299: Experiências sobre o Cuidado de Pessoas com Câncer
Ativador: Magda Carvalho de Oliveira
Data: 29/10/2020    Local: Sala 16 - Távolas de trabalhos    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
6880 PROPOSTA DE DIMENSÕES E CRITÉRIOS AVALIATIVOS PARA COORDENAÇÃO DO CUIDADO AO CÂNCER DE COLO UTERINO PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Lucas Toriyama, Andrey Santos de Jesus, Ítalo Ricardo Santos Aleluia, Pâmela Lorrane Ribeiro da Silva

PROPOSTA DE DIMENSÕES E CRITÉRIOS AVALIATIVOS PARA COORDENAÇÃO DO CUIDADO AO CÂNCER DE COLO UTERINO PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Lucas Toriyama, Andrey Santos de Jesus, Ítalo Ricardo Santos Aleluia, Pâmela Lorrane Ribeiro da Silva

Apresentação: O Câncer de Colo Uterino (CCU) é considerado um problema de saúde pública pelas suas elevadas taxas de morbimortalidade, sendo o quarto tipo mais prevalente na população do sexo feminino e, de forma geral, o sétimo mais prevalente. Adotando Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser responsável pelo primeiro contato dos usuários com o sistema de saúde, assim como deve promover um processo contínuo de atenção, através de práticas de coordenação do cuidado, que representa um dos principais atributos da APS. A coordenação cuidado é definida como exercício que visa integrar ações e serviços de saúde no mesmo ou em diferentes níveis de atenção com atores distintos e utilizando de determinados mecanismos e instrumentos específicos que resultam na assistência integral, estabelecimento de fluxos, troca de informações a respeito dos usuários e seu processo assistencial, assim como referenciar, contrarreferenciar e acompanhar usuários com variadas necessidades de saúde, facilitando, nesse caso, a prestação do cuidado contínuo e integral, em local e tempo oportunos. Os altos índices de mortalidade causados pelo CCU revelam a importância da avaliação da assistência à saúde dos serviços primários prestados à essa condição, levando em consideração que os papéis designados para APS e Equipes de Saúde da Família (EqSF) são ações de caráter individual e coletivo, direcionadas para a promoção da saúde e prevenção do câncer, diagnóstico precoce e auxílio à terapêutica, aos cuidados paliativos e às ações clínicas para o seguimento de usuárias em tratamento. Estudos internacionais e nacionais apontam importantes fatores restritivos à coordenação dos cuidados ao câncer pela APS, como a má utilização de recursos, fragmentação dos serviços e o atraso na transferência de informações do âmbito secundário para primário. No Brasil, foram identificados o baixo desempenho da APS como porta preferencial de entrada e a persistência do acesso direto ao especialista, alta rotatividade dos gestores e profissionais, ausência de critérios ou instrumentos para estratificar riscos e definir com mais segurança os fluxos e os usuárias prioritárias, pouco uso de protocolos de referência e contrarreferência entre pontos de atenção, entre outros. Além disso, grande parte das lesões de CCU consideradas não neoplásicas de baixo grau são encaminhadas para atenção especializada e a pequena porcentagem das lesões que deveriam ser encaminhadas para cuidados de especialistas são tratadas no nível primário, expondo uma falha na comunicação entre serviços. Nacionalmente, é importante levar em consideração o fato que a maioria dos estudos sobre o tema se concentrarem nas regiões Sul e Sudeste, de cunho municipal, principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e, consequentemente, a carência de pesquisas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esse trabalho resulta de parte da monografia do autor, intitulada “Avaliação da coordenação do cuidado ao câncer pela Atenção Primária à Saúde em município-sede do Oeste da Bahia” que tem como objetivo principal avaliar a coordenação do cuidado ao câncer de colo de útero pela Estratégia de Saúde da Família. Trata-se de estudo avaliativo com abordagem qualitativa. Foi construída uma imagem-objetivo na qual estão dispostas dimensões, critérios e padrões avaliativos que compreendem o âmbito da gestão municipal e das EqSF. A elaboração se deu por meio de revisão da literatura, totalizando 51 artigos, sendo desses 28 nacionais e 23 internacionais, indexados nas bases de dados Scielo, PubMed, MedLine e Lilacs. Também foram incluídos documentos normativos relativos a diretrizes e protocolos de atenção