196: Encarando a complexidade do trabalho em saúde: a aprendizagem no cotidiano dos serviços
Ativador: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FCA 02 Sala 04 - Curimatã    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
2465 Educação Permanente em Saúde na Unidade de Pronto Atendimento: Reflexões sobre o olhar dos trabalhadores e vivência em rede
Paula Bertoluci Alves Pereira, Claudielle de Santana Teodoro, Rosimary de Oliveira Pedrosa, Cristiane Lopes de Souza, Talita Luíza Faria, Elaine Aparecida dos Santos Marques, Ivone Aparecida de Souza, Sueli Sakumoto

Educação Permanente em Saúde na Unidade de Pronto Atendimento: Reflexões sobre o olhar dos trabalhadores e vivência em rede

Autores: Paula Bertoluci Alves Pereira, Claudielle de Santana Teodoro, Rosimary de Oliveira Pedrosa, Cristiane Lopes de Souza, Talita Luíza Faria, Elaine Aparecida dos Santos Marques, Ivone Aparecida de Souza, Sueli Sakumoto

INTRODUÇÃO : O município de São Bernardo do Campo (SBC) é dividido em nove territórios de saúde, levando em consideração as similaridades e deslocamentos geográficos e composto pelas unidades básicas de saúde (UBS) e por uma Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Já os serviços da atenção especializada, dentre eles a saúde mental, estão distribuídos enquanto base municipal sendo que as equipes organizam-se de forma territorial a fim de promover a melhor conexão em rede. A UPA é serviço de retaguarda para as urgências e emergências e pode atuar como observatório da rede de saúde do território, dando subsídios acerca dos agravos mais frequentes e dos desafios cotidianos para garantir a continuidade do cuidado. Para promover a articulação do cuidado em saúde, cada território possui uma equipe de apoiadores, que é uma estratégia da secretaria de saúde para produzir a conexão em rede a partir das linhas de cuidado e casos complexos. O apoiador em saúde é um profissional com formação em saúde coletiva, vivências em apoio matricial e institucional que tem por finalidade apoiar e articular tanto na rede de saúde como intersetorialmente, realizando a interface com profissionais que dão a assistência direta aos usuários do SUS, com vistas a garantir a integralidade. A equipe de apoio do território cinco quinzenalmente faz discussões junto à assistente social, responsável técnica e gerente em torno dos casos complexos que necessitam da construção de estratégias para o cuidado. Em janeiro de 2016, por meio de reuniões com a gerente foi identificado a necessidade da criação de espaço de educação permanente para os trabalhadores da UPA, dado a inserção de novos profissionais. Ao mesmo tempo, percebeu-se que havia necessidade em abordar temas relacionados à saúde mental e violência bem como à composição dos fluxos e dos serviços que compõe a rede.   OBJETIVOS: Apresentar a rede de saúde de SBC e o funcionamento de cada serviço; Garantir a articulação de rede e gestão do cuidado compartilhado; Discutir as temáticas relacionadas as demandas do serviço; Aproximar a equipe de apoiadores em saúde do cotidiano da Urgência e Emergência e integrar os profissionais da UPA Silvina Ferrazopólis, nas diretrizes existentes no município.   METODOLOGIA Foram realizados cinco encontros com trabalhadores da saúde de todos os plantões, no período de março a setembro/2016 sendo abordado os seguintes temas: 1 – Reconhecimento da Rede de Cuidado do Município de São Bernardo do Campo. 2- Trabalho em Rede e entre Secretarias a partir da UPA. 3- Trabalho de Campo: Vivências dos trabalhadores nos diferentes pontos de Atenção à Saúde de São Bernardo do Campo (Consultório de Rua, Unidades Básicas de Saúde, Centro de Atenção Psicossocial, Centro de Atenção Pronto Atendimento de Saúde Mental, Atividades realizadas no Programa de Bem com a Vida. 4 – Feedback sobre os encontros realizados. 5- Discussão da Rede de Violência. A temáticas abordadas comtemplaram os trabalhadores de todos os turnos. Cada encontro teve duração de cerca de 2 a 3 horas. Cada encontro promoveu o compartilhamento de saberes entre os trabalhadores que fizeram reflexões e problematizações frente às atividades vivenciadas.   RESULTADOS: As diversas temáticas discutidas nos encontros, possibilitou aos participantes o domínio maior sobre a constituição da rede de saúde em SBC, sua lógica de funcionamento a partir das vulnerabilidades do território e de como se programa a gestão do cuidado. Discutimos principais desafios enfrentados pela rede, articulação de rede e as políticas públicas de saúde, dando visibilidade as demandas enfrentadas diariamente pelo serviço, tais como: violência contra populações vulneráveis e principalmente na temática à mulher e cuidado a usuários com sofrimento psíquico e álcool e outras drogas. Essas reflexões foram fundamentais, pois também cabe destacar que o grupo trouxe muitas vivências pessoais sobre o acesso a saúde antes e depois da Lei 8080/90, dialogando no tempo histórico as fragilidades e potencialidades do SUS, mas que hoje percebem como os princípios e diretrizes garante a equidade no cuidado.   CONSIDERAÇÕES FINAIS: A oferta de educação permanente aos trabalhadores da UPA e a dinâmica do curso na proposta de metodologia ativa e atividades de dispersão, auxiliou no fortalecimento da equipe de saúde e melhor aproximação de diálogo entre serviços e comunidade. Os profissionais da UPA avaliam a necessidade de um espaço de educação permanente constante, para melhoria do desempenho profissional, qualidade do serviço, garantindo a conexão entre os dispositivos da rede.   

