transformação de realidades e produção de vida que há nos movimentos sociais? Entendendo que os fenômenos em saúde são também sociais, qual a aproximação hoje das Ciências da Saúde com as Ciências Sociais? No campo de saúde das mulheres quais temáticas tem sido estudadas e a quais correntes de pensamento se vinculam? Qual o valor dado a cada um e quais estranhamentos estão relacionados ao feminismo na academia? Como lidam os corpos de mulheres (maioria dos profissionais em saúde são mulheres) com pesquisas na perspectiva feminista? Considerações finais: O campo de investigação se apresenta como de grande complexidade e deposita-se sobre ele grandes expectativas de avanços nas lutas por redução das de igualdades. Demarca-se que é preciso praticar um olhar situacional que considera o contexto político vivido, questionar e problematizar a posição da mulher na sociedade. Essa prática é um modo de politizar o cuidado exercido por mulheres-enfermeiras nos movimentos sociais.

7207 ENFERMAGEM E MOVIMENTOS SOCIAIS DE MULHERES: PANORAMA DE UM VASTO CAMPO DE PESQUISA E DE PRÁTICA
Ana Renata Moura Rabelo, Kênia Lara Silva

ENFERMAGEM E MOVIMENTOS SOCIAIS DE MULHERES: PANORAMA DE UM VASTO CAMPO DE PESQUISA E DE PRÁTICA

Autores: Ana Renata Moura Rabelo, Kênia Lara Silva

Apresentação: Este trabalho é parte de uma tese de doutorado que tem como objeto de estudo os processos de subjetivação de enfermeiras envolvidas em movimentos sociais de mulheres. Sustenta-se em referenciais que embasam entendimentos acerca: da importância dos movimentos feministas na luta por redução das desigualdades de gênero nos dias contemporâneos; dos movimentos sociais como espaços que impulsionam a (re)existência de corpos e vidas mais críticas e criativas e da prática de Enfermagem em uma perspectiva política – a politicidade do cuidado. O objetivo do estudo é analisar a conformação dos movimentos sociais de mulheres e a participação da Enfermagem nestes espaços. Desenvolvimento: Foi adotada a abordagem qualitativa por meio da Pesquisa-Interferência. Na caixa de ferramentas para produção dos dados estão incluídos referenciais e instrumentos de observação-participante com registro em diários de campo da pesquisadora, roteiros de entrevistas abertas em profundidade seguidas de analítica do discurso. O conjunto de dados empíricos resulta da observação de 17 eventos ocorridos na Região Metropolitana de Belo Horizonte MG, no período de novembro de 2018 a setembro de 2019, totalizando cerca de 72h de observação-participante e 74 páginas de Diário de Campo. As entrevistas conduzidas até o momento não foram incluídas neste recorte da tese. Resultado: Os eventos acompanhados tinham diversas vinculações como: acadêmicos (mesas redondas e eventos científicos); festivos e culturais (desfiles de blocos de carnaval, peças teatrais e lançamento de livros); eventos conduzidos por conselhos de participação popular; audiências públicas legislativas; atos públicos; rodas de conversa com gestores, trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante a participação nos eventos a pesquisadora esteve atenta a aspectos como: a pauta defendida neste espaço, a expressão das mulheres que dele participam (vestimentas, falas, expressões verbais), as vias e os desvios dos assuntos definidos nas pautas e, ainda, possíveis identificações de enfermeiras. No conjunto de eventos acompanhados foram identificados 28 movimentos sociais/coletivos de mulheres, com demarcação de pautas relacionadas à: agricultura familiar, posse de terra, identidade de gênero/ orientação sexual, prostituição feminina, movimento estudantil, sindicalismo, raça/cor, empreendedorismo feminino, câncer da mulher, violência contra a mulher, participação política das mulheres, judicialização em saúde, humanização do parto e nascimento. Em alguns eventos não foram identificadas mulheres vinculadas a movimentos específicos ou foram identificados coletivos que não possuem uma causa específica, como a Marcha Mundial de Mulheres. No entanto, na linguagem e atitudes de tais mulheres observava-se um discurso comum de visibilizar a desigualdade política, econômica e social dos sexos e lutar pela mudança das condições atuais vividas, por direitos e interesses das mulheres. Diversas denúncias de expressões de desigualdades, com efeitos sobre os corpos das mulheres, foram feitas nesses espaços: violência contra a mulher, violência obstétrica, racismo, reforma trabalhista, reforma da previdência, homofobia, morte materna, desigualdades regionais, crimes ambientais, avanço do estado não laico, coronelismo no interior do estado, intersecção entre orientação sexual, raça/cor e condição socioeconômica/ de moradia, falta de acesso/inadequação das políticas públicas, criminalização do aborto, uso de drogas e álcool, armamento, condições sociais da população em situação de rua. Importante demarcar que os eventos observados também se caracterizavam como espaços de análise da conjuntura política e dos efeitos nas vidas das mulheres. No contexto temporal da pesquisa a morte de Marielle Franco foi mencionada e denunciada em diferentes circunstâncias. Apesar dos direitos sexuais e reprodutivos serem uma pauta antiga dos movimentos sociais foi pouco abordada diretamente pelos movimentos. Sobre as práticas de saúde, no conjunto de dados empíricos analisados, é possível identificar denúncia de discursos essencialistas, marcados por fronteiras e regimes de verdade e que se reproduzem em sistemas disciplinares e normalizadores. Em um evento sobre a visibilidade negra, por exemplo, uma palestrante destacou o racismo institucionalizado nos serviços de saúde expresso em tratamento diferenciado a quem paga ou não (SUS versus privado) e a pessoas negras comparativamente às brancas. Também em um evento sobre o enfrentamento da violência contra a mulher uma representante de movimento social, envolvida com a implementação de políticas públicas, relatou que muitas feministas que assumiram cargos políticos foram cooptadas e abandonaram as lutas. Também foi apontada a relação entre morte materna e raça/cor e uma profissional da saúde atuante na área da saúde mental denunciou a prática comum de responsabilização de mulheres em uso de drogas. Apesar dos desafios, foram citadas estratégias de resistência e biopotência no campo da saúde. Uma técnica de enfermagem e conselheira de saúde mencionou que é preciso eliminar o racismo, os movimentos negros precisam ocupar espaços de participação social e promover novos modos de promoção da saúde das mulheres. Também uma gestora pública no âmbito dos direitos humanos destacou os ganhos nas políticas públicas pelos aprendizados com os movimentos sociais. As ativistas apontaram ainda a necessidade de mais mulheres feministas ocuparem cargos políticos e de gestão pública. A necessidade de manter postura de resistência ao lado “das minorias” e de se manterem unidas também é um discurso coletivo. O sistema público de saúde como uma política de estado foi citado como um avanço fundamental para a vida das mulheres. Especificamente os eventos relacionados ao Carnaval foram mencionados pelas mulheres ativistas como um ato político de demarcação das necessidades e lutas feministas e por isso foram inseridos também na produção dos dados. Um dos blocos acompanhados, por exemplo, sugeria que os foliões agissem “Sem qualquer tipo de preconceito”, respeitassem o “Não é não” e entendessem que “Carnaval não é mercadoria”. No decorrer da produção de dados a Enfermagem não foi evidenciada explicitamente, ou seja, as mulheres não se apresentavam sob a titulação de Enfermagem e/ou não mencionavam essa atuação profissional. Em raros casos essa menção foi realizada, mas sem que as participantes tivessem estabelecido relação entre discurso feminista, militância pela causa das mulheres e a atuação na Enfermagem. Nas conversas informais foram identificadas algumas enfermeiras envolvidas em movimentos sociais. Considerações finais: Em uma postura de reflexividade, enquanto mulher, pesquisadora e enfermeira, a doutoranda se viu pensando em como as práticas de Enfermagem se relacionavam a esse espaço, as denúncias e estratégias apresentadas e quais possibilidade de cuidado poderiam existir sustentadas ou influenciadas pela participação em espaços de ativismo social feminista. Parece se confirmar a tese de que a participação de mulheres-enfermeiras nos movimentos sociais, como prática de enfermagem, se caracteriza como um dispositivo de “subjetivação de si” e de produção de cuidado. A vivência do campo tem sido de extrema riqueza na formação enquanto pesquisadora. De modo a dar lugar a tais reflexões estão sendo construídas cenas dos movimentos sociais, em uma opção estética pelo diálogo com as artes e em um exercício de deixar falar o campo, as vivências. Além disso, as fases subsequentes envolvem a realização de entrevistas que possam visibilizar a narrativa das enfermeiras envolvidas em movimentos sociais.

7510 POLÍTICAS DE SAÚDE VOLTADAS PARA SAÚDE DA MULHER NO CONTEXTO HISTÓRICO DO BRASIL (1983-2011)
Lívia de Souza Câmara, Vanessa Curitiba Félix, Ana Paula Assunção Moreira, Leila Rangel da Silva, Selma Villas Boas Teixeira, Cristiane Rodrigues da Rocha

POLÍTICAS DE SAÚDE VOLTADAS PARA SAÚDE DA MULHER NO CONTEXTO HISTÓRICO DO BRASIL (1983-2011)

Autores: Lívia de Souza Câmara, Vanessa Curitiba Félix, Ana Paula Assunção Moreira, Leila Rangel da Silva, Selma Villas Boas Teixeira, Cristiane Rodrigues da Rocha

Apresentação: A conquista dos direitos das mulheres ocorreu tardiamente às discussões dos direitos dos cidadãos e dos direitos humanos. A entrada da mulher no mercado de trabalho foi o momento primário das lutas pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, e isso ocorreu somente em meados do século XIX, nos países desenvolvidos, e, no Brasil, somente no século XX. A luta das sufragistas no Brasil, iniciou em meados do século XIX. Desenvolvimento: Trata-se de uma breve análise conceitual abordando a história da inserção do cuidado à mulher no contexto da saúde, sendo representados pelas políticas públicas inseridas no Brasil. As políticas de atenção à saúde das mulheres foram formuladas a partir de amplas e complexas discussões, e trouxeram contribuições para o processo de transformação no modelo de saúde. Esse processo é dinâmico e acompanha as transformações da sociedade, trazendo consigo um avanço especial na constante busca da saúde da mulher. A soberania de um Estado advém dos cidadãos que têm igualdade perante a lei. A política e a economia também estão separadas nos estados capitalistas e constituem um paradoxo, porque o conceito de cidadania remete à igualdade de direitos e deveres, enquanto o sistema econômico vigente para os cidadãos se fundamenta na desigualdade econômica e diferenciação entre classes. Resultado: No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 1930, 1950 e 1970, ilustravam uma visão restrita sobre a mulher, baseada em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares. Em 1983, o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) foi elaborado na perspectiva da necessidade de ampliação ao atendimento da mulher na sua integralidade, em todo o seu ciclo de vida. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PNAISM foi elaborada em 2004, a partir do diagnóstico epidemiológico da situação da saúde da mulher no Brasil e do reconhecimento da importância de se contar com diretrizes que orientassem as políticas de Saúde da Mulher. A PNAISM teve como base o Programa de Atenção Integral de Saúde da Mulher - PAISM, elaborado, em 1983, no contexto da redemocratização do país/ Conferência de Alma-Ata (1978) e com a participação dos movimentos sociais e de mulheres, em especial o movimento feminista. A PNAISM foi constituída com a parceria dos diferentes departamentos, coordenações e comissões do Ministério da Saúde. Incorporou também contribuições do movimento de mulheres, do movimento de mulheres negras e de trabalhadoras rurais, de sociedades científicas, de pesquisadores e estudiosos da área, de organizações não governamentais, de gestores do SUS e de agências de cooperação internacional, baseada na integralidade da assistência à saúde da mulher, reforçando relevância das ações preventivas em relação à violência de gênero contra a mulher. Ao final, a PNAISM foi submetida à apreciação do Conselho Nacional de Saúde e à Comissão de Saúde da Mulher (CISMU) desse Conselho. Trata-se, portanto, de um documento legitimado por diversos setores da sociedade e pelas instâncias de controle social do Sistema Único de Saúde. É relevante mencionar que ao analisar as Políticas Públicas voltadas para as mulheres, existe uma parte expressiva, subgrupos, programas voltados para saúde materno-infantil, como a Rede Cegonha (RC) do ano de 2011, Mãe-Canguru por exemplo, que incluem ações dirigidas as mulheres gestantes e recém nascidos. Tais programas e subprogramas envolvem focalização das políticas sociais, ao elegerem mulheres gestantes (e seus filhos) como grupo de risco. Considerações finais: No que se refere à atenção à saúde da mulher, não resultaram, em sua maior parte, de movimentos sociais locais. A inclusão de ações dirigidas à mulher é o resultado, em primeiro lugar, da influência da esfera local de diretrizes da política nacional de saúde e dos programas federais de saúde, influenciadas por uma agenda externa, mundial, característica da organização da área da saúde. Em segundo lugar, a incorporação das ações voltadas à mulher está relacionada a movimentos e entidades de mulheres, via feminista, em âmbito nacional, como é o caso da inclusão de temas como contracepção e sexualidade. Na perspectiva do PNAISM, revela um potencial de empowerment das mulheres, pois estas passam a ter condições de tomar decisões sobre seu próprio cotidiano. As mulheres, elas não recebem apenas tratamento de saúde, como também têm acesso a informações que as capacitam a tomar decisões relativas à sua saúde, à sexualidade, à contracepção e ao planejamento reprodutivo.

