395: Interprofissionalidade no cuidado em saúde
Debatedor: Alice Medeiros Lima
Data: 29/10/2020    Local: Sala 12 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
11377 REPERCUSSÕES DA VIOLÊNCIA PARA A SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Tatiana Cabral da Silva Ramos, Caroline do Nascimento Leite, Elias Barbosa de Oliveira, Bruna Lopes Saldanha

REPERCUSSÕES DA VIOLÊNCIA PARA A SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Tatiana Cabral da Silva Ramos, Caroline do Nascimento Leite, Elias Barbosa de Oliveira, Bruna Lopes Saldanha

Apresentação: A Estratégia Saúde da Família (ESF), como parte da Rede de Atenção à Saúde (RAS) é considerada a principal porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS), cujo atendimento do usuário tanto no âmbito da unidade quanto em domicílio, inicia-se com o ato de acolher e oferecer resposta resolutiva para os problemas de saúde. Cabe salientar que existe uma lacuna entre a motivação da busca pelo serviço de saúde e as demandas que precisam ser resolvidas pelos profissionais. Ou seja, a relação entre os desejos profissionais e dos usuários nem sempre se estabelecem por interseções, ocasionando conflitos, por vezes, de difícil resolução. A ausência de uma escuta negociadora aliada à cultura da violência, estabilizada na sociedade, pode caracterizar terreno fértil para a eclosão da violência no trabalho e consequências para os profissionais e o cuidado realizado. Este estudo teve como objetivo identificar a ocorrência da violência na Estratégia de Saúde da Família, descrever as estratégias de defesa adotadas pelos trabalhadores da saúde da Estratégia de Saúde da Família frente à violência e discutir as repercussões da violência para a saúde mental dos trabalhadores e o acolhimento aos usuários do serviço.  Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório cujo campo foi uma unidade de Estratégia de Saúde da Família situada no município do Rio de Janeiro, envolvendo 27 trabalhadores da saúde. As entrevistas foram realizadas na unidade e gravadas após a autorização pelo Comitê de Ética em Pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido no primeiro semestre de 2018. Trabalhou-se com a técnica de análise de conteúdo temática, sendo os resultados discutidos à luz da Psicodinâmica do trabalho. Identificou-se a violência psicológica perpetrada por usuários através de ameaças, xingamentos e intimidações e a urbana com a exposição dos profissionais a tiros, assaltos e brigas durante as visitas domiciliares. Dentre as estratégias adotadas verificou-se o silêncio, a resignação, a banalização e fuga entre outros, ocasionando repercussões na saúde mental dos trabalhadores e prejuízos para a qualidade do atendimento uma vez que a ausência de segurança no território, além de gerar medo e restringir o acesso ao local de trabalho, interfere na realização das atividades, refletindo na subjetividade do trabalhador, sua satisfação e motivação, ocasionando o sofrimento psíquico identificado através de expressões de medo, insegurança e ansiedade. Concluiu-se que a violência causa riscos à integridade física e psíquica dos trabalhadores, amplia as taxas de absenteísmo por motivos diversos e a rotatividade desses profissionais em decorrência de problemas de ordem física e mental. Além disso, compromete sobremaneira a qualidade do atendimento prestado aos usuários dos serviços de saúde. Sendo assim, dar visibilidade a essa problemática se faz necessário. É imprescindível que haja intervenções por parte da ESF, como notificação da violência e treinamento das equipes, de modo a manter a saúde do grupo e a qualidade do cuidado e acolhimento.

9710 CUIDADOS FARMACÊUTICOS NA ATENÇÃO BÁSICA: PROMOVENDO O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO DE CANOAS (RS)
Maracely Farias Ataíde

CUIDADOS FARMACÊUTICOS NA ATENÇÃO BÁSICA: PROMOVENDO O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO DE CANOAS (RS)

Autores: Maracely Farias Ataíde

Apresentação: O presente trabalho tem o objetivo de promover o Uso Racional de Medicamentos no município de Canoas, através da implementação do Programa Cuidados Farmacêuticos nas Unidades de Saúde. A criação do serviço foi feita pelo Ministério da Saúde, com o intuito de reduzir os malefícios para a saúde da população decorrentes do mau uso dos medicamentos. Acarretados devido a indústria farmacêutica e setores de comercialização darem enfoque ao medicamento como mercadoria e produto de elevado retorno financeiro, levando os pacientes a cultura de automedicação e mau uso dos medicamentos, causando sérios problemas de saúde a população. O farmacêutico na Atenção Básica (AB) é o profissional habilitado a oferecer suporte técnico as equipes de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, entre outros) e usuários em temáticas relacionadas a utilização de medicamentos. Nesse sentido, é de evidente importância a atuação do farmacêutico para minimizar os riscos relacionados a utilização de medicamentos na AB: a sensibilização das equipes de saúde sobre o tema, a educação em saúde para os pacientes, bem como o apoio às equipes de saúde na solução de casos clínicos complexos de problemas relacionados a farmacoterapia. Esse artigo tem o intuito de demonstrar os impactos do URM na saúde da população de Canoas com a implementação do serviço Cuidado Farmacêutico integrado as equipes de saúde da AT. Desenvolvimento:  O trabalho está em andamento, e teve início de sua implementação nas Unidades de Saúde do quadrante nordeste em setembro de 2019. As seguintes ações foram realizadas pelo farmacêutico de forma integrada as equipes de saúde:-Sensibilização e capacitação das equipes de saúde para o URM;-Encaminhamento pela equipe de pacientes com casos clínicos complexos que envolvam problemas na farmacoterapia para fazerem acompanhamento farmacoterapêutico feito pelo farmacêutico;-Visitas Domiciliares para os pacientes encaminhados pelas equipes para acompanhamento farmacoterapêutico feito pelo farmacêutico;-Atendimento clínico individual ou coletivo pelo farmacêutico na Unidade para acompanhamento farmacoterapêutico;-Educação em Saúde sobre URM nos grupos de pacientes das Unidades;-Formação do Grupo: Roda de Conversa sobre Medicamentos, onde são abordadas temáticas sobre URM e em parceria com os agentes de saúde são aplicadas as Práticas Integrativas e Complementares para reduzir a medicalização.   IMPACTOS NA SAÚDE DA POPULAÇÃO Dos pacientes acompanhados pelo farmacêutico no programa 100 % teve melhora no seu quadro clínico. Os resultados são avaliados pelas melhoras dos índices de pressão arterial e glicose, através de planilhas de monitoramento entregues aos pacientes e através da análise dos resultados de exames dos pacientes. O tempo de resposta de melhora do quadro clínico variou para cada paciente. Sendo que 40 % tiveram melhoras em seu quadro dentro de 15 dias, 40 % dentro de 30 dias e 20 % dentro de 60 dias. Considerações finais:  Após a implementação do serviço Cuidado Farmacêutico, os pacientes acompanhados têm tido significativas melhoras no seu quadro clínico através do Uso Racional de Medicamentos. Faz-se necessária a implementação do Programa em todos os quadrantes do município.

9875 A IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO COMO VÍNCULO ENTRE OS DISCENTES E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SÁUDE
laura almeida matos, kethleen lima ramos, kamille lima antony, Geovana Faba da Silva, Igor de Oliveira Reis, déborah olenka silva travassos

A IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO COMO VÍNCULO ENTRE OS DISCENTES E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SÁUDE

Autores: laura almeida matos, kethleen lima ramos, kamille lima antony, Geovana Faba da Silva, Igor de Oliveira Reis, déborah olenka silva travassos

Apresentação: A indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão é de suma importância e compõe as três vertentes do contexto universitário. Mas no que se refere a extensão, há uma ampla oportunidade em conhecimentos e práticas que vão além da sala de aula. Ademais, o projeto foi criado pelo núcleo de extensão de uma faculdade do Amazonas, com a finalidade de levar acesso à informação, conscientização e educação para a população nas comunidades e empresas, por meio de oficinas, palestras e rodas de conversa. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem na participação de práticas educacionais em saúde na cidade de Manaus (AM). Método: O projeto foi desenvolvido durante todo o ano de 2019. Composto por acadêmicos dos cursos de enfermagem, biomedicina, nutrição, fisioterapia e educação física. Dentre as atividades realizadas, houve palestra sobre câncer de mama, útero, próstata e ISTs, além da parte assistencial como aferição de pressão arterial, teste glicêmico, avaliação nutricional, incluso ainda atividades transversais, operacionais e interdisciplinares. Ao finalizar das ações, os alunos tem a função de inventariar suas experiências em uma planilha, que em seguida são analisadas pelo docente responsável do projeto, com o objetivo de aprimorar e proporcionar enriquecimento para os alunos, qualidade nas práticas assistenciais, domínio em procedimentos e desenvolvimento de suas habilidades, além de adquirir uma postura profissional. Resultado: É essencial a relação entre os acadêmicos e o contexto externo a sala de aula, uma vez que permite compartilhar conhecimento e experiências, e contribuir para o crescimento pessoal e profissional de cada um, e levar em consideração que a socialização permite uma visão crítica reflexiva. O projeto leva os discentes para diferentes cenários, para que se faça o contato assim faz-se o processo de educação continuada e proporciona ao estudante experiências ainda como acadêmico, a fim de que ele possa correlacionar teoria e prática. Considerações finais: A extensão é extremamente relevante para o aprendizado dos discentes, pois apresenta vários obstáculos e busca a formação de uma identidade, profissional, pessoal e social. Apesar do mesmo está em processo de aprimoramento, o programa só tem a crescer e agregar à comunidade, seus resultados vêm se mostrando cada vez mais positivo em conta todos os amparos que recebe da instituição vigente.  

10450 O USUÁRIO DO SUS COMO AGENTE PARTICIPATIVO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS VOLTADOS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
PATRICIA AFONSO MAIA, GEILA CERQUEIRA FELIPE, CLAUDIA ROBERTA BOCCA SANTOS, HUGO BRAZ MARQUES, MARIA CECILIA QUIBEN FRUTADO MACIEL, KARINA LEAL, DEBORA TAVARES CARVALHO

O USUÁRIO DO SUS COMO AGENTE PARTICIPATIVO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS VOLTADOS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE

Autores: PATRICIA AFONSO MAIA, GEILA CERQUEIRA FELIPE, CLAUDIA ROBERTA BOCCA SANTOS, HUGO BRAZ MARQUES, MARIA CECILIA QUIBEN FRUTADO MACIEL, KARINA LEAL, DEBORA TAVARES CARVALHO

