285: A construção de saberes na formação dos profissionais da saúde
Ativador: Ana Paula Guljor
Data: 28/10/2020    Local: Sala 15 - Távolas de trabalhos    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
5931 INTERAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA FORMAÇÃO DE GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Fernanda Maria Dinelly Gomes, Amanda do Perpétuo Socorro Andrade Araújo, Marciney Conceição Peixoto Coelho, Adriana Beatriz Silveira Pinto, Shirley Maria de Araújo Passos, Lauramaris Regis Aranha Arruda, Ângela Xavier Monteiro

INTERAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA FORMAÇÃO DE GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Fernanda Maria Dinelly Gomes, Amanda do Perpétuo Socorro Andrade Araújo, Marciney Conceição Peixoto Coelho, Adriana Beatriz Silveira Pinto, Shirley Maria de Araújo Passos, Lauramaris Regis Aranha Arruda, Ângela Xavier Monteiro

Apresentação: A formação do cirurgião-dentista, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, deve contemplar o Sistema Único de Saúde, orientando para uma mudança de paradigma da formação do profissional, para que este tenha competência para o trabalho em equipe multiprofissional, levando em consideração a realidade local, com olhar crítico e humanizado. Dessa forma, a inserção do aluno de graduação no cotidiano do serviço público de saúde é parte fundamental de sua formação profissional, contribuindo com a formação de um profissional comprometido com a saúde da população. Desta forma, o objetivo deste relato de experiência é abordar a vivência teórica-prática adquirida pelas acadêmicas do 8° período do curso de odontologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que por meio da disciplina de grade curricular obrigatória chamada “Estágio Supervisionado em Atenção à Saúde”, puderam vivenciar o cotidiano do trabalho desenvolvido pela equipe de saúde bucal de uma equipe de saúde da família na Unidade Básica de Saúde São Vicente de Paulo, no bairro São Raimundo na cidade de Manaus (AM) em 2019. O cenário de práticas foi a Unidade Básica de Saúde da Família O-35 (UBSF O-35) e toda a sua área de abrangência. A UBSF O-35 fica localizada no Bairro São Raimundo, zona Oeste da cidade de Manaus, Amazonas. As atividades foram desenvolvidas ao longo do segundo semestre de 2019, 4 horas semanais, sob a supervisão da professora da disciplina, da cirurgiã-dentista preceptora e da auxiliar de saúde bucal. As discentes vivenciaram a rotina de trabalho da equipe de saúde bucal (ESB) em diferentes cenários na comunidade, frente às metas a serem cumpridas pela ESB da UBSF O-35. Foram realizadas atividades de acompanhamento aos atendimentos odontológicos dos usuários, bem como realização de procedimentos clínicos como: delineamento do plano de tratamento, procedimentos restauradores definitivos, tratamento expectante, e raspagem e alisamento radiculares supragengivais. Os atendimentos e procedimentos clínicos eram realizados na referida unidade sob a supervisão da cirurgiã-dentista e auxiliar em saúde bucal, além de atendimentos de urgência e encaminhamentos de casos de maior complexidade aos Centros de Especialidades Odontológicas do município. Compõe também este grupo, as práticas em educação em saúde realizadas durante visitas domiciliares programadas, as quais envolviam uma equipe multiprofissional, formada por um agente comunitário de saúde (ACS), enfermeira, técnica de enfermagem, cirurgiã-dentista e discentes do curso de Odontologia da UEA, as quais eram conduzidas com pacientes idosos, acamados, puérperas, ou outros usuários que não podiam se deslocar até a unidade. Para o exercício da prática epidemiológica, as discentes tabularam os dados previamente coletados do Índice de cárie dentária por meio do Índice de dentes cariados, perdidos e obturados, CPOD/ceod. Esses dados foram coletados em abril de 2019, pela ESB, como atividade do Programa Saúde na Escola (PSE) no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Madre Elísia, também localizado no bairro São Raimundo. As discentes realizaram o cálculo e tabulação dos resultados do índice CPOD/ceod e Índice Significativo de cárie dentária (SIC), que avalia a polarização da doença cárie,  distribuídos de acordo com o turno e turmas. As discentes participaram do evento realizado na unidade referente à campanha Novembro