253: Em tempos sombrios, quero defender os meus direitos!
Ativador: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FCA 01 Sala 03 - Araça-Boi    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
925 Marcas violentas na cartografia de uma ocupação urbana - Flores do Campo, Londrina (PR)
Stela Mari dos Santos, Gabriel Pansardi Ruiz, Gabriel Pinheiro Elias, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

Marcas violentas na cartografia de uma ocupação urbana - Flores do Campo, Londrina (PR)

Autores: Stela Mari dos Santos, Gabriel Pansardi Ruiz, Gabriel Pinheiro Elias, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

ApresentaçãoAs ocupações urbanas refletem a falta de construção de políticas públicas habitacionais que contemplem o direito de moradia dos brasileiros, entretanto a ocupação apenas do bairro não é suficiente para pressionar o poder público, e os ocupante usam outras formas de tensionar e discutir a política habitacional. Em Londrina, os ocupantes do Residencial Flores do Campo (empreendimento da Caixa Econômica Federal ocupado após permanecer com obras paradas por quase dois anos) exigem em manifestação o posicionamento do executivo quanto o destino das famílias caso ocorra a reintegração de posse e o debate e elaboração de políticas não apenas para as 600 famílias que ocupam o Flores do Campo, mas também para as quase 70 mil pessoas que estão hoje na fila da COHAB aguardando a consolidação de um direito garantido na constituição brasileira, o de moradia a todos. Porém fica explícito, nessa vivência junto aos moradores do Flores do Campo, que a utilização da ferramenta do controle midiático hegemônico por aqueles que deveriam propor políticas habitacionais localmente vai na vertente de criminalizar as ocupações e seus moradores, apoiando a construção imagética para a sociedade de que a ocupação é algo criminoso e que deve ser combatida, fazendo a grande questão de ausência de políticas habitacionais fiquem em segundo plano. Nesta cena dada a sua intensidade  emerge a comunicação popular para construir comunicações feitas por ocupantes, pelos ocupantes e para os ocupantes. E com essa demanda conhecemos o Flores do Campo. Escolhemos a seguinte cena para relatar; um momento de tensionamento do poder público desencadeado por uma ação policial no Flores do Campo que ocorreu de forma violenta e sem aviso prévio na ocupação e que desencadeou, no dia seguinte, a ocupação pelos moradores do centro cívico em frente à prefeitura de Londrina (PR). Desenvolvimento: Na busca de compartilhar o experienciado na ocupação Flores do Campo em Londrina (PR), escolhemos a cartografia, método apresentado pelos autores como caminho que tensiona a suposta neutralidade científica e vai ao extremo oposto convocando os pesquisadores a se permitirem mergulhar no mundo experienciado, vivendo as intensidades e afetações que o encontro produz. Essa escolha nos chama a viver movimentos e processos, desenhar linhas, dar vazão ao vivido. Dessa forma a cartografia nos permite experienciar intensidades, linhas que se modificam a todo momento nos espaços vividos, ou seja vivemos a construção das linhas de fuga, marcamos os pontos de rachadura, a elaboração de novos caminhos em campos de forças: neste caso, o campo de forças de luta pelo direito à moradia. Importante a tensionar que a escolha de entrada se da na da implicação dos atores que vão sendo afetados e afetam os outros que passam pela mesma experienciação. A experienciação no Flores do Campo foi agenciada pela entrada de membros do Observatório Microvetorial de Politicas Públicas em Saúde e Educação em Saúde da Universidade Estadual de Londrina (UEL) na ocupação urbana na região norte de Londrina (Flores do Campo).Resultados e/ou impactos:Durante a existência do Flores do Campo (após ocupação) a ameaça de reintegração de posse se torna uma constante e atividades da polícia dentro da ocupação, muitas vezes sem aviso, deixam a sensação de que, na maioria das vezes, essas ações buscavam aterrorizar os moradores para gerar o esvaziamento do espaço. Em uma dessas situações, de atividade exagerada da polícia no