460: Serviços de Saúde e suas tecnologias
Debatedor: Rui Teixeira Lima Junior
Data: 29/10/2020    Local: Sala 13 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
9293 OS DESAFIOS DE UMA EQUIPE SAÚDE DA FAMÍLIA NA COBERTURA DE COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE TEFÉ
Vanessa Gonzaga Salgado, Maria Adriana Moreira, Fabiana Mânica Martins, Josiane de Souza Medeiros

OS DESAFIOS DE UMA EQUIPE SAÚDE DA FAMÍLIA NA COBERTURA DE COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE TEFÉ

Autores: Vanessa Gonzaga Salgado, Maria Adriana Moreira, Fabiana Mânica Martins, Josiane de Souza Medeiros

Apresentação: O objetivo deste trabalho é relatar as experiências e vivencias de uma equipe Estratégia Saúde da Família, em onze comunidades rurais, do município de Tefé. O Sistema Único de Saúde (SUS) é universal, “é de todos e para todos” diz a Constituição Brasileira, e as politicas públicas de saúde garantem os seus princípios fundamentais para todos os cidadãos brasileiros. No município de Tefé, através de uma gestão municipal equilibrada, transparente e comprometida em respeitar os princípios fundamentais do SUS, o acesso à saúde dos comunitários das comunidades de onze comunidades rurais, é garantido através dos profissionais de uma equipe estratégia saúde da família. Desenvolvimento: Durante os cinco dias da semana, faça chuva, faça Sol, de Segunda a Sexta Feira, os profissionais da Estratégia Saúde da Família, vinculada a Unidade Básica de Saúde São Francisco, na comunidade São Francisco, fazem atendimento em onze comunidades rurais, do município de Téfe. Fazemos um cronograma mensal no qual estabelecemos a ordem dos atendimentos em cada comunidade. As onze comunidades da zona rural atendida pela equipe são: Agrovila, Maranata, São Francisco, Bom Jesus, Boa Vontade, Vila Valetim, Santo Izidoro, Agrovila da Emade, Andiroba, Pavão, Nova Jerusalém. A equipe total é composta por quarenta e dois profissionais, mas é a equipe volante que esta diariamente nas comunidades. É composta por: um gerente de equipe, um médico, duas enfermeiras, um odontólogo, uma assistente social, duas auxiliares de saúde bucal, uma vacinadora e dois técnicos de enfermagem. Saímos da frente da Secretaria Municipal de saúde, e seguimos para a nossa UBS de referência, UBS São Francisco, pegamos todo o nosso equipamento e insumos que iremos utilizar nos atendimentos médicos, de enfermagem, odontológico, na comunidade a qual iremos atender no dia. Das onze comunidade rurais, somente duas possuem posto de saúde: Comunidade Maranata, comunidade Santo Izidoro. Nas demais comunidades não temos posto de saúde, por isso atendemos em escolas, centros comunitários, em igrejas, ou nas casas dos próprios comunitários, ou embaixo das arvores. Atendemos onde é possível, improvisamos, usamos os recursos que temos disponíveis na comunidade, mas no final tudo da certo. A Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza toda a logística de transporte, insumos e alimentação da equipe. Almoçamos no local do atendimento, muitas vezes são as merendeiras das escolas municipais que preparam nossa alimentação. Contamos também com a ajuda dos próprios comunitários que se voluntariam para fazer nossa alimentação e nos dão suporte no dia do atendimento.Quando chegamos à comunidade, os pacientes já estão esperando a equipe no local onde será realizado o atendimento. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) que mora na comunidade já esta recebendo e identificando os pacientes. Os atendimentos são por demanda livre, atendemos e fazemos o possível para que todos que vão para o atendimento sejam atendidos. A equipe passa o dia na comunidade fazendo atendimento odontológico, consulta de enfermagem, consulta médica, prestando outros serviços como testagem rápida, procedimentos de enfermagem, entrega de medicamentos com prescrição medica, também prestamos serviço de assistência social, fazemos visita domiciliar e educação em saúde com temas variados relacionados à promoção da saúde e prevenção das doenças. As crianças das comunidades são muito participativas adoram as atividades, pois levamos fantoches, oferecemos lanches e brincadeiras pra elas. Resultado: Ir para as comunidades é um desafio diário, pois enfrentamos  estrada de barro, que quando chove se transforma num verdadeiro rali, uma vez que o barro fica muito escorregadio e denso, ao ponto de algumas vezes já ficarmos atolados e os comunitários precisarem nos ajudar a desatolar o carro da equipe. Para chegarmos á comunidade do Andiroba, precisamos subir uma ladeira que mais parece uma montanha russa. Outra aventura é pra chegarmos à comunidade Santo Izidoro, quase uma hora na estrada de barro, e quando chove precisamos ir mais devagar, pois o carro desliza muito. Outro grande desafio é para chegarmos às comunidades Vila Trindade e Vila Valetim, pois precisamos atravessar um ramal que tem umas crateras enormes e piora ainda mais quando está chovendo. Os desafios são gigantes, mas as vivências e experiências são gratificantes e pra vida inteira. A faculdade nos prepara para sermos excelentes profissionais, mas é o dia a dia nas comunidades, é o contato com os pacientes que nos torna seres humanos melhores e mais evoluídos, e especialmente, profissionais comprometidos com a população no sentido de produção de saúde, conforme princípios e diretrizes do SUS. Considerações finais: O nosso grande objetivo como equipe é Prestar um atendimento de qualidade, integral e humano nas comunidades, garantindo o acesso a assistência, a promoção, prevenção, e reabilitação da saúde de forma a satisfazer as necessidades de todos os cidadãos. Além do mais sabemos que nas comunidades rurais os saberes tradicionais, sobre os quais diferentes atores sociais protagonizam o cenário da oferta de serviços de saúde, a saber: o curandeiro, a parteira, o conhecedor de drogas naturais ou “desmintidor”, especialista em técnicas de massagem para o tratamento de contraturas musculares e entorses articulares, que realizam cuidados não tradicionais de saúde por meio do uso de recursos terapêuticos locais. Por isso entendemos que é importante dialogar com esses saberes que são milenares, passados de geração em geração trabalhamos de forma integrada com esses atores dentro das comunidades, respeitando os modos de vida de cada comunidade. Entendemos que não é a comunidade quem tem que se adaptar a nós, mas somos nós que temos que nos integrar e nos adaptarmos àquele contexto e produção de existencias.

9316 INCORPORAÇÃO DA VACINA CONTRA O PAPILOMAVÍRUS HUMANO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE: UMA HISTÓRIA DE QUASE SETE ANOS ATÉ CHEGAR AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DANIELA LACERDA SANTOS, ROSÂNGELA CAETANO

INCORPORAÇÃO DA VACINA CONTRA O PAPILOMAVÍRUS HUMANO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE: UMA HISTÓRIA DE QUASE SETE ANOS ATÉ CHEGAR AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Autores: DANIELA LACERDA SANTOS, ROSÂNGELA CAETANO

Apresentação: A vacina contra o HPV foi desenvolvida e comercializada em todo mundo como estratégia fundamental para a prevenção do câncer de colo de útero. No Brasil, a vacina foi introduzida no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2013, devido à alta carga da doença no país. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer, 16.370 casos novos de câncer cérvico-uterino eram esperados para o biênio 2018-2019, com risco estimado de 15,43 casos/100.000 mil mulheres, correspondendo a terceira neoplasia maligna mais incidente em mulheres. Objetivo: Descrever o processo de incorporação da vacina contra o HPV pelo Ministério da Saúde no Brasil. Método: Pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso único. Os dados foram coletados através da análise de documentos oficiais do Ministério da Saúde (MS) e de associações médicas, projetos de leis, e entrevistas em profundidade com atores chaves que participaram do processo. Resultado: A vacina contra o HPV foi registrada no país em agosto/2006 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e, no mesmo ano, o MS criou um grupo de estudo com o intuito de avaliar a possibilidade de incorporá-la ao Sistema Único de Saúde. Desde 2006, havia recomendação de realização de estudo nacional de custo-efetividade e de impacto orçamentário, devido ao alto preço da vacina. Ao longo de quase sete anos, vários grupos foram formados, com a discussão sobre a incorporação ocorrendo em vários cenários, dentro e fora do âmbito ministerial e/ou governamental, que apontavam a necessidade de dados de efetividade do mundo real que comprovassem o impacto da imunização na redução da incidência do câncer do colo de útero. Considerações finais: A incorporação da vacina no Brasil foi fortemente influenciada pelos processos decisórios a nível da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias e pelos resultados do estudo de custo efetividade, mencionado como uma forma do MS ganhar tempo para o desenvolvimento de ações que permitissem a redução do alto preço da vacina, que comprometia o impacto orçamentário de sua inclusão no PNI. A assinatura de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo, transferindo a tecnologia para laboratórios públicos nacionais, foi outro aspecto de grande relevância, além de outros fatores intervenientes, como pressões no legislativo federal.

9546 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLINICO DOS CASOS DE HANSENÍASE TRATADOS COM POLIQUIMIOTERAPIA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM (PA)
Valney Mara Gomes Conde, Remita Viegas Vieira, Marcos Mickael Gomes Carvalho, Marcos Zander Vieira SHANAID, Yan José Almeida da Gama Costa, Adrielle Leal Dias, Maria Tatiane Gonçalves Sá, Guilherme Augusto Barros Conde

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLINICO DOS CASOS DE HANSENÍASE TRATADOS COM POLIQUIMIOTERAPIA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM (PA)

Autores: Valney Mara Gomes Conde, Remita Viegas Vieira, Marcos Mickael Gomes Carvalho, Marcos Zander Vieira SHANAID, Yan José Almeida da Gama Costa, Adrielle Leal Dias, Maria Tatiane Gonçalves Sá, Guilherme Augusto Barros Conde

Apresentação: A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, de evolução crônica, notificação compulsória, curável e de investigação obrigatória em todo território nacional. O tratamento da hanseníase se dá através da poliquimioterapia (PQT), que é uma combinação de drogas, distribuída gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde. No entanto, causa diversas reações que podem ser previsíveis (tipo A) ou imprevisíveis (tipo B). Cerca de 80% das reações são previsíveis, geralmente relacionados com a dose, decorrentes de conhecidas ações farmacológicas da droga e ocorrem em indivíduos normais. Os efeitos colaterais são inevitáveis na dose regular prescrita. As reações do tipo B são responsáveis por menos de 20% e incluem aquelas imunologicamente mediadas. Objetivo: Analisar o perfil socioeconômico e clínico dos casos de hanseníase no município de SANTARÉM (PA) nos anos de 2007 a 2017 tratados com poliquimioterapia (PQT) que abandonaram o tratamento e ou tiveram algum tipo de reação ao tratamento. Método: Estudo epidemiológico, descritivo. Foram avaliados 95 prontuários de pacientes que trataram de hanseníase em 10 Unidades de Saúde na área urbana do município de Santarém. Utilizamos os dados epidemiológicos através dos prontuários de pacientes notificados com Hanseníase, na base do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre os anos de 2007 a 2017 que foram tratados nas Unidades de saúde dos bairros da Nova República; Santarenzinho; Floresta; Matinha; Maracanã, Esperança, Aparecida/Caranazal, Jardim Santarém; Jaderlândia e Maicá. Os dados foram tabulados utilizando média e porcentagem. Resultado: Quanto as caraterísticas epidemiológicas, observou-se que a faixa etária desses paciente estavam entre gt; 15 anos e 60 anos. A maior concentração ocorreu na faixa de 26 a 40 anos (30,53%), onde estão as pessoas consideradas economicamente ativas podendo causar impacto sobre o aspecto sócio econômico e psicossocial. Quanto ao gênero a maior ocorrência de casos ocorreu no sexo masculino, com 61,05 % dos casos, e no sexo feminino apenas 38,95%. No diagnóstico clínico, 34,74% dos pacientes apresentava-se na forma dimorfa, 23,16% na forma Virchoviana, 15,79% na forma Indeterminada e 14,74% na forma Tuberculóide. Quando somadas as formas dimorfa (34,74%) e virchowiana (23,16%), que são as formas disseminantes da doença, chega-se a maioria dos casos com 57,9% dos casos. Na classificação operacional (OMS), 29,47% dos pacientes apresentava-se na forma Paucibacilares, enquanto que 70,53% na foram diagnosticados como Multibacilares. Considerações finais: Os resultados obtidos neste estudo evidenciaram que nos casos analisados a grande maioria era do sexo masculino e que o tratamento para hanseníase está sendo realizado tardiamente, pois apresentavam as formas mais graves da doença com classificação operacional multibacilar, nas formas clínicas Dimorfa e Virchoviana.

