193: A formação profissional em saúde nas tensões entre saberes tradicionais e biomédicos
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 01 Sala 05 - Buriti    Horário: 15:30 - 17:30
ID Título do Trabalho/Autores
1265 Memórias de Parteiras: o ato de cuidar numa prática feminina
JOSE PAULO GUEDES SAINT CLAIR, ALINE MARIANA SILVA CANDIDO, LETÍCIA GRIGOLETTO, FABIANA MÂNICA MARTINS

Memórias de Parteiras: o ato de cuidar numa prática feminina

Autores: JOSE PAULO GUEDES SAINT CLAIR, ALINE MARIANA SILVA CANDIDO, LETÍCIA GRIGOLETTO, FABIANA MÂNICA MARTINS

APRESENTAÇÃO: A arte de partejar das parteiras ainda é pouco conhecida nos ambientes acadêmicos e o diálogo entre a ciência hegemônica e a tradicional se faz necessário, pois acreditamos que ambas têm assuntos em comum quando se trata de mulheres que cuidam de outras mulheres em um momento único da vida: trazer outro ser à vida, parir. As parteiras desenvolvem um papel único e a história oral de vida revela-se como uma preciosa ferramenta no registro desse cuidado milenar. A pesquisa tem como objetivo primário compreender o significado da experiência de cuidado à mulher, durante o processo de parto e nascimento domiciliar, além de entender a situação das parteiras dentro da Rede Cegonha no SUS, sua forma específica de conviver com a natureza e atentar para os saberes e práticas acumuladas tradicionalmente pelas parteiras como uma prática de cuidado à saúde. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória, com abordagem qualitativa, fundamentada na História Oral Temática, pois permite compreender o trabalho e vivência de parteiras tradicionais sob seu próprio ponto de vista, atentando-se para as visões subjetivas e para as diferentes maneiras de ver e sentir. Utilizar-se-á como instrumento a entrevista semiestruturada contemplando a vivência de parteira, bem como sua percepção pessoal. O cenário da pesquisa serão os municípios que compõem as Regiões de Saúde e aqueles que são sede das microrregiões do Estado do Amazonas. Os critérios de inclusão: auto-atribuição como parteira e estar cadastrada no banco da SUSAM. Os critérios de exclusão: ser indígena; menores de 18 anos. O projeto obteve aprovação do Comitê de ética e de Pesquisa através do CAAE Nº 62081516.0.0000.0005. RESULTADOS: O presente estudo ainda está em andamento, contudo estudar o trabalho das Parteiras Tradicionais significa mudar as nossas concepções sobre as ações dessas mulheres no campo da saúde, garantindo o seu lugar como um agente de saúde nos territórios. Sua prática traz alguns temas importantes para a saúde da mulher como: cuidado, redes vivas, territorialidade, humanização, participação social, historicidade. Atualmente, são pouco estudados e conhecidos os procedimentos que realizam, suas técnicas, crenças, orações, métodos utilizados, etc. Portanto, o tradicional não está na oposição do moderno e nem está do lado do atraso, mas está associado a uma memória e uma história que tem sentido para um determinado grupo social, carregando marcas do passado, mas ressignificada e transformada por ações do presente. É inegável a carência de estudos desse tipo utilizando uma visão mais aprofundada com parteiras no Brasil, incluindo o Amazonas, um estado em que estas mulheres são essenciais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Apesar do avanço da tecnologia, a produção do cuidado das parteiras tradicionais continua a ser indispensável nos municípios do Estado do Amazonas. É essencial aprofundar cada vez mais os conhecimentos sobre sua atuação, sobre seu embasamento, suas técnicas tradicionais, sem dúvidas traria um enriquecimento enorme, tanto para o Sistema Único de Saúde (SUS), que se preocupa em englobar toda a população em seus serviços oferecidos, quanto para a sensibilização de profissionais de saúde para a importância do trabalho da parteira.