ao CCU na APS, elaborados pelo Ministério da Saúde brasileiro. Com base no nos documentos normativos e dos resultados dos estudos exitosos dos estudos extraiu-se critérios considerados relevantes para avaliação da coordenação do cuidado ao CCU pela APS e propusemos os respectivos padrões, pesos e pontuações, dispostos em dimensões avaliativas, de forma que sejam avaliados o nível da organização da gestão municipal de saúde e da organização local das EqSF. A classificação dos pesos adotados para cada dimensão considerou o número de critérios de maior ou de menor dependência da organização do sistema municipal ou local das EqSF. Sobre os critérios adotados, os pesos foram determinados utilizando como parâmetro o grau de dificuldade requerido pela gestão municipal ou EqSF para cumprir o padrão necessário ao alcance do critério. Esses padrões foram classificados em “insatisfatório”, “intermediário” e “satisfatório”. Os dois níveis utilizados na proposta de avaliação possuem 34 critérios que totalizam 100 pontos. Atribuiu-se ao âmbito local das EqSF pontuação de maior peso, em função das práticas de coordenação do cuidado estarem essencialmente vinculadas às equipes, podendo totalizar 65 pontos. Em relação a gestão municipal de saúde, o alcance dos critérios determinados soma 35 pontos. Na esfera local, existem cinco dimensões e 20 critérios que  visam identificar o alcance das EqSF quanto ao acolhimento das usuárias, mapeamento dos profissionais e serviços de referência, pactuação de ações e serviços com outros pontos de atenção, desenvolvimento de plano de cuidado, solicitação e agendamento de exames e consultas básicas, solicitação e agendamento de exames e consultas especializados, protocolos e diretrizes terapêuticas, lista de espera e sistema de marcação de consultas na equipe, registro da produção assistencial, troca de informações entre profissionais e serviços, meios ou instrumentos de comunicação, fluxo de encaminhamento, encaminhamento das usuárias, meios ou instrumentos para o encaminhamento, relação com central de marcação e/ou regulação, contrarreferência, monitoramento comunitário, monitoramento na rede assistencial, meios ou instrumentos para monitoramento. No nível de avaliação da gestão municipal, propõe-se três dimensões e 14 critérios, sendo estes avaliando a APS como coordenadora do cuidado na rede de atenção, existência de protocolos e diretrizes terapêuticas, atribuições bem definidas para os pontos de atenção à saúde, realização de Educação Permanente em Saúde (EPS), sistema de marcação de consultas municipal, registro da produção das equipes de APS, espaço(s) de comunicação interprofissional, tecnologias de informação e comunicação, fluxos assistenciais definidos, sistema de referência e contrarreferência, oferta de consultas especializadas, oferta de exames especializadas, oferta de equipe multiprofissional especializada e regulação do acesso. Espera-se que o avaliador utilize a proposta metodológica da presente imagem-objetivo com evidências necessárias para avaliação de cada critério sobre o contexto avaliado, evitando vieses sobre cada padrão, os critérios e as respectivas dimensões. A atribuição da pontuação de cada critério deverá considerar em qual padrão proposto a situação de ambos os níveis de análise (município e equipe) se inserem. A classificação final da avaliação será a soma da pontuação alcançada pelo município e equipe em cada critério avaliativo, sendo proposto a seguinte classificação: nível municipal – insatisfatório - menor ou igual a 11,6 pontos; intermediário – de 11,7 a 23,2 pontos; satisfatório – de 23,4 a 35 pontos e a nível local das EqSF – insatisfatório – menor ou igual a 21,6 pontos; intermediário – 21,7 a 43,2 pontos; satisfatório – 43,3 a 65 pontos. Diante disso, a proposta metodológica permite a sistematização de processos avaliativos das práticas de saúde e identificação dos principais fatores que dificultam e facilitam a coordenação do cuidado ao câncer pela APS pela gestão municipal e EqSF e, consequentemente, possibilita a identificação dos principais obstáculos para as EqSF cumprirem sua função de coordenadora do cuidado no cenário de estudo, podendo ser utilizada de subsídio para processos decisórios da Secretaria Municipal de Saúde para melhorias de coordenação do cuidado ao câncer de colo uterino pela APS, podendo ser útil a avaliação em diferentes municípios e equipes de saúde.

