330: Os Desafios da Formação de Profissionais para o Cuidado em Saúde da População LGBT
Debatedor: Ida Oliveira de Almeida
Data: 30/10/2020    Local: Sala 01 - Rodas de Conversa    Horário: 08:00 - 10:00
ID Título do Trabalho/Autores
7759 A PERSPECTIVA DO ENFERMEIRO NO CUIDADO DIANTE DA PESSOA TRANS
Douglas Duarte, Gisella de Carvalho Queluci

A PERSPECTIVA DO ENFERMEIRO NO CUIDADO DIANTE DA PESSOA TRANS

Autores: Douglas Duarte, Gisella de Carvalho Queluci

Apresentação: A Perspectiva do enfermeiro no cuidado diante do indivíduo Trans, Transexuais, Travestis e Transgênero, nos evidencia a necessidade de algumas mudanças na prática profissional, visto que é notável a pouca intimidade sobre as demandas dessa população no atendimento na saúde. Objetivo: Levantar o que a produção científica nacional e internacional revela sobre a assistência de enfermagem destinada ao público Trans. Método: Revisão integrativa caracterizada de abordagem qualitativa. Resultado: Após busca na base de dados, Conforme pesquisados na biblioteca virtual de saúde - BVS  e Public Medline (PubMed) nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDENF (Base de dados em Enfermagem) e MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrievel System Online) obteve-se como resultado que não há preparo destinado para melhor assistir a população Trans na formação do enfermeiro, nota-se também a pouca produção cientifica acerca do cuidado de enfermagem diante desse indivíduo, além de pouca ou nenhuma promoção da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais na formação desse profissional ou na Educação permanente. Apesar da existência da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, ser LGBTQI+ é um condicionante e determinante de saúde onde dá seguimento a criações das políticas públicas, a fim de garantir o direito de atenção à saúde da pessoa LGBTQI+ nota-se que a saúde deste seguimento, da pessoa Trans, ainda está marcada pela falta de acesso e cerceamento a esse direito com inúmeras barreiras que fazem com que esse trajeto, até a unidade de saúde, seja ineficaz, porque em diversos casos está marcada pelo acolhimento inexistente dos profissionais que ali se encontram, muitas vezes baseados em juízo de valor ou pela falta de conhecimento em relação ao assunto.  Considerações finais: A construção do dialogo acerca das necessidades em saúde do indivíduo trans necessita existir dentro da formação do profissional do enfermeiro a fim de prepara-lo para dar conta das demandas assistenciais no que tange o cuidado de enfermagem, logo sugere-se conteúdos programáticos a serem aplicados na formação do enfermeiro. 

10997 O (TRANS)SITAR DE UM GRUPO SOCIAL NO TEMPO: INOVANDO NA EDUCAÇÃO PERMANENTE DE PROFISSIONAIS
Ana Vitória Alves Antunes, Fabiana de Jesus Nascimento, Hivison Nogueira da Silva, José Lânio Sousa Santos, Kathelly Oliveira Andrade, Manoella Alves Carneiro Chagas, Eduarda Ferreira dos Anjos, Adriano Maia dos Santos

O (TRANS)SITAR DE UM GRUPO SOCIAL NO TEMPO: INOVANDO NA EDUCAÇÃO PERMANENTE DE PROFISSIONAIS

Autores: Ana Vitória Alves Antunes, Fabiana de Jesus Nascimento, Hivison Nogueira da Silva, José Lânio Sousa Santos, Kathelly Oliveira Andrade, Manoella Alves Carneiro Chagas, Eduarda Ferreira dos Anjos, Adriano Maia dos Santos

Apresentação: A população transgênero é um dos segmentos que mais sofre com a estigmatização, discriminação e violência dentro do grupo LGBTTIQ devido ao padrão social cisnormativo contemporâneo. O corpo trans foge aos modelos de corpo ideal impostos pela sociedade: é diferente e único. Essa parcela da população, pode ser compreendida como uma minoria social, por se encontrar em posição de desvantagem socioeconômica, política e cultural. Sua vivência perpassa pela exclusão desde o contexto familiar, a formação escolar e o mercado de trabalho até o acesso escasso aos serviços de saúde, a falta de respeito e segurança, agravados pela segregação social. Sendo direitos que devem ser garantidos a qualquer cidadão segundo a Constituição Federal do Brasil e Declaração Universal dos Direitos Humanos. O exíguo debate tanto na formação quanto na educação de profissionais de saúde acerca das as vicissitudes no cuidado à esse grupo social intensifica ainda mais o estranhamento a esses corpos. Nesse sentido, foi produzida a sala temática “Resistência da População Trans” buscando fomentar em profissionais de saúde e graduandos de um Instituto Multidisciplinar em Saúde uma análise crítica da realidade vivida pela população trans e sua história de luta por visibilidade e direitos sociais e políticos. Trata-se de ação vinculada ao projeto de extensão “Enfrentamento da vulnerabilidade social de jovens em razão da orientação sexual e identidade de gênero: cidadania e direitos humanos”. Elaborou-se, por meio de banners, uma linha do tempo que remontava a história da população Trans desde o surgimento dos primeiros movimentos LGBTTIQ, encabeçados por Sylvia Rivera e Marsha P. Johnson, travestis que foram fundamentais na Rebelião de Stonewall. Em seguida, havia um espaço com dados sobre a transfobia, violência e o quantitativo de mortes decorrentes desses fatores, representados por um manequim deitado no chão, coberto pela bandeira trans, sujo com tinta vermelha simbolizando sangue, rodeado por velas e cruzes brancas grafadas com os nomes de cada vítima que morreu no Brasil entre janeiro a julho de 2018. Os comentários e questionamentos revelaram a limitação das informações acerca da população trans e sua realidade de vida. Os visitantes demonstraram forte impacto com relação as informações contidas na sala conhecendo a dura realidade da população trans. Diante do exposto, fica evidente a importância desses espaços para instigar o debate a respeito da diversidade e violência de gênero, tendo em vista que, grande parte da sociedade desconhece a realidade das pessoas que vivem fora do padrão cisnormativo. O desconhecimento contribui para reforçar preconceitos, discriminação e desigualdades sociais, bem como a falta de acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, faz-se necessário a sensibilização de profissionais e da sociedade, para que possam refletir sobre o princípio da equidade e direitos sociais. Por fim, deve-se frisar a imprescindibilidade de projetos como o Sankofa uma vez que, o processo de ressignificações dos valores e da moral imputados pela sociedade é longo e processual, exigindo não só uma educação permanente, mas também uma educação social e em saúde continuada.

6400 PROMOÇÃO DA EQUIDADE LGBT+: Avaliando acesso aos serviços de saúde
Gisele Cristina Tertuliano, Fatima Helena Cecchetto, Manoela Coimbra

PROMOÇÃO DA EQUIDADE LGBT+: Avaliando acesso aos serviços de saúde

Autores: Gisele Cristina Tertuliano, Fatima Helena Cecchetto, Manoela Coimbra

Apresentação: O processo de invisibilidade da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT+) é decorrente de atitudes discriminatórias presentes na sociedade, expondo essa população a situações de iniquidades e vulnerabilidades. Objetivo: Conhecer o acesso de saúde da população LGBT+ no município de Cachoeirinha. Método: Foi realizado um estudo de natureza transversal, com base em dados obtidos de forma primária através de entrevistas estruturadas, individuais com a população LGBT+ que procura atendimento na estratégia de saúde da família através da metodologia Bola de Neve com amostra não probabilística no município de Cachoeirinha-RS, no período de abril a agosto de 2018. Resultado: Dos participantes (n= 17), nove pessoas são do gênero feminino (52,94%), quatorze homossexuais (82,35%) e com identidade de gênero cisgênero doze (70,58%), média de idade de 27,76 anos, predominante treze pessoas de cor branca (76,47%). Quanto ao período da vida em que houve a percepção da sua orientação sexual a média de idade foi aos 4,53 anos. Outras informações retratam o perfil da população em estudo: no que se refere a religião: duas pessoas referiram não ter nenhuma religião, três se declararam espíritas, duas adeptas às religiões de matriz africana, cinco católicas, uma evangélica, duas cristãs, uma mórmon e uma não respondeu. Sobre as condições de moradia, 76,47%9(13) referiram residir em casa própria e 17,64%(3) responderam que moram de aluguel. Dez pessoas residem com o companheiro 5,88% e 35,29%(6) moram com a família. Conforme a Portaria Nº 2.836, de dezembro de 2011, o nome social deve ser garantido a travestis e transexuais, de acordo com a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde; porém somente 29,41% (5) usufruem desse direito, contrariando O Decreto Nº 8.727, de 28 de abril de 2016 que dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Sentir-se pertencente a um grupo social, ficou demonstrado em oito participantes 47,5% dos casos. Três dos entrevistados referiram alguma dificuldade em transitar pela cidade totalizando 17,64% dos participantes. Ampliando-se a compreensão acerca das formas de expressão da violência, o estudo de Minayo (2006), aponta que esta varia quanto a natureza da expressão, podendo ser classificada em: a) psicológica/verbal, na qual acontecem agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, rejeitar, humilhar a vítima, restringir sua liberdade ou ainda, isolá-la do convívio social; b) física, que aponta para o uso da força para produzir injúrias, feridas, dor ou incapacidade em outrem e c) sexual, voltada para o ato ou jogo sexual dentro das relações, visando estimular a vítima ou utilizá-la para obter excitação sexual por meio de aliciamento, violência física ou ameaça. A agressão sofrida pela orientação sexual ou identidade de gênero representou (35,29%) e seis pessoas relataram eventos como ameaça de agressão, agressão verbal, discriminação, violência sexual, agressão física. Dez dos entrevistados 5,88% não quiseram falar quem foi o autor da agressão,41,17%(7) não fizeram nada e somente duas pessoas procuraram a delegacia (11,76%). A portaria Nº 2.836, de 1ºde dezembro de 2011 visa ampliar o acesso da população LGBT+ aos serviços de saúde do SUS, garantindo às pessoas o respeito e a prestação de serviços de saúde com qualidade e resolução de suas demandas e necessidades. Apenas um indivíduo relatou acesso ao tratamento hormona, por exemplo. Quatro indivíduos relataram algum problema de saúde na vida, totalizando 23,52%. No quesito acesso aos serviços de saúde, 82,35%(14) procuram atenção básica quando precisaram de tratamento e nove indivíduos referiram que tiveram um bom atendimento em 52,94% dos casos. Estes, relataram que receberam a oferta de teste rápido para hepatites virais do tipo B e C, Sífilis e HIV há mais de 6 meses, 7(41,17%). O Ministério da Saúde compreende que todas as formas de discriminação, como o caso da homofobia, devem ser consideradas como fatores impulsionadores na produção de doenças e sofrimento. Junto ao processo de homofobia, outros fatores de discriminação social devem ser considerados propulsores do processo de adoecimento dessa população, como, por exemplo, o desemprego, o racismo e a inacessibilidade à moradia e à alimentação. Dos entrevistados, nove (52,94%) relataram o uso de álcool e seis (35,29%) não usam drogas, catorze entrevistados (82,35%) referiram que o uso de substâncias não prejudicou nenhum aspecto de sua vida até o momento em que a entrevista foi realizada. Seis indivíduos (35,29%) pensaram em suicídio e quatro indivíduos não buscaram atendimento de saúde em virtude desse evento. Dois (11,76%) já tentaram o suicídio e buscaram atendimento de saúde. Doze 70,58%) apresentaram problema emocional e procuraram os serviços de saúde. O reconhecimento de direitos para lésbicas, transexuais, gays, bissexuais, travestis e transgêneros é impulsionado pelos movimentos sociais e por demais atores sociais sendo esta atitude uma âncora na luta diária para promoção de um debate para reforçar que a população LGBT+ existe e deve ser reconhecida como sujeitos de deveres e direitos. Declarar igualdade, a dignidade, a liberdade, em defesa do pluralismo para que os espaços da sociedade construam e repensem suas estratégias para a resolução de problemas e questões geradas na diversidade. No entanto, quinze entrevistados 94,11% desconhecem o número de telefone para denunciar violência contra a população LGBT+ e doze pessoas (70,58%) desconhecem o disque 100. Desses nove disseram que usariam o serviço, totalizando 52,94% e 5,88% demonstram confiança nesse tipo de atendimento.  Considerações finais: No campo da saúde da população LGBT, é necessário que os princípios que doutrinam o sistema único de saúde como a universalidade, integralidade e equidade sejam materializados em políticas públicas que promovam o enfrentamento das iniquidades em saúde geradoras de discriminação e preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Considerando-se as Unidades Básicas de Saúde e dentro dela, a Estratégia de Saúde da Família sejam locais instituídos para a implementação, monitoração e avaliação da efetividade das políticas públicas de saúde que buscam equidade. É preciso também considerar que o processo de educação permanente, a instituição das linhas de cuidado como ferramentas capazes de ressoar processos de que multiplicam cuidado, que respeite a dignidade de todo ser humano dentro da riqueza de sua diversidade individual e coletiva. Os resultados da presente pesquisa, apesar de limitados em no número de entrevistados conseguiram apresentar percepções e representações das quais estamos seguros de que se repetirá em outros espaços da atenção primária em saúde, enfatizando que é necessário a ampliação do acesso da população LLGBT+ aos serviços de saúde e   garantir aos mesmos uma assistência digna e de qualidade. A implementação das ações na base da execução do sistema de saúde é bem mais complexa do que a formulação de políticas nos gabinetes de gestão. Assim, é preciso investir em metodologias ativas que permitam aos atores sociais expor e trabalhar seus valores e crenças,  reconhecer possíveis estigmas e preconceitos deles decorrentes, para que seja possível desconstruí-los, fato esse que está sendo construído e reconstruído desde 2017 no município de Cachoeirinha através do grupo de trabalho  Intermunicipal  de Promoção da Equidade, sendo assim possível oferecer uma atenção à saúde qualificada à população LGBT e a outros grupos populacionais diversos, contribuindo para a formação de profissionais tecnicamente e eticamente preparados .

