16: Participação social para a garantia de direitos em tempos sombrios
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FEFF Sala 01 - Rebojo    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
869 JUDICIALIZAÇÃO NA SAÚDE: A busca pela efetivação do direito fundamental à vida
Antonia Regiane Pereira Duarte, Gilvandro Ubiracy Valente, Yan Philipe Duarte Santana, Aldoêmia Correa

JUDICIALIZAÇÃO NA SAÚDE: A busca pela efetivação do direito fundamental à vida

Autores: Antonia Regiane Pereira Duarte, Gilvandro Ubiracy Valente, Yan Philipe Duarte Santana, Aldoêmia Correa

A saúde é, e sempre será um bem, a ser zelado, entretanto tal dedicação por parte do estado não vem sendo empregada devidamente, pois, segundo os usuários do sistema único de saúde (SUS), a qualidade do atendimento está cada vez mais precária, e isso vem gerando um descontentamento maçante, ao passo que, as muitas reclamações em razão desse fato e a efetivação do tratamento, tendem a surgir com frequência nas ouvidorias públicas, sendo necessário por parte desta, a utilização dos meios cabíveis. Assim, a pesquisa Intitulada “judicialização na saúde: A busca pela efetivação do direito fundamental à vida” se fundamenta pelo aumento de demandas no judiciário, mostrando que o conhecimento da população em relação aos direitos em saúde está cada vez mais difundido, porém, esse conhecimento fragmentado, por vezes atropela o seguimento de programas intragovernamentais, uma vez que nem sempre há verbas específicas para determinadas demandas, acarretando com isso o mal direcionamento de fundos. Observa-se que a carência nos atendimentos de média e alta complexidade no Brasil se mostram cada vez mais deficientes, ao ponto de que a busca pela sua efetivação chegue as portas do judiciário, esta realidade não é diferente no município de Santarém que, atualmente vem sofrendo carência, principalmente, no que tange a falta de insumos. Diante do cenário aqui exposto, surge a questão problema: Quais são as principais ações movidas por pacientes do sistema único de saúde, atendidos no munícipio de Santarém, na busca por seu direito fundamental a um atendimento de qualidade?. A presente pesquisa teve como objetivo analisar as principais causas que motivaram a efetivação de ações judiciais movidas por usuários na busca pela seguridade do atendimento, no município de Santarém-PA. Para a pesquisa utilizou-se dos métodos exploratório, descritivo com enfoque qualiquantitativo. Tendo como amostra as demandas movidas no período de 2012 a 2015, que objetivavam a busca da seguridade do direito em saúde. Sendo critério de inclusão ficha de atendimento do Ministério Público Estadual que apresentasse registros legíveis relacionado à número de protocolo, identificação do requerente, bem como descrição dos fatos, sendo excluídas as fichas de atendimento do Ministério Público Estadual, que se encontrem, ilegíveis, bem como fichas que apresentem supressão de laudas. Para o alcance dos objetivos utilizou-se um instrumento contendo questões abertas e fechada. O presente estudo teve como base os processos que estavam sobre o poder da secretaria municipal de saúde  do referido município, ao todo, foram computados trinta e três (33) ações, sendo estas as mais diversas, as quais se dividem em: medicamentos, cirurgias, TFD/cirúrgico, TFD/clinico, leitos hospitalares em UTI e alimentos especiais. Os resultados mostram que 51,50% das demandas se dá em benefício de pacientes abaixo de 18 anos. Assim, ao se falar de idade no município de Santarém quando colocada sobre o foco de ações judiciais, fica evidente que estas surgem da necessidade não só de pessoas mais experientes, mas também de crianças, jovens, usuários que na sua mais ingênua fase, sofrem com o descaso e embarreiramento por parte da governança. Sobre os motivos que levaram o usuário a recorrer ao judiciário, observa-se que a maior recorrência foi a busca por fármacos o que soma um total de 42,42% dos pedidos, seguido por procedimentos cirúrgicos com 27,27%, TFD/cirúrgicos com 12,12%, este que se iguala a TFD/clínicos que tem a mesma porcentagem, e por fim as demandas relacionadas a leitos hospitalares, que também se igualaram ao único pedido de alimentos especiais, apresentando uma porcentagem menor que 3,03%. Em meio a as demandas analisadas, houve vários espaços de tempo, dentre os quais se subdividiram em cinco temporariedades distintas, das mais rápidas, as mais demoradas, entretanto há de se destacar, que dos casos estudados, tiveram aqueles cuja mensuração não pôde ser detectada, e por infelicidade, este grupo se mostrou como sendo o maior, com 30,30%, em seguida aparece o grupo que entrou com o pedido imediatamente somando a porcentagem de 27,27%, depois os que esperaram de cinco a vinte e nove dias para ajuizar a demanda com 24,24%, logo após os que aguardaram um período de um a dois meses com 9,09%, seguidos por aqueles que recorreram ao judiciário no intervalo de cinco a seis meses 6,06%, e por fim, na escala menor, teve-se apenas um único caso que demorou um ano para recorrer ao judiciário somando 3,03%. Quando se fala em ajuizar uma demanda judicial, não importando o motivo, há de se levar em consideração a gravidade da situação em que se encontra o autor, uma vez que, ao entrar nesta esfera os riscos para ambos os lados são grandes, por isso muitas vezes esta acaba sendo uma espécie de ultima alternativa para a pessoa, na qual não restou mais saída, uma situação de verdadeiro desespero, para fazer valer seu direito. Como último quesito analisado no estudo, têm-se o tempo de espera para que o problema fosse resolvido, e concomitantemente, a existência de algum entrave encontrado na busca pela efetivação do direito ao qual se pretendia. Em relação a estes itens o estudo mostrou que das trinta e três ações utilizadas para o estudo, a grande maioria delas teve sua demanda analisada, deferida/indeferida e resolvida em menos de um mês, estes que somaram um total de vinte e nove (29) ações, no que tange as outras, três delas foram sanadas no intervalo de três meses, enquanto apenas uma correu por mais de um ano para sua resolução. Ressalta-se que cada vez mais a esfera judicial é chamada para resolver problemas oriundos do executivo, que nascem principalmente da má gestão empregada pelos representantes eleitos pela população, ou seja, a esfera que deveria apenas em último caso intervir, hoje é vista aos olhos da população como sendo a esperança para garantia de um direito que a princípio não deveria nem mesmo encontrar limitações, portanto, sugere-se a reestruturação com base em uma melhor eficácia do conselho municipal de saúde visando a assistência devida aos usuários do município estudado, com a ameaça de que se não for assim efetivado, consequentemente, vidas se percam, e da mesma forma exigir que a gestão pública melhore a assistência prestada, pois este trabalho deve ser feito de forma conjunta e eficaz junto da secretaria de saúde e conselho municipal de saúde. Diante dos fatos conclui-se que a falta de assistência devida não assola apenas a um determinado público, mas sim a comunidade em geral, vez que até mesmo usuários mais jovens sofrem com a má assistência. Entretanto a procura pela efetivação quando esta foi negada a princípio não cessou ali, pois a grande maioria das ações foram ajuizadas imediatamente, o que mostra que a intervenção judicial cada vez mais se faz necessária, inclusive em um setor que até pouco tempo não mostrava problemas. E em resposta a esses apelos, o guardião da lei não se mostrou omisso, ao passo que este resolveu o deslinde de imediato fornecendo o pedido ao usuário, tendo em vista que se tratava de direito fundamental.

824 PET-GRADUA/SUS e o empoderamento do saber e troca de experiências entre gestantes e acadêmicas de Fisioterapia no Hospital Universitário de Campo Grande-MS
Bianca Espinosa dos Santos, Micheli Silva Alves, Leila Simone Foerster Merey

PET-GRADUA/SUS e o empoderamento do saber e troca de experiências entre gestantes e acadêmicas de Fisioterapia no Hospital Universitário de Campo Grande-MS

Autores: Bianca Espinosa dos Santos, Micheli Silva Alves, Leila Simone Foerster Merey

Apresentação: A Diabetes mellitus gestacional (DMG) pode ser descrita como a intolerância aos carboidratos diagnosticada primeiramente durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto. É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3% e 7% das gestações. O Programa de Educação pelo Trabalho - PET Gradua/SUS tem por objetivo a mudança na formação profissional por meio de vivências na realidade dos serviços de saúde em áreas prioritárias do SUS, onde o aluno se torna o centro do processo de formação profissional. Sendo o Diabetes Mellitus o tema escolhido pela Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande–MS, um dos territórios escolhidos para abordagem é a Maternidade do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, onde as ações são realizadas com as gestantes portadoras de DMG, visando o autocuidado e promoção da saúde. Desenvolvimento do Trabalho: As atividades realizadas pelas acadêmicas do PET acontecem nas quartas-feiras, dia em que as gestantes encontram-se internadas no Hospital para controle glicêmico. As ações são divididas em dois momentos sendo:  uma roda de conversa, palestra ou dinâmica para abordagem de assuntos visando a saúde da mulher, saúde da família e a saúde do bebê. No período de 2016/2017 foram abordados: amamentação, importância paterna, direitos da mulher, importância do exercício físico, como fortalecer o assoalho pélvico, doação de leite, parto humanizado, uso racional de medicamentos, oficina de shantala, desenvolvimento psicomotor da criança, entre outros. Em segundo momento, são realizados exercícios do método Pilates para melhora da qualidade de vida e incentivo ao auto-cuidado e prática de exercícios físicos. O empoderamento do saber feminino acontece por meio da troca de saberes das acadêmicas e convidados a palestrar juntamente com experiencias vividas pelas integrantes do grupo. Por meio dele, a mulher enriquece seu conhecimento a respeito da Diabetes Melittus e Qualidade de Vida possibilitando melhores possibilidades para enfrentamento de doenças. Impactos: As integrantes do grupo são participativas, empenhadas, dominam saberes populares e midiáticos. Quanto a novos conhecimentos questionam e expõem opiniões a respeito. É de grande valor ao acadêmico poder estar inserido na relação ensino-serviço-comunidade e participar destas troca de saberes. Por meio destas atividades, o aluno amplia habilidades e competências como melhora da comunicação e autonomia, ampliação dos conhecimentos sobre o SUS e as realidades vivenciadas pelo usuário do serviço de saúde. Considerações finais: A educação popular em saúde é uma ferramenta importante para o empoderamento do usuário e seu papel consciente e ativo no controle e no tratamento da comorbidade. A interação acadêmico-paciente é uma via de mão dupla, favorecendo os processos de aprendizagem, não apenas técnico-científico, mas também maior humanização do cuidado e ampliação das competências relacionadas às habilidades interpessoais. Proporcionar atenção à saúde nos níveis de prevenção e promoção à saúde é fundamental em grupos vulneráveis e a participação do fisioterapeuta nestas atividades contribui para a desmistificação da atuação profissional, do comprometimento social a respeito do adoecer e as formas de intervir na saúde coletiva, criando vínculos interpessoais e profissionais.

