119: O encontro entre o adolescente, gravidez e os serviços de saúde
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: ICB Sala 03 - Cacimba    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1010 Produção do cuidado com adolescentes que praticam cutting ou automutilação em grupos terapêuticos.
Gisele Cristina Resende, Ana Cristina Furtado de Carvalho Régis, Elivandra Franco Mendes

Produção do cuidado com adolescentes que praticam cutting ou automutilação em grupos terapêuticos.

Autores: Gisele Cristina Resende, Ana Cristina Furtado de Carvalho Régis, Elivandra Franco Mendes

A promoção do cuidado em Saúde Mental na Atenção Psicossocial, perpassa por múltiplas esferas da existência humana (psíquica, espiritual, social, econômica, educacional), isto é, tece significados para que o sujeito vivencie a saúde na integralidade e se fortaleça para as vivências no seu território e na globalidade da vida. Nesse cenário, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são os espaços para o cuidado ao sujeito com sofrimento psíquico, e uma das formas de atenção que pode ser oferecida, são os grupos terapêuticos. Eles se caracterizam como tecnologia leve em saúde, uma forma de cuidado que privilegia a relação humana e proporciona trocas dialógicas e expressivas, isto é, o compartilhamento de experiências que visam a melhoria na saúde mental. Além disso, o grupo promove o contato interpessoal, habilidades sociais e o desenvolvimento de estratégias para o enfrentamento do sofrimento psíquico. A proposta do atual trabalho, consiste em apresentar a metodologia de grupo terapêutico, como proposta de intervenção com adolescentes que praticam o cutting ou automutilação. Essa proposta de trabalho foi desenvolvida no CAPSi Leste na cidade de Manaus (AM) no ano de 2017. O grupo  terapêutico se caracterizou como espaço para os usuários do CAPSi Leste que buscaram ajuda, devido ao sofrimento psíquico vivenciado no cotidiano e evidenciado com o cutting (ou automutilação). O cutting pode ser definido como a ação de ferir-se no próprio corpo e uma forma de aliviar a tensão. É um sintoma de que há uma doença psiquiátrica e requer tratamento, geralmente é acompanhado por humor depressivo, irritabilidade, ansiedade, ideação suicida e revela a incapacidade de lidar com os próprios sentimentos e com a frustração.  Suas características são: o início por volta dos 13 anos de idade, com maior prevalência no sexo feminino, os ferimentos e cortes são superficiais e feitos pelo próprio adolescente em seu corpo, em locais que possam ficar escondidos sob a roupa, sendo os braços o local mais comum. Esse transtorno mental compromete o bem-estar biopsicossocial dos adolescentes e preocupa a família e as instituições de ensino que percebem o fenômeno. A atividade terapêutica foi desenvolvida semanalmente com adolescentes de 13 e 14 anos do sexo feminino, com a duração de aproximadamente 60 minutos. Nesse período foram trabalhados temas previamente preparados, como por exemplo, autoconhecimento, objetivos de vida, família e relacionamentos, qualidade de vida, espiritualidade, com a metodologia de rodas de conversa, dinâmicas de grupo, oficinas expressivas e psicoeducativas. Os pais/responsáveis pelos adolescentes também foram envolvidos na proposta terapêutica, pois participaram de encontros mensais, nos quais foram realizados encontros reflexivos e debates de temas acerca da saúde e educação das jovens, bem como das angústias que perpassam o cotidiano dessas famílias. Os   resultados demonstrados pelos usuários foram: remissão dos sintomas depressivos, parada de automutilação (cutting), de forma que as adolescentes conseguiram expressar os sentimentos com habilidades comunicativas, elaboraram seus de projetos de vida e demonstraram relações familiares mais afetivas, esses resultados se refletiram no bem-estar biopsicossocial e na qualidade de vida e na saúde mental das usuárias e de suas famílias.

1190 RASTREIO DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS EM ADOLESCENTES
Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Cleisiane Xavier Diniz, Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Michel dos Santos Domingos, Sheila Silva Lima

RASTREIO DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS EM ADOLESCENTES

Autores: Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Cleisiane Xavier Diniz, Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Michel dos Santos Domingos, Sheila Silva Lima

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o uso abusivo de drogas como uma doença crônica difícil de ser tratada, que provoca graves e sérios problemas de saúde, independente de idade ou sexo. O uso abusivo de drogas é considerado um problema social e de saúde pública em muitos países, inclusive o Brasil. Compreende-se como drogas as substâncias que promovem no individuo ações ou pensamentos de satisfação excessiva, dependência química, hábitos exacerbados que envolvem o psicológico e as relações interpessoais. Com relação à dependência, ela é caracterizada  como o processo de interação conjugada entre os efeitos fisiológicos das substâncias atuando no cérebro e o usuário, esta interação pode ser compreendida pelo usuário como os elementos satisfatórios e/ou objetivos alcançados naquela situação. De acordo com pesquisas é no período da adolescência que ocorre a associação e início do uso de substâncias consideradas psicoativas. Acredita-se que a curiosidade natural do adolescente fá-lo buscar sensações e prazeres desconhecidos, muitas vezes influenciada pela opinião do grupo de pertença. Outras co-fatores para o envolvimento destes indivíduos durante a fase da adolescência com o mundo das drogas estão relacionados à situações familiares, sociais, financeiros, psicológicos entre outras. O maior problema ocasionado pelo uso de drogas é a dependência de tais substâncias, pois estas formulam o ambiente e as relações interpessoais dos indivíduos. O uso abusivo de drogas promove também mudanças na saúde, o que pode acarretar diferentes situações de difícil manejo aos profissionais de saúde que realizam o atendimento de tais indivíduos quando estes passam a ter problemas, seja de grau menor ou maior. O uso continuado é prejudicial à saúde causando alterações nos sistemas do organismo, déficits cerebrais, incluindo de aprendizado verbal, de memorização, de atenção, de funções executivas, de controle de raciocínio e de resposta. Portanto, são múltiplos os problemas ocasionados pelo uso de drogas, interferindo de forma negativa na vida do indivíduo. Esta pesquisa teve como objetivo detectar o uso de substâncias psicoativas em adolescentes na faixa de 11 a 14 anos, participantes de grupos de Adolescentes da Pastoral de Adolescente, do bairro de Petrópolis, Manaus, Amazonas. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de base populacional, desenvolvido por meio de inquérito epidemiológico. Esta amostra foi composta por 100 adolescentes, de 11 a 14 anos, sendo 50 meninos e 50 meninas. Foi utilizado o questionário DUSIR (Drug Use Screening Inventory), validado para uso no Brasil, que aborda a frequência de consumo de treze classes de substâncias psicoativas. O projeto seguiu os trâmites éticos e assinatura do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido pelos adolescentes e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos seus pais. Os resultados da investigação neste  grupo mostra que os analgésicos não prescritos (23%)  e o álcool (17%) foram as drogas mais utilizadas pelos adolescentes. No entanto, houve ocorrência de uso de inalantes (5%), tranquilizantes (3%) anabolizantes (2%) e tabaco (2%). As substancias mais utilizadas por meninos e meninas foram o analgésico não prescrito e o álcool, sendo este a substância mais utilizada pelas meninas que meninos. Esses fatos preocupam, uma vez que, quanto mais cedo se inicia o consumo de álcool e/ou outras drogas, maiores são as chances de se tornar dependente, consequentemente, maior é a probabilidade de ocorrerem atrasos no desenvolvimento e prejuízos cognitivos, com suas inúmeras repercussões. Nos países em desenvolvimento, atribui-se ao álcool o risco maior para o uso de outras substâncias psicoativas. Neste grupo investigado não houve ocorrência de uso de outras drogas tais como: cocaína, maconha, crack, ecstasy etc. No decorrer da coleta de dados e na identificação dos casos de uso de drogas, os adolescentes foram encaminhados para os psicólogos do projeto para uma abordagem terapêutica adequada a fim de prevenir dependência e demais distúrbios advindos do uso continuado de tais substâncias. A facilidade de aquisição e a disponibilidade de drogas na comunidade de convivência têm sido vistas como fatores de riscos para uso por adolescentes, uma vez que o excesso de oferta naturaliza o acesso. Quando essa facilidade de oferta se soma à falta de organização social e aos outros elementos predisponentes no ambiente  familiar e institucional, produz-se uma sintonia de fatores que aumenta a problemática do uso de drogas por adolescentes. Sabe-se também que  os adolescentes que têm objetivos definidos e investem no futuro apresentam probabilidade menor de consumir substâncias psicoativas porque o uso interfere em seus planos. Igualmente, a elevada autoestima, os sentimentos de valor, orgulho próprio, respeito e satisfação com a vida podem servir de proteção contra a dependência de drogas quando combinada a outros fatores protetores do seu contexto de vida. Conclui-se que, cada vez mais o numero de crianças e adolescentes usuários de drogas tem aumentado se tornando um grande desafio para a saúde pública. Ao fazerem uso de tais substâncias neste momento determinante para sua formação como pessoa, os adolescentes comprometem sua estabilidade física, psicológica e social empobrecendo suas relações interpessoais, principalmente no âmbito familiar. Embora os adolescentes sejam vistos como grupo de risco para uso de substancias psicoativas, os fatores que os levam a utilizar drogas são considerados diversos e multifacetados, estando os principais relacionados às características individuais e sociais.  A amplitude e a magnitude do fenômeno do uso de substâncias psicoativas na adolescência exige empenho de vários segmentos da sociedade civil organizada, das instituições governamentais e não governamentais, das universidades por meio de seus pesquisadores, em busca de respostas e soluções eficazes para o complexo e assustador problema do uso de substâncias psicoativas e seus impactos nos usuários e na sociedade. Assim, reforça-se a certeza de que a redução desse quadro só poderá ser obtida por meio  da prevenção ou da identificação precoce do uso dessas substâncias. Apesar dos constantes combates ao tráfico não se percebe a redução do comércio e consumo de drogas, pelo contrário, percebe-se o crescimento das atividades do tráfico e o envolvimento cada vez mais precoce de pessoas, seja consumindo ou comercializando. Reafirma-se ainda a importância da realização de estudos científicos que possam subsidiar o desenvolvimento de políticas de educação e promoção da saúde, programas e intervenções dirigidos a adolescen­tes. No Norte do Brasil, especialmente no estado do Amazonas, essa necessidade é ainda maior dada a escassez de estudos publicados sobre o problema

