435: Residências profissionais em saúde: diferentes olhares e saberes
Debatedor: Moema Guimarães Motta
Data: 29/10/2020    Local: Sala 05 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
9532 DISCUTINDO A TUTORIA DO ESTÁGIO EM GESTÃO EM UM PROGRAMA INTEGRADO DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE
Aline Gomes Fernandes Santos, Gerfson Moreira Oliveira

DISCUTINDO A TUTORIA DO ESTÁGIO EM GESTÃO EM UM PROGRAMA INTEGRADO DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE

Autores: Aline Gomes Fernandes Santos, Gerfson Moreira Oliveira

Apresentação: O programa de Residências Integradas de Medicina de Família e Comunidade e Multiprofissional em Saúde da Família da Fundação Estatal Saúde da Família (FESFSUS) e Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) adota como princípio a pedagogia problematizadora, a qual baseia-se na compreensão de que a aprendizagem acontece enquanto sujeito atua em uma dada realidade. O Programa foi implantado em março de 2015 e desenvolve suas práticas na rede de atenção à saúde do município de Camaçari-BA. Ao longo de dois anos de formação os residentes realizam uma imersão no território e vivenciam uma realidade de práticas em saúde que vai da assistência à gestão, passando por diversos serviços estratégicos no município com o suporte de preceptores e apoiadores pedagógicos. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência da tutoria do estágio em gestão de residentes médicos e multiprofissionais do Programa. O estágio tem como proposta o desenvolvimento de competências de campo envolvendo as áreas de gestão em saúde (gestão participativa, planejamento, avaliação, análise de indicadores em saúde, gestão do trabalho e educação permanente em saúde). Neste estágio os residentes são distribuídos em dois serviços do município: o Departamento de Atenção Básica (DAB) e Departamento de Planejamento (DIPLAN). A cada ciclo de residentes os tutores realizam um acolhimento e escuta da expectativa dos mesmos, seguido de apresentação do estágio e dos respectivos cenários de práticas. Numa relação dialógica o corpo pedagógico intermedia a aproximação dos residentes com os técnicos dos serviços no intuito de identificar necessidades e traçar planos de trabalho. Participação em reuniões do Conselho Municipal, elaboração de documentos, análise de indicadores a partir do conhecimento do sistema de informação em saúde, construção de relatórios e ferramentas de gestão para o monitoramento e qualificação da Atenção Básica, são algumas atividades desenvolvidas. Nesse processo os tutores acompanham os residentes presencialmente em dois turnos por semana nos campos de prática. Nos momentos não presenciais, instrumentalizam os pós-graduandos com a preparação de atividades pedagógicas para a ampliação da compreensão do campo da gestão e realizam leitura do portfólio apoiando na reflexão do cotidiano vivenciado para produção do conhecimento. Adicionalmente, favorecem o exercício da interprofisisonalidade através da intermediação das relações entre os residentes e destes com as equipes dos serviços. Nos momentos inicias do estágio observou-se uma visão negativa dos residentes sobre a gestão e pouco conhecimento dos mesmos sobre as ferramentas de gestão municipal em saúde, o que por vezes, dificultou o processo de aprendizagem. Contudo, ao longo da experiência, mudanças de perspectivas foram observadas: a desculpabilização da gestão pela maioria das dificuldades que impactavam a assistência e maior integração dos saberes da gestão à dimensão assistencial. Desta forma, esta vivência e o processo de tutoria possibilitaram uma ampliação da visão sobre gestão em saúde, apoiaram e fortaleceram o processo de trabalho das equipes dos serviços, possibilitaram uma aproximação da prática da gestão à prática assistencial e contribuíram para a formação qualificada de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde.

8762 PERFIL DOS PRECEPTORES DE ENFERMAGEM QUE ATUAM NA SAÚDE DA FAMILIA DO MUNICIPIO DE PORTO VELHO
Arlindo Gonzaga Branco Junior, Katia Fernanda Alves Moreira

PERFIL DOS PRECEPTORES DE ENFERMAGEM QUE ATUAM NA SAÚDE DA FAMILIA DO MUNICIPIO DE PORTO VELHO

Autores: Arlindo Gonzaga Branco Junior, Katia Fernanda Alves Moreira

Apresentação: Preceptores são profissionais vinculados aos serviços do SUS que recebem os estudantes de graduação e são responsáveis por acompanhar a orientação desses estudantes no seu período de estágio. A APS, por meio dos espaços das Unidades Básicas de Saúde (UBS), caracteriza-se como campo potencial para o aprendizado dos estudantes, além de evidenciar a possibilidade/necessidade do “cuidado extra-muros”, para além da UBS, tal como no domicílio, na escola, na comunidade. Baseado nessa premissa este trabalho tem por objetivo avaliar o perfil dos preceptores enfermeiros que atuam na cidade de Porto Velho Rondonia. Desenvolvimento: Trata-se de um trabalho quantitativo, descritivo que está vinculado ao subprojeto “Educação interprofissional e prática colaborativa entre profissionais da Atenção Primária à Saúde em Rondônia.” aprovado pelo CEP/UNIR sob o parecer n. 3.605.943, CAAE de número 20677519.4.0000.5300 aprovado no dia 27 de Setembro de 2019. Foram entrevistados todos os profissionais enfermeiros que realizam preceptoria para o internato médico de saúde da familia e comunidade durante os meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020 em um questionrio, previamente elaborado com questões referentes a preceptoria. Resultado: Foram entrevistados 23 médicos sendo que 09 aceitaram responder o questionário. Destes, 88,9% eram do sexo feminino. Dos 09 entrevistados 66,66% tinham residencia multiprofissional ou especialização em saúde da familia. 33,3 atuam entre 10-14 anos na unidade em que exerciam a preceptoria. Todos os 09 entrevistados afirmam sentir necessidade de curso de capacitação docente para pratica. 100% também afirmam ter conhecimento de tecnicas de ensino na prática. Muitas das formações universitárias independentemente (pré e/ou pós a instituição das DCN) preparam o estudante/acadêmico para a atividade profissional pretendida sem detalhar sobre questões pedagógicas, de ensino. Para tanto, o que se encontra são profissionais de saúde atuantes como preceptores nos serviços SUS, sem formação pedagógica para tal. Considerações finais: Ser preceptor em MFC significa ocupar cotidianamente um duplo papel no ambulatório: ser gestor do cuidado dos pacientes e apoiador do processo de aprendizado dos seus residentes. Investir na carreira do enfermeiro preceptor é promover a sua longitudinalidade no seu local de trabalho e, em última instância, produzir efeitos positivos na qualificação e na sustentabilidade de uma APS em concordância com os princípios do SUS

10141 PET-SAÚDE/INTERPROFISISONALIDADE: O LUGAR DA TUTORIA
MICHELLY SANTOS DE ANDRADE, TALITHA R RIBEIRO F PESSOA

PET-SAÚDE/INTERPROFISISONALIDADE: O LUGAR DA TUTORIA

Autores: MICHELLY SANTOS DE ANDRADE, TALITHA R RIBEIRO F PESSOA

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET- Saúde) é a política pública destinada a fomentar mudanças na formação, e consequentemente, a qualificação dos trabalhadores da saúde. Em sua organização, é prevista a criação de grupos de aprendizagem tutoriais (GT), constituídos por estudantes e professores (tutores) de diferentes cursos de graduação em saúde e por profissionais (preceptores) com atuação na atenção e na gestão do SUS. Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência de tutoria em um GT do PET-Saúde/Interprofissionalidade em seu primeiro ano de atividade. Desenvolvimento: O GT realiza encontros semanais para processamento das vivências nos serviços e planejamento das ações. É composto por duas tutoras dos cursos de Fonoaudiologia e Odontologia, quatro preceptoras (duas odontólogas, uma nutricionista e uma psicóloga) e cinco estudantes (Ed. Física, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional). Esse GT possui quatro equipes (preceptores/estudantes) que se alocam nas unidades de saúde da família nas quais os profissionais estão inseridos. O primeiro movimento realizado foi no sentido de apropriação dos pressupostos da Educação Interprofissional (EIP) e Práticas Colaborativas (PC). Para tanto, adotou-se a Metodologia Ativa com estratégias de ensino que valorizassem a aprendizagem compartilhada entre estudantes dos diferentes cursos participantes, como oficinas, dinâmicas, estudo de publicações, circuito, relato de experiência, confecção de mural com planejamento e pequenas animações. Inicialmente, foi consultado e discutido o documento “Marco para a ação da Educação Interprofissional e Prática Colaborativa”, publicado pela OMS, momento que possibilitou aproximação com os pressupostos teórico-práticos da EIP e da PC e a distinção entre os conceitos de inter-profissionalidade/disciplinaridade, multi-profissionalidade/disciplinaridade e intersetorialidade, bem como a clarificação das competências do trabalhador da saúde (comuns, específicas e colaborativas), sobretudo, na identificação das competências colaborativas (atenção centrada no paciente, clareza de papéis, dinâmica do trabalho em equipe, liderança colaborativa, comunicação interprofissional e resolução de conflitos). No encontro seguinte, utilizou-se um curta da Disney chamado “The Bridge” para disparar a conversa sobre o trabalho colaborativo em saúde. Após essa atividade, as tutoras perceberam a necessidade de aprofundar as discussões sobre as competências colaborativas e organizaram, para o terceiro encontro, um circuito, no qual cada competência colaborativa se caracterizava como uma estação. Os participantes misturados entre si, discutiam aquela competência e completavam a cartolina, sendo orientados a mudar de estação após um tempo determinado. Assim, todos os envolvidos colaboraram na confecção desse material e puderam apreender a temática. Ao término desse encontro, cada equipe foi estimulada a avaliar se essas competências estavam presentes nas ações desenvolvidas em seus respectivos cenários de prática. Cada equipe apresentou sua análise em dia específico, também em formato criativo. Um grupo se utilizou de exposição dialogada, outro produziu chapéus de papel tipo de couro e escreveram palavras-chaves e outra confeccionou uma colcha de retalhos. A partir daí, as equipes foram desafiadas a apontar as potencialidades e fragilidades observadas no serviço quanto às práticas colaborativas e apresentar estratégias para mudar a realidade. Ainda foram realizadas atividades para avaliar se as ações previstas no projeto PET-Saúde/Interprofissionalidade estavam contempladas na agenda das equipes desse GT e se nas já realizadas (totalmente ou parcialmente). Utilizou-se a técnica do quadro Kaban (fazer/fazendo/feito). Esse momento permitiu uma avaliação não somente quantitativa, mas também qualitativa das ações de cada equipe do GT. Isso proporcionou aprendizagem mútua, pois um colaborava com o outro a partir de suas ações realizadas ou a partir da proposta por outro. E um varal com palavras do texto estudado escrito em tarjetas e que cada integrante escolhia a palavra que o havia mais afetado e falava sobre sua aprendizagem/percepção, incluindo suas vivências no campo. Resultado: As atividades propostas pela tutoria foram mediadas por estratégias de ensino-aprendizagem, alinhadas à Metodologia Ativa, o que se mostrou um método adequado para viabilizar a aprendizagem compartilhada, sem a qual a interprofissionalidade dificilmente será implementada no cotidiano da integração ensino-serviço-comunidade. Proporcionaram ainda aos participantes vivências para processar os momentos vividos/a serem vividos, ressignificar práticas, tais como “cuidando do cuidador”, para não se restringir à oferta de procedimentos de relaxamento/lazer, mas da garantia de espaços produtores de diálogo, mediados pela Educação Permanente em Saúde, como meio também de acolher as demandas/sofrimentos dos trabalhadores do serviço. Os encontros do GT se revelaram como Educação Permanente para os seus integrantes, fortalecendo laços e gerando maior identificação com a proposta. Considerações finais: O lugar da tutoria no projeto PET-Saúde Interprofissionalidade tem se mostrado desafiador e estimulante. À medida em que se vislumbra e se atende a necessidade de apropriação teórica sobre a EIP e as PC, não se encontra na literatura protocolos que indiquem o caminho do “ensinar” e do “fazer/aplicar” a interprofissionalidade no cotidiano. A mobilização do conhecimento no GT para a reflexão sobre a prática nos cenários reais dos serviços de saúde nos quais o projeto está inserido tem apontado perspectivas, potências e desafios para o desenvolvimento das competências colaborativas, mas de forma ainda incipiente. Fazer com que, a partir dos momentos tutoriais, os participantes concebam, de maneira intencional, o planejamento e execução de estratégias interprofissionais no cuidado para além de atividades multiprofissionais já comumente realizadas pela equipe ou por atividades acadêmicas já estabelecidas na integração ensino-serviço, tem sido o foco do trabalho dos tutores neste grupo. Constitui-se então para o tutor, assim como os demais participantes do projeto, a vigilância do não tomar como tarefa desta edição do PET-Saúde o “fazer mais do mesmo” a fim de que não seja desvirtuada a intenção clara do desenvolvimento de estratégias possíveis, viáveis, aplicáveis à realidade e transformadoras desta, mas que ressignifiquem o cuidado em saúde em equipe de maneira mais efetiva, econômica e potente no cumprimento da integralidade. Estabelece-se ainda para o tutor, o desafio de fazer pontes das ações do projeto para dentro dos cursos de graduação, estimulando as reformas curriculares baseadas na integração ensino-serviço, na orientação pedagógica problematizadora e desenvolvimento docente para o uso de metodologias ativas, tarefa que encontra obstáculos institucionais multidimensionais. Assim, o lugar da tutoria no PET-Saúde tem proporcionado uma mobilização de saberes, esforços, estratégias, recursos e pessoas para o cumprimento dos objetivos estabelecidos na proposta. Isso tem sido possível pelo comprometimento do grupo, a parceria com os pares e instituições envolvidas (academia e serviço), pelo entendimento de que a EIP e as PC constituem um (e não único) caminho possível para o cuidado integral em saúde, promovido por uma formação profissional que integre as várias profissões da saúde.  