4307 COMO ATENDER BEM SEU PACIENTE LGBTIQ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Lorena Praia de Souza Bezerra, Ana Carolina Monge Vieira, Étila Dellai Campos, Manuela Colle, Maíra de Oliveira Lelis, Valéria Priscila Neves de Souza

COMO ATENDER BEM SEU PACIENTE LGBTIQ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Lorena Praia de Souza Bezerra, Ana Carolina Monge Vieira, Étila Dellai Campos, Manuela Colle, Maíra de Oliveira Lelis, Valéria Priscila Neves de Souza

APRESENTAÇÃO Por meio do estudo do currículo do curso de medicina na Universidade de Caxias do Sul, percebeu-se que o atendimento à população LGBTIQ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexuais e ‘queer’) não é comumente abordado, tornando o conhecimento dos estudantes lacunoso com relação à assistência destes indivíduos e causando certa insegurança por parte dos acadêmicos e futuros profissionais da saúde no atendimento de membros dessa comunidade. Visto isso, resolveu-se realizar um evento multidisciplinar a fim de capacitar estudantes da área da saúde para que estes possuíssem um conhecimento básico a respeito das diferentes orientações sexuais dos indivíduos LGBTIQ e para que soubessem como abordá-los corretamente, principalmente com relação a saúde sexual. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO Para a realização do evento, foram abertas 90 vagas, das quais 79 foram preenchidas, e duas palestrantes foram convidadas para discorrer: uma psicóloga e uma ginecologista e sexóloga. A primeira palestra foi ministrada pela psicóloga, que abordou questões relacionadas às diferenças entre os membros da comunidade LGBTIQ, abordando assuntos com a orientação sexual destes e as suas peculiaridades. A segunda foi ministrada pela ginecologista e sexóloga que abordou a forma correta de trabalhar a saúde e a sexualidade destes indivíduos. Posteriormente houve uma mesa de debates, na qual os acadêmicos presentes puderam, de forma anônima, questionar os componentes da mesa sobre assuntos relacionados a saúde LGBTIQ. Os membros da mesa redonda eram as duas palestrantes, o vice-presidente da ONG Identidade LGBT, uma psicóloga homossexual, uma assistente social especializada no atendimento dessa população e uma mulher transexual. Para a mensuração do impacto do evento, foram realizados questionários pré e pós, sendo o questionário pré-evento realizado no momento da inscrição dos acadêmicos, e o questionário pós-evento ao final das palestras, na forma de jogo online. RESULTADOS O questionário pré-evento demonstrou que pouco mais da metade dos participantes sabia como abordar os pacientes dentro de suas particularidades, ou a diferença entre travesti, transexual ou transgênero (51.9% e 55.7% de acertos, respectivamente); já 88.6% sabia a diferença entre gênero e sexo. O questionário pós-evento teve nas questões sobre o que é identidade de gênero e os critérios de redesignação sexual os melhores índices (88.2% e 85.3% de acertos, respectivamente). O questionamento de menor índice de acertos (23.5%) abordava o fato de ser considerado crime ter HIV e/ou ser homossexual em alguns países. Acredita-se, entretanto, que a menor abordagem sobre HIV e SIDA durante a palestra seja um dos motivos deste baixo índice. CONSIDERAÇÕES FINAIS O mote do evento e a abordagem dos palestrantes acarretou uma participação ativa e um debate enriquecedor entre os participantes, gerando um bom resultado no esclarecimento e desconstrução de preconceitos sobre a população LGBTIQ, tal afirmativa é comprovada por meio dos resultados obtidos no segundo questionário. O primeiro questionário, entretanto, evidencia a necessidade de trabalhar esse tema continuamente com os acadêmicos para que estes desenvolvam cada vez mais sua habilidades médicas no atendimento às diferentes populações.