6437 Os Desafios da Política Nacional de Saúde Integral LGBT na Prática Profissional
Andréa Felizardo Ahmad, Adriana Lemos, Cláudia Regina Ribeiro

Os Desafios da Política Nacional de Saúde Integral LGBT na Prática Profissional

Autores: Andréa Felizardo Ahmad, Adriana Lemos, Cláudia Regina Ribeiro

Apresentação: A temática travestilidade e transexualidade, em face ao preconceito e à sociedade heteronormativa, remete ao pensamento de algo anormal, fora do contexto, à margem da sociedade, ou seja, transitar entre os gêneros em busca de afirmar sua concepção no sistema binário ou fora dele é algo considerado pela sociedade uma afronta à natureza. A definição de gênero é algo particular e característico a cada ser humano; assim, ser homem ou ser mulher está além de ser macho ou fêmea, sendo a construção da identidade de gênero uma característica inerente a cada pessoa. Nesse contexto e perante ao combate à discriminação e ao preconceito e também no intuito de promover a equidade nos atendimentos de saúde, foi criada pelo Ministério da Saúde em 2011 a Portaria 2836/11, também conhecida como Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). Esse marco histórico possibilitou maior visibilidade da população LGBT, com reconhecimento às necessidades de saúde peculiares a esse público e garantia de direitos, articulando para que o atendimento nos ambientes de assistência à saúde ocorra com ética e respeito. Nessa perspectiva, esse trabalho tem por objetivo abordar a Política Nacional de Saúde Integral LGBT na prática profissional, visto que muitos profissionais de saúde e acadêmicos levantam diversas dúvidas em relação à abordagem para com a população LGBT, em virtude do desconhecimento da referida Política. Convém destacar que a criação de políticas públicas de saúde implica em responsabilidade técnica e social por parte dos profissionais de saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo documental, cujo objetivo é abordar a Política Nacional de Saúde Integral LGBT de forma sucinta e compreensível para a prática profissional nos ambientes de assistência à saúde, em todas as instâncias de atenção. Destaca-se que a política explanada prevê capacitação dos profissionais de saúde e gestores de forma a preencher as lacunas contidas nos cursos de formação profissional, visto que a temática travestilidade e transexualidade ainda não se encontra nas redes curriculares de profissões relacionadas à saúde de forma regular. Resultado: A identidade de gênero e a orientação sexual diferem em razão de que gênero está relacionado à identificação como homem, mulher ou não binário (pessoa que não se vê nem como homem nem como mulher); já orientação sexual está atrelada à sexualidade e sentimentos, ou seja, sentir atração por pessoas do mesmo gênero (homossexual), do gênero oposto (heterossexual), dos gêneros masculino e feminino (bissexual), independente do gênero ou orientação sexual (pansexual) ou ainda a pessoa que não se identifica com nenhuma das orientações sexuais mencionadas (assexual). Dessa forma, respeito é a palavra de ordem no atendimento em saúde, sendo esse um direito de todos. Nesse contexto, foram identificadas na Política Nacional de Saúde Integral LGBT atitudes inerentes a qualquer pessoa e que não devem ser diferentes no atendimento à população LGBT. Assim, o respeito ao nome social deve ocorrer em todo o serviço de saúde, sendo esse o ponto de partida para a eliminação do preconceito institucional, pois é direito de todo cidadão ter seu nome acolhido e utilizado conforme seu desejo. O nome social, que é o nome escolhido pela pessoa e pode estar documentado ou não; é o primeiro direito a ser respeitado, sem olhares discriminatórios ou vexatórios. Essas atitudes podem acarretar em piora das doenças ou agravos relacionados à procura por atendimento, pois essa violência resulta em não retorno ao serviço, seja para resolução de algum problema ou para prevenção de doenças e promoção da saúde. Outra abordagem presente na Política Nacional de Saúde Integral LGBT é quanto à responsabilidade ética e profissional diante da demanda por cirurgias e por terapia hormonal, no caso da população transexual e travestis. É primordial a orientação promovida pelo corpo de saúde, assim como as implicações que podem ocorrer na saúde dos indivíduos, em face do uso errôneo da terapia hormonal e do não acompanhamento médico no pré, trans e pós-operatório. Outro fator importante é que os profissionais de saúde têm o dever de colaborar para a eliminação de estigmas e da violência em face à vulnerabilidade da população LBGT. Desse modo, é importante salientar que a oferta de testes rápidos para detecção de Infecções Sexualmente Transmissíveis não deve estar atrelada à condição de fazer parte do grupo LGBT. Essa é uma atitude que reforça o estigma; daí a importância da escuta de forma atenta e cuidadosa, pois a procura por serviço de saúde pode estar além da solicitação de testes rápidos; não que estes não devam ser ofertados; ao contrário; mas não somente. Recomenda-se a oferta de exames preventivos e orientação quanto aos cânceres de mama, útero e próstata, sem discriminação, assim como a oferta de exame especular para homens trans. Ressalta-se ainda o respeito aos direitos sexuais e reprodutivos, ausentes de pré-julgamentos e a educação em saúde para a sociedade; esta fundamental para a elaboração de uma sociedade mais justa e menos discriminatória. Considerações finais: As demandas de saúde solicitadas pela população LGBT podem e devem receber a assistência adequada, sendo encaminhados para o serviço especializado somente em caso de uma necessidade específica, que não pode ser resolvida no serviço de saúde procurado. A escuta atenta e qualificada é importante para que o usuário se sinta acolhido e tenha suas necessidades atendidas. Destaca-se que a heteronormatividade tem influência na formação acadêmica, tornando ainda mais difícil compreender as necessidades de saúde da população LGBT. Infelizmente ainda existem profissionais de saúde que percebem a população LGBT como pessoas anômalas e como tal, devem ser tratadas por especialistas. Primeiramente, fazer parte do público LGBT não é algo passível de “tratamento”; além disso, o profissional de saúde que não sente-se capaz de avaliar uma queixa de uma pessoa, por ela ser homossexual, transexual ou pansexual; deve repensar suas escolhas, estigmas e seu papel como profissional de saúde. A Política Nacional de Saúde Integral LGBT remete a reflexões sobre a formação profissional voltada para questões técnicas e hospitalocêntricas e a necessidade de se aprimorar conteúdos éticos, com ênfase no respeito a todos os seres humanos, em especial às populações vulneráveis. A construção do saber é contínua, sendo essa a forma de contribuirmos para um mundo melhor, igualitário e livre de violência.

10048 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À TRANSEXUAIS
Gabriella Bitancourt Nascimento, Cristiane Maria Amorim Costa, Cintya dos Santos Franco, Isabele Figueiredo Dias, Lorraine Terra dos Santos Cyrne Alves, Dheisy Martins da Silva

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À TRANSEXUAIS

Autores: Gabriella Bitancourt Nascimento, Cristiane Maria Amorim Costa, Cintya dos Santos Franco, Isabele Figueiredo Dias, Lorraine Terra dos Santos Cyrne Alves, Dheisy Martins da Silva

Apresentação: A precarização no atendimento de transexuais em serviços de saúde, por estigma e processos discriminatórios e/ou até mesmo a falta deste, são mencionados pela literatura científica, como um impecilho para um acolhimento eficaz na rede de atenção à saúde, inviabilizando assim o cuidado integral. Dentres as principais barreiras evidenciadas pelos usuários tranexuais estão listados o desconhecimento e incompreensão das demandas e necessidades de saúde por parte dos profissionais, e vivências anteriores de situações de caráter discriminatório em locais de atenção à saúde dos pacientes, gerando assim uma falta de vínculo e confiança, o que denuncia uma necessidade eminente de acolhimento, nos diversos níveis de atenção, ao público transexual. Este estudo tem por objetivo descrever uma atividade extensionista criada a partir desta realidade. O projeto entitulado ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS LGBT - CONSTRUINDO ESPAÇOS DE CUIDADO DE ENFERMAGEM AOS TRANSEXUAIS, da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tem por objetivo atender as demandas e necessidades de saúde da população LGBT, em conformidade com a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Trannsexuais e Municipal do Rio de Janeiro, e contribuir com a formação e capacitação dos profissionais de saúde com vistas a efetivação das diretrizes políticas. Seu campo de atuação é o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/ UERJ), uma unidade especializada no Processo Transexualizador, com atuação nas enfermarias de Urologia e Plástica, com acompanhamento desde a internação para o procedimento cirurgico, seja da genitália ou de caracteres secundários, período perioperatório e o preparo para a alta, oferecendo orientações quanto ao uso de próteses, dilatadores, efeitos colaterais do tratamento hormonal, riscos da automedicação, dentre outros que se fizerem necessários. Como resultados e contribuições do projeto, no período de maço de 2018 à dezembro de 2019, destaca-se: 1- a ocupação de um hiato na formação acadêmica dos graduandos da Faculdade de Enfermagem, possibilitando um meio para a capacitação de futuros profissionais, baseado no respeito das diversidades, dos Direitos Humanos e na dignidade humana como um valor absoluto para a qualificação do cuidar de enfermagem; 2-  a oferta de prestação de um cuidado integral e acolhimento qualificado a estas pessoas humanas.

