186: Esquadrinhar o território, quais possibilidade
Debatedor: A definir
Data: 02/06/2018    Local: ICB Sala 07 - Djúcu    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
793 Características relacionadas às políticas públicas de saúde e aos determinantes sociais de saúde no meio rural
Fabiana Regina da Silva Grossi, Kelly Nunes Crisostomo, Rafaela dos Santos Souza

Características relacionadas às políticas públicas de saúde e aos determinantes sociais de saúde no meio rural

Autores: Fabiana Regina da Silva Grossi, Kelly Nunes Crisostomo, Rafaela dos Santos Souza

Determinantes Sociais de Saúde (DSS) são fatores das condições de vida e trabalho de indivíduos e grupos de uma população que se relacionam com a saúde. No Brasil, as políticas públicas de saúde recebem reorientação a partir de 1988, quando os serviços de saúde têm como principais diretrizes a universalidade, a equidade e a integralidade, caracterizando-se como direito. O meio rural é carregado de especificidades relacionadas aos determinantes sociais de saúde, como as condições de vida e trabalho. O presente trabalho trata-se de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL) que teve como objetivo analisar as características relacionadas às políticas públicas de saúde e aos determinantes sociais de saúde no meio rural. A RSL se deu por busca eletrônica de artigos indexados no Portal Capes. Os descritores utilizados em português foram “Políticas públicas de saúde”, “Determinantes sociais de saúde” e “rural”, enquanto os descritores utilizados em inglês foram “Public health policies”, “Social Determinants of health”, “latin américa”, “rural” e “adult”. Os critérios de inclusão foram: somente artigos; publicados entre os anos de 2012 a 2017; qualquer idioma; periódicos revisados por pares. Os critérios de exclusão foram: artigos não empíricos, não estar de acordo com os objetivos da pesquisa, repetidos, artigos referentes somente a criança e a adolescentes; artigos não realizados em ao menos um país da América Latina. Foram selecionados 27 artigos no Portal Capes a partir dos 718 encontrados e após a leitura na íntegra dos artigos, ainda assim quatro artigos se encaixavam nos critérios de exclusão, sendo que, ao final, foram selecionados para a presente RSL 23 artigos. A população rural indígena foi uma temática abordada, visto que, a América Latina possui uma população rural considerável de indígenas, possuindo mais problemas de saúde quando comparada à população não indígena e urbana. Os idosos da zona rural apresentam mais prevalência de doenças do que idosos da zona urbana.  A falta de investimentos no meio rural pode ser apontada como fator que colabora para o êxodo rural entre idosos. Insegurança alimentar e obesidade foram características abordadas nos artigos da presente revisão, ressaltando que a prevalência da obesidade é alta, também, em áreas rurais. A valorização da medicina tradicional é apresentada como estratégia de melhoria para as políticas públicas de saúde no meio rural, considerando que, o uso de medicamentos alopáticos têm se apresentado como uma das principais ameaças a medicina tradicional, bastante utilizada em comunidades rurais. Os trabalhos apontam a prioridade para o segmento econômico do agronegócio nas regiões rurais, em detrimento da qualidade de vida da população que ali vive. Verifica-se a necessidade de se “pensar o rural” a partir de um conhecimento contextualizado em que se envolve as mais variadas informações e setores, levando em consideração os DSS para a formulação das políticas públicas de saúde em regiões rurais.

997 REGULAMENTAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO COCÓ: UMA EXPERIÊNCIA NA LUTA PELA PERMANÊNCIA DE UMA COMUNIDADE TRADICIONAL.
Raquel De Castro Alves nepomuceno

REGULAMENTAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO COCÓ: UMA EXPERIÊNCIA NA LUTA PELA PERMANÊNCIA DE UMA COMUNIDADE TRADICIONAL.

Autores: Raquel De Castro Alves nepomuceno

Objetivou-se descrever a experiência vivenciada por uma integrante Estratégia Saúde da Família (ESF) do municipio de Fortaleza durante o processo de reivindicação da integração de uma comunidade tradicional do território adscito da equipe, conhecida como Casa de Farinha, ao Parque Estadual do Cocó. Estudo descritivo com abordagem qualitativa, tipo relato de experiência, realizado entre os meses de maio a julho de 2017. Foi elaborada uma Mostra fotográfica sobre a Casa de Farinha no posto de saúde, trazendo imagens dos moradores, seus costumes e o ambiente onde vivem, que permaneceu na sala de espera por quinze dias. Durante a ação, dois moradores da comunidade tradicional conversaram sobre o problema com os usuários e moradores do bairro. Além da mobilização, fortaleceu-se a autonomia e protagonismo desses sujeitos, elementos norteadores da Política Nacional de Humanização. Diante de conflitos como estes, a ESF deve se posicionar e apoiar os usuários dos territórios de sua responsabilidade sanitária, principalmente quando estão em situação de iniquidade. O envolvimento da população do entorno ou residente deve ser sempre encorajada, tendo em vista a sua reconhecida importância na efetiva concretização dos objetivos de uma unidade de conservação, através de um processo participativo que deve ocorrer desde o início.  

1247 Interação comunidade - Instituição: reflexões a partir do Instituto Federal do Rio Grande do Sul no bairro Restinga em Porto Alegre, RS
MAURICIO POLIDORO

Interação comunidade - Instituição: reflexões a partir do Instituto Federal do Rio Grande do Sul no bairro Restinga em Porto Alegre, RS

Autores: MAURICIO POLIDORO

O trabalho tem como principal objetivo expor e debater os resultados oriundos do programa de extensão “Observatório da Comunidade”, vinculado ao Campus Restinga (Porto Alegre) do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Iniciado em 2015, o programa possui como princípio norteador a execução de estratégias de aproximação da Instituição com a comunidade do bairro Restinga em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Graduação e Pós-Graduação em Saúde Coletiva) e Secretaria Municipal de Saúde. O bairro, construído nos tempos áureos do urbanismo higienista da primeira década do golpe civil militar em Porto Alegre, materializou a cidade na sua divisão dicotômica de centro e periferia. Distante 30km do centro histórico da capital, o bairro Restinga possui, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) 60.729 habitantes sendo que, deste total, aproximadamente 50% se autodeclararam negros, posicionando o bairro como o segundo com o maior contingente de população não-branca da capital. Tal número, entretanto, é incessantemente contestado pelas lideranças locais que criticam a metodologia do IBGE que não enxerga a “cidade invisível”. Tais atores alegam que, segundo suas próprias pesquisas, a população do bairro ultrapassaria 100 mil habitantes. As dinâmicas das ocupações irregulares que se materializam diariamente na paisagem estritamente urbana do bairro, uma ilha no cinturão verde no extremo sul de Porto Alegre, trazem a verificação inequívoca da percepção dos residentes, uma vez que o fluxo populacional tem atingido números cada vez maiores, em especial devido aos territórios de tensão existentes na metrópole, que expelem os habitantes que vivem nos morros mais próximos do centro, a partir da dinâmica de facções criminosas. A Restinga, nome este compreendido à luz da geografia como uma paisagem encontrada tipicamente em regiões litorâneas, de solo arenoso e altamente dependente da vegetação para o escoamento das águas, defronta-se com os impactos da urbanização sem limites, desde o seu surgimento, na década de 1960. A construção do primeiro conjunto habitacional, modelo reproduzido depois em diversas cidades brasileiras pelo Banco Nacional de Habitação, trouxe uma divisão ao bairro: a Restinga Nova e a Restinga Velha. Enquanto a primeira, qualificada pela chancela do planejamento urbano, remete a construções com condições urbanísticas mínimas, a “Velha” se (auto)constrói cotidianamente: através de manifestações de grupos (com modelos de autogestão, parcelamento e distribuição do solo) ou pela ocupação aleatória de novas famílias que chegam e encontram, a disposição no comércio local, kits prontos de até R$ 600,00 para iniciar uma habitação. As recentes e constantes variações climáticas que o sul do Brasil tem enfrentado aliadas ao processo acelerado de redução da presença do Estado em áreas de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, tem agravado o cenário da Restinga. Nessa perspectiva, a atuação do IFRS, UFRGS e SMS/PMPOA tem se direcionado no sentido de debater, refletir e propor ações na garantia dos direitos fundamentais garantidos na Carta Magna. Neste sentido, tem efetuado diversos encontros periódicos ou eventos temáticos ligados a assuntos que transversalizam o cotidiano da comunidade local. Em 2017, destaca-se o lançamento do sítio eletrônico Observatório da Comunidade e duas exposições artísticas. O site (https://observatorio.restinga.ifrs.edu.br/) traz diversas informações e dados relacionados a Restinga, a saber: a produção acadêmica, as notícias, infográficos, fotografias e vídeos. Com o levantamento histórico em base de periódicos e portais de monografias, dissertações e teses em Instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul foi possível identificar 152 registros de produção acadêmica. Nota-se uma concentração expressiva de obras nas Ciências Humanas (34%) e nas Ciências Exatas e da Terra (24%), enquanto as Engenharias somam apenas um projeto aplicado ao bairro Restinga.  É relevante trazer à baila o fato do bairro Restinga despontar, em Porto Alegre, com os piores indicadores relacionados à saúde: enquanto a média da mortalidade infantil na capital gaúcha é de 10,59 a Restinga atinge 21,11, sendo o mais alto entre todos os bairros. O indicador de pré-natal adequado, considerado aquele em que as mães, ao longo da gestação, realizaram 7 ou mais consultas, tem na Restinga o pior indicador: apenas 59% lograram tal objetivo diante de uma média municipal de 70%. A realidade, interpretada à luz de dados estatísticos do ObservaPoA (2010), reafirma a condição de vulnerabilidade do bairro que, embora o terceiro em número absoluto de população da capital, não possui nenhum equipamento de cultura e lazer (ObservaPoA, 2016). O homicídio juvenil masculino negro desponta como o maior do município (só em 2012, 11 jovens foram mortos) enquanto o feminicídio coloca a Restinga em terceiro lugar no ranking, atrás de outros dois bairros periféricos da metrópole. Outra seção do sítio eletrônico remete ao levantamento sistemático de notícias nos principais meios de comunicação impressos e digital de Porto Alegre. É relevante o fato de apenas um terço das manchetes dos jornais locais não remeterem à assuntos que envolvam a criminalidade, o tráfico de drogas e os homicídios. Tal panorama reafirma a indução de uma periferia estereotipada, associada cotidianamente à violência, o que faz sufocar muitas vezes a possibilidade de fazer emergir ou ter destaque outras produções e relações positivas do bairro, como às iniciativas locais relacionadas à saúde, ao esporte e lazer e a educação. Ainda no sítio eletrônico do Observatório da Comunidade, fotografias e vídeos elaborados no âmbito do projeto, que promovem a disseminação de imagens para além do estereotipo hegemônico da periferia “violenta” foram produzidos. As fotografias, por sua vez, foram utilizadas na realização de duas exposições. A primeira, em maio de 2017, foi dedicada às mulheres da Restinga. Em cada fotografia, solicitou-se às mulheres para que expressassem o que é ser mulher na Restinga. O material foi impresso em papel FOAM fosco, tamanho A3, e, após o final da exposição, os retratos foram doados às mulheres, ação esta que gerou comoção na equipe do projeto, já que muitas mulheres nunca tinham visto o próprio rosto impresso ou outras que nunca haviam tocado em fotografias grandes. A segunda exposição, ocorrida em novembro de 2017, em homenagem aos 50 anos do bairro, propôs uma reorganização do olhar para a paisagem das residências do bairro. Assim, a partir das fotografias, procedeu-se a alterações digitais baseadas na arte fractal, de modo a fazer refletir sobre as dicotomias impostas na sociedade operada pela lógica binária. Os materiais foram impressos em PVC 2mX1m e justapostos nos muros do Campus, próximo a Comunidade Vida Nova, uma invasão de terras iniciada em 2015. A exposição do material e sua qualidade do lado de fora do Campus trouxe importantes significados para o projeto, seja a reação negativa da comunidade acadêmica que criticou o fato das placas não estarem dentro da Instituição ou pelas aproximações dos residentes da Ocupação que, antes da exposição, usualmente utilizavam a calçada mais distante do Campus, passando a caminhar pelas proximidades da Instituição. Os catálogos das exposições foram publicados com registro na Biblioteca Nacional e estão disponíveis na internet. Em suma, espera-se que a exibição dos principais resultados do programa de extensão em tela proporcione um debate sobre as possibilidades de ações das Instituições de Ensino no contexto geográfico que se encontram, vislumbrando a possibilidade de criação de redes e compartilhamento de experiências em outros locais do Brasil.

