246: As redes em inovação dialogando com o cuidado
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: CCA - Andiroba    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
678 A GESTÃO DO CUIDADO COMPARTILHADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: A CONSTRUÇÃO DE UMA LINHA DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA.
Dassayeve Távora Lima, Bianca Waylla Ribeiro Dionísio, Klivia Sibele Távora Lima, Paulo César de Moura Luz

A GESTÃO DO CUIDADO COMPARTILHADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: A CONSTRUÇÃO DE UMA LINHA DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA.

Autores: Dassayeve Távora Lima, Bianca Waylla Ribeiro Dionísio, Klivia Sibele Távora Lima, Paulo César de Moura Luz

RESUMO: APRESENTAÇÃO: Este trabalho objetiva relatar a experiência de implantação de uma linha de cuidado em saúde mental por residentes em saúde da família, atuantes no Centro de Saúde da Família (CSF) Novo Recanto, em Sobral/CE, no período de março à outubro de 2017. A experiência em questão diz da construção da atenção compartilhada em saúde mental, através da pactuação de um itinerário assistencial que contemple a atuação multiprofissional na organização dos processos de trabalho da unidade de saúde. Sabe-se que a Atenção Primária à Saúde (APS) é o nível de atenção responsável pelo cuidado sanitário de um determinado território, devendo se orientar pelas necessidades de saúde de sua população adscrita. Na realidade brasileira do SUS, a APS ocupa um papel estratégico na organização das redes assistenciais à saúde, buscando atuar em consonância com os princípios da integralidade, resolutividade, longitudinalidade, e ainda, atuar enquanto porta de entrada e coordenadora do cuidado dos usuários na rede. Significa dizer que a APS é a base do cuidado em saúde, buscando contemplar as diretrizes da clínica ampliada e concebendo o usuário como sujeito biopsicossocial, inserido numa teia de relações existentes no território onde habita. No que diz respeito às demandas psicossociais, ressalta-se que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de um terço das demandas que chegam à APS apresentam componentes relacionados a questões de sofrimento psíquico, e enfatiza que a mesma seja a base dos cuidados comunitários em saúde mental. Ainda que a literatura reconheça a importância fundamental da integração da APS na atenção psicossocial, ainda é comum a concepção de que este seja um campo complexo demais para os cuidados primários, delegando-os aos serviços especializados e superlotando-os, muitas vezes, com demandas que poderiam ser manejadas de forma resolutiva pela atuação multiprofissional na APS, principalmente as que atuam sob o modelo da estratégia saúde da família (ESF), desde que exista um alinhamento entre as ações da equipe, e uma organização dos processos de trabalho dentro do serviço. Desse modo, por mais consensual que seja a importância do cuidado em saúde mental nos níveis primários da atenção, construí-lo na prática ainda configura-se como um desafio. Nesse sentido, este trabalho objetiva compartilhar a experiência de implantação e organização do itinerário assistencial em saúde mental, em um CSF no município de Sobral/CE, bem como ações que tencionam realizar um alinhamento teórico-prático acerca do papel estratégico da APS na efetivação do cuidado comunitário em saúde mental. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Apesar da importância do cuidado em saúde mental na APS, principalmente no que diz respeito ao olhar da clínica ampliada, a assistência à pessoas em sofrimento psíquico neste nível de atenção ainda é incipiente. É comum encontrar equipes que se sentem inseguras ao lidar com essas demandas, e resumem o cuidado a prescrições medicamentosas e encaminhamentos a serviços especializados. No CSF Novo Recanto, a realidade não destoava com a da maior parte da APS no Brasil. O cuidado compartilhado era deficitário, pois sempre que surgia alguma demanda que se aproximasse da saúde mental, o caso era prontamente encaminhado para o psicólogo residente, desresponsabilizando o restante da equipe da gestão do cuidado deste usuário. Além dos encaminhamentos excessivos, e por vezes, desnecessários, havia grande dificuldade em compartilhar