358: Contribuições da Pós Graduação e a Qualificação de Preceptores no Cotidiano da Rede SUS
Debatedor: Cleide Gonçalo Rufino
Data: 29/10/2020    Local: Sala 02 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
9391 CONSTRUINDO PONTES: FORMANDO PROFISSIONAIS PESQUISADORES (RELATO DE EXPERIÊNCIA)
Uliana Pontes Vieira, Cristiano Salles Rodrigues, Luciara Leiros Dos Santos Lima Vasconcelos, Rodrigo Lousada, Paula Ingrid Alves da Silva

CONSTRUINDO PONTES: FORMANDO PROFISSIONAIS PESQUISADORES (RELATO DE EXPERIÊNCIA)

Autores: Uliana Pontes Vieira, Cristiano Salles Rodrigues, Luciara Leiros Dos Santos Lima Vasconcelos, Rodrigo Lousada, Paula Ingrid Alves da Silva

Apresentação: Visando incentivar a formação de mestres e doutores na região de Macaé, entre profissionais da Saúde, o projeto de extensão Construindo Pontes, no âmbito da Universidade Federal do Rio de Janeiro – campus Macaé, lançou em 2019 um braço independente: série de eventos extensionistas, com o objetivo de estimular a produção científica e o interesse pelas carreiras docente e de pesquisa, entre profissionais do SUS. Desenvolvimento: Ao longo de 10 anos de atuação na cidade, foi percebida a necessidade de estimular a formação continuada e a cultura da pesquisa em saúde entre os profissionais da rede SUS da região, de maneira a fortalecer a integração ensino-serviço-pesquisa e a ampliação do corpo docente valorizando a participação de pessoas que já trabalham e conhecem a região e suas características epidemiológicas, sociais e culturais. Percebeu-se também que muitos profissionais, com relevante atuação na clínica e na gestão, careciam de informações e incentivos para participar e desenvolver projetos de pesquisa ou ingressar em cursos de pós-graduação, principalmente, stricto sensu. Ações isoladas sobre temas como Pesquisa em Saúde e uso de evidências científicas obtinham interesse e atenção deste público. O Construindo Pontes já buscava aproximar a universidade da gestão e do cuidado em saúde, por meio de ações diversas sobre informação, mídia, cultura e saúde e decidiu-se criar, em 2019, um projeto específico para profissionais de saúde do SUS para a oferta de eventos de atualização e formação continuada, no formato de seminários e mesas redondas sobre o tema "pesquisa em saúde", abordando aspectos como elaboração de projeto de pesquisa, programas de pós graduação, currículo Lattes, Comitê de Ética em Pesquisa. No mesmo ano, o Programa de Residência Médica da Prefeitura de Macaé interessou-se pelas atividades, que passaram a integrar o cronograma de aulas dos residentes. Estas aulas são abertas ao público e dão ênfase às questões referentes a elaboração dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos residentes, que também colaboram com a proposta de temas que colaboram para a construção de uma cultura de pesquisa em saúde e divulgação científica na região. Resultado: Os eventos são presenciais, gratuitos e abertos ao público em geral, sendo direcionado a profissionais de saúde do SUS. Utiliza-se o formato de seminário, com cerca de 2 horas de duração. Ao longo de 2019 foram realizados quatro encontros, sendo dois no âmbito da parceria com o Programa de Residência Médica da Prefeitura de Macaé, totalizando mais de 100 participantes. A divulgação é realizada por meio de folderes digitais, disponibilizados nas redes sociais do projeto e de profissionais da região. Para 2020, já estão previstos três eventos, sobre os temas: elaboração de projeto de pesquisa, relato de caso clínico e informação e cuidado em saúde na era digital. Considerações finais: Espera-se consolidar uma cultura de produção e divulgação científica em saúde, que virá a fortalecer a rede SUS e também o ensino e a pesquisa, em especial das Instituições Federais de Ensino, na cidade de Macaé e região.

10206 AS RELAÇÕES DOS PRODUTOS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DO MESTRADO PROFISSIONAL NA ÁREA DE ENFERMAGEM COM AS NECESSIDADES DE SAÚDE
Rejane Eleuterio Ferreira, Cláudia Mara de Melo Tavares

AS RELAÇÕES DOS PRODUTOS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DO MESTRADO PROFISSIONAL NA ÁREA DE ENFERMAGEM COM AS NECESSIDADES DE SAÚDE

Autores: Rejane Eleuterio Ferreira, Cláudia Mara de Melo Tavares

Apresentação: O mestrado profissional tem como singularidade incentivar o aluno a criação de novos produtos e serviços cuja aplicação resulte em melhorias para a saúde da população. A produção tecnológica é uma de suas principais características. Sendo assim o objetivo desse estudo é relacionar as produções tecnológicas desenvolvidas pelos alunos do mestrado profissional na área da enfermagem com as necessidades de saúde da população seguindo como parâmetros a taxonomia das necessidades de saúde propostas por Matsumoto e Cecílio. Segundo essa taxonomia as necessidades de saúde são classificadas em: Necessidades de boas condições de vida; Necessidades de garantir acesso ao consumo de tecnologias de saúde capazes de melhorar e prolongar a vida; Necessidade de criação de vínculos efetivos entre cada usuário e uma equipe e/ou um profissional; Necessidade de cada pessoa ter graus crescentes de autonomia no seu modo de andar a vida. Tal taxonomia coloca em questão elementos para o entendimento da realidade a partir da perspectiva dos sujeitos imersos em sociedade, por entendê-los como potencialmente repletos de inúmeras necessidades na conduta da vida. Método: Trata-se de uma pesquisa documental em fontes primárias. Os documentos analisados foram 100 trabalhos de conclusão de curso de enfermeiros egressos de três programas de mestrado profissional na área da Enfermagem do Rio de Janeiro. Como critério de inclusão foram definidos: trabalhos de conclusão de curso de enfermeiro egresso do mestrado profissional que tenham obtido o título no período de avaliação do último quadriênio da CAPES (2013 a 2016). Os critérios de exclusão estabelecidos foram: trabalhos de conclusão que tenham produtos sob sigilo e/ou em processo de patente. A busca foi realizada 2018, norteada pela seguinte questão: “Como as produções tecnológicas desenvolvidas no âmbito do mestrado profissional na área da enfermagem, se relacionam com as necessidades de saúde segundo a taxonomia das necessidades de saúde de Matsumoto e Cecílio?” Os dados foram coletados por meio de um roteiro estruturado, que permitiu a obtenção de informações sobre as seguintes variáveis: título; objeto; problema de pesquisa; objetivos; tipologia; cenário e sujeitos a quem se destina o produto. Esses conteúdos foram organizados em planilha de Excel. A análise dos dados deu-se a partir da construção de um quadro que categorizou os produtos de acordo com a tipologia, o contexto, o tipo de tecnologia e as necessidades de saúde segundo a taxonomia de Matsumoto e Cecilio. Vale ressaltar que a pesquisa documental utilizou informações de domínio público e, por não envolver seres humanos diretamente na coleta dos dados, não houve exigência de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. A avaliação dos trabalhos e a caracterização dos produtos mantiveram o anonimato dos autores e instituições. Resultado e Discussão Dentro da taxonomia, a necessidade de saúde que teve mais produção tecnológica foi “garantia de acesso a todas as tecnologias que melhorem e prolonguem a vida”, representando 55%. As principais produções tecnológicas desenvolvidas que atendiam essa necessidade foram: protocolo, manual, formulário, instrumento de checagem, instrumento de avaliação, roteiro de orientação, plano de ação, subconjunto de terminologia CIPE, diagnóstico de NANDA, resolução de COFEN e ferramenta computacional. As necessidades de garantia de tecnologia não foram atendidas com criação de tecnologias duras, como equipamentos e infraestrutura, mais sim tecnologias leve e leve-dura investindo em habilidades relacionais, e ações programáticas e práticas. O principal problema investigado estava relacionado à sistematização da assistência de enfermagem. Tal necessidade busca prestar uma assistência de modo ordenado, organizando e gerenciando recursos para uma assistência qualificada e segura. A garantia de acesso a todas as tecnologias que melhorem e prolonguem a vida estava presente nos produtos com proposta na educação continuada, em que a maioria das produções tecnológicas tinha o objetivo de capacitar e fortalecer a equipe de trabalho com reflexão, críticas e resolução de problemas específicos de um perfil de sujeitos atendidos no cenário estudado. Igualmente pode ser vista na criação de terminologias com objetivos de uma linguagem unificada que facilite a documentação da prática da enfermagem, proporcionando um cuidado baseado em evidência. A segunda necessidade de saúde que mais teve produções tecnológicas foi a necessidade de autonomia e autocuidados com 16%, em seguida a necessidades de vínculo com o profissional e/ou equipe com 7%. A necessidade de boas condições de vida tiveram apenas 2% das produções As principais produções tecnológicas desenvolvidas que atendiam a necessidade de autonomia foram: jogos educativos, simuladores realísticos, cartilhas, folders, vídeos, blogs e protocolos. A necessidade de investir na autonomia do sujeito tem sido objeto de investigação de pesquisas, com objetivo de o indivíduo ter o poder e a habilidade de decidir ou agir sobre si próprio. As produções tecnológicas desenvolvidas no mestrado profissional objetivam diminuir as internações hospitalares e promover autonomia e segurança para os pacientes e familiares desenvolverem tratamentos e recuperação em seus domicílios, proporcionando autonomia para desenvolver o autocuidado. A necessidade de se estabelecer vínculo com os profissionais da saúde foi uma iniciativa que precisou de uma análise mais cautelosa, pois os problemas estudados eram muito semelhantes aos problemas que atendiam à necessidade de autonomia. Segundo um dos autores que propõem a taxonomia adotada neste estudo, o vínculo do usuário com o profissional ou equipe de saúde potencializa a transformação da prática diária e valoriza a construção de sujeitos autônomos. As principais tecnologias desenvolvidas para a necessidade de vínculo foram: grupo de reflexão e vídeo de sensibilização para os funcionários, que apesar de ser uma atividade de educação permanente, teve como foco a sensibilização dos profissionais através da empatia, estabelecendo vínculo com familiares e pacientes com diagnóstico de HIV/AIDS, obesidade mórbida, dependentes químicos e pacientes críticos. Salas de espera com ambiente acolhedor e humanizado para pacientes e familiares, objetivando não só o vínculo como também a educação em saúde, promovendo autonomia, cuidado e conhecimento. Roteiro para monitoramento por telefone e aplicativo para que o paciente possa realizar seu tratamento em domicílio, contendo acesso à equipe de saúde. Alguns produtos não atendiam diretamente as necessidades de saúde proposta na taxonomia, 5% das produções tecnológicas desenvolvidas visavam a proteção do trabalhador no exercício da profissão e 15% a necessidade de qualificação profissional/formação. Essa ultima necessidade foi a terceira com mais produtos e teve foco na educação profissionalizante. As principais produções tecnológicas foram: diretrizes, oficinas e vídeos. Os principais objetivos das produções tecnológicas eram capacitação pedagógica aos enfermeiros preceptores e qualificação para os graduandos e para os residentes de Enfermagem. Considerações finais: O estudo objetivou relacionar os produtos desenvolvidos no mestrado profissional na área de enfermagem com as necessidades de saúde da população. Seguindo como parâmetro a taxonomia das necessidades de saúde, verificou-se que a principal tecnologia desenvolvida pelos alunos foi a necessidade de garantir acesso ao consumo de tecnologias de saúde capazes de melhorar e prolongar a vida. As principais tecnologias desenvolvidas foram as leves e leve-duras investindo em habilidades relacionais, e ações programáticas e práticas. O principal problema investigado estava relacionado à sistematização da assistência de enfermagem. Tal necessidade busca prestar uma assistência de modo ordenado, organizando e gerenciando recursos para uma assistência qualificada e segura. As demais necessidades como estabelecimento de vinculo, autonomia e boas condições de vida tiveram poucas produções.

