350: Artes e Cultura na Produção do Cuidado
Debatedor: Liz Bárbara Esteves Araujo
Data: 31/10/2020    Local: Sala 07 - Rodas de Conversa    Horário: 08:00 - 10:00
ID Título do Trabalho/Autores
5849 A SAÚDE INDÍGENA E OS FATORES ASSOCIADOS AS MORTES POR SUICÍDIO NESSA POPULAÇÃO: UM MATERIAL AUDIOVISUAL
Karoline Nascimento Souza

A SAÚDE INDÍGENA E OS FATORES ASSOCIADOS AS MORTES POR SUICÍDIO NESSA POPULAÇÃO: UM MATERIAL AUDIOVISUAL

Autores: Karoline Nascimento Souza

Apresentação: O índice elevado das mortes por suicídio nos povos originários é uma realidade divulgada pela comunidade acadêmica e pela mídia. Tornando o suicídio na população indígena o objeto deste estudo, que tem como objetivo identificar os fatores associados ao suicídio nessa população, utilizando estudos já desenvolvidos sobre essa temática como fonte de dados a serem explorados ao longo de todo o trabalho. Além disso, visou a elaboração de um material educativo em formato audiovisual sobre lesões autoprovocadas nos povos nativos. Foi uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo explicativa, realizada através de um aprofundamento do tema com a leitura de artigos e discussão com especialistas da área de saúde coletiva, como base para a definição do conteúdo e roteiro a ser utilizado na produção do material audiovisual. Este estudo dissertou sobre a saúde indígena através da descrição do subsistema de saúde indígena e seus componentes, como também sobre os fatores associados ao suicídio nessa população, destacando o contato com outras culturas, a violência do estado, dos madeireiros, dos fazendeiros e o racismo como os fatores associados as mortes por suicídio nos povos originários a serem abordados no vídeo. Observou-se ao decorrer do estudo e da produção do material audiovisual ser uma temática dolorosa a determinados povos e que os fatores externos, apesar de importantes para a prevenção do suicídio nessa população, não são definidores de morte e vida para a população indígena, pois consideram o conceito de suicídio ocidental, que exclui a cosmo visão dos povos nativos. Dessa forma o trabalho se colocou no lugar de dar voz para o sofrimento psíquico indígena, entendendo que o suicídio como cita um dos autores é o mais veemente grito para a vida. E assumiu a necessidade da academia de estudar o suicídio a partir de uma perspectiva indígena, que leve em consideração a sua cultura, sua organização familiar, sua espiritualidade e principalmente seus conceitos de vida e morte.

5856 OUTRAS CONFIGURAÇÕES POLÍTICAS E ESTÉTICAS NA SAÚDE INDÍGENA POTIGUARA
MARIA LIDIANY TRIBUTINO DE SOUSA

OUTRAS CONFIGURAÇÕES POLÍTICAS E ESTÉTICAS NA SAÚDE INDÍGENA POTIGUARA

Autores: MARIA LIDIANY TRIBUTINO DE SOUSA

Apresentação: Na literatura acadêmica, percebe-se o conceito saúde indígena como sendo aferido por um fora (saberes científicos) e o termo indígena como categoria genérica. São reduzidas as publicações no Ceará sobre saúde indígena, sendo a maior parte, principalmente, de pesquisadores da Antropologia e da História que trabalham com questões sobre territorialização, etnicidade e espiritualidade. Desde seu entendimento como ausência de doença, bem-estar, até direito humano, exprime-se que saúde é não ser doente, não estar doente, ou ter acesso a direitos humanos, ou seja, produções de um estado de coisa, incluindo ideias de algo fixo, subsistente e relacionado ao controle pelos programas de saúde. Desse modo iniciou-se, em 2008, em uma universidade do Estado do Ceará, um projeto sobre “Saúde Intercultural”, em três etapas, que prosseguiu de 2015 a 2017, com o desenvolvimento de uma tese de doutorado, com o objetivo de provocar uma cartografia dos modos de saúde potiguara em Monsenhor Tabosa, para deslocar a maneira de percebermos a saúde com arte, política e ética na área da Saúde Coletiva. Os corpos potiguara se compõem de danças e rituais de cura. Esses rituais conectam elementos heterogêneos cristãos, ameríndios, africanos, vozes, olhares, gestos. Os rituais de cura não são simples imitações, identificações, mas uma zona de vizinhança, de diferenciação pela qual não se pode mais ser distinguido o que é da umbanda, do cristianismo ou dos indígenas. As danças movimentam e são movimentadas pelos círculos no toré, pelos corpos pintados de vermelho e preto, pelos sons das pisadas e do maracá. Esses rituais, além de proporcionarem uma composição de saberes, possibilitam relações entre os vivos e os antepassados, marcando as mudanças históricas e anunciando a abertura de novas atualizações. Essas danças/rituais/brincadeiras também estão presentes em atos públicos, que acontecem debaixo de árvores ou nas escolas, considerados espaços nos processos de luta política. As rezas são buscadas pelos Potiguara e também por outros indígenas e pelos brancos. As rezas não se destinam só às pessoas, mas também aos animais, à plantação, aos objetos. Há diversas formas de adoecimento e as rezas incluem uma sociabilidade de corpos em movimento, espaços, tempos e períodos, processos que desencadeiam maneirismos corporais, para saber das doenças e para operar as curas. Os potiguara conseguem transitar por diferentes universos referenciais, trazendo questões molares e moleculares da saúde nos seus modos de vida. Usam o sistema de saúde formal como um dos recursos, não como O recurso, e trazem, do campo das experimentações, possibilidades de cuidado, como produção de vida, como potência criativa. Os indígenas potiguara trazem os rituais, as pinturas, os artesanatos, assim como o uso das raízes como arte e modos de produzir saúde, vivendo em relação. Não se tem o interesse de afirmar se o que os indígenas fazem é ou não arte, mas o quanto de força essas maneiras de olhar e de viver podem deslocar nossa percepção de saúde de forma artística e política.

6138 A PRODUÇÃO DA SAÚDE, RODAS DE CONVERSA-OFICINAS E A ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA
Flávia Cristina Silveira Lemos, Ataualpa Maciel Sampaio

A PRODUÇÃO DA SAÚDE, RODAS DE CONVERSA-OFICINAS E A ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA

Autores: Flávia Cristina Silveira Lemos, Ataualpa Maciel Sampaio

Apresentação: Este trabalho consiste em organizar e realizar rodas de conversa e oficinas em parceria de universidades com políticas públicas de saúde coletiva, materializando ações de formação em saúde por meio de uma clínica ampliada. Busca-se abordar as ferramentas utilizadas e os efeitos das intervenções realizadas, na interface extensão e pesquisa-intervenção universitária com as práticas cotidianas de um psicólogo do CAPS-AD, do NASF e da Secretaria de saúde, na dialogia com a política estética e ética dos deslocamentos de saberes e poderes, em uma perspectiva de universidade que se propõe a pensar a educação popular e a criação da emancipação como (re)existência. Visa-se proporcionais espaços de conversa pautados na autoanálise e autogestão, da implicação e sobreimplicação, dos atravessamentos e transversalidades, dos instituídos e instituintes, da oferta e da demanda, da encomenda e da restituição. Apresentamos experiências cotidianas de transformação das experiências com fins de singularização das subjetividades e de formação de coletivos potentes de produção política. Opera-se com a vertente da saúde coletiva na gestão de grupos e assembleias, de instalações artísticas, rodas de conversa e oficinas, supervisões, grupos de estudos, performances teatrais na universidade. Atuar na clínica social e ampliada é partir de dispositivos apropriados de modo transdisciplinar, em apostas vigorosas de partilha das sensibilidades e das vivências nos serviços de saúde e na formação das universidades com a extensão e o tripé docência e ensino concomitante à prática extensionista. Forjar cuidados integrais e equitativos, intersetoriais e afirmativos é forjar encontros alegres com operadores políticos da arte e da cultura.

6202 RETRATO DA FARMACÊUTICA QUANDO ARTISTA – EXPERIÊNCIA LITERÁRIA
MONIQUE ARAÚJO DE BRITO

RETRATO DA FARMACÊUTICA QUANDO ARTISTA – EXPERIÊNCIA LITERÁRIA

Autores: MONIQUE ARAÚJO DE BRITO

Apresentação: Escrever, de acordo com Deleuze, é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida. Ao escrever, segundo ele, estamos num devir-mulher, num devir-animal ou vegetal, num devir molécula. Por meio da produção de narrativas – prosa, poesia – damos novos sentidos ao que nos acontece, não estamos apenas descrevendo o passado, mas o articulamos, reconstruímos momentos, produzimos uma história. Em 2018 queimei todos os navios e lancei o livro de poemas e prosa poética Retrato da farmacêutica quando artista. O processo criativo da construção envolveu misturar ciência com literatura e todas as formas de arte, criando um mundo em que onírico e realidade se perpassam e se confundem. Atravessado por laboratórios e muita arte, o livro, contendo 40 poemas, foi finalista do Prêmio Rio de Literatura em 2018, promovido pela Fundação (sem sugestões) e pela Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Há poemas que fazem diálogo com clássicos de poetas consagrados, como O legado do farmacêutico, que dialoga com No meio do caminho, de Drummond. “No meio do laboratório tinha uma caixa de solventes/ tinha uma caixa de solventes no meio do laboratório/ tinha uma caixa de solventes/ no meio do laboratório tinha uma caixa de solventes./ Tropecei/ e caí docente.” Nesse poema o leitor imagina a caixa no meio do laboratório e se aproxima de como pode ter começado a docência para essa farmacêutica, um tropeço, um acaso. Farmacocinética poética é um poema que se apoia nas etapas da fase farmacocinética que os medicamentos sofrem no nosso organismo. “Degusta uma taça de carménère chileno e um livro a lê/ absorve etanol, a magia das palavras, resveratrol/ distribui harmonias, desatinos metafísicos/ metaboliza os versos, as incompreensões/ metaboliza os heterônimos de Virgílio e Pessoa/ metaboliza a domperidona e o paracetamol/ metaboliza os personagens complexos, as digressões/ excreta um conto, um delírio Dadá, um poema Caraíba/ desintoxica./ Conceber arte é impactante.” Junto às moléculas dos fármacos domperidona e paracetamol, que representam a ciência, encontramos os poetas – moçambicano Virgílio de Lemos e português Fernando Pessoa, o escritor brasileiro Oswald de Andrade e menção ao movimento artístico Dadá, da chamada vanguarda artística moderna iniciado em Zurique, em 1916. O poema mais longo e que dá nome ao livro, Retrato da farmacêutica quando artista, menciona o nosso SUS na seguinte passagem. “...a farmacêutica quando artista orgulha-se da sua profissão/ e também da sua vocação para as artes/ é uma mulher contemporânea, polissêmica/ não tem preconceitos de etnia, gênero/ localização geográfica ou crença/ para o trabalho e para a vida/ trabalhando no SUS/ bendiz o SUS/ contribui para fortalecer o SUS/ e manda ‘abraSUS’. Organizar poeticamente essas vivências que estão no livro, ainda que envoltas em ficção, produziu uma subjetividade nova a esta farmacêutica. Nessa experiência identifiquei novas  relações nos processos que enfrento diariamente no laboratório e na sala de aula, e produzi um novo saber sobre mim. Como afirma Émile Benveniste, “é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito”.