o cuidado com o restante da equipe, pois a organização dos processos de trabalho impediam momentos de atuação conjunta, seja para discussão de casos, interconsultas ou formulação de projetos terapêuticos singulares. Após um ano de atuação no serviço, compreendendo que aquele modelo de atenção em saúde mental instituído até então era precário, pouco resolutivo e fragmentado, a equipe de residentes levou a proposta de atenção compartilhada em saúde mental, propondo um novo itinerário assistencial. A proposta objetivou envolver os profissionais da equipe e trabalhar de forma multiprofissional, proporcionando a reorganização do trabalho, bem como promover os diversos olhares de núcleos distintos no sentido de ofertar um cuidado integral aos usuários. No primeiro momento, discutiu-se no formato de educação permanente em saúde, o papel da ESF no cuidado em saúde mental, bem como o seu caráter estratégico na efetivação da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Foram levantadas questões sobre as demandas mais frequentes e de que forma a ESF pode ser resolutiva na condução desses casos dentro do próprio território. Desse modo, foram estabelecidas linhas de cuidado e fluxogramas específicos no cuidado em saúde mental, atentando-se à classificações de vulnerabilidade dos casos e quais as intervenções que poderiam ser realizadas em cada um deles, e ainda, pactuou-se uma agenda mensal de atenção compartilhada em saúde mental. O fluxo seguiria então da seguinte forma: a demanda é identificada pelo agente comunitário de saúde, enfermeiro e/ou médico. Identificada a demanda, o caso seria agendado para o momento de acolhimento em saúde mental, que acontece duas vezes no mês (1° e 3° terça-feira do mês, no turno da tarde). Esses turnos são dedicados exclusivamente para demandas relacionadas à saúde mental, ou seja, ainda que não exista nenhum agendamento para atendimento conjunto da equipe, o turno pode servir para discussão de casos e formulação de planos de cuidado para estes usuários. Este momento seria estratégico para a organização do cuidado em saúde mental na unidade, pois ele tem um caráter resolutivo, pedagógico, bem como atua no sentido de formulação de planos terapêuticos e orientador das demais estratégias de cuidado que o usuário demande. RESULTADOS: Após a implantação da linha de cuidado na unidade, desde março de 2017, a equipe relata ter mais unidade nas ações, e mais facilidade para a gestão dos casos. Houve ainda uma potencialização no cuidado longitudinal, tendo em vista que a discussão sistemática dos casos possibilita um olhar mais próximo da equipe. Importante ressaltar que depois da implantação das tecnologias de cuidado multiprofissional, as demandas compartilhadas com serviços de atenção secundária diminuíram consideravelmente, bem como encaminhamentos para atendimentos individuais para os profissionais de referência em saúde mental da unidade, permitindo uma melhor administração da agenda e possibilitando a realização de atividades mais diversas. A equipe também relata sentir-se mais confiante ao discutir e manejar os casos, mostrando a potência do apoio matricial e da atuação multiprofissional, que por si só se configuram como estratégias de educação permanente em saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experiência aqui relatada tem se mostrado eficiente na resolução das demandas que têm surgido no território, e a sua socialização pretende oferecer recursos teóricos e práticos para a criação de novos modelos de cuidado que melhor se adequem a cada realidade de atuação. Em linhas gerais, esta experiência busca enfatizar a importância dos cuidados em saúde mental na APS, por meio da efetivação e instrumentalização de conceitos basilares da atenção psicossocial no contexto da ESF, tais como a integralidade, multiprofissionalidade, gestão do cuidado, longitudinalidade, resolutividade, acessibilidade, entre outros. Nesse sentido, mais importante que replicar esta experiência nos mais diversos contextos e locais de atuação, é priorizar arranjos assistenciais que possibilitem a efetivação destas diretrizes na organização dos processos de trabalho, compreendendo que existem caminhos diversos para a concretização destes princípios no cotidiano dos serviços.

