444: A multidimensionalidade do cuidado em saúde
Debatedor: Paulo Eduardo Xavier de Mendonçã
Data: 29/10/2020    Local: Sala 10 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
11864 “QUEM MANDA EM NÓS É A ÁGUA”: O TERRITÓRIO LÍQUIDO NA COMUNIDADE FLUTUANTE DO CATALÃO, IRANDUBA, AM
Cleudecir Siqueira Portela, Ana Paula de Carvalho Portela, Júlio César Schweickardt

“QUEM MANDA EM NÓS É A ÁGUA”: O TERRITÓRIO LÍQUIDO NA COMUNIDADE FLUTUANTE DO CATALÃO, IRANDUBA, AM

Autores: Cleudecir Siqueira Portela, Ana Paula de Carvalho Portela, Júlio César Schweickardt

Apresentação: A categoria analítica de políticas públicas chamada ‘território líquido’ é a concepção do líquido enquanto um lugar que vai para além do físico, onde o território que pertence ao mundo das águas transita nas cheias e nas secas dos rios, interferindo no acesso aos serviços de saúde e nos modos de vida. O navegador dos diferentes cenários amazônicos se adapta aos trajetos dos rios e conta com o regime das águas para traçar os diferentes caminhos na produção do cuidado de si mesmo e de seus familiares, e de suas relações com o território e a comunidade. Com tamanho dinamismo se exige dos serviços uma capacidade ampliada de adaptação, com modo de ser igualmente capaz de suprir as necessidades específicas de cada local de vida. No cenário de território líquido o rio não é um divisor delimitador do espaço, como é considerado pela geografia física, mas o responsável pelas ligações e conexões existentes entre as pessoas, serviços e instituições. A comunidade flutuante do Catalão é um exemplo bastante apropriado de território líquido. Os modos de organizar a vida das pessoas está diretamente relacionado com os ciclos das águas. Há muito envolvido no processo de enchente e vazante dos rios que afeta diretamente a rotina dos moradores. A Comunidade de Catalão é composta por 100 casas flutuantes que ficam na margem direita do rio Negro, no lago do Catalão. Método: Comparecemos à comunidade para conhecer a realidade local tanto na seca quanto na cheia, e visualizamos as mudanças que ocorrem no território com o ciclo das águas e como estas afetam o dia a dia dos comunitários. Fizemos o mapeamento das casas com o auxílio do GPS e construímos um mapa dos territórios em ambos os períodos. Em 2016 o Rio Negro começou a secar no início do mês de julho, quando estava com 27,17m de altura. A descida do rio iniciou lentamente, cerca de 1 a 3cm/dia, mas aumentou consideravelmente no mês de setembro, chegando a secar 22cm/dia, e novamente voltando a diminuir vagarosamente até chegar ao ápice da seca por volta do mês de dezembro, com o rio medindo 17,20m, uma redução de cerca de 10 metros de altura. Desenvolvimento: Podemos imaginar o que significa ter uma variação de 10 metros na organização da vida e as mudanças que as pessoas necessitam implementar para viver nesse território. A enchente do rio é o fenômeno que marca o fim da seca, e, no caso do Rio Negro, recomeçou a partir do dia 17 de dezembro de 2016, subindo até 26cm/dia no mês de janeiro. Nos meses seguintes o rio continuou subindo, chegando ao auge de 29m no dia 03 de junho, cerca de 2m a mais que no ano anterior. No período da seca, os flutuantes tendem a ficar muito próximos para manterem-se na estreita faixa de rio que permanece neste momento. Outros precisam ficar à beira do Rio Negro ou em pontos isolados, no qual só é possível chegar por terra. Algumas casas estavam em locais de difícil acesso, não sendo possível chegar até lá para pontuar com o GPS. A cheia do rio, por sua vez, traz uma nova conformação ao território, visto que, com a subida das águas, os moradores ganham mais espaço para acomodar as residências, como parecer mais conveniente. As terras vão desaparecendo gradualmente até que ficam somente as copas das árvores mais altas, onde as residências permanecem amarradas. Realizar o mapeamento tornou possível perceber o deslocamento dos flutuantes e o percurso que fazem seguindo o curso das águas. Algumas casas permanecem no lago onde concentram-se o maior número de flutuantes da comunidade, de forma que o deslocamento varia de 15 a 30 metros, em linha reta, entre os períodos de seca e cheia. Outros flutuantes precisam afastar-se e ficar em lagos em pontos isolados, movendo-se de 50 a 80 metros. Ainda outros ficam na margem do Rio Negro, e neste caso percorrem cerca de 300 metros, em linha reta. Isso mostra que diariamente o fenômeno de cheia e seca dos rios está presente na vida destes comunitários. A maior dificuldade no período da seca se refere à acomodação das casas-flutuante no território. Com o estreitamento da faixa de rio e o aparecimento do solo seco, é necessário que as casas fiquem juntas umas das outras, sendo possível até mesmo andar livremente entre elas. Com a redução do espaço por conta da seca dos rios, alguns flutuantes precisam ser levados para lugares em que possam permanecer na água. Neste caso ocorrem duas situações. Primeiro, algumas casas ficam em pontos isolados, permanecendo em pequenos lagos onde só é possível chegar a pé ou em pequenas canoas. Isto traz diversas dificuldades, como por exemplo, a necessidade de sair ou entrar na comunidade para realizar suas atividades cotidianas. O período da seca foi descrito pelos moradores como o que mais traz dificuldades. Estas estão relacionadas à acomodação dos flutuantes, deslocamento para realizar suas atividades diárias como trabalhar e estudar, uso de água para suprir suas necessidades e o aumento da temperatura local. Por outro lado, a seca permite aos comunitários trabalhar na agricultura, facilita, de certa forma, a pesca e oportuniza usarem a terra para o lazer, como o futebol. A cheia dos rios, por sua vez, também tem seus benefícios e outros desafios. O período da cheia tornou possível chegarmos facilmente a todas as casas para o mapeamento, e a diferença da seca foi bem evidente. Assim como na vazante as casas descem junto com o rio, na enchente os residentes do Catalão retomam o curso inverso, subindo seus flutuantes à medida que o rio avança. Percebemos agrupamentos de flutuantes afastados uns dos outros, e descobrimos que estes agrupamentos são de parentes mais próximos. Considerações finais: A enchente do rio torna mais fácil aos moradores lidarem com algumas situações do dia a dia na comunidade. O “território” se amplia e as casas podem se posicionar confortavelmente no espaço. As atividades laborais também se modificam. Muitos que trabalham na agricultura na seca desenvolvem outras atividades por conta da enchente, como a pesca e outros. Embora a cheia represente um período vantajoso em muitos aspectos, as casas-flutuantes ficam mais expostas aos eventos climáticos e aos banzeiros, que são ondulações no rio produzidas por ventania ou por embarcações grandes e pesadas que passam nas proximidades. O estilo de vida dos moradores do Catalão pode ser considerado único, tendo em vista os percursos impostos pelas águas. Os conhecimentos e habilidades desenvolvidos são passados de pai para filhos, tornando “natural” seu cotidiano junto ao rio. Alguns podem questionar a opção de viver nestes lugares peculiares. Entretanto, o que determina o lugar em que se vive não são questões pragmáticas ou critérios definidos pela vigilância ambiental ou defesa civil. Escolher habitar este território envolve questões familiares, religiosas ou tradição. Muitos estão satisfeitos de permanecer nestes lugares que lhes foi repassado foram repassados por seus pais ou avós. Esse território é diferente e precisa de estratégias diferentes de lidar para gerar políticas públicas de saúde, não é o território que tem de se adequar à política, mas a política que tem de atender as pessoas.

12136 PLANO ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE EM PERNAMBUCO: DOS NÓS AOS LAÇOS
Ana Maria de Araujo Loiola, Isabela Lucena Heráclio, Isabella Martins Barbosa da Silva Paes, Juliana Martins Barbosa da Silva Costa, Marcela da Mata Atroch, Marcela Maria Nassar de Vasconcelos, Sandra Luzia Barbosa de Souza, Thássia Christina Azevedo da Silva

PLANO ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE EM PERNAMBUCO: DOS NÓS AOS LAÇOS

Autores: Ana Maria de Araujo Loiola, Isabela Lucena Heráclio, Isabella Martins Barbosa da Silva Paes, Juliana Martins Barbosa da Silva Costa, Marcela da Mata Atroch, Marcela Maria Nassar de Vasconcelos, Sandra Luzia Barbosa de Souza, Thássia Christina Azevedo da Silva

Apresentação: O histórico do conceito da Promoção da Saúde (PS) revela uma tendência à adoção de uma visão holística da saúde, do conceito de determinação social do processo saúde-adoecimento e da equidade social como objetivos a serem alcançados. A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), fundamenta-se nas Cartas das Conferências Internacionais de Promoção da Saúde, e traz em seu escopo princípios que direcionam para o alcance destes objetivos. No Estado de Pernambuco, localizado na região nordeste do país, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), por meio da coordenação de Vigilância de Doenças Crônicas não transmissíveis e Promoção da Saúde investe na qualificação das ações de promoção da saúde com atividades em educação permanente, disseminação da informação e monitoramento. No entanto, diante da necessidade em ampliar as discussões neste campo para as demais áreas técnicas que compõe a SES, no sentido de qualificar as ações desenvolvidas na perspectiva ampliada da promoção da saúde e, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) iniciou-se um movimento de elaboração de um Plano Estadual de Promoção da Saúde (PEPS), o qual objetiva desenhar, de forma participativa e intrassetorial, um plano compatível com as necessidades e potencialidades do estado. Este trabalhado objetiva relatar a experiência na construção do Plano Estadual de Promoção da Saúde, em Pernambuco, sob a ótica de uma residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva. O relato dessa experiência acontece na perspectiva da integração ao serviço e das trocas e contribuições entre o aprendizado da atuação na gestão da saúde pública e assimilação das reflexões e desafios emergentes da experiência do estágio de residência pelos diversos atores do serviço. Desenvolvimento: As reuniões de planejamento da elaboração do Plano iniciaram-se no primeiro trimestre de 2019, das quais participaram as técnicas da coordenação de vigilância de doenças crônicas não transmissíveis e promoção da saúde, uma residente de saúde coletiva com estágio nesta coordenação e pesquisadoras do Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social (NUSP/UFPE) e a Superintendência do Ministério da Saúde em Pernambuco (SEMS). Com a finalidade de construir o PEPS de forma participativa, foi sistematizada uma Oficina Pernambucana de Promoção da Saúde prevista, inicialmente, em duas etapas: a primeira, em setembro de 2019, que teve como objetivo resgatar conceitos teóricos e estimular as demais áreas técnicas convidadas a identificarem ações de promoção da saúde já desenvolvidas (ou andamento) em sua atuação. Para isso, foi enviada uma atividade preparatória por meio eletrônico, realizadas micro-oficinas temáticas abordando o histórico da promoção da saúde, os princípios da PNPS e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, além de atividade em grupo para elaboração e revisão dos planos de ações trazidos pelas áreas técnicas, a fim de subsidiar a estrutura do PEPS; já a segunda etapa aconteceu em fevereiro de 2020, com o propósito de aprofundar os planos de ações, a partir da identificação dos princípios da PNPS e dos ODS contemplados em cada ação, assim como planejar as atividades e reconhecer possíveis parceiros para estruturar o PEPS. Foram convidados os gestores e os técnicos da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) de todas as regiões de saúde do estado. Participaram das duas etapas da oficina as seguintes áreas/setores: regionais de saúde (vigilância e atenção à saúde); Secretaria Executiva de Atenção à Saúde (Superintendência de Atenção Primária - Programa Saúde na Escola; Práticas Integrativas e Complementares - e Saúde Prisional, Diretoria de Políticas Estratégicas - saúde do homem e da pessoa idosa, saúde da população LGBT, saúde da população negra, atenção à saúde bucal, segurança alimentar e nutricional, saúde da criança e do adolescente, saúde da mulher, saúde da pessoa com deficiência, saúde mental - e Programa Mãe Coruja); Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde - vigilância de saúde ambiental e do trabalhador, vigilância de eventos vitais, vigilância de óbito, vigilância de infecções sexualmente transmissíveis e AIDS, vigilância das arboviroses e zoonozes, vigilância de doenças de veiculação hídrica e alimentar, Superintendência de Vigilância das Doenças Negligenciadas, vigilância de desastres ambientais, vigilância de acidentes e violência; Secretaria Executiva de Regulação em Saúde, e parceiros (Comitê de Equidade, Operação Lei Seca, Escola de Saúde Pública, Comitê Estadual de Prevenção a Acidentes de Moto). Além dos trabalhadores, também foi inserida nessa construção a estudante do programa de residência multiprofissional em saúde coletiva, durante o estágio na Coordenação de Vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Promoção da Saúde, setor responsável pela idealização e sistematização da construção do Plano. Resultado: Durante a primeira etapa da Oficina Pernambucana de Promoção da Saúde, os grupos discutiram suas ações a partir das atividades realizadas nas micro-oficinas e as reescreveram na perspectiva da promoção da saúde. As ações foram apresentadas e discutidas para o grande grupo. De setembro de 2019 a janeiro de 2020, foram sistematizados todos os planos de ações e agrupados nos seguintes eixos: formação e educação Permanente, cuidados em Saúde, Vigilância e Informação e Articulação e advocacy em Promoção da Saúde. Os planos foram revisados pelas áreas técnicas e reenviados para serem trabalhados na etapa seguinte. Na segunda etapa, em fevereiro de 2020, os conceitos trabalhados na etapa anterior foram revisados por meio de vídeos construídos por um estudante do Programa de Residência em Saúde Mental durante seu estágio na Vigilância de Doenças Crônicas não transmissíveis e Promoção da Saúde. Os participantes da oficina foram organizados em grupos e discutiram os princípios da PNPS e os ODS relacionados às ações, assim como identificaram possíveis parceiros intra e intersetoriais. Ao final da Oficina, foram propostas 33 ações. Os próximos passos serão a discussão com cada área/setor para a revisão das ações e elaboração do monitoramento. O lançamento do Plano está previsto para o terceiro trimestre de 2020, já o início das ações no primeiro trimestre de 2021 com monitoramento semestral. Considerações finais: A construção do PEPS representa um marco na promoção da saúde no Estado de Pernambuco, possibilitando a capacitação de ações já desenvolvidas no estado por meio da adoção do entendimento da promoção da saúde em uma construção coletiva entre as diversas áreas. A inserção do residente de saúde coletiva no cenário da elaboração do Plano constitui uma oportunidade de construção mútua e valorização da Residência como um espaço de aprendizado em serviço. Em um cenário de transição epidemiológica inconclusa, desmonte de políticas públicas e descrédito na saúde pública, há a necessidade de uma formação de sanitaristas com o entendimento da Promoção da Saúde como estratégia para romper as situações persistentes que interferem da determinação social do processo saúde-adoecimento. Portanto, a experiência de estágio nesta área, na oportunidade de construção do Plano foi determinante para a construção de saberes necessários a uma sanitarista (trans)formada pelo e para o Sistema Único de Saúde.

