456: Cuidado abrangente em saúde
Debatedor: Arlete Inácio
Data: 31/10/2020    Local: Sala 12 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
6303 RODAS DE CONVERSAS: ACOLHIMENTO AOS CUIDADORES DE CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO ATÍPICO
Helena Carollyne da Silva Souza

RODAS DE CONVERSAS: ACOLHIMENTO AOS CUIDADORES DE CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO ATÍPICO

Autores: Helena Carollyne da Silva Souza

Apresentação: Rodas de Conversas (RC) são espaços em que os participantes se expressam, trocam informações e experiências, esclarecem dúvidas, adquirem conhecimentos sobre direitos garantidos por lei e podem obter a autoconfiança no “lidar” com sua criança. A construção das RC no Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (CASMUC) localizado em Belém (PA)rá, ocorreu dada a ausência de serviços de apoio à cuidadores de crianças com deficiência, com enfoque na Psicologia e áreas afins. O objetivo deste trabalho foi apresentar os dados oriundos das rodas de conversas referentes ao ano de 2019. Participantes: Cuidadores de crianças com deficiência. O grupo realizou encontros semanais, às segundas e sextas feiras, no período da manhã, que teve a duração aproximada de 60 minutos, com equipe multiprofissional (profissionais e graduandos de Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, Pedagogia e Fisioterapia), sendo que 3 membros da equipe conduziam as RC junto aos cuidadores, os demais profissionais ficavam em espaços abertos com as crianças, em atividades lúdicas, durante a realização das Rodas de Conversa. Os instrumentos utilizados: Ficha de Caracterização e o TCLE. Realizou-se análise descritiva e estatística (dados quantitativos tabulados no pacote estatístico SPSS). Observa-se que durante o ano de 2019, foram coletados dados de 79 participantes em 26 RC, por meio do instrumento de Caracterização, em média, 3 cuidadores por Roda. Quanto ao gênero, 88,3% eram mulheres, sete (9,1%) homens e ainda dois casais heteronormativos (2,6%). A idade dos cuidadores principais: 35,72 (DP=9,040253), companheiros(as) dos cuidadores: 38,34 (DP=9,018295) e das crianças que estavam em atendimento: 7,04 (DP=3,421390). A condição conjugal dos participantes: casada (o) ou união estável (55,8%). Como diagnósticos recorrentes, obteve-se: TEA (40,3%), TDAH (14,3%), TEA e comorbidade (6,5%), sendo que seis (7,8%) não possuíam diagnóstico concluído. Além disso, 54 crianças (70,1%) possuíam irmãos; destes, 35,1% tinham apenas um irmão. A partir deste dados pode-se compreender de forma mais detalhada como questões subjetivas dos cuidadores influenciam no modo como o diagnóstico é visto por eles. A partir desta experiência em participar no projeto, Concluiu-se que há necessidades de continuidade da realização de Rodas de Conversa aos cuidadores, com vistas à melhoria do atendimento pelo CASMUC-PA e também para promoção da qualidade de vida dos cuidadores e/ou familiares, influenciando também na qualidade de vida das crianças, pois destaca-se que as RC, possibilitaram informações úteis tanto no acolhimento e troca de informações entre os cuidadores, como também contribuíram para o cuidado de crianças com desenvolvimento atípico e melhoria na qualidade do atendimento de demandas decorrentes do cotidiano familiar e institucional.

6318 “PROJETO SABER VIVER: UM OLHAR INTERPROFISSIONAL NO TRABALHO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA E SEUS CUIDADORES/FAMILIARES”
FERNANDA DO MONTE PINTO, GLADSTON JOSÉ DE PAULA SANTOS

“PROJETO SABER VIVER: UM OLHAR INTERPROFISSIONAL NO TRABALHO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA E SEUS CUIDADORES/FAMILIARES”

Autores: FERNANDA DO MONTE PINTO, GLADSTON JOSÉ DE PAULA SANTOS

Apresentação: do que trata o trabalho e seu objetivo O Projeto Saber Viver foi criado no ano de 2017 e é desenvolvido na Policlínica Regional Carlos Antônio da Silva, unidade de saúde pertencente à Fundação Municipal de Saúde de Niterói. O trabalho é desenvolvido por uma equipe interprofissional composta por médico geriatra, assistente social, psicólogas, terapeuta ocupacional, técnica de enfermagem, estagiários de serviço social, residentes de enfermagem e alunos de diferentes áreas da saúde bolsistas do PET interprofissionalidades. O público alvo é composto pelos idosos, bem como seus cuidadores/familiares, residentes na área de abrangência da Policlínica. O objetivo geral é promover a melhoria da qualidade de vida dos idosos e prepará-los, assim como seus cuidadores/familiares, para os enfrentamentos referentes ao processo de envelhecimento Desenvolvimento: Quando falamos sobre “envelhecimento da população” percebemos uma crescente mudança, tanto no que se refere às estatísticas deste fenômeno quanto aos paradigmas que o envolvem. Considerando que a pessoa idosa apresenta aspectos a serem observados e trabalhados pelos diversos profissionais de saúde que o atendem, estes devem ser vistos em sua integralidade e complexidade, sendo de extrema importância o estabelecimento de atividades, quer seja nos atendimentos individuais como nos grupos, trabalhadas por uma equipe interprofissional. Nestas equipes cada profissional com seu saber específico complementa o saber do outro, vendo os usuários como um todo e inseridos em um contexto e não de forma isolada que mecanicamente se une. Compreendendo também todas as dificuldades e toda carga que possa estar sobre o cuidador/familiar destes idosos, é de extrema importância a realização de um trabalho em que estes sejam melhor orientados pelos profissionais de saúde sobre técnicas de cuidado e assistência práticas aos idosos por eles cuidados, mas que também tenham um espaço para colocar suas dúvidas, angústias, medos, alegrias e insatisfações. Sendo assim, levando em consideração todas estas questões, o Projeto Saber Viver é baseado em atendimentos individuais e em grupos realizados pela equipe interprofissional aos idosos e cuidadores/familiares. No caso dos atendimentos em grupo, após uma avaliação sumária realizada pela equipe interprofissional, os idosos são divididos em dois grupos de acordo com suas necessidades e especificidades. Um dos grupos é formado por idosos com maior independência para as atividades da vida diária. Já o outro grupo é composto por idosos com maiores limitações/dificuldades e/ou déficit cognitivo. Considerando que os idosos que formam este segundo grupo precisam comparecer às reuniões realizadas na Policlínica acompanhados e compreendendo também a importância do trabalho a ser realizado com seus cuidadores/familiares, como já citado anteriormente, em algumas atividades forma-se um terceiro grupo composto pelos cuidadores/familiares para se trabalhar questões específicas referentes a estes. As reuniões ocorrem semanalmente, as quartas-feiras, de forma intercalada entre os dois grupos de idosos. São programadas reuniões em que também os dois grupos e seus cuidadores/familiares se unem para as atividades propostas. Nestas reuniões são realizadas atividades de estimulação cognitiva, dinâmicas de grupo, debates, palestras sobre diversos temas relacionados à saúde e a realidade da pessoa idosa, além de confraternizações, passeios recreativos e culturais. Às segundas-feiras, alguns idosos participam também de atividades físicas funcionais em um grupo chamado “Oficina do Movimento”, composto pela mesma equipe interprofissional. A Oficina do Movimento tem como objetivo geral estabelecer um grupo de atividades de movimentação corporal, priorizando exercícios funcionais, para pacientes idosos residentes no território de abrangência da Policlínica Regional Carlos Antônio da Silva, com acompanhamento interprofissional na área da saúde. Os profissionais da equipe reúnem-se ao fim de cada reunião realizada com os idosos para avaliação das atividades e mensalmente para planejamento das atividades, avaliação e estudos de caso. Resultado: Os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa; Como já sugerido anteriormente, o Projeto vem se desenvolvendo sobre os pilares principais da ESTIMULAÇÃO e da FUNCIONALIDADE. Nestes dois anos e alguns meses de atividade, inspirados pela ideia do conceito de saúde que vai muito além da ausência de doenças e que agrega novos elementos como "bem estar", "prazer", "participação", "felicidade". direcionamos nossas atividades para estas finalidades, buscando envolver os idosos e seus acompanhantes, em situações que transcendem e complementam os atendimentos individuais, almejando sempre um maior entendimento da problemática, situações e ocorrências que englobam o processo de envelhecimento e suas inter-relações. Vale sempre observar que pela pequena possibilidade de acesso a tempo disponível para os grupos, assim como ao reduzido número de recursos humanos e materiais, o trabalho voltou-se sempre mais para os aspectos relacionados a integração, participação e compreensão do "envelhecer" e suas correlações, deixando outras funções como testagens e mensurações para uma nova etapa. Mesmo assim, neste caminho tivemos a oportunidade de observar o crescente interesse dos idosos e seus cuidadores pelas atividades, principalmente no tocante ao aumento de sua autonomia e independência na lida com o cotidiano. Observamos também o impacto positivo na resposta as terapêuticas já em curso com melhor aderência aos tratamentos, elevando a sensação de bom humor e autoestima e obviamente, contribuindo para a diminuição de quadros mais negativos como os ligados a tristeza, ansiedade, depressão etc. Notável ainda foi o ganho em aspectos físicos, além dos cognitivos, funcionais e comportamentais. Os participantes apresentaram significativa melhora em seu condicionamento com avanços em questões como força, equilíbrio, coordenação motora, contribuindo para ganho de estabilidade de marcha e transferência, bem como na prevenção de quedas e suas funcionalidades em geral. Considerações finais: O Projeto Saber viver é pautado em um olhar interprofissional, em que os diversos saberes se complementam e são abordados de forma colaborativa, tendo como foco o idoso e seus cuidadores/familiares compreendidos de forma integral. A saúde, neste trabalho, não é vista apenas como ausência de alguma doença, mas como algo que norteia e é intrínseca à vida dos sujeitos. Os usuários são percebidos em sua totalidade como sujeitos que fazem a sua história dentro de um contexto familiar, social e cultural. O trabalho busca, então, a partir das atividades propostas, o fortalecimento de vínculos entre os próprios idosos, entre esses e seus cuidadores/familiares, entre estes e a equipe profissional e entre os próprios profissionais, e prima para a construção de um envelhecimento mais ativo e saudável e com a maior qualidade de vida possível em cada caso.