10586 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA FORMAÇÃO MULTIPROFISSIONAL - NOVAS INSTITUCIONALIDADES E PARTICIPAÇÃO COLETIVA.
Jacinta de Fatima Senna da Silva, Etel Matielo, Gislei Siqueira Knierim, Osvaldo Peralta Bonetti

A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA FORMAÇÃO MULTIPROFISSIONAL - NOVAS INSTITUCIONALIDADES E PARTICIPAÇÃO COLETIVA.

Autores: Jacinta de Fatima Senna da Silva, Etel Matielo, Gislei Siqueira Knierim, Osvaldo Peralta Bonetti

Apresentação: Desde o golpe político parlamentar sofrido pela democracia brasileira em 2016, o Sistema Único de Saúde – SUS vem sofrendo uma série de desconstruções. Vivencia-se  ataques consecutivos ao direito à saúde, como a  Emenda Constitucional 95, a reconfiguração da Política Nacional de Atenção Básica,  o desmantelamento das políticas de promoção da equidade e educação popular em saúde (EPS) e agora pela lei de medidas para enfrentamento do Coronavírus, uma lei autoritária sem garantias de cidadania,  entre tantos exemplos. A partir de 2018, com a ascensão do atual governo e suas práticas autoritárias e alienizantes, marcadas por uma ideologia ultraconservadora identificada com o colonialismo, neofascismo e  o aprofundamento radical do neoliberalismo  por diversos autores, esse cenário foi cronificado. Pensadores, lideranças, políticas e práticas de gestão que promoviam a participação e o protagonismo popular foram descontinuados e perseguidos. Fato evidente na Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS-SUS), sendo Paulo Freire uma dos autores e representações sociais mais perseguidas pelos asseclas do atual governo. Neste contexto, a luta pela democracia e a resistência em defesa do SUS e da vida têm sido a tônica das práticas de EPS, assim novas institucionalidades têm surgido. É neste processo histórico que se inscreve a instituição do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família com ênfase na saúde das Populações do Campo. A PRMSFSPC é fruto do diálogo entre os movimentos sociais do campo e o Programa Saúde, Ambiente e Trabalho - PSAT da Fiocruz Brasília. Apresenta como pressupostos a formação em serviço referenciada no compromisso com a Política Nacional de Saúde Integral da População do Campo, Floresta e Águas, com a PNEPS-SUS e com a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, ambas compreendidas como potenciais para transformação do modelo de saúde, no caminho da integralidade. A formação embasada na premissa da promoção da equidade em saúde tem um desafio permanente e implica fomentar processos de gestão participativa, em que todos os atores envolvidos possam ter oportunidades de aprender, ensinar, refletir e construir o caminhar do ensino/aprendizagem. Por isso, seu percurso metodológico está alicerçado na EPS, em uma pedagogia contextualizada no cotidiano do trabalho e do processo educativo, envolvendo território, serviço e demais espaços da formação. Logo, os princípios apresentados pela Política como a problematização, a construção compartilhada, articulação entre saberes e a construção de um projeto democrático e popular são orientadores do processo educativo. Contempla também, dinâmicas e práticas pedagógicas participativas, populares, lúdicas e vivenciais buscando fomentar a autonomia e o protagonismo dos educandos na construção de novos saberes e práticas. Dentre as intencionalidades e provocações deste Programa, a percepção de que saúde não se faz somente na Unidade Básica de Saúde, mas sim que o território em sua totalidade é espaço de saúde, com suas diferentes características, instituições, movimentos e que é direta a correlação entre os meios de produção, o acesso a bens e serviços, enfim, os modos de vida e vivência do território com a saúde das populações que as habitam. Outra dimensão é a busca da inserção dos seus educandos na promoção e no exercício da participação e do controle social em saúde nos respectivos territórios aonde atuam, como também no âmbito nacional e distrital. Assim, fortalecer o sentido de pertencimento nas lutas em defesa do SUS, construção de grande valia e necessidade atualmente, sendo que a grande maioria dos jovens trabalhadores desconhecem as lutas, os processos de resistência, a historicidade da construção do grandioso Sistema Universal conquistado em nosso país e que se encontra sobre grandes ameaças.  

12051 FORMAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA EM TEMPOS DE DESAFIOS E PRECARIZAÇÃO DO SUS: A EXPERIÊNCIA DA PARAÍBA
Valéria Leite Soares, Lenilma Bento de Araújo Meneses, Jordane Reis de Meneses, Adriene Jacinto Pereira, Roberto Teixeira de Lima, Ernani Vieira Vasconcelos Filho, Luciana Maria Pereira de Sousa, Gabriel Rodrigues Martins de Freitas

FORMAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA EM TEMPOS DE DESAFIOS E PRECARIZAÇÃO DO SUS: A EXPERIÊNCIA DA PARAÍBA

Autores: Valéria Leite Soares, Lenilma Bento de Araújo Meneses, Jordane Reis de Meneses, Adriene Jacinto Pereira, Roberto Teixeira de Lima, Ernani Vieira Vasconcelos Filho, Luciana Maria Pereira de Sousa, Gabriel Rodrigues Martins de Freitas

Apresentação: O Curso de Especialização em Saúde Pública oferecido pelo Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) iniciou em novembro de 2019. Integrante da Rede Brasileira de Escolas de Saúde Coletiva, o NESC consolidou parcerias com a Fundação Oswaldo Cruz, a Secretaria de Estado de Saúde da Paraíba e as Secretarias Municipais de Saúde envolvidas para a efetivação do curso. Esse tem por objetivo, capacitar trabalhadores profissionais da saúde do Estado da Paraíba para o processo de trabalho interprofissional em saúde, com foco na mudança de realidade no contexto da rede de atenção em saúde com ênfase na Atenção Primária. Em meio a uma política de precarização do Sistema Único de Saúde (SUS), foram ofertadas 60 vagas, 10% para comunidade e 90% para trabalhadores da saúde, vinculados aos serviços públicos municipais, estadual e federal, com atuação efetiva e em pleno exercício, no âmbito do Estado da Paraíba, lotados nos diversos serviços da rede de cuidado em saúde. A estrutura curricular está voltada para: desenvolver habilidades para o processo de trabalho interprofissional e colaborativo em saúde na perspectiva da educação permanente; fortalecer o protagonismo de seus participantes em resposta às demandas da área da saúde na perspectiva da resolutividade dos problemas locais; provocar o pensamento investigativo, crítico e reflexivo sobre a realidade política e social no campo da saúde; ampliar a capacidade de análise da realidade sanitária local, regionais e nacional de saúde, na perspectiva na promoção da saúde e prevenção de agravos e; contribuir para melhoria da atenção à saúde, visando à reorientação do modelo de atenção, e assim ampliar a qualidade, o acesso e a integralidade do cuidado em redes de atenção à saúde na Paraíba. Objetivo: relatar sobre o curso de Especialização em Saúde Pública, em andamento, ofertado no Estado da Paraíba. Desenvolvimento: a Rede de Escolas realizou alguns levantamentos sobre o perfil dos profissionais de saúde e as necessidades do SUS no âmbito do Estado da Paraíba, somado a esses, houve levantamentos preliminares por parte da Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba que indicavam a necessidade de oferta desse tipo de iniciativa, para atender uma demanda reprimida de profissionais de saúde que careciam de atualização de conhecimento. Assim, surge o Curso de Especialização como uma das estratégias para fortalecer a educação permanente em saúde em meio as novas iniciativas e propostas do governo federal que prejudicam o cuidado interprofissional na atenção primária. A proposta da especialização é de uma prática integrada na perspectiva da interprofissionalidade e ação colaborativa em saúde, por meio da construção coletiva do conhecimento. São características desta prática: o trabalho em equipe; a discussão de papéis profissionais; o compromisso colaborativo nas soluções de problemas e; a tomada de decisão coletiva. A estrutura político-pedagógica do curso está constituída em 8 Módulos de 30 horas/aulas com 27 Unidades de Aprendizagens, implementados ao longo de 12 meses, totalizando assim 380 horas/aulas, integradas entre si, em atividades teórico-práticas e práticas, com a realização de encontros mensais e oficinas presenciais e momentos de dispersão. Paralelamente aos módulos, é trabalhado ao longo do curso em pequenos grupos denominados “Grupos Afinidade – (GA)”, um Projeto Intervenção (PI), que busca identificar, intervir e sanar fragilidades nos territórios em relação as demandas de saúde. O processo didático-pedagógico do curso acontece por meio de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, de forma que a produção do conhecimento perpasse por um processo dialético, crítico e reflexivo. Os encontros mensais duram 3 dias (manhã e tarde), de quinta-feira à sábado e se dividem em momentos comuns a todos para as aulas das unidades e na subdivisão dos GA, que acontecem nas manhãs de quinta e sexta-feira para o desenvolvimento do PI. De novembro de 2019 a fevereiro de 2020 foram trabalhadas as Unidades: Estado, Saúde e Sociedade; Políticas Sociais e de Saúde no Brasil; Modelos de Atenção e Vigilância em Saúde; Redes de Cuidado em Saúde; Aspectos Antropológicos e Sociológicos da Saúde; Determinantes Sociais da Saúde/Doença; Territorialização em Saúde; Atenção Básica em Saúde: Ênfase em Saúde da Família e; Planejamento Estratégico Situacional em Saúde. As Unidades previstas para o período de março a outubro de 2020 são: Instrumentos de Gestão em Saúde; Estudos de Demandas em Saúde Pública; Programação Estratégica em Saúde: Foco nas Doenças Crônicas Mais Prevalentes; Monitoramento e Avaliação em Saúde; Economia em Saúde; Gestão de Financiamento em Saúde no Brasil; Epidemiologia, Informação e Indicadores de Saúde; Sistemas de Informação em Saúde; Situação Epidemiológica Regional; Organização dos Serviços de Saúde; Interprofissionalidade em Saúde; Práticas Interprofissionais em Saúde Pública. Os PI estão sendo desenvolvidos nos 12 encontros, os 5 primeiros para a sua construção, os 5 posteriores para sua aplicação e os dois últimos para a sua qualificação e apresentação. Uma ferramenta que estamos utilizando no percurso do curso é o portfólio, que demonstra importância para a aprendizagem e avaliação do processo de construção do conhecimento. Por ser crítico e reflexivo, é possível identificarmos o desenvolvimento pessoal e profissional do aluno. Nele é expresso seus sentimentos, seus processos de mudanças, suas lacunas de aprendizagem, utilizando diferentes formas de expressão e criatividade. Resultado: No primeiro encontro foi trabalhado a dramatização com base na leitura do texto – “Município Polis” que descreve a caracterização da rede de saúde do município Pólis e problematiza a atenção básica. Na dramatização cada membro do grupo escolheu um papel para representar (Gestor, profissional de saúde, usuário, outro.), não podendo ser o que vive no mundo real. A discussão levou a reflexão das potencialidades e limitações de cada ator em seus papéis, a identificação das dificuldades encontradas no território, suas redes sociais, as relações que se estabelecem no território etc. A atividade demandou a análise da realidade do território/comunidade e a escolha do problema a intervir. No segundo encontro ao discutirmos novamente o território e o problema mais significativo, buscou-se as evidências na literatura, e qual a justificativa para a intervenção. Muito se discutiu do território; dados epidemiológicos foram também levantados além das questões sociais percebidas. No terceiro e quarto encontros começa a se desenhar o projeto intervenção, com a percepção real do território. No quarto encontro, em fevereiro, realizamos uma oficina para trabalharmos com o portfólio, esclarecendo dúvidas e ativando a criticidade dos novos conhecimentos. Após apresentação do o filme “Faíscas educacionais” produzido pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa sobre portfólio, reunimos em salas os pequenos grupos afinidade para avaliação em pares e apresentação dos portfólios, sua elaboração, quais percepções, sentimentos e críticas reflexivas sobre o conhecimento aprendido e a realidade no processo de trabalho no SUS. O que nos chamou atenção foi que, com o portfólio, os aprendizes constataram seus processos de mudanças diante do novo conhecimento ofertado. Citaram sobre as discussões nos módulos, seus conteúdos e o protagonismo diante da metodologia. Relataram o quão é importante o SUS, seus processos de trabalho, a participação social, o contexto histórico da saúde pública, a mudança política impactando nas políticas públicas. Considerações finais: O processo de formação com essa magnitude e envolvimento, aponta que a trajetória de construção da saúde pública envolve conhecimento, reflexão e criticidade. O movimento de formação para/no SUS se faz com luta e resistência, garantindo o protagonismo do profissional, cuidado participativo com ética e respeito as necessidades de saúde de cada território.

