351: Ensino, Pesquisa e Extensão em Arte e Cultura
Debatedor: Ian Jacques de Souza
Data: 31/10/2020    Local: Sala 07 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
11597 A CONVIVÊNCIA COMO ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DO COMUM: Cartografias com os Centros de Convivência no Rio de Janeiro.
Ariadna Patricia Estevez Alvarez, Claudia Osorio da Silva, Maria Elizabeth Barros de Barros

A CONVIVÊNCIA COMO ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DO COMUM: Cartografias com os Centros de Convivência no Rio de Janeiro.

Autores: Ariadna Patricia Estevez Alvarez, Claudia Osorio da Silva, Maria Elizabeth Barros de Barros

Apresentação: Este trabalho busca problematizar a noção de convivência, a partir desta pesquisa cartográfica com os Centros de Convivência e Cultura (CECOs) da cidade do Rio de Janeiro, realizada entre 2016 e 2020. Os CECOs estão ligados a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS / 2013) visando sustentar a diversidade na cidade através de ações de arte, cultura, esporte, lazer, trabalho e economia solidária. É um dispositivo de base comunitária que não conta com financiamento próprio e que para funcionar precisa contar com uma forte articulação com os territórios que integram. Além da ocupação de espaços públicos e culturais (praças, parques, praias, teatros, cinemas, casas de show e arte), os CECOs cariocas realizam: grafite, música, capoeira, yoga, mosaico, bordado, costura, peças teatrais e blocos de carnaval que tematizam a luta antimanicomial. Muitas das ações ocorrem fora da sede do CECO, usando a estratégia de avizinhamento. Compreendemos que a convivência, no contexto dos CECO, é uma atividade de trabalho de produção do comum. O comum aqui é pensado como multiplicidade e se manifesta através dos processos sociais colaborativos de produção. O comum não é uniforme, não é uma massa de gente que pensa, age, e sente da mesma forma. Não está dado a priori, é produzido. Se o comum é um composto de singularidades, compreende-se que com a ampliação da rede de relações entre suas diferenças em composição é possível a ampliação do poder de agir de quem participa dele. Esta ampliação fortalece a normatividade vital, isto é, a capacidade de invenção de novas normas frente às adversidades da vida, na medida em que distintas experiências são colocadas em diálogo. Estes sujeitos-subjetividades que dialogam no trabalho podem ser usuários, trabalhadores, ou pesquisadores do CECO. Reconhecemos que embora haja diferenças entre estes diversos lugares de enunciação, ao propormos no percurso da pesquisa que ‘SOMOS TODOS CONVIVENTES’, borramos fronteiras instituídas de modo que todos possam se apropriar de sua força vital e sua potência criadora na experimentação de outros lugares. O propósito ético da pesquisa foi criar espaços dialógicos no trabalho, uma direção da clínica da atividade, que é uma das clínicas do trabalho, formulada por Yves Clot. A pesquisa está organizada em três blocos: 1) Entrevistas com militantes históricos da luta antimanicomial; 2) Grupos com trabalhadores dos três CECOs: Trilhos do Engenho, Polo Experimental e Zona Oeste. 3) Encontros de conviventes no Fórum Estadual de CECOs do Rio de Janeiro. Por meio das entrevistas, concluímos que há mais divergências do que consensos sobre o lugar e a função do trabalho dos CECOs. Configura-se um campo problemático que investiga qual é o trabalho do Centro de Convivência? Com a análise das entrevistas, temos 3 linhas: 1) CECO como complemento do tratamento, sem se incorporar ao projeto terapêutico sua função é apontar caminhos para autonomia e sociabilidade do usuário; 2) CECO como unidade de saúde que funciona numa lógica terapêutica por pertencer à rede de atenção, sem fazer ruptura total com medicalização da vida; 3) CECO como dispositivo de desconstrução de "identidade monolítica de paciente", se diferencia de uma unidade de tratamento, pois possibilita uma outra relação com a vida, lazer, trabalho, cidade, e consigo próprio. Nos grupos com a equipe CECO Trilhos do Engenho, usamos um artigo como disparador do debate sobre o trabalho. Recolhemos enunciados dos trabalhadores, escritos no diário de campo que foram restituídos posteriormente em um grupo ampliado, incluindo equipe e parceiros do território. O público para quem o CECO dirige sua atividade é marcado pela heterogeneidade, pois dele faz parte tanto uma clientela que passou anos hospitalizada no manicômio, usuária de medicação psiquiátrica contínua, que vem encaminhada pelos CAPS, quanto uma clientela da comunidade, que nunca foi internada, que vem encaminhada por amigos ou pela atenção básica. Identificamos que há uma tripla função no trabalho da convivência: a desmedicalização da sociedade; a desinstitucionalização da loucura como doença e perigo; e a promoção da saúde do território, ligada à ideia de autonomia como exercício de participação social. No CECO Polo Experimental, realizamos grupos com os oficineiros, dialogando com eles qual é o seu ofício. Por meio da construção de um personagem fictício, e a análise da organização de uma festa junina na praça, identificamos como traços marcantes do ofício do oficineiro a sensibilidade e o coletivo. Para além das oficinas, o ofício do oficineiro requer uma sensibilidade ativa capaz de provocar a atividade de modo a ampliar a potência do outro. Os CECOs trazem o desafio de se tornarem espaços coletivos de reinvenção, produção de diferença e heterogênese. Assim, o ofício do oficineiro opera uma multiplicidade de redes em diversas conexões e sentidos, seja na realização de uma festa, seja na confecção de artesanatos nos projetos de economia solidária. Nos grupos com a equipe CECO Zona Oeste, ao colocarmos a atividade em discussão, destacou-se a dimensão afetiva como a característica principal. Na oficina de fotos, a equipe mapeou os afetos alegres e tristes no trabalho, ou seja, os que ampliam ou reduzem a potência e a saúde. Os trabalhadores têm seu poder de agir aumentado quando desmontam os manicômios existentes nas relações fazendo do trabalho da convivência um trabalho afetivo antimanicomial. Nestes processos os conviventes, trabalhadores e participantes, experimentam a desconstrução de lugares institucionalizados que separam “normais” e “anormais”, “pacientes” e “técnicos”. Os participantes deixam de enxergar a si e serem vistos a partir de um diagnóstico e passam a se enxergarem e serem vistos como artistas e os trabalhadores e gestores se tornam mais observadores do seu próprio trabalho. O trabalho afetivo antimanicomial diz respeito às relações corpo a corpo, às relações de afeto. Trabalho afetivo que produz subjetividade, sociedade e vida. Neste trabalho é feito um convite à um certo modo de produzir cuidado em que a convivência está no centro da vida. No terceiro bloco, a partir da experiência com o Fórum Estadual dos CECOs, destacamos o caráter político, a inseparabilidade entre transformar-conhecer, e as interferências na produção de políticas públicas e na produção de conhecimento, que gerou o projeto de lei 4563 /2018 que CRIA A POLÍTICA ESTADUAL DOS CENTROS DE CONVIVÊNCIA DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Analisamos três pistas a respeito da atividade da convivência, que também podem ser úteis na construção de políticas e movimentos: 1) ABERTURA, estar aberto a participação de todos, não restringir. 2) ITINERÂNCIA, se movimentar sem se fixar em um mesmo lugar. 3) MULTIPLICIDADE, produzir diferenças e heterogênese em vez de obstruir o trânsito entre elas. A pesquisa mostrou que mesmo em um cenário crítico de ‘Democracia em Vertigem’, é possível construirmos experiências democráticas em que cada um possa se expressar com sua própria voz, sem ter alguém que fale por nós. Isso foi possível por ter se criado um ‘comum sensível’, um afeto político que resiste ao embrutecimento que o projeto neoliberal tenta nos impor. Finalmente, consideramos que a atividade de convivência dos CECOs é um trabalho afetivo antimanicomial, feita principalmente por oficineiros, cujo ofício é estar sensível agindo de modo coletivo, com um público heterogêneo, que transita na cidade entre arte, cultura, trabalho, educação, lazer e esporte. A saúde dos conviventes, quer sejam usuários, trabalhadores ou pesquisadores, é produzida na convivência. E a convivência é ao mesmo tempo produto e produtora do comum.

12037 ALUNOS CONTADORES DE HISTÓRIAS E SUAS AÇÕES DE EXTENSÃO FORA DOS MUROS DA UNIVERSIDADE
Catarina Ferreira da Silva, Beattriz Telles, Luiza Ibañez Ribeiro, Veronica Pinheiro Viana, Ana Crelia Penha Dias, Clara Oliveira Freire, Clara Araújo de Oliveira, Liana Klein da Conceição

ALUNOS CONTADORES DE HISTÓRIAS E SUAS AÇÕES DE EXTENSÃO FORA DOS MUROS DA UNIVERSIDADE

Autores: Catarina Ferreira da Silva, Beattriz Telles, Luiza Ibañez Ribeiro, Veronica Pinheiro Viana, Ana Crelia Penha Dias, Clara Oliveira Freire, Clara Araújo de Oliveira, Liana Klein da Conceição

