313: Intersetorialidade e Redes Colaborativas de Apoio: aprimorando cuidados de saúde
Ativador: Guilherme Andrade Campos
Data: 29/10/2020    Local: Sala 16 - Távolas de trabalhos    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
7576 ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DAS BENEFICIÁRIAS GESTANTES NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
Ludimyla dos Santos Victor Rodrigues, Ana Carolina Lucena Pires, Denise Ribeiro Bueno

ANÁLISE DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DAS BENEFICIÁRIAS GESTANTES NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Autores: Ludimyla dos Santos Victor Rodrigues, Ana Carolina Lucena Pires, Denise Ribeiro Bueno

Apresentação: Análise do acompanhamento das condicionalidades de saúde das beneficiárias Gestantes no Programa Bolsa Família Objetivo: O Programa Bolsa Família foi instituído pela Lei Federal nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004 e regulamentado pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004; tendo sido criado a partir da unificação dos programas de transferência de renda existentes à época (como o Bolsa Alimentação, Bolsa Gás, Bolsa Escola, dentre outros) e tem como objetivo a superação imediata da pobreza mediante a transferência direta de renda às famílias beneficiária; contribuir com a ruptura do ciclo intergeracional da pobreza por meio do acesso aos direitos sociais básicos nas áreas de saúde, educação e assistência social; além do desenvolvimento de capacidades para que as famílias superem a situação de vulnerabilidade, por meio da articulação com programas e ações complementares de qualificação, de alfabetização e de geração de emprego e renda, por exemplo. Na área da saúde, as condicionalidades do PBF podem ser traduzidas como os compromissos do poder público e das famílias beneficiárias do programa que tenham em sua composição crianças menores de sete anos de idade e mulheres em idade fértil, para ampliar o acesso dessas famílias aos serviços de saúde, garantindo com regularidade o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, a imunização e o acompanhamento de pré-natal, quando as mulheres estiverem gestantes. As famílias devem assumir e cumprir esses compromissos para continuar recebendo o benefício e cabe ao Poder Público, se responsabilizar pela oferta dos serviços nas respectivas áreas de saúde, educação e assistência social. No âmbito das condicionalidades de saúde, o acompanhamento do pré-natal das gestantes, junto às informações fornecidas às nutrizes sobre a promoção do aleitamento materno e da alimentação adequada e saudável, contribui para o melhor desenvolvimento do bebê no período pré e pós gestacional. O acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família consiste em importante estratégia de focalização das ações para a parcela mais vulnerável da população, assegurando o exercício do princípio da equidade no SUS. O presente estudo tem como objetivo analisar as coberturas do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, para as beneficiárias gestantes. Método do estudo: Trata-se de estudo descritivo observacional do tipo transversal realizado a partir da análise de dados consolidados do acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família, durante a 2ª vigência de 2018 e a 1ª vigência de 2019. O estudo abrangeu os indicadores de cobertura de acompanhamento das beneficiárias gestantes, registradas pelos municípios brasileiros no Sistema de informação do PBF na saúde. Resultado: Ao analisarmos o acompanhamento das condicionalidades de saúde do PBF para as beneficiárias gestantes, observa-se o aumento de 4,6 pontos percentuais entre as coberturas alcançadas na 2ª vigência de 2018 (134,18%) e na 1ª vigência de 2019 (138,24%), apesar da redução de 16.699 gestantes localizadas. Em relação às coberturas estaduais, 16 estados e o Distrito Federal aumentaram as coberturas apresentadas na 1ª vigência de 2019, 10 estados reduziram a cobertura de acompanhamento das condicionalidades de saúde das beneficiárias gestantes, sendo as diminuições mais expressivas observadas no Paraná (23,70 p.p. a menos), Rio de Janeiro (23,62 p.p a menos), Mato Grosso do Sul (21,85 p.p. a menos) e São Paulo (19,35 p.p. a menos). As melhores coberturas de acompanhamento das beneficiárias gestantes foram apresentadas, respectivamente, pelos estados do Paraná (179,51%), São Paulo (169,63%), Santa Catarina (168,62%), Ceará (168,27%), Tocantins (162,79%), Alagoas (162,1%) e Distrito Federal (161,44%). Apenas os estados do Amapá (88,16%) e Rio de Janeiro (97,1%) não alcançaram 100% da meta estimada para a localização de gestantes. Em todo o país apenas 114 municípios não identificaram nenhuma gestante beneficiária do PBF no acompanhamento das condicionalidades de saúde e 217 municípios apresentaram cobertura de até 50% da estimativa de gestantes. Quando destacamos os municípios com maior quantidade de gestantes estimadas para acompanhamento, em todo o país são 22 com mais de 1.000 gestantes a serem localizadas durante o acompanhamento das condicionalidades de saúde do PBF, na 1ª vigência de 2019. Os estados que apresentaram as menores coberturas de acompanhamento das condicionalidades de saúde para as gestantes migradas a partir do e-SUS AB, foram o Rio de Janeiro (35,6%), São Paulo (45,8%), Espírito Santo (46,6%), Goiás (51,9%), Paraná (63,1%) e Minas Gerais (63,6%). No acompanhamento das mulheres indígenas, foram identificadas 4.101 gestantes ao longo da 1ª vigência de 2019, no qual 4.090 estavam com acompanhamento de pré-natal (99,73%) e 3.543 dispunham de dados nutricionais registrados no sistema BFA. Em 617 municípios, não houve o registro de identificação de mulheres indígenas gestantes. Apenas 11 mulheres não tiveram acesso aos serviços de pré-natal e poderão entrar em situação de descumprimento de condicionalidades. Com relação a localização de gestantes quilombolas, foram identificadas 4.302 mulheres gestantes, das quais 99,91% estavam com o pré-natal em dia e 74,3% tiveram dados nutricionais coletados. Dessas, apenas 4 mulheres não realizaram o acompanhamento de pré-natal, sendo 1 no Mato Grosso, no município de Cáceres; e 3 no Estado do Maranhão. Os estados com menor ocorrência de mulheres sem acesso ao pré-natal (até 5 gestantes em situação de descumprimento de condicionalidades por falta de acompanhamento de pré-natal) foram: Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Nos chama a atenção os estados com grande número de mulheres em descumprimento, como é o caso do Paraná com 127 ocorrências, Goiás com 66 casos, Pará 44 casos, Bahia 34 casos e Minas Gerais com 33 casos; independente do motivo registrado. Em especial nos casos de falta de oferta de serviço de pré-natal, com 55 casos em Goiás, 6 casos na Bahia e Acre, além de 4 casos no Rio de Janeiro. Considerações finais: Devido às características intersetoriais do PBF, faz-se necessário maior articulação entre os serviços de Assistência Social, Educação e Saúde nos municípios brasileiros, a fim de melhorar o registro das informações das famílias, desde o início do cadastramento do Cadastro Único até o registro dos dados de acompanhamento semestral realizado pelos serviços de Atenção Primária à Saúde, para as mulheres gestantes em todo o país.  