889 A Rede Parteiras engravida a Rede Cegonha e pede passagem às PICS
José Guilherme Wady Santos, Suelen Trindade Corrêa, Ricardo Luiz Narciso Moebus

A Rede Parteiras engravida a Rede Cegonha e pede passagem às PICS

Autores: José Guilherme Wady Santos, Suelen Trindade Corrêa, Ricardo Luiz Narciso Moebus

Temos como ponto de partida uma pesquisa nacional (Rede de Avaliação compartilhada: Avalia quem pede, quem faz e quem usa - RAC – 2013/2016) que avaliou os processos de produção do cuidado nas “Redes Temáticas do SUS”. Na cidade de Bujarú (PA) – um dos campos na Região Norte -, nos voltamos para a “Rede Cegonha” (RC) e, mais precisamente, para o que chamamos de “Rede Parteiras” (RP). A RP é uma rede de cuidado tecida por parteiras tradicionais, protagonistas do agir cotidiano naquele campo, e que se incorporou ao processo avaliativo desenvolvido pela pesquisa e, conosco, produziu um mundo para além do instituído na RC. A despeito das “Redes Temáticas”, da RC e tantas outras estratégias governamentais implantadas até então, as parteiras tradicionais seguem realizando seu trabalho cuidadoso, cotidiano, solidário e incalculável. Não medem esforços na defesa da vida de qualquer um, com baixo ou nenhum reconhecimento oficial, governamental, quando não desqualificadas ou até perseguidas pelos discursos e práticas profissionais “oficiais”. A arte de partejar ainda é desconhecida e mal compreendida por gestores e profissionais de saúde, sendo, portanto, muitas vezes diminuída ou até ignorada. Elas, “mães de umbigo”, “pegadoras de menino”, não só produzem cuidado, mas ao fazerem carregam um conjunto de conhecimentos sobre a saúde da mulher e o corpo gravídico que passa pelo movimento político de reconhecimento e valoração do que é ser parteira tradicional e como isso vai se construindo e desconstruindo. São esses cuidados, que também incluem toda comunidade ao seu entorno, que envolvem uma série de práticas fundadas em um conhecimento adquirido por meio de gerações, experiências seculares e até milenares, que abarcam rezas e mezinhas, cantigas e rodas, cultivo de plantas e ervas medicinais extraídas da floresta, e que são manipuladas como em um laboratório farmacológico, servindo como insumos na preparação de diversas substâncias naturais, administradas para toda ordem de problemas de saúde. Desse modo, temos o objetivo de, a partir do que foi produzido na RAC e, agora, por meio do Observatório do parto criado a partir dessa experiência, pautar a arte de partejar como uma Prática Integrativa e Complementar no SUS (PICS). As parteiras tradicionais se colocam como “guias” a nos conduzir por sua “caixa-corpo”, produtora de sabedoria, muito mais do que uma caixa de ferramenta conceitual, pois são saberes insurgentes que vazam qualquer prescrição racional, regulamentada, padronizada e normatizada. São saberes, por assim dizer, desobedientes àqueles que pautam na ordem do dia o saber técnico científico como único saber válido e absoluto na produção do cuidado-vida. Durante nossa experiência, temos buscado formas que nos permitem olhar a arte de partejar pensando um método coerente com essa prática, construída na absoluta aceitação do outro como interlocutor válido e protagonista, no acolhimento, na relação de confiança mútua e na solidariedade. Assim, a produção se configura como uma aposta coerente e desafiadora, a partir do encontro como método e da perspectiva do pesquisador “in-mundo”. Em nossas andarilhagens e conversações, temos vivenciado as conexões com as redes vivas presentes nos territórios existenciais tecidos pela RP e feito o constante exercício de perceber os sinais que vêm desses territórios, os sinais das matas, dos ramais, dos quintais e dos igarapés. Considerando a arte de partejar e todo o conhecimento nela envolvido, bem como o seu intercruzamento com as políticas oficiais de saúde da mulher, produzida pela RP no território da pesquisa, ainda é notória a ausência de uma abordagem que desloque o olhar marcadamente biomedicalizante e tecnicista para uma produção do cuidado que se faça a partir de uma abordagem perspectivista (abole qualquer pretensão de verdade absoluta), antropofágica (cuidado que dedica, interessa e transmuta-se pela alteridade no outro) e simétrica (reconhecimento de todos os modos de produzir vida e saúde, com intercambialidade entre os que desse processo fazem parte). Os profissionais do campo da saúde, ao se envolverem com a RP, não têm considerado a possibilidade de vivenciarem uma produção de cuidado que coloque em jogo a etnomedicina e a biomedicina, um encontro no qual outros saberes e racionalidades, que não os científicos, operam com grande potência a produção de vida, com sentido, autonomia, saúde e cuidado. Como podemos pensar a partir da condução de um parto por uma das parteiras-guia de nosso campo que, desde o pré-natal, trabalho de parto e pós-parto, lança mão de uma série de saberes (manipulação de ervas, raízes, cantos e ritos) na produção do cuidado à mulher e ao bebê. Quando nos referirmos ao sistema, temos que a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC) produziu algumas invisibilidades, pois na discussão e institucionalização das práticas “complementares” em saúde, deixou de considerar a perspectiva da saúde simétrica, que tenciona, inclusive, a dicotomia “principal-complementar” presente em seu bojo. A partir disso, cabe-nos perguntar qual prática de saúde é complementar nesse caso? Qual é a principal? Nesse caso, a biomedicina não estaria como uma prática complementar e a medicina tradicional como prática principal? Trata-se de uma “intermedialidade”, a exemplo da zona de contato criada por povos indígenas e profissionais de saúde, em seus encontros relacionados à saúde, doença e morte. A arte de partejar e todos os conhecimentos envolvidos na prática desenvolvida por parteiras tradicionais seguem produzindo o cuidado em uma dimensão horizontalizada e transversal, contaminando os saberes assépticos e desafiando qualquer tipo de verdade que se pretenda absoluta. Constroem sua autonomia e afirmam seu protagonismo de diversas formas, desde o cuidado “marginal” às mulheres, crianças e comunidade em geral, que vão cada vez mais se transfigurando e se incorporando em seus modos de existência, muito embora ainda careçam de reconhecimento da validade e eficiência de seus saberes. A PNPIC precisa rediscutir o que considera saberes válidos e trazer à luz uma série de saberes como o das parteiras tradicionais, que têm sido vistos a partir de uma perspectiva assimétrica. Defendemos, portanto, a perspectiva do cuidado simétrico, como o reconhecimento de todos como produtores de cuidado, que também têm suas próprias formulações de modos de vida e saúde. A RP traz um campo de intervenção dispersa e simétrica que tangencia a RC e, por conseguinte pede passagem para às PICS.

