323: As experiências e vivências da formação do estudante de medicina
Debatedor: Benedito Cordeiro
Data: 28/10/2020    Local: Sala 01 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
8040 REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL MANAUARA E A INSERÇÃO DO ACADÊMICO DE MEDICINA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA II DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
Jonathan Nascimento Priantti, Thaís Tibery Espir, Ana Debora Santos Sampaio, Milena Freitas Rocha

REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL MANAUARA E A INSERÇÃO DO ACADÊMICO DE MEDICINA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA II DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

Autores: Jonathan Nascimento Priantti, Thaís Tibery Espir, Ana Debora Santos Sampaio, Milena Freitas Rocha

Apresentação: Com mais de 15 anos de marco, a Reforma Psiquiátrica no Brasil deu um novo lugar social para loucura, possibilitando um pensamento mais crítico em relação à saúde psíquica, ao mesmo tempo em que permitia a oferta de atendimento dentro desse âmbito no contexto do sistema público de saúde. Desta forma, surge a Rede de Atenção Psicossocial como uma tentativa de estruturar melhor a demanda do sistema. Contudo, nos dias de hoje os processos de referência e contrarreferência na rede não tem sido eficazes para atender as diferentes demandas, bem como outros problemas de fluxo, levando a superlotação do sistema e, em muitas situações, atendimento precário. Alguns estudiosos tem chamam essa característica  de “crise da saúde mental”, na medida em que dados da OMS fomentam a atual situação brasileira; como sendo o país mais ansioso do mundo e o quarto com o maior índice de depressão. Uma das causas para esse problema levantando, além da falta de profissionais, é o desconhecimento deles acerca do funcionamento da rede. Assim sendo, é de grande valia o conhecimento do funcionamento e estruturação da Rede Psicossocial durante a formação acadêmica dos futuros profissionais que atuarão no sistema, para que sejam incutidos dentro dos processos que envolvem toda sua atenção. Dessa forma, o presente trabalho relata a experiência dos acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas no decorrer das aulas praticas de Saúde Coletiva II dentro da Rede de Atenção Psicossocial, objetivando indicar a importância do conhecimento da rede para a formação como os futuros atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS). Desenvolvimento: A metodologia consiste em uma imersão teórica e prática nos diferentes níveis da Rede de Atenção Psicossocial na cidade de Manaus (AM), abrangendo toda a sua complexidade, onde os alunos realizaram visitas às unidades da rede. São elas; Unidade Básica de Saúde (UBS) Nilton Lins, Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras drogas (CAPS ad), Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi), Policlínica Gilberto Mestrinho e Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, a fim de inserir os discentes na rede como um todo, iniciando na porta de entrada na Atenção Primária (UBS) até o nível de maior complexidade que inclui o hospital de referência Eduardo Ribeiro. Em cada unidade visitada, competia a um profissional da área conduzir os alunos, acompanhados pela professora da matéria, objetivando apresentar a estrutura do local, os serviços prestados, as atividades educativas realizadas com os usuários, o elenco de profissionais, os desafios enfrentados, a apresentação de dados epidemiológicos, como número de usuários atendidos, perfil dos mesmos, além dos transtornos mais frequentes. Após a visita, os discentes aplicaram questionários específicos pra cada modalidade, sendo elas: gestor, funcionários e usuários, com o objetivo de conhecer a experiência de cada um deles com a unidade e ampliar seus conhecimentos relacionados a funcionalidade do local. Ao término das práticas, os acadêmicos e a orientadora realizaram oficinas e debates a respeito do que foi vivenciado, desenvolveram seminário da rede e expuseram sua vivência para a turma, professores e representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA). As oficinas funcionavam como um espaço aberto de discussão onde todos os pontos da vivência individual eram discutidos, as questões relevantes a serem apresentadas no seminário foram levantadas e, paralelamente, os alunos foram orientados a leitura e discussão da literatura acadêmica, objetivando maior compreensão da rede. O material apresentado teve como base os dados operacionais coletados durante as práticas, fotos, devolutiva dos questionários aplicados e uma comparação entre o que é preconizado pelo SUS e o que acontece de fato. Ademais,  a fim de transmitir o conhecimento adquirido durante esse período, os alunos confeccionaram e distribuíram folders, abrangendo a importância do cuidado com a saúde mental, o modo de funcionamento da Rede Psicossocial Manauara, informações a respeito das unidades e serviços ofertados por elas. A apresentação, além de ter sido bem avaliada pela banca presente, expôs alguns entraves do sistema, objetivando uma atenção especial da SEMSA, levando em consideração, principalmente, a análise dos questionários. Resultado: / impactos: Através dessa enriquecedora experiência, foi possível adquirir conhecimentos acerca dos princípios e diretrizes do SUS, o seu modo de funcionamento e as competências de cada nível de atenção de modo geral. Sobre a Rede de Atenção Psicossocial, a assimilação de conhecimento foi ainda mais vasta, os acadêmicos adquiriram maior compreensão dos processos de referência e contrarreferência; assimilaram a amplitude de serviços prestados aos usuários - não apenas aqueles com transtornos psíquicos severos, mas incluindo também indivíduos em processo de luto, crianças com transtornos alimentares, familiares de dependentes químicos em tratamento, entre outros – captaram o papel de uma equipe multiprofissional e  importância do planejamento de forma integrada; entenderam a portabilidade especial da rede; e, principalmente, compreenderam a importância de entender a saúde do indivíduo como algo multifatorial que leva em consideração o aspecto biopsicossocial da existência. Desse modo, conclui-se que os objetivos traçados pela disciplina foram alcançados levando em consideração os saberes e aprendizados adquiridos, os quais, certamente, contribuirão com a formação desses profissionais de modo a torná-los aptos a realizar um atendimento mais efetivo, tanto para o usuário, quanto consequentemente para o sistema. Considerações finais: Com a inserção do acadêmico de medicina no conjunto da Rede de Atenção Psicossocial percebeu-se a importância na composição das competências da formação educacional de um futuro profissional de saúde, na medida em que os discentes participantes tiveram a oportunidade de abarcar conhecimentos acerca dos princípios do cuidado da rede, dos fluxos e processos que a compreendem, dos determinantes sociais que podem estar inseridos nesse âmbito, juntamente com a pluralidade de usuários que têm o direito de utilizar dos serviços oferecidos pela rede de atenção. Tudo isso demonstra que o aprendizado nas práticas extramuro da disciplina de Saúde Coletiva II foram muito além de uma visão do acadêmico como apenas um instrumento orgânico e sim com um olhar mais voltado a formação de um indivíduo com capacidade técnica, ética e humana no manejo de questões relevantes que fazem parte da coletividade da população no contexto do Sistema Único de Saúde.

8157 OFICINAS PEDAGÓGICAS COMO MÉTODO DE APRENDIZADO DO EXAME FÍSICO E OUTRAS HABILIDADES SEMIOLÓGICAS NA MATÉRIA DE PROPEDÊUTICA MÉDICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Jonathan Nascimento Priantti, Rosana Barros de Souza, Sara Cavalcante Queiroz, Marcos Vinícius Alves de Souza, Felipe Thiago Dias de Lima

OFICINAS PEDAGÓGICAS COMO MÉTODO DE APRENDIZADO DO EXAME FÍSICO E OUTRAS HABILIDADES SEMIOLÓGICAS NA MATÉRIA DE PROPEDÊUTICA MÉDICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: Jonathan Nascimento Priantti, Rosana Barros de Souza, Sara Cavalcante Queiroz, Marcos Vinícius Alves de Souza, Felipe Thiago Dias de Lima

Apresentação: A formação médica está relacionada ao exercer de uma medicina de qualidade futura e, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de saúde, os futuros profissionais devem ser capazes de aliar a competência técnica, ética e humanística. Dentro desse contexto, é de extrema importância o emprego de métodos inovadores de ensino durante a formação acadêmica visando o desenvolvimento de profissionais críticos e reflexivos, preparados para lidar com as situações-problema de saúde que mais afetam a população, haja vista que atualmente dados como a avaliação de médicos recém formados do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) em 2018 revelam que, por exemplo, mais de 60% dos novos bacharéis em medicina de São Paulo não sabem as diretrizes para o aferimento da pressão arterial. Assim sendo, o presente trabalho busca evidenciar um relato de experiência de acadêmicos de medicina de uma subturma prática da disciplina de Propedêutica Médica da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) no aprendizado de habilidades semiológicas e de interpretação de alguns exames complementares, além da elaboração da anamnese. Tudo isso por meio de oficinas pedagógicas que tinham como objetivo estimular o discente a ser o protagonista do processo de ensino-aprendizagem ao mesmo tempo em que possibilitava o conhecimento de capacidade técnica crucial para o futuro mercado de trabalho que necessita do médico constantemente inserido na coletividade da população. Desenvolvimento: As oficinas pedagógicas foram aulas nas quais os alunos puderam praticar e aprimorar seus conhecimentos recém adquiridos de semiologia e semiotécnica, sob a orientação de uma professora. Ao longo do período letivo correspondente ao segundo semestre de 2019, um grupo de 12 alunos viveu essa experiência, dentro do horário de aulas práticas da disciplina de Propedêutica Médica, as quais eram realizadas às terças e quintas-feiras. A primeira oficina pedagógica destinou-se ao aprendizado do exame físico de cabeça e pescoço, tendo sido marcada com antecedência para que os alunos pudessem estudar os assuntos propostos. Nesse dia, a aula prática iniciou-se com perguntas feitas aos alunos sobre o conteúdo teórico correspondente, de modo a avaliar o domínio do assunto. Em seguida, com a participação de um aluno voluntário, a professora fez a demonstração das técnicas necessárias para esse exame. Por fim, os alunos se dividiram em duplas e realizaram o exame físico um no outro. Ao longo de toda a aula, que durou cerca de 3 horas, a professora observou e avaliou a desenvoltura de cada aluno, fazendo correções quando necessário e tirando dúvidas. Ao final, foi acordado o conteúdo e a data da próxima oficina. Nas oficinas subsequentes, os alunos foram divididos conforme a necessidade, sendo que em algumas delas se formaram duplas de alunos, já em outras 1 ou 2 alunos se voluntariaram para serem examinados enquanto os demais fizeram um rodízio para realizar as manobras estudadas. Ao todo foram realizadas oficinas pedagógicas abordando os seguintes temas: exame físico de cabeça e pescoço, exame físico de tórax, exame físico de abdome, exame físico das articulações, exame físico neurológico, aferição de pressão arterial. Ademais, algumas oficinas foram destinadas ao estudo de casos clínicos, nas quais a professora reunia os alunos para observar o conhecimento deles sobre casos já estudados nas aulas teóricas e nas experiências ambulatoriais. Eram questionados sinais e sintomas presentes na anamnese e exame físico de cada um deles. Além disso, durante essa aula, também foram apresentados os exames radiológicos das principais síndromes pulmonares, contextualizado em casos clínicos. Em cada oficina os alunos foram avaliados levando-se em consideração o domínio do conteúdo teórico, a iniciativa e a participação, bem como a execução correta das técnicas do exame físico. Ao final do período, cada avaliação foi convertida em um valor que se somou a nota da prova prática. Também cabe ressaltar que os alunos puderam aplicar seus conhecimentos regularmente durante o atendimento dos pacientes no ambulatório após a prática de cada oficina, bem como durante as anamneses coletadas por eles mesmos no hospital. Todas as oficinas pedagógicas foram realizadas nas dependências do Ambulatório e do Hospital Universitário. Resultado: O desenvolvimento das oficinas de semiologia médica foi de fundamental importância para o aprendizado dos alunos, já que durante os 4 meses, em que a disciplina foi ministrada, realizaram-se cerca de seis módulos teórico-práticos em formato de oficina e aulas destinadas à discussão de casos clínicos a partir da utilização de metodologia ativa, como supracitado. Quanto aos resultados obtidos com essa metodologia, um dos pontos positivos a ser destacado refere-se à forma como as aulas temáticas foram aplicadas durante o período. Elas eram organizadas com antecedência de maneira a permitir que os acadêmicos estudassem o conteúdo e se preparassem para tal. Isso foi de fundamental importância, pois como o curso de medicina possui extensa carga horária, a organização dos docentes com o conteúdo ministrado foi essencial para aumentar a produtividade e o aprendizado dos alunos. Ademais, a partir dessas aulas, os alunos puderam conciliar, com eficácia, o conhecimento adquirido durante as aulas teóricas com a prática clínica, isso deve-se sobretudo ao fato de que os treinamentos das manobras semiológicas foram feitos sob orientação da professora da disciplina, ou seja, garantiu-se que os acadêmicos estivessem realizando-as corretamente e que adquirissem fundamentação teórica para tal. Além disso, trabalhou-se a autoconfiança com os alunos. Nas oficinas eles tiveram a oportunidade de treinar, entre si, os procedimentos semiológicos e suas finalidades antes de realizá-los nos pacientes, o que os permitiu ganhar segurança, bem como agir com mais eficiência quando as técnicas foram aplicadas diretamente nos pacientes do ambulatório e da enfermaria do hospital durante o atendimento clínico. Vale ressaltar, também, que por meio da oficina de estudo dos casos foi possível aprimorar o desenvolvimento de um raciocínio clínico e de um pensamento crítico, os quais são necessários para a carreira médica. Considerações finais: A metodologia ativa empregada baseou-se no estímulo constante do processo de ensino-aprendizado, que resultou em um amplo envolvimento por parte de todos os discentes da disciplina na busca de conhecimento, melhorando sobremaneira a capacidade de resolução de problemas. Notou-se a melhora não apenas no conhecimento técnico, mas também no manejo adequado e humanizado dos pacientes que eram atendidos. Ademais, a metodologia empregada foi relatada pelos alunos como extremamente satisfatória, visto que a cada oficina realizada, aumentou-se a segurança ao se realizar exames físicos e coletar histórias clínicas completas. Assim, os estudantes participantes deixaram de ser meros espectadores e passaram a ser atores diretos do processo de aprendizagem, com aumento exponencial da capacidade técnica, ética e humanística.

