373: Múltiplos desafios envolvem a atenção à Mulher
Debatedor: Andréa de Souza Gama
Data: 28/10/2020    Local: Sala 11 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
6078 SAÚDE PARA QUAIS MULHERES? A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE E AS PRÁTICAS DE CUIDADO DAS MULHERES LÉSBICAS
Ana Maria Esteves Lima

SAÚDE PARA QUAIS MULHERES? A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE E AS PRÁTICAS DE CUIDADO DAS MULHERES LÉSBICAS

Autores: Ana Maria Esteves Lima

Apresentação: O presente trabalho buscou investigar o que ocorre nos atendimentos em saúde das mulheres lésbicas no Sistema Único de Saúde (SUS), e quais as práticas de cuidado desse público. Foram entrevistadas cinco mulheres autodeclarados lésbicas, entre 24 e 37 anos, residentes no estado do Pará e que utilizam somente o SUS. Os dados levantados mostraram que na cidade de Belém do Pará são realizados atendimentos inadequados à população lésbica, tanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) quanto nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), onde ocorrem situações de desconforto, constrangimento e omissão de informações, principalmente quando as mulheres lésbicas buscam orientações sobre prevenção e sexo seguro. As (os) profissionais pressupõem que as usuárias dos serviços são heterossexuais e não sabem como guiar as consultas quando são informadas (os) sobre a lesbianidade delas. Também foram relatados casos de violência obstétrica e lesbofobia na Estratégia Saúde da Família. Sobre as práticas de cuidado notou-se que as mulheres lésbicas possuem outros cuidados em saúde que não estão atrelados ao modelo biomédico, como utilização de chás e ervas, banhos e desenvolvimento da espiritualidade. Esses cuidados são conhecidos institucionalmente no SUS como Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PIC), as quais ainda se encontram no constante processo de implantação e regulamentação. Como conclusão recomenda-se para as (os) gestoras (es) a criação de oficinas de capacitação em parceria com coletivas e ONGs lésbicas locais, produção de fichas que constem a identificação da orientação sexual e identidade de gênero das usuárias dos serviços; incluir a temática da Saúde LGBT em provas e concursos. Para as (os) profissionais da saúde recomenda-se ser receptiva (o) quanto à sexualidade da paciente e ofertar o atendimento profissional adequado; investigar o histórico sexual e as práticas da paciente para delinear a melhor maneira de prevenção em cada caso; Encaminhar as mulheres lésbicas para exames de rotina e específicos como o PCCU, mamografia, ultrassom, ressonância, testes rápidos, entre outros; estar atenta (o) à realidade socioeconômica da paciente para, caso necessário, encaminhar para serviços especializados como CAPS, CAPS AD, CRAS e CREAS.

6147 SUPORTE MATERIAL, AFETIVO E EMOCIONAL PERCEBIDO POR MULHERES DE UM SETOR DE GINECOLOGIA
Joyce Ferreira Reis, Franciele Marabotti Costa Leite

SUPORTE MATERIAL, AFETIVO E EMOCIONAL PERCEBIDO POR MULHERES DE UM SETOR DE GINECOLOGIA

Autores: Joyce Ferreira Reis, Franciele Marabotti Costa Leite

Apresentação: Associado ao processo de adoecimento, é comum observar os impactos dos fatores externos que refletem no quadro patológico e seu desenvolvimento. Dentre eles, vale chamar a atenção para o suporte social percebido, que provoca alterações positivas ou negativas no desenvolver da doença, tendo efeitos físicos e emocionais. O suporte social está relacionado com a qualidade de vida durante o enfrentamento da doença, capacidade de enfrentar situações difíceis e também possui influencia na autoestima. Dessa forma, este trabalho propôs a identificar o suporte social material, (fornecimento de recursos práticos e ajuda material), afetivo (demonstrações físicas de amor e afeto) e emocional (capacidade da rede social de suprir as necessidades individuais com os problemas emocionais que exigem sigilo) percebido e seus impactos no processo de adoecimento de mulheres em um setor de ginecologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM), do município de Vitória (ES). Desenvolvimento: Estudo epidemiológico do tipo descritivo que analisou os dados coletados no HUCAM do município de Vitória, Espírito Santo, entre 2017 e 2018. Foram utilizados três instrumentos para coleta de dados para identificar características sociodemográficas, hábitos comportamentais, experiência de violência contra mulher e identificação do suporte social. Os dados foram analisados através do programa estatístico Stata 13.0. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética do HUCAM. Resultado: No suporte material, 25,8% das mulheres não tinham com quem contar caso fique acamada, 27,7% para se precisar ir ao médico, 29,2% para realizar tarefas diárias se tiver doente e 24,2% para preparar as refeições se não puder. Na dimensão afetiva, 16,9% afirmaram não ter alguém que demonstre amor e afeto, 16,5% alguém que dê um abraço e 17,7% alguém para se sentir querido ou que ame. Na dimensão do suporte social emocional, 23,8% das entrevistadas relataram não ter alguém para ouvi-la, 26,2% alguém que possa confiar, 28,1% para compartilhar medos e preocupações e 29,6% para compreender seus problemas. Considerações finais: O estudo revelou que o suporte social material, afetivo e emocional foi baixo em um número significativo de mulheres. Os impactos do suporte social no processo de adoecimento e enfrentamento do mesmo ainda não possui um vasto quantitativo de pesquisas, mesmo quando os efeitos positivos são notados e excedem os negativos.

6168 REPERCUSSÕES DO DIAGNÓSTICO DE HIV NA SAÚDE SEXUAL DAS MULHERES
Paula Vitória Pena Machado, Liliane Spencer Bittencourt Brochier, Emerson Silveira de Brito

REPERCUSSÕES DO DIAGNÓSTICO DE HIV NA SAÚDE SEXUAL DAS MULHERES

Autores: Paula Vitória Pena Machado, Liliane Spencer Bittencourt Brochier, Emerson Silveira de Brito

Apresentação: A saúde sexual pode ser entendida como um estado físico, mental e bem estar social com relação à sexualidade. A sexualidade humana é o conjunto de comportamentos que dizem respeito à satisfação das necessidades e desejos sexuais, sendo controlada por questões de valores morais. Sua manifestação depende das interações sociais e do contexto histórico e cultural de uma sociedade. Pode ser entendida como um assunto complexo e de difícil construção, uma vez que é circundada por tabus, repressões e limitações à genitalidade e à reprodução. A partir disso, este trabalho tem como objetivo conhecer as repercussões do diagnóstico de HIV na saúde sexual das mulheres. Desenvolvimento: O diagnóstico do vírus HIV pode gerar grande impacto na mulher passando a redefinir os rumos da vida, o que reflete diretamente nas relações com as parcerias sexuais, na satisfação sexual e na visão sobre a reprodução. Em termos de práticas, sabe-se que as práticas de sexo anal e vaginal, respectivamente, representam os principais meios da infecção pelo HIV. Consta na literatura que é comum mulheres se submeterem à prática sexual mesmo que sem vontade, questão intimamente relacionada às relações de gênero, onde o homem, predominante na relação, busca garantir a satisfação de suas vontades. Em relação às mulheres portadoras do vírus, é necessário compreender que as peculiaridades de cada uma são formadas dentro das suas vivências e experiências no decorrer da vida. Método: O presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema abordado neste estudo. Resultado: Considerando que a via sexual é o meio mais comum de contaminação pelo HIV, a sexualidade fica carregada por questões de preconceito, estigmas e demandas que transformam a percepção das mulheres sobre seu corpo, relacionamento sexual e seu papel na sociedade. As relações de poder são observadas em casais sorodiscordantes, em que a mulher, vivendo com HIV, se submete ao parceiro por se sentir inferior na relação e culpada por ter o diagnóstico. O medo de transmissão para o parceiro, perda ou diminuição da libido e disposição para o sexo, receio sobre questões reprodutivas e medo da rejeição frente ao diagnóstico estão entre os relatos mais comuns entre mulheres vivendo com o HIV. Considerações finais: O escasso número de publicações reflete a necessidade de maior aprofundamento nessa temática que está diretamente associada ao bem estar desta população. O diagnóstico de infecção pelo HIV modifica a forma como a pessoa percebe seu próprio corpo e principalmente sua relação com o sexo, deste modo é necessário sensibilizar essa mulher quanto às suas possibilidades e seus direitos enquanto portadora do vírus, onde vivenciar plenamente a sexualidade continua sendo um direito que deve ser preservado, sem prejuízos ao bem estar e à manutenção de sua saúde.

6457 GRUPO DE MULHERES EM UMA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) COMO PROMOÇÃO DE SAÚDE, INSERÇÃO E CONHECIMENTO
Marcela Augusta Anjos Vasconcelos, André Amorim Martins

GRUPO DE MULHERES EM UMA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) COMO PROMOÇÃO DE SAÚDE, INSERÇÃO E CONHECIMENTO

Autores: Marcela Augusta Anjos Vasconcelos, André Amorim Martins

Apresentação: O grupo de mulheres é realizado via estágio curricular em Psicologia Social e Saúde Coletiva, sendo também inscrito no Núcleo de Psicologia sobre Educação, Paz, Saúde, Subjetividade e Trabalho(CNPq/UEMG). Este teve sua criação devido a uma grande procura de atendimento psicológico das mulheres, o que culminava em uma enorme fila de espera na ESF-Belvedere, em Divinópolis – Minas Gerais. O objetivo do grupo é criar um espaço para que estas troquem experiências, relatem suas vivências, conflitos, desejos, carências e pratiquem a empatia e sororidade entre elas. Os temas realizados no grupo surgem de acordo com a demanda das participantes, com encontros semanais de uma hora. O método do trabalho baseia-se em rodas de conversas. No entanto em meses como setembro e outubro foram criadas programações semanais diversificadas. A campanha de prevenção ao suicídio Setembro Amarelo foi alvo de discussões em torno da importância do diálogo e do bem estar. Outra realização foi a sala de espera no qual as estagiárias de Psicologia apresentaram informações sobre a história do Setembro Amarelo, tabus, fatores de prevenções, entre outros. Na campanha do Outubro Rosa, foram discutidos temas como autocuidado, relacionamentos saudáveis, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e palestras sobre prevenção ao câncer de mama. Uma visita de uma Sexóloga em um dos encontros proporcionou intervenções acerca da valorização de ser mulher, discutindo sobre aceitação e a libertação do feminino. Os resultados são satisfatórios visto que foi possível notar uma melhora na qualidade de vida de inúmeras mulheres que frequentaram o grupo, provocando um maior conhecimento sobre elas mesmas e suas vontades e direitos, com sigilo dos profissionais e sem julgamentos. Além disso o grupo provoca uma maior aproximação entre as mulheres da comunidade e a atenção básica de saúde, criando uma extensão para outros serviços de saúde da ESF, visando a promoção de saúde das mesmas. 

