312: Envelhecimento e Redes de Apoio à Pessoa Idosa
Ativador: Karolina Vieira Chadi
Data: 29/10/2020    Local: Sala 16 - Távolas de trabalhos    Horário: 08:00 - 10:00
ID Título do Trabalho/Autores
7182 A IMPORTÂNCIA DAS REDES DE APOIO NO DIA A DIA DA PRODUÇÃO DE CUIDADO DO CUIDADOR DA PESSOA COM DOENÇA CRÍTICA CRÔNICA
Ana Lúcia De Grandi, Helena dos Santos Colares, Regina Melchior

A IMPORTÂNCIA DAS REDES DE APOIO NO DIA A DIA DA PRODUÇÃO DE CUIDADO DO CUIDADOR DA PESSOA COM DOENÇA CRÍTICA CRÔNICA

Autores: Ana Lúcia De Grandi, Helena dos Santos Colares, Regina Melchior

Apresentação: A doença crônica é uma condição que se instala na vida de um indivíduo a partir de uma patologia de etiologia multifatorial ou não, fazendo-o passar por uma experiência de mudança de estilo de vida e de rotina, diminuição da perspectiva de vida e a provável impossibilidade da cura. A descoberta da doença crônica na vida desse indivíduo afeta tanto a ele em suas subjetividades, como por vezes mobiliza todo o seu âmbito familiar para que lhe possa ser proporcionado um ambiente confortável e um cuidado apropriado, de acordo com as suas necessidades presentes e futuras. Assim, cada família desenvolve sua maneira de produzir o cuidado conforme suas possibilidades, com a configuração familiar, com a situação financeira e com a rotina. Geralmente, elege-se alguém que tenha maior vínculo afetivo com o indivíduo doente para ser encarregada do cuidado diário e contínuo a ser realizado. Grande parcela dessas pessoas é composta por mulheres, sendo elas cônjuges ou filhas de quem recebe o cuidado. Muitos indivíduos que se dispõem a serem cuidadores abdicam de suas vidas sociais, seus empregos e até mesmo suas moradias para estarem à disposição da pessoa debilitada, gerando sobrecarga de funções e obrigações que limitam o seu autocuidado. Nesse contexto, evidencia-se a importância da formação de redes de apoio pelo cuidador. De modo especial, as redes formadas ao longo da vida do cuidador possuem um grande potencial em serem efetivas no auxílio à produção de cuidado, pois, muitas vezes, são os vínculos de maior confiança deste. Este trabalho teve o objetivo dar visibilidade ao papel das redes de apoio como auxílio ao cuidador e a relação dessas com a equipe de saúde que o acompanha no dia a dia da produção do cuidado. O presente estudo qualitativo, cartográfico, foi desenvolvido em um município do interior do Estado do Paraná. Foram realizadas visitas a famílias com indivíduos acometidos por alguma doença crítica crônica, assistidas pelo Serviço de Atenção Domiciliar. O caminho cartográfico se faz por pistas que orientam o percurso da pesquisa sempre considerando os efeitos do processo do pesquisar sobre o objeto da pesquisa, o pesquisador e seus resultados. Tal método prioriza o caminho que vai sendo traçado sem determinações ou prescrições preestabelecidas. Foi utilizada a estratégia do usuário-guia no trabalho de campo, que visa escolher um caso específico dentre os que foram visitados e assim construir uma narrativa do encontro com o usuário, valorizando as subjetividades e afetos que foram produzidos e compartilhados. Foi realizado um acompanhamento às visitas das equipes do SAD de outubro de 2016 a maio de 2018 com o objetivo de conhecer a realidade dos cuidadores do serviço em suas diversas formas de produzir o cuidado. Dentre todos esses cuidadores, foi escolhido um com o qual a pesquisadora mais se interessou pelo contexto de vida e de produção de cuidado para ser o usuário-guia deste trabalho, que foi acompanhado de fevereiro a julho de 2018. Foram utilizadas como fontes de relatos anotações do prontuário da pessoa que revelaram informações simples, porém de grande importância para a compreensão do curso do processo do adoecer; a memória, tanto da família do usuário, da equipe de saúde que o