6344 ENGRAVIDANDO A ESTRATÉGIA: REFLEXOS DA VIOLÊNCIA URBANA E CONFLITOS ARMADOS SOBRE OS TRABALHADORES DA SAÚDE NO CONTEXTO DE UMA UNIDADE BÁSICA DO RIO DE JANEIRO
Luane Tássia Paz Dominguez S Alves

ENGRAVIDANDO A ESTRATÉGIA: REFLEXOS DA VIOLÊNCIA URBANA E CONFLITOS ARMADOS SOBRE OS TRABALHADORES DA SAÚDE NO CONTEXTO DE UMA UNIDADE BÁSICA DO RIO DE JANEIRO

Autores: Luane Tássia Paz Dominguez S Alves

Apresentação: Relato de experiência como resultado de pesquisa realizada no ano de 2017 durante programa de residência multiprofissional em saúde da família, no território da comunidade do Jacarezinho (RJ), com recorte de violência como um dos atravessamentos tanto à comunidade quanto aos pŕofissionais de saúde ligados à mesma. A pesquisa fez uso de relatos e entrevistas dos profissionais de saúde da CF Anthídio Dias, UBS concernente a atenção primária de saúde da comunidade do Jacarezinho. Como estratégia para se alcançar os objetivos propostos pelo SUS, no intuito de romper com antigos paradigmas da assistência à saúde no país, temos à presença das eSF nos territórios, acompanhando os indivíduos e comunidades, em toda a sua complexidade. Para o desenvolvimento de tais práticas, tem-se um modelo pautado na formação de equipes multidisciplinares, que desenvolvem processos diagnósticos individuais e coletivos, com base na realidade local, balizando o planejamento das ações. Tem-se a organização de um trabalho horizontalizado com forte estímulo à participação popular e compartilhamento do cuidado. A ESF - e equipes - se veem integradas e integrantes do território vivo. A clínica e as equipes estão inseridas no cotidiano, nas vivências dos usuários que utilizam e que alimentam aquele serviço, na contramão a UBS recebe mão de obra da comunidade, que integra, através dos ACSs, o corpo de trabalhadores. A prática cotidiana e a rotina passam a ser base para o processo de aprendizagem e ferramenta para agir frente à violência. Os trechos destacados das entrevistas da pesquisa apontam tanto para o reconhecimento de que as ações integradas a outros dispositivos presentes no território, sendo eles públicos ou não, viabilizariam a prestação de um cuidado ampliado e do fortalecimento na atenção do território. A partir dos relatos, surgem possibilidades como alternativa para ampliar o acesso e criar espaços de acolhimento e cuidado na unidade, no formato de grupos voltados para os usuários. A realização de grupos na ESF aparece como potentes formas de enfrentamento, frente às complexidades que emergem do território. Tanto na realização dos grupos de promoção de saúde, quanto no compartilhamento dos casos em reuniões de equipe, existe uma diminuição da angústia do profissional, tendendo a diminuir o estresse vivido pelos profissionais perante as demandas, indicando que a manutenção de espaços coletivos e o compartilhamento entre a equipe pode ser vista como uma potentes ferramentas na continuidade do cuidado prestado. O acolhimento na perspectiva da unidade, utilizada como campo tem sido uma potente estratégia - tanto entre profissionais quanto no contato destes com o usuário - no enfrentamento cotidiano. A atenção primária nesse contexto pode se fazer disparador para o tensionamento da rede, visibilizando o território, tornando o território visto. Ao tensionar tem-se que se reconhecer que disparar a articulação entre instituições não é responsabilidade tão somente do setor saúde, todos os dispositivos precisam se implicar para propiciar o encontro, mantendo-se aberto a aproximações potentes. Cabe ressaltar que o estímulo para que isso ocorra se deve também a posturas dos representantes governamentais, por meio de medidas que proporcionem o fomento de tal integração.

6425 ABORDAGEM HISTÓRICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Adriana dos Santos Ferreira, Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Natasha Batilieri Rodrigues, André de Souza Santos, Sâmara da Silva Amaral, Maria Francisca da Silva Amaral, Paulo Roberto Bonates da Silva

ABORDAGEM HISTÓRICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Adriana dos Santos Ferreira, Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Natasha Batilieri Rodrigues, André de Souza Santos, Sâmara da Silva Amaral, Maria Francisca da Silva Amaral, Paulo Roberto Bonates da Silva

Apresentação: Este trabalho tem por objetivo apresentar as representações históricas do processo saúde-doença. Desenvolvimento: Relato de experiência da disciplina Saúde Coletiva do Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública do Instituto Leônidas & Maria Deane- ILMD da Fundação Oswaldo Cruz- Fiocruz Amazônia Resultado: Em discussão em sala de aula, observou-se que: as conjunturas histórias do processo saúde-doença, expressam as diversas alterações e modificações sofridas, e que continuarão a sofrer com o transcorrer do tempo, no que se refere, as representações nas civilizações. Partindo do pressuposto, que a Sociedade em sua composição complexa é configurada por influências de fatores, condicionantes e principalmente, o que se entende por determinantes de saúde, que são estabelecidos na sociedade, de acordo com as políticas públicas de saúde, saúde coletiva, saúde pública, aspectos legislativos, políticos, geográficos, sociais, econômicos, étnico culturais e espirituais. Todos esses determinantes, nas suas respectivas eras, exercem poder nas representações no contexto saúde e doença. Considerações finais: Em construção dessa ótica dinâmica de entender o seguimento saúde e doença, os mediadores do cuidado e atenção à saúde a pessoa, sem distinção, ou seja, expressando os princípios de igual e equidade da atual e recente política de saúde do país, o Sistema Único de Saúde SUS. Se faz necessário, compreender que nos dias de hoje não existe um modelo ou conceito do processo saúde-doença unitário, que proporcione o acesso de todas as populações. Mesmo sendo expresso o conceito preconizado pela Organização Mundial de Saúde OMS. Que em concomitância com a leitura do artigo, deve ser visto como o que mais se aproxima da atual configuração processo saúde-doença na atualidade. Portanto, a interlocução do indivíduo e/ou coletivo com o território, em seu sentido de totalidade, deverá subsidiar o plano de cuidados e ações no processo vigente de saúde-doença, respeitando a complexidade individual e coletiva e garantindo o acesso do todo.  

6434 PROJETO DE APOIO PSICOSSOCIAL A ESTUDANTES - PAPE: ACOLHIMENTO E INCLUSÃO NO COTIDIANO DA VIDA ACADÊMICA
ANA RITA CASTRO TRAJANO, FERNANDA SOUZA VILELA, LARISSA MOREIRA BATISTA, CAROLINA DAL-COL VIANA

PROJETO DE APOIO PSICOSSOCIAL A ESTUDANTES - PAPE: ACOLHIMENTO E INCLUSÃO NO COTIDIANO DA VIDA ACADÊMICA

Autores: ANA RITA CASTRO TRAJANO, FERNANDA SOUZA VILELA, LARISSA MOREIRA BATISTA, CAROLINA DAL-COL VIANA

Apresentação: O cotidiano da vida acadêmica tem gerado processos de sofrimento mental, o que tem se apresentado como desafio a ser enfrentado no sentido de favorecer o acolhimento e inclusão. Por meio do Serviço-Escola do Curso de Psicologia da UEMG, em articulação com o Núcleo de Apoio ao Estudante, criou-se este Projeto de Extensão / Estágio com o objetivo de atender às demandas estudantis de apoio psicológico, na perspectiva da Psicologia Social e da Saúde Coletiva. Como referenciais, tomou-se os Grupos Operativos e a Análise Institucional, em diálogo com os Círculos de Cultura freireanos. Entende-se o Grupo Operativo como um grupo de aprendizagem, que produz uma certa retificação de aprendizagens anteriores e, assim, tende a gerar efeitos terapêuticos, ao abordar os emergentes do grupo e possibilitar mudanças no sujeito que aprende que tende a gerar efeitos terapêuticos. A partir de práticas institucionalistas, toma-se o grupo como dispositivo ao favorecer a emergência de processos instituintes em contraposição às formas instituídas. Nesta direção, o conceito de grupo-sujeito em oposição ao grupo-submetido: um grupo que é sujeito produz suas normas e significações, são grupos capazes de elaborar suas próprias leis, de analisar seus próprios projetos, são grupos instituintes, e como tal, poderíamos dizer, funcionam como grupo-dispositivo; um grupo-submetido se submete ao instituído, às normas de cuja produção não participou. Podemos estabelecer conexões entre grupos operativos e grupos-sujeitos, na medida em que produzem transformações de esquemas referenciais, de subjetividades em processos de aprendizagem e construção da própria autonomia. Foram formados dois grupos de estudantes de Psicologia, no período de agosto a dezembro / 2019. Avalia-se que essas experiências possibilitaram o fortalecimento dos vínculos e maior autonomia com relação às reflexões sobre as práticas pedagógicas no Curso de Psicologia. Espera-se dar continuidade a este projeto, na expectativa de contribuir para o cuidado em saúde mental em cenários universitários.

