160: A arte do cuidado na saúde mental: tecendo e os fios na produção da vida
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: ICB Sala 14 - Jerimum    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
438 OFICINA TERAPÊUTICA BORDANDO A VIDA
Marjana Augusta Pinto Da Silva, Gabriela Piazza Pinto, Maria Betina Leite de Lima, Priscila Maria Marcheti Fiorin, Vivian Silva Ribeiro

OFICINA TERAPÊUTICA BORDANDO A VIDA

Autores: Marjana Augusta Pinto Da Silva, Gabriela Piazza Pinto, Maria Betina Leite de Lima, Priscila Maria Marcheti Fiorin, Vivian Silva Ribeiro

Apresentação: Os quadros depressivos correspondem ao terceiro problema de saúde entre mulheres de países desenvolvidos e ao quinto entre as mulheres de países em desenvolvimento, sendo predominante, também, quadros como transtornos de ansiedade, transtornos de ajustamento, insônia, estresse e outros. Pesquisas também mostram que mulheres vem apresentado consideravelmente mais sintomas de angústia psicológica e desordens depressivas do que homens. Sendo assim, as oficinas terapêuticas são atividades entre pessoas em sofrimento psíquico, promovendo o exercício da cidadania, expressão de liberdade e convivência dos diferentes através da inclusão. A oficina tem por objetivo fortalecer os relacionamentos pessoais através do diálogo sobre saúde e sobre fatos experimentados no decorrer da vida, associados ao trabalho manual. Desenvolvimento do Trabalho: Através da consulta de enfermagem são triados os pacientes que apresentam necessidade em participar da oficina. As participantes são mulheres com mais de 45 anos e sofrimento psíquico. A oficina ocorre em 3 etapas. Na primeira (cognitivo) as mulheres conversam, trocam e recebem informações referentes à saúde. Após isso se inicia o momento do bordado (construtivo) o qual os relacionamentos interpessoais e resiliência são fortalecidos entre o grupo. O terceiro (afetivo) é o encerramento da oficina, onde é realizado uma roda e são expostas as conquistas do dia, reforçado a importância de cada uma para a oficina. Por fim, o encerramento envolve beijos e abraços, acompanhado, sempre, da frase “que bom que você veio”. Resultados e/ou impactos: Através de relatos promovidos pelas participantes pode-se perceber que houve uma diminuição da angústia. É comum aparecerem frases como “Aqui eu esqueço todos meus problemas de casa’’ ou “Aqui eu encontro meu momento de paz”. Além disso, semanalmente é possível vivenciar o fortalecimento dessas mulheres tanto como indivíduos como grupo. Considerações finais: Conclui-se que esta oficina é um instrumento de fortalecimento de relacionamento pessoal das mulheres vinculadas. O ambiente é constantemente adaptado para novas técnicas de educação em saúde, visto que, a partir do momento em que o vínculo é estabelecido e nos sentimos afetados com o que ocorre em volta, a aprendizagem ocorre de maneira mais eficaz.

985 OFICINA DE TAPEÇARIA COMO RECURSO TERAPÊUTICO EM SAÚDE MENTAL
Marina Marquetti, FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ

OFICINA DE TAPEÇARIA COMO RECURSO TERAPÊUTICO EM SAÚDE MENTAL

Autores: Marina Marquetti, FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ

INTRODUÇÃO: Buscar recursos para o tratamento em saúde mental exige uma análise da realidade e da demanda para que sejam propostas ações compatíveis com o desejo do usuário. Entre as diversas possibilidades de atividades percebe-se que o processo de fazer tapetes em ambiente terapêutico no Centro de Atenção Psicossocial de Itaiópolis proporciona o sentimento de pertencimento a um grupo, além de explorar e incentivar o potencial da pessoa em sofrimento mental. O tratamento em saúde mental envolve muitas estratégias e observa-se uma supervalorização da medicação nesse processo. Sabe-se da importância da medicação na remissão dos sintomas psicopatológicos, mas ações de reabilitação psicossocial vão além da melhora dos sintomas, pois trata-se da integralidade da vida do sujeito em seus diversos aspectos como relacionamentos, trabalho, família, lazer, desafios, inclusão, enfim, diversas áreas que devem ser trabalhadas. Nesse sentido as oficinas terapêuticas de tapeçaria contribuem no tratamento ao proporcionar um ambiente de interação, troca de experiências, comprometimento, autoconhecimento e superação das dificuldades. OBJETIVOS: Apresentar a oficina de tapeçaria como um recurso para estimular a participação do usuário em grupo terapêutico, favorecer um ambiente de trocas de experiências, incentivar a organização, o comprometimento e a cooperação, potencializar o aprendizado e valorizar o potencial de cada indivíduo. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A oficina de tapeçaria iniciou no CAPS de Itaiópolis no ano de 2008 e acontece semanalmente. Foi realizada uma parceria com uma fábrica de biquínis de Joinville, a qual doa retalhos que sobram da produção. Participam em média dez usuários com transtornos mentais graves como depressão e esquizofrenia. Na oficina os retalhos são separados por cores e cortados em tiras para serem aplicados numa tela através de uma agulha sem ponta. São realizados diversos formatos de tapetes conforme a vontade do usuário (flores, coração, jogos de banheiro, entre outros). Alguns são vendidos para a comunidade ficando uma parte para o usuário que fez o tapete. Durante a oficina os usuários são acompanhados por profissionais que auxiliam no processo de interação do usuário com a atividade e com outros usuários, buscando identificar aspectos que precisam ser trabalhados. RESULTADOS: Durante o processo de confecção do tapete, é possível observar o estado mental do usuário (organização, orientação, comunicação, interação) o que possibilita que os profissionais identifiquem alterações do comportamento e possam planejar ações de intervenção. Para o usuário, observa-se que a tapeçaria possibilita uma melhora na autonomia, estimulando a iniciativa, organização, tomada de decisão, o que reflete também nas suas atividades da vida diária. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A oficina de tapeçaria tem se mostrado como um recurso eficiente para reabilitação psicossocial no CAPS de Itaiópolis na medida em que fortalece vínculos, proporciona socialização e satisfação pessoal do usuário, sendo uma estratégia importante no tratamento.  