1459 O Cantinho do Chá : Vivências e práticas de acolhimento na Unidade Básica de Saúde do Grotão em João Pessoa
Andre Luis Bonifacio de Carvalho, Maria Janilce Oliveira Magalhaes, Helio Batista de Araujo Terceiro, Lucas Wanderley da Nobrega Faria de Barros, Hugo Salomão Furtado Grangeiro Mirô, Maria do Carmo de Amorim

O Cantinho do Chá : Vivências e práticas de acolhimento na Unidade Básica de Saúde do Grotão em João Pessoa

Autores: Andre Luis Bonifacio de Carvalho, Maria Janilce Oliveira Magalhaes, Helio Batista de Araujo Terceiro, Lucas Wanderley da Nobrega Faria de Barros, Hugo Salomão Furtado Grangeiro Mirô, Maria do Carmo de Amorim

Apresentação: O Projeto Cantinho do Chá vem sendo desenvolvido desde julho de 2017, como estratégia de intervenção no intuito de aprimorar as práticas de acolhimento, no âmbito da UBS do Grotão em João Pessoa, tendo em vista as avaliações negativas feitas pela população. Sua organização deu por meio de uma aliança entre trabalhadores, Residente de Medicina de Família e Comunidade (RMFC-UFPB) e  estudantes de graduação de medicina a princípio e posteriormente estudantes de fisioterapia e terapia ocupacional da UFPB, que propuseram a organização de uma nova dinâmica de acolhimento na UBS, buscando ressignificar a escuta, mudando parte da ambiência da UBS, integrado às ações de saúde, práticas vinculadas a uma horta comunitária, propiciando o uso de plantas medicinais na produção e consumo de chás;  introduzindo práticas de aurículoterapia e organização de grupos de trabalho. Sendo assim a construção do referido projeto buscou propiciar a vivência de alunos(as) de graduação e pós-graduação, no âmbito da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Grotão,  partindo do reconhecimento de um processo vivenciado pelas equipes na relação com a população adscrita, potencializando mecanismos de escuta em sinergia com as atividades da horta, reconhecendo as práticas populares no uso de plantas medicinais no apoiando a promoção de seu uso como elemento constitutivo da ação terapêutica, propiciando aos alunos envolvidos o contato com estratégias pedagógicas capazes de ampliar sua percepção para os múltiplos aspectos do processo saúde-doença. Desenvolvimento do trabalho: A referida proposta tem como base a construção de uma agenda de trabalho vinculada as ações da RMFC-UFPB, juntamente com os alunos de medicina (DPS/CCM) do primeiro ano e posteriormente a integração de alunos de fisioterapia e terapia ocupacional (DPS/CCM). Vinculados a este trabalho existem dois preceptores, um professor da UFPB/CCM/DPS,  e outro uma médica que juntamente com uma agroecologista, são vinculadas a UBS. Para dar vazão a referida agenda, foram realizadas uma série de reuniões com os Residentes e as equipes de saúde da UBS, alunos de graduação, como também feita a pactuação com a direção da UBS, propiciando a construção de linhas para a construção de uma agenda interna no intuito de qualificar as práticas do acolhimento.  As atividades são organizadas por semana, cada grupo de alunos possuem dinâmicas distintas, onde destacam-se: as práticas de acolhimento dos usuários, acompanhamento da escuta aos pacientes, participação dos grupos de trabalho com usuários da UBS, programação de oficinas e palestras para a comunidade, visitas guiadas às famílias e usuários na comunidade, reconhecimento do território e de seus equipamentos sociais, participação em reuniões com lideranças locais para conhecer a história do bairro, reconhecimento dos serviços e ações existentes nas UBS, participação de agendas de capacitação sobre as práticas envolvendo o manejo da horta, produção de chás feitos com as plantas medicinais, abordagem sobre auriculoterapia , aspectos inerentes a organização de um memento terapêutico, além dos  momentos de tutoria para a sistematização das experiências, com ênfase nas práticas integrativas. São trabalhados como instrumentos de aprendizado, a confecção de diário de campo e portfólio , com registro das experiências, impressões e estratégias vinculadas à qualificação do acolhimento, das práticas nos espaços dos grupos e reuniões na UBS, visitas às famílias, das práticas na horta e no uso de plantas medicinais. Cabe destacar também a montagem de um acervos de fotos e vídeo que ajudam na organização da memória do projeto. Resultados e/ou impactos: os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa; O projeto Cantinho do Chá, ainda é muito recente, mas podemos destacar o fortalecimeto dos trabalhos da Horta na Unidade Básica de Saúde, que já tem mais de 30 tipos de plantas, das quais 15 com registros na ansvisa, com possível utilização terapeuticas. A introdução do uso de chás na ritualistica do acolhimento de adultos e crinças, priorizando o uso das plantas da horta. A introdução de práticas qualificadas de escuta, a mudanças da âmbiencia da UBS e da lógica das equipes atenderem é um processo e franca construção. A adoção sistemático da aurículoterapia, como estratégia terapeutica, organziação de grupos de idosos e mulheres, a confecção de um memento terapeutico a partir das escutas dos usuários e as experiencias no manejo da horta tabém são resultados vivenciados no âmbito da UBS. Considerações finais. Como destacado, este é um processo muito recente, que vincula práticas acadêmicas envolvendo Residentes em Medicina de Família e Comunidade, alunos de graduação, docentes de uma Universidade Federal(UFPB), trabalhores(eas) de saúde, que no âmbito de uma UBS buscam construir uma aliança em torno da mudança de práticas envolvendo o aprimoramento das estratégias do acolhimento, na perspectiva da melhoria do acesso da população. Por ser um processo em franca construção, está sujeito a uma série de críticas, ajustes e reflexões no que tange às estratégias estabelecidas e as dinâmicas articuladas, porém do pouco que foi feito cabe destacar a (re)colocação da discussão do acolhimento na agenda das equipes, da gestão e da formação dos estudantes, passo importante para uma leitura mas solidária do cuidado em saúde.

