141: As violências vigentes: os serviços de saúde na produção da vida
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FEFF Sala 04 - Rabeta    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
3244 PERCEPÇÃO E VIVÊNCIA DAS MULHERES SOBRE O EXAME PAPANICOLAU EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MANAUS
Júlio Cézar Pereira Fagundes, Mainessa da Guia Rodrigues, Ivanete Monteiro Fernandes, Wangraci Karoliny Pantoja dos Santos, Adriana Duarte de Sousa, Uriel Madureira Lemos

PERCEPÇÃO E VIVÊNCIA DAS MULHERES SOBRE O EXAME PAPANICOLAU EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MANAUS

Autores: Júlio Cézar Pereira Fagundes, Mainessa da Guia Rodrigues, Ivanete Monteiro Fernandes, Wangraci Karoliny Pantoja dos Santos, Adriana Duarte de Sousa, Uriel Madureira Lemos

APRESENTAÇÃO: O câncer do colo do útero é uma das doenças mais temidas, em razão do seu alto grau de letalidade e morbidade e pode ser definido pela replicação desordenada de células, que pode comprometer tecidos, invadir estruturas e órgãos próximos ou à distância, pelo que chamamos de metástase. O estudo tem como objetivo a Percepção e Vivência das Mulheres sobre o exame Papanicolau de uma Unidade Básica de Saúde da Família do município de Manaus-AM. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa por meio de entrevista semiestruturada, onde os dados foram tratados através da análise de conteúdo, baseado na técnica descritiva de Bardin. RESULTADOS: Os resultados foram apresentados em quatro categorias, ''percepção e vivência das mulheres sobre o exame colpocitológico'', ''importância e conhecimento'', ''periodicidade'' e ''rastreamento''. CONSIDERAÇÕES: Fora percebido que as mulheres compreendem a importância do exame Papanicolau, porém, algumas despertam sentimentos de medo, vergonha e constrangimento no que diz respeito as dificuldades encontradas frente a realização do exame. A respeito do conhecimento sobre o exame apurou-se que as mulheres o julgam importante, no entanto a grande maioria desconhece o proposito e até mesmo os cuidados necessários para realização do procedimento.

1403 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O EFEITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS E PORTUGUESAS
Rafaela Serrano Fusquine, Aucely Chagas

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O EFEITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS E PORTUGUESAS

Autores: Rafaela Serrano Fusquine, Aucely Chagas

Atualmente, a violência contra a mulher é entendida como qualquer ato violento de gênero que cause ou possa causar dano físico, sexual, psicológico ou sofrimento para a mulher, inclusive ameaças destes atos, coerção ou privação da liberdade, seja de forma pública ou na vida privada. Dados da Organização Mundial da Saúde registrados em 2013 coloca o Brasil em quinto lugar no ranking internacional de países com maiores índices de feminicídios. Contudo, ao analisarmos dados também colhidos em 2013 do banco de dados português, encontramos que no mesmo ano a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, registrou um total de 7.271 casos de violência doméstica em todo o país, incluindo nestes registros maus tratos físicos, sexuais, psíquicos e outros. Como solução deste problema de saúde pública, o Estado possibilitou avanços na área da saúde, educação e segurança pública com a elaboração de ações de promoção de saúde e prevenção de agravos. Sendo assim, esta pesquisa objetiva estudar as ações governamentais e suas estratégias que favorecem as mulheres vítimas de violência criadas pelo governo brasileiro e português e analisar qual o impacto que estas geram em sua população. Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, onde dados foram obtidos nos bancos de dados governamentais do Brasil e de Portugal, através da análise das políticas públicas de ambos os países publicadas em 2011, sendo essa sua última atualização, além de dados epidemiológicos de cada país visando à identificação de casos notificados. Foram incluídos, além das políticas nacionais estudadas, artigos originais que relatavam investigações sobre o assunto no Brasil e em Portugal. Foi possível notar que ambos os países sofrem do mal da violência doméstica. O Brasil, sendo um país de baixo nível socioeconômico, dispõe de mais casos de violência do que Portugal, um país desenvolvido. Ao abordar os programas sociais brasileiros, observamos grandes quantidades de atividades voltadas à assistência à saúde da mulher vítima de violência e todo o suporte para que a mesma seja bem atendida. Por outro lado, observa-se que no programa social português, seu objetivo não é somente assistência, e sim, a divulgação estudos sobre a temática, implantação da educação populacional e a reeducação o agressor. Ao avaliar o resultado dessa comparação e a quantidade de casos nos países no ano de 2013, observa-se que a política preventiva, utilizada em Portugal, tem mais eficácia do que a política assistencial, ferramenta brasileira. Esta eficácia foi comprovada através dos dados epidemiológicos de cada país. Assim, conclui-se que é fundamental a recomendação de melhor planejamento das políticas, visando à educação da população em todas as idades, a divulgação de pesquisas e a reeducação de agressores para que haja uma melhora na consciência da população e consequentemente, uma redução no número de casos. A capacitação dos profissionais e a assistência de qualidade já existente nas políticas brasileiras não devem ser descartadas e sim melhoradas.

2334 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: EXISTE UMA PREDISPOSIÇÃO?
SILVANI VIEIRA CARDOSO, Sandra Greice Becker

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: EXISTE UMA PREDISPOSIÇÃO?