Apresentação: O projeto de extensão universitária Alunos Contadores de Histórias atua há 10 anos dentro dos setores assistenciais do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ) desenvolvendo a atividade de leitura de livros infantis. Um dos propósitos do projeto é  contribuir com a humanização no ambiente hospitalar, diminuindo o desconforto vivenciado pelas crianças atendidas. A leitura de obras literárias é uma atividade que permite ao ouvinte a expressão da sua capacidade simbólica. Do mesmo modo, essa experiência possibilita ao Aluno Contador de Histórias um aprendizado único, além do permitido na sua formação acadêmica dentro de sala de aula. Assim, essa troca de saberes proporcionada tanto pela leitura de um livro infantil quanto pela vivência daquele momento proporciona maior desenvolvimento pessoal ao aluno. As ações do projeto dialogam com as diretrizes da Política Nacional de Extensão Universitária (2012), que prevê ao aluno ser protagonista da sua formação acadêmica e cidadã como agente de transformação social. O objetivo deste trabalho é descrever e analisar as ações de extensão extramuros institucionais do Projeto Alunos Contadores de Histórias à luz da Política Nacional de Extensão Universitária, tomando como base a atuação nas oficinas de contação de histórias que ocorrem há quatro anos no projeto Crescendo com Manguinhos/Bio Manguinhos/Somar, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizado no Complexo de Manguinhos, com jovens de 10 a 13 anos. As ações de extensão avaliadas neste estudo são as oficinas de contação de histórias, que possuem o propósito principal de incentivo à leitura. Foram realizadas dinâmicas que trabalham a competência criativa através da elaboração de histórias a partir da capa de um livro, leitura em grupo e distribuição de livros infantis. A atividade foi realizada e desenvolvida pelos próprios Alunos Contadores de Histórias, a convite da coordenação do projeto Crescendo com Manguinhos. Diante da diversidade de material encontrado, o grupo optou por enfatizar a dimensão da formação do graduando pela ação extensionista. Os resultados mostram a contribuição dessas ações para um aprendizado além da formação acadêmica; promovem também o incentivo à leitura e a troca de conhecimento entre os Alunos Contadores de Histórias e os jovens que participaram das oficinas, dialogando com as Diretrizes para as Ações de Extensão Universitária da  Política Nacional de Extensão Universitária. O resultado parcial de três anos dessas ações gerou um trabalho apresentado pelos autores no 15º Congresso de Extensão da UFRJ em 2018 sendo premiado com menção honrosa. Deste modo, as ações extensionistas realizadas pelos Alunos Contadores de Histórias, fora dos muros da universidade, auxiliam na formação pessoal e profissional por meio da construção de uma visão crítica dos problemas sociais. Enquanto à comunidade, essas atividades promovem o estímulo à leitura e troca de saberes com a universidade, impactando assim na vida do indivíduo participante e proporcionando o conhecimento da universidade a quem não participa ainda de seu cotidiano.

12114 USO DE DROGAS E PROIBICIONISMO: GRUPO DE PESQUISA TRAVESSIAS
Rafael Wolski de Oliveira

USO DE DROGAS E PROIBICIONISMO: GRUPO DE PESQUISA TRAVESSIAS

Autores: Rafael Wolski de Oliveira

Apresentação: O uso de drogas se configura como uma problemática contemporânea no campo da atenção em saúde. O proibicionismo de determinadas substâncias acaba por acarretar efeitos nocivos, sobretudo quando atrelado a questões de sexismo e racismo, direta e indiretamente, na sociedade e em sujeitos. Objetivo: Este relato de pesquisa apresenta uma perspectiva descolonial sobre o proibicionismo de drogas com objetivo de ampliar a problematização sobre o cenário atual das drogas na sociedade brasileira e latinoamericana. Método: Resultado de leituras que transversalizam investigações de doutorado do grupo de pesquisa Travessias, do PPG em Psicologia Social e Institucional da UFRGS, este trabalho apresenta perspectivas teóricas sobre uso de drogas e saúde no Brasil e América Latina transversalizadas pela descolonialidade e apresenta práticas de pesquisas com estas temáticas. Considerações finais: No que se refere à questão de drogas e encarceramento no Brasil, dados do Infopen (Ministério da Justiça, 2014) indicam que o Brasil tem a quarta maior população prisional do mundo, com expansão no período de 1992-2013, quando aumentou em 403%. 26% dos detidos no Brasil cumprem pena por crimes relacionado a drogas, sendo o crime individual mais comum entre os presos. O encarceramento feminino está relacionado ao tráfico de drogas (63% das mulheres encarceradas), enquanto que para os homens este crime representa 25%. Há que se considerar a influência das relações afetivas na relação com este crime, o que praticamente inexiste para o contingente masculino. A política de guerra às drogas também está relacionada ao racismo institucionalizado, já que pretos e pardos correspondem a pouco mais de 60% dos presos. Verifica-se que no contexto latino-americano, historicamente, as políticas de proibição às drogas produzem questões que impactam diretamente na saúde da população, como o aumento do encarceramento, dificuldades de acesso a serviços de atenção, violência, risco associado a qualidade da substância, estigmatização do usuário, racismo e controle da população.

12131 PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR DO TAI CHI CHUAN NO EQUILÍBRIO, MOBILIDADE E PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA IDOSA: relato de experiência
Nathália Guilhermina Santana Silva, Alisson dos Anjos Santos, Marisete Afonso de Sales, Maria Teresa Brito Mariotti de Santana

PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR DO TAI CHI CHUAN NO EQUILÍBRIO, MOBILIDADE E PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA IDOSA: relato de experiência

Autores: Nathália Guilhermina Santana Silva, Alisson dos Anjos Santos, Marisete Afonso de Sales, Maria Teresa Brito Mariotti de Santana

Apresentação: O Tai Chi Chuan conforme o glossário de termos do Ministério da Saúde é uma prática corporal coletiva de origem oriental que consiste em posturas de equilíbrio corporal e na realização de movimentos lentos e contínuos que trabalham, simultaneamente os aspectos físicos e energético do corpo. Origina da cultura chinesa considerada como uma arte marcial derivada do Kung Fu praticado no templo budista de Shaolin. Atualmente tem sido reconhecido como prática de promoção da saúde em virtude dos benefícios relacionados ao exercício da meditação, ao relaxamento e ao equilíbrio. A partir da Lei nº 19.785, de 20 de dezembro de 2018, o Tai Chi Chuan, incluído na Medicina Tradicional Chinesa passou a ser incorporada no Sistema Único de Saúde, nos diferentes níveis de atenção à saúde (primária, secundária e terciária), inclusive nos programas de saúde na escola, saúde prisional, saúde mental, com ênfase na atenção básica a nas estratégias de atenção à saúde da família. Os princípios filosóficos do Tai Chi Chuan estão associados à filosofia do Taoismo e ao conhecimento da Alquimia chinesa. É uma modalidade de Ginástica Chinesa que, depois da musculação, é a de maior aderência entre as pessoas idosas. A Sequência Curta do Tai Chi Chuan ou Tai Chi Chuan Simplificado e os exercícios que compõem esta prática foram publicados numa série de cadernos pedagógicos oficiais, posteriormente reunidos e traduzidos para os principais idiomas ocidentais com o nome de WUSHU - Guia Chinês para a Saúde e o Preparo Físico da Família. Este guia descreve e ilustra, em pormenores, as diversas técnicas disponíveis para o planejamento da prática do Tai Chi Chuan. Estudos de evidência científica demonstram os benefícios do Tai Chi Chuan para a pessoa idosa que sofre a dor ocasionada por osteoartrose, perda da força e resistência muscular, e risco aumentado para quedas. Além das perdas físicas outras de caráter psico-sócio-econômica também ocorrem comprometendo a qualidade de vida e a auto-estima. Objetiva-se apresentar o relato de experiência da incorporação da prática integrativa e complementar do Tai Chi Chuan na atenção à saúde da pessoa idosa, no nível terciário. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência sistematizado tendo como pergunta norteadora: como o Tai Chi Chuan pode melhorar a autoestima, a qualidade de vida e o alívio da dor de uma pessoa idosa que o pratica ? O contexto foi o ambulatório de Práticas Integrativas e Complementar de um hospital universitário. Essa prática está incorporada desde 2014. O público foram os usuários do Sistema Único de Saúde que chegavam ao ambulatório por demanda espontânea com acesso direto. Encaminhado ao acolhimento com escuta sensível e qualificada e posteriormente para registro no ambulatório do hospital. Os encontros são realizados uma vez por semana, nos dias de quarta-feira, com duração de 60 minutos, .no horário que corresponde das sete e vinte as oito e vinte horas. O grupo reúne entre 25 a 30 participantes. Duas profissionais de saúde uma enfermeira e uma psicóloga habilitada na prática do Tai Chi Chuan conduzem os exercícios. A partir de 2019 foi estabelecida a integração ensino serviço com um projeto de extensão universitária, registrado na Pró-Reitoria de Extensão e a coordenação e organização contou além dos técnicos-administrativos com docentes e discentes. Feito uma análise das fichas de atendimento, organizando um banco de dados, utilizando uma planilha de excel, no período de 13 de março a 13 de dezembro do ano de 2019. A análise foi feita a partir da percepção dos(as) autores(as) utilizando a observação direta que é útil  para fornecer explicações evolutivas sobre alguns aspectos do comportamento humano, pelo diálogo verbal e não com os participantes. Associado a observação está a descrição que envolve o contexto no qual aspectos do todo podem ser registrados. Ambos exercem uma importante função na apresentação do relato de experiência. Também contribuíram as leituras sobre a temática publicada na literatura científica. Resultado: Foi analisado os seguintes pontos: 1. Benefícios do Tai Chi Chuan para o equilíbrio e a mobilidade da pessoa idosa - são decorrentes da prática regular dos exercícios não só durante os encontros, mas como uma prática diária que poderá ser desenvolvida junto com os familiares após ter assimilados os conhecimentos. São necessárias sessões contínuas e ininterruptas para que ocorra a prática  dos movimentos de forma sistemática. As principais queixas são as dores de coluna e nos joelhos. A osteoartrite e artrite reumatóide são perturbações musculoesqueléticas mais incidentes no mundo da pessoa idosa. É uma doença que provoca degeneração da cartilagem articular, hipertrofia nas margens dos ossos e alterações na membrana sinovial que pode afetar toda e qualquer articulação. A mobilidade, dificuldade de realizar tarefas cotidianas, dor, incapacidade, redução da qualidade de vida e aumento do risco de morbidade e mortalidade são comumente frequentes. Não há sugestão de que o Tai Chi Chuan possa diminuir a deterioração da cartilagem e do osso, mas há indícios de que ele possa agir como terapia adjuvante do tratamento médico. Participantes relatam espontaneamente adquirir mais flexibilidade das articulações, redução de edema e houve relatos de menor ingestão de analgésicos, indicando, assim mais um efeito benéfico dessa prática; 2. Tai Chi Chuan na melhoria da qualidade de vida - muito relacionado às emoções e a autoestima. Nos relatos os participantes referiram aumento da percepção do corpo e de diferentes facetas do bem-estar, redução do estresse, fazer coisas que achavam que não podiam fazer, sensação de vigor e força, melhor coordenação e equilíbrio, diminuição da ansiedade e percepção da dor, aumento da atenção, da confiança e do relaxamento, melhor desempenho mental e senso de realização. Considerações finais: A experiência revelou os efeitos da prática do Tai Chi Chuan incorporado na atenção terciária, com os  participantes que possuem comorbidades características do processo de envelhecimento, a média vulnerabilidade social e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. É benéfico no condicionamento físico e na promoção da saúde de indivíduos idosos. É de baixo custo. Pelos benefícios que traz ao corpo e à mente, essa prática é utilizada para fins terapêuticos e curativos pela medicina alternativa. Destaca a necessidade de desenvolver estudos com o objeto de pesquisa do Tai Chi Chuan para a pessoa idosa que frequentam regularmente o ambulatório de práticas integrativas e complementares em saúde.