1402 A TERRITORIALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE APOIO AO PLANEJAMENTO DE AÇÕES NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.
Luana Keity Lima Silva, Cássio Marques Ribeiro, Dayanne Holanda Maurício Maia

A TERRITORIALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE APOIO AO PLANEJAMENTO DE AÇÕES NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.

Autores: Luana Keity Lima Silva, Cássio Marques Ribeiro, Dayanne Holanda Maurício Maia

A territorialização é uma ferramenta utilizada pela Estratégia Saúde da Família (ESF) para estruturação territorial dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) visando à compreensão atual do processo saúde-doença, apontando que as variáveis biológicas, psíquicas e sociais remetem a necessidade de ações que possa compreender e intervir nas dificuldades que afetam o território. O território é um espaço em permanente construção e reconstrução, no qual seu processo engloba, além de um território solo, território econômico, político, cultural e epidemiológico, configurando uma realidade de saúde sempre em movimento. Por ser um princípio da PNAB, a territorialização possibilita a interação entre profissionais da saúde e comunidade, por meio de visitas domiciliares, reconhecimento de culturas locais, aspectos econômicos, carências, fragilidades e potencialidades, esses são subsídios para inserção de processos e ações a fim de melhorar a ESF. Porventura o objetivo deste estudo consiste na abordagem de aspectos relevantes da territorialização como estratégia de apoio ao planejamento de ações na Unidade Básica de Saúde (UBS). Trata-se de um relato de experiência da equipe de Residência Integrada em Saúde – RIS/ESP/CE, no município de Icapuí, no estado do Ceará, compreendendo o espaço geográfico assistido por quatro Unidades Básicas de Saúde, considerado de grande vulnerabilidade social. Este processo contou com o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde (ASC), Gestão e ESF que proporcionaram conhecer os limites do território, por meio de caminhadas, reuniões e discussões. Concomitante, com os usuários e líderes que utilizam a rede de assistência à saúde pertencente às áreas de abrangência da residência, foi realizado “oficinas de territorialização”. Estas contaram com metodologia interativa, no qual os mesmos expressaram e dialogaram sobre os problemas enfrentados, como a falta de acesso, pobreza e baixa assistência. Dentre as potencialidades elencadas, o vínculo com a equipe da ESF, foi um dos mais relatados.  Houve o resgate, da memória dos participantes, de momentos importantes na história da cidade; e por fim, os profissionais residentes, ouviram sugestões para possível melhoria da situação de saúde. Diante desse pressuposto, foi possível confeccionar uma agenda de trabalho dinâmica, com base nas necessidades do território. Conclui-se a partir deste relato que para o bom funcionamento da UBS, a territorialização é indispensável, permitindo assim que a equipe de saúde conheça as condições socioeconômicas e culturais, melhorando a interação com a comunidade, fortalecendo vínculos, promovendo e aprimorando ações de promoção e prevenção de saúde.

3000 A COMPREENSÃO DA TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE NO ENSINO MÉDICO.
Karollayny de Macêdo Oliveira, Marcus Léon de Jesus Gomes, Carolline Damas de Andrade Oliveira, Rebeka Daiany Duarte Dantas, Andrea Lopes Ramires Kairala

A COMPREENSÃO DA TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE NO ENSINO MÉDICO.

Autores: Karollayny de Macêdo Oliveira, Marcus Léon de Jesus Gomes, Carolline Damas de Andrade Oliveira, Rebeka Daiany Duarte Dantas, Andrea Lopes Ramires Kairala

APRESENTAÇÃO: Para uma boa formação acadêmica, o aluno deve entender a importância da delimitação do território em saúde e as características de uma determinada comunidade. Implica na análise da população, do contexto social e meio ambiente no qual ela está inserida. A disciplina Programa de Interação Saúde Serviço e Comunidade (PISSCO) possibilita o contato do aluno com a Rede de Saúde Pública desde o início do curso de medicina, possibilitando ampla aprendizagem sobre a geografia em saúde e seus determinantes de saúde. DESENVOLVIMENTO: Relatar a convivência dos estudantes com uma comunidade delimitada geograficamente, proporcionando a formação de acadêmicos críticos voltados para os problemas da população. Foram realizadas visitas supervisionadas a Unidades Básicas de Saúde(UBS) do Gama-DF, alguns bairros e o hospital regional da área administrativa. Os alunos compreenderam o contexto social da comunidade inserida nesse território. Foram ressaltadas as diferenças observadas entre o ideal de funcionamento da UBS preconizado pelo SUS em detrimento da realidade. Os acadêmicos participaram de atividades, como mapeamento de enfermidades que acometem a população da região e visitas domiciliares, possibilitando um maior conhecimento sobre o público que é atendido e as demandas do local. O embasamento teórico estatístico e epidemiológico, do site da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (CODEPLAN), colaborou na construção da caracterização da população em sua maioria adulta, baixa renda e nível escolar fundamental incompleto. RESULTADOS: Cada UBS do Gama-DF possui uma personalidade própria com necessidades predominantes; foram identificados quadros clínicos típicos e de uma população de baixa renda. Com a análise geral do cenário, é possível atuar de forma mais eficaz na prevenção e na promoção da saúde. O estudo pela busca de conhecimento acerca do território é relevante visto que proporciona a convivência dos estudantes de medicina com as pessoas da comunidade e promove a formação de acadêmicos críticos voltados para os problemas da população.CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo do território permite traçar um perfil epidemiológico da população e das enfermidades mais prevalentes na região, permitindo que o profissional de saúde estabeleça tratamento mais condizentes, com medidas de promoção e prevenção de saúde direcionadas à realidade e de forma mais eficiente nas ações de saúde comunitárias.   

3105 Territorialização e Acesso aos Serviços de Oncologia na Região Amazônica
Márcia Godinho Guimarães, Hernane Guimarães dos Santos Jr, Kelliane Silva de Oliveira, Silvia Letícia Gato Costa

Territorialização e Acesso aos Serviços de Oncologia na Região Amazônica

Autores: Márcia Godinho Guimarães, Hernane Guimarães dos Santos Jr, Kelliane Silva de Oliveira, Silvia Letícia Gato Costa

O câncer é uma doença que acomete os tecidos e órgãos, provocando um crescimento anormal de células malignas comprometendo o funcionamento do organismo. O estilo de vida, fumo, álcool, condições de trabalho e a predisposição genética, são fatores de risco para o surgimento das neoplasias. Dentre os motivos que levam os pacientes acometidos pelo câncer a óbito, é o tratamento tardio, pela deficiência no acesso e precariedade nos serviços de saúde, acarretando em deslocamentos contínuos para atendimento e tratamento fora de domicílio. Atualmente, 12% das causas de morte no mundo e 16% no Brasil são causadas pelos diversos tipos de câncer. O estudo buscou relatar a história da territorialização do serviço de oncologia na região do Oeste do Pará.  Esta pesquisa foi realizada por meio de relato de experiência de profissionais de saúde que atuaram na região polo de referência e pautando-se em revisões bibliográficas sobre tema. A cidade de Santarém, localizada na região do Oeste do Pará, é sede do polo de referência da 9ª Regional de Saúde do Pará, e oferece para toda região do Oeste do Pará, serviços de baixa, média e alta complexidade,  e como principal instrumento o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), inaugurado em 28 de dezembro de 2006. Porém somente no ano de 2010, com a inauguração do parque radioterápico do Hospital, tornando-se referência para tratamento de neoplasias malignas em toda região norte do Brasil, reduzindo imensas distâncias entre o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes. Serve de referência para uma população de 1,1 milhão de pessoas, residentes em 20 municípios vizinhos a Santarém. Anteriormente à inauguração do Hospital, todos as pessoas que precisavam de diagnóstico e tratamento oncológico, deslocavam-se para as capitais do estado do Amazonas e do Pará, essas condições impostas aos pacientes, favorecia a progressão da doença, levando a metástase e consequentemente ao óbito. Com a consolidação do serviço oncológico, acarretou inúmeros avanços na territorialização da região e contribuiu para a organização do serviço local e regional, oferecendo acesso a serviços oncológicos no território, e consequentemente assegurar a universalidade, a integralidade na assistência e equidade no serviço. Com esses avanços no acesso, é possível diagnosticar novos casos de neoplasias com maior agilidade e menor subnotificação de óbitos por câncer, porém, os pacientes continuam sofrendo com a demora na procura de diagnóstico pelo fato do território ser muito extenso e somente uma unidade de referência. É notório e bastante difundido pela ciência que prevenção, diagnóstico precoce e o tratamento oportuno, são as chaves para o prognóstico positivo de pacientes acometidos por câncer, atualmente essa tríade tem melhorado na região, porém muito longe de alcançar patamares aceitáveis que venham refletir em reduções significativas entre os casos confirmados de câncer e a redução de óbitos por câncer. Considera-se como importante fator na promoção e prevenção da saúde, ações e campanhas que visam o incentivo e a orientação da população

