275: Para que as luzes do outro sejam percebidas por mim devo por bem apagar as minhas, no sentido de me tornar disponível para o outro. Mia Couto
Ativador: A definir
Data: 31/05/2018    Local: Tenda Saúde Fazendo Arte    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
4028 ENCONTROS COM A ARTE E AS AFETAÇÕES NA PRODUÇÃO DE SAÚDE E NOS MODOS DE EXISTÊNCIA
Daniel Noro de Lima, Túlio Franco Batista

ENCONTROS COM A ARTE E AS AFETAÇÕES NA PRODUÇÃO DE SAÚDE E NOS MODOS DE EXISTÊNCIA

Autores: Daniel Noro de Lima, Túlio Franco Batista

Nosso desejo de investigar modos de existência se dá a partir do reconhecimento de que é digno de ser vivido, qualquer que seja o modo existente. A produção da vida reinvindica seus próprios meios de expressão diante da ilimitada possibilidade de mundos. Reconhecer e escutar atentamente as vozes das singularidades é a atitude ética que adotamos contra formas de gestão biopolítica, que tentem à homogenização e à captura dos desejos por grupos hegemônicos. Temos especial interesse por aqueles que, de diversos modos, lhes são roubados direitos e oportunidades, mas que (r)existem à margem de determinadas normalidades instituídas.Visto isso, pretendemos trazer à discussão algumas possibilidades nas produções de saúde e existência, considerando os afetos gerados nos encontros de pessoas com a arte. Adotamos o conceito de saúde relacionada à potência de vida espinosana, na qual alegria, felicidade e prazer fazem parte de sua composição. Partimos do princípio de que a existência humana, assim como a saúde, estão expostas em graus variados, aos afetos produzidos no encontro com forças de fora, ou agenciamentos. Para que algo passe a existir realmente, é necessária uma ação de instauração. A existência é considerada uma conquista, um processo que eleva o existente a um “patamar de realidade”, e para que isso ocorra, o existir precisa ser instaurado. Mergulhamos no campo das subjetividades dos processos de instauração de existências e como estes se relacionaram com a produção de saúde nas narrativas feitas dos encontros de Alice e Paulo com o agenciamento arte.  Enquanto força agenciadora da produção subjetiva, a arte tem o potencial de convidar o outro a se comunicar com o seu corpo sensível produzindo afetações e   atuando na produção de desejos. Orientados pela necessidade de evidenciar subjetividades e experiências no campo do vivido, experimentamos o método do encontro no qual o conhecimento é ativador e produtor de intervenção na vida e acontece nas relações de saber-poder produzidas no encontro entre pesquisador e investigados. Foram realizadas entrevistas não estruturadas de modo que os investigados se sentissem à vontade para falar das suas experiências, suas emoções e suas afetações. Como ferramenta para a produção dos resultados e análises da pesquisa, optamos pela produção das narrativas de vida, pois possibilitam ao narrador reviver experiências resignificando-as e evidenciam também algumas maneiras pelas quais, Alice e Paulo tiveram suas existências afetadas pela arte. A partir dos resultados produzidos, pode-se inferir que a arte atua como agenciamento operado pelo sensível e possui potencial para fissurar mundos instituídos e refazer relações de saber-poder. Concluímos também que na disputa pela radicalização das práticas de saúde em direção a um projeto de saúde cuidador e produtor de potência, a arte se apresenta como possível campo a ser explorado na luta pela vida e pela produção de modos de existência.

3373 O Impacto da arte na saúde dos pacientes pediátricos
Vivian Danielle Pessoa Silva, Laurisana Maria Branco Camargo, Julieta Emília Moraes Frazão, Ana Lúcia Neves Mendes de Souza

O Impacto da arte na saúde dos pacientes pediátricos

Autores: Vivian Danielle Pessoa Silva, Laurisana Maria Branco Camargo, Julieta Emília Moraes Frazão, Ana Lúcia Neves Mendes de Souza