1609 FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO DE ADOLESCENTES DIANTE DAS DROGAS
Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Cleisiane Xavier Diniz, Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Michel dos Santos Domingos, Sheila Silva Lima

FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO DE ADOLESCENTES DIANTE DAS DROGAS

Autores: Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Cleisiane Xavier Diniz, Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Michel dos Santos Domingos, Sheila Silva Lima

Frequentemente, as experiências iniciais com drogas ocorrem na adolescência, por ser o indivíduo mais vulnerável do ponto de vista psicológico e social, por ser considerada uma fase de descobertas e conflitos e pela valorização de pertença a grupos. Quanto mais cedo se der a iniciação de um adolescente ao uso de drogas, maiores são os prejuízos físicos, psíquicos e sociais comparado a outros de maior idade.  Os fatores que os levam a utilizar drogas são considerados diversos, estando relacionados principalmente às características individuais e sociais, incluindo a coletividade, a família e o grupo de pares. Embora seja impossível prever com precisão quem irá desenvolver um problema com as droga, é possível delinear fatores de risco e proteção, saber os cuidados a ter com as drogas. Isso é útil porque ajuda a pensar sobre como reduzir os riscos de crianças e adolescentes. A realização de estudos sobre a pro­blemática do consumo de drogas pelos adolescentes está sendo priorizada pelo setor da Saúde devido à associação direta ou indireta desses comportamentos com algumas das principais causas de morbidade e mortalidade na adolescência.  Essa necessidade é ainda maior no Norte do Brasil, dada a escassez de estudos publicados sobre o problema na região. Essa pesquisa teve como objetivo detectar os fatores de risco e proteção de adolescentes, na faixa etária entre 11 a 15 anos, diante das drogas. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de base populacional,  desenvolvido por meio de inquérito epidemiológico. A amostra foi constituída por 185 adolescentes, com idade de 11 a 15 anos, que compõe os grupos da Pastoral de Adolescentes do bairro de Petrópolis, na zona sul da cidade de Manaus (AM),  perfazendo um total de 100% do universo em questão, com margem relativa de erro de 5% e coeficiente de segurança de 95%. Foi utilizado o questionário DUSIR (Drug Use Screening Inventory), validado para uso no Brasil. Este questionário possui 149 questões distribuídas em dez áreas, permitindo identificar um perfil da intensidade de problemas em relação ao uso de substâncias, comportamento, saúde, transtornos psiquiátricos, sociabilidade, sistema familiar, escola, trabalho, relacionamento com amigos e lazer. Após a aplicação do DUSI, quatro índices foram calculados: 1) Densidade absoluta de problemas: indica a intensidade de problemas em cada área isoladamente; 2) Densidade relativa de problemas: indica a intensidade de problemas em cada área isoladamente. 3) Densidade global de problemas:  indica a intensidade geral de problemas. Os resultados mostram que, em relação à Densidade Absoluta, os aspectos mais comprometidos foram: Competência social (34,7%), que observa as habilidades e interações sociais; Comportamento (33,8%), sendo avaliado o isolamento social e problemas de comportamento; e Lazer (32%), investigando-se  a qualidade das atividades durante o tempo de lazer. No que diz respeito ao cálculo da Densidade Relativa, o Competência social (15,6),Comportamento (15,2%) e Lazer (23,3%) apresentaram os maiores índices, confirmando os dados da Densidade Absoluta. No cômputo da Densidade Global, o resultado foi de 27,1%.  A expressão consagrada fatores de risco designa condições ou variáveis associadas à possibilidade de ocorrência de resultados negativos para a saúde, o bem-estar e o desempenho social. Alguns desses fatores se referem às características pessoais dos indivíduos, ao meio microssocial de pertença e à outras condições estruturais e socioculturais mais amplas. No entanto, geralmente, apresentam-se  combinadas. Raramente os estudos sobre uso de substâncias psicoativas se referem à "amizades entre os jovens" como fator protetor, uma vez que, a maioria das intervenções focalizam a superação das influências negativas das amizades.  No entanto, pesquisas indicam que grupos de amigos com objetivos e expectativas de realização na vida levam ao protagonismo juvenil e à solidariedade e isso têm uma enorme importância nessa etapa de vida em que as influências dos pares são cruciais. A presença dos pais, junto aos filhos é tão importante na adolescência quanto na infância. Seu papel é estar atento, mobilizar sem dirigir, apoiar nos fracassos e incentivar nos êxitos; em suma, é estar com os filhos e respeitar cada vez mais sua individualidade. A capacidade de interagir com as pessoas  se relaciona com as habilidades e competências  sociais do indivíduo, que facilitam o estabelecimento de relações mais próximas com os demais indivíduos. Assim, a falta ou a deficiência de habilidade social pode provocar dificuldades de adaptação do indivíduo ao meio, com consequências na habilidade  em fazer amigos na produção de condutas antissociais e de risco. Os adolescentes que são socialmente aceitos por seus pares recebem reforço, melhorando sua adaptação na área social, pessoal e escolar. Outro fator de risco e proteção que apareceu com maior comprometimento foi o “lazer”. Nesta etapa o adolescente quer sair sozinho com os amigos, frequentar lugares diferentes, ter horários diversificados para praticar atividades. Porém, oferecer alternativas de lazer aos adolescentes é uma estratégia relevante em relação ao uso de substâncias psicoativas e podem funcionar como fatores de proteção na adolescência. Estratégias de ocupação do tempo livre e a o uso de espaços de lazer e convivência para jovens devem estar ligados a um processo de educação para a saúde que contribua para um padrão de vida saudável. Dentro dessa premissa de proteção, uma das funções de quem atua na atenção aos adolescentes é determinar quais fatores podem ser evidenciados como relevantes para promover seu crescimento saudável e evitar que corram riscos de dependências e de acirramento de problemas sociais. Conclui-se que, no tocante aos fatores de risco e proteção,  o comportamento, a competência social e o lazer apresentaram-se como fatores com maior vulnerabilidade neste grupo pesquisado de adolescentes. Os fatores de risco e proteção devem ser tratados como variáveis independentes, pois podem afetar o comportamento sem que haja, necessariamente, uma complementaridade entre eles. O adolescente, com seus modos específicos de se comportar, agir e sentir  deve  ser entendido a partir da relação que se estabelece entre ele e os demais indivíduos. Essa interação se institui de acordo com as condições objetivas da cultura na qual se insere. Diferentes condições sociais, históricas e culturais produzem transformações significantes na representação social do adolescente. As informações obtidas por este estudo são relevantes e evidenciam a necessidade de desenvolvimento e im­plementação de políticas de fomento à pesquisa sobre o tema, principalmente na região norte do país. Elas também podem servir de subsídio às ações do Programa de Saúde na Escola.

2151 Experiências de gestantes adolescentes da zona rural de várias regiões do mundo: uma revisão sistemática da literatura
Wellington da Rocha Almeida, Fabiana Regina da Silva Grossi, Paloma Santana Novaes

Experiências de gestantes adolescentes da zona rural de várias regiões do mundo: uma revisão sistemática da literatura

Autores: Wellington da Rocha Almeida, Fabiana Regina da Silva Grossi, Paloma Santana Novaes

O contexto da gestação no período da adolescência é decorrente de vários riscos como físicos e psicossociais e esses podem desencadear dificuldades em relação a adaptação e as possíveis mudanças em seu meio de sobrevivência. O presente trabalho tem como objetivo analisar experiências de gestantes adolescentes do meio rural de várias regiões do mundo. Assim, a pesquisa é do tipo de revisão sistemática da literatura, realizada a partir da análise dos sete artigos científicos selecionados dentre 168 trabalhos encontrados por mecanismos de buscas nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em ciências da saúde) e Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), incluindo os descritores “gravidez”, “adolescência” e “rural” nas línguas portuguesa e inglesa.  As buscas foram feitas entre os meses de agosto e setembro do ano de 2017 e tiveram como critérios de inclusão: a) estarem publicados nas bases de dados selecionadas; b) estarem em idioma português e inglês; e c) publicados entre o período de janeiro de 2011 a setembro de 2017. Já os critérios de exclusão foram: a) artigos completos não disponíveis; b) artigos repetidos nas bases de dados selecionadas, c) artigos com teor de caráter reflexivo/bibliográfico, ou seja, não empíricos e d) artigos que não estão de acordo com o objetivo da pesquisa. As regiões em que foram realizadas as devidas pesquisas sobre gravidez na adolescência na zona rural são: o sudoeste de Uganda, Distrito Peri urbano de Uganda, ambos África do Sul, Minnesota, Estados Unidos, África subsaariana com duas pesquisas, Bangladesh, Índia e Rio Grande do Sul, Brasil. Os principais resultados dentro da temática apontam para o alto índice de aborto no período da adolescência e que grande parte desses abortos são realizados por pessoas sem habilidades; além disso, a taxa de gravidez na adolescência no âmbito rural é maior do que a gravidez no âmbito urbano, como também, as adolescentes da zona rural são mais propensas às doenças sexualmente transmissíveis. A outra temática que aparece está relacionada sobre o não planejamento dessa gestação em que desencadeou nas jovens da zona rural problemas de ordem social, depressão, questões de doenças, econômicas, demográficas e etc. Os artigos relataram também sobre a gravidez de adolescentes casadas que se principiou do critério de quantos filhos estas querem ter, quanto maior o desejo de um número alto de filhos, mais cedo se inicia a gestação. Os principais motivos relatados para isso foi a falta de escolaridade e outras oportunidades. Além disso, muitas adolescentes apontam a maternidade como uma experiência positiva. Assim, verifica-se a necessidade de mais ações de políticas públicas na zona rural, como também uma maior quantidade de pesquisas relacionadas a essa população, principalmente no que concerne a gravidez na adolescência, levando em consideração fatores culturais presentes neste contexto.  