Apresentação: De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (2017) a educação em saúde se insere como uma atribuição comum a todos os membros das equipes que atuam na assistência primária à saúde. No entanto, promover saúde no âmbito da atenção básica requer a participação tanto dos profissionais de saúde quanto do próprio usuário. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (2012) aborda a educação alimentar e nutricional como um processo de diálogo entre profissionais de saúde e a população, fortalecendo o reconhecimento do protagonismo do usuário nos espaços de debate e reflexão, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia, da emancipação e do compromisso com o cuidado com a sua saúde, de sua família e de sua comunidade. Assim sendo, na promoção da saúde é fundamental a interlocução entre gestão, profissionais e usuários de saúde. A integralidade de saberes rompe com a tradição autoritária dominante e conduz o processo educativo vinculado e próximo dos sujeitos sociais. Inicialmente a Área Técnica de Nutrição do Município do Rio de Janeiro, o Instituto de Nutrição Annes Dias (INAD), em parceria com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) por meio de um projeto de extensão com a Escola de Nutrição - Departamento de Nutrição em Saúde Pública, e com os profissionais de saúde da atenção primária esboçaram cinco materiais educativos, baseados nos princípios do Guia Alimentar para a População Brasileira, voltados para a promoção da saúde nas temáticas: alimentação saudável, diabetes, dislipidemias, hipertensão e rótulos nutricionais, para posteriormente serem apresentados e avaliados pelos usuários do SUS. Objetivo: Promover a construção conjunta de materiais voltados para promoção da saúde e da alimentação saudável com a participação dos usuários do SUS, a fim de torná-los contíguos à realidade social, econômica e cultural. Método: Para a construção de forma coletiva do material foram realizadas oficinas com diversos atores. Em seguida, foram selecionadas vinte Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município do Rio de Janeiro, utilizando-se o critério da realização de atividades em grupo como uma estratégia para educação em saúde. A fim de padronizar o processo de avaliação dos materiais nas UBS, participantes e equipe responsável pelo projeto desenvolveram um instrutivo e um roteiro para discussão. O roteiro abordou tópicos como: layout, linguagem, conteúdo e informação dos materiais. Seguindo o instrutivo, os nutricionistas das UBS participantes formaram grupos com no mínimo cinco e no máximo dez usuários. Período de realização: Para que os cinco materiais fossem testados de modo não maçante sugeriu-se pelo menos quatro encontros com os usuários. A testagem dos materiais teve início no mês de maio de 2019 e continuou até julho de 2019. Resultado: Considerando que oito UBS concluíram o processo, com participação de 41 usuários, apresentaremos aqui os resultados parciais. Dos usuários que avaliaram o material 85 e 100% gostaram e o consideraram visualmente atraente (considerando formato, ilustrações e texto), respectivamente. Cerca de 95% qualificaram a linguagem do material como apropriada e 98% concordaram que o material ajudou a entender a diferença entre processados, minimamente processados e ultraprocessados, e as informações contidas nele poderiam contribuir para melhorar sua saúde. Apesar disso, alguns profissionais afirmam não serem capazes de reproduzir tais informações nos seus espaços de convívio. Além disso, aproximadamente 40% dos usuários contribuíram com críticas e/ou sugestões, dentre elas destacam-se: “menos coisas escritas e mais imagens”, “no sal de ervas acrescentar o termo desidratado”, “muita informação para pouco espaço”, “acrescentar atividade física”, “letras pequenas e brancas no fundo colorido podem dificultar a leitura, principalmente dos idosos”, “esquematizar através de figuras as explicações dos textos”, “falar também sobre o benefício da ingestão do carboidrato” e “colocar um prato equilibrado”. Ressalta-se que uma das críticas mais recorrentes ao material foi a necessidade da sua divulgação em maior escala dentro e fora das redes para que atinja o maior número possível de usuários. Considerações finais: A metodologia participativa é uma importante ferramenta de aprendizagem. Essa experiência está sendo uma oportunidade singular de vivenciar a proposta de ter o usuário inserido no processo de construção de materiais educativos, possibilitando uma relação conscienciosa entre conhecimento técnico-científico e entendimento da realidade e o saber popular. A maneira dialogada, considerando diferentes percepções, necessita de maior tempo para construção e conclusão do material para que o mesmo se torne um instrumento atraente e de fácil entendimento para os usuários. No entanto, essa iniciativa destaca a importância do usuário como peça fundamental a ser reconhecida nas decisões sobre a rede de atenção à saúde e seus dispositivos. A efetividade de toda e qualquer ação da rede de atenção à saúde, se torna mais efetiva e próxima da realidade local, uma vez que oportuniza a participação de seus principais beneficiados. 

10482 UMA AGENDA ESTRATÉGICA PARA A GESTORES E TRABALHADORES DE CONSULTÓRIOS NA RUA
Marcelo Pedra, Fabiana Damásio

UMA AGENDA ESTRATÉGICA PARA A GESTORES E TRABALHADORES DE CONSULTÓRIOS NA RUA

Autores: Marcelo Pedra, Fabiana Damásio

Apresentação: Uma agenda estratégica para a gestores e trabalhadores de Consultórios na RuaApresentação: A população em situação de rua (PSR), representada por 101.854 pessoas no Brasil, de acordo com os dados do Instituto de Pesquisa Estatística Aplicada (IPEA), tem exigido dos governos, nos últimos anos, políticas públicas específicas e serviços voltados ao atendimento de suas demandas e necessidades. Em 2008, a Pesquisa Nacional sobre PSR, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), já havia colocado a questão da PSR em evidência para a sociedade e o governo brasileiro, fornecendo subsídios para a formulação das políticas públicas implantadas atualmente. O número total de pessoas em situação de rua apresentado foi 31.922 até aquele momento, nas 71 cidades pesquisadas. No ano de 2009, informada pela pesquisa do MDS, foi criada a Política Nacional para População em Situação de Rua (PNPR), a partir de intensa participação dos movimentos sociais ligados à PSR. A PNPR aponta como cerne a garantia de acesso desta população específica aos serviços e às políticas públicas, em especial as do Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único de Assistência Social (SUAS). É a partir dessas iniciativas e por meio da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), que as equipes de Consultório na Rua (eCR) passam a ser vistas como uma estratégia de cuidado integral à PSR. Os Consultórios na Rua são equipes multiprofissionais que desenvolvem suas atividades de forma itinerante e também nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) locais. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi apresentar uma agenda estratégica para gestores e trabalhadores de Consultórios na Rua, a partir das realidades dos territórios e dos processos de trabalho das equipes do Distrito Federal. Desenvolvimento: descrição da experiência ou método do estudo: Este estudo é um estudo descritivo e analítico sobre as práticas de cuidado produzidas pelas eCR no Distrito Federal com base na abordagem qualitativa e utilizando o referencial teórico da Psicossociologia. A população-alvo foi os gestores e trabalhadores das eCR/DF, com a participação de 4 (quatro) gestores e 16 (dezesseis) trabalhadores. O detalhamento da população será explicitado no decorrer deste capítulo. A pesquisa foi composta das seguintes etapas: reunião de apresentação e construção do processo de investigação junto aos gestores e trabalhadores das eCR; entrevistas com os gestores das eCR/DF (4 entrevistas); aplicação de um questionário sobre as práticas das equipes com os trabalhadores das eCR/DF (16 questionários); e realização de um Café Mundial com os trabalhadores e gestores das eCR/DF (20 participantes). Brasília conta com 3 eCR (Plano Piloto, Taguatinga e Ceilândia). Resultado: Os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa. Neste ponto, no intuito de qualificar as práticas e o processo de trabalho dos Consultórios na Rua/DF, foram sistematizados todos os dados levantados durante as entrevistas com os gestores das eCR, os questionários com os trabalhadores das eCR, juntamente com os conteúdos dos debates e da produção do Café Mundial (trabalhadores e gestores das eCR/DF), para com base nesse material, propor um conjunto de recomendações de estratégias para gestores e trabalhadores das eCR, são elas: Gestão da eCR Construção de uma agenda periódica (mensal) da referência mais imediata para as eCR na gestão da AB (coordenação das equipes), no território de cada equipe, com vistas a interagir com as demandas de cada local, UBS e população atendida, a partir da realidade territorial; Construção de agenda periódica (mensal ou bimestral) de todas as equipes, na Secretaria de Saúde, constituindo um espaço de trocas, pautadas pela Educação Permanente e demandas de eventuais Grupos de Trabalho; Constituir fóruns territoriais de Saúde Mental (pois são as questões mais demandadas), envolvendo prioritariamente serviços de saúde, assistência social e organizações não governamentais (ONGs) ou entidades que estejam envolvidas com a PSR, para discussão de casos específicos, construção de fluxos de atendimento, encaminhamento e compartilhamento do cuidado, também pautados pela lógica da Educação Permanente; Construção junto à Instituição de Ensino e Pesquisa da Secretaria de Saúde de estratégias de inclusão da temática do cuidado à PSR no conjunto de formações oferecidas aos trabalhadores da saúde por esta Instituição, além de pautar junto à Instituição que sejam discutidos (com os trabalhadores) e construídas ofertas específicas para as eCR; Construção de estratégias específicas para a regulação de vagas da eCR para os demais níveis de atenção, levando em conta a questão da população indocumentada; Fomentar, via Instituição de Ensino e Pesquisa da Secretaria de Saúde, a articulação das eCR como espaço de formação para o SUS, constituindo-se como campo para estágios e residências; Criação de um espaço sistemático (mensal) de supervisão para estas equipes, conduzido por ator externo à equipe; Garantir para as eCR o uso de prontuário eletrônico, com autonomia de ofertar o cartão SUS, além de facilitar acesso aos dados produzidos pelos trabalhadores para as equipes; Criação de um grupo de trabalho (trabalhadores, gestores, Instituições de Ensino e Pesquisa e usuários) para construção de indicadores de processo e resultado, com vistas à efetivação de um processo de monitoramento e avaliação. Trabalhadores das eCR Mapear parceiros e propor e organizar a metodologia de trabalho dos fóruns territoriais de Saúde Mental, assumindo o protagonismo da condução do espaço, sempre pautados pela lógica da Educação Permanente; Ampliar as ofertas de cuidado coletivo visando interferir no campo da promoção de grupalidade junto à PSR; Organizar ações sistemáticas de matriciamento entre os trabalhadores da eCR e junto à rede, reforçando o compartilhamento de casos como metodologia de trabalho, mapeando também as principais demandas de qualificações dos demais serviços da rede para ampliar o acesso e a qualidade da atenção prestada junto à PSR; Organizar o processo de trabalho de modo a permitir que as informações sejam sistematizadas (via prontuário eletrônico); Fomentar que a eCR seja espaço de formação para o SUS, como campo para estágios e residências, mapeando e contribuindo na articulação com as Instituição de Ensino e Pesquisa de cada território; Mapear as demandas de pesquisa referentes às necessidades de núcleos específicos de conhecimento, ou questões gerais do processo de trabalho da eCR, para incluir como demanda nas parcerias com as Instituição de Ensino e Pesquisa; Construir planos de estágios e residências de modo a organizar a inserção de estudantes no processo de trabalho. Considerações finais: Ao cabo, propõe-se, como uma direção geral para os Consultórios na Rua/DF, que a palavra “sensibilizar” tão citada nas entrevistas, questionários e durante o Café Mundial possa ser superada e paulatinamente substituída pela palavra “instrumentalizar”. Seguindo o ideário apontado pela proposta do matriciamento, faz-se necessário que as eCR incluam na sua agenda, de forma mais contundente, estratégias de produção de autonomia para a PSR, mas, sobretudo, para as demais equipes de AB. As recomendações e propostas têm como pressuposto o exercício do protagonismo pelas eCR, provocando, organizando e operando, coletiva e compartilhadamente, espaços de trocas e qualificação do cuidado intra e inter universo da saúde. Deste modo, a palavra “acesso” que demonstrou já se constituir como um avanço promovido por esta política pública possa ser agregada às palavras “resolutividade” e “qualidade”.  

10867 A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA, COMO PARTE DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR, NAS AÇÕES ESTRATÉGICAS DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Isabela Pantoja da Cruz, Marcella Veronnica Pereira Gomes, Mauricio Oliveira Magalhães

A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA, COMO PARTE DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR, NAS AÇÕES ESTRATÉGICAS DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Autores: Isabela Pantoja da Cruz, Marcella Veronnica Pereira Gomes, Mauricio Oliveira Magalhães

Apresentação: O Brasil acompanha o cenário mundial no que tange o envelhecimento de sua população e diante da mudança no perfil demográfico mostra-se necessário o engajamento das equipes de saúde da atenção primária e suas equipes multiprofissionais em elaborações de ações estratégicas para promoção da saúde dessa população. A redução de mobilidade é um dos principais agravos que acometem a pessoa idosa comprometendo sua funcionalidade e consequentemente sua qualidade de vida e capacidade funcional. Nesse contexto, o fisioterapeuta tem papel fundamental atuando na promoção à saúde utilizando de suas competências referentes à reabilitação. Objetivo: Compreender a atuação do fisioterapeuta no planejamento das ações de promoção da saúde e prevenção na atenção básica em idosos. Método:Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, constituída por publicações indexadas nas bases de dados PubMed, LILACS e SciELO, além disso, outras fontes do Ministério da saúde (MS) e legislação referente a atuação do profissional em questão na Atenção Básica foram incluídas. Para o refinamento da pesquisa, foram definidos como critérios de inclusão: artigos nos idiomas português e inglês com pelo menos 10 anos de publicação utilizando os descritores de ciência e saúde: Saúde do idoso, Fisioterapia e Atenção básica. Resultado: Na busca, seguindo combinações dos descritores listados, foram encontrados 68 artigos. Após a análise e leitura dos títulos e resumos foram selecionados 14 estudos com potencial de inclusão, sendo excluídos artigos que não tinham relação com o tema abordado e foram utilizadas cartilhas e diretrizes do MS para complementar o estudo. O fisioterapeuta está se inserindo na atenção primária de forma gradual por meio de um trabalho multiprofissional que contribui com articulações para prevenção de perda de funcionalidade adquirida com o envelhecimento e isso se dá através de promoção em saúde e trabalhos em grupo que tem se mostrado muito eficaz para prevenção de quedas e socialização da pessoa idosa proporcionando uma maior qualidade de vida e além disso o fisioterapeuta atua como mediador ao atuar no atendimento em domicílio proporcionando uma aproximação com o meio familiar desse idoso contribuindo com as ações estratégicas de outros profissionais da equipe. Considerações finais: A atuação do fisioterapeuta em ações estratégia no que tange a população idosa no país ainda está sendo inserida de forma gradual na atenção primária. Essa população apresenta problemas de saúde que vão desde redução de funcionalidade e mobilidade até abusos e maus tratos em seu ambiente sócio familiar, levando a uma redução na qualidade de vida geral. De modo que o fisioterapeuta, como membro da equipe multidisciplinar, proporciona além da promoção à saúde a prevenção de agravos advindo da idade.