9551 NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE HANSENÍASE DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM UM MUNICÍPIO HIPERENDÊMICO NO PARÁ
Glauciney Pereira Gomes, Remita Viegas Vieira, Marcos José da Silva Baia, Guilherme Augusto Barros Conde, valney Mara Gomes Conde

NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE HANSENÍASE DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM UM MUNICÍPIO HIPERENDÊMICO NO PARÁ

Autores: Glauciney Pereira Gomes, Remita Viegas Vieira, Marcos José da Silva Baia, Guilherme Augusto Barros Conde, valney Mara Gomes Conde

Apresentação: A hanseníase é uma doença neurodermato-infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae, um bacilo de alta infectividade e de baixa patogenicidade por infectar muitos, mas poucos manifestarem a doença. No Brasil, o serviço de saúde é responsável por diagnosticar a hanseníase, encontrar casos ativos da doença, acompanhar os contatos dos pacientes, realizar o tratamento e prevenção de incapacidades das pessoas afetadas pela hanseníase, mas apenas 42% do total da população do Pará é coberta por estes serviços. Este cenário sugere que podem haver muitos pacientes portadores de hanseníase não diagnosticados no Estado, que estão perpetuando a transmissão do bacilo. O profissional Agente comunitário de saúde (ACS) tem papel de destaque na vigilância epidemiológica desta doença, onde a suspeição de casos podem facilitar a identificação de novos pacientes que necessitam de diagnóstico e tratamento para a mitigação de danos à saúde e propagação da doença. Objetivo Avaliar o nível de conhecimento dos ACS sobre os aspectos gerais da Hanseníase, transmissão, diagnóstico, tratamento e vigilância de contato. Materiais e Método: Estudo descritivo e analítico. Foram selecionados para a capacitação os ACS e de zona de baixo, intermediário e alto grau de detecção de Hanseníase utilizando os pacientes notificados na base SINAN. No processo de georreferenciamento e análise espacial da distribuição dos casos de hanseníase foi utilizado o software livre QUANTUM GIS (QGIS) e o mapa da zona urbana foi adquirido através do Google maps. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário fechado, contendo 9 questões, contemplando tópicos sobre aspectos gerais, diagnóstico, transmissão, tratamento e vigilância de contatos acerca da hanseníase foi aplicado aos ACS antes (pré-teste) e depois (pós-teste) na tentativa de mensurar o nível de conhecimento desses profissionais. Os participantes tinham 3 opções de resposta, para cada questão, devendo marcar com um X apenas a correta de entre as opções apresentadas aplicado a 24 ACS das Unidades de Saúde Liberdade/Mapiri, Nova República e Santa Clara no município de Santarém- Pará. Para análise dos resultados foram categorizados em 5 blocos divididos: Bloco 1- A doença (aspectos gerais), Bloco 2- Diagnóstico, Bloco 3- Transmissão, Bloco 4- Tratamento, Bloco 5- Vigilância de contatos. Os dados foram tabulados utilizando média e porcentagem. Resultado Foram capacitados 24 ACS para a suspensão em suas áreas de atuação nas Unidades Básica de Saúde que estavam nas zonas: baixo (UBS Santa Clara); alto (UBS Nova República) e uma área intermediária (UBS Mapiri/Liberdade) detectadas através da Análise espacial. Os resultados apontam um nível de conhecimento “ótimo” para o bloco 4 (Tratamento), “bom” para o bloco 3 (Diagnóstico), “regular” para o bloco 1 (Aspectos gerais) e “ruim” para os blocos 2 (Transmissão) e 5 (Vigilância de Contatos). Considerações finais: Os resultados obtidos neste estudo evidenciaram um nível de conhecimento “regular” sobre os principais aspectos da hanseníase, para a vigilância de contato e transmissão o nível de conhecimento foi “ruim”, fazendo-se necessário maior atenção seja dada na educação permanente em saúde desse profissional. Devido à falta de conhecimento sobre como ocorre a transmissão e como agir na vigilância de contato para a hanseníase, demonstra propagação da doença.

9553 IDENTIFICACÃO DE ÁREAS DE COBERTURAS DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE CORRELACIONADO COM A HANSENÍASE ATRAVÉS DA ANÁLISE ESPACIAL
Valney Mara Gomes Conde, Remita Viegas Vieira, Marcos Mickael Gomes Carvalho, Manuelle Beatriz Lopes Ferreira, Rodrigo Pires Figueredo, Tamara Pimentel Gomes de Lima, Glauciney Pereira Gomes, Guilherme Augusto Barros Conde

IDENTIFICACÃO DE ÁREAS DE COBERTURAS DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE CORRELACIONADO COM A HANSENÍASE ATRAVÉS DA ANÁLISE ESPACIAL

Autores: Valney Mara Gomes Conde, Remita Viegas Vieira, Marcos Mickael Gomes Carvalho, Manuelle Beatriz Lopes Ferreira, Rodrigo Pires Figueredo, Tamara Pimentel Gomes de Lima, Glauciney Pereira Gomes, Guilherme Augusto Barros Conde

Apresentação: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica causada pelo organismo intracelular obrigatório que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos que pode levar a deficiências físicas graves e deformidades se não for diagnosticada e tratadas em seus estágios iniciais. Com o inchaço urbano, torna-se necessário adequar as demandas da população aos serviços públicos de saúde, dessa maneira a implementação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) visam atender adequadamente a necessidades da população em consonância como os recursos públicos disponíveis, bem como sua eficiente localização, distribuição espacial e abrangência no atendimento. Objetivo: Identificar as áreas de coberturas e abrangência das unidades de básicas de saúde, correlacionando estas áreas a distribuição de casos de hanseníase utilizando análise espacial no município de Santarém-Pará. Materiais e Método: Estudo epidemiológico e descritivo. Foi realizado a coleta de dados epidemiológicos na base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), da Secretaria Municipal de Saúde de Santarém (SEMSA) dos anos de 2003-2013. Para o mapeamento dos casos e UBS foi utilizado um GPS (Garmin Oregon 550) e as informações sobre à cobertura populacional foram obtidas pelos ACS, que através da utilização de mapas dos bairros do município, indicaram sua microárea de atuação. Os dados foram tabulados utilizando média e porcentagem. Resultado e Discussão: Os dados mostram a 26 UBS localizadas na zona urbana do município de Santarém, bem como a distribuição dessas pela região estudada e suas respectivas áreas de abrangência. Observou-se que a localização de algumas delas não está situada de maneira estratégica, de forma que abranja de maneira igualitária toda a área da qual é responsável. Considerações finais: Com aplicação da análise espacial para identificação das abrangências das UBS pode ser uma nova ferramenta de avaliar o entendimento das cobertura e distribuição dos casos de hanseníase no município.

9564 ESTUDO COMPARATIVO DA MORBIDADE AUTO REFERIDA ENTRE PRODUTORES AGRÍCOLAS DO SISTEMA CONVENCIONAL E AGROECOLÓGICO EM UM ASSENTAMENTO DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA NO ESTADO DO PARANÁ
PAMELA MOREIRA WEINHARDT, GUILHERME SOUZA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE

ESTUDO COMPARATIVO DA MORBIDADE AUTO REFERIDA ENTRE PRODUTORES AGRÍCOLAS DO SISTEMA CONVENCIONAL E AGROECOLÓGICO EM UM ASSENTAMENTO DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA NO ESTADO DO PARANÁ

Autores: PAMELA MOREIRA WEINHARDT, GUILHERME SOUZA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE

Apresentação: O estudo se foca na relação entre a atividade agrícola realizada por dois grupos de agricultores de uma área de assentamento rural do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em sistemas de produção, convencional e agroecológico e a saúde dos mesmos. Objetivo: Comparar a morbidade auto referida dos produtores agroecológicos e dos convencionais e identificar os aspectos protetores e destrutivos da saúde para ambos os grupos; Comparar os sinais e sintomas de intoxicação aguda e crônica entre os produtores agrícolas que usam agrotóxicos e os que não usam. Desenvolvimento: Diante da aceitação dos atores envolvidos, um modelo de estudo transversal, descritivo, está sendo realizado entre os produtores dos sistemas de produção convencional e agroecológicos, maiores de 18 anos, através da aplicação de questionários semiestruturados, diário de campo e gravação das entrevistas. Resultado: A área total do Assentamento Contestado é em torno de 3 mil hectares, sendo que a metade é de mata nativa de preservação e outra metade é distribuído entres as 160 famílias, de acordo com a possibilidade de plantação, variando entre 8 e 16 hectares por família. Pouco mais da metade dos produtores são agroecológicos, embora ainda haja alguns em processo de migração do tipo de cultivo e outros que praticam a agrícola convencional. Considerações finais: A pesquisa está em fase de sistematização dos dados para posterior análise, identificação dos resultados e elaboração das conclusões sobre a diferença entre o perfil de morbidade entre os trabalhadores dos dois sistemas de produção agrícola, convencional e agroecológico. Espera-se encontrar diferença entre o processo de trabalho agrícola convencional e agroecológico, na determinação da saúde dos agricultores do Assentamento Contestado com maior morbidade entre os trabalhadores convencionais, devido à exposição aos agrotóxicos.

9581 O PAPEL DE CARDIOONCOLOGIA NA PRODUÇÃO DO CUIDADO INTEGRADO DO PACIENTE ONCOLÓGICO
Emanuela Carneiro, Larissa Rodrigues Ramos, mattheus guarilha chiapeta, Margarete Ribeiro, Lucas Fabbri, Camila Gomes, Claudia Miguel

O PAPEL DE CARDIOONCOLOGIA NA PRODUÇÃO DO CUIDADO INTEGRADO DO PACIENTE ONCOLÓGICO

Autores: Emanuela Carneiro, Larissa Rodrigues Ramos, mattheus guarilha chiapeta, Margarete Ribeiro, Lucas Fabbri, Camila Gomes, Claudia Miguel