2252 A proteção integral da Criança e do Adolescente e o Sistema de Garantia dos Direitos da criança e do adolescente aos meninos vítimas de violência sexual
Adriane Andrade Costa, Adriana Rosmaninho Caldeira de Oliveira

A proteção integral da Criança e do Adolescente e o Sistema de Garantia dos Direitos da criança e do adolescente aos meninos vítimas de violência sexual

Autores: Adriane Andrade Costa, Adriana Rosmaninho Caldeira de Oliveira

Este trabalho é parte de dissertação de mestrado que versa sobre contato sexual entre meninos que são acompanhados nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS. Seu objetivo é demonstrar como a rede de proteção à criança e ao adolescente se organiza para atender as vítimas violência sexual bem como interromper o ciclo da violência e restituir seu direito violado. O enfoque nos meninos vítimas de violência sexual está relacionado a incidência cada vez maior deste público como vítimas e da tímida produção teórica voltado a esta temática no Brasil. Dados do Disque Direitos Humanos – disque 100, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, referentes as denúncias recebidas em 2016 relativas à violência sexual contra crianças e adolescentes demonstram que 39% destas tinham os meninos como vítimas. Num estudo de revisão de literatura realizado em 2015 em três bases de dados nacionais (COSTA, 2017), verificou-se que apenas 4 artigos foram publicados com a temática de meninos vítimas de violência sexual. O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, reconhecendo-os como sujeitos de direitos e em condição peculiar de desenvolvimento (Brasil, 1990). Para efeitos desta lei, considera-se criança a pessoa com doze anos incompletos e adolescente aquele entre doze e dezoito anos. Esta lei preconiza que é dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público a garantia da efetivação dos direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal de 1988 e das prioridades estabelecidas pelo ECA. O artigo 5º aponta que nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de qualquer forma de negligência, exploração, violência, opressão, crueldade e discriminação e, no artigo 6º, é afirmada a necessidade de se levar em consideração os fins sociais a que esta lei se dirige (Brasil, 1990). Sabemos que, desde a Constituição Federal de 1998, as crianças e os adolescentes alcançaram o status de sujeitos de direito. Para alcançar a garantia da efetivação desses direitos, foram criados alguns mecanismos reguladores, dentro os quais os de controle social, que militam em proveito do zelo e da implementação de tais diretrizes. Foi neste processo que o Sistema de Garantia de Direitos da criança e do adolescente foi pensando. Em abril de 2006, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), publicou sua Resolução nº 113, dispondo sobre os parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGD). O SGD articula-se com as políticas intersetoriais de promoção e proteção à criança e ao adolescente, especialmente nas áreas de assistência social, educação, saúde, segurança pública, judiciário, dentre outros, primando pela proteção de seus direitos e os restituindo quando necessário. As estratégias adotadas para a garantia da efetivação dos direitos da população infanto-juvenil incluem a “efetivação dos instrumentos normativos próprios”, “a implementação e fortalecimento das instâncias públicas” e a “facilitação do acesso aos mecanismos de garantia de direitos” (BRASIL, 2006, p. 3), tendo como eixos estratégicos de atuação a defesa e a promoção dos direitos humanos e ainda o controle da sua efetivação. Para o que este trabalho se propõe a discutir, importa enfatizar a estratégia da promoção dos direitos humanos, operacionalizada através de políticas públicas transversais e intersetoriais que promovam o atendimento dos direitos da criança e do adolescente. Ressalta-se também as políticas intersetoriais que acompanham a criança e ao adolescente quando seu direito é posto em risco ou mesmo violado. Faleiros (1998) discute o conceito de rede de proteção sinalizando que esta é composta por várias instituições que visam atender crianças e adolescentes em situação de risco pessoal. Este pode ser configurado nas situações de ameaça ou violação de direitos, materializados em ocorrências de abandono, negligência, maus-tratos, situações de rua, trabalho infantil, violência física, psicológica ou sexual, exploração sexual comercial, ou seja, subjugações que potencializem e/ou acarretem prejuízos físicos e emocionais. Ao tomar conhecimento de um caso de suspeita ou confirmação de abuso sexual, é necessário conhecer como a rede está organizada, como estão definidas as atribuições de cada orgão ou serviço que atua direta ou indiretamente na rede de garantias de direitos e na proteção, para o atendimento e o acompanhamento da criança e do adolescente. Em seu artigo 87, inciso III, o O Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990) ao sinalizar as diretrizes de atendimento especializado as crianças e adolescentes vítimas de violência sexual preconizam que estes atendimentos devem ser realizados em locais especializados e com equipe multiprofissional capacitada para este atendimento. Este atendimento especilializado também pode ser ofertado nos nos Centro de Referência Especializado da Assistência Social - CREAS. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate À fome define o CREAS como um serviço que atende indivíduos e suas famílias em risco ou violação de direitos, ofertando atendimento e atuando no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes  visando à proteção e à garantia integral de direitos da população infanto-juvenil (BRASIL, 2011). O CREAS pode ser compreendido como um dos  articuladores da rede de serviços socioassistenciais com os serviços das demais políticas públicas intersetoriais que integram o SGD e os movimentos sociais (LEITÃO, 2016). Diante da escassez de estudos brasileiros sobre a violência sexual contra meninos, a atuação profissional de psicologia torna-se um grande desafio uma vez que o referencial técnico-científico e metodológico é quase inexistente. Isso associado ao fato de que o atendimento preconizado no SUAS e especificamente no CREAS, não privilegia abordagens diferentes para meninos e meninas vítimas de violência sexual (COSTA, 2017). Nota-se que a diferença entre meninas e meninos vítimas de violência sexual não é tão grande (em termos quantitativos/estatíticos) para justificar a carência de estudos sobre meninos vitimizados no Brasil. Isso pode nos indicar a necessidade de maior visibilidade social sobre a violência sofrida por meninos para que os profissionais e a sociedade possam reconhecer esses casos também como um problema de saúde pública, como ocorre com as meninas; e possibilitar espaços de atendimento/escuta qualificados, para estes meninos que novamente tem seus direitos violados ao não receberam a atenção especializada e direcionada de que necessitam e ao não se levar em consideração as diferenças de gênero nas possíveis consequências a médio e longo prazo em decorrência da violência sofrida (COSTA, 2017).              

2805 Políticas de Cuidado em Unidades de Saúde da Atenção Básica
André Rodrigues, Alexandre de Oliveira Henz, Sidnei José Casetto

Políticas de Cuidado em Unidades de Saúde da Atenção Básica

Autores: André Rodrigues, Alexandre de Oliveira Henz, Sidnei José Casetto

O termo cuidado é utilizado numa miríade de situações e, na maioria de seus usos, parece ser entendido como um ato que funciona sempre favoravelmente. Junto a isso, este termo aparece em várias situações como uma noção vaga, passando talvez a ideia de que o simples fato de emiti-la resultaria de antemão em um sentido comum e unívoco. Todavia, ao perscrutar uma breve história do termo, observamos que este sofreu variações importantes ao longo do tempo, estando conectado a diversas políticas em jogo em cada época. O cuidado, sendo um modo de nomear uma modalidade de relação, parece ser sempre passível de operar algo para o bem, para o mal e para além do bem e do mal, não sendo possível, inclusive, se ter uma garantia de antemão de seus efeitos. Nesse trabalho, verificamos que as afirmações acima possuem fortes ressonâncias com as práticas dos profissionais de saúde, sendo o cuidado oferecido pelos profissionais de saúde atravessado por uma multiplicidade de políticas. Apoiados nos estudos acerca do poder em Foucault e na afirmação deleuzo-guattariana de que antes do ser há a política, o cuidado é pensado como uma prática que atualiza políticas e é atravessado pelas políticas de subjetivação em vigência em distintos momentos históricos. Desse modo, o objetivo desse trabalho será apresentar diferentes políticas que constituem a produção do cuidado de profissionais de saúde em Unidades de Saúde da Atenção Básica. Trata-se dos resultados de um estudo qualitativo e de perspectiva cartográfica, apropriada para a detecção de processos. Os dados foram produzidos através de pesquisa junto à investigação denominada Atenção Básica e a Produção do Cuidado em Rede no Município de Santos, que foi realizada em onze unidades de saúde do munícipio, pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Formação e Trabalho em Saúde (LEPETS), da Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada- Santista (Unifesp BS), sendo que para investigação foram utilizados principalmente os materiais produzidos em três destas unidades. A partir da análise dos materiais emergiram dois temas principais. O primeiro, intitulado cuidado-método, aponta as implicações cruzadas entre as políticas de cuidado e as políticas de pesquisa construídas durante o processo de investigação. É importante destacar que as políticas de cuidado mapeadas estão fortemente relacionadas com as políticas de cuidado em processo nos pesquisadores durante a investigação.  O segundo, Modos de Cuidar, apresenta e problematiza as diferentes políticas de cuidado que foram mapeadas durante a investigação. Os resultados mostraram a existência de uma noção desnaturalizada de cuidado e também a relações constitutivas entre o pesquisar e o cuidar, que apontam para uma dimensão ética e política entre essas práticas.

