408: Avaliação da Rede de Cuidados do SUS
Debatedor: Rosana Maria Fialho
Data: 30/10/2020    Local: Sala 07 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
6101 POR QUE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA CHEGAM AO HPM? UMA ANÁLISE DA REDE DE CUIDADO
Carolina Magno de Souza Baptista, Milena Smider Pedro, Adelaide Rodrigues de Moura, Ana Carolina de Matos Machado Cunha, Bárbara da Silva Ferreira, Nikolas Ferreira Padilha, Peri Bucken Gobbi, Kathleen Tereza da Cruz

POR QUE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA CHEGAM AO HPM? UMA ANÁLISE DA REDE DE CUIDADO

Autores: Carolina Magno de Souza Baptista, Milena Smider Pedro, Adelaide Rodrigues de Moura, Ana Carolina de Matos Machado Cunha, Bárbara da Silva Ferreira, Nikolas Ferreira Padilha, Peri Bucken Gobbi, Kathleen Tereza da Cruz

Apresentação: O presente trabalho apresenta o aprendizado construído pelos alunos durante a experiência de desenvolver um trabalho de campo que contemplasse a linha de cuidado do câncer de mama no município de Macaé (RJ). Foi realizado na disciplina Saúde da Comunidade 2 no período 2019.2, no curso de graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Campus Macaé. O tema foi escolhido pois essa é a neoplasia que mais acomete mulheres no mundo, representando quase 25% de todos os casos de câncer. O diagnóstico e o tratamento local e sistêmico para o câncer de mama estão em constante desenvolvimento. Contudo, o acesso a estes em tempo oportuno não se dá na mesma velocidade no SUS. O planejamento de estratégias de controle do câncer de mama por meio da detecção precoce é fundamental e  várias ações vêm sendo implementadas para diagnosticar o câncer nos estágios iniciais. Contudo, embora protocolos sejam bem estruturados teoricamente, falhas na rede do cuidado e em todo o processo são frequentes, ocasionando um diagnóstico mais tardio ou até entradas informais na rede para esses casos. O olhar sobre o município de Macaé e sua rede de saúde voltada para essa questão clínica tornou-se a razão pela qual este trabalho foi desenvolvido. Dessa maneira, o presente trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a rede de cuidado municipal teórica e real do câncer de mama, analisando quais os principais gargalos e falhas que inviabilizam o diagnóstico precoce da neoplasia e permite que esses casos cheguem em estágio avançado ao Hospital Público Municipal Drº Fernando Pereira da Silva (HPM), o qual é um hospital de referência do SUS em Urgência e Emergência e não é capacitado para o tratamento oncológico de usuários. A metodologia adotada foi a de uma pesquisa qualitativa, sendo elaborado um questionário semiestruturado que foi utilizado nas entrevistas feitas com profissionais-chave da linha de cuidado municipal, visando à melhor compreensão da organização dos serviços de saúde disponíveis para pacientes oncológicos no município. Como resultado do presente trabalho, foi possível delimitar a linha de cuidado real existente no município de Macaé para pacientes oncológicos, sendo observado os acertos e os problemas presentes na estruturação e na articulação entre os serviços que a compõem. Encontramos uma desarticulação entre os serviços oncológicos e a não oferta de certas etapas da linha de cuidado no setor público, comprometendo a integralidade do cuidado para esses pacientes oncológicos, o que pode ser uma possível explicação para o porquê de acabarem buscando a assistência do HPM já em estágio avançado.

6904 POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS SOBRE CUIDADOS PALIATIVOS NO ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: REVISÃO NORMATIVA
Pamela Lorrane Ribeiro da Silva, Ítalo Ricardo Santos Aleluia, Flávia Nogueira Reis Brito

POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS SOBRE CUIDADOS PALIATIVOS NO ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: REVISÃO NORMATIVA

Autores: Pamela Lorrane Ribeiro da Silva, Ítalo Ricardo Santos Aleluia, Flávia Nogueira Reis Brito

Apresentação: Apesar dos avanços sobre a discussão de Cuidado Paliativo (CP) no Brasil, os estudos nacionais apontam que os projetos, programas e políticas com essa finalidade são recentes e carecem de uma sistematização da sua trajetória histórica. Apresenta-se parte do capítulo de revisão da literatura de monografia intitulada “Análise da atenção paliativa a usuários oncológicos no âmbito domiciliar no Oeste da Bahia”. Trata-se de uma revisão normativa de portarias, resoluções, documentos técnicos, programas, projetos, protocolos e diretrizes do Ministério da Saúde, sobre a regulamentação e expansão do CP no SUS. Incluiu-se documentos de 2002 (por se tratar das primeiras discussões envolvendo CP no país) a 2018. O conteúdo normativo foi revisado e sistematizado em uma planilha de sumarização dos dados por ordem temporal, contendo ano, tipo de documento, disposições gerais, principais propostas e observação dos pesquisadores. Identificou-se 13 publicações normativas sobre CP no SUS e que as primeiras proposições políticas datam de 2002, com a criação do extinto Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos (PNADCP), propostas de regulamentação destinadas a dispensação de fármacos e criação de centros de referência para controle da dor crônica. Em 2005, adotou-se a Política Nacional de Atenção Oncológica, com maior visibilidade do câncer enquanto problema de saúde pública e a criação dos Centros e Unidades de Alta Complexidade Oncológica, com propostas de organizar equipes de CP, inclusive no âmbito domiciliar. Em 2006, instituiu-se a Câmara Técnica em Controle da Dor e CP e entre 2001 e 2012 avançou-se na implantação de serviços de atenção domiciliar, protocolos e diretrizes terapêuticas para dor crônica. Recentemente, em 2013,  instituiu-se a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no SUS, enfocando a discussão sobre melhoria da qualidade de vida dos usuários com câncer, através de ações de promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento oportuno e, inclusive, CP. Apesar de avanços de propostas políticas para organização dos Cuidados Paliativos no SUS, identificou-se que de 2005 a 2013 o enfoque foi centrado exclusivamente na atenção a usuários oncológicos e com dor crônica, tangenciando outras condições crônicas que também demandam CP, além ausência de políticas ou ações que delimitassem um modelo assistencial e gerencial de CP. Em 2018, resolução mais recente do MS trouxe proposições mais claras com diretrizes para a organização do CP no SUS, apontando um discurso político mais direcionado para o cuidado integral, qualificado e organizado em Rede de Atenção à Saúde. Apesar dos avanços na produção normativa sobre CP no SUS, ainda há uma importante lacuna e necessidade de propostas suficientes e necessárias que melhor definam as atribuições, recursos, práticas de saúde e de gestão dos pontos de atenção para CP, de modo que os serviços atuem articulados e integrados, contribuindo para a redução das vulnerabilidades dos usuários e famílias e oferecendo artifícios legais para que os entres federativos, conforme suas competências, estruturem a rede assistencial, definam serviços de referência e estabeleçam fluxos adequados de atenção paliativa.

7185 UM ESTUDO SOBRE O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E COMPORTAMENTO DA MORTALIDADE NO BRASIL, 2000 – 2050.
José Gustavo Dutra Medeiros, Raphael Mendonça Guimarães, Livia Maria Santiago

UM ESTUDO SOBRE O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E COMPORTAMENTO DA MORTALIDADE NO BRASIL, 2000 – 2050.

Autores: José Gustavo Dutra Medeiros, Raphael Mendonça Guimarães, Livia Maria Santiago

Apresentação: A crescente expectativa de vida, impulsionada pelo declínio das taxas de natalidade e pela redução da mortalidade, é um dos principais desafios da sociedade contemporânea. Historicamente, nos países desenvolvidos, o aumento da expectativa de vida está relacionado à variabilidade da idade de morte. Este fenômeno é denominado de transição demográfica e é vivenciado por praticamente todos os países no mundo, com tempos e velocidades distintas. No Brasil há ainda, uma polarização no padrão de morbimortalidade no país, caracterizado pelas iniquidades regionais, sociais, econômicas e de gênero, que impacta diretamente na esperança de vida. Objetivo: Descrever o processo de envelhecimento da população no Brasil e suas tendências de mortalidade entre 2000 e 2050. Método: Coletamos dados do censo demográfico brasileiro, obtivemos indicadores de envelhecimento e estudamos a compressão da mortalidade nos anos de 2000 e 2010. Ainda, projetamos a análise de 2020 a 2050 e indicadores de compressão da mortalidade. Resultado: O Brasil começou a apresentar uma estrutura etária mais avançada, substituindo gradualmente a forma piramidal padrão e alguns indicadores de envelhecimento, como taxa de dependência, índice de envelhecimento, idade média da população e expectativa de vida. Além disso, os indicadores de compressão da mortalidade mostraram a tendência deslocamento de óbitos para idades mais avançadas, redução da variabilidade da idade ao óbito e aumento da idade média de óbito. Vale ressaltar que essas alterações têm ocorrido rapidamente, exigindo uma resposta urgente e eficaz que não se realizará sem a intervenção do Estado por meio da implantação e implementação de políticas públicas multissetoriais. Considerações finais: Considerou-se importante reconhecer as tendências de compressão da mortalidade desta população, que trás novos desafios de assistência a um perfil de indivíduos cada vez mais envelhecidos. Que busquem, compreender suas necessidades, o local onde estão inseridos, seus determinantes sociais e culturais sendo fator fundamental para a elaboração de uma política pública longitudinal. Somente assim, pode-se estabelecer o planejamento de ações de saúde eficientes e equânimes, em especial no âmbito da Atenção Primária em Saúde. Deve-se desfragmentar o cuidado, e reorientar sua abordagem de forma intersetorial, e assim garantir um envelhecer sob a ótica da qualidade de vida, que preserve suas capacidades produtivas, sua inserção na sociedade, e que principalmente, assegure os direitos das pessoas idosas.  

7331 TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UMA ALA DE CLÍNICA CIRÚRGICA ONCOLÓGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Amanda Pinho Fernandes, Cynara da Silva Cardoso, Elizandra Silva de Carvalho, Jaqueline Dantas Neres Martins, Jéssica Maria Lins da Silva, Maria de Fátima Pinheiro Carrera

TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UMA ALA DE CLÍNICA CIRÚRGICA ONCOLÓGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Amanda Pinho Fernandes, Cynara da Silva Cardoso, Elizandra Silva de Carvalho, Jaqueline Dantas Neres Martins, Jéssica Maria Lins da Silva, Maria de Fátima Pinheiro Carrera

Apresentação: A gestão e gerenciamento de enfermagem compreendem em tomar decisões para obter resultados para a melhora do paciente. O enfermeiro que atua no âmbito gerencial desenvolve as ações direcionadas para a organização do trabalho e recursos humanos. Diante disso, a qualidade da assistência prestada ao paciente é o diferencial para atender as necessidades do paciente, levando em consideração os fatores que vão envolver elementos individuais e coletivos para estabelecer adequações necessárias nessa assistência. A qualidade da assistência está ligada a diversos indicadores, dentre os quais está o tempo de internação hospitalar do paciente. Objetivo: Relatar a experiência de estudantes de Enfermagem sobre a aula prática do componente curricular Gestão e Gerenciamento dos Serviços de Saúde em Enfermagem hospitalar. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência. O estudo foi obtido por meio da aula prática do Componente Curricular de Gestão e Gerenciamento dos Serviços de Saúde em Enfermagem hospitalar, tendo como local de realização a clínica cirúrgica oncológica gastrointestinal de um Centro de referência em Oncologia, na cidade de Belém em oncologia adulto, possuindo como participantes 1 enfermeira, 1 assistente administrativo e 1 residente da clínica. A atividade ocorreu no segundo semestre de 2019. As acadêmicas realizaram visitas de enfermagem nos leitos, diálogo informal com as participantes do estudo para conhecer a rotina da clínica, serviços ofertados e organização do serviço. Realizou-se também leitura de prontuários, procedimentos operacionais padrões, folha de escala, censo diário, apostila de normas e rotinas e caderno de ocorrência. Resultado: A partir das visitas foi observado falhas relacionadas ao tempo de internação, já que o setor de clínica cirúrgica é caracterizado por rápida rotatividade de leitos, no entanto, foi evidente que a média de dias que um paciente permanecia no local era de aproximadamente duas semanas, sendo o maior período de internação de 35 dias. Dentre os vários motivos para a aumento da permanecia dos pacientes, os principais identificados foram cancelamentos de exames, adiamentos de cirurgias, alguns sem motivos aparentes, outros devido a falta de leitos na Centro de Terapia Intensiva, falta de materiais e ausência de profissionais, descompensação hemodinâmica do paciente. Torna-se importante ressaltar, que o longo tempo de permanência de pacientes pode ser um problema ligado diretamente a gestão e o gerenciamento, uma vez que pode ser causado por comunicação não efetiva, deficiência no planejamento e organização, dentre outros. O longo tempo de permanência implica em altos custos, relacionado a materiais e pessoas, diminuição da rotatividade de pacientes, aumento da espera na fila dos pacientes que aguardam tal leito, além de que aumentam as chances de erros, eventos adversos, maior probabilidade de infecção, por conta da vulnerabilidade do paciente. Considerações finais: O tempo de internação hospitalar é um dos principais indicadores da qualidade da assistência, principalmente na avaliação da gestão. Não raro, é típico nas instituições de saúde o retardo na alta do paciente devido a processos logísticos de trabalho.