4312 Formação de profissionais de saúde em Promoção e Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho – um tema em construção em diálogo entre a academia e os movimentos sociais
Gislei siqueira knierim, Andre Luiz Dutra Fenner, jorge Mesquita Huet Machado, Leandro Araújo da Costa, Bianca Coelho Moura, Augusto Cezar Dalchavion

Formação de profissionais de saúde em Promoção e Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho – um tema em construção em diálogo entre a academia e os movimentos sociais

Autores: Gislei siqueira knierim, Andre Luiz Dutra Fenner, jorge Mesquita Huet Machado, Leandro Araújo da Costa, Bianca Coelho Moura, Augusto Cezar Dalchavion

A organização dessa formação de profissionais de saúde, Curso de Especialização em Promoção e Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho e modalidade Curso Livre acontece de forma articulada entre a Rede de Médicos e Médicas Populares das sessões do Ceará e de Pernambuco com o Programa de Promoção à Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília visando realizar um curso de lato sensu para a capacitação de trabalhadores da saúde para atuarem nos territorial produzindo melhoras para a população na construção de territórios saudáveis e sustentáveis (TSS), especialmente na região do semiárido brasileiro. A mesma tem como objetivos contribuir na qualificação e fomento do debate de novos conhecimentos e saberes, especialmente na construção dos Territórios Saudáveis e Sustentáveis no campo da promoção e vigilância em saúde, ambiente e trabalho na perspectiva da implantação das Políticas Nacionais de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora visando o fortalecimento do Sistema Único de Saúde –SUS e suas relações intersetoriais e práticas participativas de base territorial. Para dar operacionalidade ao processo formativo constituiu-se uma coordenação pedagógica compartilhada entre a rede de médicos e médicas populares e as unidades da Fiocruz Brasília, Pernambuco e a Escola Joaquim Venâncio, que acompanha todas as etapas, desde a concepção e elaboração da proposta educativa e agora na operacionalização da mesma, com diferentes atribuições e responsabilidades como exemplo a certificação que será dada pela Escola Fiocruz de Governo (EFG). O curso utiliza-se da pedagogia da alternância em que o processo está organizado em tempo presencial e tempo comunidade. O período presencial está estruturado em tempos educativos (sala de aula, leitura, organização em núcleos e cultural), nesses tempos educativos se trabalha com diversas metodologias e linguagem( música, filmes, cordel, arte, mística), orientações de leituras(literatura brasileira e latino-americana, clássicos do pensamento brasileiro, produções técnicas),  todos com um intencionalidade pedagógica clara e objetiva que na articulação deles constitui o  processo de formação integral desejado que vai para além da técnica chegando na politecnia na integração do sujeito no mundo. A sua organização curricular compreende 3 ciclos formativos estruturantes, composto de 12 módulos com atividades presenciais e tempo comunidade, e que têm a proposta de compartilhar saberes entre pessoas vinculadas ao debate de saúde, do meio ambiente e o mundo do trabalho. Além dos militantes de diversos coletivos de movimentos sociais, participam também profissionais, estudantes e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Os módulos do curso acontecem uma vez por mês, e estão em estágios de desenvolvimento diferentes em cada localidade (Fortaleza e Caruaru) onde se desenvolve os cursos. Os ciclos buscaram dar uma formação ampla e abrangente aos participantes no sentido de