6316 ARTE E SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO E CRIAÇÃO COM MULHERES DA REGIÃO NOROESTE DE SANTOS
Flavia Liberman, Conrado Federici, Marina Guzzo

ARTE E SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO E CRIAÇÃO COM MULHERES DA REGIÃO NOROESTE DE SANTOS

Autores: Flavia Liberman, Conrado Federici, Marina Guzzo

Apresentação: Esta apresentação pretende dar visibilidade, por meio de imagens e textos, ao Projeto Sonhos, um processo de criação que envolveu mulheres de uma região vulnerável de Santos, São Paulo, Brasil e alunos de cursos da saúde da Universidade Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista. Neste projeto, debruçamo-nos sobre o tema dos sonhos: sonhos acordados, dormindo, frustrados, realizados, sonhos de futuro, sonhos a serem inventados, entre outros, com o objetivo de ativar memórias, imaginações, despertar desejos, conversar e refletir sobre as dificuldades e potências da vida dos participantes, sua comunidade e território. Utilizando diferentes metodologias de criação, compostas por práticas corporais e artísticas que envolvem diferentes linguagens como a dança, o canto, a música, o jogo, dinâmicas teatrais, movimentos, exercícios cênicos e textuais, foram delineados material vivo para a realização de performances-espetáculo público, no Instituto Arte no Dique, em Santos. Todo o processo envolveu beleza poética, sensibilidade, força e delicadeza, intensificada pela experiência performática. Também possibilitou a ampliação do conceito e das ações de cuidado em saúde, no sentido de vitalizar os corpos e as vidas para além de remissão de sintomas, com foco apenas nos processos de adoecimento. Nesta apresentação pretendemos discutir alguns aspectos éticos, estéticos e políticos da experiência, com ênfase nas metodologias de criação desenvolvidas para produzir bons encontros trazendo alguns efeitos e desafios observados em uma proposta de caráter colaborativo e participativo. Como resultado podemos afirmar a importância das artes e de processos de criação na vida das pessoas e em suas comunidades. Enfatizamos a potência de um processo coletivo composto pela singularidade e possibilidade de cada um dos envolvidos com suas diferentes participações no processo e o desafio de interferir, modificar e produzir outras realidades.

6333 UM OLHAR PARA O CUIDADO: VOZ, ESCUTA E VISIBILIDADE EM UM GRUPO TERAPÊUTICO
Ana Nascimento Miron, Daniel Rocha dos Santos, Edith Mendes Lago, Karen Sakane Onga, Rafaelle RICARDO SILVA CARNEIRO, Sandra Ricardo Silva Carneiro, Thamires Ribeiro da Silva

UM OLHAR PARA O CUIDADO: VOZ, ESCUTA E VISIBILIDADE EM UM GRUPO TERAPÊUTICO

Autores: Ana Nascimento Miron, Daniel Rocha dos Santos, Edith Mendes Lago, Karen Sakane Onga, Rafaelle RICARDO SILVA CARNEIRO, Sandra Ricardo Silva Carneiro, Thamires Ribeiro da Silva

Apresentação: O Grupo EnvelheSENDO faz parte do Centro de Atenção à Saúde do Idoso e seus Cuidadores (CASIC) que é um programa de extensão da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa vinculada à Universidade Federal Fluminense EEAAC/UFF, situada no município de Niterói no estado do Rio de Janeiro. Tem como projeto o estudo, pesquisa e práticas na saúde do idoso. O Grupo EnvelheSENDO é um projeto de estudos e pesquisa que conta com equipe multiprofissional, alunos de graduação, mestrado, doutorado das diferentes áreas e atuação no desenvolvimento e prática de pesquisa sobre a problemática do envelhecimento. Busca a promoção de saúde de forma integrativa. O CASIC desenvolve uma linha integrativa de cuidados especificamente aos idosos e cuidadores de idosos. Na pauta do cuidado oferece serviços médicos, assistência social, fisioterapia, nutrição, farmacologia, psicologia, terapias complementares, oficinas, passeios, lazer e grupos terapêuticos voltados a integração social sendo o Grupo EnvelheSENDO com foco na saúde mental do idoso e cuidadores de idosos. Os objetivos do Grupo EnvelheSENDO são: promover um espaço privilegiado de escuta e fala onde o psicólogo utiliza a grupalidade como recurso terapêutico para idosos e cuidadores de idosos; proporcionar o rompimento do isolamento; fortalecer a identidade; devolver a autonomia e possibilitar a ocupação do território devolvendo a integração social. Desenvolvimento: O grupo terapêutico consiste em um ambiente de troca de experiência e acolhimento. Cada participante é convidado a compartilhar a motivação que o traz ao grupo de forma que possa expor suas questões e assim aliviar o sofrimento psíquico e ouvir a opinião dos demais participantes como forma de experiência e vivência das suas problemáticas. Esse momento é singular e está reservado para escuta de cada membro individualmente no grupo, pois é um momento de muita delicadeza diante da exposição do sofrimento. A regra é que tudo pode ser falado, mas terá de ser mantido no próprio grupo. O sigilo é fundamental e essa regra ancora os processos da fala e escuta dos membros e conforta diante da exposição dos seus afetos. Por ser um grupo que trata do idoso e do cuidador de idoso muitas demandas são abordadas, porém algumas problemáticas apresentam-se mais acentuadas como: doenças; perdas de entes queridos; afastamento social; difícil convivência familiar;  obrigações e atribuições ao cuidador de idoso para além de suas demandas e a depressão. E essas problemáticas acabam por interferir diretamente em sua inserção na vida, na perda de identidade, na invisibilidade social, no afastamento familiar contribuindo para a solidão, sofrimento, segregação e consequente adoecimento mental do idoso. Os participantes são observados em suas subjetividades dentro do grupo e os benefícios da convivência terapêutica grupal como um processo de superação e conquista através da palavra dada. Ao dar a palavra, a “voz” de cada participante é restaurada e ele pode dizer da sua dor e ser acolhido dentro do grupo ressignificando assim o seu sofrimento. O trabalho do grupo terapêutico desenvolvido no CASIC busca um olhar dentro da integralidade por ser do entendimento que o ser não se divide e que tudo que constitui o sujeito lhe integra. Neste caso, o olhar, a escuta e o acolhimento englobam todos os atravessamentos da vida do idoso e do cuidador de idoso, e suas variáveis. O grupo tem suas peculiaridades. É aberto, interativo de acolhimento e respeita as possibilidades de cada participante. A equipe é interdisciplinar e os saberes se complementam nas práticas integradas de conhecimento que agregam maior desenvolvimento ao cuidado dos idosos. Alguns questionamentos são levantados: Qual é o olhar para si? Do que ele fala? Quem o escuta? O que dizer do que é esquecido e precisa ser lembrado? O que não é escutado? O papel do grupo terapêutico é ser uma ponte que conduz o olhar que acolhe e busca restaurar a visibilidade e integração social que lhes são de direito. Por isso a importância do sentimento de pertencimento. Os encontros acontecem todas sextas feiras das 14 horas as 15 e trinta. São mediados por uma Psicóloga e uma Assistente Social. O grupo EnvelheSENDO não tem um número fixo e toda semana tem novos participantes. As atividades desenvolvidas são previamente planejadas, mas não há uma rigidez, ou seja, são adequadas à demanda dos participantes no momento da apresentação. Impactos da experiência: Foi observado que trocas afetivas acontecem através de dinâmicas, acolhimento, brincadeiras, artes, vídeos, debates, músicas, lanches compartilhados, confraternizações e passeios culturais. Tem ainda o encerramento com as “mandalas humanas” que é um circulo formado por todos os participantes do grupo onde cada um pode expressar uma palavra ao se despedir. A equipe conseguiu perceber que nenhum idoso ou cuidador sai da mesma forma que chegou. Aparecem palavras positivas que expressam alívio gerado pelo encontro. O “Corredor de Afetos” é a culminância do encontro e os membros da equipe formam um corredor para abraçar os participantes sendo um dos momentos para “trabalhar” o toque, o abraço e a troca de afetos. Esse momento é muito esperado pelo grupo e há relatos de idosos que só são abraçados no “Corredor de Afetos” o que evidencia a carência e a solidão vivida por muitos deles. A escuta dos relatos de solidão e carência mobilizou a equipe a desenvolver um dispositivo da rede social. Através do aplicativo WhatsApp foi criado o grupo “O que temos para hoje?” com objetivo de realizar mapeamentos de eventos culturais e promover a integração. Em princípio foram os mediadores do grupo que levantaram os eventos e colocaram no WhatsApp. Os idosos e cuidadores de idosos além de participarem dos eventos sugeridos passaram a buscar outros e também fazer a divulgação. Todos se tornaram responsáveis espontaneamente em “alimentar” o grupo “O que temos para hoje?”. A ideia foi tão acertada que estimulou a comunicação entre os participantes e amenizou o processo de adoecimento causado pela solidão. Considerações finais: Na terapia grupal emergiu a realidade interna e os participantes reconheceram as regras para proteção e bem estar comum. O grupo EnvelheSENDO tem conseguido dar suporte para o resgate da autonomia, autoestima, autoconhecimento e confiança. O trabalho desenvolvido contribui para resgatar a integração social, a construção de vínculos, a convivência e a reciprocidade. Tem a voz, a escuta e o cuidado consigo e com o outro como suportes maiores para o resgate da integridade social, saúde física e mental. O respeito à subjetividade promoveu um sentimento de pertencimento dentro das suas particularidades e levou os idosos a um resgate da cidadania. O grupo “O que temos para hoje?” provocou uma aproximação dos participantes e equipe, independente dos encontros presenciais, troca de informações e ocupação do território através dos passeios. Esse novo canal de comunicação mudou o discurso e o sentimento de solidão