7722 ANÁLISE DE NOTIFICAÇÕES DE INCIDENTES: INTER-RELAÇÃO ENTRE O GERENCIAMENTO DE RISCOS, SEGURANÇA DO PACIENTE E MELHORIA NA QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Edineide Gomes da Silva, Érica Louise de Souza Fernandes Bezerra, Alcivan Nunes Vieira, Ires de Fatima Vieira, Dassayev Anderson de Oliveira Lopes, Raquel Raiza Ferreira de França

ANÁLISE DE NOTIFICAÇÕES DE INCIDENTES: INTER-RELAÇÃO ENTRE O GERENCIAMENTO DE RISCOS, SEGURANÇA DO PACIENTE E MELHORIA NA QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Autores: Edineide Gomes da Silva, Érica Louise de Souza Fernandes Bezerra, Alcivan Nunes Vieira, Ires de Fatima Vieira, Dassayev Anderson de Oliveira Lopes, Raquel Raiza Ferreira de França

Apresentação: A temática segurança do paciente vem sendo discutida em todo o mundo como meio de se obter a melhoria na qualidade dos serviços de saúde. Para se atingir tal objetivo o Programa Nacional de Segurança do Paciente instituído no Brasil em 2013 estabelece que é necessário um gerenciamento dos riscos e monitoramento de eventos adversos para se evitar falhas nos estabelecimentos de saúde, com o intuito de proporcionar qualidade e eficiência do cuidado em saúde. O monitoramento de eventos adversos pode gerar estratégias para melhoria da qualidade assistencial devendo ser realizado em todos os estabelecimentos de saúde, independentes de serem públicos ou privados através de um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP). Com base neste contexto a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar os eventos adversos notificados ao Sistema de Notificações para a Vigilância Sanitária (NOTIVISA) através do núcleo de segurança do paciente. Desenvolvimento: trata-se de uma pesquisa observacional longitudinal, retrospectiva com análise documental de abordagem quantitativa e qualitativa. A mesma foi realizada em um hospital regional localizado na cidade de Mossoró, Brasil. Tendo como critérios de inclusão: Todas as notificações de incidentes registradas no NOTIVISA nos anos de 2017 e 2018 e como critérios de exclusão: Notificações que não foram registradas no sistema NOTIVISA, os eventos adversos incluídos no sistema anteriores a 2017 e posteriores a 2018 e os eventos adversos não notificados. Resultado: A pesquisa mostra que existe pontos bem traçados do perfil dos incidentes ocorridos, as características dos pacientes que mais são acometidos por eventos adversos, e os fatores que condicionam sua ocorrência. Ficou evidente que existe falhas durante a notificação desses eventos. Assim, através desse estudo foi elaborada uma nova ficha de notificação de incidentes para utilização no hospital. Desta forma foi configurado um importante passo, para que futuramente possam ser realizados trabalhos cada vez mais precisos. E assim essas notificações sejam incorporadas de forma ainda mais fidedigna no gerenciamento dos riscos dentro da instituição. Considerações finais: Os dados levantam um alerta para a quantificação dos danos que podem acarretar em várias problemáticas as instituições de saúde. Mostrando que existe a necessidade de melhorias no gerenciamento adequado dos riscos. Acredita-se que com a utilização da nova ficha de notificação, ocorra uma diminuição significativa das perdas desses registros para o sistema NOTIVISA. Que é uma ferramenta de suma importância para o adequado gerenciamento dos incidentes dentro das instituições de saúde, podendo contribuir diretamente na segurança do paciente e na melhoria da qualidade dos serviços. 

7866 AVALIAÇÃO DA ACUIDADE VISUAL E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE BARREIRINHA (AM)
Angela Xavier Monteiro, Lauramaris de Arruda Regis Aranha, Iane Silva de Oliveira, Marcelino Anthony Galvão da Cruz, Ricardo Seiti Kise, Lauro Antônio Diógenes Gonçalves, Guilherme Regis Aranha, Shirley Maria de Araújo Passos

AVALIAÇÃO DA ACUIDADE VISUAL E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE BARREIRINHA (AM)

Autores: Angela Xavier Monteiro, Lauramaris de Arruda Regis Aranha, Iane Silva de Oliveira, Marcelino Anthony Galvão da Cruz, Ricardo Seiti Kise, Lauro Antônio Diógenes Gonçalves, Guilherme Regis Aranha, Shirley Maria de Araújo Passos

Apresentação: Visando contribuir para o conhecimento dos problemas visuais, já que esses dados no município de Barreirinha são escassos, como também não possui médico oftalmologista. O objetivo deste estudo foi avaliar em uma escola estadual, duas turmas do segundo ano do ensino médio a acuidade visual e o índice de massa corporal desses estudantes, em novembro de 2018, em Barreirinha, Amazonas. Do total de 66 escolares, apenas 27 estudantes, entre 16 e 19 anos, entregaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), representando uma taxa de resposta de 40,9% dos alunos dessa escola estadual. Primeiramente, todos foram estimulados quanto à importância da alimentação saudável e em seguida receberam uma explicação de como seria a realização do exame. Os exames foram realizados na própria escola e as medidas para Acuidade Visual (AV), através da Escala de Sinais de Snellen, foram registradas em fichas apropriadas e estabeleceu-se como déficit de AV valores menor ou igual a 0,7 de acordo com critérios propostos pela Organização Mundial de Saúde. Seguindo a padronização do Ministério da Saúde, a obtenção da mensuração da estatura, utilizou-se uma fita métrica comum fixada em uma parede lisa e os estudantes estavam descalços, sem nada no cabelo, com cabeça, ombros, nádegas, panturrilhas e calcanhares encostados na parede, e a cabeça no plano de Frankfurt. Utilizou-se um esquadro para colocar sobre a cabeça da pessoa e localizar exatamente a sua medida na fita. A mensuração do peso foi obtida com uso de balança mecânica, devidamente calibrada e os alunos foram pesados usando apenas roupas leves e sem sapatos. Para Acuidade Visual, todos os estudantes avaliados, tanto para o olho esquerdo como para o olho direito, apresentaram acuidade normal N≥ 0,8. O Índice de Massa Corporal mostrou que 11,1% apresentavam baixo peso (magreza acentuada e magreza), 77,8% eutrofia, 11,1% estavam acima do peso (sobrepeso e obesidade) e ninguém apresentava obesidade grave. Foi entregue uma relação com os nomes desses seis estudantes (três com baixo peso e três acima do peso) para a Equipe da Estratégia Saúde da Família, que essa escola faz parte do Programa Saúde na Escola, para que trabalhassem com esses estudantes e familiares. Este estudo pode servir para substanciar ações intervencionistas quanto às políticas públicas de saúde, de forma eficiente e garantindo a qualidade de vida desses estudantes.

8163 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NA REGIÃO NORTE: UMA ANÁLISE RURAL-URBANA NO PERÍODO 2007-2017
Lucas Lima de Carvalho, Gerson Luiz Marinho, Lucas Rodrigues Claro, Maria Eduarda de Brito Garcia

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NA REGIÃO NORTE: UMA ANÁLISE RURAL-URBANA NO PERÍODO 2007-2017

Autores: Lucas Lima de Carvalho, Gerson Luiz Marinho, Lucas Rodrigues Claro, Maria Eduarda de Brito Garcia

Apresentação: A LTA é uma doença infecciosa, não contagiosa, que pode evoluir cronicamente. Suas principais manifestações clínicas são lesões cutâneas e mucosas. Seu vetor, o flebotomíneo, se prolifera em solo úmido e detritos. Este estudo objetiva discutir dados epidemiológicos da leishmaniose tegumentar americana (LTA) com foco na região Norte do Brasil, e compreender sua incidência, assim como a magnitude da doença em relação às diferentes zonas de moradia e sexo da população afetada, no período de 2007 à 2017. Os dados foram coletados no DATASUS, que é alimentado pelos registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Como resultados, temos que a região Norte apresentou as maiores taxas de incidência de LTA dentre todas as regiões do Brasil, chegando a apresentar o triplo de risco (70,3 a cada 100.000 habitantes) no ano de 2014 em relação às demais. No período de 2007 à 2012, sua incidência era aproximadamente o triplo das demais regiões e de 2013 à 2017 o dobro. Nota-se um possível fator laboral relacionado ao desenvolvimento da doença, uma vez que observa-se a maior incidência em homens moradores da zona rural. Sendo o Amapá o estado que apresentou o mais risco relativo quanto às zonas de residência (12 vezes maior a magnitude da LTA na zona rural) e Rondônia, o maior risco relativo quanto ao sexo dos residentes dentre os outros estados (7 vezes maior a magnitude de LTA no sexo masculino). Percebemos assim a importância da aplicação de medidas profiláticas para redução do contato e proliferação do vetor, dialogando com as unidades básicas de saúde e suas estratégias de vigilância epidemiológica, sobretudo em áreas rurais da região Norte.

9156 COMPLICAÇÕES QUANTO AO REFERÊNCIAMENTO INADEQUADO EM UM ATENDIMENTO PEDIÁTRICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
MELISSA BARBOSA MARTINS, Elielson Paiva Sousa, LUIS FELIPE DE SENA PINTO, Viviane Albuquerque Farias

COMPLICAÇÕES QUANTO AO REFERÊNCIAMENTO INADEQUADO EM UM ATENDIMENTO PEDIÁTRICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: MELISSA BARBOSA MARTINS, Elielson Paiva Sousa, LUIS FELIPE DE SENA PINTO, Viviane Albuquerque Farias

Apresentação: Para o bom direcionamento dentro dos serviços de saúde e utilizado o sistema de referência e contrarreferência que caracteriza-se como uma harmonização entre os prestadores de serviços da saúde, buscando garantir o acesso dos usuários a todos os níveis de atenção, de acordo com suas necessidades. Logo, entende-se que os serviços de atenção primaria a saúde (APS) devem ser considerados a porta de entrada dos usuários e aparte dela fazer o referenciamento com base nas necessidades do paciente. Objetivo: Relatar a experiência vivência por acadêmicos de enfermagem a partir de um atendimento pediátrico com referência inadequada. Método: Um estudo descritivo do tipo relato de experiência, que ocorreu durante a atividade curricular semi-internato de pediatria, da faculdade de enfermagem da universidade federal do Pará, o local de estudo foi um hospital de referência em Belém do Pará, no mês de Abril de 2019. Para desenvolver o relato de experiência foi realizado acompanhamento do paciente durante todo período de semi-internato. Desenvolvimento: Nosso primeiro contato com a criança foi na realização do curativo, o qual auxiliamos e observamos perda de 2/3 do couro cabeludo deixando a calota craniana exposta, isto posto, foi devido a uma necrose seca e uma infecção, a qual, até aquele momento era de agente desconhecido. Em segundo momento, através da leitura do prontuário foi observado que o paciente era procedente do interior do estado do Pará, acompanhado de sua mãe. O qual em certos momentos era perceptível que a mesma não era esclarecida quanto ao quadro geral de seu filho, e se mostrava preocupada por não saber quanto tempo ele ainda ficaria internado e a mesma havia perdido o contato com os demais filhos alguns dias antes. Posteriormente, a partir de uma conversa com as enfermeiras da clínica, tivemos conhecimento do itinerário terapêutico deste paciente, o qual já havia passando por outras instituições de saúde da capital e do interior durante um período de 4 meses, e devido a piorar do caso teve quer ser internado com urgência nesse hospital em questão que nem era de referência para tratar sua doença, esse longe período de peregrinação fez uma a pequena lesão no couro cabeludo se tornou uma necrose que atingiu 2/3 do couro cabelo e levou a uma sepse. Resultado: com isso, percebemos que a regulação é fundamental para determinação de alguns parâmetros administrativos e financeiros, além de ser uma estratégia muito boa para garantir a integralidade da assistência à saúde. Porem quando não funcionar de maneira efetiva pode causar várias consequências para a saúde do indivíduo que necessita de atendimento. Como no presente relato, no qual a falha na regulação fez com que a criança peregrinasse por vários serviços de saúde que não foram resolutivos e internamento em um hospital que não era referência para sua doença, dificultando o seu diagnóstico. A peregrinação e a demora no diagnóstico, tiveram como consequência sepse e perda de 2/3 do couro cabeludo, deixando o crânio exposto, por conta da evolução infecção no couro cabeludo. Outro fator importante é a família que é fundamental no processo da comunicação, é necessário que a equipe tenha uma comunicação efetiva com a família, Inclua a família a este cuidado também é fundamental para que os objetivos propostos sejam alcançados e ela possa entender a situação na qual o seu filho se encontra e assim poder colaborar com a assistência a saúde a qual a criança necessita. Considerações finais: A assistência prestada nos serviços de saúde são feitos de forma direta e indiretamente, o referênciamento adequado é um exemplo de assistência indireta. O referênciamento inadequado impacta diretamente na assistência direta, resultando na demora no diagnóstico, consequentemente a demora para estabelecimento de plano terapêutico, levantando-se muitos riscos de tomadas de condutas equivocadas, o qual, influência diretamente no estabelecimento de cura do paciente. Sendo assim, faz-se necessário o conhecimento dos profissionais da área da saúde quando o referênciamento e contrarreferência, a fim de minimizar erros no sistema de saúde. Este trabalho contribuiu diretamente para sensibilização e visão direta dos acadêmicos de enfermagem para o referênciamento inadequado, uma vez que o mesmo leva a muitas outras complicações que possam afetar a vida dos usuários. A busca pelo conhecimento ao sistema único de saúde deve ser constante, assim como a atualização sobre a redes de atenção à saúde, para que a medida que forem futuros profissionais, venham trabalhar em prol de minimizar falhas como estas.