1009 Contribuições do VI Estagio Interdisciplinar de Vivência em áreas de reforma agraria no estado do Pará para formação acadêmica: Relato de experiência.
Fabíolla de cássia soares cardoso, Adriana do socorro uchoa da silva, Cintia Evelyn Pessoa dos Santos, Landara Furtado de Brito, Marcos Valério Santos da Silva

Contribuições do VI Estagio Interdisciplinar de Vivência em áreas de reforma agraria no estado do Pará para formação acadêmica: Relato de experiência.

Autores: Fabíolla de cássia soares cardoso, Adriana do socorro uchoa da silva, Cintia Evelyn Pessoa dos Santos, Landara Furtado de Brito, Marcos Valério Santos da Silva

Apresentação: O estado do Pará construiu a VI edição do Estágio Interdisciplinar de Vivência em 2015, com a ajuda de Diretórios Centrais dos Estudantes, Centros Acadêmicos, Movimento Estudantil e Social e Programas de Extensão Universitários, com o objetivo de inserir universitários, de diversos cursos de graduação, em contato com a realidade do campo fazendo-os obter caráter reflexivo em âmbito social, que garantam e respeitem os Direitos Humanos. Desenvolvimento do Trabalho: O estágio foi dividido em três etapas: formação, vivência e retomada/socialização, sendo a vivência, como um mecanismo pedagógico importante para contribuir com a formação do estudante e sua tomada de consciência sobre a multiplicidade e complexidade das condições sociais. Nessa fase, se promove uma ação educativa a partir de vivências em áreas rurais e, dessa forma, contribuindo de forma significativa para superar o distanciamento entre a universidade e a sociedade, entre todos os conhecimentos teóricos e científicos com os conhecimentos populares. Resultados e impactos: O EIV teve o papel fundamental para a construção de um ser crítico proporcionada através da prática humanizada da vivência social, onde o ser humano consegue enxergar o outro a partir da condição de sentir a dinâmica do mesmo. A partir das contribuições do VI EIV-PA, foi possível compreender que experiências não inseridas na estrutura formal de ensino possuem um grande potencial na construção de conhecimentos necessários para uma formação sujeitos transformadores e modificadores, fazendo com que seja necessário reavaliar o papel da estrutura da graduação. Considerações Finais: O Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV) tem um grande potencial de contribuir para formação acadêmica, visto que permite um aprendizado através da experiência. No entanto, apesar do currículo formal ainda dificultar que experiências dessa natureza ocorram com frequência, elas têm demonstrado ser um bom mecanismo pedagógico para uma formação crítica e voltada para os interesses sociais.

1021 MOVIMENTO LGBT, POLÍTICAS PÚBLICAS E SAÚDE
Tirza Almeida Da Silva, Eduardo Jorge Sant’ana Honorato, SÔNIA MARIA LEMOS, DARLISOM SOUSA FERREIRA, ANTÔNIO ARCANJO MARTINS, ISABELA MARIA HUTIM FONSECA, EDNALDO GOMES BARBOSA JUNIOR, SILENE NOGUEIRA DE OLIVEIRA ARANTES

MOVIMENTO LGBT, POLÍTICAS PÚBLICAS E SAÚDE

Autores: Tirza Almeida Da Silva, Eduardo Jorge Sant’ana Honorato, SÔNIA MARIA LEMOS, DARLISOM SOUSA FERREIRA, ANTÔNIO ARCANJO MARTINS, ISABELA MARIA HUTIM FONSECA, EDNALDO GOMES BARBOSA JUNIOR, SILENE NOGUEIRA DE OLIVEIRA ARANTES

Os movimentos sociais são ações coletivas, de caráter reivindicatório, cujas bandeiras de lutas são para conservar ou promover mudanças e reivindicar direitos. Assim sendo, o movimento LGBT busca, basicamente, conscientizar a sociedade de que deve haver uma unificação de ideias para lutar por direitos que atendam a todos sem discriminação de classe, cor, raça, etnia e, principalmente, orientação sexual. Essa seria a melhor forma de construir uma sociedade mais justa e igualitária. Objetivou-se identificar a importância dos movimentos sociais na construção de políticas públicas para população LGBT no âmbito da saúde. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, em que o levantamento bibliográfico foi reali­zado nas bases de dados SciElo, LILACS e CAPES, utilizando os descritores: políticas públicas AND LGBT e saúde AND LGBT. Os critérios de inclusão foram: a) manuscritos escritos em português ou inglês; b) artigos sobre a temática em questão; c) artigos com texto completo, disponíveis online; e d) data de publicação entre os últi­mos 13 anos. Na consulta inicial surgiram 302 artigos. A partir disso, foram selecionados 10 artigos que mantinham relação com o objetivo da pesquisa, sendo catalogados por título, autor(es), periódico e data de publicação. Isto posto, inferimos que as reformulações dos espaços de saú­de para a inclusão da população LGBT também depen­dem das transformações no modo de pensar e de agir dos profissionais de saúde. E ainda, muito foi alcançado no âmbito das políticas públicas de saúde voltadas para as especificidades da população LGBT, porém ainda se encontra muitos obstáculos para a sua efetividade.

2364 A UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E A LUTA DO POVO: PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE PARA A CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL DO DIA 28 DE ABRIL DE 2017
Francisco Wagner Pereira Menezes, Brena Sales de Mesquita, Caroline Frota Brito de Almeida Salema, Ingrid de Oliveira Câmara, Isabella Soares Rebouças Coe, Lorena Araújo Paz, Rafael Dias de Melo, Raiza Verônica Almeida Barbosa

A UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E A LUTA DO POVO: PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE PARA A CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL DO DIA 28 DE ABRIL DE 2017

Autores: Francisco Wagner Pereira Menezes, Brena Sales de Mesquita, Caroline Frota Brito de Almeida Salema, Ingrid de Oliveira Câmara, Isabella Soares Rebouças Coe, Lorena Araújo Paz, Rafael Dias de Melo, Raiza Verônica Almeida Barbosa

Um dos principais desafios para o campo da Educação Popular em Saúde é atuar frente às exigências atuais que se colocam num contexto de avanços das políticas neoliberais no Brasil e no mundo, com retrocessos dos direitos sociais, trabalhistas e da democracia, salientados sobremaneira em território nacional a partir do golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016. Neste relato de experiência tem-se como objetivo compartilhar os caminhos trilhados por uma equipe de residentes em Saúde da Família e em Saúde Coletiva da Escola de Saúde Pública do Ceará para, no ambiente de trabalho, debater a reforma da previdência e mobilizar para a construção da Greve Geral do dia 28 de abril de 2017. Entre os dias 10 e 27 de abril de 2016 foram desenvolvidas três rodas de conversa na Unidade de Atenção Primária à Saúde Frei Tito de Alencar, localizada na Praia do Futuro, em Fortaleza: com Agentes Comunitários de Saúde, outra com membros das equipes da Estratégia Saúde da Família, e a última com usuários integrantes de um grupo de Hipertensos e Diabéticos. Também foi realizada uma sala de espera com os usuários, onde foi exibido um vídeo sobre as principais alterações propostas na reforma da previdência, acompanhado pela encenação-dramatização da “Cartomante Madame Sabe Tudo”, a partir do acúmulo teórico do Teatro do Oprimido,   utilizado também a apresentação da calculadora da aposentadoria, que simulava a expectativa da aposentadoria com e sem a reforma da previdência, para ao final abrir o debate junto aos usuários. Essas atividades proporcionaram a troca de saberes sobre a importância do direito à previdência, a problematização do “rombo da previdência social” e do papel da grande mídia na alienação da população sobre os impactos dessas reformas, além de mobilizar profissionais e usuários para a construção e participação da greve geral de 28 de abril de 2017. Entendemos que tais atividades contam com o poder de ressignificação do ambiente da Unidade de Saúde para profissionais e usuários, demarcando aquele ambiente como espaço de construção da luta coletiva por uma sociedade mais justa e meio de organização e resistência popular.

2542 Título: Mobilização Social da População em Situação de Rua (PSR): visibilidades e possibilidades de garantia e conquista de direitos sociais.
Paula Monteiro de Siqueira, Laura Camargo Macruz Feuerwerker

Título: Mobilização Social da População em Situação de Rua (PSR): visibilidades e possibilidades de garantia e conquista de direitos sociais.

