326: Olhares singulares para o cuidado: violência e as populações vulneráveis
Debatedor: Leandro Dominguez Barretto
Data: 29/10/2020    Local: Sala 01 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
6949 A MÁQUINA DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Nilcéia Nascimento Figueiredo, Valéria Ferreira Romano, Fernanda Pereira de Paula Freitas, Jorge Esteves Teixeira Junior, Evelin Gomes Esperandio, Cesar Augusto Paro

A MÁQUINA DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Autores: Nilcéia Nascimento Figueiredo, Valéria Ferreira Romano, Fernanda Pereira de Paula Freitas, Jorge Esteves Teixeira Junior, Evelin Gomes Esperandio, Cesar Augusto Paro

Apresentação: A Violência Obstétrica (VO) é um tema pouco abordado durante a graduação em saúde. O fato de envolver questões éticas instituídas como um coletivo de normalidades já ensinado desde a formação, torna delicado e desafiador propostas que interfiram na hegemonia da instituição do conhecimento científico sobre obstetrícia. Através do “uso” do corpo do aluno, como mola propulsora de um debate não só cognitivo-científico, mas também físico e emocional, o Laboratório de Estudos em Atenção Primária da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vem utilizando na graduação da área da saúde, a técnica do Teatro do Oprimido de Augusto Boal - A Máquina Rítmica, dando forma dinâmica a questões delicadas sobre o tema da violência obstétrica, nem sempre suficientemente contemplado por palavras. 2 – Desenvolvimento:  De acordo com o Ministério da Saúde, a violência obstétrica é aquela que ocorre durante a gestação, parto, nascimento, pós-parto e também no atendimento ao aborto. Ela pode ser física, verbal, psicológica, simbólica e/ou sexual, além de negligência, discriminação e/ou condutas desaconselhadas, excessivas ou desnecessárias perpetuadas por desatualização científica e ou costumes. Em um país ainda com tantas desigualdades sociais, grupos específicos são apontados como os mais violentados. Neste sentido, as mulheres negras, adolescentes, pobres e com vulnerabilidades, sãos as que mais sofrem com a desumanização da assistência. Uma reflexão performática foi usada para abordar o assunto, sem intenção de extingui-lo. A seguir foi proposta uma tempestade de ideias, sobre o que cada estudante trazia de conhecimento a respeito de VO e uma aproximação de cada aluno sobre sua própria história de nascimento, ouvindo suas mães, registrando tudo, livremente, em forma de narrativa. 3 – Resultado: Despertados pela relevância do tema os alunos construíram uma cena teatral onde a violência obstétrica pode ser vivenciada em sua dimensão subjetiva, para além, portanto, dos aspectos biológicos que ela evoca. A técnica de encenação escolhida, denominada de máquina rítmica, passou a se integrar à uma grande “máquina” geradora da violência obstétrica. Cada ator se responsabilizou por representar uma “peça da engrenagem” complexa que forma essa máquina, apenas com o uso do seu corpo e da sua voz, criando uma atmosfera vívida de como essas violências acontecem na prática. 4 –Considerações finais: Dessa maneira, através da representação teatral das formas como podem ocorrer a violência obstétrica e o protagonismo dos participantes na atividade proposta, possibilitou-se reflexões sobre a relevância do tema onde a importância de se identificar e combater essa prática ainda tão presente no sistema de saúde brasileiro, torna urgente mudanças de atitudes. -  

7424 DO FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE EM BELÉM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Amanda Pinho Fernandes, Cynara da Silva Cardoso, Elizandra Silva de Carvalho, Jaqueline Dantas Neres Martins, Leila do Socorro Santos Duarte

DO FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE EM BELÉM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Amanda Pinho Fernandes, Cynara da Silva Cardoso, Elizandra Silva de Carvalho, Jaqueline Dantas Neres Martins, Leila do Socorro Santos Duarte

Apresentação: Apesar do advento das leis de proteção, a violência contra a mulher na atualidade, tem sido bastante notificada, apresentando altos índices. Somente no estado do Pará entre os meses de janeiro e maio de 2018 foram registrados em média 8 mil casos deste agravo. Em virtude das estimativas, torna-se necessário que os profissionais de saúde estejam cada vez mais capacitados na atuação e atendimento a mulher vítima de Violência, tendo como responsabilidade acolher e encaminhar as vítimas de forma correta de acordo com a rede de assistência a essa demanda. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem sobre uma oficina de notificação e fluxograma de atendimento a mulheres em situação de violência para profissionais de Saúde de uma Estratégia de Saúde da Família. Desenvolvimento: Trata-se de um trabalho descritivo do tipo relato de experiência, realizado durante o estágio supervisionado de acadêmicas do 9º Semestre da Universidade do Estado do Pará, utilizando a metodologia da problematização com o Arco de Maguerez. A observação da realidade ocorreu através de uma roda de conversa com equipe de saúde sobre o cenário de violência na comunidade, nesta foram relatadas dificuldades no atendimento a casos de violência a mulheres e desconhecimento do fluxo de atendimento e encaminhamento dos casos, evidenciando os pontos chaves: violência contra a mulher, importância da notificação e fluxo de atendimento. Partindo da teorização na base de dados BDENF e uma visita a Coordenação Estadual de Saúde da Mulher, o retorno a realidade ocorreu através de uma ação educativa, com a mesma equipe, dividida em quatro momentos: acolhimento, roda de conversa sobre identificação e notificação dos casos de violência contra a mulher, apresentação do fluxograma e um momento para dúvidas e esclarecimentos. Resultado: Houve um bom contato entre a equipe, 10 profissionais dentre agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem e enfermeiros, e as acadêmicas, possibilitando o compartilhamento de experiências dos mesmos sobre situações de violência contra a mulher, tendo como pontos estratégicos falas sobre a obrigatoriedade da notificação, diferença entre notificação e a denúncia, fluxo de atendimento dos casos e os encaminhamentos necessários. Apesar da ação abranger como o profissional pode agir diante de tal situação, a equipe participante relatava o medo de retaliação por parte da comunidade como outro motivo de não realizar notificação, levando a discussão da participação de outros profissionais – além da área da saúde – no contexto. Considerações finais: O presente trabalho relatou fatores que levam algumas equipes de saúde a não notificar casos de violência contra a mulher, relatando o desconhecimento do fluxo, do conceito notificação e o medo dos profissionais, tendo importância para esclarecer a equipe sobre como notificar e encaminhar as possíveis vítimas, contribuindo para o conhecimento de profissionais de saúde e acadêmicos de enfermagem.

12045 ANÁLISE DOS CRIMES VIOLENTOS LETAIS INTENCIONAIS CONTRA A MULHER NO RIO GRANDE DO NORTE
Davi Silveira Guerra, Eloize Cabral de Lima, Rafaela Ingred Da Silva, Najara Mônica De Moura

ANÁLISE DOS CRIMES VIOLENTOS LETAIS INTENCIONAIS CONTRA A MULHER NO RIO GRANDE DO NORTE

Autores: Davi Silveira Guerra, Eloize Cabral de Lima, Rafaela Ingred Da Silva, Najara Mônica De Moura

Apresentação: O Estado do Rio Grande do Norte aparece como o décimo primeiro no ranking de mortes por feminicídio no país, de acordo com levantamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, durante os três primeiros meses de 2019. Esse fato evidencia o quanto a desigualdade de gênero é presente e danosa, vai além dos limites da agressão ou assédio, ela se transforma no feminicídio. Diante desse contexto, propõe-se examinar criticamente os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) contra a mulher no Estado. Para isso, foi feito pesquisa dos dados apresentados pela Câmara Técnica de Monitoramento de CVLI  e a análise de conteúdo foi realizada mediante comparação com dados nacionais e ponderações acerca da violência doméstica, desigualdade de gênero e desigualdade étnica. O estudo recuperou esses dados de forma crítica, mostrou que é necessário uma amostragem mais detalhada quanto à violência doméstica e feminicídio. Ficou claro que a violência doméstica é uma problemática persistente no Estado. Logo, precisa ser discutida nos diferentes setores da sociedade de forma a sensibilizar as pessoas sobre essa questão, a qual se trata de um problema público com raízes históricas e ideológicas, que deve ser combatido por meio de políticas públicas que envolvam segurança pública,  educação e saúde. As análises feitas podem ser compartilhadas e utilizadas para uma visualização do panorama da violência contra a mulher no Estado do Rio Grande do Norte, de forma a colaborar com projetos acerca desse tema para a formação profissional em diferentes setores da saúde pública.

9691 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DOS TRABALHADORES DA ÁREA DA SAÚDE
RAQUEL MORATORI

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DOS TRABALHADORES DA ÁREA DA SAÚDE

Autores: RAQUEL MORATORI

Apresentação: Trata-se de um projeto de ensino desenvolvido no âmbito da disciplina "Teorias Psicológicas", no Curso de Serviço Social, do Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, que tem por objetivo compreender as contribuições da psicologia para a práxis dos trabalhadores da área da saúde pública. Parte-se do princípio de que o projeto político pedagógico que deve estruturar a formação destes trabalhadores caminha sob dois pilares principais, quais sejam: dialogar com as contradições, exigências e desafios da contemporaneidade, tanto na compreensão e análise crítica do nosso atual tempo histórico, quanto na perspectiva de construção coletiva de alternativas de transformação que vão ao encontro das demandas sociais. Assim, os projetos políticos pedagógicos que estruturam as qualificações profissionais dos trabalhadores do campo da saúde pública devem ser capazes de articular os conhecimentos científicos dos diversos campos de saberes, entendendo que é a dimensão crítica e investigativa das ciências, em diálogo com a realidade concreta vivida pelos sujeitos históricos, que possibilitam a apreensão, a crítica e a transformação da realidade social. Neste sentido, compreender estes trabalhadores, na sua particularidade implica percebê-los, principalmente, sob dois aspectos: primeiramente, como resultado das condições objetivas e subjetivas que condicionam sua existência e, concomitantemente, observá-los como sujeitos históricos que ao produzirem e reproduzirem suas existências constroem a realidade social. As condições subjetivas destes trabalhadores e as mediações intersubjetivas de suas práticas profissionais requerem também o diálogo desses sujeitos coletivos e suas individualidades com os conhecimentos do campo das teorias psicológicas. As contribuições da psicologia social e da psicanálise para a formação e qualificação dos trabalhadores da saúde tem o propósito de introduzir noções que permitam problematizar como a questão social se expressa nas subjetividades dos sujeitos que sofrem seus efeitos, ou ainda, compreender as dimensões psicossociais da práxis destes sujeitos a partir de situações concretas de vivências de sofrimento e de experiências afetivas. Assim, o objetivo deste estudo é compreender as contribuições da psicologia para a qualificação profissional dos trabalhadores da saúde a partir de uma discussão da psicanálise sobre o mal-estar na civilização. Deste modo discute a práxis dos trabalhadores da saúde, a fim de problematizar como a questão social se expressa nas subjetividades dos sujeitos que sofrem seus efeitos. Desenvolvimento: As atividades de ensino e pesquisa que estruturam este estudo fazem parte do projeto de pesquisa “Trabalho, Formação, Saúde e Subjetividade: trajetórias profissionais e formativas na Escola de Serviço Social – UNIRIO” e foram desenvolvidas no âmbito do referido curso de graduação em Serviço Social, na universidade em que o projeto está ancorado. Destaca-se que a coordenadora do projeto, com formação em psicologia, se insere no corpo de professores desta graduação compondo uma equipe multidisciplinar. Neste sentido, este processo de ensino e pesquisa tem dupla finalidade, discutir a especificidade do debate das teorias psicológicas para a formação dos assistentes sociais, assim como, qualificar a docência no âmbito do projeto político-pedagógico que estrutura este curso. O desenvolvimento do estudo teve como foco principal o aprofundamento de uma discussão teórica no campo da psicanálise com o objetivo de compreender aspectos da subjetividade dos sujeitos históricos frente os desafios da realidade social brasileira. Neste sentido, a atividade pedagógica focou seus esforços nas contribuições de Sigmund Freud, no livro "O mal estar na civilização", aonde o autor faz uma análise contundente sobre os sujeitos em sua busca pela felicidade. Entretanto, o que o autor vai desenvolvendo no decorrer de seus argumentos acaba se deparando com um relato sobre as origens da infelicidade humana, a partir de um conflito indissolúvel entre os interesses individuais e os limites da sociedade em que ele está posto. Ao se aprofundar nos sentidos dessa infelicidade Freud acaba fazendo uma narrativa cultural em que vai reconstruindo a história de vida dos sujeitos, desde sua infância mais remota até sua atuação como sujeito em seu tempo histórico. Deste modo, funda uma teoria que busca na sexualidade, em seu sentido ampliado de busca de prazer e felicidade, uma explicação teórico-científica para a formação da personalidade dos sujeitos. Compreender essa dimensão da vida subjetiva dos sujeitos tem como potencialidade auxiliar o trabalho em saúde que ao lidar com a questão social, lida também com sua dimensão individual expressas na existência concreta dos sujeitos, na sua incompletude e seus sofrimentos. Resultado: As atividades de ensino e pesquisa deste estudo foram desenvolvidas no ano de 2019. O período de avaliação foi composto por dois semestres letivos completos, sendo que ao final de cada semestre foi realizada uma avaliação coletiva sobre o processo de ensino aprendizagem. Duas questões centrais se destacaram neste processo, à saber: o debate sobre a formação das identidades pessoais amplia a compreensão dos impactos da questão social na vida concreta dos sujeitos ainda que a atuação do trabalhador em saúde não se circunscreva a essa dimensão da vida social. Destacamos, entretanto, que é preciso estar atento ao debate interdisciplinar dos campos da psicologia e da assistência social, pois o projeto político e pedagógico da graduação em Serviço Social reafirma seu compromisso com a construção coletiva de alternativas de transformação da vida social em nome da classe trabalhadora e, deste modo, não se circunscreve a dimensão individual desta realidade, sendo esta dimensão individual um compromisso da categoria profissional da psicologia. De outro modo, a experiência pedagógica se mostrou profícua no que se refere a uma formação humana destes trabalhadores em saúde, uma vez que pensar sobre sua própria existência também contribui para se entenderem enquanto sujeitos históricos e quais papéis lhes são impostos socialmente. Em linhas gerais, compreender-se também possibilita aprofundar o protagonismo de suas próprias histórias e narrativas, assim como se entender como sujeitos coletivos compromissados com uma sociedade mais equânime. Considerações finais: As contribuições deste estudo buscaram discutir no âmbito da formação e qualificação profissional do assistente social a complexidade do mundo intersubjetivo dos sujeitos sob os quais ele irá atuar. Esta atividade pedagógica se constitui como um momento de busca pela compreensão de si mesmo e dos outros em sua particularidade histórica, tanto do ponto de vista de suas questões psicoafetivas, quanto das formas de sofrimento e adoecimento que a produção e reprodução de suas vidas irão conter.