11790 AMBULATÓRIO LGBTT+: OLHO D’ÁGUA DE CUIDADOS
Lorrainy Solano, Camila Mesquita Soares, Ialy Virgínia de Melo Baía, Matheus Madson Lima Avelino, Janaíne Maria de Oliveira, Andréa Taborda Ribas da Cunha, Paula Érica Batista de Oliveira, Francisco Arnoldo Nunes de Miranda

AMBULATÓRIO LGBTT+: OLHO D’ÁGUA DE CUIDADOS

Autores: Lorrainy Solano, Camila Mesquita Soares, Ialy Virgínia de Melo Baía, Matheus Madson Lima Avelino, Janaíne Maria de Oliveira, Andréa Taborda Ribas da Cunha, Paula Érica Batista de Oliveira, Francisco Arnoldo Nunes de Miranda

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência sobre a confecção da Linha de Cuidado de Atenção Integral a saúde da população LGBTT no município de Mossoró (RN). A Linha de Cuidado é Fruto das deliberações do III Fórum Nacional de Diálogos e Práticas Interprofissionais em Saúde (FONDIPIS) que aconteceu entre 6 e 8 de fevereiro de 2019, também na cidade de Mossoró. A partir do evento foi organizado um grupo de trabalho com representantes dos movimentos sociais locais e estaduais; da gestão municipal e estadual de saúde; residentes, preceptores e coordenação do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró. A linha de cuidado conta com professores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido que colaboram com matriciamentos de endocrinologia e psiquiatria. O ambulatório funciona nas instalações do prédio sede do programa de residência multiprofissional com atendimentos dos residentes do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade e do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia. O ambulatório é o olho d’água dos cuidados que irrigam as dez unidades básicas de saúde campos dos programas de residência e funciona quarta, quinta e sexta com atendimentos individuais e coletivos. São realizadas consultas de enfermagem com preventivo ampliado, para homens e mulheres CIS e Trans, testes rápidos, consultas dos núcleos de psicologia, nutrição, fisioterapia e serviço social com disponibilidade de atendimentos com auriculoterapia, reiki, yoga. Consiste na primeira iniciativa de atendimento ao público no Estado do Rio Grande do Norte e tem grandes desafios após a inauguração em outubro de 2019 tais como: necessita ser um acesso a rede e não um centro de especialidade para demonstrar que a Atenção Básica é capaz de atender as demandas desse público; manter formações abertas aos profissionais da rede e usuários para espalhar conhecimentos sobre as necessidades de saúde da população LGBTT+. Em 2019 foram realizadas formações em “Abordagem interprofissional a saúde da população LGBTT+” e “Acolhimento a população LGBTT+” e em janeiro de 2020 “Hormonioterapia para população Trans” com equipe do ambulatório de Recife-PE. Estamos vivendo desaprendizagens que passam pela revisão de formulários institucionais que não atendem as singularidades dos usuários, passam pelas orientações que estavam naturalizadas sobre como por exemplo coleta de material citopatológico, passam pelo acolhimento diário sem número de fichas definido. Nascente de cuidados que precisa ser alimentada com nossos sonhos de garantia de acesso sem julgamentos sem preconceitos.

12052 ESCUTA QUALIFICADA COM PACIENTE TRANSSEXUAL MASTECTOMIZADO: O OUVIR COMO NECESSIDADE PARA TRANSFORMAR UMA REALIDADE
VINICIUS DE PAULA UEOKA DOS ANJOS BARROS, ANA CLARA MATOS COSTA, DANIEL OLIVEIRA DA COSTA, DAVI GABRIEL BARBOSA, GABRIEL DE SÁ SASTRE, LUANNA MOREIRA DA SILVA, RODRIGO ALEX DE SOUZA GALDINO, BRENDA PEREIRA FARIAS

ESCUTA QUALIFICADA COM PACIENTE TRANSSEXUAL MASTECTOMIZADO: O OUVIR COMO NECESSIDADE PARA TRANSFORMAR UMA REALIDADE

Autores: VINICIUS DE PAULA UEOKA DOS ANJOS BARROS, ANA CLARA MATOS COSTA, DANIEL OLIVEIRA DA COSTA, DAVI GABRIEL BARBOSA, GABRIEL DE SÁ SASTRE, LUANNA MOREIRA DA SILVA, RODRIGO ALEX DE SOUZA GALDINO, BRENDA PEREIRA FARIAS

Apresentação: A entrevista médica marca o contato inicial entre médico- paciente, portanto, necessita ser realizada com cautela e atenção, pois, marcará o tipo de interação entre ambas as partes envolvidas. Nesse contexto, pode-se afirmar que a entrevista trata-se de um procedimento essencial no processo do cuidado. Nesse contexto de exclusão, a luta da pessoa transexual vai além do seu processo de aceitação ou adaptação corporal, ela perpassa por elementos básicos e garantidos a todo ser humano: o direito à saúde, à educação e ao lazer.  Além disso, a anamnese favorece o reconhecimento do outro, de suas necessidades, medos e ansiedades. Historicamente, a identidade de gênero esteve à margem das discussões médicas consideradas essenciais. Para a psicanálise do século vinte, o transexualismo era uma síndrome estabelecida no quadro das perversões. Ademais, a falta de manejo dos profissionais de saúde pela ausência de conhecimento sobre a população transgênero, suas características e necessidades acabam por prejudicar os cuidados que devem ser realizados. Desenvolvimento: A entrevista foi feita em dois momentos, ambos realizados na residência do entrevistado. No decorrer do primeiro. foram recolhidos os dados pessoais do paciente (identificação). Além disso, foram abordados aspectos sociais e familiares, o início do processo transsexualizador até a decisão da cirurgia, sua experiência emocional e quanto a qualidade do serviço oferecido durante o pré-operatório, a cirurgia em si e o pós-operatório. No segundo, foram feitas perguntas um pouco mais direcionadas sobre pontos-chave que não foram abordados em um primeiro momento sobre o olhar dos entrevistadores. Resultado: O paciente foi totalmente colaborativo durante a entrevista. Em momento algum o entrevistado se mostrou desconfortável com as perguntas feitas. Durante a identificação, alguns pontos foram levados em consideração, uma vez que a compreensão sobre identidade de gênero, orientação sexual e sexo atribuído ao nascimento ainda se faz uma problemática. É de suma importância a discussão sobre a cirurgia da retirada das mamas, uma vez que ela é indicada como procedimento cirúrgico para os homens transgêneros por proporcionar a liberdade relacionada ao uso faixas, esparadrapos e adesivos para maior aceitação pessoal e social, uma vez que esse uso é prejudicial a sua saúde. Considerações finais: Foi observado que tanto os entrevistadores quanto o paciente saíram beneficiados de toda a interação proposta. Os primeiros, por terem garantido a chance de não só aguçar seus sentidos quanto a escuta, como também a possibilidade de ter feito isso com uma pessoa que faz parte de uma minoria da sociedade que tem demandas e necessidades de saúde específicas, acima de tudo no que tem relação ao processo transsexualizador pelo o qual o paciente passou, como as necessidades de fisioterapia após a cirurgia, que era de desconhecimento de ambas as partes. Para o entrevistado, foi possível dar palco para a causa que ele defende e colaborar com a produção de dados científicos quanto ao assunto, os quais são escassos se comparados à profundidade que o tema pode abordar.

6298 SALA DE ESPERA: UMA EXPERIÊNCIA DE AÇÃO EDUCATIVA COM TRANSEXUAIS E TRAVESTIS
Beatriz Rodrigues Silva Selles Dantas, Andréa Felizardo Ahmad, Fabiana Albino Fraga, Aiarlen dos Santos Meneses, Diana Luiz Pinto, Claudia Regina Santos Ribeiro, Adriana Lemos

SALA DE ESPERA: UMA EXPERIÊNCIA DE AÇÃO EDUCATIVA COM TRANSEXUAIS E TRAVESTIS

Autores: Beatriz Rodrigues Silva Selles Dantas, Andréa Felizardo Ahmad, Fabiana Albino Fraga, Aiarlen dos Santos Meneses, Diana Luiz Pinto, Claudia Regina Santos Ribeiro, Adriana Lemos

Apresentação: A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, publicada em 2011, foi um marco para a saúde LGBT. Ela reconhece a vulnerabilidade dessa população e a complexidade e aspectos peculiares das suas necessidades de saúde, propondo diretrizes e ações a serem desenvolvidas pelos entes federativos a fim de garantir o direito a saúde sem discriminação no âmbito do Sistema Único de Saúde. Em relação à população transexual e travestis, a política preconiza ações que garantam o acesso ao processo transexualizador, a redução de danos pelo uso inadequado dos medicamentos, a prevenção de câncer de próstata em travestis e transexuais e a garantia do uso do nome social nos serviços de saúde, além do estímulo à autoestima e eliminação do preconceito. Em entrevistas realizadas com usuários e usuárias de um ambulatório de atenção à saúde à população transexual localizado em Niterói (RJ), percebeu-se que a maioria desconhece o que é estabelecido pela política. Nesse contexto, o objetivo desse estudo foi verificar o conhecimento de pessoas transexuais e travestis a respeito da Política de Saúde Integral LGBT. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência do tipo descritivo, ocorrido entre outubro e dezembro de 2019 e realizado por mestrandos de enfermagem e medicina, o qual integram uma pesquisa desenvolvida no referido ambulatório. Em devolutiva à recepção oferecida aos pesquisadores, foram realizadas atividade no modo sala de espera, na qual a política supracitada foi contemplada de forma sucinta e compreensível. Foi elaborado um folder com as informações contidas na política e também com contatos de redes de apoio, acolhimento, emprego e assistência a saúde para ser distribuído para pessoas transexuais atendidas. Resultado: Houve ótima apreciação pelas pessoas que participaram da sala de espera, tornando-a uma roda de conversa na qual as pessoas puderam compartilhar suas experiências, trocar informações e relatar suas preocupações de forma horizontal e livre de preconceitos. O uso do nome social foi discutido e percebeu-se um estímulo entre o grupo para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio, que já aceita o nome social na inscrição. As pessoas receberam positivamente o folder por ter uma lista de possível rede de apoio para pessoas trans e alguns propuseram a inclusão de  organizações não governamentais. A realização da sala de espera também proporcionou a troca de informações entre o grupo participante sobre locais para denúncia de transfobia, procedimentos para retificação do registro civil e serviços de saúde. Considerações finais: Realizar a sala de espera neste ambulatório demonstrou a importância dos serviços de saúde criarem espaços coletivos de discussão com a população LGBT, acolhendo suas dificuldades e promovendo ações de autonomia; respeitando a fala das pessoas trans e travestis e valorizando a trajetória de vida de cada indivíduo.