10554 IMPORTÂNCIA DO ENTENDIMENTO PELOS USUÁRIOS SOBRE O FLUXO DE ATENDIMENTO E SOBRE OS SERVIÇOS PRESTADOS POR UM UAPS/ESF DE UM MUNICÍPIO DO LESTE DE MINAS GERAIS: EXPERIÊNCIA DA EQUIPE TUTORIAL DO PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE.
Larissa de Freitas Bonomo, Danielly Nunes Bastos Fernandes, Daniela Geber de Melo, Ananda Carvalho Martins, Daiane Alves Froeder, Erika Guerrieri Barbosa, Janaina Cristina Gomes, Nizia Araújo Vieira Almeida

IMPORTÂNCIA DO ENTENDIMENTO PELOS USUÁRIOS SOBRE O FLUXO DE ATENDIMENTO E SOBRE OS SERVIÇOS PRESTADOS POR UM UAPS/ESF DE UM MUNICÍPIO DO LESTE DE MINAS GERAIS: EXPERIÊNCIA DA EQUIPE TUTORIAL DO PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE.

Autores: Larissa de Freitas Bonomo, Danielly Nunes Bastos Fernandes, Daniela Geber de Melo, Ananda Carvalho Martins, Daiane Alves Froeder, Erika Guerrieri Barbosa, Janaina Cristina Gomes, Nizia Araújo Vieira Almeida

Apresentação: O programa PET-Saúde/Interprofissionalidade tem como objetivo qualificar os processos de integração entre o ensino, o serviço e a comunidade, promover mudanças curriculares alinhadas às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação da área da saúde, envolver atores do SUS e da comunidade acadêmica em ações cujo foco principal seja o fortalecimento da educação e do trabalho interprofissional em saúde com o intuito de gerar mudanças na dinâmica do trabalho em saúde, fortalecendo o conceito de humanização do cuidado e o princípio da integralidade da assistência no contexto do SUS. Este trabalho, trata-se de um estudo descritivo na modalidade relato de experiência que relatará as atividades vivenciadas por uma equipe tutorial do PET-Saúde/Interprofissionalidade da UFJF-GV/SMS-GV na Unidade de Atenção Primária à Saúde/Estratégia Saúde da Família (UAPS/ESF) Santa Rita II, localizada no município de Governador Valadares-MG. Desenvolvimento: As atividades vivenciadas por essa equipe tutorial do PET-Saúde/Interprofissionalidade tiveram como cenário de prática a UAPS/ESF Santa Rita II. A ESF Santa Rita II está em funcionamento há 10 anos no bairro Santa Rita no município de Governador Valadares, Minas Gerais. O local é considerado de fácil acesso, apresenta rua asfaltada e encontra-se em bairro residencial, porém também com área comercial. No mesmo endereço são realizados os atendimentos pelas equipes da Unidade Básica de Saúde (UBS) e da Estratégia Saúde da Família (ESF) Santa Rita II. A área de abrangência da ESF Santa Rita II é formada por 6 microáreas constituídas por cerca de 2500 a 3000 pessoas. Os primeiros seis meses de vivência na ESF SR II, englobou o período de abril a setembro de 2019, e as atividades basearam-se na territorialização, diagnóstico situacional e Planejamento Estratégico Situacional (PES) para a identificação e priorização dos problemas enfrentados pela unidade, e que se concretizaram por meio de visitas domiciliares, conversas com os profissionais de saúde, observação da rotina do local, entrevista com os usuários e oficinas de planejamento. A primeira oficina elaborada pela equipe referiu-se ao momento explicativa do PES, em que participaram profissionais de saúde, usuários e representantes da Instituição de Ensino Superior (IES), dentre discentes e docentes da UFJF/GV, para elencarem os principais problemas observados na unidade, priorizarem aquele considerado mais relevante pelos participantes da oficina e então, descreverem o problema priorizado, com o objetivo de elaborarem ações de intervenção que poderiam auxiliar em sua resolutividade e na melhoria dos serviços prestados na unidade de saúde em questão. Os problemas levantados foram pontuados de acordo com um instrumento de trabalho em uma escala de 0 a 4 (sendo 0 para a inexistência do critério analisado; 1 para pouco; 2 para médio; 3 para alto e 4 para muito alto) quanto à magnitude, transcendência, vulnerabilidade, urgência e factibilidade. O problema priorizado foi a “falta de compreensão da população adscrita sobre os serviços prestados pela ESF Santa Rita II”. Em seguida, deu-se continuidade à construção de uma matriz explicativa por meio da elaboração da “espinha de peixe”. Neste momento, foram definidos os principais descritores do problema priorizado, as causas e consequências relacionadas ao problema e a imagem-objetivo a ser alcançada para a resolução do problema. Os descritores elaborados na oficina foram: usuário não permite as visitas domiciliares realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), percebe-se, em alguns momentos, falta de comunicação e respeito entre os profissionais de saúde da ESF e os usuários, entendimento equivocado da população sobre o conceito de direito à saúde e falta de orientação da população sobre o fluxo de atendimento da ESF. A causa e a consequência convergentes foram respectivamente, “falta de conhecimento pelos usuários acerca dos serviços ofertados pelo SUS” e “redução da efetividade e da qualidade dos serviços prestados pela ESF”. Posteriormente, a equipe do PET-Saúde/Interprofissionalidade realizou oficinas para debater os demais momentos de organização do PES, sendo estes o normativo, o estratégico e o táticooperacional, com o intuito de elaborar um projeto de intervenção que contemplasse ações e operações visando ao entendimento pelos usuários sobre o fluxo de atendimento e sobre os serviços prestados pela ESF SR II. O objetivo geral do projeto de intervenção foi subdividido em objetivos específicos que contemplaram ações planejadas e específicas. A equipe definiu os seguintes objetivos específicos: informar à população sobre o papel dos ACS, conscientizar a população sobre seus deveres enquanto usuários do SUS e promover a participação dos usuários nas atividades realizadas na ESF. Para efetivar e concretizar os objetivos citados a equipe tutorial pensou de maneira colaborativa com os demais atores presentes na oficina as ações que vêm sendo executadas nos próximos seis meses seguintes, dentro do período de outubro de 2019 a março de 2020: elaborar panfletos com informações sobre a ESF, seu funcionamento, os serviços prestados, o fluxo de atendimento, os profissionais que compõem a equipe e a importância de cada um para o cuidado em saúde, além da disponibilização dos panfletos na recepção e nas igrejas e escolas do bairro; incluir o debate sobre essa temática no Programa Saúde na Escola, abordando a importância do SUS, o funcionamento do serviço e os direitos e deveres do usuário; elaborar convites com informações sobre as datas e horários das atividades e grupos da ESF e entregar para os usuários/pacientes que são alvo das ações desses grupos em visitas domiciliares; confeccionar cartazes para serem afixados na ESF, que contenham a agenda de atividades na unidade de saúde; criar uma página para a ESF nas redes sociais, divulgando as informações da rotina da unidade de saúde; promover capacitação sobre metodologias ativas para os profissionais de saúde da ESF. Resultado: Dentre os impactos esperados com o desenvolvimento das ações acima têm-se: compreensão dos usuários sobre o papel da ESF, com a visão de uma equipe organizada e empenhada em levar com clareza as informações aos usuários; melhorária na adesão dos usuários aos serviços oferecidos pela ESF; redução do número de faltas dos usuários nas atividades e aumento da procura por participação; atualização dos usuários em tempo real sobre as atividades da ESF, como os grupos operativos; incentivo aos profissionais a serem instrumentos para o funcionamento do SUS, tornando-os além de incentivadores, também propulsores do SUS de maneira mais clara e efetiva, já que ambos, profissionais e usuários são corresponsáveis pelo cuidado em saúde. Considerações finais: Uma vez que as equipes tutoriais são organizadas de maneira a integrar estudantes, preceptores e tutores de diferentes cursos, realizando atividades centradas no usuário, na família e na comunidade, com a participação representativa destes no debate de ações de saúde para a melhoria dos serviços prestados, observa-se que os participantes tiveram a oportunidade de desenvolver competências colaborativas para o trabalho em equipe interprofissional, além de criarem espaços no serviço e na academia para discussões acerca do trabalho e da formação em saúde pautadas nos princípios teóricos e metodológicos da educação e do trabalho interprofissional.

7930 O TRABALHO DAS PROFESSORAS SUBSTITUTAS EM UM CURSO DE ENFERMAGEM
Juliana Pereira Domingues, Cristiane Ferraz Colonese, Bianca Moraes Assucena

O TRABALHO DAS PROFESSORAS SUBSTITUTAS EM UM CURSO DE ENFERMAGEM

Autores: Juliana Pereira Domingues, Cristiane Ferraz Colonese, Bianca Moraes Assucena

Apresentação: O trabalho das professoras substitutas configura-se em um trabalho temporário, no qual as profissionais assinam um contrato que pode durar até dois anos. De acordo com a lei 8.745/93, a contratação de um professor substituto acontece para suprir a falta de professor efetivo nas seguintes situações: vacância do cargo; afastamento ou licença; nomeação para ocupar cargo de direção de reitor, vice-reitor, pró-reitor e diretor de campus. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência das professoras substitutas em um curso de enfermagem no Rio de Janeiro. As atribuições do cargo vão muito além da sala de aula e englobam várias funções, como: elaboração e ministração de aulas teóricas de acordo com a afinidade/expertise da professora com a temática, bem como a produção de provas e questões, ambas teóricas e práticas; planejamento das aulas teóricas e práticas (realização de cronograma e planos de aula); atuação como preceptora de estágio nas instituições de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); participação em reuniões de planejamento do semestre e outras, conforme as necessidades observadas ao longo do período. O trabalho em si é gratificante e agrega muito na vida profissional de cada professora substituta, resultando em novos saberes a partir da vivência e participação ativa nas atribuições e responsabilidades de um docente de universidade pública. Com isso, surgiram novas oportunidades de desenvolvimento de trabalhos na academia, como ser avaliadora de sessão de trabalhos e de resumos de evento científico da semana de trabalhos acadêmicos da própria universidade; e menções honrosas como premiações advindas de trabalhos desenvolvidos e apresentados pelos alunos sobre as vivências dos mesmos durante o campo prático em unidades de saúde do SUS.

11042 METODOLOGIAS ATIVAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE TUTORES DE ENSINO-APRENDIZAGEM NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DE MANAUS-AM
Silvane e Silva Evangelista, Evanira Maria Ribeiro dos Santos, Ivamar Moreira da Silva, Maria Heloisa Fialho Cauduro, Mauricio Bacarin Silva

METODOLOGIAS ATIVAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE TUTORES DE ENSINO-APRENDIZAGEM NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DE MANAUS-AM

Autores: Silvane e Silva Evangelista, Evanira Maria Ribeiro dos Santos, Ivamar Moreira da Silva, Maria Heloisa Fialho Cauduro, Mauricio Bacarin Silva