Autores: SILVANI VIEIRA CARDOSO, Sandra Greice Becker

Apresentação: O fenômeno violência de gênero acomete todas as raças, religiões e culturas, o qual compromete e interfere na saúde pública. É um evento silencioso, que acarreta destruição pessoal e familiar, que em sua maioria são irreversíveis. A violência contra a mulher quando acontece em domicílio é um dos tipos de violência mais difíceis de prever e de combater, pois a principal testemunha é a vítima, a qual possui vínculo interpessoal e amoroso com o agressor. E, embora aconteça com frequência, nenhuma mulher se une a um parceiro esperando, conscientemente, sofrer qualquer tipo de violência. O parceiro por sua vez, pode entender e interpretar a diferença de gênero, como algo que lhe confere domínio e poder, adentra a uma relação esperando comportamentos de submissão, tendo assim, controle sobre a sua parceira. A relação que antes era configurada como amorosa, passa a ser de dominação e agressão, na qual o parceiro utilizará de estratégias para comprometer a autoestima da parceira, fazendo com que a mesma se sinta culpada e merecedora das agressões. Neste controle emocional, o parceiro justifica suas ações como as sendo de preocupação e cuidado, o que pode fazer alusão a traumas já vivenciados. Devemos lembrar que, a história familiar e comunitária pregressa de ambos interfere diretamente na interpretação e análise desses comportamentos, seja ele de vítima e ou agressor. Sendo assim, este fenômeno violência pode ser caracterizado em violência física, sexual e psicológica, dentre estas, a mais discutida e estudada é a violência física, pois deixa marcas externas e visíveis, mas, e o que está invisível? Para o Hirigoyen, a violência psicológica pode ser expressa através do controle, isolamento, ciúme patológico, assédio, aviltamento, humilhação, intimidação, indiferença às demandas afetivas e ameaças. Sentimentos e comportamentos esses que são subjetivos e nem sempre compreendidos, o que configura uma das dificuldades em identificar a violência presente. Na esfera da assistência em saúde pública podemos avaliar um possível despreparo dos profissionais e da estrutura física e organizacional do sistema de atendimento imediato. Em uma busca rápida e simples nas plataformas de pesquisa, podemos evidenciar que a violência psicológica é um termo pouco pesquisado em sua essência. Diante disso, nesta proposta pretendemos destacar e enfatizar a violência psicológica, pois, a mesma deixa marcas internas, subjetivas e nem sempre interpretadas e expressadas. Nesta linha, teremos como objetivo discutir se a violência psicológica é oriunda de traumas ou são apenas padrões de violência cotidiana que se repetem? Seria esta mulher suscetível e predispostas a sofrer violências psicológicas?  Método: Trata-se de um relato de experiência a partir de leituras para construção de projeto de pesquisa, que envolverá mulheres que sofreram violência psicológica. Referenciais teóricos e metodológicos da filosofia e psicanálise nos darão suporte para esta discussão. Resultados: Para muitos autores como, Freud, Ferenczi e Werlang, a experiência vivida na infância da mulher irá lhe configurar um comportamento psicológico que busca, inconscientemente, a reprodução dessas experiências. É como se suas escolhas e comportamentos já fosse pré-destinada inconscientemente. Mulheres que experimentam violência, principalmente psicológicas na vida uterina e na infância possuem tendência, segundo esses autores, a terem uma espécie de atração por situações que lhe configurem controle, repressão e domínio. Podemos pensar em uma programação psicológica de eventos traumáticos, que necessitam ser satisfeitos a todo instante e lugar. A violência psicológica é romantizada, sendo justificada pela estruturação de uma família patriarcal, as ofensas passam a ser interpretadas como um comportamento necessário e da essência masculina, o que acaba por favorecer o ego e o machismo dos parceiros Mulheres que resistem ou não preenchem os requisitos de comportamentos estabelecidos pelo parceiro são severamente punidas. Na pós-modernidade, esta violência é compreendida pelo autor, Michel Maffesoli, como sendo um fenômeno social que não pode ser conceituada, pois sua definição não é unilateral.  Justificando que o comportamento da violência se difere de acordo com a época, cultura e sociedade, configurando-se em um fenômeno que se transforma com o decorrer do tempo e de acordo a cultura envolvida. Sendo este comportamento influenciado de acordo com o meio e o histórico familiar e social ao qual o sujeito está inserido, seja este vítima ou agressor. Esta violência é associada a poder, dominação e potência, a qual está intimamente ligada ao conceito de pluralidade. O autor, ainda, caracteriza a violência em três vertentes: violência anômica, violência banal e violência totalitária. Podemos compreender que o fenômeno violência está em constante mutação, e que cada sujeito será influenciado pela diversidade de fatores ao qual estiver inserido. Sendo assim, o comportamento e a interpretação da violência serão diferentes para cada agressor e vítima, tornando-a mais complexa e com maiores desafios para o seu controle. Vale ressaltar que, a violência não é um fenômeno da atualidade e sim histórico da nossa sociedade, fazendo com que o mesmo seja envolvido a um contexto ritualístico, que necessita ser refletido e contemplado em sua essência e temporalidade. Considerações Finais: A mulher que sofre violência psicológica, nem sempre sabe interpretar que tais comportamentos do agressor, ainda mais, se esta mulher vivencia sentimentos de humilhação, controle e de ameaças desde a sua infância, pois a mesma pode confundir violência com cuidado e preocupação. Compreender o que é violência psicológica e que ela lhe confere dor e adoecimento é um desafio. E este, torna-se ainda maior, pois não raro todo o comportamento familiar e pessoal, necessita ser revisitado, o que pode configurar ainda maior dor. Assim sendo, acreditamos que os casos de violência contra a mulher não acontecem de maneira isolada e geralmente existem traumas pregressos.  Compreender o agressor de forma integral e individual se faz necessário para discutirmos sobre as influencias, os fatores desencadeantes, os atenuantes, bem como para buscarmos uma melhor forma de abordar e tratar o agente da agressão como um problema de saúde pública. A partir dessas reflexões questionamo-nos como será a melhor forma de abordagem terapêutica para tratar as mulheres vítimas de violência, para que o cuidado possa ser humanizado, holístico e integrativo, sendo esta a temática da próxima pesquisa desenvolvida no Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Enfermagem e Saúde – NIPES/UFAM/CNPq.          

2850 PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE A VIVÊNCIA DA INTERSEXUALIDADE
Elder Jeferson da Silva, Ana Clara Santos Alves de Oliveira Freitas, Glayce Santana de Araújo, Ana Paula Dias da Paz, Bruno Emanuel Nascimento Araújo, Márcia de Fátima Marques Miranda, Elisabete Reis, Vanessa Matos Matos

PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE A VIVÊNCIA DA INTERSEXUALIDADE

Autores: Elder Jeferson da Silva, Ana Clara Santos Alves de Oliveira Freitas, Glayce Santana de Araújo, Ana Paula Dias da Paz, Bruno Emanuel Nascimento Araújo, Márcia de Fátima Marques Miranda, Elisabete Reis, Vanessa Matos Matos