1069 UMA ATMOSFERA DE AJUDA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL ATRAVÉS DE GRUPOS DE APOIO TERAPÊUTICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Erika Rêgo da Cruz, Telma Eliane Garcia, Elielson Paiva Sousa, Eliseu da Silva Vieira, Heliton Matos da Siva

UMA ATMOSFERA DE AJUDA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL ATRAVÉS DE GRUPOS DE APOIO TERAPÊUTICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Erika Rêgo da Cruz, Telma Eliane Garcia, Elielson Paiva Sousa, Eliseu da Silva Vieira, Heliton Matos da Siva

Apresentação: A intrínseca relação entre o corpo e a mente tem sido objeto de reflexão filosófica desde a antiguidade e atualmente as pesquisas da neurociência tem contribuído para a compreensão das funções cerebrais e processos mentais endossando a importância dos estudos sobre emoções e sentimentos. O conhecimento torna-se revelador e seus resultados influenciam as práticas clínicas, induzindo a significativas transformações, como as ocorridas na atenção aos portadores de sofrimento mental. As novas abordagens propostas pela Atenção Psicossocial, a partir da Reforma Psiquiátrica, introduzem equipamentos assistenciais que reconhecem esta vinculação entre o corpo e mente e valorizam a escuta na expressão livre, estimulando a convivência com as diferenças. Nesse modelo terminam por promover o exercício da cidadania facilitando a inserção social de indivíduos outrora segregados. Ressalta-se nesse contexto o papel primordial dos grupos de apoio terapêutico que oferecem aos participantes a oportunidade de integrar-se a um ambiente acolhedor, propiciando trocas de vivencias compartilhadas que fortalecem a percepção de não ser o único a passar por dificuldades. A finalidade dos grupos de apoio é servir como um sistema de suporte reunindo pessoas com situações semelhantes, e assim facilitando um ambiente de respeito onde elas possam expressar suas dificuldades e considerar diferentes modos e estilos de vida. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é compartilhar a experiência de um grupo de apoio terapêutico para incentivar profissionais de saúde na promoção da autoestima e autoconfiança de pacientes com desequilíbrio emocional, apropriando-se dessas novas tecnologias. Desenvolvimento do trabalho: A experiência foi vivenciada por acadêmicos do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA), sob supervisão da docente responsável pela atividade curricular em Saúde Mental, da referida instituição. A ação foi realizada no município de Belém, Pará, Brasil, tendo como público alvo usuários de uma unidade municipal de saúde, diagnosticados com transtornos mentais ou emocionais. O grupo organizado em uma roda de cadeiras iniciou com uma atividade de abertura onde foram dispostas no centro do círculo ao chão, alguns recortes de revistas que retratavam imagens aleatórias, como alimentos, carros, violência, tristeza, raiva, dor, sorrisos, dentre outros. Os participantes foram orientados a pegar uma dessas imagens para si, em seguida cada um deveria se apresentar e compartilhar com todos a razão de ter escolhido a figura e o que representava para sua pessoa. Em um segundo momento, após todos terem justificado suas escolhas, foi realizado o momento de resgate de uma lembrança que lhes causava a sensação de perda e marcado a sua vida no passado. Todos compartilharam suas recordaçôes, alguns com sinais emocionais de estar revivendo o momento. Em seguida o dirigente requisitou que cada um salientasse os sentimentos vivenciados na época do ocorrido, incumbência que moveu as sensações de entristecimento e algumas lágrimas. Logo depois foi solicitado a todos, os que quisessem, poderiam partilhar o modo como conseguiu superar sua perda. Posteriormente, todos falaram uma palavra que representasse algo positivo que tenha servido como ferramenta de apoio ou de ajuda na maneira como conduziu o processo de superação da perda. Para finalizar, todos se dispuseram de pé e simbolicamente deveriam passar à mão, como quem entrega um presente, ao seu colega do lado, uma palavra que resumisse o que ele havia aprendido naquele dia, e este colega repassaria ao próximo aquilo que lhe foi entregue e aquilo que ele aprendeu, e assim sucessivamente até que todos recebessem estes dois presentes simbólicos de palavras positivas que contribuíssem como forma de apoio, lição e superação. Resultados e/ou impactos: A reunião de grupo obteve surpreendente resultado com a participação ativa do público-alvo que esteve receptivo em todas as etapas. Para a atividade de apresentação e escolha da figura observou-se que as figuras escolhidas tinham vínculos emocionais que referenciavam a sentimentos positivos, que lhes transmitia uma sensação agradável de algo útil no dia a dia, do amor entre entes queridos, de renovação de força, de lazer e cuidados pessoais com a higiene e alimentação. Na segunda etapa, onde foi introduzido o tema a ser trabalhado, evidencia-se relatos de perdas negativas de entes queridos que morreram. No desenvolvimento do tema o grupo ressaltou o quanto a perda lhes havia ocasionado transtornos emocionais que, para alguns, até os dias de hoje permanecem presentes. Como exemplo, um dos participantes narrou um surto que teve ao receber a notícia da morte de seu avô, comportando-se de forma extremamente agressiva, quebrando objetos da casa, socando paredes e gritando até desmaiar. Outro participante relatou não ter voltado a cidade de seu avô, onde costumava frequentar para visitá-lo antes da sua morte, pois para ele havia perdido o sentido retornar àquele lugar, embora houvessem outros parentes residindo na localidade. Um sentiu-se perdido e desnorteado após perda da avó, e enunciou não ser a mesma pessoa que fora antes do ocorrido. Os casos relatados proporcionaram uma reflexão sobre a diversidade de sentimentos, ações e respostas, que cada indivíduo pode desenvolver diante de uma situação trágica e/ou extrema, e o quanto elas se refletem e interferem negativamente após anos, proporcionando desequilíbrios emocionais. Foi discutido durante a reunião que o sentimento de perda as vezes pode ser egoísta por parte dos entes que permaneceram vivos, e que não aceitam a partida daqueles que foram, mesmo que a morte represente o fim de um sofrimento causado por uma doença, por exemplo. As considerações e percepções causaram intensa reflexão nos participantes, levando-os a perceber novos olhares para ressignificar sua perda. No fechamento do tema, onde foi perguntado o que fizeram para superar a sua perda, algumas palavras foram mencionadas como: processo de aceitação, tempo como curador e reflexões. Este último provocou uma nova reflexão sobre como é importante atentar para a situação vivenciada, buscar entender os sentimentos interiores diversos para encontrar soluções ou respostas que colaborem no processo de superação da dor. As palavras destacadas pelos participantes no encerramento foram referentes a fé, determinação, esperança, força, confiança e superação. Estas foram ditas como atitudes que ajudaram a passar pelas perdas e que também serviram como aprendizado e ferramenta de apoio a todos para encarar as perdas passadas e as que virão ao longo da vida. O sentimento de alivio foi evidente bem como o de desabafo em compartilhar com o grupo as aflições que carregavam quanto a sua perda mais significativa, o que favorecem o autoconhecimento e a aquisição de um novo repertório de emoções para o enfrentamento da vida. Considerações Finais: Evidenciou-se que a utilização de estratégias como os grupos de apoio terapêutico, auxiliam na superação das angustias, melhora a estabilidade emocional dos participantes, promove interação social, além de contribuir para a promoção da autoestima, da autoconfiança, da solidariedade e responsabilidade mútua entre integrantes, podendo favorecer ao encontro de melhor equilíbrio emocional aos participantes. Outrossim, a nós acadêmicos, pôde contribuir na formação de futuros enfermeiros capazes de identificar problemáticas e buscar solucioná-las através de abordagens dinâmicas e participativas que possam promover a saúde mental nas várias esferas de atuação como profissionais de enfermagem.