5867 REFLETINDO SOBRE A VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA A CONSTRUÇÃO DO TRABALHO COLETIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
luiz henrique dos santos ribeiro, reynaldo de jesus oliveira junior, felipe dos santos costa, jorge luiz lima da silva, ana lucia naves alves, laisa marcato sousa da silva, gustavo nunes mesquita, julia oliveira gonçalves

REFLETINDO SOBRE A VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA A CONSTRUÇÃO DO TRABALHO COLETIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Autores: luiz henrique dos santos ribeiro, reynaldo de jesus oliveira junior, felipe dos santos costa, jorge luiz lima da silva, ana lucia naves alves, laisa marcato sousa da silva, gustavo nunes mesquita, julia oliveira gonçalves

Apresentação: O processo de trabalho em saúde, sobretudo em saúde coletiva, envolve variados atores e depende da constante realização dos processos de avaliação e envolvimentodinamismo da equipe de saúde. A educação permanente tem constituído importante estratégia para subsidiar as ações e atividades dos profissionais e consolida a reflexão acerca da produção do cuidado, além de levantar aspectos importantes como fazer refletir sobre a importância do trabalho da coletividade, à escuta qualificada e o empoderamento por meio da informação. Este estudo tem por objetivo refletir sobre aspectos da educação permanente em saúde, nos espaços da atenção primária, como peça fundamental para produção do cuidado. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado durante uma microintervenção, em equipes de saúde da família de um município do interior Paulista no ano de 2019, no período de julho a dezembro. Resultado: Reflete-se, por meio de perguntas abertas, sobre a importância do diálogo em equipe e a valorização do outro, dentro das suas atribuições, para o entendimento do processo de trabalho. Foi elencado pelos presentes aspectos como a dificuldade que possuem em realizar reuniões de equipe, por causa da demanda e a reflexão de que precisam avançar, nesse sentido. Destacou-se que a educação permanente tem papel na mediação entre os membros da equipe e no modo de realizaçãoprodução do cuidado. Infere-se aqui, o quanto o potencial do coletivo possui potencial transformador da realidade dos sujeitos. A valorização de alternativas para o desenvolvimento do trabalho, para além das rotinas diárias, burocratizadas e engrenadas em processo de trabalho muitas vezes mecanizado, nesse sentido, poderia ser valorada. Considerações finais: O encontro permitiu o diálogo eflexão dos participantes acerca da importância da valorização dos momentos de convivência e construção coletivas, em meio as constantes demandas dos usuários dos serviços de saúde, as definições de estratégias de trabalho e a articulação necessária para resolução de problemas pontuais e específicos.

5913 ESTRUTURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DE UMA ORGANIZAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Maria Luiza De Barba, Cristiane Montenegro, Tatiane Basilio, Marcelo Marques, Clarice Coelho, Beatriz Marques, Luana Manzini

ESTRUTURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DE UMA ORGANIZAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Autores: Maria Luiza De Barba, Cristiane Montenegro, Tatiane Basilio, Marcelo Marques, Clarice Coelho, Beatriz Marques, Luana Manzini

Apresentação: A Educação Permanente em Saúde (EPS) é uma estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento dos seus trabalhadores por meio de uma proposta ético-político-pedagógica que utiliza uma lógica descentralizadora, ascendente e transdisciplinar, visando transformar e qualificar a atenção à saúde, os processos formativos, as práticas de educação em saúde, além de incentivar a organização das ações e dos serviços em uma perspectiva intersetorial. A qualificação das equipes de saúde fortalece a atuação dos serviços e dos profissionais, de forma que se tornam capazes de analisar os problemas da sociedade e procurar soluções para os mesmos, baseando-se no conceito de aprendizagem significativa que parte da interrogação e mudança dos problemas enfrentados no cotidiano e de suas experiências nesse contexto,  promovendo, assim, melhorias nos processos de cuidado e gestão do trabalho, e ampliação do acesso. Considerando-se os desafios existentes para efetiva implantação do cuidado integral, torna-se necessário pensar a qualificação dos profissionais e dos processos trabalho e do cuidado em saúde por meio de atividades que garantam a troca de conhecimento e discussão de temas relevantes para a atuação no cotidiano, estando disponíveis a qualquer momento do dia. Neste escopo, a utilização de ambientes virtuais de aprendizado também apresenta diversas vantagens, principalmente a flexibilidade que traz aos profissionais, e que, por conseguinte, aumenta o aproveitamento do ensino. O ambiente virtual pode ser entendido como uma metodologia que integra vários recursos digitais, como ferramentas para discussão e compartilhamento de ideias, fomentando a troca de experiências e a posterior multiplicação de conhecimentos dentro das unidades, podendo também servir de apoio às atividades formativas presenciais, bem como a continuidade da discussão entre os profissionais. Neste cenário, este relato de experiência descreve o processo de estruturação e consolidação do Núcleo de Educação Permanente (NEP) na organização social Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (IABAS), que atua junto à Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo desde 2016, na gestão de unidades de atenção primária,  especializada e urgência e emergência. A criação do NEP se deu logo ao início das atividades da OSS, entretanto, seu processo de estruturação foi realizado ao longo de dois anos, sendo moldado e repensado à medida que as necessidades do território eram identificadas. Dentre das premissas do Contrato de Gestão, está contemplada a execução de um plano anual de educação permanente (PLAMEP), o qual compõe os indicadores de qualidade do CG, e que propõe uma construção conjunta dos diferentes serviços do território, da instituição e da gestão regional.  Este processo é realizado em diferentes etapas, e ao longo dessa trajetória, o NEP percebeu a necessidade de incluir ferramentas interativas de comunicação para aproximar mais o cotidiano do núcleo com as unidades de saúde, proporcionando maior facilidade de acesso à informação, bem como a produção de dados e indicadores mais fidedignos. Dentre as propostas que compõem o plano anual de educação permanente, também são ofertadas atividades de educação continuada e educação em serviço, viabilizando-se o maior número possível de espaços formativos. Para atender a demanda das unidades e melhorar a comunicação institucional, em dezembro de 2017, o NEP realizou uma oficina para planejamento estratégico, sendo o resultado desse encontro a construção de diferentes estratégias e procedimentos para compartilhamento de informações. Foram então mapeados os processos internos e descritos por meio de procedimentos operacionais padrão, garantindo a padronização das ações, sem prejudicar a flexibilidade dos processos. Para divulgação das atividades utilizou-se ferramentas gratuitas do Google, como o Google Agenda, sendo compartilhada uma programação anual, resultado das discussões para formulação do PLAMEP, com descrição da proposta do encontro e o link para acesso à inscrição através do Google Forms, bem como a certificação dos participantes, para as atividades em formato de educação continuada. Para realização das atividades de apoio institucional da educação permanente, utilizou-se o recurso do Google Agenda para criar um cronograma de visitas e participação do NEP nas reuniões de equipe, garantindo assim sua presença nas discussões dos processos de trabalho dos serviços. Além disso, criaram-se documentos como o formulário de relatoria, garantindo a efetiva prestação de contas dos recursos utilizados, e o documento para solicitação de apoio institucional, viabilizando às unidades a realização de atividades não previstas no plano inicial, mas que são necessárias para atender a demanda apresentada no território. Durante o ano de 2018, os processos e ferramentas foram executados, monitorados, e avaliados, tanto pelo núcleo, como pelos profissionais das unidades, sendo realizadas 310 atividades, dentre elas encontros, rodas de conversa, palestras, oficinas, treinamentos e exposições, com a participação de 4.395 profissionais. Ao final desse mesmo ano, o NEP pode avaliar que a implantação e utilização dos processos e ferramentas teve um impacto muito positivo. Todavia, identificou-se a necessidade de ampliação do acesso aos materiais didáticos, bem como a disponibilização de textos de apoio e bibliografias complementares, assim como a continuidade das discussões presenciais e atualização do conhecimento. A partir disso, iniciou-se em 2019 o projeto de construção de um ambiente virtual de aprendizado, para disponibilizar os materiais didáticos e também materiais de apoio, de livre acesso, validados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, de forma a criar uma grande biblioteca virtual. Além disso, viabilizar cursos de curta duração para atualização de protocolos assistências, segurança do trabalho e compliance, buscando oferecer ao profissional o acesso à diferentes conhecimentos. Ademais, ao logo deste ano, durante as atividades formativas desenvolvidas, conversou-se com os profissionais sobre a disponibilização do AVA, tendo um retorno positivo quanto ao interesse em sua utilização, não apenas como apoio às atividades presenciais, mas também para fomentar a discussão e troca de experiências através de fóruns virtuais. Dessa forma, foi possível perceber que a consolidação do NEP ocorreu por diferentes fatores, baseados em processos criativos e de inovação de estratégias, buscando cada vez mais qualificar a comunicação e aproximação com as unidades, podendo, assim, reconhecer as necessidades presentes no cotidiano do mundo do trabalho. Além disso, a formulação e utilização de mecanismos de gestão e avaliação baseados no planejamento estratégico e análise de indicadores de monitoramento e desempenho, propiciou o entendimento de novas dimensões para atuação do NEP.

5922 UTILIZAÇÃO DO GRAU DE COMPLEXIDADE COMO UMA FERRAMENTA NO CUIDAR SISTEMATIZADO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO BAIXO AMAZONAS
Raiane Cristina Mourão do Nascimento, Juliana Farias Vieira, Zaline de Nazaré Oliveira de Oliveira, Nathaly Silva Freitas, Rafaela de Souza Santos Carvalho, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

UTILIZAÇÃO DO GRAU DE COMPLEXIDADE COMO UMA FERRAMENTA NO CUIDAR SISTEMATIZADO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO BAIXO AMAZONAS