Azul, expondo dados sobre fatores de risco, prevenção do câncer de boca, esclarecendo dúvidas e instruindo a correta forma de fazer o autoexame bucal através de banner cedido pela UBS. Ao longo de um semestre de atividades extramurais na Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi alcançado um crescimento profissional das acadêmicas inseridas neste espaço. No atendimento realizado no consultório odontológico da unidade houve uma oportunidade de desenvolver de forma prática os conteúdos aprendidos na universidade e foi oferecida às discentes a oportunidade de se familiarizar com a rotina do processo de trabalho na atenção básica, vivenciando as dificuldades a serem transpostas para promover uma atenção a saúde bucal de qualidade à população.  O espaço ofereceu a liberdade para as estudantes compartilharem seus conhecimentos com os profissionais do local, havendo uma relação de ensino-aprendizagem bidirecional. O acompanhamento e participação das acadêmicas nas visitas domiciliares proporcionaram às mesmas o dimensionamento da abrangência do SUS, que oferece serviço de qualidade mesmo aos usuários impossibilitados de chegarem fisicamente até ele, e vivência da realidade das condições de vida da comunidade e o impacto em sua saúde. Destaca-se ainda, a importância do trabalho coletivo para saúde da comunidade. Com o auxílio de um banner na sala de espera da unidade, foi realizada atividade de educação em saúde bucal para os usuários que aguardavam atendimento na unidade, esses foram orientados sobre a realização do autoexame bucal e fatores de risco para o câncer bucal. Por fim, os usuários expuseram dúvidas e curiosidades sobre o tema, mostrando confiança e estruturando o diálogo. Quanto ao levantamento epidemiológico dos dados previamente coletados, as discentes observaram que estes serão utilizados para subsidiar o planejamento de ações educativas, preventivas e curativas às crianças da escola, direcionando as ações de acordo com sua necessidade, colaborando com a organização do processo de trabalho da equipe. Ao longo de um curso superior da área da saúde, sobretudo na Odontologia, não é incomum que se observe um modelo de ensino centrado na técnica que propõe um serviço assistencialista em saúde, onde busca-se tratar a doença e a oferta de conteúdos programáticos divididos em compartimentos, fragmentando o ser humano conforme os serviços especializados que necessita. Na tentativa de transpor estes obstáculos há a necessidade de tornar intrínsecos os universos de saúde e educação. Uma maneira de conseguir tal feito é através da integração ensino-serviço, utilizando-se espaços diversificados de aprendizagem, onde há um vínculo entre universidade e serviços de saúde. Um desses possíveis cenários é o Sistema Único de Saúde, que permite a incorporação de docentes e estudantes ao sistema de serviço de saúde, oferecendo ao estudante a possibilidade de se inserir ativamente no oferecimento de serviços e desenvolver um perfil profissional preparado e capacitado para atuar na esfera pública de serviços de saúde e ao profissional da rede a contribuição na formação deste discente e troca de aprendizado. Essa prática foi realizada sem dificuldades pelas acadêmicas, devido ao contato ao longo de todo o curso com disciplinas focadas em desenvolver atividades de educação em saúde. Foi observado pelas acadêmicas que mesmo com espaços e recursos simples é possível transformar locais simples em ambientes de aprendizagem, oferecendo ao usuário conhecimento e por fim, autonomia e um papel ativo no cuidado de sua própria saúde. A oportunidade de participar de um estágio extramural na Estratégia de Saúde da Família ainda na graduação constituiu para as acadêmicas um bem de valor inestimável. As atividades permitiram colocar em prática todo o conhecimento que adquiriram ao longo da faculdade num ambiente diferenciado. De forma geral não houve obstáculos para a realização dos serviços e a comunidade atendida e toda a equipe profissional da unidade recebeu respeitosamente as discentes, as quais vivenciaram experiências importantes para a sua formação. Para as acadêmicas, o período foi de grande ganho teórico-prático no âmbito profissional, e as relações interpessoais criadas durante o estágio forneceram grande confiança para manejos futuros entre profissional-profissional e profissional-paciente.