1827 O TRABALHO DA ENFERMAGEM NA CASA DE APOIO A SAÚDE ÍNDIGENA: O OLHAR DOS ACADÊMICOS ENFERMAGEM
Aryanne Lira dos Santos Chaves, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Felipe Lima dos Santos, Gabriella Martins Soares, Nayara da Costa de Souza, Naiara Ramos de Albuquerque, Esron Soares Carvalho Rocha

O TRABALHO DA ENFERMAGEM NA CASA DE APOIO A SAÚDE ÍNDIGENA: O OLHAR DOS ACADÊMICOS ENFERMAGEM

Autores: Aryanne Lira dos Santos Chaves, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Felipe Lima dos Santos, Gabriella Martins Soares, Nayara da Costa de Souza, Naiara Ramos de Albuquerque, Esron Soares Carvalho Rocha

INTRODUÇÃO: A Casa de Saúde do Índio (CASAI) é definida segundo a Portaria 1.801, de 09 de novembro de 2015, como um estabelecimento de saúde responsável pelo apoio, acolhimento e assistência aos indígenas referenciados à Rede de Serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), para realização de ações complementares da Atenção Primária à Saúde e de Atenção Especializada, estendendo essa atenção aos acompanhantes, quando necessário. Ainda de acordo com a portaria, dentre as funções da Casai destaca-se: recepção aos pacientes encaminhados e aos seus acompanhantes, assistência de enfermagem 24 horas, desenvolvimento de práticas indígenas de cuidado, comunicação com a rede de referência de média e alta complexidade, marcação e acompanhamento dos pacientes para consultas, exames e internações, entre outras. Nesse contexto o enfermeiro vem assumindo um papel central na CASAI, possibilitando uma maior criatividade e autonomia no desenvolvimento das suas competências e, por outro lado, ampliando o nível da sua responsabilização, acarretando muitas vezes uma sobrecarga de trabalho. A enfermagem com o seu papel predominante de cuidador, educador e atualmente como gestor na CASAI, deve insistir na necessidade de articulação de ações de promoção da saúde com os demais membros da equipe de saúde e de outros serviços de saúde existente em Manaus, agregando saberes técnicos e populares, bem como mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados para o enfrentamento e resolução dos problemas de saúde a ser enfrentados no âmbito da CASAI. OBJETIVO: Descrever a experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem sobre a gestão do trabalho dos profissionais de enfermagem na Casa de Saúde Indígena (CASAI) de Manaus. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência dos acadêmicos de enfermagem do 8º período da Universidade Federal do Amazonas durante aulas práticas da disciplina “Saúde das populações Amazônicas”. A CASAI encontra-se localizada no quilômetro 24 da estrada AM-010. A mesma encontra-se sobre a coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus (Dsei Manaus) vinculado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Recebe por mês 100 pacientes que permanecem na instituição por média de três meses, esses são oriundos dos estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia. Sua estrutura possui características de um hospital de pequeno porte, contando com 41 leitos, dividido em enfermarias masculina e feminina; posto de enfermagem, isolamento e alojamento para crianças recém-nascidas e lactentes, coleta e análise da pesquisa de plasmódio, serviços farmacêuticos, de nutrição e psicologia, além do setor administrativo. O processo de trabalho é dividido em agendamento, onde há a organização e o planejamento dos procedimentos, do itinerário que o indígena percorrerá em seu tratamento e/ou recuperação fora da aldeia e da cidade de origem, e o posto de enfermagem onde a equipe é responsável pela assistência direta aos usuários e familiares do paciente internado. Inicialmente foi realizada visita ao local, conduzida pela enfermeira do plantão, objetivando o conhecimento da realidade vivenciada pelos profissionais de enfermagem e pelos usuários indígenas que ali se encontravam para tratamentos de saúde. Foi observado também a infraestrutura e seus setores organizacionais. Observamos ainda, o trabalho dos profissionais de enfermagem na prestação do cuidado aos pacientes indígenas e seus familiares. Após a