8397 DISCURSOS SOBRE IMPULSO SEXUAL MASCULINO: A NATURALIZAÇÃO DE UMA CONSTRUÇÃO MORAL E SOCIALMENTE ACEITA
Laura Rego da Silva, Rosane Machado Rollo, Liliane Spencer Brocier, Délisson Pereira da Luz, Norma Berenice Almeida Barros, Tainá Suppi Pinto, Rosa da Rosa Minho dos Santos, Cristianne Famer Rocha

DISCURSOS SOBRE IMPULSO SEXUAL MASCULINO: A NATURALIZAÇÃO DE UMA CONSTRUÇÃO MORAL E SOCIALMENTE ACEITA

Autores: Laura Rego da Silva, Rosane Machado Rollo, Liliane Spencer Brocier, Délisson Pereira da Luz, Norma Berenice Almeida Barros, Tainá Suppi Pinto, Rosa da Rosa Minho dos Santos, Cristianne Famer Rocha

Apresentação: O comportamento sexual masculino é geralmente aceito como decorrência de um conjunto de prerrogativas morais vigentes no senso comum e, portanto, simples reflexo direto das características pertencentes ao sexo masculino. Com o passar do tempo, a existência de uma sexualidade masculina impulsiva e incontrolável foi sendo normalizada como padrão biológico, o que provoca nos indivíduos o sentimento de inimputabilidade sobre seus próprios atos, já que estariam socialmente amparados em uma condição natural de seus corpos e desejos. Percebe-se, diante de inúmeras atrocidades relatadas pela mídia, que sempre que um ato torpe é praticado, o agressor acessa outro tipo de julgamento. É comum, por exemplo, diante da prática do crime de estupro, nomear o executor da ação como “monstro” ou “doente”. O fato é que quando se nomeia o agressor dessa forma, a gravidade da ação perde força, pois além do corriqueiro ato de desconfiar da legitimidade do relato da vítima ou ainda buscar um motivo “plausível” para a agressão, a responsabilidade acaba sendo considerada como de cunho patológico e clínico ou é anulada, tornando a dimensão do ato inevitável, podendo tirar a seriedade e credibilidade do acontecimento. Ainda sobre a discussão da “culpabilidade/inculpabilidade” do agressor, também é comum se naturalizar o fato com as usuais perguntas, durante o relato das vítimas, sobre suas vestes no momento do crime ou outras questões relacionadas à aquela que sofreu a violência, insinuando que talvez suas roupas inapropriadas pudessem ter sido a verdadeira causa do ato, já que a exposição excessiva do corpo pode provocar no homem o desencadeamento desse irrefreável impulso carnal e, portanto, a culpa não é somente dele. Através de uma pesquisa qualitativa em notícias publicadas na imprensa a respeito de agressões de cunho sexual, buscou-se entender de que forma se constroem narrativas a respeito do impulso sexual masculino e, no limite, o quanto tais discursos produzem verdades socialmente aceitas e inquestionáveis.

8891 DESCOLONIZANDO O GÊNERO: MULHERES NEGRAS E NÃO BRANCAS, UMA REFLEXÃO CIENTÍFICA.
Natasha Batilieri Rodrigues, Thiago Gomes de Oliveira, Thais Moreira Gama, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Maria Francisca da Silva Amaral, Sâmara da Silva Ferreira, Adriana dos Santos Ferreira, Antonia Honorato da Silva

DESCOLONIZANDO O GÊNERO: MULHERES NEGRAS E NÃO BRANCAS, UMA REFLEXÃO CIENTÍFICA.

Autores: Natasha Batilieri Rodrigues, Thiago Gomes de Oliveira, Thais Moreira Gama, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Maria Francisca da Silva Amaral, Sâmara da Silva Ferreira, Adriana dos Santos Ferreira, Antonia Honorato da Silva

Apresentação: Este trabalho busca refletir sobre o movimento chamado “feminismo descolonizado” ou “feminismo negro”. Com a sensibilidade de mostrar a ótica e as perspectivas da mulher negra (não branca) apresentando a necessidade dessa representatividade, diferenciando do feminismo hegemônico. Desenvolvimento: Relato de experiência da disciplina Saúde Coletiva do Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD) da Fundação Oswaldo Cruz Amazônia Resultado: O feminismo é um movimento social, político, filosófico que visa os direitos igualitários entre homens e mulheres. No entanto, esse “feminismo” é considerado hegemônico, ou seja, é um movimento que compartilha uma visão eurocêntrica, universalizante e representa a mulher branca, heterossexual, de classe média, pois não considera as singularidades, outros tipos de discriminações e contextos históricos, sociais de outras mulheres, como: as negras, indígenas, ribeirinhas. Aborda os estereótipos e objetificação sofridos pela mulher negra e as opressões as quais ela está suscetível. Com base na leitura e discussão, observou-se que a sociedade brasileira, em pleno século XXI, representa esta mulher em três modelos: a doméstica, a mulata e a mãe preta. Essas representações são derivações históricas, do período da escravidão e que infelizmente foram repassadas ao longo das décadas. É explicitado que a dificuldade da inserção da mulher não branca referente a vida acadêmica e os entraves que ela mesmo se submente, devido ao conceito ocidental de intelectualidade ser considerado racista e sexista, e a insistência cultural de que as mulheres negras são vistas como seres sexuais, com propósito de servir aos demais. O texto reafirma que o conhecimento é uma arma importante de intervenção e transformação na vida destas pessoas, onde há transferência do objeto ao sujeito, ocorrendo a descolonização e libertação de suas mentes, visto que é importante o entendimento e apoio da comunidade acadêmica para a permanência e autoaceitação destas mulheres. Considerações finais: Com base nos textos de apoio e toda discussão entre discentes e docentes no decorrer da disciplina, propiciou o raciocínio crítico fortalecendo levando a reflexão da relevância da temática, e principalmente a representatividade da comunidade feminina negra, evidenciando as particularidades dentro do universo feminino e a importância de reconhecer as opressões, as perspectivas das mesmas. Obter uma visão descolonizada, é ser livre das amarras do senso comum para criticar, entender e ressignificar as singularidades de cada indivíduo, entender principalmente a conjuntura vivida pela mulher negra, respeitar as pluralidades e o lugar de fala das mesmas na sociedade.

9118 FATORES QUE LEVAM AO ABORTO NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Ana Vitória dos Santos Menezes, Caroline Lima de Freitas, Izabele Grazielle da Silva Pojo, Aimê Mareco Pinheiro Brandão, Luiza Soares Pinheiro

FATORES QUE LEVAM AO ABORTO NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores: Ana Vitória dos Santos Menezes, Caroline Lima de Freitas, Izabele Grazielle da Silva Pojo, Aimê Mareco Pinheiro Brandão, Luiza Soares Pinheiro

Apresentação: O abortamento é caracterizado pela expulsão do feto com menos de 500 gramas, ou menos de 20 semanas. Vem sendo reconhecido como problema de saúde pública, devido ao grande impacto social, emocional e físico, que acarreta na mulher. Dessa maneira, objetiva-se neste trabalho evidenciar os principais fatores que levam uma gestante ao processo de abortamento no Brasil, a fim de propor reflexão sobre as causas sociais, principalmente, bem como sugestões para a melhoria dessas condições. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada a partir da pesquisa de artigos nas bases de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), publicados entre os anos de 2015 a 2018, com textos completos disponíveis em português. Utilizaram-se como descritores: aborto, fatores de risco e causalidade. Resultado: A amostra final desta revisão se constituiu por 7 artigos, nos quais foram discutidos os diversos fatores que estão empregados na prática do aborto, sejam fisiológicos ou sociais, sendo os principais: gravidez indesejada, paternidade ausente, violência sexual, condições habitacionais, situação socioeconômica, idade materna, uso de álcool e drogas, e a infecção pelo vírus do HIV. Considerações finais: De acordo com os dados coletados, observou-se que apesar de ilegal (excetuando-se alguns casos), o aborto se faz presente na realidade de muitas brasileiras, sendo decorrente, muitas vezes, de causas multifatoriais, tanto no que tangem aspectos biológicos da mulher, quanto sociais. Diante disso, reforça-se a necessidade da implementação do acesso aos serviços de saúde em todas as suas instâncias frente às situações de aborto, principalmente para as mulheres que são desfavorecidas socioeconomicamente, já que estas são privadas de um serviço eficaz que promova qualidade de vida.

