455: Doenças crônicas: singularidades e desafios do cuidado em saúde
Debatedor: Verushka Aparecida Silvério Teresa Oliveira
Data: 31/10/2020    Local: Sala 07 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
6064 O MÉTODO CANGURU E A SAÚDE MENTAL DA MULHER PUÉRPERA: UMA VISITA À FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
Larissa Megale de Aguiar, Mayara Cristina Situba Gemaque

O MÉTODO CANGURU E A SAÚDE MENTAL DA MULHER PUÉRPERA: UMA VISITA À FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

Autores: Larissa Megale de Aguiar, Mayara Cristina Situba Gemaque

Apresentação: Este trabalho é um relato de experiência sobre uma visita realizada na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP) e tem como objetivo verificar possíveis efeitos do Método Canguru, tecnologia de saúde de assistência neonatal disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sobre a saúde mental da mulher puérpera. A Saúde Mental pode ser entendida como o bem-estar subjetivo intelectual e emocional da pessoa em relação a si e ao outro. O Método Canguru é um modelo de atenção perinatal que busca oferecer atendimento humanizado para o recém nascido e sua família visando o maior desenvolvimento biopsicossocial do bebê. O método se estrutura em três etapas de cuidados que se baseiam na posição canguru (contato pele a pele do bebê com os pais). A metodologia utilizada foi um levantamento bibliográfico sobre Saúde Mental e sobre o Método Canguru bem como suas práticas, seguidas de um relato de experiência realizado a partir de uma visita nas alas da UTI Neonatal, Unidade Canguru e o Ambulatório compreendidas pelo Método Canguru na FSCMP. Foi observada a implantação do Método Canguru em toda sua extensão na unidade e considerado aspectos como o ambiente hospitalar, predominantemente fechado, com luminosidade e temperatura artificiais; as mudanças na rotina da mulher, após o parto; às condições de saúde do bebê; às expectativas, frustrações e finalmente às práticas de saúde fortemente instituídas e padronizadas para atender usuários diversos. Com isso foi verificado que, apesar dos recursos materiais e da especialização dos profissionais, há condutas que favorecem o adoecimento mental de mulheres puérperas. Consideramos que a estrutura física da FSCMP não é a variável mais agravante no que concerne à saúde mental das mães, mas também contribui para um processo de adoecimento. Identificamos como o principal déficit do Método Canguru na FSCMP o tratamento humanizado na atenção da saúde mental da mãe, devido ao fato do cuidado se voltar quase que integralmente para a saúde e segurança do recém nascido. Assim, a mulher passa a ser vista prioritariamente como progenitora e responsável pela manutenção de outra vida. Em adição a esses aspectos observamos também pouca comunicação entre os pais do recém nascido e os profissionais sobre as técnicas médicas aplicadas no Método Canguru. Os pais, de forma geral, muitas vezes ficam à parte do que está ocorrendo com bebê, o que ocasiona insegurança e até impotência da parte deles nos cuidados com seu filho. Concluímos com isso que é de fundamental importância a atenção e o investimento no cuidado mais humanizado com as mães vinculadas ao Método Canguru para que essa política seja desempenhada com mais eficiência e maior garantia de satisfação tantos para os profissionais como para os usuários.

6730 SUS E CÂNCER: DO DIAGNOSTICO AO TRATAMENTO
Romero dos Santos Caló, Rita Adriana Gomes de Souza., Barbara da Silva Nalin de Souza, Noemi Dreyer Galvão, Flavio de Macedo Evangelista, Mário Ribeiro Alves

SUS E CÂNCER: DO DIAGNOSTICO AO TRATAMENTO

Autores: Romero dos Santos Caló, Rita Adriana Gomes de Souza., Barbara da Silva Nalin de Souza, Noemi Dreyer Galvão, Flavio de Macedo Evangelista, Mário Ribeiro Alves

Apresentação: Na história brasileira, o câncer foi visto de diversas formas: de tumor maligno e incurável à neoplasia de tragédia individual e, posteriormente, problema de saúde pública. Compreendido no início do século XX como possivelmente contagioso, o câncer passa a ser objeto de estudo da nova saúde pública que começa a vigorar no Brasil, com ações em saúde que levavam em consideração a expressão epidemiológica e a possibilidade técnica de prevenção das doenças. O objetivo deste trabalho é reafirmar o Sistema Único de Saúde (SUS) como mecanismo de enfrentamento do câncer no Brasil. Trata-se do recorte em um dos capítulos de uma dissertação de mestrado do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso. A pesquisa de mestrado tem por temática central a mortalidade por câncer colorretal (CCR) no Estado de Mato Grosso, abordando questões como “o que é o CCR”, “quais fatores de risco para o CCR”, “como prevenir o CCR”, e “epidemiologia do CCR, que atesta que os casos estão aumentando”. É de suma importância, nesta atual conjuntura de privatizações, principalmente dos serviços de saúde, que o leitor tenha ciência de que o SUS tem sido o único meio de rastreamento, diagnóstico e tratamento dos mais diversos tipos de cânceres para a maioria dos brasileiros. Cabe lembrar que a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS, que é norteada pelos princípios e diretrizes relacionados: 1) à promoção da saúde; 2) à prevenção do câncer; 3) à vigilância, 4) ao monitoramento e à avaliação; 5) ao cuidado integral; 6) à ciência e à tecnologia; 7) à educação; e 8) à comunicação em saúde, determina o cuidado integral, regionalizado e descentralizado ao usuário. No país existem 317 Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) e Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) habilitados no tratamento do câncer, ou seja, existe pelo menos um hospital habilitado em oncologia (do exame até um processo cirúrgico mais complicado) em cada estado, onde as secretarias estaduais e municipais de saúde, por meio da Rede de Atenção Básica, organizam o atendimento dos pacientes no serviço público de saúde. A linha de cuidado no câncer se dá por meio da implementação de políticas e programas de controle do câncer que perpassem todos os níveis de atenção e modalidades de atendimento, onde os cuidados assistenciais para o controle do câncer devem ser previstos pelos gestores do SUS, por meio da programação das ações de saúde nos diversos tipos de serviços de saúde. Ao considerar que a Saúde é Vida em Resistência, o capítulo é um ato de resistência ao reforçar que o SUS é vital e o único caminho para o enfrentamento do câncer no país, por meio gestão/gerenciamento dos serviços especializados e das políticas em câncer que, de forma universal, garantem o atendimento, o diagnóstico e tratamento para a grande parte dos brasileiros.

10793 A IMPORTÂNCIA DA UNIVERSALIDADE NO ATENDIMENTO À IMIGRANTES NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA EM MANAUS- AMAZONAS
Adriel dos Santos Menezes, Ellen Albuquerque De Freitas, Theodora Maria de Paiva dos Santos, Italo Jose Freire Fidelis

A IMPORTÂNCIA DA UNIVERSALIDADE NO ATENDIMENTO À IMIGRANTES NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA EM MANAUS- AMAZONAS

Autores: Adriel dos Santos Menezes, Ellen Albuquerque De Freitas, Theodora Maria de Paiva dos Santos, Italo Jose Freire Fidelis

Apresentação: Um dos princípios constitucionais e doutrinários do SUS (Sistema Único de Saúde) é a Universalidade do acesso à saúde, conceito que explícita que toda pessoa, sendo imigrante ou brasileira, tem direito a atenção à saúde de maneira humanizada e qualificada. Considerando-se que nos últimos anos o Brasil foi um dos principais países a acolher os imigrantes venezuelanos, se tornando um refúgio para sobreviver à crise enfrentada em seu país e um novo lar, a Universalidade necessita se estender a esta população, especialmente em estados como Amazonas e Roraima, que tem recebido um enorme quantitativo de imigrantes. Pacientes com diagnóstico de neoplasia maligna (câncer) no Brasil tem direito, pelo SUS, de diversas opções de tratamento, incluindo cirurgia, quimioterapia e radioterapia em até 60 dias a partir da data que foi emitido o laudo do exame que comprova sua doença, assim como acesso gratuito a medicamentos, exames e procedimentos necessários à recuperação de sua saúde. Objetivo: Relatar a importância da universalidade direcionada aos imigrantes em relação ao tratamento em um serviço de Oncologia da Região Norte. Método: Trata-se de um relato de experiência de um estágio de pesquisa no setor da radioterapia de uma instituição de referência em oncologia na região norte, no período de dezembro de 2019 a janeiro de 2020. Resultado: Percebeu-se que a barreira linguística pode ser um fator limitador no entendimento e auxílio no tratamento, dificultando a formação de vínculo e estabelecimento de confiança entre paciente e equipe de saúde (enfermeiro, médico, técnico de radioterapia). Observou-se que ocasionalmente ocorreram interpretações equivocadas em relação ao tratamento por parte dos pacientes, devido à dificuldade na comunicação entre o enfermeiro e o paciente estrangeiro, fazendo com que ocorressem retornos cotidianos para sanar dúvidas ou problemáticas já respondidas anteriormente e ocasionando em filas de atendimento por parte da Enfermeira, considerando que na instituição, as consultas ocorrem através de demanda espontânea. Entretanto, apesar da demora em serem atendidos, constatou-se que os pacientes não só receberam um tratamento humanizado, mas foram educados em relação aos procedimentos que realizariam, ações preventivas de eventos adversos do tratamento (agudos e tardios), tanto antes quanto após o tratamento, visando uma vida mais prazerosa e saudável durante e após o tratamento. Considerações finais: Acredita-se que novas estratégias podem ser implementadas pela equipe de enfermagem para melhor comunicação com os pacientes imigrantes, tais como folhetins informativos impressos transcritos para língua nativa (espanhol), informando sobre cuidados antes, durante e após as sessões de radioterapia e o tratamento radioterápico propriamente dito, como por exemplo, a maneira correta de aplicação das pomadas, cuidados sobre a exposição solar, alimentação e ingestão hídrica, para que assim ocorra um melhor entendimento e compreensão da terapêutica, visando a melhor qualidade do tratamento do paciente usuário do SUS.

8679 ATIVIDADE FÍSICA, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NA PREVENÇÃO DE CÂNCER: AÇÕES DE INSTITUIÇÃO GOVERNAMENTAL BRASILEIRA
Fabio F. B. de Carvalho, Bruna Pitasi, Luciana Maya, Maria Eduarda Melo, Ronaldo Correa, Thainá Malhão, Thatiana Pinto

ATIVIDADE FÍSICA, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NA PREVENÇÃO DE CÂNCER: AÇÕES DE INSTITUIÇÃO GOVERNAMENTAL BRASILEIRA

Autores: Fabio F. B. de Carvalho, Bruna Pitasi, Luciana Maya, Maria Eduarda Melo, Ronaldo Correa, Thainá Malhão, Thatiana Pinto

Apresentação: Compete ao Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde brasileiro, dentre outros, planejar e executar programas e atividades de prevenção e controle do câncer, assim como exercer atividades de formação, treinamento e aperfeiçoamento de recursos humanos. O INCA conta com uma Área Técnica que tem como missão formular e desenvolver ações relacionadas à prevenção de câncer por meio da atividade física e da alimentação e nutrição. Vale contextualizar que, recentemente, instituições internacionais apresentaram evidências científicas atualizadas que ratificam o papel da atividade física na prevenção de diferentes tipos de câncer, assim como há um volume importante de evidências na literatura sobre a alimentação e nutrição para este mesmo fim. Desenvolvimento: Trata-se de relato de experiência com o objetivo de apresentar, sucintamente, ações do INCA relacionadas à atividade física, alimentação e nutrição na prevenção de câncer. Foram realizadas oficinas de capacitação com o intuito de explorar a temática da atividade física, alimentação, nutrição e prevenção de câncer, elaborados materiais educativos no formato de infográfico, vídeos disponibilizados no canal do INCA no Youtube, a tradução e adaptação da publicação: "Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: Uma Perspectiva Global. Um Resumo do Terceiro Relatório de Especialistas com a Perspectiva Brasileira" (previsão de lançamento em março de 2020) e boletins informativos para a Rede de Multiplicadores, composta por gestores municipais e estaduais do Sistema único de Saúde (SUS), sobre atividade física, alimentação e nutrição na prevenção do câncer. Destaca-se oficina realizada no Rio de Janeiro, em agosto de 2019,  com gestores do SUS com o objetivo de capacitá-los para a replicação dessa ação. Além disso, com os infográficos espera-se facilitar o acesso a informações por meio de recursos imagéticos e dados sucintos, formato cada vez mais utilizado na comunicação. Resultado: As atividades desenvolvidas na Oficina culminaram em estratégias de comunicação e parcerias que geraram pedidos de replicação dessas oficinas pelos estados e municípios brasileiros, permitindo ampliar a discussão da atividade física e da alimentação e nutrição no controle do câncer, assim como o monitoramento e avaliação dessas ações. E, ainda, com a publicação traduzida e adaptada à realidade brasileira, as evidências relacionadas à atividade física, alimentação e nutrição estarão disponíveis para trabalhadores e gestores do SUS, oportunizando que o tema seja abordado no cotidiano das ações de saúde. Considerações finais: A atividade física, alimentação e nutrição vem ganhando destaque no discurso governamental e há, inclusive, previsão de lançamento de um novo programade atividade física no SUS. Concomitantemente, o INCA, ao objetivar ampliar o reconhecimento da relação entre atividade física, alimentação, nutrição e câncer e atuar como protagonista nacional na produção e disseminação de conhecimentos e práticas sobre o controle do câncer, permitirá à área técnica responsável, executar ações relevantes para o controle da doença. As ações desenvolvidas permitirão avaliações sequenciadas que contribuirão para o controle do câncer, uma das principais causas de morbimortalidade no Brasil e no mundo.