3590 DO PROJETO PILOTO PRIMEIRA INFÂNCIA RIBEIRINHA (PIR) A CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA NO AMAZONAS (PIA)
Katherine Mary Marcelino Benevides, Rhamilly Amud Karam, Rodrigo Tobias, Eduardo Costa Taveira

DO PROJETO PILOTO PRIMEIRA INFÂNCIA RIBEIRINHA (PIR) A CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA NO AMAZONAS (PIA)

Autores: Katherine Mary Marcelino Benevides, Rhamilly Amud Karam, Rodrigo Tobias, Eduardo Costa Taveira

Introdução. Os primeiros anos de vida de uma criança são de suma importância para seu processo de crescimento e desenvolvimento. Nesta fase ocorrem as primeiras e mais importantes aquisições de aprendizagem e muito mais rápido do que em qualquer outra fase da vida, proporcionando a base para a formação da personalidade e do caráter da criança, possibilitando o desenvolvimento dos aspectos afetivos, sociais, cognitivos e intelectuais, contribuindo para um indivíduo e sociedade melhor, por isso a importância de investir nessa fase da vida. Na última década, o panorama da saúde na primeira infância tem melhorado frente à criação de marcos legais e práticas promotoras de saúde e direitos. Entretanto, esta melhora não se refletiu em todos os Estados brasileiros, dentre os quais o Amazonas. Frente a este desafio, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SUSAM), conjuntamente com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Fundação Bernard van Leer (FBvL) e o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), instituiu o Projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR). Objetivo. Desenvolver um Guia de visitação domiciliar PIR, formação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em primeira infância e construção de uma política pública estadual considerando as especificidades loco regionais do Amazonas. Método. O projeto piloto primeira infância ribeirinha foi implantado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro (RDS), situada à margem direita do Rio Negro e abrangendo os municípios de Novo Airão, Manacapuru e Iranduba, realizado com os parceiros acima citados FBvL, IDIS, FAS e SUSAM. A reserva possui área equivalente a 102.978,83 hectares e abriga 19 comunidades, onde residem 693 famílias e 2.235 pessoas, onde foram acompanhadas pelo projeto 950 crianças no período de 2013 a 2016. A região da RDS Rio Negro é formada por florestas de terra firme e também por florestas alagadas, matas de igapó, com destaque para as ilhas que formam o arquipélago de Anavilhanas. Este é constituído por, aproximadamente, 400 ilhas, lagos, rios e igarapés. O acesso às comunidades é exclusivamente fluvial. A Linha de Base do projeto foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em conjunto com a FAS que elaborou formulário padrão de visita domiciliar adequada a realidade ribeirinha, o qual foi testado por Agentes Comunitários de Saúde, identificando o acompanhamento da evolução das crianças desde a gestação até os seis anos de idade. A construção de uma linha de base para o projeto permitiu a posterior avaliação de impacto do modelo de serviço a ser desenvolvido e testado pelo projeto piloto e, consequentemente, gerou importantes evidências que poderão justificar a sua replicação para outras regiões da Amazônia profunda. A linha de base também permitiu testar o que se sabe (a partir de dados secundários) e o que de fato ocorreu. Assim, permitiu promover ajustes finos no projeto piloto, aumentando sua aderência a realidade das comunidades beneficiárias. A coleta de dados, bem como a logística de campo foi acompanhada e supervisionada por técnicos da área de saúde e assistência social da FAS. A partir do preenchimento das ferramentas de coleta de dados (formulários) foi definido o Marco Zero do Desenvolvimento da criança. Esse registro é referência para análise do desenvolvimento infantil, planejamento de atividades e acompanhamento dos ganhos em desenvolvimento ao longo dos atendimentos. No desenvolvimento dos conteúdos, foi identificada a necessidade de materiais complementares para apoiar a intervenção, bem como materiais de reforço e comunicação dos conceitos relativos ao desenvolvimento saudável das crianças. A estratégia geral foi baseada em visitas domiciliares, realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde, formados em um programa continuado com duração de 18 meses. Essa alternância entre o período de formação e a prática, aliadas ao processo de supervisão possibilitaram melhor avaliação do processo de capacitação e implantação das estratégias previstas no projeto piloto. O acompanhamento do desenvolvimento infantil é primordial para a avaliação dos resultados alcançados e proposição de melhorias para o modelo de visitação domiciliar. Diante dessa necessidade, foram estabelecidos indicadores de desenvolvimento específicos para o PIR. A sistematização desses indicadores se deu pela aplicação de formulários para caracterização do desenvolvimento da criança no momento em que ingressa no projeto. Resultado. A partir dos resultados do Marco Zero do Desenvolvimento da criança, ou seja, a caracterização do desenvolvimento apresentado por ela em seu ingresso no PIR, onde esse registro é referência para análise do desenvolvimento infantil, planejamento de atividades e acompanhamento dos ganhos em desenvolvimento ao longo dos atendimentos considerando os indicadores de desenvolvimento específicos definidos para acompanhamento das crianças pelo PIR que resultou maior envolvimento da família no cuidado saudável da criança, valorização e respeito à infância, fortalecimento do vínculo e maior comunicação entre os adultos e crianças, ludicidade e criatividade, cuidado à saúde dos cuidadores, empoderamento e valorização do ACS, fortalecimento da comunidade, dentre outros. Lançamento do Guia de Visitação Domiciliar PIR e aprovação da Lei Estadual para a Primeira Infância (PIA) Nº 4.312 de 2016. O IDIS (2015) contratou um novo estudo de avaliação, utilizando a metodologia Social Returno on Investment - Retorno Social sobre o Investimento (SROI), que verificou resultados que indicam que para cada R$ 1,00 investido no PIR, R$ 2,82 foram gerados em valor social. Considerações finais. Em um período relativamente curto de tempo, a implantação do PIR ofereceu importantes subsídios para a criação de uma política pública inclusiva e dedicada às crianças amazonenses e a importância de investimentos nessa faze significativa da vida como estratégia de mudar realidades e quebrar o ciclo vicioso e implacável da reprodução da pobreza. A importância de tal atenção é corroborada por estudos recentes que confirmam, por exemplo, que o retorno para os investimentos em capital humano declina exponencialmente durante o ciclo de vida, sendo mais alto nos primeiros anos, onde, quanto mais cedo for realizado o investimento, maior será o retorno. Nesse aspecto, avanços no atendimento integral a primeira infância podem contribuir e consolidar uma perspectiva mais ampla de desenvolvimento e justiça social. O projeto piloto hoje é consolidado como Programa Primeira Infância Ribeirinha e já está implantado em mais oito municípios no Estado do Amazonas.

3660 TERRITÓRIOS E REDES VIVAS DE SAÚDE NUMA COMUNIDADE QUILOMBOLA DA AMAZÔNIA.
Joana Freitas, Júlio Cesar Schweickardt

TERRITÓRIOS E REDES VIVAS DE SAÚDE NUMA COMUNIDADE QUILOMBOLA DA AMAZÔNIA.

Autores: Joana Freitas, Júlio Cesar Schweickardt

Apresentação: Este trabalho trata- se de pesquisa de mestrado em andamento, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia- PPGCASA da Universidade Federal do Amazonas-UFAM, cujo objetivo geral é analisar as redes de saúde da comunidade Quilombola Santa Tereza do Matupiri, na relação com o território. A referida comunidade foi reconhecida no ano de 2013 como remanescente dos quilombos, juntamente com outras 04 (quatro) da mesma região, sendo localizada à margem direita do Rio Andirá, município de Barreirinha, região do Baixo Amazonas, local onde inicialmente aportaram os primeiros quilombolas no final do século XIX.Desenvolvimento: A escravidão marcou a história do Brasil, época que reflete até os dias atuais, exclusão, desigualdades e racismo institucionalizado. Nesse período triste da história brasileira, surgiram os quilombos, inicialmente lugar de refúgio de escravos fugitivos, imagem que segundo Freitas, et. al.(2011), é diversamente reconstruída a cada novo momento, para reafirmar a luta de uma minoria étnica.A partir de 1988 o Estado brasileiro reconhece oficialmente as comunidades quilombolas e afirma seus direitos territoriais por meio do Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).Para Moura (2012) os territórios onde vivem esses afro-brasileiros significam mais que simples espaços, a terra além de garantir a subsistência do grupo, tem importância histórica e cultural, pois é onde acontecem as transmissões dos valores éticos e morais, dos conhecimentos definidos pelas manifestações, pelas tradições e pelo respeito à ancestralidade.Espaços geográficos, embora aparentemente estáticos, são palcos de grandes movimentações que vão muito além de um limite territorial.A construção do cotidiano dos indivíduos se materializa no entorno de coisas que apresentam valor simbólico, e neste sentido, os territórios revelam o que os indivíduos são enquanto seres pertencentes a uma sociedade (SARAIVA, CARRIERI E SOARES, 2014).Em se tratando da Amazônia, pode- se dizer que sua principal singularidade é o ciclo das águas, caracterizando-a como território líquido. Anualmente, enchente e vazante influenciam e determinam os modos de vida das populações de terra firme e de várzea, principalmente desta última. A terra firme não é afetada diretamente pela enchente dos rios, mas a várzea, por outro lado, é alagada todos os anos (SCHWEICKARDT et all, 2016).  Essa característica de território líquido faz com que a saúde na Amazônia necessite de um sistema apropriado, pois o ciclo das águas modifica tanto os caminhos quanto as pessoas e molda tanto o acesso móvel quanto os próprios profissionais de saúde. O espaço onde se projeta o trabalho, é fruto de uma construção social, lugar em que se constrói a territorialidade, se constituindo como um espaço de prática e de produção de vida. A territorialidade está relacionada ao modo como as pessoas se apropriam, organizam e dão significado ao lugar.Este estudo visa compreender o uso do território e sua relação com o ambiente na produção do cuidado em saúde, bem como mapear as redes de relações dos quilombolas quanto a saúde e a organização social, e também entender o acesso e a utilização da rede formal de saúde pelos comunitários. Investigar as redes existenciais dos quilombolas da comunidade Santa Tereza do Matupiri nos permitirá compreender a noção de territorialidade, identidade social e práticas de cuidado em saúde, tanto pelos recursos tradicionais quanto pelos recursos formais disponíveis no sistema público de saúde. Na ideia de redes existenciais do sanitarista Emerson Merhy (2014), os sujeitos são redes vivas, que estão o tempo inteiro produzindo movimentos, elaborando saberes, construindo e partilhando cuidados. A noção de rede viva tem a ver comas conexões existentes entre indivíduos e coletivos, nos diferentes contextos e modos de viver.A metodologia que utilizaremos buscará construir coletivamente um mapa do território considerando os usos sociais dos comunitários; mapeamento das relações dos moradores quanto a sua organização social, por meio da  formulação de um roteiro de entrevista e registro em diário de campo para obtenção de informações quanto a composição e estrutura familiar, histórico da localidade, meios de subsistência, processos e relações de trabalho, religiosidade, formas de entretenimento e outros, a serem complementadas com pesquisa documental em diferentes fontes, tais como atas da associação dos moradores, fichas da Estratégia Saúde da Família – ESF, além de fontes orais por meio do relato de pessoas- chave da localidade, como diretor e professores de escola, líderes religiosos, liderança comunitária e Agente Comunitário de Saúde. Por fim, para melhor entendimento sobre o uso da rede formal de saúde pelos comunitários, vamos utilizar a metodologia de usuário-guia, processo que compreende o relato da produção do cuidado por meio do acompanhamento a um usuário no serviço de saúde, no qual o cuidado não se limita à realização de procedimentos técnicos, mas sim na relação entre o usuário e o profissional da saúde. “Trata-se de uma narrativa produzida que tem como referencial o usuário; é, portanto, uma descrição usuário centrada” (EPS EM MOVIMENTO, 2014).Resultados/Impactos: A pesquisa está no levantamento bibliográfico sobre o tema, as características e o modo de vida dos residentes da comunidade quilombola Santa Tereza do Matupiri. Ao mesmo tempo, estamos discutindo e nos apropriando das categorias de redes vivas, território líquido e territorialidade, saúde ribeirinha e políticas públicas de saúde na Amazônia, especialmente a atenção básica em saúde. Explorar e descrever o modo de vida dos residentes da referida comunidade, possibilitará conhecer este grupo social dentro da sua especificidade e contribuirá para a geração de informações relevantes sobre os diferentes atores sociais da região amazônica e suas formas de promover saúde, uma vez que grande parte dos estudos acerca de quilombolas trata da luta desse grupo social pelo reconhecimento e demarcação de territórios, o que parece ter se tornado sua principal marca, perfeitamente compreensível, considerando o contexto histórico de seu surgimento.Considerações Finais: Considerando a diversidade da Amazônia com as suas distintas características geográficas, culturais, sociais e históricas, sendo evidentes a necessidade e a importância de se conhecer os diferentes territórios amazônicos e suas redes existenciais, buscamos com os resultados desta pesquisa, contribuir para a discussão das políticas públicas na Amazônia, bem como para a melhoria das condições de vida da população quilombola.