12194 CONSTRUÇÃO DE QR CODE E SITE RELACIONADOS À PREVENÇÃO DE INFECÇÕES HOSPITALARES
Rebeca de Araujo Duarte, Danielle Galdino de Paula, Gabriel Carvalho e Silva Gabriel de Paiva, Juliana Lourenço de Lima, Ana Beatriz Maciel Pereira, José Cardoso Jordão Neto, Yan Barros Rigo

CONSTRUÇÃO DE QR CODE E SITE RELACIONADOS À PREVENÇÃO DE INFECÇÕES HOSPITALARES

Autores: Rebeca de Araujo Duarte, Danielle Galdino de Paula, Gabriel Carvalho e Silva Gabriel de Paiva, Juliana Lourenço de Lima, Ana Beatriz Maciel Pereira, José Cardoso Jordão Neto, Yan Barros Rigo

Apresentação: O método mais barato e eficaz para a prevenção e o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) é a higiene das mãos. A atenção aos cuidados de precaução sinalizados pela equipe de saúde também deve ser observada para se evitar a transmissão de doenças e agentes no ambiente hospitalar. Como paciente, além de higienizar as mãos, deve-se estabelecer uma boa comunicação com a equipe de saúde para entender com clareza os cuidados direcionados e contribuir ativamente com a recuperação e prevenção de riscos. Neste sentido, as orientações devem ser socializadas também por meios alternativos, já que podem acontecer dificuldades na efetividade da comunicação entre profissionais e pacientes. Para que os procedimentos básicos sejam realizados é necessário investir em medidas de conscientização e educação dos profissionais, pacientes e familiares com o objetivo de prevenir ou atenuar as complicações, assim como manter uma educação continuada sobre as rotinas de internação e medidas de precaução. Portanto, observou-se a necessidade de meio alternativos como a internet, a fim de tornar esta educação mais eficaz, efetiva e acessível, que se viabilizou como um dos mais importantes veículos de transmissão de informações. O emprego de smartphones e computadores encontra-se disseminado em todas as áreas da atividade humana, e a área da saúde vem se destacando pela intensa utilização das tecnologias computacionais, sobretudo no âmbito educacional. Com eles, o universo da aprendizagem torna-se amplo, à medida que cada vez mais e mais pessoas utilizam a internet para a educação, em razão da facilidade de acesso nas escolas, no trabalho e em locais públicos, tornando-os cada vez mais acessíveis a todas as classes sociais. A internet é um importante recurso de informação em saúde para os consumidores; muitos e muitos pacientes utilizam-se da internet para aprender sobre diagnósticos, revisão de possíveis tratamentos, checar os medicamentos e encontrar outros tipos de informações de saúde tanto para eles mesmos como para seus familiares. O ensino pela internet não veio acabar com a presença de um educador e sim, trabalhar em paralelo com ele, quebrando assim a resistência das pessoas a este tipo de aplicação, e criando uma cultura de uso deste tipo de ferramenta que tem como vantagens a flexibilidade em termos de horário, o desenvolvimento de habilidades críticas no mundo globalizado, autonomia e aprendizagem solo em termos de estudo, pesquisa e coleta de informações. Diante dos aspectos apresentados, a proposta deste trabalho foi descrever o processo de criação de um web site educacional tendo como meio de divulgação o QR Code, para a equipe multidisciplinar, pacientes e acompanhantes que disponibilize informações sobre medidas de prevenção e controle de IRAS a fim de prestar assistência e enfatizar a quinta meta internacional de segurança do paciente. O QR Code armazena informações pré-estabelecidas como textos, páginas da internet e pode ser lido por meio de aplicativos instalados em celulares. Uma das vantagens é a praticidade de direcionamento para blocos de informações. A partir disso, objetivou-se Desenvolver uma plataforma digital para maior acessibilidade pelos profissionais de saúde acerca das IRAS e enfatizar a quinta meta internacional de segurança do paciente. Desenvolvimento: Este trabalho constituiu-se no levantamento inserido na Área de Concentração de Saúde do Adulto e Idoso e no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). Inicialmente foi realizado um diagnóstico situacional no período de outubro a novembro de 2018, o que oportunizou a construção de um internetsite com divulgação via QR CODE. Teve por referencial teórico o modelo de desenvolvimento de internetsites com fases de coleta de dados, modelagem conceitual, de desenvolvimento, de implementação e de divulgação. A primeira fase foi a de coleta de dados. Nessa etapa, buscou-se selecionar os diagnósticos prioritários atribuídos ao setores e que serviriam de base para os assuntos abordados na página da internet. A segunda fase foi a de modelagem conceitual. Antes da construção das páginas da internet, fez-se a seleção dos conteúdos que determinariam a informação a ser disponibilizada no internetsite. As fontes primárias de informação constituíram-se de livros-texto, artigos de periódicos e informações publicadas na internet, desde que oriundas de fontes confiáveis. O portal da Anvisa e PROQUALIS serviram como modelos para a organização do conteúdo e veracidade da informação. A terceira fase foi a de desenvolvimento. Texto, imagens e animações que fizeram parte do conteúdo, foram previamente preparadas com o uso de editor de texto, digitalizador e editor de imagens. Para a construção das páginas, foi utilizada uma plataforma online de criação e edição de sites que permite aos usuários criar páginas da internet em HTML5 e sites Mobile, evitando-se maior gasto de tempo com a escrita integral por códigos na linguagem HTML. Através dessa plataforma é possível monitorar tanto o alcance da página como a quantidade de acessos. A quarta fase foi a de implementação. Nessa fase, o conteúdo do internet site foi hospedado em um servidor comercial. Essa opção foi escolhida devido a flexibilidade para atualização do material. A quinta fase foi a de divulgação. No intuito de gerar uma ferramenta de baixo custo, fácil acesso ao internetsite e linguagem simples, fez-se o uso de QR Code impresso em folha de papel A4 com o objetivo de ser posicionado em ambientes de grande movimentação. Para auxiliar na criação do código, foi utilizado um Software de desenvolvimento visual onde também se pode acompanhar as estatísticas da verificação. Resultado: Para completar o processo de implementação e divulgação, o Site foi cadastrado nas principais bases de dados das ferramentas de busca nacionais liberando a sua utilização no processo de educação permanente em saúde. O site dispõe de área de contato para responder dúvidas visto que durante a coleta de dados houveram dúvidas, pela equipe de saúde, sobre procedimentos e rotinas hospitalares, principalmente sobre a conduta de higienização das mãos. O ensino pela internet não veio acabar com a orientação da enfermaria e sim, trabalhar em paralelo com ela. Entretanto, das dificuldades evidenciou-se a sobrecarga de trabalho da equipe em dispor de tempo sobre informações inerentes a protocolos, deixando espaço para o risco iminente de infecção no ambiente intra-hospitalar. Logo, caracterizou-se como desafio levar de forma acessível no site a maior quantidade possível desse tipo de informação. Considerações finais: Enfatizar a importância da quinta meta contribuiu para esclarecer uma medida simples de prevenção e controle que consequentemente reduz graves complicações, custos de internação e número de óbitos durante hospitalização. Através da atuação da equipe como multiplicadores de informações acerca das IRAS e a implementação do internetsite como alternativa flexível de horários e ilimitada de recursos, pode-se estabelecer como ferramenta eficaz. Por fim, a proposta com conteúdos indicados no Protocolo de Segurança do Paciente poderão ser adotados pelos Núcleos de Segurança do Paciente dos serviços de saúde como parte dos programas de segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde, uma vez que, permitirá o acesso a diferentes informações e possui baixo custo o que viabiliza sua utilização em serviços públicos e/ou privados.

8325 MUDANÇAS NA FORMAÇÃO E NAS PRÁTICAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DO TABAGISMO: PRODUTOS DO MESTRADO PROFISSIONAL
Vilma Vieira Silva, Ana Clementina Vieira Almeida, Lucia Cardoso Mourão, Juliana Gregório, Lucille Annie Carstens, Fabiola Braz Penna

MUDANÇAS NA FORMAÇÃO E NAS PRÁTICAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DO TABAGISMO: PRODUTOS DO MESTRADO PROFISSIONAL

Autores: Vilma Vieira Silva, Ana Clementina Vieira Almeida, Lucia Cardoso Mourão, Juliana Gregório, Lucille Annie Carstens, Fabiola Braz Penna

Apresentação: As ações de promoção à saúde dependem da reorientação dos serviços de saúde na busca da atenção integral às pessoas em suas necessidades, visando alcançar a qualidade de vida em seu sentido mais amplo através da luta contra as desigualdades e reafirmação da construção de cidadania. Entre as ações realizadas no âmbito da atenção primária em saúde, um dos agravos que trazem desafios às equipes de saúde é mudança do hábito de fumar. O tabagismo é um problema de saúde pública ao responder por cerca de 5 milhões de mortes por ano em todo o mundo. No caso do controle do tabagismo, o interesse se volta às práticas de promoção e prevenção da doença. O relato a seguir, parte dos resultados obtidos na dissertação de mestrado profissional em ensino na saúde da Universidade Federal Fluminense que trazia como problema o pouco envolvimento de profissionais de saúde e de alunos em formação no controle do tabagismo. Objetivo: Apresentar e trazer para reflexões a questão do tabagismo e as ações de promoção e prevenção a ele relacionadas, a partir de duas estratégias elaboradas com vistas a favorecer a formação e as práticas dos profissionais de saúde na Estratégia Saúde da Família (ESF). Método: pesquisa intervenção com abordagem qualitativa utilizando como referencial teórico metodológico a Análise Institucional em sua modalidade Socioclínica Institucional, colocando em debates coletivos o problema do tabagismo. Foram realizados dois encontros de intervenção com 17 profissionais de saúde de uma unidade da ESF, localizada no município de Niterói/ Rio de Janeiro, no primeiro semestre de 2019. Resultado: durante os debates foram evidenciados que crianças e adolescentes eram o grupo mais vulnerável a iniciação ao tabaco e que esta temática era pouco abordada na formação. A partir destes achados os participantes do estudo no segundo encontro, pensaram em um formulário que permitisse identificar os fumantes, quantos desses desejavam parar de fumar e se tinham crianças e ou adolescentes nas famílias. O formulário, foi testado e implantado na unidade, sendo aplicado nas consultas médica e de enfermagem, na sala de procedimentos e na sala de espera da unidade tendo como proposta ser aplicado a todos os usuários que procurassem a unidade. O formulário também vem sendo utilizado em diferentes eventos da unidade. A segunda estratégia, pensada durante os encontros pela docente de farmácia cujos alunos participavam dos grupos de tabagismo, foi elaborar e aplicar um curso de capacitação sobre tabagismo aos Agentes Comunitários de Saúde. A proposta do curso é que o mesmo tenha continuidade com outros grupos de alunos. Considerações finais: destaca-se que o processo de intervenção nos moldes da Socioclínica Institucional contribuiu para que os participantes pensassem em estratégias abrindo espaço para mudanças em suas práticas o que constituiu-se em potencialidades dos produtos. Como fragilidade, destacamos a necessidade do envolvimento de todos os profissionais da unidade na aplicação dos produtos, fato que vem sendo motivo de novos debates nos moldes da Socioclínica Institucional naquele cenário, buscando a corresponsabilidade dos serviços e do ensino na promoção e prevenção ao tabagismo.