6358 PINTANDO À VIDA NA SAÚDE MENTAL: CORES DA REINSERÇÃO PSICOSSOCIAL
Erika Luci Pires de Vasconcelos, Alice Damasceno Abreu, Claudia Cristina Dias Granito, Antonio Henrique Vasconcellos da Rosa

PINTANDO À VIDA NA SAÚDE MENTAL: CORES DA REINSERÇÃO PSICOSSOCIAL

Autores: Erika Luci Pires de Vasconcelos, Alice Damasceno Abreu, Claudia Cristina Dias Granito, Antonio Henrique Vasconcellos da Rosa

Apresentação: A humanidade convive com a loucura há séculos, o portador de algum transtorno mental era estereotipado como possuído pelo demônio e por esse motivo às famílias mantinham seus filhos sob total sigilo. Na idade média passaram a serem confinados em manicômios perdurando esta situação até antes da Reforma Psiquiátrica, consequentemente, o paciente perdia na maioria das vezes o contato familiar e social. A partir da metade do século XX iniciam-se os movimentos antimanicomiais que tem o objetivo de construir uma rede de atendimento inclusiva para que os usuários possam ser atendidos de maneira integral e humana, visando seu retorno à convivência social. Diante disso, a interação dos mesmos com a comunidade não ocorria, sendo marginalizada, situação a qual analisada pelo prisma da Lei Nº 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. No Brasil esse movimento refletiu em novos dispositivos assistenciais, tais como: Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), que tem como principal função fornecer suporte aos usuários da rede de saúde mental bem como seus familiares. Objetivo: Desenvolver um trabalho articulado entre a pintura de quadros e a saúde mental dos usuários do CAPS II Teresópolis, dando visibilidade social às pessoas com transtornos psiquiátricos.    Apresentar exposição de quadros dos usuários em coterapia de atividade de base artística do CAPS II Teresópolis em cenários do UNIFESO. Divulgar a arte produzida pelos usuários do CAPS II Teresópolis. Desenvolvimento: No município de Teresópolis, tem instalado o CAPS II, o qual atende adultos e adolescentes. Outra estratégia terapêutica são as residências terapêuticas para os pacientes que não possuem vínculo familiar. A reinserção psicossocial dos mesmos na sociedade é um processo longo e complexo, que se inicia com o LOAS – Benefício de Prestação Continuada (BPC) de um salário mínimo mensal a pessoa com impedimento mental. No cenário da Integração Ensino-TrabalhoCidadania (IETC), acompanhando os usuários do CAPS II nas coterapias, emergiu a proposta de uma instalação artística de quadros no Centro Universitário Serra dos Órgãos – UNIFESO, tendo em vista a exposição dessas obras e também a elaboração de uma horta suspensa e também fixa no solo. Resultado: Após a vivencia no CAPS II de Teresópolis, nos questionamos a cerca da necessidade de um trabalho multiprofissional direcionado somente para os pacientes de saúde mental deste cenário visto que existem outros projetos com a mesma identidade, porém atendendo outros público. Com essa proposta fornecemos conhecimento para a sociedade a cerca da existência de uma rede de atendimento e cuidado para os mesmos. Pretendemos garantir o cuidado que o usuário requer dentro das necessidades já existentes, desde a reforma psiquiátrica quando foi estabelecida sua reinserção na comunidade e também trabalhando na perspectiva da equidade garantida na lei 8.080, sendo preciso considerar a singularidade dos pacientes diante do processo de adoecimento psíquico. Considerações finais: Assim os serviços e profissionais que pretendemos adotar serão mais flexíveis assim como também a organização de nossa dinâmica proposta, garantindo práticas inclusivas e integrais em saúde.

6993 MEMORIAL NASCER
Nilcéia Nascimento de Figueiredo

MEMORIAL NASCER

Autores: Nilcéia Nascimento de Figueiredo

Apresentação: A arte tem sido utilizada como estratégia informacional e formadora na área da saúde, especialmente como ponto apoiador reflexivo e, portanto, educador. Entretanto, nossa proposta está apoiada na intercessão entre arte e saúde como comunicação educacional, não como subjugação e ou utilitarismo. Na compreensão de Deleuze as artes, a filosofia e a ciência podem estabelecer relações de efeito, considerando a possibilidade de “reverberar uma na outra”, produzindo ressonâncias mútuas que interfiram entre si. O presente trabalho perpassa por uma junção entre texto, corpo e memória de mulheres que dividiram suas experiências onde frases clássicas da violência obstétrica, tornaram quase uma bula de efeitos colaterais da vulnerabilidade promovida pela assistência no ato de parição. Contar um pouco desta história é de certa forma dar voz a mulheres que estiveram e ou estão em sofrimento emocional, e que precisam dar voz às suas queixas encontrando pares que aceitem mudar a relação hostil da assistência com um processo natural e fisiológico, que é único em suas vidas. Desenvolvimento: Em junho de 2016, em resposta à uma série de mobilizações sociais, tanto de profissionais da assistência ao parto, quanto de coletivos de mulheres (principalmente), foi promulgada a lei estadual 7314, que prevê a garantia do direito da parturiente à uma Doula, além do acompanhante. A aprovação desse direito, surgia como parte da resposta ao combate da epidemia das cesarianas vividas no Brasil, apontada com preocupação pela OMS. O movimento das Doulas - acompanhantes do parto, indicadas por pesquisa como um dos principais “antídotos “ contra a violência obstétrica e cesarianas, foi portanto legitimado por uma demanda de mulheres que passaram a questionar a catequização de seus processo fisiológicos, bem como a violação de seus direitos enquanto utilitárias dos sistemas de assistência ao parto. Parte da identidade do movimento além da militância política, é promover encontros em “rodas de conversa”, em geral divididas por áreas geográficas, mobilizadas principalmente pelas redes sociais, com o objetivo de partilhar experiências positivas ou não, com o propósito de acolher, promover educação em saúde e orientar sobre direitos legais relacionados ao parto. Resultado: Entre mobilizações de denúncias, organização da formação e instituição dessa nova classe trabalhadora, a legitimidade do movimento foi acolhida pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fiocruz, uma parceria que tornou possível em 2019, a primeira formação pública do mundo de qualificação de Doulas, com um curso sistematizado de 240 horas, com prática supervisionada em duas maternidades pertencentes à Rede Cegonha e Atenção Básica. Considerações finais: Memorial nascer é uma reflexão performática, que acessa a memória de mulheres que viveram antes do surgimento da lei do acompanhante. A reflexão se dá como produção do trabalho final de uma aluna da primeira turma da 1ª Qualificação Profissional Pública de Doulas, servindo como possível disparador sobre a condição de ser mulher durante a gestação e o parto.

7304 DANÇATERAPIA EM SAÚDE MENTAL: ANÁLISE DO MOVIMENTO DE LABAN EM ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM
Gabriella Furtado Monteiro, José Luis da Cunha Pena