7050 FATORES QUE INFLUENCIAM A MORBIDADE HOSPITALAR POR CÂNCER DO COLO UTERINO NO ESTADO DO PARÁ
Ingrid Bentes Lima, Rilery Duarte Pereira, Luana Cavalcante Cardoso Caetano, Letícia Correa dos Santos Costa, Alessandra Maria de Melo Cardoso, Bruna Alessandra Costa e Silva Panarra

FATORES QUE INFLUENCIAM A MORBIDADE HOSPITALAR POR CÂNCER DO COLO UTERINO NO ESTADO DO PARÁ

Autores: Ingrid Bentes Lima, Rilery Duarte Pereira, Luana Cavalcante Cardoso Caetano, Letícia Correa dos Santos Costa, Alessandra Maria de Melo Cardoso, Bruna Alessandra Costa e Silva Panarra

Apresentação: O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. No Brasil é a terceira causa de mortalidade por câncer em mulheres, sendo que em 2016, ocorreram 5.847 óbitos por esta neoplasia. Na análise regional, se destaca como o mais incidente na região Norte do Brasil, com 23,97 casos por 100.000 mulheres. No estado do Pará, em 2018, a estimativa de incidência de novos casos foi de 860, e para a capital Belém 280. Está fortemente associado à infecção persistente por subtipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV), também fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar para a regressão ou persistência da infecção e o desenvolvimento do câncer. No País, o controle deste agravo constitui-se como uma das prioridades da agenda de saúde do país e integra o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Dessa forma, pode ser considerado um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo e conhecer como essa doença está disseminada se constitui em importante ferramenta para a implantação de medidas de prevenção e tratamento. Torna-se claro que a mortalidade por câncer de colo uterino é um complexo indicador resultante de variações internacionais e, principalmente, da organização interna dos sistemas de saúde dos países. Desse modo, o presente estudo tem como objetivo analisar os fatores relacionados à morbidade hospitalar por câncer do colo uterino. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa. A obtenção de dados de morbidade hospitalar por neoplasia maligna do colo do útero se deu pelo Sistema de Informação Hospitalar (SIH), por meio do site do Departamento de informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS. Na plataforma foram coletadas informações de morbidade hospitalar por neoplasia maligna do colo do útero de pessoas residentes no estado do Pará no período de 2014 a 2018. Foram selecionados dados de internações, valor total do tratamento hospitalar, óbitos, média de permanência no hospital, valor médio por paciente e o caráter do atendimento. Posteriormente, as informações e variáveis foram organizadas e agrupadas no Microsoft Office Excel® 2010, com o intuito de diminuir as chances de redundância, obter maior consistência e completude dos dados. De acordo com a resolução 510/2016, haja vista o domínio público dos dados, não se faz necessária aprovação do CEP para pesquisas com dados secundários. Resultado: Verificou-se que no período de 2014 a 2018 foram registrados 2.293 internações por câncer do colo uterino no estado do Pará, com um custo total de R$ 5.213.148,13. Nesse intervalo de tempo notou-se uma tendência crescente no número de internações, visto que houve um aumento de 29 internações a cada ano. O número de óbito por essa patologia totalizou 409 nesse mesmo período. No tocante ao caráter de atendimento, 766/33, 4% foi eletivo e 1527/66, 6% de urgência. O tempo médio de permanência dos pacientes nos hospitais foi de nove dias, tendo um custo médio por internação de R$ 2.273,51. A alta incidência e mortalidade relacionadas ao câncer do colo de útero no Brasil fez necessário à criação e implementação de estratégias efetivas objetivando o seu controle, com ações de promoção à saúde, prevenção, detecção precoce, tratamento e cuidados paliativos. No que tange a evolução temporal, houve aumento nas internações hospitalares, refletindo na necessidade de uma melhor adesão os métodos de diagnósticos e tratamento eficaz. Dentre estas os métodos, destaca-se o Exame Citopatológico que atua no rastreamento do HPV possibilitando o diagnóstico precoce e tratamento oportuno. Dentre os obstáculos para não realização periódica do exame destacam-se: a falta de escolaridade, falta de informação que resultam em medo e vergonha, indisponibilidade de horário, dificuldade de acesso às unidades de saúde, transporte, entre outros. Tais situações são comuns no estado do Pará, visto que há uma grande quantidade de famílias com baixa renda e comunidades isoladas, como, por exemplo, as comunidades ribeirinhas que vivem as margens dos rios, por esse motivo, muitas vezes, não possuem informações essenciais e tem difícil acesso aos centros urbanos e, portanto aos serviços de saúde. Tais fatores contribuem para o alto índice de detecção tardia, pois a maioria das mulheres só procuram os serviços de saúde quando já apresentam sinais e sintomas, o que resulta em aumento de internações e consequentemente maiores gastos. Quando diagnosticada tardiamente em estágio muito agressivo os custos do tratamento são muito altos, e a possibilidade de óbito aumenta significativamente, gerando sofrimento físico e psíquico. Além de gastos com o tratamento, deve-se considerar os custos com a internação em si, incluindo custos no deslocamento, na alimentação e com outros gastos fora do ambiente domiciliar. Outro fator que eleva os índices de diagnóstico tardio e mortalidade por essa neoplasia é a dificuldade de articulação entre os níveis de atenção. Dentre as limitações desse estudo, destaca-se a confiabilidade dos dados, devido a possíveis vieses no registro dos dados, assim como uso de codificações inespecíficas ou genéricas. Considerações finais: verificou-se que o câncer de colo do útero é uma importante causa de perdas sociais e econômicas para o estado. Portanto, a educação continuada em saúde, a educação popular em saúde, a melhoria dos serviços de rastreamento, o cuidado multiprofissional da paciente diagnosticada e a articulação entre os níveis de atenção são fatores que devem ser avaliados e fomentados para a redução nos índices de internação por essa patologia no estado. Há a necessidade de amplas ações em saúde de forma integral e intersetorial, a fim de reduzir a morbimortalidade e garantir a promoção da saúde, diagnóstico precoce e tratamento oportuno. Reverter os percalços que impedem a efetiva implantação e cobertura dos programas de prevenção e controle a essa doença, torna-se um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS) e seus colaboradores, em especial os gestores, responsáveis pelo planejamento, execução, administração dos recursos e supervisão. É necessária a adoção de estratégias que possam atender a demanda, suprindo-a em suas diversas necessidades e superando as dificuldades locais para a garantia universal da saúde.

