462: O cotidiano dos serviços de saúde
Debatedor: Ana Paula Guljor
Data: 30/10/2020    Local: Sala 10 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
11924 AÇÕES PARA MELHORIA DO PROCESSO DE DESOSPITALIZAÇÃO EM SERVIÇOS HOSPITALARES – GEOGRAFIA DAS COMISSÕES
Leonor Maria da Silva Gomes, Patrícia da Silva Olario, Luciano Teixeira Rocha, Ana Maria da Silva Gomes, Maria da Conceição Coelho Moraes, Verônica Pinheiro Simões

AÇÕES PARA MELHORIA DO PROCESSO DE DESOSPITALIZAÇÃO EM SERVIÇOS HOSPITALARES – GEOGRAFIA DAS COMISSÕES

Autores: Leonor Maria da Silva Gomes, Patrícia da Silva Olario, Luciano Teixeira Rocha, Ana Maria da Silva Gomes, Maria da Conceição Coelho Moraes, Verônica Pinheiro Simões

Apresentação: Desospitalizar está para além da simples retirada de pacientes do hospital. Configura-se na articulação das práticas assistenciais pautadas na atenção integrada. Ações de desospitalização como método de transição para continuidade do cuidado no pós-alta hospitalar são primordiais para: segurança do paciente e evitar a descontinuidade do cuidado. É preciso mudar o processo assistencial atual, centrado em procedimentos fragmentados, por outros modelos que invistam na integralidade do cuidado. Por isso, a rede federal tem apoiado a criação de Serviços de Apoio à Desospitalização de forma a contribuir para: a comunicação efetiva interequipes; a reinserção do paciente na Rede de Atenção à Saúde; continuidade do cuidado; participação do paciente e família/rede social durante todo o processo assistencial. Desenvolvimento do Trabalho - A área da Qualidade e Segurança do Paciente vinculada ao nível central do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, vem discutindo e apoiando ações/estratégias para o processo de desospitalização através da Câmara Técnica de Desospitalização (CTD). A CTD tem representatividade de diversas categorias profissionais: enfermeiros, médicos, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais e educadores com participação efetiva nas reuniões mensais. O objetivo do trabalho é desenvolver apoio institucional as unidades para desenvolver e implementar ações de desospitalização. A estratégia é discutir, elaborar e instituir, parâmetros, normas e protocolos institucionais que norteiem os profissionais de saúde para um cuidado integrado, para garantia de transições seguras e continuidade do cuidado com vistas a mitigar internações prolongadas e reinternações de pacientes. Resultado: Envio, em novembro/2018, aos membros da CTD, questionário com perguntas abertas contendo os itens: constituição da comissão; formalização por portaria; vínculo no organograma; periodicidade das reuniões; atividades desenvolvidas. O instrumento foi encaminhado a 12 hospitais federais, via e-mail, com prazo reposta de 60 dias. Obtivemos retorno de 75% dos questionário (9). Identificando que 67% das unidades (8) possuem Comissão de Desospitalização instituída. A geografia apontou que no ano de 2018 as Comissões de Desospialização das unidades hospitalares federais realizaram: apoio institucional; capacitações; eventos técnicos científicos; estudo do perfil dos pacientes com internação prolongada; nota técnica de composição das equipes de desospitalização. Os efeitos percebidos decorrentes do resultado foram: criação e composição de equipes de desospitalização nas unidades que ainda não dispunham de Comissão; disseminação e fortalecimento da cultura de desospitalização institucional; elaboração de protocolo/manual norteador para implementação de processos de desospitalização; definição de indicadores para monitoramento de resultados. As Comissões de Desospitalização dos hospitais e institutos federais atuam no apoio as equipes assistenciais, são fomentadores de novas práticas em saúde que promovam a integralidade da atenção, um dos princípios do Sistema Único de Saúde. Considerações finais: O levantamento do perfil das Comissões através do instrumento intitulado Geografia das Comissões, foi de grande importância para conhecermos os trabalhos desenvolvidos nas unidades hospitalares federais e identificarmos pontos direcionadores para o desenvolvimento e melhoria do processo de desospitalização em nossas unidades.  

11925 CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO CAIMI NA CIDADE DE MANAUS-AM
Cleisiane Xavier Diniz, Maria Nazare de Souza Ribeiro, Fatima Helena do Espirito Santo, Cassia Rozária da Silva Souza, Fernanda Farias de Castro, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa

CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO CAIMI NA CIDADE DE MANAUS-AM

Autores: Cleisiane Xavier Diniz, Maria Nazare de Souza Ribeiro, Fatima Helena do Espirito Santo, Cassia Rozária da Silva Souza, Fernanda Farias de Castro, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa

Apresentação: O Programa de Revitalização da Saúde foi uma das metas criada no período de 1998 a 2002, pelo  governador Amazonino Armando Mendes visando a melhoria da saúde no Estado do Amazonas priorização e/ou atendimento diferenciado de assistência na saúde de certos grupos vulneráveis. Foi resultado de um amplo diagnóstico da situação da saúde do município de Manaus, que permitiu planejar e reorganizar a rede de serviços de saúde para atender as necessidades da população. Obstinou-se o Governador a disponibilizar aos cidadãos um serviço de saúde com padrão de qualidade e de eficiência acima da média nacional. Tinha como objetivo, criar e padronizar a rede física de todas as Unidades de Saúde, em termos quantitativos e qualitativos, otimizar seus serviços e garantir a presença de equipes de saúde continuamente treinadas. Foram estratégias adotadas para aumentar a capacidade de atendimento dessas Unidades e de resolutividade de suas deficiências. A partir da ideia de criação dos Centros de Atenção Integral à Criança (CAIC), foi elaborado o projeto dos CAIMIs. Essa ideia inicial foi verbalizada pela Assistente Social Betsy Eddy Praia Morais e, a partir dai, iniciou-se um longo e árduo trabalho com diversos profissionais no intuito de criar o projeto, fazer ser aprovado na Assembleia Legislativa e receber aceitação por parte da sociedade. Tratava-se de uma ideia factível, inovadora, jamais pensada, saída de um sonho e que passava para um projeto real após uma longa jornada de trabalho por uma equipe multiprofissional da Superintendência de Saúde do Amazonas (SUSAM). Assim, tratou da criação dos CAIMIs para que funcionasse como “porta de entrada” do atendimento de saúde do idoso, capaz de prestar o atendimento básico à população de terceira idade, com garantia de referência e retaguarda especializada em nível ambulatorial e hospitalar, fazendo  parte do conjunto de Unidades que comporiam o SUS adotado pelo Estado do Amazonas, hierarquizado em função do grau de complexidade dos seus serviços,  em que o indivíduo buscaria os cuidados inicialmente nas Unidades Básicas de Saúde. O projeto da criação foi coordenado pela Cirurgiã-dentista e Secretária Executiva Adjunta, Denise Machado dos Santos, juntamente à Assistente Social e Gerente de Serviços de Saúde, Cláudia Teixeira da Silva, a Subgerente de Sistemas de Clínicas Básicas e Especializadas, Rosana Castro de Souza, a Assistente Social e Subgerente de Atenção à População e à Família, Maria Keyla Amorim Figueira. Os cooperadores técnicos do projeto foram Betsy Eddy Praia Morais  (Assistente Social), Maria Cláudia Dias Carvalho (Ginecologista), Hélio Augusto Veras Marques (Clínico Geral), Aristóteles Comte de Alencar Filho (Cardiologista), Cristiane Freire Ximenes Teixeira (Fisioterapeuta), Altemir Ferro Corrêa (Cirurgião-dentista), Ester Mourão Corrêa (Nutricionista), Joaquim José de Melo (Endocrinologista) e Luena Matheus Xerez (Psicóloga). No ano de 2002, a equipe do Secretário de Estado de Saúde, Francisco Deodato Guimarães, composta por José Rodrigues (Diretor do Departamento de Controle e Avaliação), Leni da Silva Marreiros (Diretora de Departamento de Vigilância em Saúde) e Joaquim Luiz Barbosa Aranha (Diretor de departamento de administração e finanças), concretizou o serviço de saúde que seria oferecido integralmente e exclusivamente ao idoso, recebendo inicialmente o nome de CAID (Centro de Atendimento ao Idoso), posteriormente CAI (Centro de Atenção ao Idoso), porém, essa sigla não soava bem aos ouvidos, pois poderia servir de chacotas por estarem associados ao verbo “cair”, situação muito frequente entre os idosos. Assim, o governador solicitou à equipe a alteração da sigla, passando a se chamar CAIMI. O projeto tão sonhado foi aprovado, mas dois pontos importantes precisavam ser discutidos para a sua implementação: quantos CAIMIs deveriam ser construídos e em quais locais seriam implantados na cidade? Foram estudados diversos locais e a melhor alternativa foi pela divisão municipal em cada uma das zonas administrativas da cidade de Manaus. Assim deveria ser construído um CAIMI em cada zona, num total de seis CAIMIs, porém somente três deles foram implantados no governo de Amazonino Mendes. Os demais ficaram para ser construídos pelo governante sucessor, o que não aconteceu até o governo atual. A Enfermeira Neylane Macedo Gonçalves Pimentel, assessora Técnica da Secretaria de Estado de Saúde, foi entrevistada em (19.04.2015 pela Cleisiane Xavier Diniz), na sede da SUSAM, na qual relatou que o Sr. Jorge Pimentel foi o engenheiro do projeto dos CAIMIs e que a construção dos mesmos aconteceu após a escolha dos locais a serem implantados. Os locais escolhidos deveriam ter as seguintes características: serem terrenos municipais desocupados, possuírem uma área que permitisse futuramente ampliação, que fosse eograficamente acessível à população idosa e que tivesse uma estrutura de serviços próxima como Delegacia, Escolas, Unidades de Saúde etc. O primeiro CAIMI Dr. Paulo César de Araújo Lima foi planejado e implantado dentro de padrões para atender as necessidades físicas e psicossociais dos idosos, sendo modelo para os demais CAIMIs  construídos posteriormente. No entanto, o segundo CAIMI Dr. André Araújo não seguiu este padrão, tendo sido adaptado em um espaço ocioso de um edifício garagem anexo ao hospital Francisca Mendes, na zona Norte da cidade. Por conta disso, apresenta uma série de dificuldades de acessibilidade e mobilidade por seus usuários, que será mostrado posteriormente. Já na construção do terceiro e último CAIMI Ada Rodrigues Viana, foi levada  em consideração a planta original do projeto, porém sua área total é inferior ao padrão do projeto inicial, dificultando também a acessibilidade e mobilidade dos usuários desse serviço. Esses espaços construídos representam a superação das desigualdades físicas e sociais, no entanto, grande parte dos espaços de órgãos públicos não está preparada para acolher pessoas com mobilidade reduzida e deficientes, porque apresentam inúmeras barreiras à acessibilidade. No que se refere ao espaço construído especificamente para atendimentos de pessoas idosas, o primeiro entro, CAIMI Dr. Paulo César de Araújo Lima, foi arquitetado e elaborado levando-se em consideração a necessidade de acessibilidade interna e externa. A área construída foi de 967,00 m2, de uma área total de 3.750,00 m2, restando uma área a construir de 2.783,00 m2, conforme planta física existente. O mais interessante que, naquela época, ao se pensar na construção desse grandioso projeto, não havia ainda a integralização das redes na área da saúde, muito menos a percepção de que a população idosa estaria em ampla ascensão, em termos de números, na cidade de Manaus, e, que  mais tarde, a partir da Promulgação do Estatuto do Idoso, seria exigido dos governantes uma atenção maior a esses indivíduos. Dessa forma, podemos considerar que a ideia de criação dos CAIMIs antecipou o futuro, uma vez que todo o país hoje se depara com a falta de projetos e infraestrutura para atendimento a esta população específica, tendo a cidade de Manaus, saído na frente com um projeto ousado que, além de prestar assistência à saúde, também priorizou a socialização desse grupo etário. Após a implantação dos CAIMIs, o projeto deveria seguir ampliando-se em direção aos diversos municípios do Estado do Amazonas.   Houve um projeto de construção no município de Maués no ano de 2002, com recursos do governo do Amazonas e a prefeitura  local, haja vista pesquisas  que esse  município era o  que apresentava maior número de idosos centenários. Foi então iniciado aquilo que seria o primeiro CAIMI interiorano, contudo, por questões de divergências políticas, o projeto não foi finalizado, tendo sido retomado posteriormente com o nome de Centro de Convivência do Idoso. Segundo Odontóloga Denise Machado dos Santos (Cirurgiã-dentista e Secretaria Executiva Adjunta), verbalizou que o projeto da construção dos CAIMIs teve repercussão nacional e internacional, pois não havia conhecimento público de um projeto semelhante. Nesta época, uma equipe da França esteve na cidade de Manaus, especialmente para conhecer o projeto e implantá-lo em diversas cidades francesas.

