375: Desfios no cuidar através dos ciclos de vida.
Debatedor: Verushka Aparecida Silvério Teresa Oliveira
Data: 29/10/2020    Local: Sala 10 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
11406 A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E SUA RELAÇÃO COM A PRÁTICA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO PROCESSO DO PARTO E NASCIMENTO
Valdecyr Herdy Alves, Diego Pereira Rodrigues, Cristiane Cardoso de Paula, Paolla Malheiros Amorim Dulfe, Vivian Linhares Maciel Almeida, Luana Asturiano da Silva, Giovanna Rosário Soanno Marchiori, Maria Bertilla Lutterbach Riker Branco

A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E SUA RELAÇÃO COM A PRÁTICA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO PROCESSO DO PARTO E NASCIMENTO

Autores: Valdecyr Herdy Alves, Diego Pereira Rodrigues, Cristiane Cardoso de Paula, Paolla Malheiros Amorim Dulfe, Vivian Linhares Maciel Almeida, Luana Asturiano da Silva, Giovanna Rosário Soanno Marchiori, Maria Bertilla Lutterbach Riker Branco

Apresentação: O estudo apresenta um problema recorrente no cuidado à mulher no campo do parto e nascimento, a violência obstétrica, que são perpetuadas pela atuação dos profissionais de saúde, e inerente ao exercício do poder e autoridade resultante do processo de institucionalização, culminando em distintas formas de desrespeito, discriminação e violência. Desse modo, a Organização Mundial de Saúde afirmou que a violência obstétrica constitui uma violação dos direitos sexuais, reprodutivos e humanos em dimensão global. Assim, a violência obstétrica é uma questão urgente que afeta inúmeras mulheres em todo o mundo e deve ser compreendida como um dos principais impulsionadores dos resultados desiguais na saúde materno infantil por ser um termo que rotula a desumanização, desrespeito, abuso ou maus-tratos nos campos da saúde sexual e reprodutiva e dos direitos humanos. Legalmente definida pela primeira vez na Venezuela, em 2007, entende-se a violência obstétrica como sendo a apropriação indevida do corpo da mulher por parte do profissional de saúde, expressa por um tratamento desumano e pela patologização dos processos naturais do parto, resultando em perda de autonomia da mulher e incapacidade de decidir livremente sobre seu corpo e sexualidade, principalmente perpetuada pela desigualdade nas relações entre o profissional de saúde e a mulher. Nesse contexto, há portanto uma efervescência do problema da violência obstétrica, que tem gerado conflitos na cena política do parto, na medida em que o modelo hegemônico (biomédico) de assistência tem sido questionado a partir da questão técnico-científica de suas práticas, além dos maus-tratos denunciados em maternidades e hospitais do país e associados a uma cultura médica autoritária. Desse modo, a autonomia exercida sobre a mulher tem sido objeto de discórdia, pela imposição de seus julgamentos, sem embasamento científico, numa prática autoritária, sem empatia e compartilhamento. Nessa visão teórica, estudar a concepção dos valores relacionados ao processo do parto e nascimento, e além disso possibilita desvelar valores produzidos nas relações de cuidado ao processo de parturição. Visto que o valor desvela significações do cotidiano, tendo como conjunto uma rede de significados que permitem a conexão em torno de um processo de ordem/desordem no cotidiano da assistência vigente. Nesse prisma, a ação valorativa dos profissionais de saúde permitem que suas atitudes conectem-se com a representação de uma dada realidade, dando-lhe um sentido da natureza simbólica e que as suas interpretações favoreçam a construção de suas ideologias relacionado ao cuidado da mulher no campo do parto e nascimento. Portando, para o desvelamento do processo de valoração do sujeito-profissional de saúde -  na relação do cuidado obstétrico, a partir do seu vivido profissional, apresentam forças articuladas com o pensamento, o sentimento e a vontade. Nesta linha teórica, Max Scheler defende a Teoria dos Valores distinguindo a compreensão dos valores a partir da intuição emocional. O estudo teve como objetivo  compreender desvelar os valores expressos pelos profissionais de saúde acerca da violência obstétrica. Estudo fenomenológico, ancorado na Teoria de Valores de Max Scheler, realizado com 48 profissionais de saúde, sendo 24 enfermeiros e 24 médicos de quatro maternidades da Região Metropolitana II do Estado do Rio de Janeiro. Os dados aqui apresentados foram coletados por meio de entrevista fenomenológica, aplicadas no período de abril de 2017 a abril de 2018, e submetidos ao processo de análise a partir da Teoria de Interpretação de Paul Ricoeur. O estudo foi aprovado no comitê de ética e pesquisa da faculdade de medicina da Universidade Federal Fluminense, sob o protocolo nº 1737132/2016. Os resultados apontaram para a violência obstétrica, perpassando por distintos campos, a saber: físico, verbal, psicológico, sexual e negligência, indo ao encontro das tipificações encontradas nas dimensões legislativas dos países como a Venezuela e Argentina, que deram base para as discussões iniciais sobre a problemática. Revelam, o valor da justiça e do respeito ao ser humano, na sacralidade da parturição da mulher, um valor vital para a vida, quando se propicia o reconhecimento da violência obstétrica, possibilitando um processo crítico do cuidado obstétrico executado no campo do parto e nascimento. Os discursos afirmam que a violência obstétrica não constitui um ato exclusivo de uma categoria profissional, mas de toda equipe de saúde, porque o cuidado compartilhado é um aspecto importante de um cuidado que transcende o profissional, em direção ao multiprofissional. Assim, quando um profissional comete atos/atitudes de violência, toda equipe de saúde participa deles ao omitirem ou anularem suas críticas numa coparticipação da vivência dessa violência, indo em favor ao valor da verdade, pela entendimento frente ao valor do respeito e da justiça à mulher quanto a um cuidado respeitoso. Nessa perspectiva, os profissionais de saúde em seus discursos estão defendendo os valores da justiça, do respeito e da sacralidade da mulher, quando reconhecem que a violência obstétrica se dá por atos que violam direitos das mulheres e as denigrem, apontando para um cuidado indigno, abuso verbal e discriminação baseados em certo atributos. Nesse contexto, quando há esse reconhecimento, valoriza-se a autonomia da mulher para um cuidado compartilhado que inibe determinadas intervenções desnecessárias, pois a conduta do profissional de saúde está sustentada no conhecimento científico, e não no seu viés ideológico no campo do parto e nascimento, expressando a violência obstétrica um contravalor no significado da sua atuação profissional e, ao mesmo tempo, apresentando um valor ao cuidado humanizado. Então, a expressão dos discursos dos profissionais de saúde mostra que a violência não está apenas no campo físico, verbal, psicológico, sexual, mas a partir da introdução de normas e rotinas institucionais, como a proibição do acompanhamento no pré-parto, parto e pós-parto imediato, nesse sentido indo em favor do valor do direito e do respeito. Em seus discursos, nota-se essa ausência de entendimento e de investigação para o conhecimento, julgando que o entendimento não é algo valoroso, que possibilitaria a sua crítica comportamental e as atitudes no cuidado obstétrico. Os discursos dos profissionais de saúde discordam quanto às evidências da violência obstétrica, assim descaracterizando a prática do profissional em seu exercício legal. Conclui-se que o estudo teve como proposição de contribuir para uma modificação da realidade local sobre o cuidado obstétrico, nessa realidade cotidiana das mulheres, beneficiando um cuidado sustentado no respeito e no conhecimento científico, bem como ser um processo facilitador de transformação, provocando o saber científico produzido no meio acadêmico. Assim, pelo movimento que a fenomenologia faz entender e vivenciar, um processo para uma transformação, a apreensão de provocações práticas tornam-se necessárias para uma análise que busque um cuidado centrado na mulher.

5935 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE A MULHER COM ENDOMETRIOSE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ana Paula Silvestre dos Santos Azevedo, Deise Breder dos Santos Batista

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE A MULHER COM ENDOMETRIOSE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Ana Paula Silvestre dos Santos Azevedo, Deise Breder dos Santos Batista

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência que foi elaborado por duas residentes de enfermagem em clínica cirúrgica. O estudo refere-se a uma paciente com diagnóstico de endometriose profunda, submetida ao procedimento cirúrgico de: HTA +Anexo bilateral+ Ressecção de focos de endometriose. Objetivo: Descrever a patologia e o procedimento cirúrgico, bem como avaliar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Desenvolvimento: A endometriose é uma doença ginecológica caracterizada pelo desenvolvimento anormal do tecido endometrial fora da cavidade uterina, podendo se implantar nos ovários, trompas, ligamentos úterossacos, bexiga, ureteres, colón sigmóide. Esses implantes anormais levam a uma reação inflamatória crônica, causando incapacidades e complicações severas. A paciente desse estudo foi submetida ao procedimento cirúrgico de: HTA +Anexo bilateral+ Ressecção de focos de endometriose, sob anestesia geral com aspiração de conteúdo ascítico. A cirurgia teve duração de três horas, com impossibilidade de retirada por completo do focos endometrióticos, devido a aderência em toda cavidade peritoneal. A SAE é uma metodologia desenvolvida a partir da prática do enfermeiro, com o objetivo de organizar o processo do cuidar. Nesse sentido, é de suma importância que o enfermeiro realize a implementação da SAE no cuidado a paciente acometida por endometriose, e que será submetida a cirurgia. O estudo foi realizado em um hospital universitário de grande porte, localizado no município do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados através de entrevista com a paciente e de informações contidas em prontuário. Foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para a obtenção e utilização de imagens. A paciente do presente estudo autorizou a utilização das imagens com finalidade científica, respeitando a Resolução 510/16 que versa sobre a “pesquisa envolvendo seres humanos” Resultado: A partir da implementação da SAE durante o cuidado prestado a paciente desse estudo foi possível identificar problemas e elaborar um plano de cuidados, que alcançou os resultados esperados, corroborando para um bom prognóstico pós operatório. Considerações finais: Espera-se que através do diagnóstico e tratamento adequados a paciente possa evoluir com uma melhora dos sinais e sintomas e que aumente a esperança quanto à melhoria de usa condição patológica e convivência com a doença, que não pode ser curada mas tratada diante dos tratamentos propostos. O enfermeiro além de atuar na assistência também pode ser um educador, esclarecendo dúvidas e minimizando receios da paciente, encaminhando-a para grupos de apoio de endometriose que vise fortalecer a esperança e o conhecimento de sua patologia, além de trabalhar as questões psíquicas relacionadas à infertilidade e saúde sexual, promovendo qualidade de vida. 

7486 USO DE ROSCAS DE PANO COMO ESTRATÉGIA PARA INTEGRIDADE MAMILAR
Ana Paula Assunção Moreira, Vanessa Curitiba Felix, Lívia de Souza Camara, Leila Rangel da Silva, Selma Villas Boas Teixeira, Cristiane Rodrigues da Rocha, Marcela Luz Sacramento

USO DE ROSCAS DE PANO COMO ESTRATÉGIA PARA INTEGRIDADE MAMILAR

Autores: Ana Paula Assunção Moreira, Vanessa Curitiba Felix, Lívia de Souza Camara, Leila Rangel da Silva, Selma Villas Boas Teixeira, Cristiane Rodrigues da Rocha, Marcela Luz Sacramento

Apresentação: O trauma mamilar é um problema frequente entre mulheres no período lactacional, que consiste na lesão e/ou alteração da integridade da pele pelo aparecimento de rachaduras, fissuras, bolhas, escoriações ou equimoses. Diversos fatores podem estar relacionados ao aparecimento dos traumas como a pega incorreta do lactente ao seio materno, o posicionamento inadequado entre mãe e filho, a primiparidade, entre outras. Os traumas mamilares resultam em um processo doloroso e desconfortável para a mãe ao amamentar, repercutindo na principal causa de desmame precoce. O presente estudo tem como objetivo discutir a utilização das roscas de pano como estratégia de conforto e recuperação do trauma mamilar em mulheres que estão amamentando. Desenvolvimento: As roscas de panos são objetos confeccionados a partir de uma compressa de gaze (muito comum nos hospitais) ou uma fralda de pano, onde o pano é enrolado no formato oval, deixando o meio livre. Esses objetos são utilizados para colocar no seio da lactante, entre a pele e a vestimenta, evitando que a pele fique em atrito com a roupa aumentando a área lesionada ou proporcionando o aparecimento de novas lesões. Resultado: As roscas de pano tem um baixo custo por ser um material relativamente fácil de encontrar, que pode ser lavado quando for a fralda ou descartado se for o caso da compressa de gaze. Pode ser usado como uma medida alternativa às conchas de plásticos, uma vez que conchas além de ter alto custo, favorecem a proliferação de microrganismos quando não tem o cuidado higiênico necessário. As pacientes que fazem uso das roscas de pano tem relatos positivos,  referindo alívio da dor por não deixar a mama em contato direto com a vestimenta e praticidade no uso do objeto. Percebe-se também que o fato de usar a rosca de pano impede que o seio fique aderido à roupa, evitando um novo trauma ao desgrudar o seio aderido. Considerações finais: As roscas de pano funcionam como uma importante estratégia na prevenção e recuperação dos traumas mamilares durante o processo de lactação. Esses objetos tem baixo custo e pode ser facilmente confeccionado. Seu benefício é referido pelas pacientes que a usam e identificado pelos profissionais que a ofertam e acompanham o processo de amamentação. Assim, cabe ressaltar que orientações e acompanhamento da amamentação deve ser abraçado pelo enfermeiro a fim de evitar o desmame precoce e diminuir o surgimento de possíveis complicações com a mulher e/ou bebê.

