153: Estudos e educação: tecnologias e experiências no cuidado das ISTs
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FEFF Sala 04 - Rabeta    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
1792 Experiências hospitalares com portadores de tuberculose associado ao HIV/AIDS: um relato acadêmico
Eliene do Socorro da Silva Santos, ANA KEDMA CORREA PINHEIRO, Ana Paula Rezendes de Oliveira, Brunna Susej Guimarães Gomes, Gabriela Evelyn Rocha da Silva, Widson Davi Vaz de Matos, Daniele Rodrigues Silva, Larissa Almeida dos Santos

Experiências hospitalares com portadores de tuberculose associado ao HIV/AIDS: um relato acadêmico

Autores: Eliene do Socorro da Silva Santos, ANA KEDMA CORREA PINHEIRO, Ana Paula Rezendes de Oliveira, Brunna Susej Guimarães Gomes, Gabriela Evelyn Rocha da Silva, Widson Davi Vaz de Matos, Daniele Rodrigues Silva, Larissa Almeida dos Santos

INTRODUÇÃO: A Tuberculose (TB) em indivíduos vivendo com Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é a maior causa infecciosa de morte relacionada à Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS). Os indivíduos portadores de HIV representam mais de 10% dos casos anuais de TB, apresentando até 37 vezes mais chances de desenvolver a doença do que aqueles que são soronegativos. As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a cada ano morrem cerca de 1,5 milhões de pessoas por TB e aproximadamente 23.000 pessoas já morreram em decorrência da coinfecção TB-HIV/AIDS. Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) apontam que de 2012 a 2016, dos casos notificados, foram confirmados 38.046 novos casos de tuberculose em pacientes com AIDS no país. Na região norte, no mesmo período, foram 3.519, e no Pará, 1.226 casos confirmados. As evidências sugerem a necessidade de estudos que demostrem a importância da associação entre estes dois agravos, considerando aspectos humanitários, econômicos e de saúde pública. Nesse contexto, o profissional de enfermagem tem papel de protagonista no processo de cuidado destes pacientes, estreitando as relações, construindo vínculos, promovendo conforto e bem estar, tornando a terapêutica menos agressiva e facilitando, com isso, a adesão ao tratamento, prevenção de abandonos e complicações. Assim, o objetivo deste estudo foi descrever as experiências e atividades vivenciadas por acadêmicas de Enfermagem durante o cuidado de pacientes com HIV/AIDS coinfectados com TB, no decorrer de suas aulas práticas em uma clínica de doenças infecciosas e parasitárias. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência que descreve aspectos vivenciados por acadêmicas de Enfermagem do quarto ano da Universidade do Estado do Pará, durante as aulas práticas do componente curricular Enfermagem em Doenças Infecciosas e Parasitárias, em uma clínica de infectologia de um hospital universitário público de alta e média complexidade, que é referência regional nas principais doenças infecciosas e parasitárias e, no âmbito nacional, em HIV/AIDS. Atualmente, a clínica funciona com 44 leitos de internação, sendo que 24 são destinados aos pacientes acometidos por HIV/AIDS, nos quais 8 são femininos e 16 masculinos. Os usuários desse serviço recebem assistência de uma equipe multiprofissional composta por Infectologista, Assistente Social, Psicólogo, Fisioterapeuta, Nutricionista, Enfermeiro e Técnico em Enfermagem. RESULTADOS E IMPACTOS: Durante a vivência foram observados 18 pacientes acometidos por HIV/AIDS, com predominância em adultos jovens, sendo que não foram identificados individuos que possuíssem idade ≥ a 60 anos, mesmo havendo uma tendência epidemiológica de aumento da prevalência e da incidência do número de idosos com HIV em nosso país. Do total de pacientes citados, quase a metade apresentavam a coinfecção TB-HIV/AIDS, tendo o público masculino uma maior representatividade. Dados disponibilizados no DATASUS, entre 2012 e 2016, indicam que o perfil etário mais atingido pela coinfecção compreende a idade de 20 a 59 anos, o que corrobora com os resultados da observação. Quanto ao sexo, a mesma fonte aponta que a maioria dos casos confirmados é representada por homens, pois, enquanto as mulheres apresentaram prevalência de 378 casos, o sexo masculino se sobrepôs com 842 casos no mesmo período. Abreu, Pereira, Silva, Moura e Câmara relatam que mesmo havendo uma maior representação de HIV/AIDS entre o grupo masculino, pode-se perceber que a diferença de número de casos confirmados entre homens e mulheres vem reduzindo ao longo dos anos, atribuindo esse resultado ao aumento do número de infectadas entre heterossexuais casadas que possuem parceiro único, devido a estabilidade da relação conjugal. Em relação a assistência da equipe de enfermagem, identificou-se a aplicação diária da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e das escalas de Braden e Fugulin, que são ferramentas que facilitam a comunicação entre a equipe de saúde, entretanto, não era realizado de forma correta o tratamento de feridas complexas, devido ao déficit de recursos materiais fornecidos pela instituição. Brazileiro, Pinto e Silva afirmam que o planejamento e controle dos recursos humanos e materiais adequados auxiliam em uma assistência segura e de qualidade. No que se refere a estrutura física da clínica, as enfermarias eram divididas em femininas e masculinas e subdivididas entre pacientes com HIV e diagnosticados com outras doenças infecciosas. Notou-se a presença de janelas e portas que facilitavam a circulação de ar, além da iluminação solar, fatores importantes para a prevenção da propagação de infecções, por se tratarem de medidas de controle ambiental que possuem a capacidade de diminuir a concentração e provocar a remoção de partículas infectantes no ambiente. O posto de Enfermagem encontrava-se centralizado, entretanto, os corredores da clínica eram estreitos e dificultavam a circulação de materiais e pessoas, bem como o transporte de pacientes. Além disso, o número de leitos por enfermarias desrespeitava o espaço mínimo preconizado pela Resolução da Diretoria Colegiada n° 50 de 2002, que estabelece a distância de 1 metro entre os leitos. Outra questão a se ressaltar foi a permanência de pacientes críticos na clínica, sem estruturação física adequada, que necessitavam de transferência para Unidade Terapia Intensiva. Para Lima, Lopes e Gonçalves o hospital trabalha diretamente com o ser humano e precisa explorar todos os aspectos necessários na busca por conforto e facilidades que melhorem o dia a dia do cliente e a rotina da equipe, sendo assim, devem ser respeitadas as condições ambientais para uma efetiva organização e interação entre todas as atividades da instituição de saúde. Quanto ao dimensionamento da equipe, considerou-se equânime com relação a elevada demanda de pacientes na clínica, havia uma preocupação por parte do profissional enfermeiro em definir a escala diária da equipe conforme a dinâmica da assistência. Vale ressaltar que o processo de trabalho em enfermagem é definido como método para o planejamento, organização, execução e avaliação da assistência, o que possibilita a valorização das ações, delimitando competências e possibilitando conquista de espaços profissionais. Outro ponto observado foi uma integração fragmentada da equipe multiprofissional, no que diz respeito a discussão dos casos, realizada, principalmente, entre os médicos. Considera-se necessário que haja entrosamento entre toda a equipe de saúde, podendo refletir em impactos positivos na qualidade do serviço. As práticas assistenciais realizadas pelas acadêmicas foram anamnese, exame físico, evolução de enfermagem e procedimentos privativos do enfermeiro, sob a supervisão da preceptora. Destaca-se a importância de vivencias acadêmicas no cotidiano do Sistema Único de Saúde, pois reforçam as necessidades de politicas e mudanças assistenciais efetivas para o controle da tuberculose e HIV/AIDS. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir das experiências vivenciadas, notou-se que é fundamental que o acadêmico de enfermagem tenha esse contato real com o cenário das doenças infecciosas e parasitárias, possibilitando um olhar crítico quanto às necessidades dos clientes. Foi possível analisar a importância da atuação do Enfermeiro dentro do processo de trabalho em saúde, que deve estar voltada para o planejamento, organização e execução de ações de saúde efetivas, visando a melhora clínica, adesão ao tratamento e prevenção de complicações dos pacientes coinfectados hospitalizados. 

