420: Atenção primária à saúde: desafios da atuação profissional
Debatedor: TATIANE BAHIA DO VALE SILVA
Data: 30/10/2020    Local: Sala 13 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
9270 DIÁRIO DE CAMPO: REFLEXÕES SOBRE A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Cynthia Beatriz Silveira Kisse, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça

DIÁRIO DE CAMPO: REFLEXÕES SOBRE A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Autores: Cynthia Beatriz Silveira Kisse, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça

Apresentação: Este trabalho trata-se de um estudo em que usou o diário de campo como suporte principal, realizado no período da prática obrigatória na Atenção Primária em Saúde (APS), de julho a setembro de 2019, apresentado como parte da avaliação de uma Residência Multiprofissional em Saúde. As reflexões realizadas por meio do diário de campo tiveram como cenário uma unidade da Clínica da Família, localizada no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro. Esta prática, observacional, tinha como objetivo acompanhar os processos de gestão e o modo como ocorreram na unidade. Todas as informações e impressões foram documentadas no diário, através de relatos de fatos e eventos. O resultado do material produzido pelo diário é diferente de um texto comum. Este texto científico permite um distanciamento da experiência registrada e avaliação do que foi observado. O diário de campo tem sido apontado como uma das estratégias que permite ao profissional encontrar significado, coerência e ordenar cronologicamente o período de tempo em que as memórias estão ausentes ou distorcidas. O distanciamento que o diário permite frente às observações leva a uma análise mais profunda, permitindo que a prática seja revista. O diário de campo é um instrumento que tem por base o exercício da observação direta dos processos de trabalho e comportamentos, através de uma investigação singular, caracterizada pela constante presença do observador no convívio do objeto da pesquisa. O pesquisador, ao longo de suas vivências, de uma maneira prática e não institucionalizada, busca a observação, convivendo no meio em que ele estuda.  O diário assume o papel de uma ferramenta revisora das praticas levadas a campo Durante a prática foram observadas dificuldades, e se destacaram: o planejamento da prática docente; articulação entre todos os pontos de atenção à saúde; dificuldade para entendimento de procedimentos; a sobrecarga de trabalho vivenciado pela equipe; a escassez de recursos pessoais e materiais e o atraso salarial, interpretado pelos funcionários como descaso governamental, que leva a desmotivação dos mesmos para a prestação dos serviços. O diário pode possibilitar a troca de conhecimentos, experiências e descobertas para reflexão sobre os processos dentro da uma Clínica da Família. O diário de campo serve não só para descrever as impressões, mas também para analisar as observações, tentando compreender do lugar do observado seu posicionamento. No fim é pelo diário que permitir-se-á efetuar, quando possível, uma autoanálise dos processos observados. Por registrar o cotidiano da instituição e o fluxo de trabalho profissional em uma Clínica da Família, este trabalho justifica-se por chamar a atenção para a importância da documentação do cotidiano da intervenção profissional, destacando o registro das ações profissionais, buscando descrever as reflexões sobre uma unidade de Atenção Primária em Saúde.

9289 AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: SUA ATUAÇÃO AINDA É DE ARTICULADOR DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA COM A COMUNIDADE?
Diego Floriano de Souza, Fabiane Ferraz, Daiane Aparecida Votri Castagnetti, Cristiane Damiani Tomasi, Ioná Vieira Bez Birolo, Patricia Pilatti, Lisiane Tuon Generoso Bitencourt, Luciane Bisognin Ceretta

AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: SUA ATUAÇÃO AINDA É DE ARTICULADOR DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA COM A COMUNIDADE?

Autores: Diego Floriano de Souza, Fabiane Ferraz, Daiane Aparecida Votri Castagnetti, Cristiane Damiani Tomasi, Ioná Vieira Bez Birolo, Patricia Pilatti, Lisiane Tuon Generoso Bitencourt, Luciane Bisognin Ceretta

Apresenação: a Atenção Primária a Saúde (APS) visa garantir universalidade e integralidade na saúde e tem a Estratégia Saúde da Família (ESF) como prioritária para a reorientação do modelo assistencial de saúde no Brasil. É de conhecimento que para a construção da APS precisamos de uma equipe qualificada para atuar na atenção básica com vistas a promoção em saúde, prevenção, recuperação e tratamento de agravos, garantindo uma saúde eficaz e de qualidade. O agente comunitário de saúde (ACS) é um ator importante para o Sistema Único de Saúde (SUS), pois tem o papel de fortalecer a integração entre a equipe e a comunidade. Objetivo: identificar junto ao ACS a percepção de sua atuação profissional como elo de ligação entre a ESF e a comunidade. Desenvolvimento: pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo descritiva-exploratória. Após aprovação no Comitê de Ética, sob parecer n. 2.923.821, ocorreu a coleta de dados por meio de entrevistas semiestruturada. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra. A definição das participantes ocorreu por meio de sorteio, contemplando uma ACS em cada UBS (15) de um município de médio porte do Sul de Santa Catarina, sendo que por critério de saturação dos dados, a pesquisa contou com 10 participantes. Para análise dos dados, foi utilizada a técnica de análise temática de conteúdo, desenvolvida em três momentos: pré-análise, exploração do material; e, tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Resultado: O presente trabalho aborda os resultados da categoria “Processo de trabalho e sentimento em relação às atividades como ACS”, em que se constata que as participantes desenvolvem seu processo de trabalho de forma consciente, porém, atualmente não seguem a lógica da integralidade, devido à sobrecarga de trabalho imposta pelas diretrizes estabelecidas pela PNAB de 2017. Expressam que entre as facilidades para realizar o processo de trabalho está a utilização de dispositivos tecnológicos, como o WhatsApp para comunicação com usuários, o vínculo com as famílias e a flexibilidade do horário. Entre as dificuldades referem a sobrecarga de trabalho, pois município ao implantar as prerrogativas da nova PNAB desligou um número significativo de ACS, logo, sentem-se sobrecarregadas, não conseguindo visitar o público alvo, quebrando o vínculo construído com várias famílias ao longo dos anos porque deixaram de ser famílias prioritárias, bem como não conseguem criar um vínculo com as novas famílias por terem metas a cumprir. Em relação satisfação como ACS na maioria das vezes sente-se bem, contudo, em algum momento sentem baixa valorização da gestão e, às vezes, da comunidade. “[...] Horário de verão a gente trabalha até a noite, ter essa flexibilidade facilita.” (Rosa). “[...] Eu sempre mando uma mensagem: tem vacina pra fazer. [através de mensagem]aviso por whathzapp, facebook, as vezes coisa assim, eu sempre mando.”(Cravo). “[...]ficou muito mais gente em vez de ter 180 famílias, hoje com a nova PNAB, a gente tem de 320 a 350. Eu tenho 350 famílias”. (Rosa). Considerações finais: em relação ao processo de trabalho do ACS, foram destacadas como facilidades a criação de vínculo com a população e o fato de residirem no bairro em que atuam, também consideram que o WhatsApp e outros aplicativos facilitam na comunicação com os usuários, o vínculo que construíram com as famílias também é uma facilidade, pois quando a conseguem atender à necessidade dos usuários sentem-se uma imensa gratificação, tendo em vista também que a flexibilidade do horário facilita o seu processo de trabalho. Entre as dificuldades frente suas atividades, expressaram que de acordo com a nova PNAB, sentem-se sobrecarregadas, devido a diminuição de praticamente 50% dos profissionais agente comunitário de saúde no município, o que quebrou o vínculo que muitas tinham com as suas comunidades, pois, agora priorizam o atendimento referente ao público alvo. Foi possível observar satisfação relacionado a seu processo de trabalho, sendo muito gratificante estar desenvolvendo o serviço de ACS, sentindo-se importante na vida dos usuários com uma informação, poder ajudar uma pessoa, é um trabalho de grande importância podendo se doar ao próximo. Contudo, o que ficou evidente, é a necessidade dos ACS serem ouvidos a partir de uma avaliação sobre a implantação das mudanças estabelecidas a partir da adesão do município a nova PNAB, pois, os ACS estão solicitando que sejam ouvidos para buscar dirimir os desconfortos e insatisfações produzidas ao município assumir as diretrizes na nova Política de Atenção Básica.

9425 SAÚDE, TRABALHO E RELAÇÕES SOCIAIS: DETERMINANTES SOCIAIS NA ALTA COMPLEXIDADE
Matheus Oliveira de Paula, Cinthia de Mello Vitório

SAÚDE, TRABALHO E RELAÇÕES SOCIAIS: DETERMINANTES SOCIAIS NA ALTA COMPLEXIDADE

Autores: Matheus Oliveira de Paula, Cinthia de Mello Vitório

Apresentação: O agravamento das condições de vida e trabalho no cenário contemporâneo, endossado pela métrica das medidas neoliberais e conservadoras, subvertendo a lógica do direito social, atuam no sentido de recolocar práticas que privilegiem o setor privado, frente ao setor público e as políticas sociais, recoloca para o SUS um panorama privatizante, que desloca-se nos níveis de gestão e do cuidado com o usuário do sistema de saúde. Buscar processos que fortaleçam e consolidem o SUS e as práticas democráticas na área da saúde, como forma de ampliar o diálogo entre os usuários e os profissionais de saúde é um espaço privilegiado para o fortalecimento do sistema de saúde, trilhando novos caminhos de atenção à saúde. Assim, as práticas profissionais das assistentes sociais em uma unidade de alta complexidade se dão nesse sentido, ampliando o diálogo entre a equipe multiprofissional e os usuários, bem como nas articulações próprias do trabalho profissional. Desenvolvimento: O trabalho das assistentes sociais dirige-se na busca dos determinantes e condicionantes sociais do processo saúde-doença e como ele se reverberam no cotidiano hospitalar e na assistência/desassistência aos usuários. A partir de um trabalho de coletivização das demandas e de ampliação do diálogo e da escuta a equipe do Serviço Social fortaleceu o processo de participação dos usuários e a articulação com a equipe multiprofissional, refletindo sobre questões do adoecimento que estão presentes nas relações sociais e são estruturantes no processo saúde doença. Resultado: O cuidado na alta complexidade do sistema de saúde favorece um modelo de atenção à saúde que privilegia a patologia da doença, pormenorizando os determinantes e condicionantes sociais. A partir das intervenções realizadas pela equipe do Serviço Social com usuários e equipe multiprofissional processou-se uma expansão do diálogo na busca por uma assistência mais humanizada, considerando as condições de vida. Nesse sentido, observou-se um maior bem-estar e ambientação ao plano de cuidados, reduzindo níveis de ansiedade na enfermaria que é devido a extensa espera por procedimentos e cirurgias. Considerações finais: As práticas que garantam autonomia e cuidado aos usuários do sistema de saúde, devem ser pensadas com vistas a garantir uma atenção integral e humanizada aos usuários na alta complexidade. Os condicionantes e os determinantes do processo saúde doença são importantes para avaliar as condições de vida que se encontram a saúde da população brasileira, bem como as bases materiais que interferem na saúde, garantindo processos que fortaleçam a humanização em saúde e a gestão do cuidado compartilhada entre equipe multiprofissional, usuários, e familiares. Desse modo, as ações desenvolvidas pela equipe de Serviço Social vêm no sentido de ampliar e coletivizar os debates sobre o adoecimento, garantindo uma atenção à saúde que se alinhem as diretrizes e princípios do SUS e a Política Nacional de Humanização.