2057 OFICINAS EXTRAMUROS: EXPERIÊNCIAS EXITOSAS NO CAPS DE ITAIÓPOLIS
Marina Marquetti, FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ

OFICINAS EXTRAMUROS: EXPERIÊNCIAS EXITOSAS NO CAPS DE ITAIÓPOLIS

Autores: Marina Marquetti, FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ

APRESENTAÇÃO: A proposta da Reforma Psiquiátrica Brasileira vai além da extinção dos manicômios. Propõe uma nova forma de tratar as pessoas com transtornos mentais, oferecendo possibilidades de inserção social e inclusão na comunidade. Nesse contexto é papel dos CAPS mediar e facilitar esse processo através de estratégias que possibilitem a autonomia dos usuários, utilizando todos os dispositivos e recursos da rede. As oficinas terapêuticas fazem parte desses dispositivos na medida em que promovem espaços de encontros e aprendizados, trabalhando as dificuldades ou descobrindo as potencialidades dos usuários. OBJETIVO: Através deste trabalho pretende-se relatar duas experiências de oficinas realizadas do CAPS de Itaiópolis, que são executadas no território, sendo a Oficina de Leitura e a Oficina de atividade física.  DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A Oficina de Leitura é desenvolvida na Biblioteca Pública Municipal. Os usuários vão até o CAPS e de lá se deslocam até a biblioteca acompanhados de um profissional do CAPS. Cada usuário é livre para escolher o material que deseja ler, entre revistas, livros, jornais, gibis, enfim, entre os materiais disponíveis na biblioteca. Após a leitura é realizado um momento de partilha em grupo, onde cada pessoa relata para os demais o que leu, se gostou da leitura, quais sentimentos foram despertados, se consegue associar com algo que está acontecendo ou que tenha acontecido em sua vida. A oficina de atividade física acontece na academia da saúde, localizada em um bairro do município. Os usuários iniciam com uma caminhada até o local e o educador físico do NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família, conduz as atividades, orientando a forma correta da realização dos exercícios. RESULTADOS: A Reforma Psiquiátrica visa à inclusão da pessoa com transtorno mental nos espaços da comunidade e no território e isto é possibilitado através de oficinas extramuros. Ao participar dessas oficinas percebe-se no relato dos usuários que eles se sentem pertencentes a uma comunidade, a um grupo. Percebem a possibilidade de utilizar estes espaços da comunidade como qualquer outra pessoa. Alguns usuários relatam que após participarem dessas oficinas através do CAPS passaram a frequentar estes espaços em outros horários, emprestam livros na biblioteca para levar para casa e utilizam o espaço da academia para a prática de exercícios físicos. Essas simples atitudes podem parecer atividades corriqueiras e banais, mas quando se está falando de pessoas com transtornos mentais, um passado de exclusão vem à tona e as barreiras do preconceito impõem limites que ficam mais difíceis de serem superados. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As oficinas extramuros contribuem para a melhora da qualidade de vida e da autoestima ao possibilitarem o convívio coletivo, ajudando na sociabilidade e na reinserção social das pessoas com transtornos mentais. Percebe-se que mesmo em municípios pequenos, onde as opções muitas vezes são limitadas é possível produzir estratégias e promover saúde mental apropriando-se dos espaços do território.

2596 Desinstitucionalização e Reabilitação psicossocial: Conexões e Contradições em um Serviço Residencial Terapêutico
Ramon Reis dos Santos Ferreira, Andreza Silva dos Santos

Desinstitucionalização e Reabilitação psicossocial: Conexões e Contradições em um Serviço Residencial Terapêutico

Autores: Ramon Reis dos Santos Ferreira, Andreza Silva dos Santos

A montagem da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída no Brasil pela portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, tem como um de seus objetivos promover a reinserção e a reabilitação das pessoas com transtornos mentais por meio do acesso ao trabalho, à renda e à moradia solidária. Este direcionamento é ressaltado sobretudo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos três eixos que, ao lado da farmacoterapia e da psicoterapia, constitui o alicerce da eficácia da abordagem comunitária em Saúde Mental. A OMS concebe a reabilitação psicossocial como um fluxo processual capaz de potencializar oportunidades de recuperação dos indivíduos, minorando os efeitos deletérios da cronificação dos transtornos por intermédio do desenvolvimento de competências individuais, familiares e comunitárias. O presente trabalho vislumbra avaliar a efetivação das diretrizes da RAPS no tangente à reabilitação psicossocial em um Serviço Residencial Terapêutico localizado na cidade do Rio de Janeiro, instituído como cenário de prática da Residência Multiprofissional em Saúde Mental do IPUB/UFRJ. Para isso, lançamos um olhar longitudinal sobre a inserção e permanência de 8 moradores neste serviço, partindo de observações, leitura de documentos (prontuários de internação, relatórios, trabalhos acadêmicos) e realização de entrevistas. A partir do diagnóstico construído com a contribuição desses elementos, buscamos identificar os fatores que potencializam e os que fragilizam a consolidação, neste serviço, daquilo que a política da RAPS preconiza como reabilitação psicossocial. Dados preliminares indicam que a saída dos usuários do regime de internação rapidamente gera efeitos nas subjetividades e modos de estar no laço social, entretanto a falta de recursos humanos, de articulação dos serviços territoriais e de educação permanente para coordenadores e cuidadores possivelmente vêm fragilizando o avanço na conquista de autonomia e cidadania por esses sujeitos. Isto sugere que existência dos pontos de atenção da RAPS dedicados às estratégias de desinstitucionalização não se configura como garantia inequívoca da consolidação de uma direção de cuidado pautada na reabilitação psicossocial, com vistas ao incremento da autonomia possível para cada usuário da rede; e nos questiona sobre que estratégias devemos elaborar, principalmente em tempos de crise política e econômica, para evitar que esses serviços cristalizem o cuidado prestado e comprometam a potência de vida que a inserção no território é capaz de produzir nos sujeitos.