bairro, estávamos todos juntos no salão da igreja realizando reunião com os coordenadores da ocupação, quando de repente fomos surpreendidos por cerca de 20 carros da polícia que chegaram com luzes apagadas mirando suas armas a todas as pessoas que estavam lá inclusive nós. Foi muito assustador vivenciar essa ação da polícia, ninguém desceu do carro pra conversar ou explicar o motivo da ação. Quando estávamos deixando a ocupação a entrada estava completamente fechada por muitos policiais portando armas de grande porte, que ensaiavam a saída do bairro, nesse momento os moradores fizeram um grito: chega de opressão! A polícia então saiu do bairro, porém retornou minutos depois com mais viaturas e a tropa de choque, ordenando para que os moradores saíssem das ruas e entrassem nas casas, mas a polícia ainda permaneceu por mais de uma hora dentro do bairro. Realmente uma ação desproporcional e sem motivo claro, que não fosse o de assustar a população que estava assombrada com o anúncio de reintegração de posse que poderia acontecer a qualquer momento. Nós nos sentimos violentados, seja qual fosse o motivo da ação policial, o não respeito aos moradores foi imensurável, assim como as marcas em nós deixadas por tal truculência. Na sequência a única resposta pensada foi a de pedir resposta ao poder executivo, e como estratégia de tensão, foi organizada e viabilizada o ocupação do centro cívico em frente à prefeitura de Londrina, que aconteceu já no dia seguinte a ação da polícia.  A ocupação do centro cívico ocorreu muito organicamente, a cada dia aconteciam momentos de decisões para deliberar a manutenção da ocupação ou não. No total foram sete dias de ocupação no centro cívico, durantes esses dias os moradores, contando com apoiadores, organizaram uma estrutura com barracas, colchões, colchonetes e cozinha, e ali mesmo, embaixo de uma tenda, produziam as refeições para todos que ocupavam. Também se organizavam para que no final do dia alguns pudessem retornar ao bairro para tomar banho, enquanto outros que estavam trabalhando durante o dia, se mantinham no centro cívico. Entre os movimentos de manutenção do espaço e estrutura, surgiam intervenções, a polícia permanecia sempre atenta aos ocupantes, tentando algumas aproximações para entender e mapear o que estava acontecendo, as pessoas que passavam por ali também ficavam muito curiosas, algumas questionavam o que estava acontecendo e também a mídia esteve muito presente, reportando os acontecidos, pedindo entrevistas e fazendo algumas coberturas, tudo sob uma certa ótica. Todas essas intervenções aconteceram pela pressão da ocupação, mas também promoveram a intensificação da pressão. Então, no terceiro dia de ocupação o prefeito aceitou conversar com os moradores, entretanto, a resposta foi bastante insatisfatória, pois ele declarou que o problema da ocupação do Flores do Campo, assim como o destino daquelas famílias caso a reintegração de posse ocorra não pertencia à prefeitura de Londrina, e consequentemente não era problema dele, pois o empreendimento é da Caixa Econômica Federal, e ele nada pode intervir nessa instância, na conversa o prefeito também desconversou quando questionado sobre o déficit habitacional da cidade e sobre a elaboração de políticas que contemplem esse direito. A resposta do prefeito causou muita indignação nos ocupantes, mas agenciou para a construção de novos vínculos e articulações com movimentos sociais que seguem apoiando e buscando medidas e alternativas que permitam a consolidação do direito à moradia para essas famílias. Considerações finais: Organizar e manter a mobilização no centro cívico foi uma ação extenuante, ocasionando muitos desgastes e tensões, mas forjando nesses momentos a intensificação das relações entre os moradores e apoiadores da ocupação. O retorno às casas aconteceu com a sensação de vitória, pois os dias de ocupação no centro cívico proporcionaram o tensionamento da mídia hegemônica que não pode fugir de um debate mais amplo sobre o déficit habitacional da cidade, e também proporcionou a produção de conteúdos pelos próprios moradores na plataforma do Facebook.