Autores: Paula Monteiro de Siqueira, Laura Camargo Macruz Feuerwerker

Este trabalho tem por objetivo divulgar resultados parciais de uma pesquisa de mestrado cuja coleta de dados foi realizada no decorrer do ano de 2017. Este tem como objeto de pesquisa as Políticas de Saúde para Populações em Situação de Alta Vulnerabilidade Social. A metodologia empregada foi a abordagem cartográfica e teve como campo de pesquisa o cotidiano de trabalho de uma equipe de Consultório na Rua  (CnaRua) no Munícipio de São Paulo/SP, participação na Comissão de Saúde para a Pessoa Vulnerável do Conselho Municipal de Saúde/SP (CMS-SP), participação no Projeto de Extensão A cor da Rua, outros espaços  de discussão e problematização das questões que condizem à Pessoa em Situação de Rua (PSR) tais  como: o Comitê Intersetorial da Política Municipal para População em Situação de Rua – Comitê PopRua, o Movimento Nacional População de Rua (MNPR), dentre outros. Aproximamo-nos desses espaços de maneira que pudéssemos compreender os processos de modo orgânico, participando e constituindo os coletivos de forma ativa. Em alguns casos coletamos entrevista e esse material foi transcrito dando corpo a base de dados da pesquisa. As Pessoas em Situação de Rua/PSR “escapam” ao imaginário normativo do que seria a vida em sociedade, por isso, por muito tempo, foi objeto de intervenção policial e/ou assistencialista. O reconhecimento de que essa população é portadora de direitos é recente e ensejam iniciativas políticas no sentido de assegurá-los. Cabe também  interrogar em que medida e com que propósitos tais “vidas sem valor (ou indignas de serem vividas)” passam a ter valor e relevância político-jurídica. No contexto da sociedade capitalista a desigualdade é condição para que o capital possa se reproduzir e aumentar o seu lucro. Como a riqueza da sociedade se acumula cada vez mais nas mãos de poucos e os recursos destinados para atender aos direitos básicos como saúde e moradia não são suficientes para alcançar a todos que necessitam, a exclusão social e a divisão entre pobres e ricos é acentuada. Somado a isso há o estigma que rotula aqueles que estão na condição de rua como incapazes, como bandidos e criminosos, acentuando a criminalização da pobreza.Diante disso, a mobilização social e a formação de coletivos são importantes para dar visibilidade às populações que são marginalizadas e viabilizar a garantia de seus direitos, bem como a mudança social.Nesse sentido, as políticas públicas, quando tem como foco dirimir a exclusão social, devem centrar sua intervenção nas dimensões econômica, simbólica e sociocultural de forma integrada, centralizando-se na proteção dos direitos sociais, buscando assim a reversão dos processos de exclusão social, bem como dar visibilidade às populações que estão à margem do sistema.Os sistemas de saúde compõem sistemas maiores de proteção social, este sistema maior, inicialmente era constituído pela família e foi ganhando corpo institucional a partir das associações das categorias profissionais e instituições estatais. Tais movimentações podem ser consideradas como uma resposta social de ordem pública a determinadas populações/indivíduos e suas necessidades de proteção que se relacionam com cada contexto e localidade. Quando se trata da saúde, no Brasil, o acesso é pensado de forma universal, há países em que só determinadas populações têm esse direito garantido. Desde a década de 1960, já se viam movimentações por parte da População em Situação de Rua (PSR) em busca de políticas públicas que lhes assegurassem melhores condições de vida. Em São Paulo, a Lei n. 12.316 – de 16 de Abril de 1997, dispõe sobre a obrigatoriedade do poder público municipal a prestar atendimento à população de rua na Cidade de São Paulo. Entretanto, foi após a barbárie da chacina da Praça da Sé (2004), que muitos atos e mobilizações denunciaram as duras condições da vida nas ruas. Estas mobilizações deram corpo, dentre outras mobilizações, ao Movimento Nacional da População de Rua (MNPR, 2005) que se constitui como expressão dessa mobilização organizada em várias cidades brasileiras. Em 2003, houve a contratação de um enfermeiro e um agente comunitário de saúde para trabalhar com as pessoas que vivem na rua (ACSR). Em 2004, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS/SP) implanta o projeto "A Gente na Rua". Neste projeto os agentes comunitários tinham vivência de rua, e esta conquista se deu por intermédio da mobilização de um grupo de pessoas em situação, que buscava maior representatividade dos agentes comunitários, bem como possibilidade e oportunidade de inserção no mercado de trabalho.Em 2008, o Governo Federal apresentou à sociedade brasileira um documento contendo as diretrizes da Política Nacional para a Inclusão Social da População em Situação de Rua, com fins a orientar a construção e execução de políticas públicas voltadas a este segmento social, historicamente à margem das prioridades dos poderes públicos. Esta política visa ”assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda.” Em 2013 foram criados a Coordenação de Políticas para População em Situação de Rua e o Comitê Intersetorial da Política Municipal para População em Situação de Rua – Comitê PopRua. Este é constituído por nove integrantes do poder público municipal e nove representantes da sociedade civil, dentre eles, pessoas em situação de rua. Este colegiado tem como uma de suas funções criar e monitorar o Plano Municipal de Políticas para População em Situação de Rua (PMPSR, 2016). O plano foi constituído de forma participativa, tendo como norte as necessidades da PSR, e sinalizou ações e elementos para uma Política voltada para a garantia dos direitos. O Plano Municipal é uma importante possibilidade de encontrar caminhos que dialoguem diretamente com as necessidades das pessoas em situação de rua. Os dados levantados através de uma pesquisa realizada pelo Comitê PopRua, sendo os pesquisadores pessoas em situação de rua mostraram as enormes dificuldades de funcionamento dos equipamentos de acolhimento e da implementação das políticas públicas em todas as áreas do campo em questão. Contudo, a fim de que as desigualdades se dirimam é necessária maior radicalidade nas ações políticas no que tange à equidade, sendo que esta deve balizar e instaurar práticas institucionais em que se leve em conta de fato as necessidades dos grupos mais vulneráveis. Dessa forma, constituindo projetos de sociedade e políticas sociais que visem à produção da igualdade social. Principalmente no cenário político atual em que há o desmonte do SUS e das políticas sociais de maneira geral.

3287 Ações e intervenções: Um relato de experiência no Coletivo Negro Alexandrina
Andreza Cristina da Costa Silva, Claúdia Regina Brandão Sampaio

Ações e intervenções: Um relato de experiência no Coletivo Negro Alexandrina

Autores: Andreza Cristina da Costa Silva, Claúdia Regina Brandão Sampaio

O Coletivo Negro Alexandrina composto por discentes de graduação e pós-graduação da UFAM e também de outras instituições universitárias e educacionais, surgiu em maio de 2016 através de atividades do Coletivo Feminista Baré, ambos originados dentro da Universidade Federal do Amazonas. O Coletivo possui como objetivo principal combater o racismo dentro da instituição acadêmica, e para isso articula ações como o grupo de estudos de autoras e autores negros, o grupo de trabalho acerca do encarceramento da juventude negra no Brasil e atividades externas como intervenções em bairros da cidade e encontros de mulheres negras. Em função desse cenário, minha participação no grupo teve início no fim de 2016 através da minha pesquisa de mestrado que possui como temática a construção da identidade da mulher negra em Manaus. A partir disso, muitas ações foram construídas e efetivadas durante o ano de 2017, em especial o I Encontro de Mulheres Negras da Amazônia que ocorreu na cidade de Manaus e o regional que aconteceu em Belém/PA.  O encontro estadual foi promovido pela Rede Fulanas, uma organização de mulheres negras da Amazônia e contou com o apoio do Coletivo Negro Alexandrina, do Coletivo Feminista Baré, Coletivo Difusão e do Encrespa Geral. O encontro aconteceu no dia 21 de outubro de 2017 em Manaus reunindo mais de trinta mulheres negras, e o encontro regional aconteceu nos dias 17, 18 e 19 de novembro na cidade de Belém reunindo mulheres negras de Tocantins, Amapá, Manaus, Belém e de outros Estados da região norte. Os encontros foram de suma importância para a mobilização de atividades e intervenções para a população negra, construindo ações voltadas e pensadas por mulheres negras que fazem parte da região amazônica, lugar que nega e invisibiliza a sua existência. Além disso, proporcionou ao Coletivo Negro Alexandrina um momento histórico na sua luta, conhecendo e estreitando os laços afetivos com outras mulheres negras afro amazônidas, fortalecendo a nossa rede de solidariedade, apoio e de resistência. Em suma, vivenciar esse espaço de mobilização social foi e está sendo importante para a minha construção enquanto pesquisadora, militante e mulher negra na Amazônia, atravessando esses espaços e papeis sociais que interligam-se de forma dialética e que constroem a pessoa que sou.

3359 Construções e Desafios para a garantia do Direito à Saúde no Brasil.
Maria Constantina Caputo, David Ramos da Silva Rios, David Ramos da Silva Rios

Construções e Desafios para a garantia do Direito à Saúde no Brasil.

Autores: Maria Constantina Caputo, David Ramos da Silva Rios, David Ramos da Silva Rios

As políticas de saúde podem ser entendidas como uma resposta social diante das condições de saúde dos indivíduos. Esta resposta, na maioria das vezes, faz parte de um processo mais amplo que busca alinhar as prioridades nacionais (governamentais) com as necessidades reais da população. Assim, o seu planejamento requer um conhecimento amplo da realidade, na qual os indivíduos estão inseridos, de modo a propiciar a alocação adequada de recursos financeiros e garantir um melhor acesso aos serviços de saúde, bem como uma melhor qualidade de vida, aos mais diversos segmentos sociais. O não reconhecimento dos seus direitos torna-se, portanto, um empecilho para a efetividade de determinadas políticas públicas. O presente trabalho objetiva relatar a experiência do programa de extensão “Promoção da Saúde e Qualidade de Vida” desenvolvido pela UFBA e UFS. As reflexões apresentadas ao longo do trabalho buscam destacar a importância do compartilhamento de informação sobre as políticas de saúde e seu modus operandi, de modo que os moradores, de diferentes comunidades, pudessem perceber a importância da mobilização social para a garantia da consolidação do Direito à Saúde. Percebe-se que o reconhecimento das políticas e dos direitos sociais são condições primordiais para o pleno exercício da cidadania. Ao desconhecer tais elementos o cidadão não pode usufruir dos seus direitos, conquistados ao longo dos anos, bem como não poderá exercer seu papel de agente participante na elaboração e avaliação dos instrumentos que podem melhorar a condição de vida da comunidade. O reconhecimento das políticas públicas requer mais do que informes e ações midiatizadas, necessita mecanismos que relacionem o conteúdo das políticas a realidade dos indivíduos. A universidade possuí um papel social importante, e deve ser um ator no compartilhamento de informações, por meio das ações extensionistas. 