2810 Oficina de Geração de Renda como instrumento potencializador do vínculo e protagonismo dos usuários do CAPS ad: Relato de Experiência
Leiliana Maria Rodrigues dos Santos, Renata Trigueiros Araújo, Malcolm dos Santos Almeida

Oficina de Geração de Renda como instrumento potencializador do vínculo e protagonismo dos usuários do CAPS ad: Relato de Experiência

Autores: Leiliana Maria Rodrigues dos Santos, Renata Trigueiros Araújo, Malcolm dos Santos Almeida

No Brasil, a exclusão social e ausência de cuidados marcaram a existência dos portadores de transtornos mentais, usuários e dependentes de álcool e outras drogas, pois as intervenções, ao longo da história, se resumiram em iniciativas de atenção de caráter fechado, tendo a abstinência como único objetivo a ser alcançado.  Embora estejam prescritas na Política estratégias que enfocam a tríade da reabilitação psicossocial: moradia, trabalho e rede social, muitas vezes essas não se materializam no cotidiano dos CAPSad, dada a complexidade dessas questões e as dificuldades de articulação intersetoriais. Este trabalho por tanto tem como objetivo discutir o processo de construção de uma oficina de Geração de Renda em um serviço CAPS ad III. A rotina da oficina, seus efeitos nos usuários e os desafios encontrados. A oficina funciona uma vez por semana e dura em média duas horas. Alguns anotam os pedidos, enquanto outro grupo prepara a tapioca. Percebe-se que a tentativa de levar para outros lugares, instituições e a rua faz com que os usuários se dediquem a cada etapa da produção da tapioca. Eles pontuam que as pessoas  não vão comprar só porque eles são pacientes do CAPS e sim porque é um produto de qualidade, por exemplo. Este esforço teve efeito na clínica e na vida de cada um, pois alguns usuários perceberam a possibilidades de fazer por conta própria e montar seu ponto de venda de tapioca para além do CAPS. Além de cuidar do autocuidado e higiene para manipular alimentos. Pois passaram a circular por outros espaços na cidade e participar de eventos culturais. Além de não estarem sob efeito da substância durante a oficina, pactuação feita no coletivo.  

2818 A Natação Como "Ferramenta" de Inclusão Para Portadores de Autismo
Daniel Nunes Miranda, Elisangela Valença de Paiva, Valéria da Rocha Silveira Bernardo, Débora da Silva Albani Martins, Leandro dos Reis Lage, Lilian Koifman

A Natação Como "Ferramenta" de Inclusão Para Portadores de Autismo

Autores: Daniel Nunes Miranda, Elisangela Valença de Paiva, Valéria da Rocha Silveira Bernardo, Débora da Silva Albani Martins, Leandro dos Reis Lage, Lilian Koifman

O Transtorno do Espectro  Autista é definido como uma série de atributos caracterizados por algum grau de comprometimento do comportamento social, comunicação e linguagem, e uma restrita sucessão de interesses por  atividades que são únicas para o indivíduo, realizadas de forma repetitiva, manifestando principalmente na infância. Durante a adolescência, algumas crianças autistas podem apresentar deterioração comportamental.  Multi estilos de interação podem ser observados, variando de arredio a passivo e a excêntrico. A descoberta de uma doença ou síndrome crônica para a família é transposto por diversas sensações e sentimentos, como, frustração, insegurança, culpa, luto, medo e desesperança. Este estudo tem o objetivo de certificar que pratica da natação pode ser usada como uma “ferramenta” de inclusão para crianças autistas, assim como, a importância da interação com os outros alunos e a mediação do professor. Verifica também, possíveis consequências que este transtorno traz consigo no que se refere à sociedade e especialmente à família que vivencia a problemática. A metodologia utilizada para este estudo, baseia-se em uma pesquisa de revisão sistemática de literatura. Os descritores utilizados foram: “autismo”; “atividades aquáticas”; “inclusão”; “natação” e o conectivo AND. As fontes para pesquisa foram: Google Acadêmico e os periódicos da CAPES. A classificação da busca foi feita por relevância na língua portuguesa, levando em consideração publicações feitas de 2007 à 2017. O estudo possibilitou compreender os benefícios da natação para o portador do transtorno do espectro autista. Outro aspecto relevante, foi a necessidade de uma melhor formação e atualização do Professor de Educação Física para atuar de forma efetiva na inclusão do deficiente na sociedade. Estudos acerca desse tipo de deficiência ainda estão em processo de construção carecendo de informações que possam ampliar as metodologias de trabalho. A utilização de ferramentas adaptativas e atividades lúdicas adequadas corroboram para maiores níveis de aprendizado e habilidades corporais, assim como ampliam as reflexões acerca da própria prática. 

3726 A VIVÊNCIA DA GINÁSTICA GERAL POR CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISMO E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE
Araceli Dos Santos Nascimento, Patricia Reyes de Campos Ferreira

A VIVÊNCIA DA GINÁSTICA GERAL POR CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISMO E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE

Autores: Araceli Dos Santos Nascimento, Patricia Reyes de Campos Ferreira

O Transtorno do Espectro Autismo (TEA) pode ser considerado um transtorno global do desenvolvimento ou ainda um distúrbio neurológico do desenvolvimento, que afeta 1% da população brasileira. Tornou-se um dos distúrbios mais estudados em neuropsiquiatria tendo em vista a gravidade desse transtorno e o impacto que o mesmo produz. As principais áreas afetadas do distúrbio neurológico é o comportamento, a comunicação e a linguagem. O desenvolvimento desses aspectos é atrasado dificultando a relação social do indivíduo, além do aspecto motor e cognitivo. Pensando nisso, este trabalho teve como objetivo verificar a influência da Ginástica Geral (GG) em Crianças com Transtorno do Espectro Autismo na cidade de Santarém-PA e sua relação com a saúde. O público desta pesquisa foram três (03) crianças (dois meninos e uma menina) na faixa etária entre 07 e 08 anos. Este estudo foi realizado no ano de 2017, no Laboratório de Ginástica do Campus XII da Universidade do Estado do Pará – UEPA. Teve duração de três (03) meses, sendo duas aulas semanais de 50 minutos, com atendimento individualizado para cada criança. As aulas foram elaboradas de acordo com as especificidades e interesse de cada criança, pautada nos fundamentos da GG, que é caracterizada como a ginástica para o lazer, que disponibiliza um programa de exercícios com aspectos especiais, não limitando seu público em relação a idade, gênero, número ou condições físicas, e que desperta a criatividade, ludicidade e liberdade de expressão. Este estudo teve aprovação do Comitê e Ética em Pesquisa, sob o CAEE: 64906017.4.0000.5168. Um dos instrumentos de coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada realizada com os responsáveis das crianças após as intervenções, juntamente com uma avaliação psicológica realizada antes e após as intervenções. Na entrevista realizada com os pais verificou-se algumas melhoras em relação as crianças, nos aspectos: concentração, comportamento, comunicação, coordenação motora, incluindo as habilidades motoras básicas. Outros aspectos citados foram: a melhora no equilíbrio, autonomia, a promoção da saúde, aceitação de uma nova rotina, superação e crescimento pessoal, interesse e o aprendizado na prática da Ginástica Geral promovendo a satisfação corporal. A avaliação psicológica feita antes e depois das intervenções confirma os resultados da entrevista, ao apresentar que houve melhora no desenvolvimento de cada criança após as aulas de GG, sendo percebida de acordo com a especificidade de cada criança a melhora na coordenação motora global, interação social, comunicação, centralização da fala, manipulação de objetos, entendimento dos comandos repassados, autonomia e segurança. A partir dos resultados apresentados, conclui-se que um projeto de intervenção pautado nos fundamentos da Ginástica Geral pode influenciar positivamente no desenvolvimento de crianças com TEA, contribuindo direta ou indiretamente em outras terapias, viabilizando a presença do educador físico na equipe multiprofissional, podendo auxiliar nos cuidados com a saúde de crianças com TEA.  