Apresentação: A incidência das doenças cardiovasculares em pacientes com câncer tem se tornado eventos cada vez mais frequentes. Esse fato é resultado de avanços nas terapêuticas oncológicas disponíveis  resultando tanto na melhora da qualidade de vida como no aumento da sobrevida dos pacientes. Nas últimas décadas, os progressos nos tratamentos oncológicos resultaram também na maior exposição dos pacientes à fatores de risco cardiovasculares devido aos efeitos cardiotóxicos propiciados pelas terapias quimioterápicas e radioterápicas disponíveis. Atualmente, observa-se uma mudança no paradigma em relação ao prognóstico do paciente oncológico, que passa a ser visto como um portador de uma doença crônica que ao longo de sua evolução pode apresentar descompensações agudas, como as manifestações cardiovasculares. A interação entre a Cardiologia e Oncologia têm contribuído para minimizar os efeitos adversos cardiovasculares e obter melhores resultados no tratamento do paciente com câncer. Nesse contexto, a Cardio-Oncologia emerge como uma nova área de atuação visando prevenir, minimizar e acompanhar pacientes oncológicos submetidos a regimes de tratamento que possam oferecer desfechos cardiovasculares desfavoráveis. Em janeiro de 2009, um grande passo foi dado para solidificação da atuação do médico Cardio-Oncologista com a criação da Sociedade Internacional de Cardio-Oncologia, tendo como objetivo unir a Cardiologia e a Oncologia para promover o cuidado adequado ao paciente oncológico. A meta principal dessa fusão é promover a prevenção, o diagnóstico adequado e o tratamento das doenças cardiovasculares nesse grupo de pacientes, permitindo que estejam na melhor condição possível para receber o tratamento oncológico específico. O principal e mais temido desfecho cardiovascular do tratamento oncológico é a insuficiência cardíaca (IC). A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica de caráter sistêmico, definida como disfunção cardíaca que ocasiona inadequado suprimento sanguíneo para atender as necessidades metabólicas tissulares. A disfunção ventricular após quimioterapia (QT) tem sido um tema de recentes estudos e de novas pesquisas. Até pouco tempo, considerava-se que a disfunção ventricular pós-QT fosse uma situação clínica irreversível. Esse conceito se baseava em estudos antigos, nos quais o diagnóstico somente era feito em fases bastante avançadas da afecção. No entanto, atualmente com os avanços diagnósticos, tornou-se possível identificar nas fases iniciais os efeitos da cardiotoxicidade, permitindo a intervenção médica com o uso de medicações para insuficiência e medidas para prevenção da cardiotoxicidade induzida por QT. Essa revisão bibliográfica foi realizada através da busca de artigos e revisões de literatura acerca do tema. As bases de dados pesquisadas foram New England Journal of Medicine, American Heart Association, SciELO , JACC. Foram selecionados artigos em inglês do período de 1998-2018. A partir dos descritores foram encontrados 460 títulos dos quais 20 artigos foram selecionados tendo em vista a relevância estatística e contemplação do tema na sua totalidade. Teve como objetivo principal  discorrer sobre a importância de uma nova área de atuação da cardiologia que se dedica ao cuidado e acompanhamento de pacientes submetidos a regimes de quimioterapia e radioterapia. Os fatores de risco associados a cardiotoxicidade induzida pelo uso de quimioterapia e radioterapia são cardiopatia prévia, dose cumulativa e velocidade rápida de infusão do fármaco. Os sinais e sintomas de insuficiência cardíaca em geral são manifestações de pacientes com disfunção sistólica, enquanto pacientes com disfunção diastólica geralmente são assintomáticos. Sabe-se que o dano é maior com dose maior cumulativa. Os efeitos tóxicos dos regimes quimioterápicos podem predispor a surgimento de arritmias cardíacas, nesse contexto o acompanhamento com eletrocardiograma é recomendado. O câncer gera um ambiente pró-arritmogênico, independentemente de outros fatores de risco dos pacientes. A incidência de arritmias no paciente oncológico ainda não está bem estabelecida e varia de acordo com o quimioterápico utilizado. A fibrilação atrial é a arritmia mais frequente no paciente oncológico, sendo responsável por significativa morbidade após cirurgia oncológica, havendo relatos de incidência de até 12,6%. Em se tratando em paciente com cardiomiopatia pelo uso de antraciclinas, alterações eletrocardiográficas foram registradas em até 38,6% dos pacientes, como alterações no segmento ST, extra-sístoles supraventriculares e ventriculares e prolongamento do intervalo QT. Dentre as arritmias relacionadas às antraciclinas, a fibrilação atrial é a mais comum, presente em até 2% a 10% dos pacientes. Taquicardia ventricular e fibrilação ventricular são raras. Entretanto, casos de torsades de pointes foram descritos em pacientes com hipocalemia ou hipomagnesemia. Em casos mais graves que se acompanha da presença de síncopes ou bloqueios atrioventriculares, o Holter de 24 horas pode ser usado com um recurso importante haja vista a necessidade de se alterar o regime quimioterápico ou lançar mão de dispositivos como marca-passo. É de suma importância ter em mente que a atuação do médico cardio oncologista deve ser individualizada caso a caso. A prevenção primária da cardiotoxicidade pode ser obtida através de duas abordagens principais. A primeira e mais importante diz respeito a redução do potencial cardiotóxico das medicações utilizadas na Quimioterapia através da prescrição da menor dose terapêutica possível, tendo em vista que a cardiotoxicidade tem relação dose dependente, administração através de infusão contínua e escolha das antraciclinas com menor potencial de cardiotoxicidade. A segunda intervenção se dá através do uso de medicamentos cardioprotetores como Inibidores da enzima conversora de angiotensina, beta bloqueadores e ivabradina. Com aumento da incidência do câncer e da maior sobrevida dos pacientes, a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares nessa população vêm ganhando destaque. A identificação do risco cardiovascular, a implementação de estratégias para redução de risco, o diagnóstico correto e precoce da descompensação cardiovascular e a instituição da terapêutica eficaz são fundamentais para redução da cardiotoxicidade, sendo esta uma das complicações mais importantes e responsável por elevada morbimortalidade. Tais medidas visam reduzir o risco de mortalidade e melhorar a qualidade de vida do paciente, sem interferir, se possível, no tratamento específico do câncer. Atualmente estão em andamento diversos estudos com o objetivo de avaliar o grau de proteção conferido por determinadas estratégias terapêuticas, farmacológicas ou não, na prevenção da toxicidade induzida por antraciclinas. Ao longo dos anos espera-se que os resultados de tais estudos possam ser elucidativos e possam nortear condutas e ações que visem tratar e acompanhar pacientes oncológicos proporcionando impacto positivo na qualidade de vida e sobrevida destes pacientes. O crescimento da cardiooncologia no mundo é notável e o Brasil tem se mostrado pioneiro na promoção de estudos e eventos dedicados ao tema. Vale ressaltar que encontro mundial de Cardio Oncologia foi realizado em outubro de 2019 em São Paulo, tendo o encontro reunido as maiores referências mundiais no tema e sendo publicado diversos estudos promissores. 

9752 PSICOLOGIA E POVOS INDÍGENAS: PROCESSO DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS DE PSICOLOGIA EM ATUAÇÃO NA SAÚDE MENTAL
Herbert Tadeu Pereira de Matos Junior, Aline Lorena da Silva Lima, Álvaro Pinto Palha Junior

PSICOLOGIA E POVOS INDÍGENAS: PROCESSO DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS DE PSICOLOGIA EM ATUAÇÃO NA SAÚDE MENTAL

Autores: Herbert Tadeu Pereira de Matos Junior, Aline Lorena da Silva Lima, Álvaro Pinto Palha Junior

Apresentação: Apesar de existirem diversas práticas analogas ao cuidado em psicologia entre os povos indígenas, o conceito próprio de subjetividade, e mesmo sobre o que é o trabalho do profissional na saúde mental, de fato, em geral, não existe própriamente nas culturas indígenas. Esse relato pretente discutir estas questões relativas ao trabalho do profissional de psicologia em atuação com sujeitos e comunidades indígenas no Sistema Único de Saúde – Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. As culturas indígenas estão organizada em um contexto de produção de conhecimentos na oralidade e costumes diários das comunidades, do dia a dia das pessoas em coletivos. O processo de trabalho de profissionais na saúde indígena envolve esta busca pelo cuidado em autonomias e protagonismos compartilhados entre sujeitos e comunidade, familias, lideranças e especialistas, comunidades próximas, em geral, vistas de formas associada aquilo que chamamos de natureza, ou qualidade de vida, na complexidade do bem viver ante a busca de uma cura ou realização individual. Os povos indígenas consideram as diferenças e os modos de vida tradicional das culturas como estruturantes de processos de bem estar, parte de uma relação harmonica das pessoas com os diversos dominios da vida “humana - vida mental, social, física, emocional e espiritual”, em um processo de busca pelo equilibrio de vida em coletivo com outros seres nos territórios. O relato de experiência proposto, em associação com os conhecimentos em saúde coletiva e povos indígenas, pretende servir à necessidade de instrumentalização do cuidado em psicologia diante da diversidade dos saberes e conhimentos dos povos indígenas, por uma psicologia aberta ao diálogo permanente com saberes indígenas. A apresentação buscará debater alguns críterios técnicos e práticos de intervenção, experiências vividas pelos profissionais no acompanhamento em saúde mental e atenção psicossocial com povos indígenas, em um processo de construção do que chamamos de cuidado em psicologia na saúde indígena.

9773 INTERVENÇÃO SOCIOAMBIENTAL E URBANÍSTICA E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE DA COMUNIDADE LOCAL
LUZIANNE FERNANDES DE OLIVEIRA, ROGÉRIO FERREIRA BESSA, CLÁUDIA MARIA DA ROCHA MARTINS, JOSÉ MARCELO OLIVEIRA LEAL, TAWAN TUPINAMBÁ DUARTE

INTERVENÇÃO SOCIOAMBIENTAL E URBANÍSTICA E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE DA COMUNIDADE LOCAL

Autores: LUZIANNE FERNANDES DE OLIVEIRA, ROGÉRIO FERREIRA BESSA, CLÁUDIA MARIA DA ROCHA MARTINS, JOSÉ MARCELO OLIVEIRA LEAL, TAWAN TUPINAMBÁ DUARTE

Apresentação: Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 4 bilhões de pessoas viverão em cidades até 2015 e o número de cidades com mais de 10 milhões de habitantes (megacidades), neste mesmo ano, será de 26 cidades. No Brasil a abordagem da assistência à saúde pode ser feita a partir de diversos enfoques e, se considerada a multiplicidade e complexidade das formas institucionalizadas de gestão, financiamento, organização e produção dos serviços oferecidos à população deste estudo, poder-se-ia abordá-los sob diferentes maneiras e lógicas distintas. Partindo deste contexto o estudo objetivou entender em que medida a urbanização de áreas periféricas, por meio de construção de unidades habitacionais e infraestrutura urbana, facilitam a ação do Estado, para promover a assistência básica à saúde (conjunto de ações de saúde que englobam a promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação) através da Estratégia Saúde da Família à população local. Abordaremos a qualidade de vida como percepção que tem o indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores, nos quais ele vive considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupação. Idealizada para a operacionalização das Políticas Públicas de Saúde no Brasil, a Estratégia Saúde da Família (ESF) organizava e inovava práticas de atenção básica à saúde tradicional onde predominava, até então, o modelo de ação curativo. Suas ações objetivavam a promoção da saúde e prevenção de doenças; promoção da educação em saúde e mobilização comunitária para uma melhor qualidade de vida, mediante ações de saneamento e melhorias do meio ambiente; informação de disponibilidades e necessidades da comunidade, além de recomendar a participação no processo de programação e planejamento local das ações relativas à superação dos problemas identificados, entre outros pontos, proporcionado melhorias nos indicadores de Saúde, mesmo enfrentando diversas dificuldades, dentre elas, a alta rotatividade dos profissionais nele envolvidos. A população-alvo escolhida para a realização deste estudo, reside em uma Comunidade denominada Vila da Barca, que se situa no bairro do Telégrafo, na cidade de Belém, no Estado do Pará e que surgiu nos anos 1930, tendo como atores principais a população de baixa renda, migrantes da região das ilhas e cidades ribeirinhas próximas de Belém. Como não poderia ser diferente, sua fixação e permanência nessa região se deveram à sua localização “privilegiada”, dada a proximidade ao centro comercial Município. Localiza-se numa região considerada de geografia privilegiada, fazendo fronteira com a Baia do Guajará e terra firme (possui parte de seu terreno situado em área de várzea e alagado pela influência do fluxo e refluxo das marés), margeada pela Avenida Pedro Álvares Cabral, próximo à região central da cidade, não sendo por isso considerada área periférica. Desde o ano de 2005, a área de inserção da comunidade vem sendo modificada pelo projeto de Habitação e Urbanização idealizado pela Prefeitura Municipal de Belém (PMB) no ano de 2000, através do Programa Nacional de Erradicação das Moradias em Áreas Alagadas ou Alagáveis, norteado pela Política Nacional de Habitação do Governo Federal, e que objetiva efetivar a recuperação da área através de intervenções físicas de habitação, urbanização e infraestrutura abrangendo aproximadamente 73.130.097 m2 do território apontado. Metodologicamente trata-se de um estudo de caso simples, com abordagem qualitativa embasada em dados quantitativos envolvendo ações voltadas a urbanização na Comunidade Vila da Barca, que vem sofrendo Intervenção Socioambiental e Urbanística, através do maior projeto integrado de urbanização. A estruturação da pesquisa foi conseguida através do desenvolvimento das três etapas: a) seleção 40 prontuários, de famílias cadastradas na Estratégia Saúde da Família local e residente nas microáreas 3, 5 e 10 localizadas nas novas unidades habitacionais da Villa da Barca, obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos, os entrevistados (adultos que foram capazes de responder aos instrumentos) foram submetidos à aplicação de um questionário sociodemográfico contendo 35 perguntas fechadas; b) leitura e esclarecimentos sobre os objetivos do estudo e a assinatura formal de compreensão do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos entrevistados; c) tratamentos dos dados obtidos: tabulação, interpretação, análise, discussão e consolidação dos resultados. Os dados foram coletados através da utilização de um questionário sociodemográfico constituído de perguntas fechadas envolvendo temas voltados à coleta de resíduos, tratamento de água e esgoto na região, saúde, lazer, atenção básica à saúde, pavimentação das ruas, dentre outras, referentes ao período pré e pós- intervenção socioambiental e urbanística. Os resultados revelaram que após intervenção urbanística, houve relativa melhoria nas taxas de todos os indicadores pesquisados, observados o seu desenvolvimento nos graus e níveis de complexidade. Houve um grande impacto positivo na condição de habitabilidade da população que foi beneficiada com as novas moradias do conjunto habitacional, visto que, as mudanças na infraestrutura, sem duvida nenhuma, contribuíram para as melhorias dos indicadores locais, porém, ainda faz-se necessário o empoderamento dessa população quanto a alguns aspectos, principalmente à educação em saúde, capacitação profissional e participação social, para que antigos hábitos sejam substituídos e, para que os indicadores socioeconômicos locais também sejam modificados, favorecendo assim, a qualidade de vida de forma mais ampla e duradoura. Por tudo o que foi exposto, pode-se deduzir que, os assuntos urbanização, assistência à saúde da população e pobreza, estão intimamente interligados, não tem como esconder problemáticas que ressaltam a pobreza, ocupações territoriais e habitacionais precárias e agravos permanentes à saúde das populações que em condições sub-humanas mantêm-se cotidianamente mais fortes que as próprias adversidades que as castigam. Nesta composição, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) assumiram papel extremamente relevante por serem as principais “portas de entrada” dos usuários do sistema, já que se destina a assistir a um determinado grupo populacional que mora, ou no cotidiano habitam na área geográfica de sua abrangência das ações operacionais que devem desenvolver, justificando a razão da sua existência no local. A vinculação instalada em âmbito da população adstrita a cada UBS, mais do que um estabelecimento de relação usuário x serviços de saúde local, deve ser construída com marcos evolutivos baseados no princípio da coresponsabilização, do que advém, a necessidade de que o critério de cuidar em saúde de modo participativo e humanizado é essencial para alcançar, um futuro previsível, e um aceitável nível de saúde em toda a comunidade, como parte integrante do desenvolvimento social. Sendo assim, não basta construir equipamentos habitacionais e unidades de serviços assistenciais em concreto e alvenaria, sem a infraestrutura para promover o empoderamento entre os comunitários locais, favorecendo a mudança de comportamento dos residentes na Comunidade