Apresentação: Este artigo teve como finalidade investigar a percepção dos profissionais da saúde nas mais variadas áreas do conhecimento no que tange a intersexualidade em diferentes campos das ciências humanas, sociais e biológicas. A proposta surge como tema de pesquisa na disciplina Projeto Integrado de Trabalho II, do curso de psicologia da Universidade Federal da Bahia. Nosso olhar foi direcionado para a interdisciplinaridade que a questão suscita, e perscrutar sobre a dinâmica do intersexual em suas relações psicossociais – família, instituição médica e consigo próprio na ressignificação dos conceitos que envolvem corpo, gênero e sexualidade. Desse modo, pensar o intersexo remete a questões de gênero que contrastam com preceitos de uma sociedade que padroniza a binaridade, em que há uma normatização de regras e papéis a serem desempenhados por homens e mulheres dentro do modelo heteronormativo. Nessa perspectiva, o intersexual é invisibilizado enquanto possibilidade de existência, visto como portador de uma síndrome, um distúrbio, uma ambivalência genética que deve ser corrigida. Constata-se que a sexualidade, tal como é concebida hoje, é fruto de de transformações/intervenções políticas, históricas, sociais, científicas e religiosas. Para Michel Foucault (1988, p.139), sexualidade “é o conjunto de efeitos produzidos nos corpos, nos comportamentos, nas relações sociais, por um certo dispositivo pertencente a uma tecnologia política complexa” o que se perpetua na sociedade atual. Desenvolvimento do trabalho: Para realização desse estudo optou-se pela revisão de literatura e o diálogo junto a profissionais de saúde cuja prática profissional se estende aos sujeitos intersexuais.  Participaram da pesquisa duas psicólogas, uma assistente social e uma médica endocrinologista. Para coleta dos dados utilizou-se a aplicação de entrevistas semiestruturadas direcionadas por um roteiro previamente elaborado, composto por duas questões abertas disparadoras a fim de oferecer maior liberdade na formulação de questionamentos e intervenções junto aos entrevistados. As entrevistas foram gravadas e transcritas para melhor apreensão e interpretação do material coletado. O roteiro de entrevista aplicado foi construído a partir dos questionamentos: “Qual é sua percepção sobre a vivência da intersexualidade?” E, “O que você percebe dos sujeitos que buscam sua atuação profissional?” Para a análise e exploração dos dados coletados, utilizou-se a técnica categorial. Para Bardin (1977 apud Oliveira 2008) a Análise Categorial considera a totalidade do texto na análise, passando-o por um crivo de classificação e de quantificação, segundo a frequência de presença ou ausência de itens de sentido. A análise foi desenvolvida através da categorização, descrição e interpretação das informações. As categorias trabalhadas têm por finalidade a observação e discussão dos pontos convergentes e divergentes do diálogo estabelecido entre os profissionais de saúde e a literatura acerca da intersexualidade. Das categorias desenvolvidas: Nem homem nem mulher; Percepção biomédica/Anomalia do Desenvolvimento Sexual; Estigma, segredo, medo, vergonha; Sexualidade; Construção da identidade de gênero; Família; Direitos; Demandas objetivas. Resultados: A revisão da literatura possibilitou entender a sexualidade através de diversas correntes teóricas que divergem no que se refere ao entendimento do sujeito intersex, aqui expomos parte da revisão pelas limitações de um resumo expandido. Para Michel Foucault (1988), o discurso e a linguagem é um importante mecanismo de poder que permitiu muitas mudanças em torno do sexo e da própria sexualidade. Já os estudos de Pino (2007), mostram que a intersexualidade suscita importantes reflexões sobre os paradoxos identitários, propiciando análises sobre a construção do corpo sexuado, seus significados sociais e políticos, assim como sobre o processo de normalização e controle social não apenas dos intersexos, mas também de todos os corpos. A intersexualidade está associada a uma invisibilidade e normalização compulsória. Na sociedade ocidental, de tradição judaico-cristã, o oposto homem e mulher é uma explicação que firma uma tradição, carrega valores e uma definição divina expressa na biologia dos corpos. Essa visão muitas vezes ignora processos de constituição do corpo que fogem ao padrão binário e dá primazia ao ideal regulatório. Diferentemente do exposto acima, Butler (2003, apud Gomes, Almeida & Bento, 2011) mostra que o sexo sempre foi gênero, a vista de que mesmo antes de existir um corpo, já está inscrito sobre ele características pré-existentes, ou seja, há um habitus de gênero, se assim pode-se dizer, que antecede as ações humanas, uma espécie de devir humano. Esta concepção justifica como o sexo biológico se interliga ao gênero e este a uma construção social que implica regras pré-estabelecidas e comportamentos esperados por uma sociedade normativa. Assim, Rosário (2009, apud Canguçu- Campinho, 2012), corrobora com os estudos de Butler, apontando que a condição intersexual desafia os princípios médicos e culturais de sexo e gênero. São corpos que guardam dualidades, que transcendem a normatividade, que convidam a reflexão do sentido de sexo e gênero. Para Gomes, Almeida & Bento (2011), os intersexuais são vistos como corpos que destoam dos parâmetros culturais binários, que embaralham e causam estranheza para aqueles que os vê ou que não se enquadram no que Bordo (1997, apud Gomes, Almeida & Bento 2011) chama de representações de corpos inteligíveis que “abrange nossas representações científicas, filosóficas e estéticas sobre o corpo – nossa concepção cultural de corpo, que inclui normas de beleza, modelos de saúde e assim por diante”. Para a visão biomédica, a perspectiva é de que o desenvolvimento normal se dá através da atribuição de um gênero, o DSM IV e o CID 10 classificam como transtorno de identidade de gênero, situações em que há “forte identificação com o gênero oposto, por um desconforto persistente com o próprio sexo e por um sentimento de inadequação no papel social deste sexo” (Melo, 2010). Entretanto, este diagnóstico não é feito em pessoas que tem um sexo ambíguo (intersexos). O dito normal considera a existência de pessoas estritamente masculinas ou femininas; deste modo o diagnóstico da identificação com o gênero oposto é visto como um fenômeno que tange à anormalidade e a intersexualidade é vista como uma anomalia genética. Considerações finais: A partir do levantamento da literatura e entrevistas com profissionais da saúde acerca de suas percepções quanto a vivência da intersexualidade, foi possível observar a perspectiva das três áreas de conhecimento, psicologia, assistência social e medicina. E ainda conhecer as inúmeras questões que atravessam os sujeitos em sua condição intersexual. Deste modo, foi imprescindível o direcionamento para a interdisciplinaridade que a questão suscita e ainda perscrutar a dinâmica do intersexual em suas relações de ambiguidade consigo próprios, na dinâmica familiar, com a instituição médica, na interface do direito, no tocante a sexualidade, nas inquietações que envolvem a aceitação do outro, o estigma sofrido e as demandas concretas que viabilizam seu trânsito na sociedade e na necessidade imperiosa da construção da identidade de gênero. Deste modo, foi possível constatar que a experiência da intersexualidade está fortemente circunscrita a conceitos médicos patologizantes, contextos culturais que buscam novos paradigmas que prescindam do estigma social e discursos sociais no que tange as necessidades e demandas específicas destes sujeitos; contudo o olhar da psicologia nos instiga a considerar a subjetividade humana como importante questão. De acordo com Canguçu- Campinho, 2012: Ser intersexual é transcender a conceitos, contextos e discursos e abarcar uma gama de complexidade, o que enseja a construção de novos saberes que envolvam aspectos relativos ao processo de saúde-doença-cuidado, corpo-gênero-sexualidade; aspectos amplos da corporeidade e do psiquismo humano.

2936 Percepção do enfermeiro e acadêmico de enfermagem acerca de sexualidade humana e diversidade sexual
Júlio Cézar Pereira Fagundes, Uriel Madureira Lemos, Mainessa da Guia Rodrigues, Adriana Duarte de Sousa

Percepção do enfermeiro e acadêmico de enfermagem acerca de sexualidade humana e diversidade sexual

Autores: Júlio Cézar Pereira Fagundes, Uriel Madureira Lemos, Mainessa da Guia Rodrigues, Adriana Duarte de Sousa