8337 AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA SEMANA DA ALIMENTAÇÃO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO ENSINO BÁSICO: EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SILVANÓPOLIS, TOCANTINS.
Maryana Zanon Silva, Naiara Mesquita Almeida, Milena Alves de Carvalho Costa

AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA SEMANA DA ALIMENTAÇÃO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO ENSINO BÁSICO: EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SILVANÓPOLIS, TOCANTINS.

Autores: Maryana Zanon Silva, Naiara Mesquita Almeida, Milena Alves de Carvalho Costa

Apresentação: A escola é um ambiente privilegiado para a promoção da saúde na perspectiva da alimentação saudável, sendo um bom espaço para idealizar estratégia para realização de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), buscando envolver temáticas transversais no ensino. No ano de 2019, a Secretaria Municipal de Saúde de Silvanópolis - TO, propôs a  semana da alimentação para as Escolas Municipais de Ensino Básico, idealizada a partir do dia mundial da alimentação, celebrada no dia 16 de outubro e instituída pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A semana foi sugerida às escolas com temas pré-estabelecidos a partir de visitas técnicas e contato com comunidade escolar pela nutricionista do PNAE, para que as mesmas realizassem o trabalhos com os escolares de forma lúdica e exploratória. Temas e público-alvo: Descobrindo os alimentos por meio dos sentidos - público infantil; De onde vêm os alimentos? - público infantil; A influência da propaganda de alimento sobre a escolha alimentar - público infantil, adolescente e adultos; O que os rótulos de alimentos estão nos dizendo? - público adolescente e adulto. O objetivo da ação foi estimular a adesão voluntária de práticas e escolhas alimentares saudáveis, colaborando para o desenvolvimento e boa aprendizagem do escolar e também dos professores e pais de alunos. Além disso, garantir que as normativas do PNAE referente a segurança alimentar e nutricional (SAN) sejam executadas no âmbito escolar. Desenvolvimento: Por meio de ofício, encaminhado aos gestores das unidades escolares da rede municipal, com o objetivo de divulgar a proposta de ação, foi disponibilizado material de apoio para a realização das atividades. Diante disso, as visitas às unidades foram realizadas pela nutricionista do PNAE, com a intenção de auxiliar a equipe pedagógica da unidade escolar. As escolas tiveram o prazo de uma semana para trabalhar as temáticas, de acordo com o público específico, sendo estas desenvolvidas de forma lúdica no decorrer da semana. O fechamento da Semana da Alimentação, contou com a apresentação destes trabalhos que foram desenvolvidos por cada turma, integrando comunidade escolar, profissionais educadores e pais. Além disso, a nutricionista da SEMED, contribuiu de forma pontual para o encerramento da semana, com a palestra: "Como manter uma alimentação saudável e sustentável no dia a dia". Resultado: Os escolares se envolveram de forma efetiva na elaboração e execução das ações, mostrando que diante do que foi apresentado conseguiram absorver e transmitir a importância de adotar uma alimentação saudável, bem como o envolvimento dos pais e equipe pedagógica acerca das temáticas abordadas. O projeto pôde contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem e o favorecimento aos hábitos alimentares regionais e culturais saudáveis. Utilizando as estratégias como recursos lúdicos, dinâmicas e interativos, sendo fundamental para o bom entendimento em todas as fases da vida. Considerações finais: Diante disso, atendeu as normativas do PNAE sendo, contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional. a fim de promover a troca de saberes e conhecimento acerca da alimentação saudável no contexto escolar e familiar.

8493 A HUMANIZAÇÃO DOS SUJEITOS DE SAÚDE NA EVOLUÇÃO DO CUIDAR
Flavine Evangelista Gonçalves

A HUMANIZAÇÃO DOS SUJEITOS DE SAÚDE NA EVOLUÇÃO DO CUIDAR

Autores: Flavine Evangelista Gonçalves

Apresentação: Sujeitos e singularidades na construção do Cuidado em Saúde A humanização dos sujeitos de saúde na evolução do Cuidar Os sujeitos envolvidos no setor saúde configuram-se tanto em profissionais da saúde como em usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), ambos entes complexos e singulares. Os princípios doutrinários nos quais o SUS baseia-se deveriam garantir o desenvolvimento de um Cuidado íntegro, equitativo e humanizado, de forma a assegurar o bem-estar biopsicossocial de todos. Entretanto, a realidade revela negligência no que tange a singularidade e a equidade nos serviços de saúde. Dessa forma, esse estudo tem como objetivo correlacionar a escassez de discussões acerca das dimensões intersubjetivas e sociais quanto a humanização e seu reflexo nos serviços de saúde. Trata-se se uma pesquisa realizada numa UBS a partir de estágio voluntário supervisionado pela enfermeira gerente da unidade; não obstante, a pesquisa desenvolveu-se com relatos e observações da dinâmica e concepções dos sujeitos da instituição. A partir disso, observou-se que os profissionais e usuários – sujeitos –, podem ser entendidos numa perspectiva individualista, baseada em posições arbitrárias de poder, que desvaloriza a interdependência e a interprofissionalidade próprios das relações humanas, e tão inerentes ao setor em questão. Outra questão relevante é a comunicação, a qual se aprimorada, contribuiria para a melhor qualificação da relação profissional-saúde. Como exemplo, as orientações de Enfermagem ao usuário e sua família seriam potencializadas com o desenvolvimento dessa competência. A humanização busca o resgate ao respeito e atenção ao bem-estar do usuário e sua melhor compreensão fortaleceria a escuta sensível do profissional, garantindo a promoção e prevenção da saúde do usuário, considerando possíveis dificuldades de tratamento, por questões socioeconômicas, por exemplo. Por fim, a individualidade lança reflexos num modelo competitivo, acelerado e pouco efetivo que se revela como significativo entrave a transformação do Cuidado, desconsiderando os sujeitos e suas singularidades. Assim, a responsabilização legal atravessa relações numa dinâmica subjetiva e social caracterizada na contemporaneidade.

8582 CUIDADO MENOR- O CUIDADO COMO MÁQUINA DE GUERRA: PODER E RESISTÊNCIA NAS PRÁTICAS DO CUIDADO EM SAÚDE.
Eliane Oliveira de Andrade

CUIDADO MENOR- O CUIDADO COMO MÁQUINA DE GUERRA: PODER E RESISTÊNCIA NAS PRÁTICAS DO CUIDADO EM SAÚDE.

Autores: Eliane Oliveira de Andrade

Apresentação: O trabalho foi resultado de uma pesquisa de mestrado realizada em 2017. Tem como objetivo analisar modos menores do cuidado em saúde numa equipe de Unidade Básica de Saúde (UBS) do município do Rio de Janeiro. Esses modos, enquanto produções provisórias, instauram guerrilhas diárias frente às diversas práticas totalizantes da máquina de Estado no campo da saúde. Partimos da constatação de que existem diferentes modos de produção de cuidado, mas para este estudo interessa pensar um cuidado menor, desvalorizado, porém, que se aproxima e se orienta pela dinâmica da vida, em que trabalhadores/cuidadores produzem cuidado numa luta diária que resiste às práticas totalizantes impostas pelo aparelho do Estado que, por sua vez, costuma capturar tais resistências desqualificando-as ou mesmo acusando-as de ilegalidade. A partir da base conceitual da Esquizoanálise e do conceito ferramenta de Máquina de Guerra, desenvolvido por Deleuze e Guattari, e tomando como analisador um grupo de trabalhadores de uma equipe multiprofissional, buscaremos pôr em evidência um cuidado maquínico na prática e no cotidiano da equipe. Tal processo de experimentação aponta para movimentos acidentados que cuidadores fazem no processo de cuidar, um fazer que permite uma elaboração de ferramentas teórico-práticas com potência para enfrentar o campo normativo e totalizante que opera no processo de trabalho das equipes de saúde.

8646 O RESIDENTE PRECISA SER MULTI (TAREFAS): A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO SUS A PARTIR DA VIVÊNCIA DE PSICÓLOGAS RESIDENTES EGRESSAS
Gabriela Di Paula Dias Ribeiro, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Eric Campos Alvarenga

O RESIDENTE PRECISA SER MULTI (TAREFAS): A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO SUS A PARTIR DA VIVÊNCIA DE PSICÓLOGAS RESIDENTES EGRESSAS

Autores: Gabriela Di Paula Dias Ribeiro, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Eric Campos Alvarenga

Apresentação: A educação permanente em saúde é uma política que surge como uma estratégia para o fortalecimento do SUS; por meio do aprimoramento da qualidade da gestão, da atenção integral à saúde, do controle social e da disseminação do conceito ampliado de saúde. Envolve também uma aprendizagem a partir da experiência cotidiana do trabalho, da reflexão acerca de situações concretas vividas pelos cuidadores e pela pessoa que está sendo cuidada. É a partir do coletivo e da experiência viva que o conhecimento é produzido. Baseia-se na aprendizagem significativa, a qual valoriza o sentido do conhecimento para a pessoa que o apreende; ocorre em uma relação permeada pelo diálogo e reflexões. A política de educação permanente foi gestada a partir das diversas conferências nacionais. Estas debateram a respeito de estratégias para a implantação e implementação do sistema público de saúde. Concluíram que a estruturação de uma política de educação para o SUS é uma incumbência coletiva que exige uma organização com um foco único para o desenvolvimento de intervenções e ações que localizem as demandas regionais e operem em consonância com as mesmas. É pertinente considerar que o trabalho em saúde tem as suas particularidades, visto que, envolve um cuidado que é exercido ademais de um saber técnico e tecnológico; é mediado por processos relacionais e práticas subjetivas. Os trabalhadores de saúde não podem prescindir das relações intersubjetivas que permeiam o trabalhador e o usuário, pois o trabalho na saúde é exercido no encontro com usuários. O trabalhador do SUS precisa ser relacional, intersubjetivo e marcado por práticas diversas que exigem criatividade e sensibilidade. Desse modo, o objetivo deste trabalho é refletir acerca das condições e da organização de trabalho no SUS a partir das vivências de psicólogas egressas de programas de residências multiprofissionais em saúde. Tal questão faz parte de uma pesquisa de mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará, apresentada em junho de 2019. Utilizou-se a metodologia clínico-qualitativa. Foram entrevistadas sete psicólogas residentes egressas selecionadas, por meio da amostragem não probabilística “bola de neve”, que trabalha com cadeias de referência. Para a interpretação dos dados foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin, composta por algumas etapas, neste caso, com a finalidade básica à busca do significado de materiais textuais a partir de inferências. Os resultados encontrados demonstram que ser residente multi pode significar a partir das vivências dessas psicólogas egressas ser “massa de trabalho”, a residência multiprofissional pode ser utilizada para suprir a lacuna de profissionais no serviço, tal atitude desvia o objetivo de um programa de residência. Desse modo, estes profissionais, por um menor custo, estão nos serviços somente para atuar sem ter espaço para o ensino ou para uma reflexão crítica acerca desse trabalho em um ambiente que também deveria ser de ensino a fim de contribuir com a aprendizagem de competências e habilidades para a atuação no SUS. A função do residente multi não é preencher a carência de profissionais no serviço ou de substitui-los ou ser “mão de obra”; e ser colocado no serviço apenas para trabalhar de forma indiscriminada, considerando que a educação em serviço facilitada pelo preceptor de campo e pela ação teórica por meio do tutor deve promover um trabalho em sua especialidade com o objetivo principal de uma atuação multidisciplinar e interdisciplinar e com espaço para a aprendizagem se construir nesse cotidiano de fazer saúde. Outrossim, tais questões evidenciam fragilidades sentidas por esses residentes na proposta educativa que a residência multiprofissional em saúde se propõe. Nota-se uma precarização do trabalho a partir da vivência dessas residentes, que possuem uma carga de trabalho elevada: são 12 (doze) horas de trabalho por dia, no serviço majoritariamente, tendo em vista que são 5.760 (cinco mil setecentos e sessenta) horas ao longo de dois anos de residência, sendo 80% (oitenta por cento) da carga horária total voltada para realizações teórico-práticas, que preconiza a integração, assistência, aprendizagem significativa, gestão e participação social e 20% (vinte por cento) para estudo teórico. Dessa forma, vale refletir a respeito de quais as condições de trabalho, qual estrutura possui esse profissional/residente frente a uma longa jornada de trabalho? Como está a sua saúde mental ao longo desse processo de educação em serviço? De acordo com a vivência das residentes egressas, existe um lugar de tensão acerca do papel do residente multi entre ser o profissional do serviço e/ou ser o estudante. É importante pontuar que o residente é um profissional formado, que possui o seu registro profissional, inclusive só pode realizar a sua matrícula em uma residência multiprofissional com o seu registro comprovado. Sendo assim, a despeito do residente multi estar em um lugar de aprendizagem dentro de um programa de residência que preconiza um ensino em serviço, o mesmo precisa ser visto como um trabalhador da saúde e também ser cuidado. Ser residente multi é transitar em um lugar de saber e não saber, oscilar entre momentos de autonomia na sua atuação e outros de não autonomia, a depender do contexto no qual está inserido e dos seus superiores: preceptores, tutores e gestores. Observa-se que o fazer do residente multi é atravessado por uma hierarquia. Ademais, o conhecimento e a disponibilidade do preceptor, tutor ou coordenador influenciam diretamente na aprendizagem e na prática dos residentes multi. Evidencia-se que as residências em saúde são criadas como políticas do SUS, a partir da política de educação permanente em saúde, que busca produzir aprendizagem dentro do cotidiano de trabalho que se apresenta com as suas dificuldades e potencialidades; propõe-se a uma aprendizagem significativa a partir das vivências dos atores envolvidos nesse agir em saúde. Todavia, como difundir a potencialidade pedagógica e política dos programas de residência multiprofissional? Reflete-se que esses pontos de tensão entre trabalho e ensino, entre ser estudante e ser profissional, entre ser “mão de obra” e ser residente juntamente com o que sugere a política de educação permanente trazem à tona a discussão acerca do trabalho real e do trabalho prescrito dentro da residência. O trabalho prescrito do residente diz respeito a todo planejamento e normatização de sua atividade antes dela acontecer. Ou seja, são todas as regras que foram postas para a execução. Já o trabalho real é o ato, é o trabalho enquanto ele acontece, com todas as suas contradições, seus sofrimentos e prazeres. Diante do que foi observado, percebemos que há uma enorme distância entre as normas da residência multi e o real do trabalho dos residentes. Considerando que o cotidiano do serviço de saúde é um espaço que está sujeito a mudanças constantes, é necessária uma (re)construção coletiva do trabalho nas residências multiprofissionais, com participação ativa de diversas categorias de trabalhadores e trabalhadoras envolvidos. Destarte, será possível criar um trabalho menos danoso à saúde mental e consequentemente encurtar a distância entre as normas e o real do trabalho nas residências multi.