1850 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE GESTANTES COM SÍFILIS ATENDIDAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE SANTARÉM-PARÁ
SIMONE AGUIAR DA SILVA FIGUEIRA, THAÍS FERREIRA BARRETO, ILMA PASTANA FERREIRA

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE GESTANTES COM SÍFILIS ATENDIDAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE SANTARÉM-PARÁ

Autores: SIMONE AGUIAR DA SILVA FIGUEIRA, THAÍS FERREIRA BARRETO, ILMA PASTANA FERREIRA

APRESENTAÇÃO: A sífilis é uma doença secular que faz parte do grupo de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e representa grande desafio aos serviços de saúde pública em todo o mundo. É uma patologia que ainda ocupa um índice bastante elevado nos casos de ISTs notificados e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a ocorrência da sífilis é quatro vezes maior que o número de pessoas infectadas pelo vírus do HIV, acometendo muitas mulheres na idade reprodutiva, trazendo consequências negativas tanto para o período gestacional quanto para a saúde do seu concepto, uma vez que, além da Sífilis congênita, nota-se o aumento dos percentuais de abortamento tardio e antecipação do parto, além do crescimento intrauterino prejudicado, e o mais preocupante e grave que é o óbito fetal. Destaca-se que ainda são vivenciados os mesmos problemas de quase meio século atrás, onde há lacunas na assistência pré-natal, tornando perceptível a incoerência entre o que é preconizado pelo sistema de saúde e como verdadeiramente acontece a oferta destes serviços. A elevada incidência dos percentuais de mulheres com sífilis durante o período gravídico demonstra a deficiência de políticas públicas na área da saúde que podem ser justificadas pela baixa qualidade do pré-natal ou que as mesmas não tiveram acesso a este programa básico. Por muito tempo a importância da sífilis foi direcionada a sua incidência elevada somada a alguns fatores como aparecimento de suas complicações apresentadas através de más formações nos recém-nascidos, além da grande morbimortalidade materno-infantil, porém, por ser uma patologia de sinais clínicos visivelmente simples, contribui para que esta não receba a devida atenção, como a promoção de ações dos serviços de saúde e de preocupação da população, como, por exemplo, a importância dada atualmente ao HIV/AIDS. A incidência da sífilis tem tido um crescimento alarmante, em virtude disso justifica-se a necessidade de transmitir esta informação, com o propósito de mostrar à população e aos profissionais da saúde a necessidade dos cuidados e prevenção acerca dessa doença, bem como das demais ISTs. Neste sentido, este estudo tem por objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico de gestantes com sífilis atendidas em um Centro de Referência de Saúde da Mulher em Santarém, Pará, no período de Janeiro de 2013 a Dezembro de 2016. DESENVOLVIMENTO: Este estudo trata-se de uma pesquisa documental, quantitativa, com abordagem descritiva. Para a realização da pesquisa, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) CAAE- 61249816.4.0000.5168 da Universidade do Estado do Pará. A fonte de coleta de dados foi o banco de dados, livro de registro e os prontuários de 84 gestantes que apresentaram exame de VDRL reativo durante o acompanhamento pré-natal, notificadas na sua Unidade Básica de origem e encaminhadas para o Centro de Referência de Saúde da Mulher (CRSM) do município de Santarém-PA, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2016. Para obtenção dos dados, foi utilizado um formulário pré-elaborado pela pesquisadora o qual era composto por 19 perguntas objetivas. Para análise dos resultados obtidos, os dados foram tabulados e analisados através de uma estatística descritiva realizadas em planilhas dos programas Microsoft Word 2010 e Microsoft Excel 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa foi realizada com 84 prontuários de gestantes com sífilis, com faixa etária entre 12 e 41 anos, destas, os maiores percentuais corresponderam a 11 a 20 anos compreendendo 44,04% das pesquisadas e de 21 a 30 anos totalizando 36,9% das participantes. A sexualidade está presente em todas as fases da vida, sobretudo na adolescência e início da fase adulta, por ser um período que envolve descobertas, questionamentos e incertezas. É válido ressaltar que somado ao início da atividade sexual precoce, há também fatores que potencializam a predisposição deste grupo em contrair alguma IST como, por exemplo, a curta duração dos relacionamentos, a variabilidade de parceiros e a existência de parceiros ocasionais e a ausência do uso de preservativos. No que concerne ao estado civil das participantes, 46 (55%) declararam estar em uma união estável, nota-se que a ideia de se estar em um regime de conjugalidade, seja união estável ou casamento, torna a mulher mais suscetível a repetição da gestação, justificado por alguns fatores como o aspecto socioeconômico e principalmente o fato de sentirem-se seguras e confiantes com seus parceiros ao ponto de avaliarem os métodos contraceptivos como algo irrelevante, tornando compreensível o número representativo de ISTs nesse grupo. Em relação à ocupação das gestantes identificou-se que 41 (49%) relataram ser do lar, esse número expressivo pode ser associado a dependência financeira ao companheiro, as quais mesmo com algum grau de instrução, não buscaram ou não tiveram oportunidades de exercer uma profissão remunerada, assim como também a dependência emocional e o excesso de confiança na relação estável. No tocante da escolaridade, o maior índice de gestantes com sífilis encontra-se em mulheres que concluíram o 2º grau, totalizando 22 (26,1%) casos, esta avaliação é válida quando se compreende sua relação com o pré-natal e como a mesma influencia no entendimento das orientações recebidas durante a assistência prestada. Quanto à procedência, os bairros com maior número de casos de gestantes com sífilis foram Área Verde e Livramento, bairros periféricos do município, com 10 (11,9%) casos. As condições de moradia, os hábitos, costumes e fatores socioeconômicos são determinantes para a dificuldade no acesso aos serviços de saúde. Em relação aos bairros periféricos, entende-se que a distância dos centros de saúde, assim como a falta de saneamento básico, dificuldade de transporte e deslocamento são fatores que dificultam aos moradores destas áreas a busca e acessibilidade à assistência de saúde e, consequentemente, tornam-se mais vulneráveis na aquisição de diversas patologias. Os bairros periféricos, geralmente, estão propícios à pobreza e esta não se restringe apenas a condições financeiras, mas, principalmente, na falta de infraestrutura, educação e saúde de qualidade a população. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O cenário da sífilis é preocupante em qualquer fase da vida, no entanto, quando a doença se manifesta durante o período gestacional, esta merece destaque especial. As políticas públicas acerca desta temática precisam ser fortalecidas, mostrando que a sífilis pode ser facilmente diagnosticada precocemente nas Unidades Básicas de Saúde através do teste rápido, além do tratamento ser padronizado e protocolado pelo MS, portanto, não há necessidade de gerar encaminhamento ao serviço de referência, pois isto só retarda o tratamento da gestante e a afasta do vínculo mantido com a UBS a qual pertence, como foi observado neste estudo. A sífilis na gravidez é uma temática importante a ser abordada e que abre caminhos para diversas pesquisas, principalmente por ser uma patologia de fácil diagnóstico e tratamento e, ainda assim, permanecer entre as infecções sexuais mais frequentes dentre os problema de saúde pública.