acompanha e, em especial do seu cuidador; e o diário de campo do pesquisador, que, como um novo elemento que acompanhou o caso, trouxe novas perspectivas diante das já formadas em torno da situação a ser discutida. A análise foi feita a partir dos referenciais da Micropolítica do Trabalho e o Cuidado em Saúde, que visa observar atentamente as relações entre a organização dos espaços de gestão em saúde e o campo da subjetividade. O usuário-guia escolhido para ser a base deste trabalho é na verdade um “cuidador-guia”, pois a usuária do serviço é sua esposa. A partir dos encontros vivenciados junto ao cuidador-guia no intuito de conhecer suas formas e estratégias de produção de cuidado, ressaltou-se a importância da existência de redes de apoio que o auxiliavam, cada qual com um papel fundamental para que o cuidador pudesse desempenhar sua responsabilidade em promover uma boa qualidade de vida para sua esposa, na medida do possível. Ao olhar para a complexidade do ser cuidador, é importante perceber que as redes pelas quais ele se desloca não são redes estagnadas, mas são vivas e em constante produção. O cuidador produz e é protagonista de suas redes em seu processo de cuidado e acaba caminhando por territórios muitas vezes desconhecidos pela equipe de saúde. As redes de maior expressão relatadas foram: a família; os amigos das comunidades religiosas nas quais ele e a esposa auxiliaram; uma senhora cuidadora que vai à residência duas vezes por semana auxiliar nos cuidados; e a equipe do SAD que acompanha o caso. A maneira como ele enxerga tais redes e como elas relacionam-se com ele mudou durante sua vida e, principalmente, ao longo do processo de adoecimento da esposa. Embora as redes fossem as mesmas, elas assumiram formas e importâncias diferentes ao longo do tempo, e, ainda hoje continuam se metamorfoseando no curso da produção de cuidado. Um elemento essencial estabelecido na relação entre o cuidador e a equipe é o vínculo. Assumindo uma postura de abertura ao “diferente”, acolhendo o saber e as vivências do outro, a equipe de saúde pode perceber que ela própria é uma rede dentre tantas estabelecidas por aquele cuidador. Porém, isso não deve impedir que os profissionais deixem de investir na formação e intensificação de vínculo. Apesar de ser “uma dentre tantas” a rede formada pela equipe de saúde é uma importante ferramenta na capacitação do cuidador para lidar com as necessidades físicas de seu familiar doente. Ao se lidar com o cuidador familiar da pessoa com doença crítica crônica, é necessário que a equipe de saúde olhe também para a realidade que o cerca. Ao conhecer as redes de apoio deste indivíduo, a produção de cuidado ganha novas potências. Valorizando a figura do cuidador e seus meios de cuidar, a equipe o torna um grande aliado na produção de cuidado ao usuário do serviço de saúde. Conhecer as redes de apoio do cuidador também auxilia na produção de cuidado a ele mesmo. Saber com quem ele pode contar e qual o grau de importância que cada rede tem em sua vida, possibilita aos profissionais da saúde saber como melhor assistir a esse cuidador. É importante também salientar que conhecer as redes é enxergar que elas estão em constante produção e movimento. Muitas das redes de apoio do cuidador são criadas ao longo de sua vida, e adquirem diferentes significados ao longo de sua trajetória. Ao tornar-se cuidador, é importante que esse indivíduo lance mão desses meios de suporte para fazer com que sua produção de cuidado não seja motivo de intensa sobrecarga. Diante disso, este estudo evidenciou a importância de olhar para o cuidador familiar e para a sua dinâmica de cuidado. No movimento de adentrar novos territórios existenciais, os profissionais da saúde que lidam com a atenção domiciliar se permitem experimentar novas formas de cuidar e de enxergar o cuidado.  