8194 O RECONHECIMENTO DO DIREITO À SAÚDE DAS MULHERES SOB A PERCEPÇÃO DO MOVIMENTO DE MULHERES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
MARCELLA NEIVA ROMERO, MARIA FERNANDA TERRA

O RECONHECIMENTO DO DIREITO À SAÚDE DAS MULHERES SOB A PERCEPÇÃO DO MOVIMENTO DE MULHERES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Autores: MARCELLA NEIVA ROMERO, MARIA FERNANDA TERRA

Apresentação: O movimento feminista luta pelos direitos das mulheres na sociedade. Essa luta envolve a busca pela igualdade na participação na política, na vida social e econômica, no acesso a trabalho e renda, saúde, moradia, autonomia e liberdade de expressão. Essa busca por igualdade é importante e se destaca na saúde brasileira, quando, a partir da luta do movimento social, com participação intensa das mulheres, junto do movimento da Reforma Sanitária, se estabelece o Sistema Único de Saúde (SUS) como um sistema de saúde universal a toda a população. Reconhecendo que a luta popular e dos movimentos é fundamental para a efetivação da saúde como um direito, esse trabalho busca Identificar como o movimento social de mulheres reconhece a garantia do direito à saúde das mulheres nos serviços de Atenção Primária à Saúde. Desenvolvimento: Pesquisa qualitativa elaborada a partir de entrevistas, realizadas no mês de julho de 2016, com três feministas da Organização Não Governamental União de Mulheres de São Paulo após concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - CAAE: 56141416.6.0000.5479. As entrevistas foram baseadas em um roteiro semiestruturado, criado pelas autoras; foram gravadas, transcritas e analisadas posteriormente a partir do método análise de conteúdo que destaca a importância de cada dado coletado e valoriza o sentido das palavras de acordo com o tema central do projeto para descrevê-lo. Resultado: Sobre as entrevistadas os nomes das mulheres foram modificados de modo a garantir o sigilo e a privacidade conforme as determinações do CEP. Na análise das entrevistas, emergiram temas que foram estruturados em três categorias: 1ª Garantia do acesso à saúde; 2ª Reprodução da violência e 3ª Formação profissional. Na categoria Garantia do acesso à saúde, o tema que se destaca é o aborto, como tema pouco debatido e pouco garantido mesmo mediante ao direito legal descrito na lei. A não garantia desse direito, na concepção das entrevistadas, oferta risco a saúde das mulheres, quebrando a lógica de cuidado do setor saúde e a negação, segundo elas, está diretamente relacionada a prática assistencial baseada em julgamentos, preconceitos. Somado ao tema do aborto, aparece o tema dos direitos sexuais e reprodutivos descritos na constituição como um direito a ser garantido pelo Estado, mas que são pouco trabalhados na perspectiva da autonomia dos sujeitos, principalmente das mulheres. Nesse contexto, as entrevistadas trazem que a educação sexual não é plenamente discutida nos serviços de saúde, e, quando abordadas, são feitas a partir da oferta ou imposição de métodos contraceptivos principalmente às mulheres adultas, pobres, negras e com vários filhos, perpetuando o pensamento materno-infantil, sem considerar seus aspectos individuais e de autonomia quanto a viver e a usufruir de seus direitos e da sua sexualidade de modo pleno. Na categoria da reprodução da violência as entrevistadas trazem a temática da violência obstétrica que se caracteriza por qualquer abuso sofrido pela mulher quando ela procura o serviço de saúde por questões relacionadas ao pré-parto, parto e pós-parto e nesse sentido as entrevistadas ressaltam que essa violência está relacionada ao recorte de raça, classe e gênero, além da impossibilidade de se dialogar a respeito do parto, pois entende-se que o diálogo perpassa a condição socioeconômica e é baseada no viés racial – construído após décadas de exploração humana baseadas em características fenotípicas que foram e são usadas, para a reprodução de discriminação, preconceitos e exclusão do sujeito, sendo traduzido na não oferta de atendimento em saúde de forma adequada. Ainda sob o aspecto da violência, discutido na segunda categoria, discute-se a violência obstétrica, também na perspectiva de gênero, que se caracteriza pela relação desigual a qual a mulher foi posta na sociedade, que foi baseada no patriarcado. Desse modo a mulher é vista como um ser vulnerável, que circula na sociedade possuindo menos poder que os homens, o que legitima ações de abuso contra elas. Por fim, tratando-se da categoria formação profissional, as entrevistadas descrevem a falta de humanização profissional na assistência ofertada às mulheres durante o parto nos serviços de saúde e a literatura reforça essa fala afirmando que os profissionais de saúde prestam uma assistência permeada por preconceitos e juízo de valores que são decorrentes de uma ideologia histórica, construída sob o patriarcado, que influencia na maneira de conduzir um atendimento em saúde. E sob a perspectiva das violações sofridas pela mulher, a postura profissional é ainda mais inadequada, pois o profissional não considera o desequilíbrio imposto socialmente no que se trata das relações entre mulheres e homens – questões relativa à gênero - e todas as queixas são postas a prova e por muitas vezes desconstruídas; consequentemente ocorre a omissão de atendimento ou a prestação de um cuidado inadequado ou insuficiente que traz prejuízo à saúde da mulher e pode expor ela a risco de vida. Como enfrentamento a essa assistência de má qualidade, as pesquisas trazem a necessidade de uma formação acadêmica que dê mais subsídios para a prestação de uma assistência deslocada dos juízos de valores pessoais de cada profissional de saúde. Considerações finais: O SUS tem o controle social como um princípio para a construção de políticas públicas e para a garantia do direito à saúde, desse modo, o movimento de mulheres tem um papel de extrema importância no que se refere à garantia dos direitos em saúde das mulheres. Nesse sentido é importante ressaltar que para se alcançar a plena garantia de direitos, é necessária a articulação de três pilares: o campo das políticas públicas, sob a responsabilidade de construir os caminhos para a garantia dos direitos; o campo da organização dos serviços, e o campo das práticas, para que os profissionais reconheçam as suas responsabilidades e as executem de modo a garantir os direitos das mulheres. Nesse contexto, notou-se que, apesar de leis e protocolos, o direito à saúde das mulheres, na perspectiva do movimento social de mulheres, não é plenamente garantido, pois, apesar do arcabouço legal, a prática assistencial dos profissionais de saúde, inclusive da enfermagem, são baseadas em preconceitos e julgamentos morais. Desse modo, faz-se necessário o repensar a prática assistencial a luz dos direitos humanos das mulheres e da ética profissional.

11526 ATENÇÃO À MULHER PRIVADA DE LIBERDADE: PREVALÊNCIA DOS COMPORTAMENTOS SEXUAIS E A OCORRÊNCIA DE DST’S
Melina de Paiva Bezerra Vidal, Purdenciana Ribeiro de Menezes, Zilah Pereira Barreira

ATENÇÃO À MULHER PRIVADA DE LIBERDADE: PREVALÊNCIA DOS COMPORTAMENTOS SEXUAIS E A OCORRÊNCIA DE DST’S

Autores: Melina de Paiva Bezerra Vidal, Purdenciana Ribeiro de Menezes, Zilah Pereira Barreira

Apresentação: A representação epidemiológica da figura feminina criminosa é caracterizada por uma mulher jovem, de nível socioeconômico e educacional baixo, com alto índice de desemprego e prostituição e exposição à DST’s/AIDS. Nos ambientes prisionais, as condições nem sempre são adequadas e a superlotação é comum. A múltipla paridade, abuso sexual e a qualidade de vida propriamente dita, são aspectos que podem contribuir para o aumento da ocorrência de DST’s/AIDS. Tendo como objetivo verificar o comportamento sexual e a ocorrência de DST’s em mulheres privadas de liberdade de unidades prisionais femininas do Estado do Ceará. Desenvolvimento: Trata-se de um recorte de dissertação de mestrado, realizada por meio de um estudo observacional, do tipo transversal. Com a população carcerária de três unidades prisionais femininas do Ceará, tendo uma amostra de 308 mulheres. Os dados foram analisados por meio do Programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa-CEP da Universidade Federal do Ceará-UFC, com aprovação sob número 012635/2018. Resultado: Sobre o comportamento sexual, foi reportado início precoce da vida sexual (M:14,4±6,2), com baixo número de parcerias nos último três meses (M:0,3±0,5) apesar da média de 2,5 visitas íntimas por semana. O comportamento sexual predominante foi o heterossexualismo (220/307- 71,9%) e o bissexual foi o menos referido pelas internas (30/307-9,8%), na maioria das vezes (71,9%) iniciado antes da prisão. Aproximadamente 25,0% possuem histórico de prostituição por, em média, 6,5 meses (±16,1), apresentando alto percentual (166/307-54,1%) de relato de algum tipo de DST, ocorrida antes da prisão em 92,7%. Na testagem rápida para HIV/Sífilis e Hepatite B realizado nas instituições pesquisadas foram encontrados 35 (12,8%) e um (0,4%) casos positivados, respectivamente. Considerações finais: Observou-se comportamento sexual é promíscuo em grande prevalência, bem como a presença ativa de diagnósticos de doenças sexualmente transmissíveis.

7151 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES UTILIZADAS PARA EXTERIORIZAÇÃO DE SENTIMENTOS VIVENCIADOS POR UMA ADOLESCENTE GRÁVIDA
Dheise Ellen Correa Pedroso, Sarah Bianca Trindade, Márcia Eduarda Dias Conceição, Viviane de Souza Bezerra, Izabele Grazielle da Silva Pojo, Luzilena de Sousa Prudêncio, Nely Dayse Santos da Mata

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES UTILIZADAS PARA EXTERIORIZAÇÃO DE SENTIMENTOS VIVENCIADOS POR UMA ADOLESCENTE GRÁVIDA

Autores: Dheise Ellen Correa Pedroso, Sarah Bianca Trindade, Márcia Eduarda Dias Conceição, Viviane de Souza Bezerra, Izabele Grazielle da Silva Pojo, Luzilena de Sousa Prudêncio, Nely Dayse Santos da Mata

Apresentação: A experiência da gravidez vivida na adolescência é, de fato, um acontecimento que desencadeia uma série de sentimentos, os quais na maioria das vezes são negativos e levam ao medo da não aceitação, abandono e desprezo por parte dos familiares e amigos. Sendo assim, oferecer auxílio emocional à adolescentes grávidas também constitui um dever da saúde pública, podendo ser feito através das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS) que ajudam no gerenciamento de sentimentos e na prevenção de males emocionais. Diante disto, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência da inserção das PICS em uma roda de conversa e de que forma isso contribuiu para a exteriorização de sentimentos de uma grávida adolescente. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, vivenciada no Grupo de Extensão de Apoio à Grávidas Adolescentes (GEAGA), da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), este grupo objetiva preparar fisicamente e emocionalmente as grávidas para o parto, promovendo encontros quinzenalmente com educação em saúde, utilizando rodas de conversa. Na ocasião vivenciada, após a realização de exercícios obstétricos, as grávidas sentaram-se em círculo, as luzes foram apagadas, com a irradiação de pouca luz das janelas formou-se a penumbra, houve a utilização de óleos essenciais no ambiente para possibilitar melhor relaxamento e pediu-se para que se concentrassem na música a ser tocada. No decorrer da canção, uma das grávidas adolescentes põe-se a chorar, externalizando suas emoções até então guardadas, deixando que fossem compartilhadas e até mesmo sentidas por outras participantes. Resultado: As PICS atuam como terapias naturais para a prevenção de agravos e promoção da saúde física, mental, emocional e social do indivíduo; dentre inúmeras práticas, percebe-se nesta experiência duas delas: aromaterapia e musicoterapia. A aromaterapia consiste na utilização de óleos essenciais para restituir a harmonia emocional do indivíduo, em consonância, a musicoterapia incorpora o som, a melodia e o ritmo para a reabilitação física e mental, estimulando diretamente o sistema límbico. Desta forma, é possível visualizar que a interação de ambas as modalidades de terapia, associada à uma roda de conversa despertou emoções profundas geradas por circunstâncias vividas pela adolescente, mas que estavam aprisionadas por si mesma devido a não verbalização de suas angústias. Com isso, destaca-se que havia a necessidade desta adolescente aliviar os seus medos e as suas inseguranças, porém este processo se torna dificultoso quando não se consegue falar abertamente, nestes casos, o ato de chorar torna-se a expressão corporal mais propícia. Em contrapartida, a não externalização de tais sentimentos poderia gerar profundas doenças emocionais e formariam um indivíduo mentalmente afetado por suas dores não compartilhadas. Considerações finais: Sendo assim, ressalta-se a eficácia e a importância da implementação das PICS nas diferentes esferas da saúde, pois estas possibilitam a reestruturação psicoemocional do sujeito, não devendo ser vista como majoritária, mas associada à medicina convencional.