7704 EPISIOTOMIA DE ROTINA: PERCEPÇÃO DAS MULHERES MÃES ATENDIDAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE EM MANAUS/AM
Verônica Vasconcelos da Silva, Antônia Evilannia Cavalcante Maciel

EPISIOTOMIA DE ROTINA: PERCEPÇÃO DAS MULHERES MÃES ATENDIDAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE EM MANAUS/AM

Autores: Verônica Vasconcelos da Silva, Antônia Evilannia Cavalcante Maciel

Apresentação: A episiotomia constitui-se no mecanismo mais comum na obstetrícia moderna, devendo ser feita com consentimento informado da mulher. A incisão é realizada no períneo e tem a finalidade de alargar o canal vaginal para oportunizar um parto normal. Este procedimento é bastante utilizado entre os médicos e enfermeiros obstetras onde a grande maioria desses profissionais já vem realizando esse procedimento de forma indiscriminada. É importante que a parturiente tenha conhecimento quanto a esse procedimento, para isso é importante que os profissionais sanem as dúvidas que essas mulheres possuem. Antigamente era comum que o obstetra fizesse a episiotomia, onde os cortes eram retos e planejados. Porém, atualmente muitas episiotomias são realizadas sem cortes precisos e principalmente sem indicação e consentimento da parturiente, com isso os riscos de infecções aumentam, o período de recuperação pós-parto prolonga, problemas de autoestima em mulheres que passam pelo procedimento são identificados, além de afetar a amamentação e dificultar o cuidado com o RN. Objetivo: Investigar o conhecimento das puérperas sobre o procedimento de episiotomia sem indicação seletiva. Desenvolvimento: Trata- se de um estudo de caráter exploratório-descritivo com abordagem qualitativa de dados que buscará investigar o conhecimento das puérperas sobre o procedimento de episiotomia sem indicação seletiva na UBS Nilton Lins, bairro flores, Manaus-Am. O estudo tem como população de referência as puérperas/e ou lactantes que passaram pelo procedimento de episiotomia, a seleção das participantes da pesquisa se dará por meio de amostragem sistemática onde serão selecionadas 10 mulheres que serão abordadas durante a visita domiciliar junto a companhia do agente comunitário de saúde, o estudo será apresentado e as mesmas participarão do estudo mediante a aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultado: Esperados: visando esse enfoque, o referido projeto de pesquisa sugere um caminho que leva o conhecimento dos profissionais de saúde a partir do ponto de vista das mulheres que foram submetidas a episiotomia de rotina, sobre a possibilidade de sensibilizar os profissionais de saúde a humanização do parto e o direito de fala e empoderamento feminino. Além da eficiência na assistência do pré ao pós-parto, sendo assim os caminhos apontam para o conhecimento e sensibilização. Considerações finais: Diante de uma proposta de conhecimento das puérperas quanto as práticas de episiotomia de rotina, enfatiza-se a necessidade da humanização do parto e o empoderamento das gestantes quanto ao conhecimento fisiológico do parto e suas peculiaridades durante o pré-natal, assim fortalecendo a saúde por meio da promoção de saúde com a propagação e multiplicação de conhecimento assim fortalecendo a luta contra a violência obstétrica e o direito de fala da mulher.

8159 ATENDIMENTO COLETIVO DE MULHERES NO PLANEJAMENTO REPRODUTIVO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Amanda Fernandes Maia Guimarães Carvalho, Mylena Caroso Melhem, Thaíse Rodeiro Cardoso de Lacerda França, Louise Diná Rodrigues Barbosa

ATENDIMENTO COLETIVO DE MULHERES NO PLANEJAMENTO REPRODUTIVO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Amanda Fernandes Maia Guimarães Carvalho, Mylena Caroso Melhem, Thaíse Rodeiro Cardoso de Lacerda França, Louise Diná Rodrigues Barbosa

Apresentação: Existem inúmeras definições sobre Planejamento Reprodutivo (PR), pois sua prática se originou de diversas crenças e valores da sociedade e de políticas públicas do Estado. Tradicionalmente, ele tem sido pautado no modelo hegemônico de fazer saúde, o biomédico: caracterizado pelo foco na situação de saúde, na dimensão biológica e no processo saúde-doença, com excesso de intervenções e procedimentos. Esse modelo resulta em um PR restrito a prescrição do contraceptivo e realização de exames, sendo por sua vez, carente de orientações sobre educação sexual e reprodutiva. Tal modelo tem se mostrado ineficaz, até mesmo para a anticoncepção, haja vista o alto índice de gestações não planejadas. Durante experiência vivenciada em um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família foi possível perceber que a atuação da equipe multiprofissional no PR se limita a prescrever contraceptivos e dar orientações superficiais; e esta prescrição e contato com a usuária ainda ocorre devido a exigência da receita, com validade de 6 meses, para garantir o contraceptivo no Sistema Único de Saúde (SUS) sem ônus. Associado a essa questão, existe uma grande demanda de usuárias no território para assistir e constantemente a equipe não tem disponibilidade para atender a todas individualmente. As recomendações do Ministério da Saúde apontam a necessidade de se realizar ações educativas que façam uso de metodologias participativas com abordagens pedagógicas centradas no sujeito e que a escolha do método contraceptivo seja livre e informada. As ações educativas podem ser realizadas em um coletivo, e, a depender de cada situação, é possível ofertar coletivamente o que se faz de forma individual nas consultas. Com isso, o atendimento em grupo ou coletivo se mostra como uma alternativa de cuidado a ser realizada no Programa Saúde da Família pois é onde se realizam ambas as funções: as consultas de planejamento reprodutivo e ações de educação em saúde. Pensando nessas questões, foi discutido e planejado um atendimento coletivo de mulheres, com o objetivo principal de promover saúde sexual e reprodutiva para auxiliá-las a lidar de forma saudável e responsável com a sexualidade, incentivando-as a adotar comportamentos de prevenção e de cuidado pessoal. A finalidade deste relato de experiência é descrever um atendimento coletivo de mulheres com foco no planejamento reprodutivo realizado em uma Unidade de Saúde da Família (USF) no município de Camaçari-BA. O atendimento coletivo, denominado “Encontro de Mulheres” era realizado no auditório da Unidade de Saúde da Família, com encontros quinzenais. O público alvo envolvia todas as mulheres da comunidade que tivessem interesse em participar. A divulgação era realizada por toda equipe através de convites individuais, salas de espera e cartazes dispostos na unidade. A organização dos encontros era realizada por pelo menos 5 profissionais de saúde para serem facilitadores: 2 profissionais de nível superior (sendo um deles, obrigatoriamente, médica ou enfermeira), 2 agentes comunitários de saúde e 1 técnico de enfermagem, revezando com os profissionais da equipe de saúde da família, garantindo sempre a participação de todos os profissionais, incluindo o Núcleo de Apoio a Saúde da Família da Atenção Básica. Os encontros eram divididos em 5 momentos: no primeiro momento as mulheres eram recebidas no auditório da USF e ocorria apresentações através de dinâmicas escolhidas pelos responsáveis. No segundo momento, uma breve explicação sobre os métodos contraceptivos orais e injetáveis disponíveis no SUS, onde era informado como fazer uso dos métodos com segurança. No terceiro momento, uma discussão sobre a temática escolhida pelas mulheres nos encontros anteriores. No quarto momento as mulheres davam sugestões sobre os próximos temas e para finalizar, todas as mulheres que precisavam renovar as receitas dos métodos contraceptivos eram consultadas de forma individual e breve, verificando sinais vitais (peso, altura e pressão para acompanhamento), recebendo a receita do método contraceptivo que usavam e agendando o retorno de acordo com a sua disponibilidade e vontade para atendimento coletivo ou individual ou os dois, se assim preferisse. Aproveitava-se o momento para ofertar o exame preventivo de câncer do colo uterino se necessário. Durante o atendimento coletivo, caso fosse observado que era necessária uma consulta individual, a paciente era agendada o mais breve possível. Os atendimentos eram registrados em prontuários, juntamente com outras informações relevantes como peso, pressão arterial, data da última menstruação, contraceptivo utilizado e aprazamentos das doses futuras, atualização do preventivo, queixas e condutas adotadas. Além disso, foi criado um impresso para controle do uso do método para as usuárias, onde também eram registrados o peso, pressão arterial, data da última menstruação, contraceptivo utilizado e aprazamentos das doses futuras. Todas as usuárias que faziam uso de algum método contraceptivo eram inseridas em uma planilha de fácil visualização onde constavam nome, número do prontuário, método contraceptivo utilizado e data da última consulta ou atendimento coletivo, com o objetivo de realizar busca ativa das usuárias caso fosse necessário. O modelo pedagógico dos encontros baseou-se na metodologia participativa com ênfase no diálogo, que buscou incentivar a participação de todas e a troca de experiência e saberes. Para isso, fizemos rodas de conversas e utilizamos tecnologias leves. Em todos os encontros tinham 1 ou mais facilitadores que estabeleciam vínculos de proximidades com as participantes. Os facilitadores se utilizavam de linguagem clara e acessível com o objetivo de promover maior interação entre os membros envolvidos. As temáticas eram escolhidas pelas participantes de forma aleatória ao final de cada encontro, e os principais assuntos selecionados foram sobre o Dispositivo Intrauterino (DIU), orgasmo e saúde sexual, laqueadura tubária e vasectomia. No processo de desenvolvimento dos encontros foi possível perceber que mesmo após as consultas individuais com explicações sobre o método escolhido, as usuárias ainda tinham muitas dúvidas com relação ao uso dos contraceptivos e frequentemente faziam o uso erroneamente. O compartilhamento de informações em grupo tornou o ambiente mais descontraído e permitiu a troca de conhecimento entre as usuárias, tornando mais fácil a compreensão. Além disso, possibilitou desconstruir mitos acerca dos métodos anticoncepcionais e ampliou a visão sobre outros métodos disponíveis no Sistema Único de Saúde, como o DIU e o preservativo. Durante as avaliações finais dos encontros, as usuárias demonstravam interesse em dialogar sobre diversas questões sobre saúde sexual e reprodutiva.  