6397 PROMOÇÃO DA EQUIDADE DA POPULAÇÃO LGBT: RODAS DE CONVERSA
Gisele Cristina Tertuliano, Fatima Helena Cecchetto

PROMOÇÃO DA EQUIDADE DA POPULAÇÃO LGBT: RODAS DE CONVERSA

Autores: Gisele Cristina Tertuliano, Fatima Helena Cecchetto

Neste resumo , objetivamos refletir sobre a importância do diálogo para a promoção da equidade em saúde, através do “Projeto Promoção da Equidade da População LGBT+- Rodas de Conversa” que é fruto de uma parceria do Curso de Enfermagem Cesuca, Liga da Saúde Coletiva da Faculdade Cesuca e o Grupo de Trabalho Interinstitucional Municipal (GTI-M) de Promoção da Equidade de Cachoeirinha/RS. A Roda de Conversa é um método de ressonância coletiva que consiste na criação de espaços de diálogo, com o objetivo de estimular a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização e da troca de informações, promovendo reflexões capazes de impulsionar ações. O objetivo deste estudo foi analisar a percepção da população LGBT+ de Cachoeirinha sobre o tema da educação como determinismo social no processo saúde-doença. Trata-se de estudo exploratório e descritivo com abordagem qualitativa, que utilizou a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin para organização e análise dos dados. A roda ocorreu no ano de 2018 na Faculdade Cesuca, e tiveram como mediadores os representantes do GTI-M contando com a presença total de 15 pessoas.A pesquisa foi realizada após aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos sujeitos da pesquisa em projeto previamente aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Faculdade Cesuca e cadastrado na Plataforma Brasil sob o CAAE: 81387317.9.0000.5665. A referida investigação avaliou apenas informações fornecidas pelas pessoas entrevistadas, ou seja, elementos que não ofereceram riscos potenciais aos envolvidos e respeitando a recusa dos mesmos em continuar participando do processo. A intenção da roda foi contribuir para o empoderamento da população LGBT+ no município de Cachoeirinha em relação ao acesso às políticas públicas. No girar da roda ocorreram os relatos de experiências, seguido de debates que problematizaram a invisibilidade da população LGBT+ nos espaços educacionais. Compreender a determinação social no dinâmico processo saúde-doença nos indivíduos e nas coletividades requer admitir que a exclusão social decorrente do desemprego, da falta de acesso à moradia e à alimentação digna, bem como da dificuldade de acesso à educação, saúde, lazer, cultura interferem, diretamente, na qualidade de vida e de saúde. É necessário também reconhecer que todas as formas de discriminação sobre a orientação sexual e a identidade de gênero tem relação direta sobre o processo de saúde-doença e são geradoras de sofrimento e de desigualdades em saúde.A proposta da roda convergiu com o protagonismo dos sujeitos, ao defender a produção de sujeitos autônomos, críticos, reflexivos e livres, que se constituem em coletivos democráticos e participativos.

7726 SAÚDE LGBTQIA+ NAS COMPETÊNCIAS DA PRÁTICA COLABORATIVA INTERPROFISSIONAL: O PET INTERPROFISSIONALIDADES EM SAÚDE CAPACITANDO PARA AS DISSIDÊNCIAS SEXUAIS E DE GÊNERO EM NATAL (RN)
Davi Silveira Guerra, Oswaldo Gomes Correia Negrão, Ribamar José de Oliveira Junior

SAÚDE LGBTQIA+ NAS COMPETÊNCIAS DA PRÁTICA COLABORATIVA INTERPROFISSIONAL: O PET INTERPROFISSIONALIDADES EM SAÚDE CAPACITANDO PARA AS DISSIDÊNCIAS SEXUAIS E DE GÊNERO EM NATAL (RN)

Autores: Davi Silveira Guerra, Oswaldo Gomes Correia Negrão, Ribamar José de Oliveira Junior

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho (PET) Interprofissionalidade Saúde é uma das estratégias mais promissoras do plano de Educação Interprofissional do Brasil. Sua característica de permitir a aplicação dos aspectos teóricos em ações de educação com os estudantes das mais diversas graduações, os profissionais da saúde e os usuários gera um desenvolvimento de práticas colaborativas que efetivam o trabalho em equipe. Nas articulações do programa, o grupo de trabalho (GT) “Saúde da Mulher” tem como objetivo traçar perspectivas interprofissionais no cuidado em saúde das mulheres, com isso, abre-se um leque de informações que convencionam em uma necessidade mais ampla de se tratar de grupos minoritários de forma mais especifica, como foi discutido em algumas reuniões, durante o ano de 2019, a inserção das mulheres e dos homens transexuais nos estudos do GT para tratar sobre o atendimento equitativo dessa população na área da saúde. O caminho para equidade nos serviços de Atenção Primaria em Saúde (APS) está, geralmente, obscurecido quando se trata do atendimento às questões de gênero e sexualidade, como já vem sendo observado no desenvolver das atividades do PET Saúde. Cada vez mais pode ser sentida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), um impasse no atendimento equitativo da população LGBTQIA+ [1] que ainda encontra desafios no dia a dia, como é possível perceber, segundo Gomes, Sousa, Vasconcelos e Nagashima (2018), que alguns marcadores sociais ainda são determinantes na invisibilidade e na garantia de acesso à saúde. Desenvolvimento: Nessa perspectiva, diante do desenvolvimento das Competências para a Prática Colaborativa Interprofissional (CPCI), faz-se necessário um estudo mais aprofundado da população LGBTQIA+ na APS de Natal, Rio Grande do Norte, de forma em que as habilidades, as atitudes e os valores sejam repensados entre os profissionais para com as pessoas pacientes em uma perspectiva especifica de atendimento. Dessa forma, visa-se enxergar as diferenças para tratar os pacientes de forma coerente, levando em consideração as dissidências sexuais e de gênero através das intersecções dos marcadores sociais no campo da saúde. A Organização Mundial de Saúde, no Relatório de 2010, definiu que a Prática colaborativa Interprofissional (PCI) em saúde acontece quando múltiplos profissionais da saúde, de diversas formações prestam serviços integrais ao trabalhar com os pacientes, as suas famílias, os seus cuidadores e a sua comunidade do mais alto nível de qualidade de atenção em todos os ambientes. Nesse viés, com índices que torna o Brasil como o país que mais mata pessoas transexuais do mundo, com um total de 167 pessoas no período de 01/10/2017 e 30/09/2018, enquanto que o México, segundo lugar, ficou contabilizou 71 mortes no mesmo período, como mostra os dados do Dossiê dos Assassinatos e da violência contra Travestis e Transexuais no Brasil em 2018, busca-se traçar planos de ação específicos à essa população de forma a atender não só as patologias, como o modelo de medicina flexneriana de formação propõe, mas sim toda a sua integralidade social, psíquica e fisiológica que, até nos últimos 30 anos, era patologizada com um “distúrbio” na noção do termo errôneo “homossexualismo” [2]. Ainda nessa perspectiva, acredita-se que o campo da saúde precisa acompanhar os desdobramentos do campo do gênero e da sexualidade, pois os mesmos se movem e andam imbricados nas suas próprias dinâmicas. Assim, no sentido de garantir a formação e a construção continuada do atendimento, pensa-se tanto na capacidade das instituições como no desafio de reconhecer e de legitimar as políticas públicas em saúde para os corpos dissidentes da norma sexual e de gênero. Até por que, como explica Butler (2016), alguns corpos só são possíveis e, por assim dizer, reconhecidos, na medida em que a discursividade atravessa a matéria. Afinal, “O Sistema Único de Saúde (SUS) deveria ser o lugar do acolhimento para os processos de resignações, porém, muitas vezes, não o é” (1). Resultado: Dessa forma, visa-se trabalhar ao lado do GT “Saúde da Mulher” para a criação de um outro GT específico dentro do PET Saúde, principalmente, para tratar das próprias demandas de gênero e sexualidade das APS da cidade de Natal. A proposta do GT  “Saúde LGBTQIA+” propõe o debate no campo de formação dos profissionais em saúde para a melhoria do atendimento e a reparação dos efeitos que ainda reverberam pelo reflexo da violência dentro das instituições de acolhimento. Ao priorizar o tema, o PET não só articulará melhor os dados sobre a população em âmbito regional, como também irá acompanhar os processos que já seguem em curso, no sentido de oferecer um suporte maior na prática. Para tanto, será necessário aprofundar as reflexões sobre a teoria de gênero e as pesquisas que vêm sendo publicadas em torno do campo teórico do queer — perspectiva de gênero que rompe com o binarismo, convencionado entre o masculino e o feminino — e, até mesmo, os estudos transviados — que visam abrasileirar às análises queer no Brasil diante da reinvenção do corpo — no impacto das políticas públicas de saúde. Considerações finais: Diante disso, mostra-se relevante a proposta de criação do GT “Saúde LGBT”, sobretudo, pela revisão e pelo aprofundamento em questões dentro das diretrizes do PET Saúde. É possível compreender que o GT “Saúde da Mulher” oferece suporte para a criação da nova linha, pois os números e as pesquisas que já vêm sendo trabalhadas são pontos de partida interessantes para pensar as múltiplas possibilidades para o corpo no âmbito da saúde e dos direitos humanos. A partir do atual cenário político brasileiro, com ênfase no balanço governamental de políticas de saúde do ano de 2019, vale mencionar que o fechamento do Departamento de IST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde para a alteração do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Assim, a resistência da população LGBTQIA+ ainda está dentro de um corpo vulnerável que precisa de atenção em saúde para o combate do preconceito e da discriminação e o PET Saúde pode ser um espaço de produção e de sustentação para um modo mais viável de viver uma vida possível. [1] LGBTQIA+ é a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros, Queer, Intersexuais e Assexuais. O sinal + é utilizado para alcançar uma amplitude maior nas questões de gênero e sexualidade. [2] O termo “homossexualismo” foi incluído na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde a partir de sua 6ª revisão em 1948 e somente retirado deste documento oficial em 17 de maio de 1990. (1) FERNANDES, 2019, p. 3984;

7073 O ATENDIMENTO DE PESSOAS TRANS NO SUS SOB A NARRATIVA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Ana Carolina Lima dos Santos

O ATENDIMENTO DE PESSOAS TRANS NO SUS SOB A NARRATIVA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Autores: Ana Carolina Lima dos Santos

Apresentação: O presente trabalho é resultado da pesquisa de mestrado intitulada “Pessoas Trans no SUS: narrativas dos profissionais de saúde, desafios e possibilidades”, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Serviço Social da PUC Rio. Este estudo tem por objetivo analisar a relação dos profissionais em formação nas residências multiprofissionais em saúde no que tange ao atendimento de pessoas trans em um hospital universitário do município Rio de Janeiro. Evidenciar o tema da transexualidade a partir do olhar dos profissionais de saúde é fundamental para a construção de uma formação profissional e de uma educação permanente em saúde de qualidade que contribua para a criação de espaços de diálogos entre os profissionais de saúde e a população atendida. Os episódios de atitudes discriminatórias contra as sexualidades consideradas desviantes da norma são recorrentes nos ambientes de saúde. Ficam explícitos a intolerância e o desrespeito à diversidade que as próprias instituições promovem. Nas análises preliminares, observamos que as dificuldades de lidar com as questões relativas ao gênero e à sexualidade, especialmente à sexualidade feminina, faz com que os profissionais de saúde reduzam o impacto de suas ações. Os resultados apontam ainda que a maneira como esses profissionais entendem e constroem as noções de gênero e sexualidade, torna-se uma das principais barreiras de acesso das pessoas trans aos serviços.