7702 INCOMPLETUDE DOS REGISTROS DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL
Flávio de Macêdo Evangelista, Nayaha Almeida Silva, Elyana Teixeira Sousa, Viviane Cardozo Modesto, Noemi Dreyer Galvão, Arielly Cristina Martins dos Reis, Renata da Silva Leite, Beatriz de Medeiros Silva

INCOMPLETUDE DOS REGISTROS DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL

Autores: Flávio de Macêdo Evangelista, Nayaha Almeida Silva, Elyana Teixeira Sousa, Viviane Cardozo Modesto, Noemi Dreyer Galvão, Arielly Cristina Martins dos Reis, Renata da Silva Leite, Beatriz de Medeiros Silva

Apresentação: Com o crescimento e envelhecimento populacional, e a crescente urbanização, a população adquire um estilo de vida que favorece o risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), atualmente esta é a principal causa de mortalidade, responsável em 2015 por 51,6% de óbitos na população. Políticas de saúde precisam investir em ações que estimulem a população a manter um estilo de vida saudável e terem acesso aos serviços de saúde. Dentre as DCNT, o câncer é uma das principais causas de morte em todo mundo, sendo um problema de saúde pública. Estimou-se para o Brasil, biênio de 2018-2019, a ocorrência de 600 mil casos novos de câncer. A vigilância do câncer é feita, principalmente, pelo uso dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP). Estes registros fornecem dados que auxiliam no planejamento de políticas de saúde e, também, dos serviços de saúde. Para que seja efetivamente utilizado, o registro destes dados precisa ter qualidade e ter completude, uma vez que essas informações são fundamentais para a implementação de políticas públicas de prevenção e controle do câncer. Quando não há dados completos, os gestores se tornam incapazes de analisar a situação em saúde. O objetivo deste estudo foi verificar a completude dos dados dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), dos anos de 2007 a 2009 e relatar a importância dos dados para a gestão dos serviços de saúde. A coleta e análise dos dados se deram nos meses de setembro a dezembro de 2019, durante a disciplina de Estágio Supervisionado Obrigatório II do curso de Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, realizado na Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, cujo objetivo é indicar a distribuição das doenças segundo pessoa, tempo e lugar. A epidemiologia descritiva busca analisar como a incidência e prevalência se comportam diante de características como sexo, renda e outros, com isso é possível reconhecer os grupos de maior risco e executar ações de prevenção Neste estudo, se utilizou dados secundários do RCBP e do SIM (Sistema de Informações de Mortalidade). Têm como população de estudo os casos notificados como câncer nos anos de 2007 a 2009. O SIM foi necessário para completar os dados, uma vez que nesse sistema há as informações de residência, raça/cor, profissão, escolaridade, estado civil e data de óbito. Para a avaliação de incompletude foi utilizado o seguinte método: excelente (menor do que 5%); bom (5 a 10%); regular (10 a 20%); ruim (20 a 50%) e muito ruim (50% ou mais). Os resultados foram apresentados de maneira descritiva, além de ter sido feito uma média percentual dos três anos. Foram analisados 443 casos notificados e as seguintes variáveis: prontuário, nome, sexo, topografia, morfologia, data de diagnóstico e data de registro apareceram preenchidas em todas as fichas. Em relação às variáveis de identificação dos casos de câncer verifica-se que o CNS teve uma média percentual de incompletude de 91,40%, enquanto o CPF apresentou uma média de 57,53%, nome da mãe 88,58% e a data de nascimento, que dentre as variáveis de busca foi a que apresentou um resultado de 40,20%, ou seja, nas fichas coletadas, essa variável foi a que mais estava completada, se tratando das variáveis de busca. A média percentual do campo raça/cor nas fichas coletadas foi de 56,70%, seguido de Escolaridade (82,54%), Estado Civil (75,10%) e Profissão (86,80%). Em relação às variáveis