8254 BARREIRAS ENFRENTADAS PARA REALIZAÇÃO DO EXAME PAPANICOLAU: ELABORAÇÃO DE UMA TECNOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE
Brenda crystine Da rocha Cardoso, Larissa Kelly Cunha Costa, Ivonete Vieira pereira Peixoto

BARREIRAS ENFRENTADAS PARA REALIZAÇÃO DO EXAME PAPANICOLAU: ELABORAÇÃO DE UMA TECNOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE

Autores: Brenda crystine Da rocha Cardoso, Larissa Kelly Cunha Costa, Ivonete Vieira pereira Peixoto

Apresentação: O Exame de Papanicolau é um exame ginecológico utilizado para auxiliar no diagnóstico precoce do câncer de colo de útero e alterações causadas pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV). É de conhecimento internacional, como sendo um instrumento adequado, prático e barato para o rastreamento do câncer de colo de útero, também denominado de colpocitologia e mais comumente referido pela clientela como exame preventivo. O Ministério da Saúde, preconiza como grupo prioritário as mulheres dos 25 aos 65 anos de idade para a realização. Buscando a adoção de estilo de vida saudável, com vista à prevenção e controle dos fatores de risco do câncer cérvico uterino busca-se a elaboração de uma Tecnologia Educativa em Saúde leve. Objetivo: Analisar as principais barreiras das mulheres entre 25 e 65 anos para realizarem o exame preventivo do câncer de colo útero em uma unidade básica do Sistema Único de Saúde; Identificar as causas que levam algumas mulheres a não se submeterem ao exame Papanicolau e elaborar uma tecnologia através dos pontos mais importantes levantados pelas participantes para melhor o esclarecimento sobre o exame preventivo. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa, realizada em uma Unidade de Saúde Básica (UBS) do bairro Jaderlândia no estado do Pará, com 18 mulheres entre 25 e 65 anos, através de entrevista semiestruturada. Resultado: Através dos relatos das participantes percebe-se o conhecimento fragmentado acerca do exame, com origem distintas sendo: família, unidade básica de saúde e mídia. Foi evidenciado as dificuldades para a realização do exame sendo: por parte de falhas do gerenciamento da UBS, gestão de materiais e a ausência do profissional de saúde, as dificuldades que levam as mulheres a desacreditarem no exame são: demora no resultado do exame, a falta de material e expressões de sentimentos, estes que são: vergonha, medo e dor. E os motivos que impedem estas mulheres a não manterem uma periodicidade com o exame é por conta do esquecimento e ocupações diárias. Baseado em tudo o que foi evidenciado palas participantes da pesquisa foi elaborado uma tecnologia leve escolhida para apresentar a este público, sendo este um cartaz em forma de banner para ser deixado na unidade em um local de fácil acesso e de entendimento a população leiga para a eficácia da tecnologia. Considerações finais: se conclui que não é suficiente apenas garantir o acesso ao exame Papanicolau nos serviços de saúde, tampouco emitir informações acerca do mesmo. É primordialmente necessário garantir que as clientes tenham acesso a essas informações, e que estas sejam adequadas e com embasamento cientifico.

8421 O INTERNATO RURAL INTEGRADO DE ENFERMAGEM EM UM CENTRO DE SAÚDE DA COMUNIDADE VALÉRIA MARTINS PEREIRA NO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO.
Naiara Mesquita Almeida, Maryana Zanon da Silva

O INTERNATO RURAL INTEGRADO DE ENFERMAGEM EM UM CENTRO DE SAÚDE DA COMUNIDADE VALÉRIA MARTINS PEREIRA NO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO.

Autores: Naiara Mesquita Almeida, Maryana Zanon da Silva

Apresentação: O Internato Rural Integrado (IRI) é uma disciplina de estágio supervisionado obrigatória do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Tocantins (UFT). O IRI proporciona ao acadêmico de Enfermagem a oportunidade de desenvolver atividades práticas em Serviços de Atenção à Saúde e demais espaços sociais, ações assistenciais e gerenciais no primeiro nível de atenção, focado na estratégia saúde da família, procurando reconhecer a organização estrutural e funcional do Sistema Único de Saúde (SUS), tal como, o papel do enfermeiro no cotidiano dos serviços. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência a partir da vivência em um estágio curricular do curso de Enfermagem, entre o período de 12 de março a 12 de junho de 2018, segunda à sexta, realizado no período vespertino. O estágio ocorreu em um Centro de Saúde da Comunidade (CSC) Valéria Martins Pereira, de competência municipal conveniado com a UFT. Encontra-se localizado na zona periférica de Palmas-TO e faz parte da rede de atenção primária à saúde, situando-se na quadra 1206 Sul. Por localizar-se em uma zona periférica, o CSC atende uma população de maior vulnerabilidade. O grupo do estágio era composto por três acadêmicas de Enfermagem, matriculadas no último ano da graduação, sob orientação da Docente responsável pela disciplina e, supervisionado por uma Enfermeira vinculada ao CSC Valéria Martins Pereira. Resultado: O grupo desenvolveu diversas atividades de forma autônoma e supervisionada, bem como a realização de consultas de enfermagem, além de atuarem nos programas da estratégia da saúde da família, sendo: pré-natal, planejamento familiar, rastreamento do câncer de colo de útero e câncer de mama, puericultura, imunização, hiperdia, tuberculore, hanseníase, tabagismo, visita domiciliar, práticas educativas e trabalho intersetorial. Realizou-se também o levantamento epidemiológico da área de cobertura da equipe de acordo com o Diagnóstico Situacional, o qual foi apresentado em sala de aula para a Docente e Coordenadora da disciplina e demais colegas. Realizou-se a criação de fluxogramas de atendimento de puericultura, pré-natal e puerpério, a fim de sistematizar os serviços de modo à complementar o Manual de Normas e Rotinas do CSC. Considerações finais: O IRI foi de extrema importância para que as acadêmicas pudessem entender a Sistematização da Assistência de Enfermagem em um CSC, além de proporcionar uma visão mais crítica sobre a formação acadêmica, bem como as funções e atuação do/a Enfermeiro/a da Família. Desta forma, o IRI foi uma grande oportunidade de complementar e aperfeiçoar a formação acadêmica, experiências profissionais e pessoais.

8470 HISTÓRIAS SOBRE O ATO DE PARTEJAR DAS MULHERES INDÍGENAS WAI WAI: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Mabel Acioli

HISTÓRIAS SOBRE O ATO DE PARTEJAR DAS MULHERES INDÍGENAS WAI WAI: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Mabel Acioli

Apresentação: Nesse relato de experiência vou reviver o aprendizado que tive o privilégio de experienciar em quase 06 anos de atendimento em aldeias indígenas no estado do Pará, no DSEI Guamá Tocantins vinculado a Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde. Nesse texto irei me referenciar especificamente aos povos indígenas do município de Oriximiná, onde atuei como enfermeira assistencialista em 14 aldeias, nas quais 09 etnias distintas coabitam e mantém sua cultura e sua cosmologia sobrevivendo a esse mundo tecnológico e capitalista. Quero me aprofundar mais ainda ao mundo das mulheres indígenas, onde as mesmas, entre seus trabalhos de roça, suas atribuições de artesanatos e os cuidados com a família, ressignificaram o meu conhecimento do ato de partejar. Foi através dessas trocas de saberes, onde elas me permitiram conhecer suas histórias de “parir” e seus significados, que pude perceber suas lutas para que tenham um cuidado em saúde que respeite seus costumes milenares. Neste breve texto, vou evidenciar as memórias de 03 gerações distintas que vivem na aldeia mãe chamada Mapuera. Tenho como objetivo mostrar através desses relatos como as mulheres indígenas vivenciam o parto, seus medos, suas dificuldades e como as mesmas enxergam as mudanças do parir no olhar do saber tradicional para o modelo biomédico. Além disso, relatar as mudanças ocorridas no meu devir trabalho através dessa imersão no contexto indígena, que foi sendo atravessado por esses saberes e me fizeram refletir sobre a produção do cuidado em saúde considerando as vozes dessas mulheres e suas singularidades nessa construção. Meu interesse pelo parto na aldeia Mapuera teve início no ano de 2016, após participar do curso “Atualização em Perspectiva Antropológica de Saúde da Mulher Indígena” realizado pela SESAI em parceria com FIOCRUZ, onde tivemos acesso aos dados do sistema de informação de atenção em saúde indígena (SIASI) nos quais ficou evidenciado que as mulheres indígenas optavam pelo parto hospitalar. Essa informação foi inquietante e a partir dela me perguntei: será que nós, como equipes multiprofissionais havíamos perguntado sobre o que essas mulheres de fato desejavam quando falamos sobre parto? Foi então que decidi redirecionar minha prática assistencial nas aldeias, na tentativa de compreender suas concepções e pensamentos sobre essa questão. Após as permissões devidas das lideranças indígenas, iniciei rodas de conversas com três gerações de mulheres indígenas da etnia Wai Wai, que subdividi pela forma como vivenciam o parto. A primeira geração: são as idosas (acima dos 70 anos), as que na verdade relatam de onde são suas origens, como se estabeleceram no território atual. A segunda geração (mulheres entre 35 a 50 anos) que observaram o ato de partejar e em uma determinada época e foram “treinadas” (por assim dizer!) por equipes de saúde (profissionais de saúde responsáveis por esses povos na época) e a terceira geração que são as mulheres jovens (abaixo dos 35 anos) que na verdade passam por experiências completamente diferente de suas antepassadas, pois as gestações dessas mulheres em sua grande maioria já são vivenciadas na cidade. No decorrer do ano de 2016, comecei a participar mais das conversas com os grupos de mulheres, após o expediente da unidade de saúde da aldeia, onde realizava visitas as “casas de farinha” (local onde se tem o costume de relatar a vida da aldeia e suas pessoalidades culturais). Obtive a permissão delas para registrar esses momentos, os quais guardo com muito carinho e respeito (já que algumas dessas mulheres relatavam onde deixaram seu espirito partir para onde nasceu, significado de dizer onde sua placenta foi enterrada). Após meses de conversa, ficou muito óbvio o quanto essas mulheres tem identidade e personalidade cultural vivaz e ao mesmo tempo um certo tipo de submissão ao homem (aqui partimos de mais uma singularidade da etnia aqui descrita). Foi notório o quanto elas desejavam esse debate na aldeia, pois uma parte delas nunca entendeu essa necessidade de ser retirada de seu meio para ter um bebê dentro de um ambiente estranho, com pessoas que não falam sua língua (70% das mulheres indígenas Wai Wai não falam português) e onde seus parentes pudessem ser ativos e participativos no momento do parir. Começamos a intensificar nossas conversas sobre o parto e a tentar fomentar as jovens mulheres a conhecerem essa história cultural que na época era pouco falada entre elas. Por iniciativa própria comecei a deixá-las mais à vontade na questão do pré –natal e aos poucos abrindo precedentes para a possibilidade de partos na aldeia. Foram momentos de relutância e de reuniões com caciques (homens) que por várias noites vinham até a casa da saúde (alojamento onde permanecíamos durante nossas escalas de trabalho nas aldeias) perguntar o porquê estar falando sobre esse assunto. Vários foram os motivos que me deram para não realizar parto nas aldeias como seus antepassados: crianças nascendo mortas, crianças nascendo sem membros, crianças que não viraram pra nascer na posição correta, porém quando perguntávamos quando isso havia ocorrido sempre a referência de muitos anos atrás. E dentro desse período de trabalho, e na construção conjunta com essas mulheres, tive o privilégio de participar de alguns partos na aldeia e vivenciar esse momento mágico e puramente fisiológico, nos quais estatisticamente tive a felicidade de não ter nenhuma óbito materno e nem infantil. No processo de rotatividade das equipes em território indígena, fui transferida para desenvolver atendimentos em outras aldeias que necessitavam de assistência a enfermagem, e nessas aldeias continuei as rodas de conversa com alguns grupos étnicos a partir da abordagem diferenciada realizada com as mulheres da aldeia Mapuera, e modifiquei a forma de atendimento do programa de saúde da mulher indígena desde o pré natal ao puerpério dos territórios que comecei a atender. Outra conquista gratificante a longo prazo, foi a mudança das mulheres sendo mais ativas e participativas sobre seu parto. Apesar de todas as dificuldades, de todos os desafios minha percepção sobre parto atualmente questiona muito algumas práticas que aprendemos na universidade dentro do meio hospitalar, aplicada principalmente quando se trata de uma região como a nossa onde vivemos entre aldeias indígenas, comunidades tradicionais quilombolas e povos ribeirinhos, temos por obrigação perceber as peculiaridades, abordá-las com o indivíduo e introduzi-las as nossas práticas respeitando as especificidades étnicas e culturais. Sonho com uma prática de abordagem onde seja possível mesclar o conhecimento acadêmico ao saber tradicional dessas mulheres indígenas, isso significa ser enfermeira em constante modificação, em prática permanente de educação. O que eu não imaginava era que o meu conhecimento tecnocrático seria imerso num mundo de cultura onde o que eu considerava verdade absoluta aprendida em livros da medicina, se tornariam vivências de uma vida nas aldeias e um revés sobre a detenção do que chamei de conhecimento.  