Quando um indivíduo adoece, não é somente o seu físico que é comprometido, mas todas as dimensões que compõe a totalidade que entendemos por saúde, nesse sentido, a arte torna-se uma aliada no processo de cura do paciente, sobretudo, para aqueles que devido à gravidade de suas patologias, necessitam ficar internados por um tempo significativo, como é o caso dos hospitais que atendem a alta complexidade.  A arte, por sua vez, contempla as criações do ser humano com o objetivo de expressar uma visão sensível, real ou imaginária, sobre o mundo, por meio de recursos linguísticos ou sonoros. Sendo assim, a arte pode representar uma contribuição significativa para o paciente lidar com os desafios postos durante o seu tratamento.  E no caso das crianças, que estão vivenciando a infância, etapa da vida que é permeada por brincadeiras, onde a curiosidade é aguçada, quando esta tem sua saúde comprometida, todo esse processo, que é fundamental para o seu crescimento, lhe é tolhido, o que pode contribuir para agravar o seu quadro. Nesse contexto, o objetivo geral do presente trabalho é abordar o impacto da arte na saúde dos pacientes pediátricos de um hospital público de Manaus, e tem como objetivos específicos: identificar o perfil dos pacientes pediátricos do hospital; conhecer o estado paciente pediátrico e desvelar os benefícios da arte por meio das atividades lúdica para a saúde dos pacientes pediátricos.   No que refere-se a metodologia, optou-se pela pesquisa observacional, e para tanto criou-se um protocolo de observação, cujas categorias foram: a) parceiros das atividades lúdicas; b) interação com o grupo que realiza as atividades lúdicas; c) mudança de humor da criança; d) interação com os pais e profissionais da saúde; e) como se portavam depois das atividades lúdicas. Os participantes foram 10 pacientes pediátricos atendidas na ala pediátrica de um hospital público, situado na zona centro-sul de Manaus, onde são realizadas atividades lúdicas voltadas para esses pacientes. A idade das crianças foi entre 4 e 8 anos.  Os resultados apontam que os pacientes são oriundos de todas as classes sociais, e os benefícios apresentados pelos pacientes pediátricos referem-se a melhora de humor, na interação com os profissionais da saúde, e até no apetite. Ressalta-se que essas crianças tendem a ficarem tristes e menos propensas a brincadeiras pela sua condição, pois quando o físico está debilitado, as outras dimensões do indivíduo também são afetadas, mesmo em crianças.  Diante do exposto, fica claro que a intervenção na saúde não deve ser restrita a intervenção física, mas também deve abarcar outros pontos, porque o estado de espírito, humor e autoestima interferem de maneira significativa no estado de saúde de uma pessoa, sobretudo quando se trata de uma criança, que não tem o exato entendimento sobre tudo que está acontecendo.

2750 Relato de experiência: intervenções artísticas potencializando a formação médica.
VICTOR CHAUSSÊ XAVIER, Dayane Shirley de Lima Santiago

Relato de experiência: intervenções artísticas potencializando a formação médica.