6112 A DISCIPLINA TRABALHO DE CAMPO SUPERVISIONADO 1 (TCS1) E A FORMAÇÃO MÉDICA: O OLHAR DOS ESTUDANTES DA UFF
Mônica de Rezende, Emmanuelle Batista Florentino, João Paulo Werdan Curty Estephaneli

A DISCIPLINA TRABALHO DE CAMPO SUPERVISIONADO 1 (TCS1) E A FORMAÇÃO MÉDICA: O OLHAR DOS ESTUDANTES DA UFF

Autores: Mônica de Rezende, Emmanuelle Batista Florentino, João Paulo Werdan Curty Estephaneli

Apresentação: Este projeto de pesquisa de iniciação científica insere-se no debate acadêmico sobre a educação médica. Visa aprofundar a reflexão sobre o papel do médico na sociedade e a formação profissional necessária para atuar na melhoria da qualidade de vida da população, pensando a saúde de maneira ampliada, conforme consta nos referenciais legais do Sistema Único de Saúde (SUS). Interessa-nos conhecer o entendimento dos estudantes de Medicina sobre a disciplina Trabalho de Campo Supervisionado 1 (TCS1) no currículo e como eles vivenciam essa experiência. Por ser uma disciplina que se baseia em referenciais das ciências humanas e sociais, muitas vezes, parece ser mal compreendida pelos alunos, confrontando-se com suas expectativas em relação ao processo formativo. Partimos da seguinte questão investigativa: os estudantes reconhecem a disciplina como um espaço durante a formação para conhecer experiências dos cenários reais de trabalho e questões de saúde que enfrentarão futuramente? Método do estudo Buscamos analisar a relação estabelecida entre o TCS1 e a formação médica, a partir das representações dos alunos do curso de medicina da UFF. A técnica selecionada para o levantamento de dados empíricos foi a entrevista semiestruturada, contendo questões abertas e fechadas, que permite, dentre outras coisas, identificar o perfil do aluno-entrevistado. Serão entrevistados alunos em diferentes momentos da formação: (1) enquanto estão cursando TCS1B (2º período), quando estão no meio do curso (6º período) e quando estão na fase final da formação (12º período). As entrevistas serão transcritas na íntegra e analisadas a partir do método de análise do discurso proposto por Mary Jane Spink (2013), que indica a elaboração de ‘Mapas de Associações de Ideias’ de acordo com as categorias analíticas diretamente relacionadas aos objetivos da pesquisa. Estes recursos permitem a análise dos múltiplos sentidos que um discurso pode conter. A pesquisa em dados secundários é uma fase eminentemente descritiva do estudo e representa uma importante etapa do trabalho, pois permite compreender a organização curricular atual da Medicina na UFF, bem como a proposta e inserção do TCS1 neste currículo, resultado de um processo de mudança ocorrido nos anos 90, em consonância com a reforma sanitária brasileira e a implementação do SUS. Essa pesquisa bibliográfica e documental é complementada por conversas com informantes-chave que participaram ativamente do processo de mudança curricular na UFF e que apresentam, em suas narrativas, questões e informações que não constam na bibliografia disponível. Os resultados apresentados aqui referem-se à esta primeira etapa da pesquisa, ainda em desenvolvimento. Resultado: Para alcançar sua atual conformação, o currículo da Medicina da UFF passou por intensas modificações em sua estrutura desde o início da década de 1990. O processo de discussão e avaliação do currículo vigente, propriamente dito, foi iniciado na década de 1970, a partir da formação de um grupo de trabalho que contou com a participação do corpo docente e discente da Universidade. Sofreu diversas interrupções, mas sua construção foi retomada em 1983, concluída no ano de 1992 e sua implementação feita a partir de 94, com a Resolução No. 37/94, do Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP). A reformulação curricular foi pensada a partir do descontentamento de alunos e professores com a inadequação do currículo antigo às reais necessidades do sistema de saúde e da população atendida por ele, além da pouca atenção dada à formação de professores e aos métodos de ensino-aprendizagem. As principais críticas incluíam grande ênfase dada à doença e não à saúde, a fragmentação do curso médico em um número