1558 Estratégias para o fortalecimento da linha de cuidado do câncer de mama para a 2ª Região de Saúde de Caucaia - CE
Izaildo Tavares Luna, Kedimam Celis Barros Bastos, Juliana Benício Muniz, Patrícia Neyva da Costa Pinheiro, André Schimidt da Silva

Estratégias para o fortalecimento da linha de cuidado do câncer de mama para a 2ª Região de Saúde de Caucaia - CE

Autores: Izaildo Tavares Luna, Kedimam Celis Barros Bastos, Juliana Benício Muniz, Patrícia Neyva da Costa Pinheiro, André Schimidt da Silva

Apresentação: As Regiões de Saúde são espaços geográficos contínuos constituídos por agrupamento de municípios limítrofes, delimitadas a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. Na Região de Saúde de Caucaia (cerca de 607 mil habitantes), os dez municípios organizam a atenção básica através da estratégia Saúde da Família (com 147 ESF cadastradas, cobertura de 72,7% na região), com equipes de PACS (964 ACS cadastrados), Equipes de Saúde Bucal (112 equipes cadastradas) e NASF (18 equipes cadastradas), e a atenção hospitalar local se refere aos hospitais locais (10 hospitais municipais e um filantrópico). Alguns destes hospitais, destinados prioritariamente ao atendimento da população residente, são conhecidos como Hospitais de Pequeno Porte – HPP (em Apuiarés, General Sampaio, Paraipaba, São Luís do Curu e Tejuçuoca). A organização das Linhas de Cuidado na rede de atenção à saúde tem a fragmentação da saúde um grande desafio, gera dificuldades de acesso aos serviços, falta de qualidade técnica na provisão do cuidado, uso irracional e ineficiente dos recursos existentes e descompasso entre a oferta e as necessidades e expectativas da população. A fragmentação sobressai em serviços clínicos funcionando como departamentos estanques; na internação de pacientes que poderiam ter sido atendidos em ambulatórios; na admissão de pacientes cirúrgicos sem que os exames pré-operatórios tenham sido realizados ou no aumento do tempo de permanência por dificuldades de portas de saída. A Região de Saúde de Caucaia entre os anos de 2010 e 2016 apresentou 189 óbitos por câncer de mama. O maior número de óbitos ocorreu no ano de 2015 com 34 casos; dentre estes casos temos: oito (23,5%) óbitos estão na faixa etária abaixo de 50 anos; 16 óbitos (47,1%) na faixa etária entre 50 e 69 anos; e 10 óbitos (29,4%) com idade acima de 70 anos. Se faz necessário repensar novos modelos assistenciais com renovação dos processos de trabalho na compreensão sobre a questão saúde-doença e melhoria do acesso e da integralidade da atenção. É imprescindível que os gestores da saúde apreendam que é preciso mudar a visão de sistema de saúde, e alocar recursos nas ações de impacto, nos determinantes, utilizar do planejamento estratégico com participação popular para definição das reais necessidades da população; concentrando na Atenção Básica (principal porta de entrada das Redes de Atenção) a priorização do incremento, pois teremos resolutividade e conseqüentemente garantia da cidadania. O grande desafio é avaliar as medidas de controle e prevenção preconizadas para a Saúde Pública, como o rastreamento oportunístico do câncer de mama em mulheres jovens. O estudo objetivou articular estratégias para o fortalecimento da linha de cuidado do Câncer de Mama para a 2ª Região de Saúde de Caucaia e verificar se houve o cumprimento da Lei nº 12.732 de maio de 2013, que estabelece prazo máximo de 60 dias para que casos diagnosticados de câncer iniciem tratamento. Desenvolvimento do trabalho: A Pesquisa tem caráter descritivo, com abordagem quantitativa, de base documental. O levantamento de dados foi realizado de junho a setembro de 2017, referente ao período de 2015 a 2016, através dos registros nas fichas de investigação de mulheres em idade fértil – MIF. O universo da pesquisa foi composto por oito fichas de investigação de MIF com idade inferior a 50 anos residentes nos municípios de Itapajé, Paraipaba e Pentecoste. O estudo respeitou