11420 METODOLOGIAS ATIVAS NA FORMAÇÃO DE ACADÊMICOS DE MEDICINA NO ÂMBITO DO SAMU
Jonathan Nascimento Priantti, Daniel de Medeiros Batista, Felipe Thiago Dias de Lima

METODOLOGIAS ATIVAS NA FORMAÇÃO DE ACADÊMICOS DE MEDICINA NO ÂMBITO DO SAMU

Autores: Jonathan Nascimento Priantti, Daniel de Medeiros Batista, Felipe Thiago Dias de Lima

Apresentação: Trata-se de experiências relacionadas à formação de acadêmicos do curso de Graduação em Medicina, durante as atividades nos cenários práticos, de um estágio curricular, no SAMU da cidade de Manaus- AM, considerando o conhecimento teórico sobre as principais síndromes e doenças da medicina de urgência / emergência, terapia intensiva e neurologia. Desenvolvimento: O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 192 (SAMU) faz parte da Política Nacional de Urgências e Emergências e ajuda a organizar o atendimento na rede pública prestando socorro à população em casos de emergência. Nesse sentido, como as práticas educativas no contexto do ensino da medicina vêm sendo uma realidade cada vez mais efetivada devido à mudança de paradigmas no processo ensino-aprendizagem buscou-se o alinhamento do conhecimento teórico às vivências práticas nos mais diversos cenários do SAMU. Assim, a partir da experiência de situações reais conseguimos ressignificar a aprendizagem construindo novos saberes não apenas no aspecto pessoal, mas também no profissional, por meio da valorização do conhecimento e da possibilidade de intervir eficazmente no processo de saúde-doença de cada pessoa, considerando todas as atividades desenvolvidas durante o estágio. Portanto, dentro da perspectiva de valorizar as experiências relacionadas à formação dos profissionais da área da saúde, e toda essa imbricação de fatores que condicionam a vivência do internato, este relato de experiência, apresenta os principais pontos positivos, as dificuldades enfrentadas, casos inesperados ocorridas e nossa impressão final sobre o estágio no âmbito do SAMU. Resultado: As atividades práticas exercidas no âmbito do SAMU foram de extremo aproveitamento, pois muitas situações vistas nas aulas teóricas puderam ser vividas de forma impactante, como em casos de PCR, em que há a necessidade de manter a calma e seguir os protocolos de emergência aprendidos anteriormente no treinamento teórico, sempre sob o comando do médico da equipe. Diversos casos de urgência e emergência puderam ser presenciados: obstrução de vias aéreas superiores, acidentes por armas de fogo e arma branca (fotos em anexo), crises convulsivas, acidente vascular encefálico, constatação de óbitos, traumas em acidentes de trânsito e outros. Diante das situações inusitadas vivenciadas, percebemos a importância da capacitação médica para o atendimento pré-hospitalar, tema pouco abordado durante a formação acadêmica. Os médicos preceptores do serviço também se mostraram satisfeitos com a presença dos acadêmicos na atuação prática. Considerações finais: Essa atividade foi importante para despertar nos futuros médicos o interesse para o aprofundamento do conhecimento na área de urgências e emergências, na qual muitos médicos recém formados vão trabalhar por certo momento de suas vidas, e precisam fazê-lo com grande responsabilidade, pois é uma área que exige conhecimento, capacidade de decisão e de ação rápidas, muitas vezes deficientes nos médicos, fazendo com que muitas vidas deixem de ser salvas.

5839 O QUE O “NÃO LUGAR” TEM A VER COM O CURSO DE MEDICINA
Mirian De Sá Leitão Martins

O QUE O “NÃO LUGAR” TEM A VER COM O CURSO DE MEDICINA

Autores: Mirian De Sá Leitão Martins

Apresentação: O  trabalho é  uma  nota de uma pesquisa que está em andamento para a  conclusão do  mestrado em  Saúde Coletiva em uma  Universidade Pública  Federal. O presente trabalho tem o seguinte  objetivo: analisar a relação do contexto sócio histórico que demarca a criação do curso de medicina com: o silenciamento do racismo/sexismo e saberes afro-brasileiros e a (in)visibilidade  das estudantes  negras. O campo educacional  da  Medicina se constituiu na  Modernidade como ciência  a partir de  teorias e métodos que deram sustentabilidade ao seu status de cientificidade e que possibilitou a consolidação da profissão. Período este que se reafirmou uma ideia universal de humanidade  com base  no seguinte ideal:  homem, branco e heterossexual o que produziu e reproduziu um privilégio epistêmico dos homens ocidentais. Esse sistema  se sustenta a partir de uma construção do colonialismo do saber  e   mediante o racismo, este  presente  nas  relações  sociais produziu a  divisão entre a  “zona-do-ser e do não ser” baseada na negação ontológica do “outro”. Um “não lugar” que  é  vivenciado por estudantes negros e negras, mas principalmente pelas mulheres  por estarem elas em uma posição de intersecção entre os marcadores das diferenças e discriminações, como: raça, classe e gênero. Essa “ não representatividade” se  apresenta  também no currículo do curso.  Método de Estudo: Estudo qualitativo bibliográfico de caráter exploratório. Foram realizadas buscas  na literatura científica nas  Bases Scielo e  Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Resultado: O curso de medicina foi implementado a partir de concepções  produzidas por uma  elite intelectual  no Brasil no final do século XIX, baseadas em uma pretensa  superioridade de homens brancos. Um racismo/sexismo epistêmico que  tem um impacto na racionalidade médica, ou seja  biomédica. Há uma inferiorização de conhecimentos de práticas de cura que não as produzidas pelo conhecimento hegemônico e  que  vão produzir no currículo um silenciamento de  outros saberes. As concepções  fundantes no curso perpetuam um sistema de  distinções visíveis e invisíveis, e esse sistema se expressa nas  relações  sociais, já  que  a partir da ideologia da  branquitude é visível esse não lugar “ das estudantes negras. Considerações finais: Os cursos superiores no Brasil, e  a  medicina  é um deles,  surgiram  a partir de uma construção colonialista, que mediante o racismo e o sexismo (re)produzem  mecanismos de opressão e  preconceitos através de práticas sociais e discursos. Ambos perpetuam a vulnerabilização (re)produzida pela  discriminação de gênero e raça,  e podem impactar as trajetórias das estudantes negras. Já que há uma relação entre o sofrimento psíquico e práticas discursivas racistas e sexistas, sendo estas entendidas como formas de violências. Esse discurso colonialista construiu e se  perpetua também no currículo da medicina ampliando a não representatividade de  estudantes  afro-brasileiros, se traduzindo como um silenciamento.

6145 O TRABALHO VOLUNTÁRIO COMO INSTRUMENTO COMPLEMENTAR NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Brendha Zancanela Santos, Gabriella Marques Monteiro, Camila Simonetti Pase

O TRABALHO VOLUNTÁRIO COMO INSTRUMENTO COMPLEMENTAR NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Brendha Zancanela Santos, Gabriella Marques Monteiro, Camila Simonetti Pase

Apresentação: As exigências atuais na formação acadêmica universitária requerem mais do que um currículo exemplar - com avaliações e frequências elevadas -, englobam também a demonstração, por parte do estudante, da capacidade de ser resolutivo e disposto à mudança. Dessa forma, a atuação do graduando em espaços e contextos além da sala de aula é fundamental para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Nessa perspectiva, o trabalho voluntário emerge como experiência integradora que corrobora para a expansão da formação acadêmica - através de exercícios que estimulam o perfil de liderança, inovação e resolubilidade. Logo, o convívio com o incomum, oportunizado pelo voluntariado a distância, - seja a comunidade, a cidade ou o espaço de serviço - gera inseguranças, mas que logo são substituídas por coragem de observar, se adaptar, aprender e compartilhar - habilidades essenciais para produzir e gerar mudanças no ambiente de trabalho, especialmente no contexto de saúde. Nesse sentido,  o voluntariado oportuniza, além do desenvolvimento pessoal, a progressão do acadêmico como ser profissional e global que idealiza e produz mudanças. Desenvolvimento: O estágio voluntário foi realizado em Maputo, capital da República de Moçambique e teve duração de 42 dias. As atividades do estágio foram desenvolvidas em três hospitais da capital. A escolha do local foi definida visando o enriquecimento da experiência, tendo em vista a singularidade da cultura moçambicana e das terras africanas. O trabalho se iniciou no Hospital Geral Polana Caniço, no qual o serviço se restringiu a ações na Atenção Primária, através do acompanhamento de pacientes portadores de HIV. A tarefa era a de realizar as consultas de acompanhamento, buscando compreender a progressão da terapia. As semanas seguintes foram vivenciadas no Hospital Geral José Macamo e minha atuação foi como auxiliar da médica responsável pelo setor de triagem de emergência. Por fim, o trabalho foi conduzido no Hospital Geral de Mavalane, no qual pude experienciar o atendimento ambulatorial pediátrico em um serviço com grande demanda e poucos instrumentos disponíveis. Resultado: O voluntariado em Moçambique proporcionou, além dos aprendizados significativos na área de saúde, o autoconhecimento diante dos desafios diários e das situações adversas as quais o serviço em saúde submete o profissional. Vivenciar uma condição de vida tão diferente da qual se é acostumado, seja pelo transporte, domicílio, alimentação ou relações sociais e culturais, gera reflexões sobre a “bolha social” em que se vive e instiga pensar em soluções práticas para promover e alcançar saúde para indivíduos com modelos e qualidade de vida tão diferentes. Considerações finais: O voluntariado, portanto, como um instrumento complementar na formação acadêmica, enriquece a trajetória de graduação e representa uma oportunidade de mudança de conceitos sobre o autoconhecimento, a profissão e sobre a responsabilidade social. A experiência, nesse sentido, produz influência sobre as habilidades de comunicação, planejamento, organização, resiliência, empatia, administração de conflitos - entre tantas outras - contribuindo para a formação educacional diferenciada, ou seja, para o desenvolvimento do universitário que ultrapassa os limites institucionais.

6461 A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DE MEDICINA
Aline Kozuch, Julye Azeredo Bastos, Marianne Freire Peixoto, Livia Pinto Almeida, Roberta Agra De Carvalho, Ms. Ana Maria Florentino, Dra. Raquel Juliana de Oliveira Soares

A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DE MEDICINA

Autores: Aline Kozuch, Julye Azeredo Bastos, Marianne Freire Peixoto, Livia Pinto Almeida, Roberta Agra De Carvalho, Ms. Ana Maria Florentino, Dra. Raquel Juliana de Oliveira Soares

Apresentação: A medicina é uma carreira que requer algumas características por colocar os alunos frente a inúmeras situações de estresse, as quais muitas pessoas não conseguem enfrentar, seja por características pessoais, por falta de preparo ou por outros motivos diversos, inclusive inerentes ao próprio curso, o que impacta na habilidade de lidar com o fracasso e com as frustrações. O objetivo desta revisão integrativa foi conhecer o problema do adoecimento do estudante de medicina durante a sua formação médica. Desenvolvimento: Tratou-se de realizar uma revisão integrativa da literatura, a partir da questão problematizadora: Quais são as vulnerabilidades que estão expostos o estudante de Medicina durante a sua formação médica? As evidências científicas foram buscadas na base de dados Scielo (Scientific Electronic Library Online), principalmente a partir dos últimos cinco anos. O resultado desta busca trouxe 20 artigos de revisão. As palavras chave utilizadas para construção do referencial teórico foram “qualidade de vida”, “depressão”, “medicina”, “estudantes”, “ansiedade” e “Burnout”. Resultado: A organização dos resultados seguiu a técnica do Mapa Mental Simples, em que houve o encadeamento das ideias dos autores. O tema central foi “A Saúde Mental dos Estudantes de Medicina” em que foram esquematizados os fatores estressores que implicam na qualidade de vida e estão enumerados a seguir: 1) Prevalência mundial do estresse dos estudantes de Medicina, relacionado a exacerbação do prestígio social da profissão è entrada na faculdade e a falta de preparo, características pessoais ou por outros motivos diversos, inclusive inerentes ao próprio curso. Além destes, o confronto entre a teoria e prática. 2) A associação entre os transtornos mentais e a qualidade de vida dos estudantes de Medicina tem sido foco crescente de preocupação è a adaptação ao novo ambiente de ensino, restrições financeiras, a sobrecarga de informações, a falta de tempo livre, estressores familiares e a competição por altos desempenhos, estão entre as causas de adoecimento nos estudantes. 3) Organização curricular/projeto pedagógico è enfrentamento com professores que repetem o discurso de que para ser médico deve-se ter total seriedade e que é necessário estudar praticamente 24 horas/dia. Além disso, a noção antecipada dos conteúdos que serão aprendidos durante o período de graduação também pode induzir nos alunos a tendência de superdimensionar o que os espera, acrescido das informações fornecidas pelos veteranos. 4) Burnout è Todos esses fatores contribuem para maiores níveis de transtornos emocionais e alta prevalência de ansiedade e depressão, além de poderem causar, também, a síndrome de Burnout. Isso gera repercussões negativas na saúde, na performance acadêmica, na competência e no seguimento da carreira médica de cada indivíduo. Considerações finais: As preocupações existentes acerca do ambiente de aprendizagem, o lidar com o aluno no seu processo de formação e a limitação na formação pedagógica dos docentes, vêm sendo ressaltadas no discorrer deste assunto, a fim de que possam ser evidenciadas formas de tentar melhorar a saúde, a capacidade de enfrentamento e a resiliência dos futuros médicos, os quais passam, inevitavelmente, por mudanças durante a graduação.