5014 Mental Tchê da Resistência: movimento social no protagonismo da luta antimanicomial
Károl Veiga Cabral, Márcio Mariath Belloc, Sandra Maria Sales Fagundes, Maria de Fátima Bueno Fischer, Carla Leão, Larissa Dall'Agnol da Silva, Jéssica Farias Dornellas

Mental Tchê da Resistência: movimento social no protagonismo da luta antimanicomial

Autores: Károl Veiga Cabral, Márcio Mariath Belloc, Sandra Maria Sales Fagundes, Maria de Fátima Bueno Fischer, Carla Leão, Larissa Dall'Agnol da Silva, Jéssica Farias Dornellas

O presente trabalho é a apresentação da experiência de uma construção coletiva, plural e participativa, encabeçada pelo Fórum Gaúcho de Saúde Mental (FGSM), da manutenção de um importante espaço de debate e fortalecimento da saúde mental, da luta antimanicomial e dos princípios e diretrizes do SUS, atacados na esteira dos retrocessos nas política públicas desde o golpe parlamentar e judiciario de 2016. O espaço em questão é conhecido como Mental Tchê, um evento anual tradicional da luta antimanicomial do Rio Grande do Sul, cuja participação e transcendência já ultrapassou as fronteiras do estado e do país. Organizado na cidade de São Lourenço do Sul, o evento congrega usuários dos serviços de saúde mental, trabalhadores, gestores, estudantes, familiares, parlamentares, professores e segmentos interessados no tema da saúde e políticas públicas antimanicomiais. Em 2017 seria a 13ª edição, mas a nova gestão municipal recém empossada resolveu não organizá-lo. Justifica tal decisão pela falta de recursos, afirmando que em seu lugar iria promover uma gincana. Ocorre que o Mental Tchê, mais do que um símbolo da luta antimanicomial, é um dispositivo de reflexão e debate sobre as conquistas e desafios da saúde mental coletiva no estado. Dessa forma, o movimento social tenta negociar a participação do município, solicitando cedência do local, pois todos os outros custos seriam bancados pelos militantes entidades apoiadoras. Com a contínua negativa, o Fórum Gaúcho de Saúde Mental toma para si a tarefa e, com a parceria do Conselho Regional de Psicologia (CRP/07), do Coletivo Gaúcho de Residentes em Saúde, da Associação de Usuários de Serviços de Saúde Mental de Pelotas (Aussmpe) e da Associação Arte e Cultura Nau da Liberdade, faz acontecer na cidade de São Lourenço do Sul o evento que ficou conhecido como Mental Tchê da Resistência. Cabe mencionar que, há época, não era só a cidade sede do evento que apresentava retrocessos. Desde 2015, a política estadual já era fortalecer o parque manicomial (hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas). Um embalo no golpe de 2016 que chega ao final de 2017 com a construção de uma política de fortalecimento, a nivel nacional, do mesmo parque manicomial. Dessa forma, o presente trabalho pretende discutir todo o processo de organização e mobilização da militância da luta antimanicomial e do Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Sul, capaz de reativar e fortalecer pólos descentralizados, organizando participativamente um evento com debate técnico, ético e político, com rodas de conversas, com arte, com economia solidária e, principalmente, com produção de alegria e protagonismo cidadão. Antes de tudo um acontecimento que levou cerca de 1.200 pessoas, em um dia de frio e chuvoso, sem nenhuma ajuda governamental, a produzir um encontro cuja potência técnica, política e afetiva ainda se faz sentir quase um ano depois. Seus efeitos são principalmente na organização do participação comunitária, do movimento social, do controle social, para enfrentar os retrocessos que vimos sofrendo em todas as esferas de governo.

2714 Participação popular no SUS e processo formativo: um relato de experiência
Izabel de Aguiar Alves Peixoto, Lucas Fernandes Gonçalves, Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire, Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Mary Ann Menezes Freire, Liany Pires, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Liany Pires, Liany Pires

Participação popular no SUS e processo formativo: um relato de experiência

Autores: Izabel de Aguiar Alves Peixoto, Lucas Fernandes Gonçalves, Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire, Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Mary Ann Menezes Freire, Liany Pires, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Liany Pires, Liany Pires

Apresentação: A Constituição Federal de 1988 foi um marco para a consolidação de direitos e criação de políticas públicas no Brasil, época de redemocratização política e perfil de um Estado de Bem Estar Social. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS), através da Lei nº 8080, em 1990, e, por conseguinte, a  Lei 8.142, publicada também em 1990, contemplam o direito universal à saúde onde a população, de forma geral, é considerada um pilar potente de planejamento e de construção de políticas de saúde. A organização da participação social ocorre de forma ascendente, onde o fator local é um combustível para debates e inquietações em busca da emancipação. Assim, surgem, de forma viva, propostas compatíveis com as necessidades em saúde e com o  envolvimento dos diversos atores sociais, que são historicamente excluídos nos processos decisórios do país. A formação dos profissionais de saúde deveria ser permeada por discussões das políticas públicas e ultrapassar os muros acadêmicos, onde as questões sociais são evidenciadas a partir da realidade dos serviços de saúde e dos espaços de discussão popular. Portanto, a inquietação surge considerando a normatização do ensino e a desvalorização  das relações do território no processo de construção de políticas de saúde. Dessa forma, o trabalho tem o objetivo de discutir sobre a participação popular nas conferências de saúde e a inserção das instituições de ensino superior nesse processo, oportunizando a incorporação de práticas efetivas no processo formador.Desenvolvimento: Relato de experiência, de natureza qualitativa, do tipo descritivo, que usa como base a participação, como observadores, na Conferência Distrital de Vigilância em Saúde da Área Programática (AP) 2.1, do município do Rio de Janeiro realizada no dia 21 de julho de 2017 e a 1ª Conferência Municipal de Vigilância em Saúde do Rio de Janeiro realizada dia 24 de agosto de 2017. A imersão foi proposta pela disciplina de Atenção e Gerência da Saúde Coletiva no SUS, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde a partir da vivência inédita, fosse pensado em como transmitir aos demais acadêmicos a experiência por meio de estratégias que rompessem com o tradicionalismo. Assim sendo, foi realizado uma instalação interativa, dentro da instituição, que indagava os alunos sobre conceitos do SUS, Rede de Atenção em Saúde (RAS), Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) 2017 e participação social e uma simulação de conferência, no mesmo molde das vivenciadas. A instalação ficou 14 dias nos espaços da faculdade e, no dia 22 de setembro de 2017, foi realizada a  simulação em sala de aula.Resultados: A vigilância em saúde, com o avanço exponencial da sua importância nos últimos anos, demandou a formulação de uma política que contemplasse objetivos específicos e regulariza-se práticas previamente existentes, no intuito de consolidar uma das principais estratégias atuais do SUS. Assim, em meio à uma instabilidade política, econômica e social do Rio de Janeiro, criaram-se espaços de discussão, junto a gestores, profissionais de saúde e usuários, com o objetivo de discutir e criar propostas a partir das necessidades de saúde de territórios marcados por extremos socioeconômicos.Os segmentos de participantes com direito a voto, os delegados, eram definidos por AP e a quantidade dos mesmos era definida com base no tamanho do território. Os usuários escolhidos, normalmente, são relacionados à ONGS, movimentos sociais ou algum órgão de influência nos serviços de saúde e é levado em consideração o acúmulo de experiência e conhecimento dos assuntos pertinentes ao tema da Conferência. A falta de padronização de escolha permite a adaptação de acordo com as características populacionais da área, mas ao mesmo tempo, evidencia a seletividade e a burocratização de participação popular em espaços receptivos de discussão.A Conferência Distrital da Zona Sul (AP 2.1) do Rio de Janeiro foi marcada pela falta de participação dos usuários no processo de discussão, sendo apenas conduzido por profissionais de saúde e pesquisadores da área. Sendo assim, as propostas formuladas foram encaminhadas sem o envolvimento dos diversos atores sociais envolvidos com realidade, subestimando os condicionantes e determinantes dos microlocais do território e a reflexão com as propostas relacionadas aos temas.Durante a plenária de discussão e aprovação dos eixos, existiram  propostas que fugiram do âmbito da conferência, sendo necessário espaços legislativos específicos para encaminhamentos e discussões. Dessa forma, evidencia-se uma carência de resolubilidade dos problemas encontrados na rotina dos serviços de saúde, onde espaços apropriados de discussão são inviabilizados pelo engessamento e sistematização do planejamento. O mesmo se repetiu quando eram lidas propostas que possuíam o mesmo conteúdo, contudo, escrito de forma diferente, o que lentificou o andamento e impediu a conclusão dos encaminhamentos para a conferência estadual.Poucos dos usuários presentes falaram em público e participaram dos questionamentos levantados durante o processo de construção. A participação se deu de forma passiva e respeitava as direções apontadas pelos profissionais de saúde, não potencializando a presença do segmento popular. O sistema, devido a falta de mecanismos intrínsecos, inviabiliza uma atuação pronunciada dos usuários na idealização das políticas de saúde, que os atingem majoritariamente, e inibe os poucos selecionados e convidados a participar de forma ativa.Posto isso, após as duas conferências, criou-se uma instalação interativa distribuída pelos andares do espaço acadêmico, relacionada ao SUS e a participação popular. Os temas foram pensados a partir dos entraves encontrados na vivência e no vazio curricular relacionado a saúde pública na graduação. Deste modo, por meios ilustrativos, explorou-se a visão dos alunos sobre a futura inserção como profissional de saúde na RAS, conceitos do SUS, participação social e, na época, as propostas da atualização da PNAB. Os espaços valorizavam a expressão em campos abertos com possibilidade de escrita e expressão de opiniões. Os resultados apontaram uma baixa adesão nos campos abertos, principalmente nos mais conceituais. Ao mesmo tempo, as instalações que possuíam caráter mais pragmático contaram com maior atuação dos estudantes. Contudo, evidenciou-se pouca reflexão sobre as novas mudanças da PNAB, apesar do interesse majoritário na inserção como profissional na Atenção Básica.Na simulação desenvolvida, os alunos foram divididos nos moldes das conferências, representados por delegados e apenas observadores. Foram selecionadas 25 propostas que fizeram parte dos eventos, com o intuito de analisar a condução dos alunos e a capacidade de debate intersetorial no espaço. O resultado foi surpreendentemente positivo, onde os debates extravasaram os apontados na conferência e não se limitaram apenas a aprovação ou supressão. O envolvimento ocorreu de forma progressiva, o que mostrou uma resistência à novas didáticas no espaço acadêmico. Assim, ao final, os discentes enalteceram a possibilidade de trazer, para a graduação, um debate aos moldes de como a participação popular ocorre no SUS e puderam transmitir um retorno favorável à realização da atividade.Considerações Finais A participação social foi construída a partir de conquistas de movimentos sociais e possui mecanismos legais no SUS. As conferências apontam falta de envolvimento popular pela inflexibilidade e burocratização destes mecanismos, o que afeta negativamente o planejamento e a construção dos serviços de saúde. O envolvimento dos alunos de graduação em espaços de produção de novas políticas públicas não é uma prática estimulada e evidencia a desvalorização do debate e dos questionamentos na formação. A elaboração de práticas que rompem a didática tradicional mostram efeitos positivos na transmissão de conhecimentos.