APRESENTAÇÃO: Discutir sexualidade humana, há algumas décadas, era assunto difícil, pois o referencial teórico específico era escasso na literatura além de ser um tema ainda muito reprimido pela nossa sociedade e a repressão na educação sexual, desde a infância, acarreta sucessivos nós que vão se emaranhando e provocando esmagamento do nosso desenvolvimento e comportamento sexual. Na enfermagem, a sexualidade tem aparecido associada a tabus e preconceitos, que perpassam tanto a formação acadêmica quanto a prática profissional. Nesse sentido, compreende-se a necessidade de desvelar essa temática na formação acadêmica do enfermeiro, considerando que não há espaços de reflexão que tratem da sexualidade tanto dos estudantes de enfermagem quanto do sujeito cuidado. O objetivo deste estudo foi identificar as evidências da literatura sobre o entendimento de enfermeiros e acadêmicos de enfermagem acerca de sexualidade humana e diversidade sexual. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura que tem por finalidade reunir, a partir de busca sistemática e ordenada, as evidências disponíveis do tema investigado seguindo os critérios de inclusão (que atendessem aos descritores diversidade sexual, sexualidade e enfermagem; redigidos em português; que tivessem texto disponível na íntegra; que não cobrassem ônus; e qualquer limite temporal) e os critérios de exclusão (textos em idiomas além do português; que possuíssem somente o resumo disponível; que cobrassem ônus para emissão do texto completo; e que não atendessem aos descritores utilizados). Não foram estabelecidos limites quanto à data de publicação dos textos. A amostra constituiu-se de 10 artigos que foram analisados e dispostos em 9 categorias: Conceito de Sexualidade; Conceitos Limitados; Construção Sociocultural; Escassez de Dados de Pesquisas; Normas e Regras Sociais Relacionados à Construção Histórica da Profissão; Neutralidade e Assexualização; Práticas Preconceituosas na Assistência Integralizadas; Encampamento e Otimização da Prática de Enfermagem. RESULTADOS: Fora observado que os enfermeiros possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre diversidade sexual, o que abrange gênero e sexualidade humana, bem como a pouca afinidade com a temática.  No âmbito educacional, existem lacunas por parte dos docentes, reflexo da falta de preparo que perpassa aos discentes. Na prática profissional, o reflexo deste impasse acarreta certas dificuldades para o atendimento de usuários que não estejam dentro do espectro cisheteronormativo. A melhora na assistência se dá a partir do preparo dos enfermeiros, através de informações, atualizações e qualificações adequadas. Enquanto na formação acadêmica, é preciso que seja oportunizado o autoconhecimento do discente e, também, incluído espaço para reflexão sobre diversidade sexual. CONSIDERAÇÔES FINAIS: O estudo de gênero e sexualidade humana, bem como o de diversidade sexual, é ferramenta fundamental para a quebra de preconceitos dentro da prática profissional, gerando um ambiente humanizado, respeitoso e acolhedor, capaz de aproximar o usuário do real sentido do Serviço Único de Saúde. Proporciona, também, o desenvolvimento do discente, ofertando espaço para conhecimento e discussão de conceitos.

2942 Violência sexual contra mulheres: A intervenção psicológica em um serviço de atendimento às vítimas de violência sexual da cidade de Manaus.
Suanma Uchoa de Araujo

Violência sexual contra mulheres: A intervenção psicológica em um serviço de atendimento às vítimas de violência sexual da cidade de Manaus.

Autores: Suanma Uchoa de Araujo

Apresentação: A violência sexual é uma das formas de violência mais graves e persistentes, visto que atravessa a história de seus sobreviventes e que suas consequências invadem não apenas a dimensão física de suas vítimas, mas repercute na dimensão psicológica, familiar e social. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta um relato de experiência em curso sobre o atendimento psicológico de mulheres vítimas de violência sexual em um Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual - SAVVIS, da cidade de Manaus. O relato de experiência aborda as intervenções psicológicas utilizadas no atendimento clínico de mulheres vitimadas sexualmente. Metodologia: O presente relato se trata de experiência que teve início em janeiro de 2014 e permanece em curso. No decorrer da prática clínica no atendimento de mulheres sobreviventes de violência sexual são realizadas as seguintes intervenções psicológicas: Acolhimento da vítima de violência sexual para a formação de um vínculo terapêutico seguro; Intervenção em crise para alívio dos sintomas agudos; Psicoterapia de base suportiva para favorecer o desenvolvimento e o fortalecimento dos recursos internos de enfrentamento à violência sofrida e visando a recuperação de seu equilíbrio emocional; Reasseguramento à mulher de seus progressos alcançados e retomada de seu projeto de vida; Intervenção familiar para o fortalecimento do suporte emocional fornecido à paciente e para prevenir e/ou combater a culpabilização da mulher pela violência sofrida; Apoio psicológico aos familiares. Resultados: O atendimento à vítima de violência sexual vai além da oferta de condutas e procedimentos. O suporte da família da pessoa vitimada é fundamental na superação da violência sofrida. O profissional de psicologia desempenha um papel essencial ao propiciar apoio, escuta e manutenção de um ambiente terapêutico favorável para que a saúde da mulher seja restabelecida. Além disso, os profissionais devem evitar revitimizações, não exigindo relatos forçados sobre a violência sofrida e o trauma da violência não deve ser abordado como a questão primeira e única da psicoterapia. Considerações finais: Se não houver uma intervenção psicológica adequada e que compreeenda a vítima de violência sexual como ser integral, as consequências da violência podem permanecer e se agravar.

2970 Mortalidade perinatal: revisão integrativa da literatura
Layana de Souza Rebolças, Ilse Sodré da Mota, Maria Suely de Souza Pereira, Semírames Cartonilho de Souza Ramos, Ivonne Canseco Canales, Nair Chase da Silva, Maria do Livramento Prata, Arinete Véras Fontes Esteves

Mortalidade perinatal: revisão integrativa da literatura

Autores: Layana de Souza Rebolças, Ilse Sodré da Mota, Maria Suely de Souza Pereira, Semírames Cartonilho de Souza Ramos, Ivonne Canseco Canales, Nair Chase da Silva, Maria do Livramento Prata, Arinete Véras Fontes Esteves

