213: Aprendizagem significativa e pedagogias ativas: quando a educação desenvolve o trabalho
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 02 Sala 01 - Bacurau    Horário: 15:30 - 17:30
ID Título do Trabalho/Autores
518 Metodologias ativas auxiliando no aprendizado das ciências morfofuncionais numa perspectiva clínica: A experiência do curso de Medicina da Universidade Federal do Oeste da Bahia
Mússio Pirajá Mattos

Metodologias ativas auxiliando no aprendizado das ciências morfofuncionais numa perspectiva clínica: A experiência do curso de Medicina da Universidade Federal do Oeste da Bahia

Autores: Mússio Pirajá Mattos

Apresentação: O estudo da anatomia é encarado algumas vezes com obstáculos que não permitem motivação e engajamento dos estudantes prejudicando o seu desempenho. É importante renovar e buscar outras práticas pedagógicas, inserindo metodologias inovadoras, que permitam dinamizar as aulas das ciências morfofuncionais favorecendo a formação de profissionais críticos, reflexivos e com maior tomada de decisões. A metodologia tradicional não estimula adequadamente o desenvolvimento da autonomia, capacidade de análise, julgamento e avaliação, bem como, o raciocínio crítico, investigativo e criativo. Esse método hipervaloriza o aspecto biológico e a fragmentação do conhecimento com conseqüente desvalorização dos demais determinantes do processo saúde-doença como os elementos psicológicos, sociais, históricos e ambientais. Essa metodologia contribui para formação de especialistas, o que acaba dificultando a resolução de problemas comuns e de maior demanda nos serviços de saúde, além de comprometer a formação de um profissional que possua as competências necessárias a prática médica. No método ativo o professor elabora situações que estimulam os estudantes a investigar, permitindo que eles sejam os protagonistas na construção dos saberes, ao invés de oferecê-lo pronto através das aulas expositivas. Há a necessidade de formar discentes que aprendam a pensar e correlacionar teoria e prática, buscando de modo adequado a resolução de problemas de saúde cotidianos. Objetivo: Relatar a experiência no uso de metodologias ativas no processo de ensino e aprendizagem da disciplina Morfofuncional no curso de Medicina da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Descrição da experiência: No semestre letivo 2015.2, as atividades de ensino e extensão do projeto “Desafio Anatômico: Metodologias ativas da disciplina morfofuncional capazes de auxiliar no aprendizado em anatomia humana” foram apresentadas a UFOB, no Centro das Ciências Biológicas e da Saúde e aos discentes do curso de medicina. Os sistemas trabalhados em sala foram: locomotor, digestório, endócrino e reprodutor. É válido destacar que a fisiologia foi associada com a aplicação clínica das afecções mais comuns em cada sistema. Os alunos da graduação e o coordenador-docente do projeto elaboraram um planejamento onde os temas que seriam abordados deveriam ser selecionados pelos estudantes e decididas em comum acordo com o docente da disciplina, para dar significado à busca ativa no estudo da anatomia humana. Os alunos foram divididos em grupos de 5 membros, ou seja, grupos pequenos, o que possibilitava ao professor um maior contato com cada estudante, percebendo as potencialidades e fragilidades de cada um deles, podendo intervir, se necessário. Ademais, também foram utilizados casos clínicos, em diferentes momentos, relacionados ao trauma raquimedular, apendicite e diverticulite. Foram entregues aos alunos, e eles discutiram em grupos sobre qual transtorno seu caso clínico se tratava. E tinham a oportunidade de demonstrar seus conhecimentos sobre as regiões anatômicas afetadas, fisiopatologia, diagnóstico diferencial e discutir o impacto desses resultados na vida das pessoas, numa perspectiva problematizadora. Em uma das aulas foi entregue um estudo de caso aos alunos sobre o tema e eles fizeram a abertura dos casos clínicos. Nesse momento os estudantes expuseram seus questionamentos e fechavam os objetivos de aprendizagem para o estudo autodirigido. Eles foram incentivados a utilizar outras referências para complementar seus estudos e conhecimentos. Quando se tratava de um tema mais complexo, vídeos também foram utilizados. Além disso, foram construídos mapas