426: Produção do cuidado e humanização
Debatedor: Érika Kaneta Ferri
Data: 30/10/2020    Local: Sala 11 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
7116 DIFICULDADES DO ACESSO À SAÚDE DAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DE UM INTERIOR DO AMAZONAS
Cliviane Farias Cordeiro, Alessandra da Silva Carvalho, Amanda da Silva Melo, Brenner kassio Ferreira de Oliveira, Fernanda Freitas dos Santos, Maxwell Arouca da Silva

DIFICULDADES DO ACESSO À SAÚDE DAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DE UM INTERIOR DO AMAZONAS

Autores: Cliviane Farias Cordeiro, Alessandra da Silva Carvalho, Amanda da Silva Melo, Brenner kassio Ferreira de Oliveira, Fernanda Freitas dos Santos, Maxwell Arouca da Silva

Apresentação: As populações ribeirinhas, são povos que vivem nas beiras do rio da região amazônica. É preciso entender essas comunidades como sujeitos de direitos não apenas em relação a posse das terras e os recursos naturais, mas sobretudo, dos serviços públicos considerados como essenciais para uma vida digna. O cenário ribeirinho enfrenta dificuldades relacionadas à precariedade de ações das políticas públicas, incluindo a falta de acesso aos serviços públicos, como educação e saúde. Objetivo: Abordar as dificuldades da população ribeirinha de um interior do Amazonas quanto ao acesso à saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência que aborda a realidade enfrentada pelas populações do Limão e Nova Olinda, comunidades ribeirinhas do município de Parintins, Amazonas. Resultado: No estudo, observou-se de maneira geral, que na Amazônia brasileira a falta de equidade condiciona maiores deficiências na prestação de serviços, contribuindo para uma cobertura de saúde limitada. As condições precárias de saúde e a falta de saneamento básico faz com que a população ribeirinha seja acometida por doenças gastrointestinais, principalmente pelo consumo de água insalubre. Outra dificuldade encontrada é em relação a falta de uma assistência de saúde local, as duas comunidades citadas não possuem um estabelecimento para prestação de serviço, em casos de emergências os pacientes se deslocam por meio de embarcações e levam horas para chegarem ao hospital do município em busca de um atendimento. Esses determinantes sociais são o que caracterizam as condições de saúde dessa população. Considerações finais: Com este estudo, notou-se que o Brasil é um país de grande extensão territorial, a população está espalhada pelos centros urbanos, áreas rurais e também nas florestas e margens de rios (população ribeirinha), o que contribuiu para as desigualdades de acesso nos serviços públicos, principalmente no acesso à saúde. E apesar do oferecimento gratuito da saúde, o que se verifica é a dificuldade de universalização do acesso, em especial, as comunidades mais afastadas que não contam com o aparato Estatal. Sendo assim, é necessário pensar o desenvolvimento de um país além de critérios meramente econômicos, pois a própria Constituição de 1988 leva em consideração o desenvolvimento humano, as condições de acesso, as capacidades e funcionalidades dos agentes, objetivando eliminar as desigualdades sociais e regionais do Brasil.

7127 HIPERTENSÃO E DIABETES MELLITUS: APRENDENDO SOBRE OS SINTOMAS E PREVENÇÃO
Gustavo Emanuel Oliveira da Silveira, Vanessa Kemilly Gomes Lima, Lígia Amaral Filgueiras, Rafaela Pereira Cunha

HIPERTENSÃO E DIABETES MELLITUS: APRENDENDO SOBRE OS SINTOMAS E PREVENÇÃO

Autores: Gustavo Emanuel Oliveira da Silveira, Vanessa Kemilly Gomes Lima, Lígia Amaral Filgueiras, Rafaela Pereira Cunha

Apresentação: O papel da universidade é promover os pilares da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Para tanto, o Programa Campus Avançado produzido pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) tem por finalidade estreitar os laços academia x comunidade através de vários projetos de extensão, assim como aproximar os diversos cursos ofertados pela instituição. Para tanto, o projeto aprovado em seleção denominado “Hipertensão e Diabetes Mellitus: Aprendendo sobre os Sintomas e Prevenção” foi desenvolvido por discentes dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Medicina do campus de Santarém aos alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Ezeriel Mônico de Matos, localizada na área urbana da cidade de SANTARÉM (PA). Neste projeto procuramos sensibilizar o público alvo sobre as doenças cardiovasculares, já que são as causas mais comuns de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Entre os fatores de risco para doença cardiovascular, encontram-se o Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), fatores independentes e sinérgicos. O projeto desenvolvido possibilitou a discussão de uma problemática que vem crescendo em números exorbitantes no Brasil, em decorrência principalmente de um estilo de vida inadequado da população. Desta forma, estimular o conhecimento dessas doenças crônicas, sua prevenção a populações jovens é uma forma de contribuir para a redução dos fatores de risco e melhoria na qualidade de vida das pessoas. através de palestras, conversas com os membros do grupo e práticas de aferição da hipertensão arterial. Desenvolvimento: A metodologia utilizada proporcionou um contato mais próximo através da didática teórica, lúdica e prática visando a melhor apropriação de conteúdo dos participantes. O desenvolvimento do projeto demandou tempo pois, até a sua execução foram realizadas reuniões com o grupo que incluía coordenadora, bolsistas e voluntários, e tinham como objetivo planejar as atividades que pudessem promover o processo de ensino-aprendizagem de maneira crítico-reflexiva no tempo e espaço disponibilizado pela escola. Trata-se então de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido por bolsistas e voluntários do Programa Campus Avançado, ocorrido em outubro de 2019. A atividade teve como público alvo 67 alunos da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos (EJA) matriculados na referida escola, juntamente com a participação de três funcionários. No início da execução do projeto foi passado para os alunos participantes um questionário de sondagem, para que pudéssemos ter a percepção do conhecimento prévio acerca do tema Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial. Pudemos identificar que as respostas deste questionário apontaram muitas dúvidas e desconhecimento acerca da diabetes e hipertensão. Então, realizamos a sensibilização do público sobre cuidados preventivos de HA e DM através de momentos dialogados, onde abordamos os principais sintomas, fatores de risco, medidas preventivas e tratamentos não medicamentosos. Após usamos a dinâmica “Fato ou Fake”, onde frases corretas e erradas sobre o tema foram lidas e o público deveria falar se eram verdadeiras ou não, esclarecendo neste momento as dúvidas mais comuns. Atividades como esta são de fundamental importância pois corroboram com os avanços em atividades de educação em saúde, e este método de avaliação facilita com que mais debates possam surgir em decorrência de um quantitativo formado. Após este momento, houve distribuição e leitura de um panfleto com informações sobre a diabetes e hipertensão. Posteriormente, apresentamos os passos para aferição da hipertensão arterial, com os aparelhos esfigmomanômetros disponibilizados pela UEPA e por nossa equipe. Finalmente, realizamos a oficina com o treinamento da aferição da pressão arterial, na qual foi guiada pelos bolsistas e voluntários do projeto, para tentarmos reduzir o desconhecimento sobre essas doenças crônicas. Neste momento, houve grande participação e interesse do público e muitos fizeram as aferições juntamente com os bolsistas e voluntários e foi observado grande interação entre o público, já que muitos alunos já passaram a tomar a frente na explicação do procedimento. Finalizamos nosso encontro com a aplicação de um questionário avaliativo, a fim de obter as respostas em relação ao conhecimento apreendido. Resultado: Atingimos com este trabalho 70 pessoas, a maioria homens (53,73%) e quase 45% de mulheres, na faixa etária de 15 até 54 anos, auto declarados pardos (65,67%). Dentre o público atendido, havia sempre a presença de algum aluno ou aluna com necessidades especiais, já que a escola é uma referência em promover a inclusão de alunos especiais. Atividades de promoção à saúde como essa são de fundamental importância pois promovem debates, favorecendo a promoção do autocuidado e do desenvolvimento da responsabilidade própria sobre decisões relacionadas à saúde. Notou-se que, os conhecimentos adquiridos sobre a HA e o DM causaram interação entre os participantes, possibilitando o diálogo entre todos, já que cerca de 50% do público acertou as respostas corretas após a explicação da diabetes e hipertensão. Com o conhecimento adquirido pelos participantes, foi possível observar que, estas informações eram passadas entre eles mesmo, assim, cada um sanava a dúvida do outro sem precisar da orientação de um dos palestrantes, criando uma certa independência por parte dos alunos, facilitando assim, uma melhor tomada de decisão em seu dia a dia junto a temática abordada. O Programa Campus Avançado incentiva o encontro academia x comunidade de forma ampla, colocando discentes em campo, para experimentar o contato com o público, como se fosse uma amostra de nossas futuras profissões. Considerações finais: Desse modo, concretiza-se que a ação realizada com os alunos da escola Ezeriel Mônico de Matos foi de extrema relevância tanto para o público, na obtenção de informações e esclarecimento de dúvidas, quanto para os alunos bolsistas e voluntários, que puderem transmitir e aplicar os conhecimentos obtidos na graduação. Durante toda a atividade foi proporcionado espaços para que os alunos pudessem fazer suas colocações, seja com dúvidas, experiências, entre outros. Essa atitude foi muito bem aceita, pois alguns realizaram suas colocações de forma muito colaborativa, dando exemplos de vida, ou comentários sobre pessoas próximas que tem ou tiveram um diagnóstico de Hipertensão e/ou Diabetes, dúvidas que surgiram e que foram prontamente debatidas com os integrantes do projeto. Esse momento leva a uma discussão da necessidade de mais atividades como esta, inclusive para o público escolar pois, estas patologias estão cada vez mais presentes no dia a dia da comunidade, seja ela direta ou indireta em qualquer faixa etária. Além disso, ainda há a importância de conscientizar a população acerca desta problemática, pois mesmo com tantas notícias nos veículos de comunicação e dos casos próximos, percebe-se que a maioria não possui conhecimento de características básicas de ambas as patologias, o que pode ser até perigoso na disseminação de falsas notícias e métodos de cura. A educação em saúde deve ser feita diariamente, também ao e com o público de fora das academias.

7200 A PRODUÇÃO DO CUIDADO: CARTOGRAFIA DA SAÚDE MENTAL EM DIVINÓPOLIS (MG)
Alexandre Coutinho de Melo, Eduarda Pampolin Miessi Luchini, Vanessa Ayres Tibiriçá, Bianca de Freitas Moraes, Luiza Andrade Pereira Ferrer Silva, Isabelle Agostini Presti, Victor Gabriel Souza Faria, Camila Souza de Almeida

A PRODUÇÃO DO CUIDADO: CARTOGRAFIA DA SAÚDE MENTAL EM DIVINÓPOLIS (MG)

Autores: Alexandre Coutinho de Melo, Eduarda Pampolin Miessi Luchini, Vanessa Ayres Tibiriçá, Bianca de Freitas Moraes, Luiza Andrade Pereira Ferrer Silva, Isabelle Agostini Presti, Victor Gabriel Souza Faria, Camila Souza de Almeida

Apresentação: O estudo teve como foco cartografar a Rede de Cuidado em Saúde Mental de um município de médio porte do Estado de Minas Gerais. Desenvolvimento: O método empregado foi qualitativo, tendo sido utilizada a cartografia como percurso teórico e metodológico. O estudo ocorreu no ano de 2018, em uma cidade do Centro-Oeste mineiro, com uma população de 230 mil habitantes, sendo essencialmente urbana. Para percorrer a rede de cuidado foi escolhida, juntamente com a equipe de saúde mental da cidade, uma usuária guia. Essa era usuária do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) da cidade. Com base em seu percurso pela rede de cuidados foi possível traçar sua rede formal e a informal, apontando suas falhas e acertos. Durante a cartografia entrevistou-se os indivíduos que tinham vínculos fortes e consolidados com a usuária, além dessas entrevistas, observações de campo foram realizadas. O ponto de partida foi o CAPS III e sua equipe de referência, com essas entrevistas foi possível perceber o elo da usuária com o Centros de Referência de Assistência social (CRAS), assim o segundo local visitado foi o CRAS, em que foi realizada o contato inicial com a usuária e seu parceiro. Outros pontos da rede foram acionados como a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência, os vizinhos e familiares dela. A observação de campo ocorreu em todos esses locais, mas em especial no bairro e mediações em que a participante morava. A pesquisa foi conduzida por uma enfermeira, cuja área de atuação é na saúde mental e por dois alunos de graduação, um do curso de enfermagem e outro da psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais. Resultado: Como resultados percebe-se uma falta de articulação da rede de saúde na cidade, mas ao mesmo tempo algumas dessas instituições de forma isoladas realizam um bom acompanhamento e acolhimento dos usuários. Na cidade existem pontos inexistentes que comporiam a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e que seriam importantes para o cuidado, como consultórios de rua e centro de convivência. Além disso, durante o acompanhamento da produção do cuidado para com a usuário, foi possível visualizar os platôs que permeiam seu caminho, estes relacionados a seu quadro psiquiátrico, gênero e cor da pele, que geram estigmas que dificultam o seu caminhar na rede, mas apesar dos obstáculos se tem o acolhimento desta usuária nos serviços substitutivos. Mas observou-se que apesar das dificuldades de articulação da rede a reinserção da usuária ocorria principalmente quando a mesma estava trabalhando, seja como vendedora de tortas ou diarista. O estar trabalhando propiciava a ela um sentimento de pertencimento social. Neste sentido endossa-se que a RAPS deveria investir em programas de criação de renda, como na economia solidária. Considerações finais: Concluiu-se que as redes formais de cuidado apesar de desarticuladas conseguem manter vínculo com a usuária e que programas de geração de renda deveriam ser mais trabalhados pela RAPS, já que trazem a reinserção social de forma efetiva.