7161 O CUIDADO INTEGRAL NA ATENÇÃO ÀS MULHERES: INTERFACES ENTRE INFÂNCIA, VIOLÊNCIA E LUDICIDADE
Samuel Gonçalves Pinto, Adriane das Neves Silva

O CUIDADO INTEGRAL NA ATENÇÃO ÀS MULHERES: INTERFACES ENTRE INFÂNCIA, VIOLÊNCIA E LUDICIDADE

Autores: Samuel Gonçalves Pinto, Adriane das Neves Silva

Apresentação: Ao pensar a criança e a produção da cultura infantil, podemos perceber na brincadeira uma das suas múltiplas formas de expressão: a forma como a criança se manifesta culturalmente. A brincadeira se apresenta como um meio para conhecer e observar a criança mais de perto, um momento em que a riqueza das relações favorece a produção da cultura infantil. Visando subsidiar as discussões sobre a questão da violência doméstica, através da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social – SEDESE e Secretaria de Estado de Educação – SEE/MG, apresenta o Gibi “As Marias em: Maria da Penha vai às Escolas!”, como uma alternativa que articula leitura, ludicidade e temas importantes no contexto da violência doméstica. A cartilha divulga a Lei nº 11.340/06 – Maria da Penha – nas Escolas Estaduais de Minas Gerais. Entretanto aproximar a questão do brincar, à internalização e pertencimento dos conceitos que a leitura pode fornecer, pode se apresentar como estratégia para que o combate à violência possa fazer parte do cotidiano das crianças. Objetivo: O presente projeto, tem o objetivo de permitir construções no universo infantil que se relacione com a equidade nas relações de gênero, bem como o combate à violência contra a mulher. Método: Os participantes do Projeto são alunos do 3° e 4º ano, do Ensino Fundamental, da rede estadual de ensino de Ponte Nova (MG). Os eixos norteadores dos encontros são: Respeito, Cooperação, Violência e Violência contra a Mulher. Através de um planejamento dinâmico, composto por jogos e resolução de situações problema, o tema é tratado de forma interativa e crítica. No final de cada módulo o GIBI Maria da Penha vai às Escolas é discutido e problematizado. Dentro dos Temas de Cada Encontro, o Jogo se mostra como mecanismo para o trabalho com as crianças, o planejamento de cada Encontro permite que: Conceito Central – Situação Problema Apresentada  e Experiência de Vida, se relacionem. Para que os olhares apresentados ganhem sentido no repertório psicomotor das crianças, em todos encontros dramatizações e discussões sobre ações do cotidiano são favorecidas. Discussão: Dentro dos temas de cada encontro, o Jogo se mostra como mecanismo para o trabalho com as crianças. Assim aprendizado e brincadeira mantêm uma relação próxima e precisa. O planejamento de cada encontro permite que: Conceito Central – Situação Problema Apresentada  e Experiência de Vida, se relacionem. Esse fato permite que o cotidiano das crianças se apresente. As tensões que os mesmos lidam, é por eles apresentada. Em muitos momentos relatos apresentados, consolidam a ideia da naturalização da violência no universo infantil. Para que os olhares apresentados ganhem sentido no repertório psicomotor das crianças, em todos encontros dramatizações e discussões sobre ações do cotidiano são favorecidas. Perspectivas do Projeto: Refletir sobre a utilização de Metodologias de Trabalho na Escola que discutam o Cotidiano das Crianças; Permitir o encontro com outras maneiras de se relacionar e pensar; Aproximar a Realidade Vivida com Redes de Encontro/Enfrentamento; Permitir que o Conhecimento trabalhado na Escola possa influenciar segmentos/estruturas externas; Potencializar a Escola enquanto Unidade/Espaço para TRANSFORMAÇÕES.

9026 A INCLUSÃO DO PARCEIRO DE ADOLESCENTES PRIMIGESTAS NAS AÇÕES EDUCATIVAS DE UM GRUPO DE EXTENÇÃO: FORTALECENDO VÍNCULO
Fernanda Fernandes Batista, Márcia Eduarda Dias Conceição, Marlucilena Pinheiro da Silva, Nely Dayse Santos da Mata

A INCLUSÃO DO PARCEIRO DE ADOLESCENTES PRIMIGESTAS NAS AÇÕES EDUCATIVAS DE UM GRUPO DE EXTENÇÃO: FORTALECENDO VÍNCULO

Autores: Fernanda Fernandes Batista, Márcia Eduarda Dias Conceição, Marlucilena Pinheiro da Silva, Nely Dayse Santos da Mata

Apresentação: Com a contemporaneidade, a força do papel masculino como provedor da família vem se enfraquecendo, rompendo os ideais tradicionais propagados por gerações. A inclusão paterna nas atividades educativas em saúde deve ser incentivada, mostrando aos homens que acompanhar o desenvolvimento de um filho e buscar informações sobre os cuidados a serem tomados não significa fraqueza e sim atitude de um pai presente. O objetivo do presente estudo é ressaltar a importância do parceiro participativo durante o período gestacional/trabalho de parto, tendo como alicerce as ações educativas de um grupo de extensão direcionado a primigestas adolescentes além de demonstrar como esse fator propicia o estabelecimento de vínculo afetivo entre pai e filho. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência com abordagem qualitativa acerca da vivência no Grupo de Extensão de Apoio à Grávidas Adolescentes (GEAGA) da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), que tem por objetivo orientar e preparar gestantes primigestas e seus companheiros ao exercício da parentalidade consciente. Durante as reuniões do grupo GEAGA, as gestantes e seus parceiros são orientados acerca da importância da realização dos exercícios obstétricos - realizados para prevenção de lacerações - sendo esses, realizados com o auxílio do acompanhante. Além disso, foram oferecidas diversas orientações, como posições de parto/seus benefícios, massagens de conforto e de como seus parceiros podem auxiliar no momento do nascimento. Todas essas informações são trabalhadas através de rodas de conversa, exposição de experiências familiares, vídeos educativos e outras dinâmicas em grupo, almejando o esclarecimento de dúvidas. Resultado: A gravidez na adolescência traz impactos emocionais decorrentes do pré-julgamento da sociedade, além do próprio fator endógeno como a elevação hormonal atribuída ao período gestacional. Como resultados, observou-se que as gestantes acompanhadas de seus parceiros nas reuniões, demonstraram-se mais seguras e apresentaram maior autonomia durante o parto, onde seus parceiros estimularam a realização das práticas integrativas em saúde repassadas nas oficinas do grupo, além do apoio emocional oferecido pelo acompanhante.Quando consultadas após o nascimento, as participantes afirmaram que com as ações educativas ofertadas pelo grupo, os seus parceiros tiveram uma participação mais ativa na gestação, incentivando-as a realização dos exercícios obstétricos em sua residência, a participação ativa nas consultas de pré-natal e na realização de exames.  Considerações finais: Desse modo, é imprescindível a inclusão do parceiro no processo gestacional e no auxílio do trabalho de parto, como fator fortificante do vínculo paternal, assim como do vínculo entre o casal. A relação harmoniosa entre os pais proporciona uma educação apropriada a prole, resultando no desenvolvimento infantil favorável, contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida para esta criança.

11022 SER MÃE NA UNIVERSIDADE: PERCEPÇÃO DE UMA ACADÊMICA
Talita Fernandes de Lima Silva, ANDREINA MACIEL DE SENA DOS SANTOS

SER MÃE NA UNIVERSIDADE: PERCEPÇÃO DE UMA ACADÊMICA

Autores: Talita Fernandes de Lima Silva, ANDREINA MACIEL DE SENA DOS SANTOS

Apresentação: A maternidade é um sonho e uma experiência única na vida de qualquer mulher, e nem sempre a mulher estar preparada para assumir todas as responsabilidades de uma mãe. A gravidez vem acompanhada de grandes transformações biológicas e psíquicas bem distintas, preparando corpo e mente para exercer essa sublime função.  Atualmente, no Brasil, ser mãe universitária é um problema que muitas mulheres veem enfrentando, e por vezes estar relacionado com o baixo rendimento escolar. Tendo preocupações não somente com sua vida acadêmica, mas também, com as atividades exercida no lar e tempo para cuidar dos filhos. Objetivo: Relatar uma percepção acadêmica sobre ser mãe na universidade, suas dificuldades encontradas para lidar com o cotidiano atrelado com um sucesso profissional. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, abordando a vivência de uma acadêmica do curso de enfermagem da Universidade Federal do Amazonas, e suas dificuldades em associar maternidade, lar e as diversas funções e atividades desenvolvidas na universidade que trazem consigo inúmeros preocupações com prazos de entrega de trabalhos e provas. Resultado: O presente relato vem mostrar as principais mudanças e dificuldades que uma mãe enfrenta ao longo de sua jornada acadêmica. Foram mudanças radicais, dando início uma nova etapa, em uma nova cidade, Coari, sede do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A vida universitária não é fácil, ser acadêmica de enfermagem menos ainda, mas, conciliar os dois, é uma tarefa difícil. O desgaste diário, e dedicação aos estudos acabam por deixar os cuidados do filho nas mãos de terceiros, o que aflige, afinal, tantas responsabilidades acabam por gerar uma queda no desempenho acadêmico e não acompanhar com eficácia o crescimento e desenvolvimento do filho. Infelizmente a universidade não oferece apoio de creche aos alunos, o que possibilitaria levar os filhos para a universidade. Além disso, temos noites em claro que o estudo exige e não nos esqueçamos ainda as dificuldades financeiras. Todas essas dificuldades tornam mais forte a vontade de vencer e chegar ao final, realizar o sonho e adquirir a independência financeira para dar um futuro melhor aos filhos. Considerações finais: Diante de todas as dificuldades que uma mãe enfrenta na vida acadêmica perante à sociedade, preconceitos e necessidades, propõem-se que nas universidades tenham um local de apoio a essas mães, bem como psicólogos, bolsa de auxílio à maternidade, fraldarios e creches. Dessa forma, irá diminuir o índice de mães que abandonam seus estudos.