conceituais para auxiliar no processo de aprendizagem. Resultados e Impactos: Os métodos ativos utilizados foram mapa conceitual, estudo de caso e construção de peças anatômicas, na qual os discentes foram instruídos a confeccionar modelos anatômicos didáticos que auxiliassem na compreensão da anatomia dos diferentes sistemas do corpo humano, associando a fisiologia e a aplicação clínica para dar significado ao aprendizado. As peças anatômicas desenvolvidas estão relacionadas com: deformidade do raquitismo; distrofia muscular de duchenne; condromalácia patelar; acúmulo de cristais de ácido úrico na articulação do osso metatarsal; lesão no ligamento colateral medial do joelho; síndrome do ovário policístico; doença de crohn; endometriose; hipertireoidismo e a gastrite. No decorrer do semestre, com o acompanhamento da confecção das peças anatômicas e a preparação das apresentações internas (sala de aula) e externas (comunidade acadêmica), foi possível observar, entusiasmo, dedicação e construção de conhecimentos gerados por essa atividade. Nas metodologias ativas há uma inversão no papel do docente e do aluno. Os discentes assumem o controle na construção do conhecimento e o docente facilita a aprendizagem. Nesse contexto, utilizar métodos ativos que não faziam parte da metodologia tradicional foi um grande desafio. No primeiro momento foi bastante difícil convencer os alunos da importância dessas atividades, acarretando em mudanças frequentes na programação da disciplina. Diante dessa realidade, houve a necessidade de motivação e uma constante tentativa de convencimento aos alunos quanto à importância desses métodos para a construção e aplicação do conhecimento, possibilitando uma formação profissional crítica, reflexiva e com maior tomada de decisões. No processo de apropriação das novas metodologias foi possível observar importantes mudanças que foram desde incertezas, descrenças e imprevisibilidade que foram transformadas em maior adesão e aceitação no decorrer do semestre. A aplicação dessas metodologias de ensino permitiu observar avanços nos conhecimentos obtidos pelos graduandos, por meio das apresentações orais, habilidade de comunicação, articulação de idéias e esclarecimento de questionamento no momento da exposição para a comunidade acadêmica, além da participação em sala de aula e das notas obtidas nas avaliações teóricas, práticas e por produção. Os mapas conceituais feitos em sala de aula expressaram informações e conceitos já aprendidos de forma significativa. Com isso, trabalhou-se o pensamento crítico e reflexivo permitindo a autonomia na formação profissional. A associação dessas metodologias em consonância com a construção das peças anatômicas permitiu um ambiente transformador com a construção da habilidade dos alunos em relação à memorização, interação com os colegas e aproximação da realidade. Se tratando da primeira atividade, dentro desse contexto, na vida acadêmica deles, podemos dizer que essa atividade foi extremamente satisfatória por motivar e aproximar os conteúdos teóricos e práticos obtidos em sala de aula numa perspectiva clínica. Essa atividade permitiu que os alunos explorassem formas de orientar as pessoas que circulavam no local da amostra das peças anatômicas. Esse fato evidenciou que a criação dos modelos anatômicos foi assertiva. Dentro desta perspectiva da re-significação da aprendizagem, o estudante precisa assumir um papel cada vez mais ativo descondicionando-se da atitude de mero receptor de conteúdos, buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos objetivos da aprendizagem. Iniciativa criadora, curiosidade científica, espírito crítico-reflexivo, capacidade para auto-avaliação, cooperação para o trabalho em equipe, senso de responsabilidade, ética e sensibilidade na assistência são características fundamentais a serem desenvolvidas por um discente de uma metodologia ativa. Considerações finais: Os discentes mostraram-se satisfeitos com a dinâmica anatômica, principalmente com absorção do conhecimento e a aplicação clínica. A experiência permitiu uma boa alternativa no ensino das ciências morfofuncionais estimulando a criatividade, o trabalho interdisciplinar, motivação ao trabalhar com problemas reais, interesse, investigação, planejamento, execução e construção do conhecimento.