4051 TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE: MOVIMENTOS DE DESCONSERTÂNCIA, DESCOBERTA E ALEGRIA DE UM TERRITÓRIO VIVO
Joélia Oliveira dos Santos, David Gomes Araújo Júnior, Mônica dos Santos Ribeiro, Normanda de Almeida Cavalcante Leal, Caroline Rillary Vasconcelos Farias, Isabele Mendes Portella, Fablicia Martins de Souza, Elaine Cristina Mendes de Araújo

TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE: MOVIMENTOS DE DESCONSERTÂNCIA, DESCOBERTA E ALEGRIA DE UM TERRITÓRIO VIVO

Autores: Joélia Oliveira dos Santos, David Gomes Araújo Júnior, Mônica dos Santos Ribeiro, Normanda de Almeida Cavalcante Leal, Caroline Rillary Vasconcelos Farias, Isabele Mendes Portella, Fablicia Martins de Souza, Elaine Cristina Mendes de Araújo

O presente trabalho verssa sobre a territorialização em saúde com o objetivo de apresentar a experiência da equipe multiprofissional da Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) em articulação com a Estratégia Saúde da Família (ESF) na cidade de Sobral-CE. O processo de territorialização acontece anualmente na ESF da cidade de Sobral-CE em que as equipes de referências e equipe multiprofissional da RMSF - sendo a ultima composta por enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta, nutricionista, dentista, terapeuta ocupacional, educadora física e psicóloga - se articulam para entrar em contato com a realidade cotidiana. Trata-se de uma ferramenta na qual as equipes através de um instrumento de territorialização buscam conhecer tanto as dimensões físico-geográfico quanto social, histórico, cultural, simbólicos, subjetivos e políticos que compõe o território adscrito da ESF dos Centros de Saúde da Família (CSF) da Expectativa e do CAIC. A partir do instrumento, busca-se refletir as necessidades de saúde e construir estratégias de enfrentamento. Para tanto, destacam-se algumas etapas, sendo que: a etapa 1 busca resgatar e reconstruir a história social do território, bem como de seus moradores, possibilitando aos trabalhadores de saúde entrar em contato com os eventos e processualidade que produziram o território atual na qual a ESF se insere; etapa 2, perfil territorial-ambiental em que as dimensões físico-geográficas se evidenciam como, por exemplo, a extensão territorial de adscrição, perímetro urbano ou rural, áreas de lazer, áreas de risco ambiental, bem como a localização da rede de atenção à saúde, os equipamentos e serviços sociais existentes no território; etapa 3, perfil demográfico sócio-econômico e cultural, onde é possível identificar mais detalhadamente dados sobre a população local, as famílias, o número de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), como se dão as formas de acessos aos serviços de saúde, educação e equipamentos sociais, assim como sobre as condições de renda e as situações de riscos e vulnerabilidades sociais em que as famílias estão expostas com ênfase para situações de violência e pobreza. Destacam-se ainda nessa etapa os aspectos históricos e culturais a partir dos grupos comunitários presentes e dos espaços de cuidado desenvolvidos no território; Na etapa 4, destaca-se o perfil institucional sobre o CSF e seus modos de funcionamentos, as áreas de cobertura, as equipes de referência e de apoio, incluindo as equipes de RMSF e Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF); etapa 5 participação e controle social com ênfase para o conselho local de saúde que se configura como espaço democrático na qual se problematiza as situações de saúde das pessoas do território, as condições de existências e problemáticas enfrentadas, ou seja, espaço de luta e reinvindicação por modos de vida mais justas e menos desiguais. Para isso, destaca-se a importância em identificar as lideranças comunitárias e os movimentos engendrados pelos coletivos no território, sobre as fragilidades, desafios e potencialidades dos mesmos; E, finalmente a etapa 6, tem-se o perfil epidemiológico que possibilita uma melhor visualização da situação de saúde da população, com ênfase a saúde da criança, da mulher, do adolescente, do idoso, além de dados acerca da mortalidade, as principais causas de óbitos na população geral no território, sobre natalidade, doenças infecciosas e transmissíveis e sobre as condições crônicas. Essas são algumas das principais etapas que constituem o instrumento que auxiliam as equipes no processo de territorialização, posto que a partir do contato com a realidade e mapeamento das situações e dimensões que constituem o território possibilitam visualizar, problematizar e analisar o território sanitário e o cotidiano na qual as vidas das pessoas se tecem. Tal ferramenta potencializa a construção de estratégias de gestão e de planejamento para a inserção e atuação das equipes, de modo que os indicadores de saúde e os determinantes sociais passam a fazer parte das formas como as equipes compreendem e desenvolvem as ações de saúde e cuidado. Esse processo possibilita contato com o território cotidiano, que passa a ser refletido e vivido a partir de suas fragilidades, potencialidades e modos de organização social e cultural, isto é, a partir de uma perspectiva contextualizada e histórica que reflete e respeita os acordos e modos na qual as pessoas se constroem em seus fluxos de existência. Assim, tanto o modelo de gestão e atenção é repensado, como a própria ESF e as redes que constituem o cuidado e suas diversas formas existentes no território. Principalmente quando tomamos como referência nossa experiência de territorialização na Expectativa e no CAIC em que os processos de saúde, adoecimento e cuidado se (re)inventam a medida que entram em contato com o cotidiano da vida, em articulações diversas, atravessadas principalmente pela cultura popular. Em nosso território se destacam as práticas populares de saúde engendradas por rezadeiras/benzedeiras. Atores sociais que representam no território expressões de fé e espiritualidade como formas de cuidado e saúde. Pessoas respeitadas e protagonistas na produção de práticas de cuidado para além do modelo biomédico e hospitalocêntrico. A territorialização tensiona não apenas o contato com o território, mas com suas problemáticas, desafios e potencialidades, assim como com as pessoas que o constituem, que adoecem, sofrem, sonham e inventam formas de viver e de cuidar de si e dos outros. E que, portanto, podem possibilitar as equipes de saúde novos ensaios das práticas, em que a dimensão da clinica do cuidado se amplia e se contextualiza com a vida que se tece nos territórios. Em que os processos de adoecimento, saúde e cuidado escapam a lógica de saúde como ausência de doença, pois, as pessoas não apenas adoecem, mas adoecem de determinados modos, em realidades singulares, em territórios geográficos, simbólicos e existenciais. Assim a territorialização em saúde vai se configurando como estratégia potencializadora do fazer da ESF na medida em que se torna ação, vivencial e em contato com a vida das pessoas. O processo de territorialização em saúde possibilitou tanto as equipes de referências quanto à equipe multiprofissional da RMSF, uma experiência orgânica de contato, exploração e entrecruzamento com as diversas dimensões do território vivo. Configurou-se como movimento de atravessamentos e engendramentos em que profissionais de saúde se encantam e se encontram com os desafios e possibilidades múltiplas e heterogêneas do processo de produção e (re)invenção do cuidado em saúde contextualizado com o território, suas paisagens, atores e necessidades. Portanto, a territorialização nos alerta para a produção de saúde e cuidado em que a vida cotidiana no território é que produz pistas de como o trabalho da ESF deve se construir.