7410 ANÁLISE DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE/CLIENTE APLICADA AO CINEMA: “THE DOCTOR”
Gabriella Marques Monteiro, Brendha Zancanela Santos, Ana Carolina Drehmer Santos

ANÁLISE DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE/CLIENTE APLICADA AO CINEMA: “THE DOCTOR”

Autores: Gabriella Marques Monteiro, Brendha Zancanela Santos, Ana Carolina Drehmer Santos

Apresentação: A relação médico-paciente estrutura-se a partir de um contexto e das interações que se estabelecem nesse cenário, como pode-se depreender de vivências práticas e corroborar com as análises feitas por Eunice Carrapiço em sua discussão sobre comunicação na consulta. A fim de compreender tais aspectos, é válido (re)significar o que se entende por relação médico-paciente, visto que muitas vezes os termos estão carregados de sentidos tradicionais que restringem a complexidade do tema. Logo, a visão de Soar Filho – o qual denomina essa relação como médico-cliente - faz-se necessária. Essa denominação utilizada pelo autor implica no reconhecimento do paciente como um usuário, ou seja, um indivíduo que busca um serviço com determinada finalidade, ainda, ressalta o papel desse cliente como coconstrutor do processo terapêutico, tirando-o da perspectiva de passividade e incorporando a ele a participação ativa. Diante disso, o filme “The Doctor” ilustra uma prática médica que se aproxima muito da realidade em vários momentos, apesar de suas características de um drama cinematográfico. Nesse conjunto, o roteiro é rico em particularidades comunicacionais e relacionais que permitem uma análise correlacionada com as discussões da relação médico-paciente/cliente. Desenvolvimento: Trata-se de uma análise crítico-reflexiva do filme “The Doctor”, traduzido para o português como “Um Golpe do Destino” (1991, EUA), dirigido por Randa Haines. A análise foi construída embasada nas discussões e construções individuais e coletivas que são propiciadas pelo módulo curricular Psicologia Médica, dentro do 5º semestre do Curso de Graduação em Medicina na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). O filme “The Doctor” retrata a história de Dr. Jack Mackee, um cirurgião tecnicamente impecável em sua especialidade, que pratica medicina de acordo com o modelo biomédico, até o momento em que se depara com a fragilidade da vida humana ao ser diagnosticado com câncer nas cordas vocais e se vê forçado a fazer uma severa transição do estado de médico à paciente. Diante desses acontecimentos, sua compreensão acerca da medicina e dos cuidados para com os doentes se modifica. O filme de Haines traz Dr. Jack como um médico que insiste em manter uma hierarquia, distanciando-se de seus pacientes, negligenciando os aspectos socioculturais do processo de adoecimento, restringindo esse processo a aspectos técnicos – e mantendo através de termos médicos e burocracias a distância entre as demais feições da relação médico-paciente, evidenciando a perspectiva de passividade do mesmo. Nessa lógica, Soar Filho destaca que uma falha terapêutica muitas vezes se inicia no estabelecimento de uma relação hierárquica entre médico-paciente, colocando este numa posição de inferioridade e, logo, passividade. A partir da análise de outros momentos do filme, observa-se uma ilustração do que Soar Filho chama de triangulação “médico-enfermidade-cliente”, esse conceito descreve o contexto que engloba os agentes diretamente envolvidos no processo de enfermidade. O autor destaca que tal cenário é marcado por fenômenos psíquicos os quais atingem tanto médico, quando cliente e que são acionados a partir da enfermidade. Assim sendo, observa-se no roteiro americano que tal triangulação está “deslocada” de modo a favorecer a enfermidade, menosprezando o paciente e distanciando o médico, fato que fica evidente nas consultas de Dr. Jack pré e pós-operatório, além do ato cirúrgico em si – durante as cirurgias o médico protagonista não trata o paciente como um ser humano, mas sim como um trabalho a ser realizado com extremo senso de humor. Ainda nesse panorama, observa-se a supervalorização da enfermidade a custo dos demais componentes da triangulação. A relação médico-cliente também está permeada de mecanismos psíquicos de defesa, os quais são despertados não só pela doença, mas também pelo desconhecido que a acompanha. Tendo em vista a ilustração dessas relações estabelecidas é possível pontuar no longa-metragem episódios que ilustram tais mecanismos psíquicos que tem como objetivo melhor lidar com o adoecimento, ocorrendo de maneira inconsciente e reacional ao estado de tensão e limitação. Ademais, é importante destacar que no fim do filme “The Doctor” são retratadas também passagens que amparam a conclusão das relações desenvolvidas entre médico e paciente/cliente, ou seja, uma aliança de trabalho entre médico e paciente. Segundo Soar Filho, para que uma aliança se constitua ela exige um contexto adequado – que incite diálogo, cooperação, respeito mútuo – juntamente com atributos médicos que permitam a consolidação dessa aliança – ressaltando a empatia, humildade, respeito, curiosidade, capacidade de conotar positivamente. Finalmente, observa-se no filme que retrata a vida de Dr. Jack Mackee os aspectos comunicacionais verbais e não verbais da relação médico paciente/cliente, os quais elucidam os axiomas propostos por Watzlawick em sua Teoria da Pragmática da Comunicação Humana (1973). Segundo essa perspectiva, é possível identificar exemplos do primeiro axioma da teoria (Não se pode não comunicar) e também do quarto axioma proposto por Watslawick (Os seres humanos se comunicam digital e analogicamente). Assim, a comunicação digital é constituída, nas cenas do filme, por palavras pronunciadas  – escolhidas, arbitrárias, manipuladas – ao passo que a ausência de olhares, por exemplo, representa a comunicação analógica – aquilo que é comunicado através de posturas, expressões faciais, cadência das palavras, inflexão de voz. Resultado: Diante do processo de análise, reflexão e discussão é possível observar que o exercício de correlacionar um longa-metragem com a prática clínica e as vivências de um acadêmico de medicina, induzem o estudante a exercer seu papel no processo de construção de conhecimento, atribuindo significados e contextualização às teorias estudadas e desenvolvendo habilidades aplicadas à prática médica. Ainda, avaliar a relação médico-paciente/cliente sobre a perspectiva de um filme impulsiona a reflexão de outros ambientes de vivências e reforça a compreensão holística do ser humano imprescindível a futuros médico. Ademais, articula-se a arte ao processo de aprendizagem médico, de maneira a permitir uma reflexão mediada pelas emoções que se originam do cinema e, por conseguinte, consolidar um repertório cognitivo. Além disso, esse processo possibilita ao acadêmico um espaço para desenvolver um olhar crítico frente à prática médica. Considerações finais: O uso de cinema no contexto de educação médica vai ao encontro das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Medicina atualizadas em 2014, uma vez que cria ambientes que valorizam o desenvolvimento de uma postura humanística no discente, ao passo que o aproxima da sociedade. Ainda, tal abordagem da educação médica está em consonância com o perfil idealizado do médico egresso, o qual deve constituir-se com formação crítica e reflexiva, capaz de atuar pautado na integralidade da assistência, ressaltando o senso de responsabilidade social.

7447 A MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE: ESTUDO DE CASO DOS CURSOS DE MEDICINA DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE MINAS GERAIS.
Simone de Pinho Barbosa, Patrícia Aparecida Baumgratz de Paula, Yan Oliveira Pereira, Júlia Jannotti Serejo, Lawrence Monteiro de Oliveira Pio

A MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE: ESTUDO DE CASO DOS CURSOS DE MEDICINA DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE MINAS GERAIS.

Autores: Simone de Pinho Barbosa, Patrícia Aparecida Baumgratz de Paula, Yan Oliveira Pereira, Júlia Jannotti Serejo, Lawrence Monteiro de Oliveira Pio

Apresentação: Essa pesquisa está vinculada a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no campus de Governador Valadares Estado de Minas Gerais. O projeto conta com participação de dois professores doutores, um coordenador/orientador vinculado ao curso de Medicina e outro ao Curso de Nutrição na função de orientador, e três alunos do curso de medicina credenciados na Iniciação Cientifica. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFJF sob o parecer consubstanciado de nº 3.318.717. No que tange ao tema, o sistema público de saúde brasileiro SUS (Sistema Único de Saúde) elencou a Atenção Primária a Saúde (APS) como o nível assistencial capaz de garantir sustentabilidade longitudinal ao sistema, conformando-se como ordenadora funcional e coordenadora da assistência ofertada. Para que o SUS consiga se fortalecer e avançar é necessário uma política de atenção primária forte, com atributos essenciais e complementares bem instruídos e planificados e com profissionais qualificados e engajados na prática do cotidiano de trabalho. Cabe salientar que a APS é operacionalizada pela Estratégia Saúde da Família (ESF) que é formada por uma equipe multiprofissional que tem o médico como integrante. No campo da formação médica, recorte ao qual se debruça esse estudo, tem a área saúde coletiva e de Medicina de Família e Comunidade (MFC) como as preparatórias para a atuação desse profissional na APS. Desenvolvimento: São objetivos propostos por esse estudo, analisar a oferta do conjunto de disciplinas formadoras relacionadas à área de MFC, estabelecendo relação com o perfil do egresso e objetivo do curso, e compreender sob a perspectiva discente, docente e da coordenação dos cursos de medicina, sobre a oferta na formação, as vantagens e desvantagens sobre a área temática de destaque dessa pesquisa. Trata-se de um estudo de caso, com utilização de métodos mistos. O cenário são os cursos de medicina das Universidades Públicas (UP) do Estado de Minas Gerais considerando os campos sede e avançado. A amostra é composta por 14 cursos de medicina dos 15 existentes nesse estado, sendo a universidade sede do estudo utilizada como piloto e exclusa da amostra. No campo quantitativo a pesquisa se deu de forma exploratória e descritiva, sendo realizada análise documental da matriz curricular e do projeto pedagógico dos cursos de medicina relacionados. Na abordagem qualitativa foram realizadas entrevistas abertas através de questionários, validados com um pré-teste, enviados pela internet com utilização do software (sem sugestões), garantindo informações sobre a própria fala dos entrevistados apresentando dessa forma diferentes perspectivas sobre o tema, delineando os aspectos subjetivos do estudo com utilização da análise de conteúdo de Bardin. O grupo de sujeitos se trata de discentes, docentes e coordenadores dos cursos de medicina, sendo selecionado um representante de cada instituição relativo a cada grupo sujeito, o que totalizou uma amostra de 42 sujeitos e a participação de 16 entrevistados até o momento. As universidades foram codificadas e representadas com a sigla UP e números de 1 a 14 como garantia do anonimato. Resultado: De acordo com a matriz curricular dos 14 cursos de medicina estudados, a maioria (9) o que corresponde a 69%, apresenta de 60 a 90 unidades curriculares por curso de medicina, sendo que dessas a oferta varia de 8 a 12 disciplinas especificas da área de MFC e voltadas ao eixo da saúde coletiva e afins. Quanto a carga horária total (CHT) dos cursos, foi identificado certa equivalência entre as matrizes curriculares estudadas, com média 7.863 horas distribuídos em disciplinas obrigatórias e estágios curriculares. Quatro universidades apresentam mais de oito mil horas de CHT, UP3, UP4, UP10 e UP5, sendo a última com 8.925 horas. Quanto a carga horária específica (CHE) foram relacionadas todas as disciplinas curriculares obrigatórias e estágios curriculares em Medicina de Família e Comunidade (MFC) e áreas afins, observando-se uma média de 1452 horas, variando de 870 a 2790 horas de CHE dentre as quatorze matrizes curriculares analisadas.  Cabe apontar que a maioria desses cursos oferece acima de 1100 horas de conteúdos específicos, e cabe destacar que quatro desses cursos oferecem CHE abaixo de 1000 horas. É possível verificar que nenhuma das universidades apresenta mais do que 35% da carga horária total do curso voltada para a área de MFC considerando atividades teóricas e práticas. Das quatorze universidades estudadas, apenas duas apresentam porcentagem superior à 30%, sendo elas, UP3 (34,57%) e UP12 (30,20%). Outras duas apresentam entre 20% e 30%, sendo dois cursos de uma mesma universidade, UP8(25,54%) e UP9 (21,41%). As demais 10 universidades oferecem entre 10% e 20%. Dessa forma, é possível inferir que apesar das informações contidas nos documentos analisados que comumente mencionam um perfil formador generalista, ao ponderarmos as matrizes curriculares identificamos um volume maior de unidades curriculares obrigatórias voltadas a uma formação médica mais tradicional, biologicista, menos focada no aspecto psicossocial e na diversidade posta ao mundo contemporâneo, onde a atuação da MFC se faz de forma imperativa com  impacto positivo para os indicadores de saúde e consequentemente para a política pública de saúde brasileira. Ao relacionar os dados quantitativos da matriz curricular com os achados textuais dos projetos pedagógicos estudados é possível inferir para alguns cursos P11, P4 e P1, que o conjunto de unidades curriculares específicas da área de MFC e afins não alcançam o perfil egresso mencionado nos documentos, pois apresentam uma oferta menor de conteúdos para uma formação mais ampla e de alta complexidade. Cabe observar que a MFC é a área que mais coaduna com o perfil generalista apontado nos PPC analisados. Considerações finais: O estudo alcançou seus objetivos apesar de ainda não ter sido concluído os resultados em sua totalidade.  É possível apontar que os cursos ao manifestarem de forma comum e documental um perfil de egresso generalista, demonstrando um cumprimento ao proposto na última diretriz curricular nacional (DCN) para os cursos de Medicina, é preciso transpor esse objetivo em unidades concretas curriculares para a expansão e fortalecimento da formação e do debate, a luz do imperativo à sustentabilidade da APS e consequentemente do SUS. Cabe reflexão ao que deve ser superado por reestruturações pedagógicas, com foco na diversidade, na humanização da atenção, na interprofissionalidade e sobretudo ao encontro das necessidades do sistema. Esse estudo nos possibilita conjecturar sobre quais aspectos inibem a extensão da escolha pela área de Medicina de Família e Comunidade despertando assim quais formas seriam as mais adequadas para a superação desse fenômeno. É preciso promover o desenvolvimento de profissionais capazes de atuar integralmente na saúde e mais integrados aos principais problemas das pessoas, dos territórios e da política pública de saúde. Dessa forma, o desafio posto está em garantir formação e qualificação de recursos humanos para o SUS que estejam decisivamente alinhados as reais necessidades do povo brasileiro.