8061 EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE COMO PRÁTICAS DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIO PARA POPULAÇÃO LGBTQIA+.
Leticia Diniz França, Thais Fernanda Vieira, Júlia Beatriz Silva Ferreira, Bruna Gabriela Ribaldo, Tamires Azevedo Francia

EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE COMO PRÁTICAS DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIO PARA POPULAÇÃO LGBTQIA+.

Autores: Leticia Diniz França, Thais Fernanda Vieira, Júlia Beatriz Silva Ferreira, Bruna Gabriela Ribaldo, Tamires Azevedo Francia

Apresentação: O Projeto de extensão Reexistir foi criado no fim do segundo semestre de 2018, a partir das particularidades e demandas das questões do movimento LGBTQIA+ e do interesse das e dos estudantes da Universidade Federal de São Paulo, entendendo que os temas relacionados à diversidade sexual e identidade de gênero são pouco discutidos na formação de profissionais da área da saúde e pouco trabalhada de forma interprofissional. Objetivo: Articular diálogos sobre demandas em saúde que dizem respeito a populações LGBTQIA+ como foco de prevenção e promoção em saúde, favorecendo o autocuidado, a autoavaliação e o autogerenciamento individual e coletivo e informar a população, a partir de suas demandas relativas às opressões, promovendo empoderamento e fortalecimento do movimento sociais atrelado a consciência de classe, favorecendo estratégias emancipatórias para liberdade individual e coletiva. Método: Planejamento participativo da comunidade LGBTI+ e a educação popular em saúde como práticas de promoção da saúde. A proposta é empoderar os indivíduos que frequentam o Centro de Referência e Defesa da Diversidade, localizado na república, proporcionando oficinas e dinâmicas participativas com a população LGBTQIA+ frequentadora do local todas às quartas-feiras quinzenais. A equipe é composta por 9 alunas e alunos, e uma professora-coordenadora que realizaram encontros presenciais na universidade para discussão das atividades e relatos de experiência dos encontros no CRD. Resultado: Durante o ano de 2019, o Projeto de Extensão Reexistir, realizou 23 encontros no CRD, 12 sobre Educação e Saúde. Alguns temas abordados durantes os encontros realizados dizem respeito ao acesso e opinião sobre serviços e concepções de saúde; Padrões Corporais; mitos e verdades do vírus HIV e da AIDS; Espiritualidade e religiosidade; Principais vacinas obrigatórias e os tabus que as cercam; Utilização de medicamentos sem prescrição; Oficina de primeiros socorros, entre outras. Após a realização das dinâmicas, os participantes das rodas relataram a importância das informações ali compartilhadas, visto que os mesmos não possuíam o conhecimento a respeito dos temas tratados antes da dinâmica e/ou possuíam informações difusas sobre,  confirmando a necessidade do contínuo trabalho de educação em saúde. Considerações: Dessa forma, com os relatos de experiência das/os extensionistas e das/os usuárias/os pode se observar a construção de práticas em grupo de um contínuo exercício de diálogo e tolerância entre os diferentes atores e atrizes na compreensão do agir ético e participativo e na construção de atividades democráticas, reconhecendo suas fortalezas e dificuldades como coletivo, além da valorização das experiências individuais e dos grupos do CRD, assim como o reconhecimento das diferentes realidades e o respeito por elas.

9476 SAÚDE DAS PESSOAS LGBTI SOB A ÓTICA DA SAÚDE COLETIVA: ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE NO SUS (PROSAIN)
Sandra Brignol, Elisete Casotti, CLARA ADARME DAVOLI DE OLIVEIRA, FLÁVIO MARQUES DE OLIVEIRA FILHO

SAÚDE DAS PESSOAS LGBTI SOB A ÓTICA DA SAÚDE COLETIVA: ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE NO SUS (PROSAIN)

Autores: Sandra Brignol, Elisete Casotti, CLARA ADARME DAVOLI DE OLIVEIRA, FLÁVIO MARQUES DE OLIVEIRA FILHO

Apresentação: A população LGBTI vive um cenário de estigmatização, preconceito, violência e Violação dos Direitos Humanos, configurado pela exclusão em diversos âmbitos sociais, culturais, econômicos. Os serviços públicos de saúde, que deveriam garantir o acesso com equidade, integralidade e universalidade, de acordo com as prerrogativas do Sistema Único de Saúde (SUS), tem reforçado esse cenário. Para transformar o atendimento no SUS é necessário, entre outras iniciativas, que a formação médica e dos demais profissionais de saúde inclua temas vinculados a saúde desta população. Espaços nas Universidades devem promover a sensibilização para temas que abordem estas questões e possibilitar a vivência com a diversidade humana presente nas diferentes identidades de gênero, raça e cor etc. Conviver com pessoas LGBTI, durante a formação e nos locais de atuação, é fundamental para a transformação das visões pré-concebidas e para o reconhecimento e respeito à singularidade das demandas de saúde. Esse trabalho apresenta um conjunto de atividades desenvolvidas com o objetivo de modificar o entendimento dos graduandos de medicina da Universidade Federal Fluminense, em relação às questões que envolvem as pessoas LGBTI, na expectativa de que no futuro, como profissionais de saúde possam ter uma postura mais acolhedora, qualificada e com respeito aos direitos.  As atividades iniciaram em março de 2018, com o “I Seminário de Saúde Coletiva sobre a inclusão do tema da saúde das pessoas transexuais e travestis na formação médica” (I SESCOTRANS), que tratou do acesso da população trans e travesti ao SUS e de suas demandas de saúde. Em julho de 2018, foi realizado o II SESCOTRANS, que abordou uso de hormônios no processo transexualizador, suas particularidades no sistema público de saúde, benefícios e malefícios. Em março de 2019, realizou-se o III SESCOTRANS,  tendo como tema central a violência sofrida pela população travesti, transexual e intersexo. O IV SESCOTRANS teve como temática o “HIV/AIDS: prevenção e atualizações”, problema que preocupa pela dimensão em que atinge a população das mulheres trans e travestis. O formato dos Seminários incluiu mesa redonda, apresentação de resultados de pesquisas, rodas de conversa e oficina de voz. Todas as edições contaram com a participação e depoimentos de mulheres e homens trans, travestis. Também se promoveu a apresentação do recém inaugurado Ambulatório João Nery de atendimento à população trans e travesti em Niterói, nos mesmos moldes dos seminários e com a presença de membros da Fundação Municipal de Saúde de Niterói/DESUM e comunidade acadêmica da UFF.  Outra inciativa foi a realização dos cines debates, com a discussão do documentário Monas e do filme Borboletas da Vida, que versam sobre a realidade de violência e discriminação contra as pessoas travestis e mulheres trans. A roda de conversa com Amiel Vieira, presidente da Associação Brasileira de Intersexos,  com o título: A história de Amiel, foi particularmente importante para discutir a questão da intersexualidade, questão invisibilizada na formação médica. Todas as atividades tiveram representação e parceria com representantes do movimento social LGBTI e intersexo de Niterói e Rio de Janeiro, além da parceria com o programa Rio sem Homofobia e Centro de Cidadania LGBT das duas cidades. A partir de uma parceria com a Liga de Trauma, Reanimação e Emergência da Faculdade de Medicina da UFF e Grupo Diversidade Niterói, foi realizada a I Oficina de Primeiros Socorros para a população LGBT,  apresentando conhecimentos e procedimentos  que podem salvar vidas, visto o histórico de violência que estas pessoas estão expostas na nossa sociedade - inclusive com o Brasil ocupando o topo no rank mundial de homicídios de pessoas LGBT. Outra importante atividade foram as visitas técnicas e acompanhamento de consultas no Ambulatório João Nery, que atende pessoas trans e travestis para hormonização, e ao Hospital Municipal Carlos Tortelly– Ambulatório que desenvolve o projeto INPREP, ambos em Niterói. A apresentação de trabalhos em eventos científicos como congressos e seminários, bem como palestras em eventos também fez parte das estratégias de divulgação dos temas de saúde em relação a população LGBTI e alguns resultados de pesquisa com a mesma população.  A realização dos eventos se deu através de organização local idealizada e coordenada por uma Docente do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal Fluminense (UFF), com a colaboração de colegas do ISC-UFF e apoio da Pró-Reitoria de Extensão, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério Da Saúde, DESUM e Coordenação IST/HIV da Fundação Municipal de Saúde de Niterói. Importantes militantes e instituições do movimento social LGBTI no âmbito local e nacional apoiaram a inciativa, como a ANTRA, ABRASITI, ABIA, Grupo Diversidade Niterói e GTN, e Pella Vida-RJ. A metodologia de cada evento priorizou espaços de amplo debate com mediação e apresentações de pessoas trans e travestis. Alguns dos seminários foram filmados pela TV UFF e disponibilizados no Canal do You Tube do SESCOTRANS UFF. As mídias sociais também foram usadas com a criação de páginas e perfis no Facebook e Instagram. O grupo de professores e alunos do projeto, foi o mesmo grupo que organizou todos os eventos, no total 5 professoras, um bolsista PROEX e 11 alunos (as) voluntárias(os). O I SESCOTRANS contou com a ajuda de quatro alunos da disciplina de Iniciação científica (IC) e uma aluna da pós-graduação. A partir desse evento houve uma grande agregação de alunos e alunas voluntários (as) de medicina interessados em participar das atividades. O grupo de trabalho em pesquisas teve trabalho selecionado e apresentado na 10ª Conferência da Sociedade Internacional de AIDS 2019. Também tivemos três trabalhos aprovados para apresentação no II Semana LGBTI+ da Universidade Federal Fluminense em novembro de 2019, UFF e cinco trabalhos aprovados no COAME UFRJ, sendo dois trabalhos premiados. O relato de atuação como extensionista neste projeto teve premiação na semana de extensionistas da UFF em 2019. Outras atividades como reuniões com parceiros para organização de eventos e atividades também fizeram parte do leque de ações que fortaleceram o Projeto, como parcerias oficializadas com o Programa Rio Sem Homofobia e Centros de Cidadania LGBT do Rio e Niterói, parceria para pesquisas e vistas técnicas nas unidades do DESUM-FMS de Niterói. O projeto envolveu um total de 37 palestrantes, 26 voluntários (as) na organização, mais de 250 pessoas participantes dos seminários e, 15 estudantes, duas militantes debateram os vídeos propostos.  A expansão das parcerias, envolvendo outras instituições de ensino superior e as organizações LGBTI, mostra o potencial do projeto, bem como a lacuna existente, tanto para a comunidade acadêmica da UFF e da comunidade geral, para a temáticas voltadas a saúde da população LGBTI. As atividades promovidas pelo projeto PROSAIN foram as pioneiras no gênero para o público de alunos de graduação em Medicina da UFF. Proporcionou o contato com temáticas não abordadas em outras disciplinas da grade curricular deste curso. Houve ampla participação de graduandos da medicina e outros cursos da UFF, outras universidades públicas e particulares. Observou-se um aumento de alunos da Medicina procurando temáticas voltadas para a população LGBTI para as disciplinas de iniciação científica e para trabalho voluntário nas atividades do projeto. Entendemos que nossas atividades estão provocando um contato inédito com os temas propostos e assim cumpre um papel não só formativo, mas também sensibilizador e de visibilidade da questão de saúde da população LGBTI.