8974 O PROTAGONISMO DO FISIOTERAPEUTA DO NASF-AB NO CUIDADO ÀS GESTANTES DO PROJETO FLOR DO DIA NO MUNICÍPIO DE TEFÉ/AM
Adriano Araújo Fernandes, Thayana Oliveira Miranda, Maria Adriana Moreira, Josiane de Souza Medeiros, Fabiana Mânica Martins, Robson de Souza Silva, Lucas Leão Caldeira

O PROTAGONISMO DO FISIOTERAPEUTA DO NASF-AB NO CUIDADO ÀS GESTANTES DO PROJETO FLOR DO DIA NO MUNICÍPIO DE TEFÉ/AM

Autores: Adriano Araújo Fernandes, Thayana Oliveira Miranda, Maria Adriana Moreira, Josiane de Souza Medeiros, Fabiana Mânica Martins, Robson de Souza Silva, Lucas Leão Caldeira

Apresentação: O objetivo deste trabalho é apresentar o cuidado realizado pelo fisioterapeuta do Núcleo Ampliado à Saúde da Família (NASF-AB) às gestantes participantes do Projeto Flor do Dia no município de Tefé (AM). Para a mulher a gravidez é uma fase muito significativa e condicionada a várias alterações, sejam elas físicas ou emocionais que mechem com todo o organismo, estendendo esse processo de mudança ao ambiente familiar, vivenciado de maneira singular em cada gestante. As ações educativas e trabalhos de grupo com as gestantes tornam-se estratégias que favorecem a ação integrada com a equipe de referência e com a equipe multidisciplinar, além de permitir conhecer o modo como elas lidam com a gestação. O Projeto Flor do Dia é uma prática integrativa e acolhedora promovida pela maternidade do Hospital Regional e da Rede de atenção básica do município de Tefé. A proposta ganhou corpo e forma em fevereiro de 2017, como fruto da necessidade de preparar as gestantes para o momento do parto. O projeto tem como foco de atuação principal a atenção hospitalar e a rede básica almejando a redução da taxa de cesarianas para números recomendados pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde, bem como a redução da incidência de mortes materno-infantil. Ele tem como objetivo principal preparar as parturientes para a realização de parto normal humanizado, auxiliando através de atividades multiprofissionais, socializando conhecimentos e dando apoio através de atividades físicas. Diversos atores são envolvidos nesse processo de encontro com as gestantes, tais como equipe multiprofissional da maternidade e atenção básica através das equipes de Saúde da Família e do Núcleo Ampliado à Saúde da Família em encontros quinzenas no auditório do Hospital Regional organizado pela equipe técnica da maternidade. O cronograma é realizado mensalmente, com temas sugeridos pelas próprias gestantes, intercalados com encontros no auditório e práticas de atividades físicas. Participam desse projeto todas as gestantes cadastradas nas 19 equipes de Estratégia Saúde da Família, sendo convidadas a participar do encontro na inscrição do pré-natal, o convite também é feito ao parceiro. Sendo de extrema importância estimular o vínculo do parceiro nesse processo, onde a Gestão disponibiliza transporte para a condução das gestantes para participar do encontro, tanto na ida quanto na volta. Afim de promover atividades físicas às gestantes foram implementados os encontros com as gestantes na piscina da Unidade Básica de Saúde São Miguel para as sessões de hidroginástica, conduzidos pelo profissional fisioterapeuta do NASF-AB. A hidroterapia é recomendada para o pré e pós-parto, pelas vantagens que oferece tanto à mãe quanto ao bebê. Proporcionando efeitos fisiológicos que surgem imediatamente após a imersão. A técnica facilita o trabalho do parto, tornando-o mais efetivo e menos doloroso; melhora a qualidade do sono e diminui a ansiedade, o estresse e o risco de depressão pré e pós-parto; promove maior nutrição e oxigenação da placenta, ajuda no desenvolvimento fetal, aumenta a respiração e estimula o movimento corporal, mantém a temperatura corporal e diminui os riscos de parto prematuro. Desenvolvimento: As gestantes d Projeto Flor do Dia realizavam acompanhamento com o Fisioterapeuta do NASF duas vezes por mês na piscina (Hidroterapia). Os exercícios aquáticos eram baseados em trabalho de fortalecimento, exercícios aeróbicos, alongamentos e relaxamento, realizados pelo fisioterapeuta do NASF-AB. O diferencial da Hidroterapia para as Gestantes está nas orientações posturais e exercícios específicos para a prevenção e/ou tratamento das alterações gestacionais. Os exercícios aquáticos eram realizados nos dias de quarta-feira alternadas, no horário das 15:30h às 16:30h com roupas específicas para a atividade e sempre era realizado o convite ao parceiro para estimular o vínculo no pré-natal. Iniciava com os exercícios aeróbicos e alongamentos: caminhada leve dentro da piscina por 5 minutos, exercícios para membros superiores e membros inferiores (MMSS e MMII), para melhora da amplitude de movimento. Em seguida, exercícios de fortalecimento e reeducação postural tais como: exercícios para MMII de chutar para frente, para trás, para o lado direito e esquerdo com a resistência da água (movimento de flexão, extensão, adução e abdução), agachamento com o auxílio de uma bola de leite e boia macarrão para estabilização postural. Finalizando com exercícios de relaxamento: flutuação passiva (auxílio do Fisioterapeuta), exercícios respiratórios para controle da ansiedade, tensão e nervosismo. Resultado: No início a adesão à prática de hidroginástica era pequena, justificando-se pelo fato do medo da maioria das gestantes em realizar exercícios físicos na gestação, onde o encontro acontecia uma vez ao mês. Após orientações em grupo e apresentação dos benefícios da hidroginástica por um profissional habilitado e a criação de vínculo com o profissional fisioterapeuta, o número de gestantes começou a aumentar tornando a prática contínua duas vezes ao mês, levando sempre em consideração o risco benefício para as gestantes. Outro fator em destaque são os relatos das gestantes no grupo social que se formou, onde relatos evidenciavam que a prática proporcionava melhora na atenção, na respiração, relaxamento, autoestima e autocuidado na gestação. Considerações finais: O presente trabalho é de extrema importância para a atenção integral as gestantes durante o pré-natal com um enfoque do papel do profissional fisioterapeuta, integrante de uma equipe multidisciplinar na assistência do pré-natal humanizado, com qualidade e voltado às práticas de atividades físicas baseadas em evidência. Porém, ainda é preciso avançar e tomar como ação estratégica constante nas equipes de Saúde da Família durante o pré-natal, investindo em uma boa atividade física para mulheres, onde o corpo da gestante merece atenção especial, e essa atenção não consiste, apenas, em realizar o pré-natal regulamente por meio das consultas para avaliar o físico materno-infantil, mas programar práticas adequadas de atividades físicas de acordo com a necessidade e a condição individual de cada gestante. Assim a prática de hidroginástica ofertada às gestantes Projeto Flor do Dia, através do acompanhamento e assistência do fisioterapeuta tem se mostrado com resultados positivos, sinalizando que ações estratégicas devem ser incorporadas na assistência do pré-natal pelas equipes de estratégia saúde da família, bem como as equipes das maternidades devem investir em ações para melhorar o cuidado à gestante e parturiente com objetivo de promover a cada ação um parto normal, seguro e humanizado.

9870 A PRODUÇÃO DO CUIDADO E A DEFESA DO DIREITO À MATERNIDADE: DESAFIOS COTIDIANOS
Mônica Garcia Pontes, Alzira de Oliveira Jorge, Luciana de Souza Braga, Adriana Fernandes Carajá, Gabriela Maciel dos Reis, Cristiana Marina Barros Souza

A PRODUÇÃO DO CUIDADO E A DEFESA DO DIREITO À MATERNIDADE: DESAFIOS COTIDIANOS

Autores: Mônica Garcia Pontes, Alzira de Oliveira Jorge, Luciana de Souza Braga, Adriana Fernandes Carajá, Gabriela Maciel dos Reis, Cristiana Marina Barros Souza

Apresentação: Em 2014, o Ministério Público (MP) e a 23ª Vara Cível da Infância e Juventude de Belo Horizonte (BH) publicaram normatizações que orientavam maternidades e centros de saúde a encaminharem à justiça casos de gestantes e/ou puérperas que apresentassem alguma situação de vulnerabilidade. Aos profissionais que não fizessem esse comunicado no prazo de 48 horas seria imputada, inclusive, responsabilidade legal. Mulheres com relato de uso de drogas, vivência nas ruas e/ou ausência nas consultas pré-natal tiveram seus filhos retirados pelo Estado. Diante desse cenário, pesquisadores do Observatório de Políticas e Cuidado em Saúde da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciaram investigações no intuito de buscar uma compreensão  desta separação compulsória de mães e filhos, a partir da criação de uma frente de pesquisa denominada ‘Mães Órfãs‘. As separações trazem desafios à produção do cuidado dessas mães e seus filhos nos serviços de saúde. Este texto apresenta reflexões dos pesquisadores acerca desses desafios e do direito à maternidade no Brasil, oriundas de três dissertações de mestrado desenvolvidas junto ao Programa de Pós-graduação em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG, entre 2017 e 2019. O objetivo foi refletir sobre a violação do direito à maternidade no Brasil, apresentando os limites impostos, especialmente a mulheres em situação de vulnerabilidade social, as estratégias de controle sobre a vida destas e de seus filhos e ainda as resistências que se contrapõem a essas segregações. Desenvolvimento: As análises tiveram como fontes primárias: 02 narrativas produzidas junto a mulheres indígenas durante o acampamento Terra Livre em 2019, 10 narrativas de mulheres em diferentes situações de vulnerabilidade (uso de álcool e outras drogas, situação de rua, atingidas pela política de isolamento e internação compulsória da hanseníase, pobres, negras e indígenas), 1 narrativa com familiares e 2 com trabalhadores da saúde que acompanharam separações de mães e filhos; 19 entrevistas com atores estratégicos, sendo 3 gestores e 10 trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) de BH, 1 representante da Defensoria Pública, 1 do Conselho Municipal de Saúde, 1 do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e 1 do Conselho Tutelar, 1 representante de movimento feminista e 1 membro da Clínica de Direitos Humanos da UFMG. Outras fontes utilizadas foram: 3 diários de campo de pesquisadoras; atas de reuniões cedidas pela Diretoria de Prevenção Social ao Crime e à Violência; relatórios técnicos e transcrições de audiências públicas sobre o tema; análises das normativas do MP e Judiciário; reflexões realizadas em seminários, reuniões da pesquisa e com movimentos sociais. Procedeu-se a uma seleção dos principais achados das dissertações que versaram sobre o tema de interesse e a um reconhecimento dos sentidos que os resultados desses trabalhos trouxeram. Resultado: A interferência do Estado, sem tempo e espaço para que as equipes de saúde organizassem uma rede de apoio, dificultou a produção do cuidado e reduziu a possibilidade de vínculo entre equipes e sujeitos. Como linhas de  fuga, algumas mulheres decidiram parir seus filhos em outras cidades ou migraram para outro território da cidade, em busca de maternidades que resistissem mais às interferências judiciais. Do ponto de vista clínico, o sofrimento decorrente dessa separação reverberou nas condições de saúde, com casos, por exemplo, de agravamento de condições de saúde mental. Mães passaram a delirar procurando a barriga que já não existia mais, o uso de drogas intensificou-se e muitas não conseguiram mais se recuperar da tristeza. A segregação constituiu importante obstáculo para a produção de possibilidades de vida para essas mulheres. Foi possível verificar a importância de um olhar atento e despido de estereótipos entre os gestores e trabalhadores para viabilizar a construção de alternativas que permitissem a essas mulheres superar as condições de vulnerabilidades e  seguir com seus filhos. Nessa perspectiva, importou considerar a maternidade para além da concepção hegemônica de mundo, investindo na valorização dos afetos e nas formas de cooperação que suscitassem alternativas para vidas inicialmente abandonadas e criminalizadas pelo Estado. Há um anseio pela produção de uma rede que ultrapasse as fronteiras institucionais e vise a defesa dos direitos de mães e filhos em sua integralidade. Redes de apoio que considerem a produção de autonomia e a superação das múltiplas violências às quais essas mulheres estão cotidianamente  submetidas. Assim, a lógica do compromisso com o usuário precisa ultrapassar o cumprimento legal estrito. Ouvir, ofertar e acolher o Outro sem impor um estilo de vida potencializa o cuidado. Relevante ressaltar que no âmbito dos direitos sexuais e reprodutivos a escolha pela maternidade é um direito dessas mulheres, intimamente relacionado a outras questões sócio-históricas, como o direito à habitação. Ao se investigar as intencionalidades das normativas instituídas, as separações servem a propósitos de produzir crianças adequadas a um modo hegemônico neoliberal de conduzir a vida e de eliminar mulheres que não se adequem a esta concepção. Mulheres cujo desejo e direito à maternidade é rechaçado pelo Estado. Foram identificadas similaridades quanto aos modos de segregação em diferentes realidades e momentos da história do Brasil como no auge da hanseníase no final século XIX e início do XX, e na atualidade com a situação das mães nos grandes centros urbanos e nas comunidades indígenas. Todavia, são constatadas singularidades como a expropriação de mulheres indígenas de seus territórios tradicionais. Foi possível compreender que a defesa da vida de todos constitui princípio elementar para a efetivação de atos cuidadores e promotores de conexões que potencializem a defesa de mães e filhos viverem juntos. Mulheres indígenas, negras e pobres estão mais expostas a ações estatais e a julgamentos da sociedade que acabam por conduzir à retirada de seus filhos. A segregação tem raça, gênero e classe social. As possibilidades de vivenciar a maternidade não são as mesmas para todas as mulheres no Brasil. Nessa perspectiva, foi possível constatar a existência de movimentos conservadores nos serviços e na sociedade que conduzem a separações de mães e filhos em situação de vulnerabilidade, retirando dessas mulheres o direito de ser mãe. Por outro lado, encontrou-se fortes movimentos de resistência a essas condutas, os quais articularam diálogos intersetoriais para a confecção de redes de apoio que valorizassem o protagonismo dos usuários e trabalhadores na produção de planos terapêuticos nos quais estes sujeitos estão inseridos. Considerações finais: As histórias dessas mulheres são marcadas por múltiplas violências, pela reprodução de padronização de valores sociais e pela idealização da figura materna. Além dos desafios enfrentados pelas mulheres numa sociedade de base patriarcal, sexista e racista, para manterem assegurados seus direitos à gestação, ao trabalho remunerado e à amamentação, há, no Brasil, barreiras ainda maiores quando se trata de mulheres que vivem em situações de vulnerabilidade persistente. Na prática, ser mãe no Brasil ainda não é um direito consolidado para todas as mulheres. A judicialização das vidas de algumas mulheres, em especial as pobres, marginalizadas, indígenas e pretas, tem restringido essa possibilidade. Transpor essa conjuntura remete, dessa forma, ao enfrentamento de políticas discriminatórias e à produção de uma outra razão de mundo disposta a abolir privilégios étnicos, de gênero ou de classe, e a conceber modos de viver mais solidários. Há que se reconhecer o direito à maternidade plena, considerando que todas as vidas importam e valem a pena serem vividas.