Apresentação: A atuação de profissionais de saúde nos diversos cenários do SUS requer a apropriação de uma visão crítica e reflexiva que o prepare para lidar com os diversos atores sociais e as diferentes demandas geradas no seu dia a dia, seja pelos usuários e familiares, ou pela expectativa de atendimento estipulada pela gestão e também pelas soluções e acolhimento ensejados pelas comunidades. A atuação desses profissionais influencia os determinantes sociais em saúde, que interferem na qualidade de vida da população. O que os diferentes atores acreditam entender é que o desenvolvimento de suas competências e habilidades, são inerentes a formação, porém a sensibilização e humanização do atendimento só ocorre com a integralização do preparo reflexivo de sua atuação prática aos saberes norteados pelos princípios propostos pela Reforma Sanitária e do SUS. Buscando a integralização de saberes necessários à atuação profissional no âmbito do SUS, o curso de especialização em Saúde Pública com Ênfase em Estratégia de Saúde da Família, da Escola Pública de Saúde do Município de Manaus (ESAP) segue também na direção nacional de uso de metodologias ativas (MAs) de ensino-aprendizagem. Estas emergem como ferramenta de aprendizado significativo e criação de oportunidades imediata da prática tornando robustas as habilidades esperadas nos profissionais de saúde voltados a atenção primária de modo a fortalecer a assistência em saúde local. Assim, pretende-se somar ao SUS local, profissionais sensibilizados e críticos em relação a atuação no campo de prática em que estão inseridos, de forma mais significativa para a comunidade. As MAs permitem o acompanhamento do estudante por um professor na figura de tutor/facilitador do processo de ensino-aprendizagem, que pouco interfere com elementos externos decisórios, mas assume a condução reflexiva de modo que o tema e metas desenhadas previamente sejam alcançadas por esforço próprio do grupo e os levem a buscar respostas dentro de novas expectativas de informações e complementos do saber fazer e do saber aprender consolidando os princípios da pedagogia crítica, interativa e reflexiva. O objetivo deste estudo é retratar a percepção dos tutores ao longo do primeiro ano de utilização das metodologias ativas, preconizadas como atividades da prática de ensino para a aprendizagem crítico reflexivo dos especializandos em saúde pública. Desenvolvimento: O curso apresentado foi criado na cidade de Manaus no ano de 2018 para ampliar de 43,10%, em 2016, para 70% a cobertura de atenção primária no período de 2018 a 2021. Com um propósito tão desafiador, tornou-se necessário, para Gestão Municipal da Saúde, a congregação de profissionais que assumissem não só a cobertura do atendimento da população, mas que entendessem o diferencial de um processo formativo que potencializa o humano, o entendimento da necessidade individual e oferece, diante da complexidade das situações de saúde da população local, a ampliação da resolutividade da atenção primária. Desta forma, o curso abarcou distintas categorias profissionais, médicos, enfermeiros profissionais que compõem a equipe multidisciplinar, como nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física, assistentes sociais, farmacêuticos, fisioterapeutas. Em duas turmas: uma multiprofissional com aproximadamente 50 especializandos, e outra com 16 médicos, correspondendo ao cenário real almejado de atuação na atenção primária. Todos foram acompanhados por preceptores com formação correspondente a expertise profissional no campo de prática, e o ensino-aprendizagem ficou por conta de um grupo de tutores composto por 5 doutores, sendo dois Odontólogos, duas Assistentes Sociais e uma Bióloga, mantendo a multidisciplinaridade como característica predominante do curso, com os tutores assumindo 10 alunos cada um.  Os conteúdos foram organizados em unidades curriculares: Atenção à Saúde; Vigilância em Saúde; Gestão em Saúde; Promoção e Educação em Saúde, nos encontros presenciais mensais e explorados ao logo do 1º ano por meio metodologias ativas de modo integrado e transversal. Para cada tema, uma intencionalidade era correlacionada e uma ou mais estratégias educacionais ativas foram associadas. Neste processo oportunizou-se a significação ou ressignificação do aprendizado no paradigma saúde-doença. Assim, foi valorizado o conhecimento prévio do profissional, o aprendizado em pequenos grupos e o deslocamento individual programado nas atividades autodirigidas. Resultado: Um grande leque de MAs foram aplicados ao longo de um ano, como a espiral construtivista, a problematização e o aprendizado baseado em problemas, além de atividades educacionais diversas como situações problemas, narrativas, plenárias e oficinas de trabalho. Esta última, usada também na simulação da construção de micro áreas e avaliação de riscos em saúde. Utilizou-se ainda a árvore explicativa de problemas para possibilitar o entendimento do principal problema local e delineamento do projeto de intervenção, e a matriz de Swot.  Nestas interações o exercício do ouvir e falar pouco durante a condução das atividades, foi o aspecto de maior desafio no curso, pois a formação profissional dos tutores também é tradicional. Assim a educação permanente idealizada para empoderar o tutor, serviu para o aprimoramento da escuta e da técnica de condução em MAs. Foi uma tarefa difícil inicialmente, mas de suma importância para alcançar a significação proposta, tornando os especializandos sujeitos reais da atividade, e ao mesmo tempo no aprimoramento do significado de ser tutor. Houve a desmotivação, resistência e demorada adaptação de alguns alunos ao modelo ativo de ensino-aprendizagem do curso, devido ao fato destes estarem distantes da sala de aula, ou por terem formação tradicional enraizada no seu modelo de aprender. Neste sentido vale ressaltar que as próprias MAs, os levaram a efetuar uma maior reflexão do impacto pessoal na decisão de participar de programas que adotem as metodologias ativas como ferramenta de aprendizagem, além de resultar no envolvimento intrínseco integrativo da metodologia que os ajudaram a superar e incluir novas ações na prática do serviço de saúde.  Espera-se que, após a aplicação de seus projetos de intervenção criados de acordo com a singularidade local, todos sejam capazes de ir além do simples atendimento para cobrir a população adstrita, alcancem o essencial para a comunidade, e reflitam como a sua atuação tornou humanamente mais fácil o lidar com o indivíduo no processo de trabalho para saúde da família. Para os tutores, já é possível identificar profissionais cada vez mais sensíveis a situações problematizadas em sala e colher a percepção da necessidade da reflexão e ações efetivas para a prática, bem como o despertar do poder de criar, acrescentar ou talvez só melhorar, e até, quando possível, mudar a realidade encontrada no local de atuação de todos da equipe. Resultado: percebemos que a composição de equipes multidisciplinares, fortaleceu o processo de trabalho integrado e coordenado do ensino à prática, direcionada ao cuidado, e ao atendimento das necessidades de saúde presentes no território adstrito. E ainda que, a utilização das MAs para sensibilizar os diferentes profissionais foi eficiente em evidenciar um novo olhar de como aprender e ensinar, e ao mesmo tempo efetuar uma correlação com o próprio cotidiano. Percebemos também que todos os participantes do programa saíram de alguma forma modificados ao iniciar reflexões de si próprio e do seu papel na formação de profissionais de saúde e no processo de servir melhor na atenção básica.  

6643 ANÁLISE DA TAXA DE EVASÃO NA RESIDÊNCIA INTEGRADA EM SAÚDE DA ESP/CE
ANA CAROLINA SOUZA TORRES, ALEXANDRA PAIVA VALE, MARÍLIA MAGALHÃES CABRAL, GABRIELA RODRIGUES MACÊDO, MARIA JAMISSE DE ARAÚJO OLIVEIRA

ANÁLISE DA TAXA DE EVASÃO NA RESIDÊNCIA INTEGRADA EM SAÚDE DA ESP/CE

Autores: ANA CAROLINA SOUZA TORRES, ALEXANDRA PAIVA VALE, MARÍLIA MAGALHÃES CABRAL, GABRIELA RODRIGUES MACÊDO, MARIA JAMISSE DE ARAÚJO OLIVEIRA

Apresentação: O estudo objetiva analisar a taxa de evasão de discentes da Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (RIS-ESP/CE) que consiste numa modalidade de ensino de pós-graduação Lato sensu, sob a forma de curso de especialização, caracterizada por ensino em serviço, na perspectiva de contribuir para a formação de recursos humanos para o SUS. A RIS possui 11 programas, sendo 8 no componente hospitalar (Neurologia e Neurocirurgia; Infectologia; Cancerologia; Cardiopneumologia; Pediatria; Enfermagem Obstétrica; Urgência e Emergência e Neonatologia) e 3 no componente comunitário (Saúde da Família e Comunidade, Saúde Mental Coletiva e Saúde Coletiva).Trata-se de um estudo quantitativo, documental, com coleta de dados em registros do Sistema de Gestão Acadêmica do curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (RIS-ESP/CE). Contemplaram-se três turmas no intervalo entre Maio de 2013 a Fevereiro de 2017, constituindo o universo de 857  residentes. Para calcular a taxa de evasão em cada turma da RIS-ESP/CE realizou-se o somatório do n° de residentes que não entregaram a Versão Final do Trabalho de Conclusão da Residência (TCR) com o n° de residentes que não realizaram a Defesa do TCR somado ao n° de residentes que foram desligados e transferidos do Programa. O resultado desse somatório foi divido pelo n° total de residentes que foram matriculados na turma, sendo representados pela fórmula: (Σ (NVF+ND+DT) /T1). Os dados foram coletados a partir da consulta de formulários de solicitação de desligamento da Residência, o qual é preenchido pelo discente quando solicita a desvinculação do curso. Além disso, consultou-se o Sistema Acadêmico da ESP (SAGU) no que tange às informações de residentes que realizaram, ou não, as Defesas de TCR, bem como a entrega, ou não, da documentação de Versão Final do TCR, condições sine qua non para conclusão do Programa. Do universo consultado, houve 71 desligamentos, sendo 16 (22,5%) referentes à Turma I (2013 a 2015) e 33 (46,4%) à Turma II (2014 a 2016) e 22 (30,9%) à Turma III (2015 a 2017). Na Turma I, de 226 matriculados, a evasão foi de 15,93%, pois seguindo o cálculo da taxa de evasão citado anteriormente, houve 1 não entrega de versão final, 19 discentes que não realizaram a defesa do TCR e 16 desligados.Já na Turma II, do total de 320 matriculados, houve 5 discentes que não entregaram a versão final, 13 que não defenderam o TCR e 33 desligados do Programa, caracterizando a evasão nesta turma de 15,94%. Na Turma III a evasão foi a mais significativa, de 24,44%, pois do total de 311 matriculados, houve 3 residentes que não entregaram a versão final, 51 que não realizaram a defesa do TCR e 22 desligamentos.É imprescindível refletir acerca dos diferentes fatores determinantes do desligamento de um residente, bem como, analisar os motivos que culminam na não conclusão do curso, considerando-se a relevância dessa modalidade de pós-graduação. Recomenda-se a realização de estudos que analisem as motivações da ocorrência da evasão e apresentem estratégias para sua redução.

10422 ENFERMAGEM DE FAMÍLIA E COMUNIDADE: CONTRIBUIÇÕES DA RESIDÊNCIA PARA PROFISSIONAIS DA REDE DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Angela Fernandes Leal da Silva, Iracema Santos Lima, Isadora Siqueira da Souza, Marília Cabral da Silva, Lívia de Souza Câmara, Lucélia dos Santos Silva, Aluísio Gomes da Silva Junior

ENFERMAGEM DE FAMÍLIA E COMUNIDADE: CONTRIBUIÇÕES DA RESIDÊNCIA PARA PROFISSIONAIS DA REDE DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Autores: Angela Fernandes Leal da Silva, Iracema Santos Lima, Isadora Siqueira da Souza, Marília Cabral da Silva, Lívia de Souza Câmara, Lucélia dos Santos Silva, Aluísio Gomes da Silva Junior

Apresentação: A atuação do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde (APS) no município do Rio de Janeiro, assim como no Brasil, vem se constituindo como uma ferramenta de mudanças nas práticas assistenciais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma vez que, respondendo a agenda do novo modelo de atenção, centrado na integralidade do cuidado, na intervenção frente aos fatores de risco, na prevenção de doenças, na promoção da saúde e da qualidade de vida, vem tornando obsoleto o cuidado centrado na clínica e na cura. Portanto,  a inserção no SUS de novos perfis, como dos enfermeiros especialistas em saúde da família e comunidade, ajudam na consolidação de uma prática de assistência de enfermagem baseada em evidências científicas. Logo, os programas de residência em Saúde da Família têm atuado como dispositivos de intervenção para qualificação do SUS a nível local. Isso se dá a partir da formação de profissionais de saúde em aspectos que envolvem o planejamento, a gestão e a clínica na APS. Em 2015, houve a criação dos Programas de Residência Uniprofissional em Enfermagem em Saúde da Família, no Município do Rio de Janeiro, destinado ao treinamento em serviço de enfermeiros residentes por enfermeiros já especialistas em saúde da família (preceptores), em Clínicas da Família ou Centros Municipais de Saúde da cidade. A formação teórica era ofertada em parceria com três instituições de ensino a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade do Grande Rio. Atualmente, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro coordena a execução dos programas nas unidades de APS, que se distribui em sete das dez áreas de planejamento de saúde, e conta com preceptores de enfermagem atuando, junto aos residentes, no desenvolvimento das competências essenciais de um enfermeiro de família e comunidade. Os Programas são regido pelas premissas da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), e está orientado por todas as suas resoluções. Assim sendo, os cursos são realizados em 24 meses, totaliza 5.760 horas, divididas em 1.152 horas de carga horária teórica e de 4.608 horas de atividades práticas obrigatórias e teórica-prática, de modo a contemplar as necessidades de formação dos alunos. Esta formação é baseada nos atributos da APS e nos fundamentos da prática clínica para sustentar a aquisição de conhecimentos, atitudes e habilidades para atuação nas equipes de saúde da família, bem como para processos de gestão e organização dos serviços de saúde na esfera local e regional. Para além do propósito de devolver para rede profissionais com qualificação adequada, visando otimizar melhores resultados em saúde e a orientação do cuidado centrado na pessoa, na família e comunidade, observamos transformações profissionais e pessoais no cotidiano dos enfermeiros que passam pelo processo da especialização. À vista disso, esta pesquisa teve como objetivo analisar os benefícios e o grau de influência da residência em enfermagem em saúde da família, na vida profissional, sob a ótica do egresso dos programas. Método: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa realizado com os egressos dos programas de Residência Uniprofissional em Enfermagem em Saúde da Família vinculados à SMS da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Os dados foram coletados no período dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Todos os egressos que preencheram o critério de inclusão foram convidados a participar do estudo, sendo incluídos os egressos que concluíram sua formação no período de 2017 a 2019 e excluídos os que não concordaram em participar da pesquisa. Foi aplicado um questionário semiestruturado autoaplicado por meio da ferramenta Google Forms e posteriormente tabulados e analisados em planilhas do Microsoft Excel®, tendo sido obtidas tabelas de distribuição de frequência para as variáveis analisadas. O projeto de pesquisa foi submetido à plataforma Brasil, sendo aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense e da SMS (RJ) sob os pareceres 3.560.353 e 3.650.158 respectivamente. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi disponibilizado para aceite eletrônico. Resultado: Os Programas de Residência em Enfermagem em Saúde da Família desenvolvidos na cidade do Rio de Janeiro em parceria entre a SMS e as instituições de ensino superior entre 2017 e 2019 tiveram 152 concluintes. Desses todos foram localizados por meio de endereço eletrônico e receberam o questionário, dos quais 113 responderam, correspondendo a uma taxa de resposta de 74,3%. No quesito relacionado aos benefícios de concluir o curso, os egressos responderam a mais de mais de uma alternativa. Os percentuais à proporção dos respondentes em relação ao número total de participantes. Destes 92% (n = 104) destacaram a melhoria no desempenho profissional, 88,5% (n = 100) aquisição de novos conhecimentos sobre a profissão, 77% (n = 87) realização profissional/pessoal, 76,1% (n = 86) aumento de chance no mercado de trabalho, 68% (n = 77) possibilidade de melhoria salarial, 56,6% (n = 64) mudanças de paradigmas pessoais e profissionais, 23,9% (n = 27) promoção de função/cargo e nenhum egresso acredita não ter tido benefícios. O grau de influência do curso na prática profissional foi expresso como “totalmente influenciada” ou “muito influenciada” por 96,5% (n =109). Cerca de 70,8% (n = 80) estavam empregados na rede pública no período da pesquisa e 80,5% (n = 91) demoraram de 0 a 6 meses para ingressar no mercado de trabalho após o término da residência. Observou-se ao longo de três anos (2017, 2018 e 2019) um aumento dos egressos que não conseguiram retornar ao mercado de trabalho após 12 meses do término do curso. Em 2017 e 2018, apenas 0,9% (n = 1) e em 2019, 5,3% (n = 6). Este aumento do intervalo de tempo para inserção do egresso na rede de APS pode está relacionado com atual crise econômica e política da cidade do Rio de Janeiro, hipótese que é reforçada ao analisar a cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) neste período. Após um período de forte expansão da cobertura da ESF, diante da recente crise a gestão municipal tomou a decisão de reduzir equipes. Com isso a cobertura das equipes de saúde da família que era de 62,21% em janeiro de 2017 passou para 45,16% em novembro de 2019. Tal redução, ocorreu por meio da extinção de 296 equipes da ESF. Resultando na redução de posto de trabalhos para enfermeiros de família e comunidade. Considerações finais: O entendimento mais aprofundado de quem são e de onde se encontram os egressos do programa, agora especialistas em enfermagem em saúde da família e comunidade, para atuar na APS pode contribuir para a construção da identidade da enfermagem de família e comunidade e, consequentemente, para o fortalecimento dessa especialidade. O primor na elaboração do cuidado na APS pela enfermagem manifesta-se nos consultórios, na unidade e na comunidade, transcendendo as limitações dos fatores determinantes e condicionantes de saúde, colaborando para o alcance de impactos positivos para a melhoria das condições de vida das pessoas e na excelência da assistência prestada à população. Os resultados do estudo apontaram que um percentual significativo de egressos estava atuando na rede de APS carioca, evidenciando ordenação entre a formação de especialistas e a necessidade do mercado.