2532 PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES EM UM LABORATÓRIO PRIVADO DE ANÁLISES CLÍNICAS NO MUNICÍPIO DE PACAJUS-CE
Ana Paula Oliveira Sales, Malena Gadelha Cavalcante, Carlysandra Lima dos Santos, Diego da Silva Medeiros

PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES EM UM LABORATÓRIO PRIVADO DE ANÁLISES CLÍNICAS NO MUNICÍPIO DE PACAJUS-CE

Autores: Ana Paula Oliveira Sales, Malena Gadelha Cavalcante, Carlysandra Lima dos Santos, Diego da Silva Medeiros

Pesquisa com objetivo de avaliar a prevalência de sífilis em gestantes por meio da análise de exames sorológicos VDRL e FTA-ABS em um laboratório privado na cidade de Pacajus – Ce, apresentando também o perfil epidemiológico destas gestantes. Trata-se de uma pesquisa transversal com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados de Janeiro a Dezembro de 2016. O instrumento de pesquisa foram os registros de exames obtidos através do banco de dados secundário do laboratório. Foram analisados dados de exames de 219 gestantes, com faixa etária 18 a 45 anos, sendo que 166 (75,79%) gestantes que realizaram o exame de VDRL e 53 (24,20%) não realizaram. Em relação ao exame de FTA-ABS apenas 1 (0,45%) gestante realizou, mas sem diagnóstico para sífilis e 218 (99,54%) não realizaram. Os dados mostraram 3 resultados positivos para sífilis gestacional. O maior número de resultados de VDRL foi obtido no 1° trimestre de gestação com 143 (86,14%) de resultados. Para traçar o perfil Epidemiológico das Gestantes, outros exames laboratoriais obrigatórios no pré-natal foram analisados. Nos dados analisados, no diagnóstico para anemia foram obtidos 52 (31,32%) casos. A glicose apresentou uma média de 75 mg/dL, resultados dentro do padrão da normalidade. No exame para identificar o fator RH, 100 (60,24%) gestantes tem RH positivo. E no exame de sumário de urina apresentou um considerável número de gestantes 32 (19,27%) com uma possível infecção bacteriana. Foi analisado um alto índice de não realização de alguns exames: rubéola que obteve 92 (55,42%) de gestantes que não realizaram, seguido do exame de citomegalovírus com 135 (81,32%), hepatite C 132 (79,51%), hormônio tireoestimulante 160 (96,38%) hepatite B – ANTI HBS 154 (92,16%), apresentando uma média de 80,95%. Conclui-se que os resultados obtidos felizmente obteve-se um menor número de casos de sífilis. No exame de FTA-ABS apresentou uma carência na realização da sorologia, a partir dos dados coletados observou-se que essa carência vem a partir da não solicitação nas receitas durante o pré-natal, sendo um exame de grande importância. Em relação ao alto índice de exames que não foram realizados pelas gestantes, é decorrente muitas vezes pela não solicitação durante o pré-natal. A maioria das gestantes são atendidas pelo hospital e postos públicos do município e frequentemente não são acompanhadas por um profissional de obstetrícia, este profissional é especialista em cuidar do desenvolvimento do feto e dar assistência à mulher no período da gravidez, sendo o responsável pelo pré-natal da gestante. E é de extrema importância que os profissionais da saúde e os gestores estejam envolvidos diretamente no desenvolvimento de estratégias, visando à melhoria da qualidade do serviço prestado, evitando possíveis complicações materno-fetal.

3492 PREVALÊNCIA, ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS DA COINFECÇÃO TUBERCULOSE/HIV EM IMPERATRIZ-MA
Paula dos Santos Brito, Daianne Santos de Souza, Janiel Conceição da Silva, Floriacy Stabnow Santos, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Ana Cristina Pereira de Jesus Costa, Ariadne Araújo Siqueira Gordon, Marcelino Santos Neto

PREVALÊNCIA, ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS DA COINFECÇÃO TUBERCULOSE/HIV EM IMPERATRIZ-MA

Autores: Paula dos Santos Brito, Daianne Santos de Souza, Janiel Conceição da Silva, Floriacy Stabnow Santos, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Ana Cristina Pereira de Jesus Costa, Ariadne Araújo Siqueira Gordon, Marcelino Santos Neto

Introdução: A coinfecção Tuberculose (TB)/Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é elencada como uma comorbidade, e importante fator de mau prognóstico, impondo condições clínicas mais graves, de maior dificuldade diagnóstica e tratamento. Desse modo, a associação da TB com o HIV retrata um novo desafio em escala mundial. O Brasil é um dos 22 países que representam 80% da carga mundial da TB, prevalecendo à alta carga de TB e a de coinfecção TB/HIV sendo definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como prioritário para o controle da TB no mundo.  Nos países endêmicos para TB, o advento da epidemia de HIV/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) tem acarretado aumento significativo dos casos de TB, ocasionando piores desfechos (abandono e óbito). No Brasil, o risco da pessoa vivendo com HIV/aids (PVHA) adquirir TB é 28 vezes maior quando comparada a população sem HIV/aids. A taxa de mortalidade entre os pacientes com coinfecção TB/HIV agrava-se principalmente pelo diagnóstico tardio da TB. Entre as ações recomendadas pelo Programa Nacional de Controle da TB (PNCT) para controle da coinfecção TB/HIV, orienta-se a testagem oportuna para HIV por meio do teste rápido para todos os diagnosticados com TB. Como diretriz nacional é recomendado o diagnóstico da TB o mais breve possível, assim como o início do tratamento da TB ativa, da infecção latente e o início da terapia antirretroviral quando indicado. É preconizado ainda, que a rede de atenção á saúde seja organizada de forma que possa garantir a atenção integral aos coinfectados, tendo como os Serviços de Atenção Especializada (SAE) como local preferencial para acompanhamento ás pessoas que vivem com HIV/aids. Por ser considerado um problema social, pesquisas relacionadas à coinfecção TB/HIV vêm sendo estimuladas por serem importantes instrumentos para detecção dos perfis sociodemográfico, clínico e epidemiológico dos indivíduos que foram acometidos por essa coinfecção. Objetivo: Diante disso, o estudo teve como objetivo determinar a prevalência dos casos notificados de coinfecção TB/HIV, bem como caracterizá-los segundo variáveis de contextos sociodemográfico e clínico-epidemiológico no município de Imperatriz-MA. Metodologia: Estudo epidemiológico descritivo, retrospectivo com abordagem quantitativa, realizado em um dos municípios do nordeste brasileiro considerado prioritário para o controle de TB e baseado em dados secundários das fichas individuais de TB do Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no período compreendido entre 2006 e 2015. A coleta de dados ocorreu em novembro de 2017. A prevalência da coinfecção TB/HIV na população foi determinada mediante a realização de sorologia para o HIV e liberação de resultados, excetuando os testes em andamento. As variáveis analisadas relativas à caracterização sociodemográfica foram sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade e zona de residência. Já os dados de investigação clínico-epidemiológica foram tipo de entrada, forma clínica, realização de baciloscopia, prova tuberculínica (PT), cultura, realização de tratamento supervisionado e desfecho de tratamento. A análise exploratória dos dados foi realizada mediante a estatística descritiva, na qual para variável idade foram expressas medidas de tendência central e para as demais variáveis investigadas foram expressos valores absolutos e relativos. Resultados e discussões: Foram notificados 800 casos de TB no período sob investigação. Dos pacientes testados para HIV (363; 45,5%), excetuando os que apresentaram exame em andamento (53; 6,6%), 68 eram coinfectados, equivalendo a uma prevalência de 19%. Observa-se, nessa casuística, que a prevalência de coinfecção no município investigado apresenta-se subnotificada e associada à incipiente demanda do teste sorológico para HIV, uma vez que parcela significativa dos pacientes não realizou o teste anti-HIV, recomendado pelo PNCT. Dos coinfectados, a maioria dos casos era do sexo masculino (53; 77,09%), com idade mínima de 05 anos de idade e máxima de 73 anos, a média de idade foi de 37 anos, desvio padrão de 16 anos e mediana de 34 anos, raça/cor parda (40; 58,08%) com predomínio de escolaridade ensino fundamental incompleto com destaque para a 1° - 4° série incompleta (14; 20,05%) e residentes na zona urbana (65; 95,06%). Sobre as características clínicas e epidemiológicas, predominaram os casos novos (56; 82,3%) como tipo de entrada, sendo a maioria forma clínica pulmonar (58; 85,03%), com destaque para baciloscopia de escarro positiva (31; 45,05%), cultura de escarro não realizada (59; 86,08%), raio-x torácico suspeitos para TB (57; 83,08%), teste tuberculínico não realizado (52; 76,04%). Realizado o tratamento supervisionado em uma pequena parcela dos casos notificados (45; 66,02%), fator esse que pode deixar de contribuir para o sucesso do tratamento, uma vez que, o tratamento diretamente observado proporciona uma melhor atenção ao paciente por meio do acolhimento quando humanizado, possibilitando a adesão ao tratamento, garantindo a cura para a TB e diminui significativamente a taxa de bacilos multirresistentes, reduzindo a mortalidade e o sofrimento humano. Permite ainda, realizar ações de educação em saúde mais efetivas voltada para a orientação do paciente, família e comunidade. No que se refere aos desfechos de tratamento no período que compreende este estudo, observou-se um baixo percentual de cura (57; 86,36%) e um alto percentual de encerramento como óbito por outras causas (10; 14,7%) e óbito por TB (1; 1,5%). É importante destacar que de acordo com as normativas internacionais para definição da causa do óbito, todos os pacientes com coinfecção TB/HIV que foram a óbito devem ser encerramentos no SINAN-TB como “óbito por outras causas”. Nesse mesmo período, foram identificados 10 casos de recidiva para coinfecção TB/HIV entre os 68 casos notificados (10; 14,7%). Algumas medidas já são realizadas para a redução dos desfechos desfavoráveis de tratamento entre pessoas com a coinfecção TB/HIV, entre elas, destaca-se a realização da terapia antirretroviral (TARV). Apesar disso, no Brasil, os resultados da utilização da TARV ainda não é o ideal, tanto para os casos novos quanto para retratamentos. É importante compreender que há ainda maior dificuldade para o diagnóstico de TB entre PVHA, em razão da possibilidade de exames falso-negativos como baciloscopia, cultura e imagens radiológicas pulmonares atípicas. Outro agravante na adesão do tratamento medicamentoso é uma maior quantidade de comprimidos a serem ingeridos, limitações de antirretrovirais disponíveis sem interação medicamentosa com os medicamentos da TB, ainda a apresentação de mais efeitos adversos e uma maior toxicidade mediante utilização das múltiplas medicações. Considerações Finais: A coinfecção, em si, já indica uma situação de vulnerabilidade da doença pelo HIV/aids, deixando o paciente em maior risco para demais infecções oportunistas e risco de morte. A notável relação que a TB possui com as condições sociais e determinantes de saúde demandam formas de abordagem e vigilância dos casos notificados em diversos cenários para a quebra do ciclo de transmissão e progressão da doença.  A análise revelou um perfil epidemiológico e situacional de saúde em termos de morbimortalidade da população atingida por coinfecção TB/HIV no município de Imperatriz-MA, apresentando aspectos importantes, e avaliações a serem consideradas e realizadas pelos gestores dos Programas de Controle de TB das três esferas de gestão, que podem contribuir para a identificação de entraves na melhoria da atenção às pessoas com TB/HIV e para a implementação de soluções, buscando estratégias para superar esses desafios, amparando o fortalecimento das ações de saúde e na redução dos casos registrados.