6369 UTILIZAÇÃO DO TEATRO COMO FERRAMENTA LUDICOPEDAGÓGICA DE PROCESSOS EDUCACIONAIS EM ASSISTÊNCIA ÀS POPULAÇÕES VULNERÁVEIS: RELATO DE PRÁTICA NO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA
Laylla Mirella Galvao Azevêdo, Andrey Santos de Jesus, Ellen Raíssa Coelho Rios, Maria Eduarda Oliveira Rêgo

UTILIZAÇÃO DO TEATRO COMO FERRAMENTA LUDICOPEDAGÓGICA DE PROCESSOS EDUCACIONAIS EM ASSISTÊNCIA ÀS POPULAÇÕES VULNERÁVEIS: RELATO DE PRÁTICA NO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA

Autores: Laylla Mirella Galvao Azevêdo, Andrey Santos de Jesus, Ellen Raíssa Coelho Rios, Maria Eduarda Oliveira Rêgo

Apresentação: O processo de aprendizado voltado ao Sistema Único de Saúde (SUS) não deve se pautar no tecnicismo comumente adotado pelos meios acadêmicos. O ensino deve ser dinâmico, desenvolvendo habilidades que permitam análises ampliadas sobre as questões sociais. O teatro é uma estratégia pedagógica potente devido ao seu caráter lúdico e capacidade de apreender a realidade conscientemente, interferindo em aspectos simbólicos, emocionais e cognitivos das vivências humanas, promovendo reflexão e julgamento crítico em diferentes perspectivas. Este trabalho relata a experiência da encenação teatral como ferramenta educacional na disciplina “Bases Psicossociais da Saúde Humana” do curso de Medicina da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Desenvolvimento: A experiência utilizou o teatro para problematizar questões de saúde dos usuários de substâncias psicoativas e das pessoas em situação de rua. Ainda há uma visão repleta de estigmas em relação a ambos, o que interfere na assistência em saúde. Consequentemente, embora o cuidado seja pautado em princípios de universalidade e integralidade, na prática, as particularidades destes tendem a ser menosprezadas. A atividade foi realizada com alunos do sétimo semestre de Medicina da UFOB em dois momentos. No primeiro, a encenação abordou os usuários de drogas psicoativas, após pesquisas sobre os tipos e as políticas de assistência voltadas aos usuários destas, com papéis como o usuário, pais, amigos que incentivaram o uso ou prestaram apoio e funcionários do SUS. Posteriormente, foi exposto o percurso trilhado até chegar aos serviços de apoio e suas abordagens efetivas. Após a encenação, houve debates sobre o assunto. No segundo momento, com a mesma estratégia, houve enfoque nas pessoas em situação de rua e nas casas de apoio destinadas a estas, como o centro POP de Barreiras BA, um espaço de referência para o convívio social que abriga e possibilita a ressocialização do indivíduo. Os personagens correspondiam aos principais perfis de pessoas em situação de rua, como aqueles sem documentos de identificação civil ou em abuso de álcool. Considerando o pouco contato discente com a unidade de apoio centro POP e sua relevância, uma roda de conversa posterior à encenação expôs os serviços ofertados, público atendido e formas de acesso. Resultado: A abordagem teatral permitiu (re)construir concepções acerca do papel cidadão e profissional em relação às populações vulneráveis. De forma dinâmica, os discentes construíram um diálogo crítico sobre a importância do acolhimento destas populações vulneráveis e da integralidade da assistência. Alguns discentes visitaram o centro POP, visando melhor instruir demandas da assistência lá fornecida. Assim, a estratégia foi um importante disparador de formação para o SUS por subsidiar a construção de competências relativas ao reconhecimento de vulnerabilidades e necessidade de assistência singular. Considerações finais: O teatro é uma importante ferramenta efetiva de troca de conhecimentos em saúde e alternativa às metodologias tecnicistas. A experiência proporcionou reflexões no que tange a saúde de populações vulneráveis, viabilizando relevante troca de saberes. Ademais, houve grande proveito ao ressaltar o papel dos futuros profissionais de saúde na assistência àqueles que também têm direito a um cuidado integral e efetivo.

7191 SAÚDE DA POPULAÇÃO DE RUA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO TRABALHO INTERPROFISSIONAL
Maria Silvia Tajé Thomas, Ana Carolina Costa Saraiva, Luciana Werneck, Barbara Maria Epifano Dos Santos, Vinicius Rodrigues Marques, Debora Ferreira Alves, Gracielle Siqueira, Francisco Lazaro Pereira de Sousa

SAÚDE DA POPULAÇÃO DE RUA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO TRABALHO INTERPROFISSIONAL

Autores: Maria Silvia Tajé Thomas, Ana Carolina Costa Saraiva, Luciana Werneck, Barbara Maria Epifano Dos Santos, Vinicius Rodrigues Marques, Debora Ferreira Alves, Gracielle Siqueira, Francisco Lazaro Pereira de Sousa

Apresentação: A experiência realizada no PET Saúde Interprofissionalidade Consultório na Rua,  parceria da UNIFESP, UNILUS e Secretaria de Municipal de Saúde de Santos origina a construção desse trabalho, que se caracteriza por uma reflexão a partir dos primeiros nove meses de atividade, nas quais a equipe observou, visitou, estudou, conheceu e realizou intervenções efetivas junto a população de rua.Quando se fala em população de rua, as primeiras imagens nos remetem a pessoas com muita dificuldade de aproximação, com muitas doenças e que aparentemente preferem estar a parte da sociedade. Entre suas características está um tenso relacionamento, por que são julgados pelas imagens e pelos conceitos estabelecidos por uma dita normalidade, que julgam de antemão, o não pertencimento, seja a uma comunidade, um território ou muito menos a uma família. A comunidade que os vê, tem receio de aproximação e partilha de um misto de espanto, indignação, preocupação e compaixão. Dessa forma, se não existirem políticas específicas para atendimento dessa demanda ela permanecerá ausente da vida em sociedade e sem acesso aos bens e serviços aos quais tem direito como cidadãos. Eis então uma contradição que convive com os profissionais e serviços em geral, se por um lado é preciso incluí-los, por outro nos espaços institucionais que deveriam acolhe-los, para atendimento como quaisquer outras pessoas, não há lugar para eles. Pergunta um morador de rua a nossa equipe “como vou ao PSF -Programa de Saúde da Família, ao NASF- Núcleo de Apoio a Saúde da Família, se nem família tenho?” São histórias densas, perguntas inusitadas, palavras duras de quem se exclui propositadamente e partir de razões desconhecidas pelos cidadãos em geral e pelos profissionais, que revelam o quanto é necessário, ao mesmo tempo cuidar com a especificidade que essa demanda exige e incluir para que não sejam, no cuidado, mais uma vez excluídos. Traduzir essas contradições, se colocam cotidianamente como desafios a equipe que também se expõe na rua e tenta o movimento de aproximação ao que, infelizmente, já está apartado. A rede de serviços de Saúde do Município de Santos, já estruturada há muitos anos, se caracteriza como uma das melhores da região, se destaca pela sua acessibilidade e potencialidades; possui equipes em todas as regiões da cidade e vem sobrevivendo às contingencias diversas, inclusive de recursos materiais e humanos, como toda a política de saúde em meio a polêmicas e divergências de modelos políticos e de gestão. Nesse emaranhado os esforços da equipe do PET, ao lidar com as pessoas em situação de rua, vem buscando formas de facilitar o acesso a esses serviços, observa, no entanto, que há resistências de ambos nessa relação, nem a população nem os serviços se integram para os cuidados necessários. Por um lado a dificuldade dos moradores de rua a penetrar na rotina dos serviços, considerando que suas vidas dificilmente incluem rotinas, apenas àquelas necessárias a sua sobrevivência e por outro os serviços, com suas grandes demandas e recursos reduzidos, estabelecem critérios de atendimento, como endereço por exemplo, que a essas pessoas manifestam um preconceito que vem das próprias normas de funcionamento. Afinal Saúde é ou não é um direito de todos?Essas observações devidamente registradas e discutidas na equipe, e com a gestão, trouxeram algumas propostas para enfrentamento desses desafios, entre outros já existentes, que levaram a equipe a intervenções:- Junto à comunidade e serviços: intervenções em parceria com as demais políticas voltadas a essas demandas, como a Pré-Conferencia de Assistência Social feita na rua para levantamento de propostas para a população de rua; parcerias com ONGS e Instituições que atuam junto a essa demanda para ações culturais e educativas; Censo da População de Rua; Campanhas de Prevenção e Promoção de Saúde e para o primeiro semestre de 2020, Oficinas e Rodas de Conversas nos Serviços e nas Universidades.- Com a população de Rua: abordagem na rua, com ou sem a equipe do Consultório na Rua, para atendimento, orientação, acompanhamento, encaminhamentos. Encontros para produção de narrativas que são discutidas com a população em situação de rua e posteriormente encaminhadas às equipes da Saúde e da Assistência Social. Diante da fragilidade da execução da política, tão duramente construída pelas equipes de saúde no cotidiano do trabalho, voltada a população de rua, nos deparamos com o desafio de repensar a saúde como direito de todos e de cada um, pluralidades e singularidades, com a clareza de que ainda temos muito a fazer para o acesso universal.