vista, os acadêmicos foram divididos nos diversos setores existentes na CASAI. No caso específico desse relato, os autores permaneceram no setor de agendamento de consultas para os serviços especializados na rede do SUS. Esse setor contempla um conjunto de atividades tais como: organização dos serviços de logística, marcação de consulta, transporte de pacientes para as consultas, elaboração do resumo de alta dos pacientes para seu Distrito Sanitário de origem, confecção de relatórios técnicos, controle de entrada e saída de pacientes, etc. RESULTADOS: A vivência nos permitiu observar a complexidade do trabalho dos profissionais de enfermagem na CASAI, pois o trabalho desse profissional não se resume à questão biológica da doença que acomete o indígena. Para isso, o enfermeiro (a) precisa compreender as necessidades humanas afetas dos seus clientes, tendo em vista que, o mesmo encontra-se fora do seu local de origem, as relações inter-étnicas também deve ser um fator que a nosso ver, dificulta a estadia dos usuários indígenas, pois possuem costumes diferentes e forma de compreender o processo saúde e doença, justamente num momento de saúde fragilizada. Na CASAI, a enfermagem vem assumindo um papel importante na gestão do cuidado, observamos que a assistência de enfermagem é dividida em dois setores: o agendamento e o posto de enfermagem. No primeiro setor, trabalha uma enfermeira, cuja função é realizar ações relacionadas ao agendamento, principalmente, de consultas, exames e comunicação com os Distritos e demais serviços de saúde. No segundo, atuam os outros enfermeiros, conjuntamente com os técnicos de enfermagem, cujas principais responsabilidades são fornecer a atenção direta aos usuários e acompanhá-los nas consultas e demais procedimentos, realizados na complexa organização da referência dos serviços de saúde de Manaus. O enfermeiro é responsável por todo um fluxograma para a realização do agendamento de consultas. Com as redes do SUS os profissionais tentam integrar os indígenas com as especializações que necessitam. Após a consulta com o médico geral e com as solicitações de exames e consultas, os enfermeiros começam a inserir no SISREG e os acompanham até conseguirem as vagas nas unidades de saúde. Quando é realizado o agendamento, o indígena é avisado pela equipe que também controla os dias que eles terão que ir. Essa organização é feita através de pastas onde ficam organizadas as demandas por instituição de saúde e por data. Desta forma, é possível organizar tudo para que o paciente seja acompanhado e transportado até o local da sua consulta e que a equipe da CASAI também consiga acompanha-los para ter o controle do estado de saúde de cada um. Observamos também que os profissionais de enfermagem aprendem a lhe dar com as peculiaridades dos indígenas e conseguem trabalhar através da criação de meios de comunicação com o indígena respeitando sua cultura, e assim ganhando a confiança deles. Os indígenas formados como técnicos de enfermagem que trabalham na CASAI, são importantes para acompanhar os pacientes nas unidades de saúde e manter um dialogo entre profissional e paciente além de possibilitar o acompanhamento do quadro clínico dele fora da CASAI. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As aulas práticas na CASAI nos permitiram conhecer e refletir sobre o processo de trabalho da enfermagem no âmbito da saúde indígena e ir além da teoria absolvida em sala de aula. Nos dias em que estivemos presentes no local, podemos aprender e contribuir com o serviço, adquirindo um rico conhecimento teórico-prático para nossa vida profissional. Ressaltamos que, em nossa visão, o cenário estudado aponta para uma falha no trabalho da enfermagem, pois muitas vezes não se considera o sujeito e seu cuidado individual, além da fragmentação do cuidado, com espaços distintos entre quem planeja e quem presta atenção direta. O enfermeiro deve prestar seu cuidado de forma sistematizada para o bem estar do paciente, não deixando de realizar orientações, prescrever cuidados individuais e registrar para reforçar a importância da enfermagem e conquistar cada vez mais seu espaço.