as exigências formais conti­das nas normas nacionais e internacionais regulamen­tadoras de pesquisas científicas. Resultados: Observou-se que metade da amostra obedece a Lei dos 60 dias, sendo este período inferior a um mês; o diagnóstico é iniciado (50%) com o auto-exame das mamas como ação de prevenção em saúde; ultrassom mamário como exame base para diagnóstico; o acesso ao tratamento foi regulado para atenção terciária (pública) na capital através da central de regulação municipal. O tempo de sobrevida é de um a cinco anos, confirmando assim o prognóstico de malignidade desta doença em mulheres jovens. As etapas para construção do itinerário terapêutico para a 2ª Região de Saúde de Caucaia, proposta nesse estudo, são: 1) Implementação do Comitê Regional de Controle as Neoplasias de Mama. Os comitês municipais surgiriam a partir desta formação com envolvimento dos diversos parceiros para promoção e construção, planejamento e recomendações das ações. 2) A segunda etapa seria a participação deste grupo no Comitê de Educação Permanente Macrorregional e Estadual, a fim de participar da elaboração do Plano estadual de Educação Permanente e assim inserir a temática fortalecendo a capacitação e aperfeiçoamento profissional. 3) A seguir, empoderar as mulheres com estratégias de conscientização, identificação de sinais e sintomas com a divulgação maciça do auto-exame. 4) Revisão da Programação Pactuada Integrada com cálculo de exames para diagnóstico de acordo com a população assistida, e determinação das unidades prestadoras dos serviços (exames e tratamento), tendo referência as UNACON e CACON. 5) Manter o sistema de informação respectivo (SISCAN) atualizado para todos os gestores e prestadores, e seguindo a classificação BI-RADS. 6) Elaborar protocolos assistenciais (clínicos) e de regulação para esta demanda: rastreamento, diagnóstico (exames laboratoriais e de imagem) e primeiras consultas com mastologista e retornos. 7) Confirmação diagnóstica em um único serviço, que atenda por regulação municipal com simples referência, e envio dos laudos digitais em tempo hábil. Em caso positivo, o prestador notifica imediatamente o requisitante (Mobilizador regional/responsável municipal) para que a ESF possa acioná-la. Caso seja agendado o atendimento para início do tratamento e a usuária não tenha comparecido, esta mesma notificação deverá ocorrer. 8) As ações desenvolvidas pelo mobilizador regional do controle do câncer de mama poderão abranger além do controle, o acompanhamento do processo saúde-doença destas mulheres, desenvolvendo atividades de terapia em grupo e atendimento/apoio domiciliar. 9) O Mobilizador poderá articular junto as Equipes de Saúde da Família, a busca ativa de sintomáticas através da promoção e educação continuada. 10) Toda e qualquer agendamento com diagnóstico de câncer de mama seja realizado pela Central de Regulação Municipal, e nos casos da não oferta, que seja encaminhado em vaga zero para início o mais precoce possível do tratamento. 11) Monitorar mensalmente o indicador de cobertura de mamografias de rastreamento e novos casos de neoplasia mamária. Considerações finais: Várias ações foram propostas como estratégias para o fortalecimento da linha de cuidado do Controle do Câncer de Mama para a 2ª Região de Saúde de Caucaia, entre elas a criação do Comitê Regional de Controle do Câncer de Mama; na criação do cargo de Mobilizador Regional de Controle do Câncer de Mama; notificações nos casos de alterações mamárias nos laudos dos exames de diagnóstico; busca ativa de sintomáticas; Educação Popular em Saúde e Educação Permanente para conscientização da sociedade e dos profissionais de saúde e fortalecimento da vinculação entre estas mulheres e o serviço de saúde. Anseia-se que este estudo tenha impacto nas ações que minimizam a dor e sofrimento das mulheres e suas famílias, na detecção precoce do câncer de mama, no rastreamento eficaz e hábil, no diagnóstico e tratamento oportunos.