8436 MATRICIAMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA, EM ENDOCRINOLOGIA, COM TERAPIA HORMONAL NO AMBULATÓRIO LGBTQ+
Lara Maria Taumaturgo Dias Correia, Gaby Maria Carvalho de Freitas Azevedo, Janina Marinho Bezerra de Oliveira Brasil

MATRICIAMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA, EM ENDOCRINOLOGIA, COM TERAPIA HORMONAL NO AMBULATÓRIO LGBTQ+

Autores: Lara Maria Taumaturgo Dias Correia, Gaby Maria Carvalho de Freitas Azevedo, Janina Marinho Bezerra de Oliveira Brasil

Apresentação: O Brasil oficializou, em 2012, a Política Nacional de Saúde Integral LGBT com orientações e diretrizes para guiar o Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Porém, esse assunto ainda é polêmico e precisa ser discutido. Este trabalho objetiva apresentar o relato de experiência de residentes em Medicina de Família e Comunidade da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) com o apoio matricial, em Endocrinologia, com Terapia Hormonal no Ambulatório LGBTQ+ (lésbica, gay, bissexual, transgênero, transexual, queer e outras definições), entre os anos de 2019 e 2020. O Ambulatório é o primeiro do Estado do Rio Grande do Norte e funciona na Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró. Esse espaço de cuidado foi pensado após perceber, na prática, que essa população precisa ter mais atenção, acolhimento, acesso aos serviços de saúde. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), associação que fez um levantamento detalhado sobre a violência contra este público, a cada 19 horas, um LGBT é assassinado ou se suicida no Brasil. De acordo com GGB, 52% dos homicídios contra LGBT, no mundo, ocorrem em terras brasileiras. Em 2017, a organização registrou 445 mortes documentadas (crescimento de 30% em relação a 2016, com 343). Além disso, durante as Residências multiprofissional e médica, foi possível perceber que muitos funcionários da Saúde não sabem acolher as pessoas LGBT, não usam nome social, discriminam, julgam. Observando tal realidade, o Ambulatório foi criado pela Residência Multiprofissional em Atenção Básica Saúde da Família e Comunidade da UERN com parceria da Residência de Medicina de Família e Comunidade de mesma instituição: as pessoas acolhidas recebem atendimentos de residentes médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e são realizados procedimentos como coleta de citologia oncótica, teste rápido, auriculoterapia. O Ambulatório referente à linha de cuidado à saúde da população LGBTQ+ foi inaugurado em 24/10/2019. Em janeiro de 2020, os residentes em Medicina de Família e comunidade receberão matriciamento sobre a Terapia Hormonal, com professores médicos endocrinologistas, objetivando atender com qualidade àqueles que desejam fazer uso de hormônios com segurança. Na graduação, os profissionais, atualmente residentes, não recebem muita formação sobre essa população e, ao participar do Ambulatório, foi possível conhecer melhor essas pessoas, seus direitos, suas angústias, seus problemas de saúde física e psíquica e, consequentemente, foi possível edificar o conhecimento sobre esse mundo LGBTQ+ e oferecer serviços de saúde com mais qualidade. Espera-se que, após o fim do matriciamento, os médicos residentes sejam capazes de realizar a Terapia Hormonal de forma otimizada; ofertando mais saúde, diminuindo os riscos do uso indiscriminado de hormônios, aumentando o rastreio para ISTs, proporcionando mais qualidade de vida. A Saúde é direito de todos, mas a epidemiologia, a dura realidade de preconceito, a falta de informação pelos próprios funcionários da Saúde ainda são grandes desafios que a Saúde da população LGBTQ+ enfrenta, mesmo após a Política Nacional de Saúde Integral LGBT.

6830 BANDEIRA DO ARCO-ÍRIS AMARELO: PREVENÇÃO DO SUICÍDIO LGBTI+.
Emily Manuelli Mendonça Sena, Dandara de Fátima Ribeiro Bendelaque, Dorivaldo Pantoja Borges Junior, Suzana Farias Rabelo, Matheus dos Santos da Silveira, Rodrigo Cleber Leão de Oliveira, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro

BANDEIRA DO ARCO-ÍRIS AMARELO: PREVENÇÃO DO SUICÍDIO LGBTI+.

Autores: Emily Manuelli Mendonça Sena, Dandara de Fátima Ribeiro Bendelaque, Dorivaldo Pantoja Borges Junior, Suzana Farias Rabelo, Matheus dos Santos da Silveira, Rodrigo Cleber Leão de Oliveira, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro

Apresentação: O suicídio é um fenômeno social que vem preocupando a sociedade e os profissionais da área da saúde. No Brasil, é a quarta principal causa de morte da população entre 15 a 29 anos. Para aqueles que se declaram como gays, lésbicas e bissexuais, por conta da homofobia, há seis vezes mais chances de cometerem o suicídio. Nesse cenário, foi apresentada na 24ª Parada do Orgulho LGBTI+, no Rio de Janeiro, a bandeira do arco-íris amarelo, alusivo ao Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio. Com isso, deu-se início a campanha “Bandeira do Arco-Íris Amarelo” com o objetivo de dar visibilidade à luta contra o suicídio entre LGBTI+. Em 2019, completou 18 anos da criação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, vista como o reconhecimento da situação de vulnerabilidade dessa parcela da população, decorrente de processos históricos de discriminação e exclusão social. Porém, mesmo com a existência da mesma, ainda se faz necessário políticas públicas de saúde mental mais efetivas. Assim, como estratégias para a efetivação da integralidade do cuidado, o Ministério da Saúde propõe a ação da sociedade para a garantia do direito à saúde (física, mental e social), exercício da democracia e do controle social. Nesse sentido, a Liga Acadêmica Paraense de Saúde Mental (LAPASME), constituída em 2014, cujo objetivo é desenvolver ações por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão que complementem e aprimoram a formação acadêmica e profissional no âmbito da saúde mental, conjuntamente com a Liga Acadêmica de Cuidados Integrais à Diversidade Sexual e de Gênero (LACIGS+), criada em 2017, visando desenvolver atividades que atendam ao tripé universitário e proporcionar conhecimentos técnico-científicos, debates e discussões acerca de temas relacionados aos cuidados integrais à diversidade sexual e de gênero na academia, ambas vinculadas à Universidade do Estado do Pará (UEPA), promoveram um momento integrado entre ensino e extensão com intuito de fomentar a discussão sobre a prevenção do suicídio e promoção à saúde mental de LGBTI+. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência produzido a partir da vivência na organização e execução de uma ação de ensino e extensão sobre a prevenção do suicídio entre LGBTI+, realizada na Universidade do Estado do Pará, no mês de setembro de 2019. As ações foram desenvolvidas por meio de uma exposição visual sobre suicídio entre LGBTI+ e uma roda de conversa sobre a temática. Inicialmente, foi exposto em um espaço ao ar livre, na entrada do campus de enfermagem da universidade, dados e relatos sobre o suicídio de LGBTI+ no Brasil, os quais foram anexados em papéis-cartão amarelos e pendurados em árvores com fio transparente em torno do local; o objetivo dessa ação foi mostrar e compartilhar as informações a respeito dos índices e relatos de suicídio de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais para a comunidade acadêmica. Durante o momento de exposição, contou-se com a mediação de acadêmicos de psicologia e enfermagem da LAPASME e LACIGS+ para fomentar a discussão e orientar os presentes sobre saúde mental. Posteriormente, convidou-se o público para participar do momento de formação e troca de vivencias através de uma roda de conversa sobre “Saúde Mental LGBTI+”. Foram convidados dois estudantes de psicologia e membros da comunidade LGBTI+ para mediar a mesa, os quais, em suas falas, enfatizaram as vivências de LGBTIs, fatores que possam levar a pessoa cometer suicídio, estratégias de promoção a saúde mental e prevenção do suicídio. Depois das contribuições dos integrantes da mesa, abriu-se um espaço de interação com os participantes, a fim de possibilitar a troca de experiência, o esclarecimento de dúvidas e as construções a respeito do que foi discutido. Ao final, distribuiu-se os cartões, anteriormente pendurados nas árvores, para os murais presentes no campus, possibilitando que houvesse mais contato de pessoas com as informações compartilhadas. Resultado: Constata-se que, a partir da realização dessas ações, foi possível colaborar para dar visibilidade a temática no meio acadêmico, visto que são assuntos pouco explorados e ainda estigmatizados na universidade e sociedade: saúde mental e a população LGBTI+. Esse fato fica evidente pela presença de um quantitativo baixo de pessoas na atividade proposta. Contudo, para aqueles que participaram da exposição e roda de conversa, configurou-se como um momento oportuno para troca de relatos e construção de atitudes e ações de promoção a saúde mental e atenção a comunidade LGBTI.  Foi possível evidenciar que o ato está comumente relacionado ao preconceito, a família, a religião e a inserção na comunidade, onde a falta de aceitação social desencadeia uma série de transtornos físicos e mentais que culminam no suicídio. Também foi discutido o amparo do sistema de saúde, o qual ainda não atende as demandes de acesso, tendo em vista o déficit na formação de profissionais e futuros profissionais para o manejo de pessoas em situações de sofrimento mental. Sendo assim, faz-se necessário levar aos acadêmicos, principalmente da área da saúde, os aspectos peculiares da comunidade LGBTI+, bem como, de outras minorias sociais. Diante disso, ressalta-se o protagonismo e a importância de ligas acadêmicas multidisciplinares na formação profissional de seus ligantes e na educação a comunidade. Nota-se que o evento possibilitou o desenvolvimento de ações de ensino, pesquisa e extensão e contribui para a formação de uma postura social e profissional reflexiva no que tange ao manejo na promoção da saúde mental e prevenção do suicídio de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais. Considerações finais: A organização e execução de espaços como o promovido pode ser visto como uma estratégia que, mesmo de forma local, coopera para dar visibilidade e evidenciar a relevância da temática abordada. Destaca-se que, conforme o debatido, o preconceito, repressões familiares e religiosas influenciam para que LGBTIs tornem-se mais vulneráveis a cometer suicídio. Conclui-se que, a Liga Paraense de Saúde Mental e Liga de Cuidados Integrais a Diversidade Sexual e de Gênero, cumpriram com os objetivos propostos contribuindo na formação acadêmica, por meio do compartilhamento de conhecimento e educação em saúde para a comunidade. Entretendo, mais ações precisam ser organizadas para alertar a comunidade acadêmica sobre tais dados e sensibiliza-las em relação a medidas de prevenção ao suicídio e promoção da saúde mental de LGBTI+, deixando essa ação como modelo e referência de ações pontuais, mas que geram grandes impactos.