9173 RASTREAMENTO DE CONDIÇÕES E FATORES DE RISCOS DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NOS SERVIDORES E COLABORADORES DO SEXO MASCULINO EM UM SERVIÇO DE PRONTO ATENDIMENTO, ZONA LESTE DE MANAUS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Raquel da Mata Serique

RASTREAMENTO DE CONDIÇÕES E FATORES DE RISCOS DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NOS SERVIDORES E COLABORADORES DO SEXO MASCULINO EM UM SERVIÇO DE PRONTO ATENDIMENTO, ZONA LESTE DE MANAUS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Raquel da Mata Serique

Apresentação: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis são responsáveis por 70% das causas de morte do mundo, onde destacam-se: Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial, além dos fatores de risco como o tabagismo e o sedentarismo. São definidas como afecções de saúde que acompanham os indivíduos por longo período de tempo, podendo apresentar agravo, episódio agudo, ou melhora. Objetivo: Identificar condições e fatores de riscos para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) entre colaboradores do sexo masculino de um serviço de pronto atendimento, em Manaus. Método: O levantamento de dados foi realizado com servidores e colaboradores que atuam em um serviço de urgência e emergência situado na cidade de Manaus, durante a campanha novembro azul do ano de 2019. Compuseram a amostra um total de 28 servidores do sexo masculino de diferentes turnos da unidade, entre eles, agentes administrativos, agentes de portaria, técnicos de enfermagem, técnicos em radiologia, enfermeiros, farmacêuticos, odontólogos, médicos e bioquímicos. Para obtenção dos dados foram realizados exames e entrevista estruturada. As variáveis do estudo foram as seguintes: aferição da Pressão Arterial (PA), aferição do nível de glicose, mensuração da circunferência abdominal e índice de massa corporal (IMC), além do questionamento quanto ao tabagismo e a prática de exercício físico. Os parâmetros foram registrados em um folder o qual era entregue ao servidor e continha os padrões de normalidade específico de cada mensuração. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva. Resultado: A faixa etária alcançada varia 32% de 20 a 29 anos, 18% 30 a 39 anos, 25% 40 a 49 anos, 11% 50 a 59 anos e 14% de 60 a 69 anos. A aferição de pressão arterial para verificar hipertensão arterial evidenciou que 75% estão normotensos, 11% hipertensos compensados, 7% hipertensos descompensados e os outros 7% apresentaram a pressão arterial alterada, mas não possuem diagnóstico de hipertensão. Quanto à mensuração do nível de glicose para identificar Diabetes, 78% apresentaram níveis normais, 11% diabéticos compensados, 11% diabéticos descompensados e nenhum resultado alterado. Circunferência abdominal identificou 63% dos servidores com risco e 37% normal. O IMC evidenciou 22% com obesidade, 39% com sobrepeso e 39% normais. Rastreamento de tabagismo apresenta apenas 13% fumantes e 87% não fumantes. Quanto ao sedentarismo, apenas 32% praticam atividade física de no mínimo três vezes na semana por pelo menos trinta minutos. Considerações finais: Os dados identificaram que um significativo número de servidores apresentaram resultados alterados, como por exemplo, os Diabéticos, cerca de metade negligenciam os cuidados, sendo a grande quantidade de açúcar prejudicial a diversos órgãos e seu funcionamento. Além disso, com maior porcentagem de desconformidade, a circunferência abdominal e o IMC acima do normal, pois de acordo Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que a medida da circunferência igual ou superior a 94 centímetros em homem indica risco doenças cardiovasculares assim como IMC maior ou igual a 25. No entanto, as demais DCNT’s encontram-se ínfimas e sinalizam uma menor quantidade de trabalhadores em risco, sendo um resultado positivo para a saúde do trabalhador.

9375 O ACESSO A SAÚDE SOBRE AS ÁGUAS DO RIO AMAZONAS NA UBS FLUVIAL DE PARINTINS: ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO E VINCULO PARA A POPULAÇÃO RIBEIRINHA.
Marcos Julio Araujo Fonseca, Nara Maria Reis Carneiro Koide, Adna Batalha Souza, Alfredo Pantoja, Bruno Yukio Koide da Silva, Daizes Caldeira Pimentel, Clerton Rodrigues Florencio

O ACESSO A SAÚDE SOBRE AS ÁGUAS DO RIO AMAZONAS NA UBS FLUVIAL DE PARINTINS: ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO E VINCULO PARA A POPULAÇÃO RIBEIRINHA.

Autores: Marcos Julio Araujo Fonseca, Nara Maria Reis Carneiro Koide, Adna Batalha Souza, Alfredo Pantoja, Bruno Yukio Koide da Silva, Daizes Caldeira Pimentel, Clerton Rodrigues Florencio

Apresentação: O desafio de viabilizar acesso em tempo oportuno e resolutivo para a população ribeirinha de Parintins (AM), levou a gestão municipal em investir num serviço que se adeque as singularidades da população e territórios ribeirinhos. Dessa forma a Unida Básica de Saúde Fluvial (UBSF) com Equipe de Saúde da Família Fluvial (ESFF) com Saúde Bucal e Equipe Ampliada, é sem dúvida um modelo viável de ser porta de entrada na Atenção Primária em Saúde, para os ribeirinhos. Contudo é necessário organizar o processo de trabalho da equipe de forma a dialogar com as especificidades da população, na perspectiva de facilitar o acesso para maximizar o alcance da população adscrita, com acolhimento e estabelecimento de vinculo para a continuidade do cuidado. Dessa forma a Gestão municipal investiu na estrutura  da UBSF e na formação da equipe para o processo de trabalho em saúde nas dimensões da gestão e assistência que são inseparáveis para a produção do cuidado, com ênfase no trabalho humano, relacional e em rede, de forma a potencializar a UBSF como espaço de acesso resolutivo para os ribeirinhos. Desenvolvimento: O município de Parintins (AM), tem 114.271 habitantes, sendo  30% residentes na zona rural com 156 Comunidades. A zona urbana tem 10 UBS e 05 na zona rural. Contudo nas áreas de várzea, não tem UBS, considerando a questão das cheias dos rios que dificulta a construção em alvenaria e  a dispersão das comunidades. Assim a Gestão municipal, aderiu ao modelo de acesso, para a saúde dos ribeirinhos e implantou  a UBS Fluvial de Parintins “Ligia Loyola”, que iniciou suas atividades no mês de outubro de 2019, com território adscrito de 30 comunidades rurais, com 4.900 pessoas no Rio Amazonas de cima e de baixo. As viagens acontecem semanalmente de segunda a sexta feira, completando  20 dias preconizados de atendimentos, e assim o itinerário contempla todas as comunidades do território de abrangência. A UBSF tem uma ESFF com Saúde Bucal e Equipe Ampliada. E oferta atendimento médico, enfermagem, odontologia, nutrição, serviço social, vigilância em saúde, imunização, inalação, farmácia, serviços de enfermagem, sala de procedimentos (realização de pequenas cirurgias) laboratório de patologia clínica com exames básicos e realiza, testes rápidos para gravidez, HIV, sífilis, hepatites e malária. E como estratégia para incentivar que todas as faixas etárias venham até o atendimento na UBSF em suas comunidades, principalmente os homens e adolescentes, é ofertado corte de cabelos e serviços de embelezamento para incentivar a autoestima e a prática do autocuidado. O mapeamento da população adscrita por sexo, faixa etária, gravidas, crianças, idosos, pacientes crônicos e demais situações de risco ou vulnerabilidades auxiliam a equipe na visão do território e a organização das ações que serão desenvolvidas, incluindo as ações de Educação em Saúde. O processo de trabalho na UBSF é organizado de forma a acolher todos os usuários que procuram atendimento, a partir das 07: horas da manhã até o ultimo atendimento, e no horário noturno casos de urgência-emergência que se necessário, são removidos para a cidade em lancha rápida de apoio.  O acolhimento é realizado pelo serviço social, com um técnico de enfermagem e o ACS da localidade se integra a equipe para a recepção dos usuários e acompanhar os atendimentos. A equipe toda interage num processo de trabalho em rede entre os profissionais, com escuta qualificada, porém, considerando a singularidade de cada situação, encaminham para os serviços ofertados. E no ambiente onde ocorre as atividades de embelezamento, são realizadas as Rodas de Conversa, com diversos temas, voltados para a prevenção e também identificando quem necessita passar por avaliação nos atendimentos de saúde, pois os homens e adolescentes, geralmente não procuram por atendimentos e  assim tem sido oportuno para incentivar os mesmos a fazerem imunização, a realização de testes rápidos e  a medida abdominal e encaminhamento para avaliação com nutricionista. Os atendimentos médicos e de enfermagem para o pré-natal (inclui parceiro), crianças de até 10 anos, hipertensos, diabéticos, mulheres no climatério e idosos, são compartilhados para o atendimento de nutricionista e odontologia que também atende livre demanda. E os casos que precisam de exames ou avaliação de especialistas, são acompanhados pelo Serviço Social que articula com os serviços de atenção especializada do município a agenda de atendimentos. Os Agentes Comunitários são elos de comunicação com o serviço social se houver problemas no acesso dos ribeirinhos. E no próximo atendimento na comunidade ou nas proximidades os mesmos retornam na UBSF que retorna no máximo um mês depois, e se necessário, eles podem ir até a localidade mais próxima que a UBSF estiver. É importante destacar que diariamente, após o jantar a equipe realiza roda de conversa para avaliar o dia de atendimento, para compartilhar os problemas e propostas de soluções. O processo de articulação entre a equipe com a rede de serviços de saúde no município e com a rede ampliada é uma prioridade na agenda da equipe, para viabilizar o acesso para os exames, consultas especializadas e demais atendimentos necessários, inclusive para as questões sociais de previdência, benefícios e situações de violências. Resultado:. A procura da população aos serviços da UBSF, tem sido expressiva, nas diversas faixas etárias e assim o alcance da população adscrita, nos três primeiros meses de funcionamento, chegou a 80% da população, que já foram acolhidas na UBSF, que no período de três meses realizou 4.600 procedimentos, incluindo atendimentos individualizados, atendimentos domiciliares, atividades de educação em saúde, que são realizadas também nas escolas e cadastro de comércios para a Vigilância Sanitária, com devidas orientações de validade, qualidade e acondicionamento de produtos. Destaca-se que em todas as escolas do território já foram realizadas ações de prevenção na área de saúde bucal, ist”s e nutrição . As remoções das comunidades do território, para o serviço de emergência dos hospitais, foram gradativamente reduzindo, chegando no terceiro mês a reduzir em 70%. Os atendimentos de pré-natal iniciados neste período, 80% estavam no primeiro trimestre. E as crianças menores de 02 anos 100% tiveram calendário vacinal atualizado.  A classificação de risco dos hipertensos e diabéticos está em curso. E 100% dos atendimentos médicos e enfermagem de pré-natal, diabéticos e hipertensos, foram compartilhadas com a odontologia e nutrição. O trabalho em rede tem sido fundamental, para o processo de referência e contra referência, contribuindo de forma potente para que os ribeirinhos tenham acesso com menos tempo de espera aos serviços especializados. Considerações finais: A oferta de acesso que considere as especificidades da população, é uma realidade possível para a população ribeirinha de Parintintins, através de UBS Fluvial equipada e abastecida de forma adequada, com insumos, disponibilidade de equipe multiprofissional ampliada, para atuação integrada e com conexões com as singularidades da população e rotina de  Unidade Móvel que chega até os territórios e portanto seus horários e rotinas, precisam ser diferenciados das unidades que são fixas no território, a fim de prover resolutividade no âmbito da Atenção Primária em Saúde. E por fim é importante destacar a organização do processo de trabalho em saúde, com a pratica do acolhimento, que tem produzido vinculo e cuidado para as diversas faixas etárias da população do território.

10186 ESTUDO ECOLÓGICO SOBRE INIQUIDADES NA COBERTURA DE ATENÇÃO BÁSICA NO ESTADO DO PARÁ
Russell Santiago Correa, Lucas Oliveira da Silva, Priscila Teixeira Da Silva, Natália Da Silva E Silva, Márcio Vinicius de Gouveia Affonso, Ingrid Amanajás de Souza, Pettra Blanco Lira Matos, Liliane Silva do Nascimento

ESTUDO ECOLÓGICO SOBRE INIQUIDADES NA COBERTURA DE ATENÇÃO BÁSICA NO ESTADO DO PARÁ

Autores: Russell Santiago Correa, Lucas Oliveira da Silva, Priscila Teixeira Da Silva, Natália Da Silva E Silva, Márcio Vinicius de Gouveia Affonso, Ingrid Amanajás de Souza, Pettra Blanco Lira Matos, Liliane Silva do Nascimento