7751 IDOSO E A SEXUALIDADE: VULNERABILIDADE ÀS IST/HIV/AIDS EM UM MUNICÍPIO NA FRONTEIRA NORTE DO BRASIL
Veridiana Barreto do Nascimento, THAYNANA LOBO CASTRO, Lays Oliveira Bezerra, Scheilla Cristina da Silva, Jéssica Samara dos Santos Oliveira, Rair Silvio Alves Saraiva, Dinaúria Nunes Cunha de Faria, Renata Simões Monteiro

IDOSO E A SEXUALIDADE: VULNERABILIDADE ÀS IST/HIV/AIDS EM UM MUNICÍPIO NA FRONTEIRA NORTE DO BRASIL

Autores: Veridiana Barreto do Nascimento, THAYNANA LOBO CASTRO, Lays Oliveira Bezerra, Scheilla Cristina da Silva, Jéssica Samara dos Santos Oliveira, Rair Silvio Alves Saraiva, Dinaúria Nunes Cunha de Faria, Renata Simões Monteiro

Apresentação: A expectativa de vida tem aumentado gradativamente no Brasil, em detrimento da melhoria da qualidade de vida e da oferta de saúde, entretanto alguns problemas relacionados aos estigmas e cultura dos idosos resultam em dificuldades na oferta integral de saúde, principalmente no que tange a prevenção de doenças de caráter sexualmente transmissível. Em consonância com o Ministério da saúde, estima-se que nas três últimas décadas houveram mais de 13.000 casos de AIDS em pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, sendo a grande maioria corresponde ao sexo feminino. Não obstante, em virtude do crescimento exacerbado da infecção pelo HIV/AIDS no Brasil, o perfil epidemiológico vem sofrendo mudanças ao longo do tempo, onde não se pode determinar indivíduos particularmente vulneráveis às IST/HIV/AIDS, independentemente do gênero, idade, raça, cor e opção sexual, todos estão expostos a contaminação, entretanto o estima social cujo o idoso é idealizado como “assexuado”, exacerba a vulnerabilidade e constitui percalço na promoção da saúde nesta vertente. Desenvolvimento: Este estudo foi desenvolvido em meados de 2019, no município de Oiapoque, cidade localizada na região setentrional do Amapá, divisa com a Guiana Francesa, deste modo detém intenso fluxo de pessoas, proporcionando múltiplas casas noturnas e pontos de prostituição. Para alcance dos objetivos utilizou-se abordagem quantitativa, exploratória, descritiva, prospectiva, com corte transversal. A amostra do tipo bola de neve, foi constituída de 100 idosos submetidos a um questionário de autoria da pesquisadora, contendo questões abertas e fechadas, acerca de informações sócio demográficas, saberes, práticas sexuais e outras variáveis. Os dados oriundos desse instrumento de coleta foram analisados a margem da estatística descritiva e inferencial. Resultado: A amostra foi composta de 100 indivíduos onde 54,0% eram do sexo feminino e 46,0% do sexo masculino, a média de idade correspondeu 67,8%, com variabilidade entre 60 a 91 anos de idade. Referente a escolaridade o ensino fundamental incompleto foi mais comum, tanto para homens (54,4%), quanto para mulheres (59,3%). As mulheres em sua maioria estavam viúvas (33,3%), enquanto que no sexo masculino o estado civil casado foi mais expressivo (45,7%). A maior parcela dos sujeitos era parda (65,0%). Considerando a religião, grande parte das mulheres eram protestantes (64,8%) e os homens católicos (63,0%). Vale ressaltar que 81,0% dos pesquisados detinha renda entre 1 a 2 salários mínimos. Referente aos saberes sobre IST/HIV/AIDS parcela significativa dentre homens e mulheres não sabiam do que se tratava (94,0%), como ocorre a transmissão (60,0%), tão pouco os sintomas de cada patologia (79,0%), todavia (55,0%) alegaram conhecer nomes de IST corriqueiras no cotidiano, também foi notório que um percentual significativo dos idosos auto declarados conhecedores das particularidades destas doenças, haviam cursado o ensino médio completo, ou seja, detinham maior grau de escolaridade, assim como um maior número de idosos que se declararam solteiros, católicos, com renda superior a dois salários, também