9505 DA RIS-GHC BROTOU UMA PLANTINHA: A CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE UFFS/MARAU
Fabiana Schneider, Vanderleia Laodete Pulga, Fernanda Carlise Mattioni, Eliana Brentano

DA RIS-GHC BROTOU UMA PLANTINHA: A CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE UFFS/MARAU

Autores: Fabiana Schneider, Vanderleia Laodete Pulga, Fernanda Carlise Mattioni, Eliana Brentano

Apresentação: O processo de descentralização da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) em Marau (RS) é um exemplo da cooperação que se firmou entre o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a Secretaria Municipal de Saúde do município de Marau (RS) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), provando que as parcerias entre instituições de saúde e educação podem dar certo quando são pautadas no diálogo, no respeito às diferenças e na busca de um mesmo objetivo. O presente trabalho apresenta o percurso histórico da experiência construída a partir do processo de descentralização da RMS coordenado pelo GHC. A Residência Integrada em Saúde (RIS) do GHC foi constituída em 2004, com o objetivo de especializar profissionais de diferentes áreas que se relacionam com a saúde, através da formação em serviço. Passados dez anos, adquirida maturidade e experiência nessa modalidade de ensino, surgiu a proposta de descentralização da residência, no ano de 2012, indo ao encontro das políticas nacionais de desconcentração da formação e da fixação de profissionais fora dos grandes centros, expandindo para outros territórios do interior do estado a responsabilidade com a formação engajada com um modelo de saúde comprometido com os princípios do SUS. Tal movimento evidenciou a necessidade de inaugurar novos campos de formação em cenários do interior. Assim, o processo de descentralização iniciou atrelado à oferta pública, pela Escola GHC, do Curso de Especialização em Saúde da Família e Comunidade - Gestão, Atenção e Processos Educacionais, com o objetivo de subsidiar o desenvolvimento de funções de preceptoria, tutoria, supervisão e orientação da formação em serviço na APS. Para a escolha dos municípios-campo foram observados critérios como: rede minimamente estruturada de APS; boa cobertura de ESF ou movimento de incremento da cobertura por parte da gestão municipal; infraestrutura adequada; rede de cuidados em nível secundário e terciário disponível na região; capacidade de preceptoria (profissionais com perfil para o ensino e com vínculo trabalhista local estável). Nesse processo, o município de Marau foi selecionado e duas de suas equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) acolheram residentes dos núcleos profissionais de enfermagem, farmácia e psicologia, vinculados à RIS/GHC, se constituindo como campo de formação em serviço. No decorrer de três anos, ingressaram três turmas de residência e a RIS/GHC tornou-se uma potente oferta de formação em serviço com capacidade de impactar na qualidade do cuidado. De acordo com a pactuação inicial firmada entre GHC e SMS-Marau-RS, no início do ano de 2015, avaliou-se que seria o momento de se estruturar um programa próprio de Residência Multiprofissional em Saúde, no sentido de sedimentar a proposta de descentralização do GHC e disseminar a capacidade pedagógica nos serviços de saúde envolvendo trabalhadores, gestores, formadores e o controle social. Nesta ação vislumbra-se a construção do SUS verdadeiramente como uma rede-escola, com toda a potência para intervir na produção do cuidado à saúde. Ainda, a proposta alinhava-se a política do Ministério da Saúde que busca a qualificação e fixação de trabalhadores do SUS nos municípios do interior. Buscou-se então a parceria da UFFS para a construção do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde (PRMS) tendo como área de concentração: Atenção Básica, Saúde da Família e Comunidade/Saúde Coletiva, pois a proposta pedagógica da Universidade alinhava-se a proposta de desenvolvimento local e fortalecimento das relações ensino e serviço, por meio da oferta de formação de acordo com as necessidades da região, bem como sua proximidade geográfica de Marau. Constituiu-se um grupo de trabalho, com a participação de representantes de todos os segmentos (residentes, preceptores e docentes) e instituições (SMS-Marau, GHC e UFFS) para a construção do projeto de PRMS. Nesse mesmo período foi constituída a COREMU-UFFS. Em seguida o projeto foi submetido ao Ministério da Educação (MEC) e a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional. Após a aprovação do PRMS - UFFS/Marau seguiram-se os trabalhos para estruturar as condições necessárias à execução do Programa, visando à qualidade da formação. A partir de março de 2016, a Secretaria Municipal de Saúde recebeu em dois campos de prática – Estratégia Saúde da Família Santa Rita e São José Operário, residentes das áreas da enfermagem, farmácia e psicologia vinculados a UFFS, dando continuidade a formação iniciada com a parceria do GHC, que por meio de seus apoiadores pedagógicos ainda auxiliaram na condução do primeiro ano do programa. Desde então, a construção do Projeto Político Pedagógico vem sendo elaborada em conjunto, abrindo espaço para que os diferentes atores contribuam para qualificar as ações do programa. Destaca-se nesse sentido os momentos de assembleia das residentes, fórum de preceptores e tutores que são realizados mensalmente e culminam no Colegiado onde todos participam e  são tomadas a maioria das decisões. Da mesma forma a COREMU constitui-se por representação das residentes, preceptoras, tutoras, gestão municipal e estadual, controle social e, junto à coordenação do programa, as decisões são tomadas buscando um consenso. Os resultados deste trabalho encontram-se na consolidação do programa da UFFS que obteve reconhecimento do MEC e aprovação para ampliação devido às condições apresentadas. Formaram-se neste percurso de 07 anos, 21 residentes que em sua maioria encontram-se trabalhando no SUS e multiplicando as experiências que vivenciaram na realidade da saúde em Marau. Os principais desafios encontram-se na dificuldade em manter a parceria firme, o que necessita ser constantemente estimulado. A interferência da política de sucateamento das universidades federais, gerada pelas medidas de austeridade fiscal adotadas nos últimos anos, inviabilizou a ampliação do programa. Também observamos dificuldades no perfil de residentes que chegam ao serviço com grandes fragilidades advindas da graduação, principalmente no que se refere à saúde coletiva e os princípios do SUS. Esses desafios exigem processos de educação permanente de tutores e preceptores para que possam construir linhas de ação comuns e efetivas de atuação. Pode-se afirmar então, que o processo de descentralização dos programas de RMS tem capacidade de induzir a qualificação dos serviços que os acolhem; de aproximar a formação de trabalhadores com a realidade das redes de saúde instituídas no interior; e estimular a fixação destes trabalhadores nestes cenários. Essa experiência demonstra a potência que existe na descentralização da formação em serviço e na possibilidade de integração entre instituições de ensino e serviços do SUS. Isso foi possível pela característica do processo, democrático e participativo, no qual todos os saberes compuseram a construção da proposta.

10769 NÚCLEO DE ATENÇÃO TERRITORIAL À INTERNAÇÃO (NATI): UM OPERADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO PARA A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE MENTAL
Paula Cerqueira, Flávia Fasciotti Macedo Azevedo, Luciana Silvério Alleluia Higino da Silva, Andrea Damiana da Silva Elias, Marcella Costa Brajão, José Carlos Lima, Carlos Eduardo Honorato, Leila Vianna, Lisete Vaz

NÚCLEO DE ATENÇÃO TERRITORIAL À INTERNAÇÃO (NATI): UM OPERADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO PARA A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE MENTAL

Autores: Paula Cerqueira, Flávia Fasciotti Macedo Azevedo, Luciana Silvério Alleluia Higino da Silva, Andrea Damiana da Silva Elias, Marcella Costa Brajão, José Carlos Lima, Carlos Eduardo Honorato, Leila Vianna, Lisete Vaz

Apresentação: O Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ), iniciado no ano de 2010, tem como um de seus operadores a desinstitucionalização das pessoas internadas, principalmente no primeiro ano de curso, em que o trabalho acontece mais efetivamente dentro das enfermarias do referido Instituto. Comprometido com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) tem foco na aprendizagem de novas habilidades e competências para o exercício profissional, significando a possibilidade de produzir diferentes modos de subjetivação, ampliando os modos de compreender saúde, favorecendo, dessa forma, a constituição de um novo sujeito trabalhador neste Sistema. Propõe uma organização curricular que aborda uma íntima articulação entre teoria/prática, sem subordinações. Utiliza uma abordagem pedagógica construtivista e fundamentada na aprendizagem significativa e de adulto, focada em metodologias ativas de aprendizagem tanto na formação de residentes como na educação permanente de seu coletivo de formadores (docentes, tutores, preceptores de núcleo e campo). A parceria com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde assegura a integração com o mundo do trabalho, o compromisso com as necessidades de saúde das pessoas e com a consolidação do SUS. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar um novo dispositivo, desenvolvido no programa, o Núcleo de Atenção Territorial à Internação (NATI) e alguns de seus efeitos tanto na assistência quanto no percurso formativo de todos os envolvidos. Desenvolvimento: O dispositivo NATI origina-se na busca constante do colegiado de gestão da Residência Multiprofissional em realizar diálogos coletivos entre profissionais e com as instituições que eles representam, sempre em rede e nos territórios. Missão regular e implicada,  parte do entendimento de que os processos formativos precisam estar a serviço da sustentação de transformação e de qualificação da atenção em saúde, nos mais diversos níveis de complexidade. Esta direção de trabalho busca a potencialização da multiprofissionalidade e da interprofissionalidade aliada com o trabalho em rede no território. Parte-se do pressuposto, como nos diz Emerson Merhy, que o mundo do trabalho é uma escola e, é nele, em seus mais distintos e diversos pontos dessa rede que nossos residentes caminham ao longo de sua formação. A aposta é que o projeto político pedagógico seja vivo, em ato, sustentando nessa formação tecnologias de cuidado e educacionais nas quais os modos de cuidar sejam inseparáveis dos modos de gerir e apreender. É por esta razão que reconhecemos a mesma ênfase no eixo de sustentação teórica, ou seja, a dimensão cognitiva, e a forma como são pensados os dispositivos educacionais durante a residência se desenha, igualmente, com base em uma associação visceral com o mundo dos acontecimentos, da experiência. O mundo da vida, seus acontecimentos e o que se passa e nos passa são movimentos tomados em questão de forma regular em nossas reuniões de colegiado e Educação Permanente. Portanto, à medida que os serviços territoriais substitutivos à internação, primordiais para o nosso programa de residência vêm sofrendo uma intensa fragilização com as recentes políticas do país, e aos poucos vão sendo destituídos de sua missão, com a interrupção de financiamentos, ruptura de contratos profissionais, dentre outros, somos acometidos pela urgência em criar um dispositivo capaz de estreitar os laços com esses serviços. Isto porque nosso projeto pedagógico é um parceiro das redes de atenção psicossocial a favor da sustentação dos avanços da reforma psiquiátrica em nosso Município e em nosso Estado. Foi diante deste cenário que sentimos a necessidade de criar um novo desenho para a intensificação do projeto político pedagógico da residência do IPUB/UFRJ, a partir do momento em que as interferências macropolíticas passaram a afetar diretamente a assistência prestada, o cuidado cotidiano aos pacientes internados, a sua inserção de volta em suas redes territoriais, bem como o próprio processo formativo dos residentes. Nessa lógica, no segundo semestre de 2018, o NATI é criado. O desenho do NATI foi construído após uma pesquisa sobre o perfil clínico, epidemiológico e de serviços da clientela internada nas enfermarias do IPUB ao longo de 2017. Os resultados dessa pesquisa sinalizaram que todas as regiões do município do rio de janeiro e os municípios da baixada, utilizavam de forma frequente os leitos do instituto. Assim, os “NATI’s” se dividiram em NATI norte, centro sul, oeste (englobando todas as RAPS do município) e baixada fluminense (envolvendo as demais regiões do estado). As equipes são compostas por cinco residentes, profissionais de diferentes categorias (assistente social, enfermeiro, psicólogo e terapeuta ocupacional) acompanhados por preceptores internos ao programa de residência, pelos articuladores dessas regiões e por um apoiador do estado responsável por acompanhar a região metropolita I. Esse dispositivo logo nos primeiros meses de sua implantação já indicou a potência da produção de redes vivas nos diferentes territórios e, assim vem sustentado parcerias de cuidado ao longo de todo o nosso estado. Resultado: O trabalho do NATI, iniciado em 2018,  está em pleno desenvolvimento, mas já é possível afirmar como alguns de seus Resultado: a) a diminuição do hiato entre a atenção das redes hospitalar e territorial; b) a sustentação da parceria de um cuidado em rede dos casos com intensa fragilização psicossocial que, em outro momento, teriam como único destino longas, ineficazes e sofridas internações. Outro ponto também importante é  a parceria com outros serviços da rede de atenção à saúde e outros equipamentos públicos como a rede de assistência social e a de justiça, potencializando práticas interprofissionais de cuidado, gestão e formação. Considerações finais: Essa experiência tem sido instigante, inovadora e provocativa para todos nós, operadores desse programa. Sem dúvida a construção do NATI traz múltiplas dimensões para a reflexão e o debate.  Com isto, um dos aspectos mais caros a todos é como a invenção e os efeitos do NATI só fazem refirmar a importância de se pensar em estratégias de formação centradas na experiência e no entendimento que uma ação formativa só faz sentido se for  capaz de produzir mudanças em todos os atores envolvidos nesse processo, nas redes e nas vidas das pessoas de quem  somos chamados a cuidar.

