390: Experiências em Saúde Mental
Debatedor: Amanda Maria Villas Bôas Ribeiro
Data: 30/10/2020    Local: Sala 11 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
5930 FATORES DESENCADEANTES DE ESTRESSE OCUPACIONAL E SUAS REPERCUSSÕES NEGATIVAS AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO SETOR DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Nathaly Silva Freitas, Zaline de Nazare Oliveira de Oliveira, Raiane Cristina Mourão do Nascimento, Rafaela de Souza Santos Carvalho, Gustavo Abreu Freitas, Evanil da Mota Pimentel, Juliana Farias Vieira

FATORES DESENCADEANTES DE ESTRESSE OCUPACIONAL E SUAS REPERCUSSÕES NEGATIVAS AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO SETOR DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Nathaly Silva Freitas, Zaline de Nazare Oliveira de Oliveira, Raiane Cristina Mourão do Nascimento, Rafaela de Souza Santos Carvalho, Gustavo Abreu Freitas, Evanil da Mota Pimentel, Juliana Farias Vieira

Apresentação: Segundo o Instituto de Psicologia e Controle do Stress, o stress na vida do ser humano vem a ser uma reação do organismo que ocorre devido a necessidade de lidar com situações que exijam um considerável esforço emocional para serem superadas. No atendimento a pacientes críticos, assistidos ininterruptamente, o profissional vivencia uma ansiedade diante das emergências da unidade, favorecendo o estresse. Além disso, dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) o enfermeiro assume uma postura de alerta devido às características próprias da rotina de serviço do setor, que é percebida também pela equipe, pacientes e familiares, como um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital, mostrando assim a relevância da evolução do estresse dentro deste ambiente de trabalho. A evolução do estresse classifica-se em três fases, iniciada com a fase de alerta, quando o indivíduo entra em contato com o agente estressor. A segunda fase é a de resistência, caracterizada quando o corpo tenta se reequilibrar e voltar ao seu estado original. Quando o corpo reage a fase de alerta e consegue lidar com o fator estressante na fase de resistência, não ocorre sequelas, porém, quando não consegue, temos a terceira fase do estresse que é fase de exaustão. Nesta fase podem surgir diversos comprometimentos físicos em forma de doença, havendo exaustão física e mental. Ademais, foi evidenciado que os profissionais costumam relatar agravos à sua própria saúde, o que compromete a execução do seu trabalho. Neste sentido, a relação entre a saúde mental e o trabalho vem sendo alvo de estudos, destacando a saúde do trabalhador como uma questão prioritária no Brasil. As particularidades do trabalho da enfermagem tornam o profissional suscetível ao fenômeno do estresse ocupacional, sendo considerada a quarta profissão mais estressante no setor público, o que contribui para o adoecimento da saúde mental deste profissional. Estudos constataram que a saúde mental dos profissionais de enfermagem, pode ser influenciada por fatores internos e externos ao trabalho e que o suporte administrativo, o relacionamento interpessoal e a divisão adequada das atividades laborais são estratégias que auxiliam na redução do estresse laboral. Objetivo: Relatar a vivência em uma UTI na identificação de fatores estressores e alterações psicossomáticas  relacionadas a atividade laboral dos profissionais de enfermagem em um hospital público no município de Santarém-Pa. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência vivenciada em uma unidade de terapia intensiva de um hospital de média e alta complexidade do município de Santarém-Pará, durante o mês de março de 2019, por docente e discentes do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Pará- Campus XII, durante as aulas práticas da disciplina de Enfermagem em unidade de terapia intensiva adulto ofertada no 7° semestre. Utilizou-se da observação direta participativa, com a equipe de enfermagem e análise reflexiva dos principais fatores estressores vivenciados pelos profissionais de enfermagem do setor. Resultado: e Discussões: Durante o período de estágio no setor de Unidade de Terapia Intensiva Adulto foram observadas inicialmente a estrutura do setor e a rotina dos profissionais atuantes, em especial a equipe de enfermagem. A unidade é composta por 12 leitos e um isolamento, e a equipe de enfermagem formada por 3 enfermeiras, sendo uma de atribuições gerenciais e 2 assistenciais e 9 técnicos de enfermagem. Durante as práticas, os acadêmicos e os profissionais realizavam atividades conjuntas diariamente de modo que foi construído certo vínculo colaborativo entre eles, permitindo a conversação e interação positiva entre os membros da equipe. A partir de então, foi identificado uma diversidade de situações contribuintes ao estresse dos profissionais no ambiente de trabalho, assim como, repercussões negativas à saúde destes colaboradores. Os profissionais demonstravam interesse sobre a temática relatando suas experiências e situações que envolviam a questão estresse no ambiente de trabalho. Os relatos mais frequentes eram referentes a falta de reconhecimento e valorização profissional da instituição, juntamente com a insatisfação do salário recebido, espaço físico de trabalho inadequado para o desempenho das atividades diárias e a própria assistência ao paciente grave. Alguma dessas informações corroboram com estudos já realizados, onde foi identificado que o excesso de trabalho pode produzir gradualmente a exaustão emocional, criativa e física, reduzindo a eficiência, saúde e bem-estar, situação desencadeadas por condições inadequadas de trabalho, jornadas prolongadas, excesso de tarefas, ambiente físico inadequado, baixa remuneração, entre outros. Esses fatores, muitas vezes, prejudicam o profissional, levando-o a realizar seu trabalho mecanicamente, sem tempo para desenvolver seu conhecimento, competências e habilidades, além de constrangê-lo pelo trabalho mal feito. As situações descritas geram repercussões negativas tanto de ordem física como emocionais à saúde dos trabalhadores, dentre as principais mencionadas pelos sujeitos da pesquisa, foram destacadas: ansiedade, irritabilidade no ambiente de trabalho, tensão muscular, queixas de náuseas e mal-estar físico e psicológico. O desenvolvimento desses fatores pode ser individual, único, ou vários, simultaneamente. Através de estudos já feitos os sinais e sintomas de estresse desenvolvido por enfermeiros, analisados em uma UTI adultos foram ansiedade, insônia, o aumento da sudorese, tensão muscular, taquicardia, hipertensão arterial, hiperatividade, náuseas, mãos e pés frios na tentativa de adequação ao ambiente de trabalho, concordando com as informações identificadas durante a vivência. Nesse sentido, o estresse caracteriza-se como uma resposta adaptativa do organismo diante de novas situações, especialmente aquelas apreendidas como ameaçadoras. No entanto, esse processo é individual, com variações sobre a percepção de tensão e manifestações psicopatológicas diversas. Diante do exposto, torna-se prudente investir maiores esforços na prevenção do estresse e controle da saúde dos trabalhadores de enfermagem, proporcionando maior rendimento no trabalho, ambiente agradável, seguro e assistência de qualidade. Considerações finais: A partir deste estudo foi possível perceber que a maioria dos enfermeiros consideraram as atividades desempenhadas na unidade de terapia intensiva como desgastantes, proporcionando o estresse ocupacional. Entre os fatores estressores destacaram-se as questões de valorização profissional, salários insatisfatório, estrutura física inadequada e os cuidados direcionados ao paciente grave, desencadeando também alterações físicas e emocionais devido ao estresse constante. É preciso, portanto, que as estratégias individuais e em grupo sejam implantadas e/ou intermediadas por gerentes e gestores, proporcionando um ambiente de trabalho humanizado e acolhedor para os profissionais, pacientes e seus familiares.  

5961 REFLEXÃO E CRÍTICA DA COMPAIXÃO À SOLIDARIEDADE EM UMA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL
Cosme Rezende Laurindo, Clara Barbosa de Oliveira Santos, Adélia Cristina da Cunha, Daniele de Fátima do Carmo Chandreti, Ludimila Fortunato Ribeiro de Castro, Thales de Souza Ferreira

REFLEXÃO E CRÍTICA DA COMPAIXÃO À SOLIDARIEDADE EM UMA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL

Autores: Cosme Rezende Laurindo, Clara Barbosa de Oliveira Santos, Adélia Cristina da Cunha, Daniele de Fátima do Carmo Chandreti, Ludimila Fortunato Ribeiro de Castro, Thales de Souza Ferreira