excessivo de disciplinas, a grande ênfase dada às especialidades, a inexistência de vínculo entre ensino básico e profissional, o frequente despreparo do profissional médico sobre o aspecto pedagógico e didático, a ênfase no conteúdo a ser ensinado sem a preocupação com a aprendizagem real do estudante, a teorização excessiva e a massificação do ensino resultante do grande afluxo de candidatos que ingressam nas escolas superiores, sem obedecer a uma planificação adequada. De certa forma, o contexto político de maior influência para a reformulação curricular da UFF foi o da Reforma Sanitária Brasileira, caracterizada por um movimento pela democratização da saúde que iniciou-se a partir da segunda metade da década de 1970 e culminou com a criação da base legislativa e institucional que deu origem ao SUS. Além disso, esse movimento buscou questionar o modelo biomédico adotado pela maioria das escolas de Medicina do Brasil. As críticas em relação ao modelo adotado pelas escolas médicas de todo o país e a incapacidade de formar profissionais capazes de atender à novas demandas do sistema envolveram os profissionais da área médica, a sociedade em geral e os meios de comunicação. Na Universidade, as discussões referentes à reformulação curricular contaram com a participação de docentes e servidores da Faculdade de Medicina, do Instituto de Biologia e do Instituto Biomédico. Dentre o grupo de docentes da Faculdade de Medicina, merece destaque a colaboração de professores do então Departamento de Saúde da Comunidade que participavam ativamente da ABEM (Associação Brasileira de Educação Médica) e que, por isso, estavam em sintonia com as tendências de mudanças curriculares de outras faculdades do país. Assim como quaisquer alterações que modifiquem estruturalmente uma instituição, a reformulação curricular do curso de Medicina não foi isenta de disputas. Segundo os informantes-chave, pode-se dizer que havia dois grupos distintos formados por docentes e servidores: um grupo favorável ao movimento de reforma e outro que se opunha. Contudo, não há uma delimitação muito clara de opiniões, já que a maioria dos docentes não participou ativamente deste processo. A disciplina Trabalho de Campo Supervisionado surgiu como uma das expressões da mudança curricular ocorrida num cenário de disputas e enfrentamentos que nunca deixaram de ocorrer. Em defesa da disciplina instituída, autores preconizam que, por serem atividades desenvolvidas em grupos de 10 a 12 alunos, possibilita a construção de vivências em espaços como movimentos sociais, organizações não governamentais e nas unidades do SUS. Ocupa-se, assim, cerca de 20% da carga horária da formação em campos de prática diversificados, junto aos diferentes níveis de complexidade tecnológica da rede pública de saúde de Niterói. Nesse sentido, destaca-se a vivência, por parte dos estudantes, em espaços do SUS, onde se pratica uma atenção à saúde centrada nas necessidades e demandas dos usuários, com escuta ativa e responsabilização por parte dos profissionais e da rede de saúde. Diferentes autores acreditam que essa reflexão é capaz de potencializar uma formação mais centrada não só nas necessidades da sociedade, mas dos próprios estudantes e outros sujeitos, principalmente gestores, trabalhadores e usuários do SUS, permitindo a vivência do aluno na construção das linhas de cuidado. Considerações finais: O presente estudo encontra-se em fase inicial e ainda buscando compreender os argumentos daqueles que de alguma forma se contrapunham à reforma curricular. Acreditamos que a perspectiva contrária apresentada naquele momento pode, de alguma forma, ainda estar presente na resistência de alguns alunos, encontrada atualmente, em relação à disciplina. O que tem sido observado, nas discussões em sala de aula, nas avaliações realizadas na disciplina e nas conferências curriculares que ocorrem anualmente há 10 anos, sugere como contraponto o favorecimento de uma formação mais tecnicista e instrumental e menos reflexiva e crítica em relação à realidade socioeconômica e política, tanto dos usuários do sistema de saúde quanto dos próprios profissionais.