3635 O MOVIMENTO SOCIAL NO ESTADO DO AMAZONAS E A LUTA PELA ERRADICAÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA REDE DE APOIO
Rachel Geber Corrêa, Munique Therense Costa de Morais Pontes, Naiara Lima Pereira, Priscila Cabral Correia, Ana Virgínia Vieira Fanali, Debora Poliana Machado Paulino, Isabela Conceição Alves Persilva, Marília Freire da Silva

O MOVIMENTO SOCIAL NO ESTADO DO AMAZONAS E A LUTA PELA ERRADICAÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA REDE DE APOIO

Autores: Rachel Geber Corrêa, Munique Therense Costa de Morais Pontes, Naiara Lima Pereira, Priscila Cabral Correia, Ana Virgínia Vieira Fanali, Debora Poliana Machado Paulino, Isabela Conceição Alves Persilva, Marília Freire da Silva

APRESENTAÇÃO: A banalização de todas as formas de violência vivenciadas pelas mulheres durante o momento do parto faz com que estas se tornem reféns do medo de morrer ou de perder o bebê e por esta razão sentem-se coagidas e permanecem sendo silenciadas. Apesar de denunciado desde o fim dos anos 50, foi apenas em 2014 que estas formas de violência contra a mulher receberam nome e caráter legislativo, sendo a Venezuela o primeiro país a caracterizar como violência obstétrica (VO) qualquer conduta, ato ou omissão por profissional de saúde que leve à apropriação dos processos corporais e reprodutivos das mulheres, retirando-lhes sua autonomia. Por isso, este resumo tem como objetivo relatar a formação da Associação Humaniza Coletivo Feminista, que luta pela erradicação da VO no estado do Amazonas, além de apresentar o plano de parcerias estratégicas adotado pela Humaniza, delineando os desafios atuais do grupo de combate à VO. DESENVOLVIMENTO:  A fundação da Associação Humaniza tem como base a formação inicial no ano de 2015 e sua formalização jurídica em 2017. Composta por um grupo de mulheres de idade, classe social, raça e escolaridade variadas, com ou sem experiência de maternidade, a Humaniza trabalha pela erradicação da Violência Obstétrica no Amazonas. Compreendendo a necessidade de estar a par das ocorrências no estado do Amazonas – principalmente na Capital – e de ampliar a discussão do tema com os atores sociais envolvidos - instituições, médicos, enfermeiros, população em geral e principalmente as mulheres que passaram por esse tipo de violência - o Ministério Público Federal (MPF) foi procurado e solicitou-se a primeira audiência pública sobre o ema, que contou com 200 participantes que puderam relatar suas vivências relacionadas à VO – entre profissionais e usuárias – e, também, onde pudemos presenciar o discurso de profissionais da área médica que afirmavam a inexistência de VO na cidade, questionando a nomenclatura do termo, pelo entendimento que “obstétrico” direciona-se apenas ao médico. No ano seguinte, o Amazonas teve a segunda audiência pública também promovida pelo MPF onde foi firmado um Termo de Cooperação Técnica entre as instituições responsáveis pela fiscalização, monitoramento e elaboração de políticas públicas ao combate da VO. A estratégia utilizada para fazer cumprir o Termo de Cooperação Técnica foi a criação do Comitê de Combate à Violência Obstétrica que organiza reuniões regularmente e avalia como cada ente está desenvolvido o que foi estabelecido no Termo. As reuniões são agendadas e organziadas pelo próprio Ministério Público Federal trimestralmente. RESULTADOS: Nos dois anos de funcionamento ativo da Associação Humaniza, mudanças significativas estão sendo alcançadas junto à população local, sendo o Termo de Cooperação Técnica o maior destes. Além isso, atividades voltadas para a divulgação do tema, acompanhamento das denúncias e sensibilização dos profissionais que atendem diretamente as mulheres e suas famílias são realizadas continuamente, desde sua formação inicial. Consideramos que a parceria entre as mulheres do movimento social, com mulheres representantes das instituições responsáveis, está fazendo diferença no engajamento institucional à causa e o agendamento de audiências públicas anuais com participação de feminista reconhecida nacionalmente conferiu visibilidade às pautas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Inúmeros avanços foram alcançados através das ações da Humaniza e das parcerias realizadas pela associação, como palestras e contato com mulheres, divulgação dos dados referentes à VO, contudo percebemos que a principal resistência às mudanças institucionais vem dos profissionais de saúde. Ainda há muito o que ser feito para que os casos de Violência Obstétrica sejam mitigados e (re)conhecidos pelos atores sociais, mas resistimos e continuaremos na luta.

4445 O CUIDADO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE A PARTIR DAS MULHERES CAMPONESAS: PROTAGONISMO E RESISTÊNCIA POPULAR
Vanderléia Laodete Pulga

O CUIDADO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE A PARTIR DAS MULHERES CAMPONESAS: PROTAGONISMO E RESISTÊNCIA POPULAR