12319 O RACISMO LATENTE NA SOCIEDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Brenda Melo Costa

O RACISMO LATENTE NA SOCIEDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Brenda Melo Costa

Apresentação: O presente relato se trata de uma ação de combate ao racismo realizada por um grupo de acadêmicos de medicina integrantes da Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina (IFMSA) Brasil. Objetiva-se por meio deste relatar que o racismo ainda persiste infiltrado no ambiente acadêmico e no âmbito social como um todo. Desenvolvimento: No dia 20 de novembro de 2019, sete alunos do curso de medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e integrantes da IFMSA Brazil realizaram uma ação intitulada “Cinedebate”, com exibição do documentário “Cidade de Deus 10 anos depois. Participaram da ação profissionais e discentes, entre eles uma advogada, uma enfermeira, um antropólogo e alunos da universidade e do ensino médio. Após o documentário abriu-se a sessão de debates e as discussões iniciaram em torno do grande descaso social com a população negra integrante da obra-cinematográfica, em seguida os participantes sentiram-se a vontade para externarem suas próprias experiências com o preconceito racial e, dentre eles, um aluno negro declarou que se sente oprimido ao sair para algum lugar elitizado com seus amigos e que para minimizar  isso veste-se da melhor maneira possível e não se permite ficar sem a identidade, caso seja revistado por ter estereótipo marginalizado. O jovem declarou que ao externar isso naquele momento, embora tenha sido muito difícil, mas foi libertador. Além do mais, os profissionais presentes relataram o racismo infiltrado em seus ambientes de trabalho e como ele ainda persiste em meio às leis, hospitais e salas de aula. Alguns participantes relataram o quão forte ainda é o preconceito familiar que enfrentam e que os graus comparativos com a cor de algum familiar são fortes ferramentas racistas. Dessa forma, houve um compartilhamento de informações nas mais diversas áreas. Resultado: Com a realização da ação constatou-se a importância de dar voz aos diferentes tipos de pessoas que sofrem com a prática racista, permitindo-lhes externar sobre suas experiências. É válido que isso se constituiu como um efeito terapêutico nos participantes. Além do mais, a ação foi crucial para o conhecimento das práticas racistas que, mesmo em uma sociedade moderna, parecem estar perdendo forças, mas ainda estão em latência na sociedade, no aguardo de oportunidades para manifestarem-se. É válido ainda citar que em virtude da participação de diferentes pessoas, com diferentes faixas etárias, profissionais e acadêmicos, pode-se então obter uma visão multifatorial do racismo, o que é fundamental para o combate do mesmo. Considerações finais: Dessa forma, o compartilhamento social sobre o racismo dentro e fora das universidades é um elemento indispensável no combate ao preconceito racial. O debate constitui-se um agente terapêutico para dar voz e notoriedade à pessoas cujos sofrimentos costumam ser esquecidos e silenciados. Além do mais, é sempre importante falar de racismo, mesmo que na sociedade atual se ouça falar tato sobre, mas é preciso reconhecer a presença do preconceito, ainda que latente, e combatê-lo para que se torne possível alcançar uma sociedade igualitária.

5847 A PREVENÇÃO DE IST NO IFAM CAMPUS PARINTINS: TECENDO POSSIBILIDADES PELA ARTE-EDUCAÇÃO
Raianne de Souza Rodrigues, Reidevandro Machado da Silva Pimentel

A PREVENÇÃO DE IST NO IFAM CAMPUS PARINTINS: TECENDO POSSIBILIDADES PELA ARTE-EDUCAÇÃO

Autores: Raianne de Souza Rodrigues, Reidevandro Machado da Silva Pimentel

Apresentação: Este trabalho é um relato de experiência do projeto integral “A proteção da saúde e a prevenção de IST através da Arte-Educação”, desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM Campus Parintins, que abordou as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), especificamente as Hepatites Virais, Herpes e HPV a partir da perspectiva da Arte-Educação. Salienta-se que este projeto é a continuidade do projeto integral “Arte-Educação: a promoção da saúde e a prevenção de IST no IFAM Campus Parintins, cujo enfoque se deu na abordagem da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), Sífilis e Gonorreia em virtude do tempo exíguo de execução das atividades propostas no projeto. Relaciona-se a área de Atenção à Saúde, do Programa de Assistência Estudantil do Campus, que se refere a uma política educacional e um direito conquistado pelos estudantes da rede federal de ensino, cujo intuito é garantir a permanência e o êxito do estudante. Teve como objetivo geral proporcionar conhecimento sobre as IST por meio de atividades lúdicas da Arte-Educação e como objetivos específicos trabalhar a Arte-Educação com enfoque na dialoga do riso e promover saúde e prevenir doenças. As IST, antes denominadas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), adquirem essa nova nomenclatura para destacar a possibilidade do processo de transmissão de uma infecção causada por bactérias, vírus ou parasitas de uma pessoa para a outra, comumente pelo contato sexual sem o uso devido do preservativo, mesmo que não haja sinais e sintomas aparentes de tais infecções. Esse tema envolve tabus e causa estereótipos, levando, na maioria das vezes, ao seu negligenciamento no seio familiar pelo desconhecimento dos pais ou cuidadores e também pelo desconforto de se conversar sobre esta questão com os filhos, receando incentivá-los a prática das relações sexuais. Desse modo, o projeto, aqui descrito, surgiu, como já citado anteriormente, no sentido de ampliar o conhecimento sobre esta temática, haja vista que os coordenadores já tinham iniciado sua abordagem num outro momento. A escolha pela Arte-Educação como norteadora desse trabalho delineou-se a partir da constatação da necessidade de inovação na apresentação dos conceitos e os tipos das IST, imprimindo nas apresentações realizadas a ludicidade e a interatividade, aliadas a informações seguras e fidedignas sobre o tema e desse modo estimular a participação dos estudantes. Nesse ínterim, buscou-se implicar a humanização na abordagem da temática como um fio condutor para a prevenção de doenças e a promoção da saúde por meio da dialoga do riso. Para tanto, alguns procedimentos foram realizados, como orientações semanais as três bolsistas do projeto; levantamentos bibliográficos e seleção de produções científicas e materiais de apoio; fichas de leitura; divulgação do projeto no Campus; produção de cordel, paródia de uma toada de boi bumbá, uma esquete (escrita de um pequeno texto, geralmente de caráter cômico) com a utilização de fantoches e uma peça teatral. Todo esse processo culminou na realização de cinco apresentações, realizadas em salas de aula e no auditório, entre os meses de setembro a novembro de 2017, para os estudantes dos cursos técnicos Integrado e Subsequente de Administração, Agropecuária, Informática, Meio Ambiente e Recursos Pesqueiros, sendo observada a participação efetiva do público, que interagiu com as apresentações, demonstrando divertimento e ao mesmo tempo atenção a mensagem a ser transmitida. É interessante esclarecer que no curso de nível integrado, o aluno estuda o ensino médio e técnico ao mesmo tempo, pois para ingressar nos institutos federais, o critério mínimo é a conclusão no ensino fundamental até a data de sua matrícula, ao passo que no curso de modalidade subsequente, o aluno estuda apenas o ensino técnico, haja vista que a conclusão do ensino médio é pré-requisito para o seu ingresso. Ao final das apresentações, alguns estudantes procuraram a equipe do projeto e relataram terem gostado da forma com que foi abordada a temática, bem como referiram ter aprendido com o espetáculo apresentado. Cabe destacar que a ideia de se utilizar uma toada como ferramenta educativa foi um insight eficaz tanto para proporcionar informação e consequentemente a construção do conhecimento sobre a relevância do autocuidado na prevenção das IST e na promoção de saúde dos estudantes como para enaltecer a cultura do município de Parintins, que abriga o maior festival folclórico a céu aberto da região norte, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que conta com a disputa das Associações Folclóricas Boi bumbá Caprichoso (cores azul e branco) e Boi bumbá Garantido (cores vermelho e branco) no último fim de semana do mês de junho, cuja repercussão é mundial. Diante desse cenário, reafirma-se que as atividades relacionadas à promoção da saúde e a prevenção de doenças com o enfoque aqui abordado são relevantes e necessárias no contexto escolar, haja vista a emergência da instituição de uma cultura de Educação em Saúde na escola, levando adolescentes e jovens a serem multiplicadores das informações disseminadas e do conhecimento construído a partir da perspectiva da Arte-Educação. Nesse sentido, compreende-se que o projeto em tela foi além do cumprimento dos objetivos propostos ao contribuir, enquanto estratégia educativa que colocou em prática novas formas de pensar e fazer Educação em Saúde, para a desmistificação de temas, considerados tabus no ambiente escolar, propagando assim a transversalidade da educação para os adolescentes e jovens do instituto. Portanto, concluiu-se que abordar as IST no IFAM Campus Parintins demonstrou ser um desafio prazeroso, mas também oneroso aos coordenadores do projeto no sentido do manejo de práticas educativas, que vislumbrassem a inovação, a criatividade, a dialoga do riso e o acesso democrático do conhecimento de temas transversais,  de modo a agregar formas  diferentes de ser, pensar e agir no mundo, desenvolvendo um olhar mais amplo sobre a realidade cotidiana e construindo assim novas perspectivas relacionadas à prevenção de doenças e a promoção da saúde. Ademais, espera-se que o projeto tenha contribuído para inspirar novas iniciativas, que, como a aqui relatada, possam extirpar com ludicidade preconceitos e visões distorcidas sobre assuntos, que há muito tempo já deveriam fazer parte do cotidiano escolar, posto sua relevância e relação intrínseca com a nossa sexualidade, que é um aspecto basilar da constituição da identidade humana.