7003 UM OLHAR HOLÍSTICO PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM COM ADOLESCENTES SOROPOSITIVOS
Emylle Macruz Martins, Inez Silva de Almeida, Andreia Jorge da Costa, Mayara da Silva Bazílio, Letícia Weltri de Andrade, Nizelia Ferreira da Silva Floro Rosa, Juliana de Souza Fernandes, Karine Machado Cascaes, Ana Carolina da Costa Correia Lima, Karine do Espírito Santo Machado

UM OLHAR HOLÍSTICO PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM COM ADOLESCENTES SOROPOSITIVOS

Autores: Emylle Macruz Martins, Inez Silva de Almeida, Andreia Jorge da Costa, Mayara da Silva Bazílio, Letícia Weltri de Andrade, Nizelia Ferreira da Silva Floro Rosa, Juliana de Souza Fernandes, Karine Machado Cascaes, Ana Carolina da Costa Correia Lima, Karine do Espírito Santo Machado

Apresentação: A consulta de enfermagem promove uma melhor assistência ao paciente em nível ambulatorial, utilizando o método científico analisa saúde-doença, prescreve e implementa medidas de Enfermagem, como está disposto na Lei nª 7.498 do COFEN, especialmente no artigo 11 que prevê a consulta de enfermagem como privativa do enfermeiro. A consulta de Enfermagem tem como objetivo contribuir para a promoção e recuperação da saúde do indivíduo, de uma forma holística, analisando os fatores socioeconômicos e sociais que o indivíduo está inserido. Método: este é um relato de experiência no qual o objetivo é descrever as atividades de consulta de enfermagem realizadas pelas enfermeiras com jovens e adolescentes soropositivos em ambulatório especializado.  As consultas de enfermagem são realizadas pelas enfermeiras que realizam questionamentos acerca do quadro de saúde e analisam a carga viral. O ideal para pessoas que vivem com AIDS é que esteja com carga viral indetectável, pois o paciente neste sentido não irá apresentar riscos de transmitir o vírus do HIV, além disso, verificam a caderneta de vacinação que deve conter vacinas específicas para os adolescentes e jovens com HIV, as vacinas são: DDT, Hepatite B, Hepatite A, Pneumo 23, Varicela, Meningocócica e anualmente influenza. Eles recebem orientação e são esclarecidas as dúvidas do paciente e de seu responsável. O profissional proporciona um ambiente tranquilo e holístico para que o cliente se sinta à vontade durante a consulta, no qual é orientado inclusive sobre a importância da adesão ao tratamento para reduzir a carga viral, possibilitando ficar indetectável. A consulta é realizada em dois momentos, no primeiro momento com o adolescente e o responsável e o segundo momento no qual é realizado privativamente com a enfermeira, neste momento são transmitidas informações sobre o sigilo profissional, pois informações trocadas não serão repassadas ao responsável, a não ser em caso de risco de morte. O jovem recebe orientações referentes a mudanças de seu corpo e hormônios no período da adolescência. São questionados quando ocorreu a sexarca, quantitativos de parceiros, gravidez, abortos, uso de contraceptivos nas atividades sexuais afim de esclarecimento de dúvidas sobre os assuntos discorridos. Durante a consulta de enfermagem é implementado o processo de enfermagem que foi desenvolvido pela Dr. Wanda Aguiar Horta, ela trouxe para a consulta de enfermagem uma visão holística do paciente. O processo de enfermagem é realizado em fases para uma melhor organização da consulta, que é realizado por etapas: histórico de enfermagem nele está inserido a entrevista, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição e implementação da assistência de enfermagem e a evolução de enfermagem é registrado e anexado ao prontuário do paciente. Resultado: A consulta de enfermagem com pacientes soropositivos proporciona a este adolescente ser protagonista do seu cuidar, além de oferecer um ambiente de confiança e segurança, no qual ele possa se abrir e realizar perguntas acerca do seu quadro clínico e do período em que está vivenciando que é a adolescência. Foram realizadas no período de Agosto de 2019 a Janeiro de 2020, 18 consultas de enfermagem com adolescentes soropositivos do sexo feminino e masculino, neste período compareceram as consultas 20 pacientes do sexo feminino e 14 pacientes do sexo masculino. Considerações finais: A consulta de enfermagem é vista como um importante instrumento assistencial que favorecer oferecer apoio ao adolescente soropositivo frente ao seu diagnóstico. A flexibilidade e a criatividade no desenvolvimento da consulta de enfermagem são os diferenciais que podem contribuir para a prática profissional do enfermeiro, uma vez que torna possível a utilização de escuta, acolhimento e vínculo formando um relacionamento terapêutico entre profissional e cliente

7011 MÍDIAS SOCIAIS CRIANDO VÍNCULOS ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E ADOLESCENTES SOROPOSITIVOS
Emylle Macruz Martins, Inez Silva de Almeida, Andreia Jorge da Costa, Nizelia Ferreira da Silva Floro Rosa, Letícia Weltri de Andrade, Mayara da Silva Bazílio, Juliana de Souza Fernandes, Karine Machado Cascaes, Ana Carolina da Costa Correia Lima, Karine do Espírito Santo Machado

MÍDIAS SOCIAIS CRIANDO VÍNCULOS ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E ADOLESCENTES SOROPOSITIVOS

Autores: Emylle Macruz Martins, Inez Silva de Almeida, Andreia Jorge da Costa, Nizelia Ferreira da Silva Floro Rosa, Letícia Weltri de Andrade, Mayara da Silva Bazílio, Juliana de Souza Fernandes, Karine Machado Cascaes, Ana Carolina da Costa Correia Lima, Karine do Espírito Santo Machado

Apresentação: A adolescência é a fase na qual ocorre um desenvolvimento do adolescente, que é marcada pela passagem para juventude que se inicia após a puberdade. É na adolescência que o jovem inicia sua pratica sexual, na qual muitas vezes ocorre sem uso de preservativos, ocorrendo assim, a transmissão do vírus HIV e Infecção Sexualmente Transmissível (IST). O adolescente que vive com HIV recebe do SUS o tratamento gratuito disponível pelo Ministério da Saúde, assim como a medicação que se encontra nas unidades de saúde para a Profilaxia Pré Exposição (PrEP) que é um método de prevenção a infecção do vírus HIV, destinado para pacientes que tem o risco de entrar em contato com o vírus como: transexuais, profissionais do sexo, gays e homens que fazem sexo com outros homens, a profilaxia trata-se de  doses diárias da combinação de dois  comprimidos (tenofovir + entricitabina) que impede que ocorra a   multiplicação do vírus e infecte o organismo do paciente. Após a exposição ao vírus do HIV, hepatites e algumas infecções sexualmente transmissível (IST) o paciente realizará uma medida protetiva de emergência, Profilaxia Pós Exposição (PEP) com a finalidade de reduzir o risco de adquirir o vírus. O Ministério da Saúde relata que o número de óbitos tem reduzido nos últimos anos, resultado do tratamento gratuito e das profilaxias que são oferecidos ao público. O uso regular dos antirretrovirais possibilitam um controle do vírus no organismo como consequência previne o agravamento do quadro para AIDS, atualmente no SUS encontra-se disponíveis 21 medicamentos, em 37 apresentações farmacêuticas. Método: este é um relato de experiência sobre as práticas desenvolvidas através do uso do WhatsApp para adolescentes soropositivos. No dia da consulta o paciente é atendido pelo médico infectologista e também pelas enfermeiras, são realizados esclarecimentos de dúvidas acerca do uso de preservativos e analisada a caderneta vacinal pelas enfermeiras. Objetivo: neste sentido foi criado um grupo no WhatsApp com todos os pacientes, no  grupo são  postados avisos referentes as consultas, esclarecimento de dúvidas e orientações, além de proporcionar um diálogo rápido com os pacientes essa ferramenta proporciona entre os pacientes uma maior aproximação, na qual o paciente se comunica com  outro e trocam experiências sobre os desafios e as conquistas de uma pessoa vivendo com  AIDS. Resultado: A equipe de enfermagem juntamente com o médico infectologista busca uma melhor aproximação com os pacientes além das consultas, utilizando a rede social como aliada. A criação do grupo no WhatsApp foi uma inovação que trouxe bons resultados, trazer essa ferramenta tecnológica para o trabalho que é realizado no ambulatório com esses adolescentes soropositivos tem apresentado interação entre a equipe de saúde e a clientela que entram em contato para tirarem dúvidas marcar e remarcar consultas. Considerações finais: A criação do WhatsApp entre adolescentes e profissionais fortalece o vínculo e a relação de confiança. 

9172 ACOLHIMENTO SOCIAL PARA ALCOOLISTA EM RECUPERAÇÃO
Julia Rodrigues Savóia, Ana Lúcia De Grandi

ACOLHIMENTO SOCIAL PARA ALCOOLISTA EM RECUPERAÇÃO

Autores: Julia Rodrigues Savóia, Ana Lúcia De Grandi

Apresentação: A Associação de Recuperação do Alcoólatra (ARA) funciona como um centro independente, e tem como princípio a abstenção da ingestão de bebidas alcoólicas, buscando melhorar a qualidade de vida do usuário, de sua família e daqueles que os cercam. A sede está localizada no município de Bandeirantes-PR, contando com o auxílio de doações para sua manutenção, e está em funcionando há mais de 40 anos, com diversos casos de pessoas que encontraram ali o apoio para conseguir vencer a luta contra o álcool. Na ARA, os participantes que desejam se abster do álcool, ou para os que já estão em abstinência, encontram o conforto de estar em um ambiente com pessoas as quais já tiveram as mesmas dificuldades para compartilhar suas experiências e se apoiarem. Desenvolvimento: Para que a pessoa se mantenha abstinente, o apoio é de suma importância nos momentos de angústia ou de mudanças, pois assim a pessoa consegue acreditar em si mesma. Essa relação de apoio se dá essencialmente no ARA, mas pode ser fornecido em sua família, ambiente de trabalho, locais de estudos, visando à possibilidade de novas oportunidades para uma vida nova, para a superação das dificuldades vivenciadas com o uso do álcool. O acolhimento social se dá a partir do momento de que o mundo irá te abraçar enquanto indivíduo, de que as pessoas ao seu redor irão te tratar como igual, com empatia e singularidade devido aos problemas pelos quais passou, mas que serão resolvidos. As dificuldades de manter laços de apoio estão estritamente vinculadas aos relacionamentos líquidos, já que a sociedade tem se tornado cada vez mais descartável, e deixando de lado aqueles que não estão produzindo ou consumindo o capital. Os seres humanos são sociais, e mantem relações que por sua vez também são influenciadas por seus aspectos biológico e ambiental. Sendo assim, faz toda a diferença o lugar onde estamos para a nossa melhora enquanto indivíduo. As relações de vínculo e afeto atingem as pessoas de diversas formas, ascendendo-as para que possam melhorar socialmente, economicamente, espiritualmente e mentalmente, atingindo a melhora de sua saúde mental de modo geral. Existem três pontos para Brito e Kollen (1987) que são essenciais para o desenvolvimento, como as características do indivíduo, as questões ambientais e o apoio social. Mas, vale ressaltar, que o tempo também é um fator determinante, já que as situações se modificam através dele, e os sentimentos também, assim poderá se avaliar melhor os ocorridos em seu percurso, e amadurecer suas opiniões e modos de vida. O apoio social se constitui na teoria do estresse em conjunto com as características dos estressores, as estratégias de enfrentamento e a avaliação subjetiva da situação, que se debruça em como o indivíduo e as pessoas ao seu redor lidam com a situação. A arte de compartilhar suas experiências em forma de relatos verbais entre os participantes do grupo faz com que assim, num primeiro momento, não se sintam excluídos, pois naquele ambiente, os presentes já vivenciam a abstinência e o ponto final que foi necessário para abandonar o consumo de álcool. Em seus depoimentos podem encorajar seus amigos que é possível viver anos, participando de festas, reuniões, locais públicos sem ter que ingerir a bebida alcoólica, e relatam que possuem sim muitas dificuldades, mas encontram o bem estar em poder estruturar uma família e o seu próprio bem estar. Resultado: Em seus relatos, os membros da associação demonstram o sentimento de marginalização por frequentar a ARA, que em sua maioria são homens de meia idade, de classe econômica baixa, com escolaridade básica, religiosos e com fácil acesso a outros tipos de drogas. São julgados pela sociedade por terem abandonado seus familiares para viver nas ruas, ou em outros locais, ou por terem sido internados em clínicas de reabilitação ou ainda vendido seus bens por conta do vício, por largarem seus empregos e estudos, ou mesmo a soma de todos estes fatores, que resultam no afastamento da pessoa e, em consequência, do apoio que necessitam para poder resolver o problema do alcoolismo. A marginalização social é quando um indivíduo, ou um grupo social é colocado num posicionamento inferior na sociedade, ocorrendo em todos os locais do mundo, embasado em questões políticas e econômicas. A exclusão social é um fenômeno com uma grande quantidade de problemas socioeconômicos, que priva o bem estar do cidadão, o direito de ir e vir, e de consumo por condições financeiras, ou priva de frequentar locais por várias questões. Estes problemas, em tese, teriam que ser resolvidos pelo estado, com práticas de inclusão social, mas no atual governo não há valorização de políticas públicas que acolham os dependentes químicos. No caso da marginalização do grupo de pessoas que usam e abusam de álcool, essa ocorre no seu micro espaço: em seu núcleo familiar, em seu ambiente de trabalho, ou em sua cidade, se tornando com o decorrer do tempo e com aumento da dependência, diferente daqueles que antes eram semelhantes e conviventes, se tornando para estes menos dignos de frequentar os mesmos/determinados locais, trabalhar em determinadas posições, se relacionar com determinadas pessoas, como se fosse um fator limitante de deixar de ser uma doença crônica, para uma condição de preconceito.Um preconceito explícito para aqueles que não têm condições financeiras, com zombações, humilhações, dificuldades que se perpetuam mesmo depois da superação dessa patologia. O alcoolista com capital e status social estável, é velado como um momento, ou com dinheiro o suficiente para usufruir das “coisas boas da vida”. Além das dificuldades fisiológicas para abandonar o consumo da bebida alcoólica, na qual o corpo reage negativamente com recaídas, grandes conflitos são gerados pela busca do perdão familiar e o retorno a rotina de trabalho, espiritualidade e interação com outras pessoas. Considerações finais: Como a ARA funciona por meio da autogestão, eles cuidam de si mesmo e de seus companheiros como uma família, com compreensão e respeito pelo próximo, onde todos podem sentir que erraram em algumas escolhas, mas podem modificar o rumo das suas vidas. Na ARA os membros encontraram refúgio de ao menos em um ambiente serem vistos como iguais, que podem praticar as mesmas atividades sem o julgamento alheio além de encontrarem apoio para continuarem abstinentes. Acolhimento é o lugar onde há segurança; um abrigo. Um lugar onde estarão protegidos dos julgamentos, e maus olhares da sociedade. Eles contam também com pessoas externas, como as alunas universitárias da Universidade Estadual do Norte do Paraná, para buscar e levar a maior compreensão destes problemas a todos.