representaram maior parcela dentre os que informaram conhecimentos mais expressivos. Quando questionados acerca do uso da camisinha (97,0%) dos senis sabiam para que serve a camisinha, (70,4%) das mulheres nunca haviam utilizado, já entre os homens (71,6%) já empregaram o preservativo em algum momento, no entanto utilizaram esporadicamente. A maioria não informou onde adquiriu o preservativo, entretanto o estabelecimento mais usual para obtenção foi o posto de saúde (25,0%). Os idosos que alegram nunca ter uma infecção dessa estirpe corresponderam a (81,0%), os demais (18,0%) não relataram. (61,0%) das mulheres não mantinham mais relação sexual, contudo (30,4%) dos homens confirmaram ter entre 3 a 5 relações sexuais durante o mês. Grande parcela já realizou teste rápido para HIV e algum momento (65,0%), expressiva quantia nunca participaram de palestras ou outros meios de educação para este tema (69,7%) e de uma forma geral não se consideram grupo de risco para contaminação por IST/HIV (78,0%). Considerações finais: O presente estudo propôs a identificação da vulnerabilidade dos idosos do município de Oiapoque às Infecções Sexualmente Transmissíveis/HIV/AIDS, através de entrevistas com 100 idosos residentes do município utilizando um questionário estruturado. Após a análise dos resultados, através do perfil sociodemográfico, nota-se que as mulheres são maioria dos participantes desta pesquisa, a maior porcentagem tem baixo grau de escolaridade, são casados, se autodeclararam pardos, protestantes, tem casa própria, e renda de 1 a 2 salários mínimos. Portanto, foi compreensível que as situações no qual os idosos do município se encontram, interferem direta ou indiretamente nos saberes sobre IST/HIV/AIDS e práticas sexuais. Ressalta-se ainda, que são necessárias pesquisas aprofundadas sobre este assunto, principalmente quando relativas a esta faixa etária, pois durante a pesquisa, houve dificuldade para encontrar um arcabouço teórico satisfatório que envolvem os idosos e sua sexualidade, não somente no Estado do Amapá, mas em território brasileiro, é percebível que os estudos voltados para esse grupo estão parcialmente limitados a patologias patognomônicos no idoso, ofertando pequena visibilidade para esta a tríade IST/HIV/AIDS. É importante salientar que esta população vem crescendo gradativamente, e é imprescindível desenvolver políticas públicas nesta vertente. Outro fator crucial seria enaltecer a importância e necessidade de ofertar educação em saúde ao público da terceira idade, objeto fundamental na prevenção destes agravos, deficiência plausível em Oiapoque, principalmente acentuada pela instabilidade dos recursos ofertados para compra de insumos, implantação recente da linha de cuidado voltada ao HIV/AIDS e  consequente déficit na autonomia do cuidado ofertado, uma vez que a equipe de saúde carece de educação continuada a despeito das doenças sexualmente transmissíveis, neste sentido o fortalecimento do elo universidade-comunidade seria de grande valia para o binômio cliente-comunidade Mediante a esta conjuntura, este estudo foi de extrema importância para a população de Oiapoque, tendo em vista que foi possível conhecer a percepção dos idosos do município acerca das IST/HIV/AIDS, para o despertar das políticas públicas e dos profissionais da saúde para direcionar a esta população um olhar diferenciado, com uma assistência integral à saúde do idoso, que envolve não somente doenças relacionadas a idade, mas sim a sexualidade na terceira idade, e consequentemente a vulnerabilidade dos mesmos às Infecções Sexualmente Transmissíveis, explicitamente presente nestes sujeitos. Portanto, é de extrema importância valorizar a sexualidade do idoso, instigando- de maneira saudável a adotar atitudes que promovam a sexualidade, entretanto sempre prezando os hábitos saudáveis.