11928 VIGILÂNCIA EM SAÚDE: PROJETO ATENÇÃO ÀS ÁGUAS VIVAS – PROMOÇÃO DE SAÚDE E PREVENÇÃO FRENTE AOS ACIDENTES COM CNIDÁRIOS NO BALNEÁRIO CASSINO (RS).
Michele Neves Meneses, Márcia Xavier Pons, Roberta Medeiros da Costa, Kleyton Fernandes Cougo, João Batista Reinhart, Marcelo Amaro Pedroso

VIGILÂNCIA EM SAÚDE: PROJETO ATENÇÃO ÀS ÁGUAS VIVAS – PROMOÇÃO DE SAÚDE E PREVENÇÃO FRENTE AOS ACIDENTES COM CNIDÁRIOS NO BALNEÁRIO CASSINO (RS).

Autores: Michele Neves Meneses, Márcia Xavier Pons, Roberta Medeiros da Costa, Kleyton Fernandes Cougo, João Batista Reinhart, Marcelo Amaro Pedroso

Apresentação: O Projeto “Atenção às Águas Vivas” surgiu da necessidade de realizar orientação aos veranistas do Balneário Cassino a partir da grande quantidade de acidentes (queimaduras) atendidos na unidade de saúde local. A unidade de saúde referência da beira mar é de pronto atendimento, ficando com uma população estimada de quase 200 mil pessoas nesse período do veraneio. Trata-se de um relato de experiência do projeto da Vigilância em Saúde sobre o processo de construção compartilhada do conhecimento no que tange à prevenção aos acidentes com águas vivas. A metodologia é de relato do projeto “Atenção às Águas Vivas” baseando-se nos registros de informações da Vigilância em Saúde, da cidade do Rio Grande (RS), no período do veraneio nos anos de 2013 até 2020. Em 2013 iniciou-se a notificação dos casos, em formulário específico, pelos profissionais de saúde, para haver um controle da Vigilância Epidemiológica da quantidade real de pessoas “acidentadas”. Nesse mesmo ano, observou-se a quantidade extensa de acidentes que chegavam à unidade de saúde para atendimento. A partir disso, criou-se o projeto contínuo nos meses do verão, com formação de trabalhadores da saúde e guarda vidas, atividades educativas de prevenção com veranistas e residentes do balneário. Ainda, consistiu em alertar à população para que tivesse cuidado ao entrar no mar com a sinalização das guaritas com bandeiras descrevendo: “CUIDADO! ÁGUAS VIVAS”, quando de grande quantidade de cnidários ao mar. No ano de 2018, inovou-se o projeto e acrescentou-se às atividades educativas à distribuição de “kits águas vivas”. Esses kits vêm contendo um frasco com vinagre (Ácido acético) e gazes para um primeiro atendimento do acidente pelo próprio usuário/veranista já na beira mar. Salienta-se, ainda, que esse projeto, no quesito das sinalizações e alertas à população foi destaque como modelo e referência para todo o litoral do Rio Grande do Sul, sendo replicado pelo corpo de bombeiros em outras cidades litorâneas. Dessa forma, verificou-se que a população empoderou-se desse saber e fazer em saúde, que após as atividades educativas a população apropriou-se dos conhecimentos compartilhados e assumiu de forma efetiva e coletiva os primeiros cuidados com qualquer pessoa que sofresse acidente à beira mar. Isso foi evidenciado pelos dados epidemiológicos de notificação, sendo em 2014: 671 notificações, 2015: 151 notificações, 2016: 98 notificações, 2017: 97 notificações, 2018: 20 notificações, 2019: 18 notificações, 2020: 40 notificações até a presente data. Salienta-se que apenas em janeiro e fevereiro de 2020 já foram atendidos mais de 8 mil acidentes à beira mar do Cassino. Uma vez que os dados de notificações são menores, consequentemente os atendimentos ambulatoriais na unidade de saúde foram diminuídos, reorganizando a porta de entrada para efetivamente atendimentos de urgência e emergência. Assim, identificou-se a eficiente adesão da população na construção desse cuidado em saúde, emergindo a ideia de que processos emancipatórios e de empoderamento com a população no trabalho da Vigilância em Saúde são possíveis a partir de metodologias participativas, trabalho horizontal que signifique os saberes prévios e levando em consideração o cuidado popular em saúde.

11946 MAPEAMENTO DO CUIDADO A USUÁRIOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL E/OU DIABETES MELLITUS NO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO
Kellinson Catunda, Lucia Conde de Oliveira, Gilvan Ferreira Felipe, Francisca Helena de Lima Pereira, Thais Régia Silva Lima Costa Arcelino da Silva Lima Costa, Iara Nayane de Araújo Lucas, Roberta França Lopes

MAPEAMENTO DO CUIDADO A USUÁRIOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL E/OU DIABETES MELLITUS NO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO

Autores: Kellinson Catunda, Lucia Conde de Oliveira, Gilvan Ferreira Felipe, Francisca Helena de Lima Pereira, Thais Régia Silva Lima Costa Arcelino da Silva Lima Costa, Iara Nayane de Araújo Lucas, Roberta França Lopes