7473 A MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA PERSPECTIVA DISCENTE, DOCENTE E GESTORA: ESTUDO DE CASO DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE MINAS GERAIS.
Simone de Pinho Barbosa, Patrícia Aparecida Baumgratz de Paula, Yan Oliveira Pereira, Julia Jannotti Serejo, Lawrence Monteiro de Oliveira Pio

A MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA PERSPECTIVA DISCENTE, DOCENTE E GESTORA: ESTUDO DE CASO DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE MINAS GERAIS.

Autores: Simone de Pinho Barbosa, Patrícia Aparecida Baumgratz de Paula, Yan Oliveira Pereira, Julia Jannotti Serejo, Lawrence Monteiro de Oliveira Pio

Apresentação: Essa pesquisa está vinculada a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no campus de Governador Valadares Estado de Minas Gerais. O projeto conta com participação de dois professores doutores, um coordenador/orientador vinculado ao curso de Medicina e outro ao Curso de Nutrição na função de orientador, e três alunos do curso de medicina habilitados à Iniciação Cientifica. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFJF sob o parecer consubstanciado de nº 3.318.717. No que tange ao tema, o sistema público de saúde brasileiro, SUS (Sistema Único de Saúde) elencou a Atenção Primária a Saúde (APS) como o nível assistencial capaz de garantir sustentabilidade ao SUS, conformando-se como ordenadora funcional e coordenadora da assistência. Para que o SUS consiga se fortalecer e avançar é necessário uma política de atenção primária forte, com atributos essenciais e complementares bem instruídos e planificados e com profissionais qualificados e engajados na prática do cotidiano de trabalho. Cabe salientar que a APS é operacionalizada pela Estratégia Saúde da Família (ESF) que é composta por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. No campo da formação médica ao qual se debruça esse estudo, tem a especialidade de Medicina de Família e Comunidade (MFC) como a preparatória de atuação na porta de entrada dos cenários do SUS e da APS. Desenvolvimento: O objetivo proposto nesse recorte é analisar sob a perspectiva discente, docente e da coordenação dos cursos de medicina a formação médica acerca da área de MFC. Trata-se de um estudo de caso, com utilização de métodos mistos. O cenário são os cursos de medicina das Universidades Públicas (UP) do Estado de Minas Gerais considerando os campos sede e avançado. A amostra é composta por 14 cursos de medicina dos 15 existentes no estado, sendo a universidade sede do estudo utilizada como piloto e exclusa da amostra. No campo quantitativo a pesquisa se deu de forma exploratória e descritiva, sendo realizada análise documental da matriz curricular e do projeto pedagógico dos cursos de medicina relacionados. Na abordagem qualitativa foram realizadas entrevistas abertas através de questionários validados com um pré-teste, que foram enviados pela internet com utilização do software (sem sugestões), possibilitando a coleta de dados e garantindo informações sobre a própria fala dos entrevistados, apresentando dessa forma diferentes perspectivas sobre o tema, delineando os aspectos subjetivos do estudo com utilização da análise de conteúdo de Bardin. O grupo de sujeitos envolvidos é discentes, docentes e coordenadores dos 14 cursos de medicina relacionados, sendo selecionado um representante de cada instituição relativo a cada grupo sujeito, com critérios de inclusão estabelecidos: para os discentes está regularmente matriculado cursando penúltimo ou último período de graduação em medicina, para os docentes ter graduação em medicina, ser servidor efetivo da instituição e atuar como professor na área de MFC e afins no curso de medicina, para os gestores ser coordenador curso de medicina da instituição pública relacionada. Os sujeitos foram codificados e numerados como garantia do anonimato como DI para discente, DO para docente, CO para coordenador. Resultado: Dos 42 questionários enviados através da ferramenta (sem sugestões), obtivemos até o momento 16 entrevistas completas e concluídas. Desses sujeitos, 11 são discentes, 4 são docentes e dois são coordenadores, todos vinculados aos cursos de Medicina relacionados. O perfil da amostra para o conjunto de sujeitos ficou entre 22 e 69 anos de idade e do sexo feminino predominantemente. Para os docentes identificou-se tempo de formação de 16 a 29 anos, em instituição de ensino superior pública, com tempo de experiência docente variando entre 5 e 10 anos em instituição pública, sendo  todos com formação específica na área de MFC ou afins.  Como vantagens da área foi mencionado a eficácia na melhoria dos indicadores de saúde, área de grande campo e mercado de trabalho, prática clínica agradável, com boa relação com paciente e de importância para o país, com maior acesso ao cuidado continuado e maior equidade. Já os aspectos desfavoráveis tiveram maior destaque baixo salário, sendo o SUS o principal contratante, a não valorização adequada da especialidade, e a falta de mecanismos de controle de qualidade da assistência na atenção primária. Em relação ao grupo discente os resultados apontam que a maioria dos alunos afirmou que a formação ofertada possui perfil generalista, porém a maioria não escolheria a área para atuar ou para fazer uma residência médica. Mencionam que os fatores que os influenciam na escolha da especialidade são o financeiro, autonomia, resolutividade, os problemas práticos relacionados ao funcionamento do SUS, local de atuação e o mercado de trabalho. Quanto aos coordenadores identificamos que são especialistas em áreas como pediatria, clinica geral e geriatria e que atuam na coordenação e como docentes. Afirmam que o curso tem uma proposta formadora generalista e se referem à área de MFC como “campo fundamental para o SUS, de acompanhamento motivador da saúde e não de tratamento de doenças, e importantíssima na desospitalização” (CO1); “área de inserção na saúde pública de atuação na saúde da mulher, adulto, criança e idoso” (CO2). Quanto aos dispositivos de ensino-aprendizagem que o curso oferece para promover a área de MFC, foi mencionado a oferta de disciplinas desde o primeiro período sobre a área de MFC e afins; “ Durante o curso muitas aulas práticas são dadas nos postos de Saúde,  aproximando os alunos da realidade” (CO2). Os entrevistados afirmaram que os cursos possuem professores com titulação específica na área de MFC, porém em quantidade restrita variando de 1 a 2. Foi unânime a afirmação tanto no grupo discente quanto de docentes e coordenadores que os projetos pedagógicos do curso de medicina em que atuam objetivam a formação de um profissional generalista e humanista. Considerações finais: Cabe refletir que apesar de haver um esforço por parte das instituições públicas de ensino superior no que se refere aos cursos de medicina para uma formação voltada ao perfil generalista, é notório ao analisarmos os conteúdos dos relatos dos entrevistados, que ainda não se consegue imprimir as reformas curriculares necessárias a uma mudança concreta no perfil desse profissional, seja pelo número inexpressivo de professores médicos para conduzir o tema e sua prática, seja pela carga horária de unidades curriculares específicas a área de MFC com baixa proporcionalidade como demonstrado na primeira parte desse estudo, seja pelos desafios e condições enfrentadas pelo próprio sistema público de saúde. Podemos concluir que os documentos consultados demonstram que os 14 cursos de medicina de Universidades Públicas de Minas Gerais apresentam como objetivo a formação de profissionais generalistas, contudo a perspectiva discente permanece com foco numa formação tradicionalmente especializada apontando ainda para um desinteresse pela área de Medicina de Família e Comunidade.

10493 TÉCNICO EM CITOPATOLOGIA: UM ENSAIO SOBRE A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E A ATUAÇÃO NO CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO
William Pereira Santos, Alcindo Antônio Ferla

TÉCNICO EM CITOPATOLOGIA: UM ENSAIO SOBRE A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E A ATUAÇÃO NO CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

Autores: William Pereira Santos, Alcindo Antônio Ferla

Apresentação: O câncer de colo do útero é considerado uma das neoplasias que mais vitimiza mulheres no Brasil. A magnitude epidemiológica apresenta essa neoplasia como a segunda mais incidente na população feminina brasileira, excetuando-se os casos de câncer de pele não melanoma. Devido às taxas de incidência, tem sido considerada um importante problema de saúde pública, sobretudo em países em desenvolvimento. No Brasil, o controle do câncer teve início em 1940 através das iniciativas de profissionais que trouxeram para o país a citologia e a colposcopia. Mas foi apenas quarenta anos mais tarde que o perfil do controle da neoplasia começaria a mudar, graças à reforma sanitária que culminou na fusão da assistência médica previdenciária com a saúde pública por meio da criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Com as transformações no processo de controle do câncer cervical no Brasil, que se centrava em consultórios e passou a ser substituído por programas de prevenção, o rastreio das lesões precursoras passou a ser uma atividade central à saúde. A introdução da cobertura da população feminina, pautada no uso em larga escala dos exames citopatológicos de rotina para detecção da doença em estágios iniciais, deu ênfase a necessidade de formação de recursos humanos especializados. Esse ensaio teórico buscou sistematizar os registros na legislação e na bibliografia especializada acerca da formação e do trabalho do citotécnico, com o objetivo de refletir sobre a relevância da atuação do mesmo. A importância desse exercício acadêmico é a visibilidade, no processo de trabalho no interior de sistemas e serviços de saúde, da atuação de profissionais de formação técnica, uma vez que representam mais da metade da força de trabalho e os estudos atuais centram-se em profissionais com formação em nível de graduação e pós-graduação.  Formação de citotécnicos (O caso do INCA): Os primeiros cursos de formação de técnicos em Citopatologia, historicamente conhecidos como citotécnicos, no Brasil surgiram como consequência das iniciativas pioneiras de rastreamento do câncer de colo do útero baseadas na utilização do exame de Papanicolaou. O curso vem sendo oferecido por instituições públicas e privadas no Brasil. Nosso interesse, neste ensaio, é o curso oferecido na cidade do Rio de Janeiro por duas instituições de referência nacional e internacional de pesquisa e assistência especializada em câncer e de formação técnica e tecnológica, ambas vinculadas ao SUS. O interesse pelo “caso” é pragmático: trata-se do processo de formação vivenciado por um dos autores e cuja análise foi feita a partir das orientações do segundo autor. A base empírica vivenciada para o ensaio teórico surgiu da vontade de refletir sobre a formação e o trabalho, numa conexão que aproxima os dois “mundos”, ainda relativamente distantes na maior parte dos cursos da saúde. Atualmente, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) oferece quinze vagas anuais para ingresso no curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Formação em Citopatologia, por meio de processo seletivo organizado pelo Acordo de Cooperação Técnica entre o INCA e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), à luz da legislação vigente. A partir de 2012, a parceria do INCA com a EPSJV ressignificou o curso, propiciando a reestruturação do currículo, o credenciamento junto ao Ministério da Educação e a certificação dos citotécnicos. Assim, o curso que enfatizava a formação de profissionais para leitura de lâminas de citologia cérvico-vaginal foi reformulado. Como a ênfase do programa é oferecer conhecimentos específicos na área de citologia clínica, de modo a habilitar profissionais na realização dos exames citológicos, as atividades visam treinar a prática laboratorial. Nessa perspectiva, o aluno experiencia a microscopia de lâminas de citologia para identificação de células neoplásicas e/ou inflamatórias; e emite, analisa e compara o laudo citopatológico com os parâmetros de normalidade, resultados anteriores e dados clínicos da paciente tanto da citologia ginecológica quanto da citologia não ginecológica. A abordagem pedagógica é inspirada em metodologias ativas de aprendizagem, com a abordagem dos conteúdos baseada predominantemente em situações-problemas, projetos de aprendizagem, seminários e aulas práticas. Sob essa ótica, acredita-se que o espaço e os métodos destinados ao ensino são ressignificados com centralidade no processo de aprendizagem e também nas mudanças da concepção das formas de ensinar e aprender, atendendo, dessa forma, as propostas do ensino e do mercado. A aprendizagem ativa é a base pedagógica de projetos de ensino que buscam formar profissionais com alta capacidade de mobilizar novas aprendizagens em contato com a complexidade de questões que sempre envolve o mundo do trabalho em saúde, desenvolvendo a capacidade profissional de aprender a aprender. A duração do programa é de um ano, com carga horária total de 1920 horas, e nesse período o aluno desenvolve atividades que abrangem importantes aspectos da área da saúde: atenção, gestão, educação permanente e controle social. A referência ao “quadrilátero da formação” (gestão, atenção, formação e participação) é relevante, uma vez que situa a base pedagógica do curso também no contato da política de educação e desenvolvimento do trabalho do SUS e, portanto, faz conexões entre as bases contemporâneas da formação profissional, que preveem mudanças na formação por meio da aproximação entre o ensino e os serviços. Essa lógica da educação em saúde colabora para que o processo de ensino-aprendizagem se torne descentralizador e transdisciplinar, propiciando a melhora contínua da qualidade no cuidado à saúde, por meio de abordagens éticas, responsáveis e humanizadas. Considerações finais: O câncer de colo do útero é uma causa importante de morbi-mortalidade no Brasil e no mundo. O controle do câncer de colo do útero no Brasil constitui uma das prioridades nos programas de saúde da mulher. O exame citopatológico cervicovaginal compõe uma das etapas da atenção ao câncer do colo do útero, que se caracteriza como um ciclo de atendimento que visa minimizar recorrências, avaliação dos riscos e de ações para prevenir progressão da doença por meio de conduta estabelecida pelo Ministério da Saúde. Como muitos dos demais trabalhadores de formação técnica, o trabalho do citotécnico permanece na invisibilidade. Biólogos, biomédicos e farmacêuticos obtiveram o reconhecimento para emitirem e assinarem os laudos citológicos, atribuição que antes era prevista apenas aos médicos anatomopatologistas, citopatologistas e patologistas clínicos. Em contrapartida, o nome dos citotécnicos responsáveis pela primeira análise das lâminas, não consta nos laudos. As atividades do citotécnico envolvem a participação no planejamento, avaliação e controle da qualidade dos serviços prestados, bem como no desenvolvimento de ações de natureza educativa, na perspectiva de contribuir com a promoção da saúde, com a prevenção de agravos e com o desenvolvimento profissional. A formação dos mesmos é reconhecida e realizada em instituições de grande relevância no sistema educacional. Entretanto, há um imaginário predominante de que a coordenação técnica do trabalho é invariavelmente feita por profissionais de formação em âmbito da graduação e da pós-graduação. A invisibilidade do trabalho também esconde a autonomia profissional para realizar as atividades e, sobretudo, impede a ampliação da contribuição do profissional em outras atividades relevantes da saúde pública em diversas regiões do país. Espera-se que o ensaio contribua para tornar visível e reconhecida a atuação dos citotécnicos, assim como sua contribuição na qualificação dos processos de trabalho de diagnóstico, atenção e prevenção do câncer de colo uterino, de forma sustentável e responsável. 

