112: A residência como espaço político de formação e gestão
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 02 Sala 09 - Poraquê    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1215 Momento teórico-prático da residência em Enfermagem em Saúde da Família, RJ
Gabriela Moiçó Azevedo, Mariza Gandolfi, Denise Sallazar, Anna Carolina Moraes Lamberti, Antônio Celso Campello

Momento teórico-prático da residência em Enfermagem em Saúde da Família, RJ

Autores: Gabriela Moiçó Azevedo, Mariza Gandolfi, Denise Sallazar, Anna Carolina Moraes Lamberti, Antônio Celso Campello

Introdução: O programa de Residência em Enfermagem em Saúde da Família (PRESF) foi implantado no 1º semestre do ano de 2015 no município do RJ e já se constitui o maior programa de residência em enfermagem em saúde da família no Brasil. O programa conta com 40 preceptores e anualmente ingressam 60 residentes que são distribuídos em quatorze unidades de saúde de seis áreas programáticas do município do RJ. Nessas unidades, uma das atribuições do preceptor é a organização do momento teórico-prático. Objetivo: Descrever a experiência do momento teórico prático desenvolvido na CF Felippe Cardoso localizada na zona norte do município do RJ, e relatar a potencialidade desse espaço para a formação do enfermeiro atuante na Estratégia Saúde da Família. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido pelos preceptores de enfermagem da PRESF nos anos de 2015 e 2016. Resultados e discussões: O momento teórico-prático tem como objetivo dis cutir temas clínicos e transversais à prática da enfermagem na atenção primária. As residentes mostram cada vez mais interesse em discutir e refletir sobre as práticas, e elencam temáticas a partir das suas necessidades, aproximando a teoria ao cotidiano. É notória a evolução apresentada na condução dos casos que já tenham sido abordados, tanto no campo assistencial em que se observa a coordenação do cuidado, como no gerencial, com destaque para a melhoria da coordenação da equipe e vigilância em saúde. Conclusão: O momento teórico prático é de extrema importância para a formação do residente, pois permite o contato com ferramentas que o auxiliam na condução do processo de trabalho e maior arcabouço teórico, que os tornam profissionais mais reflexivos e críticos, aprimorando sempre suas habilidades e conhecimentos na área.

1219 A experiência da Residência Integrada em Saúde Coletiva na Coordenadoria Regional de Saúde II do município de Fortaleza-CE
Aline Luiza de Paulo Evangelista, Rafael Dias de Melo, Lívia Alves Dias Ribeiro, Brena Sales de Mesquita, Luiza de Paula Sousa, Ana Amélia Lima Pequeno, Natali Sales Martins

A experiência da Residência Integrada em Saúde Coletiva na Coordenadoria Regional de Saúde II do município de Fortaleza-CE

Autores: Aline Luiza de Paulo Evangelista, Rafael Dias de Melo, Lívia Alves Dias Ribeiro, Brena Sales de Mesquita, Luiza de Paula Sousa, Ana Amélia Lima Pequeno, Natali Sales Martins

Apresentação A Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (RIS-ESP/CE) é uma estratégia de Educação Permanente Interprofissional em Saúde e iniciou a sua primeira turma no ano de 2013. Esse programa conta com a ênfase da Residência Integrada em Saúde Coletiva (RISC-ESP/CE). O objetivo da RISC-ESP/CE é formar sanitaristas para atuar frente às necessidades de saúde da população nos diversos momentos do processo saúde-doença, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, desenvolvendo ações em saúde coletiva, prioritariamente nas redes regionalizadas de atenção à saúde, além de outros níveis hierárquicos institucionais, cenários e práticas do SUS. A quarta turma desta ênfase iniciou em Fortaleza-CE no mês de fevereiro de 2017, adentrando a gestão municipal, mais precisamente a Coordenadoria Regional de Saúde II (Cores II) em junho do mesmo ano. As turmas anteriores não haviam vivenciado o referido serviço. A partir do exposto, o objetivo do presente trabalho baseia-se em descrever a inserção dos profissionais residentes da RISC-ESP/CE na Cores II em Fortaleza-CE. Desenvolvimento do trabalho O trabalho é um relato de experiência referente ao período de junho a outubro de 2017. Os quatro profissionais residentes em Saúde Coletiva foram recebidos pela equipe de técnicas responsáveis por pastas (subáreas) da Atenção Primária à Saúde (APS). Pensando na logística de novos profissionais em formação chegando à realidade do serviço repleto de processos de trabalho corriqueiros e desafiadores, foi necessário realizar um rodízio dos profissionais residentes, tendo em vista a melhor apreensão da rotina do serviço e das demandas. Cada profissional residente ficou um período em cada setor, rodiziando e socializando o conhecimento sobre a gestão da APS. Resultados Os aspectos positivos foram: aproximação e interação da equipe de residentes junto à gestão municipal, incluindo a participação em reuniões dos gestores das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS); acompanhamento do processo formativo para os gestores das 111 UAPS do município de Fortaleza; acompanhamento do processo formativo de médicos e enfermeiros para as novas diretrizes e protocolos clínicos para manejo de usuários com a febre chikungunya; acompanhamento conjunto e suporte técnico às equipes da APS participantes do PMAQ; acompanhamento do processo de reterritorialização das UAPS e das pactuações dos atuais desenhos das áreas de adscrição das equipes de saúde da família e apreensão de conceitos e práticas inerentes à gestão de saúde pública. Quanto aos aspectos a serem melhorados: compreensão da equipe técnica acerca do objetivo da RISC-ESP/CE; atuação da equipe de técnicas em conjunto com os residentes devido à sobrecarga de trabalho; necessidade de implementar momentos de avaliação sobre a interação entre os profissionais residentes e as técnicas. Considerações finais Entende-se a importância da formação em serviço, através da RISC-ESP/CE, para a gestão em saúde comprometida com o SUS e, na experiência vivenciada, a compreensão sobre a APS. No entanto, faz-se necessário repensar a organização desse processo para maior apreensão dos aspectos formativos. Sugere-se estreitar a relação entre a instituição formadora e a instituição executora, sabendo do fato de ações inovadoras necessitarem de avaliações para qualificação.

1303 Implantação do Fórum Estadual de COREMU: estratégia de qualificação da política de residência em área profissional da saúde em Pernambuco
Juliana Siqueira Santos, Thiago Cavalcante de Almeida, Emanuella Margareth Lima Rolim Martins, Ricarda Samara da Silva Bezerra

Implantação do Fórum Estadual de COREMU: estratégia de qualificação da política de residência em área profissional da saúde em Pernambuco

Autores: Juliana Siqueira Santos, Thiago Cavalcante de Almeida, Emanuella Margareth Lima Rolim Martins, Ricarda Samara da Silva Bezerra