Apresentação: A dimensão do cuidado, a partir da perspectiva da integralidade, exige nova consideração sobre os processos saúde-doença, englobando as dimensões da macro e micropolítica, tomando o usuário e suas necessidades como seu eixo norteador. Nesse sentido, os modelos assistenciais devem priorizar os atos cuidadores e a autonomia dos usuários (MALTA; MERHY, 2010). A implementação da política de saúde no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988 foi parcialmente condicionada pelo processo de subfinanciamento crônico do SUS - que pode ser caracterizado pela alocação insuficiente de recursos orçamentários e financeiros tanto para cumprir plenamente os princípios constitucionais de acesso universal, integralidade e equidade, como para equiparação comparativa a outros países que adotam sistemas públicos de saúde similares ao brasileiro. considera que uma das consequências negativas desse processo de subfinanciamento do SUS está relacionada à limitação para a efetivação da prioridade da atenção primária (ou básica) como ordenadora da rede de assistência à saúde da população (FUNCIA, 2019). O conceito de modelo de atenção aqui adotado refere-se às dimensões  organizativo, gerencial e técnico assistencial. Considera-se na construção deste processo, as estratégias traçadas para reorganizar as ações e serviços de saúde; a dimensão organizativa refere-se à interrelação entre os estabelecimentos de saúde, levando em conta os níveis de atenção, a hirarquização estabelecidas entre eles; e a dimensão técnico-assistencial diz respeito às relações entre os profissionais e equipes de saúde nas práticas de cuidado com o usuário mediadas pelo saber e tecnologias que operam o processo de trabalho em saúde  (TEIXEIRA; VILASBOAS, 2014). Na organização das redes de serviços, a Atenção Primária a Saúde (APS) é responsável pelo primeiro contato da população com os serviços de saúde e o cuidado contínuo, principalmente, nos casos de adoecimento crônico. A partir da análise prévia dos índices de internações de acordo com as causas, morbidade e mortalidade, identifica-se que as doenças do aparelho circulatório, que tem como fator de risco a Hipertensão Arterial (HA) estão entre as que mais acometem a população cearense e também no município de Redenção. Também o Diabetes Mellitus (DM) é outra doença crônica que tem um impacto significativo no processo saúde doença da população. Ambas têm seu acompanhamento realizado primordialmente pela atenção primária. Essas condições crônicas comprometem de forma significativa a qualidade de vida das populações, e foram indicadas pelas equipes de saúde da família, participantes da pesquisa como condições crônicas de difícil controle e/ou adesão dos usuários. Contudo, os casos complexos precisam ser referenciados a outros locais que estejam dentro da rede a qual o município está inserido (REDENÇÃO-CE, 2017). O objetivo deste trabalho foi mapear a rede de cuidados do município de Redenção voltada para o usuário com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus na visão dos usuários. Desenvolvimento: Trata-se de pesquisa realizada a partir de recorte de dados oriundos de uma pesquisa maior intitulada: “Avaliação da qualidade da atenção à usuários com agravos crônicos em duas regiões de saúde do Ceará”, contemplada com edital Pesquisa para o SUS: Gestão compartilhada em saúde/PPSUS-CE/FUNCAP-SESA-Decit/SCTIE/MS-CNPq do ano de 2017. Os critérios de inclusão para os sujeitos foram: usuários com diagnóstico confirmado de HA e/ou DM acompanhados por uma unidade de saúde do município em estudo. A coleta de dados se deu de setembro de 2018 a agosto de 2019. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas. Para a análise, todos os dados obtidos por meio de entrevistas realizadas com usuários, foram gravadas,  transcritas, sintetizados e avaliados, afim de elencar pontos convergentes de um fluxo traçado pelo usuário dentro das Redes de Atenção à Saúde (RAS), visando compreender o processo de trabalho, fluxo, e sua execução, na Unidade Básica de Saúde. A pesquisa atendeu a resolução n. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e suas complementares sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Estadual do Ceará (UECE) sob o parecer Nº 2.533.895. Resultado: Com base na análise dos discursos dos sujeitos, de observação sistemática na Unidade Básica de Saúde (UBS), foi possível compreender como se dá o acesso dos usuários com HA e DM aos serviços de saúde e quais estão disponíveis a esses usuários no município de Redenção. Conforme coloca o usuário, ao chegar na UBS é atendido pela enfermeira, esta verifica a Pressão Arterial (PA), e caso necessário é encaminhado para o médico. O usuário coloca ainda que quando está com a PA alterada procura o hospital do município, neste o atendimento é bom, e o médico escuta, e se preciso prescreve medicamentos. De acordo com o Artigo 196 da Constituição Federal de 1988: a saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. É possível identificar nas falas apresentadas que no que se refere ao acesso aos serviços de saúde, o ingresso nas redes de atenção pode ser relacionado com as diversas possibilidades de adentrar aos serviços de saúde, as quais estariam também relacionados  com a localização da unidade de saúde, disponibilidade de horários, a possibilidade de atendimento a consultas não agendadas e a confiabilidade do usuário para com o serviço. Compreendemos desta forma que o acesso aos serviços de saúde é garantido aos usuários do SUS no município, tendo como duas principais portas de entrada a unidade básica (atenção primária) e o Hospital e Maternidade Paulo Sarasate (atenção secundária). Quando analisamos a relação entre usuário e a assistência em saúde, entende-se conforme coloca o usuário, que ao se encontrar com a PA alterada foi ao hospital do município, e logo transferido para Fortaleza (CE). Compreende-se na fala apresentada, que a percepção dos usuários sobre a qualidade da atenção nos serviços de saúde permite avaliar a humanização durante o atendimento. Entende-se que o processo organizativo e gerencial acontece dentro do município, podendo estender-se para outros pontos das RAS de acordo com a necessidade do paciente e respeitando os níveis de atenção de acordo com sua hierarquização. Considerações finais Os resultados revelam que a rede de cuidados tem bom resultado; os usuários têm um acompanhamento de consultas, exames, medicamentos e atividades de promoção e prevenção no próprio município (tendo como porta de entrada para estes serviços, tanto a unidade básica de saúde, contando com atendimento pela equipe da ESF e NASF, quanto o Hospital e Maternidade Paulo Sarasate – atenção secundária), nos casos de urgência e emergência. Um fator limitante encontrado durante o desenvolvimento da pesquisa foi que práticas de cuidado de usuários com HA e/ou DM, desenvolvidas no município é realização insipiente, não institucionalizada, de práticas populares de cuidado e ausência de realização de práticas integrativas e complementares em saúde voltadas a esse público.  

11956 ACOLHIMENTO OU TRIAGEM? AS DISTORÇÕES E O DESMANTELAMENTO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Jonathan Guedes da Silva, Sonia Acioli, Ricardo de Mattos Russo Rafael, Mercedes Neto, Gisele Nunes de Almeida, Juliana Roza Dias, Gláucia Bohusch

ACOLHIMENTO OU TRIAGEM? AS DISTORÇÕES E O DESMANTELAMENTO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Jonathan Guedes da Silva, Sonia Acioli, Ricardo de Mattos Russo Rafael, Mercedes Neto, Gisele Nunes de Almeida, Juliana Roza Dias, Gláucia Bohusch

Apresentação: O projeto intitulado “Práticas e Saberes dos Enfermeiros na Atenção Primária: Diálogos com a Educação Popular em Saúde e suas perspectivas teórico-metodológicas” faz parte do Programa de Incentivo à Produção Científica, Técnica e Artística (PROCIÊNCIA) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O presente trabalho trata de um relato de experiência da VIII oficina realizada pelo projeto. Objetivo: Relato de experiencia sobre o desenvolvimento da VIII oficina. Método: Optou-se pela Pesquisa-ação Participativa em Saúde, a partir do referencial teórico metodológico presente no campo da Educação Popular em Saúde no cenário de estudo da Área Programática 5.3 do município do Rio de Janeiro (ESF). Foram realizados oficinas e seminários com as enfermeiras da Estratégia Saúde da Família. Resultado: Durante a oitava oficina desdobrou-se o debate acerca do acolhimento como prática da enfermeira. Este assunto surge desde as primeiras oficinas, e ganha foco dada a implementação de um novo modelo de “acolhimento” pela SMS. Apresentado como uma mudança na filosofia de gestão, a proposta da SMS apresenta como referencial metodológico o pensamento lean (“enxuto”), estratégia adotada pela Toyota para produzir sem desperdício. As enfermeiras relatam como tem se dado na realidade do serviço essa transição. No lugar do acolhimento organiza-se um ‘guichê rápido’ onde a enfermeira deverá exercer a função de recepcionista, encaminhando ao profissional médico os usuários ou atendendo in loco a demanda do usuário marcando exame ou renovando receita. Essa conformação do processo de trabalho gera uma série de distorções, tanto na lógica da ESF, como na assistência integral e interprofissional, visita domiciliar. O agente comunitário de saúde deslocado de suas funções, perda de vínculo entre a enfermeira da equipe e usuários levando também a perda de referência da adscrição, territorialização e precarização do processo de trabalho das enfermeiras. Isso ocorre pois precisam se realocar de acordo com os turnos para dar conta tanto da nova função quanto das consultas de enfermagem e das metas que não foram alteradas. Por fim, e evidentemente – substituição do acolhimento por uma espécie de triagem. Considerações finais: Há um claro retrocesso na mudança na filosofia de gestão do acolhimento, como evidenciado pelas trabalhadoras enfermeiras, representando assim mais um aprofundamento na desconstrução da ESF. Não foi rara a citação de uma ‘UPA da Família’ termo criado pelas enfermeiras para se referir aos contornos que o serviço nas clínicas da família estaria assumindo a partir da PNAB 2017 e do redesenho da estratégia com a demissão massiva de equipes por parte do governo Crivella. A marca de uma lógica biomédico-centrada é evidente nesse processo. Para além disso, o processo de trabalho assume uma logica industrial onde a eficiência do fluxo e maximização da qualidade – leia-se quantidade – são descritores de efetividade do serviço, saúde e sua assistência deixam de ser um processo complexo e dinâmico para serem reduzidos a um produto em uma esteira de produção.

11961 PSICOLOGIA E SUS: RESSIGNIFICAÇÕES, CONTRIBUIÇÕES E AVANÇOS
Janaína Rabelo Monteiro da Silva

PSICOLOGIA E SUS: RESSIGNIFICAÇÕES, CONTRIBUIÇÕES E AVANÇOS

Autores: Janaína Rabelo Monteiro da Silva

Apresentação: A psicologia, no Brasil, é regulamentada no ano de 1962 através da lei  n° 4.119, onde dispõe-se sobre as atribuições do profissional e sua formação. Ao longo do tempo ocorreram mudanças curriculares significativas nas estruturas dos projetos políticos pedagógicos das instituições de ensino superior em decorrência dos momentos e movimentos sociais e históricos que aconteceram nas últimas décadas que incluíram mais substancialmente prática voltadas a atuação no SUS. Nesse sentido, a atuação da psicologia, enquanto ciência e profissão, no serviço de saúde pública do Brasil viabiliza uma ressignificação do próprio campo psicológico, no que se refere a um exercício profissional mais comprometido com as políticas públicas criadas para a sociedade brasileira e mais afastado do modelo de atendimento clinico individualizado. Nessa perspectiva, as possibilidades de aproximação entre a Psicologia e o Sistema Único de Saúde proporcionaram e ainda proporcionam inúmeras desconstruções e construções para o campo da saúde coletiva quando se consideram aspectos relacionados à produção de conhecimento científico, prática profissional mais humanizada e o atendimento psicológico para a sociedade civil. Desse modo, o presente trabalho propõe apresentar, a partir de pesquisa bibliográfica entre os anos de 2010 a 2019 na plataforma SciELO, uma breve revisão sistemática sobre as significativas contribuições da ciência psicológica ao Sistema Único de Saúde que estão relacionadas à atuação dos profissionais do campo da psicologia. Observou-se que apesar de ser grandiosa a inserção da ciência psicológica dentro do sistema de saúde, faz-se necessário mais engajamento para a promoção da saúde mental de comunidades que demandam de serviço psicológico. Por conseguinte, problematiza-se o exercício da psicologia que não se restrinja a ser complementar a saberes e fazeres já estabelecidos, mas produzir técnicas e metodologias que auxiliem o exercício da profissão dentro do sistema e que avance cada vez mais com o crescimento do SUS.