DANÇATERAPIA EM SAÚDE MENTAL: ANÁLISE DO MOVIMENTO DE LABAN EM ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM

Autores: Gabriella Furtado Monteiro, José Luis da Cunha Pena

Apresentação: A dança abrange bem mais do que simplesmente movimentar o corpo, com ela também está implantada as múltiplas possibilidades de contato com o mundo e consigo mesmo através de uma linguagem única e particular, sendo está um meio que propícia interação, comunicação, movimentação corporal e de uma atuação física no ambiente através de expressão corporal. Unindo-se o gesto a música, nasceu a dança. A dançaterapia trata-se de uma modalidade de trabalho terapêutico, que é realizada em clínicas, hospitais, centros de correção ou escolas e utilizada em grupos ou em sessões terapêuticas individuais. Sendo que este estilo de terapia de apoio tem como base a ideia de que as nuances de como os movimentos corporais acontecem revelam informações a respeito de emoções internas e processos mentais que o indivíduo possui. O novo estilo de vida na academia pode afetar a pessoa nos mais diversos contextos, como a saúde física e mental, afetando a situação profissional e as relações pessoais, causando estresse no indivíduo. Nesse âmbito, a enfermagem é uma profissão de potencial risco para o desenvolvimento de estresse, uma vez que o aluno, desde a formação acadêmica, se depara com situações que exigem tomadas de decisões importantes para o cuidado do paciente. Além disso, a insegurança que emerge em momento de prestação de cuidados pode gerar ansiedade, desencadeando ou piorando sintomas pré-existentes. Rudolf Laban desenvolveu a Análise Movimento de Laban (LMA), um sistema de análise e notação de movimentos baseado em quatro fatores principais: espaço, peso, tempo e fluxo que se tornou o modelo teórico utilizado por inúmeros danço terapeutas, tornando-a particularmente útil para observar e notar suas variedade e frases do movimento em situações cotidianas e em terapia, como objetivo neste estudo foi analisar o impacto da dançaterapia na saúde mental dos acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Desenvolvimento: Trata-se de estudo de caráter descritivo com abordagem qualitativa, a amostra foi composta por 12 estudantes do curso de Enfermagem da UNIFAP. A coleta de dados foi realizada no mês de novembro de 2019, em uma sala reservada no bloco do curso de enfermagem (UNIFAP). Na abordagem, foi realizado a assinatura dos termos de consentimento da pesquisa e a aplicação de uma entrevista semiestruturada, constituindo o primeiro contato com os acadêmicos, sendo este composto de perguntas abertas, sendo duas perguntas sobre saúde mental do participante, uma sobre percepção da vida acadêmica e a última sobre o impacto das oficinas na sua saúde mental. Dessa forma, foram ministradas seis oficinas sobre Análise de Movimento de Laban. No início de todas as oficinas, foram utilizadas técnicas de aquecimento com aplicação de músicas instrumentais, utilizada para sensibilização psíquica durante as oficinas. Além da técnica de relaxamento simples, que consiste em solicitar que a pessoa se coloque em uma posição, pedindo para que feche os olhos e respire de forma calma, em média de 15 minutos. Após o relaxamento eram instruídas as técnicas de movimento segundo os 6 componentes da Análise de Movimento de Laban (Corpo; Esforço fator peso; Esforço fator espaço; Esforço fator tempo e fluência; Forma; Espaço e Ritmo), sendo realizado um componente por oficina. Em seguida, os participantes realizam as movimentações corporais, finalizando o estudo do movimento, constituindo em cada aula passos para uma composição coreográfica geral. Ao final de cada encontro, era solicita a verbalização de cada participante sobre como estavam se sentindo naquele dia através de um movimento, posterior as demonstrações, foram reunidas as movimentações. O encerrando da pesquisa foi com a sexta oficina da pesquisa com um estudo de improvisação, em que ato está ligado a descoberta de possibilidades com o corpo livre, deixando-se levar com a exteriorização de sentimentos e desejos. Dessa forma, foi solicitado que todos os participantes encontrassem uma posição confortável e se sentasse em círculo com os outros, para que fechassem os olhos e respirassem. Foi dito que pensassem em tudo o que havia acontecido neste semestre, neste ano, durante esses quatro anos de curso e, demonstrassem através do corpo, utilizando o que foi repassado nas oficinas, como estavam se sentindo, principalmente para retirar qualquer vivência negativa. Neste ultimo momento foi trabalhado a improvisação, com o encerramento das improvisações, foi solicitado que respondessem a última pergunta do questionário semiestruturado utilizado inicialmente na pesquisa. Para análise dos dados qualitativos, realizou-se a transcrição, análise e categorização de acordo com a análise de conteúdo de Bardin, a qual estabelece três momentos para a sua realização: pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados obtidos e interpretação. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amapá sob o registro nº 3.621.982 e pela instituição de ensino UNIFAP sob registro de Certificado de apresentação: para Apreciação Ética, nº 21105719.4.0000.0003. Todos os participantes consentiram com a pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultado: A partir das falas dos participantes foi percebidos duas categorias como resultados, sendo elas a Saúde mental prejudicada entre acadêmicos: a vivência universitária e Impacto da dançaterapia: sentimentos positivos. Nesta primeira categoria os acadêmicos demonstraram que sua saúde mental estaria prejudicada, utilizando frases de efeito negativo, relatando instabilidade emocional e a percepção ruim sobre este momento da vida. Além de expressarem as mudanças negativas ocasionadas após ingressarem na universidade, principalmente relacionado à ansiedade, estresse, insônia e humor instável. Podendo estar atrelado a rotina de aulas e práticas. Neste contexto alguns acadêmicos demonstraram satisfação quanto à vivência social causada pelo ambiente, como amizade e a valorização do curso. Entretanto, também foi percebido que apesar deste ponto positivo, se sentiam sobrecarregados pela carga horária, insatisfação com situações envolvendo os professores e a instituição de ensino, além de expressarem sentimentos negativos, como estresse, exaustão, insuficiência e angustia. Na segunda categoria após as intervenções das oficinas utilizando o estudo de Laban, foi percebido um impacto positivo entre os participantes da pesquisa. No qual se destaca os relatos sobre a diminuição do estresse e ansiedade, melhora na saúde mental, assim como relaxamento físico e mental depois da rotina cansativa e o entendimento de seus sentimentos e sobre si. Considerações finais: Ademais, os participantes vislumbram a universidade, o ambiente acadêmico, como um fator estressor, causando ansiedade, estresse, insônia, sentimentos de angustia, exaustão física e mental, os quais interferem no rendimento acadêmico e na vida pessoal dos universitários, vale ressaltar que prejudica a saúde física e mental destas pessoas. Com a introdução das oficinas de dança, utilizando o estudo de Laban, pode-se investigar o impacto da dançaterapia na saúde mental em universitários, obtendo-se resultado positivo, no qual os participantes relatavam estar mais relaxados e menos preocupados, além do autoconhecimento e auto percepção de seus sentimentos. Destarte, os participantes puderam refletir sobre o que os afligiam e expressaram através do corpo, da dança, seus sentimentos e preocupações.

7700 “O BRASIL QUE NINGUÉM VIU”: TESSITURAS ENTRE TEATRO E SAÚDE MENTAL NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA DA ZONA OESTE ATRAVÉS DE UMA EXPERIÊNCIA NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL
Lorena Costa Moura, Jéssica das Graças Machado Candido

“O BRASIL QUE NINGUÉM VIU”: TESSITURAS ENTRE TEATRO E SAÚDE MENTAL NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA DA ZONA OESTE ATRAVÉS DE UMA EXPERIÊNCIA NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL

Autores: Lorena Costa Moura, Jéssica das Graças Machado Candido

Apresentação: A peça intitulada “O Brasil que viu ninguém” é a síntese do trabalho coletivo construído na oficina de teatro do Centro de Convivência e Cultura da Zona Oeste (CECCOZO) do Rio de Janeiro, desse modo, este relato propõe partilhar a experiência de duas residentes (uma Assistente Social e uma Enfermeira), que se constrói entre encontros, vivências e saberes diversos. O trabalho com a peça significou uma experiência reflexiva com o teatro sobre a realidade histórica e social dos manicômios brasileiros, resgatando as marcas do Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, conhecido por seus horrores e violações aos direitos humanos como o “Holocausto Brasileiro”. “O Brasil que ninguém viu” esculpiu não somente o resgate de um passado que marca a história da reforma psiquiátrica brasileira, mas incentivou a afirmação pela cultura, arte e direitos, da luta cotidiana por uma sociedade sem manicômios. Desenvolvimento: A construção da peça “O Brasil que ninguém viu” marca nossa aproximação com o trabalho realizado no Centro de Convivência, e nossa primeira experiência com o teatro. Uma experiência que surge a partir do processo de formação em saúde mental pelo programa de residência multiprofissional do Instituto Municipal Phillipe Pinel (IMPP) e do desejo de encontrar mais um cenário de prática para formação profissional, tendo no CECCOZO um importante dispositivo da rede de atenção psicossocial para a promoção da qualidade de vida na cidade através da arte e cultura. A chegada ao CECCOZO buscava, a princípio, articular o trabalho territorial dos serviços que estávamos inseridas na residência, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), pensando um cuidado compartilhado fora dos espaços institucionais a partir da oficina de teatro, realizada semanalmente aos domingos, pela manhã, na Lona Cultural Elza Osborne, em Campo Grande – um espaço cultural que estabelece uma parceria com a rede de atenção psicossocial compartilhando a Lona para as oficinas e convivência realizada pelo CECCOZO, desde sua criação em 2016.  O CECCOZO oferta oficinas de teatro para turma infantil e adulta, aberta para alunos acompanhados nos serviços de saúde e a comunidade. A turma dos adultos (a partir de 16 anos) propunha realizar uma peça para ser apresentada em dezembro de 2019, abordando a luta antimanicomial no Brasil objetivava criar espaços de pesquisa e discussão sobre o tema. Logo, conhecendo a oficina e o coletivo de alunos que a formava, mergulhamos em um cotidiano que nos possibilitou um novo encontro. Estar na oficina não apenas no lugar de observação ou articulação e acompanhamento dos usuários dos CAPS, mas vivenciar um fazer-experimentar o teatro tecendo nas conversas e estudos a partilha de afetos, saberes e narrativas que surgiam na interface arte, cultura e saúde mental. O teatro abria possibilidades de diálogos no convívio entre pessoas que se interessavam pela oficina, cada qual com seus motivos de estar ali. No encontro dos desejos e sentidos que o fazer-teatro fora desvelando, o projeto da peça tornou-se uma tarefa coletiva. Um objetivo comum que misturava e agrupava pessoas não por uma característica, identidade, ou diagnóstico, mas para fazer teatro. Ao assumirmos o projeto iniciávamos com o grupo momentos de diálogo e reflexões sobre o que entendemos por Luta Antimanicomial, prosseguindo a oficina com as dinâmicas e exercícios teatrais. Deste modo, nosso trabalho perpassa no período de junho a dezembro, pensando recursos para leitura e discussões entre o grupo e experimentando as atividades da oficina. Trabalhamos com a leitura do livro-reportagem Holocausto Brasileiro (2003) da jornalista da Daniela Arbex e o documentário Holocausto Brasileiro (2016), os filmes Em nome da Razão (1979), Nise, o coração da loucura (2015) e Bicho de Sete Cabeças (2001). As rodas de conversa foram o principal instrumento de interlocução com esses recursos. Nos espaços coletivos as impressões e reflexões sobre a história dos manicômios ganhavam lugar. O entendimento sobre “loucura e sofrimento” mostrava-se de diferentes maneiras entre os homens, mulheres e jovens que se colocavam diante do “Holocausto Brasileiro”, incorporando histórias e narrativas para os personagens da peça. Cotidianamente a oficina encontrava-se com as reflexões sobre os manicômios e sua função histórica-social de “depósito de gente”, como o grupo assim denominava. Um depósito que “escondia e enclausurava” não apenas a loucura, mas as relações sociais que uma sociedade dita normal produzia e desejava aniquilar; a própria concepção de loucura se abria para reflexão. O grupo levantava questões sobre a relação -Estado e sociedade- entendendo a institucionalidade dos manicômios, entretanto, apreendendo nessa construção que os manicômios não representam somente os muros e grades de uma instituição, mas se estruturam como uma lógica que permeia nosso cotidiano, tanto nos ataques e retrocessos aos direitos sociais, quanto nas relações que reproduzimos dia a dia. Esmiuçar essas relações conduziu-nos a refletir sobre “como enxergamos ou não enxergamos” o outro e a loucura. Falar sobre o manicômio encontrava nessa reflexão o Pensar “esse outro que confinado no manicômio não era visto”, o “outro sem história e desumanizado”, o “outro que não nos afeta”, ou que “nos afeta quando é visto fora dos muros e trancas”, assim como refletir a própria (con)vivência da loucura na “relação com os outros, a família, as ruas e a cidade”. Assim pensava-se sobre a produção de manicômios fora dos manicômios, nas relações de opressão como o machismo, racismo, intolerância etc., que, presentes no cotidiano das nossas relações, adoecem, aprisionam e manicomializam vidas. Resultado: Apresentada no dia 08 de dezembro de 2019, na Lona Cultural Elza Osborne, a peça retratou o cotidiano de um pavilhão feminino do Hospital Colônia de Barbacena, desvelando a partir da trajetória das personagens, memórias e horrores do manicômio. A peça buscou inspirar a reflexão sobre o Holocausto Brasileiro praticado pelo Estado e autorizado por suas instituições, profissionais e população, resgatando um Brasil que ninguém viu, para afirmar a luta por uma Sociedade sem Manicômios. Ao final foi apresentados depoimentos de alguns gestores dos CAPS da Zona Oeste, profissionais, familiares e alunos do CECCOZO, sobre a importância da rede substitutiva e dos serviços públicos de saúde na garantia do acolhimento, cuidado psicossocial e convivência comunitária em liberdade. Considerações finais: No encontro dos saberes, o fazer-experimentar o teatro conversou com a história do Colônia de Barbacena, também presente na constituição dos manicômios da cidade do Rio de Janeiro. Resgatando o movimento da reforma psiquiatria, luta antimanicomial e o fortalecimento dos serviços substitutivos aos modelos asilares/manicomiais, a tarefa coletiva significou: falar dessa história para comunidade, a fim de que ela não se repita. Assim, compreendendo que a loucura não está distante, está entre nós, na rua e na cidade, a peça levou para o palco uma crítica sobre o trato histórico da loucura no Brasil. Narrando uma história que ainda atormenta o presente, “O Brasil que ninguém viu” falou sobre uma sociedade produzida e reproduzida historicamente de maneira desigual e intolerante à diferença, cuja loucura não pode ser compreendida sem considerarmos as relações socialmente determinadas. Trata-se, portanto, da fala possível pela linguagem da arte e de um fazer coletivo, tecendo com o teatro encontros potentes à promoção de arte, cultura e saúde na periferia da cidade.