9418 RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE MENTAL E ARTICULAÇÕES LATINOS-AMERICANAS: A EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO EXTERNO NA RED NACIONAL DE ATENCIÓN EN DROGAS DO URUGUAI
Ana Caroline de Moraes Oliveira Quintas, Maria José da Silva

RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE MENTAL E ARTICULAÇÕES LATINOS-AMERICANAS: A EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO EXTERNO NA RED NACIONAL DE ATENCIÓN EN DROGAS DO URUGUAI

Autores: Ana Caroline de Moraes Oliveira Quintas, Maria José da Silva

Apresentação: As residências multiprofissionais em saúde são modalidades de especialização lato sensu que cada vez mais absorvem assistentes sociais e psicólogos, representando um espaço em que tais profissionais têm a oportunidade de educação permanente e exercício profissional. Dentre a variedade de programas estão as residências multiprofissionais em saúde mental que, a depender do formato, permitem a inserção nos variados dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial. Na maioria destes programas, existe a proposta de um estágio intensivo com duração de um mês, podendo ser articulado com dispositivos que não estejam contemplados nos programas. Este estágio se deu a partir do interesse das residentes pelas políticas de drogas e a escolha do Uruguai como campo levou em consideração os feitos recentes na política do país, principalmente, no que se refere à aprovação da Lei n° 19172, de 20/12/2013, que trata sobre a Regulação e Controle da Cannabis. Este trabalho objetiva relatar a experiência de estágio na Red Nacional de Atención en Drogas de Montevidéu/Uruguai, realizado por uma assistente social e uma psicóloga, residentes multiprofissionais em saúde mental. A metodologia utilizada foi a observação- participante e a confecção de diários de campo. A partir de reuniões com a Junta Nacional de Drogas do Uruguai conhecemos as áreas estratégicas da Secretaria Nacional de Drogas e nos inserimos no cotidiano de alguns dispositivos da área de atenção e tratamento às pessoas que fazem uso problemático de drogas. Os dispositivos foram: Unidade Móvel de Atenção (UMA), Aleros- equipos de proximidad e Portal Amarillo. A UMA é um dispositivo móvel de saúde que presta atenção especializada à População em Situação de Rua que faz uso problemático de drogas. Sua estratégia de cuidado parte da gestão de riscos e redução de danos e atende as necessidades demandadas pelos sujeitos acompanhados com o objetivo de fortalecimento de seus vínculos e redes. Neste dispositivo participamos de acolhimento e atividades de lazer e educativas. O Aleros- equipos de proximidad caracteriza-se por  profissionais que circulam por determinadas zonas da cidade para se aproximarem do público-alvo e, também, utilizam espaços do território para realizar as intervenções. Atua sob a perspectiva comunitária e no fortalecimento das redes institucionais, sociais e locais, com ênfase no cuidado integral. Neste dispositivo participamos de um grupo que acontece em um espaço cultural da cidade. Por fim, o Portal Amarillo é o Centro Nacional de Informação e Referência da Rede de Drogas, conta com uma equipe multidisciplinar e atua a partir de três frentes de tratamento: ambulatório, centro diurno e residencial. Neste dispositivo, participamos de acolhimento dos usuários e suas famílias, atendimentos individuais e grupais. As vivências nos dispositivos citados permitiram a aproximação com estratégias de redução de riscos e danos, paradigma que orienta a política de drogas do país. Além disso, este intercâmbio nos possibilitou, como residentes, ampliarmos nosso escopo de ações tanto no âmbito da política, quanto no âmbito da clínica. Consideramos, também, de suma importância possibilidade de trocas entre os países latino-americanos para a construção de políticas de drogas orientadas pela redução de danos e saúde pública.

10623 PREPARADES NA APS: PROMOÇÃO E AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DE PROFISSIONAIS RESIDENTES EM SAÚDE QUE ATUAM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE PORTO ALEGRE SOBRE A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV (PREP)
Lucas Cardoso da Silva, Daniel Canavese de Oliveira, Bruno Silva Kauss, Karen da Silva Calvo, Vinícius de Souza Casaroto, Uélquer Guedes de Souza, Daila Alena Raenck da Silva, Luciana Barcellos Teixeira

PREPARADES NA APS: PROMOÇÃO E AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DE PROFISSIONAIS RESIDENTES EM SAÚDE QUE ATUAM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE PORTO ALEGRE SOBRE A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV (PREP)

Autores: Lucas Cardoso da Silva, Daniel Canavese de Oliveira, Bruno Silva Kauss, Karen da Silva Calvo, Vinícius de Souza Casaroto, Uélquer Guedes de Souza, Daila Alena Raenck da Silva, Luciana Barcellos Teixeira

Apresentação: O HIV∕aids ainda persiste como um problema de saúde pública mundial, mesmo após décadas de sua descoberta. Nesse contexto, a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) tem ganhado cada vez mais importância na estratégia de prevenção combinada do HIV para o enfrentamento da epidemia. A PrEP consiste na utilização de medicamentos antirretrovirais, de forma preventiva, antes da exposição ao HIV, para diminuir a probabilidade de infecção. A implementação deste novo método iniciou recentemente no SUS. O protocolo clínico do Ministério da Saúde preconiza a tomada diária do medicamento, embora existam outros esquemas terapêuticos possíveis, grande parte ainda em estudo. As evidências apontam para a boa segurança, custo-efetividade e relação risco-benefício deste método, o que levou a Organização Mundial da Saúde a recomendá-lo para pessoas com risco substancial de infecção pelo HIV. Embora a PrEP seja voltada a indivíduos de populações em situação de vulnerabilidade ao HIV, iniquidades de acesso têm ocorrido. O perfil das pessoas usuárias de PrEP consiste em, predominantemente, homens gays, brancos e de alta escolaridade, enquanto pessoas travestis ou trans, pardas ou negras, e de baixa escolaridade ainda apresentam dificuldades de acessar este método. Isto ocorre não só por uma comunicação insuficiente e pela dificuldade crônica de acesso dessas populações aos serviços de saúde, mas também pelos estigmas associados à PrEP pelos seus pares e pelos próprios profissionais de saúde. Neste cenário, a atenção primária à saúde (APS) pode exercer um papel estratégico, no sentido de vincular a população aos serviços e de promover a equidade. Há uma lacuna na literatura brasileira sobre conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) de profissionais da saúde relacionados à PrEP. O objetivo deste estudo foi de implementar uma ação educativa e avaliar CAP de profissionais residentes em saúde que atuam na APS sobre a PrEP, na perspectiva da equidade e de zero discriminação. Este é um estudo CAP com ação educativa e abordagem mista. A ação educativa foi desenvolvida por uma equipe multiprofissional com ampla experiência em atuação e pesquisa em serviços de saúde e atividades de prevenção do HIV. O conteúdo programático incluiu a característica técnica da Prevenção Combinada e da PrEP, assim como marcadores de interseccionalidade que são determinantes da vulnerabilidade do HIV e da AIDS e do acesso à PrEP, bem como as políticas de equidade em saúde e o programa Zero Discriminação da UNAIDS. A parte formativa constituiu-se como palestra expositiva e dialogada, com a utilização de metodologia ativa, visando disparar atitudes reflexivas e problematizadoras junto aos participantes. Elencou-se a carga horária de quatro horas presenciais para desenvolver a ação educativa e aplicar o instrumento de coleta de dados. Já o componente qualitativo consistiu na elaboração de um instrumento de coleta de dados para avaliar os conhecimentos, atitudes e práticas de profissionais da APS sobre a PrEP, através de revisão de literatura, grupo operativo e aplicação em profissionais elegíveis. Foi desenvolvido um instrumento com dois questionários para serem aplicados antes e após a ação educativa. A primeira etapa do componente quantitativo envolveu a análise da avaliação da ação educativa pelos participantes. A segunda etapa consistiu em uma análise descritiva dos dados obtidos antes da ação, apresentados em números absolutos e percentuais. A última etapa se trata de comparações entre antes e após ação educativa, as quais foram realizadas por meio do teste de homogeneidade de proporções baseados na estatística de qui-quadrado de Pearson. Neste trabalho, são apresentados resultados parciais e preliminares do estudo. Foi realizada uma ação educativa com 57 profissionais residentes que estavam atuando na APS. A formação superior desses profissionais se apresentou diversa e heterogênea, devido ao perfil dos programas de residência em que estão inseridos: saúde coletiva, medicina de família e comunidade, atenção básica, e saúde bucal. A avaliação da ação pelos participantes foi positiva: 70,2% apontaram que atingiu  seu objetivo; 66,0% afirmaram que a ação explorou o tema proposto satisfatoriamente; 66,0% acreditaram que seu aproveitamento nesta capacitação foi bom e 80,9% assinalaram que poderiam aplicar os conhecimentos adquiridos durante a ação educativa em sua prática profissional. No entanto, 63,8% indicaram que a carga horária de quatro horas não é totalmente suficiente para explorar o tema. Dos 57 participantes, 53 (93%) responderam ao instrumento pré-teste. Em relação a CAP antes da ação educativa, 88,6% autodeclararam o conhecimento sobre a PrEP como insuficiente ou pouco suficiente. Quando avaliados, 79,6% obtiveram conhecimento insuficiente ou pouco suficiente. Embora 76,4% estariam dispostos a recomendar a PrEP aos usuários, apenas 2,3% informaram ter realizado a recomendação nos últimos sete dias. A insuficiência de treinamento para recomendar a PrEP foi o motivo mais frequente para poder não a recomendar, apontado por 53,8% dos respondentes. Outros motivos apontados foram: a PrEP pode causar danos ao organismo (17,3%); pode levar ao aumento de outras infecções sexualmente transmissíveis (17,3%); o usuário/a pode não aderir corretamente ao esquema terapêutico (15,1%); não sabe o que é a PrEP (11,5%); o preservativo é a melhor prevenção (11,5%); não protege completamente contra o HIV (5,8%); muitas consultas de seguimento são necessárias (1,9%); pode levar à resistência do HIV (1,9%); e não tem tempo para recomendar (1,9%). Nenhum respondente assinalou os motivos “pode reduzir recursos em outras ações” e “prevenção do HIV é reponsabilidade das pessoas e suas famílias”. Dos 57 participantes, 46 (80,7%) responderam aos dois instrumentos (pré e pós-teste). Destes, após a ação educativa, 65,2% (p = 0,465) autodeclararam o conhecimento como suficiente ou muito suficiente, e 69,6% (p = 0,001) atingiram esses níveis quando avaliados. Ainda, 43 recomendariam a PrEP aos usuários, enquanto 3 não responderam quando questionados. Observou-se melhora no conhecimento sobre a PrEP após a ação educativa e possivelmente houve melhora na atitude em relação à recomendação do método. Estes são resultados preliminares, pois anda há outras variáveis e análises possíveis de serem exploradas por meio dos dados coletados. No entanto, destaca-se que este é o primeiro estudo no País sobre conhecimentos, atitudes e práticas relacionados à PrEP de profissionais da saúde que atuam na APS. Frente ao cenário de dificuldade na implementação da PrEP no Brasil e no mundo, a literatura científica brasileira voltou-se ao público alvo deste método: as populações em situação de vulnerabilidade. Contudo, o profissional de saúde é o principal mediador entre a população elegível e o método de prevenção. Para isso, deve estar preparado para a implementação desta tecnologia no SUS. Além da realização deste estudo CAP com profissionais da APS que está em andamento, é importante estender essa avaliação aos outros níveis de atenção, inclusive aos serviços especializados onde a PrEP foi implementada. Os conhecimentos, atitudes e práticas avaliados antes da ação evidenciam que a educação permanente sobre a PrEP deve ser objetivo a ser perseguido para a implementação efetiva deste método de prevenção no SUS. As possíveis implicações em políticas públicas podem ser consideradas benefícios tanto para a população estudada, no sentido de incentivo à educação permanente, quanto para as populações impactadas pela prática desses profissionais. Ou seja, na diminuição de iniquidades de acesso à PrEP no Brasil e, consequentemente, no fortalecimento do enfrentamento ao HIV e à AIDS.