9783 A PROMOÇÃO DA SAÚDE – CAMPESINATO – AGROECOLOGIA: UMA INTERSECÇÃO PARA TRANSCENDER O AGRONEGÓCIO
Ariandeny Silva de Souza Furtado, Óscar Emerson Zúñiga Mosquera, Ana Maria Dubeux Gervais, Lourinalda Luiza Dantas da Silva Selva Oliveira, Juciany Medeiros Araújo, Tânia Maria Sarmento Silva

A PROMOÇÃO DA SAÚDE – CAMPESINATO – AGROECOLOGIA: UMA INTERSECÇÃO PARA TRANSCENDER O AGRONEGÓCIO

Autores: Ariandeny Silva de Souza Furtado, Óscar Emerson Zúñiga Mosquera, Ana Maria Dubeux Gervais, Lourinalda Luiza Dantas da Silva Selva Oliveira, Juciany Medeiros Araújo, Tânia Maria Sarmento Silva

Apresentação: O presente trabalho trata-se de uma análise crítica em construção, por meio de uma revisão narrativa de literatura, com objetivo de apresentar a intersecção do trinômio “campesinato - agroecologia - promoção da saúde” com o agronegócio, diante o conceito teórico da “colonialidade do poder”. As/os camponesas/es traduzem em seu cotidiano atividades agrárias na perspectiva ecológica e nas práticas de promoção da saúde, mesmo com a intervenção da “agricultura industrial capitalista”, seguem na (re)existência. A agroecologia e a promoção da saúde (PS) se complementam, na medida que apresentam “olhar multidimensional” diante os Determinantes Sociais de Saúde, a efetivação de Direitos Humanos (DH), reconhece/valoriza as diferentes territorialidades, a autonomia, a horizontalidade dos saberes e o empoderamento dos movimentos populares. A agroecologia e a PS diante seus princípios, diretrizes e metodologias, são capazes de impulsionar a agricultura de base ecológica, o desenvolvimento territorial mais sustentável; sendo a sustentabilidade compreendida em sua dimensão ética, política, cultural, econômica, social, ecológica. Esse é um olhar ampliado de saúde, que não se limita ao biologicismo e nem a “agricultura ecologizada” e versa pela luta da efetivação dos DH e a soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) “do campo à cidade”. O Brasil foi (des)construído no período colonial por meio da exploração,  violências e (des)territorialização dos povos originários e das/os africanas/os escravizadas/os. Esse processo acarretou no genocídio das culturas, sendo as territorialidades transformadas “em uma única identidade”, prol “hegemonia eurocêntrica”, a qual passou a normatizar a produção do conhecimento, o ensino-aprendizagem e o processo saúde-doença-cuidado diante a racionalidade capitalista. A herança colonial ainda se materializa na atualidade e se expressa “na colonialidade do poder” e passa a direcionar o modo de (sobre)viver da população, atrelado aos interesses do Sistema Econômico Mundial. As práticas agrícolas também evidenciam a colonialidade do poder. Como herança há a concentração da terra (latifúndios) pela “burguesia agrária” (colonizadoras/es) que através das práticas agrícolas desconexas da ecologia, desenvolvem os monocultivos, utilização de agroquímicos, sementes geneticamente modificadas e mecanização em todo o processo de produção; para atender as demandas do mercado externo/biocombustíveis/ração animal e não para suprir as necessidades de alimentos e a SAN da população. Vale ressaltar que essas práticas agrícolas geram a homogeneização sociocultural por não preservar a biodiversidade, os agroecossistemas de base ecológica e as territorialidades das/os agricultores/as familiares em seus significados diante os modos de (sobre)viver. Influenciando as/os camponesas/es a (re)pensar suas práticas/experiências e os conhecimentos ancestrais prol práticas convencionais. E mesmo que não desenvolvam relações “não capitalistas de produção”, estão inseridas/os na economia capitalista mundializada. A qual se instala nos diferentes territórios em decorrência da “modernização da agricultura”, responsável pela negação dos conhecimentos que partiram das experiências vivenciadas nas comunidades e transmitidas pelas/os ancestrais, como forma de luta pela (re)existência dos modos de viver/organizar/produzir. Como consequência há a (des)territorialização e com ela as desigualdades, iniquidades e vulnerabilidades que somados a ausência das políticas públicas e a criminalização dos movimentos populares, mantém as/os camponesas/es marginalizadas/os. Essa marginalização é proposital. A base da gestão pública é representada pelas classes hegemônicas, que tecem sua atuação na racionalidade capitalista e eurocêntrica, com ênfase nos interesses da Globalização/Sistema Econômico mundial que convergem com as práticas agrícolas convencionais. Onde as/os camponesas/es não é o público alvo, ao contrário, podem ser um problema, pois ao se organizarem em movimentos populares, terão mais força, autonomia e empoderamento para reivindicarem seus direitos e a consolidação de políticas públicas, que respeitem suas territorialidades e trajetórias, sendo capazes de avançar prol cidadania e na efetivação dos Direitos Humanos. As reivindicações versam pela soberania alimentar, sementes crioulas, agroecossistemas de base ecológica, “Sistemas Agroalimentares mais Sustentáveis”; promoção da saúde, o acesso ao conhecimento científico e a Assistência Técnica, porém; nem sempre há um espaço “de fala” para que essas reivindicações sejam formalizadas e quiçá materializadas. As políticas públicas ainda são implantadas/implementadas “para” o público alvo e não “com” o público alvo. Um exemplo é o processo de construção dos atos normativos, que não contemplam em todas as etapas o público alvo. A começar pelo dia e lugar, geralmente são dias “de semana” e em horário comercial e nas capitais. As metodologias são verticalizadas, não oportunizando a participação. Há pouco subsídio (“quando há”) para custear o deslocamento/hospedagem/alimentação, pois muitas pessoas se encontram em vulnerabilidade socioeconômica e não conseguem arcar com os gastos. A Equipe/Mesa Diretiva é composta majoritariamente por servidores/as e/ou gestores/as públicas/os, mas as/os camponesas/es? São representadas/os por quem?!  Há uma participação efetiva ou uma “pseudo participação”?! Vale ressaltar que há exceções, e que as conquistas que tivemos até a presente data, foi pela luta e a representação dos movimentos populares e demais pessoas comprometidas com a transformação social, nos espaços de “Controle Social”. Nosso respeito e reconhecimento a todas/os que fizeram parte desses espaços. Há muito o que percorrer, mas estamos no caminho. E problematizar esse cenário é fundamental, até porque ele é cultural e institucionalizado. E nesse cenário se (des)constrói as políticas públicas que no seu contexto de (des)envolvimento, são carregadas de interesses que muitas vezes divergem com a justiça social e a busca por uma sociedade mais equânime. Se dermos continuidade ao contexto do campesinato, torna-se perceptível o paradoxo entre a implantação e a implementação das políticas públicas que dialogam com a agricultura e o desenvolvimento rural mais sustentável. Em relação a implantação, temos 4 referências: Política Nacional de Promoção da Saúde (Portaria n° 2.446/2014) entre os valores evidencia a justiça e a inclusão social, nos princípios há a territorialidade e a sustentabilidade; entre os objetivos a valorização do saber popular; a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN)  (Decreto n° 7.272/2010) no art. 3 inciso II aborda a “promoção do abastecimento e estruturação de sistemas sustentáveis e descentralizados, de base agroecológica, de produção, extração, processamento e distribuição de alimentos”; Decreto 8.471/2015 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) que no art. 7ª “Art. 7º-A. passa a considerar na legislação agropecuária “os costumes, os hábitos e os conhecimentos tradicionais na perspectiva da valorização da diversidade alimentar e do multiculturalismo dos povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares” além da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Decreto nº 7.794/2012), que contempla todas as dimensões citadas. Se esses atos normativos já estão vigentes, por que não são implementados? Quais são os impedimentos? Estes são exemplos de que pelas políticas públicas é possível transcender a “colonialidade do poder” que versa pelo agronegócio e que de forma participativa e compartilhada, mesmo que pontual, os movimentos populares, camponesas/es e todas as pessoas podem corroborar com a efetivação dos Direitos Humanos e o desenvolvimento rural e agricultura mais sustentáveis pelo controle social diante a (não) implementação das políticas públicas. Há um longo percurso a percorrer na descolonização do agronegócio, do conhecimento científico e do Sistema Alimentar Global. Sigamos na (re)existência potencializando as lutas do campesinato e dos movimentos populares, fortalecendo os Sistemas Agroalimentares mais Sustentáveis, o conhecimento agroecológico e a promoção da saúde.