3927 OFICINA TERAPÊUTICA DE CARIMBÓ: UMA ESTRATÉGIA DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL EM UM CAPS.
Milene Neves Soares, Eberson Luan Cardoso, Bruna Luana Tavares, Gabriela Joice Cardoso

OFICINA TERAPÊUTICA DE CARIMBÓ: UMA ESTRATÉGIA DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL EM UM CAPS.

Autores: Milene Neves Soares, Eberson Luan Cardoso, Bruna Luana Tavares, Gabriela Joice Cardoso

Introdução: A modificação do formato assistencial da psiquiatria ao longo dos anos vem dado espaço para um contexto onde a desinstitucionalização psiquiátrica se torna o foco. Dessa maneira, a criação Núcleos/Centros de Atendimento de Atenção Psicossocial (NAPS/CAPS) como serviços substitutivos do modelo asilar-manicomial contribui para a melhoria da assistência aos indivíduos em sofrimento psíquico e oferece cuidados que transitam entre o atendimento ambulatorial e a internação hospitalar, priorizando a importância da família e do meio sociocultural. A necessidade de adaptar, reinventar e criar novas modalidades no cuidado e conviver com pacientes psiquiátricos tornou-se mais evidente, exigindo assim uma assistência mais flexível e humanizada, e para tal, a equipe multiprofissional de saúde mental têm aperfeiçoado suas técnicas terapêuticas por meio de reformulações teórico-práticas que permitem, além de maior interação usuário-profissional, reavaliar e desenvolver novas formas de cuidado. Dentre as muitas propostas de mudanças nesta assistência, as atividades em grupo passaram a ter maior importância terapêutica, enfatizando-se a participação multiprofissional no processo de reabilitação da saúde mental. Nessa perspectiva, uma das técnicas grupais que pode ser empregada como estratégia terapêutica, é a dança, visto que a mesma oferece um ambiente de diálogo para usuários com diversos tipos de transtornos mentais, possibilitando novas experiências psicológicas, emocionais e físicas, exteriorização de sensações e emoções. A dança possui uma linguagem própria que estimula o usuário a se envolver consigo mesmo, possibilitando a melhora em seu processo de tratamento, onde este passa ter ciência que quando há a impossibilidade de expressar-se com base em sua linguagem verbal, poderá fazê-lo através de uma linguagem corporal, favorecendo, dessa maneira, suas competências comunicativas. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo descrever a experiência vivenciada por acadêmicos do curso de graduação em Enfermagem na condução de uma oficina terapêutica subsidiada pela metodologia ativa com uso da música e dança, para a contribuição na disseminação do conhecimento de práticas assistivas e novas formas de assistencia ao paciente psiquiátrico. Descrição da Experiência: A experiência aconteceu durante as aulas práticas da atividade curricular “Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria” no CAPS Renascer, que representa um centro de grande porte (CAPS III) com equipe especializada em atenção psicossocial localizado no bairro do Marco, no município de Belém – PA. A oficina terapêutica foi planejada e executada por acadêmicos do 4º semestre do curso de Enfermagem da UFPA e coordenada pela enfermeira-docente responsável, baseando-se no princípio de que a dança possui propriedades terapêuticas e proporciona aprendizados aos indivíduos. Nesse sentido, a oficina foi realizada em dois momentos distintos valendo-se de uma abordagem voltada para a saúde mental dos usuários através de metodologias ativas que visam novas formas de ensino-aprendizagem na perspectiva de integrar teoria/prática, ensino/serviço, as disciplinas e as diferentes profissões da área da saúde, além de buscar desenvolver a capacidade de reflexão sobre problemas reais e a formulação de ações originais e criativas capazes de transformar a realidade social5. O primeiro momento foi reservado para a confecção dos trajes de caracterização utilizados na dança (prioritariamente saias, devido à forte presença feminina na oficina), sendo contemplados dois dias para essa atividade, respeitando os limites e capacidades de cada indivíduo. Neste momento, os acadêmicos atuaram de maneira a dar o suporte necessário por meio de dicas e auxílio mínimo à medida que também confeccionavam seus trajes, pois, o estímulo à criatividade, autonomia e apoio mútuo representaram os pontos chave nessa etapa de construção. O momento seguinte contou com a participação dos usuários, já caraterizados com os trajes que os mesmos produziram, que foram incentivados à livre expressão corporal por meio da música e dança. Os acadêmicos atuaram como facilitadores e ensinaram pequenas performances e coreografias ao som de músicas regionais bastante conhecidas do ritmo Carimbó, na medida em que também participavam da dança. Neste momento foi notório o envolvimento dos demais usuários presentes no centro, bem como de colaboradores e terapeutas de referência presentes, todos contagiados pelo momento de descontração. Resultados: A oficina proposta foi muito bem recebida pelos usuários, sendo essa receptividade percebida pela forma surpreendente que o grupo de acadêmicos facilitadores foi acolhido, demonstrando o total interesse do público-alvo pela atividade em questão, se dispondo a confecção dos trajes e expressão corporal por meio de movimentos de dança de forma ativa, onde mesmo aqueles mais tímidos e isolados participaram de forma efetiva. No primeiro momento, notou-se como prevalente a timidez por parte das usuárias, que foram incentivadas à interação por meio de uma abordagem dialógica feita pelos acadêmicos. No segundo momento, porém, notou-se a participação ativa e desinibida, marcas do acolhimento satisfatório da estratégia utilizada. Acredita-se que a utilização de oficinas terapêuticas baseadas em metodologias ativas torna-se uma ferramenta que potencializa o tratamento dos usuários, pois, a exemplo dessa experiência, a prática da dança resultou na melhora da autoestima e autoconsciência corporal, promovendo a interação entre os usuários, estímulo à criatividade, além de facilitar e estimular a integração social, bem como incentivar o desenvolvimento e manutenção de capacidades cognitivas e a memória. Por meio desta intervenção percebemos sentimentos de confiança, igualdade, apoio mútuo, em que cada indivíduo pode perceber e reconhecer sua importância no grupo participante da oficina. No campo mental, a oficina permitiu aos usuários apurar sua atenção, cognição, linguagem, bem como se expressar e amenizar os sentimentos de solidão e isolamento pela livre interação em grupo. Conclusão: Esta oficina terapêutica enfatizou a importância do enfermeiro em atividades em prol da saúde mental baseadas na interação contínua com o público e estratégias terapêuticas não convencionais, atuando como facilitador do aprendizado e promoção da saúde mental ao usuário. Deve haver o estímulo a participação ativa na manutenção da saúde de tais usuários, buscando melhora da autoestima e qualidade de vida. Percebeu-se a atuação do terapeuta de referência, neste caso o enfermeiro, no programa de saúde mental, adotando o cuidado continuado por meio de medidas de promoção da saúde e prevenção de agravos, fugindo das perspectivas contensionistas e de vigilância do modelo asilar-manicomial. A experiência permitiu o contato com realidades diversas, proporcionando a obtenção de conhecimentos e aprendizados à formação profissional, uma vez que o uso da metodologia ativa no processo de aprendizagem propiciou problematizar sobre as atuais condições de vida dos usuários, proporcionando a reflexão sobre suas formas de vivência e de relacionamento, bem como sob os modos intervir nas situações de maneira a adaptar a assistência de enfermagem a esta realidade. Portanto, é de extrema importância a realização desse tipo de oficina, permitindo novas formas de expressão, sendo um espaço onde os indivíduos podem manifestar sua opinião na formulação de coreografias, expressarem seus sentimentos na dança, como também uma forma de lazer. Percebeu-se a grande importância que as atividades em grupo representam no campo da saúde mental, e propõe-se que essas sejam ainda mais estendidas para fora dos limites do CAPS, bem como uma maior utilização de oficinas terapêuticas voltadas para livre expressão corporal por meio da dança.