11997 MUDANÇAS NO PADRÃO DE ALEITAMENTO MATERNO APÓS FRENECTOMIA LINGUAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Camila Dias, Camila Araújo de Albuquerque, Aniely Tavares da Silva, Alessandra Aparecida de Saldes, Ana Carla Oliveira Santos, Sandra Hipólito Cavalcanti

MUDANÇAS NO PADRÃO DE ALEITAMENTO MATERNO APÓS FRENECTOMIA LINGUAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Camila Dias, Camila Araújo de Albuquerque, Aniely Tavares da Silva, Alessandra Aparecida de Saldes, Ana Carla Oliveira Santos, Sandra Hipólito Cavalcanti

Apresentação: O leite materno deve ser fonte exclusiva de nutrição para lactantes durante os seis primeiros meses de vida. Para que esse aleitamento seja eficaz o lactente usa uma série de estruturas bucais, dentre elas a língua, apresentando um papel fundamental na sucção, deglutição e transporte de alimentos. Abaixo da língua existe uma membrana submucosa que a conecta ao assoalho da boca, a qual deverá sofrer apoptose em sua fase embrionária, quando isso não ocorre dar-se-á origem a uma condição denominada anquiloglossia, popularmente conhecida como “língua presa”. O objetivo de realização e identificação precoce da anquiloglossia é aperfeiçoar a amamentação, garantir um melhor desempenho do processo de amamentar e assegurar o fortalecimento do aleitamento materno exclusivo (AME). Desenvolvimento: O presente estudo é um relato de experiência sobre a realização do teste da linguinha por uma discente de enfermagem em um projeto de extensão realizado numa clínica escola. A realização do teste da linguinha pode ser feito por qualquer profissional de saúde capacitado, representando um desafio para os profissionais que lidam diretamente com a amamentação. Foi observado a implementação da técnica do teste da linguinha em um neonato, onde cursava com perda de peso e em uso de aleitamento materno predominante. A mãe apresentava fissura em mamilo e visível desestimulação para amamentar com risco de interrupção precoce. Resultado: Diagnosticada a anquiloglossia, o lactente foi encaminhado para cirurgia de liberação do frênulo lingual. Na consulta de rotina, após quinze dias, o mesmo apresentou um aumento do peso corporal, melhora na pega e mudança significativa no padrão de amamentação e foi observado na progenitora mamilo com melhora no aspecto da integridade, referindo estímulo para prosseguir com amamentação. Considerações finais: Qualquer problema que comprometa a saúde da língua pode refletir nas funções bucais que prejudica a amamentação, com impacto no ganho de peso, crescimento e desenvolvimento da criança. A avaliação precoce do freio lingual possibilita diagnosticar anomalias de sua inserção, delinear medidas preventivas para as intercorrências no período de aleitamento materno e evitar agravos.

11999 CARACTERIZAÇÃO DAS DEMANDAS DE SAÚDE DE PESSOAS TRANS USUÁRIAS DO AMBULATÓRIO T DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE PORTO ALEGRE - RS
Guilherme Lamperti Thomazi, Natália Perella Proft, Vinícius Vicari, Vinícius de Souza Casaroto, Verônica Barsanti, Sophie Nouveau, Lucas Ribas, Simone Ávila

CARACTERIZAÇÃO DAS DEMANDAS DE SAÚDE DE PESSOAS TRANS USUÁRIAS DO AMBULATÓRIO T DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE PORTO ALEGRE - RS

Autores: Guilherme Lamperti Thomazi, Natália Perella Proft, Vinícius Vicari, Vinícius de Souza Casaroto, Verônica Barsanti, Sophie Nouveau, Lucas Ribas, Simone Ávila

Apresentação: O Ambulatório Trans de Porto Alegre, um serviço multiprofissional da Atenção Primária à Saúde, iniciou suas atividades em agosto de 2019 e funciona uma vez por semana no turno estendido (17:30 às 21:30). O objetivo deste estudo é apresentar os resultados sobre a caracterização das demandas de saúde das pessoas usuárias desse ambulatório. Este estudo é um recorte do projeto de pesquisa “Avaliação da implementação do Ambulatório T da Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre - RS”, aprovado pelo CEP/SMS sob número 3.750.282. em andamento. Do dia 7 de agosto de 2019 até 19 de janeiro de 2020 foram atendidas no ambulatório 272 pessoas, dessas 84,6% apresentaram como motivo principal da consulta questões relacionadas ao uso de hormônios. A partir disso, foram criadas três categorias de análise: início de hormonização, referente às pessoas que  nunca fizeram uso de hormônios; regularização da hormonização, para àquelas que fazem uso de hormônios por prescrição médica, porém perderam o vínculo; e adequação da hormonização, relativa ao uso de hormônios por conta própria (automedicação). Dos 124 homens trans que tiveram como demanda a hormonização, 59,7% (74) estavam em início de hormonização,  21,8% (27) utilizavam sem acompanhamento ou orientação de profissionais de saúde, necessitando de adequação das dosagens de testosterona, e 18,5%  (23) precisavam de regularização da hormonização. Quanto às mulheres trans, 48,2% (41) fazia uso de hormônios por conta própria, sem acompanhamento por profissionais de saúde, 32,9% (28) das 85 usuárias gostariam de iniciar a hormonização, e 18,8% (16) perderam a continuidade do cuidado com o/a/e antigo/a/e profissional. Entre as pessoas não binárias, 46, 7% (7) das 15 relataram nunca terem utilizado hormônios, 40% (6) faziam uso sem acompanhamento e 13,3% (2) tinham interesse em regularizar a hormonização por não ter mais acompanhamento. Já as travestis, 100% das 6 usuárias realizavam a hormonização sem orientações de profissionais da saúde. O uso de hormônios sem acompanhamento médico pode causar diversos problemas de saúde, como tromboembolismo, cânceres hormônio-dependentes, Acidente Vascular Cerebral, problemas circulatórios, entre outros. Este estudo ressalta as necessidades de saúde de pessoas trans no que tange à hormonização, por ter sido a principal demanda de saúde apresentada pelas pessoas  usuárias, porém ressaltamos que não se resumem somente a isso. Por outro lado, à medida em que as pessoas usuárias conhecem a composição da equipe multiprofissional surgem outras demandas, tais como saúde mental, dentista, retificação do nome civil, entre outras. O acompanhamento de saúde caracterizado pela não patologização de identidades trans é imperioso para o Sistema Único de Saúde para que seja possível cuidar da saúde de pessoas trans de forma integral.

12012 A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA RESPOSTA TERAPÊUTICA E PROGNÓSTICO DE PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS
Bruna Paola Santos Zonta, Estella Ramos Rezende, Taís Verônica Cardoso Vernaglia, Denise de Assis Corrêa Sória

A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA RESPOSTA TERAPÊUTICA E PROGNÓSTICO DE PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS

Autores: Bruna Paola Santos Zonta, Estella Ramos Rezende, Taís Verônica Cardoso Vernaglia, Denise de Assis Corrêa Sória

Apresentação: A influência da espiritualidade no tratamento, seja médico ou psicológico, tem sido objeto de pesquisa nos dias de hoje. Vários estudos sobre o impacto da espiritualidade na prevenção e no melhor prognóstico de pacientes psiquiátricos mostram que uma perspectiva mais abrangente do ser humano corrobora o sucesso terapêutico. O presente estudo tem como objetivo avaliar o que há na literatura sobre o tema, a fim de compreender a influência terapêutico-espiritual no prognóstico de pacientes com transtornos mentais. Desenvolvimento: Revisão integrativa da literatura baseada nas cinco etapas de Whittemore e Knafl. A questão elaborada foi “Qual a relação entre espiritualidade e terapêutica/prognóstico de pacientes com transtornos mentais? ”. 753 artigos foram identificados nas bases de dados PubMed, Periódicos CAPES, BIREME e SciELO com as palavras-chave “SPIRITUALITY” and “MENTAL DISORDERS” and “PROGNOSIS”, em inglês e português. Os critérios de inclusão foram todos os artigos publicados em inglês e português até dezembro/2019, texto completo disponível, sem restrição de métodos e que retratassem a espiritualidade no contexto da saúde mental. Os possíveis estudos foram selecionados por dois revisores de forma independente. Um terceiro revisor atuou em casos incertos. Os dados foram ordenados, codificados e analisados ​​por métodos mistos. Resultado: Níveis mais elevados de fé e satisfação com a vida se relacionam a menores taxas de depressão e tempo de internação, além de melhor resposta terapêutica. A religiosidade/espiritualidade foi associada à melhora do humor, afastando sentimentos como culpa, autocensura, desesperança e inutilidade. Considerações finais: A espiritualidade pode atuar como fator de proteção à saúde e influenciar em um melhor prognóstico. Esta revisão sugere que a inclusão de critérios de espiritualidade nos cuidados de saúde pode reduzir os custos hospitalares.

12014 A SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DA POPULAÇÃO LGBT: UM CONCEITO AMPLIADO DE PREVENÇÃO.
Janaíne Maria de Oliveira, Maria Bianca Brasil Freire, Lorrainy da Cruz Solano, Francisca Gilberlania da Silva Santos Barreto, Jessica Natana de Menezes Silva, Narjara Beatriz Queiroz da Silva

A SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DA POPULAÇÃO LGBT: UM CONCEITO AMPLIADO DE PREVENÇÃO.