6538 DONA ZICA ACOLHE
Cristina Guedes Veneu, Clara Gouveia de Souza

DONA ZICA ACOLHE

Autores: Cristina Guedes Veneu, Clara Gouveia de Souza

Apresentação: O ponto de partida deste trabalho foi o anseio por melhoria na prática do Acolhimento da Clínica da Família Dona Zica, unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS), que assiste à comunidade da Mangueira, Rio de Janeiro. Além disso, pretendeu-se reforçar o pertencimento, a pertinência, um olhar agregador e estimulador, produtor de diálogos que pudessem trazer abertura para o processo de construção coletiva de saúde em território. Particularmente, a unidade em questão possui espaço físico exíguo e grande número de usuários cadastrados, em território de alta vulnerabilidade social, o que interfere e demanda especial atenção ao processo de escuta das necessidades de saúde da população. Segundo Franco et al (1999), a organização do serviço permite garantir, na Atenção Básica, os princípios gerais do SUS: acesso universal, resolubilidade e atendimento humanizado. Todos devem ser ouvidos e, na medida do possível, terem seus problemas de saúde atendidos. A unidade elencou como prioridade a construção de uma identidade enquanto grupo prestador de serviços, através dos princípios da Educação Permanente em Saúde (EPS) e suas ferramentas. Portanto, meta esta, constitutiva do processo de trabalho, visando a ativação da comunicação entre os próprios profissionais e também com a comunidade. Cada um contribuindo de forma singular e agregando saberes multidisciplinares, premissa do trabalho colaborativo, a fim de alcançar o objetivo comum. A essa proposta, somou-se uma profissional com experiência, na rede municipal, em EPS, tendo sido planejada, com a gerente local, a realização de Oficinas de Comunicação e Acolhimento inseridas nas reuniões gerais da unidade. Como público alvo, profissionais que atuam na unidade de saúde, desde a porta de entrada ao último contato com o usuário. Desde então, nesse processo em andamento, incorporado à rotina das reuniões gerais, entende-se que a construção coletiva, dentro da lógica da gestão compartilhada e baseada na proposta político pedagógica da Educação Permanente, pode funcionar como agente facilitador para reflexões e mudanças para práticas almejadas de Acolhimento nos processos de trabalho em saúde. O objetivo geral deste estudo foi ressignificar conceitos e práticas de Acolhimento em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde. Os objetivos específicos foram: Utilizar a Educação Permanente para estimular uma reflexão crítica sobre o Acolhimento nas práticas em Saúde; Sistematizar o produto das reflexões coletivas, planejar estrategicamente e dar continuidade aos processos propostos; Fortalecer a prática profissional crítica, consciente e autônoma sobre Acolhimento, gerando novos paradigmas; Promover ambientes mais saudáveis e acolhedores na produção do cuidado em saúde, tanto para usuários como para profissionais.  Desenvolvimento: Foi realizado diagnóstico situacional através de observação participante na sala de recepção da unidade de saúde, o que subsidiou o planejamento das oficinas e reorganização do espaço. Propôs-se o espaço das reuniões gerais como oportuno para realização das oficinas. Até o momento foram realizados três encontros, com a presença de 23 profissionais, em média, de diversas categorias: gerente, agentes comunitários de saúde, enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, auxiliar de serviços gerais, educadora física, dentista, técnico de saúde bucal, assistente social e técnico de farmácia. Nas oficinas de Acolhimento foram abordados os temas procedentes do diagnóstico prévio, tais quais: comunicação, escuta ampliada, ativa, abordagem e perfil do usuário, vulnerabilidade dos profissionais frente à Comunicação Violenta por parte de alguns usuários e outros. Foram realizadas atividades dinâmicas que proporcionassem e potencializassem a aprendizagem significativa - roda de conversa, perguntas disparadoras, uso de tarjetas, Técnica do Aquário - trazendo a experiência de cada indivíduo para o diálogo e problematização nas discussões. Ao final de cada encontro, construiu-se com a todos os participantes o planejamento de ações estratégicas a fim de encaminhar e solucionar os problemas trazidos, com os seus respectivos prazos e delegações necessárias com seus pares, constituindo-se um Plano de Ações, que se avalia e atualiza a cada novo encontro. Resultado: •             Mudança de postura no Acolhimento aos usuários de acordo com a construção coletiva acerca do processo ideal; •             Interesse contínuo, através do pensamento crítico reflexivo, autonomia, facilitando a implementação dos Planos de Ações construídos coletivamente. •             Sensibilização dos profissionais quanto à importância do tema através de Educação Permanente como proposta político pedagógica; •             Fortalecimento das equipes de saúde e também dos espaços de Educação Permanente, dando visibilidade às suas ações e potencialidades como agentes transformadores do cuidado em saúde; Ao final da primeira oficina, para análise da atividade desenvolvida, foi aplicada avaliação da escala Likert, dividida nas seguintes assertivas e seus respectivos resultados (em número absoluto): Preocupado (n=1), Satisfeito (n=10), Surpreso (n=6), Cansado (n=2), Com dúvidas (n=0), Quero Mais (n=10), Indiferente (n=0) e uma não marcação na escala. Além disso, foi disponibilizado um campo de preenchimento livre para sugestões, que serão trabalhadas para futuras oficinas. Na segunda e terceira oficinas, a ferramenta foi simplificada, tendo 3 (três) possíveis avaliações, que seguem com seus respectivos Resultado: curti (n=28), mais ou menos (n=3) e não curti (n=2); e um campo aberto para comentários gerais. Pretende-se realizar avaliações e gerar consolidados, a cada 6 meses, da percepção dos profissionais acerca dos processos de Acolhimento e de sua interação com os usuários, diante mudanças de postura pactuadas nas oficinas. À medida que os resultados forem alcançados, serão trabalhados em feedback, tanto para profissionais como para usuários. Como uma ferramenta de avaliação, será utilizado o dispositivo da Ouvidoria, levando-se em consideração os registros positivos. Tendo em vista que este projeto se encontra em andamento, até esta submissão foi possível comparar os registros do primeiro semestre de 2019 (marco zero) com o segundo semestre (após início das oficinas), observando-se um aumento de 200%. Considerações finais: Este projeto partiu de uma iniciativa dos profissionais de uma unidade básica de saúde no município do Rio de Janeiro e foi construído coletivamente. Tal fato favorece sua aplicabilidade, visto que os agentes da mudança estavam envolvidos no processo desde o início e sensíveis ao propósito, atuando com propriedade e implicação. É um projeto de educação permanente em saúde que utiliza metodologias ativas, com maior capacidade de inclusão e participação dos profissionais, estimulando a problematização, reflexão e proposição de soluções e mudanças de práticas de forma consensual. Espera-se que a ideia possa ser replicada em outros espaços onde há necessidade de mudanças de processos de trabalho voltados para a humanização da assistência e das próprias relações interprofissionais, não se restringindo ao âmbito da Atenção Primária à Saúde, mas também alcançando outros níveis de atenção.

6539 REGULAÇÃO ASSISTENCIAL OU CADA UM POR SI? LIÇÕES A PARTIR DA DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA
Monica Morrissy Almeida, Patty Fidelis Almeida, Eduardo Alves Melo, Leandro Marcial Hoffmann, Claudia Regina Santos Ribeiro

REGULAÇÃO ASSISTENCIAL OU CADA UM POR SI? LIÇÕES A PARTIR DA DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA

Autores: Monica Morrissy Almeida, Patty Fidelis Almeida, Eduardo Alves Melo, Leandro Marcial Hoffmann, Claudia Regina Santos Ribeiro

Apresentação: Embora os métodos diagnósticos sejam ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o principal desafio em relação ao câncer de mama ainda é o diagnóstico precoce. A Atenção Primária à Saúde (APS) pela facilidade de acesso, de coordenação e longitudinalidade apresenta potencialidades para interferir em algumas das condições que acompanham o adoecimento por câncer. Para tal, demanda resolutividade a partir do apoio diagnóstico e terapêutico dos pontos especializados e hospitalares, regulados a partir das necessidades de saúde dos territórios. Processos regulatórios em saúde como ferramenta de gestão apresentam potência para reduzir e minorar desigualdades, em especial quando envolvem entes públicos e privados. O estudo analisou os processos de regulação assistencial a partir das ações para detecção precoce do câncer de mama em perspectiva regional. Foi realizado estudo qualitativo, descritivo, em seis municípios uma região de saúde do Estado do Rio de Janeiro, por meio de entrevistas semiestruturadas com gerentes e gestores do SUS das áreas da Atenção Básica (AB) e Regulação Assistencial. O material empírico passou por análise de conteúdo temática, guiada pelas seguintes categorias: estruturação da AB; infraestrutura da regulação assistencial; fluxos das usuárias da AB aos serviços de referência; acesso aos procedimentos da linha de cuidado do câncer de mama; coordenação do cuidado pela AB e dinâmica regional de regulação. Os resultados ratificaram elevada cobertura de Atenção Básica em quase todos os municípios, considerada condição favorável para a abordagem das mulheres nas ações de detecção precoce do câncer de mama. Na região, conviviam modelos de AB tradicionais e Estratégia Saúde da Família. Os informantes referenciaram o “Outubro Rosa” como mês de intensificação das ações de detecção precoce do câncer de mama, mas divergiram quanto à potência das equipes em desenvolverem tais atividades rotineiramente. As estruturas de regulação eram heterogêneas entre os municípios quanto à informatização das centrais e dos serviços de saúde, sendo o fluxo mais frequente para chegada das solicitações de referência os envios via malote desde a AB. Elemento comum entre os seis municípios foi a multiplicidade de sistemas regulatórios, sob gestão estadual, municipal e regional e a ausência de regulação de leitos. Foi observada especial atenção dos gestores e gerentes à garantia dos procedimentos para detecção precoce do câncer de mama e estabelecimento de fluxos. Problemas foram identificados em relação ao acesso à mamografia orientada por estereotaxia digital, para detecção de lesões impalpáveis, somente realizada em um prestador localizado na capital do estado. A implantação do Sistema de Informação de Câncer não foi efetivada na maior parte dos municípios, o que dificultava o monitoramento das ações. Após início do tratamento, centrais de regulação e equipes de AB não conseguiam realizar a coordenação do cuidado e perdiam o contato com as usuárias. Os resultados apontaram que embora qualificar os processos regulatórios fosse uma preocupação presente nas gestões da saúde nos municípios estudados, permaneciam ações atomizadas, com multiplicidade de sistemas que mitigavam a oferta de serviços de saúde e reforçam a fragmentação da rede, sem a necessária atuação do gestor estadual na condução do processo.  

6616 A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E A ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NO CUIDADO NUTRICIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA
Ida Oliveira de Almeida, Danielle Brandão De Melo, Ana Paula Silva Simões, Rosana Freitas de Assis, Tamires Dos Reis Santos Pereira

A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E A ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NO CUIDADO NUTRICIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA

Autores: Ida Oliveira de Almeida, Danielle Brandão De Melo, Ana Paula Silva Simões, Rosana Freitas de Assis, Tamires Dos Reis Santos Pereira

Apresentação: A conduta dos profissionais de saúde na atenção básica a à saúde deve orientar-se pelo compromisso e conhecimento da realidade epidemiológica, em um determinado território, e das estratégias de ação em saúde coletiva. O objetivo desta revisão foi avaliar a importância da atuação do nutricionista no cuidado nutricional na atenção básica. A metodologia utilizada foi uma revisão sistemática, pautada em artigos nacionais e internacionais, publicados de 2015 a 2020, nas principais bases de dados, Scielo, Capes, BVS, PubMed. O trabalho multiprofissional assume destaque a partir da Reforma Sanitária, no final dos anos 80, concentrando-se na interdependência e complementaridade das ações desenvolvidas pelos diversos agentes de saúde, com produção articulada, e de modo cooperado e solidário. O trabalho em equipe pressupõe a atividade coletiva, a cooperação solidária na elaboração e execução de ações de intervenção técnica, o que resulta em um trabalho que considere os sujeitos em sua integralidade. A soma entre as atuações dos diversos profissionais de saúde que atuam na atenção básica exige não apenas a articulação formal, mas resulta do empreendimento ativo desta articulação no processo de formação profissional e do próprio sujeito nessa direção, envolvendo-se efetivamente com o trabalho que se pretende executar. O trabalho em equipe pode contribuir para a efetividade das ações de nutrição, a partir da construção compartilhada de conhecimentos. No que tange à atuação do nutricionista, nesse lócus da atenção à saúde, suas responsabilidades têm por objetivo central contribuir com o planejamento e a organização das ações de cuidado nutricional local,  cujo objetivo é qualificar os serviços e melhorar a sua resolubilidade, atuando de forma efetiva sobre os determinantes dos agravos e problemas alimentares e nutricionais que acometem a população daquele território. A atuação do nutricionista na maioria dos municípios brasileiros, precisa ser fortalecida para que a potencialidade do conhecimento da Nutrição e das intervenções neste campo possam, de forma efetiva, contribuir para a melhoria da qualidade de vida e de saúde da população. Portanto, é necessária a sua atuação junto a indivíduos, famílias e comunidade, além de sua contribuição na formação em serviço de profissionais e na articulação de estratégias junto aos equipamentos sociais de seu território, em prol da promoção da alimentação saudável, do Direito Humano à Alimentação Adequada - DHAA e da Segurança Alimentar e Nutricional – SAN.