9015 APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS: UMA FERRAMENTA EFICAZ NO PROCESSO ENSINO -APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO CURSO DE GESTÃO HOSPITALAR
Liana de Oliveira Barros, Mayrla Diniz Bezerra, Déborah Santana Pereira, Camila Gonçalves Monteiro Carvalho

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS: UMA FERRAMENTA EFICAZ NO PROCESSO ENSINO -APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO CURSO DE GESTÃO HOSPITALAR

Autores: Liana de Oliveira Barros, Mayrla Diniz Bezerra, Déborah Santana Pereira, Camila Gonçalves Monteiro Carvalho

Apresentação: O processo de ensino aprendizagem está cada vez mais incorporando novas estratégias para aprimorar os conhecimentos dos alunos de graduação da área da saúde objetivando formar profissionais mais capacitados. Aquele modelo de aula onde o professor transmite informações de forma oral e os alunos escutam passivamente e após leitura, memorizam e respondem a questionamentos de provas escritas vêm se tornando cada vez mais obsoleto, uma vez que o mercado de trabalho carece de profissionais que participem ativamente dos processos, que apresentem argumentos concisos e sejam capazes de solucionar problemas e desafios encontrados no ambiente de trabalho. As metodologias ativas vem sendo cada mais utilizadas por docentes da área de saúde que acreditam em mudanças em suas práticas pedagógicas como método essencial ao aprendizado de seus alunos. O objetivo deste trabalho é compreender como a Aprendizagem Baseada em problemas pode ser uma ferramenta eficaz no processo de ensino - aprendizagem na formação dos alunos de graduação tecnológica em Gestão Hospitalar em uma faculdade privada na cidade de Fortaleza. Entende-se a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) como uma estratégia que traz o aluno como protagonista do seu processo de aprendizagem uma vez que ele participa ativamente do mesmo. Os passos que compõem este processo consistem em: dividir os alunos em grupos; identificar o problema; repassar o problema para os grupos; os grupos realizam a pesquisa para solucionar o problema; e por último, as equipes apresentam as soluções encontradas apresentando as teorias e autores que trazem embasamento aos seus argumentos. A experiência foi planejada para alunos da disciplina de Custos Hospitalares e de Serviços de Saúde e a atividade foi propor uma aula prática em um setor específico de uma instituição hospitalar, onde os alunos terão que identificar os itens de custos que demandam maiores valores. Os resultados deverão ser organizados em planilhas. Diante desses dados, os alunos deverão elaborar uma proposta de redução de custos para o setor estudado. Espera-se que diante dessa experiência os alunos possam participar ativamente na organização das informações de custos daquele setor, podendo trazer propostas para melhor alocação dos recursos. Acredita-se que a utilização de metodologias ativas é fundamental para a formação dos profissionais da saúde uma vez que possibilitam que os alunos sejam protagonistas de sua formação acadêmica.

12054 IMPACTO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS NA FORMAÇÃO DE MÉDICOS: ATITUDES DE ESTUDANTES DE MEDICINA DA REGIÃO NORDESTE
Felipe Proenço de Oliveira, Ana Clara Correa Dallabrida, Romulo Kunrath Pinto Silva, Carlos Ricardo Carvalho Monteiro, Jamilly Maria Felix Alves

IMPACTO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS NA FORMAÇÃO DE MÉDICOS: ATITUDES DE ESTUDANTES DE MEDICINA DA REGIÃO NORDESTE

Autores: Felipe Proenço de Oliveira, Ana Clara Correa Dallabrida, Romulo Kunrath Pinto Silva, Carlos Ricardo Carvalho Monteiro, Jamilly Maria Felix Alves

Apresentação: No ano de 2014 foram publicadas novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Curso de Medicina, que priorizam a formação de um médico generalista que tenha competências nas áreas de atenção à saúde, educação em saúde e gestão do cuidado. Analisa-se que as mudanças pelas quais passa a educação médica e a implantação de novas diretrizes provocam diferentes atitudes nos estudantes de medicina. Apesar disso, existem poucos estudos nacionais na área da Saúde Coletiva que discutem o processo de implantação das DCN para os cursos de medicina, entre os quais não há nenhuma avaliação de impacto. Por isso, esta pesquisa busca avaliar em que grau os efeitos pretendidos pelas DCN de 2014 provocaram diferentes atitudes nos estudantes de medicina em Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) da Região Nordeste, mensurando as suas atitudes no ingresso e no quinto semestre do curso, em especial as relativas à comunicação e relações humanas em saúde; ética na prática médica e acadêmica; aprimoramento profissional; importância da autoavaliação da aprendizagem; crenças no contexto da formação médica; e importância dos determinantes sociais em saúde. Desenvolvimento: Traçamos um perfil sócio-demográfico dos estudantes de cursos de medicina dessas IFES, mensurando suas atividades através de uma escala previamente validada e analisando a correlação das diferenças com as DCN de 2014. É uma pesquisa quantiqualitativa, com triangulação de métodos. Foram sorteados nove cursos de medicina da Região Nordeste para participar da pesquisa, sendo quatro do grupo intervenção com currículos novos e criados em virtude do Programa Mais Médicos; e cinco do grupo contrafatual com currículos tradicionais. Inicialmente foi realizada a análise dos currículos dos nove cursos. Nesse momento da pesquisa, busca-se analisar não somente o currículo, mas o Projeto Político-Pedagógico PPP do Curso de Medicina, para verificar semelhanças e diferença no desenvolvimento de cada local de formação participante da pesquisa. A aplicação dos questionários foi feita em dois momentos com um intervalo de dois anos entre elas, enquanto os alunos estavam no primeiro e no quinto semestre. Resultado: Na análise do currículo desses cursos foi possível observar que os cursos do grupo contrafatual apresentam disciplinas isoladas de inserção na atenção básica à saúde e a metodologia apresentava um predomínio de uso da transmissão oral (aulas expositivas). Nos cursos criados em virtude do PMM (intervenção), o currículo foi estruturado a partir do preconizado nas DCN de 2014, com metodologias ativas de ensino-aprendizagem através de tutoria e inserção semanal e longitudinal na atenção básica à saúde. Além disso, os questionários foram aplicados em 405 estudantes do primeiro período. Dois anos depois, aplicamos o mesmo questionário nas mesmas turmas, mas agora os estudantes estavam no quinto período. Na segunda aplicação, foram respondidos 305 questionários. Considerações finais: Nesta etapa da pesquisa estão sendo analisados os PPP’s dos cursos selecionados e sendo realizado o confronto entre as respostas dos questionários obtidas na sua aplicação com as iniciais, para que então seja possível identificar as possíveis mudanças de atitudes dos estudantes após a exposição a dois anos de estudo.

10970 AS ‘PRIMEIRAS IMPRESSÕES’ DOS MÉDICOS CUBANOS NO BRASIL REGISTRAM A PRIMEIRA OFERTA EDUCACIONAL DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS?
HARINEIDE MADEIRA MACEDO, Érika Rodrigues Almeida, José Carlos Silva, Adriano Ferreira Martins, Anderson Sales Dias

AS ‘PRIMEIRAS IMPRESSÕES’ DOS MÉDICOS CUBANOS NO BRASIL REGISTRAM A PRIMEIRA OFERTA EDUCACIONAL DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS?

Autores: HARINEIDE MADEIRA MACEDO, Érika Rodrigues Almeida, José Carlos Silva, Adriano Ferreira Martins, Anderson Sales Dias

Apresentação: O Programa Mais Médicos (PMM) firmou um termo de cooperação com o governo de Cuba para prover assistência aos municípios prioritários do Sistema Único de Saúde (SUS). No PMM os participantes enquadravam-se em três perfis: CRM Brasil, intercambista individual – estrangeiros que se candidatam individualmente - e intercambista cooperado, o perfil dos médicos cubanos. Todos participaram da formação seletiva obrigatória conhecida como Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv), enquanto candidatos ao Programa. Após aprovação no MAAv os participantes eram distribuídos pelo país e convidados a preencher o Relatório de Primeiras Impressões (RPI), a fim de registrarem suas expectativas e acolhimentos recebidos após a chegada no local de atuação. O objetivo deste estudo é compreender se a preparação dos médicos cubanos ofertada pelos MAAv é perceptível na chegada ao Programa. Método do estudo: Sob a abordagem qualitativa, os autores referenciam-se nas políticas nacionais abarcadas pelo PMM, no conceito de educação permanente em saúde e sua política de inclusão do médico como parte da equipe de saúde da família. O método de investigação envolveu análise documental do planejamento dos MAAv e dos RPI preenchidos pelos cooperados. Os relatórios foram extraídos do sistema da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). Para análise e sistematização dos dados foram utilizadas as técnicas de análise do discurso de Michel Foucault, em especial, na questão aberta do relatório, onde a expressão era livre e possuía a orientação de um relato com o máximo de 350 palavras. Foram analisados aproximadamente 800 RPIs, utilizando o software livre Iramuteq. Resultado: A indicação era de que o preenchimento do RPI ocorresse entre os três e seis primeiros meses de sua chegada. Todavia, com tantos outros aspectos sendo implantados e implementados, nem todos os médicos o fizeram no tempo previsto - menos de 50% da maior quantidade do período estudado o fez. Entretanto, do material analisado, a opção pelos sujeitos permite inferir a segurança e expectativas decorrentes do primeiro contato que o intercambista teve com o sistema de saúde brasileiro no MAAv, ou seja, há relação direta entre os conteúdos apreendidos e a desenvoltura dos sujeitos. Para isso, também foi importante verificar a data de registro e identificar a que turma do MAAv pertenceu o médico. Considerações finais: Há possibilidade de uma inovadora leitura acerca dos registros dos médicos cubanos sobre o cenário de atuação, cultura e território, modos de produção de saúde e processos de educação permanente. Muito além da checagem pura e simples dos registros, este estudo assume que o registro dos RPI em comparação com os MAAv implica diretamente a atuação do supervisor acadêmico, visto que a supervisão no PMM mantém o caráter pedagógico do qual necessita o médico estrangeiro quando atuante em território brasileiro. Todavia, apesar de análise póstuma, uma vez que os intercambistas cooperados deixaram o país em novembro de 2018, reconhece-se que esses profissionais contribuíram substancialmente com a ampliação do acesso e resolutividade na Atenção Primária à Saúde (APS) brasileira, levando assistência à saúde às áreas de maior vulnerabilidade e prioritárias do SUS.