6307 AÇÃO EM SAÚDE VOLTADA PARA A SENSIBILIZAÇÃO DE PRÉ-ADOLESCENTES COM COMPORTAMENTOS VIOLENTOS EM UMA ESCOLA PERIFÉRICA DE BELÉM (PA) REALIZADA POR ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM
Hector Brenno da Silva Cagni, Fabiana Morbach da Silva, Felipe Macedo Vale, Nelson Antônio Bailão Ribeiro

AÇÃO EM SAÚDE VOLTADA PARA A SENSIBILIZAÇÃO DE PRÉ-ADOLESCENTES COM COMPORTAMENTOS VIOLENTOS EM UMA ESCOLA PERIFÉRICA DE BELÉM (PA) REALIZADA POR ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM

Autores: Hector Brenno da Silva Cagni, Fabiana Morbach da Silva, Felipe Macedo Vale, Nelson Antônio Bailão Ribeiro

Apresentação: A pré-adolescência/adolescência é um período da vida cheio de dúvidas, confusões psicológicas, mudanças físicas e emocionais, tratando-se de uma transição difícil, levando ao isolamento e ao pensamento suicida. Além dessas complicações o quadro psicológico de adolescentes pode ser agravado quando ingressam em um ambiente escolar desestruturado e despreparado para recebê-los favorecendo o surgimento de um quadro de agressividade e violência, onde ocorrem sutis mudanças de comportamento que poderiam ser percebidos e corrigidos a tempo pelos profissionais da escola. Sem isso esses adolescentes podem ter seus problemas agravados, pois os indivíduos se encontram desamparados e solitários, visto que acreditam não poder contar com seus responsáveis legais e institucionais para ajudá-los a superar os problemas. Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos da América (EUA) foi observado que não existe uma relação direta entre alunos, professores, direção e pais em relação à violência no ambiente escolar, ao passo que os discentes em 78% dos casos preferem comunicar o que estão passando para os colegas ao invés dos pais. Dados do Mapa da Violência, do Ministério da Saúde revelam um crescimento de 40% entre os anos de 2002 e 2012 na taxa de suicídios envolvendo crianças e pré-adolescentes com idades entre 10 e 14 anos. Isso demonstra a necessidade de programas de prevenção, principalmente no ambiente escolar, já que é um dos principais focos de problemas sociais relacionados à violência e ao suicídio. De início, é notório a necessidade de uma maior aproximação entre as partes envolvidas, ou seja, os alunos, os professores, a direção e os pais, a fim de que problemas relativos à violência e ao suicídio possam ser tratados preventivamente. A partir disso, a escola, como instituição fundamental para o desenvolvimento do cidadão, deve estar habilitada a lidar com atos violentos, com o intuito de evitar possíveis consequências mais graves, e também estar atenta para as mudanças de comportamento de seus alunos, com o objetivo de garantir um convívio harmônico. É conhecido que as escolas públicas no município de Belém, assim como em todo o Brasil, que atendem crianças e pré-adolescentes têm apresentado índices crescentes de violência e os profissionais responsáveis não receberam uma capacitação para resolver este tipo de problema, o que justifica essa escalada da violência. Dessa forma, esse estudo teve como objetivo relatar a ação de sensibilização em saúde realizada por acadêmicos de enfermagem em uma escola de ensino fundamental e médio de um bairro periférico de Belém, com uma turma de estudantes do 6º ano, que teve como temática a violência nas escolas direcionada à práticas violentas e suas consequências. Desenvolvimento: Foi utilizada a metodologia da problematização baseada no Arco de Maguerez que é constituído de cinco etapas: observação da realidade, levantamento de pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e retorno à realidade. A observação das instalações da escola foi realizada no primeiro trimestre de 2019 a fim de que fossem verificados os principais pontos para a definição da temática do trabalho. Após isso, houve uma busca na literatura com o objetivo de embasar cientificamente a ação e definir as hipóteses de solução, as quais foram elaboradas com o intuito de sensibilizar o público alvo acerca da temática. Dessa maneira, foi realizada uma ação subdividida em três momentos: apresentação do tema, atividade prática e, por fim, a entrega de brindes. Inicialmente, os alunos foram divididos em três grupos com quatro indivíduos cada, em seguida foram distribuídas folhas de papel A4 para cada grupo a fim de que cada um desenhasse uma parte de um barco. Feito isso, os desenhos foram recolhidos e mostrados para todos. Posteriormente, foram produzidas limitações físicas temporárias nos alunos, com faixas de tecido imobilizando dedos e braços e também pela supressão da visão com faixa de tecido cobrindo os olhos, simulando a falta de dedos, de um braço e a cegueira, com a intenção de provocar a dificuldade de construção de um novo barco pelo grupo e, em consequência, a união dos membros do grupo em torno de um objetivo comum, o desenho de um novo barco, o que ocorreu de forma espontânea. Ao final, foram realizadas três atividades na seguinte ordem: 1) uma comparação demonstrativa para os alunos dos desenhos realizados antes e após limitação física temporária, 2) um momento reflexivo com os alunos, com o depoimento de fatos passados ocorridos no ambiente escolar e 3) a distribuição de brindes (doces e salgados). Resultado: A ação realizada com os estudantes da escola pública da periferia de Belém resultou em um processo de sensibilização dos alunos com depoimentos emocionados de fatos passados envolvendo agressões verbais e exclusões sociais, praticados principalmente por alunos com características sugestivas de hiperatividade e impulsividade, ocorridas principalmente no intervalo entre as aulas. Notou-se que após os depoimentos das agressões houve uma fala de arrependimento em relação às ações praticadas. Apesar das práticas agressivas ocorridas no ambiente escolar, notou-se que com a ação desenvolvida pelos acadêmicos de enfermagem os estudantes foco da ação, inconscientemente, ajudaram-se mutuamente no momento de dificuldade da realização de uma tarefa em grupo. Considerações finais: O trabalho desenvolvido pelos acadêmicos de enfermagem sobre a violência teve como objetivo elucidar que as agressões em ambiente escolar ocorrem principalmente devido à cultura domiciliar de ausência dos pais e peridomiciliar de violência, somada a falta de capacitação dos profissionais da instituição de ensino em identificar, se envolver e resolver esta questão. Por fim, verificou-se após a realização da ação na escola resultados positivos e negativos a curto prazo. A priori, os alunos se sentiram sensibilizados no momento reflexivo e iniciaram uma sequência de relatos de experiências vividas, ou presenciadas por eles dentro e/ou fora das instalações da escola. Após toda a programação realizada pelo grupo de estudantes de enfermagem, observaram-se ações agressivas tanto físicas quanto verbais entre os participantes da programação, logo, isso demonstra o quão enraizado essas práticas estão, não só na escola, mas na sociedade, e o quanto essa temática ainda precisa ser debatida e trabalhada constantemente em todas as esferas sociais começando em casa, porém se estendendo ao ambiente escolar, onde deve haver uma melhor preparação dos profissionais de educação para identificar e intervir em atos de violência em seus locais de trabalho.

6887 RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO EM PROGRAMA DE ATENDIMENTO À VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL- PAVIVIS
Karina Paiva

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO EM PROGRAMA DE ATENDIMENTO À VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL- PAVIVIS

Autores: Karina Paiva

Apresentação: De acordo com a OMS a violência sexual é todo ato em que uma pessoa em situação de poder e uso de força física, intimidação e/ou influência psicológica obriga alguém a manter relação sexual, presenciar ou utilizar de qualquer forma sua sexualidade de modo não consentido. Embora não seja considerada a mais frequente, a violência sexual é a que mais causa danos à vítima. Entre as diversas consequências destaca-se gravidez não intencional, disfunção sexual, infecções sexualmente transmissíveis, aborto inseguro e danos psicológicos como comportamento suicida, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático. Dada sua importância como problema de saúde pública, a violência sexual é um agravo de notificação compulsória que pode ser feita por qualquer profissional. Dessa forma objetiva-se desenvolver junto a academia ações de assistência no manejo dos casos de violência sexual bem como ampliar a discussão da temática entre acadêmicos e profissionais de saúde. Desenvolvimento: O PAVIVIS é um programa de atendimento às vítimas de violência sexual que funciona em Vitória (ES), vinculado ao departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Espírito Santo. O programa existe desde 1998, prestando apoio às vítimas de violência sexual há 21 anos e conta com enfermeira, assistente social, psicólogo e ginecologista. As vítimas comparecem ao serviço por meio de demanda espontânea ou encaminhamentos da rede de atenção. São ofertados atendimentos com o psicólogo, ginecologista para realização de exames, consulta com a enfermeira e atendimento com a assistente social. Resultado: Em 2019 foram atendidos 99 novos casos de violência sexual de diversas regiões do Espírito Santo, fora os acompanhamentos que são mantidos por pelo menos 6 meses. Dos 99 incidentes, 36 solicitaram interrupção legal da gestação (um dos serviços ofertados pelo programa), destas 20 mulheres realizaram o abortamento e 16 não realizaram por diversos motivos. Observa-se que este é um serviço de referência estadual e que tem a missão de prestar assistência à pessoa vítima de violência sexual com um quantitativo reduzido de profissionais no programa. Além disso, observa-se também a dificuldade com relação a outros serviços de apoio que também forneçam assistência para esse tipo de agravo. Considerações finais: A violência sexual é um grave problema de saúde pública que pode ocorrer com qualquer indivíduo independente do sexo e idade e que pode gerar consequências biológicas e psicológicas na saúde da vítima. Dessa forma conclui-se que são necessárias mais políticas voltadas para o manejo desse agravo para ampliação de serviços de apoio que prestam assistência às vítimas.

7186 FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL ATRAVÉS DO PET CONSULTÓRIO NA RUA
Silvia Maria Tage Thomaz, Vinícius Rodrigues Marques, Luciana Werneck, Barbara Maria Epifano dos Santos, Leticia Preti Schleder, Carolina Zanquettin Martins Lima, Claudia Fernandes da Silva, Gabriela Muler

FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL ATRAVÉS DO PET CONSULTÓRIO NA RUA

Autores: Silvia Maria Tage Thomaz, Vinícius Rodrigues Marques, Luciana Werneck, Barbara Maria Epifano dos Santos, Leticia Preti Schleder, Carolina Zanquettin Martins Lima, Claudia Fernandes da Silva, Gabriela Muler

Apresentação: A formação de profissionais para um mundo em movimento exige ultrapassar os muros acadêmicos para o conhecimento da vida em sociedade, sem excluir suas contradições e diversidades. A exposição à realidade se compõe nos processos formativos como condição necessária para articulação do conhecimento à realidade em que inserem os profissionais. Por outro lado, o cotidiano dos serviços sem um processo formativo contínuo, se transforma num desgastante fazer apenas. A aproximação das duas demandas através do PET vem instigando um olhar ampliado, contextualizado, articulado e crítico. Este trabalho recolhe impressões dos diferentes atores, graduandos, preceptores e tutores, que estão envolvidos no PET Saúde Interprofissionalidade, População de Rua, parceria da UNIFESP e UNILUS com a Secretaria Municipal de Saúde de Santos, registrando a intensidade desse aprendizado para cada um e ao mesmo tempo avaliando a qualificação das intervenções junto a população de rua. As percepções individuais e coletivas, através dos documentos produzidos, se constituem num importante instrumento de análise do trabalho em equipe, na necessidade de fortalecer o grupo e cada componente, valorizando a participação de cada área profissional, uma composição de objetividades profissionais e subjetividades pessoais, que se expressam no movimento do trabalho realizado. Ao refletir sobre suas vivências, os indivíduos captam o potencial da experiência colaborativa, caracterizada pela formação interprofissional e revelam importantes transformações na sua capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos e discutir com seus pares, por dentro e para fora de sua área de formação, a construção de intervenções mais efetivas para a saúde e vida dos moradores de rua. Os relatos apontam para necessidade de um mundo acadêmico, com mais processos formativos pelo trabalho e aproximações com a realidade, mais comprometido com a sociedade e suas demandas, que ultrapassem as barreiras disciplinares departamentalizadas, possibilitando uma visão de totalidade. A experiência do PET Saúde Interprofissionalidade tem sido um campo fértil de possibilidades de atuação e reflexão das ações de cuidado para além da formação dos alunos que compõe a equipe. Também tem sido uma forma de nutrir os preceptores, aprimorando e incentivando novas formas de educação permanente.