8688 A VISÃO DO GESTOR NA ATENÇÃO AO IDOSO DEPENDENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE
Míria Conceição Lavinas Santos, Raimunda Magalhães da Silva, Christina César Praça Brasil, Jonas Loiola Gonçalves, Luiza Jane Eyre De Souza Vieira, Hozanna Wanessa Alves Pereira

A VISÃO DO GESTOR NA ATENÇÃO AO IDOSO DEPENDENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE

Autores: Míria Conceição Lavinas Santos, Raimunda Magalhães da Silva, Christina César Praça Brasil, Jonas Loiola Gonçalves, Luiza Jane Eyre De Souza Vieira, Hozanna Wanessa Alves Pereira

Apresentação: O presente estudo se trata de um recorte de uma pesquisa intitulada “Estudo situacional dos idosos dependentes que residem com suas famílias visando subsidiar uma política de atenção e de apoio aos cuidadores”, realizado pelo Centro Latino-Americano de estudo sobre Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES/Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz). A pesquisa teve a finalidade de analisar as estratégias de cuidados que as famílias utilizam para lidar com parentes idosos com dependência física, mental, cognitiva e social, no âmbito familiar, tanto do ponto de vista das implicações subjetivas, sociais e econômicas, quanto em relação ao manejo relação das diferentes situações, tendo em vista subsidiar a proposta de construção de uma política de dependência. Nesse contexto, para fundamentar as propostas e ações sobre a questão, realizou-se um diagnóstico qualitativo envolvendo o próprio idoso, as famílias, os cuidadores, os profissionais da saúde que trabalham com idosos dependentes e os gestores. Neste estudo, será apresentado o recorte produzido com os gestores em relação ao papel do gestor, as ações no manejo das situações vivenciadas na gestão e sua opinião sobre poder público na regulação e implementação de inciativas voltadas aos cuidados desse grupo. O objetivo do estudo é compreender a percepção  do gestor sobre a dependência do idoso na Atenção Primária da Saúde. O método é qualitativo, e para isso se trabalhou com o marco teórico compreensivo e crítico denominado hermenêutica-dialética. A proposta deste método é buscar uma forma de objetivação que leve em conta opiniões, crenças e representações das pessoas envolvidas com as questões. Participaram 15 gestores de municípios brasileiros que compõem a rede de atenção primária à saúde, de Manaus (AM), Araranguá/PE, Teresina/PI, Messejana/Fortaleza (CE), Brasília/DF, Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte/MG, Martelândia (MG) e Barreiro/MG, responsáveis pela gestão de cuidados de pessoas idosas dependentes. As questões tratadas com os gestores consistiram em apreender a) como compreendem a dependência social, física mental e cognitiva do ponto de vista da atenção à saúde e da assistência social; e b) que iniciativas existem e outras que poderiam ser implantadas para apoiar essas famílias. A análise dos dados das entrevistas seguiu as seguintes etapas: a) transcrição das gravações das entrevistas; b) leituras exaustiva e compreensiva do material transcrito; c) elaboração de estruturas de análise a partir do agrupamento de trecho das entrevistas; d) recategorização após identificação das ideias centrais; e) elaboração das categorias centrais. Os principais achados do estudo são apresentados a partir dos seguintes temas centrais: excesso de dependência do idoso pelos serviços; limitações do serviço para cuidar do idoso; existências diversas de iniciativas para apoiar o idoso e sua família; e iniciativas que poderiam ser implantadas no SUS para apoiar as famílias. Os gestores questionados sobre a percepção da dependência do idoso elencaram prejuízos relacionados: a capacidade funcional relacionada às Atividades de Vida Diária (AVD), como vestir-se, tomar banho, alimentar-se;  saúde física (locomoção e doenças crônicas); saúde mental (demências e depressão) e cognitiva; a situação sócio-ambiental, como a segurança; e convivência no ambiente familiar relacionados a dificuldade da família em se adaptar e/ou a negligenciar o cuidado e os abusos físicos, psicológicos e financeiros. Sobre as limitações do serviço para cuidar do idoso, a principal refere-se à dificuldade da família em assumir a responsabilidade do cuidado devido a condições sociais, culturais, de saúde e de negligência, e barreiras de acessibilidade da família em conduzir o idoso aos serviços devido às condições geográficas, muitas vezes com dependência de cadeira de rodas. Outro obstáculo referido pelos gestores se refere a fragilidades das rede de apoio, que não atendem a demanda de cuidado devido a um limite de ações e gastos, profissionais não qualificados e comprometidos, política do idoso inadequada ao atendimento e demanda, equipes incompletas para dar suporte ao idoso, dissociação das ações da saúde e assistência social, burocratização para atender a demanda de encaminhamentos do idoso nas questões de atendimento especializado a nível ambulatorial e dos serviços de apoio, dificuldade de regularidade da visita domiciliar e avalição geriátrica do idoso dependente. Quanto às ações para apoiar as famílias e os idosos, destaca-se o suporte dos profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), as Unidades de Pronto (UPAS), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), as universidades e pessoal voluntário. Há outras iniciativas, como a implantação de programas voltados a oferecer um cuidado domiciliar, com cuidadores, voltados para a população de vulnerabilidade social (Belo Horizonte); iniciativas pontuais em unidade básica de saúde de terapia comunitária/ Grupo Operativo em praça envolvendo agentes comunitários profissionais da área da saúde e estudantes e práticas integrativas (Fortaleza); grupos de atividades físicas com fisioterapeuta, oficina de memória com terapeuta ocupacional e prática de Tuan Chian com voluntário (Rio de Janeiro). A implantação de fluxos e organização de atendimento às necessidades do idoso dependente, bem como a capacitação de profissionais da saúde são inciativas que estão em discussão. No que concerne às sugestões a serem implantadas pelo SUS, as principais seriam: a) a reestruturação da Política Nacional do Idoso, no sentido de promover o envelhecimento ativo ao longo de toda vida; b) a reestruturação dos currículos nas universidades para a formação de profissionais com olhar integral e não para a doença do idoso; c) ampliação de programas no Brasil, como o implantado em Belo Horizonte – Programa Maior Cuidado; d) ampliação da cobertura do PSF para dar suporte adequado à família do idoso dependente; e  e) criação de NASF em todas as unidades básicas de saúde, bem como capacitação de profissionais da atenção básica na perspectiva de dar suporte à família do idoso dependente, com estratégias de promoção a saúde de idosos para envelhecimento saudável. Este estudo mostra, a partir das falas dos entrevistados, que os gestores estão implantando ações em seus serviços, mesmo com recursos financeiros e humanos limitados, com mobilização dos idosos, das famílias, de voluntários e de profissionais comprometidos; contudo, é necessária a responsabilização do Estado Brasileiro na execução e na direção de programas, serviços e recursos, de não abandono do idoso.