3512 Ocorrência de malformações abdominais em recém-nascidos atendidos na Unidade de Terapia intensiva Neonatal em um hospital de referência na região Oeste do Pará
Antonia Regiane Pereira Duarte, Ellen Caroline Santos Navarro, Nadja Milena Lima Campos, Isolina de Fátima Barros Valente, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Áurea Fernanda Gomes Rabelo

Ocorrência de malformações abdominais em recém-nascidos atendidos na Unidade de Terapia intensiva Neonatal em um hospital de referência na região Oeste do Pará

Autores: Antonia Regiane Pereira Duarte, Ellen Caroline Santos Navarro, Nadja Milena Lima Campos, Isolina de Fátima Barros Valente, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Áurea Fernanda Gomes Rabelo

As más formações abdominais em geral se desenvolvem entre a quinta e décima semana ou durante a formação do embrião entre a terceira e oitava semana. Sendo que a gastrosquise e a onfalocele representam os mais graves defeitos congênitos da parede abdominal. Tais anomalias são diagnosticadas através do exame de ultrassonografia ainda no pré-natal e consideradas um desafio para toda a equipe multidisciplinar envolvida na assistência das gestações de alto risco, bem como aos conceptos que após o nascimento necessitam de correção cirúrgica. Estudos indicam um aumento na quantidade de neonatos com anomalias abdominais congênitas em outras regiões, sendo esta uma das causas de óbitos em recém-nascidos decorrente de complicações da patologia, precariedade nos primeiros atendimentos assistenciais essenciais para manutenção e cura. Diante das questões apresentadas questiona-se qual o(os) principais fatores de riscos para a ocorrência de tal defeito?. O objetivo deste estudo foi conhecer a ocorrência de recém-nascidos com anomalias abdominais atendidos nos hospitais públicos do município de Santarém, bem como analisar as principais complicações, fatores determinantes para sua ocorrência e evolução dos casos encontrados. Acredita-se que o estudo auxiliará as instituições de saúde pública desenvolverem planos com metas de prevenção das intercorrências que podem ser as causas de alta por óbito, abolindo gastos as instituições e estresses tanto para profissionais como para familiares e ao neonato devido ao tempo de internação. Trata-se de uma pesquisa de campo transversal, descritiva, quantitativa e documental, realizada em um hospital público do município de Santarém, que é referência no atendimento à neonatos de alta e média complexidade. . Para o alcance dos objetivos a coleta de dados se deu a partir de formulário semiestruturado relacionada à: idade materna, questão nutricional, vícios lícitos e ilícitos, acompanhamento pré-natal, município de origem, idade gestacional, peso ao nascer, etc. As informações foram coletadas nos prontuários dos pacientes (mãe e recém-nascido), onde a identificação foi realizada a partir das iniciais do nome das mães e números dos prontuários dos recém-nascidos. Durante o período estudado foram atendidos 131 neonatos no setor de UTI neonatal, sendo que deste universo apenas 13 pacientes possuíam registros de malformação abdominais. Os resultados mostraram que entre as malformações abdominais, a gastrosquise foi a mais incidente na região, com um percentual de 61,53% (8) dos casos, ficando portando a onfalocele com um percentual de 38,46% (5) das ocorrências. Em relação ao gênero mais acometido, constatou-se que o sexo masculino apresentou maior incidência, visto que dos 13 casos registrados, 76,92% (5) pertenciam a este gênero. Foi possível perceber que a idade materna é um dos fatores de risco importante para que se desenvolva a Gastrosquise e onfalocele, constatou-se que a faixa etária materna com maior frequência para Gastrosquise foi de 38,46% entre 21 a 30 anos, e 15,38% na faixa etária entre 15 a 20 anos, porém, em 7,69% dos registros dessa malformação não havia informação sobre a idade materna. Em relação a onfalocele, foi observado que 15,38% estavam na faixa etária entre 21 a 30 anos, assim como na faixa etária de 31 a 40 anos onde também houve registro de 15,38%, assim como em outra malformação também 7,69% desses eventos não havia informação sobre a idade materna. Correlacionando idade gestacional com as malformações abdominais, observou-se entre os registros que 46,15% dos nascimentos ocorreram a termo, 23,07% nasceram prematuros com idade gestacional menor de 36 semanas e que 30,76% dos nascimentos não apresentavam registros sobre a idade gestacional. Sabe-se dos inúmeros benefícios sobre a realização adequada do pré-natal, tal conduta possibilita o acompanhamento gestacional, bem como o rastreamento de possíveis anomalia, favorecendo o preparo e apoio familiar, assim como o planejamento adequado do nascimento com equipe multiprofissional. Em relação a esta temática, o estudo demonstra que 53,84% (07) das mães realizaram o pré-natal completo, 15,38% (02) fizeram acompanhamento de forma incompleto e uma grande porcentagem 30,76% (04)  não havia informação nos prontuários sobre a realização do pré-natal. Em relação a via de parto de escolha para gravidez com fetos portadores de malformações abdominais, estudos apontam ser o parto cesariano o mais indicado uma vez que tal procedimento permite um ambiente asséptico com o preparo de todas as condições necessárias para receber o recém-nascido. O estudo em questão demonstra consonância com as diretrizes nacionais uma vez que a  via de parto mais aderida foi  cesárea com 84,61% (11) dos casos, sendo que apenas 15,38% (02) dos partos aconteceram por via vaginal. O peso ao nascer influencia no momento do tratamento cirúrgico pois o tamanho das vísceras expostas podem não coincidir com o tamanho da cavidade abdominal, reitera-se ainda que o baixo peso juntamente com outros fatores, influenciam no fator prognóstico do neonato. Assim, associando peso ao nascer com malformações abdominais, evidenciou-se 23,07% de gastrosquise e 15,38% de onfalocele em neonatos abaixo de 2.500kg, já aqueles com peso entre 2.500kg a 4.000kg constataram-se igual proporção de onfalocele 15,38% e 38,46% de gastrosquise, sendo observado somente 7,69% caso de onfalocele em neonatos com peso superior a 4.000kg. Evidenciou-se ainda que as complicações ocorreram com maior intensidade entre os neonatos portadores de gastrosquise 61,53% (8), sendo que todos os portadores dessas malformações cursaram com alguma complicação, já entre os casos de onfalocele verificou-se que 15,38% (02) destes neonatos não desenvolveram nenhuma complicação. Em relação a evolução clínica dos recém-nascidos, averiguou-se que entre os 13 pacientes, 30,76% (04) cursaram com sepse isolada, 53.84% (07) apresentaram outras complicações associadas a sepse, e somente 15,38% (02) não apresentaram complicações. Entre estes, 53,84% (07) receberam alta por cura, porém 46,15% (06) tiveram como desfecho o óbito. Diante dos dados obtidos pode-se evidenciar também que a diferença entre alta por óbito e por cura é muito pequenas, e que a sepse foi a maior causa de óbito sendo que alguns dos casos tal agravo cursou com evolução para choque séptico, choque cardiogênico, insuficiência renal aguda e hemorragias. Conclui-se assim, que apesar de um número pequeno de casos ainda há uma deficiência nos primeiros atendimentos evidenciado pelo índice de infecção precoce, e que a idade materna é um fator predominante para a ocorrência de gastrosquise e onfalocele, sugere-se ainda que os hospitais públicos adotem novos métodos para que no momento da admissão sejam obtidas todas informações relevantes, facilitando o acesso destes dados para futuras pesquisas, possibilitando traçar melhor o perfil clínico, epidemiológico e os fatores de riscos que levam a admissão de neonatos às Unidades de Terapia Intensiva.