Autores: VICTOR CHAUSSÊ XAVIER, Dayane Shirley de Lima Santiago

A arte é um meio efetivo para o desenvolvimento de empatia, humanização do ser e da sensibilidade, características que a população almeja em um médico. Este relato tem por objetivo apresentar a arte e seus benefícios para o ambiente da formação médica, através da experiência vivenciada na promoção de duas intervenções artísticas em meio acadêmico da Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM-UFRN). Por ter sido criado em 2014, o curso é considerado jovem e segue as novas diretrizes curriculares nacionais para a formação médica, que visa a formação de médicos mais críticos e humanos. Nesse contexto é possível explorar com eficiência o potencial formativo que a arte possui promovendo a empatia, atenção aos detalhes e capacidade de observação, nas turmas desse curso. As intervenções aconteceram no espaço de convivência da escola, onde circulam graduandos de medicina, residentes, professores e funcionários, local propício para a discussão de arte e problematização da formação médica. As intervenções apresentaram distintas metodologias: a primeira, chamada “sensações”, consistiu em experiência multissensorial, na qual foi oferecido pirulitos aos participantes, que enquanto saboreavam o doce, eram expostos há áudios com propriedades ASMR (Autonomous sensory meridian response), estes sons produzem sensação agradável de formigamento na cabeça, couro cabeludo e regiões periféricas do corpo. Ao término do áudio os participantes foram questionados sobre mudança da percepção do sabor do pirulito os sentimentos e sensações produzidas pelo áudio; já a segunda intervenção, chamada de “arte dos outros”, consistiu em deixar sozinha uma tela em branco, acompanhada de pinceis e tintas, com a instrução “quem encostar no pincel terá o privilegio de dar somente duas pinceladas por dia”, no período de uma semana. O resultado dessa experiência foi extremamente positivo e benéfico, pois houve uma grande adesão não só dos graduandos de medicina como também das outras pessoas que convivem nos espaços da universidade, fomentando a problemática do uso da arte no processo formativo da academia, além de ampliar a discussões sobre arte e criar um clima de descontração na instituição. Estas intervenções artísticas proporcionaram perceber a importância da arte no processo formativo, como também como agente transformador de espaço e fomentador de discussões importantes para a escola, além de estimular a integração da própria comunidade acadêmica. Na intervenção multisensorial percebeu-se um processo de empatia entre os participantes, procurando saber o que o colega sentiu; enquanto que a intervenção “arte dos outros” estimulou discussões éticas sobre “cumprir instruções” e o direito de modificar algo produzido por outrem. Com isso posto, a arte humaniza, e se ela humaniza, é mais necessária do que nunca no meio acadêmico. O contato de cada indivíduo com uma música, um poema ou um quadro implica uma apreciação que envolve aspectos cognitivos, afetivos que incrementam sua formação. Por meio da arte o sujeito torna-se consciente de sua existência social como fruto de diferentes práticas e relações sociais, em determinado momento histórico.