7737 BATUCAPS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE OFICINA TERAPÊUTICA NO CAPS AD III PRIMAVERA – ARACAJU (SE)
MARIA DE LOURDES BARROS AVELINO, Frances Mendonça Lima da Silva, Iara Santos Martins, Allan Caetano de Araújo Moncorvo

BATUCAPS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE OFICINA TERAPÊUTICA NO CAPS AD III PRIMAVERA – ARACAJU (SE)

Autores: MARIA DE LOURDES BARROS AVELINO, Frances Mendonça Lima da Silva, Iara Santos Martins, Allan Caetano de Araújo Moncorvo

Apresentação: Os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira fomentam a criação de novas tecnologias de cuidado em saúde mental, extrapola os horizontes da clínica e propõe ações no território, sendo os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) a principal estratégia de cuidado extra-hospitalar para usuários que possuem transtornos mentais graves e persistentes e/ou que fazem uso nocivo de crack, álcool e outras drogas. Dentre os cuidado em saúde desenvolvidos nos CAPS, as oficinas expressivas e culturais desenvolvem papel preponderante na promoção da cidadania e da autonomia dos usuários. A arte e a cultura são recursos terapêuticos utilizados pelos sujeitos envolvidos, por construírem novas formas e possibilidades de se colocar na sociedade. A música é expressão artística e instrumento de cuidado nas intervenções realizadas, potencializa autoconhecimento, reflexão e convívio social, mostrando-se eficaz no tratamento do público atendido, promovendo a diminuição de sentimentos de angústia, ansiedade e estresse cotidianos. Este trabalho é uma pesquisa descritiva, na modalidade de relato de experiência de uma oficina terapêutica desenvolvida no CAPS AD III Primavera, em Aracaju/SE. Apresenta como objetivo fomentar a importância da utilização da música como recurso terapêutico catalisador processo de promoção de saúde e reinserção psicossocial no território dos usuários atendidos no serviço supracitado. O BATUCAPS existe no referido CAPS desde 2018, através da percussão e do batuque, agrega elementos da cultura popular de Sergipe, a exemplo do Reisado, Cacumbi, Parafuso, Lambe Sujo, Samba de Roda e de Pareia. Trabalha-se a musicalidade de matriz africana: samba, reggae e afoxés. Valoriza-se a singularidade do usuário envolvido e seu repertório individual e fazem-se adaptações aos ritmos trabalhados. Há apresentações nos equipamentos das políticas sociais existentes no município e no estado, fortalecendo o protagonismo dos usuários, promovendo cidadania e reinserção social. É adotada a perspectiva da redução de danos, visando à melhoria da qualidade de vida (moradia, trabalho, saúde e restabelecimento de vínculos), a restrição do uso de substâncias psicoativas durante os ensaios e apresentações deve-se à necessidade de atenção aos arranjos, as introduções, as músicas que vão ser cantadas e tocadas, há a inserção desses sujeitos na sociedade enquanto artistas, devido a música proporcionar acesso a espaços que na condição de usuários de crack, álcool e drogas não ocorreria devido aos estigmas sociais existentes. O grupo possui 18 integrantes, são construídos vínculos e promovida a empatia. Transcende-se o lugar de usuário e cada um torna-se professor em decorrência da trajetória de vida. O grupo não vende as apresentações, mas tem o reconhecimento social e recebe doações para viabilização do trabalho, diante da limitação de recursos destinados para a política de saúde mental. Observa-se como principal efeito dessa intervenção a maior adesão ao tratamento em saúde, que passa a ser pactuado e não invade o espaço do outro. Ademais, considera-se que as trocas interpessoais e sociais são facilitadas, devido à ampliação do repertório artístico e cultural dos usuários, promovendo a ocupação de espaços no território que vivem. Portanto, a arte e a cultura contribuem para o tratamento humanizado e singularizado nos CAPS, enquanto equipamento da Rede de Atenção Psicossocial.

8054 DOUTORES DA ALEGRIA E A HUMANIZAÇÃO DA MEDICINA – LIGA ACADÊMICA DO PRONTO SORRISO – UFG
Giovana Caroline Silva Rocha, André Luís dos Santos, João Marcelo Cunha de Castro, João Marcos Ribeiro Paiva Xavier, Matheus Albernaz de Resende

DOUTORES DA ALEGRIA E A HUMANIZAÇÃO DA MEDICINA – LIGA ACADÊMICA DO PRONTO SORRISO – UFG

Autores: Giovana Caroline Silva Rocha, André Luís dos Santos, João Marcelo Cunha de Castro, João Marcos Ribeiro Paiva Xavier, Matheus Albernaz de Resende

Apresentação: O hospital tem por característica ser um ambiente desagradável e hostil, carregando um estigma de dor e sofrimento. Tendo em vista esse panorama, diversas ações foram criadas ao longo do tempo, a exemplo da Política Nacional de Humanização do SUS, em 2003, e a criação dos Doutores da Alegria, em 2010, a fim de tornar o ambiente hospitalar um lugar mais acolhedor. Seguindo essa linha de raciocínio, a atuação do palhaço de hospital, por meio da Liga Acadêmica do Pronto Sorriso da Universidade Federal de Goiás (UFG), tem por intuito humanizar as práticas de saúde e minimizar a dor e o desconforto do tratamento hospitalar. O presente trabalho visa relatar a atuação de alunos membros da Liga com o objetivo de mostrar a importância dos doutores da alegria para o processo de humanização do ambiente hospitalar. Desenvolvimento: A Liga Acadêmica do Pronto Sorriso-UFG é um projeto de extensão composto por alunos de diversos cursos da UFG e de outras faculdades de Goiânia com o intuito de formar palhaços de hospital. Esta Liga tem encontros semanais, sendo no primeiro semestre de capacitação teórica, e, no segundo semestre, de atuação prática no Hospital das Clínicas-UFG, além de realizar campanhas ocasionais em outros hospitais de Goiânia. A fim de se obter um ambiente hospitalar alegre e com descontração, os alunos se vestem e se maquiam como palhaços e utilizam-se de atividades lúdicas como, por exemplo, brincadeiras, piadas, conversas, mágicas e danças. Resultado: A atenção profissional extremamente impessoal e pouco acolhedora, inspirada no atrasado modelo biomédico, insiste em reduzir o paciente a um ser com uma doença a se curar. Diante deste panorama, a Liga Acadêmica do Pronto Sorriso-UFG propõe enxergar o doente além da doença, e através do palhaço de hospital, humanizar as atuais práticas de saúde neste local. A atuação da liga é focada em transformar a ideia de que o hospital é um ambiente hostil, e, através do lúdico, fazer com que o processo de hospitalização seja mais fácil de se enfrentar. Durante as visitas ao hospital, percebe-se claramente uma mudança de comportamento do doente antes e após o contato com os palhaços, uma vez que ele sai de uma rotina de tratamento com impessoalidade e entra em um ambiente de cores, descontração e alegria. Considerações finais: A Liga Acadêmica do Pronto Sorriso é um importante instrumento de humanização do ambiente hospitalar. A Liga promove uma maior satisfação do doente e ameniza o estado de hospitalização, afetando positivamente em seu estado de saúde. Além de fazer o bem, o aluno que participa do projeto se torna mais sensível, aprende a ver o doente em sua totalidade e a dinamizar a relação médico paciente. O riso e a alegria promovem a construção do diálogo, aproximando as pessoas e constitui-se de um recurso valioso na promoção da saúde e da humanização do ambiente hospitalar.