9675 PROTOCOLO DE TRANSFERÊNCIA DE PACIENTES PARA A ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NO COMPLEXO HOSPITALAR DE CONTAGEM, MINAS GERAIS - CONCEPÇÃO, IMPLANTAÇÃO E DESFECHOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
JOANILSON SANTOS GUIMARAES, CRISTIANE ROSALINA OLIVEIRA PEREIRA, BETANIA CLAUDIANO OLIVEIRA

PROTOCOLO DE TRANSFERÊNCIA DE PACIENTES PARA A ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NO COMPLEXO HOSPITALAR DE CONTAGEM, MINAS GERAIS - CONCEPÇÃO, IMPLANTAÇÃO E DESFECHOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: JOANILSON SANTOS GUIMARAES, CRISTIANE ROSALINA OLIVEIRA PEREIRA, BETANIA CLAUDIANO OLIVEIRA

Apresentação: O presente trabalho tem como objetivo relatar a concepção e a implantação do Protocolo de Transferência de Pacientes para a Assistência Domiciliar realizado no Complexo Hospitalar do município de Contagem, Estado de Minas Gerais, no período de julho a dezembro de 2019, bem como, alguns resultados concebidos a partir da introdução deste instrumento no referido estabelecimento de saúde. Desenvolvimento: Instituída no Sistema Único de Saúde (SUS) pela Portaria 2527 de 25 de outubro de 2011, a Atenção Domiciliar (AD) se apresenta, atualmente, como uma estratégica modalidade assistencial nas Redes de Atenção à Saúde, desenvolvendo importante articulação com equipamentos destas redes, em diversos níveis assistenciais, promovendo, potencializando a redução dos períodos de internação com a continuidade do cuidado sendo realizada nos domicílios, reduzindo a demanda por atendimento nas unidades de urgência e emergência, bem como, proporcionando maior autonomia dos sujeitos para seu próprio processo de cuidar, em consonância com o princípio da humanização da assistência. No município de Contagem, uma das cidades que compõem a região metropolitana da capital do Estado de Minas Gerais, as primeiras equipes do Programa Melhor em Casa foram compostas no final de 2011 e, desde então, o referido programa vem sendo ampliado e desenvolvendo importantes trabalhos nas redes de saúde apresentando, inclusive, experiências inovadoras para a AD no cenário nacional. No entanto, algumas inconsistências com relação ao processo de transferência de pacientes do Complexo Hospitalar do referido município (Hospital Geral e Centro Materno-Infantil), motivaram a gestão dos referidos estabelecimento a instituírem uma equipe que passou a responsabilizar-se para a transição de cuidados para a assistência domiciliar. Após a instituição da referida equipe, foi desenvolvido entre os meses de julho e dezembro de 2019 o Projeto de Implantação do Protocolo de Transferência de Pacientes para a Assistência Domiciliar no Complexo Hospitalar de Contagem, que fora desenvolvido em quatro fases: a) construção do Protocolo de Transferência de Pacientes para a Assistência Domiciliar; b) capacitação das equipes assistenciais; c) monitoramento das transferências de cuidado para a assistência domiciliar; d) avaliação do processo de implantação do referido protocolo. O referido projeto tinha como objetivo o estabelecimento de fluxos institucionais estruturados, pautados nos princípios da segurança do paciente, que orientassem a transferência de cuidado para a assistência domiciliar, e que garantissem a continuidade na assistência proposta pelo plano terapêutico. A primeira etapa do projeto, Construção do Protocolo de Transferência de Pacientes para a assistência domiciliar fora desenvolvida em três oficinas, realizadas entre os dias 01 e 19 de julho de 2019, e contaram com a participação de lideranças das unidades assistenciais do Complexo Hospitalar de Contagem, do Programa Melhor em Casa de Contagem, de representantes do setor de qualidade  e da Equipe de Segurança do Paciente da referida instituição hospitalar. Estas oficinas foram coordenadas pelo Enfermeiro da Equipe de Transição de Cuidado e apresentavam como meta a confecção de um instrumento que padronizasse a prática assistencial na transição do cuidado para AD, garantindo a segurança do paciente, a comunicação efetiva entre os serviços assistenciais e, também, a estruturação de processos de monitoramento durante o processo de transição do cuidado. Finalizada a construção do referido Protocolo, o mesmo foi encaminhado à Diretoria do Complexo Hospitalar para aprovação e validação. Aprovado, procedeu-se o planejamento de oficinas de capacitação com as equipes assistenciais de forma a se difundir as diretrizes estabelecidas pelo protocolo, como também, estimular processos de discussão clínica interdisciplinar de forma a se potencializar o processo de captação de pacientes com critérios para serem assistidos pela atenção domiciliar. Durantes os meses de agosto, setembro e outubro de 2019, foram realizadas 15 oficinas que contaram com a participação de 16 médicos, 32 enfermeiros, 20 técnicos de enfermagem e 18 assistentes administrativos. Acrescenta-se que o referido protocolo preconizava a descentralização do fluxo de transferência de pacientes onde, cada unidade assistencial do Complexo Hospitalar ficaria responsável pelo cadastramento do paciente com indicações para o cuidado em domicílio, assim como pela comunicação com a equipe assistencial ou equipe de regulação do Serviço de Atenção Domiciliar. Finalizada a fase de capacitação, a Equipe de Transição do Cuidado passou a acompanhar os processos de encaminhamento de pacientes para a assistência domiciliar, em cada unidade assistencial, de forma a corrigir possíveis falhas no processo, como também, proporcionando a continuidade ao processo de capacitação das equipes in loco, nesse momento. O monitoramento das transferências de cuidado por parte da equipe de transição em cada unidade assistencial foi desenvolvido até o final do mês de dezembro/19. Concomitante ao monitoramento, procedeu-se a avaliação de implantação do referido protocolo. Registra-se que o referido documento passou por duas revisões pelas mesmas equipes que participaram de sua concepção, em duas oficinas convocadas com esta finalidade, onde foram corrigidos alguns fluxos, que não estavam contemplados na primeira e na segunda versão do documento, mas que foram sinalizados pelas equipes assistenciais como importantes durante a fase de monitoramento. Resultado: A construção e implantação do Protocolo de Transferência de Pacientes para a Assistência Domiciliar se apresentou como uma importante intervenção no Complexo Hospitalar de Contagem, Minas Gerais,  pois permitiu a padronização de condutas assistenciais que potencializaram o processo de comunicação entre os serviços assistenciais nas RAS da região de saúde onde se insere o referido município, bem como proporcionou a organização de rotinas nas unidades assistenciais do Complexo Hospitalar. Vale destacar que, durante o processo de capacitação das equipes assistenciais, foram identificados diversos relatos, inclusive de profissionais médicos, que desconheciam a amplitude e o potencial assistencial dos serviços de atenção domiciliar do município. Os indicadores assistenciais monitorados pelo núcleo de regulação sinalizaram um aumento significativo no número de transferências de pacientes para os serviços de assistência domiciliar, não somente do município de Contagem, como também de outras cidades que têm o Complexo Hospitalar como referência na rede de urgência e emergência. Destaca-se, ainda, uma redução significativa nos processos de reinternação de pacientes e relatos de maior satisfação dos usuários e familiares quanto ao processo de alta e encaminhamento para o cuidado em domicílio. Considerações finais: A construção de fluxos e protocolos assistenciais se apresenta, atualmente, como importante mecanismo para se organizar o processo de gestão e de qualificação do cuidado em saúde, proporcionando a articulação de práticas de diferentes profissionais em distintas esferas da assistência. O Protocolo de Transferência de Pacientes para a Assistência Domiciliar, desde a sua concepção e introdução, permitiu uma melhor articulação entre as equipes das unidades assistenciais do Complexo Hospitalar e do Programa Melhor em Casa permitindo, a partir de sua implantação, um cuidado mais qualificado e mais seguro aos usuários do SUS Contagem.

11089 A CARGA DO TABAGISMO NO BRASIL, 1990 A 2017
Elton Junio Sady Prates, Maria Luiza Sady Prates, Fernanda Lara Pereira de Souza

A CARGA DO TABAGISMO NO BRASIL, 1990 A 2017

Autores: Elton Junio Sady Prates, Maria Luiza Sady Prates, Fernanda Lara Pereira de Souza

Apresentação: O tabagismo é um importante fator de risco para as doenças respiratórias crônicas, cardiovasculares e vários tipos de cânceres. Por conseguinte, é responsável por impactos sociais e econômicos elevados, tornando-o um importante problema de saúde pública nacional e internacional. Aproximadamente 80% dos fumantes (1,1 bilhão) vivem em países de baixa e média renda, onde a carga das doenças relacionadas ao tabaco é maior. Estima-se que o prejuízo oriundo do tabagismo ao Brasil seja de 56,9 milhões de reais. Objetivou-se estimar a carga do tabagismo no Brasil entre 1990 e 2017. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, utilizando os dados do Estudo Carga Global de Doenças (GBD) atribuível ao tabagismo. Estimaram-se os anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (DALYs) e as porcentagens e as taxas de mortalidade estratificada por sexo, faixa etária, unidade da federação e ano. Os dados foram extraídos da plataforma online do GBD Compare. Resultado: Em 2017, o tabagismo foi responsável por 8,53% do total de DALYs e de 13,92% do total de óbitos na população brasileira, sendo responsável pela perda de 2.431,72 milhões de DALYs. Observou-se diferenças na carga de DALYs segundo o sexo, sendo maior entre os homens do que entre as mulheres (3.182.201,91 milhões VS 1.968.487,08 milhões). A taxa de DALYs e de óbitos aumentaram de acordo com a progressão da idade, acometendo principalmente as faixas etárias de 70 a 74 anos e 75 a 79 anos. A tendência temporal de DALYs e óbitos apresentaram uma significativa queda entre 1990 e 2017, sendo 201,78/100.000 habitantes em 1990 e reduziu para 84,17/100.000 habitantes em 2017. Considerações finais: Considera-se, portanto, que o tabagismo correspondeu a uma elevada carga de incapacidade e morte no Brasil. Salienta-se que as políticas de austeridade e o enfraquecimento do papel regulatório do Estado comprometem o enfrentamento do tabagismo no Brasil. Por fim, avançar no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis e nos seus fatores de risco, especialmente o tabagismo, implica em tomar decisões políticas e na implementação de novas medidas regulatórias, inclusive que façam frente aos interesses da indústria de tabaco, para que possam ser atingidas as metas de redução assumidas nos planos nacional, global e na Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável.

11364 REGULAÇÃO DOS LEITOS DE UNIDADES DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS EM NITERÓI -RJ
Diana Mary Araujo de Melo Flach, Ana Carina Gamboa da Silva, Luciana de Barros da Silva, Túlio Batista Santos, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça

REGULAÇÃO DOS LEITOS DE UNIDADES DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS EM NITERÓI -RJ

Autores: Diana Mary Araujo de Melo Flach, Ana Carina Gamboa da Silva, Luciana de Barros da Silva, Túlio Batista Santos, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça

Apresentação: Unidades de Cuidados Intermediários (UCI) são constituídos de Serviços voltados para a recuperação da autonomia e manutenção do usuário o mais próximo possível de seu domicilio. Se situam entre a Atenção Básica e o Hospital Geral, destinados a usuários em situação crônica, e em processo de agudização, ou com baixa autonomia, necessitando de cuidados de reabilitação ou recuperação, para os quais os recursos disponibilizados em domicílio ou na atenção básica são insuficientes, ao mesmo tempo seria inadequada e desnecessária uma internação em hospital, geralmente indicado para agudos. Este estudo objetivou a elaboração de uma proposta de fluxo de regulação de exames e procedimentos de leitos de uma UCI a ser implementado na rede de atenção básica e hospitalar de Niterói. Foi objeto de ampla discussão entre os alunos do curso de atualização em Unidade de Cuidados Intermediários na Atenção Básica, realizado em 2019 pela UFF, em parceria com a Agência Sanitária e Social da Região Emilia Romagna – Itália. A proposta de regulação para a UCI, foi pensada a partir das questões vivenciadas nas diversas micropolíticas da organização dos processos de trabalho trazidas pelo grupo. Utilizou-se como “ferramenta analisadora” para elaboração dessa proposta, a “rede de petição e compromisso”, descrevendo-se as relações intra e inter institucionais, além dos estranhamentos e conflitos revelados entre os diversos participantes. Um exemplo de rede de petição e compromisso descrito a partir das experiências dos participantes do curso de atualização demonstrou as relações existentes entre a equipe de profissionais da farmácia e da UTI de um hospital. As Petições exemplificadas foram: UTI – solicita à farmácia que as medicações sejam entregues mais cedo; Farmácia – Solicita à UTI que a prescrição seja feita com letra legível e com as dosagens explícitas. Os Compromissos exemplificados foram: UTI – Equipe médica realizará prescrição digitalizada e com todas as dosagens de forma explícita; Farmácia – Separar e entregar as medicações em tem tempo hábil e dentro dos horários aprazados. A aplicação desta ferramenta e a discussão em torno de seus produtos foi feita de forma coletiva, acumulando o conhecimento ao grupo participante com apropriação das diversas realidades nas quais cada membro encontrava-se inserido. A Proposta de Fluxo contemplada a partir da admissão na UCI/Niteroi contempla os usuários munícipes de Niterói, oriundos de unidades de urgência/emergência, das unidades de atendimento pré-hospitalar, dos ambulatórios das policlínicas, do programa médico de família, das unidades básicas e do SADI. A análise dos critérios de admissibilidade deverá ser feita pela equipe da Central de Regulação (CREG), em consenso com os gestores das diversas unidades acima, para possível encaminhamento a UCI/Niterói. A equipe multiprofissional que recebe o paciente na UCI deverá ter autonomia para avaliar a admissibilidade do usuário, que deverá ocorrer baseado nos critérios de elegibilidade previamente determinado, além da condição clínica estável do usuário. Foram sugeridos os seguintes critérios de elegibilidade: usuários em condição clínica estável; usuários em recuperação de um processo agudo e/ou recorrência de um processo crônico; usuários com necessidade de cuidados para reabilitação e/ou adaptação a sequelas decorrentes de um processo clínico, cirúrgico ou traumatológico; ou usuários submetidos a antibioticoterapia venosa prolongada, terapia com antifúngicos, dietoterapia enteral ou nasogástrica, portadores de outras sondas e drenos; usuários submetidos aos procedimentos clínicos e/ou cirúrgicos que se encontrem em recuperação e necessitem de acompanhamento multidisciplinar, cuidados assistenciais e reabilitação físico- funcional; usuários em reabilitação motora por acidente vascular cerebral (AVC), neuropatias, traumatismo crânio encefálico (TCE), hematoma sub-aracnóide traumático (HSAT), hematoma sub-aracnóide espontâneo (HSAE) e traumatismo raquimedular (TRM); usuários que necessitem de curativos em lesões por pressão; usuários com disfagia grave aguardando gastrostomia. Os critérios de inelegibilidade sugeridos foram: usuários com episódio de doença em fase aguda ou crítica, em quadro clinicamente instável; usuários cujo objetivo da internação seja apenas a avaliação diagnóstica. A efetivação da regulação dos leitos da UCI/Niterói considerou a participação da Central de Regulação (CREG) conforme os seguintes passos: Admissão: Passo 1: A Unidade solicitante envia à CREG, através de sistema informatizado, a solicitação da vaga. A CREG realizará o primeiro filtro verificando o preenchimento de todos os dados solicitados e se todos os exames exigidos estão anexados. Em caso de negativa, a CREG retorna à Unidade solicitante para que a pendência seja adequada; Passo 2: A CREG passa para a UCI, por ordem de solicitação, através do sistema, a solicitação da vaga; Passo 3: A equipe multiprofissional da UCI avalia o caso, entra em contato com a equipe da unidade solicitante e discute se o caso atente aos critérios para internação na UCI; Passo 4: A UCI libera a intenção de vaga através do sistema informatizado. A CREG libera a vaga para unidade solicitante; Passo 5: A Central de Regulação e a unidade de origem indicarão o meio de transporte mais adequado para a transferência do usuário; Passo 6: A equipe multiprofissional da UCI avalia o paciente ao chegar na unidade, podendo, de acordo com esta avaliação, realizar a internação, devolvê-lo à unidade solicitante ou ainda encaminhá-lo à uma unidade de emergência. Qualquer encaminhamento realizado deverá ser informado através do sistema e também, através de contato telefônico com a equipe da unidade solicitante. Dentre os objetivos da internação temporária na UCI, encontra-se o retorno do usuário ao seu domicílio. Caso isso não seja possível, a equipe da UCI deve encontrar uma solução com o usuário e sua família levando em conta os serviços de saúde das unidades básicas e PMF, com projeto terapêutico singular. Alta: os passos a serem seguidos pela equipe multiprofissional foram bastante discutidos e estão propostos conforme a seguir: Passo 1: A equipe multiprofissional da UCI realiza contato com a equipe da atenção primária responsável pelo atendimento do paciente, discute o caso, comunica a alta e indica as necessidades de continuidade do tratamento do mesmo;  Passo 2: A equipe multiprofissional da UCI solicita agendamentos necessários, através da CREG, para continuidade de tratamento do paciente; Passo 3: A equipe multiprofissional da UCI realiza a alta no sistema informatizado. Por fim, chegou-se ao consenso que a implantação desta proposta deverá ocorrer de forma progressiva, possibilitando as correções e melhor compreensão e posterior tomada de decisão do modelo a ser priorizado na regulação que poderia ser ou por territorialidade ou por Unidade Solicitante. Considerações finais: A implementação da Unidade de Cuidados Intermediários, pioneiro no sistema de saúde público em Niterói, direcionará as pessoas em condições crônicas em processo de agudização, sem possibilidade de serem assistidas em domicílio, em um novo fluxo de ações preventivas no interior das redes de atenção à saúde. A clientela de hipertensos, e/ou pessoas em situação de alta hospitalar, mas desprovidas de autonomia, como as pessoas que sofreram um acidente vascular cerebral e estão com algum comprometimento motor, nas quais não se faz necessária a assistência hospitalar ou paliativa, poderão se beneficiar deste serviço.  Estudos que contemplem por exemplo, questões sobre usuários em situação crônica e em processos de agudização, além de estudos sobre a demanda de pacientes com indicação de alta hospitalar devem ser incentivados para desafogar leitos hospitalares, proporcionar uma maior rotatividade dos mesmos e evitar internações desnecessárias nos hospitais.

8026 MINERAÇÃO E SAÚDE AMBIENTAL: SAÚDE DO TRABALHADOR E COMUNIDADE
Lucas Eduardo Silvera Diana, Anna Luisa Lupi Ventura, Melina Ferreira Portes Barbosa, Vinícius Vieira Quintão

MINERAÇÃO E SAÚDE AMBIENTAL: SAÚDE DO TRABALHADOR E COMUNIDADE

Autores: Lucas Eduardo Silvera Diana, Anna Luisa Lupi Ventura, Melina Ferreira Portes Barbosa, Vinícius Vieira Quintão

Apresentação: Este trabalho visa discutir o impacto em saúde e processo de Vigilância Ambiental no que tange à mineração em Minas Gerais, especificamente, na cidade Itatiaiuçu, com base em visita técnica realizada no dia 05/12/2019 em colaboração da Universidade Federal de São João del-Rei - CCO com a empresa Usiminas. Desenvolvimento: O campo do conhecimento conhecido como Saúde Ambiental é a relação entre o ambiente e a saúde de uma determinada população. Nos últimos tempos, essa temática é assunto de variadas discussões e de realizações de pesquisas, principalmente, em decorrência das tragédias acontecidas na última década em Minas Gerais, como o rompimento da barragem da Samarco em Mariana e da Vale em Brumadinho. A estruturação da Vigilância Ambiental em Saúde é uma resposta do setor de saúde em busca de respostas para o atendimento das necessidades e para a melhoria da qualidade de vida das populações em conjunto com o desenvolvimento sustentável, passando a ser um interlocutor natural junto a outros setores. É um processo contínuo de coleta de informações e análise sobre saúde e ambiente, de forma a executar ações que controlem fatores ambientais que interfiram na saúde. Engloba áreas de vigilância da qualidade da água, controle de fatores biológicos, contaminantes ambientais e questões de saúde relacionadas a desastres naturais e acidentes com produtos perigosos. Nesse sentido, levando em consideração à metodologia de criação de Indicadores de Vigilância Ambiental, realizamos uma visita técnica para avaliar as pressões exercidas que modificam a situação do ambiente e as consequentes exposições sofridas pelos trabalhadores e comunidade envolvidos com a empresa em questão. Em decorrência do Módulo de Saúde do Trabalhador no currículo do 3° período de Medicina da UFSJ-CCO, nos foi proposto realizar uma visita à mineradora Usiminas, na cidade de Itatiaiuçu, no dia 05/12/2019, em conjunto com todos os estudantes em que o Módulo está sendo trabalhado. Na manhã desse dia, foi feito um tour pelo complexo de mineração, incluindo o mirante, a barragem Samambaia, a sala de controle e o auditório para uma palestra com a Médica do Trabalho da empresa. Foi visualizado toda a área de exploração de minério e o maquinário utilizado. Durante a passagem no mirante, foi apresentado os tipos de minério coletados, os tipos de solo atualmente existentes, a extensão de 16km do complexo, os tipos de máquinas utilizados e como é controlada a atividade dos trabalhadores, desde sua movimentação em tempo real até o monitoramento de fadiga dos condutores. São realizados três turnos de 8h cada, com sobreposição de horários, reafirmando o compromisso com a segurança dos trabalhadores e a necessidade de orientação e controle da deambulação nas áreas de atividade mineradora. Isto é realizado a partir da sala de controle, que se situa na área de processo do solo coletado. Neste local existem vários técnicos aptos a manejar softwares de monitoramento dos veículos de grande porte, do nível da barragem, das condições ideais de funcionamento das engrenagens das plantas de beneficiamento (estrutura para processamento de minério) e de estatísticas de produção. Além disso, foi explicado os protocolos de emergência em caso de acidentes de trabalho e extravasamento de rejeitos. A empresa conta com um serviço terceirizado de atendimento móvel de urgência, que fica disposta logo na entrada da empresa, preparada para qualquer eventualidade. Os trabalhadores contam com equipamento adequado para benefício de sua segurança de acordo com cada função exercida, como capacete, refletores, óculos, protetor de ouvido, botas, carros sinalizados com bandeirola e giroflex e rádios comunicadores. No processo de submissão é realizado, além de exames inespecíficos que avaliem a qualidade de saúde no geral, também são realizados exames específicos para o serviço a ser prestado, como testes de equilíbrio, auditivos e visuais. Estes testes são refeitos com periodicidade determinada, incluindo no momento de dispensa ou de alternância de função com somação de funções de risco. Não obstante, a empresa conta com tecnologias para controle refinado dos níveis de rejeito, que são mensurados a cada 15 minutos por um profissional específico durante o dia e através da sala de controle no período noturno. Em eventualidades, os sensores disparam alerta para os trabalhadores da sala controle, que avisam imediatamente para todos serem retirados do local. Não foi referido o protocolo de evacuação e aviso para a cidade circunvizinha em caso de rompimento. Em contrapartida, em uma notícia do jornal Estado de Minas em 09/10/2019, foi descrito que foram interditadas 54 barragens por falta de envio ou por não ter atestado a Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) no segundo semestre de 2019, dentre elas, inclui-se todas as barragens existentes no complexo Itatiaiuçu. Apesar disso, foi relatado por profissionais da empresa que a barragem Samambaia, única ativa no momento, não apresenta perigo devido à reestruturação, passando para um tipo mais seguro de barragem. Não foi encontrado dados sobre essa mudança. Foi apresentado pela Médica do Trabalho de tempo integral da empresa os programas de promoção à saúde desenvolvidos. Além de exames semestrais e anuais, que variam de acordo com a profissão exercida, sexo, idade e condição de saúde, são executados programas de prevenção ao uso indevido de álcool e outras drogas, gestão de doenças crônicas (hipertensão e diabetes mellitus), educação e orientação em doenças crônicas, de identificação, orientação, tratamento e acompanhamento de distúrbios psíquicos, acompanhamentos de gestantes, prevenção da obesidade em trabalhadores com sobrepeso, entre outros. Em períodos chuvosos, o nível da barragem aumenta, sendo necessário um mecanismo de drenagem do excesso de água. Para isso, utilizam drenos de altura média para realizar esse procedimento. Porém, a água retirada, com poluentes minerais, é direcionada a rede fluvial responsável pelo abastecimento da comunidade local, não havendo menção de tratamento pelos profissionais. Isto exemplifica uma injustiça ambiental com potencial de impactar negativamente a saúde coletiva. Considerações finais: É baseado nos potenciais impactos na saúde da população, que evidenciamos a necessidade de maiores estudos, intersetorialidade das instâncias e órgãos governamentais e não governamentais e futuras intervenções sobre a Saúde Ambiental, a fim de que os problemas existentes sejam identificados, priorizados e resolvidos e, assim, garantir maior qualidade de vida à população.