8022 ROÇA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: EXPERIÊNCIA NA CASA DE APOIO À SAÚDE INDÍGENA DE CANARANA (MT)
Maria Eunice Waughan Silva, Yamalui Waura, Waldemiro Flores Marcolan, Joana D'arc, Douglas Willian Menezes Oliveira, Aumari Yawalapiti, Charles Juliano Visconti, Kátia Yukari Ono

ROÇA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: EXPERIÊNCIA NA CASA DE APOIO À SAÚDE INDÍGENA DE CANARANA (MT)

Autores: Maria Eunice Waughan Silva, Yamalui Waura, Waldemiro Flores Marcolan, Joana D'arc, Douglas Willian Menezes Oliveira, Aumari Yawalapiti, Charles Juliano Visconti, Kátia Yukari Ono

Apresentação: O presente trabalho trata da experiência do projeto “Roça Indígena” realizado na Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI) de Canarana – MT, pertencente ao Distrito Sanitário Especial Indígena Xingu (DSEI Xingu). Entre os objetivos, a iniciativa buscou relacionar alimentação e nutrição indígena e a sua possível utilização na alimentação dos comensais da própria CASAI, bem como realizar a troca de mudas com as demais etnias. A ideia inicial foi criar um espaço de promoção da alimentação adequada baseada nas tradições indígenas do Xingu, porém ao longo do tempo as intenções foram se modulando de acordo com a realidade de execução do projeto e apresentação dos primeiros resultados. Ao longo do projeto foi possível realizar a utilização do resíduo orgânico, restos de alimentos que são produzidos na cozinha segregados e dispensados  na composteira para que por sua vez possa virar adubo completando seu ciclo e ajudando a produzir mais alimentos. Objetivo: Este texto busca descrever o nascimento do projeto, desde a plantação das primeiras mudas, passando pelo processo de colheita, preparação do alimento e produção de composto orgânico, considerando as potencialidades e desafios da manutenção da roça na CASAI. Desenvolvimento: O projeto teve início em outubro de 2018 e segue até os dias atuais, a primeira atividade constituiu na articulação da entre DSEI e Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente através da disponibilização de maquinário para preparação do solo e doação de mudas de couve, salsinha, pimenta, maracujá, ramas de mandioca e batata doce da variedade Covington. O primeiro desafio apresentado foi o método de irrigação, iniciou-se com irrigação manual. Profissionais e pacientes, especialmente crianças, auxiliaram na irrigação. Devido dificuldade, foi doado por 2 profissionais 100 metros de mangueira. O método de irrigação foi aprimorado aos poucos, como o fluxo da água não atingia todos os canteiros, fez-se uma extensão do encanamento com  fixação de duas torneiras, método que é utilizado até hoje. Após 1 mês de plantio, o segundo desafio foi o surgimento de formigas que afetaram especialmente as folhosas. Houve dúvidas sobre o método de controle de pragas, porém foi observado que as formigas fazem parte da alimentação tradicional indígena, sendo consumida crua sem asas e pernas ou tostada com beiju. Optou-se por desistir das folhosas. Interessante também foi o surgimento de novas mudas, voluntariamente pessoas da equipe de enfermagem, cozinha, limpeza e pacientes plantaram suas sementes e mudas de pimenta, erva cidreira, abacaxi, melancia, quiabo, abóbora. Para limpeza da roça foram organizados mutirões, porém com dificuldades de organização. Em meados de fevereiro de 2019 foi firmada a parceria com Empresa Pública Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (EMPAER) vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura Familiar, com objetivo de ofertar apoio técnico assistencial. O ponto focal para receber as orientações técnicas é o agente de saneamento Yamalui Waura, DSEI Xingu, principal profissional responsável pela manutenção da roça. Em março somou-se à experiência o Instituto Socioambiental (ISA) que contribuiu através da doação de matérias para o início da composteira. Após 5 meses do início do