4041 O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Ariamiro dos Santos Silva Junior, Brenda dos Santos Coutinho, Andreza Dantas Ribeiro, Antonia Irisley da Silva Blandes, Cristiano Gonçalves Morais, Géssica Rodrigues Silveira, Gisele Ferreira de Sousa, Érika Marcilla Sousa de Couto

O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Autores: Ariamiro dos Santos Silva Junior, Brenda dos Santos Coutinho, Andreza Dantas Ribeiro, Antonia Irisley da Silva Blandes, Cristiano Gonçalves Morais, Géssica Rodrigues Silveira, Gisele Ferreira de Sousa, Érika Marcilla Sousa de Couto

Apresentação: Os centros de atenção psicossocial (CAPS) atuam como um serviço de referência dentro da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Atuam com um modelo de cuidado voltado para o acompanhamento multiprofissional em saúde mental, sendo um dispositivo estratégico para a desinstitucionalização e extinção progressiva dos manicômios. Os CAPS contam com consultórios para atividades individuais, grupais, espaços de convivência, oficinas, refeitório, farmácia e espaços técnicos e administrativos. Cabe ressaltar que seu objetivo principal é a reinserção do indivíduo em sofrimento psíquico na sociedade. Em vista disso, o objetivo do estudo foi relatar a experiência de discentes e um docente de enfermagem em prática grupal com atividades lúdicas como ferramenta de assistência em saúde com pessoas que realizavam acompanhamento no CAPS. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência realizado por discentes e uma docente do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus XII, durante as aulas práticas, ocorridas em abril de 2016, em um Centro de Apoio Psicossocial localizado no município de Santarém, estado do Pará. Os dados adquiridos neste estudo foram averiguados durante uma dinâmica, uma das propostas elaboradas pelos discentes como parte das atividades a serem desenvolvidas no centro. Resultados e/ou impactos: Participaram 21 pessoas da dinâmica, na faixa etária de 23 a 64 anos de idade, média de 47 anos. Quanto ao gênero, 38% dos participantes eram homens e 62% mulheres. Referente à escolaridade, 43% informaram possuir o ensino médio incompleto. Com relação ao estado civil, 57% informaram ser solteiro e 52% dos participantes informaram não realizar atividade laboral. A dinâmica objetivou a maior interação entre os discentes com os pacientes, preferiu-se a prática do teatro com finalidade de proporcionar maior interação, além de oportunizar o espaço adequado para expressão de sentimentos e de comunicação. Para a efetivação da dinâmica, os indivíduos em acompanhamento foram divididos em dois grupos, sendo proposto para ambos a dramatização de algum problema do dia-a-dia, em que a solução para este problema fosse obtida através do diálogo com os membros de cada grupo. Foram apresentadas em ambas as dramatizações problemas de relacionamentos familiares, em que as principais propostas de soluções pontuadas envolviam o diálogo e compreensão das situações expostas. Nesse sentido observou-se a importância dessa troca de vivências para a melhora do estado de humor e adesão ao tratamento, pois permitia que os pacientes estabelecessem uma relação de mútua ajuda. Considerações finais: Propostas de interação interpessoal são fundamentais para superação de problemas cotidianos ou mesmo dificuldades mais complexas, que em muitos dos casos não são relatadas por desconforto ou por dificuldades de se expressar. Neste contexto, o teatro demonstrou ser uma importante ferramenta de assistência em saúde por oportunizar momentos de compartilhamento e de reflexão de experiências pessoais. Ademais, cabe salientar o lúdico como ferramenta para o tratamento da pessoa em sofrimento psíquico. 

4517 OFICINA TERAPÊUTICA: PINTANDO SAÚDE MENTAL
Maria Betina Leite de Lima, Thauane de Oliveira Silva, Thais Neves de Carvalh Carvalho, Gabriela Piazza Pinto, Marjana Augusta Pinto da Silva, Adamerflan Gouveia Sene, Nayara Aparecida Sanches Chagas, Priscila Maria Marcheti Fiorin

OFICINA TERAPÊUTICA: PINTANDO SAÚDE MENTAL

Autores: Maria Betina Leite de Lima, Thauane de Oliveira Silva, Thais Neves de Carvalh Carvalho, Gabriela Piazza Pinto, Marjana Augusta Pinto da Silva, Adamerflan Gouveia Sene, Nayara Aparecida Sanches Chagas, Priscila Maria Marcheti Fiorin