923 Ocupação Flores do Campo em Londrina (PR); cartografando uma experienciação
Stela Mari dos Santos, Gabriel Pansardi Ruiz, Gabriel Pinheiro Elias, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

Ocupação Flores do Campo em Londrina (PR); cartografando uma experienciação

Autores: Stela Mari dos Santos, Gabriel Pansardi Ruiz, Gabriel Pinheiro Elias, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

ApresentaçãoA ausência de políticas públicas de habitação somada a ações voltadas para lógica do capital de uso do direito à moradia como mercadoria, tem como consequência as ocupações urbanas que, muitas vezes, erguem-se em terrenos sem infraestrutura básica e que se caracterizam como uma estratégia de luta por direitos. Embora o direito de moradia seja uma garantia da Constituição Brasileira, o déficit habitacional no Brasil mostra que 22 milhões de pessoas não têm casa, ou seja, 10% da população do país. Em Londrina, o bairro Jardim Flores do Campo está ocupado há um ano, por cerca de 600 famílias que resistem apesar da ameaça de reintegração de posse e do terror gerado pela ação da polícia no bairro. Buscamos compartilhar o caminho cartográfico de um coletivo que experienciou essa ocupação num momento de resistência pelo direito de ocupar. DesenvolvimentoO caminho metodológico armado nessa vivência tenta experienciar uma proposta cartográfica. Cartografia segundo o referencial teórico que busca romper com a suposta neutralidade científica, convocando os pesquisadores a se permitirem mergulhar no mundo pesquisado, vivenciando as intensidades e afecções que o encontro com o outro produz. Nesse caminhar nos convoca a priorizar movimentos e processos, traçar linhas, dar vazão às intensidades. Reafirmando que a cartografia nos ajuda no processo de investigação pra buscar viver e acompanhar linhas, intensidades que se atualizam nos espaços vividos, sendo possível assim vivenciar linhas de fuga, marcar pontos de ruptura, produção de mapas em campos de forças: neste caso, o campo de forças de luta pelo direito à moradia. A entrada no campo se deu na perspectiva da implicação. Implicação do vivente que vai sendo afetado pelas intensidades presentes na vida e, ao mesmo tempo, afetando e produzindo intensidades, seguindo ritmos, acompanhando processos, sem se submeter ao domínio, mas num movimento também de produção, numa composição e decomposição de ritmos, linhas e velocidades. A experienciação foi agenciada pela entrada de membros do Observatório Microvetorial de Politicas Públicas em Saúde e Educação em Saúde da Universidade Estadual de Londrina (UEL) na ocupação urbana na região norte de Londrina (Flores do Campo). A imagem dada pelos veículos da mídia tradicional é de um espaço de criminalidade e violência e, conjuntamente a essa imagem, existe um movimento de desqualificação dos ocupantes, assim como sua responsabilização pelo cessar de verbas nas políticas de habitação para o município. No entanto, mudando a vista do ponto vemos os moradores da Ocupação Flores do Campo fazendo essa propriedade retomar a função social destes imóveis – cuja obra paralisara há dois anos – tanto pela manutenção e melhorias nas casas, no bairro, como pelas conquistas (trouxeram linha de ônibus, arrumaram as vias por onde passam carros, coleta de lixo, creche, horta comunitária, realizaram cursinho popular, oficinas variadas). Os moradores construíram e constroem novos significados produzindo vida, através de atividades coletivas e alcançando melhorias do espaço. Fomos sendo reconhecidos pelos ocupantes ao estarmos juntos com eles em encontros com os líderes da ocupação no qual nos foi apresentado um pedido específico de estarmos apoiando de alguma forma em algum movimento que pudesse dar uma imagem diferente à ocupação do Flores do Campo daquela dada pela grande mídia. Construímos um espaço de oficinas com os moradores e a partir daí todas as intensidades do processo cartográfico se deram.Resultados e Impactos:Cartografia DançanteEstar no Flores se deu num ritmo totalmente não experenciado anteriormente mas que lembrava a dança do maracatu que hora intensificava seu ritmo e hora desintensificava, e quando isso acontecia junto vinha um pedido de continuar. E nesse ritmo fui me reconstruindo com os moradores e me misturando. Já não havia a pauta deles ou pedido deles mas sim a luta por um mundo que valhasse pena ser vivido por todos nós e nesse ritmo fomos compondo um novo coletivo. Cartografia do viajanteJardim Ocupação Flores do Campo: longe, quente – uma viagem – pensei, no sentido geográfico mesmo: o milharal e logo a estrada de terra – como em minha infância, com a diferença da terra vermelhíssima e a ausência das tortuosas árvores do cerrado de minha Minas Gerais. Eu nunca conhecera na prática uma ocupação, a não ser pela mídia e por discursos revoltados ante a ocupantes. Estou longe de ter esse pesadelo, o pesadelo da criminalização, da pressão por parte do Estado, da Londrina e dos Londrinenses “legítimos” – mas agora eu sei que ele existe, sei do esforço perverso de mantê-lo abafado. Conheci pessoas, pessoas fantásticas, cada qual singular, de risos, sorrisos e eu sei que, enquanto vou dormir pensando em mais um dia rumo ao sonho, eles dormem no pesadelo da incerteza. A partir daí percebi que ir ao Flores está longe de ser uma viagem no sentido geográfico da palavra – meu corpo sabia, não conscientemente, mas sabia que seria uma viagem pelo meu cerrado, agora um pouco mais vermelho.Cartografia de marcasO processo de acompanhar e estar junto à uma ocupação urbana como o Flores acaba trazendo muitas sensações. Durante toda essa trajetória junto com os moradores vivenciamos afetos quase que indescritíveis, construímos relações intensas forjadas na resistência e na produção de vida. Perceber seres humanos fazendo de seus corpos e de sua existência máquinas de guerra para resistir ao peso esmagador do capital inquieta, angustia nos faz repensar sobre o mundo em que vivemos. Afinal, morar não é um direito? Pra quem? Nessa realidade não, morar não é um direito, morar não é simples, morar é lutar, é propor um nova forma de ocupar espaços, é ressignificar políticas, relações e coletivos, e é passar por tudo isso, é disponibilizar o corpo e a pele para marcas profundas, intensas que vão sangrar muito e por muito tempo. Mas, principalmente, morar nesta realidade é estimular o processo de ocupação, de ressignificação de espaços, de contrariar a lógica capitalística e construir uma nova lógica social e coletiva.Considerações FinaisExperienciar uma ocupação urbana que produzia e produz vida na luta a todo momento é de uma intensidade sem palavras. Cada encontro com os moradores representava uma mistura, seja como na dança, na viagem ou na guerra fomos nos borrando com eles e os momentos de retorno a outra realidade que não fosse o de luta com eles foi e se mantém sofrido.Sofrido no sentido de precisar ser resignificado pois já não somos os mesmos.

1149 Doulas: movimento social e luta por políticas públicas sobre direitos sexuais e reprodutivos
Marita de Almeida Assis Brilhante, Thuany Bento Herculano, Juliana Sampaio

Doulas: movimento social e luta por políticas públicas sobre direitos sexuais e reprodutivos

Autores: Marita de Almeida Assis Brilhante, Thuany Bento Herculano, Juliana Sampaio