projeto foi possível reunir todos os parceiros para novos planejamentos. No mesmo mês foi iniciado a implementação da composteira através da orientação às cozinheiras sobre separação do lixo orgânico, produção de anéis de caixa d’água no qual seria destinado o composto orgânico. O composto ficou pronto para uso após 4 meses de preparação, foram feitas duas composteiras em tempos distintos que estão sendo utilizadas nos canteiros da roça pré-plantio e em oficinas de produção de mudas. Na semana do meio ambiente (01 a 05 de junho) foram realizadas atividades com os indígenas sobre separação do lixo, a relação entre o ato de comer e as mudanças climáticas e plantação na CASAI de 7 mudas de árvores frutíferas e nativas do cerrado. Para as oficinas culinárias foram utilizados utensílios da cozinha junto aos métodos de cocção em fogo de chão com lenha. Os utensílios para oficina de beiju foram providenciados conforme é realizado na realidade indígena. As latas de leite transformaram-se em descascadores, o ralador foi produzido com madeiras e lata perfuradas com prego e martelo, para separação da polvilho foram utilizadas esteiras indígenas e balde com água. Os produtos do projeto consistem em colheita coletiva, oficinas culinárias com receitas indígenas e não indígenas, oficina de mudas, compartilhamento de saberes técnicos e tradicionais. RESULTADOS S: Dois meses após o início já foi possível identificar o crescimento dos primeiros alimentos melancia, abobrinha, pimenta entre outros. Com as dificuldades de irrigação e limpeza da roça, os alimentos que se mantiveram ao longo do tempo foram as batatas doces, mandioca, erva cidreira, maracujá, 1 pé de banana, pequi. A pimenta foi coletada pelos indígenas para consumo o beiju com peixe ou frango assado quando estes prepararam em fogo de chão na CASAI, porém com falta de irrigação as 3 pimenteiras secaram. Atualmente há 4 ramas grandes de erva cidreira que são utilizadas em dietas especiais conforme aceitabilidade do paciente e para consumo da equipe da enfermagem. A primeira grande colheita aconteceu no início de fevereiro, 4 meses após a plantação, foram colhidos 15kg de batata doce fortificada, da variedade Covington que tem como característica polpa alaranjada com alto teor de vitamina A. Uma parte das batatas foi assada em fogo de chão, outra cozida conforme é feita nas aldeias. O uso de batata é mais comum nas etnias do baixo Xingu, em especial os povos Kaiabi e Yujda. No final de abril foram plantadas mais 54 ramas de batatas reaproveitadas das ramas já existentes na roça. Final de maio aconteceu a segunda colheita de batata biofortificada, com os 55kg colhidos repetiu-se as oficinas culinárias tradicionais com acréscimo da receita de mingau de batata ensinado pelas mulheres indígenas e as fibras que sobraram da peneiragem da batata foram utilizadas em receita de bolo que foi servido no mesmo dia no lanche da tarde da CASAI. 76,3kg de mandioca foram colhidos e transformados em beiju que foi servido com mutape. O plantio da mandioca é feita pelos homens e as mulheres ficam com a responsabilidade da colheita e preparação do polvilho. Conforme os conhecimentos tradicionais, cada plantação tem um dono espiritual ou protetor, tanto no plantio quanto na colheita há regras que precisam ser seguidas, caso contrário a desobediência pode gerar doenças nos indígenas, sendo necessário intervenção do pajé. Após a cura, a família da pessoa que adoeceu organiza festa e o alimento é ofertado para a comunidade. Considerações finais: Apesar das dificuldades, o projeto sinaliza para novos modos de ocupar a CASAI, com potencialidades de cuidado ampliado (corpo e natureza) e compartilhamento de saberes. Dentre os resultados, destaca-se a articulação intersetorial e o projeto como espaço de educação permanente para os profissionais da CASAI que tem a oportunidade de aprender com os indígenas sua relação com a natureza, o alimento e a saúde.