Apresentação: A importância teórica é legitimada pela utilidade prática essencial a todas as áreas da ciência. Todavia, o tema sobre mortalidade perinatal, tem sido recomendado como o mais apropriado indicador para a análise da assistência obstétrica e neonatal de utilização dos serviços de saúde, de modo a dar visibilidade ao problema e propiciar a identificação das ações práticas de prevenção para o alcance da redução dos elevados números apontadas por esse índice. Diante disso, o estudo tem como objetivo identificar nas evidências científicas os principais fatores relacionados à mortalidade perinatal, retratando os aspectos que provocam mudança no cenário atual, no sentido de potencializar a prevenção e reduzir os indicadores Desenvolvimento: Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, com intenção de investigar nos artigos científicos sobre mortalidade perinatal, publicados entre os anos de 2013 a 2017. O método utilizado, propõe um processo de sistematização de resultados de pesquisas primárias, afim de analisar os dados e desenvolver uma síntese do conhecimento. Para nortear o estudo foi criada a seguinte questão norteadora: Quais são os principais fatores relacionados à mortalidade perinatal no período de 2013 a 2017? As buscas foram realizadas em novembro/2017, utilizando artigos científicos disponíveis em português e inglês, nas bases de dados BDENF, MEDLINE e LILACS. Para a busca, foram utilizados os seguintes descritores: “Mortalidade Perinatal”, “Óbito fetal” e “Óbito neonatal precoce”, para a busca avançada destes descritores nas bases foi utilizado o operador booleano AND. Resultados e método do estudo: Seguindo os critérios de inclusão e exclusão para esta revisão, foi selecionado uma amostra de 11 artigos ao total. Após a busca dos dados, obteve-se 11 artigos, para facilitar a compreensão, os artigos selecionados foram identificados numericamente (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11). Dos 11 artigos examinados, seis (54,5%) foram extraídos da base de dados LILACS, três (27,3%) da MEDLINE e dois (18,2%) da base de dados BDENF; quanto ao país de publicação nove (81,8%) foram publicados no Brasil, enquanto que dois (18,2%) foram publicados na África, os artigos foram distribuídos por ano de publicação, sendo três (27,3%) em 2013, dois (18,2%) em 2014, um (9,1%) em 2015, dois (18,2%) em 2016 e três (27,3) no ano de 2017. Os estudos são todos do tipo descritivo.  Todos os 11 artigos, se padronizam em apontar que vários inquéritos foram realizados para obter uma explicação para tal fato e apontaram diversos motivos como: o trabalho de parto prematuro, a malformação fetal, a gestação múltipla na gestação atual, além de prematuridade, muito baixo peso ao nascer e índice de apgar menor que sete no quinto minuto de vida. Além de problemas relacionados à assistência materno-infantil. Os estudos primários incluídos de um a sete foram agrupados na primeira categoria, pois pesquisaram problemas relacionados à assistência pré-natal, parto, nascimento e acesso aos serviços, observando aspectos sociodemográficos e relacionados à gestante e a gestação como fatores predisponentes do risco de óbito perinatal. Impede salientar, a participação da Enfermagem nas produções científicas desta categoria, onde quatro publicações foram em revistas de enfermagem, duas em revistas de saúde pública, e um em jornal pediátrico. Desse modo, as Pesquisas contempladas pela primeira categoria, evidenciam de forma unânime a necessidade de melhorar a assistência a gestante e ao recém-nascido, e mesmo sendo realizadas com metodologias diferentes, elas confirma e reconhecem a necessidade de haver intervenção com estratégia de enfrentamento para a redução da taxa de mortalidade perinatal. Quanto as Pesquisas primárias classificadas na segunda categoria que abrange de 8 a 11, pois pontuaram como principais fatores responsáveis pelos óbitos perinatais a prematuridade, partos vaginais, asfixia intraparto, malformações congênitas, imaturidade e as afecções, as publicações referentes a esta categoria foram três em revistas de enfermagem e apenas um em revista de saúde pública. Os estudos primários incluídos nesta revisão sugerem como recomendações: 1) melhoria da assistência materno-infantil, assegurando o acesso oportuno da gestante e neonato a serviços de qualidade; 2) consulta de pré natal de qualidade com controle dos riscos e melhoria da assistência ao parto;3) necessidade de investimentos direcionados para os serviços de saúde, a formação profissional e a informação das mulheres e da sociedade como um todo;4) atenção ao pré-natal de qualidade, de forma integral,  condições biológicas e socioeconômicas para as mães; 5) Fortalecimento da adesão ao pré-natal,  melhora da estrutura do programa, garantia do transporte da equipe da Estratégia Saúde da Família, e o preenchimento de documentos incompletos (fichas de investigação de óbitos e declarações de óbito); 6) uso de cuidados pré-natais, de mosquiteiro devido a malária e suplementação de ferro durante os três primeiros meses gravidez;7) necessidade de uma busca mais aprofundada da causa da morte;. E os estudos da categoria B: 8) identificação de fatores de risco para auxiliar no planejamento de ações para consolidação da rede perinatal, implementação de programas específicos devem ser incentivados na busca de resultados perinatais expressivos, como a redução da mortalidade neonatal;9) atenção especial nos serviços de saúde de pré-natal, parto e puerpério, intervenções de qualidade  em tempo oportuno; 10) mostra que é elevada a ocorrência de óbitos fetais e neonatais entre as pacientes com near miss materno; 11) necessidade de planejamento e execução de ações para promoção da saúde aponta a necessidade de planejamento e execução de ações para promoção aponta a necessidade de planejamento e execução de ações para promoção da saúde e prevenção dessa mortalidade da saúde. Conclusões: É necessário avaliar a qualidade dos estudos, para fazer o devido apontamento do que deve ser melhorado para a mais perfeita compreensão dos achados e então propor sugestão de intervenção, no que diz respeito ao problema investigado. Nesse sentido, foi observado que as taxas de mortalidade perinatal no Brasil e na África do Sul são ainda muito elevadas, mas que podem ser prevenidas por meio de ações políticas voltadas e direcionadas para a promoção e a prevenção deste agravo à saúde pública. Foi também considerado que a correta atuação dos enfermeiros pode contribuir significativamente para a identificação de todos estes fatores, possibilitando o acompanhamento durante o pré-natal, parto e nascimento com qualidade, bem como a qualidade das informações. Portanto, recomenda-se que a investigação dos óbitos perinatais, deve ser incentivada por meio de estudos em nível local e regional, em virtude da grande diversidade dos eventos observada em todos os estudos. Nesse contexto, a classificação de Wigglesworth representa uma proposta a ser incorporada nos serviços de saúde de análise simples, com enfoque na evitabilidade dos óbitos perinatais e em sua relação com a qualidade da assistência, o que pode facilitar o monitoramento para planejar as intervenções que mudarão todo este catastrófico cenário de mortes perinatais e, que de fato, possam ser aplicadas transcendendo a simples e repetidas indicações de solução para o problema, como é feito em todos os estudos abordados como objetos desta pesquisa.

3072 VIOLÊNCIA DE GÊNERO: EXPERIÊNCIAS/VIVÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Weslley Sousa Cavalcante, Olga Alencar, Maria de Lourdes Goés Araújo, Frederico Rafael Gomes de Sousa, Priscila Chagas da Costa

VIOLÊNCIA DE GÊNERO: EXPERIÊNCIAS/VIVÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Autores: Weslley Sousa Cavalcante, Olga Alencar, Maria de Lourdes Goés Araújo, Frederico Rafael Gomes de Sousa, Priscila Chagas da Costa

O presente trabalho é um estudo acerca da experiência/vivência de violência de gênero na cidade de Fortaleza/CE e fez parte da Campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres” realizada pela Escola de Saúde Pública do Ceará no período de 25 de novembro à 15 de dezembro de 2017. Objetivou-se caracterizar a violência de gênero no cotidiano de profissionais de saúde e perceber como estes/estas conduziram casos que apresentam esta problemática dentro do sistema de saúde. O estudo foi construído a partir de métodos de coleta e análise quantitativas, no qual foi elaborado um questionário contendo 10 questões de múltipla escolha que explanam a presença de violência na vida pessoal do/da profissional, a prevalência da violência em seu cenário de prática e a forma que o/a profissional lidou com a situação, analisando se o/a mesmo/mesma sentiu-se preparado/preparada para atender o caso e se houve notificação ao serviço de saúde. Os questionários foram preenchidos pelos/pelas participantes das ações propostas pela campanha que desejaram participar representando 83 pessoas. Deste 65 (78,4%) se identificam como mulher e 18 (21,6%) como homem. Dentre as mulheres, 84,1% são profissionais de saúde, 65,3% já sofrem algum tipo de violência de gênero ao longo da vida. Do grupo de mulheres, em relação aos tipos de violência, as mais comuns foram: moral (69,4%), psicológica (61,1%) e física (8,3%). Dentre as profissionais de saúde, 53,4% atenderam pelo menos uma mulher em situação de violência nos últimos 12 meses e 53,1% dos casos foram notificados. Dentre os homens, 77,8% são profissionais de saúde, 61,1% alegaram já terem sofrido algum tipo de violência de gênero ao longo da vida, sendo os comuns: psicológica (57,1%), física, moral e institucional (28,6%, cada). Dentre os profissionais de saúde do sexo masculino, 50% atenderam pelo menos uma mulher em situação de violência nos últimos 12 meses e 37,5% dos casos foram notificados. Quanto aos tipos de atendimento, em ambos, as mais comuns foram: acolhimento e consulta médica/enfermagem. Os/as profissionais, em sua maioria sentiram-se solidários/solidárias ao realizarem atendimentos (75%), porém as mulheres sentiram-se menos capacitadas (38,9%) do que os homens (25%). Observa-se a partir dos dados coletados significativo número de vivências de violência, chamando atenção a quantidade de homens que alegam ter sofrido algum tipo de violência de gênero. Especula-se que este conceito ainda não é compreendido em sua totalidade, o que pode ter causado certa confusão entre os tipos de violência. Notou-se que tanto mulheres, quanto homens, se sentem, em sua totalidade, solidários/solidárias para o cuidado a pessoa em situação de violência, porém as mulheres sentem-se menos capacitadas do que os homens em relação a assistência. Podemos pensar que a presença deste dado pode estar ligada à própria experiência pessoal das profissionais em relação a estas violências.