6036 “O VENTO DOS AVOADOS”: UMA APOSTA NA POTÊNCIA DA PERFORMANCE AUTOBIOGRÁFICA E DA ATENÇÃO ESTÉTICA NA PRODUÇÃO DE SAÚDE MENTAL
Lais Barreto Barbosa, Ana Karenina de Melo Arraes Amorim, Maria Inês Badaró Moreira

“O VENTO DOS AVOADOS”: UMA APOSTA NA POTÊNCIA DA PERFORMANCE AUTOBIOGRÁFICA E DA ATENÇÃO ESTÉTICA NA PRODUÇÃO DE SAÚDE MENTAL

Autores: Lais Barreto Barbosa, Ana Karenina de Melo Arraes Amorim, Maria Inês Badaró Moreira

Apresentação: Trata-se de uma pesquisa em nível de doutoramento que investigou um processo de experimentação no campo da saúde mental em composição com as artes cênicas em sua dimensão clínica, estética e política que se singularizou com a criação do Coletivo cenopoético "Vento dos Avoados". Na conexão dos campos da saúde mental, do teatro documentário e da performance autobiográfica, pretendemos construir uma possibilidade de cuidado que aproximasse a linguagem da performance cênica autobiográfica com a estetização da vida na tentativa  de ficcionar as narrativas esquecidas de pessoas que usam serviços de saúde mental. Sabe-se que os campos das artes, da clínica e da loucura têm interfaces conhecidas e que no processo de Reforma Psiquiátrica brasileira destaca-se, atualmente, a tendência ao reconhecimento da autonomia e potência do campo artístico-cultural com relação ao campo psiquiátrico. Desta forma, buscamos nesta pesquisa, dar visibilidade a uma linguagem artística e sua relação com a clínica da saúde mental comunitária. Trata-se de uma pesquisa-intervenção de inspiração cartográfica fundamentada na filosofia da diferença e nos autores da desinstitucionalização em saúde mental. O campo da pesquisa consistiu em oficinas de experimentos cênicos que tiveram como público pessoas do Movimento Nacional da População de Rua do Rio Grande do Norte (MNPR/RN); usuários da rede de atenção psicossocial (RAPS); integrantes da Associação Potiguar Plural; estudantes e um diretor cênico. As oficinas foram campo de estágio para alunos do curso de Psicologia da UFRN e constituíram um lugar de formação e experimentação no campo do fazer artístico e a saúde mental. Os encontros foram realizados por um ano semanalmente em uma casa de cultura na cidade de Natal/RN. A pesquisa foi registrada em diários cartográficos e encontra-se em processo de finalização das análises. Os resultados parciais nos mostram que ao performatizarem suas autobiografias, os participantes puderam encontrar histórias alegres esquecidas que, relembradas em seus corpos, trouxeram-lhes um deslocamento subjetivo instaurando-se como afetos alegres e, assim, puderam se afirmar como outras pessoas em suas lembranças esquecidas antes dos processos de institucionalização. Encontraram um outro lugar na cidade e na relação de seus corpos na mesma. A experiência da pesquisa tem nos apontado uma contribuição significativa do campo da performance autobiográfica aos modos de fazer e pensar a clínica em saúde mental comunitária no campo do sensível. 

6071 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE COGNITIVA PARA OS IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO DANÇANDO COM IDOSOS
Chrystiane Bacelo Barbosa Pereira, Ana Carolina Luppi De Nardi, Ermenilde da Silva Pinto, Fabiana dos Santos Paixão, Juliana da Silva Secchin, Larissa da Silva Almeida, Fabíola dos Santos Dornellas Oliveira

IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE COGNITIVA PARA OS IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO DANÇANDO COM IDOSOS

Autores: Chrystiane Bacelo Barbosa Pereira, Ana Carolina Luppi De Nardi, Ermenilde da Silva Pinto, Fabiana dos Santos Paixão, Juliana da Silva Secchin, Larissa da Silva Almeida, Fabíola dos Santos Dornellas Oliveira

Apresentação: O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, porém o aumento da expectativa de vida não está associado a qualidade de vida na maioria das vezes. Com o declínio gradual das funções cognitivas devido a modificações ocorridas no Sistema Nervoso Central, alguns aspectos da função cognitiva são mais suscetíveis à senescência, incluindo a atenção, as memórias de curto e de longo prazo, além do executivo central, tornando-se necessário minimizar os impactos negativos do envelhecimento. Este relato, pretende expor a vivência das estudantes de fisioterapia quanto a importância do estímulo a atividade cognitiva dos idosos ao participar do projeto de extensão Dançando com Idosos do curso de Graduação em Fisioterapia da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória -EMESCAM, coordenado por uma docente de fisioterapia. Desenvolvimento: Tendo em vista o encerramento das atividades do projeto de extensão Dançando com Idosos e as festividades solenes de fim de ano, foi desenvolvido um espetáculo músico teatral a ser apresentado para convidados e familiares. Com isso notou-se a oportunidade de incluir os idosos participantes do projeto na confecção de um dos acessórios utilizados no cenário e durante o espetáculo. Conhecido a relevância do treino cognitivo para manutenção da capacidade funcional de idosos, foi confeccionado flores de cartolina pelos próprios idosos, ao qual receberam orientações passo a passo em cada etapa da construção, desde os materiais necessários, medidas de cada item até o recorte, colagem e montagem, que inicialmente acreditaram que não daria certo, mas que com a ajuda motivacional da docente responsável, bem como dos discentes, foi possível obter êxito na atividade proposta superando as expectativas dos idosos. Resultado: A atividade cognitiva proposta foi de grande importância não só para trabalhar aspectos cognitivos, mas também aspectos de participação e interação social, sendo extremamente gratificante trabalhar o aumento da qualidade de vida por meio de atividade cognitiva lúdica e diferenciada proposta através da confecção de flores de cartolina ao qual embelezaram sobremaneira a apresentação e cenário, bem como o enaltecimento do brio desses idosos. Considerações finais: Ao iniciarmos este trabalho não imaginávamos o quanto esta experiência seria satisfatória aos idosos, da maneira que foi, mas ao concluirmos com êxito, foi de extrema euforia perceber a alegria, motivação e desempenho dos idosos, ajudando melhorar a autoconsciência, autoconfiança e interação interpessoal sentindo-se úteis, e cada vez mais engajados a realizarem trabalhos manuais.

6380 IDOSOS DEPENDENTES: RELATO DE UMA INVESTIGAÇÃO NO EXTREMO SUL CATARINENSE
Roger Flores Ceccon, Carlos Alberto Severo Garcia Jr., Virgínia de Menezes Portes, Isabella Mazuco de Oliveira, Jefferson dos Santos Salviano, Karine Pires Costa, Mariana Berejuck, Paulo Henrique da Silva Menezes

IDOSOS DEPENDENTES: RELATO DE UMA INVESTIGAÇÃO NO EXTREMO SUL CATARINENSE

Autores: Roger Flores Ceccon, Carlos Alberto Severo Garcia Jr., Virgínia de Menezes Portes, Isabella Mazuco de Oliveira, Jefferson dos Santos Salviano, Karine Pires Costa, Mariana Berejuck, Paulo Henrique da Silva Menezes

Apresentação: Nas últimas décadas, observou-se um processo de envelhecimento populacional na maioria dos países do mundo, determinado pelo aumento da expectativa de vida e pela redução da taxa de natalidade. Além do mais, houve crescimento da quantidade de idosos em idade avançada, dentre os quais é comum a ocorrência de doenças crônicas e limitações físicas e mentais. A população brasileira superou a marca dos 30,2 milhões de pessoas idosas em 20174, apresentando crescimento de 18% nos últimos cinco anos, com 4,8 milhões de novos idosos. Atualmente, as mulheres representam 16,9 milhões (56,4%) e os homens 13,3 milhões (43,6%). A quantidade de idosos se elevou em todas as unidades da federação, sendo o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul os estados com maiores proporções, com 18,6% de suas populações com 60 anos ou mais. O Amapá é o estado com menor percentual (7,2%). As mudanças demográficas e sociais que vêm ocorrendo nas sociedades modernas contribuem para o problema da dependência entre a população idosa. A dependência refere-se à incapacidade funcional de realizar atividades da vida diária (alimentar-se, vestir-se, tomar banho, entre outras) e atividades instrumentais da vida diária (ir ao banco, pegar ônibus, comunicar-se, entre outros). Neste caso, os idosos dependentes necessitam da presença de pelo menos outra pessoa que auxilie a execução destas atividades, onde muitas vezes não consegue tomar decisões e poder gerir a própria vida. Os idosos dependentes com incapacidades funcionais e problemas sociais são os que mais sofrem e, com mais frequência, são vítimas de violência, negligências e abandonos. São particularmente mais desfavorecidos os homens e mulheres com 80 anos ou mais, os mais pobres e as mulheres viúvas e solteiras com agravos físicos, cognitivos e emocionais. Esse grupo, em geral, apresenta necessidades não cobertas pelos serviços e benefícios tradicionalmente ofertados Estado, não possuem condições financeiras para custear um cuidador formal e muitas vezes não possuem pessoas próximas que possam auxiliar no cuidado. No Brasil, não há Políticas Públicas voltadas ao cuidado do idoso dependente, tornando-se um tema pouco explorado na literatura e uma lacuna importante para o SUS e para a Previdência Social. Portanto, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de uma pesquisa no campo da Saúde Coletiva na região do extremo-sul de Santa Catarina que analisou a situação dos idosos com dependência que residem com suas famílias, assim como as estratégias de cuidados utilizadas. Desenvolvimento Este texto é um relato de experiência que apresenta a etapa realizada no Estado de Santa Catarina de uma pesquisa multicêntrica coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz. A pesquisa de caráter qualitativo investigou as implicações subjetivas, sociais, econômicas e o manejo das situações vividas pelo idoso e seu cuidador. Em dois municípios da região do extremo-sul catarinense (Araranguá e Balneário Arroio do Silva) que apresentam alta taxa de envelhecimento, realizou-se a coleta dos dados por meio de entrevistas semiestruturadas com 32 informantes-chave, sendo 14 idosos dependentes, 11 cuidadores-familiares, três cuidadores profissionais e quatro gestores municipais. As visitas ocorreram por meio do apoio da Estratégia de Saúde da Família e nelas abordadas as seguintes questões: como está ocorrendo o processo de cuidados aos que têm algum tipo de dependência; o que significa para as famílias ter uma pessoa dependente em termos econômicos e psicossociais; como é a situação da pessoa ou das pessoas que cuidam; qual o apoio recebido dos serviços de saúde acerca do cuidado em domicílio e o que os familiares, profissionais de saúde e gestores propõem para melhorar a situação. Esse estudo foi aprovado pelo CEP/CONEP com o parecer CAEE número 14789119.80000.021. Resultado: A etapa da pesquisa no Estado de Santa Catarina englobou a participação de um grupo de pesquisadores formado por professores, estudantes e profissionais de saúde, promovendo a multiplicidade de olhares sobre o fenômeno analisado. Primeiramente, foi realizado contato com as respectivas Secretarias Municipais de Saúde para obtenção da autorização e articulação com as equipes de Atenção Básica em Saúde (ABS). Por meio das equipes, foi realizado um levantamento do número de idosos em situação de dependência, se constituindo um novo indicador assistencial e de gestão, já que era uma informação desconhecida e de suma importância para o Sistema Único de Saúde (SUS). Após a relação dos sujeitos da pesquisa, foram selecionados os idosos participantes, realizado telefonema e, em dupla, realizada entrevista domiciliar com o idoso e seu cuidador (familiar ou profissional). As entrevistas com os idosos envolveram questões relativas à como ele está se sentindo; o que pensa de sua condição de dependência; o que acha que poderia ser feito para melhorar a situação em que se encontra. Com o familiar cuidador foi questionada a história de vida do familiar idoso; os principais problemas que ele está vivenciando; como ocorreu sua vulnerabilidade social ou funcional; o relacionamento dele com os outros familiares; as dificuldades que a família vem enfrentando; com o cuidador formal foi abordado há quanto tempo está nessa função e as estratégias de cuidado utilizadas; quais os problemas que enfrenta no desempenho das atividades em relação ao idoso, à família e aos serviços sociais e de saúde. As entrevistas com o gestor e os profissionais de saúde envolveram perguntas de como compreende a dependência social, física mental e cognitiva do ponto de vista da atenção à saúde e da assistência social; quais as facilidades e dificuldades que encontra para acolher, acompanhar ou encaminhar os idosos e seus familiares com os diversos tipos de dependência; e que iniciativas eles sugerem para apoiar as famílias. A análise de dados foi realizada em grupo, elucidando os diferentes pontos de vista e os aspectos que foram mais frequentes ou que apresentaram efeitos no grupo de pesquisa. Conclusões A pesquisa relatada se insere no campo da Saúde Coletiva, tanto do ponto de vista do tema investigado quanto ao método empregado. Pesquisar na Saúde Coletiva é elucidar aspectos invisibilizados e naturalizados por outros campos do conhecimento, além de proporcionar a constituição de redes de pesquisa, de afetos e de conhecimento; propor intervenções e reduzir os efeitos da problemática em questão. A pesquisa relatada contribui para o desenvolvimento de outras investigações, práticas e ações acerca da temática, no sentido de produção de conhecimento e intervenções sobre o problema.  