2883 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ADOLESCENTES ATENDIDAS NO PRÉ-NATAL DE UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO INTERIOR DA AMAZÔNIA
Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Renan Fróis Santana, Simone Aguiar da Silva Figueira

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ADOLESCENTES ATENDIDAS NO PRÉ-NATAL DE UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO INTERIOR DA AMAZÔNIA

Autores: Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Renan Fróis Santana, Simone Aguiar da Silva Figueira

Apresentação: A Organização Mundial da Saúde (OMS) confere à adolescência a faixa etária entre 10 e 19 anos, enquanto para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são consideradas nessa categoria, as pessoas entre 12 e 18 anos de idade. Sabe-se que a adolescência atravessa uma fase repleta de transformações, caracterizada por modificações corpóreas e o surgimento de sensações e necessidades sexuais, o qual ocorre, em geral, o primeiro coito. Assim, a gravidez na adolescência está associada a fatores como o não uso ou a utilização de forma incorreta de métodos contraceptivos, inicio precoce da puberdade ou até mesmo o desconhecimento dos conceitos básicos de reprodução. No qual, afora as consequências negativas sociais para a gestante, bem como, seu parceiro, traz riscos materno-fetais aumentados, em especial, para a doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), prematuridade, baixo peso ao nascer, dentre outras complicações inerentes ao período pré-parto, parto ou pós-parto. A partir disso, tendo-se visualizado a incidência de adolescentes grávidas no serviço de pré-natal de uma unidade de referência no município de Santarém, estado do Pará, houve o interesse em conhecer o perfil epidemiológico e clínico dessas gestantes. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma investigação exploratória, descritiva, retrospectiva com o uso da análise documental em uma abordagem quantitativa. O estudo foi realizado em uma unidade de referência localizada no município de Santarém, estado do Pará, cuja oferece o atendimento de pré-natal de alto risco, atendendo gestantes de diferentes faixas etárias e, dentre estas, adolescentes da região do baixo Amazonas e Tapajós do Oeste do Pará. O pré-natal na unidade é realizado através de consultas intercaladas entre a enfermeira obstétrica e o médico obstétrico, podendo haver a participação de outros profissionais, a depender da necessidade, como nutricionistas. Para o levantamento de dados foram utilizados os prontuários das gestantes acompanhadas pela respectiva unidade a partir de um instrumento de coleta que compreendia variáveis demográficas e econômicas (idade, estado civil, renda familiar, ocupação, munícipio de procedência); hábitos de vida (tabagismo e etilismo); antecedentes ginecológicos (menarca, sexarca, existência de parceiro fixo, histórico de infecção sexualmente transmissível – IST, utilização de métodos contraceptivos, realização do exame preventivo de câncer de colo uterino – PCCU); antecedentes obstétricos (quantitativo de gestações, partos e abortos e intercorrências de gestações anteriores) e gestação atual (inicio do pré-natal, motivo de encaminhamento e desfecho gestacional). A coleta foi realizada de outubro a novembro de 2016, das fichas de gestantes adolescentes assistidas no pré-natal no período de janeiro a novembro de 2016. Os dados foram tabulados no software Excel 2013, e analisados através do método de estatística descritiva. Foram considerados os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, de acordo com o disposto na resolução 466/12, dessa forma, os documentos foram agrupados e previamente codificados para evitar a identificação das pacientes. Resultados e/ou impactos: Durante o período de busca estabelecido, foi atendido no serviço um total de 85 gestantes, destas, 20% eram adolescentes, na faixa etária de 14 a 19 anos de idade, média de 17,2 ± 1,8. Referente ao estado civil, 47,1% eram solteiras; 29,4% não tinham essa informação no prontuário e 23,5% tinham união estável. A renda familiar foi de 0 a 3 salários mínimos em 29,4% das que tiveram essa informação no prontuário, pois 70,6% não a tinham. No que condiz a ocupação, em 70,6% não tinham o registro dessa variável; 23,5% eram estudantes e 5,9% do lar. Quanto à procedência, 82,4% eram do município de Santarém – PA, localidade da unidade de atendimento e 17,6% eram advindas de municípios vizinhos. Relativo ao hábito de fumar ou ingerir bebidas alcoólicas, no primeiro, apenas 5,9% tinham o hábito e, no segundo todas informaram não fazer uso, respectivamente. Quando buscados os antecedentes ginecológicos destas, a idade da menarca variou de 10 a 15 anos, média de 12,4 ± 1,5, já da sexarca/coitarca, o intervalo foi de 12 a 17 anos, média de 14,3 ± 1,5. O intervalo entre a menarca e a coitarca foi de 0 a 4 anos, média de 1,8 ± 1,2. No que diz respeito a possuir parceiro fixo, 29,4% tinham e 70,6% não tinham tal variável respondida. Todas as gestantes negaram histórico de IST. Apenas 5,9% faziam uso de métodos contraceptivos, sendo utilizado o de barreira. Respectivo à realização do exame de PCCU, 58,8% nunca fez; em 23,5% não continha a informação e 17,6% haviam feito há menos de 1 (um) ano. Relacionado aos antecedentes obstétricos, 70,6% estavam na primeira gestação e 29,4% já haviam tido outro período gestacional, destas, 23,5% estavam na segunda gravidez e 5,9% na terceira. Das que já tinham tido outra gestação, em 50% ocorreram abortos. Como intercorrências de gestações anteriores, em 50% ocorreram abortos; infecção urinária em 16,7%; obesidade em 16,7% e não houve nenhuma complicação em 16,7%. Vale ressaltar que por se tratar de um serviço de pré-natal de alto risco, as gestantes atendidas são portadoras de condições de risco. No tocante à gestação atual, 58,8% iniciaram o programa de pré-natal no segundo trimestre; 23,5% no terceiro e apenas 17,6% no primeiro. Como motivo de encaminhamento destas ao serviço de referência, 47,1% não teve a razão explicitada e em 52,9% sim. Destas que tiveram o motivo explanado, a ficha de seleção de risco gestacional do estado do Pará foi utilizada em 66,7% dos casos como guia para o referenciamento. Esta ficha envolve diversas variáveis, cada uma contendo uma determinada pontuação, sendo que a partir dessa pontuação é visualizado em qual grupo de risco se encaixaria essa gestante, o que é tomado pelos profissionais de saúde como base para a necessidade de encaminhamento a um serviço especializado. Em 33,3% dos casos não foi utilizada a ficha como meio, sendo que destes, como motivo, em 11,1% foi devido a gestante ser portadora de tuberculose; 11,1% por hipertensão e sobrepeso e em 11,1% por histórico de aborto. Quanto ao desfecho da gestação, houve o nascimento do recém-nascido sem intercorrências maternas ou fetais em 88,2% dos casos, a ocorrência de circular de cordão umbilical em 5,9% e uma morte neonatal devido à prematuridade extrema em 5,9% da amostra. Considerações finais: O estudo possibilitou caracterizar as gestantes atendidas pela unidade, no período respectivo, observando a incidência de primigestas, de estado civil solteiro, com renda familiar baixa, com menarca e coitarca precoces e que estão suscetíveis a determinado fator de risco, de acordo com suas particularidades, o qual deve ser destacado nas consultas subsequentes. Dessa forma, conhecer a realidade em que a gestante se encontra direciona as ações do pré-natal pelos profissionais de saúde, contribuindo para uma atenção individual e qualificada que interfere diretamente na saúde materno-fetal. Salienta-se, ainda, a presença de subnotificações durante a pesquisa, evidenciado pelas lacunas no preenchimento do registro de algumas variáveis da ficha do pré-natal utilizada na unidade. Logo, o enfermeiro e a equipe multiprofissional devem estar cientes da importância de se considerar todos os aspectos que interferem no contexto da gestação a fim de realizar uma investigação integral com enfoque na identificação de riscos e prevenção de complicações, principalmente inerentes ao período da adolescência.

2917 ESTUDO DESCRITIVO: CARACTERIZAÇÃO DE MÃES ADOLESCENTES INTERNADAS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE SANTARÉM - PA.
Gabriel Sousa de Paiva, Railany Pereira Silva Benoá, Juliana Silva Araújo, Simone Aguiar da Silva Figueira

ESTUDO DESCRITIVO: CARACTERIZAÇÃO DE MÃES ADOLESCENTES INTERNADAS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE SANTARÉM - PA.