9529 DESAFIOS NA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA NAS ÁREAS RIBEIRNHAS NO MUNICÍPIO DE TEFÉ
BRUNO HENRIQUE FIGUEIREDO CORTEZAO, MARIA ADRIANA MOREIRA, LUCAS LEÃO CALDEIRA, JÉSSICA BIANCA RAMIRES APARÍCIO, ROBSON DA SILVA SOUZA

DESAFIOS NA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA NAS ÁREAS RIBEIRNHAS NO MUNICÍPIO DE TEFÉ

Autores: BRUNO HENRIQUE FIGUEIREDO CORTEZAO, MARIA ADRIANA MOREIRA, LUCAS LEÃO CALDEIRA, JÉSSICA BIANCA RAMIRES APARÍCIO, ROBSON DA SILVA SOUZA

Apresentação: O serviço fisioterapêutico vem nos últimos anos se expandindo nas zonas rurais de todo país, na grande maioria dos municípios do estado do amazonas, o acesso as comunidades ribeirinhas ainda apresentam dificuldades que vem sendo superadas no fornecimento de atendimento especifico de fisioterapia, isso se dá por vários motivos, desde a logística do acesso até a falta de insumos e equipamento nestas localidades. O presente trabalho tem o intuito de demonstrar através de um relato de experiência as dificuldades encontradas por um profissional de fisioterapia do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) nas comunidades ribeirinhas do município de Tefé (AM). Desenvolvimento: Os atendimentos fisioterapêuticos oferecidos atendem mais de 5 comunidades do lago de Tefé e do rio Solimões, como a comunidade do Bacuri e Santo Izidoro, beneficiando em torno 50 usuários destas localidades, suprindo uma demanda antes reprimida desse tipo de atendimento específico. O acompanhamento dos atendimentos de fisioterapia nestas localidade estão sendo realizado semanalmente de acordo com o cronograma estabelecido pela equipe da Estratégia da Saúde da Família de referência, visando ampliar o atendimento e a cobertura destas comunidades, afim de estabelecer uma linha direta de atendimento e retorno das consultas para esses moradores, reforçando a política de atendimento, garantido assim os princípios que regem o Sistema Único de Saúde (SUS). Neste cenário nos deparamos com os mais diversos tipos de paciente com as mais variadas patologias, como Acidente Vascular Encefálico (AVE), Paralisia Infantil, Doenças Reumatológicas, Doenças da Coluna (Lombalgias, Escoliose) e outros males. Porém encontramos diversas peculiaridades em nosso região, que dificultam o acesso a essas localidades, como as longas caminhadas no meio da floresta, passando por rios, lagos, igarapés, morros e barrancos escorregadios, além disso há o risco de contrair doenças tropicais como a malária e febre amarela. Estes obstáculos interferem diretamente na realização do atendimento desses usuários, devido as dificuldades da chegada do profissional nestas comunidades, pois o atendimento continuado destes usuários podem vim a ser comprometido por fatores extrínsecos ou inerentes a conduta terapêutica, pelos motivos acima citado. Resultado: Tendo em vista a realidade local, esforços estão sendo realizados para que esses atendimentos fisioterapêuticos sejam realizado nessas comunidades, nas mais próximas até as mais distantes, assim realizando a cobertura de todas as áreas de competência, beneficiando e melhorando a qualidade de vida desses moradores. Considerações finais: Neste contexto, pode-se observar diversas dificuldades apresentadas nos atendimentos de saúde dos nossos usuários da área ribeirinha, que apesar das dificuldades de acesso, falta de insumos, as visitas estão sendo realizadas com maior frequência não só pela equipe Estratégia Saúde da Família, mas também agregando outros profissionais da equipe NASF, permitindo o tratamento de fisioterapia nas condutas de cinesioterapia e terapias manuais, como nas ações de prevenção e promoção a saúde nas comunidades melhorando assim o quadro atual de atendimento ofertado as áreas remotas da nossa região.

9614 A ATUAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE EM MUNICÍPIOS RURAIS REMOTOS DO SEMIÁRIDO: UM OLHAR A PARTIR DOS ATRIBUTOS DA APS
Jéssica de Oliveira Sousa, Patty Fidelis de Almeida, Adriano Maia dos Santos, Fabiely Gomes da Silva Nunes, Jôsi Ribas Galvão

A ATUAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE EM MUNICÍPIOS RURAIS REMOTOS DO SEMIÁRIDO: UM OLHAR A PARTIR DOS ATRIBUTOS DA APS

Autores: Jéssica de Oliveira Sousa, Patty Fidelis de Almeida, Adriano Maia dos Santos, Fabiely Gomes da Silva Nunes, Jôsi Ribas Galvão

Apresentação: A função de Agente Comunitário de Saúde (ACS) no Brasil tem suas raízes no nordeste do país, mais especificamente no Ceará, onde no ano de 1987 no período de seca severa, mulheres foram recrutadas para auxiliarem no combate à mortalidade infantil. A partir do êxito dessa experiência, o Ministério da Saúde expandiu essa estratégia para todo o Brasil no ano de 1991 com a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), que posteriormente passou a integrar a Saúde da Família, fazendo parte dessa Estratégia até os dias atuais. A partir de sua incorporação ao Programa Saúde da Família (PSF), o ACS que tinha suas ações mais focadas no público materno infantil, teve seu escopo de práticas ampliado, sendo sua função caracterizada segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) pelo exercício de atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares e comunitárias. Ainda assim, por seu potencial em intermediar, aproximar, traduzir e com isso vincular a população à equipe/unidade de saúde, o ACS é amplamente reconhecido como o elo de ligação entre esses dois polos, tendo, muitas vezes, toda sua função resumida a essa concepção. Neste estudo, nos interessou caracterizar as ações do ACS para além da função de “elo”, desvelar quais são suas ações tendo como parâmetro para análise os atributos essenciais e derivados da APS segundo Starfield (2002). Temos como pressuposto que, em municípios rurais e remotos do Brasil, o ACS apresenta funções mais fortemente direcionadas aos atributos essenciais da APS como porta de entrada, atenção integral, coordenação e continuidade do cuidado, se comparados àqueles mais voltados à atuação comunitária. O presente trabalho apresenta parte do estudo “Atenção Primária a Saúde em zonas rurais remotas do Brasil” coordenada pela ENSP/FIOCRUZ, realizada em municípios rurais remotos do Brasil segundo classificação do IBGE (2017), localizados no norte, nordeste, centro oeste e sudeste do país, distribuídos em seis regiões, norte das águas, norte das estradas, norte de minas, matopida e semiárido. Analisou-se dados dos municípios representativos da região do semiárido nordestino, dentre eles Rio Grande do Piauí (PI), Morpará (BA), Ipupiara (BA) e Pilão Arcado (BA), cujo trabalho de campo foi realizado no ano de 2019. Os resultados indicaram que o ACS se destacou na função de primeiro contato na busca por respostas às demandas de saúde, coordenação do cuidado, garantia de atenção integral e longitudinal. Ser o primeiro contato foi uma característica muito encontrada nesses municípios principalmente no interior, em função da distância das Unidades Básicas de Saúde (UBS) ainda que estivessem localizadas na própria área rural. Nesse contexto, os ACS eram os primeiros a serem procurados frente a alguma demanda de informação/orientação, marcação de consultas/exames e mesmo em casos de agudização de alguma patologia. Os ACS eram procurados também à noite e nos fins de semana, pois eram os únicos representantes da saúde no território. O ACS intermediava a marcação de consultas médicas, de enfermagem e odontológicas na UBS, pois recebiam um número de vagas para distribuir à população de referência. Tal estratégia, ao mesmo tempo, facilitava o acesso dos usuários evitando deslocamentos em locais de grande dispersão, mas delegava grande poder ao ACS no manejo de recurso bastante estratégico. Outra marcação intermediada pelo ACS era o de consultas/exames especializados. Em geral os usuários tinham que se deslocar até a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na sede do município, para realizar o agendamento. Em alguns casos, o ACS reunia todas as solicitações de sua microárea e levava à SMS. Quando as consultas ou exames eram agendados, a maioria dos ACS acompanhava o paciente até o local da realização, e, em alguns casos, acompanham suas gestantes até o hospital no momento do parto. Em um dos municípios, o ACS intermediava a marcação de consultas/exames oftalmológicos em uma ótica privada, referindo conseguir preço mais acessível para seus pacientes. Em relação à coordenação do cuidado, além do acompanhamento desses pacientes em consultas, os ACS também facilitavam o fluxo de informações quando o usuário retornava de algum outro ponto da rede, na ausência de comunicação formal entre APS e a rede especializada. Foi referido também que os ACS dessas áreas realizavam procedimentos no domicílio como aferição de pressão arterial, glicemia capilar, temperatura axilar, realização de curativo, retirada de pontos e administração de medicações na sua rotina diária, realizando até outros procedimentos como repetição de prescrição médica e nebulização, em casos cujo deslocamento para o hospital ou UBS eram urgentes. Nos municípios rurais remotos, os ACS, principalmente os que atuavam na zona rural, apresentaram escopo de práticas ampliado, eram reconhecidos como principal ponto de contato com os serviços de saúde, realizavam fluxo informacional, que, de certa forma, possibilitava algum acompanhamento longitudinal pela equipe de saúde da família. Interessante ressaltar que ações comunitárias, de intervenção mais coletiva e promocional no território praticamente não foram referidas. O estudo indica que o ACS, em contexto de municípios rurais e remotos, tem uma atuação importante na garantia de acesso à APS e demais níveis de atenção, com escopo de práticas que incorpora, inclusive, ações de enfermagem, alguma das quais previstas na PNAB de 2017, sob supervisão e em contextos específicos. Por outro lado, percebe-se arrefecimento das ações promocionais, de caráter coletivo, em territórios que apresentam um conjunto de vulnerabilidades sociais. Em momento no qual as novas diretrizes da política de saúde relativizam a presença do ACS nas equipes básicas, o contexto dos municípios rurais remotos parecem indicar que sua ausência poderia enfraquecer o desempenho dos atributos essenciais da APS. A garantia do ACS nessas realidades de grande vulnerabilidade demonstra-se extremamente necessária, não devendo a existência desse profissional ser uma decisão deixada a cargo da gestão local, devendo ter sua permanência garantida como um dos componentes mínimos obrigatório das equipes de saúde e em quantidade suficiente para cobrir 100% da população. É importante salientar, que as atribuições desse profissional na APS carecem de melhor elucidação, sem, no entanto, prescindir de sua presença.

9673 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM MUNICÍPIOS RURAIS E REMOTOS: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DO ACESSO A SAÚDE NO BAIXO AMAZONAS (PA)
Cristiano Gonçalves Morais, Larissa Ádna Neves Silva, Geraldo Walter Almeida Neto, Márcia Cristina Rodrigues Fausto, Juliana Gagno Lima

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM MUNICÍPIOS RURAIS E REMOTOS: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DO ACESSO A SAÚDE NO BAIXO AMAZONAS (PA)

Autores: Cristiano Gonçalves Morais, Larissa Ádna Neves Silva, Geraldo Walter Almeida Neto, Márcia Cristina Rodrigues Fausto, Juliana Gagno Lima

Apresentação: A Estratégia de Saúde da Família (ESF), há mais de duas décadas, é a base de reorientação do modelo assistencial do sistema de saúde brasileiro, cuja atuação preconizada para as equipes é centrada no sujeito/família tendo territórios delimitados para a atuação, agregando conceitos em suas ações que envolvem tanto práticas de assistência, como também de promoção à saúde e prevenção de doenças. A implementação da ESF tem favorecido o acesso aos serviços de saúde em áreas que outrora apresentavam ausência e para populações que necessitam dos mesmos, gerando redução de mortalidades e agravos. Embora o acesso e cobertura da Atenção Básica (AB) tenha aumentado com o passar dos anos, ainda existem problemas na consolidação e pleno funcionamento da ESF como modelo assistencial que comtemple as necessidades da população. No contexto de municípios considerados rurais e remotos na Amazônia o acesso a esses serviços de saúde ainda é precário, devido a presença de barreiras e influência de determinantes socais, características geográficas e baixa cobertura da atenção básica e dos serviços de saúde como um todo. Entender os diferentes fatores que afetam o funcionamento da atenção básica e como os municípios enfrentam essas dificuldades, serve para dar dimensionamento de como se é feita a saúde nos mais diferentes contextos no Brasil e serve para fundamentar estratégias adequadas às realidades estudadas ou mesmo replicar práticas exitosas para outras regiões com semelhantes características. Portanto, o objetivo desse estudo é descrever as barreiras e estratégias de acesso à serviços de saúde em um município rural remoto que compõe a região de saúde do Baixo Amazonas, Pará. Desenvolvimento: Trata-se de estudo descritivo, de cunho qualitativo. Esse estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Atenção Primária à Saúde em Territórios Rurais e Remotos no Brasil”, que conta com aprovação do comitê de ética e pesquisa sob o parecer nº 2.832.559. Tem como foco 27 municípios brasileiros classificados como rurais remotos, desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública em parceria com outras instituições de ensino superior. A coleta de dados consiste em entrevistas com gestores, profissionais e usuários acerca da saúde do município. As atividades descritas nesse estudo se referem a entrevista com o gestor municipal e enfermeira de um dos campos da pesquisa realizado em um município que compõe a região de saúde do Baixo Amazonas no estado do Pará, e foi realizado no período de 15 a 17 de maio de 2019. A entrevista gravada se baseou em instrumento semiestruturado, tendo questões direcionadas a barreiras de acesso e estratégias especificas da atenção básica em zona rural. Os participantes desse estudo se voluntariaram e expressaram o assentimento em participar da pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em conformidade com a resolução nº 466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Resultado: Foi possível observar diferentes barreiras de acesso aos serviços de saúde. As barreiras geográficas são um dos obstáculos no acesso a saúde, expresso nas grandes distâncias percorridas pela população, principalmente no translado entre áreas distantes da sede do município, e estradas de má qualidade dentro do município. A interferência do fator geográfico na população que vive em região de rios tende a ser pior, visto que existe a necessidade de serviços especializados, que quando ausentes no município, precisam ser realizados em municípios de polos da região, gerando maior tempo e custo de deslocamento. O transporte coletivo fluvial é o principal meio de deslocamento para fora do município, que não ocorre com a periocidade e acessibilidade financeira favorável para a população de baixa renda. Essa conjuntura favorece ocorrência de duas situações, primeiro o uso de embarcações de pequeno porte, em desacordo com medidas de segurança básicas para pequenos deslocamentos e segundo, o aumento de pessoas necessitadas e desassistidas. Outra barreira notada foi a dificuldade de fixação de profissionais médicos no município e a influência das chuvas que levam a enchente dos rios e o deslocamento de famílias para a sede do município. Mediante a essas situações foram adotadas práticas direcionadas a estruturação dos serviços de saúde no município, ocorrendo a escala de médicos intercalados atuantes no hospital de pequeno porte para a realização de procedimentos cirúrgicos dentro das limitações do estabelecimento; os agentes comunitários de saúde com escopo de ações ampliado envolvendo atividades como: microscopia de malária e leishmaniose e agendamento de consultas, sendo o principal elo entre a unidade básica de saúde e a população, papel esse mais evidente na áreas mais distantes da sede em que a população é mais dispersa. Na unidade básica de saúde, em sua rotina de ações é priorizado, levando em conta as necessidades especificas de cada pessoa, os atendimentos à população de áreas mais distantes. Outra estratégia adotada é o “Sobreaviso”, medida essa que disponibiliza, em horário estendido e remunerado, enfermeira e técnica de enfermagem para atender demandas de saúde fora do horário de funcionamento da unidade básica de saúde no período da noite e do fim de semana, através de escala. Os profissionais ficam em domicílio, e caso ocorra alguma eventualidade são notificados e comparecem a unidade básica de saúde para atendimento. As ações realizadas na unidade prezam o máximo de resolubilidade in loco, afim de evitar deslocamento a sede do município do melhor atender a população. Considerações finais: Há uma amplitude de fatores que desfavorecem o acesso ao serviço de saúde que se relacionam com questões básicas como o local que a pessoa vive, deslocamento até a unidade básica de saúde mais próxima, algo que em centros urbanos passam despercebidos, e que em municípios rurais e remotos são aspectos essenciais a serem avaliados, que vem a ser um dos pontos críticos de diferentes situações, de qualidade de vida ou mesmo, de vida ou morte. A atenção básica em áreas que não possuem uma cobertura de serviços de saúde adequada, exerce um papel ainda mais central na resolução de problemas das mais diversas ordens, sendo o local de referência da sua população adstrita, em que os profissionais se responsabilizam e adotam ações e olhares para melhor atender as necessidades das pessoas.