Apresentação: O estado de Pernambuco, através da Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde/ SES-PE, tem como eixo prioritário, no âmbito da política de formação de recursos humanos para o SUS e da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), a ordenação da formação de especialistas através do fomento aos programas de residência em saúde. Pernambuco é um dos pioneiros no Brasil na implantação de Programas de Residências e atualmente é um dos principais centros de residência do País. A política de residência no estado tem como principais diretrizes a gestão descentralizada, a regionalização e interiorização dos programas e articulação dos campos de prática em rede. Os recursos investidos em bolsas de residência (médica e multiprofissional) são ampliados anualmente, passando de, aproximadamente R$ 37,6 milhões em 2012 para R$ 113 milhões em 2017, um aumento de 200%. Nesse período o total de vagas ofertadas passou de 635 para 1.467. Ainda que o investimento em bolsas pelo Ministério da Saúde tenha influenciado essa expansão, o governo do estado tem sido o principal financiador, na ordem de R$ 65 milhões anuais (59% das bolsas), para o ano de 2017. O processo seletivo é unificado, agregando a maior parte dos programas de residência médica e em área profissional da saúde do estado, e coordenado pela Secretaria Estadual de Saúde. Especificamente em relação aos programas de residência em área profissional da saúde suas atividades foram regulamentadas em 2005 a partir da promulgação da Lei Federal n° 11.129 de 30/06/2005, porém apenas com a resolução nº 2 de 13/04/2012 da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde foram definidas as Diretrizes Gerais para os Programas de Residência Multiprofissional e em Profissional de Saúde bem como as atribuições da Comissão de Residência Multiprofissional – COREMU. Em Pernambuco existem 07 sete COREMU nas seguintes instituições: UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), UPE (Universidade de Pernambuco), IMIP (Instituto de Medicina Integral de Pernambuco), ESPPE (Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco), ASCES (Associação Caruaruense de Ensino Superior), UNIVASF (Universidade do Vale do São Francisco), Município de Jaboatão dos Guararapes. Considerando a necessidade de integrar as COREMU e qualificar o desenvolvimento dos programas de residência em área profissional da saúde, a Secretaria de Saúde de Pernambuco instituiu o Fórum Estadual de COREMU. O objetivo deste relato de experiência é demonstrar o modo de funcionamento do fórum, seus objetivos e primeiros resultados. Descrição da experiência: A equipe da Diretoria Geral de Educação na Saúde propôs a criação do Fórum ao perceber, que apesar de se membro na composição das COREMU, a relação que estas mantinham com a SES estava mais voltada para processos de solicitação de financiamento de bolsas, apoio técnico nos projetos pedagógicos e na facilitação de contatos com MEC e MS. Dessa forma, a SES necessitava criar um espaço de diálogo e de trocas entre as comissões de residência, onde pudesse atuar na coordenação e na indução de uma política de residências que produzisse impactos na rede de atenção à saúde do estado. O Fórum está em funcionamento desde 2015, composto por 5 das 7 coordenações de COREMU do estado, e sob a condução da Diretoria Geral de Educação na Saúde/Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (DGES/SEGTES/SES). São objetivos desse fórum: 1. Subsidiar a Secretaria Estadual de Saúde quanto às demandas de implantação de novos programas de residência de acordo com a necessidade do SUS PE; 2. Promover a integração entre as COREMU visando a otimização da formação teórico-prática dos profissionais residentes de acordo com a expertise de cada instituição; 3. Fomentar a cooperação técnico–científica para a formação de preceptores para o SUS, de forma regionalizada; 4. Apoiar de forma integrada os Programas de Residência em Área Profissional da Saúde nos aspectos de avaliação da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde/MEC. O trabalho do Fórum Estadual de COREMU é desenvolvido através de reuniões ordinárias e grupos de trabalho.  As principais pautas desse período foram estruturadas nos seguintes aspectos: expansão de vagas de residência em áreas estratégicas do SUS PE, formação específica para preceptores, qualificação do processo seletivo e avaliação dos programas. Impactos: Pode-se afirmar que o Fórum contribuiu para qualificar o processo seletivo unificado para a residência nos últimos anos (2016 a 2018). Por meio do processo seletivo unificado (UFPE, UPE, ESPPE, IMIP), ainda no final de 2015 foram realizados diversos debates para ampliar as possibilidades de acesso aos programas de residência em área profissional da saúde, sendo criados três perfis: Hospitalar, Atenção Básica e Saúde Coletiva. Em cada perfil, distinguem-se os programas de residência nas modalidades uniprofissional e multiprofissional. Dessa forma, o candidato na sua categoria profissional pode concorrer a todos os programas disponíveis no perfil/modalidade escolhidos. A classificação considera as maiores notas no processo seletivo e a opção do candidato. Devido ao êxito, esse modelo de seleção já se encontra na sua terceira edição (processo seletivo 2018). Outro resultado do Fórum foi a atuação da SES-PE na ordenação da formação de especialistas, definindo áreas prioritárias que orientaram a abertura de novos programas e o financiamento de bolsas, de acordo com as necessidades do SUS em Pernambuco (atenção básica, atenção psicossocial, atenção à saúde da mulher, etc). Foi possível, dessa forma, garantir a expansão de vagas de residência com financiamento estadual, inclusive nas Universidades Federais que estão sem recurso do MEC para novas bolsas desde 2016. Destaca-se ainda que foi instituído, por meio do Fórum, uma rede de cooperação para a formação de preceptores, com oferta de 7 turmas de cursos  de atualização e aperfeiçoamento pelas COREMU em parceria com a SES, entre abril de 2016 a dezembro de 2017, inclusive no interior do estado. A partir das discussões do Fórum de COREMU, foi criado, ainda, um Grupo de Trabalho para discutir a formação de enfermeiros obstetras, área considerada prioritária em Pernambuco, com o objetivo de definir diretrizes estaduais. A formação de enfermeiros obstetras por meio da residência tem sido incentivada pela SES, através de expansão de vagas na região metropolitana e abertura de novos programas no interior do estado. Por fim, uma das pautas mais recorrentes no Fórum Estadual de COREMU foram os processos avaliativos e a qualificação dos programas. Considerando que uma das COREMU já desenvolvia processos de auto avaliação, encaminhou-se, depois de muito debate a criação de comissões internas de avaliação dos programas em cada COREMU.  Considerações finais: A despeito da posição que Pernambuco ocupa no cenário nacional no que se refere ao investimento em programas de residência, havia uma grande carência de espaço institucional que unissem a Secretaria Estadual de Saúde às Comissões de Residência Multiprofissional em Saúde.  A partir da consolidação dessa experiência, o desafio é ampliar para a participação das demais COREMU do estado, avançar em oferta de ações formativas para gestores de residência, dar continuidade aos processos de qualificação da preceptoria, realizar avaliação dos programas do estado com apoio e cooperação entre as COREMU e a SES, entre outras ações que impactem na formação dos novos especialistas do SUS.  A institucionalização do Fórum Estadual de COREMU ampliou a capacidade de indução da política de residências em Pernambuco a partir das reais necessidades de saúde.

4064 FORMAÇÃO, TRABALHO E EDUCAÇÃO: OS DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Adilson Ribeiro dos Santos, Túlio Batista Franco, Josiane Moreira Germano, Soraya Dantas Santiago dos Anjos, Lisias Miranda São Mateus, Alba Benemérita Alves Vilela

FORMAÇÃO, TRABALHO E EDUCAÇÃO: OS DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Adilson Ribeiro dos Santos, Túlio Batista Franco, Josiane Moreira Germano, Soraya Dantas Santiago dos Anjos, Lisias Miranda São Mateus, Alba Benemérita Alves Vilela

UM UNIVERSO DE POSSIBILIDADE: O PERMUSF Ao longo de sua história, a formação em saúde se faz um desafio na busca de qualificação do processo de trabalho voltado para as bases do Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos anos alguns movimentos foram estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS) na tentativa de promover uma formação com vistas aos contextos sociais, ampliando os canais de diálogo entre educação e saúde. A formação dos profissionais de saúde, ainda se tem mostrado um importante reservatório da resistência contra os avanços da cidadania em saúde, não absorvendo o histórico de lutas e de novos projetos de sociedade. Este fato, fragiliza o que em última instância, não revertido, a fará participar do desmonte de um patamar de cidadania conquistada, exigindo da sociedade novo posicionamento e novo enfrentamento pela mesma causa: saúde como direito de todos e dever do Estado. No setor saúde, com o incremento de novas tecnologias, a mudança no perfil de morbimortalidade, bem como pela complexidade da sociedade as novas competências, as habilidades e os princípios éticos exigidos pela sociedade e pelo mercado de trabalho, convidam à reflexão a respeito da formação e prática profissional existentes buscando-se um novo perfil profissional, no intuito de promoção de uma assistência pautada nos princípios da saúde coletiva e atendendo as bases de um sistema de saúde de caráter universal e que tem como um de seus desafios a integralidade. Apesar de diferentes movimentos realizados pelos diferentes atores na busca de reorientação da formação para a saúde, a educação dos profissionais não configurou, na história de lutas da reforma sanitária, um núcleo de conhecimentos e práticas específico, embora reiterada a necessidade de sua transformação em todas as instâncias de controle social. Este fato tem impulsionado a criação/aposta constante em novos dispositivos de reorientação da formação em saúde. Reconhecendo a capacidade educativa que o trabalho em saúde possui, tomando como dispositivo a Educação Permanente em Saúde (EPS), os Programas de Residência Profissional se configuram como palco de produção de novos profissionais para o SUS. Este relato inicia-se a partir da chegada dos residentes do Programa Estadual de Residência Multiprofissional Regionalizado em Saúde da Família (PERMUSF) no município de Itajuípe no sul da Bahia. O PERMUSF contempla cinco profissionais das seguintes categorias: Educação Física, Enfermagem, Odontologia, Psicologia e Serviços Social, que estão lotados em uma Unidade de Saúde da Família e no Núcleo de Apoio à Saúde da Família.   A CONSTITUIÇÃO DO DIÁLOGO ENTRE TRABALHO E ENSINO: O DESAFIO DE ROMPER O MODO PRODUTIVISTA   A experiência aqui apresentada constrói-se a partir da implicação dos autores no processo de organização, acolhimento e acompanhamento do PERMUSF. Com o caráter multiprofissional, o PERMUSF tem a potência de deflagrar novos movimentos na formação de novos profissionais com um perfil que passe a atender às demandas da saúde coletiva extrapolando o fazer centrado em procedimentos e com base no usuário e em dispositivos de transformação das práticas como o Projeto Terapêutico Singular, a Clínica Ampliada e a Educação Permanente em Saúde. Foram realizadas oficinas com os profissionais da Rede que são os preceptores para apresentação do programa, suas finalidades destacando a importância da formação em serviço e os desafios da formação para o SUS. A gestão local buscou criar uma estrutura de apoio pedagógico definindo espaços de trocas entre os preceptores, residentes e demais profissionais da Rede. Como desafios observou-se a não qualificação dos profissionais e a inexistência de espaços estruturados de EPS, o medo dos residentes ao perceberem os desafios do trabalho no SUS e a estrutura do próprio processo de trabalho centrado em procedimentos e no produtivismo que não tem possibilitado maiores espaços de singularidades na produção do cuidado em saúde. Como um passo importante, foi ofertado aos profissionais da rede um curso de especialização em Preceptoria no SUS, para o qual forma indicados 4 profissionais vinculados ou com o potencial de contribuir com a formação dos residentes. Os anseios apresentados pelos residentes demonstram que a graduação ainda produz sujeitos desarticulados, distantes de uma atuação que compreenda os diferentes cenários de produção do cuidado no SUS e em especial na Atenção Básica em saúde. Dessa forma, a formação de profissionais para o SUS deve estar ancorada em concepções de saúde, educação e trabalho que indiquem mudanças orgânicas nos trabalhadores, no setor saúde e, consequentemente, na prática profissional e na atenção aos usuários. Desse modo, a educação pelo trabalho possibilita a vivência na estrutura organizativa da saúde pública e comunitária com vistas à saúde coletiva. Corroborando com essa premissa, o MS por meio da Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008 institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) cuja finalidade é promover, no âmbito dos Ministérios da Saúde e da Educação, destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial na Estratégia Saúde da Família. Com a finalidade de promover maior aproximação dos estudantes ao mundo do trabalho o (PET-Saúde) tem como objetivos possibilitar que o Ministério da Saúde cumpra seu papel constitucional de ordenador da formação de profissionais de saúde por meio da indução e do apoio ao desenvolvimento dos processos formativos necessários em todo o País, de acordo com características sociais e regionais, e do mesmo modo, estimular a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como a atuação profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, preconizado pelo Ministério da Educação   CONSIDERAÇÕES FINAIS   Considerado como um investimento significativo por parte do Ministério da Saúde, ainda persistem no chã de fábrica do SUS a hegemonia do modo produtivista, centrado em procedimentos que captura o trabalhador, não permitindo que o mesmo perceba a importância dos momentos de formação para a melhoria do processo de trabalho. Estando no primeiro ano, espera-se a criação de uma cultura que permita a consolidação do PERMUSF, bem como ativar nos profissionais do município a potência de para novas experiências formativas no mundo do trabalho em saúde, assumindo a EPS como um dispositivo técnico/político/pedagógico e consequentemente a consolidação do SUS, reafirmando-o como política pública e patrimônio do povo brasileiro.