7298 PERSPECTIVAS DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE ACERCA DO CUIDADO A INDIVÍDUOS COM HIPERTENSÃO E DIABETES NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Carolinny Nunes Oliveira, Vanila Santos da Costa, Daniela Arruda Soares, Maria Helena de Oliveira Santana, Caroline Ferraz Santana, Márcio Galvão Guimarães de Oliveira, Sostenes Mistro, Clavdia Nicolaevna Kochergin

PERSPECTIVAS DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE ACERCA DO CUIDADO A INDIVÍDUOS COM HIPERTENSÃO E DIABETES NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Carolinny Nunes Oliveira, Vanila Santos da Costa, Daniela Arruda Soares, Maria Helena de Oliveira Santana, Caroline Ferraz Santana, Márcio Galvão Guimarães de Oliveira, Sostenes Mistro, Clavdia Nicolaevna Kochergin

Apresentação: A análise dos atributos da Atenção Primária à Saúde (APS) pode revelar a qualidade da atenção prestada, sobretudo, em contextos de escasso financiamento, envelhecimento populacional e emergência de doenças não transmissíveis como a hipertensão e o diabetes. Deste modo, objetivou-se analisar o cuidado à indivíduos com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM) na APS, com base em seus atributos, na perspectiva de Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Método: Estudo de abordagem qualitativa, realizado em três unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF) da zona rural, do município de Vitória da Conquista (BA). Os sujeitos foram onze ACS, de diferentes unidades da ESF. A coleta de dados ocorreu em julho de 2019, por meio da técnica do grupo focal, dispondo de 10 perguntas norteadoras. A análise de conteúdo se pautou na modalidade temática, sendo que as sete categorias teóricas que emergiram corresponderam aos atributos da APS. Resultado: Sobre o Primeiro Contato o serviço foi descrito como itinerante, sendo os ACS em conjunto com a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), os facilitadores do acesso, o número elevado de pessoas é colocado como uma dificuldade. Na Longitudinalidade, os ACS são os principais responsáveis pelo vínculo com a comunidade, devido à alta rotatividade dos demais profissionais nas unidades da ESF e a extensão da área dificulta o acompanhamento de todas as famílias. Na Abrangência/Integralidade, os serviços ofertados para HAS e DM são consultas médicas, visitas domiciliares e grupos com a equipe do NASF, a falta de orientações para prevenção de doenças e agravos para indivíduos com pouco contato com a unidade da ESF é um ponto negativo. Na Coordenação, a articulação com a atenção secundária é feita com cotas mensais para marcação na unidade da ESF, sendo que a demora para marcação de exames, falta de medicamentos na unidade, inclusive anti-hipertensivos e insulina são obstáculos. Sobre a Orientação para a comunidade, os ACS convivem e conhecem a comunidade, e a vulnerabilidade socioeconômica é a principal dificuldade. Na Centralidade na Família, o contexto familiar é sempre considerado durante a realização do cuidado, porém é desafiante a sua inclusão. Em relação à Competência Cultural, evidenciou-se a dificuldade em lidar com os aspectos culturais/religiosos dos usuários. Considerações finais: Os cuidados prestados a indivíduos com HAS e DM revelaram que os atributos da APS se encontram presentes, porém, a sua extensão esbarra em dificuldades humanas, materiais e na desigualdade social que perpassa o contexto rural, culminando com ações que levam a prejuízos na integração e ampliação dos cuidados em rede.

7339 TELESSAÚDE NO ESTADO DO AMAZONAS: UMA ESTRATÉGIA PARA TRANSCENDER BARREIRAS
NEYDE ALEGRE DE SOUZA CAVALCANTE, PEDRO HENRIQUE AQUINO GIL DE FREITAS, LUIZA DALILA DE CASTRO JOBIM

TELESSAÚDE NO ESTADO DO AMAZONAS: UMA ESTRATÉGIA PARA TRANSCENDER BARREIRAS

Autores: NEYDE ALEGRE DE SOUZA CAVALCANTE, PEDRO HENRIQUE AQUINO GIL DE FREITAS, LUIZA DALILA DE CASTRO JOBIM

Apresentação: Com notória extensão territorial e grande riqueza de biodiversidade, o Estado do Amazonas, outrora conhecido como “o grande vazio demográfico” dispõe de obstáculos para garantir saúde a todos. Os princípios estabelecidos pelo SUS, como universalidade, integralidade e equidade são postos em xeque dentro do cenário amazônico, onde o povoamento é baixo, o acesso é dificultado pela precária situação das estradas ou inexistência delas, além da baixa qualidade dos meios de comunicação. A partir deste contexto, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), através do núcleo de Telessaúde, proporciona atendimento, educação e atenção em saúde para a população amazonense. Dessa forma, vence barreiras geográficas, uma vez que as consultas e aulas de qualificação em serviço de saúde podem ser realizadas via internet, aumentando a resolutividade da Atenção à Saúde, fortalecendo a Atenção Primária, diminuindo custos e evitando o deslocamento de pacientes para a capital Manaus. O presente trabalho compromete-se em relatar a prática desta estratégia tecnológica, identificando seus avanços e desafios. Desenvolvimento: em busca constante pela inovação tecnológica e inserção na sociedade além muros, a UFAM possui em sua estrutura a Gerência Multidisciplinar de Telessaúde (GMTS), vinculada à Reitoria e estabelecida em 24 de março de 2014. Através desta, promoção e reestabelecimento de saúde se dá pelo desenvolvimento de teleconsultorias e teleassistências e o fornecimento de suporte docente-assistencial aos profissionais residentes no interior consolida-se pelo eixo da teleducação, a qual se expressa como forma de educação continuada, atualizando e capacitando os trabalhadores de maneira efetiva. Além disso, a Telessaúde- UFAM insere-se promovendo suporte tecnológico para transmissão de videoconferências, telediagnósticos, aulas a distância, fóruns, coordenação de seminários referente à temática e formulação de subsídios para formulação de políticas públicas de telessaúde na região. Outrossim, as teleassistências em saúde são feitas por uma equipe multiprofissional, através do auxílio das tecnologias de informação e comunicação (TICs), onde as consultas médicas e a realização de exames podem ser feitos em pacientes oriundos de regiões longínquas do Amazonas. Atualmente a GMTS conta com as cidades de Humaitá, Parintins, Itacoatiara, Benjamin Constant e Coari, onde são realizadas teleconsultas das áreas de Cardiologia, Pneumologia, Reumatologia, Neuropediatria, Neurocirurgia, Estomaterapia e Nefrologia. A colaboração entre médicos especialistas da capital com os do interior, proporciona auxilio sem necessidade de translado do paciente à capital, atitude em consonância aos princípios do SUS de integralidade e equidade. Ademais, a Telessaúde – UFAM, através do HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) faz parte da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), uma iniciativa que integra a telessaúde de diversas instituições nacionais como hospitais universitários, faculdades de medicina e outros cursos da saúde, por meio de infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação e os Grupos de Interesse Especial (SIGs). Por fim, outro diferencial e avanço para a UFAM é a oferta do Curso de Pesquisa Clínica em parceria com a Universidade de Harvard para os estudantes do curso de medicina e dentro dessa Gerência, uma vez por semana, os alunos têm aulas online com professores da academia norte americana, bem como entram em contato com vários alunos de outras instituições. Resultado: durante o ano de 2019, foram realizadas mais de 170 consultas das áreas supracitadas, sendo cardiologia a mais preponderante. Além disso, dos 50 Grupos de Interesse Especial presentes na RUTE, a Telessaúde da UFAM, até o ano de 2018, participou de 40 turmas, sendo que alguns desses grupos foram conduzidos pela própria universidade amazonense; neste contexto o público alvo fora composto por residentes, médicos e colaboradores do HUGV.  No que diz respeito a Teleducação, no ano de 2019 foram ofertadas capacitações à distância aos profissionais de saúde no interior do estado, entre eles cursos como ‘Eletrocardiograma aplicado à clínica médica’, ‘Manejo nos cuidados com pacientes com estomia intestinal e urinária’, ‘Oficina de Eletrocardiograma para enfermeiros’, ‘Treinamento em Oncoginecologia’, entre outros. Por conseguinte, após o êxito e divulgação dos marcos com algumas faculdades da área da saúde da universidade, a RUTE se expandiu para 3 unidades acadêmicas dentro do campus universitário durante o ano de 2017, sendo elas a Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Faculdade de Ciências Farmacêuticas e Faculdade de Enfermagem, dessa forma, criando oportunidades de viabilizar aos docentes e alunos uma nova perspectiva para sua formação acadêmica e profissional. Considerações finais: A Telessaúde, em tempos de globalização e pós modernidade, onde a vida é imersa em muitos aspectos sob as lentes da tecnologia, apresenta-se como uma das tendências científicas mais importantes da atualidade, inserindo-se na realidade amazônica como um marco no processo de transpor impasses geográficos, levando saúde e educação para lugares, a priori, de difícil logística. Beneficiam-se desta, instituições de saúde numa grande variedade de situações, principalmente aquelas em que a medicina convencional não está disponível facilmente, como em municípios do interior do Estado do Amazonas. É válido destacar que a principal questão que impulsiona a necessidade de expandir o programa, é realização de consultas e realização de procedimentos, a fim de restabelecer a saúde do usuário, sem que este precise enfrentar a execrável viagem para os grandes centros, como a capital, onde a superlotação e precariedade de recursos de saúde é realidade. Igualmente, a telessaúde fortalece o Sistema Único de Saúde, na medida em que vem contribuindo para atualização e qualificação profissional através de treinamento em serviço favorecendo práticas clínicas atualizadas, assim também fornecendo conteúdos de tele-educação adequados à realidade local do profissional de saúde, promovendo a educação permanente para o correto procedimento ou intervenção clínica, ou seja, também contribuindo para permanência dos profissionais na localidade, evitando gastos e garantindo sua participação em treinamentos ou cursos de capacitação. Portanto, a abrangência da Telessaúde deve-se dá, em suma, pela adesão de mais municípios no programa, através da construção de mais polos da universidade federal no interior e concessão de infraestrutura tecnológica e de comunicação adequadas para realização dos serviços, como aquisição de novos equipamentos, melhoria e expansão da rede, além do treinamento e ampliação da equipe da Tecnologia e Informação (T.I.), maior divulgação para que os públicos alvo tenham conhecimento acerca dos serviços prestados e reconhecimento das tecnologias como ferramentas de apoio para assistência, pesquisa e ensino.