11328 RELATO DA CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PARTEIRAS TRADICIONAIS DO ESTADO DO AMAZONAS ALGODÃO ROXO (APTAM) EM 2018
Maria Cecilia Gomes, Maria das Dores Marinho Gomes, Maria Mercês Bezerra, Tabatha Benitz, Marília Souza, Davila Corrêa

RELATO DA CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PARTEIRAS TRADICIONAIS DO ESTADO DO AMAZONAS ALGODÃO ROXO (APTAM) EM 2018

Autores: Maria Cecilia Gomes, Maria das Dores Marinho Gomes, Maria Mercês Bezerra, Tabatha Benitz, Marília Souza, Davila Corrêa

Apresentação: Este relato descreve brevemente a criação a Associação de Parteiras Tradicionais do Estado do Amazonas Algodão Roxo (APTAM) em 2018, a partir do ponto de vista de Maria das Dores Gomes, membro da primeira diretoria da APTAM. É técnica de enfermagem, além de parteira tradicional. Desde 2009, atua com educação em saúde no Instituto Mamirauá (IDSM) em comunidades ribeirinhas. Segundo Maria, a proposta de uma associação já existia, como forma de fortalecer e valorizar o trabalho das parteiras. Em 2015, durante um encontro, a ideia ganhou força e foi incentivada pelo IDSM, mas não houve encaminhamentos e apoio das secretarias de saúde. A APTAM foi criada durante reunião do 13° Congresso Internacional da Rede Unida em Manaus, em roda de conversas de parteiras tradicionais e profissionais. Participavam do Congresso com apoio de secretarias municipais de saúde e de projetos, como o desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz e SUSAM-AM, sobre conhecimentos tradicionais em saúde. “De todo o Amazonas tinha uma ou duas parteiras, tinha de Belém também e lá já tinha as parteiras que tinham uma associação”. Discutia-se sobre a organização de um movimento em associação estadual ou por município. Porém, a partir da experiência das parteiras de Belém “que já tinham observado que quando o município não abraça, as coisas param”. Foi então que Maria colocou a importância de uma associação estadual, porque “ela alcançava todas as parteiras. Porque como tinha vários representantes, cada uma dessas mulheres que saia de lá já iam trabalhar no seu município, nas suas comunidades”. Um acompanhante das parteiras de Belém, se disponibilizou a apoiar. “Ele falou que ajudava a escrever e a organizar essa associação. Isso foi numa tarde e quando foi no outro dia ele já estava com o material todo pronto e nós só levamos para apresentar no Congresso e ser aprovado.” Ao final deste momento, parteiras presentes se disponibilizaram a fazer parte da diretoria. Após oito meses, uma nova reunião foi convocada e “já fizemos o Estatuto, eles já organizaram. tivemos uma advogada voluntária pra nos ajudar”. O apoio destas pessoas e de instituições foi fundamental para a concretização da APTAM. “Dentro da SUSAM, tinham pessoas que entraram pro projeto para fazer trabalhos com as plantas. e essas pessoas continuaram apoiando a associação. E a Fiocruz continuou dando o apoio que a gente estava precisando”. As maiores dificuldades foram “a participação de pessoas de muita idade na Diretoria, com dificuldade de estar se locomovendo, e pessoas de locais muito distantes, com dificuldade para estar se reunindo”. Segundo Maria, as maiores atividades da APTAM até o momento foram: organização do 12º Encontro de Parteiras Tradicionais em Tefé, onde mobilizaram o apoio de diversas instituições, não apenas da área da saúde; organização da 2ª Exposição Cultural das Parteiras; e a mobilização para a viagem de parteiras para a Sessão Solene da Assembleia Legislativa do Amazonas, em homenagem às parteiras. Desde sua criação a APTAM já teve conquistas importantes e neste momento segue fazendo cadastramento de parteiras e buscando apoios para seu funcionamento. 

11462 TRANSFORMAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL: A DINÂMICA DOS NOVOS MOVIMENTOS DE IGUALDADE DE GÊNERO
Joecio Cordeiro Cardoso, Sara Talitha Araújo Oliveira dos Santos, André Almeida Uzeda

TRANSFORMAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL: A DINÂMICA DOS NOVOS MOVIMENTOS DE IGUALDADE DE GÊNERO

Autores: Joecio Cordeiro Cardoso, Sara Talitha Araújo Oliveira dos Santos, André Almeida Uzeda

Apresentação: Os movimentos sociais se constituem como importante ferramenta na transformação e conquista de espaços públicos. As dinâmicas e concepções a respeitos dos novos movimentos permitem uma visão fluente no âmbito de participação social e instrumentos políticos com leituras associadas ao protagonismo de reconhecimento do sujeito. Dentre eles, tem-se o movimento de mulheres, o qual ocorre desde início dessas civilizações com as resistências cotidianas. Em se tratando do social e das transversalidades dos sujeitos, o desenho das políticas públicas, tem suas decisões, elaboração e implementação, também influenciado pelos conflitos inerentes às atuações desses movimentos. Assim, tem-se o objetivo de compreender a dinâmica dos novos movimentos sociais de igualdade de gênero na transformação e implementação de políticas públicas no Brasil. Desenvolvimento: trata-se de um estudo qualitativo, de cunho exploratório, realizado na Universidade Estadual de Feira de Santana, localizada no município de Feira de Santana (BA). Participaram sete mulheres que se identificam com as causas dos movimentos socais no espaço da Universidade com caráter identitários e que se dedicam as questões de igualdade de gênero com instrumento de conquista nos espaços públicos. A coleta de dados ocorreu em 2019, através de entrevista semiestruturada, respaldada pela Resolução 466/2012, anuência da Universidade e aprovação pelo CEP sob parecer nº 3.446.055. Resultado: emergiu cincos categorias, sendo: A formação da militância nos movimentos sociais; Legitimação, reivindicações, conquistas e repertórios de ações coletivas; A intersecção dos movimentos por igualdade de gênero; Recorte de raça dentro dos movimentos de igualdade de gênero e Estado, relações sociopolíticas e a implantação das políticas públicas. As sobreposições e a heterogeneidade dentro do próprio movimento de igualdade de gênero não se mostraram como desavença na expressão desses movimentos uma vez que, a condição dessas mulheres permita identificar quem são aquelas que ficam as margens das lutas e das conquistas sociais. O expressar desses movimentos ganharam/ganham coro a partir de repertórios, valores, ideologias e estratégias de legitimação nos espaços com linhagens na noção do patriarcado e dominação, nas bases marxistas/disputas de classes e nos pilares essencialmente moderno que discutem as construções dos sujeitos. A percepção nas falas da diversidade dos movimentos foi acompanhada numa construção de transversalidade dessas mulheres, entendendo assim, que há sobreposições e eixos comuns, os quais, se mostram como principal prisma de nebulização e reorganização desses movimentos. As propostas no campo das políticas públicas, emanadas de movimentos e entidades feministas, advém do rompimento da lógica de controle e da diferenciação de sexo, com discussões a partir da saúde, educação, ideologia e divisões de trabalho. Considerações finais: As transformações sociais e representações dos diversos movimentos como instrumento de resistências é o maior legado que esse estudo alcança, no sentido de acompanhar as falas, compreensões, emoções e perspectivas daquelas que acreditam nas mudanças de sistemas, de estruturas e da própria sociedade a partir do protagonismo de cada um. O alcance de políticas públicas para os atores dessa pesquisa é primordial, contudo, ainda é muito pouco frente aos constantes jogos de interesses ideológicos e econômicos que regem as sociedades.

9366 CUIDAR TAMBÉM É (RE)EXISTIR: AS PARTEIRAS TRADICIONAIS NO CONTEXTO AMAZÔNICO
Gabriela Duan Farias Costa, Glenda Patrícia da Silva Vieira, Júlio César Schweickardt

CUIDAR TAMBÉM É (RE)EXISTIR: AS PARTEIRAS TRADICIONAIS NO CONTEXTO AMAZÔNICO

Autores: Gabriela Duan Farias Costa, Glenda Patrícia da Silva Vieira, Júlio César Schweickardt

Apresentação: As parteiras tradicionais podem ser definidas como aquelas mulheres que prestam assistência ao parto domiciliar com base em saberes e práticas tradicionais. As parteiras, em alguns casos parteiros, cuidam das mulheres grávidas “pegando a barriga” ou “puxando a barriga”, rezando, indicando chás e ervas e, por fim, realizando o parto. Elas têm o reconhecimento social nas comunidades onde residem, principalmente em comunidades rurais e ribeirinhas da Amazônia. Apesar de ser uma prática importante e reconhecida socialmente, podendo ser a única forma de assistência prestada à mãe e ao recém nascido durante a gravidez, parto e puerpério, frequentemente é uma atividade que é relegada ao posto de subalternidade pelo modelo hegemônico biomédico. Nesse sentido, as relações de poder apresentam tensões e encobrimentos dos saberes que são lidos e interpretados à luz do conhecimento médico, ignorando a complexa rede viva de produção do cuidado. A assistência prestada por essas mulheres no decorrer tende a ser um ato de resistência que possibilita a sua existência. Por isso, entendemos que para além de estudos sobre as práticas de cuidados das parteiras tradicionais precisamos criar redes de solidariedade que produzam um conhecimento politicamente comprometido e implicado. Acreditamos que o Sistema Único de Saúde (SUS) e o trabalho interprofissional pode construir um diálogo potente com essas mulheres. A pesquisa que estamos nos propondo a fazer envolve tanto as práticas das parteiras tradicionais em relação ao cuidado e atenção à mulher como a organização sócio-política das parteiras tradicionais no contexto amazônico. Método: Assim sendo, trata-se de uma pesquisa de caráter participativo e qualitativa, fruto de projeto de dissertação em andamento o qual está inserido em um projeto maior intitulado “Redes Vivas e práticas populares de saúde: conhecimento tradicional das parteiras e a Rede Cegonha no Estado do Amazonas”, sob coordenação do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), pela Fiocruz Amazônia. Inicialmente realizamos uma busca sobre as parteiras na base de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online), em seguida as publicações foram analisadas conforme o critério a saber: artigos referentes aos partos realizados por parteiras tradicionais no Brasil especificamente na Amazônia Legal brasileira cuja publicação se deu em revistas nacionais. No momento posterior, realizaremos entrevistas com parteiras que fazem parte da Associação de Parteiras Tradicionais do Estado do Amazonas – Algodão Roxo. Resultado: Os estudos encontrados destacam as particularidades da Amazônia, acentuadas por sua extensão geográfica, pluralidade étnica e cultural, desafios no acesso da população aos serviços de saúde e de políticas públicas efetivas. Destarte, as parteiras tradicionais são mulheres atuantes em sua maioria na área rural e ribeirinha, onde realizam os partos no domicílio das gestantes. Seu cuidado é marcadamente doméstico e carregado de significados, em que há o uso de plantas medicinais, chás, óleos para “puxação”, rezas e sobretudo estabelecimento de vínculos e afetos entre quem presta essa assistência e quem recebe, neste caso não somente a parturiente e ao bebê, mas o cuidado atravessa a rede familiar e até comunitária. Um aspecto que merece destaque neste estudo é a realização do ofício de partejar enquanto um dom concedido a essas mulheres, que podem ser vistas como guardiãs e cuidadoras de vidas, mostrando a representação social que essas mulheres possuem ao longo da existência. Em relação aos reveses enfrentados pelas parteiras tradicionais a maioria dos trabalhos demonstra a pobreza compreendida aqui como um fenômeno multidimensional sendo um componente importante. A atividade de partejar realizada por essas mulheres não é remunerada e nem profissionalizada, o que atualmente não assegura uma função junto ao SUS a qual as parteiras possam realizar como forma de emprego visando prover suas necessidades básicas e de subsistência. Entretanto, um dado interessante nos estudos realizados mostra que algumas parteiras tradicionais também são profissionais de saúde atuando como técnicas de enfermagem e agentes comunitárias de saúde, mostrando sua presença no espaço institucional médico-hospitalar, onde a política pública possui maior capilaridade para penetrar. Isso revela uma espécie de permeabilidade no invólucro entre o cuidado ofertado com características tradicionais e o cuidado ofertado com aspectos biomédicos. Além disso, seus saberes por vezes são desmerecidos, diminuídos, discriminados, determinados como algo a ser ultrapassado, antigo e desestimulado frente aos saberes médicos. Esse ponto mostra a importância de se buscar ferramentas para debater sobre os conhecimentos existentes na produção do cuidado à saúde da mulher e à assistência neonatal, com vistas a reduzir a mortalidade materna e infantil. Considerações finais: Verifica-se que o processo de parturição é complexo e dependendo do local e circunstâncias possui suas especificidades. No contexto amazônico, principalmente nos lugares afastados do ambiente urbano, a prática das parteiras tradicionais se torna o único meio para a manifestação do cuidado com a saúde da mulher e do bebê, ainda que de maneira informal, sem remuneração, regida apenas pelos valores de solidariedade e humanidade, viabilizando a manutenção dos vínculos e afetos. As características geográficas que potencializam a dificuldade no acesso dos usuários do SUS aos seus serviços também é uma constante. Soma-se a isso a tenuidade por parte do poder público no investimento e a formulação de políticas públicas que visibilizem a prática das parteiras, uma vez que face ao modelo centrado nas tecnologias e na cientificidade a atuação das parteiras tradicionais na produção do cuidado é vista de maneira subalterna. Faz-se necessário, portanto, estudos que evidenciem ou aprofundem o conhecimento acerca dos cuidados tradicionais na assistência ao parto bem como ofereçam subsídios para a interlocução dos saberes detidos por elas. Por fim, é importante que as instâncias governamentais abram possibilidades a fim de que o cuidado ofertado por essas mulheres se torne valorizado. Além do reconhecimento por parte do poder público, é valioso que haja a sensibilização de outros profissionais de saúde e da população acerca desta prática, uma vez que esta tem atravessado séculos e é indispensável em muitas comunidades pelos municípios do Amazonas e de outros estados da região Norte. Esperamos que a segunda parte do estudo sobre a organização social e política das parteiras nos traga uma importante contribuição para o entendimento das estratégias de resistência, de articulação política e de empoderamento das parteiras tradicionais.