9073 PROJETO BEM VIVIDOS: UMA FERRAMENTA NA PROMOÇÃO À SAÚDE DO IDOSO.
Patricia Teixeira Guerra Ferreira, Jeane Pereira dos Santos, Thamires Ezic, Luciane Vieira Vicente Amim, Cristina Patané Gomes Lopes, Luciana Agra da Silva, Juliane de Macedo Antunes, Ana Karina Ramos Brum

PROJETO BEM VIVIDOS: UMA FERRAMENTA NA PROMOÇÃO À SAÚDE DO IDOSO.

Autores: Patricia Teixeira Guerra Ferreira, Jeane Pereira dos Santos, Thamires Ezic, Luciane Vieira Vicente Amim, Cristina Patané Gomes Lopes, Luciana Agra da Silva, Juliane de Macedo Antunes, Ana Karina Ramos Brum

Apresentação: Um dos maiores feitos da humanidade foi a ampliação do tempo de vida, porém o envelhecimento da população não basta por si só. Viver mais é importante desde que se consiga agregar qualidade aos anos adicionais de vida. No Brasil, de acordo com o Estatuto do Idoso (2003), as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos são reconhecidas como idosas. O envelhecimento é um processo que deve ser vivido de uma forma saudável e autônoma o maior tempo possível. Para isso, é necessário que as pessoas se envolvam na vida social, econômica, cultural, espiritual e civil, envelhecendo de uma forma ativa. Face a esta evidência é pertinente a abordagem da qualidade de vida nas pessoas idosas.  A Política do Envelhecimento Ativo (OMS, 2005) tem a saúde como um de seus pilares básicos, e as ações neste âmbito devem considerar a manutenção em níveis baixos dos fatores de risco ambientais e comportamentais para doenças crônicas e declínio funcional e elevação dos fatores de proteção. Esta mesma política conceitua o envelhecimento ativo como o acesso a oportunidades de saúde, participação social e segurança, visando a qualidade de vida no percurso do envelhecimento, trazendo uma visão para o processo do envelhecimento saudável, de bem-estar físico, social e mental e tem como objetivo aumentar a expectativa de uma vida saudável para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados. Em países desenvolvidos, esta etapa de vida da população ocorre de forma lenta e organizada, associado ao planejamento e às melhorias nas condições gerais de vida, enquanto que em países em desenvolvimento, como o Brasil, envelhece de forma rápida e intensa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a população idosa brasileira é composta por 23 milhões de pessoas, totalizando 11,8% da população total do país, este é o segmento populacional que mais cresce no mundo. A qualidade de vida que as pessoas terão quando envelhecerem depende não só das escolhas e oportunidades que experimentarem durante a vida, mas também da maneira como as gerações posteriores irão oferecer ajuda e apoio, quando necessário. O envelhecimento da população é um fenômeno que já não pode mais ser ignorado, visto que o idoso também assume um papel social de provedor de sustentos de uma família ou pessoal, isto implica diretamente na necessidade de pensar ações e estratégias eficientes para promoção do envelhecimento ativo. Temos de encontrar os meios para: incorporar os idosos em nossa sociedade, mudar conceitos já enraizados e utilizar novas tecnologias, com inovação e sabedoria, a fim de alcançar de forma justa e democrática a equidade na distribuição dos serviços e facilidades para o grupo populacional que mais cresce em nosso país. Baseado nestes propósitos, em 2013, a equipe de profissionais de saúde de uma Policlínica de atenção primária em saúde, na zona norte do município de Niterói, delineou um Projeto com o compromisso de promover saúde, qualidade de