7340 HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO EM SAÚDE: RODA DE CONVERSA COM PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA
Viviane de Souza Bezerra, Heloíza Rabêlo Cunha, Harlena de Fátima Santos dos Santos, Sebastiana Tamyres Queiroz de Abreu, Ingrid Nazaré Lourinho Alves, Hiago Vinicius Costa Silva, Ana Luiza de Deus Oliveira, Sarah Karolina Mendonça Lamarão

HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO EM SAÚDE: RODA DE CONVERSA COM PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA

Autores: Viviane de Souza Bezerra, Heloíza Rabêlo Cunha, Harlena de Fátima Santos dos Santos, Sebastiana Tamyres Queiroz de Abreu, Ingrid Nazaré Lourinho Alves, Hiago Vinicius Costa Silva, Ana Luiza de Deus Oliveira, Sarah Karolina Mendonça Lamarão

Apresentação: A atividade que será descrita foi organizada por acadêmicos dos cursos da área da saúde da Universidade Federal do Amapá-UNIFAP, bolsistas e voluntários do grupo Programa de Educação pelo Trabalho -Pet Saúde. O programa é destinado aos preceptores, estudantes e docentes de curso de graduação da área da saúde que, representados por suas instituições de ensino, em conjunto com as secretarias de saúde estaduais e municipais, elaboram projetos cujas ações contemplam recomendações do Ministério da Saúde para a qualificação dos profissionais e formação de estudantes da área de saúde em consonância com as necessidades do SUS. O Pet-saúde/interprofissionalidade iniciou em dezembro de 2018, com o objetivo de trabalhar a interprofissionalidade com enfoque na saúde indígena e interprofissionalidade, mas na oportunidade realiza atividades que envolvem a humanização, educação em saúde por meio de rodas de conversa, palestras, eventos científicos, entre outros a fim de capacitar os alunos a lidar com a comunidade em geral. O grupo é subdividido em 5 subgrupos com um coordenador em cada, compostos por acadêmicos de enfermagem, fisioterapia, farmácia, medicina e ciências biológicas, preceptores e um tutor atuantes no âmbito da saúde, cada grupo planeja e desenvolve atividades em reuniões separadas, com um encontro semanal reunindo os membros de todos os subgrupos. A atividade em questão foi uma proposta do subgrupo 03 composto por um coordenador docente do colegiado de farmácia, uma tutora do colegiado de enfermagem, preceptores enfermeiros, nutricionista, odontólogo, médico e dois acadêmicos de medicina, duas acadêmicas de farmácia, dois acadêmicos de fisioterapia, uma acadêmica de enfermagem e uma acadêmica de ciências biológicas. Objetivo: O objetivo do trabalho é relatar a experiência de um subgrupo do PET-Saúde na utilização do projeto como ferramenta para ensinar e ajudar os profissionais da saúde, a compreender de maneira básica a proposta de humanização e aprender com eles a importância da humanização na atenção básica e de que forma pode-se implementar medidas eficazes. Método: Trata-se um relato de experiência descritivo a respeito de uma roda de conversa que ocorreu na Policlínica da Universidade Federal do Amapá-UNIFAP em novembro de 2019, com o objetivo principal de levar aos profissionais da unidade noções sobre a Política Nacional de Humanização (PNH), assim como seus valores e os resultados da implantação desta política. Esta atividade foi idealizada a partir do resultado de uma avaliação de satisfação dos usuários da unidade de saúde, da qual observou-se em sua maioria a angústia em relação aos funcionários do Serviço de Atendimento Médico e Estatístico (SAME), visto que as queixas eram de grosserias e malgrado no atendimento por parte desses profissionais. Inicialmente foi criado um planejamento da atividade pelos acadêmicos, no qual constava-se os objetivos gerais e específicos da roda de conversa e de que forma essa atividade seria conduzida. A atividade ficou dividida em quatro momentos, o lanche, a dinâmica de aproximação, a roda de conversa e aplicação de técnica de relaxamento. A atividade teve início às 10h com a oferta inicial de um coffee break aos participantes, a escolha de servir primeiramente o lanche foi como forma de incentivar os mesmos a conversarem enquanto confraternizavam ao redor da mesa reduzindo assim a tensão da atividade, em seguida  foi realizada uma dinâmica para possibilitar que cada participante expusesse, em no máximo um minuto, o que mais e o que menos lhe agradava na unidade de saúde, e mais um minuto para expor sobre o que precisava ser melhorado na sua concepção, desta forma, todos tiveram a oportunidade de serem ouvidos antes de prosseguir com a atividade, por conseguinte ocorreu a roda de conversa com o tema em questão, abordando os aspectos mais importantes para sua compreensão e reflexão da Política Nacional de  Humanização - PNH. Durante a roda de conversa utilizou-se balões com frases recorrentes dos usuários sobre o atendimento na Policlínica, como por exemplos: “o único problema da unidade é a demora no atendimento e ausência de explicações” e “alguns funcionários respondem as dúvidas de maneira grosseira”. Foram utilizadas setes bexigas com frases diferentes e distribuídas uma para cada participante, logo, cada participante a estourava, lia a frase e versava seu ponto de vista acerca da questão levantada; a fala era aberta aos demais participantes e cada discussão durava em torno de 5 minutos. Às 11h, a atividade foi finalizada com aplicação das técnicas de relaxamento supervisionada por uma acadêmica de psicologia convidada, a fim de extravasar qualquer sentimento de angústia causado pela discussão proposta. Resultado: Durante a roda de conversa os principais aspectos apontados pelos profissionais criticados pelos usuários como desagradáveis foram que havia muitas tarefas e escassez de profissionais, e que por isso muitas vezes os mesmo não davam conta de suprir a demanda; Conflitos de responsabilidade; Falta de capacitação e treinamento superficial específico para os colaboradores do SAME; Espaço Físico limitado; Pressão dos usuários e superiores; Angústia por se sentirem responsabilizados pela precariedade do serviço público. Apesar de todos os problemas relataram que, o que mais agradava na unidade eram as amizades construídas e a gratidão que os mesmos sentiam quando conseguiam solucionar a demanda de algum paciente. Contudo, percebe-se que há algumas formas simples de melhorar o atendimento e torná-lo mais eficaz, como a implantação do prontuário eletrônico, que ainda ocorre  de forma física, tornando o atendimento mais lento em função da quantidade de papéis, a humanização do ambiente físico e social, para se prestar um atendimento humanizado a equipe precisa ser capacitada para a humanização na prática, aprender a mediar conflitos, reconhecer as limitações do outro, respeitar posicionamentos e evitar situações constrangedoras, além disso um dos principais alvo de críticas também foi a falta de informação sobre os atrasos nos atendimentos. Vale ressaltar que todas essas sugestões foram relatadas pelos profissionais ali presentes. Considerações finais: A partir dessa experiência foi notório que é preciso abordar mais a temática sobre humanização do cuidado, pois os profissionais que participaram da atividade conseguiram expor suas opiniões e refletir sobre quais atitudes poderiam ser melhoradas para que o atendimento na unidade fosse de qualidade, foi perceptível a satisfação dos mesmo em participar da atividade por sentirem-se protagonistas no processo do cuidado e verem a importância do seu papel dentro da unidade de saúde, além disso relataram que gostariam que essa prática se repetisse mensalmente na unidade.

7425 HUMANIZAÇÃO: ESTRATÉGIAS PARA ADESÃO ÀS CONSULTAS DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Ana Luísa de Oliveira Lima, Giulia Lemos de Almeida, Larissa Murta Abreu, Hikari Watanabe Ferreira, Suely Lopes de Azevedo, Monica Oliveira Mansano, Ana Paula Lopes Moreira de Oliveira, Priscila das Neves Queiroz

HUMANIZAÇÃO: ESTRATÉGIAS PARA ADESÃO ÀS CONSULTAS DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Autores: Ana Luísa de Oliveira Lima, Giulia Lemos de Almeida, Larissa Murta Abreu, Hikari Watanabe Ferreira, Suely Lopes de Azevedo, Monica Oliveira Mansano, Ana Paula Lopes Moreira de Oliveira, Priscila das Neves Queiroz

Apresentação: A Política Nacional de Humanização propõe pôr em prática os princípios do Sistema Único de Saúde nos serviços de saúde e produz mudanças nos modos de gerir e cuidar. O cerne é a inclusão de trabalhadores, usuários e gestores na produção e administração do cuidado e do processo de trabalho. Os portadores de doenças crônicas não transmissíveis utilizam mais os serviços de saúde e necessitam continuamente dos cuidados básicos, com vistas a eficácia do tratamento, a prevenção e o acompanhamento das doenças e suas comorbidades. As consultas de enfermagem agregam melhor qualidade do cuidado, pois utilizam estratégias para desenvolver práticas educativas e atendimento condizente com a demanda da clientela. A escuta ativa é uma ferramenta voltada para o acolhimento e humanização da assistência, contribuindo para adesão dos pacientes às consultas de enfermagem, ao tratamento proposto e possibilitando que o cliente também proponha suas próprias intervenções, promovendo um diálogo horizontal. A educação em saúde utiliza processos e técnicas, no intuito, de compartilhar saberes que podem impactar o cotidiano do cliente, corroborando na melhora de sua qualidade de vida, englobando processos educacionais e possibilitando uma mudança nas práticas adotadas pelo cliente. A humanização corrobora com a funcionalidade da Unidade de Saúde, permitindo de forma mais efetiva compreensão das demandas e a reflexão sobre quais serão as abordagens adequadas. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência como acadêmica bolsista de extensão no projeto “Programa Educação em saúde na prevenção e tratamento da hipertensão arterial e do diabetes mellitus”, desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde do município de Niterói, classificada como baixa complexidade. Este cenário é utilizado para atividades teórico-práticas dos alunos do 4° período do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense nas disciplinas de Fundamentos de Enfermagem I e III. Durante três dias da semana são realizadas consultas de enfermagem agendadas previamente, com a presença do docente, acadêmicos, monitores da disciplina e bolsistas de extensão. As estratégias foram desenvolvidas em 480 consultas com usuários hipertensos e diabéticos cadastrados no programa Hiperdia durante o ano letivo de 2019. Os usuários são encaminhados pela equipe multidisciplinar ou por demanda espontânea para a primeira consulta de triagem com a médica do programa Hiperdia. Após confirmação do diagnóstico de hipertensão arterial ou diabetes mellitus o usuário é cadastrado no serviço e agendado a primeira consulta de Enfermagem. Nesta consulta é iniciado o processo de enfermagem, com a realização do histórico de enfermagem e do exame físico. O cliente é questionado se há alguma queixa álgica, se tem conhecimento sobre a sua patologia, controle e tratamento, quais são os possíveis agravos e os medicamentos utilizados. A partir disso, é empregado a escuta ativa e o usuário é livre para responder no tempo dele as 3 perguntas. A partir das respostas adquiridas pela escuta ativa ocorre realização do planejamento da assistência que será implementada pelo enfermeiro, e escolha das atividades educativas e assistenciais. Resultado: As Unidades Básicas de Saúde devem se valer de estratégias adequando-as ao público local, para que se reduza a acentuação do fenômeno de não adesão às consultas e tratamentos, que são responsáveis por determinar o aumento das complicações de doenças crônicas não transmissíveis. A humanização pode ser vista como estratégia essencial para a adesão de pacientes as consultas, se relacionando de forma  intrínseca ao modo como se enxerga as vulnerabilidades sociais que os indivíduos podem estar submetidos. Nota-se que quando o profissional possui esse olhar humanizado para as questões do cliente, a relação de troca entre ambos ocorre de forma mais adequada, onde o profissional se torna capaz de perceber as reais necessidades e compreender as questões que são colocadas pelo sujeito durante a consulta. Desta forma, constata-se que os pacientes se sentem melhor acolhidos pelo serviço de saúde quando sua política de humanização está em constante desenvolvimento, de forma que tal fato serve de estímulo para que os mesmos retornem à unidade com suas demandas. Além disso, os profissionais também têm mais êxito ao propor mudanças comportamentais ou ao aconselhar sobre uma nova terapêutica, pois desenvolve um vínculo baseado na confiança pelo seu trabalho com o cliente, fornecendo um retorno positivo ao sistema de saúde. A participação do usuário foi mais eficaz, com incorporação de atividades voltadas para o gerenciamento de sua saúde e um estilo de vida mais saudável. A partir da inclusão de práticas que sejam baseadas na política de humanização do cuidado é possível também transformar o ambiente, tornando-o mais acolhedor e receptivo aos pacientes, de forma que o cenário se mostra convidativo ao diálogo e empático. Considerações finais: Logo, podemos pensar que a humanização deve estar totalmente atrelada às atividades e práticas profissionais que são desenvolvidas nas instituições de saúde, quer sejam elas públicas ou privadas. No que tange a equipe multiprofissional, se estabelece que a mesma deve estar articulada entre si, buscando compreender o indivíduo como um todo e preservando sua individualidade para que o serviço ofertado nas unidades seja de elevada qualidade. No âmbito das Unidades Básicas de Saúde, é preciso destacar a importância da comunicação entre a equipe de enfermagem e as demais equipes, especialmente com os agentes comunitários de saúde, que são o elo de ligação entre os pacientes e enfermeiros, devido acesso à realidade vivida pelos moradores do território de cobertura da unidade. Por meio da humanização da assistência há uma adaptação do diálogo técnico para uma linguagem horizontal, com o objetivo de atender a diversidade dos perfis socioeconômicos e a capacidade individual de compreensão, com o desígnio, de promover uma consulta de enfermagem com práticas de educação em saúde mais efetivas. Desta forma, é possível que os profissionais de saúde utilizem a escuta ativa e humanização como recursos facilitadores durante as atividades educativas e consultas propostas pelos serviços de saúde, com vistas a obter resultados que sejam mais positivos que os habituais, principalmente relativos ao processo de adesão às consultas e aos tratamentos com portadores de doenças crônicas não transmissíveis incluídos nos programas do Ministério da Saúde. Desse modo, os serviços de saúde ofertados pela equipe de enfermagem nos serviços de saúde devem atender aos princípios do SUS, oferecendo ao usuário um espaço cognitivo e subjetivo em que a expressão de suas crenças, atitudes e experiências prévias de vida, de saúde e de doença são identificadas, tornando-se a base para o desenvolvimento das ações para que o profissional de saúde possa ajudar ao cliente a determinar seus próprios comportamentos e ações que permitam ter uma melhor qualidade de vida.