10033 MULHER E SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO NA 16ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE
Valéria Cristina Gomes de Castro, Thaís Castro Madeira

MULHER E SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO NA 16ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

Autores: Valéria Cristina Gomes de Castro, Thaís Castro Madeira

Apresentação: Discutimos neste texto a experiência de participação na 16ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em Brasília em agosto de 2019. Temos como objetivo compartilhar vivências, impressões e opiniões que marcaram o evento e a relevância e desafios da participação política de mulheres na política. Por mais de 30 anos acompanhando e participando da gestão e assistência no sistema público de saúde brasileiro, mesmo antes do SUS, destacamos toda essa trajetória a participação da sociedade nas decisões do sistema e sua inquestionável relevância. Palavras-chave: Democracia; Participação; MulheresDesenvolvimento do EstudoAs reflexões dessa experiência, a partir de nossas observações empíricas, aliadas as nossas concepções teóricas são retratadas nesse trabalho. Destacando a importância da participação popular e a participação das mulheres na organização do sistema de saúde e a experiência de um processo de pesquisa participativo e reflexivo. Os conselhos são experiências que retomam ao início do século XX, inspirados nos conselhos operários e populares, sendo uma das principais proposições socialistas de organização da sociedade. Todavia, na atualidade os conselhos e conferências estão distantes dessas formulações e representam formas institucionalizadas de pactuação e participação política na esfera burocrática. A defesa de interesses em uma sociedade de classes em que os interesses privados e corporativos ultrapassam a coletividade e tornam a garantia de direitos um desafio, por vezes, intransponíveis e a participação política deveras desafiadora. O fortalecimento ocorrido nos últimos anos no Brasil sobre os espaços institucionais de participação política, valorizados principalmente em forma de conferências e conselhos, foram ampliados por meio de estratégias de rodas de conversas; vídeos; músicas e danças; e outras formas de expressões culturais e artísticas, além de fortalecimento das discussões locais, como conselhos específicos, o que contribui para novas ideias e diálogos. Todavia, as políticas participativas no país ainda se configuram por núcleos densos de decisões, por formas organizativas e linguagens mais eloquentes a aquelas pessoas próximas ao processo decisório do sistema e a rotina da gestão pública. A ampliação da participação política nesses territórios significa romper com formas seculares de opressão e mecanismos ideológicos de subordinação que desvalorizam e inferiorizam a participação política de muitas pessoas. Há muitos aspectos objetivos e subjetivos da dominação que se reproduzem na vida cotidiana e no trabalho que dificultam mudanças na garantia de direitos sociais - como a erradicação da pobreza e garantia de liberdade - perpetuando antigas desigualdades entre raças, gêneros e etnias, sendo este um aspecto marcante na condição de classe social no Brasil e em todo continente que precisa ser superado. Resultado: As mulheres são historicamente submetidas à violência a exploração e a pauperização econômica. As mulheres sentem diretamente as mudanças do desenvolvimento econômico contemporâneo e em diferentes épocas são expostas a valores que justificam seu sofrimento e morte, é o que ocorreu na caça as bruxas nos séculos XVI e XVII, principalmente na Europa com o ataque genocida a centenas de milhares de mulheres em nome da religião, e que sob outra perspectiva, vitimizam tantas mulheres na atualidade. As questões que envolvem as mulheres são transversais nas diferentes classes sociais, especialmente a violência doméstica, mas certamente as da classe trabalhadora, sofrem de maneira mais contundente as violações de direitos. Os movimentos feministas resgatam a história de mulheres na luta pela sobrevivência e ressalta a importância do movimento organizado, trazendo a tona relações patriarcais que mantêm privilégios em defesa de interesses conservadores e de reprodução do capital. A manutenção desses valores encontra na argumentação em defesa da família tradicional seu mais profícuo terreno, em que a defesa da moral escamoteia e esconde a superexploração do trabalho, a subordinação e isolamento de muitas mulheres e a exposição à violência. A educação é outro aspecto importante quando nos referimos a importância da mulher na sociedade, seja na educação formal ou informal, o papel feminino de educadora é muito relevante e frequentemente evocado por sua reprodução de valores da sociedade patriarcal. Assim, busca-se evitar que formas de pensamentos libertadores alcancem de maneira mais abrangente este grupo, mantendo-as afastadas de possíveis influências. Isso é o que se observa atualmente no Brasil ao se veicular o interesse de educar crianças em casa, afastando-as das escolas. Este movimento tem um duplo significado, de aprisionamento da prole no universo familiar e religioso e de afastamento do convívio público de mães e responsáveis que permanecerão assim, dentro dos limites do controle doméstico definidos pelos homens. O feminicídio ainda assusta e ameaça, fazendo das mulheres o elo mais evidente da moral conservadora com a exploração capitalista, vitimando pessoas e expondo as mazelas e as características mais cruéis da barbárie em nossa sociedade. Mas a mobilização a organização em redes de proteção e de educação poderá fazer diferença, possibilitando destinos não trágicos. A participação política na luta pela saúde também pode contribuir para que as mulheres compreendam e rompam com situações de opressão e não reproduzam valores que subordinem, oprimam e criminalizem outras mulheres. A participação feminina em movimentos sociais em fóruns institucionais deve ser estimulada e compreendida como ação transformadora, para que possamos enfrentar e prevenir os riscos e mazelas que frequentemente expõe mulheres e crianças ao adoecimento, como o caso da zika vírus, do câncer de mama e útero, da depressão pós-parto, anemia falciforme, intoxicações, violência obstétrica, entre tantas outras situações. Considerações finaisA diversidade das lutas sociais estabelece formas de comunicação e linguagens que devem ser compartilhadas em ações cooperativas no enfrentamento das complexas formas de expropriação do capital na atualidade, em que o uso da tecnologia pode favorecer o alcance das reivindicações e continuidade das lutas. A experiência da participação na conferência foi muito importante, pela alegria de vivenciá-la como um território de afetos e de construção de subjetividades e ações concretas na luta pela saúde, em ver tantas pessoas, especialmente mulheres, de diferentes lugares do país, origens e crenças (indígenas, negros, brancos, quilombolas, ribeirinhos, moradores de favelas, idosos, religiosos, pesquisadores, gestores entre tantos outros), preocupados com um serviço de saúde de qualidade e gritando com o peito aberto e punhos cerrados que “Saúde Não é Mercadoria”. A prática da pesquisa pode contribuir para resignificações sobre as experiências vividas, tanto dos entrevistados como dos pesquisadores, o que contribui para reinvenção de histórias e dos lugares.   

5822 ALIMENTANDO O AMOR: EMPODERAMENTO DE MÃES E RESPONSÁVEIS SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E INTRODUÇÃO ALIMENTAR INFANTIL
Jessica Soares Barbosa, Renata Christine da Silva Melo, Luana Baía Menezes, Mayara Sabrina Luz Miranda, Jayme Renato Maia Abreu Cordeiro, Bárbara Cybelle Monteiro Lopes

ALIMENTANDO O AMOR: EMPODERAMENTO DE MÃES E RESPONSÁVEIS SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E INTRODUÇÃO ALIMENTAR INFANTIL

Autores: Jessica Soares Barbosa, Renata Christine da Silva Melo, Luana Baía Menezes, Mayara Sabrina Luz Miranda, Jayme Renato Maia Abreu Cordeiro, Bárbara Cybelle Monteiro Lopes