2859 METODOLOGIAS ATIVAS NO TERRITÓRIO: A PLURALIDADE DOS ENCONTROS
Eliana Santos Goldman Pinto, Ramon Sena de Jesus dos Santos, Vatsi Meneghel Danilevicz, Flávia dos Santos Farias, Ana Maria Dourado Lavinsky Fontes, Nairan Morais Caldas, Regiane Cristina Duarte

METODOLOGIAS ATIVAS NO TERRITÓRIO: A PLURALIDADE DOS ENCONTROS

Autores: Eliana Santos Goldman Pinto, Ramon Sena de Jesus dos Santos, Vatsi Meneghel Danilevicz, Flávia dos Santos Farias, Ana Maria Dourado Lavinsky Fontes, Nairan Morais Caldas, Regiane Cristina Duarte

Apresentação Este relato faz parte das ações desenvolvidas por residentes do Projeto de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Escola de Saúde Pública/Secretaria Estadual de Saúde da Bahia em parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Trata-se da experiência de aplicabilidade das metodologias ativas como um potente dispositivo para a reorientação das práticas de saúde na Atenção Básica (AB) e no empoderamento do usuário, visando à corresponsabilização desse sujeito, enquanto cidadão de direito, no processo saúde – doença, na ampliação de sua autonomia, valorizando, portanto, a sua participação como sujeitos ativos na construção do seu autocuidado. Alguns autores referem a metodologia ativa de ensino como um instrumento de transformação, uma vez que parte da leitura de um problema real para gerar aprendizagem, inspirando quebra de protocolos. Esta vem sendo utilizada na área de saúde, para despertar o olhar crítico-reflexivo do profissional, provocando mudanças significativas à medida que este intervém eficazmente na realidade. Um dos cenários para disparar esse processo é a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que de acordo a política de descentralização vigente consiste em um modelo de reorientação das práticas em saúde como parte do contexto social para atender populações adscritas, centrado na pessoa e família em suas singularidades, tendo como princípios norteadores os determinantes e condicionantes de saúde. É neste sentido que as evidências das ações e reações percebidas com a inserção da metodologia ativa, enquanto dispositivo pedagógico-prático do trabalho em saúde de residentes em um território de intervenção da AB se faz importante como pré-requisito do módulo de aprendizagem do programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família. A visão ampliada do cuidado embasado na perspectiva dialógica de olhares multiprofissionais em uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família (UESF) levou o grupo de residentes à reflexão sobre os desafios do trabalho em equipe de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família em um município do Sul da Bahia frente à fragmentação do cuidado, utilizando as metodologias ativas como base metodológica de novas formas de produzir o cuidado em saúde. Desenvolvimento A partir de uma cartografia viva do serviço, perceberam-se algumas particularidades ainda presentes no funcionamento da UESF, destacando-se a fragmentação das ações, ausência de espaços de diálogo e relações interpessoais frágeis. A proposta pedagógica do curso está fundamentada nas metodologias ativas, tendo como disparador a espiral construtivista que, segundo alguns autores, constitui um método dialógico aplicado a uma situação problema que amplia a concepção sóciointeracionista e desfragmenta os processos de trabalho. A equipe de residentes responsável por este relato é composta por uma enfermeira, uma nutricionista, um profissional de educação física e uma psicóloga, cada um desenvolvendo atividades do núcleo específico de saber na saúde coletiva. Fomentado numa abordagem multiprofissional, procedeu-se a criação do grupo, - Conhecer e Cuidar -, que apresenta a transdisciplinaridade enquanto gerador de mudanças na oferta e qualificação do cuidado. Foi definida a identificação e priorização de problemas passíveis de intervenção pela equipe de residentes, com modo de ação usuário-centradas e de humanização do cuidado. Portanto, as ações multifatoriais abordam, sistematicamente, as principais situações de vulnerabilidades, utilizando-se da promoção de grupos como o da horta comunitária, o de mulheres além do grupo de atividades físicas, ressignificando o cuidado, a corresponsabilidade e elevando a autoestima dos participantes. Resultados e impactos Para a implementação das intervenções diversos entraves foram enfrentados pelos residentes, o maior deles promover práticas segundo Modelo de Vigilância a Saúde em um cenário com tendência para a perpetuação de ações isoladas, sem correlações e trabalho em equipe fragmentada. Em paralelo, o desafio de desenvolver um trabalho multiprofissional, onde todas as áreas de conhecimento dialoguem entre si à luz das metodologias ativas. A formação tradicional cartesiana e reducionista dos profissionais contribui para a fragmentação dos saberes muitas vezes fruto do aparelho formador e dos serviços. Foi imprescindível “quebrar as caixinhas” inclusive, no próprio grupo de residência, que inicialmente teve dificuldade em “descobrir” o ritmo do trabalho em equipe compartilhado. Assim, percebe-se que as metodologias ativas pautadas na autonomia e pressupondo o autogerenciamento do aprendizado tem sido um potente aglutinador do trabalho em equipe, sendo os encontros com os usuários um importante núcleo potencializador dos encontros de profissionais. Portanto, o grupo Conhecer e Cuidar revelou-se como produto de cuidado que extrapola consultórios e muros da unidade, utilizando o território como espaço de promoção da saúde que reflete positivamente na reorganização do serviço e considerando uma microrede que permite a interlocução das áreas em busca de uma assistência integral, onde elucida-se o protagonismo dos atores sociais envolvidos. Em Rodas de Conversas o Grupo de Mulheres suscita o empoderamento feminino favorecendo um espaço de ajuda mútua e troca de saberes. Já a horta Comunitária potencializa saberes populares sobre plantio e desperta na comunidade o interesse pelos alimentos orgânicos, além de revelar-se um ambiente terapêutico. O Grupo de Atividades Físicastem seu enfoque na promoção à saúde e prevenção das Síndromes Metabólicas, intervindo diretamente no sobrepeso, níveis pressórios e glicemia elevados, tendo considerável diminuição dessas variáveis. Nessa perspectiva, eleva autoestima e atende as demandas terapêuticas de usuários que necessitam de um plano terapêutico de exercícios físicos.Bem como, utiliza de espaços no próprio território para ressignificar (auto)cuidado, levando o usuário aprocurar pelo serviço, de forma a propiciar intersecção entre ações e ofertas existentes no próprio serviço. Para, além disso, torna-se um meio de socialização entre os diferentes atores, experienciando vivências prazerosas enquanto produção de saúde. Logo cabe a reflexão com base no pensamento de um autor quando afirma que pensar a educação na saúde como dispositivo de reinvenção de si mesmo mediante a capacidade de outrar-se, ou seja, permitir a descoberta, produção e acolhimento de outros dentro de nós mesmos, amplia a nossa potência de criação, desbravamento e de curiosidade diante do mundo e da vida. Considerações finais Os diversos encontros de saberes tornam-se enriquecedores à medida que estes se alinham para ressignificar ações que promovam saúde. É nessa pluralidade que a formulação de estratégias que valorizem as práticas contra - hegemônicas se torna possível. As metodologias ativas possibilitaram o autogerenciamento do aprendizado e potencializaram a construção de caminhos inovadores na busca pela integralidade do cuidado.