7508 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE SENSIBILIZAÇÃO DO ESTUDANTE DE ENFERMAGEM SOBRE A VULNERABILIDADE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
Leila Brito Bergold, Gizele Conceição Soares Martins, Thamires Monteiro de Medeiros, Larissa Escarce Bento Wollz

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE SENSIBILIZAÇÃO DO ESTUDANTE DE ENFERMAGEM SOBRE A VULNERABILIDADE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Autores: Leila Brito Bergold, Gizele Conceição Soares Martins, Thamires Monteiro de Medeiros, Larissa Escarce Bento Wollz

Apresentação: O trabalho aborda o projeto de extensão universitária “Promoção da Saúde para pessoas em situação de vulnerabilidade social”, vinculado a uma disciplina do Curso de Enfermagem e Obstetrícia do Campus UFRJ-Macaé. Este projeto desenvolve ações no Centro de Referência de População em Situação de Rua, no Consultório na Rua e no Fórum de discussão intersetorial – Rede Rua, visando promover a saúde de pessoas em situação de rua. Um dos objetivos da extensão é sensibilizar os estudantes e criar oportunidades para desenvolver estratégias de cuidado junto à essa população. É significativo os índices de adoecimento mental na população e a condição de vulnerabilidade social das pessoas em situação de rua no município de Macaé neste cenário de crise econômica. O objetivo desse trabalho é descrever a experiência deste projeto no desenvolvimento de estratégias de cuidado à população de rua. A experiência se iniciou em 2018, no contexto da Disciplina Cuidados de Enfermagem 5: Pessoas em processo de Reabilitação 1, que tem como objetivo envolver os alunos em ações de saúde mental no âmbito do SUS. Todos os estudantes da Disciplina participaram das ações de extensão do projeto, num total de 120 discentes até o momento. As atividades do projeto se desenvolvem em três formas de atuação distintas: (1) Atividades práticas de educação em saúde nos referidos dispositivos, de modo a apresentar aos alunos o cenário e o contexto da ação; (2) Rodas de conversa e promoção da saúde visando uma aproximação efetiva com os usuários e; (3) Produção de uma escuta sensível no referido centro de modo a problematizar as falas e estimular uma reflexão crítica acerca desta população. É importante ressaltar que esse é o primeiro momento em que os estudantes de enfermagem têm contato com ações de saúde para pessoas em situação de rua, por isso a relevância desse projeto. Destaca-se que essas ações incluíram apresentação das normativas técnicas do SUS, Políticas Públicas destinadas a essa população; sensibilização sobre os principais problemas de saúde e maneiras de atuação; visitas aos equipamentos públicos; diagnóstico local das principais necessidades; conversas com a população em situação de rua; e apoio nas ações dos dispositivos. Como resultado, na avaliação realizada pelos usuários, foi relatado que o cuidado realizado promoveu envolvimento e interesse dos participantes (alunos e usuários). Os estudantes relataram que a experiência foi importante por que os aproximou das pessoas em situação de rua e contribuiu para que o receio e o preconceito sobre elas diminuíssem, trazendo maior conhecimento e recursos para desenvolver estratégias de cuidado. Usuários afirmaram a importância da escuta e do diálogo com os estudantes. As ações de extensão propiciaram experiência de grande valia para construção de conhecimento dos discentes sobre a temática que, apesar da sua importância, ainda é muito pouco discutida e trabalhada dentro da universidade. Além disso, essa experiência contribuiu para a formação destes, pois o contato com pessoas em situação de rua despertou-os para ações de saúde voltadas para as necessidades desta população em consonância com a promoção da saúde mental e os direitos humanos.

7673 OS DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO E O ACESSO A ESTRATÉGIA CONSULTÓRIO NA RUA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Matheus Veras Martins, Izabela da Silva Pinheiro, Aylee de Souza Cordeiro, Juliana de Lima Lourenço

OS DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO E O ACESSO A ESTRATÉGIA CONSULTÓRIO NA RUA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Autores: Matheus Veras Martins, Izabela da Silva Pinheiro, Aylee de Souza Cordeiro, Juliana de Lima Lourenço

Apresentação: Estima-se que o índice da população em situação de rua tem se elevado ao longo dos últimos anos no Brasil. É importante salientar que essas pessoas não se encontram nessa situação porque desejam e sim devido múltiplos fatores que acarretam isso. Dentre os principais fatores desencadeadores para pessoas viverem em situação de rua estão os diversos tipos de violência (doméstica, psicológica e física), o consumo e dependência de substâncias psicoativas, que muitas vezes ocasiona o envolvimento com o tráfico e o desemprego. Além disso, a discriminação e o preconceito pela sociedade e muitas vezes por seus próprios familiares, portadores de deficiência acabam residindo na rua. Neste contexto de invisibilidade que os moradores de rua se encontram na sociedade, em 23 de dezembro de 2009 foi instituída pelo Decreto Presidencial nº 7.053, a Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR), que veio para caracterizar o conceito de pessoa em situação de rua. Embora o objetivo do decreto seja assegurar os direitos das pessoas em situação de rua, ainda são muitos os desafios a serem enfrentados, especialmente em relação ao acesso à saúde. Nesse sentido, o Ministério da Saúde (MS) vem apresentando iniciativas dirigidas à atenção a esse grupo, dentre elas o Plano Operativo para Implementação de Ações em Saúde da População em Situação de Rua 2010-2015 e a estratégia Consultório na Rua. Essa estratégia progrediu em 2012 a partir da convergência de diferentes modalidades e experiências anteriormente adotadas e vinculadas à Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Sendo assim, considerando o impacto da temática no contexto atual, principalmente no que diz respeito à produção de cuidado na atenção básica e na inserção dessa população na sociedade, buscou-se por meio deste estudo identificar as publicações mais recentes relacionadas ao assunto, com o objetivo de compreender os desafios para implementação e acesso da estratégia Consultório na Rua. Desenvolvimento: Trata-se de uma Revisão integrativa dividida em quatro etapas, visando analisar e sintetizar o conhecimento de artigos científicos, que apresentam diferentes objetivos e metodologias, a fim de compreender o assunto desejado. Na primeira etapa foi selecionado o tema de pesquisa Consultório na Rua, sendo assim estabeleceu-se a questão norteadora “Quais os desafios para implementação e acesso a estratégia Consultório na Rua?”. Para responder esse questionamento foi realizada uma pesquisa nos meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020 através do site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os seguintes Descritores em Ciência da Saúde (DeCS): “Pessoas em Situação de Rua”, “Atenção Primária à Saúde”,” Educação em Saúde” e “Saúde Pública”. A busca pelos estudos foi direcionada em duas bases de dados específicas: LILACS e MEDLINE. Na segunda etapa ocorreu a delimitação dos critérios de inclusão e exclusão de artigos, sendo artigos científicos disponíveis e completos, publicados ou disponíveis em português (BR), no período 2014 a 2019, que apresentasse em sua discussão considerações sobre Consultório na Rua e destacasse a realidade brasileira na atenção à saúde. Nesta etapa, também ocorreu a identificação dos artigos pré-selecionados, totalizando 26 artigos. Na terceira etapa, foi realizada a leitura dos artigos pré-selecionados, neste momento através da análise do texto, foram selecionados 12 artigos, que respondiam à questão norteadora. Na quarta etapa, foi realizada a análise, interpretação dos resultados e apresentação da Revisão Integrativa. Resultado: Nos artigos selecionados, foram identificados diferentes desafios para implementação da estratégia Consultório na Rua e o seu acesso pela população, um deles é a escassez de recursos humanos e a irregularidade no fornecimento de benefícios como vale transporte, banho e cesta básica. Incentivos que são de grande valia para esse grupo marginalizado, podendo acarretar a fragilidade do vínculo e, consequentemente, o abandono do tratamento de doenças crônicas e infectocontagiosas. Outro desafio, é a insuficiente quantidade de equipes de Consultórios na Rua para atender a demanda crescente de pessoas que vivem em situação de rua. Mas também é necessário destacar o processo de exclusão dessa população, reforçado institucionalmente por meio da enorme burocracia para o agendamento das consultas e da não flexibilização dos horários de atendimento, assim como a exigência de documentos de identidade, comprovante de residência e do cartão do SUS. Sendo assim, uma das maiores dificuldades da estratégia Consultório na Rua é implementá-la dentro da Rede de Atenção à Saúde (RAS), visto que a população atendida pelas equipes do Consultórios na Rua, muitas das vezes não está cadastrada no SUS. Em relação aos profissionais, falta capacitação para atender essa população, por mais que se entenda que a rua é um ambiente “perigoso”, ou seja, provedora de riscos para o desempenho do seu trabalho, é preciso um preparo dos profissionais desde a graduação para ofertar um atendimento mais humanizado. Fica nítido o despreparo dos profissionais sobretudo os da Unidades Básica em Saúde (UBS), em lidar com a demanda dos usuários encaminhado pelas equipes do Consultório na Rua, visto que fogem do protocolo.  Além disso, é importante ressaltar que ainda é muito forte, o estigma que esses moradores em situação de rua enfrentam na sociedade, e o atendimento à saúde é impactado por isso uma vez que alguns profissionais, ainda possuem uma visão distorcida, assim fortalecendo o preconceito e discriminação que afeta negativamente no desenvolvimento do vínculo entre o profissional e o usuário. Considerações finais: A produção de cuidado à população em situação de rua é quase inexistente, visto que é uma abordagem recente no âmbito da saúde pública, além da escassez de literatura científica sobre o tema. Ficou constatado que existem muitas barreiras para a implementação e acesso dos usuários de rua ao SUS, seja por um pré-conceito estabelecido por parte dos profissionais com essa população, ou por falta de informação a respeito dos seus direitos enquanto cidadãos. Diante disso, é notório a necessidade de investimentos na capacitação dos profissionais de saúde, visando melhorar a comunicação com os usuários e a equipe, estabelecendo ações intersetoriais para a construção e a preservação do vínculo e do acolhimento. Além da aplicação de políticas públicas já existentes essenciais para a efetividade do tratamento e acompanhamento dessa população.

7834 O CONHECIMENTO DE MULHERES SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA PERSPECTIVA DA LEI MARIA DA PENHA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Marcio Yrochy Saldanha dos Santos, Ana Beatriz Sousa Alves, Juliana de Fátima Almeida da Penha, Karen Alessandra de Jesus Cuimar, Maiza Silva de Souza, Dione Seabra de Carvalho

O CONHECIMENTO DE MULHERES SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA PERSPECTIVA DA LEI MARIA DA PENHA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Marcio Yrochy Saldanha dos Santos, Ana Beatriz Sousa Alves, Juliana de Fátima Almeida da Penha, Karen Alessandra de Jesus Cuimar, Maiza Silva de Souza, Dione Seabra de Carvalho