4957 GRUPO DE FÉRIAS: ESTRATÉGIA DE APROPRIAÇÃO DO TERRITÓRIO E VALORIZAÇÃO CULTURAL
Raryane Valéria Pereira da Silva, Camila Silva dos Anjos, Camila Valente de Castro, Denise Maria Vendramini, Isabella Serra de Mattos Gonçalves, Jéssica Cristina Silva Rizzieri, Sérgio Miguel, Sylvia Maria Pinto da Silva Simões

GRUPO DE FÉRIAS: ESTRATÉGIA DE APROPRIAÇÃO DO TERRITÓRIO E VALORIZAÇÃO CULTURAL

Autores: Raryane Valéria Pereira da Silva, Camila Silva dos Anjos, Camila Valente de Castro, Denise Maria Vendramini, Isabella Serra de Mattos Gonçalves, Jéssica Cristina Silva Rizzieri, Sérgio Miguel, Sylvia Maria Pinto da Silva Simões

Introdução: A Atenção Básica compreende ações promoção e prevenção, favorecendo o desenvolvimento integral infantojuvenil. Devido à escassez de serviços que ofereçam entretenimento, crianças e adolescentes não realizam muitas atividades durante as férias escolares. Portanto, pelo segundo ano consecutivo, o NSF 5, ofereceu à sua população um grupo para crianças e adolescentes. visando à promoção de saúde, estreitamento do vínculo e melhor aproveitamento desse período.  Objetivo: Compartilhar experiência ocorrida nas férias escolares, em espaço comunitário da área de abrangência da unidade de saúde, desenvolvido por meio de atividades lúdicas e práticas culturais. Descrição da experiência: As atividades foram planejadas pela equipe de saúde e ocorreram no mês de julho de 2017, às terças e quintas-feiras, em uma Organização Não-Governamental e na Quadra da Comunidade, respectivamente, localizados na área de abrangência do NSF 5. Na primeira semana, foi realizado o “Semáforo dos Alimentos”, com objetivo de orientar escolhas saudáveis através do reconhecimento da frequência adequada do consumo de alimentos, e o resgate de brincadeiras antigas, estimulando o trabalho em equipe, seguimento de regras e contato com brincadeiras diferentes. Na segunda semana, realizou-se a “Oficina de Brinquedos”, reforçando a reutilização de materiais recicláveis na confecção do próprio brinquedo, e a “Oficina de Pipa”, ministrada por adolescentes residentes na área e objetivando estimular habilidades e empoderamento, por meio da execução de atividade significativa para o grupo. Na terceira semana, foram realizadas brincadeiras cooperativas e os Campeonatos de Futebol e Queimada, estimulando novamente o trabalho em equipe. Na última semana, ocorreu a aula de capoeira, ministrada por um mestrando da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto, com objetivo de oferecer novas vivências aos participantes e valorização da cultura nacional, e o cinema, com filme escolhido pelo grupo. Resultados: O grupo de férias é desenvolvido pelo NSF 5 desde 2016, estando em sua terceira edição. Até então, era realizado na unidade de saúde e contava com participação limitada da população. Pela primeira vez, o grupo foi realizado fora da unidade, o que proporcionou maior adesão, com a presença de até 50 crianças e adolescentes em algumas atividades, em contraste com o máximo de 10 participantes nas experiências anteriores. Além disso, houve estreitamento do vínculo entre equipe e população, visto que nos inserimos em seu espaço de vivência. Constatou-se a participação de crianças e adolescentes pouco aderentes às ações de saúde da unidade. Observou-se ainda a identificação dos participantes com as atividades através de seu envolvimento no planejamento delas, o que promoveu empoderamento e autonomia entre eles. Diante disso, destaca-se importância de atividades extramuros e desestigmatização das ações realizadas. Considerações Finais O grupo de férias foi uma experiência exitosa, pois proporcionou maior adesão e envolvimento da população. As parcerias com a ONG e com a EEFERP foram cruciais. A partir do grupo, foi estabelecida parceria com a Universidade de Ribeirão Preto, para desenvolvimento de ações de revitalização da quadra, previstas para janeiro de 2018 e com um profissional cabeleireiro que realizará oficina sobre autocuidado e representatividade devido identificação da demanda.

5114 CONDIÇÕES DE VIDA DE UMA POPULAÇÃO RIBEIRINHA NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA – PA: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
LUINE GLINS CUNHA, MICHELLINE VALE DE SOUZA

CONDIÇÕES DE VIDA DE UMA POPULAÇÃO RIBEIRINHA NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA – PA: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: LUINE GLINS CUNHA, MICHELLINE VALE DE SOUZA

INTRODUÇÃO: Poucos estudos beneficiam as populações ribeirinhas da Amazônia. A maioria dessas comunidades sofrem com fatores socioeconômicos, precárias condições de saneamento básico, alta prevalência de doenças tropicais e dificuldades em obter acesso à saúde e educação, apresentam um histórico de consumo de agrotóxicos e exposição ao mercúrio, relacionado ao elevado consumo de peixes ao longo dos anos. OBJETIVO: Analisar as condições de vida e identificar situações de risco para saúde dos moradores da população ribeirinha. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência de acadêmicas do curso de Enfermagem da Faculdade Estácio-Castanhal em Estágio supervisionado II com enfoque na Atenção Básica, referente à visita domiciliar no mês de Setembro/2017 no Beco da Saudade (Vila ribeirinha), no município de Bragança no Estado do Pará, acompanhadas pela Enfermeira/Preceptora e ACS – Agente comunitário de saúde. Utilizamos aparelho de pressão arterial, estetoscópio, termômetro, fita métrica, balança, no qual foi possível realizar o exame físico dos clientes, verificação da carteira vacinal, moradia e uso de medicações para hipertensos e diabéticos. RESULTADOS: Foi possível verificar os sinais vitais por meio do exame físico. Havia moradores que não estavam fazendo o uso de medicações para hipertensão e diabetes mellitus, carteira de vacinação infantil desatualizada e adolescentes que não havia tomado a vacina contra o HPV. Em relação a condições de moradia, todas são à margem da maré e do manguezal, no qual os moradores usam madeiras reaproveitadas para a construção de suas casas, onde os moradores jogam seus dejetos a céu aberto, com distância de 10 a 12 metros. Encontramos uma associação de customização de redes de pesca (conhecidos como pescadores artesanais), no qual trabalham aproximadamente 50 homens, com faixa etária de 12 a 60 anos. Foi encontrado um local de construção de barcos para navegações, no entanto os trabalhadores não fazem o uso de nenhum EPI - equipamento de proteção individual, os próprios utilizam materiais de alta periculosidade (perfuro cortantes) para o manuseio, o ambiente onde são construídos esses barcos, pode desencadear uma série de doenças respiratórias por conta do pó e serragem. Alguns moradores se alimentam dos mariscos e peixes das proximidades e sobrevivem com bolsa família e economia local. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os Fatores socioeconômicos são um dos mais importantes dentre os que refletem o modo de viver daquela comunidade, não possuem conhecimento dos riscos para a saúde, falta de autocuidado, foi perceptível encontrar as dificuldades. Salientamos a importância de se cuidar, de ir às consultas, fazer o pré-natal, PCCU, atualizar as carteiras de vacinação, fazer o uso correto das medicações e contínuo se necessário. Os riscos encontrados foram: Maré cheia alagando as residências que influencia totalmente na falta de saneamento básico levando doenças parasitárias e animais peçonhentos para dentro das mesmas, contaminando e provocando o adoecimento dos moradores. O enfermeiro como educador, deve designar juntamente com sua equipe a promoção da educação continuada e permanente dessa comunidade a fim de promover a saúde e o bem estar.

3626 Ação Social em Comunidade Ribeirinha: uma Parceria entre Projeto Alfa e Cruz Vermelha
LÁZARA GABRIELA OLIVEIRA SILVA, Juliana Nascimento Viana, Amanda Hossaka Barbosa, Natasha Fujimoto, Adriano Pessoa Picanço Junior

Ação Social em Comunidade Ribeirinha: uma Parceria entre Projeto Alfa e Cruz Vermelha

Autores: LÁZARA GABRIELA OLIVEIRA SILVA, Juliana Nascimento Viana, Amanda Hossaka Barbosa, Natasha Fujimoto, Adriano Pessoa Picanço Junior