6834 PROMOÇÃO DA SAÚDE NO CONTEXTO DO PROFISSIONAL MÉDICO: ANÁLISE DE PUBLICAÇÕES EM REVISTAS MÉDICAS
Stefania Mota, Sonia Maria Marques Gomes Bertolini, Ely Mitie Massuda, Liney Maria Araújo, Joseph Rodrigues de Rosa, Flávia Helena Ramos, Waneska Pinto Mota, Rejane de Souza Barros Campos

PROMOÇÃO DA SAÚDE NO CONTEXTO DO PROFISSIONAL MÉDICO: ANÁLISE DE PUBLICAÇÕES EM REVISTAS MÉDICAS

Autores: Stefania Mota, Sonia Maria Marques Gomes Bertolini, Ely Mitie Massuda, Liney Maria Araújo, Joseph Rodrigues de Rosa, Flávia Helena Ramos, Waneska Pinto Mota, Rejane de Souza Barros Campos

Apresentação: A execução das ações de promoção em saúde tem sido um desafio na atualidade e, concomitantemente os profissionais médicos vêm sofrendo uma drástica mudança na postura sobretudo após a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), da Política Nacional Atenção Básica (PNAB) e da Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS). A atuação dos profissionais nos campos de estágios acadêmicos e na prática clínica diária tem sofrido estas influências diretamente. O surgimento da disciplina Integração Ensino Saúde e Comunidade (IESC) na academia se constitui num dos exemplos da adaptação feita neste sentido. A Medicina de Família e Comunidade (MFC) surgiu como uma especialidade médica norteadora de uma nova direção educacional, com ênfase no atendimento humanizado e com a visão ampliada do cuidado, definindo e valorizando o papel do profissional médico na Estratégia de Saúde de Família (ESF). Este estudo buscou levantar 5160 artigos revisões sistemáticas e destes quantos seriam encontrados em revistas de medicina, cujo assunto principal assunto fosse a promoção da saúde. O estudo foi feito na base de dados LILACS através de busca na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) com os descritores promoção saúde e medicina, entre os meses de março, abril e maio de 2019. Desenvolvimento: A execução das ações em Promoção da Saúde, na pratica diária dos profissionais médicos configura-se um grande desafio, Os grupos populacionais são heterogêneos e a situação do Sistema Único de Saúde (SUS) vigente desestimulante. Atualmente, os modelos de atenção estão sendo propostos focados no enfrenta­mento das necessidades de saúde, tanto individuais quanto coletivas. A exemplo, tem-se a implantação e efetivação de políticas públicas como a PNAP (Política Nacional de Atenção Básica) e a PNPS (Política Nacional de Promoção da Saúde) que contribuem para consolidar as diretrizes do SUS, integralizam e conferem credibilidade a todo esse processo. O Programa de ESF (Estratégia de Saúde da Família) funciona como um o principal eixo da Promoção de Saúde e, desde a sua concepção foi idealizado para um dinamismo prático de uma equipe multiprofissional na atenção primaria. Dentre os profissionais que compõe essa equipe está o médico que é um visto pelos coletivos, gestores e o restante da equipe como figura essencial, inclusive como um líder no desempenho desse processo de reorganização do trabalho. Nessa nova tendência das atuais políticas públicas, coube ao estado o papel de implantação de transformações necessárias que auxiliassem nessa adaptação curricular.  As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (DCNs) passaram a nortear as academias médicas fomentando a criação de egressos de medicina com conhecimento em gestão pública e no cuidado integral das pessoas. Tais DCNs, foram publicadas em 2001 passando mais de uma década para serem instituídas (2014). As DCNs incorporam a Promoção da Saúde como estratégia de política de saúde que articulada às demais políticas e tecnologias no sistema de saúde brasileira, contribuem para a construção de ações exequíveis. Em 1994 surge o PSF (Programa de Saúde da Família que possui a denominação de PSF para ESF (Estratégia de Saúde da Família), uma mudança político/social, estrategicamente pensada. A concepção da palavra programa, aponta para uma atividade com início, desenvolvimento e finalização. A definição de estratégia, é de reorganização da atenção primária e não prenuncia um tempo para finalizar esta reorganização. A instalação da equipe multidisciplinar da ESF nas dependências das UBS (Unidade de Saúde Básica), estimulou-se a e interação entre os pares, com de cunho interdisciplinar, inter e intrassetorial, totalmente calcados nos preceitos do SUS. Todos os esforços da academia de medicina em validar as atuais políticas públicas na pratica do profissional e ao mesmo tempo buscar uma maior humanização atendimento  do médico ao usuário tem sido feita através das suas ações no coletivo e individual, fato   evidente nos artigos pesquisados sobretudo após a implementação das ESFs. Há uma escassez de profissionais médicos formados com demanda interna para exercer seu labor nas ESF e, com um agravante, estão despreparados para o exercício político/social e de assistência médica a essa população. Para minimizar essa lacuna, sócio/política/educacional, surge então a residência de Medicina de Família e Comunidade (MFC), com duração de 2 anos que confere ao médico o título Especialista, o objetivo está centrado na promoção da saúde com visão na integralidade do cuidado. Os profissionais médicos em treinamento estão exercendo as suas atividades curriculares na Atenção Básica de Saúde (ABS) o que configura um componente primordial desse nível de atenção do SUS. Baseada nos princípios, conceitos e recomendações internacionais formalizadas pela WONCA (Organização Mundial do Médicos de Família) a especialidade tem entre seus objetos desenvolver ações integradas de promoção, proteção e recuperação da Saúde no nível individual e do coletivo. Resultado: As produções científicas abrangendo a promoção da saúde, tem crescido muito nos últimos anos. As publicações podem ser  encontradas em revistas de diversas áreas  do conhecimento na forma de  artigos de revisão, dissertações, teses e  revisões sistemáticas. Trata-se de um estudo de revisão integrativa após busca bibliográfica em trabalhos de revisão sistemática realizados entre 1998 e 2016, em revistas de medicina indexadas que abordassem como assunto principal a promoção em saúde. Como descritores foram utilizadas as palavras promoção da saúde e medicina. Foram utilizados os próprios filtros da base de dados. Na seleção dos trabalhos foram incluídos aqueles que estivessem indexados e disponíveis como revisões sistemáticas sendo excluídos periódicos isolados e duplicados, dissertações, teses, revistas de outras áreas, e todas as revistas que não tivessem a medicina e promoção da saúde como tema central. Os dados tiveram como estratégia de busca a pesquisa na Biblioteca Virtual de Saúde BVS (Bireme) realizada entre os meses de março, abril e maio de 2019. Foram obtidos 32776 resultados na base de dados LILACS, através de pesquisa na Biblioteca Virtual da Saúde. Destes foram selecionados inicialmente as revisões sistemáticas que totalizaram 5160 artigos. No total foram estudados 12 artigos de revisões sistemáticas obtidas na base de dados LILACS como artigos completos e disponíveis. Procede-se a leitura de todos e ao final três artigos foram excluídos sendo dois de ensaios clínicos randomizados e um com temática em rede social. Nove artigos foram selecionados ao final. Pela amostragem dos artigos, a compreensão dos paradigmas da  nova visão  dos  modelos assistenciais  não está sendo vista como prioridade. As teorias e princípios amplamente preconizados pelos Ministérios da Saúde e Educação foram amplamente aceitos por uma comuni­dade científica, porém pouco executado por uma parte dos atores (médicos/residentes) e pouco exigidos pela outra parte (coletivo, gestão e academia). Considerações finais: Uma escassez na literatura de artigos em revistas médicas que destaquem a promoção da saúde é identificada por este estudo. Ainda necessitamos caminhar muito nas pesquisas para otimizar o atendimento prestado pelo profissional médico. Busca-se por um padrão de excelência e com integralidade do cuidado. No entanto, as políticas públicas atuais, focadas na promoção da saúde, e nas novas diretrizes educacionais incorporadas no ensino de graduação e pós-graduação destes profissionais da saúde tem contribuído para amenizar a situação e proporcionar avanços positivos do atual cenário.

6878 A EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE COMO PROPOSTA DE MUDANÇA
Renata Féo Couto, Marcos Paulo Fonseca Corvino

A EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE COMO PROPOSTA DE MUDANÇA

Autores: Renata Féo Couto, Marcos Paulo Fonseca Corvino

Apresentação: A educação permanente em saúde (EPS) é uma proposta de educação no trabalho, de forma permanente e centrada no enfrentamento dos problemas que emergem do cotidiano nos serviços de saúde. Surge da inquietação, enquanto integrante das equipes de trabalho no SUS, e questionamento da prática da EPS em âmbito hospitalar, especialmente nos serviços de urgência e emergência, considerando os vários desafios que se apresentam, como, tecnologia predominantemente dura, tendências protocolizantes dos seus processos de trabalho e alta dinamicidade. O objetivo do estudo foi analisar as práticas de EPS no setor de emergência de um Hospital Universitário, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Método: Foi realizado uma abordagem qualitativa do tipo descritiva conforme propõe Minayo (1996) e Triviños (1987). O cenário foi o setor de emergência de um Hospital Universitário do Estado do Rio de Janeiro. Os participantes foram os integrantes da equipe multidisciplinar do setor. Os critérios de inclusão foram servidores de diferentes vínculos, com no mínimo um ano de experiência no setor, e exclusão, os servidores que estavam de férias ou licença no período da coleta de dados. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisas, aprovado sob o parecer nº 2.726.493. Foi utilizado um roteiro semiestruturado com entrevista, gravação e transcrição na íntegra. Para a realização das análises dos dados, optou-se pela Análise de Conteúdo na modalidade temática conforme Bardin (2009) e Minayo (2010). Resultado: A pesquisa contou com 11 participantes, sendo Auxiliares e Técnicos de Enfermagem; Enfermeiros, Assistente Social e Nutricionista, sendo a maior parte deles com vínculo estável e os demais contratos temporários com a união. A equipe de enfermagem foi a maior parte entrevistada, por ser a maior força de trabalho, e por apresentarem maior boa vontade. Não se obteve êxito para a coleta de dados com a equipe médica, por não apresentarem tempo necessário e interesse e. Houve um predomínio do sexo feminino e idade maior que 50 anos. A maior parte dos entrevistados apresentaram mais de 5 anos na emergência. De forma majoritária, referem nível superior com pós-graduação. Quanto ao turno de trabalho equilibrou entre diurno e noturno. A Emergência do Hospital divide-se em Box, Hipodermia e Emergência Pediátrica, entretanto percebe-se que maioria dos servidores atuam em todos os setores da emergência devido a necessidade do serviço. Quando questionado sobre o que é a EPS, percebe-se que a maior parte deles entende como oportunidade de atualização e aprimoramento, exemplificam que acontece na chegada de novos equipamentos, técnicas e medicamentos. Mas também relacionam com a melhoria da qualidade da assistência. Os nutricionistas e assistentes sociais negam experiências de EPS, ou mesmo entendidas por educação continuada (EC). Quando questionados sobre o que entendem a respeito da interdisciplinaridade e como ela se aplica no cotidiano, de modo majoritário entendem sua importância para o trabalho, entretanto afirmam que ela não se dá. Percebe-se que há uma tentativa e interesse em trabalhar de forma interdisciplinar, entretanto não há êxito, referem que não há tempo devido alta dinamicidade de trabalho na emergência. Os servidores lamentam que quando ocorrem cursos e treinamentos, não são no setor, e na maior parte das vezes acontecem fora do horário de trabalho, o que dificulta o acesso para muitos, devido a mobilidade e pelo fato de que muitos possuem um segundo vínculo de trabalho. Neste contexto, os desafios precisam ser superados para tornar a EPS viável e efetiva. Para ser permanente e contínua, e para garantir sua efetividade a EPS precisa ser incluída no cotidiano de trabalho como parte da carga horária do profissional. Quando questionado de que forma são tratados os problemas no cotidiano de trabalho na emergência, percebe-se que há um empenho na tentativa de resolvê-los de forma pontual através de conversa pessoal ou em grupo há depender do problema. De outro modo, os demais entrevistados, afirmam que os problemas não são trabalhados com as equipes, são deixados de lado e sem retorno de possíveis soluções. Os participantes apresentaram sugestões para a resolução dos problemas que os inquietam no cotidiano de trabalho no setor. De forma majoritária referem necessidade de um processo de mudança, alguns exemplificam clube de revistas; reuniões de grupos de forma regular e continua; e clamam pela necessidade de serem ouvidos. As demais sugestões foram relacionadas a superlotação e deficiência de recursos humanos no setor. A intensa demanda de trabalho e a insuficiência de recursos humanos são bastante citadas pelos entrevistados. As falas dos participantes traduzem todo o sentimento gerado pela equipe de saúde. Cabe ressaltar que os profissionais têm necessidade de serem trabalhados com respeito e valorização; de serem ouvidos e terem um espaço adequado de escuta, de estabelecimento de vínculos, construção de diálogos para desenvolvimento de todo o seu potencial relacional, trazendo significado efetivo ao processo de trabalho. Considerações finais: O estudo permite concluir que é visível as dificuldades em se realizar a EPS no setor de emergência, sendo mais frequente a educação continuada, assim como a dificuldade de entendimento entre esses dois conceitos. Apesar da EC e a EPS produzirem uma relação complementar e não excludentes, fica explicito o conflito com entre esses dois conceitos. Os eventos que acontecem de cursos e treinamentos são restritos a equipe de enfermagem, e fogem do conceito de EPS. Percebe-se que os servidores gostam e têm interesse em participar, entretanto, são fora do setor, e na maior parte das vezes, fora do horário de trabalho. Entendem a importância da interdisciplinaridade para o trabalho, entretanto não contemplam em seu cotidiano. Chama atenção nas entrevistas a reclamação dos trabalhadores para as condições presentes de sobrecarga de trabalho, RH insuficiente, estresse e cansaço. Assim como a ânsia por serem ouvidos. Sugerem clube de revista; grupos semanais ou mensais; encontros para levantamento e discussão dos problemas do cotidiano. Outros pedem mudanças relacionadas a superlotação e deficiência de RH no setor; e adequação do quantitativo de profissionais em relação a demanda de pacientes. Proponho com esse estudo oficinas através de rodas de conversa com utilização do Arco de Maguerez. As oficinas são estratégias de trabalho educativo que prevê a “complexidade” de Morin (2006) no sentido de tecer junto o conhecimento necessário a partir de problemas identificados da prática profissional no setor da emergência. O uso do Arco de Maguerez pode favorecer a integração e o interesse do grupo, trazendo contribuições, reflexões sobre a prática, e aprendizado no trabalho em saúde de uma forma dinâmica e envolvente. Além de contribuir consideravelmente para a desaceleração da rotina do setor de emergência, valorizando a pausa para a escutas de si e do outro sem a rigidez das reuniões verticalizadas como palestras e treinamentos. Espera-se que os resultados desse estudo possam contribuir de forma significativa para os gestores no sentindo de implantar efetivamente as reuniões de EPS nos hospitais através de rodas de conversa, de forma sistemática, interdisciplinar e centrada nos problemas que emergem do cotidiano dos serviços. Além de acrescentar novos subsídios para prementes debates sobre a prática da EPS, particularmente em âmbito hospitalar.