3024 A EXPERIÊNCIA DA DESCENTRALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO NO MUNICIPIO DE CURITIBA
Giovana Fratin, Aida Maris Peres

A EXPERIÊNCIA DA DESCENTRALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO NO MUNICIPIO DE CURITIBA

Autores: Giovana Fratin, Aida Maris Peres

APRESENTAÇÃO Desde sua criação em 2007, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estavam subordinadas ao Departamento de Urgência e Emergência (DUE) do Município de Curitiba-PR. Antes deste ano, já existiam os Centros Municipais de Urgência Médica (CMUM), estrategicamente localizados no município e atendiam à população 24 horas por dia, por sua vez em substituição às Unidades de Saúde 24 horas, que funcionavam como um posto de saúde voltado a necessidades urgentes. O primeiro CMUM foi inaugurado no final dos anos 1990, eles eram vinculados na estrutura organizacional da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba ao Sistema de Urgência e Emergência (SUEC) e não se subordinavam aos Distritos Sanitários, apesar de estarem localizados nos territórios de abrangência destes. Em curto espaço de tempo, algumas das antigas Unidades de Saúde 24 Horas foram ampliadas e transformadas em UPAs. Outras UPAs foram construídas, sendo que em 2011 o Município já contava com oito UPAS na sua Rede de Urgência e Emergência (RUE). Estes equipamentos foram criados para ampliar a capacidade de atendimento da rede própria e, sobretudo para suprir a demanda reprimida de situações de urgência e emergência que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) não conseguiam atender devido ao aumento populacional. No início de 2013 foi inaugurada mais uma UPA no município, desta vez na região central e dentro de um hospital público de ensino, totalizando nove equipamentos. Todavia, o que se observou em uma análise da RUE em 2013, é que houve uma demanda muito superior ao que se esperava, uma vez que houve uma migração maciça de busca por consultas de usuários da rede da Atenção Básica (AB), de tal forma que aproximadamente 80% dos atendimentos realizados nas UPAS, segundo a análise poderiam ser realizadas nas UBS. Isto fez com que o sistema da RUE municipal entrasse em colapso, inclusive comprometendo a priorização do atendimento clínico nos casos de urgência. A rede de AB da SMS Curitiba realiza em média, aproximadamente 2.000.000 (dois milhões) de consultas por ano. Apesar de ser composta por 110 UBS, suas nove UPAs realizaram no mesmo  período, em torno de 1.000.000 de consultas, ou seja, aproximadamente um terço da demanda por consultas da cidade. Este trabalho tem o objetivo de relatar a experiência da descentralização da gestão das Unidades de Pronto Atendimento ocorrida no município de Curitiba, entre os anos de 2014 a 2016.   DESENVOLVIMENTO Em uma pesquisa prévia desenvolvida por uma universidade pública no ano de 2014, com 349 usuários da UPA com maior número de atendimentos de Curitiba, 284 deles (81,4%) optaram por ir direto à UPA porque consideravam que o acesso físico era mais fácil, assim como as consultas eram garantidas, a resolutividade era maior e, alguns inclusive afirmaram que já tinham vínculo com a UPA. Após o diagnóstico inicial, o objetivo do projeto de intervenção no DUE era descentralizar a gestão das UPAs, de tal forma que se resgatasse o seu papel institucional, integrando-as à estrutura dos Distritos Sanitários (DS) que contavam com UBS, CAPS, entre outros componentes. Tinha-se como expectativa que a demanda por consultas retornasse para a rede da AB e o tempo resposta na RUE fosse otimizado nos serviços das UPAs. A proposta consistia em fortalecer a atenção primária, migrando os pacientes que procuravam a UPA para finalidades de atendimento básico, como acompanhamento de hipertensão arterial e diabetes. Este movimento foi realizado em toda cidade, iniciando pela