Apresentação: Sandra Noemi Cucurullo de Caponi é filósofa, mestra e doutora em Lógica e Filosofia da Ciência, detendo ainda três pós-doutorados, cursados no exterior. Atualmente, é professora titular do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina, desenvolvendo trabalhos na área epistemologia e história da psiquiatria, da medicina e na área de Bioética. É a partir de seu trabalho publicado em 2000, denominado "Da Compaixão à Solidariedade: Uma Genealogia da Assistência Médica”, que se propôs uma reflexão e crítica quanto ao lugar da compaixão e da solidariedade na área da saúde. Nesta obra, Caponi busca compreender historicamente as intervenções que são desenvolvidas pelos profissionais da área da saúde enquanto resposta ao processo de saúde e adoecimento por volta do século XVIII, a partir da ética compassiva e do utilitarismo, cunhados pelos filósofos Jeremy Benthan e Stuart Mill. Japiassú e Marcondes (1996), ao trabalharem o conceito de utilitarismo proposto pelos filósofos previamente citados, apontam que se trata de uma corrente filosófica que dicotomiza ações em boas, quando tendem a promover a felicidade, e más, quando tendem a promover o oposto da felicidade. Desta forma, se propondo a alcançar um maior grau de bem geral, com efeitos bastante negativos frente às minorias, visto que não há reflexão em relação a intenções e motivos de cada intervenção. Ainda em sua obra, a partir da leitura de Nietzsche (1987) e Arendt (1999), Caponi (2000) discute os conceitos de compaixão, piedade e solidariedade, nos levando a refletir quanto possibilidades de ação frente às intervenções de saúde até em então hegemônicas e perpetuadas. Apresenta que, a partir de mecanismos de controle e coerção, a piedade, institucionalizada, tende a contrariar a perspectiva de emancipação dos sujeitos, procedendo à manutenção do sofrimento alheio, à legitimação das desigualdades e à exclusão do diálogo qualificado. Em contrapartida, a solidariedade, a partir da universalização do acesso à direitos, tende a garantir intervenções assertivas com reconhecimento do outro enquanto sujeito capaz. Desenvolvimento: A partir da obra de Caponi, publicada em 2000, denominada "Da Compaixão à Solidariedade: Uma Genealogia da Assistência Médica”, propôs uma reflexão e crítica quanto ao lugar da compaixão e da solidariedade na área da saúde, trazendo breve relato da experiência de residentes multiprofissionais da saúde, tecendo reflexão e crítica. A atuação profissional pautada na compaixão piedosa constitui-se enquanto território de difícil possibilidade de evidência uma vez que esteja introjetado nas relações profissional-usuário há muito tempo, como reflexo das relações da própria sociedade. Os efeitos negativos materializam-se na presença da dama de caridade (que vem sendo o lugar do profissional da saúde), que ocupa um lugar proveniente da divindade, provendo assistencialismo, a partir principalmente da filantropia. Esta prática vem sendo substituída por um fazer profissional emancipatório, cunhado pela equipe multiprofissional, porém, ainda se percebe, de forma marcada, a presença desta concepção principalmente nos serviços de base comunitária, com maior proximidade aos usuários que são assistidos, com necessidade de refletir se as ações desenvolvidas visam atender a si (profissional) ou emancipar ao outro. A crítica às intervenções dadas, na voz de Caponi, a partir de sua leitura de Nietzsche, vem do entendimento de que o caráter compassivo, presente no exercício das mais diversas profissões da área da saúde, não assume compromisso real com a dor ou adoecimento do outro, detendo caráter de resposta imediata sem consideração quanto consequências ou mesmo complicações, de forma a, em profundidade, atender uma demanda subjetiva de quem ocupa o lugar de cuidador compassivo para lidar com seu próprio altruísmo dissimulado. Nesta relação formada, há dissimetria de forças e produção de papeis dicotômicos, sendo do benfeitor (dominante) e do assistido (dominado), com presença de coerção e submissão materializadas na figura de um provedor, assemelhado a um pai celestial, que, a partir da oferta de ajuda, instaura uma dívida eterna por parte do assistido, bem como a gratidão eterna pelos atos prestados, fomentando uma relação de dependência e não de investimento concreto no que o outro poderia fazer por si. A relação, a partir da influência utilitarista, volta-se não a respostas complexas, mas ao que garantirá uma ação boa, ação esta que resolva a demanda apresentada, mas que não se compromissa com sua origem, bem como perpetua o lugar do benfeitor para futuro retorno do assistido. Enquanto resposta a esta relação, Caponi apresenta a solidariedade, identificando-a enquanto compromisso autêntico com o outro, a partir, necessariamente, da mediação por meio do diálogo, da troca, entendendo que é através deste caminho que se alcança um mínimo de alteridade e aceitação da pluralidade humana como algo irredutível, o laço social "humanizante", para se intervir sobre questões complexas não enquanto o que for bom à maioria, mas o que couber dentro a subjetividade que está inserida numa sociabilidade e demanda respostas à questões até anteriores ao que é apresentado inicialmente. No intuito de elucidar o que Caponi aborda em sua obra, faz-se necessário trazer um exemplo da vivência profissional na política de saúde. No cotidiano do Sistema Único de Saúde (SUS), a materialização das política públicas - aqui com destaque à política de saúde - em um contexto neoliberal em que o capitalismo faz uso desta estratégia econômica para tentar resgatar suas taxas de lucro perpassa elementos anteriores que se relacionam com a trajetória sócio histórica brasileira, tais como o paternalismo e clientelismo, características que marcam a formação social, política e econômica nos países de capitalismo periférico. O conceito “paternalismo de Estado” tem relação direta com o conceito “poder", pois o “paternalismo” visaria o bem dos cidadãos, mas sem ter em devida conta a sua participação, e mantendo uma fração de cidadãos na condição de menores políticos. Ou seja, o paternalismo, em outras palavras, mina a autonomia dos indivíduos de maneira velada e/ou explícita. Este "poder" ao tomar dimensão na política de saúde coloca o usuário do serviço em uma posição de protecionismo frente à sua relação com o meio social. Em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município de Juiz de Fora, de forma semelhante a em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), espaços ocupacionais dos residentes deste trabalho, é possível visualizar este elementos quando há receios de referenciar ou contrarreferenciar um usuário para outros dispositivos do território ou, ainda, quando o vínculo afetivo ganha mais espaço em detrimento do vínculo profissional, não mais se tratando de uma relação terapêutica, tornando-se um empecilho para o tratamento - entendendo este último com um viés "assistencialista". Considerações finais: Apesar do entendimento frente aos desafios quanto a ruptura do paradigma existente da compaixão e da piedade, que tem garantido sentimento de poder, a partir das relações que são expressadas por estas concepções, Caponi nos convida a “trocar os óculos” e à mudança de paradigma do que é vivenciado no cotidiano do trabalho na saúde, nos conduzindo à lógica solidária, entendendo-a enquanto potente à práticas emancipatórias e equânimes, possibilitando valorização do outro como sujeito autônomo, deslocando do sintoma o escopo de nossas ações.

5977 O AMBULATÓRIO DE SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA
Tainá Borges Cardozo, Renata Alves de Paula Monteiro

O AMBULATÓRIO DE SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA

Autores: Tainá Borges Cardozo, Renata Alves de Paula Monteiro

Apresentação: Apesar do ambulatório de saúde mental não ser um ponto de atenção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela Portaria MS/GM nº 3.088, de 23/12/2011, ambulatórios seguem funcionando e sendo implementados em várias cidades do Brasil. Este fato, que parece contraditório, junto à experiência de estágio curricular do curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) em um ambulatório de saúde mental, resultaram a monografia de conclusão de curso de graduação, no qual o presente trabalho se baseia. Seu objetivo é trazer reflexões sobre as limitações e as possibilidades do ambulatório de saúde mental como um serviço estratégico da Reforma Psiquiátrica Brasileira, utilizando o trabalho realizado no Ambulatório de Saúde Mental de Jurujuba, na cidade de Niterói, município da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, campo do estágio, como exemplo. Destacamos características deste ambulatório, dentre eles, espaço de convivência, equipe multiprofissional, articulação com PMF, plano terapêutico, como possibilidades de trabalho próprias à lógica da atenção psicossocial. Para alcançar o objetivo deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema em questão. Além disso, também foram utilizados recortes de situações e aspectos observados durante o período de estágio no ambulatório. A partir desta pesquisa, foi constatado que não há apenas um único ambulatório de saúde mental, mas, sim, propostas de serviços ambulatoriais que diferem entre si. Foi feita uma comparação entre duas destas propostas, consideradas extremos opostos: o ambulatório tradicional, isto é, a primeira configuração deste serviço no Brasil, e o ambulatório da Reforma, aquele que surgiu alinhado às críticas feitas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira ao modelo manicomial. O ambulatório tradicional, quando foi criado, apresentou-se como um novo serviço de assistência à loucura, sua principal clientela na época. No entanto, na realidade, observou-se a repetição das práticas manicomiais com uma atuação em parceria com o manicômio, tendo como principal objetivo a remoção dos sintomas através do uso da medicação e da internação. Já o ambulatório da Reforma surgiu em um contexto de transformações no âmbito da assistência em saúde mental, que visavam romper com o modo manicomial. Nesta perspectiva, a finalidade não é enquadrar o sujeito em sofrimento no que se acredita ser o normal, mas, sim, que a pessoa possa ter uma vida melhor de acordo com a sua condição psíquica. Com isso, foi possível notar que a compreensão do que é saúde e do sujeito em sofrimento psíquico são as principais diferenças entre essas duas formas de ambulatório. No ambulatório tradicional, o trabalho é centralizado no saber psiquiátrico e no isolamento daqueles que não estão dentro do que é considerado normal, isto é, aqueles que apresentam características comumente associadas à psicose, como delírios e alucinações, ou outras aspectos, como angústia e uso prejudicial de álcool e outras drogas. Sendo assim, por esta lógica, a pessoa em sofrimento precisa se adaptar à “normalidade”, isto é, não apresentar mais estes sintomas para, assim, ser considerada saudável. Já no ponto de vista do ambulatório da Reforma, a eliminação dos sintomas a qualquer custo não é o objetivo. Aproximando-se da ótica psicanalítica, entende-se que os sintomas carregam singularidades de cada sujeito e que o sofrimento está para além das patologias listadas nos manuais de psiquiatria. Entendemos que sustentar um ambulatório que seja aliado aos princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira é primordial para que uma assistência com maior qualidade seja oferecida e para que as diferentes demandas clínicas possam ser atendidas da melhor maneira possível, pois os sofrimentos são diversos. Há neuroses graves, por exemplo, que precisam de um acompanhamento especializado de saúde mental, mas que não demandam todo o aparato de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Por isso, a função e o lugar do ambulatório de saúde mental não podem ser ocupados pela Atenção Básica (AB) ou pelos CAPS, assim como o ambulatório não deve se apropriar dos lugares desses serviços. Afinal, estes serviços diferenciam-se, principalmente, pela clientela que cada um pode atender, de acordo com os mecanismos que possuem. Funcionando dessa maneira, cada serviço pode se dedicar ao acolhimento e atendimento de casos que realmente precisam do seu cuidado. O ideal é que possam trabalhar em conjunto, em rede. Relacionando o levantamento bibliográfico realizado à experiência de estágio curricular, foi possível observar que o trabalho exercido no Ambulatório de Saúde Mental de Jurujuba, em Niterói, na época vivenciada, possuiu maior proximidade ao funcionamento de um ambulatório da Reforma, tendo em vista que houve o esforço em afastar-se da lógica manicomial, característica dos ambulatórios tradicionais, e aproximar-se de uma assistência pautada na atenção psicossocial. Isto foi constatado, principalmente, através da oferta de atividades terapêuticas diversas, presença de equipe multiprofissional, empenho para realização do trabalho em rede, ainda que longe do ideal devido a poucos técnicos dedicados a essa tarefa, e realização de reuniões e supervisões semanais para discussão de casos clínicos. No entanto, a ausência de alguns médicos psiquiatras nas reuniões de equipe bem como a não exigência da presença dos mesmos nos encontros podem apontar para o lugar que o saber médico ainda ocupa no campo da saúde mental. O predomínio da lógica manicomial nos serviços ambulatoriais por tanto tempo produziu efeitos iatrogênicos observados até hoje, como a cronificação e a estigmatização de pacientes psiquiátricos, assim como a compreensão de que o ambulatório de saúde mental é um local que oferece apenas consultas psiquiátricas para prescrições de medicamentos. Por esta razão, é importante refletir acerca do papel dos médicos psiquiatras no serviço. A partir do que foi exposto, é possível compreender a ausência do ambulatório de saúde mental na RAPS se, na elaboração desta portaria, foi levado em consideração o ambulatório tradicional, que recebe críticas importantes devido ao seu efeito cronificante e medicalizador. No entanto, acreditamos que sustentar o ambulatório não significa, necessariamente, manter suas práticas de origem. É possível e essencial pensar em um ambulatório de saúde mental desassociado das práticas manicomiais, pois acreditamos que um ambulatório articulado com as diretrizes da Reforma Psiquiátrica Brasileira e funcionando em rede é muito importante para a qualidade da assistência de todos os pontos da rede. É necessário, ainda, manter essa discussão ativa, dialogando a respeito dos ambulatórios que tem uma atuação que difere da tradicional e de como este trabalho tem ocorrido, visto que cada ambulatório e cada território possuem suas especificidades.