6469 MAMOGRAFIA E INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE MAMA
Andre Luis dos Santos, Giovana Caroline Silva Rocha, Matheus Albernaz Resende, Flávio Diniz Pires, Fábio José Vaz da Mota

MAMOGRAFIA E INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE MAMA

Autores: Andre Luis dos Santos, Giovana Caroline Silva Rocha, Matheus Albernaz Resende, Flávio Diniz Pires, Fábio José Vaz da Mota

Apresentação: uma série de estudos nacionais e internacionais indicam que a incidência e a mortalidade do câncer de mama no Brasil, e nos países em desenvolvimento com um todo vem aumentando, ao contrário do que tem acontecido na maioria dos países desenvolvidos, isto é, encontra-se uma taxa em decaimento ou sem crescimento. Estudiosos levantam a possível causa desse aumento nos países em desenvolvimento, e defendem que a falta de acesso a atendimento médico precoce e a detecção em fases avançadas são os principais fatores, que levam então ao diagnóstico tardio, que também pode ser devido à falta de informação da população e à cobertura deficiente dos programas de rastreio. A falta de informações concretas acerca do real cenário da incidência de câncer de mama, com destaque para as grandes diferenças inter-regionais, dificulta a avaliação de programas que visam lidar com neoplasias mamárias malignas e, principalmente, faz com que seja praticamente impossível alocar recursos financeiros e humanos de acordo com as necessidade de cada região. Objetivo: o objetivo geral do presente estudo é analisar os padrões de  incidência e mortalidade por câncer de mama no Estado de Goiás, no período de 2009 a 2013, e relacionar com a cobertura mamográfica. Discussão: Sabe-se que a mamografia é, ainda hoje, o método de imagem de escolha na hora de se fazer o rastreamento oportunístico em massa ou mesmo o diagnóstico de possíveis casos de CA de mama em mulheres com idade igual ou superior a 40 anos. A preferência pela mamografia pode ser explicada pelo fato de que esse método oferece maior simplicidade de execução, boa relação custo benefício e  ainda mantém notável capacidade para evidenciar estruturas importantes consideradas no diagnóstico. Ao contrário do que ocorre no continente norte-americano e em países do norte da Europa, em que se percebe um aumento da detecção de casos de CA de mama e, consequentemente, uma maior redução dos índices de mortalidade por essa causa devido ao sucesso do rastreamento organizado e da terapêutica adequada aos casos, no Brasil ainda se observam inúmeras dificuldades enfrentadas tanto pelos pacientes como por parte dos profissionais técnicos e especialistas nessa área médica. Entre essas dificuldades estão: o próprio padrão oportunístico de rastreamento, quando as mulheres procuram espontaneamente os serviços de saúde e então recebem as recomendações para realização do exame; o baixo grau de cobertura da população-alvo com a mamografia; a falta de seguimento da população a médio e longo prazo; a desigualdade de distribuição geográfica dos equipamentos utilizados bem como a desigualdade na própria execução dos exames; falta de consenso quanto à faixa etária dos pacientes indicada para a realização da mamografia. Esses fatores acabam propiciando o diagnóstico de casos de CA de mama em estádios mais avançados e dificultam a implementação de programas de rastreamento organizado no país. O câncer de mama apresentou maior incidência nos Estados considerados economicamente mais desenvolvidos do Brasil, em especial nas regiões Sudeste e Sul, a região Centro-Oeste ficou em terceiro lugar, com uma taxa menor do que a nacional. É interessante observar que em todas as regiões do Brasil a taxa de incidência aumentou ao longo dos anos. No Centro-Oeste a taxa passou de 38,17 em 2008 para 47,56 em 2013, um aumento de, aproximadamente, 25%. De fato, esses dados são esperados devido à melhoria do programa de rastreamento do câncer de mama em todo o país. Apesar de uma mal distribuição dos mamógrafos no Estado de Goiás como foi discutido anteriormente, eles se mostraram suficientes para a demanda de exames, aumentando o número ao  passar dos anos. O aumento da incidência de câncer de mama em Goiânia, de 50,49 para 64,68 novos casos/100mil habitantes, também se mostra como reflexo da melhoria do programa de rastreamento. Tanto os aspectos demográficos como a melhoria no sistema de informação, no sistema de regulação de pacientes para tratamento em níveis terciários bem como o crescimento populacional são fatores que, certamente, interferem no resultado final da análise de dados em base populacional. De fato, os resultados obtidos se assemelham com diversos estudos já publicados uma vez que os programas de rastreamento do câncer de mama foram divulgados mais tardiamente em nosso país se comparado com os países desenvolvidos. Considerações finais: a análise da incidência e da mortalidade por câncer de mama, além da área de cobertura de mamógrafos continuam sendo de grande importância no contexto da Saúde Pública no Brasil. Os resultados aqui apresentados mostram que a estimativa da cobertura mamográfica é desigual entre as regiões. Nessa perspectiva, detectou-se que a regional Central possui uma grande concentração de mamógrafos e realiza um número de exames superior da população-alvo em comparação com as demais regiões de saúde. Como mostrado ao longo do trabalho, o índice de incidência por câncer de mama se relaciona com um melhor programa de rastreamento da doença. Com um maior número de mamografias, a taxa de incidência tende a aumentar. Nesse contexto, cabe refletir sobre a necessidade de investir na detecção precoce do câncer de mama no Brasil, por meio da ampliação do acesso aos serviços diagnósticos e terapêuticos. As ações de detecção precoce são essenciais, caso se pretenda modificar o quadro de morbimortalidade por câncer. A detecção precoce do câncer é baseada na observação de que o tratamento é mais eficaz quando a doença é detectada o mais cedo possível em sua história natural. Torna-se fundamental a disponibilidade dos testes de detecção precoce, treinamento dos profissionais de saúde, além da disponibilidade de tratamento efetivo.  

6973 PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO SEXUAL E REPRODUTIVA NO PUERPÉRIO: DESAFIOS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Giovanna Brunna da Silva Justino, Natália Rejane Salim

PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO SEXUAL E REPRODUTIVA NO PUERPÉRIO: DESAFIOS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Giovanna Brunna da Silva Justino, Natália Rejane Salim

Apresentação: No puerpério, a mulher necessita de uma rede de apoio que contemple sua família, o/a companheiro/a, a comunidade, instituições sociais e de saúde. As temáticas da sexualidade e planejamento reprodutivo se mostram muitas vezes invisibilizadas no período puerperal. Entende-se a saúde sexual e reprodutiva como essencial para o exercício da autonomia das mulheres sobre o próprio corpo e a garantia dos seus direitos. Nessa perspectiva, este estudo tem como objetivo compreender quais práticas de cuidado vem sendo desenvolvidas no contexto da atenção primária e os desafios encontrados para a implementação e realização de ações de educação sexual e reprodutiva. Esta pesquisa foi motivada com base em um projeto desenvolvido previamente que buscou ouvir as vozes das mulheres moradoras de um bairro periférico de uma cidade do interior de São Paulo. O estudo referido permitiu identificar uma lacuna no campo da sexualidade e planejamento reprodutivo após o parto,  dado que as participantes relataram que não havia espaços para tratar sobre a temática nos serviços de saúde ou o assunto era tratado levando em conta apenas o aspecto biológico. Esta pesquisa está sendo desenvolvida em uma Unidade de Saúde da Família localizada em um bairro periférico de um município do interior de São Paulo. Esta é uma pesquisa qualitativa ancorada na perspectiva da pesquisa participante e tem como referenciais teóricos os conceitos de Educação em Saúde, Integralidade e Direitos Sexuais e Reprodutivos presentes nas políticas de saúde na esfera nacional e internacional. A coleta de dados está sendo conduzida por meio de entrevistas semiestruturadas com a equipe de saúde que atua no contexto da atenção primária, a observação no cotidiano do trabalho e o registro em diário de campo. A análise de dados está sendo conduzida através da análise discursiva com uso de mapas dialógicos. Os primeiros resultados mostram as múltiplas formas de compreensão sobre o conceito saúde sexual e reprodutiva no âmbito da saúde das mulheres que estão entremeadas nos desafios do cotidiano do serviço em colocar os conceitos em prática e desenvolver de ações nessas temáticas. Resistências se mostram presentes na esfera da gestão, na falta de investimento em recursos humanos e materiais que favoreçam a problematização e sensibilização sobre o papel da atenção primária em saúde para a garantia desses direitos. Com a discussão dos dados com a equipe, buscamos alcançar a construção de novas estratégias e abertura para mudanças e melhorias nas práticas de cuidado e de educação em saúde com mulheres no período do puerpério. Além disso, é esperado que esta pesquisa contribua para o aprimoramento dos estudos nacionais voltados para a saúde e autonomia sexual da mulher, principalmente nessa fase da vida, pois, é notória a necessidade de identificação das dificuldades enfrentadas para implementação de ações no âmbito dos direitos sexuais e reprodutivos no contexto brasileiro.

7285 MORTALIDADE MATERNO-INFANTIL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Lívia Machado de Mello Andrade, Virginia Maria de Azevedo Oliveira Knupp, Jesilaine Resende Teixeira Soares, Flávia de Jesus Neiva Sampaio, Maria Eduarda Dantas Messina, Ricardo de Mattos Russo Rafael, Eduardo Mesquita Peixoto, Luciane de Souza Velasque

MORTALIDADE MATERNO-INFANTIL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: UM ESTUDO ECOLÓGICO

Autores: Lívia Machado de Mello Andrade, Virginia Maria de Azevedo Oliveira Knupp, Jesilaine Resende Teixeira Soares, Flávia de Jesus Neiva Sampaio, Maria Eduarda Dantas Messina, Ricardo de Mattos Russo Rafael, Eduardo Mesquita Peixoto, Luciane de Souza Velasque