4187 Experiências inovadoras nos projetos pedagógicos dos cursos de graduação em saúde – A inserção do acadêmico de Medicina no Sistema Único de Saúde: um relato de experiência
Ranna Abadias Pessoa, Gabriel Antônio de Lima Cerqueira, Giulia Crisóstomo Feitosa Carvalho, Matheus Felipe Ketes Bergamin

Experiências inovadoras nos projetos pedagógicos dos cursos de graduação em saúde – A inserção do acadêmico de Medicina no Sistema Único de Saúde: um relato de experiência

Autores: Ranna Abadias Pessoa, Gabriel Antônio de Lima Cerqueira, Giulia Crisóstomo Feitosa Carvalho, Matheus Felipe Ketes Bergamin

Apresentação:O Sistema Único de Saúde (SUS) é formado pelo conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, com permissão para participação complementar da iniciativa privada (BRASIL, 2000). No contexto deste, as Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2010).Devido às transições demográfica e epidemiológica pela qual passou a saúde no Brasil, e a apresentação desta com uma tripla carga de doenças, manifestada por doenças infecciosas, violência urbana e doenças crônicas, com a predominância desta (MENDES, 2010), vê-se a necessidade da efetivação das RAS. Estas apresentam características como: formação de relações horizontais entre os pontos de atenção, tendo a Atenção Básica (AB) como centro de comunicação; centralidade nas necessidades de saúde da população; responsabilização por atenção contínua e integral; cuidado multiprofissional; compartilhamento de objetivos; e compromisso com resultados sanitários e econômicos (BRASIL, 2014).Na última década, o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Saúde (MS), indicaram a necessidade de uma reforma curricular nos cursos de graduação da área da saúde, a fim de incluir na formação dos futuros profissionais, a responsabilidade social com a saúde da população e com a consolidação do SUS (UFRB, 2016). É neste contexto que as visitações feitas pelos acadêmicos de Medicina aos componentes das RAS mostram sua importância, em que aqueles podem firmar os preceitos prezados na formação médica.Objetivo:Relatar a experiência de quatro acadêmicos de Medicina nas aulas práticas da disciplina Saúde Coletiva II, que versavam pelas Redes de Atenção à Saúde do Sistema Único de Saúde.Desenvolvimento:No decorrer de Março a Junho de 2017, acadêmicos da disciplina Saúde Coletiva II (UFAM) visitaram unidades de saúde de Manaus, com destaque para os componentes da RAS: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); Policlínica; Maternidade; Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI). Nos CAPS Silvério Tundis e Dr. Afrânio Soares foi possível conhecer o trabalho de consultas psiquiátricas e internações; e um centro de acolhimento de pacientes e familiares, além do uso de metodologias ativas como meio de terapia complementar às usadas na medicina tradicional. Notou-se, também, o atendimento preferencial de dependentes de álcool e outras drogas. Em visita guiada, foi possível a interação entre acadêmicos, funcionários e pacientes; outrossim, foi a tomada de conhecimento das equipes multidisciplinares como psicólogos, médicos e assistentes sociais. Por sua vez, a Maternidade Ana Braga, local de cuidado e atenção à gestante e ao recém nascido, é uma instituição de referência no sistema de saúde manauara. Reconhecido com o Certificado de Excelência Classe A - Padrão Ouro em 2013, seu Banco de Leite Humano figura entre os três principais do estado do Amazonas (FIOCRUZ, 2013). A Rede Cegonha, estratégia implantada pelo MS, coloca a maternidade como ponto ativo da RAS, ao realizar o planejamento reprodutivo, o controle de DSTs e a conscientização acerca de métodos contraceptivos, de modo a ampliar o cuidado integral à mulher e controlar a morbimortalidade materna e infantil (BRASIL, 2014). Dentro da atenção secundária, na Policlínica Dr. Antônio Reis percebeu-se a importância do nível de atenção