Apresentação: Compreender a realidade de diferentes estados dentro do contexto de um país complexo e plural como o Brasil é essencial para a correta aplicação de recursos públicos e formulação de políticas direcionadas a essas realidades. Não é diferente no Sistema Único de Saúde: políticas, programas e projetos são planejados e executados de acordo com necessidades da população, podendo-se citar situações de vigilância epidemiológica como o combate ao Zika virus, ou estratégias abrangentes que reorganizam todo um sistema, da porta de entrada dos usuários ao serviço até a coordenação da rede de serviços, tal qual é a Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Brasil, representando a atenção básica no país. Para buscar compreender as peculiaridades de cada região, é de suma importância o processo de avaliação e monitoramento de indicadores, numa tentativa de entender o território e suas nuances, para de fato pensar em intervenções baseadas em evidências científicas. Estudos ecológicos em saúde coletiva são ferramentas para levantar, descrever e analisar dados de populações em um determinado espaço de tempo. Considerando o contexto coletivo a ser estudado, é importante também avaliar fatores os quais estes indivíduos estão inseridos enquanto seres sociais, afinal, as iniquidades em saúde atingem de grupos específicos de pessoas a municípios, estados e regiões inteiras. A desigualdade de renda, o acesso à educação e aos serviços de saúde são fatores que variam de um município para outro e influenciam não só o acesso a políticas públicas como também a própria implantação dessa política no território. Colocando em foco a questão do acesso a atenção à saúde, vê-se na literatura que esta é uma discussão em constante desenvolvimento dentro dos campos de conhecimento da saúde coletiva. Pensar em acesso, dentro do contexto brasileiro, é pensar em uma dimensão atravessada pelos três princípios doutrinários: o acesso aos serviços de saúde deve ser equânime, integral e universal. Porém, estudos mostram contradições do Sistema Único de Saúde quando este reproduz situações de iniquidade em saúde, comprometendo acesso e cobertura da atenção básica. A cobertura de atenção básica é um indicador relacionado ao acesso que pode ser utilizado para observar variações entre territórios, identificar desigualdades e subsidiar intervenções. Desenvolvimento: Entendendo a importância da avaliação e monitoramento de indicadores e seu comportamento em diferentes localidades, principalmente se pensando em um país complexo como o Brasil, esse estudo se propõe a explorar possíveis associações entre determinantes relacionados à renda de um município e o indicador de cobertura de atenção básica no estado do Pará. Este trabalho é caracterizado como um estudo ecológico, com coleta de dados realizada em janeiro de 2020 a partir de bancos de dados secundários de domínio público. As variáveis sociodemográficas escolhidas para caracterizar os municípios foram o índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM) e o índice de Gini (índice mais utilizado para avaliar a desigualdade de renda), disponibilizadas através do Atlas Brasil (2010). As variáveis supracitadas são variáveis independentes neste estudo, enquanto a variável dependente é a cobertura de atenção básica, obtida através de relatório na plataforma “e-Gestor AB” referentes ao ano de 2019. Foram inclusos neste estudo os municípios do estado do Pará presentes no Atlas Brasil de 2010. Com a emancipação da cidade de Mojuí dos Campos tendo ocorrido apenas em 2012, este município não consta no Atlas Brasil e, portanto, foi excluído por não apresentar dados nessa plataforma, logo a amostra deste trabalho é referente a 143 municípios do Pará. A organização dos bancos de dados foi feita em planilhas pelo programa Microsoft Excel para Windows. Na etapa descritiva do estudo, os municípios foram categorizados de acordo com IDHM, índice de Gini e cobertura. IDHM se caracteriza como muito baixo (0 até 0,499), baixo (0,500 até 0,599), médio (0,600 até 699), alto (0,700 até 0,799) e muito alto (0,800 até 1,000). Quanto ao índice de Gini, as categorias se deram por intervalos de 0,05, começando a partir do intervalo que inclui o menor valor encontrado e finalizando no intervalo de maior valor encontrado. Feita a estatística descritiva, passa-se à fase de análise da hipótese de que a cobertura de atenção básica dos municípios possui correlação quando associada ao IDHM ou ao índice de Gini. Esta análise foi feita por meio de regressão linear simples (p 0,05), e foi representada em gráfico de dispersão. A estatística descritiva e os testes de hipótese foram realizados por meio do software BioEstat 5.0. Resultado: A maior parte dos municípios paraenses possuem IDHM baixo (61%), com 31% tendo IDHM médio, 6% na categoria muito baixo e apenas 2% tem o índice encaixado na categoria alto, com a capital paraense, Belém, inclusa nesta última categoria como a cidade com maior índice. Quanto à questão da desigualdade de renda, a maioria dos municípios inclusos na amostra possui índice de Gini no intervalo de 0.5 a 0.59, representando 72% de todo o estado. 6% dos municípios foram categorizados entre 0.65 e 0.7 caracterizando altíssima concentração de renda, com o município de Ulianópolis, cidade do sudeste paraense, apresentando maior concentração de renda segundo o índice. Para efeitos de comparação, o país do mundo com maior desigualdade de renda é a Africa do Sul, com 0.63. Por outro lado, 6% das cidades possuem entre 0.4 e 0.49, com a cidade de Marituba, na região metropolitana de Belém, tendo o menor índice do estado com 0.42. Passando para a análise do teste de hipóteses, observou-se que as variáveis sociodemográficas influenciam, de forma significante, na cobertura de atenção básica, mas de maneiras diferentes: há tendência de melhora na cobertura à medida que o IDHM é maior, com variação percentual de +2,35%, porém a cobertura diminui quanto maior é a desigualdade de renda, com -2,65%. Considerações finais: Esse estudo, ao se propor a observar a relação entre indicadores sociodemográficos e o indicador cobertura de atenção básica no estado do Pará, observou que a desigualdade da distribuição de riquezas influenciou a cobertura tanto quando o IDHM. Ao planejar as intervenções em saúde nesse estado, é de suma importância levar a questão da concentração de renda como um agravante para o acesso do usuário ao serviço, uma vez há tendência de haver maior percentual de população descoberta em municípios mais desiguais. Por se tratar de estudo quantitativo, há vieses relacionados a especificidades que não se manifestam através da bioestatística, fazendo-se necessários trabalhos de natureza qualitativa para buscar aprofundar a questão do acesso nos municípios de maior necessidade de melhora na cobertura de atenção básica.

10438 A FASE DE APRAZAMENTO DE MEDICAMENTOS EM UMA UNIDADE NEONATAL
Ana PAULA SILVA ANTUNES DE Figueiredo, VIVIANE SARAIVA DE ALMEIDA, MARILDA ANDRADE, MARIALDA MOREIRA CHRISTOFFEL, DANIELLE LEMOS QUERIDO, ANA PAULA VIEIRA DOS SANTOS ESTEVES

A FASE DE APRAZAMENTO DE MEDICAMENTOS EM UMA UNIDADE NEONATAL

Autores: Ana PAULA SILVA ANTUNES DE Figueiredo, VIVIANE SARAIVA DE ALMEIDA, MARILDA ANDRADE, MARIALDA MOREIRA CHRISTOFFEL, DANIELLE LEMOS QUERIDO, ANA PAULA VIEIRA DOS SANTOS ESTEVES

Apresentação: O sistema de medicação é constituído de várias etapas que vão desde a prescrição e distribuição até a ação de administrar o medicamento ao cliente, dentre elas está  a fase de aprazamento de medicamentos, fase importante realizada pelo enfermeiro, que visa registrar os horários de administração de medicamentos na prescrição médica e apresenta-se como uma etapa importante que podem levar a erros de medicação na clientela neonatal que apresenta-se já como um grupo de risco vulnerável a estes erros. O objetivo do estudo foi descrever o processo de aprazamento de medicamentos em uma unidade neonatal. Desenvolvimento: estudo qualitativo, descritivo, com o método pesquisa-ação. Os participantes são enfermeiros do time de medicação da unidade neonatal de um hospital universitário estadual. A coleta de dados foi constituída por: pesquisa de documentos; observação do aprazamento da prescrição médica; coleta de problemas; plano de ação. Resultado: O estudo possibilitou implementar intervenções e padronizar etapas no aprazamento de medicamentos realizadas pelos próprios participantes do estudo, através da construção de fluxograma que descreve as atividades desta fase: recebimento e conferência da prescrição médica pelo enfermeiro; aprazamento, carimbo e assinatura da prescrição; recebimento e avaliação da prescrição médica pelo segundo enfermeiro; conferência do aprazamento; novo carimbo e assinatura pelo segundo enfermeiro; atualização do mapa e as etiquetas de medicação. Considerações finais: A padronização e sistematização desta etapa dentro do sistema de medicação irá proporcionar segurança para a equipe multidisciplinar da unidade neonatal, a fim de prevenir erros nesta etapa do sistema de medicação especificamente para clientela de recém nascidos.

10449 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL E MOTIVO DE LONGA PERMANÊNCIA DOS PACIENTES EM PÓS-OPERATÓRIO DE COLUNA E TRAUMA PARA MELHORIA DO PROCESSO DE DESOSPITALIZAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DE TRAUMATOLOGIA E ORTOPEDIA - INTO
Ilmeire Ramos Rosembach de Vasconcellos, Claudia Mendes Araujo, Luciana de Almeida Marques Oliveira, Verônica Pinheiro Simões, Joice Cesar de Aguiar Barbosa, Katiane Azevedo

IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL E MOTIVO DE LONGA PERMANÊNCIA DOS PACIENTES EM PÓS-OPERATÓRIO DE COLUNA E TRAUMA PARA MELHORIA DO PROCESSO DE DESOSPITALIZAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DE TRAUMATOLOGIA E ORTOPEDIA - INTO

Autores: Ilmeire Ramos Rosembach de Vasconcellos, Claudia Mendes Araujo, Luciana de Almeida Marques Oliveira, Verônica Pinheiro Simões, Joice Cesar de Aguiar Barbosa, Katiane Azevedo

Apresentação: O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia realiza cirurgia de alta complexidade em pacientes com patologias na coluna e traumas ósseos. No processo de alta hospitalar, em geral, esses pacientes apresentam período de internação hospitalar prolongado e maior demanda de encaminhamento para a rede de atenção a saúde. Conhecer o perfil desses pacientes e os principais motivos da longa permanência na internação auxilia na organização do serviço de desospitalização e direciona a atuação da equipe de trabalho. Objetivo: Identificar o perfil dos pacientes em pós-operatório de coluna e trauma ortopédico e identificar os principais motivos da longa permanência desses pacientes. Desenvolvimento: Estudo transversal descritivo, baseado na análise de banco de dados hospitalar de pacientes internados entre janeiro a junho de 2018. Foram inclusos no estudo 94 pacientes em pós-operatório de trauma e 55 da coluna com longa permanência de internação (período superior a 14 dias). Resultado: A maior proporção de pacientes da coluna tinha entre 13 e 22 anos (27,27%) e trauma entre 48 e 57 anos (22, 34%). O sexo masculino predominou em ambos os grupos de pacientes (69.15% e 56,36%). O principal motivo para a longa permanência dos pacientes em pós-operatório de coluna e trauma foi relacionado a questões clínicas (83,02% e 94,68). Classificadas como questões clínicas não cirúrgicas (complicações cardíacas e respiratórias, obstrução intestinal, insuficiência renal, infecção urinária, TVP entre outros) e questões clínicas relacionadas à cirurgia ortopédica (Infecção em sítio cirúrgico, OMC e sepse). Considerações finais: Os resultados indicam a desospitalização desses pacientes necessita ampla rede de atenção a saúde devido às diversas complicações clínicas apresentadas durante a internação. Além disso, o processo de alta deve ser iniciado o mais precocemente possível para que haja tempo suficiente para articulação com a rede e estruturação familiar para receber o paciente assim que suas condições clínicas permitam o retorno para o domicílio.

10746 DE REPENTE A MALÁRIA: A EXPERIÊNCIA DE CONDE NO ENFRENTAMENTO A MALÁRIA DE FORMA INTEGRADA E INTERSETORIAL
Deborah Z de Farias Melo, Renata Martins Domingos, Alana Venceslau Franco, Josalba Azevedo Alcântara, Iara Francisca Rodrigues

DE REPENTE A MALÁRIA: A EXPERIÊNCIA DE CONDE NO ENFRENTAMENTO A MALÁRIA DE FORMA INTEGRADA E INTERSETORIAL

Autores: Deborah Z de Farias Melo, Renata Martins Domingos, Alana Venceslau Franco, Josalba Azevedo Alcântara, Iara Francisca Rodrigues

Apresentação: Em 2019, o município de Conde, localizado na faixa litorânea da região Nordeste, região extra-amazônica com presença do vetor transmissor Anopheles, foi surpreendido com o aparecimento da malária. O 1° caso de malária autóctone em Conde foi notificado no fim de março na capital do estado. Com isso, a Secretaria Municipal de Saúde instituiu a Comissão Especial de Investigação sobre a Malária, formada pela gestão de saúde, Agente Comunitários de Saúde, Agente de Combate às Endemias, profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF), e motorista. Neste contexto, o objetivo do trabalho é descrever a experiência de gestão integrada e intersetorial para o controle da malária no município de Conde, Estado da Paraíba, em 2019. Desenvolvimento: As ações vivenciadas serão descritas por meio de um relato de experiência. Nesse sentido, a partir da comissão especial, foram construídas capacitações para a realização de testes de diagnósticos pela equipe de assistência da rede municipal de Saúde (teste rápido e coleta de gota espessa), organizada a busca ativa de sintomáticos e a eliminação de focos dos mosquitos nas comunidades dos casos positivados. Dessa forma, foram traçados quatro eixos de atuação simultâneas: a compreensão das características da malária e do seu vetor no município de Conde; a reorientação da educação permanente para atuação dos trabalhadores da saúde no combate à Malária; o fortalecimento da educação em saúde com a população e a mídia; a realização de parcerias e trabalho intersetorial, como forma de combater o vetor, evitar a proliferação da doença para outras áreas da cidade e outros municípios do Estado, fazer o tratamento e monitorar a cura dos casos positivados. Resultado: A Comissão Especial de investigação da Malária em Conde, que integrou trabalhadores da gestão da Saúde, da Atenção Básica e da Vigilância em Saúde, como forma de identificar novas sintomáticos. Assim, os profissionais da rede de atenção da Saúde das Unidades Básicas de Saúde, bem como do Pronto Atendimento do município foram capacitados para identificar possíveis sintomáticos, aplicar o teste rápido, coletar a gota espessa, fazer a notificação de casos suspeitos e iniciar o tratamento. A parceria entre a secretaria de saúde e a de planejamento possibilitou a identificação, em mapa georreferenciado, do local das residências dos casos positivos, foi possível delimitar área quente de transmissão da doença, na qual se concentrou a busca ativa de sintomáticos e de focos de proliferação do mosquito vetor. A Secretaria de Educação realizou ações pedagógicas a respeito da Malária, informando os estudantes sobre os sintomas da doença, formas de prevenção, realização de oficina de elaboração de repelentes naturais. A Secretaria de Meio Ambiente foi parceira na eliminação de acúmulo de resíduos sólidos nas “áreas quentes”, especialmente na residência de alguns dos casos positivados, que se utilizam da reciclagem como atividade econômica. A Secretaria de Saúde do Governo do Estado da Paraíba disponibilizou profissionais para realizar as capacitações, fazer a leitura rápida das amostras de sangue coletadas no próprio município por microscopista do Laboratório Central do Estado da PB, realizar a borrifação intradomiciliar na residência dos casos positivados e dispersar partículas líquidas de defensivos para combater a atividade do vetor. Com o cruzamento dos dados investigados dos casos confirmados de Malária no município e da análise comportamental do vetor, identificou-se sua maior atividade nas proximidades de seu habitat natural, rios e lagos de água salobra, com hábitos concentrados entre 4h às 8h e das 18h às 22h. A Comissão de Investigação da Malária saiu em campo nas “áreas quentes” para identificar sintomáticos de acordo com as seguintes evidências: febre (acima de 38 graus), calafrios, dores lombares, vômitos. Identificados os sintomáticos, usava-se o teste rápido e colhia-se a gota espessa. Entretanto, a continuidade do aparecimento espaçado no tempo de novos casos, diferenciando-se daqueles relatados na região amazônica, levou à hipótese de alteração do perfil da doença no município, a qual vem sendo investigada pelas instituições de ensino parceiras (Fiocruz/PE e UFPB). Com base nas evidências dos sintomas dos casos positivos para Malária, foi observada uma variação durante anamnese: febre abaixo de 38° C, vômitos e dores abdominais como sintomas isolados e até ausência de sintomas. Foi traçado novo plano de ação, específico para busca ativa de novos casos de Malária para testagem da gota espessa com a finalidade de diagnóstico precoce, sendo realizado em todos os moradores das comunidades de risco, independente de apresentação de sintomas. Identificou-se caso assintomático. Foram realizadas reuniões com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e equipe das Unidades Básicas de Saúde da “área quente”, com o intuito de capacitar e monitorar, por meio das visitas domiciliares e consultas, possíveis novos casos. No caso do processo de trabalho dos ACSs, foi criada planilha para identificação de possíveis novos casos positivos, na qual os sintomas eram indicados, bem como a identificação do usuário. A Vigilância Ambiental se aprofundou na captura do mosquito e das larvas do vetor, na borrifação intradomiciliar nas casas dos positivados e vizinhos, bem como o uso da dispersão de partículas líquidas de defensivo, seguindo os protocolos do Ministério da Saúde. Foram realizados dois eventos de orientação da população, chamados de “Dia D contra a Malária” (dois sábados), nos quais os profissionais da Saúde e de outras Secretarias saíram às ruas para dialogar com a população sobre a Malária, formas de prevenção, de tratamento, de cura, bem como realizar a testagem rápida e coleta de gota espessa. Concomitante à busca ativa, as equipes realizaram orientações nas casas para o controle do vetor, medidas individuais e coletivas para evitar a picada do mosquito, bem como o que fazer ao apresentarem algum sintoma. Foram utilizadas as redes sociais oficiais do município, elaborou-se material informativo e disponibilizou-se boletim epidemiológico semanal e agenda semanal indicando as ações de combate e prevenção da Malária, bem como a realização de entrevistas com as emissoras de tevê para elucidação das dúvidas e apresentação dos fatos. Foi criado o Disque Malária, um número de telefone oficial para recebimento de dúvidas e explicações. Identificado caso positivo, a Secretaria Municipal de Saúde de Conde em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Governo da Paraíba passam a monitorar a internação desse caso, seu tratamento e sua alta. Todos os casos positivados, findo o tratamento, foram acompanhados por meio da coleta da lâmina de verificação de cura realizada pela Comissão de investigação da Malária, método que possibilitou a identificação de 2 recidivas num dos casos autóctones e num dos casos importados residente em Conde. No total foram realizados 325 testes rápidos, 2585 coletas de gotas espessas, 3294 casas visitadas pela Comissão de investigação da Malária e 966, pelos Agentes Comunitários de Saúde. O município não apresenta um novo caso de malária desde outubro de 2019, finalizando o ano com  sucesso dos tratamentos clínicos realizados, tendo 21 casos positivados desospitalizados, e todos com cura. Considerações finais: A integração entre os profissionais de saúde por meio da Comissão Especial de Investigação sobre a Malária, as articulações intersetoriais conduzida pela secretaria de saúde e as parcerias estabelecidas com instituições de ensino propiciaram a redução de contaminação, sucesso no tratamento e cura de todos os casos.