Autores: Raiane Cristina Mourão do Nascimento, Juliana Farias Vieira, Zaline de Nazaré Oliveira de Oliveira, Nathaly Silva Freitas, Rafaela de Souza Santos Carvalho, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Apresentação: O processo de hospitalização ao cliente e a qualidade da assistência prestada tem se enfatizado cada vez mais nas instituições hospitalares, a ênfase da posição sobre esse processo vem sendo de fundamental importância para o enfermeiro, tendo a necessidade de empregar um método eficiente, prático e de rápida obtenção de resultados. Essa disponibilidade possibilita avaliar o nível de complexidade de cuidado por meio do Sistema de Classificação de Paciente (SCP), que compreende grupos de cuidados ou categorias em que o paciente necessita. Além disso, este instrumento permite ainda classificar o grau de dependência dos pacientes, quanto às necessidades de cuidados, e no que diz respeito à produtividade da equipe de trabalho No Brasil são disponíveis vários instrumentos de classificação para avaliar diferentes tipos de pacientes. Esses podem se diferenciar na forma de avaliação e no número de categorias avaliadas, mas todos tem por finalidade a classificação dos pacientes segundo a complexidade do cuidado. Os mais usados são os instrumentos desenvolvido por Perroca e Gaidzinsi, Martins e Haddad e Fugulin et al. Objetivo: Relatar a experiência em classificar pacientes de acordo com o grau de complexidade assistencial visando à elaboração da assistência de enfermagem humanizada Método: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência vivenciado por discentes e docentes durante as aulas teóricas e práticas da disciplina Enfermagem em clínica médica e cirúrgica, além disso, utilizou-se da observação direta, indireta e participativa. Para a coleta de dados utilizou-se o instrumento Sistema de Classificação de pacientes proposta Fugulin et al., para avaliar a complexidade assistencial dos pacientes e elaboração da sistematização da assistência de enfermagem, ademais, as informações coletadas foram analisadas tendo como base a utilização da taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association 2015 – 2017 (NANDA) e a teoria de Enfermagem defendida pela enfermeira Wanda Horta (Necessidades Humanas Básicas) para a criação da assistência de enfermagem. Resultado: No decorrer da prática de Clínica médica e Cirúrgica do Hospital público de baixa e média complexidade no interior da Amazônia nos meses de Março e Abril de 2019, foram avaliados 33 pacientes. Baseada na avaliação feita pelas discentes e docente por meio do grau de complexidade assistencial, do total de pacientes analisados, 63,63% necessitavam de cuidados mínimos, 15,15% de cuidados intermediários, 18,18% de cuidados de alta dependência, 3,03% de cuidado semi-intensivo. Durante as aulas praticas foram realizado visitas de enfermagem, na qual, perguntava-se aos pacientes como haviam passado a noite, se haviam sentido dores ou desconforto, se haviam dormido a noite toda, se apresentavam alguma queixa no momento, se tinham algum curativo e se precisava ser trocado, além da realização dos demais cuidados de enfermagem. Ao longo da pratica o preceptor propôs que durante a visita de enfermagem classificasse os pacientes com o instrumento sistema de classificação de pacientes proposto por Fugulin e colaboradores, por seguinte, explicou sobre a sua importância, como se deve aplicar, quais as áreas de cuidados compõem o instrumento e as suas pontuações, como fazer a somatória e observar a categoria de cuidado que o paciente da clinica médica se encontrava. Ao passar a visita fazia perguntas relacionadas às áreas de cuidado do instrumento, como: paciente está orientado, consciente ou inconsciente; se fazia o uso de oxigênio, de cateter ou máscara; quais os horários que verificam os sinais vitais; se fazia movimentação em todas as partes do corpo ou tinha alguma limitação; mobilidade de andar sozinho ou necessita de aparelho de locomoção; paciente toma banho sozinho ou precisa de algum auxílio ou é realizado no leito pela enfermagem; na utilização do vaso sanitário para evacuar e urinar ou usufrui da comadre, fraude descartável ou sonda vesical de demora e faz no leito; e por fim, se possuía algum acesso venoso e faz uso de alguma droga diariamente. Todas as respostas eram anotadas, sendo analisadas as pontuações correspondentes e após passar em todos os leitos, também era feito a somatória junto com o preceptor e visto a categoria de cuidado dos pacientes. Vale ressaltar, que no hospital de estudo não se utiliza nem um instrumento para classificar pacientes. Baseada na avaliação feita por meio do grau de complexidade assistencial, do total de pacientes analisados, que a maioria dos pacientes necessitava de cuidados mínimos (63,63%). Este resultado estar de acordo com os estudos realizados no Paraná com 849 pacientes, no qual, ao aplicar o grau de complexidade assistencial, encontrou-se que 79.15% dos pacientes necessitavam de cuidados mínimos Entretanto, outra realidade foi encontrada em um estudo de Minas Gerais com 145 pacientes, onde se observou que 35% dos participantes precisavam de cuidados semi-intensivo. Além disso, em estudos desenvolvidos em São Paulo com 156 pacientes, ao utilizar o instrumento de classificação de pacientes, notou-se que 29,44% dos participantes requeriam cuidados de alta dependência. Estes resultados estão relacionados com as mudanças no perfil de complexidade de cuidado dos pacientes internados na clínica médica, que variam de pacientes com grau de cuidado mínimo para semi-intensivo. Uma das causas dessa oscilação é o aumento do processo de envelhecimento da população e o desenvolvimento de problemas crônicos de saúde, como doenças renais, cardiovasculares, dentre outras. Considerações finais: A experiência para a criação da assistência de enfermagem incentivou o pensamento critico-reflexivo, consistindo em uma etapa complexa e com limitações a serem vencidas, na qual necessitou de vários conhecimentos para sua formulação, por lidar com vários patologias e graus de cuidados distintos, elaborando-se diagnósticos e prescrições de enfermagem geral e específica para cada grau complexidade assistencial, favorecendo a busca de novos conhecimentos no que se refere à qualidade da assistência e viabilização do papel do enfermeiro, onde também possibilitou um melhor cuidado, gerencia e organização. Deste modo, obteve-se a compreensão não somente da situação-problema dos pacientes, mas também os fatores relacionados às necessidades humanas básicas, resultando na melhoria das condições de saúde do usuário. A experiência na aplicação do instrumento utilizado para aferir o grau de complexidade assistencial foi importante para a construção da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), favorecendo a busca de novos conhecimentos no que se refere à qualidade da assistência e viabilização do papel do enfermeiro, onde possibilitou um melhor cuidado. Deste modo, obteve-se a compreensão não somente da situação-problema dos pacientes, mas também os fatores relacionados às necessidades humanas básicas, resultando na melhoria das condições de saúde do usuário. Além disso, o planejamento da assistência de enfermagem incentivou o pensamento critico-reflexivo do enfermeiro em formação, constituindo por uma etapa complexa e com limitações a serem vencidas, por necessitar de habilidades e competências para construção do processo, por lidar com vários patologias e graus de cuidados distintos. 

6025 ANÁLISE DO CAMPO DA ATENÇÃO BÁSICA À LUZ DA TEORIA DE PIERRE BOURDIEU
tarciso feijó da silva, Helena Maria Scherlowski Leal David

ANÁLISE DO CAMPO DA ATENÇÃO BÁSICA À LUZ DA TEORIA DE PIERRE BOURDIEU

Autores: tarciso feijó da silva, Helena Maria Scherlowski Leal David

Apresentação: A Atenção Básica em Saúde (ABS) é regulada por políticas prescritivas que a normatizam, ditam como ela deve ser organizada e como a gestão e os profissionais devem gerir suas ações visando a produção do cuidado. No entanto, na prática, muitas vezes, a realidade se sobrepõe ao prescrito e é afetada por diferentes fatores, sendo os de ordem estrutural e humana aqueles que mais geram impacto sobre as ações de saúde. Aproximar-se do campo faz-se necessário para compreender sua história, sua vida, sua constituição e as regras que o orientam, como também para conhecer o coletivo de atores que trazem sentido à sua existência.   A noção de campo tem sido utilizada para designar espaços (microcosmos) dotados de certa autonomia, ao mesmo tempo em que são submetidos a leis sociais mais amplas (macrocosmo). Como espaços sociais relativamente autônomos, esses podem compor suas próprias regras e leis, assumir posições e tomar decisões. A ABS por ser legitimada pelo Estado, possuir objetivos específicos e atores que ocupam diferentes posições e que estão em constante relação uns com os outros, pode ser considerada como uma estrutura social, e por conseguinte, um campo. Neste sentido, visando compreender como o campo da ABS está estruturado, a dinâmica das relações existentes entre os profissionais e as leis que o sustentam este artigo tem por objetivo apresentar aspectos estruturais, relacionais e prescritivos do campo da ABS e ressignificar o acolhimento como estratégia de vigilância em saúde para produção do cuidado. Método: Trata-se de estudo de natureza descritiva com abordagem qualitativa. O cenário escolhido foi o Centro Municipal de Saúde (CMS) Parque Royal localizado no bairro da Ilha do Governador no município do Rio de Janeiro. Os 37 profissionais do campo participaram indiretamente, pelo fato do estudo, ater-se a observar as ações  desenvolvidas pelos mesmos, relações construídas e posições ocupadas no campo. A observação sistemática foi utilizada para se aproximar do campo de pesquisa, na perspectiva de elucidar como ele está estruturado, que posições os atores ocupam, como a lógica de organização prescrita se estabelece no cotidiano e como as relações/interações a partir do acolhimento contribuem para a produção do cuidado. Com a utilização de um roteiro previamente elaborado buscou-se compreender como o cenário está configurado; os diferentes serviços existentes; a totalidade dos atores e seus papéis; as relações/interações existentes entre eles; a (as) modalidade (es) de acolhimento existente (es); os diferentes recursos em circulação; e o uso que os profissionais fazem deles para a produção do cuidado. Os dados foram registrados em um diário de campo, tratados e analisados buscando construir sentidos sobre a estrutura, os agentes e as leis que  orientam o campo e o acolhimento. Apoiado na Teoria Geral dos Campos de Pierre Bourdieu, a análise dos dados procurou descrever os aspectos estruturais, relacionais e prescritivos da ABS que contribuem para considerá-lo como um campo, ou seja, um espaço social em constante movimento, com agentes que estão em constante relação uns com os outros, porém ocupando posições que são determinadas pelo volume de capital que detêm; assim como, ressignificar o acolhimento como estratégia de vigilância em saúde para produção do cuidado. Resultado: Quanto à estrutura identificou-se sua influência na produção do cuidado e no comportamento dos agentes, que, em um contexto de condições de trabalho precário, são atravessados por desmotivação e podem vir a adoecer. As relações dos atores revelaram diferentes capitais em jogo que poderiam contribuir para a estruturação do campo e produção do cuidado. Percebeu-se que cada ator imerso em uma condição de vida específica tende a nortear as suas ações em referência aos gostos, costumes e valores que contribuíram para moldar as suas características ao longo da vida. A gerente da unidade, os médicos e enfermeiros foram vistos como aqueles que detêm maior capital cultural pelos recursos adquiridos com o processo formativo e que são utilizados no cotidiano do trabalho em resposta às necessidades dos usuários; o capital social foi observado internalizado no campo através da rede de relações que existe entre os profissionais. Os agentes comunitários de saúde (ACS) emergiram como aqueles com maior capital social pela dinâmica do trabalho que desenvolvem, o qual os coloca em contato com a comunidade e, ao mesmo tempo, deixa-os ocupando posições que implicam em permanente contato com outros profissionais e usuários do serviço. Durante a observação, os próprios profissionais, ao prestigiarem e reconhecerem a relevância do médico para as ações do campo contribuíram para revelar a presença de outro tipo de capital sobre os mesmos, o capital simbólico. O acolhimento dos usuários, de acordo com a observação, segue uma lógica instituída, estabelecida, baseada na queixa-conduta, na necessidade evidenciada, presumida e na oferta imediata de respostas. Dos ACS, passando pelos técnicos, enfermeiros, médicos e demais profissionais, ele se caracteriza pela tríade atender, direcionar e resolver. Permeado por um habitus grupal que procura dar conta do problema no momento em que ele ocorre, o acolhimento não foi visto como uma estratégia de vigilância em saúde para a produção do cuidado, estando pouco implicado com a circulação do conhecimento e da informação, com a perspectiva do trabalho multiprofissional e interdisciplinar e com a integralidade da atenção. Quanto aos aspectos prescritivos, foi possível observar, através do discurso menções aos guias de referência rápida do Município do Rio de Janeiro pela gerência e uma profissional enfermeira. No entanto, não foi observado consulta aos mesmos nas diferentes abordagens realizadas aos usuários durante a atividade coletiva/grupal e nos atendimentos individuais. Isso pode ser justificado pelo conhecimento dos profissionais das recomendações descritas nos mesmos ou da orientação das ações, tendo como referência outras normativas. Considerações finais: O campo da ABS é estruturado e normatizado pelo Estado,  que dita não só toda uma lógica de funcionamento e objetivos, colocando-o como centro da RAS, ordenadora e coordenadora do cuidado, como estabelece regras que contribuem para certa prescritividade nas ações e condutas dos profissionais. No entanto, no estudo, foi observado que os atores individualmente norteiam suas ações permeados por um habitus  profissional e que este não é isento de um  habitus  primário, apreendido em um contexto familiar. Os aspectos estruturais, relacionais e prescritivos observados permitiram ressignificar a ABS como um campo e conhecer as implicações do habitus dos atores sobre suas ações, assim como, as posições que esses ocupam determinadas pelo capital cultural e social que detêm. No que tange ao acolhimento e a sua percepção e utilização pelos profissionais, destacou-se um habitus grupal construído pelo coletivo que o orienta e que interfere na produção do cuidado, tendo em vista seu caráter imediatista, pragmático, hierarquizado, com foco na demanda espontânea e no modelo biomédico. Esperava-se, encontrar no campo considerando sua existência remota e o tempo de atuação da maioria dos profissionais, um acolhimento permeado pela utilização dos recursos acadêmicos (capitais cultural) dos atores, e das relações internas ou externas (capital social) construídas por suas trajetórias, na perspectiva da vigilância em saúde para a produção do cuidado. Porém, percebeu-se uma prática, ora condicionada pelo campo, ora pelo habitus dos atores, trazendo relevo sobre um acolhimento permeado não pela empatia, escuta ou necessidades de saúde, antes por queixas.  