6468 ESTRATÉGIAS DE INTERIORIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA MÉDICA EM MFC: A EXPERIÊNCIA DA SUBSECRETARIA DE EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO EM SAÚDE DO ESTADO DO RJ.
Débora Silva Teixeira, Renata Carneiro Vieira, Danielle Pereira Paulo, Ana Carolina Tavares Vieira, Anna Tereza Miranda Soares de Moura

ESTRATÉGIAS DE INTERIORIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA MÉDICA EM MFC: A EXPERIÊNCIA DA SUBSECRETARIA DE EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO EM SAÚDE DO ESTADO DO RJ.

Autores: Débora Silva Teixeira, Renata Carneiro Vieira, Danielle Pereira Paulo, Ana Carolina Tavares Vieira, Anna Tereza Miranda Soares de Moura

Apresentação: A Secretaria de Estado de Saúde tem por missão induzir, fiscalizar e apoiar políticas públicas em saúde nos municípios, promovendo a organização e qualificação da Rede Assistencial na garantia da atenção integral à saúde. O objetivo deste trabalho é apresentar o processo de implementação de novas vagas de residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC) do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade (PRMFC) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a serem ofertadas para além da capital do Estado. Desenvolvimento.  Estabeleceu-se parceria com a UERJ devido a sua tradição e expertise na MFC, uma vez que o PRMFC da UERJ existe há 44 anos. A universidade  dará o aporte pedagógico e também fará  a gestão das bolsas complementares que serão pagas aos alunos e preceptores, financiadas pela SES.  Em reuniões realizadas com as áreas técnicas da SES foram pactuados critérios para a seleção dos municípios, como cobertura de Atenção Primária  em Saúde (APS) maior que 60%, presença de Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), rede de Saúde Mental e de Saúde Bucal, além da Rede de  Atenção à Saúde contar com médicos de família e comunidade para preceptoria. Após a seleção, 11 municípios apresentaram condições de receber  o projeto, que foi então apresentado e pactuado na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) obtendo a adesão de 4 municípios. Nestes foram realizadas  visitas técnicas e encaminhados para a  assinatura dos Termos de Cooperação Técnica (TCT) com a SES. Nos TCT os municípios se comprometem a prover o profissional médico que será preceptor e a manutenção do salário-base, enquanto a SES complementa seu salário para que exerça essa função. Além disso, a SES complementa a bolsa do residente a fim de aumentar o interesse pelos municípios do interior. Resultado: Para o primeiro ano, 2020, foram abertas 18 vagas, distribuídas pelos 4 municípios que aderiram ao programa. Considerações finais: A interiorização da residência, além de estimular a formação profissional, tem potencial para qualificar a rede dos municípios, que se estrutura para receber os residentes, promove estreitamento da relação com a SES e possibilita a parceria com uma instituição de ensino com experiência e qualidade reconhecidas na formação para a APS. A instabilidade política e, em muitos casos, a ausência de profissionais qualificados nos municípios são potenciais desafios no processo de  implantação e de manutenção do programa. Além disso, a burocracia na abertura de concurso para estas vagas e também as mudanças no modelo de financiamento  do governo federal, que causam incertezas sobre o investimento em APS, dificultaram o processo de implementação pelo receio de adesão dos municípios.

6494 OFICINA “FALANDO DE RESIDÊNCIA”: UM PROCESSO COLETIVO DE CONSTRUÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DOS PROGRAMAS DE RESIDÊNCIAS MÉDICAS E MULTIPROFISSIONAIS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RJ
Marcia Fernanda da Costa Carvalho, Aline Mello da Silva, Ana Carolina Tavares Vieira, Silvana Ferreira de Lima, Anna Tereza Miranda Soares de Moura, Tereza Cristina da Fonseca Guimarães

OFICINA “FALANDO DE RESIDÊNCIA”: UM PROCESSO COLETIVO DE CONSTRUÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DOS PROGRAMAS DE RESIDÊNCIAS MÉDICAS E MULTIPROFISSIONAIS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RJ

Autores: Marcia Fernanda da Costa Carvalho, Aline Mello da Silva, Ana Carolina Tavares Vieira, Silvana Ferreira de Lima, Anna Tereza Miranda Soares de Moura, Tereza Cristina da Fonseca Guimarães

Apresentação: Este trabalho é um relato de experiência sobre a oficina “Falando de Residência”, de caráter permanente, com frequência bimestral, realizada pela Coordenação de Ensino da Secretaria de Estado de Saúde do RJ (SES-RJ) com os coordenadores e preceptores de programas de residências médicas e multiprofissionais da SES-RJ e presidentes de COREME e COREMU. Esta oficina nasceu a partir do diagnóstico da necessidade de maior aproximação entre a Coordenação de Ensino/SES-RJ, coordenadores e preceptores dos programas de residência para compartilhamento de experiências e reflexão sobre as práticas clínicas. Objetivo: Buscar estratégias para melhorar os programas de residência, o ambiente e os processos de trabalho visando à melhoria dos cenários e espaços de aprendizagem; Facilitar e fortalecer a discussão democrática / participativa entre coordenadores e preceptores dentro de cada serviço e institucionalmente; Construir processos avaliativos que valorizem competências e pensando no perfil de aprendizado do residente que se pretende formar, assim como avaliar continuamente os programas oferecidos. Desenvolvimento: A primeira oficina foi realizada na SES-RJ, com presença dos coordenadores e preceptores das 9 unidades hospitalares que são campos de práticas para as residências. O encontro ocorreu em dezembro de 2019, com duração de 4 horas. A primeira etapa do encontro foi uma dinâmica intitulada “Pode não parecer, mas...” na qual os participantes, anonimamente, dividiram curiosidades com o grupo, possibilitando uma interação descontraída entre os participantes. Posteriormente, foi aplicado o questionário de Honey e Mumford para conhecimento do perfil de aprendizagem de cada participante, pois ao pensar na diversidade de formas de aprendizagem, possibilita-se o desenvolvimento de tecnologias educativas que contemplem as individualidades. Foi aplicado também questionários para coletar dados sobre as potencialidades, fragilidades e desafios de cada um dos programas de residência. Resultado: A sistematização e avaliações dos dados dos questionários ocorreram de forma síncrona à reunião e os resultados foram apresentados aos participantes, possibilitando a discussão sobre as principais fragilidades: deficiências na infraestrutura e escassez de recursos hospitalares; potencialidades; qualidade dos projetos pedagógicos dos programas e dos preceptores; e desafios com os residentes: deficiência na formação e imaturidade emocional.  Considerações finais: A formação da força de trabalho para o SUS nem sempre ocorre de forma articulada com as necessidades dos serviços de saúde e dos seus colaboradores, sendo esse um dos principais desafios dos gestores de saúde na formação e qualificação dos recursos humanos. Portanto, a Oficina “Falando de Residência” constitui-se em um importante espaço de troca de experiências e compartilhamento de reflexões, possibilitando o aperfeiçoamento dos programas de residência.

6496 ESTRATÉGIAS DE INTERIORIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA: A EXPERIÊNCIA DA SUBSECRETARIA DE EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO EM SAÚDE DO ESTADO DO RJ
Danielle Pereira Paulo, Tereza Cristina da Fonseca Guimarães, Ana Carolina Tavares Vieira, Anna Tereza Miranda Soares de Moura

ESTRATÉGIAS DE INTERIORIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA: A EXPERIÊNCIA DA SUBSECRETARIA DE EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO EM SAÚDE DO ESTADO DO RJ

Autores: Danielle Pereira Paulo, Tereza Cristina da Fonseca Guimarães, Ana Carolina Tavares Vieira, Anna Tereza Miranda Soares de Moura

Apresentação: A Secretaria de Estado de Saúde tem por missão induzir, fiscalizar e apoiar políticas públicas em saúde nos municípios, promovendo a organização e qualificação da Rede Assistencial na garantia da atenção integral à saúde. O objetivo deste trabalho é apresentar o processo de criação  do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (PRMSF) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a serem ofertadas para além da capital do Estado. Desenvolvimento: A parceria com a UERJ foi estabelecida devido a parceria prévia da SES com a mesma, para a implementação de novas vagas no Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade . A universidade dará o aporte pedagógico e também fará a gestão das bolsas complementares que serão pagas aos alunos e preceptores, financiadas pela SES. Todo o processo de escolha dos critérios para a seleção dos municípios aptos a receberem os alunos do programa, assim como sua apresentação e pactuação nas instâncias da SES, bem como o encaminhamento para a assinatura dos Termos de Cooperação Técnica (TCT), foi exatamente o mesmo feito para o programa da Medicina de Família e Comunidade. Após a redação do projeto e a pactuação deste nas instâncias da SES, o mesmo foi apresentado às Unidades Acadêmicas (UMA) da UERJ sob a forma de convite para participar do empreendimento. As UMA que compõe atualmente o projeto são: Faculdade de Odontologia, Instituto de Nutrição e Instituto de Psicologia. Em setembro de 2019 foi realizado um encontro entre os diretores das UMA para que os mesmos se conhecessem e estabelecessem parceria para o desenvolvimento do programa. A partir de então, estão sendo feitas reuniões quinzenais para a estruturação do programa, que deverá ser submetido à Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) para sua aprovação e criação. Resultado: O segundo semestre de 2019 e o primeiro de 2020 foi dedicado ao desenvolvimento do programa, sua criação e submissão à CNRMS. Para o ano de 2021 o programa deverá estar em pleno funcionamento com a abertura de 6 vagas por categoria profissional para os quatro municípios que aderiram ao projeto, totalizando 18 alunos R1. Considerações finais: A interiorização da residência, além de estimular a formação profissional, tem potencial para qualificar a rede dos municípios, que se estrutura para receber os residentes, promove estreitamento da relação com a SES e possibilita a parceria com uma instituição de ensino com experiência e qualidade reconhecidas na formação para a APS. A instabilidade política e, em muitos casos, a ausência de profissionais qualificados nos municípios são potenciais desafios no processo de implantação e de manutenção do programa. Além disso, a burocracia na abertura de concurso para estas vagas e também as mudanças no modelo de financiamento do governo federal, que causam incertezas sobre o investimento em APS, dificultaram o processo de implementação pelo receio de adesão dos municípios.

7217 FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM PERNAMBUCO: COMPONENTES E ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE DA POLÍTICA ESTADUAL DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE
Juliana Siqueira Santos, Thiago Cavalcante de Almeida, Luisa Macêdo Cavalcante, Luciana Camêlo de Albuquerque, Gustavo Rego Muller de Campos Dantas

FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM PERNAMBUCO: COMPONENTES E ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE DA POLÍTICA ESTADUAL DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE

Autores: Juliana Siqueira Santos, Thiago Cavalcante de Almeida, Luisa Macêdo Cavalcante, Luciana Camêlo de Albuquerque, Gustavo Rego Muller de Campos Dantas