9919 PERCEPÇÕES SOCIAS SOBRE A EXCLUSIVIDADE DO ALEITAMENTO MATERNO ATÉ OS SEIS MESES, NA ÓTICA DE MÃES EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA AMAZÔNIA
Stephany Martins de Almeida França, Evelyne Marie Therese Mainbourg

PERCEPÇÕES SOCIAS SOBRE A EXCLUSIVIDADE DO ALEITAMENTO MATERNO ATÉ OS SEIS MESES, NA ÓTICA DE MÃES EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA AMAZÔNIA

Autores: Stephany Martins de Almeida França, Evelyne Marie Therese Mainbourg

Apresentação: O Aleitamento materno é uma interação entre mãe e filho, com repercussões nutricionais na criança, no crescimento e desenvolvimento da mesma. Analisar as principais percepções das mães sobre a exclusividade do aleitamento materno até seis meses de idade em UBS´s da sede do município de Eirunepé, Amazonas. Desenvolvimento: Os dados foram coletados em 2016, em consultas médicas nas unidades básicas de saúde, a amostra foi por conveniência. O público-alvo foi de mulheres lactantes cadastradas na Estratégia Saúde da Família. Critério de exclusão: ter filho gt; 24 meses de idade. Foi aplicado um questionário com cinco questões: três objetivas (variáveis de escolaridade, idade e atendimento nutricional) e duas discursivas (variáveis de conhecimento sobre aleitamento materno). Para a análise quantitativa, utilizou-se o programa Excel 2010 e para a etapa qualitativa foram avaliadas as falas das mães redigindo os significados a partir da análise de conteúdos. Analisaram-se os dados de 57 mulheres. Resultado: Constatou-se que a maioria das usuárias se encontravam na faixa etária de 20 a 30 anos (68,4%), e o percentual de mães com idade inferior a 18 anos era de 31,6%. Destas, 33,1 % declararam ter tido 5 anos de estudos na rede pública, 41% concluíram o ensino fundamental, apenas 22,9% concluíram o ensino médio e 3% tinham o ensino superior. Quanto ao atendimento nutricional, 80% declararam não ter tido esse tipo de acolhimento e nem ter recebido orientações especificas sobre aleitamento materno na UBS. Enquanto 63% das mulheres afirmaram que o leite materno nos primeiros seis meses de vida era suficiente para garantir a saciedade e o crescimento saudável da criança, 36% consideraram que o leite materno não era suficiente nos primeiros seis meses de vida. As declarações pairam o seguinte: “meu filho chora muito, meu leite não dar para tirar a fome dele”; “um pouco de chá não faz mal a ninguém”; “meu leite é fraco, não mata a fome do meu filho”; “dou peito e água porque faz muito calor aqui, a água tira o soluço do neném, eu ainda coloco um pedaço de papel grudado com água na testa”. Os alimentos mais citados como primeira oferta alimentar foram: chás, água, leite industrializado, composto lácteo e farináceas. Considerações finais: Entende-se que a alimentação da criança desde o nascimento e nos primeiros anos de vida tem repercussões ao longo de toda a vida. Uma alimentação saudável na primeira infância é essencial na estratégia global para assegurar a segurança alimentar dessa população, entretanto, deve-se considerar o contexto social em que grupo materno-infantil está inserido. Diante do exposto, conclui-se que as percepções sociais sobre o aleitamento materno incidem sobre a adesão à exclusividade do aleitamento materno até os seis meses de vida. A baixa escolaridade das nutrizes e a falta de orientação nutricional podem explicar em parte essas percepções, gerando consequências negativas sobre a saúde dos bebês.

10028 CONDUTAS MÉDICAS E O CUIDADO DO CORPO DA GESTANTE: UM DEBATE SOBRE O TERMO BINÔMIO MATERNO FETAL
Camila Miranda Ventura de Oliveira, Jaqueline Teresinha Ferreira, Mayara Cassimira de Souza

CONDUTAS MÉDICAS E O CUIDADO DO CORPO DA GESTANTE: UM DEBATE SOBRE O TERMO BINÔMIO MATERNO FETAL

Autores: Camila Miranda Ventura de Oliveira, Jaqueline Teresinha Ferreira, Mayara Cassimira de Souza

Apresentação: O termo “binômio materno-fetal” é comum no ambiente médico e abrange um paradoxo. É utilizado para descrever uma fase de vida muito específica e particular às gestantes, na qual, seu corpo e sua vida encontram-se em fusão com o feto. Desenvolvimento: Foi realizada uma análise documental a respeito deste termo, que orienta as condutas em saúde pré-natal. Este estudo foi desenvolvido durante o Mestrado em Saúde Coletiva do IESC/UFRJ e faz parte de uma pesquisa socioantropológica sobre o universo da Ginecologia/Obstetrícia e das recomendações médicas durante o período gestacional. A análise possui como fonte primária documentos médicos publicados no século XXI. O critério de escolha considerou o reconhecimento destes autores na área de Ginecologia e Obstetrícia. Resultado: De acordo com as análises, identificamos uma noção de corpo gravídico baseada exclusivamente na fisiologia, esta, informa que durante a gestação o corpo feminino é modificado por adaptações fisiológicas que irão proporcionar um ambiente favorável ao pleno desenvolvimento fetal. As descrições informam que há um “equilíbrio adaptativo”, em contraponto, informam que estas adaptações fisiológicas podem se tornar perigosas, repletas de possibilidades sintomatológicas que desencadeariam riscos ao bem-estar materno-fetal. Identificamos que os pressupostos sobre a natureza do corpo grávido são apresentados ora como um “equilíbrio”, ora como um “perigo” que “pode” abalar este ambiente seguro para o feto. Ao optar por procedimentos que visam a segurança para o cuidado do binômio materno-fetal, a atuação médica impacta na autonomia da mulher durante a gestação, configurando uma relação política sobre este corpo. O que está em primeiro plano é não ameaçar o pleno desenvolvimento do feto e proporcionar uma gravidez calculada e segura visando a antecipação de sintomas e riscos que “podem” surgir. Desejo este que não está em discussão, uma vez que é pertinente o anseio por um filho saudável. Considerações finais: Identificamos que estas condutas médicas baseadas em noções de risco sobre o binômio materno-fetal, interferem nas atribuições de cuidado da mulher perante seu corpo, no direito de escolha de lazer e no uso do corpo como um todo. Os pressupostos estão baseados em conhecimentos morfofisiológicos e numa imensidão de cálculos de sintomas que “podem surgir” devido às adaptações do binômio materno-fetal. A partir disto, afirmamos que este discurso entre equilíbrio e perigo da natureza do corpo feminino impacta de maneira política sobre este corpo.

10185 TECNOLOGIA NO CUIDADO COMO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO DO CÂNCER NO COLO DO ÚTERO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
jessica de souza pereira, luciana Emanuelle de aviz, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro, jessica de lira Teixeira, Karina Borges da Silva, nanni moy reis, Shirley Aviz de Miranda

TECNOLOGIA NO CUIDADO COMO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO DO CÂNCER NO COLO DO ÚTERO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: jessica de souza pereira, luciana Emanuelle de aviz, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro, jessica de lira Teixeira, Karina Borges da Silva, nanni moy reis, Shirley Aviz de Miranda

Apresentação: O Câncer de Colo de Útero (CCU) é considerado um problema de saúde pública no país. É a terceira causa de morte entre as mulheres no mundo. Estima-se que o risco é de 15,85 em cada 100 mil mulheres, sendo uma das maiores taxas de prevalência e mortalidade da doença. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do CCU é o início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais, baixa condição socioeconômicos, hábitos de vida inapropriado, tabagismo, higiene íntima inadequada, desconhecimentos da progressão da doença e a infecção causada pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), que são causados pelos subtipos 16 e 18, em que a contaminação ocorre através de relações sexuais desprotegidas. Destaca-se que a ausência de estratégias educacionais, acaba dificultando as práticas preventivas, e uns dos principais fatores é a falta de conhecimento em relação da doença e da importância do exame Papanicolau, os aspectos culturais, medo da dor, vergonha e falta de informação/sensibilização dos profissionais de saúde. Portanto, a enfermagem assume um papel essencial na promoção da saúde e prevenção de agravos, possibilitando um olhar holístico capaz de potencializar uma assistência de qualidade resolutiva, de forma humanizada e integral possibilitando intervenções diante de problemas de saúde vivenciados no cotidiano da população. Percebe-se que a capacitação do profissional, humanização e o diálogo da equipe é de total importância, pois passa para as usuárias confiança. Com isso as mesmas se sentem acolhidas retornando periodicamente a unidade para o atendimento integral. Entretanto, para atingir uma cobertura de qualidade no serviço prestado pela equipe de profissionais, o profissional deve executar outras atribuições como promoção, educação a saúde continuada e ações educativas, para que assim o serviço nas unidades seja prestado integralmente, com qualidade e principalmente contribuir no conhecimento dos usuários. Dessa forma as ferramentas tecnológicas são consideradas como metodologias inovadoras que possibilitam auxiliar e/ou intervir nas práticas educativas na comunidade, além do mais, estimula-os a buscar respostas para problemas complexos, as tecnologias não devem ser entendidas apenas como produto e/ou procedimento, mas também como algo que possa facilitar e/ou contribuir para as práticas educativas e compartilhamento de conhecimentos, com isso as tecnologias são ferramentas que tem um papel importante para a enfermagem pois elas podem facilitar os processos gerenciais e ações práticas do cuidado em enfermagem a partir das dificuldades observadas, algumas tecnologias poderiam facilitar e qualificar o processo de trabalho nas unidades de saúde. Nesse contexto, o objetivo do estudo é relatar o desenvolvimento de uma atividade educativa sobre o cuidado, diagnóstico e tratamento do Câncer de colo do útero com uso de uma tecnologia educativa voltada para os profissionais que atuam na Atenção Básica em Saúde. Desenvolvimento: Trata-se de uma ação educativa tipo relato de experiência, sobre uma ação educativo com apresentação de um disco como uma ferramenta tecnológica no diagnóstico e tratamento do CCU, realizada em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) do Distrito Administrativo em Saúde do Benguí, no município de Belém (PA).  O público alvo foi os profissionais que atuava na unidade, a ação foi desenvolvida por sete acadêmicos de enfermagem. Antes da ação os discentes iniciaram uma revisão bibliográfica nas bases dados online de pesquisas acadêmicas, sobre o tema proposto, sendo utilizados os descritores: Câncer uterino, Diagnóstico, Tratamento e elaborando resumos dos pontos importantes. Em seguida, foi elaborada uma ferramenta tecnológica, lúdica e didática em forma de disco que contém informações sobre diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero, de acordo com a nova classificação citológica estabelecida pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), com o intuito de auxiliar e facilitar o atendimento dos profissionais de saúde. O disco possui três etapas resumidas das recomendações iniciais que o profissional de saúde deve seguir mediante as alterações citológicas de acordo com as diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. A primeira trata-se dos diagnósticos citopatologicos que são: Células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS), Células glandulares atípicas de significado indeterminado (AGC), Células atípicas de origem indefinida (AOI), Lesão de Baixo Grau (LSIL), Lesão de Alto Grau (HSIL), Lesão intraepitelial de alto grau não podendo excluir microinvasão, Carcinoma escamoso invasor e Adenocarcinoma in situ (AIS) ou invasor. A segunda etapa constitui-se na orientação aos profissionais na conduta inicial diante do resultado do exame citopatologico e de acordo com a faixa etária da cliente. A terceira etapa conduz ao tratamento que a paciente deverá realizar diante do estadiamento da doença.  Dessa forma a tecnologia foi apresentada  por meio de uma ação educativa em uma ESF, em que se fazia presente, 9 (nove) profissionais, dentre eles 3 (três) homens e 5 (cinco) mulheres, um médico, dois enfermeiros, dois técnicos de enfermagem e quatro Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Resultado: Compreendemos que o desenvolvimento da atividade educativa e disponibilização do disco para a equipe da ESF possibilitou trocas importantes de vivencias e conhecimentos. Todos mostraram-se interessados na temática e referiram a importância da ferramenta tecnologia no auxílio do cuidado e no rastreamento do CCU na Atenção básica, durante a atividade, foi verbalizado as barreiras e dificuldades para o rastreamento do CCU, com o pouco conhecimento das mulheres sobre os fatores de risco e sobre o HPV, não tem conhecimento sobre o método preventivo mais coerente para sua prevenção, e da relação desse vírus com o câncer de colo de útero. Dentre as dificuldades enfrentadas na consulta de enfermagem a vergonha, e medo na realização do exame, por não sentir confiança no profissional. Percebemos que falta de informações dessas mulheres e devido à sobrecarga do dia a dia, como o trabalho, cuidado com os filhos, falta de tempo, faz com que as mulheres se tornem vítimas, prejudicando-as em suas demandas de saúde. Se faz necessário que as atividades educativas individuais e coletivas e uso de metodologias ativas, tal qual o uso de ferramentas tecnológicas, façam parte do cotidiano do cuidado, prevenção e rastreamento do CCU. Considerações finais: Concluiu-se que o desenvolvimento da atividade educativa possibilitou novas experiências e proporcionou a construção do conhecimento e estreitamento entre o ensino, serviço e comunidade. Assim possibilitando para todos os envolvidos na ação, mais conhecimento e novas experiências sobre o câncer no colo do útero e os fatores que influenciam na alta prevalência do CCU e nas dificuldades de rastreamento. Por fim percebeu-se que as práticas educativas com abordagens inovadoras proporcionam um processo de ensino aprendizagem mais dinâmico, que possibilita novas estratégias e práticas educativas desenvolvidas pelos profissionais de saúde que qualificam o cuidado.