8057 REFLEXÃO SOBRE A ATUAL SITUAÇÃO DA MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS APÓS VISITA DE ESTUDANTES DE MEDICINA EM MINERADORA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Cláudia Maria Souza Gonçalves, Nicolle Fraga Coelho, Paullinne Ariel Nogueira Barbosa, Vitória Rezende Rocha Monteiro

REFLEXÃO SOBRE A ATUAL SITUAÇÃO DA MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS APÓS VISITA DE ESTUDANTES DE MEDICINA EM MINERADORA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Cláudia Maria Souza Gonçalves, Nicolle Fraga Coelho, Paullinne Ariel Nogueira Barbosa, Vitória Rezende Rocha Monteiro

Apresentação: Após estudos e verificação em campo sobre a importância da vigilância epidemiológica e da saúde do trabalhador, tornou-se evidente a necessidade de discussão da questão sobre os entraves relacionados a mineração em Minas Gerais. Nesse sentido, este trabalho busca fazer uma análise sobre a questão das barragens de rejeitos e seu funcionamento, após uma visita realizada por alunos de terceiro período do curso de medicina da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ – Campus CCO) na empresa USIMINAS – Itatiaiuçu, MG. Logo, o objetivo desse resumo constitui uma verificação de aspectos estruturais da mineração, sobretudo na região do centro-oeste mineiro,  tendo como base o relato de experiência dos alunos e uma crítica a atual situação do estado diante desse processo. O termo mineração abrange um conjunto de processos, atividades e indústrias que visam a extração de recursos minerais, cujo o objetivo é a obtenção de minério e afins. Apesar dos possíveis lucros e benefícios gerados por tal prática, faz-se necessário uma observação criteriosa dos inúmeros impactos causados por essa atividade, sendo indispensável destacar os diversos entraves e desafios causados pelas mineradoras, sobretudo no Estado de Minas Gerais - uma vez que esse concentra o maior número de barragens do país. Diante desse contexto, ressalta-se a importância das práticas de vigilância para a promoção da saúde, o que deve ocorrer por meio da manutenção de uma maior qualidade de vida tanto dos trabalhadores locais, quanto da população vizinha às áreas de mineração, para que haja equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a saúde da população. No entanto, nota-se que há falhas em tal equilíbrio, uma vez que a vigilância ambiental se faz pouco intensa e efetiva – o que é evidenciado pela perpetuação de danos causados por essas empresas, as quais, além dos impactos resultantes de sua instalação e operação, também são responsáveis pelos desastres ocorridos em barragens de rejeitos em Minas Gerais, nos últimos anos. Entre as questões de vigilância ambiental, a saúde do trabalhador está englobada e se faz indispensável, pois é a partir dessa estratégia que são efetivadas as ações de prevenção inicial de doenças, mortes e outros agravos. Nesse sentido, a experiência de conhecer as instalações de uma mineradora permitiu a averiguação de quais as condutas necessárias de precaução para que os possíveis danos se reduzam. Além disso, houve a possibilidade de averiguar as ações intensificadas após os desastres e quais os aspectos positivos nas intervenções realizadas. Desenvolvimento: Foram realizadas leituras de artigos científicos e de noticiários a fim de nortear o estudo acerca da atual situação das barragens de rejeitos, bem como sobre a vigilância ambiental em saúde e a questão da saúde do trabalhador no país. Sendo assim, buscou-se melhor comprovar os desafios persistentes e abordar de maneira clara e objetiva os principais entraves e conquistas relacionadas ao tema. Dessa forma, os pareceres a respeito da visita, serviram como fonte de comparação entre os dados obtidos e o que nos foi apresentado na realidade da mineradora, sendo importante instrumento para confrontar as ideias pré-existentes. Para a realização de tal revisão, foi desenvolvida uma visita técnica para os alunos em uma mineradora da empresa USIMINAS-Itatiaiuçu, a fim de avaliar como se dá o processo de mineração, monitoramento, represamento de rejeitos e a relação desses processos com a saúde do trabalhador. A mineradora tem uma cerca de 16 km2 de extensão e conta com três grandes minas: central, oeste e leste - sendo que a visita ocorreu especificamente na mina Oeste, a qual é classificada como risco grau 4 (escala de 0-4). Nesse local, o trabalho ocorre em fluxo contínuo, de 24 horas, com turnos de 8 horas. Para isso, a empresa conta com um total de mais de 2.000 funcionários, entre próprios e terceirizados. Com o objetivo de armazenamento dos resíduos sólidos e de água, resultantes de processos de extração de minério, foram criadas as três barragens de rejeitos, das quais uma está desativada e outra está em processo de desativação, o que está sendo possível por meio do reaproveitamento dos rejeitos a partir do enriquecimento do material. A barragem em atividade, Samambaia, é localizada a jusante - uma modalidade que é caracterizada por apresentar um maior nível de segurança e um menor risco de rompimento. Além disso, esse açude é monitorado constantemente quanto a níveis, estabilidade e qualidade da água liberada no leito do rio. É necessário destacar que a empresa adota várias estratégias a fim de garantir a saúde de seus trabalhadores, analisando constantemente os riscos aos quais estão expostos e administrando-os a fim de reduzir danos e acidentes - impedindo que os processos de trabalho prejudiquem os cooperadores. Além disso, a companhia atua em diversas áreas, por meios de alguns projetos em prol da garantia de saúde ao trabalhador e a sua família, como um todo - e não apenas no que tange a aspectos trabalhistas. Entre tais projetos, é possível citar: campanhas temáticas mensais; apoio psicológico; auxílio odontológico, gestacional e ortopédico, entre outros. Esse constante aprimoramento e investimento realizados pela empresa visam a aumentar a sustentabilidade de trabalhar com os recursos minerais, tendo em vista a redução dos diversos impactos causados, bem como os possíveis riscos aos trabalhadores e à comunidade. Resultado: Após a articulação entre as referências utilizadas e as informações obtidas em campo, verificou-se uma grande preocupação da empresa no cuidado a vigilância ambiental, bem como uma intensificação nas ações de prevenção de desastres e impasses na saúde do trabalhador. No decorrer da visita foi observado que a empresa tem atuação diversificada em relação a saúde ampliada do trabalhador e de suas famílias – por meio dos projetos mencionados. A política adotada pela companhia consiste em adequar o lugar de trabalho ao trabalhador e não o trabalhar ao local. Esse modo de atuação proporciona dignidade no exercício profissional, uma vez que as questões pessoais do indivíduo afetam diretamente sua vida como um todo. Apesar dessa constante atuação, observou-se a necessidade de melhorias, como, a obrigatoriedade da utilização de máscara respiratória facial, devido a possíveis desconfortos respiratórios em dias mais secos, apesar de a composição do minério extraído naquela região não promover risco direto à saúde. Com isso, aumentar-se-á o conforto a qualidade de vida dos operários. Considerações finais: A partir das revisões e da visita, tornou-se evidente a existência de preocupação socioambiental na empresa visitada, o que reforça a ideia de um comprometimento de algumas mineradoras em promover um desenvolvimento sustentável e articulado com o as questões de saúde. Esse fator, permite um ganho social, por meio da concretização de práticas de vigilância ambiental em saúde, fundamentadas no princípio da redução de riscos e na consolidação da cidadania e da preservação ambiental. Apesar dos aspectos positivos é verificável que algumas mudanças na legislação e na promoção de saúde ainda se fazem necessárias, como a indispensabilidade de se instituir como obrigatório o uso de máscaras na rotina dos assalariados nas mineradoras, além da necessidade de buscar de forma mais amplificada, o remanejamento dos rejeitos - o que reduzirá de forma significativa o número e volume das barragens, tornando menor a incidência de acidentes.

11156 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DOS TRABALHADORES DE MARMORARIAS DE NOVA FRIBURGO
Alexandre Diniz Breder, Rodrigo Cosendey maia, André Luiz Faria Vieira, Humberto Rodrigues delegave moura, Casusa Heiderich Cordeiro Nunes, Natália Almeida Silva, Carolina Gonçalves Camilo da Silva, Marise Vieira Eiras

VIGILÂNCIA EM SAÚDE DOS TRABALHADORES DE MARMORARIAS DE NOVA FRIBURGO

Autores: Alexandre Diniz Breder, Rodrigo Cosendey maia, André Luiz Faria Vieira, Humberto Rodrigues delegave moura, Casusa Heiderich Cordeiro Nunes, Natália Almeida Silva, Carolina Gonçalves Camilo da Silva, Marise Vieira Eiras

Apresentação: Este relato de experiência descreve o projeto de vigilância à saúde dos trabalhadores de marmorarias, realizado em 2017/2018 na cidade de Nova Friburgo. Objetivo: Delimitou-se a partir da problematização do estudo, oobjetivo de analisar o trabalho desenvolvido nas marmorarias de Nova Friburgo; identificar as empresas beneficiadoras de pedras ornamentais; conhecer o processo de trabalho e identificar os riscos à saúde; conhecer os agravos relacionados a atividade; promover a melhoria das condições de trabalho por meio de elaboração de um projeto de vigilância para a saúde dos trabalhadores de marmorarias. Método: Inicialmente este projeto surgiu por meio de uma investigação de acidente de trabalho em uma marmoraria de Nova Friburgo, onde um trabalhador jovem, teve parte de seu pé amputado quando descarregava uma das pedras de granito na empresa, na investigação percebemos que os riscos existentes poderiam ser a realidade de outros estabelecimentos, sendo assim montamos o projeto com as etapas que se seguem: O projeto cumpriu o seguinte processo de trabalho: 1- realização de levantamento das empresas do ramo, sediadas no município, através de consultas à lista telefônica, cadastro do ISS - Imposto sobre Serviços da Secretaria Municipal daFazenda, associação comercial e internet, e eventuais empresas identificadas pelas equipes durante as ações de vigilância. 2- Vistorias preliminares realizadas (06 no total), com o objetivo de se conhecer o processo de trabalho e identificar riscos à saúde, através de avaliações qualitativas. 3- solicitação e análise de documentos das empresas 4- diagnóstico inicial do ramo de atividade. 5- palestra sobre os riscos da atividade de beneficiamento de pedras.6- elaboração de termo de visita contendo as principais adequações a serem realizadas nos locais de trabalho,7- entrega de auto-roteiro para a empresa, contendo as adequações necessárias, 8- consulta médica dos trabalhadores no CEREST, 9- revisita as empresas, 10- elaboração de relatório final. Principais resultados alcançados Resultado: foram identificadas 20 empresas, 11 empresas estavam cadastradas na Prefeitura, 13 empresas encontravam-se fechadas, foram vistoriadas 07 empresas, onde foram realizadas as seguintes ações: 07 palestras, 07 termos de visita, entrega de 07 autoroteiros,12 atendimentos médico no CEREST; Resultado: dos levantamentos: com o levantamento das empresas conseguimos perceber que muitas delas estão na ilegalidade, o que deve ser alvo de fiscalização do município, outras encontram-se fechadas e as que estão abertas precisam de alguma adequação para funcionarem adequadamente. Com as palestras conseguimos levar informações relevantes aos profissionais desse ramos, melhorando assim a sua percepção de risco para essa atividade laborativa, muito deles nunca tinham participado de treinamento especifico na atividade, não conheciam os riscos existentes e a necessidade de se protegerem.Quanto aos termos de visita, os mesmos foram úteis na medida em que foram realizadas exigências para a melhoria das condições do ambiente de trabalho, estas melhorias foram percebidas pela equipe que participou do projeto quando foi realizada a revisita as empresas.Quanto aos auto-roteiros, alguns tiveram dificuldade de preenchimento, desta forma a equipe ao realizar a revisita preencheu o auto-roterio e solicitou que as exigências fossem cumpridas, o que pode ser percebido é que os proprietários que não preencheram, na verdade não se interessaram em preencher por motivos diversos, não entender que se trata de melhorias para empresa, ser dispendioso em alguns casos ou não querer colaborar, aos que preencheram, tivemos resultados positivos na segurança e saúde do trabalhador, entre elas podemos citar: a fixação de maneira correta das placas de granito, a melhoria da rede elétrica pra utilização do maquinário, a limpeza do ambiente, entre outros. Atendimentos médicos: os atendimentos médicos foram realizados no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador em data agendada pela equipe, a idade dos trabalhadores varia de 17 a 57 anos,100% são trabalhadores masculinos, 16,7% já tiveram acidente de trabalho, 33,3% são hipertensos, 41,7% possuem doenças ortopédicas, 33,3% estão com sobrepeso, 41,7% possuem alguma doença respiratória, 25% são tabagistas, 33,3% nunca realizou exame médico na empresa, 33,3% realizaram exames até 1 ano atrás, 33,3% realizaram exames a mais de 1 ano, 33,3% tem menos de 5 anos na atividade, 16,7% tem entre 5 e 10 anos da atividade, 50% tem mais de 10 anos na atividade, 25% usa algum tipo de medicação, 8,3% tem ausculta pulmonar alterada, 8,3% tem ausculta cardíaca alterada,8,3% tem alteração no RX, 83,3% receberam pedido de solicitação de RX porém não retornaram para a consulta de revisão, 8,3% das fichas não tem informação sobre essa variável, 8,3% tem audiometria alterada, 91,7% não tem informação sobre essa variável, 100% das fichas não tem informação sobre o exame de espirometria. O grau de exposição foi classificado como baixo, médio e alto, desta forma, 100% tem um grau de exposição alto, pois trabalha diretamente na produção de peças de granito como segue: 66,7% são acabadores, 8,3% serrador, 8,3% aprendiz, 16,7% trabalham em todas as áreas de produção, quanto ao uso de equipamento de proteção individual (EPI): 25% não usa EPI, o que pode acarretar diversos problemas de saúde nessa atividade. Foi possível com este projeto, conhecer o perfil das empresas e dos trabalhadores deste ramo de atividade o que futuramente será alvo de novas ações no Município, assim como servirá de exemplo para ações na área de abrangência do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST). Conclusões e/ou recomendações para a Saúde Pública A exposição a saúde destes trabalhadores está atrelada a agentes ambientais como poeira de sílica e ruído; esta exposição causa doenças como silicose e câncer, além de perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR), os trabalhadores deste ramo de atividade também estão expostos aos riscos de acidentes de trabalho e riscos ergonômicos, o referido projeto teve o intuito de conscientizar os trabalhadores sobre esses riscos e de alguma maneira reduzi-los. No decorrer do projeto ao realizarmos a revisita as empresas, percebemos melhorias nas condições de segurança e na conscientização dos profissionais quanto aos riscos da atividade. Houve uma boa aderência ao projeto por parte das empresas, que providenciaram espaço e tempo necessário para o desenvolvimento das palestras, houve também o interesse no atendimento médico pelos funcionários, porém foram solicitados exames de Rx e laboratorial e os mesmos não compareceram na consulta de retorno. Com relação à avaliação ambiental das empresas podemos citar que: há falta de exaustão para eliminação da poeira de sílica, falta de sistema de coleta efluentes da atividade laboral, falta de destinação adequada dos resíduos sólidos, falta de uniformes, não possuem refeitórios adequados, não possuem delimitação da área de circulação, instalações elétricas expostas, lixadeira sem umidificação. Quanto a documentação: não foram apresentadas as certificações de combate a incêndios, primeiros socorros e cipa, não foram apresentados os atestados de saúde ocupacional, LTCAT, PCMSO e PPRA e o certificado de aprovação do corpo de bombeiros. Muito ainda deve ser feito para a melhoria das condições de trabalho desses profissionais, futuramente pretendemos dar continuidade a essas ações no município, como limitação do projeto podemos citar a falta de veículo próprio para o desenvolvimento das atividades, a falta de recurso financeiro específico para compra de materiais, e a precariedade do setor de saúde do trabalhador do município.