8672 PROGRAMA INTEGRADOR: TECNOLOGIA INOVADORA PARA O CUIDADO AO PACIENTE COM DOR CRÔNICA
Juliane Antunes, Donizete Vago Daher, Érica Brandão Moraes, Maria Fernanda Muniz Ferrari, Marina de Almeida Geraldo, Patrícia Mendes, Mariana Gonçalves Musauer, Letícia Aparecida Marincolo Domenis

PROGRAMA INTEGRADOR: TECNOLOGIA INOVADORA PARA O CUIDADO AO PACIENTE COM DOR CRÔNICA

Autores: Juliane Antunes, Donizete Vago Daher, Érica Brandão Moraes, Maria Fernanda Muniz Ferrari, Marina de Almeida Geraldo, Patrícia Mendes, Mariana Gonçalves Musauer, Letícia Aparecida Marincolo Domenis

Apresentação: A dor crônica demanda das instituições de saúde e dos profissionais que nelas atuam um cuidado ao paciente que envolve tanto conhecimentos fisiopatológicos, como técnicos, caracterizando assim uma assistência integral e humanizada. Requer assim, cuidado centralizado na perspectiva interprofissional, o que aponta para a reorganização das práticas de saúde. A interprofissionalidade vincula-se, pois, à noção do trabalho em equipe, marcado pela reflexão sobre os papéis profissionais, a resolução conjunta de problemas e a negociação nos processos decisórios, a partir da construção e reconstrução de conhecimentos de forma dialógica e com respeito às singularidades e diferenças dos diversos núcleos de saberes e práticas profissionais. Sendo assim, este relato de experiência, parte integrante da proposta de tese de doutorado intitulada “O viver com dor crônica: o desafio do Programa Integrador e a singularidade do cuidado interprofissional”, está aprovada na Plataforma Brasil CAAE:03179118.4.0000.5243, tem o objetivo de relatar a implantação do Programa Integrador (PI) junto aos pacientes com dor crônica em fase pós-operatória. Desenvolvimento: Pensando na complexidade do indivíduo que vivencia a dor crônica, foi implementado em novembro de 2018, o Programa Integrador (PI), na Clínica da Dor, do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) no Rio de Janeiro, a partir da experiência prática de cuidados de enfermeiros e psicólogos no acompanhamento ambulatorial de pacientes com dor crônica. Estas ações são, agora, realizadas em parceria com profissionais médicos que já realizavam anteriormente estas ações, mas de forma isolada. O processo de trabalho, desde então, foi revisto e remodelado tendo como norte o cuidado interprofissional, baseado na atuação colaborativa e participativa de todos os diferentes profissionais de saúde envolvidos, atendendo sempre às necessidades dos indivíduos que vivem com dor crônica e que frequentam a Clínica da Dor. Neste sentido, se reconhece o PI como tecnologia inovadora ao trabalhar e valorizar a complexidade da situação trazida por cada um destes indivíduos, assim como o contexto no qual estão os mesmos inseridos. O indivíduo é inserido ao PI conforme critérios de inclusão, quais sejam: pacientes adultos, orientados, que realizaram cirurgia ortopédica, que apresentam dor crônica no pós-operatório de 3 a 12 meses de início, podendo permanecer por até 10 meses. Durante todo o desenvolvimento do PI, um conjunto de ações como escuta ativa, educação, autoresponsabilização no gerenciamento da dor e importância da participação ao paciente, família e ao cuidador, são desenvolvidas com o propósito de ampliar sua literacia em saúde e, consequentemente, empoderá-lo no manejo de sua dor. A literacia é assim definida pela Organização Mundial da Saúde como o conjunto de “competências cognitivas e sociais, e a capacidade dos indivíduos para conquistarem melhor acesso aos serviços e compreenderem e usarem as informações de forma que possam promover e manter a boa saúde”. A dinâmica do PI: Etapa 1: O atendimento inicia com a consulta médica onde se realizam ações como anamnese, diagnóstico, elaboração do plano terapêutico, encaminhamento aos demais profissionais do Programa. Nesse momento é aplicado Questionário Qualidade de Vida - SF-36, validado para o Brasil e tem sido utilizado em pacientes com dor crônica. Etapa 2: Consulta de Enfermagem (CE), realizada trinta dias após a consulta médica com acompanhamento mensal por 5 meses. No 6º mês, última consulta de enfermagem ocorre a reavaliação da qualidade de vida, com reaplicação do questionário SF-36. A gerência do cuidado é realizada por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que constitui uma ferramenta que norteia as ações do enfermeiro. Compondo a SAE, todas as etapas do Processo de Enfermagem (PE) são realizadas. Etapa 3- Consulta com a Psicóloga. Esta ação transcorre com o desenvolvimento de: escuta ativa e levantamento de necessidades; aplicação das Escalas de Ansiedade e Depressão; Etapa 4 - Consulta Interprofissional. Neste momento, o atendimento ao paciente, é realizado por todos os profissionais que o acompanham neste período: médico, enfermeiro e psicólogo; incluindo o familiar e/ou o cuidador. A finalidade agora é, além de integralização na perspectiva da interprofissionalidade, apresentar os resultados alcançados junto ao PI e nortear ações importantes para o viver com dor crônica, potencializando, positivamente, o autogerenciamento da dor. A interprofissionalidade aqui tem papel significativo devido a possibilidade de resolução de problemas e tomada de decisão em conjunto, priorizando o cuidado centrado no paciente a partir da construção de conhecimentos, de forma dialógica e respeito às singularidades. Ressalta-se que o não alívio da dor tem sido atribuído por pesquisadores a uma variedade de barreiras que impedem ou limitam o paciente no gerenciamento da dor de maneira mais efetiva. Dentre essas dificuldades encontram-se o treinamento e a formação dos profissionais de saúde. Resultado: A percepção das limitações para autogerenciamento da dor, associados a baixa auto-confiança na capacidade para resolver seus desafios, são inerentes e interagem com contingências sociais resultando em maior incapacidade e angústia afetiva. Esta incapacidade e sofrimento, então, servem para confirmar crenças negativas, agravando a experiência de dor. O sentimento de que a dor é um sofrimento sem solução pode ser causado pelos frequentes fracassos terapêuticos, o que leva a uma postura de acomodação à dor. Durante todo período de acompanhamento participativo do paciente no PI, é realizado escuta ativa, ações de educação em saúde, a fim de que ele possa ressignificar a sua dor, minimizar seu sofrimento com suporte emocional, restabelecer as suas atividades diárias. Com pouco tempo de existência, o PI aponta para resultados satisfatórios para a vida de pacientes e famílias, como por exemplo, com retorno de muitos deles às suas atividades laborais, ampliação do interesse por si próprio, redução dos quadros diários de dor, ampliação do interesse para a produção de artigos artesanais e de plantio de flores e vegetais, motivação para retomada de atividades diárias de vida, melhora da autoestima, melhora no padrão do sono, redução do uso da terapêutica medicamentosa, além de encurtamento do tempo de tratamento com precoce alta da clínica da dor. Por fim, os pacientes passam a compreender que a dor o acompanhará pela vida, mas ela é ressignificada, ela já não mais domina o seu viver. Considerações finais: Evidencia-se o PI como tecnologia inovadora por ser gerenciado por uma enfermeira e por trabalhar na perspectiva interprofissional em um hospital cirúrgico de referência nacional. Também inova ao trabalhar em pacientes com grandes especificidades e complexidades a perspectiva de mudança do foco de atenção, hoje majoritariamente centrada na cura, para a inovadora busca de ações que tragam tanto o controle e redução da dor, como o bem-estar físico e emocional.  Adotar a perspectiva da interprofissionalidade significa, pois, redução de custos para os serviços e melhora na produção do cuidado aos usuários.

8690 A DIFERENÇA NO OUTRO PODE SE SOMAR À MINHA SINGULARIDADE
Flávia Maria Araujo, Alberto Durán González, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

A DIFERENÇA NO OUTRO PODE SE SOMAR À MINHA SINGULARIDADE

Autores: Flávia Maria Araujo, Alberto Durán González, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

Apresentação: A prática do trabalhador em saúde requer tanto habilidades em tecnologia dura quanto leve. Desenvolver habilidades para cuidado, vínculo, empatia e acolhimento é algo muitas vezes negligenciado, mas pode ser feito. Desenvolvimento: O presente trabalho é parte de uma pesquisa cartográfica realizada em um projeto de extensão que funciona em uma universidade pública chamado Sensibilizarte, o objetivo dele é desenvolver as habilidades em tecnologia leve com os estudantes dos cursos da saúde por meio da arte. Os estudantes fazem interações artísticas dentro do hospital semanalmente, com música, palhaçaria, contação de histórias e artesanato bem como a capacitação para tais atividades. A cena a seguir relata uma das muitas atividades realizadas na capacitação da Contação de Histórias. Os coordenadores pedem aos participantes para formar um círculo, uma pessoa fica no meio, então quem está no meio diz algo de que gosta muito mas pensa que os demais não vão gostar ou compreender. Depois que essa pessoa fala os demais, se gostarem do que ela gosta devem se aproximar, se não gostarem devem se afastar. Disseram coisas como gosto de narizes, gosto de jiló, gosto de tomar banho de chinelo etc. As pessoas então se afastavam ou se aproximavam conforme o que era dito, depois disso o coordenador pedia a pessoa no centro para explicar porque ela gosta daquilo, depois da explicação o coordenador dizia, “E agora, quem se afastou consegue se aproximar ou não?” e então as pessoas se aproximavam, uma mais outras menos. Resultado: essa dinâmica tem o objetivo de trabalhar a empatia, pois ao ouvir algo de que não gostamos nem um pouco nos afastamos o máximo que o espaço permitia, mas ao compreender que havia um motivo para aquele gosto, que fazia sentido na vida daquela pessoa pudemos sentir mais empatia por ela, e nos aproximar. As reações foram bastante espontâneas com expressões que mostravam que as vezes os gostos eram muito estranhos às outras pessoas, mas ao compreender o sentido a aproximação foi igualmente espontânea. Considerações finais: essa é uma forma simples e surpreendente de trabalhar a empatia e a compreensão dos motivos e dos sentidos que perpassam a vida do outro, isso possibilita a validação da sabedoria e da história de vida do outro, habilidade indispensável ao profissional de saúde pois ele pretende com seu trabalho, interferir na vida do outro, e para isso precisa compreendê-la e respeitá-la.