9679 PERCEPÇÃO DE TRABALHADORAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA ACERCA DE DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA PRODUÇÃO DO CUIDADO LONGITUDINAL
Danielly Maia de Queiroz, Lucia Conde de Oliveira

PERCEPÇÃO DE TRABALHADORAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA ACERCA DE DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA PRODUÇÃO DO CUIDADO LONGITUDINAL

Autores: Danielly Maia de Queiroz, Lucia Conde de Oliveira

Apresentação: O processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família (ESF) envolve múltiplos aspectos para estar alinhado às necessidades de saúde da população sob sua (co)responsabilidade sociossanitária. Nesse contexto, considera-se que a gestão do cuidado integral assumida pelas equipes da ESF envolve ações consonantes de “produção do cuidado” na unidade de saúde e no território, e de “coordenação do cuidado” entre os distintos pontos que compõem a rede de atenção à saúde, ambas as ações potencializadas pela longitudinalidade do cuidado alicerçada no princípio da integralidade, que tende a fortalecer progressivamente as relações de vínculo e de confiança entre trabalhadores de saúde e usuários. Feuerwerker (2011) destaca que mesmo diante da possibilidade de desencontros de expectativas e do estabelecimento de relações assimétricas, a gestão do cuidado se propõe a superar as insuficiências de conhecimento sobre a situação de vida das pessoas, a pobreza dos vínculos, a referência sem responsabilização, a contrarreferência não efetivada e os protocolos construídos unilateralmente que acabam não sendo adotados. Segundo a autora, nessa “cadeia de cuidado em saúde” estariam envolvidos arranjos que articulariam acesso, vínculo e continuidade do cuidado, levando-se em consideração os seguintes cenários: dentro das unidades, no território e entre os serviços. Todavia, apesar de dispormos de múltiplas evidências científicas e de argumentos bem fundamentados em favor da relevância de um acompanhamento longitudinal de indivíduos, famílias e coletivos, assumido pelas equipes da ESF, as modificações normativas feitas na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) em 2017 tende a dificultar a concretização desse modo de produção do cuidado devido, por exemplo, à flexibilização da composição da equipe e da carga-horária de trabalho, a não exigência de cobertura de 100% do território por agentes comunitários de saúde (ACS) e à falta de precisão em relação aos serviços e às ações da atenção básica que assegurem a integralidade do cuidado em rede. Morosini e Fonseca (2017) fazem projeções preocupantes relacionadas a essas mudanças, destacando a fragilização do trabalho em equipe diante das pressões por produtividade da lógica gerencialista hegemônica, a acentuação da vulnerabilidade dos trabalhadores de saúde em virtude da flexibilização do regime de trabalho e o aprofundamento da perspectiva biomédica, medicalizante e procedimental no cotidiano dos serviços. Sem perder de vista esse atual cenário, objetiva-se aqui sistematizar os desafios e as potencialidades elencados por trabalhadoras da ESF de um município de grande porte acerca da produção do cuidado longitudinal. Desenvolvimento: Trata-se de um recorte da tese de doutorado em saúde coletiva intitulada “Estratégia Saúde da Família na gestão do cuidado em rede: avaliação participativa com trabalhadores de saúde, lideranças comunitárias e equipe gestora”, pesquisa empírica vinculada ao projeto: “Avaliação da qualidade da atenção à saúde a usuários com agravos crônicos em duas regiões de saúde no Ceará”, financiado pelo Edital 01/2017 do Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em Saúde/PPSUS–CE/FUNCAP-SESA-Decit/SCTIE/MS-CNPq. Assumiu-se como inspirações teórico-metodológicas a “Avaliação de Quarta Geração” de Guba e Lincoln (2011) e a “Hermenêutica Filosófica” de Gadamer (2011). A fase de campo se deu entre os meses de janeiro e outubro de 2018, em Maracanaú (CE), município de grande porte pertencente à 3ª Região de Saúde do Ceará. O recorte aqui apresentado envolveu o grupo de interesse composto por 38 trabalhadoras de saúde da ESF, sendo 30 integrantes das equipes de referência e oito integrantes da equipe de apoio. Dentre as diversas técnicas utilizadas, foram realizadas entrevistas coletivas com quatro equipes de referência e duas equipes de apoio, que atuavam no território adscrito da unidade de saúde pesquisada. Seguindo as proposições de Guba e Lincoln (2011), os resultados foram organizados em quadros, destacando-se as “reivindicações” (aspectos favoráveis), as “preocupações” (aspectos desfavoráveis) e as “questões” (conflitos) identificadas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, Parecer nº 2.448.058. Resultado: Os desafios e as potencialidades relacionadas à produção do cuidado longitudinal elencadas pelas trabalhadoras de saúde compuseram o eixo de análise da “dimensão profissional” da gestão do cuidado, no qual se buscou evidenciar a construção de sentidos relativa ao “encontro” entre trabalhadores de saúde e usuários. De acordo com Cecílio (2011), a “dimensão profissional da gestão do cuidado” se dá no encontro entre usuários e trabalhadores de saúde, cujos elementos principais são competência técnica, postura ética e construção de vínculos. Em relação às potencialidades da produção do cuidado longitudinal, o grupo de interesse das trabalhadoras de saúde destacou: I – Reconhecimento quanto à importância do próprio trabalho no encontro com os usuários, expressos por algumas trabalhadoras de saúde como a construção de sentido diante da tarefa multifacetada do devir-ACS, a importância da educação em saúde percebida a partir da percepção das mudanças na vida das pessoas, e o acolhimento afetuoso das famílias durante visitas domiciliares; II – Fortalecimento do vínculo construído entre trabalhadores de saúde e usuários, expressos pela detalhada descrição do processo de vinculação com as famílias acompanhadas, conhecimento das situações existentes no território e construção cotidiana de relações de afeto; e III – Satisfação no acompanhamento longitudinal, reconhecendo-se a relevância do trabalho realizado mesmo diante de dificuldades e resistências, por perceber que os esforços empreendidos repercutiam positivamente na saúde dos indivíduos e coletividades, sendo exemplificado pelo acompanhamento longitudinal de pessoas com tuberculose e também da saúde materno-infantil. Em relação aos desafios da produção do cuidado longitudinal, o grupo de interesse das trabalhadoras de saúde destacou: I – Entraves para viabilização da longitudinalidade do cuidado, relacionados à exigência de metas quantitativas estipuladas pela gestão sem necessariamente ser atrelada aos indicadores de resolutividade, desdobrando-se em “consultas rápidas” que não viabilizavam o fortalecimento de vínculo, e ainda dinâmicas de trabalho que não contemplavam na agenda de trabalho tempo hábil de conhecer e adequar as ofertas às necessidades singulares do território; e II – Repercussões ocasionadas pela rotatividade de profissionais na descontinuidade do cuidado, percebidas pela expressão de usuários que relatavam não acreditar na possibilidade de consultas de retorno com o mesmo profissional devido à experiência de intensa rotatividade principalmente de médicos, e por algumas resistências da população de dar continuidade ao acompanhamento diante dos vínculos rompidos frequentemente. Considerações finais: Na construção de sentido do próprio trabalho que se dá na relação intersubjetiva do encontro entre trabalhadores de saúde e usuários, percebe-se que podem ser identificados tanto aspectos favoráveis quanto desfavoráveis em relação à produção do cuidado, numa perspectiva longitudinal. Ressalta-se que as ACS, por terem nesse contexto um tempo médio de atuação no território maior que os demais integrantes da equipe, e por transitarem cotidianamente entre o espaço “público” do serviço e das ruas, e o espaço “privado” dos domicílios das famílias acompanhadas, assumem papel emblemático de revelarem em suas narrativas a complexidade da produção do cuidado no contexto da ESF. Ver sentido no trabalho que realiza no contexto da ESF é um aspecto ético-político cada vez mais desafiador, diante dos desmontes e retrocessos atualmente elencados, cuja tendência parece apontar fortemente para uma exacerbação da precarização, da fragmentação e do esvaziamento de sentido diante do que se faz. Entretanto, mesmo não negando os desafios e as contradições enfrentadas no cotidiano do trabalho, as trabalhadoras de saúde também conseguiram enunciar potentes aspectos relacionados ao próprio valor, ao fortalecimento de vínculos com as pessoas acompanhadas ao reconhecimento da importância do que fazem, expresso enquanto satisfação profissional.

9865 O FIM DO NASF: AMEAÇA AO PRINCÍPIO DA INTEGRALIDADE NO COTIDIANO DO TRABALHO NO SUS
Juliana Mesquita, Jessika Oliveira, Marcela Serpa

O FIM DO NASF: AMEAÇA AO PRINCÍPIO DA INTEGRALIDADE NO COTIDIANO DO TRABALHO NO SUS

Autores: Juliana Mesquita, Jessika Oliveira, Marcela Serpa

Apresentação: Este trabalho busca tecer uma reflexão crítica acerca dos atuais desafios encontrados à manutenção do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf), a partir de uma perspectiva multiprofissional e interdisciplinar. A mudança instituída pela nota técnica Nº 3/2020-DESF/SAPS/MS, que dá fim ao cadastro de novas equipes e confere autonomia aos gestores municipais e estaduais permite a adoção de qualquer modelo de equipe. Em 2019 foi extinta a base de incentivo federal para a implementação dos Nasf, com o novo modelo de financiamento da Atenção Básica. Estes fatores somados geram impactos significativos à integralidade do cuidado em saúde e a interdisciplinaridade no cotidiano do trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS). Trabalho de pesquisa desenvolvido por profissionais da área da saúde – assistente social médica e psicóloga - a respeito da importância do Nasf na sustentação da integralidade e interdisciplinaridade na produção de cuidado na Atenção Básica, através de investigação bibliográfica e análise crítica acerca do conteúdo pesquisado. O Núcleo Ampliado de Saúde da Família foi criado pelo Ministério da Saúde, por meio da portaria GM n. 154, de 24 de janeiro de 2008, com a finalidade de reorganizar a assistência à saúde, no que concerne a Atenção Básica e auxiliar na qualificação do SUS. A organização do processo de trabalho do Nasf necessita da criação de espaços coletivos, de momentos de encontros que possibilitem os trabalhadores estarem juntos para por em prática ações mais qualificadas, aumentando a capacidade resolutiva das equipes. Desta forma, este processo de desmonte do Nasf impacta negativamente o acesso da população ao cuidado qualificado e a resolutividade da atenção básica, aumentando o número de encaminhamentos para a rede secundária e sobrecarregando as unidades responsáveis pela atenção de média e alta complexidade. Este trabalho visa ampliar o debate acerca da relevância da permanência do Nasf em território nacional como ferramenta de garantia da integralidade e demais princípios previstos nas leis 8.080/90 e a 8.142/90 que regulamentam o SUS. A ameaça atual ao desmantelamento das políticas públicas de saúde caracteriza, portanto, um projeto de retrocesso da saúde como um direito a ser gozado de forma universal.