Autores: Gabriel Sousa de Paiva, Railany Pereira Silva Benoá, Juliana Silva Araújo, Simone Aguiar da Silva Figueira

Apresentação: A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupante atualmente, com sérias consequências para a vida dos adolescentes envolvidos, de seus filhos e de suas famílias, pois a maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras e/ou emocionais para assumir a maternidade. Além do mais, existem ainda riscos biológicos associados a gravidez nessa fase da vida, como os riscos de prematuridade fetal, morte materna, anemia, aborto natural, e depressão pós-parto. No Brasil, 32,8% dos jovens brasileiros com idade entre 12-17 anos são sexualmente ativos, destes, 39% do sexo feminino e 61% do sexo masculino. Logo, com o início da vida sexual cada vez mais cedo, a sexualidade vivenciada precocemente, é um fator de risco para a gravidez precoce. Diante da importância desta temática, este trabalho tem como objetivo descrever a faixa etária mais incidente de partos em adolescentes, além de identificar a idade gestacional no momento do parto de mães adolescentes internadas em um hospital público em Santarém – PA. Desenvolvimento do trabalho: Este estudo é do tipo retrospectivo, descritivo, com abordagem quantitativa e análise estatística. Os dados para este estudo foram coletados do livro de registros dos partos realizados nos meses de Agosto e Setembro de 2017 na Clínica Obstétrica de um Hospital Público em Santarém – PA. Fizeram parte da amostra, os registros de 149 partos de adolescentes compreendendo a faixa etária de 10 a 19 anos, com base na classificação da OMS. Os dados foram coletados no mês de Outubro de 2017, tendo como instrumento de coleta, um formulário contemplando as seguintes variáveis: faixa etária e idade gestacional (IG) no momento do parto. Na coleta de dados procurou-se manter o sigilo e o anonimato sobre a identificação das pacientes, para isso utilizou-se de ordem numérica, para identificar e organizar as informações coletadas. Os dados obtidos foram lançados em planilhas e processados por meio de recursos de estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para Windows - 2016), para posterior análise e discussão. Resultados e/ou impactos: Os resultados do estudo apontam que dos 149 partos, 146 ocorreram em jovens com idade entre 15 e 19 anos, e 3 ocorreram entre adolescentes com idade inferior a 14 anos caracterizando-se como estupro de vulnerável de acordo com o Art.217-A do Código Penal Brasileiro (CPB). Desses, 16% (24) foram pré-termos ou prematuros (IG inferior a 37ª semanas). Enquanto 69% ocorreu entre a 37° e 41° semanas. Dados estes que podem ser considerados positivos considerando a faixa etária estudada, uma vez que a gravidez entre 10 a 19 anos é considerada fator de risco para partos pré-termos, além de favorecer o aparecimento de outras intercorrências perinatais. Conclusão: Apesar de se destoar das demais pesquisas onde o número de partos pré-termos é superior aos a termos, é importante destacar o elevado índice de gestação entre adolescentes. Assim, para mudar a realidade da nossa região, do crescente número de gravidez da adolescência, é preciso medidas necessárias que visem promover Educação em Saúde, com maior ênfase na prevenção da gravidez na adolescência.

3184 A produção do cuidado e a micropolítica percebida numa revisão integrativa de estudos na saúde
Kátia Santos de Oliveira, Lucimara Victorino Cardoso Pais dos Santos, Alberto Durán González, Maria Eduarda Romanin Seti, Regina Melchior, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

A produção do cuidado e a micropolítica percebida numa revisão integrativa de estudos na saúde

Autores: Kátia Santos de Oliveira, Lucimara Victorino Cardoso Pais dos Santos, Alberto Durán González, Maria Eduarda Romanin Seti, Regina Melchior, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

Apresentação: Autores estudiosos sobre o tema apresentam o processo de trabalho em saúde como a prática de interação entre trabalhador e usuários das distintas redes de produção do cuidado. Interações essas que se relacionam com a utilização de tecnologias, que são empregadas no trabalho em saúde que passam a ser compreendidas como tecnologias de cuidado restritiva ou ampliadoras de acesso. Nos serviços de saúde há uma multiplicidade de redes, construindo linhas de produção do cuidado. No aspecto de trabalho em saúde relacionado com a micropolítica do processo de trabalho, considera-se que o sujeito que trabalha é influenciado pelo seu trabalho, ainda com a perspectiva de que, lidar com a saúde das pessoas é lidar com algo inesperado. Dessa forma o trabalhador de saúde necessita de criatividade e de um alto grau de autonomia para improvisar, ter iniciativa e poder exercer um trabalho eficaz dentro da saúde. Este estudo buscou analisar como está apresentada a relação da micropolítica com a produção do cuidado nos estudos na área da saúde. Desenvolvimento: Este estudo foi realizado a partir do método de revisão integrativa, que consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. A síntese do conhecimento, produzido diante da revisão integrativa reduz incertezas sobre recomendações práticas, permite generalizações precisas sobre o fenômeno a partir das informações disponíveis limitadas e facilita a tomada de decisões com relação às intervenções que poderiam resultar no cuidado mais efetivo e de melhor custo/benefício. Esse método escolhido tem como principal objetivo a integração entre a pesquisa científica e a prática no âmbito da atuação profissional, que ressalta a importância da pesquisa acadêmica na prestação dos cuidados, envolvendo a sistematização e publicação dos resultados de uma pesquisa bibliográfica em saúde para que possam ser úteis na assistência à saúde. Dessa forma esta revisão apresenta o estado de conhecimento sobre determinado assunto e permite identificar espaços que ainda necessitam de novos estudos. As etapas de seleção do estudo utilizadas para a revisão integrativa foi a de elaboração da pergunta norteadora para avaliação de hipóteses, partindo da identificação do tema, estabelecendo objetivos de pesquisa; busca ou amostra na literatura, situando critérios de inclusão e exclusão, tendo como princípio a pergunta norteadora; coleta de dados, representando as características da pesquisa primária; análise crítica dos estudos incluídos; discussão e interpretação dos resultados e apresentação da revisão integrativa. Foi realizada pesquisa com base em estudos publicados pela revisão da literatura de artigos, livros nacionais, manuais do Ministério da Saúde, documentos de Órgãos Governamentais e outras fontes que possa contribuir para a construção deste /trabalho. Essa consulta foi realizada por meio de pesquisa aos bancos de dados Scielo (Scientific Eletronic Library On-line), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Medline e Lilacs, com a utilização das seguintes palavras: ”Cuidado em saúde”; “Produção do cuidado”; “Micropolítica na saúde” e “Processo de trabalho em saúde”. Resultados: A partir da análise proposta, chegou-se a 575 artigos, 19 foram excluídos na leitura do títulos, pois não se tratavam do tema a ser estudado, 56 foram excluídos após a leitura do resumos e chegou-se a 51 para leitura do artigo na íntegra, ficando 15 para a revisão final. Estes textos, apresentam como eixo comum, o trabalho em saúde e os fluxos permanentes entre os sujeitos, na dimensão do cuidado a na distribuição das tecnologias, considerando-se as relações que ocorrem durante a produção dos atos de saúde. Construiu-se um caminho para a compreensão do tema, a partir do entendimento do processo de construção do SUS e posteriormente, pelo trabalho em saúde, que é caracterizado como um processo de interação direta entre os indivíduos e que traz à cena o processo de trabalho em saúde, que por vezes, são utilizadas as diferentes tecnologias para a resolução das necessidades apresentadas. O processo de trabalho em saúde opera sobre a centralidade do trabalho vivo e as tecnologias, segundo autores que estudaram o tema, operam e auxiliam no sentido de identificar as possibilidades de provocar mudanças e avanços no fazer em saúde. Na área da saúde, se estabelecem tensões, instabilidades e incertezas entre as políticas e organizações fortemente instituídas, porém, nela também atuam forças instituintes e causam novos arranjos e modo de fabricar a saúde. A micropolítica presente no agir da produção do cuidado na saúde repercute na produção cotidiana de subjetividades presentes no processo de trabalho, formando uma rede, entendida pelo conjunto das relações entre os vários atores. Cuidar torna-se iminentes e referentes às múltiplas possibilidades relativas ao encontro, onde nessa dimensão, amplia-se os elementos e pensamentos empregados na produção do cuidado, de modo que, esta produção em saúde não deve se limitar à realização de procedimentos técnicos, haja vista que se dá, também, na relação entre o usuário e o trabalhador. O processo de trabalho em saúde apresenta-se como a prática de interação entre trabalhador e usuários das distintas redes de produção do cuidado. Essas interações estão relacionadas com a utilização de tecnologias, que são empregadas no trabalho em saúde, a partir das relações que ocorrem durante a produção dos atos de saúde. De acordo com alguns autores, a micropolítica exercida na estruturação do ato de produção da saúde relacionado com a micropolítica do processo de trabalho, ou seja, nos processos de subjetivação que se encontram em um mesmo plano: o das relações e ações do cotidiano. Considerações finais: Os agentes institucionais, trabalhadores, estabelecimentos, práticas discursivas, arranjos organizacionais passam a ser tecnologias de cuidado restritivas ou ampliadoras do acesso. Tecnologias essas que revelam a complexidade de conexões produzidas nos encontros entre esses elementos são produzidas também no plano micropolítico. Diante dos estudos, a micropolítica pode figurar-se como restritivas ou ampliadoras do acesso, visto que, o agir em saúde é operar na micropolítica dos encontros, no universo do trabalho vivo em ato, portanto, no processo de trabalho em saúde há um encontro de conhecimentos e concepções distintas entre o agente produtor e o consumidor, que, com suas subjetividades, é um agente ativo do processo de saúde e é, em parte, objeto do ato produtivo.