6799 ESTUDO DOS EFEITOS MACRO E MICROPOLÍTICOS NA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE JUNTO A UMA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA AP 3.1: DOS DESAFIOS ÀS ESTRATÉGIAS SINGULARES NO SUS
Esther Brandão, Isabella Guarnieri Roso, Fatima Teresinha Scarparo Cunha

ESTUDO DOS EFEITOS MACRO E MICROPOLÍTICOS NA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE JUNTO A UMA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA AP 3.1: DOS DESAFIOS ÀS ESTRATÉGIAS SINGULARES NO SUS

Autores: Esther Brandão, Isabella Guarnieri Roso, Fatima Teresinha Scarparo Cunha

Apresentação: O trabalho descreve as experiências vividas por duas acadêmicas de enfermagem, bolsistas do projeto de pesquisa “Análise das ações e serviços de saúde - (Re) Avaliando métodos, modelos e ferramentas do SUS”, nas ações teóricas e de trabalho de campo de pesquisa, sob a orientação da Coordenadora do projeto. A pesquisa teve início em 2018, na Clínica da Família Aloysio Augusto Novis, localizada no bairro da Penha Circular, integrante da Área Programática 3.1. O projeto pretende (re)avaliar a Atenção Primária à Saúde a partir do acompanhamento de usuário-guia, analisando os efeitos micropolíticos na produção do cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS). Entende-se que avaliação em saúde requer a participação de quem pede (gestor), de quem cuida (profissionais de saúde) e de quem usa (usuário). O ponto de partida é um usuário-guia, definido como aquele que mobiliza diferentes redes dentro do SUS, transitando-as a fim de obter a solução da queixa que o levou a procurar atendimento. A partir do usuário-guia, será possível seguir os profissionais-guias, seus processos de trabalho e analisar como fatores internos e externos interferem nas decisões e atitudes dos atores. Assim, o estudo se integra quando caminham juntas, a pesquisadora que acompanha o usuário-guia e a trajetória dele pelas redes de atenção e a outra pesquisadora que acompanha os profissionais de saúde que cuidam deste usuário. Desenvolvimento: É uma pesquisa qualitativa sobre produção de cuidado e o usuário-guia é quem nos conduz nos encontros (consultas, exames e outras ações de saúde) com os profissionais de saúde que, somente ocorrem, quando o mesmo decide por realizá-los. As tomadas de decisão, os encontros e as ações realizadas tanto pelo usuário-guia quanto pelos profissionais são relatadas através da construção de um fluxograma analítico, que é uma ferramenta utilizada para investigar a produção do cuidado dentro das redes de serviço proposta por Emerson Merhy. Os acontecimentos com cada usuário, envolvendo o processo de trabalho dos profissionais e eventos rotineiros nas redes de cuidado, funcionam como analisadores do funcionamento destas redes que dão materialidade ao cuidado no SUS. Os primeiros momentos da pesquisa foram dedicados pelas pesquisadoras para conhecer o território em que está localizada a clínica, estabelecer vínculos com os profissionais e junto a eles definirem um possível usuário-guia. Os encontros com a enfermeira Luz, da equipe Sol nos possibilitou encontrar a usuária-guia aqui apresentada sob o codinome Vênus, que se apresentou com demandas, próprias e outras definidas pelos profissionais, que envolvem cuidados que requerem abrir a caixa de ferramentas e usar as tecnologias leves (vínculo, gestão do cuidado, acolhimento, e outros), leveduras (saberes estruturados) e duras (instrumentos, normas e equipamentos tecnológicos) por muitos profissionais (médicos, enfermeiros, agentes comunitários, psicólogos e outros). Neste contexto, se coloca em questão o conceito de necessidades em saúde, que é um cuidado que vai além do dano biológico, produzindo no corpo do Sujeito outras afetações. Evidenciou-se dificuldades em iniciar os cuidados combinados com a enfermeira Luz e a Agente Comunitária de Saúde (ACS) Mercúrio por questões de Vênus e da realidade vivida pelo SUS na cidade do Rio de Janeiro. Vênus mudou de endereço e, ainda assim, a enfermeira Luz a manteve sob responsabilidade da equipe de saúde da família. Construído a partir das relações simétricas entre profissional e usuário, o vínculo é um relacionamento instável, pois pode ser quebrado a qualquer momento por qualquer das partes envolvidas, porém quando renovado e mantido é capaz de mobilizar compromissos mútuos no cuidado e no modo de ver do usuário sobre a APS. Durante esse primeiro momento, foi realizada coleta de informações sobre a usuária em distintos prontuários eletrônicos porque houve mudança da plataforma eletrônica utilizada pelo SUS municipal, acessando-se a plataforma em substituição e a atual, a fim de se compreender melhor as demandas registradas pela equipe. Nesse ponto, observa-se as dificuldades que os profissionais enfrentam na busca do histórico dos usuários cobertos pelas equipes, pois muitas informações não são transferidas para a nova plataforma. O primeiro contato com Vênus ocorreu, depois de algumas tentativas, em setembro de 2019, após sua consulta com a enfermeira Luz. Apresentaram-se a pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido, responderam-se algumas dúvidas e Vênus aceitou participar do estudo. Entretanto, 2019 também foi marcado por sérios problemas no SUS da cidade do RJ: a falta de repasse financeiro da Prefeitura às Organizações Sociais bloqueou o recebimento dos salários pelos profissionais de inúmeros serviços de saúde, induzindo à greve e, isso, nos impediu de dar continuidade à pesquisa, nos últimos meses de 2019. Um novo encontro com Vênus já havia sido marcado, no entanto, foi cancelado, pelo mesmo motivo. Outra ação de pesquisa foi o nosso encontro com a enfermeira Luz e a ACS Mercúrio, também impedido por nova paralisação no início de 2020. O fortalecimento da Atenção Primária à Saúde como coordenadora do cuidado em saúde tem dado sinais francos de ruptura no SUS da cidade do RJ. A situação atual das políticas públicas sociais no município do Rio de Janeiro altera profundamente o cotidiano no atendimento aos usuários e afeta o vínculo entre o profissional e o usuário dificultando o cuidado contínuo e efetivo. Resultado: No cotidiano da pesquisa, evidenciou-se que diversos fatos como o cenário político, território, desejos e ações do usuário-guia e dos profissionais-guias envolvidos no seu cuidado produzem afetações no cuidado ofertado, ora aceito, ora negado pela usuária. Entende-se que descobrir e/ou produzir saberes que tem origem na usuária é um modo para compreender a multiplicidade de elementos e sujeitos que integram a avaliação para produzir cuidado com mais potência de transformação. Os acontecimentos com a usuária-guia, envolvendo o processo de trabalho dos profissionais e eventos rotineiros nas redes de cuidado, constituem analisadores do funcionamento destas redes, colocando em análise a Atenção Primária à Saúde, onde o vínculo cotidiano seria construído e asseguraria resolutividade, porém tem seu objetivo impedido diversas vezes por intervenções macropolíticas. Seguimos todas ativas, da Universidade e da APS/SUS municipal do RJ, lutando pela garantia do direito à saúde como direito público social. Considerações finais: A APS e todos atores que lhe dão materialidade movem-se em seus processos específicos de trabalho, ativados pelas situações no território e nas políticas públicas (federal, estadual ou municipal). Assim, o cotidiano e as mudanças vividas ou criadas pelos fatos e atos do Poder Público interferem na produção e na gestão do cuidado em saúde, trazendo prejuízos aos usuários e aos profissionais. Partindo da usuária-guia e da teia de cuidados traçada pelos encontros com profissionais de saúde, é possível avaliar o cuidado ofertado pela APS e narrar quais são as situações e afetações que atrapalham e até mesmo impossibilitam os profissionais de cuidar. As relações entre usuária e profissionais, mergulhados no sistema de saúde, acontecem em tempo contínuo e o modo como se movimentam e se transformam dependem das interações. Acredita-se que as aprendizagens mútuas nesta pesquisa têm valor para a APS ao analisar os efeitos micropolíticos na produção do cuidado, possibilitando um maior entendimento da (re)construção diária do SUS.

6897 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE ADOLESCENTES - EQUIPE VIÚVA CLÁUDIO DA CLÍNICA DA FAMÍLIA ANTHIDIO DIAS DA SILVEIRA
Maria Carolina Rezende Simonsen, Andresa Barbosa Candido, Geisa Moreira de Jesus, Laís Soares Faria de Souza, Larissa Borlin Ladeira Ontiveros, Mariana Espíndola Robin, Natasha de Jesus de Carvalho

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE ADOLESCENTES - EQUIPE VIÚVA CLÁUDIO DA CLÍNICA DA FAMÍLIA ANTHIDIO DIAS DA SILVEIRA

Autores: Maria Carolina Rezende Simonsen, Andresa Barbosa Candido, Geisa Moreira de Jesus, Laís Soares Faria de Souza, Larissa Borlin Ladeira Ontiveros, Mariana Espíndola Robin, Natasha de Jesus de Carvalho