APRESENTAÇÃO: O movimento de doulas ganhou visibilidade nos últimos anos, principalmente com a implementação de políticas públicas no âmbito da Humanização do Parto e do Nascimento (P&N). A inserção da doula é considerada uma das boas práticas incentivadas pela Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, de 2005. O papel de doula é exercido por mulheres ou homens, com curso de formação específico ou conhecimento construído na prática de acompanhar mulheres em seus partos. A palavra doula tem origem grega e é utilizada para definir quem auxilia mulheres no processo gravídico-puerperal, dando suporte físico e emocional, por meio de técnicas não-farmacológicas de alívio da dor. O movimento de doulas atua junto à sociedade civil, tornando-se protagonista na discussão acerca do modelo de atenção obstétrica. Esse resumo objetiva analisar a experiência do movimento de doulas em João Pessoa-PB, e, assim, contribuir para a avaliação do papel das doulas na implementação de políticas públicas e na luta pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Essa escrita baseia-se na produção de conhecimento em que não há cisão paradigmática sujeito-objeto. Assume-se a posição de pesquisadoras in-mundo, abrindo espaço para a experiência, para o exercício de produzir conhecimento interessado, implicado na transformação de práticas e saberes. Assim, em vários momentos, colocamos em análise as sobre-implicações existentes na experiência de doula e militante das pesquisadoras. Os dados analisados foram retirados de anotações de diário de campo das vivências de um projeto de extensão dentro de uma maternidade e dos eventos em que as doulas estavam envolvidas direta ou indiretamente. Foram utilizadas fontes secundárias: legislação, vídeo, documentos da Prefeitura Municipal de João Pessoa, apresentação de palestras, recortes de jornais. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Embora algumas mulheres já atuassem como doulas no cenário obstétrico particular em João Pessoa, a institucionalização dessa figura dentro do sistema público parece estar no cerne do fortalecimento do movimento de doulas na cidade. A história do movimento confunde-se com a inserção de doulas voluntárias no Instituto Cândida Vargas (ICV), maior maternidade pública da Paraíba. A maioria das doulas atuantes nos serviços público e privado de João Pessoa passou pelo curso de formação do ICV, que, por meio do Programa “Doulas Comunitárias Voluntárias”, já capacitou mais de 120 mulheres desde 2012. A implementação do programa causou resistência por parte dos profissionais, intensificada após a aprovação da lei. A falta de clareza sobre o papel da doula é um dos elementos centrais nessa resistência. A doula acaba sendo confundida com outros profissionais, pois muitas já têm profissão ou se tornam profissionais depois que começam a doular. Em João Pessoa, há doulas técnicas de enfermagem, enfermeiras-obstetras, fisioterapeutas. Geralmente as doulas possuem outras atividades: fotógrafa, acupunturista, naturóloga, professoras de ioga, etc. A organização do movimento de doulas em João Pessoa foi fortemente influenciada pela discussão da Lei Municipal nº 13.080/2015, Lei das Doulas, a qual impulsionou a criação da Associação de Doulas da Paraíba (ADPB). Tal construção se deu na aposta de que a articulação em torno de uma agenda política única aumentaria as chances de inclusão de suas pautas em agendas políticas formais. O processo de aprovação da Lei Municipal das Doulas foi cercado de tensões por parte dos movimentos de doulas e de mulheres e por entidades de classe. Ela garante que a doula, se assim desejar a parturiente, pode acompanhá-la em todo o ciclo gravídico-puerperal, nas maternidades públicas ou privadas. A resistência ao PL foi evidenciada por meio da publicação de nota em jornais de circulação local, assinada pelos conselhos profissionais, liderados pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-PB). Alegavam que o cuidado era de responsabilidade técnica de uma equipe multiprofissional e defendiam a participação das doulas apenas como acompanhantes. A disputa pela legalização da atuação das doulas em João Pessoa tem similaridade com outros episódios de participação de movimentos sociais na elaboração de políticas públicas no campo da humanização da saúde. A própria lei do acompanhante foi um amplo processo de advocacy (mobilização) realizado pela Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento (Rehuna), a qual conta com o envolvimento de profissionais da saúde e ativistas do movimento de Humanização. O debate trouxe à tona o cenário de disputa entre dois dos principais modelos de assistência obstétrica, o tecnocrático e o humanístico. O envolvimento de diversos atores da sociedade civil demonstrou a efervescência dos conflitos, sendo a presença da doula apenas um dos pontos discordantes entre os modelos, provocando tensões no cenário do parto, bem como na formulação e implementação das políticas públicas. A busca por uma identidade de grupo, na tentativa de se diferenciar das outras categorias já estabelecidas, dispara reflexões sobre a fragilidade do movimento de doulas. Dentro do movimento social, há uma rede complexa de relações nas quais a identidade coletiva não é dada a priori, mas é um produto de trocas, negociações, decisões e conflitos entre os atores em uma determinada arena. A criação da ADPB possibilitou uma participação mais organizada e institucionalizada das doulas em instâncias públicas. Além disso, as doulas costumam manter contato com parlamentares que lidam com a temática dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Participam de eventos nacionais e regionais que pautam questões mais amplas do movimento pela humanização do parto e do nascimento. O ativismo político das doulas é colocado em xeque quando o tema é cercado de tabus. Nas rodas de gestantes, o tema do aborto é completamente negligenciado, entrando em pauta eventualmente quando discutem o atendimento a mulheres em abortamento involuntário, que passam por violência obstétrica. A descriminalização do aborto ou mesmo a discussão sobre aborto legal não são debatidos, uma vez que há diferentes visões de mundo em disputa entre as doulas, uma delas defendendo a romantização da maternidade e a existência de instinto materno. A centralidade no tema “gestação e parto” acaba limitando o debate sobre outras visões de corpo e sexualidade. Não há discussão acerca de formas alternativas de se tornar mãe, como a reprodução assistida ou a adoção, muito menos a presença, em rodas de gestantes, de casais homoafetivos ou trans grávidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O fortalecimento da identidade de grupo e a regulamentação da atuação ainda são assuntos pendentes para o movimento de doulas, embora a lei tenha sido um avanço importante. É inegável que as doulas estão transformando-se em importante agente mobilizador de políticas públicas. O movimento de doulas tanto em nível local como nacional constitui peça fundamental dentro do Movimento pela Humanização do P&N. A aproximação das doulas com os temas do feminismo ainda se dá de forma incipiente, tendo em vista centralidade nas questões da maternidade. A institucionalização do movimento, por meio de associações, evidencia o surgimento de um ator que reivindica maior participação nas instâncias políticas, demonstrando que pretende influenciar questões que vão além da assistência obstétrica hospitalar. A experiência em João Pessoa demonstrou a dificuldade de implementar elementos da política pública, como a inserção das doulas nos serviços, os quais acabam dependendo da força dos agentes nos diferentes níveis organizacionais, seja no âmbito legislativo ou diretamente na assistência à saúde. A atuação do movimento de doulas expôs as disputas que interferem na mudança do modelo proposto pela política pública.

2881 DIAGNÓSTICO EM SAÚDE – UMA EXPERIÊNCIA DE PRODUÇÃO DE CONSENSOS E CONTRAPONTOS
Izabel de Aguiar Alves Peixoto, Lucas Fernandes Gonçalves, Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire, Mary Ann Menezes Freire, Ana Beatriz Villar do Nascimento, Ana Beatriz Villar do Nascimento, Maira Gabriela Silva Marcílio, Maira Gabriela Silva Marcílio, Thayssa Costa dos Santos, Thayssa Costa dos Santos, Marianna Ramos Francisco, Marianna Ramos Francisco

DIAGNÓSTICO EM SAÚDE – UMA EXPERIÊNCIA DE PRODUÇÃO DE CONSENSOS E CONTRAPONTOS

Autores: Izabel de Aguiar Alves Peixoto, Lucas Fernandes Gonçalves, Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire, Mary Ann Menezes Freire, Ana Beatriz Villar do Nascimento, Ana Beatriz Villar do Nascimento, Maira Gabriela Silva Marcílio, Maira Gabriela Silva Marcílio, Thayssa Costa dos Santos, Thayssa Costa dos Santos, Marianna Ramos Francisco, Marianna Ramos Francisco

Apresentação: Entender a saúde como uma composição ampla que envolve várias dimensões da vida do indivíduo/coletivo, e como os fatores condicionantes e determinantes influenciam nesse processo, é fundamental para um diagnóstico em saúde para além da análise de indicadores, e, com isso, para uma produção de cuidado mais integral e humana. Nesse sentido, é fundamental entender o território em processo de permanente construção, se caracterizando como um espaço onde a população estabelece relações sociais, vivencia seus problemas de saúde e interage com os profissionais das unidades prestadoras de serviços. Sendo assim, o estudo tem o intuito de discutir a situação de saúde da população de um território do bairro de Copacabana, Rio de Janeiro. Procuramos comparar duas realidades vividas dentro do mesmo território: a de quem vive no “asfalto” e a de quem vive na comunidade, considerando a perspectiva dos diferentes atores sociais envolvidos na construção da realidade local.Método: Relato de experiência, de natureza qualitativa, do tipo descritivo, que teve como estratégia de coleta de dados a Estimativa Rápida Participativa, tendo como referência uma unidade de atenção primária local. Dessa forma, o território foi vivenciado de forma ativa. Foram realizadas duas visitas à unidade, que serviram de fio condutor para as experiências e aprofundamentos. A estratégia de coleta de dados fundamentou-se em dados primários e secundários. Os dados primários foram retirados de observações, encontros e conversas sociais, com profissionais de duas Equipes de Saúde da Família da unidade. Durante as visitas, foi possível compreender o processo de trabalho dos profissionais, juntamente, com a explicação sobre o território, caracterização da população e relato de casos que evidenciam a situação de saúde da área. Os dados secundários foram retirados do último Censo realizado pelo IBGE no Brasil, em 2010, do TABNET municipal e do Armazém de Dados, da prefeitura do Rio de Janeiro.Resultados: Durante a vivência, foi possível olhar Copacabana, o bairro mais populoso da zona sul da cidade, com 146.392 habitantes, onde 23,2% são pessoas acima de 65 anos, quanto aos aparelhos públicos de lazer, educação, saúde, dentre outros, para além dos indicadores.O local, de configuração privilegiada, em meados do século passado, era visado como o lugar de moradia ideal para a classe rica e média dos cariocas. Com o passar dos anos, o bairro entrou em um período de declínio e as características dos moradores se modificaram. Atualmente, uma grande parte da população é uma classe média proprietária de apartamentos, mas desprovida de renda. Apesar da situação atual, o bairro permanece sendo uma referência turística fundamental na cidade. A área oferece uma extensa rede de serviços, incluindo desde hotéis luxuosos até a rede de prostituição e drogas. Dessa forma, ainda há uma grande circulação financeira do capital privado e público e a área permanece sendo favorecida por políticas governamentais tanto no âmbito sanitarista quanto no reforço da imagem positiva do bairro. Contudo, a área, atualmente, padece com o aumento da violência, sendo uma questão de ordem social, tornando-se um problema para área de saúde, pois afeta a saúde individual e coletiva dos indivíduos envolvidos, causando sofrimento físico e mental aos usuários. O processo de trabalho das equipes de saúde é dividido em oito áreas, sendo cinco delas da parte considerada asfalto do bairro e as outras três restantes atendem somente moradores de duas comunidades específicas locais. As demandas nessas equipes são diferentes. Elas são baseadas na população de cada uma delas e em suas específicas realidades locais que são intensificadas ainda mais devido à desigualdade social existente. Esse foi um ponto que nos moveu. Conseguir olhar a unidade e seu território para além dos indicadores. Re-conhecer, nos sinais que vêm da rua, um conjunto vivo de estratégias, de novas modalidades, formas de criar sentido, de produção de outras redes, de outros territórios existenciais e, com elas produzir outras e diversas redes de conexões. Nas equipes que atendem a população de asfalto a maior da procura por atendimento no CMS é por condições crônicas, degenerativas e relacionadas à saúde mental do indivíduo. A grande maioria dos moradores dessa área foram acostumados com um padrão de vida elevado e com o sistema de saúde suplementar como primeira escolha de assistência à saúde. Devido às mudanças atuais dos perfis socioeconômicos, tendo em vista o contexto do país, muitos se viram necessitados a recorrer ao sistema público, principalmente ao CMS, como solução para momentos de crise. Inseridos em uma nova microrrede de saúde, que não estão habituados, as queixas na ouvidoria da unidade são comuns e registram a insatisfação dos novos usuários com o tempo e qualidade do atendimento, além de críticas em relação à rede de exames diagnósticos. Há um impacto direto nos processos de trabalho dos profissionais na unidade, revelando casos de assédio moral e pressão da gestão por uma qualidade melhor de atendimento, de acordo com a satisfação dos novos usuários. Por outro lado, as três equipes de saúde que atendem comunidades e seus usuários, precisam enfrentar problemas relacionados ao tráfico, que vem piorando nos últimos cinco anos, a situação financeira desfavorecida, revelado por dados e pela quantidade de beneficiados pelo bolsa família e bolsa família carioca, e enfraquecimento da habilidade de vida. A população mais atendida em uma dessas equipes é a economicamente ativa, de 19 anos até 49 anos. Esses usuários procuram o CMS por dores musculares ou por acolhimento emocional. Apesar das condições desfavoráveis evidenciadas, é possível constatar por meio de dados e de relatos, que os moradores dessas comunidades possuem uma situação de saúde superior, envolvendo diversos aspectos da vida, como a relação com o meio ambiente, o lazer, a alimentação e as condições de trabalho, moradia e renda, que moradores de outras comunidades da cidade. Isto porque o bairro está localizado na zona sul do Rio de Janeiro e consegue prover a população com praia, praças, maiores chances de empregos e garantem grande mobilidade graças à rede de transportes existentes no bairro. Dessa forma, durante o estudo evidenciou-se o quão repleto de contraste sociais o território é e as diferentes demandas existentes, que variam desde grau de complexidade até a origem. Foi também possível analisar os olhares e movimentos, nos planos da micro e macropolítica, dos profissionais de saúde, da população e de um território vivo, que permite a realização de um trabalho, por parte dos profissionais da ESF, como uma ação que surge dos mínimos atos, por dentro do processo de trabalho, em gestos às vezes miúdos, para além dos indicadores, que mudam o rumo de projetos terapêuticos, ressignificam o cuidado, operam na proteção e defesa da vida.Considerações finais: A experiência proporcionou uma análise aprofundada dos olhares e movimentos, nos planos da micro e macropolítica, dos profissionais de saúde, da população e do território vivo, além da construção de um pensamento crítico e reflexivo frente a relação entre a população e os agentes que interferem na saúde da mesma. Só uma pesquisa participativa mediada a partir do encontro com os profissionais proporcionaria reflexões desse modelo, além dos indicadores divulgados por bases de dados. A riqueza do território foi contemplada de forma viva. Reforçamos a importância da vivência de estudantes, gestores e profissionais de saúde como ferramenta de territorialização, essencial para exercer saúde de forma integral