descentralização da administração das UPAs, que ficava no DUE para uma gestão que considerasse as nove realidades distritais distintas. Assim as UPAs foram aproximadas de seus territórios, integrando a chefia da UPA com as chefias das UBS, e dos outros equipamentos do território, facilitando o entendimento sobre a sua realidade e demanda. As crianças com menos de dois anos, ao serem consultadas na UPA, já eram sinalizadas no sistema e-Saúde e era realizada a busca ativa das mães para que fossem até as UBS. A mudança foi divulgada nas câmaras técnicas, conselho municipal de saúde, equipes de saúde, fazendo com que a informação se multiplicasse e chegasse à população. A cada consulta na UPA, o paciente era lembrado durante a classificação de risco pela enfermeira e na consulta médica, para que no próximo evento procurasse sua unidade de saúde de referência. Junto com este movimento, as chefias das UBS vivenciaram momentos dentro da sala de classificação de risco das UPAs, conversando com os usuários e orientando sobre possíveis consultas que se perdiam nas UBS e que na UPA, o paciente ficaria aguardando mais tempo. Neste movimento, as enfermeiras da atenção básica foram aproximadas da realidade da UPA e as enfermeiras das UPAs  levadas para as UBS, como uma troca de papéis. Em cada distrito, uma vez por semana durante 4 horas as enfermeiras das unidades básicas faziam plantão nas UPAs, vivenciando a realidade de ter um paciente sendo reanimado ao lado de um bebê de poucos dias de vida que precisa de acompanhamento da atenção primária, e por outro lado as enfermeiras dos equipamentos de urgência quando de suas idas as UBS, sentiram a dificuldade de ter que resolver várias demandas do dia a dia sem a equipe multidisciplinar, por exemplo: quando o médico falta e o pré agendamento do dia tem que ser atendido de alguma forma. Acredita-se que este movimento foi uma das mais valorosas estratégias desenvolvidas nesta proposta.   RESULTADO OU IMPACTO Certamente que distorções do sistema de saúde, consolidadas ao longo de 10 anos com frases de reforço do tipo "não tem consulta na UBS, pode ir para a UPA", sem verificar a necessidade, tão pouco a urgência da demanda, não se revertem de uma hora para outra. Mas os resultados conseguidos nos primeiros anos, de 2014 a 2016, foram impactantes. Com este movimento foi atingida a meta de diminuição das demandas nas UPAs e o aumento das consultas na UBS.  Em torno de 200.000 consultas por ano retornaram para a AB, algo perto de 20% do que era atendido nas UPAs, além do trabalho de acolhimento realizado pelas profissionais enfermeiras que implementaram a sistematização de enfermagem nas UBS, focada na criação de  vínculo do usuário com sua UBS. Este demonstrativo  era reforçado durante a prestação de contas na câmara municipal de vereadores, quando tomou vulto e transformou-se na linguagem do município. Podia-se ouvir nas ruas e até no supermercado, um usuário orientando o outro, “não procure a UPA se não é emergência, procure a tua unidade”, dando até o nome de referência das enfermeiras das UBS. CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma rede municipal de saúde grande e complexa como a de Curitiba absorveu as mudanças com as estratégias utilizadas. A Sistematização da Assistência de Enfermagem tem sido utilizada como ferramenta que organiza o trabalho de enfermagem em nas portas de entrada para o atendimento aos usuários do SUS, fortalecendo o sistema de saúde e aumentando a segurança do paciente. Mas desafios ainda são visíveis, como sua implantação nas UPAs do município para além do uso de protocolos de priorização de atendimento para fortalecer o atendimento nas UPAs descentralizadas, assim como na utilização de instrumentos gerenciais para  monitoramento, avaliação e para mostrar as evidências da  efetividade da SAE em situações eletivas ou urgentes.