9785 A TELESSAÚDE NO MUNICÍPIO DE TEFÉ: DESAFIOS E CONQUISTAS
lidiana dias, ADRIANA MOREIRA, Fabiana Martins, Renata Figueiró

A TELESSAÚDE NO MUNICÍPIO DE TEFÉ: DESAFIOS E CONQUISTAS

Autores: lidiana dias, ADRIANA MOREIRA, Fabiana Martins, Renata Figueiró

Apresentação: O objetivo deste trabalho é relatar sobre os desafios e conquistas da Telessaúde no município de Tefé, considerando as dimensões territoriais em que o Amazonas se encontra. No ano de 2017 foi implantado em Tefé o Núcleo Telessaúde, um programa criado para melhorar a qualidade do atendimento e da atenção básica no SUS, através das ferramentas de tecnologia de informação e comunicação para prestar serviços de saúde à distância, passar conhecimentos e informações, quebrando as barreiras geográficas, temporais, sociais e culturais. Com o objetivo de buscar a melhoria da qualidade de vida da população Tefeense, cresce cada vez mais a procura por este serviço, oferecendo as seguintes vantagens como: redução do tempo de espera em consultas e dos custos de atendimento, redução  da necessidade de transportar os pacientes para capital, acesso rápido a especialistas em casos de acidentes e emergências, diminuição da pressão sobre hospitais já comprometidos pela falta de leitos e recursos, ajuste do gerenciamento dos recursos de saúde devido à avaliação e triagem por especialistas, educação continuada à distância (Teleducação), maior oferta de programas educacionais para médicos e  residentes localizados em zonas fora de centros especializados. A utilização dessa rede possibilita o intercâmbio de informações, contribuindo para a otimização do fluxo de pacientes na rede de saúde, qualificando os encaminhamentos e as equipes, ampliando o acesso aos serviços especializados e fixando profissionais. Dessa forma, o município de Tefé tem se destacado no que diz respeito ao uso dessa ferramenta, proporcionando aos profissionais da saúde, maior conhecimento, assim como possibilitado aos usuários acessibilidade aos serviços de saúde e especialidades que Tefé não possui. DESENVOVIMENTO: O programa Telessaúde oferta três tipos de serviço: Teleducação e Teleconsultorias e Telediagnóstico. As teleducações oferecem web palestras online gratuitas para auxiliar a educação e atualização permanente dos profissionais de saúde. Já as internet palestras abordam temas ligados à saúde, bem estar, manutenção e prevenção de doenças. No município de Tefé as Teleducações são realizadas na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) devido ao espaço e apoio que o Núcleo Telessáude estadual oferece, como também pelo fato de existir uma sala disponível para esta finalidade com sistema próprio para transmissão com qualidade de som, imagem e ambiente virtual de aprendizagem, com o foco na educação permanente em saúde. No núcleo Telessáude Amazonas com sede na UEA em Manaus, estão disponíveis vários profissionais de diversas áreas para atender todas as demandas que necessitamos com relação à som, imagem, conectividade, uso da plataforma tanto para teleconsultoria, quanto ao uso para ambientes virtuais de aprendizagem, cadastro, esclarecer dúvidas sobre envio de casos, planilhas, e etc. A Teleducação é uma importante estratégia de educação permanente baseada nas Tecnologias de Comunicação e Informação, são palestras sobre diversos temas na área de saúde, objetivando a troca de experiências, compartilhamento de informações e de conhecimentos, como algumas citadas a seguir: Influenza A e H1N1, Acompanhamento e controle da Diabetes e Hipertensão, Gestão da vigilância sanitária (H1N1), Sinais precoce do autismo, Inspeção e licenciamento de drogarias, Hepatites virais, Saúde Bucal, Pré- natal: infecções sexualmente transmissíveis na gravidez, Atualidades sobre Hipoglicemia Neonatal, Envelhecimento ativo, dentre outras. Em relação às teleconsultorias, este serviço é disponibilizado para os profissionais nas áreas da medicina, odontologia, enfermagem e fisioterapia, que trabalham no estado e tem a possibilidade de esclarecer dúvidas e discutir casos clínicos como equipe de especialistas altamente qualificada para as questões de saúde e relativas ao processo de trabalho. As teleconsultas são realizadas no núcleo do Telessaúde de Tefé, localizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) São Miguel, onde as mesmas são feitas através de plataforma online e sem a necessidade de encaminhamento de pacientes para a capital. O Telediagnóstico são exames laboratoriais e de imagem à distância, possibilitando emissão de laudos médicos mais ágeis, reduzindo custos em saúde e evitando longos e onerosos deslocamentos de pacientes e/ou profissionais de saúde. Podemos destacar algumas especialidades mais procuradas e com maior resolutividade nos casos clínicos através das teleconsultorias nas áreas de: cardiologia, dermatologia, ginecologia, ortopedia, oftalmologia, otorrino, endocrinologia, entre outros. Resultado: De 2017 ate os dias de hoje, a resolutividade nos casos dos pacientes tem sido de 95%, e essa redução da necessidade de transportar os pacientes para a capital, tem sido bastante satisfatória, pois na maioria dos casos os pacientes não têm condições financeiras para arcarem com todas as despesas para o seu tratamento. O auxílio diagnóstico e terapêutico figura como um atrativo, sobretudo por se tratar de uma região tão vasta e complexa dentro de nosso território, este serviço se torna um grande desafio, pois devido a essas adversidades geográficas, temos bastante dificuldade com relação ao clima chuvoso  no município, enfrentamos queda no sinal de internet, mesmo a transmissão sendo por via satélite. Recentemente o núcleo Telessaúde de Tefé, ganhou um novo espaço para realização das web palestras, melhorando ainda mais a qualidade deste serviço no município. Anteriormente as palestras eram realizadas exclusivamente na UEA em Tefé, e na maioria das vezes não tinha salas disponíveis para os profissionais assistirem todas as palestras, e hoje temos, como já citei anteriormente. Mas ainda temos muito a avançar, pois pretendemos abrir uma sala exclusivamente para os atendimentos de casos clínicos, buscando melhorias no que diz respeito à equipamentos, espaço adequado, materiais necessários para as consultas de cada paciente, e futuramente construir um prédio próprio no município para que haja ainda mais este atendimento de qualidade para todas as pessoas que buscam estes serviços. Considerações finais: Concluímos que a redução desse tempo e dos custos de atendimento, e da necessidade de transportar os pacientes estão se tornando cada vez mais eficiente, o Telessaúde é uma alternativa de logística viável para a saúde nacional. As equipes da atenção básica do município de Tefé, estão cada vez mais se aperfeiçoando e familiarizando com este serviço, e apesar desses imesnsos desafios que enfrentamos, já tivemos grandes avanços e realmente vem crescendo essa melhoria que tanto buscamos na qualidade de vida e saúde de nossa população Tefeense.

9895 QUALIDADE FÍSICO-QUIMICA E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA UTILIZADA EM CENTROS DE HEMODIÁLISE DO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Valéria de Sousa Bentes, Cristiano Gonçalves Morais, Marina Smidt Celere Meschede

QUALIDADE FÍSICO-QUIMICA E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA UTILIZADA EM CENTROS DE HEMODIÁLISE DO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Autores: Valéria de Sousa Bentes, Cristiano Gonçalves Morais, Marina Smidt Celere Meschede

Apresentação: A Doença Renal Crônica (DRC) está entre as causas mais importantes de mortalidade e incapacidade no mundo. É conceituada como alteração estrutural e/ou funcional dos rins durante três ou mais meses. A fase terminal da DRC implica na necessidade de uso de Terapia Renal Substitutiva (TRS) por transplante renal, diálise com uso de rim artificial ou peritoneal. A Hemodiálise (HD) é um processo que envolve o movimento em sentido inverso entre sangue e líquido de diálise por meio de uma membrana semipermeável, onde por difusão são removidos íons, água e os produtos finais do metabolismo. O dialisato, por sua vez, é um líquido composto por água, íons, tampão e glicose, e seu preparo inicia com a passagem da água por um rigoroso sistema de purificação com a combinação de técnicas de depuração que incluem deionização, adsorção de carbono, osmose reversa e irradiação ultravioleta. O paciente de HD possui risco aumentado a contaminantes hídricos pela baixa imunidade e principalmente, por ser submetido a grandes volumes de água pela via hematogênica, correspondentes a cerca de 300 L por semana. A contaminação da água utilizada para o preparo do dialisato por contaminantes químicos e microrganismos pode acarretar em riscos para a saúde do paciente, devido maior suscetibilidade a doenças ósseas, picos hipertensivos, episódios hipotensivos, distúrbios neurológicos, náusea, vômitos entre outros. Por esta razão, a pureza do líquido de diálise é importante para evitar a lesão do paciente. A RDC nº 154/2004 e a RDC nº 11/2014 são as normas que definem os valores de referência para os parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água utilizada nos serviços de hemodiálise. Esta pesquisa teve por objetivo identificar os principais contaminantes que afetam a qualidade química e microbiológica da água tratada utilizada em serviços de hemodiálise no Brasil, através de uma revisão de estudos disponíveis na literatura. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de Revisão Integrativa de Literatura, realizada na Biblioteca Virtual de Saúde e no Scielo, usando como critérios de inclusão estudos publicados entre 2007 a 2018, na língua portuguesa e inglesa, disponíveis para consulta. A busca foi feita utilizando os descritores: “Água” e “Hemodiálise”. Resultado: Após a análise das publicações selecionou-se onze artigos disponíveis na literatura que atendessem aos critérios de inclusão do presente estudo. No Estado de São Paulo foi realizado um levantamento de dados em 2018 do programa de monitoramento da qualidade da água a partir de testes efetuados entre 2010 a 2016, onde foram encontrados resultados insatisfatórios para endotoxinas, condutividade e parâmetros físico-químicos nos anos de 2010 a 2014 em relação à RDC nº 154/2004, e um número ainda superior em 2015 e 2016 para a resolução nº 11/2014. Além da mudança de legislação, o aumento de não conformidades consistiu na existência de uma crise hídrica no estado, provocada pelo baixo índice de chuvas que afetou também a qualidade da água. Em relato de caso de 2018 para a identificação de possíveis causas da alta deposição de alumínio no tecido ósseo de paciente dialítico, foi descartada a contaminação na HD, evidenciando a participação de outras fontes de acúmulo no organismo, entretanto, é importante averiguar todas as vias de contaminação, devido maior vulnerabilidade de pacientes com insuficiência renal a danos causados pelo alumínio, como anemia, doença óssea e neuropatologias. Análises de laudos no Distrito Federal entre 2009 e 2010 para um total de 193 amostras de água tratada para HD, foram obtidas reprovações em 20% para coliformes, Escherichia coli e bactérias heterotróficas. Um percentual ainda maior foi observado entre os anos de 2004 a 2006 em um centro de hemodiálise do interior do Estado de São Paulo, onde foram isoladas 128 colônias de diferentes espécies de bactérias, encontradas em 80% de 110 amostras analisadas. Em 2016, em estudo realizado pela vigilância sanitária do Mato Grosso do Sul, foram coletadas 126 amostras de água de sistemas de tratamento de hemodiálise dentre essas, 4,4% de 68 coletas do pós-tratamento e 10,4% de 58 coletas do reuso encontraram-se em não conformidade com a legislação para teores de endotoxinas. No Rio de Janeiro, um estudo de 2017 realizado em 12 hospitais foram detectados níveis superiores ao permitido de endotoxinas em todas as 12 unidades de hemodiálise pesquisadas, a contaminação para alumínio foi encontrada em 3 amostras. Apesar de resultados negativos ou dentro dos limites aceitáveis para presença de alguns contaminantes microbiológicos, o processo de hemodiálise pode ser um relevante foco de infecção devido aos grandes volumes de água a que os pacientes renais terminais são submetidos via exposição sanguínea, à baixa imunidade, e aos fatores de virulência de espécies de interesse clínico, resultando muitas vezes em bacteremia e/ou endotoxemia. Os agravos ocasionados por endotoxinas presentes no dialisato incluem dores de cabeça, náuseas, vômitos, perda de apetite e persistência de processos inflamatórios. Em hospitais de Recife-Pe foi realizado uma pesquisa da concentração de cloro na água de HD em 2009, e encontrados níveis excedentes em 75,4% e ausência em 2,4% de 3.781 ensaios. O cloro é empregado como desinfetante na água de HD, reduzindo a predominância de infecções, porém, altas taxas presentes no liquido de diálise representam risco de hemólise, anemia hemolítica e metahemoglobinemia. No período de abril a julho de 2006 no Estado de São Paulo foram isolados 116 fungos filamentosos de 15 amostras. Para clínicas de hemodiálise de Curitiba-PR (2015), um total de 217 amostras estavam contaminadas em 26% com leveduras, 58% com fungos filamentosos e 15% com endotoxinas. Os fungos presentes no dialisato atuam como oportunistas, e podem produzir micotoxinas carcinogências e imunossupressivas. Um levantamento realizado com dados da vigilância sanitária de Pernambuco em Recife demonstrou que o sistema de monitoramento de parâmetros físico-químicos e microbiológicos em água tratada apresentou resultados satisfatórios para todas as análises de uma clínica de diálise em 2012. Considerações finais: O presente estudo realça a importância da efetiva vigilância dos sistemas de purificação de água para HD, mostrando que é imprescindível monitorar continuamente a qualidade microbiológica e físico-química da água, o que propicia a melhoria na eficiência dos sistemas de tratamento e redução de riscos para os pacientes. Durante a pesquisa foram identificadas maiores taxas de anormalidades para os parâmetros físico-químicos de condutividade e presença de alumínio de fontes de captação subterrânea ambientalmente contaminadas. A presença de cloro em excesso sugere a verificação periódica para manter o controle da concentração ou substituição do sistema de desinfecção. Para a contaminação microbiológica foram predominantes as presenças de bactérias e fungos, embora a legislação brasileira não tenha recomendações para os últimos. Nas plataformas pesquisadas para os estudos realizados em diversas cidades do Brasil, observou-se a ausência de dados referentes a região norte do país, o que gera a necessidade de se averiguar as condições dos serviços de hemodiálise a respeito da qualidade da água, pois algumas cidades desta localidade possuem os piores índices de saneamento do país, além da logística dificultada para fornecimento de serviços de saúde.