3438 ATENÇÃO BÁSICA À GESTANTE ADOLESCENTE DEPENDENTE QUÍMICA: REFLEXÕES SOBRE O EFEITO PRODUZIDO NA EDUCAÇÃO E NA FORMAÇÃO EM SAÚDE EM SERVIÇO
Juliana de Gregório Oliveira, Lucia Cardoso Mourão, Lucia Cardoso Mourão, Ana Clementina Vieira de Almeida, Ana Clementina Vieira de Almeida, Vilma Vieira da Silva, Vilma Vieira da Silva, Lucille Annie Carstens, Lucille Annie Carstens, Vicente Francisco Leite Rosina, Vicente Francisco Leite Rosina, Marcos Paulo Fonseca Corvino, Marcos Paulo Fonseca Corvino, Viviane Lins Araújo de Almeida, Viviane Lins Araújo de Almeida

ATENÇÃO BÁSICA À GESTANTE ADOLESCENTE DEPENDENTE QUÍMICA: REFLEXÕES SOBRE O EFEITO PRODUZIDO NA EDUCAÇÃO E NA FORMAÇÃO EM SAÚDE EM SERVIÇO

Autores: Juliana de Gregório Oliveira, Lucia Cardoso Mourão, Lucia Cardoso Mourão, Ana Clementina Vieira de Almeida, Ana Clementina Vieira de Almeida, Vilma Vieira da Silva, Vilma Vieira da Silva, Lucille Annie Carstens, Lucille Annie Carstens, Vicente Francisco Leite Rosina, Vicente Francisco Leite Rosina, Marcos Paulo Fonseca Corvino, Marcos Paulo Fonseca Corvino, Viviane Lins Araújo de Almeida, Viviane Lins Araújo de Almeida

A estratégia de saúde da família (ESF) constitui-se em um lócus privilegiado para a educação permanente e para a formação dos futuros profissionais de saúde, por aproximar teoria e prática no cotidiano do cuidado às pessoas em um território dinâmico visando à qualidade de vida da população. A atenção em saúde desenvolvida por uma equipe multidisciplinar pode produzir uma institucionalização inovadora sobre o antigo modo de assistir na instituição cuidado em saúde e requer freqüentes reflexões dos seus efeitos. Com o objetivo de analisar a prática de saúde e de educação em uma unidade de atenção básica (UBS) do município de Niterói, que também é campo de prática de cursos de graduação em medicina, enfermagem e farmácia, relatamos o acompanhamento de C.B.V., 16 anos, dependente química, com várias passagens pelo conselho tutelar e abandono de escola. A adolescente morava com a mãe e duas irmãs, mais novas, porém passava períodos na rua (1-3 dias). Buscou a UBS, junto com a mãe para fazer o acompanhamento de pré-natal, nas primeiras semanas de gravidez. O protocolo era encaminhá-la para outra unidade de saúde mais especializada, mas a mesma não aceitou ser cuidada por outros profissionais de saúde. O desafio posto para a equipe era de como lidar com uma gestante, adolescente e dependente química na UBS, quando em princípio a mesma deveria ser encaminhada ao ambulatório de alto risco, na maternidade de referência da região. Por iniciativa da autora principal desse relato, médica de família do setor onde essa família reside, tendo em vista suas implicações com o cuidado específico dado à essa adolescente, algumas adequações foram propostas. Em entendimentos com a supervisão de obstetrícia e de saúde mental avaliou-se positivamente a possibilidade de realizar o pré-natal na UBS. Em articulação com alguns profissionais da equipe, desde a auxiliar de serviços gerais até as médicas dos outros setores, pactuou-se um suporte para a gestante e sua família, frente às dificuldades que poderiam surgir durante o período. Iniciaram o acompanhamento com conversas e acordos, com a família, do que seria possível naquele momento e naquela situação. Manteve-se a equipe da Unidade a disposição e realizou-se várias visitas domiciliares, sem agendamento prévio. Sempre acolhendo e tentando junto com a família encontrar alternativas para afastá-la da dependência química, mesmo com a oferta fácil de drogas ilícitas próximo de sua residência. O pré-natal foi um sucesso com dez consultas realizadas, sem nenhuma falta. C.B.V. conseguiu ir se afastando das drogas mais pesadas, de maneira rápida e manteve apenas o uso do cigarro. As portas se mantiveram sempre abertas e muitos acolhimentos e atendimentos às suas diferentes queixas e demandas foram realizados por todos da equipe de saúde. O suporte emocional e encorajamento para superar os desafios foi a tônica desse acompanhamento. O parto aconteceu em uma maternidade de baixo risco. Foi um parto normal sem intercorrências e o bebê nasceu saudável, sendo amamentado exclusivamente no seio materno até os seis meses de vida. Ao iniciar a introdução da alimentação complementar ao bebê, após muita resistência da adolescente promoveu-se a sua aproximação da equipe do ambulatório de redução de danos do Hospital Psiquiátrico da região. A mãe foi reticente em introduzir a alimentação complementar, com receio de seu bebê deixar o seio materno e dela voltar a usar drogas mais pesadas. Contando com representantes da gestão, dos profissionais da equipe responsável pela paciente, dos alunos e da preceptora do terceiro período de medicina e da adolescente realizou-se reuniões para a reflexão sobre essa intervenção e o planejamento de algumas atividades que produziram efeitos tanto na educação permanente da equipe como na formação dos futuros médicos. Aspectos como o cuidado em saúde oferecido e o processo de trabalho na atenção básica foram debatidos tendo em vista os princípios que norteiam a Política Nacional de Saúde vigente e as possibilidades de implementá-las em nível local. No primeiro encontro C.B.V. não compareceu, mas conseguiu-se problematizar a situação e propor algumas intervenções terapêuticas singulares. Em uma das reuniões com a presença da adolescente planejou-se um ensaio fotográfico com o objetivo de afirmar a sua auto-estima. A adolescente aderiu com satisfação à proposta e tudo foi agendado de acordo com a disponibilidade de todos. O ensaio foi realizado com equipamento fotográfico da UBS, tendo toda à equipe e alunos participado desde o seu planejamento, making off e tomada das poses em uma praia próxima. A atividade foi bem-sucedida e promoveu um repensar de todos sobre as ações criativas no cuidado em saúde. De acordo com os conceitos da Análise Institucional lourau-lapassadeana que leva a compreensão da instituição a partir dos enunciados dos sujeitos que nela estão implicados, a atenção básica à saúde está em constante movimento. A sua institucionalização permanente gerada pelos embates entre o seus momentos instituído e instituinte deixa transparecer tendências mais conservadoras ou mais progressistas em constantes disputas entre seus atores sociais. A equipe de saúde da família é constituída de vários sujeitos com projetos de sociedade diversificados. Os encontros permanentes para reflexão das práticas profissionais e planejamento das ações coletivas constituem-se em momentos de negociação desses projetos entre os sujeitos presentes e promove efeitos pedagógicos por permitir a análise do objeto da prática de saúde com a diversidade dos seus olhares. Vislumbrar limites e possibilidades nas práticas profissionais que se quer humanizadas requer a compreensão da importância de cada sujeito na equipe de saúde – seja do auxiliar de serviços gerais até ao supervisor de área. É no encontro que se constrói as melhores intervenções considerando-se as contribuições de cada um. A participação do indivíduo ou família na construção coletiva do projeto de intervenção sobre suas necessidades permite que as ações sejam melhor compreendidas e mesmo reconfiguradas de acordo com a singularidade de cada um. No caso de C.B.V esse vínculo construído com a equipe de saúde da família requer um constante ajuste por sua própria dinamicidade. A necessidade de agregação de outros especialistas ao seu acompanhamento é algo imprescindível e que requer sensibilidade de todos para fazê-lo no melhor tempo. A participação dos estudantes e preceptores no planejamento e intervenções propostas traz uma dimensão mais real da prática aos futuros profissionais e contextualiza os objetivos do processo de aprendizagem preconizados pelas diretrizes educacionais. A criatividade e o compromisso no cuidado em saúde trazem perspectivas de ampliação de qualidade de vida e do direito à saúde.