Autores: Janaíne Maria de Oliveira, Maria Bianca Brasil Freire, Lorrainy da Cruz Solano, Francisca Gilberlania da Silva Santos Barreto, Jessica Natana de Menezes Silva, Narjara Beatriz Queiroz da Silva

Apresentação: As desigualdades sociais ameaçam tanto as dimensões de acesso ao sistema único de saúde (SUS), como também a qualidade de seus serviços, a exemplo da desigualdade de gênero, que se estende desde o sexo oposto, considerando também as outras categorias (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) que forma o público LGBT. A população LGBT pertence a um dos nichos de maior vulnerabilidade no quesito acesso aos serviços de saúde. Isso tem refletido em um maior afastamento e, consequentemente aumento, dos riscos de adoecimento dessa população, já que, acaba buscando alternativas que põem em risco sua vida. As causas desse afastamento, pode se dar, pelas barreiras criadas pelo preconceito, desconhecimento ou negativa, por parte de alguns profissionais de saúde, em reconhecer as dificuldades que essa população encontra na luta pela garantia do direito universal à saúde. Com o objetivo de oportunizar o acesso da população LGBT à saúde sexual e reprodutiva, o núcleo de enfermagem da residência multiprofissional em atenção básica, saúde da família e comunidade da UERN, oferta o atendimento a essa população, de forma acolhedora, singular e ampliada, junto ao ambulatório LGBT desta instituição de ensino. O atendimento é realizado por enfermeiros residentes e preceptor, a toda população LGBT que busque o serviço, em livre demanda. Durante a consulta de enfermagem, são ofertados os testes rápido para às IST/AIDS distribuídos pelo Ministério da Saúde, além de orientações e utilização dos métodos de prevenção a essas infecções, métodos contraceptivos, pré-natal, vacinação, prevenção ao câncer de mama e colo do útero, com a coleta do exame citopatológico de homens e mulheres. Neste serviço, o atendimento é realizado de acordo com a necessidade do indivíduo, respeitando sua orientação, e praticas sexual e de gênero, livre do enquadramento binário que, culturalmente permeia a prática de promoção à saúde, replicada pelos profissionais de saúde. Com base no atendimentos realizados, os usuários do ambulatório, vêm permitindo o diálogo acerca das suas dúvidas sobre a prevenção das infecções sexualmente transmissíveis, construindo assim uma relação de confiança e vínculo com os enfermeiros residentes, permitindo inclusive, que seja realizada a coleta do exame de citopatológico, tanto entre as mulheres lésbicas, quando os homens trans. Esse é um indicador significativo, por se tratar de um exame clínico que, a maioria das pessoas dessa população o considera invasivo, constrangedor e evitado. Esse sentimento é amplificado entre os homens trans, julgado como desnecessário, arraigado de tabu e medo. Outro ponto importante a ser constatado, é a crescente procura pelo serviço, mediante satisfação e divulgação pelos próprios usuários. Isso comprova que, se bem orientados e acolhidos, a população LGBT busca acessar o serviço de saúde, melhorando assim sua qualidade de vida, diminuindo os fatores determinantes do seu adoecimento. Acreditamos que, a ampliação do olhar sobre a saúde sexual e reprodutiva da população LGBT, seguindo pelo viés do acolhimento e desconstrução dos preconceitos, permite uma melhora significativa, na saúde dessas pessoas e do acesso aos serviços de saúde, refletida no exercício da sua sexualidade autônoma, segura e protegida.

12024 O PAPEL DO ACOLHIMENTO NA IDENTIFICAÇÃO DE DETERMINANTES SOCIAIS DE USUÁRIES DO AMBULATÓRIO T DE PORTO ALEGRE E ESTRATÉGIAS DE AUTONOMIA DE SUJEITOS
Verônica Barsanti Vieira, Vinicius de Souza Casaroto, Roberta Cardoso da Silva

O PAPEL DO ACOLHIMENTO NA IDENTIFICAÇÃO DE DETERMINANTES SOCIAIS DE USUÁRIES DO AMBULATÓRIO T DE PORTO ALEGRE E ESTRATÉGIAS DE AUTONOMIA DE SUJEITOS

Autores: Verônica Barsanti Vieira, Vinicius de Souza Casaroto, Roberta Cardoso da Silva

Apresentação: O ambulatório de atendimento a pessoas trans de Porto Alegre (Amb T/POA) iniciou em agosto de 2019, vinculado à rede de Atenção Primária à Saúde (APS) e tem por base o reconhecimento de identidades de gênero dissidentes, a autonomia de sujeitos e a não patologização das identidades trans. O acesso ao serviço é facilitado e a equipe é composta por nove categorias profissionais. Este artigo tem como objetivo discutir a importância do acolhimento por meio da escuta inicial, realizado sempre por duas categorias. Para isso,  utilizam um instrumento construído coletivamente pelos profissionais, em um trabalho interdisciplinar, baseado em estratégias como entrevista e escuta qualificada, na busca de identificar como se expressam os determinantes sociais em saúde na vida dos/as  usuários/as que acessam o serviço. Na oportunidade, dando luz à discussão dos determinantes sociais, com as informações colhidas ao longo do processo da escuta inicial, os e as profissionais têm a possibilidade de efetivar encaminhamentos necessários para áreas que compõe a equipe do Amb T/POA, com vistas  a buscar o atendimento das demandas identificadas. É neste momento ainda em que é oportunizada a articulação com a rede de serviços sócio-assistenciais e equipamentos de saúde, buscando o acesso integral ao cuidado em diferentes campos e acompanhamento global, visando à autonomia dos sujeitos e à diminuição do preconceito, estigma e discriminação nos diferentes espaços onde circulam as pessoas trans. 

12046 APLICAÇÃO DA INTEGRALIDADE EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO ESTADO DE PERNAMBUCO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Aniely Tavares da Silva, Camila Araújo de Albuquerque, Camila Dias da Silva Barros, Alessandra Aparecida de Saldes, Thais de Albuquerque Correa, Elisama da Paz Oliveira, Luciana da Silva Barreto, Joanna francyne Silva de Barros

APLICAÇÃO DA INTEGRALIDADE EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO ESTADO DE PERNAMBUCO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Aniely Tavares da Silva, Camila Araújo de Albuquerque, Camila Dias da Silva Barros, Alessandra Aparecida de Saldes, Thais de Albuquerque Correa, Elisama da Paz Oliveira, Luciana da Silva Barreto, Joanna francyne Silva de Barros

Apresentação: A integralidade é descrita como princípio doutrinário na Lei Orgânica de saúde (Leis 8.080 e 8.142/90) que compreende a articulação entre serviços de saúde e as práticas desenvolvidas pelos profissionais de saúde. Essa norma visa garantir ao indivíduo uma assistência à saúde que transcende a prática curativa, com o objetivo de contemplar o indivíduo em todos os níveis da atenção e considerar o sujeito inserido em um contexto social, familiar e cultural. Desenvolvimento: O presente estudo é um relato de experiência acerca da aplicabilidade da integralidade na atenção primária à saúde, observada durante estágio curricular supervisionado em Setembro de 2018 ofertado pela Faculdade Pernambucana de Saúde, tendo por objetivo demonstrar sua execução e importância para um cuidado equânime e centralizado no bem estar da pessoa. Durante a realização das consultas de enfermagem foi possível observar que o atendimento era realizado de forma integral para cada pessoa com análise de suas necessidades individuais, o que proporcionou ao usuário vivenciar a singularidade do atendimento com tendência a uma melhora no quadro clínico, como também a uma maior confiabilidade no profissional e assim o aumento do vínculo do binômio paciente-profissional acaba por resultar numa melhor aderência de continuidade no atendimento na atenção primária. Resultado: Com base nas vivências foi possível observar que a abordagem do profissional frente ao paciente obteve um impacto positivo não apenas ao paciente que após as consultas sucedeu autonomia para manifestar suas queixas e liberdade para exteriorizar suas dúvidas, como também, nos profissionais que acabaram por desenvolver competências interpessoais, sem esquecer a constante atualização do componente técnico do cuidado, o qual deve ser o eixo organizador do mesmo. Considerações finais: A abordagem holística e singular vivenciada pelo usuário na unidade revelou o quão pertinente e atual é a relação de confiança estabelecida entre o binômio paciente-profissional que faz referência ao respeito, compromisso, responsabilidade e sensibilidade. Evidenciou também que a assistência não pode estar centrada apenas no elemento técnico-científico, atentando para atualização de um relacionamento humanizado.

12059 ACIDENTE DE MOTOR DE BARCO COM ESCALPELAMENTO NOS RIOS DO PARÁ: DESAFIOS PARA ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE
Crissia Cruz, Ana Carolina Araújo de Almeida Lins

ACIDENTE DE MOTOR DE BARCO COM ESCALPELAMENTO NOS RIOS DO PARÁ: DESAFIOS PARA ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE

Autores: Crissia Cruz, Ana Carolina Araújo de Almeida Lins

O Estado do Pará é uma das unidades federativas que compõem a Amazônia brasileira. Essa região apresenta uma geografia peculiar, com sua gigantesca bacia hidrográfica e floresta. É uma região com metrópoles e também com comunidades de povos tradicionais, como ribeirinhos, quilombolas e indígenas. Para compreender a ocorrência dos acidentes com escalpelamento nos rios da região é preciso pensar na lógica cotidiana da população ribeirinha, que não vive apenas às margens dos desses rios, mas que se relaciona com eles como forma de viver. É através deles que os ribeirinhos se alimentam, produzem e se deslocam. O rio é parte ativa do cotidiano dessas populações. Desta forma, os barcos são também vitais nesse modo de viver. É nesse contexto peculiar que acontece um grave acidente na região: o acidente de motor de barco com escalpelamento. Ele ocorre com o enrolar dos cabelos no eixo de motor do barco em funcionamento, o que provoca o arranque abrupto do couro cabeludo, de modo total ou parcial, podendo lesionar ainda a região cervical, o pavilhão auricular, as sobrancelhas e a face, ou mesmo levar a óbito. As sequelas ocasionadas são múltiplas e permanentes, e as principais pessoas acometidas por esse acidente são mulheres e crianças. Diante da gravidade do acidente e suas repercussões no cotidiano dessa população foi construído o Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento (PAIVES), a fim de oferecer assistência integral, nos níveis ambulatorial e de regime de internação hospitalar à essas mulheres e crianças, contando ainda com o Espaço Acolher, uma estratégia de abrigamento e assistência às pacientes durante seu longo tratamento realizado na capital paraense. As reflexões tecidas nesse trabalho acerca da atuação multiprofissional em situações de escalpelamento partem das experiências conjuntas como psicóloga integrante da equipe do PAIVES e psicóloga residente no serviço de psicologia hospitalar que presta assistência a essas mulheres e crianças. O PAIVES dispõe de uma equipe multiprofissional composta por profissionais da Medicina, Psicologia, Enfermagem, Serviço Social, Terapeutas Ocupacionais e Nutricionistas. O tratamento para este grave acidente tem a duração de anos e implica em uma mudança significativa no modo de viver das pacientes, que necessitam permanecer por longos períodos na capital do estado, longe de suas referências familiares e de comunidade, de lar, dos rios, de seus hábitos alimentares, de sua lógica de vida e recursos diversos, inclusive econômicos. Por se tratar de uma demanda tão específica da região, com importantes características amazônicas, impõe-se sobre esse fenômeno grandes desafios também em relação a formação, capacitação e sensibilização dos profissionais que assistem essas mulheres e crianças afetadas pelo acidente com escalpelamento. Nesse sentido, a assistência à saúde dessas mulheres e crianças é um desafio para construção e efetivação de políticas públicas em saúde, não somente do estado do Pará, mas para o país, que precisa reconhecer a existência desse grave acidente para combate-lo e garantir assim a assistência integral, multiprofissional e de qualidade para as mulheres e crianças acometidas pelo escalpelamento nos rios da Amazônia.