10831 PERSPECTIVAS DE DOCENTES UNIVERSITÁRIOS E AS IMPLICAÇÕES PARA A SUA SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DO RECONHECIMENTO E DA VALORIZAÇÃO
Deyvyd Manoel Condé Andrade, Ariane da Silva Pires, Norma Valéria Dantas de Oliveira Souza

PERSPECTIVAS DE DOCENTES UNIVERSITÁRIOS E AS IMPLICAÇÕES PARA A SUA SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DO RECONHECIMENTO E DA VALORIZAÇÃO

Autores: Deyvyd Manoel Condé Andrade, Ariane da Silva Pires, Norma Valéria Dantas de Oliveira Souza

Apresentação: O objeto desta pesquisa trata do reconhecimento e da valorização do trabalho docente universitário, bem como as situações de prazer e de sofrimento decorrentes da vivência laboral. Os objetivos foram: I) identificar as situações geradoras de prazer e/ou de sofrimento no trabalho docente; II) analisar a percepção dos docentes sobre o reconhecimento e a valorização de sua atividade laboral; III) discutir as repercussões do trabalho docente no processo saúde-doença deste coletivo profissional; e IV) elencar os fatores limitadores e as situações potencializadoras para o reconhecimento do trabalho docente universitário. O pressuposto foi que apesar de todos os profissionais serem docentes universitários da área da saúde e atuarem em contextos muito parecidos, as percepções de reconhecimento e de valorização do trabalho são heterogêneas, considerando o contexto social, histórico e político das profissões e a conjuntura contemporânea do mundo do trabalho e seus efeitos sob tais profissões. A partir desse pressuposto, elencou-se a seguinte tese: considera-se que os profissionais da Medicina e da Odontologia apresentam uma melhor percepção acerca do reconhecimento e da valorização do trabalho docente universitário. Tais profissões, diferentemente da Biologia, Enfermagem e Nutrição, --elas-- são profissões de caráter autônomo, detentoras do domínio sobre o seu processo de trabalho no contexto da saúde e são carreiras mais antigas, com tradições e status consolidado na sociedade. Desenvolvimento: trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, descritivo e exploratório. O cenário do estudo foi o Centro Biomédico de uma universidade pública no Estado do Rio de Janeiro. Ressalta-se que foram respeitados os aspectos éticos e a pesquisa foi cadastrada na Plataforma Brasil e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número 2.842.807. Os participantes foram 30 docentes universitários, sendo 06 de cada curso do Centro Biomédico, a saber: Biologia, Enfermagem, Medicina, Nutrição e Odontologia. A coleta de dados ocorreu de agosto a outubro de 2018 através da entrevista semiestruturada. Os dados foram examinados por meio da análise temática de conteúdo, que fez emergir quatro categorias empíricas intituladas: “Dialética do mundo do trabalho: prazer e sofrimento na prática laboral de docentes universitários; Concepções de docentes universitários acerca do reconhecimento e da valorização do trabalho; Dinamicidade e complexidade do mundo do trabalho e as implicações na saúde de docentes universitários; e Facilidades e adversidades no cotidiano laboral: dilemas e desafios. Resultado: Em síntese, constatou-se através das características sociodemográficas, que a maioria dos participantes é de mulheres adultas, na faixa etária de 33 a 40 anos e casadas. No que concerne as características laborais, os professores investigados ocupam o cargo de Professor Adjunto e possuem mais de 30 anos de experiência na docência universitária, sendo os cursos de maior atuação profissional o de Enfermagem e de Nutrição. E os docentes de outras áreas como Biologia e Medicina também ministram aulas nesses cursos. Além disso, a carga horária semanal de trabalho é de 40 horas e esses profissionais estão, em sua maioria, sob o regime de dedicação exclusiva. Sobre a questão socioeconômica, a maioria dos participantes recebe mais de 10 salários mínimos e são os principais mantenedores do núcleo familiar. No tocante a percepção dos docentes sobre as situações geradoras de prazer e/ou de sofrimento no trabalho, evidenciou-se que as situações que remetem ao prazer estão vinculadas ao desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão; as relações interpessoais positivas com o corpo discente e os colegas de trabalho; a questão da formação enquanto instrumento de mobilização e transformações tanto pessoais quanto sociais; e a produção do conhecimento materializado na forma de livros, artigos e trabalhos científicos. Já as situações identificadas como geradoras de sofrimento e de dificuldades no cotidiano laboral docente foram a falta de investimentos públicos na educação e consequentemente na universidade; a sobrecarga de trabalho e de atividades devido à grande demanda de trabalho; a competitividade existente no trabalho docente universitário; a infraestrutura precária; as condições de trabalho inadequadas; e a instabilidade salarial a partir do ano de 2016 com a crise político-econômica no Estado do Rio de Janeiro. Já as perspectivas dos docentes acerca do reconhecimento e da valorização de seu trabalho, verificou-se que há reconhecimento tanto pelos discentes quanto pelos usuários do SUS, além de considerarem que a docência universitária detém status de destaque na sociedade e, portanto, há valorização social deste trabalho. Em contrapartida, os docentes se sentiram desvalorizados em relação à sociedade, à gestão pública da educação e às agências de fomento de pesquisa. No âmbito das repercussões do trabalho docente no processo saúde-doença desses profissionais, houve implicações para a saúde física, mental e subjetividade, destacando-se os sentimentos de desmotivação e frustação; a percepção de que o trabalho repercute negativamente na saúde mental e no aparecimento de doenças psicossomáticas e somáticas. Sobre as situações potencializadoras e os fatores limitadores para o reconhecimento do trabalho docente universitário, considerou-se potencializadoras a produção do conhecimento por meio das publicações científicas; a visibilidade do trabalho docente pela sociedade através das atividades extensionistas; a necessidade de adequação da infraestrutura da universidade; o recebimento de verbas e investimentos públicos na universidade; e a educação e informação da sociedade acerca do papel do docente universitário. Os fatores elencados como limitadores pelos docentes universitários foram: a falta de investimentos públicos na área da educação e consequentemente na universidade; escassez de fomento financeiro para pesquisas devido à atual conjuntura política e econômica; inadequação de infraestrutura e estrutura administrativa inapropriada; carência de recursos materiais e equipamentos obsoletos; e a insuficiência de recursos humanos. Ressalta-se que o pressuposto elencado inicialmente era de que os docentes universitários da saúde apresentariam percepções heterogêneas acerca do reconhecimento e da valorização do trabalho, o que foi comprovado. Já em relação a tese a ser defendida, a qual considerava que os docentes da Medicina e da Odontologia apresentariam uma melhor percepção acerca do reconhecimento e da valorização do trabalho, houve divergência. Diferentemente do imaginado, parte dos docentes da Medicina tiveram uma percepção de desprestígio profissional e desvalorização ao longo dos anos. Além disso, esses docentes e os da Biologia e parte dos docentes da Enfermagem não se consideraram reconhecidos e valorizados pela sociedade. Em contrapartida, os docentes da Nutrição referiram o aumento do reconhecimento e da valorização da profissão ao longo dos anos. Considerações finais: Dentre as limitações do estudo que merecem ser destacadas cita-se o quantitativo de participantes pela natureza da pesquisa qualitativa e a investigação sucedida em apenas um cenário, portanto, não se pretende generalizar seus resultados. Considera-se que os objetivos e as questões norteadoras foram respondidas. Outra limitação, ainda em relação ao quantitativo de participantes, foi em relação a divisão equânime de seis docentes por curso investigado. Como o número de professores é diferente em cada curso, p. ex. a Faculdade de Nutrição tem um quantitativo bem menor de docentes se comparada ao Curso de Medicina, então, para se manter a representatividade, o número de participantes deveria ser proporcional ao número total de docentes por curso. Ademais, devido à relevância e à atualidade do tema, a presente pesquisa pode despertar o interesse de professores e estudantes (de graduação e pós-graduação) e outros pesquisadores para investigar temáticas afins que venham alargar o entendimento desse fenômeno e de suas inúmeras facetas.  

10845 REFLEXÕES SOBRE O SURTO DA FEBRE AMARELA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UM OLHAR PARA SAÚDE GLOBAL
andreza cristina silva de OLIVEIRA, Eliza Aguiar de Almeida, mercedes neto, mary hellem silva fonseca, Júlia Graziella Silva do Nascimento, camilly de oliveira novaes, jessica magalhães de assis

REFLEXÕES SOBRE O SURTO DA FEBRE AMARELA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UM OLHAR PARA SAÚDE GLOBAL

Autores: andreza cristina silva de OLIVEIRA, Eliza Aguiar de Almeida, mercedes neto, mary hellem silva fonseca, Júlia Graziella Silva do Nascimento, camilly de oliveira novaes, jessica magalhães de assis