6761 ENTRE A VIDA NO LIXÃO E O DIREITO À SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA INTERSETORIAL EM COMUNIDADE VULNERÁVEL DA CIDADE DE BARREIRAS BA
Tarcisio Joaquim de Souza, Ítalo Ricardo Santos Aleluia

ENTRE A VIDA NO LIXÃO E O DIREITO À SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA INTERSETORIAL EM COMUNIDADE VULNERÁVEL DA CIDADE DE BARREIRAS BA

Autores: Tarcisio Joaquim de Souza, Ítalo Ricardo Santos Aleluia

Apresentação: A formação médica deve propiciar aos acadêmicos uma ressignificação na sua forma de aprendizagem, a qual deve ser centrada no campo das práticas em saúde e orientadas para a formação de um senso crítico. Desse modo, o ensino deve ir além da incessante busca pela cura e inserir os discentes em territórios vulneráveis, para que compreendam, integralmente, como se dá o processo saúde-doença-cuidado. As ações intersetoriais para garantia do direito à saúde em comunidades de alta vulnerabilidade são de suma importância nesse processo de reconhecimento e atuação sobre os modos de viver, ser e adoecer das comunidades.Trata-se de experiência intersetorial na comunidade Fazenda Água Vermelha, localizada no lixão da cidade de Barreiras BA, ocorrida em novembro de 2019, que integrou alunos e docentes de medicina da Universidade Federal do Oeste da Bahia, a Secretaria Municipal de Saúde e de Assistência Social, além da Defensoria Pública Estadual. Realizou-se, em primeira etapa, visitas domiciliares conjuntas entre discentes e profissionais do Centro de Referência em Assistência Social, utilizando um questionário semiestruturado, abrangendo questões que abordavam as condições biopsicossociais dos moradores, a fim de ser feita uma análise situacional dos principais flagelos que assolam a comunidade e subsidiar o planejamento das ações. Partindo disso, foram executadas duas reuniões de planejamento entre os discentes e os profissionais do CRAS, para definir as estratégias e responsabilidades de cada setor na oferta de serviços de saúde e assistência social. Na segunda etapa foi realizada a oferta de ações sociais e de saúde na comunidade, por meio de ações recreativas e de acolhimento com crianças e adultos; educação em saúde bucal; realização de exame de colposcopia; atendimento odontológico básico; consultas de Medicina de Família e Comunidade e consultas pediátricas; realização de um bazar com doação de roupas arrecadadas em campanha organizada pelos discentes; ações do Programa Criança Feliz; inclusão e atualização do CadÚnico; desbloqueio do Bolsa Família; orientações sobre carteira do idoso, passe livre e Benefício de Prestação Continuada; verificação de glicemia e tensão arterial; imunização; dispensação de medicamentos básicos; testagem para Infecções Sexualmente Transmissíveis e serviço de segunda via de certidão de casamento e nascimento. A experiência possibilitou o reconhecimento das diversas iniquidades presentes na vida de comunidades residentes em lixões urbanos, como a ausência de saneamento básico, a pobreza extrema, as violências psicológicas sofridas pelos moradores, o estigma, o preconceito, entre outras. Essa articulação intersetorial para promoção da saúde comunitária possibilitou uma maior compreensão dos desafios da APS e demais setores públicos para organizar intervenções integradas e alinhadas com as necessidades sociais de saúde e com o ensino-pesquisa-extensão-cuidado. A intervenção foi de grande valia para uma percepção e análise crítica da realidade local por parte dos estudantes e profissionais de todos os setores, possibilitando o trabalho em equipe e a aprendizagem baseada em problemas reais de comunidades vulneráveis. Os dados da análise situacional permitiram traçar uma programação local de ações intersetoriais, com vistas a produzir um espaço de acolhimento e garantia de direitos básicos a uma população historicamente invisibilizada.

5626 SUBJETIVANDO O OLHAR NA FORMAÇÃO MÉDICA
Gabriela garcia de carvalho Laguna, Ricardo Evangelista Fraga

SUBJETIVANDO O OLHAR NA FORMAÇÃO MÉDICA

Autores: Gabriela garcia de carvalho Laguna, Ricardo Evangelista Fraga

Apresentação: O modo como o sujeito interpreta e se relaciona com as experiências que vive constrói sua subjetividade, indissociável de seu processo saúde-doença. Nessa perspectiva, as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Medicina preconizam uma formação que permita a compreensão dele em sua dimensão subjetiva. Alinhada a elas, a Universidade federal da Bahia, dispõe de um componente curricular que íntegra arte e cultura estimulando o desenvolvimento de experiências para a formação atitudinal do estudante de medicina no caminho para a profissão. Essa experiência objetivou a valorização das subjetividades, bem como a criação e o fortalecimento de vínculos, com o uso sensível dos sentidos na construção de confiança e a empatia. Desenvolvimento: O orientador iniciou a dinâmica "Roda de subjetividades" relatando uma memória de infância que o constitui, enquanto caminhou em direção a um estudante, mantendo contato visual, e assumiu seu lugar na roda. Depois, o sujeito para quem o olhar foi direcionado andou em direção a outro, contou sua vivência e assim seguiu-se até que todos houvessem participado. O segundo momento, "O despertar das sensação corporais" levou a atenção para o corpo através do toque, cada integrante do grupo envolveu a si próprio com as mãos, a fim de conhecer sua dimensão física e a partir disso reconhecer o espaço do outro. No terceiro momento, "outros olhos", os discentes foram instruídos a caminharem e encontrarem um parceiro apenas com o olhar. As duplas trocaram olhares antes que uma pessoa fosse vendada e a outra a conduzisse, os papéis se inverteram para que todos experimentassem o guiar e ser guiado. Por fim, realizou-se uma roda de conversa, com o direcionamento da leitura, para consolidar o conhecimento através de interações entre a experiência vivida e os princípios disponíveis na literatura para sistematização. Resultado: Ouvir sensivelmente os relatos permitiu conhecer particularidades dos sujeitos e percebê-lo em suas perspectivas próprias e únicas. Manter o contato visual foi desafiador, desviá-lo é uma forma de tentar evitar ser visto e revelar inseguranças, mas a confiança cresceu durante as dinâmicas e as interações tornaram-se progressivamente mais fluidas com o fortalecimento do vínculo. Considerações finais: Essa experiência foi, portanto, significativa porque a prática médica comumente envolve o treino de um olhar objetivo e impessoal e, em contrapartida, ela estimulou uma visão sensível do sujeito, que não pode ser desvinculado de sua subjetividade no contexto de atendimento.

7388 O ACESSO E USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO SUS NA FORMAÇÃO MÉDICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Giovanna Santana Queiroz, Roberto de Barros Silva, Cristiane Metzker Santana de Oliveira, João Eduardo Pereira

O ACESSO E USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO SUS NA FORMAÇÃO MÉDICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Giovanna Santana Queiroz, Roberto de Barros Silva, Cristiane Metzker Santana de Oliveira, João Eduardo Pereira

Apresentação: O acesso aos medicamentos essenciais é um direito humano fundamental visto que eles satisfazem as necessidades prioritárias de cuidados da saúde da população e devem ser selecionados por critérios de eficácia, segurança, conveniência, qualidade e comparação de custo benefício. Entretanto, as estratégias para promoção do acesso a medicamentos essenciais devem estar atreladas aquelas relacionadas ao seu uso racional, efetivadas quando os pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. Assim, no Brasil, o acesso e o uso racional de medicamentos (URMs) no Sistema Único de Saúde (SUS) são eixos norteadores das políticas públicas que regulamentam a área da Assistência Farmacêutica, representando importantes estratégias para a efetivação das ações e estruturação dos serviços de saúde no país. Entretanto, nota-se a fragilidade das discussões dessa temática na formação de profissionais da área de saúde, especialmente, em cursos de graduação em medicina, sendo a sua inclusão uma das estratégias propostas pelo Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional no país. Nesse sentido, o presente trabalho relata a experiência na inclusão dos temas relacionados ao acesso e uso racional de medicamentos no SUS na disciplina Farmacologia Médica I do Curso de Medicina de uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada no interior do Nordeste brasileiro, em 2019. Desenvolvimento: O curso na Instituição foi autorizado em 2018 cumprindo as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina, enfatizando no seu projeto político-pedagógico a abordagem integral do processo saúde-doença, aliando humanismo e ciência. Com um currículo aprovado nacionalmente pela IES, possui uma carga horária que pode ser adaptada para os interesses regionais.  Assim, a disciplina Farmacologia Médica I, ministrada para discentes no quarto semestre, além de abordar no seu processo de ensino-aprendizagem as áreas tradicionais da Farmacologia (farmacocinética e farmacodinâmica) também abordou de forma articulada as questões relacionadas à Assistência Farmacêutica, as estratégias para acesso e o uso racional dos medicamentos no SUS no seu plano de ensino. Resultado: A referida disciplina possui carga horária de 44 horas em sala de aula com 22 horas de ensino híbrido e contou com a participação de três docentes, sendo um biomédico com doutorado e pós-doutorado em farmacologia e duas farmacêuticas sendo uma com mestrado em ciências farmacêuticas e outra especialista em Assistência Farmacêutica com mestrado em saúde coletiva. Salienta-se que essa última foi contratada especialmente para introduzir a referida temática na disciplina. Foi necessário a realização de um planejamento capaz de articular os conteúdos de farmacocinética e farmacodinâmica de todos os medicamentos estudados com os assuntos relacionando a sua disponibilidade no SUS, normas, fluxos de acesso e uso racional. Os docentes adotaram o processo de ensino-aprendizagem em estações com discussões setorizadas sobre as bases moleculares da atuação dos medicamentos no organismo, os aspectos clínicos e o acesso/ uso racional no SUS. Para essa última estação, foram abordadas as seguintes temáticas: a) Medicalização e farmacologização da vida com discussões sobre o seu conceito, os impactos desses processos no cuidado e na gestão em saúde bem como os interesses do Complexo Econômico-Industrial da Saúde e, especialmente, da indústria farmacêutica nos atos prescritivos e de consumo de medicamentos; b) Os marcos históricos, políticas norteadoras (Política Nacional de Medicamentos/1998 e Política Nacional de Assistência Farmacêutica/2004), sua organização por Componentes, avanços e desafios da Assistência Farmacêutica no país enfatizando a importância do trabalho em equipe no cuidado em saúde, especialmente na gestão clínica do medicamento além dos impactos do sub-financiamento da saúde com a Emenda Constitucional 95/2016 para a estruturação dos serviços, garantia do acesso e desenvolvimento de ações de promoção do uso racional, por exemplo; c) o Uso Racional de Medicamentos (URMs), seu conceito, benefícios, importância e suas estratégias, tais como: o processo de seleção de medicamentos com a participação efetiva do profissional médico na Comissão de Farmácia e Terapêutica no âmbito municipal, estadual ou hospitalar com a elaboração da lista de medicamentos essenciais, considerada uma estratégia de cunho técnico-científico cujo objetivo é orientar a oferta, a prescrição e a dispensação de medicamentos no SUS; a utilização da Relação de Medicamentos Essenciais, no âmbito nacional denominada RENAME, nos estados RESME e nos municípios REMUME bem como o uso do Formulário Terapêutico Nacional disponível em plataforma digital pelo aplicativo MedSUS na prática clínica; a adoção dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) elaborados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) como norteador das práticas; e o estimulo ao desenvolvimento de ações pela equipe de saúde (médicos, farmacêuticos, enfermeiros, cirurgiões dentistas etc.) direcionadas ao uso racional de medicamentos para profissionais e usuários do SUS bem como a implantação de Comitês Locais para a promoção do URMs conforme recomendações do Comitê Nacional; d) o acesso aos medicamentos essenciais enquanto direito humano fundamental bem como daqueles disponíveis no SUS em cada Componente da Assistência Farmacêutica (Básico, Estratégico e Especializado) com discussões sobre as suas normas, procedimentos e fluxos a serem adotados a fim de possibilitar o encaminhamento e a orientação correta do paciente aos serviços farmacêuticos. Por fim, diante da responsabilidade de promover a efetivação de competências e habilidades aos (as) futuros (as) médicos (as) sobre os conceitos e as estratégias adotadas para garantia acesso e a promoção do uso racional de medicamentos no SUS bem como aproximar o ensino da prática, a disciplina ofertou aos seus discentes e a comunidade em geral a internet palestra “A CONITEC e a elaboração da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)” com um técnico do Ministério da Saúde que apresentou a referida Comissão, a Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS), estrutura que reúne órgãos gestores e instituições de ensino e pesquisa bem como as estratégias adotas para a avaliação de tecnologias em saúde para análise da incorporação de medicamentos no SUS. Considerações finais: Assim, busca-se com a incorporação na disciplina Farmacologia Médica I da temática da Assistência Farmacêutica, acesso e uso racional de medicamentos no SUS contribuir com a formação de profissionais médicos (as) a fim que os (as) mesmos (as), futuramente, possam refletir sobre o seu processo de trabalho na terapia medicamentosa e, consequentemente, ofertar práticas prescritivas que possibilitem a promoção do acesso e do uso racional de medicamentos, conforme as diretrizes preconizadas pelo SUS. 