Apresentação:. As residências em saúde constituem-se em importante estratégia de formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde com o objetivo de atender às necessidades de saúde da população, por meio da composição das equipes nos serviços e estruturação das redes de atenção. O Estado de Pernambuco se destaca na expansão de programas de residências, na interiorização e regionalização e nos investimentos crescentes em bolsas. Em 2019 apresentou um total de 240 programas de residência médica e 90 em área profissional de saúde, contemplando 1009 e 635 vagas credenciadas, respectivamente. Considerando todos os anos de residência, são aproximadamente 3.666 vagas, das quais 83,14% foram ocupadas. A Secretaria Estadual de Saúde, por meio da Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, tem um papel fundamental na gestão da política de residências em saúde. O objetivo deste relato de experiência é descrever os elementos estruturantes da política estadual de residências em saúde, identificando investimentos e áreas estratégicas no período de 2015 a 2019. Desenvolvimento. O Estado de Pernambuco tem-se destacado como importante polo de formação de profissionais para o SUS na modalidade residência dentro do eixo Norte-Nordeste, atraindo cerca de 40% de candidatos oriundos de outros estados no processo seletivo unificado. A gestão tem investido na qualificação da política estadual, a partir dos seguintes componentes: gestão colegiada da política; planejamento da ampliação de residência em áreas estratégicas; financiamento de bolsas; investimento na qualificação da preceptoria e da gestão dos programas; inovação e compartilhamento de experiências. Resultado:. No que se refere à gestão colegiada, destacam-se como resultados a qualificação do processo seletivo unificado, a instituição do Fórum Estadual de Comissões de Residência Multiprofissional em Saúde - COREMU, a construção do Plano de Educação Permanente em Saúde de Pernambuco (PEPS-PE 2019-2022), e a recente iniciativa de estruturação de uma Comissão Estadual de Residências. A formação por meio das residências em saúde foi amplamente debatida no estado, e incluída no PEPS-PE 2019-2022 nos seguintes objetivos: Fortalecer a Política Estadual de Residências em Saúde como dispositivo da Política Estadual de Educação Permanente em Saúde; Expandir e qualificar os programas de residências em saúde para formação de profissionais de saúde alinhada às necessidades do SUS em Pernambuco; Qualificar o desenvolvimento e a valorização da preceptoria e tutoria no SUS. O processo seletivo unificado, coordenado pela SES –PE em parceria com as instituições formadoras, foi ampliado e qualificado, com mudanças na estrutura do edital e estratégias de ocupação de vagas. A unificação da seleção contribui para um planejamento mais adequado de abertura de novos programas ao considerar as necessidades de saúde da população, o número de vagas já existentes em cada especialidade e a região onde esses programas são ofertados. O planejamento da ampliação das vagas de residência no período teve como principais diretrizes: qualificação das redes de atenção (materno infantil, urgência e emergência, atenção básica), interiorização, e expansão da residência médica alinhada à abertura da graduação em medicina. Entre 2015 e 2019 houve aumento de 36% no número de vagas de residências, destacando-se as seguintes áreas: atenção materno infantil (41%), urgência e emergência (46%), atenção básica (119%). As vagas de residência médica passaram de 818 em 2015 para 1009 (aumento de 23%), já as residências em área profissional de saúde saíram de 395 para 635 em 2019 (61%). Destaca-se a importância da interiorização na qualificação da rede de atenção à saúde materno infantil, com a abertura de novo programa de residência em enfermagem obstétrica pela Escola de Saúde Pública em quatro regiões de saúde localizadas no agreste e no sertão (Caruaru, Garanhuns, Arcoverde e Salgueiro); e ampliação de programas e vagas em ginecologia e obstetrícia, pediatria, e enfermagem em saúde da criança na região do Sertão do São Francisco e em Caruaru. Quanto ao financiamento, o investimento do estado teve um incremento de 66% no período, enquanto os recursos federais em bolsas de residência aumentaram em 14%. Em 2019 aproximadamente 121 milhões de reais foram investidos em bolsas de residências no estado, sendo 83 milhões com recursos do tesouro estadual. No componente qualificação da gestão dos programas e da preceptoria, foram realizadas, por meio da Escola de Saúde Pública de Pernambuco, formações em preceptoria em saúde em oito regiões de saúde e desenvolvida a primeira turma do curso de aperfeiçoamento em gestão de programa de residências em saúde para coordenadores e supervisores. A inovação e compartilhamento de experiências foram incentivadas por meio da publicação de um livro, construído a partir dos relatos de vivências submetidos a uma chamada pública; dos seminários estaduais e oficinas regionais de educação permanente em saúde e do seminário estadual de residências em saúde. Considerações finais: A Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE) continua como a principal financiadora de bolsas de residências em saúde, assumindo inclusive bolsas nas instituições federais, o que foi acentuado a partir de 2016, quando Ministério da Educação adotou a posição de não financiar novas bolsas. A interiorização das residências ainda se constitui um desafio, especialmente a residência médica, alinhada à crescente expansão dos cursos de medicina no estado. É urgente a abertura de novos programas de acesso direto nos hospitais do estado localizados principalmente nas regiões onde já foram instituídos os cursos de graduação em medicina, destacando-se as regiões de Garanhuns (V região de saúde), Arcoverde (VI região de saúde) e Serra Talhada (XI região de saúde). Faz-se necessário a qualificação da estrutura desses serviços e mais iniciativa por parte das instituições de ensino. Diante do atual contexto político, das fragilidades da gestão nacional da política de residências, das interrupções no funcionamento da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde, da ausência de novos financiamentos, das mudanças na política de atenção básica, são inúmeros os desafios postos para o aprimoramento das residências em saúde nos estados e municípios. Faz-se necessário maior articulação política e construção de estratégias coletivas para garantir a sustentabilidade das residências em saúde, visto que se configuram sob a perspectiva da integração entre o mundo do trabalho e o mundo da formação, como forças propulsoras da qualidade do sistema de saúde. No âmbito nacional, é imprescindível que os Ministérios da Saúde e da Educação exerçam seu papel na política das residências em saúde, por meio da regulação, regulamentação, diretrizes e financiamento. Para o estado, os principais desafios são a garantia de recursos e orçamento para manter a política de expansão da formação em áreas estratégicas; a busca por novos financiamentos federais; a estruturação da comissão estadual, pactuada no seminário estadual de residências em 2019; a interiorização dos programas; o desenvolvimento do plano de educação permanente em saúde. As residências, enquanto estratégia de gestão e dispositivo formativo no campo da saúde constitui uma forma de resistência política frente às mudanças do modelo de atenção à saúde e em defesa do Sistema Único de Saúde. 

7268 PROGRAMA MULTIPROFISSIONAL DE RESIDÊNCIA EM SAÚDE – CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Marina Goelzer Kieling, Glaucia Dias dos Santos

PROGRAMA MULTIPROFISSIONAL DE RESIDÊNCIA EM SAÚDE – CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Autores: Marina Goelzer Kieling, Glaucia Dias dos Santos

Apresentação: Em termos gerais, a Residência é uma modalidade diferenciada de formação, favorecendo o encontro entre conhecimentos teóricos e práticos e, sobretudo, a articulação entre a academia e os serviços. Formar trabalhadores para atuar no sistema de saúde sempre foi um desafio. Trazer o campo do real, da prática do dia a dia de profissionais, usuários e gestores mostra-se fundamental para a resolução dos problemas encontrados na assistência à saúde e para a qualificação do cuidado prestado aos sujeitos. As universidades no processo de formação em saúde, buscam, historicamente, vincular acadêmicos e serviços, aparentemente desconectados, acoplando os espaços de formação aos diferentes cenários da vida real e de produção de cuidados à saúde, assumindo lugar privilegiado para o desenvolvimento da percepção dos estudantes acerca do outro no cotidiano do cuidado, comprometendo-se assim com a relevância social. Diante do expostos, considera-se a Lei Federal nº 11.129 de 2005 e a Portaria Interministerial MEC/MS nº 1.077 de 2009 que instituem os programas de Residência Multiprofissional em Saúde e de Residência em Área Profissional da Saúde, com foco na formação de trabalhadores capacitados para atuar no Sistema Único de Saúde-SUS. A Residência Multiprofissional em Saúde é uma especialização na modalidade lato sensu, que objetiva a educação em serviço de diversos profissionais da área da saúde, dentre os quais variam, dependendo do programa e das necessidades da região. Podendo ocorrer nas diversas complexidades de saúde, sendo Atenção Primária, Secundária ou Terciária. A formação tem duração de no mínimo dois anos respeitando a carga horária de 60 horas semanais de atividades teóricas e práticas. Tal programa, apresenta-se como uma alternativa para promover a mudança da prática assistencial em saúde, capaz de favorecer o trabalho em equipe, as trocas efetivas de saberes e práticas e a construção de uma nova realidade de saúde para a população. Sua finalidade é preparar os profissionais de diversas áreas da saúde para trabalhar em equipe multidisciplinar nos serviços de saúde. Experiência: O Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família da Universidade do Vale do Itajaí em parceria com os sistemas de saúde dos municípios catarinenses de Balneário Piçarras, Brusque, Itajaí e Itapema os quais sediam o campo de prática de profissionais da educação física, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e dentistas. E o local para a formação teórica ocorre na universidade integrando em momentos todos os residentes para aulas de conteúdos comuns ou matriciáveis e dividindo-os para tutorias com conteúdos específicos de cada profissão por meio de metodologias ativas. As atividades teóricas aprofundam conteúdos de saúde coletiva e atenção básica enquanto as atividades práticas acontecem predominantemente com a inserção do profissional em uma equipe na atenção básica e com horas práticas em atividades de gestão em saúde, em atenção especializada e com atividades complementares a formação. Os residentes inserem-se em equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica - NASF-AB, ou em equipes de Estratégia Saúde da Família-ESF que são formadas por servidores efetivos dos municípios e são alocados conforme a necessidade e demandas especificas de cada município. Esta formação surge da necessidade em aperfeiçoar profissionais que possam responder as demandas sociais, tendo neste processo o reconhecimento da necessidade de transformação na produção do conhecimento, que surge para que possibilite o desenvolvimento de atitudes e habilidades que proporcionem a transformação das realidades. Assim, metodologias ativas estimulam o processo ensino-aprendizagem, onde o residente assume o papel de protagonista na construção de seu conhecimento. A atuação vinculada ao cotidiano laboral possibilita a transformação do processo e da organização de trabalho e das práticas profissionais. Configura-se como uma ação e um processo educativo, aplicado no âmbito do trabalho, de modo a possibilitar mudanças nas relações, nos processos e nas respostas às necessidades de saúde da população. E a atuação interdisciplinar e multiprofissional, em conjunto com a formação e o ordenamento dos recursos humanos da saúde, permeia o atendimento integral ao usuário em consonância com os princípios e diretrizes do SUS. A integração entre ensino e aprendizagem nos espaços de atuação profissional em saúde possibilita que as necessidades dos usuários sejam apreendidas, tornando-se a diretriz da qualificação dos profissionais. Com a interação entre os diferentes profissionais, a residencial multiprofissional permite a superação da fragmentação das áreas, resultando na atuação de equipes multiprofissionais. Resultado: O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde permite qualificar o profissional inserido, de maneira condizente com as necessidades do SUS, principalmente na compreensão das diretrizes e princípios do SUS e nas realizações de ações de promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde. Ao mesmo tempo requalifica a saúde atendendo as necessidades de realidades locais e regionais, em atendimento direto à comunidade, o profissional tem a vivência e aprofunda conhecimentos de maneira interdisciplinar com seus professores, colegas e profissionais dos serviços, ou seja, aprende com o outro. O programa de residência aqui exposto orienta-se por estratégias pedagógicas que utilizam a atenção básica como espaço de prática, com uso de metodologias e dispositivos de gestão da clínica ampliada, de forma a garantir uma formação voltada ao olhar integral, multi e interdisciplinar. A proposta de atuação e formação multiprofissional oportuniza a aprendizagem dos residentes inseridos na realidade dos serviços de saúde, cujo processo de trabalho pode ser potencialmente construído e reconstruído no cotidiano, buscando articular o conhecimento interdisciplinar e a prática multiprofissional e intersetorial; a busca pela formação deste novo perfil de profissional de saúde tende a contribuir para a construção de novos paradigmas de assistência à saúde, contribuindo para a ampliação da resolutividade das ações desenvolvidas. Considerações finais: Diante da experiência no programa, reforça-se esta política de educação como uma importante ferramenta de qualificação profissional que por meio da utilização de metodologias ativas, dialógicas, problematizadoras e participativas, tendo os atores envolvidos como sujeitos do processo de ensino aprendizagem-trabalho, comprometidos com a sua formação nos diversos espaços de sua inserção, preparando os mesmos para a construção da própria autonomia e para darem continuidade ao seu processo de formação tornando-os ativos, críticos e reflexivos, pois é a partir da vivência prática nos serviços, permeada por um suporte pedagógico e voltado para as necessidades da população, que se concretiza uma formação técnica e humanística, do profissional de saúde, uma vez que as situações-problema vivenciadas no cotidiano desses profissionais exigem ações que extrapolem o âmbito puramente científico e clínico. As Políticas Públicas de Formação Profissional em Saúde devem ser reforçadas, ampliadas e aprimoradas, já que, fortalece o SUS, possuidor dos princípios de universalidade, integralidade e equidade, sendo a maior política pública de saúde do Brasil.