Apresentação: Este trabalho trata-se de um estudo epidemiológico realizado pela equipe de sete residentes multiprofissionais pertencentes ao programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz. Teve por objetivo conhecer o perfil epidemiológico, sociodemográfico dos  adolescentes cadastrados em uma das sete equipes que compõe a Clinica da Família Anthidio dias da Silveira, localizada no território do Jacarezinho, zona norte do município do Rio de Janeiro. (CAP 3.2). Como objetivos específicos, realizamos o levantamento  das demandas clínicas apresentadas pelo público adolescente cadastrado na equipe Viúva Cláudio; Identificamos as vulnerabilidades a partir dos grupos familiares, verificamos a situação de segurança alimentar e nutricional dos adolescentes; descrevemos como ocorre o acesso dos adolescentes à clínica a partir da frequência apresentada; Identificamos a distribuição populacional segundo as categorias como sexo, faixa etária e raça dentro deste grupo populacional e por último, apresentamos os dados relacionados à escolaridade. Este trabalho consiste em um estudo observacional descritivo quantitativo. Foram considerados adolescentes todos os usuários de 10 a 19 anos, de acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde. Retiramos informações de cadastro atualizadas no prontuário eletrônico denominado e-SUS (o qual contem a base de dados de todos os usuários cadastrados na clínica) até 17 de outubro de 2019, data em que foi exportada a tabela de usuários para construção deste trabalho. Posteriormente, unificamos essas informações e transferimos para uma tabela no programa Excel, contendo: nome, idade e Cadastro Nacional de Saúde (CNS), totalizando 464 adolescentes. Após a construção desta tabela, foram eliminados os cadastros duplicados, totalizando 443, sendo esta a nossa população de estudo. Os CNS foram unificados, evitando a perda de informação contida em cadastros provisórios. Para que a construção da tabela fosse alinhada e padronizada, foi elaborado um dicionário e protocolo de preenchimento da mesma. Frente aos objetivos propostos definimos alguns critérios de seleção a fim de alcançar dados sóciodemográficos, econômicos e clínicos. As variáveis usadas foram o histórico das consultas realizadas e dos procedimentos efetuados, o tipo de demanda e as questões clínicas apresentadas, renda familiar, faixa etária, Índice de Massa Corporal (IMC), escolaridade, entre outros; para preenchê-las, utilizamos como fonte de dados às informações contidas na plataforma eletrônica e-SUS. O embasamento teórico e a discussão dos dados apresentados, foram respaldados pela Cartilha do Adolescente do Ministério da Saúde e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Também foi utilizada como fonte de pesquisa buscas bibliográficas nas plataformas Scielo e BVS, entre os dias 14 e 26 de novembro. Os descritores consistiram em: atenção primária, adolescentes, gestação na adolescência, vulnerabilidade social e saúde pública, renda familiar, determinantes sociais e saúde, juventude, raça, gênero, segurança alimentar, adolescentes e estratégia de saúde da família. Como entendemos a importância de analisarmos tal tema a partir de diferentes perspectivas e recortes temporais, optamos por não utilizarmos delimitações de tempo. De acordo com o Relatório de Gestão (2018), a população adscrita da Viúva Claudio é de 3.155 usuários, sendo aproximadamente 14% enquadrados na faixa etária entre 10 e 19 anos, objeto de nosso estudo, totalizando 443 adolescentes. Destes, 229 encaixam-se na categoria adolescentes, enquanto 214 restantes se colocam como pré-adolescentes. Deste total, 239 pertencem ao sexo feminino e 2014 pertencem ao sexo masculino. Como parte dos objetivos propostos na construção do nosso trabalho, delimitamos o levantamento do perfil sociodemográfico dos adolescentes cadastrados na equipe Viúva Claudio, uma vez que tal análise nos permite compreender com maior profundidade o público em questão. Dentre as variáveis levantadas, observamos, dentro da totalidade de 443 adolescentes, alguns dados em maior prevalência, como: 1)    Considerando todas as faixas de renda, o somatório de adolescentes cursando da 1 a 4ª série é de 205. 2)    Dentre os quatro tipos de raça autodeclaradas (parda, preta, branca e amarela), 202 adolescentes se consideram pardos. 3)    Quanto a proporção entre o número de moradores por cômodo e a renda familiar, notamos que 99 adolescentes encaixam-se na faixa de um salário mínimo, e apresentam relação negativa. 4)    Constatamos que 95% dos domicílios possuem saneamento básico (rede de esgoto e água encanada) e coleta de lixo regular. 5)    Referente a renda: 19 adolescentes possuem renda familiar de ¼ de salário mínimo, 83 apresentam renda familiar de ½ salário mínimo, 191 apresentam renda familiar de 1 salário mínimo, 49 apresentam renda familiar de 2 salários mínimos, 06 apresentam renda familiar de 3 salários mínimos. 6)    Os valores de IMC oscilaram entre 13,32 kg/m² e 41,1 kg/m² prevalecendo os valores entre 15 kg/m² e 17 kg/m². Em relação ao perfil clínico, pudemos observar que poucos foram os resultados relativos a diagnósticos fechados ou doenças específicas; dentre os códigos que aparecem em maior prevalência, observa-se descrições relativas a orientações ou procedimentos relacionados a ações preventivas, o que se alinha aos princípios e diretrizes das ações a serem desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde. Os CIAPS sinais/sintomas dos dentes/gengivas, supervisão do uso de medicamentos anticoncepcionais, contracepção/outros, foram os códigos que apareceram em 2°, 3° e 4° lugar respectivamente (5,9%, 3,4%, 3,1%). Assim, observamos que dentro das ações de prevenção a saúde, estas se encontravam muito relacionadas à saúde bucal, sexual e reprodutiva. Ainda analisando a forma de acesso dos usuários a clínica, observamos que o número de procedimentos realizados foi de 153, não constando, porém nenhum registro de atividade coletiva (grupos educativos, ações no território, ou ainda Programa de Saúde na Escola). Entendemos que esta forma de acesso também se relaciona a ausência de serviços e atividades coletivas ofertadas na clínica voltadas a este público. A partir desses levantamentos, pode-se perceber que os desafios da adolescência em situação de vulnerabilidade e sua relação com a Rede de Atenção Primária à Saúde estão para além de relacionarmos às categorias trabalho, alimentação, moradia, uso do dinheiro e vínculos. É necessário, considerarmos também os modos de sustentação que adolescentes encontram para serem sujeitos de direitos. Identificamos, portanto, que, cabe aos profissionais de saúde se apropriarem da educação em saúde como estratégias formadora que desenvolve novas abordagens, possibilidades e emancipação dos grupos em estado de vulnerabilidade, fortalecendo a coletividade e promovendo o exercício da cidadania ao disponibilizar espaços de crítica e reflexão sobre direitos.  

7028 PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE SOBRE RODAS DE CONVERSA NA SALA DE ESPERA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE
Mariana Braga Salgueiro, Alice Damasceno Abreu, Adriana Nunes Chaves

PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE SOBRE RODAS DE CONVERSA NA SALA DE ESPERA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE

Autores: Mariana Braga Salgueiro, Alice Damasceno Abreu, Adriana Nunes Chaves

Apresentação: Contextualização do problema: Muito se discute sobre a importância do acompanhamento pré-natal, cujo objetivo é assegurar um desenvolvimento seguro para o binômio mãe-filho, garantindo um parto e nascimento saudáveis. No entanto, quando a relação entre profissional/paciente não é estabelecida, geralmente as gestantes recorrem às tecnologias de informação, as quais podem gerar informações errôneas e a prática de condutas inadequadas, sem embasamento científico. Portanto, se a assistência falha os riscos na gravidez podem aumentar. Objetivo: Sensibilizar as gestantes sobre os aspectos emocionais, físicos, sociais e psicológicos que envolvem este momento singular de suas vidas e identificar possíveis falhas na assistência pré-natal. Método: O presente estudo é um relato de experiência, baseado em rodas de conversa na sala de espera de uma Unidade de Saúde, da região serrana do Rio de Janeiro, direcionada ao atendimento Materno-Infantil, elaboradas no intuito de compartilhar informações com as gestantes e acompanhantes, favorecendo o vínculo através do acolhimento, para que as informações sejam disseminadas de forma dinâmica, verídica e de modo que as ouvintes possam participar ativamente do processo como protagonistas. Resultado: A partir da atividade proposta observaram-se três interfaces norteadoras que contribuem para a falta de qualificação da assistência pré-natal: a curta duração da consulta; ausência de diálogo efetivo, o qual favoreça a troca de informações entre profissional/paciente; e o deslocamento do modelo de afetivo-relacional para um tecnocentrado. Considerações finais: É necessário repensar em experiências potencializadoras para mudar a lógica tecnocrática de atenção à mulher neste período singular de sua vida. Além de fomentar a discussão sobre práticas humanizadas de cuidado com a crescente necessidade de levar informação a toda população a qual recorre ao serviço de saúde. É preciso que os profissionais que trabalham com gestação, parto e pós-parto pratiquem rotineiramente a chamada paciência ativa, a qual escuta e atende de forma individualizada cada mulher intervindo somente quando for necessário ou solicitado.

7032 PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES DIABÉTICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1: REVISÃO INTEGRATIVA
suzana teixeira da silva, caroline da silva ribeiro, claudia da silva de medeiros, maria regina bernardo da silva, halene cristina dias armada e silva, rayane barboza de oliveira

PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES DIABÉTICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1: REVISÃO INTEGRATIVA

Autores: suzana teixeira da silva, caroline da silva ribeiro, claudia da silva de medeiros, maria regina bernardo da silva, halene cristina dias armada e silva, rayane barboza de oliveira

Apresentação: Este estudo trata-se de revisão integrativa da literatura, que tem por objetivo geral identificar formas de prevenir o agravamento do Diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes a fim de minimizar os riscos do surgimento de complicações diabéticas; bem como enumerar maneiras de estimular o controle alimentar para minimizar sua ocorrência; indicar formas de sensibilizar para o autocuidado através da educação em saúde; e por fim identificar técnicas que levem conhecimento a respeito do DM1, a partir de publicações científicas de enfermagem indexadas na base de dados SciELO , LILACS e MEDLINE, entre 2012 e 2017. Seguindo os critérios de inclusão, foram selecionados 10 estudos para análise. Frente ao DM1, a prevenção da ocorrência de complicações é de suma importância e envolve o automanejo da doença e o desenvolvimento de cada criança, com apoio da rede familiar e social. A equipe de enfermagem age como mediador educativo, criando vínculo emocional e de comunicação com a criança e mantendo um plano de cuidados mostrando o autocuidado para o responsável e para o cliente. Conclui-se, portanto, que a informação  educativa, com sugestão de mudança de hábitos alimentares e insulinoterapia, pode ser utilizado como forma de interligação e intervenção da equipe de enfermagem na prevenção de complicações do DM1, foi também sugerido folhetos ilustrativos com orientações bem claras e objetivas.

7139 ASSOCIAÇÃO ENTRE OS DOMÍNIOS DA FUNCIONALIDADE E O RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS ASSISTIDOS POR UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE VITÓRIA-ES
Maria Pereira e Silva, Bruna Zanchetta de Queiroz, Isabelle Gadiolli Verzola, Alessandra Miranda Ferres, Gracielle Pampolim, Luciana Carrupt Machado Sogame

ASSOCIAÇÃO ENTRE OS DOMÍNIOS DA FUNCIONALIDADE E O RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS ASSISTIDOS POR UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE VITÓRIA-ES

Autores: Maria Pereira e Silva, Bruna Zanchetta de Queiroz, Isabelle Gadiolli Verzola, Alessandra Miranda Ferres, Gracielle Pampolim, Luciana Carrupt Machado Sogame

Apresentação: O envelhecimento populacional é um fenômeno inevitável. Este processo é considerado natural, dinâmico e progressivo, levando ao declínio de várias funções fisiológicas, tais como a diminuição de reserva funcional. Tal fato corrobora em uma diminuição do equilíbrio e da massa muscular e óssea, elevando as chances de ocorrências de queda nessa faixa etária, comprometendo sua capacidade funcional.  Diante disto, este estudo se propôs a compreender qual a associação entre os domínios da funcionalidade e o risco de quedas em idosos assistidos por uma Unidade de Saúde da Família (USF) de Vitória (ES). Desenvolvimento: Estudo transversal realizado com uma amostra probabilística de 193 idosos adscritos a uma USF de Vitória (ES).  O risco para quedas, foi quantificado através da escala de avaliação da marcha e equilíbrio de TINETTI, que avalia o risco através de itens relativos à marcha e o equilíbrio do idoso. Considerou-se baixo risco quando a soma foi inferior a 18 pontos, e moderado/alto risco valores entre 19 e 28 pontos. A funcionalidade foi avaliada através do WHODAS 2.0, que possui 6 domínios (mobilidade, autocuidado, atividades de vida diária, participação, cognição e relações interpessoais) com variado número de perguntas e, ao final de cada um, gera uma pontuação, onde considera-se com a funcionalidade normal valores entre 1 a 1.9 e alterada quando maior ou igual a 2. Realizou-se análise descritiva dos dados e o Teste do Qui-quadrado e Resíduo do Qui-quadrado. Resultado: Os idosos apresentaram, de maneira geral, baixo risco para quedas (52%) e normalidade no domínio cognitivo (74,5%), no autocuidado (89,5%), nas relações interpessoais (87,5%), nas atividades de vida diária (79%), na participação (66%) e na mobilidade (73%). Foi observado que o risco de quedas se associou significativamente com o domínio cognitivo (p=0,002), com o autocuidado (p=0,000), com as atividades de vida diária (p=0,000), com a participação (p=0,000) e com a mobilidade (p=0,000). Ao se calcular o resíduo ajustado do Chi-quadrado verificou-se que, em todos os domínios, a normalidade da funcionalidade apresentou relação com um baixo risco para quedas, enquanto a sua alteração se relacionou com um alto risco. Considerações finais: O risco de quedas se apresentou estatisticamente significante com a cognição, autocuidado, atividades de vida diária, participação e mobilidade dos idosos, demonstrando que as alterações da funcionalidade nestes domínios apresentam também maior risco para quedas. Esses resultados reforçam a necessidade de se estimular na população idosa a prática de atividades físicas e cognitivas com o objetivo de se preservar a independência funcional e, consequentemente, diminuir o risco para quedas. Portanto, faz-se importante o aperfeiçoamento constante dos profissionais e familiares para que estejam preparados e contribuam para uma vida mais ativa e saudável para os idosos. Essa pesquisa contou com apoio financeiro da FAPES e CNPq.