7721 ‘MAIS MÉDICOS’ E AS RESIDÊNCIAS MUNICIPAIS PAULISTAS, DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE
Mariana Fonseca Paes, Rosemarie Andreazza

‘MAIS MÉDICOS’ E AS RESIDÊNCIAS MUNICIPAIS PAULISTAS, DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE

Autores: Mariana Fonseca Paes, Rosemarie Andreazza

Apresentação: Investigação de mestrado acadêmico que teve como foco o eixo formação do “Programa Mais Médicos para o Brasil”, a partir das ações indutoras do Ministério da Saúde e Ministério da Educação, no período de 2013 a 2015, para ampliação de programas de Residência de Medicina da Família e Comunidade. Tendo como principais objetivos, os des descrever experiências municipais de implantação de programas de residência médica e identificar a percepção de residentes egressos e coordenadores dos programas municipais sobre os processos formativos e os reflexos iniciais da implantação dos programas nos municípios. Desenvolvimento: Investigação de natureza qualitativa e de caráter exploratório, feita por meio de entrevistas abertas, com atores envolvidos no processo de implantação dos programas de residência médica por três municípios do Estado de São Paulo. Para a análise do material, foram produzidas narrativas pela pesquisadora, a partir dos relatos dos entrevistados, e identificação de temas emergentes. Resultado: A partir dos temas elencados, foi possível acessar que houve reconfiguração das coordenações de educação permanente nos municípios proponentes de programas, o que reforçou desdobramentos para integração ensino-serviço com universidades dentro ou fora dos municípios. A relação com os serviços de especialidade municipais é conflituosa, pois incluí-los na agenda formativa depende da disponibilidade dos médicos de cada especialidade em querer compor o quadro de preceptores, sendo esse um ponto de apoio das instituições de ensino, pela utilização dos ambulatórios de especialidades (que não existem nos municípios) das faculdades de medicina. O papel da preceptoria aparece como fundamental para vinculação dos residentes nos programas, e a formação pedagógica dos preceptores é tida como estratégia central. A busca por espaços na agenda de trabalho, entra em conflito com as cobranças de aumento da produtividade, evidenciando que, mesmo na residência, lidou-se com as reais demandas de atendimento das unidades de saúde. Considerações finais: O estudo aponta para avanços na composição de estratégias de formação de profissionais PARA e NO SUS. Todavia, não é possível afirmar que os programas de residência municipais tenham gerado contribuições para uma formação mais multiprofissional e menos centrada no médico. A prática clínica específica da medicina de família pouco dialoga com outras profissões da saúde.

7961 FORMAÇÃO PARA GESTORES DE PROGRAMAS DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE EM PERNAMBUCO
Leila Monteiro Navarro, Gustavo Rego Muller de Campos Dantas, Emmanuelly Correia de Lemos, Neuza Buarque de Macedo, Juliana Siqueira Santos, Célia Maria Borges da Silva Santana, Bruno Costa de Macedo, Luigi Deivson dos Santos

FORMAÇÃO PARA GESTORES DE PROGRAMAS DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE EM PERNAMBUCO

Autores: Leila Monteiro Navarro, Gustavo Rego Muller de Campos Dantas, Emmanuelly Correia de Lemos, Neuza Buarque de Macedo, Juliana Siqueira Santos, Célia Maria Borges da Silva Santana, Bruno Costa de Macedo, Luigi Deivson dos Santos

Apresentação: A Política de Residências em Saúde é uma das principais estratégias da Gestão do Trabalho e Educação na Saúde em Pernambuco. Para sua consolidação e qualificação faz-se necessária, entre outras medidas, a oferta de formações para gestores dos programas de residências, em especial, quando refere-se a processos formativos ora pactuados nos colegiados gestores e presentes no Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde. Dessa forma, tem-se como objetivo descrever a experiência do Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Programas de Residências em Saúde em Pernambuco. O curso foi realizado pela Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (Esppe) em conjunto com a Diretoria Geral de Educação na Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (DGES), em Recife, nos meses de setembro a dezembro de 2018, com encontros semanais de oito horas. Teve como público alvo os coordenadores e/ou técnicos da gestão dos Programas de Residência em Saúde. A carga horária total foi de 180 horas, distribuídas em 108 horas de atividades educacionais presenciais e 72 horas de atividades de dispersão. A matriz curricular foi organizada em eixos: Eixo I - formação de profissionais de saúde, processo de trabalho, educação permanente e integração ensino-serviço; Eixo II - rede de atenção à saúde e Eixo III - gestão político-pedagógica dos programas de residências. Para o planejamento e desenvolvimento do curso foi constituída uma equipe técnica formada por um coordenador educacional e seis facilitadores, além da equipe própria da Esppe e da Diretoria acima referida. Destaca-se que a construção da matriz curricular e a condução do processo de ensino aprendizagem teve por base a proposta pedagógica da Escola, que adota correntes pedagógicas críticas, bem como as demandas já apontadas pelo público alvo nos espaços colegiados e seminários da área. Participaram do curso 44 profissionais, desses 70,5% concluíram o curso e o avaliaram de forma muito positiva, afirmando que o objetivo de fomentar a reflexão acerca dos processos pedagógicos nas residências em saúde com base na formação em rede de atenção à saúde do SUS foi alcançado. Os participantes avaliaram apontaram como potencialidades do curso, o conteúdo abordado, a metodologia aplicada, o perfil dos facilitadores, a interação e troca de experiências entre os participantes e suas diferentes realidades. As atividades de dispersão produzidas entre os encontros presenciais e consolidadas por eixo foram apontadas como desafiadoras uma vez que para realizá-las precisaram conciliar carga horária de trabalho e participação nos encontros presenciais ao mesmo tempo em que as avaliaram como necessárias para refletir sobre a teoria e pensar/planejar as mudanças no processo de trabalho. Os participantes apresentaram algumas sugestões a serem consideradas para uma nova oferta: a redução da carga horária do eixo sobre redes de atenção à saúde; a realização dos encontros presenciais serem quinzenais e a não exigência da realização de um trabalho de conclusão de curso, uma vez que essas atividades exigem maior aprofundamento e tempo para serem realizados, dificultando a conciliação com a carga horária semanal como gestores dos Programas de Residência em Saúde.