6306 ANÁLISE DO CUIDADO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS A PARTIR DOS ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: PERSPECTIVA DE PROFISSIONAIS DA ZONA RURAL
Maria Helena De Oliveira Santana, Daniela Arruda Soares Alves, Caroline Ferraz Santana, Vanila Santos da Costa, Carolinny Nunes Oliveira, Marcio Galvão Guimarães de Oliveira, Clavdia Nicolaevna Kochergin, Sostenes Mistro

ANÁLISE DO CUIDADO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS A PARTIR DOS ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: PERSPECTIVA DE PROFISSIONAIS DA ZONA RURAL

Autores: Maria Helena De Oliveira Santana, Daniela Arruda Soares Alves, Caroline Ferraz Santana, Vanila Santos da Costa, Carolinny Nunes Oliveira, Marcio Galvão Guimarães de Oliveira, Clavdia Nicolaevna Kochergin, Sostenes Mistro

Apresentação: A Atenção Primária à Saúde (APS) viabiliza a universalização do acesso aos serviços, fomentando ações de prevenção de agravos e promoção da saúde. Nessa perspectiva, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) constitui-se entrada preferencial ao sistema de saúde, caracterizando um espaço oportuno para promover a gestão do cuidado, sobretudo para as doenças crônicas, as quais são altamente prevalentes e sensíveis à mesma. Contudo, enfrenta entraves nas dimensões políticas, técnicas, assistenciais e culturais para sua plena consolidação. Nesse sentido, objetiva-se analisar o cuidado às doenças crônicas, a partir dos atributos da APS, segundo profissionais de saúde da zona rural de Vitória da Conquista (BA). Método: Estudo de abordagem qualitativa, realizado em três unidades de ESF da zona rural, do município de Vitória da Conquista (BA). Os sujeitos foram cinco profissionais de nível superior, com formação em Enfermagem (2), Medicina (2) e Odontologia (1).  A coleta de dados ocorreu em julho de 2019, por meio da técnica do grupo focal. A análise de conteúdo se pautou na modalidade temática, sendo que as sete categorias teóricas que emergiram corresponderam aos atributos da APS. Resultado: Primeiro contato: Os profissionais apontaram o Agente Comunitário de Saúde (ACS) como importante mediador para que o usuário consiga ter acesso ao serviço. Por outro lado, a longa distância entre as comunidades e falta de espaço apropriado para o atendimento acentuam as barreiras; Longitudinalidade: novamente o ACS foi visto como elo para continuidade do cuidado na comunidade, pois, conhecem em maior medida as demandas e necessidades dos usuários; Abrangência ou integralidade: Os grupos foram relatados como principal estratégia para a prática de cuidado ofertando ações de prevenção, promoção e assistência, contudo, foi apontado com baixa efetividade em algumas localidades devido a aspectos como baixa escolaridade, vulnerabilidade socioeconômica dos usuários e maior valoração ao trabalho do médico; Coordenação: A comunicação interprofissional e intersetorial demonstrou-se regular, porém, mencionada como fundamental para melhoria do cuidado, face a grande dispersão dos territórios de abrangência; Orientação para comunidade: O conselho local de saúde foi citado como instrumento que colabora com a comunicação entre equipe e comunidade acerca da realidade e necessidades da mesma; Centralidade na família: A família foi apontada como importante ferramenta no processo de adesão ao tratamento das doenças crônicas, mas, difícil de participação no cuidado; Competência cultural: O conhecimento do perfil social e dos fatores socioculturais das comunidades, foi referido como ponte para construção de vínculo com os usuários, refletindo positivamente no tratamento. Considerações finais: A avaliação do cuidado, a partir dos atributos da APS, constituiu potente instrumento para se avaliar a sua qualidade no contexto rural e os desafios ainda vigentes. Melhorias no processo de trabalho das equipes, bem como investimentos na APS podem concorrer para maior centralização nas necessidades dos usuários e resolutividade dos serviços.

6387 OUVINDO QUEM CUIDA: AÇÕES DE INTEGRAÇÃO COM OS TERCEIRIZADOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
Ana Paula Fabrini de Maria

OUVINDO QUEM CUIDA: AÇÕES DE INTEGRAÇÃO COM OS TERCEIRIZADOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

Autores: Ana Paula Fabrini de Maria

Apresentação: O trabalho a ser desenvolvido provém de inquietações a sucessivas situações de injustiças sociais no âmbito acadêmico, que institucionalmente vigora legitimando meios de exclusões e reproduções estruturais capitalistas degradantes ao trabalho e consequentemente ao trabalhador. O projeto visa dialogar e agir com terceirizados de atividades-meio, especificamente prestadores de serviços de limpeza, portaria, manutenção, vigilância e copeiragem, visto que os mesmos, por lei, não são considerados integrantes da comunidade acadêmica, sendo realocados sistematicamente para uma sociabilidade à par da universidade, numa experiência nitidamente dolorosa e excludente, afirmando invisibilidades por meio de divisões nítidas de classes e diferentes epidermes. Com o objetivo de ir além do academicismo elitista, o projeto direciona aos problemas sociais vigentes daqueles que cotidianamente sofrem por ações historicamente degradantes da humanidade, visando lucro e a exploração da mais-valia. Buscando a coletividade e as possibilidades irrealizadas dos terceirizados, colocado-as em pauta pelos mesmos numa tentativa de instigar novas formas de pensar o trabalho desgastante e automático. Pensando em não conciliar indivíduos às suas condições desumanizadoras trabalhistas, transformando situações e institucionalizando uma rotatividade geográfica, haverá a tentativa da recomposição em saúde coletiva, com ações que tratam de problemas estruturais, promovendo saúde em debates biopsicossociais, como racismo, invisibilidade, supressão da mulher etc., além da realização de jogos psicodramáticos, atividades relacionadas à arte, meio ambiente, cultura, literatura, incentivando à leitura e entre outras diversas formas de atividades, que serão dirigidas de acordo com a sugestão e requerimento dos trabalhadores terceirizados. As ações desenvolvidas ao longo do projeto contarão com profissionais de diversas áreas: nutricionistas, sociólogos, psicólogos, educadores físicos e pedagogos. Fazendo uma rotação de conhecimentos, baseados na realidade fragilizada e precarizada que o trabalho coletivo terceirizado proporciona, buscando sensibilizar e dar destaque para àqueles que realizam atividades-meio e que fazem o funcionamento da estrutura da universidade. Com isso, impactos a serem percebidos estão relacionados ao fato de tentar reencontrar uma coletividade, pois em sintonia há a solicitação do coletivo mas também o desencontro da ação. Entender o comum, o grupal que a todo momento é reiterado, mas também é abolido, traz o cerne do desmantelamento do trabalho executado por tais indivíduos. Trazendo uma perspectiva do que é social, não se resumindo em um acúmulo de individualizações, com trânsito interminável de corpos, mas sim pensar no que é um fato internalizado, para que a partir disso pensaremos o que é subjetividade e como a mesma ocorre, pensando no coletivo como pressuposto das individualidades. No desenlace sucinto desse tema tão complexo e delicado, a pretensão desse trabalho é de que os terceirizados olhem as perspectivas sobre suas vivências, consigam recriar ajustamentos de si para si, não havendo o desenvolvimento das interpretações de quem pesquisa, mas sim de quem está imerso na situação que aparece. A intenção do projeto é o desenrolar de potencialidades para que sejam os próprios observadores e também intérpretes de seus trabalhos, distanciando sempre ao máximo da noção de somente um objeto de estudo, que os colocam como exóticos e descartáveis, buscando uma quebra na epistemologia.

6416 UM OLHAR SOBRE A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO FLAGELADOS DO NORDESTE NA SECA DE 1932
Rosilda Santos, Andréa Felizardo, Luiz Pellon