Autores: Vanderléia Laodete Pulga

Apresentação: Pesquisa sobre as contribuições político-pedagógicas dos movimentos sociais populares nas experiências e práticas de cuidado e de educação em saúde, especialmente do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) para compor a caixa de ferramentas pedagógicas dos processos de formação na saúde para atuação no Sistema Único de Saúde em comunidades do campo e das florestas. Desenvolvimento e Método: A pesquisa realizou-se com MMC Brasil, através de análise de observações, registros, documentos, histórias de vida, oficinas e círculos de cultura feitas com mulheres dessa organização, como também as redes de interação com a educação popular e permanente em saúde. Articula essas experiências e seus saberes no contexto de produção de vida, saúde e adoecimento em seus territórios e os desafios para o cuidado integral e a educação em saúde. Traz a ação das mulheres camponesas na produção de cuidado da vida e da saúde em articulação com as relações de gênero, etnia, classe e orientação sexual, ao feminismo e ao projeto de agricultura camponesa. Resultados: As políticas públicas de saúde no Brasil nos territórios de atuação dessas mulheres camponesas são recentes e frágeis na garantia do acesso e na atenção integral à saúde. O MMC tem importância na conquista de direitos e a saúde emerge como luta relevante. Nele as mulheres se ressignificam, tem o cuidado com vida e a saúde como base central, têm experiências de libertação e emancipação, enquanto sentido profundo de sua práxis portadora de uma dinâmica educativa-terapêutica e trazem contribuições político-pedagógicas para educação em/na saúde. Considerações Finais: A pequisa desvelou as dificuldades de acesso das mulheres e famílias no cuidado integral nas populações do campo e da floresta, ao mesmo tempo em que desafia o Sistema Único de Saúde a sua expansão de acesso e cuidado qualificado. As mulheres camponesas, com suas práticas de cuidado a partir da educação popular em saúde, permeadas pelo paradigma do “Bem Viver”, da agroecologia, da saúde integral e das questões de gênero, etnia e classe social, vem, construindo novas formas de cuidar e de compreender tanto a saúde como as relações humanas através do feminismo camponês e popular. 

4205 Educação em Saúde - Uma estratégia focada no protagonismo estudantil no Norte do país.
Jéssica da Silva Marinho, Lisandra Lustoza Ferro, Maryana Zanon da Silva, Milena Alves de Carvalho Costa

Educação em Saúde - Uma estratégia focada no protagonismo estudantil no Norte do país.

Autores: Jéssica da Silva Marinho, Lisandra Lustoza Ferro, Maryana Zanon da Silva, Milena Alves de Carvalho Costa