8811 DESENVOLVIMENTO MNÊMICO COMO ESTRATÉGIA DE QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
Pamela Moraes Ferreira, Daiane De Souza Fernandes

DESENVOLVIMENTO MNÊMICO COMO ESTRATÉGIA DE QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Autores: Pamela Moraes Ferreira, Daiane De Souza Fernandes

Apresentação: O envelhecimento, antigamente apregoado como um fenômeno, na contemporaneidade, participa da vivência de grande parcela das sociedades. Seguindo este pressuposto, as instituições de longa permanência (ILPI) tem se tornando a imperiosa nos cuidados ao idoso, em razão da escassez de programas de apoio a senhores de idade nas suas residências. Todavia, o aumento crescente tem dificultado todo o processo de promoção à saúde, sendo ínfimas as atividades educativas e sociais nestas instituições, refletindo no avanço desenfreado de patologias. Nesse sentido, pode-se destacar os elevados índices de lamentos relacionados ao desempenho mnemônico, o qual não está direcionado apenas às alterações anátomo-fisiológicas, tem influências diretas da própria diminuição do exercício cognitivo. Urge, portanto, a necessidade de ações educativas, na medida em que jogos lúdicos além de entreter, incita e instiga a mente em processo de envelhecimento. Por conseguinte, convém ao enfermeiro direcionar o foco à promoção de saúde e prevenção de doenças, estes que são de suma importância na atuação holística da enfermagem profissional. Objetivo: Descrever experiência de ação educativa sobre estímulo da memória em idosos institucionalizados. Método: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência que retrata a vivência de um acadêmico do 3° semestre do curso de enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA) em uma instituição de longa permanência (ILPI), localizada no município de Marituba(PA). Para acolher os moradores, utilizou-se uma dinâmica que visava, sobretudo, a estimulação da memória, dos sentidos e o entretenimento. A atividade foi realizada com 6 idosos da instituição. Foi-se utilizado 10 figuras com determinados animais e pediu-se que cada idoso relatasse o que observava, na incompreensão da imagem, era então utilizado o som dos respectivos animais, além de facilitar para os que possuíam visão, esta última etapa garantiu a participação efetiva de um deficiente visual do grupo, este que pode então ouvir e reconhecer alguns dos sons. Resultado: Os seis integrantes relataram alguma dificuldade em reconhecer todas as imagens vistas e sons ouvidos, 2 desses, obtiveram um número muito pequeno de acertos o que direciona para lacunas no desenvolvimento mnêmico, tendo então uma maior necessidade de estimulá-lo. Visto deste ângulo, tal ação, além de incitar a memória, instigou sentidos como a visão, audição e garantiu a recreação para estes indivíduos que são assolados pela monotonia e ociosidade das ILPIs. Considerações finais: Evidencia-se, portanto, a necessidade de atividades semelhantes a tratadas neste relato nas instituições de longa permanência, na medida em que anseia investigar e reduzir danos, garantindo toda uma melhor vivência com as regalias que a saúde proporciona. Além disso, o enfermeiro é o personagem fundamental das ações preventivas e dos diagnósticos precoces, devendo utilizar do processo criativo para a difusão da qualidade de vida dos cidadãos.

8832 VISITA DOMICILIAR DIRECIONADAS À IDOSOS: INFLUÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS
Daiane De Souza Fernandes, Pamela Moraes Ferreira

VISITA DOMICILIAR DIRECIONADAS À IDOSOS: INFLUÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS

Autores: Daiane De Souza Fernandes, Pamela Moraes Ferreira

Apresentação: No Brasil, a Visita Domiciliar (VD) remete à Estratégia Saúde da Família (ESF). Nessa perspectiva, os idosos são cidadãos vulneráveis que se beneficiam imensamente de tal prática, na medida em que muitos destes não possuem condições, físicas, psíquicas ou econômicas para se descolar até uma instituição de saúde, podendo, assim sofrer com a ausência dos cuidados necessários. Objetivo: Descrever experiência de visita domiciliar em bairro periférico do município de Belém (PA). Método: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência que descreve a vivência de um acadêmico do 3° semestre do curso de enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA) sobre visitas domiciliares. A atividade foi realizada com o auxílio de um agente comunitário de saúde, 7 acadêmicos de enfermagem e uma professora de enfermagem. Foram realizadas 3 visitas, nas quais foram feitas uma análise das condições de vida, estado de saúde, verificação dos sinais vitais e algumas perguntas, que almejavam compreender melhor todo o processo de saúde e doença. Resultado: Na primeira visita realizada, encontrou-se uma idosa de 80 anos em condição extremamente precária. Esta, estava debilitada em uma cama com panos desasseados, em um espaço de baixa incidência solar, não havia ingerido café da manhã e nem possuía remédios para Hipertensão, as ações realizadas pela equipe foi a de aplicar medidas que estabilizassem a pressão da idosa. Em seguida, houve a visita para uma senhora de 79 anos, a qual, diferente da primeira mencionada, já apresentava todo um aparato familiar, aliado com cuidados frequentes da saúde, tendo apenas algumas patologias comuns da idade, sendo notória as regalias que uma boa condição financeira pode gerar, apenas foi orientado os cuidados necessários para um leve problema nos membros inferiores. Por fim, foi feita uma visita para um senhor que estava exercendo intensa força física em seu trabalho, o qual relatou que ficaria em repouso, em razão da realização de um procedimento cirúrgico, foi orientado os cuidados básicos a este referente a cirurgia, dando, desta forma, fim ao ciclo de visitas. Considerações finais: Evidencia-se, portanto, a importância da visita domiciliar para a população idosa, a qual atende diversas necessidades, direcionando as medidas necessárias e podendo evitar uma grande parcela de implicações, na medida em que a visita é a personagem fundamental das ações preventivas e dos diagnósticos precoces, assim como direciona indivíduos em estados graves, porém que não possuem a ciência da seriedade de determinadas patologias,  garantindo assim, uma melhor qualidade de vida, sobretudo aos idosos mais vulneráveis socioeconomicamente, urge, então a permanência e melhora na eficácia das VDs.

8857 ARTETERAPIA COM RETALHOS COMO INCENTIVO AO AUTOCUIDADO DAS GESTANTES DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA GRANDE VITÓRIA
Amelia Toledo da Siilva Bauduina, Maria Alice Toledo da silva Bauduina, Laís Lopes Gonçalves, Eloiza Toledo Bauduina, Caroline Nascimento de Souza, Ana Paula de Araújo Machado, Italla Maria Pinheiro Bezerra, Cristina Ribeiro Macedo

ARTETERAPIA COM RETALHOS COMO INCENTIVO AO AUTOCUIDADO DAS GESTANTES DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA GRANDE VITÓRIA

Autores: Amelia Toledo da Siilva Bauduina, Maria Alice Toledo da silva Bauduina, Laís Lopes Gonçalves, Eloiza Toledo Bauduina, Caroline Nascimento de Souza, Ana Paula de Araújo Machado, Italla Maria Pinheiro Bezerra, Cristina Ribeiro Macedo

Apresentação: De acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) surgem como objeto potencializador da produção de saúde, sendo uma ferramenta importante que possibilita ao profissional implementar a prática de atividades alternativas como parte do tratamento, o que proporciona ao paciente melhor qualidade de vida. Tais práticas compreendem abordagens que estimulam a busca de mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde através de métodos seguros, trazendo um olhar diferenciado no cuidado com o paciente onde ele é participante ativo na produção de sua própria saúde. Desta forma a arteterapia contribui para que essa promoção envolva o paciente como um todo, colaborando para o fortalecimento de seu vínculo com os serviços de saúde. Diante disso, o objetivo do trabalho é descrever a importância de práticas integrativas na promoção de saúde e incentivo ao autocuidado. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência vivenciada por alunos da graduação do curso de enfermagem, ao realizarem oficinas para a promoção, humanização do cuidado e incentivo ao autocuidado embasados nas diretrizes das PICS, voltados para gestantes por meio da arteterapia, enfatizando a importância da arte como expressão dos sentimentos no período gestacional por meio da confecção das bonecas de fuxico. Resultado: Para desenvolver as atividades foram oferecidos para as gestantes, retalhos, moldes e lã para a confecção de bonecas. A oficina foi feita em cinco encontros onde as gestantes aprenderam a cortar e confeccionar as bonecas, enquanto tinham suas dúvidas esclarecidas, falavam sobre seus medos e experiências vivenciadas por elas durante a gestação. Considerações finais: Evidenciou-se através das oficinas que a interação entre profissionais, comunidade e acadêmicos produziu uma experiência enriquecedora para todos os envolvidos, pois permitiram o compartilhamento do conhecimento e um olhar ampliado para as alternativas propostas pelas PICS para a promoção de saúde e prevenção de agravos, além disso, as atividades desenvolvidas ajudaram a fortalecer o vínculo entre as gestantes e a Unidade Básica de Saúde.  

9286 IMAGENS QUE FALAM: O USO DA FOTOGRAFIA NO COTIDIANO DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM TERRITÓRIOS RIBEIRINHOS NA AMAZÔNIA.
Adriene Araújo Fernandes, Elayne Karla do Nascimento Matos, Vanessa Gonzaga, Maria Adriana Moreira, Josiane de Souza Medeiros, Júlio César Schweickardt

IMAGENS QUE FALAM: O USO DA FOTOGRAFIA NO COTIDIANO DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM TERRITÓRIOS RIBEIRINHOS NA AMAZÔNIA.