10014 EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO-TRANSMISSÍVEIS (DCNTs)
Leila Miranda, José Neto, Mariana Paiva, Isabelle Barbosa, Uendel Almeida

EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO-TRANSMISSÍVEIS (DCNTs)

Autores: Leila Miranda, José Neto, Mariana Paiva, Isabelle Barbosa, Uendel Almeida

Apresentação: No Brasil, no ano de 2008, o Ministério da Saúde (MS) publicou um documento com as principais Diretrizes e Recomendações para o Cuidado Integral de DCNT, dentre elas o Fortalecimento das Ações de Promoção da Saúde. Assim, entende-se que, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), é possível desenvolver ações de promoção da saúde, prevenção e atenção às DCNT, para reduzir sua prevalência. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s) fazem parte de um grupo de morbidades com múltipla etiologia, curso prolongado, de origem não infecciosa e associadas com incapacidades funcionais, representadas principalmente pelas doenças cardiovasculares (em destaque a hipertensão arterial), neoplasias (em destaque câncer de colo de útero e mama), diabetes mellitus e doenças respiratórias crônicas (em destaque asma, bronquite e enfisema pulmonar). Dentre os fatores de risco destacam-se sexo, idade, caráter genético, tabagismo, alimentação não saudável, sedentarismo, consumo de álcool etc. Considerando que as DCNT’s se apresentam como um problema de saúde pública no Brasil, a educação em saúde (ES) é uma importante ferramenta para a conscientização da população em relação ao adequado cuidado à sua saúde e adoção de novos hábitos, podendo ser realizada pelo Técnico em Enfermagem. Com isso é possível construir saberes e práticas relativos ao modo de viver saudável de cada cultura, incorporando novas práticas saudáveis, que tragam benefícios à população e promovendo assim o autocuidado.  Objetivo: Relatar uma atividade de educação em saúde, realizada pelos discentes do quarto período do curso Técnico em Enfermagem do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) – Campus Almenara, sob supervisão da orientadora professora, no segundo semestre de 2019, bem como conscientizar os discentes do curso Técnico em Enfermagem, sobre a relevância das ações de educação em saúde para as DCNTs, em prol da melhoria na qualidade de vida dos usuários. Desenvolvimento: Este relato de experiência faz parte de um projeto de extensão intitulado “Educação em saúde sobre doenças crônicas não transmissíveis na Unidade Básica de Saúde do município de Almenara - MG”, desenvolvido por três discentes do quarto período do curso Técnico em Enfermagem do IFNMG, mediante parceria do IFNMG – Campus Almenara com a Prefeitura Municipal de Almenara (concedente do campo de estágio para os discentes do curso Técnico em Enfermagem do IFNMG), na unidade de saúde – Santo Antônio. Trata-se de uma metodologia do tipo participativa, uma vez que esta, além de fornecer conhecimentos/informações importantes sobre as DCNTs, valoriza também as vivências e experiências de vida dos usuários, envolvendo-os na discussão e participação ativa sobre o tema. Os temas abordados nos encontros foram sobre Hipertensão Arterial (HA), Diabetes, Câncer e Doenças respiratórias crônicas, durante um período de quatro meses entre agosto a dezembro de 2019. As atividades foram desenvolvidas mensalmente na Unidade Básica de Saúde (UBS) Santo Antônio, com um tempo programado de 60 minutos para cada encontro, sendo o público-alvo os indivíduos cadastrados e acompanhados pela UBS, escolhido pelos agentes comunitários de saúde e enfermeira responsável. Antes de dar início às atividades, foram feitos encontros (reuniões) entre os discentes e coordenador, para definição das atividades (palestras e vídeos educativos) e confecção de materiais educativos (folders), que seriam distribuídos nos encontros. Os discentes bolsistas ficaram responsáveis por elaborar o registro de todos os encontros, em que constariam número de participantes, dificuldades e facilidades durante o desenvolvimento das ações, além das considerações/sugestões demandadas pelos usuários. Ressalta-se que cada participante recebeu, previamente em sua casa, um convite para participação nos encontros. Durante os mesmos foram abordadas questões relativas a cada doença, bem como suas manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e ações preventivas. Ao final de cada encontro os participantes poderiam sanar suas dúvidas ou relatar, aos demais, alguma experiência vivida, como forma de interação entre eles. Ao final de cada encontro também era distribuído um café coletivo entre todos os participantes. Resultado: No primeiro encontro, realizado em cinco de setembro, estiveram presentes vinte e sete usuários hipertensos cadastrados e acompanhados pelo serviço de saúde. As três discentes, participantes do projeto, inicialmente aplicaram um questionário com cinco perguntas abordando sobre o conhecimento do usuário em relação à sua patologia. Em seguida foi aferida a PA de todos os presentes e, logo após, iniciou-se uma breve palestra sobre conceito de HA, etiologia, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e medidas preventivas, com a participação também dos usuários tirando dúvidas e relatando suas experiências de vida. No segundo encontro foi abordado o tema sobre o Diabetes Mellitus, em que compareceram 21 pessoas, dentre elas diabéticas e pré-diabéticas. Antes de dar início à palestra, foi aferida a glicemia capilar de todos os presentes.  Logo após iniciou-se a palestra, com exposição de vídeo informativo sobre o diabetes, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento, as complicações da doença, bem como medidas que podem ser adotadas para se ter uma boa qualidade de vida, enquanto portador da doença.  Após exposição do conteúdo, houve uma roda de conversa para sanar dúvidas. No terceiro encontro foram abordadas as doenças respiratórias, especificamente asma, bronquite e enfisema pulmonar. Neste encontro compareceram cerca de 15 pessoas. Logo após, iniciou-se uma roda de conversa onde os convidados puderam tirar suas dúvidas. O quarto e último encontro abordou a temática do câncer, especificamente o de mama e o de colo de útero. Compareceram cerca de 14 pessoas, sendo a maioria mulheres. Muitas relataram suas experiências de vida sobre a temática e, por fim, abriu-se uma roda de conversa para sanar dúvidas. Considerações finais: A prática de educação em saúde consiste numa forma de conscientizar a população sobre sua patologia e consequente mudança de hábitos, para uma melhor qualidade de vida. Acredita-se que o presente projeto possibilitou alcançar resultados positivos na saúde dos usuários, através da conscientização sobre sua patologia e seus impactos na qualidade de vida destes. Ademais o projeto, além de estabelecer maior proximidade entre o IFNMG e a comunidade local, proporcionou aos discentes aplicar e adquirir conhecimentos e experiências no âmbito de sua formação profissional.  