7456 O USO DAS REDES SOCIAIS NA PROMOÇÃO DE SAÚDE E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Samara Santos Nascimento, Deise Andrade Melo, Emanuelly Maria Lima Barbosa, Fernando Lopes, Luisa Tiemi Souza Tuda, Sandro Adriano de Souza Lima Junior, Bahiyyeh Ahmadpour

O USO DAS REDES SOCIAIS NA PROMOÇÃO DE SAÚDE E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Autores: Samara Santos Nascimento, Deise Andrade Melo, Emanuelly Maria Lima Barbosa, Fernando Lopes, Luisa Tiemi Souza Tuda, Sandro Adriano de Souza Lima Junior, Bahiyyeh Ahmadpour

Apresentação: As mídias sociais são ferramentas que ampliam a comunicação e a difusão de informações de maneira rápida e prática entre os seus utilizadores e estas podem ser usadas para divulgar informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário como descrito em um dos princípios e diretrizes da Lei 8080 do Sistema Único de Saúde (SUS) a qual dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Concomitante a isso, aproximar a universidade da comunidade e divulgar informações a respeito da Atenção Básica de Saúde aos usuários, foi uma das formas pensadas pela disciplina de Saúde Coletiva III do terceiro período do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) para alcançar-se mudanças no campo da saúde, de maneira a impulsionar o estudante de Medicina a buscar estratégias utilizando uma linguagem de fácil compreensão a respeito dos programas da Atenção Básica de Saúde do SUS com fins de promover o conhecimento sobre eles e alcançar uma vasta quantidade de pessoas. Logo, diversos grupos de alunos desenvolveram um produto para às mídias sociais com esse objetivo e um desses grupos criaram uma conta chamada “Blogueirinhos do SUS” em uma plataforma digital com a finalidade de divulgar e esclarecer dúvidas quanto a Estratégia Saúde da Família (ESF) e fornecer informações referentes a promoção, prevenção e cuidados com a saúde. Dessa forma, esses estudantes desenvolveram materiais informativos sobre essas temáticas de modo descontraído e com fundamentos teóricos referenciados, também empregando diversos recursos tecnológicos de maneira a aproximarem-se da população e sua abrangente diversidade. Desenvolvimento: A Estratégia de Saúde da Família está inserida na Atenção Básica de Saúde e se fortalece cada vez mais como uma porta de entrada para o SUS. Sendo esse nível de atenção amplamente divulgado pelo Ministério da Saúde, os acadêmicos do terceiro período de Medicina foram desafiados pela disciplina de Saúde Coletiva III a dar seguimento a essa difusão de informações e promover a saúde através da divulgação da ESF de forma acessível e adaptada ao contexto das mídias sociais. Uma conta criada no aplicativo “Instagram” foi desenvolvida com o login “Blogueirinhos do SUS”. Tanto a rede quanto o nome foram escolhidos a fim de atingir desde uma parcela mais jovem da sociedade até os mais velhos. Frente a esse contexto, publicações foram elaboradas contendo: informações sobre a função das ESFs, os profissionais de saúde que nelas atuam, as áreas de abrangência na cidade, guias de como encontrar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima do usuário que possui esse serviço, além de questionários interativos que esclareceram dúvidas recorrentes sobre o SUS e informações sobre suas principais campanhas de promoção de saúde e prevenção de doenças. As publicações foram feitas semanalmente do dia 30 de agosto de 2019 até os dias atuais, com designs divertidos e de linguagem simplificada com o objetivo de atrair a atenção dos seguidores da conta e passar as informações necessárias de uma forma acessível e didática. Consoante ao nome da página, foram criados personagens, inspirados nos acadêmicos que desenvolveram o projeto, os quais têm o objetivo de aproximar ainda mais o usuário do serviço ao cotidiano dos discentes e promover uma maior familiaridade com os assuntos abordados pelas postagens. Desta forma, vídeos foram postados no recurso “stories” da mídia social em que tais personagens explicaram um pouco de como é a vivência de uma das cinco ESFs inseridas na UBS Arthur Virgílio Filho (Manaus - AM), unidade essa acompanhada pelos discentes por meio da prática da disciplina de Saúde Coletiva III. E os assuntos abordados provenientes dessa vivência foram os consultórios médicos, o laboratório, a disponibilização de medicamentos na farmácia da UBS e a promoção de saúde relacionada à campanha Outubro Rosa. Ademais, os acadêmicos foram às ruas perguntar às pessoas e aos usuários do SUS se eles possuíam conhecimento sobre os benefícios que a Estratégia proporciona e percebeu-se que a grande maioria não compreendia o que era o serviço e foi feito o esclarecimento perante os mesmos. Tais dados obtidos e autorizados pelos entrevistados foram documentados e disponibilizados em forma de vídeo na página do Instagram pelo recurso “IGTV” com o título “Blogueirinhos do SUS nas ruas” e a repercussão se deu de forma muito positiva e esclarecedora. Resultado: Com o término da disciplina de saúde coletiva III, a plataforma digital criada, “Blogueirinhos do SUS”, alcançou mais de 400 seguidores em menos de 4 meses de uso e continua em progressão, constatando, portanto, que há um público crescente que busca por informações sobre o SUS de forma menos complexa e com discursos mais acessíveis. Dessa forma, conforme surgem dúvidas dos seguidores e sugestões sobre qual assunto abordar, os acadêmicos são estimulados não apenas a buscar de forma autônoma informações úteis para a sociedade, mas praticar diversas habilidades interdisciplinares, como, por exemplo, gestão, marketing, e principalmente, saber adequar a oratória conforme o público-alvo. Além disso, o uso de plataformas digitais na promoção de saúde trouxe uma nova perspectiva sobre a possibilidade de os discentes fornecerem conhecimento durante a graduação de maneira prática e objetiva, que, consequentemente, contribui para a disseminação da importância do SUS fora dos meios universitários. Além de um novo olhar por parte dos estudantes e dos usuários das mídias sociais a respeito do SUS e como ele funciona na prática. Assim sendo, a ferramenta digital proporcionou uma experiência agregadora de conhecimento tanto para os criadores da conta vinculada ao “Instagram” quanto para o meio acadêmico, haja vista que a participação de outros estudantes na divulgação, comentários e opiniões foi de fundamental importância para que o conteúdo da página dos “Blogueirinhos do SUS” na rede social atingisse as mais diversas esferas sociais. Considerações finais: Diante do exposto acima e com base nos relatos obtidos pelos estudantes protagonistas do trabalho realizado com as mídias sociais, pode-se concluir que a divulgação sobre a ESF, a promoção de saúde e a vivência prática na Unidade Básica de Saúde por estes pela página “Blogueirinhos do SUS”, permitiu um novo entendimento sobre a rede integrada do SUS pelos estudantes e por todos que foram alcançados pelas publicações e informações transmitidas através deles. Além disso, esse primeiro contato com os usuários da rede social e com a comunidade por meio da prática na UBS, gerou experiências não só de ganho de conhecimentos e capacidade comunicativa como também de crescimento pessoal para os acadêmicos. Ressaltando-se que nesta relação com o público, o estudante conseguiu transmitir aquilo que aprendeu sobre o SUS no decorrer da disciplina de Saúde Coletiva na teoria e na prática de forma interativa e acessível, sendo estimulado a aprofundar seus conhecimentos prévios e transmiti-los com uma linguagem de fácil compreensão para todos. Portanto, aproximar a universidade e o Sistema Único de Saúde da população é essencial para alcançar-se mudanças no campo da saúde. Logo, para tanto, é necessário estimular os acadêmicos a fazerem a diferença desde já como futuros profissionais da área, podendo-se obter resultados enriquecedores para a população como foi alcançado pelos trabalhos realizados por meio das mídias sociais.

7604 GRUPO DE TRABALHO COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Rachel de Carvalho de Rezende, Natânia Candeira dos Santos, THAISE PORTELLA DA SILVA SANTOS, ALESSANDRA ROTENBERG, LÍVIA TEDESCHI RONDON DE SOUZA

GRUPO DE TRABALHO COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Rachel de Carvalho de Rezende, Natânia Candeira dos Santos, THAISE PORTELLA DA SILVA SANTOS, ALESSANDRA ROTENBERG, LÍVIA TEDESCHI RONDON DE SOUZA

Apresentação: No contexto atual tem se observado um aumento do adoecimento/ sofrimento mental no contemporâneo. Os dados da Organização Mundial de Saúde mostram que os danos da saúde mental no trabalho afetam 30% dos trabalhadores no mundo. Esse fenômeno, que diz respeito aos modos atuais de cuidado de si, de relação com o outro e de resposta às demandas sociais, produz efeitos também no contexto acadêmico e laboral da universidade. A crescente manifestação de sintomas de sofrimento mental entre os membros da comunidade universitária - tais como estresse, ansiedade, depressão e, em especial, a ocorrência preocupante de suicídios - tem apontado para a necessidade de buscarmos coletivamente ações e medidas que se integrem à rede de cuidado, voltadas para toda a comunidade. Neste sentido, foi criado um grupo de trabalho (GT), a partir da Divisão de Promoção e Vigilância em Saúde (DPVS) como um espaço de debate sobre o tema da saúde mental e integral, agregando docentes, estudantes e técnico-administrativos. Ademais, foi idealizado o Projeto FACES (Fórum de Ações Coletivas em Saúde Integral) da Universidade Federal Fluminense, o qual está inserido no campo da Saúde do Trabalhador por envolver questões da dinâmica e organização do trabalho. Além disso, os fóruns de ações coletivas, por serem atividades voltadas à saúde mental, trazem a proposta de ultrapassar os muros da Universidade e englobar contextos sociais, que lidam com relações familiares, entre pares e individuais que atuam afetando a saúde mental em seus diversos níveis. Objetivo: Criar um ambiente coletivo de discussões, aberto à comunidade universitária e grupos externos, para o levantamento de ideias e propostas de ações e o fortalecimento de um programa de saúde mental/integral. Método: Trata-se de um relato de experiência, o qual aborda a criação de um grupo de trabalho voltado para a elaboração de propostas no campo da saúde mental e integral na UFF. O lançamento do grupo se deu durante o II Simpósio do Setembro Amarelo. Para sistematizar o processo de trabalho, utilizou-se um ambiente eletrônico de comunicação, para agendamento dos encontros, debates sobre a temática, pendências e deliberações de atividades como uma forma de facilitar a articulação dos participantes, tendo em vista que os mesmos atuam em diversos núcleos de trabalho na universidade. Em cada reunião foi utilizado um livro Ata e uma folha de frequência para registrar e documentar as deliberações, decisões e conclusões no decorrer das mesmas. Os participantes tem acesso aos documentos gerados, através de plataforma de armazenamento e compartilhamento de arquivos (Google Drive). Sendo assim, a partir deste grupo surgiu o Projeto FACES, que tem como público-alvo tanto os trabalhadores quanto os estudantes da universidade e comunidade em geral. Resultado: e Discussões: Os encontros do grupo de trabalho começaram após o II Simpósio do Setembro Amarelo de 2019 com regularidade quinzenal, e presença de estudantes, técnicos administrativos e docentes, totalizando em média um público de 30 pessoas. As reuniões tiveram uma dinâmica de diálogo coletivo, com exposição da temática de saúde mental envolvendo o trabalho dos docentes e sua interação com os estudantes. Em contrapartida, a Divisão de Promoção e Vigilância em Saúde trouxe relatos a respeito das problemáticas percebidas sobre o adoecimento dos trabalhadores. Cada encontro teve um eixo norteador, e até o presente momento foram discutidos os seguintes temas: 1) Captação e mapeamento das ações coletivas existentes em saúde mental e integral; 2) Organização e planejamento do Fórum; 3) Agrupar e estabelecer uma melhor comunicação dos projetos existentes; 4) Como lidar com as condições de trabalho e seu ambiente de forma a reduzir as dificuldades e dar apoio aos trabalhadores; 5) Ações de promoção e prevenção no núcleo de saúde mental; 6) Gestão do trabalho / redução dos índices de adoecimento; 7) Aplicativos de comunicação para colaborar com ações dos grupos instituídos de saúde mental, localizando onde e quais os tipos de situações que estão ocorrendo nos Campi. A partir da exposição de todos esses eixos norteadores, percebeu-se a necessidade da realização de um GT ampliado, focando especificamente na captação e mapeamento de ações já existentes na comunidade universitária. Para tal discussão foram convidados diversos profissionais que desenvolvem projetos e ações com a temática de saúde mental/integral. Este encontro abordou como uma de suas principais questões o pensar não apenas no atendimento individual, mas em um coletivo de corpo, mente e território, reconsiderando o processo de acolher e reorganizar o serviço. Discutiu sobre o sofrimento dos estudantes de diferentes cursos e a busca de utilizar o coletivo para a construção de melhoria individual. Falou acerca da ressignificação do conhecimento e reconhecimento dos problemas, bem como realização de ações integrativas, culturais e outras. Esse GT ampliado gerou um formulário de “Cadastro de Projetos em Saúde Mental e Integral”, que será implementado em futuras ações e análise de demandas e necessidades.  Assim, a partir das próprias indagações levantadas pelos eixos temáticos e no GT ampliado, foi construído Projeto FACES, como fóruns científicos abertos, para garantir o envolvimento, não somente da comunidade universitária, mas também da sociedade local. Considerações finais: A partir do diálogo coletivo, chegou-se à proposta de formação de um espaço dedicado ao desenvolvimento dos trabalhos: um Fórum coletivo aberto à comunidade universitária e sociedade, voltado para o debate sobre a saúde mental e o levantamento de ideias e propostas de ações.  Busca-se ainda, além da sistematização do projeto, realizar um trabalho transversal, por meio de diálogos entre as diversas pró-reitorias, os estudantes, os trabalhadores e a gestão da universidade. É importante frisar que a comunicação e a educação continuada são fatores que auxiliam na redução de dúvidas sobre a temática nos diversos campos da universidade, colaborando para uma atitude de autorreflexão sobre o papel de cada individuo na contribuição do bem-estar do outro. A execução deste trabalho exigiu esforço, dedicação e desafios para as ações. A experiência tem sido significativa, sinalizando que o cenário em questão é imprescindível como campo de discussão e pesquisa. Espera-se que este estudo contribua na motivação da realização de novas pesquisas, grupos e ações em saúde mental, seja no ambiente de trabalho como fora dele.  