7029 A APRESENTAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM PARA OS FUTUROS PROFISSIONAIS DA ÁREA PARA UM SUS MELHOR
Danielle Freire Goncalves

A APRESENTAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM PARA OS FUTUROS PROFISSIONAIS DA ÁREA PARA UM SUS MELHOR

Autores: Danielle Freire Goncalves

Apresentação: A alta desvalorização da enfermagem decorre pela falta de conhecimento das práticas desempenhadas por tais profissionais. Historicamente, a enfermagem foi indubitavelmente necessária para evolução da humanidade, pois, o ser humano sempre dominou a arte de cuidar, que com o tempo essa prática se transformou em uma ciência de alta complexidade. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o ano de 2020 será o ano internacional da enfermagem, com o objetivo da valorização e melhorias das condições de trabalhos dos enfermeiros. Objetivo: Trata-se de um estudo qualitativo para a obtenção de dados sobre o nível de conhecimento da importância dos enfermeiros no SUS (Sistema Único de Saúde), além disso, esclarecer para os acadêmicos em enfermagem seus direitos constitucionais. Método: A priori, será distribuído um formulário para a compreensão do conhecimento sobre as resoluções do Cohen (Conselho Federal de Enfermagem) sobre as práticas que a equipe de enfermagem tem autorização de realizar e seus direitos trabalhistas. Posteriormente, haverá a ministração de uma palestra aportando tais assuntos e como pode ocorrer uma melhoria nas ações dos enfermeiros dentro do SUS. Resultado: Com essa ação há a tentativa da criação de um ambiente melhor tanto para os enfermeiros como para os pacientes da saúde pública que terão profissionais com mais informações sobre sua área de atuação. Além disso, há o recolhimento de dados estatísticos para futuras pesquisas cientificas sobre o nivelamento dos acadêmicos em enfermagem sobre as resoluções da sua futura profissão. Considerações finais: Durante os últimos anos houve um crescimento no número de enfermeiros no mercado de trabalho, porém, ainda é uma profissão negligenciada que tem uma importância indubitável para a sociedade. Com isso, faz-se necessário a aplicação de ações afirmativas para a sensibilização dos acadêmicos para a construção de futuros profissionais cientes dos seus direitos e deveres no ambiente de trabalho, criando um cuidado mais eficiente.

7196 DANÇA COMO EXPERIÊNCIA DE CUIDADO DO SUJEITO EM SOFRIMENTO PSÍQUICO
Yasmin Felícia Mussi de Moura, Flavia Liberman

DANÇA COMO EXPERIÊNCIA DE CUIDADO DO SUJEITO EM SOFRIMENTO PSÍQUICO

Autores: Yasmin Felícia Mussi de Moura, Flavia Liberman

Apresentação: O presente trabalho apresenta um projeto de pesquisa, a ser realizada através do Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), na linha de pesquisa Educação em Saúde na Comunidade, na modalidade Mestrado Profissional, pelo próximo ano. Este projeto surgiu de provocações vivenciadas pela pesquisadora, atuando como terapeuta ocupacional na clínica em saúde mental em um equipamento de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), do Município de São Paulo. Este equipamento, nomeado Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), se propõe, através da legislação e da luta da Reforma Psiquiátrica Brasileira, a ser um serviço substitutivos aos manicômios, no cuidado em saúde de pessoas com transtornos mentais severos e persistentes. Nesse sentido, surge do cotidiano da prática como profissional de saúde, questões em relação ao cuidado desses sujeitos e de tantos outros que vivenciam sofrimento psíquico em distintas formas, e de como produzir saúde, na perspectiva para além da ausência de doenças. A arte aparece nesse contexto como criadora de possibilidades, como: recurso terapêutico; experiência estética; transformadora social; acolhimento e reconhecimento da diversidade; enriquecedora do cotidiano; forma de comunicação, entre outras. Através da realização de oficinas de práticas corporais e dança, na qual se inserem sujeitos em sofrimento psíquico (alguns atendidos por este CAPS), entre outros, objetiva-se aprofundar a compreensão sobre as ressonâncias que as artes, em especial a dança, estabelecem com sujeitos que se relacionam com ela, sob o viés da produção de cuidado e vida. Utilizando a metodologia da cartografia, serão analisados os diários da pesquisadora,  registros de rodas de conversa com os participantes e notas coletivas (escritas, corporais e/ou audiovisuais). Como ponto de partida se propõe a experiência. Ao longo do processo emergem as pistas dos temas para ampliar a compreensão sobre o cuidado, a vida e os conhecimentos produzidos a partir dos encontros, O caminho se faz ao caminhar. E apenas estando aberto e atento ao devir que é possível captar sensibilidades da experiência, no campo objetivo e subjetivo, daqueles que a atravessam.

7805 TEATRO COMO FERRAMENTA FACILITADORA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO ESCOLAR - REVISÃO INTEGRATIVA DO PERÍODO 2007-2019
Lucas Lima de Carvalho, Eduardo Alexander Júlio César Fonseca, Lucas Rodrigues Claro, Antonio Eduardo Vieira dos Santos, Amanda dos Santos Cabral, Bruna Liane Passos Lucas, Maria Kátia Gomes, Alexandre Oliveira Telles

TEATRO COMO FERRAMENTA FACILITADORA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO ESCOLAR - REVISÃO INTEGRATIVA DO PERÍODO 2007-2019

Autores: Lucas Lima de Carvalho, Eduardo Alexander Júlio César Fonseca, Lucas Rodrigues Claro, Antonio Eduardo Vieira dos Santos, Amanda dos Santos Cabral, Bruna Liane Passos Lucas, Maria Kátia Gomes, Alexandre Oliveira Telles

Apresentação: Esta revisão integrativa teve como objetivos: caracterizar a produção científica acerca da temática educação em saúde, de crianças em idade escolar, com base no teatro como ferramenta facilitadora desse processo, no período 2007 a 2019; discutir as implicações dos principais resultados evidenciados na produção científica à luz dos conceitos de “promoção da saúde” e “alfabetização em saúde”. As questões de pesquisa dessa revisão integrativa foram: “Que evidências existem na literatura científica sobre a contribuição das atividades teatrais para a promoção da saúde na idade escolar?” e “Quais os fatores que favorecem e dificultam a implementação de práticas educativas na modalidade teatral?”. Para obtenção dos artigos, foi realizada busca sistematizada nas bases de dados Lilacs e PubMed à partir dos descritores “saúde do estudante”, “drama” e “serviços de saúde escolar”. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, a amostra final foi constituída por quatro artigos. As publicações analisadas descrevem que a utilização do teatro e de técnicas relacionadas à dramaturgia, tais como: como DVDs, teatro de fantoche etc. potencializaram as ações de educação em saúde. O teatro apresentou-se assim como uma ferramenta eficaz para a promoção da saúde de crianças em idade escolar. Um dos artigos ainda aponta a importância da capacitação dos profissionais para promover esse tipo de estratégia, sendo esse um fator que dificulta a implementação de práticas teatrais na educação em saúde. Cabe ressaltar, que apesar de sua importância comprovada pelos artigos encontrados, existem poucos estudos e evidências sobre a utilização de estratégias teatrais para a educação popular em saúde. Podemos inferir a necessidade de investigação maior acerca de ações educativas lúdica sutilizando o teatro, para então delimitarmos métodos de sua utilização e posterior capacitação de profissionais com o objetivo de usar essa ferramenta de promoção da saúde.