Apresentação: É notório que a mortalidade materna constitui um grave problema de saúde pública tanto no mundo como no Brasil. Estima-se que cerca de 1.000 mulheres morrem por dia e mais de 300 mil por complicações na gravidez, parto e pós-parto, todos os anos. Do total de óbitos maternos, 99% encontram-se nos países em desenvolvimento. Frente a esse cenário, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu, em 2000, como uma das suas oito metas do Objetivo do Desenvolvimento do Milênio (ODM), melhorar a saúde materna com a redução de 75% das mortes até 2015. O resultado foi atingido em alguns países, porém não no Brasil, em que grande parte das mortes maternas ocorre por causas diretas, como complicações obstétricas durante gravidez. Diante disso, é importante analisar tal conjuntura na dimensão do município do Rio de Janeiro (RJ), sendo válido, também, correlacioná-la com a mortalidade infantil, visto que grande parte dos óbitos maternos é oriunda de causas diretas. Assim como a mortalidade materna, reduzir a mortalidade na infância também se configurou como um dos ODM, da ONU, e o Brasil alcançou a meta em 2011. De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), em 2017, mais da metade das mortes infantis de menores de um ano ocorreram devido a afecções originadas no período perinatal e 23% por malformações congênitas. No país como um todo, o componente neonatal é o mais importante, assim como no município do RJ, em destaque o neonatal precoce, sendo grande parte dos tais óbitos por causas evitáveis. Logo, o uso da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) trata-se de um importante indicador para análise da situação de saúde e, portanto, correlacioná-lo com a Razão de Mortalidade Materna (RMM) é de grande valia, na medida em que se busca avaliar o binômio mãe-bebê. Objetivo: Investigar a relação entre a Razão de Mortalidade Materna (RMM) e a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI), entre 2007 e 2015, no município do Rio de Janeiro. Analisar esses parâmetros sob uma perspectiva espacial, conforme as Áreas Programáticas (APs) da cidade, e avaliá-las segundo recortes temporais, que vão de 2007 a 2010, de 2011 a 2015 e de 2007 a 2015. Método: Trata-se de um estudo ecológico, cujo método é o quantitativo. A unidade de observação são os bairros da cidade do Rio de Janeiro. Existem dois desfechos: a RMM e a TMI. Devido a não normalidade dos dados, preferiu-se uma abordagem não paramétrica. O nível de significância adotado foi de 5%. É importante ressaltar que toda a movimentação de dados se deu via Excel e R software. A primeira etapa foi realizada com a fusão do banco de dados sobre Mortalidade Materna (MM) no município do Rio de Janeiro, de 2007 a 2015 com o de Mortalidade Infantil (MI) no município do Rio de Janeiro, de 2007 a 2017. Selecionou-se o período de 2007-2015 para ser usado e foram criadas as seguintes variáveis: “mortalidade materna 2007-2010”, “mortalidade materna 2011-2015”, “mortalidade materna agregada”, “mortalidade infantil 2007-2010”, “mortalidade infantil 2011-2015” e “mortalidade infantil agregada” e formulação de suas respectivas razões. Para avaliar a distribuição de tais taxas, foi realizado o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Já para verificar possíveis associações entre as taxas de MM e as de MI, foram realizados testes de correlação de Spearman e para evidenciar o crescimento ou não das taxas do mesmo grupo foram realizados testes de Wilcoxon pareado. Em seguida, a esse banco fundiu-se um outro que continha os limites dos bairros em APs, o que possibilitou a associação entre as RMM e TMI com as APs gerais e com as subAPs ou RPs, através do teste de Kruskal-Wallis. Tal nova fusão permitiu, assim, o desenvolvimento da função Mapas no R software, o que garantiu a criação de seis mapas do município do Rio de Janeiro, divididos em suas APs e bairros, marcados conforme a intensidade das TMI e RMM nessas regiões. Resultado: Em um primeiro momento, estabeleceu-se a relação entre: a Taxa de Mortalidade Infantil de 2007 a 2010 e a Razão de Mortalidade Materna de 2007 a 2010; a Taxa de Mortalidade Infantil de 2011 a 2015 e a Razão de Mortalidade Materna de 2011 a 2015; a Taxa de Mortalidade Infantil de 2007 a 2015 e a Razão de Mortalidade Materna de 2007 a 2015. Não foram encontradas correlações significativas entre as taxas, exceto por uma correlação fraca ainda que significativa entre as taxas agregadas. Entretanto, o p-valor aproximou-se de 0,05 no segundo período, o que pode revelar que essa associação esteja ficando mais forte ao longo dos anos. Verificaram-se as taxas por bairros em relação as áreas programáticas. À exceção da RMM de 2007 a 2010 e da RMM de 2011 a 2015, todos os demais resultados foram significativos estatisticamente, com uma forte diferença entre as regiões, que pode advir de um maior ou menor tamanho populacional, das condições de vida da população e da assistência à saúde. Em contrapartida, quando ocorre o cruzamento das taxas com as subAPs, apenas as TMI que se revelam significativas, o que pode estar vinculado à observação mais específica do território. Ao dividir o município do RJ em áreas por proximidade, facilita-se a união de regiões com perfis distintos, o que leva a maiores diferenças. Logo, quando as APs foram separadas em subAPs, reduzem-se as chances de áreas mais distintas serem agrupadas, havendo uma maior semelhança entre os bairros reunidos. A mortalidade infantil, em todas as APs, a mediana das taxas foi baixa, visto que são menores que 20 mortes por 1000 nascidos vivos. Em contrapartida, grande parte das taxas da mortalidade materna é alta, visto que vão de 50 a 149 mortes por 100.000 nascidos vivos. Ao observar, por sua vez, as medianas, do período de 2007 a 2010 em relação ao subsequente, houve redução das TMI em todas as APs, à exceção da 2, que corresponde às Zona Sul e Norte. Quanto às RMM, todas também reduziram, menos a 5, referente à Zona Oeste. Quanto aos negativos, em relação à AP 2, houve aumento da TMI, porém diminuição da RMM, enquanto no caso da AP 5, houve aumento significativo da RMM, porém redução da TMI. Na análise espacial, as razões foram obtidas por bairros e não por APs. Verificou-se que as regiões de Jacarezinho, Quintino Bocaiuva, Engenho Novo, Penha Circular, Vila Militar, Parque Columbia apresentaram taxas muito altas de mortalidade materna. Na mortalidade infantil, destaque para Parque Columbia, Sampaio e Manguinhos com valores considerados médios. Observa-se, nesse sentido, que o Parque Columbia se destaca tanto na mortalidade materna quanto na infantil, necessitando de intervenção urgente por parte do poder público. Considerações finais: Diante do apresentado, há uma relação significativa entre mortalidade materna e infantil, que foi vista pela correlação positiva entre a TMI agregada e a RMM agregadas. Quando observadas por recortes temporais, houve, de modo geral, uma redução dos coeficientes de MI e MM e, sob a ótica espacial, as disparidades regionais foram notórias. Assim, é necessário garantir maior equidade quanto às condições sociais, econômicas e assistenciais de saúde para que tais desigualdades sejam atenuadas e, como consequência, mais mãe e bebês sobrevivam.  

7313 PROTEÇÃO SOCIAL DIRIGIDA ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA: um estudo exploratório
Thaislayne Nunes de Oliveira, Mônica de Castro Maia Senna

PROTEÇÃO SOCIAL DIRIGIDA ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA: um estudo exploratório

Autores: Thaislayne Nunes de Oliveira, Mônica de Castro Maia Senna

Apresentação: O câncer é um tipo de doença de alta complexidade. Por se tratar de uma doença complexa o desenvolvimento do seu tratamento depende do avanço tecnológico e científico. Segundo INCA (2018), no Brasil desenvolvimento das estratégias para buscar o controle do câncer ocorreu tardiamente e dependeu de interesses individuais de pesquisadores brasileiros, que buscavam informações internacionais sobre formas de controle da doença, desde a prevenção até os diferentes tipos de tratamento. A presente dissertação teve como objetivo analisar os mecanismos e as estratégias de proteção social das mulheres com câncer de mama. Para tanto, o percurso metodológico adotado pela pesquisa foi direcionado, primeiramente, por análise documental que consistiu na análise de documentos que compõe os direitos sociais das mulheres com câncer de mama. Para a consecução dos demais objetivos propostos, realizaram-se entrevistas com dez mulheres acompanhadas em duas instituições distintas: ambulatório de oncologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) e Organização Não Governamental Associação dos Amigos da Mama (ADAMA), ambas referências no acompanhamento de mulheres com neoplasia mamária no município de Niterói, Rio de Janeiro. Desse modo, o tratamento dos dados foi subsidiado por eixos de análise, são estes: itinerário de cuidados em saúde, rede primária e rede secundária, que elucidam os caminhos percorridos e as táticas desenvolvidas por diferentes mulheres com esse tipo de neoplasia. Em nossos resultados, demonstraram-se aspectos individuais e questões comuns das mulheres que, apesar do mesmo diagnóstico, vivenciaram o adoecimento de forma diferente. Além disso, evidenciaram-se diferenças relacionadas ao perfil socioeconômico dos grupos analisados, bem como em suas redes de suporte, e seus respectivos impactos no tratamento e recuperação da doença.

7352 MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL: ANÁLISE DA TRAJETÓRIA EM BUSCA DO DIREITO AO ABORTO LEGAL
Frederico Viana Machado, Angela Ruschel

MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL: ANÁLISE DA TRAJETÓRIA EM BUSCA DO DIREITO AO ABORTO LEGAL

Autores: Frederico Viana Machado, Angela Ruschel

Apresentação: Este trabalho analisa as dificuldades envolvidas na busca do aborto legal pelas mulheres vítimas de estupro. Sabe-se que os efeitos da violência sexual repercutem de forma intensa na saúde física e mental das mulheres, sendo a gestação uma das consequências mais danosas. No Brasil, apesar da criminalização do aborto, o procedimento é permitido nos casos de violência sexual (aborto legal) e existem serviços de referência para atender a essas situações. Esta pesquisa foi realizada na cidade de Porto Alegre em um hospital público de referência para o aborto legal e analisou 127 casos de mulheres com gravidez decorrente de violência sexual e que realizaram aborto legal, entre os anos de  2000 e 2018. A trajetória destas mulheres na busca do aborto e as dificuldades enfrentadas neste processo foram discutidas à luz da metodologia das Rotas Críticas descrita por Montserrat Sagot. Foram analisadas decisões tomadas após a violência, a sequência de ações, as intercorrências, apoios e obstáculos enfrentados. Trata-se de um estudo transversal retrospectivo realizado a partir dos relatos e condutas clínicas apresentadas nos prontuários. Os resultados foram agrupados em 5 categorias que se inter-relacionam: 1. O segredo da violência: a dificuldade em buscar ajuda após um estupro, fazendo dessa vivência um segredo que acaba se revelando com a descoberta da gravidez; 2. Sintomas Psíquicos:  sintomas e quadros reativos ao trauma da violência e descoberta da gravidez, tais como medos, ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós traumático, ideação suicida; 3. Mecanismo psíquico de negação versus Negação do direito: intensidade do mecanismo psíquico de negação relacionado a gravidez, somado com a desinformação do direito ao aborto que retardam a chegada das mulheres ao serviço e dificultam o exercício do direito; 4. Desorganização social: perda de emprego, separação conjugal, abandono dos estudos desencadeados pelas vivência traumática 5. Outras rotas críticas do processo: fluxos institucionais, validação da violência sofrida e objeção de consciência de profissionais demonstram aumentar o sofrimento das vítimas e alongar o tempo do processo. O estudo descreve esses resultados como parte do percurso de acesso na busca pelo direito ao aborto, demonstrando a invisibilidade do problema, a dificuldade em obter informações sobre a forma de acessar o serviço, a desorganização psíquica e social que decorre da violência e da descoberta da gravidez e o estigma relacionado tanto a violência sexual, quanto ao aborto. São diversos obstáculos que precisam ser transpostos para que as mulheres que engravidam de um estupro possam exercer o direito ao aborto legal.