7758 ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA (PBF)
Maria Fernanda Moratori Alves

ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA (PBF)

Autores: Maria Fernanda Moratori Alves

Apresentação: Trata-se de um acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, o que consiste em importante estratégia de focalização das ações para a parcela mais vulnerável da população. Objetivo: Assegurar o exercício do princípio da equidade no SUS. O presente estudo tem como objetivo analisar as coberturas do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, realizadas na 2ª vigência de 2018 e na 1ª vigência de 2019. Método: Trata-se de estudo descritivo observacional do tipo transversal realizado a partir da análise de dados consolidados do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, durante a 2ª vigência de 2018 e a 1ª vigência de 2019. O estudo abrangeu os indicadores de cobertura de acompanhamento dos beneficiários em geral, dos indígenas e dos quilombolas, registrados pelos municípios brasileiros no Sistema de informação do PBF na saúde (Sistema BFA). Resultado: Entre a 2ª vigência de 2018 e a 1ª vigência de 2019, houve aumento no acompanhamento das condicionalidades de saúde, com acréscimo de 0,53% na cobertura de indivíduos acompanhados. Durante a 1ª vigência de 2019, observamos que 4.206 municípios apresentaram cobertura de acompanhamento das condicionalidades de saúde superior à média nacional e apenas 1 município não alcançou o mínimo de 30% das condicionalidades de saúde, comprometendo o recebimento do IGD-M. Quanto ao acompanhamento das condicionalidades para as crianças menores de 7 anos, nesta 1ª vigência de 2019, foram acompanhadas cerca de 63% das crianças beneficiárias do PBF, das quais 99,56% apresentaram a situação vacinal atualizada e 95,62% com os dados nutricionais registrados no sistema. Quando analisamos os dados entre as vigências, com relação ao acompanhamento de crianças, houve um aumento de 124.140 crianças acompanhadas, apesar da redução de 0,98 pontos percentuais na cobertura. Já no acompanhamento das gestantes, houve um aumento de 4,05 pontos percentuais e uma da redução de 16.699 gestantes localizadas. Os principais fatores que dificultaram o acompanhamento das condicionalidades, referem-se às situações relacionadas à localização dos beneficiários através do endereço informado no Cadastro Único e do seu acesso aos serviços de saúde do SUS. Considerações finais: Devido às características intersetoriais do PBF, faz-se necessário maior articulação entre os serviços de Assistência Social, Educação e Saúde nos municípios brasileiros, a fim de melhorar o registro das informações das famílias, desde o início do cadastramento do Cadastro Único até o registro dos dados de acompanhamento semestral realizado pelos serviços de Atenção Primária à Saúde em todo o país.  

7784 TRABALHO DE ENGAJAMENTO DO PROJETO REGULA MAIS BRASIL
Ivonice Martins da Silva, Rodrigo Wilson de Souza, Sabrina Dalbosco Gadenz, Kelly Anne Freitas Soares, Luína Rios Pereira

TRABALHO DE ENGAJAMENTO DO PROJETO REGULA MAIS BRASIL

Autores: Ivonice Martins da Silva, Rodrigo Wilson de Souza, Sabrina Dalbosco Gadenz, Kelly Anne Freitas Soares, Luína Rios Pereira

Apresentação: O projeto Regula Mais Brasil é uma iniciativa do Ministério da Saúde com a Sociedade Beneficente de Senhoras - Hospital Sírio-Libanês por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS). O Regula Mais Brasil integra e amplia a telessaúde para apoio à regulação e aos médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBS), qualifica o encaminhamento ambulatorial, e orienta a regulação das filas para consultas na Atenção Secundária à Saúde, diminuindo o tempo de espera dos usuários do Sistema Único de Saúde – SUS para consultas com especialistas. Na prática, os casos são classificados a partir de critérios de encaminhamento para priorizar os mais graves e resolver, na UBS, as condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde (APS). Após a regulação, no sistema de regulação local, o encaminhamento pode ser autorizado para agendamento da consulta ou devolvido para reavaliação na APS, quando necessita de informações complementares ou está desconforme os critérios de encaminhamento estabelecidos por protocolos e notas técnicas. Sempre que um encaminhamento é devolvido para reavaliação, o médico regulador informa no encaminhamento, especifica as informações necessárias e sugere a teleconsultoria. Uma vez “devolvido” para reavaliação, o encaminhamento permanece pendente no sistema de regulação até que alguma ação seja dada (reenvio com informações adicionais necessárias ou cancelamento do encaminhamento quando este não for mais pertinente). Além da regulação dos encaminhamentos, o projeto oferece o serviço de teleconsultorias nas especialidades pactuadas no Distrito Federal (endocrinologia, cardiologia, neurologia, endocrinologia pediátrica e neurologia pediátrica). Através da telessaúde (08006446543 – Opção 2), o médico da APS pode entrar em contato com os médicos teleconsultores e telerreguladores, discutir casos clínicos e encaminhamentos. Por meio desta discussão é possível decidir realmente pelo encaminhamento, priorizar ou até mesmo resolver a demanda na própria UBS com o apoio do especialista. Enfermeiros, gerentes ou outros profissionais também apoiam e realizam teleconsultorias de gestão relacionadas a práticas de regulação, neste caso, a teleconsultoria é realizada com enfermeiro do Núcleo de Telessaúde Regula Mais Brasil. Neste contexto, para divulgação do projeto, engajamento dos profissionais, apresentação das principais ferramentas de apoio à APS e resolutividade nos casos pendentes no sistema (devolvidos para reavaliação), foi desenvolvido o Trabalho de Engajamento. Trabalho de Engajamento O Trabalho de Engajamento surgiu da necessidade de engajar e apoiar, de maneira mais adjunta, os profissionais da Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal. Foi desenvolvido pela equipe da enfermagem com o objetivo principal de fomentar a organização das boas práticas de regulação a fim de fortalecer a coordenação do cuidado e a ordenação da rede. Metodologia Foram realizadas visitas técnicas às Unidades Básicas de Saúde no período entre janeiro e novembro de 2019, com os profissionais médicos, enfermeiros, gerentes, supervisores e técnicos administrativos. Na ocasião ocorreu a apresentação do projeto, envolvimento das equipes, estímulo à participação efetiva dos profissionais no serviço de telessaúde/telemedicina e sensibilização sobre os encaminhamentos pendentes no sistema de regulação. Monitoramento Após as visitas foi realizado o acompanhamento das atividades e monitoramento, ou seja, a análise dos resultados pós-visita: teleconsultorias e/ou respostas aos encaminhamentos devolvidos para reavaliação na APS. Estes resultados foram obtidos do BI (Business Intelligence) Regula Mais, que extrai os dados do REG +, plataforma de registros do Regula Mais Brasil. Resultado: e Discussão O Trabalho de engajamento do Projeto Regula Mais Brasil, resultou em 221 visitas e alcançou 1212 profissionais. Os resultados apresentados são de amostras - cases de sucesso.1. Aumento na adesão. Na região oeste do Distrito Federal foi observado um aumento de 50% de adesão de UBS ao projeto após as visitas. Isto foi observado através das teleconsultorias de UBS novas.2. Aumento no número de teleconsultorias de casos clínicos não regulados de manejo na APS. Após as visitas de engajamento na UBS 11 Ceilândia (região oeste), observou-se que dobrou a média de teleconsultorias de casos não regulados, ou seja, casos em que o paciente não foi encaminhando, mas que houve manejo na UBS. Nas UBS 11 Gama (região sul) e UBS 5 Nova Betânia (região leste), antes das visitas não há registro de nenhuma teleconsultorias de caso não regulado. Após a visita, as UBS realizam teleconsultorias frequentemente e até o momento já foram registradas mais de 50 ligações para discussão clínica de casos de pacientes.3. Aumento das reavaliações dos encaminhamentos de casos pendentes (devolvidos) no sistema Na região sul, antes da visita de engajamento, os profissionais não tinham a rotina de monitorar os encaminhamentos inseridos no sistema. Após a visita de engajamento foi observado que 100% das UBS (22 unidades) iniciaram o monitoramento e realizaram algum tipo de ação no sistema. Na região sudoeste houve um aumento de 36% de UBS que iniciaram as reavaliações dos encaminhamentos pendentes. Considerações finais A teleconsultoria médica reflete diretamente na qualificação do profissional e na qualificação do encaminhamento que, consequentemente, impacta nas aprovações de primeira vez dos encaminhamentos e na redução do tempo de espera para a consulta especializada. Além disso, com o apoio matricial dos especialistas do projeto, através das teleconsultorias, há o aumento dos casos resolvidos na própria UBS, evitando deslocamentos desnecessários, desgaste e custos. Ao final da chamada, após a teleconsultoria, os médicos usuários participam voluntariamente da pesquisa de satisfação. O Net Promoter Score - NPS atual do Regula Mais Brasil é 95. A reavaliação na APS é necessária para transformar as filas de espera em listas de acesso qualificadas, ter a certeza de que o paciente ainda precisa do atendimento ou se o encaminhamento pode ser cancelado. Caso o atendimento especializado seja realmente necessário é preciso inserir informações complementares no encaminhamento e reenviá-lo no sistema de regulação, para que o caso seja regulado novamente e possivelmente autorizado. Em todas as regiões de saúde foram encontrados profissionais extremamente abertos ao apoio da telemedicina (matriciamento nos casos pertinentes à APS) e regulação, bem como, profissionais resistentes que enxergam a regulação como barreira e não como facilitador para o acesso à saúde. As principais dificuldades para o processo de regulação eficiente identificadas durante o trabalho de engajamento e através dos relatos dos profissionais são: falta de tempo devido à grande demanda da UBS associada à baixa cobertura de APS e recursos humanos em número reduzido; falta de infraestrutura – internet e telefonia; e falta de qualificação dos profissionais sobre os protocolos e fluxos de rede de atenção. Assim sendo, o processo de regulação e qualificação de encaminhamentos continua sendo um grande desafio em todo o país no âmbito do SUS.