11778 FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE GESTORES ATUANTES NO CUIDADO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO NO SERVIÇO PÚBLICO
Fabiana Fontana Medeiros, Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari, Alexandrina Aparecida Maciel Cardelli

FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE GESTORES ATUANTES NO CUIDADO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO NO SERVIÇO PÚBLICO

Autores: Fabiana Fontana Medeiros, Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari, Alexandrina Aparecida Maciel Cardelli

Apresentação: A atenção ao pré-natal de alto risco pode ser determinante no desfecho da assistência gestacional. O planejamento do cuidado adequado oferecido à gestante pode estar relacionado com a morbidade e mortalidade materno-neonatal. Neste contexto, os gestores que planejam as ações para este seguimento gestacional, representam um papel importante na prevenção de agravos e na qualidade da assistência pré-natal à gestante de alto risco. Objetivo: Descrever a formação de gestores que atuam no planejamento pré-natal de alto risco. Método: estudo transversal descritivo, realizado com onze profissionais que desenvolvem atividades de gestão no planejamento pré-natal de alto risco no serviço público, em serviços de atenção primária e secundária à saúde. A coleta de dados ocorreu entre janeiro e fevereiro de 2020 por meio de formulário com questões semiestruturadas. Resultado: A grande maioria dos profissionais pertenciam ao sexo feminino (91%), com faixa etária acima de 40 anos (82%). Quanto a formação profissional houve predomínio da enfermagem (64%), medicina (18%), farmácia (9%) e não relacionado à área da saúde (9%). O tempo de formação foi superior a vinte anos (55%). Foi predominante entre os profissionais possuir pós-graduação em nível de especialização (100%), sendo que (73%) possuíam mais que um curso de pós-graduação, sendo estes os cursos de auditoria e saúde coletiva e (27%) tinham a pós-graduação em obstetrícia. Quanto a pós-graduação stricto sensu (18%) tinham concluído e (9%) estavam cursando no momento. Considerações finais: Profissionais da área da saúde representam uma função importante na gestão do serviço público, contribuindo para adequações e aperfeiçoamento da qualidade da assistência pré-natal.

8222 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE USO DE METODOLOGIAS ATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DA MUDANÇA NESTE CENÁRIO
Juliana Candido Pinto, Samuel Gonçalves Pinto, Rebecca Barbosa de Decco Monteiro Marinho, Adriane das Neves Silva, Erida Aparecida José da Silva, Angélica Barra Mariano, Gabriel Gama de Souza, Elisa Beatriz Braga dell’Orto van Eyken

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE USO DE METODOLOGIAS ATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DA MUDANÇA NESTE CENÁRIO

Autores: Juliana Candido Pinto, Samuel Gonçalves Pinto, Rebecca Barbosa de Decco Monteiro Marinho, Adriane das Neves Silva, Erida Aparecida José da Silva, Angélica Barra Mariano, Gabriel Gama de Souza, Elisa Beatriz Braga dell’Orto van Eyken

Apresentação: Violência Obstétrica está associada a ações, condutas e formas de se relacionar que não permitem o bem estar da pessoa gestante durante todo o ciclo gravídico puerperal, se configurando como violentas e violadoras. Sendo assim, é necessário o fortalecimento da compreensão de saúde de modo integral, com o objetivo de robustecer as redes de suporte e de resistir a todas as formas de violência. Objetivo: Refletir sobre a relação entre Violência Obstétrica, no que se refere à humanização do cuidado em situações de abortamento no Brasil, através de metodologias ativas de ensino. Desenvolvimento: A reflexão se deu através do processamento do relato de prática, interligado às propostas da Ativação no Ensino, no curso de Especialização em Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde ENSP/FIOCRUZ-Polo Itaperuna, em dezembro de 2019. A partir da prática de cada um dos alunos, ocorre a construção de um relato sobre a aldeia destes, que aborde os eixos de ensino-serviço-gestão. Em seguida, no ambiente virtual de aprendizagem é realizado um chat online para a escolha do relato, da coordenação e relatoria. Após essas escolhas, é aberto um fórum no ambiente virtual para a chuva de ideias a respeito dos nós críticos observados no relato, onde é elaborada coletivamente a questão de aprendizagem. Com a questão construída, cada aluno se debruça sobre o referencial teórico para sua síntese individual, postando no fórum para trocas entre todos, gerando um extenso debate sobre os questionamentos e soluções para mudança apresentados nas sínteses. Encerrando esse processo, é construída uma síntese coletiva dialogada, conduzida pela coordenação e relatoria. A síntese coletiva é postada para contribuições de todos e visa responder coletivamente, a partir das experiências e referenciais teóricos, a proposta de mudança indicada para a questão de aprendizagem. Resultado: A questão de aprendizagem fez com que o coletivo de alunos/ativadores refletisse sobre o cenário obstétrico e descriminalização do aborto. Isso causou um importante deslocamento do coletivo e um mergulho sobre a assistência obstétrica no Brasil, desde suas fragilidades até suas boas práticas. Mobilizando estratégias de mudanças para ensino-serviço-gestão em todas as aldeias. Considerações finais: A Violência Obstétrica se dá, entre outras coisas, pela apropriação do corpo da mulher pelos profissionais de saúde, determinando de forma desumanizada a perda da autonomia. Essa decorre das relações sociais marcadas pelo descaso com os aspectos humanos do cuidado, da rigidez hierárquica nas relações dos profissionais de saúde com os pacientes, das falhas no processo de comunicação, da mecanização do cuidado, do uso inadequado da tecnologia e do não compromisso dos profissionais com o processo de cuidar. É necessário destacar o protagonismo da gestante sobre o seu corpo, conferindo a esta confiança e segurança na hora do parto, disseminando também conhecimento acerca dos seus direitos, permitindo a identificação de violações e conduzindo a mudança do cenário.

9331 APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS COMO TECNOLOGIA EDUCACIONAL NO ESPAÇO TEÓRICO DAS RESIDÊNCIAS DO GHC
Fabiana Schneider, Margarita Silva Diercks, Ananyr Porto Fajardo

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS COMO TECNOLOGIA EDUCACIONAL NO ESPAÇO TEÓRICO DAS RESIDÊNCIAS DO GHC

Autores: Fabiana Schneider, Margarita Silva Diercks, Ananyr Porto Fajardo

Apresentação: O Currículo Integrado é um dos espaços teóricos dos Programas de Residência em Medicina de Família e Comunidade e da Residência Integrada em Saúde da Família e Comunidade do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Este tem como finalidade preparar profissionais capazes de demonstrar conhecimento técnico e qualificação para proporcionarem escuta e olhar ampliado a respeito do processo saúde-doença-cuidado-qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidade, conforme as diretrizes do SUS. Entende-se que um dos aspectos fundamentais do currículo integrado é o referencial pedagógico que o sustenta. Desde o momento em que foi concebido, o referencial orientador é crítico-reflexivo que busca a articulação entre a teoria e a prática, a participação ativa do residente e a problematização da realidade, por meio do diálogo no exercício multi e interprofissional. Neste trabalho, que se trata do resultado de pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional em Avaliação e Produção de Tecnologias para o SUS da Escola GHC,  abordaremos especificamente o segundo ano do currículo quando é desenvolvido um processo educativo sustentado na Aprendizagem Baseada em Projetos, metodologia definida pela utilização de projetos para desenvolver conteúdos acadêmicos dentro do contexto do trabalho, estimulando a cooperação para resolução de problemas. Esta proposta pedagógica é desenvolvida durante um semestre e consiste em propor aos residentes a elaboração de um projeto de qualificação da Estratégia Saúde da Família em municípios de pequeno/médio porte. Pode-se inferir que a aprendizagem baseada em projetos apresenta-se como potente ferramenta metodológica de qualificação dos processos de ensino em serviço nas residências, pois se oportuniza, através desta metodologia, a possibilidade de integração dos conhecimentos adquiridos teoricamente, aplicando-os na prática dos processos de trabalho.  

6940 PRECEPTORIA DE ODONTOLOGIA E SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE: UM ESTUDO À LUZ DA FENOMENOLOGIA
Mônica Moura da Silveira Lima, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Eliane Ramos Pereira, Rita de Cássia Ferreira da Silva, Neusa Aparecida Refrande, Elisabete vallois, Eliane Cristina da SilvaPinto Carneiro

PRECEPTORIA DE ODONTOLOGIA E SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE: UM ESTUDO À LUZ DA FENOMENOLOGIA

Autores: Mônica Moura da Silveira Lima, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Eliane Ramos Pereira, Rita de Cássia Ferreira da Silva, Neusa Aparecida Refrande, Elisabete vallois, Eliane Cristina da SilvaPinto Carneiro