UM OLHAR SOBRE A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO FLAGELADOS DO NORDESTE NA SECA DE 1932

Autores: Rosilda Santos, Andréa Felizardo, Luiz Pellon

Apresentação: O conhecimento histórico da enfermagem faz-se necessário para a construção de uma memória coletiva e possibilita a tomada de consciência sobre o que somos realmente, enquanto produto do movimento histórico. Nesse contexto, esse estudo permite compreender a enfermagem enquanto profissão que se tornou marco no cuidado em saúde e assim, o estudo da realidade histórica e multifacetada da enfermagem é libertador, pois, permite descortinar um olhar sobre a função social da profissão. Esse trabalho objetiva refletir sobre a atuação da enfermagem na assistência aos flagelados do Nordeste. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa documental, onde foi utilizado como fonte o “Relatório da Comissão Médica de Assistência e Profilaxia aos Flagelados do Nordeste de 1933”, (Departamento Nacional de Saúde Pública/DNSP, 1936). Nessa avaliação da trajetória da assistência de enfermagem brasileira, foi considerado o momento da seca, que ao longo dos anos vem trazendo mudanças significativas no cenário urbano e rural do nordeste brasileiro e na vida da sua população. Em 1932, o cenário dessa região foi mais uma vez atingido pelo longo período de estiagem e a população enfrentou o momento que ficou conhecido como “a grande seca de 1932”. Para atuar no enfrentamento da situação, foram criadas frentes de trabalho nos estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, pelo Instituto Federal De Obras Contra As Secas (IFOCS). Neste contexto, a direção do DNSP, localizado no Distrito Federal, enviou uma comissão composta por quatro médicos e dezesseis enfermeiras para auxiliar na organização das atividades desenvolvidas pelos governos dos referidos estados no campo da assistência à saúde no período de julho de 1932 a maio de 1933. As atividades dessa comissão encontram-se descritas no relatório usado como documento-objeto desse trabalho. Para contextualização  é importante considerar os diversos momentos da vida do país que resultaram do jogo de forças políticas, econômicas e ideológicas. Cada um desses momentos fez parte das configurações da organização sanitária de cada época, se estruturando não apenas para atender às necessidades da população, como no caso das calamidades, tais como as secas, mas resultam da concorrência entre os vários grupos sociais que formaram o sistema produtivo e que apresentavam demandas divergentes entre si. Nesse sentido, compreender que se a enfermagem, enquanto prática social, é condicionada pelo contexto onde atua, ela também exerce influência na sociedade em que se insere e se estabeleceu como marco no cuidado e na produção de saberes, atuando segundo as forças sociais em jogo no campo da saúde. A política Vargas para a seca priorizou a criação de frentes de trabalho, a fim de envolver a população de flagelados em atividades produtivas como forma de combater o que o governo considerava o princípio de todos os males advindos da aglomeração humana, ou seja: o ócio. A partir dessa premissa buscava-se evitar as experiências sociais negativas obtidas com a seca de 1915, quando a disseminação de doenças endêmicas e a invasão do espaço público urbano com a mendicância, a violência e a prostituição  ameaçavam a ordem social, na perspectiva das elites econômicas das capitais. Destaca-se que as enfermeiras da referida comissão eram formadas pela Escola de Enfermagem Ana Nery e saíram do Rio de Janeiro designadas como membros da equipe do DNSP, para atuar nos diferentes pontos de concentração de flagelados, tais como os campos de concentração cearenses, que foram criados para abrigar o grande número de pessoas que se deslocavam dos interiores em direção aos centros em busca de alimento e abrigo. Atuaram, também,  na assistência aos trabalhadores das construções de obras contra as secas, sobretudo nos açudes. Vale ainda mencionar que a equipe ao chegar ao destino se integraram às frentes de trabalho já existentes na localidade com uma multiplicidade de atores tais como: enfermeiras auxiliares, irmãs de caridade, visitadoras e voluntárias. Resultado: Durante a leitura do referido documento, encontramos textos que mencionam as atividades da enfermagem, tanto na assistência nos hospitais locais e nos improvisados pela equipe, quanto nas visitas aos domicílios e locais de grandes aglomerações de pessoas. Nesses lugares era possível identificar a grande carência existente na região, tais como a falta de itens básicos alimentícios para a sobrevivência, hábitos de higiene impróprios e condições de moradias inadequadas. Isso facilitava a propagação das doenças endêmicas e também a desnutrição por carência alimentar, além de contribuir para o grande número de óbitos que era constado na região. Nessa perspectiva, a partir dos registros das atividades realizadas pela comissão, foi possível inferir que a organização do cuidado era a atividade mais comum da enfermeira, que assumia o papel do cuidado direto em distintas formas e espaços, juntamente com as atividades de formação de pessoal local, sendo estabelecida a assistência dentro de uma enfermaria ou mesmo nas visitas as moradias locais, onde se expressavam extremos de vulnerabilização dos profissionais de saúde às endemias locais, em virtude das precárias condições de vida encontrada e recursos escassos. Nesse vasto campo, encontra-se no relatório o registro evidenciando que a enfermagem atuou com empenho e dedicação; longe do conforto da escola que estavam acostumadas e como a participação delas no processo foi um dos pontos do sucesso da missão. Os escritos destacam a dedicação com que elas executavam o trabalho em todas as frentes de serviços que faziam: nas medidas profiláticas, nas aplicações de vacina, nas visitas aos acampamentos em vigilância para surpreender os novos doentes, na função educadora, promovendo “verdadeira catequese” nos hospitais e nos domicílios; na distribuição de alimentos às crianças em lactários improvisados, na transformação de alojamentos em locais de orientação e tratamento dos doentes e no treinamento de "moças" que deveriam substituí-las. O relatório também ressalta que, ao fim da missão, as mesmas tiveram a satisfação de terem o reconhecimento da excelência do trabalho prestado tanto pela equipe da IFOCS como pela população; que de início expressavam relativa desconfiança quanto à chegada do grupo. Diante do exposto, ficou registrada a gratidão pelo excelente trabalho da equipe com destaque para as enfermeiras: Almira Pessoa de Melo, Haidê Gonzales, Araci Neves, Maria Lima Torres e Berila de Carvalho. Considerações finais: O relatório foi escrito por profissionais médicos da equipe, que tinham interesses distintos tanto políticos, como sociais e mostram suas atividades clinicas atuando na área de histologia e pesquisas.  Dessa forma, vale salientar que o trabalho da enfermagem ali realizado foi registrado a partir da visão do profissional médico. Esses documentos históricos podem ser revisitados e destacados como um momento em que a enfermagem brasileira esteve presente prestando cuidado e atuando junto aos demais profissionais e atores locais. Nesse contexto, foram estabelecidas as bases da profissão, que ao longo dos anos luta para ter seu reconhecimento não só como participante, mas também, como atuante em diversos momentos da vida sanitária do nosso país. Assim, compreende-se que registros como esses possibilitam destacar a enfermagem enquanto parte integrante das configurações das nossas políticas públicas de saúde.

6463 CONSTRUÇÃO TEÓRICA DO OBJETO DE PESQUISA SOBRE A CARTOGRAFIA DAS PRÁTICAS DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
Olga Maria de Alencar, Maria Rocineide Ferreira da Silva

CONSTRUÇÃO TEÓRICA DO OBJETO DE PESQUISA SOBRE A CARTOGRAFIA DAS PRÁTICAS DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE

Autores: Olga Maria de Alencar, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Apresentação: O presente trabalho é um recorte teórico do projeto de pesquisa de tese sobre a cartografia dos agenciamentos produzidos pelo Agentes Comunitário de Saúde (ACS) no contexto da micropolítica do trabalho enquanto prática social. Nosso objetivo é apresentar os construtos teóricos produzidos na elaboração do projeto de pesquisa com título provisório - “Cartografia da profissão agente comunitário de saúde: politicidade, corporeidade e historicidade no devir profissional”. desenvolvimento: os ACS se constituem como força de trabalho potente na produção de saúde no contexto da Atenção Primária á Saúde (APS). Apesar de sua origem se pautar em concepções neoliberais de trabalho para suprir a necessidades do Estado, ao longo de sua construção vem passando por processo de desterritorialização e reterritorialização. Neste percurso se configura um emaranhado de fazeres e saberes que compõem a profissão do ACS, que são encarnado no corpo-ACS. Aqui entendemos corpo a partir da concepção de Artaud: “O corpo é uma multidão excitada” de fenômenos, desejos e afecções,   que sempre foi adestrado, educado, formado para produzir, adaptar-se a alguma condição social. Com efeito surge a questão-guia o que pode o corpo ACS? Resultado: durante a feitura do projeto esboçou-se inquietações e dúvidas que se materializaram numa matriz teórica para o desenvolvimento da pesquisa, onde pretendemos construir com os ACS o conceito DEVIR-ACS, atravessado pelo corpo-força, corpo-territorialidades, corpo-desejo e corpo-comunidade, que compõe a micropolítica do trabalho do ACS. Para compor o plano de forcas e afetos realizamos encontros com o coletivo ACS de um dos cenários onde a pesquisa ocorrerá para apresentação e validação do desenho da pesquisa. Considerações: O processo de elaboração do projeto tem provocados rupturas no modo cartesiano de fazer pesquisa, e tem nos mostrado que produzir uma pesquisa-intervenção de cunho participativo é um desafio permanente. Para a real efetivação da pesquisa com ênfase na cartografia é preciso está atenta as pistas que o campo nos mostra. E está aberto ao imprevisível e inesperado é   considerar as complexidades inerentes aos contextos onde os agentes da pesquisa produzem a vida.

6510 SUJEITOS PRODUTORES DE CUIDADO NAS SALAS DE VACINA
Nathalia De Sousa Monezi, Dalvani Marques

SUJEITOS PRODUTORES DE CUIDADO NAS SALAS DE VACINA

Autores: Nathalia De Sousa Monezi, Dalvani Marques

Apresentação: No Brasil existem, aproximadamente 35 mil salas de vacinação em todo território nacional. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é considerado a principal intervenção da saúde pública no país, pois sua missão é de controlar, erradicar e eliminar doenças imunopreveniveis, tendo como uma das ações prioritárias, efetivas e estratégicas a meta de proporcionar vacinação segura a 100% das crianças menores de um ano, com garantia de vacinação para todas as crianças menores de cinco anos que não foram vacinadas ou que não completaram o esquema básico vacinal no primeiro ano de vida. A partir de 1988, com Sistema Único de Saúde (SUS), as atividades relacionadas a vacinação ficaram sob a responsabilidade dos municípios na Atenção Básica. As atividades da sala de vacina são desenvolvidas pela equipe de enfermagem treinada e capacitada formada pelo enfermeiro, pelo técnico e auxiliar de enfermagem. No entanto, o cuidado singular da população, vacinando-a, vai além das diretrizes normativas do procedimento de vacinação, permeia a subjetividade da relação profissional e o usuário. Este estudo tem como objetivo: compreender a subjetividade na relação entre profissionais e usuários nos atendimentos realizados nas salas de vacina. A relevância social e técnica do trabalho da equipe de enfermagem nas salas de vacina na Atenção Básica, justificou e destacou a relevância social desta pesquisa, destacando a participação efetiva desses profissionais de enfermagem na construção e consolidação do PNI no Brasil. Método: Estudo de abordagem qualitativa, no qual foi realizado entrevistas semiestruturadas com as auxiliares/técnicas de enfermagem, método sombra e diário de campo. Nesta pesquisa, se utilizou uma variação do método sombra, no sentido de que ao invés de acompanhar um usuário, foram acompanhadas auxiliares ou técnicas de enfermagem atuantes nas salas de vacina. Para a coleta de dados através do método sombra, foram acompanhadas profissionais de três salas de vacina em unidades básicas de saúde do município de Campinas/SP, sendo uma unidade de até 10 mil pessoas de população, outra de 10 a 20 mil pessoas e a última com mais de 20 mil pessoas. As unidades básicas de saúde são chamadas de Centros de Saúde (CS) no município. Tais escolhas foram intencionais, considerando a diversidade da estrutura física dos locais, a composição das equipes de enfermagem e a demanda por atendimentos na sala de vacina, sendo indicadas como salas de vacina de excelência pela equipe da vigilância epidemiológica de um distrito de saúde do município. A coleta de dados pelo método sombra foi realizada durante um dia inteiro de funcionamento das salas de vacina, totalizou-se então três dias de observação in loco. O trabalho realizado no local foi acompanhado desde antes da abertura até o fechamento da sala para a população. As entrevistas com as profissionais acompanhadas pelo método sombra abordaram identificação do perfil, formação profissional e dificuldades dentro da sala de vacina. Em média as entrevistas duraram dez minutos. Foi mantido durante o desenvolvimento da coleta de dados um diário de campo pela pesquisadora, no qual, foram registrados intercorrências e impressões sobre o trabalho realizado naqueles locais. Os dados foram analisados através da Análise Temática. Em relação aos aspectos éticos, a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas/SP, parecer no. 1.041.224. Resultado: Foram acompanhadas e entrevistadas duas auxiliares de enfermagem e sete técnicos de enfermagem, cujo perfil foi a maioria de mulheres, com faixa etária entre 30-40 anos, casadas e com filhos. Destas, três eram graduadas em enfermagem e duas auxiliares de enfermagem referiram serem formadas como técnicas de enfermagem. Atuavam no atual Centro de Saúde (CS), uma profissional com menos de um ano de trabalho, cinco entre 1-5 anos, duas com 6-11 anos e uma com 21-25 anos. Os resultados serão apresentados em duas categorias: Trabalho técnico na sala de vacina e Subjetividade no trabalho. A categoria “Trabalho técnico na sala de vacina” revelou que as atividades exercidas dentro das salas de vacina vão desde a limpeza da sala de vacina, avaliação da situação vacinal, aplicação das vacinas dentro das normas técnicas até orientações dos imunobiológicos e possíveis reações adversas, entre outras, mostrando o complexo cuidado realizado neste setor, para o qual é necessário conhecimento cientifico, preparo e capacitação das profissionais frente as práticas e imunobiológicos. Tanto as auxiliares quanto as técnicas de enfermagem referiram serem capacitadas e atualizadas quanto as técnicas que envolvem a aplicação das vacinas, assim como sobre os imunobiológicos. Isso se dá pelas necessidades de adequação frente as constantes mudanças do calendário vacinal. Entretanto, a sala de vacina vai além dos procedimentos e técnicas, ou seja, do trabalho técnico, existe uma relação de confiança entre os profissionais e os usuários que se torna necessária. A categoria “Subjetividade no trabalho” apresentou a relação de confiança entre os profissionais atuantes nas salas de vacina e os usuários/acompanhantes a serem vacinados. Essa relação possibilitou que em muitos momentos o usuário aparentasse passividade dentro da sala de vacina, o que, pode estar diretamente relacionada com a confiança no trabalho dos técnicos de enfermagem. Isso se dá, tanto por se tratar de um profissional reconhecido pelo seu conhecimento/saber necessário neste trabalho, desenvolvendo atividades essenciais para a prevenção à saúde, quanto por serem profissionais conhecidos pela população que frequenta o serviço. A sala de vacina faz parte do processo de trabalho das Unidades Básicas de Saúde, portanto, sendo uma das portas de entrada aos serviços oferecidos a população, como o acolhimento e as consultas agendadas. Os profissionais de enfermagem facilitam o fluxo das pessoas dentro do serviço, agilizando ou encaminhando para outros atendimentos. O relacionamento subjetivo se intensifica quando observamos as acompanhantes que levam crianças para vacinar. As técnicas e auxiliares de enfermagem referem que devido a quantidade de vacinas no primeiro ano de vida, conseguem acompanhar o crescimento das crianças e estabelecer um relacionamento mais intenso. Referem que conseguem identificar a necessidade ou não de um cuidado integral a saúde da criança, portanto, sendo encaminhada a consulta com enfermeira ou pediatra. Este cuidado integral proporciona ao usuário uma fidelização com o Centro de Saúde, gerado inicialmente pela subjetividade da relação do profissional da sala de vacina e o usuário. Considerações finais: As salas de vacina visibilizam o complexo trabalho exercido pelas auxiliares e técnicas de enfermagem, trabalho técnico e permeado de subjetividade, identificando esses profissionais como sujeitos produtores de cuidado na Atenção Primária à Saúde. O estudo apontou que o trabalho realizado nas salas de vacina extrapola os procedimentos técnicos, ressaltando a relevância e importância dos sujeitos, dos trabalhadores, que atuam neste local. A grandeza do PNI se revela no cotidiano nas salas de vacina e constitui um dos principais legados da enfermagem brasileira à saúde da população.