3647 Os Impactos psicossociais do diagnóstico reagente para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) na vida dos pacientes de um Centro de Referência de Doenças Infectocontagiosas em Belém- PA
Richer Praxedes Maia, Jade Durans Pessoa Loureiro Lima, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Luanna Moreira da Silva, Mayara da Silva Carvalho, Eliana Soares Coutinho, Elane Cristina Santos Malcher

Os Impactos psicossociais do diagnóstico reagente para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) na vida dos pacientes de um Centro de Referência de Doenças Infectocontagiosas em Belém- PA

Autores: Richer Praxedes Maia, Jade Durans Pessoa Loureiro Lima, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Luanna Moreira da Silva, Mayara da Silva Carvalho, Eliana Soares Coutinho, Elane Cristina Santos Malcher

APRESENTAÇÃO: Quando se fala sobre infecção por HIV, muitos estudos sobre a fisiopatologia, patologia e o ciclo do vírus estão disponíveis e são aperfeiçoados ano após ano. Entretanto, os impactos psicológicos e sociais do diagnóstico desta infecção no individuo portador não são devidamente revisados e em alguns casos, menosprezados. OBJETIVO: apresentar dados de pesquisa de caráter quanti-qualitativo que buscaram caracterizar os impactos psicossociais na vida de pacientes HIV reagentes causados pelo diagnóstico positivo para o Vírus da Imunodeficiência Humana em um centro de doenças infectocontagiosas de Belém, Pará – Casa Dia, situada na Avenida Pedro Álvares Cabral, número 3816-Sacramenta, Belém-PA. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O presente artigo possui fundamentação metodológica baseada no “Arco de Maguerez” formulado por Berbel no ano de 1995 que sistematiza a pesquisa em cinco etapas: (1) Observação da realidade; (2) Levantamento dos pontos–chaves; (3) Teorização; (4) Hipóteses de Solução e (5) Aplicação à realidade. RESULTADOS: Este estudo discorre acerca dos impactos psicossociais com diagnóstico positivo para o HIV e suas consequências para a vida de pacientes de um centro de referência para doenças infectocontagiosas em Belém-PA, pois segundo Queiroz (1999), as expressões existenciais da pessoa que adoece são válidas para o conhecimento acerca do processo saúde/doença dessas pessoas. Esta noção se faz válida à medida que 68,4% dos pacientes entrevistados durante a pesquisa apresentaram sentimentos de choque, surpresa, raiva, negação, tristeza, medo e isolamento diante do diagnóstico positivo, logo a presença desses impactos vem reforçar a seriedade deste cenário de necessidade de apoio psicossocial aos portadores de HIV, pois tais fatores podem acarretar possíveis quadros de depressão e abandono do tratamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir da realização deste estudo foi possível sugerir políticas de saúde que busquem garantir a saúde emocional e psicológica do paciente portador de HIV vista a sua importante influência nos aspectos fisiológicos da infecção. Deste modo, os órgãos federais em conjunto com os profissionais de saúde devem empenhar-se para disponibilizar não somente um tratamento fisiológico eficiente, mas um acompanhamento psicológico eficaz. Os profissionais que lidam cotidianamente com esses pacientes precisam estar qualificados para detectar possíveis alterações na saúde emocional do paciente por meio de uma comunicação efetiva entre ambos, para assim, encaminhá-los para um acompanhamento psicológico por um profissional especializado na área, caso haja a necessidade, a fim de evitar possíveis casos de depressão e evasão do tratamento.

3692 DIMINUIÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV NO BRASIL E SEUS TRATAMENTOS PÓS-DETECÇÃO
Claudia Cristina Dias Granito Marques, Eduardo Felipe Barbosa de Oliveira, Sarah Braga Delgado

DIMINUIÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV NO BRASIL E SEUS TRATAMENTOS PÓS-DETECÇÃO

Autores: Claudia Cristina Dias Granito Marques, Eduardo Felipe Barbosa de Oliveira, Sarah Braga Delgado

Descrição do problema estudado: Durante o período de 2006 a 2016 a diminuição do número de pessoas infectadas pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), esse que é o causador da SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), por meio de TV (transmissão vertical) no Brasil tem sido gradativa. A eficácia da TARV (terapia antirretroviral) no binômio mãe e filho, do aconselhamento e da amamentação proibida nos níveis de atenção primária, secundária e terciária vem sido mostrados através dos dados em junho de 2016 pelo SINAN (Sistemas de Informação de Agravos de Notificação), a atenção durante o pré natal tem sido importante para esses dados, entretanto a TV ainda não foi erradicada em todo Brasil. O HIV é transmitido por via hematológica e perinatal, logo a atenção é voltada para a diminuição dos casos em que há a TV e seus resultados são satisfatórios. O objetivo do trabalho, então, é demonstrar os efeitos positivos do tratamento pós-detecção prévia ou imediata de gestantes portadoras do HIV na atenção primária e secundária durante o pré- natal. Descrição do material e método utilizado: Trata-se de um estudo de revisão integrativa cujo desenvolvimento apoiou-se na Pesquisa de Dados Epidemiológicos no Brasil. A base de dados do SINAN foi consultada com os descritores: Epidemiologia, Tratamento e Transmissão Vertical do HIV. Sumário dos resultados finais: Segundo o SINAN, no período de 2000 até junho de 2016 foram notificadas 99.804 gestantes infectadas pelo HIV sendo 39,8% dessas gestantes no sudeste. Em crianças na faixa etária de 13 anos de idade ou mais diagnosticadas com HIV pode-se observar 1.761 casos, 960 meninos e 801 meninas, ambos que foram infectados por TV durante o período de 1980 a 2016. Entretanto o que traz a atenção é que os números de TV vêm diminuindo; em 2014 é possível observar um total de 179 casos, 113 do sexo masculino e 66 do feminino, já em 2016 66 casos foram notificados, 47 do sexo masculino e 19 do sexo feminino. A TARV, a amamentação proibida e o aconselhamento são utilizados em gestantes diagnosticadas com HIV no pré-natal a fim de evitar a TV e como dados mostrados eles vêm surtido efeito. A pesquisa mostrou quantitativamente que as condutas e intervenções do Governo quanto as gestantes com HIV tem surtido efeito direto na diminuição dos casos de TV e que logo o mesmo pode ser erradicado através dessas ações.