8764 PUBLICIZAÇÃO DE RESULTADOS DE ESTUDO AOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA SOB A ÓTICA DE PESQUISADORAS
Tatiana Almeida Couto, Flavia Pedro dos Anjos Santos, Vanda Palmarella Rodrigues, Sonia Acioli, Juliana Costa Machado, Moema Santos Souza

PUBLICIZAÇÃO DE RESULTADOS DE ESTUDO AOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA SOB A ÓTICA DE PESQUISADORAS

Autores: Tatiana Almeida Couto, Flavia Pedro dos Anjos Santos, Vanda Palmarella Rodrigues, Sonia Acioli, Juliana Costa Machado, Moema Santos Souza

Apresentação: O cuidado produzido por enfermeiros nas Unidades de Saúde da Família (USF) é uma temática a ser discutida para buscar estratégias de melhorias desses profissionais juntamente com os usuários e os membros que compõem a equipe de Saúde da Família. Dessa forma, a potência de escuta aosusuários sobre suas percepções no que se refere a atuação profissional dos enfermeiros tem o caráter de respeitar essas opiniões e conhecer como ocorrem as práticas desses sujeitos que estão no cuidado e com os quais se espera a corresponsabilização da saúde. Assim, considera-se pertinente a realização de pesquisas que valorizem a escuta dos usuários das USF com posterior divulgaçãodestas informações e compartilhamentos com os enfermeiros e demais profissionais que atuam nas equipes de Saúde da Famíliacom a finalidade de se estabelecer discussões que possam impulsionar a elaboração de estratégias que visem a melhoria da assistência em nível individual e coletivo. Nessa direção, este estudo tem como objetivo relatar a visão de pesquisadoras sobre o processo de socialização com os profissionais das equipes de Saúde da Família no que se refere aos achados de uma pesquisa realizada com os usuários destas equipes. Desenvolvimento: Relato de experiência decorrente da visão de pesquisadoras após socialização com as equipes de Saúde da Família dos resultados do projeto de pesquisa intitulado “Entendimento de usuários sobre o cuidado produzido por enfermeiras das equipes de Saúde da Família”, cadastrado na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Após contato prévio com os enfermeiros das USF, foi solicitado viabilizar o agendamento de um momento durante as reuniões destas unidades para que os membros da equipe executora do Projeto de Pesquisa realizassem a apresentação e discussão dos resultados desta pesquisa. Assim, foram realizados momentos de discussão nas 14 equipes de Saúde da Família, conforme data e horário agendados, com tempo de duração em média de 50 minutos, havendo a presença na maioria das reuniões de agentes comunitários de saúde, enfermeiros, cirurgiões-dentistas e técnicos de enfermagem, perfazendo o total de 106 participantes. Ressalta-se que este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UESB, sob protocolo nº 301.069 e CAAE 16265613.6.0000.0055, sendo que a coleta de dados do estudo foi realizada com 34 usuários e que as informações sobre as práticas de cuidado de enfermeiras também repercutiram em outros profissionais das equipes de Saúde da Família. Resultado: Acredita-se que o processo devolutivo da pesquisa propiciou a sensibilização dos profissionais das equipes em relação ao planejamento de ações contínuas sobre educação em saúde, considerando que em sua maioria os profissionais das equipes mencionaram que as ações educativas costumam ocorrer de forma pontual e individual nas USF enos domicílios por meio da visita domiciliar e de ações em equipamentos sociais, sendo mencionada a necessidade de retorno de atividades coletivas contínuas, a exemplo das atividades de grupos voltados para gestantes, hipertensos e diabéticos. Entretanto, alguns profissionais das equipes de USF sentem-se desmotivados e relataram que não há oportunidades frequentes para elaboração de estratégias que possam gerar melhorias nas suas práticas, tendo em vista que as demandas gerenciais e os momentos restritos de reuniões dos profissionais das equipes não colaboram para discussões mais ampliadas que propiciem o cuidado entre eles, bem como o estabelecimento de ações criativas com o real envolvimento do coletivo. Mediante o exposto, as pesquisadoras se colocaram à disposição para contribuir na formação de grupos educativos ou de outras estratégias que a equipe julgasse pertinente para potencializar ações de promoção à saúde nas equipes da ESF. Assim, foi sugerido que os profissionais se reunissem posteriormente para definição de ações a serem elaboradas e que entrassem em contato com a equipe executora do projeto de pesquisa para qualquer apoio pedagógico que fosse necessário. Ressalta-se a pretensão das pesquisadoras em contribuir na parceria entre a universidade e as equipes das USF, pois além de campos de prática de estágio, esses cenários de saúde possuem potencial para o desenvolvimento de projetos, com maiores possibilidades de intervenções educativas pelos grupos de discentes e docentes dos cursos de graduação e pós-graduação da universidade. Além disso, houve o cumprimento de compromisso moral com os entrevistados, e consequentemente com a equipe, diante de uma coleta de dados realizada e sabe-se que conforme orientação do CEP é necessária a publicização dos resultados, e que não seja apenas em periódicos, mas de uma forma mais aproximada desse público, a exemplo de rodas de conversa, com direito a voz, escuta sensível e um processo de aprendizagem mútua. Desse modo, para as pesquisadoras foram relevantes os produtivos diálogos, o vínculo com as equipes e o compromisso social, ao ser percebida a confiança da equipe em referir que muitos dos estudos realizados não se tem acesso aos resultados, o que desmotiva para a participação em pesquisas, além de demonstrarem a expectativa de que práticas como essas sejam mantidas e que irão solicitar dos outros pesquisadores, antes da autorização para a participação em coleta de dados, que seja firmado o compromisso para asocialização dos resultados. Ademais, as pesquisadoras perceberam o quanto foi impactante para as equipes de Saúde da Família terem acesso às percepções dos usuários sobre o cuidado produzido pelos profissionais, pois essa escuta permite avaliar o cuidado produzido e o que é necessário melhorar; porém é relevante pontuar que apesar de se obter a atenção da maioria dos profissionais das equipes, alguns profissionais, mesmo cientes do momento de socialização, não estiveram presentes, pois encontravam-se na unidade de saúde, mas não participaram da atividade ou não participaram proativamente, o que gerou questionamentos sobre essa postura, por parte das pesquisadoras e de alguns profissionais da equipe. Tal situação leva a refletir se o perfil de alguns profissionais pode representar obstáculo para o desenvolvimento de alguns trabalhos entre os membros da equipe e da realização de pesquisas, pois mesmo sendo motivados a participar, não atuam com dinamicidade e envolvimento coletivo, parecendo priorizar a manutenção de ações individualizadas. Considerações finais: Percebe-se a reafirmação da necessidade de momentos de publicização dos resultados de pesquisa, que além de um compromisso ético, se constitui em compromisso social com os sujeitos envolvidos e a possibilidade de mudança no cenário no qual está ocorrendo o estudo. Salienta-se também que houve a satisfação, por parte das pesquisadoras, em contribuir para o desenvolvimento de atividades com ricas sugestões dos profissionais das equipes de Saúde da Família, além do acolhimento dos profissionaisque representou a possibilidade de fortalecimento de parcerias entre unidades de saúde e universidade, considerando a importância das instituições de ensino superior realizarem atividades que promovam a articulação entre ensino-pesquisa-extensão, tendo em vista que não se pode gerar apenas conhecimento científico, sendo relevante realizar ações que impulsionem intervenções no território para além do plano das ideias.

8858 PROCESSO DEVOLUTIVO DE PESQUISA REALIZADO COM PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Flavia Pedro dos Anjos Santos, Tatiana Almeida Couto, Vanda Palmarella Rodrigues, Sonia Acioli, Moema Santos Souza, Juliana Costa Machado

PROCESSO DEVOLUTIVO DE PESQUISA REALIZADO COM PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Flavia Pedro dos Anjos Santos, Tatiana Almeida Couto, Vanda Palmarella Rodrigues, Sonia Acioli, Moema Santos Souza, Juliana Costa Machado

Apresentação: O acesso ao entendimento dos usuários dos serviços de saúde sobre o cuidado desenvolvido pelos profissionais de saúde poderá proporcionar maior efetividade no planejamento, execução e avaliação das ações destes profissionais, tendo em vista que a complexidade e singularidade do ser humano geram o desafio de serem elaboradas diferentes estratégias que possam contribuir para atender as necessidades de saúde da população. Assim, os profissionais de saúde precisam elaborar diferentes formas para dialogar com os usuários, de modo a identificar as lacunas e potencialidades no processo de cuidar, bem como proporcionar maior aproximação com a realidade vivenciada pela comunidade, sendo que as universidades podem colaborar nesta interlocução entre usuários, comunidade e profissionais de saúde por meio do ensino, dos projetos de pesquisa e de extensão. Nesse contexto, o desenvolvimento de pesquisas no setor da saúde possui a capacidade de evidenciar uma determinada realidade que, por vezes, pode não ter sido identificada pelos atores envolvidos na produção do cuidado, fato que requer o compromisso ético dos pesquisadores em buscar estratégias que possam dar visibilidade aos resultados encontrados e de cooperar com a interação entre os envolvidos direta ou indiretamente com a pesquisa. Este estudo tem como objetivo relatar a experiência de socialização e discussão com os profissionais das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre os resultados de uma pesquisa realizada com os usuários destas equipes. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência das atividades devolutivas dos resultados do projeto de pesquisa “Entendimento de usuários sobre o cuidado produzido por enfermeiras das equipes de Saúde da Família”, cadastrado na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Inicialmente foi realizado um contato prévio com os coordenadores das Unidades de Saúde da Família (USF), no qual foi solicitada a concessão de um momento nas reuniões da equipe para que os membros da equipe executora do projeto de pesquisa socializassem os achados do estudo. Após o agendamento, a equipe executora do projeto de pesquisa se deslocou às USF e o coordenador antes de iniciar a reunião com a equipe, oportunizava um momento para apresentação dos resultados da pesquisa. Assim, optou-se por realizar este momento de forma participativa, seguindo a estrutura de uma roda de conversa, para possibilitar que todos pudessem questionar e discutir à medida que os resultados do estudo fossem relatados. Como sugestão para leitura e discussão da equipe, foi ofertado às equipes de Saúde da Família, um classificador contendo os dois artigos produzidos a partir dos achados do estudo e foram publicados em revistas indexadas. Este momento devolutivo aconteceu em 14 equipes de Saúde da Família do interior de um município baiano que se constituíram cenário da pesquisa, no período de agosto a novembro de 2019, com duração média de 50 minutos e participação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), cirurgiões-dentistas, enfermeiros, médicos, técnicos administrativos, técnicos de enfermagem e técnicos de saúde bucal, totalizando 106 participantes. Ressalta-se que este projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UESB, sob protocolo nº 301.069 e CAAE 16265613.6.0000.0055 e está vinculado ao Departamento de Saúde II da UESB. Os participantes da pesquisa foram 34 usuários e os resultados encontrados sobre as práticas de cuidado de enfermeiras também geraram repercussões em relação aos outros profissionais das equipes de Saúde da Família. Resultado: Durante a discussão com os profissionais das equipes de Saúde da Família foi enfatizada a necessidade de se envidar esforços para a realização de atividades educativas coletivas de forma continuada, considerando que os achados do estudo evidenciaram que as ações de educação em saúde, em sua maioria, têm acontecido de forma individual, durante as consultas do enfermeiro e do médico, sendo que as atividades coletivas acontecem esporadicamente e os usuários não se sentem motivados a participar. Foi discutido também que esta falta de adesão às atividades educativas coletivas pode estar relacionada à falta de continuidade das mesmas e à visão biomédica expressa pelos usuários, pois os mesmos demonstraram uma supervalorização de procedimentos, prescrição de medicamentos e solicitação de exames, fato que também requer que os profissionais que atuam nestas equipes desenvolvam ações, condutas e posturas que reforcem os propósitos de promoção à saúde que é inerente à ESF. Os profissionais relataram que percebem a necessidade de reestruturação das atividades de grupos que atualmente não tem acontecido, ressaltando que a grande rotatividade dos profissionais interfere negativamente para a continuidade dessas ações e que os usuários têm participado de algumas atividades coletivas apenas quando é ofertado brindes ou lanches, gerando desmotivação para os profissionais da equipe. Entretanto, os profissionais de uma USF relataram experiências exitosas com a realização de atividades de grupos de forma continuada com hipertensos e diabéticos, gestantes e pessoas com sofrimento mental, sinalizando a necessidade de se formar um grupo com adolescentes, em virtude da falta de adesão destes à unidade de saúde e de casos de depressão e de tentativa de suicídio por adolescentes da área de abrangência desta unidade. As pesquisadoras sugeriram que a equipe realizasse cotidianamente o uso de vídeos educativos nos televisores que ficam no local onde os usuários esperam por atendimento e que fossem realizadas atividades educativas em sala de espera pelos profissionais das equipes de saúde no intuito de propiciar ao usuário a vivência de momentos que promovam a educação em saúde. A maioria dos profissionais demonstrou receptividade às sugestões e, além disso, os profissionais de uma das USF também discutiram a possibilidade de implementação do Projeto Terapêutico Singular junto aos usuários que tem apresentado maior vulnerabilidade bem como relataram a importância de dar continuidade as visitas domiciliares realizadas pelo ACS, enfermeiro, médico e cirurgião-dentista com ênfase na educação em saúde. Os profissionais também destacaram a relevância do momento devolutivo realizado por pesquisadoras do projeto de pesquisa, considerando que o acesso às percepções dos usuários pode gerar melhorias no planejamento e implementação de suas práticas, sobretudo nas práticas educativas e de visita domiciliar. Os profissionais referiram que seria pertinente que todos os responsáveis pelas pesquisas desenvolvidas nas unidades de saúde realizassem a apresentação dos resultados, pois este momento devolutivo foi a primeira oportunidade que eles tiveram de conhecer os achados de uma pesquisa realizada na unidade, fato que levou a discussão de solicitar essa conduta a outros pesquisadores antes da autorização para a coleta de dados de suas pesquisas. Considerações finais: O processo devolutivo da pesquisa se configurou em estratégia que possibilitou o diálogo com os profissionais das equipes de Saúde da Família de acordo com a ótica dos usuários, o que poderá proporcionar o desenvolvimento de práticas mais resolutivas e assertivas. Ademais, a discussão dos achados da pesquisa possibilitou que a universidade, representada pelos membros do projeto de pesquisa, realizasse o compromisso ético e social de propor ações e intervenções que possibilitem as mudanças necessárias frente à realidade identificada pelos usuários dos serviços de saúde além de apontar para a realização de futuras pesquisas que abordem a relevância da apresentação e discussão dos resultados de pesquisas realizadas nas unidades de saúde.