9950 FAZER CIÊNCIA X PROMOVER CUIDADO: PROBLEMATIZAÇÕES SOBRE SAÚDE LGBTQIA+
Hector Lourinho da Silva, Dorivaldo Pantoja Borges Junior, Wilker Silva Alves

FAZER CIÊNCIA X PROMOVER CUIDADO: PROBLEMATIZAÇÕES SOBRE SAÚDE LGBTQIA+

Autores: Hector Lourinho da Silva, Dorivaldo Pantoja Borges Junior, Wilker Silva Alves

Apresentação: O presente ensaio bibliográfico visa levantar problematizações sobre a promoção de saúde à população LGBT+ a partir da articulação de apontamentos contidos em artigos científicos, dissertações e teses, documentos publicados por conselhos de classe e, por fim, por experiências vivenciadas em ligas acadêmicas em Belém do Pará. Dessa forma, o estudo fora disposto primeiramente na explanação histórica da relação entre o fazer científico, mais especificamente a medicina, e a sociedade para posteriormente, delimitar o que se compreende por promoção de cuidado. Posto isto, refletiu-se, mediante o material bibliográfico que subsidia este estudo, sobre as variáveis que influenciam o processo de cuidado integral destes sujeitos. Desenvolvimento Nos primórdios do que se tange a saúde, os pilares de formação e informação eram alicerçados na medicina. Ao medico era concedido o poder de aprovar ou desaprovar práticas de cuidado ou reconhecer a necessidade ou não das mesmas, ocasionando em muitos casos, a insegurança e incredulidade da sociedade às ciências formuladas e praticadas por outros profissionais. Resquícios históricos que, ainda hoje levantam discussões e debates no promover saúde, porém se faz necessário supera-los para, assim, viabilizar a construção de um novo modelo de raciocínio e trabalho. Ou seja, um fazer científico interdisciplinar que seja preconizado pelo social, onde o foco não seja a “cura da patologia”, mas a promoção integral de saúde baseado na singularidade apresentada por cada sujeito. Atualmente os princípios doutrinados pelo SUS se mostram mais validos e necessários, principalmente quando são aplicados em grupos específicos como o LGBTQIA+, que sofrem por estigmatizações sociais de conteúdos culturais, religiosos e, até mesmo, de saúde (o pareamento desses sujeitos aos ultrapassados “grupos de risco” para ISTs). Em todos estes casos, o que se observa é a rotulação de subjetividades, impedindo a possibilidade de manifestação e circulação pelos espaços sociais. Percebe-se que, a promoção de saúde em geral, recorrentemente, é atravessada por concepções reducionistas. Compreender uma pessoa como um apanhado anatômico-biológico desvinculado de aspectos sociais, culturais, econômicos e psíquicos é uma realidade presente nos serviços de saúde. O que, a princípio, pode ser visto como algo alarmante, porém possui raiz na concepção de formação acadêmica adotada no Brasil. O trabalho, portanto, não está desvinculado de uma proposta de currículo acadêmico, de aulas, direcionamentos de estudo, interesses de pesquisa e, sobretudo, de compreensão científica, o que é tema central neste ensaio. Aqui, indaga-se sobre as aproximações e deslocamentos entre fazer ciência e promover cuidado em saúde. Resultado: Ao analisar as propostas de assistência à comunidade LGBTI+, percebemos a insistência de resgatar conceitos primitivos e antiéticos defendidos por princípios morais e religiosos e este ainda hoje embasam vários procedimentos e intervenções que prometem alterar e mudar a orientação sexual ou a identidade de gênero o que vai totalmente contra a ética profissional de inúmeros profissionais de saúde, porém vemos que inúmeros destes procedimento são criados e ainda adotados por alguns profissionais que compartilham de um pensamento muita das vezes religiosos, identifica-se também que a dinâmica dos procedimentos se diferencia, pois os procedimentos adotados para travestis, transexuais e intersexuais são em sua maior parte diferentes daqueles adotados para gays, lésbicas e bissexuais. Esta diferença é marcada principalmente porque as pessoas trans e intersexuais estão mais propensas a serem submetidas a tratamentos medicamentosos e a internações de ordem médica e/ou psiquiátrica, evidenciando a lógica, que ainda persiste, da patologização das travestilidades, transexualidades e intersexualidades. Em contraposição, a grande maioria das pessoas LGBs são submetidas a procedimentos de cunho moral, religioso e espiritual. Entretanto, podemos afirmar algo que esses procedimentos têm em comum: o viés da aniquilação das subjetividades LGBTIs, por meio da reafirmação da cisgeneridade e heterossexualidade como as únicas formas possíveis e legítimas de experiências da sexualidade e do gênero. Devemos assumir que ainda hoje a assistência a este grupo é construída em cima desses preceitos e por isso acabam sendo ineficazes e expurgam esses indivíduos de dentro da assistência que os mesmo têm direito, porém não são bem acolhidos ou orientados e ainda passam por constrangimentos ao serem sempre encaminhados aos CTAs o que ainda levanta outro questionamento que é o de atrelar a saúde LGBTQI+ a saúde sexual ou ainda reitera o preconceito com pessoas vivendo com HIV/AIDS. Esse recorte é imprescindível para validar e fortalecer as ações de resistência aos processos de exclusão e vulnerabilidade social ao que os LBTQIA+ estão submetidos. São práticas de sobrevivência diante de um contexto que recrimina, inferioriza e ainda afirma a desimportância destas pessoas, destituindo por vezes o lugar de humanidade. Dentre as possíveis ações que podem ser adotadas estão a de reiterar o orgulho, autoafirmação e autodeterminação da orientação sexual e identidade de gênero; inserção e permanência em espaços educacionais, universitários e principalmente de saúde. Considerações finais: A teoria holística desenvolvida e aplicada no cuidado pela enfermagem revela a importância e relevância de se olhar além de sinais e sintomas para se alcançar a real promoção a saúde, uma vez que facilita identificar a origem das demandas gerais e especificas de cada usuário, ou seja, analisando e respeitando a subjetividade singular apresentada pode-se traçar um plano de cuidado eficaz e eficiente que trate, forme, informe e promova saúde para um indivíduo e sua comunidade, valendo-se do saber cultural de se propagar informação pelo famoso “boca a boca”. Se faz necessário uma nova abordagem e fomentação de espaços de formação de profissionais com a comunidade em si, pois não há possibilidade de criar ou elaborar planos de cuidados sem se quer conhecer as demanda e dificuldades apresentadas e observadas pela mesma, ou seja, deve-se incutir nos profissionais e futuro profissionais a sensibilidade na assistência as minorias olhar o indivíduo como um todo e não só como uma patologia ou sinais e sintomas que devemos tratar, pois para se alcançar um estado de saúde integro devemos assistir o indivíduo e entender a origem de tudo que o mesmo apresenta e isso só pode ser feito com uma equipe interdisciplinar  e percebamos a diferença entre ser inter e multi e assim formemos uma assistência mais humana e eficaz para nossa sociedade em geral.

10037 ORGANIZAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM UM MUNICÍPIO DO BAIXO AMAZONAS - PARÁ
Marcos Roberto Galvão Castro, Hendrick Nobre de Sousa, Sabrina De Oliveira Gama, Juliana Gagno

ORGANIZAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM UM MUNICÍPIO DO BAIXO AMAZONAS - PARÁ

Autores: Marcos Roberto Galvão Castro, Hendrick Nobre de Sousa, Sabrina De Oliveira Gama, Juliana Gagno

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência sobre o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), em um município rural remoto do Baixo Amazonas no Oeste do estado do Pará, com cerca de 12.000 habitantes. Sabemos que esse profissional tem ganhado cada vez mais destaque na discussão da Atenção Básica(AB) dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), assim esse trabalho tem o objetivo de relatar a visão dos pesquisadores sobre o papel desse profissional da saúde no território. Desenvolvimento: Foi realizada pesquisa qualitativa, por roteiro semiestruturado, com coleta de dados nos dias 24 e 25 de julho de 2019, com a equipe de discentes e docente na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), parceiros da pesquisa nacional: Atenção Primária à Saúde em territórios rurais e remotos no Brasil, coordenada pela Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ). Foram entrevistados gestores municipais, médicos, enfermeiros, ACS e usuários, totalizando 13 entrevistas. Resultado: No município estudado há 3 equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), mesmo sendo um município pequeno e com 100% de cobertura ESF, existem áreas descobertas pelo profissional ACS, ou seja, a quantidade é insuficiente para suprir a necessidade de toda a população. Entretanto, os ACS demonstraram-se organizados no processo de trabalho e registros, e além de serem o primeiro acesso à saúde por parte dos moradores, são capacitados, através de cursos, para lidar com as peculiaridades da região. Ademais, são responsáveis por ajudar na organização da atenção básica do município, marcando consultas para populações de difícil acesso e realizando pequenos procedimentos. Mesmo com toda a dificuldade, no que diz respeito a falta de material, tamanho do território, dispersão populacional e déficit no quadro de profissionais na região, é nítido o empenho e a extrema importância desses profissionais para a população, em especial de áreas rurais. Considerações finais: É notória a relevância dos ACS nas equipes ESF:  realizam visitas domiciliares levando os médicos ou enfermeiros na casa do paciente, trabalhando a logística peculiar do seu território; são responsáveis por realizar busca ativa dos usuários que estão com o tratamento atrasado ou sem adesão a algum tratamento; e auxiliam na organização da AB. Pode-se dizer que os ACS são responsáveis por ser a ligação entre a unidade básica de saúde (UBS) e a comunidade, se mostrando o profissional de maior vínculo com os moradores e promotor de uma maior resolutividade na ESF. 

10240 O ANTIRRETROVIRAL E O COTIDIANO DA PESSOA QUE VIVE COM HIV/AIDS E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Luiz Carlos Moraes França, Antonio Marcos Gomes Tosoli, Rachel Dib, Luciano da Silva Farizel

O ANTIRRETROVIRAL E O COTIDIANO DA PESSOA QUE VIVE COM HIV/AIDS E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.

Autores: Luiz Carlos Moraes França, Antonio Marcos Gomes Tosoli, Rachel Dib, Luciano da Silva Farizel

Apresentação: Cada pessoa reage de maneira diferente ao enfrentamento do diagnóstico e o cotidiano do viver com AIDS. Tendo essa influência de fatores como, determinantes social, pessoal e coletivo da pessoa que vive com HIV/AIDS. Neste sentido buscou-se compreender esses aspectos entre o cotidiano e o uso do antirretroviral e suas representações sociais. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, orientado pela Teoria das Representações Sociais, desenvolvido em um ambulatório com 32 pessoas vivendo com HIV. Os dados foram coletados através de entrevistas realizadas no ano de 2017 e analisados através da análise lexical pelo auxílio do software IRAMUTEQ. Foram respeitados os aspectos éticos de pesquisa com seres humanos. Resultado: Os resultados apontaram a existência de 5 classes e este resumo terá o enfoque da classe 3, denominada “O antirretroviral e a cotidianidade da pessoa que vive com HIV/AIDS: aspectos positivos, desafios diários e dimensões da religiosidade”. Esta casse se destaca pelas palavras de maior equivalência de X² da análise, as palavras podem ser observadas de diferentes concepções sobre as formas de enfrentamento, sendo ela responsável por 14,86% das UCEs sendo os principais elementos associados a ela forma:  nunca (x²: 35.26), pessoa (x²: 33.44), pegar (x²: 22.47), existir (x²: 19.23), conhecer (x²: 16.96), entre outras. Os entrevistados abordam, nesta classe, suas concepções ligadas ao medicamento e diretamente ao uso de antirretroviral, bem como suas informações e a convivência diária com o HIV/AIDS. Percebe-se em falas, que apesar de o fato diário de “tomar o remédio”, seja algo “chato”, os relatos são de que v iver com HIV/AIDS, não é uma privação. Considerações finais: Conclui-se que o cotidiano e o uso do antirretroviral é permeado de simbolismo, dificuldades pelo uso do medicamento, o que influência em suas atividades diárias. 