6184 A PRODUÇÃO DE CUIDADO NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA EM BELÉM
Marcela Vieira Morais de Paula, Ana Beatriz Pantoja Rosa de Moraes

A PRODUÇÃO DE CUIDADO NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA EM BELÉM

Autores: Marcela Vieira Morais de Paula, Ana Beatriz Pantoja Rosa de Moraes

Apresentação: Por emergência psiquiátrica (EP) entende-se qualquer situação de natureza psíquica em que o paciente ofereça risco significativo de morte ou dano grave para si ou terceiros, fazendo-se assim necessária uma intervenção terapêutica. Neste sentido, o ambiente destinado a receber as demandas de EPs deve estar apto para tal, possuindo em suas instalações os materiais necessários para os cuidados pretendidos. Assim, é importante que as instituições acolhedoras de emergências psiquiátricas brasileiras sejam norteadas pelas diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental, zelando pelos valores éticos e humanistas, mantendo qualidade no serviço, segurança e transparência, uma vez que os serviços de emergências psiquiátricas são centrais para o bom funcionamento das redes de saúde mental, tanto no que tange ao manejo das emergências, quanto pela regulação da Rede de Atenção Psicossocial, permitindo assim um fluxo adequado das internações e evitando a sobrecarga da rede pública de saúde. A partir da visita realizada no dia 9 de novembro de 2018 no Hospital das Clínicas Gaspar Vianna, a única EP no estado do Pará, e totalmente financiado pelo SUS, o objetivo deste trabalho foi de identificar, analisar e avaliar o processo de produção de cuidado do hospital. Para isso a metodologia utilizada foi uma análise crítica da experiência na visita seguida de uma pesquisa bibliográfica em bases de dados online como: BVS, SciELO e Google Acadêmico, além de documentos norteadores de políticas de saúde pública. A visita se deu nos domínios do hospital por uma equipe de alunos do curso de psicologia da UFPA que foram apresentados ao hospital por 2 psicólogas efetivas da instituição. Foram realizadas perguntas norteadoras sobre o funcionamento e a dinâmica na área da psiquiatria. A partir dos dados obtidos na visita foi realizada uma análise utilizando como parâmetro o que é esperado de uma EP. Ao reunir as pesquisas com os dados da visita, pode-se perceber que ainda existe no estado do Pará um déficit infraestrutural no que tange à equipe de psicólogos da emergência psiquiátrica apesar dos esforços internos do corpo de profissionais que trabalham no hospital, além disso, a quantidade de leitos e materiais ainda não consegue suprir as necessidades da ala. Com um montante de cerca de doze mil pacientes por ano e um psicólogo por fim de semana na EP, o índice de adoecimento psíquico é notório, sendo um dos principais desafios da equipe de RH do hospital, deveras sobrecarregada. Apesar das tentativa de amenizar a situação, as demais demandas do hospital por vezes acabam se tornando prioridade, de forma que o princípio de assegurar de forma contínua a segurança e bem-estar de todos nem sempre é visto com a devida importância. Em suma é perceptível como a falta de investimentos, seja em novos concursos ou de recursos físicos, é o maior entrave e fator de sobrecarga no hospital visitado. É necessário que existam maiores investimentos em contexto macro de saúde mental no estado a fim de melhorar não somente a qualidade do atendimento, mas a qualidade de vida daqueles que prestam esse atendimento.

6218 TERAPIA DO BOXE
TIAGO Ferreira ANCHIETA, Fernanda Zeni De Ávila, Leonardo Silva Martins

TERAPIA DO BOXE

Autores: TIAGO Ferreira ANCHIETA, Fernanda Zeni De Ávila, Leonardo Silva Martins

Apresentação: Baseado nas possibilidades de recursos terapêuticos (práticas integrativas corporais) foi elaborado à Terapia do Boxe na perspectiva da violência num contexto social que agressividade é algo negativo nos seus manifestos, entretanto não se possibilita relacionar com o positivo neste recorte. As PIC, por sua vez, na sua multiplicidade e conforme seu contexto e valores de origem tendem a ser humildes quanto aos efeitos terapêuticos, centradas em relações de cuidado que visam à melhora da pessoa, incentivando e facilitando o autocuidado. Porém o recorte da violência referente à visão da sociedade é criminalizar o social, fisiológico e a natureza do ser humano referente a sobrevivência no enquadramento dos códigos e leis. No âmbito terapêutico, o boxe também é um manifesto da luta no qual se retirou do esporte essa referência inicialmente para denominar a oficina terapêutica de não demonizar e romantizar a violência, porém compreender que existe um espaço legítimo e controlado no cuidado do sujeito permitindo que seja violento com o objeto numa forma de extravaso e de liberação de serotonina e endorfina. A experiência foi realizada no Centro de Atenção Psicossocial para crianças e adolescentes (Capsi) de Sapucaia do Sul (RS). Foi comprado o material (saco de pancada, luva de bate saco) um par de luvas de boxe e o educador físico do serviço que comprou as manoplas para colaborar no espaço terapêutico. As oficinas foram divididas em dois grupos durante a semana na segunda às 15h e terça às 09h nos quais têm indicações dos usuários pelos técnicos de acordo com o perfil de violência física como o único manifesto de comunicação. A equipe avaliou que não só foi positivo a oficina como também foi importante nas convivências, pois virou opção para equipe deixar um espaço para as crianças e adolescentes extravasar e se relacionar com um objeto que é somente o saco de pancada pela transferência da agressividade. A importância deste três meses que foram implantado à Terapia do Boxe houveram várias percepções e significados variados de acordo com a história e singularidade de cada usuário. A criança e o adolescente entender que a agressividade não é errada, mas como é direcionada, pois todos conseguem dar retornos quando estão na atividade que aquele momento traz bem estar e da possibilidade de ficar organizado durante e após a atividade, então tem à crítica da própria agressividade. Socializam com outros usuários quando colaboram no segurar o saco de pancada ou se envolverem no utilizar as manoplas. Quando cansados ou está muito calor, então combinam atividades extras nas construções (jogar futebol, brincar e conversar), mas após as atividades extras retornam para a oficina. A equipe gostaria que continuasse a oficina, pois avaliaram que diretamente tem uma conexão com a forma real da violência e a curiosidade de permitir ter raiva e agressivo sem ser criticado pelas ações, mas também o profissional ter elementos para intervenções. O espaço legitimado e protegido para todos que reduzem os impactos negativos e a relação de troca no diálogo é permitido no contexto do sujeito.

6220 A DEPRESSÃO PÓS-PARTO E O APOIO SOCIAL PERCEBIDO: ESTUDO EM UMA MATERNIDADE DE BAIXO RISCO
Maria Luiza Cunha Santos, Franciéle Marabotti Costa Leite, Ranielle de Paula Silva, Dherik Fraga Santos

A DEPRESSÃO PÓS-PARTO E O APOIO SOCIAL PERCEBIDO: ESTUDO EM UMA MATERNIDADE DE BAIXO RISCO

Autores: Maria Luiza Cunha Santos, Franciéle Marabotti Costa Leite, Ranielle de Paula Silva, Dherik Fraga Santos

Apresentação: A Depressão Pós-Parto (DPP) é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança. Esse fenômeno caracteriza-se pela presença de humor deprimido ou perda de interesse e prazer pelas atividades diárias, e, se manifesta até duas semanas após o parto. Existem evidências de que a disponibilidade de apoio social pode ter impacto favorável na saúde e bem-estar das pessoas. Diante do exposto o presente estudo teve como objetivo examinar a relação entre os sinais e sintomas deDPP e o apoio social percebido pelas puérperas internadas em uma maternidade debaixo risco. Desenvolvimento: Estudo epidemiológico, observacional do tipo descritivo, realizado em uma maternidade de baixo risco, localizada no município de Cariacica, Espírito Santo. Os dados coletados, no período de agosto a outubro de 2017, são de 330 puérperas entrevistadas em local privativo. Foi aplicado o instrumento Edinburgh Pós-natal Depression Scale, contendo dez perguntas, para rastrear sinais e sintomas depressão pós-parto. Já para identificar a escala de apoio social foi utilizado o instrumento Medical Outcomes Study, que abrange cinco dimensões de apoio social:material – provisão de recursos práticos e ajuda material; afetiva – demonstrações físicas de amor e afeto; interação social positiva – contar com pessoas com quem relaxar e divertir-se; emocional – habilidade da rede social em satisfazer as necessidades individuais em relação a problemas emocionais; informação – contar com pessoas que aconselhem, informem e orientem. Os dados foram obtidos através da análise bivariada por meio do Teste do qui-quadrado e Exato de Fisher por meio do STATA 13.0. Resultado: Em relação aos sinais e sintomas de DPP observa-se que cerca de 47,0% apresentam baixo apoio material, 57,5% baixo apoio afetivo e 53,6% baixo apoio emocional. Em relação ao apoio social de informação, mais da metade das puérperas (50,3%) o relataram como sendo baixo e para o apoio de interação social positiva observou-se que 48,3% também relataram ser baixo. Nesse sentido, observa-se na análise bivariada uma relação entre o baixo apoio social material, afetivo, emocional, de informação e de interação social positiva e a maior prevalência de Depressão Pós-Parto (p& ;lt; 0,05). Considerações finais: A presente pesquisa constatou que o apoio social material, afetivo, emocional, de informação e de interação social positiva estiveram relacionados à maior Depressão Pós-Parto. É importante ressaltar a relevância do apoio social em todas as esferas da vida, em especial no período pós-parto, por se tratar de uma fase de inúmeras mudanças na vida da puérpera de sua família, sendo necessário que essa mulher se sinta acolhida e apoiada. Portanto, cabe a equipe de saúde identificar as faltas sentidas por essa puérpera para que ela passe por essa fase de forma positiva e saudável tanto para ela quanto para seu filho e familiares.