Apresentação: Para compreender a saúde global, é interessante fazer um contexto com o processo de globalização, que teve início a partir da abertura das fronteiras ao comércio, ao crescimento e desenvolvimento da tecnologia e comunicação, às mudanças e alterações climáticas e ambientais, e a crescente migração de pessoas em busca de melhores condições de vida e trabalho. O presente texto busca trazer à tona reflexões sobre o surto de Febre Amarela no Estado do Rio de Janeiro com um olhar voltado para saúde global, focalizando a doença como uma questão de saúde pública mundial. Desenvolvimento: Este trabalho foi realizado a partir de uma reflexão teórica sobre o surto da Febre Amarela no Rio de Janeiro sob o olhar da globalização a fim de compreender e refletir sobre a influência da tecnologia, das mídias e do conhecimento popular acerca do assunto. Resultado: Como consequência da aceleração de mudanças com o desenvolvimento da globalização, os problemas de saúde, não podem mais serem tratados de maneira isolada, mas sim exigindo esforços em conjuntos pela saúde global. Outra consequência drástica deste processo é que a transformação nos padrões da doença, a compreensão dos determinantes sociais e econômicos da saúde e a diversidade dos agentes institucionais sofreram uma mudança considerável no cenário da saúde global nos últimos anos. A história das doenças sempre esteve intimamente ligada ao contexto social, revelando muito sobre as crenças, os costumes, as identidades, as organizações sociais e política, além da moral, e, por isso, sua compreensão tem sido cada vez mais ampliada. A doença, como fenômeno social, também é uma construção, e os significados são moldados, ganhando novos sentidos. Nos últimos anos observamos a emergência e reemergência de algumas doenças em diferentes países e territórios das Américas, incluindo o Brasil, e em destaque neste estudo, a Febre Amarela. A Febre Amarela não era conhecida entre os povos antigos, apenas após a descoberta da América passou a figurar nos quadros nosológicos. A doença foi responsável por grande número de mortes entre o século XVIII e o início do século XX, com repetidas epidemias nas regiões tropicais da América do Sul e na África, seguidas por surtos em locais mais distantes como América do Norte, Caribe e Europa. Ao fazer esta análise do desenvolvimento histórico da Febre Amarela no mundo, pode-se perceber a influência do processo de globalização no desenvolvimento e disseminação da doença. Bem como o desenvolvimento das práticas de prevenção e controle da enfermidade. Atualmente é uma doença endêmica em 47 países, estando presente na África, América Central e América do Sul. A fim de evitar a importação da doença, países livres da febre amarela exigem uma prova de vacinação contra a doença antes de autorizarem o visto, para viajantes provenientes de zonas endêmicas de Febre Amarela. Algumas regiões do Brasil são endêmicas de Febre Amarela. Nos anos de 2017 e 2018, mais de 1.000 casos de Febre Amarela Silvestre e mais de 400 óbitos foram confirmados. No período de monitoramento entre julho de 2017 e abril de 2018, foram confirmados 1.127 casos de febre amarela e 328 óbitos. No mesmo período no ano anterior eram 691 casos e 220 óbitos. O Estado do Rio de Janeiro foi um dos estados brasileiros afetados pelo surto da Febre Amarela Silvestre, nestes anos. Entre julho/2016 a junho/2017 (1º ciclo) foram confirmados 28 casos humanos e destes 09 evoluíram a óbito (letalidade 32,1%), além de 216 epizootias em PNH envolvendo a morte de pelo menos 362 animais. A dinâmica da Febre Amarela está estritamente interligada com questões e aspectos do processo de globalização, sobretudo a migração de pessoas. Refletindo sobre a inserção da doença no território do Estado do Rio de Janeiro, observa-se que o Estado do Rio não era uma região endêmica de Febre Amarela em 2017, porém após o surto afetar as regiões de fronteira, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, como forma de prevenir a entrada da doença no Estado do Rio, a Vigilância epidemiológica iniciou uma estratégia de recomendação de vacinação a população das cidades dessas fronteiras antes mesmo de serem comprovados casos autóctones da doença. O que não impediu que o vírus de disseminasse pelo Estado, causando ao final do primeiro ciclo da doença (julho de 2016 à junho de 2017), 28 casos confirmados e 9 óbitos por Febre Amarela. Neste período várias intervenções foram feitas, tanto de órgãos nacionais quanto de órgãos internacionais. Como a decisão de fracionar as doses das vacinas, por exemplo. O Rio de Janeiro foi um dos estados brasileiros que adorou esta medida como estratégia emergencial de bloqueio da Febre Amarela. Um outro fator que está inteiramente ligado ao processo de globalização e que afetou a dinâmica da doença, sobretudo no Estado do Rio de Janeiro, agora relacionado ao desenvolvimento da tecnologia, é a forma como a comunicação é feita nos dias atuais. A velocidade da informação, pode ajudar, mas muitas vezes, atrapalhar também. Com o surgimento das fake News as campanhas de vacinação contra Febre Amarela, não tiveram tão boa adesão por conta das notícias que saiam sobre a vacina. As principais notícias falsas estavam relacionadas à dose fracionada da vacina, a possível forma de prevenir a doença por remédios naturais, como uso de própolis, por exemplo, e de que a vacina era muito perigosa e que poderia causar morte, em relação ao fracionamento, diziam que a vacina inteira é perigosa e que a dose fracionada é fraca.  Estas notícias e desinformação e a comunicação falsa, interferiram diretamente na cobertura vacinal da Febre Amarela no Brasil inteiro. Considerações finais: Após o exposto, é fácil notar a importância e influência do processo de globalização na saúde global, sobretudo na Saúde Pública. Neste texto o agravo enfatizado foi a Febre Amarela, apenas uma das doenças consideradas questão de Saúde Pública Mundial. Deve-se entender a saúde global como uma ideia de que a saúde da população deve se sustentar de forma coletiva internacionalmente, sem desconsiderar as especificidades locais.

10852 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE FEBRE AMARELA NO RIO DE JANEIRO DURANTE A EPIDEMIA DE 2017 E 2018
Mary Fonseca, Mercedes Neto, Camilly Novaes, Eliza Aguiar de Almeida, Julia Nascimento, Jessica Magalhães Assis, Andreza Silva de Oliveira, Reinaldo Santos

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE FEBRE AMARELA NO RIO DE JANEIRO DURANTE A EPIDEMIA DE 2017 E 2018

Autores: Mary Fonseca, Mercedes Neto, Camilly Novaes, Eliza Aguiar de Almeida, Julia Nascimento, Jessica Magalhães Assis, Andreza Silva de Oliveira, Reinaldo Santos

Apresentação: A Febre Amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetoresartrópodes e causada por um vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. Uma doença que rapidamente pode evoluir para óbito devido ao acometimento de sistemas urinário, hematológico e digestório. Cerca de 20 a 50% dos casos de formas graves e malignas da doença evoluem para óbito entre o 3º e 5º dia da doença. Frente a dificuldade de controlar epidemias e o impacto que elas causam na população brasileira, pesquisas assim, são de extrema importância para serem utilizadas como modelo e colaboram com desenvolvimento de estudos de doenças endêmicas, servindo de instrumento para criação e desenvolvimento de políticas públicas de saúde e também novas estratégias de controle e prevenção e ações de vigilância em saúde, de forma a prevenir o acontecimento de novos surtos/epidemias. Composição dos resultados de uma dissertação de mestrado onde foi feita uma análise da epidemia de Febre Amarela no Estado do Rio de Janeiro que ocorreu em 2017 e 2018. O estudo apresenta o perfil sociodemográfico e epidemiológico dos casos de Febre Amarela ocorridos neste local e período. Teve como objetivo descrever as características sociodemográficas epidemiológicas dos casos de Febre Amarela no Estado do Rio deJaneiro, durante a epidemia de 2017 e 2018. Desenvolvimento: Estudo do tipo ecológico, descritivo, a partir de dados secundários oriundos dos sistemas de informação – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, que demonstrará os dados sobre os casos notificados. A área de estudo compreendeu o Estado do Rio de Janeiro, localizado na Região Sudeste do Brasil, foi escolhido por suas características demográficas, urbanas, taxas de incidência de Febre Amarela e pela rápida disseminação do vírus no território, afetando regiões que antes, não eram consideradas endêmicas e nem ACRV ocorridos no território no período do surto, além de ser o local de origem da Universidade onde ocorreu apesquisa. O perfil sociodemográfico e epidemiológico foi traçado por meio dos dados obtidospelo SINAN, com as variáveis escolaridade, sexo, faixa etária, raça/cor, hospitalização, vacinados, desfecho em cura ou óbito e dados clínicos relacionados aos casos. Para tanto, foram organizados estes dados nos dois anos da epidemia – 2017 e 2018, para que acompreensão da mobilidade da doença no território possa ser comparada. Resultado: Em relação aos dados demográficos, a maioria dos casos em 2017 e 2018 são do sexo masculino com 78,40% (N=225) e 82,14% (N=23). No que tange a faixa etária, os idosos foram os mais atingidos, nos respectivos anos de 2017 e 2018, com 28,57% (N=8) e 25,26% (N=72) na faixa dos maiores de 60 anos. Destaca-se que, próximo a esta faixa etária, no período da meia idade, apenas ocorreram casos em 2018, com 20,35% concentrado na faixa de 50 a 59 anos. Na faixa de 40 a 49 anos há concentração de 21,43% (N=6) em 2017e 20,35% (N=58) em 2018. Sendo assim, compreender a possível associação do sexo masculino como maior incidência na população pode ser direcionado tanto para o turismo ecológico, quanto paraocupação. O fato de as pessoas residentes no território não serem vacinadas para Febre Amarela desde 1929, pode estar interligado com a faixa etária mais atingida pela epidemia de 2017 e 2018, que são as pessoas com mais de 60 anos, podendo também estarcorrelacionado a hesitação vacinal, falta de conhecimento da população em relação avacina e dos profissionais em relação as contraindicações da vacina para as pessoas commais de 60 anos. A hesitação vacinal, ou seja, o atraso em aceitar ou a recusa de vacinas recomendadas, apesar de sua disponibilidade nos serviços de saúde, vem ganhando espaço considerável epode estar gerando repercussões nas taxas de cobertura vacinal de várias vacinas pelomundo a partir do movimento antivacina e embasada no surgimento de fake News. Mais da metade dos casos tem registro ignorado para variável escolaridade, com 65,08% (N=205). Dentre os casos com registro desta variável, em relação ao ano de 2017, o percentual se equipara por concentrar apenas 09 casos. Já no ano de 2018, a maioria, com54,46% (N=55) foram os respectivos ao ensino fundamental. Nota-se uma negligência no preenchimento deste campo nas fichas denotificação/investigação da Febre Amarela, visto que a maioria dos casos foram preenchidos como ignorado (65,08%), porém, entre os registrados, 18,10% dos casosapresentaram nível fundamental nesta variável. Para saber o perfil epidemiológico da epidemia, identificou-se dentre os casosconfirmados e vacinados a relação com a hospitalização e o desfecho de cura ou óbito. Emrelação a hospitalização, 86,67% (N=273) dos acometidos pela Febre Amarela foramhospitalizados. Destaca-se que na variável vacinados, 21,90% (N=69) da população temregistro de vacinação, ou seja, mesmo com a vacina esta população adquiriu a doença. Relacionado ao desfecho, 66,35% (N=209) dos casos evoluíram para cura. Parte daspessoas que adquiriram a doença estudada evoluíram para óbito com causa básica de FebreAmarela, 30,79% (N=97). Ser vacinado é fator de proteção tanto para hospitalização quanto para óbito dos casosconfirmados da doença, ou seja, o caso de Febre Amarela vacinado tem 56% mais chancede não hospitalizar e 54% mais chance de cura da doença Febre Amarela. No que tange o perfil clínico dos casos de Febre Amarela, destacam-se distúrbios deexcreção renal, dor abdominal, sinais hemorrágicos, sinal de Faget, informações contidasna ficha SINAN deste agravo. Ao analisar os dados, foi identificado que houve 379registros de sinais e sintomas nos dados clínicos citados, sendo a dor abdominal o sintomacom maior percentual, 57,78% dos registrados no sistema de informação, e os sinais hemorrágicos foram os menos registrados, com 17,78%. Em relação a gravidade dossintomas da Febre Amarela, cerca de 90% dos casos da doença se manifestam com quadroclínico leve/moderado. No entanto, ao analisar as razões de chance dos casos que apresentaram estes agravos, sendo eles previamente vacinados, foi identificado proteção em todos exceto a dorabdominal, que no teste estatístico não houve significância. Dentre os agravos, as pessoasvacinadas apresentaram 2,57 a mais de proteção em relação aos distúrbios de excreçãorenal. Vale ressaltar que há proteção também em relação aos sinais hemorrágicos, sintomacomum a outras arboviroses. Considerações finais: Quando estas doenças se encontram em situação de epidemia, como foi a FebreAmarela no Estado do Rio de Janeiro no período de 2017-2018 há necessidade decompreender os determinantes e condicionantes deste agravo para planejar ações deprevenção e controle. Alguns fatores estão sob domínio de ação por parte da população e das equipes de saúde, em especial as equipes de saúde da família, e outros, por parte dosgovernos (municipal, estadual e federal) por meio da elaboração e execução das políticasde saúde. A vacina, quando não protege por completo, promove redução da gravidade da doença, e este estudo conseguiu demonstrar que ser vacinado é fator de proteção tanto parahospitalização, quanto para óbito dos casos confirmados da doença. A compreensão da dinâmica espaço temporal de doenças transmissíveis, sejam elasemergentes ou reemergentes são de grande importância para saúde pública de um país, eque neste estudo produziu contribuições para saúde coletiva e para a Enfermagem.

10866 PROJETO DE APRIMORAMENTO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Agnes Nogueira Gossenheimer, Rodrigo Prado da Costa, Cleonice Lisbete Silva Gama, Ana Paula Rigo, Paula Stoll, Roberto Schneiders, Gabriela Cristina Schmitt, Simone de Fatima Pacheco do Amaral

PROJETO DE APRIMORAMENTO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autores: Agnes Nogueira Gossenheimer, Rodrigo Prado da Costa, Cleonice Lisbete Silva Gama, Ana Paula Rigo, Paula Stoll, Roberto Schneiders, Gabriela Cristina Schmitt, Simone de Fatima Pacheco do Amaral