4083 Aproximações Genealógicas sobre a Residência Multiprofissional em Saúde
Georgia Silva Romcy, Laura Camargo Macruz Feuerwerker, Débora Cristina Bertussi

Aproximações Genealógicas sobre a Residência Multiprofissional em Saúde

Autores: Georgia Silva Romcy, Laura Camargo Macruz Feuerwerker, Débora Cristina Bertussi

Um exercício genealógico acerca de um conceito implica reconhecer que, em diferentes contextos, sentidos diferentes são produzidos e que não se pode nunca transpor sentidos ou imaginar uma evolução linear/progressiva para um, aparentemente, mesmo conceito. Esse é um exercício que pode, potencialmente, abrir novas visibilidades e possibilitar desnaturalizações, importantes para enriquecer o debate e a análise de políticas. É o que pretendemos fazer em torno da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS). Nosso exercício começa reconhecendo que a área da saúde, em específico a Medicina, foi pioneira na proposição da formação em serviço e que a ideia de Residência, enquanto estratégia formativa através de um mergulho intensivo numa experiência prática, tem história anterior à proposição da RMS. Os programas de Residência Médica (RM) começaram a se multiplicar nos anos 60/70, juntamente com o boom da especialização e do assalariamento na categoria. A abertura desses programas dizia respeito a razões internas à corporação (suas lógicas, relações de poder, prestígio, mercado) sem levar em conta as necessidades de saúde, cumprindo vários propósitos por dentro da corporação, para os hospitais e o mercado privado da saúde. Também evidenciava um conceito fundamental dentro da formação médica: o de que a prática era decisiva no processo de formação médica. Assim, durante um longo período, os médicos foram a única categoria profissional a ter seu processo de formação transformado em política, financiado com recursos públicos e sob controle da corporação. Consideramos que a força que se apropriara do tema residência era o modelo médico-hegemônico, produzindo como valor a formação hospitalar orientada para o mercado. Depois da criação do SUS, o problema do desencontro entre a formação dos profissionais e as políticas e necessidades do sistemas começou a ser reconhecido (apesar de já haver segmentos mobilizados e batalhando por mudanças).  No campo da saúde da família, as primeiras iniciativas nesse sentido foram uma combinação de cursos introdutórios curtos e de especialização. Posteriormente, há o reconhecimento de que seria importante adotar outras modalidades, que possibilitassem mudanças mais efetivas nos conceitos e práticas. O Ministério da Saúde (MS) se movimenta: aprovando, em 2002, o financiamento de alguns programas de RMS em saúde da família e, no ano seguinte, criando a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), organizada em dois departamentos (DEGES e DEGERTS), marcando a decisão política de responder a problemas ainda não tratados na construção do SUS. Com o conjunto de movimentos produzidos pela política de educação na saúde, foi sendo forjada força política, vinda, prioritariamente, dos movimentos sociais, de mudança na formação, estudantil e de trabalhadores de saúde, incluindo o Conselho Nacional de Saúde (CNS). Uma outra força disputava a apropriação do tema residência: necessidades de saúde, produzindo como valor a formação interprofissional, a integralidade, a construção compartilhada do cuidado com os usuários, residência orientada ao fortalecimento das políticas públicas de saúde. A equipe do DEGES/SGTES acumulou forças para fazer enfrentamento mais efetivo em relação às resistências do MEC quanto à RMS, sendo possível colocar a Residência Multiprofissional na agenda, pois mexer na Residência Médica virou prioridade por conta da proposta de “serviço civil” (tema prioritário da Presidência da República). Com isso, foi possível negociar a criação da Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde, por meio da Medida Provisória 238 (posteriormente Lei 11.129) sobre Juventude. Na descrição das profissões da saúde que participariam, explicita-se a não participação dos médicos. Assim, a RMS tomou emprestado da Residência Médica o nome e o precedente de haver um processo de especialização em serviço, reconhecido pelo MEC e com bolsas pagas com recursos públicos. A aposta não tinha sentido corporativo, olhava para as necessidades de saúde da população e das políticas orientadas à integralidade, que pedem equipes multiprofissionais; para a mudança do modelo tecnoassistencial; e apostava na produção de um contingente de profissionais militantes pelo SUS e pela integralidade. Portanto, esses eram os valores criados pela força necessidades de saúde, que disputa o conceito de residência com a força modelo médico hegemônico. A RMS, então, foi criada no bojo de uma política inteira de formação pelo trabalho, com um forte vetor de interprofissionalidade. Entretanto, antes da regulamentação da lei efetivar-se, houve troca de Ministro da Saúde e todas as mudanças que haviam sido aprovadas no âmbito da CNRM ficaram congeladas. A Residência Multiprofissional entrou em compasso de espera também. Lei aprovada, vários programas novos financiados pelo MS implementados, mas sem avanços na regulamentação. Depois das intensas pressões, em 2007, a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional e Área Profissional em Saúde (CNRMS) foi instituída. Em sua composição inicial, a força necessidades de saúde, produzindo os valores mudança na formação e no modelo tecnoassistencial à luz da integralidade e da produção compartilhada do cuidado, era mobilizada por todos os componentes da Comissão, embora com reticências pelos Ministérios da Saúde e da Educação. Foram muitos tensionamentos e decisões contraditórias, este é o preço de disputar um conceito e, ao mesmo tempo, compartilhar um arranjo institucional com a força modelo médico-hegemônico: carga horária de 60 horas/semanais em contrapartida às bolsas equivalentes às dos residentes médicos. Programas necessariamente em parceria entre instituições de ensino e o SUS, mas com prerrogativa das instituições de ensino para propor os programas. A paralisia no tema da avaliação e certificação dos programas, pois a certificação continua sendo de especialização lato sensu. As tensões entre Ministérios e demais componentes da CNRMS, levaram a sua dissolução. Depois de um tempo suspensa, em fevereiro de 2010 a Comissão foi re-instituída com nova composição, sendo novamente dissolvida em agosto do mesmo ano, voltando a se reunir somente em 2014. A partir de 2011, houve renovação da composição política no MS, que não correspondeu a mudanças significativas em relação à política para as RMS, pois havia-se priorizado o assunto médicos, em específico o Programa Mais Médicos (PMM) no confrontos políticos com o MEC e com a força modelo médico-hegemônico. Essa foi uma iniciativa regulatória em relação à produção de médicos para o Brasil, possibilitando que a força necessidades de saúde pudesse operar no território da profissão médica. Nesse processo, muitos municípios, com a possibilidade de instituírem programas de RMS sem precisar contar com a parceria de uma instituição de ensino superior, acabaram por também implementá-los, reconhecendo sua potência para qualificar o trabalho em saúde. A Residência Multiprofissional cresceu em números de programas, mas sem que houvesse força política para enfrentar limites e gargalos. Entretanto, as bolsas não foram alvo de cortes, o que diz algo a respeito da potência desse processo formativo e de seu papel no provimento de profissionais nos serviços, sustentado ativamente por diversos atores. Por fim, Residência não é mais formulação exclusiva da saúde. Aliás, as Residências artísticas, por exemplo, existem desde os anos 60. E a área de tecnologia se espelha nas formulações da residência médica, havendo casos de financiamento público e de financiamento privado para sua efetivação, incluindo ou não o pagamento de bolsas para os residentes. Novos vetores são instituídos. De mudança e inovação pelas residências artísticas (compondo com a força necessidades de saúde). De reconhecimento da prática e da experiência como fundamentais para a formação, ainda que orientada diretamente pelo mercado em muitos dos demais casos (compondo com a forca modelo médico-hegemônico).

4882 Formação (In)Comum e a Busca de sua Produção: pesquisando sobre residência multiprofissional em saúde.
Georgia Silva Romcy, Cleide Lavieri Martins

Formação (In)Comum e a Busca de sua Produção: pesquisando sobre residência multiprofissional em saúde.