10199 REALIZAÇÃO DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS POR ENFERMEIRAS RESIDENTES EM HORÁRIOS ALTERNATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Maria Bianca Brasil Freire, Janaine Maria de Oliveira, Gilmara Valesca Rocha Batista, Jaiane Gomes da Silva, Laíse Lizandra Bezerra de Oliveira Souza, Géssica Valeska Barbalho Lopes, Luana Jordana Morais

REALIZAÇÃO DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS POR ENFERMEIRAS RESIDENTES EM HORÁRIOS ALTERNATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Maria Bianca Brasil Freire, Janaine Maria de Oliveira, Gilmara Valesca Rocha Batista, Jaiane Gomes da Silva, Laíse Lizandra Bezerra de Oliveira Souza, Géssica Valeska Barbalho Lopes, Luana Jordana Morais

Apresentação: O Câncer de Colo do Útero (CCU) configura-se atualmente como um importante problema de saúde pública, entretanto, apresenta latentes possibilidades de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente. Como uma das estratégias de detecção precoce é necessário realizar o rastreamento através do exame citopatológico do colo do útero, ou também conhecido como Papanicolau. Nessa perspectiva, o núcleo de enfermagem da Residência multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade da Universidade do Estado do Rio grande do Norte (UERN) e Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM) buscou ofertar esse serviço em horário diferente das unidades básicas de saúde, afim de contribuir com a maior cobertura de rastreamento do CCU. Assim, o presente estudo tem por objetivo geral relatar a vivência e atuação de enfermeiras residentes no atendimento às mulheres durante a realização de exames citopatológicos em um ambulatório de horário alternativo. Trata-se de um relato de experiência acerca da realização de exames citopatológicos por Enfermeiras residentes do programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade em horários alternativos no ambulatório vinculado a Faculdade de Enfermagem (FAEN) pertencente a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). As atividades vêm sendo desenvolvidas semanalmente em horário alternativo, das 17h às 21h, no ambulatório da Faculdade de Enfermagem (FAEN) desde 2018. Na rotina, as clientes fazem o agendamento para realização do exame com antecedência e são fornecidas orientações concernentes ao mesmo. Depois, a anamnese e exame citopatológicos são feitos pelas referidas profissionais. Foram realizados cerca de 200 exames citopatológicos nesses últimos dois anos (2018-2019). Dessa forma podemos observar a alta adesão das mulheres, as quais relatam que o serviço ofertado tem garantido a possibilidade das mesmas estarem realizando o preventivo, tendo em vista que o horário da manhã e tarde as mesmas se encontram no trabalho. Outro ponto colocado por elas é a realização do exame clínico das mamas, o qual também é ofertado e se tornou um diferencial, quando as mesmas colocam que na atenção básica o enfermeiro apenas realizava a coleta do citopatológico. Do ponto de vista nosso podemos perceber o quanto uma atividade em horário alternativo pode proporcionar uma melhor cobertura, uma melhor adesão, e consequentemente prevenção, o que é a nossa intenção. Temos que se adaptar ao novo modelo, onde mulheres estão cada vez mais se inserindo no mercado de trabalho, e devido essa inserção o serviço de saúde ofertado nos horários manhã e tarde acaba perdendo este público, o mesmo acontece com os homens. Portanto, o trabalho executado tem se tornado fundamental no município de Mossoró, nós enquanto enfermeiras pós graduandas em atenção básica temos que refletir o quanto nossa prática dentro dos serviços de saúde pode impactar o público assistido, e são estratégias como essa que nos possibilita ver um maior resultado.

10444 O SERVIÇO SOCIAL E A DOENÇA DE PARKINSON: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO TRABALHO REALIZADO COM MULHERES PARKINSONIANAS NA UNIDADE DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL/ CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO II DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ.
Elane do Socorro da Silva Bentes

O SERVIÇO SOCIAL E A DOENÇA DE PARKINSON: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO TRABALHO REALIZADO COM MULHERES PARKINSONIANAS NA UNIDADE DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL/ CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO II DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ.

Autores: Elane do Socorro da Silva Bentes

Apresentação: A experiência de acompanhamento aos usuários com doença de Parkinson na UEAFTO/CER II, tem sido desenvolvido pela equipe multiprofissional, e dentre os profissionais que atendem os parkinsonianos tem o assistente social que é o/a profissional graduado/a no curso de Serviço Social.  O Serviço Social é uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo da sociedade. A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico progressivo, causado pela degeneração das células situadas em uma região do cérebro chamada substância negra. Estas células produzem a dopamina fundamental para o controle dos movimentos. A idade média do início da Doença de Parkinson é ao redor de 50 ou 60 anos podendo qualquer pessoa, independente de raça, sexo, cor, ou classe social ser portadora da doença. As manifestações motoras que a doença causa, interferem de forma negativa na qualidade de vida dessas pessoas. O objetivo aqui é relatar a experiência desenvolvida durante o ano de 2019, da atuação profissional do Serviço Social com dez mulheres parkinsonianas, em reabilitação na UEAFTO/CER II/ UEPA. Durante o ano de 2019, foram acompanhados pelo setor de Serviço Social, trinta usuários diagnosticados com a doença de Parkinson, deste quantitativo vinte são do sexo masculino e dez do sexo feminino. O principal objetivo do Serviço Social na atuação junto aos parkinsonianos, é acompanhar tanto o usuário acometido pela doença, quanto seus familiares (cuidador) durante o tratamento, atuando com estratégias de redução de danos ocasionados pela patologia, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida desta população, que demanda cuidados por parte da política de saúde pública. As dez usuárias com doença de Parkinson, acompanhadas durante o ano de 2019 pelo Serviço Social, apresentaram em linhas gerais, o seguinte perfil sócio econômico: a faixa etária das mulheres compreende as idades entre 44 anos e 82 anos. No que se refere ao aspecto habitacional, a maioria das usuárias residem na zona urbana, em casa própria e de alvenaria. No aspecto previdenciário, observou-se que a maioria é aposentada ou recebe pensão. Quanto à participação social, identificou-se que a maioria dessas mulheres, a partir do momento que foram diagnosticadas com a doença de Parkinson, não vivenciam experiências de participação social, e poucas delas saem para se divertir. Estas e seus familiares-cuidadores, se dirigem ao setor de Serviço Social da unidade para buscar orientações quanto ao tratamento, ou para solicitar informações e orientações quanto aos direitos garantidos aos parkinsonianos. A “Saúde é um direito de todos e dever do Estado”, assim está previsto na Constituição Federal, no entanto, no caso das pessoas com doença de Parkinson no Estado do Pará como um todo, mas tento como amostragem as dez mulheres atendidas na UEAFTO, percebe-se que há um longo caminho precisa ser percorrido para que, essas mulheres tenham seus direitos conhecidos e assegurados. Identificou-se que as usuárias e seus familiares-cuidadores não conhecem os seus direitos já assegurados por lei, a exemplo da Portaria Nº 228, de 10 de maio de 2010, que é específica aos parkinsonianos brasileiros, a referida portaria trata das diretrizes nacionais para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos indivíduos com esta doença. Outros direitos adquiridos e não conhecidos pelas usuárias da UEAFTO, são: A isenção do Imposto de Renda referente aos proventos de aposentadoria e pensão recebidos pelos portadores de Parkinson (Leis Nº 7.713/88; Nº 9.250/95 e Instrução Normativa SRF Nº 15/01). Outro direito conquistado e não conhecido pelas usuárias é a Lei 8.989/95 atualmente prorrogada pela Lei 11.941/09- IPI, na qual o parkinsoniano tem direito a isenção do imposto para aquisição de veículo especial ou adaptado. Dentre os direitos direcionados aos portadores da doença de Parkinson, os mais conhecidos pelas usuárias são: A isenção da tarifa de transporte público coletivo, a concessão gratuita da medicação e o direito à Previdência e Assistência Social. Da experiência de atendimento às mulheres parkinsonianas, está surgindo a necessidade do Serviço Social atuar na Educação na Saúde, no intuito de capacitar os usuários e seus cuidadores, para o reconhecimento dos direitos já adquiridos, bem como estimular a organização desses usuários em associações no intuito de ampliar o acesso aos direitos já conquistados e ir em busca de outros. Na UEAFTO/CER II o Serviço Social é requisitado para desenvolver dentre outras ações, as que seguem: Realizar triagem/acolhimento de usuários; realizar estudo socioeconômico; acompanhar a dinâmica familiar; elaborar pareceres sociais; realizar avaliação social; participar de estudo de casos e devolutivas; orientar/encaminhar o usuário/família para os programas e/ou benefícios diversos, disponíveis na rede de serviços; informar usuário/família sobre a legislação vigente referente às pessoas com Doença de Parkinson. Na percepção da assistente social, a experiência de atendimento de mulheres com Doença de Parkinson revela que os sentimentos gerados pela descoberta da doença são variados, mas sempre negativos e, sobretudo, quando se leva em consideração a particularidade do estado do Pará, que possui poucos centros de atendimento aos usuários acometidos pela doença. Observou-se que a família destes usuários possui o importante papel no processo de tratamento, das dez mulheres atendidas e investigadas, a grande maioria tem o acompanhamento da família nos atendimentos. A experiência resulta que para mulheres com a Doença de Parkinson, o conhecimento do diagnóstico provocou grande impacto, no entanto aos poucos essas mulheres foram se adaptando com a situação, que aos poucos vai sendo incorporada pelas usuárias. O processo de aceitação se dá de forma lenta e gradual, mas é necessário o enfrentamento da nova situação, ainda que seja acompanhada de medo, angústia, insegurança, tristeza e desânimo. É fundamental que, em meio à negação, à aceitação ou não, ou conformação com a situação, surge a necessidade de lidar com mudanças internas, se se quer conviver com a doença com qualidade de vida. Dentre outros profissionais que atuam na reabilitação das pessoas com a Doença de Parkinson, o Serviço Social, é o profissional que está para dar o suporte, de maneira que, mesmo diante da progressão da doença, este profissional está orientando e incentivando as mulheres parkinsonianas, a buscarem a qualidade de vida e manterem o foco na meta a ser perseguida. Diante dos resultados identificados com esta experiência, a profissional do Serviço Social tem sentido a necessidade de estimular a busca ou criação de associações de mulheres com a doença de Parkinson, a convivência com outras pessoas que enfrentam o mesmo problema, se constitui um importante aliado, para que essas mulheres busquem a força necessária para continuarem lutando, e também se adaptando às condições de vida com as limitações oriundas da doença. A Educação na Saúde para mulheres com a doença de Parkinson, tem por objetivo ampliar as informações e auxiliar as usuárias na busca pela garantia de seus direitos. Da experiência concluímos que, com o suporte dado pelo Serviço Social, a UEAFT/CER II que é um centro de reabilitação do SUS, pode se configurar em espaço de estímulo à luta e resistência.