10353 TRABALHO E EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO EM SAÙDE
Joelma Fernandes

TRABALHO E EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO EM SAÙDE

Autores: Joelma Fernandes

Apresentação: O presente estudo é parte da dissertação de mestrado do programa de mestrado da escola Politécnica da FIOCRUZ/Rio de Janeiro e tem com objetivo de discorrer sobre os conceitos de Economia da Educação para a formação do trabalhador me saúde e suas contradições. Faz-se necessário ir às bases filosóficas dos conceitos de trabalho e educação para compreender a formação e, sobretudo forjar profissionais críticos e reflexivos sobre seu papel na sociedade e no ensino. Para que o profissional enfermeiro possa desenvolver práticas de educação em saúde nas escolas ele precisa primeiramente entender e refletir sobre sua própria formação. Desenvolvimento: O interesse pelo tema “Educação e Saúde” surgiu, a partir de experiências como docente no cenário de IETC do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Serra dos Órgãos, onde é desenvolvida a atividade de educação em saúde na escola. Com o objetivo de atender as competências do curso e promover uma formação comprometida com as questões de saúde da população, seja onde for o cenário, entende-se que o cenário da escola é um local de produção de cuidados. A educação é uma ferramenta de transformação social, em que a educação formal e toda ação educativa promova a reformulação de hábitos, aceitação de novos valores e que estimule a criatividade e desenvolvimento intelectual. Mas afinal, como ensinar e aprender em locais de grandes contradições onde deveria ser um ambiente de reprodução e produção de conhecimento, valores, atitudes e significados. O estudo foi fruto de reflexões a partir da revisão e fichamento de literatura sobre os temas e autores na disciplina de Economia da saúde e trabalho e saúde. Resultado: A primeira reflexão foi sobre: A origem da relação trabalho e educação A relação de trabalho e educação são práticas sociais da natureza humana e se constituem na forma de viver em sociedade e, portanto somente desenvolvidas por seres humanos. Apenas o ser humano de educa e trabalha. Toda sociedade vive porque consome; e para consumir depende da produção. Isto é, do trabalho. Toda a sociedade vive porque cada geração nela cuida da formação da geração seguinte e lhe transmite algo da sua experiência, educa-a. Não há sociedade sem trabalho e sem educação. Para que se desenvolva o trabalho é necessário perguntar que características são importantes para que o homem possa trabalhar e educar. Como os homens vão transmitir adiante suas experiências na ação de educação e trabalho para que outras gerações possam também produzir sua subsistência? Segundo (Saviani, 2007), que o “homem é essência e é produzido historicamente de transformação e apropriação da natureza para si, com outros homens”. Portanto o trabalho ou a necessidade e capacidade histórica de trabalhar de várias formas ao longo da vida se constituem um fenômeno da própria essência humana e a base de sua existência O conceito de trabalho tem duplo sentido, um no sentido de produção do ser e outro no sentido histórico e de formas especificas do modo de produção no modelo capitalista. Portanto educação e trabalho têm intima relação por que pelo trabalho a necessidade de educar-se para manter a relação de produtiva da vida, diferentemente dos animais, que se adaptam à natureza, os homens têm de adaptar a natureza a si. Agindo sobre ela e transformando-a, os homens ajustam a natureza às suas necessidades. Neste sentido, o homem tem a essência do agir para própria necessidade humana que é caracterizada pelo trabalho e isso é historicamente construído no momento que em que se produz a existência, ou seja, se aprende a trabalhar trabalhando. Esse fundamente é histórico porque são referidos de uma construção ao longo do tempo pelo próprio homem. Quanto a educação ela coincide com a existência humana, ou seja, a sua origem está relacionada a origem do homem. Diferente dos animais que se adaptam ao meio ambiente – na natureza, o homem precisa produzi-la. Isto faz com que a vida do homem seja determinada pelo modo como ele produz sua existência. No Brasil historicamente há uma dualidade na concepção de educação. No século XIX a educação profissional era para a elite que preparavam os dirigentes. Basicamente ela tem origem assistencialista para amparar os mais pobres e órfãos para não praticarem atividades contraordem. No século XX surge a necessidade de formação para a classe trabalhadora com interesse de preparar mão de obra qualificada para trabalhar nas indústrias e fabricas que estava em plena expansão, até então esses trabalhadores eram do campo e com o desenvolvimento e consolidação do capitalismo houve necessidade do Estado criar uma política educacional que atendesse essas exigências de qualificação para o trabalho. Portanto o que vemos é que a educação prepara para o trabalho, ou seja, para o mercado com caráter dual educação para o Trabalho. Considerações finais: Durante o semestre ao estudar na disciplina todos os elementos históricos de trabalho e educação e sua relação com modo de e meio de sobrevivência das sociedades podemos compreender a educação nos dias atuais. A fragmentação da educação, as contradições na formação dos indivíduos e, sobretudo do pensamento neoliberal com a concepção de produzir mais e melhor e com mínimo de recursos e fazendo da educação uma mercadoria e precarizando a formação e os trabalhadores da educação.