9916 SOFRIMENTO E ALÍVIO NO TRABALHO: ESCRIVERSÕES COMO SAÚDE
Cristiane da Silva Costa

SOFRIMENTO E ALÍVIO NO TRABALHO: ESCRIVERSÕES COMO SAÚDE

Autores: Cristiane da Silva Costa

Apresentação: Esse estudo aborda o sofrimento e o adoecimento gerados no trabalhador, especialmente sob a configuração do trabalho relacional, como acontece na educação básica e na atenção básica, onde estão presentes, de modo predominante, afecções (encontro), interações (comunicação) e aprendizagens (cognição). Desenvolvimento: vem sendo desenvolvida uma proposta de intervenção sob a forma de rodas de conversação, produção de narrativas de vida sobre seu fazer profissional e emergência de narrativas criativas sob a projeção do trabalho. A escrita das dores e dissabores, das alegrias e dos prazeres implicados no fazer laboral ampliam a apreensão do que “age” no trabalho e da presença “atuante” no trabalho. A discussão do trabalho, sob uma ótica do próprio trabalhador, o recurso ao referencial da Clínica da Atividade e a “Escriversão” (mescla dos referenciais da “Escrita como saúde”, como em Deleuze, e das “Escrevivências”, como em Evaristo), são utilizamos para auxiliar na proposta de intervenção. Resultado: Os conceitos de trabalho prescrito e trabalho realizado, juntamente com o poder de agir e atividade impedida são utilizados na possibilidade de ampliação desse conhecimento sobre a atividade laboral exercida e como a atividade reverbera nos trabalhadores. O trabalho em saúde e na educação, a todo momento, apresenta desafios, solicitando a busca de estratégias que mobilizem o “real do trabalho”, incluindo além do que é feito, aquilo que se deixou de fazer. Convoca-se o trabalhador a criação, experimentando e inscrevendo-se na própria atividade de trabalho. Considerações finais: quando o poder de agir do trabalhador é impedido, essa impossibilidade do fazer laboral com sua potência de reinvenção pode gerar sofrimento. Contudo, ao ser agenciada a escuta sensível, o exercício criativo de narrativas e a estratégia de apreensão das questões que envolvem o fazer laboral e o adoecimento pelo trabalho, são possibilitadas novas perspectivas em relação a qualidade de vida e saúde no trabalho, há produção de afeto e cuidado e há produção política sobre a construção do trabalho.

10012 TUBERCULOSE OCUPACIONAL E OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Camila Mamede Ferraço, Bruna de Andrade Hees de Aveiro, Victhória Haira Barbosa, Maria Luiza De Barba, Raquel Juliana de Oliveira Soares

TUBERCULOSE OCUPACIONAL E OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Autores: Camila Mamede Ferraço, Bruna de Andrade Hees de Aveiro, Victhória Haira Barbosa, Maria Luiza De Barba, Raquel Juliana de Oliveira Soares

Apresentação: No Brasil houve um aumento da incidência da Tuberculose no século XX na comunidade em geral. Porém os profissionais de saúde encontram-se mais expostos, por isso existe a necessidade de uma melhor orientação das práticas de trabalho e formas de controle ambiental diminuindo as chances desses profissionais adquirirem essa doença. Objetivo: do estudo: Analisar a produção científica sobre fatores de risco para tuberculose ocupacional em profissionais da saúde. Método: Revisão Integrativa. Critério de inclusão foi estabelecido: artigos completos de acesso aberto, publicados em português e inglês, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2016. Critérios de exclusão: teses, dissertações, monografias. O levantamento de dados se deu no período de abril a julho de 2017, através das bases de dados Scientific Electronic Library Online, Biblioteca Virtual em Saúde e PubMed. Foram utilizados os descritores e suas combinações: “Médicos"; "Tuberculose'' e para ampliar a busca também foi utilizado o termo "Tuberculose ocupacional”.  A amostra final desta revisão foi constituída de 10 artigos científicos, e dentre eles, sete são de publicação nacional e três de publicação internacional. Resultado: grande parte dos artigos, tanto nacionais quanto internacionais, abordaram questões relevantes em comum sobre os fatores de risco para a tuberculose ocupacional, a saber: despreparo dos profissionais de saúde; alto risco ocupacional de infecção; treinamento inadequado da equipe multiprofissional; a necessidade da criação políticas públicas de educação em saúde para melhor conscientização desses profissionais. Em um estudo foi abordado a prevalência de contaminação em profissionais da sala de emergência dos hospitais. Por ser a porta de entrada dos pacientes, que ainda não tem diagnostico os profissionais não tomam as medidas de proteção adequadas. Outro estudo mostrou que o risco relativo de contrair a doença é 3,4 vezes maior em profissionais da equipe de enfermagem do que em outros profissionais da saúde. Considerações finais: Os estudos mostraram que é possível uma correlação entre o adoecimento pela tuberculose e a exposição ocupacional dos profissionais da saúde. Os autores foram unânimes em considerar que profissionais da enfermagem e médicos possuem maior risco de exposição a tuberculose em relação aos outros profissionais da saúde. Porém, é importante que mais estudos sejam feitos, inclusive abordado outros profissionais da saúde para que possamos ampliar as discussões e capacitações dos profissionais, evitando assim que sejam acometidos pela tuberculose.

10159 AS CONCEPÇÕES DOS TRABALHADORES EM SAÚDE SOBRE AS METAS DE PRODUTIVIDADE NO ÂMBITO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Carolina Manhães Moura Reis, Filippina Chinelli

AS CONCEPÇÕES DOS TRABALHADORES EM SAÚDE SOBRE AS METAS DE PRODUTIVIDADE NO ÂMBITO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Carolina Manhães Moura Reis, Filippina Chinelli

Apresentação: O trabalho tem como objetivo principal analisar as concepções dos trabalhadores da Atenção Primária à Saúde (APS) acerca dos indicadores de saúde referentes às linhas de cuidado (hipertensão, diabetes, tuberculose, dentre outras) e ciclos de vida (criança, adolescente, mulher, homem e idoso) propostos no Contrato de Gestão e das possibilidades e estratégias acionadas pelos trabalhadores para atingir as metas de produtividade estabelecidas. A importância de se estudar o tema deve-se ao fato da APS se constituir como prioridade no Brasil, através da Estratégia de Saúde da Família, sendo a porta de entrada principal do sistema de saúde. Desenvolvimento: O presente trabalho se insere, portanto, em uma vertente de estudos que se dedica à análise dos novos modelos de gestão em saúde – Organizações Sociais e às suas implicações sobre os trabalhadores e as práticas de cuidado. A produção de informações foi realizada através da observação do cotidiano dos trabalhadores de uma Clínica da Família do município do Rio de Janeiro, de pesquisa bibliográfica, análise documental e realização de entrevistas com roteiro semiestruturado com trabalhadores da referida clínica. Resultado: As informações foram tratadas a partir da análise temática, com eleição de três categorias de análise: Organização do Trabalho; Contrato de Gestão e Estratégias e repercussões para os trabalhadores. Considerações finais: Ao retomar as questões propostas na fase inicial de investigação da pesquisa a respeito do conhecimento do Contrato de Gestão, identificou-se que os trabalhadores apresentam noções superficiais desse instrumento; além de compreenderem as metas como inerentes ao processo de trabalho, a partir de exigências e cobranças estabelecidas pela gestão, e para tal, constroem possibilidades e estratégias, sejam individuais ou coletivas, que repercutem diretamente sobre os profissionais.

10286 ANÁLISE DA FORÇA DE TRABALHO NA SAÚDE DA FAMÍLIA EM EQUIPES DO PMAQ
Josué Souza Gleriano, Itamar Martins Bonfim, Lucieli Dias Pedreschi Chaves

ANÁLISE DA FORÇA DE TRABALHO NA SAÚDE DA FAMÍLIA EM EQUIPES DO PMAQ

Autores: Josué Souza Gleriano, Itamar Martins Bonfim, Lucieli Dias Pedreschi Chaves

Apresentação:  Dada a expansão da Atenção Primária à Saúde (APS) e as vantagens na organização e provisão de serviços de saúde a análise sobre a gestão do trabalho é essencial para garantir a condução do sistema de saúde. Objetivou descrever o perfil, formação complementar e vínculo de profissionais de equipes da Saúde da Família (SF). Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa descritiva, CAEE: 51340215.0.00005166, realizado em um município do médio norte mato-grossense. Dez equipes de SF foram contatadas, por critério de seleção de conveniência, que foram cadastradas para receber a avaliação do 3º ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Os dados foram coletados no segundo semestre de 2017 por meio de um instrumento estruturado composto por tópicos: tem­po de atuação e qualificação dos profissionais das equipes da saúde da família, for­mas de contratação e modalidades de víncu­los profissionais, plano de carreira e remune­ração variável e educação permanente. As análises foram geradas no software IBM SPSS versão 21. Dos 78 profissionais, 12,82% são enfermeiros, 12,82 % são médicos e 8.97% são cirurgiões-dentistas, 12,82% são técnicos de enfermagem, 8.97% são técnicos de higiene bucal, 12,82% são recepcionistas e 30,78% são agentes comunitários de saúde. Todos os enfermeiros assumem a coor­denação das equipes. Quanto à contratação, foram vinculados pela administração pú­blica direta e com maior percentual do tipo de contrato temporário. Observou que 66,66% dos entrevistados informaram ter menos de um ano de atuação na equipe e 12.82%, até dois anos. Quanto ao panorama dos planos de carreiras dos profissionais participantes somente quatro profissionais são concursados e possui esse regime. Os profissionais desconhecem o Programa de Desprecarização do Trabalho no SUS (DesprecarizaSUS). Sobre a formação complementar dos pro­fissionais de nível superior 55,55% declararam ter concluído ou estar cursando alguma pós-graduação, porém somente um dos médicos e três enfermeiros declararam área de especialização na APS. Nenhum dos médicos passou por residências na área da APS, sendo que 80% declararam residências com prevalência de especialidades clínicas e cirúrgicas. 80,76% dos profissionais da SF afirmaram participar de momentos de ações educativas ofertadas pela ges­tão municipal, porém a maior prevalência dos profissionais sinalizou que os temas abordados, não contemplaram as necessidades de saúde. Conclui-se que no contexto dessas equipes a formação para APS ainda é insipiente, o que configura na implementação de um modelo fragilidades para a efetividade da atenção e empenho na mudança de cultura da própria população. Há necessidade de investimento por parte da gestão em saúde para que haja efetividade no modelo de atenção.

10549 AVALIAÇÃO EM SAÚDE EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DO ESTADO DO PARÁ.
Pettra Blanco Lira Matos, Andrea Cristina Marassi Lucas, Ana Maria Baia Cardoso, Samela Stefane Correa Galvão, Alexandre Eduardo Rios Lucas, Adalberto Lírio de Nazaré Lopes, Rosana Nazaré Leão Souza, Liliane Silva do Nascimento

AVALIAÇÃO EM SAÚDE EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DO ESTADO DO PARÁ.