6311 A (DES)HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ARTE NO FILME CORINGA
Sara Cristina da Silva Cabral, Elina Eunice Montechiari Pietrani, Vanessa Oliveira Gomes Gonçalves

A (DES)HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ARTE NO FILME CORINGA

Autores: Sara Cristina da Silva Cabral, Elina Eunice Montechiari Pietrani, Vanessa Oliveira Gomes Gonçalves

Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o maior sistema gratuito e universal em países com os mesmos dados populacionais como o nosso. Pesquisas revelam que sete em cada dez brasileiros utilizam-se exclusivamente do SUS. No entanto, o SUS, mais especificamente a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), vem sofrendo sucessivos ataques de setores econômicos e políticos, interessados no seu desmonte, com vistas a transformar o cuidado em saúde em um sistema lucrativo de negócios. Nesse sentido, a pessoa humana, requerente dos serviços de saúde, é colocada em segundo plano, desconsiderada em sua individualidade. Em seu lugar, têm destaque as representações de um Estado mínimo, com a descaracterização da relação profissional-paciente e a precarização da oferta de serviços básicos. Esse estudo pretende, a partir de uma revisão bibliográfica narrativa e pela análise da produção cinematográfica Coringa (2019), propor uma reflexão sobre o papel do Estado na formulação e desenvolvimento de políticas públicas em saúde na atualidade e como as pessoas que requerem os serviços de saúde mental vêm se articulando diante desse cenário. Trata-se de lançar um olhar sobre tal modelo de saúde pelo viés humanista, em sua fonte mais originária, a qual dignifica o homem, colocando-o como um fim em si mesmo e nunca um meio. No referido filme, o personagem Arthur Fleck, que sofre de um transtorno mental, não encontra acolhimento no sistema de saúde oferecido pelo Estado, sendo tratado de forma automatizada pela profissional com quem se encontra esporadicamente. Posteriormente, a situação se complica à medida que a prefeitura anuncia cortes nos serviços de assistência, suspendendo o atendimento clínico bem como o fornecimento de remédios dos quais o personagem faz uso contínuo. O filme Coringa suscita importantes aspectos sobre a vulnerabilidade a que estão expostas as pessoas que são dependentes dos serviços públicos de saúde e a condição de negligência a que são submetidas diariamente. Com características comuns à sociedade contemporânea, a situação vivida pelo personagem principal é o desfecho de uma realidade convencional, a qual sofre com a transformação da dialética saúde-doença em um lucrativo negócio e o usuário um meio para se atingir tal meta. Para isso, não raras vezes, a supressão das políticas públicas e da discriminação da saúde mental surgem como elementos revigorantes dessas novas frentes. Diante disso, percebe-se que o protagonista do filme descrito está inserido em uma margem social, que carrega o encargo de sobreviver em um mundo que ignora sua singularidade e, ao mesmo tempo, o campo social no qual ela se nutre. Acreditamos que essa mercantilização e mecanização do cuidado em saúde, que culmina com sua desumanização, tende a gerar impactos psicossociais elevados, desde sentimentos de desamparo, inadequação etc. por aqueles que dela necessitam, como também a lida sobrecarregada, como no filme, com os escárnios de uma sociedade que não convive satisfatoriamente com o diferente, potencializando ainda mais o sofrimento humano.

6353 AS FACETAS DO ASSÉDIO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: UMA RODA DE CONVERSA DESENVOLVIDA PELA LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL NO OESTE DO PARÁ
Milena Beatriz de Sousa Santos, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoise Gisela Gato Lopes, Fabiana Santarém Duarte, Emilly Ane da Mota Cardoso, Luara Rebelo Nunes, Itamara Rodrigues Moura, Erika Marcilla Sousa de Couto

AS FACETAS DO ASSÉDIO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: UMA RODA DE CONVERSA DESENVOLVIDA PELA LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL NO OESTE DO PARÁ

Autores: Milena Beatriz de Sousa Santos, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoise Gisela Gato Lopes, Fabiana Santarém Duarte, Emilly Ane da Mota Cardoso, Luara Rebelo Nunes, Itamara Rodrigues Moura, Erika Marcilla Sousa de Couto

Apresentação: Embora presente em diversos ambientes, o assédio ainda é pouco difundido e debatido em espaços laborais, escolas e universidades, sendo muitas vezes protagonista nesses ambientes devido sua forma silenciosa e assustadora de se manifestar, causando medo, repulsa e até sentimento de culpa por parte da vítima. O assédio moral e sexual acontece desde o que se compreende por sociedade, no entanto, é raramente debatido e até negligenciado, levando-se em consideração principalmente que muitos indivíduos vivenciam o assédio, porém não sabem como caracterizá-lo devido à falta de informações suficientes que lhe deem embasamento para identificá-lo. Sendo assim, o objetivo deste relato é discorrer sobre uma atividade desenvolvida pela Liga de Saúde Mental em uma instituição púbica de ensino superior. Desenvolvimento: Trata – se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, ocorrido em Santarém-Pará, no dia 13 de maio de 2019, nas dependências da Universidade do Estado do Pará – Campus Santarém. Foi realizada uma roda de conversa intitulada “Assédio moral e sexual no meio acadêmico”, na qual fez parte da programação do “I LASMEN conversa”, promovida pela Liga Acadêmica de Saúde Mental – LASMEN. Participaram da programação um total de 56 acadêmicos de vários cursos da Universidade e externos. Essa edição do “LASMEN conversa” surgiu com o intuito de abordar temas associados a saúde mental dos acadêmicos. Vale ressaltar que este tema foi desencadeado de uma solicitação dos discentes à liga. Além disso, a conversa foi facilitada por uma enfermeira, tendo a participação de uma delegada da mulher e uma psicóloga. Resultado: Foi possível notar uma grande aceitação do público quanto à temática do evento, visto que é uma necessidade debater sobre esse assunto na comunidade em geral, destacando-se o meio universitário. No evento compareceram acadêmicos de vários cursos de outras instituições de ensino superior do município, o que mostra que o público-alvo tem interesse em discutir o tema. A atividade também contou com a presença da emissora televisiva local, colaborando para que o assunto seja refletido, discutido e propagado com a sociedade em geral. Considerações finais: Ademais, a universidade é constituída por vários grupos de pessoas, acadêmicos, professores, funcionários em geral, assim, é fundamental que a universidade apoie momentos de sensibilização como o que foi organizado. Além disso, o primeiro passo para ajudar pessoas que passam por isso é falar sobre o assunto para que elas se sintam seguras e conheçam seus direitos, e também para que todos saibam que a instituição não apoia ações como essas em um ambiente que possibilita a construção de conhecimento. Portanto, o assédio moral e sexual não deve ser ocultado, mas sim exposto, falado e dialogado.

6419 ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES EM UMA ESCOLA PÚBLICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR ENTRE PSICOLOGIA E SERVIÇO SOCIAL NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA
Maurício Amaral Souza, Carla Caroline Malcher Gomes, Maria Lúcia Chaves Lima

ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES EM UMA ESCOLA PÚBLICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR ENTRE PSICOLOGIA E SERVIÇO SOCIAL NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA

Autores: Maurício Amaral Souza, Carla Caroline Malcher Gomes, Maria Lúcia Chaves Lima

Apresentação: O Programa Saúde na Escola (PSE) objetiva a promoção, prevenção e atenção de saúde articulada entre os Ministérios da Saúde e da Educação. A avaliação psicossocial é uma das possibilidades de ação instituídas pelo programa. Ressalta-se a contribuição de profissionais como psicólogos e assistentes sociais como importante para tal atuação. Todavia, a equipe da Estratégia da Saúde da Família (ESF) não conta com psicólogos e assistentes sociais em sua composição de maneira obrigatória. Sendo que estes se inserem na estratégia através do Núcleo de Apoio a Estratégia da Saúde da Família (NASF). Contudo, na intersetorialidade entre escola e saúde há demandas psicossociais, como insatisfação com imagem corporal, violência, autoestima de jovens, comportamentos autolesivos até mesmo suicídio.  Este trabalho apresenta um relato de experiência de atuação interdisciplinar entre psicologia e serviço social em uma escola estadual do município de Castanhal, PA, que visou abordar a atenção em saúde mental de adolescentes. Desenvolvimento: A intervenção ocorreu a partir do Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança. As atividades aconteceram na biblioteca da escola, durante dois dias e envolveram cinco turmas (quatro do ensino fundamental e uma do ensino médio), abrangendo 145 estudantes. No primeiro dia de intervenção, realizou-se a atividade “Dinâmica da Caixa” a fim de discutir a autoestima dos adolescentes. O desejo de não participar era respeitado. Utilizou-se como materiais somente uma caixa de papelão com um pequeno espelho no fundo. Cada aprendiz por vez descrevia as características da imagem visualizada no espelho sem revelar que se tratava de seu próprio reflexo ao resto do grupo. No segundo dia realizou-se a atividade chamada de “corredor do cuidado”. Conduziu-se uma dinâmica de relaxamento e alongamento físico e, em seguida, os adolescentes se organizavam em duas fileiras e poderiam compartilhar afeto e palavras de cuidado. As dinâmicas foram finalizadas com rodas de conversa e acolhimento individual de quem solicitasse. Efeitos percebidos: Observou-se a mobilização emocional por parte dos adolescentes, havendo relatos de experiências, choros e abraços entre os colegas de classe. Dentre os temas evocados estavam sentimento de solidão, luto, afastamento social, baixo autoestima, assédio sexual e comportamentos autolesivos. Os adolescentes relataram a importância do momento para se sentirem acolhidos pela escola, podendo trocar afetos, se expressarem e relaxar. A descrição das atividades foi sintetizada em um relatório multiprofissional, apontando as principais demandas apresentadas, mantendo o sigilo, e com recomendações de intervenção. Em contrapartida, recomendou-se a criação de um grupo de jovens para a unidade de saúde como forma de serem cobertos com mais efetividades pela ESF. Considerações finais: As atividades realizadas demonstram a necessidade de se reconhecer as demandas relacionadas com o bem-estar e saúde integral, visando aspectos psicossociais, para além de uma perspectiva tão somente biológica. Essas demandas revelam a importância da atuação de profissionais da psicologia e serviço social não somente na educação, mas também na ESF e no PSE. Considera-se que o retorno dos jovens ao elogiarem com as atividades sejam indicadores de que as ações foram pertinentes e importantes.