6893 (RE)EXISTIR: A ARTICULAÇÃO ENTRE CIÊNCIA, SAÚDE, CULTURA E POLÍTICA NO CONTEXTO LGBTQIA+.
Emily Manuelli Mendonça Sena, Aline Stefany Queiroz Leite, Arthur Rodrigues dos Santos Souza, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro, Maria Victória de Andrade Marques, Rodrigo Cleber Leão de Oliveira

(RE)EXISTIR: A ARTICULAÇÃO ENTRE CIÊNCIA, SAÚDE, CULTURA E POLÍTICA NO CONTEXTO LGBTQIA+.

Autores: Emily Manuelli Mendonça Sena, Aline Stefany Queiroz Leite, Arthur Rodrigues dos Santos Souza, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Daniel Lucas Costa Monteiro, Maria Victória de Andrade Marques, Rodrigo Cleber Leão de Oliveira

Apresentação: O direito à saúde, garantido na Constituição Federal Brasileira, é fruto da mobilização e luta da sociedade e movimentos sociais, sendo regido pelos princípios da universalidade, integralidade e equidade. Diante disso, adotou-se o conceito ampliado de saúde, onde a saúde não é vista apenas como a ausência de doença, mas sim como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Desse modo, compreende-se que, os determinantes sociais de saúde são fatores que, como a moradia, o transporte, a cultura, o lazer, a educação, a renda e o emprego, influenciam no processo saúde-doença e agravos a saúde da população. Assim, para que haja o estado de saúde faz-se necessário a articulação entre diversos setores promotores de políticas públicas. Nesse contexto, destaca-se a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), instituída em 2011, pelo Ministério da Saúde, a fim de promover a saúde integral LGBT e reduzir e/ou eliminar a discriminação e o preconceito historicamente vivenciado por essa parcela da população; visto que, questões envolvendo a identidade de gênero e a orientação sexual também são fatores determinantes no processo saúde-doença da população. Nesse contexto, a Liga Acadêmica de Cuidados Integrais à Diversidade Sexual e de Gênero (LACIGS+), que atua de forma voluntária e independente desde 2017, vinculada à Universidade do Estado do Pará (UEPA), produzindo aulas e eventos abertos à todo público, visando fomentar discussões sobre pautas atuais que englobam a comunidade LGBTQIA+, idealizou um projeto de extensão universitária, de caráter científico, cultural e político, denominado “(RE)EXISTIR”, com o propósito de promover um evento para produções científicas com a temática LGBTQIA+ e produzidas por eles; dar espaço para a visibilidade de microempreendedores, fomentando as suas produções e incentivando seu crescimento e criar um ambiente cultural para que artistas pudessem se apresentar e demonstrar o que tem sido produzido no cenário local. Assim, este relato visa descrever a vivência na organização e promoção de um evento cientifico e cultural LGBTQIA+ em Belém do Pará. Desenvolvimento: O primeiro dia de evento teve como temática: “(Re)existir LGBTQIA+ na vida e na ciência”; neste dia aconteceu uma mesa de abertura intitulada “O (Re)existir LGBTQIA+ em Belém: vivencias e discussões”, composta por um participante de cada letra da sigla, onde buscou-se demonstrar e discutir com a população em geral a existência e a resistência de cada parcela da comunidade, levantando reflexões sobre as dificuldades de se ser gay, lésbica, bissexual e trans em Belém. Houve também apresentações de pesquisas científicas produzidas por estudantes de instituições de ensino superior de diversas áreas, com o objetivo de apresentar para a comunidade estudos científicos desenvolvidos por LGBTQIA+ e em prol da comunidade, dando incentivo para que continuem produzindo e despertando nos ouvintes a vontade de produzir e consumir conhecimento como os apresentados. No segundo dia ocorreu o “Espaço microempreendedor LGBTQIA+”, onde microempreendedores e artesões foram convidados a expor e vender seus produtos em estandes fornecidos pela organização; também foi somado a esse dia a mesa “O LGBTQIA+ no mercado de trabalho: a diversidade de oportunidades e a importância de se ocupar os espaços”, um momento para que as pessoas pudessem entender que os integrantes da comunidade ocupam e devem ocupar diferentes lugares no mercado de trabalho, além de incentivar o ouvinte a se inserir no mesmo. Ressalta-se que também houve, concomitantemente, a realização de ações de cuidado à saúde e informação sobre gênero e educação sexual, sendo abordado de forma fácil e didática ações que conscientizassem e ensinassem as pessoas que estivessem passando pela feira sobre saúde, principalmente, a da população LGBTQIA+. No terceiro dia, foi abordado a “Cultura LGBTQIA+ (re)existindo”, sendo programado a apresentação de uma miniamostra de curtas LGBTQIA+, produzidos em e por estudantes de Belém e apresentações de músicos, dançarinos e de drag queens locais. Resultado: Considerando a finalidade de trazer visibilidade, incentivar o público LGBTQIA+ a resistir com as suas produções e dar a oportunidade da população em geral de ver o que a comunidade têm feito, o Re(existir) possibilitou incentivar as produções LGBTQIA+, seja na ciência, na cultura ou no empreendedorismo. Ao todo, passaram pelo evento cerca de 300 pessoas, como participantes e convidados. Assim, foi possível trazer à tona as produções científicas em um contexto onde se faz necessário mostrar que existem pesquisas para a população LGBTQIA+, mas principalmente, que existem LGBTI dentro de universidades, produzindo conhecimento e crescendo enquanto cientistas. Levar a questão do empreendedorismo e o mercado de trabalho, incentivando empreendedores e microempreendedores a estarem crescendo dentro do mercado em âmbito local. Valorizar a cultura LGBTQIA+ paraense ao dar espaço e voz para artistas expressarem suas artes, os quais são instrumentos de resistência  e luta, tendo em vista o cenário de censura à produção cultural atual. E por fim, proporcionar conhecimento tanto para a comunidade, como para a população em geral,  levando informação e saúde como devolutiva do ensino, pesquisa e extensão proporcionado pela universidade. Evidencia-se que a organização acabou por sofrer ataques LGBTIfóbicos e presenciou a falta de união que existe entre algumas parcelas da população, porém com a ajuda, o cuidado e a união de colaboradores, artistas, cientistas e o público LGBTQIA+ conseguiu-se fazer com que o evento tivesse grande impacto, levando ao conhecimento das pessoas de Belém que os LGBTIs existem e que eles estão ocupando espaços que antes não eram ocupados por estes, além de proporcionar um ambiente acolhedor e de cuidado a todos os tipos de gêneros e sexualidades. Considerações finais: Em decorrência da discriminação e do preconceito, ainda fortemente presentes na sociedade, a comunidade LGBTQIA+ enfrenta vulnerabilidades que influenciam em seu estado de saúde. Observa-se a necessidade de promover eventos como esse, em um contexto tão precário, como estratégia de resistência, luta e promoção a saúde. A promoção de melhorias na situação de saúde dessa população perpassa pela garantia de direitos e cidadania, livre de estigmas, discriminação ou exclusão, decorrente de sua identidade de gênero e/ou orientação sexual.  Conclui-se que, ao promover um evento multidisciplinar e transversal, reunindo todas as ramificações abarcadas pela sigla LGBTQIA+, evidenciou-se a importância de se caminhar junto e em unidade pela luta do simples direito de existir. A LACIGS+ acredita na força do conhecimento e da diversidade, e por isso realizou o (Re)existir para celebrar o orgulho e promover visibilidade para o que tem sido produzido por esta população, dando força para continuar na luta contra o preconceito.

11063 EDUCAÇÃO – EDUCAÇÃO EM SAÚDE – KIT CUROU? CURANDO O PRECONCEITO COM INFORMAÇÃO: O USO DE FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS NA SENSIBILIZAÇÃO EDUCACIONAL QUANTO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT.
Maria de Araújo Silva, Maria Gabriela Vaz de Oliveira, Wanessa Souza Barbosa, Vinicius Azevedo Machado

EDUCAÇÃO – EDUCAÇÃO EM SAÚDE – KIT CUROU? CURANDO O PRECONCEITO COM INFORMAÇÃO: O USO DE FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS NA SENSIBILIZAÇÃO EDUCACIONAL QUANTO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT.

Autores: Maria de Araújo Silva, Maria Gabriela Vaz de Oliveira, Wanessa Souza Barbosa, Vinicius Azevedo Machado

Apresentação: O "Kit Curou? Curando o preconceito com informação" enquanto projeto de extensão, surgiu com o intuito de disseminar, aos discentes dos cursos de graduação da Escola Superior de Ciências da Saúde, conhecimento acerca da saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). A proposta deste se dá em virtude da importância e escassez de divulgação de conteúdo acerca da saúde da população LGBT. Para isto, este projeto objetiva desenvolver conteúdo interativo embasado na Política Nacional de Saúde Integral LGBT, no que tange o atendimento para integralização dos serviços de saúde, produção de materiais voltados para educação sexual da população LGBT, e desmistificação, por meio da proximidade oferecida pelas ferramentas tecnológicas, a conversa acerca da população LGBT e seus tabus sociais. Criamos um perfil na rede social (Instagram) voltado para disseminação de conhecimento acerca da saúde LGBT para a comunidade acadêmica. Por meio dele, são divulgadas as peças publicitárias voltadas para educação sexual da população LGBT desenvolvidas colaboradoras do projeto; desmistificamos, por meio da proximidade oferecida pela ferramenta tecnológica, a conversa acerca da população LGBT e seus tabus sociais, promovendo afirmação da comunidade e de aliados da causa, tornando-os atuantes no processo de saúde. Como forma de mensurar a eficiência e eficácia das publicações é feita análise das interações e alcance das mesmas, buscando direcionar o conteúdo produzido para que as informações fornecidas sejam condizentes com a demanda do público-alvo. Muito já avançamos quanto políticas de saúde à população LGBT, mas devemos assegurar uniformidade em nossos serviços. Além disso, falta-nos sanar dúvidas para acertar o passo da caminhada unida no combate, acima de tudo, ao desconhecimento do direito do outro. É um ato político o posicionamento em prol da saúde, uma vez que damos voz aos silenciados, porém necessitados dos serviços públicos de saúde e bem-estar. Este projeto de extensão se baseia em uma maior divulgação de informação para combater a discriminação das minorias e promover sua cidadania ao equiparar seus direitos com a sociedade em geral, tal e qual determina o Conselho Nacional de Combate à Discriminação (2004). Durante a academia, nos cursos da saúde há um foco biologicista na maioria destes, ao passo que o Serviço Único de Saúde busca humanizar e englobar os seus serviços com o propósito de atender as mais variadas demandas populacionais, e isso pode ser visto nas políticas para a promoção de saúde e prevenção de doenças da população, tendo como exemplo disso a política de saúde a LGBT’s. O atendimento ao público, sem pormenorizar, traz consigo a possibilidade de interação com as mais diversas esferas sociais e comportamentais existentes. A escassez de capacitação para lidar com essa perspectiva só pontua o quão deficitários somos diante da percepção da saúde das minorias.