7832 CUIDADO EM SAÚDE DE JOVENS: APONTAMENTOS EXTRAÍDOS DE CURTAS METRAGEM
Gabriele Petruccelli, Maria Aparecida Bonelli, Jônatas Sneideris, Ana Izaura Basso de Oliveira, Maria Izabel Sartori Claus, Bárbara de Souza Coelho Legnaro, Larissa Fernandes Franco, Monika Wernet

CUIDADO EM SAÚDE DE JOVENS: APONTAMENTOS EXTRAÍDOS DE CURTAS METRAGEM

Autores: Gabriele Petruccelli, Maria Aparecida Bonelli, Jônatas Sneideris, Ana Izaura Basso de Oliveira, Maria Izabel Sartori Claus, Bárbara de Souza Coelho Legnaro, Larissa Fernandes Franco, Monika Wernet

Apresentação: Juventudes são diversas, por “surgirem”, serem vividas e dinamizadas em contexto sócio, histórico e cultural singular. Desse modo, todo olhar para elas requer consideração das condições que as circunscrevem, pois, representações negativas, preconceituosas e de julgamentos são comuns, limitam a aproximação e comprometem acolhimento. A atenção à saúde tem se revelado lacunar no suporte aos mesmos e, dentre as discussões neste contexto, está assinalada ser premente ampliar consideração e escuta ao jovem, com reconhecimento do mesmo enquanto pessoa de direito e voz, aspecto central na direção de desenvolver autonomia, participação e protagonismo social.  O presente estudo é teórico, de natureza reflexiva, pautado nas manifestações de jovens em produções cinematográficas do projeto denominado ‘É Nóis na Fita’. Esse projeto acontece desde 2014, na cidade de São Paulo. Trata-se de um curso gratuito de cinema, dirigido a jovens de 15 a 20 anos, com 39 curtas produzidos de 2014 a 2017. Os mesmos estão disponíveis no site do projeto (de acesso público). O objetivo geral do estudo foi de descrever as temáticas e enfoque veiculados nos curtas e discutir sua relação com os processos de socialização e com as Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde. A análise dos curtas deu-se pela Análise Temática de Conteúdo. As pautas juvenis revelam um anseio por reconhecimento social no que condiz ao respeito e valoração das identidades de gênero, diferenças raciais, limitações físicas, classes sociais e projetos de vida. A escuta e valorização de suas vozes também são destaque, em especial nas relações familiares. Os conflitos familiares que protagonizaram os curtas, estão firmemente relacionados às violências doméstica, sexual e de gênero. A vida adulta é interpretada, sob uma rotina alienada de trabalho e sobrevivência, relacionamentos líquidos, sem expectativa de satisfação futura. Os pleitos expostos nos curtas representam as negatividades enfrentadas por jovens e essas interveniências permeiam os temas estruturantes da Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e de Jovens: Participação Juvenil; Equidade de Gêneros; Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos; Projeto de Vida; Cultura de Paz; Ética e Cidadania; Igualdade Racial e Étnica. A aproximação das percepções dos adolescentes frente à suas relações sociais e com a comunidade, permitiu reflexões com vistas ao cuidado em saúde.

7867 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E CONTRIBUIÇÕES DA ARTE NA FORMAÇÃO CRÍTICA E REFLEXIVA DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Roseane Vargas Rohr, Samantha Moreira Felonta, Letícia do Nascimento Rodrigues, Amanda Anavlis Costa, Gustavo de Oliveira Andrade, Welington Serra Lazarini, Fátima Maria Silva

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E CONTRIBUIÇÕES DA ARTE NA FORMAÇÃO CRÍTICA E REFLEXIVA DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Autores: Roseane Vargas Rohr, Samantha Moreira Felonta, Letícia do Nascimento Rodrigues, Amanda Anavlis Costa, Gustavo de Oliveira Andrade, Welington Serra Lazarini, Fátima Maria Silva

Apresentação: A arte é um recurso potente para sensibilização e crítica sobre temas relacionados à vida humana. Iniciado em março de 2007, o projeto de extensão Imagens da vida, utiliza o desenho, a pintura, a fotografia, os filmes e outras manifestações artísticas para desenvolver competências e habilidades para o cuidado integral e humanizado a partir de uma compreensão crítica da realidade. Adota a estratégia de mostras culturais temáticas, aproximando diferentes área como arte, cultura, história, saúde e enfermagem. A metodologia adotada se apoia no referencial de Paulo Freire, onde o educando é protagonista no seu processo de aprendizagem crítico, reflexivo e participativo. Relatar as ações desenvolvidas no projeto de extensão imagens da vida que utiliza a arte na formação crítica, reflexiva e sensível em saúde. Desenvolvimento: A definição do tema gerador parte da escolha do estudante, que se apropria da temática por meio da pesquisa e leituras de artigos, livros e seleção de imagens disponíveis na web. Dessa forma, ocorre a seleção das imagens, que quando selecionadas são ampliadas e dispostas em painéis/murais para visitação e um livro de registros para os visitantes é disponibilizado. Resultado: O projeto realizou as seguintes mostras culturais temáticas: “Imagens revelando a história da enfermagem”, “Arte como recurso pedagógico para o ensino de enfermagem em saúde mental”, “Imagens revelando a evolução histórica da verificação dos sinais vitais”, “Panorama histórico de nossos medos – Epidemias”, “Infográficos: tecnologia educativa para o ensino em história da enfermagem”, “Estratégias publicitárias para o aumento do consumo de cigarros ao longo da história”, “Além das palavras: arte e vida de Vincent Van Gogh”, “Reflexões sobre violência e gênero na vida e obra de Artemísia Gentileschi”,  “Boas práticas na enfermagem: diálogo visual sobre a arte e a ciência do cuidar”, “Vulnerabilidades humanas retratadas na série Os retirantes de Cândido Portinari”, “Imagens revelando o sofrimento de Frida Kahlo”, “Outubro para além do rosa: histórias de vitórias”, “Propagandas do cigarro: reflexões históricas e atuais”,  entre outras. Em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Barra de São Francisco-ES foram realizadas as mostras “O nosso medo de cada dia: o nosso medo ontem e hoje” e “pensando o sofrimento a partir da vida de Frida Kahlo”. No decorrer dos doze anos de execução do projeto, foram realizadas 15 amostras culturais. A proposta também despertou o interesse de estudante para a realização do trabalho de conclusão de curso intitulado “Diálogo visual sobre as implicações do trabalho com a morte e o corpo sem vida”, além de diversos trabalhos que foram apresentados em eventos científicos. Considerações finais: A metodologia de mostras culturais possibilita uma troca de experiência dos acadêmicos com a comunidade e profissionais de saúde, possibilitando a construção do pensamento crítico, sensível e reflexivo em conjunto. Por meio do registro de visitas, observamos avaliações positivas.

7982 DOCUMENTÁRIO: TERRITÓRIOS MARGINAIS - CARTAS QUE VEM DA RUA
Luana Marçon, Cathana Freitas Oliveira, Sérgio Resende Carvalho

DOCUMENTÁRIO: TERRITÓRIOS MARGINAIS - CARTAS QUE VEM DA RUA

Autores: Luana Marçon, Cathana Freitas Oliveira, Sérgio Resende Carvalho

Apresentação: O trabalho versa sobre a produção coletiva do documentário Territórios Marginais – Cartas que vem da rua, (fomentado após contemplação em edital da FIOCRUZ),  prioritariamente a partir de três parcerias – Linha de pesquisa CONEXÕES – Políticas da Subjetividade e Saúde Coletiva, Departamento de Saúde Coletiva Unicamp – produtora Laboratório CISCO - e sujeitos que vivem na RUA prioritariamente nas cidades de Campinas e Niterói. O documentário explorou a troca de vídeo cartas entre sujeitos que vivem na Rua nos municípios de Campinas e Niterói. As vídeo cartas são um dispositivo cinematográfico de cinema indireto, que possibilitam estruturar a narrativa através de um processo de alteração do real proporcionado pelo próprio filme. São trocas de mensagens em vídeo na qual pessoas são convidadas a dialogar entre si, fabulando a própria vida e reinventando-se diante da câmera, potencializando assim a ideia de documentário como encontro. Diante dessas premissas o filme prestigiou o percurso destas cartas de Campinas para Niterói, no sentido de valorizar e promover um “outro olhar” sobre os sujeitos que vivem na rua em suas singularidades, a fim de contribuir com um melhor entendimento deste modo de estar no mundo, que cada vez mais, compõe nosso cenário urbano. Cabe notar que, a realização do documentário no campo Rua reconhecia de antemão este como um espaço de “desvio”, que historicamente vem sendo objeto de intervenções sócio – político - sanitárias que buscam disciplinar, regular e interditar as singularidades que dela emanam. A partir de tais premissas buscamos explorar prioritariamente três aspectos desta experiência – 1. A interlocução entre distintos campos como, saúde, arte e cinema, reconhecendo suas diferenças como potência na produção de modos de cuidado 2. A experiência no campo rua, não como espaço a ser representado e narrado mas sim a produção de genealogias da experiência que mais do que interpretar a realidade valorizem a rua como espaço de produção de novos modos de subjetivação. 3. A centralidade das demandas ético políticas que emanam quando nos dispomos a estar junto a populações com importante histórico de vulnerabilidades e violências a partir das tênues fronteiras que separam a negligência da tutela.  