8318 REVITALIZAÇÃO E ADEQUAÇÃO DA CASA DOS IDOSOS FOCADO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
Joseph Rodrigues de Rosa, Annie Veggi de Campos, Regiane da Silva Macuch, Rute Grossi Milani, Liney Maria Araujo, Rejane de Sousa Barros Campos, Stefania Pinto Mota, Flávia Helena Ramos

REVITALIZAÇÃO E ADEQUAÇÃO DA CASA DOS IDOSOS FOCADO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Autores: Joseph Rodrigues de Rosa, Annie Veggi de Campos, Regiane da Silva Macuch, Rute Grossi Milani, Liney Maria Araujo, Rejane de Sousa Barros Campos, Stefania Pinto Mota, Flávia Helena Ramos

Apresentação: A Fundação do Abrigo Bom Jesus, é uma casa de amparo para idosos e existe deste a década de 40 atendendo a sociedade cuiabana até os dias atuais. Sendo uma entidade filantrópica, abrigando aproximadamente 100 idosos providos de abandono familiar, muitos destes em boas condições de saúde, enquanto que outros possuem limitações de mobilidade ou necessitam de atendimento especial. O objetivo deste estudo está em apresentar uma projeto de revitalização e adequação das funcionalidades dos espaços já existentes, tornar a edificação inclusiva permitirá a criação de ambiente que possa proporcionar calma e tranquilidade aos ocupantes, utilizando de sistemas construtivos e vegetação nativa para dialogar com a edificação existente, permitindo uma maior integridade de espaços e um bom uso dos mesmos, na outra face auxiliando a promoção da saúde nessa população. Fazendo valer na prática o Estatuto do Idoso, que traz na sua essência de cuidados o ser humano de forma holística, atuando nas suas necessidades biopsicosócio-espirituais do indivíduo idoso, onde foi idealizado na Política Nacional de Promoção a Saúde (PNPS) promulgada em 30 de março de 2006. Todos os cuidados para a pessoa idosa, idealizados na PNPS tem como norte a prevenção de doenças, contribuindo para uma longevidade saudável dessa população crescente. Desenvolvimento: Fragmentado em seis partes, esse trabalho contou com várias frentes, sendo a  primeira sobre panorama histórico das edificações de longa permanência destinada aos idosos no Brasil, onde foi possível averiguar os tipos de moradias, como a arquitetura hospitalar, da época medieval em forma de cruz; a galpões grandes divididos em alas semelhantes a presídio; a edificações separadas em pequenos blocos ajardinados; a edificações com fachadas dos quartos voltados ao sul, onde permitiria uma melhor insolação e ventilação dos quartos. Como visto em 1954 no Brasil, inicia uma mudança na concepção de lar para idosos incluindo novas ideias funcionais, como atendimento médico e opções de lazer dentro dessas edificações com a tentativa de dar uma cara de casa. À segunda etapa retrata sobre os conceitos relativos ao tema como o assistencialismo ao idoso, onde a o mesmo se mistura com as histórias dos hospitais e com as casas solidarias ou casas de caridade da igreja católica durante ao longo da história. Possuindo diversas denominações, estas surgindo ao longo do atendimento exclusivo ao idoso, têm-se como: Lar de Idosos; Casa de Idosos; Abrigo de Idosos; Asilos entre outros observados na literatura, todos tratando da evolução do acolhimento e do atendimento ao idoso. Já na terceira etapa, são levantados as normas aplicadas ao tema, estas desde normas de acessibilidade (Normas Brasileiras Regulamentadoras: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos de nº 9050 de 2015), como o Estatuto do Idoso (LEI nº10.741 de 1 de Outubro de 2003), normas da ANVISA (como a Portaria nº810/GM/MS e a Portaria da Resolução: regulamento técnico para funcionamento das instituições de longa permanência de 2004) ao Código de Obras do Município de Cuiabá (2008). Partindo então para a quarta etapa, levantando e analisando o diagnóstico feito da Fundação Abrigo Bom Jesus de Cuiabá, elencando o estado atual e os anseios de seus ocupantes. Na quinta etapa do projeto, são levantados projetos de referências, buscando entender e aprimorar a ideia para o desenvolvimento do projeto, levando em conta a regionalidade do ambiente a ser trabalhado. Na sexta e ultima etapa a elaboração da proposta do projeto em si, que pode ter seu desenvolvimento projetual estudado ambiente a ambiente, o que permitiu estudar as características de uso de cada ambiente da edificação entendendo seu uso pelos profissionais da casa e pelos ocupantes. Nessa premissa de desenvolvimento, a equipe elaborou uma proposta de espaço que não serviria apenas para o descanso dos idosos, mas também para a promoção da saúde dos mesmos, como exigido pela pelo Estatuto do Idoso, atendendo as demandas das normas locais da Secretaria de desenvolvimento urbano do município. E por fim entende-se que, as características a nível de contexto espaço moradia podem influenciar nos comportamentos de nível individual e coletivo.  O lar, embora, coletivo, cada indivíduo tem a sua particularidade, a casa dos idosos deve ser o local onde a pessoa idosa passará esse novo ciclo de vida devendo viabilizar a sua sociabilidade e equilíbrio holístico. Resultado: A corrida para um envelhecimento saudável e uma longevidade tornou-se inexorável tanto para a sociedade leiga como para vários tipos de ciência. Motivo pelo qual, inúmeras áreas de conhecimento estão em busca de apresentar uma participação com contribuição efetiva nessa nova etapa da vida do ser humano.  Inclusive, os espaços subsidiados pelas políticas públicas que acolhem os idosos estão nesse mesmo ideal. Motivo pelo qual se elaborou este projeto de reforma, onde foi constatando a necessidade de inclusão de espaços de descanso, a implantação de espaços pode ser feita com pouca intervenção no mesmo. Onde ao observar as legislações tantos do Estatuto do Idoso como o Código de Obras do município de Cuiabá, é possível propor mudanças na edificação buscando a promoção da saúde, com um melhor aproveitamento do espaço, permitindo a implantação de espaços de descansos e de recriação que possa estar melhorando na qualidade de vida desses idosos. Considerações finais: Conclui-se que esses espaços necessitam ser (re) pensado visando melhor atender as demandas pontuais dessa “nova” população que vem emergindo com rapidez. Para a pessoa idosa assegurar esses espaços, e conquistar seu ambiente saudável e adaptado para sua qualidade de vida, bem como realizar um exercício continuo de cidadania coletiva, com ganhos principalmente individuais. Foi perfeitamente possível elaborar uma revitalização e adaptação do Abrigo Bom Jesus na capital de Matogrosso atendendo as normas vigentes, demonstrando a possibilidade de ter um ambiente acolhedor e bem setorizado mesmo em espaços de uso público. Onde, ao usar do paisagismo para transmitir o aconchego e acolhimento, assim como a sensação de calma e tranquilidade é possível obter resultado almejado, que é a saúde psico/social da pessoa idosa. Desta forma, o projeto iniciou-se por uma análise de viabilidade dos ambientes existentes, seguido de um estudo de normas vigentes de Instituições de Longa Permanência pelo Ministério da Saúde e da Previdência Social assim como, a implantação e distribuição de plantas nativas da região obtidas no IBMA. São espaços que necessitam ser (re) pensado visando melhor atender as demandas pontuais dessa “nova” população que emergindo com rapidez. Para que essa população conquiste um ambiente saudável e adaptado, está sendo um exercício continuo de cidadania coletiva, com ganhos principalmente individual. Servindo como projeto piloto para a gestão atual, esse projeto transmiti a importância do estudo e a implantação do espaço seguindo as normativas para a promoção da saúde e qualidade de vida do idoso, bem como maior longevidade.

9471 NOTIFICAÇÕES DE NASCIDOS VIVOS COM FENDA LABIAL E/OU PALATINA NO BRASIL
Russell Santiago Correa, Márcio Vinicius de Gouveia Affonso, Lucas Oliveira Da Silva, Thais de Moraes Souza, Priscila Teixeira Da Silva, Natália Da Silva e Silva, Ingrid Amanajás De Oliveira, Andrea Maia Joaquim, Liliane Silva do Nascimento

NOTIFICAÇÕES DE NASCIDOS VIVOS COM FENDA LABIAL E/OU PALATINA NO BRASIL

Autores: Russell Santiago Correa, Márcio Vinicius de Gouveia Affonso, Lucas Oliveira Da Silva, Thais de Moraes Souza, Priscila Teixeira Da Silva, Natália Da Silva e Silva, Ingrid Amanajás De Oliveira, Andrea Maia Joaquim, Liliane Silva do Nascimento