Autores: Adriene Araújo Fernandes, Elayne Karla do Nascimento Matos, Vanessa Gonzaga, Maria Adriana Moreira, Josiane de Souza Medeiros, Júlio César Schweickardt

Apresentação: O que podem as imagens? No cotidiano do trabalho em saúde das equipes ribeirinhas no território complexo da Amazônia, as imagens podem falar sobre um modo de fazer saúde específico para essa população que não cabem nos protocolos, nos relatórios e nem nos sistemas de informação. Usadas hoje principalmente com o intuito de se eternizar momentos considerados importantes pela sociedade, a fotografia foi e continua sendo uma importante ferramenta de expressão visual, com a potência de retratar diferentes formas de sentimentos, sensações, mensagens, inclusive funcionando como uma maneira de documentar a realidade. Este trabalho está inscrito no eixo Saúde, Cultura e Arte e foi realizado a partir do acompanhamento de trabalhadores da atenção básica em saúde que atuam em equipes da Estratégia de Saúde da Família Ribeirinha (ESFR), e da Estratégia de Saúde da Família Fluvial (ESFF), nas comunidades do município de Tefé (AM). O objetivo deste texto é mostrar o processo e o cotidiano do trabalho das equipes de ESFR e ESFF revelados em registros fotográficos feitos pelos próprios profissionais destas equipes ao produzirem cuidados aos ribeirinhos nos diferentes rios do território líquido de Tefé. A motivação de escrever esse texto se deve principalmente ao pouco conhecimento da sociedade em relação às atividades potentes realizadas por tais equipes nesse território cortado pelos ciclos dos rios, onde na maioria das vezes predomina o discurso da ausência. Pouco conhecida, mas intensamente ativa, as ESFR e ESFF são modelagens de políticas públicas implementadas para atender as especificidades das pessoas que usam esse território. Estas equipes de saúde ribeirinhas são compostas por multiprofissionais, e podem contar com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) durante as viagens às comunidades. Atualmente Tefé conta com 4 (quatro) ESFR e 1 (uma) ESFF que se organizam para produzir cuidado às famílias que vivem numa extensa rede hidrográfica e territorial, onde estão distribuídas 131 comunidades. Cada uma dessas cinco equipes apresentam os mais diversos fluxos de como se organizam para fazer saúde no território ribeirinho de Tefé, essa complexidade pode até ser apontadas nos relatórios mensais, mas não cabem neles, daí a importância de as imagens falarem. Desenvolvimento: Os registros fotográficos foram feitos pelos profissionais, em seus aparelhos celulares em diversos momentos durante as viagens que realizaram no decorrer do ano de 2019. Para esse trabalho foram escolhidas 9 (nove) imagens que falam sobre algumas categorias da saúde como acesso, processo de trabalho, cuidado e território. O processo de escolha se deu pela afetação de cada profissional com que a imagem está apresentando. Os profissionais que fizeram as imagens escolhidas descreveram a mesma, destacando o contexto em que elas foram tiradas, o que estava sendo registrado, qual sua relação com as categorias acima mencionadas e o modo como enxergam a mensagem transmitida. As imagens fotográficas colocam em cena atores sociais em diferentes situações de atuação e permitem que se conheçam os cenários em que as atividades cotidianas desenvolvem-se, como também, a diversidade das articulações e das suas vivências em um determinado contexto sociocultural. Poderá sobretudo servir como suporte para a memória coletiva desses atores, na medida em que registram cenas de um tempo continuo que foram perenizadas no ato fotográfico, podendo ser transportadas para outras temporalidades, mediante uma mistura de passado-presente, considerando-se as possibilidades de conhecimento de outras dimensões da vivência dos atores sociais por intermédio das fotografias. Resultado: As imagens selecionadas revelam o fazer cotidiano dos profissionais de saúde que diferentemente do fazer saúde na área urbana de Tefé, onde são os usuários que precisam se deslocar aos serviços de saúde, no território ribeirinho de Tefé são as equipes que precisam reorganizar seu processo de trabalho levando em consideração as especificidades dos diferentes territórios, como os barrancos a subir, o campo a percorrer, os banzeiros a enfrentar, os materiais e equipamentos que não são fixos, pelo contrário são carregados pelas equipes e seguem os seus fluxos pelos rios, os atendimentos não cabem em salas com paredes e nem muros, eles acontecem embaixo das árvores e nos passeios das casas-flutuantes, as vestimentas dos trabalhadores são diferenciadas, os jalecos brancos dão espaços as botas, os chapéus, os coletes salva-vidas, as camisas de mangas compridas. As equipes necessitam extremante da acolhida dos comunitários, pois, muitas vezes são estes que ajudam na organização do local de atendimento, preparam a alimentação da equipe, sedem suas casas como ponto de apoio, indicam os fluxos nos diferentes períodos dos rios, sendo não apenas responsáveis pela manutenção dos cuidados ofertados pelas equipes e permitindo assim, um olhar mais direto para os problemas de saúde encontrados por parte dos profissionais, mas também mantenedores do acesso ao território ribeirinho pelas equipes ESFRs. Nesse sentido, as imagens ampliam a compreensão para aqueles que não vivem o território amazônico, revelam as afecções nos corpos dos trabalhadores, mostra que em Tefé se busca a equidade no atendimento aos ribeirinhos, tornando mais palpável a realidade que poucos têm conhecimento acerca do trabalho desenvolvido pelas ESFRs. As imagens revelam ainda que mesmo diante das grandes distâncias, do maior tempo de deslocamento, e do esforço físico enfrentado diariamente pelas equipes ESFR, é importante compreendermos que nesse cenário os rios não podem ser vistos como obstáculos no acesso aos serviços de saúde, pelo contrário, os rios são os caminhos que facilitam e garantem a universalidade deste acesso. Considerações finais: Difícil ficar indiferente frente a uma fotografia, pois, ela tem a capacidade de estimular nossa imaginação, nos fazendo ponderar sobre a imagem materializada. Tendo ela um grande potencial documental, a sua importância como registro da realidade é imensurável, impelindo a reflexão e abordagens diferenciadas e de acordo com possíveis problemáticas apresentadas. É importante então compreender a mensagem que está sendo revelada na fotografia. Retratar as vivências das equipes de ESFR do município de Tefé, através das imagens, é imortalizar aprendizados, sentimentos, emoções, desafios, e a coragem de profissionais que lidam diariamente com as complexidades do território ribeirinho.

9558 A MÚSICA COMO PRODUTORA DE ENCONTROS DE VIDAS EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA
Letícia Ramos da Silva, Tiago Braga do Espírito Santo, Fabiane Dias de Mendonça, Gabriela Lima Ximenes

A MÚSICA COMO PRODUTORA DE ENCONTROS DE VIDAS EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA

Autores: Letícia Ramos da Silva, Tiago Braga do Espírito Santo, Fabiane Dias de Mendonça, Gabriela Lima Ximenes

Apresentação: Os Centros de Convivência e Cultura são dispositivos públicos de cuidado que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), inserido no eixo da Atenção Básica. Este dispositivo é um potente articulador, que promove espaços de sociabilidade, produção de vida, subjetividade e intervenção na/com a cidade. Uma das ferramentas do dispositivo são as oficinas, constituídas como espaços de produção, de manejo de subjetividade, e de (re)construção de vínculos entre os sujeitos, seus grupos sociais e territórios de pertencimento. A oficina de expressão musical é uma atividade de encontros de vidas entre as pessoas, promovendo o exercício da cidadania, a expressão de liberdade e a convivência de diferentes sujeitos, através da criação artística como atividade que propicia a experimentação constante. Desenvolvimento: O estudo trata de um relato de experiência em um estágio não obrigatório, denominado “acadêmico bolsista”, de uma graduanda do curso de Enfermagem, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no Centro de Convivência e Cultura do Município do Rio de Janeiro, no período de março a dezembro de 2017. Resultado: No início, a Experimentação Musical era realizada no formato de oficina, sendo conduzida por oficineiros, que garantiam a liberdade para experimentar os instrumentos e sentí-los. Os encontros que foram sendo construídos oportunizaram a criação de novos significados da experimentação musical, tendo a mudança de oficina para um lugar de encontros. Essa passagem ocorre pela mudança na relação dos oficineiros com os participantes. Os oficineiros, ao saírem da posição de condutores da atividade, se permitem estar disponíveis para o acaso dos encontros, desfrutando da convivência, por meio da transformação da maneira de conviver, pensar e agir, sendo abertos a experimentação constante. A transição permitiu a expressão desses sujeitos sobre si, sobre a vida, sobre suas relações e histórias vividas, gerando, efetivamente, a promoção/produção de vida. Considerações finais: O encontro da experimentação musical foi possível pela criação de um ambiente imprevisível, que pelas conexões e trocas sociais, realiza a produção de subjetividades. A potencialidade dos encontros se dá pela multiplicidade, que ocorre devido à heterogeneidade dos indivíduos, possibilitando a abertura de novos territórios e conexões, sendo este um processo de transformação em que o sujeito se situa, produzindo novos modos de ser e estar no mundo.