2100 A Educação Permanente na Atenção primária à Saúde como alicerce no ressignificar saberes e práticas de enfermeiros e profissionais do Núcleo de Apoio à Estratégia de Saúde da Família de Viçosa e região.
Vanessa de Souza Amaral, Deise Moura de Oliveira, Milleny Tosatti Aleixo, Nayara Rodrigues Carvalho, Pamela Brustolini Oliveira Rena, Amanda Morais Polati, Fernando Pacheco Zanelli, Marina Kelle da Silva Caetano

A Educação Permanente na Atenção primária à Saúde como alicerce no ressignificar saberes e práticas de enfermeiros e profissionais do Núcleo de Apoio à Estratégia de Saúde da Família de Viçosa e região.

Autores: Vanessa de Souza Amaral, Deise Moura de Oliveira, Milleny Tosatti Aleixo, Nayara Rodrigues Carvalho, Pamela Brustolini Oliveira Rena, Amanda Morais Polati, Fernando Pacheco Zanelli, Marina Kelle da Silva Caetano

Apresentação: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) configura-se como âncora da Atenção Primária à Saúde (APS) na viabilização do alcance dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde: universalidade, equidade e integralidade. Em vista disso, profissionais que atuam nas equipes de saúde da família assumem a corresponsabilização pelo cuidado dos indivíduos/famílias e coletividades inscritas na área de abrangência de cada Unidade Básica de Saúde (UBS). Tal cuidado se processa na vida cotidiana dessa clientela, da qual emergem conflitos diversos e situações desafiadoras para as equipes de saúde. Em virtude disso, a participação dos profissionais envolvidos no referido cuidar em atividades de Educação Permanente assume grande importância, visto que lhes possibilita um espaço de reflexões em busca de mudanças necessárias no processo de trabalho nas ESF. Considerando a complexidade inscrita nas ações de cuidado desenvolvidas pelas equipes de saúde da família, e em prol de um atendimento à saúde que evoque o modelo usuário-centrado, compreende-se que a interdisciplinaridade é condição sine qua non para a realização de boas práticas de saúde às famílias. Nesse sentido, além dos profissionais que compõem a equipe mínima na ESF (enfermeiro, médico e agente comunitário de saúde), algumas realidades dispõem de equipes que atuam de forma complementar a elas, como a do Núcleo de Apoio à Estratégia de Saúde da Família (NASF), buscando melhorar a resolubilidade da APS. Em tais contextos, o compartilhamento de saberes, reflexões e ações entre todos os profissionais envolvidos é potencializado em espaços como os proporcionados por atividades de Educação Permanente. Objetivos: Relatar a experiência de oficinas desenvolvidas no Projeto Educação Permanente com enfermeiros e profissionais do NASF dos municípios de Cajuri e Paula Cândido, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa no ano de 2017. Descrição da experiência: O processo de educação permanente parte dos nós críticos inscritos no cotidiano de trabalho dos profissionais envolvidos, e baseia-se na tríade reflexão-ação-reflexão. Assim, os participantes são conduzidos a refletirem sobre a realidade de serviço que vivenciam, deparando-se com questões que representam entraves à concretização de um processo de trabalho e atenção à saúde de melhor qualidade. A partir da problematização das situações identificadas e do estímulo conferido pelas reflexões coletivas, há o retorno para o cotidiano profissional, porém com a intenção de transformá-lo em busca de melhores práticas de saúde. A experiência de Educação Permanente ora relatada foi realizada por estudantes de graduação e mestrado de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV), estudante de graduação em Fisioterapia da Univiçosa e sob a orientação de uma professora de Enfermagem da UFV. Participaram profissionais de Enfermagem e os que atuam no NASF (Nutrição, Odontologia, Assistência Social, Fisioterapia, Educação Física e Psicologia) de Cajuri e Paula Cândido – municípios situados na microrregião de Viçosa, na Zona da Mata de Minas Gerais. Foram realizadas no ano de 2017 seis oficinas - nos meses de abril, maio, junho, agosto, novembro e dezembro - com duração de 4 horas cada, na UFV. Os encontros aconteceram por meio de metodologias ativas que estimulavam reflexões e o diálogo entre os participantes. Os temas trabalhados no primeiro semestre foram inspirados na temática adotada pela Associação Brasileira de Enfermagem no referido ano, centrado nas Boas Práticas em Saúde, e os abordados no segundo semestre referiram-se à comunicação efetiva e redes de atenção à saúde, atendendo à solicitação dos profissionais. Em cada encontro os participantes foram acolhidos em sala decorada de maneira condizente com o tema e convidados a participar de uma dinâmica visando promover a interação entre eles. Considerando o fato de que as oficinas eram palco do reencontro entre os profissionais que atuavam nos municípios de Cajuri, os de Paula Cândido e os organizadores do projeto, tais momentos foram importantes para romper a barreira existente no início de cada encontro. A seguir, ocorreram outras dinâmicas planejadas de forma estratégica para despertar reflexões nos presentes sobre o tema a ser discutido. Posteriormente, de formas interativas, houveram breves apresentações referentes à temática, realizadas em duas oficinas por professores convidados e, nas demais, pelos organizadores do projeto. Ao término tais momentos, aconteceram ricas discussões entre todos os participantes. Nelas, os profissionais apresentaram sua realidade de trabalho acerca do assunto abordado, apontaram modificações necessárias, explicaram sua visão sobre as causas dos principais nós críticos e pensaram coletivamente estratégias que poderiam ser realizadas na tentativa de alcançar melhores resultados nas situações referidas.  Resultados: para a realização das atividades propostas pelo PEP, foi fundamental o amadurecimento de seus organizadores enquanto equipe. Percebe-se que o PEP representa para os profissionais participantes, conforme verbalizam formal e informalmente, um espaço de humanização, reflexão, encontro, partilhas, crescimento, aprendizado e transformações infindáveis. As reflexões provocadas pelas oficinas e a oportunidade de conhecer realidades e estratégias de trabalho adotadas por demais profissionais foram vislumbradas como potencializadoras de um processo de qualificação protagonizado diariamente pelos participantes e suas equipes. A oportunidade de discutir sobre as próprias práticas em saúde, questionando-as e avaliando o cenário em que se processam foi bastante valorizada pelos profissionais, visto que os mesmos possuem uma rotina de atividades que os impede de refletir como gostariam sobre o cuidado que estão prestando. As oficinas realizadas no ano de 2017 permitiram aos participantes melhores compreensão sobre as boas práticas em saúde, prática baseada em evidências científicas, acolhimento, comunicação efetiva e sobre a importância da atuação de cada um na efetivação de redes de atenção à saúde mais resolutiva. A participação de profissionais de diferentes núcleos de saber, especialmente os do NASF foi fator fundamental para enriquecimento das discussões e para que as mesmas gerassem mais frutos, tanto em termos teóricos – reflexão- quanto práticos- ação. Ao final de cada oficia, os participantes receberam a missão de realizar atividades de dispersão sobre o tema e foram motivados a trabalhar em prol das transformações que julgaram necessárias a partir das discussões realizadas. Não obstante, tais modificações embora incentivadas, foram e são compreendidas por todos como processos gradativos que se concretizam a partir de pequenas atitudes tomadas, o que promove a valorização de cada esforço empregado de forma decidida. Considerações Finais: a partir do significado atribuído pelos profissionais participantes ao PEP, é possível perceber que o projeto contribui para a qualificação do trabalho em saúde no âmbito das ESF’s, à medida que possibilita aos participantes novas ferramentas e estratégias de enfrentamento às situações identificadas como nós críticos no cotidiano dos serviços. Compreende-se também a importância do PEP na formação dos estudantes e professores envolvidos, visto que a integração extensão e ensino contribuem para o desenvolvimento de um olhar diferenciado e atento às reais necessidades da atual sociedade, com suas múltiplas carências de vida e saúde.