Apresentação: A universidade deve servir de campo para ampliação do conhecimento, ressignificação dos sujeitos, abertura de visão sobre as possibilidades de atuação profissional na vida adulta. Dentre os papéis fundamentais dos discentes nesse ambiente, tem-se a reflexão e contribuição para mudanças curriculares, por serem esses os que podem contribuir com maior propriedade sobre questões como sobrecarga, sentido prático e aplicabilidade. Entretanto, para poderem assumir efetivamente o papel de ator no processo de ensino, pesquisa e extensão vários são os fatores que contribuem para potencializar ou mesmo reduzir essa atuação, tais como: introdução precoce no campo de prática, currículos integrativos, que provoquem os discentes a saírem da posição passiva de receptor do conhecimento, poucas oportunidades de experimentarem a prática profissional em serviço por falta de campos para estágios, entre outros. Neste contexto, o professor tem papel importante, por ser este o agente do processo de ensino-aprendizagem. Este tem como grande desafio assumir uma postura de mediador da aprendizagem, de provocador do outro para busca de sua autonomia. Compreendendo que a prática profissional deva ser antes de tudo promotora de saúde, e que os cursos de graduação, particularmente os da Universidade Federal do Tocantins-UFT, Campus de Palmas, não possuem em suas propostas pedagógicas a efetivação da articulação de saberes e práticas de forma multiprofissional e interdisciplinar, a fim de desenvolverem as habilidades e competências nos futuros profissionais para prática de educação em saúde, discentes dos cursos de nutrição e enfermagem propuseram a criação da Liga Acadêmica de Educação em Saúde-LAES da Universidade Federal do Tocantins. As ligas acadêmicas, compreendidas como entidades ativas e protagonistas nas instituições de ensino superior, são estratégicas no que se refere a ampliar as possibilidades de contato entre acadêmicos e sociedade, produzindo, assim, experiências de promoção da saúde e transformação social. Como atuação, a liga acadêmica deve possibilitar a criação de espaços para desenvolvimento teórico-prático a fim de aprofundar o conhecimento em determinada área do conhecimento ou campo de atuação dos futuros profissionais. Os discentes vinculados a uma liga, têm a oportunidade de experimentarem a interação ensino-serviço-comunidade ao mesmo tempo em que vivenciam a atuação multiprofissional e a interdisciplinaridade. Dessa forma, a LAES se propõe a trazer para o centro da discussão universitária a necessidade de se aprofundar a educação em saúde, como estratégia de potencialização da prática em saúde, tendo em vista que a educação, como ato libertador e promotor da saúde, contribui para um diálogo horizontalizado entre profissionais e usuários. A LAES surgiu, então, pelo desejo de estudantes, e professores em possibilitar a reflexão e prática da educação em saúde no âmbito universitário. Como estratégia para atividades extracurriculares e com o objetivo de congregar acadêmicos de todas as áreas, visa promover a valorização e transformação social. A criação da LAES contribui ainda para enfatizar a importância de debater na graduação a formação de profissionais de saúde mais conscientes e capacitados, por meio da reflexão da educação em saúde e do exercício da educação permanente, cooperando para o desenvolvimento científico e aprimoramento desses futuros profissionais. Assim, o objetivo deste relato é caracterizar o papel da Liga Acadêmica de Educação em Saúde da UFT na promoção de espaços interdisciplinares de reflexão, ressignificação e reconhecimento de saberes e práticas profissionais em saúde como processo de educação emancipadora. Desenvolvimento do trabalho: A Universidade apoia-se sobre os pilares do ensino, pesquisa e extensão, tríade esta que precisa manter-se indissociável a fim de oferecer um produto universitário de qualidade. Buscando explorar estes campos de formação, as ligas são mecanismos de aprofundar os conhecimentos adquiridos em sala de forma a expandi-los para além. Assim, produzir cursos e materiais que ajudem a difundir o conhecimento para alunos e profissionais, de modo a ampliar e assimilar todos esses conhecimentos construídos com a comunidade é uma das atividades imprescindíveis, assim como suprir as insuficiências nas grades curriculares dos cursos. A oferta do curso introdutório da LAES, cujo tema foi “Informação, educação e comunicação: estratégias para saúde, ambiente e trabalho” realizado em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins/Diretoria de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador - SESAU, teve ampla divulgação por meio de propaganda em salas e e-mail institucional, voltado para alunos dos cursos de engenharia ambiental, comunicação, nutrição, enfermagem, medicina, farmácia, direito, informática e interessados com a intenção de agregar conhecimentos de várias áreas, bem como a criação de grupos de pesquisas e desenvolvimento de materiais para a educação popular. Realizou-se em forma de roda de conversa para debate de estratégias sobre o enfrentamento do uso de agrotóxicos e impactos à saúde de trabalhadores, população em geral e ambiente retirando dúvidas e desfazendo mitos a respeito dos agrotóxicos, perpassando por temas como efeitos à saúde humana, ambiente, falhas na legislação brasileira para conter o uso indiscriminado, falha no sistema de vigilância em saúde, no que se refere à exposição a agrotóxicos e seus impactos, e a necessidade de promover educação popular sobre o tema, a partir de materiais específicos para cada público, de acordo com a faixa etária e grau de escolaridade. Resultados: Assim, o curso foi promovido de forma a expor o assunto de interesse aos cursos de engenharia ambiental, nutrição, enfermagem, farmácia e direito com 35 presentes, sendo 31 discentes e 4 professores da UFT e profissionais da Secretaria Estadual de Saúde. Não houve participação de representantes dos cursos de medicina, comunicação e informática, o que nos indica a necessidade de desenvolvermos estratégias para alcançar públicos que, mesmo no ambiente acadêmico ainda não conseguimos mobilizar frente aos desafios para a formação profissional e para a sociedade. Todos os presentes puderam expor seus anseios e áreas de interesse voltadas ao tema, e assim, foram identificados para contribuírem em diferentes linhas de pesquisas em áreas específicas, como consequências do uso de agrotóxicos em profissionais da zona rural, até mais gerais, como desenvolvimento de materiais educativos em saúde voltados a diferentes grupos etários. Os integrantes foram divididos em 04 grandes grupos, conforme interesse: educação em saúde, pesquisa sobre exposição ao agrotóxico, determinantes socioambientais da saúde e vigilância epidemiológica, e educação popular e agroecologia. Posteriormente, foi realizada reunião em que esses e outros estudantes convidados participaram com apresentação dos coordenadores das pesquisas, todos ligados a SESAU e UFT. Os estudos e atividades iniciaram-se em dezembro, com produtos pactuados para março e junho de 2018. Considerações finais: A LAES foi pensada e criada por estudantes e o apoio docente fez-se necessário para que sua aprovação em colegiado acontecesse e para que as orientações e qualidade das ações propostas sejam sempre voltadas aos objetivos propostos da Liga em consonância com os pilares da universidade pública - ensino, pesquisa e extensão. O que chama nossa atenção é a possibilidade de potencializar nossa formação a partir da visão dos alunos, por meio de trocas de experiências com atores dos serviços e da sociedade, grupos de estudo para ampliar conceitos e fortalecer saberes. Os resultados alcançados até o momento, mostra-nos o potencial de ação dessa liga, ao promover a Educação em Saúde como tema estratégico para melhoria da formação e da prática profissional, em nossa região.