6593 ATIVIDADES DE PROMOÇÃO DA VIDA E DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Thales Lemos Pimentel, Luís Fernando Mendes Silva, Carolina Henrique da Silva, Matheus Moura Novelli, Eduarda Demoner Paseto, Cristiane Chaves de Souza

ATIVIDADES DE PROMOÇÃO DA VIDA E DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Thales Lemos Pimentel, Luís Fernando Mendes Silva, Carolina Henrique da Silva, Matheus Moura Novelli, Eduarda Demoner Paseto, Cristiane Chaves de Souza

Apresentação: De acordo com a sociologia durkheimiana, chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado. No Brasil, os dados de mortalidade da plataforma DATASUS relatam a ocorrência de 11.929 suicídios em 2017, um aumento de 76,9% quando comparado com 1996, quando houve 6.743 casos. Esse aumento expressivo evidencia a necessidade de ações de saúde pública voltadas à prevenção do suicídio e à promoção da vida. Nesse contexto, tal temática ganhou destaque nacional com a instituição, em 2015, do Setembro Amarelo, campanha brasileira de prevenção ao suicídio, de iniciativa do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Centro de Valorização da Vida (CVV). O suicídio independe de classe social, e acomete diferentes públicos, dentre os quais destacam-se os universitários. Urge salientar que sinais e sintomas indicadores de estresse, burnout, ansiedade e depressão se revelam comuns entre estudantes universitários, fato qual pode ter implicações consideráveis no processo de aprendizagem e formação do futuro profissional. Nesse sentido, a realização de eventos tais como o Setembro Amarelo no ambiente universitário torna-se extremamente necessária, visto seu potencial de influência não apenas na comunidade universitária, mas a nível municipal e regional. Sendo assim, o objetivo do presente resumo é relatar a experiência da organização de atividades de promoção da vida e de prevenção ao suicídio em uma comunidade universitária. Desenvolvimento: Trata-se de relato de experiência da organização de atividades para o evento "Setembro Amarelo” na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. As atividades foram promovidas por uma comissão organizadora composta por dezesseis alunos, sendo nove do curso de Enfermagem e sete do curso de Medicina, em contribuição com diretores institucionais da Universidade Federal de Viçosa e convidados, como Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários, Divisão Psicossocial e Divisão de Saúde. Foram realizadas reuniões durante o mês de agosto para programar os temas de cada atividade e dividir as funções necessárias entre os membros da comissão organizadora. As atividades tiveram como foco a promoção da vida e prevenção ao suicídio, sendo gratuitas e abertas à comunidade de Viçosa. Com esse intuito, buscou-se apoio institucional da Universidade, sob a forma de auxílio estrutural para realização dos eventos; financeiro para custeio das decorações e das atividades; publicitário para ampla divulgação do evento aos mais de vinte mil alunos e servidores do campus. As atividades programadas foram realizadas durante todo o mês de setembro de 2019.  Durante a realização de cada atividade houve pelo menos dois membros da comissão organizadora junto ao responsável por ministrar o conteúdo. Após a realização da atividade, os membros da comissão organizadora presentes realizaram suas anotações quanto à percepção do impacto do conteúdo ministrado, metodologia utilizada e participação das pessoas presentes. Finalizado o evento, cada membro da comissão realizou seus repasses ao restante da comissão. Resultado: O evento foi marcado por atividades lúdicas e de promoção da saúde mental e contou com meios de divulgação, a fim de informar e permitir participação ativa do público. No início do mês de setembro, balões amarelos foram pregados nos prédios mais acessados do campus, como a Biblioteca Central, os Pavilhões de Aula, os Restaurantes Universitários e as moradias estudantis. Também foi exibido na entrada principal da Universidade um outdoor temático do evento, a fim de despertar o interesse dos que transitam pela UFV pelo tema Setembro Amarelo. Além disso, cartazes amarelos escritos “O que te faz feliz?” foram afixados em algumas moradias estudantis e no Departamento de Medicina e Enfermagem (DEM), com uma caneta amarrada ao lado para que os transeuntes pudessem escrever e compartilhar seus sentimentos. No dia 10 de setembro, Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, os organizadores entregaram broches amarelos em formato de laço aos estudantes do campus durante os horários de almoço dos Restaurantes Universitários (RU) e os informaram sobre a realização das atividades, incluindo a abertura oficial do Setembro Amarelo UFV 2019, a qual ocorreu na mesma noite. Dentre as atividades que marcaram o evento, destacam-se: uma palestra com representantes do Centro de Valorização da Vida (CVV) de Ouro Preto - MG acerca da prevenção ao suicídio e o papel dessa associação; uma palestra com educador físico e uma nutricionista sobre a influência do exercício físico e da alimentação em eventos patológicos como a ansiedade e a depressão; realização de cine debates conduzidos por um psiquiatra, destacando como as pautas da saúde mental e do suicídio são abordadas pela mídia e quais impactos são gerados nos telespectadores; oficinas de ioga, massagem Shiatsu, mindfulness e forró. A diversidade da programação visou abarcar as esferas biopsicossociais do ser humano, sob a luz da prática médica centrada na pessoa. As atividades foram bem recebidas tanto pela comunidade local da cidade quanto pela comunidade acadêmica. Foi elogiado o pioneirismo do grupo em promover uma articulação interdisciplinar para a organização do evento, bem como a busca pelo apoio de órgãos da Universidade, tornando-se então um evento institucional. Há expectativa de que o evento se torne um programa contínuo de ações de promoção à saúde mental na universidade. Resultado: Por meio da experiência proporcionada, pôde-se perceber a importância de se abordar a temática da promoção da vida e da prevenção ao suicídio no ambiente universitário, tendo em vista a vulnerabilidade psicossocial deste segmento populacional. Destaca-se o caráter extensionista da Academia, uma vez que as ações realizadas pelos autores alcançou, não só a comunidade acadêmica, mas a comunidade viçosense no geral. Ademais, outra reflexão incitada pelo evento foi a necessidade de uma abordagem holística do indivíduo no que tange especialmente ao ponto da saúde mental. A ideia central deste relato de experiência é contribuir para futuras discussões e projetos inerentes à pauta não apenas no cenário viçosense, mas quaisquer outras atividades de educação em saúde e oferecimento de lazer. Reforça-se a ideia de que a tônica da promoção da vida e da prevenção ao suicídio não deve ser restrita apenas ao mês da campanha institucional, mas realizada diariamente na vivência enquanto seres humanos e no arcabouço da prática clínica.

6691 A RELEVÂNCIA DO ACOLHIMENTO E DA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO AO PACIENTE COM DEPRESSÃO NO SUS
Stefanny Jennyfer da Silva Pacheco, Felipe Corrêa Barcellos, Érika Luci Pires Vasconcelos, Alice Damasceno Abreu, Claudia Cristina Dias Granito, Jaci José de Souza Junior, Breno Rezende Rolão

A RELEVÂNCIA DO ACOLHIMENTO E DA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO AO PACIENTE COM DEPRESSÃO NO SUS

Autores: Stefanny Jennyfer da Silva Pacheco, Felipe Corrêa Barcellos, Érika Luci Pires Vasconcelos, Alice Damasceno Abreu, Claudia Cristina Dias Granito, Jaci José de Souza Junior, Breno Rezende Rolão

Apresentação: A depressão é um problema mundial de saúde pública, atingindo mais de 300 milhões de indivíduos no mundo e cujos tratamentos se caracterizam por causar diversos efeitos colaterais, ocasionando a baixa adesão ao tratamento por parte dos pacientes. Pode ser devastadora, associada a grande comprometimento funcional, do estado biopsicossocial, podendo, inclusive, ser fatal. O atendimento qualificado e ajustado é essencial para o direcionamento do paciente dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo assim, diminuiria gastos com medicações tornando o tratamento mais terapêutico reduzindo o retorno deste paciente à unidade de saúde. O problema abordado trata-se de uma ocorrência grave na saúde coletiva, de modo que um profissional qualificado a atender esta demanda facilitará o processo, no qual a noção de corresponsabilização pela saúde do usuário permeie o cotidiano dos serviços. O presente trabalho visa destacar a importância do direcionamento clínico dos profissionais de saúde no Acolhimento e Classificação de Risco à pacientes que sofrem do transtorno depressivo, tendo em vista à gravidade da doença em rede municipal de saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura com aspecto qualitativo, apoiado em pesquisas publicadas nas bases de dados nacionais, no periódico de 2016 a 2019. Resultado: Este estudo poderá assegurar aos usuários do Sistema de Saúde o direito de acesso ao melhor tratamento conforme às suas necessidades e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela reinserção na família, no trabalho e na comunidade. Considerações finais: A depressão é uma condição de calamidade pública, sendo necessário realizar uma anamnese apropriada que inclua a história da saúde física, condições mentais e comportamentais, seguida de avaliação da saúde física para detectar condições concomitantes e orientar o paciente a cerca de medidas preventivas. Essas estratégias sempre devem ser realizadas com consentimento livre e esclarecidas da pessoa. Os estudos analisados destacam o profissional de saúde como um elemento fundamental para o cuidado humanizado não somente pela competência técnica, mas pela vivência ética. O acolhimento com classificação de Risco se mostra como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde.  