11769 POLÍTICAS CURRICULARES NA FORMAÇÃO EM SAÚDE E AS PERSPECTIVAS DISCURSIVAS DE INVESTIGAÇÃO
Carlos Eduardo Colpo Batistella

POLÍTICAS CURRICULARES NA FORMAÇÃO EM SAÚDE E AS PERSPECTIVAS DISCURSIVAS DE INVESTIGAÇÃO

Autores: Carlos Eduardo Colpo Batistella

Apresentação: Neste trabalho – que é parte de pesquisa realizada no projeto de doutoramento em educação – discuto a pertinência das perspectivas discursivas para o estudo das políticas curriculares da formação em saúde no Brasil. Meu argumento parte da consideração de que as investigações nesta área têm se concentrado em análises da implementação de políticas, na defesa de propostas curriculares inovadoras ou de inclusão de conteúdos e disciplinas consideradas relevantes. No caso específico das políticas curriculares de formação técnica em saúde, são raros os estudos que se propõem a investigar a produção de sentidos e as disputas e negociações envolvidas na elaboração e interpretação destas políticas. Entendo que as abordagens discursivas, principalmente aquelas vinculadas à Teoria do Discurso de Ernesto Laclau, fornecem um arcabouço teórico e metodológico mais potente para interpretar a emergência, a sedimentação e os efeitos dos discursos que hegemonizam as políticas curriculares na saúde. Desenvolvimento: Seguindo a contraposição de Chantal Mouffe à ideia de política como construção de consensos, assumo a inerradicabilidade dos conflitos e a sua produtividade como ontologia do social. Com a autora, entendo que o privilégio conferido às dimensões ônticas da política – restrita às práticas e instituições – têm diminuído a importância de seus aspectos ontológicos, referentes ao espaço público no qual vigoram os antagonismos e conflitos que constituem as sociedades. No marco das leituras verticalizadas – sejam elas estadocêntricas, prescritivas ou cotidianistas – ficam prejudicadas as possibilidades de se interpretar a complexidade da produção da política para além de seus aspectos racionais e objetivos. Para sustentar minha argumentação, este trabalho inicia por uma breve discussão dos usos disseminados da noção de discurso no campo da saúde, buscando diferenciá-los daqueles abertos pelas perspectivas discursivas no campo da teoria política. Em seguida, buscando mapear o redirecionamento que o debate pós-estrutural introduz nos estudos das políticas educacionais, exploro as contribuições de Stephen Ball a este campo, em especial sua noção de política como texto e como discurso. Essa perspectiva será radicalizada no campo do currículo pelos trabalhos de Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo e a apropriação que fazem da teoria do discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, bem como da desconstrução derridiana. Tomando o material empírico investigado como superfície de inscrição que faculta leituras diversas de sentidos dispersos nas formações discursivas, esse enfoque rejeita as atitudes epistemológicas empiristas e objetivistas, que fazem uso de estratégias discursivas como revelação de um mundo transparente que se dá ao pesquisador que o investigar objetivamente. Ancoradas na descrição, tais estratégias estão voltadas a produzir um argumento evidenciário. Em sentido contrário, ao declarar o caráter discursivo dos objetos (e da realidade), a teoria do discurso não busca questionar sua existência externa ao pensamento, mas antes a afirmação bastante diferente de que eles próprios possam se constituir como objetos fora de qualquer condição discursiva de emergência. Em outras palavras, implica considerar sua significação em um sistema de regras socialmente construídas e compartilhadas: em nosso