Apresentação: O aleitamento materno exclusivo (AME) é recomendado como o único alimento que deve ser ofertado às crianças até os seis meses de vida, sendo este rico em nutrientes, anticorpos e principal responsável pelo desenvolvimento infantil nos primeiros meses. A oferta de alimentos antes do período indicado pode trazer vários riscos à criança e a longo prazo, na fase adulta pode estar relacionada com o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, alergias, contaminações, infecções e não absorção dos nutrientes presentes no leite materno. A partir dos seis meses de idade é necessário complementar a alimentação infantil através da introdução de novos alimentos que deve ser acompanhada por profissionais da saúde como nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, enfermeiros, médicos e dentistas, para monitorar o oferecimento adequado, a porção apropriada e combinações certas para não ser prejudicial à saúde da criança. Para que ocorra de forma natural e correta, as ações de educação em saúde devem ser realizadas com o público que frequenta as Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas salas de espera, durante as consultas e procedimentos visando a orientação dos responsáveis quanto à importância de respeitar as fases e o desenvolvimento infantil. Deste modo empoderando principalmente das mães e responsáveis pelas crianças a respeito de cada ciclo e cada fase do crescimento e desenvolvimento infantil para possibilitar um crescimento saudável para a idade. Desta forma o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de acadêmicas de Enfermagem e Psicologia da Universidade Federal do Pará a respeito do empoderamento de mães sobre o aleitamento materno exclusivo e introdução alimentar infantil em uma Unidade Básica de Saúde do município de Cametá (Pará). Desenvolvimento: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência vivenciado por acadêmicas de enfermagem e de psicologia, ambas do oitavo semestre de seus respectivos cursos, bolsistas do Projeto Multicampi Saúde da Universidade Federal do Pará (UFPA). As atividades ocorreram em uma Unidade Básica de Saúde no município de Cametá – Pará em agosto de 2019. A ação ocorreu para integrar as atividades do grupo de mulheres e gestantes buscando também a participação de outros usuários que frequentam a unidade. Os materiais utilizados foram: balões; um cartaz com uma pirâmide alimentar infantil; canetas hidrográficas e fita adesiva. A atividade foi dividida em três etapas, a saber: apresentação e conhecimento prévio que consistiu em proporcionar um momento de descontração e interação com as usuárias para que pudessem se conhecer melhor e, após este momento as acadêmicas perguntaram para cada uma como era a alimentação de suas crianças e se elas sabiam quais alimentos ofertar em cada fase da vida da crianças; a segunda etapa constituiu-se na distribuição de figuras de alimentos para as participantes colocarem nos níveis da pirâmide que achavam correto; a terceira e última etapa foi direcionada para a resolução da atividade com a explicação de cada nível alimentar, quando começar a introdução alimentar, as porções e os alimentos indicados em cada fase da vida, além do esclarecimento de dúvidas que surgiram no decorrer da atividade. O final da ação foi marcado pelo agradecimento e confraternização dos profissionais da UBS, das usuárias e das acadêmicas. Resultado: A experiência mostrou-se exitosa devido a adesão do público em participar da atividade, pois em um dado momento novas pessoas entraram na roda e as usuárias explicaram o que estava acontecendo e o assunto foi abordado com uma riqueza de detalhes, o que proporcionou às acadêmicas uma fácil retomada e reafirmação da temática. Percebeu-se que no topo da alimentação ficou: o açaí, um fruto abundante na região e muitas afirmaram oferecerem o suco do açaí antes mesmo dos seis meses devido a uma tradição familiar, bem como a oferta de chás, água e sucos, pois muitas convivem com outros parentes que acreditavam que o choro da criança era de fome ou desconforto abdominal e por isso justificaram esta atitude de introduzir alimentos precocemente. A discussão a partir do conhecimento prévio dos participantes, com perguntas e interação com o público para depois moldar o conhecimento com informações promoveu uma forma descontraída de levar a informação adequada adiante. Observou-se também que a participação dos profissionais da UBS durante a atividade facilitava a adesão do público durante a troca de conhecimento e agregação dos saberes. A condução da ação educativa por acadêmicos fomenta uma maior interação com os usuários e permite crescimento profissional, além de proporcionar vivências exitosas na atenção primária, esta responsável pelo cuidado integral e longitudinal para as pessoas, incentivando a participação social e construção da atenção básica como importante ordenadora da rede de atenção à saúde. Por isso deve-se investir nas ações educativas e principalmente nos serviços da atenção primária, visto a necessidade da população na prevenção de agravos, como as doenças crônicas que com medidas simples podem ser evitadas desde a primeira infância. Desmistificar algumas realidades que passam de geração em geração é proporcionar uma agregação do conhecimento empírico ao científico fazendo com que os usuários reflitam e possam mudar seus hábitos progressivamente, desta forma, educando em saúde para a disseminação das informações. Considerações finais: O empoderamento das usuárias quanto a melhor forma de nutrir seus filhos constitui o fortalecimento do vínculo afetivo e promove o desenvolvimento adequado da criança, diminuindo assim o risco do surgimento de doenças crônicas não transmissíveis como o Diabetes, obesidade e ainda reduz as chances da criança adquirir alergias, infecções, contaminações e a não absorção dos nutrientes do leite materno devido à interação química com outros alimentos. Ensinar e educar em saúde são pontos primordiais da atenção básica, visto sua importância na promoção da saúde e prevenção de agravos. Para os acadêmicos é a oportunidade de crescer profissionalmente, pois desde sua formação acadêmica a prática destas atividades auxilia no crescimento enquanto acadêmicos e os futuros profissionais para atuarem na Rede de Atenção à Saúde. As intervenções realizadas à nível de atenção básica devem ocorrer rotineiramente no serviço com o incentivo aos usuários serem protagonistas nesta busca pela melhora na qualidade de vida e aproximação com os profissionais de saúde para que esta relação de proximidade crie vinculo e seja baseada na confiança de que a UBS pode ser resolutiva e ordenadora do cuidado. 

8126 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO IMEDIATO: ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO MATERNA
Ana Paula Rezendes de Oliveira, Alexandre Aguiar Pereira, Ana Kedma Correa Pinheiro, Eliene do Socorro da Silva Santos, Gracileide Maia Correa, Lilia Pimenta de Moraes, Anne Caroline Gonçalves Lima, Ana Sheyla Falcão Modesto

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO IMEDIATO: ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO MATERNA

Autores: Ana Paula Rezendes de Oliveira, Alexandre Aguiar Pereira, Ana Kedma Correa Pinheiro, Eliene do Socorro da Silva Santos, Gracileide Maia Correa, Lilia Pimenta de Moraes, Anne Caroline Gonçalves Lima, Ana Sheyla Falcão Modesto

Apresentação: O puerpério, também conhecido como período pós-parto, caracteriza-se como uma fase do ciclo grávido-puerperal em que as alterações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto no organismo da mulher, retornam à situação do estado pré-gravídico, podendo apresentar sinais que se configuram como puerpério normal ou patológico. A mulher, em especial a primípara, vivência intensas mudanças relacionadas à insegurança e a necessidade de adaptação ao seu filho e ao seu papel de mãe, de maneira específica nos primeiros dias do puerpério, o que a torna sensível, confusa e ansiosa. Nessa perspectiva, considera-se importante identificar a qualidade da assistência de enfermagem prestada as usuárias através do grau de satisfação, visto que as informações disponibilizadas pelos enfermeiros no período de internação, possibilitam a preparação e segurança desta para o cuidado domiciliar. Deste modo, o estudo teve como objetivo analisar o grau de satisfação materna em relação aos cuidados do enfermeiro no puerpério imediato. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de abordagem quantitativa. Foi realizado em um hospital público, de referência materna e infantil, em Belém (PA). A amostra foi composta por 335 puérperas, com idade entre 18 e 40 anos, internadas em alojamento conjunto. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário e compreendeu o período de setembro a outubro de 2018. Os dados coletados, inicialmente foram digitados no programa software Excel da Microsoft Office, versão 2016, para a criação do banco de dados e, posteriormente, transferidos para o programa estatístico R Project, versão 3.5.1. As informações foram analisadas de forma descritiva e inferencial por meio de frequência relativa (%) e absoluta (N). Aplicou-se o teste Qui- quadrado, utilizando-se um nível de significância de 5% (p-valor 0,05). Resultado: Verificou-se que (62,1%) ou (N=208) puérperas se mostraram satisfeitas ou muito satisfeitas (28,7%) ou (N=96), com os cuidados recebidos, sendo o nível de significância satisfatório, ou seja, p-valor 0,05. Considera-se que a satisfação dos usuários é um dos dados da avaliação em saúde, sendo um importante indicador de qualidade da assistência. Portanto, conhecer a satisfação do paciente com os cuidados de enfermagem permite ao enfermeiro avaliar e planejar a assistência no sentido de atender às necessidades da clientela acolhida. Uma pesquisa realizada no Paraná, no ano de 2016, avaliou a satisfação de pacientes com a assistência de enfermagem hospitalar, os clientes apresentaram satisfação positiva com o serviço de enfermagem. Assim, percebe-se que a satisfação das puérperas em estudo, apresenta semelhança com pesquisa de outra região do país e poderá ser utilizada como indicador de qualidade do cuidado de enfermagem durante o período de internação. Identificou-se ainda, de modo geral, que os cuidados oferecidos foram considerados como bom, muito bom e excelente em cada item em estudo, o que simula um conceito favorável sobre o trabalho realizado pelo enfermeiro. Referente a opinião sobre os cuidados, 51,6% classificaram como bom os aspectos técnicos dos profissionais, 49,9% qualificaram como bom a atenção prestada pelos enfermeiros ao seu estado de saúde, assim como 45,1% consideram boas as respostas dos enfermeiros as suas chamadas e 49,6% avaliaram como bom os cuidados e atenção dos profissionais, além das informações recebidas. Somando os percentuais de (bom/ muito bom e excelente) em cada cuidado, obteve-se o índice geral de satisfação conforme citados: aspectos técnicos 90,4%, atenção do enfermeiro 93,5%, respostas as chamadas 74,9%, cuidado e atenção 92,9%, informações recebidas 87,8%. Entende-se que no período de internação, sobretudo no puerpério, faz-se necessário a promoção de um cuidado individualizado e centrado nas necessidades, além da criação de um ambiente acolhedor, da escuta qualificada e diferenciada, visto que esse momento é de adaptação para a mãe, bebê e família. Constatou-se ainda, que 63,9% afirmaram que mantém opinião positiva relativamente à experiência de internamento; logo cerca de 28,7% revelaram que tinham uma opinião negativa e que ficaram com melhor opinião. Por sua vez, 3,3% afirmaram que tinham uma opinião positiva e que ficaram com pior opinião e 4,1% admitiram manter opinião negativa. Das que referiram manter opinião positiva e ter ficado com a melhor opinião representou 92,6%. Ressalta-se que a opinião das puérperas é importante e reflete nas ações que vêm sendo desenvolvidas na saúde, direcionando o profissional a oferecer serviço com qualidade. Sobre as informações relacionadas com o banho do recém nascido, constatou-se que 78,2% afirmaram não ter recebido explicação sobre a técnica do banho do recém nascido por nenhum profissional de enfermagem, fato este que pode ter gerado um percentual de 84,5% de insatisfação sobre esta atividade. O ministério da saúde por meio da Portaria n° 2.068/2016 assegura que uma das vantagens do alojamento conjunto é fortalecer o autocuidado e os cuidados com o recém nascido, a partir de atividades de educação em saúde desenvolvidas pela equipe multiprofissional. Observou-se também, que 73,7% apontaram ter recebido informações sobre a técnica da amamentação e 69,6% apresentaram satisfação positiva com o conhecimento recebido sobre essa atividade. Nesse sentido, 69% foram informadas sobre a posição do bebê, com a boca centrada de frente para o mamilo, por sua vez 68,7% mencionaram sobre a posição da mãe para amamentar, enquanto 64,2% afirmaram ter recebido orientações sobre o reconhecimento da pega correta, sendo que as 73,7% que referiram ter recebido informações sobre a amamentação, não receberam todas as explicações necessárias sobre a técnica. Em alojamento conjunto, principalmente quando o perfil atendido se tratar de primíparas é importante desenvolver atividades educativas de maneira a contribuir com a prevenção de agravos e melhoria na qualidade de vida das puérperas. Sobre informações para o autocuidado, 70,7% afirmaram ter recebido esclarecimentos acerca do autocuidado após o parto e 63,6% se encontravam satisfeitas com a informação recebida sobre esta técnica. O nível de confiança na execução das atividades após a alta representou um percentual de 89,3%. Um total de 60% referiu que lhes foi dada explicações sobre cuidados de higiene e conforto diário. Por sua vez, 58% apontaram que lhes foi recomendado cuidados com a higiene intima em três tempos (lavagem com água, seguida de secagem, sempre após urinar e defecar), assim como 54,6% informaram que receberam orientações quanto a periodicidade da troca do absorvente higiênico e 50% foram orientadas quanto a lavagem das mãos antes e depois de se cuidar. Avaliou-se que os profissionais implementam práticas relacionadas principalmente com a prevenção de infecções puerperais. Porém, informações relacionadas com a prevenção de complicações na amamentação e cuidados com as mamas foram pouco disponibilizadas. A carência de informações de forma clara e de fácil entendimento faz com que a puérpera fique insegura diante de pequenos problemas que surgem no período do puerpério. A enfermagem deve agir de acordo com as reais necessidades apresentadas por essas mulheres, elaborando um plano assistencial que possibilite à puérpera uma boa adaptação a esta fase. Considerações finais: Ficou evidente, neste estudo, a satisfação positiva das puérperas quanto aos cuidados recebidos pelo enfermeiro no período de internação. Observou-se que os profissionais implementam práticas relacionadas, sobretudo, ao incentivo do aleitamento materno e a prevenção de infecções puerperais. Porém, informações relacionadas ao banho do recém nascido e prevenção de complicações na amamentação foi pouco valorizada. Sugere-se um redimensionamento de profissionais enfermeiros atuantes no puerpério para melhor eficácia do processo de trabalho e um resultado mais satisfatório para a continuidade do cuidado após a alta hospitalar da puérpera.