4931 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ATENDIMENTOS DE TRAUMAS DECORRENTES DE CAUSAS EXTERNAS EM ADOLESCENTES EM UM HOSPITAL PÚBLICO NO INTERIOR DO AMAZONAS
Grace Anne Andrade da Cunha, Aguinaldo Silva dos Reis, Clísten Alves Corrêa, Rhuana Maria de Oliveira Pereira

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ATENDIMENTOS DE TRAUMAS DECORRENTES DE CAUSAS EXTERNAS EM ADOLESCENTES EM UM HOSPITAL PÚBLICO NO INTERIOR DO AMAZONAS

Autores: Grace Anne Andrade da Cunha, Aguinaldo Silva dos Reis, Clísten Alves Corrêa, Rhuana Maria de Oliveira Pereira

Apresentação: As causas externas, também denominadas como eventos circunstanciais, são situações capazes de propiciar traumatismos, injúrias, bem como qualquer outro agravo à saúde de origem não intencional (acidentes de trânsito, quedas, afogamentos, envenenamentos) ou intencional (agressões e quaisquer lesões autoprovocadas). Considerando a sensação de liberdade a que o adolescente contemporâneo se insere e a necessidade de experimentar novos limites, este grupo tem se destacado de forma expressiva nos eventos relacionados a causas externas, por realizarem direção perigosa sem habilitação, alta velocidade, e ausência de equipamentos de proteção, o que muitas vezes culminam com a associação do uso de álcool e/ou outras drogas. Semelhantemente a outras cidades do interior do Amazonas, o município de Coari cresceu desordenadamente, e enfrenta problemas como a notável inadequação das calçadas, falta de sinalização, ausência de transporte público coletivo, consolidação da utilização das motocicletas como principal tipo de veículo, falta de fiscalização de condutores e de documentação de veículos, assim como elevado índice de violência e consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes. Diante dessa problemática, o presente estudo objetivou caracterizar o perfil epidemiológico dos atendimentos de traumas decorrentes de causas externas em adolescentes num hospital público do interior do Amazonas. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, exploratório e descritivo, norteado pela busca ativa em prontuários referentes aos atendimentos de adolescentes de 12 a menores de 18 anos vítimas de traumas por causas externas, entre os meses de setembro e dezembro de 2015 no hospital público do município de Coari/AM, os quais estavam armazenados no setor de estatística da referida unidade. A coleta de dados foi realizada durante o período de 15 a 29 de setembro de 2017 por meio de um formulário elaborado eletronicamente construído com o programa Excel®, onde foram incluídos os prontuários dos adolescentes de ambos os sexos, entre a faixa etária de 12 e menor de 18 anos, vítimas de traumas secundários a causas externas, e excluídos aqueles que não continham as informações necessárias disponíveis ou que estavam ilegíveis. Definiram-se os parâmetros para estudo como: variáveis demográficas (idade e sexo), variáveis clínicas (tipos de traumas, segmento corpóreo afetado, tipos de traumas, tipos de causas externas, a data da internação hospitalar) e outras variáveis (horário de pico e dia da semana). A categorização das informações em variáveis fixas foi processada pelo software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 24.0., com o qual se realizou uma análise estatística descritiva dos dados. Seguindo os preceitos éticos e legais exigidos para esta pesquisa, o projeto foi submetido e aprovado com o CAAE 74327617.1.0000.5020 pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Fundação Universidade do Amazonas (FUA-UFAM), pois respeita a resolução 466/12. Resultados: Foram analisados 1728 prontuários, datados de setembro a dezembro de 2015. Destes, 181 (10,47%) foram referentes aos atendimentos à adolescentes vítimas de traumas por causas externas no período. Verificou-se maior atendimento de vítimas do sexo masculino (66,7%), e no que tange a faixa etária, predominaram os indivíduos com 16 e 17 anos (36,4%), seguidos pelos de 14 e 15 anos (34,8%). Quanto aos tipos de causas externas, observou-se o acidente de trânsito (24,3%) e as quedas (20,4%) com os de maiores percentuais. Vale ressaltar, que foi identificado um elevado percentual de subnotificação (39,2%) dos atendimentos quanto ao tipo de causa externa. Observou-se que o trauma contuso foi o de maior percentual com 18,2% (n=33) dos casos, seguido de fraturas com 17,1% (n=31) e corto contusos com 13,8% (n=25). Os demais tipos de traumas apresentaram menores percentuais. Além disso, 28,7% (n=52) dos prontuários não informavam o tipo de trauma atendido. Quanto ao segmento corpóreo traumatizado, as áreas mais acometidas foram os membros superiores (MMSS) com 35,3% (n=64), seguido por membros inferiores (MMII) em 29,2% (n=53) casos, seguidos pela cabeça e pescoço com 11% (n=20) episódios e o tronco em 19 casos (10,4%). Referente aos horários (caracterizados de 6 em 6 horas) das ocorrências dos atendimentos, os atendimentos relacionados à causas externas ocorreram principalmente durante a tarde (12:00-17:59), 36,5%, e durante a noite (18:00-23:59), 29,8%. A distribuição dos atendimentos de acordo com o dia da semana revelou que as ocorrências se mantiveram numa frequência equilibrada nos dias úteis, entre 14,9% e 15,5% dos casos e média de 27 ocorrências diárias, ao passo que se observou uma relativa redução do número dos casos nos finais de semana, registrando uma média de 23 atendimentos por dia, entre 11,6% e 13,8% dos casos. CONCLUSÃO: O presente estudo pode caracterizar o perfil epidemiológico das vítimas e os eventos circunstanciais relacionados a traumas por causas externas em adolescentes no município de Coari-AM. Evidenciou-se maior atendimento de vítimas do sexo masculino, com predominância de indivíduos com 16 e 17 anos. Os acidentes de trânsito e as quedas foram os eventos de maior frequência. Quanto ao tipo de trauma, o mais frequente foi o trauma contuso, seguido por fraturas e ferimentos corto contusos. O segmento corpóreo mais atingido foram os membros superiores e inferiores. No que se refere ao horário, evidenciou-se que as lesões traumáticas ocorreram principalmente no período da tarde e durante a noite. Com mais equilibrada prevalência nos dias úteis e relativa redução nos finais de semana. A identificação dessas características pode ser de grande utilidade para possíveis planejamentos de estratégias de prevenção contínua das causas externas relacionados aos traumas, bem como direcionar a assistência do enfermeiro para que haja um maior preparo dos profissionais de saúde a colaborar, por exemplo, com a redução desse tipo de atendimento no pronto socorro, e consequentemente de internação. Reiteramos ainda que esta é uma medida eficaz e de menor custo para as autoridades. Considerações Finais: A identificação dessas características pode ser de grande utilidade para possíveis planejamentos de estratégias de prevenção dos acidentes de trânsito, bem como direcionar a assistência do enfermeiro para que haja um maior preparo dos profissionais de saúde a colaborar, por exemplo, com a redução desse tipo de atendimento no pronto socorro, e consequentemente de internação.  Além disso, este estudo também permite focalizar em ações de prevenção contínua, e reiteramos ainda que esta é a medida eficaz e de menor custo benefício para as autoridades. Com isto, é de grande importância traçar um perfil epidemiológico das vítimas e os traumas determinantes de cada região para que se conheçam as necessidades reais de cada alvo estudado, colaborando com as medidas preventivas e ações para minimização dos acidentes decorrentes, seja por acidentes de trânsito ou outros eventos relacionados.

4370 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: Um Desafio Para a Ação do Enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família
Antonio Henrique Vasconcellos da Rosa, Ana Clara Ornelas Fontes, Graciele Alves dos Santos, Camila de Oliveira Rezende, Izabelle Willian Pachu, Paulo Sérgio da Silva, Ingrid Tavares Cardoso

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: Um Desafio Para a Ação do Enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família

Autores: Antonio Henrique Vasconcellos da Rosa, Ana Clara Ornelas Fontes, Graciele Alves dos Santos, Camila de Oliveira Rezende, Izabelle Willian Pachu, Paulo Sérgio da Silva, Ingrid Tavares Cardoso

A mulher quando engravida ainda na adolescência apresenta dificuldades em dar seguimento a sua vida social deixando os estudos, as amizades e em alguns casos até mesmo o emprego podendo acarretar consequências que serão vivenciadas ao longo da vida. Além disso, gravidez na adolescência vem sendo considerada, em alguns países, problema de saúde pública, uma vez que pode acarretar complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e o recém-nascido, bem como problemas psicossociais e econômicos. Emergindo assim a seguinte hipótese: Sendo a gravidez uma questão atual de saúde pública, o enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família se torna protagonista da assistência integral à adolescente durante o pré-natal. Objeto de Estudo: Atuação do Enfermeiro durante o pré-natal de gestantes adolescentes. O objetivo deste estudo foi identificar as ações de enfermagem realizadas pelo enfermeiro durante o pré - natal das gestantes adolescentes. Justifica-se essa pesquisa pela grande quantidade de adolescentes grávidas e suas variadas consequências tornando necessário o estudo e a reflexão sobre o andamento da assistência pré-natal, tendo o enfermeiro como protagonista do cuidado dessas gestantes na atenção básica a saúde. O método utilizado foi uma pesquisa qualitativa com abordagem descritiva exploratória. O Cenário de estudo foi às unidades de saúde da família em uma cidade da região serrana do Rio de Janeiro, tendo como depoente os Enfermeiros das Unidades que atuam junto ao pré - natal de adolescentes. Em consonância com a Resolução nº 466/12 – Conselho Nacional de Saúde a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Serra dos Órgãos através da Plataforma Brasil - Ministério da Saúde. Ao ser analisado, o projeto foi aprovado gerando o número de parecer: 910.793. Os depoentes assinaram um termo de consentimentos livre e esclarecido onde constava a descrição da pesquisa e a permissão da utilização do material. Dessa forma, através do que foi apresentado nota-se que esses profissionais no contexto da atenção básica em saúde junto com a equipe multiprofissional se tornam essenciais no contexto da assistência pré-natal promovendo além do acompanhamento, a educação em saúde a essas gestantes.