APRESENTAÇÃO: O extenso território brasileiro propicia o surgimento de populações variadas que não somente aquelas residentes em áreas urbanas e rurais. Dentro desse contexto, é possível encontrar as comunidades ribeirinhas. O termo ribeirinho refere-se aos indivíduos que vivem as margens dos rios, sendo um grupo comum na região norte, sobretudo no estado do Amazonas. Essas comunidades vivem distantes dos centros urbanos onde a cultura, arte, educação e serviços públicos como saneamento e saúde estão concentrados. Devido a isto e a dificuldade de acesso, comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas acabam sendo negligenciadas pelo poder público, causando uma enorme dificuldade para os indivíduos ali residentes conseguirem de dispor de serviços públicos, sobretudo de saúde. Embora já existam iniciativas para levar atendimento de atenção primária à essas populações, o acesso à serviços de urgência e emergência ainda é muito complicado e quase impossível de ser realizado dentro dos Dez Minutos de Platina preconizados pelos protocolos internacionalmente validados que norteiam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para que a vítima de um acidente sobreviva com o mínimo de sequelas. Isto é preocupante, pois comunidades ribeirinhas contam com pessoas de todos os tipos e idades, que estão expostas aos mais diversos riscos, desde trauma e lesões não intencionais a doenças cardiovasculares degenerativas como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. Sabendo deste fato, a Cruz Vermelha do Amazonas convidou o Projeto Alfa – Manaus, vinculado a Pró Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e com sede na Faculdade de Medicina (FM), para participar de uma ação social realizada em uma comunidade, promovendo um dia de palestras sobre primeiros socorros e prevenção de acidentes com o objetivo de difundir conhecimentos sobre primeiros socorros e atendimento pré-hospitalar e assim fazer o máximo esforço possível para capacitar os ribeirinhos a atuar de modo a aumentar a sobrevida de indivíduos vítimas de traumas. DESENVOLVIMENTO: A ação social foi realizada em uma comunidade satélite à cidade de Manacupuru, um município localizado na Região Metropolitana da cidade de Manaus, no estado do Amazonas. Para chegar até o local, foi necessário percorrer aproximadamente 90 KM de distância da capital de carro. Os acadêmicos de medicina ficaram no pátio de uma escola municipal na qual a Cruz Vermelha montou acampamento, onde os ribeirinhos esperavam atendimento médico e odontológico. Ao longo do dia, os alunos ensinaram aos moradores quais atitudes tomar para intervir em casos de acidentes como afogamentos; obstruções de vias aéreas em adultos, crianças e recém- nascidos; paradas cardio-respiratória (PCR); convulsão; acidente vascular encefálico (AVC); fraturas; queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau; entre outros. Para tanto, fizeram uso de manequins de demonstração que simulavam um ser humano e permitiam a prática de técnicas como a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), e também de trabalho em equipe, sempre convidando aqueles que encontravam-se no local aguardando as consultas para participar e treinar as técnicas demonstradas uns nos outros, fazendo assim com que os ribeirinhos assumissem um papel ativo no processo educacional de que participavam, aumentando as chances daquelas informações não serem esquecidas tão facilmente. A maior parte das pessoas participantes eram do sexo feminino que estavam ali acompanhadas dos filhos, buscando atendimento para eles. Também houve grande volume de adolescentes, de ambos os sexos, que chegaram ao local atraídos pelas atividades oferecidas ou foram enviados até lá por parentes que desejavam que os jovens buscassem atendimento médico e odontológico. Inicialmente, os acadêmicos de medicina encontraram um pouco de dificuldade em se comunicar em linguagem acessível que prendesse a atenção dos ribeirinhos nas palestras e ao mesmo tempo traduzisse os aspectos importantes das técnicas de socorro ensinadas. Além disso, houve uma resistência inicial por parte dos moradores em participar das atividades. Felizmente, os alunos conseguiram transpor este obstáculo, encontrando palavras simples, porém, eficazes para se expressar e assim conseguiram convencer os indivíduos que num primeiro momento estavam tímidos e retraídos a saírem das suas zonas de conforto e experimentar praticar as técnicas de primeiros socorros nos manequins e uns nos outros. Ao fim da atividade, os ribeirinhos sentiam-se totalmente à vontade para fazer perguntas, tirar dúvidas e contar situações que eles próprios ou conhecidos tenham passado que se assemelhavam as situações esplanadas ali e de como não souberam como reagir. RESULTADOS: Ao fim do dia, foram atendidos 189 moradores, em sua maioria mães que relataram já ter vivido muitos daqueles cenários, sobretudo com seus bebês. Os acadêmicos puderam perceber que aquela comunidade não detinha conhecimentos básicos sobre primeiros socorros e prevenção de acidentes que seriam de muita utilidade em seu dia a dia, uma vez que a comunidade está afastada da capital e que o município o qual está mais próxima não conta com serviço de atendimento pré- hospitalar suficiente para atender todos os agrupamentos em seu entorno. Fazer promoção de saúde na área de primeiros socorros pode significar uma diminuição das mortes e das sequelas causadas por trauma que não seriam evitadas de nenhuma maneira, haja vista que os ribeirinhos daquele local não possuíam conhecimentos básicos que poderiam salvar suas vidas. CONCLUSÕES: Esta experiência proporcionou o conhecimento das dificuldades enfrentadas pelos ribeirinhos, além de vivenciar a importância dos primeiros socorros em um local que o atendimento especializado demora para chegar. É importante salientar que a troca de informações tornou-se mais proveitosa conforme os acadêmicos de medicina conseguiram realizar uma educação em saúde baseada nos conhecimentos prévios da comunidade, seu ambiente de trabalho, lazer e convivência, as atividades diárias que cada grupo participante desempenhava e seus interesses, respeitando os valores do morador e permitindo que ele se sentisse a vontade e motivado a participar, tendo em vista que o assunto discutido deixou de ser aquilo que os alunos queriam ensinar para tornar-se uma construção de possíveis soluções para problemas diários da vida ribeirinha. Deste modo, houve muita preocupação em respeitar as posições da comunidade quanto ao modo como eles cuidavam de sua saúde e das estratégias que adquiriram para evitar acidentes, ouvindo aqueles que ali surgiam e se sentiam dispostos a aprender  sobre primeiros socorros. A comunidade visitada expressou compreensão do que lhes foi exposto, bem como gratidão pela assistência prestada. Os alfistas obtiveram êxito, principalmente como agente de cuidados, levando a saúde mais próxima destas pessoas que são tão carentes nesse aspecto.

3177 TERRITORIALIZAÇÃO COMO IMPORTANTE FERRAMENTA DO TRABALHO EM SAÚDE
Andressa Freire Salviano, Maria Juliana Vieira Lima, Maria Juliana Vieira Lima, Joyce Hilário Maranhão, Joyce Hilário Maranhão, Noeme Moreira de Andrade, Noeme Moreira de Andrade

TERRITORIALIZAÇÃO COMO IMPORTANTE FERRAMENTA DO TRABALHO EM SAÚDE

Autores: Andressa Freire Salviano, Maria Juliana Vieira Lima, Maria Juliana Vieira Lima, Joyce Hilário Maranhão, Joyce Hilário Maranhão, Noeme Moreira de Andrade, Noeme Moreira de Andrade

APRESENTAÇÃO Os conceitos de território e territorialização são bastante complexos, abrangendo múltiplas dimensões e aspectos. O território é um espaço vivo em permanente construção e reconstrução, produto de uma dinâmica social onde se tencionam sujeitos sociais. Dessa forma, a concepção de território não se refere apenas a um espaço físico, mas diz respeito a relações econômicas, políticas, culturais e sociais. Nesse contexto, a territorialização em saúde toma como base para a constituição da atenção à saúde as demandas da população, bem como suas características e o modo como organiza suas vidas e relações. É uma metodologia capaz de modificar o modelo das práticas assistenciais e de gestão, fazendo-se, portanto, importante para os processos formativos em saúde. Da produção científica sobre territorialização em saúde, pouco se contempla esse processo no contexto hospitalar, direcionando a produção aos campos da atenção básica e às políticas de saúde comunitária. Compreende-se, porém, que o hospital pode ser considerado também um território no qual se faz importante conhecê-lo e fazer parte dele, na tentativa de ordená-lo de acordo com as necessidades e possibilidades das práticas de intervenção, a fim de adequar as ações ao público alvo; não imergindo no serviço como um agente externo, mas atuando como sujeito do próprio território. O programa de Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (RIS-ESP-CE) propõe a territorialização como meio de inserção nos territórios, permitindo que os profissionais residentes possam compreender a dinâmica do cenário de prática, voltando-se para os múltiplos fluxos que os constituem e os diversos atores que dão vida e mobilidade às práticas de saúde. Mais do que uma simples visita ou imersão imediata, a proposta da territorialização aponta para uma inserção gradual no cenário de prática. Dessa forma, este estudo teve como objetivo relatar a experiência e os resultados do processo de territorialização de residentes interprofissionais de um hospital pediátrico de referência do Ceará.   DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO A territorialização foi realizada entre 09 a 30 de junho de 2014, período destinado pelo programa de residência para esta atividade, no Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS). Um cronograma foi organizado pela coordenadora e residentes para que se realizasse o percurso por todos os setores do hospital: unidade de urgência e emergência, ambulatório, unidades de internamento (cirurgia, neonatologia, neurologia, clínica médica, especialidades, unidades de terapia intensivas), centro pediátrico do câncer, coordenações das categorias profissionais e outros (raio X, banco de sangue, banco de leite, SAME, ouvidoria, transplante de órgãos, biblioteca, serviços gerais). As 18 residentes se distribuíram em 6 trios e, em sistema de rodízio, conheceram todos os setores citados acima em período integral. Através de observação e visitas aos setores/serviços e diálogo com os profissionais, usuários e familiares foi possível colher informações sobre relações de poder, determinantes sociais e assistência nos cenários de práticas e a partir disso, identificar fortalezas, fragilidades, oportunidades e ameaças na instituição.   RESULTADOS O HIAS é um hospital infantil terciário de referência no Ceará que acolhe a demanda sanitária relacionada a doenças graves, raras e de alta complexidade de todos os municípios do estado e de estados vizinhos da região Nordeste e, em casos excepcionais, da região Norte do país. Em 2014, o HIAS aderiu ao programa de Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará-RIS- ESP-CE, iniciando a primeira turma da ênfase em Pediatria, contemplando 18 residentes de 8 categorias profissionais da saúde, a saber: enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicologia, terapia ocupacional e serviço social. Atualmente, o hospital possui 360 leitos, dos quais 53 são de internação domiciliar, uma iniciativa pioneira de acompanhamento das crianças e do adolescente em sua residência, dando todo o suporte técnico e assistencial. Ainda, realiza anualmente cerca de 300 mil atendimentos a pacientes de 0 a 18 anos em 28 especialidades médicas e 38 serviços de apoio assistencial, dos quais se destacam as especialidades de cirurgia cardíaca, neurológica, ortopédica, deformidades (lábio leporino e fissura palatal) e oncologia. Por ter um perfil generalista, o HIAS se subdivide em espaços geográficos bem distintos, onde cada setor demonstra a especificidade do seu espaço físico e da organização da rotina e dos procedimentos a serem executados por cada profissional, assim como das relações interpessoais construídas no cotidiano do serviço. Essa variedade de espaços contribui para que o HIAS participe da Rede de Atenção à Saúde em várias frentes, a saber: Urgência e Emergência, Materno-Infantil e Doenças Crônicas, além de ter parcerias com os demais hospitais de nível secundário e terciário. A partir das observações e diálogos com os profissionais, pacientes e familiares, percebeu-se que há um acolhimento diferenciado e humanizado dos usuários, atitude justificada pelos profissionais por se tratar de um hospital infantil. Também há uma resolutividade das demandas e uma boa imagem do hospital pelos pais, que às vezes peregrinam por diversos serviços da rede de assistência à saúde. Além disso, o HIAS tem parcerias com ONGs e casas de apoio para pacientes e familiares dos interiores. No entanto, há um nó crítico no serviço de urgência e emergência, que acolhe uma demanda que não faz parte do perfil de atendimento, devido às fragilidades da rede, e que acaba superlotando o setor. Percebeu-se também que há uma carência de determinadas profissões no hospital, a exemplo da psicologia e fonoaudiologia, além de uma redução de profissionais no quadro geral, consequência da deficiência no plano de cargos e carreiras no serviço público, por conseguinte, não há uma renovação e/ou aumento do número de profissionais, mas sim um aumento de profissionais organizados em cooperativas. Dentre as fragilidades observadas, a que chamou atenção foi a falta de equipes multiprofissionais na maioria dos setores e, quando elas estão presentes, há uma dificuldade de atuação interdisciplinar, reforçado pelo modelo biomédico ainda fortemente presente na instituição.   CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da territorialização foi possível identificar fortalezas, fragilidades e ameaças, assim como prioridades nos cenários de práticas. Isso possibilitou uma reflexão sobre os processos vivenciados e sobre os espaços nos quais a residência poderia atuar de forma eficaz, resultando na implementação de atividades, como: grupos de cuidado ao cuidador, educação em saúde para acompanhantes e pacientes (salas de espera, grupos temáticos, atendimentos compartilhados), orientações de alta hospitalar, além de grupos de estudos para a formação das residentes e dos profissionais interessados. Esse modo de imersão no território não passou despercebido por alguns profissionais que não estavam envolvidos com a residência, pois eles relataram a dificuldade de iniciar um trabalho sem conhecer as especificidades do setor. Um aspecto facilitador dessa imersão foi a participação efetiva da coordenadora e das preceptoras e de outras pessoas de referência do HIAS no processo de territorialização, pois as mesmas acompanharam e apresentaram as residentes nos serviços visitados como forma de promover um elo entre os profissionais e as residentes. A territorialização, enquanto processo de aproximação e observação do campo de trabalho, possibilitou adentrar no hospital de um modo diferenciado dos demais profissionais, residentes de medicina e estudantes universitários, visto que, nos possibilitou exercer um olhar crítico sobre os fatores concernentes a rotina, procedimentos e relações interprofissionais e interpessoais dos diversos setores do hospital como daqueles relacionados aos determinantes sociais e epidemiológicos.    