secundária, visto que este amplia o acesso às consultas e aos procedimentos especializados, ao conectar pontos da RAS e promover a integralidade do cuidado. Já na CASAI, uma unidade integrante do Subsistema de atenção à Saúde Indígena, que tem por finalidade prestar apoio a pacientes indígenas referenciados pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI, ou pelos Estados, via Tratamento Fora de Domicílio (TFD), aos serviços de média e alta complexidade na rede do SUS (BRASIL, 2017), a visitação ocorreu com mais discrição. Entretanto, ainda assim foi possível conhecer toda a unidade e seus componentes, como o alojamento separado por etnias e a equipe multiprofissional.Impactos: Ao destacar os CAPS, observou-se que a rotina desses locais serviram para desmistificar os mitos e construções falaciosas acerca do manejo de pacientes psiquiátricos ou dependentes químicos, antes fomentados pelos “manicômios”. Já embasados teoricamente pela Lei nº 10.216, que tergiversa sobre os cuidados de pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, pôde-se discutir e indagar gestores das unidades do cumprimento ou não de determinadas formas de atendimento, como a entrega de medicamentos no local a quem precisasse. Existe, sim, problemas na falta de fármacos e no atendimento, uma vez pela escassez de médicos especializados, porém há uma equipe multidisciplinar muito fortuita e que busca atender bem desde a triagem até o cuidado pós atendimento de pacientes e familiares. Com relação à Maternidade Ana Braga, viu-se que esta segue os conceitos implementados através da Rede Cegonha. A ampliação do acesso, a qualificação da atenção ao parto e ao nascimento, o estímulo ao parto natural, a capacitação de parteiras, a permissão para que a gestante leve uma doula como acompanhante, são ações notáveis desta unidade. O local, também referência por seu banco de leite, encoraja as lactantes à doarem leite materno que será distribuído para UTIs neonatais das redes pública e privada, tendo recolhido em 2016 mais de 11 mil litros.  Ademais, também foi possível perceber a importância do pré-natal e da adoção de estratégias, como o Método Canguru, para a manutenção da saúde da gestante e do bebê. No entanto, apesar do cuidado por parte dos funcionários, a instituição carece em infraestrutura, já que no dia da visita a climatização não funcionava em vários locais, inclusive nas salas de parto onde o calor era intenso. Além disso, há poucos leitos para as gestantes em trabalho de parto e os já existentes são pequenos.Referente às Policlínicas, apesar de Manaus ser uma grande capital, o número destas não é suficiente para suprir a demanda. Assim, os problemas da unidade visitada eram: superlotação; falta de médicos; inoperância do SISREG; e obsolescência de equipamentos, o que gera uma estagnação em sua função. Na CASAI, constatou-se outra realidade dos serviços de saúde, em que estes se realizam conforme o sistema de referência e contrarreferência e com devido acompanhamento dos pacientes pela equipe e órgãos competentes. Entretanto, um ato falho destacável é a ausência de respeito à separação por etnias, pois os indígenas apresentavam-se misturados sem se considerar suas particularidades.Considerações finais: Em todos os serviços de saúde visitados, estes se apresentaram como um aprendizado das partes que compõem o caleidoscópio que é o SUS. A experiência nas RAS pôde acrescentar que estas são uma estratégia viável e necessária para o bom e integrado funcionamento deste.Um dos grandes pontos positivos foi a interação dos acadêmicos com funcionários e pacientes, situação de grande valia para a aquisição de capital humano, com contribuição para a obtenção da responsabilidade social com a saúde da população e com a consolidação do SUS. Com isso, a formação médica aprimora-se, pois o acadêmico de Medicina, quando formado, já se encontra inserido no Sistema Único de Saúde.