10254 IMPACTOS DA RADIOTERAPIA NA SAÚDE ORAL DE PACIENTES COM CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO AMAZONAS
Giselle Diniz Guimarães Da Silva, Daniela Marinho Silva, Ellen Roberta Lima Bessa, Clarice Virginia Santos Goiabeira, Thayana Cruz De Souza, Lia Mizobe Ono, Ormezinda Celeste Cristo Fernandes

IMPACTOS DA RADIOTERAPIA NA SAÚDE ORAL DE PACIENTES COM CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO AMAZONAS

Autores: Giselle Diniz Guimarães Da Silva, Daniela Marinho Silva, Ellen Roberta Lima Bessa, Clarice Virginia Santos Goiabeira, Thayana Cruz De Souza, Lia Mizobe Ono, Ormezinda Celeste Cristo Fernandes

Apresentação: Os pacientes com câncer de cabeça e pescoço além de lidar com uma doença que ameaça à vida, convivem com os impactos da própria doença e de seu tratamento sobre a saúde oral. A radioterapia é utilizada com intuito de promover destruição do tecido neoplásico, porém, em menor grau age sobre tecidos saudáveis promovendo efeitos deletérios ao paciente afetando sua qualidade de vida. Os efeitos indesejados mais comuns da radioterapia na região de cabeça e pescoço são mucosite, xerostomia, e infecções fúngicas orais. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar os impactos na saúde oral de pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia atendidos em um hospital público de referência do Estado do Amazonas. Desenvolvimento: O delineamento deste estudo é observacional do tipo longitudinal, visto que foram feitas duas avaliações prospectivas, antes do tratamento e após a segunda semana de tratamento. Foram avaliados 10 pacientes com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço, o questionário socioeconômico e o exame clínico foram aplicados por um único investigador. A inspeção incluiu uso de prótese dentária, avaliação da voz, odinofagia, mucosite, xerostomia, disfagia, disgeusia, candidíase oral e trismo. Resultado: A média de idade foi de 56,6 anos, 60 % dos pacientes eram do sexo masculino, 60% apresentaram como grau de escolaridade o nível médio, quanto à localização do tumor 40% estavam localizados na laringe, 40 % na boca, 10% em nasofaringe e 10 % em glândula salivar, apenas 30 % eram usuários de próteses dentárias. Antes do tratamento, a alteração mais comumente observada foi alteração de voz em 70% dos pacientes avaliados. Após a segunda semana de tratamento, todos os pacientes relataram xerostomia, 90 % odinofagia, 30 % apresentaram candidíase oral, 50% mucosite e 80% relataram disgeusia. Além disso, os pacientes que referiram odinofagia informaram haver alteração na dieta passando essa a ser estritamente pastosa, o trismo foi verificado em apenas um paciente avaliado. Considerações finais: Os resultados apontam a xerostomia como principal impacto na saúde bucal após a segunda semana de radioterapia na região de cabeça e pescoço, associada e essa, a odinofagia e disfagia colaboraram para alteração na qualidade de vida dos pacientes, sobretudo no que diz respeito à mudança da dieta. Diversas são as alterações bucais decorrentes do tratamento radioterápico o que reforça a importância do acompanhamento odontológico do paciente durante o tratamento do câncer. O cuidado com as alterações bucais durante a radioterapia exige o trabalho em equipe interdisciplinar e a inserção da prática odontológica nesse ambiente de trabalho.

10309 ANÁLISE DO ATENDIMENTO PRESTADO POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE A PESSOAS TRANSGÊNEROS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.
Jorge Henrique Rodrigues de Souza Almeida, Elisete Casotti, Michelle Cecille B. Teixeira

ANÁLISE DO ATENDIMENTO PRESTADO POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE A PESSOAS TRANSGÊNEROS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.

Autores: Jorge Henrique Rodrigues de Souza Almeida, Elisete Casotti, Michelle Cecille B. Teixeira

Apresentação: A Política Nacional da População LGBT, publicada em 2013, identifica demandas de saúde específicas neste grupo populacional e reafirma os princípios de universalidade e integralidade do Sistema. As políticas de saúde são orientadoras das práticas de gestão e cuidado, e neste caso ainda precisa ser reafirmada, pois sabe-se que existem barreiras subjetivas e sociais que limitam a procura aos serviços de saúde e entre as questões levantadas estão  a estigmatização deste grupo. Apesar da existência dessa política, ainda há de fato lacunas substanciais no conhecimento da saúde de pessoas transgênero, por isso pesquisas devem ser feitas para identificar os determinantes sociais, econômicos e legais que criam e sustentam vulnerabilidades entre pessoas transgêneros e que intervenções que podem superá-las. A discriminação inicia desde as recepções dos estabelecimentos de saúde com o desrespeito ao nome social, até a provocação de situações vexatórias por profissionais, que culminam em absenteísmo, abandono de tratamento e na resistência em buscas os serviços de saúde. A ausência de diálogo e de uma escuta qualificada para identificar as necessidades singulares de cada pessoa trans interferem negativamente no cuidado. Portanto, conhecer melhor os obstáculos (objetivos e subjetivos), referente ao acesso e qualidade de atendimento na rede pública de saúde, pode contribuir tanto para enunciar melhor o problema, como para discuti-lo no âmbito da academia e serviços. A etapa da coleta de dados entrevistou quatro participantes, todas se identificaram como mulheres transgênero, duas delas foram recrutadas diretamente pela estratégia de divulgação do Facebook, que consistiu em uma publicação em um grupo, intitulado “UFF Niterói”. Nessa rede social, que reúne estudantes de diversos cursos da Universidade Federal Fluminense, foi apresentada a proposta da pesquisa e publicado o convite de possíveis participantes. As outras duas foram indicadas por pessoas que já tinham contato com os pesquisadores. Tinham idades entre 18 e 26 anos. A cor auto referida foi: duas brancas, uma preta e uma parda. Todas têm o ensino médio completo e estão cursando o ensino superior. Duas relataram não ter renda alguma e duas recebem bolsas de até quatrocentos reais. Duas moram com a família, uma na residência estudantil e uma com amigos..Quanto ao acesso aos serviços de saúde todas relataram terem utilizado, incluindo diferentes pontos de atenção na rede (atenção básica, policlínicas, unidade de pronto atendimento e serviços especializados). Entretanto, os participantes da pesquisa são jovens e saudáveis, sendo a procura episódica ou relacionada majoritariamente às especialidades associadas às questões do gênero, especialmente a endocrinologia. Como o uso da rede pública se mostrou pouco frequente, relatos de dificuldade de acesso não marcaram as entrevistas. Mas, sobre a percepção da qualidade do acolhimento pelas participantes, há relatos que indicam uma diferença entre o que acontece nas unidades de referência e as demais unidades, sendo que as primeiras são qualitativamente superiores. A queixa mais comum referem-se a situações de desrespeito que envolveram o não uso do nome social e/ou o uso do pronome em desacordo com o gênero. Sobre essa situação, os participantes concordam e identificam a necessidade de investimentos na qualificação dos profissionais de  todos os serviços a rede de atenção à saúde, não exclusivamente aos serviços de referência. Os comportamentos que desrespeitam as pessoas transgênero produzem afastamento dos serviços e agudizam ainda mais a situação vivida por essas pessoas, como reportado por uma das participantes. Além de ampliar os investimentos na formação. as participantes também consideraram importante que sejam abertos mais serviços de referência para atendimento das pessoas transgênero -  face a dificuldade de acesso a profissionais especialistas e a complexidade do cuidado. É destacada a importância de ter profissionais com experiência, tanto na perspectiva da realização de uma boa clínica, bem como da possibilidade de minimização dos efeitos do preconceito. Sobre o atendimentos às demandas relacionadas ao gênero, particularmente as participantes que já procuraram um serviço para realizar a hormonoterapia, indicam que o protocolo disponibilizado pelo sistema público não atende às expectativas,  pois a lista é restrita e nem sempre os medicamentos disponíveis funcionam de acordo com o desejado (boa resposta com mínimo de efeitos colaterais). A questão da automedicação apareceu em todas as entrevistas, confirmando os dados da literatura  que indicam que se trata de uma prática comum neste grupo. Uma participante também observou que como os medicamentos não são desenvolvidos para as pessoas transgênero, então é comum cada um ir “testando para ver o que funciona e o que não funciona” A respeito da intenção na cirurgia para redesignação de sexo, somente uma das participantes mostrou interesse, mas destacou que é um procedimento que só deverá realizar mais tarde, quando estiver mais madura. Há o argumento que é necessário “alcançar o respeito à pessoas trans sem precisar ter um corpo parecido com o cisgênero”, ou ainda que deve ser possível “vivenciar o nosso corpo de uma forma que não seja padrão, de uma forma que não seja comum” Neste estudo,  a despeito do corpus da pesquisa ter sido pequeno, com um recorte social bem específico e um pouco diverso do perfil do conjunto da população trans, o que se evidenciou é que os problemas são da mesma natureza. Ainda que o Brasil já tenha uma base legal que dispõe sobre os direitos das pessoas usuárias do Sistema Único de Saúde, a expressão do preconceito impregna a assistência a este grupo, revestido de diferentes formas, tal como a não observância de uma prática muito simples que é o direito ao uso do nome social, o uso do pronome correto ou falta de preparo da rede como um todo para atendê-los. A falta de formação profissional para o atendimento livre de preconceito, julgamentos morais e práticas discriminatórias, produz o afastamento do grupo  da rede de serviços, recorrendo apenas em situações extremas, como emergências. A dificuldade de acesso, a possibilidade de discriminação e a ausência de mais  centros de referência, reafirma a exclusão do cuidado. Nessa realidade a automedicação com hormônios é presente. Desta forma, torna-se relevante investir na formação dos profissionais de saúde, bem como ampliar o conhecimento em relação ao perfil epidemiológico dessa população e de suas expectativas de cuidado e de qualidade de vida – contribuindo assim para atender as suas  necessidades e garantir que os direitos à saúde e à vida sejam respeitados.

10334 O PERCURSO DA LINHA DE CUIDADO SOB A PERSPECTIVA DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
BENISIA MARIA BARBOSA CORDEIRO ADELL, CARLA MAIA SAMPAIO AZEVEDO, CAROLINA CAROLINA TITONELI GONÇALVES, LIDIANE LIDIANE PIMENTEL MONTEIRO, LARISSA CORREA DE ALMEIDA, LISSA AVILA BARBOSA CARNAUBA, LUIZA AIGLÊ FRANCISCO CASTILHO FREITAS, SAMUEL BASTOS CORREA DE FIGUEIREDO

O PERCURSO DA LINHA DE CUIDADO SOB A PERSPECTIVA DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

Autores: BENISIA MARIA BARBOSA CORDEIRO ADELL, CARLA MAIA SAMPAIO AZEVEDO, CAROLINA CAROLINA TITONELI GONÇALVES, LIDIANE LIDIANE PIMENTEL MONTEIRO, LARISSA CORREA DE ALMEIDA, LISSA AVILA BARBOSA CARNAUBA, LUIZA AIGLÊ FRANCISCO CASTILHO FREITAS, SAMUEL BASTOS CORREA DE FIGUEIREDO

Apresentação: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis/DCNT têm se revelado com perfil de significativo crescimento epidemiológico de importante expressão estatística, que ao chamar a atenção da Organização Mundial de Saúde (OMS), e, ao mesmo tempo que estimula a identificação do que se engloba nesse aumento, busca criar  metas para a sua redução. Neste sentido, linhas de cuidado (LC) passaram a ser desenhadas no campo da atenção e da gestão, representadas tanto por macro quanto micro políticas, contribuindo para a eficácia e efetividade dos processos de intervenção. Cumpre ressaltar que ao falarmos dos microprocessos devemos destacar aqueles que envolvem o profissional da saúde em contato com os pacientes, para superação dos paradigmas que têm mantido distantes as relações destes profissionais com os usuários do sistema de saúde. Na maioria das vezes, estas relações verticais evidenciam que os profissionais pouco se abrem para "trocas com os pacientes”, contribuindo pouco no processo de saúde-educação. No entanto, ao mesmo tempo em que se enfatiza a importância do conhecimento técnico do profissional a partir das “tecnologias duras” como:  exames, imagens, cabe ao “cuidador” saber identificar a possibilidade de utilizar também recursos da chamada “tecnologia leve”, da relação empática e capacidade de decisão profissional e/ou tecnologia “leve-dura”, com os protocolos etc. Ao discutir e compreender as dimensões das chamadas macropolíticas dos grandes processos locais ou regionais, os profissionais de saúde e os gestores não se desobrigam de pensar em Linhas de Cuidado (LC) para enfrentar de maneira apropriada as DCNT, deparando-se com processos de trabalho legais que não competem somente a eles. Objetivo do estudo é  identificar os desafios enfrentados pelos profissionais  para elaboração do plano de gestão adequado para ajudar  reduzir o crescimento de quadros classificados como crônicos. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, utilizadas publicações encontradas nas bases de dados nacionais, no periódico de 2019. Autores, como Merhy, destacam diferentes tópicos que devem merecer de profissionais e de gestores a devida atenção em seus processos de trabalho, como práticas voltadas as reais necessidades dos usuários; projetos terapêuticos singulares, tratamento individualizado do paciente com um olhar interprofissional; a construção da rede de serviços adequada as necessidades identificadas; acesso aos recursos assistenciais; fomento e criação de políticas de promoção, prevenção e vigilância; etc. São processos capazes de retroalimentar a valise dos cuidadores, com mais opções nos processos de cuidado com que irão se defrontar, enriquecendo a qualidade do atendimento e consequentemente objetivando eficácia, sem estabelecer a priori uma prescrição. A atenção básica em saúde, como ordenadora do cuidado, deve se atentar com a qualidade do acolhimento realizado, e cabe ao profissional das unidades se apropriar desse conceito, assim como prover  atenção centrada na pessoa e  família, mantendo um cuidado continuado. A atenção Interprofissional é fundamental, subsidiando o Projeto Terapêutico Singular como já citado, com apoio matricial. Enfatizar sobre o autocuidado, incentivar a participar de grupos que lhe façam sentido, somada a potencialidade da educação permanente, parece ser uma “boa receita” em nossas linhas de cuidados, tanto para as micropolíticas, quanto às micropolíticas. 