1168 Título: Caminhada que se faz com o outro ao mergulhar e caminhar no território Subtítulo: Relato de uma Articuladora Social do Projeto Redes Mulher 3º Ciclo - Fiocruz - SENAD
Patrícia Ludmila Barbosa de Melo

Título: Caminhada que se faz com o outro ao mergulhar e caminhar no território Subtítulo: Relato de uma Articuladora Social do Projeto Redes Mulher 3º Ciclo - Fiocruz - SENAD

Autores: Patrícia Ludmila Barbosa de Melo

Resumo expandido O presente relato reflete as andanças e trilhas percorridas, em 6 meses (junho a novembro de 2017), na função de Articuladora Social do 3º. Ciclo do Projeto REDES de Boa Vista - Roraima. Este arquivo aborda o “mergulho” no território logo após diagnóstico e mapeamento realizado nas macroáreas 3.0, 6.0 e 8.0 do SUS (13 bairros com alto índice de vulnerabilidade social), SUAS da capital e é uma produção processual reflexiva, analítica e avaliativa de como se deu o acompanhamento dos casos de mulheres em situação de vulnerabilidade, vítimas de violência e com relação problemática com uso de drogas, tanto na articulação com a rede, como na inserção nos serviços da rede de cuidados e proteção, com foco no fortalecimento, formação e ativação de fluxos de rede entre eles. O Projeto “Promoção de ações de articulação intersetorial para prevenção a violências, cuidado e inserção social de pessoas em sofrimento decorrente do abuso de substâncias psicoativas” (Projeto REDES), desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ em parceria com a Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas - SENAD, é uma estratégia para fortalecimento da política de drogas localmente, por meio da articulação entre os setores. Apoia municípios no fortalecimento da governança local de política sobre drogas e articulação em redes de prevenção, cuidado e reinserção social por meio da criação e/ou fortalecimento regular de instâncias de gestão intersetorial da política, envolvendo gestores, trabalhadores e usuários. Para alcançar e fortalecer os objetivos propostos pelo projeto foram contratadas, através de edital público, articuladoras para composição de um núcleo. Em Boa Vista, o núcleo contou com cinco articuladoras sociais, um interlocutor regional, uma coordenadora de território, uma supervisora local e duas articuladoras nacionais. Sendo uma das articuladoras selecionadas, minha atuação foi balizada no mapeamento do território / diagnóstico situacional realizado por ocasião da elaboração do I Produto do Projeto, ocorrido em julho e agosto de 2017, onde foi detectado desconhecimento, por parte de usuários, trabalhadores do SUS, SUAS, da justiça e outras áreas acerca da rede intersetorial para pessoas que possuem relação problemática com drogas, comprometendo o fluxo de atenção integral. Além disso, foi verificada fragilidade na abordagem e no debate sobre drogas, demandando criação de atividades para qualificar profissionais da Rede acerca de temas, como drogas, violência, desigualdade de gênero e rede de atenção intersetorial. Para isso o planejamento das ações da função de articuladora social foi organizado em duas linhas de trabalho: Atividades de Formação + Fortalecimento da Rede de Atenção intersetorial existente (com ênfase nos dispositivos das macroáreas de minha responsabilidade), através de estratégias de Educação Permanente e Atividades de Acompanhamento Terapêutico (às mulheres em conflito com a lei e as oriundas principalmente do Juizado Especializado de Proteção à Mulher - com medidas protetivas), focando prioritariamente na integração, ativação e articulação da rede de cuidado e de proteção intersetorial às mulheres em situação de vulnerabilidade, vítimas de violência e que têm relação problemática com substâncias psicoativas - MVVVSPA ao passo que as ações de acompanhante terapêutica – AT de algumas mulheres com o perfil do projeto foram sendo desenvolvidas em ato no território de Boa Vista. Para ativação, qualificação e potencialização da rede foram utilizadas como estratégias oficinas, rodas de conversas, estudos de caso, reuniões, fóruns intersetoriais, itinerantes e instalações artísticas. Várias articulações foram feitas com pontos da rede de saúde, de assistência social, da justiça, segurança, educação, com organizações não governamentais, porém algumas merecem destaque, dentre elas, listo as executadas com a Defensoria Pública do Estado de Roraima, Juizado Especializado de Proteção à Mulher, Unidades Básicas de Saúde, CRAS, CREAS e Projeto Crescer.  Ressalto que as redes “criadas”, tecidas, ativadas e fortalecidas a partir das diversas articulações disparadas e realizadas no território seguem com muita potência e há perspectivas que elas se fortaleçam, pois no 5º e último fórum intersetorial, uma das estratégias adotadas pela equipe do Redes em Boa Vista, ocorrido no mês de outubro, ficou acordado que o departamento estadual de saúde mental de Roraima assumirá a condução dos fóruns em 2018, após o término projeto na capital, já que o Fórum Intersetorial (conduzido em 2017 pela equipe do 3º ciclo, com apoio e cooperação técnica da equipe de supervisão nacional e interlocutor Regional) foi uma demanda do território e teve boa adesão, potentes discussões e construções, finalizando com a construção do mapa do território real e ideal, bem como o fluxo de rede para casos semelhantes aos acompanhados pelas articuladoras sociais durante a execução do projeto. A partir dessa produção coletiva será montada uma publicação, tipo fanzine, com todos os equipamentos da rede intersetorial existentes em Boa Vista, com atribuições, respectivos endereços e telefones, melhorando a resolutividade da atenção prestada. Logo, entendo que o 3º ciclo do Redes em Boa Vista conseguiu cumprir com os objetivos previstos no projeto e constantes no termo de referência, mesmo diante do pouco tempo para execução das diversas atribuições, associada a complexidade e diversidade das articulações. O que nos leva a crer que vivenciamos em Boa Vista momento propício à ativação e fortalecimento de redes de atenção integral, com foco no usuário e usuária do sistema. O Redes veio para contribuir com a manutenção da chama da resistência e união acesa, potencializando as redes já existentes, as formais e as viscerais, de base comunitária. É importante destacar que o Redes foi bem recebido, os atores do território se mostraram interessados em ‘ser parte e tomar parte’ do processo, relataram situações de vulnerabilidade que vivenciam no território, reconhecem a urgência de ações articuladas / intersetoriais e enxergam as articuladoras sociais como possibilidade de fortalecimento e dispositivos disparadores da lógica da cogestão da política, com princípios da cooperação e corresponsabilidade para garantir a expansão do acesso e acolhimento com qualidade para aqueles que necessitam de cuidado. Porém, percebo que haveria necessidade de mais tempo para continuar os acompanhamentos terapêuticos de MVVVSPA já iniciados e também para prestar melhor cooperação técnica do ponto de vista de ativação efetiva e afetiva das redes já existentes, pois apesar da potência de dispositivos da rede informal, muitos destes não são acessados e nem reconhecidos como ponto de cuidado, ou seja, o foco ainda é concentrado na rede formal, ênfase em equipamentos do SUS e SUAS. Finalizo este relato reafirmando a importância do trabalho vivo disparado pelo Projeto Redes – 3º Ciclo no território de Boa Vista no ano de 2017 e esperamos que os deslocamentos causados sejam levados em conta para a prorrogação do projeto.

4048 I MOSTRA DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE NO TERRITÓRIO: ARTICULAÇÃO ENTRE CULTURA POPULAR E A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Joélia Oliveira dos Santos, Mônica dos Santos Ribeiro, Normanda de Almeida Cavalcante Leal, David Gomes Araújo Júnior, Fablicia Martins de Souza, Caroline Rillary Vasconcelos Farias, Isabele Mendes Portella, Elaine Cristina Mendes de Araújo

I MOSTRA DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE NO TERRITÓRIO: ARTICULAÇÃO ENTRE CULTURA POPULAR E A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Joélia Oliveira dos Santos, Mônica dos Santos Ribeiro, Normanda de Almeida Cavalcante Leal, David Gomes Araújo Júnior, Fablicia Martins de Souza, Caroline Rillary Vasconcelos Farias, Isabele Mendes Portella, Elaine Cristina Mendes de Araújo