7153 A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PrEP) E OS DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO COMO UM POLÍTICA PÚBLICA PARA A PREVENÇÃO.
Kawê Guilhermy Andrade Cardoso, Ricardo Luiz Saldanha da Silva, Pamela Faria Santos

A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PrEP) E OS DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO COMO UM POLÍTICA PÚBLICA PARA A PREVENÇÃO.

Autores: Kawê Guilhermy Andrade Cardoso, Ricardo Luiz Saldanha da Silva, Pamela Faria Santos

Apresentação: A PrEp – profilaxia pré-exposição é uma estratégia de prevenção do HIV, incorporada ao Sistema Único de Saúde que consiste no uso diário de medicamento antirretroviral para indivíduos não infectados e que apresentam uma alta exposição e vulnerabilidade ao HIV. Considerando a atual situação do HIV no Brasil é de extrema urgência, sobretudo para os grupos mais vulneráveis, como adolescentes, gestantes e populações queer, como transgêneros e homens que fazem sexo com homens (HSH) a PrEP pode ser considerada como um fator inovador e bastante otimista acerca do controle da epidemia globalmente, mas para isso deve se ter o espaço para implementação. Objetivo: Apresentar os desafios para implementação da Profilaxia Pré-Exposição como uma política publica pautada na prevenção. Desenvolvimento: A PrEp tem ganhado o seu espaço na sociedade contemporânea, partindo da premissa de que a sociedade está em evolução e com isso surgem várias inovações em métodos e metodologias de prevenção tanto no mundo quanto para o Brasil. Considerando a relevância desta temática, optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica por meio da busca de artigos científicos indexados nas bases do Scielo, Google acadêmico, Lilacs, (sem sugestões) e Medline, a fim de obter melhor base para a reflexão proposta. Resultado: O conhecimento sobre PrEP ainda é limitado e uma parcela significativa da população que está sob alto risco de adquirir a infecção pelo HIV não se percebe assim.  A PrEP sofre com implantação incompleta e preconceitos/ estigmas que limitam seu acesso, sobretudo aos grupos mais afetados pelo HIV, o debate sobre a PrEP envolve questões de comportamento de risco entre os homens brancos cisgêneros, o que atrapalha seu potencial como ferramenta de empoderamento ou de estabelecer esquemas de saúde queer – ambas melhor definidas e melhor acessíveis. É imprescindível que continuemos a promover e apresentar a PrEP como uma alternativa além do uso de preservativo, pois  como agentes de saúde publica  devemos ajudar as pessoas a entenderem e personalizarem seu risco individual não só em relação ao HIV, mas também para outras ISTs- Infecções Sexualmente Transmissíveis. Uma das maiores dificuldades na implementação, é encontrar serviços de saúde dispostos a incorporar essa nova estratégia de prevenção. De uma forma geral, os serviços estão muito focados no tratamento e relutam em abrir espaço para a prevenção. Outro desafio é alcançar maior equidade no sistema, tendo em vista que na literatura e nos dados divulgados a população mais escolarizada é a que mais procura e inicia o uso, portanto, disseminar o conhecimento e trabalhar para aumentar a percepção de risco é crucial.  Considerações finais: Apesar dos desafios relacionados à organização do sistema, formação dos profissionais e divulgação dessa política pública ela trás perspectivas bastante otimistas, pois são desafios que dão para ser enfrentados. Ademais, a PrEP é muito mais do que tomar um comprimido diariamente, é um programa complexo de saúde sexual que tem muito a acrescentar na vida de cada um e proporcionar uma grande reviravolta na prevenção do HIV.

7158 A PÚRPURA TOMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA EM PACIENTE PEDIÁTRICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Alice Né Pedrosa, Mirlane da Costa Frois, Sara Cristina Pimentel Baia, Monica Karla Vojta Miranda

A PÚRPURA TOMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA EM PACIENTE PEDIÁTRICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Alice Né Pedrosa, Mirlane da Costa Frois, Sara Cristina Pimentel Baia, Monica Karla Vojta Miranda

Apresentação: A Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) é um distúrbio agudo, autolimitado e imunomediado que atinge cerca de 1 em cada 20.000 indivíduos na faixa etária de 1 a 4 anos de idade. Se caracteriza pelo surgimento de trombocitopenia periférica isolada (contagem de plaquetas 100.000/mm3) e ausência de condições secundárias associadas a redução plaquetária, além do aparecimento súbito generalizado de equimoses e/ou petéquias. A causa da doença é desconhecida e não existem evidências que demonstrem influência do tratamento nos resultados clínicos da PTI, de forma que 80% dos casos tem resolução espontânea, enquanto cerca de 20% evoluem para forma crônica da doença. O presente estudo objetiva relatar a experiência de acadêmica ao prestar os cuidados de enfermagem a paciente pediátrico com suspeita diagnóstica de PTI. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, elaborado a partir da vivência de acadêmica em aulas práticas da disciplina de Enfermagem Pediátrica do 6º semestre do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tendo ocorrido em um hospital público no município de Santarém no estado do Pará, no período de 05 a 11 de novembro de 2019. Ao começo da prática, houve a escolha do paciente a ser assistido durante o período das aulas. Antes do início dos cuidados foi necessário reservar um momento para o estudo da doença em questão, além de ter sido feita a coleta de dados, através das informações contidas no prontuário, relatos da genitora e observação direta e participativa. Após isso foram prestados pela acadêmica todos os cuidados de saúde prescritos pela equipe multiprofissional. Resultado: O lactente de 11 meses de idade, foi admitido na ala pediátrica no dia 24/10/19, acompanhado de sua genitora, devido suspeita de PTI por aparecimento de manchas arroxeadas por todo corpo e plaquetopenia (20.000/mm3). Durante a internação, apresentou sangramentos gengivais e nasais, se fez necessário a realização de transfusões sanguíneas. Foi prescrito o uso de corticosteroide, que permite estimular o aumento plaquetário, afim de diminuir o risco de sangramento. A experiência se demonstrou bastante proveitosa, pois foi possível realizar todos os cuidados enfermagem, como verificação de sinais vitais, exame físico e administração das medicações prescritas. A genitora foi orientada acerca de cuidados gerais de higiene, repouso, nutrição e ingesta hídrica. No marco final do período de estágio, a criança seguiu internada no setor de pediatria à espera de consulta com hematologista em outro hospital, para realização de exames específicos, com finalidade de esclarecimento sobre o diagnóstico. Considerações finais: Conclui-se que, fatores como a raridade da PTI e seu quadro clínico similar a diversos outros distúrbios hematológicos, indubitavelmente dificultam seu diagnóstico. De forma que se faz imprescindível a capacitação da equipe multiprofissional, para reconhecimento dos sinais e sintomas com eficiência e aplicação da terapêutica correta, afim de que se desenvolva um plano de cuidados que atenda todas as necessidades de saúde do paciente com eficiência e rapidez.

7219 NARRATIVAS E CORPOREIDADE: CONSTRUINDO UM CORPO CARTÓGRAFO
Fernando Pena Miguel Martinez, Flávia Liberman, Alexandre De Oliveira Henz

NARRATIVAS E CORPOREIDADE: CONSTRUINDO UM CORPO CARTÓGRAFO

Autores: Fernando Pena Miguel Martinez, Flávia Liberman, Alexandre De Oliveira Henz

Apresentação: Este trabalho é um desdobramento da pesquisa de mestrado e do curta-metragem “Uma vida Z: construção de um corpo cartógrafo”, baseado nos encontros com a psicóloga clínica, interventora institucional e esquizoanalista Maria Zeneide Monteiro (1954 – 2018) e seu trabalho com a corporeidade, a sensibilidade e as políticas de subjetivação. O pano de fundo inicial desta pesquisa visou cartografar a complexidade e intensidade envolvidas nas trajetórias de formação clínica, e teve como premissa visibilizar a seguinte problemática: como um corpo produz mundos, e, como certos mundos produzem corpos? Através de um dispositivo narrativo procuramos acessar a experiência em sua forma e suas forças, no qual seguimos os processos de criação de si e do mundo, as escolhas e os combates efetuados numa trajetória formativa, de modo a captar na história o que nos ajuda a criar ferramentas para intervir em nossa atualidade e capazes de reposicionar o corpo em sua potência ético-estético-política. Desenvolvimento: Tivemos por escolha de método a cartografia, por seu interesse em acompanhar as políticas de desejo em curso nessa história: a experiência de um corpo em seu tempo – como escutou, o que intuiu, que rumos tomou, que escolhas foram sendo feitas, que combates foram sendo selecionados. Aqui, o encontro com o outro é uma guia, um estar ao lado do caminho a ser traçado sem com isso determinar o percurso, e a construção de um corpo de cartógrafo tem por limite um plano de intensidade. Como não obturar os poros da sensibilidade? Como se relacionar de modo a cultivar a diferenciação, sem despotencializar ou impedir a receptividade àquilo que o atravessa? No limite, é poder nomear os verbos com o qual se faz esta pesquisa: olhar, examinar, deslocar, conversar, escutar, escrever, operar, sentir, transcrever, imaginar, analisar, criar, registrar. Conectar. É também identificar nos processos formativos onde a estratificação da experiência bloqueia a passagem de uma criação. Como parte metodológica, buscamos trazer a inteligência ao nível dos processos somáticos: a respiração, a pulsação, a cinestesia e a sensibilidade. Sob toda palavra há um modo de dizer, um timbre, uma entonação. Um corpo que se conta. Como usar-se da linguagem para dar passagem ao acontecimento, não a reduzindo a sua função explicativa? Mais ao modo de conhecimentos parciais, localizáveis, um modo em que conhecer é fazer conexão. Essa experiência é, segundo a filósofa Regina Favre, a construção de um estado de presença, onde o corpo apreende o mundo em sua ecologia relacional, onde as ações criam presença e constroem a forma de maneira conectiva. Dito de outro modo, não se toma o corpo como o objeto de um discurso informativo, mas que ele é o ponto de partida da experiência, isto é, pelos sentidos do corpo é que se constrói uma relação com o mundo, um modo que permita ele perseverar em seu ser. A construção de narrativas históricas nos permite analisar como o corpo subjetivo se apresenta em nossas práticas, rearranjando suas linhas constitutivas e as políticas de desejo nelas imbricadas. Nas reverberações dessas conexões, nestas narrativas fabricadas na tensão do ato de ouvir e contar-se, acompanhamos a potência e as variações de um corpo: no como as narrativas moldam nossa percepção cotidiana, e em como estas narrativas podem estruturar o modo como experienciamos o mundo. É uma tarefa permanente analisar a atualidade a que pertencemos, deixar o ouvido atento à pergunta foucaultiana: “o que somos, e o que temos de ser para ser parte desta atualidade?” A trajetória de Maria Zeneide Monteiro nos permite acompanhar um modo de trabalho com a presença do corpo que não o reduz à condição de substância ou de objeto, mas como parte de um processo histórico e organizado em um campo sociopolítico. Contar-se é uma experiência afetiva de um corpo em seu tempo, onde perscrutamos os modos pelo qual o desejo fabricou nossa realidade social. E o que escutamos em uma narrativa? São formas e representações dadas aos acontecimentos históricos, pessoas, objetos, instituições, mas também atitudes, ações, percepções, reflexões. Vidas se fazendo nesse ambiente. Essa partilha de uma história configura uma cartografia onde a relação contar-escutar faz variar estados de corpo, estabelecendo distâncias e diferenças. Essa perspectiva em que o encontro de corpos é também um encontro de culturas, de modos de viver situados na história, gera um impasse e requer um exercício mútuo de criatividade, de invenção de uma língua que comunique essas diferenças. Compreendemos os modos de vida de alguém por meio de uma experiência com ele, pelo envolvimento com essa vida e com os efeitos e deslocamentos vividos em nós diante de sua presença. O que de presença daquele corpo nos chama, o que ressoa a partir do encontro? Como nós nos abrimos à poética daquele corpo? São questões que nos orientam a pensar a formação da sensibilidade do profissional de saúde. A narrativa também carrega o clima de uma época, nos mostra tensões implícitas e a complexidade do acontecimento, nos ajuda a reconstituir sensibilidades e mundos – não para encontrar nesse passado um refúgio, um sentimento de nostalgia por aquele mundo que se foi, mas para atualizar o presente e reavivar forças que estavam soterradas: para colocar em crise o presente e construir futuros. Crise nesse sentido: produzir uma abertura na qual a vida possa circular. Desdobramentos: A institucionalização tenciona o modo como um terapeuta traça seu caminho formativo, como se reconhece e é reconhecido por seu pares, e esta institucionalização contracena, sem se sobrepor, a aposta em outros modos de fazer a clínica e de se mover na vida, com base nas sensações e na vivência – uma busca por um grau maior de liberdade com nossos corpos. Um corpo dissociado de sua capacidade de pensar não é um corpo livre, tampouco um corpo livre de tensões. Na pesquisa, na vida e na clínica a potência de pensar nunca está dada, este corpo que nos afeta carrega a história de uma cultura que, familiar e estranha, nos convoca a sentir e a elaborar este encontro, e por meio destas histórias fabricamos ferramentas que buscam intervir nessa atualidade, onde notamos processos que interrompem a produção de intensidade e de diferença. Considerações finais: Há tensões vitais para a subjetivação, enfrentamentos necessários para persistir na criação e invenção de modos de vida. A clínica vem a ser compreendida como uma prática indissociavelmente ética, estética e política, um lugar de resistência à serialização dos corpos e da domesticação do desejo promovida pela subjetividade capitalística. As práticas somáticas são práticas da cultura, e como cultura são modos de subjetivação, de exercer uma relação consigo. O que se mantém e persiste nas experiências não seriam práticas e exercícios corporais, tomados como prescrições do comportamento, mas que os usos do corpo sejam uma experiência de aprendizagem e experimentação de liberdade. Acreditamos em um solo comum de práticas onde há um exercício de construir uma vida, uma visão de mundo onde nossa corporeidade tenha sentido e siga produzindo conexões vitais.