9588 DIÁLOGOS DA FRONTEIRA: INTERSEÇÃO ENTRE HATHA YOGA E TÉCNICA KLAUSS VIANNA
Veridiana Noronha Vaccarelli, Nelson Filice De Barros

DIÁLOGOS DA FRONTEIRA: INTERSEÇÃO ENTRE HATHA YOGA E TÉCNICA KLAUSS VIANNA

Autores: Veridiana Noronha Vaccarelli, Nelson Filice De Barros

Apresentação: Este trabalho busca abordar a relação entre o Hatha Yoga e a Técnica Klauss Vianna (TKV), sendo que as ferramentas destas duas práticas corporais atuam na produção de estados de presença e na ampliação da consciência. Os angas do Hatha Yoga e o processo lúdico da Técnica Klauss Vianna, em sintonia, estimulam uma rede de percepções corpóreas, em níveis sutis, que possibilitam a abertura para a escuta de si e do outro. Tanto o Hatha yoga como a Técnica Klauss Vianna compreendem o indivíduo como um ser integral e promovem a disponibilidade para que o corpo atue e viva no mundo. Esta disponibilidade corpórea é fruto de processo contínuo de pesquisa e autoconhecimento, em que o praticante se permite a novas vivências corporais, priorizando o momento presente. A interseção entre Hatha Yoga e Técnica Klauss Vianna como prática corporal-social permite explorar um modo de produção de cuidado e autonomia, sendo que investigar as reverberações desta experiência pode levar a novas pontes e desdobramentos. Por meio dos princípios da autoetnografia performática tem-se o objetivo de estabelecer um diálogo entre o Hatha Yoga e o processo lúdico da Técnica Klauss Vianna, considerando que estas duas práticas corporais reconhecem a unidade corpo-mente e os sistemas corpóreos integrados. O conceito de fronteira é usado para entender a ampliação das experiências que atravessam os corpos e interferem no caminho da descoberta. A reflexão do próprio corpo, num trajeto de dentro pra fora, de fora pra dentro, numa teia de relações, favorece a conscientização do potencial do ser humano

9724 ENFERMEIRAS NEGRAS DE DESTAQUE NA SOCIEDADE BRASILEIRA E SEUS LEGADOS DEIXADOS PARA A ENFERMAGEM CONTEMPORÂNEA
Gabriela Almeida Damasio, Maria Fernanda Terra

ENFERMEIRAS NEGRAS DE DESTAQUE NA SOCIEDADE BRASILEIRA E SEUS LEGADOS DEIXADOS PARA A ENFERMAGEM CONTEMPORÂNEA

Autores: Gabriela Almeida Damasio, Maria Fernanda Terra

Apresentação: Este trabalho tem por finalidade apresentar o legado de enfermeiras negras brasileiras ressaltando a importância dos cuidados de enfermagem, olhando com olhar holístico e respeitando a cultura do outro e mostrando a importância das mulheres negras de destaque na profissão a partir de práticas de cuidados em saúde e  os legados deixados para enfermagem contemporânea e suas áreas de atuação. Consideramos que a prática de cuidado agrega as questões culturais, experiências vividas ao longo da carreira e da vida. O racismo institucional nega e invisibiliza as mulheres negras na história da profissão de enfermagem. O inicio da enfermagem é marcado a partir das ações assistenciais de Florence Nightingale durante a guerra da Criméia. Esta enfermeira foi responsável por criar a 1ª teoria de enfermagem – teoria ambientalista, que, apresenta que “o que a enfermagem tem de fazer, é colocar o paciente na melhor condição para que a natureza aja sobre ele”. Outra grande enfermeira da época foi Mary Seacole, que ficou conhecida como, “Nightingale Negra”, na guerra da Criméia, mas que teve o seu trabalho esquecido não só pela história geral, como também pela própria enfermagem, uma enfermeira negra, esquecida frente ao preconceito da época. No Brasil, em 1932, uma mulher negra, não citada como atuante da prática de cuidados à doentes, conhecida como Maria Soldado, esteve presente na história do país  atuando como enfermeira da legião negra na Revolução Constitucionalista. Consideramos que as mulheres negras foram as primeiras cuidadoras do Brasil, o cuidado inicialmente prestado sob o marco histórico da escravatura através das curandeiras, que a partir de seus conhecimentos empíricos, intuitivos e espirituais prestavam cuidados de seus irmãos e das crianças que eles cuidavam dentro da casa onde moravam. As parteiras que atuavam identificando a gravidez e fazendo orientações nas complicações e amas de leite que acompanhavam as crianças em toda sua infância caracterizando uma condição de maternidade. De acordo com o Instituto Oromilaridade, os cuidados foram estabelecidos historicamente pelos escravos com participações das religiões de matriz africana (Candomblés, Umbandas) trazidas pelos negros, através de seus cultos e preceitos, que se mantém até hoje uma prática de cuidado particular, baseado na fé por meio de rituais próprios de cada religião. No caso das mulheres negras, muitas se destacaram na história da profissão, apesar de pouca notoriedade. Por falta de conhecimento da história e falta de valorização das mulheres negras, dos cuidados e pela falta de compreensão, por excluir a historiografia da profissão fatos e memórias, uma vez que a participação da mulher negra na história do cuidado é algo que antecede os cuidados conhecidos por Florence Nightingale. Deve-se considerar que é necessário estudos que evidenciem a relação Enfermeiro e paciente no âmbito de relações racistas e preconceituosas que possam interferir na assistência de Enfermagem o que impede o cuidado cidadão humanizado, com olhar holístico.  De acordo com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, “O racismo institucional constitui-se na produção sistemática da segregação étnico-racial nos processos institucionais. Manifesta-se por meio de normas, práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano de trabalho, resultantes da ignorância, falta de atenção, preconceitos ou estereótipos racistas. Em qualquer caso, sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pela ação das instituições e organizações, a alteração no contexto das trajetórias, omissão de singularidades, negação de fatos históricos e invisibilidade de sujeitos históricos tem como objetivo idealizar uma identidade e como consequência, não atende a representatividade de indivíduos que compõe essa comunidade”. Objetivo: esse trabalho está em fase inicial e buscará Identificar, a partir da literatura e documentos publicados, as enfermeiras negras de destaque na sociedade brasileira e os legados deixados por elas e para a Enfermagem contemporânea. Método: O presente estudo é de natureza qualitativa, descritiva de essência narrativa que se utiliza do método pesquisa histórica a partir da análise documental com a finalidade de resgate de memórias em um recorte temático. A pesquisa tem por objetivo o resgate do passado para compreensão deste com a perspectiva do entendimento de questões que perduram no presente, e possibilitam projeções futuras. Para essa pesquisa, serão buscados documentos, tais como: matérias de internet, livros, artigos, documentos etc. em bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americano e do Caribe em ciências de Saúde (lilacs), Scientific Electronic Library online (SciELO ) e google acadêmico. Análise e interpretação de dados: Para esclarecimento dos resultados e análise de dados deliberou-se pela construção de uma tabela estruturada com os seguintes componentes: Informações pessoais, Identificação Pessoal, Ano de nascimento e morte, Cidade de nascimento e de morte, Religiosa e religiosidade, História de vida pessoal na família, Informações profissionais, Cidade de formação em enfermagem, Escola de enfermagem, Ano de formação, Habilitação, Área de atuação profissional, História de trabalho e participação social e/ou comunitária e qual o destaque social, tipo de estudo e referência das enfermeiras negras sendo elas Maria Stella Azevedo Santos, Yvone Lara Costa, Izabel dos Santos, Mary Jane Seacole, Maria José Barroso. A tabela estruturada se deu por considerar que este permite o resumo dos dados coletados e tratados para melhor organização da narrativa histórica e da análise documental. Considerações finais: Pode-se de afirmar que essa pesquisa é importante para que, os profissionais de saúde saibam que existe racismo institucional e preconceito com a mulher negra na enfermagem. O racismo foi uma fonte norteadora para o esquecimento da história de luta da mulher negra na vida pessoal e profissional, é importante conhecer a história da sua cultura e de seu povo para que não caia no esquecimento um marco histórico de resistência.

11199 A MICROBELEZA OCULTA
Josiane de Lima Balbino dos Santos

A MICROBELEZA OCULTA

Autores: Josiane de Lima Balbino dos Santos

Apresentação: Este trabalho reuni recursos fotográficos e poéticos produzidos por uma estudante de medicina ao se deparar com uma beleza oculta em sua monitoria no laboratório de Histologia da Universidade Estácio de Sá. O objetivo deste trabalho é apresentar reflexões expressas através de palavras em imagens histológicas fotografadas de um microscópio e/ou em lâminas segundo a lente de uma estudante de medicina. Sou acadêmica do sétimo período do curso de medicina na Universidade Estácio de Sá, campus Presidente Vargas - Rio de Janeiro. No ano de 2018 exerci a monitoria de Histologia, orientando alunos dos três primeiros períodos no estudo do conteúdo prático. Desde o início das minhas aulas de Histologia no laboratório da faculdade desejei fazer parte da monitoria pois achava muito belas as imagens ao microscópio e extremamente empolgante a busca pelas estruturas celulares nos diversos tecidos saudáveis. Após conseguir ser aprovada no concurso de monitoria, muitos dos dias em que estava no laboratório aproveitava para apreciar a beleza microscópica em nós. A partir do incentivo das orientadoras da monitoria iniciei, à época, a produção de um material didático que auxiliasse os alunos no estudo da histologia prática (ao microscópio). Para isso passei a fotografar imagens do microscópio a fim de que os alunos tivessem acesso às imagens das lâminas que eles utilizavam nas aulas práticas. As fotos, entretanto, foram se tornando itens colecionáveis pela beleza e pela forma como me tocavam. Cada foto carregava consigo um significado: túbulos renais, por exemplo, me transmitiam a ideia de caminhos, ora sinuosos, ora poluídos, ora limpos, com estradas bem definidas tais como as células bem delimitadas dos túbulos renais distais formados por um epitélio cúbico simples. A fibrocartilagem que unia ossinhos (de ratos) me remetia a força que as conexões humanas ou humanas-animais irracionais podem alcançar. Os grupamentos musculares presentes nas veias de grande calibre me traziam a visualização do agrupamento comum e necessário à vida. Cada tribo que forma o globo tão diversificado. Vários seres unidos por características próprias que os difere de outros. Porém, ao pensar a função desses feixes, tinha a visualização do quanto mais forte são esses grupos ao se unirem e trabalharem (ou funcionarem) juntos. Cada imagem trazia consigo uma beleza oculta àqueles que não se arriscavam a olhar a vida por um ângulo diferente: as lentes do microscópio. Este trabalho reune as 4 fotos que mais me mobilizaram e trouxeram sentimento, os quais estão expressos nelas por palavras (3 delas foram citadas anteriormente). Uma das fotos, fruto da visualização de algo inesperado - um coração na lâmina de medula espinhal - serviu de inspiração para um acróstico, o qual também apresento neste trabalho. Toda essa experiência foi supreendente pois no meio acadêmico/científico, constantemente engessado em normas, torna-se difícil ver as coisas com outro olhar, porém a simples beleza de imagens foi capaz de me trazer sensações inesperadas e deliciosas.