7860 ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
Maria Fernanda Moratori Alves, Ana Maria Cavalvcante de Lima, Isabel Cristina Moutinho Diefenthaler, Priscilla Rocha Souza

ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Autores: Maria Fernanda Moratori Alves, Ana Maria Cavalvcante de Lima, Isabel Cristina Moutinho Diefenthaler, Priscilla Rocha Souza

Apresentação: Trata-se de um acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, que consiste em importante estratégia de focalização das ações para a parcela mais vulnerável da população. Objetivo: Assegurando o exercício do princípio da equidade no SUS. O presente estudo tem como objetivo analisar as coberturas do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, realizadas na 2ª vigência de 2018 e na 1ª vigência de 2019. Método: Trata-se de estudo descritivo observacional do tipo transversal realizado a partir da análise de dados consolidados do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, durante a 2ª vigência de 2018 e a 1ª vigência de 2019. O estudo abrangeu os indicadores de cobertura de acompanhamento dos beneficiários em geral, dos indígenas e dos quilombolas, registrados pelos municípios brasileiros no Sistema de informação do PBF na saúde (Sistema BFA). Resultado: Entre a 2ª vigência de 2018 e a 1ª vigência de 2019, houve aumento no acompanhamento das condicionalidades de saúde, com acréscimo de 0,53% na cobertura de indivíduos acompanhados. Durante a 1ª vigência de 2019, observamos que 4.206 municípios apresentaram cobertura de acompanhamento das condicionalidades de saúde superior à média nacional e apenas 1 município não alcançou o mínimo de 30% das condicionalidades de saúde, comprometendo o recebimento do IGD-M. Quanto ao acompanhamento das condicionalidades para as crianças menores de 7 anos, nesta 1ª vigência de 2019, foram acompanhadas cerca de 63% das crianças beneficiárias do PBF, das quais 99,56% apresentaram a situação vacinal atualizada e 95,62% com os dados nutricionais registrados no sistema. Quando analisamos os dados entre as vigências, com relação ao acompanhamento de crianças, houve um aumento de 124.140 crianças acompanhadas, apesar da redução de 0,98 pontos percentuais na cobertura. Já no acompanhamento das gestantes, houve um aumento de 4,05 pontos percentuais e uma da redução de 16.699 gestantes localizadas. Os principais fatores que dificultaram o acompanhamento das condicionalidades, referem-se às situações relacionadas à localização dos beneficiários através do endereço informado no Cadastro Único e do seu acesso aos serviços de saúde do SUS. Considerações finais: Devido às características intersetoriais do PBF, faz-se necessário maior articulação entre os serviços de Assistência Social, Educação e Saúde nos municípios brasileiros, a fim de melhorar o registro das informações das famílias, desde o início do cadastramento do Cadastro Único até o registro dos dados de acompanhamento semestral realizado pelos serviços de Atenção Primária à Saúde em todo o país.  

7899 ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DOS BENEFICIÁRIOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
Maria Fernanda Moratori Alves, Ana Maria Spaniol, Sara Araújo Mendes

ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DOS BENEFICIÁRIOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Autores: Maria Fernanda Moratori Alves, Ana Maria Spaniol, Sara Araújo Mendes

Apresentação: Trata-se de um acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, que consiste em importante estratégia de focalização das ações para a parcela mais vulnerável da população. Objetivo: Assegurar o exercício do princípio da equidade no SUS; especialmente quando tratamos do acesso dos povos indígenas e das comunidades quilombolas aos serviços de saúde. O presente estudo tem como objetivo analisar as coberturas do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, para esses grupos populacionais específicos. Método: Trata-se de estudo descritivo observacional do tipo transversal realizado a partir da análise de dados consolidados do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, durante a 2ª vigência de 2018 e a 1ª vigência de 2019. O estudo abrangeu os indicadores de cobertura de acompanhamento dos beneficiários indígenas e quilombolas, registrados pelos municípios brasileiros no Sistema de informação do PBF na saúde (Sistema BFA). Resultado: Entre a 2ª vigência de 2018 e a 1ª vigência de 2019, houve aumento no acompanhamento das condicionalidades de saúde para os povos indígenas e as comunidades quilombolas, com acréscimo de 3,4% e 2,4% na cobertura de indivíduos acompanhados para os dois grupos populacionais específicos, respectivamente. Quanto ao acompanhamento das condicionalidades para as crianças menores de 7 anos, nesta 1ª vigência de 2019, foram acompanhadas quase 72% das crianças indígenas, das quais 99,88% apresentaram a situação vacinal atualizada e 97,59% com os dados nutricionais registrados no sistema. Em relação às crianças quilombolas, foram acompanhadas 74% das crianças, das quais 99,68% estavam com o calendário vacinal em dia e 97,38% tiveram dados nutricionais coletados. Com relação a localização de gestantes, foram identificadas 4.101 gestantes indígenas e 4.302 mulheres gestantes quilombolas, durante a 1ª vigência de 2019. Entre elas, 99,73% das indígenas e 99,91% estavam com o pré-natal em dia; 86,63% das indígenas e 74,3% das quilombolas tiveram dados nutricionais coletados. Os principais fatores que dificultam o acompanhamento das condicionalidades para esses grupos específicos, referem-se às situações relacionadas à localização dos beneficiários através do endereço informado no Cadastro Único e do seu acesso aos serviços de saúde do SUS. Considerações finais: Devido às características intersetoriais do PBF, faz-se necessário maior articulação entre os serviços de Assistência Social, Educação e Saúde nos municípios brasileiros, a fim de melhorar o registro das informações das famílias, desde o início do cadastramento do Cadastro Único até o registro dos dados de acompanhamento semestral realizado pelos serviços de Atenção Primária à Saúde, para os povos indígenas e os quilombolas em todo o país.  

7962 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CUIDADO À SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ATRAVÉS DO OLHAR DE PESQUISADORES IN-MUNDO
Daniele Peixoto, Juliana Sampaio, Daniella Barbosa, Tarcísio Menezes, Luciano Gomes, Hariel Zozimo, Fernanda Lyra, Anna Tavares

ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CUIDADO À SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ATRAVÉS DO OLHAR DE PESQUISADORES IN-MUNDO

Autores: Daniele Peixoto, Juliana Sampaio, Daniella Barbosa, Tarcísio Menezes, Luciano Gomes, Hariel Zozimo, Fernanda Lyra, Anna Tavares

Apresentação: A partir da década de 1980, no Brasil e no mundo, é possível identificar um aumento nas discussões relativas à garantia de direitos das pessoas com deficiência, como uma maior visibilidade sobre o tema, ampliação do aparato legal voltado a essa população e também mudanças na compreensão do próprio conceito de deficiência. A atenção à pessoa com deficiência é alvo de importantes políticas no Brasil de hoje, porém a sua implementação se dá de modo particular nos diversos territórios do país. Além disso, a Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência (RCPcD) é produzida não só pelos serviços de saúde e redes intersetoriais, mas também pelo próprio usuário e por distintos atores em seus contextos nos territórios, comunidades e domicílios, como múltiplas interferências na rede instituída. Assim, está em andamento uma pesquisa nacional intitulada “Análise da implantação da rede de cuidados à saúde das pessoas com deficiência - os usuários, trabalhadores e gestores como guias”, coordenada pela “Rede de Observatórios de Políticas Públicas, Educação e Cuidado em Saúde”. Seu objetivo principal é analisar a produção de redes de cuidado à pessoa com deficiência, operada principalmente pelos Centros Especializados em Reabilitação (CER) habilitados pelo Ministério da Saúde. Desenvolvimento: O núcleo de pesquisadores da Paraíba, vinculados à Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desenvolveu as seguintes atividades da referente pesquisa no segundo semestre de 2019: 10 encontros do curso formativo com os trabalhadores-pesquisadores do CER IV de João Pessoa (PB) sobre a metodologia da pesquisa que denominamos de “não-curso”; Vivência semanais no cotidiano do trabalho do CER-IV; Visitas técnicas a 06 serviços da Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência (RCPcD) na cidade de João Pessoa, além de reuniões com gestores do CER e da Rede Estadual.  Essas vivências da pesquisa nos possibilitaram pontuar alguns analisadores sobre o processo de trabalho e também sobre a produção do cuidado nessa instituição. Resultado: Através do processamento do vivido nessa troca de experiências com a equipe de pesquisadores-trabalhadores do CER- IV e pesquisadores UFPB destacamos alguns analisadores que foram evocados durante o processo. 1) A relação da equipe com as mães, demais familiares e usuários: esse é um elemento importante que perpassa grande parte das discussões. As afecções que o encontro com o outro produz nos corpos dos trabalhadores, tem interferência direta na produção do cuidado. E nesses encontros, vários elementos de estranhamento e diferenciação do eu e o outro tem demarcado os lugares simbólicos dos técnicos e dos usuários do serviço; 2) A barreira da nomenclatura cifrada dos setores do CER IV foi outro analisador percebido principalmente pelas pesquisadores da UFPB que não tinham experiência prévia no serviço. Cada coordenação ou núcleo do serviço é nomeado por siglas de difícil entendimento do público externo ao serviço, tornando, também, a comunicação interna (dos técnicos) de difícil apropriação dos usuários. Essa dinâmica interfere no percurso dos usuários e seus familiares na própria instituição, pois muitas vezes esses não entendem para qual setor estão sendo encaminhados; 3) A rede de cuidados à PcD tem sido reconhecida pelos trabalhadores principalmente como a rede interna do próprio serviço em suas diferentes coordenações (visual, auditiva, mental, física e autismo).  A equipe aponta como uma fragilidade no processo de trabalho a fragmentação do mesmo, numa emaranhada rede de coordenações existente dentro do CER-IV. Esse fragmentado de setores produz também a fragmentação do cuidado, perdendo-se a integralidade da atenção. Um exemplo desta problemática são os usuários com múltiplas deficiências, para os quais o serviço não consegue propor um projeto terapêutico integrado; 4) Outro ponto analisado foi a articulação com a rede externa. A equipe pontua a dificuldade de referenciar os usuários para outros pontos de atenção à saúde, como as UBS e os CAPS, por exemplo. Essa dificuldade de fazer rede externa acaba gerando a institucionalização do cuidado, pois o CER –IV foi buscando criar condições de atender a diferentes demandas dos usuários no próprio serviço. Assim, o CER-IV vai se tornando o lugar prioritário de cuidado à  PcD, quando não, seu principal espaço de socialização e vivência comunitária., o que acaba dificultando a construção de redes de cuidado pelo e com o usuário. Expressão disso é a insegurança que os profissionais relatam que sentem em dar alta e encaminhar os usuários para outros espaços sociais, pois temem que o acesso não seja garantido e esse temor acaba sendo reforçado também pelos familiares. A institucionalização do cuidado foi um dos pontos problemáticos percebidos pela equipe de trabalhadores que a justificam a partir de alguns fatores: o olhar ainda centrado na deficiência e não no usuário enquanto sujeito com múltiplas necessidades de vida; a fragilidade da rede e/ou escassez de equipamentos sociais que acolham à PcD;  5) Outro analisador importante para a produção de cuidado operada a partir do CER-IV é a dificuldade deste serviço desenvolver Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) como ferramenta de planejamento/organização do cuidado. A dificuldade de implantar tal ferramenta no cotidiano do trabalho é justificada pelo grande número de atendimentos/dia e enorme fila de espera que cada setor possui. Apesar da dificuldade de operar o PTS, em quase todo encontro da equipe de pesquisadores da UFPB e do serviço, ele ora surge nas discussões como ferramenta que poderia ter sido utilizada para pensar o manejo de algum caso difícil; ora como instrumento articulador da rede externa; ora é pensada como ferramenta para viabilizar o processo de alta e de desinstitucionalização. Assim, o PTS ainda é compreendido como mais um trabalho e não como um dispositivo de qualificação do trabalho existente. Considerações finais: Lançar o olhar sobre esses pontos nos permite analisar a construção das redes de cuidado operadas pelo CER-IV. Esse movimento tem permitido provocar os trabalhadores no sentido de disparar alguns processos iniciais de mudanças na organização dos processos de trabalho. Ou seja, ao colocar em análise as dificuldades que sentem no cotidiano do serviço, estes puderam começar a produzir movimentos de enfrentamento a essas problemáticas. Alguns exemplos disso é a tentativa de implantar o PTS em alguns setores e o estabelecimento de reuniões bimestrais para discussão dos processos de trabalho. Assim, ressaltamos que a produção do cuidado se dá em movimento e é seguindo um processo constante de análise e implicação que se faz fluir o cuidar em saúde.