6852 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: PACIENTE EM ESTADO DE ANSIEDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Letícia Isabel Ferreira Silva, Gabriely Silva dos Santos, Suellen De Fátima Spadotto, Mariana Claudio da Silva Sartori Nakamura

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: PACIENTE EM ESTADO DE ANSIEDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Letícia Isabel Ferreira Silva, Gabriely Silva dos Santos, Suellen De Fátima Spadotto, Mariana Claudio da Silva Sartori Nakamura

Apresentação: Até a década de 70, no Brasil, a assistência psiquiátrica prestada aos portadores de doenças mentais era conhecida como um serviço de péssima qualidade, caracterizado pelas superlotações das instituições psiquiátricas e uma assistência segregada, baseada em um modelo hospitalocêntrico. Nesse contexto a atuação do enfermeiro na saúde mental, baseava em ações que vinham, ainda, sendo centradas em estratégias de marginalização e confinamento. Com o novo modelo de assistência ao portador de transtorno mental, unido a sistematização de enfermagem, o enfermeiro demonstra suas competências cientificas, sistematizando e construindo estratégias que diminuam a ansiedade, e ajuíze o indivíduo de modo holístico. Transtorno de ansiedade é uma doença psiquiátrica que se manifesta com reações psicológicas e físicas, a sintomatologia é ampla e não tem todos os sintomas associados na sua manifestação. Em 2001, a ONU já apontava em seu relatório de Saúde Mental o quanto o transtorno de ansiedade era comum e incapacitante das atividades cotidianas em todas as idades. Ademais, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é a maneira em que o enfermeiro organiza o seu trabalho, com base técnico-científico que favoreça a execução do Processo de Enfermagem (PE), o qual é capaz de guiar e favorecer a continuidade da assistência de enfermagem, facilitando a comunicação entre enfermeiros e a equipe de enfermagem. Objetivo: realizar a implantação da SAE no cuidado ao paciente em estado de ansiedade em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (APS). Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de caso, de caráter qualitativo, desenvolvido durante o estágio prático da disciplina de Saúde do Adulto Clínico e Cirúrgico em uma Unidade de APS na cidade de Botucatu (SP). Os dados foram obtidos após uma consulta de enfermagem, sendo realizado avaliação e julgamento clínico para elaboração do plano assistencial (diagnóstico de enfermagem, intervenção e resultados) através do instrumento de Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE). Por tratar-se de uma pesquisa clínica humana, foi necessário o consentimento do paciente, o qual assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultado: Os resultados obtidos certificaram que as ações de enfermagem prestadas cooperaram beneficamente para o progresso das condições do cliente, sendo o desfecho concebível em consequência do planejamento elaborado. Ainda que, todo o processo de intervenção tenha ocorrido durante uma única consulta, a mesma teve a duração de duas horas, isso devido a disponibilidade que possuíamos, o que favoreceu o atendimento ofertado. Com isso, foi realizado acolhimento, escuta das queixas, identificação dos problemas na histórica clínica, encaminhamento para triagem de Saúde Mental e Ginecologia, discussão do caso com a médica e feita orientação quanto ao uso do medicamento prescrito pela médica, respectivamente. Considerações finais: Conclui-se que a implementação de uma assistência sistematizada confere melhor qualidade, eficiência e eficácia do cuidado, propiciando maior segurança aos clientes, além de estabelecer a uniformização de uma linguagem que proporciona maior autonomia aos profissionais de enfermagem.

6874 O ATENDIMENTO PSICOLÓGICO E A CLÍNICA AMPLIADA EM HOSPITAL DO SUS: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM AMBULATÓRIO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO CONTEXTO DA AMAZÔNIA ORIENTAL, BRASIL
Pedro Romão dos Santos Júnior, Janari da Silva Pedroso

O ATENDIMENTO PSICOLÓGICO E A CLÍNICA AMPLIADA EM HOSPITAL DO SUS: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM AMBULATÓRIO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO CONTEXTO DA AMAZÔNIA ORIENTAL, BRASIL

Autores: Pedro Romão dos Santos Júnior, Janari da Silva Pedroso

Apresentação: A clínica ampliada está presente na política nacional de humanização prevista nos equipamentos do Sistema Único de Saúde. Esse modelo de clínica tem como fio condutor a intersetorialidade, que prevê ao usuário o cuidado em saúde em escala interprofissional, onde diversos saberes técnicos e sociais dialogam para a melhor terapêutica a ser adotada nos diversos contextos presentes nos SUS. Nesse trabalho, o foco incidirá no relato de experiência ao estagiar no campo da psicologia, através de atendimento psicológico clínico supervisionado no Ambulatório de Ansiedade e Depressão do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, situado em Belém do Pará, Amazônia, Brasil. O Ambulatório de Ansiedade e Depressão (AMBAD) está inserido dentre os diversos ambulatórios que compõe o Centro Especializado de Reabilitação do hospital mencionado, cuja classificação está em CER – II. As atividades do AMBAD destacam-se pela versatilidade, uma vez que esse ambulatório atende pacientes encaminhados dos demais serviços prestados pelo hospital: oftalmologia, otorrinolaringologia, pediatria, neuropediatria, neurologia, psicologia, neuropsicologia, nutrição, fisioterapia, terapia ocupacional e serviço social. Nesse sentido, o AMBAD oferece tratamento psicológico aos os usuários trabalhando em psicoterapia os processos relacionados a ansiedade e depressão, componentes esses de adoecimento mental muitas vezes presentes quando o usuário está inserido no processo de hospitalização. O presente trabalho ao se deparar com as questões relativas ao adoecimento, permitiu observar e trabalhar em psicologia os diversos componentes emocionais que se presentificam na vida do sujeito que alí está inserido. No que tange aos fatores de adoecimento mental dos usuários atendidos nesse ambulatório, a experiência clínica mostrou que o contato com o diagnóstico reverbera nas estruturas emocionais em cada sujeito de forma única. O contexto amazônida também se apresenta em psicoterapia, cujas problemáticas envolvem violência sexual na infância e adolescência, âmbito familiar agressivo, machismo. Tais pontos podem desencadear processos psicopatológicos de menor e maior gravidade, evidenciando a importância do ambulatório mencionado. Os fatores apresentados indicam marcadores de saúde importantes para se trabalhar a promoção de melhor saúde e qualidade de vida na amazônia oriental. Portanto, pontua-se que o atendimento psicológico nesse contexto se apresenta como ferramenta importante na promoção a saúde mental, onde, a partir da clínica ampliada, poder intervir clinicamente de acordo com os ordenadores de sofrimento psíquico que atravessam os sujeitos usuários do SUS no contexto hospitalar. 

6898 ABRAÇA SUS: ESTREITANDO VÍNCULO E CUIDADO HUMANIZADO
Heloisa Suzane de Sá Matos

ABRAÇA SUS: ESTREITANDO VÍNCULO E CUIDADO HUMANIZADO

Autores: Heloisa Suzane de Sá Matos

Apresentação: A construção de vínculo com as pessoas minimiza problemas, fortalece a resolutividade das informações e gera confiança por parte dos usuários e profissionais na atenção primária. Dessa forma, o projeto busca por meio do abraço uma via de comunicação entre profissionais e usuários da população nas salas de espera nas Unidades Básicas de Saúde do Município de Capela-SE. Desenvolvimento: O projeto foi desenvolvido em setembro de 2019 na prevenção de suicídio. Os profissionais do NASF-AB, em consonância com as equipes saúde da família, se caracterizam e entram na sala de espera de médicos e enfermeiros com vestimentas, objetos e músicas. Durante sessenta minutos foi desenvolvido um teatro mudo sobre a campanha do suicídio. O cenário foi dramatizado a partir de uma jovem de 14 anos que sofria abuso sexual pelo padrasto e não estava suportando mais aquela situação. Sua mãe não acreditava que era verdade. Assim, a garota preferiu se intoxicar a ponto de tirar sua própria vida. Resultado: Os impactos foram apresentados nos sorrisos, lágrimas e relatos dos usuários presentes. Uma mãe que aguardava consulta com a médica, usuária de 58 anos simplesmente fez agradecimento e que depois daquela apresentação disse no abraço a um dos profissionais que iria mudar acreditar mais em seus filhos. Considerações finais: No final de cada experiência vivida em três UBS foi observado a necessidade de continuar o trabalho com as próximas campanhas do ministério da saúde. Um abraço junto a dramatização faz diferença no entendimento das orientações passadas aos usuários pelos profissionais.

6953 SAÚDE MENTAL NO ACOMPANHAMENTO DE FAMILIARES DE BEBÊS INTERNADOS NA UTI NEONATAL
Bruna Krause de Vargas, Vera Lúcia Pasini, Sandra da Corrêa da Silva

SAÚDE MENTAL NO ACOMPANHAMENTO DE FAMILIARES DE BEBÊS INTERNADOS NA UTI NEONATAL

Autores: Bruna Krause de Vargas, Vera Lúcia Pasini, Sandra da Corrêa da Silva

Apresentação: Trabalho desenvolvido como artigo para a conclusão da Residência Multiprofissional em Saúde da Criança, com transversalidade em Violência e Vulnerabilidades da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Este trabalho tem como objetivo analisar as problemáticas identificadas em saúde mental no acompanhamento de familiares de pacientes internados na UTI Neonatal de um Hospital Materno Infantil e suas implicações na vulnerabilidade dos recém nascidos (RNs). Desenvolvimento: O estudo descritivo e transversal foi realizado utilizando dados de prontuários no período de maio a outubro de 2018, para análise das questões de saúde mental relatadas pelos familiares. A Pesquisa foi dividida em dois momentos: análise descritiva simples do perfil e dados clínicos de familiares dos recém nascidos internados na UTI Neonatal e a narrativa de dois casos escolhidos por conveniência pela visibilidade que expressam quanto as problemáticas atendidas no cotidiano da equipe do serviço onde se realizou o estudo. Resultado: Os resultados obtidos demonstram a importância do cuidado com a família no processo de gestação e de parentalidade. Os dados analisados nesta pesquisa demonstram que os pais do gênero masculino também sofrem e encontram dificuldades neste processo, seja na hospitalização do RN ou na própria paternidade. Considerações finais: Apesar da existência de políticas públicas voltadas para atenção à gestação, ao parto e ao puerpério, poucas são as políticas públicas que contemplam os demais cuidadores nesse processo. Evidencia-se a necessidade de novos estudos sobre esta temática da saúde mental das famílias, como forma de ampliar a compreensão sobre as questões de saúde mental de mães, pais e cuidadores do recém nascido, fator que se mostra essencial no cuidado integral e na proteção da família como um todo.