3763 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PORTADORES DO HTLV ATENDIDOS EM INSTITUTO DE INFECTOLOGIA
Élida Hennington, Flávio Rezende, Ionara Silva, Mary Lucy Pinto, Stephanie Martins, Ana Claudia Leite, Sandra do Valle

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PORTADORES DO HTLV ATENDIDOS EM INSTITUTO DE INFECTOLOGIA

Autores: Élida Hennington, Flávio Rezende, Ionara Silva, Mary Lucy Pinto, Stephanie Martins, Ana Claudia Leite, Sandra do Valle

INTRODUÇÃO: Identificados na década de 1980, o HTLV-I e II são retrovírus cuja transmissão se dá pelas vias sexual, hematogênica e vertical. Cerca de 90% dos indivíduos são assintomáticos, porém a infecção é perene e até 7% dos portadores podem desenvolver problemas de saúde incapacitantes e de prognóstico reservado como leucemia, linfoma e doenças neurológicas graves. Estimativas apontam que o Brasil possui o maior número absoluto de indivíduos infectados pelo HTLV, com prevalências variando de 750 mil a 2,5 milhões. Segundo o Ministério da Saúde, esta ampla variação resulta da escassez de estudos populacionais no país. Contribuem para a invisibilidade sanitária e social do HTLV a não exigência de notificação compulsória de casos e a ausência de rastreio do vírus na rotina pré-natal. Este quadro dificulta a promoção de ações educativas, de prevenção e de controle da infecção. Também há poucos estudos sobre o perfil e a trajetória das pessoas afetadas que propiciem melhorias na rede de atenção à saúde. OBJETIVO: Conhecer o perfil epidemiológico de pessoas afetadas pelo HTLV atendidas em instituto de infectologia. MÉTODO: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo a partir da análise de prontuário eletrônico. RESULTADOS: O número de pacientes da coorte HTLV registrados no instituto é de 1301 indivíduos e, do total, 977 possuem prontuário. Destes, 391 são considerados inativos – sem registro de comparecimento há dois anos ou mais, 108 faleceram e 478 encontram-se em acompanhamento. Do total de indivíduos em acompanhamento, a maioria são mulheres (58%), acima de 60 anos (51%), 46% são brancos e 52% pardos e negros e 48%possuem escolaridade até o ensino fundamental. Cinquenta e seis por cento são moradores da cidade do Rio de Janeiro, embora muitos residam na Baixada Fluminense (26%), São Gonçalo e Niterói (8%). Em relação à situação familiar, 70% vivem com o cônjuge ou familiar. Os dados clínicos e de comorbidades estão sendo analisados. Observou-se subregistro de variáveis importantes como ocupação e religião e a ausência de variáveis de interesse como vínculo empregatício e previdenciário, uso de preservativo, uso de drogas lícitas e ilícitas, dentre outras. CONCLUSÃO: Existe necessidade de melhoria da qualidade do registro no prontuário eletrônico para uma melhor caracterização dos usuários. Novos estudos deverão ser implementados para investigação de histórias de vida, itinerários terapêuticos, bem como dos motivos de abandono do acompanhamento.

3880 Relato de experiência: Capacitação sobre sífilis de Agentes Comunitários de Saúde da cidade de Massaranduba-SC.
Laura Mielczarski Gomes Soares, Aline Bogo, Amanda Camila Polo, Ana Gabriela Quintanilha Verás, Rafaela Barros Bessa, Ricardo Dantas Lopes

Relato de experiência: Capacitação sobre sífilis de Agentes Comunitários de Saúde da cidade de Massaranduba-SC.

Autores: Laura Mielczarski Gomes Soares, Aline Bogo, Amanda Camila Polo, Ana Gabriela Quintanilha Verás, Rafaela Barros Bessa, Ricardo Dantas Lopes

A cidade de Massaranduba em Santa Catarina, como diversas outras localidades no país, passa por uma epidemia de Sífilis. Segundo a secretaria de saúde da cidade, o município teve 1 caso da infecção a cada 1000 habitantes no último ano. Diante desse cenário, acadêmicos de Medicina da Universidade Regional de Blumenau-SC (FURB) membros da IFMSA Brazil (International Federation of Medical Students Association of Brazil), em parceria com a Prefeitura de Massaranduba, elaboraram um encontro para capacitar os agentes de saúde da cidade a educar a população local sobre a Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Os objetivos foram pautados em capacitar os profissionais sobre o tema, prepara-los para orientar a população e aproximar os acadêmicos do funcionamento do sistema de saúde e de atividades com promoção de saúde. A proposta iniciou com uma reunião de capacitação dos estudantes realizada por um professor médico de família e comunidade, que discutiu a parte clínica da doença, a função do ACS na comunidade e as melhores formas de apresentar o tema a eles. A tarde de atividades foi elaborada com diversas dinâmicas que trabalharam a revisão clínica da sífilis, as formas de transmissão, mitos e verdades sobre a doença e o papel dos agentes enquanto promotores de saúde. Após a troca de aprendizado, os participantes ainda tiveram um momento para planejar uma atividade em sua região e trabalhar juntos qual seria a melhor forma de educar populações alvo específicas, como por exemplo gestantes, jovens e idosos. Na tarde do encontro estavam presentes 4 acadêmicos de Medicina da FURB e 37 agentes de saúde. No início e ao final das atividades foram aplicados questionários para avaliar o conhecimento dos participantes, mostrando, desta forma que houve retenção do conteúdo. O aprendizado foi grande para os acadêmicos e para os ACS participantes. Teve-se uma boa receptividade dos ACS, principalmente pela forma como o tema foi trabalhado, de maneira mais dinâmica, clara e objetiva. Além disso, para os estudantes, principalmente do início da graduação, atividades que os aproximem da comunidade e do funcionamento do sistema de saúde colaboram para uma formação complementar e mais humana da Medicina. Em suma, o projeto obteve êxito; foi capaz de ratificar aos ACS sua importância dentro do Sistema de Saúde, e em conjunto com outros profissionais, no combate à epidemia de sífilis enfrentada pelo município. Além disso, permitiu aos acadêmicos de Medicina participantes uma experiência ímpar de troca de experiência interprofissional, contribuindo para uma formação médica integral através de outros meios que complementem o modelo simplesmente biomédico.

3950 TECNOLOGIA EDUCACIONAL EM SAÚDE: OS CUIDADOS COM A CRIANÇA SOROPOSITIVA AO HIV.
Samuel Lima Ferreira, Isabelle Vasconcelos de Sousa, Arinete Véras Fontes Esteves, Marcos Vinícius Costa Fernandes

TECNOLOGIA EDUCACIONAL EM SAÚDE: OS CUIDADOS COM A CRIANÇA SOROPOSITIVA AO HIV.