3977 As contribuições do “Quarto de Despejo” para a formação em saúde
Dandara Baçã de Jesus Lima

As contribuições do “Quarto de Despejo” para a formação em saúde

Autores: Dandara Baçã de Jesus Lima

Alves (2017), ao analisar “A morte de Ivan Ilitch” de Tolstoi, afirma que a obra literária – como a arte em geral – tem o poder de nos conscientizar de que há maneiras diferentes de ser “reflexivo” além daquelas que usualmente reconhecemos na vida social. A literatura assim abre espaço para que outros discursos além do biológico, técnico possam emergir. O referido autor analisa que Tolstói nos faz compreender a doença para além de seu modelo médico explicativo, fugindo até mesmo de uma definição, um diagnóstico, instigando a pensar as múltiplas dimensões do processo de adoecimento do personagem.“Entendemos que a literatura é a forma de “fotografar”, com as lentes da ficção a história feita pelo homem ao empreender a satisfação de necessidades e mais a perseguição de desejos dentro de espaços e tempos” (SÁ, PALHA, VILLA, 1998, p. 58). Segundo Benedetto (2010, p. 317) “desde a década de 1970, escolas médicas norte-americanas incluíram o estudo de textos e métodos literários em seus currículos”. “A inclusão de textos e métodos literários pode propiciar a reflexão acerca de temas difíceis, tais como dor, sofrimento e morte, os quais fazem parte do dia-a-dia do médico, mas que muitos estudantes de Medicina e até mesmo alguns médicos têm dificuldades em enfrentar, achando mais fácil ignorá-los”. (BENEDETTO, 2010, p. 312). Mas a própria formação não propicia esses momentos de reflexão que para Reginato, Galliam e Marra (2016, p. 3) “o profissional de saúde é formado como um técnico que deve examinar as avarias de uma máquina e procurar repará-lo da melhor forma”. No entanto, não se conserta um ser humano, não somos máquinas que se ajeitam a mudar um equipamento, apertar um parafuso ou colocar óleo. Até mesmo a concepção que a doença é um mal a ser retirado está fora da concepção holística humana, pois ela faz parte da vida, e não é algo estranho ao ser humano, mas um processo que ele está inserido antes mesmo de nascer. A literatura na saúde busca se opor ao modelo biomecânico que para Bendetto (2010, p. 315) se baseia na fragmentação, especialização e avanços tecnológicos. Este tem se mostrado importante, mas incapaz de responder a todas as demandas dos pacientes, que segundo a autora às vezes tem a necessidade de serem compreendidos e receber empatia, coisa que os exames e equipamentos médicos não podem fazer. Desenvolvimento do trabalho: descrição da experiência ou método do estudo: Considerando que a literatura é uma forma de apresentação de visões de mundo que podem ser utilizadas para reflexão das práticas de saúde e, também, recurso para apresentar políticas públicas, determinações sociais, os determinantes sociais de saúde selecionou-se apresentar a lente dos favelados da década de 1950 sobre estes temas, a partir do livro “Quarto de Despejo”. A obra apresenta os percursos de saúde da população em vulnerabilidade antes do advento do Sistema Único de Saúde. Como apresentado por Sá, Palha e Villa (1998, p.58) “a literatura é a forma de fotografia”, e este registro pode mostrar as lentes do autor sobre o seu tempo. Para a consecução dos objetivos do texto foi utilizada a análise temática. Segundo Minayo (2004, p.209) esta “consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem algo para o objetivo analítico visado”. A escolha da literatura se direcionou para o recorte racial, buscando uma autoria negra significativa. Após a leitura de “Quarto de despejo” de Carolina Maria de Jesus e “Ponciá Vicêncio” de Conceição Evaristo, elegeu-se Quarto de despejo por este apresentar mais elementos que fotografam a marginalidade da referida década. Na segunda leitura do texto foi feita a marcação de elementos que poderiam ser significantes para a área de saúde. Na terceira leitura esses elementos destacados e colocados em planilha do Excel para que pudessem ser explicitados e demonstrados seus potenciais para a formação em saúde. Resultados e/ou impactos: O livro “Quarto de despejo” é o romance que inicia a carreira da escritora Carolina Maria de Jesus. Em seu enredo ela narra de forma biográfica e literária sua história e dos moradores da favela do Canindé entre os anos de 1955 e 1960. Durante todo o livro a autora esboça seus ideais políticos e faz análises das eleições. Narra o cotidiano da favela, marcado por maiores sofrimentos que alegrias. Este texto ajuda a refletir sobre a ilusão provocada pelo distanciamento da realidade da pobreza e quem não passa fome ou passou fome Carolina dificilmente vai acreditar que essa realidade ainda persiste no país. Um país com desigualdades abissais ainda tem em seu cotidiano pessoas que sentem sono, cansaço, nervosismo, dores por causa da fome, não é um passado que ficou em 1955, apesar dos resultados dos recentes programas de transferência de renda. Ao se deparar com a realidade da privação o profissional de saúde pode-se questionar como tornar efetiva sua ação. Carolina relata as diversas iniciativas ou práticas de educação em saúde realizadas pela Secretaria de Saúde para alertar sobre a presença de esquistossomose na água da lagoa da favela. Todas essas tentativas de educação e prevenção não levaram em conta o problema da água na favela, na qual os moradores disputavam uma única torneira para suas atividades domésticas e precisavam da lagoa para lavar as roupas. Os profissionais de saúde também podem observar uma realidade de Brasil sem Sistema Único de Saúde - SUS, em que lixeiros, na condição de empregados com carteira assinada, são lidos pela autora como privilegiados por terem médicos e remédios. Podem entender a importância do Sistema para os pobres e miseráveis. A partir da leitura, os estudantes, ainda, também, identificam práticas de automedicação entre os populares e como se dão esses processos de busca pela saúde sem o profissional de saúde, uma realidade ainda muito comum em comunidades sem acesso aos serviços de saúde. Por meio do livro de Carolina os profissionais podem entender o que é a fome e seus efeitos nos usuários dos serviços de saúde. É possível também abrir uma janela para a complexidade da violência e seus dilemas, entender porque mulheres pobres têm tantos episódios de violência e porque elas recebem um tratamento diferente das mulheres da “sala de visitas”. Após as reflexões apresentadas ficou evidenciado que o livro “Quarto de despejo” de Carolina Maria de Jesus pode ser usado como recurso didático para o debate dos processos de saúde e doença dos marginalizados. Estes que ocupam a base da pirâmide social e vivem em situações de vulnerabilidade social e de saúde e que tem histórias e vivências próprias que impactam na forma de atendimento do profissional de saúde. Considerações finais O livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada” é um escrito biográfico ambientado no final da década de 1950 na cidade de São Paulo, explora as vivências subalternas dos favelados do Canindé. Este romance, apesar de não ser direcionado a uma narrativa em saúde, apresenta diversas oportunidades de estudar histórias e situações que repercutem na saúde, sendo por isso uma possível ferramenta didática para a formação em determinação racial, gênero e classe com profissionais de saúde.