Autores: Georgia Silva Romcy, Cleide Lavieri Martins

A promulgação da Constituição Federal de 1988, que institui o Sistema Único de Saúde (SUS) e indica dentre as suas competências a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde, destaca, pelo menos no que consiste ao campo legislativo, a necessidade de sintonizar a formação dos profissionais de saúde aos princípios de universalidade, integralidade e equidade que doutrinavam, e ainda doutrinam, o sistema que se constituía naquele momento, incorporando a necessidade de trabalhar o conceito ampliado de saúde, destacando-se que essa já era uma demanda discutida anteriormente por alguns grupos. Entretanto, a criação do SUS não significou uma mudança imediata na formação profissional em saúde, tendo em vista que por mais de uma década não foram criadas políticas públicas que ativassem essa transformação, principalmente, em decorrência da movimentada disputa de projetos-políticos nessa área. A criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), vinculada ao Ministério da Saúde, em 2003, e a instituição da Política Nacional de Educação Permanente (PNEPS), em 2004 (que mantém o nome e o conceito, mas que passa por processos de mudanças ao longo do tempo), são alguns dos marcos de ativação do processo de transformação da formação em saúde no país, sendo esta última uma das principais estratégias de reformulação dos processos de formação em saúde no país, sob a lógica de ponto de interseção entre os campos da educação e da saúde e entre os processos formativos teóricos e práticos, entendendo que formar no cotidiano das práticas abre possibilidade para uma formação que tenha os preceitos do SUS como norteadores. A PNEPS propõe diversas ações, dentre as quais está a Residência Multiprofissional em Saúde, modalidade de pós-graduação lato sensu, de dedicação exclusiva, com duração de dois anos, destinada a todas as categorias profissionais da saúde reconhecidas pelo Conselho Nacional de Saúde, excetuada a medicina (haja vista a resistência da corporação médica em ter outras profissões que se apropriassem da residência) e caracterizada pela multiplicidade de arranjos de seus processos formativos, que promove não só uma articulação entre a formação do profissional de saúde-residente e os profissionais dos serviços, mas que também envolva as demandas da sociedade, as instituições de ensino e a gestão do SUS. Assim, a proposta deste projeto de dissertação de mestrado objetiva compreender como o processo formativo de residência multiprofissional em saúde, está sendo construído e vivenciado, na perspectiva da produção do comum, em dois programas de residência, sendo um de saúde da família e o outro de saúde mental. As constantes problematizações sobre campo e núcleo (o primeiro é um espaço sem delimitações de encontro das disciplinas e o segundo se caracteriza enquanto a identidade de um saber), que permeiam o processo formativo e geram diversas implicações e divergências, propiciam questionar como integrar no campo, no território e no serviço, núcleos profissionais que, historicamente, se constituíram isoladamente, sem haver a construção de um comum entre suas práticas, sob a premissa de que o sujeito, enquanto profissional de saúde, com seus saberes, fazeres e modos de ser, não deve se sobressair, nem tampouco excluir o outro, seja este tanto um profissional de categoria diferente como um usuário do SUS. Problematizar a formação em saúde, portanto, é pensar em um processo pedagógico que seja para além do saber científico aplicado hegemonicamente nas instituições de ensino. Assim, pensar em novos modos de formação significa pensar em novas apostas. Utilizamos, portanto, alguns conceitos-ferramentas para dialogarmos com o que estamos chamando de formação in(comum), são eles: a transversalidade, uma maneira de atravessar, sejam as relações entre as pessoas ou até mesmo entre os conhecimentos, em um processo que nos transporta para além daquilo que está instituído e nos leva a caminhos de construção coletiva, no qual há uma possibilidade a busca por uma unidade, por algo que seja comum dentro da diferença; o trabalho vivo em ato, pois discutir uma formação que se dá na prática significa discutir processos de trabalho em saúde, considerando que os modelos de formação em saúde que apontam para o ensino em serviço estão intrinsecamente envolvidos nisto, ou seja, pensar que os processos de trabalho e, consequentemente, os processos formativos que envolvem a tríade ensino-serviço-comunidade, se dão a partir do trabalho vivo em ato, trabalho este que ocorre no momento em que ele está acontecendo, no momento do encontro; e a produção do comum, pois problematizá-la no campo da formação em saúde também é buscar superar o modo privatizante o qual estamos constantemente sendo capturados, pois discutir a produção de comum na formação em saúde, portanto, é buscar superar as relações de poder que a perspectiva disciplinar e suas derivantes (multidisplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade) acabam por produzir, é buscar compreender uma perspectiva democrática e coletiva que construção de conhecimento, práticas e vidas. Entendendo que o comum não significa igualdade, mas que ele se constitui na diferença. A escolha de método a ser utilizado nesta pesquisa é a cartografia, enquanto uma estratégia de encontro com o(s) outros(s), ao invés da lógica de caminhos produzidos por regras e metas, cartografar aposta na experimentação, na construção de percursos acompanhados dos efeitos que causam no pesquisador, nos sujeitos, no campo e na própria produção da pesquisa e utilizando-se de entrevistas com residentes, preceptores, tutores e coordenadores, da observação participante, acompanhando o cotidiano desses atores nesse processo formativo, em seus mais diversos espaços e da análise de documentos, referentes aos programas de residência multiprofissional em saúde, principalmente, seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPP), regimentos e Resoluções das Comissões de Residência Multidisciplinar em Saúde (COREMUs). Os campos de pesquisa foram dois programas vinculados à universidades públicas e a rede de saúde de dois municípios, um localizado no Estado do Paraná e ou no Estado de São Paulo e que tinham como cenários de prática a atenção básica (equipe de saúde da família e núcleo de apoio à saúde da família) e a rede de atenção psicossocial, respectivamente. O principal sujeito de pesquisa é a “equipe-guia”, em cada um dos programas que se constituem como campo desta pesquisa, no qual o processo formativo das residências multiprofissionais em saúde será investigado sob o olhar desses sujeitos, das suas histórias, suas relações, suas escolhas e caminhos.  A “equipe-guia” a qual propomos aqui não se encontra isolada, mas em constante relação com os diversos atores que compõem os programas de residência multiprofissional em saúde. A pesquisa encontra-se no momento em fase de análise dos dados produzidos no campo, que foi realizado durante o ano de 2017.

5390 DESAFIOS POSTOS À MATERIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE EM TEMPOS DE CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DAS RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE
Daniele Pereira Souza, Elizabete Souza Dantas, Edneia Carla Passos dos Santos, Dhara Santana Teixeira, Silvio Roberto Medina Lopes, Jessica Santos de Souza, Ítalo Simas Souza, Robson Santa Cruz Costa

DESAFIOS POSTOS À MATERIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE EM TEMPOS DE CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DAS RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE

Autores: Daniele Pereira Souza, Elizabete Souza Dantas, Edneia Carla Passos dos Santos, Dhara Santana Teixeira, Silvio Roberto Medina Lopes, Jessica Santos de Souza, Ítalo Simas Souza, Robson Santa Cruz Costa

INTRODUÇÃO: A educação permanente no Sistema Único de Saúde tem por objetivo qualificar a intervenção dos/as profissionais que atuam frente aos usuários do serviço  cotidiano, promovendo troca de saberes, reflexão e aprendizagem no e para o trabalho, a fim de fortalecer a atuação em equipe multiprofissional. Assim, as residências multiprofissionais, instituídas pela lei 11.129/2005, integram este sistema de formação, contando com incentivo financeiro através da disponibilização de bolsas, como também com necessário suporte teórico e prático com vistas a subsidiar e qualificar a atuação profissional. No entanto, em um cenário de crise política e econômica ameaça os princípios da Lei Orgânica da Saúde (8080/90), sobretudo o da universalidade e o da integralidade do cuidado, além da progressiva desregulamentação da proteção no trabalho, as implicações desses fenômenos são percebidas pelos/as residentes, o que ameaça a própria materialização dos objetivos propostos pelo programa e do projeto de Reforma Sanitária Brasileira. OBJETIVOS: Analisar os rebatimentos da conjuntura sociopolítica brasileira sobre a educação permanente em saúde, especialmente na atuação e formação dos/as residentes multiprofissionais. METODOLOGIA: Trata-­se de um relato de experiência propiciado pela vivência de residentes em saúde que constroem o Coletivo Baiano de Residentes. DISCUSSÃO: No âmbito estrutural, observam-se problemas relacionados à dificuldade de articulação nos processos de referência e contrarreferência; privatização clássica e não clássica da saúde; fragilização da rede de atenção psicossocial, com progressivo incentivo às comunidades terapêuticas; multiplicidade dos vínculos dos trabalhadores do hospital, limitando a possibilidade de auto-organização política dos/as mesmos/as. No que tange às implicações mais diretas à vivência nas residências, tem-se a sobrecarga promovida pelas 60 horas semanais; ausência de preceptores e tutores nos programas; a ainda frequente ocorrência do assédio; e limitações objetivas na possibilidade de organização política diante do curto período de dois anos de formação, acrescidos da exaustiva jornada semanal. Atentando para a necessidade de reformulação de parte da formação, visando a construção e manutenção, seja dos cursos em saúde ou na própria estrutura do SUS, em busca de uma democracia participativa no serviço público nacional nas três esferas de governo, observando maior capacidade de transformação dos recursos em ações concretas com a descentralização e distritalização dos serviços e ações da Saúde Pública no Brasil. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Com a ascensão  e agravamento da crise política e econômica brasileira desde o impeachment da presidenta, ocorre um acirramento da focalização das políticas sociais e da saúde, logo seu progressivo desmonte a pegar seu financiamento via congelamento dos recursos públicos durante vinte anos mesmo a população aumentando e envelhecendo com prevalência das doenças crônicas, o que por sua vez, produz impactos na formação em saúde no Brasil e nos/as residentes em saúde. Observáveis tanto na impossibilidade de assegurar atenção integral e desburocratizada à saúde sem interesse no lucro sobre as doenças e doentes, assim como dos/as usuários/as. E também nos desafios postos no cotidiano de trabalho/formação diante da incompreensão do papel dos/as residentes, secundarização da formação e consequências próprias da fragilização das relações de trabalho na saúde.