8860 PRÁTICAS EDUCATIVAS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE SOB A VISÃO DE ENFERMEIROS
Flavia Pedro dos Anjos Santos, Sonia Acioli, Vanda Palmarella Rodrigues, Tatiana Almeida Couto

PRÁTICAS EDUCATIVAS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE SOB A VISÃO DE ENFERMEIROS

Autores: Flavia Pedro dos Anjos Santos, Sonia Acioli, Vanda Palmarella Rodrigues, Tatiana Almeida Couto

Apresentação: Considerando que é atribuído à Atenção Primária à Saúde (APS) o papel de reordenação do sistema de saúde, percebe-se a sua relevância para a construção de um sistema de saúde equânime, solidário e centrado nas necessidades de saúde da população. Nessa direção, as ações de prevenção e promoção da saúde são fundamentais para a consolidação da APS por propiciar a superação de práticas centradas nos aspectos biológicos, por meio da valorização dos diferentes saberes dos usuários e dos profissionais que atuam na APS bem como das questões subjetivas, políticas, econômicas e sociais inerentes ao cuidado à saúde. Assim, as práticas educativas realizadas pelos diferentes profissionais que atuam nesse nível de atenção aliada à participação ativa da população se configuram em elemento fundamental para o alcance dos propósitos da APS com forte potencial para impulsionar a corresponsabilização dos envolvidos no processo de cuidar. Entre os profissionais que atuam na APS destaca-se que o enfermeiro possui competência técnico-científica para o desenvolvimento de ações educativas em nível individual e coletivo que podem possibilitar maior interação entre a comunidade e os profissionais das equipes de saúde, na perspectiva da elaboração de estratégias que ocasione mudanças significativas na saúde da população. Este estudo possui o objetivo de compreender como ocorrem as práticas educativas de enfermeiros no contexto da APS. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo qualitativo realizado com 27 enfermeiros que atuam na APS de um município baiano, dos quais 15 atuam nas Unidades de Saúde da Família (USF) e 12 nos centros de saúde, utilizando-se o critério de inclusão de possuir o tempo mínimo de três meses de atuação na APS apenas para a seleção dos enfermeiros das USF, em virtude da constante rotatividade dos enfermeiros que atuam nas USF no município pesquisado. Foram excluídos os enfermeiros que se encontravam de férias e em gozo de licença-prêmio ou licença-médica. A coleta de dados ocorreu no período de julho a dezembro de 2017, por meio de entrevista semiestruturada, com a duração média de 50 minutos e os dados provenientes da entrevista foram analisados por meio da hermenêutica filosófica de Gadamer. Ressalta-se que a pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste sob parecer nº 1.968.255 e CAEE 65365317.1.0000.5578, sendo que a participação dos enfermeiros ocorreu de forma voluntária após terem lido e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultado: O estudo identificou que as práticas educativas dos enfermeiros que atuam na APS do município pesquisado acontecem de forma individual, tanto nos centros de saúde como nas USF, por meio de orientações durante as consultas de enfermagem e nas visitas domiciliares, com ênfase nos hábitos de vida saudável e uso correto dos medicamentos. Entretanto, as práticas educativas coletivas têm acontecido apenas nas USF, considerando que os enfermeiros que atuam nos centros de saúde referiram que a gestão municipal não tem propiciado condições estruturais para a realização de ações educativas coletivas, fato que gera a premente necessidade de se envidar esforços para que todos os envolvidos no setor da saúde percebam a relevância da educação em saúde em nível coletivo. Assim, as atividades educativas coletivas nas USF têm sido desenvolvidas através de palestras nas escolas e salas de espera, sendo manifestada a intenção de se formar grupos de gestantes e idosos que se reúnam periodicamente, pois os enfermeiros sinalizaram que estas atividades de grupo podem potencializar as orientações que são realizadas nas consultas de enfermagem. Alguns participantes do estudo também revelaram a implementação de grupos de terapia comunitária que acontecem semanalmente em algumas USF com rodas de conversas nas quais os usuários tem a oportunidade de expressar sua subjetividade, fato que tem contribuído com a melhoria da sua qualidade de vida, sobretudo em usuários com diagnóstico de depressão. No que se refere ao planejamento das atividades educativas que ocorrem nas USF, o estudo revelou que algumas equipes planejam semanalmente, outras semestralmente e outras equipes não estabelecem um momento específico para planejar as atividades educativas, optando por realizá-las conforme observam as necessidades que surgem no cotidiano da unidade. Contudo, todos enfermeiros das USF pesquisadas referiram que desenvolvem práticas educativas coletivas conforme datas comemorativas propostas pelo Ministério da Saúde e de temas solicitados pela secretaria municipal de saúde. Alguns enfermeiros que atuam nas USF apontaram que sua prática educativa é fortalecida quando há o envolvimento de todos os membros da equipe na realização das atividades educativas coletivas, contudo também revelaram que existem profissionais de saúde de algumas equipes que demonstram uma visão biologicista, pois ficam limitados apenas ao cuidado produzido em consultório, fato que gera sobrecarga para o enfermeiro e falta de integração entre os membros da equipe. Além disso, alguns participantes do estudo referiram que tem enfrentado dificuldades em desenvolver ações educativas sobre a prevenção do uso de drogas ilícitas, pois em algumas unidades os profissionais que abordam essa temática podem ser vítimas de agressões por parte dos dependentes químicos que residem na área de abrangência da USF, ocasionando medo e tensão nos profissionais que atuam nestas unidades de saúde. Também relataram que, por vezes, os usuários não participam das ações educativas coletivas por estarem desmotivados pelo fato de a gestão municipal de saúde não atender suas reivindicações para melhoria do cuidado produzido pelas equipes de saúde. Por outro lado, também referiram que alguns usuários condicionam a sua participação ao recebimento de brindes ou lanches. Tal situação foi relatada como um elemento que gera desmotivação para o enfermeiro realizar suas práticas educativas em nível coletivo e também parece evidenciar a necessidade de elaboração de estratégias que possam abordar questões relacionadas ao exercício de cidadania, bem como o estabelecimento do diálogo com a gestão municipal, a fim de assegurar a participação proativa dos usuários nas ações coletivas promovidas pelos profissionais das equipes de saúde. Os enfermeiros também referiram que embora busquem utilizar uma linguagem acessível ao nível de escolaridade da população, perceberam que alguns usuários não conseguem aderir às orientações realizadas em decorrência das precárias condições socioeconômicas e baixo nível de instrução. Essa problemática parece reforçar a importância da articulação intersetorial no intuito de viabilizar ações que possam possibilitar condições mais dignas à população e maior valorização do potencial das ações de promoção à saúde. Considerações finais: O estudo possibilitou a compreensão dos diferentes aspectos que interferem e interagem nas práticas educativas desenvolvidas pelo enfermeiro, evidenciando que a gestão municipal de saúde necessita dar apoio e instrumentalizar os profissionais de saúde no desenvolvimento das práticas educativas na APS, ao investir na melhoria das questões estruturais nos centros de saúde, viabilizar maior segurança aos profissionais de saúde que atuam em área de risco, acompanhar os profissionais que atuam na APS, a fim de que todos percebam a importância das ações educativas e participem ativamente das mesmas. Ademais, é primordial que os profissionais de saúde e gestores da saúde municipal estejam atentos às reivindicações dos usuários, bem como a implantação de ações que possam impactar em suas condições socioeconômicas, considerando que os propósitos da APS perpassam pela construção de uma sociedade mais justa, solidária e com o exercício pleno de cidadania.

8986 AÇÃO EDUCATIVA SOBRE AUTOCUIDADO AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO INTERIOR DO AMAZONAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DE UM PROJETO DE EXTENSÃO
Esmael Marinho da Silva, Vanessa de Oliveira Gomes, Deyvylan Araujo Reis

AÇÃO EDUCATIVA SOBRE AUTOCUIDADO AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO INTERIOR DO AMAZONAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DE UM PROJETO DE EXTENSÃO

Autores: Esmael Marinho da Silva, Vanessa de Oliveira Gomes, Deyvylan Araujo Reis