Apresentação: A violência doméstica contra a mulher é um problema de longa data, proveniente de uma sociedade desigual e patriarcalista que inferioriza a mulher. Esta violência ocorre dentro dos lares e se conceitua como “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher tanto na esfera pública quanto na esfera privada”. Portanto, a violência doméstica contra a mulher pode ser cometida não somente no lar, mas em qualquer local em que a mulher vive, seja ele comunitário ou familiar, e ser praticada por qualquer pessoa, sendo chamada também de Violência Doméstica e Familiar, e considerada um tipo de violência específico contra a mulher. No Brasil, a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006) é a principal forma de combate a esse tipo de violência, estando entre as três melhores legislações mundiais no seu enfrentamento, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com essa legislação, a violência doméstica contra a mulher não se detém apenas em agressão física ou estupro, ela se divide em categorias, como: Violência Emocional; Violência Psicológica; Violência Moral; Violência Sexual e Violência Física. Sabe-se que a violência doméstica perpetuou-se por um longo período, até ser reconhecida como crime, mediante lutas e manifestos feministas. Atualmente, a legislação brasileira já ampara a mulher em relação à violência doméstica e tal tema é amplamente divulgado nas mídias, no entanto, o conhecimento de muitas mulheres sobre determinados tipos de violência, como a psicológica, emocional e moral, ainda são escassos e deficientes. Os achados na literatura revelam que a equipe de enfermagem tem ainda baixa percepção dos casos de violência doméstica, pois este é um tema pouco discutido, o qual possui diversas dificuldades na identificação dos casos, devido, entre outros fatores, à falta de treinamento, desconhecimento sobre o manejo dos casos, falta de segurança e pouco apoio às vítimas. Assim, busca-se relatar o conhecimento das usuárias de uma Unidade Municipal de Saúde acerca de violência doméstica contra a mulher. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência. O estudo foi realizado em uma UMS localizada no Município de Belém do Pará. Tal unidade desenvolve atendimento agendado e por demanda espontânea, oferece diversos serviços à comunidade do bairro em que está inserida e aos bairros adjacentes. O desenvolvimento deste estudo ocorreu baseado na Metodologia da Problematização do Arco de Maguerez que se divide em cinco fases: (1) Observação da realidade, (2) Levantamento dos pontos-chave, (3) Teorização, (4) Hipóteses de solução e (5) Aplicação à realidade. Resultado: A partir das falas das mulheres durante as conversas na sala de espera, selecionada-se as palavras mais utilizadas por elas para definir a violência doméstica contra a mulher e cada um de seus tipos (violência moral, patrimonial, psicológica, física e sexual). As palavras mais utilizadas pelas usuárias em ordem decrescente foram desrespeito, agressão e humilhação. Com relação à violência moral, as palavras que mais se repetiram foram desrespeito, ofensa, agressão, constrangimento, ignorância e abuso. As ideias mais expressadas pelas mulheres acerca do conceito deste tipo de violência estão relacionadas à posse de bens e destruição de conquistas adquiridas. Uma usuária definiu como “retenção de documentos pessoais, bloqueio de conta bancária, vender algum bem do casal (ex: imóvel) e não dar à esposa a parte a que tem direito”. Com relação à violência psicológica, os termos mais utilizados foram xingamentos, baixa autoestima, revolta, medo e obsessão. Uma participante desabafou: “É a pior de todas para mim, porque às vezes a gente comenta o que passa e as pessoas não se importam”. Quanto à violência física, as definições mais apontadas foram bater, agressão/agredir, espancamento e morte. Uma usuária descreveu como “tapa, puxão de cabelo e hematomas”, outra resumiu em “descontrole, grito e dor”. Sobre a violência sexual, a maioria das mulheres definiu como sexo sem consentimento e estupro. Houve comentários de algumas usuárias como: “É o pior trauma causado”, está relacionado com “fragilidade, covardia e muita, muita dor!!!”. Assim, durante a ação de retorno à comunidade, pôde-se observar que o tema violência doméstica contra a mulher ainda é considerado um tabu na sociedade, já que muitas das mulheres presentes no local preferiram não se manifestar sobre o assunto. Entretanto, as demais que estavam presentes participaram passivamente, pois sua atenção voltou-se ao que estava sendo discutido. Na roda de conversa da ação, as usuárias demonstraram interesse e contribuíram com seus conhecimentos prévios sobre o assunto. Em algumas falas, as mulheres ressaltaram a violência doméstica não se resume a agressão física, pois pode ocorrer também através de agressões verbais. Isto evidencia que a compreensão das mulheres acerca do tema está se ampliando, devido se tratar de um assunto muito recorrente no cenário atual. Além disso, observou-se que muitas mulheres desconheciam os diferentes tipos de violência descritos na Lei Maria da Penha, como a violência patrimonial e a violência moral, visto que a grande maioria demonstrou não ter conhecimento sobre a definição, bem como não sabiam da existência de alguns canais de denúncia, como a Delegacia da Mulher e a Defensoria Pública. Como forma de prevenir e combater a violência doméstica contra a mulher, a maioria das mulheres apontou a denúncia como principal estratégia. Essa resposta vai de encontro aos dados epidemiológicos que evidenciam um alto índice de subnotificação. Segundo o ministério da saúde, entre 2011 e 2016, 6.393 mulheres morreram, apesar de já terem procurado, anteriormente, atendimento na rede pública por agressão. As denúncias contra agressão tiveram um aumento de 30%, de 2018 para 2019, o que contabiliza mais de 92 mil ligações para a Central de atendimento à Mulher em situação de violência – Disque 180. Esses dados alarmantes podem ser ainda mais elevados, pois é grande o número de mulheres que não denunciam seus agressores, visto que a cada 10 mulheres mortas, 3 já tinham sofrido algum tipo de violência antes. Outra estratégia de prevenção e combate a violência doméstica é a prática de educação em saúde e escuta sensível durante o atendimento das pacientes, visto que abrange processos capazes de desenvolver reflexão e consciência crítica dos envolvidos. Considerações finais: Diante da gravidade de seu impacto na população atingida, a violência doméstica contra a mulher configura-se como um problema social de grande relevância, principalmente na saúde, necessitando de medidas exequíveis e eficientes em sua prevenção e combate. Um vez que as mulheres vítimas dessa violência sofrem danos severos na esfera biopsicossocial que as compõem, sendo de alta relevância que o enfermeiro, seja capaz de acolher, amparar e orientar esta mulher, visando proporcionar sua saúde e bem-estar. Sendo assim, abordar acerca do conceito de violência doméstica e quais as categorias que a compõem configura-se como um meio viável de combate, uma vez que o conhecimento leva a mulher, seus familiares, amigos e pessoas próximas, a identificar os primeiros sinais de violência doméstica. Com isso, a realização da ação de Educação em Saúde foi de extrema importância, pois contribuiu para o esclarecimento das mulheres acerca dos tipos de violência contra a mulher, possibilitando a emancipação destas em relação aos diversos nuances do tema. Além disso, possibilitou uma vivência dos pesquisadores com o tema, agregando assim uma carga de conhecimento, contribuindo para formação pessoal e profissional dos mesmos.

8786 FATORES CRÍTICOS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO ÀS VIOLÊNCIAS NO AMBIENTE ESCOLAR A PARTIR DO TRABALHO E EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL
Carine Ferreira Santos, Dais Gonçalves Rocha, Raquel Turci, Sheila Murta, Isabella Kahn, Ana Carolina Boquadi, Andréia Simplício, Juliane Andrade

FATORES CRÍTICOS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO ÀS VIOLÊNCIAS NO AMBIENTE ESCOLAR A PARTIR DO TRABALHO E EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL

Autores: Carine Ferreira Santos, Dais Gonçalves Rocha, Raquel Turci, Sheila Murta, Isabella Kahn, Ana Carolina Boquadi, Andréia Simplício, Juliane Andrade

Apresentação: A Universidade de Brasília (UnB) e a Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), tem como proposta colaborativa a institucionalização de projeto para atuação nas Escolas articulando ensino-pesquisa-extensão para a prevenção das violências, com foco na articulação intersetorial entre a educação e a rede de saúde do Distrito Federal através do PAV Girassol - Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência. O enfrentamento às violências e a promoção da cultura de paz no Brasil é apresentado como Tema Prioritário na Política Nacional de Promoção da Saúde e compreende criar oportunidades de convivência, de solidariedade, de respeito à vida e de fortalecimento de vínculos, no desenvolvimento de tecnologias sociais favorecedoras da mediação de conflitos, favorecendo a garantia dos direitos humanos e das liberdades. Objetivo: Desenvolver habilidades interprofissionais e competências nas ações de educação e promoção da saúde, com enfoque na promoção da cultura de paz e prevenção às violências a partir da parceria ensino-serviço. Criado como projeto de extensão em 2017, a partir de 2019 passa a integrar o PET GraduaSUS Interprofissional com apoio de bolsas para preceptoras (04), estudantes (9 incluindo voluntários) e docentes universitárias (3 incluindo voluntária). Objetiva-se neste relato analisar os fatores críticos para o desenvolvimento da educação e trabalho interprofissional na temática. Desenvolvimento: Foi realizado estudo de natureza qualitativa, mediante análise documental de um dos instrumentos de acompanhamento dos estagiários denominado “diário de itinerários”. Este foi preenchido de forma individual, semanalmente e a cada atividade de estágio realizada, seja teórica ou de campo, no período de abril a dezembro de 2019. Após o preenchimento do “diário” os estudantes postavam na pasta do GoogleDrive do Projeto. O diário de itinerários é uma ferramenta que permitiu sistematizar as experiências, monitorar as atividades e avaliar os fatores críticos (facilitadores e desafios). Estes diários foram sistematizados e categorizados pelas preceptoras e professoras autoras deste. A análise temática dos relatos dos estudantes acerca das condições que facilitaram e dificultam o estágio interprofissional evidenciou seis categorias, das quais serão apresentadas quatro: (a) organização/processo de trabalho/gestão, (b) campo/contexto/realidade, (c) metodologia, (d) comunicação. Resultado: Os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa; A categoria organização/processo de trabalho/gestão compreende relatos acerca da oferta de supervisão, formação e educação permanente e planejamento das atividades ao longo do estágio, de modo processual. As categorias foram indicada tanto como facilitador quanto dificultador. Na perspectiva facilitadora, os estudantes apontaram como frutífera a supervisão, tanto no preparo prévio de atividades a serem realizadas no campo como no apoio recebido na mediação nas atividades na escola, visto que supervisora e preceptoras foram a campo para acompanhar e apoiar as atividades práticas. Indicaram características do planejamento como produtivos, incluindo a disponibilização de tempo e espaço para familiarização com o referencial metodológico adotado, apresentado desde a fase inicial do estágio. Na condição de dificultador, citaram manejo de imprevistos que feriam o planejamento realizado, tal como a ausência de membros da equipe na facilitação de atividades que antes contavam com sua colaboração; e planejamento insuficiente devido mudanças de cronograma por demanda da escola. A categoria referente ao campo/contexto/realidade inclui a responsividade de crianças e docentes, que se mostraram receptivos e participativos nas atividades. Notou-se engajamento crescente nas atividades no decorrer do semestre. O engajamento do docente, em particular, manifestou-se como colaboração no planejamento (por exemplo, sugerindo ajustes no procedimento) e desenvolvimento das atividades de estágio (por exemplo, intervindo para que as crianças se mantivessem focadas na tarefa proposta). Para tanto, o conhecimento dos docentes acerca da realidade da escola e das matérias escolares funcionou como um aliado. O ambiente físico usado nas oficinas com os docentes foi considerado aconchegante, particularmente a disposição física das mesas e cadeiras, em formato circular, permitindo que todos pudessem se ver. A abertura da escola para o trabalho em rede foi enfatizada como positiva, assim como materiais conseguidos com o apoio do PAV Girassol. Entre os aspectos dificultadores da categoria campo/contexto/realidade incluíram falta de articulação da rede; agitação das crianças, o que requeria habilidades mais desenvolvidas de manejo de grupo; limitações na estrutura física; barulho nas salas de aula na escola; dificuldades de conciliar horários entre a equipe de estágio e a rotina escolar; e atrasos dos professores, com consequente redução do tempo para execução das atividades previstas e não realização na íntegra das atividades planejadas. A categoria metodologia engloba aspectos da abordagem, estratégias e técnicas adotadas para atingir os fins previstos no estágio que foram percebidos como favorecedores das atividades do estágio. A metodologia adotada (Pesquisa Participativa Baseada na Comunidade e Arco de Maguerez) foi vista pelos estudantes como produtiva, por permitir articulação teoria-prática, otimizar a colaboração entre todos os atores ao reconhecer o saber do outro e centrar-se em potencialidades. Descreveram o material de estudo acerca da referida metodologia como de fácil compreensão e abrangente. Ademais, os estudantes destacaram as estratégias e técnicas utilizadas nas oficinas com crianças e professores como fecundas por distanciarem-se da “escolarização hierárquica”, permitirem o acesso a sentimentos e conhecimentos, serem divertidas, lúdicas e de fácil entendimento, o que fomentou a adesão das crianças. Entre os dificultadores foram: o manejo do tempo da atividade, a relação com a metodologia (por ser nova), a vinculação criativa das temáticas da oficina e o desafio em desenvolver atividades na escola que promovessem engajamento e fossem integradas ao conteúdo programático. A categoria comunicação agrupou relatos relativos à escuta, diálogo e abertura para compartilhar ideias, expectativas, opiniões, conhecimento e saberes sobre o contexto; horizontalidade na relação entre membros da equipe de estágio; e vínculos em construção entre representantes da universidadade, do PAV e da escola. Estas dimensões da comunicação foram apontadas como favorecedoras do engajamento dos escolares nas atividades propostas, com demonstração de confiança, atenção e curiosidade. Na condição de dificultadores, a categoria comunicação englobou problemas tecnológicos, que resultaram no não envio de textos para leitura a tempo da supervisão e monopolização do tempo durante a oficina, com impedimentos para a participação ampliada do grupo. Considerações finais: O projeto tem conseguido inserir estudantes das mais diversas graduações da área da saúde (Serviço Social, Saúde Coletiva, Psicologia, Odontologia, Medicina,, Farmácia e Enfermagem), assim como profissionais dos serviços de saúde (Serviço Social, Psicologia, Terapia Ocupacional), que tem viabilizado o desenvolvimento de práticas colaborativas para o efetivo trabalho em equipe no ambiente escolar e reconhecimento da importância do registro para monitoramento do processo de trabalho. Este registro online possibilitou a identificação dos fatores críticos  e favorecido o diálogo sobre com todos os envolvidos do projeto, incluindo a gestão da escola e da saúde. Finalmente, o Diário de Itinerários, por se tratar de uma ferramenta narrativa, permite a reflexão sobre a prática, num exercício de superação da fragmentação entre a ação e a produção de saberes.