Apresentação: O Preceptor é um mediador no processo de ensino-aprendizagem responsável por inserir o acadêmico na realidade social do campo de estágio no serviço público, entretanto a distância entre a Universidade formadora e o preceptor produz efeitos negativos na formação do acadêmico de Odontologia. Possibilitar aos estudantes vivências em campos de trabalho fora da Universidade permite ao acadêmico obter um melhor conhecimento da realidade do atendimento da população, ajudando no envolvimento social. A realidade apresentada em ambiente universitário muitas vezes não remete a realidade vivenciada na prática, principalmente se tratando de um serviço público de saúde. Colocar o estudante em contato com a prática de políticas em saúde pública amplia as relações ensino-serviço. Esta pesquisa tem por objetivo desvelar o papel da preceptoria de odontologia no serviço de urgência de um hospital público de emergência no Município de São Gonçalo (RJ) quanto ao seu processo de trabalho, buscando uma integração teórico-prática e auxiliando na formação desses acadêmicos em profissionais mais preparados para o atendimento da população. Foi realizado um estudo qualitativo, fenomenológico, com a participação de oito preceptores de odontologia. Percorreu-se o método sugerido por Amedeo Giorgi e a análise dos dados deu-se através de entrevista à luz da fenomenologia de Maurice Merleau- Ponty. Metodologia Trata-se de um estudo qualitativo fenomenológico realizado em um pronto-socorro Público no Município de São Gonçalo, Estado do Rio de Janeiro com oito cirurgiões-dentistas preceptores com idade entre 26 e 62 anos. Como critérios de inclusão, cirurgiões-dentistas pertencentes ao quadro de funcionários da Prefeitura de São Gonçalo que receberam em algum momento estudantes de Odontologia no serviço de urgência e critério de exclusão, o profissional preceptor afastado das funções. Para a análise dos dados obtidos na pesquisa foi utilizado o método de Amedeo Giorgi por se tratar de um método que sistematiza a pesquisa fenomenológica. Através da leitura da descrição do fenômeno com base perspectiva vivencial fenomenológica, apreender o sentido do todo para então discriminar as unidades significativas focalizar o fenômeno pesquisado. Com a transformação da linguagem do dia-dia do sujeito em linguagem vivencial fenomenológica apropriada sintetizar as unidades significativas em relação à experiência do sujeito denominada síntese da estrutura da experiência. Resultado: De acordo com dados referentes a   percepção da   importância do cirurgião-dentista dentro da equipe de saúde é quase unânime estabelecê-lo como insatisfatório, profissionais consideram como um grupo que não é visto como um membro importante na equipe de saúde dentro do hospital de emergência. A inclusão do cirurgião – dentista na equipe de saúde, principalmente em uma unidade hospitalar de emergência é primordial para o atendimento da população em sua integralidade. Se sentir parte da equipe de saúde em uma relação multidisciplinar faz-se necessário para uma melhor avaliação do paciente como um todo. Uma equipe que interage, desvelando a complexidade do paciente resulta em um melhor atendimento a população. Questões relatadas sobre as dificuldades enfrentadas no exercício da função de cirurgião dentista em um hospital de emergência como falta de equipamentos adequados, insumos e medicamentos além da sobrecarga de trabalho no atendimento de questões de resolutividade ambulatorial, penalizam o profissional. A necessidade da prática reflexiva na atuação do cirurgião-dentista preceptor também foi evidenciada, pois nele acontecem encontros cujas expressões podem impor desafios ao trabalho diário deste profissional. Algumas dificuldades podem ser contornadas por meio do fortalecimento da formação profissional. Quanto a compreensão do papel na formação do acadêmico de odontologia, praticamente todos se sentem responsáveis e preocupados com o profissional que está sendo formado, mesmo diante dos problemas enfrentados no exercício da função. Observam-se, com as falas, indícios de vontade de melhorar o ensino do acadêmico de odontologia no local de estágio. No hospital, campo de vivência prática, a falta de insumos básico não permite elaboração da técnica preconizada pela academia. O despreparo do acadêmico ao iniciar o estágio seria um ponto a ser discutido entre a universidade e o preceptor. Estudantes de uma universidade particular, com uma infraestrutura compatível com o pagamento de suas mensalidades parecem não estar preparados para vivenciar as deficiências de um hospital público e de sua clientela. Observa-se uma lacuna entre a formação prática e teórica no ensino acadêmico de Odontologia. Fazer parte do ensino  atuando no serviço público de saúde requer um esforço maior do profissional preceptor. É notória a percepção dos participantes em relação a falta de comunicação com a universidade formadora, formas de melhoria na comunicação são relatadas em todas as falas. As condições de trabalho descritas pelos preceptores mostram um trabalho desgastante e abstrai-se daí a singularidade na percepção do espaço. O trabalho na unidade é árduo e transtornos quanto às condições de trabalho não podem ser desprezadas. Merleau-Ponty enfatiza as relações interpessoais ressaltando valores éticos de liberdade, seguidos da dignidade, considerando extremamente relevantes para o convívio do ser humano com a sociedade. Na visão do filósofo Maurice Merleau-Ponty, somos consciência que capta através do corpo as coisas que se encontram em nosso entorno, sendo impossível separar mente e corpo. Ele problematizava a ideia de que há um espírito que tem o poder de comandar e que está fora do corpo, onde o corpo não é considerado um objeto isolado, pois o mesmo está atrelado ao mundo, em uma determinada situação Uma melhor integração com a universidade formadora se faz necessária na totalidade das falas. Não receber qualquer tipo de treinamento e orientação para a realização do papel de preceptor mostra a angústia dos profissionais em questão. Muitos preceptores descrevem que um simples grupo de WhatsApp já ajudaria na comunicação com o corpo discente da universidade. Quase unanime é a insatisfação quanto as condições de trabalho vivenciadas pelos preceptores de odontologia. E todos demonstraram compreender seu papel na formação do profissional de saúde. Considerações finais A relevância do processo de trabalho do  preceptor a partir da sua percepção no seu processo de trabalho, avaliando os pontos favoráveis e os desfavoráveis no  papel como mediador ensino- aprendizado  trás contribuição na prática assistencial  para a pesquisa. A carência de políticas que trabalhem a temática da percepção do preceptor no ambiente hospitalar dificulta a definição do seu papel na formação do acadêmico,  contudo o presente trabalho pretende contribuir para o aperfeiçoamento de todos os envolvidos na atividade de preceptoria e do ensino. Exercer a função de preceptoria neste cenário remete a uma responsabilidade a mais no exercício de sua função. Tendo em vista a relação direta da preceptoria com a formação do profissional de saúde, ao melhorar as condições de trabalho no setor público resulta em uma melhora no estágio acadêmico refletindo na formação do profissional de saúde e consequentemente no atendimento da população.  

8765 PERFIL DOS PRECEPTORES MÉDICOS QUE ATUAM NA SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO
Arlindo Gonzaga Branco Junior, Katia Fernanda Alves Moreira

PERFIL DOS PRECEPTORES MÉDICOS QUE ATUAM NA SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO

Autores: Arlindo Gonzaga Branco Junior, Katia Fernanda Alves Moreira

Apresentação: A Constituição brasileira de 1988 reconheceu a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado. Também estabeleceu a base para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que se fundamenta nos princípios da universalidade, integralidade e participação social. Esse reconhecimento constitucional do direito à saúde só foi possível após longa luta política e graças à atuação do Movimento pela Reforma Sanitária. As Leis 8.080 e 8142/90 definiram como diretrizes do SUS a universalidade, equidade, integralidade, descentralização, hierarquização e a participação da comunidade. Apesar destes princípios ainda não terem sido atingidos em sua plenitude, é impossível negar os avanços obtidos na última década no processo de consolidação do SUS. O fortalecimento da APS depende diretamente da formação de médicos especialistas em cuidados primários para atender as necessidades de saúde da população. Essa premissa reforça a ideia de que, para ser resolutivo na APS, o profissional precisa ser treinado e capacitado para tal. A complexidade da formação em cenários de APS exige habilidades específicas dos profissionais que orientam esses alunos na prática, chamados de preceptores. Baseado nessa premissa este trabalho tem por objetivo avaliar o perfil dos preceptores médicos que atuam na cidade de Porto Velho Rondônia. Desenvolvimento: Esta pesquisa insere-se no âmbito da abordagem quantitativa, que significa examinar através de um procedimento científico as relações que existem entre os diferentes componentes de uma intervenção que pretende aproximar-se de uma realidade com a finalidade de conhecê-la. Este subprojeto está vinculado ao subprojeto “Educação interprofissional e prática colaborativa entre profissionais da Atenção Primária à Saúde em Rondônia.” aprovado pelo CEP/UNIR sob o parecer n. 3.605.943, CAAE de número 20677519.4.0000.5300 aprovado no dia 27 de Setembro de 2019. Foram entrevistados todos os profissionais médicos que realizam preceptoria para o internato médico de saúde da família e comunidade durante os meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020 em um questionário, previamente, elaborado com questões referentes a preceptoria. Resultado: Foram entrevistados 23 médicos sendo que 16 aceitaram responder o questionário. Destes, 10 eram do sexo feminino e 6 do sexo masculino. Dos 16 entrevistados 01 tinha residência médica em clínica médica, 09 tinham especialização latu sendo e 2 tinham mestrado. Nenhum dos entrevistados tinha especialização em saúde coletiva e/ou saúde da família. Dos entrevistados, 05 atuavam na unidade de saúde entre 5-9 anos sendo que 43,8% (7) atuavam há menos de 1 ano na unidade. Quando indagados se participaram de curso de capacitação docente/preceptoria, 60% afirma que não e 93,8% afirma sentir necessidade de realizar cursos de formação docente. Quando perguntado se tinham conhecimentos de ensino no contexto da pratica, 56,3% afirma que não e 100% dos entrevistados consideram que é importante um curso de formação sobre fundamentação pedagógica voltada para pratica de preceptoria. Destacamos neste trabalho a formação do preceptor de medicina de família e comunidade. Nenhum dos entrevistados tem especialização e/ou curso de capacitação em saúde da família, como também, não possuem especialização pedagógica. Muitas das formações universitárias independentemente (pré e/ou pós a instituição das DCN) preparam o estudante/acadêmico para a atividade profissional pretendida sem detalhar sobre questões pedagógicas de ensino. Para tanto, o que se encontra são profissionais de saúde atuantes como preceptores nos serviços SUS sem formação pedagógica para tal atividade. Todos os preceptores entrevistados acham por necessário curso de capacitação docente. A integração ensino-serviço é crucial e permeada por processos de aprendizagem com intuito de formar profissionais com autonomia e capazes de proporcionar atendimento integral e de qualidade a população e para isso é de suma importância preceptores capacitados e aptos a transmitir essa informação para o médico em formação. É importante destacar que as DCN incentivam novas formas de organização curricular, articulação entre ensino e serviços e indicam a necessidade de repensar o processo educativo e práticas de saúde até então vivenciadas pelos profissionais. É neste sentido que vemos a importância da capacitação do profissional que está inserido na preceptoria e destacamos a importância da capacitação em atenção básica dos preceptores do curso de medicina do município de Porto Velho. A APS, por meio dos espaços das Unidades Básicas de Saúde (UBS), caracteriza-se como campo potencial para o aprendizado dos estudantes, além de evidenciar a possibilidade/necessidade do “cuidado extramuros”, para além da UBS, tal como no domicílio, na escola, na comunidade. O conceito saúde é ressignificado na APS, para além de ausência de doença e, para que isso ocorra devemos ter profissionais capacitados na área da atenção básica na ponta. O comportamento do preceptor pode afetar diretamente a atuação do discente no processo de aprendizagem, nas práticas de trabalho, na interação com a equipe. O preceptor deve estimulá-lo a articular os conhecimentos teóricos apreendidos com a prática vivenciada no serviço. Observamos na pesquisa muitos profissionais não foram preparados para atuarem como preceptor e observamos isso em muitas das formações universitárias (pré e/ou pós a instituição das DCN). As universidades preparam o estudante/acadêmico para a atividade profissional pretendida sem detalhar sobre questões pedagógicas e de ensino. Para tanto, o que se encontra são profissionais de saúde atuantes como preceptores nos serviços SUS sem formação pedagógica para tal. Considerações finais: O SUS representa a materialização de uma nova concepção sobre saúde, sendo constituído por princípios que apontam para a democratização nas ações e nos serviços de saúde. Para avançar em sua consolidação, as mudanças na formação em saúde têm estado na agenda da política do Estado, no campo metodológico e pedagógico, com propostas de reestruturação dos currículos e maior aproximação com os serviços de saúde. Com o SUS, a prática da integralidade no trabalho em saúde é o que se almeja atualmente, e o preceptor deve ser parte funcional, permitindo o acesso do estagiário nos espaços de prática exigidos pelas DCN's, desde a construção do projeto ou proposta de curso, compreendendo cada etapa do que se quer e do que está sendo realizado. Ser preceptor em MFC significa ocupar cotidianamente um duplo papel no ambulatório: ser gestor do cuidado dos pacientes e apoiador do processo de aprendizado dos seus residentes. Investir na carreira do MFC preceptor é promover a sua longitudinalidade no seu local de trabalho e, em última instância, produzir efeitos positivos na qualificação e na sustentabilidade de uma APS em concordância com os princípios do SUS.