7283 PAPANICOLAU: MOTIVOS DA NÃO ADESÃO POR USUÁRIAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Ana Hirley Rodrigues Magalhães, Glaucineide Machado Pinto, Keila Maria Carvalho Martins, Quiriane Maranhão Almeida, Francisco Freitas Gurgel Júnior, Lidyane Parente Arruda, Francisco Meykel Amâncio Gomes, Carina Guerra Cunha

PAPANICOLAU: MOTIVOS DA NÃO ADESÃO POR USUÁRIAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Ana Hirley Rodrigues Magalhães, Glaucineide Machado Pinto, Keila Maria Carvalho Martins, Quiriane Maranhão Almeida, Francisco Freitas Gurgel Júnior, Lidyane Parente Arruda, Francisco Meykel Amâncio Gomes, Carina Guerra Cunha

Apresentação: O câncer de colo uterino é um dos poucos que pode ser prevenido em quase 90% através do Papanicolau, sendo o exame a principal estratégia para detectar lesões precursoras e diagnosticar a doença, reduzindo, portanto a mortalidade por esse tipo de câncer. Diante da importância deste procedimento e reconhecendo que a adesão ao exame é considerado crucial para o trabalho em saúde, destaca-se a necessidade de enaltecer o complexo processo que representa o câncer de colo uterino e o exame preventivo, exigindo a aplicação de tecnologias efetivas, que contemplem uma política de atenção próxima do contexto no qual estas mulheres estão inseridas. Isto posto, o estudo objetivou investigar os motivos que influenciam as mulheres a não realização do exame de Papanicolau, em uma Unidade de Saúde da Família. Desenvolvimento: Pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa, realizada no período de abril a maio de 2018. Participaram 25 mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos, usuárias da Estratégia Saúde da Família do município de Frecheirinha (CE) que nunca haviam realizado exame Papanicolau e/ou que estavam com exames atrasados há mais de três anos. A coleta de dados se deu através de entrevista semiestruturada, analisados por meio da análise temática de Minayo (2010). A fim de assegurar o anonimato das participantes, estas foram identificadas por nomes fictícios de flores, sendo denominadas por: Jasmim, Flor de lótus, entre outros. Esta pesquisa é parte de uma pesquisa maior, cujo projeto foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário INTA, parecer nº 2.533.815. O estudo respeitou a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Resultado: A partir da análise das falas, foi possível inferir que algumas  mulheres não associam o Papanicolau com a prevenção do câncer de colo do útero, atribuindo ao exame a finalidade de tratar vaginoses bacterianas. Quanto aos fatores que interferiam na adesão ao exame mencionado pelas entrevistadas, a combinação entre a vergonha, timidez, a falta de conhecimento e os tabus que as cercam, acarretam no constrangimento para a realização do procedimento. O medo do resultado positivo para alguma doença também foi identificado como um fator impeditivo, assim como a falta de tempo relacionado ao trabalho das participantes, uma vez que os horários para a realização do exame estabelecidos pela unidade de saúde não são compatíveis à rotina da mulher. Outro motivo para a não realização do exame mencionado na fala de duas entrevistadas foi o fato de seus parceiros não serem promíscuos. Acreditavam que se os parceiros não mantêm relações sexuais com outras pessoas, não transmitiriam doenças para elas e consequentemente não havia necessidade do Papanicolau. Considerações finais: Torna-se imprescindível que, diante dos argumentos expostos, os profissionais da Atenção Básica transformem sua prática assistencial e estabeleçam ações para enfrentamento da baixa adesão ao exame Papanicolau, por meio de ações educativas que podem ser concretizadas com o fortalecimento de momentos dialógicos na comunidade, orientações individuais que estimulem o comparecimento das usuárias à coleta do exame, a fim de desvendar crenças prejudiciais para a prevenção em saúde.

7328 PERFIL DE VÍTIMAS DE AGRESSÃO ASSISTIDAS PELO SAMU 192 NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO NO ANO 2015
Luciana Carrupt Machado Sogame, José Marcelo Machado, Caio Duarte Neto

PERFIL DE VÍTIMAS DE AGRESSÃO ASSISTIDAS PELO SAMU 192 NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO NO ANO 2015

Autores: Luciana Carrupt Machado Sogame, José Marcelo Machado, Caio Duarte Neto

Apresentação: As agressões e outras causas externas e suas múltiplas formas faz-se presentes na humanidade. Os efeitos colaterais da violência à sociedade são diversos, dentre eles podemos destacar os impactos negativos sobre cofres públicos, bem como ao sistema de saúde pública. Dentre os atos de violência praticados na sociedade destaca-se o uso de arma de fogo nos homicídios, pois a arma de fogo tem uma característica de dano ao bem-estar social para população. Em 2016 no Espírito Santo as causas externas mais frequentes foram: homicídio (36,8%), acidentes de transportes terrestres (24,55%) e quedas (14,56%). Assim, esse trabalho tem por objetivo descrever o perfil das vítimas de agressões assistidas pelo SAMU 192 no Espírito Santo. Desenvolvimento: Estudo transversal, caracterizado por coleta retrospectiva, com análise dos atendimentos das vítimas de agressão e causas externas realizadas pelo SAMU 192 no ano de 2015. Foram coletadas as seguintes informações: ciclo de vida, sexo. Quanto ao atendimento, foram coletados: período da semana,  turno solicitação, tipo de recurso enviado (Unidade de Suporte Básico ou Unidade de Suporte Avançado), natureza do acidente e violência caracterizados em agressões e outras causas externas, gravidade presumida pelo Médico Regulador (vermelho, amarelo e verde/azul) e o desfecho da ocorrência (transportado e não transportado) e óbito. Na categoria de agressão foram registradas as ocorrências de violência quanto: ferimento por arma de fogo; ferimento por arma branca e agressão física. Na categoria outras causas externas foram consideradas queda, acidentes de transporte terrestre, queimaduras e afogamento. Resultado: Dos 2.502 boletins de ocorrência de atendimento primário feito pelo SAMU 192 analisados, 883 (35%) foram vítimas de acidentes e violências sendo incluídos na presente pesquisa 831 vítimas. Destes, temos que 12% foram vítimas de agressões e 88% outras causas externas. Dos pacientes vítimas de agressão 101 tiveram como causa da ocorrência: agressões físicas (41%), arma de fogo (35%) e arma branca (25%). Eram em sua maioria adultos com idade entre 20 – 59 anos (80%) do sexo masculino (89%), no período da semana (58%), turno da solicitação noturno (54%), gravidade presumida amarelo (45%), recurso enviado Unidade de Suporte Avançado (68%), transportado (85%) e 80 apresentaram óbito no local. Já os pacientes vítimas de outras causas externas tiveram como causa da ocorrência: Acidentes de trânsito (61%), queda (41%), queimadura (1%). Considerações finais: A gravidade dos acidentes e da violência varia conforme o enfoque que é dado na sua investigação. No Espírito Santo as agressões ainda predominam quando se trata de risco de morte. No entanto, os acidentes vêm se configurando como os agravos de maior relevância, tanto para as internações hospitalares quanto para os atendimentos de urgência/emergência. Tal gravidade e as características desses agravos e de suas vítimas elegem-nos como prioridade para as políticas públicas, não só do setor saúde, mas de vários outros setores. Também preocupante é o fato dos acidentes de transporte terrestre e as agressões estarem associados as mortes muito precoces e com grandes consequências sociais, assim como com importante impacto econômico para o setor de saúde. Apoio financeiro: Fases

7573 A CRIAÇÃO DO GRUPO OUVIDORES DE VOZES: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA NO SERVIÇO DE SAÚDE
Isabelle Agostini Presti, Bianca de Freitas Moraes, Vanessa Ayres Tibiriçá, Alexandre Coutinho de Melo, Marla Ariana Silva, Luiza Andrade Pereira Ferrer Silva, Victor Gabriel Souza Faria, Camila Souza de Almeida

A CRIAÇÃO DO GRUPO OUVIDORES DE VOZES: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA NO SERVIÇO DE SAÚDE

Autores: Isabelle Agostini Presti, Bianca de Freitas Moraes, Vanessa Ayres Tibiriçá, Alexandre Coutinho de Melo, Marla Ariana Silva, Luiza Andrade Pereira Ferrer Silva, Victor Gabriel Souza Faria, Camila Souza de Almeida