8468 A REDE DE CUIDADOS À SAÚDE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA –as Redes Vivas na produção do cuidado
Nereida Palko, Emerson Merhy, Luiza Sanchez, Rayza Nascimento, Mayara Mazotto, Thamiris Gomes, Magda Chagas, Tiago do Espírito Santo

A REDE DE CUIDADOS À SAÚDE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA –as Redes Vivas na produção do cuidado

Autores: Nereida Palko, Emerson Merhy, Luiza Sanchez, Rayza Nascimento, Mayara Mazotto, Thamiris Gomes, Magda Chagas, Tiago do Espírito Santo

Apresentação: A pesquisa de avaliação da implantação da Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência (RCPCD), uma rede que aposta para superação dos vazios assistenciais e para resolução dos problemas acumulados no Sistema Único de Saúde, para responder a necessidade de ampliar, qualificar e diversificar as estratégias para a atenção às pessoas com deficiência por uma rede de serviços integrada, articulada e efetiva nos diferentes pontos de atenção. Desenvolvimento: Pesquisa qualitativa com inspiração cartográfica com o objetivo de mapear os fluxos de acesso / barreira ao cuidado em um CER IV da Rede Prioritária de Atenção da Pessoa com Deficiência no município do Rio de Janeiro. Após a aprovação pela Comissão de Ética em Pesquisa UFRJ - Macaé (parecer número 3632302) foram participantes usuários, trabalhadores e gestores como guias. As entrevistas livres, os grupos focais com profissionais de oito categorias: enfermeira, fisioterapeuta, fonoaudióloga, musicoterapêuta e psicóloga em encontros mensais; e documentos institucionais e disponíveis para o acesso público. Os registros ocorreram através de mídia digital áudio e fotográfica, com produção de narrativas e expressões escritas e gráficas. Resultado: Os modelos de atenção à saúde cohabitam, tensionam e disputam a macro e micropoliticamente o cuidado em saúde, em campo fragmentado e ao mesmo tempo, robusto da estruturação de saberes e fazeres das disciplinas-profissões, biomedicamente pautados e estabelecidos. Existe a produção de linhas genéricas e macroestruturais no cotidiano da vida dos usuários, fluxos e protocolos aos quais devem se ajustar para estarem encaixados à produção de acesso a atendimento e serviços, ou, na produção da vida, da existência, da singularidade e subjetividade. Nesse contexto, a REDE VIVA produzida pela mãe-guia & usuário-criança da pesquisa se dá no município do Rio de Janeiro. O fluxo para a unidade de especialidade se dá a partir de um encaminhamento na Rede de Atenção à Saúde via Sistema de Regulação (SISREG), normalmente vindo da Atenção Básica (AB), das Clínicas da Família (CF) diretamente para as reabilitações neurológica e intelectual. Após o encaminhamento ao SISREG, o que exige das equipes da AB a capacidade de avaliação, reconhecimento e integração ao fluxo de rede para o encaminhamento correto, em conformidade aos protocolos de acesso e acompanhamento da instituição; usuários encaminhados em conformidade ao perfil de atendimento da unidade, após avaliação pelo pediatra seguem para a avaliação pela equipe de reabilitação, momento de início do projeto terapêutico singular (PTS) sob matriz orientadora da interdisciplinaridade, considerando o desenvolvimento, e a singularidade da criança, assim como o compromisso da agenda na unidade, e do desenvolvimento parceiro com as famílias no domicílio. O acesso/barreira, para além da chegada a porta de entrada dos serviços de saúde, envolve ser elegível ao escopo da unidade à luz da modelado de qualificação da capacidade de produzir adequações das especialidades da saúde (disciplinas e profissões) devolverem, pautadas em saberes e ferramentas, na capacidade normativa e funcional dos usuários para a vida produtiva. Como efeito prático, o SISREG e o fluxo em curso carece de aperfeiçoamento, pois o usuário aguarda por meses por uma consulta, avaliação, exame, internação, e / ou início do tratamento. Depois da espera e, por vezes, trâmites clínico-burocráticos para acessarem o serviço desejando a solução de suas necessidades, recolhem