Autores: Samuel Lima Ferreira, Isabelle Vasconcelos de Sousa, Arinete Véras Fontes Esteves, Marcos Vinícius Costa Fernandes

Introdução: A condição de vida do individuo soropositivo é marcada por desafios, na infância tal condição apresenta profundas implicações, a constar as limitações físicas e as constantes idas aos hospitais que tornam problemático o desenvolvimento da interação interpessoal de modo a influenciar negativamente no desenvolvimento biopsicossocial da criança, neste contexto o ser cuidador/orientador deve estar preparado para auxiliar na transição entre a infância e a adolescência, deste modo o cuidador/orientador deve sempre buscar novas formas para melhorar a qualidade de vida desses menores soropositivos. Objetivo: Compreender a percepção do cuidador sobre a construção de tecnologia educacional, para os cuidados com a criança soropositiva. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo de natureza descritiva exploratória, realizado na Associação de Apoio à Criança com HIV (AACH) localizada na cidade de Manaus-AM. A coleta de dados ocorreu mediante a utilização de entrevista semi-estruturada, os dados foram analisados conforme a técnica de análise qualitativa de dados. O presente estudo obteve aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com o CAEE: Nº54697816. 0.0000.5020 Resultados: Participaram da pesquisa 8 cuidadoras. Fora observado que as cuidadoras na referida instituição apresentavam baixo nível de conhecimento acerca da doença, HIV, e das tecnologias educativas, desse modo, fatores como o medo de infectar-se, a dificuldade de revelar o diagnóstico pra criança e a carência de novas metodologias para a realização do cuidado mostraram-se como as principais peculiaridades no processo de assistência à criança portadora do vírus HIV. Além disso, fatores emocionais revelaram-se como uma barreira para as cuidadoras no que diz respeito a administração medicamentosa. No entanto, verifica-se que a assistência prestada na instituição permite que as crianças convivam em um ambiente no qual possam desenvolver a interação biopsicossocial e trabalhar o intelecto, mesmo assim, questões como a falta de informações corretas acerca do assunto podem comprometer todo o trabalho dedicado ao público infantil portador de HIV, aponto de não passar despercebido a possibilidade da criança se isolar, assim sendo, dificultando a obtenção satisfatória dos serviços ofertados. Considerações finais: Constatou-se que as cuidadoras de crianças soropositivas do estudo em questão, não possuem ferramentas adequadas para auxiliá-las perante as dificuldades cotidianas. As condições que demandam maior complexidade acabam por serem negligenciadas pelas cuidadoras, devido o fato de se sentirem inseguras na prestação de certas assistências. O desenvolvimento de tecnologias educacionais, permite que as dificuldades apresentadas pelos cuidadores possam ser elucidadas, além disso, possibilita a promoção da saúde nas demais esferas sociais em torno da criança, de modo a promover o autocuidado e beneficiar na qualidade de vida do paciente soropositivo. Nota-se assim, a necessidade de implementação de tecnologias educativas pautadas para a educação das cuidadoras e crianças

3976 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM HIV NO INTERIOR DA AMAZÔNIA, ANO DE 2017
EREK FONSECA DA SILVA, ANA LUCIA DE SOUZA FERREIRA, Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva, Aylanda Aguiar Barrozo

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM HIV NO INTERIOR DA AMAZÔNIA, ANO DE 2017

Autores: EREK FONSECA DA SILVA, ANA LUCIA DE SOUZA FERREIRA, Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva, Aylanda Aguiar Barrozo

Introdução: O tema em estudo é o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com exames reagentes ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no Centro de Referência do SIDAdão (CTA/SAE) do município de Santarém. O conhecimento desse perfil epidemiológico é de suma importância para a compreensão do comportamento do paciente, quando de risco, antes e após a infecção pelo vírus.Objetivo:Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com HIV atendidos no CTA/SAE de Santarém-PA no ano de 2017. Identificar os principais fatores de risco da população recém-infectada pelo vírus HIV e qual a parcela da população mais acometida pela infecção no ano.Metodologia: O estudo apresenta uma abordagem descritiva e retrospectiva com caráter quantitativo. O local foi o Centro de Testagem e Aconselhamento do Município de Santarém-PA, centro esse de referência para a região do Oeste do Pará, atendendo 21 municípios. Utilizou-se como amostra todos os prontuários de pacientes diagnosticados com HIV no período de 2017. A coleta foi realizada em uma ficha padronizada do Serviço que contem perguntas a serem realizadas a todos os pacientes, no momento que antecede a realização da testagem rápida. A análise dos dados foi realizada com recursos da estatística descritiva.Resultado:No ano de 2017 foram aplicados 15.197 testes rápidos de HIV, sendo que desses 1,4% (219) foram reagentes para o HIV. Notou-se para o perfil desses pacientes que 63% eram do gênero masculino e 37% do feminino, a frequência de pacientes com HIV que se auto intitulam pardos foi de 89,14% do total, os negros foram 3,6%, a branca de 6,25% e aqueles que não souberam se auto intitular 1,01%. O estado civil mais frequente foi o de solteiro (52%), seguido pelo casado/amigado (45%), não informado (2%) e viuvo (1%). Percebe-se que a maioria (73%) não usa preservativo nas relações sexuais e que 21% usam às vezes. Os principais motivos de não uso da camisinha foram de confiar no parceiro (54%) ou não dispunha no momento (21%). A faixa etária de 25 a 29 anos para homens (24%) foi mais prevalente e de 20 a 24 anos para as mulheres (26%). Em relação a orientação sexual, destaca-se predominância para heterossexual (76%), seguido de homossexual (21%), bissexual (1%) e sem resposta (2%).Considerações finais:O conhecimento do perfil epidemiológico dos usuários HIV reagentes é de grande valor para a compreensão da cadeia de transmissão que envolve o vírus. Conclui-se que ocorreu predominância, no ano de 2017, do gênero masculino (de 25 a 29 anos), de heterossexuais, pardos, solteiros, pouco uso do preservativo relacionado ao fato de confiar no parceiro. Destaca-se assim, que a relação sexual desprotegida continua sendo o principal meio de contaminação do vírus.

2724 Ocorrência de discriminação com mulheres vivendo com HIV em serviços de saúde e fatores associados
Karen da silva Calvo, Daniela Riva Knauth, Flávia Bulegon Pilecco, Alvaro Vigo, Luciana Barcellos Teixeira

Ocorrência de discriminação com mulheres vivendo com HIV em serviços de saúde e fatores associados

Autores: Karen da silva Calvo, Daniela Riva Knauth, Flávia Bulegon Pilecco, Alvaro Vigo, Luciana Barcellos Teixeira