Apresentação: A Coordenação da Política Estadual da Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (CPAF/SES (RS)) iniciou em 2019 o processo de planejamento de suas ações para o quadriênio 2020 - 2023. Será relatada neste trabalho a experiência de priorização de ações elencadas por diferentes atores e a apresentação do planejamento programado para os próximos anos. O processo de planejamento das ações da Assistência Farmacêutica do Estado do Rio Grande do Sul para o quadriênio 2020-2023 iniciou com a inclusão do Projeto de Aprimoramento da Assistência Farmacêutica como projeto prioritário no Estado. Como projeto prioritário e agregador ele seguiu  algumas diretrizes de planejamento requeridas pela Gestão da Secretaria de Estado da Saúde (SES (RS)). Inicialmente, foram definidos os objetivos e os escopos para cada ação estratégica do Projeto. Posteriormente, foi apontado o orçamento necessário para a execução das ações para os próximos quatro anos. Para estabelecimento das ações, foram consultadas as  necessidades apresentadas pelos municípios do Estado, por meio dos Relatórios Regionais, acessados pelo portal BI Saúde Estadual. As necessidades emergiram a partir das questões: “Quais as necessidades da região de saúde que você identifica enquanto Setor/Política a partir da análise situacional?”, e “Quais ações ou serviços de saúde podem suprir a necessidade identificada?”. Após, todos os relatórios que continham necessidades relacionadas à Assistência Farmacêutica  foram analisados utilizando a metodologia de análise de conteúdo, categorizando as necessidades encontradas e pensando em estratégias relacionadas à Coordenação da Política Estadual da Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (CPAF (RS)). Além da categorização, foi verificada a frequência de cada uma das categorias emergidas e criada uma ordem de prioridades das necessidades. Além da verificação da frequência, também foram pensadas as ações que a Coordenação da Política da Assistência Farmacêutica poderia estar propondo. As Regiões de Saúde estão agrupadas em  19 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). Dessas, apenas 12 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) apresentaram necessidades relacionadas à Assistência Farmacêutica., Foram elencadas 69 necessidades no total, com uma média de 5,75 por Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). As duas CRS que passaram pelo processo de Planificação no ano de 2019 apresentaram 9 necessidades cada. Os pontos mais citados foram: 1) Relação Municipal de Medicamentos (REMUME), seja sua criação ou atualização, e também a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT); 2) A estrutura física relativa à guarda de medicamentos e às farmácias das Regionais e dos municípios; 3) Educação permanente, principalmente, em gestão da Assistência Farmacêutica e Cuidado Farmacêutico; 4) Judicialização de medicamentos e de como o município pode responder aos processos, e  5) Fornecimento dos medicamentos, sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Também foram elencados: Processos de trabalho, Cuidado Farmacêutico, Profissionais de nível técnico para dispensação, Fitoterápicos e Acesso dos usuários. Diante dos pontos levantados a respeito das necessidades das Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), agregando aos projetos de inovação já iniciados pela Coordenação da Política Estadual da Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (CPAF (RS)), foi criado um Projeto Agregador intitulado Aprimoramento da Assistência Farmacêutica no RS, que tem três subprojetos estratégicos: a) Promoção do acesso a medicamentos padronizados de responsabilidade estadual; b) Fomento à implantação do Cuidado Farmacêutico no RS, e c) Qualificação da Gestão da Assistência Farmacêutica no RS. Como objetivos do projeto relacionado ao acesso dos medicamentos foram definidos: Qualificar a seleção de medicamentos por meio da atuação da Comissão de Farmácia e Terapêutica e Elaboração da Relação Estadual de Medicamentos; Adquirir medicamentos padronizados de responsabilidade de financiamento estadual; Qualificar o acesso a medicamentos padronizados de responsabilidade estadual;  Utilizar inovação tecnológica para qualificação do acesso a medicamentos de responsabilidade estadual; Melhorar os fluxos de informação para profissionais de saúde e a população em geral; Monitorar o acesso da população a medicamentos padronizados no SUS, em programas específicos; e, Monitorar o financiamento para aquisição de medicamentos. Ações como a criação da CFT do Estado foi instituída por meio da  Portaria SES (RS) nº 766/2019 . O início do processo de elaboração da Relação de Medicamentos do Estado (REME) também denota avanço na direção de concretização das ações. O Projeto de fomento à implantação do Cuidado Farmacêutico iniciou com o diagnóstico situacional nas CRS e nos Municípios do RS, além da construção de um Programa de Educação Permanente em parceria com a Escola de Saúde Pública do Estado do RS (ESP (RS)). A qualificação da Assistência Farmacêutica será realizada por meio de avaliação e reorganização da estrutura e processos de trabalho, e do uso de inovações tecnológicas para gerenciamento, monitoramento e avaliação das ações. Além disso, será realizado apoio técnico ao território para qualificação dos serviços em Assistência Farmacêutica. Das 10 categorias de necessidades levantadas dos relatórios das Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), muitas dizem respeito aos processos de trabalho de cada município e suas dificuldades de gestão local. Verifica-se, no entanto,  que o Estado teria governança para fomentar a elaboração e criação da Relação Municipal de Medicamentos e Comissão de Farmácia e Terapêutica, fornecendo qualificação técnica e apoio para a gestão do serviço e diagnóstico nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) e municípios para avaliar as principais demandas do território, de forma ativa e propositiva. Em relação à estrutura física, uma das necessidades citadas, o Estado tem condições de instruir os municípios quanto à participação em editais que fomentem esse aspecto e necessidade, dando suporte técnico aos mesmos. Em relação ao eixo do Cuidado Farmacêutico, o Estado buscará fomentar a implantação de modelos de Cuidado pelos municípios, contribuindo com a formação e o fornecimento de materiais sobre implantação e serviços clínicos. A próxima etapa do Planejamento é a aprovação orçamentária e a sensibilização dos gestores municipais para a importância da qualificação da Assistência Farmacêutica no Estado. Parcerias estão sendo criadas com conselhos e entidades da área da Farmácia e da Saúde para apoiar o projeto e sua interface com os municípios. Também está programada uma fase de pesquisa com o usuário e sua percepção sobre as expectativas em relação ao Cuidado Farmacêutico e  o acesso aos medicamentos.

10870 HÁ RELAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES ONCOLÓGICOS CIRÚRGICOS?
Rosana Amora Ascari, Daniela C Carla Alberti, Emanuela Medeiros Schirmer

HÁ RELAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES ONCOLÓGICOS CIRÚRGICOS?

Autores: Rosana Amora Ascari, Daniela C Carla Alberti, Emanuela Medeiros Schirmer

Apresentação: A depleção nutricional é um problema corriqueiramente encontrado em pacientes com câncer e está associada a um desfecho desfavorável. Pacientes com tumores gastrointestinais submetidos a procedimentos cirúrgicos apresentam alta prevalência de desnutrição, devido à redução da ingestão de alimentos e o aumento do gasto de energia, associados ao estresse cirúrgico, que resultam na deterioração do estado nutricional. A avaliação nutricional, além de identificar possíveis carências nutricionais, permite orientar o paciente para evitar complicações futuras relacionadas à desnutrição, diminuindo os efeitos colaterais do tratamento e influencia positivamente na redução da morbimortalidade, auxiliando na redução do tempo de internação. Objetivo: Identificar na literatura científica se há relação dos parâmetros bioquímicos com o estado nutricional em pacientes com câncer do trato gastrointestinal. Método: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura desenvolvida em abril de 2019 nas bases de dados SCOPUS (Elsevier); PubMed Central® (PMC) e Biblioteca Cochrane: Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme). A busca nas bases de dados foi realizada pela associação dos descritores em português “Neoplasia Gastrointestinal” e “Estado Nutricional” e “Análise química do Sangue” e em inglês “Gastrointestinal Neoplasm” AND “Nutricional Status” AND “Blood Chemical Analysis” com auxílio do Programa Academical após validação de protocolo por pesquisadores externos ao estudo. Considerou-se como critérios de inclusão os textos publicados no período de abril de 2014 à março de 2019, em português, inglês e espanhol; publicação nacional e internacional na forma do artigo científico; disponíveis eletronicamente, gratuitos e que abordassem a relação dos parâmetros bioquímicos com o estado nutricional em pacientes cirúrgicos com câncer gastrointestinal. Por caracterização, a neoplasia maligna do trato gastrointestinal pode ocorrer no esôfago, estômago, intestino delgado, vesícula biliar, fígado, pâncreas, cólon e reto. Resultado: A busca resultou em 147 artigos sendo assim distribuídos: SCOPUS (n-23); PubMed (n-59) e BVS (n-65). Após análise sete estudos foram incluídos nesta revisão. Identificou-se a utilização de 22 diferentes parâmetros bioquímicos capazes de avaliar o estado nutricional de pacientes cirúrgicos com câncer gastrointestinal, a saber: Albumina, Alfa 1 Glicoproteína ácida, Células TCD3, Células TCD4, Células TCD4+TCD8, Células TCD8, Colesterol, Contagem total de linfócitos (CTL), Modified Glasgow Prognostic Score/Escore Prognóstico de Glasgow modificado (mGPS), Fator de Necrose Tumoral (TNF), Ferritina, Interleucina-6, Inflammatory Nutritional Index/Índice Inflamatório Nutricional (INI), Onodera Prognostic Nutritional Index/ Índice Nutricional Prognóstico de Onodera (mPNI), C-Reactive Protein/Albumin ratio/Relação proteína C-reativa / albumina. Índice Prognóstico Inflamatório e Nutricional - adaptado (mPINI), Linfócitos, Neutrófilos, Pré-albumina, Proteína C Reativa (PCR), Proteínas Totais, Neutrophil/Lymphocyte Ratio/Razão de Neutrófilo/Linfócito (NLR) e Transferrina. Salienta-se a albumina, uma proteína plasmática que foi estudada em todos os trabalhos inclusos nesta revisão, fato que lhe caracteriza como um marcador de avaliação do estado nutricional. No que concerne a avaliação dos parâmetros bioquímicos e sua relação com o estado nutricional, um estudo evidenciou que os marcadores inflamatórios INI (p=0,026), mPINI (p=0,026) e a albumina (p=0,015) se associaram significativamente às categorias da Avaliação Subjetiva Global Produzida pel P´roprio Paciente (ASG-PPP), porém não houve associação estatisticamente significativa encontrada entre a ASG-PPP e os marcadores mGPS (p=0,090), NLR (p=0,432) e mPNI (p=0,417). De acordo com as categorias da ASG-PPP, 71,5% dos pacientes encontravam-se com algum grau de desnutrição, dos quais 38,6% estavam com desnutrição grave; sendo que destes 58,6% e 55,7% dos pacientes apresentavam pior prognóstico de acordo com o mGPS e o INI, respectivamente. A hipoalbuminemia e níveis elevados de PCR também se associaram significativamente ao estado nutricional. Analisando os dados laboratoriais de albumina e transferrina, outro estudo apresentou diferenças estatisticamente significativas entre os níveis séricos médios de Albumina e Transferrina em relação a classificação do estado nutricional pela ASG, sendo que os pacientes gravemente desnutridos (ASG-C) foram os que apresentaram menores níveis séricos de albumina e transferrina, seguidos pelos moderadamente desnutridos (ASG-B) e os bem nutridos (ASG-A). Ainda, foram identificados resultados significativos no que se refere ao % de perda de peso (%PP), sendo correlacionado com o valor sérico de PCR (p=0,002), PCR /relação albumina (p=0,002), PINI (p= 0,002) e escore de Glasgow (p=0,000). Da mesma forma, outro estudo demonstrou associações estatisticamente significativas entre % PP e marcadores inflamatórios NLR, mPINI e INI. Pacientes que perderam 5% ou mais de seu peso habitual, apresentaram valores significativamente menores de IMC, CB, CMB, hemoglobina e albumina. O estado inflamatório evidenciado por níveis elevados de PCR e redução de níveis de albumina foram associados a um desfecho clínico desfavorável e óbito, assim como, o comprometimento nutricional observado pela ASG, também teve associação significativa com mortalidade. Além destes, o escore de Prognóstico de Glasgow e o Índice Prognóstico Inflamatório e Nutricional, foram associados à ocorrência de complicações e maior incidência de morte. Três estudos identificaram a presença de complicações pós-operatórias, no entanto, somente dois estudos as descrevem, a saber, infecção de ferida operatória, fístula de anastomose e evisceração, complicações infecciosas, hemoperitôneo, abscesso intra-abdominal e deiscência de sutura. O tempo médio de internação em dias foi acompanhado em três estudos, variando entre oito (8) e 17 dias. Dessa forma, o suporte nutricional antes da cirurgia, favorece a recuperação pós-operatória mais rápida e redução dos custos hospitalares. Pacientes candidatos a cirurgia e que possuem risco nutricional podem se beneficiar com a suplementação pré-operatória, no que diz respeito ao estado nutricional, condição imunológica após a cirurgia e consequente redução no custo médio de internação e hospitalização.  Considerações finais: Observou-se que o estado nutricional prejudicado pode influenciar negativamente no desfecho pós-operatório. Foi possível confirmar a associação entre os parâmetros bioquímicos e o estado nutricional, mensurado através de diversos instrumentos, como ASG-PPP, % de perda ponderal e variáveis antropométricas. Como descrito pelos estudos, alterações negativas nesses parâmetros podem interferir na recuperação pós-operatória e no seguimento do tratamento oncológico. Vale salientar, que os achados evidenciam parâmetros bioquímicos de forte ligação com variáveis antropométricas e subjetivas, fato este, que colabora para a identificação precoce de pacientes em risco nutricional, favorecendo a antecipação da terapia nutricional especializada e prevenindo complicações futuras.  Diante do exposto, e cientes da relevância da avaliação dos parâmetros bioquímicos para o diagnóstico nutricional, é aconselhável que o monitoramento dos mesmos possa ser realizado pela equipe de saúde, em especial, pelo nutricionista, objetivando prevenir a desnutrição, evitando desfechos desfavoráveis e dessa forma, proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes cirúrgicos com câncer gastrointestinal.