com dados incompletos, a média percentual das variáveis que tratam da residência do paciente passam de 90%: Cidade (98,70%), Bairro (99,33%) e Endereço (95,40%). No que se refere à Nacionalidade, que apresentou uma média de 13,31%, sugere-se que os pacientes possam ter vindo de outro país, entretanto, não foi marcado de qual país veio, assim como o campo Naturalidade que apresentou 61,80%. A incompletude relacionada à informação dos óbitos foi de 87,85%, portanto, significa que não houve óbito até a data em que o sistema foi alimentado e não se refere a uma falha de informação. Quanto a variável exame, foram poucas fichas que continham essa informação, por isso apresentou um número alto de incompletude (98%). Os resultados mostram que o aumento de casos notificados sugere um maior empenho dos registradores de câncer, porém a completude dos dados está aquém, conforme avaliação adotada neste estudo. Assim sendo, além das variáveis que constam como preenchidas, a variável Nacionalidade (13,31%) foi a única que apresentou uma avaliação regular, Estado (40,10) e Nascimento (40,20%) apresentaram uma avaliação ruim e as outras apresentaram uma avaliação muito ruim. O preenchimento ruim das fontes de registro é uma das causas de limitação dos sistemas de informação em saúde, pois o número de variáveis que constam como sem informação é muito alto. A profissão (86,80% de incompletude) é fundamental na condição socioeconômica de cada pessoa, pois influencia diretamente na renda de cada um. Além disso, trabalhadores que estão inseridos em atividades manuais ou ainda aqueles com pouca qualificação profissional estão mais suscetíveis à exposição química, fumaça ou outros agentes cancerígenos. Quando se observa os segmentos mais vulneráveis da população, nota-se uma maior taxa de mortalidade comparada aos outros segmentos. A média percentual da variável Escolaridade apresentou 82,54% de não preenchimento das fichas coletadas. Quando se tem o conhecimento das informações como escolaridade e ocupação, é possível uma avaliação mais fidedigna das desigualdades sociais e riscos para cada paciente. A análise da variável Raça/Cor (56,70%) indica uma indisponibilidade de dados nos bancos, mesmo sendo uma variável tão importante para se entender o processo de desigualdades em saúde. Além disso, o Brasil é um país miscigenado, a definição de Raça/Cor não se torna tão clara, o que pode ser sugestão do não preenchimento das fichas. Entretanto, faz-se necessário empenho na melhora da completude raça/cor, pois ter essa informação é fundamental para analisar as situações locais de saúde. Os dados de residência (Cidade, 98,70%; Bairro, 99,33% e Endereço 95,40%) são importantes para o delineamento das localidades com o maior risco de câncer e qual o tipo predominante em cada região, assim torna-se viável planejar ações específicas para a realidade local e voltadas para o combate do câncer. É importante utilizar as informações dos Registros de Câncer no âmbito da gestão e planejamento, pois abre possibilidades para o apoio de definição de prioridades e estratégias para as políticas públicas de saúde e para avaliar o impacto em saúde dos serviços e tecnologias. Há muito que melhorar na coleta de dados para que se tenha uma investigação epidemiológica eficaz, o que sugere a necessidade de investimento em educação permanente para os profissionais de saúde. As informações geradas pelo RCBP servem aportes à implementação de políticas públicas de prevenção e controle do câncer, pois contribui com o aprimoramento do sistema e na melhoria da vigilância e monitoramento das neoplasias. Com a utilização dos dados completos, é possível obter informações capazes de auxiliar no planejamento administrativo e, assim, melhorar a gestão do serviço de saúde da instituição se tornando um auxílio para a tomada de decisões sobre quais serviços que serão oferecidos em determinada localidade ou  quais campanhas de detecção precoce do câncer serão realizadas, garantindo maior eficiência no investimento público em saúde.