Apresentação: A Reforma Psiquiátrica Brasileira teve princípio realizar a desinstitucionalização, promover a cidadania e autonomia dos pacientes com algum tipo de distúrbio psiquiátrico, através da organização e articulação da Rede de Atenção Psicossocial, por meio da utilização de novas formas de cuidar, como a arteterapia. A prática de arteterapia no cotidiano do campo de saúde mental é uma ferramenta utilizada com intuito de proporcionar um espaço para os usuários expressarem os seus sentimentos e emoções, além de fortalecer o vínculo entre os profissionais e os próprios pacientes, aumentar a auto-estima, minimizar os efeitos da doença mental. A arteterapia fundamenta-se na utilização da arte como forma de manifestação do inconsciente por meio de imagens, de maneira a favorecer a reflexão dos pacientes acerca das suas emoções, medos e ansiedades referentes à patologia e promover a vida.  O trabalho visa relatar a experiência de uma oficina terapêutica que utiliza a arte da pintura para falar de saúde. Desenvolvimento do trabalho: Relato de experiência a respeito da vivência das integrantes da Liga Acadêmica de Saúde Mental em Enfermagem (LASME) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, ao participar de uma oficina terapêutica realizada pela enfermeira do Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS III) localizado na cidade de Campo Grande – MS. Para desenvolver a oficina utilizou-se de desenhos retirados dos livros de colorir e caça ao tesouro antiestresse da ilustradora Joanna Basford, lápis de cor e apontador. Além disso, antes de iniciar a atividade realiza-se uma dinâmica para promover a interação entre os participantes da oficina. Resultados: Os pacientes participam de forma efetiva da atividade, expressavam seus sentimentos, emoções ou relatavam algum fato de sua vida e cotidiano relacionado à imagem que escolheram para colorir, de maneira a promover a sua saúde mental, favorecer a compreensão e o conhecimento da história pregressa de cada indivíduo. Considerações finais: Foi possível evidenciar que a arteterapia é uma ferramenta que favorece a prática do cuidado a saúde, promove a saúde mental dos participantes da oficina, ao proporcionar um espaço de escuta terapêutica e por meio da explanação dos pacientes e possíveis intervenções de enfermagem para cada indivíduo.  

5107 EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE MENTAL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO À IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE SAÚDE HUMANIZADA
Vanessa Teixeira da Solidade

EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE MENTAL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO À IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE SAÚDE HUMANIZADA

Autores: Vanessa Teixeira da Solidade

O estudo trata de um diálogo no qual o saber–poder dos professores de educação física, nos serviços de saúde mental, demandam atividades físicas mais enriquecidas de contato das experimentações corporais e disposição psicológica. Objetivo é verificar e identificar de fato como é a relação do profissional de educação física na saúde mental, possibilitando compreender melhor os serviços prestados aos usuários através do CAPS e analisando a importância da interdisciplinaridade. Vivenciado no CAPS Jael Patrício de Lima, destinado aos usuários que sofrem com transtorno mental grave e no CAPS AD Primavera, destinado aos usuários de álcool e outras drogas, ambos localizado em Aracaju/SE. Foi empregado a metodologia qualitativa descritiva através de um questionário semiestruturado com questões abertas, objetivas e subjetivas. Também foi executado um estudo de campo. Sendo que a entrevista foi para os profissionais de Educação Física, alguns usuários que participam ativamente das atividades físicas e da equipe de ambos os CAPS. Com base nos resultados, a inserção do profissional de educação física nos Centros de Atenção Psicossocial vem beneficiando os usuários de forma positiva. O que se percebe é que a interdisciplinaridade e a atuação multiprofissional têm possibilitado uma dinâmica mais humanizada no tratamento do transtorno mental. Vale ressaltar que a pesquisa possibilitou apresentar que hoje os profissionais estão cientes dos desafios para a legitimação e efetivação dos princípios do SUS, mas em igual medida fortalecidos e dispostos a continuar aprendendo e trocando mutuamente experiências com outros profissionais e com os usuários para que a intervenções se dê cada vez mais de forma interdisciplinar e humanizada.

5092 CORPO EM MOVIMENTO. A EXPERIÊNCIA DA ENFERMAGEM UTILIZANDO O VÍDEO GAME COMO ATIVIDADE TERAPÊUTICA EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.
Rennan Coelho Bastos, Juliana Santos de Albuquerque, Paula Monick Silva de Castro, Letícia Karla Ferreira Góes, Marlon Lourenço Lobato, Tiago dos Santos Albernaz, Thais Amanda Nunes da Cunha, Karina Faine da Silva Freitas

CORPO EM MOVIMENTO. A EXPERIÊNCIA DA ENFERMAGEM UTILIZANDO O VÍDEO GAME COMO ATIVIDADE TERAPÊUTICA EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.

Autores: Rennan Coelho Bastos, Juliana Santos de Albuquerque, Paula Monick Silva de Castro, Letícia Karla Ferreira Góes, Marlon Lourenço Lobato, Tiago dos Santos Albernaz, Thais Amanda Nunes da Cunha, Karina Faine da Silva Freitas