7363 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DAS MULHERES QUE REALIZARAM A INTERRUPÇÃO LEGAL DA GESTAÇÃO POR VIOLÊNCIA SEXUAL
Angela Ester Ruschel, Frederico Viana Machado

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DAS MULHERES QUE REALIZARAM A INTERRUPÇÃO LEGAL DA GESTAÇÃO POR VIOLÊNCIA SEXUAL

Autores: Angela Ester Ruschel, Frederico Viana Machado

Apresentação: Este trabalho apresenta a construção da série histórica de atendimentos de mulheres que realizaram aborto em decorrência de violência sexual num hospital público materno infantil de Porto Alegre, desde a implantação do serviço no ano de 2000 até  2018 e analisa o perfil sociodemográfico dessa população. Método: Trata-se de um estudo transversal descritivo, a partir da análise dos protocolos de atendimento e prontuários das pacientes. Os dados foram tabulados em planilha de MS-Excel e tratados e analisados no SPSS. As variáveis foram examinadas por meio de valores absolutos e relativos, sendo incluídos todos os casos identificados. Resultado: Obteve-se um total de 127 casos, havendo um aumento significativo nos últimos anos. A maioria das mulheres eram adultas (59,8%), sendo a idade mínima de 10 e a máxima de 42 anos; Enquadraram-se como estupro de vulnerável 28,3%: 29 adolescentes menores de 14 anos e 7 deficientes. Quanto à raça, obtivemos 77,2% de brancas, 13,4% pretas, 7,9% pardas e 1,6% de indígenas. Em relação à escolaridade 42,1% têm ensino fundamental, 33,3% ensino Médio e  24,6% nível superior. A maioria (74,8%) era solteira, 12,6% casadas/união estável e 11,8% divorciadas/separadas e uma viúva. 43,3% eram moradoras de Porto Alegre, 29,9% da região metropolitana e 26,7% do interior do estado. 33,1% tinham trabalho remunerado, 54,3% estudantes e 12,6% nem trabalhavam, nem estudavam. Em 29,9% dos casos a violência sexual foi a 1ª relação e em 63,8% tratava-se da 1ª gravidez. A violência foi aguda em 74% dos casos e crônica em 26%. Em 68,5% dos casos houve registro policial. Em 44,9% o agressor era desconhecido da vítima e quando o agressor era conhecido (27%) em geral tratava-se de violência crônica, cujos agressores eram familiares da vítima. Observou-se um percentual de 23,6% em que o agressor foi referido como identificável: não é da relação social da vítima, mas ela sabe quem é. Entre os meios de coerção foram encontradas: força física (41,7%), ameaças (33,8%), arma/faca (25,2%), substância psicoativa (28,3%), sedução (9,4%). Chegaram ao serviço no 1º trimestre de gestação 68,5% das mulheres e o tempo médio em dias até o aborto foi de 11,4. O tempo de internação foi em média de 2,98 dias Considerações finais: Observou-se que a maioria das pacientes que fizeram ILG eram adultas, brancas, moradoras de Porto Alegre. Apesar de pesquisas mostrarem um índice maior de violência contra crianças e adolescentes, a chegada ao serviço de aborto legal é maior na idade adulta, o que pode decorrer da maior vulnerabilidade na adolescência, sendo que a pouca autonomia e conhecimento limitado podem ser fatores que aumentam a dificuldade de chegada ao serviço em caso de gravidez por violência sexual.

7652 A CONSTRUÇÃO DE UM GRUPO DE MULHERES EM UM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jessica do Nascimento Rezende, Geilsa Soraia Cavalcante Valente, Beatriz de lima Bessa Ballesteros, Elida Gabriela Serra Valença Abrantes, Vanessa Teles Luz Stephan Galvão, Gabryella Vencionex Barbosa Rodrigues, Elaine Antunes Cortez, Mayra Pereira de Jesus

A CONSTRUÇÃO DE UM GRUPO DE MULHERES EM UM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Jessica do Nascimento Rezende, Geilsa Soraia Cavalcante Valente, Beatriz de lima Bessa Ballesteros, Elida Gabriela Serra Valença Abrantes, Vanessa Teles Luz Stephan Galvão, Gabryella Vencionex Barbosa Rodrigues, Elaine Antunes Cortez, Mayra Pereira de Jesus

Apresentação: Este trabalho trata-se de um relato experiência sobre a criação e manutenção de um grupo de mulheres que é composto por pacientes de um centro de atenção psicossocial II do município do Rio de Janeiro e mediado por uma enfermeira e uma terapeuta ocupacional do serviço. Este estudo tem como objetivo principal relatar a construção de um espaço de discussão permanente entre mulheres que frequentam o mesmo serviço de saúde. Método: Trata-se de uma pesquisa empírica, de natureza descritiva - interpretativa e qualitativa realizada a partir de um grupo de mulheres que tem como perspectiva o empoderamento e autonomia desses sujeitos. O relato descrito ocorreu no ano de 2019, a proposta do grupo surgiu a partir do encontro das profissionais com as pacientes que reivindicavam um espaço de discussão composto apenas por mulheres, principalmente para que fosse possível discutir a interface entre ser mulher e frequentar um serviço de saúde mental regularmente. Os encontros aconteciam em uma sala da unidade e as pautas das discussões eram propostos a cada dia; jornais, revistas e outros meios de comunicação eram utilizados para encontrarmos temas atuais que traziam o papel da mulher na sociedade. Por vezes, o encontro era utilizado para troca de receitas e outras para dicas sobre o perigo de estar na rua sozinha a noite. Considerações finais: A experiência de um grupo onde mulheres consigam compartilhar as experiências do dia a dia possibilitou um espaço de leveza e desafogo que até então era inexistente nesse serviço de saúde.

7769 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA MULHER: UMA REFLEXÃO SOBRE A PAISM E A PNAISM
Maycom Maia de Mello, Miriam Teresa de Sá Leitão Martins

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA MULHER: UMA REFLEXÃO SOBRE A PAISM E A PNAISM

Autores: Maycom Maia de Mello, Miriam Teresa de Sá Leitão Martins

Apresentação: Em 1985, a criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) - concomitante a uma maior participação das militantes feministas nos mais variados quadros do funcionalismo público - intensificou o processo de luta pela ampliação e garantia de direitos sociais e políticos das mulheres, em curso desde o início da década. Dentre outras bandeiras, as mulheres pleiteavam a garantia de inserção no mercado de trabalho, a igualdade salarial entre os gêneros, o fim do machismo e da violência contra a mulher, o direito à moradia, à alimentação de qualidade e ao cuidado com a saúde. Organizadas através de movimentos de base como associações de moradores, Pastorais da Igreja Católica, sindicatos e coletivos feministas, as mulheres questionaram os papeis sociais de reprodutoras e do lar - construídos e reproduzidos culturalmente - consolidando, assim, o movimento feminista como força política que, até os dias atuais, reivindica o direito ao corpo, a escolha de quando e quantos filhos ter, de não tê-los, bem como o direito de acesso aos métodos contraceptivos, condensados no lema: “Nosso corpo nos pertence”. A criação do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), criado em 1983, veio ao encontro desse movimento, uma vez que buscou ampliar a concepção de integralidade na assistência à mulher repensando os padrões e técnicas então utilizados na assistência materno/infantil. Vinte anos depois, foi implementada a Política Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), fruto de um contexto contemporâneo no qual se aglutinam articulações específicas, fomentadas pela produção de novos saberes que demandam respeito e reconhecimento das diferentes identidades, em sintonia com o movimento em prol da humanização no cuidado da saúde. O objetivo da pesquisa aqui apresentada foi o de identificar, através da revisão de documentos oficiais do Ministério da Saúde, quais foram as modificações implementadas no programa PNAISM em relação ao PAISM e, principalmente, analisar as implicações dessa mudança na produção discursiva que busca normatizar e regular a saúde sexual e reprodutiva das mulheres. A partir de uma análise qualitativa dos documentos oficiais, foram selecionados os dados mais relevantes ao recorte ‘saúde sexual e reprodutiva das mulheres’. A análise posterior se deu através da articulação com os pressupostos teóricos foucaultianos sobre biopolítica e governamentalidade. Resultado: No contexto da saúde, a partir dos anos 2000, passou a existir um entendimento a nível global de que dentre os condicionantes que afetam a saúde das populações há um somatório de iniquidades que aprofundam as desigualdades entre os gêneros, e que os mesmos devem ser representados e cuidados nas suas especificidades. Desta forma, aumenta a preocupação com a garantia do acesso aos serviços de saúde e com a análise dos condicionantes que propiciam um maior adoecimento das populações de acordo com suas características (gênero, idade, etnia, orientação sexual, entre outras). A implementação, pelo Governo Federal, da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), no ano de 2004, se coaduna a esse movimento global, e insere nos textos oficiais a humanização do cuidado e a incorporação das questões de gênero como pautas das ações que visavam a integralidade. Diferentemente do PAISM, ela agrega o gênero como um dos condicionantes do binômio saúde/doença. As relações desiguais de poder entre os gêneros se somam a outras como: raciais, étnicas, sociais e geracionais, ampliando o escopo de vulnerabilidades a serem observadas e combatidas. Contudo, uma leitura mais atenta nos mostra que, apesar da PNAISM ter incorporado o reconhecimento de identidades negras, indígenas, mulheres do campo, mulheres em situação de encarceramento e especificidades etárias, o texto não aprofunda nuances sobre direitos sexuais, sobre sexualidade feminina - especialmente a sexualidade lésbica - tampouco sobre a diversidade de gêneros (como pessoas trans e travestis). As ações preconizadas pela PNAISM ainda se caracterizam pela homogeneização de práticas ditadas por especialistas, direcionadas à assistência da mulher heterossexual cisgênera e com foco na normatização da saúde reprodutiva e do parto - por exemplo, de que forma as mulheres devem ter seus filhos e /ou na decisão de prosseguir ou não com uma gravidez quando em casos de estupro, garantida por lei. Como nos sinaliza Foucault, políticas de governo são tecnologias de gestão e controle de populações que, na contemporaneidade, se manifestam através da biopolítica, isto é, o controle do Estado sobre a vida se dá através dos processos de reprodução, natalidade, mortalidade, previsão de doenças. Na regularidade da vida, por assim dizer. No caso das mulheres, a integralidade e a universalidade preconizadas pela PNAISM pressupõem liberdade de autogerenciamento da saúde reprodutiva, resgatando o sujeito como ser que demanda atendimentos integrais, não fragmentados e com protagonismo de escolhas. Contudo, na prática esse suposto protagonismo é regulado e controlado pelo Estado, que estabelece os métodos, o tempo, as recomendações e os saberes que podem ou não ser levados em conta em tal processo. Apoiados no conceito de governamentalidade, inferimos que o reconhecimento de mulheres nas Políticas Públicas (no caso, a PNAISM) não mais como uma categoria única, mas reafirmada nas diferenças, constitui uma estratégia de apaziguamento dos conflitos e de reivindicações sociais, bem como uma forma de controle do risco social e de normatização dos modos de se experienciar o cuidado em saúde, ainda que sob o manto do combate às desigualdades. O reconhecimento e a normalização das diferenças ocorrem em um contexto no qual as singularidades passam a ser administradas em função da relação saber/poder que atenda aos interesses administrativos ou econômicos do Estado. Tais circunstâncias vão de encontro aos princípios e saberes que preconizam a valorização de uma atenção integral, a humanização do cuidado, o respeito às diferenças e diversidades, a substancialização de direitos conquistados e a garantia do exercício de cidadania. Neste sentido, entendemos que, apesar dos avanços e conquistas institucionais, as Políticas Públicas de Saúde da Mulher não apenas carecem de aprimoramento para atender demandas da contemporaneidade, como também é necessário que haja uma transição nos modos de se operacionalizar as práticas de cuidado de forma a responder coerentemente à vulnerabilidades histórias - tais como violência de gênero (sejam mulheres cis ou trans), acesso a métodos contraceptivos, qualidade do acolhimento, orientação e respeito às escolhas referentes a direitos sexuais e reprodutivos.