4285 AÇÕES PEDAGÓGICAS DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: a experiência em uma especialização semipresencial embasada nas metodologias ativas
Fernanda Marques de Souza, Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Bruno Vinicius Dantas Bezerra, Priscílla da Fonsêca Nascimento, Herivânia de Melo Ferreira e Oliveira

AÇÕES PEDAGÓGICAS DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: a experiência em uma especialização semipresencial embasada nas metodologias ativas

Autores: Fernanda Marques de Souza, Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Bruno Vinicius Dantas Bezerra, Priscílla da Fonsêca Nascimento, Herivânia de Melo Ferreira e Oliveira

INTRODUÇÃO: A preocupação em preparar profissionais na área de saúde aparece na Carta Constitucional (1988), no Art. 200, inciso III ao falar em “ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde” e na Lei Orgânica de Saúde 8080/1990, Art. 27, inciso I ao tratar sobre a “organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal”. Além dos documentos legais que subsidiaram a produção desse material, recorreu-se a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (EPS), por ser a estratégia utilizada para redimensionar a dinâmica dos serviços de saúde enquanto estratégia de ‘prática de ensino aprendizagem’ (CECCIM; FERLA, 2008) e ser política orientadora de diversos cursos e especializações. O percurso metodológico da utilizado na especialização, assentado na abordagem construtivista, provoca no especializando o continuo processo de reflexão, questionamentos e avanços na elaboração de ações/estratégias, como também dos demais sujeitos políticos envolvidos no processo, como tutores, especialistas e facilitadores. É oportuno destacar que, neste curso de especialização, o uso da abordagem já explicita e o objetivo que se pretende alcançar é discutir junto com os especializandos a necessidade em tomar decisões embasadas em evidências. A conjuntura política, econômica e social é outra, logo os problemas mudam, camuflam-se escondendo o quão são complexificados. Como marco do retrocesso do ponto de vista da qualidade do que é público, destaca-se o período pós- constitucional que se tem o engajamento do governo no tocante a implantação da agenda de cortes sociais. Nessa conjuntura de fragmentação dos ganhos constitucionais se nota a dedicação da mídia, dos capitalistas e governantes em disseminar o quão oneroso é o sistema público. Quanto a essa informação, chama-se atenção para o fato de que um curso que se propõem para a defesa do serviço público e de profissionais bem preparados é uma forma de resistência a tantos desmontes conjunturais, articulado a luta pela manutenção de estratégias de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e de resistência a todo movimento de privatização e sucateamento da saúde pública. É necessário organizar-se e pleitear espaços de controle e participação de profissionais e usuários, sair do campo da prática mecânica e galgar espaços de debate e ações em defesa do SUS, a partir da organização de ações embasadas em estudos referenciados, concomitantemente, a partir da metodologia espiral construtivista provocar mudanças e ampliar o leque de aprendizagem dos sujeitos envolvidos. OBJETIVO: discutir ferramentas pedagógicas de educação permanente em saúde, a partir das metodologias ativas com destaque para a espiral construtivista, na potencialização das ações em saúde em nível da macro e micropolítica de saúde no estado da Paraíba, por meio do curso de especialização apoiado pelo Ministério da Saúde no ano de 2017. DESENVOLVIMENTO: Durante o curso, foram analisadas as principais ferramentas pedagógicas que foram disparadoras da ação multiprofissional na execução das atividades exigidas na especialização, bem como no desenvolvimento de atividades nos cenários profissionais enquanto transformadoras da realidade local. Destacam-se como mecanismos pedagógicos: a formação das equipes de trabalho, onde os primeiros encontros são marcados por acordos