8006 ACOMPANHANTES NUMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: PROTAGONISMO E CORRESPONSABILIZAÇÃO DA FAMÍLIA. SISTEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIA
Maria Amélia Meira, Adrize Rutz Porto, Maira Buss Thofehrn, Manuela Gomes Campos Borel, Thayenne Barrozo Mota Monteiro, Rosane Auxiliadora de Almeida Costa, Raquel Vieira Barros

ACOMPANHANTES NUMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: PROTAGONISMO E CORRESPONSABILIZAÇÃO DA FAMÍLIA. SISTEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Maria Amélia Meira, Adrize Rutz Porto, Maira Buss Thofehrn, Manuela Gomes Campos Borel, Thayenne Barrozo Mota Monteiro, Rosane Auxiliadora de Almeida Costa, Raquel Vieira Barros

Apresentação: O fortalecimento e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) parte da materialização de seus princípios e doutrinas não exclusivamente de modo protocolar, mas, fundamentalmente em atitudes. Nesta perspectiva a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto da Santa Casa de Misericórdia de Barbacena, Minas Gerais (MG), modificou o seu modo de gerir e cuidar, e uniu gestores, profissionais e usuários do serviço para coletivamente exercer e permitir autonomia, protagonismo, corresponsabilidade na produção de saúde. Atendendo a Política Nacional de Humanização (PNH), HumanizaSUS que engloba métodos, princípios, diretrizes e dispositivos preconizando exercer o cuidado com as pessoas e não sobre as pessoas. Desde 2008 concede direito a acompanhantes aos pacientes na UTI Adulto para a melhoria das relações entre profissionais, usuários, familiares estimulando-os a serem coparticipes do processo saúde-doença. Investiu-se no acolhimento, vínculo, no reconhecimento da subjetividade, na escuta qualificada e afeto como agenciadores da promoção da saúde nas suas múltiplas dimensões. A UTI possui 10 leitos credenciados ao SUS, está inserida numa instituição filantrópica referência na Região Ampliada Centro Sul composta por 51 municípios, e responde pela alta complexidade em Neurocirurgia. O objetivo deste estudo é apresentar o processo vivido pela UTI na concessão de acompanhantes aos pacientes para atuarem como corresponsáveis pelo processo saúde-doença de seus familiares e identificar os conhecimentos, aprendizagens, benefícios e dificuldades desta experiência. Desenvolvimento: A metodologia para conceder acompanhantes aos pacientes da UTI Adulto inicia com o acolhimento aos familiares na internação do paciente e o enfermeiro (a) plantonista apresenta a rotina hospitalar e da UTI. Compilam informações sobre saúde e vida do paciente, religião e espiritualidade, de família e amigos (rede sociofamiliar). Elege-se o familiar de referência que é o elo confiável entre o serviço e a família. Este escolhe os acompanhantes, centraliza as informações sobre o paciente, promovendo dialogicidade e privacidade. Os requisitos exigidos aos acompanhantes é ter idade entre 18 a 60 anos e adequadas condições de saúde física e mental. A elegibilidade do paciente para ter acompanhante é período de internação na UTI superior a vinte e quatro horas, e se sedado Grau de sedação igual ou inferior a três conforme Escala de Ramsay. Para gestantes ou puérperas concede-se horário integral, por ser Hospital Amigo da Criança e pelo entendimento das peculiaridades deste contexto. No primeiro dia de visitas os familiares são acolhidos pelo serviço de psicologia para atender demandas das famílias, dentre elas a presença precoce de acompanhante ao paciente. Precede a liberação de acompanhantes a leitura conjunta das normas, assinatura do termo de concessão e registro dos acompanhantes autorizados com telefone de contato. O período de permanência do acompanhante inicialmente era por período pré-determinado pelo serviço e a partir de 2017 com a ampliação do horário de visitas, ampliou-se também o período de permanência do acompanhante. Outorgou autonomia aos familiares na escolha do tempo de permanência, compatibilizando com as necessidades do paciente e disponibilidade da família e rede sociofamiliar, podendo ser período diurno ou noturno integral ou ininterrupto. A corresponsabilização do usuário e sua rede sociofamiliar é um desafio, mas, os serviços médico, de enfermagem e psicologia da UTI buscam estratégias para conscientizá-los da necessidade de participação, protagonismo e autonomia para atuarem no projeto terapêutico proposto ao paciente. A construção destas estratégias se fez de modo compartilhado entre equipe de enfermagem (enfermeiros e técnicos de enfermagem), equipe médica e, com os serviços de: psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição com atuações junto ao paciente e sua rede sociofamiliar de acordo com a disciplina necessária ao cuidado prestado. Resultado: O escopo construído visa oportunizar ao paciente gravemente enfermo apoio e carinho da família e amigos, estímulo para o restabelecimento de sua saúde um ambiente mais familiar, com conversas e lembranças positivas, que somente sua rede sociofamiliar podem proporcionar. Reduzimos o estresse das famílias pelo acompanhamento da rotina de tratamento e cuidado prestado, que psiquicamente desconstrói a visão de sofrimento, solidão e morte. Solidificando que a UTI utiliza das tecnologias conforme demanda, inclusive das tecnologias leves compostas por valores humanitários. Preparamos uma rede de apoio para cuidado do paciente após alta hospitalar, ensinando pela observação, educando permanentemente sobre os cuidados prestados ao familiar internado. Os agravos neurológicos têm prevalência aumentada de incapacidades neuromotoras que precisam de estratégias que as minimizem. A presença de pessoas significativas na vida do paciente estimulando, ensinando e auxiliando em atividades de autocuidado são fundantes na promoção de sua condição de saúde. Compartilhamos o problema, possibilitando-os descobrir suas potencialidades produtoras de uma melhor condição de saúde e vida para todos os envolvidos no processo, e este é um compromisso ético que enquanto profissionais de saúde precisamos cumprir. A recuperação dos pacientes na UTI está ligada ao agravo, a rapidez no diagnóstico e tratamento e impactam no tempo de internação e complicações advindas. Contudo, observamos redução da permanência, recuperação e restabelecimento precoce das condições motoras. Mediante a impossibilidade de tratamento a presença do acompanhante associado a visitas abertas, tem sido utilizado para auxiliar a família a lidar com a doença, com o luto e na dignidade de morte do paciente, de modo empático, respeitoso e honesto. Esta experiência que iniciou em 2008, atualmente é corroborada pela Resolução Nº 41, de 31 de outubro de 2018 que dispõe sobre a organização dos cuidados paliativos no SUS, preconizando dispensar este cuidado em qualquer ponto da rede de atenção à saúde. A presença de acompanhantes inicialmente temidas, mostrou-se um importante suporte para o paciente e para a equipe de saúde. Os vínculos solidários construídos entre profissionais, paciente e familiares permitiu um cuidar mais atento e singular e proporcionou reconhecimento e valorização dos profissionais. No entanto, a reformulação da equipe ocorrida em 2018 e 2019, levaram-nos a rediscutir nosso processo de trabalho. E em dezembro de 2019, através de roda de conversa apresentamos a temática humanização e as iniciativas implementadas, ressaltando sua importância para valorizar todos os envolvidos nas práticas de saúde da UTI. Verificamos prevalência de consensos entre os profissionais veteranos independente da categoria profissional e dissensos entre alguns novatos sobre a temática. Realiza-se a sensibilização da equipe pelo diálogo, revisão dos protocolos, ajuste de algumas questões apresentadas e treinamento da equipe com metodologias ativas para que possam construir e reconstruir valores humanistas para agregar aos cuidados prestados. O trabalho em equipe requer trabalhar conflitos, adequações e alternativas para que todos se sintam respeitados, valorizados, protagonistas e autônomos em sua atuação. Considerações finais: Nesta trajetória, permeada de sucesso e insucessos comuns a qualquer projeto, busca-se empreender junto aos gestores institucionais melhores condições para atendimento aos acompanhantes e a expansão para horário integral a todos, tendo como suporte a Lei Nº 6.366, de 28 de agosto de 2019 que dispõe sobre a presença de acompanhantes nas Unidades de Terapia Intensiva. A presença de acompanhantes no cotidiano da UTI perpassa pela valorização da vida e exercício de solidariedade necessários à prestação do cuidado ao paciente e sua rede sociofamiliar. É permitir que o carinho, o toque das mãos sejam estímulos e apoio para a promoção da saúde na sua totalidade.  

8035 PRÁTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE EM TERRITÓRIO DE OCUPAÇÃO URBANA
Aline Messias Mota, Rubens Bedrikow

PRÁTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE EM TERRITÓRIO DE OCUPAÇÃO URBANA

Autores: Aline Messias Mota, Rubens Bedrikow

Apresentação: De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de habitações inadequadas vêm crescendo no país, dobrando na última década. As denominadas ocupações irregulares contam com inúmeras famílias residindo em condições precárias e por permanência indeterminada. Além de questões epidemiológicas que dizem respeitos aos riscos de se morar nessas condições, elementos tais como provisoriedade, desenraizamento e invisibilidade contribuem para a fragilização da saúde desses indivíduos e culminaram assim em desafios a serem enfrentados pelas equipes de saúde. Objetivo: Este trabalho visa apresentar relato de experiência dos autores em trabalhos de promoção da saúde desenvolvidos por período de dois anos em uma área de ocupação no interior paulista. Desenvolvimento: As ações em saúde decorreram a partir do projeto de extensão intitulado Promoção de Cidadania e Saúde em Área de Ocupação Urbana do departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas – Unicamp, em área de ocupação onde residem cerca de 150 famílias brasileiras e haitianas. As ações iniciaram em 2018 e ocorreram a partir de encontros quinzenais com os moradores, principalmente com as crianças (cerca de 30% da população local), e teve o intuito de realizar intervenções de fortalecimento da saúde e cidadania. As atividades aconteceram dentro do território contando com apresentação de teatro, oficinas de slackline, oficina de forró, contação de histórias, brincadeiras, rodas de conversa com as mulheres, dentre outras. Fora do território ocorreram encontros promovidos na universidade e na câmara de vereadores do município. Resultado: O projeto de maneira geral alcançou grandes resultados como promover o estreitamento de laços dos moradores e equipe de saúde de referência, além de trazer os residentes da ocupação para outros espaços de forma a torná-los mais visíveis e em decorrência disso propiciar espaços de trocas. Essas ações foram possíveis por meio de participação e exibição do documentário realizado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura da universidade, e fala de representantes de moradores na tribuna da câmara de vereadores no momento de premiação do projeto. Tais práticas, em ambientes privilegiados, mesmo que em determinadas ocasiões possibilitaram espaços de fala daqueles que pouco são escutados ou vistos. Por fim, as experiências vividas nesse projeto contribuíram para repensar as ações de saúde extramuros das instituições. A criatividade e a intersecção com outros saberes neste sentido, foram preponderantes para lidar com adversidades ocorridas, como eventos inesperados, poucos recursos materiais, o sol abrasador e temporadas de chuvas, topografia complicada, constante mudança do cenário local próprias da provisoriedade, dentre outras. Considerações finais: A partir da atuação possibilitada pela extensão universitária pôde-se refletir acerca da necessidade de pensar ações que extrapolem os modelos de cuidado em saúde já postos especialmente quando se trata de pessoas muito estigmatizadas e em espaços físicos e subjetivos complexos tal como as ocupações urbanas.

8038 A POTENCIALIDADE DO Método: BAMBU: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA ILHA DE MARÉ, SALVADOR- BAHIA.
Matheus Silva Pedreira, Thainá Affonso, Mainara Freire, Joilda Nery, Clarice Mota

A POTENCIALIDADE DO Método: BAMBU: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA ILHA DE MARÉ, SALVADOR- BAHIA.

Autores: Matheus Silva Pedreira, Thainá Affonso, Mainara Freire, Joilda Nery, Clarice Mota

Apresentação: O presente trabalho se configura um relato de experiência acerca das vivências e da utilização do Método Bambu nas comunidades quilombolas Martelo e Porto dos Cavalos, da Ilha de Maré, Salvador – Bahia, durante o componente curricular Práticas Integradas em Saúde Coletiva II, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, no semestre de 2019.1. Objetivo: descrever a utilização do Método Bambu nas comunidades quilombolas Martelo e Porto dos Cavalos da Ilha de Maré como ferramenta de empoderamento local a partir da potencialização das práticas e saberes tradicionais como ações de Promoção de Saúde. Desenvolvimento: As experiências ocorreram a partir de quatro idas ao território para reconhecimento, construção de vínculo, realização do Método Bambu e de oficinas. Resultado: O Método Bambu enquanto metodologia de priorização e planejamento de ações locais se mostra importante instrumento de empoderamento ao visar ações de promoção de saúde de modo a impulsionar as potencialidades da comunidade e, por meio da autonomia dos sujeitos que nela vivem, proporcionar seu fortalecimento e transformação. Nesse sentido, utilizou-se esse Método para fazer emergir a visão da comunidade local sobre o processo saúde-doença-cuidado e seus próprios modos de cuidado e de promoção de saúde. Considerações finais: A vivência dessa Prática se mostrou de grande importância para o processo de formação de bacharéis em Saúde Coletiva ao permitir a percepção de diversas formas de promoção de saúde, para além dos serviços de saúde, ao possibilitar a experiência de ver como as práticas e os saberes tradicionais das comunidades quilombolas se configuram ações efetivas de promoção de saúde ao estarem ligadas e coerentes ao modo de entender a saúde e a doença nessas comunidades.