7971 ATUAÇÃO DO COMITÊ MUNICIPAL DE PREVENÇÃO À MORTALIDADE MATERNA, INFANTIL E FETAL NO FORTALECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA DOS ÓBITOS DE TEJUÇUOCA (CE)
Helloise Barbosa Nery, Lia Wladia da Silva Sousa, Maria Edna de Freitas Almeida, Luiza Vera de Matos Braga, Ana Virgínia de Sousa Martins

ATUAÇÃO DO COMITÊ MUNICIPAL DE PREVENÇÃO À MORTALIDADE MATERNA, INFANTIL E FETAL NO FORTALECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA DOS ÓBITOS DE TEJUÇUOCA (CE)

Autores: Helloise Barbosa Nery, Lia Wladia da Silva Sousa, Maria Edna de Freitas Almeida, Luiza Vera de Matos Braga, Ana Virgínia de Sousa Martins

Apresentação: O Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna, Infantil e Fetal é uma importante estratégia de fortalecimento da vigilância dos óbitos e redução da mortalidade materna, infantil e fetal, pois proporciona um espaço educativo e formativo ao trazer uma discussão mais aprofundada das circunstâncias que influenciam e determinam os desfechos maternos e possibilidades de construção de soluções que minimizem tais situações. Então, o objetivo desta experiência é relatar a atuação do Comitê Municipal de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal de Tejuçuoca (CE) - CMPMMIF. Desenvolvimento: O comitê de Tejuçuoca é composto por representantes das estratégias, equipamentos, serviços e setores da saúde, bem como da gestão técnica e administrativa da saúde. Suas atribuições procuram contemplar as etapas e processos de trabalho de atuação de comitês de prevenção à mortalidade orientadas pela Secretaria de Vigilância à Saúde do Ministério da Saúde as quais são: investigação, análise dos óbitos, proposição de medidas de prevenção de ocorrências futuras, qualificação da informação, divulgação/educação e mobilização/articulação. Os encontros do CMPMMIF acontecem de maneira sistemática trimestralmente ou em menor/maior espaço dependendo das demandas da vigilância epidemiológica do município. O ponto de partida para estudo dos casos são as fichas de investigação de óbitos preenchidas nos níveis ambulatorial e hospitalar, sendo feitas respectivamente, pelas equipes de saúde da família e os hospitais/maternidades que prestaram assistência à mulher. Com este material, as equipes elaboram uma apresentação dos casos, detalhando a assistência prestada de acordo com as especificidades de cada setor. É importante ressaltar que a representatividade de todos os atores dos pontos da rede de saúde envolvidos na prestação de assistência nesta situações é imprescindível para que se visualize com maior fidedignidade as circunstâncias de ocorrência de tais óbitos, como também para que se proponha e se elabore medidas de prevenção a tais agravos. Tais desdobramentos são consolidados e pactuados pelos presentes e multiplicados em documentos orientadores padronizados. Resultado: De acordo com os dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, no ano de 2019 foram registrados 9 óbitos a serem investigados pelo comitê municipal, sendo 3 fetais e 6 neonatais, dos quais foram feitas as discussões em reuniões de 4 casos (2 fetais e 2 neonatais). Os demais não foram discutidos pela ausência das investigações dos outros pontos de atendimento relacionados aos óbitos. Os profissionais da atenção primária à saúde tem maior representação nos encontros e também maior substancialidade na apresentação dos dados e registro de informações. A representação do hospital é incipiente, o que por algumas vezes dificulta a conclusão dos casos por conta do pouco volume de registro e informações. O Núcleo Ampliado de Saúde da Família participa ativamente do comitê para apoiar na construção dos planos de intervenção, como também os demais equipamentos do município conforme haja necessidade como por exemplo o Centro de Referência da Assistência Social, Ministério Público, dentre outros. Considerações finais: Logo, estratégias como o comitê de prevenção da mortalidade são de suma importância para a qualificação da assistência à saúde e fortalecimento da Vigilância à Saúde.

8088 MORTALIDADE MATERNA EM UMA CAPITAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Lerissa Nauana Ferreira, Kátia Fernanda Alves Moreira, Priscilla Perez da Silva Pereira, Dayane Abreu Ribeiro, Marcos Antônio Sales Rodrigues, André Lucas Santana Barbosa

MORTALIDADE MATERNA EM UMA CAPITAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL

Autores: Lerissa Nauana Ferreira, Kátia Fernanda Alves Moreira, Priscilla Perez da Silva Pereira, Dayane Abreu Ribeiro, Marcos Antônio Sales Rodrigues, André Lucas Santana Barbosa

Apresentação: A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a mortalidade materna como a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da mesma, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomada sem relação a ela, porém não devido a causas acidentais ou incidentais. Pode ser subdividida em obstétrica direta e indireta. As estatísticas sobre mortalidade materna têm sido apontadas como o melhor indicador de saúde da população feminina, como indicador de iniquidades e do desenvolvimento socioeconômico de um país, e para melhorar a gestão de políticas públicas voltadas para diminuição dos índices de óbitos maternos. Sua estimativa, seja em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, são mais díspares que qualquer outro indicador de Saúde Pública, pois reflete grandes desigualdades nas condições políticas, econômicas e sociais entre países, nas diferentes regiões do Brasil, entre Estados e entre as cidades. A questão norteadora desse estudo é “Como pode ser caracterizada a mortalidade materna no município de Porto Velho (RO) entre 2012 a 2017”? Destaca-se a relevância deste estudo por estimar a RMM da capital de Rondônia além de contribuir para traçar o perfil da Mortalidade Materna, oferecendo subsídios para nortear ações de promoção e prevenção da saúde reprodutiva da mulher em Porto Velho (RO). Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar a mortalidade materna e sua distribuição em Porto Velho no período de 2012 a 2017. Método:Trata-se de um estudo observacional, descritivo, quantitativo utilizando dados secundários retirados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Os estudos observacionais permitem que a natureza determine o seu curso onde o investigador mede, mas não intervém. Usualmente, estes são baseados em estatísticas de mortalidade e podem analisar a ocorrência de óbitos de acordo com a idade, sexo ou grupo étnico durante um período específico de tempo ou em vários países. A população deste estudo foram mulheres na faixa etária de 10 a 49 anos, consideradas no Brasil como mulheres na idade fértil (MIF), registradas no SIM e residentes no município Porto Velho (RO), no período de 2012 a 2017. Também foram utilizados o número de nascidos vivos no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Cenas) do mesmo período, para realizar o cálculo da RMM. Foram utilizadas as bases de dados secundários cedidos ao Centro de Pesquisa e Estudo em Saúde Coletiva (CEPESCO) pela Agência de Vigilância em Saúde de Rondônia (AGEVISA). Após a coleta, os dados tiveram dupla entrada em planilha eletrônica, posteriormente validada. Em seguida, foram processados no Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 17. Foi levado em conta dados específicos de cada ano, assim como também a variação se considerando dois triênios – de 2012 a 2014, de 2015 a 2017.  Os dados foram descritos em tabelas e gráficos. Nas tabelas e gráficos, os valores foram apresentados em frequências absolutas e/ou relativas e por nível descritivo. O presente estudo é vinculado ao subprojeto “Morbidades em Porto Velho” é constitutivo do projeto matriz intitulado “Estudo sobre morbidades em Rondônia”, aprovado pelo CEP/UNIR sob parecer nº 2.548.115. Resultado: Durante o quinquênio analisado neste estudo foram registrados 1084 óbitos de mulheres em idade fértil, destes, 41 foram óbitos maternos. A Razão de Mortalidade Materna (RMM) foi de 91,5/100.000 nascidos vivos no ano de 2012, 71,8/100.000 nascidos vivos no ano de 2013, 89,5/100.000 nascidos vivos no ano de 2014, 56,3/100.000 nascidos vivos no ano de 2015, 94,8/100.000 nascidos vivos no ano de 2016 e 58,3/100.000 nascidos vivos no ano de 2017. Em contexto geral, a RMM no município de Porto Velho, conforme a OMS, foi classificada como de alta mortalidade, pois permaneceu com um quantitativo de óbitos entre 56,3 a 94,8/100.00NV durante os seis anos de estudo. Em relação ao perfil socioeconômico, predominou mulheres na faixa etária de 20 a 29 anos, com 8 a 11 anos de estudo, da raça preta/parda e com situação conjugal classificado como “outro”. As mortes de mulheres negras, pardas e solteiras devem ter a investigação aprofundada, pois estas compõem um grupo de risco. As causas de morte mais prevalentes, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), encontradas neste estudo foram Doenças infecciosas e parasitárias maternas classificáveis em outra parte, mas que compliquem a gravidez, o parto e o puerpério (098) (22%), Embolia de origem obstétrica (O88) (14,6%) e Eclâmpsia (O15) (9,8%). Ainda ocorreram Infecção puerperal (O85) (7,3%), Infecções do trato geniturinário na gravidez (O23) (7,3%), Hipertensão pré-existente complicando a gravidez, o parto e o puerpério (O10) (7,3%), Hipertensão gestacional [induzida pela gravidez] com proteinúria significativa (O14) (7,3), Falha na tentativa de aborto (O07) (4,9%), Descolamento prematuro de placenta (O45) (4,9%), Anormalidades da contração uterina (O62) (2,4%) e Hemorragia pós-parto (O72) (2,4%). Observa-se nos resultados do triênio 2012-2014 que a principal causa de mortalidade materna são as doenças infecciosas e parasitárias (DIP), dada ainda sua alta frequência cuja maioria é prevenível, se torna preocupante quando sua ocorrência se dá no ciclo gravídico-puerperal, como o triênio estudado. Vale salientar que as três principais DIP que levaram à óbitos as mulheres desse estudo foram as Tuberculose, as Hepatites Virais e as doenças pelo HIV, esta última apresenta sinergia com o estudo de Sombrio et al. (2011), que mostrou que entre as causas indiretas, a mais comum foi a AIDS. No Amazonas, o ano de 2013 contabilizou 50,0% para Doenças Infecciosas e Parasitárias as causas de morte maternas.  No triênio 2015-2017, a principal causa de morte encontrada foi a Embolia de origem obstétrica, seguida de infecção puerperal, sendo estas causas diretas de óbito materno.  Comparando-se os achados desse triênio do estudo, fica evidente a divergência de resultados com vários estudos brasileiros sobre as causas de morte materna, particularmente por causas indiretas. Até porque no Brasil, as doenças do aparelho circulatório são o grupo de maior frequência entre as causas indiretas. Reforça-se a necessidade de investigações de óbitos maternos por causas diretas e indireta. Ações de prevenção da gravidez, com abordagem de planejamento reprodutivo para as mulheres de maior risco, poderiam impactar na redução das causas indiretas de mortes, assim como a atenção oportuna e qualificada à gestante de alto risco. Considerações finais: Este estudo permitiu identificar o perfil dos óbitos maternos nos anos de 2012 a 2017 e conclui que a maioria dos óbitos ocorridos neste período são por causas evitáveis, caso houvesse maior identificação dos fatores de risco de forma precoce e se a assistência obstétrica fosse adequada. Portanto, ainda existem falhas na assistência da mulher durante a gravidez e puerpério. Sendo necessário a implementação de políticas públicas voltadas à saúde da mulher e de medidas de prevenção e promoção à saúde. Esse resultado vem ainda confirmar a permanência de importantes entraves que impossibilitam a redução da RMM no município; entre os quais estão a carência do planejamento familiar, a assistência pré-natal, parto e puerpério inadequados, que acarretam precariedade no atendimento às gestantes e puérperas.