Autores: Pettra Blanco Lira Matos, Andrea Cristina Marassi Lucas, Ana Maria Baia Cardoso, Samela Stefane Correa Galvão, Alexandre Eduardo Rios Lucas, Adalberto Lírio de Nazaré Lopes, Rosana Nazaré Leão Souza, Liliane Silva do Nascimento

Apresentação: A Atenção Primária à Saúde (APS) vem conduzindo as Redes de Atenção à Saúde para organizar respostas às necessidades de saúde da população, gerando uma busca constante do seguimento de diretrizes prescritas e políticas de financiamento e incentivos e objetivando a implementação de medidas eficientes e eficazes que tragam melhoria do cuidado. Assim viabiliza-se a atuação no campo da avaliação em saúde, no qual se busca informações e gera conhecimentos para levantar julgamentos e orientar tomadas de decisões. Nessa direção, o Programa de melhoria do acesso e da qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), instituído pela portaria nº1. 654 GM/MS, de 19 de julho de 2011, surge com o objetivo de induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde ofertados aos usuários da APS. Trata-se de um modelo de avaliação de desempenho dos sistemas de saúde que pretende mensurar os possíveis efeitos das políticas públicas e subsidiar a tomada de decisões e dar visibilidade aos resultados alcançados, corroborando para o processo de mudança baseado nas reais necessidades da população e favorecendo uma reflexão crítica sobre o trabalho para os gestores, profissionais de saúde e comunidade. Para isso propõe-se uma avaliação externa através de entrevistas com profissionais, verificação de documentos, observação da estrutura e das condições de funcionamento das unidades de saúde. Seguindo este contexto pretende-se descrever a experiência de entrevistadores na aplicação do instrumento de avaliação em saúde de uma pesquisa nacional no município de Marituba-Pará/Brasil. Desenvolvimento: Este relato é um recorte da atuação de uma dupla de entrevistadoras no processo de coleta de dados de uma pesquisa de campo, realizado na Unidade de Saúde da Família Betânia durante a avaliação externa do PMAQ/3º ciclo em Julho de 2018, no município de Marituba, Pará. A unidade de saúde participante possuía duas Equipes de Saúde da Família (ESF) e uma Equipe de Saúde Bucal (ESB).  As entrevistas foram baseadas no “Instrumento de avaliação externa para as equipes de atenção básica” do Ministério da Saúde (MS), e contemplavam questionários instalados em tabletes, aplicados às três equipes de profissionais da unidade. Os questionários aplicados no ambiente da unidade de saúde eram divididos por módulos e se referiam: às condições de infraestrutura da unidade (módulo I), ao processo de trabalho da ESF (módulo II), à percepção e satisfação dos usuários (módulo III), à infraestrutura do consultório odontológico (módulo V) e ao processo de trabalho da ESB (módulo VI).  Para a aplicação do instrumento de avaliação e coleta dos dados, as entrevistadoras se organizaram considerando a orientação da sequência por ordem dos módulos e suas experiências em práticas anteriores de atuação na APS. O módulo I foi aplicado de forma única por ser apenas um único espaço físico para as duas ESF, sendo respondido pelo gerente da unidade; o módulo II foi aplicado duas vezes, por tratar-se de processo de trabalho de cada equipe, sendo aplicado separadamente para cada ESF e respondido pelo enfermeiro correspondente; o Módulo III foi aplicado seis vezes, por tratar se de entrevista ao usuário e a necessidade de abranger diferentes pontos de vista. Os módulos V e VI foram aplicados uma única vez, visto que só havia uma ESB. Neste contexto, uma entrevistadora realizou os módulos I, II e III de uma ESF e a outra entrevistadora, os módulos II e III da segunda ESF e os módulos V e VI da ESB. A coleta de dados completa da UBS ocorreu no período da manhã, apresentando três horas de duração. Resultado: O objetivo da ação prevista para a unidade foi alcançado de forma satisfatória, considerando estudo e treinamento prévios das entrevistadoras, no que tange ao instrumento de coleta de dados, bem como a compreensão das questões dos módulos, o manejo do tablete, aliados à experiência anterior de atuação das mesmas em serviços da APS, que favoreceu maior segurança e rapidez na aplicação dos questionários. Neste sentido, as entrevistas realizadas superaram as expectativas, no que se refere ao tempo de duração, cuja previsão era de 50 minutos por módulo, considerando a média estipulada pelo MS. Nesta lógica seriam necessárias quatro horas e meia para a aplicação total do instrumento de avaliação. Durante esta pesquisa de campo, observou-se falta de segurança nas respostas e despreparo das equipes perante a lista de documentos comprobatórios solicitados e em relação ao próprio processo de trabalho, assim como desconhecimento quanto à importância do PMAQ como instrumento propulsor de melhoria de qualidade do serviço e promotor de mudanças positivas para as equipes. Notou-se uma grande preocupação dos profissionais quanto à nota que provavelmente seria atribuída às equipes, considerando o programa punitivo e não o interesse na reflexão sobre o desempenho de suas equipes em relação à situação de saúde do seu território. A maior dificuldade observada foi encontrar usuários elegíveis a participar das entrevistas, visto que grande parte não pertencia aos critérios estabelecidos pela pesquisa, como tempo de uso dos serviços de saúde da unidade; e alguns se negaram a participar, demonstrando medo de futuras retaliações por parte das equipes. Dentre os usuários participantes, muitos demonstraram receio em responder a algumas perguntas que pudessem revelar algum ponto negativo da unidade, relatando medo de ter algum atendimento suspenso ou negado. Quanto à infraestrutura da unidade, observou-se carência de materiais de consumo, insumos e medicamentos, bem como equipamentos e, no que se refere ao processo de trabalho, pode-se observar ausência de fluxos de ordenamento do processo de trabalho das equipes na unidade e de referenciamento para serviços de maior complexidade na continuidade do cuidado ao usuário. Considerações finais: Embora os manuais do MS forneçam subsídios quanto à condução e incentivo à melhoria das ações de saúde, é visível que ainda existem muitos entraves no que tange à prática de ações tanto na gestão quanto na assistência à saúde no município. Esse fato perpassa pelo desconhecimento das equipes quanto ás políticas públicas e programas de avaliação, falta de interesse, de estímulo, bem como ausência de vontade política na melhoria das condições estruturais. Esses entraves, que influenciam estrutura e organização do processo de trabalho tendem a gerar impacto negativo no acesso e na qualidade dos serviços aos usuários da rede pública. Assim, a compreensão do processo de avaliação em saúde e seu papel como indutor de mudanças é uma necessidade e um desafio constante na melhoria dos serviços de saúde ofertados à população.

10814 CUIDADOS EM SAÚDE E PROCESSOS DE TRABALHO EM EQUIPE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM ANÁLISE DO POTENCIAL DO KNOTWORKING NO SUPORTE À INTERPROFISSIONALIDADE
Nycolas da Silva Freitas, Cristiane Machado Mengatto, Sophie Nouveau Fonseca Guerreiro, Henrique Martins, Ricardo de Souza Kuchenbecker, Rafaela Aprato Menezes, Violeta Rodrigues Aguiar, Guilherme Fernandes Gonçalves

CUIDADOS EM SAÚDE E PROCESSOS DE TRABALHO EM EQUIPE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM ANÁLISE DO POTENCIAL DO KNOTWORKING NO SUPORTE À INTERPROFISSIONALIDADE

Autores: Nycolas da Silva Freitas, Cristiane Machado Mengatto, Sophie Nouveau Fonseca Guerreiro, Henrique Martins, Ricardo de Souza Kuchenbecker, Rafaela Aprato Menezes, Violeta Rodrigues Aguiar, Guilherme Fernandes Gonçalves

Apresentação: O trabalho interprofissional prevê a colaboração e o aprendizado entre profissionais de diferentes áreas a fim de atingir, com resolutividade, o cuidado em saúde centrado no usuário. No entanto, no ato, a organização dos processos de trabalho dos profissionais e seus grupos de trabalho se dá de maneira ágil e rápida, com mutabilidade de pessoas, de papeis e de protagonismos profissionais, com o intuito de tentar atender as superlotadas demandas de saúde dos usuários da unidade e da gestão municipal. Objetivo: O presente relato de experiência teve por objetivos descrever, explorar e analisar a rotina  vivenciada em uma unidade de saúde do município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, sob a ênfase do trabalho em equipe e das relações interpessoais, através do potencial do “knotworking” e a reflexão acerca dos processos de trabalho e do aprendizado em equipe de diferentes núcleos que compõem o processo de integralidade na saúde dos usuários. Desenvolvimento: Para o desenvolvimento do presente trabalho, utilizou-se a análise das vivências observacionais de um grupo PET/Saúde - Interprofissionalidade da UFRGS/SMS Porto Alegre, durante o período de 4 meses. Os participantes-observadores do grupo acompanharam a formatação e o delineamento dos processos de trabalho existentes nos diferentes modelos assistenciais adscritos no serviço, conversaram com servidores e usuários, observaram fluxogramas do trabalho e tomaram notas e registros ao longo das vivências. As ocorrências das vivências foram revisitadas e analisadas sob a luz da literatura existente sobre trabalho em equipe e interprofissionalidade. O caso sob estudo descreve a rotina de trabalho em equipe e de aprendizagem entre os profissionais de uma unidade de Saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que possui em sua composição 7 equipes de saúde da família, que apresentavam rotinas distintas, especialmente a equipe I e II das demais. No entanto, a partir de janeiro de 2020, fez-se necessária a unificação destas equipes para justamente alinhar os processos de trabalho e a forma como se constitui o Acolhimento e a porta de entrada dos usuários na unidade, a partir da recepção. Além da oferta dos serviços de atenção primária básicos ao posto de saúde, outro trabalho realizado dentro do espaço da US é o Ambulatório Trans - serviço inédito no município que fora implementado no final de 2019 - com atendimentos voltados para os cuidados em saúde de homens e mulheres trans e travestis. O ambulatório surge como um novo modelo de atenção dentro da Unidade, e se mostra interprofissional por ter mecanismos que concebem a EIP em nível prático, tais quais a existência de protocolos de atenção estruturados, estratégias de comunicação inovadoras (que são baseadas nas atuais tecnologias), recursos operacionais compartilhados, dentre outros. Um fato atípico e inesperado que fora vivenciado de perto pelos participantes do grupo PET/Saúde - IP foi a decisão do Supremo Tribunal Federal de declarar o Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (IMESF) como inconstitucional, por ser uma Fundação Estatal de Direito Privado. De imediato, essa decisão foi apresentada pela gestão municipal sem mostrar aos trabalhadores alternativas ou soluções para contornar esse fato e as demissões que viriam a ocorrer. O impacto disso dentro dos postos de saúde foi negativo, uma vez que muitos dos profissionais das equipes eram contratados a partir do IMESF, e receberam essa notícia sem nenhum aviso prévio ou preparo. O grupo PET Tutorial percebeu durante as vivências, um mal estar geral, com conflitos internos, diversos profissionais que solicitaram afastamentos por não apresentarem condições psicológicas adequadas de trabalhar, visto que o anúncio de demissão sem uma data definida ou planos dificultou muito a rotina dos mesmos, impactando nas rotinas da Unidade de Saúde. No entanto, o que foi percebido ao longo das vivências foi que, com o tempo, os profissionais da Unidade de Saúde articularam-se de maneira rápida e atuaram em conjunto para manter o funcionamento adequado da unidade, o mais coerente possível, e que de, uma forma entrecruzada com os elementos de trabalho, de organização, de protocolos e de pessoal foi-se possível manter o atendimento à população e o cuidado integral, mesmo enquanto essa situação de gestão municipal ainda se desenrola. Possivelmente, o que justifica a resposta rápida e ação coerente que garantiu o funcionamento da unidade em suas rotinas foi o entrecruzamento e interconexão entre o trabalho dos profissionais dentro dos diversos modelos assistenciais, que gerou processos de trabalho - sustentados pelos próprios trabalhadores e o aprendizado em comum gerado pelos grupos. O conceito de “knotworking” pôde ser visto nessa ação, por haver atores separados que num período de tempo puderam se juntar e formar “nós” para firmarem o trabalho e trabalharem juntos para resolver um problema da maneira mais adequada à realidade do serviço. Na reflexão do grupo PET Tutorial, destacou-se que, para o atendimento às demandas, faz-se necessário o planejamento integrado e a organização dos processos de trabalho dos profissionais e dos serviços, de modo que, os diferentes núcleos possam desenvolver suas práticas, sob a égide da comunicação, da liderança, da gestão de conflitos, da valorização e do reconhecimento da importância e do papel do outro na complementaridade dos atos no desenvolvimento da integralidade do cuidado. Os desafios para a construção da interação e da prática interprofissional são significativos, entretanto, imprescindíveis para se alcançar a resolutividade das crescentes demandas e elevação da qualidade do atendimento das complexidades em saúde da população. Destaca-se a necessidade das equipes de profissionais reagirem positivamente ao cuidado em saúde frente aos conflitos organizacionais. A reflexão e a problematização acerca das práticas colaborativas no processo de trabalho em equipe através da observação dos atores do cuidado mostram-se como uma ferramenta importante para o desenvolvimento de uma melhor articulação e integração das equipes. Resultado: O presente trabalho destaca a necessidade de comunicação eficiente e do estabelecimento de interconexões entre os profissionais e equipes para que, por meio da discussão dos pontos positivos e negativos-falhos nas rotinas de trabalho, se possibilite cocriar novos aprendizados que suportem as práticas interprofissionais no cuidado em saúde dentro daquela comunidade em benefício à população atendida. Estudos qualitativos futuros  que aprofundem essa  temática e as hipóteses levantadas e especuladas no caso apresentado poderão contribuir para o entendimento das peças-chave para o desenvolvimento do “knotworking” no ambiente de trabalho em saúde como meio de aprimoramento das práticas e formação interprofissionais no SUS. Considerações finais: O trabalho em equipe de saúde configura-se dinamicamente no SUS, cuja resolutividade ao usuário está sujeita aos pactos de saúde coconstruídos entre os profissionais e às intempéries das condições imediatistas que os afetam. O estabelecimento de relações colaborativas e o apoio entre os profissionais vêm a contribuir nesse processo de resiliência ao trabalho de atendimento das demandas. A dinamicidade de processos, contextos e pessoal pode se tornar adversária ao funcionamento de um serviço, e somente um trabalho integrado e persistente entre os trabalhadores de um local pode contornar as adversidades. Estratégias realizadas na Unidade de Saúde, como a unificação de equipes e a introdução aos serviços da Unidade a partir de um ponto em comum tornam as ações e as decisões mais unidas e conectadas com a realidade do serviço.