desenvolver um pensamento crítico e reflexivo no campo de entendimento do processo de desenvolvimento econômico e social, formação do povo brasileiro e  determinação social da saúde; a perspectiva histórica e epistemológica de formação do sistema de saúde brasileiro com a produção de métodos e processos de trabalho na execução de políticas públicas de saúde, especialmente as destinadas a produção de equidade na população; e por último no aprendizado de trabalhar com a promoção e vigilância em saúde de base territorial para dar respostas efetivas, eficazes e eficiente na produção de melhorias e bem estar para a população brasileira. Além das disciplinas, os participantes deverão cumprir a realização de portfólios sobre seu processo de ensino-aprendizagem vivenciados durante todo processo formativo, um projeto de intervenção junto à comunidade de base territorial que produzam ações de promoção e vigilância à saúde, ambiente e trabalho realizado de forma coletiva que busquem resolver problemas persistentes na população atendida pelo sistema de saúde; assim como de um trabalho de conclusão de curso (TCC) individual sobre uma temática específica ou sobre seu processo formativo. Vale a pena ressaltar que esse processo formativo também vem sendo oferecido em formato de cursos livres, a sujeitos interessados que não possuem os requisitos legais de participar como especializando, uma ação que busca a integração de outros trabalhadores que seriam até então excluídas desse processo de formação são cerca de 40 profissionais nesta situação que fazem a diferença, pois trazem a realidade e a complexidade do cotidiano e da vivência nos territórios, assim como enfatizam a necessidade da integração das ações dos diversos profissionais da saúde na resolução de demandes da população. Grande parte desses participantes de cursos livres são de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e lideranças comunitárias, essa ação busca a quebra de paradigmas entre os profissionais de saúde, assim como no sentido de trazer os educandos na prática diária de resolução de demandas da comunidade. Os dois cursos contarão com a formação final de mais de 100 especializandos nesse tema, produzindo cerca de 40 projetos de intervenção que poderão serem replicados e adaptados por outros profissionais na solução dos problemas de saúde nos territórios. Esses projetos de intervenção trabalham com diferentes abordagens como: da produção de uma agricultura agroecológica, melhoras de processos de trabalho das unidades de saúde da família, formação de conselheiros de saúde, promoção de saúde em jovens de movimentos populares, redução de riscos, saúde Mental, gênero, populações em situação de vulnerabilidade, saneamento rural para assentamentos na busca por soluções adequadas no momento que o país recepciona o Plano Nacional de Saneamento Rural (PNSR). Esses projetos contam com a supervisão de tutores locais que fazem uma orientação dos projetos no território que vem sendo desenvolvidos, e com o acompanhamento da coordenação pedagógica do curso. A coordenação pedagógica do curso é realizada de forma compartilhada entre a rede de médicos e médicas populares e as unidades da Fiocruz Brasília e Pernambuco, sendo que a certificação será dada pela Escola Fiocruz de Governo (EFG). Essa formação é uma busca de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), numa perspectiva de resignificar a compreensão da saúde a partir da Determinação Social da Saúde e desenvolver um estilo de pensamento alicerçado na saúde coletiva, com a organização de ações e respostas no campo da promoção e vigilância em saúde, ambiente e trabalho de base territorial.