10602 RELATO DE EXPERIÊNCIA: CÂNCER DE COLO DO ÚTERO COMO CONDIÇÃO TRAÇADORA PARA COMPREENSÃO DOS FLUXOS ASSISTENCIAIS EM REGIÃO DE SAÚDE DA BAHIA
Elizângela Morais Santos, Adriano Maia dos Santos, Ângela de Oliveira Carneiro, Daniela Gomes dos Santos Biscarde, Eduarda Anjos, Fabiely Gomes da Silva Nunes

RELATO DE EXPERIÊNCIA: CÂNCER DE COLO DO ÚTERO COMO CONDIÇÃO TRAÇADORA PARA COMPREENSÃO DOS FLUXOS ASSISTENCIAIS EM REGIÃO DE SAÚDE DA BAHIA

Autores: Elizângela Morais Santos, Adriano Maia dos Santos, Ângela de Oliveira Carneiro, Daniela Gomes dos Santos Biscarde, Eduarda Anjos, Fabiely Gomes da Silva Nunes

Apresentação: Este resumo tem como objetivo apresentar o relato de experiência das estratégias para integração assistencial e garantia de acesso aos serviços de uma região de saúde do norte do Estado da Bahia, elegendo a linha de cuidado do câncer de colo do útero, como condição traçadora. Dentre as políticas de atenção integral à saúde da mulher, o câncer de colo do útero tem sido apontado como um problema de saúde pública, com forte correlação socioeconômica e nível de escolaridade. No Brasil, os dados de mortalidade de câncer de colo do útero, teve uma queda na incidência de maneira focalizada, sobretudo, nas capitais dos estados e regiões com maior concentração de renda, devido à ampliação do acesso aos serviços de saúde e melhoria da qualidade do exame citopatológico. Em 2011, o Ministério da Saúde lançou o Plano de Enfrentamento às Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) 2011-2022, com o intuito de promover políticas públicas para a prevenção e controle das DCNT, fortalecendo os serviços de saúde, a partir da intersetorialidade das ações e cuidado integral. Entre as metas nacionais, encontram-se o aumento da cobertura de exame preventivo de câncer de colo uterino em mulheres de 25 a 64 anos e 100% de tratamento das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer.  Assim, a escolha de uma linha de cuidado, tendo como traçador o câncer do colo do útero, parece ser pertinente para compreensão dos fluxos assistenciais na rede de cuidado regional que vão da Atenção Primaria à Saúde aos serviços especializados. Método: trata-se de um estudo de caso referente à pesquisa “Integração Assistencial e Acesso aos Serviços de Saúde em Regiões de Saúde: Câncer de Colo do Útero como condição traçadora para compreensão dos fluxos assistenciais”, com abordagem qualitativa. O campo de estudo foi realizado em julho de 2019, em um município da região de saúde de Juazeiro, na Bahia. O município possui uma população estimada em 15.732 habitantes, em 2010. Para compreensão do fenômeno estudado foi utilizada a condição traçadora “Câncer de Colo do Útero”, por apresentar uma linha de cuidado já estabelecida com pontos de atenção em todos os níveis de complexidade da rede. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 2 gestores, 1 médico especialista e 9 usuárias que tiveram lesões precursoras de câncer nos últimos 2 anos, e grupo focal com Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Enfermeiros que atuavam no município, totalizando 8 entrevistas e 2 grupos focais. Resultado: A Rede de Atenção à Saúde (RAS) deve promover a integração sistêmica de ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária, além de eficiência e econômica. Neste sentido, durante a realização deste campo percebeu-se que há uma oferta programada do exame preventivo (Papanicolau) nas