9716 ATUAÇÃO DA PRECEPTORIA JUNTO A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA DA ENSP/FIOCRUZ NA CLÍNICA DA FAMÍLIA JACUTINGA/MESQUITA
Carolina Feitoza da Silva Ramos, Luana Lara Rodrigues Caetano

ATUAÇÃO DA PRECEPTORIA JUNTO A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA DA ENSP/FIOCRUZ NA CLÍNICA DA FAMÍLIA JACUTINGA/MESQUITA

Autores: Carolina Feitoza da Silva Ramos, Luana Lara Rodrigues Caetano

Apresentação: O Município de Mesquita vem passando por transformações desde 2018, e uma delas é a mudança do modelo de Atenção Primária a Saúde, que era constituído por Unidades Básicas de Saúde, para o modelo atual de Cínicas da Família (CF). Fomentado com base na proposta normativa da Estratégia Saúde da Família (ESF) instituída pelo Ministério da Saúde, essas unidades de saúde, além de expandir a cobertura, aumentarão a resolutividade neste nível de atenção no município. A partir desta mudança, foi possível receber a primeira turma de residência multiprofissional da Baixada Fluminense. Desenvolvimento: A mudança do modelo e a implantação da Clínica da Família Jacutinga (CFJ), possibilitou uma parceria entre o município e a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ) com a expansão do programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF), em que Mesquita passa a ser o primeiro município da Baixada Fluminense a receber a residência. Os residentes foram inseridos na equipe ametista da CFJ em abril de 2019, e permanecerão por dois anos, sendo capazes de conhecer, aprofundar e desenvolver habilidades técnicas como uma devolutiva para a equipe. São sete categorias profissionais (enfermagem, odontologia, nutrição, psicologia, serviço social, farmácia e educação física), onde curso alia teoria e prática com aulas teóricas duas vezes na semana e três dias no campo de prática, seguindo uma semana padrão, para organizar o processo de aprendizagem, dividido em 6 turnos: visita domiciliar, reunião de equipe, reunião com residentes e preceptora, atividade em grupo, e dois turnos com atividades junto ao profissional da categoria de origem. Resultado: Já no primeiro ano, foi desenvolvido um Diagnóstico Situacional do território, onde foi possível conhecer as realidades dos indivíduos para que as ações de saúde sejam planejadas e realizadas de acordo com suas necessidades. No mesmo ano, realizou-se um estudo ecológico de um agravo persistente no território, utilizando a epidemiologia para compreender e auxiliar os profissionais da CFJ a diminuir o número de casos da doença e suas consequências. Considerações finais: No contexto de ensino como preceptora da ESF, o papel vai muito além de estreitar a distância entre a teoria e a prática, estabelecendo a função de forma horizontal entre o preceptor e o discente, estimulando o ato de pensar e construir hipóteses, e principalmente nesta relação, mostrar a importância do trabalho coletivo. E ter uma equipe multiprofissional atuante na prática junto a equipe da ESF, é um diferencial, pois envolve a criatividade, originalidade frente à diversidade nas formas de pensar diante dos problemas e suas soluções. O diálogo contínuo com outras formas de conhecimento de maneira compartilhada, facilitando o enfrentamento profissional diante de um problema e contribui para uma assistência humanizada, visando uma melhor compreensão da realidade. Contudo o conhecimento de outras profissões, ao proporcionar a ampliação do olhar dentro do campo da saúde e, como consequência, a construção integrada de um novo saber.

9723 PERFIL DOS MÉDICOS SUPERVISORES DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (QUALIFICA-APS)
MARIELA PITANGA RAMOS, Laís Coelho CASER, Silvio José Santana, CLARICE Sampaio Cunha, QUELEN Tanize Alves Da Silva

PERFIL DOS MÉDICOS SUPERVISORES DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (QUALIFICA-APS)

Autores: MARIELA PITANGA RAMOS, Laís Coelho CASER, Silvio José Santana, CLARICE Sampaio Cunha, QUELEN Tanize Alves Da Silva

Apresentação: O Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (QUALIFICA-APS), criado pelo Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde, que é vinculado à Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, visa organizar e qualificar a rede de Atenção Primária à Saúde (APS) no Espírito Santo, estreitando as relações entre o Estado e os municípios e fortalecendo as capacidades de assistência e de gestão. Objetivo: Analisar o perfil dos médicos docente-assistenciais inscritos no Programa. Método: Estudo descritivo do perfil dos médicos inscritos no processo de seleção para o QUALIFICA-APS que desenvolverão as atividades docente-assistenciais e foram selecionados através de edital, tendo como pré-requisito titulação em MFC. Resultado: Houve 57 inscritos homologados, dos quais 20 apresentavam título e 37 tinham residência médica, destas, 15 no RJ, 14 no ES, 05 em MG, 02 em SP e 01 no RS. Além disso, 09 possuíam mestrado e 19 experiência com preceptoria. Com relação ao estado de origem, 05 eram de Minas Gerais, 08 do Rio de Janeiro e 44 do Espírito Santo. Com relação ao sexo, 39 eram mulheres e 18 homens. Sobre a faixa etária, 06 inscritos tinham 51 anos ou mais, 07 entre 41 a 50 anos, 30 entre 31 a 40 e 14 com 30 anos ou menos. Resultado: Constatou-se maior procura pelo sexo feminino (68,4%), baixa experiência com preceptoria (apenas 33,3%) e que 64,9% possuíam residência médica. Por fim, observa-se que apesar da ação estadual do Programa, a maioria dos que possuem residência médica a realizaram em outros estados (62,1%).

10707 ANALISE DA OCUPAÇÃO DE VAGAS EM PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA DA SECRETARIA DE ESTADO DO RIO DE JANEIRO: 2016-2018
Ana Carolina Tavares Vieira, Silvana Lima, Marcia Fernanda da Costa Carvalho, Anna Tereza S. de Moura

ANALISE DA OCUPAÇÃO DE VAGAS EM PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA DA SECRETARIA DE ESTADO DO RIO DE JANEIRO: 2016-2018

Autores: Ana Carolina Tavares Vieira, Silvana Lima, Marcia Fernanda da Costa Carvalho, Anna Tereza S. de Moura

Apresentação: No ano de 2019 foi iniciado estudo da lotação de vagas de residências médicas ofertadas pela Secretaria de Estado do Rio de Janeiro objetivando iniciar levantamento de informações para tomada de decisão frente a eminente intervenção na ociosidade de vagas retratada na gestão anterior. O levantamento dos anos de 2016, 2017 e 2018 revelaram que os programas de residência médica apresentam ociosidade de vagas de cerca de 42% na média aritmética dos 28 cursos. Ao total, são oferecidos em média 100 vagas anualmente. Dos cursos com maior incidência de ociosidade de vagas, destacam-se os cursos de hematologia adulto, hematologia pediátrica e terapia intensiva adulta. Ambos os cursos citados apresentam 100% de ociosidade das vagas ofertadas nos últimos três anos citados. Dentre os cursos com maior taxa de ocupação, observou-se que os cursos de endocrinologia adulto, endocrinologia pediátrica, anestesiologia, cirurgia geral e psiquiatria apresentam total ocupação do quadro de vagas ofertadas. A partir destes achados preliminares, a equipe da Divisão de Pós Graduação da Subsecretaria de Educação e Inovação em Saúde/SES-RJ traçou um projeto de intervenção que objetiva: redistribuição de vagas, qualificação pedagógica de coordenadores e preceptores, levantamento fino de aparelhamento das unidades para fins de formação em cursos de residência, incentivo a criação de novos cursos de residência com demanda de profissionais. Em paralelo, têm-se buscando publicações que discutam o mesmo achado assim como diálogo nos espaços de discussão entre coordenadores de residência médica com achados semelhantes. Espera-se que estas intervenções a médio e longo prazo aumentem a lotação dos cursos de residência médica oferecidos.

12283 RELATO DE EXPERIÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO NA COORDENAÇÃO GERAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (CGAN/DEPROS/SAPS/MS)
Beatriz Salari Bortolot

RELATO DE EXPERIÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO NA COORDENAÇÃO GERAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (CGAN/DEPROS/SAPS/MS)

Autores: Beatriz Salari Bortolot

Apresentação: A Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ) constitui modalidade de ensino de pós – graduação Latu Sensu, em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, que se caracteriza como educação para o trabalho, através da aprendizagem em serviço. No segundo ano da Residência, o profissional em formação tem a possibilidade de realizar um mês de Estágio Eletivo, que se constitui em vivência fora do cenário de prática de sua lotação. O local escolhido para vivenciar tais anseios foi a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, motivada pelo interesse específico da residente em aprofundar seus conhecimentos no campo de atenção nutricional no SUS, área de interesse para possibilidade de experiências e reflexões no campo. Este trabalho tem como objetivo expor algumas experiências vivenciadas pelo residente durante um mês de estágio na CGAN/MS. Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado por uma residente sobre a experiência do estágio eletivo, realizado na CGAN/MS, no período de 06 de janeiro a 06 de ferreiro de 2020. Dentre as ações e experiências vivenciadas pela residente na referida Coordenação, é possível citar: acompanhamento do processo de trabalho da CGAN/MS, conhecimento dos instrumentos de planejamento no âmbito do Governo Federal e as metas/objetivos/resultados constantes nos mesmos que se relacionam a implementação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (acompanhamento principalmente na elaboração do Relatório de Gestão), auxílio na elaboração de instrumentos para subsidiar a análise de dados sobre o perfil de demandas judiciais de fórmulas nutricionais encaminhadas ao Ministério da Saúde no ano de 2019 e auxílio no levantamento sobre práticas efetivas para implementação da atenção nutricional na Atenção Primária à Saúde (APS). Vivenciar uma experiência à nível de gestão federal pode demonstrar um olhar de uma perspectiva macro, com uma atuação importante na consolidação e respostas ao monitoramento de programas e, mais especificamente, da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), vivenciando importantes discussões técnicas embasadas e contextualizadas à garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN),  para subsidiar as tomadas de decisões. O campo da alimentação e nutrição é capaz de estimular importantes transformações, visto o propósito de melhorar as condições de alimentação, nutrição e saúde, em busca da garantia da Segurança Alimentar e Nutricional da população. Ter a oportunidade de estagiar na CGAN, que tem a missão institucional de coordenação e gestão da PNAN e das ações, programas e projetos que são embasados em suas diretrizes estruturantes, pode proporcionar importantes aprendizados, tanto para o âmbito profissional quanto para o âmbito pessoal. É importante ressaltar que a aprendizagem é contínua e se faz também pelos diferentes níveis e trocas com novos saberes, de forma que o olhar a nível federal pode capacitar e auxiliar no desenvolvimento de novas habilidades e competências para aprimorar a atuação da residente em questão na Saúde Pública Brasileira.