10455 FRAGILIDADES NA AMBIENTAÇÃO DE UMA MATERNIDADE PARA AS PARTURIENTES E PROFISSIONAIS AO EXTREMO NORTE DO BRASIL
Amanda Almeida da Silva Carvalho da Silva Carvalho, Tatiana do Socorro dos Santos Calandrini, Nely Dayse Santos da Mata

FRAGILIDADES NA AMBIENTAÇÃO DE UMA MATERNIDADE PARA AS PARTURIENTES E PROFISSIONAIS AO EXTREMO NORTE DO BRASIL

Autores: Amanda Almeida da Silva Carvalho da Silva Carvalho, Tatiana do Socorro dos Santos Calandrini, Nely Dayse Santos da Mata

Apresentação: A arquitetura hospitalar é de suma importância e deve seguir normas que norteiam esse meio. O ambiente hospitalar é um dispositivo para o tratamento humanizado e pouco falado. Atualmente, é um fator de inovação na arquitetura hospitalar, onde o projetista busca alcançar, junto com a administração do hospital a qualidade nos serviços prestados. É extremamente importante que os profissionais de saúde estejam engajados nos planos de obras de hospitais, estando expondo as necessidades de ambientação que requer cada setor especifico. A arquitetura hospitalar passou a ser considerada fundamental para elaboração de ambientes hospitalares, estabelecendo a necessidade da prática de uma arquitetura especial, voltada para o conforto, tanto de usuários quanto dos profissionais e funcionários que atuam no ambiente. Objetivo: Relatar sobre a ambientação hospitalar de uma maternidade ao extremo norte do Brasil vivenciado por acadêmicos e docentes de Enfermagem da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) durante as aulas práticas da disciplina Enfermagem ginecológica, obstétrica e neonatal. Método: é um trabalho descritivo do tipo relato de experiência tendo como questão norteadora: a ambiência hospitalar da referida Maternidade está adequada para atender as parturientes do estado? Resultado: Na maternidade é observada uma discrepância da realidade que preconiza a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 que determina normas para as etapas de elaboração de projetos físicos em estabelecimento de assistências de saúde, seja ele de reforma, ampliação ou novo estabelecimento; as salas de pós-parto normal, são extremamente pequenas para a quantidade de leitos que ali estão, as centrais de ar não refrigeram de forma adequada, proporcionando um ambiente quente e que não favorecem a recuperação adequada de puérperas. Isso gera um desconforto considerável tanto para as puérperas quanto para os profissionais de saúde que não conseguem se locomover de forma adequada dentro da sala e têm que conviver com um ambiente hostil por conta da estrutura física que a maternidade apresenta. Portanto, a arquitetura tem nítida importância dentro do cenário hospitalar, aliando conforto e bem-estar em prol de um objetivo comum que é a cura de seus clientes e melhoria de produtividade no trabalho da equipe de saúde em geral. Pelo fato de ser um prédio antigo e da demanda ser muito elevada por conta de ser a única maternidade de referência no Estado do Amapá, a estrutura física da maternidade está deteriorada. É conspícuo que a mesma está funcionando em condições mínimas. Considerações finais: O assunto de ambientação hospitalar ainda é tratado como emergente à luz dos profissionais de saúde, e é necessário um engajamento mais substancial destes profissionais neste contexto, tendo em vista que os mesmos são detentores de conhecimento essenciais para a composição de estrutura física hospitalar de qualidade, assim também engajar na discussão do contexto, os acadêmicos e pesquisadores de múltiplas áreas. Tais problemas estruturais relatados requerem um olhar minucioso, haja vista que no contexto de saúde-doença a atual ambientação da Maternidade influencia diretamente no restabelecimento de saúde de parturientes que adentram o hospital para o momento de parturição.

11011 MULHERES NO CLIMATÉRIO E SUA SEXUALIDADE: UMA PERSPECTIVA BIOPSICOSSOCIAL-ESPIRITUAL
Gabrielli dos Santos Netto

MULHERES NO CLIMATÉRIO E SUA SEXUALIDADE: UMA PERSPECTIVA BIOPSICOSSOCIAL-ESPIRITUAL

Autores: Gabrielli dos Santos Netto

Apresentação: O aumento da longevidade é uma realidade mundial e, em consequência, o quantitativo de mulheres que vivenciam o climatério é bastante expressivo, o que requer políticas públicas de saúde que considere a mulher em todas as fases de suas vidas. A adaptação ao processo de envelhecimento traz dificuldades, sendo esse processo também um desafio individual, que depende de diversos fatores no entorno do idoso. A Organização da Nações Unidas (ONU), para 2040 um número de 23,99 milhões de homens e 30,19 milhões de mulheres, uma diferença de 6,2 milhões de mulheres em relação à população idosa masculina. A razão de sexo deve cair para 79 homens para cada 100 mulheres entre a população idosa. Ou seja, nos próximos anos vai crescer o excedente de mulheres em cada grupo etário do topo da pirâmide. Este processo é conhecido como “feminização do envelhecimento”. As demandas para o atendimento às necessidades dessas mulheres têm requerido um olhar criterioso e atencioso dos profissionais de enfermagem, visto que as queixas relacionadas ao climatério no cotidiano das consultas são cada vez mais frequentes. Embora a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher tenha em seus objetivos a implementação da atenção à saúde da mulher neste período, ainda persiste a pouca qualificação dos profissionais de saúde, a falta de acolhimento e a resolutividade voltada para essa parcela da população. Em 1999, a Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde incorporou no seu planejamento a atenção à saúde da mulher acima de 50 anos. Em 2004 o documento intitulado Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes, incluiu um capítulo sobre a atenção à saúde da mulher no climatério e menopausa instituindo assim diretrizes nacionais para o cuidado à saúde das mulheres nesta faixa etária. Através da Atenção Primária à Saúde (APS) podemos instituir uma abordagem humanizada destas mulheres, com o mínimo de intervenção e uso de tecnologias duras possível, já que o reconhecimento do climatério é essencialmente clínico e a maior parte das manifestações pode e deve ser manejada com hábitos de vida saudáveis, medidas comportamentais e autocuidado. A APS, entendida no Brasil como Atenção Básica (AB), possui suas bases históricas internacionais nas discussões das iniquidades sociais e de saúde. É o nível de atenção dentro de um sistema de saúde que oferece a porta de entrada para as necessidades e os problemas do indivíduo e de sua comunidade. Os enfermeiros da APS exercem um importante papel quando relacionados à saúde reprodutiva e coletiva, seja durante o período reprodutivo ou na passagem para a fase não reprodutiva (climatério e pós-menopausa). É de relevante importância que o enfermeiro tenha conhecimento sobre a fase do climatério para conseguir colaborar com suas clientes no esclarecimento de dúvidas, medos e incertezas que surgem durante essa fase. O climatério não é uma doença e sim uma fase biológica da vida de toda mulher. E a reação de uma mulher ao climatério, pode variar muito. Algumas podem necessitar de medicamentos, já outras podem apresentar somente alguns sintomas leves, como a falta de lubrificação vaginal. Nessa fase, as mulheres apresentam mudanças corporais e começa a surgir uma insegurança sob o próprio corpo, o que leva a diminuição do desejo sexual, insônia, perda de peso e baixa lubrificação vaginal. As mulheres na fase do climatério apresentam uma resposta a estímulos sexuais mais lenta, por conta da alteração dos hormônios, do corpo e de como aquela mulher está se sentindo diante a isso. Também existe a questão do parceiro muitas vezes não entender, que nesse período a mulher não se sente tão bem e procura não querer relações. Mediante esse cenário e considerando o cuidado da Enfermagem como elemento essencial nesse processo, surge o interesse em realizar esse estudo que possui a seguinte questão norteadora: Como o cuidado de enfermagem à saúde da mulher no climatério, no contexto da Atenção Primária à Saúde, pode apoiar na ressignificação da mulher quanto as mudanças do seu corpo e principalmente em relação a sua sexualidade? Trata-se de um estudo de natureza qualitativa onde serão realizadas entrevistas com um pequeno grupo de mulheres onde as mesmas irão dar seu ponto de vista quanto ao assunto da sexualidade no climatério. Esse estudo não tem o objetivo de contabilizar os casos e sim entender como é o comportamento do público alvo com relação a esse tema. Através da pesquisa de campo buscaremos analisar as transformações que ocorrem com a mulher devido ao período do climatério, relacionado a questão da sexualidade. O objetivo geral deste trabalho é fazer uma análise de acordo com as transformações que ocorrem com a mulher devido ao período do climatério, relacionado a questão da sexualidade. Temos como objetivo específico, identificar as principais demandas ligadas a sexualidade da mulher climatérica. Espera-se que através da nossa pesquisa sobre a sexualidade no climatério e metodologia escolhida (Google Forms) venhamos conscientizar o maior número de mulheres à respeito do que é essa período, o que muitas mulheres ainda não sabem, quais os sintomas que elas podem passar e o principal, agendar uma consulta nas unidades básicas de saúde a fim promover, acolher e informar muito mais sobre esse assunto pouco falado para as mulheres, que elas possam se sentir mais confortável conversando com uma profissional que realmente possa ajudar nesse período tão complicado e incomodo que a mulher passa muita das vezes sozinha e sem auxílio. Concluindo-se que a pesquisa venha ser de forma proveitosa para todos que venham ler mais sobre a sexualidade no climatério, um assunto de suma importância para mulheres e que muitas das vezes não é conversado ou falado por vergonha e até mesmo constrangimento, que os profissionais da enfermagem venham se conscientizar e acolher essa mulher da melhor forma para poder obter confiança da mesma e a orientar sobre os sinais e sintomas principalmente em questão da sexualidade. Muitas não sabem o que sentir quando se encontra no período da “menopausa” e se sentem desconfortáveis nos atos sexuais e nos sintomas do climatério.