vida e envelhecimento ativo, atendendo à Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2009) vigente no SUS. As atividades iniciaram através da construção de grupos de convivência, com reuniões mensais, com idosos que apresentavam queixas de diminuição da memória. O principal foco era de trabalhar e desenvolver a cognição, memória, concentração, raciocínio lógico e criatividade, entre eles e potencializar suas atividades de vida diária com autonomia e independência. A proposta foi tão bem recebida que as reuniões passaram a acontecer quinzenalmente e, atualmente, o projeto tomou uma proporção maior, onde acontecem quatro reuniões semanais, com o apoio da equipe interprofissional, sendo realizadas diversas atividades planejadas em reunião mensal de equipe, como: atendimento médico, psicológico, nutricional, serviço social e de enfermagem individual, avaliação e tratamento de lesões nos pés dos idosos diabéticos por profissional da podologia, oficinas de alimentação saudável, atividade física; aula de dança; zumba gold, oficina de artesanato; oficina de estimulação cognitiva; agenda da saúde, sendo um espaço para ampliação do conhecimento destes participantes, quanto a uma temática desejada; inclusão digital e atividades culturais com algumas apresentações públicas. A prática das atividades que enfatizam o movimento corporal propicia benefícios na agilidade, fortalecimento muscular, coordenação motora e equilíbrio. Esta mesma prática também estimula o convívio social, promovendo a interação com outras pessoas e se refletindo na elevação da autoestima do idoso, além de ser um pilar fundamental na prevenção de quedas. A fim de fortalecer a identidade e integração do grupo, propomos a escolha de um nome que trouxesse uma representatividade. Portanto, os próprios idosos, em comum acordo, escolheram serem chamados de “Bem Vividos”, configurando assim o Projeto Bem Vividos. A equipe interprofissional é composta por enfermeiros, assistente social, psicólogo, geriatra, educador físico, podólogo e nutricionista. A porta de entrada para participação ao grupo acontece com o encaminhamento da equipe de atendimento ambulatorial ou a partir da demanda espontânea. Objetivo: Este estudo busca relatar a experiência exitosa de um projeto desenvolvido na rede pública de saúde com a finalidade de promover por meio do desdobramento da saúde física e mental e do desenvolvimento social, da oferta de acesso à cultura e lazer, a melhoria da qualidade de vida dos idosos, bem como o envelhecimento ativo. Resultado: O resultado é perceptível ao longo deste período com a sistematização das ações desenvolvidas, incluindo o planejamento, a organização, a coordenação, a execução, e a avaliação das atividades; a elaboração de metodologias educativas, ampliando conhecimento dos idosos referente a importância do envelhecer saudável; adesão ao programa, assim como, através de instrumentos de medidas, diminuição da dor e níveis pressóricos e glicêmicos; melhora do humor e diminuição nas  hospitalizações e busca aos serviços de emergência. O processo de cuidado em saúde requer atenção integral à todas as etapas da vida, desde a juventude até a etapa sênior, onde a equipe interprofissional tem um papel fundamental na promoção, proteção e recuperação da saúde, visando a  qualidade de vida. A corresponsabilidade e a compreensão entre equipe e o idoso, de que envelhecer com qualidade de vida está além de procedimentos intervencionistas ou processos fechados de cuidados, requer um olhar holístico e integral do indivíduo.