Apresentação: A discriminação é vista como uma espécie de resposta comportamental ao estigma e ao preconceito, que se traduzem em atitudes negativas em relação a grupos sociais específicos. Historicamente, a epidemia da Aids é caracterizada por estigma e discriminação, uma vez que a contaminação pelo vírus do HIV está associada a comportamentos considerados “desviantes” pela sociedade, como a homossexualidade, o uso de drogas e a prostituição. Além dos fatores excludentes associados à contaminação da doença, existem outros fatores, como socioeconômicos e culturais, que se somaram a epidemia, tornando alguns grupos sociais mais vulneráveis ao HIV e suscetíveis à prática da discriminação. Pessoas com baixa renda, mulheres e negros fazem parte destes grupos que já eram discriminados culturalmente, e que são uma parcela significativa de pessoas vivendo com HIV, tendo em vista características já identificadas ao longo da epidemia, como a pauperização e a feminização.  A sobreposição do estigma sobre a situação clínica de uma doença que até o momento não tem cura, é uma das mais significativas formas de violência e violação dos direitos humanos no Brasil, e contribuem na disseminação de imagens estereotipadas e discriminatórias das mulheres. Há evidências que pessoas vivendo com HIV que sofreram processos de discriminação podem ter atraso no diagnóstico, dificuldade de acesso ao tratamento e não adesão ao tratamento antirretroviral, que podem levar ao óbito pelas complicações clínicas da infecção. Conhecer o perfil das mulheres que vivem com HIV pode impactar nos processos de cuidado, uma vez que irá auxiliar os profissionais de saúde a compreender o contexto de vulnerabilidade em que estas mulheres estão inseridas, podendo assim produzir um cuidado mais abrangente a questões sociais. Diante do exposto o objetivo deste trabalho é descrever o perfil das mulheres vivendo com HIV que sofreram discriminação nos serviços de saúde Método: Trata-se de um estudo transversal. A amostra foi constituída por mulheres de 18 anos a 49 anos de idade, usuárias da rede pública de saúde do município de Porto Alegre. As mulheres foram recrutadas em serviços que atendam mulheres vivendo com HIV∕Aids em ao menos uma das seguintes especialidades: ginecologia/obstetrícia e infectologia. O número de participantes selecionadas em cada um dos serviços foi proporcional à quantidade de atendimentos realizados pelo serviço. Após as devidas aprovações nos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) da UFRGS, foi realizado um mapeamento de todos os serviços a fim de identificar o número de pacientes atendidas, rotinas e horários de atendimento, dados estes necessários para a distribuição da amostra nos serviços e organização da coleta de dados. A fim de garantir a aleatoriedade, as mulheres foram selecionadas de acordo com a lista de atendimento do dia em cada um dos serviços. Foi realizado convite para participar do estudo no momento de comparecimento à consulta, realizando-se a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e coletando-se o consentimento formal para participação na pesquisa. As entrevistas foram conduzidas em tablets, em ambiente reservado e adaptado de acordo com as características de cada serviço, com a finalidade de garantir a confidencialidade das informações. Foi utilizado um instrumento cujas questões investigavam trajetória de vida, momento do diagnóstico, ocorrência de violências, aspectos sexuais e reprodutivos. Posteriormente, todas as informações foram armazenadas em programa específico, para realização do controle de qualidade e análise dos dados. Os dados foram analisados no software SPSS e são apresentados em estatística descritiva e através de comparações entre mulheres que sofreram e que não sofreram discriminação através do teste de homogeneidade de proporções baseado na estatística de qui-quadrado de Pearson ou Fisher. Em todas as análises será adotado o nível de significância estatística de 5%. Resultados: A amostra foi constituída por 691 mulheres, das quais 22,4% relatam ter sofrido discriminação nos serviços de saúde; destas 6,5% (n=10) tinham entre 18 – 24 anos; 11,8% (n=18) tinham entre 25 – 29 anos; 24,8% (n=38) tinham entre 30 – 34 anos; 26,8% (n=41) tinham 35 – 39 anos; 17% (n=26) tinham entre 40 – 44 anos e 13,1% (n=20) tinham entre 45 – 49 anos. Em relação à cor, 64,1% (n=98) das mulheres consideravam-se brancas. Quanto à escolaridade, 39,9% (n=61) das mulheres possuíam o ensino fundamental incompleto; 30,7% (n=47) possuíam o ensino fundamental completo e 29,4% (n=45) possuíam o ensino médio completo ou ensino superior. A renda familiar variou entre 0 e 4 salários mínimos ou mais, sendo que 14,6% (n=21) das mulheres tinham a renda até 1 salário mínimo; 45,1% (n=65) tinham a renda acima de 1 até 2 salários mínimos; 29,9% (n=43) tinham a renda acima de 2 até 4 salários mínimos e 10,4% (n=15) tinham a renda acima de 4 salários mínimos ou mais. Com relação aos aspectos de comportamento sexual, 82,9% (n=126) das mulheres tiveram a primeira relação sexual com um parceiro fixo, e 17,1% (n=26) tiveram a primeira relação sexual com um parceiro eventual. Quanto ao uso de preservativo na primeira relação, 22,6% (n=33) das mulheres afirmaram ter utilizado e 77,4% (n=113) não fizeram uso do preservativo. Em relação às questões reprodutivas, 53% (n=80) das mulheres responderam que não tiveram uma gestação após o diagnóstico. Comparando o grupo de mulheres que sofreram discriminação nos serviços de saúde, com o grupo de mulheres que não sofreram discriminação, o percentual de mulheres que tiveram uma gestação após o diagnóstico, respectivamente, foi de 47% (n=71) e 32,3% (n=170), (p=0,001), ressalta-se que muitas destas gestações não foram planejadas. Quando questionadas sobre se já haviam sofrido algum tipo de violência física ou sexual, 19,5% das mulheres que sofreram discriminação disseram que não; 23,3% (n=35) destas mulheres respondeu que havia sofrido algum tipo de violência, contrastando com o grupo que de mulheres que não sofreu discriminação, do qual 9,5% (n=50) das mulheres afirmaram ter sofrido algum tipo de violência, (p<0,001). Considerações finais: Observamos que o fato da mulher ter sofrido algum tipo de violência física ou sexual está associada à discriminação de mulheres vivendo com HIV nos serviços de saúde. Embora não tenha sido investigado quem praticou a violência, ela parece estar relacionada com questões econômicas, uma vez que muitas mulheres possuíam baixa renda e se apresentavam em contextos de vulnerabilidade social. Há estudos apontando relações desiguais entre homens e mulheres e associação entre ocorrência de violência e dependência econômica. De alguma forma, estas repercutem na saúde e nos direitos sexuais e reprodutivos, prejudicando a capacidade plena dessas mulheres para tomada de decisões, como uso de preservativo para evitar ISTs ou gestações não desejadas. Frente aos resultados encontrados, considerando que a discriminação ocorre em serviços de saúde, faz-se fundamental ampliar discussões sobre o preparo dos serviços e profissionais no acolhimento de necessidades de saúde das mulheres vivendo com HIV. Compreender os contextos de vulnerabilidade que marcam as trajetórias destas mulheres possibilita ao profissional de saúde o cumprimento do princípio doutrinário do SUS de integralidade, pois a maioria delas está em idade reprodutiva, e necessitando de apoio e orientação profissional para realizar a gestão da vida sexual e planejamento reprodutivo, frente aos seus contextos de vida. Apesar disso, é no serviço de saúde que muitas dessas mulheres encontram barreiras impostas pela discriminação.

2002 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM NEUROTOXOPLASMOSE SOROPOSITIVOS PARA O HIV EM SANTARÉM-PA
Erek Fonseca Da Silva, Antônio Augusto Oliveira da Silveira, Miguel Rebouças de Sousa, João Guilherme Pontes Lima Assy, Luiz Fernando Gouvêa-e- Silva

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM NEUROTOXOPLASMOSE SOROPOSITIVOS PARA O HIV EM SANTARÉM-PA

Autores: Erek Fonseca Da Silva, Antônio Augusto Oliveira da Silveira, Miguel Rebouças de Sousa, João Guilherme Pontes Lima Assy, Luiz Fernando Gouvêa-e- Silva

O objetivo desta pesquisa foi desenhar o perfil epidemiológico dos pacientes com neurotoxoplasmose soropositivos para o HIV. A amostra foi composta por 31 prontuários de pacientes infectados pelo HIV, acometidos pela Neurotoxoplasmose e atendidos no ambulatório do CTA/SAE do município de Santarém – PA. Foram coletadas informações sociodemográficas e do perfil clínico dos pacientes, bem como foram avaliados à presença de coinfecções e os esquemas de tratamento para a Aids. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial, por meio dos recursos dos softwares Microsoft Excel 2016 e BioEstat 5.0, adotando-se o nível de significância de p<0.05. Os resultados sociodemográficos demonstraram maiores frequências para o gênero masculino (80.65%), faixa etária com média de 38.74 anos, escolaridade de 8 a 11 anos (56%), etnia parda (92.86%), estado civil solteiro (71.43%), desempregados (16.67%) e pessoas que exercem atividade relacionada ao lar (16.67%). Santarém encontra-se entre os municípios com maior número de pacientes (70.97%), em comparação aos demais municípios do oeste do Pará. Clinicamente, todos os pacientes utilizavam a TARV (100%) e tinham diagnóstico de Aids (100%), sendo a candidíase (37.5%) a mais prevalente coinfecção. O esquema terapêutico mais utilizado foi o TDF/3TC/EFV (67.74%). A hemiplegia (23.08%) foi a predominante dentre as sequelas encontradas, já quanto aos locais de diagnóstico da Neurotoxoplasmose, a internação hospitalar (53.57%) foi a mais observada. O tempo entre o diagnóstico da Neurotoxoplasmose e a realização da pesquisa, variou de 3 a 180 meses. Entre os ITRNN (Inibidores de Transcriptase Reversa Não-Análogos de Nucleotídeos) o único utilizado foi o EFV e dentre os IP (Inibidor de Protease), o mais utilizado foi o LPV.