8056 O CUIDADO PARA O PROTAGONISMO DO USUÁRIO NO CAPS III: UM ESTUDO DO CONSTRUCIONISMO SOCIAL
Hércules Rigoni Bossato, Rosane Mara Pontes De Oliveira

O CUIDADO PARA O PROTAGONISMO DO USUÁRIO NO CAPS III: UM ESTUDO DO CONSTRUCIONISMO SOCIAL

Autores: Hércules Rigoni Bossato, Rosane Mara Pontes De Oliveira

Apresentação: O presente estudo aborda as ações produzidas pela equipe de Enfermagem em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para promover o protagonismo do usuário a luz do Construcionismo Social. A pesquisa problematiza que mesmo a Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB), as ações de Enfermagem em saúde mental ainda necessitam efetivar uma terapêutica e uma abordagem para uma atenção psicossocial no cuidado centrado no usuário e não apenas em planos e procedimentos prescritivos que desvalorizam a autonomia da pessoa que necessita do serviço de saúde mental. Para tanto, o trabalho tem como objetivo descrever as ações da equipe de Enfermagem que promovem o protagonismo do usuário no CAPS III. Método: Estudo de abordagem qualitativa com a técnica da observação participante e da entrevista não estruturada com os enfermeiros e técnicos de enfermagem do Centro de Reabilitação Psicossocial (CAPS) tipo III. Totalizando 16 participantes em dois CAPS III. Os dados foram analisados pelo conteúdo temático por intermédio do mapa de associações de ideias e produção de sentidos a luz do construcionismo social. Resultado: A equipe de Enfermagem produz ações em seu cotidiano de trabalho para promover o protagonismo do usuário do CAPS III por meio da comunicação criativa, trabalho em rede e disponibilidade para o cuidado protagonizador em saúde mental. Considerações finais: A equipe de enfermagem produz sentidos para o protagonismo do usuário traçados por três mecanismos: singularidade do cuidado, a possibilidade de dar voz do usuário no CAPS e a valorização da subjetividade do usuário para o cuidado protagonizador.  

8092 A PRODUÇÃO DO CUIDADO MEDIADO PELA TECNOLOGIA LEVE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
luiz henrique dos santos ribeiro ribeiro, Gustavo Nunes Mesquita, Laisa Marcato Sousa da silva, julia gonçalves oliveira, Ana Lúcia Naves Alves, felipe dos santos costa, jorge luiz lima da silva, reynaldo de jesus oliveira júnior

A PRODUÇÃO DO CUIDADO MEDIADO PELA TECNOLOGIA LEVE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Autores: luiz henrique dos santos ribeiro ribeiro, Gustavo Nunes Mesquita, Laisa Marcato Sousa da silva, julia gonçalves oliveira, Ana Lúcia Naves Alves, felipe dos santos costa, jorge luiz lima da silva, reynaldo de jesus oliveira júnior

Apresentação: O trabalho em saúde se estabelece em cotidiano permeado de particularidades. O fluxo contínuo entre oferta de serviços e trocas de saberes, faz parte da práxis das equipes de saúde da família, inseridas na busca pelo cuidado integral. Esse processo de interação é fundamental para ampliar o escopo de ações oferecidas, mobilizar instituições e sujeitos sociais para responder aos desafios colocados para a formação de trabalhadores, organizar o processo de trabalho, as interações com a comunidade e a compreensão do território. A valorização dos espaços, como a sala de espera nas unidades, canais dentro da comunidade, consultórios, são importantes mediadores da relação trabalhador/paciente, possuindo, inclusive, componentes com potencial para resultados terapêuticos. Nesse contexto, cabe destacar que as tecnologias em saúde estão inseridas dentro dos processos individuais e coletivos. Este estudo tem por objetivo relatar experiência sobre o uso das tecnologias leves no processo de trabalho como condutor nas equipes de saúde da família. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado durante uma microintervenção, em equipes de saúde da família de um município do interior Paulista no ano de 2019, no período de julho a dezembro. Resultado: A experiência possibilitou compreender a importância de cada ator da equipe no cenário do cuidado, bem como a participação do usuário desde a tomada de decisão para o seu tratamento, na qual tem impacto direto no processo de reabilitação. A valorização da história, das culturas, dos atendimentos, a escuta qualificada, permitindo construir uma relação de troca de saberes, torna fundamental para a atuação dos profissionais da equipe de saúde da família no território. Permitido identificar a necessidade do território, obter governabilidade para atuação, mesmo com dificuldades, sem apenas cumprir protocolos estabelecidos para grupos, sem fugir do habitual. Considerações finais: A relação do trabalho com o usuário vem se modificando, de forma que o profissional ao iniciar o processo de trabalho junto à equipe precisa estabelecer e priorizar a escuta, os espaços individuais e coletivos, a valorização do outro, para efeito de não apenas orientar como curar e sim compreender que estamos todos dentro do processo.

8117 CONVERSAÇÕES SOBRE O TRABALHO DE CAMPO: O CASO DAS CARTOGRAFIAS
kathleen tereza da cruz, Karla Santa Cruz Coelho, Helvo Slomp Júnior, Andressa Ambrosino Pinto, Sabrina Nunes Dias da Silva Barbosa, Emerson Elias Merhy

CONVERSAÇÕES SOBRE O TRABALHO DE CAMPO: O CASO DAS CARTOGRAFIAS

Autores: kathleen tereza da cruz, Karla Santa Cruz Coelho, Helvo Slomp Júnior, Andressa Ambrosino Pinto, Sabrina Nunes Dias da Silva Barbosa, Emerson Elias Merhy

Apresentação: A pesquisa “Análise da implantação das Redes de Cuidados à Saúde da Pessoas com Deficiência: os usuários, trabalhadores e gestores como guias” no SUS de Macaé (RJ), tem colocado desafios para o Trabalho de Campo (TC). trazendo-se para a cena as tensões entre a produção da pesquisa e o encontro com as práticas de saúde no campo. Pretende-se problematizar os arranjos metodológicos dessa pesquisa que constroem  o olhar, o pesquisador e o campo de investigação, Esta pesquisa é multicêntrica e financiada pelo CNPq e desenvolvida pelo Observatório de Saúde de Macaé/UFRJ.Trata-se de uma abordagem cartográfica na qual se utiliza da perspectiva do pesquisador in-mundo. O encontro com usuários, seus familiares, o os trabalhadores e gestores da rede constitui-se no campo de investigação. Os usuários e suas redes de familiaridade, a partir de sua experiência vivida nas redes de cuidados, sabem como funcionam os serviços e as práticas que os constituem e disputam os sentidos das mesmas para si.Também os profissionais da assistência e da gestão tem suas vistas do ponto específicas do modo como se produz o cuidado nessa rede. Necessariamente estas vistas não se sobrepõe, e não constituem um “único-mundo”, mas pelo contrário, envolve diferenças significativas que se constituem no vivido por cada um nos encontros, o que compõe os “outros mundos”, que podem ou não estarem entrelaçados e conectados entre si. Também os pesquisadores compõe para si “outros mundos” que se engendram a partir de suas respectivas experiências com o objeto da investigação.Há no contexto da cartografia uma dupla interferência em jogo no campo. De lado há o que acontece com o pesquisador quando percorre o campo, suas inquietudes, seus sentires e pensamentos, seus agires que devem ser relatados. E há o que se desdobra nos serviços e nas práticas quando convidamos os trabalhadores dos serviços e da gestão para se constituírem pesquisadores. O TC cartográfico é operado caminhando-se com quem está envolvido com a produção do cuidado, tomando o campo como um labirinto repleto de incertezas e de possibilidades de conexão, Interessa-se pela constituição das redes formais e informais que operam o trabalho em saúde e que se engendram “entre mundos”. O ato de investigar põe em movimento a cada momento vários desses mundos, que atravessam os corpos nos encontros e marcam a experiências de cada um de forma singular e resultam em práticas mais ou menos cuidadoras. Trazê-los para cena e implicar-se com a descrição intensiva e com a análise dos mesmos é um trabalho que se leva a cabo no desenvolvimento da cartografia. Mas como desenvolver isso com a delicadeza e o cuidado que a exposição da vivência de cada um pede, visto serem a marcação dos corpos e a experiências vividas fontes para a produção do conhecimento e  os deslocamentos das vistas na perspectiva de construção coletiva? Um primeiro plano é o das formalidades, com apresentação do projeto nas instâncias de gestão da secretaria. São também identificados os interessados, e esses são convidados para compor o grupo de pesquisa. Depois ocorre apresentação para equipes de serviços, e são realizados convites para ser pesquisador aos trabalhadores. Nesse início, identifica-se que ocorrem tensões nos encontros, que expressam o modo pelo qual se entende o que é uma pesquisa e o que é ser um pesquisador. Rapidamente todos somos surpreendidos pela presença em nós do pesquisador mais clássicos, daquele que sabe, e essa entrada inicial a partir desse lugar é quase inevitável, pois a construção dos outros dos serviços e do outro usuários como “sabidos” da investigação se dará em processo. Esse é o primeiro desafio dos pesquisadores, a constituição do lugar do pesquisador e do seu olhar, o que implica em construir um espaço de encontros periódicos entre os pesquisadores, para que se possa colocar problematizar do que acontece consigo ao longo da investigação, o que permite um tratamento delicado, com acolhimentos, problematizações, compartilhamentos de todas as ordens, a fim de ao mesmo tempo produzir o cuidado de si, constituir o pesquisador e o conhecimento sobre o que acontece nos encontros nas redes de cuidado. O segundo passo é o acompanhamento do cuidado realizado pelas equipes.Tem-se apostado no envolvimento das equipes locais dos serviços na constituição de grupos locais de pesquisa, a depender do grupo de interesse que se constituem nos encontros iniciais.Há no contexto de Macaé um facilitador que é a presença do ensino de todos os serviços dos SUS de Macaé.Inicia-se o processo de identificação de usuários-guias que são pessoas que estão sob cuidado das equipes e que demandam muitas intervenções, andam em vários serviços, apresentam questões sociais complexas e desafiam cotidianamente as equipes ao se pensar e executar planos de cuidado.Também são identificados profissionais e gestores, que se propõe a serem guias, que aportam outras vistas sobre o modo como se dá o cuidado apresentando outros mundos. Realiza-se uma conversa com os usuários a fim de realizar o convite/solicitação autorização para participar da pesquisa. Solicita-se que os trabalhadores envolvidos elaborem narrativas sobre esses usuários-guias. Busca-se informações em prontuários dos vários serviços. Realizam-se conversas com os vários profissionais que já tenham atendido os mesmos, sejam dos serviços de saúde ou de outros dispositivos municipais. Abordam-se familiares ou a rede de familiaridade dos usuários. Busca-se o máximo de fonte possíveis e realiza-se o cruzamento entre elas. Em todas essas etapas aparecem surpresas, que afetam os pesquisadores, que muitas vezes, fazem inicialmente um juízo de valor sobre aquilo que estão observando. Busca-se trazer o processamento os fatos e este julgamentos sobre as práticas dos outros ou sobre o modo de existência dos próprios usuários,Convoca-se o instituído para falar sobre o certo ou errado, abrindo-se aos múltiplos olhares e mundos se expressarem sobre o que vai acontecendo ao longo do acompanhamento dos guias. Exercita-se olhar ao se dar visibilidade ao que se passa com cada nos encontros entre os usuários dos serviços-profissionais-pesquisadores, considerando que esses dois últimos podem ser coincidentes. Analisa-se os regime de verdade em funcionamento nestas relações. No âmbito do encontro com o usuário-profissional de saúde observa-se as tensões que uma certa prática normalizadora da vida produz e o seu no governo de si operado pelos usuários quando da fabricação de suas redes de existência. Desenvolver o olhar para micropolíticas é que o se espera dos encontros de processamento.Há que se garantir um pacto de acolhimento, de cuidado e de não julgamento do outro, condição sinequanon para que se possa criar um ambiente protegido para que cada um sinta-se seguro em extrair de si, se sua experiências, os aprendizados que se busca constituir sobre o modo como são operadas as práticas e as redes de cuidado. Apostasse na construção de espaços protegidos e cooperativos de aprendizagem que são operados aos mesmos tempo como pesquisas e como educação permanente. Esta caixa de ferramentas de pesquisador in-mundo, cria a possibilidade de construir conhecimentos sobre a produção do cuidado na rede justamente incidindo sobre o que acontece nos encontros e ao mesmo tempo amplia a caixa de ferramentas de cuidado das equipes envolvidas nas pesquisa, tendo em vista que a partir da constituição do saber sobre o outro a partir da experiência vivido com o outro cria a possibilidade de fabricação de novos modos de operar plano de cuidados centrados nos usuários.