Apresentação: Em saúde pública é essencial e estratégico conhecer a distribuição dos agravos nos territórios, bem como descrevê-los e quantifica-los. De modo que o uso de instrumentos e sistemas qualificados para a coleta, tratamento, depuração e análise são determinantes para a precisão dos dados nos sistemas de informação. A partir de variadas fontes, é possível traçar estratégias para a estruturação e construção de políticas públicas de forma responsável, conhecendo prioridades para a aplicação de recursos humanos e financeiros no território. Um dos sistemas existentes é o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC), que é alimentado através de dados da Declaração do Nascido Vivo (DNV). Nesse documento, são contidos dados de grande interesse epidemiológico como o tipo de parto, condições de saúde da mãe, quantidade de consultas de pré-natal, peso do bebê ao nascer, presença de anomalias congênitas, dentre outras informações. A subnotificação das informações em saúde é um grande obstáculo para a avaliação e monitoramento de indicadores, pois os resultados gerados podem estar subestimados. A presença da fenda labial e/ou palatina é uma condição de notificação obrigatória no SINASC, a qual deve ter sua distribuição no tempo e espaço estudada, tendo em vista que essas informações são utilizadas para planejar o direcionamento de recursos destinados ao tratamento da população portadora de fendas labiopalatais, podendo ser diferente de acordo com a região do país observada. É necessário dar visibilidade às informações vigentes para a tomada de decisões baseadas em evidencias, para elaboração de estratégias de intervenção por meio de políticas públicas que respeitam os princípios do Sistema Único de Saúde, providenciando atenção integral, universal e equânime. Desenvolvimento: Durante avaliação e monitoramento dos dados referentes às notificações de fissurados em um hospital localizado na cidade de Belém, no estado do Pará, executado pelo Laboratório de Monitoramento e Avaliação em Saúde da Universidade Federal do Pará (MASA/UFPA), identificou-se a necessidade de buscar um parâmetro de comparação a nível nacional e das regiões brasileiras, para tal, recorreu-se às notificações contidas no SINASC. O objetivo deste trabalho é descrever os dados das notificações de nascidos vivos com fenda labial e/ou palatina nas cinco regiões do Brasil. Trata-se de estudo ecológico, utilizando dados secundários disponibilizados pelo Ministério da Saúde por meio do SINASC. Os dados foram coletados por meio do site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) em outubro de 2019. O critério utilizado para o levantamento das informações foi o “Tipo de Anomalia Congênita”, selecionando-se a opção “Fenda Labial e Fenda Palatina”. O período de estudo escolhido foi de 2007 a 2017, compreendendo o período dos 10 anos mais recentes disponíveis no SINASC. Confeccionou-se o banco de dados no programa Microsoft Excel para Windows, com os resultados expressos em frequência absoluta e relativa por meio de gráficos criados no mesmo programa. Diante do levantamento executado, o próximo passo do estudo foi descrever as variações de notificações ao longo do tempo, por meio de série histórica. Os espaços descritos neste estudo foram as cinco regiões geográficas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Brasil, que se constituem em norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul. Como parâmetro descritivo, dividiu-se o número de casos de nascidos vivos com fenda palatina pelo número total de nascidos vivos do mesmo período e local, para então multiplicar por 10 mil, adquirindo assim a proporção de recém nascidos portadores de fissura labiopalatal em 10 mil nascidos vivos, então comparando com a prevalência média da anomalia congênita citada em relação à população em questão. Em um segundo momento, foi calculada a quantidade de nascidos vivos para cada caso notificado. Por se tratar de dados secundários obtidos a partir de sistemas de informação de acesso público, não foi necessária apreciação de Comitê de Ética e Pesquisa. Resultado: No Brasil, os resultados demonstram que na década estudada (2007-2017), houve um total de 16.465 notificações de nascidos vivos com fenda labial e/ou palatina. 41% dos casos estão concentrados no sudeste do país, e apenas 8% encontrados no centro-oeste. Uma notificação ocorre a cada 1948 nascidos vivos no país, sendo que a prevalência média é de 5,1 notificações para cada 10 mil habitantes. As regiões norte e nordeste obtiveram o menor número de notificações, 4,6 e 4,1, respectivamente, notificados por 10 mil habitantes, havendo 1 caso novo a cada 2157 no norte e 2461 nascidos vivos no nordeste. A região sul é a que possui mais casos notificados, com 7,1 notificações a cada 10 mil nascidos vivos e 1 caso novo a cada 1402 nascidos vivos. Analisando-se a série histórica da prevalência média da condição estudada entre os nascidos vivos, todas as regiões, exceto a região sul, obtiveram aumento do número de notificações quando se comparam os anos de 2007 e 2017, sendo observado maior aumento na região norte do país (57,8%), seguido da região nordeste (34%). A região sul, ao contrário do resto do país, obteve uma diminuição da proporção de notificados por 10 mil habitantes, indo de 7,4 para 6,8, redução de 8,4%. Há indícios que apontam para a subnotificação em determinadas regiões, o que pode estar relacionado com diferentes níveis de acesso da população aos serviços de saúde. Considerações finais: É possível identificar disparidades entre as diferentes regiões do país quanto à alimentação do SINASC, com maior notificação de casos na região sul do país e menor notificação nas regiões norte e nordeste. Entretanto, outros estudos são necessários para identificar a causalidade dos fatores associados à ocorrência desta condição e sua respectiva notificação. A distribuição dos serviços de saúde nas regiões do país, assim como o acesso da população nestas localidades, pode estar relacionada às disparidades das notificações identificadas ao longo desta pesquisa. Estudos qualitativos também são importantes para mergulhar nas realidades locais e suas contradições, peculiaridades, potências e desafios, a fim de compreender, de forma mais fidedigna, as causalidades na relação entre notificações no SINASC e a prevalência de nascidos vivos com fenda labial e/ou palatina, possibilitando estratégias de intervenção para reduzir a subnotificação dos casos, o que pode contribuir para a tomada de decisões de gestão baseada em evidências científicas.

9498 PANORAMA DAS PRODUÇÕES ACERCA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE PARA POPULAÇÃO LGBT
Matheus Silva Pedreira, Anna Gabriella Carvalho Rangel

PANORAMA DAS PRODUÇÕES ACERCA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE PARA POPULAÇÃO LGBT

Autores: Matheus Silva Pedreira, Anna Gabriella Carvalho Rangel

Apresentação: As identidades de gênero e sexual são participantes do processo de exclusão e discriminação social e constituem condicionantes de vulnerabilidades. As demandas de saúde desta população suscitam discussões acerca de suas concepções para formação acadêmica e implantação de políticas públicas. Neste contexto, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), objetiva a saúde integral e alívio do sofrimento e adoecimento. Objetivo: Analisar panorama de publicações acerca das políticas para atenção à saúde dos LGBT+. Método: Revisão integrativa de abordagem qualitativa, nas bases de dados, LILACS, SciELO , BDENF, Index e Coleciona SUS, por meio da associação de descritores e palavras chaves, utilizando a análise de Bardin. Resultado: 24 manuscritos compuseram a revisão. As produções concentraram-se entre 2014 e 2018, período que recebeu os incentivos à pesquisa por meio da política nacional. A participação de enfermeiras e psicólogas na autoria das produções selecionadas indica cuidado como prática social e o potencial da categoria para desenvolvimento de políticas de saúde. Emergiram as categorias analíticas: Política Nacional LGBT: pontos positivos, oportunidades para melhoria e para revisão das práticas na saúde e Proposições de novas Políticas. Considerações finais: Foram evidenciados ligeiros avanços para saúde da população LGBT, recente implementação do processo transexualizador e legitimação da identidade e da participação dos movimentos sociais, promoveram direitos. Fragilidades no acesso de transexuais e travestis; limitações nos direitos sexuais e reprodutivos de lésbicas e comportamentos normativos dos profissionais de saúde que favoreceram exclusão, marginalização e vulnerabilidade, conjuntura potencializada por limitações orçamentárias. Proposições superficiais de políticas emergiram.

6696 ESTRESSE ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO ÂMBITO HOSPITALAR.
Átila Caled Dantas Oliveira, Emily Góes Castro, Flávia Lima Guimarães, André Luiz de Jesus Morais, Larissa Machado Victor, Tereza Monique Côrtes Gomes

ESTRESSE ENTRE OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO ÂMBITO HOSPITALAR.

Autores: Átila Caled Dantas Oliveira, Emily Góes Castro, Flávia Lima Guimarães, André Luiz de Jesus Morais, Larissa Machado Victor, Tereza Monique Côrtes Gomes

Apresentação: Em razão do crescente índice do estresse ocupacional entre os profissionais de enfermagem hospitalar, é necessário identificar os fatores relacionados, para um maior entendimento, pois podem levar a um desgaste profissional intenso devido a fadiga física e mental, gerando falta de motivação, aumento do risco de doenças cardiovasculares, transtornos músculo esqueléticos, diminuição no rendimento, baixa produtividade e absenteísmo. O presente estudo objetivou compreender os motivos que levam os profissionais de enfermagem ao estresse, avaliando os fatores estressores para buscar a melhor forma de tratamento. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão integrativa desenvolvida no período de Fevereiro a Maio de 2019, sendo realizada em duas bases de dados, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e na Scientific Electronic Library Online (SciELO), levando em consideração questões norteadoras para subsídio da pesquisa, como qual a prevalência do estresse entre os profissionais de enfermagem, a atitude do profissional diante disso e melhor forma de tratamento, culminando na seleção de Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) onde foram selecionados 18 artigos. Resultado: Os profissionais da equipe de enfermagem são passiveis de maior estresse devido a sua atuação de forma direta e constante com os pacientes e familiares, tendo que lidar diariamente com o sofrimento, dor e até mesmo a morte, condições que são comuns no âmbito hospitalar. Gerando sentimentos de angústia, frustração, impotência, insegurança e consequentemente uma sobrecarga física e psicológica culminando no estresse no trabalho. Além de condições insalubres as quais a enfermagem encontra em seu ambiente de trabalho, como sobrecarga de trabalho, esforço físico exigido, condições inadequadas de trabalho, rotinas exaustivas, escassez de diálogo entre a equipe são fatores agravantes para o estresse. Causando desinteresse pelo trabalho, dificuldades de concentração, ansiedade, depressão, maior estresse oxidativo, maior risco de desenvolver diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, amenizando ainda mais a qualidade de vida desses profissionais. Considerações finais: Evidencia-se que os profissionais de enfermagem estão susceptíveis, devido ao importante número de fatores inatos a profissão, afetando a saúde, vida pessoal e o desempenho profissional. A criação de estratégias individuais e em grupos, implantadas pelos gestores da instituição, voltadas à prevenção ou redução dos fatores estressores é uma importante ferramenta para que os profissionais possam executar suas tarefas de maneira mais agradável e satisfatória, além de adotar medidas que valorizem o profissional, beneficiando o profissional com melhor qualidade de vida e os pacientes com uma melhor assistência prestada. Sendo assim, é notório a importância do bem-estar físico e psicológico da equipe de enfermagem.

11843 ORGANIZAÇÃO SOCIAL E PLANEJAMENTO EM SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES DAS HUMANAS EM TEMPOS DESUMANOS
Ariadne de Oliveira e Sá, João Pedro Santos da Silva

ORGANIZAÇÃO SOCIAL E PLANEJAMENTO EM SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES DAS HUMANAS EM TEMPOS DESUMANOS

Autores: Ariadne de Oliveira e Sá, João Pedro Santos da Silva

Apresentação: A reforma sanitária brasileira atravessa gerações de militantes pela saúde no Brasil, presentes nos mais distintos segmentos sociais. Aliada da tarefa de democratizar os espaços as teorias de planejamento são aplicadas ao processo, visando o desenvolvimento de um agir teleológico no caminho de uma imagem-objetivo de SUS. O avanço da reforma e sua aproximação com a realidade da população e atenção aos diversos meios de produção de saúde e maneiras de compreender a vida se deu graças a contribuição das ciências sociais e humanas no debate sobre a produção de saúde. Apesar de um espaço buscar a realização de outro, questões metodológicas e históricas diversas de uma prática científica conservadora tende a afastar tal diálogo. Objetivo: Este trabalho tem como propósito refletir sobre a relação entre as ciências sociais e humanas e o planejamento em saúde na construção política e científica da saúde no Brasil. Método: Análise crítica de textos clássicos presentes nas disciplinas referentes às Políticas, Planejamento e Gestão de Saúde, dos programas de pós graduação em saúde coletiva no Brasil, que pretendem discutir as teorias de planejamento, sua trajetória no país e as ferramentas utilizadas na gestão pública. A partir de criteriosa e intencional revisão da literatura pertinente aliada ao que recolhemos e reconhecemos do campo de atuação em saúde como profissionais e pesquisadores das ciências humanas na saúde coletiva, foi possível identificar, provocar e tencionar alguns nós críticos fundamentais no entendimento do panorama atual do que se convenciona crise. A dialética que se estabelece entre as humanidades, que têm por “objeto” em si a própria existência desinteressada e as diversas formas de organização social ao redor das quais orbita o planejamento em saúde ainda parece “dividir os tradutores”. A produção desse diálogo, tão caro ao destinatário final, parece ocupar um lugar secundário, e o que se tem é o enfraquecimento dos atores e sujeitos, em um cenário de práticas de governo cada vez mais autoritárias, austeras e conservadoras. Considerações finais: O diálogo ético e politicamente engajado que proporcionou a construção da reforma sanitária sofre de críticas semelhantes a proposta de produção de material pelos gestores e cientistas sociais, ambos garantindo a sua produção através do rigor metodológico de suas práticas e delimitação da questão “sujeito-objeto”. As semelhanças que seguem para além do espaço de atuação e produção não foram suficientes para evitar disputas internas de projetos de democratização. Apesar dos tencionamentos, o campo do planejamento avançou, a reforma sanitária permitiu que o Brasil se tornasse um vasto laboratório de experiências que foram capazes de aliar a prática a produção acadêmica e possibilitou o surgimento de diversas escolas de pensamento sobre planejamento no país. As reflexões produzidas na América Latina influenciaram a produção nacional, no entanto, esta gerou uma leitura e prática única na região. Em 2003, com o início do primeiro mandato de Lula, o SUS retorna a pauta na perspectiva sob a qual foi concebido: Política de Estado e controle social. Ainda assim, o desenrolar da década que apenas iniciava mostraria que a influência do pensamento neoliberal nas políticas públicas de saúde ganharia cada vez mais espaço, do qual não se pode descolar a imperativa invisibilização da vida humana em suas diversas manifestações.