3107 Institucionalização das práticas de Monitoramento e Avaliação na cultura organizacional: uma experiência a partir de estratégias de qualificação
Gisela Cordeiro Pereira Cardoso, Elizabeth Moreira dos Santos, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Luiz Marquez Campello, Ana Claudia Figueiró, Dolores Maria Franco de Abreu, Egléubia Andrade de Oliveira

Institucionalização das práticas de Monitoramento e Avaliação na cultura organizacional: uma experiência a partir de estratégias de qualificação

Autores: Gisela Cordeiro Pereira Cardoso, Elizabeth Moreira dos Santos, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Luiz Marquez Campello, Ana Claudia Figueiró, Dolores Maria Franco de Abreu, Egléubia Andrade de Oliveira

Apresentação: A institucionalização do Monitoramento e da Avaliação (M&A) como uma ferramenta reflexiva de gestão tem se tornado cada vez mais importante nas agências governamentais. Desde a virada do milênio, este tópico tem capturado o interesse dos teóricos da avaliação, dos pesquisadores e dos gestores, já que o aprimoramento da capacidade avaliativa dos profissionais e das organizações é uma questão absolutamente importante para a avaliação como campo profissional (Primos, et al., 2014). Em 2003, em conjunto com o Ministério da Saúde (Departamento de AIDS e Hepatites Virais), o Laboratório de Avaliação, LASER, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Laser/Ensp/Fiocruz), e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) conduziram um diagnóstico situacional. Naquele momento identificou-se uma baixa capacidade operacional e baixo valor dado ao M&A dentro da instancia governamental, sendo estas funções vinculadas primordialmente à auditoria e produção de conhecimento, mais especificamente avaliação como pesquisa acadêmica voltada para responder questões temáticas específicas. M&A não apareciam institucionalizados como ferramentas de gestão, mas como estudos e pesquisas. Algumas estratégias foram, então, escolhidas para abordar o problema, ou seja, a necessidade de capacitar e formar quadros técnicos do Ministério da Saúde (MS) em M&A. Optou-se pela estruturação de um programa de formação e capacitação compreendendo a institucionalização do M&A, como uma iniciativa de fomentar a interação de redes sócio-técnicas (Santos e Natal, 2007; Latour, 1996), abrangendo diferentes níveis de discursos estratégicos e de práticas em M&A, a saber: oficinas (presenciais e em ambiente virtual) para a melhoria das ações (massificação); cursos de especialização e mestrado profissional para a construção de uma comunidade de práticas; treinamentos específicos realizados por especialistas nacionais e internacionais envolvendo parceiros chave  em temas considerados críticos para as necessidades em M&A do MS. Estas atividades envolveram teoria e prática em avaliação econômica, time and space sampling methodologies; e seminários e eventos nacionais e internacionais para a capacitação conjunta da rede de pesquisadores e da rede de profissionais de alta qualificação do MS em métodos e técnicas aplicados ao M&A. Desta forma, um esforço para integrar os usos instrumentais, conceituais e simbólicos da avaliação vem sendo feito pela administração da saúde pública. As seguintes premissas foram consideradas para o desenvolvimento e implementação dos processos de capacitação e formação: 1. A gestão e mobilização de conhecimentos para o fomento da cultura de M&A, de suas práticas como reflexão situada para mudança, utilizando como suporte pedagógico um aprendizado participativo baseado na problematização, e nos princípios de educação emacipatória de Paulo Freire (1987 (1970)). 2. As operações de translação como essenciais para a construção de conexões de uma rede sócio técnica em M&A como base para a institucionalização das práticas em M&A.   