8044 RELATO DE EXPERIÊNCIA COM OFICINAS DE EDUCAÇÃO PERINEAL E DANÇA DO VENTRE
Soraya Tavares Labuto de Araujo, Nilcéia Figueiredo, ANDRÉ MEYER

RELATO DE EXPERIÊNCIA COM OFICINAS DE EDUCAÇÃO PERINEAL E DANÇA DO VENTRE

Autores: Soraya Tavares Labuto de Araujo, Nilcéia Figueiredo, ANDRÉ MEYER

Apresentação: As rodas de conversa, são hoje o tipo mais comum de organização e afetos entre mulheres que procuram trocar suas experiências relacionadas aos processos fisiológicos e ou mesmo suas vidas e costumes comuns. As articulações são em geral feitas por redes sociais e ou indicação de coletivos mobilizados por um interesse comum. Elas acontecem em espaços públicos e ou intimistas, como sala ou quintal da casa de alguém que ofereça, ou mesmo em espaços instituídos para outros fins. Esse caráter de destino transitório, e de colaboradoras diversos, fazem desses encontros, um ato social de infinitas trocas, corroborando para uma experiência única que atravessa a promoção de saúde, fora da uma perspectiva de imposição institucional e que dialoga com múltiplos contextos sociais cartografando experiências cotidianas através da arte. Falar sobre Saúde da Mulher, por meio do corpo vivencial, somático e artístico pela Dança do Ventre, faz possível outras experiências de aprendizado sobre o reconhecimento do sistema sexual, reprodutor e excretor feminino, além de viabilizar o cuidado de si a partir da dança pela dança, destacando a corporeidade como caminho para troca de experiências e aquisição de conhecimento. Neste contexto, descrevemos os processos metodológicos envolvidos no trabalho: Sistematizadas em oficinas denominadas “Educação Perineal e Dança do Ventre”, o conteúdo sobre reconhecimento da fisiologia do sistema uroginecológico, foi compartilhado com recursos tecnológicos, pedagógicos e artísticos. Suas funções atribuídas a exercícios somáticos de percepção no próprio corpo, e estimulados por movimentos da Dança do Ventre em conjunto com sua história social e cultural perfizeram a práxis da educação em saúde de forma interativa. Essas oficinas ocuparam encontros de gestantes e puérperas, mulheres no senso geral interessadas no tema e profissionais da área da dança. Aconteceram tanto na casa, lugar mais comum dos encontros propostos por Doulas - mulheres que apoiam emocionalmente outras durante o parto e processos relativos à ele - quanto em espaços formais como o Teatro Cacilda Becker na Ocupação “100 anos de Helenita Sá Earp”, em parceria com a Funarte e o Programa de Pós Graduação em Dança da UFRJ (PPGDAn-UFRJ). A oficina atualmente conta com uma estrutura teórico-prática com a duração de duas horas dividida em duas partes, sendo a primeira teórica-expositiva e a segunda de experimentação artística. O impacto dessas experiências comprova que a educação em saúde, é um lugar aberto á proposições novas, com interações comunicacionais menos rigorosas. Adaptados dentro de uma relação de interesse mais livre entre promotor e usuária, produz uma resposta mais rápida e positiva em assuntos considerados tabus e negligenciados pela saúde pública. Os testemunhos de mulheres quanto ao funcionamento de seu corpo, e suas falas e dúvidas acolhidas durante as oficinas, demonstraram um campo fértil a outras intervenções neste sentido. Consideramos que a junção entre arte e saúde, nos faz perceber que estratégias híbridas que entrelaçam ciência e arte, são um potente campo de promoção e popularização de conhecimento científico validando experiências corporais como estratégia de autocuidado.

8115 FOTOGRAFIA COMO FONTE DE PESQUISA NA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM
Maria Eduarda Braga Braga de Carvalho, Maria Lelita Xavier, Alaécio Silva Silva Rêgo, Mayki Bruno dos Santos dos Santos Gonçalves, Maritza Maritza Consuelo Ortiz Sanchez, Maria Regina Araujo Reicherte Pimentel, Nathalia Gonçalves Ribeiro

FOTOGRAFIA COMO FONTE DE PESQUISA NA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Autores: Maria Eduarda Braga Braga de Carvalho, Maria Lelita Xavier, Alaécio Silva Silva Rêgo, Mayki Bruno dos Santos dos Santos Gonçalves, Maritza Maritza Consuelo Ortiz Sanchez, Maria Regina Araujo Reicherte Pimentel, Nathalia Gonçalves Ribeiro

Apresentação: Na pesquisa histórica são utilizadas pelos pesquisadores diversas fontes iconográficas que incluem fotografia, filmes, roupas, pinturas, anúncios publicitários, artefatos e pessoas históricas. Entretanto, neste estudo estudaremos o uso da fotografia como fonte de pesquisa na história da enfermagem. Para isso traçou-se como objetivo identificar e analisar a utilização da fotografia como fonte de pesquisa em estudos históricos sobre a enfermagem. Desenvolvimento: Utilizou-se metodologia da revisão integrativa, que reúne estudos com o mesmo assunto para identificar, analisar e sintetizar os conteúdos já existente na literatura com busca realizada nas bases de dados Biblioteca Virtual Scientific Electronic Library Online (SciELO); Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) contendo a Literatura Latino-americana e do Caribe em ciências da Saúde (LILACS), Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), National Library of Medicine (MEDLINE) e na literatura cinza - Google Acadêmico. Foram identificados nove artigos, compondo a amostra do estudo. O critério de inclusão foram artigos científicos completos e disponíveis on-line; textos em português, espanhol e inglês que abordassem a temática. Resultado: evidenciou-se que todos os artigos são de autoria de enfermeiros brasileiros; que o assunto predominante é a Segunda Guerra Mundial, presente em cinco dos nove artigos que compõem o estudo, ressalta-se a presença dos autores em mais de um desses cinco artigos, todos oriundos do Rio de Janeiro, demonstrando uma centralização de autores e artigos; a abordagem sócia histórica é a mais frequente entre os nove artigos inclusos; todos possuem em comum a articulação entre a fotografia e outras fontes de estudo, como o uso de documentação histórica para ratificar o contexto e conteúdo da imagem. Considerações finais: Tem-se observado poucos estudos utilizando a fotografia como fonte histórica na enfermagem, tornando necessário o empoderamento dos pesquisadores acerca dessa fonte rica em detalhes. Contudo, a enfermagem demonstra preocupações em preservar documentos e fotografias. Assim, investimentos devem ser feitos para que a História da Enfermagem seja explorada e contemplada com novos estudos e novos integrantes. O uso de diferentes fontes, devem ser utilizadas para que o conhecimento construído seja o mais fundamentado e explorado possível. A história vive, e cabe a nós a desbravar, reconhecer e utilizar.

8328 MOSAICOS, CORES E POEMAS: SENSIBILIDADE E CRIAÇÃO COMO FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM SAÚDE
Eliana Sandri Lira, Izabella Barison Matos

MOSAICOS, CORES E POEMAS: SENSIBILIDADE E CRIAÇÃO COMO FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM SAÚDE

Autores: Eliana Sandri Lira, Izabella Barison Matos

Apresentação: Esse trabalho é resultado das reflexões a partir da experimentação da arte na produção cartográfica da dissertação “Cartografia do Cotidiano: movimentos do desejo no trabalho em saúde”, no Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva (PPGcol), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil. Uma produção que expressa as sinuosidades do cotidiano de um serviço regional de saúde, no Sistema Único de Saúde (SUS), no Estado do Rio Grande do Sul, observando os afetos e o ressoar das vozes, cenas e fatos do campo pesquisado. Transitando entre a arte e a escrita acadêmica, no campo de conhecimentos e de práticas da Saúde Coletiva foram produzidas manifestações artísticas, poemas e pinturas, que reverberaram experiências singulares de aprendizado, intensidades, relações e acontecimentos no trabalho em saúde. Com o objetivo de expressar o funcionamento do desejo e sua operacionalidade no cotidiano do trabalho e os conhecimentos construídos, o estudo ilustrou esses movimentos observando a metodologia científico-acadêmica, sem perder de vista a leveza poética dos encontros e da vida. A metodologia cartográfica, conceito-guia para a produção de conhecimento ao longo deste processo de pesquisa, possibilitou o encontro com expressões vivas, poemas e pinturas, considerando sensibilidade e criação como ferramentas de produção de conhecimento. Este estudo foi constituído de vivências, a partir de um recorte de tempo de oito anos de trabalho (2011-2019) em um serviço de saúde regional, tendo como guia para as análises elementos da própria trajetória. A produção aqui apresentada é singular, se fez com agenciamentos e multiplicidades, compondo com o mundo do trabalho e com a vida. Dessa forma o autor/produtor – pesquisadora que dá passagem aos elementos do cotidiano - é brotado de gente, de vida e de acontecimentos. Escritas e pinturas produzidas neste contexto revelam o que vibra, faz viver e falar, guardam a potência da aprendizagem, abrindo espaços, fendas, para outras linhas e outras reflexões. A partir das vozes, cenas e fatos que atravessaram a trajetória analisada, desvelam o inesperado, o incomum, uma obra viva. Produzir, neste contexto, é provocar aparecimento e desaparecimento do autor e dar acesso ao pensamento e reverberação. Uma produção desfiliada de sujeito e objeto, de forma que possa devolver ao pesquisador seu pensamento - e insisto que este pensamento derrama os acontecimentos - quando este o tiver esquecido. Desse modo escritos e pinturas se espraiam diante do processo vivido; diferentes em cada ponto da caminhada, ampliam-se, abrindo espaço à análise e ao aprendizado. Dessa forma o desejo de produção autoral, próprio, criativo e vibrante passa a guiar o desenvolvimento e a construção cartográfica propondo agenciamentos e alinhavos, versos e imagens a partir dos movimentos do desejo no trabalho em saúde. Essas manifestações autorais podem ser consideradas operadoras de realidade. A partir destes registros foi possível dar visibilidade ao mapa dos caminhos percorridos, situar os pousos e o reconhecimento atento dos elementos da trajetória, seguir os vislumbres cartográficos, sua potência criadora, produtora de saberes e modos de trabalhar, viver e ser. Além de dar visibilidade aos aprendizados, produziu linhas cartográficas, ativas e criadoras dando passagem à aprendiz de cartógrafa, antropófaga, produtora de conhecimento que recria suas finalidades e não se apega a conceitos fixos. São as indagações acerca da vida que acionam a percepção da própria existência, movimentos cíclicos orientados pelo desejo. Esses movimentos possibilitaram a compreensão das expressões cotidianas, reconhecendo o chão, os afetos e a multiplicidade do campo da saúde coletiva. Um exercício cuidadoso, preservando a velocidade e o ritmo de criação e, ao mesmo tempo, suspendendo ideias a serem desenvolvidas. No entremeio destas questões descobri uma produção colaborativa entre os saberes circulantes no campo de pesquisa. Fui mapeando, coletando pistas, analisando e desenvolvendo conhecimentos e interrogações sobre ser trabalhadora da saúde coletiva, frente a um campo imenso de possibilidades de formação, de práticas, de saberes e expressões. Aprendi, a partir do chão e das diversas manifestações que se atravessaram no campo de pesquisa, a deixar as certezas em relação aos discursos e práticas pré-estabelecidos. Segui uma produção de linhas diversas, criativas, saindo de uma lógica hegemônica, permitindo uma linguagem que se desenrolasse e se movesse a partir da experiência e da micropolítica produzida na trajetória analisada. Essa implicação com a realidade provocou novas experiências e ferramentas que podem dar visibilidade aos processos vivos de conhecimento e, com isso, desacomodar, desterritorializar. Nesse processo, com a cumplicidade de minha orientadora, em encontros e conversas, houve o reconhecimento da sensibilidade como ferramenta e da arte como expressão de conhecimentos implicados. Essa produção não é somente substituição de uma percepção por uma ideia ou sinal convencional. Há muito que aprender a dizer, talvez nem tenhamos ainda inventado todas as expressões para todas as experiências. Este tipo de ciência, traduzindo cenas, implicações, agenciamentos e produções a partir da arte como manifestação de vida evoca o compromisso com a criação, produção e ampliação do conhecimento. A pintura e a escrita poética, neste contexto, embora amadoras, expressaram as reverberações, afetos e o funcionamento do desejo no trabalho em saúde e indicam que há vales e montanhas no processo vivido. Nos vales uma vontade de lançar-se, um voltar-se ao próprio ser e realidade; para baixo é para o centro de dentro, que também é o dentro de um fora que está sempre a implicar. As montanhas, para cima, subir a colina, um movimento que pode abrir os olhos a outras paisagens, o fora do dentro, o fora do fora, que permite ver a amplitude dos caminhos traçados e os novos horizontes desconhecidos que esperam a trilha. As linhas produzidas, ao mapear a trajetória, iniciam subindo a colina e concluem apontando para os vales: amontoados de potência. Um processo contínuo que não se dissolve em pontos, a partir dos afetos que vão curvando a linha da experiência. Para ilustrar o trabalho sistematizo essa expedição cartográfica com uma escrita expressão, de autoria própria, deixando abertos os caminhos do aprender: Retornos, vibrações e movimentos: Seguem além pesquisa; Insistem produzir outras coisas; Direcionam a atenção a outros aspectos do campo; Provocam; Desconstroem; Dobram a escrita. Desvelam um aprender contínuo, quente. E, assim, escritas e pinturas, ganham sentido e desdobram-se a partir de ideias, pistas, campo, tempo, sociedade, poemas, diversidade, e as relações no chão em que piso, sempre a lembrar que essa escolha de produção é devir.