6584 PROTOCOLO DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA: ANÁLISE DOS ÚLTIMOS 20 ANOS E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE.
Alex Duarte, Sandra Conceição Ribeiro Chícharo

PROTOCOLO DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA: ANÁLISE DOS ÚLTIMOS 20 ANOS E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE.

Autores: Alex Duarte, Sandra Conceição Ribeiro Chícharo

Apresentação: O presente trabalho visa demonstrar a necessidade da educação permanente e continuada com foco nas atualizações do protocolo de Suporte Básico de Vida – SBV preconizado pela American Heart Association. É comum o profissional fazer um curso e não fazer a reciclagem, mantendo o seu conhecimento estático por achar que o protocolo referido só se altera de cinco em cinco anos. Face aos inúmeros estudos e novas possibilidades terapêuticas a partir do ano de 2015, as atualizações do protocolo passaram a ser divulgadas conforme a relevância do estudo, não sendo necessário aguardar a atualização divulgada de cinco em cinco anos. A atualização publicada em 2017 foi a primeira fora do período regular dos cinco anos. Objetivo: Rever as atualizações do protocolo publicadas no guidelines da American Heart Association nos anos últimos 20 anos; demonstrar a importância e a necessidade da educação permanente frente às mudanças significativas no decorrer desses anos. Justificativa: No Brasil, por ano aproximadamente 200 mil pessoas sofrem parada cardiorrespiratória (PCR), reforçando a necessidade do profissional, estar atento as mudanças no protocolo, que podem passar despercebidas por este, levando-o a erro por falta de uma educação permanente. Método: Análise documental com revisão bibliográfica dos guidelines publicados pela American Heart Association nos anos de 2005, 2010, 2015, 2017 e 2019. Resultado: Da análise dos documentos observou-se as seguintes mudanças: Algoritmo de ABCD para CAB em 2010; a frequência de compressão que passou, em 2015, a ser de no mínimo 100 e no máximo 120 por minuto; a profundidade da compressão que no mesmo ano passou a ser de no mínimo 5 cm e no máximo 6 cm, em adultos. A implantação em 2010 da possibilidade da Compressão Cardíaca Contínua, quando não houver um dispositivo de barreira ou quando o socorrista não tiver segurança para realizar as ventilações. Não podemos deixar de citar que em 2005 uma única relação compressão ventilação foi preconizada, tanto no atendimento com um, quanto com dois socorristas, a saber: trinta compressões para duas ventilações. Considerações finais: É muito comum acompanharmos erros por falta de atualização, merece destaque, aqui, a relação compressão ventilação na reanimação cardiopulmonar, muitos profissionais ainda acreditam que a relação correta é quinze compressões para duas ventilações, quando vimos que desde 2005 essa relação passou a ser única e de trinta compressões para duas ventilações. Uma educação permanente eficaz é fundamental para manter o profissional atualizado e consciente da justificativa da realização do procedimento, a instrução permite ao profissional um pensamento crítico, o que facilita a tomada de decisões.

6688 O PAPEL DO PSICÓLOGO NO PROCESSO TRANSEXUALIZADOR OFERECIDO PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Helena carollyne da silva SOUZA

O PAPEL DO PSICÓLOGO NO PROCESSO TRANSEXUALIZADOR OFERECIDO PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Autores: Helena carollyne da silva SOUZA

Apresentação: A Psicologia está inserida no contexto transexualizador como área fundamental no cuidado e acolhimento desses sujeitos. A patologização juntamente com questões relacionadas ao preconceito estereótipos e estigmas em relação a pessoas transexuais envolve várias instâncias e instituições sociais contribuindo para o deterioramento da saúde mental de pessoas transexuais, visto que seus direitos, em sua maioria, direitos básicos da constituição brasileira, não são preservados. Estes indivíduos por muitos anos tem sido silenciados quanto aos seus desejos de terem o gênero que dizem corresponder a sua identidade. Os espaços destinados a saúde dessa população podem ser extremamente hostis, principalmente durante o processo Transexualizador. Dessa forma, essa produção tem o objetivo de entender os aspectos do trabalho do psicólogo nesse serviço, visto que a Psicologia está inserida nesse contexto como área fundamental no cuidado e acolhimento das pessoas transexuais. O método utilizado foi uma revisão bibliográfica de publicações referentes ao papel do psicólogo no âmbito da transexualidade no sistema único de saúde (SUS). Buscou-se entender o papel do psicólogo nesse processo, além dos avanços e desafios ao longo de trajetória da transexualização. A partir da pesquisa realizada observou-se que apesar da maior visibilidade que a questão trans vem ganhando no âmbito da saúde pública, ainda existem muitos desafios no acesso dessa população a essas políticas públicas, no tratamento oferecido por esses serviços a elas, nesse sentido, o trabalho da Psicologia parte de princípios éticos presentes no Conselho Federal de Psicologia(CFP), como por exemplo, no que diz respeito a avaliação Psicológica, sendo que esta não deve operar pela lógica diagnóstica, mas sim pela de funcionamento psicossocial global. Contudo, a avaliação deve também estar atenta às demandas de saúde mental relacionadas às identidades trans - fruto da discriminação - que podem requerer outros tipos de encaminhamentos. Observou-se também a importância do apoio psicológico pré e pós tratamentos cirúrgicos e hormonais referentes ao processo de redesignação sexual. Portanto conclui-se que ainda se enxerga um longo caminho de mudanças a ser percorrido nas questões que se refere à população transexual, e que precisa começar a ser trilhado imediatamente, tendo em vista a vulnerabilidade desses indivíduos na realidade brasileira, logo os Profissionais da área de Psicologia possuem papel fundamental nesse processo, dada a importância da assistência Psicológica no âmbito do processo transexualizador.

6713 RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A CONSTRUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS LÚDICOS COM ALUNOS DE ENFERMAGEM PARA O ENSINO DE BIOQUÍMICA EM TEMÁTICAS DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL
Priscila Leite Loiola Ribeiro, Roberta Pires Corrêa, Tatiane Militão de Sá, Paula Alvarez Abreu, Helena Carla Castro

RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A CONSTRUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS LÚDICOS COM ALUNOS DE ENFERMAGEM PARA O ENSINO DE BIOQUÍMICA EM TEMÁTICAS DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL

Autores: Priscila Leite Loiola Ribeiro, Roberta Pires Corrêa, Tatiane Militão de Sá, Paula Alvarez Abreu, Helena Carla Castro

Apresentação: A Bioquímica é uma disciplina que faz parte da grade curricular de cursos de graduação em enfermagem, responsável por estudar os processos químicos de organismos vivos agregando conhecimentos interdisciplinares da biologia, física e química. O aprendizado de tal disciplina é fundamental para a formação dos alunos de enfermagem, em contrapartida observa-se certo grau de dificuldade na assimilação do conhecimento na mesma por parte dos discentes. Objetivo: Estimular e proporcionar ao discentes o conhecimento de bioquímica de forma lúdica e dinâmica, por meio da elaboração de recursos didáticos abordando temas em saúde materno-infantil. Método: Tratou-se de um relato de experiência de cunho descritivo, de natureza quantiqualitativa, desenvolvido com discentes do segundo período do Curso de Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, realizado no segundo semestre de 2018. A atividade transcorreu durante as aulas da disciplina de Bioquímica, sendo proposto aos alunos a criação de recursos didáticos abordando conteúdos de bioquímica voltados aos temas de saúde materno-infantil. A atividade buscou facilitar o aprendizado de temas em saúde que fazem parte da grade curricular da disciplina de bioquímica, por meio da utilização de estratégias lúdicas e criativas a fim de contribuir para uma aprendizagem mais dinâmica e atrativa para os alunos de enfermagem. Resultado: e Discussões: Como resultado, obtivemos a produção de quatorze recursos didáticos abordando os seguintes temas: “Mamas: desenvolvimento e lactação”; “Desenvolvimento Hormonal Placentário na Gestação”; “A evolução através da placenta: transporte de oxigênio”; “A ação e a importância do surfactante na formação pulmonar no período embrionário”; “Problemas de fertilidade”; “Puberdade feminina”; “Parto induzido”; “Gravidez ectópica”; “Partos alternativos”; “Infecções sexualmente transmissíveis e gravidez”; “Transcrição celular e DNA”; “Gravidez humana e evolução da gestação”; “Ciclo reprodutivo feminino”; “Amamentação e resguardo”; “Aborto involuntário”; “Desenvolvimento do sistema cardiovascular” e “Formação do cérebro”. Considerações finais: Todos os recursos foram explorados por meio de maquetes lúdicas, táteis e tridimensionais, sendo observado a contribuição positiva no processo de aprendizagem dos alunos de enfermagem sobre temas tão importantes em saúde, antes consideradas pelos participantes como algo complexo e de difícil entendimento.

6764 A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA ATUAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA
Samara Feitosa Gomes Silva, Andrey Felipe Lima de Araújo, Inês Amanda Streit, Klinsmann Gomes Silva, Márcio Klinger Gomes Silva, Patrícia Barroso de Oliveira, Victor José Machado de Oliveira, Júlio Cesar Schweickardt

A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA ATUAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA

Autores: Samara Feitosa Gomes Silva, Andrey Felipe Lima de Araújo, Inês Amanda Streit, Klinsmann Gomes Silva, Márcio Klinger Gomes Silva, Patrícia Barroso de Oliveira, Victor José Machado de Oliveira, Júlio Cesar Schweickardt