10836 A RESOLUTIVIDADE DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE FRENTES AS DIFICULDADES ENFRENTADAS NA EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA
Alcione Silva, Luiz Henrique Pitanga Evangelista dos Santos, Daniel Bastos Alves Lima, Vanessa Moraes Ribeiro, Daniela Arruda Soares, Vívian Carla Honorato dos Santos de Carvalho, Márcio Galvão Guimarães de Oliveira, Danielle Souto de Medeiros

A RESOLUTIVIDADE DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE FRENTES AS DIFICULDADES ENFRENTADAS NA EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Alcione Silva, Luiz Henrique Pitanga Evangelista dos Santos, Daniel Bastos Alves Lima, Vanessa Moraes Ribeiro, Daniela Arruda Soares, Vívian Carla Honorato dos Santos de Carvalho, Márcio Galvão Guimarães de Oliveira, Danielle Souto de Medeiros

Apresentação: O conceito ampliado de saúde trouxe para este campo uma nova visão do fazer saúde e uma nova forma do trabalho nesta área. Com saúde sendo vista através dos determinantes sociais e com a promoção e prevenção de saúde ganhando cada vez mais atenção devido ao modelo de vigilância sanitária, a Estratégia de Saúde da família surge com intuito de reorganizar a atenção básica e promover qualidade de vida intervindo em fatores de risco para a saúde e atuando como porta de entrada para o Sistema Único de Saúde. Devido ao seu objetivo de promover saúde, prevenir doenças e ofertar cuidado integral para a população, a existência de uma equipe multiprofissional dentro da ESF se faz fundamental, e dentro desta equipe, o papel do Agente Comunitário de Saúde (ACS) se torna de grande importância para uma assistência completa e facilitada. Estes profissionais são mediadores entre interesses e necessidades da comunidade e dos serviços de saúde. Através das suas atividades em comunidade com identificação de áreas de risco, encaminhamentos para exames e consultas, notificações de doenças e agravos, orientação de prevenção e promoção de saúde, dentre tantas outras atividade realizadas por estes indivíduos, o ACS se tornou, dentro do modelo assistencial da Estratégia da Saúde da Família, a verdadeira interseção da oferta e demanda dos serviços de saúde. No entanto, realizar as atividades a eles atribuídas não é tarefa fácil e muitas são as dificuldades e obstáculos para realização das suas atividades diárias. Destarte, o presente trabalho, busca por meio de um relato de experiência destacar as principais dificuldades e frustrações rotineiras vivenciadas por Agentes Comunitários de Saúde numa Unidade Básica de Saúde (UBS), na cidade de Vitória da Conquista, BA. O desenvolvimento do presente trabalho se deu por meio do acompanhamento de três Agentes Comunitários de Saúde, atuantes em microáreas distintas, numa Unidade Básica de Saúde da Família da zona urbana, na cidade de Vitória da Conquista, BA. Cada agente atende em média um total de 200 pessoas, distribuídas nas dezenove microáreas coberta pelas duas equipes atuantes na Unidade. O acompanhamento, que ocorreu por meio de observações e relatos dos próprios Agentes, aconteceu durante os turnos de trabalho, no período matutino. No primeiro dia, a ACS estabeleceu visitas de cadastramento no E-Sus, realizando 3 visitas de 8 pré estabelecidas por meta, pois além da longa distância a ser percorrida pela ACS, ao passar em uma casa para realizar o cadastro, onde havia nascido uma criança há poucos meses, descobrimos que a avô do bebê tinha caído e fraturado o braço, sua filha precisou sair do emprego para cuidar do filho e da mãe e por isso a Agente passou um bom tempo conversando com a família sobre os acontecimentos, as orientações medicas seguidas e recomendações tanto para o bebê quanto para a senhora que havia se machucado. No segundo dia de visitas, a microárea coberta já era bem próxima a Unidade e a ACS estabeleceu que visitaria casas com crianças. A produtividade deste dia foi positiva, sendo visitadas um total de 10 casas ao final do turno e com algumas ausências substituídas por outras casas antes não previstas no roteiro, sendo o saldo das visitas reservado para dias de baixa produtividade ou imprevistos. As atividades realizadas foram a verificação do cartão de vacinação, perguntas sobre o dia a dia das crianças e das mães e orientações sobre exames e consultas. No terceiro dia, as visitas tiveram como objetivo a entrega de receitas renovadas para diabéticos e hipertensos, que, majoritariamente tinham dificuldades para chegarem até a Unidade e pegar novas receitas médicas, pois além da maioria ser idoso, a área em que residem fica longe da Unidade. Assim, o turno foi reservado para entrega das receitas, perguntas sobre o estado de saúde e reforço sobre as orientações dos medicamentos prescritos. Os ACS, atuantes na UBS, normalmente trabalham com meta de realização de 8 visitas diárias durante seu período de serviço, contudo as visitas normalmente não se iniciam as 08 horas e sim entre as 9 e 9:30 da manhã, pois, ao chegarem na Unidade os Agentes buscam, inicialmente, atualizar as informações passadas para o programa E-Sus dos acompanhamentos realizados no dia anterior. Neste momento nota-se o primeiro contratempo do serviço, um sistema de internet ruim para sincronização dos dados que traduzem sua produtividade, a impaciência com a internet ruim e atraso com desempenhos das outras funções atribuídas a eles. Antes de saírem, alguns ACS estabelecem uma tarefa de visitação e elegem as casas que transitarão. O primeiro ponto observado nessa função são as grandes distâncias até os domicílios. Além disso, nos dias chuvosos, as atividades de visitação precisam ser suspensas e seus trabalhos, atrasados. Ademais, muitos indivíduos não eram encontrados em suas residências, sendo a visita registrada como faltosa. Em alguns casos, moradores eram encontrados passando pela rua, de modo que as perguntas e orientações eram feitas ali mesmo. Juntamente com as orientações passadas pelos ACS, é importante ressaltar a relevância do diálogo mantido com a comunidade, o poder da escuta e da compreensão daqueles visitados. Muitos problemas podem ser identificados por meio das conversas durante as visitas, ressaltando a importância do diálogo entre os Agentes e a comunidade para além das orientações do cuidado em saúde, é percebida a importância de manter boas relações comunitárias e de adquirir confiança para ouvir e valorizar as queixas do outro. No mais, muitas queixas sobre o atendimento na Unidade, demoras de marcação e recebimento de resultados de exames são passadas para os ACS, chegando a levar culpa por esses contratempos e constrangimentos do serviço e assistência em saúde. Apesar das explicações de não terem tais funções, algumas pessoas acreditam que os Agentes têm controle sob essas demandas e seguem tratando os ACS como culpados pelos transtornos, sem pensar que muitas vezes estes profissionais realizam atividades que não são atribuídas dentro das suas funções, e até mesmo os usuários, por não terem conhecimento sobre os deveres dos ACS, os cobram atividades que não são do seus encargos. Assim, toda essa demanda acarreta implicações no trabalho desses Agentes, gerando cobranças e culpabilização destes profissionais. No final do acompanhamento com os Agentes Comunitários de Saúde, nota-se que o trabalho destes indivíduos é muito importante dentro de um serviço básico de saúde, apesar dos imprevistos e incertezas diárias, atrasos e frustrações, os ACS são os conhecedores dos usuários daquela Unidade, conhecem seus problemas e demandas para além da saúde em seu aspecto biológico. O Agente funciona como a interseção do serviço com a comunidade, é o ponto que aproxima cidadão e trabalhadores de saúde. São eles responsáveis por ouvir, absorver e levar as demandas da população coberta até a Unidade. São eles que encaminham os indivíduos para o primeiro atendimento em redes de serviço e que dão as primeiras orientações de promoção e prevenção, e por isso o elo agente-comunidade deve ser alicerçado, construído e alimentado, buscando formas de superar os problemas enfrentados dentro do seu trabalho, com execução correta das suas funções, esclarecimento dos seus deveres para os usuários e elucidação da importância desses trabalhadores dentro do sistema de saúde, para que o modelo vigente tenha bons resultados e para que o Sistema tenha um bom andamento. São os ACS o elo entre fazer e promover saúde.  

11150 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE ANÁLISE ESPACIAL EM SAÚDE NA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ
Francivania Brito de Matos, Maria Lúcia Duarte Pereira, Maria Lúcia Duarte Pereira, George Jó Bezerra Sousa, George Jó Bezerra Sousa, Alice Maria Correia Pequeno, Alice Maria Correia Pequeno, Francisco Jadson Franco Moreira, Francisco Jadson Franco Moreira, Andrezza de Oliveira Castro, Andrezza de Oliveira Castro, Marcia Andrade dos Santos Pereira, Marcia Andrade dos Santos Pereira, Alba Maria Pinto Silva, Alba Maria Pinto Silva

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE ANÁLISE ESPACIAL EM SAÚDE NA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ

Autores: Francivania Brito de Matos, Maria Lúcia Duarte Pereira, Maria Lúcia Duarte Pereira, George Jó Bezerra Sousa, George Jó Bezerra Sousa, Alice Maria Correia Pequeno, Alice Maria Correia Pequeno, Francisco Jadson Franco Moreira, Francisco Jadson Franco Moreira, Andrezza de Oliveira Castro, Andrezza de Oliveira Castro, Marcia Andrade dos Santos Pereira, Marcia Andrade dos Santos Pereira, Alba Maria Pinto Silva, Alba Maria Pinto Silva