3269 OUTUBRO ROSA: Um estudo sobre o acesso a informação
Bernardo Lavarda, Kâmilah Hauache, Sérgio Farias, Camila Litaiff, Hannah Leão, Emanoel Costa, Robson Amorim

OUTUBRO ROSA: Um estudo sobre o acesso a informação

Autores: Bernardo Lavarda, Kâmilah Hauache, Sérgio Farias, Camila Litaiff, Hannah Leão, Emanoel Costa, Robson Amorim

Introdução: Tendo em vista as campanhas do Outubro Rosa, marco mundial no combate ao câncer de mama através da promoção de saúde, o estudo voltou-se a um bairro na região Norte da cidade de Manaus, Amazonas, com o apoio da UBSF N-59, para desenvolver atividades de promoção da saúde e coleta de dados.  Objetivo: Analisar o conhecimento do público alvo da UBSF N-59 acerca do tema “Outubro Rosa” e avaliar a taxa de aprendizado do usuário alvo da pesquisa após atividades educativas de promoção de saúde. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa quantitativa-qualitativa transversal, descritiva, experimental, onde foram aplicados questionários socioeconômicos, de conhecimentos sobre o tema e realizados pré-teste, atividade educativa e pós-teste idênticos com intuito de avaliar rendimento dos entrevistados. Resultados: Total de 20 participantes, como critérios de inclusão foram considerados: livre desejo de cooperação e ser maior de 18 anos. Critérios de exclusão foram o não desejo de participar e ser menor de 18 anos. Ressalta-se que analfabetismo e outras situações limitantes e/ou incapacitantes não foram utilizadas como critérios de exclusão, sendo um trabalho socialmente inclusivo. Dos entrevistados: todos do sexo feminino, de maioria jovens adultas de 21 a 25 anos, majoritariamente sem filhos, pardas, moram com companheiro e até 4 pessoas na casa, renda mensal mínima para 84% delas é superior a 1000 reais. Perfil do grupo: 70% usam anticoncepcional oral combinado, 60% amamentaram por mais de 6 meses, 15% tem histórico de câncer de mama na família e 50% realizam o autoexame. Sobre câncer de colo de útero: todas já haviam ouvido falar sobre, entretanto 25% das entrevistadas nunca fizeram o exame preventivo e o maior meio de aquisição de informação foram os veículos de informação. O pré-teste revelou que 55% das entrevistadas sabiam realizar o autoexame, 60% não sabiam que amamentação é fator protetor nem que homens podem ter câncer de mama. 65% não sabiam que tabagismo é fator de risco. 75% sabiam que o câncer de colo de útero é prevenível, assim como 75% sabiam da relação dele com o HPV. Após atividade educativa e como retirada de dúvidas, o pós-teste obteve resultados muito satisfatórios, com índice de aproveitamento de 100%. Conclusão: Os dados retratam que o grupo analisado é de um nível socioeconômico confortável, com alto grau de instrução comparado a média brasileira e, mesmo assim, não há acesso a informação de forma satisfatória. Conhecimento é o maior empoderador social, ele precisa sair dos muros das faculdades e chegar onde mais se necessita dele, nas populações.

3381 Avaliação do conhecimento de mulheres acerca do exame preventivo do câncer de colo de útero: revisão de literatura
Frandison Gean Souza Soares, Jéssica Silva de Oliveira, Cassia Rozária da Silva Souza

Avaliação do conhecimento de mulheres acerca do exame preventivo do câncer de colo de útero: revisão de literatura

Autores: Frandison Gean Souza Soares, Jéssica Silva de Oliveira, Cassia Rozária da Silva Souza