2891 SUPERANDO O SUICÍDIO NOS CASOS DE ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CUIDADO, PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO
Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Selma Barboza Perdomo, Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Cleisiane Xavier Diniz, Fernanda Farias de Castro

SUPERANDO O SUICÍDIO NOS CASOS DE ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CUIDADO, PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO

Autores: Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Selma Barboza Perdomo, Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Cleisiane Xavier Diniz, Fernanda Farias de Castro

A necessidade de comprovação de que as intervenções psicológicos para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual de fato auxiliam os mesmos na redução de sintomas psicopatológicos e aumentam o bem-estar geral, tem gerado estudos que visam avaliar cientificamente modelos de intervenções. Este trabalho tem como objetivo apresentar descritivamente um relato de experiência de um serviço psicológico comunitário (SAPFAM) voltado para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, procurando identificar entre os usuários a presença de ideação suicida, tentativas de suicídio, automutilação e as etapas interventivas do modelo terapêutico com os devidos instrumentos de avaliação inicial.  De natureza quantitativa e descritiva, a partir de um universo de 96 casos registrados no SAPFAM, selecionou-se uma amostra de 55 registros de crianças e adolescentes, com idade entre oito e quatorze anos (42 meninas e 13 meninos). Utilizou-se o modelo de grupoterapia cognitivo-comportamental para meninas e meninos vítimas de violência sexual (HABIGZANG&KOLLER, 2011; HOHENDORFF, HABIGZANG & KOLLER, 2014), bem como dos mesmos, a proposta de avaliação psicológica. Os resultados encontrados mostraram que das 42 meninas,  12 (28,5%) apresentaram ideação suicida, seis (14,2%) tentaram suicídio, uma dentre as quais, mais de uma vez; seis meninas (14,3%) apresentaram automutilação, como comportamento de machucar-se ou cortar-se. Quanto aos meninos, dos 13 meninos, três (23%) apresentaram ideação suicida, automutilação com comportamento de machucar-se ou cortar-se. Os mesmos tentaram suicídio mais de uma vez. Os resultados clínicos encontrados em artigos especializados comprovam a efetividade da aplicação dos modelos da TCC, incluindo os sintomas associados ao comportamento suicida. Isso nos faz considerar e concluir que a aplicação dos instrumentos psicológicos nas diferentes etapas da intervenção e a organização dessas etapas, conforme objetivos e técnicas empregadas no modelo de grupoterapia em TCC, têm se mostrado eficazes na avaliação e intervenção psicológica para os usuários do SAPFAM/CÁRITAS.

2319 CONVERSANDO COM ADOLESCENTES SOBRE CONHECIMENTOS A CERCA DE CUIDADOS ESSENCIAIS EM HIGIENE PESSOAL
Ana Eliza Ferreira Pinto, Fabiana Santarém Duarte, Suan Kell dos Santos Lopes, Andressa Diniz Cardoso, Simone Aguiar da Silva Figueira, Érika Marcilla Sousa de Couto

CONVERSANDO COM ADOLESCENTES SOBRE CONHECIMENTOS A CERCA DE CUIDADOS ESSENCIAIS EM HIGIENE PESSOAL

Autores: Ana Eliza Ferreira Pinto, Fabiana Santarém Duarte, Suan Kell dos Santos Lopes, Andressa Diniz Cardoso, Simone Aguiar da Silva Figueira, Érika Marcilla Sousa de Couto

Apresentação: Segundo o Ministério da Saúde, a higiene é a ciência que lida com a manutenção e implantação de saúde ao indivíduo e ao grupo. Incluem procedimentos, condições e práticas que conduzem à saúde em forma de assepsia. As práticas estabelecidas podem ser orientadas através da educação em saúde, que consiste em uma importante estratégia de prevenção relacionada à aprendizagem para alcançar hábitos de saúde. Sendo assim, sabe-se que é necessário que estas ações estejam voltadas a atender a população de acordo com sua realidade, induzindo a reflexão nos indivíduos, criando oportunidade para este pensar e repensar a sua cultura, tornando-o capaz de realizar transformações em sua própria realidade. Por isso, a importância da educação em saúde voltada a adolescentes, visto que a adolescência é uma fase de transformações caracterizadas por tensões e conflitos. Esses adolescentes passam por momentos que acreditam que tudo é urgente; desse modo, é comum acreditarem que não possuem tempo para medidas de autocuidado, com isso é frequente o abandono dos bons hábitos, e assumindo assim menor importância nesse contexto. Assim, educação em saúde no âmbito escolar, é um meio eficaz para inserir entre esse público uma conscientização sobre como cuidar melhor de si. A escola possui como missão primordial desenvolver processos de ensino-aprendizagem, desta forma, desempenha papel básico na formação e atuação das pessoas na vida social. Sendo assim, a escola torna-se fundamental para ações de promoção da saúde para crianças, adolescentes e jovens adultos, em que a partir das dificuldades existentes no âmbito escolar faz-se necessário a atuação do enfermeiro, pois é mediante a promoção de saúde bucal, corporal e íntima que é reforçado o cuidado pessoal e individual, sendo o enfermeiro um dos principais mediadores dessas práticas preventivas de cuidados em saúde.  Ao referir sobre promoção de saúde provou-se que o enfermeiro pode e deve atuar através de atividades de educação para a saúde e de práticas educativas, em diferentes espaços, mas principalmente em escolas. Portanto, tem-se a educação para saúde como um processo que visa à promoção de saúde de escolares. O objetivo deste resumo é identificar o conhecimento prévio dos adolescentes sobre higiene geral e posteriormente avaliar se a Educação em saúde foi capaz de sanar as dúvidas pré-existentes. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado em uma instituição de ensino fundamental pública no município de Santarém-Pará, no segundo semestre de 2015, com alunos do 8º ano, onde foi realizada uma educação em saúde por acadêmicos do 2º semestre de enfermagem de uma universidade estadual, e posteriormente aplicado um questionário antes e após a atividade para avaliar o conhecimento dos participantes sobre os conteúdos abordados, e a assimilação desses conhecimentos. Participaram do estudo 56 adolescentes, tendo sido incluídos todos os adolescentes regularmente matriculados no 8º ano, de ambos os sexos e foram excluídos do estudo quem faltou em algum dos dias da coleta de dados e na ação de educação em saúde. Resultados: A faixa etária abordada foi de 12 a 17 anos, sendo 63% do sexo feminino e 37% do sexo masculino, o questionário aplicado abordava sobre realização de higiene bucal, corporal e íntima, e questões para os diferentes sexos como frequência da troca de absorvente e o hábito de higienização do pênis após urinar. Em relação à higiene bucal, abordaram-se perguntas especificas como: Frequência em que deve ser feita a higiene, uso do fio dental, escovação da língua, cárie, mau hálito e gengivite, que no primeiro dia obteve-se um resultado satisfatório em que das seis questões abordadas foram acertadas no mínimo quatro e no segundo dia manteve-se essa mesma média. No entanto, apresentaram resultado insatisfatório quando perguntados sobre a temática da cárie, onde no primeiro dia apenas 19% e no segundo 35% acertaram a questão, apesar de este ser considerado um problema bastante comum e de fácil prevenção. Quanto à higiene corporal foi abordado temas como: Frequência de banhos e troca de roupa íntima, lavagem das mãos, troca da toalha de banho, micose e uso de roupas apertadas, onde houve a média de 56% de acerto no primeiro dia e 72,5% no segundo dia, o que infere que os mesmos realizavam a higiene corporal de forma correta. A questão referente a troca de absorventes apresentou 57% no primeiro e 51% no segundo com isso, supõem-se que esse decréscimo se deu por desconforto dos alunos pela falta de privacidade dentro da sala de aula no momento do preenchimento do questionário, pois observou-se que durante o preenchimento do instrumento muito dos alunos não tiveram a privacidade de realizá-lo de forma individualizada.  Em relação a higiene íntima fôra abordado sobre lavagem da genitália, troca e compartilhamento de roupa íntima, doenças ocasionadas pela deficiência em higiene íntima, onde 95% relataram conhecer e saber essa prática. Já em relação a frequência que os meninos realizavam a higienização do pênis após urinar no primeiro dia 100% dos participantes afirmou não fazer essa higienização, isso sugere que esses adolescentes não recebem essas orientações por seus responsáveis, enquanto que no segundo dia 85% afirmaram ter essa prática, confirmando a eficácia e importância de educações em saúde em âmbito escolar realizadas pelo enfermeiro. Considerações Finais: O público relatou pouco conhecimento acerca das patologias apresentadas, isso mostra que há a necessidade de práticas de educação em saúde a serem efetivadas na escola, visto que possuem um caráter informativo aos participantes, pois auxiliam o esclarecimento de dúvidas. Os dois gêneros apresentam resultado satisfatório quanto aos temas higiene bucal, corporal e íntima, mas no que se refere as patologias apresentavam pouco conhecimento em relação à cárie, gengivite e micose. De ambos gêneros, o público feminino apresentou menos dificuldades na higienização corporal, toma-se por orientação que o público feminino possui maior preocupação quanto a aparência, a estética que apresentam e por isso mais autocuidado. Historicamente, o papel do enfermeiro está ligado à educação em saúde, visto que no surgimento da enfermagem moderna, ele foi instruído para suprir a necessidade da população quanto às atividades educativas sanitárias. Tendo em vista essa realidade, ao promover assuntos como higiene corporal, bucal e íntima disseminam informações essências aos participantes de forma a alertar para o cuidado pessoal, com intuito de formar indivíduos críticos quanto às decisões necessárias para uma vida saudável. Uma vez a criança ou adolescente orientada pelo enfermeiro educador nas escolas, creches, nas suas casas, e na comunidade tornam-se mais aptas a dividir o conhecimento adquirido por estarem em processo de aprendizagem, sendo multiplicadores e incentivadores ao autocuidado.