o equívoco no preenchimento do sistema, o encaminhamento errado, e até a incapacidade da instituição / serviço para a absorção da demanda expressa, avaliada e sentida. O usuário-criança que nos guia nasceu em 2015, com microcefalia, no auge da epidemia de Zika Vírus, prontamente foi inserido no Fluxograma para atendimento do recém nascido. Como componente para a implantação da RCPCD no cuidado de crianças e adolescentes ganha evidência as mães-famílias que seguem no cuidado ininterrupto, comumente com dedicação exclusiva à esta face de atuação de sua existência. Mais que o cuidado, há uma dimensão que poderia se dizer simbiótica, da maternidade-vida do(a) filho(a) na produção da vida-mundo de seus filhos e, não raro, as vidas fundidas são fundamentais para o campo, para a REDE VIVA e rede formal que se produz. Nos sentidos e experiências como vida do binômio, há uma luta por reconhecimento no cotidiano das pessoas com deficiência, luta das mãe-guia & usuário-criança que se expressa nos diferentes modos de produção de vida, singularidades para além de protocolos e fluxos normatizados, nos encontros com os trabalhadores, na produção cotidiana do cuidado. Na REDE VIVA que a mãe-guia & usuário-criança produzem, temos nove serviços acessados, e oito em continuidade de acompanhamento com fluxo de locomoção da mãe-guia & usuário-criança em cinco áreas programáticas (1.0; 2.1; 2.2; 3.3 e 4.0). Há acesso aos serviços da AB, da rede especializada, como da rede de urgência e emergência; entretanto, as barreiras aos mesmos e à produção do cuidado em saúde estão para além do acesso aos aparelhos de atenção à saúde. Considerações finais: Os dados preliminares apontam para uma possível super utilização, não necessariamente efetiva, do acesso aos serviços de especialidades / saúde uma vez que estes não dialogam e integram o cuidado entre si, produzindo atos terapêuticos isolados, que podem ser sincrônicos, consonantes e alinhados; como desalinhados e dissonantes. A microcefalia – vírus zika, viabiliza acesso estratégico na estruturação da RAS, frente a epidemia recente e seus efeitos para gerações futuras, entretanto, não há continuidade e longitudinalidade na atenção à saúde nas estações de cuidado. A falta de comunicação dos serviços e seus profissionais pode ser produtora de uso excessivo de recursos do sistema, implicando o financiamento da contratualização de rede especializada não pública, da repetição de pedidos de exames e procedimentos, pela ausência da unificação das condutas e ações. Há que se incorporar ao planejamento das ações estratégicas que, frequentemente os usuários constroem suas próprias redes em diferentes territórios de conexões, agenciamentos imperceptíveis pelas equipes de saúde, produzidos em rede rizomática, não linear, nos diversos espaços da vida dos usuários. A investigação apresenta um campo que ao tempo que recebe investimentos de diferentes frentes de governo e sociais para a reabilitação, para dispositivos, serviços e diretrizes, também, se desdobra no cotidiano das pessoas com deficiência, que carece de arranjos que fortaleçam a produção do cuidado. Assim, uma matriz que baliza o desenvolvimento do trabalho é pautada na perspectiva do “entre” como imagem da produção do cuidado à pessoa com deficiência, entre uma mobilização da vida considerada normal e a dita anormal, insuficiente, e as expressões que a macro e a microplítica produzem como processos de cuidar e viver, REDES VIVAS. A ideia é a de se dar a conhecer as infinitas e provisórias formas de conexão nas redes existenciais dos usuários. Abrir-se à criação de múltiplas formas de produção de cuidado e acolhimento. Acesso e barreira não é simplesmente uma questão de ampliação de cobertura de serviços de saúde, ou de oferta de certo cardápio de cuidados aos usuários, mas traz para a cena, toda a radicalidade do campo da vida e da ética. Cabe ressaltar que trata o presente de fase preliminar da pesquisa nacional com finalização em dezembro de 2020, ou seja, a ter acréscimos e alterações descritivas e analíticas.