Apresentação: O grupo Ouvidores de Vozes, proveniente do Programa Interno de Incentivo à Pesquisa e à Extensão (PROINPE02/2019) da Universidade do Estado de Minas Gerais foi embasado no Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes: Intervoice, que busca desmistificar o estigma social do fenômeno de ouvir vozes que muitas vezes é abordado socialmente como sinônimo de adoecimento mental, em que o processo de medicalização está presente. Desta maneira, o grupo teve como objetivo construir alternativas que fogem da patologização do fenômeno, com o acolhimento do fenômeno de ouvir vozes. Com base nesse objetivo proporcionar um espaço de compartilhamento de experiências e o desenvolvimento de estratégias de empoderamento e autonomia. Os grupos aconteceram no Centro de Convivência de Saúde Mental Dr. Peri Tupinambás do município de Itaúna, em Minas Gerais, quinzenalmente, com duração de uma hora, tendo como público alvo usuários do serviço de saúde mental da cidade que já ouviram ou ouvem vozes, familiares e profissionais que manifestassem interesse, exceto menores de 18 anos de idade. Foram realizados sete encontros em que se buscou levantar noções sobre a perspectiva e experiência dos usuários perante o fenômeno, para que em seguida fosse trabalhada junto a eles a exploração e identificação das vozes para maior conhecimento, visto que pesquisas mostram maior organização psíquica do sujeito por meio de criações de vínculos com as vozes. Foram discutidos temas como a história individual; a importância do uso da medicação e da religião na construção simbólica dos indivíduos; além dos medos e angústias junto com estratégias de enfrentamento criadas por eles. Nos últimos encontros abordou-se questões de exclusão social e dados acadêmicos e científicos sobre fenômeno de ouvir vozes. Pode-se observar que por meio do resgate da subjetividade e história de vida do indivíduo, o grupo possibilitou melhora no relacionamento com as vozes e na criação de vínculos pessoais. Houve maior organização do sujeito para com o fenômeno de ouvir vozes e maior autonomia não apenas vivencial e individual, mas também na autogestão do grupo como um todo, tomando forma política e social e provocando reflexões sobre a possibilidade de o grupo tomar proporções maiores enquanto militância e ativismo. O compartilhamento de informações de estudos sobre o fenômeno e compartilhamento de experiências pessoais possibilitou aos membros ampliarem seu entendimento sobre o que se passa consigo mesmo, resgatando a autonomia do seu próprio processo saúde-doença, descolonizando o saber. Desta maneira, o projeto conseguiu dar um passo na construção de uma visão alternativa sobre o tratamento do sujeito com sofrimento mental, desconstruindo e descolonizando saberes sólidos e até então inquestionáveis tanto dos usuários, quanto dos profissionais e pessoas envolvidas na Rede de Atenção Psicossocial. Para além do impacto na rede de serviço de saúde mental, o projeto protagonizou o sujeito ouvidor de vozes, o que reflete diretamente na comunidade em que esse ele está inserido.

7601 A LONGITUDINALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA NO TRATAMENTO DA DOENÇA HIPERTENSIVA: O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE COMO PRECURSOR
Ana Carolina Almeida Pimentel Pinto, Armando Sequeira Penela, Camila Andresa Monte Bezerra, Cláudia Rafaela Brandão de Lima, Fernanda Gomes Gatinho, Jane Monteiro Neves, Raquel Gomes da Silva, Selma Maria Nascimento De Siqueira

A LONGITUDINALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA NO TRATAMENTO DA DOENÇA HIPERTENSIVA: O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE COMO PRECURSOR

Autores: Ana Carolina Almeida Pimentel Pinto, Armando Sequeira Penela, Camila Andresa Monte Bezerra, Cláudia Rafaela Brandão de Lima, Fernanda Gomes Gatinho, Jane Monteiro Neves, Raquel Gomes da Silva, Selma Maria Nascimento De Siqueira

Apresentação: No Brasil, os cuidados primários de saúde foram instituídos por meio da criação da Atenção Básica à Saúde. Seu desenvolvimento pode ser registrado por ciclos, dentre os quais se destaca o sétimo e último ciclo, com a institucionalização do Programa de Saúde da Família (PSF), no ano de 1994. A atuação do PSF ocorre de forma não seletiva, mediante suas diferentes bases que cumprem o objetivo de universalização do SUS (Sistema Único de Saúde). Seu foco está na saúde da família, atendendo em seus diferentes níveis de atenção, desde a promoção da saúde até a reabilitação. Com isso, foi instituída a equipe multiprofissional como base do PSF, contando com médico, enfermeiro, odontólogo, técnicos de enfermagem e Agentes comunitários de Saúde (ACS), entre outros profissionais da saúde. Por meio do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), os ACS foram instituídos no ano de 1991 no SUS. Inicialmente tinham o papel de esclarecer acerca de atividades sanitárias não complexas, porém relevantes para a promoção de saúde, como estímulo à vacinação, aleitamento materno, entre outros, reduzindo a mortalidade e morbidade infantil. Os atributos que regem a Atenção Básica à Saúde são: Primeiro contato, Longitudinalidade, Integralidade, Coordenação, Focalização na família, Orientação comunitária e Competência cultural. Dentre os quais se destaca, no referido artigo, a Longitudinalidade, pois é com a prática desse atributo que se estabelece uma relação de proximidade entre paciente e equipe de saúde, possibilitando o acompanhamento de seu tratamento com suas mudanças e transformações ao longo do tempo. Embora as linhas de cuidado sejam fragmentadas e organizadas por doenças, é necessário que o indivíduo seja avaliado de forma integral, considerando que algumas doenças possuam alguns fatores de risco associados, a exemplo das doenças crônicas. A grande demanda de informações disponíveis acerca de doenças crônicas torna-se um dos maiores desafios para os profissionais da Atenção Básica à Saúde devido à necessidade de atualização desses conteúdos. Dessa forma, pode-se discutir sobre a doença Hipertensiva, pois é uma doença Crônica caracterizada pelos elevados níveis da pressão sanguínea nas artérias. A frequência de diagnóstico é maior nas mulheres do que em homens. É um importante fator de risco para Acidente Vascular Cerebral, enfarte, Aneurisma Arterial e Insuficiência renal Crônica. Existem duas formas de tratar a pressão alta :a primeira é a não medicamentosa que compreende a adesão à mudança no estilo de vida como a prática de atividade física, dieta, redução de sal e sódio e abandono do tabagismo. A outra forma de tratamento é o medicamentoso que inclui além da mudança no estilo de vida o uso de medicamentos específicos para controlar os níveis tensionais. É possível afirmar que o abandono do tratamento prevalece entre jovens, obesos, homens, tabagistas, portadores de hipertensão moderada e pessoas de baixo nível socioeconômico. Pode estar relacionado também com os efeitos colaterais causados pelos medicamentos, apontados por portadores da doença hipertensiva assintomática após o início do tratamento medicamentoso. Além disso, pode-se elencar a orientação dada pelo médico ao paciente, mediante o uso da linguagem técnica não acessível. Portanto, nota-se a importância de uma equipe multiprofissional na Atenção Básica à Saúde e a prática da longitudinalidade para garantir a adesão e o não abandono do tratamento da doença hipertensiva. A equipe tem como objetivo dar apoio e informações para o paciente que tenham dúvidas e impossibilidades em seu tratamento, sendo os ACSs os principais precursores por terem o maior contato com as famílias. Este trabalho tem como finalidade discutir a longitudinalidade e o papel dos Agentes Comunitários de Saúde na Atenção básica frente ao tratamento da doença hipertensiva. Desenvolvimento: Realizou-se um levantamento descritivo analítico de artigos publicados nas bases de dados “Google Acadêmico” das produções científicas publicadas a partir de estudos realizados no Brasil nos últimos 16 anos sobre os temas “Adesão ao tratamento da hipertensão”, “Doenças hipertensivas”, “Atenção básica à saúde”, “Agente Comunitários de Saúde”. Este artigo é referente ao retorno à realidade, sendo a quinta etapa do Arco de Maguerez, o qual foi utilizado como método. Nesta etapa a ação foi realizada em uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família, localizada na periferia de Belém. Com base em uma visita inicial, foi elaborada uma atividade voltada para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A atividade foi realizada com oito ACSs e se iniciou com a apresentação das pesquisadoras e dos agentes, em seguida foi explicado para eles como seria o desenvolvimento da atividade, a qual consistia na distribuição de balões que continham papéis com perguntas acerca da hipertensão arterial, que deveriam ser respondidas por eles de acordo com os conhecimentos prévios que os mesmos possuíam. A atividade finalizou-se com o agradecimento das pesquisadoras e a distribuição de brindes. Além disso, foram confeccionados pelas autoras folhetos informativos acerca da doença hipertensiva, abordando o conceito, os fatores de risco, a prevenção e os sintomas. A finalidade foi alertar a população relacionada àquela Unidade de Estratégia de Saúde da Família sobre a hipertensão. Resultado: Foram elaboradas 16 perguntas para colocar em 16 bexigas cheias, uma estimativa para alcançar ao máximo o número de ACS que compõe a equipe profissional da Unidade de Estratégia de Saúde da Família. No momento de reunir os agentes ocorreram dificuldades, pois nem todos chegavam no horário de execução da ação. E era necessário ficar atrás deles para poder garantir a participação do maior número de agentes da unidade. Dos 16 ACS apenas 8 participaram da ação, sendo sua maioria de mulheres. Os ACS foram reunidos em uma sala disponibilizada pelo Unidade, e mostraram-se interessados em participar da dinâmica e empolgados em responder à pergunta que lhe foi atribuída. A cada ACS coube dois balões, sendo designado um tempo livre para responder a pergunta contida no mesmo. As perguntas referiam-se à doença hipertensiva. Observou-se que os ACSs responderam todas as perguntas corretamente, demonstrando que eles tinham conhecimento acerca do assunto abordado e quando houve dúvidas, as pesquisadoras esclareceram e também complementaram as respostas. Os folhetos informativos foram disponibilizados em um local localizado na entrada da Unidade que continham outros folhetos de temas diversos. Com base na revisão da literatura, foi constatada a importância dos ACS para a continuidade do tratamento da Hipertensão Arterial, tendo em vista seu papel influenciador e transformador na comunidade. Considerações finais: Atenção Primária à Saúde possui papel relevante no estímulo da não desistência do tratamento, pois foi atribuída à APS uma função de acompanhar o paciente e o tratamento de sua doença. Cabe à equipe multiprofissional estar sempre atenta aos casos novos e casos de desistência de tratamento, e realizar um mapeamento adequado e eficaz para que seja possível controlar casos de hipertensão na sua área de atuação. Quanto ao ACS, ele é o precursor do cuidado uma vez que está à frente das visitas e conhece sua subárea de atuação e os seus moradores. Seu nível de conhecimento a respeito da doença hipertensiva deve estar sempre atualizado já que muitas dúvidas dos usuários podem ser resolvidas com uma simples orientação desse profissional. Portanto, percebe-se que a equipe de profissionais envolvidos na longitudinalidade do cuidado é fundamental na eficácia do tratamento para doenças hipertensivas desde que seus conhecimentos e percepções da doença sejam aprimorados e atualizados constantemente.