coletivos; apresentação da sistemática do curso (atividades, vídeos, discussões e questões de aprendizagem dentre outras) e as intervenções dos especialistas nos produtos de cada encontro. O uso das metodologias ativas, na perspectiva do espiral construtivista em um país demarcado por uma educação bancária, que nesses moldes, limita-se ao repasse de conteúdo de teor conservador atrelado a manutenção da ordem econômica vigente, cuja proposta é formar uma mão de obra mecânica, que não problematize e seja subserviente, é um ato revolucionário por organizar, implantar e implementar uma especialização com esse perfil; outra prática é o CINE-VIAGEM que se compromete com a exposição de um filme, que de modo geral, traga elementos para discussão que estejam em consonância com os princípios norteadores de cada encontro, acontecendo coletivamente e de forma partilhada. Depois de assistir o filme, os especializandos eram incumbidos de refletir em casa e no dia posterior a trazer o registro da análise que acontecia no grupo menor, posterior a esse momento, novamente se debruçavam sobre o material e, a partir do diálogo, uma nova síntese acontecia; outra prática eram as Questões de Aprendizagem que se referiam à entrega de recortes de problemáticas em saúde, leitura e discussão coletiva, seguindo a formulação de hipóteses do problema geral. Formuladas as questões de cada hipótese (caso tivesse mais de uma) que deveriam ser respondidas e/ou problematizadas por meio da pesquisa científica, buscava-se provocar no especializando a relevância em debruçar-se na referência científica como estratégia de resolução dos problemas de saúde. Por fim, havia a Construção do Portfólio e Trabalho de Conclusão de Curso, que diz respeito ao portfólio, onde o material poderia ser construído também de modo lúdico ou nos moldes mais tradicionais (material escrito, seguindo as normas básicas de formatação, mas o material escrito em si deveria de modo “livre” expressar todo o percurso do especializando). É salutar destacar que durante toda especialização havia espaços para construção e orientação de ambas as atividades, porém na elaboração do portfólio se deixava livre o processo do especializando no decurso do curso.  Havia ainda o Projeto Aplicativo, sendo uma atividade complexa tanto pelo número de integrantes representando cidades diferentes, formações e ocupações bem diversas. A proposta era desenvolver uma ação em determinada cidade, cujos sujeitos da especialização eram referência nas articulações entre o grupo e a gestão da região, e disparar ações de educação permanente em saúde com os profissionais de saúde e o nível de assistência delimitado. RESULTADOS: é visível a partir das produções de Projeto Aplicativo, TCC, Portfólio e Questões de Aprendizagem as mudanças na postura política e profissional de cada aluno/a no que diz respeito ao cumprimento das atividades do curso que de modo geral expressaram mudanças na prática profissional. Essa evolução foi acompanhada no decurso de cada etapa vencida, tendo em vista que a cada módulo ocorriam avaliações e registros das sínteses. CONSIDERAÇÕES FINAIS: no que tange a especializações e cursos d extensão, são quantitativamente poucos que se utilizam a Metodologia Ativa na organização pedagógica das atividades, alguns processos de formação se valem dessa metodologia, porém não possuem entendimento do que sejam as Metodologias Ativas, com enfoque para a espiral construtivista e no impacto provocado no cuidado em saúde.  Esse curso possibilitou aos especializandos a aproximação conceitual e prática das Metodologias Ativas e com isso provocou mudanças nos espaços sócio-ocupacionais, onde os participantes se encontram inseridos, oriundos das diversas cidades da primeira macrorregião de saúde da Paraíba, propiciando um novo olhar em saúde e nova forma de exercício profissional, comprometido com a qualidade do atendimento e dos serviços, com vias a ratificação de uma saúde universal, integral e equânime para toda a sociedade, independente de sua condição financeira.