10389 ARRANJOS DE SUBSTITUTIVIDADE COMO TECNOLOGIAS DE CUIDADO
Daniel Emilio da Silva Almeida, Maria Paula Cerqueira Gomes, Kathleen Tereza da Cruz

ARRANJOS DE SUBSTITUTIVIDADE COMO TECNOLOGIAS DE CUIDADO

Autores: Daniel Emilio da Silva Almeida, Maria Paula Cerqueira Gomes, Kathleen Tereza da Cruz

Apresentação: Vivemos nos dias atuais, principalmente no Brasil, discussões importantes a respeito de arranjos de substitutividade, no que tange a área de saúde mental e de álcool e outras drogas (considero aqui como substitutividade qualquer espécie de arranjo que visa a fomentar práticas alternativas às manicomiais e de controle, visando produção de autonomia e liberdade). Apesar dos avanços das áreas mencionadas, vivemos um momento de recrudescimento das políticas públicas, que passam a fazer uso cada vez mais intensivo de aparelhos repressivos e de controle, que ganham fôlego dentro de um discurso de normalização e moralizante. Frente a estes retrocessos, que inclusive ganham campo dentro da formação de profissionais técnicos da área que almejam um cuidado mais solidário, poderíamos trazer mais elementos para problematizarmos a tensão que observamos entre o que usualmente nomeamos no campo das instituições manicomiais e, frente a estas, os serviços substitutivos, considerando arranjos e experiências pelo mundo? Exercitar tais problematizações é de grande valia antes de construirmos mais uma vez barreiras que já vinha se desfeito no ar: que instituições de controle total, como Hospitais Psiquiátricos, ou mesmo arranjos manicomiais, tem seu lugar na produção do cuidado. Desenvolvimento: Desde já, é importante ressaltarmos que não há nenhum arranjo ou concepção clínica ou de cuidado que se mostre como “ideal”, ou, aliás, é importante que qualquer busca de “ideal” perde de vista a produção do cuidado: contingente e centrado em tecnologias leves. Apesar de tal afirmativa, é importante ressaltar que as instituições, aproximando-se de certa maneira da oferta de Lourau sobre o tema, são arranjos complexos, constituídos de diversas camadas, e que promovem certas formas de agir no mundo. Portanto, por mais que não possamos determinar especificamente como opera cada equipamento de saúde, ou replicá-lo de maneira simples frente a arranjos semelhantes que se dão em um espaço geográfico, certas lógicas de operar se repetem, ganham força e notoriedade. Este campo que se faz como de interesse neste resumo. Busco comentar aqui alguns arranjos pelo mundo que nem sempre se colocam hegemonicamente como substitutivos aos hospitais psiquiátricos, mas que constituem formas de operar que colocam em problematização os arranjos institucionais manicomiais, ou até sobre o próprio controle dos serviços de saúde e societários. Um desses arranjos pode ser observado nas estratégias calcadas no “ Recovery ”, noção que tem origem em movimentos de usuários dos EUA, e que não implica em remissão absoluta dos sintomas, mas na superação dos efeitos de ser um usuário de saúde mental, caracterizados como: o estigma, pobreza, desemprego, isolamento social, perda de um papel social, perda do senso de si e do sentido da vida. Apesar de vários sistemas de saúde não incluírem a modelagem de “Recovery” substitutiva aos Hospitais Psiquiátricos, diversas ofertas do campo vem se mostrando interessantes na produção de autonomia. Como exemplo, podemos nomear os grupos de apoio  mútuo, formados e constituídos por usuários dos serviços de saúde. Nestes coletivos, é constituído um compartilhamento de experiências e apoio no processo de cuidado, no qual as referências passam a ser um papel importante em todo o processo terapêutico e de inclusão social,  mesmo não sendo profissionais de saúde ou de outras áreas, mas sim sujeitos que tem a ofertar sua experiências de vida e confiança. Arranjos nestes formatos, ou mesmo mistos, como nos grupos de “Gestão Autônoma da Medicação”, passam a ofertar certas ferramentas que tem potencialidades para uma reconfiguração de centros de poder dentro do processo de cuidado, possibilidades que podem tornar possíveis outras formas de se operar a autonomia dos usuários-cidadãos. Poderíamos falar também de certos arranjos de cuidado que, apesar de ter ainda uma centralidade importante nos profissionais de saúde, operar certas reconstituições importantes: como nos formatos de cuidado dos " Diálogos Abertos ". Estes consideram com especial atenção o processo de estigmatização por meio dos diagnósticos ou a medicalização da vida. Por meio desta proposta um sujeito em crise é considerado/atendido dentro do seu ambiente familiar, com diálogos muito recorrentes pelas referências dos serviços de saúde, que não se propõe a constituir um diagnóstico de maneira muito acelerada nem entrar com uma intervenção medicamentosa,  mas sim constituir um espaço aberto no qual é possível constituir diálogos e escuta. Tal experiência vem apresentando impactos significativos nos indicadores de uso de medicamentos, que mostram queda, e nos desfechos de saúde dos seus respectivos cidadãos, que se mostram mais promissores. Outra forma de operar arranjos de cuidado que vem se mostrando cada vez mais pelo mundo são os constituídos pelos grupos de “ Ouvidores de Vozes ”. Os ouvidores não colocam em análise somente a forma de operar os serviços de saúde, mas consideram de forma contundente a própria consideração do processo de ouvir vozes como uma patologia. Tais grupos vem constituindo mecanismos de oferecer apoio a cidadãos que passam por estas experiências de forma a acolhê-los, constituir uma relação mais cuidadora com os serviços de saúde, ou até promover arranjos de cuidado diferenciados, buscando inclusive produzir uma experiência enriquecedora com o processo de ouvir vozes, que é considerado como a oferta de mais um sentido, capaz de ofertar novas formas de ressignificar o mundo, inclusive em seus campos subjetivos. Por último, a fim de finalizar este breve resumo, gostaria de considerar as diversas experiências da Atenção Psicossocial Brasileira. Apesar de diversas destas virem tendo reveses importantes ao decorrer dos anos (como em Santos, Campinas, São Paulo), podemos considerar experiências atuais e em atividade de desinstitucionalização e substitutividade de redes de cuidado, e que inclusive nem se dispõe a acionar hospitais psiquiátricos em suas respectivas redes, como em Belo Horizonte (MG) ou na região do Carmo no Rio de Janeiro. Experiências que diversas vezes são desconsideradas, mesmo por sujeitos ativos no processo de construção de arranjos que promovam mais cuidado nestas respectivas redes. Estas fazem uso intensivo não só de arranjos de cuidado que passam pelos Centros de Atenção Psicossocial ou Centros de Referência em Saúde Mental, espaços privilegiados para a oferta de cuidado em crise e urgência e que visam substituir totalmente os Hospitais Psiquiátricos, mas fazem uso de outras ofertas em larga escala tanto no campo do cuidado na Atenção Básica, quanto no campo do cuidado e cultura e empreendimentos sociais/economia solidária. Considerações finais A proposta deste resumo, é continuar instigando a discussão frente aos processos atuais de remaniacomilização e fomento do proibicionismo no campo das políticas públicas e imaginários societários. Podemos observar diversas experiências pelo mundo que mostram ser possível arranjos de cuidado que apostem mais radicalmente na autonomia dos usuários. É de suma importância que mantenhamos estes exemplos em discussão, a fim de não só evitarmos seguir para um tecnicismo, que fomenta arranjos de controle da vida que partem dos serviços de saúde mental e de álcool e outras drogas, assim como problematizarmos o controle da vida que se dá por todos os serviços de saúde e além, no cotidiano da existência de toda a coletividade. ALTOÉ, Sonia. René Lourau: analista institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec, p. 8, 2004. ANASTÁCIO,C.C. E FURTADO,J.P. “REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E RECOVERY: CONCEITOS E INFLUÊNCIAS NOS SERVIÇOS OFERECIDOS PELO SISTEMA DE SAÚDE MENTAL” in Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, ISSN 1984-2147, Florianópolis, v.4, n.9, p. 72-83, 2012

10421 TRIAGEM CLÍNICA E SOROLÓGICA: PERFIL DE INAPTIDÃO DE CANDIDATOS À DOAÇÃO DE SANGUE
Rachel de Almeida Menezes, Marina Maria Bernardes da Conceição, Larissa Said Lima da Costa, Tatiana Rodrigues de Araújo Lima, Flávia Miranda Gomes de Constantino Bandeira

TRIAGEM CLÍNICA E SOROLÓGICA: PERFIL DE INAPTIDÃO DE CANDIDATOS À DOAÇÃO DE SANGUE

Autores: Rachel de Almeida Menezes, Marina Maria Bernardes da Conceição, Larissa Said Lima da Costa, Tatiana Rodrigues de Araújo Lima, Flávia Miranda Gomes de Constantino Bandeira

Apresentação: Considerando que no Brasil, no período de 2013 a 2015, 17,62% dentre 4.171.301 pessoasque compareceram à triagem clínica dos serviços de hemoterapia foram consideradas inaptas, faz-se necessário conhecer o perfil de tal população. O objetivo desse estudo foi estimar afrequência das principais causas de inaptidão constatadas na triagem clínica, entre os doadoresde sangue que comparecerem ao Banco do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Trata-se deum estudo seccional de campo, do tipo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa eanálise estatística de dados. A coleta de dados deu-se a partir de questionário autoaplicável, preenchido por doadores voluntários que compareceram ao serviço no período denovembro/2016 a fevereiro/2019. Dos 304 entrevistados, 51,6%  eram do sexo feminino; 42,1% tinham entre 20 e 29 anos; 60,2% eram solteiros e 45,1% estudaram até o ensinomédio. Foram observadas 54 inaptidões (17,76% do total de respondentes), tendo sidoidentificadas como principais causas: 3,9% por anemia; 2,9% relacionadas à triagemsorológica positiva para doenças transmissíveis pelo sangue (sífilis, hepatites B e C); 1,3%por desistência do doador no momento da triagem; 1,0% devido à prática de relações sexuaiscom múltiplos parceiros (mais de 5 pessoas em 12 meses); 1,0% por prática de relaçõessexuais com novo parceiro; 1,0% por câncer; 0,7% por referirem relações sexuais sem o usode preservativo e 0,7% por hipertensão arterial sistêmica, dentre outras. Observou-se umpercentual importante de inaptidões devidas ao diagnóstico laboratorial de doençastransmissíveis e a comportamentos sexuais de risco. Conhecer o perfil de causas de inaptidãoà doação de sangue, por meio das triagens clínica e sorológica, é um passo norteador paradesenvolver estratégias para captação de voluntários e realização de práticas de educação emsaúde voltadas a grupos específicos.