Apresentação: Os profissionais de enfermagem estão expostos frequentemente a situações desagradáveis como baixa remuneração, carga horária excessiva de trabalho, desvalorização profissional, além de fatores internos ao ambiente de trabalho como exaustão física e mental, acidentes, cobranças e pressão no cumprimento das demandas, conflitos interpessoal, agressões físicas e verbais por parte dos clientes e familiares, entre outras implicações, todos esses impasses geram impactos negativos na saúde e bem estar desses profissionais, o que  contribui para gerar adoecimento físico e mental e em casos mais graves suicídios. Devido a rotina acelerada e inúmeros desafios da profissão, a classe esquece um dos pilares da Enfermagem: o cuidado consigo, cuidam dos outros que necessitam e muitas vezes esquecem de cuidar de si próprio. Nessa perspectiva, a negligencia do autocuidado por parte dos profissionais reflete também na qualidade da assistência prestada aos clientes. Logo, essa problemática precisa ser debatida e mais abordada para reflexão por parte dos profissionais, afim de encontrar medidas necessárias que as minimizem. Diante disso, este estudo tem por objetivo descrever as ações educativas sobre autocuidado aos profissionais de enfermagem de um hospital público do interior do Amazonas. Desenvolvimento do estudo O projeto intitulado “Ações Educativas aos Profissionais de Enfermagem do Hospital Regional de Coari” instituído pelo Programa Atividade Curricular de Extensão (PACE) por docentes e discentes de Enfermagem do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) no Hospital Regional de Coari (HRC) foi realizado no período de agosto de 2018 a junho de 2019, por meio de atividades educativas. Os temas abordados foram previamente selecionados pela direção e os profissionais de Enfermagem do Hospital. A ação foi direcionada aos profissionais de enfermagem (Enfermeiros e técnicos de enfermagem) do Hospital e contou com palestras abordando a importância do autocuidado aos profissionais, dinâmicas e rodas de conversas com o público em questão. O ISB está situado no município de Coari, Estado do Amazonas. O local da vivência foi o Hospital Regional de Coari Dr. Odair Carlos Geraldo, no auditório do hospital. O público abrangido foi um total de 12 profissionais. Resultado: A prática do autocuidado corresponde ao cuidado de si próprio com a finalidade de usufruir da vida de forma saudável e harmônica em seus variados aspectos: físico, mental, social e espiritual, através da adoção de hábitos de vida saudável, objetivando a prevenção e pro­moção da saúde. Nessa linha de raciocínio, a ação educativa sobre autocuidado aos profissionais de enfermagem do Hospital de Coari apresentou-se como uma oportunidade para abordar e gerar reflexão sobre a temática tendo em vista os impactos negativos do descuidado para a saúde e vida dos profissionais e que consequentemente interfere na qualidade da assistência prestada aos clientes. A ação contou com palestras sobre os impactos da sobrecarga de trabalho e do desgaste físico e mental para a saúde do profissional. Enfatizado a importância de adotar hábitos de vida saudável através da prática de atividade física, boa alimentação, ter horas de lazer, ter bom convívio social e familiar, relação harmoniosa com os colegas de trabalho, todos esses pontos destacados afim de levar os profissionais a refletir e melhorar o seu autocuidado, isso devido ao fato de que muitos passam a ter dupla jornada de trabalho com o intuito de melhorar a renda da família, ficam sobrecarregados  e que somado a outras situações como ações que demandam força física como transporte de pacientes e objetos pesados, ficar várias horas em pé, contribui para o adoecimento da classe. Com essa rotina intensa esquecem de cuidar de si próprio para dedicar-se ao trabalho, cuidando do outro. Foi apresentado vídeos sobre acidentes de trabalho e a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), exposto os resultados envolvendo acidentes de trabalho e a prática do suicídio no Brasil através das pesquisas realizadas envolvendo os profissionais de enfermagem, afim de sensibilizar e leva-los a refletir sobre a temática e gerar discussão e socialização do tema abordado. Após a apresentação das palestras pelos discentes, realizou-se roda de conversa para que os profissionais expusessem suas opiniões sobre o tema e pontuassem suas experiências no ambiente de trabalho, destacando questões que contribuem para ocasionar momentos estressantes e desagradáveis que comprometem o bem estar físico e mental. Dentre os pontos destacados, sobressaiu a exaustão física e mental relacionado a carga horária excedente, conflitos com os colegas de trabalho, agressão física e verbal por parte dos acompanhante dos clientes e acidentes com materiais perfuro cortantes. Através dessa conversação observou-se inúmeras dificuldades enfrentadas pelos profissionais do Hospital de Coari. A ação contou com uma dinâmica, a do balão que objetivava reforçar a reflexão sobre o autocuidado. Consistia na distribuição dos balões com ar dada a cada pessoa presente no auditório do hospital, após todos estarem com o balão em mão, colocou-se uma música agitada e os profissionais tinham que dançar e andar pelo ambiente jogando sua bexiga para o alto, o intuito era cuidar para que o balão não caísse, para isso, foi dito que deveriam cuidar do seu balão como se fosse algo importante na sua vida, portanto, deveriam evitar que o balão caísse no chão mesmo em frente a todos os obstáculos presente, como a música alta, várias pessoas no local se movimentando, objetos presente na sala, falta de equilíbrio, e aquele que deixasse o balão cair, sentava. Após, a maioria dos balões terem caído, explicou-se a moral da dinâmica: o balão representava a vida e a saúde de cada profissional e como tal deveria ser bem cuidado, mesmo em frente as inúmeras problemáticas destacadas na ação, com o intuito de não ter adoecimento físico e mental. A dinâmica foi bem divertida e toda a ação realizada com os profissionais obteve excelente aceitação por parte dos mesmos. A atividade foi proveitosa para os estudantes que puderem estudar a temática e conhecer a realidade das condições de trabalho da futura profissão e a partir das experiência relatadas pelos profissionais foi possível refletir e se conscientizar sobre a importância do autocuidado e levou aos profissionais de enfermagem um momento para reflexão, conhecimento e descontração. Considerações finais: Portanto, esta ação proporcionou informação, conhecimento, discussão e profunda reflexão sobre a importância do profissional de enfermagem cuidar de si próprio, reiterando a necessidade de melhorias nas condições de trabalho desses profissionais a fim de que possam ter uma saúde satisfatória, para isso, faz-se necessário a discussão da temática pela classe com o intuito de encontrar formas que minimizem as problemáticas destacadas, adoção de medidas dentro do ambiente de trabalho dos profissionais como o incentivo a prática do autocuidado, valorização dos profissionais através de melhores remunerações e diminuição da carga horária de trabalho, para isso é necessário a   união da classe para lutar por ganho desses e outros direitos almejados.

9154 A ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL DE RESIDENTES EM SAÚDE NO CONTEXTO DA ACADEMIA CARIOCA
Alan de Aquino Nogueira, Flavia Avelino Galvão de Moura, Camila Santos Robles, Andreza da Silva Lopes, Paulo Rogerio Nunes Barbosa

A ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL DE RESIDENTES EM SAÚDE NO CONTEXTO DA ACADEMIA CARIOCA

Autores: Alan de Aquino Nogueira, Flavia Avelino Galvão de Moura, Camila Santos Robles, Andreza da Silva Lopes, Paulo Rogerio Nunes Barbosa

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência que objetiva descrever as vivências de uma equipe multiprofissional de residentes em Saúde da Família (ENSP/FIOCRUZ) diante do programa Academia Carioca. O grupo de atividades físicas contou com a participação de residentes das seguintes categorias: educação física, enfermagem, serviço social, nutrição e odontologia. Foi desenvolvido nos corredores de uma Clínica da Família do município do Rio de Janeiro que aloca os autores deste trabalho e em uma escola adscrita ao território. Os encontros aconteceram três vezes na semana, de maio a novembro, contaram aproximadamente com 22 participantes por encontro, sendo a maioria composta por idosos. As atividades foram coordenadas pelo residente de educação física, uma vez que o NASF não possui um profissional desta categoria. Destaca-se que, principalmente nos meses de novembro e dezembro, os encontros foram suspensos devido à greve ocasionada por atraso salarial. Além disto, em dias de conflito armado o número de usuários diminuiu consideravelmente. Durante a atuação multiprofissional foram realizadas tanto atividades físicas quanto aferição de pressão arterial, verificação de frequência cardíaca e medidas antropométricas através da Ficha de Anamnese da Academia Carioca e instrumentos de elaboração própria que contemplam a avaliação de satisfação dos usuários e a identificação de necessidades individuais e coletivas. Além das práticas corporais, na última sexta-feira de cada mês é realizada uma confraternização de comemoração dos aniversariantes. Com a realização do grupo de atividades físicas, através da busca ativa e de uma escuta qualificada foram realizadas marcações de interconsultas e encaminhamentos pela equipe em casos mais específicos. A criação de vínculos e percepção das verdadeiras demandas psicossociais e biofisiológicas possibilitaram um melhor acolhimento para os serviços prestados na Clínica. Com a realização das atividades, observou-se a redução de PA, maior autonomia para realização das atividades básicas diárias e maior entrosamento entre os integrantes do grupo e profissionais de saúde. Outra ação importante realizada pelos autores foi o acionamento da rede de intersetorial e novas parcerias para a realização das atividades. O desenvolvimento das atividades propiciou o fortalecimento da rede de apoio entre os usuários e profissionais, sendo um ponto importante a ser salientado, visto que como dito anteriormente, os idosos caracterizam a maior parte do grupo e nesta fase o sentimento de solidão costuma ser comum, podendo ser alterado a partir da interação e do convívio social. A presença e a atuação dos residentes na unidade de saúde foram difundidas em grande parte por meio da identificação de questões que poderiam ser trabalhadas de forma multiprofissional. Por sua vez, o vínculo com a Clínica da Família também foi fortalecido, estimulando a percepção da saúde enquanto um direito que deve ser ampliado. Para tanto é necessário que o serviço de saúde seja pautado pela integralidade e longitudinalidade do cuidado. Portanto, a manutenção deste espaço de troca é fundamental, pois caracteriza-se como uma potente ferramenta para a construção e consolidação de um sistema de saúde público de qualidade.

9258 RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS NA IMPLANTAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – POP- DE RECEPÇÃO E ACOLHIMENTO COLETIVO E INDIVIDUAL
VIVIANNE KAROL GOMES PALHA, JOCILANE LIMA DE ALMEIDA VASCONCELOS, ANTONIO CHARLES NOGUEIRA

RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS NA IMPLANTAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO: PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – POP- DE RECEPÇÃO E ACOLHIMENTO COLETIVO E INDIVIDUAL

Autores: VIVIANNE KAROL GOMES PALHA, JOCILANE LIMA DE ALMEIDA VASCONCELOS, ANTONIO CHARLES NOGUEIRA

Apresentação: Este relato trata-se da experiência vivenciada por servidores Secretaria Municipal de Saúde de Manaus SEMSA Manaus na criação, validação, implantação e implementação de ferramentas de gestão: Procedimentos Operacionais Padrão – POP- de Recepção e Acolhimento Coletivo e Individual, item primordial dos microprocessos para reorganização do acesso à saúde, na atenção primária da cidade em tela e em cumprimento a demanda solicitada pela Subsecretaria de Gestão da Saúde ao Departamento de Atenção Primária desta secretaria. A utilização de ferramentas interdisciplinares, como o POP, favorece a organização e otimização dos processos de trabalho em uma unidade de saúde. Os objetivos da implantação dos POP visa qualificar o atendimento ofertado na rede de atenção primária, reorganizar os processos de trabalho em unidades de saúde, além de capacitar os trabalhadores para o desenvolvimento de boas práticas em serviço seguindo os princípios da política nacional de educação permanente. Em vista desta demanda, iniciaram-se um processo de pesquisas relativas ao tema, reuniões semanais com o grupo de trabalho (GT) composto por servidores de unidades de saúde atuando no atendimento direto aos usuários, dos Distritos de Saúde (DISA) e em áreas administrativas da Secretaria de Saúde de Manaus, para uma construção coletiva. Inicialmente, elaboraram-se os POP para Recepção e Acolhimento Coletivo e Individual em Unidade Básica de Saúde (UBS), para os quais se utilizou a metodologia ativa, como aplicação do conteúdo programático proposto na elaboração desta ferramenta. Os participantes realizaram dinâmicas de grupo, apresentação de temas com cartazes e teatralização. A elaboração dos POP das UBS deu-se em um período de 08 semanas, porém após análise da governança percebeu-se a necessidade de criar o POP de Recepção os do Centro Especializado em Odontologia – CEO e da Farmácia.  Após a elaboração dos novos POP todos foram encaminhados para validação nas unidades da rede municipal de saúde, onde foi aplicado com uso de check-list, por servidores que não compuseram o GT, a fim de não caracterizar conflito de interesses e ser posteriormente, homologado pela gestão.  Atualmente, os dados da coleta estão em consolidação e a fase de implantação em vias de acontecimento. Observou-se ainda, que a realização do ensino em serviço fortalece a autonomia do profissional, qualificando-os para um melhor desenvolvimento de suas práticas e que as mudanças no processo de trabalho com a implantação de ferramentas de gestão, para promoção e assistência a saúde, faz parte dos desafios a serem ultrapassados.

9325 ENTENDENDO O TRABALHO TERAPÊUTICO COM CRIANÇAS DE UMA OUTRA FORMA: COMO A INTEGRAÇÃO ENTRE A PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO FÍSICA PODEM AMPLIAR ESTE CUIDADO?
Maria Carolina Simonsen, Natasha de Jesus de Carvalho

ENTENDENDO O TRABALHO TERAPÊUTICO COM CRIANÇAS DE UMA OUTRA FORMA: COMO A INTEGRAÇÃO ENTRE A PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO FÍSICA PODEM AMPLIAR ESTE CUIDADO?