9076 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: CRIANÇAS NO COMBATE AO AEDES AEGYPTI, DO LÚDICO A CONCRETUDE NA REALIDADE
Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Francilene Sodré da Silva, Amanda Meneses Medeiros, Romenia Vidal de Freitas Estrela, Samela Stefane Correa Galvão

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: CRIANÇAS NO COMBATE AO AEDES AEGYPTI, DO LÚDICO A CONCRETUDE NA REALIDADE

Autores: Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Francilene Sodré da Silva, Amanda Meneses Medeiros, Romenia Vidal de Freitas Estrela, Samela Stefane Correa Galvão

Apresentação: O Programa Saúde na Escola (PSE), como política intersetorial da Saúde e da Educação, foi instituído em 2007. As políticas de saúde na educação são voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos da educação pública brasileira, que se unem para promover saúde e educação integral. Atualmente o Programa Saúde na Escola tem contribuído para realização de ações que possibilitam estreitamento da Unidade de Saúde com a equipe escolar. O processo de educação em saúde é enriquecedor a todos os profissionais envolvidos. Trata-se de um trabalho coletivo que permite a execução de atividades que viabilizam informações de saúde com doação de conhecimentos e práticas de saúde a esta população. É uma equilibrada troca de conhecimentos, estreitando os vínculos entre as duas instituições. Assim como, observa-se um monitoramento de saúde. O PSE tem como objetivo contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino. Todos os municípios brasileiros possuem Atenção Básica em saúde que pode ser composta por: Equipes de Unidades Básicas de Saúde; Equipes de Saúde da Família e Equipes de Agentes Comunitários de Saúde. Com a adesão do Município ao PSE cada Escola indicada, pelo município, passa a ter uma Equipe de Saúde da Atenção Básica de referência para executar conjuntamente as ações. O PSE se dá com a interação dessas Equipes de Saúde da Atenção Básica com as Equipes de Educação, no planejamento, execução e monitoramento de ações de prevenção, promoção e avaliação das condições de saúde dos educandos. Diante deste contexto, vários são os temas abordados na escola. Temas importantes à realidade vivenciada na contemporaneidade de acontecimentos de fatos, endemias, epidemias e/ou pandemias. Especificamente, no Brasil, quando o problema é controle do dengue, aparentemente já conhecemos a resposta técnica: controle do Aedes aegypti por meio do trabalho de guardas sanitários, que devem periodicamente visitar todas as edificações urbanas. A força ideológica dessa estratégia tradicional se expressa na abordagem dos meios de comunicação ao cobrir o controle do dengue, onde este ponto jamais é problematizado. A distribuição do vetor do dengue, o Aedes aegypti, é cada vez mais abrangente. O rápido crescimento e urbanização das populações nas áreas tropicais, sem infraestrutura básica de saneamento, ampliou a faixa de ocorrência desta arbovirose, em razão da difusão do mosquito em áreas antes livres da doença. Assim, a parceria com a escola, no processo educativo de crianças, mostra-se fundamental, visto que da escola esse convite ao combate ao mosquito se estende ao âmbito familiar. Objetivo: incentivar o combate ao mosquito Aedes aegypti, mosquito da dengue, na educação infantil, com uso de técnicas lúdicas; incentivar crianças a serem protagonistas no combate ao mosquito da dengue; incentivar divulgação, assim como ser agente divulgador e multiplicador no trabalho de combate ao mosquito. Trazer à luz dos profissionais de saúde e da educação a percepção sobre a produção de cuidado, superando os desafios da interdisciplinaridade. Desenvolvimento: A atividade foi realizada em fevereiro de 2019, na cidade de Castanhal, Pará, especificamente na Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimunda Amaral da Silva, bairro Apeú. A comunidade no bairro Apeú é de aproximadamente 10 mil habitantes, e estes são assistidos pela ESF Sara Martins. Todos os servidores da ESF se envolvem nas atividades desenvolvidas na comunidade. Nesta ação a equipe de saúde da Unidade Sara Martins, deste bairro, foi a escola promover uma ação de combate à dengue. Estiveram presentes, médica, farmacêutica, dentista, enfermeira, ACS’s, técnica de enfermagem. O entusiasmo da equipe foi contagiante somando-se ao público alvo: crianças da educação infantil, com idade de 3 a 5 anos, totalizando 161 crianças. Para que as crianças absorvessem a importância do tema foi realizado um teatro de fantoches, com a história de uma criança que foi contaminada pelo vírus da dengue, por que ao redor de sua casa os adultos e crianças, não cuidavam do lixo, das garrafas com água e água parada. Também foi transmitido pela TV um desenho musical demonstrando que todos somos responsáveis no combate ao mosquito. E como atividade prática, espalhamos lixo na sala de aula, e as crianças tinham que recolher o lixo, para que o mosquito não prejudicasse a saúde das crianças e dos adultos. Toda a equipe de saúde se envolveu no projeto: ACS, técnicos de enfermagem, médica, dentista, farmacêutica, enfermeira. O teatro foi repetido por oito vezes durante todo o dia de conscientização. Foram observadas as mais variadas expressões das crianças, contudo, a receptividade e absorção do tema abordado foi completa, atingindo o objetivo estabelecido pelas duas equipes. Resultado: As crianças ficaram encantadas com o teatro de fantoches, o que tornou o tema acessível a todas elas. Entenderam a importância desse processo. Algumas ficaram com medo do mosquito, pois era um fantoche grande e feio. Mas isso fez com que elas se encorajassem a matar os mosquitos reais, que são bem menores que elas e podem ser facilmente combatidos se todos fizerem a sua parte. As crianças são multiplicadoras de ideias que tem grande importância e visibilidade, pois entendem, sem questionamentos e hesitações o que deve ser feito e de forma correta. Considerações finais: No âmbito da escola, as atividades de planejamento e gestão do coletivo, além da condução de processos participativos integrados aos estudos e ao Projeto Político Pedagógico, representam uma oportunidade ímpar para os exercícios de cidadania. Por meio do diálogo entre comunidade escolar e equipe da Estratégia Saúde da Família, preveem-se interlocuções entre diferentes setores da sociedade e dos programas/políticas em desenvolvimento na escola e com parceiros locais. Experiências como esta demonstram a importância da equipe de saúde estar presente nas atividades de sua comunidade, visto que estas não podem trabalhar sozinha. Especificamente neste caso, a ajuda das crianças foi primordial, pois trata-se de chegar, através delas às famílias da comunidade e que todos entendam a importância de serem protagonistas no combate ao mosquito da dengue. Toda ação desta ESF busca vivenciar práticas inovadoras na execução da Promoção de Saúde, no controle de prevenção de doenças, com processos inovadores, que renovam o cotidiano do trabalho.  