Introdução: O câncer (CA) do colo do útero consiste em um importante problema de saúde pública, considerando que no Brasil é a terceira neoplasia maligna mais prevalente e a quarta causa de morte de mulheres. Entre os fatores de risco, o precursor para o desenvolvimento do câncer de colo de útero é a infecção causada pelo Papilomavírus Humano (HPV), contudo, a infecção pelo HPV isolada não é capaz de causar o câncer, assim, este depende também de fatores como a imunidade, comportamento sexual e genética. A detecção precoce de células cancerígenas é muito importante e se dá através da realização do exame preventivo do câncer de colo de útero, também conhecido como exame de Papanicolaou. O principal mecanismo adotado que possibilitou maior cobertura e disponibilidade da oferta do exame preventivo, foi a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) em 1994, atual Estratégia Saúde da Família (ESF). Segundo o Ministério da Saúde (MS), a população alvo para a realização do exame são mulheres com idade entre 25 a 64 anos e aquelas que iniciaram atividade sexual precocemente. A realização do exame de Papanicolau baseia-se em um procedimento simples com baixo custo operacional e consiste na coleta de amostras de células epiteliais do colo do útero, sendo uma amostra da endocérvice e da ectocérvice para a realização de análises citopatológicas. Ainda que, desde a implementação da ESF, a cobertura deste exame tenha aumentado no Brasil, a frequência da realização do Papanicolau ainda não é feita de forma satisfatória. A não adesão pode estar relacionada à deficiência do conhecimento das mulheres em relação ao exame e a dificuldade do acesso aos serviços de saúde agregados a questões culturais, valores e crenças. Objetivo: Identificar na literatura nacional, qual o conhecimento que a mulher tem acerca do exame preventivo do câncer de colo de útero. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo revisão integrativa da literatura. A questão norteadora foi: qual o conhecimento que a mulher tem acerca do exame preventivo do câncer de colo de útero? A coleta de dados foi realizada entre agosto a outubro de 2017, conduzida no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF – Enfermagem). Foram utilizados três descritores: Teste de Papanicolaou, Neoplasias do Colo do Útero e Conhecimento, utilizando como operador booleano “and” e “or” para combinação dos mesmos. Foram selecionados artigos disponíveis no idioma português, na integra e publicados no recorte temporal de 2012 a 2017, excluiu-se artigos duplicados, anais em congresso, editoriais, carta ao editor e artigos que não abordaram diretamente a questão desta investigação. A coleta de dados foi realizada em três etapas: a primeira foi o uso do descritor “Teste de Papanicolaou” isoladamente, onde foram encontrados 5.961 artigos, após aplicação do filtro de texto completo, restaram 2.010 artigos, aplicando-se o recorte temporal, restaram 1.200 documentos, após aplicação do idioma Português, restaram 75 artigos, o que compôs a amostra preliminar. A segunda etapa foi a combinação dos descritores “Teste de Papanicolaou” and “Neoplasias do Colo do Útero”, foram encontrados 3.918 estudos, aplicando o filtro de texto completo, restaram 1.358 artigos, após aplicação do recorte temporal, sobraram 813 artigos, aplicando-se o idioma Português, restaram 43 artigos. A terceira etapa foi a combinação entre os descritores “Neoplasias do Colo do Útero” or “Teste de Papanicolaou” and “Conhecimento”, a busca resultou em apenas um artigo que foi imediatamente excluído por não tratar especificamente do conhecimento das mulheres, além de ter sido publicado há mais de 5 anos e estar em idioma inglês. Assim, a amostra primária ficou composta por 118 artigos. Realizou-se uma análise como base no título e nos resumos dos estudos resultando na amostra final de 7 publicações. Resultados: A presente revisão integrativa contemplou 7 artigos, sendo que 3 (42,8%) destes artigos foram procedentes da base de dados LILACS e 4 (57,2%) da BDENF – Enfermagem. No que se refere ao período e ano de publicação dos artigos analisados, observou-se que o artigo 1, foi publicado na Revista Brasileira de Promoção da Saúde no ano de 2015. O artigo 2, foi publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva no ano de 2013, o artigo 3, foi publicado na Revista REAS [Internet], também no ano de 2013, o artigo 4, foi publicado na Revista Ciência Cuidado e Saúde, em 2012, os artigos 5 e 7, foram publicados na Revista de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco (online), em 2016 e 2017, respectivamente, e, por fim, o artigo 6, foi publicado na Revista Baiana de Enfermagem, em 2016. As áreas demográficas que mais publicaram foram às regiões do Nordeste 57,1% (4), Sul 14,3% (1), Centro Sul 28,6% (2). Em relação aos principais achados de cada artigo, o primeiro artigo identificou que do total de 110 mulheres entrevistadas, 65 desconheciam o significado do CA de colo, 69 sabiam como prevenir o câncer, 104 já haviam feito o Papanicolau; Como método de prevenção do câncer: 28 (43,5%) Papanicolau, 36 (52,9%) uso de preservativos, 03 (3,6%) outros. O segundo artigo identificou 8 ideias principais: prevenção de doenças, sentimento de constrangimento e vergonha, sentimento de satisfação sensação de dor, realização por conta própria e realização por influência de outra pessoa. O terceiro artigo verificou que as mulheres estudadas possuíam deficiência no conhecimento em relação ao objetivo e ao início do exame de Papanicolau. O quarto artigo mostrou que de 335 mulheres que participaram do exame, 307 relataram nunca ter ouvido falar do preventivo, além de saberem do que se trata. 334 delas relataram fazer o exame uma vez a cada ano. O quinto artigo relatou que as participantes da pesquisa demonstraram possuir algum conhecimento em relação ao Papanicolau, porém, este era superficial, 93,3% apresentaram conhecimento satisfatório acerca dos cuidados pré-exame, 86,67% relataram já ter recebido informação prévia do Papanicolau e todas entendem a necessidade da realização do exame. O sexto artigo elencou os resultados em duas categorias: percepção da realização do procedimento como desconfortável e percepção da realização do procedimento como prevenção e cuidado de saúde. E por fim, o sétimo artigo identificou mulheres com baixo nível de escolaridade também possuíam baixo nível de conhecimento em relação ao CA de colo de útero e também sua prevenção através do Papanicolau e seu tratamento. Considerações Finais: A cobertura total do exame preventivo ainda é um desafio a ser vencido. As mulheres que possuem um menor nível de conhecimento são as que possuem baixo nível de escolaridade, geralmente as que fizeram apenas parte do ensino fundamental, as mulheres que possuem idade mais avançada, além daquelas com baixo nível socioeconômico e que relatam ser donas do lar. Os profissionais de saúde são de extrema importância na transmissão de conhecimento para essas mulheres, ainda é necessário que estes profissionais invistam em atividades através de rodas de conversa e ações educativas coletivas e individuais, no momento da consulta ou mesmo através de campanhas e palestras. Portanto, através da identificação da falha no conhecimento das mulheres, sugere-se que sejam realizados mais estudos com abordagem dessa problemática com o intuito de subsidiar as instituições de saúde a formularem estratégias voltadas para a promoção da saúde prevenção de doenças com enfoque na saúde da mulher.

4337 Sentimentos das mulheres relacionados a episiotomia: uma análise com base no método fenomenológico
Camila Monteiro Azevedo

Sentimentos das mulheres relacionados a episiotomia: uma análise com base no método fenomenológico

Autores: Camila Monteiro Azevedo

A questão é: Como o procedimento de Episiotomia sem evidência científica que embase sua prática é amplamente realizado em milhões de mulheres por todo o mundo e em especial no Brasil? Esta pergunta vem sendo feita desde a década de 70, quando iniciaram os movimentos feministas em busca de autonomia, tentando reverter a visão ultrapassada de que a mulher é apenas um ser reprodutor que não merece ser ouvido. É necessário que o conceito de domínio sobre o corpo da mulher seja extinto, transformando o estigma de que a mulher não tem capacidade intelectual para tomar as decisões que sejam mais favoráveis sobre si mesma. Neste estudo qualitativo de abordagem fenomenológica, fomos então em busca de um aprofundamento e compreensão dos sentimentos que permeiam os momentos entre a gestação e o puerpério e como estes sentimentos afetam a mulher. Tal estudo se deu por meio de um roteiro de entrevista semiestruturado com duas gestantes e duas puérperas de uma Unidade Básica de Saúde no município de Manaus, seguindo com análise das falas das participantes por meio do método de pesquisa fenomenológica de Giorgi e Sousa (2010). Como resultados foram encontradas cinco categorias, sendo elas nomeadas a seguir “Não era em boneco”: medo diante da assimetria de poder (1); “Se a gente for lesa, eles passam por cima”: as informações insuficientes no Pré-Natal (2); Rejeição à costura: escolha do tipo de parto pela recuperação (3); “Porque tem umas com o dilatamento tão bom”: considera a Episiotomia desnecessária para todas as mulheres (4); “Eles só chegam e cortam. E isso é uma dor maior também”: impotência diante da Episiotomia não autorizada (5). Conhecer os sentimentos das participantes pode instigar a equipe de saúde a oferecer o verdadeiro parto humanizado, iniciando desde o Pré-Natal adequado e influenciando fortemente a construção de uma população empoderada de conhecimentos.

5422 Violência doméstica contra as mulheres: um desafio para o Sistema Único de Saúde
Laís Helena Dutra

Violência doméstica contra as mulheres: um desafio para o Sistema Único de Saúde

Autores: Laís Helena Dutra

O presente estudo aborda o tema da violência doméstica contra a mulher enquanto um desafio para a saúde pública, com enfoque na atuação dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família. Trata-se de uma pesquisa de mestrado que tem como objetivo, compreender os sentidos e significados que a violência doméstica de gênero traz para o trabalho em saúde, analisando o contexto histórico, social e cultural assim como suas produções acerca das questões de gênero. Sendo a Integralidade um princípio básico do SUS, e entendendo a violência de gênero como um grave problema social, que afeta não só a mulher, mas como todos da família, esse tipo de violência torna-se um abuso aos direitos humanos, pois está culturalmente relacionado à violação de direitos fundamentais, justamente por expressar a desigualdade de poder entre homens e mulheres. Ao analisar as dificuldades encontradas pelos profissionais de saúde ao lidar com a violência, observamos não só a necessidade de intensificar ações intersetoriais voltadas para o enfrentamento da questão, mas também a dificuldade em romper com as práticas patriarcais no interior das políticas públicas. Diante disso, acreditamos que ao incorporar na discussão da violência, o referencial de gênero, torna-se possível uma compreensão aprofundada do fenômeno, uma vez que as relações entre homens e mulheres não estão apenas baseadas na biologia, sendo os gêneros masculinos e femininos construídos socialmente e variando conforme a cultura na qual são inseridos.