6432 PRESENÇA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS NA SAÚDE PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Antonia Honorato da Silva, Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Natasha Batilieri Rodrigues, Paulo Roberto Bonates da Silva, Adriana dos Santos Ferreira, Sâmara da Silva Amaral, Maria Francisca da Silva Amaral

PRESENÇA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS NA SAÚDE PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Antonia Honorato da Silva, Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Natasha Batilieri Rodrigues, Paulo Roberto Bonates da Silva, Adriana dos Santos Ferreira, Sâmara da Silva Amaral, Maria Francisca da Silva Amaral

Apresentação: Apontar, ao longo do tempo, a inserção e contribuições das ciências sociais e humanas no campo da saúde pública. Desenvolvimento: Relato de experiência da disciplina Saúde Coletiva do Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública do Instituto Leônidas & Maria Deane- ILMD da Fundação Oswaldo Cruz- Fiocruz Amazônia, no período de 2019/2. Resultado: Com base nas aulas embasadas em textos de apoio da temática e toda a discussão que tal assunto proporcionou, destaca-se como principais achados discutidos coletivamente: o desenvolvimento das ciências sociais e humanas em saúde no ensino e na pesquisa no Brasil; especificidades nos diferentes níveis de ensino e nos temas pesquisados; questões que permeiam o debate atual, dentre elas os critérios de produtividade acadêmica como critério de avaliação e demandas específicas daquelas ciências, a importância da interdisciplinaridade e os requisitos dos perfis dos profissionais para adaptar-se a esse tipo de interlocução na Saúde Pública/Saúde Coletiva. Considerações finais: Ao longo do tempo, a inserção das ciências sociais e humanas no campo da saúde pública perpassa por conflitos, devido ao modelo médicocêntrico. Mas, a importância e todas as contribuições de inserir as ciências sociais na formação de pesquisadores e no ensino e pesquisa tem prevalecido com resiliência. Pois, é visto que essa interlocução é engrandecedora no que se refere ao campo individual e coletivo da saúde. Fomenta a construção do cuidado pautado na especificidade necessária do território e dos autores no âmbito social e/ou processo saúde-doença, por exemplo. Além de garantir a pesquisa ferramentas necessárias para desempenhar o processo com o devido dinamismo e princípios da integralidade e equidade expressos do Sistema Único de Saúde SUS, e no ensino fornece ampliação do conhecimento solidificando e redefinindo os modelos e práticas de ensino nos dias autuais. Portanto, não é possível pensar em saúde coletiva e saúde pública sem a comunicação enriquecedora das ciências sociais e humanas, nas perspectivas de seus campos de atuações.

7372 A PRÁXIS DO PRECEPTOR: FORMAÇÃO E TRABALHO NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
MARIA DAS GRAÇAS GARCIA E SOUZA, BENEDITO CARLOS CORDEIRO, SÉRGIO HENRIQUE OLIVEIRA BOTTI, CAROLINE SENA KORFF FERREIRA

A PRÁXIS DO PRECEPTOR: FORMAÇÃO E TRABALHO NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Autores: MARIA DAS GRAÇAS GARCIA E SOUZA, BENEDITO CARLOS CORDEIRO, SÉRGIO HENRIQUE OLIVEIRA BOTTI, CAROLINE SENA KORFF FERREIRA

Apresentação: Este trabalho é fruto da atuação dos pesquisadores como trabalhadores, preceptores e tutores de residentes no Programa de Residência Multiprofissional em saúde (PRMS) de um Hospital Universitário do Estado do Rio de Janeiro e da pesquisa apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da mesma Universidade. O estudo traz recortes da pesquisa “A Educação Permanente de Preceptores na Residência Multiprofissional em Saúde”] e da dissertação de mestrado “Formação e trabalho do preceptor na Residência Multiprofissional em Saúde (REMUS) de um Hospital Universitário: interdisciplinaridade ou ‘cada um no seu quadrado’?”, refletindo, analisando e problematizando sobre a formação e o trabalho do preceptor na REMUS. Como construir práticas pedagógicas no exercício da preceptoria, como um caminho a ser trilhado no SUS, que abarquem, principalmente, a formação, o trabalho e a práxis interdisciplinar? Compreende-se que o momento fundamental na formação permanente “é o da reflexão crítica sobre a prática”, de acordo com Freire. O objetivo geral é apontar como se configuram a formação e a prática do preceptor na REMUS, tendo como referenciais teóricos principais a pedagogia crítico-reflexiva de Paulo Freire e o Materialismo Histórico Dialético (MHD) de Marx. Visou-se contribuir para ampliar o conhecimento sobre a educação e refletir sobre a necessidade de formação pedagógica, uma prática que deveria ser desenvolvida no cotidiano dos profissionais e na preceptoria. Apontou-se na direção de uma proposta formativa, construída coletivamente, a partir da interdisciplinaridade e da Educação Permanente (EP). Voltada para o mundo do trabalho, a EP caracteriza a junção entre saúde e educação. Assume então proeminência a questão do trabalho, balizando a experiência dos pesquisadores, constituindo-a em práxis. A prática do preceptor no SUS, por dar-se em Hospital Universitário e na REMUS está intrinsecamente relacionada aos temas de educação, formação profissional e trabalho. Sua atuação como preceptor multiprofissional o coloca em contato direto com residentes e preceptores em saúde de diversas áreas e, portanto, com estas questões. Ao encontro desta circunstância, a pesquisa ofereceu oportunidade de formação e reflexão sobre a importância da práxis interdisciplinar, da EP e das diretrizes para a construção e aplicação conjunta do produto Tecnologia educativa “Roda de Conversas” que proporcione reuniões interdisciplinares para os preceptores. Desenvolvimento: A pesquisa é qualitativa, de natureza descritiva, iniciada no segundo semestre de 2017 e em exercício na atualidade. Foi planejada em três momentos que movimentaram as atividades e procedimentos investigativos e sistematizadores: análise bibliográfica e revisão de literatura, pesquisa de campo e sistematização dos dados. O cenário é um Hospital Universitário do Estado do RJ, após a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número 2.523.040. Quanto aos aspectos ético-legais, foram consideradas a resolução nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as normas para pesquisa com seres humanos, e a resolução 510/16 do mesmo Conselho, que define os direitos dos participantes.  Os participantes da pesquisa foram 12 preceptores das categorias profissionais de enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais. Para a coleta de dados foram aplicadas, nos meses de maio e junho de 2018, entrevistas semiestruturadas e com perguntas abertas. O tratamento e análise dos dados coletados foram realizados pela técnica da Análise de Conteúdo de Bardin, utilizando as três etapas fundamentais da mesma: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. Resultado: Após a sistematização e tabulação dos dados e sua leitura, emergiram seis categorias temáticas, objetos de vivência do preceptor na REMUS da unidade hospitalar, captadas nas falas dos preceptores entrevistados: “O papel do preceptor: facilitador, orientador ou supervisor?”; “Formação do preceptor”; “Trabalho do preceptor”; “O processo de trabalho na Residência Multiprofissional em Saúde”; “Trabalho em equipe, interprofissionalidade, interdisciplinaridade e multidisciplinaridade: complexidade no campo da REMUS” e “Educação continuada é uma coisa e Permanente é outra”. Com o desenvolvimento da pesquisa e a implementação das reuniões interdisciplinares (Rodas de conversa) esperou-se causar impacto sobre o processo de trabalho, proporcionando maior qualidade de interação dos preceptores e qualidade do ensino para os residentes e dos serviços e ações de saúde ofertadas à população. Outro resultado deste estudo foi contribuir para a divulgação do conhecimento sobre a preceptoria e incentivar novas pesquisas relacionadas ao tema, dando visibilidade ao seu trabalho na atuação interdisciplinar nas áreas do ensino e da saúde. A pesquisa serviu de estímulo para o debate e a reflexão com os preceptores sobre o tema e o processo de construção do produto educacional Rodas de Conversa, a atualização sobre o que existe de mais recente acerca desta temática através da Revisão Integrativa de Literatura (RIL) e o envio para publicação de artigo e produções científicas, além de apresentação de trabalhos em eventos. Considerações finais: Evidenciando não ser mais possível pensar no processo de formação e de trabalho em saúde sem dar voz aos preceptores, teve proeminência as entrevistas realizadas com os mesmos. Não podendo prescindir para os exercícios de uma Pedagogia da autonomia (FREIRE, 2016) e de reconhecimento como seres sociais e históricos propostas na pesquisa, buscou-se respeito à fala, as experiências e aos saberes desses profissionais educadores. Através de suas falas foi apontada a relevância da preceptoria, do “trabalho em si”, contrastando com os desafios em seu cotidiano no tocante às relações e condições de trabalho e à sobrecarga a que estão submetidos. Donde se argumenta que, a partir do entendimento da categoria trabalho, reconhecido em sua particularidade sócio-histórica, o fazer dos preceptores é afetado pela conjuntura política, pelas questões inerentes ao mundo do trabalho na saúde e por estar inserido na sociedade capitalista. Entretanto, a análise do “mundo do trabalho” dos preceptores pelo viés marxiano e freiriano, trouxe à tona características que os conferem autonomia e potencializam suas práticas profissionais, seus trabalhos em saúde, já que têm uma natureza interventiva na realidade, oportunizando um agir consciente que integra a teoria e a prática. É exatamente por meio desta mediação, integrando conhecimentos práticos e teóricos, que se almejará romper com a dicotomia nos ambientes de aprendizagem e trabalho. Apostamos que esta ação interventiva carrega uma potencialidade criativa inerente à categoria trabalho - a práxis -, em cuja o fazer dos preceptores exige desafios para “transgredir” e resistências ao que está posto na rotina de trabalho, sendo necessário conduzir uma reflexão para ação, trazendo como questões centrais a educação e práxis como especificidades humanas, como atos de intervenção no mundo. Sendo assim, pensar a relação entre a formação e o fazer dos preceptores no cotidiano remete à necessidade de uma práxis interdisciplinar, tendo na EP uma ferramenta indispensável para a sua formação e de seu trabalho como educador, fortalecendo as instituições em seu compromisso social. A práxis não significa, então, apenas a objetividade do trabalho, mas também a sua subjetividade, a do preceptor, inserida nesta prática. Sendo assim, ela não transforma somente coisas, mas o próprio preceptor; é, por si só, transformadora. A práxis do preceptor envolve ensinar, e o ensino transforma. A realidade do ensino e da prática do preceptor é dinâmica e mutável. Ensinar exige a convicção de que a mudança é difícil, mas é possível. E é a partir desse saber fundamental que os preceptores poderão programar a sua ação político-pedagógica.