O objetivo é descrever a experiência desenvolvida pelo LASER/ENSP/FIOCRUZ com o Ministério da Saúde, para a incorporação de ferramentas de M&A para os processos de tomada de decisão e sua disseminação dentro da cultura organizacional. Proposta Desenvolvimento do trabalho: A abordagem pedagógica adotada nas diferentes iniciativas baseou-se na "Pedagogia de Problematização" de Paulo Freire, em que o trabalho e o ensino, a prática e a teoria são articulados, valorizando o conhecimento dos participantes. A pedagogia da problematização inverte o ciclo cognitivo do ensino tradicional da teoria à prática. Parte-se da prática problematizada, procede-se à sistematização e ao confronto do objeto sistematizado (prática) com as abordagens teóricas disponíveis, refazendo-se uma nova prática em situação. O aprendizado e ensino são entendidos como processos imbricados, em que os “atuantes” se hibridizam nas operações de problematização, motivação e mobilização, essa última entendida como pré condição para a construção de conexões e alianças (Clavier et al, 2011; Canadian Institute of Health Research, 2013; Abreu et al, 2017). É importante destacar a diferença radical desta concepção de translação daquelas que abordam a transferência de conhecimento como um fluxo unidirecional entre os que sabem e os que não sabem. Em outras palavras, que se baseiam em concepções que consideram o ensino aprendizado como processos de mera transferência de conhecimento. Resultados: Como principais resultados podemos destacar que de 2005 a 2017 foram realizados quatro cursos de especialização, sendo três na modalidade de Educação da Distância, quatro mestrados profissionais e 20 oficinas, treinando aproximadamente 600 profissionais e gestores no campo do M&A. Como parte dos processos de disseminação e difusão de M&A foi estimulado o estabelecimento de uma rede socio técnica de avaliadores. Para isto foram realizadas atividades que incluiram: seminários nacionais e internacionais (2009, 2015); a colaboração na criação do Curso de Mestrado em M&A da Jimma University, Etiópia; a organização de uma edição especial de uma revista científica de saúde pública sobre esta temática, a fim de promover a produção científica, trocar experiências e aumentar a rede de M&A (Maio 2017); a produção de material didático gratuito em plataforma digital em conjunto com a EAD da ENSP, disponibilizado como suporte para qualquer pessoa que queira consultá-lo e a elaboração de um livro sobre Métodos Mistos e como forma de descrever as experiências brasileiras sobre estudos de avaliação em saúde e fortalecer a produção científica de M&A. Todo o material produzido nas oficinas e cursos é disseminado e sua metodologia de construção é compartilhada de forma que seja fácil de replicar. Como possíveis efeitos destas e de outras estratégias para promover a incorporação das ações de M&A podemos elencar: uma primeira seleção para o perfil de avaliador em saúde para o quadro técnico do Ministério da Saúde, em 2013; a recente criação de um grupo de trabalho para elaborar a Política Nacional de Monitoramento e Avaliação em Saúde, em 2017; e a incorporação de práticas avaliativas entre as inúmeras políticas nacionais de saúde. Apesar dos inúmeros avanços e do contínuo reconhecimento da importância do M&A alguns desafios permanecem. Todas estas iniciativas constituem um grande esforço na formação de avaliadores. A problematização não oferece a certeza do “certo e errado”, mas a complexidade do provisório. Esta proposta político pedagógica adotada, por meio da apresentação e realização de atividades emergentes da experiência de cada um, antes do conteúdo conceitual provoca um estranhamento em uma boa parte dos participantes, gerando certo desconforto, principalmente na fase inicial das oficinas e cursos; os problemas do mundo real do trabalho em saúde são complexos e em ambiente de contínua tensão técnica e política. Neste sentido, principalmente algumas iniciativas, como as oficinas e os cursos, ainda necessitam de melhores mecanismos de motivação e mobilização dos participantes. Como lições aprendidas podemos destacar que o estabelecimento de uma ampla rede sócio técnica é fundamental para a institucionalização do M&A como uma ferramenta de gestão em diferentes níveis governamentais.