6065 EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO PRÁTICA MOTIVACIONAL NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
Felipe Macedo Vale, Hector Brenno da Silva Cagni, Iasmim Ianne Sousa Tavares, Eliseth Costa Oliveira de Matos

EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO PRÁTICA MOTIVACIONAL NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Autores: Felipe Macedo Vale, Hector Brenno da Silva Cagni, Iasmim Ianne Sousa Tavares, Eliseth Costa Oliveira de Matos

Apresentação: O Mycobacterium tuberculose é o causador da doença infectocontagiosa crônica denominada tuberculose (TB), esta doença diminui 1.4% ao ano, mas para atingir a Estratégia pelo Fim da Tuberculose, precisaria apresentar menos de 10 casos por 100.000 habitantes até 2035, ou seja, uma redução de casos de 4% a 5% ao ano. Em relação ao tratamento, o uso de medicamentos se mostra eficaz diante do uso continuo e adequado, contudo, a evasão ao tratamento é uma realidade vigente em virtude do uso inadequado dos medicamentos e do abandono do tratamento, tais fatores criam um ambiente propício ao surgimento de recidivas e bacilos resistentes. Por isso a Organização Mundial da Saúde recomenda a utilização do Tratamento Diretamente Observado (TDO). A População em Situação de Rua (PSR) possui 56 vezes maior risco de adoecer por tuberculose e, por essa razão, ela é o principal foco de aplicação do TDO por meio do Consultório na Rua criado pelo Ministério da Saúde na Portaria n° 122, de 25 de janeiro de 2012, que defini as diretrizes de organização e funcionamento das Equipes de Consultório na Rua e a criação do Consultório na Rua. Algumas características adversas dessa população que interferem diretamente no processo terapêutico são a objeção em virtude da falta de compreensão dos procedimentos adotados; a preocupação exacerbada com moradia, alimentação e segurança em detrimento da própria saúde e bem-estar; baixa autoestima e autocuidado, além de serem errantes. Desse modo, propõe-se realizar uma revisão integrativa de literatura em educação em saúde voltada para a População em Situação de Rua na prevenção da tuberculose como ação motivadora para a aceitação na da doença e levá-los ao conhecimento e tratamento adequado na intenção de encerrar a cadeia de transmissão da doença. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo transversal, quantitativo-descritivo, com procedimentos de coletas de dados realizados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e documentos disponibilizados no site do Ministério da Saúde. As variáveis computadas foram: total de casos, localização, faixa etária, sexo e comorbidade, Tratamento Diretamente Observado, cura, abandono, óbito. Todas as variáveis aplicadas a PSR em Belém, Ananindeua e Marituba, Pará, Brasil de 2014 a 2018. Foi realizado uma revisão integrativa da literatura, para isso, buscou-se artigos indexados na Biblioteca Virtual em Saúde e PubMed, por meio das bases de dados MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), BDENF (Base de Dados de Enfermagem), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Para auxiliar a pesquisa, utilizaram-se os seguintes descritores respectivamente: Tuberculose and prevenção and morador de rua and educação. Os seguintes resultados foram obtidos depois de variadas combinações dos descritores controlados selecionados cadastrados como Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) e também no Medical Subject Headings (MeSh). Definiu-se como critérios de inclusão: artigos publicados no período compreendido entre os anos de 2014 a 2018, nos idiomas português, inglês e espanhol, disponíveis na íntegra, que versassem sobre educação em saúde na prevenção da tuberculose em pessoas em situação de rua. Como critérios de exclusão adotou-se: os artigos duplicados e que não estivessem disponíveis em texto completo. A partir das associações entre os descritores obtiveram-se 26 documentos, dentre os quais, após filtragem com critérios de inclusão e exclusão, reduziram-se à 02 documentos disponíveis no idioma inglês que mais se aproximavam ao objeto de estudo. Resultado: O quantitativo total de pessoas envolvendo Belém, Ananindeua e Marituba foi equivalente a 145 casos de TB na População em Situação de Rua, sendo assim, foi verificado que a prevalência da tuberculose é maior na região metropolitana de Belém, com 91% (132/145 casos), Ananindeua 7,6% (11/145 casos) e Marituba 1,4% (2/145 casos), no período de 2014 a 2018. Além disso, a faixa etária e o sexo são fatores que contribuem para o levantamento epidemiológico da tuberculose na PSR, sendo o sexo masculino (76.5%) e os indivíduos de 23 a 44 anos (56.5%) os mais atingidos no município de Belém. As variáveis relacionadas efetivamente com o tratamento da população em situação de rua demonstraram que a adesão ao Tratamento Diretamente Observado é baixa, pois dos 40 indivíduos que iniciaram o tratamento de 2014 a 2018 nos três municípios apenas 18 foram curados, não sendo registrado nenhum óbito. Vale salientar que não houve registros pelo SINAN de início de tratamento e de cura nos cinco anos em Marituba. O quantitativo de pessoas em situação de rua com tuberculose relacionadas as seguintes variáveis: teste rápido de tuberculose, a 1ª e 2ª baciloscopias positivas e negativas e a cultura do escarro (positivo e negativo) com e sem confirmação laboratorial, não foi registrado nos cincos anos em Ananindeua e Marituba. Em relação às comorbidades associadas à tuberculose na PSR, Marituba apresentou apenas 2 registros sendo ambos em 2017 para alcoolismo (1) e drogas ilícitas (1). Belém e Ananindeua apresentaram os maiores registros para as variáveis HIV/AIDS, alcoolismo, diabetes, doença mental, drogas ilícitas, tabagismo e outras doenças, tendo o município de Belém os maiores quantitativos, 225 casos de PSR com TB associada à comorbidade. A partir destes dados analisamos a Revisão Integrativa que mostrou dentre os dois artigos obtidos que mostram a necessidade de ações educativas como determinantes motivacionais, incluindo o conhecimento sobre tuberculose para motivar estas pessoas a prevenir e aceitar a triagem dos suspeitos de TB para intervenções nos cuidados e acompanhamento do tratamento da doença. Considerações finais: O número absoluto de casos novos de tuberculose em moradores de rua vem aumentando e precisa ter mais visibilidade para a busca de novos casos e quebra da cadeia de transmissão da doença. Percebe-se que a facilidade de transmissão da TB associada à comorbidade interfere diretamente na complicação da doença e do tratamento, o que pode acarretar numa evasão maior devido ao aumento do tempo em que o indivíduo precisará ficar sob os cuidados dos serviços de saúde e num consequente crescimento de óbitos por tuberculose, tanto na PSR quanto na população de modo geral, cuja integridade biológica pode ser comprometida pela transmissão da doença. É necessário, portanto, que haja o desenvolvimento de ações educativas voltada para a medidas de prevenção e para o incentivo no tratamento efetivo da tuberculose nesta população, para incentivar e mostrar a importância do Tratamento Diretamente Observado na prevenção de bacilos resistentes aos fármacos. Dessa maneira, percebe-se, a partir da análise dos dados quantitativos e qualitativos, que há a necessidade de uma Educação em Saúde direcionada para a PSR com o objetivo de promover um olhar mais crítico, de conhecimento e mudanças de atitudes, além de motivar os indivíduos no que diz respeito à prevenção e ao tratamento da tuberculose, desenvolvendo, assim, o autocuidado, a autoestima e práticas profiláticas básicas para qualquer patologia que por ventura o indivíduo adquira.

6572 ALCOOLISMO: A INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA PREVENÇÃO E NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DOS PACIENTES DO CENTRO DE SAÚDE DARLINDA RIBEIRO
Daisy MARIA RODRIGUES MENDES, EGLÊ SOCORRO BENTES MAIA

ALCOOLISMO: A INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NA PREVENÇÃO E NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DOS PACIENTES DO CENTRO DE SAÚDE DARLINDA RIBEIRO

Autores: Daisy MARIA RODRIGUES MENDES, EGLÊ SOCORRO BENTES MAIA

Apresentação: O alcoolismo é um problema que afeta amplamente o indivíduo alcoolista, a comunidade, a família e a sociedade, sendo, porém, um grave problema de saúde pública que está oculto pelo preconceito social e pela vergonha que as famílias têm em lidar com o problema, dificultando uma atitude mais efetiva de enfrentamento da situação. Neste sentido foi o que nos motivou a desenvolver essa ação com o tema “Alcoolismo: a intervenção do profissional de saúde na prevenção e na promoção da saúde dos pacientes do Centro de Saúde “Darlinda Ribeiro”. Sua importância está voltada para a realização de ações de prevenção e promoção de saúde na qualidade de vida dos indivíduos alcoolistas e uma melhor adesão ao tratamento. O Centro de Saúde Darlinda Ribeiro está localizado na Rua Senador José Esteves n° 1533 no Bairro de Palmares na cidade de Parintins (AM), conta com duas equipes de saúde, cada uma composta por um Médico, uma Enfermeira, dois Técnicos de Enfermagem e seis Agentes Comunitários de Saúde – ACS. Disponibiliza aos usuários serviços profissionais de saúde como Psicologia, Fisioterapia, Assistência Social, Fonoaudiologia e Pediatria. A unidade de saúde atende aproximadamente 1.800 famílias. Os sujeitos da ação são 100 pacientes cadastrados no referido centro, na faixa etária entre 28 a 70 anos. Tem como missão atender toda a população do município de Parintins, prestar assistência digna e com boa qualidade aos usuários do serviço de saúde especificamente aos bairros de Palmares e Nazaré. Consideramos a necessidade de uma proposta de trabalho que desperte interesse, auxilie na construção do conhecimento e que estimule a comunidade e a família a ajudar seu familiar alcoolista, pois existem muitos adolescentes, jovens, adultos e idosos marginalizados, abandonados e maltratados pela família e pela sociedade em geral. Objetivo: Promover ações de prevenção e promoção da saúde que valorizem a qualidade de vida do alcoolista, sensibilizando-os para modificarem estilos e hábitos de vida, aumentando a participação familiar com o paciente usuário, além de incentivar a prática de exercícios físicos, a uma terapia ocupacional e encaminha-los para o CAPS – Centro de Atenção Psicossocial para um melhor atendimento. Método: Para alcançar o objetivo, primeiro foi realizada uma coleta de dados através dos prontuários de atendimento, a fim de detectar quantos pacientes alcoolistas estão cadastrados no centro de saúde, quais as doenças que mais prevalecem, as consequências e as causas sociais que mais afetam a vida do indivíduo. O segundo passo, foi feito um convite aos pacientes para participarem das palestras com temáticas abordadas de acordo com as causas e consequências do alcoolismo, temas sobre Tuberculose, HIV, Alimentação Saudável, benefícios da prática de atividade física, palestras educativas no combate ao alcoolismo envolvendo o paciente e o seu núcleo familiar. O grupo também oferece atividades físicas funcionais, campanhas de Vacinação, Teste rápido, aferição de pressão e glicemia. Após as palestras são agendadas as consultas individuais nos dias planejados para as consultas com o médico, odontólogos, ao NASF e encaminhamento para o Centro de Atenção Psicossocial - CAPS. O método vivencial proposto para o desenvolvimento desta ação foi baseado nas rodas de conversas temáticas e palestras, por configurar-se como metodologia ativa favorecedora de espaços para reflexões e discussões. Ao fim de cada ação é servido um lanche aos participantes presentes, momento esse de confraternizar para criar vínculo entre os usuários, os profissionais da saúde e a comunidade. Resultado: Analisando o cenário da saúde no Brasil voltado para a qualidade de vida do paciente alcoolista e o alto índice de doenças acometidas pelo uso abusivo do álcool como cirrose hepática, transtornos psicológicos, dentre outras, especificamente dos pacientes cadastrado na unidade, nós profissionais da saúde buscamos levar uma saúde de qualidade a esta demanda, pois há uma grande preocupação com as causas e as consequências relacionadas ao alcoolismo, sendo este o papel primordial dos profissionais de saúde  a desempenhar, com muita precisão, acolhimento e didática, levando sempre em conta a questão cultural e condicional do paciente. Lembrando que é fundamental para uma adesão ao tratamento a troca de saberes, observando o conhecimento prévio do paciente sobre o assunto, não impondo conceitos e sim dando alternativas para que ele tenha autonomia de decisão, de acordo com a realidade do paciente. As temáticas abordadas através das rodas de conversas mostraram-se eficazes como método de promoção a saúde, a equipe passou a planejar ações em saúde mais condizentes com a realidade dos mesmos, percebeu-se uma grande interação da comunidade com o conhecimento em estudo, uma maior participação e interesse, pois o trabalho desenvolvido possibilitou uma grande reflexão em aderir ao tratamento. Através dessa ação percebemos por meio dos resultados obtidos com as aplicações metodológicas que podemos propiciar uma aprendizagem de forma dinâmica e mais saudável, porque colocou o paciente no centro da ação, provocando a interação entre os agentes envolvidos e respeitando as características individuais de cada um e a especificidade de cada um, bem como sua cultura. Desta forma, podemos concluir que alcançamos o objetivo dessa ação, a partir da participação de todos os profissionais que fazem parte da equipe como médicos, enfermeira, técnicos de enfermagem, ACS da equipe de saúde e pela população que percebeu que as modificações no estilo de vida com aquisição de novos hábitos são necessários para excluir, minimizar ou retardar as consequências do alcoolismo, principalmente a adesão ao tratamento que foi um fenômeno que se evidenciou pela participação ativa do paciente. Nesse sentido, a continuidade desse trabalho de intervenção poderá fornecer aos pacientes e comunidade motivação suficiente para vencer o desafio de adotar atitudes que tornem as ações de saúde mais efetivas e permanentes, tendo cada paciente como um agente replicador de conhecimentos sobre tais atitudes. Considerações finais: A ação desenvolvida no Centro de Saúde Darlinda Ribeiro pretende desenvolver uma maior conscientização dos pacientes e familiares na adesão ao tratamento, bem como hábitos e estilos de vida saudáveis, a fim de elevar a qualidade de vida desses pacientes. Diante a execução dessa ação sabemos que teremos que vencer muitos desafios, pois vivenciamos in loco as dificuldades para a sua aplicabilidade. Primeiro que na maioria das vezes o indivíduo busca ajuda médica ou de profissionais da saúde apenas baseado em sintomas que são decorrentes do uso abusivo do álcool. Outro fator enfrentado são as barreiras culturais do indivíduo em desenvolver mudanças em seus estilos de vida, desde seus hábitos alimentares até a prática sistemática de exercícios físicos, a busca por terapias ocupacionais e a busca pela adesão ao tratamento. Acreditamos que nossos objetivos foram atingidos e estamos satisfeitos com os resultados alcançados através das palestras nas rodas de conversa, porém sabemos que esta problemática não é coisa de um dia, é coisa do dia a dia, por isso decidimos fazer esta intervenção na equipe da qual fazemos parte, pois temos uma Equipe Multidisciplinar de Saúde completa, com boa preparação e conhecimento, que nos possibilitou melhor qualidade no desenvolvimento da ação com base no objetivo proposto. Palavras-chave Alcoolismo. Prevenção. Promoção. Qualidade de Vida. 