9705 A SINGULARIDADE QUE CUIDA E COMPÕE REDES QUE POTENCIALIZAM A VIDA: NARRATIVAS DE PARTEIRAS.
Ângela Carla Rocha Schiffler, Magda de Souza Chagas, Ana Lucia Abrahão

A SINGULARIDADE QUE CUIDA E COMPÕE REDES QUE POTENCIALIZAM A VIDA: NARRATIVAS DE PARTEIRAS.

Autores: Ângela Carla Rocha Schiffler, Magda de Souza Chagas, Ana Lucia Abrahão

Apresentação: A diminuição da mortalidade materna e a melhoria da qualidade do parto têm sido pauta de estudos internacionais e segue por meio de recomendações globais e intervenções locais pautadas em políticas públicas. No Sistema Único de Saúde (SUS), é a Rede Cegonha (2011) que organiza a atenção à gravidez e ao parto. Considerando os avanços e desafios dessa Rede, ainda ocorrem diferenças no acesso e qualidade da assistência nas diversas regiões do país, com situações de peregrinações, descuido no pré-natal, sofrimento no parto e no nascer, reproduzindo a lógica medicalizante, tomando o corpo da mulher de forma objetificada. No entanto, diante da rica e diversificada população brasileira, em seus contextos singulares, com etnias distintas e amplitude cultural, há experiências em cidades no norte do país em que o corpo da mulher e o nascimento é visto sob outra ótica. Em uma pesquisa compartilhada que envolveu Universidades e SUS no Amazonas, parteiras tradicionais chamaram a atenção por seu agir e composições, oferecendo potenciais analisadores sobre os cuidados com a mãe e com o bebê. O objetivo deste artigo é analisar narrativas de parteiras tradicionais sobre suas práticas durante a gravidez, o parto e o nascimento, guiado pela micropolítica do cuidado em saúde. Desenvolvimento: Este artigo é fruto de uma pesquisa de abordagem qualitativa que integrou um estudo multicêntrico sobre Redes de Atenção à Saúde: “Observatório Nacional de Produção de Cuidados em diferentes modalidades à luz do processo de implantação das redes temáticas de atenção à saúde no SUS: Avalia quem pede, quem faz e quem usa”, aprovada pela Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (CONEP). O anonimato foi garantido e mantido para todos que aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após os esclarecimentos necessários sobre a referida investigação. A produção do campo se deu como pesquisa interferência com pesquisadores in-mundo, ao longo de três anos, seguindo com encontros e arranjos cartográficos produzidos com 15 parteiras de dois municípios do Amazonas. Este artigo toma as narrativas recolhidas nos encontros com e entre parteiras, assim como outras produções, como letras de músicas e relatos livres sobre suas experiências em ato, refletindo sobre o tipo de oferta de cuidado pelas marcas que imprimem ao trazer das suas experiências pela narratividade. A análise dos dados valeu-se de múltiplas fontes, aliadas ao diário de campo, e foi pautada pela lógica do encontro, no que trazia de repetição e diferença do seu agir cuidador. O estudo seguiu guiado pela perspectiva micropolítica, pela dinâmica da vida, em seu aspecto singular. Neste artigo foram selecionadas duas composições de narrativas produzidas durante a investigação, pelas abordagens que trouxeram as multiplicidades de parteiras, dos seus modos de viver e de cuidar. Resultado: As duas narrativas apresentadas associam-se a nomes de duas flores integrantes do contexto amazônico, Orquídea e Vitória Régia, que trazem, em sua característica, rizomas: caules horizontais, subterrâneos ou parcialmente aéreos (Dicionário Aurélio). Uma associação oportuna que remete ao conceito de rizoma como mapa aberto, com múltiplas entradas e saídas, feito somente de linhas, de segmentaridade e com linhas de fuga que trazem das multiplicidades. A parteira Orquídea demonstrou sua preocupação em não maltratar a mãe e o bebê, em especial nos toques que, quando necessários