7796 OFICINA PEDAGÓGICA NO MODELO DE WORLD CAFÉ DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PESSOA TRANS: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO
Douglas Duarte, Gisella de Carvalho Queluci

OFICINA PEDAGÓGICA NO MODELO DE WORLD CAFÉ DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PESSOA TRANS: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO

Autores: Douglas Duarte, Gisella de Carvalho Queluci

Apresentação: A população transexual, travesti e transgênero possui necessidades peculiares evidenciando a necessidade de discussões na prática profissional devido a lacunas no atendimento à saúde. Objetivo: Planejar uma oficina pedagógica junto aos estudantes de enfermagem a partir de situações-problema vivenciadas durante a assistência de enfermagem a pessoa Trans; analisar propostas de soluções, pelos estudantes, para os problemas identificados com construção de um protocolo para o cuidado em saúde ao público Trans. Método: pesquisa descritiva, de natureza qualitativa. Referencial teórico metodológico foi a Metodologia de Resolução de Situação-Problema de Vilma de Carvalho. Participantes: quinze estudantes de enfermagem voluntários. Instrumentos de dados: Elaboração de uma situação–problema que será trabalhada em dois momentos: descrição dos principais problemas identificados pelos alunos e construção de questões pedagógicas para pesquisa; e apresentação dos resultados com debate e complementação teórica. Análise será temática com elaboração de categorias dos dados produzidos. Resultado: preliminares: foi elaborada uma situação–problema com aspectos relativos aos dados do cliente, histórico de saúde, diagnóstico médico e de enfermagem, além de fatores relativos ao relacionamento com equipe de saúde, adaptação ao ambiente e envolvimento familiar; a divisão em grupos dos alunos propõe uma estratégica pedagógica de identificação de problemas e discussão aberta junto ao pesquisador para construção de questões de aprendizagem. Após um período para pesquisa de possíveis soluções para os problemas identificados, inicia-se o segundo encontro para discussão dos resultados apresentados e propostas de construção de demais produtos aplicáveis para a prática profissional. Considerações finais: O cuidado ao público Trans ainda necessita de discussões relativas às formas de abordagem profissional a esse público. À equipe de saúde caberá uma compreensão acerca dos aspectos comportamentais e culturais que possam influenciar na atenção à saúde, além de serem debatidos no âmbito do ensino com estratégias ativas, a fim de garantir uma aprendizagem significativa para melhor aplicação no cotidiano assistencial. 

7246 ACESSO AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: o que diz a população LGBT?
Ana Hirley Rodrigues Magalhães, Glaudens Maria Braz Ricardo, Roberlândia Evangelista Lopes, Viviane Oliveira Mendes Cavalcante, Lidyane Parente Arruda, Francisco Meykel Amâncio Gomes, Vytal Hirvey Magalhães Arruda Linhares, Rejânio Aguiar Aragâo

ACESSO AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: o que diz a população LGBT?

Autores: Ana Hirley Rodrigues Magalhães, Glaudens Maria Braz Ricardo, Roberlândia Evangelista Lopes, Viviane Oliveira Mendes Cavalcante, Lidyane Parente Arruda, Francisco Meykel Amâncio Gomes, Vytal Hirvey Magalhães Arruda Linhares, Rejânio Aguiar Aragâo

Apresentação: Dentre as ações estratégicas que vem sendo desenvolvidas pela Estratégia Saúde da Família, uma delas prevê o fortalecimento da Atenção Básica visando ampliar e garantir o acesso da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) aos serviços de saúde através de um atendimento humanizado, respeitando assim o compromisso do SUS com seus princípios de integralidade, igualdade, humanização e equidade da assistência em saúde. Nesse diapasão, o Ministério da Saúde instituiu em 2011, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, sendo um divisor de águas e marco histórico para as políticas públicas de saúde no Brasil. A Política apresenta estratégias para o processo de enfrentamento das iniquidades e desigualdades em saúde com foco na população LGBT garantindo acesso à saúde e o acolhimento livre de discriminação em todos os níveis de atenção. Entretanto, tais políticas não são suficientes para extinguir a homofobia dos serviços de saúde. O processo de humanização no SUS mediante a estratégia de acolhimento requer uma mudança no pensar e agir da comunidade, dos gestores e dos profissionais da saúde no sentido de respeitar e reconhecer o exercício da sexualidade por LGBT e também das diversas formas de novas constituições familiares até então impensadas. O acesso da população LGBT aos serviços de Atenção Básica envolve um processo onde estarão envolvidas ações humanas passíveis de gerarem conflitos éticos e violação de direitos humanos básicos devido a processos de preconceito, discriminação, e exclusão social que têm chamado atenção de lideranças de movimentos sociais de GLBT e do poder público, e assim como os profissionais de saúde, a sociedade também precisa estar atenta a esse tipo de situação. Diante dessa realidade, o estudo objetivou analisar o acesso aos serviços de Atenção Primária à Saúde por meio da percepção dos usuários LGBT em um município do Nordeste brasileiro. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa, realizada  no período de abril a maio de 2018 com o grupo “Voos”, formado por 40 pessoas LGBT  membros da sociedade civil e organizado no intuito de lutar pelos direitos e deveres desse público. Participaram do estudo 13 integrantes na faixa etária de 19 a 37 anos que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: maiores de dezoito anos e que buscaram e/ou foram atendidos em algum serviço de saúde da Atenção Básica do município em questão. O limite numérico de definição da amostra justificou-se à medida que os elementos presentes no discurso se tornaram repetitivos. Durante a investigação aplicou-se entrevista semiestruturada, a fim de obter o registro de informações objetivas sobre suas percepções acerca do acesso aos serviços de saúde. As entrevistas e observações foram analisadas por meio da análise temática de Minayo (2010). A fim de assegurar o anonimato da população LGBT participante da pesquisa, estes foram identificados por nomes fictícios de espécies de borboletas, sendo denominados por: Asas de vidro, Almirante, Apolo, Flambeau, Malaquita, Capitão-do-mato, Pavão, Tigre- andorinha, Rainha Alexandra, Antiopa, Menelaus, Caligo, Monarca. Esta pesquisa é parte de uma pesquisa maior, cujo projeto foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário INTA, sob parecer nº 2.596.587. O estudo respeitou a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Resultado: A pesquisa evidenciou percepções positivas e negativas dos participantes acerca do acesso aos serviços de saúde, estendendo-se não somente aos profissionais de saúde, mas a todo contexto que o envolvem, desde gestão federal, municipal e usuários do serviço. Alguns participantes referiram preconceito ao acessar esse serviço também pela população em geral. Esses fatores contribuem para que a população LGBT não procure os serviços de saúde mesmo quando estão necessitando destes conforme a seguinte fala: “[...] tem muita gente que olha com mal olhar, mangam da gente por ser o que a gente é pelo jeito ou pela voz” (Menelaus). Percebeu-se ainda uma certa indignação dos participantes quanto ao tratamento diferenciado nas Unidades de Saúde. Eles se posicionam a favor da igualdade e que a igualdade formal perante a Lei existe e que os direitos seriam para todos independente de questões de orientação sexual, como pode ser visto nas falas: “porque a gente tem que ser vista de modo como todo mundo é visto ta entendendo[...] nós todos somos iguais”(Tigre- andorinha). “[...] os direitos são iguais não tem essa coisa de ser atendido por ser heterossexual ou ser homossexual ou bi em si. Acho que os direitos são iguais e as pessoas tem que ser atendido independente do que elas sejam” (Capitão-do-mato). Os participantes reconhecem ainda que as práticas dos profissionais de saúde não são adequadas, e estes não estão preparados para assistir à população LGBT por desconhecimento da Política que repercute em práticas preconceituosas, necessitando de maior qualificação profissional para atender as necessidades de saúde das pessoas LGBT. Compreendem que o atendimento dos profissionais deveria ser mais humanizado, de forma empática, com ausculta qualificada e sem distinção conforme o seguinte depoimento: “[...] ter a cordialidade a questão de se colocar no lugar do outro a questão da humanização, não tem humanização na saúde para a população LGBT” (Rainha Alexandra). Diante do apresentado, apreendeu-se nos diálogos que a humanização é um elemento essencial para a inclusão desse público nos serviços. Observa-se que mesmo a humanização sendo uma política instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde, através da Política Nacional de Humanização (PNH), os profissionais ainda apresentam práticas desumanas, discriminatórias e segregadoras. Outra fragilidade dos profissionais de saúde que aparece bastante nos discursos está relacionada à concepção de que os profissionais não respeitam o uso do nome social, tornando-se um constrangimento quando acessam os serviços de saúde. Relataram que desejam ser chamados como se reconhecem e como se veem. “[...]peço que me chame pelo meu nome social, mas mesmo assim eles ainda colocam o nome civil lá e é chamado pelo nome civil[..]”(Rainha Alexandra). Apesar das fragilidades apresentadas pelas falas, três participantes  relataram ter um bom atendimento e de gostar do serviço oferecido pelo sistema de saúde do município. Uma fala revelou que o fato de alguns profissionais terem uma pessoa LGBT na família o torna mais tolerante, empático e receptivo. Considerações finais: É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, as instituições de saúde, especialmente a Atenção Primária à Saúde que compreende a porta de entrada do sistema e ordenadora de toda a Rede de Atenção à Saúde, deve pensar e implementar ações que contribuam com uma atenção equitativa que se aproxime das bases constitutivas da realidade da população LGBT e que atenda suas necessidades. Dentre as quais a utilização de uma linguagem que seja adequada a este público, mais inclusiva e que leve em consideração suas diferenças. Além disso, os profissionais de saúde, especialmente o enfermeiro devem estar sensibilizados para mudança de atitude e desconstrução de preconceitos e estereótipos negativos sobre práticas sexuais para prestar uma assistência qualificada e efetiva a essas minorias sociais.