12060 ENCONTRO DE IDEIAS: UMA FERRAMENTA DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA
Letícia Ramos da Silva, Fabiane Dias de Mendonça

ENCONTRO DE IDEIAS: UMA FERRAMENTA DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA

Autores: Letícia Ramos da Silva, Fabiane Dias de Mendonça

Apresentação: O Encontro de Ideias pode ser compreendido como uma ferramenta que o Centro de Convivência e Cultura utiliza, proporcionando um espaço de (com)vivência e troca entre os participantes desse equipamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e dos técnicos que compõe esta equipe de trabalho. Desta forma, viabiliza a participação popular na construção, sustentação e organização do serviço, em diferentes conjunturas. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre a potência do Encontro de Ideias, enquanto ferramenta que possibilita novos modos dos sujeitos estarem na vida. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência de uma oficineira e de uma estagiária de enfermagem em uma atividade, denominada Encontro de Ideias, realizada no Centro de Convivência e Cultura em 2017. Resultado: Esse encontro tem por finalidade produzir uma agenda de atividades externas mensais nesse equipamento, sendo este um agenciador da RAPS, que participa ativamente em uma aposta de desinstitucionalização das estratificações enrijecidas da sociedade e possibilitando maior (re)inserção dos sujeitos socialmente excluídos de direitos sociais. Em grupo, além dos desejos de conhecer e visitar espaços culturais e/ou públicos da cidade, aparecem as produções desejantes de habitar espaços e territórios até então inacessíveis, seja por estigma ou por condição socioeconômica. Nesse espaço são discutidas as questões pertinentes ao deslocamento físico pela cidade, como as condições de mobilidade, as diferenças socioeconômicas, formas de construção coletiva de habitar alguns espaços na cidade, como divulgar os encaminhamentos e como lidar as vezes com a impossibilidade de acesso. São encontrados e discutidos também os desafios de (com)viver com as diferenças no coletivo. Considerações finais: Hoje é possível observar desdobramentos desse encontro coletivo, quando alguns participantes replicam o movimento do encontro, reproduzindo as informações para os dispositivos de outros territórios, construindo e organizando possibilidades outras de participação nas atividades externas daqueles que, pela distância, não conseguem chegar ao espaço físico, onde ocorre a maioria dos encontros. Entendendo esse desdobramento, criou-se o Encontro de Ideias Intinerante  como uma forma de viabilizar a participação e construção desses encontros em dispositivos localizados em territórios geograficamente distante, e de certa forma possibilitar uma troca dessa ferramenta para que outros dispositivos também se utilizem dela no dia - a – dia de seus serviços, visando um maior diálogo com a comunidade do entorno. Ainda encontramos como desafio a dificuldade de mobilidade nos transportes e de explorar e visibilizar espaços da cidade localizados em territórios não popularmente turísticos, como em bairros da periferia da cidade do Rio de Janeiro.

12068 AS PRÁTICAS E DISCURSOS DOS PROFISSIONAIS DA ASSISTÊNCIA MATERNO-INFANTIL E A PARENTALIDADE: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA NO BRASIL, CANADÁ E FRANÇA
SIMONE SANTANA DA SILVA, CINIRA MAGALI FORTUNA, GILLES MONCEAU, MARGUERITE SOULIÈRE, ANNE PILOTTI, Maria José Bistafa Pereira, NATHALIE MONDAIN

AS PRÁTICAS E DISCURSOS DOS PROFISSIONAIS DA ASSISTÊNCIA MATERNO-INFANTIL E A PARENTALIDADE: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA NO BRASIL, CANADÁ E FRANÇA

Autores: SIMONE SANTANA DA SILVA, CINIRA MAGALI FORTUNA, GILLES MONCEAU, MARGUERITE SOULIÈRE, ANNE PILOTTI, Maria José Bistafa Pereira, NATHALIE MONDAIN

Apresentação: Trata-se de pesquisa a qual objetivou construir/experimentar uma abordagem de pesquisa (pesquisadores-profissionais-pais) e interdisciplinar (saúde-educação-intervenção social) nas instituições de saúde. É coordenada, nos três países, por membros da rede francofônica Recherche Avec. É um estudo-piloto que se interessa pelos efeitos dos discursos e das práticas dos profissionais da saúde que circundam o nascimento, sobre “ser pais” e sobre o exercício da parentalidade. Destacamos que partimos da compreensão da parentalidade como o processo de construção no exercício das relações dos pais com os filhos em todas as fases da vida. Revela, assim, os papéis e funções parentais a partir de aspectos subjetivos como desejo, mitos, medos, projeções de identidade, entre outros. Neste sentido, o nascimento, assim como os outros eventos do ciclo de vida, promove a produção de práticas que refletem os valores, prioridades, performances, e mais amplamente os principais desafios dos envolvidos no processo. Para melhor compreender a complexidade dos desafios atuais no campo da parentalidade, a presente pesquisa se organiza numa proposição colaborativa (pesquisadores, pais e profissionais), adota uma perspectiva transnacional (Canadá- Brasil e França) e interdisciplinar (saúde, educação e intervenção social). A fase piloto desse estudo (que se ampliará ao longo da programação da pesquisa e se desdobrará em diferentes eixos) elaborou um dispositivo metodológico colaborativo de modo que pudesse permitir a definição dos eixos da pesquisa a partir das experiências e preocupações, dos profissionais e dos pais. As diferenças apresentadas nas realidades nos três contextos internacionais permitiram (e permitirá) apreender tanto as lógicas, bem como os constrangimentos que os atravessam e os desafios locais e micro sociais. Desenvolvimento: A pesquisa-piloto adotou, nos três países, o mesmo percurso metodológico na produção dos dados: três encontros de grupos de discussão para construção de um questionário e realização de uma análise cruzada entre os temas que emergiram nos países. Além disso, foram realizadas restituições participativas contínuas cruzadas. Em cada país, a pesquisa foi desenvolvida com dois grupos de trabalhadores da saúde e dois grupos de pais (com perfis diferentes). A inserção de dois grupos de participantes, com contexto diferentes permitiu englobar o máximo possível de realidades. Para a produção dos dados, como referido, foram realizados grupos de discussão (grupo focal) e diário de pesquisa. O norte das discussões foi a experiência com o nascimento desde a gestação à primeira infância com a formulação de questões que pudessem retratar vivencias, marcas e inquietações do ser pai e ser mãe na atualidade. A abordagem analítica situou-se em três níveis: 1-transcrição (escuta e transcrição integral dos grupos); 2- transposição (constituir as unidades de significação e as aproximações entre eles e os referenciais teóricos) 3 - reconstituição (reconstrução de um texto com as análises finais). Além disso, valorizou-se o retorno aos participantes: restituição participativa, a qual se constitui como parte integrante da análise e foi composto por: 1- comunicação da experiência dos pais e dos profissionais durante o período perinatal; 2- partilha de conhecimentos com fins de colaboração (componente educacional). Assim tal restituição reconhece e valoriza a contribuição dos participantes do estudo na análise de modo a integrá-los em nas próprias práticas e ainda para melhor compreender as diferenças e semelhanças entre o discurso e as práticas no campo da assistência perinatal. A restituição é a oportunidade de discutir os resultados para orientar pesquisadores em direção a novos caminhos para o desenvolvimento de um programa de investigação sobre o nascimento que possa contribuir para o bem-estar das crianças, pais e famílias. RESULTADO/IMPACTOS O reconhecimento da experiência dos pais, e da sua diversidade, no discurso e na prática em perinatalidade tem um efeito inegável sobre a paternidade e exercício da parentalidade. A partir da experiência desenvolvida nos três países, quatro eixos desdobraram como ideias-chave para condução das análises: 1- (visões contrastante) discurso que oscila entre o romantizado em relação à maternidade e o cruel em relação aos contextos de extrema vulnerabilidade; 2- biomedicalização (discurso autoritário e práticas dominantes) das ações saúde materno-infantil que refletem diretamente na gestação, parto e pós-parto e até na vida das pessoas em um contexto geral; 3- (organização dos serviços) não dialogam com a rede hospitalar que realiza o parto. Tal fato repercute, portanto, em estratégias educativas que facilmente destoam da realidade encontrada nos serviços hospitalares. Outro aspecto evidenciado com muita força é 4- (relações profissionais e pais/familiares envolvidos) que a oferta de cuidado das equipes nem sempre contemplam as especificidades das pessoas e famílias envolvidas. Diante dessas questões levantadas, é inegável a existência de elementos que se configuram como estratégias de enfrentamento da excessiva valorização das práticas médico-centradas como, por exemplo, na inserção de outros profissionais como obstetrizes, doulas e enfermeiras obstetras, bem como o fortalecimento na formação das equipes multiprofissionais. Tudo isso é colocado com um convite para a revisão das práticas hegemônicas destinadas ao nascimento e o reconhecimento da existência de demandas específicas de cada mulher, a autonomia e direito sobre seu próprio corpo. Deste modo, a valorização das estratégias de orientação e cuidado a partir do encontro entre as famílias e as redes de apoio é de extrema relevância. Ainda, há de se considerar o necessário entendimento do caráter biopsicossocial que valorize todas as etapas desde o pré-natal, o parto e também o puerpério.  Considerações finais: Nos três países, a parentalidade está cada vez mais orquestrada por uma práxis (tecnicista/médico-centrada) que põe em segundo plano a experiência de mães, pais e famílias, e os significados e funções simbólicas do nascimento em favor de um “cálculo de risco”. Os partos tornaram-se, portanto, o alvo de intervenções, de cunho preventivo. A variedade de testes de rastreamento e parâmetros físicos, mentais e ambientais são a linha de frente de proteção contra múltiplos perigos que ameaçam o feto. Como relação a isto, é possível afirmar que implicitamente tais exames “preventivos” e prescrições são dispositivos para produção, por exemplo, de potenciais “más” mães já que, a partir dessa abordagem, são suas escolhas que colocam as crianças em risco. A proliferação de receitas enviadas aos pais por autoridades do conhecimento geram mais o sentimento de incompetência ou impotência entre os pais e mães. É o efeito desejado? E quais são as consequências para as crianças e as famílias? Estas questões surgem de forma aguda nos três países e norteará a continuidade da pesquisa.