Apresentação: A Atenção Básica (AB) tem a Estratégia de Saúde da Família (ESF) como componente estruturante do sistema de saúde brasileiro, o que tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no Sistema Único de Saúde (SUS). A participação do Profissional de Educação Física (PEF) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS foi regulamentada no ano de 2008, nos quais seus saberes são postos em prática em um dos nove eixos estratégicos do Núcleo Ampliado de Saúde da Família – Atenção Básica (NASF-AB)definido como “Práticas Corporais e Atividades Físicas”, estando aderida a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Eixo que o Ministério da Saúde considera como prioridade e que através deste visa incentivar também, a redução do fator de risco do sedentarismo. A inserção formal dos PEF em ações programáticas, como a ESF e o NASF-AB são, tanto para o campo da saúde quanto para a área da Educação Física, a potencialidade de articulação de práticas de cuidado de caráter multiprofissional, inspiradas no princípio da integralidade da atenção. Este trabalho trata-se de pesquisa oriunda da Dissertação de Mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Saúde Sociedade e Endemias na Amazônia - PPGSSEA, da Universidade Federal do Amazonas-UFAM. O objetivo foi analisar como o Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Enfermeiro (ENF) percebem a atuação e importância do PEF na Atenção Básica. Trata se de um estudo de natureza descritiva, do tipo qualitativo. O cenário em que se realizou a pesquisa foram os municípios de Autazes, Iranduba, Itacoatiara e Nova Olinda do Norte, situados na região norte do Estado do Amazonas, Brasil. A amostra foi por conveniência, totalizando 11 ACS e 11 ENF que atuam nas UBS atendidas pelo PEF, através do NASF-AB, dos municípios participantes do estudo. O critério de inclusão para participação da pesquisa foi atuar em UBS atendida pelo PEF e atuar conjuntamente com o PEF. Foi aplicado um instrumento do tipo formulário semiestruturado, com perguntas abertas e fechadas, composto por quatro partes: 1. Dados Pessoais; 2. Formação; 3. Tempo de Atuação e 4. Percepção quanto a atuação do PEF na Atenção Básica – NASF-AB. Para registro das entrevistas foi utilizado gravador modelo ICD – BX140 – SONY. A análise ocorreu de forma interpretativa, utilizando os pressupostos da Análise do Discurso. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), sob o parecer nº 15434619.0.0000.5020 em 07 de agosto de 2019. A coleta de dados iniciou no mesmo mês (agosto) e finalizou em outubro do ano supracitado. Entre os resultados encontrados, a ENF de Autazes, sobre a integração e importância do PEF, relatou –“ A PEF realiza educação permanente aqui, ela vai pra área fazer a busca ativa dessa população. Ela trabalha em conjunto com os ACS e ela não enfatiza só o trabalho dela, por exemplo: quando ela sai para uma visita domiciliar, se  encontra outra dificuldade, ela tem aquele olhar de chegar aqui na UBS e dizer: Olha enfermeira aquele paciente se encontra dessa forma e eu acredito que ele precisa desse outro profissional ou então de uma visita médica, esse paciente não está precisando só disso, mas eu acredito que se for dessa forma vai melhorar. Então a gente tem esse feedback.” É possível inferir nessa fala que a articulação do PEF com a ESF acontece nesse município que têm dois NASF-AB tipo 1. Existe uma comunicação com a equipe, para maior alcance da resolutividade ao usuário. Possibilitando um atendimento integral, além de identificar um profissional que carrega não somente os conhecimentos de sua área de atuação. Discurso que se complementa com a fala de ACS de Nova Olinda do Norte - “Eu já trabalho a muito tempo, hoje é muito diferente. Hoje é uma benção. De acordo com a realidade do município, temos esses profissionais inseridos na UBS, então ganha nos profissionais porque, quando agente se depara com paciente com determinado tipo de necessidade, nós temos uma referência para mandar esse paciente, referenciar, entendeu?”. Pela análise dos discursos presentes neste estudo, a promoção da atividade física na atenção básica, tem um papel primordial para o alcance da promoção da saúde. A este profissional é necessário que sua presença seja efetiva, como é observado na fala de um ENF de Autazes que atua muito antes da implementação do NASF-AB - “Tá, deixa eu lhe falar, antes nós não tínhamos a equipe. Eu sou do tempo que não existia o PEF e eu fazia a parte de atividade física com eles. Tínhamos o grupo que era o Me Ame. E eu fazia meus alongamentos, mas eu não sou um profissional da área, nada melhor do que um profissional da área para entender dos exercícios, a forma correta de fazê-los. Quem mais preparado do que o profissional de Educação Física para falar e fazer atividade física?”. Em Itacoatiara o ACS manifestou que o PEF não se restringe somente a prática de atividade física - “O exercício físico é para contribuir. O educador físico aborda muito isso. Não é só dependente dos remédios. Então ele não só aborda que vai pra UBS fazer um alongamento, um exercício e só isso. Ele acaba conversando, ele passa o conhecimento dele. Explica que isso pode isso não pode”. A atuação do PEF na Atenção Básica compreende desenvolver ações, aconselhamento e divulgação em torno do eixo das Práticas Corporais e Atividade Física. Com relação à percepção da Equipe de Saúde da Família sobre a atuação do PEF, os ACS e os ENF compartilham do olhar que o PEF é indispensável, tendo um papel primordial na vida do usuário, na equipe e na Atenção Básica. A efetividade do PEF no NASF-AB é imprescindível para alcançar a resolutividade, a integralidade e o acesso universal que norteia o SUS desde a sua criação. A partir do cenário, que atualmente direciona a Atenção Básica, com a publicação da Portaria Nº 2.979/2019, torna-se explícito um panorama futuro de regressão ao processo do cuidado com a saúde da população brasileira. Neste contexto, evidencia-se o risco ao modelo de atendimento na Atenção Básica, podendo ocasionar uma lacuna pela ausência de profissionais que integram o NASF. No presente estudo foi possível apresentar a atuação do PEF por meio da percepção dos profissionais que integram a equipe de saúde da família, aspectos que foram evidenciados nos discursos dos ACS e ENF quanto à relação dos profissionais e a produção de efeitos positivos ao usuário.

5926 FORMAÇÕES PROFISSIONAIS NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: DESCOBERTAS NO CAMINHO DOS TIJOLOS DOURADOS
Maria Luiza De Barba, Roberto Amorim de Medeiros

FORMAÇÕES PROFISSIONAIS NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: DESCOBERTAS NO CAMINHO DOS TIJOLOS DOURADOS

Autores: Maria Luiza De Barba, Roberto Amorim de Medeiros

Apresentação: As ações resultantes do Movimento Sanitário somadas à concepção de integralidade na atenção e à participação da sociedade na tomada de decisão sobre o setor saúde despontaram para percepção de insuficiência no ensino das profissões, que sofre influência das corporações e do mercado de interesses do complexo produtivo da saúde, e da disputa pelos imaginários profissionais promovidos pelo conflito de posição em estruturas de poder no trabalho. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino das profissões da saúde dispõem que os cursos devem contemplar elementos de fundamentação essencial em cada área do conhecimento, campo do saber ou profissão, visando promover no profissional o desenvolvimento intelectual e profissional, autônomo e permanente, permitindo a continuidade do processo formativo, bem como a capacidade de promover a integralidade do cuidado e de fomentar programas de formação e qualificação contínua dos trabalhadores, assim como o desenvolvimento de pesquisas que objetivam a qualificação da prática profissional, além da capacidade de “aprender a aprender”, valorizando o cotidiano do trabalho em equipe e da atuação multiprofissional. Considerando a assertiva que o SUS deve ordenar a formação dos recursos humanos da saúde, são encontrados diversos obstáculos no exercício desta função devido às características das instituições de ensino e seu marcante distanciamento do sistema público de saúde. São muitos os desafios que a formação profissional impõe à consolidação do ideário do SUS como prática social, tendo em vista o poder de normalização e permanência de que determinados modelos pedagógicos dispõem, condicionando a atuação dos profissionais. Por conseguinte, a mera modernização pedagógica não garante a transformação das práticas e a superação de elementos destes currículos normativos. A formação para área de saúde deveria ter como objetivo transformar as práticas profissionais e a própria organização do trabalho, estruturando-se a partir da problematização do processo de trabalho e sua capacidade de dar acolhimento e cuidado às várias dimensões e necessidades de saúde das pessoas, dos coletivos e das populações. O movimento dos espaços de formação do interior das universidades para o espaço público foi incentivado com a aposta de um lugar que tem em potencial a produção de um encontro com as experiências do outro. Nesse (re)encontro da formação do cidadão com o espaço compartilhado com a alteridade resulta em diferentes agenciamentos  que podem trazer novas configurações públicas, e referências políticas para sociedade. Apesar disso, nos cursos de graduação, a interseção pretendida entre o mundo do trabalho e o mundo do ensino ainda é um objeto de futura conquista. Já nos programas de pós-graduação, como a Residência, essa aproximação do ensino com as vivências de gestão e participação popular, além das de atenção, deveriam ser corriqueiras. Entretanto, muitas vezes ocorre a prática acéfala do dito mundo do trabalho. As mudanças pretendidas para o ensino dos profissionais da saúde remetem à necessidade de mudança nos processos de trabalho, refletindo-se sobre como são organizadas as ações humanas nos processos produtivos que visam encontros singulares, tentando identificar as tecnologias utilizadas nos espaços de produção do cuidado e a capacidade das mesmas na garantia da expressão de interesses dos diversos atores e das heterogêneas realidades dos seus territórios. Ao discutir as modelagens tecnoassistencias em saúde, é possível perceber que por meio do jogo de pressão e disputas, cria-se uma correlação de forças que definem a política de saúde, combinando interesses diversos, fazendo com que essa política favoreça ou não determinados grupos e interesses. Seus desdobramentos estão presentes no processo de trabalho cotidiano e nas práticas de gestão, interferindo nas relações sociais, políticas e econômicas, capazes de produzirem mudanças na sociedade e impactos na construção do conhecimento. A Educação Permanente em Saúde é uma das estratégias utilizada pelo SUS para formação dos trabalhadores, uma política que articula e coloca em roda diferentes atores, possibilitando um lugar de protagonismo na condução de sistemas locais de saúde. Incorporada ao cotidiano da gestão setorial e da condução gerencial dos serviços de saúde, torna o SUS o interlocutor das instituições formadoras, na formulação e implementação dos projetos político-pedagógico de formação profissional, e não apenas como mero campo de estágio ou aprendizagem prática. A qualidade da formação passa a resultar da apreciação de critérios de relevância para o desenvolvimento tecnoprofissional, o ordenamento da rede da atenção e alteridade com os usuários. O reconhecimento e a valorização da dimensão dialógica nos atos de cuidar significam a abertura a um interesse em ouvir o outro, rompendo com o monólogo característico de tecnociência. Considerando um sistema que precisa funcionar de acordo com as necessidades de seus usuários, e que os processos de trabalho em saúde possuem redes de muitas articulações, as principais características propostas pela EPS são a multiplicidade e a heterogeneidade na sua composição. Dessa forma, propõe-se uma rede rizomática, que se articula sobretudo no plano do trabalho cotidiano, e que convive com o diferente, sendo capaz de dar expressão às múltiplas faces que compõem o SUS, em especial no âmbito do trabalho de cada um. Portanto, é preciso reconhecer a existência de um tipo de rede que se constitui sem modelo ou estrutura, que se constrói em ato com base no trabalho vivo de cada trabalhador e equipe, mediante fluxos de conexões entre si, na busca do cuidado em saúde. Dessa forma, as redes são inerentes aos processos de trabalho das equipes, apresentando um potencial formador que advém do cotidiano da prática profissional. Por meio da EPS o cotidiano dos serviços torna-se capaz de produzir saberes e afetações na formação dos trabalhadores e dos novos profissionais, mobilizando seus conhecimentos para pensar diferentes maneiras de fazer saúde. Esse movimento coloca em discussão os processos de gestão do trabalho e da educação, qualifica a prática das equipes multiprofissionais, da gestão, do ensino e mobiliza os diversos atores sociais. A aproximação do ensino de graduação com as experiências de EPS promove a discussão da atuação profissional e da própria formação, dando protagonismo às reformas do ensino que dialogam como os movimentos de mudança no setor da saúde. Foi realizado um estudo de caso exploratório transversal, qualitativo, sendo analisadas as contribuições que o ensino de graduação e os outros tipos de formação e experiências do cotidiano promoveram para a prática dos profissionais da saúde. A análise dos dados foi realizada pela metodologia de estudos de caso múltiplos. As discussões propostas acerca da formação de graduação sinalizaram para necessidade de realizar movimentos de aproximação do ensino com o cotidiano dos serviços, e a construção de currículos integrados que deem conta de produzir nos profissionais a capacidade de atuar nos diferentes contextos sociais e melhorar a qualidade de vida da população. Através da Educação Permanente em Saúde, o mundo do trabalho apresentou a capacidade de produzir afetações no processo de formação dos profissionais, e mobilizar conhecimentos para pensar diferentes maneiras de agir e fazer saúde. No ensino de pós-graduação, a residência ocupou espaço importante na formação dos profissionais, ao permitir sua experimentação no contexto do cotidiano dos serviços, porém, também não se demonstrou capaz de esgotar as necessidades de formação existentes. Dessa forma, percebe-se que a formação em saúde é um campo amplo e composto por inúmeras realidades e experiências, sendo, portanto, sugerido a realização de novos estudos para que se possa aprofundar os questionamentos produzidos ao longo da pesquisa e que demonstram a relevância de se discutir este tema.