O presente trabalho pretende apresentar a experiência da I Mostra de Educação Popular em Saúde no Território realizada na articulação entre equipe multiprofissional da Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF), equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e atores comunitários de um território em Sobral-CE. A I Mostra foi idealizada e articulada por equipe multiprofissional da RMSF, composta por enfermeiro, assistente social, nutricionista, educadora física, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e psicóloga juntamente com Agentes Comunitários de Saúde (ACS), equipe de referência da ESF e atores comunitários. Aconteceu no Centro de Saúde da Família Expectativa (CSF) em Setembro de 2017. Iniciou-se a partir de um cortejo no CSF, como forma de apresentação e convite às pessoas presentes para conhecer e participar da experiência. Para tanto, tomamos a música “O que é, o que é?” de Gonzaguinha como estratégia ético-estética de celebração da vida e resgate da potência de existência. Aproximando música, poesia, risos e encontros, tensionamos, portanto, à reflexão de que os saberes e fazeres em saúde que atravessam a produção de cuidado se inventam para além da racionalidade técnica, cientificista e hegemônica do paradigma biomédico. Cantar e dançar em um cortejo como abertura de uma Mostra, que traz como protagonista a comunidade e suas práticas de educação popular, foi uma estratégia política de fortalecer formas outras de pensar e vivenciar o cuidado em saúde. Enquanto o cortejo ocupava os espaços do CSF e alcançava as pessoas, via-se o estranhamento em seus rostos, os sorrisos nos olhos curiosos e a alegria no contato com a poesia e a música, principalmente nos tons elevados da voz quando a música exaltava a beleza da vida: “Que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita!”. À medida que o cortejo avançava, o estranhamento dava espaço para a afetação e encantamento. Foram montados ainda quatro stands ao longo do CSF, sendo: 1) plantas medicinais; 2) espiritualidade/religiosidade; 3) cantigas populares; e 4) Artesanatos, como forma de criar espaços para apresentação e contato com as experiências de educação popular do território. No stand das plantas medicinais trouxemos algumas plantas encontradas e cultivadas pela comunidade como, por exemplo, malva santa, malvarisco, capim santo, erva cidreira, alecrim pimenta, alfavaca, eucalipto, chamba, hortelã, aroeira, colônia, jatobá, que são utilizadas para fazer chás, xaropes, lambedores, sabonetes. Nesse stand podemos entrar em contato com algumas das práticas populares de cuidado em saúde desenvolvidas pelas comunidades atravessadas pela cultura popular e compartilhadas de geração a geração. O stand da espiritualidade/religiosidade trouxe expressões de fé, espiritualidade e religiosidade da comunidade. Havia objetos como terços, livros de oração, imagens de santos e músicas representando diversas expressões e grupos. Destacam-se também as práticas e histórias das rezadeiras que são muito presentes e expressivas no território enquanto dispositivo que potencializa o cuidado em saúde. Em sua maioria mulheres reconhecidas na comunidade que fazem de sua fé e reza instrumentos de cuidado e afeto com aqueles que necessitam e acreditam. Sobre o stand das cantigas populares, destaca-se o reencontro com a alegria, beleza, poesia e força da cultura popular e de como as pessoas cantam suas histórias e vida cotidiana. As cantigas foram escritas em folhas de papel e penduradas em um varal em que a comunidade ia relembrando e trazendo para a cena da Mostra. Destacaram-se as cantigas de roda, principalmente as cirandas de temáticas diversas enaltecendo a vida e a capacidade de afetação que se dá no encontro com o outro e com as experiências. E para além das cantigas no varal, também fizemos uma pequena ciranda, cantando-as e celebrando a existência. Já no stand de artesanatos, destacaram-se alguns dos trabalhos produzidos pelos atores do território. Alguns enquanto estratégia de geração e de complementação da renda, mas outros como expressões de práticas terapêuticas, isto é, atividades manuais que dizem sobre espaços e momentos individuais e grupais em que as pessoas produzem algo ao mesmo tempo em que fazem disso momento de compartilhamento de suas experiências de saúde, adoecimento e cuidado. Em que, ao tecer a linha de crochê ou a costura de um pano as pessoas trazem para a cena um pouco das linhas, costuras e arremates de suas histórias de vida, de saúde, de adoecimento, de luta, de cuidado e de como lidam com isso no cotidiano. De modo que os espaços de construção dos artesanatos são também espaços coletivos que engendram as diversas linhas de cuidado. Assim, a Mostra foi se constituindo principalmente pelo cortejo, os stands, o contato com as pessoas no CSF e os encontros simbólicos e afetivos. Configurando-se como experiência de contato com as multiplicidades e singularidades dos modos de existência dos atores e do território na qual a ESF e RMSF atuam. Contato que se deu a partir da pluralidade e potência da cultura e da educação popular, tomando como referência alguns dos princípios e diretrizes preconizados na Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS), reafirmando os princípios e luta do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como o reconhecimento e garantia da participação popular na construção e fortalecimento do SUS. A partir dessa compreensão, reafirma-se ainda o compromisso ético-político de coletivamente construirmos o SUS e modelos de atenção e gestão em que a ESF se fortalece enquanto espaços de produção de cuidado e saúde implicados com a problematização e transformação das condições sociais, culturais, econômicas e políticas que atravessam os processos de saúde. Nesse sentido, a Mostra teve como diretriz a articulação entre profissionais da RMSF, equipe da ESF e atores comunitários ao construirmos, dentro do próprio CSF, espaço de reconhecimento das diversas práticas populares, bem como suas legitimidades nos processos tanto de produção de cuidado e saúde quanto de fortalecimento da vida. Nesse sentido, compreendemos que a I Mostra se constituiu como espaço de contato, articulação e alegria com a cultura popular, assim como engendrou multiplicidades e potencialidades acerca de modos outros de se produzir saúde e cuidado na ESF. Havia expressões de fé, sonhos, fluxos, resistências, lutas e histórias se (re)inventando no cotidiano da vida.

2651 VIVÊNCIA ACADÊMICA NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
Karollayny de Macêdo Oliveira, Márcio Felipe de Freitas, Bahiyyeh Ahmadpour, Fabiana Mânica Martins, Brena Silva dos Santos

VIVÊNCIA ACADÊMICA NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE

Autores: Karollayny de Macêdo Oliveira, Márcio Felipe de Freitas, Bahiyyeh Ahmadpour, Fabiana Mânica Martins, Brena Silva dos Santos

APRESENTAÇÃO: Aproximar a universidade aos serviços de saúde foi uma das formas de alcançar mudanças no campo da saúde. Nesse sentido, os alunos de Medicina foram introduzidos nas unidades da rede, com o intuito de conhecerem a realidade e as práticas de saúde também coletivamente, isto é, com pessoas que, juntas, refletissem sobre, e vivenciassem experiências de trabalho em saúde. O contato precoce dos alunos de Medicina com a Atenção Básica à Saúde por períodos breves de alguns dias a várias semanas, no início do curso de Medicina, pode lançar as bases que permitem ao estudante de Medicina apreender o sentido de toda a formação médica, entendendo as pessoas no contexto dos seus problemas de saúde. Portanto, este trabalho trata da vivência de acadêmicos de medicina na Atenção Básica, proporcionada pelo trabalho integrado entre a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas e as Estratégias de Saúde da Família vinculadas a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Morro da Liberdade na disciplina de Saúde Coletiva III. DESENVOLVIMENTO: A experiência na Atenção Básica tornou tangível a metodologia da Clínica Ampliada e Compartilhada, possibilitando visualizar a participação dos pacientes em um atendimento humanizado e integrador, onde os aspectos individuais são considerados para estabelecer a estratégia mais adequada para cada tratamento. Nesse sentido, o trabalho conjunto da equipe de saúde da família englobou tanto os conhecimentos tradicionais da medicina, aplicados de forma humanizada, quanto a colaboração de Agentes Comunitárias de Saúde que tinham uma relação ainda mais estreita com os usuários e a comunidade. Essa colaboração na estratégia se mostrou imprescindível nos casos que envolveram idosos sem acompanhantes ou pacientes com problemas mentais, pois situações que os usuários não se sentiam à vontade para compartilhar no momento ou julgavam irrelevantes, muitas vezes, eram do conhecimento da comunidade, como uma demissão, uma traição ou outros fatores que se refletem na saúde do paciente e na dos seus familiares. Ainda convém lembrar o trabalho realizado em outros setores da Atenção Básica como a orientação prestada na recepção, o acolhimento e o preparo realizados por técnicos de enfermagem. A participação nesse conjunto de atividades permitiu identificar um perfil na comunidade que condiz com os dados epidemiológicos estudados, tais como incidência de diabetes mellitus, hipertensão arterial e tuberculose, nesta última o Amazonas aparece em primeiro lugar em casos por habitantes no Brasil. Outro ponto importante da experiência foi a promoção de saúde realizada com metodologias ativas, abordando assuntos relevantes para a comunidade e despertando o interesse e a participação dos usuários. Os assuntos tratados nessas ações de promoção de saúde somente foram selecionados e a metodologia desenvolvida após a identificação dos perfis mais recorrentes de usuários; essa análise foi feita em grupo, durante a primeira visita a UBS. Para tanto, realizou-se uma roda de conversa com os profissionais das equipes de saúde da família, professores da disciplina de Saúde Coletiva III e os alunos responsáveis por compartilhar os frutos da reunião com o restante da turma e juntos traçar um plano específico para orientar as ações naquela unidade durante o semestre. Nesse sentido, foram tratados assuntos como hábitos saudáveis de alimentação e atividade física; e, o que é, como prevenir e como tratar câncer de colo do útero e câncer de mama. Como abordagem para essas promoções, prevaleceram quiz de mitos e verdades e rodas de conversas. Eram formados grupos de cinco a dez pessoas e o diálogo se estabelecia através de perguntas e respostas em ambas as vias. Como os grupos eram pequenos, os usuários se sentiam à vontade para sanar dúvidas que poderiam estar retidas há muito tempo e não necessariamente teriam relação com o assunto abordado. Todos esses momentos foram bastante valorizados tanto pelos acadêmicos, quanto pelos usuários, pois foram momentos únicos, onde histórias de vida se revelaram aos poucos e possibilitaram entender a carência de informação daquela amostra da sociedade e as individualidades de cada pessoa.  RESULTADOS: A participação dos pacientes na discussão da estratégia a ser adotada permite ajustes que facilitam a execução do tratamento, aumentando o interesse e o ânimo dos pacientes e, por conseguinte, a adesão. Percepções como essas enriquecem a experiência dos acadêmicos de medicina em campos que só podem ser atingidos através de práticas reais, visto que não há como compreender as relações interpessoais, tanto entre os membros das equipes multiprofissionais, quanto entre os profissionais de saúde e os usuários, somente com literaturas e simulações. Percebe-se, portanto, o caráter indispensável desse tipo de vivência na formação acadêmica de profissionais de saúde, pois mostram a percepção dos usuários de que os estudantes utilizam o ambiente da Unidade não só como uma obrigatoriedade da grade curricular, mas como meio de praticar conhecimentos adquiridos na Universidade, de auxiliar no atendimento à saúde e também de agregar experiências e valores sociais à sua formação profissional. Dessa forma, espera-se que quanto mais cedo, respeitando o tempo de preparação teórica, os acadêmicos sejam inseridos em práticas como esta, mais familiarizados e preparados para assumirem o cuidado de pessoas eles estarão ao se formarem. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Embora haja protocolos para o tratamento das comorbidades ou situações apresentadas em consideração as individualidades de cada paciente, os tratamentos foram sempre estabelecidos com o trabalho conjunto entre os usuários e a equipe de saúde da família. Dessa forma, há um aumento na adesão e no sucesso do tratamento, refletido na melhora da qualidade de vida. No mais, tendo em vista a relevância desses campos de conhecimento para a formação médica, é fundamental ressaltar a importância das práticas para a fixação do conhecimento, ao mesmo tempo em que permitem aos acadêmicos contribuir desde já com a promoção de saúde na comunidade. Em face a essa realidade, espera-se que tal conduta possa refletir na melhora dos indicadores de saúde a médio e longo prazo, proporcionando uma atenuação no crescimento da incidência de doenças crônicas que tem acompanhado as mudanças do padrão etário no Brasil. Portanto, faz-se necessário compreender que o retorno da qualidade do trabalho investido neste estágio da formação será observado pelos futuros médicos tanto de forma direta, na competência profissional adquirida, como de forma indireta, ou seja, com modificações nas prospectivas epidemiológicas.