12174 EXPERIÊNCIA DA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO ÂMBITO FEDERAL
MICAELA MARQUES SANTANA ALVES, HANNAH CAROLINA TAVARES DOMINGOS, SOFIA NADER DE ARAÚJO, CAROLINA BERNARDO BORGES, NATHÁLIA DE MOURA ZILLE CARDOSO, RAQUEL NIGRE LEAL COSTA, CARLOS HENRIQUE ALVES DE SOUSA, Daniela Alvine, Roberta Gondim de Oliveira

EXPERIÊNCIA DA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO ÂMBITO FEDERAL

Autores: MICAELA MARQUES SANTANA ALVES, HANNAH CAROLINA TAVARES DOMINGOS, SOFIA NADER DE ARAÚJO, CAROLINA BERNARDO BORGES, NATHÁLIA DE MOURA ZILLE CARDOSO, RAQUEL NIGRE LEAL COSTA, CARLOS HENRIQUE ALVES DE SOUSA, Daniela Alvine, Roberta Gondim de Oliveira

Apresentação: O presente estudo partiu da experiência das autoras na Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) do Ministério da Saúde (MS), no ano de 2019. Essa vivência se deu a partir da Especialização em Gestão da Atenção Básica, da ENSP/FIOCRUZ, em que os residentes se inseriram em diferentes coordenações da SAPS. É importante marcar que a nossa passagem pelo MS ocorreu em um momento de reorganização do Estado a nível federal. Em 2019, a estrutura do Ministério da Saúde foi modificada, realocando a Atenção Primária como uma secretaria e não mais como um departamento. Foi nesse cenário que a partir da prática em serviço pudemos vivenciar a reorganização da SAPS e das políticas de APS. A partir da mudança de DAB para SAPS, identificamos mudanças estruturais e também do modelo de atenção à Saúde. As prioridades definidas pelo secretário eram transversais em cada área da SAPS e com menor participação do controle social. Após nossa inserção nas coordenações/departamentos da SAPS, vivenciamos o dia a dia do processo de trabalho da equipe técnica, da formulação de políticas e os espaços de decisão da gestão federal. Percebemos, a partir da prática na gestão do SUS, em pleno ano de reestruturação governamental, grandes mudanças na APS como as aproximações à Cobertura Universal de Saúde (CUS). Compreendemos que essas mudanças têm correlação com as transformações internacionais do conceito e da prática do modelo de APS, abandonando o conceito de APS abrangente e universal, para uma APS seletiva e focalizada. A reorganização da estrutura da SAPS e as mudanças na direção do modelo de APS com o novo modelo de financiamento (“Previne Brasil”), a partir da nossa leitura, impactarão no acesso aos serviços de APS e operam retrocessos no modelo de atenção à saúde que até então tinham ações focadas na determinação social do processo saúde-doença, territorialização e universalidade. A nossa experiência possibilitou vivenciar de perto a elaboração dessa nova política de APS, as intencionalidades, as disputas políticas, conceituais e econômicas envolvidas nesse novo modelo de APS que induz a um novo modelo de gestão. Entendemos que essas transformações na direcionalidade das ações, políticas e programas de saúde em implementação pelo estado tenda a restringir o escopo da APS, impactando o planejamento das ações de saúde na APS com foco principal para os indicadores e metas que atrelam recursos, implicando na perda dos direitos conquistados pela população e os movimentos sociais. 

10992 O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO BÁSICA SOBRE AFASIA EM UM MUNICÍPIO DO LITORAL CATARINENSE
Jamilly Katielen Machado Floriano, Denise Terçariol, Julia Bortoluzzi

O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO BÁSICA SOBRE AFASIA EM UM MUNICÍPIO DO LITORAL CATARINENSE

Autores: Jamilly Katielen Machado Floriano, Denise Terçariol, Julia Bortoluzzi

Apresentação: A afasia é um distúrbio de linguagem decorrente de lesões cerebrais, como traumatismo crânioencefálico, doenças infecciosas, acidente vascular encefálico (AVE), tumores cerebrais ou outras lesões que afetam o cérebro. Dentre essas o AVE é a maior causa de afasia. A pessoa afetada pela afasia perde o domínio de seu discurso, passando a não se reconhecer mais como comunicador efetivo, necessitando de cuidadores ou familiares para serem seu interlocutor, traduzindo sua fala e transmitindo aos outros as suas petições. O paciente afásico é usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Unidade Básica de Saúde (UBS), consequentemente é atendido pelo enfermeiro da Atenção Básica, que é o responsável pelo cuidado e gerenciamento dos procedimentos relacionados à pessoa afásica. Sendo assim, necessita se comunicar com este profissional que precisa estar preparado para receber e se comunicar com este paciente. Sabe-se que o profissional que possui o conhecimento específico para tratar a afasia é fonoaudiólogo, porém é de extrema importância que os outros profissionais de saúde se apropriem do conhecimento comum sobre esta doença para que o paciente seja atendido de forma integral e humanitária, fortalecendo também a comunicação interprofissional e as práticas colaborativas. Desta forma o objetivo deste trabalho foi caracterizar o conhecimento dos enfermeiros da AB sobre afasia em um município do litoral catarinense. A pesquisa foi realizada com 34 enfermeiros da AB através de um questionário com 16 perguntas fechadas sobre os sintomas, causas e tratamento da afasia. As entrevistas foram realizadas nas Unidades UBS onde estavam alocados os enfermeiros. Os resultados obtidos em relação ao conhecimento sobre afasia foi, 85% relataram conhecer a afasia, 9% disseram que não conheciam e 6% responderam que não tinham certeza.65% dos enfermeiros alega conhecer as causas da afasia, Para os que conheciam as causas da afasia permitiu-se que marcassem, no questionário, quais são estas causas. As opções fornecidas foram: problema de língua presa, lesão neurológica, AVC, tumor no cérebro, meningite, infarto agudo do miocárdio, traumatismo crânio-encefálico, aneurisma cerebral, hemiplegia e doenças do envelhecimento. Ressalta-se que um mesmo enfermeiro poderia marcar quantas opções julgasse correta. Destas opções, as consideradas como verdadeiras causas da afasia são lesão neurológica, AVC, tumor no cérebro, meningite, traumatismo crânio-encefálico, aneurisma cerebral e doenças do envelhecimento. Neste contexto as causas consideradas verdadeiras foram assinaladas por 26 enfermeiros. Já, as opções consideradas falsas causas da afasia são: hemiplegia, língua presa e infarto agudo do miocárdio, assinalada por 25 enfermeiros. Para o enfrentamento das dificuldades na comunicação dos profissionais os estudos avançam para a formação interprofissional e práticas colaborativas. Estas práticas corroboram e consolidam o trabalho em equipe e já durante a formação os acadêmicos compartilham o conhecimento de sua área específica para os outros profissionais. Destaca-se a importância de matriciamento destas equipes em relação aos sujeitos afásicos e a afasia, para que eles possam aprimorar a comunicação com este sujeito e para que tenham mais uma opção para fortalecer a rede de apoio do usuário.

12113 CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DOS CASOS DE HIV DO MUNICIPIO DE BELÉM ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE 2014-2018
Hennã Cardoso Lima, Everton Luis Freitas Wanzeler, Daniele Ferreira Bezerra, Priscila Figueiredo Viana, Maira Isabelle de Miranda Cardoso, Bianca Oliveira Sousa, Ivone Melo Sousa

CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DOS CASOS DE HIV DO MUNICIPIO DE BELÉM ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE 2014-2018

Autores: Hennã Cardoso Lima, Everton Luis Freitas Wanzeler, Daniele Ferreira Bezerra, Priscila Figueiredo Viana, Maira Isabelle de Miranda Cardoso, Bianca Oliveira Sousa, Ivone Melo Sousa

Apresentação: A Síndrome da Imunodeficiência adquirida (AIDS) é uma manifestação clínica avançada da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico do HIV no estado do Pará entre janeiro de 2014 a dezembro de 2018. Desenvolvimento: Estudo do tipo seccional, de natureza descritiva, os dados foram coletados do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos Notificáveis, do ministério da saúde os dados utilizados foram obtidos através do Sistema de Informações informação e Sistema de Informações Hospitalares do SUS: Resultado e discussão De janeiro de 2014 até dezembro de 2018, foram notificados no ao SINAN/SIM/ SISCEL/SICLOM 3.831 casos de infecção pelo HIV no município de Belém estado do Pará. Quanto ao sexo observou-se que o ano de 2016, 554 casos eram do sexo masculino e 263 sexos feminino apesar de ainda haver mais casos de AIDS entre os homens do que entre as mulheres, essa diferença tem diminuído ao longo dos anos, indicando o avanço do processo de feminização, no qual o número de mulheres infectadas aumenta rapidamente entre as heterossexuais casadas, com parceiro único e não usuárias de drogas, sendo a relação sexual a principal via de transmissão do HIV para essas mulheres. Considerações finais: Com base nos dados analisados, foi possível concluir que o perfil da população estudada mostra uma compatibilidade com as características relatadas pela literatura para indivíduos portadores de HIV/AIDS, divergindo apenas no fator escolaridade em que o município de Belém (PA) apresenta uma grande maioria de soropositivos com ensino médio completo em detrimento da população do ensino fundamental incompleto apresentada como a principal população acometida.

10218 TERMO DE REFERÊNCIA COMO AÇÃO NA AGENDA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
ALINE DE SOUZA RIBEIRO, CLAUDIA ROBERTA BOCCA SANTOS, FLAVIA MILAGRES CAMPOS

TERMO DE REFERÊNCIA COMO AÇÃO NA AGENDA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Autores: ALINE DE SOUZA RIBEIRO, CLAUDIA ROBERTA BOCCA SANTOS, FLAVIA MILAGRES CAMPOS

Apresentação: A agenda de segurança alimentar e nutricional no contexto contemporâneo traz inúmeros desafios, tais como fomentar sistemas sustentáveis de produção de alimentos; enfrentar o crescente aumento do sobrepeso/obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis em convivência com a desnutrição e carências nutricionais, preservar práticas alimentares de  comunidades e povos tradicionais e favorecer o acesso e disponibilidade de alimentos saudáveis para toda a população, entre outros. Considerando  o exposto, entende-se que o gestor público deve primar  pela saúde coletiva. Vale citar que uma das suas responsabilidades é planejar a  aquisição de gêneros e/ou materiais bem como a contratação de prestação de serviços. No âmbito da Administração Pública, a Lei n° 8.666 de 21/06/93 estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras e serviços dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Tal Lei define o Termo de Referência como um instrumento obrigatório para toda aquisição ou contratação, sendo  fundamental para o sucesso da aquisição de gêneros ou contratação do serviço, pois especifica questões técnicas, como normatizações, especificações e estimativas. No entanto, muitas vezes esse instrumento é visto apenas como uma exigência no âmbito público. Este trabalho tem como objetivo avaliar como o Termo de Referência pode contribuir, de forma efetiva, com a agenda de segurança alimentar e nutricional. Desenvolvimento: Este trabalho contou com a análise documental, a partir de 2006, na temática da segurança alimentar e nutricional. A partir desta etapa, foi elaborado um quadro analítico que apresente a interface entre os elementos da segurança alimentar e nutricional e um Termo de Referência. Com o objetivo de avaliar este quadro, a próxima etapa consiste na realização de oficina com especialistas, de caráter intersetorial, abrangendo profissionais com experiência em alimentação coletiva e segurança alimentar e nutricional e/ou elaboração de Termo de Referência. A proposta é que esse quadro subsidie a construção de um instrutivo para elaboração de um Termo de Referência que contribua para a agenda de segurança alimentar e nutricional. Resultado: O Termo de Referência além de ser um instrumento administrativo pode representar uma ação potencial na agenda de segurança alimentar e nutricional, ficando evidente a possibilidade de promover a alimentação adequada e saudável nas diferentes fases do curso da vida, primando o princípio da equidade. Além disso, observou-se a oportunidade de: favorecimento do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados; valorização da identidade e cultura alimentar;  condicionamento de um ambiente alimentar;  fomento a economia local;  priorização da  aquisição de alimentos provenientes da agricultura familiar; resguardo de recursos naturais;  agregação do conceito da sustentabilidade;  estratégia de educação alimentar e nutricional. Considerações finais: O Termo de Referência, embora seja um instrumento administrativo, tem o potencial de contribuir para enfrentamento de alguns desafios do contexto contemporâneo. Espera-se que este trabalho apresente como produto um instrutivo para favorecer a elaboração de Termo de Referência composto por itens da agenda de segurança alimentar e nutricional, permitindo otimizar a prática dos profissionais, da rede pública e privada.