12075 AVALIAÇÃO DOS ENCAMINHAMENTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE PARA ATENÇÃO AMBULATORIAL ESPECIALIZADA EM NUTRIÇÃO EM UMA ÁREA PROGRAMÁTICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Beatriz Salari Bortolot, Amanda de Moura Souza, Rebecca Cabral de Figueirêdo Gomes Pereira

AVALIAÇÃO DOS ENCAMINHAMENTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE PARA ATENÇÃO AMBULATORIAL ESPECIALIZADA EM NUTRIÇÃO EM UMA ÁREA PROGRAMÁTICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Autores: Beatriz Salari Bortolot, Amanda de Moura Souza, Rebecca Cabral de Figueirêdo Gomes Pereira

A Atenção Primária à Saúde (APS) caracteriza-se como porta de entrada preferencial da Rede de Atenção à Saúde (RAS), atuando como coordenadora do cuidado, possibilitando o acesso dos usuários aos demais níveis de atenção. No SUS, a regulação assistencial permite uma oferta aos serviços de saúde mais equânime e adequada às necessidades dos usuários. Dentre os procedimentos regulados no SUS, destacam-se os de alimentação e nutrição que apresentam um importante impacto na saúde de pessoas, famílias e comunidades. Este trabalho tem como objetivo avaliar os encaminhamentos da APS à Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) em nutrição, na AP 3.1 do Município do Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo descritivo de encaminhamentos que utilizou as bases de dados do Sistema Nacional de Regulação (SISREG) do município do Rio de Janeiro, tendo como objetos de estudo as solicitações de “consulta em nutrição”, “consulta em nutrição e pediatria”, “consulta em nutrologia” e “consulta em nutrologia infantil”. Os dados coletados referem-se ao período de 1º de janeiro de 2018 a 31 de julho de 2018. Foram analisados somente os dados referentes às Unidades Básicas de Saúde Solicitantes da AP 3.1. 1352 encaminhamentos foram encontrados no período de 1º de janeiro de 2018 a 31 de julho de 2018. 704 encaminhamentos tiveram suas justificativas avaliadas, referentes ao período de maio a julho de 2018. Destes 71,5%  correspondiam a usuários do sexo feminino e 28,5% sexo masculino. Aproximadamente 60% se encontravam na faixa etária de 20 a 59 anos. 44,5% e 19,0% tinham como diagnóstico principal a obesidade e o diabetes mellitus, respectivamente. No que tange as justificativas contidas nos encaminhamentos avaliados, 87 (12,3%) dos encaminhamentos não apresentavam nenhuma justificativa, 242 (34,4%) dos encaminhamentos solicitados apresentavam um breve resumo da história do usuário e algum exame físico (peso, estatura, IMC). 46 (6,5%) apresentavam um breve resumo da história do usuário e algum exame laboratorial. Somente 14 (1,9%) dos encaminhamentos solicitados apresentavam ao mesmo tempo o resumo da história do usuário, exame físico e exame laboratorial. Com relação à influencia de suportes apoiadores da RAS, como o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (Nasf), dos 1352 encaminhamentos solicitados, 984 (72,8%) eram proveniente de unidades básicas solicitantes que não possuíam apoio do Nasf, enquanto 368 (27,2%) possuíam apoio do Nasf. Destes 368 encaminhamentos que possuíam apoio do Nasf, 231 (62,8%) eram referentes a unidades básicas solicitantes que não possuíam o profissional nutricionista na equipe Nasf e 137 (37,2%) apresentavam Nasf com o nutricionista incluído na equipe. A resolutividade do cuidado depende da interação dos diferentes pontos de atenção da rede, como a Atenção Primária e a Atenção Secundária, de forma que a prática regulatória pode promover a continuidade e integralidade do cuidado. Verificou-se a potencialidade do apoio da equipe Nasf à APS e a importância da inserção do profissional nutricionista na contribuição do processo de atenção à saúde da população.  

12081 NARRATIVAS EM SAÚDE NA FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Renan Vicente Vicente da Silva, Fabiana Barbosa, Cleyson Costa, Luigi Sanci, Catarina Ferreira Da Silva, Valéria Romano, Gustavo Figueiredo

NARRATIVAS EM SAÚDE NA FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Autores: Renan Vicente Vicente da Silva, Fabiana Barbosa, Cleyson Costa, Luigi Sanci, Catarina Ferreira Da Silva, Valéria Romano, Gustavo Figueiredo

Apresentação: O presente relato aborda reflexões, potencialidades e significados das narrativas em saúde, utilizadas como estratégia pedagógica no Espaço Acolhe Manguinhos e nos encontros do Laboratório de Estudos em Atenção Primária à Saúde (LEAP), ambos vinculados `a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A escrita de narrativas em saúde podem ser consideradas como caminhos para a construção de uma certa práxis, já que promove  reflexões do fazer prático-teórico, valorizando a indissociabilidade desses campos do saber. Permite também a expressão dos sentimentos dos sujeitos, como marca de singularidade, segundo as vivências e experiências na formação e no cotidiano dos profissionais de saúde. São estratégias pedagógicas utilizadas após a realização de encontros dialógicos; potencializando, assim, o desenvolvimento de um cuidar em saúde construtor de vínculos intensos. O processo de escrita das narrativas em saúde transcendeu um olhar para o rigor científico e racionalista da coleta de história clínica convencional. Escrever sobre nossos sentimentos em relação `a prática da saúde, nos coloca diante das subjetividades em saúde,  frequentemente reprimidas ao longo da formação acadêmica, pautada no modelo biomédico. A carga subjetiva é transformada em palavras, mesmo que em alguns momentos as mesmas nos faltem e em outros transbordem, o que importa é que podemos expressar o quanto aquele encontro nos envolveu e significou, de forma individual e coletiva. Por fim, é necessário afirmar a relevância das narrativas na desconstrução da hegemonia do saber acadêmico, aproximando, assim, sentimentos e construção de diálogos entre os saberes, onde sensibilidade e expressividade são relevantes. Em conclusão este relato reitera a importância de se utilizar narrativas em saúde nos meios acadêmicos na tentativa de formar profissionais mais sensíveis e acolhedores diante das várias dimensões do outro, especialmente na área da saúde. 

12116 AVALIAÇÃO DO PERFIL DE CONSUMO ALIMENTAR DE PESSOAS COM OBESIDADE GRAVE SUBMETIDOS AO TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR DO GRUPO DE APOIO À REDUÇÃO DO PESO CORPORAL DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SOB A ÓTICA DA PESQUISA AÇÃO PARTICIPATIVA.
Ana Carolina Bittencourt de Paiva, Luciane Pires da Costa, Jessica Santanna Domingos, Lina Márcia Migués Berardinelli, Ramon Franco Carvalho, Caroline Alves de Araújo

AVALIAÇÃO DO PERFIL DE CONSUMO ALIMENTAR DE PESSOAS COM OBESIDADE GRAVE SUBMETIDOS AO TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR DO GRUPO DE APOIO À REDUÇÃO DO PESO CORPORAL DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SOB A ÓTICA DA PESQUISA AÇÃO PARTICIPATIVA.

Autores: Ana Carolina Bittencourt de Paiva, Luciane Pires da Costa, Jessica Santanna Domingos, Lina Márcia Migués Berardinelli, Ramon Franco Carvalho, Caroline Alves de Araújo

Apresentação: Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, o número de obesos no Brasil aumentou 67,8% entre 2006 e 2018. Atualmente, mais da metade da população, 55,7% tem excesso de peso, apesar disso a população passou a adquirir hábitos mais saudáveis. Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o perfil de consumo alimentar de pessoas com obesidade grave submetidas ao tratamento interdisciplinar do GARO/UERJ. A amostra foi composta por 27 indivíduos, de ambos os sexos, com idade média de 39,33 anos ± 11,10 anos, peso 111,73kg ± 18,89kg, estatura 164, m ±0,10m, IMC 41,11kg/m² ±4,9kg/m². Segundo a média de 3 recordatórios alimentares de 24h, o consumo de calorias foi de 2265,23 ±790,42, carboidratos 270,40g ±105,73g, proteína 91,33g ±33,41g, lipídios 92,81g ±39,84g, colesterol  374,17mg ±169,31mg. Os indivíduos são submetidos a exercício físico de 3x/semana pela equipe do Laboratório de Fisiologia Aplicada ao Exercício Físico, terapia cognitiva comportamental e atendimentos individuais com a equipe de psicologia do Laboratório de Estimulação Elétrica, e atendimento individual e oficina de conscientização de consumo alimentar e nutricional baseada na metodologia de pesquisa ação participativa pelo Grupo de Pesquisa em Nutrição e Exercício Físico quinzenalmente. Além de atividades de “bem estar” que expõe esses indivíduos a vivências corporais lúdicas e inusitadas. O tratamento possui período de duração de 6 meses. Após 3 meses de intervenção forem reavaliados e os resultados apresentados foram,  no peso 103,02kg ± 10,48kg, e no consumo de calorias de 1666,05 ±376,42, carboidratos 213,68g ±41,11g, proteína 70,95g ±21,95g, lipídios 63,89g ±22,17g, colesterol 356,04mg ±216,82mg. Houve uma diminuição no peso corporal (-8,71kg) e modificações no consumo alimentar, que podem ser reflexo das oficinas de conscientização alimentar realizada e potencializada com o apoio psicológico para autogerenciamento da ansiedade e reconhecimento da relação de cada individuo com o alimento. Uma dificuldade encontrada é a adesão dos participantes ao longo do período proposto. O tratamento está em atividade e acreditamos que a avaliação de novos grupos poderão contribuir com novas propostas de tratamento para a obesidade no Brasil.