714 A Contrarreforma do SUS e a Residência Multiprofissional em Saúde
Andreia Oliveira, Tania Regina Kruger

A Contrarreforma do SUS e a Residência Multiprofissional em Saúde

Autores: Andreia Oliveira, Tania Regina Kruger

Apresentação O estudo tem como objetivo tratar da contrarreforma do SUS e a Residência Multiprofissional em Saúde. A desconstitucionalização do SUS aqui também chamado de contrarreforma está avançando desde 2016, num contexto de desmonte e privatização de empresas e dos serviços públicos estatais tão caros a sociedade brasileira. A partir de 1990, na esteira da implementação do SUS, foi sendo redefinido o papel do Estado, em um processo influenciado pelas políticas neoliberais, como pensamento político e econômico adotado no enfrentamento das transformações da sociedade capitalista. No projeto neoliberal, a política social e de saúde são concebidas como territórios de manutenção de legitimidade, de clientelismo, além de constituir políticas voltadas para o fortalecimento do mercado. Nessa direção, sem desconsiderar os avanços obtidos no sistema de saúde, é imperioso reconhecer a existência de obrigações legais não cumpridas. No contexto da crise do capitalismo contemporâneo, o Estado vem adotando políticas de austeridade fiscal, com redução dos direitos sociais, privatização das empresas estatais e da gestão políticas sociais. Desde 2016, de modo mais intensificado, no governo Temer, de contornos ultraliberais, vêm sendo criadas medidas de redução do financiamento da seguridade social, da saúde, de forma a fortalecer o setor privado em detrimento dos fundamentos do SUS, além de oportunizar o aparecimento do populismo de direita, com suas agendas conservadoras. Este quadro macro tem implicações na formação de trabalhadores para o SUS, particularmente nos Programas de Residência Multiprofissionais. E assim, o texto procura caracterizar a conjuntura regressiva do SUS, pois o consideramos um projeto de saúde nacional do ponto de vista democrático-popular, e suas implicações nos Programas de Residência. Método do Estudo Trata-se de estudo de natureza descritiva e exploratória, desenvolvido por meio de revisão bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica buscou textos de autores estudiosos do SUS. A pesquisa documental realizou-se com consulta em instrumentos do marco legal, a acervos institucionais eletrônicos de órgãos governamentais, especialmente aqueles vinculados ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Educação e Cultura. A interpretação dos resultados foi realizada com suporte de recursos metodológicos da análise temática e da análise de conteúdo do método qualitativo de pesquisa social. Discussão e Resultados No Brasil, as Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) surgiram na década de 1970, no mesmo período do reconhecimento legal e da instituição da Residência Médica como modalidade de ensino de pós-graduação (Decreto Nº 80.281/1977). O debate em torno da criação de Residências Multiprofissionais em Saúde, com envolvimento de diferentes áreas profissionais, encontrou respaldo nas lutas da Reforma Sanitária, resultando, dentre outras conquistas legais, a prerrogativa constitucional do SUS, em relação à ordenação da formação de recursos humanos em saúde. Desta forma, o Ministério da Saúde e da Educação, desde a metade da década de 1990, vem organizando políticas indutoras para a formação dos profissionais de saúde para o SUS. A ênfase nas políticas de educação em saúde vem se ampliando desde 2003, quando o Ministério da Saúde criou a Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde – SGTES, com o objetivo de formular políticas norteadoras da formação e qualificação dos profissionais, em questões relacionadas ao trabalho e educação na saúde. A regulamentação da Residência Multiprofissional em Saúde ocorreu, impulsionada por alguns fatores: a realização, em 2002, de 19 Residências Multiprofissionais em Saúde da Família, com financiamento do Ministério da Saúde; a criação da SGTES; e o advento da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, expressa na Portaria nº 198/2004, substituída pela Portaria GM/MS nº 1.996/2007. Com a Lei Nº 11.129/2005, foram regulamentadas as Residências Multiprofissionais e/ou Integradas em Saúde. Por meio dessa foi criada a Residência em Área Profissional da Saúde e instituída, a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS). Entretanto, o processo de regulamentação da Residência Multiprofissional e da formação em saúde, ocorreu em meio a disputas em torno de uma dupla vertente: de um lado, o projeto de formação em consonância com os princípios do SUS; e, por outro lado, o projeto médico-curativo hegemônico, compatível com a lógica mercadológica e privatização do sistema de saúde. A atual conjuntura acirra as disputas frente ao esfacelamento dos pilares da serguridade social do SUS e da educação pública e aos recorrentes ataques à classe trabalhadora, de modo que a defesa e qualificação das Residências em Saúde perpassa não apenas pela garantia de uma formação permanente e continuada para os trabalhadores em saúde, mas também pela defesa da formação em saúde comprometida com os princípios do SUS, da Reforma Sanitária e com a defesa da democracia. Como modalidade de ensino-serviço, há um campo de tensão e dualidade entre  trabalho e formação, secundarizando o ensino, especialmente com as medidas expansionistas da Residência, por meio de abertura de programas não vinculados a instituições de ensino, mas apenas de serviço sob certificação de SUS-escola ou locais que abriguem Residência Médica. Tal tendência induz à descaracterização dos pressupostos político-pedagógicos estruturantes da formação em Residência, situação agravada pelas condições de trabalho do profissional da rede, o qual é levado a assumir diferentes papéis, ou seja, como preceptor e tutor do ensino teórico e prático ao mesmo tempo. Por outro lado, ora o residente é visto como trabalhador, ora o residente é estagiário, ora o residente 2 é o próprio preceptor do residente 1. Somadas a esses desafios, observam-se enormes fragilidades técnica e política nos Projetos Pedagógicos das Residências, pois, vinculados à perspectiva, especializada e curativa, tais projetos pedagógicos impulsionam uma formação voltada para as necessidades do mercado, apesar de possuírem retórica de defesa do SUS. A carga horária destinada à parte teórica destes cursos é insuficiente, e o enfoque da formação não garante a integralidade da atenção, e tampouco a reafirmação dos fundamentos do SUS, além do distanciamento nas residencias com os debates conjunturais da saúde, com os espaços de participação, foruns e frentes em defesa da saúde pública. A precarização da educação, do trabalho docente e do trabalho dos profissionais de saúde se expresa nos programas de residência em várias dimensões; com relação à carga horária, dificuldades de implementar uma formação das Residências em consonância com os principios do SUS. A precarização das condições de trabalho encontra tensões frente aos “novos” modelos de gestão do SUS, a exemplo das Organizações Sociais (OSs), da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e das Fundações Estatais de Direitos Privados, pois estes projetos aprofundam a privatização dos serviços públicos, a precarização da gestão e das condições de trabalho. Considerações Finais O contexto de contrarreforma do SUS, a partir das diferentes expressões apresentadas, supomos que tenderá a fortalecer o financiamento do modelo baseado na media e alta complexidade, que gera demanda por recursos adicionais e de forma oligopolista pelos hospitais privados e filantrópicos contratados. Esta tendência é corrosiva para os fundamentos democrático-populares do SUS, para a organização da universalidade do acesso a partir da atenção primária, para os serviços de vigilância em saúde, para os colegiados deliberativos da política e, sobretudo, acarretando implicações diretas nos processos de formação das Residências. Considerando o conjunto de desafios presentes, entende-se que a defesa e qualificação das Residências em Saúde perpassa não apenas pela garantia de uma formação permanente e continuada para os trabalhadores em saúde, mas também pela defesa da formação em saúde comprometida com os princípios e diretrizes do SUS, da Reforma Sanitária e com a defesa e aprofundamento da democracia.  

751 A criação do Programa de Residência de Enfermagem em Saúde da Família como estratégia para qualificação da rede de cuidados em saúde
Alice Mariz Porciuncula, Ana Carolina Tavares Vieira, Waleska Menengat Corrêa Floresta, Renata Correa de Barros

A criação do Programa de Residência de Enfermagem em Saúde da Família como estratégia para qualificação da rede de cuidados em saúde

Autores: Alice Mariz Porciuncula, Ana Carolina Tavares Vieira, Waleska Menengat Corrêa Floresta, Renata Correa de Barros

O município do Rio de Janeiro vem ampliando os investimentos na Atenção Primária à Saúde (APS).  No início de 2017, existiam 1285 enfermeiros lotados na rede municipal.  Este rápido crescimento gera demanda por enfermeiros de família para expansão qualificada. Neste sentido este trabalho tem como objetivo: apresentar a proposta de qualificação de enfermeiros com enfoque na APS da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ) através de especialização nos moldes de residência em parceria com instituições de ensino superior (UFRJ, UNIGRANRIO e UERJ). Sessenta bolsas financiadas pela SMS-RJ foram divididas nos 3 convênios: 24 bolsas para UERJ, 12 bolsas para UFRJ; 24 para a UNIGRANRIO. Os residentes tiveram um cronograma introdutório no primeiro mês anterior ao ingressar no programa prévio e concomitante à inserção em 60 equipes de saúde da família distribuídos em 16 Unidades de Saúde do município para a carga horária prática. A preceptoria acontece com um preceptor responsável por 1 ou 2 equipes. Os preceptores recebem gratificação salarial, pagos pela SMS-RJ. Existe ainda a equipe de tutoria da SMS-RJ e cada universidade atendendo a orientação legislativa. Os momentos teórico-práticos ocorrem semanalmente nas unidades de lotação com duração de 4 horas. São conduzidos pelos preceptores, convidados ou residentes, conforme as demandas da parte prática. O momento teórico acontece semanalmente nas dependências de cada universidade com cronogramas de aulas segundo a pedagogia institucional.  As avaliações ocorrem bimensalmente e semestralmente. Como resultados preliminares identificou-se: preceptores tem demonstrado qualificação para educar os residentes, revisão dos processos de trabalhos das equipes em que residentes foram  inseridos; qualificação dos enfermeiros das unidades de lotação; melhora do acesso dos usuários ao serviço de saúde; melhora dos indicadores em saúde prioritários para o município; melhora dos registros de atividades em saúde dos enfermeiros residentes; aproximação das Universidades com o campo prático.

5221 "Tempos de dizer que não são tempos de calar": a construção do VII Encontro Nacional de Residências em Saúde
Enildo José dos Santos Filho, Elida Dias Cândido, Elida Dias Cândido, Jorge Luiz da Silva, Jorge Luiz da Silva, Raissa Lorena Bandeira Landim, Raissa Lorena Bandeira Landim, Paula Cavalcanti Castro, Paula Cavalcanti Castro, Aryadne Castelo Branco Correia Lins, Aryadne Castelo Branco Correia Lins, Rauana Hipolito Chaves, Rauana Hipolito Chaves, Breno Lincoln Pereira de Souza Diniz, Breno Lincoln Pereira de Souza Diniz

"Tempos de dizer que não são tempos de calar": a construção do VII Encontro Nacional de Residências em Saúde

Autores: Enildo José dos Santos Filho, Elida Dias Cândido, Elida Dias Cândido, Jorge Luiz da Silva, Jorge Luiz da Silva, Raissa Lorena Bandeira Landim, Raissa Lorena Bandeira Landim, Paula Cavalcanti Castro, Paula Cavalcanti Castro, Aryadne Castelo Branco Correia Lins, Aryadne Castelo Branco Correia Lins, Rauana Hipolito Chaves, Rauana Hipolito Chaves, Breno Lincoln Pereira de Souza Diniz, Breno Lincoln Pereira de Souza Diniz