11034 HEMORRAGIA PÓS-PARTO: MORTE MATERNA E ASSISTÊNCIA E ENFERMAGEM
Daiana do Nascimento Pereira, Camila Mendonça de Almeida Senna, Emilene Pereira de Almeida

HEMORRAGIA PÓS-PARTO: MORTE MATERNA E ASSISTÊNCIA E ENFERMAGEM

Autores: Daiana do Nascimento Pereira, Camila Mendonça de Almeida Senna, Emilene Pereira de Almeida

Apresentação: A hemorragia pós–parto é uma das principais causas de mortalidade e morbidade materna perdendo apenas para distúrbios hipertensivos, a mesma é caracterizada por perda sanguínea superior á 500ml nas 24 horas pós-parto, conduto perdas acima desse valor podem causar alterações fisiológicas, instabilidades hemodinâmicas nas puérperas. A hemorragia pós-parto pode ser classificada como imediata ou mediata. A imediata ou primaria acontece nas primeiras 24 horas após a dequitação da placenta, já mediata ou segundaria ocorre após as 24 horas até 6 semanas pós - parto. As maiores causas podem ser atonia uterina, trauma no canal do parto, tecido da placenta retido ou coagulopatia. Desenvolvimento: O enfermeiro é responsável pela assistência à mulher no que tange o embasamento de conhecimento técnico e científico a cerca, das complicações, para que dessa forma, possa oferecer as parturientes condutas e intervenções de enfermagem eficazes na obtenção do bem-estar e no controle precoce da hemorragia pós-parto. Recomenda-se uma humanização da enfermagem a respeito dos fatores de risco no período de pré-natal, parto e puerpério, visando a prevenção da hemorragia puerperal, existem técnicas que podem auxiliar ou prevenir a hemorragia pós-parto como: o aleitamento materno na primeira hora de vida que favorecem na liberação de ocitocinas responsável pelo controle da atonia uterina, avaliação constante quantidade de lóquios e observação através do método globo de segurança de pinad para verificação da involução uterina, as trocas frequentes de roupas e absorventes e dor referida perineal devido ao trauma do nascimento, são boas praticas do enfermeiro para prevenir a hemorragia. Foi utilizada abordagem qualitativa do tipo descritiva, exploratória utilizando dados da Revista Brasileira de Enfermagem e dados da Scielo (Scientific Electronic Library). Resultado: No Brasil as mortes maternas são 6% dos óbitos de mulheres entre 10 a 49 anos devido a hemorragia pós-parto responsável por 66% dessa morte, atingindo principalmente a população mais carente, sendo assim um problema de saúde pública. Torna-se fundamental um olhar crítico, analítico da equipe de saúde, sobretudo, enfermeiras no cuidado, nas manifestações clínicas a mulher que venha apresentar um probabilidade de desencadear a hemorragia pós-parto. Considerações finais: As mortes maternas causadas por hemorragia pós-parto podem ser reduzidas e prevenidas, através de trocas de experiências entre a equipe de saúde, sobretudo, enfermeiras no que se refere os casos de hemorragias pós- parto devido ao impacto social que acarreta. Além disso, evitar essa condição clínica, na maioria dos casos fatais, é necessário avaliar os fatores de risco e perda sanguínea durante o parto e pós-parto, aderindo aos protocolos e diretrizes para melhor resultado do tratamento e diagnostico da hemorragia pós-parto.

11240 A COLPOSCOPIA NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: A EXPERIÊNCIA DO MUNICÍPIO DE TEFÉ/AM
Thayana Miranda, Maria Adriana Moreira, Avani Cristina de Campos, Greasse Vanessa Gangora, Tereza Oliveira Canalles

A COLPOSCOPIA NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: A EXPERIÊNCIA DO MUNICÍPIO DE TEFÉ/AM

Autores: Thayana Miranda, Maria Adriana Moreira, Avani Cristina de Campos, Greasse Vanessa Gangora, Tereza Oliveira Canalles

Apresentação: O presente relato tem por objetivo descrever a experiência e os resultados do processo de trabalho para rastreamento do câncer do colo do útero com a utilização da colposcopia no município de Tefé (AM). A realização do diagnóstico, da identificação e classificação das doenças é princípio fundamental da organização da medicina moderna. Em relação ao câncer do colo do útero, sua identificação caminhou paralelamente ao desenvolvimento das tecnologias de diagnóstico, e as possibilidades de reconhecimento das fases de evolução, advindas com os métodos de visualização do colo uterino e análise celular, permitiram um maior conhecimento e reconhecimento da enfermidade e, em consequência, da construção da identidade do câncer do colo do útero como uma doença específica. No entanto, é possível perceber que a tecnologia foi utilizada na detecção precoce do câncer do colo do útero, principalmente como recurso complementar e sob a defesa de propiciar maior precisão no diagnóstico. Os estudos sobre tecnologias médicas destacam que o processo de introdução e difusão das mesmas está diretamente relacionado ao contexto local em que ocorre. É o contexto que determina a aplicação, avanços e resistências no interior da comunidade médica e da própria sociedade. Neste sentido, os próprios usos e consequências são moldados de acordo com as estruturas sociais, interesses profissionais e governamentais. A associação da citologia oncótica e da colposcopia é fundamental para o diagnostico precoce deste agravo que sabidamente é o terceiro câncer mais incidente na população feminina brasileira e o segundo mais comum entre as mulheres em todo o mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no biênio 2018/2019, estima-se para o Brasil 16.370 casos novos de câncer de colo de útero, uma taxa bruta de 15,43 a cada 100 mil mulheres. Para o Amazonas, esse número é bem maior, estima-se cerca de 840 casos novos de câncer de colo de útero, uma taxa bruta de 40,97 a cada 100 mil mulheres. Desenvolvimento: Nesse sentindo, pensando o quanto devemos investir em promoção e prevenção da saúde, o município de Tefé tem inovado em fazer saúde com qualidade e de forma humanizada, a gestão vem investindo esforços com um comprometimento com a saúde integral da mulher, investindo em processo de trabalho sistematizado de rastreamento do câncer do colo do útero em rede, o protocolo de rastreamento inicia na estratégia saúde da família, com as 19 equipes de saúde onde o município conta com cobertura de 100% do território e se fortalece na atenção secundaria com 04 ginecologistas, sendo 01 ginecologista referência para acompanhamento dos casos relacionados ao câncer do colo do útero e mana e a implantação do método diagnóstico da colposcopia e com um seguimento de cuidado e conduta bem definido. O fluxo de rastreamento diagnostico e seguimento dar-se etapas bem definidas por todo os atores envolvidos. O rastreamento e captação das mulheres é uma das responsabilidades das equipes de estratégia saúde da família com oferta facilitada e de forma racional, com ampliação do horário estendido para a coleta, além de todos os profissionais adotarem uma postura vigilante de não perder a oportunidade de ofertar o serviço a mulher no seu contato a unidade básica de saúde, a coleta do exame preventivo é realizada pelo enfermeiro da equipe tanto na área urbana quanto rural. Quando os resultados são liberados estes passam por uma triagem técnica antes de chegarem à equipe, onde os resultados sem alteração são direcionados as equipes e os que apresentam alteração são direcionados ao serviço de referência que é a Policlínica Santa Tereza no município, onde são agendadas consultas com a ginecologista de referencia, dai estes exames seguem para unidade básica de saúde, onde são feito busca ativa destas mulheres pela enfermeira da equipe e direcionada para o medico dar o resultado em uma consulta e registro no prontuário eletrônico, sempre que possível esta consulta é compartilhada, orientando sobre importância de comparecer na consulta agendada com a especialista. Conforme resultado de alteração do preventivo segue o seguinte fluxo: lesão de baixo grau: acampamento com coleta de seis em seis meses com a ginecologista e contra referência a unidade básica de saúde. Lesão de alto grau: Colposcopia com Biopsia no município pela especialista, resultado alterado realização de CAF e acompanhamento. Resultado: No período novembro de abril de 2017 a dezembro de 2019 foram direcionadas ao serviço de referência, mulheres com alterações no exame preventivo, onde foram realizadas 191 colposcopia e biopsia no município, com um número de 519 exames citológicos de seguimento de lesão de baixo grau e após tratamento do CAF no município. No ano de 2019 até o mês de dezembro, foi realizado 472 exames de preventivo como seguimento, estes são os preventivos com caráter de acompanhamento realizados pela ginecologista, sendo Tefé o único município depois de Manaus com um número expressivo de colposcopia realizadas e com grande relevância diagnostica. Este serviço oferta a possibilidade de um cuidado individualizado, humanizado e direcionado a cada caso, garantindo a paciente com alguma alteração no exame a possibilidade de realizar este acompanhamento no município de origem. Este modelo de cuidados e diagnostico precoce com a colposcopia, possibilita ainda, as mulheres da região de saúde do triangulo (Alvarães, Maraã, Japurá, Juruá e Uarini) a oportunidade de ter acesso a esse serviço, que antes somente, tanto para as munícipes de Tefé como para as mulheres dos municípios vizinhos este acompanhamento era realizado na capital do estado, causando inúmeras limitações, frustações, demora no diagnostico e medo à mulher que já estava fragilizada com o resultado alterado. Hoje o serviço de rastreamento precoce por meio da colposcopia somado ao rastreamento citológico esta disponível em tempo oportuno e com qualidade as usuárias da rede de saúde. Considerações finais: Diante da análise dos resultados, pode-se concluir que a associação do método colposcópico ao citológico pode melhorar substancialmente o índice de diagnostico das alterações neoplásicas do colo do útero. Sendo que o município de Tefé por meio de uma gestão responsável com a atenção integral à saúde da mulher oferta um cuidado direcionado, individualizado e seguindo um protocolo de seguimento responsável e bem definido através da correlação cito-colpo-histológica com acompanhamento de um especialista integral aos casos, onde tem fundamental importância na identificação das lesões pré-malignas passiveis de cura. E entendemos que este processo de saúde em rede é um processo contínuo e que para tornar-se efetivo é imprescindível uma participação consciente de todos os atores envolvidos.

8314 GÊNERO E SAÚDE: REFLEXÕES ACERCA DO PAPEL DO CUIDAR ATRIBUÍDO ÀS MULHERES NA SAÚDE.
kamila santibanz de sousa torres, jhenninfer Priscila Matos de Figueiredo, Ruth Léa da Gama Cristo, Nilvana do Socorro Barborsa da Silva

GÊNERO E SAÚDE: REFLEXÕES ACERCA DO PAPEL DO CUIDAR ATRIBUÍDO ÀS MULHERES NA SAÚDE.

Autores: kamila santibanz de sousa torres, jhenninfer Priscila Matos de Figueiredo, Ruth Léa da Gama Cristo, Nilvana do Socorro Barborsa da Silva

Apresentação: O presente trabalho discorre acerca da feminização na saúde, onde a sociabilidade de mulheres é marcada pela atribuição do cuidar. Constitui-se uma pesquisa bibliográfica, que objetivou analisar a questão do cuidado na saúde como atribuição histórica das mulheres, resultado da divisão sexual do trabalho e das relações de gênero no ambiente de trabalho. Esta função repercute tanto no ambiente familiar, cuidado da casa e família, quanto no ambiente de trabalho, principalmente na política de saúde o qual existem assimetrias entre homens e mulheres, sendo que estas ainda assumem dupla jornada de trabalho. Atribuições relacionadas ao cuidado de outros seres humanos, tanto em processo de desenvolvimento quanto no adoecimento, fora incorporado no cotidiano das mulheres de forma naturalizada, ao nascer já existem funções condicionadas aos gêneros, homem e mulher, pré-determinadas pela sociedade, o qual durante o desenvolvimento é imposto à suas personalidades e afazeres. A condição de mulher cuidadora se materializa também nos espaços socio-ocupacionais, em especial, nos serviços que as condicionam na organização e atenção ao próximo, como no caso da área discorrida neste trabalho, nos serviços de saúde, a participação de mulheres trabalhadoras chega a 70%. Contudo, a feminização do cuidar não é vista apenas entre as trabalhadoras, mas de igual modo entre as que acompanham pessoas hospitalizadas. Dentre as dificuldades enfrentadas por mulheres que exercem papel de acompanhantes está a de inserir-se em outros convívios capazes de lhe fazer construir novas formas de sociabilidade. Principalmente quando se trata de acompanhamentos contínuos, a mulher abdica de seu tempo, dedicando-se totalmente aos cuidados da pessoa adoecida. A divisão sexual do trabalho existe em todos os setores do mercado de trabalho, o qual atribui determinadas atividades para mulheres e homens, mas historicamente, as funções exercidas pelo público feminino são desvalorizadas e consideradas secundárias tanto social como economicamente em relação ao masculino, sendo sujeitas as mais formas precárias de trabalho, com baixos salários e pouca possibilidade de progressão na carreira profissional. Além disso as mulheres se defrontam com a duplicidade da jornada de trabalho, como mães e trabalhadoras; tem de conciliar com maternidade e o trabalho domésticos no ambiente do lar, já que esta condição é imposta a natureza feminina. Conclui-se que é observável que as mulheres que cuidam, tanto enquanto trabalhadoras da saúde, como enquanto cuidadoras, estão imbuídas em uma mesma realidade: a da sociabilidade estar assentada em um modelo patriarcal, de naturalização dos papéis sexuais. A questão gênero ainda é pouco discutida no que concerne especificadamente ao trabalho feminino no âmbito da saúde e considera-se necessário analisar a feminização das profissões na área da saúde, partindo de uma reflexão ampliada dos conceitos de gênero e atribuições de papéis sociais, promovendo espaços de discussão e reflexão acerca da temática, visando a desconstrução de papeis pré-estabelecidos por gênero e que expropriam as possibilidades de homens e mulheres transitarem por outros espaços.