6986 A TERAPÊUTICA DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE COM METILFENIDATO E SUA AÇÃO NO RECEPTOR GABA A
Danielle Bandão de Melo, Ida Oliveira De Almeida, Aline dos Santos Oliveira, Josilene Souza Nery, Robinson Magalhães Maia, Rosana Freitas De Assis, Tamires dos Reis Santos pereira

A TERAPÊUTICA DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE COM METILFENIDATO E SUA AÇÃO NO RECEPTOR GABA A

Autores: Danielle Bandão de Melo, Ida Oliveira De Almeida, Aline dos Santos Oliveira, Josilene Souza Nery, Robinson Magalhães Maia, Rosana Freitas De Assis, Tamires dos Reis Santos pereira

Apresentação: O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por três sintomas básicos: desatenção, impulsividade e hiperatividade física e mental. O TDAH resulta em uma combinação de fatores genéticos e ambientais que alteram o desenvolvimento cerebral. O objetivo desse trabalho foi avaliar a terapêutica do uso do Metilfenidato (MPH) no TDAH e evidenciar que altos níveis do Ácido Gama-Amino Butírico (GABA) no Sistema Nervoso Central (SNC) melhoram os sintomas da patologia. Foi realizada uma revisão da literatura a partir de artigos coletados no banco de dados BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), USA National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). No que tange os resultados a prevalência de TDAH está estimada em 3 a 5% das crianças em idade pré-escolar, com predomínio do gênero masculino, em razões masculino-feminino de 4:1 a 9:1. Para a criança ser classificada com TDAH é preciso que as manifestações clínicas estejam presentes por, no mínimo, seis meses em todos os ciclos sociais: família, escola e amigos, sendo o diagnóstico apenas clínico. Os primeiros sintomas listados no campo da desatenção estão relacionados com a memória, o foco e, naturalmente, a atenção. Outros sintomas descritos são ligados a organização e planejamento. No campo da hiperatividade e ou impulsividade, são descritos o excesso de atividade motora. O fármaco estimulante MPH, um derivado anfetamínico, constitui-se como o agente farmacológico mais utilizado no TDAH e pode propiciar alivio sintomático considerável, com melhoras comportamental e no rendimento escolar. No nível neuroquímico, o glutamato e GABA são considerados relevantes neurotransmissores reguladores. Ambos se relacionam com várias funções psicológicas, dentre elas, excitatória e inibitória no SNC. Conclui-se que o MPH possui potente efeito agonista sobre os receptores alfa e beta adrenérgicos, sendo benéfico no acompanhamento do TDAH por longo período. Vale ressaltar, que os profissionais da área de saúde mental da infância e adolescência devem considerar o entendimento da complexidade deste transtorno. Mais estudos devem ser realizados investigando o efeito de fármacos, os fatores genéticos e ambientais.

7009 RELATO DE EXPERIÊNCIA DE AÇÃO EDUCATIVA SOBRE DEPRESSÃO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAMETÁ - PARÁ
Renata Christine da Silva Melo, Daniela Baldez Diniz, Karol Veiga Cabral

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE AÇÃO EDUCATIVA SOBRE DEPRESSÃO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAMETÁ - PARÁ

Autores: Renata Christine da Silva Melo, Daniela Baldez Diniz, Karol Veiga Cabral

Apresentação: Um importante preceito da atenção básica é o cuidado integral à saúde do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, é dever do SUS atentar para condições de saúde tanto físicas, como mentais, oferecendo serviços de prevenção, promoção, reabilitação e tratamento. A política de saúde mental implantada no SUS é resultado do importante movimento antimanicomial na busca por um modelo assistencial e de tratamento humanizado de transtornos mentais desde a década de 80 no Brasil. Apesar dos retrocessos vividos ultimamente com a alteração das políticas da atenção básica e da saúde mental além da falta de novos investimentos e congelamento dos gastos em saúde impostos pela emenda constitucional 95, entende-se que cada vez mais se discute sobre a importância da saúde mental na atenção básica. A luta contra antigas concepções sobre as doenças psicológicas e tratamentos destas, perdura até hoje no atual paradigma social. Ainda vivemos um ambiente de disputa de como trabalhar com o sofrimento humano e de muito estigma e preconceito quando o assunto é saúde mental. Problemas de saúde mental, como a depressão, apresentam significativos índices em crianças, adolescentes, adultos e idosos, no contexto social contemporâneo, apontando uma sociedade cada vez mais adoecida, a qual, muitas vezes, apresenta dificuldades de lidar com o impacto dessa condição de saúde. Por isso, ações de educação em saúde, visando a prevenção e o cuidado sobre a saúde mental são necessárias nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), uma vez que as ações educativas podem corroborar para o sentimento de acolhimento do sofrimento, a sensação de empatia e a possibilidade de uma escuta sensível, além da conscientização e a busca pelo tratamento, evitando assim o agravamento de problemas mentais. Objetivo: Relatar a experiência exitosa de ação de saúde mental como estratégia de promoção do cuidado aos usuários de em uma unidade básica de saúde do município de Cametá – Pará durante a realização da imersão em campo através do projeto Multicampi Saúde da UFPA. Descrição da Experiência: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência vivenciado por acadêmicas de psicologia, ambas do oitavo semestre de seus respectivos cursos, bolsistas do Projeto Multicampi Saúde da Universidade Federal do Pará. As atividades ocorreram em uma unidade básica de saúde no município de Cametá – Pará em agosto de 2019. Primeiramente, a partir da observação e diálogo com os trabalhadores e usuários da unidade básica de saúde, as estagiárias identificaram demandas de saúde mental, como a depressão, levando-as a planejar uma ação voltada aos usuários. Os participantes foram idosos, usuários da UBS, e estagiárias de psicologia, serviço social e enfermagem. A ação ocorreu na sala de espera de uma unidade básica de saúde e consistiu em uma atividade de educação em saúde, utilizando uma dinâmica de mitos e verdades sobre a depressão, com objetivo de desmitificar e conscientizar sobre esse problema que muitas vezes não é compreendido e atinge cada vez mais pessoas de todas as idades em todo o mundo. Optamos por utilizar como dispositivo um jogo de mito e verdade, por entender que alguns assuntos são melhor acolhidos pela população quando utilizamos formatos lúdicos. Dessa forma, escrevemos em papéis frases afirmativas sobre depressão que configuraram mito ou verdade para que os usuários participassem respondendo suas concepções sobre a afirmativa e então, trabalhássemos a partir da fala dos usuários, dando-lhe espaço de expressão, ensinando e aprendendo. Resultado: A ação foi importante para abrir um espaço de diálogo sobre “a doença do século” com uma população que, muitas vezes, não tem espaço para falar de tristeza, muito menos de depressão. A população idosa de nosso país muitas vezes sofre da solidão imposta pela vida moderna e oportunizar espaços de convívio e acolhida para estes grupos tem se configurado como um importante elemento de promoção de saúde. O resultado foi positivo, pois os participantes receberam bem a proposta, interagiram, compartilharam conhecimento e deram um feedback positivo da ação. Entre as frases utilizadas, a sentença: “É só ter força de vontade que eu melhoro” que configura um mito, foi a que apresentou um maior número de pessoas apoiando esta ideia, o que possibilitou que trabalhássemos a desmistificação de “força de vontade” para superar essa doença. Ficou claro que a maioria dos presentes não percebia a depressão como uma doença e que necessite de tratamento adequado para ser superada. A responsabilidade da melhora é depositada na pessoa que sofre, o que bem sabemos, só piora o quadro de quem já está fragilizado e precisa do apoio daqueles que compõem a sua rede de afetos. A reação das pessoas ao perceberem que esta frase era um mito e o debate genuíno que se travou entre os participantes demonstra a necessidade de abrir e criar espaços de diálogo com a população de forma a desmistificar crenças arraigadas na cultura. A unidade básica de saúde por ser um serviço de porta aberta, territorializado e, portanto, mais capilarizado nas cidades e mais próximo das pessoas, lá onde a vida acontece, se apresentam como um local estratégico para investir em ações de educação em saúde. Ademais, as acadêmicas observaram que algumas frases necessitaram de formulação para melhor entendimento dos participantes, como a frase que dizia: “Não é só o psicólogo que trata a depressão”, uma vez que ao se configurar como uma frase negativa, trouxe confusão, ligando o “não” ao “mito”, ainda que na explicação dos usuários a frase foi considerada verdadeira e não um mito. Tal questão nos fez atentar para adequação da linguagem, ainda que de forma sutil, na hora de formular as frases para atividades como esta. Considerações finais: Ações planejadas e continuadas de prevenção e promoção de saúde mental são imprescindíveis na atenção básica tanto para os usuários, quanto para os profissionais de saúde. Tendo em vista que vivemos em uma sociedade, a qual ainda não aceita a relevância das doenças psicológicas, mas se apresenta cada vez mais adoecida. Propor espaço de diálogo e desmistificação sobre o que é a depressão é uma forma de esclarecer que a depressão é uma doença como qualquer outra, a qual prejudica diversas áreas da vida da pessoa e necessita de prevenção, tratamento e cuidado e que ações de educação em saúde desenvolvidas nas unidades básicas de saúde através de jogos como o desenvolvido neste exemplo podem ter um impacto positivo na vida da comunidade.