1458 Integralidade no cuidado à saúde: Biblioterapia como prática integrativa e complementar
Daniela Dallegrave

Integralidade no cuidado à saúde: Biblioterapia como prática integrativa e complementar

Autores: Daniela Dallegrave

Apresentação: Biblioterapia ou literapia refere-se ao uso de livros dos mais variados gêneros como instrumento da prática terapêutica para provocar um "sentir-se bem". Também refere-se ao uso de jogos, imagens, músicas ou outros elementos da cultura. A palavra é tomada como simuladora da realidade e capaz de promover um encontro intenso entre terapêuta e pessoa que está sendo cuidada. A literatura aponta para três tipos de práticas biblioterapêuticas: 1) biblioterapia institucional ou corporativa; 2) biblioterapia de desenvolvimento pessoal; 3) biblioterapia clínica. Este resumo refere-se a reflexão sobre uma experiência de uso da biblioterapia clínica em uma unidade da estratégia saúde da família, praticada por uma enfermeira, no período de cinco meses. Desenvolvimento do trabalho: a biblioterapia clínica é uma prática multiprofissional, pouco difundida entre os profissionais da saúde. Embora não esteja contemplada na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares pode ser considerada como tal, pois constitui um olhar holístico para os sujeitos do cuidado. Para realizar a prática terapêutica são necessários alguns requisitos: Conhecer a pessoa; Conversar sobre hábitos de leitura; Oferecer leituras; Oferecer-se para ler junto. O terapêuta pode recorrer a este modo de cuidado quando intenciona: retomar a criatividade; aliviar a ansiedade; diminuir a tristeza; promover o pensar na vida; diminuir a dor; ressignificar o trabalho; problematizar o aprender novas coisas; promover o hábito de ler; aproximar-se da pessoa a ser cuidada; auxiliar na tomada de decisão; lidar com o luto; preparar o paciente para o ambiente hospitalar, entre outros motivos. Resultados esperados: As potencialidades da prática de biblioterapia clínica são: permitir ao paciente verificar que há mais de uma solução para seu problema; conhecer melhor a si e as reações dos outros; alcançar um entendimento das emoções; afastar a sensação de isolamento etc.. Como desafio, entende-se que é preciso que o terapêuta tenha um vasto conhecimento sobre materiais a serem sugeridos. Além disso, o terapêuta deve identificar possíveis riscos para pacientes que estejam em processos de adoecimentos caracterizados por vontade de fugir da realidade, necessidade de criar um mundo paralelo para viver ou de possíveis construções de falsa imagem da vida. As sessões de acompanhamento podem se orientar por: “Deixar falar” com escuta sensível; Estimular que a pessoa conte sua história (biblioteca humana); Registro de sentimentos; Registro de ideias; Registro de planejamento; Registro de ações possíveis; Conversar sobre uso da aprendizagem no dia-a-dia; Ajudar a perceber habilidades (para além do trabalho desempenhado pelo paciente). O biblioterapêuta pode elaborar pareceres contendo análise do conteúdo das sessões. Considerações finais: A biblioterapia clínica é prática pouco utilizada no cuidado em saúde. Pode ser realizada por diferentes profissões da saúde, desde que o profissional detenha um amplo conhecimento sobre materiais a serem utilizados. É importante que o profissional defina em conjunto com os pacientes sobre possíveis desafios  a serem enfrentados, avaliando capacidade, preferências e frequências de leitura, o estilo de aprendizagem e algumas limitações físicas, como por exemplo, um eventual problema de visão.