8313 A POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO E A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA PARA O BEM-ESTAR FÍSICO E PSICOLÓGICO MATERNO-INFANTIL
Gabriela Rocha Reis, Laura de Fátima Lobato Silva, Raíssa Costa Reis, Ruth Carolina Leão Costa, Hugo Vinicius Rodrigues da Silva, Alessandra Silva Pantoja, Bruna Larissa Pinto Rodrigues, Emanuelle da Silva Tavares

A POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO E A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA PARA O BEM-ESTAR FÍSICO E PSICOLÓGICO MATERNO-INFANTIL

Autores: Gabriela Rocha Reis, Laura de Fátima Lobato Silva, Raíssa Costa Reis, Ruth Carolina Leão Costa, Hugo Vinicius Rodrigues da Silva, Alessandra Silva Pantoja, Bruna Larissa Pinto Rodrigues, Emanuelle da Silva Tavares

Apresentação: A partir da regulamentação de leis e em vista da qualificação dos profissionais de enfermagem, tal classe é habilitada a realizar cuidados de enfermagem de maior complexidade, que exijam conhecimentos científicos específicos e são capazes de tomar decisões imediatas em benefício à saúde de um paciente e/ou de uma coletividade. Dentre as competências privativas do enfermeiro, é pertinente destacar as medidas de assistência à gestante, parturiente e puérpera, além do acompanhamento desde a evolução, trabalho de parto e assistência ao parto pelo enfermeiro obstétrico, realizando práticas em benefício da mulher e do bebê ao promover o respeito ao processo fisiológico de nascimento. Destarte, políticas públicas e estratégias governamentais, como o programa “Rede Cegonha”, consolidam o direito a um parto seguro e humanizado, para a promoção e garantia à saúde materno-infantil. Os aspectos psicológicos e emocionais também estão demarcados nas recomendações do Ministério da Saúde quanto ao planejamento do parto juntamente a gestante, bem como o local do parto, objetivando o estabelecimento de um ambiente que proporcione acolhimento e segurança à usuária. Dentre os componentes do programa, destaca-se o Centro de Parto Normal (CPN) que é implantado e habilitado em conformidade com o componente “Parto e Nascimento" da Rede e com as diretrizes do Sistema Único de Saúde, tendo sua criação formal a partir da publicação da Resolução do Ministério da Saúde (Portaria nº 985, de 5 de agosto de 1999). Consistem em unidades de assistência ao parto de risco habitual, considerando a necessidade de organização da atenção ao parto em diferentes níveis de complexidade, no intuito de reduzir a mortalidade materno-infantil sendo importante ressaltar que o CPN tem por objetivo resgatar o direito da mulher de dar a luz em um ambiente familiar, com direito a privacidade e à dignidade, sendo esta protagonista do seu parto, ao mesmo tempo que tem sua segurança e a de seu filho garantidas por meio da disponibilização de suporte tecnológico, em caso de eventual necessidade. Posto isso, considerando o cuidado resolutivo e holístico realizado pela Enfermagem Obstétrica, sua atuação frente ao CPN caracteriza os avanços para a melhoria dos atendimentos em saúde e valorização dessa classe profissional. Objetivo: O presente trabalho busca descrever a experiência dos discentes durante a visita técnica ao Centro de Parto Normal. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por dois graduandos de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, os quais realizaram uma visita à primeira Casa de Parto Normal peri-hospitalar da região metropolitana de Belém. No primeiro momento, a estrutura física da casa foi apresentada aos discentes, iniciando pela recepção que possui um mural de fotos com registros autorizados pelas gestantes assistidas na instituição, seguindo para a sala de triagem, a qual é destinada às consultas de enfermagem, contando com recursos para o atendimento das gestantes e parturientes. Em seguida, o posto de enfermagem, o corredor principal, que possui uma parede composta por quadros feitos a partir da pintura das placentas após o parto. O CPN possui cinco quartos privativos de Pré-Parto, Parto e Pós-Parto (PPP), intitulados como “Conforto”, “Amor”, “Bem-Estar”, “Felicidade” e “Segurança”, cada um possui banheiro próprio, maca adaptável e espaço ao ar livre reservado para a deambulação; um dos quartos possui banheira e berço aquecido. Ademais, durante a apresentação dos quartos, foi demonstrada a utilização e os benefícios de algumas tecnologias não farmacológicas para o alívio da dor que estavam presentes em cada espaço, como a bola suíça, barra de Ling, chuveiro de água quente, uso de óleos essenciais, banquetas e bancos do tipo “cavalinho". Por fim, as dependências do centro, como refeitório e sala de descanso da equipe. O CPN também possui o apoio logístico de uma ambulância para a transferência da gestante ou criança, em caso de intercorrências, sendo direcionados ao hospital de referência nas proximidades da casa de parto. Paralelo a isso, a enfermeira apresentou a equipe, sendo duas técnicas de enfermagem, duas enfermeiras obstétricas e um auxiliar de serviços gerais, também destacou suas atribuições no processo de assistência, além de elucidar as etapas da admissão e acompanhamento gestacional, que pode ser realizado a partir da trigésima semana da gestação de risco habitual dando início ao atendimento de enfermagem com consultas periódicas até a sua internação, e posterior alta, vale ressaltar que o acompanhamento gestacional não descaracteriza a vinculação no pré-natal da atenção básica ou na rede suplementar de saúde. É coerente destacar, também, a eficácia do cuidado horizontal prestado nas consultas de enfermagem que antecedem o parto, sendo possível identificar os riscos da gestação, avaliando o histórico de doenças da gestante, além de familiarizá-la e apropriá-la ao seu parto, que deve ser respeitoso, seguro e livre de intervenções desnecessárias. A fim de consolidar um ambiente acolhedor, as enfermeiras do Centro trabalham a ambiência através das fotos, pinturas, encontros com o público-alvo, fortalecendo o vínculo, oferecendo conforto e cuidado sensível aos usuários. Ademais, periodicamente são realizadas rodas de conversa com temáticas voltadas ao trabalho de parto, parto, amamentação, introdução alimentar e demais assuntos destinadas às gestantes e mães com os bebês nascidos no CPN. Tais encontros são valorosos pois favorecem o diálogo centrado na pessoa e nas relações interpessoais, no qual as gestantes podem expressar suas inseguranças e medos advindos dos processos da gravidez. Os encontros proporcionam o fortalecimento emocional das mulheres e um impacto positivo quanto a ansiedade vivenciada no momento do parto. Resultado: Nesse sentido, identificou-se que a instituição e os profissionais da equipe incentivam o bem-estar da mulher através do arcabouço de princípios e práticas realizadas no CPN, visto que proporcionam um atendimento individualizado e respeitoso à gestante e sua família, aliando os conhecimentos científicos à sensibilidade de priorizar a liberdade e segurança da gestante no momento do parto. Com a assistência humanizada também é possível realizar o manejo da dor através de métodos não farmacológicos e ofertar à parturiente um ambiente familiar, que propicie sua desenvoltura e autonomia diante das contrações, desmistificando os ideais desencorajadores sobre o parto normal. Diante disso, é possível que a criança permaneça mais tempo conectada à mãe, de forma a respeitar sua fisiologia, promover um aleitamento sem estressores e contribuir para a saúde do recém nascido, impactos significativos para o crescimento da criança. No que concerne à atuação do enfermeiro obstétrico, destacam-se valores observados com os quais a assistência é prestada no Centro, a exemplo da efetividade e responsabilidade, com o objetivo de garantir a integralidade do cuidado durante as últimas semanas da gestação, no parto e no nascimento; valorizar a usuária, sua cultura e escolhas, apropriá-la dos seus direitos, além de fortalecer o cenário de melhorias ao atendimento de saúde, o que reflete em retornos positivos da comunidade sobre a assistência oferecida na instituição. Considerações finais: Sendo assim, o trabalho realizado pela Enfermagem Obstétrica nos Centros de Parto Normal contribui positivamente para o cenário nacional no fortalecimento das estratégias de melhoria à saúde materno-infantil, além de corroborar os benefícios da assistência humanizada para qualidade de vida do público em questão.

8431 MULHERES MARAVILHA: IMPORTÂNCIA DE GRUPO DE APOIO PARA MULHERES MASTECTOMIZADAS
Tatiana de Gouvêa Martins, Mayara Santos Medeiros da Silva Campos, Kyvia Raissa Bezerra Teixeira, Luiz Henrique Da Silva Inácio, Adrielle Santana Marques Bahiano, Thamires Nunes Da Silva Lima, Ana Paula Daltro Leal de Paiva

MULHERES MARAVILHA: IMPORTÂNCIA DE GRUPO DE APOIO PARA MULHERES MASTECTOMIZADAS

Autores: Tatiana de Gouvêa Martins, Mayara Santos Medeiros da Silva Campos, Kyvia Raissa Bezerra Teixeira, Luiz Henrique Da Silva Inácio, Adrielle Santana Marques Bahiano, Thamires Nunes Da Silva Lima, Ana Paula Daltro Leal de Paiva

Apresentação: O câncer de mama possui na maioria dos grupos sociais uma conotação moral/religiosa como doença punitiva e fatal, principalmente por continuar a ser o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil. Diante desse cenário os grupos de apoio caracterizam-se com importante ferramenta de suporte social a medida em que funcionam como sustentáculo na continuidade do processo de recuperação e adaptação à nova condição de vida. Objetivo: Conscientizar sobre a importância de grupo de apoios diante de situações difíceis como o diagnóstico de câncer de mama. Desenvolvimento: A atividade foi desenvolvida por Residentes de Enfermagem em conjunto com as Enfermeiras do Serviço de Educação Permanente Multidisciplinar de um hospital público do Estado do Rio de Janeiro, em abril de 2019, com um grupo de apoio a mulheres mastectomizadas e seus familiares por meio de uma dinâmica denominada “eu sou um super-herói”. A execução se deu por meio da distribuição de braceletes da personagem mulher maravilha, seguido da pergunta: se você fosse um super-herói, que poder gostaria de ter para ajudar o próximo? Resultado: Todos os integrantes do grupo se envolveram na dinâmica, que contou com 40 participantes. As falas versaram em sua maioria e principalmente sobre empatia, igualdade e amor ao próximo. Outras respostas disseram respeito à melhora no acesso a saúde, medicamentos, saúde para todos e aumento de salário. O preconceito foi outro ponto destacado. Considerações finais: A dinâmica possibilitou a reflexão sobre cada indivíduo ter o poder de ajudar ao próximo. Pôde-se perceber a preocupação dos participantes com as dificuldades do outro, demonstrando a influência e a importância de grupos de apoio que podem potencializar competências e habilidades de mulheres que vivenciam essa situação à medida que permite a troca de experiências, o distanciamento da exclusão social, além da troca de informações acerca da doença, tratamento e processo de recuperação.