Apresentação: A Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP-CE), Fortaleza (CE), dispõe sobre a promoção da educação, na produção do conhecimento, inovação e tecnologias a contribuir para a saúde individual e coletiva e, contudo, propor a melhoria da qualidade de vida. Esta também, visa empreendimentos como centro de inteligência, ensino, pesquisa e extensão para os cidadãos, como gerador de conhecimento e desenvolvimento sustentável, visando a qualidade e a eficiência do sistema de saúde. Conta ainda com valores e estratégias de curto a longo prazo com projeções de melhores resultados, centrados no cidadão, com transparência, valorização e desenvolvimentos de meios inovadores para atender as necessidades sociais e do Sistema Único de Saúde (SUS), na qual converge para uma inevitável inserção da tecnologia e inovação em suas ações. Nesse contexto, a Escola por meio do Centro de Investigação Científica Cesár Victora (Cenic/ESP), vem promovendo o desenvolvimento e o fortalecimento de suas atividades com a utilização de softwares, tanto de pesquisas qualitativas como quantitativas, com intuito de assegurar as informações coletadas e propagar o conhecimento à luz da inovação em saúde. Para isso, o Cenic tem como finalidade fomentar pesquisas de inovação tecnológica, além de apoiar a difusão do conhecimento científico por meio da utilização de técnicas especiais e especificas que poderão oportunizar dados às pesquisas ecológicas, por exemplo. Para esse contexto, ferramentas e instrumentos sistematizados de informação são cada vez mais incorporadas e oportunizados às pesquisas e nas suas abordagens no âmbito da saúde, potencializando ao Brasil, como detentor de um extenso banco de dados que abrange informações vitais, de morbidade, gerenciais e contábeis, na qual vêm sendo armazenados em seus diversos sistemas de informação. Trata-se de uma proposta de intervenção, com objetivo de implantar o sistema de análise espacial em saúde no Cenic/ESP, vislumbrando as possibilidades da epidemiologia como eixo base na área de saúde. Essa proposta de intervenção se propõe para o desenvolvimento de um sistema por meio da utilização de softwares específicos, como TerraView 4.2.2, capazes de sistematizar os dados obtidos por este. A técnica conta com a expertise dos pesquisadores afins, com projeções de realização contínua em suas atividades. Assim, pretende-se desfrutar de mapas temáticos com a distribuição espacial das condições de saúde, podendo acontecer de forma organizada ao que regem primeiro aos estudos prioritários às linhas de pesquisas e as linhas de cuidado do Estado, com a garantia de confiabilidade da informação e das evidências otimizando especialmente as pesquisas ecológicas e como subsídios para realização de outras utilizando o banco de dados. Neste sentido, a proposta confere a estruturação de um sistema de análise espacial no Cenic/ESP por meio da utilização do software de geoprocessamento de dados em saúde. Esse Sistema resulta da necessidade de ressignificar, qualificar e convergir interesses com o Observatório Cearense de Saúde, que também é um projeto em desenvolvimento do centro e,  demais redes de informação em saúde como grande banco de dados, a serem sistematizados e analisados tecnicamente e cientificamente, com propósito de garantir a sistematização da ciência, tecnologia e inovação. Nessa perspectiva, o uso crescente das técnicas de análises de dados em saúde reflete a relevância da informação em forma de diagnostico situacional aos seus problemas e realidades sociais, condicionantes e determinantes que realmente poderão refletir as condições de saúde. Assim, refere-se a importância que os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) em forma de mapeamentos gráficos, mapas categorizados, materiais cartográficos que mostram a localização espacial dos eventos em saúde ao favorecer para o conhecimento e garantir o desenvolvimento de estratégias e delineamento de impactos relacionados a saúde. Nesta vertente, as evidências epidemiológicas de morbimortalidades como retratam os últimos boletins epidemiológicos do Ceará e demais estudos relacionados às condições de saúde da população merecem atenção e intervenções pontuais, eficientes e embasadas em dados fidedignos, capazes de caracterizar informações mais próximas da realidade. Estima-se por um sistema formativo, capaz de possibilitar benefícios,  como estar sensível a toda informação, preservando-a, caracterizando-a e propiciando aos envolvidos nessa intervenção, maiores habilidades advindos dos insights, além de todo incentivo aos estudos a serem debruçados no campo da epidemiologia em saúde e assim, prospectar e garantir análises tecnicocientíficas usando técnicas de análise espacial e associações. A proposta de intervenção, confere também objetivos específicos como a realização de diagnóstico situacional das condições de saúde por meio dos dados de estudos e pesquisas realizadas pelo CENIC; Utilização de softwares de banco de dados específicos na captação de informação em saúde; Caracterização dos condicionantes e determinantes de saúde por meio de técnicas de análise espacial das linhas de cuidado prioritário do Estado e fortalecimento de grupo de estudos de educação permanente, na perspectiva da técnica de análise espacial Desenvolvimento: Trata-se de uma proposta de intervenção, na qual busca conhecer algo da realidade, com a preocupação precípua de desenvolver um plano de ação para agir sobre a realidade detectada. Para tal, propõe-se implantar o sistema de análise espacial em saúde utilizando a técnica de análise espacial como método incorporado à múltiplas estratégias, multimétodos e também como subsídio para outros estudos, vislumbrando as possibilidades da epidemiologia como eixo central na área de Saúde Pública. O método incorporado nessa intervenção, destaca-se a técnica de análise espacial, na qual tem a função de quantificar às propriedades e os relacionamentos dos dados espaciais que são definidos como quaisquer dados que possam ser caracterizados no espaço em função de algum sistema de coordenadas, com a ideia central de incorporar o espaço à análise ao que se deseja fazer ou intervir. Uma vez estabelecido o planejamento das atividades, com a Equipe do Projeto, dispõe-se a matriz de responsabilidades, que porta todas as atividades ou macroatividades do projeto que serão realizadas. Esta Matriz é um instrumento empregado para dividir o trabalho e alocá-lo aos diversos participantes do projeto, tornando explícita a relação destes com as suas tarefas. Esse projeto conta com o envolvimento dos pesquisadores do Cenic/ESP, com projeção contínua de utilização da técnica. Assim, com o de softwares específicos como TerraView 4.2.2, pretende-se desfrutar dos mapas temáticos com a distribuição espacial das condições de saúde. Resultado: Na perspectiva de implementação desse Sistema, espera-se a contribuição das informações geradas pelo uso e maiores habilidades de geoprocessamentos de dados espaciais sobre as macrorregionais em saúde do Estado, além de difundir e alavancar possibilidades na promoção da saúde e assim ser facilitador na organização do conhecimento em saúde. Representando expectativas na revelação de padrões e/ou insights de possibilidades; realização de análises integradas com diferentes tipos de dados e comunicar melhor as informações para a tomada de decisão aos interessados, principalmente à comunidade. Considerações finais: O acervo de dados, de pesquisas de diagnósticos situacionais e as análises dos dados possibilitarão interesses à comunidade acadêmica, gestão e diversos atores da sociedade, respectivamente, por meio de estudos, pesquisas, estratégias de gestão e espaços de discurso e conhecimento das condições de saúde. As abordagens utilizadas tem intuito de melhor entender o ambiente local e social, destacando as características e peculiaridades locais, condicionantes e determinantes sociais e demais condições de saúde.

11161 A QUALIFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ENQUANTO ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM UMA REGIÃO DE SAÚDE NO ALTO SERTÃO DA PARAÍBA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Marina Gomes Fagundes

A QUALIFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ENQUANTO ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM UMA REGIÃO DE SAÚDE NO ALTO SERTÃO DA PARAÍBA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Marina Gomes Fagundes

Apresentação: O atual cenário da gerência regional de saúde possibilita a atuação em variados contextos, a saber, a avaliação e monitoramento dos serviços de saúde da região, a colaboração e o suporte com a municipalização em saúde. Dessa forma, confere também um caráter de promoção da qualificação profissional pautada na educação permanente. Mediante visitas técnicas em ações de acompanhamento dos serviços de saúde executados na Atenção Primária a Saúde da Nona região de Saúde da Paraíba, encontrou-se enquanto principal fragilidade o modelo de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Além disso, em reunião da Comissão Intergestores Regionais (CIR) foi levantada a necessidade de compreender o excesso de demanda não urgente nos serviços de urgência e emergência da região, sendo reflexo de uma má absorção da atenção primária nesses casos, em que o usuário deveria ter enquanto referência a UBS, entretanto busca os demais serviços de saúde com caráter porta de entrada. A partir do levantamento dessas problemáticas, a gerência de saúde da região ofertou uma oficina de qualificação para os profissionais da Atenção Básica da nona região de saúde, buscando discutir esses assuntos emergentes, identificar as maiores fragilidades e, a partir da apresentação das experiências exitosas, traçar estratégias para que esses profissionais potencializem a assistência na atenção primária da região. Visa-se com esse relato descrever esta ação de educação permanente em saúde e discutir acerca da importância dessa política no cenário desta região de saúde enquanto potencial modificadora na prestação dos serviços públicos de saúde e melhoria do mesmo, bem como facilitadora dos processos de gestão em saúde. A qualificação para os profissionais das UBS consistia numa proposta de intervenção da gerência de saúde que despontou dos próprios gestores, apontando o gargalo da atenção primária dessa região, as dificuldades com as próprias equipes de saúde, necessitando de qualificação profissional, a fim de conhecerem os modelos de atendimentos da atenção primária no amplo sentido da promoção e prevenção da saúde e da eficácia da própria assistência. Fora disponibilizada uma vaga por profissional de cada UBS da nona região, tendo em vista que esse profissional tenha perfil de multiplicador para que todas as equipes de saúde tivessem acesso ao que fora desenvolvido nesta qualificação e assim reproduzir na UBS em que está inserido as estratégias e práticas apresentadas na qualificação. Foram dois dias de imersão onde os profissionais foram ouvidos e os principais problemas detectados foram discutidos. Durante o primeiro dia foi ministrada sobre a política do Programa Nacional de Atenção Básica e discutido em grupos temas importantes no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que se tornaram problemáticas no contexto da nona região, são estes: Acolhimento com classificação de risco; Práticas Integrativas Complementares Grupais; Cuidando do Cuidador; Longitudinalidade do cuidado e Intersetorialidade; refletindo numa nova perspectiva de trabalho para estes profissionais, que identificaram todas essas áreas como deficitárias. Ainda, foi trabalhado no momento da tarde sobre o Planejamento Participativo da ESF em que o expositor, através de sua experiência exitosa estimulou e preparou os profissionais à implantação desse método na UBS que demandou para o encontro seguinte o compartilhamento da experimentação desse método pelos profissionais da equipe.  No segundo encontro, ocorreu o círculo de diálogo com os demais níveis de atenção à saúde, representantes dos hospitais da região e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) trouxeram a problemática da alta demanda de casos não urgentes que deveriam ser absorvidos na atenção básica refletindo nesses serviços. Por fim, apresentou-se motivações coletivas de casos na nossa região em que o serviço funciona como preconiza a política em diversas vertentes e devolutiva da experiência do primeiro encontro. A qualificação encerrou-se com uma vivência de cuidado ofertado a esses trabalhadores que sempre oferece o cuidado para o usuário e, na maioria das vezes, não tem esse tempo dedicado a sua própria saúde. A educação permanente em saúde emerge enquanto uma ferramenta importante de fortalecimento do serviço de saúde em que o trabalho é o principal motivador da formação e qualificação do trabalhador. Considerando os objetivos dessa qualificação, que possuiu por finalidade tornar o serviço da atenção primária em saúde mais resolutivo, por meio de estratégias simples que demandam apenas de tecnologias leves, mitigando os demais setores, refletindo sobretudo no usuário, sendo inserido num serviço público que realmente lhe assiste na sua necessidade. Todos os profissionais o qual foi disponibilizada a vaga compareceram na qualificação e o discurso desses trabalhadores relacionado ao aprendizado e da qualidade das informações, em tese, foi favorável, embora apenas uma pequena parcela trouxe experiências de tentativa de implantação do planejamento participativo, como solicitado do primeiro para o segundo encontro. Acredita-se que o grande desafio é compreender qual o alcance da Educação Permanente, uma vez que a demanda foi detectada, a qualificação ofertada, mas até que ponto essa formação reflete no serviço. Compreende-se a mudança enquanto um processo complexo e inserida em um contexto de etapas graduais e laboriosas, portanto, por meio da qualificação enquanto processo formativo, o profissional irá refletir as formas de enfretamento das problemáticas expostas a partir de uma aprendizagem significativa alcançando a transformação do ambiente de trabalho. A estratégia utilizada para qualificar esses profissionais parte do previsto na Política de Educação Permanente em Saúde que discorre sobre a necessidade de que serviço forneça ao profissional uma continuada qualificação que resulte em modificação e potencialização do serviço. A necessidade foi gerada a partir dos gestores, coordenadores da atenção básica, como também detectada pela própria gerência de saúde por meio de visitas técnicas, e, ainda, uma consequente sobrecarga dos serviços de urgência e emergência abordada em reunião CIR. A qualificação para os profissionais da atenção básica da nona região de saúde se deu de extrema importância para os conhecimento de experiências de uma atenção primária resolutiva, modelos de gestão compartilhada da UBS, discussão de estratégias para o enfrentamento de problemas que demandam de tecnologias leves, entretanto, busca-se compreender o alcance dessa informação e a capacidade de mudança que uma qualificação pautada na educação permanente oferece para o trabalhador do SUS e a apropriação do próprio serviço de saúde desse conhecimento ofertado.