Apresentação O presente trabalho pretende discutir o processo de construção e concretização do VII Encontro Nacional de Residências em Saúde (ENRS). Realizado no Centro de Convenções de Pernambuco (CECON), entre os dias 14 e 18 de agosto de 2017, o VII ENRS teve como tema Refletindo o hoje e construindo o amanhã: a organização das residências em saúde em defesa do SUS e da democracia. Ao todo, foram mais de 800 inscritas(os) e não inscritas(os) entre residentes, tutores, preceptores, coordenadores e gestores. Os Encontros Nacionais de Residências em Saúde surgiram da necessidade cada vez mais crescente das trabalhadoras e trabalhadores de saúde do país de discutirem sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no que diz respeito à Política de Educação Permanente em Saúde (EPS). Dentro deste contexto, as trabalhadoras(es) residentes, em especial o Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS), vem protagonizando debates e ações no sentido de aperfeiçoar a política de formação no SUS, bem como contribuir para a melhoria das condições de trabalho nos serviços de saúde. Assim, os segmentos que compõem a residência no país têm participado de diversas iniciativas para que a educação permanente seja muito mais do que uma política pontual dentro do SUS. Desta forma, o ENRS se configura como importante espaço de diálogo e fortalecimento das residências. O primeiro encontro ocorreu na cidade do Rio de Janeiro no primeiro semestre de 2012, e fez parte da programação do Encontro da REDE UNIDA. Sua concretização partiu da necessidade de diversos atores que tinham dificuldades em comum nos diferentes contextos do país em que havia programa de residência implantada. Embora o encontro tenha ocorrido de forma improvisada, este espaço foi bastante potente do ponto de vista das discussões e encaminhamentos, consolidando todas as edições posteriores. Em 2017, Pernambuco protagonizou sua sétima edição.   Desenvolvimento do trabalho   Pernambuco atualmente se configura como grande polo nacional de residências no Brasil, concentrando mais de 1400 vagas em programas uniprofisisonal, multiprofissional e em áreas médicas, localizados desde sua capital Recife, aos que pretendem regionalizar e interiorizar tal formação, como a Residência Multiprofissional em Saúde da Família com ênfase na Saúde da População do Campo, no Agreste Pernambucano. A concentração das residências no Estado e a mobilização dos profissionais inseridos nesta modalidade de pós-graduação possibilitou ao longo dos anos a manutenção do Coletivo Pernambucano de Residências em Saúde (CPRS) que possui como principal compromisso a defesa de um SUS estatal, público e de qualidade através de ações vinculadas a formação dos residentes, usuários(as). Em julho de 2016, na cidade de Curitiba - Paraná, foi realizado o sexto ENRS que teve como temática “Residências em saúde: construindo nossa identidade, questionando nossa formação”. Neste encontro, segundo realizado seguidamente na região Sul do país, foi deliberado que a próxima edição seria realizada em outra região. Dada a maior organização do CPRS e o apoio de algumas pessoas do segmento de coordenadores foi discutido em plenária a realização do mesmo na cidade do Recife, com o compromisso de garantir a participação dos diversos segmentos no processo de construção do encontro, favorecendo a pluralidade dos atores e o fortalecimento do SUS. O VII Encontro Nacional de Residências em Saúde (ENRS) teve como tema Refletindo o hoje e construindo o amanhã: a organização das residências em saúde em defesa do SUS e da democracia. A temática coletivamente escolhida pretendeu expressar a necessidade da nossa organização na luta pelo SUS e pela democracia frente os desafios impostos pela conjuntura atual de governo ilegítimo, antidemocrático e que vem de forma inconstitucional destruindo os direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora. Participaram do evento em torno de 1100 pessoas, espalhadas nas 13 atividades ofertadas. O Encontro reuniu momentos de acolhimento e autocuidado das/os participantes, discussões teórico-práticas com mesas redondas, reuniões de categorias, onde foram discutidas e elaboradas as pautas a serem incluídas na carta final do encontro, um ato público em defesa do SUS e a plenária final, na qual foram disputadas as pautas, eleitas as representações estaduais e nacionais de cada categoria e elaborada a “carta de Olinda”, documento final compilando as discussões dos 5 dias de encontro. Resultados e impactos Ao longo do VII ENRS vários momentos de discussão e debates foram protagonizados pelos atores das residências em saúde facilitando o afinamento entre os três segmentos que compõem o encontro, que são formados pelos residentes, coordenadores e preceptores/tutores. A confluência de ideias e uma agenda unificada fortalece as demandas e reivindicações pautadas em defesa do SUS e pela formação dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde. Um espaço rico de consolidação do movimento social em defesa da Educação Permanente que por via democrática idealiza em um documento unificador as principais pautas orientadoras das residências em saúde. Este documento guia as demandas da Comissão Nacional de Residências Multiprofissional em Saúde de forma democrática e horizontal, fazendo da participação social uma ação efetiva e dando espaço para as necessidades reais vividas em campo pelos atores das residências em saúde. Foram também criados os colegiados estaduais de Residentes, compostos por representações eleitas pelos participantes de cada estado, com a missão de fortalecer as discussões da categoria, facilitar a articulação nacional e a organização e fortalecimento de coletivos de Residentes por todo o país. Também foi realizado um ato público em defesa da saúde pública, com foco no fortalecimento de um SUS popular, de acesso universal, público, estatal e de qualidade para todos/as. As/Os participantes, cerca de 400 pessoas, reuniram-se na Praça da Democracia, onde houve a elaboração de cartazes e alguns discursos de incentivo, e de onde seguiram em marcha por duas das principais avenidas do Recife. O encontro também possibilitou o compartilhamento de muitas experiências desenvolvidas nas residências em saúde de todo o país, através da apresentação de trabalhos. Foram 431 propostas de pôsteres submetidas, das quais 298 foram aprovadas e apresentadas no decorrer do evento. Além disso, também houve espaço para troca de vivências em formato de apresentações artísticas, tendo sido 10 ao todo, entre poesias, cordéis, vídeos e apresentações teatrais. Outro objetivo alcançado no encontro foram as representações estaduais do Fórum Nacional de Residentes em Saúde, trazendo a possibilidade da criação de uma Rede Nacional de Residentes onde possam surgir espaços de organização, discussões acerca das práticas, da carga horária excessiva de trabalho e sobre questões de assédio moral e perseguição que sofrem os residentes diariamente sem que haja um espaço de escuta e acolhida destes. A Rede de Residentes tem grande potencial modificador da realidade, muitas vezes difícil, da pós graduação Lato Sensu que possui desumanas 60 horas semanais de carga horária. Considerações finais Em meio às correrias dessa vida de residente foi possível encontrar durante todo o processo de preparação para o VII ENRS forças, em coletivo, para lidar com os desafios colocados, sendo uma das características da comissão que se propôs a essa construção a capacidade de respeitar as diferenças e trabalhar em equipe. Espera-se para além de todos os resultados obtidos a manutenção de uma frente em defesa do SUS e da formação de qualidade dos trabalhadores organizados e com objetivos comuns de fortalecimento do Sistema Único de Saúde em defesa da vida e da democracia.

1337 Os processos históricos, políticos e pedagógicos implicados na implementação da Residência Integrada em Saúde Mental Coletiva da Escola de Saúde Pública do Ceará
Aline Luiza de Paulo Evangelista, Ivana Cristina de Holanda Cunha Barreto

Os processos históricos, políticos e pedagógicos implicados na implementação da Residência Integrada em Saúde Mental Coletiva da Escola de Saúde Pública do Ceará

Autores: Aline Luiza de Paulo Evangelista, Ivana Cristina de Holanda Cunha Barreto