para abrir o canal vaginal, têm de ser feito com delicadeza, do contrário “a mulher, já inchadinha, só sofre”, dificultando a passagem natural do seu bebê. Das massagens que aliviam dores, sentem a vida, tudo enfim, alinhado com os tempos, temperatura, sentimentos e movimentos – seu e da mulher. Com a alegria demonstrada por ser parteira dá coragem à mulher, para “não a deixar esmorecer”, apontando que, para ser parteira, também é preciso coragem. A prudência, o carinho e o manejo seguem apresentados com palavras e gestos, “o ombrinho tem que estar bem amparado e o cordão umbilical cortado no tempo e com jeito”. Para ela cada parto traz muitos aprendizados, pois aí “nasce a mãe e o bebê”. Pela mesma lógica, entende a importância do cuidado que se expande para o momento pós-parto, com especial atenção para as redes de suporte e apoio à mulher. A parteira Vitória Régia, assim como a parteira Orquídea, faz uso de chás – “cada um tem o seu modo de preparar”. Os ensinamentos que Vitória Régia teve com sua mãe, também parteira, foi no momento de sua gravidez – aprendizagem significativa em toda a sua potência de ser. Em sua  história de vida se coloca como  parteira e benzedeira: escuta a “mãe do corpo” e sabe se a mulher está grávida, o tempo de gravidez e o sexo. Com suas massagens e toques sabe a posição do bebê, “puxa barriga, ajeita menino, e tira desmentidura, rasgadura”. Nos partos difíceis as parteiras se juntam e fazem disso um ato coletivo, estratégia de composição de experiências que mobiliza redes para melhor cuidar, dentro e fora do instituído. Com as narrativas apresentadas, e outras recolhidas durante a investigação, trabalhamos com o conceito ferramenta - “singularidade que cuida”, construído com base nos encontros de corpos e ideias, que permitem a produção de outros sentidos, conhecimentos. Nessa proposição de singularidade que cuida, também tomamos como referência o cuidado que alarga as possibilidades de escutas e falas, cheiros, toques, olhares, e com isso expande a biopotência do próprio encontro. Singularidade que cuida só é possível se desconstruirmos o corpo tomado como objeto e, em relação de alteridade, não nos guiarmos somente pelas regras do campo social. As narrativas apresentadas pelas parteiras demonstraram que o parto natural é o mais cuidadoso para a mulher e que, por estarem atentas ao alívio da dor e à segurança do ato, dobram-se com manejos e acomodações. Corporeidade importante na produção do conhecimento, inscrita na perspectiva micropolítica. As parteiras disputam pelo modo de cuidar e seguem em composição, cientes de como isso requer o reconhecimento do seu papel na comunidade e nos Sistemas de Saúde. Mesmo à margem, imprimem relações de composição com maior grau de porosidade. Considerações finais: Os encontros com parteiras tradicionais apontam de forma estruturada a construção, necessária, do vínculo e da implicação no ato de partejar e que são expressos no modo de cuidar altamente tecnológico – ao “sentir junto” com as mulheres que assistem. Assim, importa saber, além da condição da mulher para o parto natural, o que ela quer, com quem ela conta, criando estratégias para que siga com autonomia para cuidar de si e de sua família. Fazer e lançar-se em redes faz parte da sua composição parteira. Parteiras historicamente fazem redes na vida. Curvam-se para a mulher e abrem espaço para os outros saberes agir, mas reconhecem-se portadoras de um dom – e se colocam para cumpri-lo melhor. A singularidade que cuida traz dos encontros e dos corpos, segue pelo mapeamento dos afetos nos fluxos que põem em conexão as multiplicidades das mulheres envolvidas. Dobras constitutivas de um ato cuidador, que, em alteridade, não objetifica o corpo, expandem a sensibilidade e compõem redes que potencializam a vida.