Autores: Maria Carolina Simonsen, Natasha de Jesus de Carvalho

Apresentação: Nós, enquanto residentes do Programa em Saúde da Família na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, nos inserimos no começo do curso na Clínica da Família Anthídio Dias da Silveira, para exercer a prática do cotidiano da Atenção Básica no município do Rio de Janeiro, especificamente no bairro do Jacarezinho, zona norte. Nos colocamos neste espaço com mais seis categorias profissionais da saúde, totalizando um grupo de sete residentes: assistente social, dentista, educadora física, enfermeira, farmacêutica, nutricionista e  psicóloga. A ideia é que consigamos desenvolver práticas e abordagens multiprofissionais e interdisciplinares, integrando os diferentes núcleos de saber para ampliação do campo de conhecimento e práxis. Junto com essa equipe multiprofissional, nos inserimos em uma equipe mínima, composta por um enfermeiro, um médico e cinco Agentes Comunitários de Saúde. A Clínica que trabalhamos conta com com 7 equipes de saúde da família e 1 equipe de Consultório na Rua, tendo como referência para as autoras deste trabalho, a equipe Viúva Cláudio. O trabalho em saúde da família se dá partir do planejamento de um cuidado com toda rede familiar do usuário, pensando em projetos terapêuticos que englobem sua rede de apoio. Para que isso se dê, as diferentes categorias se entrelaçam pensando sempre em um cuidado horizontal, a partir do protagonismo e da emancipação do usuário, fortalecendo para isso os processos de educação em saúde. Sendo assim, entramos em contato com formações diversas. Algumas mais técnicas, outras mais filosóficas e subjetivas, mas todas embasadas num posicionamento crítico e político do que significa trabalhar e defender o SUS como um direito dos cidadãos e um dever do Estado. Iniciamos nossas atividades conhecendo a equipe mínima a que estamos vinculadas e nos lançando no território. Visitamos as casas das pessoas, realizamos os primeiros atendimentos e nos inserimos nos diversos grupos terapêuticos em suas mais variadas formas. Nesse contato com a população, vamos experimentando muito um jeito novo de trabalhar, de escutar, de afetar e deixar ser afetado, num processo constante de troca. Como parte dessa experimentação do que é conhecer e trabalhar nesse território, também vamos experenciando o que significa dividir nossa prática. Sendo assim, somos lançados a realizar interconsultas, o que significa compartilhar nosso saber e nossa atuação com um ou dois profissionais no mesmo atendimento. Para área da psicologia esse desafio é um dos grandes! Precisamos nos desvincular do protocolo transferencial psicanalítico e entender que relações também podem se dar a três. Isso significa permitir ser tocado e também alguma de forma tocar além do usuário, mas quem está ali, trabalhando com você. Dentre essas andanças, construímos nós, psicóloga e educadora física residentes, um novo modelo de pensar atendimento, contato e vínculo com os usuários.Hoje, trabalhamos com consultas dinâmicas, onde conversamos, manuseamos massinha, giz de cera e folhas sulfites, interagimos por meio de jogos lúdicos como dominó, jogo da memória, jogo da velha com bastões, bambolê e circuitos de exercícios feitos pelas próprias crianças ou adolescentes. Também lemos e construímos histórias em conjunto, nas quais cada um escreve uma parte fomentando a construção de uma narrativa coletiva. Tais estratégias interativas tem como objetivo o estímulo da cooperação, da comunicação, do trabalho em equipe, da escuta e do fortalecendo do vínculo entre nós e os usuários. Essa metodologia nos permite identificar questões cognitivas e motoras dos usuários possibilitado construir novas possibilidades de cuidado. Importante ressaltar que esse projeto terapêutico também envolve a discussão do caso com outros profissionais da equipe NASF ou da equipe mínima da clínica, ou ainda estimulando o trabalho intersetorial com outros equipamentos da rede, compreendendo a importância de envolver outros agentes no plano de cuidado, sem assim individualizar os casos. Como parte do trabalho de matriciamento aprendemos e muito a desenvolver uma escuta qualificada, ouvindo para além do que o corpo fala explicitamente. A partir da vivência nos atendimentos saúde mental, a educadora física aos poucos foi ampliando seu olhar, sua postura e sua implicação no cuidado com os usuários não somente nos atendimentos em interconsulta mas também na prática uniprofissional na clínica. Quanto ao cuidado em psicologia, foi possível ampliar a escuta a outros tipos de fala e linguagem que não se dão só pela palavra, mas também pelos exercícios, pela movimentação do corpo e pelas outras formas de expressão possíveis. Ao longo dos atendimentos, percebemos que as crianças começaram a conseguir se expressar com mais clareza sobre o que sentem, organizando sua fala não somente via linguagem oral mas também lúdica e física. O processo de construção de confiança se faz nítido quando estes usuários mostram-se presentes pontualmente, ansiosos pelo atendimento, solicitando um espaço reservado conosco sem a presença dos responsáveis.  A resolutividade do trabalho transparece nitidamente no vínculo desenvolvido com os usuários, na continuidade do acompanhamento e na abertura de possibilidades de tratamento e cura. Muitos trazem de suas casas materiais para interagimos, e solicitam que nós também manuseamos estes, transportando parte do que compõe seu universo particular para compartilhar conosco, em um processo de confiança e troca. Para além disso, tem explorado cada vez mais os espaços dos consultórios, sentando no chão, tirando os calçados, com curiosidade em saber o que são os instrumentos médicos, e propondo a construção de instrumentos lúdicos a partir do que é disponível, como jogos e desenhos. Entendemos que este trabalho, portanto gera resultados não somente na ampliação das possibilidades de tratamento a ser desenvolvido com os usuários que atendemos, como também qualifica nossa prática profissional propondo novos métodos de cuidado que integrem os outros saberes profissionais. Importante ressaltar que trabalhamos sob a ótica do sujeito como pertencente a uma família em um contexto territorial, que possui particularidades sociais e históricas. O território do Jacarezinho é altamente marcado por uma violência policial explicita e pela negligência estatal evidente, o que muito dificulta no desenvolvimento psicossocial e motoras das crianças e adolescentes. Portanto, compreendemos como sempre importante pensar em práticas que considerem este contexto e pensem na superação de tais desigualdades.  

9355 A VIOLÊNCIA CONTRA A ENFERMAGEM
Mariane da Silva Gomes, Mariana de Oliveira Santos

A VIOLÊNCIA CONTRA A ENFERMAGEM

Autores: Mariane da Silva Gomes, Mariana de Oliveira Santos

Apresentação: A violência tem merecido lugar de destaque entre as preocupações cotidianas. A discussão não é um tema atual, sem dados e relevância. Devido ao número de vítimas e as sequelas tanto físicas quanto psicológicas que produz, é considerada um problema de saúde pública. Apesar do reconhecimento de possuir uma das cinco melhores legislações do mundo de proteção a violência contra a mulher, o Brasil, que ainda mantém uma cultura machista de posse sobre a mulher, tem dificuldade no enfrentamento a violência que ocorre de maneira fragmentada e pontual. Trazendo essa questão para a enfermagem, onde, em sua maioria mulheres, prestam assistência direta, constante e cuidados a usuários, estes se sentem no direito de denegrir a imagem, exigir serviços e tomar posse do profissional, além dos atos violentos pelas disputas dentro da própria classe, e dos multiprofissionais que dividem o campo de trabalho. A enfermagem lidando diretamente na assistência com o paciente fica em consequência mais exposta a sofrer violências. A pesquisa realizada utilizou-se como ferramenta a aplicação de um questionário, onde se buscou saber sobre a incidência de violência, os tipos de violência e o tipo de pessoa que mais inflige violência aos enfermeiros professores e mestres da universidade PUC Minas Betim, em comparação com os dados informados pelo COFEN em 2017. Pode-se dizer com propriedade que 100% dos profissionais de enfermagem estão expostos a atos de violência, e todos participantes da pesquisa sofreram algum dos tipos, com os mais citados sendo, violência física, psicológica, moral, institucional e de gênero, por lidar diretamente na assistência, realizando o trabalho pesado, sendo uma profissão pouco valorizada, deficiente de piso salarial e sem reconhecimento do que realmente faz pela sociedade. A categoria vem vivendo uma difícil época onde está sendo marginalizada pela sociedade e pelos companheiros. Porém não se cuida da saúde sem o profissional enfermeiro. Precisa-se trabalhar na conscientização geral da dedicação, conhecimento técnico e o grande valor humano da categoria, que permanece 24 horas ao lado paciente e é responsável por mais de 50% da mão de obra da área da saúde.  

9356 TERRITORIALIZACÃO E A RESSIGNIFICACÃO DA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Fernanda Cornelius Lange, Gabriela Thais Silva

TERRITORIALIZACÃO E A RESSIGNIFICACÃO DA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Fernanda Cornelius Lange, Gabriela Thais Silva

Apresentação: Este relato tem como intuito discorrer sobre a experiência de duas fonoaudiólogas inseridas em um Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família. Além disso, busca uma reflexão acerca da atuação da fonoaudiologia no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Desenvolvimento: Foram dois anos de imersão como residente no SUS. Tempo cronologicamente demarcado para compreender a Atenção Básica (AB) e as políticas públicas que a norteiam. Entender a determinação social e o processo de territorialização. Fazer Saúde Coletiva. Apenas vinte e quatro meses para viver e lutar pela alma do SUS. O território (re)conhecido nesta experiência situa-se em um município do Estado de Santa Catarina. É visto como lócus de passagem. Morada de poucos meses. De constante ir e vir de diversas pessoas, tornando-o um território rico e vasto de culturas, costumes, linguagens e estilos de vida. Todavia, apresenta alto índice de vulnerabilidade social e violência. Este local, tem um importante aliado: a Unidade Básica de Saúde (UBS). São três UBS, cobertas por sete equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e do Programa de Agentes Comunitárias de Saúde (PACs), e por uma Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). A vivência enquanto residentes deu-se neste território: conhecendo-o e reconhecendo-o diariamente, compreendendo e submergindo em suas culturas, saberes e cotidiano. Territorializando-o. Refletindo saúde em diferentes espaços. Desconstruindo e reconstruindo práticas de saúde e da atuação fonoaudiológica. Experienciar um território repleto de subjetividades, concepções de cuidado e saúde, com importantes influências políticas e sociais permitiu uma atuação “fora da caixa” da atuação tradicional da Fonoaudiologia. Distúrbios fonoaudiológicos foram ressignificados. Critérios enraizados, condutas específicas e concepções terapêuticas hegemônicas tiveram de ser deixados de lado. Precisou-se ouvir o território e compreender a influência da violência e da vulnerabilidade no processo saúde e doença desta comunidade, para assim atuar com as demandas fonoaudiológicas. Resultado: Foi primordial realizar a territorialização e compreender o território. Enxergar além das paredes brancas da UBS. Ver o território do outro. Ver o outro. Desconstruir conhecimentos hegemônicos de saúde e doença, de protocolos fonoaudiológicos em que restringiam e acomodavam. Foi preciso adentrar nas realidades. Realidades Vivas. Realidades que fogem de dados quantitativos. Considerações finais: As inserções de profissionais residentes na AB mostram que há saúde além das paredes brancas. Há saúde na rua, nas praças e nas escolas. Uma saúde, até então, disfarçada por dados epidemiológicos e metas anuais a serem compridas. Revela que é possível fazer saúde voltada para compreensão do sujeito e sua bagagem (relações interpessoais, econômicas, sociais, políticas). O papel do residente é privilegiado. Permite trocas de saberes. De luta. De ressignificação das práticas e concepções de saúde hegemônicas, enraizadas. Mostra um território nunca visto. Permite conhecer, aprender e ensinar. Faz troca. É sutil, mas ao mesmo tempo turbulento. Tira a zona de conforto (o consultório). Coloca na realidade. Faz adentrar no espaço do outro. Modifica.

9358 O SER HUMANO CHAMADO ACS: UMA REFLEXÃO
Vanessa Figueiredo de Almeida, José Carlos Pinto Rodrigues, Glenda Patrícia da Silva Vieira

O SER HUMANO CHAMADO ACS: UMA REFLEXÃO

Autores: Vanessa Figueiredo de Almeida, José Carlos Pinto Rodrigues, Glenda Patrícia da Silva Vieira

Apresentação: Este texto é uma narrativa escrita de um Agente Comunitário de Saúde (ACS) que apresentou num encontro de ACS no município de Maués, Amazonas. O texto foi escrito em homenagem a uma ACS que falecera há poucos dias. O objetivo desse texto é trazer a memória de tantos atores que no cotidiano do seu trabalho levam o cuidado em saúde a diversas pessoas e se doam para o serviço, atuando de modo singular com as dificuldades e alegrias do dia a dia. Nascemos de uma união, pouco importa se é verdadeira ou por toda a vida, momentânea, não importa. O que importa é que após isso passamos por um processo lindo e delicado no qual a união mais uma vez se faz presente, nas células que darão forma e aspecto a um formato chamado feto. Desenvolvimento: Posteriormente crescemos até nascer, onde ao nos depararmos com um mundo totalmente diferente, indescritível porque não sabemos nada dele. Juntamo-nos a uma família, amiguinhos, colegas de escola, até nos formarmos cidadãos, onde decidimos para onde ir e o que queremos, passamos por formação. Eis que surge uma vaga de trabalho e lá se vai o cidadão (ã) ser um Agente Comunitário de Saúde, a comunidade apoia, dá incentivo. E cada etapa da formação permanente se amplia o conhecimento teórico do trabalho que posteriormente será praticado em prevenção, mas a sociedade em si entende que: “temos um ACS pra levar as pessoas até o médico no posto”, “no Pronto Socorro do Hospital, pois ele ganha pra isso”. Na zona rural ele é referência total, mas se não atender como faz o técnico, falam mal: “diz que é Agente de Saúde, mas não sabe aplicar injeção, nem parto sabe fazer”. Resultado: O resumo disso é que o ACS rural tem que ser: ACS, técnico de enfermagem, Enfermeiro, Farmacêutico, Clínico Geral e Cirurgião, motorista de resgate, parteiro (a), dormir pouco, não se divertir, estar de plantão 24 horas, ter gasolina sempre que aconteça uma emergência, seja noite seja dia, sábado, domingo, feriado, ponto facultativo e não esquecer que é comunitário, às vezes ter que falar com as autoridades, sem esquecer que você também é pai, mãe de família. Considerações finais: Muitos reconhecem o ser humano que há em cada um de nós, somos de carne e osso, sentimos pelos outros e fazemos o que todo profissional tem que fazer, mas sem esquecer de nos cuidarmos. À minha, nossa amiga, colega de trabalho, irmã guerreira: Dona NN, falecida em 24 de janeiro de 2020. Tudo o que fizeste por cada usuário do serviço, sirva de tapete vermelho para sua evolução espiritual. Deus na sua plenitude te concedeu o melhor lugar, pois tu a dedicastes a servir. Te lembramos, sentindo pela perda do nosso convívio, mas você sempre estará em nossas reuniões. Você é uma ACS para sempre! Palavras-chave: Trabalho em Saúde, Cuidado em Saúde, Agente Comunitário de Saúde.