Apresentação A partir da década de 1990, fortaleceu-se a preocupação com a Educação Permanente em Saúde, gerando discussões e ações do Ministério da Saúde, tendo em vista a necessidade de formar profissionais capazes de atuar na realidade do sistema de saúde público brasileiro. Dentro deste contexto, surgem os programas de Residência Multiprofissional em Saúde. No Ceará, a implementação da Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará de cunho Comunitário é composta pelas residências com ênfase em Saúde da Família e Comunidade, Saúde Mental Coletiva e Saúde Coletiva. As primeiras turmas iniciaram em maio de 2013, sendo que para a ênfase em Saúde Mental Coletiva (RISMC-ESP/CE) foram disponibilizadas 53 vagas. Considerando a necessidade, a importância e a potência da educação para profissões da saúde no contexto da atenção psicossocial, o objetivo do estudo foi compreender os processos históricos, políticos e pedagógicos implicados na implementação da RISMC-ESP/CE nos municípios cearenses de Aracati, Fortaleza, Horizonte e Iguatu. Desenvolvimento do trabalho O presente estudo é qualitativo descritivo, exploratório e analítico. Contou com análise documental e entrevistas semiestruturadas como técnicas para a construção das informações e considerações elaboradas. Os municípios cearenses de Aracati, Fortaleza, Horizonte e Iguatu formaram o contexto do estudo. A amostragem intencional foi utilizada, totalizando 34 participantes, a saber: secretários municipais de saúde, coordenadores de saúde mental, articuladores da RISMC-ESP/CE, gerentes dos serviços, preceptores de campo, profissionais dos CAPS que interagiram com os residentes e os residentes. Analisamos as informações através da Análise de Conteúdo Temática, considerando as discussões teóricas e as diretrizes nacionais da atenção psicossocial e da EPS. O estudo seguiu conforme os preceitos éticos da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, contando com o parecer de número 1. 121.574 do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará. O estudo é um recorte da dissertação de mestrado “Os reflexos da implementação da Residência Integrada em Saúde Mental Coletiva do Ceará na Atenção Psicossocial” defendida em 22 de fevereiro de 2017. Resultados É importe frisar que antes de se tornar programa, a equipe de profissionais da ESP-CE elaborou e submeteu o Projeto das Residências Integradas em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará com uma proposta de estrutura e organização pedagógica das residências integradas em edital publicado pelo Ministério da Saúde no ano de 2011. Após a aprovação e a garantia de apoio à realização dessa modalidade de educação pelo trabalho, iniciaram-se os processos organizativos de tal iniciativa, culminando na inauguração das primeiras turmas de residentes no ano de 2013, marcando no Estado do Ceará a interiorização das especializações pelo trabalho para profissões de saúde. Tais processos foram: a seleção dos municípios participantes; a celebração de convênios com os mesmos. Foram 29 convênios firmados entre municípios e hospitais; a criação da Comissão de Residência Multiprofissional (COREMU) responsável pela coordenação e pelo desenvolvimento das residências do programa RIS-ESP/CE; a realização de oficinas de competências profissionais; o planejamento da programação teórico-prática; a seleção e a formação de preceptores; a seleção de profissionais residentes através da publicação de editais. Chamamos processos, pois a articulação realizada a nível federal, estadual e municipal demandou tempo, lutas, diálogos, mobilização de grupos e constante construção do SUS, afirmando o fato dos processos históricos, políticos e pedagógicos acontecerem dinamicamente, e não isoladamente, dentro do contexto brasileiro. Consideramos as RMS no Ceará como frutos das iniciativas do Sistema Saúde Escola. Este é um conceito que se configura por uma estratégia para gestão de sistemas públicos de saúde, sendo comprometido com a transformação dos serviços de saúde, integrando os diversos espaços de ensino, pesquisa, educação permanente e desenvolvimento profissional dentro do contexto territorial. A análise documental do Projeto Político Pedagógico (PPP) demonstra que a instituição a partir das demandas e das necessidades epidemiológicas, sociais e formativas preocupou-se com a formação de profissionais de saúde para atuação no SUS, mais especificamente, no contexto cearense. O PPP dos programas de residência é organizado por competências do ser, do fazer e do saber dos profissionais que participam dessa experiência. Tais competências foram organizadas através de reuniões e oficinas de planejamento, sendo organizadas em três grupos: ensino-aprendizagem pelo trabalho (prática); ensino-aprendizagem teórico-prática e ensino-aprendizagem teórico-conceitual. A ênfase estudada foi pensada para formar especialistas nessa área com base nos pressupostos da luta antimanicomial, da Reforma Psiquiátrica brasileira e do SUS, com ênfase na Política Nacional de Saúde Mental, considerando a indissociabilidade entre educação, trabalho e cidadania. A ESP-CE, dentre outras atividades, visitou os municípios para apresentação do programa RIS e elaboração de convênios com os mesmos. A primeira turma funcionou como piloto para desenvolvimento da iniciativa, sendo repensadas e reorganizadas as lacunas para os avanços nas turmas seguintes. Dentro da inovação da RISMC-ESP/CE temos a focalização na prática, ou seja, no trabalho, mas visando esta em articulação com a teoria, tendo em vista que nesse processo de ensino-aprendizagem-trabalho da EPS a carga horária dentro dos serviços é mais extensa que a carga horária teórica. Esse início e as suas dificuldades por ser algo novo (inovador) apareceram nas falas dos atores sociais entrevistados. É fato o pioneirismo da RISMC-ESP/CE e as dificuldades iniciais são intrínsecas ao processo de desenvolvimento. Isto aparece de forma compreensiva nos relatos analisados. Diante da possível não compreensão da necessidade de imersão no serviço e da articulação entre teoria e prática, a formação teórica apareceu durante as entrevistas como insuficiente, sendo abordadas fragilidades dentro da mesma pelos atores sociais. O foco na prática não retira a importância da formação teórica, pelo contrário, teoria e prática são polos distintos, porém interdependentes, não existe essa dissociação, tendo em vista que para uma prática coesa é necessário um embasamento teórico. A ESP-CE organiza módulos específicos e módulos transversais priorizando metodologias ativas para as ênfases que compõem o programa de RIS, módulos estes necessários para o processo formativo dos residentes. Quanto à formação profissional dos residentes, observamos que as lacunas existentes durante e após a graduação na área de saúde foram preenchidas com a prática adquirida a partir da vivência da Residência. Diante disto, podemos relacionar os depoimentos descontentes sobre a formação teórica a essas lacunas e não à proposta pedagógica da ESP-CE. A referida questão apareceu durante as entrevistas realizadas, mostrando ainda a necessidade de incentivo financeiro e formação pedagógica para os profissionais preceptores envolvidos na realização desse programa de ensino. Considerações finais O trabalho em saúde mental com a proposta da RISMC-ESP/CE de fazer com que os residentes conheçam o território de atuação, proporciona uma visão ampla de saúde, uma saúde mental desinstitucionalizada, possibilitando intervenções transformadoras “fora do CAPS”. A partir disto, compreendemos a importância da implementação da RISMC-ESP/CE para o SUS e para a atenção psicossocial, bem como a série de desafios relativos a essa inovação, tendo em vista o início do processo de interiorização da Educação Permanente Interprofissional pelo trabalho em Saúde Mental no Estado do Ceará a partir do ano de 2013, ano da primeira turma de residentes. Com a implementação da RISMC-ESP/CE os atores sociais da presente pesquisa consideraram esse processo como inovador, mais precisamente, como uma iniciativa capaz de renovar a prática profissional dos profissionais de saúde e a realidade dos serviços da RAPS nos quais os mesmos estiveram imersos.

1294 O QUE PRODUZIMOS E PARA QUEM PRODUZIMOS? OS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE RESIDÊNCIAS NO CENTRO DA DISCUSSÃO
Enildo José dos Santos Filho, Fernanda Marques de Sousa, Lenilma Bento de Araújo Meneses, Ana Paula Sales de Miranda

O QUE PRODUZIMOS E PARA QUEM PRODUZIMOS? OS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE RESIDÊNCIAS NO CENTRO DA DISCUSSÃO

Autores: Enildo José dos Santos Filho, Fernanda Marques de Sousa, Lenilma Bento de Araújo Meneses, Ana Paula Sales de Miranda

APRESENTAÇÃO: As Residências em Área Profissional de Saúde, excetuada a Médica, surgem oficialmente para os Ministérios da Saúde e da Educação do Brasil a partir da publicação da Lei Nº 11.129 de 30 de junho de 2005 e caracterizam-se enquanto uma modalidade de pós-graduação lato sensu voltada para a formação em serviço, de dedicação exclusiva com carga horária semanal de 60h, totalizando 5760h distribuídas ao longo de dois anos em atividades práticas, teórico-práticas e teóricas. Do total desta carga horária 80% devem ser realizadas com atividades práticas e teórica-práticas e 20% destinada as atividades teóricas. Para obtenção do título de especialista na modalidade Residência em Área Profissional de Saúde é necessário à elaboração, apresentação e aprovação do Trabalho de Conclusão de Residência (TCR). OBJETIVO: Diante disto, este trabalho busca problematizar as dificuldades na elaboração dos TCR’s, apoiadas nas produções teóricas e na legislação vigente; a partir da vivência em Programas de Residência Multiprofissionais em Saúde – PRMS da cidade de João Pessoa/Paraíba. DESENVOLVIMENTO: Percebeu-se com a ampliação dos PRMS que os TCR’s pouco dialogavam ou em nada tinham relação com as atividades desenvolvidas e as problemáticas identificadas pelos profissionais de saúde residentes durante o período de duração do programa de residência tanto pela defasagem de tempo para produção desse material, fragilidade no cumprimento da carga teórica e pela inexistência de material que norteasse essa produção. RESULTADOS: Há um crescente movimento que discute a indispensável articulação entre TCR, experiência dos residentes nos programas de Residência e os dilemas e possibilidades do Sistema Único de Saúde – SUS. O Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS), entidade formada e autogerida por Residentes de diferentes localidades do Brasil, aprofundam ainda esta discussão no que diz respeito a outras formas de produção científica, que não apenas artigos e monografias devem ser considerados e possuírem validade científica; bem como, que o residente tenha uma carga horária destinada exclusivamente à elaboração do seu TCR, algo que ainda não é uma realidade em muitos programas de residência. O FNRS questiona ainda a necessidade de um profissional possuir titulação mínima de mestre para orientar essa produção. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebe-se que a discussão que gira em torno do TCR é permeada de condicionantes que devem ser expostos e problematizados na análise, ao passo que destaca a relevância na temática, na dimensão política, social e prática do TCR para os serviços de saúde e programas de RMS.

4060 O DESAFIO DE ARTICULAR AS AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE A PARTIR DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: (RE) ADESÃO E IMPLANTAÇÃO
Adilson Ribeiro dos Santos, Alba Benemérita Alves Vilela, Josiane Moreira Germano, Túlio Batista Franco, Soraya Dantas Santiago dos Anjos, Lisias Miranda São Mateus

O DESAFIO DE ARTICULAR AS AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE A PARTIR DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: (RE) ADESÃO E IMPLANTAÇÃO

Autores: Adilson Ribeiro dos Santos, Alba Benemérita Alves Vilela, Josiane Moreira Germano, Túlio Batista Franco, Soraya Dantas Santiago dos Anjos, Lisias Miranda São Mateus