2972 RESSIGNIFICANDO A FORMAÇÃO EM SAÚDE ATRAVÉS DA VIVÊNCIA EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS - RELATO DE EXPERIÊNCIA
Margarete Costa Santos, Elder Jeferson da Silva, Matheus Guirra Martins Ferreira, Thaís Fernanda Fernandes Amorim

RESSIGNIFICANDO A FORMAÇÃO EM SAÚDE ATRAVÉS DA VIVÊNCIA EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS - RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Margarete Costa Santos, Elder Jeferson da Silva, Matheus Guirra Martins Ferreira, Thaís Fernanda Fernandes Amorim

Apresentação: O processo de saúde-doença é complexo por compor-se pelas mais variadas dimensões que influenciam diretamente na construção do fluxo de cuidado do sujeito. Compreender esses aspectos coletivos ou subjetivos se faz de grande importância para a construção de um trabalho que consolide a teoria à prática de forma conjunta com a comunidade. Essa compreensão pode dá-se através da vivência em comunidade, meio de integração dos saberes da teoria e prática do vivido/ensinado sobre a territorialidade de determinada localidade, na perspectiva da educação popular, visando a mobilização individual e coletiva. Assim a vivência apresenta-se como importante ferramenta na complementação/formação de graduandos em cursos da área de saúde e afins. Nesta perspectiva objetivamos neste trabalho refletir o impacto das vivências em comunidades quilombolas na formação em saúde dos organizadores do primeiro Estágio Nacional de Extensão em Comunidades (ENEC) em Vitória da Conquista-BA. Desenvolvimento do trabalho: As experiências deste estágio partiram do modelo desenvolvido na Paraíba, onde objetiva proporcionar aos estudantes de diversas áreas de conhecimento vivências de extensão para compreensão da educação popular em saúde, associando teoria com experiências práticas em comunidades. Além disso, visa viabilizar uma formação destemida, pois possibilita a experimentação da realidade social, econômica e cultural de grupos populares, conhecendo sua história de lutas e organizações; o estabelecimento de ligação entre prática e teoria sobre educação popular como estratégia de promoção da melhoria da qualidade de vida; articulação de diversas áreas do conhecimento no desenvolvimento de ações voltadas à educação em saúde e controle social; e fomentar nos envolvidos habilidades e competências, expandindo a capacidade crítica desses para agirem em direção às transformações políticas-sociais. A vivência baseia-se no método de Mobilização Individual e Coletiva, instrumento pedagógico/metodológico que combina a pesquisa e a ação a partir da problematização, visando assim, um diagnóstico técnico de avaliação e troca de experiências entre viventes e vividos para a tomada de decisões, levando em consideração as mais diversas dimensões que constituem os territórios físicos e existenciais (históricas e geográficas, econômicas e políticas, sociais, culturais, religiosas, ambientais e biológicas). Resultados: A edição do ENEC em Vitória da Conquista contou com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação que passaram por oficinas de formação antes de adentrarem nas comunidades; após 12 dias de imersão na rotina das famílias quilombolas, os participantes retornaram, compartilharam e, refletiram sobre os momentos vivenciados. A experiência mudou o relacionar com o outro, seja esse outro um morador de uma comunidade tradicional ou não, pois nos percebemos mais sensíveis perante aos contextos das comunidades quilombolas. A experiência foi fundamental para a ampliação do olhar frente a necessidade das transformações sociais e da autotransformação para a mudança das práticas em saúde. Considerações finais: Evidencia-se que a vivência em comunidade contribuiu para a formação pessoal e profissional de todos envolvidos no processo de sua construção, desenvolvendo habilidades para o trabalho em comunidade tradicionais, assim como na expansão da capacidade crítica no que diz respeito a formação e aperfeiçoamentos de espaços democráticos de produção de saúde e conhecimento.