unidades do município, com dias específicos na agenda da enfermagem. Sendo assim, a usuária pode agendar o procedimento na unidade ou com ACS, é válido ressaltar que não foi mencionado dia especifico para o agendamento. Houve uma ponderação de todos os entrevistados, tanto no grupo focal quanto nas entrevistas individuais relativa à demora na disponibilização dos resultados pelo laboratório credenciado, sendo superior a 60 dias.Um outro fator observado nas entrevistas com os profissionais e no grupo focal é o diagnóstico tardio, relacionado a não realização do exame preventivo pelas mulheres devido à falta de conhecimento da doença, receio do resultado do exame e crenças religiosas. Mesmo com a sensibilização durante as visitas dos ACS, essas mulheres se mostram resistentes. Quando a mulher é diagnosticada com Lesão de Alto Grau (NICII ou NICIII), não há serviço de referência na regional para que possam realizar exames específicos, como a colposcopia, biopsia e procedimento como a Cirurgia de Alta Frequência (CAF), tratamento por meio de cauterização na região da lesão do colo uterino. Nestes casos, a mulher é encaminhada para o Centro Estadual de Oncologia (CICAN), em Salvador, a 395 km do município, o deslocamento e estadia, se houver necessidade, é custeado pelo município. Porém, algumas mulheres optam por realizar o exame preventivo, e demais procedimentos necessários no serviço particular, que fica no município de Euclides da Cunha, pois consideram longo o tempo de espera entre o exame e o resultado no Sistema de Saúde local. Em relação a organização do fluxo assistencial na rede percebeu-se que há ausência de um setor responsável para acompanhar as pacientes, falta de fluxo de encaminhamento e controle das pacientes com NIC II e NIC III, cada profissional tem uma conduta diferente, não existe serviço de tratamento das lesões, há falta de integração entre a atenção básica e o serviços especializados. Os resultados preliminares, deste estudo, revelam a fragmentação do modelo de atenção à saúde, com consequente descontinuidade do cuidado integral ao usuário. Desta forma, torna-se necessária ações de capacitação dos profissionais que atuam nas ações de promoção da saúde e na prevenção da doença, maior oferta para coleta de preventivo nas Unidade de Saúde, organização dos fluxos da rede, oferta de serviço especializado para realização de exames e tratamento da lesão, para evitar a progressão da doença, dessa forma, agindo, em tempo oportuno, sobre a condição de saúde da mulher. Considerações: A utilização de condições traçadoras na avaliação de uma rede de serviços de saúde permite identificar o seguimento da atenção em distintos serviços, bem como a oportunização do ponto de atenção da rede frente à demanda do usuário, reconhecendo tanto os entraves do fluxo desses serviços quanto a disponibilidade e otimização das tecnologias, no intuito de garantir a integralidade da atenção à saúde. Neste sentido, espera-se que este trabalho contribua para a reorganização das ações pertinentes a Linha de Cuidado do Câncer do Colo do Útero na região de saúde, uma vez que, essa linha de cuidado tem a finalidade de assegurar à mulher o acesso humanizado e integral às ações e aos serviços qualificados para promover a prevenção do câncer do colo do útero, acesso ao rastreamento das lesões precursoras, ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, qualificado e em tempo oportuno.