4871 A micropolítica do trabalho vivo em ato no campo da saúde mental
simone alves de almeida, Emerson Elias Merhy

A micropolítica do trabalho vivo em ato no campo da saúde mental

Autores: simone alves de almeida, Emerson Elias Merhy

Este estudo, pretende aproximar as discussões sobre o trabalho vivo em ato e o campo da saúde mental, com o objetivo de elucidar os desafios da reforma psiquiátrica desde a perspectiva da micropolítica. Trata-se de uma revisão teórica, cuja a discussão faz parte da pesquisa de mestrado da autora. O campo da saúde mental é marcado pela produção imaterial, pois ocupa-se, na maior parte das vezes, de problemáticas e sofrimentos não identificados no corpo biológico, mas evidenciados a partir da construção subjetiva dos sujeitos com quem se produz as práticas de cuidado. Poderíamos, então, afirmar que o campo da saúde mental centra-se sobre a dimensão micropolítica? Ou o que significaria falar em micropolítica no campo da saúde mental? Parece-nos que o campo da saúde mental não escapa dos grandes dilemas vividos pelo setor da saúde, inclusive na predominância das tecnologias leve-duras e duras sobre o governo de seus processos de trabalho. Entretanto, por sua construção histórica e social característica, carrega suas especificidades. As pessoas que utilizam os serviços e ações da saúde mental são aquelas que menos correspondem aos valores dominantes na sociedade, as que foram historicamente afastadas e ainda são cotidianamente excluídas. Isto não significa pouco no fazer cotidiano construído entre equipes e usuários, familiares, comunidade, imaginário social, interesses econômicos. Os modos de produção predominantemente médicos da área da saúde também exercem seu predomínio no campo da saúde mental, cujas práticas centradas em saberes biomédicos e especializados. E os processos de trabalho, muitas vezes constituídos por lógicas instituídas, produzem o cuidado que será ofertado pelos trabalhadores na micropolítica de suas práticas, a partir de modelos prévios – o trabalho morto. No campo da gestão do trabalho, no Brasil de hoje, agrega-se de modo cada vez mais crescente o processo de terceirização e precarização do trabalho, o que gera, dentre outras coisas, a rotatividade de profissionais nas equipes, e que tem consequências dramáticas em um cuidado que é processual, centrado no vínculo, trabalho-vivo-dependente. E os desafios do campo da saúde mental, também, envolvem o fantasma vivo e operante do manicômio. Embora o passado sombrio que envolveu a exclusão e a violência do encarceramento tenha sido, de algum modo, superado, ele ainda se apresenta de muitas formas, não menos nocivas. Os manicômios antigos que ainda restam, exercem forte poder sobre as Redes de Atenção Psicossocial em muitas regiões, além disso, há os manicômios modernos, que possuem novas facetas, o que os permitem proliferar com outros nomes e subterfúgios, burlando as leis que tentam garantir minimamente os direitos dos usuários. Por outro lado, o principal desafio desse campo é o de superar a lógica manicomial que não se limita a um lugar físico, que não precisa de muros para aprisionar as subjetividades que escapam as normas convencionais. E essa é uma questão de dimensão micropolítica do campo da saúde mental. Assim, falar em micropolítica da saúde mental significaria, por exemplo, não se centrar na doença e nos conhecimentos dados a priori sobre o sofrimento do outro, bem como, não confundir manicômio com um lugar físico, pois, o manicômio é modo de subjetivação. Conforme já indicado por Basaglia e Rotelli, referências da reforma psiquiátrica italiana, não bastaria acabar com os manicômios, sem mudar a forma como olhamos para a loucura. Já no contexto da reforma psiquiátrica brasileira em construção, Pelbart nos alerta neste sentido: tão urgente quanto libertar nossa sociedade dos manicômios é libertar o pensamento da racionalidade carcerária onde confinamos a loucura: o manicômio mental.  Para Pelbart, este era o desafio posto aos atores sociais que construíam as práticas alternativas de cuidado em saúde mental em nosso país: evitar que a ideia de uma sociedade sem manicômios se esgotasse em sua evidência primeira. Acontece que as evidências que sustentam o manicômio o fazem pela demanda por lugares de encarceramento constituída de legitimidade social. O manicômio presente em nossa subjetividade demanda e deseja por formas de encarceramento, e não há lei antimanicomial capaz de reprimi-lo totalmente. Pelbart sugere que para construir uma sociedade sem manicômios não basta gritar palavras de ordem ou construir novas leis, embora elas sejam importantes, é necessário recusar o império da razão. A razão carcerária não seria aqui uma ideologia, mas antes, um modo de se encontrar com o outro, o outro na sua diferença, e a partir daí, de pensar, de produzir práticas sociais, e de se fazer o cuidado em saúde. Lancetti, ao narrar as experiências iniciais da reforma psiquiátrica brasileira em Santos, como práticas que surgiram dotadas de alma antimanicomial e com vontade de experimentação, indica a emergência de práticas transformadoras da subjetividade dos trabalhadores, capaz de desconstruir as formações profissionais ao romper com os saberes instituídos, produzindo novas práticas, assim como, novos sujeitos sociais. Ao percorrer por experiências em andamento, Lancetti verifica a cronificação de muitos serviços e práticas que adotam para si formas rígidas de funcionamento, centrando-se em modelos terapêuticos especializados, colocando-se distantes da cidade e seus problemas, e assim, conclui que qualquer serviço corre o risco de se cronificar, reproduzindo modelos instituídos, perdendo potência de agir. Mais adiante, no decorrer das experimentações e das dificuldades na efetivação cotidiana da reforma psiquiátrica, Lancetti  irá nos ofertar a ideia de plasticidade psíquica, importante para o que viemos chamando de território das tecnologias leves. A plasticidade psíquica é a capacidade de transformação do trabalhador em sua subjetividade, o que é imprescindível para lidar com a complexidade dos desafios cotidianos da saúde mental e com o impacto singular que eles produzem nos territórios existenciais de cada um, para, então, produzir novos olhares. A denominada “baixa exigência”, hoje constituída como uma necessidade para os serviços que se lançam por caminhos antimanicomiais, opera em alta exigência para os seus trabalhadores,   que precisam se desterritorializar e construir novos territórios de existência de maneira permanente. Desse modo, os trabalhadores da saúde mental reinventam constantemente seu campo de atuação à medida que nele, também, se reinventam. Para autores como Emerson Elias Merhy, Laura Feuerwerker, Túlio Franco Batista, o trabalho vivo não pode ser totalmente capturado pelo trabalho morto, e por essa característica, o trabalho vivo tem a possibilidade de construir brechas e rupturas nos fazeres instituídos. Isso ocorre a partir dos encontros, na micropolítica dos processos de trabalho, em que o trabalhador é o principal agente de qualquer mudança. Assim, a subjetividade deve ser reconhecida como dimensão da produção do cuidado. Deste modo, entende-se que as mudanças não se dão por decreto, mas por produção de sentido entre seus trabalhadores, o que ocorre a partir dos encontros destes no mundo do trabalho e da vida. A saúde mental é um campo de tensão permanente, devido aos seus tantos desafios. No entanto, reconhecer a dimensão subjetiva e o lugar dos encontros na gestão do trabalho nos aproxima da compreensão que, produzir cuidado antimanicomial pressupõe produzir novas relações societárias. Isso inclui perceber o cotidiano do cuidado como experimental e incerto, e a necessidade de produzir coletivos capazes de autoanálise, de solidariedade, de composição. O lugar das certezas, das respostas simples e produzidas a priori é o manicômio. O antimanicomial exige abertura à transformação, a reflexão permanente, o acolhimento à diferença: a produção de relações antimanicomiais nas mais diversas dimensões da vida.