11262 VIOLÊNCIA OCUPACIONAL DIRECIONADA À ENFERMAGEM: MAPA CONCEITUAL COMO ESTRATÉGIA EDUCACIONAL
Ruhan da Conceição Sacramento, Evelyn Amorim Coelho, Gabrielle Santiago Costa Neves, Danielle Oliveira Maciel, Luana da Silva Freitas

VIOLÊNCIA OCUPACIONAL DIRECIONADA À ENFERMAGEM: MAPA CONCEITUAL COMO ESTRATÉGIA EDUCACIONAL

Autores: Ruhan da Conceição Sacramento, Evelyn Amorim Coelho, Gabrielle Santiago Costa Neves, Danielle Oliveira Maciel, Luana da Silva Freitas

Apresentação: O trabalho em saúde possui potencial danos à saúde dos trabalhadores, visto que sua respectiva atuação perpassa por relações interpessoais – seja durante o trabalho em equipe ou durante a assistência prestada ao cliente. Com isso, há uma exposição direta destes trabalhadores aos mais diversos riscos oriundos do labor e, dentre eles, a violência ocupacional vem, contemporaneamente, ganhando destaque. Compreende-se por violência ocupacional qualquer ação, circunstância ou comportamento relacionado a uma atitude instintiva do agressor, onde por consequência um trabalhador é agredido, ameaçado ou sofre algum dano durante o seu expediente de trabalho. A violência em si, abrange um amplo conceito e pode ser vista como uma atitude que, intencionalmente, acarreta um dano ou intimidação a alguém, invadindo a autonomia, integridade física ou psicológica e, inclusive, a vida. Neste contexto, a violência contra os profissionais da saúde é apresentada como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, visto que repercute negativamente no que tange à saúde biopsicossocial dos servidores. Na área hospitalar, o risco de violência laboral é mais prevalente em profissionais de enfermagem atuantes nos serviços de urgência e emergência, uma vez que são os responsáveis pelo cuidado com o cliente em tempo integral e, por consequência, são os primeiros a receberem os manifestos de insatisfação com o serviço. A violência contra estes trabalhadores envolve predominantemente as agressões verbais e psicológicas e estas estão diretamente relacionadas à depressão, síndrome de burnout, transtornos psíquicos menores, insônia, estresse, diminuição da satisfação no trabalho e da qualidade da assistência prestada ao paciente. Com isso, pode-se inferir a necessidade de retratar e estudar a violência para com enfermeiros em seu meio de trabalho em virtude de aumentar a sua visibilidade no âmbito social e científico para que suas ocorrências não sejam dadas como corriqueiras e sua magnitude não seja subestimada. Assim, por meio desse trabalho, objetiva-se relatar a experiência de acadêmicos acerca da assistência de enfermagem envolvendo situações de violência ocupacional no setor de urgência e emergência de um hospital de média e alta complexidade e elaborar um mapa conceitual acerca da conduta adequada em casos violência ocupacional voltada aos profissionais de enfermagem. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência. O estudo em questão foi alicerçado na metodologia da problematização como o Arco de Maguerez, o qual é constituído por cinco etapas: a) observação da realidade; b) levantamento de pontos-chave; c) teorização; d) hipóteses de solução; e) retorno à realidade. A pesquisa foi realizada no serviço responsável por assistir as demandas vistas como urgência e emergência de um hospital municipal, de média e alta complexidade, localizado em Belém (PA). Durante a prática da assistência de enfermagem foram observadas situações em que o enfermeiro sofria agressões verbais diretas provenientes ora de seus clientes, ora de acompanhantes. Como pontos-chaves instigantes foram definidos o que era a violência ocupacional e como a mesma afligia a classe dos enfermeiros. A partir disto, foram feitas pesquisas de teorização e elencou-se como hipótese de solução e consequente retorno à realidade a elaboração de um Mapa Conceitual com o intuito de alertar os profissionais de enfermagem, de forma didática, a qual possibilitasse rápida compreensão e visualização a respeito da violência laboral e quais condutas podem adotar ao sofrerem e serem vítimas dessas agressões. Resultado: Dados do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo indicam que 77% dos profissionais de enfermagem são agredidos no ambiente de trabalho e, destas agressões, 53% dos episódios inferem o paciente como o agressor. Quanto ao registro destas queixas, 87,51% dos profissionais alegaram não denunciar à polícia ou qualquer outro órgão do governo, o que permite identificar um alto índice de subnotificação das violências sofridas no ambiente de trabalho por estes profissionais. Além disto, um estudo realizado no Estado do Maranhão evidenciou que a maioria das agressões concretizadas à equipe de enfermagem envolve as agressões verbais (95%), seguidas pelo assédio moral (27%), praticada predominantemente pelo cliente (60%) e o setor com maior prevalência dos casos de agressão foi no serviço de urgência e emergência (51%). Diante disto, pode-se perceber que, atualmente, enfrenta-se uma barreira no que diz respeito não somente à valorização da classe de enfermagem, tendo em vista os altos índices de agressões no local de trabalho, como também no enfrentamento destes profissionais para com estas situações de violência, uma vez que estudos apontam subnotificação das ocorrências. Levando em consideração esta realidade vivenciada, foi elaborado, com o intuito de agregar conhecimento aos profissionais e auxiliar no processo de tomada de decisões, um mapa conceitual abordando, em síntese, o conceito de violência ocupacional, para que os profissionais possam identificar as situações e classificar como violência ou não, assim como quais as medidas corretas e providencias cabíveis que devem ser adotadas quando a violência for executada e identificada. A técnica do mapa conceitual foi desenvolvida em meados da década de 1970 por Joseph Novak e se apoia na Teoria de Aprendizagem Significativa de David Paul Ausubel. De acordo com esta teoria, a aprendizagem é significativa quando uma informação adquire significados mediante uma ancoragem em aspectos relevantes de dada estrutura. Ou seja, quando conceitos e proposições são incorporados em ideias pré-existentes em uma rede de conhecimentos. Assim, auxiliam no ordenamento hierarquizado de conteúdos e abrangem conceitos desde os mais inclusivos aos mais seletivos. A organização é dada mediante a aplicação de arcos conectando e formando proposições a partir de frases simplificadas. Desse modo, por meio da elaboração do mapa, foi possível elencar os pontos pertinentes em relação à violência ocupacional voltada aos profissionais de enfermagem atuantes no serviço de urgência e emergência do hospital, vislumbrando uma sensibilização dos mesmos quanto aos passos a serem percorridos caso sejam expostos e atingidos por causas oriundas da violência no âmbito do trabalho. A luz de seu profissionalismo, o uso de ferramentas como esta pode surtir com efeitos positivos para a atuação dos enfermeiros, uma vez que os mesmos, podem sentir-se amparados, caso sejam vítimas da violência ocupacional. Além disso, esses recursos podem ainda contribuir para a redução dos agravos associados a essa problemática, como a depressão e síndrome de burnout, por exemplo. Além disso, é importante frisar o papel das instituições de saúde quanto aos protocolos internos para a promoção da saúde física e mental dos seus funcionários, adotando medidas que visem a redução dos casos de violência ocupacional, ou dando suporte necessário para os servidores, caso sejam vitimados por esse tipo de violência. Considerações finais: Diante o exposto, a técnica educacional abordada no estudo propõe aplicar o saber de forma simplificada e, com isso, tende a somar conhecimentos aos profissionais de enfermagem além de se destacar por seu caráter inovador no meio científico, em virtude dos poucos achados na literatura abordando a temática no âmbito da enfermagem. No que diz respeito aos servidores, estes, por sua vez, serão beneficiados com o instrumento uma vez que seu objetivo principal implica em gerar fácil acesso ao conteúdo retratado e contribuir de forma didática para o conhecimento acerca de qual percurso o profissional deve seguir mediante a ocorrência de qualquer tipo de violência ocupacional. 

11288 ANÁLISE DO PERFIL DE DEMANDA ESPONTÂNEA DE UMA EQUIPE DE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: DESAFIOS PARA A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Nathália de Moura Zille Cardoso, Denis Fernandes, Gustavo Graça, Stephanie Moura Barbosa, Nilson Marlon dos Santos, Valéria Rocha, Desiree Hernandes

ANÁLISE DO PERFIL DE DEMANDA ESPONTÂNEA DE UMA EQUIPE DE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: DESAFIOS PARA A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Nathália de Moura Zille Cardoso, Denis Fernandes, Gustavo Graça, Stephanie Moura Barbosa, Nilson Marlon dos Santos, Valéria Rocha, Desiree Hernandes

Apresentação: O trabalho tem como base a pesquisa epidemiológica realizada em uma clínica da família da cidade do Rio de Janeiro. Estudou-se o perfil da demanda espontânea de uma equipe de estratégia saúde da família. O necessidade do estudo se deu pela dificuldade de organização do processo de trabalho da equipe e a alta quantidade de atendimentos a demandas espontâneas realizadas pela mesma. Além disso, a alta rotatividade médica dessa equipe, justificada pela sobrecarga de trabalho, também foi um disparador. A Demanda é o pedido explícito, a ‘tradução’ de necessidades mais complexas do usuário. Na verdade, demanda, em boa medida, são as necessidades modeladas pela oferta que osserviços fazem. A demanda pode ser por consulta médica, consumo de medicamento, realização de exames (as ofertas mais tradicionalmente percebidas pelos usuários); asnecessidades podem ser bem outras. Sendo assim, o estudo foi exploratório de cunho quantitativo. O período de coleta foi de 1 ano (01/10/2016 a 30/09/2017). A base de dados da coleta foi o VitaCare; e os softwares utilizados para a análise estatística foram Epi Info e Microsoft Excel. Foi utilizada a Classificação Internacional da Atenção Primária (CIAP-2) para categorizar as queixas apresentadas. O total de atendimentos de demanda espontânea analisados (n) foi de 3423.Obteve-se como algumas conclusões: inconsistência no sistema VitaCare; preenchimento incompleto no prontuário eletrônico; sobrecarga do profissional médico; maior número de consultas nas equipes que atendem as populações mais vulneráveis do território; maior procura por atendimento em demanda espontânea: público jovem adulto feminino; maior frequência de demanda espontânea às terças-feiras, no turno vespertino, com pico de atendimento às 10h.

7198 PERCEPÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE A PROMOÇÃO DO CUIDADO A PARTIR DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES EM SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
Sílvia Aline Furtado, Ana Pereira Alvarenga, Kelly Carvalho Vieira, Maysa Helena de Aguiar Toloni

PERCEPÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE A PROMOÇÃO DO CUIDADO A PARTIR DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES EM SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Autores: Sílvia Aline Furtado, Ana Pereira Alvarenga, Kelly Carvalho Vieira, Maysa Helena de Aguiar Toloni

Apresentação: O Programa Bolsa Família tem como objetivos proporcionar o alívio imediato da extrema pobreza e propiciar a saída da condição de vulnerabilidade social entre gerações. Como estratégia para a mudança da situação de vulnerabilidade, busca-se proporcionar aos beneficiários o acesso aos serviços públicos de saúde, educação e assistência social por meio do cumprimento de condicionalidades nas respectivas áreas. Na saúde as condicionalidades são acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo consideradas como instrumento de promoção de equidade no acesso aos serviços, por estimularem a entrada de uma população de maior vulnerabilidade social nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Este acompanhamento compreende atividade compartilhada e, portanto, de responsabilidade de todos os profissionais envolvidos, entretanto os agentes comunitários de saúde (ACS) destacam-se neste processo, por seu papel de intermediador entre o governo e a população. Considerando-se a relevância das condicionalidades de saúde para a obtenção do objetivo de saída da condição de vulnerabilidade social, este trabalho buscou compreender a percepção dos ACS quanto à utilização do acompanhamento das condicionalidades de saúde como estratégia de promoção da saúde dos beneficiários do programa em um município do sul do Estado de Minas Gerais. A pesquisa teve delineamento transversal e abordagem qualitativa e é parte integrante de um projeto mais amplo intitulado “Programa Bolsa Família: avaliação da Segurança Alimentar e Nutricional das famílias participantes e acompanhamento das condicionalidades de saúde sob a ótica dos profissionais”, aprovado pelo Comitê de Ética e financiado pelo CNPq. Na pesquisa foram realizadas entrevistas com 17 ACS, gravadas e posteriormente transcritas por empresa especializada. A quantidade de respondentes foi definida pelo método de saturação de dados e os resultados foram obtidos por análise de conteúdo. As entrevistas mostraram que não era comum entre os ACS a utilização das informações obtidas durante o acompanhamento das condicionalidades na triagem e encaminhamento dos beneficiários para outros profissionais e serviços de saúde. Quanto ao aproveitamento do momento do acompanhamento das condicionalidades para a utilização de outros serviços da UBS o resultado foi contraditório. A maior parte dos profissionais negou notar este costume, outros não só disseram acontecer como enfatizaram a importância deste fato. Também foi analisada a percepção sobre o aumento da frequência à unidade de saúde pelos beneficiários sendo mais comum a ideia de que o cumprimento das condicionalidades de saúde não interferiu no hábito de frequentar ou não a UBS. Quanto à realização de atividades ou serviços, os ACS também afirmaram não realizarem ações específicas para esse grupo, nem os enxergarem de forma diferenciada. Esses profissionais parecem entender a realização de atividades diferenciadas como um privilégio e não como atenção ao princípio de equidade do SUS. Em síntese, foi possível notar que a forma de acompanhamento, utilização e valorização das condicionalidades em saúde no município tem sido pouco efetivas na promoção do acesso aos serviços de saúde. Estes resultados evidenciam a necessidade de capacitação dos ACS e demais profissionais envolvidos no acompanhamento das condicionalidades para tornar possível que estas sejam estratégias de superação da vulnerabilidade e ruptura da pobreza entre gerações.