8366 INVENTÁRIOS PARTICIPATIVOS E TESSITURA DE REDE ARTE, CULTURA E SAÚDE NO TERRITÓRIO DA PEQUENA ÁFRICA
Renata Caruso Mecca, Roberta Furtado Pereira da Rosa, Flávia Andreia das Chagas Barros, Elton Júnior Pereira de Oliveira, Mayra Brandão Bandeira, Mariane Bezerra Ferreira, Valeska Maria de Souza Malhano, Camila de Azevedo Porto

INVENTÁRIOS PARTICIPATIVOS E TESSITURA DE REDE ARTE, CULTURA E SAÚDE NO TERRITÓRIO DA PEQUENA ÁFRICA

Autores: Renata Caruso Mecca, Roberta Furtado Pereira da Rosa, Flávia Andreia das Chagas Barros, Elton Júnior Pereira de Oliveira, Mayra Brandão Bandeira, Mariane Bezerra Ferreira, Valeska Maria de Souza Malhano, Camila de Azevedo Porto

Apresentação: Nota-se, na atual conjuntura do país, movimentos que se orientam pela elitização e comercialização da cultura pautados em valores euro-brancoocidentais que invisibilizam diversas manifestações culturais. Contrário a isso, o projeto Outros Comuns da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, atua no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, situado na Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro, na chamada Pequena África, em ações voltadas para grupos em situação de vulnerabilidade social para auxiliar no acesso aos equipamentos de cultura do território, orientado pela cidadania cultural e pela diversidade cultural como patrimônio. Em se tratando de um museu de território recém inaugurado, com foco em eventos e cursos de formação para um público de fora da região, as ações foram alinhadas para o território objetivando a aproximação dos moradores do entorno ao Museu, a visibilidade e reconhecimento da cultura do território e o mapeamento do público-alvo do projeto mediante a construção de rede com equipamentos da saúde, assistência social, coletivos de arte e centros de cultura independente. O público-alvo são pessoas ou grupos que não reconhecem ou não tem reconhecido seu direito de frequentar os espaços de cultura, de fruir as expressões culturais e de produzir cultura em razão do estigma que portam e da inadaptação destes espaços às suas necessidades. Neste escopo incluem-se pessoas em sofrimento psíquico, com deficiência e em situação de rua. Desta maneira, o projeto propõe articular uma rede intersetorial colaborativa de modo a favorecer a circulação e a participação sociocultural destes grupos, priorizando seu protagonismo como produtores de cultura. Com esse intento, foi desenvolvida uma ação de construção de um mapa da Pequena África que deu inicio a um processo de cartografia destes grupos, de inventário das referências culturais que lhes eram importantes e de tessitura de uma rede arte, cultura e saúde no território tendo o museu de território como dispositivo estratégico. Como objetivo, pretendemos analisar os impactos desta ação para a participação sociocultural dos grupos envolvidos e para a criação de laços entre a comunidade e o Museu.  Desenvolvimento: A metodologia associou a proposta de educação patrimonial inventários participativos à construção de um mapa da Pequena África impulsionado pelo estudo da vida e da obra do artista Arthur Bispo do Rosário, tema de exposição em cartaz no Museu. Os inventários participativos estimulam a comunidade para inventariar, descrever e classificar o que lhe afeta como patrimônio numa construção dialógica do conhecimento sobre sua cultura ao assumir a identificação das referências culturais significativas para a formação de suas identidades e memórias coletivas. A metodologia também foi fruto da contaminação com as propostas colaborativas de ensino e pesquisa em arte que congregam contextualização, fruição e produção, ao explorar o conceito de inventário e a africanidade na obra de Bispo como disparadores para a construção do mapa. Bispo, um artista negro considerado louco, construiu um inventário do mundo para apresentar a Deus no juízo final e sua mais recente obra descoberta é um mapa do continente africano que ficara guardada para restauro desde a década de 1990 e foi exposta em 2018 pela primeira vez. O mapa da Pequena África guiado pelo inédito mapa “África de Bispo” e a atividade de inventariar foram dispositivos conectores da rede; e agenciadores do reconhecimento de manifestações culturais expressas nas diversas práticas sociais, modos de vida e visões de mundo que compõem o território. As ações de construção do mapa foram organizadas dentro e fora do Museu em parceria com os centros de cultura e coletivos de arte e convidaram usuários dos equipamentos de saúde, de assistência social e habitantes do território a participar. Esses coletivos eram interessados em ações colaborativas e articulação de redes de cuidado e criação no território. Junto ao projeto, promoveram a organização de eventos nas praças que nos aproximaram dos moradores, possibilitaram uma escuta sensível das suas necessidades, potências e interesses e possibilitaram o compartilhamento com outros atores que sustentaram a promoção de espaços de convivência, criação, defesa e exercício do direito à cultura. No processo de criação, propusemos aos participantes marcar no mapa lugares que lhes eram importantes e construir em recortes de tecido com materiais utilizados por Bispo imagens das referências culturais (objetos, saberes, celebrações, pessoas ou personagens) que gostariam de inventariar, posteriormente costurados ao mapa. Crianças e adultos frequentadores de quatro coletivos de cultura; visitantes da exposição em cartaz; moradores de ocupações do território; usuários de um serviço de saúde mental e de um centro de apoio à população em situação de rua participaram de sua construção. A maioria das pessoas nunca havia entrado no Museu, muitas delas não sabiam de sua existência. Após a confecção do mapa, esses grupos eram convidados a ir ao Museu ver sua produção exposta e conhecer o espaço a partir de visitas guiadas com a equipe do educativo. Resultado: O mapa percorreu o território e se constituiu como uma ponte entre a comunidade e o Museu, criando um plano comum entre a memória ancestral da herança africana e da cultura afro-brasileira a memória intensiva emergente nas atividades do cotidiano dos habitantes; entre os frequentadores usuais do Museu e aqueles que historicamente são alijados do acesso. Com os coletivos de arte e cultura nos aproximamos de lideranças dos Movimentos Sociais por Moradia do território e organizamos atividades junto a crianças e adultos em um dos prédios ocupados que promoveram a memória das diversas ocupações existentes na região portuária, e agenciaram o desejo de reunir pessoas envolvidas nos movimentos. Para os moradores, a ação também teve o sentido de um apoio para a revitalização de um espaço cultural e de convivência, bem como a articulação de uma rede de apoiadores para que pudessem se organizar coletivamente em torno da manutenção da moradia e contra possíveis ações de despejo. As ações junto aos usuários dos serviços de saúde mental e assistência social afinaram-se com a dimensão sociocultural da reforma psiquiátrica ao criar estratégias para efetivar a cidadania e novos modos de olhar a loucura e a diferença no social. Além disso, agenciaram redes e tecnologias de participação sociocultural que dão visibilidade à produção desses grupos junto a construção de um acervo participativo local correspondendo a demandas deflagradas no campo da saúde e da assistência social com relação ao direito à cultura, ao acesso aos espaços comuns e à produção da vida coletiva. Com estes grupos produzimos eventos na praça, rodas de conversa e visitas no Museu que visibilizavam a produção de cultura realizada no interior dos serviços de origem e participamos do circuito da Herança Africana. Considerações finais: A aproximação entre Museu e comunidade potencializou o resgate da memória, o debate sobre disputas e direitos sobre o território e ativou redes de suporte/pertencimento. A tessitura da rede promoveu espaços de troca colaborativas que tem contribuído para a participação sociocultural de todos os envolvidos, ressignificando o território e os modos de compreender a cultura. O acesso equitativo a uma diversificada gama de expressões culturais e o acesso destas aos meios de expressão e de difusão constituem importantes elementos para a valorização da diversidade cultural e para a promoção da cidadania cultural.