11090 DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO EM MARISQUEIRAS DE UMA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS EM SERGIPE
Flavia Ellen Passos Linhares, Caio Vitor Cardoso Vasconcelos, João Batista Cavalcante Filho, Monique Lordelo da Silva de Santana, Eric Conceição Jardim

DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO EM MARISQUEIRAS DE UMA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS EM SERGIPE

Autores: Flavia Ellen Passos Linhares, Caio Vitor Cardoso Vasconcelos, João Batista Cavalcante Filho, Monique Lordelo da Silva de Santana, Eric Conceição Jardim

Apresentação: No decorrer de um projeto de extensão com foco no diagnóstico e assistência à saúde em realização na Ilha Mem de Sá, localizada no município de Itaporanga/Sergipe, cuja população feminina, em grande parte, trabalha ou trabalhou como marisqueira/ pescadora artesanal, observou-se dentre as principais queixas aquelas relacionadas aos distúrbios musculoesqueléticos decorrentes do trabalho. São queixas que apresentam correlação com a atividade laboral, que desde a coleta ao beneficiamento dos mariscos, envolve sobrecarga muscular notória. No Brasil, as doenças osteomusculares representam parte significativa das doenças ocupacionais registradas. Este número crescente representa um desafio para o Sistema Único de Saúde, especialmente no cuidado dos trabalhadores informais, que não têm acesso às políticas de proteção ao trabalhador ou são alvo de ações de prevenção, tratamento e reabilitação. 6 O impacto do adoecimento na subsistência dessa população evidencia a necessidade de compreender as particularidades do seu processo de trabalho e identificar os fatores que influenciam e determinam seu adoecer para elaborar estratégias qualificadas de intervenção. Diante disto, o presente trabalho tem como objetivo analisar o impacto do processo de trabalho e das relações sociais de produção no adoecimento, especificamente nos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT, das catadoras de mariscos de uma comunidade de pescadores artesanais localizada no município de Itaporanga- SE. Desenvolvimento: O presente trabalho consiste em um estudo de abordagem quantitativa, descritiva e transversal. Foram coletados, através de questionário específico, dados de identificação, comorbidades, tempo de trabalho como marisqueira, jornada de trabalho e presença de queixas musculoesqueléticas atuais. Foram incluídas nesta etapa todas as marisqueiras com gt; 18a, com ao menos 1 ano de trabalho na área. História recente de trauma em membro superior foi critério de exclusão. Foram calculadas as medidas de tendência central e dispersão, e a análise feita através do programa Microsoft Excel. A aplicação dos questionários ocorreu durante visitas domiciliares à amostra de 25 marisqueiras (dentre 33 identificadas com o apoio de agentes de saúde locais) da Ilha Mém de Sá, Sergipe, Brasil. Resultado: foi encontrada uma prevalência de 88% de queixas em membro superior. Distúrbios musculoesqueléticos foram, também, a principal causa de afastamento temporário do trabalho no momento das entrevistas (71,42%). A jornada de trabalho diária variou de 10 a 16h, dividida nas etapas de transporte, coleta dos mariscos e beneficiamento. Na amostra, 4 marisqueiras relataram utilizar barco a motor e as demais referem uso do barco a remo para o trabalho. O tempo relatado de deslocamento a barco variou de 1 a 3h por dia. Todas, contudo, relataram dificuldades para estimar o tempo despendido em cada etapa do trabalho. 56% iniciou o trabalho como marisqueira antes dos 16 anos. Dentre os riscos evidenciados nas perguntas referentes à caracterização do trabalho, evidenciou-se o uso do fogão a lenha por maior parte da amostra, exposição esta que se relaciona com a cronificação de problemas respiratórios. 84% referiu uso regular de luvas, roupas longas e “propés” adaptados por elas mesmas como equipamentos de proteção. 44% nega qualquer uso de protetor solar ou repelente, as demais referiram uso irregular conforme disponibilidade. 3 das entrevistadas referem, ainda, uso atual ou prévio de querosene para proteção contra insetos; substância com relação comprovada à enfermidades dermatológicas, hematológicas e respiratórias. No Brasil, as doenças osteomusculares representam parte significativa das doenças ocupacionais registradas, sendo a segunda maior causa de afastamento do trabalho em 2017. Neste ano, foram concedidos 39.425 auxílio-doença acidentários por “Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (CID M00-M99)”; 20,6% do total (191.118) de auxílios concedidos. Existem poucos estudos, contudo, que avaliam essa prevalência de doenças em trabalhadores informais, à exemplo das marisqueiras. Os dados oficiais no Brasil se referem apenas aos trabalhadores de carteira assinada, que representam menos de ⅓ da população economicamente ativa. Há também o problema do subdiagnóstico, pois os trabalhadores costumam buscar atendimento apenas após muito tempo do início dos sintomas Apesar da importância econômica da pesca artesanal, grande parte dos pescadores artesanais no mundo vive próximo ou abaixo da linha da pobreza, e são ainda insuficientes as políticas públicas para redução das iniquidades. O produto final do trabalho é vendido a atravessadores e comerciantes abaixo do valor de mercado, o que decorre das dificuldades de armazenamento e necessidade de venda imediata. 1 Em relação à proteção social destes trabalhadores, em 2003 ocorre a criação do seguro defeso (Lei No 10779/03), que garante a remuneração dos pescadores durante o período do ano referente a reprodução das espécies, quando estão impedidos de realizar seu trabalho. Apenas em 2009, com a criação do registro geral da pesca (Lei 11959/09), é ampliado o acesso aos direitos trabalhistas, como o direito a aposentadoria com tempo de contribuição reduzido, ao seguro defeso e ao benefício previdenciário para acidentes de trabalho. As múltiplas dificuldades ainda existentes para o acesso ao direito alcançado, associado à ausência de férias, descanso semanal remunerado, ao baixo preço pago pela mercadoria e à precariedade da proteção à saúde dos trabalhadores informais, representam importantes fatores agravantes do risco de adoecimento nas marisqueiras/ pescadoras artesanais. As condições econômicas precárias desses grupos impõem ritmos extenuantes mesmo quando já em situações de adoecimento, como forma de garantir a renda familiar e sob o risco de comprometimento da segurança alimentar caso optem pelo descanso. Considerações finais: O presente estudo reforça, através da alta prevalência de distúrbios osteomusculares na amostra, e dos consequentes afastamentos ou reduções da jornada de trabalho, o alto custo social e econômico destas queixas nas marisqueiras; assim como o grande impacto das características do trabalho no adoecimento. Apesar dos recentes avanços na seguridade social para estes trabalhadores, o alto impacto do adoecimento na subsistência e a complexidade dos fatores a este associados demonstram a necessidade de investimentos em políticas públicas voltadas para prevenção dos agravos, assistência e reabilitação através de abordagem multiprofissional, envolvendo atores sociais múltiplos. A amostra estudada representa uma pequena parte da população de marisqueiras de Sergipe, o que consiste em uma limitação do estudo. Dispor destes dados pode contribuir, contudo, para o desenvolvimento e aprimoramento de políticas públicas específicas que ampliem a proteção das trabalhadoras e trabalhadores da pesca artesanal, o que reforça a importância do estudo e a necessidade de ampliar a população estudada. A execução desta pesquisa proporcionou aos estudantes/participantes vivência na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, e demonstrou o papel social da Universidade Federal de Sergipe junto à comunidade onde está inserida.

9873 A COMPOSIÇÃO DE UM GRUPO INTERPROFISSIONAL, INTERORGANIZACIONAL E COM DIFERENTES IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA: POTÊNCIAS E DESAFIOS
Flávio Borges, Cinira Magali Fortuna, Adriana Barbieri Feliciano, Márcia Niituma Ogata, Mônica Vilchez da Silva, Angelina Lattiere Viana, Leandra Andréia de Sousa, Siliani Martinelli

A COMPOSIÇÃO DE UM GRUPO INTERPROFISSIONAL, INTERORGANIZACIONAL E COM DIFERENTES IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA: POTÊNCIAS E DESAFIOS

Autores: Flávio Borges, Cinira Magali Fortuna, Adriana Barbieri Feliciano, Márcia Niituma Ogata, Mônica Vilchez da Silva, Angelina Lattiere Viana, Leandra Andréia de Sousa, Siliani Martinelli

Apresentação: Há algum tempo, parte desse grupo de pesquisadores desenvolve projetos de pesquisa na perspectiva de apoiar a articulação do desenvolvimento de ações direcionadas ao fortalecimento do trabalho em saúde realizado por apoiadores de humanização e articuladores de Educação Permanente em Saúde (EPS) de vinte e quatro (diferentes) municípios que compõem uma região de saúde do Estado de São Paulo. Ou seja, tem-se buscado pela integração concreta entre ensino-serviço, articulando as nossas contribuições acadêmicas e de experiência profissional ao encontro do conhecimento e prática realizados pelos profissionais de saúde, com a intenção de potencializar as ações de apoio e articulação de EPS desenvolvidas por eles em seus respectivos municípios. Exemplos dessas ações são evidenciadas nas produções e relatórios científicos dos três últimos Projetos de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), os quais parte dos pesquisadores deste trabalho participaram e, atualmente, foram contemplados com o financiamento do edital PPSUS em parceria entre Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP – Processo nº 2019/03848-7), Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES), Ministério da Saúde (MS) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto em vigência e intitulado “Contribuições da pesquisa-ação para o desenvolvimento de práticas profissionais em Educação Permanente em Saúde e apoio institucional: pesquisa intervenção” (processo FAPESP nº 2019/03848-7) conta com 18 membros pesquisadores (sete professores de três Universidades diferentes; três doutorandas e quatro mestrandas de dois programas diferentes; duas apoiadoras de humanização e articuladores de EPS de municípios distintos e três profissionais vinculadas à Secretaria Estadual de Saúde e que atuam em funções diferentes). A diversidade na composição desse grupo de pesquisa é foco dessa produção, pois perpassa pelas potências e desafios na composição de um grupo interprofissional, interorganizacional e com desejos, expectativas e demandas de trabalho e tempos diferentes – que, segundo o referencial teórico e metodológico da Análise Institucional, chamaremos de implicações – as relações que este coletivo estabelece com a pesquisa em questão. Portanto, essa produção tem por objetivo analisar as potências e os desafios na composição desse grupo e suas diferentes implicações no desenvolvimento de uma pesquisa. Desenvolvimento: Antes de iniciar a conformação desse grupo de pesquisadores, foi enviado pela coordenadora do projeto um convite aos apoiadores de humanização e articuladores de EPS com o intuito de consultá-los sobre o interesse em comporem o grupo de pesquisa e, uma vez que o desenho se tratava de uma pesquisa-ação como uma estratégia de pesquisa-intervenção. Dessa consulta, duas apoiadoras aceitaram o convite. Somado a elas, o grupo foi composto por pesquisadores já experientes em projetos de pesquisa desse escopo e por novos integrantes que se encontram inseridos em atividades da pós-graduação. A partir de então, iniciamos o processo de pactuação para o desenvolvimento das atividades do projeto com os gestores, apoiadores de humanização, articuladores de EPS dos 24 municípios que compõem o Departamento Regional de Saúde III – Araraquara e a equipe de pesquisadores. Resultado: – Ao depararmos com a composição de um grupo de trabalho grande e diverso, encontramos também dificuldade em estabelecer uma agenda conjunta para a realização do planejamento e desenvolvimento das ações previstas no projeto com todos os envolvidos. Tal dificuldade, associada à perspectiva interprofissional e interorganizacional na composição desse grupo, revelou-se um vultuoso desafio no desenvolvimento da pesquisa, colocando em evidência as diversas implicações desses pesquisadores com a pesquisa.Ora, ao mesmo tempo em que um trabalho interprofissional carrega consigo a potência dos múltiplos olhares em prol de uma determinada ação, ele também abarca a dificuldade em lidar com essas diferenças, provenientes das diversas perspectivas de desenvolvimento do trabalho em saúde e da bagagem teórico-prática que cada sujeito traz consigo nesse processo. Contudo, é inegável o quanto a criatividade, a partilha de tarefas e a diminuição da sobrecarga de trabalho sobre determinadas pessoas ocorrem quando o trabalho é desenvolvido por uma equipe interprofissional, na qual todos se encontram efetivamente inseridos no processo de trabalho. Não há como não apontar para os atravessamentos diários que cada sujeito enfrenta, pois são inúmeras instituições que atravessam o planejamento diário das atividades e que acabam tangenciando e direcionando as ações a partir daquilo que é possível ou factível. Exemplos de instituições como família, namoro/casamento, trabalho que ora ou outra interferem no planejamento cotidiano daquilo que estava previsto, influenciando diretamente na condução de um trabalho coletivo como neste projeto. Assim, outro desafio se coloca - respeitar as singularidades e reconhecer todos os atravessamentos da vida cotidiana desse grupo. Consiste em compreender os movimentos sem estagnar o andamento da pesquisa devido as ações ou reações identificadas como pouco potentes para o andamento da mesma.Outro enfrentamento vivenciado consiste na dificuldade de democratizarmos a participação dos 18 pesquisadores enquanto atores efetivos no desenvolvimento da pesquisa, não conferindo papéis coadjuvantes e encorajando àqueles que permanecem no “anonimato” em compor o grupo de maneira pró-ativa, sem adotarmos uma postura de cobrança. Não temos a ilusão de que, em um grupo, todos ocuparão um papel protagonista ao mesmo tempo e em determinada função. Contudo, sabemos que a pró-atividade e o protagonismo é diverso e permeia as inúmeras ações e funções que compõem o desenvolvimento de um projeto. E por último, o desafio de coordenar um projeto desse escopo, com um grupo tão diverso e, mesmo assim, respeitar a construção coletiva e as implicações dos pesquisadores sem desenvolver um papel centralizador ou que se assemelhe à lógica hierarquizada das pesquisas tradicionais onde o coordenador é aquele quem “manda e desmanda” no trajeto e nas ações da pesquisa. Essa perspectiva aponta para a potencialidade de uma gestão do processo de trabalho que se aproxima de uma perspectiva cogestora, o que é algo bastante interessante em se tratando da condução de projetos de pesquisa dessa natureza. Considerações finais: Diante dos apontamentos realizado em relação aos desafios e potências no desenvolvimento de um projeto de pesquisa, com um grupo de trabalho interprofissional e interorganizacional, identificamos  que esse é um processo rizomático que não possui um caminho linear a ser percorrido, mas com inúmeras travessas, esquinas, percursos e decisões a serem feitas durante a trajetória. O impacto dos atravessamentos cotidianos e a forma de lidar com eles, das implicações no desenvolvimento da pesquisa, da riqueza e dos desafios do trabalho interprofissional, da dificuldade em democratizar a participação de todos os pesquisadores e o caminho na direção de um processo de gestão compartilhada da coordenação de um projeto de pesquisa são algumas das nuances que permeiam o desenvolvimento de uma pesquisa envolvendo um número grande e diverso de pesquisadores. Tal experiência nos faz refletir sobre a inexistência de uma fórmula pronta, capaz de ser replicada nos diferentes projetos a serem desenvolvidos, pois cada grupo é singular e atravessa um momento específico e possivelmente mutável. Contudo, tal fato é capaz de ofertar uma experiência ímpar no desenvolvimento de pesquisas desse escopo, encorajando-nos a acreditar na potência do trabalho coletivo e na permanência de sua utilização em outras esferas do cotidiano do trabalho desenvolvido por todos.