7445 VIVÊNCIAS DE UMA ACADÊMICA DE MEDICINA FRENTE AO CURSO DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Tárcia Alfaia Almeida, Andreina Maciel de Sena Santos, Brenner Kássio Ferreira Oliveira, Fernanda Freitas Santos, Maxwell Arouca Silva

VIVÊNCIAS DE UMA ACADÊMICA DE MEDICINA FRENTE AO CURSO DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA

Autores: Tárcia Alfaia Almeida, Andreina Maciel de Sena Santos, Brenner Kássio Ferreira Oliveira, Fernanda Freitas Santos, Maxwell Arouca Silva

Apresentação: O Suporte Básico de Vida (SBV) é um conjunto de medidas e procedimentos técnicos de atendimento, prestado a uma vítima de acidente ou mal súbito, com o intuito de mantê-la com vida até a chegada de atendimento médico especializado. O objetivo do SBV é não agravar as lesões já existentes ou gerar novas lesões. Desta forma, o SBV proporciona até 60% de chance de sobrevida. Objetivo: O trabalho tem como objetivo relatar a experiência de uma acadêmica de medicina frente a disciplina de SBV implementada ao ciclo básico visando uma melhor formação profissional do indivíduo. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, tipo um relato de experiência sobre o curso de SBV ministrado para os discentes do primeiro ano de medicina da Faculdade Central del Paraguay (UCP) em Ciudad del Est – PY, no ano de 2019 em um período de 15 dias. Os conteúdos eram ministrados por meio de aulas teóricas seguidas de práticas laboratoriais que consistiam em ensinar ao aluno, através de bonecos e simulações de forma que os acadêmicos tivessem a oportunidade de executar o que aprenderam em sala. Resultado: Na graduação este curso, geralmente, é oferecido fora da grade curricular onde o acadêmico deve estar atento aos editais de cursos optativos ou ainda quando oferecido é em períodos seniores. Além disso, este é um conhecimento que pode minimizar malefícios provenientes da incorreta manipulação da vítima no momento da prestação do socorro ou então a falta deste socorro imediato. Assim, esta capacitação gera uma maior segurança ao aluno, pois este sendo acadêmico da área da saúde, especificamente medicina, já conta com a confiabilidade maior da sociedade. Considerações finais: O conhecimento teórico-prático em SBV pelo profissional médico é imprescindível, pois a sua competência é um fator determinante na sobrevida do paciente. Desta forma, considera-se de grande importância o ensino sobre SBV aos estudantes do ciclo básico do curso de medicina quando se observa o impacto na capacitação do acadêmico colaborando para uma formação profissional mais completa, humanizada e especializada.

9912 PACIENTE VÍTIMA DE ACIDENTE OFÍDICO EM UMA CLÍNICA PEDIÁTRICA EM SANTARÉM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Getúlio José do Carmo Neves Netto, Rafaela Victoria Camara Soares, Rosângela Carvalho de Sousa, Alice Né Pedrosa, Sara Cristina Pimentel Baia, Monica Karla Vojta Miranda

PACIENTE VÍTIMA DE ACIDENTE OFÍDICO EM UMA CLÍNICA PEDIÁTRICA EM SANTARÉM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Getúlio José do Carmo Neves Netto, Rafaela Victoria Camara Soares, Rosângela Carvalho de Sousa, Alice Né Pedrosa, Sara Cristina Pimentel Baia, Monica Karla Vojta Miranda

Apresentação: Existem, no mundo, cerca de 100.000 espécies de animais peçonhentos, capazes de produzir veneno e inoculá-lo por meio de dentes em seu alimento ou para proteção contra predadores. Para tentar minimizar os acidentes, foram criadas estratégias voltadas à prevenção e primeiros socorros, relacionadas ao tratamento com uso de anti-venenos especializados. No Brasil, entre 2007 e 2015, foram notificados pelo SINAN, 247.086 acidentes por serpentes, com a Região Norte apresentando 62.599 casos, e o Pará com 38.061. O mecanismo de ação da toxina é proteolítica, coagulante e hemorrágica e o tratamento varia conforme o acidente é classificado. O presente trabalho tem como objetivo acompanhar a evolução do quadro de paciente vítima de acidente ofídico da clínica pediátrica e aplicar a assistência sistematizada de enfermagem. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência vivenciado por acadêmicos do 6º semestre da Universidade do Estado do Pará (UEPA) - Campus XII durante as aulas práticas de enfermagem pediátrica em um hospital público de Santarém, entre os dias 04 e 11 de novembro de 2019. A coleta dos dados foi feita por meio de análise do prontuário e observação do comportamento, sinais e sintomas do paciente durante a aula prática. Resultado: C. R. S., 06 anos de idade, procedente da comunidade Boa Esperança, vítima de acidente ofídico no joelho esquerdo, deu entrada na emergência após 18 horas do momento da picada, com hipótese diagnóstica de acidente ofídico leve com infecção bacteriana secundária. Na emergência, o paciente referiu dor de leve intensidade no local, edema e calor, com diurese presente onde foram administradas 04 ampolas de soro antibotrópico. Foram realizados exames de sangue e urina, com resultados de leucocitose e plaquetopenia. No dia seguinte, houve aumento de edema e rubor local, estendendo da metade inferior da coxa à perna esquerda. Foram administrados antibióticos 1,5 g com SF 0,9% de 06/06h; dipirona 1 ml com 3 ml de SF; cetoprofeno 20 mg de 08/08h; tramal 20 mg SN; metoclopramida (02mg) 0,4 ml; simeticona 20 gotas; bromoprida 0,2 ml com 04 ml de SF. No dia 06/11/2019, foi submetido a cirurgia de drenagem de abcesso subcutâneo no joelho esquerdo, apresentando secreção serosanguinolenta no local do abcesso. Após o procedimento cirúrgico, menor encontrava-se no leito acompanhado de sua genitora, espenico em ar ambiente, normocárdio, afebril, acesso venoso periférico no dorso da mão esquerda, sem sinais flogísticos. No dia seguinte, apresentou tosse e dor no local da ferida operatória com curativo oclusivo limpo externamente. No dia 07/11/2019, genitora relatou que menor teve dificuldade para dormir devido à dor no local da FO. A médica infectologista do plantão prescreveu analgesia para realização de banho de aspersão. Logo após, foi realizada a troca de curativo com SF 0,9%, retirado dreno da FO com coágulos, colocado um novo dreno no orifício da ferida e ocluído com gaze e atadura. Enquanto o menor estava internado na clínica pediátrica, foi realizado o tratamento da infecção e foi possível observar melhora do quadro e boa recuperação. Na assistência, primeiramente, foi administrado soro antibotrópico para atenuar os sintomas clássicos do caso leve como edema local discreto, sangramento na gengiva, calafrios, urticária, dor abdominal e náuseas. Esses sintomas foram evidenciados pelos acadêmicos durante a aula prática, como as reações faciais demonstrando o incômodo do efeito do soro no organismo, juntamente com as dores da ação do veneno. Após verificar o prontuário do paciente no que diz respeito aos cuidados necessários, notou-se poucas informações sobre qual serpente causou o acidente, o que facilita consideravelmente a eficácia do tratamento correto. Além disso, a falta de conhecimento acerca dos sintomas de cada tipo de fatalidade agrava a situação do quadro clínico do indivíduo. Por conta disso, infelizmente, o tio do menor que estava próximo a ele no local do acidente afirmou não ter visualizado o animal após a picada, porém, há certa abrangência do soro antiofídico para tratar do veneno decorrente das serpentes habitantes da região de acordo com o gênero. Portanto, a sintomatologia apresentada pelo paciente foi estudada para corroborar com a identificação da espécie. Por outro lado, o local do acidente relatado pela genitora não possui uma estrutura adequada de saúde para assistência de acidentes ofídicos como o presente neste estudo, obrigando a transferência da vítima para a emergência mais próxima. Dessa forma, a família se encaminhou até o hospital municipal para receber o tratamento adequado. Em virtude dos conhecimentos empíricos que possuíam, eles afirmaram não interferir nos cuidados diante do local da mordedura de cobra, pois aguardaram os procedimentos médicos do hospital. Esse fato chamou a atenção dos acadêmicos, pois apesar da escassez de informações pertinentes aos cuidados iniciais, os moradores não tomaram nenhuma atitude inadequada. Por conseguinte, o tratamento se deu de forma constante, com o controle dos exames e o acompanhamento pelo médico infectologista, monitoramento da dieta, orientações acerca da elevação do membro atingido para evitar edema e promover a circulação sanguínea no local da ferida, e foi possível administrar medicamentos analgésicos e antitérmicos conforme necessário. Por conta disso, a qualidade da assistência no controle da dor não se deve negligenciar na mudança de plantão, pois isso dificulta o bem-estar físico e emocional do paciente. O alívio da dor é atribuição da equipe multiprofissional do setor durante a assistência com o intuito de amenizar o sofrimento. Considerações finais: Após 12 dias na clínica pediátrica com o tratamento adequado, o paciente conseguiu restabelecer o quadro clínico de maneira esperada, recebendo alta hospitalar no dia 08 de novembro de 2019 com cicatrização da F.O. sem complicações. Apesar da angústia vivida no hospital, o paciente obteve uma melhora considerável, recuperando-se com a ajuda dos genitores que estavam sempre presentes. Os últimos resultados obtidos significavam uma boa resposta imunológica contra a infecção presente, demonstrando que o paciente era apto a receber alta hospitalar, com orientações básicas acerca dos cuidados com a ferida operatória e alimentação. Durante o período das aulas práticas, obteve-se um vasto conhecimento teórico de patologias, diagnósticos, tratamentos e condutas baseadas na assistência sistematizada, fator positivo para um aprendizado completo dos acadêmicos que vivenciaram experiências diferenciadas no setor. Espera-se que, através deste relato, essas condutas sejam difundidas na prática da enfermagem, pois foi possível notar a sua importância e sua contribuição na melhora do quadro clínico dos pacientes durante sua recuperação.

8599 A CAPES E O FINANCIAMENTO DA FORMAÇÃO DO MÉDICO PESQUISADOR
HAYSLLA BOAVENTURA PIOTTO, LUCIANA CALABRÓ

A CAPES E O FINANCIAMENTO DA FORMAÇÃO DO MÉDICO PESQUISADOR

Autores: HAYSLLA BOAVENTURA PIOTTO, LUCIANA CALABRÓ

Apresentação: O desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (C&T) de um país está profundamente atrelado a inovação, educação e formação de pessoal de alto nível qualificado, nesse sentido a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vem atuando fortemente na expansão da Pós-Graduação brasileira e no fomento de políticas públicas científicas que possam impulsionar iniciativas em prol da pesquisa, da universidade e do ensino. Esse trabalho traz uma breve análise sobre o financiamento de uma política pública científica criada pela Capes para apoiar a formação superior de médicos pesquisadores, o Programa de Bolsa Especial para Doutorado em Pesquisa Médica - PBE-DPM. Esse programa traz uma estrutura formativa que teve início nos Estados Unidos, e chegou no Brasil por meio da UFRJ por volta de 2001, trata-se de um currículo acadêmico diferenciado vinculando o treinamento cientifico dos alunos de medicina durante a graduação. Até 2008 essa iniciativa não tinha nenhum tipo de apoio formal, quando então foi lançado, pela Capes, o primeiro programa de fomento para formação de médicos pesquisadores. Essa iniciativa, o PBE-DPM, tem como objetivo “fomentar o desenvolvimento para a formação em pesquisa médica, com a finalidade de estimular a produção acadêmica e a formação de pesquisadores, em nível de doutorado, por meio de financiamento específico, consolidando e ampliando o pensamento crítico estratégico sara o desenvolvimento científico do país”, conforme conta no Site da Capes. Metodologicamente foram manipulados dados oficiais concedidos pela Capes em agosto de 2018, associados a conferencias na Plataforma Lattes e na Plataforma Sucupira. E como resultado, são apresentados levantamentos sobre a execução desse programa, abordando questões de investimento em C&T e difusão pelo território nacional.