9701 MULHERIDADES: A CONSTITUIÇÃO DE UM GRUPO DE TRABALHO NA PERSPECTIVA DA CLÍNICA FEMINISTA NO MARCO DE UM SERVIÇO-ESCOLA DE PSICOLOGIA
Marília Spinelli Jacoby Cunda, Janaína Oliveira Steiger, Larissa Ramos da Silva, Ana Gabriela Athayde Redlich, Lia Aguirre Silveira da Rosa, Thais Gomes de Oliveira, Barbara Refosco Marques, Natália Rossato Crasoves

MULHERIDADES: A CONSTITUIÇÃO DE UM GRUPO DE TRABALHO NA PERSPECTIVA DA CLÍNICA FEMINISTA NO MARCO DE UM SERVIÇO-ESCOLA DE PSICOLOGIA

Autores: Marília Spinelli Jacoby Cunda, Janaína Oliveira Steiger, Larissa Ramos da Silva, Ana Gabriela Athayde Redlich, Lia Aguirre Silveira da Rosa, Thais Gomes de Oliveira, Barbara Refosco Marques, Natália Rossato Crasoves

Apresentação: O presente trabalho busca contornar uma narrativa em torno da história de constituição de um grupo de trabalho reunindo, essencialmente, profissionais e estudantes mulheres de um serviço-escola de Psicologia no Rio Grande do Sul, fortemente atravessado pela teoria psicanalítica enquanto arcabouço teórico-conceitual. Desenvolvimento: Ao longo do ano de 2019, um coletivo de estudantes e profissionais mulheres da Clínica de Atendimento Psicológico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul buscou construir um espaço de reflexão acerca do ser mulher na cultura, tomando em perspectiva os atravessamentos sócio-políticos e a realidade das desigualdades e violências de gênero relacionadas. Para tal, partiram da formação de um grupo semanal onde as experiências singulares da história de vida de cada uma puderam fazer-se ouvir para, a seguir, tomar como questão as histórias de vida de mulheres que nos chegam cotidianamente para atendimento psicológico e diferentes estratégias de cuidado e intervenção em diversos âmbitos: da ampliação de dispositivos clínicos; das conexões com a rede de saúde, educação e assistência social; da necessidade de promoção de espaços de educação permanente na temática de uma clínica na perspectiva do feminismo interseccional – considerando os articuladores de raça, gênero e classe. Resultado: e / ou impactos: os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa: Percebemos que a constituição do referido grupo de trabalho outorgou lugar a uma discussão urgente e necessária, reunindo progressivamente um número maior de mulheres da Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS em seus encontros semanais. Como um interessante efeito destes tempos iniciais de produção organizou-se, no segundo semestre de 2019, a I Jornada Mulheridades: Clínica, História e Política, reunindo estudantes e profissionais que compartilharam suas produções intelectuais nas seguintes temáticas: história da mulher na teoria psicanalítica; impasses da maternidade na cultura contemporânea; feminismo negro; desigualdades e violências de gênero. Ainda, decantamos a necessidade de seguir promovendo espaços sistemáticos de formação técnica e teórica em torno ao olhar possível de uma clínica feminista para a equipe de terapeutas da Clínica, bem como a invenção de novos dispositivos de cuidado, também a serem realizados em diferentes contextos e locais da cidade de Porto Alegre. Considerações finais: O presente trabalho, ao tencionar contar a história da constituição do “grupo de trabalho Mulheridades”, que neste ano de 2020 passará a constar enquanto programa de extensão permanente em nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul, acolhe um duplo movimento: olhar para o percurso já realizado - e, ao tomá-lo enquanto narrativa compartilhada, buscar fortalecer o terreno desde onde novas e necessárias produções na referida temática tenham lugar no contexto de escuta e cuidado às mulheres.

9961 DESAFIOS PROFISSIONAIS PARA EFETIVIDADE DO ALEITAMENTO MATERNO: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
ROSALICE ARAÚJO DE SOUSA ALBUQUERQUE, Ilvana Lima Verde Gomes, Antonio Rodrigues Ferreira Júnior, Maria Aline Alves Pereira, Hermínia Maria Sousa da Ponte, Juliana Araújo Mesquita, Larisse Araújo de Sousa, Édina Maria Araújo

DESAFIOS PROFISSIONAIS PARA EFETIVIDADE DO ALEITAMENTO MATERNO: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

Autores: ROSALICE ARAÚJO DE SOUSA ALBUQUERQUE, Ilvana Lima Verde Gomes, Antonio Rodrigues Ferreira Júnior, Maria Aline Alves Pereira, Hermínia Maria Sousa da Ponte, Juliana Araújo Mesquita, Larisse Araújo de Sousa, Édina Maria Araújo

Apresentação: O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e inúmeras são suas vantagens. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o leite materno seja o único alimento infantil até o 6º mês de vida da criança, sendo seu uso recomendado até o 24º mês ou mais, mas em combinação com outros alimentos. Objetiva-se neste âmbito contextualizar os desafios dos profissionais para a efetividade do aleitamento materno. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, do tipo bibliográfico, onde realizou-se um levantamento teórico no período de junho a agosto de 2019 com evidências científicas através de artigos publicados na Biblioteca Virtual em Saúde, utilizado como instrumento de coleta de dados um formulário especifico adaptado pelos autores. A seleção preliminar resultou em 31 publicações relacionadas ao tema, no entanto após leitura flutuante foram utilizados 13 trabalhos científicos para compor o referencial. O processo da análise do estudo foi direcionado a partir da análise de conteúdo de Minayo. As informações obtidas pela pesquisa bibliográfica foram organizadas em forma de quadros e discutidas de acordo com a literatura pertinente, respeitando a legislação dos direitos autorais seguindo a regulamentação da lei nº 9.610 de fevereiro de 1998. Os resultados evidenciaram vários desafios presentes na efetivação do aleitamento materno, como falta de capacitação profissional, disponibilidade de tempo durante as consultas de pré-natal, ações diretas promotivas e assíduas de estímulos a prática do aleitamento materno e ausência de sensibilidade da gestão de saúde responsável por essa área. Observa-se que os profissionais devem estar cientes do papel que devem exercer, das informações acerca da orientação que devem transmitir e da importância do aleitamento materno e suas vantagens para a mulher e para a criança. O aleitamento materno é indiscutivelmente o melhor alimento para a criança, considerado como o primeiro estilo de vida saudável que refletirá seus benefícios até a fase adulta. Espera-se que o estudo contribua para que os profissionais compreendam a importância de identificar os motivos que podem levar as dificuldades das mães amamentarem seus filhos, para que, com base nos resultados do presente estudo, estes possam oferecer uma assistência de qualidade desde o pré-natal, esclarecendo suas dúvidas, transmitindo-lhes segurança e aumentando sua confiança no ato de amamentar.

9979 PRODUÇÃO DO CUIDADO NO ALOJAMENTO CONJUNTO: PERCEPÇÕES MATERNAS ACERCA DO USO DO COMPLEMENTO
Marlucia Candido de Oliveira Rodrigues, Cleydson Assis Coelho, Cristiane Vanessa da Silva, Dibulo Ferreira Abrão, Danielli Oliveira Ciuffo

PRODUÇÃO DO CUIDADO NO ALOJAMENTO CONJUNTO: PERCEPÇÕES MATERNAS ACERCA DO USO DO COMPLEMENTO

Autores: Marlucia Candido de Oliveira Rodrigues, Cleydson Assis Coelho, Cristiane Vanessa da Silva, Dibulo Ferreira Abrão, Danielli Oliveira Ciuffo

O Aleitamento Materno Exclusivo até o sexto mês de vida é preconizado mundialmente em função dos seus inúmeros benefícios, tanto para o bebê quanto para sua mãe. O leite materno é considerado um alimento completo que propicia o crescimento e desenvolvimento saudáveis a partir de proteção imunológica, dos macronutrientes em quantidade e qualidade adequadas a absorção intestinal do bebê, além dos benefícios psicológicos, emocionais, econômicos, práticos e de higiene, aspectos que corroboram para redução da morbimortalidade infantil. Como medida para incentivar o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida, o Ministério da Saúde recomenda não oferecer aos recém nascidos bebida ou alimento que não seja leite materno, a não ser que seja por indicação médica. Buscando contribuir para o processo de produção de um cuidado qualificado ao lidar com o uso do complemento no alojamento conjunto, buscamos ouvir mães que utilizaram esse recurso alimentar nos primeiros dias de vida do seu recém nascido, tendo como objetivo: Refletir a produção do cuidado no alojamento conjunto, a luz das percepções maternas acerca do uso do complemento. Trata-se de um estudo descrito com abordagem qualitativa que entrevistou 20 mulheres com recém nascidos internados no alojamento conjunto, de uma maternidade do municípios do Rio de janeiro, nos meses de julho e agosto de 2019. Os princípios éticos foram respeitados e a pesquisa foi aprovada no Comitê de ética sob o CAEE: 14018419400005269. Realizou-se análise temática. As mães relataram que o uso do complemento, inicialmente, promove insegurança, especialmente pela falta de orientação quanto a sua prescrição. 64,3% souberam, ao logo da internação, o motivo pelo qual seu filho estava recebendo o complemento. Esse adiamento de informações provocou sentimentos ambíguos, como impotência, tristeza, incapacidade, por outro lado, citaram alegria e felicidade por não permitir que seu filho ficasse com fome. A falta de informação produziu discursos como leite fraco, auto culpabilização, além de estranharem essa conduta por saberem, previamente, através de mídias e grupo pré-natal que o aleitamento materno deveria ser exclusivo desde o nascimento.  Concluímos que a produção do cuidado no alojamento conjunto, em função do uso do complemento alimentar, deve incluir um processo contínuo de informações, desde o primeiro momento em que é necessário o uso desse recurso. A equipe multiprofissional deve atuar conjuntamente no esclarecimento da necessidade do uso do complemento gerando segurança para que essa mulher continue se sentindo capaz para continuar a amamentação exclusiva por seis meses. O uso dessa prática deve ser esclarecido como algo temporário e auxiliar ao êxito do processo de amamentação exclusiva.