10343 EXCESSO DE PESO EM ACADÊMICOS DE NUTRIÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Daiene Rosa Gomes, Gervana Rabêlo Alves, Danila Soares de Oliveira, Hudson Manoel Nogueira Campos, Mússio Pirajá Mattos, Danielle Cristina Guimarães da Silva, Marcos Pereira Santos

EXCESSO DE PESO EM ACADÊMICOS DE NUTRIÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS

Autores: Daiene Rosa Gomes, Gervana Rabêlo Alves, Danila Soares de Oliveira, Hudson Manoel Nogueira Campos, Mússio Pirajá Mattos, Danielle Cristina Guimarães da Silva, Marcos Pereira Santos

Apresentação: A vida acadêmica de um estudante universitário acarreta diversas alterações no seu estilo de vida, principalmente uma dedicação reduzida aos níveis de atividade física no qual proporciona o sedentarismo e uma atribuição de hábitos alimentares irregulares caracterizado pela alta ingestão de alimentos que são ricos em gordura e energia, este novo padrão de comportamento possui uma associação a diversas alterações no organismo, em destaque o desenvolvimento do sobrepeso e a obesidade (excesso de peso). Outros fatores como a idade do indivíduo, em destaque os mais velhos, ser do sexo masculino, ter a situação conjugal classificada como casado, bem como o nível socioeconômico ser de médio a alto e o maior tempo dentro da universidade foram relacionados ao aumento do desenvolvimento do excesso de peso. Vale ressaltar que dentre os indivíduos que possuem excesso de peso inclui-se indivíduos que são classificados com obesidade, esta em questão sendo considerada uma doença além de que atualmente é uma epidemia de caráter mundial que cresce ao longo dos anos e afeta principalmente os países são desenvolvidos ou que estão em desenvolvimento, seja em áreas rurais ou urbanas. No que se concerne o excesso de peso somente no contexto universitário, estas prevalências também se encontram com valores preocupantes tanto em âmbito internacional quanto em âmbito nacional. Segundo estudos, estes valores de uma forma geral podem chegar a expressivo valores próximos de 60% para sobrepeso e cerca de 10% para a obesidade. Diante disso, as alterações em que o estudante do ensino superior está exposto, podem acarretar problemas na sua saúde que podem perpetuar ao longo de sua vida. Portanto, para compreender as alterações que o excesso de peso proporciona aos estudantes e observar a frequência da mesma, este estudo teve como objetivo avaliara prevalência e os fatores associados ao sobrepeso e a obesidade em estudantes universitários do curso de nutrição de uma instituição pública no interior da Bahia. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de corte transversal, no qual foi considerado uma amostra mínima de 120 graduandos do curso da nutrição regularmente matriculados em uma instituição pública localizada no interior da Bahia. Para a realização da coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: um questionário online autoaplicável com perguntas referente a vida do estudante, balança, estadiômetro e uma ferramenta de análise de consumo alimentar de modo prospectivo, o recordatório 24 horas. Por conseguinte, foi feito a classificação do estado nutricional, sendo utilizado como critério o Índice de Massa Corporal (IMC). Dessa forma, investigou-se a relação entre a variável IMC e as variáveis sócioeconômicas e demográficas, acadêmicas e tempo de tela (redes sociais) no qual, as mesmas foram coletadas a partir de um questionário online autoaplicável. Além disso, também foi investigado a relação IMC e consumo alimentar, este por último sendo avaliado a partir da realização de 2 recordatórios 24 horas em dias distintos e não consecutivos, e com um período de tempo entre os dois pré-estabelecido. Em seguida, para a análise dos dados, realizou-se uma análise descritiva demonstrando a frequência absoluta e relativa eposteriormente foi quantificado a prevalência de excesso de peso entre os estudantes. Já as medidas de associação utilizadas para a análise dos dados foram a análise bivariada considerando odds ratio bruta (ORb) e p-valor de 0,05 como estaticamente significante. Ademais, também foi empregado a análise multivariada a partir dos resultados encontrados na análise bivariada seguindo o modelo de regressão logística linear, sendo incluídas aquelas variáveis nas quais obtiveram valores de p-valor 0,10 e logo após, calculou-se a odds ratio ajustada (ORa) e seu respectivo intervalo de confiança de 95%. Resultado: Obteve-se uma amostra de 121 graduandos do curso da nutrição, sendo que em sua grande maioria eram estudantes do sexo feminino, tinham faixa etária entre 21 e 23 anos, eram autodeclarados como pretos e que estavam há mais de 3 anos realizando o curso. Além do mais, estes estudantes em sua grande maioria não possuíam companheiro, não tinham filhos, não possuíam trabalho, eram classificados pela classe socioeconômica C e moravam com os pais ou outros familiares. A prevalência de excesso de peso geral foi de 20,7%, no qual 17,3% destes eram estudantes do sexo feminino e 54,5% do sexo masculino. Com relação as variáveis estado conjugal, estudantes que são beneficiados da Bolsa Permanência oferecida pela instituição, os valores encontrados sugere possíveis associações com o excesso de peso ao observar a análise bivariada (ORb: 3,005; p-valor: 0,038; ORb: 8,261; p-valor: 0,046). Já as variáveis sexo e ocupação foram associadas ao excesso de peso neste estudo ao observar a análise multivariada (ORa: 0,205; ORa: 25,403, respectivamente). No que se refere a análise do consumo alimentar evidenciou-se que indivíduos que tinham excesso de peso obteve médias de consumo maior de calorias, carboidrato, lipídeo, fibra, cálcio, ferro, sódio, sódio de adição gordura saturada, monossaturada, poliinsaturada, açúcar total e vitamina D quando comparado aos indivíduos que não possuem excesso de peso, enquanto que proteína, colesterol e açúcar de adição foram encontrados médias maiores em indivíduos que não possuíam o excesso de peso. Considerações finais: Portanto, pode-se concluir que a prevalência de excesso de peso entre os estudantes universitários neste estudo obteve valores a serem considerados, em destaque estudantes que eram do sexo masculino, visto que estes apresentaram uma maior prevalência. Além disso, também foi possível observar associação de comportamentos que podem levar a problemas de saúde relacionados ao excesso de peso. Tal fato representa uma advertência, em que se necessita de mais atenção e preocupação pela temática, sobretudo por se tratar de indivíduos ainda jovens. É importante enfatizar que o excesso de peso está veemente associado ao sexo e ao trabalho principalmente o público masculino, aqueles que possuem um trabalho e quem possui hábitos alimentares inadequados possui maiores chances de se obter tal desfecho. Por fim, conhecer a magnitude dos problemas que alteram a qualidade de vida dos estudantes é de extrema importância, visto que a obesidade é um problema de saúde pública e afeta diretamente no desempenho do indivíduo enquanto estudante. A partir destes achados, é recomendado que as instituições de ensino superior pudessem realizar intervenções específicas voltadas a este assunto, visto que o estudante faz parte dos processos de avanço do conhecimento na universidade.

11067 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA UTILIZADOS PELA ENFERMAGEM
Rosana Amora Ascari, Ana Paula Bee

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA UTILIZADOS PELA ENFERMAGEM

Autores: Rosana Amora Ascari, Ana Paula Bee

Apresentação: No ano de 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou dados preocupantes referentes ao alto número de cirurgias realizadas anualmente no mundo. E, apesar dos avanços que a medicina alcançou não houve diminuição das complicações pós-cirúrgicas. Sabe-se que o Centro Cirúrgico (CC) é o local onde ocorrem procedimentos de alta complexidade, exigindo profissionais de várias áreas para suprir a necessidade de um atendimento de qualidade. Apesar de ser um local de circulação restrita, sem contato com o meio externo, é um local com altos índices de eventos adversos. A dor no pós-operatório é uma das complicações mais comuns decorrentes do processo cirúrgico. Ela deve ser tratada prontamente, uma vez que pode ser responsável por desconforto, agitação, alterações hemodinâmicas e prolongamento da hospitalização, além de chegar a níveis intoleráveis e interferir no processo de cura. A conduta da equipe de enfermagem é essencial para a amenização da dor do paciente no pós-operatório com objetivo de minimizar ou prevenir o desconforto causado por essa complicação. A dor é uma experiência muito frequente no pós-operatório imediato, podendo estar relacionada a sofrimento e exposição dos pacientes a riscos desnecessários. No entanto, as formas de mensuração da dor são as principais ferramentas que auxiliam na diminuição desses riscos. Através de uma mensuração adequada é esperada uma recuperação rápida e de qualidade. Objetivo: Identificar os instrumentos utilizados pela enfermagem para mensuração da dor no pós-operatório imediato. Método: Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura nacional e internacional entre os anos de 2013 a 2018, nas bases de dados PubMed Central® (PMC), SCOPUS, Internet of Science e BVS (Bireme). A busca nas bases de dados primária foi realizada pela associação dos descritores em português “Medição da dor” AND “Sala de recuperação”, e em inglês “Pain measurement” AND “Recovery room” em dezembro de 2018 após a validação do protocolo de Revisão integrativa por dois pesquisadores especializados na temática. Resultado: Os textos identificados foram importados para o Programa Academical, através do qual foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão, resultando na pré-seleção de 225 manuscritos. Os artigos inclusos nesta revisão foram assim distribuídos: BVS (n=8); PubMed (n=2); SCOPUS (n=1), totalizando onze publicações. Os trabalhos foram publicados em 10 periódicos, sendo que o British Journal of Anaesthesia se destacou com dois artigos (18,18%). A Alemanha é o país com maior número de publicações (n=4, 36,36%). Os resultados revelam a utilização de 13 instrumentos para a mensuração da dor no pós-operatório imediato na sala de recuperação pós-anestésica, são eles: Pacient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), Pain Catastrophizing Scale (PCS), State-Trait Operation Anxiety (STOA), Resilience Scale (RS-13), Quality Improvement in Postoperative Pain Treatment (QUIPS), Quality Improvement in Postoperative Pain Treatment in Children (QUIPSInfant), Faces Pain Scale (FPS), Faces, Legs, Activity, Cry and Consolability-scale (FLACC), Analgesia Nociception Index (ANI), Escala Visual Analógica (EVA) ou Visual Analogue Scale (VAS), Parents’ Postoperative Pain Measure (PPPM), Escala de Avaliação Numérica (EAN) ou Numeric Rating Scale (NRS) e a Pupillary Light Reflex Amplitude (PLRA). Nesse sentido, a mais utilizada é a Escala de Avaliação Numérica (n=7). Os instrumentos PHQ-9, PCS, STOA e RS-13 foram utilizados somente em um estudo, enquanto o instrumento QUIPS, que utiliza a escala NRS/EAN para a avaliação da dor, foi utilizada em quatro estudos. Já o QUIPSInfant, que é um instrumento adaptado para a versão infantil, foi utilizado em dois estudos. É importante salientar que o QUIPSInfant utiliza para mensuração da dor a escala FPS pois é um instrumento melhor aceito para a avaliação em crianças. Ainda, a escala NRS também foi utilizada isoladamente. A escala FLACC foi citada e utilizada em dois estudos e outros estudos utilizaram a escala ANI. A escala NRS ou EAN foi a escala mais utilizada. Um dos instrumentos utilizados nos estudos analisados foi o questionário de Quality Improvement in Postoperative Pain Treatment (QUIPS), onde aplicou-se a escala de avaliação numérica (NRS) para avaliar a dor do paciente durante o movimento, a dor máxima e a dor em repouso. O questionário QUIPS possui a versão para crianças: Quality Improvement in Postoperative Pain Treatment in Children (QUIPSInfant). O que difere do QUIPS é que para avaliar os parâmetros de dor durante o movimento, dor máxima e dor em repouso, o QUIPSInfant utiliza concomitante a escalas de faces - Faces Pain Scale (FPS). Os dois questionários, QUIPS e QUIPSInfant, possuem uma segunda parte, que é preenchida pelo pesquisador com dados demográficos e clínicos relevantes para as pesquisas, como idade, sexo, tipo de cirurgia, anestesia e como foi feito o controle da dor. O QUIPS pode ajudar a identificar cuidados inadequados ou coletivos de pacientes de alto risco para os quais os hospitais devem reconsiderar ou melhorar os métodos de tratamento estabelecidos. Neste contexto, o questionário é notadamente adequado como um complemento às iniciativas de melhorias da qualidade de atendimento, gerando um feedback do que precisa ser melhorado e modificado de imediato. A escala FLACC teve resultados confiáveis para a avaliação da dor em crianças de 5 a 16 anos. Na pesquisa de validação de diversas escalas, a escala FLACC atendeu todos os parâmetros psicométricos de validade, fidedignidade, sensibilidade, especificidade e a aplicabilidade clínica, apresentando grandes vantagens para a mensuração da dor em crianças na fase pré-escolar. Além disso, essa escala foi a única que teve propriedades suficientes para a investigação da presença da dor em crianças com desenvolvimento pré-verbal. A escala Parents’ Postoperative Pain Measure (PPPM) é uma escala validada para a fase pós-operatória, que pode ser aplicada pelos pais para a avaliação da dor em crianças após a alta hospitalar, o que contribui para que múltiplos cuidadores possam participar da avaliação da dor e adequar o tratamento à criança.  Considerações finais: Através da análise dos estudos que compuseram essa revisão, todos na língua inglesa, foi encontrado 13 escalas diferentes, sendo elas: PHQ-9, PCS, STOA, RS-13, QUIPS, QUIPSInfant, FLACC, ANI, VAS/EVA, PPPM, PLRA, FPS, e NRS. Com os resultados, observou-se que a NRS foi a mais utilizada, sendo essa empregada em adultos, de mais fácil aplicação por enfermeiros para a mensuração da dor, e de fácil entendimento pelo paciente. As escalas encontradas são para aplicação em crianças e adultos, não sendo encontrada nos estudos selecionados uma escala especifica para a terceira idade. Vale ressaltar que a mensuração correta da dor no pós-operatório, independente do instrumento de medida utilizado, juntamente com intervenção precoce, qualifica a assistência e pode corroborar significativamente com a antecipação da alta hospitalar com menor exposição do paciente à riscos e agravos que comprometem o reestabelecimento de sua saúde. Neste sentido, o trabalho aponta a necessidade de novas pesquisas, sobretudo com foco nas intervenções de enfermagem e na utilização de escalas para o manejo da dor no pós-operatório imediato. Recomenda-se que em cada instituição, os profissionais assistenciais possam avaliar qual instrumento de mensuração de dor é mais apropriada ao público em questão, atentando para o cuidado de qualidade embasado nas melhores práticas, centrado na continuidade do cuidado com menor custo aos serviços de saúde.