8395 A EXPERIÊNCIA NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRECEPTORIA EM SAÚDE
Éverton Fernandes de Araújo, Anna Luísa Torres Ribeiro, Jayla Haianne de França Borges, Jéssica Soares Miranda, Joyce Souza do Espírito Santo, Sarah Beatriz dos Anjos Ferreira, Luiza de Marilac Meireles Barbosa, Clélia Maria de Sousa Ferreira Parreira

A EXPERIÊNCIA NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRECEPTORIA EM SAÚDE

Autores: Éverton Fernandes de Araújo, Anna Luísa Torres Ribeiro, Jayla Haianne de França Borges, Jéssica Soares Miranda, Joyce Souza do Espírito Santo, Sarah Beatriz dos Anjos Ferreira, Luiza de Marilac Meireles Barbosa, Clélia Maria de Sousa Ferreira Parreira

Apresentação: O presente relato de experiência visa discorrer sobre uma atividade prática desenvolvida por um dos grupos tutoriais do Programa de Educação para o Trabalho em Saúde - PET Interprofissionalidade em Saúde: Produzindo Saberes e Saúde em Ceilândia/Distrito Federal, promovido pelo Ministério da Saúde e que está em desenvolvimento pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Faculdade de Ceilândia (FCE) da Universidade de Brasília (UnB) e Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). Trata-se de um projeto iniciado em janeiro de 2019, com a participação de profissionais de saúde dos serviços, professores e estudantes de sete cursos de graduação (enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, terapia ocupacional e saúde coletiva) das instituições de ensino envolvidas. A interprofissionalidade é um tema que tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente no âmbito da saúde, em que há distintas profissões com o mesmo objetivo, ou seja, o de promover a saúde e bem estar do paciente. Apesar disso, ainda se tem investido pouco tanto na educação quanto no trabalho interprofissional, sendo que estes vinham, tradicionalmente, sendo estruturados de forma uniprofissional e fragmentada. Com a evolução do conceito de saúde, são necessárias mudanças na formação e no trabalho, com a finalidade de proporcionar uma assistência integral e articulada, a fim de promover o bem-estar geral do paciente e comunidade. Diante disso, o PET demonstra ser um projeto inovador que visa fortalecer essa prática. O projeto PET interprofissionalidade em questão é constituído de quatro grupos tutoriais. Cada grupo é composto de docentes, discentes e profissionais atuantes nos serviços de saúde, de diversas áreas de formação. O grupo tutorial 1, denominado “A formação interprofissional de preceptores em saúde: o serviço como lócus privilegiado para o ensino e a aprendizagem de práticas colaborativas”, é composto por 19 participantes, sendo 1 coordenador, 1 tutor, 5 preceptores e 12 estudantes. Um dos objetivos do grupo 1 é instrumentalizar os profissionais de saúde para o desenvolvimento de competências relacionadas ao exercício da preceptoria e à educação interprofissional. Para tal um dos resultados esperado é a oferta e realização de Curso de Especialização em Preceptoria, com foco na educação interprofissional e nas práticas colaborativas em saúde. O grupo 1, durante o ano de 2019, a partir de um desenho inicial proposto por uma equipe de pesquisadores, vem discutindo a estruturação de um curso de especialização, composto por seis unidades, em que o tema interprofissionalidade é transversal.  As referidas unidades são: 1) Saberes e práticas educativas; 2) Tecnologias de informação e comunicação; 3) Pesquisa e produção de conhecimento em saúde; 4) Formação docente; 5) Interprofissionalidade e ação colaborativa no trabalho em saúde; 6) Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Com a finalidade de realizar o aprimoramento do curso a partir do levantamento e exposição de ideias, foi conduzida uma oficina em outubro de 2019 com a participação de professores, profissionais de saúde, estudantes e convidados da área do ensino na saúde. A oficina foi planejada de modo a permitir a interatividade e garantir o sigilo pessoal de cada contribuição. Para isso, foram preparados cinco murais feitos de cartazes, no qual cada um representava uma das unidades constituintes do curso, com exceção da unidade referente ao Trabalho de Conclusão de Curso. Em cada cartaz foi disponibilizado o título de cada unidade, a carga horária dos módulos e as referências bibliográficas para sua elaboração. Além disso, destinou-se um espaço específico para a fixação das ideias individuais e de grupos. Esta fixação ocorreu pela utilização de “post-it” como forma de promover ludicidade, favorecer a visualização das contribuições e realocar as ideias quando necessário. Para realizar a atividade, percebeu-se a necessidade de dois momentos, um pela manhã e o outro pela tarde do mesmo dia. O primeiro momento destinou-se a apresentação individual de cada participante, a uma explicação sucinta da estruturação da proposta do curso e a contribuição individual, que se deu pela escrita dos pontos positivos, negativos e sugestões para cada unidade em um papel que foi fixado em cada cartaz respectivamente. Para realizar isso, destinou-se um tempo no qual cada pessoa se dirigia a cada mural, lia as informações e posteriormente escrevia suas considerações. Todas as pessoas presentes foram convidadas a apresentar pelo menos uma contribuição para cada um dos módulos temáticos. O segundo momento destinou-se a uma abordagem coletiva, no qual foram divididos todos os participantes aleatoriamente para formar quatro grupos com o objetivo de discutir cada unidade com as devidas contribuições propostas pela manhã. A intenção da abordagem coletiva foi a promoção da discussão com foco na observação de diferentes pontos de vista, de modo a estimular argumentos que corroborassem com as ideias levantadas e também para provocar conflito de opiniões, para que por meio do debate o grupo estabelecesse um consenso que também foi registrado em cada mural. Após as discussões coletivas, destinou-se um momento de fala para os participantes se pronunciarem quanto à oficina e ao curso. Destacam-se aqui alguns resultados da oficina em tela. Durante a atividade foram levantados pontos pertinentes, principalmente quanto à distribuição da carga horária, os títulos e a ordem dos módulos dentro de cada unidade. Além disso, foram indicadas mais referências e sugerida a inclusão de outras mais atualizadas sobre os temas abordados. Exemplifica-se que um ponto bastante sugerido referiu-se à substituição do módulo de blogs da unidade 2 - Tecnologias de informação e comunicação (TIC), com o propósito de atualizar os tópicos com as TIC’s mais utilizadas atualmente. Além disso, foi recomendada a inclusão de atividades dentro de um dos módulos que contribuíssem para o desenvolvimento de uma comunicação eficaz, como a realização de exercícios com intuito de fazer e receber críticas de comunicação não violenta. Algumas contribuições de participantes manifestaram a percepção de despreparo do preceptor em receber estagiários e residentes por falta de uma capacitação direcionada. Após a realização da oficina, foi realizada uma organização e síntese dos comentários de cada mural, e em etapa subsequente, o grupo tutorial 1 está se reunindo para discussão de todos os pontos que foram levantados, com a finalidade de avaliar, adaptar e consolidar as contribuições indicadas para melhor estruturação do curso. Para serem acatadas, todas as sugestões foram discutidas, uma a uma, e, somente após um consenso do grupo,  é que se incluíam as considerações dentro da estruturação do curso. Como consideração final salienta-se que a realização da oficina permitiu a percepção de detalhes importantes para o curso que não haviam sido antes abordados. Apesar das mudanças indicadas, constatou-se que o escopo geral do curso se demonstrou bem estruturado, e os módulos e conteúdos pertinentes e de acordo com o objetivo definido. A próxima etapa consistirá na validação da formatação final do curso por representantes dos quatro grupos tutoriais do projeto PET Interprofissionalidade e de convidados de atuação expressiva na área de ensino na saúde.

9972 PRECEPTORIA SOB A ÓTICA DAS ENFERMEIRAS NO CONTEXTO DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Rafaela Braga Pereira Veloso, Josicélia Dumêt Fernandes, Rosana Maria de Oliveira Silva, Ana Lúcia Arcanjo Oliveira Cordeiro, Elaine Andrade Leal Silva

PRECEPTORIA SOB A ÓTICA DAS ENFERMEIRAS NO CONTEXTO DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Rafaela Braga Pereira Veloso, Josicélia Dumêt Fernandes, Rosana Maria de Oliveira Silva, Ana Lúcia Arcanjo Oliveira Cordeiro, Elaine Andrade Leal Silva

Apresentação: A preceptoria nos Programas de Residência Multiprofissional é uma atividade que favorece o processo de construção do conhecimento e a interrelação da Instituição de Ensino Superior e serviço de saúde. O preceptor deve possuir conhecimento técnico cientifico, pedagógico e político para desempenhar suas funções com qualidade e integrar os cursos de a graduação ao mercado de trabalho. O exercício da preceptoria possibilita, portanto, ao preceptor, a partir de modos de atuação nos núcleos de saberes, identificar e contribuir para a construção da identidade profissional, junto à vivência com os residentes. Esse processo rumo à lógica de trabalho interdisciplinar, exige o reconhecimento da identidade profissional e especificidades de cada núcleo de formação, com um tempo e espaço para as experimentações de seus limites; reconhecimento dos campos de competência e criação singular de trânsito entre os saberes. O objetivo deste trabalho foi analisar o conceito de preceptoria sob a ótica das enfermeiras preceptoras dos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Desenvolvimento: estudo exploratório com abordagem qualitativa, realizado no ano de 2019, em unidades de saúde da família vinculadas a Programas de Residência Multiprofissional em Saúde da Família do Nordeste. Foram entrevistadas 10 enfermeiras preceptoras. Os critérios de inclusão foram: aquelas que exercem a preceptoria de residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família em unidades de saúde da família e para critérios de exclusão: aquelas que se encontram férias ou de licença por razões. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas e procedeu-se a análise de conteúdo de Bardin. Foram respeitados os aspectos éticos da resolução 466/2012 e Resolução 580/2018. Resultado: e Implicações: As enfermeiras entrevistadas conceituam a preceptoria nos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde da Família como uma atividade que proporciona a oportunidade de aprendizagem, troca de experiências, estímulo para o estudo, reaproximação da universidade, aperfeiçoamento no exercício da profissão, apoio e referência para o residente de modo ao estabelecimento de vínculo entre os atores envolvidos. Além disso, foram destacados a importância do residente no processo de construção do cotidiano de trabalho e na formação da sua  identidade enquanto preceptora. Considerações finais: As enfermeiras consideram a preceptoria como um processo de aprendizagem com troca de conhecimentos e experiências, que reaproxima a universidade do mercado de trabalho, e também, apoio e referência para o residente de modo ao estabelecimento de vínculo  entre os atores envolvidos no Sistema Único de Saúde.