9146 PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: A EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE DIANTE DA MOBILIZAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UMA UNIDADE DE ATENÇÃO BÁSICA
Flavia Avelino Galvão de Moura, Andreza da Silva Lopes, Paulo Rogério Nunes, Camila dos Santos Robles

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: A EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE DIANTE DA MOBILIZAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UMA UNIDADE DE ATENÇÃO BÁSICA

Autores: Flavia Avelino Galvão de Moura, Andreza da Silva Lopes, Paulo Rogério Nunes, Camila dos Santos Robles

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência que tem como objetivo descrever as vivências de uma equipe multiprofissional de residentes em saúde da família (ENSP/FIOCRUZ) diante do cenário de sucateamento da atenção básica no município do Rio de Janeiro. O município do Rio de Janeiro tem enfrentado um cenário de sucateamento e desmonte da saúde pública que vem se intensificando e se concretizando a partir da precarização das condições de trabalho. Esta, por sua vez, se expressa a partir de atrasos salariais, falta de insumos, sobrecarga emocional e de demandas profissionais, o que fragiliza a assistência, a consolidação e a ampliação do Sistema Único de Saúde. Tal situação é propulsora de mobilizações coletivas que culminam em movimentos de greve, interferindo tanto positiva quanto negativamente numa série de questões, dentre elas a formação dos residentes alocados nas unidades. A partir de uma análise do impacto negativo, a greve interfere na formação dos residentes por meio da suspensão das agendas dos profissionais e das atividades programadas no decorrer da rotina da unidade, sendo requisito para a formação continuada a realização destas. Neste sentido, cabe ressaltar que a precarização das relações e condições de trabalho geram uma desmotivação e consequente evasão de profissionais por perderem o entusiasmo de atuarem na área, além do adoecimento físico e mental dos mesmos que reflete não somente na vida profissional como na pessoal. A suspensão também reflete na descontinuidade da assistência e na longitudinalidade do cuidado, que é um dos princípios da atenção primária. Todavia, cabe ressaltar que a mobilização dos profissionais nos moldes de greve é avaliada como legítima pelos residentes a partir do entendimento de que a reivindicação por melhores condições de trabalho e a garantia de direitos é necessária. O movimento também pode atuar na conscientização crítica de usuários acerca da realidade política, econômica e social, tendo em vista que estas esferas são primordiais para o desenvolvimento de políticas públicas. Ao analisar os impactos negativos e positivos, conclui-se que a mobilização dos profissionais é uma vivência importante para a formação dos residentes multiprofissionais em saúde da família. Uma vez que permite uma formação profissional e pessoal através da percepção crítica sobre os movimentos sociais perante um cenário de desmonte das políticas públicas, estimula a luta pela garantia de direitos dos trabalhadores e da população usuária dos serviços. Sendo assim, visa assegurar o funcionamento da atenção básica não apenas como porta de entrada para a rede de atenção a saúde, mas principalmente como porta de acesso à cidadania.

9512 A IMPORTÂNCIA DO FEEDBACK NA FORMAÇÃO DE UM RESIDENTE EM MFC, UMA REFLEXÃO TEÓRICA
GARCIA VERGARA

A IMPORTÂNCIA DO FEEDBACK NA FORMAÇÃO DE UM RESIDENTE EM MFC, UMA REFLEXÃO TEÓRICA

Autores: GARCIA VERGARA

Apresentação: A formação de recursos humanos que realmente atende às necessidades de pessoas, famílias e comunidades é um desafio para todos que dedicam tempo e energia ao longo de suas vidas acadêmicas. Frequentemente, esses profissionais de ensino sacrificam suas vidas pessoais para enfrentar esse desafio. Este trabalho tem como objetivo qualificar de maneira mais objetiva o que pode ser feito diariamente no enfrentamento do desafio de ensinar para médicos residentes em um Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade de uma renomada Universidade Pública. Ao longo dos anos, os professores e preceptores deste programa se esforçam ao máximo para desenvolver e aplicar metodologias ativas de ensino-aprendizagem nos quais o aprendiz é responsável pelo  seu processo de aprendizado. Das muitas metodologias ativas, podemos destacar a avaliação formativa e, a partir dela, destacamos o mecanismo de feedback como a principal estratégia metodológica para o ensino centrado no adulto. O feedback é um mecanismo comumente usados na prática da preceptoria nos mais diversos contextos de aprendizagem. No entanto, esse mecanismo geralmente é subutilizado devido às circunstâncias desfavorável em que a aprendizagem pode ocorrer e possa se desenvolver completamente. Os cenários em que a prática da preceptoria ocorre são múltiplos, os desafios são constantes, as pessoas precisam aprender porque a maioria quer se tornar um profissional realmente atento às necessidades das pessoas que procuram os serviços de saúde. Para atender a esta necessidade, este trabalho baseia-se em no estudo da literatura com foco no poder de feedback na educação médica dos residentes em MFC, para que, de maneira prática, possa atender às necessidades de construção de um Sistema de Saúde Pública forte e próximo das necessidades da população.

10632 INTERFACES DA EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATIVA NA FORMAÇÃO DO PRECEPTOR EM RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE
GUILHERME AUGUSTO BRAGA SILVA

INTERFACES DA EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL E PRÁTICA COLABORATIVA NA FORMAÇÃO DO PRECEPTOR EM RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE

Autores: GUILHERME AUGUSTO BRAGA SILVA

Apresentação: No contexto da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS), evidenciam-se questões importantes que caracterizam a relação e à influência da Educação Interprofissional (EIP) e da Prática Colaborativa no processo de formação didático-pedagógico do preceptor, principalmente no tocante à fragilidade e reflexo na integração ensino-serviço. Ressalta-se o protagonismo do preceptor em “ensinar” e “aprender” nos cenários de práticas, como também, na articulação de suas competências com a produção de uma ambiência favorável ao desenvolvimento técnico-científico. Este estudo tem como objetivos analisar a percepção do preceptor sobre a formação interprofissional e o desenvolvimento de competências para práticas colaborativas   no contexto da RMS e também, avaliar o impacto da Prática Colaborativa no processo de trabalho e do cuidado no exercício da preceptoria e sua relação com as competências do preceptor. Pesquisa com abordagem quali-quantitativa com os Preceptores da RMS do Município da Estância Balneária de Praia Grande/SP, no total de 39, sendo 17 Enfermeiros, 13 Cirurgiões Dentistas, 01 Advogado, 01 Médico, 03 Psicólogos e 04 Fisioterapeutas. Como instrumento será aplicada, a Escala de Avaliação da Colaboração Interprofissional em Equipe (AITCS II-BR) com todos os preceptores, por se tratar de um instrumento diagnóstico desenvolvido para medir a colaboração interprofissional entre os membros de uma equipe, e, posteriormente, será realizada entrevista semiestruturada formatada a partir de um roteiro disposto em tópicos específicos na área da formação interprofissional e prática colaborativa, numa perspectiva crítica-reflexiva de suas competências nos cenários de prática, levando em consideração os critérios de inclusão. Como método de análise dos dados, será realizado a Análise de Conteúdo, uma vez que estimula o protagonismo e o papel ativo do sujeito na produção do conhecimento. Espera-se que os preceptores apurem suas habilidades cognitivas, atitudinais, psicomotoras, articulando-as à EIP e à Prática Colaborativa e identifiquem suas dificuldades e potências no sentido de melhorias no processo de formação, produzindo transformação na realidade.

6652 A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO PALIATIVO ONCOLÓGICO SOB A ÓPTICA DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE – RELATO DE EXPERIÊNCIA
Dayse Maria de vasconcelos Rodrigues, Agatha da Silva Leal Santos, Elisangela Ribeiro Lopes Saboia, Geisiane Alves da Silva, Maria Carolina Peçanha Fernandes, Maria Fernanda Palermo da Silva, Fernando Lopes Tavares de lima

A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO PALIATIVO ONCOLÓGICO SOB A ÓPTICA DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE – RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Dayse Maria de vasconcelos Rodrigues, Agatha da Silva Leal Santos, Elisangela Ribeiro Lopes Saboia, Geisiane Alves da Silva, Maria Carolina Peçanha Fernandes, Maria Fernanda Palermo da Silva, Fernando Lopes Tavares de lima

Apresentação: O Programa de Residência Multiprofissional do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), tem como proposta contribuir com a formação do profissional de saúde, na produção de um cuidado integral ao usuário com câncer, a partir da composição de grupos multiprofissionais alocados em diversos setores assistenciais da instituição durante um período de dois anos. Objetivo: Partilhar a experiência de um grupo composto de duas farmacêuticas, uma fisioterapeuta, uma nutricionista, uma assistente social e duas enfermeiras, no processo de construção de projetos terapêuticos singulares, realizados juntos aos pacientes em cuidado paliativo oncológico, juntamente com os profissionais de saúde da unidade, como proposta das atividades ensino/saúde proposto pela disciplina “Práticas Integradas”. Desenvolvimento: Essa atividade trata-se de um estudo descritivo na forma de relato de experiência da vivência na Residência Multiprofissional em Oncologia, e que nos deu a oportunidade de realizar a construção de um cuidado interdisciplinar com alguns pacientes com câncer, que durante o percurso terapêutico foram deliberados fora de possibilidade de cura, devido ao fato de não responderem mais as possíveis linhas de tratamento ofertadas, tendo assim a indicação de cuidado paliativo exclusivo. Foi um momento inicialmente tenso, pois havia o desafio de se trabalhar de forma interdisciplinar, já que, no nosso entendimento, só assim poderíamos construir uma assistência integral no pouco tempo que nos foi dado, além da singularidade desses pacientes, seus familiares e cuidadores. No entanto, a dinâmica da disciplina facilitou em alguns processos. Pois, tínhamos autonomia para em equipe definirmos quais pacientes poderíamos assistir, e isso facilitava a oferta do cuidado, uma vez isso nos dava liberdade para conhecer a fundo suas histórias e demandas, e não apenas reproduzir um cuidado automático e impessoal. A escolha inicialmente se dava a partir das suas histórias clínicas, evolução do quadro e oportunidade de atuação de todos os membros da equipe nesse cuidar. A carga horária diária da atividade, foi satisfatória, uma vez que possuíamos disponibilidade não apenas para a assistência beira leito, como também podíamos nos dedicar na construção das condutas de cuidado, nascidas a partir dos rounds da equipe multidisciplinar. Sendo assim, participamos ativamente das discussões diárias relacionadas a evolução clínica e psicológica, além das questões sociais e espirituais trazidas pelos pacientes e que afetavam a sua qualidade de vida, dos seus familiares e/ou cuidadores e impossibilitando assim a produção de um projeto terapêutico singular. Resultado: Na perspectiva do cuidado paliativo oncológico, fica evidenciada a importância da assistência holística que ultrapassa o tratamento físico, perpassando pelo psicossocial e espiritual bem como pelo processo de terminalidade. Cuidado paliativo não deve ser encarado como sinônimo de morte, como se pôde perceber no ponto de vista de muitos profissionais e pacientes com quem lidamos. Esse tipo de cuidado deve ser iniciado no momento do diagnóstico de uma doença crônica, haja vista que visa promover qualidade de vida com um olhar mais apurado para o controle de sinais e sintomas que esse adoecimento produz. Também, foi necessário entender que, frente às situações de terminalidade, a finitude não deve ser vista como inimiga, uma vez que temos a oportunidade de oferecer qualidade de vida e também de morte para cada indivíduo ali assistido desmitificando assim, o grande temos que terminalidade carrega consigo. Sendo assim, os rounds nos serviam de ferramenta para realização da discussão do capítulo diário da história de vida desses pacientes, e a partir deles eram replanejados e reavaliados, quantas vezes fossem necessárias, o projeto terapêutico singular, elaborado por nós como pertencentes daquela equipe, que erma sempre voltados para valorização da fala, desejo e participação do paciente nessa construção de cuidado. Tivemos ainda a oportunidade de apresentar para a Instituição em três sessões clinicas distintas, três projetos terapêuticos, construídos do vínculo estabelecido com esses pacientes, familiares e cuidadores e equipe e da nossa possibilidade de atuação como atores coadjuvantes em cada caso. Todos os pacientes que assistimos, o fizemos na óptica do projeto terapêutico singular, onde consideramos o paciente sempre como um sujeito ativo de seu tratamento e, a partir disso, repensamos estratégias de ação e produção do cuidado que os colocava no centro da atenção do cuidado. Com isso, nossas ações sempre se voltaram para as demandas identificadas em todos os três casos e que perpassavam questões como: controle de sintomas (dor, náuseas, vômitos, constipação...), promoção do autocuidado, manejo dos dispositivos invasivos, ansiedade, medo da finitude, promoção de conforto, fragilidade da situação socioeconômica e da rede de cuidados e em alguns casos ausência dessa rede, além do pacto de silêncio feito comumente pelas famílias. Traçamos de forma interdisciplinar, junto com pacientes, familiares e equipe, ações idealizadas na maioria das vezes com intuito de promover conforto, melhora da qualidade de vida e minimização do sofrimento, para concretizar assim sua alta hospitalar e seu retorno para o convívio com seus familiares, saindo assim do confinamento do ambiente hospitalar. Considerações finais: Ao final da experiência, percebemos que o trabalhar em equipe implica ser capaz de partilhar conhecimentos, dúvidas e opiniões, construir parcerias, saber escutar, aceitar diferentes pontos de vista, saber colocar questões e problemas e propor resolução dos mesmos de modo interdisciplinar. Pois, tivemos a oportunidade no decorrer dessa experiência de construir um cuidado em que foi possível envolver vários atores e cada um com seu papel importante nessa narrativa de vida do paciente em cuidado paliativo oncológico e familiares. Conseguimos traçar metas, definir planos, idealizar objetivos e ações, que por muitas vezes tiveram que ser revistas e refeitas, pois o individuo é um ser único e por isso quando estamos em construção de seu cuidado, nada é estático e imutável e isso é que nos desafia a produzir um cuidado singular e integral e pensando nesse individuo fragilizado pelo seu adoecimento acentuado pelo câncer, isso  se torna algo desafiador, único e que produz muitas marcas em nosso corpo e alma, pois ao cuidarmos desses indivíduos em seu processo de finitude no cuidado paliativo, nos faz sempre pensar e repensar na nossa vida e como gostaríamos de ser cuidados se fossemos nós, por isso é muito importante que interdisciplinaridade da equipe de cuidado paliativo oncológico seja cada vez mais forte, presente e atuante, para assegurar que esses pacientes sejam acolhidos e cuidados com respeito, dignidade e do principio ao fim de seu caminhar. E a experiência proporcionada pelo Programa de Residência é peça fundamental nesse quebra-cabeça da formação profissional, pois ela colabora na construção de um indivíduo mais ativo, capaz de produzir junto com outros profissionais um inclusivo, integral, empático a esses pacientes e seus familiares.