7017 CHÁ-TERAPÊUTICO COM UMA EQUIPE DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORES
Maurício Amaral Souza, Ícaro Genniges Rego

CHÁ-TERAPÊUTICO COM UMA EQUIPE DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORES

Autores: Maurício Amaral Souza, Ícaro Genniges Rego

Apresentação: O trabalho dentro da atenção a saúde possui uma elevada demanda emocional e de novas habilidades do trabalhador para lidar com saúde e sofrimento. Tais pressões podem ser fatores significativos para o stress e da síndrome de Burnout, isto é, exaustão do trabalhador decorrente de atividade laboral com elevada carga tensional e prolongada. Nesse cenário, ressalta-se a importância da atuação do psicólogo orientado por uma prática de promoção de saúde do trabalhador, para além da perspectiva tradicional de obtenção de produtividade. Dessa forma, este trabalho objetiva relatar uma ação de prevenção e promoção de saúde mental entre trabalhadores de uma equipe de atenção básica realizada em 2019. Desenvolvimento: Esta intervenção intitulada de chá-terapêutico fez parte do estágio multicampi em saúde e objetivou proporcionar a promoção de saúde mental entre os profissionais da unidade básica. Participaram da atividade a enfermeira, duas técnicas de enfermagem, médica, odontólogo, farmacêutica, cinco agentes comunitários de saúde (ACS), profissionais de serviço geral e limpeza e estagiários de diversas áreas. A primeira parte da atividade consistiu em cada participante preencher uma roda da vida, isto é, um círculo desenhado em papel dividido em 12 partes que representam aspectos da vida (como realização profissional, financeira, afetiva, familiar etc.) no qual deveria ser colorido conforme o grau de satisfação que cada participante possuía sobre aquele aspecto. Em seguida, houve uma roda de conversa sobre a atividade. Por fim, houve uma dinâmica proposta pela enfermeira que consistiu em uma caixa de presente que seria sorteada e repassada entre os membros da equipe acompanhada de palavras de afeto. Encerram-se as atividades com lanche coletivo. Efeitos: Os participantes relataram principalmente a insatisfação relacionada ao recebimento salarial, sendo considerado baixo em relação à quantidade de carga horária de trabalho. Tal insatisfação foi mais frequente entre os técnicos de enfermagem e ACS’s. Nesse sentido, a desmotivação de alguns ACS era relatada por todos os membros da equipe, o que ocasionava dificuldade de integração da equipe. Foi possível explicitar o quanto era importante a função desses profissionais como principais agentes de diálogo entre usuários e a rede de atenção básica. Outro fator considerado estressante era o distanciamento da família, pois alguns trabalhadores moravam em outro município e, portanto, ficavam longos períodos afastados dos familiares. Contudo, uma estratégia de enfrentamento era a religiosidade, encarada como motivadores de ação. Após essa discussão os profissionais puderam compartilhar afetos durante uma atividade de troca de presentes. Os profissionais relataram o quanto admiravam cada colega de trabalho, o que ocasionou sensibilização por parte dos profissionais. Também foi expresso o quanto a atividade pode causar um momento de união entre a equipe, relaxamento e alívio do stress. Considerações finais: O profissional da psicologia em contexto organizacional deve ser capaz de trabalhar com demandas referentes à saúde mental do trabalhador e propor atividade de promoção de saúde. O presente relato expressou uma possibilidade de intervenção em saúde aceita entre os profissionais sendo importante para levantamento de demandas e forma de relaxamento, integração da equipe e diminuição do stress laboral.

7022 INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL PELO SUS EM UM AMBULATÓRIO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Tawane Tayla Rocha Cavalcante, Janari Da Silva Pedroso, Pedro Romão Dos Santos Junior

INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL PELO SUS EM UM AMBULATÓRIO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO

Autores: Tawane Tayla Rocha Cavalcante, Janari Da Silva Pedroso, Pedro Romão Dos Santos Junior

Apresentação: Nas últimas décadas o cenário brasileiro em saúde mental passou por significativas transformações, ao buscar a quebra de paradigmas no modelo de atenção psiquiátrica pautada no caráter imediatista e curativo, centrado no modelo hegemônico hospitalocêntrico e biomédico. É na superação desse sistema que surge uma atuação voltada para a humanização e interdisciplinaridade em saúde. A partir da Reforma Psiquiátrica e implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), hoje há uma política de assistência à saúde mental que tem como objetivo cuidar do sujeito em sofrimento psíquico, em dimensões biológicas, sociais, culturais e psíquicas. É nessa perspectiva, que os programas de ensino, pesquisa e extensão devem proporcionar práticas de trabalho interdisciplinar, por meio de uma abordagem horizontalizada, ao proporcionar transformações na prática do cuidado em saúde mental, e na formação de profissionais. É com esse panorama de atuação interdisciplinar no trabalho que atua o Ambulatório de Ansiedade e Depressão (AMBAD), um dos programas de extensão da Universidade Federal do Pará, desenvolvido no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), que tem como objetivo promover assistência à saúde mental, por meio, de uma perspectiva multiprofissional, no processo de trabalho, saúde e doença. O AMBAD é composto por uma equipe multiprofissional formada por 4 psicólogos, 1 psiquiatras e acadêmicos da área, os quais prestam serviço em atendimento transdisciplinar especializado nos fenômenos clínicos da ansiedade e depressão, pelo SUS. É por meio desta abordagem biopsicossocial que o programa promove atendimento especializado, com um método que combina psicoterapia e farmacologia de baixo custo para a população amazônica em vulnerabilidade social atendidas no HUBFS. Ao promover reflexões acerca do trabalho interdisciplinar em assistência à saúde pública, que visa a valorização do trabalho em equipe como recurso psicoterápico aos pacientes que realizam tratamento no hospital. Para atender a necessidade de tratamento psicológico, o AMBAD desenvolve sua técnica de intervenção interdisciplinar que têm se constituído em uma das principais opções de atendimento psicoterápico institucional, auxiliando nos serviços prestados aos demais ambulatórios do hospital, tais como os serviços de oftalmologia, nutrição e neuropediatria, tendo em média 30 atendimentos em psicoterapia mensalmente. De modo a ampliar os serviços prestados nas áreas de psiquiatria e psicologia, fortalecer a interdisciplinaridade ao oferecer uma maior eficácia no tratamento de pacientes acometidos pelos transtornos de ansiedade e depressão, tendo em vista a ótica de cada especialidade, gerando uma compreensão holística do sujeito. Diante disso, percebe-se que uma equipe multiprofissional resulta em uma maior eficácia no tratamento dos transtornos depressivos e ansiosos, o que possibilita uma metodologia de trabalho mais humanizada, facilitando o processo de saúde-doença, obtendo um resultado satisfatório para os profissionais e pacientes atendidos pelo Sistema único de Saúde.  

7114 A MÚSICA COMO PROMOÇÃO DE SAÚDE FRENTE A PACIENTES PSICÓTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Francisca Elaine de Souza França, Richardson Lopes Bezerra, Natasha Bruna Soares Barros, Angela Maria Alves e Souza, Michell Angelo Marques Araujo

A MÚSICA COMO PROMOÇÃO DE SAÚDE FRENTE A PACIENTES PSICÓTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Francisca Elaine de Souza França, Richardson Lopes Bezerra, Natasha Bruna Soares Barros, Angela Maria Alves e Souza, Michell Angelo Marques Araujo

Apresentação: Todos os seres humanos têm diversas dimensões, sejam elas bio, psico, sócio e espirituais, não importando o quanto estejam comprometidos, de uma forma ou de outras essas dimensões se manifestam. A arte é uma estratégia de cuidado, pois, acessa essas dimensões, afetadas ou não pelo adoecimento. Entre as expressões artísticas a música é sem dúvida a mais democrática no tocante ao acesso, ao custo e a disponibilidade, tem o potencial de atenuar o sofrimento psíquico, descarregar o que sufoca e facilitar a expressão corporal e introspecção, configura-se como ferramenta capaz de se alinhar com os moldes da atual proposta de reinserção na sociedade e humanização na saúde mental. Objetiva-se relatar a experiência de acadêmicos de Enfermagem na promoção da saúde de indivíduos portadores de transtorno psicótico por meio de abordagem com música e dança. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência. Durante o estágio em um hospital referência em saúde mental de Fortaleza – Ceará. O relato foi organizado em relação aos participantes, ao ambiente e a análise da experiência. Sugeriu-se aos 30 membros do grupo a realização de uma discoteca, com jogo de luz, músicas de sua preferência e alguns acessórios, diante da explanação, a proposta foi aceita, a não ser por 1 dos indivíduos. Os participantes consistiam em homens e mulheres adultos e idosos. Dessa forma, a discoteca foi realizada em uma sala escura, apenas com luzes coloridas. Enquanto tinham oportunidade de escolher músicas para tocar, dispunham das opções de cantar ou dançar. Resultado: Dentro deste cenário, os sons, timbres e letras causaram efeitos diversos e singulares em cada indivíduo. Um deles, que pouco falava e interagia com os demais, demonstrou empolgação e acabou efetivando passos de dança e cantando. Outra, que estava desanimado há alguns dias, principalmente, por não poder mais exercer sua função em seu trabalho, relatou que algumas músicas relembravam seu passado feliz e isso trazia uma sensação de alegria. Dessarte, transpareceu ainda, uma maior união e interação dos pacientes entre si, o que culminou em uma integração com os companheiros de tratamento. Além disso, a discoteca proporcionou uma maior aproximação dos próprios profissionais da saúde aos pacientes, o que é benéfico para ambos. Por fim, parte deles expressaram ter sido muito relaxante, o que os estimularam a cobrar que a abordagem se repetisse outras vezes. Resultado: A realização da atividade, mesmo que de forma breve, possibilitou que os participantes deixassem de lado seus medos, angústias, vergonha, estigmas e preconceitos que carregam juntamente com seu diagnóstico psiquiátrico, que por tantas vezes potencializam sua condição psicológica. Momentos como esse, que pode ser dito simples, sem grandes instrumentos físicos ou aparelhagem elaborada, pode contribuir de forma eficaz e descontraída no tratamento de quem já vem com uma carga emocional pesada e de muito sofrimento.