3609 Consulta ginecológica de enfermagem e a homossexualidade feminina: Uma revisão de literatura
Ângela Barichello, Jucimar Frigo, Suellen Tainá Ribeiro, Fabiane Pertille

Consulta ginecológica de enfermagem e a homossexualidade feminina: Uma revisão de literatura

Autores: Ângela Barichello, Jucimar Frigo, Suellen Tainá Ribeiro, Fabiane Pertille

Desde sua implantação, os programas de assistência à saúde da mulher tiveram um enfoque direcionando as pessoas heterossexuais, particularmente na saúde reprodutiva. Em 1984, o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) propôs um conjunto de princípios e diretrizes destinados a orientar a assistência ofertada às mulheres, nas suas necessidades e demandas específicas. Entretanto, o PAISM seguiu focado em questões reprodutivas, ficando as necessidades de saúde expressas nos ciclos da vida das mulheres externos ao período reprodutivo, relegados a segundo plano. A definição de saúde ginecológica implícita no sentido conferido à atenção ginecológica que é expresso no PAISM está limitada a aspectos fisiopatológicos, reiterando-se uma simplificação da concepção de saúde na definição “ausência de doença”, há muito tempo criticada. Além disto, enfocar a saúde ginecológica priorizando apenas aspectos reprodutivos acabava inviabilizando as necessidades de saúde ginecológica de mulheres que não estavam nesta fase. O Ministério da Saúde, ampliou sua agenda programática apresentando em 2004 uma nova política, denominada Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), a qual segue em vigor. Essa Política propõe a concretização de ações de saúde integral, resguardando as especificidades das diferentes faixas etárias e dos variados grupos populacionais e étnico-raciais (mulheres negras, indígenas, residentes na área urbanas e rurais, de orientação homossexual, presidiárias, com deficiência, dentre outras), indicando-se investimento do Estado na formulação de um novo modelo de atenção, mais humanizado e com mais qualidade, capaz de responder às necessidades das mulheres atendidas nos serviços do SUS. A União Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) ressalta a preocupação do Mistério da Saúde, em criar políticas publicas e investimentos direcionados aos grupos LGBT. A homossexualidade é considerada como o gosto feminino pelo sexo do mesmo gênero, além de manter relações sexuais exclusivamente com mulheres. No que diz respeito à saúde, a homossexualidade feminina deve ser observada com mais atenção pelos profissionais de saúde, pois, se percebe a falta de adequação dos serviços de saúde em assistir as mulheres com opções sexuais fora daquele tipo considerado padrão. A consulta ginecológica de enfermagem deve também envolver temas relacionados aos aspectos sociais e comportamentais de mulheres homossexuais, bem como garantir a qualidade do atendimento a essa população. Entretanto, percebe-se certo despreparo dos profissionais enfermeiros no que diz respeito ao atendimento direcionado a homossexualidade feminina e orientações sobre sexo seguro. Neste trabalho, objetivou-se refletir sobre os desafios da consulta ginecológica de enfermagem diante da homossexualidade feminina. O desenvolvimento do mesmo deu-se por meio de uma revisão de literatura, utilizando-se 10 artigos, entre os anos de 2013 a 2017, que possuíam como descritores de acordo com o DEC’s: “homossexualidade feminina”, “atenção primária a saúde” e “saúde da mulher”. A revisão oportunizou identificar que o profissional enfermeiro ao assumir uma postura linear de orientação heterossexual, não possibilita abrir-se para o diálogo sobre sexo, a sexualidade e saúde vaginal, permitindo a interpretação de sinais e sintomas errôneos, diagnósticos precipitados e conduções inadequadas dessa categoria de usuárias, sendo possível então apreender as especificidades e necessidades da saúde sexual das mulheres. A consulta precisa considerar as diferenças de atendimento, oportunizar o diálogo sobre sexo e a sexualidade respeitando e reconhecendo as usuárias homossexuais. Por conseguinte, além dos motivos concretos da consulta, têm que ser valorizados, outros incômodos “ocultos” decorrentes da condição do gênero. Apesar de um grande número de mulheres buscarem ajuda nos serviços de saúde para problemas referentes ao sexo e à sexualidade, alguns profissionais de saúde ainda tratam essas questões como assuntos proibidos e vergonhosos. Há omissão dos profissionais de saúde, quando se trata da sexualidade feminina, e isso reforça a ausência de direitos das mulheres à informação de como desfrutar a sexualidade. A sexualidade humana é repleta de tabus e preconceitos que, infelizmente, se manifestam na postura dos profissionais de saúde que atendem mulheres. Isso provoca angústia e revela uma violação ao direito de pensar e agir livremente. Outro grande desafio imposto na consulta ginecológica de enfermagem, é que, historicamente essa área da saúde tem tratado basicamente de aspectos heterossexuais, muitas vezes, tem dificuldades de conceber como relação sexual toda e qualquer relação que não envolva penetração e, dessa forma, que esteja ligada a reprodução. E tal visão, reproduzida nas práticas rotineiras dos serviços de saúde, legitima a falsa noção que o sexo entre mulheres está isento de risco de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e outras complicações. Outro fator que pode ser encarado como um grande desafio e que pode ser destacado é o relato da orientação sexual para o/a profissional de saúde. Tal fato parece estar relacionado, para aquelas mulheres que frequentam periodicamente o ginecologista, como uma forma de direcionar a consulta à sua experiência, evitando perguntas desnecessárias ou que não fazem sentido a sua vivência. A literatura sobre o tema relata vários episódios de tratamento inadequados relacionados ao relato da orientação sexual. Os episódios envolviam mudança de atitude por parte do profissional, comentários preconceituosos, ausência de oferta de exames clínicos, de mamas ou Papanicolau. Há fatos de o profissional, após o relato, agir como se não tivesse recebido a informação ou como se não tivesse nada a comentar ou orientar a respeito. Os dados disponíveis na literatura sugerem que uma parcela considerável de mulheres homossexuais, não acessa serviços médicos de ginecologia anualmente. As que vão à consulta, o fazem quando surgem sérios problemas e em períodos de maiores agravos à sua saúde. Quanto à realização do exame de Papanicolau, para prevenção de câncer de colo uterino, entre mulheres com práticas homossexuais também se verifica menor proporção.  Com os resultados aqui apresentados, percebe-se que de modo geral os profissionais de saúde ainda não estão preparados para atender as mulheres homossexuais e suas especificidades. Os estudos incluídos demonstram que em alguns serviços e para alguns profissionais enfermeiros o preconceito em relação às mulheres com relações homoafetivas, ainda é uma triste realidade. Faz-se necessário a capacitação dos profissionais que atendem essas mulheres, para que conheçam as suas demandas reais, oportunizando assim uma abordagem adequada. Por sua vez, as mulheres precisam também serem auxiliadas para maior compreensão dos seus direitos e da sua condição de mulher. Notou-se ainda uma escassa produção científica abordando a temática saúde e homossexualidade feminina no Brasil, uma grande precariedade de políticas de saúde consistentes para o enfrentamento das dificuldades e necessidades desta população, o pouco conhecimento sobre suas reais demandas e a ausência de tecnologias de cuidado à saúde adequadas o que converte-se, no âmbito da saúde pública, em desperdício de recursos, em constrangimento durante o atendimento e em assistências e prescrições inadequadas.