9816 OS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Beatriz Duarte de Oliveira, Ruhan da Conceição Sacramento, Alicia Laura Lobo Modesto, Larissa Renata Bittencourt Pantoja, Stephany Siqueira Braga, Fernanda Cruz de Oliveira, Jeane Rodrigues Miranda Serrão

OS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: Beatriz Duarte de Oliveira, Ruhan da Conceição Sacramento, Alicia Laura Lobo Modesto, Larissa Renata Bittencourt Pantoja, Stephany Siqueira Braga, Fernanda Cruz de Oliveira, Jeane Rodrigues Miranda Serrão

Apresentação: A violência contra a mulher é caracterizada por toda ação que cause dano, sofrimento físico, psicológico e sexual ou morte, seja em ambiente público ou privado. A principais formas de violência podem ser classificadas em 5 tipos: física, sexual, psicológica, simbólica e financeira. A violência contra mulher gera impactos na saúde em geral, podendo desencadear implicações na Saúde Mental (SM) como: depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, suicídio, uso de drogas, insônia, problemas alimentares, dentre outros. O objetivo deste trabalho é experiência de acadêmicos de Enfermagem frente à sensibilização de usuárias cadastradas em um centro de saúde escola sobre os tipos de violência contra a mulher e suas implicações na saúde mental. Desenvolvimento: trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, desenvolvido em um centro de saúde escola, durante o estágio supervisionado em saúde coletiva. O presente trabalho foi alicerçado na metodologia da problematização com o arco de Maguerez, constituído por cinco etapas: observação da realidade, levantamento de pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade. Seguindo as etapas do arco o interesse pela temática surgiu após a participação dos discentes em uma palestra sobre violência contra mulher, aliada a um dialogo informal com uma enfermeira do referido centro, a qual relatou que muitas usuárias desconheciam os distintos tipos de violência existentes, fatos confirmados durante as vivencias dos alunos no setor de ginecologia e atenção à saúde da mulher. Abordar a violência e suas consequências para a SM das mulheres foram elencados como pontos-chave, na etapa de teorização foi realizado um levantamento bibliográfico acerca da temática. Como hipótese de solução os acadêmicos elaboraram uma tecnologia educacional e uma ação educativa. Na aplicação a realidade, primeiramente houve a explanação do tema proposto, em um segundo momento ocorreu uma dinâmica de reconhecimento e valorização pessoal, por fim, houve uma avaliação realizada pelas participantes acerca da ação educativa e houve então, a distribuição da tecnologia educacional que consistia em um folder. Resultado: Participaram da ação 16 usuárias que se encontravam na sala de espera do setor de ginecologia. Por meio da abordagem do tema e realização da dinâmica, percebeu-se que as usuárias foram sensibilizadas quanto ao tema proposto, bem como sobre a importância de se autovalorizarem. É importante destacar que as usuárias avaliaram a ação de forma positiva, assim, o retorno à realidade proporcionou a troca de conhecimentos, ratificando a essência das ações de educação em saúde ao informar e contribuir com o repasse de informações. Considerações finais: Atualmente, mesmo com os constantes avanços femininos nos diversos setores da sociedade, notícias de violência contra mulher e feminicídio ainda são frequentes nos meios de comunicação e mesmo com o amparo legal as causas femininas os números relacionados a essa temática são crescentes e alarmantes, devido muitas vezes a fatores como o medo do agressor, do constrangimento e outros fatores de vulnerabilidade social. Nessa conjuntura, faz-se necessário a realização de ações educativas visando o intercâmbio de conhecimento e empoderamento, proporcionando a valorização do público feminino.

7725 FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE PARA ASSISTÊNCIA ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM PROJETO DE EXTENSÃO DA FCMSCSP
Maria Fernanda Terra, Beatriz Hermenegildo Moglia, Nathalia Brainer dos Santos

FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE PARA ASSISTÊNCIA ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM PROJETO DE EXTENSÃO DA FCMSCSP

Autores: Maria Fernanda Terra, Beatriz Hermenegildo Moglia, Nathalia Brainer dos Santos

Apresentação: As necessidades em saúde se modificam, pois se relacionam diretamente aos perfis demográficos, epidemiológicos, sociais e econômicos que impactam na dinâmica de vida das pessoas, famílias e comunidades. Um dos elementos importantes que gera adoecimento às pessoas nessa condição, como aos seus familiares, é a violência contra as mulheres, aqui apontada como violência doméstica de gênero, na qual é motivada pelas manifestações de desigualdades da condição de sexo e pelo universo familiar, onde se inicia o modelo das relações de gênero e das relações hierárquicas. No mundo, 30% das mulheres já passaram por experiências de violência física e/ou violência sexual por um parceiro íntimo em sua vida. Considerado como um problema de saúde pública pela OMS no ano de 1993, o tema da violência contra as mulheres se mostra complexo e está diretamente relacionado aos problemas que são sociais, mas que chegam aos serviços de saúde a partir de muitas queixas. A partir da Lei Maria da Penha, a saúde torna-se fundamental no acolhimento, assistência e trabalho com a rede para o enfrentamento e a prevenção desse problema. Apesar disso, ainda há dificuldade do setor assumir a responsabilidade que dê visibilidade ao problema e suporte para a construção de uma assistência compartilhada, que seja de acordo com as possibilidades e desejos das mulheres. A dificuldade na assistência se relaciona a diferentes fatores, dentre eles a formação profissional que pouco aborda essa temática. A extensão universitária é de suma importância aos discentes e a sociedade, visto que o contato entre ambas permite de fato conhecer realidades e construir conjuntamente caminhos para enfrentar problemas importantes. O atendimento em violência doméstica, nominado Conflitos familiares Difíceis (CONFAD) foi incluído em 2018, como parte da assistência da XIV edição do programa de extensão universitária “Programa Expedições Científicas Assistenciais” (PECA da FCMSCSP), na cidade de Araraquara-SP, coordenada por estudantes dos cursos de graduação em enfermagem, fonoaudiologia e medicina. Esse ambulatório tem por objetivo assegurar um espaço de fala sobre a violência sofrida e construir um projeto assistencial que oriente sobre direitos e oferte os serviços da rede para apoiar no enfrentamento da violência. Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivo apresentar as contribuições na formação dos discentes de graduação da saúde após a experiência no ambulatório de CONFAD no PECA da FCMSCSP. Desenvolvimento: esse estudo faz parte de uma pesquisa de PIBIC com financiamento CNPq, ainda em andamento na vigência de 2019/2020. A pesquisa faz uso da metodologia qualitativa, que utiliza a análise de conteúdo para a análise do material empírico, transcritos pela pesquisadora. As entrevistas foram realizadas com 10 estudantes dos diferentes cursos de graduação da FCMSCSP, que participaram do CONFAD na cidade de Araraquara (SP), no período de 23 a 30 de janeiro de 2019. As entrevistas foram agendadas por telefone e, após o aceite e a assinatura do TCLE, e realizadas com gravação, nos espaços da faculdade, entre os meses de março a junho de 2019. A presente pesquisa foi aprovada pelo CEP da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, sob o número do parecer: 3.126.807 e CAAE 04801618.6.0000.5479. Resultado: Foram entrevistados 10 estudantes: 1 do sexo masculino e 9 do feminino. A média de idade foi 21 anos. Dos 10 estudantes, 6 cursavam enfermagem e estavam entre o 1° e 4° ano da graduação, e 4 cursavam medicina e estavam entre o 2° e 5° ano da graduação. Todos tiveram os seus nomes modificados para assegurar o anonimato. Até o presente momento, as categorias que apareceram com maior frequência foram: interdisciplinaridade, compartilhamento assistencial e escuta ativa. Os discentes compreendem a magnitude de atender realmente o indivíduo de maneira integral e entender as necessidades em saúde de maneira ampliada. Falas que traduzem a categoria escuta ativa, trazem o ouvir como um dos principais caminhos para o cuidado e acolhimento efetivo, como Júpiter destaca: “a partir de agora, vou começar a mudar minha forma de abordagem. Sempre respeitando o espaço da paciente e sempre procurando acima de tudo, ouvir a paciente. O ouvir e ser uma porta, [...] ser um caminho. Se ela vai trilhar ou não, se ela vai achar uma solução ou não, o importante é eu ser um caminho, uma conexão até as possibilidades”. Além de Júpiter, Mercúrio também ressalta que a escuta deve ter o objetivo de compreender os desejos e as perspectivas da pessoa, “é um assunto que não é tão tratado com o profissional da Enfermagem ou Profissional da Saúde e tem que ter um tato, porque entra na vida a questão da mulher, da família dela. Então [...] acolher essa mulher, conhecer toda a história de vida dela, conhecer realmente, escutar, fazer uma escuta qualificada do que ela está falando, é o mais importante”. Em outra categoria, Vênus expressa o compartilhamento assistencial, “acredito que o CONFAD me trouxe uma visão de ajudar a mulher a alternativas para que ela saia daquela situação de violência. Não apenas ouvi-la, mas também tentar incluí-la socialmente[...]. Considerações finais: foi percebido que o CONFAD contribuiu para os estudantes refletirem sobre o cuidado integral em saúde, a partir da interdisciplinaridade e do trabalho interprofissional. Foram refletidos também sobre as abordagens de acolhimento, escuta e compartilhamento assistencial como base da assistência às pessoas em situação de violência, mas também como pensar em cuidado compartilhado com todas as pessoas que buscam os serviços de saúde por outras demandas. Com isso, podemos considerar que o trabalho de formação às pessoas em situação de  violência precisa fazer parte da formação, pois se mostra importante para a reflexão de uma prática de cuidado integral, interdisciplinar, transdisciplinar e interprofissional, além de visibilizar o problema como parte da responsabilidade do setor saúde.