intercâmbio com o mundo, os objetos nunca são dados a nós como meras entidades existenciais; eles são sempre dados a nós dentro de articulações discursivas. Resultado: Assumindo o currículo como uma produção cultural e como luta pela significação, as perspectivas discursivas buscam a reativação das contingências envolvidas nos processos de hegemonização dos discursos nas políticas curriculares. Oferecendo uma teorização da especificidade relacional do vínculo hegemônico, a abordagem discursiva de Laclau e Mouffe parte da contingência e da retoricidade das relações antagônicas envolvidas nas práticas articulatórias. Dá destaque às lógicas políticas (diferença e equivalência) e fantasmáticas (fantasias beatíficas e horroríficas) envolvidas na instalação e adesão aos discursos, bem como aos mecanismos que permitem os fechamentos (precários e contingentes) do fluxo da significação. O engajamento com a fantasia que se refere ao desejo de recuperar o estado de harmonia supostamente perdido - se desenvolve inicialmente com a identificação de uma falta, geralmente uma identificação imaginária com um outro ilusório, que passa a ser a referência do que ainda não se tem, um estado de completude impossível para o qual se dirigem as projeções e as decisões estratégicas. Nas políticas de formação em saúde, essa fantasia pode ser o tanto a saúde para todos, o profissional competente, a eficiência dos serviços medida por indicadores de produtividade, a completa integração entre escola, serviços e a população etc. Esse enfoque também possibilita o questionamento de uma origem para a política – geralmente localizada no Estado –, compreendendo a sua produção como traduções que operam nos diferentes contextos das políticas curriculares no campo da saúde, o que põe em destaque a atuação de comunidades epistêmicas e de redes políticas, como redes de escolas, associações de planos de saúde etc. Do mesmo modo, a apropriação da teoria do discurso de Laclau e Mouffe ao campo das políticas curriculares coloca a noção de identidade sob rasura, e com ela, toda pretensão de definir – de uma vez por todas – os melhores perfis profissionais, as melhores competências ou os melhores conteúdos do currículo. Afastando-se de perspectivas objetivistas e essencialistas, assume que as identidades são relacionais e contingentes, construídas no interior dos sistemas de significação e estabilizadas precariamente em formações discursivas históricas e sociais muito específicas. Considerações finais: Tanto a possibilidade de de-sedimentar as cadeias de equivalência que permitiram a hegemonização de determinados discursos, conhecimentos ou práticas, como a desconstrução de fundamentos usualmente enunciados como universais no debate da formação profissional, favorecem o questionamento da normatividade e da centralização curricular. Com isto não se coloca em questão a possibilidade de projetos educacionais ou curriculares, mas a tendência prescritiva que busca definir uma interpretação para e no lugar do outro. Ao explicitar as contingências do que se apresenta como necessário ou obrigatório, a teoria do discurso favorece a ampliação dos espaços de poder e de luta pelo controle da tradução. Uma vez que toda normatividade é decorrente de uma articulação discursiva, não há como sustentar um fundamento universal que seja capaz de guiar a política. Não há um lugar fora da ordem discursiva a partir do qual se possa justificar uma decisão. Se, nas tentativas de fixação do sentido o currículo encontra sua definição última, sua completude, cessa a disputa por sua encarnação, reduzindo-se os espaços democráticos de sua significação.