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA Apesar do Ministério da Saúde reconhecer como necessário o diálogo entre educação e saúde, ainda persistem desafios na articulação entre os dois principais setores de serviços públicos da sociedade brasileira. A Educação em Saúde apesar de ser um dos dispositivos de produção do cuidado e de promoção da saúde, ainda não ocupa a posição desejada nas ações do dia a dia das equipes. As práticas educativas voltadas para crianças e adolescentes se apresentam como um desafio para as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), principal palco de produção do cuidado e de maior vinculação com a comunidade escolar. Por meio do Programa Saúde na Escola (PSE) busca-se a articulação intersetorial das redes públicas de saúde e de educação e das demais redes sociais para o desenvolvimento de ações educativas voltadas para o público escolar. O PSE possui dentre os seus objetivos promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde, bem como o fortalecimento da relação entre as redes públicas de saúde e de educação, fortalecendo as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) às ações das redes de educação básica pública, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e a suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos disponíveis, promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde, assegurando a troca de informações sobre as condições de saúde dos estudantes, fortalecer a participação comunitária nas políticas de educação básica e saúde, nos três níveis de governo, dentre outros. São beneficiário do PSE os estudantes da Educação Básica, gestores e profissionais de educação e saúde, comunidade escolar e, de forma mais amplificada, estudantes da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Este trabalho traz a experiência de reorientação da gestão pública municipal da saúde valorizando as ações de promoção da saúde através do diálogo entre a saúde e a educação. Assim, este estudo tem como objetivo relatar o processo de re (adesão) do Programa Saúde na Escola e os desafios de sua implantação.   NOVO CAMINHO PARA A EDUCAÇÃO NA GESTÃO PUBLICA MUNICIPAL   Apesar de ocupar um lugar formal no SUS alguns processos educativos e de promoção da saúde ainda não tomam corpo no fazer das equipes de saúde da Atenção Básica. No início da gestão em 2017 o município de Itajuípe no sul da Bahia, assumiu o desafio de institucionalizar os processos educativos em saúde contratando um Enfermeiro para a gestão das ações de Educação Permanente em Saúde (EPS), do PSE e no acompanhamento dos residentes do Programa de Residência Multiprofissional Regionalizado em Saúde da Família. Em seguida foram realizadas reuniões com as equipes da ESF para apresentação dos princípios educativos que regem o SUS. Em se tratando do PSE após abertura da portaria interministerial nº1055 de 25 de abril de2017 que redefiniu as regras e critérios para a adesão do PSE e sobre o incentivo financeiro para custeio das ações foram realizadas reuniões da gestão da secretaria de saúde e em seguida buscou-se o diálogo com a Secretaria de Educação. O passo seguinte foi a criação do Grupo de Trabalho entre as secretarias de Educação e Saúde, identificando quais seriam as escolas viáveis para a adesão ao programa considerando desafios da localização de algumas do meio rural e do difícil acesso. A partir das orientações dos documentos do Ministério da Educação de quarentas escolas, apenas uma não era considerada prioritária. Foram realizadas inúmeras ações educativas dentre as quais feira de Saúde no Colégio Polivalente e Escola Dr. Luiz Viana Filho abordando a Prevenção das Arboviroses, Saúde Bucal, Prevenção da Gravidez Indesejada, Prevenção de doenças de Notificação Compulsória, Saúde Alimentar e Primeiros Socorros. Foram ofertadas orientações sobre cuidados com a saúde bucal, a importância da prática dos exercícios físicos e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. Aconteceu também a Semana de Saúde na Escola na Zona Rural com aplicação de flúor nos alunos e orientação sobre métodos contraceptivos e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis para os pais. Como um dos problemas de saúde mais relevantes na região foram intensificadas as ações de prevenção das arboviroses com a caminhada realizada na Escola Municipal Brasilino José, de conscientização da prevenção das arboviroses, visitas realizadas em algumas escolas do Município para conscientização dos estudantes sobre a prevenção das arboviroses, com entrega de folhetos, adesivos e realizada dinâmica de memorização. A operacionalização do PSE tem possibilitado as equipes da ESF maior aproximação com recursos educativos voltados para o público adolescente e infanto-juvenil. A secretaria de saúde passou a confeccionar cartazes, folders e outros materiais voltados para atividades lúdicas.   IMPACTOS DA EXPERIÊNCIA Como impacto significativo podemos apontar a ampliação do diálogo entre educação e saúde. Maior aproximação das ações de promoção da saúde e educação em saúde voltadas para a comunidade escolar. Ainda persistem como desafio o processo de ativar dos profissionais da educação para importância das ações desenvolvidas a partir do PSE. Com as diretrizes de descentralização e respeito à autonomia federativa; integração e articulação das redes públicas de ensino e de saúde; territorialidade; interdisciplinaridade e intersertorialidade; bem como, o controle social e o monitoramento e avaliação permanentes das ações tem possibilitado maior integração entre equipes de saúde, educação e comunidade nas ações.   CONSIDERAÇÕES FINAIS   O diálogo entre saúde e educação é considerado um dos pilares básicos para a alcance de fato da promoção da saúde. O PSE surge como um potente programa na indução de ações que buscam produzir cuidado em uma das fases mais importantes da vida, a idade escolar. Este trabalho reflete os desdobramentos de uma gestão municipal na busca de promover a institucionalização dos processos educativos em saúde, destacando aqui o PSE. Evidencia-se a necessidade de maior intersertorialidade entre educação e saúde na busca de consolidar as ações do programa, bem como de maior abertura das equipes da ESF para ações extramuros, rompendo com a lógica procedimento centrada na produção do cuidado, bem como maior envolvimento por parte da gestão ao permitir espaços mais sólidos de reflexão que permitam maiores diálogos sobre a importância da educação em saúde tanto na secretaria de saúde, como na de educação, constituindo-se este, como um dos maiores desafios para a consolidação do PSE.

2044 APROXIMAÇÕES COM AS AÇÕES DO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA EM UM MUNICÍPIO BAIANO
Josiane Moreira Germano, Adilson Ribeiro dos Santos, Alba Benemérita Alves Vilela

APROXIMAÇÕES COM AS AÇÕES DO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA EM UM MUNICÍPIO BAIANO

Autores: Josiane Moreira Germano, Adilson Ribeiro dos Santos, Alba Benemérita Alves Vilela

APRESENTAÇÃO: Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em articulação com as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) configuram-se como dispositivos potentes para o aumento do escopo das ações em saúde nos territórios. Desta forma, este estudo tem por objetivo relatar a experiência de discentes de um curso de Pós-Graduação Stricto Sensu na aproximação com o processo de trabalho do NASF. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: trata-se de um relato de experiência elaborado com base nas vivências de discentes do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus Jequié-Bahia. A experiência deu-se em outubro de 2017 a partir de visitas ao município de Itajuípe-Bahia no intuito de conhecer e promover reorientação das às atividades realizadas pelo NASF que é composto pelas seguintes categorias profissionais: Educação Física, Fisioterapia e Nutrição. O primeiro momento foi de acolhimento pelo Secretário Municipal de Saúde, seguido da apresentação dos territórios das Unidades de Saúde da Família, sob os cuidados da coordenadora do NASF. Foi proporcionado um momento para troca de experiências e escuta das propostas de atuação, ainda, foi possível participar de algumas atividades como: grupos voltados à promoção da alimentação saudável e atividade física, visitas à secretaria municipal de saúde, bem como, visitas domiciliares. IMPACTOS: pode-se observar que o NASF atua sob todo território em ações de educação em saúde por meio de grupos de atividade física e promoção da alimentação saudável, onde congrega a participação de todos os profissionais do NASF, tomou relevo, destacou-se as orientações nutricionais, que acontecem mediante oficinas onde os cardápios são (re) significados e direcionadas com os alimentos regionais e possíveis, além de proporcionar um espaço (inter)ativo. Salienta-se que as ações não contempladas pelo NASF, devido à ausência da categoria profissional, recebem apoio, por meio de consultas compartilhadas e visitas domiciliares, de uma equipe de Residentes Multiprofissionais em Saúde da Família alocados em uma USF do município, formando assim, uma rede colaborativa de atenção e cuidado. Apesar das potencialidades, ainda observa-se que são necessárias práticas de Educação Permanente em Saúde, Projeto Terapêutico Singular e ainda, maior exploração da dimensão tecno-pedagógica do Apoio Matricial (AM) pra estreitamento dos vínculos entre si e entre as equipes da ESF. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Posto isso, infere-se a potência desta equipe do NASF na realização de ações educativas na comunidade com necessidade de maior exploração da dimensão tecno-pedagógica do AM, bem como espaços de Educação Permanente em Saúde como caminhos para o processo de trabalho.

2046 EM BUSCA DA CLÍNICA DOS AFETOS: OS ENCONTROS COMO POSSIBILIDADES DE (RE)CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA
Josiane Moreira Germano, Adilson Ribeiro dos Santos, Alba Benemérita Alves Vilela

EM BUSCA DA CLÍNICA DOS AFETOS: OS ENCONTROS COMO POSSIBILIDADES DE (RE)CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA

Autores: Josiane Moreira Germano, Adilson Ribeiro dos Santos, Alba Benemérita Alves Vilela

APRESENTAÇÃO: A Atenção Básica (AB) é caracterizada pela pluralidade de necessidades em saúde, a perspectiva da Clínica centrada no modelo hegemônico, por si só, mostra-se insuficiente para abarcar as demandas encontradas no cotidiano dos serviços de saúde,  faz-se  necessário discutir a necessidade de sua ampliação no âmbito das ações na AB. O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) deve organizar seu processo de trabalho com as Equipes de Saúde da Família (ESF) em práticas que superem o caráter tecnicista e disciplinar. O objetivo deste estudo é relatar a experiência em uma oficina realizada com profissionais do NASF no debate da Clínica Ampliada (CA). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: trata-se de um relato de experiência que foi realizado com o NASF do município de Itajuípe – Bahia em outubro de 2017. A discussão foi facilitada pelo Secretário Municipal de Saúde e uma pesquisadora, ambos, discentes do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. A oficina teve a duração de duas horas e meia e utilizou-se da seguinte metodologia: 1) Roda de Apresentação; 2) Explanação sobre a necessidade do encontro; 3) Dinâmica do Boneco; 4) Problematização e discussão do que foi construído somado aos elementos trazidos no texto de apoio denominado Clínica dos Afetos de autoria de Túlio Batista Franco e Heletícia Scabelo Galavote; e 5) Dinâmica da Teia para finalização e captura de impressões. IMPACTOS DA EXPERIÊNCIA: Para discorrermos sobre os modelos de Clínica dividiram-se os participantes em dois grupos para a dinâmica do boneco, cuja apresentação do produto final foi um boneco desproporcional, elaborado de acordo com os interesses e entendimento de cada profissional, sem a compreensão da totalidade. Este momento permitiu problematizar a prática realizada contidamente nos serviços, que á fortemente marcado pelo caráter hegemônico, perpetuando um processo de trabalho em colcha de retalhos. A partir da conexão com o texto de apoio, percebeu-se que a equipe NASF transpôs a proposta para o cotidiano, discorrendo seus anseios e angústias em ser NASF diante dos (des)encontros com as ESFs. Foi possível discutir como os afetos e os desejos no contexto do processo de trabalho são importantes para a resolutividade, bem como a superação do olhar retina para as demandas que emergem nos serviços de saúde. Este momento provocou reflexões entre os profissionais que verbalizaram a necessidade de afirmar-se enquanto NASF a partir da (re)significação das práxis, entendendo que o matriciamento é um dispositivo potente para a (re)construção do processo de trabalho na perspectiva da CA. CONSIDERAÇÕES FINAIS: destaca-se o caráter Clínico-hegemônico nos fazeres dos profissionais do NASF, porém este momento suscitou o debate da necessidade da exploração da caixa de ferramentas de trabalho que corroboram com a perspectiva da CA no (re)arranjo do processo de trabalho no intuito de compreender múltiplas dimensões dos sujeitos.