8841 PARTICIPAÇÃO DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM NA REALIZAÇÃO DE UM CURSO DE GESTANTE NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE INTEGRANDO INSTITUIÇÃO DE ENSINO E SERVIÇO
Eloiza Toledo Bauduina, Maria Alice Toledo da Silva Bauduina, Amelia Toledo da Silva Bauduina, Ana Paula de Araujo Machado, Rosa Maria Natalli Montenegro, Laylla Ribeiro Macedo, Mariana Ribeiro Macedo, Cristina Ribeiro Macedo

PARTICIPAÇÃO DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM NA REALIZAÇÃO DE UM CURSO DE GESTANTE NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE INTEGRANDO INSTITUIÇÃO DE ENSINO E SERVIÇO

Autores: Eloiza Toledo Bauduina, Maria Alice Toledo da Silva Bauduina, Amelia Toledo da Silva Bauduina, Ana Paula de Araujo Machado, Rosa Maria Natalli Montenegro, Laylla Ribeiro Macedo, Mariana Ribeiro Macedo, Cristina Ribeiro Macedo

Apresentação: A intersetorialidade é um preceito do Sistema Único de Saúde (SUS) e representa um grande desafio na sua execução, devendo todas as partes envolvidas no processo estarem alinhados no que tange ao objetivo e propósitos a serem alcançados. O curso de gestante trata-se de uma atividade inerente ao processo assistencial promovido pelas unidades de saúde em seus territórios adstritos e são de extrema importância, pois além de esclarecedores para as mulheres, fortalecem o vínculo entre as mesmas e a unidade de saúde. O trabalho em questão tem como objetivo descrever a experiência vivenciada enquanto acadêmica de enfermagem na participação de um curso para gestantes. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por acadêmicas de enfermagem em um curso para gestantes promovido pela Unidade Básica de Saúde. Participaram do curso um total de 15 mulheres gestantes dos territórios de saúde que integram a unidade de saúde, tendo como tema norteador: Desvelando o processo de trabalho de parto e utilização de métodos não farmacológicos no alívio da dor do parto. Resultado: A atividade foi desenvolvida com a explanação por parte da acadêmica de enfermagem, sob a supervisão dos professores da instituição de ensino, acerca da fisiologia e dinâmica do parto, diferentes tipos de parto, sinais relacionados e métodos não farmacológicos no alívio da dor do parto, em seguida realizada uma roda de conversa, onde os participantes puderam expressar seus anseios. O trabalho finalizou com um sorteio de brindes e um lanche. Considerações finais: A atividade se faz importante no sentido de fortalecer o vínculo da instituição de ensino com as comunidades e instituições de saúde conveniadas, além disso, integrar escola e serviço é fundamental na formação do discente com visão holística e autonomia no contexto do Sistema Único de Saúde, como proposto pelas diretrizes curriculares. A experiência mostrou-se enriquecedora ao acadêmico de enfermagem envolvido, além disso, ainda foi possível que os alunos entendessem melhor como funciona o processo dessas gestantes antes de serem admitidas na maternidade, podendo dessa forma ampliar o olhar e os cuidados com as mesmas. Portanto, criar um espaço para que as gestantes possam expressar seus sentimentos, tirar suas dúvidas e trocar experiências é fundamental para atingir melhores resultados durante o parto e pós-parto, além de ser enriquecedor para todos os envolvidos.

9159 A MULHER CABOVERDIANA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICA, SAÚDE E Desenvolvimento: SUSTENTÁVEL: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PRIMEIRO ANO DO MOVIMENTO ECO-FEMINISMO DE CABO VERDE.
Gisseila Andrea Ferreira Garcia, Mónica Vieira Rodrigues, Nandy Lima, Andrea Barbosa Pereira, Elisabete Fernandes, Ghislene Alves, Érica Miranda, Fátima Varela Carvalho

A MULHER CABOVERDIANA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICA, SAÚDE E Desenvolvimento: SUSTENTÁVEL: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PRIMEIRO ANO DO MOVIMENTO ECO-FEMINISMO DE CABO VERDE.

Autores: Gisseila Andrea Ferreira Garcia, Mónica Vieira Rodrigues, Nandy Lima, Andrea Barbosa Pereira, Elisabete Fernandes, Ghislene Alves, Érica Miranda, Fátima Varela Carvalho

Apresentação: O Eco-feminismo é um movimento que busca a interconexão entre a mulher e a natureza, criticando a marginalização do conhecimento das mulheres, falta de acesso a recursos devido a desigualdade social e de gênero, no intuito de procurar incorporar a visão das mulheres às discussões das problemáticas ambientais, atividades econômicas e condições de vida, com foco na cultura local, preservação ambiental e desenvolvimento sustentável. O Eco-feminismo aproxima-se da promoção da saúde a partir da consolidação de um conjunto de ações locais que fomentam a recuperação de um meio ambiente saudável, que trazem discussões acerca da relação positiva entre saúde humana e natureza, e problemáticas das mulheres, resgatando o protagonismo das mulheres nas diferentes esferas de decisões. O movimento vem através de suas ações de sensibilização, advocacia e mobilização de jovens, homens e mulheres cabo-verdianos no quadro do seu projeto “Género e Mudanças Climáticas”  exigindo maior consciencialização dos riscos e das fragilidades de Cabo Verde, enquanto um pequeno Estado Insular, face aos eventos climáticos extremos, bem como como as mais variadas problemáticas sociais inerentes às alterações climáticas. Devido à seca prolongada e outros eventos climáticos que põem em causa a segurança alimentar, a migração forçada da população e o aumento da pobreza a nível nacional, esses eventos requerem maior participação e engajamento de todos, principalmente do Governo em demonstrar a necessidade de cumprir as suas obrigações de garantir e proteger os direitos humanos fundamentais e o direito a um clima segura e resiliente para as gerações mais jovens e futuras, pessoas com necessidades especiais e mulheres rurais e piscatórias, bem como garantir que as políticas climáticas nacional sejam justas, equitativas e inclusivas. Em Cabo Verde, organizações ou movimentos que discutem essas relações ainda são incipientes, portanto esse trabalho objetiva relatar a experiência do primeiro ano do movimento Eco-feminismo no país e discutir brevemente como as ações  desse movimento poderá impactar na saúde das mulheres cabo-verdianas. Desenvolvimento: O Movimento Eco-feminismo de Cabo Verde é um projeto que foi criado em abril de 2019 por um grupo de jovens mulheres com sensibilidade e ideologias comuns voltadas para as problemáticas da conservação do meio ambiente, equidade de gênero e justiça social no contexto da adaptação de mitigação das mudanças climáticas, buscando sempre engajar outros jovens e envolver toda  a sociedade civil nas discussões e reflexões dessas problemáticas. O movimento no decorrer dos meses de existência realizou uma série de atividades, tais como: Conversa aberta (ciclo de debates), trazendo discussões diversas nos temas mais sensíveis, como por exemplo, “Ecologia, saúde, direitos sexuais e reprodutivos da mulher”, “Masculinidade Positiva e Responsabilidade Paterna”, “Lei da paridade: níveis de sua praticabilidade e desafios”; Desafio online "Plante uma Árvore, Cabo Verde!", “quebra de ciclo” em parceria com a  Universidade de Cabo Verde e Universidade de Santiago; Campanha de sensibilização e plantação de árvores na escola do ensino básico integrado- Eugénio Tavares; Projeto colaborativo "Desperdício Zero"; Participação na conferência das Nações Unidas sobre o Clima- Conferência das partes (COP 25- Madrid/Chile), Consulta Regional das Jovens Mulheres sobre Beijing +25 em Abidjan, participação do workshop sobre a Resolução 1325 e Assembleia Geral da Rede Paz e Segurança das Mulheres- Cabo verde (a nível da CEDEAO), sendo nomeado Presidente do Conselho Fiscal de Cabo Verde. Impacto da experiência: Por ser pioneira em Cabo Verde, a realização das atividades do movimento, principalmente a partir das conversas abertas está permitindo um amplo debate, que antes eram subvalorizados, com intuito de informar, formar,  empoderar e desenvolver a liderança e a capacidade crítica dos jovens a volta dos temas discutidos relacionados à igualdade e a equidade do género, justiça social e climática, e a conservação do meio ambiente, problemáticas essas que afetam a vida dos jovens e das mulheres em Cabo Verde, promovendo assim, o intercâmbio de diálogos entre diferentes stakeholders: palestrantes, Ministérios e o Governo, pesquisadores, ativistas sociais, ambientais, de gênero e de mudanças climáticas. No que tange a saúde, o movimento vem discutindo a relação entre as iniquidades em saúde ambiental em ambientes urbanos, relacionadas ao gênero, classe e status socioeconômico, partindo da premissa de que os efeitos na saúde não devem ser considerados um fenômeno natural, mas um fenômeno que é influenciado pelas políticas públicas, economia e condições sociais de gênero.Tentando realizar sempre o exercício de no contexto dos impactos das mudanças climáticas e de seus riscos, avaliar vários indicadores e dimensões de desigualdades que vão além do gênero, para que haja uma análise integrada das interseções, incluindo outras variáveis como idade, raça, religião, casta, etnia, cor partidária, experiências do indivíduo assim como as suas habilidades / deficiências etc. de forma a entender melhor as causas, bem como as soluções de vulnerabilidades, riscos e mitigações para salvaguardar os direitos das pessoas mais vulneráveis. Seguindo o seu compromisso na implementação da sua missão, face à seca prolongada e o risco do país em enfrentar a crise da segurança alimentar e nutricional, o Movimento Eco-feminismo participa ativamente no engajamento dos diferentes stakeholders na criação de espaços de partilha de boas práticas, estudos de casos das mulheres na extração de inertes, as políticas públicas desse setor e os desafios que o país enfrenta com a  escassez da água, a migração interna e externa e as ameaças das mudanças climáticas na segurança alimentar e nutricional assim como as visões e as agendas das organizações internacionais no país vis-à-vis à realidade local. Apostamos fortemente não só na partilha, como também na formação e capacitação dos membros do movimento. Considerações finais: O Movimento Eco-feminismo de cabo Verde no seu primeiro ano trouxe discussões relacionadas as questões de justiça social, equidade de género e a interseccionalidade do género no combate às alterações climáticas e a melhoria da saúde pública. O movimento irá continuar assumindo a sua missão e o seu objetivo de reforçar a resiliência e a liderança das mulheres e trazê-las para o centro das políticas no contexto atual das mudanças climáticas, através da advocacia e com ações para mitigação e adaptação para fazer face a essas alterações, engajando crianças, jovens, homens e mulheres, comunidade LGBT+, bem como o conhecimento local e tradicional na defesa dos direitos humanos e na luta pela justiça social e climática, seguindo algumas das prioridades do plano de ação do género: Capacitação, gestão do conhecimento e comunicação, melhorar a integração sistemática das considerações de gênero nas políticas e ações climáticas, equilíbrio de gênero, participação e liderança das mulheres, alcançar e garantir a participação plena, igual e significativa das mulheres no processo da implementação da política do género a nível nacional, assim como no processo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a mudança do clima.