12117 SÍFILIS NA GESTAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NO PRÉ-NATAL
Daiana do Nascimento Pereira, Camila Mendonça de Almeida Senna, Laressa Barbosa da Silva Pereira,, Emilene Pereira. de Almeida.

SÍFILIS NA GESTAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NO PRÉ-NATAL

Autores: Daiana do Nascimento Pereira, Camila Mendonça de Almeida Senna, Laressa Barbosa da Silva Pereira,, Emilene Pereira. de Almeida.

Apresentação: A sífilis na gestação é um grave problema de saúde pública que pode acometer toda populaçao inclusive gestantes. É causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas com indivíduos infectados, além de verticalmente, de mãe para filho durante a gestação, uma vez que a bactéria ultrapassa a barreira placentária ou trabalho de parto. Desenvolvimento: O Ministério da Saúde oferece teste de detecção da sífilis para todas as gestantes durante as primeiras consultas do pré-natal. Os testes são por sorologia Treponêmica Fluorescent Treponemal Antibody Absorption (FTA-ABS) e não treponêmica Venereal Disease Research Laboratory (VDRL). O tratamento é feito com uso da Penincilina G Benzatina preferencialmente. Manifesta-se em três fases: sífilis primária, secundária e terciária. A vigilância da sífilis em gestantes é essencial de modo que sua notificação compulsória é obrigatória. A vigilância epidemiológica, objetiva controlar a transmissão vertical, avaliação de medidas, tratamento, prevenção e controle. Gestantes com sífilis são referenciadas ao pré-natal de alto risco. A metodologia utilizada foi abordagem qualitativa do tipo descritiva, exploratória utilizando dados obtidos por protocolos do Ministério da Saúde e diretrizes para controle da sífilis. Resultado: Este trabalho buscou enfatizar a importância do acompanhamento no pré-natal a gestante portadora de sífilis com o intuito de prevenir suas principais complicações. Neste cenário, o enfermeiro surge como protagonista e é capacitado para orientar a gestante sobre o uso correto da medicação visando prevenir possíveis consequências para mãe e filho, dentre outras condutas. O enfermeiro na atenção básica torna se, portanto, fundamental para garantir a integralidade do cuidado desde a detecção, diagnóstico e tratamento da sífilis. Diante disso, observa-se que o não acompanhamento pré-natal é considerado fator de risco principal para a sífilis congênita. Considerações finais: O pré-natal é reconhecidamente um espaço de suma importância para a realização da prevenção e tratamento da transmissão vertical da sífilis, quanto aos aspectos que dificultam a eficácia do tratamento, a difícil adesão do parceiro ao recurso terapêutico e interrupção do tratamento por parte de algumas gestantes. Sobre as implicações é importância frisar as políticas públicas de saúde voltadas para a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis ISTs. Dessa maneira, é de extrema importância que o profissional acolha esta gestante considerando todos os aspectos biopsicossociais que implicam no tratamento da doença. Sendo assim, educar a gestante sobre os benefícios do tratamento é uma maneira eficaz de assistência de qualidade.

5816 SUJEITO E IMAGEM DE SI: UM ESTUDO COM COORDENADORES DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO BAIRRO PEDRA NOVENTA, CUIABÁ – MT
Lucas Rodrigo Batista Leite, Cássia Maria Carraco Palos, Patricia Aparecida da Silva

SUJEITO E IMAGEM DE SI: UM ESTUDO COM COORDENADORES DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO BAIRRO PEDRA NOVENTA, CUIABÁ – MT

Autores: Lucas Rodrigo Batista Leite, Cássia Maria Carraco Palos, Patricia Aparecida da Silva

Apresentação: trata-se de uma reflexão que iniciamos em nosso Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Graduação em Saúde Coletiva, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), intitulado “Saúde e violência: sujeito e Memória nos dizeres de profissionais de saúde do bairro Pedra Noventa, Cuiabá, Mato Grosso”, cujo objetivo era compreender como a violência aparecia no discurso desses profissionais. Desenvolvimento: o TCC faz parte de projeto de pesquisa denominado “Saúde e Violência: discurso de profissionais de saúde do bairro Pedra 90, Cuiabá – MT”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos – Área de Ciências Humanas e Sociais (CEP – Humanidades), da UFMT e conduzido junto ao Instituto de Saúde Coletiva desta universidade. Trata-se de um estudo qualitativo – interpretativista, que realizou entrevista semiestruturada com 5 coordenadores de Unidades Básicas de Saúde, todas com Estratégia de Saúde da Família (ESF), localizadas no bairro Pedra Noventa, na periferia de Cuiabá, que fica distante aproximadamente vinte quilômetros do centro da cidade. Os entrevistados receberam nomes fictícios de pedras: Ônix, Quartzo Rosa, Ametista, Esmeralda e Calcita. As entrevistas foram interpretadas a luz da Análise de Discurso, iniciada por Michel Pêcheux, na França, nos anos 1960, e ampliada, no Brasil, por Eni de Lourdes Puccinelli Orlandi. Resultado: Perguntamos: quem é X (nome do entrevistado)? Quartzo Rosa se apresentou como uma pessoa indecisa e sensível – o que é verificado pelo seu choro durante a entrevista – e, diríamos perdida, em tudo aquilo que precisa dar conta de fazer, mas que não diz o que é, silencia. Diz sobre algo (coisas) mas não o/s especifica. Temos um sujeito dividido em várias coisas, coisas essas que não se sabe o nome. Silêncio. Quartzo parece denunciar essa divisão, mas ao mesmo tempo parece conformada (“eu sou um misto”). Ônix ao iniciar sua fala, o começa pela ilusão de que poderia controlar os sentidos a serem ditos (“em que sentido?”), como se esses estivessem postos, determinados; e que, o entrevistador ao especificar sobre quais sentidos deveria falar (“no sentido que você quiser responder”), acessaria exatamente aquilo que ele procurava ou aquilo que ela pensava que ele procurava. Efeito de evidência. Tão logo o entrevistador dá um sinal, ela assume “antes de tudo e acima de tudo”, a posição-sujeito mãe acompanhada de uma posição-sujeito esposa. Ao dizer o tempo (ano) que está casada – especificando o casamento na igreja – parece querer afirmar que não é qualquer mulher, mas uma mulher com credenciais – casada na igreja. Mobiliza aí sentidos próprios de uma FD patriarcal. Traz ainda à cena uma posição-sujeito profissional que se diz não frustrada com sua escolha (pela enfermagem), uma vez que existe um imaginário de que quem faz enfermagem é uma espécie de médico frustrado, ou seja, quem não conseguiu cursar medicina. Por outro lado, ao se referir a sua vida, se coloca na posição de sujeito mulher casada e enfermeira. Temos então uma divisão: falar de si e falar de/sobre sua vida. Sobre si (Eu) assume as posições de sujeito mãe e sujeito mulher casada; sobre sua vida, sujeito mulher casada e sujeito enfermeira. Na “sua vida” (passível de controle numa sociedade patriarcal) mulher casada vem antes de mãe. Ao usar o diminutivo Ônix mobiliza um discurso próprio da infância (“Brincar de casinha”) e nesse contexto, poderíamos refletir: teria ela sido “criada” desde a infância para a maternidade, casamento? Ametista, de imediato, pareceu querer se defender de algo, ao dizer “tenho meus defeitos” antes de dizer sobre suas qualidades. Ela se antecipa, justificando contra uma possível acusação (?). Parece não ficar bem definido em seu dizer o limite entre o sujeito profissional e o sujeito eu; o que é delimitado é a forma de ser: quando profissional é flexível, pé no freio; quando Eu, é ansiosa, agitada. Ambos se confundem, se atravessam. Esmeralda assume uma posição-sujeito menina, que se diz otimista com/em tudo. Assume uma posição-sujeito holístico, que acredita no sobrenatural, no astral, que não tem status científico, como nas previsões do horóscopo, ao se dizer “canceriana legítima”. Calcita parece considerar aquilo que as pessoas dizem que ela é (desequilibrada, doida) e isso o parece ser, pois, ela argumenta que não dá conta de falar de si. Precisa de um tempo para mobilizar aquilo que ela pensa ser ela: uma menina alegre, feliz, família etc. embora diga que “reduziu um pouquinho”, parece ser o oposto, parece ela ter sido reduzida a. Considerações finais: Percebe-se as diferentes posições ocupadas pelos entrevistados, em/no seu discurso: sujeito-mãe, sujeito-menina, sujeito-esposa, sujeito-holístico, sujeito-profissional, sujeito-coisificado etc. Se por um lado as posições eram distintas, por outro a forma-sujeito era a mesma: forma-sujeito capitalista. Própria da sociedade no qual os discursos foram formulados. A pesquisa abre espaço para futuras intervenções com esses profissionais, principalmente no que se refere a apoio psicossocial, resgate de autoestima etc.