Apresentação: Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos das Redes de Atenção Psicossocial (RAPS), caracterizando-se com serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituídos por equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental. Algumas das ações dos CAPS são realizadas em coletivo, outras são individuais, outras destinadas às famílias, porém, todas são comunitárias e podem acontecer no espaço do CAPS e/ou nos territórios, nos contextos reais de vida das pessoas. As pessoas que são alvo de cuidados relacionados a reabilitação psicossocial apresentam um conjunto de necessidades, principalmente ao nível da comunicação, expressão corporal, das atividades de vida diária e socialização, da autonomia do sujeito frente a sua saúde, em que atividades terapêuticas de grupo relacionadas à arte e ao trabalho corporal se revelaram benéficas, constituindo também como uma forma de participação e incentivo à cidadania. A tecnologia e o ambiente virtual têm percorrido um longo caminho nos últimos anos, e os avanços na tecnologia tem tornado possível a criação de uma nova geração de ambientes imersivos. A realidade virtual vem desenvolvendo-se cada vez mais na área da saúde, pois proporciona uma avançada interface homem-máquina, que simula um ambiente real além de proporcionar uma experiência de imersão e interação. Atualmente, os vídeo games que utilizam interação física entre usuário e mundo virtual são chamados de “Exergames”, jogos que ao mesmo tempo são uma forma de exercício. Podemos definir várias classificações para os jogos, levando em consideração aspectos para diferenciar os grupos, como os objetivos, enredo, faixa etária e gênero, evidenciando, desta forma, aquelas que dão ênfase ao elemento mais relevante, que é o objetivo do jogo. Nesta perspectiva objetivou-se a partir de uma atividade terapêutica utilizando um vídeo game, intervir nas necessidades dos sujeitos que são alvos dos cuidados enquadrados em reabilitação psicossocial, assim como mostrar a importância da utilização dos jogos virtuais no processo de reabilitação do usuário abordando os principais ganhos obtidos com o mesmo. Desenvolvimento do Trabalho: Tal experiência foi realizada no mês de agosto em um CAPS III, denominado Grão Pará, localizado no município de Belém, no estado do Pará. A atividade terapêutica denominada “Corpo em Movimento”, foi dividida em 3 etapas: o acolhimento dos presentes, a utilização do vídeo game e a avaliação. Na primeira etapa todos os presentes foram envolvidos em uma atividade de acolhimento, onde cada participante jogava um balão para cima com o objetivo de mante-lo no ar, ao mesmo tempo em que outros balões iam sendo incorporados no exercício, evitando deixá-los cair no chão por um período de três minutos. No segundo momento, o vídeo game foi apresentado aos participantes, e as instruções para os jogos foram repassadas, afirmando o entendimento de todos os presentes para o bom aproveitamento da atividade. Três jogos com objetivos esportivos foram selecionados. O vídeo game utilizado conta com sensor de movimentos que habilita o usuário a controlar e interagir com os jogos, onde o jogador obedece aos comandos e reproduz os movimentos, bem como permite que mais de um jogador participe do mesmo jogo. Os usuários, de livre e espontânea vontade, manifestaram interesse e participaram individualmente ou em pares. Este momento durou duas horas, findando quando todos os interessados participaram dos três jogos. O terceiro momento, finalizando a atividade, todos os participantes sentados em roda avaliaram a ação de forma satisfatória onde cada um expressou suas opiniões e sentimentos. Cabe ressaltar que o ambiente foi todo preparado para que os usuários pudessem participar da atividade sem que esta oferecesse riscos a sua saúde. A atividade foi realizada para 22 pessoas, com duração de três horas. Resultados: Os pacientes e seus acompanhantes foram muito receptivos a todas as propostas da atividade terapêutica, assim, possibilitando com que todos os objetivos esperados fossem alcançados. Dentre os objetivos é de importância ênfase os da primeira e segunda etapa que fomentaram o trabalho em equipe, proporcionando um cuidado solidário e contribuindo para com as relações interpessoais e os objetivos da reabilitação psicossocial, esta sendo um processo que facilita ao usuário, com limitações, uma melhor reestruturação de autonomia de suas funções na comunidade. Deste modo, também é notória a contribuição da atividade “Corpo em Movimento” no que diz respeito ao desenvolvimento da criatividade e da psicomotricidade no momento de interação com o jogo, bem como a promoção a saúde permeado todas as fases, acentuando a concentração, coordenação motora, o exercício do corpo e proporcionando um espaço de lazer para o usuário e seu acompanhante. Os “Exergames”, no que diz respeito ao combate contra o sedentarismo, vem se destacando como uma tecnologia favorável, o que surte um resultado importantíssimo a respeito da manutenção da saúde e auto estima dos usuários. Estes, pontos de extrema importância para o sucesso no tratamento. Portanto, fica nítido o impacto positivo que novas tecnologias de interação virtual causam em atividades terapêuticas, tirando desta o significado empírico de ocupação do tempo dispensável do usuário. No contexto da rotina do CAPS III, onde há um numero de pacientes internados permanecendo vinte e quatro horas no estabelecimento, a disponibilidade de um “Exergame” contribuiria para com a rotina dos internos influenciando diretamente em sua saúde. Considerações Finais: Diante dos objetivos propostos para a atividade terapêutica utilizando o vídeo game, concluímos que a ação realizada foi satisfatória, envolvendo os usuários do CAPS e até mesmo os seus acompanhantes e profissionais que estavam presentes no momento. Reabilitar, para Liberman, consiste em “melhorar as capacidades das pessoas com transtornos mentais no que se refere à vida, aprendizagem, trabalho, socialização e adaptação de forma mais normalizada possível”, neste âmbito, a utilização do “Exergame” se tornou peça fundamental para o alcance de resultados positivos no processo saúde dos pacientes em atenção psicossocial. Vale ressaltar estudos que avaliaram a utilização dos “Exergames” contribuindo para aumento da qualidade de vida e a percepção da depressão e ansiedade em idosos, trazendo resultados concretos para um embasamento cientifico sobre o uso desta tecnologia. No contexto do CAPS, nossa ação também serviu como um teste bem sucedido, haja vista a carência de estudos implementados com a utilização de tecnologias de interação virtual em atividades terapêuticas para pacientes psiquiátricos, sendo esta uma tecnologia benéfica à melhoria dos prognósticos dos usuários, devendo ser melhor avaliada e utilizada pelos profissionais de saúde. Em suma, acreditamos ter alcançado nossa proposta da ação, contando com a colaboração de nossa docente e da participação dos usuários e acompanhantes.

4231 Reflexões de um acadêmico de Enfermagem sobre a Oficina de Futebol em um CapsAd
Gabriel Rodrigues Vieira, Gizelly Ilha Cândido

Reflexões de um acadêmico de Enfermagem sobre a Oficina de Futebol em um CapsAd

Autores: Gabriel Rodrigues Vieira, Gizelly Ilha Cândido

APRESENTAÇÃO: Este trabalho apresenta um relato de experiência de um acadêmico sobre a oficina de futebol desenvolvida em um Centro de Apoio Psicossocial álcool e drogas (CAPSad) no município do Rio de Janeiro. Novos modelos de atenção à saúde mental foram propostos a partir da década de 1970 e em 2001, com a lei 10.216 foi redirecionado o modelo de atenção às pessoas com transtornos mentais, instituindo preferência a serviços extra-hospitalares, como os CAPS.  A portaria 3088/11, que institui a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estipula também que as atividades nos CAPS sejam desenvolvidas prioritariamente em espaços coletivos. Nesse cenário as oficinas têm papel fundamental. Este trabalho questiona sobre a eficácia das oficinas e tem como objetivo destacar aspectos relacionados a construção da rede intersetorial, tanto formal quanto informal, e a construção de vínculos. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência. Os dados foram colhidos através do diário de campo e utilizando-se do referencial teórico da reforma psiquiátrica disponível para comparar com a realidade. RESULTADOS: O primeiro contato na oficina foi difícil, foi um momento de entender a saúde de forma ampliada, além da relação saúde-doença. Desenvolver a prática na perspectiva da redução de danos, entendendo como objetivo do trabalho não a abstinência das drogas, mas sim a promoção do bem-estar físico e social desses usuários. O trabalho em rede intersetorial têm se mostrado importante para essa prática e acontece também com dispositivos externos à RAPS, como uma igreja e um clube por exemplo. Além disso a oficina é um espaço para criação de vínculos, tanto entre os usuários entre si, os vínculos institucionais, os vínculos entre os usuários e o território e os vínculos entre os usuários e os profissionais de saúde. Esses vínculos são uma ferramenta que favorece a integralidade do cuidado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A oficina de futebol é potente e pode agir positivamente na vida dos usuários. A visão ampliada de saúde facilita no cuidado integral. O trabalho em rede é importante pois interfere na qualidade e integralidade do cuidado. A criação de vínculos é importante para a aderência dos usuários ao projeto terapêutico de forma contínua.