10317 CRIAÇÃO DE UM FERRAMENTA FACILITADORA NO PROCESSO DE BUSCA ATIVA COMO MEDIDADA DE PREVENÇÃO DO CANCER DO COLO DE UTERO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
ADRIELLY CRISTINY FONSECA MENDONÇA, DANIEL LUCAS COSTA MONTEIRO, LUCIANA EMANUELLE DE AVIZ, JESSICA DE SOUZA PEREIRA, DANDARA DE FÁTIMA RIBEIRO BENDELAQUE, EMILY MANUELLI MENDONÇA SENA, VIVIANE FERRAZ FERREIRA DE AGUIAR

CRIAÇÃO DE UM FERRAMENTA FACILITADORA NO PROCESSO DE BUSCA ATIVA COMO MEDIDADA DE PREVENÇÃO DO CANCER DO COLO DE UTERO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: ADRIELLY CRISTINY FONSECA MENDONÇA, DANIEL LUCAS COSTA MONTEIRO, LUCIANA EMANUELLE DE AVIZ, JESSICA DE SOUZA PEREIRA, DANDARA DE FÁTIMA RIBEIRO BENDELAQUE, EMILY MANUELLI MENDONÇA SENA, VIVIANE FERRAZ FERREIRA DE AGUIAR

Apresentação: No Brasil, o câncer de colo de útero (CCU) apresenta-se como a segunda neoplasia mais prevalente entre o público feminino, atrás apenas do câncer de mama, responsável por milhares de mortes anuais. O desenvolvimento do CCU ocasiona lesões graves em um intervalo que varia de 10 a 20 anos, e a terapêutica, apesar dos progressos tecnológicos, tem maior eficácia nos estágios iniciais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se providências de prevenção para o seu controle não forem tomadas, o câncer conquistara o primeiro lugar em mortalidade, preferencialmente em países subdesenvolvidos. Entre os tipos de câncer existentes o CCU apresenta um dos mais altos potenciais de cura e prevenção, chegando perto de 100%, quando diagnosticado no estágio primário da enfermidade. A elevada capacidade de prevenção e cura se explica pelo progresso demorado da patologia, com fases bem determinadas e facilidade de identificar precocemente as modificações, propiciando diagnóstico rápido e terapêutica eficaz. A descoberta precoce da neoplasia e de suas lesões precursoras se dá pelo exame Papanicolau, que é um teste ginecológico de citologia cervical efetuado para identificar modificações e lesões precursoras da patologia, como maneira de descoberta precoce do câncer. É um teste fácil, claro, eficiente e de baixo custo que proporciona um rastreamento de até 80 % dos casos de CCU. O teste deve ser realizado em mulheres com vida sexual ativa, tendo como prioridade aquelas pertencentes a faixa etária de 25 a 64 anos, determinada como população alvo, sendo essas idades explicadas pela maior quantidade de casos de lesões pré-malignas de alto grau, sujeitas a terapêutica e não desenvolvimento para o câncer. Para realização do diagnóstico precoce de maneira eficaz, é necessária a implantação de programas organizados de rastreamento, com alta efetividade e menor custo possível que auxiliam na redução das taxas de incidência e, consequentemente, de mortalidade por CCU, visto que, a detecção precoce (rastreamento) do câncer em mulheres assintomáticas é a iniciativa primordial para prevenção dessa neoplasia. Nesse contexto, temos que, uma das várias atribuições da unidade básica de saúde (UBS) é a coleta de material para o exame Papanicolau, que deve ser feito rotineiramente, conforme preconização do Ministério da Saúde (MS). Sabe-se, entretanto, que muitas mulheres negligenciam a coleta do exame ficando longos intervalos sem se submeterem ao teste. Assim, uma maneira de contornar essa situação seria a busca ativa das mulheres para realização de um novo exame de prevenção do CCU. Dessa maneira, o trabalho teve como objetivo relatar sobre a experiencia da elaboração de um formulário como ferramenta facilitadora do processo de busca ativa de para prevenção do câncer do colo uterino. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo relato de experiência, realizada por acadêmicos de enfermagem e medicina de uma instituição Privada de Ensino, no período de 10 à 15 de novembro de 2019. A ação foi realizada em uma UBS, na cidade de Belém (PA). O público-alvo são todas a mulheres que realizam o exame de prevenção na unidade. Dessa maneira, para elaboração da ferramenta facilitadora foram necessários três momentos: I- Levantamento de dados, onde foi realizada um levantamento de informações sobre a assiduidade das mulheres do território na procura do exame Papanicolau. Desse modo, verificou-se a necessidade de contornar a baixa adesão ao preventivo. II- Plano operativo, entendido como uma forma de sistematizar propostas de solução para o enfrentamento do problema em questão, onde ocorreu uma reunião com todas as pessoas envolvidas no planejamento e foi definido por consenso a divisão de responsabilidades por operação e os prazos para a realização do produto, a criação de um formulário. III-Produção da ferramenta facilitadora, constituiu em criar um formulário específico para o exame e agrupar cada ficha em um fichário dividido em ordem alfabética em que cada formulário conta com cabeçalho (nome da paciente, data de nascimento, cartão nacional de saúde (CNS), endereço e telefone), além de, em seu corpo do texto abranger áreas que contêm: Data, Citologia, Avaliação do colo do útero e resultado do exame. Após a paciente realizar o exame sua ficha é arquivada manualmente ao fichário de acordo com: ordem alfabética e formulário finalizado ou em aberto. Cada formulário em aberto, ou seja, que esteja sem assinatura de que a paciente voltou para receber o resultado do exame, será guardado em sacos organizadores de maneira que, haja uma separação das pacientes que estão em dia com o exame preventivo e as que necessitam ter uma maior assiduidade na coleta do Papanicolau. Resultado: Observou-se que a antiga ferramenta, livro de registro, promovia uma descontinuidade do cuidado em relação as pacientes que realizavam o exame devido os resultados de cada paciente estarem dispersos em um caderno repleto de anotações confusas, além de não promover uma adesão adequada ao que MS preconiza. Dessa maneira, a utilização da nova ferramenta, possibilitou a continuidade do cuidado, o que mostra sua significância de interferir na população evitando assim, diagnósticos tardios e tratamentos traumáticos ou até mesmo impossibilidade de cura. Esta tecnologia desenvolvida permite a unificação e facilitação do acompanhamento de cada mulher, tendo em vista a forma que está organizado, possibilitando avaliar a evolução da paciente. Assim, o formulário promove uma análise de cada mulher para saber quando foram realizados os últimos exames preventivos bem como os resultado deles, e a partir daí, determinar a frequência dos próximos exames, facilitando a marcação dos preventivos e busca ativa, assim evitando o diagnóstico tardio do câncer de colo uterino. Considerações finais: Diante disso, evidenciou-se que com organização e dedicação é possível que o maior número de mulheres realize o exame citopatológico do colo uterino, como método efetivo de prevenção e detecção precoce do CCU. Possibilitou, ainda, refletir sobre as estratégias utilizadas para facilitar o acesso das mulheres à coleta do exame, como também compreender os principais fatores que interferem nesse processo. Portanto, fica evidente que os profissionais da saúde são responsáveis dentro da atenção primária, por serem capaz de analisar as dificuldades encontradas para a realização do exame e, pode buscar soluções adequadas através de uma postura crítico-reflexiva para a busca de uma assistência mais humanizada.

6221 DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUA RELAÇÃO COM AS CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS E COMPORTAMENTAIS DA PUÉRPERA
Maria Luiza Cunha Santos, Franciéle Marabotti Costa Leite, Ranielle de Paula Silva, Dherik Fraga Santos

DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUA RELAÇÃO COM AS CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS E COMPORTAMENTAIS DA PUÉRPERA

Autores: Maria Luiza Cunha Santos, Franciéle Marabotti Costa Leite, Ranielle de Paula Silva, Dherik Fraga Santos

Apresentação: A Depressão Pós-parto (DPP) é um importante problema de saúde pública que vem sendo associado a diferentes fatores, dentre os quais as características socioeconômicas e comportamentais. Vale ressaltar os fatores associados às maiores prevalências de DPP, que são mulheres de menor escolaridade, menor nível socioeconômico que não residem com o companheiro, e com histórico de uso de álcool/tabaco. Além disso, percebe-se que os companheiros de mulheres que apresentam DPP podem ser mais susceptíveis a desenvolver quadros clínicos de depressão. Diante do exposto a presente pesquisa teve por objetivo identificar a relação entre os sinais e sintomas de depressão pós-parto e as características sociodemográficas e comportamentais de puérperas. Desenvolvimento: Estudo epidemiológico, descritivo, observacional, realizado no período de agosto a outubro de 2017, em uma maternidade de baixo risco, no município de Cariacica, Espírito Santo. Para serem inclusas no estudo, as puérperas deviam atender os seguintes critérios: mínimo 24h de pós-parto, feto vivo (acima de 500 gramas) e ter tido parceiro íntimo durante a gestação. Nesse sentido, após o cálculo a amostra foi composta por 330 puérperas. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionário por entrevistadoras, do sexo feminino, previamente treinadas. A fim de identificar os sinais e sintomas de DPP, foi utilizado o questionário original da Edimburgo Pós-natal Depression Scale, com perguntas sobre como a mulher se sentiu nos últimos sete dias, como sentir prazer nas atividades do dia a dia, culpa, tristeza, ansiedade ou preocupação, dificuldade para dormir e se pensou em fazer mal a si mesma. Para verificar as características socioeconômicas (escolaridade; situação conjugal; religião e renda familiar) e comportamentais (uso de contraceptivos, número de parceiros e uso de medicamentos para dormir), foi aplicado um formulário próprio. Foi realizada análise descritiva dos dados através do STATA 13.0. Resultado: Nota-se que dentre as características das puérperas estiveram relacionadas às maiores frequências de sinais e sintomas de DPP: ter idade entre 14 a 24 anos, estar solteira, ter até oito anos de estudo, renda familiar de até um salário mínimo, ter tido três parceiros ou mais no último ano e a não utilização de contraceptivos (p& ;lt; 0,05) Considerações finais: A presente pesquisa mostrou que determinadas características sociodemográficas e comportamentais estão relacionadas às maiores prevalência de sinais e sintomas de DPP. Tendo em vista o exposto, vale pontuar a importância do acompanhamento que deve ser dado pela equipe de saúde a essa puérpera no período pré e pós parto, para o rastreamento dos sinais e sintomas de depressão, levando em consideração os dados apresentados por produções científicas, que permitem o planejamento de um cuidado eficaz, acarretando na diminuição de seu agravo e acompanhamento para as mulheres que já o apresentarem, trazendo melhora de qualidade de vida para essas mulheres e suas famílias.